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Por que e como pensar sobre a existência? Tacyana Arce Tiago Barcelos

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Por que e como pensar sobre a existência ? Tacyana Arce Tiago Barcelos. [ORIGENS]. Prince of Modes. [E A TEORIA ATOR-REDE?] - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Por que e como pensar  sobre  a  existência ? Tacyana  Arce Tiago Barcelos

Por que e como pensar sobre a existência?

Tacyana ArceTiago Barcelos

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[ORIGENS]

Prince of Modes

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[E A TEORIA ATOR-REDE?]

• Retoma 30 anos de pesquisa, tendo como principal referência Jamais fomos Modernos; ensaio de antropologia simétrica (1994) (daí o subtítulo “uma antropologia dos modernos”)

• “Retomada positiva” (LEMOS, 2013) • Seu cerne não está mais na negação de que alguma vez

tenhamos sido modernos. Mas buscando identificar o que é a herança moderna. O que faz dos Modernos, “modernos”

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[SE JAMAIS FOMOS MODERNOS,O QUE FOMOS? OU COMO FOMOSENQUANTO MODERNOS?]

• Caracterização dos Modernos: convicção de que o mundo pode ser dividido entre

qualidades primárias e qualidades secundárias proliferação de híbridos (interligação entre tais qualidades) –

paradoxo dos Modernos (duplo movimento) forte cisão entre a insistência em se manter esse discurso de

divisão e a prática (fazem justamente o contrário) • Se jamais fomos modernos... o que deriva dessas três

características?

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[SE JAMAIS FOMOS MODERNOS,O QUE FOMOS? OU COMO FOMOSENQUANTO MODERNOS?]

• A investigação percorre o período nomeado por Whitehead de “bifurcação da natureza” ou como nomeia Latour, “parêntesis modernista” – se inicia entre Galileu e Locke e termina em William James

• Separações rigorosas operadas pelos Modernos: objetividade e subjetividade; ciência e política; realidade do mundo e as representações deste mundo

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[SE JAMAIS FOMOS MODERNOS,O QUE FOMOS? OU COMO FOMOSENQUANTO MODERNOS?]

• Uma questão principal: Existe uma tradição filosófica alternativa que permite retomar a história europeia situando de outro modo a questão das ciências e da razão, refutando a bifurcação da natureza?

• É preciso se voltar para o segundo empirismo (Latour) ou empirismo radical (James)

• Primeiro empirismo: considerava apenas os dados elementares (básicos) do sentido – uma natureza bifurcada, em que tudo o que é dado na experiência deve escolher um campo e se posicionar seja do lado da coisa (objeto cognoscível) a ser conhecida seja do lado do espírito (da mente) cognoscente

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[SE JAMAIS FOMOS MODERNOS,O QUE FOMOS? OU COMO FOMOSENQUANTO MODERNOS?]

• O empirismo radical quer recolocar a experiência no centro da filosofia questionando: se as relações e, em particular as preposições, nos são dadas na experiência onde então elas nos levam? O seu desdobramento permitiria colocar a questão do conhecimento de outro modo? Podemos colocar um fim à questão da bifurcação da natureza?

• Como alternativa ao primeiro empirismo, a Filosofia das Preposições

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[MODERNOS, MODERNIZAÇÃO]

Na perspectiva aberta por Latour (1991) o termo designa uma espécie de Grande Narrativa que conta uma história de emancipação fundada na distinção progressiva entre Razão e Ilusão marcada no tempo e no espaço por um fronte de modernização – definição do que os Modernos jamais foram.

É moderno aquele que crê que os outros crêem e que ele sabe; é moderno aquele que sabe fazer a distinção entre o que é construído e o que é verdadeiro; é moderno aquele que não confunde a linguagem figurativa com a ordem do mundo; mas sobretudo, é moderno aquele para quem estas distinções não são relativas, mas absolutas; por contraste, os “outros” são absolutamente outros porque eles ignoram que suas divindades são fabricadas e confundem a ordem do mundo com seus modos de falar.

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[PODEMOS EXISTIR DE DIFERENTES MODOS]

Gilbert Simondon [1924-1989] Etienne Souriau[1892-1979]

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[30 ANOS DE PERGUNTOS SOBRE OS MODOS DE EXISTÊNCIA]

• Desde a África

• Vida de Laboratório (1997) Matters of fact / Matters of concern – Erros de categoria

• Les Microbes (1984) / Pasteurization of France (1988) Irreduções (2a parte do livro)

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[ADEUS À TAR?]

• Lemos (2013) – Pós-TAR, ou como os modos de existência ampliam as redes

• Rede vai para outra posição, não é mais o conceito central de sua teoria (ator-rede)

• Não é um abandono da ideia, mas uma requalificação. Rede permite apreender a dinâmica das associações, mas não os valores delas

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[ADEUS À TAR?]

• Souriau – [PREPOSIÇÃO]

• [REDE] é, portanto, um dos 15 modos de existência (o primeiro a aparecer no livro do projeto)

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[REDE: ATOR-REDE]

A Teoria Ator-Rede (sociologia da tradução) se desenvolveu contra a noção de DOMÍNIO, bem como contra as noções de social e SOCIEDADE a fim de seguir o caráter heterogêneo das práticas científicas e técnicas (Science Studies) em primeiro lugar e posteriormente de outras formas de práticas.

A utilização do termo rede se refere ao fato de haver continuidades obtidas por descontinuidades, que se fazem segundo variados modos.

Na investigação (enquête), o/a ator-rede se torna um dos modos, o modo [RES], que confere liberdade ao investigador para seguir os cursos de ação, mas o inconveniente de não precisar a variedade de modos de existência de tais redes.

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[A IDEIA DE PREPOSIÇÃO]

• Souriau – [PREPOSIÇÃO]

• PREPOSIÇÃO: forma de interpretação de terrenos específicos (o direito, a religião, a política, a reprodução etc.) (LEMOS 2013, p. 58)

• A preposição não designa um domínio ontológico, uma região, um território, uma esfera, uma substância. A preposição prepara a posição que será necessário dar àquilo que segue, oferecendo à pesquisa do sentido uma inflexão decisiva que permitirá julgar sua direção, seu vetor

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[MODOS DE EXISTÊNCIA]

• Etienne Souriau – Les différents modes d’existences (1943) a questão do multirealismo: De quantas maneiras diferentes podemos dizer que o ser existe?

• Latour emprega a nomenclatura modos de existência para abandonar a distinção signo/coisa (dicotomia moderna, segundo ele, como abstrato/concreto, natureza/cultura, selvagem/civilizado, palavras/coisas)

• Latour utiliza como sinônimo de modo de existência uma noção emprestada da semiótica, de regime de enunciação

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[MODOS DE EXISTÊNCIA]

• À maneira das partituras em música, o regime de enunciação (modo de existência) indica somente em qual tonalidade, em qual clave (clef) será preciso se preparar para tocar aquilo que segue

• O que fazer em seguida? diria Austin cuja noção de força ilocucionária poderia servir de sinônimo

• A força ilocucionária não diz nada do enunciado, mas ela anuncia como devemos acolher suas condições de felicidade a fim de evitar os erros de categoria e não tomar por descrição aquilo que é um relato de ficção ou proibição por aquilo que é uma solicitação, um pedido

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[MODOS DE EXISTÊNCIA]

• INSTAURAÇÃO (descoberta, invenção, surpresa) – em contraste com construir (CONSTRUTIVISMO)

• Souriau: estética passagem da forma à matéria

• O que fascina Souriau é o fazer fazer o fazer existir (assim também como a Latour)

• Para saber o que é um ser é preciso instaurá-lo

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[MODOS DE EXISTÊNCIA]

• Nenhum ser tem substância; se ele subsiste, é que ele é instaurado

• Sourieau apresenta uma investigação sistemática sobre o multi-realismo

• O projeto consistem em querer poder diferenciar os modos de ser das diversas maneiras de dizer alguma coisa do mesmo ser

• “Ele dança”, “ele quer dançar”, “ele gostaria muito de poder dançar”, “ele amaria muito saber dançar” – o dançar não muda

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[MODOS DE EXISTÊNCIA]

• Uma questão que remonta à Aristóteles: se há diversas maneiras de dizer algo sobre alguma coisa, trata-se de dizer

• Há várias maneiras de ser

• Multirealismo – ontologia das preposições de W. James

• A esse respeito, Latour coloca as seguintes questões: Quantas maneiras diferentes há de diferir? Quantas maneiras distintas há para o ser se alterar?

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[MODOS DE EXISTÊNCIA]

• Uma infinidade de mundos em um só modo – não cair na indiferenciação

• Pluriversos de James

• Ancorado em James: seguir a experiência, mas segui-la até o final

• “Os modos de ser são contingentes.” (p. 162, Latour sobre Etienne Souriau)

• Os modos de existência são todos de igual dignidade (p. 15)Eles são resultado de uma história (antropologia histórica) (p. 16)

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[MODOS DE EXISTÊNCIA]

Nesta investigação, conferimos aos dois termos, “modo” e “existência”, um sentido mais forte que não direciona a atenção em direção aos grupos ou aos indivíduos humanos, mas em direção aos seres a propósito dos quais os humanos se interrogam.

Assim, o conceito de “modo de existência” permite dar outra resposta à questão clássica: “o que é?” (o que é a arte, a técnica, a economia etc.) do que o conceito de essência. A questão se torna do tipo: quais são os seres que vamos nos preparar para encontrar se nos colocarmos a questão de sua existência? Quais são suas maneiras de ser? Qual a ontologia deles? À ocasião de qual ERRO DE CATEGORIA, de qual CRUZAMENTO? Qual rastro eles deixam quando seguimos a trajetória particular que eles deixam nas variadas redes [RES] em que conseguimos detectá-los?

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CAP. 1 – O OBJETO DA INVESTIGAÇÃO

• [RES] é o primeiro modo de existência abordado;

“primeiro modo de exploração das entidades necessárias à existência de outra entidade” (p. 48, espanhol)

• PASSE TRADUÇÃO

“los otros por los que uno deve passar para devenir o seguir siendo el mismo – lo cual supone, como veremos más tarde, que uno no pueda sencillamente “seguir siendo el miso”, de algún modo, “sin hacer nada”. Para permanecer, conviene passar – en todo caso, “passar por” – lo que se llama una traducción” (p. 54)

• Sem alteração, sem ser ser-como-outro

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CAP. 2 – OS DOCUMENTOS DA INVESTIGAÇÃO

• [PRE]

• Erros de categoria – Erros de sentido x Erros dos sentidos

• Verdadeiro e falso ≠ verdadeiro e falso

• Condições de felicidade (AUSTIN) = chave/clave de interpretação

“Se trata, en efecto, de una toma de posición que viene antes que la proposición y que decide el modo en que uno debe compreenderla y que constituye su clave de interpretación” (p. 68)

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CAP. 2 – OS DOCUMENTOS DA INVESTIGAÇÃO• Condições de felicidade (AUSTIN) – critérios que precisam ser

satisfeitos para que um enunciado seja bem-sucedido (eficácia do enunciado):

Falante deve ter autoridade de fala para executar o ato

As circunstâncias em que as palavras são proferidas devem ser apropriadas

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[PRE POR PREPOSIÇÃO]Designamos pela abreviação [PRE] por preposição o modo de existência necessário à investigação pois ele permite nos voltar em direção às chaves/claves de interpretação que permitem se preparar para o que segue; com o modo [RES], que qualifica as redes, ele permite definir o mínimo de metalinguagem necessário ao desdobramento dos modos.

Como todos os modos, definimos o modo [PRE] por: a) um certo tipo de continuidade, a trajetória, obtida por um certo tipo de decontinuidade, o hiatus; o modo [PRE] suspende pela hesitação a escolha da chave de interpretação e remonta em direção ao hiatus que lhe é próprio quastionando: ele se trata de qual chave? B) um tipo particular de condições de felicidade e de infelicidade; ele abre a comparação de todos os modos de veredicção que ele é encarregado, de modo a conservar aberta e de proteger contra a hegemonia que cada modo tende a exercer sobre os outros; c) um caderno de especificações e tarefas permitindo definir os seres que o modo deixa, de algum modo, em seu rastro; ele permite ouvir a multivocidade de seres; d) um modo de alteração de ser como outro.

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CAP. 2 – OS DOCUMENTOS DA INVESTIGAÇÃO

• [RES.PRE]

• Curso de ação

• Convergência Rede e Preposição é a que autoriza a investigação

• Proposta metodológica (p. 75 e 76) para “fazer falar bem”?

• “Es racional lo que sigue el hilo de las diferentes razones”

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CAP. 3 – UMA PERIGOSA TROCA DE CORRESPONDÊNCIA• [REP.REF] (Reprodução-Referência)

• Correspondência entre o mundo e os enunciados do mundo

• Como se o mundo fosse cogniscível, se a palavra fosse veículo de realidade

• Retoma discussão sobre “móveis imutáveis”

• Referência é a própria rede, não está atada nem ao sujeito nem ao objeto

• Correspondência não como “co-resposta” entre “espírito humano” e o “mundo”

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CAP. 3 – UMA PERIGOSA TROCA DE CORRESPONDÊNCIA

“[...] encontramos una correspondência, tensa, difícil, ritmada, llena de sorpresas y de suspensos entre, por um lado, el riesgo corrido por los existentes para repetirse a través de la serie de sus transformaciones y, por el otro, el riesgo corrido por las constantes para mantenerse a través de otra serie no mesmo vertiginosa de transformaciones.” (p. 95)

• Conhecimento como referência e não como cópia ou correspondência

“Un sujet peut-il connaître un objet ? Oui ; non ; pas toujours ; jamais ; jamais complètement ; asymptotiquement peut-être ; comme dans un miroir ; seulement à travers les barreaux de la prison du langage.” (p. 102)

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CAP. 4 – APRENDER A FAZER ESPAÇO

• Não podemos confundir os existentes com a matéria, matéria que não traria mais justiça ao mundo que o “vivido” (p. 105, francês)

• Os modernos jamais puderam tomar a experiência dos diferentes modos de existência como guia (p. 106)

• Os modernos escolheram instituir não um modo, mas um amálgama entre dois modos [REP.REF]

• O nome mais comum deste amálgama é “mundo material” ou simplesmente “matéria”

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CAP. 4 – APRENDER A FAZER ESPAÇO

“A “matéria” não deve ser considerada como uma provícia da realidade, mas como a mais bizarra das instituições que teve como consequência criar por contraste um “sujeito cognoscente” e um espírito/uma mente capaz de projetar um mundo exterior, cuja existência se tornou incerta – essa série de invenções deixou os Modernos opacos a si mesmos e imcompreensível a apreensão das “outras culturas”” (p. 106)

• ECOLOGIZAR como alternativa a MODERNIZAR

• Cada modo possui suas condições de felicidade e de infelicidade