ponto norte

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Director Alfredo Barbosa www. pontonorte.pt A cozinheira Diva que “é” arquitecta e engenheira a fazer iguarias em Amarante /p19 O último fabricante de concertinas /p10 José Guilherme Aguiar é candidato a Gaia com apoios fortes e baralha contas /p23 Autoridade da Concorrência /p13 é impotente, incompetente e ineficiente - revela estudo da Universidade Portucalense Mesquita Machado acredita que GNRation é ferramenta para o mercado de trabalho /p23 houve um excesso de prudência do lado da despesa [nas contas da Câmara do Porto] RUI RIO, presidente da Cânara do Porto Ano Um | Ponto Sete | Um euro | 2 de Maio de 2013 Vila Nova de Gaia destrona o Porto Acusa Jorge Gonçalves, vice-reitor da UP DE DESEMPREGADOS NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO INVESTIMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO /p6 /p4 /p2 CONTRA OS PARTIDOS E A LISBOA POLÍTICA Os candidatos independentes de Gondomar e Amarante, Fernando Paulo e Pedro Barros, fustigam a realidade partidária e o centralismo - e defendem a regionalização Grande reportagem do Ponto Norte /p8 NOS ESTÁGIOS NÃO REMUNERADOS explo- são mise- rável escra- vatura GABRIEL O PENSADOR É CABEÇA DE CARTAZ DA QUEIMA DAS FITAS DO PORTO /p24

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Ponto Norte

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Page 1: Ponto Norte

Director Alfredo Barbosa www.pontonorte.pt

‘‘

A cozinheira Divaque “é” arquitectae engenheira a fazer iguariasem Amarante /p19

O último fabricante de concertinas /p10

José Guilherme Aguiar é candidato a Gaia com apoios fortese baralha contas /p23

Autoridade da Concorrência /p13é impotente, incompetentee ineficiente - revela estudo da Universidade Portucalense

Mesquita Machado acredita que GNRation é ferramenta para o mercado de trabalho /p23

houveum excesso

de prudência do ladoda despesa [nas contas

da Câmara do Porto] RUI RIO,presidente da Cânara do Porto

Ano Um | Ponto Sete | Um euro | 2 de Maio de 2013

Vila Nova de Gaia destrona o Porto

Acusa Jorge Gonçalves, vice-reitor da UP

DE DESEMPREGADOS NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO

INVESTIMENTO PARAA INVESTIGAÇÃO

/p6 /p4

/p2

CONTRAOS PARTIDOSE A LISBOA POLÍTICA

Os candidatos independentes de Gondomar

e Amarante, Fernando Paulo e Pedro Barros,

fustigam a realidade

partidária e o centralismo - e

defendem a regionalização

Grande reportagem do Ponto Norte /p8

NOS ESTÁGIOS NÃO REMUNERADOS

explo-são

mise-rável

escra-vatura

GABRIEL O PENSADOR É CABEÇA DE CARTAZ DA QUEIMA DAS FITAS DO PORTO /p24

Page 2: Ponto Norte

Nome dasecção/2

Pedro Barros estreia-se nas lides po-líticas e tem como objectivo eleger-se presidente da Câmara Municipal

de Amarante, à frente de um movimen-to independente. Fernando Paulo é vi-ce-presidente da Câmara de Gondomar, tem experiência autárquica de 20 anos e apresenta-se como candidato à autar-

quia de Gondomar, também na posição de líder de um movimento de fora dos partidos, que no passado teve Valen-tim Loureiro, que não pôde agora avan-çar por impedimento da lei, como figura principal. Apesar da di-ferente experiência política, ambos surgiram na Tertú-lia Ponto Norte, realizada terça-feira, no Hotel Infan-te de Sagres, no Porto, com ideias que os aproximam. O facto de serem independen-tes ajuda, claro. E, por isso mesmo, se uniram nas críticas fortes dirigidas ao sistema. “A política passou a ser encarada como uma profissão. Os partidos julgam-se do-nos da consciência dos eleitores”, apon-

tou Pedro Barros. Que foi secundado por Fernando Paulo: “Os partidos têm que se renovar. Deixaram de conseguir fazer com que as pessoas neles se sintam re-presentados, que deve ser a sua função”.Ambos se mostraram contrários à lei de limitação de mandatos, que consideram um revés para uma escolha democrática

transparente. “A população tem que escolher livremente”, resu-

miu Fernando Paulo.A regionalização também uniu os candidatos. “Há muito que devia estar im-

plementada”, disseram. Crí-ticos da “ineficácia da Jun-

ta Metropolitana e das comu-nidades intermunicipais”, deixa-

ram claro que é nestes tempos de crise que “mais se vê como a capital concentra em maior número o que deveria ser geri-do pelos meios locais”. /Pedro emanuel SantoS

Amarante e Gondomar unidos contra os partidos e contra Lisboa

“A política

passou a ser encarada como

uma profissão. Os partidos julgam-

se donos da consciência dos

eleitores”

A favor da regionalização urgente, críticos em relação ao centralismo de Lisboa. Assim se mostraram os candidatos independentes às câmaras de Amarante e Gondomar. Inde-pendentes porque, confessa-ram, deixaram de confiar nos partidos

TertúliasPontoNorteInfante Sagres/2

“Há muito que [a regionaliza-ção] devia estar implementada”, disseram os con-vidados

Pedro Barros e Fernando Paulo criticaram a “ine-ficácia da Junta Metropolitanae das comunida-des intermunici-pais”

Fernando Paulo é vice-presidente da Câmara de Gondomar, tem experiência autárquica de 20 anos e apresenta-se como candidato a Gondomar à frente de um movimento independente que no passado teve Valentim Loureiro, que não pode candidatar-se por exceder o número de mandatos, como figura principal.

Pedro Barros, pelo contrário, estreia-se nas lides políticas e tem como objectivo eleger-se presidente da autarquia de Amarante à frente de um movimento, também ele, de cida-dãos fora dos partidos. Para o desencantado Pedro Barros, “a política passou a ser encarada como uma profissão”.

Pedro Barros, de Amarante, e Fernando Paulo, de Gondomar, mostraram-se contrários à lei de limitação de mandatos, que consideram um revés para uma escolha democrá-tica transparente. “A população tem que escolher livremente”, resumiu o segundo

A ambição dos independentes em Gondomar e Amarante

Hotel Infante de Sagres Indepen-dentes com sala cheia A Ter-túlia Ponto Norte, à semelhança das anterio-res, realizou-se num das salas de conferência do Hotel Infante de Sagres, no Porto. O deba-te que juntou os independentes Pedro Bar-ros, candidato a Amarante, e Fernando Pau-lo, pretendente a Gondomar, atraiu uma pla-teia que praticamente encheu o espaço. Fo-ram muitos os que quiseram ouvir os pontos de vistas destes dois responsáveis que, pe-lo facto de serem independentes e se movi-mentarem fora do circuito dos partidos, sus-citaram a atenção geral. E as respectivas in-tervenções, de tão ricas, mais apelativas se tornaram para a assistência.

uma candidatura feita por pessoas Equipa pe-quena e convicta Fernando Paulo apresentou durante a tertúlia parte da sua equipa. O número dois é Joa-quim Castro Neves, actual ve-reador da Câmara Municipal de Gondomar. O número três será Cristina Castro, que goza de grande proximidade entre o eleitorado. Adolfo Sousa e Jor-ge Ascensão ocupam, respec-tivamente, o número quatro e o número cinco da candida-tura independente de Fernan-do Paulo. “Estas são as nossas estrelas, as nossas medalhas e é com elas que queremos ga-nhar as eleições”, afirmou em relação a todas as pessoas que apoiam a sua candidatura à presidência da Câmara Munici-pal de Gondomar.

“É um projecto de comuni-dade” A preocupa-ção é com Gondo-mar “Estamos na rua, em contacto com as pessoas”, afir-mou Fernando Paulo. Para ca-racterizar a sua candidatura co-mo independente à Câmara Municipal de Gondomar, o ain-da vereador diz que “é um ver-dadeiro projecto de comuni-dade”. Em relação aos projec-tos para o concelho, disse que o objectivo é “manter o que es-tá bem, mas melhorar o que for possível”. Apostar mais no de-senvolvimento sócio-económi-co e na principal marca diferen-ciadora da região: Gondomar, Capital da Ourivesaria. Para além disso, pretendem renovar a malha urbana do concelho.

Diana Ramos Ferreira Emanuel Rocha

“Os partidosjulgam-se donos da consciência dos eleitores”,apontou Pedro Barros

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Page 3: Ponto Norte

MAR, 282013

PONTONORTE

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Fernando Paulo – Gondomar Fernando Paulo foi o escolhido pelo

movimento independente Valentim Loureiro – Gondomar no Coração, para liderar a candidatura à Câmara de Gondomar em 2013. Tem sido o braço direito de Valentim, que, por razões legais, já não pode voltar a candidatar-se. Assume funções na autarquia como vereador há cinco mandatos o que perfaz “20 anos de casa e 24 como autarca”. Os apoiantes do homem forte de Gondomar mostraram-lhe o seu apoio e confiaram-lhe a continuidade do projecto começado pelo Major. Desde cedo que esclareceu que o movimento “não tomará a iniciativa de contactar os partidos políticos”, mas admitiu “abertura para qualquer coligação proposta”. O seu objectivo, se ganhar, é “envolver a população no projecto de desenvolvimento do concelho”, garante. /SuSana Ferrador

Pedro Barros – Amarante Tem 51 anos, é ex-militante do PSD e gestor de em-presas. Licenciado em Direito. Apresentou a sua candidatura independente à Câmara Municipal de Amarante e disse desde o pri-meiro momento reunir apoios de personali-dades da sociedade civil, do CDS ao Bloco de Esquerda. “São pessoas que, como eu, acham que é necessário encontrar uma alternativa para Amarante, com novos projectos, políti-cas e protagonistas”, afirmou. Sob o slogan “Renovar por Amarante”, Pedro Barros disse ainda ser possível “trazer para a política gen-te nova” e “pessoas que não estão enfeuda-das aos partidos”. O candidato tem já opera-cionais três grupos que trabalham, junto da sociedade civil, no diagnóstico do concelho e nas soluções que integrarão o programa da candidatura, que será apresentado no dia 30 de Junho. /S.F.

Fernando Paulo assegurou na Tertúlia Ponto Norte ter uma “grande estima pelo major”, mas, ainda assim, “somos pessoas diferentes, com ideias diferentes”

“Tenho a melhor equipa do mundo”, afirma com convicção Pedro Barros, que está a formar listas constituídas unicamente por cidadãos de fora do espectro partidário

O candidato independente às próximas eleições em Gondomar, Fernando Pau-lo, afirmou durante a Tertúlia Ponto

Norte/Hotel Infante Sagres que não tenta “fa-zer nenhuma demarcação de Valentim Lourei-ro”. Assegurou ter uma “grande estima pelo major”, mas, ainda assim, “somos pessoas dife-rentes, com ideias diferentes”, afirmou.Por esse mesmo motivo, o candidato à Câ-mara de Gondomar explicou que não se po-de apresentar “agarrado a Valentim Loureiro”, até porque tem uma “equipa renovada e com

novos projectos para Gondomar”. Ainda as-sim, garante que “não chega prometer, é pre-ciso explicar como vamos desenvolver os nos-so projectos. Temos que ser comedidos naqui-lo que prometemos”.No que respeita às tão polémicas contas da Câmara Municipal, Fernando Paulo revelou que estão “estabilizadas”. O candidato inde-pendente afirmou que o pagamento “a todos os fornecedores é feito a 55 dias”.Apesar dos 120 milhões de euros de dívida, ga-rantiu que esta está “completamente contro-lada”. No total, 55 milhões são relativos a uma dívida à EDP que foi renegociada e vai ser pa-ga em 60 anos. As habitações sociais tiverem um custo de 50 milhões e os últimos 15 mi-lhões são relativos a pequenas obras desen-volvidas pela autarquia. /dIana ramoS FerreIra

“Não posso apresentar-me agarrado ao major Valentim Loureiro”Fernando Paulo tentou mostrar que não é “o filho adoptivo” de Valentim Loureiro. Durante a tertúlia, estiveram em cima da mesa os 120 milhões de dívida da Câmara

O poder político igno-

ra o povo A “anexação de freguesias em Amarante”, como lhe chama Pedro Barros, “não foi um processo simpáti-co”. O descontentamento exis-te em muitos outros sítios de Portugal onde se desenvolve uma maioria silenciosa. Teme-se que ocorram proble-mas sérios no acto eleitoral, para além de todas as contes-tações jurídicas. O poder político – como tem acontecido em diversas situa-ções – ignorou o povo. E conti-nua indiferente.A arrogância e a displicência conduzem o país para situa-ções que podem ser de extre-ma gravidade.Sócrates ensinou a Platão que aquilo que não pode ser con-trolado não deve ser ordena-do. Disraeli defendeu que todo o poder se baseia na confiança. Um executivo holandês expli-cou que os jogos de poder ma-tam uma organização.Se se pretende paralisar Por-tugal, o caminho que está a ser seguido é certeiro.

OPINIÃOAlfredoBarbosaDirector

Editoralfredobarbosa

@pontonorte.pt

MAI, 022013

PONTONORTE

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Candidatura apresentada

sábadoPedro Barros já tem o seu

projecto a rolar há algum tempo.

Porém, falta ofi-cializá-lo perante

os cidadãos amarantinos,

aqueles que se propõe governar

nos próximos quatro anos. A

apresentação da candidatura in-

dependente des-te empresário de 51 anos realiza-se este sábado, dia

4, às 15h30, na Casa da Portela (o antigo GAT), na Rua Miguel Pinto Martins.

Uma oportuni-dade para Pedro Barros revelar o

que o move para a presidência

da Câmara de Amarante.

Pedro Barros O candi-dato low cost Uma candidatura independente obriga a esforços extra a que as listas dos partidos não es-tão sujeitas. Desde logo é ne-cessária a recolha de assina-turas, que já está feita. E tam-bém há apertados rigores fi-nanceiros. Para embarcar nes-ta aventura que pretende “ser um projecto de esperança num concelho que perdeu im-portância regional e que tem muito para dar e desenvolver”, Pedro Barros elaborou um or-çamento do qual não preten-de desviar-se um só cêntimo. “Irei gastar apenas 30 mil eu-ros. E exijo transparência to-tal. É um dos meus princípios”, garante. /P.e.S.

Fora das amarras partidá-rias Cem por cento independente Pedro Barros orgulha-se de estar a formar listas constituídas uni-camente por cidadãos de fo-ra do espectro partidário. E de todas as proveniências políti-cas, “desde simpatizantes do PSD a comunistas”. Elementos que, garante, “não se revêem” nos partidos tal e qual eles es-tão actualmente e, claro, em nenhuma das candidaturas ad-versárias. Pedro Barros encon-tra-se ainda a ultimar as lis-tas que vai apresentar à Câma-ra e à Assembleia Municipal. Irá, também, propor candida-tos em todas as freguesias do concelho de Amarante. “Tenho a melhor equipa do mundo”, afirma com convicção. /P.e.S.

Diana Ramos Ferreira Emanuel Rocha

“Temos que ser comedidos naquiloque prometemos”

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Page 4: Ponto Norte

Nome dasecção/4

AlfredoBarbosaEntrevista/4

A Holanda “em 0,5% de terreno fértil produz 22% do sector agro-alimentar do país

este objectivo poderá ser atingido, segundo Jorge Gonçalves, através do controlo, no-meadamente de dióxido de carbono, lumi-nosidade e humidade, com tecnologia de construção de estufas, utilizando as plantas mais adequadas e apoio no crescimento das culturas, que se concretizará em maior ren-dimento. Está “a mudar a forma como a agri-cultura é vista “ e “o problema da terra ará-vel deixará de pôr-se”.É necessário um local “para testar tecnolo-gia, para formar pessoas, e também para aqueles que já este-jam na agricul-tura”. É pre-ciso “testar técnicas, materiais, serviços de apoio

para análise, num ambiente do tipo Loja do Cidadão para os empreendedores”. É funda-mental “reunir conhecimento e defendê-lo e esta região tem condições para se fazer isto sem agressões ambientais”.A convicção do vice-reitor da UP é estimula-da pelo exemplo da Holanda que “em 0,5% de terreno fértil produz 22% do sector agro--alimentar do país”.Jorge Gonçalves não tem dúvidas de que “a agricultura é o futuro com vectores diferen-tes e os resultados podem ser alcançados muito rapidamente”.Existe “um bom acolhimento da CCDRN, mas não chega. É preciso que venha apoio do qua-

dro comunitário não executado”, o que leva Jorge Gonçalves a declarar: “Estamos a fazer

o trabalho necessário com assessores in-ternacionais que têm vindo cá de forma muito generosa”.

Pode ser replicado exemplo da HolandaÉ possível ter alta rendibilidade ao longo do ano no Campus Agrário de Vairão na produção animal, vegetal, hortícola e frutícola. Como? “Criando um centro de competências em ambiente controlado”

Diana Ramos Ferreira

Jorge Gonçalves fala de grandes mudan-ças que são precisas

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Pedido de milhões atrasa Campus Agrário de Vairão em cinco anosHá um projecto que o vice-reitor Jorge Gonçalves gostava de deixar de pé antes de ir embora: o Campus Agrário de Vairão, em Vila do Conde. Mas a Universidade do Porto (UP) chegou a pensar abandoná-lo

“A Direcção-Geral do

Património tem criado problemas a

partir da Praça do Comércio”

e uma característica da agricul-tura radicalmente diferente do Alto Douro e Trás-os-Montes”.

Falta de coordenaçãoTêm-se verificado, porém, “di-ficuldades da administração central em tomar decisões” e a UP “anda há cinco anos a procu-rar modelos de relacionamento, tendo o mesmo patrão – o Estado”. O maior obstá-culo radica em “falta de coordenação”. Ago-ra, o responsável pelos sectores da investi-

Este campus “sofreu o impacto da reestruturação do Ministério da Agri-cultura e ficou descapitalizado”, ex-

plica Jorge Gonçalves, para quem a deci-são de ficar “envolveu algum risco”, mas foi motivada pelo “reforço das componen-tes de veterinária e segurança alimentar”, “pressupondo uma parceria com o Labora-tório Nacional de Investigação Veterinária (LNIVE), que está instalado num dos edifí-cios mais bonitos das ciências”.O LNIVE está lá “com grande investimento

gação, desenvolvimento e inovação da uni-versidade portuense espera que “o secretá-rio de Estado da Administração e da Investi-gação Alimentar dinamize o campus”, con-

firmando “a importância reconhecida pela ministra do sector”.

Até agora, no entanto, “a Direc-ção-Geral do Património tem criado problemas a partir da Praça do Comércio”, porque “avaliou mal os terrenos”. In-

compreensivelmente, na opi-nião do vice-reitor da UP, eles

“são caríssimos”. “Pediram mi-lhões como se fôssemos um parcei-

ro privado”, observa Jorge Gonçalves, que alude a um “atraso de quatro a cinco anos” na realização do projecto.

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“No caso con-creto do Norte, a região deve en-contrar formas de reforço e não de desapareci-mento [de pólos]. É preciso reforçar a rede. Pode exis-tir complemen-taridade entre a UTAD, UP e a Universidade doMinho (UM)”, segundo Jorge Gonçalves

A UP “anda há cinco anos a pro-curar modelos de relacionamento, tendo o mes-mo patrão – o Estado”. O maior obstáculo radica em “falta de coordenação”

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PONTONORTE

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Investimento ridículo comparadocom Wageningen

com esta universidade holan-desa, e temos, por isso, dificul-dade em chegar ao seu nível no que se refere a recursos huma-nos”. Sobram “a vontade do de-safio e a determinação em criar condições para os investigado-res da UP”.Pelo oitavo ano consecutivo, a Universidade de Wagenin-gen foi agraciada com o tí-tulo de “Melhor universida-de da Holanda” pelo “Keuze-gids Universidades 2013”, guia de escolha de estudo publica-do pelo Centro de Informação da Educação Superior (Choi) Nesta universidade holande-sa desenvolve-se o maior pro-grama de estudo nominal de Ciências de Plantas.

Perceber o que se faz de me-lhor no estrangeiro para o po-der replicar na UP foi o que le-vou o vice-reitor Jorge Gonçal-ves a uma visita à Universidade de Wageningen. Então, obteve um diagnóstico “muito favorá-vel”, que apontou, no entanto, dois aspectos problemáticos inter- relacionados: “Dispomos de um investimento ridículo em Vairão, comparativamente

Existe uma perseguição sucessiva à autonomia da universidade. Uma perseguição ideológica. (…) a UP dispõe de outras fontes de receitas, que provêm, designadamente, de mecenas

A autonomia universitária tem vindo a ser coarctada…

É pior do que isso – observa o vice-reitor da UP –. Existe uma perseguição sucessiva à autono-mia da universidade. Uma persegui-ção ideológica.

Como qualifica o investimento para a inves-tigação?

É miserável. Somos culpados de quê? De-fendemos o modelo fundacional. Há avalia-dores externos reconhecidos internacional-mente.

Algumas universidades poderão desaparecer?O desaparecimento de pólos universitários não era bom para o país. E, no caso concreto do Norte, a região deve encontrar formas de reforço e não de desaparecimento. É preciso reforçar a rede. Pode existir complementari-dade entre a UTAD, UP e a Universidade do Minho (UM). É necessário resolver as fragi-

lidades e encontrar as melhores soluções. É preciso uma agenda aberta e contribuições exteriores. Para que não haja um exercício introspectivo e de canibalização. A CCRN, as associações de municípios e as associações empresariais podem dar contributos nesse sentido.

A UP recebe subsídios do Estado para pagar salários?

Não, não recebe. O financiamento provém de outras fontes porque nos impuseram limitações de fi-nanciamentos externos.As propinas dos alunos chegam?

Não, não chegam. Mas a UP dis-põe de outras fontes de receitas,

que provêm, designadamente, de me-cenas.

A UP cumpre as suas obrigações com os seus alunos?

“Não havia necessidade…”A UP é uma instituição que assume as suas responsabilidades perante os alunos, que pagam taxa.

O despacho do ministro das Finanças no que se refere às despesas perturbou o funciona-mento da universidade?

Claro que sim. Percebeu-se a motivação, mas não havia necessidade. Na UP não encarámos bem essa decisão, pois, como disse antes, não recebemos subsídio para pagar salários. Te-mos as nossas próprias fontes de receita.

É preciso evitar canibalização entre universidadesA Universidade do Porto (UP), atra-vés do seu vice-reitor Jorge Gonçal-ves, considera-se um bom exemplo de gestão. Com o modelo de funda-ção, dá boa resposta às avaliações internacionais, beneficia de receitas próprias e deseja contribuir para evitar o desaparecimento de outros pólos na região

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PONTONORTE

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Diana Ramos Ferreira

O edifício da Rei-toria, imponente

e promocional, na Praça dos Leões

Jorge Gonçalves quer concluir o pro-

jecto de Vairão

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«Pode existir complementa-ridade entre a

UTAD, a UP e a Universidade do

Minho (UM). É necessário resol-ver as fragilida-des e encontrar

as melhores soluções. É preci-

so uma agenda aberta e contri-buições exterio-

res. Para que não haja um exercí-

cio introspectivo e de canibaliza-ção. A CCRN, as associações de

municípios e as associações em-

presariais podem dar contributos

nesse sentido

Campus agrário de Vairão Mais de quatro metros mil quadrados O Campus Agrário de Vairão situa-se em Vila do Conde. Foi inaugurado em Maio de 1994 e a UP instalou-se ali em 1996, com as licenciaturas em Medicina Veterinária e Ciências Agrárias. Desde Janeiro de 1997, encontram-se lá também os laboratórios do ICETA (Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agro-Alimentares) da UP. O projecto é de autoria do Gabinete GALP (Arquitectos J. Carlos Loureiro e L. Pádua Ramos) e ocupa uma área bruta de 4.144 m 2. A construção deste edifício foi promovida pelo IDARN (Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região do Norte), resultando de uma parceria da UP com a Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho, a Comissão de

Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e outras universidades e entidades ligadas à agricultura da região.

Vairão foi maiata Museu galardoado pela UNESCO Estão também instalados na freguesia de Vairão os serviços da Direção Geral da Agricultura de Entre Douro e Minho e o Museu Agrícola de Entre Douro e Minho, instituição galardoada pela UNESCO em 1991.

Vairão fez parte do concelho da Maia e foi integrado no de Vila do Conde pela divisão administrativa de 1836. O vice-reitor da UP sorri (apesar de tudo) ao futuro

Sobram “a vontade

do desafio e a determinação

em criar condições para os

investigadores da UP”

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A agricultura é o futuro com vec-tores diferentes e os resultados

podem ser al-cançados muito

rapidamente”

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Nome dasecção/6

1º de Maio sempre emprego nunca mais?

pregados sem apoio social e do desemprego de longa duração. Um fenómeno que vem de lon-ge, antes mesmo do início da crise, que começou a sentir-se mais dolorosamente a partir de 2011, após a derrota de José Só-crates [ler, ao lado, “Desempre-go: Gaia destrona o Porto”].Falando ao Ponto Norte, João Torres, coordenador da União de Sindicatos do Porto (USP-CG-TP), considera que esta situação resulta da política do Governo, “que tenta criar na opinião pú-blica a ideia de que só está de-sempregado quem quer” e que “a melhor forma de combater a malandrice é reduzir o valor do

subsídio de de-semprego e limi-tar o acesso à presta-ção social”.Para João Dias da Silva, presi-dente da UGT-Porto, “houve de facto, nos últimos tempos, uma deterioração clara dos apoios sociais ao desemprego”, que classifica como “algo muito ne-gativo”, mas que espera “seja conjuntural e ultrapassado”. Es-te responsável explica que a si-tuação que o País vive resulta da conjugação de dois factores: “O sistema sofre com a conjuntu-ra desfavorável e acaba por in-fluenciá-la também”.Já João Torres acha que tudo re-

sulta “da insensibilidade social deste Governo e de uma política que empurra para a miséria mi-lhares de portugueses”. O Exe-cutivo de Passos Coelho, prosse-gue, “procura pressionar para a

aceitação de um qualquer em-prego e para a manutenção

de baixos salários”.Duro nas críticas, Torres culpa ainda as “opções políticas que privilegiam

o sector financeiro, em detrimento dos sectores

produtivos, a destruição do nosso aparelho produtivo, de-signadamente da nossa agricul-tura, das pescas e da indústria, nomeadamente com a integra-ção na UE e no euro”.Pessimista, o líder da UGT deixa ainda um aviso aos Portugue-ses: “A curto prazo, não pers-pectivamos que a situação me-lhore”. Mais pessimista ainda está o coordenador da USP : “A manutenção deste Governo só pode piorar a situação, como é bom de ver passados dois anos de exercício, em que a seguir a tantos sacrifícios só se ‘oferece’ mais… sacrifícios”.

No Dia do Trabalhador, o Ponto Norte confere a explosão do número de desempregados, na AMP, e verifica que mais de metade deles sobrevive sem subsídio. A UGT diz que a situação não melhorará tão cedo, a USP-CGTP acha que vai piorar

enos de meta-de dos inscri-tos nos cen-tros de empre-go da Área Me-

tropolitana do Porto (AMP) re-cebe subsídio de desemprego, revelam o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o sítio Por-data. No final do ano passado, das 137.396 pessoas registadas, 62.082 usufruíam daquela sub-venção. Ou seja, somente 45% dos inactivos recenseados são apoiados. Os valores do INE confirmam uma dura realidade: o cresci-mento imparável do número de desempregados, dos desem-

M

o que propõem uGt e uSP João Dias da Silva - “A UGT defende que uma socie-dade em que não se in-veste no emprego e no desenvolvimento tem sérios problemas. É ne-cessária uma inversão da situação. Se houver mais emprego, have-rá mais descontos, logo mais verbas para o sis-tema de apoio social”.

João Torres - “A USP propõe, em primei-ro lugar, a renegociação da dívida pública, nos montantes, prazos e ju-ros e medidas governa-mentais que taxem as transacções, mais-va-lias e dividendos finan-ceiros, e se combata a fraude e evasão fiscais. Mas também entende que só a mudança de política e de Governo criará as condições para travar e inverter o rumo de desgraça nacional”.

Pobreza ou emigração? Eis a questão João Dias da Silva responde com três questões: “Mas abandonar o País em que circunstâncias? E para resolver quais problemas? E os problemas de quem? Aqui ao lado, em Espa-nha, por exem-plo, a situação também é muito complicada”. Para João Torres, o problema tem que ser colocado ao contrário. “Os trabalhadores es-tão condenados é a lutar contra esta política e este Governo, sob pena de serem condenados à pobreza e à emi-gração”, declarou ao Ponto Norte

Manuel [email protected]

João Dias da Silva diz que “é necessária uma inversão da si-tuação”. Pelos vistos, muitos portugueses concordam com ele

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Dossiê

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O Governo

“tenta criar na opinião pública a ideia de que só está

desempregado quem quer”

Emanuel Rocha

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Gaia é a capital do desemprego, na AMP. Há 15 anos, era o Porto. Mas foi em Matosinhos que o número de inactivos mais cresceu de 97 para cá. Os conce-lhos contíguos à Invicta juntam quase 100 mil desempregados, mas Santo Tirso (7.000) e Feira (9.800) também registam números elevados

Desemprego a prazo baixou em três conce-lhos O número de de-sempregados com um ano ou menos de inactividade cresceu na AMP, nos últi-mos 15 anos, de 35.800 mil para 73.900, segundo da-dos INE/Pordata. Os de-sempregados registados há mais de um ano aumen-taram, entre 1997 e 2012, de 42.600 para 64.500, de acordo com a mesma fon-te. Em geral, o desemprego a mais longo prazo aumen-tou na Área Metropolitana. Mas em concelhos como Santo Tirso, Matosinhos e Porto o número baixou, contrariando a tendência regional e nacional. Em Vi-la Nova de Gaia, o número de desempregados regista-dos nos centros de empre-go a mais de um ano dispa-rou de 7.900 para 17.400, o mais notável agravamen-to na AMP.

Desemprego: Gaia destronao Porto

victa (7300), de acordo com dados INE/Pordata.Na AMP, três concelhos - Vi-la Nova de Gaia, Porto e Gon-domar – somam 65 mil d e s e m p r e g a d o s , quase metade do total de toda a região. Mas há mais quatro que estão acima da fasquia dos no-ve mil inactivos: Matosinhos, Maia, Santa Maria da Feira e Va-longo.Matosinhos destaca-se pela positiva de todos os restan-tes membros da AMP, por ter sido o único onde, nos

Vila Nova de Gaia é, de longe, o concelho da Área Metropo-litana do Porto (AMP) com mais desempregados regis-tados (32.194), tendo rou-bado o primeiro lugar que o Porto (18.000). Gaia é tam-bém folgadamente o conce-lho com mais desemprega-dos sem subsídio de desem-prego (12.500), seguido da In-

últimos 15 anos, houve uma descida no número de de-sempregados, de 12.300, em 1997, para 11.853, em 2012.

Pela negativa, salta à vis-ta Santa Maria da

Feira, que foi, no mesmo período, o município on-de se registou a mais violenta

explosão de de-sempregados, que

saltaram de 2.384 para 9.788. Dois vizinhos

– Oliveira de Azeméis e São João da Madeira – comple-tam o trio dos concelhos on-de mais aumentou o número de desempregados. /m.a.

Só Gaia, Porto e Gondomar têm 65

mil desemprega-dos registados – o

desemprego está a provocar revolta

1

Dos três conce-lhos da AMP com maior número de inscritos nos cen-tros de emprego, Gaia é o que tem

mais gente sem subsídio (12.500,

que correspon-dem a 38,8%

dos recensea-dos). Somente dois em cada

cinco gaienses recebem apoio

social. Seguem-se o Porto (7.331 - 40,5%) e Gon-domar (6.779

- 44,7%). De 2001 para 2012, ocor-reu uma subida

dramática de desempregados

sem subsídio. Matosinhos é o

caso mais extre-mo: passou de

134 para 6.674, um aumento de

mais de 4.800%.

o desemprego é um cancro. Porque nos con-

some, porque nos rouba a dignidade, porque mata. Ambos nos agridem física e espiritualmente e, vezes de mais, deixam marcas profundas, pere-nes.Mas são diferentes. Enquanto o trata-mento do cancro tende a evoluir no bom sentido – os médicos e os cientistas pa-recem cada vez mais perto de encontrar uma cura -, o desemprego é uma epide-mia, uma pandemia em crescendo. O de-

semprego está fora de controlo, histéri-co. Mais assustador, porém, é que sempre que o doutor Gaspar entra em acção, e ele tem a mania de entrar em acção, pa-rece que a coisa piora. Como a maioria já percebeu, os tratamentos do doutor Gaspar estão a matar o paciente. Que é como quem diz: o País. Há outra grande diferença entre o can-cro e o desemprego. O cancro é demo-crático, afecta qualquer um, indepen-dentemente da classe social, do nome

de família, da filiação partidária, das cunhas. Quanto ao desemprego, é clas-sista, racista e sexista, entre outros de-feitos mais.É pena, pensarão alguns, não podermos exportar cancerosos como estamos a exportar desempregados (mais uma di-ferença). Mas talvez um dia lá chegue-mos, mantenhamos a esperança. A ver-dade é que já estamos a impingir doen-tes a Espanha e Cuba. Será agora uma questão de não deixar que regressem.Como é também uma pena que o de-semprego não seja tratável com um comprimido, um xarope ou até por qui-mioterapia. Porque está visto que, en-quanto dependermos dos “brainstor-mings” do doutor Gaspar, vamos dizer mal da nossa vida.

OPINIÃOManuel Almeida / Chefe de Redacção

Esta cura que nos mata

17,5 por cento foi em quan-to estabilizou a taxa de de-semprego, em Fevereiro de 2013, em Portugal, segundo o Eurostat.

38,2 por cento é a taxa de desemprego jovem no nos-so país, o terceiro pior índi-ce da zona euro.

244,3 milhões de euros é o ritmo mensal de paga-mentos de subsídios de de-semprego em Portugal.

491,25 euros foi o valor médio do subsídio de de-semprego pago em Março passado, o valor mais baixo desde Novembro de 2010.

852 desempregados esta-vam inscritos no centro de emprego, em 2012, no mu-nicípio de Vale de Cam-bra. É o valor mais baixo da Área Metropolitana do Por-to (AMP).

1257,66 euros é o valor máximo do subsídio de de-semprego desde 1 de Abril do ano passado; o mínimo é de 419,22 euros.

32.193 desempregados estão registados em Vila Nova de Gaia, em 2012. É o valor mais elevado da AMP.

77.336 era o número de inscritos nos centros de em-prego da AMP, em 1997. Ho-je, o total é de 137.396.

1 concelho apenas da Área Metropolitana do Porto bai-xou o número de desem-pregados nos últimos 15 anos: Matosinhos. A popu-lação inactiva caiu de 12.297 para 11.853 pessoas, segun-do o INE.

13,75 por cento foi quan-to diminuiu o desemprego, em Felgueiras, nos últimos cinco anos, segundo o IEFP. 91 por cento foi quanto au-mentou o desemprego, no mesmo período, no conjun-to dos 12 municípios do Tâ-mega e Sousa.

O DESEMPREGO EM NÚMEROS

O cancro é democrático,

afecta qualquer um, indepen-

dentemente da classe social, do nome de famí-lia, da filiação

partidária, das cunhas

Percentual-mente, Fei-

ra, Azeméis e S. João da Madei-

ra são o trio onde mais aumenta-ram os desem-

pregados

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Emanuel Rocha

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Nome dasecção/8

A assinalar mais um 1º de Maio, o Ponto Norte decidiu perceber melhor como funciona o mundo dos estágios não remunerados e por que continuam os jovens estudantes a dizer sim a empresas que não lhes pagam um tostão

Diana Ramos [email protected]

e abrirmos o motor de busca na internet e pro-curarmos emprego, lo-go percebemos que uma grande parte dos

anúncios não são de emprego, mas sim de trabalho. Trabalho não remunerado, mas das 9h às 18h, como se lê em muitos ca-sos. Há os que dizem inclusiva-mente que não pagam salário, mas, em contrapartida, ofere-cem uma “uma nova experiên-cia profissional” e uma “grande mais-valia para o currículo”. Serão essas promessas sufi-cientes para os nossos jovens? O que procuram eles aprender nos estágios não remunerados? Foram estas as perguntas que decidimos colocar-lhes.Teresa Castro Viana é uma jovem de 22 anos, licenciada em Ciên-cias da Comunicação na Faculda-de de Letras da Universidade do Porto. A trabalhar há quase um ano na revista “Time Out”, o jor-

nalismo sempre foi o seu grande sonho, a primeira de todas as am-bições. Tanto é assim que, desde 2011 e até conseguir atingir o seu tão almejado lugar de jornalista, Teresa passou por quatro está-gios não remunerados. O JornalismoPortoNet, o “Jor-nal de Notícias”, a “Time Out” e o Departamento de Comuni-cação do Futebol Clube do Por-to compõem a lista dos estágios que frequentou. No total, foram 13 meses a trabalhar sem na-da receber em troca. Mas Tere-sa, sempre como um sorriso no rosto, não o diz com mágoa. Pe-lo contrário, “foi muito útil fa-zer os estágios, mesmo para fa-zer contac- tos”, diz.

S Defensora de que o “jornalis-mo se aprende na rua”, Teresa afirma que, “mesmo não sen-do remunerados, e desde que não explorem as pessoas, os es-tágios são muito úteis e vanta-josos, porque o que se aprende não é na universidade, mas sim na vida prática”. “E a verdade é que se não tivesse feito o está-gio na Time Out, não estava lá a trabalhar agora”, remata.

A culpa é da criseSempre optimista, Teresa rejei-ta a ideia de que as empre-sas se aproveitam do

facto de terem sempre estagiá-rios a entrar e a sair, “até por-que muitas empresas só acei-tam estágios curriculares que resultam de protocolos assina-dos com as universidades”, es-clarece-nos. Para a jovem jornalista, a culpa é da conjuntura actual, “está tu-do dependente de como avan-çar a economia: se não houver dinheiro, não se pode contra-tar pessoas e continuam os es-

tágios”.

“Está tudo depen-dente de como avan-çar a economia”

1

Sociedade

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Teresa afirma que, “mesmo não sendo remunera-dos, e desde que não explorem as pessoas, os está-gios são muito úteis e vantajo-sos, porque o que se aprende não é na universidade, mas sim na vida prática”.

Trabalho, simdinheiro, nem por isso

Diana Ramos Ferreira

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o presidente do Sindicato dos Jornalistas, alfredo maia, não poupa críticas aos chamados estágios curriculares. Para o jornalista, é simples. “As empresas estão disponíveis e interessadas em receber estágios curriculares porque assim têm trabalho gratuito. É pior que escravatura”, afirma.Alfredo Maia esclareceu que a situação de estagiário está prevista na carreira de jornalista, mas apenas no início, numa altura em que o estudante “já tem uma relação de trabalho com a empresa, com todos os seus direitos inerentes – salário, folgas, férias...”. No entanto, o que está a acontecer é uma situação “ilegal”, uma vez que, “se não tem carteira, o estudante não pode exercer a actividade de jornalista”, afirma.“Nós não somos contra os estágios curriculares”, acrescenta. Pelo contrário,

“acreditamos que é um período de observação e aprendizagem muito importante”. Aquilo que, para o Sindicato dos Jornalistas, não pode acontecer é que o estudante participe no processo produtivo da empresa onde está a estagiar. A proposta que Alfredo Maia deixa às empresas e às universidades é que o estudante seja integrado na redacção, onde pode “acompanhar a equipa de reportagem para depois fazer um trabalho de ateliê”.

A culpa também é das universidadesPorém, para o sindicalista, as instituições de ensino também têm responsabilidades para com os seus estudantes. A falta de controlo e acompanhamento dos jovens estagiários é também apontada por Alfredo Maia: “O que acontece é que eles são largados às feras e não têm qualquer acompanhamento nem do professor, nem do tutor no jornal”. /d.r.F.

“É pior do que escravatura”O trabalho gratuito é apontado pelo Sindi-cato dos Jornalistas como um dos motivos pelos quais as empresas recebem tantos estágios não remunerados. No entanto, acusa, as uni-versidades têm também responsabilidades nesta matéria

Estágios não remunerados Trabalhar alguns meses sem nada receber em troca faz parte do dia-a-dia de muitos jovens portugueses. A necessidade de entrar no mercado de formação e a vontade de melhorar o currículo são os principais motivos desta força de trabalho em gestação. No entanto, e apesar de alguns criarem expectativas em relação ao futuro, ficar colocado no local de estágio não é possí-vel para a maioria

Ficar na empresa a trabalhar não passa de uma ilusão

certa “predisposição” das empresas para “aproveitar ao máximo as capacidades e a existência de um esta-giário, ainda para mais nos dias de hoje”. Sem papas na língua, Ana Rita diz ser “in-concebível que, num mes-trado que admite a hipóte-se de usar os estágios como avaliação de um segundo ano curricular, não haja ofer-ta de empresas válidas para um aluno” poder escolher. “O mote é ‘queres? Procura, de-senrasca-te!’”, diz, revoltada. Consciente de que quase não existem hipóteses de ficar a trabalhar na AICEP, Ana Rita diz encarar este estágio co-mo uma experiência que a vai ajudar a atingir o seu objecti-vo, que passa pela “conclusão da tese e do mestrado e, cla-ro, fica no currículo”. /d.r.F.

Nove meses a trabalhar de borla para entrar na OrdemPara entrar para a Ordem dos Arquitectos e, assim, conseguir assinar os seus próprios projectos, os estudantes têm que frequentar um estágio não remunerado.

no estágio, mas está verdadei-ramente difícil encontrar algo assim. No entanto, recuso-me a ser explorada, ainda mais sem qualquer tipo de remuneração.”Apesar de não ser o seu caso, a

jovem contou-nos que conhece muitos estagiários e, que para “além de não serem remunera-dos, trabalham mais de oito ho-ras por dia e, muitas vezes, ao fim-de-semana”. /d.r.F

Qualquer aspirante a arquitec-to tem que fazer um estágio de nove meses não remunerado para entrar para a Ordem dos Arquitectos. Patrícia Gomes, es-tudante da Universidade do Mi-nho, é uma das muitas jovens que se encontram nesta situa-ção. A estagiar num gabinete de arquitectura há já um mês, é lá que a jovem de 25 anos vai per-manecer durante os próximos oito meses. “Na empresa on-de trabalho, não sou remunera-da, mas também desde logo me disseram que seria um trabalho a tempo parcial e que eu mes-ma faria os meus horários”, ex-plica-nos.Sem fazer drama com os está-gios não remunerados, Patrícia admite que “o ideal seria ganhar

A frequentar o segundo ano do mestrado em História e Relações Internacionais e Cooperação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Ana Rita Machado, encontra-se, desde Feverei-ro, em estágio curricular na Agência para o Investimen-to e Comércio Externo de Portugal (AICEP). E aí espera permanecer até Junho, altu-ra em que completa as 400 horas de trabalho acordadas.Ao Ponto Norte, a jovem de 22 anos admitiu existir uma

“Recuso-me a ser ex-plorada, ainda mais

sem qualquer tipo de remuneração”, assegura Patrícia

Gomes

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Existe, segundo Ana Rita Macha-

do, uma certa “predisposição”

das empresas para “aproveitar

ao máximo as capacidades e a

existência de um estagiário”

1

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Nome dasecção/10

O último fabricantede concertinas

tou. “Muitas eram de amor, por isso eu também fui um cupi-do”, conta, quando lhe perguntámos sobre a sua vi-da. Vive em Matosinhos há 40 anos, mas foi em Baião que nasceu, terra pela qual sente o carinho que os filhos têm pelas mães. Trabalhou 27 anos nos correios. Hoje, passa os fins-de-semana a tocar as suas concertinas, com o filho e amigos, pelas festas e ro-marias de Portugal. Toda a gente

o conhece como o “fabricante de con-

certinas”.Quando lhe perguntá-

mos o preço de cada uma, responde-nos, muito apressa-do, que as concertinas não têm preço. “Nunca se fala de preços. De preços, só falamos no fim do trabalho feito. E como eu sei que a menina não quer que eu lhe construa nenhuma concer-tina, não lhe vou revelar quanto custam”, vai dizendo, enquanto anda de um lado para o outro.

Não sobra nenhumapara vender

Começou a tocar aos 12 anos e, depois de se reformar, decidiu que queria “construir as suas pró-prias concertinas”. Nunca mais parou. Como ele mesmo diz, “um homem habilidoso nunca tem descanso”. Hoje, é o único cons-trutor do instrumento em Por-tugal, e nenhum que faça é igual ao anterior. Cada concertina de-mora dois meses a construir e as madeiras que usa “são especiais e de excelência”. Pesam quase to-das, “mais ou menos”, sete qui-logramas e só faz um modelo de concertinas, que “podem ser maiores ou mais pequenas, con-forme os gostos”. No entanto, Joaquim Noguei-ra não tem nenhuma de sobra para vender, “porque só faz por encomenda”. Ou seja, vende praticamente tudo o que faz, o que é um atestado indiscutível de qualidade.

Joaquim Nogueira é o único fabricante de concertinas em Portugal. “Um homem habilidoso que nunca tem descanso”. O seu segredo é usar madeiras de excelência, que garantem um som inconfundível. Entre outros

Susana [email protected]

um brincalhão incorri-gível. Enérgico também. Quase não conseguimos fazer a entrevista com a seriedade a que esta-

mos obrigados, até entrarmos na oficina do Sr. Joaquim No-gueira. Este artesão de 70 anos é mestre na arte de contagiar todos os que estão à sua volta. A sua gargalhada é afamada e quase ninguém lhe resiste. Carteiro reformado, diz não sa-ber “se entregou as cartas to-das” mas que, pelo menos, ten-

É

Primeira con-certina susci-tou dúvidas A sua primeira obra foi olhada com uma enor-me curiosidade, geran-do até especulações quanto à origem do ins-trumento. A questão é que ninguém imaginava uma concertina produ-zida por um português e em Portugal. “Ainda hoje cá tenho a minha mascote” - refere-se a uma concertina em tons dourado, com a inscri-ção “Joaquim Nogueira Professional”, que diz ser “única no mundo”. “Não há ninguém que dese-nhasse isto como eu”, assegura.

1

Material onde o mestre guarda e separa as peças que utiliza

Todas as máquinas foram feitas por Joaquim Nogueira

Marca “Joaquim Nogueira” é uma referência a nível mundial

O artesão nunca faz concertinas iguais e não tem nenhuma de sobra

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Diana Ramos Ferreira

A primeira concertina foi

criada em 1995 e o gosto pela música nasceu ainda em

criança

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Pedro mota é músico, natural da terra de Joa-quim nogueira, Baião. e embora já tenha tocado com muitas concertinas, nunca en-controu nenhuma igual às que este artis-ta faz. “Aprendi a tocar concertina em 2006 e quando, um dia, me juntei a um amigo para tocar umas músicas e fazer uns vídeos, e ele tinha uma concertina “Joaquim Nogueira”, fi-quei apaixonado. O meu sonho era ter uma e personalizá-la. Felizmente, realizei-o no ano passado”, diz ao Ponto Norte Pedro Mota.As concertinas de Joaquim Nogueira são “únicas”, garante. “Esteticamente, têm um acabamento completamente perfeito, o que não acontece com muitas outras marcas. Ca-da centímetro do instrumento é feito com uma precisão enorme, o fole é todo ele tra-balhado de modo a contrastar com a ma-deira da concertina, com os botões e com as correias”, afirma.

Quanto à música que a concertina “deita cá para fora”, assegura Pedro Mota que “é algo único, é uma melodia fantástica, que faz mexer cá por dentro, pela sua sonoridade inigualável”.

“Inteligente e empenhado” Andreia Vieira, 25 anos, toca concertina des-de criança, conhece pessoalmente Joaquim Nogueira e acredita que o sucesso dos ins-trumentos que cria se deve ao facto de o mestre “colocar um toque de carinho em tu-do o que faz”. “É uma pessoa amável, bas-tante inteligente e muito empenhada no seu trabalho”, considera. Já Pedro Mota recorda o dia em que foi pe-la primeira vez à oficina de Joaquim Nogueira. “Fui com o meu pai, para que o mestre reparas-se a palheta da minha concertina. Ali, deparei-me com uma panóplia de máquinas que nunca tinha visto na vida”, recorda o músico. /S.F.

“Acabamento perfeito sonoridade inigualável”Há quem diga que as concertinas “Joaquim Nogueira” estão ao nível de qualquer outra marca, a nível mundial. Os músicos que com elas têm tocado gabam-lhe o som e o desenho, que são “brilhantes e únicos”

Uma vida lado a ladocom a música

Um artesão completo

CR dos CTT, o qual lhe permi-tiu estabelecer uma ponte com a tradição da sua aldeia, podendo continuar a tocar concertina.A vida e o trabalho reserva-ram-lhe alguns momentos difíceis de superar, contudo, “a força e vontade” foram sempre trunfos que usou. Joaquim Nogueira conse-guiu que a música caminhas-se sempre consigo, lado a la-do. Apesar de viver em Mato-sinhos há 40 anos, fala de Baião com um brilho nos olhos. “Estive lá a tocar, há pouco tempo, na Feira do Fu-meiro e do Cozido à Portu-guesa. Também vou sempre tocar nas janeiras”, conta, or-gulhoso.

a primeira concertina, disse-nos: “Primeiro, fiz as máqui-nas para a construir e, só de-pois de abrir uma, é que con-segui fazer a primeira”. Pedi-mos-lhe, então, que nos mos-trasse a primeira concertina. Aponta para o alto da parede e confessa-nos que acabou de a fazer às cinco horas da ma-nhã. “Assim que acabei, liguei à minha mãe. Eu a tocar e ela a chorar ao telefone”, relembra, emocionado.

Construiu todasas máquinas sozinho

Dada a dificuldade de obten-ção de ferramentas adequa-das, Joaquim Nogueira, co-mo autodidacta, recorreu à investigação e começou, na altura, uma fase experimen-tal da criação de engenhos manuais e electromecâni-cos, tornando o seu trabalho muito mais precioso e com uma forte marca pessoal. As máquinas que nos le-vou a conhecer mostram is-so mesmo. “Cada uma serve para uma função. Não havia aqui, em Portugal, máquinas que me ajudassem a fazer al-gumas tarefas. Então, decidi construí-las eu. Hoje em dia, são raras no mundo”, diz o artesão. /SuSana Ferrador

Aprendeu desde novo a ar-te de marceneiro e, ainda jo-vem, teve uma paixão enor-me pela concertina. Nos anos 60, Baião “viveu uma época de bailes e de danças tradicionais” ao som deste típico instrumento. Migrou para o Porto logo após o ca-samento, e em 1967 entrou para os Correios do Norte, onde ficou a trabalhar como efectivo.Sentindo-se deslocado na Capital do Norte, ingressou no Grupo Etnográfico do CD-

A oficina de Joaquim Noguei-ra, em sua casa, e onde cons-trói as concertinas, está for-rada com exemplares, todos eles reluzentes e únicos. São mais de 10 instrumentos e de-zenas de fotografias, em ar-raiais e festas por Portugal fo-ra. “Um dia, disseram-me que eu não era capaz de construir uma concertina”. Foi a partir daí, e depois de ter construí-do a primeira, que “o bichinho pegou, até hoje”. Foi tudo uma questão de “aposta”, conta. Quase todas as concertinas expostas têm o seu nome afi-xado, num amarelo reluzen-te que sobressai até no escu-ro. Quando lhe perguntámos como foi capaz de construir

Vários prémios Em 1998, cria a concertina “Joaquim Nogueira Professional”, com um som inconfundível e estridente. Críticos consideram-na “brilhante”. Passa a participar em eventos importantes, tais como o Fes-tival Intercéltico do Porto, nos anos 1999 e 2000, e na Exposição de Construtores de Instrumentos Tradicio-nais, e recebe vários diplomas de participações a nível nacional.

Concertina es-tá na moda As di-ferenças entre o acordeão e a concertina são grandes. “A concertina é um bocadi-nho mais agressiva do que o acordeão. É também um instrumento mais popular, é o instrumento das festas e dos arraiais. O acordeão já é mais clássico. Além de que o acordeão emite sempre o mesmo som, ao abrir e ao fechar. A concer-tina tem um som diferen-te em cada abertura. Há 10 anos, não se ouvia fa-lar de concertinas. Hoje em dia, a moda pegou e toda a gente quer aprender a to-car”, segundo Joaquim No-gueira.

Não dá como meio de subsis-tência Joaquim No-gueira diz que faz as con-certinas por hóbi e que a arte não dá para viver. “Fa-ço uma para vender de lon-ge a longe, por isso não podia comer à custa de-las”, garante. “Por isso, é que as concertinas que fa-ço são para colecção e não têm uma vertente comer-cial”, explica, confessan-do: “Quando estou a fa-zer uma concertina, não me lembro que vai ser ven-dida, porque gosto de fa-zer arte”.

Legenda de foto

BREVES

Concertinas em exposição

Oficina fica em Matosinhos, na

habitação do artista

Além de fabricante, o senhor Joaquim

também é um tocador exímio

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O artesão fez uma concertina miniatura para

o neto, ainda ele não tinha nas-

cido. Desde cedo tentou incutir na

família o gosto pela música. O filho, Ruka

Nogueira, apren-deu a tocar em pequeno. Hoje em dia, vai-se

dividindo entre a música e a enge-nharia. Tem uma banda popular e

percorre Por-tugal, todos os

fins-de-semana, a tocar

Joaquim Nogueira não se limita a fazer concertinas. Também concebe engenhos para as fabricar. “Não havia aqui, em Portugal, má-quinas que me ajudas-sem a fazer algumas tarefas. Então, decidi construí-las eu”

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Nome dasecção/12

Porque se es-creve e fala tão mal? (1) “Desgraciadamen-te en los periódicos y emissoras se escribe y habla muy mal. En su calidad de intermediários lin-guísticos, y a causa de su defici-tária formación, los periodistas actuan más como agentes dege-neradores del lenguaje común que como intermediários en la exposicion de ideas.” – Núñez La-devéze (catedrático da Universi-dade CEU de San Pablo, jornalis-ta e escritor, autor do romance “El impetu del viento”. 2004. Ma-drid: Editorial Apóstrofe):Porque escrevem mal os jor-nalistas? Porque deixam que os erros ortográficos se insta-lem nas suas peças? Porque re-velam desconhecer a significa-ção de muitos vocábulos? Por-que resumem os seus textos à utilização de um conteúdo le-xical incipiente e desestrutura-do? Porque demonstram falta de brio e profissionalismo?Porque não têm cuidado e se mostram insensíveis aos que os lêem e avaliam? Porque não sentem vergonha de parece-rem funcionalmente iliteratos?Por diversos motivos, que vou explanar em três planos: o da escola; o da universidade; e o da empresa.

Hoje, falo do primeiro plano.A escola, na formação do pri-meiro ao terceiro ciclos do se-cundário, não dá a formação linguística e interpretativa ne-cessária. A escola (em geral, cla-ro) não é exigente na transmis-são de diversos saberes funda-mentais para a compreensão das coisas e coisinhas da vida. A escola ensina insuficiente-mente a comunicar pela escrita e pela oralidade.A escola devia dedicar algum do seu tempo a descobrir voca-ções e talentos e a estimulá-los e promovê-los. A escola não po-de permitir (é uma figura de retórica, claro) que alunos for-mados com o 12.º ano entrem na universidade sem dominar elementos fundamentais (bá-sicos) da escrita, da oralidade, da interpretação da sua língua (do português!) e sequer perce-bam (não estão “nessa”, como dizem) o que lêem (muito pou-co) e ouvem – obviamente, não sendo capazes de perceber as coisas e coisinhas da vida com todas as suas minudências.

(1) (Continua)

MÚNDIAlfredo Barbosa

Director

“A escola ensina insuficientemente a

comunicar pela escrita e pela oralidade”

“D. António Couto referiu-se ao assun-to durante o debate sobre “Ecumenis-mo e diálogo inter-religioso”, realizado em Estarreja, no âmbito da Missão Ju-bilar que assiná-la os 75 anos da restau-ração da Diocese de Aveiro, e de que foi orador, a par do ex-Presidente da Repú-blica Jorge Sampaio.”O parágrafo transcrito, o segundo de uma notícia há semanas difundida pe-la Agência Lusa, foi reproduzido ipsis verbis (tal como foi recebido nas re-dacções) por quatro diários (‘de refe-rência’, como se auto-intitulam e al-guns insistem em ser chamados) sem que nenhum dos jornalistas e editores responsáveis (?) o corrigisse antes de o inserir no seu jornal. Ora, afiguran-do-se-me altamente improvável que alguém que ainda esteja a ler estas li-nhas não tenha de imediato detecta-do o grave erro ortográfico patente na-quela citação – confundir o verbo assi-nalar (na terceira pessoa do singular do presente do indicativo: ‘assinala’) com a conjugação pronominal do verbo as-sinar (‘assiná-la’) –, erro que os referi-dos responsáveis não identificaram, e

uma breve incursão no discurso publicitá-

rio permitirá constatar uma profusão de alusões aos sentidos, sentimen-tos e sensações, enfim, uma evidente predominância dos chamados apelos emocionais, que disfarçam, ou mesmo

compensam, a escas-sez de atributos objec-

tivos dos produtos ou serviços que se preten-de promover. Se há produtos que, pe-la sua natureza, e fal-

ta de propriedades tangíveis, resistem a uma argumentação

– ainda que elogio-

Público, 24/01/2013, Portugal, por Lusa.http://www.publico.pt/sociedade/noticia/igre-ja-catolica-nao-vai-agregar-paroquias-garan-te-bispo-de-lamego-1581896?utm_source=fee-dburner&utm_medium=feed&utm_campaig-n=Feed%3A+PublicoRSS+%28Publico.pt%29

Diário de Notícias, 24/01/2013, Portugal, por Lusa, texto publicado por Paula Mourato.http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.as-px?content_id=3012113

Jornal de Notícias, 24/01/2013, Sociedade.http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Inte-rior.aspx?content_id=3012133

i, 24/01/2013, Por Agência Lusa.http://www.ionline.pt/portugal/igreja-catoli-ca-nao-vai-agregar-paroquias

imagens, soma-se a esta composição, a figura de um médico, cientista, técni-co (de bata branca) ou laboratório, que concorre para proporcionar um ambien-te (cientificamente) convincente.

‘A ciência torna-se uma sensação’!E a estratégia parece ser fértil: quem não se deixou já tentar por um cosmé-tico que reclama contar com ‘O poder da ciência no combate ao tempo’? E, mesmo desconhecendo o ‘extracto de semente de Yuzu’, a ideia de que é su-ficientemente exótico, inovador e efi-caz como ‘humectante natural’ torna-se reconfortante. Se ser ‘dermatolo-gicamente testado’ quer dizer que, de facto, foi testado em (apenas) dez mu-lheres, poderá não ser de todo relevan-te uma vez que este detalhe estará re-metido para uma parte do anúncio (em letras minúsculas) que não usufruirá da nossa atenção. Fica a sensação de que é bom. Como alegam alguns des-tes anúncios, ‘a ciência torna-se uma sensação’!

não admitindo que tão deplorável si-tuação seja imputável a insanidade co-lectiva (apesar da ignorância que gras-sa em muitas redacções), cremos que só o laxismo campeante pode explicar o lapso. Razão tem, por isso, uma jornalista vete-rana (que muito admiro, quer pela exce-lência da sua prosa quer pelo sumo dos conteúdos) que, discreteando acerca do “jornalismo português contemporâneo, que tão doente anda”, e depois de expli-car “Nunca tirei um curso de jornalismo, muito menos de ciências da comunica-ção ou de comunicação social”, conclui: “Quando me perguntam em que esco-la aprendi jornalismo respondo sempre que aprendi jornalismo com jornalistas dentro de jornais. Nem todos eram fa-mosos, ou são hoje conhecidos, mas fo-ram grandes professores e vigilantes da prosa e do rigor.”Será possível explicar isto (e conseguir que o entendam) a ‘paletes’ de semia-nalfabetos que depois de passarem três anos numa dessas universidades que por aí abundam se acham aptos a escrever em jornais?

sa – fundamentada e (aparentemente) objectiva, outros há que, mesmo osten-tando predicados merecedores de rela-to, se tornam quase indistintos entre a imensidão de produtos idênticos, não conseguindo arrogar-se qualquer traço distintivo que os torne únicos e que se possa, assim, exibir num anúncio. Acres-ce ainda a manifesta dificuldade de se-duzir os já tão cépticos e impacientes consumidores, cuja atenção se torna ca-da vez mais arredia e desconfiada.

Aura (pseudo)científicaA busca de referentes capazes de eli-dir e iludir esta difícil tarefa de atrair a atenção dos públicos tornou o discurso ‘científico’, tão prezado e valorizado pe-la sociedade contemporânea, um recur-so conveniente. Assim, cada vez mais, povoam os anúncios as expressões em-prestadas pela ciência e que visam le-gitimar os apelos e promessas neles constantes. Ao já cristalizado ‘Cientifi-camente comprovado’, vieram juntar-se as fórmulas, compostos e ingredien-tes inovadores que, mesmo quando in-decifráveis numa primeira (ou segunda) leitura, cumprem a sua função de pro-porcionar uma aura (pseudo)científica à mensagem publicitária e ao produto a que estão vinculadas. Sendo os anún-cios textos compostos também por

UMA ESTRATÉGIA FÉRTILSandra Tuna / Docente Universitária

Cientificamente…publicitado

Média & Publicidade/12

“A escola não pode permitir (é uma figura de retórica, claro) que alunos formados com o 12.º ano entrem na universidade sem dominar elementos fun-damentais (bá-sicos) da escrita, da oralidade, da interpretação da sua língua (do português!) e sequer percebam (não estão nessa, como dizem) o que lêem (muito pouco) e ouvem”

AlfrEDO BArBOSA

«(…) quem não se deixou já tentar por um cosméti-co que reclama contar com ‘O poder da ciência no combate ao tempo’? E, mes-mo desconhe-cendo o ‘extracto de semente de Yuzu’, a ideia de que é suficiente-mente exótico, inovador e eficaz como ‘humec-tante natural’ torna-se recon-fortante

SANDrA TUNA

«(…) confundir o verbo assinalar (na terceira pes-soa do singular do presente do indicativo: ‘assinala’) com a conjugação pronominal do verbo assinar (‘assiná-la’) (…), cremos que só o laxismo cam-peante pode explicar o lapso.

MáriO PiNTO

MEDIALECTO (*)Mário Pinto

Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras / Membro do Centro de Literaturas e Culturas

da Universidade de Lisboa - CLEPUL

Esta declaração assinala a nossa fusão; queira assiná-la.

(*) Dialecto próprio dos media, segundo Gérard Genette

«Se ser ‘dermatologicamente testado’ quer dizer que, de facto, foi testado em (apenas) dez mulheres, poderá não ser de todo relevante uma vez que este detalhe estará remetido para uma parte do anúncio (em letras minús-culas) que não usufruirá da nossa atenção. Fica a sensa-ção de que é bom

«uma jornalista veterana (que muito admiro…), discre-teando acerca do “jornalis-mo português contemporâ-neo, que tão doente anda”, (…) conclui: “Quando me perguntam em que escola aprendi jornalismo respondo sempre que aprendi jornalis-mo com jornalistas dentro de jornais. Nem todos eram famosos, ou são hoje conhe-cidos, mas foram grandes professores e vigilantes da prosa e do rigor.”

Page 13: Ponto Norte

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PONTONORTE

/13 Impotente incompetentee ineficiente

Os comportamentos anticoncorrenciais estão a afundar a economia nacional. Um problema agravado pelo facto de a Autoridade da Concorrência estar de pés e mãos atadas, ser “pouco eficiente” e não ter os melhores quadros”, defende um professor da Portucalense

Pedro Emanuel [email protected]

osé Caramelo Gomes é professor da Universida-de Portucalense, no Porto, e foi o orientador de um estudo que revelou resul-

tados surpreendentes. Para ele, uma das razões para a econo-mia portuguesa funcionar, ou até não funcionar, é o facto de a Autoridade da Concorrência não realizar convenientemente o seu papel. A conclusão é clara: “A dívida soberana pode ser ate-nuada com coimas a comporta-mentos anticoncorrenciais, pois Portugal actua segundo princí-pios corporativos e não de acor-do com as regras do mercado concorrencial, o que explica a si-tuação que atravessa o País”.Em entrevista ao Ponto Nor-te, José Caramelo Gomes con-siderou que as regras de merca-do em território nacional estão subvertidas, levando a que os consumidores, nós, não estejam a sair beneficiados e que, conse-quentemente, a economia sofra consequências gravíssimas. Para o docente, a questão é de tal forma grave, que só será so-lucionada se houver uma “von-tade forte de mudar as regras” de funcionamento da Autori-dade da Concorrência, entida-de que, na sua opinião, está de pés e mãos atados e não conse-gue fazer frente a este “ciclo vi-cioso que está a afundar a nos-sa economia”.José Caramelo Gomes é claro e aponta ao Ponto Norte onde es-

tá o cancro que mina as boas re-lações de concorrência que de-veriam existir e não existem. “Quem tem o poder de merca-do é insensível ao jogo da ofer-ta e da procura. Faz o preço que quer, independentemente da procura”. E o que significa isto? “Que alguém que ganhe, por exemplo, 1000 euros por mês apenas gaste no que considera essencial e não tenha acesso a outros produtos que deveriam estar mais baratos no mercado e não estão.Uma “espiral perigosa” que le-va ao arruinar da economia e ao qual a Autoridade da Concor-rência não consegue pôr cobro,

J porque “é pouco eficiente e não tem os melhores quadros”.

Direito da Concorrênciaem formação

A ineficácia da Autoridade da Concorrência e outros temas vão estar em destaque numa oferta formativa da Universida-de Portucalense que decorrerá, amanhã e sábado, nas instala-ções da instituição, na Asprela, Porto, e que terá José Caramelo Gomes como professor. Os des-tinatários serão advogados, so-licitadores e jornalistas, além de indivíduos de outras áreas inte-ressados em direito da concor-rência.A primeira sessão decorre ama-nhã, entre as 18h e as 22h, e te-rá seis temáticas: “Justificação económica do direito da concor-rência”, “Direito do comunitário da concorrência”, “Direito por-tuguês da concorrência”, “A du-pla jurisdição em direito da con-corrência na União Europeia”, “Ilicitude substantiva e ilicitude processual” e “Poderes da Co-missão Europeia, da Autoridade da Concorrência e dos órgãos jurisdicionais”.No dia seguinte, entre as 9h e as 13h, serão abordadas as seguin-tes questões: “Acordos, práticas concertadas, decisões de asso-ciações de empresas e compor-tamento induzido”; “Proibições nacionais e comunitárias - a or-dem pública jus concorrencial”; “A regra de minimis”; “Isenções individuais e por categoria”.

José Caramelo Gomes conside-ra que as regras de mercado em território nacio-nal estão subver-tidas, levando a que os consumi-dores não este-jam a sair benefi-ciados e que, con-sequentemente, a economia sofra consequências gravíssimas

“A dívida soberana pode ser atenuada

com coimas a com-portamentos

anticoncorrenciais”, diz o professor

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A Portucalense receberá a acção

formativa orientada por José Caramelo

Gomes

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EconomiaMAI, 02 2013

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inscrições abertas

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[Os jovens estagiários de jornalismo] são largados às feras e não têm qualquer

acompanhamentonem do professor nem do

tutor no jornal”

Paulo Portas não pode continuar, no contexto atual – e sem se desacreditar totalmente – a dar uma no cravo e outra na ferradura, sem destruir o seu partido. No interior do CDS/PP há quem pense assim e queira deixar cair o PP e fique só o CDS”

(…) a hora é da Esquerda e para salvar o euro e a União

Europeia esse é o único caminho possível, com o auxílio da Democra-cia-Cristã, que pensa de novo aparecer, para vencermos a crise”Alfredo Maia

PrESiDENTE DO SiNDiCATO DOS JOrNALiSTAS

Mário SoaresDN, 30.04.2013

QUEMSABEfalaEditado por Alfredo Barbosa

(Continuação) a montante, identifi-

camos impedimentos que se manifestam na vida

de pessoas que consideramos mais válidas. A jusante, criamos a obrigato-riedade de integrar as listas. Ora, quem se encontrava “impedido” em nada viu essa situação alterada, logo a obriga-toriedade “servirá” para chamar não aqueles casos, mas sim os outros que nele não se encontram e, portanto, há um desfasamento inconciliável entre aqueles sobre quem se pretendia agir e aqueles que acabam por usufruir da estatuição da lei. Que resulta disto? Ou criamos quotas para quem delas não precisava – porque já teriam essas con-dições de participação – ou criamos quotas para uns casos quando as pre-tendíamos criar para outros.

as comemorações do 1º de maio e o 25 de abril

parecem ser hoje um formalismo pa-ra recordar o passado através de dis-cursos que continuarão a ser proferi-dos no cumprimento de um ritual que vale como significante e não tanto pe-lo significado.Se assim é, urge dar significado a tais datas através da dignificação do traba-lho e dos trabalhadores numa socieda-de dominada por um capital sem mo-ral, pelo valor sem valores, pela conta-bilidade sem humanidade. Urge ain-da denunciar, como sublinhou Bour-dieu, os processos de censura latente que corrompem e se sobrepõem à li-berdade formal e institucionalizada. Suportados por dominações económi-cas, mas também ideológicas e políti-cas, este tipo de censura esconde-se, por vezes, sob as virtudes legitimado-ras de um consenso generalizado que visa a preservação da ordem social. Ora, o consenso pressupõe acordo, emergindo este como produto de ca-minhos escolhidos, operacionalizados, construídos e partilhados pelos agen-tes sociais em interacção e associação. Tem, por isso, avanços e recuos, pois parte, muitas vezes, de posições e inte-resses divergentes. Tal como o consen-so, a diversidade é também constitu-tiva das sociedades democráticas. No plano político, é a divergência de posi-ções que configura alternativas colo-cadas à escolha dos cidadãos. É reco-nhecida a vantagem do consenso pa-

E depois dá “nisto”: ou há malabaris-mos e renúncias pré-acordadas ou se opta por recorrer aos familiares e amigos, ou, no mínimo, cria-se a sus-peição sobre quem, sendo competen-te, viverá na sombra da dúvida criada por comentários mal-intencionados. Qualquer dos casos me parece muito pouco digno!Mas é curioso que em cada dez pessoas que se pergunte a opinião, nove não concordam com esta Lei… Mas não foi a mesma votada na Assembleia da Re-pública? Todo e qualquer deputado não é porta-voz da sensibilidade e opinião dos seus representados (ainda que nu-ma mandato imperativo)?E o mais engraçado é atender às conse-quências: se não cumprir os requisitos a lista não é aceite? Era o que mais fal-tava… as consequências são apenas um “juízo de censura”, já que a lista é afi-xada com essa indicação e que a pró-pria Comissão Nacional de Eleições di-vulga no seu sítio na Internet, ao mes-mo tempo que é reduzido o valor da subvenção estatal para a campanha até 50%. São consequências dramáti-cas portanto para quem afirma esta necessidade de forma tão peremptória!Durante esse mandato o legislador fartou-se de «meter água». As leis desse período ou se revelam pouco claras, ou falham o alvo, ou tinham na base uma reserva mental e a cons-ciência muito pesada – e atenção que ainda não havia quotas.

ra a promoção da coesão social, para a qual todos os agentes concorrem. Mas, fazer do consenso uma estraté-gica de respaldo para prosseguir po-líticas já implementadas, pouco mais será do que seduzir para o conformis-mo com o que já está determinado.No 39º aniversário do dia que trou-xe a Portugal a democracia, o Sr. Pre-sidente da República considerou ser «essencial alcançar um consenso po-lítico que garanta que, quaisquer que sejam as concepções político-ideoló-gicas, quaisquer que sejam os parti-dos no governo, o país (...) adoptará políticas compatíveis com as regras fixadas pelo Tratado Orçamental». Esqueceu-se, contudo, que é das dife-rentes concepções político-ideológi-cas e partidárias que decorrem cami-nhos diversos para as cumprir. E é nas concepções diferentes que encontra-mos um dos pilares da democracia. Convenhamos, por isso, que foi um discurso insólito para aquele dia.

«(…) é das diferentes concepções político-ideológicas e partidárias que decorrem caminhos diversos para as cumprir. E é nas concepções diferentes que encontramos um dos pilares da democracia

«(…) se não cumprir os requisitos a lista não é aceite? Era o que mais faltava… as consequências são apenas um “juízo de censura”, já que a lista é afixada com essa indicação e que a própria Comissão Nacional de Eleições divulga no seu sítio na Internet, ao mesmo tempo que é reduzido o valor da subvenção estatal para a campanha até 50%.

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OpiniãoMAI, 02 2013

NO DIA 25 DE ABRIL…Daniel Seabra / Professor universitário

Consenso, conformismo e diversidade

«(…) fazer do consenso uma estratégica de respaldo para

prosseguir po-líticas já imple-

mentadas, pouco mais será do que

seduzir para o conformismo

com o que já está determinado.

DANiEl SEABrA

«(…) ou há malabarismos e renúncias pré-a-

cordadas ou se opta por recorrer

aos familiares e amigos, ou, no

mínimo, cria-se a suspeição sobre

quem, sendo competente, vi-verá na sombra

da dúvida criada por comentários mal-intenciona-

dos. Qualquer dos casos me parece muito pouco digno!

JOãO PAUlOMEirElES

ABRIU A ÉPOCA DA CAÇA ÀS QUOTAS (2)

João Paulo Meireles / *

Espaço para habilidades

* Deputado Municipal pelo PSD no Porto, Presidente Concelhia JSD Porto e Secretário-Geral Distrital JSD Porto,

Conselheiro Nacional do PSD

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CURSOS 2013/14MAIS INFORMAÇÃO EM WWW.UFP.PT

UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA

CONVENÇÕES - SEGURADORAS, INSTITUIÇÕES E EMPRESAS:

MÉDISLUSITÂNIAGENERALI

AÇOREANAADVANCECARESAMS QUADROSADSE

SAP - 24 HORAS (ATENDIMENTO PERMANENTE)PEDIATRIA

ANÁLISES CLÍNICAS IMAGIOLOGIA

ADULTO

ENFERMAGEM

ESPECIALIDADES:

CONSULTAS MÉDICAS E CIRÚRGICAS

CIRURGIA E BLOCO CIRÚRGICO

EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO

UNIDADE DE CUIDADOS CONTINUADOS

ESPECIALIDADES NÃO-MÉDICAS

INTERNAMENTO

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Da crise financeira à crise da dívida a intervenção informada das populações foi escassa. Desta prática até ao de-samor europeu, há um risco que nenhum governo pode ignorar”

Adriano MoreiraDN. 30.04.2013

“O desaparecimento de pólos universitários não era bom para o país. E, no caso concreto do Norte, a região deve encontrar formas de reforço e não de desaparecimento. É preciso reforçar a rede”

Jorge GonçalvesViCE-rEiTOr DA UNiVErSiDADE DO POrTO

“um boletim de voto tem mais força que um ti-

ro de espingarda”. abraham lincoln, 16.º presidente dos eua.No 39.º aniversário do 25 de abril, duas eméritas personagens proferiram de-clarações que soaram a tiros de espin-garda. O presidente da República, em discurso no parlamento, exortou os par-tidos a meterem os braços na empreita-da do “consenso”. E avisou que não con-tassem com ele para eleições antecipa-das. Fica-lhe mal cercear o direito à di-vergência. Mostra o seu entendimento da democracia e das liberdades.No mesmo dia, no Público, estavam ver-tidos depoimentos de “personalidades”

respondendo ao repto “o que melhoraria na democracia

portuguesa?”. O Prof. Boa-ventura de Sousa San-

tos teve a palavra. Fiquei preocu-

pado com o sociólogo

c o i m -

existem várias ver-sões para esta verda-

deira fábula da nature-za, mas a minha favorita foi a que me contou o meu amigo espanhol luis delgado de molina, presidente honorá-rio da UIA - União Internacional dos Ad-vogados, por ocasião do congresso de Nova Delhi da UIA, em 1999. Estávamos na Índia, em Uttar Pradesh, no forte ver-melho de Agra, observando ao longe o Taj Mahal e, pelo meio do nosso cam-po de observação, o rio Ganges. Passá-ramos a porta dos dois elefantes gigan-tes de pedra e contou-me o Luís:

O elefante e o escorpiãoUm dia, um elefante preparava-se pa-ra atravessar um rio. Aproximou-se de-le um escorpião. “Elefante, leva-me nas tuas costas para o outro lado do rio”, dis-se o escorpião ao elefante. O elefante

brão, pois garantiu que a “cultura au-toritária dominante está a tentar con-vencer os portugueses de que o 25 de Abril foi uma aberração e que não me-recíamos ter saído do jugo salazaris-ta”. Ou ando distraído ou com lapsos de entendimento, pois me não recor-do de alguma vez a “cultura dominan-te” (mas quem?!) ter sequer insinuado tal dislate.

“Sorte grande...”O Prof. Boaventura está preocupa-do com as fragilidades da democra-cia e com a soberania que se ausen-tou. A solução – assegura – é sair do euro e demitir o governo (não se sabe se é por esta ordem). É intrigante que o Prof. Boaventura, especialista em ciência de vanguarda, não tenha per-cebido que a soberania mudou. Talvez não goste da globalização em que vi-vemos, tanto que vai à missa da “al-ter-globalização”. Tem bom remédio, o Prof. Boaventura: continue a mobili-zação de quem o segue acriticamente, que um dia destes pode ser que saia a sorte grande na lotaria das eleições. Até lá, enquanto os partidos de extre-ma-esquerda não conseguirem mais

sorriu e respondeu: “Escorpião, tu pen-sas que eu nasci ontem? Se eu te deixo subir às minhas costas, tu acabas por me espetar o teu ferrão e matas-me”. “Não percebes mesmo nada, elefan-te”, replicou de imediato o escorpião, “se eu te espetar o ferrão nas costas enquanto estivermos no meio do rio, morremos os dois, já que eu não sei nadar, não achas?”. A razoabilidade da explicação do escorpião convenceu o elefante, que lá o deixou subir para as suas costas e logo iniciaram a traves-sia do rio. A meio do rio, o escorpião es-peta o ferrão nas costas do elefante. O elefante surpreendido e já moribundo, a afundar-se no rio, com o escorpião a afundar-se com ele também, ainda diz “escorpião, que coisa mais inacre-ditável e impossível! Depois de me te-res convencido de que não me picarias

no meio da travessia do rio, acabamos por morrer os dois. Como é possível?”. O escorpião responde prontamente, sem sombra de arrependimento, ape-nas um lampejo de loucura no olhar: “C’est l’Afrique”.

Inacreditável e impossível?Neste Portugal adormecido, a ruptu-ra da coligação parlamentar de inci-dência governamental entre o PSD e o CDS, que poderá levar a uma nova co-ligação parlamentar de incidência go-vernamental entre CDS, PS e CDU, ou novas eleições, é inacreditável e im-possível? C’est l’Afrique.

que 20% dos votos, pode encher a bo-ca com democracia que a palavra se desfaz em língua de trapos.

“Uma ideia luminosa…”Alguém podia explicar ao Prof. Boa-ventura que sem a ajuda dos forastei-ros da troika talvez fosse elevado o ris-co de a pensão de reforma (agora que é professor jubilado) não ser deposi-tada na sua conta bancária. E não co-lhe o lugar-comum das “tutelas ex-ternas não democráticas”, pois esta (a troika) teve o consentimento dos par-tidos que representam 87% dos vo-tantes. Tem o Prof. Boaventura melhor medida para calcular a vontade popu-lar (sem ser a sua vontade)?A saída do euro é uma ideia luminosa. Recomendo daqui literatura de econo-mistas keynesianos (portanto, próxi-mos às suas preferências) que expli-cam o efeito catastrófico que a saída do euro teria num país pequeno, peri-férico e aberto ao comércio internacio-nal. Temos de perguntar ao Prof. Boa-ventura se quer o empobrecimento se-vero dos portugueses. Mas talvez se-jam apenas tiros de pólvora seca.

(Escrito segundo o novoacordo ortográfico)

“O presidente da República, em discurso no parlamen-to, exortou os partidos a meterem os braços na empreitada do “consenso”. E avisou que não contas-sem com ele para eleições

antecipadas. Fica-lhe mal cercear o direito à diver-

gência. Mostra o seu entendimento da

democracia e das liberdades”

“Depois de me teres conven-cido de que não me picarias no meio da travessia do rio, acabamos por morrer os dois. Como é possível?”. O escorpião responde pron-tamente, sem sombra de arrependimento, apenas um lampejo de loucura no olhar: “C’est l’Afrique”

«(…) a ruptura da coligação parlamentar de incidência

governamental entre o PSD e o CDS, que pode-rá levar a uma

nova coligação parlamentar de

incidência gover-namental entre

CDS, PS e CDU, ou novas eleições,

é inacreditável e impossível? C’est

l’Afrique.lUíS MiGUElNOVAiS

«E não colhe o lugar-comum das “tutelas externas

não democrá-ticas”, pois esta (a troika) teve o consentimento

dos partidos que representam 87% dos votantes. Tem

o Prof. Boaven-tura [dos Santos] melhor medida para calcular

a vontade popular (sem

ser a sua vontade)?PAUlO VilA MAiOr

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OpiniãoMAI, 02 2013

CRÓNICAS DO NORTE ADORMECIDOLuís Miguel Novais / Advogado

C’est l’Afrique

€SCÓPIOPaulo Vila Maior / Professor universitário

As eleições são uma chatice

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CulturaMAI, 02 2013

Eles são presidente e vice-presidente da organização. Helder Ferreira publicou re-centemente “Mistérios da Semana San-

ta de Idanha”, com prefácio do bispor do Por-to, D. Manuel Clemente. Fala de uma sema-na santa única no mundo e da qual está a ser preparada candidatura a património imate-rial da UNESCO. No ano passado, aquele au-tor apresentou o volume 2 da Máscara Ibérica prefacido por Durão Barroso.

José Manuel Diaz assumiu a vice-presi-dência da Progestur.net em 2012

na sequência do sucesso obtido há dois anos com a organização da presença em Lisboa de uma delegação amarantina ao FI-MI. “Pediram-me para me dedi-

car ao norte do país – conta Jo-sé Manuel Diaz – e estreitar rela-

ções com a Espanha aproveitando os meus conhecimentos. A experiência

tem corrido muito bem e estamos cheios de projectos, que vão ser bem-sucedidos, co-mo tem acontecido com o Festival de Más-caras Ibérico.A Progestur.net (www.progestur.net) está en-volvida em iniciativas em Idanha-a-Nova, Pe-namacor e Castelo Branco e Vila Velha de Ró-dão através de um Proder junto da Adraces, que junta toca toda a região a nível turístico e visa criar uma agenda cultural com 12 temas para 12 meses.

Um português e um galego organizam fado gourmetA Progestur.net é gerida, a tempo inteiro, por Helder Ferreira e José Manuel Diaz, um português e um galego que estão sediados em Lisboa e Amarante, mas, apesar da distância, evidenciam uma coerência de trabalho e dinâmica muito produtivas

Asturianos apaixonados pelo produto português

der Ferreira e José Manuel Diaz levar o fado gourmet ao mercado da saudade: Suíça, Luxemburgo, França, EUA, Canadá e Brasil.“Já reunimos com o admi-nistrador da AICEP – avan-ça Diaz – e ele achou mui-to bem. Agora, vai avançar a candidatura”.Como experiência, a Proges-tur.net vai levar o fado gour-met às Astúrias, cujo povo “adora o produto português, é verdadeiramente apaixo-nado por ele”. José Silva coor-denará o tema vínico, permi-tindo beneficiar das relações que possui.

Os dois dirigentes associa-tivos (não-remunerados en-quanto tal) têm criado em-presas que realizam parce-rias, consultorias e exposi-ções. Possuem um protocolo com a Fundação Luso-Espa-nhola que permite efectuar encontros empresariais.Está nos propósitos de Hel-

o Projecto FImI – Festival Internacional de máscaras Ibérico vai decorrer em lisboa de 9 a 12 de maio. No fim-de-semana seguinte, a Projestur.net promoverá o Festival das So-pas de Peixe em Vila Velha de Ródão. Em Ju-lho, ocorrerá em Oviedo, sob a mesma entida-de organizadora, o ensaio de um projecto pa-ra mercado da saudade com fado gourmet. Será coordenado por José Silva (“Hora de Ba-co”, da RTP) e pelo “chef” Marco Gomes, inte-grando cerca de uma dezena de produtores portugueses de vinho, azeite, conservas, quei-jos e enchidos. Vão levar de um restaurante amarantino um prato forte de bacalhau com o apoio de uma grande empresa nacional li-gada à transformação do “fiel amigo”.Para 26 a 4 de Agosto está previsto o Festival Arco Atlântico, em Gijón, nas Astúrias. Portu-gal far-se-á representar com a Rota do Româ-nico, Dolmem e Adraces (Beira Interior). Esta-

rão ali presentes diversos produtos tradicio-nais portugueses – da Serra da Estrela, das Al-deias do Xisto, da zona de Amarante, do Alen-tejo, com a Adega Cooperativa Granja Amare-leja e o enólogo Virgílio Loureiro.

Búlgaros também presentesEm Setembro acontecerá um Festival de Más-caras Ibérico em Zamora, mas o que está à porta é a oitava edição do festival português, que vai reunir no Rossio cerca de 500 partici-pantes (de Portugal, Espanha, França e, desta vez também, da Bulgária), os quais serão dis-tribuídos pelas residências do Inatel e hotéis.Cada tenda a montar na praça da capital cus-tará entre 2500 e 3500 euros, dependendo da localização e das aberturas. A organização en-volverá 15 pessoas, sendo quatro dos mem-bros da direcção da Projestur.net, que não são remunerados. Os custos do festival andarão entre os 80 e os 89 mil euros.

Festival de Máscaras vai animar o RossioO EGEAC (empresa municipal da Câmara de lisboa) comparticipa em 20 mil euros para o fes-tival de máscaras, mas colhe bom proveito do investimento ao tornar a Praça do rossio centro de cultura visitado por muitos milhares de por-tugueses e estrangeiros.

Cada tenda a montar na praça da capital

custará entre 2500 e 3500 euros

O Festival das Máscaras regressa a Lisboa. Mas, este ano, ainda passará

por Zamora

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A PROJESTUR.NET é uma asso-

ciação cultural sem fins lucrati-vos fundada em 2003, de que faz

parte, nomea-damente, Carlos

Magno, presiden-te da ERC. O líder

da associação (que tem sede em

Lisboa) é Helder Ferreira

O festival do ano passado foi mo-

tivo de grande atracção dos ca-nais televisivos, que lhe dedica-

ram 12 horas de transmissão em

directo e mais de 600 notícias

A Progestur.net vai levar o fado gourmet às Astúrias, cujo povo “adora o produto

português”

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Nome dasecção/20

Artes de Culinária/20

Ementa com harmonização de vinhos: sopa de cozido; roupa velha e massa crocante; aletria dourada em pêra bêbada com bolinho de Jerimu e compota de uva (de touriga nacional)

a sugestão deDiva

Couves cozidas Com água das Pedras Todos os molhos de Diva Costa são confeccionados de acordo com ficha técnica. Mas os truques não estão lá, como o que usa na preparação da sopa de cozido: “Não tapar a panela quando se coze a couve e deitar água das Pedras. As couves (da chamada couve portuguesa) tiram-se, o mais direitinhas possível, sem as deixar desfazer e reservam-se. E deita-se fora o molho em que as couves foram cozidas”.

Diva Cristina Boavista Pontes Costa vai a caminho dos 40 anos. Nasceu em S. Gonçalo de Amarante em 17 de Setembro de 1973. Começou a pintar aos 14 anos. Estudou Belas-Artes, completando o 12.º ano no Liceu Garcia de Orta, no Porto. Fez provas para entrar na universidade, mas a nota para entrar na Escola Superior de Belas-Artes do Porto era ainda mais alta do que a de Medicina.

Também não levou por diante o curso de imagem e Comunicação. Arranjou trabalho num supermer-cado, conheceu um galego da Coru-nha e… ficou na restauração.

Deus e uma sopa de cozido que é uma delícia…

da com bolinho de Jerimu e compota de uva (de touriga nacional).Na gala dos vencedores (cin-co), que decorreu no Palácio do Freixo, Diva Costa rezou para que não lhe calhasse fazer a sobremesa. Por uma simples razão: “Ficaria doida, sobretudo, a empratar150 vezes o doce tão complexo que criei. Deus ouviu as mi-nhas preces”.Coube-lhe a sopa de cozi-do, que é constituída pelos seguintes elementos: ore-lha fresca, chouriço de car-ne, vitela, butelo de Bragan-ça, couve portuguesa e pão de Padronelo (Amarante).Diz quem já a provou que é uma delícia…

Diva apresentou o seu pri-meiro prato mais elaborado na Ementa d’Ouro com que o restaurante A Eira foi um dos vencedores do Concurso de Gastronomia e Vinhos Ver-des (a nível nacional).Preparou uma ementa com harmonização de vinhos, com: sopa de cozido; roupa velha e massa crocante; ale-tria dourada em pêra bêba-

Conquistada para a cozinha pelo “chef” Marco Gomes

o “seu” Manolo. Mas ainda ho-je não se intitula, sequer, co-mo “cozinheira” e arra-sa o autor destas li-nhas ao confessar, ainda com as ves-tes da cozinha, lim-pinha e os cabelos pretos bem presos: “Não me peçam pa-ra fazer um arroz seco”. Parece que as coisas simples não a estimulam: “Gosto de criar pratos novos, complexos”.

Até às milésimas de sal…E como é que alguém que não gostava de cozinhar – mais do que isso: “detesta” a cozinha – ganha prémios entre consa-

grados? “Tive formação com o “chef” Marco Gomes e evo-

luí imenso: na manei-ra de confeccionar,

de fazer o prato, de usar técnicas de utilização da ce-bola, do alho, do vi-

nho…”O famoso “chef”

(que está em Macau a criar um restaurante) con-

quistou-a para a arquitectura e a engenharia da culinária, de tal forma que, hoje, Diva tem ficha técnica de todos os pratos que integram a lista do seu restau-rante: “Está lá [na ficha técnica] tudo, até às milésimas de sal”.

Cozinha maravilhosamente, mas não gosta de cozinhar. imaginou ser arquitecta e sempre gostou de construção. Cria os pratos que serve no restaurante “A Eira” com originalidade e edifica-os com maestria já premiada

António da Rocha [email protected]

onstrói e repara, ar-ranja. “Tudo”, gaba-se. Não manda cha-mar nenhum técnico para reparar electro-

domésticos do seu restauran-te e do seu café em Amarante. É uma especialista do “bricola-ge”: “Deus me livre de ficar à es-pera que venha aqui um técnico para arranjar o que quer que se-ja!”. E mais surpreende ao dizer: “Sempre detestei cozinhar. Nas sobremesas ainda lhe dava um jeito…”.A ligação à restauração come-çou num café do supermerca-do Modelo, que explorou du-rante oito anos com o marido,

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“Tive formação com o “chef” Marco Gomes e evoluíImenso”, reconhece Diva Costa

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Diva Costa rezou para que não lhe calhasse fazer a sobremesa. Por uma simples razão: “F icaria doida, sobretudo, a empratar 150 vezes o doce tão complexo que criei”.

Direitos reservados

“Não me peçam para fazer um arroz seco. Gosto de criar pratos novos, complexos”

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MAR, 282013

PONTONORTE

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Com molho de coen-tros Roupa ve-lha com mas-sa crocante Do menu com que A Eira ga-nhou o concurso gastronó-mico faz parte uma roupa velha em massa crocante com molho de coentros (a partir da ideia do prato de Natal). Explica Diva Cos-ta: “As batatas são cozidas em cubinhos, o bacalhau, depois de cozido, é lascado sem peles nem espinhas. A cenoura é fatiada e o ovo laminado. Coze-se massa chinesa Kataifi, que parece linho. Monta-se num aro de alumínio, pondo batata por baixo e juntando ovo cozido, bacalhau, cenoura e grelos. Rega-se com azei-te. Leva-se ao forno o tem-po suficiente para aque-cer e dar tonalidade à mas-sa. No final, põe-se à vol-ta o molho de azeite com coentros (frescos, picados). E serve-se.”Bom apetite!

Em casa, ninguém consegue meter uma colher de sopa na boca do Tomás ou da Mariana: vão ao restaurante A Eira

e comem dois pratos. Qual é o se-gredo, qual é ele? É a Geninha. “A Geninha é minha cozinheira des-de o princípio do restaurante e já tinha estado comigo no café – conta Diva Costa –. Eu posso fazer a sopa exactamente igual, mas não fica com o mesmo sabor”.Confirmamos: a sopa da Geninha é um encanto. Mas Diva não tem ciúmes: “Não me importo nada que elogiem a sopa da Geni-nha, e as sobremesas da Geninha, pois ela, aí, faz o que ninguém faz e é a cara desta casa, co-mo se fosse da família, como todos os aqui tra-balham: a Fátima, que também é cozinheira, a Susana e a Mónica, que trabalham na sala”.

Os clientes é que mandamUm erro de restaurantes e “chefs” é não res-peitarem as tradições e os gostos dos clien-tes. Isso não se faz n’A Eira de Diva Costa e Jo-sé Manuel Diaz, o “Manolo”: “Sabe qual é o bolo que mais sai aqui? Bo-lo de bolacha. É o que os clientes querem, e temos de satisfazê-los”, assegura Diva, que tem vindo, no entanto, a procurar servir “uma cozinha tradicional com roupagem di-

ferente”, esclarece Manolo. Neste con-texto, os rolinhos de linguado com

pesto e presunto em cama de puré de batata já se tornaram um “must”. Apesar da crise, a vida corre bem a Diva e Manolo, que in-

ventam formas de atrair clien-tes, para além das festas, que são

habituais. O pior é o tempo que não sobra para terem… vida (fora os 15 dias de

férias em que entregam o restaurante e o ca-fé aos seus empregados e vão descansados para onde quer que seja). “A minha filha ati-ra-me à cara – confessa Diva – que não lhe dedico atenção. E é verdade: vou a casa para dormir e tomar banho”.

A sopa da Geninha e as criaçõesde DivaA sopa da Geninha, que os bebés adoram, as cozinheiras e as empregadas que são uma família e os sacrifícios de um casal que “não tem vida”…

as sopas podem ser fáceis de fazer, mas apresentam também as suas dificuldades. Há cuidados essenciais. Há voltas e mais voltas. As voltas da proprietária do Restau-rante A Eira ficam aqui:“Primeiramente, cozem-se as carnes (orelhei-ra fresca, chouriço de carne e vitela), com sal (à defesa), uma folha de louro e um bocadi-nho de azeite. O butelo de Bragança é cozi-do à parte. É bem cozido e picado durante a cozedura.Quando se está a desfazer, tira-se da água, que se reserva. As carnes de orelheira, vite-la e butelo são, depois, cortadas aos bocadi-nhos, quase picadas, depois de ter havido o cuidado de separar todos os ossinhos do bu-telo. O chouriço é laminado. Todas as car-nes são colocadas em recipientes diferentes. Com parte do caldo de cozer as carnes, co-zem-se as couves (da couve portuguesa).

Põe-se a ferver o caldo restante, que é rectifi-cado de temperos.” Até aqui, não parece difí-cil. Vamos lá ouvir Diva Costa a falar dos pas-sos seguintes: “Estendem-se as couves numa mesa. Depois, as mais largas, e tenrinhas, são colocadas dentro de alumínio.No fundo, põe-se uma rodelinha de chouriço de carne e, de-pois, bocadinhos de orelheira, vitela e butelo. Fechamos e põe-se cada dose na sua forma. Vai a aquecer em banho-maria (dentro da for-ma) com a água do cozido. Depois de quente, põe-se cada forma no prato de sopa, virando a trouxa para dentro e removendo a folha de alumínio com cuidado. Junta-se tostas de pão torrado à volta e adiciona-se mais caldo recti-ficado e a fervet na hora de servir”.Muito bem: agora, se quiserem comer esta sopa de cozido criada pela Diva Costa e con-feccionada pelas duas cozinheiras que colabo-ram com ela têm de encomendar…

As “dicas” de Diva para a sopa de cozidoNão há receita que en-sine a cozinhar. Quem não souber, não vai lá. E, mesmo quem sabe, por vezes, não é feliz na confeccção – e não raro não aprecia o que fez. Cada cozinheira ou cozi-nheiro tem o seu toque. Numa simples sopa.

A cozinheira e o “seu” Manolo

Os dotes de Diva Costa ficaram para sempre (enquanto

for cozinheira) liga-dos à sopa de cozido, que faz salivar quem

já alguma vez a comeu

1

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O “SOLOMILLO” MARONÊS ao

molho de pimen-ta com batata à roda e legumes

é o prato de maronesa mais

caro que se pode degustar n’A

Eira:13,50 euros. Mas, por exem-plo, o churrasco rodilhão maro-

nês ou a costela mendinha com

batata… grelha-da (depois de

assada e partida a meio) ou o

cachaço maro-nês assado com açorda de grão-

de-bico (a 9,50 euros) também são apetitosas

escolhas

MAI, 022013

PONTONORTE

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Preferem pratos tra-dicionais Menus muito elabora-dos não têm saí-da A aletria dourada dá “uma trabalheira”. “Para is-to – observa Diva – é pre-ciso uma página”. Mas não há. Nem se pode contar tu-do. O que se adianta é que quem a desejar provar tem que encomendar (pelo me-nos, para duas pessoas) no Restaurante A Eira o menu de degustação completo com que a cozinheira ga-nhou a Ementa d’Ouro.Quanto custa? “Vinte e dois euros e meio por pes-soa. Com direito a bom vi-nho”, esclarece Diva Costa.Mas os menus muito elabo-rados, como este, não têm muita saída para os ama-rantinos e vizinhos, que pre-ferem os pratos tradicionais, dos bacalhaus aos assados.

Vitela maronesa Ra-ça autóctone com milhares de anos A carne é de-liciosa de tenrura e paladar. Fala-se da maronesa, que conquista cada vez mais apetites. Era preciso mais uma página para esta ra-ça autóctone com milhares de anos de existência. Po-de começar-se no naco de vitela na grelha com bata-ta a murro e grelos, a uns simpáticos nove euros e meio por dose…

BREVES

Direitos reservados

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“A minha fi-lha atira-me à

cara que não lhe dedico atenção. E é verdade: vou a casa para dormir e to-

mar banho”

Page 22: Ponto Norte

Nome dasecção/22Volta a fumegar

no Coliseu do Porto

para jovens dos sete aos 77, a música dos Jafumega. Graças ao refrão “a ponte é uma passagem, prá outra margem”, do tema

“Ribeira”, este grupo portuen-se andou nas bocas do mundo, desde que saiu com o “single”, no já longínquo ano de 1981. Já lá vão mais de 30 anos, mas pa-rece que foi ontem. Muito à custa da “ponte” e da “Ribeira”, os Jafumega trans-formaram-se numa das bandas mais importantes do rock por-tuguês. Nos dois anos seguin-tes, lançaram dois álbuns com canções como “Latin’América”, “Nó Cego” e “Kasbah”, entre ou-tras, que os inscreveram na his-tória da nossa música popular.Porém, em 1985, os Jafumega re-solveram inesperadamente pa-rar. Os seus elementos seguiram carreiras individuais e alguns de-les tornaram-se figuras incon-tornáveis da cena musical por-tuguesa.“Grandes instrumentistas, com excelentes letras, algumas de Carlos Tê, deixaram na memó-ria espectáculos que foram vis-tos pela crítica como verdadei-ros hinos de mestria técnica”, escreveu sobre eles Luís Osório, em 2011.Entre os mais velhos, são mui-

tos são os que gostariam de vol-tar a ver os Jafumega em pal-co. Quanto aos mais novos, que apenas ouviram as suas grava-ções, a curiosidade é grande.Para os Jafumega, será um desa-fio reencontrar as suas canções 30 anos depois, após muitas pas-sagens para outras margens, da vida e de tantas músicas. Como soarão hoje? É fácil. Po-derá reencontrá-los, ao vivo, no próximo dia 24 de Maio, no Coli-seu do Porto. Luís Portugal (voz), Mário Barreiros (guitarra), Jo-sé Nogueira (saxofone, tecla-dos), Eugénio Barreiros (voz, te-clados), Pedro Barreiros (baixo), Álvaro Marques (bateria) vol-tam a reunir-se em palco para, em conjunto com todos os que com eles quiserem partilhar es-ta aventura, descobrir como se-rão os Jafumega em 2013.

Trinta anos depois, estão de volta. E o Coliseu servirá de ponto de encontro. Muito mais do que dar um espectáculo, os Jafumega vêm para matar saudades

ÉMulheres sábiasde visitaa Serralves“Les Femmes Savantes” é um colectivo de cinco mulhe-res artistas: Sabine Ercklentz, Hanna Hartman, Andrea Neu-mann, Ana-Maria Rodriguez e Ute Wassermann. A Serralves, trazem, a 15 e 16 de Junho, um dos seus projectos mais re-centes: um “concerto em aus-cultadores”. Em alternativa ao tradicional espaço acústico de audição colectiva da sala de concertos, elegem o espaço directo e íntimo da cabeça e

dos ouvidos dos espectadores como espaço de audição. A música que o público ou-ve concentra-se em micro-es-truturas amplificadas, como que ampliadas pela lente de um microscópio, sublinhan-do a capacidade característica da percepção auditiva de pe-netrar a superfície dos objec-tos e da matéria para revelar e explorar o seu mundo interior. Ao público, todo ele equipado com auscultadores, abre-se a porta à intimidade com ob-jectos e matérias através das suas características e possibi-lidades sonoras. Este concer-to tem o apoio do Goethe Ins-titut e integra-se no seu 50º aniversário em Portugal.

theatro Circo “Nunca Estive em Bagdad” O Theatro Circo, em Braga, vai receber no próximo dia 16, quinta-feira, a peça “Nunca Estive em Bagdad”, pela Escola da Noite. Trata-se de uma interpretação que narra a história de um casal português que muda de casa durante a Guerra do Iraque, em 2003, e vai confrontar-se com dilemas íntimos motivados pelo conflito e suas implicações. Mesmo assim, e apesar do quotidiano de guerra, tentará prosseguir uma vida normal. Maria João Robalo e Miguel Magalhães compõem o elenco.

o concelho de Guimarães vai viver um mês de maio pleno de eventos culturais. de ex-posições a conferências, de passeios re-cheados de história a iniciativas focadas nas famílias, nada vai faltar para animar es-ta localidade minhota e chamar, também, vi-sitantes de fora.No próximo dia 18, um sábado, Pedro Portu-gal vai guiar os visitantes pela exposição “A Arte Que É”, da sua autoria, às 10h e às 17h, no Palácio Vila Flor. “A Arte Que É” desenvol-ve uma reflexão sobre a especificidade do pensamento artístico em relação a áreas co-mo a ciência ou a filosofia.No mesmo dia, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, haverá progra-ma familiar. Às 11h, para famílias com crian-ças até seis anos, e às 17h, para famílias com crianças dos sete aos 10 anos, e a preço de

cinco euros, poderá ser explorada a mostra “Para Além da História”, onde é desenhado um novo mapa de relações entre artistas e as formas produzidas.Domingo, dia 19, Catarina Pereira vai guiar os visitantes por uma exposição sobre peças de colecções locais que representam o patrimó-nio popular, religioso e arqueológico vimara-nense. Serão os “Passos em Volta”, às 11h, no Centro das Artes José de Guimarães.Entre os dias 16 e 18, é a vez de “A Beleza”, pe-quena conferência sobre a beleza perante crianças e jovens. Também no Centro das Ar-tes José de Guimarães.Finalmente, e agora exclusivamente para crianças, dia 18, Artomos e Gambozinos vão andar à solta no Palácio Vila Flor, às 15h. “Os Caminhos do Olhar” vão preencher os hori-zontes dos jovens, a 18 e 19, no mesmo local.

Maio é mês de cultura em Guimarães Os vimaranenses, e não só, vão poder usufruir de vastas iniciativas onde terão a possibilidade de estar lado a lado com a arte. Para todos, adultos e crianças, há opções que os podem colocar por dentro do que é cultura

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Escolhas &Sugestões/22

As cinco sábias 1

Ana Paula Machado tem a palavra, em mais uma sessão das “Conversas em torno de uma peça”, no dia 25 de Maio, no Museu Nacional de Soares dos Reis. A “conversa” será desta vez sobre 26 placas de esmalte, de Limoges, com cenas da “Peque-na Paixão”, de Durer. A prolife-ração de peças deste género levantou muitas dúvidas quanto à sua genuinida-de. No entanto, a colecção do museu portuen-se é considerada uma referência a nível europeu.Museu Nacional de Soares dos Reis, Pa-lácio dos CarrancasTelf.: 223 393 [email protected]

Casa da Música21h

PORTOConsagraçãoda Primavera

03 maiOs 100 anos da estreia de A Sa-gração da Pri-mavera, de Igor Stravinsky,com a evocação de novos valores

Page 23: Ponto Norte

PONTONORTE

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OntemAconteceuMAI, 02 2013

Salários ok V. Guimarães inscrito na UEFA O V. Guimarães regularizou os salários com três ex-atletas – Vítor Bastos, Rafa e Kaká – e, assim, preencheu todas as formalidades necessárias para a inscrição nas provas da UEFA da próxima época. Os vimaranenses estão na final da Taça de Portugal e são sextos no campeonato.

Vila real Futebol em vez de piscinas Manuel Martins, presidente da Câmara de Vila Real, anunciou que a autarquia desistiu do projecto das piscinas do Calvário e substituiu-o pela colocação de relva sintética no campo de futebol. “Não estavam reunidas as condições financeiras para o avultado investimento” das piscinas, justificou.

Bandeiras azuis Gaia e Porto mantêm, Matosinhos perde A Associação Bandeira Azul da Europa revelou que o Porto e Vila Nova de Gaia vão manter este ano as mesmas bandeiras azuis que em 2012 – 3 e 18, respectivamente. Pelo contrário, Matosinhos perdeu duas, Pedras Brancas e Conchinha, e fica com um total de 11.

Independente Guilherme na corrida a Gaia José Guilherme Aguiar vai mesmo concorrer como independente à Câmara de Gaia. Actual vereador em Matosinhos, chegou a ser indicado pela Concelhia de Gaia pelo PSD, liderada por Luís Filipe Menezes, mas viu o seu nome ultrapassado por Carlos Abreu Amorim. A candidatura é formalizada esta semana.

Iniciativas JS contra a austeridade O secretário-geral da Juventude Socialista (JS), João Torres, deu ontem início a um Roteiro da Austeridade. A primeira etapa passa pela Madeira, onde a JS tem previstas diversas iniciativas, até amanhã. Tudo contra “as políticas cegas de austeridade implementadas pelo Governo”.

Guimarães 2013 Governo dá 100 mil euros O Instituto Português do Desporto e Juventude e a Guimarães Cidade Europeia do Desporto 2013 assinaram um protocolo que prevê a entrega por parte do Governo de 100 mil euros àquela entidade. O valor é considerado “insuficiente” pela organização do evento para a construção de uma nova academia. Guilherme contra Amorim

Rui Riogaba-se de ter poupado em demasia

Mesquita Machado acreditano GNRation

As contas da Câmara do Porto de 2012 denunciaram um superavit maior do que o previsto. Rui Rio defende-se dizendo que as receitas ficaram a desejar e, por isso, não houve como realizar despesa. A oposição desconfia

Foi ontem inaugurado em Braga o GNRation, um espaço onde a juventude pode encontrar soluções criativas, tendo em vista o futuro no mercado de trabalho. Uma forma de tentar combater o calvário do desemprego jovem.

O presidente da Câmara Mu-nicipal do Porto, Rui Rio, admi-tiu que as contas da autarquia referentes a 2012 revelam que “o superavit foi maior do que poderia ser e que houve um excesso de prudência do lado da despesa”.De acordo com o “Jornal de Notícias”, Rui Rio proferiu es-tas declarações na sequência da aprovação pela Assem-bleia Municipal das contas de 2012, as quais revelaram, segundo a mesma fonte, uma dívida aos bancos supe-rior a 100 milhões de euros. A oposição denunciou que Rio “esconde números” e cri-

Mesquita Machado, presi-dente da Câmara de Braga, disse ontem que o GNRation, estrutura bracarense que es-timula o trabalho criativo, pode ser o “local ideal” para a juventude “dar largas à sua criatividade”. Para o autarca, “é preciso dar ferramentas à

ticou também o curto inves-timento realizado pela Câ-mara. O autarca defendeu-se afirmando que o supera-vit em 2012 “foi maior do que poderia ser pois quando a re-ceita cai tanto, acaba-se por ter um excesso de prudência do lado da despesa”. Entretanto, a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) do Porto anunciou que está a estudar como agir “do pon-to de vista legal” ao chumbo das contas da empresa e ain-da à dívida de 2,5 milhões de euros por parte do Executi-vo, devida desde os anos de 2010 e 2011.De acordo com a Câmara do Porto, citada pela Agência Lusa, “no plano político es-tão a ser tentadas diversas vias para tentar explicar ao Governo a reabilitação urba-na no Porto”.A SRU está desde Dezembro sem presidente. As contas do ano passado foram chumba-das pelo accionista maiori-tário, numa assembleia ge-ral realizada no passado dia 18 de Abril.O PS, na oposição, foi cáusti-co: “As contas foram chum-badas e agora não se sabe. Ou há vigarice ou má ges-tão”, acusou o vereador Ma-nuel Correia Fernandes.

juventude para se poder pre-parar para o mercado de tra-balho”, que visitou o GNRa-tion, nas antigas instalações da GNR, e assinalou a entra-da em funcionamento des-te equipamento destinado à criatividade artística e digi-tal, e ao empreendedorismo.“O GNRation é uma boa fer-ramenta para a juventude aprender novas coisas e criar os seus negócios. Estou certo de que vai ter um grande futu-ro”, disse Mesquita Machado.Por seu lado, o vereador da Juventude da autarquia de Braga, Hugo Pires, aprovei-tou a ocasião para referir que o concelho não irá render-se ao desemprego e tem pela frente “um futuro de rigor e sentido estratégico”.O dia de ontem foi preenchido por eventos no GNRation, que foi inaugurado a 1 de Maio, Dia do Trabalhador, para cele-brar, segundo a organização, “o empreendedorismo, a vida criativa e o futuro”.

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O presidente da Câmara

novamente na mira da oposição

“O GNRation é uma boa ferramenta para

a juventude” diz Mesquita Machado

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Porto Câmara não desiste da Feira do Livro A Câmara do Porto anunciou, em comuni-cado, que é favorável à edi-ção deste ano da Feira do Li-vro da cidade, embora exi-ja “condições mínimas” pa-ra a sua realização. A Fei-ra do Livro foi suspensa pe-la Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, depois de a autarquia não ter pror-rogado o protocolo anual de apoio, no valor de 75 mil eu-ros. O assunto dominou a úl-tima reunião do executivo portuense, anteontem, du-rante o qual os vereadores da oposição, PS e CDU, ape-laram ao consenso e a que a Câmara viabilize o evento.

Bebidas brancas Proibi-ção a menores En-trou ontem em vigor a lei que prevê a disponibilização ou consumo de bebidas espiri-tuosas a menores de 18 anos, e de cerveja e de vinho, a me-nores de 16. À Lusa, o secretá-rio de Estado adjunto do mi-nistro da Saúde, Fernando Leal da Costa, destacou que a legislação veio trazer meca-nismos mais eficazes de fis-calização, que passam a po-der encerrar os estabeleci-mentos, para efeitos de reco-lha de prova. Os menores fi-cam ainda proibidos de con-sumir álcool em locais públi-cos ou abertos ao público.

BREVES

Contas da Câma-ra do Porto re-

velaram dívidas aos bancos num

valor superior aos 100 milhões

de euros

Quando a receita cai tanto, acaba-

se por ter um excesso de pru-dência do lado

da despesa”rUi riO

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Page 24: Ponto Norte

Última

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À espera da decisão do mais cí-nico maquiavé-lico Mesmo alguns social-demo-cratas (bem conhecidos) só perce-bem a “teimosia” de Vítor Gaspar em aprofundar a austeridade e cortar mi-lhares de milhões de euros na despe-sa à luz de uma agenda pessoal, co-mo começou por ser falado na Irlan-da e esteve na base da manchete do Expresso na semana passada, com todo o mal-estar existente no Conse-lho de Ministros. Não entendem, po-rém, a obstinação de Pedro Passos Coelho na defesa do seu ministro das Finanças, admitindo quem conhe-ce bem o primeiro-ministro que ele não recuará no apoio, não adoptará, neste caso, procedimento semelhan-te ao que seguiu relativamente a Mi-guel Relvas.

Passos Coelho está amarrado à estra-tégia de Gaspar e irá com ele para o fundo, de nada adiantando as críticas e as previsões de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, onde é um “one man show” que torna absolutamente indi-ferente a presença da jornalista Judi-te de Sousa.Mas não são apenas os social-demo-cratas que aguardam o pior da obs-tinação pela austeridade de Gaspar e Coelho. Democratas-cristãos tam-bém. E começam a sair do “isolamen-to” e a sugerir que o melhor será dei-xar pelo caminho o PP se Paulo Portas insistir em governar o partido como seu dono e em fazer no governo o que o seu tacticismo político aconselha.No entanto, Portas é muito diferen-te de Coelho. É dotado de uma intui-ção rara, é muito esperto e inteligen-te e já perdeu a conta aos cadáve-res que meteu no armário. Tem ner-vos de aço, torna a frieza glacial e é o mais cínico dos maquiavélicos ge-rados pela política nacional. Mas há quem pense que Paulo Portas se can-sou de participar numa encenação que já não permite nada de prodigio-so e que estará a gerir ao milímetro o momento em que sairá do gover-no com mais uma importante cabe-ça para juntar ao número dos adver-sários políticos que deixou pelo ca-minho… O afastamento das peças no tabulei-ro é evidente.Vale a pena reflectir sobre o que es-creve Luís Miguel Novais na sua crónica do “Norte adormecido” que hoje publicamos.

EDITORIALAlfredo [email protected]

«Há quem pense que Paulo Portas se cansou de partici-

par numa encenação que já não permite nada de prodi-

gioso e que estará a gerir ao milímetro o momento em

que sairá do governo” 

Impresso em papel que incorpora 30 por cento de fibra reciclada, com tinta ecológica de base vegetal

6.ª f dom23.º 19.º

12.º

na Avenida dos Aliados. A noite é, uma vez mais, de festa: José Cid e Os Azei-tonas vão tomar conta do palco. O Dia da Beneficência e do Concer-to Promenade é na segunda-feira. Ao palco sobem os Block Party e os Su-pernada. Para terça-feira, está reser-vado um dos momentos mais espera-dos do ano para os estudantes: o Cor-tejo Académico, onde a cidade do Por-to pára para ver os estudantes. A noi-te é, por norma, uma das mais anima-das, sendo a vez de Quim Barreiros e a Banda Red entrarem em palco.O XXVI FITA – Festival Ibérico de Tu-nas Académicas realiza-se na quarta. No Queimódromo, é a vez de Mónica Ferraz e os Expensive Soul animarem a estudantada. A vez dos Knife Party e dos The Frederik darem o seu contri-buto a uma das principais festas aca-

démicas do país chega na quin-ta-feira.

Os Xutos & Pontapés e os Quinta do Bill farão a recep-ção dos estudantes na sex-ta-feira. No sábado, a en-cerrar a festa, actuam os

Gogol Bordello e os Brass Wires Orchestra. Finalmente, a

tarde de domingo, que marca ofi-cialmente o encerramento da Queima das Fitas, é passada na Garraiada, na Praça de Touros da Póvoa de Varzim.

A Monumental Serenata que, es-te ano e contrariando a tradição, vai decorrer

na Avenida dos Aliados, as-sinala na madrugada de sábado o início da Quei-ma das Fitas do Porto 2013. No Queimódromo, são os ritmos de Cruza-mente e Gabriel vo Pensador a animar a noite de centenas de jovens estudantes.O domingo começa com a Missa da Bênção das Pastas, às 11h, que decorre

DirectorAlfredo [email protected]

Chefe de RedacçãoManuel [email protected]

Director de ArteCarlos [email protected]

Editora do jornal digitalDiana Ramos [email protected]

Redacção Diana Ramos FerreiraPedro Emanuel Santos [email protected]

Susana Ferrador [email protected]

Colaboração fotográfica Emanuel Rocha [email protected]

Departamento Comercial Abel Ribeiro [email protected]

CorrespondênciaPraça Coronel Pacheco,33 - 4050-453 Porto

Endereço da empresaPoder da Narrativa- Edições, LdaRua do Almada,679 - Sala 103-1.º, Porto

Impressão Unipress

Distribuição Vasp

Tiragem 10 000Depósito legal n.º 356985/13PropriedadePoder da Narrativa– Edições, LdaContribuinte 510193277Capital social 5000 euros GerênciaPatrícia Teixeira

2.ª f 3.ª f 4.ª f19.º 23.º 26.º

10.º 9.º 13.º

sáb. 22.º

9.º 9.º

Queima das Fitas Durante uma se-mana, a festa académica vai animar milhares de estudantes universitários da cidade do Porto. De dia e de noite

A Queima das Fitas do Porto começa a aquecer na madrugada de sábado. Gogol Bordello, Block Party e Gabriel o Pensador cons-tituem-se como cabeças de cartaz do programa apresentado pela Federação Académica do Porto

Gabrielo Pensadorno arranqueda Queimado Porto

olimpíadas nacionais de informática Final decorre no Porto Os 28 finalistas já seleccionados competem amanhã por um lugar na final internacional da prova, a decorrer entre os dias 6 e 13 de Julho em Brisbane, Austrália. A final da prova nacional vai decorrer nas instalações do Departamento de Ciência de Computadores na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. As Olimpíadas Nacionais de Informática, que já se realizam desde 1984, são organizadas pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação, em parceria com a Faculdade de Ciências do Porto. Dirigidas a estudantes do ensino básico

e secundário, o objectivo é promover o gosto pela programação nos jovens. Amanhã, os jovens apurados vão realizar provas presenciais e individuais. Depois disso, a organização vai divulgar o número de representantes nacionais nas Olimpíadas Internacionais.

Feira Franca de maio Regressa a Famalicão Durante três dias, os Famalicenses vão ter a oportunidade de vivenciar de perto os costumes próprios da terra. A Feira Franca de Maio, também conhecida como Feira das Trocas ou Feira do Burro, arranca hoje e a organização promete muita animação. Os tocadores e os dançarinos dos grupos etnográficos do concelho

vão misturar-se com o povo, e haverá pessoas a desfilarem trajadas à época, desgarrada e muita dança. Estas são só algumas das actividades que serão desenvolvidas nesta festa tão tradicional de Vila Nova de Famalicão. Por ser uma feira do Minho, os produtos tradicionais da região também vão marcar presença. Haverá enchidos, mel, queijos, compotas, entre muitos outros. Para além disso, os visitantes vão ter ainda a oportunidade de apreciar e adquirir gado bovino, caprino, suíno, cavalos, aves de capoeira e mais.

Gabriel o Pensador volta a Portugal

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entrada no Queimódro-mo Bilhete sema-nal custa 56 eu-ros A tão desejada entra-da no recinto onde tudo po-de acontecer tem um cus-to de 56 euros, caso os es-tudantes prefiram comprar o bilhete semanal. Quanto aos ingressos diários, têm um custo de 7,5 euros pa-ra os estudantes e de 14 eu-ros para os não estudantes. Estes preços sofrem um au-mento de 50 cêntimos nas noites de quinta-feira, sex-ta-feira e sábado.A Casa do Infante acolheu, na terça-feira, a apresenta-ção do cartaz completo das noites da Queima das Fitas do Porto. Durante o evento, a vice-presidente da Fede-ração Académica do Porto (FAP), Sara Bastos, preferiu destacar a importância do evento académico “do pon-to de vista cultural” e finan-ceiro. Também o vereador da Câmara Municipal do Porto António Sousa Lemos se referiu à Queima como um acontecimento “virado para o exterior – cidade, re-gião e País”, sendo por isso “um dos maiores eventos ao nível do distrito”.

BREVE

Para terça-feira, está reservado

um dos momentos mais esperados do

ano: o Cortejo Académico

2 MAI

HOJE O céu vai apresentar-se pouco nublado ou limpo. As

temperaturas mínimas serão de 23 graus e máximas de 12º

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