por uma crítica positiva - dominique venner

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Por Uma Crítica Positiva por Dominique Venner AS FALHAS DA OPOSIÇÃO NACIONAL A ação tomada após o fracasso de Abril de 1961 fez uso de novos meios. Mobilizou um grande número de partisans e perseguiu resolutamente um caminho violento e clandestino. Essa transformação das formas de luta, entretanto, não afetou os fundamentos dos métodos anteriormente aplicados. Continuou em conformidade às características das lutas “nacionais”, marcadas por atos de coragem e por fracassos lamentáveis. Em 1917, Lênin correu o risco de uma derrota militar para criar as condições necessárias à Revolução Bolchevique. Franco marcou o seu domínio sobre o comando insurrecional em 1936 com a execução do seu próprio primo, que se recusou a segui-lo. Esses são dois exemplos de comportamento oposto ao dos “nacionais”. Em contraste, a recusa em realmente levar a ação à França Metropolitana em 22 de Abril de 1961, como a manifestação sangrenta e fútil de 6 de Fevereiro de 1934 , é típica da mentalidade “nacional”. DEFEITOS CONCEITUAIS Os “nacionais” que usam a palavra “revolução”, sem saber o seu significado, acreditam em um espontâneo “despertar nacional”! Eles também acreditam que “o exército tomará ação”. Acreditando nesses dois sonhos irrealizáveis, considerados como curas miraculosas, eles não concebem a necessidade de educar os partisans com uma sólida doutrina que explique as causas da decadência ocidental, que proponha uma solução e que sirva como um leme para o pensamento e a ação. É por isso que chafurdam em uma série de moléstias políticas que são responsáveis pelos seus fracassos. Confusão Ideológica Os “nacionais” atacam os efeitos do mal, não as suas raízes. Eles são anticomunistas, mas se esquecem que o capitalismo e os regimes liberais são os principais agentes de propagação do comunismo. Eles são hostis à política Argelina do governo, mas se esquecem que essa política foi produto de um regime, de sua ideologia, de seus interesses, de seus mestres financeiros e tecnocratas, assim como de suas estruturas políticas e econômicas. Eles queriam salvar a Argélia Francesa do regime, mas colocaram nos cálculos os seus princípios e mitos. Você é capaz de imaginar os primeiros Cristãos adorando deuses pagãos e os comunistas louvando o capitalismo? Conformismo Todos os “nacionais” têm o seu bom Gaullista , seu bom tecnocrata e seu bom ministro. Rendendo- se a um velho reflexo burguês, eles temem a “aventura” e o “caos”. Logo que um homem do regime ergue a bandeira, dão-lhe sua confiança. Preferem o conforto da cegueira à lucidez. O sentimentalismo e o paroquialismo sempre prevalecem sobre o raciocínio político. Na vã esperança de satisfazer todos, recusam-se a tomar lado e satisfazem ninguém.

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Por Uma Crítica Positivapor Dominique Venner

AS FALHAS DA OPOSIÇÃO NACIONAL

A ação tomada após o fracasso de Abril de 1961 fez uso de novos meios. Mobilizou um grandenúmero de partisans e perseguiu resolutamente um caminho violento e clandestino. Essatransformação das formas de luta, entretanto, não afetou os fundamentos dos métodos anteriormenteaplicados. Continuou em conformidade às características das lutas “nacionais”, marcadas por atosde coragem e por fracassos lamentáveis. Em 1917, Lênin correu o risco de uma derrota militar paracriar as condições necessárias à Revolução Bolchevique. Franco marcou o seu domínio sobre ocomando insurrecional em 1936 com a execução do seu próprio primo, que se recusou a segui-lo.Esses são dois exemplos de comportamento oposto ao dos “nacionais”.

Em contraste, a recusa em realmente levar a ação à França Metropolitana em 22 de Abril de 1961,como a manifestação sangrenta e fútil de 6 de Fevereiro de 1934, é típica da mentalidade“nacional”.

DEFEITOS CONCEITUAIS

Os “nacionais” que usam a palavra “revolução”, sem saber o seu significado, acreditam em umespontâneo “despertar nacional”! Eles também acreditam que “o exército tomará ação”.Acreditando nesses dois sonhos irrealizáveis, considerados como curas miraculosas, eles nãoconcebem a necessidade de educar os partisans com uma sólida doutrina que explique as causas dadecadência ocidental, que proponha uma solução e que sirva como um leme para o pensamento e aação. É por isso que chafurdam em uma série de moléstias políticas que são responsáveis pelos seusfracassos.

Confusão Ideológica

Os “nacionais” atacam os efeitos do mal, não as suas raízes. Eles são anticomunistas, mas seesquecem que o capitalismo e os regimes liberais são os principais agentes de propagação docomunismo. Eles são hostis à política Argelina do governo, mas se esquecem que essa política foiproduto de um regime, de sua ideologia, de seus interesses, de seus mestres financeiros etecnocratas, assim como de suas estruturas políticas e econômicas. Eles queriam salvar a ArgéliaFrancesa do regime, mas colocaram nos cálculos os seus princípios e mitos. Você é capaz deimaginar os primeiros Cristãos adorando deuses pagãos e os comunistas louvando o capitalismo?

Conformismo

Todos os “nacionais” têm o seu bom Gaullista, seu bom tecnocrata e seu bom ministro. Rendendo-se a um velho reflexo burguês, eles temem a “aventura” e o “caos”. Logo que um homem do regimeergue a bandeira, dão-lhe sua confiança. Preferem o conforto da cegueira à lucidez. Osentimentalismo e o paroquialismo sempre prevalecem sobre o raciocínio político. Na vã esperançade satisfazer todos, recusam-se a tomar lado e satisfazem ninguém.

Arcaísmo

Devido à falta de imaginação, os “nacionais” continuam a soprar a corneta de Déroulède, o que nãoincentiva muitas pessoas a agirem. Programas e slogans são feitos com a bandeira tricolor do pré-guerra. Do exército no poder para o anticomunismo negativo, pela contrarrevolução ecorporativismo, as “fórmulas nacionais” repelem mais do que cativam. Esse arsenal político data demeio século atrás. Não tem mais efeito sobre nosso povo.

DEFEITOS ORGANIZACIONAIS

As razões que fazem os “nacionais” negarem a necessidade de ideias no combate político tambémfaz com que eles neguem a necessidade de organização. A sua ação está viciada por falhas queexplicam todos os seus colapsos.

Oportunismo

Os notáveis “nacionais”, membros do parlamento e outros, militares e civis, são oportunistas pelaambição pessoal. O pretexto geralmente invocado para camuflar sua ambição é o “pragmatismo”. Éem nome do pragmatismo que os “nacionais” apoiaram o referendo de 1958 e os empreendimentosde políticos desde então. Atrás de cada uma dessas posições, há a esperança de uma medalha, de umcargo bem pago ou uma eleição. Eles sentem o vento e se tornam violentos, até mesmo revoltosos,quando algo parece vantajoso. Os seus discursos violentos não assustam ninguém. Eles atacam umhomem, um governo, mas são cuidadosos em não atacar o princípio, que é o próprio regime. AArgélia era um bom trampolim e uma ocasião para fazer fortuna dos subsídios generosamentedados, enquanto os militantes tinham que lutar com suas próprias mãos. Se o vento muda, nãohesitam em trair a sua bandeira e os seus camaradas. O assento no parlamento não é um meio, masum fim em si mesmo: deve ser mantido a qualquer custo. Os simples partisans são oportunistas porfalta de doutrina e formação. Eles dão a sua confiança ao bom locutor e a impressões superficiaisem vez de dá-la à análise política de ideias e fatos, são dedicados a serem enganados.

Mitomania

A leitura de novelas de espionagem, as memórias da Resistência e de outros serviços especiais, ashistórias de conspirações, Gaullistas e outros, mergulham os “nacionais” numa atmosfera de sonhospermanentes. Um jogo de ponte com um general aposentado, um membro do parlamento, ou umsargento da reserva se tornam uma conspiração obscura e poderosa. Se eles recrutam uns dezestudantes de segundo grau, veem-se como Mussolini. Se se vangloriam de comandar um grupo decinco mil homens organizados, significa que eles possuem uma ralé de vândalos em centenas. Se,por acaso, recebem uma carta de uma instituição militar, mostram o envelope com o ar deconspiradores, suspiros e silêncios com implicações ameaçadoras. São partisans pela unidade epossuem apenas uma vergonha amarga do sectarismo de militantes que se recusam a levá-los asério. Os mesmos “nacionais”, em um período de genuína clandestinidade, são presos com listas deendereços e documentos e começam a falar assim que a polícia ergue sua voz.

Terrorismo

A falha análise de uma situação, a ausência de doutrina e formação que empurram alguns aooportunismo, jogam outros dentro de violência e terrorismo contraproducentes. A pobre digestão deestudos primitivos, dedicados a certos aspectos da subversão comunista da Frente de Libertação

Nacional, aumentou essa tendência. Os detonadores colocados debaixo das janelas dos porteiros nãotrouxeram nem mesmo um partisan para a causa da Argélia Francesa. Terrorismo cego é o melhormeio de se isolar da população. É um ato desesperado. Embora a ação clandestina e o uso calculadode força possam ser indispensáveis quando uma nação não possui outro meio de se defender, casoem que a ação visa fazer as pessoas participarem na luta, o terrorismo coloca aqueles que delefazem uso fora da comunidade popular e está condenado ao fracasso.

Anarquismo

Os “nacionais” que admiram tanto a disciplina nos outros são, na prática, verdadeiros anarquistas.Incapazes de identificar a sua situação na luta, possuem um gosto pela ação desordeira. A suavaidade os leva a atos individuais gratuitos, mesmo que a sua causa sofra por eles. Ignoram a suapalavra de honra e ninguém consegue prever onde as suas fantasias os levarão. Eles rigorosamenteseguem um chefe de bando e florescem em pequenos clãs. A ausência de uma referência ideológicacomum aumenta a sua difusão e impede a sua unidade.

POR UMA NOVA TEORIA REVOLUCIONÁRIA

Antes mesmo de pensar em definir qualquer coisa construtiva, esta crítica das falhas dos“nacionais” é indispensável. Alguns, por falta de maturidade política, não serão capazes decompreendê-la. Aqueles que aprenderam as lições de sua própria experiência, por outro lado,reconhecerão sua necessidade.

A Revolução não é o ato de violência que às vezes acompanha a tomada de poder. Nem é umasimples mudança de instituições ou um clã político. A Revolução é menos sobre a tomada de poderque seu uso para a construção de uma nova sociedade.

Esta imensa tarefa não pode ser prevista entre pensamento e ação desorganizados. Demanda umvasto aparato de preparação e formação. O combate “nacional” está empacado nas velhas rotinas demeio século atrás. Antes de mais nada, uma nova teoria revolucionária deve ser desenvolvida.

NÃO EXISTEM REVOLUÇÕES ESPONTÂNEAS

É sempre possível agir, é menos fácil ter sucesso. É ainda mais difícil em uma luta revolucionária,uma luta até a morte contra um inimigo todo poderoso, astuto e experiente, que se deve combatermais por ideias e perspicácia que por força. É frequente, entretanto, ouvir a oposição da ação epensamento. Isso equivale a acreditar na espontaneidade da ação revolucionária. O exemplo darevolução fascista na Itália é citado. Porém esquecem que quando os “fascios” se formaram em1919, Mussolini já estava lutando há mais de doze anos como um agitador e jornalista. Esquecemdas condições especiais da luta na Itália após o armistício de 1918, que não são nada como ascondições na França hoje.

Na Itália, como em muitas outras nações europeias, o poder do estado era extremamente fraco,totalmente incapaz de impôr sua própria lei sobre as facções armadas que lutavam pelo país. Oestado tinha que lidar com cada um dos verdadeiros exércitos políticos. Em outubro de 1922, oexército dos “camisa negras” era o mais forte e tomou o estado. Hoje, os “regimes liberais” doocidente são caracterizados por uma ampla e privilegiada casta, agentes de grupos financeiros, quecontrolam todas as alavancas políticas, administrativas e econômicas e são unidos por sua estreitacumplicidade. Podem contar com um aparato administrativo gigante que gerencia rigorosamente apopulação, especialmente através dos serviços sociais. Eles mantêm um monopólio do poder

político e econômico. Controlam a maior parte da mídia e são os mestres do pensamento. Sãodefendidos com a vasta força das polícias. Transformaram os cidadãos em ovelhas dóceis. Apenasoposições ficcionais são toleradas.

Ao fim da primeira guerra mundial, uma revolução comunista era uma ameaça imediata para toda aEuropa. O perigo sempre determina um movimento de defesa: os movimentos fascistas tomaramvantagem disso. A única força capaz de se opor à violência dos vermelhos, o fascismo recebeuapoio poderoso e a aderência de um grande número de partisans. Hoje, os sovietes de fábricas, osChekas, são coisa do passado. Os comunistas do ocidente se tornaram burgueses, são parte docenário, são os mais firmes defensores do regime. O homem com uma faca entre os dentes não émais o comunista, mas o ativista. Enquanto a Rússia é vista como um novo mercado peloscapitalistas.

Contrário à primeira metade do século XX, a satisfação de necessidades básicas está ao alcance detodos. As cozinhas comunitárias, as greves relâmpago, estão esquecidas. Com exceção de minoriasameaçadas, a grande massa de assalariados está convencida de que eles têm mais a perder queganhar tomando violentamente coisas que demandas pacíficas e o tempo inevitavelmente lhesdarão.

O jugo das leis sociais e a chantagem do crédito fazem o resto perder toda a sua combatividade. Oespírito público, a coragem cívica e política, estão hoje limitados a uma pequena minoria, da qual osmeios legais de expressão foram sistematicamente reduzidos. Isso nos leva muito longe da Itália dosanos 20. O gênio pessoal de Mussolini foi o suficiente para reunir e mobilizar uma massa fanática econquistar um estado incapaz de se defender. Não é mais a situação na Europa e na França. Como opoder pertence ao adversário, uma estratégia superior é necessária. Enquanto o “grande homem”(apesar de inexistente) é demasiadamente depreciado, deve-se acreditar na equipe. A qualidade decombatentes, o combate metódico e pensado, a direção colegial precisa de educação, doutrina.

Desde 1947, o exército francês lutou para defender territórios além-mar, foi vitorioso no campo debatalha e forçado em sucessivas capitulações pelo grupo de forças políticas e econômicas queconstituem o regime. Foi necessário esperar até o mês de abril de 1961, catorze anos, por umpequeníssimo número de dirigentes discernir os seus verdadeiros inimigos. Um inimigo que nãoestava nos campos de batalha, sob a aparência de um vietcong ou um falaq, mas na própria França,nas mesas de diretores, bancos, escritórios editoriais, assembleias e gabinetes ministeriais. Essesentimento hostil foi contra uma França Metropolitana mítica e decadente em vez da realidade doregime. Essa percepção limitada durou pouco tempo.

Para conquistar, é necessário compreender o que é o regime, descobrir os seus métodos,desmascarar os seus cúmplices. Aqueles que estão camuflados como patriotas. É necessáriodeterminar as soluções positivas que permitirão a construção da sociedade do amanhã. Issonecessita de um autoexame cuidadoso, uma revisão detalhada das verdades aceitas, uma consciênciarevolucionária.

UMA CONSCIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA

Nada é menos espontâneo que uma consciência revolucionária. O revolucionário é totalmenteconsciente da luta engajada entre o Nacionalismo, detentor dos valores criativos e espirituais doOcidente, e o Materialismo sob a sua forma liberal ou marxista. Ele está livre de preconceitos, defalsidades e de reflexos condicionados com os quais o regime se defende. A educação política quepermite tornar-se livre de tais coisas é obtida com experiência pessoal, é claro, mas especialmente

com o aprendizado que apenas o estudo pode trazer. Sem educação, o homem mais corajoso e audazé apenas uma marionete manipulada pelo regime. Dependendo das circunstâncias, o regime puxa ascordas que regula esse comportamento: patriotismo, anticomunismo cego, ameaça fascista,legalismo, a unidade do exército, etc. Com uma propaganda permanente voltada para um lado, parao qual todos estão sujeitos desde a infância, o regime, em seus vários aspectos, intoxicouprogressivamente o povo Francês. Todas as nações sob governo democrático estão nesse ponto.Qualquer inteligência crítica, qualquer reflexão pessoal, é destruída. É suficiente que as palavraschaves sejam pronunciadas para despertar os reflexos condicionados e suprimir qualquer reflexão.

A espontaneidade permite aos reflexos condicionados permanecerem. Leva apenas a revoltas, tãofáceis de se controlar com algumas poucas concessões superficiais, alguns ossos para roer, oualgumas poucas mudanças de cenário. E assim foi muitas vezes com os franceses argelinos, oexército e os “nacionais”. Na face do perigo mortal, é possível montar uma frente defensiva. AResistência no final da última guerra e a Organização de Armas Secreta são exemplos. O problemada luta era uma questão de vida ou morte: a luta física contra a força física do adversário visívelpode ser total, sem piedade. Supondo que a revolta triunfe, assim que o perigo se acaba, a frente seexplode em múltiplos clãs e a massa de partisans, não tendo mais razão para lutar, retorna às suastarefas familiares, se desmobiliza e confia a cidade que haviam perdido àqueles que haviam-naperdido em primeiro lugar.

A França e a Europa devem cumprir a sua revolução nacionalista para sobreviver. Mudançassuperficiais não atingirão o que é mal. Nada será feito até que os germes do regime sejamextirpados até a última raiz. Para isso, é necessário destruir a sua organização política, acabar comseus ídolos e dogmas, eliminar os seus oficiais e mestres secretos, mostrar ao povo o quanto ele foienganado, explorado e manchado. Assim, reconstrução. Não construções no papel, mas na elitejovem e revolucionária, imbuída em uma nova concepção de mundo. É possível que a ação quedeverá impor essa revolução seja concebida sem a direção de uma doutrina revolucionária?Certamente não. Como se pode fazer oposição a um adversário que está armado com uma dialéticabem testada, rica, de longa experiência, poderosamente organizada, sem ideologia, sem método?

SEM DOUTRINA REVOLUCIONÁRIA, SEM REVOLUÇÃO!

Mesmo quando toma formas militares, a luta revolucionária é acima de tudo psicológica. Comoconduzi-la, como converter e inspirar novos partisans, sem uma clara definição da nova ideologia,sem doutrina? Uma doutrina entendida, não como um grupo de abstrações, mas como um leme parao pensamento e ação.

Mantendo a ofensiva moral de seus próprios partisans, comunicando suas convicções a pessoashesitantes, são duas condições indispensáveis para o desenvolvimento do Nacionalismo. Foiprovado que na ação ou prisão, quando a desmoralização está perto, quando o adversário parecetriunfar, os militantes educados, dos quais o pensamento coerente apoia sua fé, possuem poderessuperiores de resistência.

Um novo desenvolvimento doutrinário é a única resposta para as infinitas divisões de ativistas. Nãohá dúvida sobre o valor unificador da ação. É óbvio. Mas essa unificação não pode ser durável e útilsem a unificação ideológica em volta de uma doutrina sólida. O editor do Observador da França, ofuncionário do Partido Socialista da França, o comunista, todos têm a mesma ideologia em comum:marxismo. A sua referência doutrinária é, portanto, a mesma. Eles pertencem à mesma família.Apesar de suas profundas divisões em ação, todos concorrentemente impõem a mesma ideologia.Não é assim na oposição nacional. Os ativistas não reconhecem nenhum ancestral em comum.

Alguns são fascistas, outros Maurrasianos, outros integralistas e todas essas categorias possuemmuitas variantes. A sua única unidade é negativa: anticomunismo, anti-Gaullismo. Não entendemum ao outro. As palavras que usam – revolução, contrarrevolução, nacionalismo, Europa, etc. -possuem significados diferentes e, de fato, opostos. Como seria possível não oporem-se uns aosoutros? Como seria possível terem a mesma ideologia? A unidade revolucionária é impossível semunidade de doutrina. Os trabalhos de Marx são imensos, prolixos e obscuros. Um Lênin foinecessário para extrair uma doutrina clara e transformar essa enorme confusão em uma arma eficazde guerra política. O Nacionalismo tem por por trás de si o seu Marx coletivo, tão prolixo einadequado quanto a companhia de Engels poderia ser para a Rússia de 1903. É imperativo criar umLênin coletivo.

O Nacionalismo é o herdeiro de um grande conjunto de intelectuais, mas é muito diverso,incompleto e viciado em arcaísmo. Chegou a hora de realizar uma síntese e adicionar os atributos,as afirmações qualificadoras, impostos pela chegada de novos problemas. Por exemplo, um estudodocumentado sobre as altas finanças, ou as doutrinas do Nacionalismo, constituiriam umaaproximação excelente a esses problemas.

As causas que precipitaram, no fim do século XIX, o nascimento do Nacionalismo como ideologiapolítica (e não simplesmente o despertar de uma consciência nacional em sentido estreito) nãomudaram muito desde então. O Nacionalismo nasceu como uma crítica à sociedade liberal doséculo XIX. Mais tarde, se opôs ao marxismo, o filho ilegítimo do liberalismo.

Vindo após os contra-enciclopedistas, após os positivistas, após Taine e Renan, dos quais ostrabalhos restam em parte no Nacionalismo, Drumont e Barrès traçaram as característicaspermanentes dessa ideologia, à qual Charles Maurras, José Antonio Primo de Rivera, RobertBrasillach, Alexis Carrel e muitos outros na Europa deram colaborações de seus próprios gênios.Fundado numa concepção heróica da vida, o Nacionalismo é um retorno às fontes de umacomunidade popular, que visa criar novas relações sociais em uma base comunitária e construir umaordem política sobre a hierarquia de mérito e valor. Tirado do pequeno envelope imposto por umaera, o Nacionalismo se tornou uma nova filosofia política. Europeu em suas concepções eperspectivas, traz uma solução universal aos problemas impostos à humanidade pela revoluçãotecnológica.

PERSPECTIVAS NACIONALISTAS

A passividade da opinião pública e a covardia das elites tradicionais em face aos acontecimentos daArgélia abriram os olhos de todos os homens capazes de reflexão. Frequentemente a custo derevisões dolorosas, em ruptura com suas convicções passadas, eles se reagrupam em volta de novasdefinições de Nacionalismo. Esse não é o momento de tentar um teste doutrinário. Estudos econfrontações serão necessários. É, embora, possível traçar as proposições fundamentais.

CRÍTICA DO LIBERALISMO E MARXISMO

O liberalismo pode convencer, por um tempo, pela sua aparência e generosidade. A realidadedissipou esse sonho. Essa ideia morta é hoje a camuflagem da ditadura hipócrita do capitalismointernacional, abarcando todas as democracias ocidentais.

A oligarquia capitalista nasceu ao fim do século XVIII. As ideias liberais se espalharam nessemomento na França e foram usadas para justificar os interesses combinados da alta aristocracia edos ricos contra a autoridade do poder central que por um longo tempo os deixou em cheque. Essa

luta de grandes interesses contra o poder popular (nesse caso a monarquia francesa) é encontradaconsistentemente durante as eras. Em sociedades organizadas, assim que o envelope institucionaldas formas monárquicas ou republicanas que escondem realidades são removidos, é possíveldiscernir dois principais tipos de poder: o primeiro é baseado no povo e assim contém os grandesinteresses, feudais ou financeiros, o segundo está nas mãos de grandes interesses para explorar opovo. O primeiro se identifica com a comunidade popular e se torna servo de seu destino, o segundasubjuga a comunidade popular para a única satisfação de seu apetite.

As democracias modernas, que pertencem ao segundo tipo, seguiram a evolução do capitalismo, doqual foram apenas a emanação política. O capitalismo perdendo a sua forma pessoal e nacional parase tornar financeiro e sem estado, e as democracias caindo sob o controle dos grupos financeirosinternacionais. As poucas diferenças que restam entre aquele cessam assim que a ameaça de umdespertar popular aparece. Se as mentiras e os artifícios nos quais eles se tornaram mestresmostram-se insuficientes, eles empregam as armas mais mortais, as mais violentas repressões. Elesnunca recuaram frente ao genocídio, bombas atômicas, campos de concentração, tortura e terrorpsicológico.

A oligarquia capitalista é indiferente ao destino das comunidades nacionais. O seu objetivo ésatisfazer o desejo de poder através da dominação econômica do mundo. A humanidade e suascivilizações são sacrificadas em nome de seus desígnios puramente materialistas, que são paralelosàqueles dos marxistas. Para os tecnocratas assim como os comunistas, o homem é um animaleconômico dotado de duas funções: produzir e consumir. O que não pode ser medido por uma regrade cálculo é classificado como supérfluo. O supérfluo deve ser submetido ao essencial: a produçãoeconômica. As tendências individualistas, que são uma inconveniência para a edificação e aplicaçãode planos, devem desaparecer. Em sociedades materialistas, há espaço apenas para as massasperfeitamente dóceis, homogêneas e estandardizadas.

Aqueles que não aceitam o condicionamento de mentes e a castração das massas devem carregarconsigo o rótulo de “fascistas”. Duvidar da sinceridade dos mestres da opinião em uma democraciaou desafiar as contradições da “linha” em um regime comunista, se recusando a comparar a culturado ocidente com a lamentação pre-histórica da negritude ou a decomposição mórbida de um certomodernismo, desprezando a “consciência universal”, sorrindo quando alguém fala dos direitos deautodeterminação dos povos, são provas de um espírito suspeito e rebelde. A rebelião leva àeliminação física em um regime comunista e à eliminação social em um regime liberal. Assim, umou outro destrói o individualista criativo e as raízes populares, a verdadeira essência da homem esua comunidade. Comprometem a humanidade a um inevitável fim, o pior tipo de regressão.

A história da humanidade é um grande esforço para se libertar das leis da matéria. A religião, a arte,a ciência e os códigos éticos são todas conquistas do espírito e da vontade humana. A permanênciadessas vitórias fez nascer as civilizações. Criações arbitrárias da sensibilidade, da inteligência e daenergia dos povos, civilizações se desenvolvem e amadurecem enquanto elas mantiverem o seupoder criativo. As pessoas que lhes deram a luz perdem a força para se defender contra investidasexternas quando suas virtudes originais e sua energia vital desaparecem e assim a sua civilização caiem aniquilação ou decadência.

Assim, vem o resultado lógico da exploração da humanidade pela casta dos tecnocratas ou pela“nova classe governante”. Essas duas forças vêm da mesma filosofia. O liberalismo e o marxismotomaram diferentes rumos que os levaram a se oporem, mas que levam ao mesmo resultado: asujeição dos primeiros povos desorientados pelos mitos democráticos. A democracia é o novo ópiodo povo.

UM HUMANISMO VIRIL

Os povos europeus construíram uma civilização única na história. O seu poder criativo, apesar demilênios, não diminuiu. Aqueles que são seus inimigos declarados reconhecem implicitamente a suauniversalidade. Entre o oriente tradicional submisso a leis metafísicas e as novas sociedadesmaterialistas, a civilização europeia sintetiza aspirações espirituais e necessidades materiais. Mesmoquando a uniformidade da massa é proclamada como um ideal em qualquer lugar do mundo, elaexalta o individualismo dos fortes, o triunfo da qualidade humana sobre a mediocridade.

Ela resume em si mesma o equilíbrio a ser estabelecido como uma solução às perturbações criadaspela revolução tecnológica na vida da humanidade. Fundada sobre os valores do indivíduo e dacomunidade, essa nova harmonia pode ser definida como um humanismo viril.

Como um novo conjunto de valores, esse humanismo viril rejeita as falsas leis dos números e buscasubmeter o poder da técnica e da economia à vontade civilizatória do homem europeu. Eleencontrará mais uma vez, em chão familiar, dentro de sua linhagem e na cultura original de seupovo, um mundo para medir. Ele descobrirá o significado de sua vida no cumprimento de seupróprio destino, na fidelidade a uma forma de vida fundada na ética europeia de honra.

A ética da honra é oposta à mentalidade de escravo do materialismo liberal ou marxista. Ela afirmaque a vida é uma batalha. Ela exalta o valor do sacrifício. Acredita no poder da vontade sobre oseventos. Apoia a relação entre homens da mesma comunidade sobre a lealdade e a solidariedade.Atribui ao trabalho uma importância independente do lucro. Resgata o sentido da verdadeiradignidade do homem, não dada, mas conquistada por um esforço permanente. Desenvolve nohomem europeu a consciência de suas responsabilidades em relação à humanidade da qual ele é oorganizador natural.

UMA ORDEM VIVA

A legitimidade de um poder não pode ser resumida à observância de leis escritas eminentementevariáveis ou ao consenso das massas obtido por pressão psicológica ou propaganda. Um poder élegítimo quando observa os direitos da nação, suas leis não escritas reveladas pela história.

Um poder é ilegítimo quando foge do destino nacional e destrói as realidades nacionais. Assim, alegitimidade pertence àqueles que lutam para restaurar os direitos da nação. Uma minoria lúcida,formam a elite revolucionária na qual está o futuro.

O mundo não se rende a um sistema, mas a uma vontade. Não é pelo sistema que se deve buscar,mas pela vontade. É claro, a real estrutura de um estado deve ser conceitualizada em torno a algunsprincípios guias: autoridade, continuidade, o poder dos propósitos são combinados em uma formaresponsável; deve vir de um corpo hierárquico de quadros políticos, assistidos por umarepresentação verdadeiramente popular das profissões e das comunidades regionais qualificadaspara deliberar sobre seus próprios problemas. Mas é especialmente importante forjar os homenssobre os quais a comunidade e a civilização se estabelecerão.

Não são nem equipamentos eletrônicos e nem cientistas que decidirão o destino da humanidade. Osimensos problemas apresentados pelos novos desenvolvimentos tecnológicos demandam uma elitepolítica eleita por vocação, dotada de uma vontade de ferro à serviço de uma consciência limpa desua missão histórica. Essa enorme responsabilidade demandará com razão mais deles que de outros

homens.

Cinco por cento dos indivíduos, os sociólogos admitem, são profundamente pervertidos, loucos edepravados. No outro extremo, pode-se observar a mesma proporção de homens que possuem,naturalmente e de forma desenvolvida, qualidades particulares de energia e auto-sacrifício que ospredispõem a servir à comunidade e liderá-la. As democracias que instalam o reino da fraude edinheiro são, em grande parte, dominadas por aquela minoria. A revolução nacionalista terá deeliminar aquela e impor esta minoria.

A seleção e educação, desde a juventude, dessa elite de homens estará entre as primeiraspreocupações da nova sociedade. A sua formação estimulará o vigor do seu caráter, desenvolverá oespírito de sacrifício e abrirá a sua inteligência às disciplinas intelectuais. Mantidos na sua purezaoriginal, não só pelo seu compromisso de honra, mas também por uma regra estrita e especial,formarão uma ordem viva constantemente renovada pelo tempo, mas sempre similar em espírito.Assim, o poder dos financeiros será substituído pelo dos devotos e combatentes.

UMA ECONOMIA ORGÂNICA

A economia não é um fim em si mesma. É um elemento na vida das sociedades, entre os principais,mas apenas um elemento. Não é a fonte da explicação da evolução da humanidade. É um agente ouuma consequência. É na psicologia dos povos, na sua energia e nas suas virtudes políticas que seencontra a explicação da história.

A economia deve ser sujeita à vontade política. Se esta desaparece – como é característico deregimes liberais – as forças descontroladas da economia conduzem a sociedade à anarquia.

Ainda, o imenso problema da economia é, naturalmente, parte da revolução nacionalista. Seria umareversão aos erros mortais dos “nacionais” negar a sua importância ou acabar com ela por algumapalavra miraculosa também sujeita à confusão e disputas, como “corporativismo”, por exemplo.

O capitalismo criou um mundo artificial em que o homem está mal ajustado. Em outros aspectos, acomunidade popular é explorada por uma pequena casta que monopoliza todo o poder e aspira àsupremacia internacional. Finalmente, o capitalismo se esconde sob um deboche de novas palavrase uma concepção anacrônica em que a economia carrega todas as consequências. As críticastambém se aplicam palavra por palavra ao comunismo.

A solução para o mal ajustamento do homem em um mundo que não é feito para ele, como jávimos, é um problema político. O desenvolvimento tecnológico e econômico não encontra em simesmo a sua própria justificativa; isso depende de sua utilização. O novo estado sujeitará aeconomia aos seus desígnios, para torná-la uma ferramenta de uma nova primavera europeia.Criando valores civilizados, forjando armas de poder necessário, elevando a qualidade do povo,tudo isso será seus objetivos.

É com uma transformação total da estrutura da empresa (falamos apenas da empresa que ocapitalismo financeiro absorveu, não a empresa de uma pequena família que deve ser preservada ena qual não há problemas) e a organização geral da economia que residem os meios para destruir opoder exorbitante da casta tecnocrata, para suprimir a exploração dos trabalhadores, paraestabelecer a verdadeira justiça, para alcançar mais uma vez a verdadeira economia e ofuncionamento saudável.

Em um regime capitalista assim como num regime comunista, a empresa é a propriedade exclusivade financeiros no primeiro e do estado no segundo. Para os assalariados, sejam gerentes ou simplestrabalhadores, os resultados são os mesmos: são roubados, a riqueza produzida pelo seu trabalho éabsorvida pelo capital. Essa posição privilegiada dá ao capital todos os poderes da empresa: direçãoe gerenciamento, mesmo quando são externos e visam antes de tudo criar lucro financeiro, ás vezesem detrimento da produção e da própria empresa.

As famosas palavras de Proudhon encontram seu verdadeiro significado aqui: “A propriedade éroubo!” Abolir a apropriação é a solução justa que dará luz ao empreendimento comunitário. Ocapital então tomará seu devido lugar como um elemento de produção, lado a lado com o trabalho.Um ou outro participarão, com um poder proporcional a sua importância na empresa, nocompromisso ou na chefia, na sua gerência econômica e na distribuição de lucros reais.

Essa revolução na empresa se encaixará em uma nova organização da economia tendo como base asprofissões e a estrutura geográfica regional. Para acabar com os parasitas e o poder dosespeculadores, criará um grupo de corpos intermediários. Essas novas estruturas, capazes de seremfacilmente integradas na Europa, não encontrarão definição melhor que “economia orgânica”.

UMA EUROPA JOVEM

A vitória americana e soviética em 1945 colocou um fim nos conflitos das nações europeias. Aameaça de adversários e os perigos comuns, uma óbvia solidariedade do destino em bons e mausdias e interesses similares desenvolveram um sentimento de unidade.

Esse sentimento é confirmado por raciocínio. A unidade é indispensável ao futuro das naçõeseuropeias. Elas perderam a supremacia de números; unidas, recuperariam a civilização, o gêniocriativo, o poder organizador e o poder econômico. Divididas, seus territórios estarão condenados aserem invadidos e seus exércitos derrotados; unidas, constituiriam uma força invencível.

Isoladas, se tornarão satélites, com a certeza de caírem, como algumas já o fizeram, sob o domíniosoviético. A civilização europeia sofrerá um ataque sistemático e será o fim da evolução dahumanidade. Unidas, terão, ao contrário, os meios de impor e garantir a sua missão civilizatória.

A unidade não significa a continuidade de organismos políticos e financeiros instituídos após aguerra. O seu propósito é estender o poder internacional da tecnocracia que controla todos os seusmecanismos e preservar os privilégios políticos e econômicos que estão escondidos por trás daspropagandas da democracia. Essas instituições trazem hoje, em escala europeia, os vícios e palavrasgeradas pelo regime em cada nação, e os multiplica. Em nome da Europa, o desenvolvimento dessasinstituições acelera o seu declínio.

A unidade não significa nivelamento. A estandardização e o cosmopolitismo destruiriam a Europa.A sua unidade será construída em volta de realidades nacionais que cada povo pretende defender:comunidade histórica, cultura original e apego à terra. Limitar a Europa na influência latina ougermânica seria manter a sua divisão, até mesmo criar uma nova hostilidade. Mas acima de tudo,seria negar a realidade europeia realizada por Roma e pela era medieval na fusão de suas duascorrentes, continental e mediterrânea.

Imaginar a Europa sob a hegemonia de uma nação seria renovar o novo sonho sangrento do qual ahistória traz cicatrizes recentes. A diversidade de línguas e de origens não é um obstáculo. Muitosestados são multilíngues e o Império Romano, que construiu a primeira unidade europeia em

relação aos povos agregados e suas culturas, tinha imperadores nascidos em Roma e também naGália, na Ilíria e na Espanha.As fronteiras europeias não terminam no limite artificial da cortina de ferro imposta pelosvencedores de 1945. Elas incluem a totalidade das nações e povos europeus. Pensar em união é, emprimeiro lugar, pensar na libertação de todas as nações cativas desde a Ucrânia até a Alemanha. Odestino da Europa está no leste: romper as correntes, vencer a tirania soviética, marchar até o ladoasiático.

Fora do bloco continental da Europa, os povos e estados que pertencem a sua civilização formam oocidente. A Europa é a sua alma. A sua completa solidariedade se afirmará, notavelmente com oscentros ocidentais da África. Essas posições são as bases para uma nova organização do continenteafricano, cujo destino está preso ao da Europa.

Na construção da Europa, os povos subdesenvolvidos encontrarão um exemplo e solução para assuas próprias dificuldades. Não é de esmolas que eles precisam, mas organização. A Europa possuium corpo incomparável de quadros especializados em questões intercontinentais. Nenhum outropoder poderia competir com o talento organizacional desses quadros juntos ao dinamismo europeudesperto. Eles tirarão esses povos da miséria e anarquia e os trarão de volta ao ocidente. Não serãotratados econômicos que unificarão a Europa, mas a aderência de seus povos ao nacionalismo. Osobstáculos que parecem insuperáveis são resultados das estruturas democráticas. Assim que oregime for varrido, esses falsos problemas desaparecerão por si mesmos. Portanto é óbvio que semrevolução não há união europeia possível.

O sucesso da revolução em uma nação da Europa – e a França é a única que possui todas ascondições necessárias – permitirá uma rápida extensão a outras nações. A unidade de duas naçõesindependentes do regime desenvolverá tamanha força de sedução e dinamismo que o velho sistema,a cortina de ferro e as fronteiras entrarão em colapso. O primeiro passo da unidade será político ecriará um único estado comum em uma forma evolucionária. Os demais passos, militares eeconômicos, se seguirão. Os movimentos nacionalistas da Europa serão os agentes dessa unidade eo coração da futura ordem viva da Europa.

Assim a Jovem Europa, fundada sobre a mesma civilização, o mesmo espaço e o mesmo destino,será o centro ativo do ocidente e da ordem mundial. A juventude da Europa terá novas catedrais aconstruir e um novo império a erguer.

ORGANIZAÇÃO E AÇÃO

A luta conduzida em torno aos acontecimentos na Argélia mostrou que os “nacionais” podemcontribuir na criação de uma situação favorável. Mas a demonstração é igualmente clara (sem voltaraos acontecimentos anteriores à segunda guerra mundial) da sua total importância em transformaruma revolta popular em uma revolução. A organização nacionalista embrionária, apesar dosesforços dos militantes, não acompanhou a revolta espontânea. Assim, as concepções “nacionais”prevaleceram e a nova resistência engajada sob condições políticas favoráveis após o dia 22 de abrilde 1961, com uma abundância de partisans e meios, afundou no ridículo e na desonra.

Entretanto, esse período de luta clandestina e repressão forjou combatentes revolucionários, na suamaioria jovens, e as circunstâncias do colapso educaram um bom número de partisans quecolocaram sua confiança em métodos “nacionais”. É por isso que o nacionalismo encontraráamanhã os militantes e os quadros de que precisava no passado.

A juventude francesa será marcada por anos pelas últimas lutas conduzidas pela defesa daintegridade do território nacional na Argélia. O seus melhores elementos participaram ativamente.Se arriscaram à tortura, prisão e morte. A condenação dos métodos terroristas não se aplica àquelesque corajosamente executaram ordens e que são exemplos, mas aos chefes que decidiram usar taismétodos. A revolta da Juventude contra uma sociedade senil e hostil é uma realidade.

Ninguém previu nem a onda Poujadista de 1955 nem as revoltas camponesas de 1961. Apesar dosrefrigeradores e televisões, homens, em centenas de milhares, foram às ruas. A maleficência doregime criará no futuro novas explosões populares. Desorganizadas, essas revoltas colapsarão comoas anteriores. Toda a ação deve, portanto, colocar o fermento na massa.

O trabalho de organização, penetração e educação popular é sempre lento. Devemos lembrar quetodos os revolucionários do século XX tiveram que lutar por um longo tempo antes de triunfar:Lênin chegou perto de trinta anos, Hitler treze, Mao Zedong trinta e três… Nas dificuldades da luta,as massas adquirem uma consciência revolucionária, novos quadros emergem, a organização éaberta e reforçada.

O desenvolvimento da ação revolucionária não é nunca progressiva e harmoniosa. Similar a umalinha tracejada, é feita de sucessos parciais, contratempos, recuperações, novas quedas e aparentesestagnações. Todos os movimentos revolucionários conheceram reveses catastróficos quando avitória estava perto: os bolcheviques em 1905, os nacional socialistas em 1923 e os comunistaschineses em 1927 e 1931. O seu sucesso foi devido a sua capacidade de analisar as causas dessescontratempos, aprender as lições e corrigirem si mesmos e se adaptarem às novas condições de luta.Os bolcheviques abandonaram a exclusiva ilegalidade para explorar as oportunidades legais eilegais. Os nacional socialistas rejeitaram o caminho insurrecional para tomar a conquista legal dopoder. Mao Zedong deixou o proletariado urbano e se dirigiu para campanhas de guerrilha. A açãorevolucionária, como a guerra, obedece a leis imperativas. Os nacionalistas devem buscá-las à luzde sua própria experiência e se adaptar a elas para a nova situação.

LÍDERES FAMOSOS OU MILITANTES

Por um homem ou uma ideia?

O eleitor, o simples partisan, segue os cartazes eleitorais, um nome famoso, o salvador do dia. Os“nacionais” gostam de facilidade. Rebanhos passivos, esperam tudo de um homem miraculoso.Mesmo os pequenos grupos têm o seu ídolo. O desaparecimento inevitável do grande homem deixaos ingênuos tristes e desencorajados. O nacionalista não ajuda os seguidores, mas os militantes quesão definidos em relação a uma doutrina, não em relação a um homem. Ele não luta por um pseudo-salvador, mas pelo salvador em si mesmo. Aqueles que assumem a direção da luta podemdesparecer ou cometer erros, mas o valor da causa não é manchado por isso, eles são substituídos.Os militantes se sacrificam por ideias, não por um homem.

A organização deve ser uma comunidade de militantes, não uma propriedade pessoal. Seráadministrada por oficiais que serão apenas representantes temporários para o nacionalismo. Osoficiais dirigirão a ação dos militantes, pois mostraram ser os mais qualificados a servirem àorganização, pois sem ela eles não seriam nada.

Blefe e Eficácia

As enormes quantias de dinheiro coletadas para a causa da Argélia Francesa foram absorvidas pelos

líderes e políticos aos quais elas foram entregues. Alguns panfletos, algumas conferências, algumasviagens, alguns cartazes fingem justificar o seu uso. Com esses meios colossais os famosos nãofizeram nada.

Durante esse tempo, os militantes estavam desenvolvendo uma atividade coerente com meiosprecários vindos apenas de suas contribuições pessoais. Fizeram reuniões públicas, cobriram o paíscom inscrições, fizeram cartazes à mão, realizaram ações espetaculares com pouco dinheiro,fizeram impressões de um a outro lado da França. Fizeram muito com pouco. Isso é característicodo militante.

Os líderes famosos e as categorias e fichas

Quanto aos famosos que lideram os militantes “nacionais”, são de uma classe inferior. Não é apenasa categoria e a ficha que serão usadas nas lutas políticas. São parte de um material eleitoral. Sãopeões de conspirações perenes. O seu auto-sacrifício serve como trampolim para as ambições doscarreiristas. Se as coisas vão mal, os militantes são friamente abandonados. A organizaçãonacionalista acabará com esses líderes famosos. Os seus membros e seus líderes serão militantesvindos não de gabinetes eleitorais ou de conspirações, mas do combate: as noites de colação decartazes, comícios, golpes, reuniões turbulentas, impressões de panfletos e a sua distribuição demadrugada, os enquadros, os interrogatórios, as brutalidades, as prisões, os tribunais, osdesapontamentos, os insultos, a indiferença, os contratempos… Aqui, serão os mais tenazes, os maisdevotos, os mais conscientes que serão os primeiros, aqui é formada a elite revolucionária.

A UNIÃO DOS “NACIONAIS” OU A ORGANIZAÇÃO DOS REVOLUCIONÁRIOS

Os inimigos camuflados

Um número de políticos, civis ou militares, por muito tempo fizeram da Argélia um trampolim parasuas ambições. Homens do regime por interesse e formação, restaram como os inimigos jurados darevolução. São ainda mais dispostos a combatê-la, pois pareciam ser seus partisans. Os Gaullistas,até o dia 13 de maio, alguns membros do parlamento, alguns líderes mais tarde, são os ilustradoresda infiltração da revolta pelo regime.

Um dos conspiradores de 13 de maio, Léon Delbecque, explicou abertamente esse método: “Eu erao organizador do 13 de maio,” declarou em 6 de julho de 1958, na conferência dos SocialRepublicanos. “Nos gabinetes que eu ocupava, fui solicitado a participar das conspirações dirigidascontra a República e o regime republicano, conspirações das quais a polícia sabia, mas eramincapazes de impedi-las. Consegui estar no lugar certo na hora certa, para desviar ao general deGaulle a revolta que aconteceria”.

O diretório da Organização de Armas Secreta estava repleto de tais indivíduos que “conseguiramestar no lugar certo na hora certa” para levar a revolta a uma rua sem saída. Se a OrganizaçãoSecreta conseguisse destronar de Gaulle, os mesmos tornariam possível ao regime travestir essacrise sem problemas, como aconteceu no dia 13 de maio.

São habilidosos ao usar a confusão nascida de metas aparentemente similares. Sabem que os“nacionais”, sem educação política, sucumbem à união da chantagem e possuem uma inclinaçãoculpável pelo suposto adversário arrependido.

Aceitar o seu jogo seria cair nas sua mãos. Seria tornar-se o seu cúmplice e ficar quieto e não

revelá-los a todo o povo. Não existe união com homens do regime! Eles devem ser denunciadoscom o maior vigor. Com isso, as massas deixarão de ser enganadas, os partisans perderão suaingenuidade natural e se tornarão militantes educados.

Zero mais Zero

Zero mais zero é sempre zero. A adição de mitomaníacos, conspiradores, nostálgicos, carreiristas e“nacionais” nunca fará uma força coerente. Preservar a esperança de unir os incapazes é insistir noerro. Os poucos elementos de valor são paralisados pelos desequilibrados a sua volta. A opiniãopopular não se confunde aqui. Ainda, fazem um mal considerável ao nacionalismo, com o qual sãofrequentemente confundidos. Fazem os elementos saudáveis fugirem e previnem qualquerrecrutamento de qualidade.

Com eles, a união está fora de questão. É necessário, ao contrário, proclamar as diferençasfundamentais que os separam do nacionalismo. Os desequilibrados devem ser impiedosamentetirados do caminho. Nessa condição, será possível atrair novos elementos, partisans eficazes.

Uniões e comitês de acordo

Mesmo a Organização de Armas Secreta, com a sua ação dinâmica, com a sua única direção, seusenormes meios e um essencial objetivo em comum, não conseguiu associar na França metropolitanaos partisans da Argélia Francesa. Como se pode pensar que esse sonho, tão velho quanto a oposiçãonacional, possa ser realizado no futuro com condições infinitamente menos válidas?

As uniões e as frentes têm apenas um objetivo: beneficiar aqueles que as organizam ou ascontrolam. A Frente Popular favoreceu os comunistas, enquanto o agrupamento nacional serviuSoustelle. Os outros participantes eram os enganados.

Propostas pelos líderes famosos, as uniões e comitês de acordo na maioria das vezes possuem umfim eleitoral. Conseguem por um baixo custo coladores de cartazes e equipes de empregados; sãoexcelentes sifãos de dinheiro. Quando o período eleitoral se acaba, a união é deixada de lado paraesperar uma nova ocasião para explorar a credulidade inalterável dos “nacionais”.

Com a primeira dificuldade séria, por exemplo, uma decisão a ser tomada a respeito de umacontecimento controverso, a frente explode e todos retomam sua liberdade. O sonho acabou. A lutapolítica, assim como a guerra, demanda manobras: dissimulação, recuo, ataque. Necessita de umatotal disciplina e de uma única direção capaz de tomar a iniciativa instantaneamente, engajandotodas suas forças. A composição heterogênea e a diversidade de concepções de seus líderesimpedem as uniões de seguirem essas leis; assim, são devotas ao oportunismo e a desintegração.

Como que um rebanho incoerente, dominado por tagarelas, carreiristas e malucos, minado porbrigas de clãs e indivíduos, é capaz de lutar contra a força organizada e superior do regime? Éverdade que essa não é uma meta dos famosos “nacionais”. Essa forma de ação é definitivamentecondenada pela experiência. As táticas do fronte não podem ser realizadas sem uma poderosaorganização nacionalista capaz de impor a sua convicção e linha política.

Organização Monolítica e Disciplinada

O trabalho dos últimos anos foi realizado por pequenos grupos, até mesmo por militantes isolados.Esse núcleo sólido era composto de verdadeiros militantes, educados, confiáveis e competentes.

Com recursos minúsculos, mas com tenacidade e imaginação, foram os autores de todos os sucessosparciais registrados na luta. A prova aqui é que cinco militantes são mais valiosos que cinquenta malucos. A qualidade doscombatentes é, de longe, preferível à quantidade. É em volta de uma equipe pequena e eficaz que asmassas se reunirão, não o contrário.

Que os movimentos revolucionários sejam minorias eficazes evidentemente não significa que todosos grupos minoritários sejam da mesma forma revolucionários. É uma desculpa muito fácil para amediocridade de alguns. As minorias eficazes não são seitas estéreis, estão em contato direto com aspessoas. Destinada a lutar, a Organização Nacionalista deve ser una, monolítica e hierárquica. Seráformada pelo agrupamento de todos os militantes convertidos ao nacionalismo, devotos edisciplinados. A sua idade, não mais que o seu meio, não tem importância. Sejam estudantes oucamponeses, trabalhadores ou técnicos, esses militantes serão em todos os meios os propagandistase organizadores da revolução.

Dependendo das circunstâncias, a sua ação será aparente ou não. Seus aspectos os capacitarão agarantir a penetração generalizada da Organização Nacionalista, até incluir os mecanismos doregime.

CONSPIRAÇÕES OU AÇÃO POPULAR

Atrás dos tempos

O exemplo das conspirações Gaullistas, o terrorismo sistemático da Frente de Libertação Nacionalou do IRA na Irlanda, convenceu muitos “nacionais”. É mais fácil copiar o passado que imaginar ofuturo. Anacronismo na política, assim como no campo militar, garante a derrota; não se podeconduzir uma guerra de trincheiras na era dos tanques.

Algumas imagens causaram grandes danos no passado. A guerra civil espanhola, a insurreição de1936 em torno ao exército. O 13 de maio e a pseudo-revolta. O apelo aos soldados, tão caros aos“nacionais”. O exército francês é um dos componentes do regime; seus chefes foramcuidadosamente escolhidos por seu interesse próprio e submissão, seus quadros são, na maioria,simples funcionários, mas não um Exército com E maiúsculo. Isso tudo só será bom para ajudar oesforço de remendar o regime.

É por falta de autoconfiança e rejeição do esforço que os “nacionais” descartaram as suasresponsabilidades na esperança cega de conspirações militares imaginárias. É covardia intelectual,um falso pretexto para fugir das tarefas longas e difíceis dos militantes.

Mil Quadros Revolucionários

O consenso popular, não mais que a ação nas ruas, não é suficiente para assegurar o sucesso darevolução em uma sociedade tecnologicamente desenvolvida. Não há poder sem o controle, dointerior, dos mecanismos técnicos que garantem o funcionamento do estado moderno. A extremacomplexidade da alta administração, o seu poder encoberto e a sua colonização pela casta dostecnocratas o torna um mundo à parte, impenetrável e todo poderoso. Apenas a presença de quadrosrevolucionários nesses mecanismos, mesmo que em pequenos números, o fará ser neutralizado e serender à vontade nacionalista. Alguns serviços públicos de interesse vital para o funcionamento dopaís, infiltrados por tecnocratas e comunistas, estão na mesma estrutura de interesse.

Em campo aberto, como o porta-bandeira do nacionalismo, o próprio movimento político terá atarefa de falar publicamente ao povo e convencê-lo. Se utilizará, de acordo com as necessidades domomento, de todos os meios legais de propaganda e ação. Construído sobre um corpo de quadros emilitantes educados, organizados em uma base celular, tanto territorial quanto profissional,conseguirá apoio amplo.

Em articulação evidente ou encoberta com o movimento político, as “bases” serãoprogressivamente organizadas. Como explicado acima, o propósito das “bases” é manejar econtrolar um meio específico por meio de ação social e política, os adversários sendo eliminados eos neutros absorvidos. Esse trabalho dará a luz a diversas associações adaptadas aos meios. Estarácompletamente sobre os quadros nacionalistas, especializados e capazes de cuidar da organização.

Penetrando os mecanismos do estado, o movimento político e as bases populares serão as principaisramificações da Organização Nacionalista. Serão feitas sobre um corpo de quadros, hierárquico,especializado, presente em todas as organizações sociais, conectado a uma direção centralizada ecomum. A organização será assim capaz de orquestrar a mesma campanha através do país e emtodos os seus aspectos. Será capaz de se mover com disciplina e prontidão na batalha. Quadros emilitantes no povo serão como o fermento na massa. Mil quadros revolucionários darão vitória aonacionalismo.

SOBRE A ESCALA DO OCIDENTE

Um Pulmão Exterior

Durante todo o tempo após o 22 de abril de 1961, a ação em favor da Argélia Francesa recebeu umapoio permanente e ativo de vários grupos de tendências nacionalistas na Europa e mesmo nosEstados Unidos. Pela primeira vez, uma solidariedade eficaz uniu ocidentais além das fronteiras. Osmeios de propaganda desses grupos se mobilizaram para apoiar a ação conduzida na França.Jornais, revistas, conferências, reuniões, manifestações e comitês de apoio adotaram o mesmo lemaem todas as línguas.

Diversas nações se tornaram, de alguma forma, os pulmões exteriores da resistência francesa,permitindo-a recuperar seu fôlego. Grupos de trabalho foram criados. A hospedagem de partisansfugitivos foi organizada. O regime entendeu o perigo. Interviu em nível diplomático para parar oapoio aos combatentes franceses e reprimir atos de solidariedade.

Solidariedade e Organização

Frente à conspiração permanente dos regimes liberais e da organização comunista internacional, osnacionalistas do ocidente não só persistem nesse caminho, mas também aumentam a ação eaperfeiçoam o método. Os militantes da nação europeia devem encontrar fora de suas fronteiras oapoio a uma propaganda que explica o seu combate, exalta sua coragem, denuncia a repressão e abrutalidade de que são vítimas e desperta o sentimento de combate comum dos povos europeus pelasua sobrevivência contra aqueles que buscam escravizá-los. A expansão dessas iniciativas devepermitir uma verdadeira organização em torno a um tema central bem simples: a luta contra ocomunismo e contra todos aqueles que o apoiam.

Através de canais bem diversos – a imprensa, círculos de estudantes, sindicatos, membros doparlamento, movimentos políticos, associações culturais, ex-militares, organizações juvenis,comissões de intelectuais – um contra-ataque vigoroso conduzido contra os esforços soviéticos e

aqueles que indiretamente os apoiam. Assim como um acontecimento suscetível a demonstrar oconluio do regime liberal com o comunismo, assim como outros capazes de provocar a indignaçãopopular, poderiam ser imediatamente revelados e encurralados, em qualquer lugar e ao mesmotempo. Um corpo coordenado deixando a todos a sua liberdade de ação terá de coletar informação edistribuí-la para propósitos de exploração.

Novo Sangue

A entrada da juventude dentro do combate político, a influência das lutas conduzidas na França, osnovos problemas, aceleraram a necessidade de uma nova definição da ideologia nacionalista comouma doutrina da Jovem Europa. Os numerosos contatos, as trocas de ideias, as conferênciasconjuntas mostraram uma convergência de concepções de todos os militantes europeus. Os últimosanos, que são uma fonte incomparável de educação para os nacionalistas da França, aparecem aomesmo tempo como uma experiência sem paralelos oferecida aos nacionalistas da Europa. Aqui éforjado um método adaptado às novas condições da luta. Na crítica positiva empreendida pelosmilitantes franceses, os combatentes europeus encontrarão as lições que guiarão a sua ação.

PARA COMEÇAR

Para começar, é necessário criar as condições para uma ação nova, popular e resolutamente legal.Dessa perspectiva, os efeitos colaterais da Organização de Armas Secreta, a qual se tornou um braçodo regime, devem ser eliminados porque são nocivos.

É importante desenvolver em todos os lugares e em todos os níveis a crítica positiva da açãoanterior, para trabalhar coletivamente por uma nova definição de nacionalismo. É necessário falar,escrever, explicar e exigir a abertura da imprensa de oposição nacional para esse trabalho. Todas asoportunidades devem ser aproveitadas e os trabalhos pessoais devem ser inspirados por essapreocupação e necessidade.

A ação da propaganda deve ser buscada a fim de manter presente e permanente a explicação donacionalismo. Chorar pelo passado ou praticar uma política de ressentimento seria contrário à metadesejada. A responsabilidade pelo abandono da Argélia está, não com o povo enganado, mas com oregime e os políticos (civis e militares) que dirigiram o combate “nacional”.

Da mesma forma, é necessário manter contato com todos os partisans sinceros. Ajudar aqueles quesofreram. Ser ativamente presente ao lado de nossos compatriotas refugiados da Argélia e nãodeixar a iniciativa apenas às forças do regime.

Esse período de transição deve ser bem usado para um trabalho profundo, a fim de preparar a horaem que os militantes, antes dispersos, se juntarão para estabelecer a Organização Nacionalista,definir o seu programa e começar a luta.

Não, as conspirações não resolvem nada, são nocivas. Os conspiradores se parecem com velhassenhoras que se reúnem para desabafar suas angústias e sentimentos rancorosos. Conspiradores desalões ou terroristas, se isolam de seus compatriotas. Assumem uma mentalidade confusa, tornam-se mal-humorados e o ressentimento os domina. Assim eles se distanciam permanentemente donacionalismo e da vitória.

Revolucionários Teatrais

Não são os meios utilizados, mas as metas que caracterizam uma organização revolucionária. Osmeios, por si mesmos, dependem das circunstâncias. Assim, o partido bolchevique usou ailegalidade e violência, enquanto o partido nacional socialista, também uma organizaçãorevolucionária, usou apenas meios legais para conquistar o poder.

A extravagância na expressão, a promessa do Apocalipse, nunca fez o nacionalismo avançar sequerum passo, ao contrário. O adversário encontra argumentos fáceis, o povo se distancia de homensque parecem loucos perigosos, os partisans são desencorajados ou ficam deformados. Osrevolucionários teatrais, nos seus comentários, na sua atitude e na sua ação, são inimigos darevolução. Em especial, os elementos jovens estarão em sua guarda. Vestir roupas chamadas deuniforme, confundir sectarismo com intransigência, mostrar violência gratuita, são práticas infantis.Alguns veem a exaltação de um romantismo mórbido nisso. A revolução não é nem um uniformeenfeitado e nem uma fantasia para mitomaníacos. A ação revolucionária não é a ocasião para umaumento de purismo.

Bases no Povo

A ação busca iluminar o povo intoxicado pela poderosa propaganda do regime, propor o idealnacionalista e organizar a vitória. É por isso que a prioridade é dada à propaganda. Dirigida àsmassas, essa ação deve ser estritamente legal.

O trabalho entre as massas não é um privilégio do comunismo. Apenas precisa de um métodoviável. A penetração sistemática e paciente cobrirá os mais variados aspectos. A insatisfação dostrabalhadores em uma empresa contra os líderes de sindicatos, a revolta dos sem teto num bairro, aconcentração de refugiados do Norte da África em um bloco de apartamentos densamente habitado,uma abertura na federação local de fazendeiros, um grupo estudantil, as eleições numamunicipalidade favorável, um centro de instrução do exército, uma escola profissionalizante, hátantas oportunidades para formar progressivamente, com perseverança e perfeita adaptação aos seusmeios, bases nacionalistas. O professor, o engenheiro, o policial, o sindicalista, os militantesnacionalistas, todos serão no seu meio os organizadores dessas bases.

A organização de tais bases em meios populares implica uma especialização do trabalho e aconcentração dos esforços de todos em alguns pontos escolhidos após uma análise cuidadosa daschances e dos meios a serem empregados. É melhor controlar em toda a França apenas umaempresa, uma municipalidade, uma universidade, do que começar uma agitação generalizada semnenhum poder sobre as massas. Essas fortalezas do nacionalismo se tornarão pelo seu próprioexemplo os melhores meios de propaganda. Serão escolas de militantes e organizadores que, porsua vez, buscarão agir em outros meios.

É uma ação longa e exigente sem glória e sem glamour. É uma ação trabalhosa. Mas apenas essaação se mostrará eficaz.

PEQUENA INDÚSTRIA OU EFICÁCIA

Pequena Indústria

Na origem do combate nacionalista, o vasto número de iniciativas e a fraqueza dos meios iniciaisconcentraram em um número muito pequeno de militantes a totalidade das tarefas. O que foi

necessário durante o primeiro estágio se torna catastrófico quando a organização se desenvolve.Poucos organizadores ficam sobrecarregados com inúmeras atividades, as quais são todas tãonecessárias quanto o resto. Ao redor, está o costume de confiar neles para tudo. Devido ao medo dever uma tarefa sendo feita de forma errada por um membro, o organizador continua a fazer tudosozinho. O espírito da iniciativa desaparece e com ele o gosto pela ação. Os militantes de valor seveem relegados a tarefas básicas; perdem a sua fé e dinamismo.

Nesse estágio de pequena indústria, todos devem saber fazer tudo e ninguém é responsável por nadaem especial. As habilidades pessoais dos militantes são ignoradas. O trabalho de pequena indústrialeva a uma perda extraordinária de energia e qualidade. Assim, temos um jornalista econômicoexcelente, com bons contatos nos Estados Unidos, encarregado de distribuir panfletos daOrganização de Armas Secreta nos correios. Ele foi preso no decorrer de uma dessas operações quepartisans jovens, estudantes ou outros, poderiam fazer no seu lugar, quando ninguém podiasubstituí-lo na sua especialidade, quando sua utilidade deveria parecer óbvia.

O organizador sobrecarregado, assim como o novo militante, sofre o mesmo sentimento deineficácia e desgosto. Ambos estão conscientes de trabalhar num vácuo. Os militantes experientesexistem em números suficientes para, no futuro, a Organização Nacionalista recusar o trabalho depequena indústria que resulta em sufocamento.

Divisão do Trabalho e Centralização

A variedade de atividades da organização, a diversidade dos meios que deve penetrar e o caráteraberto e encoberto da luta impõem uma divisão de trabalho que deve chegar, em certos casos, àcompartimentalização. Essa divisão por tipos de atividade, confiada a líderes capazes, élogicamente acompanhada por um comando único e centralizado no topo. Em cada tipo deatividade, a divisão do trabalho e a especialização dos membros deve ser praticamente igual. Osorganizadores locais devem ser capazes e buscar o máximo de eficácia para a ação, a centralização eespecialização de tarefas deverão abrir as possibilidades. Por exemplo, o departamento depropaganda deve ser capaz de suprir os grupos locais de material adequado, em vez das iniciativasde pequena indústria incapazes de lutar contra a propaganda adversa.

Com os seus militantes, a Organização estará presente em todos os lugares, inclusive dentro doadversário. A presença de militantes em certos mecanismos econômicos e administrativos pode serde utilidade infinitamente superior à sua participação nas atividades de um grupo de ativistas. A lutanão tem uma forma única. É por isso que a divisão do trabalho deve ser igualmente aplicada emnível de organizações locais. Os membros devem ser elementos ativos de um trabalho em comum,responsáveis por tarefas específicas e não simplesmente executarem ordens. Nessa condição, osmilitantes eficazes, organizadores e quadros serão formados.