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49 POR LINGUA PORTUGUESA IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO LÍNGUA PORTUGUESA INTERPRETAR TEXTO COM AUXíLIO DE MATERIAL GRáFICO DIVERSO (PROPAGANDAS, QUADRINHOS, FOTO, ETC.). IDENTIFICAR A FINALIDADE DE TEXTOS DE DIFERENTES GêNEROS. ESTABELECER A RELAçãO CAUSA/CONSEQUêNCIA ENTRE PARTES E ELEMENTOS DO TEXTO. ESTABELECER RELAçõES LóGICO-DISCURSIVAS PRESENTES NO TEXTO, MARCADAS POR CONJUNçõES, ADVéRBIOS, ETC. IDENTIFICAR EFEITOS DE HUMOR EM TEXTOS VARIADOS.

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Interpretar texto com auxílIo de materIal gráfIco dIverso (propagandas, quadrInhos, foto, etc.).

IdentIfIcar a fInalIdade de textos de dIferentes gêneros.

estabelecer a relação causa/consequêncIa entre partes e elementos do texto.

estabelecer relações lógIco-dIscursIvas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbIos, etc.

IdentIfIcar efeItos de humor em textos varIados.

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autoresAlexsandra Cibelly FinklerBeatriz KoppeClaudio Marcelo RomanichenHelen Simone FrançaJuliana SansonLuciane Danylczuk PrendinRosalina SoaresRossana G. CardosoSandra BozzaSílvia CorrerSilvia Eliana DumontSolange GomesTaís Ribeiro Drabik de AlmeidaVanessa Moraes

Ilustração e desIGnAlexandre Gonçalves ChristinoCarlos Gustavo EhaltCristiano CampelloDouglas Pereira CamargoFabio BelemFernanda B. C. Carvalho KoppeFranklin Maciel AgostinhoGilson de Sousa NunesIberá E. Gomes JúniorIgor Pinto ArantesIsabella TosinLucas Santos MeneghiniMarcio TuriniRene Gonçalves de Paula Júnior

produçãoPositivo InformáticaDivisão de Tecnologia Educacional

Impressão e acaBamentoOficina do Impresso Gráfica e Editora Ltda.

[email protected]

Todos os direitos reservados à Positivo InformáticaDivisão de Tecnologia EducacionalV.01

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conteÚdosRecursos verbais e icônicos usados em tiras e em histórias quadrinhos (HQs)Relações lógico-discursivas entre as falas dos personagens de tiras

oBJetIvosReconhecer recursos visuais ou icônicos que produzem diferentes efeitos de sentidoInterpretar tiras com base nas imagens e no texto escrito (falas de personagens)Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros, neste caso, tiras/ HQsEstabelecer relações lógico-discursivasEstimular o exercício de coesão e coerência, tanto na relação de imagens e textos, quanto na de imagens e imagens e também de textos e textosIdentificar efeitos de humor em tirinhas/histórias em quadrinhos

resumoNas atividades propostas neste roteiro, o aluno fará a leitura e ordenará as falas de personagens de tirinhas, considerando as relações lógico-discursivas entre elas. Na atividade 1 (em sala de aula), em um primeiro momento, fará a leitura dos elementos icônicos e verbais e a ordenação dos quadros; na atividade 2, relacionará imagens e textos, respectivamente. Na atividade 3 (no computador), ordenará até quatro falas de personagens; e, na atividade 4, seis ou sete dessas falas. As atividades 3 e 4 apresentam, cada uma delas, cinco histórias cujas falas devem ser organizadas. Ainda no computador, após ordenar cada uma das tiras, o aluno terá acesso a um desafio de leitura que verificará sua capacidade de compreensão mais aprofundada do texto.Por meio dessas atividades, o aluno desenvolverá capacidades de leitura e de análise linguística de HQs.

atIvIdades1. Lendo tirinhas e explorando seus elementos — 1 aula2. Ordenando falas de personagens — 1 aula3. Ordenando falas 1 — 2 aulas4. Ordenando falas 2 — 2 aulas

recursosRevistas de HQCadernos de jornais com tiras ou material fotocopiado para recorteTesouraCola

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materIal InformatIZadoOrdenando falas 1Ordenando falas 2

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atIvIdade 1

lendo tirinhas e explorando seus elementos

Atividade realizadaem sala de aula

Professor, antes de iniciar o trabalho com tiras e histórias em quadrinhos, é importante ler este texto sobre o gênero. Com embasamento teórico, sua mediação poderá ser ainda mais eficiente.

Leitura analítica de histórias em quadrinhos

À primeira vista, a leitura de histórias em quadrinhos pode parecer uma atividade muito simples, que qualquer criança pode fazer. Esta impressão deve-se, em parte, à concepção errônea de que os quadrinhos são ingênuos, infantis e, portanto, seu conteúdo tornar-se-ia fácil de ser apreendido. Alia-se a esta ideia o fato de os leitores já estarem acostumados aos elementos que compõem a “semântica” – conforme denominação feita por Umberto Eco (1979, p. 145) – deste produto industrial de massa. Para que a compreensão desta manifestação artística seja possível, é preciso identificar os elementos pertinentes à linguagem quadrinhográfica. Na visão de Eco (1979, p. 144-145), estes elementos “compõem-se numa trama de convenções mais ampla, que passa a constituir um verdadeiro repertório simbólico” facilmente percebido e decodificado pelo público, que foi se acostumando com este repertório e as normas que regulam seu uso ao longo da evolução dos quadrinhos. Vale lembrar que este produto cultural massivo é fruto do desenvolvimento da imprensa e das técnicas de reprodução gráficas a partir do século XVIII.

Das charges políticas e ilustrações sequenciadas editadas em jornais, passando pelas histórias em estampas (muito populares no século XIX), até as tiras, suplementos dominicais, revistas e álbuns de quadrinhos e as graphic-novels mais recentes, os quadrinhistas foram criando e incorporando novos códigos ao sistema de significação da história em quadrinhos. O leitor, por sua vez, os assimilou e passou a relacioná-los com a narrativa: sua presença tornou-se tão natural quanto o texto dos diálogos ou o estilo do desenho adotado pelo artista.

Os elementos que formam a “semântica” da história em quadrinhos são:

requadro: a moldura que circunda os desenhos e textos de cada quadrinho ou vinheta. Parte da linguagem não-verbal dos quadrinhos, o requadro limita o espaço onde se colocam objetos e se passam as ações. Se suas linhas forem onduladas, pode tratar-se de sonho, delírio ou recordação do personagem. A ausência de requadro remete a um espaço ilimitado, infinito.

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©ASE – Criadores do Senninha: Rogério M. Martins / Ridaut Dias Jr.

Balão: convenção gráfica onde é inserida a fala ou pensamento do personagem, este “ícone cinestésico”, como é chamado por Scott McLoud (1995, p. 134), integrou-se ao “vocabulário” dos quadrinhos desde sua utilização em charges políticas publicadas em jornais ingleses no final do século XVIII. O rabicho (apêndice que sai do balão em direção à cabeça do personagem) indica ao leitor quem está falando; quando o rabicho se dirige a um personagem que está fora do requadro e da cena mostrada, trata-se de uma fala em off.

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Há vários tipos de balões:

• de cochicho (formado por linhas pontilhadas);

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• de pensamento (caracterizado por linhas onduladas e pela ausência de rabicho, substituído por bolinhas que se dirigem ao personagem);

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• splash (formado por linhas angulares, denuncia o estado emocional do personagem, que está irado);

• trêmulo (conota o medo sentido pelo personagem);

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• uníssono (neste tipo, vários rabichos saem do balão, mostrando que diversos personagens emitem a mesma fala, concomitantemente);

• intercalados (demonstram que a fala de um personagem foi emitidas em intervalos de tempo, com uma pausa entre eles) etc.

recordatório: painel encontrado no interior da vinheta onde são colocados os textos da narração, de transição de tempo e espaço (“enquanto isso...”, “no dia seguinte...”, “em sua casa...,” etc.) ou a voz interior do personagem (substituindo o balão de pensamento). Começou a ser empregado quando da publicação em jornais de tiras de aventura serializadas, a partir de 1929, lembrando ao leitor o que havia acontecido na tira do dia anterior.

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onomatopeia: representação de ruídos (explosões, socos, tiros, objetos quebrados, colisões, etc.) por meio de palavras (BUM! SOC! CRASH!), que podem se iconizar e ser consideradas, ao mesmo tempo, signo verbal e iconográfico.

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metáfora visual: signos que ganham uma conotação diferente e características quando usados em histórias em quadrinhos, como ver estrelas (indicando que o personagem está ferido e sente dor), ter lâmpada acesa sobre a cabeça (significa que o personagem teve uma ideia), corações (mostram que o personagem está apaixonado), serrote cortando uma tora (dormir, roncar como uma serra), ter uma espiral sobre a cabeça (sentir tontura), falar cobras e lagartos (xingar, demonstrar ira), entre outros elementos icônicos.

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linhas cinéticas: linhas que indicam o movimento dos personagens ou a trajetória de objetos em plena ação (automóveis e outros meios de locomoção, balas que saem de pistolas, pedras atiradas por alguém, etc.).

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Os elementos visuais (imagens) e verbais (texto) que compõem as histórias em quadrinhos estabelecem uma relação complementar, fazendo parte, na visão de Antonio Cagnin (1975, p. 29-30), “de um sintagma superior, que é, no caso, o narrativo”. Essa relação entre imagem e texto pode variar, ainda segundo o mesmo autor, da história ilustrada (em que a arte apenas retrata o que é descrito pelas palavras), passando pelas histórias nas quais os dois elementos têm a mesma importância, até as que têm predominância das imagens (cabendo ao texto apenas complementá-la) e as histórias “mudas” (com a ausência total do registro verbal).

Adaptado de: Prof. Roberto Elísio dos Santos. Jornalista, com pós-doutorado em Comunicação pela ECA-USP, professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul

(USCS) e vice-coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP.Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2003/www/pdf/2003_

NP11_santos_roberto.pdf Acesso em: 18 fev. 2009.

etapa 1Se possível, leve a turma para a biblioteca para que leiam tiras e HQs ou, então, traga para a sala de aula jornais e revistas que publicam esses gêneros, de modo que eles possam proceder à leitura dos textos, por um tempo determinado. É interessante que os alunos tenham esse contato com as tiras e HQs em seus suportes originais, uma vez que, durante a atividade, trabalharão com tiras soltas e fotocopiadas.Incentive-os a apresentar aos colegas suas experiências de leitura de tiras e HQs.Pergunte-lhes:

• Com que frequência leem tiras e HQs?• Há algum personagem com o qual vocês se identificam? Por quê?• Em que as tiras e HQs se diferenciam de outros textos, como a anedota, por exemplo?

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etapa 2Providencie cópias de tiras e apresente-as aos alunos para que as leiam. Cuide para que haja tiras com diferentes tipos de balão e que apresentem elementos como linhas cinéticas, metáforas visuais e onomatopeias, para que se possa explorar a funcionalidade de cada um desses recursos.

etapa 3Após a leitura das tiras pelos alunos, peça a eles que respondam às seguintes perguntas:

• Vocês sabem o que significa cada tipo de balão usado nas tiras?• Na tira que está em suas mãos, que tipos de balões são usados? De que outros recursos se faz uso?

Professor, à medida que os alunos forem apresentando os recursos usados nas tiras, intervenha alterando ou ratificando o que está sendo dito e, se necessário, complemente a informação. É interessante registrar, no quadro-de-giz, cada tipo de balão, anotando ao lado o seu uso. Não havendo todos os tipos de balões nas tirinhas lidas em sala de aula, acrescente, também no quadro-de-giz, os demais, de modo que todos possam visualizá-los. Anote também a função de outros elementos: linhas cinéticas, metáforas visuais e onomatopeias.

“A leitura de HQs pode ser imensamente facilitada se forem explicitadas suas características verbais preponderantes (personagens, onomatopeias, etc.), assim como seus aspectos não-verbais (balões, símbolos gráficos, etc.), de modo que os leitores possam ultrapassar os limites de uma leitura intuitiva e superficial e atingir o nível de uma leitura consciente e aprofundada, com plena consciência dos dois tipos de linguagem em jogo.”

(DURÃO, 2004. p. 165.)

etapa 4Providencie, com antecedência, folha com cópia da tira apresentada a seguir, ela também está disponível no material de apoio. Entregue um exemplar desse material a cada aluno e solicite que, em duplas, façam a sua leitura.

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“Com base nos elementos que compõem a “semântica” da História em Quadrinhos e a narrativa ficcional pode-se proceder à análise de conteúdo desta forma de comunicação visual.A leitura semiológica da História em Quadrinhos permite a compreensão da linguagem característica dos quadrinhos e também as significações presentes em qualquer narrativa quadrinhográfica. Em primeiro lugar, é preciso tomar em separado cada vinheta; em seguida, procede-se à descrição (denotação) dos elementos verbais e visuais, assim como dos elementos da narrativa e da linguagem dos quadrinhos, presentes em cada uma delas. Por fim, os significados (conotação) devem ser identificados e analisados.” Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2003/www/pdf/2003_NP11_santos_roberto.

pdf.Acesso em: 18 fev. 2009.

Conduza a atividade, seguindo estes passos:

1. Pergunte aos alunos a função dos balões da tira e verifique se conhecem os demais tipos de balões e seus usos.2. Indague sobre o espaço: essa cena se passa em um ambiente interno ou externo. Que elementos permitem essa identificação? 3. Peça-lhes que verifiquem a presença de elementos como onomatopeias, metáforas visuais e linhas cinéticas.4. O que significam as linhas curvas ao lado dos personagens?5. Solicite que descrevam os elementos visuais de cada um dos quadros, atentando para detalhes, como a expressão fisionômica dos personagens e, no caso da tira do Bidu, a presença das linhas curvas ao lado de cada um deles. Explore com os alunos o significado desses elementos e o efeito de sentido que produzem no texto. 6. Peça-lhes que observem a sequência temporal da narrativa, ordenando as ações. 7. Peça-lhes também que observem os elementos verbais, buscando elementos que apontem a sequência da construção do texto dialógico.

Sobre o que vem a ser a coesão textual, é interessante proceder à leitura do texto a seguir.

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entendendo a coesão textual

Ao se buscar uma terminologia para o que seja coesão e como se apresenta formalmente, o que se observa é que não há consenso entre diversos autores. Muitos deles discutem inclusive o fato de coesão e coerência estarem ou não dissociados, ainda que admitam a possibilidade de haver coerência sem coesão.

De qualquer modo, há uma concordância quando se entende que coesão "é uma relação semântica entre um elemento no texto e algum outro elemento que é crucial para a sua interpretação" (Halliday & Hasan, 1976, p.8).

No que diz respeito à referência que se dá dentro do texto (denominada endofórica), Halliday & Hasan apontam cinco tipos de elos coesivos:

a) referência: Ele quer qualquer tarefa, menos esta.b) substituição: Carlos participou da campanha contra a fome. Tito e Júlia fizeram o mesmo.c) elipse: João trabalhou com adolescentes e Maria, (0) com crianças.d) conjunção: Assim que você arrumar os papéis, eu organizo o fichário.e) coesão lexical: Betinho encabeçou a luta contra a fome. O sociólogo acreditava na mudança da situação do país.

Assim, ao nos depararmos com a frase "Ela foi ao teatro", só poderemos entender a quem se refere o pronome ‘ela’, se houver algum elemento próximo que explicite de quem se trata. Caso se anteponha a frase "Maria saiu", de forma a termos a sequência "Maria saiu. Ela foi ao teatro", ‘Maria’ será a forma referencial e se poderá afirmar, então, que ‘ela’ é um elemento de referência que se remete à Maria.

Fávero (1991) e Koch (1990) ampliam o conceito de coesão referencial, abrangendo os casos de “referência, substituição e coesão lexical”, abordados por Halliday & Hasan.

Segundo Fávero, além dos tipos de coesão apontados por Halliday & Hasan, existem ainda a coesão recorrencial (que diz respeito a certos artifícios comumente utilizados na linguagem poética) e a coesão sequencial (que “faz progredir o texto” sem que haja retomada de itens, sentenças ou estruturas).

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Fávero subdivide a coesão sequencial em sequenciação temporal e sequenciação por conexão. Esta diz respeito às “conjunções” apontadas por Halliday & Hasan, enquanto aquela se remete ao tempo do “mundo real”.

a sequenciação temporal se dá por:

a) ordenação linear dos elementos: Acordou, tomou o café da manhã e leu o jornal.b) expressões que assinalam a ordenação ou continuação das sequências temporais: Primeiro arrumou a mesa, depois a estante.c) partículas temporais: À noite, foi ao cinema.d) correlação dos tempos verbais: Disse para chegarem cedo.

Além desses elos coesivos, também podemos incorporar os ordenadores discursivos, tais como “para começar, em seguida, por outra parte, em resumo, finalmente”.

Há ainda quem amplie essa noção de coesão para além do texto (denominada exofórica), quando a referência está sujeita ao conhecimento prévio do leitor/ouvinte. Por exemplo, na manchete “Daiane encanta Atenas com o Brasileirinho” (O GLOBO, 13/8/2004, esportes, p. 3), há que se saber quem é Daiane (ginasta brasileira), que Atenas é a cidade sede das olimpíadas de 2004 e que Brasileirinho é a música escolhida pela atleta para a sua apresentação na ginástica de solo. Cada uma dessas conexões é entendida como coesão exofórica.

O que se percebe é que o estudo é amplo, e sujeito a discussões, por essa razão, ao se elaborar exercícios de leitura, parte-se do senso comum do que seja a coesão para um leitor competente. É importante lembrar que, além da coesão, deve-se ainda lidar com a tipologia textual e os gêneros de texto, visto que a sua estrutura muitas vezes tende a comandar a ordenação dos parágrafos.

Adaptado de: ALBUQUERQUE, Ana. http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno09-04.html.

Acesso em: 25 fev. 2009.

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etapa 5Professor, aqui os alunos repetirão os procedimentos da etapa anterior, porém sem a sua condução explícita.

As tiras a seguir também estão disponíveis no material de apoio; apresente-as a eles e peça-lhes que as leiam, justificando a sequência das falas a partir de elementos visuais, icônicos e verbais.

Depois de terminarem, pergunte-lhes a partir de que observações conseguiram justificar as falas dos personagens em cada uma das tiras. Permita aos alunos expor livremente aos colegas os recursos que usaram, pois, dessa forma, há uma socialização de procedimentos de leitura diferenciados, cujo conhecimento beneficia a todos.

Tomando como exemplo a tira a seguir, provavelmente os alunos dirão que a fala “Você tem o perfume da noite” só poderia estar no quadro cujos elementos visuais remetem ao período noturno (céu escuro e lua); o mesmo raciocínio se aplica à fala do personagem do segundo quadro. No caso da fala “Você tem o perfume de um carro zerinho”, além dos elementos visuais, é pelo contexto que se justifica ela pertencer ao personagem Senninha.

©ASE – Criadores do Senninha: Rogério M. Martins / Ridaut Dias Jr.

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atIvIdade 2

ordenando falas de personagens

Atividade realizadaem sala de aula

etapa 1Explique aos alunos que, para a execução desta atividade, eles receberão tiras com balões em branco e falas soltas que devem ser organizadas. Para conseguir colocar essas falas na sequência adequada, será necessário que façam a leitura atenta de cada quadro, considerando seus elementos icônicos e verbais.

etapa 2Em número correspondente ao dos alunos de sua turma, selecione tiras ou pequenas HQs, com sulfite, cubra as falas dos balõezinhos e fotocopie as histórias. Em um editor de texto, copie as falas dos quadrinhos, numerando-as aleatoriamente e dispondo-as em uma tabela para depois imprimir e recortar. Anote os números das falas e a que HQ elas pertencem, para que possa conferir a atividade feita pelos alunos.

etapa 3Durante o trabalho de ordenação das falas dos personagens, leve os alunos a refletir sobre os elementos que eles consideraram para definir essa sequência. Por exemplo, elementos não-verbais, como o cenário onde estão os personagens ou os movimentos corporais e expressões faciais deles; e verbais, como sequências de pergunta e resposta, termos de coesão, marcadores de circunstância, etc.

Professor é importante que os alunos façam a ordenação das falas, observando todos esses elementos e pautando-se pela sequência narrativa. Para certificar-se de que isso ocorreu, peça-lhes que expliquem como se guiaram para chegar à ordem adequada das falas nas tiras ou HQs.

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atIvIdade 3

ordenando falas 1

Atividade realizadano computador

etapa 1Inicie a aula explicando aos alunos que o objetivo desta atividade é ordenar as falas dos personagens de cinco tirinhas do Menino Maluquinho e resolver o desafio de leitura.

“Ao propor atividades de leitura convém sempre explicitar os objetivos e preparar os alunos. É interessante, por exemplo, dar conhecimento do assunto previamente, fazer com que os alunos levantem hipóteses sobre o tema [...], oferecer informações que situem a leitura, [...], etc.”

(PCN, 1997. p. 60.)

Depois, apresente-lhes a página inicial da atividade ordenando falas 1, acessando-a com eles.

Oriente-os a ler as imagens e as falas que aparecem de forma desordenada, procurando encontrar as pistas linguísticas que levam à ordenação correta do diálogo. Mostre-lhes os botões disponíveis dessa ferramenta e apresente a opção dica (no canto inferior esquerdo), que oferece ajuda para identificar as falas de cada quadrinho.

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etapa 2Após resolver, conferir e acertar a ordenação das falas dos personagens da tirinha selecionada, o aluno terá de resolver o desafio de leitura referente a ele. Oriente-os a ler e a resolver sozinhos a questão que aparece na tela. Dessa forma, eles serão levados a identificar os efeitos de humor próprios desse gênero textual.

Para avançar para a questão seguinte, o aluno deverá, depois de conferir a atividade – ou não –, clicar sobre a seta que está à direita do número, no canto superior esquerdo da tela.

etapa 3Deixe-os livres para a realização das outras questões. Enquanto isso, circule pela sala para verificar se alguém precisa de auxílio na leitura e entendimento das questões ou na compreensão das funcionalidades dessa atividade.

etapa 4Quando todos terminarem as atividades, peça-lhes que acessem o Quadro de respostas e avaliem o seu desempenho, considerando o número de acertos e de erros, clicando sobre cada uma das questões.

atIvIdade 4

ordenando falas 2

Atividade realizadano computador

etapa 1

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Lembre os alunos da atividade realizada anteriormente. Explique-lhes que, nesta aula, eles continuarão a trabalhar com a ordenação das falas dos personagens. A diferença é que, na aula anterior, eles ordenaram até quatro falas em cada tirinha e, agora, ordenarão seis ou sete falas, aumentando, assim, o grau de complexidade. Para isso, peça que eles acessem ordenando falas 2.

etapa 2Proceda da mesma forma que na etapa 2 da atividade anterior, orientando-os quanto às questões referentes ao desafio de leitura.

etapa 3Proceda da mesma forma que na etapa 3 da atividade anterior, ou seja, deixe os alunos livres para a realização de todas as questões e circule na sala para esclarecer eventuais dúvidas por meio do atendimento individual.

etapa 4Proceda da mesma forma que na etapa 4 da atividade anterior, isto é, peça a cada aluno que acesse o Quadro de respostas e avalie o seu desempenho nas questões que realizou durante a aula.

suGestão

À medida que os alunos forem concluindo as atividades propostas neste roteiro, peça-lhes que naveguem pelo link #24.

Nele, os alunos encontrarão inúmeras tirinhas desse personagem tão querido pelas crianças de todas as idades.

o Que avalIar?

Ao final das atividades, avaliar se os alunos:

• Reconhecem a funcionalidade do uso de diferentes tipos de balão e de outros recursos específicos desse gênero textual;• Fazem a leitura dos elementos conotativos e denotativos de cada quadro da tira ou HQ;• Conseguem ordenar adequadamente as falas dos personagens de uma tira ou HQ, estabelecendo relações lógico-discursivas entre elas, após considerar elementos icônicos e verbais.

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suGestão de leItura e lInKs

DURÃO, Adja Balbino de Amorim Barbieri. Proposta de uma gramática específica para sistemas verbais-icônicos: o caminho para a leitura produtivo do gênero textual ‘História em Quadrinhos’. In: CRISTÓVÃO, Vera Lúcia Lopes; NASCIMENTO, Elvira Lopes (Org.). Gêneros textuais: teoria e prática. Londrina: Moriá, 2004.

MOYA, Álvaro de. História da história em quadrinhos. Nova edição ampliada. São Paulo: Brasiliense, 1996.

RAMOS, Paulo. a leitura de quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2008.

VERGUEIRO, Waldomiro (Org). como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004.

Seninha. #40Acesso em: 18 fev. 2009.

Turma da Mônica. #39Acesso em: 18 fev. 2009.

Turma do Xaxado. #41Acesso em: 18 fev. 2009.

referêncIas BIBlIoGrÁfIcas

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa — Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CALAZANS, Flávio. História em quadrinhos na escola. São Paulo: Paulus, 2004.

FÁVERO, Leonor Lopes. coesão e coerências textuais. São Paulo: Ática, 1991.

KOCH, Ingedore Villaça. a coesão textual. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 1990, 75 p.

VERGUEIRO, Waldomiro (Org.). como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004.

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A História em quadrinhos na sala de aula. #83Acesso em: 18 fev. 2009.

Site do Senninha - Tirinhas. #40Acesso em: 18 fev. 2009.

Turma da Mônica. #39Acesso em: 18 fev. 2009.

Turma do Xaxado. #41Acesso em: 18 fev. 2009.

anotações e dIcas

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©ASE – Criadores do Senninha: Rogério M. Martins / Ridaut Dias Jr.

©ASE – Criadores do Senninha: Rogério M. Martins / Ridaut Dias Jr.

©ASE – Criadores do Senninha: Rogério M. Martins / Ridaut Dias Jr.

materIal de apoIo

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