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CURSO ON-LINE – CONHECIMENTOS GERAIS P/ SENADO FEDERAL PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 00 – GLOBALIZAÇÃO Olá, amigos, tudo bem? É uma grande satisfação estar com vocês nesse caminho rumo à aprovação! Hoje iniciamos mais um curso on-line no site do Ponto dos Concursos, voltado agora para o tão aguardado concurso do Senado Federal Antes de mais nada, permitam que nos apresentemos! Meu nome é Ricardo Vale e posso dizer que a minha relação com os concursos públicos começou bem cedo. No ano de 2001, fui aprovado na EsPCEx, onde concluí em 1 o lugar o curso preparatório de cadetes do Exército. No ano de 2002, ingressei na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), onde concluí em 2 o lugar minha formação em Ciências Militares. Em 2008, fui aprovado em 3º lugar no concurso de Analista de Comércio Exterior do MDIC, cargo em que atualmente exerço minhas atribuições. Desde o início de 2009, também dou aulas on-line aqui no site do Ponto, nas disciplinas de Comércio Internacional, Direito Internacional e Atualidades. Sou, ainda, autor do livro “Comércio Internacional – Questões Comentadas, Ed. Método, 2010”. Meu nome é Virgínia Guimarães e, ao contrário do Ricardo, a única relação que tive com concursos públicos foi quando fiz vestibular para a Universidade Federal e depois quando busquei o mestrado, em História, também numa Federal. Atualmente, dou aulas nas disciplinas de Atualidades e Geografia aqui no site do Ponto e em alguns cursinhos preparatórios. Bem, amigos, um dos concursos mais esperados para 2011 é o do Senado Federal, que deverá abrir vagas para os cargos de Técnico Legislativo, Analista Legislativo e, ainda, de Consultor. Sem dúvida alguma, a remuneração e as condições de trabalho de qualquer um desses cargos são excelentes, bem acima da média dos outros cargos públicos. Após a aprovação de novo plano de

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CURSO ON-LINE – CONHECIMENTOS GERAIS P/ SENADO FEDERAL

PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES 

www.pontodosconcursos.com.br                                                 1 

AULA 00 – GLOBALIZAÇÃO

Olá, amigos, tudo bem?

É uma grande satisfação estar com vocês nesse caminho rumo à

aprovação! Hoje iniciamos mais um curso on-line no site do Ponto dos Concursos,

voltado agora para o tão aguardado concurso do Senado Federal

Antes de mais nada, permitam que nos apresentemos!

Meu nome é Ricardo Vale e posso dizer que a minha relação com os

concursos públicos começou bem cedo. No ano de 2001, fui aprovado na EsPCEx,

onde concluí em 1o lugar o curso preparatório de cadetes do Exército. No ano de

2002, ingressei na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), onde concluí em

2o lugar minha formação em Ciências Militares. Em 2008, fui aprovado em 3º lugar

no concurso de Analista de Comércio Exterior do MDIC, cargo em que atualmente

exerço minhas atribuições. Desde o início de 2009, também dou aulas on-line aqui

no site do Ponto, nas disciplinas de Comércio Internacional, Direito Internacional e

Atualidades. Sou, ainda, autor do livro “Comércio Internacional – Questões

Comentadas, Ed. Método, 2010”.

Meu nome é Virgínia Guimarães e, ao contrário do Ricardo, a única

relação que tive com concursos públicos foi quando fiz vestibular para a

Universidade Federal e depois quando busquei o mestrado, em História, também

numa Federal. Atualmente, dou aulas nas disciplinas de Atualidades e Geografia

aqui no site do Ponto e em alguns cursinhos preparatórios.

Bem, amigos, um dos concursos mais esperados para 2011 é o do

Senado Federal, que deverá abrir vagas para os cargos de Técnico Legislativo,

Analista Legislativo e, ainda, de Consultor. Sem dúvida alguma, a remuneração e

as condições de trabalho de qualquer um desses cargos são excelentes, bem

acima da média dos outros cargos públicos. Após a aprovação de novo plano de

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carreira dos servidores do Senado Federal, esses cargos se tornaram ainda mais

atraentes.

O último concurso do Senado Federal ocorreu em 2008, tendo como

banca examinadora a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Nesse concurso, também

foram abertas vagas para Técnicos, Analistas e Consultores, tendo sido cobrada a

matéria de “Conhecimentos Gerais” para todos os cargos. Vamos dar uma olhada

em como foi o edital elaborado pela FGV no que diz respeito a essa disciplina?

Como vocês podem verificar, o edital é bastante amplo! Quando se fala

em “Conhecimentos Gerais”, não é mesmo? Isso porque, praticamente, qualquer

coisa pode ser cobrada e é aí que entra nossa participação!

Vocês terão inúmeras disciplinas para estudar para um concurso de alto

nível, como o do Senado e, portanto, precisam estudar as matérias da forma mais

objetiva possível, não é mesmo? E como poderemos ajudar? Bem, apesar da

amplitude dos tópicos que o edital propõe alguns assuntos são muito mais

prováveis de serem cobrados do que outros e é, exatamente, em cima desses que

nosso curso trabalhará!

Conhecimentos Gerais / Atualidades: Mundo Contemporâneo: elementos de

política internacional e brasileira. Cultura internacional. Cultura e sociedade

brasileira: música, literatura, artes, arquitetura, rádio, cinema, teatro, jornais, revistas

e televisão. Descobertas e inovações científicas na atualidade e seus impactos na

sociedade contemporânea. O desenvolvimento urbano brasileiro. Meio ambiente e

sociedade: problemas, políticas públicas, organizações não governamentais,

aspectos locais e aspectos globais. Elementos de economia internacional

contemporânea. Panorama da economia nacional.

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Nossa proposta nesse curso é, portanto, permitir com que vocês

estudem de forma mais objetiva a disciplina de Conhecimentos Gerais,

abrangendo todo o edital do concurso anterior. Assim, vocês não perderão tempo

procurando informações aqui e acolá, pois terão tudo aglomerado num só curso.

Sabemos que isso não é tarefa fácil, já que o assunto é amplo e se trata

de processos com embasamentos históricos inclusive, mas também não impossível!

Se fôssemos aprofundar em todos os assuntos, era melhor comprar um livro sobre

cada tópico do edital. Pois bem, aqueles que já conhecem o site do Ponto sabem

que a proposta não é aprofundar e sim fornecer subsídios suficientes para que os

concurseiros possam fazer uma boa prova. Dessa forma, nos deteremos apenas na

medida do necessário e naqueles pontos em que acharmos que têm maior

probabilidade de serem cobrados. Como faremos isso?

A estratégia para obter o melhor desempenho possível será, além de

apresentar toda a teoria, resolver inúmeras questões de concursos anteriores e

outras inéditas. Quanto a esse ponto, gostaríamos de deixar claro duas coisas

importantes:

1) Nós vasculhamos as últimas provas elaboradas pela FGV(banca que

realizou o ultimo concurso do senado) e encontramos várias questões de

Conhecimentos Gerais que são muito interessantes. Todavia, devido à amplitude

da nossa disciplina, as questões da FGV não serão suficientes para a abordagem

completa do assunto. Assim, utilizaremos também questões de outras bancas

examinadoras que possuem estilo semelhante ao da FGV.

2) Tendo em vista o dinamismo da matéria de Conhecimentos

Gerais/Atualidades, achamos fundamental a resolução de questões inéditas,

já que os assuntos que estão “na moda” podem nunca ter sido cobrados em

qualquer prova anterior.

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Pelo que pudemos observar em outras provas elaboradas pela FGV, a

nossa disciplina costuma ser cobrada em um nível, consideravelmente, alto e a

expectativa é que assim também o seja na prova do Senado Federal. Portanto, não

basta ler jornais e revistas! É necessário um aprofundamento maior nos temas

relacionados à economia, política, meio ambiente, sociedade, etc.

Para que possamos cumprir nosso objetivo e, ao final, todos estejam em

plenas condições de acertas todas as questões da prova de Conhecimentos

Gerais/Atualidades da Prova do Senado, nós dividimos nosso curso em 8 aulas,

de forma mais didática que o edital. Assim, seguiremos o seguinte cronograma em

nossa disciplina:

- Aula 00: Globalização

- Aula 01- Panorama Político-Econômico Mundial do século XX (01/10/2010)

- Aula 02- Organizações Internacionais e Blocos Regionais (08/10/2010)

- Aula 03- Conflitos Geopolíticos e Conflitos Étnicos (15/10/2010)

- Aula 04- A inserção do Brasil no Cenário Internacional (22/10/2010)

-Aula 05-Economia Brasileira: Agricultura, Industrialização e Desenvolvimento

Urbano (29/10/2010)

- Aula 06- Aspectos Demográficos – Brasil e Mundo (05/11/2010)

- Aula 07- Meio Ambiente, Energia e Tecnologia (12/11/2010)

- Aula 08- Cultura Internacional / Cultura e sociedade brasileira (19/11/2010)

Nas nossas aulas, iremos explanar todo o assunto e, ao mesmo tempo,

mostrar como ele já foi cobrado em provas anteriores. Podem ficar tranqüilos, serão

muitas questões de concursos anteriores! Aliás, acreditamos que isso pode ser um

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grande diferencial em sua preparação. Assim como o atleta que acorda cedo para

correr, o concurseiro tem que acordar cedo para resolver questões! Mas fiquem

tranqüilos, isso é passageiro! Depois da nomeação, tudo melhora e vocês terão

muito mais tempo para aproveitar a vida!

Todos preparados? Então chega de conversa e vamos logo para a nossa

aula!

_____________________x __________________________

GLOBALIZAÇÃO

1-Conceitos Iniciais

Apesar de todos nós já termos ouvido falar sobre esse termo, nem

sempre nos damos conta da proporção e influência da globalização nas situações

políticas, econômicas e sociais que vivemos atualmente. Para felicidade de uns e

tristeza de outros, é graças à globalização que temos tanta facilidade em encontrar

um Mc Donalds a cada esquina, ouvir Paul McCartney, Jack Johnson ou Beyoncé

com tanta freqüência. É por causa dela que nos sentimos tão à vontade para opinar

sobre decisões políticas tomadas pelos chefes de Estado da Inglaterra ou dos EUA,

discutir a legitimidade da ocupação do Iraque ou julgar o comportamento e a cultura

de povos que nem saberíamos da existência se não fosse a globalização. Pois

bem, os efeitos decorrentes da globalização nós já conhecemos, mas afinal, o que

é a globalização e por que ela acarretou tantas mudanças na nossa vida?

Devemos ter bem claro em nossas mentes que a globalização é um

processo e, como todo processo, não ocorreu do dia pra noite e possui implicações

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positivas e negativas que acarretaram mudanças em todos os aspectos mundiais,

sejam econômicos, sociais, culturais ou políticos.

Ao ouvirmos a palavra globalidade, nos remetemos imediatamente a uma

noção de conjunto, de integralidade ou de totalidade. O termo “globalização”

carrega consigo esse mesmo sentido de conjunto, transmitindo a idéia de algo

inteiro, completo, sugerindo uma integração. Desta maneira, globalizar seria o

oposto de dividir, marginalizar, expulsar ou excluir. A exclusão é justamente o

principal argumento dos opositores da globalização, já que presenciamos

cotidianamente o ressurgimento, em vários locais do planeta, de diversas

manifestações fundamentalistas, racistas e terroristas que a humanidade

considerava praticamente superadas. Globalização e exclusão são conceitos que

definem duas realidades interligadas, sendo que o primeiro sinaliza as

características atuais do processo de desenvolvimento do capitalismo em nível

mundial e o segundo trata de sua conseqüência mais visível e imediata.

“Mas, professores, como poderíamos conceituar esse fenômeno?”

Ótima pergunta! Definir globalização não é algo simples e tampouco há

consenso sobre isso entre os estudiosos, mas poderíamos, a grosso modo, dizer o

seguinte:

Globalização é um fenômeno de aprofundamento do intercâmbio

político, econômico, social e cultural entre as diversas nações do planeta

atualmente intensificado pelas profundas transformações e inovações

científicas e tecnológicas na área da comunicação e nos transportes.

Por meio dessa definição, percebemos que a globalização se manifesta

nos campos do comércio, das finanças e da produção internacional, aprofundando

a interdependência entre os países. Dessa forma, a globalização pode ser

entendida como um fenômeno com importantes desdobramentos políticos,

econômicos e socioculturais.

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A globalização, portanto, não pode ser compreendida como um processo

eminentemente comercial ou ainda um fenômeno puramente econômico-financeiro.

A abrangência da globalização é muito ampla, evidenciando-se no campo

econômico, político, social e cultural. Logicamente, ela é também um processo

ligado ao aprofundamento do intercâmbio comercial, mas não se restringe a isso.

Com a globalização, os mercados se tornam mais abertos e aumenta o

intercâmbio comercial. Isso é resultado da redução das práticas protecionistas, as

quais passam a ser menos acentuadas hoje do que se compararmos com o início

do século XX. O desenvolvimento dos meios de transporte e das comunicações

também foi um fator que causou aumento do fluxo comercial.

O aprofundamento do comércio internacional, apesar de contribuir para o

crescimento e desenvolvimento econômico dos países e melhoria da qualidade de

vida das populações, não o faz de forma equitativa. Assim não podemos dizer que o

crescimento e desenvolvimento econômico promovidos pela globalização sejam

iguais para todos os países. Alguns deles se mantêm à margem ou excluídos desse

processo. Podemos dizer, inclusive, que uma das características do processo de

globalização é a assimetria de oportunidades de desenvolvimento.

Da mesma forma que impulsionou o aumento dos fluxos comerciais, a

globalização causou impacto nas finanças. Com os meios de comunicação cada

vez mais desenvolvidos, é possível que capitais cruzem fronteiras em questão de

segundos. Assim, um investidor estrangeiro pode aplicar na BOVESPA e, de uma

hora para outra, retirar todo o seu dinheiro.

Também podemos dizer que a globalização gerou um outro tipo de

empresas: as multinacionais. Com isso, surge o fenômeno da internacionalização

da produção. As empresas buscam se instalar em países onde o custo da mão-de-

obra é mais barato, o que aumenta seus lucros. É só pensarmos na China que

teremos uma noção bem exata disso! Imaginem quantas empresas multinacionais

se instalaram neste país buscando reduzir seus custos! Muitas, não é mesmo?

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Vejamos como esses conceitos iniciais já foram cobrados em provas

anteriores:

_______________________x____________________________

1- (ESAF/AFRF-2002-1)- A respeito do processo de globalização, é correto afirmar que:

a) alcança indistintamente a todos os países, a despeito de seus respectivos níveis

de desenvolvimento econômico, tornando-os mais homogêneos política,

econômica, social e culturalmente.

b) é um processo eminentemente comercial associado à liberalização das trocas e

à expansão dos mercados nacionais em escala global, o qual aprofunda diferenças

econômicas entre os países.

c) se manifesta no entrelaçamento dos campos do comércio, das finanças e da

produção internacional e no aprofundamento da interdependência entre os países e

com importantes desdobramentos políticos, econômicos e socioculturais.

d) tem como cerne o crescimento e a aceleração dos fluxos financeiros

internacionais em virtude do movimento de capitais especulativos em escala global.

e) é um fenômeno fundamentalmente associado às estratégias das corporações

transnacionais objetivando expandir e consolidar sua presença nos mercados dos

países emergentes.

COMENTÁRIOS

A letra A está errada. Uma das principais características da globalização

é justamente evidenciar as heterogeneidades mundiais. Dentre elas, a

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desigualdade social é uma das mais evidentes, além da cultural, política e

econômica.

A letra B está errada. A globalização não é apenas um processo

comercial, abrangendo todas as áreas da sociedade.

A letra C está correta. O processo da globalização se explicita,

justamente, no entrelaçamento de vários campos: comercial, financeiro, cultural etc.

A letra D está errada. O cerne da globalização não é somente o

crescimento e a aceleração dos fluxos financeiros internacionais, mas também a

liberalização das trocas e a expansão dos mercados nacionais em escala global.

A letra E está errada. O fenômeno está muito mais ligado a iniciativas

governamentais de abertura dos mercados do que a estratégias das corporações

transnacionais para se instalarem nos países emergentes. Todavia, é evidente que

em um cenário em que os mercados estão mais abertos, as empresas têm buscado

se instalar em países onde a mão-de-obra é mais barata.

2- (FGV / Técnico Legislativo – Senado Federal -2008)- “Sobretudo a partir da década de 60 começou a surgir uma economia cada vez mais transnacional, ou seja, um sistema de atividades econômicas para as quais os territórios e

fronteiras de Estados não constituem o esquema operatório básico.”

(Hobsbawm, Eric. Era dos extremos – o breve século XX: 1914-1991, 1995.)

Entre os principais aspectos, diretos ou indiretos, dessa transnacionalização

não se destaca:

a) a nova divisão internacional do trabalho.

b) o crescimento de financiamento offshore.

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c) a formação de cadeias produtivas internacionais.

d) o aumento generalizado da remuneração do trabalho.

e) a maior eficiência nos setores de transporte e de comunicação.

COMENTÁRIOS

A letra A está errada. A nova divisão do trabalho é um dos grandes

destaques da transnacionalização das economias. Deste modo, um automóvel que

era produzido integralmente nos EUA, agora tem sua produção desmembrada por

diversos lugares do mundo a fim de baratear seu custo final.

A letra B está errada. Offshore é o nome dado à prática de registrar a

empresa em um “zona livre”, isto é constituir sociedades comerciais fora do país,

Nessas áreas , há, dentre outras coisas, isenções fiscais ou impostos reduzidos

sobre os rendimentos e acesso a certos tipos de financiamento internacional, a

juros baixos. Assim, segundo Eric Hobsbawm, o financiamento offshore foi “... uma

das primeiras formas de transnacionalização a desenvolver-se, mas também

uma das que demonstraram mais vividamente a maneira como a economia

capitalista escapava do controle nacional.”

A letra C está errada. A mudança na forma de produção internacional, ou

seja, a formação de cadeias produtivas internacionais é uma das características

deste tipo de economia. Como exemplo, basta pensarmos no desmembramento da

montagem de um automóvel em diversos países, conforme comentamos acima.

A letra D está correta. Infelizmente, o aumento generalizado da

remuneração do trabalho não foi um dos efeitos da globalização.

A letra E está errada. O destacado desenvolvimento econômico que ora

vislumbramos no mundo só pôde se concretizar devido ao salto de eficiência nos

setores de transporte e de comunicações.

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3- (FUNVERSA-CEB-2010)

 

A disseminação do McMundo 

Em seu livro Jihad versus McWorld, publicado em 1995, Benjamin Barber foi incrivelmente profético ao descrever nosso mundo complicado, em que dois cenários aparentemente contraditórios desenrolam-se simultaneamente: um onde “cultura é lançada contra cultura, pessoas contra pessoas, tribos contra tribos”, e outro onde “o ímpeto de forças econômicas, tecnológicas e ecológicas” exigem integração e uniformidade e hipnotizam as pessoas em todo o planeta com o universo fast de música, computador, comida, um McMundo unido pela comunicação, informação, entretenimento e comércio. (Worldwatch Institute. Citado em Conexões. Lygia Terra, Regina Araújo e Raul Borges Guimarães. São Paulo: Moderna, 2008.)

A partir das idéias expressas no texto e na figura, assinale a alternativa incorreta.

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a) A intensificação dos fluxos globais de tecnologias, capitais, pessoas e serviços

podem ser entendidos como uma das características da globalização.

b) Benjamin Barber estabelece, no título de seu livro, uma relação entre a fé

islâmica e o modo de vida das sociedades ocidentais.

c) Uma importante rede de lanchonetes é citada, ainda que de forma indireta, no

texto.

d) O texto menciona apenas aspectos negativos da globalização.

e) A figura que acompanha o texto remete ao extraordinário avanço das

comunicações no mundo atual.

COMENTÁRIOS

A letra A está correta. A globalização é responsável pela intensificação

dos fluxos globais de tecnologias, capitais, pessoas e serviços. Com a globalização,

a sociedade internacional tornou-se muito mais interdependente.

A letra B está correta. O título do livro – Jihad x McWorld- indica um

choque de culturas, mais especificamente entre a cultura islâmica e a cultura

ocidental. Jihad é um conceito da região islâmica que significa a busca pessoal pela

perfeita. Já no que diz respeito a Mc World, a referência a que a autor faz é a rede

Mc Donalds, que acabou se tornando um símbolo do capitalismo e da globalização

devido à sua grande expansão pelo mundo.

A letra C está correta. Conforme comentamos, quando o autor fala em

Mc World, a referência é à rede de lanchonetes Mc Donalds, que se tornou um

verdadeiro símbolo da globalização.

A letra D está errada. O texto faz alusão a aspectos positivos e negativos

da globalização. Fica fácil de visualizarmos isso quando é feita referência a dois

cenários aparentemente contraditórios. O primeiro cenário (negativo) é onde ocorre

o choque de culturas e “pessoas são lançadas contra pessoas”. O segundo cenário

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(positivo), por sua vez, é o que une as pessoas por meio da comunicação,

informação, entretenimento e comércio

A letra E está correta. A figura que acompanha o texto mostra duas

pessoas em lados opostos do globo apertando as mãos, o que simboliza o

estreitamento das distâncias e a facilidade de comunicação decorrentes da

globalização.

4- (FUNVERSA- HFA-2009)- O sítio eletrônico http://pt.wikipedia.org conceitua o termo globalização da seguinte maneira: “É um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural, política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI. É um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global que permita maiores mercados internos já estão saturados. O processo de globalização diz respeito à forma como os países interagem e aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração, aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos. Tomando esse conceito como referência, assinale a alternativa correta acerca da globalização e suas consequências: a) Um dos aspectos atuais da globalização é a união entre grandes grupos

empresariais, que buscam, com essa estratégia, redução de custos, maior

eficiência e, consequentemente, maior competitividade global. São exemplos desse

fenômeno as uniões Renault-Nissan e Itaú-Unibanco.

b) Em função da redução dos custos de produção, a globalização gerou, ao longo

do tempo, grande produção de riquezas, significativa melhoria nas condições de

vida e redução substancial da miséria na maior parte dos países do mundo, em

especial dos países mais pobres.

c) Com base no texto, é correto afirmar que a integração econômica global teve

início no final do século XX.

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d) Países que adotam regimes fechados, como Cuba e Coréia do Norte, não

participam, nem mesmo de maneira periférica, do processo de globalização;

e) Qualquer análise acerca da globalização só terá valor se se prender unicamente

a seus aspectos econômicos, uma vez que são irrelevantes os impactos

provocados por esse processo nas áreas culturais, sociais e do comportamento

humano.

COMENTÁRIOS

A letra A está correta. A fusão entre empresas é um fenômeno bastante

comum nos dias atuais, podendo ser encarado como um dos aspectos da

globalização. A união de grandes grupos empresariais proporciona aumento da

eficiência e da competitividade em escala global.

Muitas vezes, empresas concorrentes se unem como forma de evitar que

sejam literalmente “engolidas” por um concorrente. No Brasil, destacamos como

exemplo desse fenômeno a fusão entre Brahma e Antarctica, donde se originou a

AMBEV.

A letra B está errada. De fato, a globalização permitiu maior

desenvolvimento e crescimento econômico aos países, mas não o fez de forma

equitativa. Dessa forma, os países mais pobres não auferiram os benefícios da

globalização na mesma medida dos países desenvolvidos.

A letra C está errada. A integração econômica é um processo que teve

início após a Segunda Guerra Mundial, ou seja, na metade do século XX, quando

começaram a surgir os primeiros blocos econômicos.

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A letra D está errada. A globalização é um fenômeno que engloba todos

os países do mundo, inclusive aqueles que possuem regimes mais fechados, como

Cuba e Coréia do Norte.

A letra E está errada. A globalização é um fenômeno que se evidencia no

campo econômico, político, social e cultural. Logicamente, ela é um processo

intrinsecamente ligado ao aprofundamento do intercâmbio comercial e financeiro,

mas não se limita a isso. Assim, uma análise sobre a globalização não pode se

restringir aos aspectos econômicos.

________________________x________________________

2- A globalização e a nova ordem mundial:

A globalização é um fenômeno que se aprofundou no período após a

Segunda Guerra Mundial, o que foi motivado, preponderantemente, pelo processo

de mundialização do capitalismo. Esse processo tem início em virtude da

necessidade da reconstrução da Europa e do Japão. Por meio do plano Marshall

(programa de reconstrução da Europa) e das fusões entre as empresas industriais

americanas e européias, iniciam-se os movimentos internacionais de capitais.

Passamos, então, a assistir capitais e empresas americanas se deslocando para

diferentes partes do mundo. Esse processo teve como personagens principais a

emergência dos Estados Unidos como potência econômica e a transformação

interna das empresas americanas que se tornavam multinacionais. Assim, as

multinacionais se tornaram a expressão mais avançada de um sistema econômico

(capitalismo) que moldou as novas formas de organização interna e de relações de

trabalho.

A globalização não pode ser entendida também sem um outro importante

contraponto histórico: o surgimento, a expansão e a crise do sistema socialista, que

acarretou inúmeras conseqüências para seu opositor capitalismo.

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Após a Segunda Guerra Mundial, a humanidade passou por um período

conhecido como Guerra Fria. Durante esse período, os países se dividiram em dois

blocos econômicos distintos. De um lado, liderados pelos E.U.A, estavam os países

capitalistas; de outro, liderados pela URSS, estavam os países socialistas. Esses

dois grupos se lançaram numa disputa armamentista e geopolítica, buscando cada

um aumentar sua área de influência ao redor do mundo. Com arsenais nucleares

capazes de destruir a Terra em instantes, Estados Unidos e União Soviética, não

podiam, todavia, agredir-se diretamente. Era uma questão de sobrevivência!

Segundo o jornalista José Arbex Jr., a Guerra Fria foi muito além de uma

disputa armamentista ou geopolítica. Ela teve uma importante dimensão cultural,

que colocou em movimento um jogo simbólico do Bem contra o Mal. Ela mexeu

com a imaginação das pessoas, criando e reforçando preconceitos, ódios e

ansiedades. Temos certeza de que muitos de vocês já ouviram falar que

comunistas comiam criancinhas, não é mesmo? Pois bem, essa é apenas uma das

várias idéias anti-socialistas que perduraram até os dias atuais, pois ainda hoje meu

avô pode jurar que eles comiam sim, que eram perigosos e maus!

A Guerra Fria representou, nesse sentido, a oposição entre dois ideais: o

socialista e o capitalista. O objetivo dos socialistas era a constituição de uma

sociedade igualitária, na qual o Estado teria o controle dos bancos, das fábricas,

do sistema de crédito e das terras e, além disso, seria o responsável por distribuir

riquezas e garantir uma vida decente a todos os cidadãos. Já para os capitalistas, o

raciocínio era inverso. No ideal capitalista, a felicidade individual era o principal. O

Estado justo seria aquele que garantisse a cada indivíduo as condições de procurar

livremente o seu lucro e a sua própria felicidade. Segundo essa lógica, a solução

dos problemas sociais viria depois, ou seja, estava em segundo plano.

Nesse contexto, alguns acordos foram firmados entre diferentes países

que decidiam se alinhar a uma filosofia ou outra como, por exemplo, o Pacto de

Varsóvia e a OTAN. Considerando que o mundo estava dividido, a essa época, em

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dois grandes pólos, podemos dizer que a ordem mundial era ditada pela

bipolaridade.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada em 1949,

em pleno contexto da Guerra Fria. Também denominado Tratado de Washington, o

acordo que a instituiu estabelecia a manutenção de uma defesa coletiva pelas

partes. Assim, os Estados-membros da OTAN se comprometiam a assegurar

defesa mútua, firmando o compromisso de que uma agressão a um ou mais aliados

seria considerada uma agressão a todos.

Assinado em 14 de maio de 1955, o Pacto de Varsóvia firmava uma

aliança militar entre os países do Leste Europeu e a URSS, tornando real a divisão

do mundo em dois blocos. Assim como a OTAN, havia no âmbito do Pacto de

Varsóvia o compromisso de ajuda mútua em caso de agressão armada de outras

nações. Dessa forma, esse foi o principal instrumento da hegemonia militar da

URSS, sendo constituído por União Soviética, Alemanha Oriental, Bulgária,

Hungria, Polônia, Tchecoslováquia e Romênia.

É, amigos, como podemos perceber, eram dois blocos muito diferentes e

é por causa de tamanha oposição entre seus princípios que a implantação de um

deles só seria possível mediante o desaparecimento do outro. Nenhum país poderia

ser ao mesmo tempo capitalista e comunista. Então, para conquistar adeptos de

suas idéias, passou a ser utilizado, por ambos os blocos, o maior instrumento

ideológico da Guerra Fria: a propaganda! Foi por meio dela que o mundo foi

inundado com as mais diversas imagens que tentavam mostrar a superioridade do

modo de vida de cada sistema.

Como vimos, a Guerra Fria permeou os principais fatos políticos e sociais

no mundo inteiro, desde o término da Segunda Guerra até o final dos anos 80.

Assim, a lógica que dominou o mundo do século XX foi ditada pela expansão

geográfica do socialismo, que se contrapunha à formação dos monopólios

capitalistas. Com a decadência dos regimes socialistas, que perderam espaço para

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o capitalismo no final do século XX e início do século XXI, a globalização se torna

mais profunda.

Nos anos 80, começava a se configurar o quadro político internacional

que viria a culminar no fim da Guerra Fria, simbolizado, mormente, pela queda do

Muro de Berlim, em 1989 - resultado do intenso processo de reformas na União

Soviética, iniciado em 1985 pelo dirigente Mikhail Gorbatchev.

Em meio às muitas reformas propostas pelo presidente da União

Soviética, podemos destacar primeiramente as mudanças pretendidas por

Gorbatchev no plano econômico. Ao instituir a Perestroika (reestruturação da

economia), ele admitia a necessidade de se buscar novas formas de conduzir a

economia daquele país.

No plano político, Gorbatchev retomou negociações para dar fim à

corrida armamentista. No plano interno, libertou opositores do regime, viabilizou o

abrandamento da censura e permitiu que os problemas fossem discutidos

abertamente pela população. As reformas iniciadas na URSS logo se refletiram na

Europa socialista, onde os movimentos democráticos ganharam força para mudar o

panorama político do antigo bloco comunista.

Esse processo iniciado por Gorbatchev culminou no fim da própria União

Soviética, em 1991. Os Estados Unidos tornaram-se, assim, a única superpotência

mundial, tendo a bipolaridade chegado ao fim. Atualmente, pode-se dizer que o

mundo é multipolar, com a organização da economia girando em torno de blocos

econômicos.

Mas vocês podem estar pensando: “será que eu preciso saber tudo isso

pra fazer uma prova de Conhecimentos Gerais / Atualidades?” Na verdade, é

importante relembrarmos esses acontecimentos para que vocês possam entender o

mundo em que vivemos agora, compreender as reportagens que lêem e, como

consequência disso, fazer uma boa prova.

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Quando ainda estávamos no colégio, decorávamos que o estudo da

História tinha como objetivo “compreender o passado para melhorar o futuro”.

Apesar de durante a graduação em História (Virgínia falando!) eu ter mudado muito

minha compreensão, a frase que a professora me fez decorar no primário cabe

perfeitamente agora! Porque se vocês tiverem uma boa compreensão do passado,

certamente o SEU futuro melhorará. Isso porque, além de fazer uma ótima prova,

vocês também estarão aptos a compreender os mais diversos temas atuais.

Continuando, o fim do período de Guerra Fria foi impulsionado

principalmente por diversos movimentos pela democratização e pacificação que

pipocaram por todo mundo. Dentre esses movimentos, alguns são bastante

conhecidos por nós, como o Festival de Woodstock, ocorrido em agosto de 1969

no EUA e os movimentos pelas “Diretas-Já”, que tiveram início em 1983 no Brasil e

em outros países sul-americanos, como o Paraguai, o Chile, o Uruguai e a

Argentina.

A partir da década de 90, os países emergentes vivenciaram um período

de abertura de suas economias, integrando-as de maneira mais intensa ao cenário

global. A China tornou-se um dos gigantes econômicos da atualidade, evidenciando

alto grau de abertura econômica e conduzindo uma política comercial baseada na

competitividade das exportações. A Índia, por sua vez, começou a registrar forte

crescimento econômico a partir de 1991, quando o Estado deu início a amplo

processo de liberalização econômica, incentivando o investimento estrangeiro e

reduzindo barreiras comerciais.

Ainda em relação à Ásia, os países denominados “Tigres Asiáticos”

também devem ser citados como exemplos de alto nível de integração à economia

mundial. Esses países conseguiram ascender a altos níveis de desenvolvimento

econômico, por meio de um modelo de industrialização voltado para as

exportações, o qual incentiva o aperfeiçoamento tecnológico e competitividade dos

produtos. Na década de 90, o Brasil também experimentou um processo de

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abertura comercial, o qual teve início no governo do Presidente Fernando Collor de

Mello.

Se durante a Guerra Fria, nós tínhamos o mundo dividido em dois blocos

econômicos antagônicos, um capitalista e outro socialista, o que se vê na nova

ordem é uma grande segmentação do espaço econômico mundial, expressa na

constituição de diversas comunidades. Assim, é correto afirmar que, junto com a

globalização, ocorreu uma forte tendência entre os países da mesma região a se

organizarem em blocos, derrubando fronteiras econômicas para negociar seus

produtos e serviços entre si. Dessa forma, ocorre um fortalecimento dos mercados

regionais.

Esses mercados nada mais são do que "mega-blocos", que se formaram

em torno dos novos pólos de poder econômico mundial: um europeu, sob o

comando da CEE; outro asiático, liderado pelo Japão; e, na América do Norte, um

terceiro formado pelo Canadá e o México em volta dos Estados Unidos. Pra ficar

mais claro ainda...

Blocos Econômicos são reuniões de países que têm como objetivo principal a obtenção de crescimento econômico conjunto.

Em uma aula posterior, falaremos de forma mais aprofundada sobre os

principais blocos econômicos. Por hora, basta sabermos que estes surgiram como

uma das conseqüências da liberalização e representam a principal característica da

nova ordem mundial.

No cenário da globalização, há uma política econômica dominante em

escala mundial chamada neoliberalismo, também conhecida por Consenso de

Washington. Trata-se de medidas destinadas a promover o reajustamento

macroeconômico de países em desenvolvimento que estivessem atravessando

dificuldades. Segundo o entendimento dos neoliberalistas, o Estado deveria reduzir

os gastos públicos e permitir a abertura comercial por meio da liberalização

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comercial e da eliminação das restrições aos investimentos estrangeiros diretos. O

governo deveria intervir o mínimo possível, sendo estimuladas as privatizações e a

redução dos gastos sociais. O FMI adota o ideal neoliberal, impondo tais medidas

aos países aos quais concede empréstimos.

Se forçarmos um pouco a memória, nos lembraremos que, até alguns

anos atrás, a esquerda política brasileira fazia duras críticas ao governo em razão

de algumas medidas que estavam sendo tomadas, como a privatização de

empresas estatais. Essas medidas adotadas pelo governo nada mais eram do que

o aceite às políticas impositivas do FMI para realizar empréstimos ao Brasil

Sintetizando, o neoliberalismo tem como principais características:

1)- Amplas privatizações;

2)- Redução de subsídios e gastos sociais por parte do governos;

3)- Abertura da economia e eliminação de restrições aos investimentos

estrangeiros

4)- Desregulamentação do mercado de trabalho, permitindo formas de

contratação que reduzam custos das empresas..

Vejamos mais algumas questões de prova a respeito da globalização!

___________________________X__________________________

5- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- A globalização teve um forte impulso, a partir dos anos 90, com a integração da China, Índia e outros

países emergentes ao processo produtivo global.

Assinale a alternativa que não apresente uma conseqüência dessa integração.

a) Aumentou a demanda por commodities agrícolas e minerais.

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b) Estimulou os investimentos diretos externos (IDEs) entre países.

c) Provocou uma queda expressiva no custo de produção de bens industrializados.

d) Promoveu a expansão da terceirização internacional como a dos call centers.

e) Desarticulou as cadeias produtivas de bens materiais e serviços.

COMENTÁRIOS

A letra A está errada, pois a integração de outros países ao processo

produtivo global aumentou a demanda por commodities agrícolas e minerais para

sustento de suas indústrias. Esse novo processo industrial em que mais países

passam a participar ativamente do comércio mundial faz com que esses novos

“atores” necessitem de mais produtos agrícolas e minerais, aumentando assim, a

demanda por estes produtos.

A letra B está errada. No processo de integração promovido pela

globalização, investimentos externos são imprescindíveis para que esses outros

países possam entrar no “jogo” e participar ativamente do comercio internacional.

A letra C está errada. Com o aumento do numero de produtores de bens

industrializados pelo mundo, houve uma queda expressiva no custo de produção de

bens industrializados.

A letra D está errada. Devido aos baixos preços de mão de obra nesses

outros países, houve um significativo aumento da terceirização internacional de

serviços, como a dos call centers. A Índia é o país que mais se destaca na

prestação de serviços de call centers, fornecendo-os para diversas empresas ao

redor do mundo.

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A letra E esta correta. Não foi uma conseqüência da integração desses

países à economia mundial a desarticulação nas cadeias produtivas. Pelo contrário,

foi a partir dela que bens materiais e serviços adquiriram um novo formato como o

que vemos hoje.

6- (Questão adaptada - CESPE) – Acerca da globalização e suas repercussões na ordem política e econômica internacional, analise os itens a seguir e atribua a letra (V) para as assertivas verdadeiras e a letra (F) para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta:

I) A OTAN e o Pacto de Varsóvia constituem, atualmente, instrumentos para

as políticas externas dos Estados Unidos da América e Rússia.

II)- A globalização econômica contemporânea caracteriza-se pelo caráter simétrico das oportunidades de desenvolvimento e de inserção no mercado mundial.

III)- Contraditoriamente ao que se poderia supor, a globalização econômica produziu a segmentação do espaço econômico mundial, expressa por meio da formação de blocos econômicos regionais.

IV)- A globalização econômica permitiu que países emergentes como Taiwan e Coréia do Sul alcançassem altos níveis de desenvolvimento, enquanto outros países permanecem à margem da economia mundial.

a) FFVV

b) FVFV

c) FFVF

d) VVVF

e) VVFF

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COMENTÁRIOS

A assertiva I está errada. As funções da OTAN e do Pacto de Varsóvia

eram se contrapor, um ao outro, na defesa de seus interesses na política externa

mundial, durante a Guerra fria..

Com o fim da URSS e de suas ameaças à soberania americana e

capitalista no mundo, o papel da OTAN se redefiniu na nova ordem internacional, já

que o principal motivo de sua criação não existia mais. Assim, foi criado um novo

papel para a OTAN, que se tornou a base da política de segurança de toda a

Europa, (inclusive de seus ex-rivais do leste europeu) e da América do Norte.

Os países que integram a OTAN atualmente são: Alemanha Ocidental,

Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Países

Baixos, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Reino Unido, Turquia,

Hungria, Polônia, República Checa, Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia,

Eslováquia e a Eslovênia. Além desses, em abril de 2009, passaram a fazer parte

da OTAN a Croácia e a Albânia.

A assertiva II está errada. Como podemos perceber, o mundo hoje não

está mais dividido em apenas dois blocos. O que temos hoje é uma multipolaridade,

possibilitada, sobretudo, pela globalização. Entretanto, esse processo não oferece

oportunidades iguais de desenvolvimento econômico e social para os países. O que

podemos verificar é que a globalização cria um cenário em que há assimetria de

oportunidades de desenvolvimento.

A assertiva III está correta. Ao contrario do que o nome sugere, a

globalização não torna o mundo integrado e com homogeneidade de perspectivas.

Ao contrario, o que vemos é uma forte segmentação do espaço econômico

mundial, expressa por meio da formação de blocos econômicos regionais como o

MERCOSUL, UE etc.

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A assertiva IV está correta. A globalização econômica permitiu o

surgimento no cenário econômico mundial de novos protagonistas como China,

Taiwan e Coréia do Sul que alcançaram altos níveis de desenvolvimento. Em

contrapartida, outros países permanecem à margem da economia mundial com

muitos países africanos que não conseguem sequer estabelecer um governo

político que possa lhe dar a estabilidade mínima necessária.

7-(Questão adaptada- CESPE)- Assinale a alternativa incorreta a respeito da nova ordem mundial:

a) A globalização econômica produziu a segmentação do espaço econômico mundial, expressa por meio da formação de blocos econômicos regionais como o MERCOSUL.

b) No atual estágio da economia mundial, comumente denominado globalização, a formação de blocos tende a responder a determinados desafios, entre os quais se destaca a busca por melhor inserção em um mercado bastante amplo e competitivo.

c) Uma das principais razões que explicam a formação dos atuais blocos econômicos, entre os quais se situam a União Européia e o Mercado Comum do Sul, é o fato de oferecerem aos seus integrantes condições mais

favoráveis de inserção no competitivo mercado global.

d) Os blocos econômicos são reuniões de países que têm como objetivo a obtenção de crescimento econômico conjunto.

e)- É observada a formação de uniões econômicas regionais pela reunião de países geograficamente limítrofes ou não, onde perduram políticas de resistência à globalização da economia, impedindo o comércio com outros blocos econômicos e países para concentrar o aumento de riqueza dos países pertencentes ao próprio bloco.

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COMENTÁRIOS

A letra A está correta. Conforme apontamos, a nova ordem mundial se

baseia justamente em deixar de lado a bipolaridade para se fragmentar em vários

blocos econômicos como, por exemplo, o MERCOSUL, a ALCA ou a União

Européia.

A letra B está correta. Após a queda do muro de Berlim, que simbolizou a

derrocada do socialismo, o capitalismo ganhou sobreforça no mundo. O

crescimento do capitalismo impulsionou a competição por inserção em um mercado

que se ampliava a cada dia.

A letra C está correta. A formação de blocos econômicos permitiu

condições mais favoráveis de inserção no competitivo mercado global. Assim, a

integração regional gera o aumento da oferta de produtos; a redução dos preços e

a obtenção de ganhos de escala em razão do aumento do mercado consumidor.

Além disso, há incentivo à inovação tecnológica em razão da exposição à

concorrência em âmbito regional e a complementaridade entre as economias.

A letra D está correta. De fato, os países integrantes dos blocos

econômicos têm como principal objetivo obter crescimento econômico conjunto.

Ressalte-se, todavia, que este não é o único objetivo desses países. Com efeito,

também há objetivos de cunho político na constituição de blocos regionais.

A letra E está errada. O objetivo dos blocos econômicos não é erigir

barreiras em relação a terceiros países, mas sim liberalizar o comércio entre seus

integrantes. Dessa maneira, a formação de blocos econômicos não tem como

objetivo impedir o comércio com outros blocos econômicos e países. Não se trata

de insular esses países do mercado internacional, mas somente de aprofundar os

fluxos comerciais a nível regional.

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3- Efeitos da Globalização:

Segundo Oliveira (2009), a globalização engendra três importantes

processos, os quais seriam os movimentos internacionais de capitais, a produção capitalista internacionalizada e as ações internacionais de governo.

O primeiro deles possui um nome auto-explicativo. Esses movimentos

internacionais de capitais dizem respeito aos investimentos feitos por grandes

empresas em suas filiais nacionais e internacionais, se tornando a base de uma

superestrutura de absorção de capitais em todas as partes do mundo. Esse

movimento estimula o crescimento das finanças internacionais, dos depósitos em

bancos estrangeiros e dos investimentos em outros mercados.

O segundo processo, de internacionalização da produção capitalista,

incorporou a sua estrutura produtiva a admissão de mão-de-obra de outros países,

integrando deste modo mundialmente as empresas. Para termos uma idéia, só

entre as empresas multinacionais americanas, de 30 a 50 % de sua mão-de-obra

está fora dos Estados Unidos. Além disso, uma vez internacionalizada a produção

capitalista, abrem- se as comportas para que determinados produtos, anteriormente

monopolizados por poucos países, sejam internacionalizados - como

conhecimentos científicos e tecnologia - contribuindo ainda mais para

aproximação das economias nacionais.

O terceiro processo –ações internacionais de governo- é conseqüência

dos dois anteriores somados à necessidade de intervenção do Estado na economia

e em projetos de cooperação internacional. Deste modo, uma vez que os capitais

estão se movimentando pelo mundo e empresas estão se internacionalizando,

torna-se necessário o surgimento de organizações internacionais, que se tornam

uma realidade no pós Segunda Guerra mundial.

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ONU, OMC, FMI, BIRD. Se não fosse pela globalização, talvez essas

siglas não significassem nada pra nós. Entretanto, temos certeza de que todos já

ouviram falar delas, seja lendo um jornal ou assistindo a um noticiário.

A ONU – Organização das Nações Unidas – foi criada em 1945, após o

fim da Segunda Guerra Mundial, sempre tendo como foco principal a manutenção

da paz e da segurança internacionais. É uma organização que parte do princípio de

que diversos problemas mundiais podem ser mais facilmente combatidos por meio

de uma cooperação internacional. Não é raro ligarmos a TV e ouvirmos essa sigla

atrelada a problemas mundiais como pobreza, desemprego, degradação ambiental,

criminalidade, AIDS, migração ou tráfico de drogas.

Atualmente, as Nações Unidas e suas agências investem, em forma de

empréstimo ou doações, cerca de US$ 25 bilhões por ano em países em

desenvolvimento. Esses recursos destinam-se à proteção de refugiados,

fornecimento de auxílio alimentar - como vemos na África - , superação de efeitos

causados por catástrofes naturais – como vemos nos recentes exemplos do Haiti e

Chile. Além disso, auxiliam no combate a doenças, e reforçam o regime

democrático em várias regiões do mundo, já tendo apoiado mais de 70 eleições

nacionais.

A Organização Mundial do Comércio (OMC), por sua vez, é uma

organização internacional que tem como objetivo o crescimento e desenvolvimento

econômico por meio da liberalização do comércio internacional. Para isso, busca

uma melhor regulamentação do comércio internacional e a progressiva redução das

barreiras tarifárias. Para cumprir os objetivos a que se propõe, a OMC exerce

certas funções, quais sejam:

1- Administrar os acordos internacionais entre seus membros.

2-Servir como um fórum para as negociações internacionais de

comércio.

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3- Solucionar controvérsias comerciais entre seus membros.

4- Proceder à revisão das políticas comerciais dos países-membros.

5- Alcançar maior coerência global na formulação de políticas

econômicas em escala global, incluindo cooperação como o FMI e o Banco

Mundial.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização internacional

que pretende assegurar o bom funcionamento do sistema financeiro mundial e se

define como uma organização de 185 países, trabalhando por uma cooperação

monetária global para assegurar a estabilidade financeira, facilitar o comércio

internacional, promover altos níveis de emprego e desenvolvimento econômico sustentável, além de reduzir a pobreza. Dentre os seus principais

objetivos estão:

1)- Ajuda aos problemas financeiros que países membros venham a ter

(através do empréstimo de recursos com prazos limitados);

2)- Favorecimento da expansão equilibrada do comércio internacional.

3)- Contribuir para a instituição de um sistema multilateral de

pagamentos e promover a estabilidade dos câmbios.

Poderíamos falar abundantemente sobre cada uma das ações

internacionais de governo, pois elas deram origens a verdadeiros estados

internacionais. Todavia, o importante é termos bem claro que a unificação do capital

mundial com a força de trabalho mundial resultou num sistema que exigia a

formação de instituições supranacionais para regular suas ações.

A essa altura do campeonato, acho que todos concordamos que a

globalização trouxe uma indiscutível integração da sociedade, cultura e políticas

mundiais. Não queremos parecer um propagandista liberal levantando aqui uma

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bandeira pró-globalização, mas o fato é que junto com ela surgiram sim alguns

avanços que não podem ser ignorados.

A globalização das comunicações tem sua face mais visível na internet,

que permite um fluxo de troca de idéias e informações jamais visto na história da

humanidade. Um bom exemplo disso somos nós que estamos nesse momento nos

relacionando com pessoas das mais diversas regiões do Brasil. Em outro momento,

quando é que uma pessoa do interior de Minas Gerais teria aula com um professor

de Brasília? Mas com o advento da internet, cá estamos nós interagindo e

aprendendo além de, obviamente, desfrutar da tecnologia. Assim, é correto afirmar

que o processo de globalização diz respeito à forma como os países interagem e

aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração os

aspectos que falamos acima.

Vejamos como os efeitos da globalização foram cobrados em provas

anteriores:

8- (Questão adaptada- CESPE) Refletindo sobre os inúmeros aspectos da globalização analise as assertivas que seguem e atribua a letra (V) para as assertivas verdadeiras e a letra (F) para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta:

I- A atuação de organismos internacionais como o FMI e a OMC têm eliminado as concentrações e os desequilíbrios nas atividades econômicas, provocados

pelo avanço da globalização.

II- Uma das inovações trazidas pela globalização é o caráter autônomo da economia, ou seja, instabilidades políticas ou confrontações bélicas deixaram de exercer influência sobre os mecanismos de produção, circulação e fixação de preços das mercadorias.

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III- Em relação ao Brasil, o processo de globalização diminuiu a concorrência entre produtos agrícolas no mercado internacional, o que impulsionou a modernização da agricultura no país.

IV- O atual estágio da economia mundial, comumente identificado como globalização, tem nas inovações tecnológicas que se processam no campo das comunicações um de seus instrumentos fundamentais, pois elas permitem, entre outros importantes aspectos, a rápida circulação de informações e de capitais.

a) VVFF

b) VFVF

c) FFVV

d) FFFV

e)VVVF

COMENTÁRIOS:

A assertiva I está errada. A atuação do FMI e da OMC não tem sido

suficientes para eliminar concentrações e desequilíbrios nas atividades econômicas.

O que se percebe atualmente é que a globalização tem causado um aumento da

concentração e do desequilíbrio nas atividades econômicos. Conforme dissemos

anteriormente, a globalização é marcada pela assimetria de oportunidades. Dessa

forma, a questão está errada!

A assertiva II está errada. É exatamente o contrário! Um dos principais

efeitos da globalização é justamente a grande instabilidade que ela causa na

economia. Com o avanço dos meios de comunicação, as notícias se alastram na

velocidade de seus acontecimentos, influenciando decisivamente nas decisões dos

investidores mundiais. Os grandes investidores internacionais podem agora, com o

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simples acesso a um computador, retirar milhões de dólares de nações em que se

vislumbram problemas econômicos. Assim, o atual estágio das finanças

internacionais dá ensejo a movimentos especulativos de capitais e, ainda, faz com

que uma crise em um país se alastre rapidamente a vários outros.

A assertiva III está errada. A globalização tem como um de seus efeitos

o maior intercâmbio comercial entre os países por meio da liberalização do

comércio internacional. Assim, é natural que os produtos agrícolas brasileiros

sofram uma maior concorrência internacional, ao contrário do que afirma a questão.

Com o aprofundamento da concorrência, há necessidade de se modernizar a

agricultura a fim de reduzir custos e aumentar a produtividade.

A assertiva IV está correta. Se antes uma pessoa estava limitada à

imprensa local, agora ela mesma pode se tornar parte da imprensa e observar as

tendências do mundo inteiro em relação a qualquer assunto que ela se interesse,

tendo apenas como limitação a barreira lingüística. O mesmo ocorre com os

capitais, a cultura e as empresas que constroem filiais em vários lugares do mundo.

Lembram do que falamos anteriormente sobre um empresário poder mover milhões

com o simples apertar de uma tecla no computador? Então... tudo isso só é

possível graças às inovações tecnológicas que se processaram no campo das

comunicações. Portanto, estas inovações são um dos instrumentos fundamentais

para o estágio atual da economia.

9- (CESPE/INMETRO-2009) Nove jovens de 17 a 23 anos de idade, integrantes de um grupo neonazista, foram responsabilizados por soltar uma bomba caseira que feriu participantes da última Parada Gay de São Paulo. Eles são de uma gangue que prega a intolerância contra homossexuais. (Folha de S.Paulo, 5/12/2009, p. C3 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a amplitude do

tema por ele abordado, assinale a opção correta.

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a) a Intolerância como a noticiada no texto é própria de países emergentes, nos quais os níveis de educação formal e de cultura política de grande parte da população ainda estão longe de atingir os padrões clássicos de civilização.

b) Os grupos neonazistas, apesar da denominação que recebem, não seguem as ideias de Adolf Hitler, já que não querem ser associados à derrota sofrida pelo regime após a Segunda Guerra Mundial.

c) O fato citado no texto traduz uma das marcas da contemporaneidade, isto é, as manifestações de intolerância que costumam atingir, entre outros grupos, imigrantes e diversas minorias, como as étnicas e as religiosas.

d) Os países integrantes da UE — França, Itália e Alemanha à frente — esforçam-se por produzir legislação que, a ser seguida em todo o bloco, estimule a vinda de imigrantes para atuar em determinados setores da economia.

e) No mundo contemporâneo, práticas de intolerância costumam fundamentar-se em um nacionalismo xenófobo, razão pela qual não se verificam em atividades que fogem ao padrão clássico da política, como nas

competições esportivas.

COMENTÁRIOS

Segundo alguns dos ideólogos da globalização, esta é percebida como

um novo patamar civilizatório e como um processo inexorável, representando uma

nova forma de organização das sociedades, capaz de superar as identidades

nacionais e os particularismos, religiosos, étnicos e regionais.

No entanto, como já dissemos anteriormente, apesar do intuito de

integração, contraditoriamente, ressurgem em vários locais do planeta

manifestações fundamentalistas, racistas e terroristas que a humanidade

considerava quase superadas.

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A letra A está errada. A intolerância, ao contrário do que afirma a

questão, não é própria de países emergentes, existindo também em países

desenvolvidos.

A letra B está errada. O neonazismo está associado ao resgate do

nazismo criada por Adolf Hitler, portanto, esta totalmente conectado às suas idéias.

O movimento neonazista se baseia em preceitos racistas, primando sempre pela

"raça pura ariana". Os seguidores desse movimento promovem preconceito contra

grupos específicos, como homossexuais, negros, índios, judeus e comunistas.

Apesar de algumas correntes defenderem apenas a segregação da "raça pura

ariana" das demais "raças" (condenando agressões físicas contra tais grupos),

outras promovem explicitamente o ataque físico aos “impuros”.

A letra C está correta. Se você leu com atenção nossa aula já matou a

charada não é? Apesar do intuito de integração da globalização, ressurgiram, em

vários locais do planeta, diversas manifestações fundamentalistas, racistas e

terroristas que a humanidade já considerava quase superados.

A letra D está errada. Na União Européia, as leis sobre imigração e asilo

político variam muito de país para país. No entanto, há uma tentativa de

uniformização por meio do Pacto Europeu sobre Imigração e Asilo. O objetivo, de

forma alguma, é estimular a vinda de imigrantes para o país para atuar em

determinados setores da economia. Pelo contrário, há grande preocupação em

restringir a entrada de imigrantes.

A maioria dos países desenvolvidos estabelece um sistema de "cotas" e

realizam um processo de seleção dos imigrantes, medindo conhecimento da língua

e cultura do país que em que desejam morar. A intenção dessa seleção é criar um

sistema seletivo que privilegie a imigração de mão-de-obra qualificada.

Temos certeza de que muitos de vocês conhecem alguma universitária

ou graduada que foi morar nos Estado Unidos para trabalhar de baby-sitter para

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aprender inglês. No Brasil, qual o preço que teríamos que pagar para ter uma babá

com curso superior completo e carteira de motorista, como é exigido nos EUA? Não

pretendemos, de forma alguma, desmerecer esse trabalho - que é tão importante

quanto qualquer outro! Esse exemplo serve apenas para mostrar que os imigrantes

que entrarem nesses países não serão aproveitados em suas profissões originais,

isto é, não serão médicos, advogados ou professores de suas escolas e certamente

terão subaproveitadas as suas capacidades intelectuais.

A letra E está errada. No mundo contemporâneo, práticas de intolerância

estão presentes nos mais diversos seguimentos da sociedade e não se restringem

ao nacionalismo xenófobo. Assim, elas vão além de atividades que fogem ao

padrão clássico da política, evidenciando-se inclusive em competições desportivas.

Ano após ano temos notícia, por exemplo, de que um jogador de futebol sofre

discriminações racistas em gramados europeus.

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BIBLIOGRAFIA

ROSS, Jurandir Sanches (org). Geografia do Brasil. - 6ª- edição - São Paulo:

Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social.

Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

MAGNOLI, Demétrio. Geografia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2008.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora da Universidade de

São Paulo, 2008.

SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e território na

América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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LISTA DE QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA

1 (ESAF/AFRF-2002-1) A respeito do processo de globalização, é correto

afirmar que:

a) alcança indistintamente a todos os países, a despeito de seus respectivos níveis

de desenvolvimento econômico, tornando-os mais homogêneos política,

econômica, social e culturalmente.

b) é um processo eminentemente comercial associado à liberalização das trocas e

à expansão dos mercados nacionais em escala global, o qual aprofunda diferenças

econômicas entre os países.

c) se manifesta no entrelaçamento dos campos do comércio, das finanças e da

produção internacional e no aprofundamento da interdependência entre os países e

com importantes desdobramentos políticos, econômicos e socioculturais.

d) tem como cerne o crescimento e a aceleração dos fluxos financeiros

internacionais em virtude do movimento de capitais especulativos em escala global.

e) é um fenômeno fundamentalmente associado às estratégias das corporações

transnacionais objetivando expandir e consolidar sua presença nos mercados dos

países emergentes.

2- (FGV / Técnico Legislativo – Senado Federal -2008)- “Sobretudo a partir da década de 60 começou a surgir uma economia cada vez mais transnacional, ou seja, um sistema de atividades econômicas para as quais os territórios e fronteiras de Estados não constituem o esquema operatório básico.” (Hobsbawm, Eric. Era dos extremos – o breve século XX: 1914-1991, 1995.)

Entre os principais aspectos, diretos ou indiretos, dessa transnacionalização não se destaca:

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a) a nova divisão internacional do trabalho.

b) o crescimento de financiamento offshore.

c) a formação de cadeias produtivas internacionais.

d) o aumento generalizado da remuneração do trabalho.

e) a maior eficiência nos setores de transporte e de comunicação.

3- (FUNVERSA-CEB-2010)

A disseminação do McMundo

Em seu livro Jihad versus McWorld, publicado em 1995, Benjamin Barber foi incrivelmente profético ao descrever nosso mundo complicado, em que dois cenários aparentemente contraditórios desenrolam-se simultaneamente: um onde “cultura é lançada contra cultura, pessoas contra pessoas, tribos contra tribos”, e outro onde “o ímpeto de forças econômicas, tecnológicas e ecológicas” exigem integração e uniformidade e hipnotizam as pessoas em todo o planeta com o universo fast de música, computador, comida, um McMundo unido pela comunicação, informação, entretenimento e comércio.

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(Worldwatch Institute. Citado em Conexões. Lygia Terra, Regina Araújo e Raul Borges Guimarães. São Paulo: Moderna, 2008.)

A partir das idéias expressas no texto e na figura, assinale a alternativa incorreta.

a) A intensificação dos fluxos globais de tecnologias, capitais, pessoas e serviços

podem ser entendidos como uma das características da globalização.

b) Benjamin Barber estabelece, no título de seu livro, uma relação entre a fé

islâmica e o modo de vida das sociedades ocidentais.

c) Uma importante rede de lanchonetes é citada, ainda que de forma indireta, no

texto.

d) O texto menciona apenas aspectos negativos da globalização.

e) A figura que acompanha o texto remete ao extraordinário avanço das

comunicações no mundo atual.

4- (FUNVERSA- HFA-2009)O sítio eletrônico http://pt.wikipedia.org conceitua o

termo globalização da seguinte maneira:

“É um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural, política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI. É um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global que permita maiores mercados internos já estão saturados. O processo de globalização diz respeito à forma como os países interagem e aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração, aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos.

Tomando esse conceito como referência, assinale a alternativa correta acerca

da globalização e suas consequências:

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a) Um dos aspectos atuais da globalização é a união entre grandes grupos

empresariais, que buscam, com essa estratégia, redução de custos, maior

eficiência e, consequentemente, maior competitividade global. São exemplos desse

fenômeno as uniões Renault-Nissan e Itaú-Unibanco.

b) Em função da redução dos custos de produção, a globalização gerou, ao longo

do tempo, grande produção de riquezas, significativa melhoria nas condições de

vida e redução substancial da miséria na maior parte dos países do mundo, em

especial dos países mais pobres.

c) Com base no texto, é correto afirmar que a integração econômica global teve

início no final do século XX.

d) Países que adotam regimes fechados, como Cuba e Coréia do Norte, não

participam, nem mesmo de maneira periférica, do processo de globalização;

e) Qualquer análise acerca da globalização só terá valor se se prender unicamente

a seus aspectos econômicos, uma vez que são irrelevantes os impactos

provocados por esse processo nas áreas culturais, sociais e do comportamento

humano.

5 (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008) A globalização teve um forte impulso, a partir dos anos 90, com a integração da China, Índia e outros países emergentes ao processo produtivo global.

Assinale a alternativa que não apresente uma conseqüência dessa integração.

a) Aumentou a demanda por commodities agrícolas e minerais.

b) Estimulou os investimentos diretos externos (IDEs) entre países.

c) Provocou uma queda expressiva no custo de produção de bens industrializados.

d) Promoveu a expansão da terceirização internacional como a dos call centers.

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e) Desarticulou as cadeias produtivas de bens materiais e serviços.

6- (Questão adaptada- CESPE) – Acerca da globalização e suas repercussões na ordem política e econômica internacional, analise os itens a seguir e atribua a letra (V) para as assertivas verdadeiras e a letra (F) para as falsas.

Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta:

I) A OTAN e o Pacto de Varsóvia constituem, atualmente, instrumentos para as

políticas externas dos Estados Unidos da América e Rússia.

II)- A globalização econômica contemporânea caracteriza-se pelo caráter simétrico

das oportunidades de desenvolvimento e de inserção no mercado mundial.

III)- Contraditoriamente ao que se poderia supor, a globalização econômica

produziu a segmentação do espaço econômico mundial, expressa por meio da

formação de blocos econômicos regionais.

IV)- A globalização econômica permitiu que países emergentes como Taiwan e

Coréia do Sul alcançassem altos níveis de desenvolvimento, enquanto outros

países permanecem à margem da economia mundial.

a) FFVV

b) FVFV

c) FFVF

d) VVVF

e) VVFF

7-(Questão adaptada- CESPE)- Assinale a alternativa incorreta a respeito da nova ordem mundial:

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a) A globalização econômica produziu a segmentação do espaço econômico

mundial, expressa por meio da formação de blocos econômicos regionais como o

MERCOSUL.

b) No atual estágio da economia mundial, comumente denominado globalização, a

formação de blocos tende a responder a determinados desafios, entre os quais se

destaca a busca por melhor inserção em um mercado bastante amplo e

competitivo.

c) Uma das principais razões que explicam a formação dos atuais blocos

econômicos, entre os quais se situam a União Européia e o Mercado Comum do

Sul, é o fato de oferecerem aos seus integrantes condições mais favoráveis de

inserção no competitivo mercado global.

d) Os blocos econômicos são reuniões de países que têm como objetivo a obtenção

de crescimento econômico conjunto.

e)- É observada a formação de uniões econômicas regionais pela reunião de países

geograficamente limítrofes ou não, onde perduram políticas de resistência à

globalização da economia, impedindo o comércio com outros blocos econômicos e

países para concentrar o aumento de riqueza dos países pertencentes ao próprio

bloco.

8- (Questão adaptada-CESPE)- Considerando os inúmeros aspectos da globalização, analise as assertivas que seguem e atribua a letra (V) para as assertivas verdadeiras e a letra (F) para as falsas. Em seguida, marque a

opção que contenha a seqüência correta:

I- A atuação de organismos internacionais como o FMI e a OMC têm eliminado as

concentrações e os desequilíbrios nas atividades econômicas, provocados pelo

avanço da globalização.

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II- Uma das inovações trazidas pela globalização é o caráter autônomo da

economia, ou seja, instabilidades políticas ou confrontações bélicas deixaram de

exercer influência sobre os mecanismos de produção, circulação e fixação de

preços das mercadorias.

III- Em relação ao Brasil, o processo de globalização diminuiu a concorrência entre

produtos agrícolas no mercado internacional, o que impulsionou a modernização da

agricultura no país.

IV- O atual estágio da economia mundial, comumente identificado como

globalização, tem nas inovações tecnológicas que se processam no campo das

comunicações um de seus instrumentos fundamentais, pois elas permitem, entre

outros importantes aspectos, a rápida circulação de informações e de capitais.

a) VVFF

B) VFVF

C) FFVV

D) FFFV

E)VVVF

9- (CESPE/INMETRO-2009) Nove jovens de 17 a 23 anos de idade, integrantes de um grupo neonazista, foram responsabilizados por soltar uma bomba caseira que feriu participantes da última Parada Gay de São Paulo. Eles são de uma gangue que prega a intolerância contra homossexuais. (Folha de S.Paulo, 5/12/2009, p. C3 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a amplitude do

tema por ele abordado, assinale a opção correta.

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a) a Intolerância como a noticiada no texto é própria de países emergentes, nos

quais os níveis de educação formal e de cultura política de grande parte da

população ainda estão longe de atingir os padrões clássicos de civilização.

b) Os grupos neonazistas, apesar da denominação que recebem, não seguem as

ideias de Adolf Hitler, já que não querem ser associados à derrota sofrida pelo

regime após a Segunda Guerra Mundial.

c) O fato citado no texto traduz uma das marcas da contemporaneidade, isto é, as

manifestações de intolerância que costumam atingir, entre outros grupos,

imigrantes e diversas minorias, como as étnicas e as religiosas.

d) Os países integrantes da UE — França, Itália e Alemanha à frente — esforçam-

se por produzir legislação que, a ser seguida em todo o bloco, estimule a vinda de

imigrantes para atuar em determinados setores da economia.

e) No mundo contemporâneo, práticas de intolerância costumam fundamentar-se

em um nacionalismo xenófobo, razão pela qual não se verificam em atividades que

fogem ao padrão clássico da política, como nas competições esportivas.

GABARITO

1. C

2. D

3. D

4. A

5. E

6. A

7. E

8. D

9. C

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AULA 01- PANORAMA POLÍTICO-ECONÔMICO MUNDIAL DO SÉCULO XX

Olá pessoal, tudo bem?

Alguns de vocês podem estar se perguntando qual a finalidade de haver

uma aula inteira sobre o panorama político-econômico mundial do século XX em um

curso como esse! No entanto, amigos, temos que pensar que todas,

absolutamente todas as situações políticas, econômicas, sociais e ambientais

pelas quais passamos na atualidade tiveram origem em algum momento, não é

mesmo?

Por isso, a aula é muito importante para o nosso aprendizado. A partir

dela, compreenderemos melhor as transformações que vemos hoje à nossa volta,

ou seja, para compreender a dinâmica do processo, é imprescindível que

conheçamos o próprio processo, suas origens e aí então poderemos entender

suas conseqüências.

Um exemplo disso que estamos dizendo é o “recente” ataque de Israel

ao comboio humanitário ocorrido no dia 31 de maio de 2010. Como

compreenderíamos tal fato se não tivermos o entendimento acerca das disputas

nas quais esse país está inserido?

Ou ainda, como entenderemos a atual estrutura institucional da ONU e

suas assimetrias de poder se não soubermos o contexto político-econômico em que

ela surgiu?

Deixaremos estes assuntos para aulas futuras, mas os exemplos são

importantes para ilustrarmos o quão conectados estão os acontecimentos!

Portanto, pessoal, prestem atenção, ok?

___________________________X___________________________

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1- SISTEMAS POLÍTICO-ECONÔMICOS MUNDIAIS

Há basicamente dois sistemas econômicos no mundo atual: o

Capitalismo e o Socialismo. Mas qual a importância, ou qual a finalidade desses

sistemas econômicos existirem? Bem, são esses sistemas econômicos que

oferecem certa unidade aos diferentes países do mundo - que passam a buscar

mais ou menos a mesma coisa no setor econômico e político. Apesar disso, não é

tentativa de uniformização que faz com que esses sistemas sejam tão importantes

de serem estudados. Como se diz por aí: o buraco é mais embaixo!

Quando nos referimos a esses sistemas políticos e econômicos,

estamos, na verdade, nos referindo à divisão que houve no mundo durante a

Guerra Fria entre países capitalistas e socialistas. Estudar isso pode até parecer

meio sem graça, uma vez que já sabemos quem mata e quem morre no final, não é

mesmo? Entretanto, é importante termos uma compreensão mais aprofundada do

funcionamento de cada um desses sistemas, o que os caracteriza e,

principalmente, o que os opõem.

Para compreendermos tanto um quanto o outro, é necessário analisar

um mesmo episódio histórico: a Revolução Industrial, ocorrida na Grã-Bretanha do

século XVIII. Foi a partir desse acontecimento que a sociedade passou a ser

dividida em duas classes basilares à sustentação do capitalismo: burguesia e

proletariado. A existência e as discrepâncias entre essas classes sociais tornaram-

se o alvo principal das críticas dos intelectuais, que formularam, a partir daí, um

regime opositor ao capitalismo: o socialismo.

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1.1 Capitalismo

Sem a existência desse sistema, jamais estaríamos no estágio em que

nos encontramos: com uma economia tão integrada e com “tentáculos” nos mais

diversos lugares do mundo. Dentre os dois sistemas existentes, podemos afirmar,

com toda certeza, que o capitalismo foi o grande personagem dentro da Nova

Ordem Mundial. Isso porque obteve um relevante crescimento de sua importância

no mundo após a Segunda Guerra mundial e um solavanco maior ainda após a

queda do muro de Berlim, resultando na globalização que falamos na aula

demonstrativa.

A grande pergunta que fica depois de ter lido tudo isso é de onde vem

então essa essência da globalização chamada capitalismo. Calma, pessoal, não

vamos transformar isso aqui em uma aula de História! Porém, é importante

lembrarmos que, antes de chegar no estágio em que estamos, houve outros que

solidificaram e contribuíram para que o sistema capitalista assumisse a

configuração atual. Bem, ao longo de seu processo histórico, o capitalismo

apresentou três períodos principais, conhecidos como capitalismo comercial,

industrial e financeiro.

O Capitalismo comercial teve início nos séculos XVI e XVII com as

grandes navegações e se baseou, principalmente, na circulação de mercadorias.

Alguns estudiosos chegam a afirmar que foi com o início das grandes navegações,

que surgiu a abertura dos mercados, já “preparando o terreno” para a globalização.

Essa idéia ganha força quando pensamos que foi a partir dessas navegações que

os europeus passaram a ter contato com outras economias, mercados e produtos.

Todavia, como já vimos na aula anterior, a globalização é muito mais do que uma

simples competição econômica, não é mesmo? Ela engloba a difusão de valores e

estilos de vida ocidentais e a formação de blocos de poder que desafiam a

soberania do Estado. Além disso, ela traz ao palco novos atores principais, como as

corporações e as empresas transnacionais.

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Após o capitalismo comercial, temos a fase do capitalismo industrial.

Este possui um nome auto-explicativo! De qualquer modo, vale lembrar que no

Século XIX, a Inglaterra e a Europa Ocidental foram envolvidas pelo processo de

industrialização e uma nova divisão internacional do trabalho foi gerada. Assim,

temos que lembrar que este período foi marcado pelas transformações nas técnicas

e no modo de produção. Passou-se, então, a utilizar as máquinas em larga escala,

tornando ultrapassados os procedimentos artesanais utilizados no modelo de

produção anterior.

Por fim, e mais importante para resolvermos as questões na prova,

temos o capitalismo financeiro, que se baseia principalmente em um tipo de

economia em que o grande comércio e a grande indústria são controlados pelos

bancos comerciais e outras instituições financeiras. Porém, para compreendermos

bem como chegamos a esse estágio, é preciso voltarmos ao panorama político e

econômico mundial do século XX.

Passados os estágios do capitalismo comercial e industrial, chegamos

ao século XX, na fase do capitalismo monopolista-financeiro. Nessa etapa, os

grandes propulsores do desenvolvimento econômico são o sistema bancário, as

grandes corporações financeiras e o mercado globalizado. Foi nesta fase que o

capitalismo travou suas batalhas mais difíceis com o socialismo, que se

apresentava bem mais sólido em algumas regiões do mundo do que no século

passado.

E é exatamente no século XX que manteremos nossa atenção para

compreender como se formaram as áreas de influência capitalista e socialista. Mas

afinal, o que é o capitalismo?

A definição mais comum de capitalismo é a de que ele é um sistema

econômico que se baseia na propriedade privada dos meios de produção.

Contudo, o capitalismo possui outra e mais complexa definição, que confunde a

grande maioria das pessoas.

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“Capitalismo é a organização econômica que resulta do sistema político de direitos individuais à vida, propriedade e liberdade.”

Por exemplo, imagine que nós perguntássemos a vocês qual país do

mundo é capitalista hoje em dia. A grande maioria responderia que quase todos,

não é mesmo? E por quê? Porque a tendência mundial é que haja respeito aos

direitos individuais, à vida e à propriedade – ainda que nem sempre isso ocorra na

intensidade que deveria. É claro que alguns países se aproximam muito mais do

ideal de capitalismo do que outros que ainda possuem tantas dificuldades de

respeitar os direitos individuais (como os países mais pobres do mundo).

E porque falamos, a todo o momento, de expansão capitalista,

classificando os próprios sistemas políticos de capitalistas?

Chamamos o sistema político de Capitalismo por ser ele intrínseco aos

efeitos econômicos conhecidos por este nome, ou seja, classificamos como

capitalistas países onde há existência de bancos, empresários, indústrias, dinheiro,

trabalho assalariado e juros.

Nesse sentido, os Estados Unidos da América são a grande potência

defensora da organização capitalista, sendo, inclusive, um dos países que mais se

aproximam de seu ideal. Na medida em que a hegemonia americana vai

disseminando pelo mundo, seu “American Way of Life”, todos passam a ter contato

com as pretensões capitalistas e, ao se alinhar às suas idéias, os países passam a

ser classificados assim também.

De qualquer modo, a consolidação do capitalismo revelou, no fim do

século XX, a crescente interdependência entre os países e uma relativa

padronização das condições de existência das sociedades humanas.

“Como assim, professores? Vocês querem me convencer de que todos

no mundo vivem igualmente?”

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Com toda certeza não!

A diversidade fica, a cada dia, mais clara diante dos nossos olhos e a

qualidade de vida de um morador dos EUA não passa nem perto da de um

habitante do norte da África. Entretanto, quando falamos de padronização, é

preciso lembrar que ela se refere muito mais às modalidades de produção,

distribuição e consumo de bens do que efetivamente à qualidade de vida das

pessoas. Assim, não seria exagero dizer que a maior parte dos países do mundo

conhecem, produzem e consomem Cola-Cola e Mac Donalds.

Em razão dessa padronização e interdependência, é comum ouvirmos

dizer que o mundo se tornou o paraíso para as multinacionais. Essas empresas

estão sempre buscando compor novas organizações, cadeias de auxílio e alianças

– com parceiros de diferentes países, que atuem em setores afins, complementares

ou diversos aos seus. Tudo isso tem o objetivo principal de monopolizar ou

cartelizar os mercados e é em função disso, alianças e fusões, que megaempresas

foram formadas. Como exemplo, citamos o caso das 6 maiores empresas de pneus

do mundo, que atualmente controlam 80 % de todo o mercado mundial.

Se por um lado a mundialização do capital trouxe uma crescente

integração de mercados e capitais, ela também mostrou um problema mundial

básico ainda hoje não resolvido: a fome.

Depois da Primeira Guerra Mundial, o capitalismo sofreu várias

mudanças e uma das mais significativas diz respeito ao seu principal representante.

Se antes a Inglaterra e a França despontavam como defensores do sistema, com a

guerra, os EUA alcançaram uma posição de destaque no cenário capitalista,

sobretudo devido ao comércio de armas com os países envolvidos no conflito. E

por que isso ocorreu? Porque foi durante e nos anos imediatamente posteriores à

Primeira Guerra que o comércio estadunidense teve seu ápice de vendas. Durante

o desenrolar da Primeira Guerra Mundial, as indústrias dos EUA produziam e

exportavam em grandes quantidades, principalmente para os países que não

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tinham como produzir o que necessitavam devido à turbulência militar pela qual

estavam passando. Dessa forma, os EUA assumiram o papel de grande

abastecedor mundial, o que levou sua produção industrial ao auge.

É no século XX que este sistema atinge uma outra fase chamada de

capitalismo monopolista! Essa fase é marcada por algumas características como

_ forte concentração dos capitais, criando os monopólios;

_ fusão do capital bancário com o capital industrial;

_ exportação de capitais, que supera a exportação de mercadorias;

_ surgimento de monopólios internacionais que partilham o mundo entre si.

Pois é, pessoal, as características dessa fase do capitalismo são

importantíssimas para que compreendamos como o sistema deixou de ser

competitivo para ser monopolista.

Se observarmos à nossa volta, perceberemos, ainda hoje, essas

características em nossa realidade, já que a maior parte dos lucros e do capital do mundo cruza o sistema financeiro, não é mesmo? Pois bem, praticamente todas as

empresas inseridas em uma economia de mercado vendem seus produtos a

diferentes países, mantendo o que foi classificado como monopólio internacional de

algumas empresas. Quem arrisca questionar que a Coca-Cola monopoliza o

mercado?

Tudo bem, nós sabemos que existem vários outros refrigerantes “cola”

por aí! Entretanto, de Xangai à Montevidéu, sempre se encontrará a tal da Coca-

Cola. E por quê? Porque ela monopoliza, juntamente com outras poucas empresas,

o comércio mundial, mantendo ativo um comércio de grandes proporções.

Outro ponto é o que a informatização dos sistemas foi capaz de fazer, já

que a movimentação e transferência de valores passaram a ser feitas quase em

tempo real. Isso gerou uma fusão entre o capital bancário e o industrial, uma vez

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que todas as operações financeiras passam pelo sistema bancário! É claro,

pessoal, que as indústrias e o comércio têm lucros estrondosos, porém os sistemas

bancário e financeiro são os que mais lucram e acumulam capitais dentro deste

contexto econômico atual.

E por que estamos falando tudo isso agora? Porque foi a partir desse

novo estágio capitalista, que tinha como lideranças representativas os EUA e a

Inglaterra, que novas teorias foram desenvolvidas e disseminadas pelo mundo. Foi

na metade do século XX, pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, que

aconteceu a Conferência de Bretton Woods. Idealizada pelos Estados Unidos, ela

estabeleceu pela primeira vez na história uma ordem monetária totalmente

negociada entre Estados para governar as relações monetárias ente eles.

Bretton Woods foi o nome dado a uma conferência realizada em 1944

entre 45 países, que se reuniram com o objetivo de conduzir a política econômica

mundial. Ora, mas como se daria essa condução? Como o sistema Bretton Woods

foi o primeiro modelo de uma ordem econômica totalmente negociada para reger as

relações entre Estados, era necessário criar-se instituições que regulassem seus

objetivos.

Ainda que muitos de vocês nunca tenham ouvido falar de Bretton Woods,

temos certeza de que já se cansaram de ouvir a respeito de suas instituições: FMI e

BIRD. Essas duas instituições foram criadas justamente para definir e regular os

procedimentos da política econômica internacional. Haverá uma aula em que

trataremos detalhadamente de cada uma delas, mas pra ninguém ficar “boiando”

vamos a uma passada rápida, ok?

O BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento)

tinha como tarefa inicial financiar a reconstrução dos países europeus destruídos

durante a Segunda Guerra Mundial, mas atualmente, sua incumbência fundamental

é o incentivo ao desenvolvimento de projetos de infraestrutura em países em

desenvolvimento. Essa tarefa é desempenhada por meio de financiamento e

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empréstimos aos países em desenvolvimento que apresentem rendas médias e

possuam bons antecedentes de crédito.

Já o FMI (Fundo Monetário Internacional) almejava zelar pela

estabilidade e garantir o bom funcionamento do sistema financeiro mundial por meio

do monitoramento das taxas de câmbio e da balança de pagamentos, o que é feito

com amparo técnico e financeiro. Mas o que seria exatamente esse

monitoramento?

Bem, o FMI fiscaliza a taxa de câmbio dos países na intenção de evitar

que eles a desvalorizem intencionalmente. Isso mesmo: desvalorizem, nós não

escrevemos errado!!

Os estados intervêm em suas economias desvalorizando suas próprias

moedas a fim de importar menos e exportar mais, contribuindo para geração de um

superávit na balança comercial, entenderam? Porém, isso é uma medida

protecionista chamada de “desvalorização competitiva”, que o FMI busca impedir

para que os países não prejudiquem um suposto livre funcionamento do mercado

Foi a partir dessa conferência que o Capitalismo foi reconhecido como o

melhor sistema econômico a ser utilizado na contemporaneidade e teve difundidos

os seus conceitos pelo mundo, adquirindo significativas zonas de influência política.

Para estabelecer uma efetiva influência sobre os países da Europa que

foram arrasados pela guerra, os EUA lançaram o Plano Marshall, a fim de

reconstruir o que a guerra havia destruído. Assim, a partir de 1947, a nova potência

do pós-guerra passou a injetar bilhões de dólares no velho continente,

impulsionando a sua reconstrução.

Pois é, amigos, com diz a música, “tudo muda no mundo o tempo todo”.

Se antes da Primeira Guerra Mundial, o nosso “tempo” era influenciado pelo grupo

de cinco potências formadas por Reino Unido, França, Alemanha, Império Austro-

Húngaro e Rússia, a partir da Segunda, não são mais eles que determinam os

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rumos de outras nações. Deste modo, o quadro de forças internacionais, no qual a

Europa reinava soberana, foi dissolvido, dando origem a um “novo reinado”: o dos

Estados Unidos da América.

E foi assim que tudo fluiu para que se consolidasse o sistema capitalista

que temos hoje, caracterizado pelo crescente avanço da Globalização e do poder

das classes empresárias dominantes, ou seja, das multinacionais.

Bem, amigos, agora seria o momento de falarmos das áreas que foram

influenciadas pelo capitalismo. Porém, como o domínio desse sistema foi bastante

extenso, é mais fácil enumerarmos os socialistas do que os capitalistas.

Porém, antes de elencar os países sob a influência comunista,

precisamos saber o que é esse regime? Onde surgiu? O que ele defende e por

quê? Nesse sentido, uma vez que já entendemos a lógica dominante no

capitalismo, certamente será mais fácil compreendermos a doutrina socialista, que

foi constituída para combatê-lo, não é mesmo?

Vamos ver como a Fundação Getúlio Vargas já cobrou a respeito do

capitalismo em prova!

1- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- A expansão financeira global ocorrida nos últimos anos levou à atual crise do sistema capitalista iniciada nos Estados Unidos e na Europa. Entre as idéias levantadas para enfrentá-la, encontram-se as do economista inglês John Maynard Keynes (1883/1946), que tiveram forte influência para a saída da crise iniciada em 1929.

Assinale a afirmativa que resume uma das idéias básicas do pensamento keynesiano, aplicável tanto na crise de 29 quanto na crise atual.

a) O Estado deve intervir nos momentos de crise para salvar a economia de

mercado.

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b) O mercado é o único elemento que tem os recursos para enfrentar as crises

cíclicas.

c) O Estado deve punir os grupos financeiros que não honraram seus

compromissos.

d) O mercado é livre e nesse caso as crises são resolvidas pela lógica da oferta e

da procura.

e) O Estado deve utilizar as verbas que seriam gastas com o bem-estar social para

auxiliar os bancos falidos.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. O pensamento ou doutrina keynesiana é uma

teoria econômica que ganhou destaque no início da década de 1930, quando o

capitalismo, regido por princípios liberais, viveu uma de suas mais graves crises. As

ideias keynesianas surgem apontando, justamente, a importância da intervenção do

Estado na economia.

A letra B está errada. Keynes afirmava que o Estado deveria buscar

formas para se conter o desequilíbrio da economia, portanto, era ele quem possuía

recursos para enfrentar as crises cíclicas.

A letra C está errada. Segundo esta doutrina, dentre outras medidas, era

visto como de fundamental importância que o governo concedesse linhas de crédito

a baixo custo para o setor privado. Dessa forma, a economia se reaqueceria de

modo geral.

A letra D está errada. O pensamento proposto por Keynes transformou

radicalmente o papel do Estado frente à economia, e deixou em total descrédito as

velhas crenças liberais do “laissez faire”, ou seja, não acredita na capacidade do

mercado se autorregular.

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A letra E esta errada. Em nenhum momento, a doutrina Keynesiana

defende a idéia de utilização de verbas que seriam gastas com o bem-estar social

para auxiliar os bancos falidos.

1.2 Socialismo

O sistema socialista pode ser entendido como:

“Um conjunto de teorias socioeconômicas, ideologias e políticas,

que postulam a abolição das desigualdades entre as classes sociais. "

Apesar de ter surgido na França, em contraposição a uma realidade

específica, o socialismo desenvolveu-se para além do seu lugar de origem e foi se

moldando de acordo com as necessidades do local onde era veiculado. Portanto,

muitas configurações desse sistema foram cunhadas para dar vazão a toda

angústia das classes menos favorecidas e, por isso, essas teorias começaram a

ganhar influência, sobretudo, entre estas.

Muito embora existam diferentes linhas socialistas, a base de todas elas

abarcava, como principais símbolos, a defesa da limitação do direito à

propriedade privada e o controle dos principais recursos econômicos pelos

poderes públicos - para, a partir daí, promover a igualdade social, política e

jurídica.

A maior parte dos defensores do socialismo acredita que o seu opositor

capitalismo incita a concentração de riquezas e poder nas mãos de uma minoria.

Segundo eles, toda essa opulência só se mantém às custas da exploração do

trabalho alheio, criando assim uma sociedade injusta e desigual. Portanto, os

críticos do capitalismo sempre ressaltam que esse sistema não oferece

oportunidades iguais para todos, dificultando com que todos maximizem suas

potencialidades.

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Ora, é claro que essas idéias de igualdade foram muito bem aceitas,

principalmente naquelas regiões onde a industrialização era menos desenvolvida e

a pobreza era crescente, como no caso da URSS. Foi nesse país que, após uma

forte crise política e econômica, apareceu a primeira concretização das teorias

socialistas. Nesse sentido, foi no governo de Lênin que a sociedade soviética viveu

a primeira experiência socialista do mundo, materializando conceitos como a

Reforma Agrária e a estatização de bancos e fábricas como principais métodos

para se acabar com as desigualdades sociais existentes.

Até agora nós só temos utilizado o termo socialismo, não é mesmo?

Muitos de vocês devem ter dúvidas a respeito da diferença entre socialismo e

comunismo, não é? Até porque esses dois conceitos são utilizados com muita

frequência como sendo uma coisa só. Todavia, eles não o são!

Como vimos, as ideias socialistas surgiram na França em contraposição

à nova realidade que a Europa vivia com a Revolução Industrial. Já as ideias

comunistas passaram a existir somente após a Revolução Russa. Assim, embora

ambas as teorias caminhem para o mesmo objetivo - luta contra a desigualdade

social -, existem certas diferenças conceituais entre as duas palavras.

O socialismo parte do pressuposto de que os problemas sociais só

existem porque existem desigualdades entre os indivíduos. Como assim? Os meios

de produção são o que diferenciam um individuo do outro e, portanto, a

socialização dos meios de produção resolveria o problema. Por isso, o sistema

socialista visa à extinção da propriedade privada.

Para tanto, o governo se encarregaria de cuidar do cidadão desde seu

nascimento e, posteriormente, esse indivíduo seria obrigado a seguir regras rígidas

e a trabalhar para todos, sempre sob a coordenação do Estado. Deste modo, a

existência do Estado para coordenar a socialização dos meios de produção e

defender os interesses da coletividade ainda é necessária.

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Do mesmo modo, no comunismo também não existem classes sociais e

propriedade privada, mas também não existe a figura do Estado regulador e

protetor do bem comum, e essa é a grande diferença! Como costumam dizer, é

como se o Comunismo fosse uma evolução do socialismo, em que não há mais a

obrigação de existência de um Estado para tomar as decisões políticas, que seriam

assumidas pelo povo. Nenhum país do mundo atingiu essa etapa, pois nenhuma

sociedade moderna nunca foi regida sem um Estado.

A primeira experiência socialista vivida no mundo só foi possível após a

Revolução Russa, ou seja, ela se materializou no momento em que se formulavam

conceitos comunistas, fazendo com que o senso comum tratasse os dois conceitos

como sendo a mesma coisa!

Pessoal, como geralmente é um ponto obscuro, acho bom esclarecermos

aqui que a formação da URSS ocorreu em 1922, portanto, após o socialismo já ter

sido implantado na Rússia. Especialmente nesse país, o sistema foi modificado

através de um movimento revolucionário que resultou na detenção do poder político

por defensores do socialismo.

Assim, a URSS foi formada a partir da junção da antiga Rússia com

várias pequenas nações, o que conferiu um pioneirismo a esse país, que se tornou

o principal e mais forte representante do socialismo no mundo. Apesar dessas

pequenas nações terem aceitado se vincular à Rússia, a grande maioria dos países

que compuseram o bloco socialista tiveram o novo sistema imposto ao final da

Segunda Guerra Mundial.

Após esse episódio, a URSS se fortaleceu e polarizou no cenário

mundial uma ferrenha disputa com os EUA, que também buscava ampliar sua

influência no mundo. Deste modo, enquanto a Europa Ocidental se beneficiava do

Plano Marshall - principalmente Reino Unido, França, Alemanha Ocidental, Bélgica

e Holanda- o socialismo se alastrava pelo Leste europeu. Com exceção da

Iugoslávia, que se insurgiu em 1948, todas as democracias populares dessa região

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foram forçadas a admitir a interferência de Stalin, que não hesitou em usar a força

repressora para ter o controle político e econômico desses países.

E foi por meio de coação e investimentos que a URSS dominou a região

oriental da Europa e deu força política aos partidos stalinistas na Albânia, Bulgária,

Romênia, Hungria, Tchecoslováquia e Polônia. Além desses, temos como símbolos

socialistas a China, Cuba, Laos, Coréia do Norte e Vietnã.

Em novembro de 2009, o mundo comemorou o aniversário de 20 anos

da queda do muro de Berlim, vocês se lembram?

Pois é, pessoal, vinte anos atrás, quando o muro veio abaixo, era claro e

notório o descontentamento popular dentro dos países onde reinava o modelo

socialista. Esse sentimento tinha como origem principal as inúmeras propagandas

que o bloco capitalista fazia de si mesmo como um sistema quase perfeito, com

liberdade e boas condições de vida para todos. E por que estamos falando desse

tal muro agora? Porque a sua queda é o grande símbolo do início das mudanças no

espaço socialista.

Se, outrora, o muro “escondia” as belezas e monstruosidades do mundo

capitalista, após sua queda os habitantes do outro lado puderam conhecer de perto

as inúmeras mudanças pelas quais o mundo havia passado nas duas últimas

décadas em que o muro os isolava.

Assim, em 9 de novembro de 1989, o mundo abandonou a polarização

que viveu durante a Guerra Fria entre comunismo e capitalismo e adentrou numa

nova fase, em que o sistema capitalista era o grande vitorioso.

Porém, pessoal, uma vez em contato com os “mistérios” do mundo

capitalista, muitas pessoas que acreditavam ser possível usufruir apenas do lado

bom desse sistema ou o enxergavam como um modelo de sistema equilibrado,

começaram, em pouco tempo, a sentir os problemas do desemprego, do

desequilíbrio social e da frustração profissional. Com o declínio do stalinismo na ex-

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URSS, houve uma deterioração das condições de vida da grande maioria da

população. Do dia para a noite, a economia socialista, que antes era conduzida e

protegida de forma quase paternalista pelo Estado, foi colocada diante das

turbulências do mercado. Essa exposição teve como principal conseqüência uma

forte instabilidade nas áreas da educação, saúde, habitação e principalmente,

emprego. Além disso, todas as transformações que ocorreram no Leste europeu

fizeram com que o mapa político desse continente fosse modificado em decorrência

do nascimento de um grande número de novos Estados nacionais

Assim, a desintegração da URSS e o fim da política de bipolaridade

trouxe profundas mudanças econômicas para aqueles países que haviam optado

por uma economia planificada. Com a reunificação da Alemanha, novos paradigmas

foram firmados e a mundialização da economia capitalista levou também ao Leste

europeu integração pela interdependência e uma relativa uniformização das

condições de existência das sociedades humanas. Como assim? Empresas

multinacionais foram para o centro da produção material daqueles países, houve

uma mudança na estrutura de produção, distribuição e consumo dos bens e

serviços, etc.

Mas, afinal, o que levou à derrocada do comunismo?

Nos anos 80, a URSS vivia uma situação econômica muito complicada,

em que a população e os movimentos sociais e trabalhistas estavam à beira de um

verdadeiro colapso. Os níveis de produção caiam a cada ano e o desemprego

aumentava cada vez mais – apesar do governo não divulgar. Assim, a qualidade de

vida tornava-se cada vez pior para a maior parte da população. Tanto a falta de

alimentos e produtos básicos quanto a precariedade da prestação de serviços (luz,

água, telefone) atingiram a URSS, evidenciando que algo precisava ser mudado

pelo governo antes que os movimentos sociais ganhassem ainda mais força. Por

isso, as mudanças ocorreram!

Vocês já ouviram falar da glasnost e da perestroika?

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A glasnost (transparência) e a perestroika (restauração da economia)

foram reformas lançadas pelo presidente da URSS Mikhail Gorbatchev em 1985.

Dentre as principais medidas levadas a cabo, destacamos a redução dos gastos

com defesa, o fim do monopólio do partido comunista e maior liberdade de

expressão à população. Tais reformas levaram ao desfacelamento da URSS, sendo

que as repúblicas que a constituíam, juntamente com a Federação Russa,

formaram a CEI (Comunidade dos Estados Independentes).

“Mas, professores, então quer dizer que o socialismo não mais existe

hoje em dia?”

Ótima pergunta, amigo! Atualmente, existem algumas controvérsias em

como considerar os casos do socialismo de Cuba, China, Coréia do Norte e Vietnã,

por exemplo. É preciso uma análise cuidadosa de cada um deles, por terem

características peculiares, como a indústria do turismo em Cuba ou a existência de

salário e lucro na China.

Mas, afinal, por que precisamos saber que houve essa polarização do

mundo em dois sistemas e que essa disputa se acirrou ainda mais depois da

Segunda Guerra Mundial?

Bem, para compreendermos os conflitos geopolíticos atuais será

fundamental que tudo o que lemos até aqui esteja bem claro para, a partir disso,

compreendermos melhor o cerne das disputas que ainda hoje fazem parte da nossa

realidade. Além disso, há questões em provas onde esses conhecimentos são

exigidos. Vamos dar uma olhada!

2- (Questão adaptada- CESPE)- A geografia política das relações internacionais foi nitidamente alterada, no século XXI, por uma série de mudanças nos eixos do poder mundial. Com relação a essas mudanças podemos afirmar que:

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I) Houve um declínio relativo dos Estados hegemônicos do Atlântico Norte e a

transferência do eixo de poder para países do Pacífico e do Índico.

II) Os países do Atlântico Norte são o grupo formado por Japão, China, Índia e os

Tigres Asiáticos.

III) Com o fim da multipolaridade vivenciada pelo mundo durante o período da

Guerra Fria, houve a possibilidade do surgimento de novos atores com relevância

no cenário internacional.

IV) Apesar de ter auferido grande desenvolvimento, países como a China e o Japão

não conseguem interferir significativamente no mercado mundial.

V) A economia voltada para o aumento das importações foi o modelo adotado pelo

Brasil e outros países da América Latina, que pretendiam ganhar mais mercado em

todo o mundo.

Marque a alternativa: a) se somente os itens I e II estiverem corretos. b) se somente os itens III e IV estiverem corretos.

c) se somente os itens II, III e IV estiverem corretos.

d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.

e) se somente o item I estiver correto.

COMENTÁRIOS

A assertiva I está correta. Houve mesmo um declínio relativo desses

países, já que outros passaram a ter visibilidade no cenário internacional. Assim, há

uma nova tendência das relações internacionais, que é a transferência de poder

dos Estados hegemônicos do Atlântico Norte para os países do Pacífico e do

Índico.

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A assertiva II está errada. Os países do Atlântico Norte são o grupo

formado por EUA e os países europeus, os quais constituíam, durante o período de

Guerra Fria, o bloco capitalista. Já os países do Pacífico que vêm ganhando espaço

no cenário econômico internacional são Japão, China, Índia e os Tigres Asiáticos.

A assertiva III está errada. Foi com o fim da bipolaridade vivenciada

pelo mundo durante o período da Guerra Fria, que instaurou-se uma ordem

multipolar, possibilitando o surgimento de novos atores com relevância no cenário

internacional. Assim, surgiram os blocos regionais, havendo uma fragmentação de

poder no campo econômico.

Ainda nesse contexto, surgiram também os chamados Tigres Asiáticos,

países que implementam um modelo de industrialização voltado para exportações –

Hong Kong, Singapura, Coréia do Sul e Taiwan.

A assertiva IV está errada. Nos últimos anos, pudemos notar uma grande

ascensão da China e da Índia, países dotados de população numerosa e com

elevado potencial exportador. Estes dois países integram o grupo conhecido como

BRIC’s e, além de seu poder econômico, também podem ser considerados

potências militares. O Japão, por sua vez, é também uma das maiores economias

do mundo, sendo um líder mundial no desenvolvimento de tecnologia e pesquisas

científicas.

A assertiva V está errada. Tanto no Brasil, quanto em outros países

latino-americanos, a substituição de importações foi o grande “lema” dos governos,

que se empenharam em propiciar o desenvolvimento de uma industrialização que

pudesse favorecer essa meta.

3- (Questão adaptada- CESPE) - A ONU, criada em um momento bastante distinto do de hoje, vem sofrendo forte pressão por reforma institucional para agregar mais legitimidade política ao sistema multilateral de segurança

coletiva. Com base nessa afirmação podemos afirmar que:

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I) A ONU foi criada em 1945, num momento em que havia uma sutil diferença na

ordem internacional se comparado ao que é hoje em dia. Assim, fica difícil entender

o porquê da necessidade de mudanças no sistema que a rege.

II) O Conselho de Segurança da ONU é órgão responsável pela manutenção da paz

e segurança internacionais e possui 15 membros, sendo 5 membros permanentes e

10 membros temporários.

III) Para que a ONU tome uma decisão importante, como o envolvimento em um

conflito internacional, é necessário que pelo menos metade dos seus membros

estejam de acordo.

IV) São membros permanentes da Organização das Nações Unidas EUA, China,

Rússia, França e Reino Unido .

V) A atual estrutura institucional das Nações Unidas reflete, exatamente, seus

ideais de simetria de poder entre os países, deixando visível o direito e a igualdade

de opiniões.

Marque a opção:

a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

d) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

COMENTÁRIOS:

A assertiva I está errada. Quando a ONU foi criada em 1945, a ordem

internacional era completamente diferente do que é hoje em dia, já que estávamos

acabando de sair de um período turbulento como a Segunda Guerra Mundial.

Assim, toda sua estrutura institucional reflete um cenário ultrapassado e, portanto,

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dá margem e explica os pedidos de mudanças em todo o seu sistema de

funcionamento.

A assertiva II está correta. Sobre esse órgão, é importante sabermos que

ele possui 15 membros, sendo 5 membros permanentes e 10 membros

temporários, conforme afirma a questão.

A assertiva III está errada. Para que uma decisão importante seja tomada

por esse órgão é preciso que haja quórum de 9 votos, incluindo, necessariamente, votos afirmativos de todos os seus membros permanentes, que possuem o

chamado “poder de veto”. Assim, se 14 membros do Conselho de Segurança da

ONU votarem a favor de uma questão, mas um membro permanente votar

negativamente, a decisão não será adotada.

A assertiva IV está certa. São membros permanentes da ONU apenas

EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.

A assertiva V está errada. Como podemos ver, o que a estrutura

institucional das Nações Unidas reflete, na verdade, é uma forte assimetria de

poder entre os países, deixando visível uma desigualdade de fato. É justamente por

isso que se reclama por uma reforma do Conselho de Segurança da ONU. Objetiva-

se estruturar, dessa forma, um sistema multilateral que evidencie a nova ordem

internacional.

Nesse sentido, há países que pleiteiam um assento permanente no

Conselho de Segurança da ONU, particularmente Alemanha, Japão, Brasil e Índia.

Vejam só que interessante: Japão e Alemanha são duas das maiores economias do

mundo, mas por terem perdido a 2ª Guerra Mundial, ficaram de fora da estrutura do

Conselho de Segurança!

Todavia, apesar dessas intenções, há algumas resistências regionais: o

Paquistão se opõe à entrada da Índia; a Itália se opõe à Alemanha; Argentina e

México se opõem ao Brasil; e China e Coréia do Sul se opõem ao Japão.

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2- PANORAMA POLÍTICO-ECONÔMICO MUNDIAL DO SÉCULO XX.

Iniciado em 1901, o século XX surgiu cheio de expectativas da sociedade

mundial. No século passado, territórios distantes haviam sido colonizados, a fome

vinha diminuindo, as pessoas viviam mais e os conflitos entre as principais nações

da Europa pareciam estar bem perto da extinção. Por essas e outras se esperava

mais desse período do que jamais se havia esperado de qualquer outro. Tanto

havia sido conquistado no século anterior que parecia sensato acreditar que dali em

diante os êxitos do mundo em muito superariam os desastres.

Ledo engano! Foi neste século que a humanidade viu bem diante de

seus olhos a mais real possibilidade de extermínio ao passar por duas guerras

mundiais e se deparar com a temida bomba atômica. Sobretudo a Segunda Guerra

Mundial, que apresentou esse novo ator à cena histórica, assume a característica

de divisor de águas. Isso acontece porque foi a partir dela que surgiram as

principais organizações internacionais e o gérmen para produzir os eventos

econômicos e políticos atuais.

Então, amigos, por tudo isso é preciso ter claro qual foi o rumo que o

mundo tomou no século XX, sobretudo a partir da guerra, para que possamos

compreender a dinâmica dos processos mundiais, ou seja, atualidades. Como foi

que os EUA deixaram de ser um país mediano e se tornaram essa grande potência

econômica? Como conseguiram tanto poder para mandar e desmandar

praticamente no mundo todo como vemos hoje? Por que a palavra final sobre os

assuntos mundiais mais importantes acaba sendo deles? Por que eles decidem

quem pode e quem não pode ter armas nucleares?

Bem, para compreender a maior parte dessas questões que permeiam

nosso cotidiano, precisamos nos lembrar do evento mais importante de toda a

história da humanidade ocorrido no século 20: a Segunda Guerra Mundial.

Apesar de ter começado como um conflito europeu, ela terminou como

um confronto mundial em que se erigiram dois pólos de poder rivais: EUA x URSS.

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O período posterior à Segunda Guerra Mundial ficou conhecido como Guerra Fria,

tendo durado até o ano de 1989, quando ocorreu a queda do Muro de Berlim.

“Mas professores, calminha ai! Como é que o mundo se polarizou entre

EUA e URSS se antes da guerra todo o poder internacional estava concentrado na

Europa? Vocês não acabaram de dizer que a Europa tinha inúmeras expectativas

pro próximo século? O que houve com essas expectativas?”

Pois bem, apesar de ter sido um conflito mundial, as batalhas em si

ocorreram pelos países da Europa, África e Ásia, ou seja, foram esses países que

tiveram que assumir todo o prejuízo material que a guerra trouxe. Apesar de

envolvido no conflito com tropas, equipamentos e diversos tipos de apoio, os

Estados Unidos desfrutavam de uma posição muito privilegiada, já que a guerra

estava bem distante de seu território e de suas riquezas. Assim, com larga

vantagem sobre os países europeus (ricos até aquele acontecimento), os EUA

consolidaram sua hegemonia no mundo pelo fornecimento de empréstimos para

reconstrução dos que haviam sido destruídos pela guerra.

Após a Segunda Guerra Mundial, a união entre o capital bancário,

sobretudo dos EUA, e a indústria proporcionou uma espetacular expansão

econômica e a dilatação dos mercados em escala mundial. Essa expansão foi

segurada um pouco, em sua proporção e velocidade, exclusivamente pela

existência do regime socialista. Todavia, após sua derrocada, ele deixou o caminho

livre para que o capitalismo conquistasse todas as outras regiões do mundo e se

firmasse como principal sistema econômico.

No contexto de Guerra Fria, a Europa perdeu a condição de centro do

poder internacional, mas continuou sendo o principal cenário de confronto das

superpotências que disputavam a hegemonia mundial. Isso porque o mapa político

da Europa deixava claro a bipartição geopolítica que se configurou durante todo o

período da Guerra Fria, como podemos notar na figura abaixo:

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FONTE: www.bielleite.wordpress.com/2009/11/14/guerra-fria

O bloco formado pelos países localizados na esquerda do mapa, na cor

azul, são aqueles que se alinharam aos Estados Unidos. Já os que estão na parte

oposta do mapa, na cor vermelha, são os que se aliaram ao bloco soviético. Bem,

afinal de contas, que diferença fazia se um país estava alinhado ao bloco socialista

ou ao bloco capitalista?

A diferença seria “quase” a mesma entre estar na torcida do Brasil ou da

Argentina numa final de Copa do Mundo! (Não deu pra fugir desse exemplo...rs)

Risadinhas à parte, pessoal, essa diferença refletia uma enorme rivalidade e

disputa de poder entre os países de um ou de outro bloco e se fazia sentir em todos

os aspectos possíveis da sociedade, fosse o econômico, político, militar ou social.

Como os EUA era o grande “primo rico” da história toda, ele acabou

tomando frente nos inúmeros acordos e organizações internacionais criados no

pós-guerra, como a OTAN, o FMI, o Banco Mundial etc. Enfim, ele esteve envolvido

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no desenvolvimento de praticamente todas as organizações que estudaremos com

calma em outra aula.

Mas como era o confronto entre os países durante a Guerra Fria?

Bem, amigos, durante a Guerra Fria não havia um confronto direto entre

o bloco capitalista e o bloco socialista! Na verdade, durante esse período, EUA e

URSS disputavam áreas de influência mundo afora e o faziam sem atacar-se

diretamente. Assim, não ocorria uma guerra generalizada, mas “pipocavam”

conflitos ao redor do mundo.

Nessa disputa por áreas de influência, EUA e URSS desencadearam

uma corrida armamentista jamais antes vista, cada um querendo se tornar mais

poderoso que o outro. O arsenal nuclear desses países tornou-se tão grande que

era capaz de destruir o mundo todo por diversas vezes! E aí ninguém queria apertar

o botão primeiro, pois isso precipitaria uma grande catástrofe mundial. Assim, as

armas nucleares se tornaram, de certa forma, responsáveis, pela paz mundial

devido ao seu poder dissuasório. Havia, nesta época, o que Demétrio Magnoli

chama de “equilíbrio do terror”.

Segundo o referido autor, “o equilíbrio do terror evitou a guerra geral,

mas não a ocorrência de guerras indiretas entre as superpotências.” Com

efeito, durante a Guerra Fria ocorreram conflitos no Oriente Médio, África, Ásia e

América Latina, ou seja, ao redor de todo o mundo, no qual se percebe a influência

indireta de EUA e URSS. Falaremos mais sobre esses conflitos em aula posterior!

Durante a Guerra Fria, podemos identificar também um movimento que

se decidiu ficar de fora da “briga” entre as potências hegemônicas dos EUA e

URSS. Foi o que chamamos de “Movimentos dos Países Não-Alinhados”,

iniciativa que congregou dezenas de países, dentre os quais Iugoslávia, Índia e

Egito. Esses países buscavam sustentar uma posição de neutralidade no contexto

da Guerra Fria e trouxeram ao debate internacional questões importantes, tais

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como os problemas do subdesenvolvimento, a pobreza e as relações econômicas

Norte-Sul (desenvolvidos x subdesenvolvidos).

Foi nesse contexto de disputa entre blocos antagônicos que se

desenrolou a expansão do liberalismo e de mundialização das economias. As

empresas tinham cada vez mais necessidade de ampliar seus mercados produtores

e consumidores, o que resultou, em um primeiro momento, na integração de

economias, empresas e mercados e, posteriormente, na globalização.

Pois bem, a expansão geográfica das multinacionais é um dos fatos mais

importantes da economia capitalista, pois funcionou como o germe da globalização

que assistimos hoje. E por quê? Tendo se iniciado ainda no século XIX, o

desenvolvimento e ampliação das multinacionais pelo mundo tiveram continuidade

e sobreforça após a Segunda Guerra. Nesse período, elas se estenderam para toda

Europa Ocidental e Ásia, resultando na concretização daquilo que chamamos de

mundialização da economia capitalista. Até aqui nada de novo, não é?

Porém, essa mundialização da economia apresentou como característica

fundamental uma nova divisão internacional do trabalho. Se antes o mundo estava

divido entre os países produtores de bens industrializados e outros fornecedores de

matéria prima, a globalização modifica completamente essa lógica e clama pela

descentralização das atividades.

Tenho certeza que todos vocês se lembram que, na época colonial, o

Brasil seguia uma lógica muito semelhante à existente antes da globalização. As

colônias forneciam matérias primas para suas metrópoles, como madeira, minerais

e produtos agrícolas, e compravam destas produtos manufaturados. Pois bem,

essa concepção que determinava que alguns países fossem apenas fornecedores

de matéria prima se manteve por muitos anos, ou seja, a antiga divisão era feita por

setores em que os países mais pobres forneciam produtos agrícolas e minerais e

os países desenvolvidos forneciam produtos industriais.

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Bem, é importante entendermos algo fundamental naquele momento:

como era a divisão do trabalho!

Pois então, fornecer matéria prima era uma característica totalmente

vinculada aos países que durante muitos anos foram colônia de países europeus e

hoje são menos desenvolvidos. Justamente por terem tido essa condição de colônia

por séculos, a implementação de indústrias em seu território é um fenômeno muito

recente! Se pensarmos na nossa realidade, nos lembraremos que foi na década de

60, ou seja, a pouco mais de 50 anos, que as grandes indústrias se instalaram no

Brasil. Deste modo, pessoal, o fornecimento de produtos primários era a única

forma que esses países “colonizados” tinham de participar da economia global.

Entretanto, com os investimentos europeus nesses outros territórios,

esse processo de mundialização do mercado, iniciado ainda no século XV com as

grandes navegações, se ampliou e atingiu seu ápice depois da Segunda Guerra. A

partir desse acontecimento, as indústrias multinacionais se propagaram pelos mais

diversos países do mundo, seja por meio de filiais, da realização de fusões com

outras empresas, associações ou mesmo franquias.

Enfim, a mundialização da economia foi a grande responsável pela

criação das bases para a produção industrial em países anteriormente

considerados meros fornecedores de matéria prima, como Brasil, Argentina, Taiwan

ou Indonésia.

Vamos observar o mapa seguinte:

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Fornecedores de matéria prima

Fabricantes de produtos industrializados

Pelo mapa, podemos perceber que há uma mudança no papel

desempenhado pela maioria dos países, que passam a assumir funções distintas

das que assumiam antes. Assim, sem deixar de lado o fornecimento de matérias-

primas, os países mais pobres também foram se industrializando. Não, nós não

estamos falando aqui que a divisão internacional do trabalho ocasionou igualdade

entre os países. Muito pelo contrário, o que a nova divisão fez foi proporcionar um

tipo de especialização global na produção. Como assim? Cada país do mundo, seja

lá onde for sua localização, passou a ser responsável pela produção de um

determinado produto ou de partes de um produto, dependendo exclusivamente dos

incentivos oferecidos em cada país às multinacionais.

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Para compreendermos ainda melhor, vamos pensar num carro sendo

fabricado há 65 anos, antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Naquela época, os

países menos desenvolvidos exportavam as mais diferentes matérias primas e

produtos agrícolas, certo? Em contrapartida, se quisessem um carro teriam que

comprá-lo de países mais desenvolvidos.

Agora pensemos na fabricação de um veículo hoje! Com a nova divisão

internacional do trabalho, vários países em desenvolvimento, como o Brasil e

Argentina, possuem montadoras em seu território. Porém, esses países não

centralizam todas as etapas de fabricação do automóvel como ocorria outrora. Não!

A montagem do automóvel pode ser realizada na Brasil, porém com

componentes oriundos de diferentes países, como parte elétrica e eletrônica de

Taiwan, as borrachas da Indonésia e assim por diante.

Então, amigos, esse seria o melhor retrato da nova Divisão Internacional

do Trabalho: descentralização. Mas vocês podem pensar: não é muito trabalhoso

produzir peças em diferentes lugares do mundo? Não era mais fácil antes quando

se centralizava todo o processo industrial em um único país?

Certamente que sim! Entretanto, era tão prático quanto caro! Nessa nova

lógica de trabalho, as empresas e indústrias se instalam no país que oferece

maiores atrativos, como matéria prima e mão de obra barata, facilidade de

escoamento da produção, infra-estrutura etc. Dessa forma, o custo do produto final

será bem menor e os lucros maiores. Afinal, esse é o maior objetivo do capitalismo,

não é mesmo? O lucro!

Os países emergentes ou em desenvolvimento acabaram tendo uma

industrialização tardia, o que, de certo modo, fragiliza sua economia, deixando-a

mais propícia a crises econômicas. É na tentativa de sanar essa “deficiência”

industrial que a maioria desses países oferece um leque de benefícios e incentivos

para a instalação de indústrias em seu território. Dentre os principais benefícios

concedidos estão a isenção parcial ou total de impostos, mão-de-obra abundante e

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facilidade de empréstimos. Assim, amigos, é inegável que é economicamente mais

viável, portanto mais lucrativo, que um automóvel seja construído em diferentes

partes do mundo e depois montado em seu território.

E por que é tão importante compreendermos essa Nova Divisão

Internacional do Trabalho?

Em primeiro lugar, é importante porque foi essa modificação das relações

de trabalho que alterou todas as relações comerciais que predominavam até então.

Conforme já dissemos, muitos países subdesenvolvidos, que eram considerados

meros produtores primários, agora se transformam também em exportadores de

produtos industrializados. E isso altera toda a ordem das coisas, pois países que nunca tiveram a mínima voz ativa em assuntos econômicos internacionais passam a ser ouvidos agora em importantes foros internacionais, como é o

caso do G-20.

Pessoal, como vimos, é um fato que as relações de trabalho ficaram bem

diferentes em vários aspectos, mas vamos com calma! Apesar de toda modificação

apresentada na configuração econômica mundial, os países da América Latina,

Ásia e África ainda ocupam destaque na produção de produtos primários. Assim, é

absolutamente incomparável o grau de industrialização entre os países que até

poucas décadas eram meros fornecedores de matéria prima com aqueles que

convivem com a industrialização desde o século XIX. Isso ocorre por dois motivos.

Primeiro, porque grande parte das companhias e indústrias existentes nos países

menos desenvolvidos é oriunda de nações desenvolvidas e ricas, para onde enviam

a maior parte dos lucros adquiridos durante o ano. Segundo, porque essa

industrialização, na grande maioria das vezes, teve um custo social muito grande

para os países que assumiram sérios compromissos em nome do desenvolvimento

industrial.

Pois bem, amigos, nós falamos bastante sobre esse processo de

mundialização da economia e da mudança da divisão internacional do trabalho. No

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entanto, é preciso termos em mente que todo esse processo se aprofundou ainda

mais com o fim da Guerra Fria.

Ao final da Guerra Fria, surge uma nova ordem internacional, marcada

pela globalização e pela multipolaridade. Os EUA, embora tenham uma enorme

supremacia no campo militar, têm seu hegemonia limitada devido à existência de

vários pólos de poder econômico.

Vamos enumerar a seguir algumas idéias importantes sobre como se

articula a nova ordem internacional:

1)- A União Européia é um bloco econômico que congrega boa parte dos

países da Europa e que atingiu um elevado estágio de integração. Possui um

elevado poder econômico, negociando em conjunto no campo do comércio

internacional. No campo militar todavia, ainda não foi possível definir uma política

de segurança comum, o que limita um pouco sua voz no cenário internacional.

2)- O grupo dos BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia e China) desponta como um

novo pólo de poder econômico mundial. Esses países são dotados de grandes

riquezas naturais, população numerosa e território extenso.

3)- A China é, atualmente, um “gigante” no comércio internacional, sendo

atualmente o principal exportador mundial. Em 2009, o valor total de suas

exportações chegou a U$1,2 trilhões. Ainda sobre a China, ela possui, atualmente,

o 3º maior PIB mundial (U$4,9 trilhões), só perdendo para os EUA (U$14,3 trilhões)

e Japão (U$5,1 trilhões). No campo militar, todavia, a China, embora detenha armas

nucleares, é tão somente uma potência regional.

4)- O Japão é, nas palavras de Demétrio Magnoli, um “gigante

econômico, mas um anão geopolítico”. Isso porque, embora seja a 2ª economia do

mundo, é dependente no campo energético e, no campo militar, não possui armas

nucleares.

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5)- A Rússia não tem mais o poder econômico do período da Guerra Fria.

Todavia, é ainda muito respeitada no campo militar e em termos estratégicos. Tem

como principal renda as exportações de petróleo e gás natural e seu arsenal

nuclear é considerável, herdado do período da Guerra Fria. Não podemos nos

esquecer de que a Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança da

ONU.

6)- A Índia é um país com características semelhantes à China, com

grande potencial exportador e com uma população extremamente numerosa. No

campo militar, é dotada de armas nucleares, o que a coloca numa posição de

potência regional.

7)- O Brasil é uma liderança regional na América do Sul e um grande

exportador mundial de produtos agrícolas. Possui riquezas naturais significativas e

busca aumentar sua participação no cenário internacional, fazendo-se presente nas

negociações multilaterais sobre os mais variados temas: meio ambiente, comércio

internacional, questões nucleares. Um dos objetivos mais significativos de sua

política externa é alcançar a condição de membro permanente do Conselho de

Segurança da ONU.

Pronto! Agora nós já temos uma noção de como está estruturada a nova

ordem internacional. Com efeito, ela não foi construída da noite para o dia! Muito

pelo contrário, ela foi se estruturando aos poucos. É aí que chamamos sua atenção

para aquilo que ficou conhecido por Consenso de Washington!

O Consenso de Washington teve como finalidade original definir políticas

públicas necessárias para o desenvolvimento da América Latina. Todavia, ele

representou muito mais do que isso, tendo sido o grande criador das reformas

neoliberais, políticas e econômicas que regem a nova ordem mundial.

Mas o que foi o Consenso de Washington?

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O Consenso de Washington foi um conjunto de medidas econômicas de

ideologia liberal consideradas como necessárias para dar impulsão ao

desenvolvimento econômico. Assim, o Consenso de Washington pregava:

• Diminuição dos gastos públicos,

• Privatização das estatais

• Afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas

• Abertura comercial

• Reforma tributária

• Disciplina fiscal

• Câmbio e Juros de mercado

Seguindo o Consenso de Washington, os países que quisessem dinheiro

emprestado do FMI, tinham que se submeter às regras impostas, as quais geravam

polêmica, por colocar o social em segundo plano. Países como Brasil, México e

Argentina tiveram que se submeter a tais programas justamente devido às

exigências do FMI para a concessão de empréstimos.

Dentre tantas exigências que se estabeleceram a partir do Consenso de

Washington, uma coisa deve ficar muito claro pra todos nós: se quisessem

conseguir empréstimos, os países teriam que mudar suas regras e condutas

internas e externas.

Mas afinal, como esses conhecimentos podem ser cobrados em prova?

Vejamos um exemplo de questão sobre este assunto logo abaixo:

4- (Questão adaptada - CESPE) “Apesar da ampliação dos mercados, a globalização da economia e o crescimento dos fluxos de mercadorias reafirmam a desuniformidade do espaço terrestre e dão visibilidade à sua heterogeneidade e à sua diversificação pela ação das sociedades que o modelam.” (Iná E. Castro. Geografia política, território, escalas de ação e instituições. Bertrand Brasil, 2006, p. 234.)

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Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os assuntos por ele suscitados, julgue os seguintes itens.

I- Em função da busca da competitividade e da heterogeneidade do espaço, as

empresas se dirigem para locais onde haja mão-de-obra qualificada e barata e

infraestrutura adequada.

II- O atual estágio do capitalismo, marcado pela globalização, tem como uma de

suas características a internacionalização da produção.

III- A reforma do Estado, condição das organizações financeiras para concessão de

empréstimos internacionais, é um processo ligado às idéias neoliberalistas, que

buscam atribuir um novo papel ao Estado.

IV – Dentre as exigências feitas pelo FMI para conceder empréstimo aos países

está a ampliação da autonomia do Estado e a garantia do crescimento econômico

por meio da centralização da tomada de decisão.

V- Para a inserção de países como o Brasil, o México e a Argentina na nova

realidade econômica mundial, as organizações financeiras internacionais exigiram a

autonomia do Estado.

Estão corretas as assertivas: a) I e II

b) I, II, e III

c) II, IV e V

d) IV e V

e) todas estão corretas

COMENTÁRIOS:

O item I está correto. As grandes empresas buscam se instalar em outros

países, preferencialmente naqueles em que a mão-de-obra seja mais barata, com o

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objetivo de aumentar a competitividade, conseguindo uma significativa redução de

custos. É claro que a mão-de-obra é mais barata nos países em desenvolvimento

e, justamente por isso, podemos dizer que eles são hoje um grande atrativo à

instalação de empresas multinacionais.

O item II está correto. O atual estágio do capitalismo é marcado pela

globalização e tem como uma de suas características a internacionalização da

produção como vimos na questão acima. O surgimento e expansão de

multinacionais e transnacionais, e um exemplo de empresas que não ficam restritas

em sua atuação ao país de sua nacionalidade.

O item III está correto. Em contraposição ao intervencionismo, o que os

neoliberalistas pregavam era um Estado mínimo, sem influência direta na

economia. Vocês se lembram das inúmeras privatizações ocorridas no Brasil na

década de 90? Pois bem, elas estavam diretamente ligadas a essa ideia de retirar

das mãos do Estado empresas com grande capacidade econômico-financeira.

Portanto, a reforma do Estado foi uma exigência para a plena inserção desses

países na realidade econômica mundial e, inclusive, para a concessão de

empréstimos por instituições financeiras internacionais.

O item IV está errado. Essa assertiva esta errada pelo simples fato de ter

dito que ampliação da autonomia do Estado estava entre as principais exigências

do FMI para concessão de empréstimos.

O item V está errado. As exigências feitas nunca visaram aumentar a

autonomia do Estado, mas sim reduzí-la, descentralizando também a tomada de

decisões.

5- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- O sistema econômico mundial manifesta-se pelos intensos fluxos de bens, de serviços, de capitais e de pessoas. Entre os principais agentes desse sistema não se incluem: a) As organizações ilícitas que participam dos fluxos monetários internacionais.

b) As organizações internacionais que fiscalizam os fluxos comerciais e financeiros.

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c) Os Estados nacionais que permitem a liberação das trocas comerciais

internacionais.

d) Os grupos financeiros que operam segundo as regulamentações restritivas

internacionais.

e) As empresas transnacionais que distribuem suas unidades produtivas em

diferentes países.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. Por mais que tenhamos a tendência de achar que,

por serem ilícitas, essas organizações não participariam no fluxo monetário

internacional, elas participam sim. Com efeito, o crime organizado e o tráfico

internacional de drogas movimentam grandes quantias por todo o mundo.

A letra B está correta. É fato que o sistema econômico mundial tem

seus fluxos fiscalizados por algumas organizações internacionais, as quais

participam, portanto, como agentes desse sistema.

A letra C está correta. Ao permitirem a liberação das trocas comerciais

internacionais, os Estados também atuam como agente do sistema financeiro

internacional.

A letra D está errada. Como a própria assertiva afirma, os grupos

financeiros funcionam segundo regulamentações restritivas internacionais, não se

configurando, portanto, em agentes do sistema econômico mundial.

A letra E está correta. Ao distribuir filiais produtivas em diferentes países,

as empresas transnacionais contribuem significativamente para o fluxo internacional

financeiro, já que há constantes remessas de lucros ao país de origem da empresa.

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6- (CESPE/ Delegado da PF- 2004- adaptada) Nos últimos 13 anos, a América Latina cumpriu grande parte de suas tarefas econômicas. Mesmo assim, a desigualdade e a pobreza aumentaram na região. O diagnóstico é da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que propõe para a região uma nova estratégia de desenvolvimento produtivo. Para o secretário executivo do órgão das Nações Unidas, a maior integração da região foi um ganho dos últimos anos. Sua aposta para reduzir a forte desigualdade que ainda existe é a união decrescimento econômico com proteção social. Ele propôs a substituição do conceito de mais mercado e menos Estado por uma visão que aponta para “mercados que funcionem bem e governos de melhor qualidade”. América Latina cresceu sem dividir. In: Jornal do Brasil, 25/6/2004, p. 19A (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a amplitude do

tema por ele abordado, julgue os itens subseqüentes.

I Ao relatar que os países latino-americanos cumpriram “grande parte de suas

tarefas econômicas” nos últimos anos, o texto permite supor a existência de algum

tipo de receituário que a região deveria seguir para se modernizar e se desenvolver.

II No período aludido pelo texto, ainda que possa ter ostentado números positivos

de crescimento econômico, a América Latina fracassou quanto aos índices sociais,

de modo a não conseguir romper com a histórica concentração de renda, matriz da

enorme desigualdade existente na região.

III Ao propor uma nova estratégia de desenvolvimento produtivo para a região, a

CEPAL implicitamente reconhece os equívocos da política econômica que, de

maneira praticamente generalizada, a América Latina adotou especialmente na

última década do século passado.

IV O Brasil foi uma exceção no cenário latino-americano retratado pelo texto.

Particularmente nos dois períodos governamentais de Fernando Henrique Cardoso,

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o país optou por um modelo autônomo de desenvolvimento que prescindia da

inserção internacional de sua economia.

V É provável ter sido o Chile o exemplo mais notório — e dramático — de fracasso

da adoção da política econômica preconizada pelo neoliberalismo: além de ter

crescimento quase nulo, o país sucumbiu ante a dimensão de uma crise social sem

precedentes em sua história.

VI A expressão “mais mercado e menos Estado”, citada no texto, traduz à perfeição

o espírito que norteou a trajetória econômica do mundo pós-Segunda Guerra e caiu

em desuso ao final do século XX, fustigada pelo ideário nascido do chamado

Consenso de Washington.

VII O esforço integracionista verificado na América Latina contemporânea, que o

texto reconhece, tem no Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) constituído por

Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — um de seus mais expressivos símbolos,

apesar das indiscutíveis dificuldades para a sua efetiva consolidação

Marque a alternativa:

a) se todos os itens estiverem corretos.

b) se todos os itens estiverem errados.

c) se somente os itens I, II, III e VII estiverem corretos.

d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.

e) se somente o item I estiver correto.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. Ao ponderar sobre as tarefas

econômicas exigidas dos países latino-americanos, a questão aborda diretamente

as exigências que são feitas pelos organismos internacionais para conceder

créditos, como FMI e BIRD. Esses organismos financiam a dívida desses países,

porém interferem em suas políticas econômicas, independente das conseqüências

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sociais que suas exigências possam causar. Dentre estas, podemos citar as

privatizações e os cortes dos gastos do governo com assistência social.

A segunda assertiva está correta. O texto aborda exatamente o período

relativo ao início do neoliberalismo, que com suas políticas de privatizações, acabou

gerando milhares de demissões, o que influenciou o prosseguimento da

desigualdade social e da concentração de renda nessas regiões.

A terceira assertiva está correta. Primeiramente, seria interessante saber

o significado de CEPAL, não é mesmo? Afinal de contas, ela não é um organismo

internacional tão reconhecido como o FMI ou BIRD. Pois bem, a Comissão

Econômica para a América Latina e o Caribe, assim como a grande maioria das

organizações internacionais, foi criada pouco tempo depois do fim da Segunda

Guerra Mundial, em 1948.

Essa comissão tinha como objetivo principal incentivar a cooperação

econômica entre os seus membros e à medida que novas políticas surgiam, essa

comissão se moldava às novas necessidades da realidade econômica mundial. A

princípio, ela se propunha a formular teorias e políticas econômicas que levassem

em conta as peculiaridades de cada região, ou seja, ela possuía uma proposta

política diferente da que era adotada pelos países centrais.

Pois bem, a política formulada pela CEPAL para a América Latina,

resultante das idéias neoliberais do Consenso de Washington, não deu muito certo.

A maior prova disso é que não houve diminuição da concentração de renda e os

índices sociais continuaram demasiadamente baixos na região. Por isso, quando o

texto fala em nova estratégia de desenvolvimento produtivo, a referência que se faz

é à tentativa de modificar as políticas econômicas para a região, que não foram

bem-sucedidos. Faz-se mister desenvolver uma estratégia de crescimento

econômico que venha acompanhada de melhoria nas condições de vida da

população. Dessa forma, ao reconhecer a necessidade de formulação de novas

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políticas econômicas para a América, a CEPAL reconhece implicitamente seus

erros.

A quarta assertiva está errada. O seu grande erro está em afirmar que o

presidente Fernando Henrique Cardoso escolheu um modelo autônomo de

desenvolvimento, diferente dos outros países da America Latina. Se forçarmos um

pouco nossa memória, nos lembraremos das privatizações ocorridas durante o

governo do referido presidente. E, como já lembramos aqui, as privatizações era

uma das principais exigências do FMI. Portanto, os dois mandatos de FHC se

caracterizaram pelo cumprimento de exigências que demonstravam a dependência

do Estado brasileiro em relação aos organismos internacionais e não autonomia,

como sugere a questão.

A quinta assertiva está errada. Ao contrário do que ela afirma, o Chile

apresentou bons desempenhos econômicos com a política neoliberal. Além disso, o

exemplo mais notório de fracasso dessa política foi a Argentina, nos governos de

Carlos Menem. Nesse período, o presidente passou o controle de setores

específicos de bens e serviços básicos às mãos de investidores estrangeiros. A

mineração, eletricidade, gás, água, transporte e comunicações, enfim, a maior

parcela da geração de riqueza da Argentina foi privatizada, deixando a economia

do país com crescimento quase nulo. Ainda hoje, pode-se verificar que a Argentina

apresenta graves problemas econômicos, sociais e políticos.

A sexta assertiva está errada. Aqui mais uma vez é importante que

estejamos antenados com o Consenso de Washington, que resultou na criação de

políticas neoliberais. E o que mesmo pregavam essas políticas? Privatizações,

cortes de gastos com setores sociais e busca incessante por novos mercados, ou

seja, “mais mercado e menos estado”.

A sétima assertiva está correta. Mais à frente abordaremos com calma

sobre o MERCOSUL. Porém, não custa nada adiantar que ele é mesmo composto

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por Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, os quais buscam promover um maior

intercâmbio comercial, unidade alfandegária e fronteira livre.

2.1- DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO NO SÉCULO XX

Bem, pessoal, não é possível entender o século XX sem falar no

antagonismo de realidades que parece ter ficado ainda mais explícito no mundo

globalizado! Se antes da globalização, grande parte da população dos países ricos

não tinha muita idéia de como era a realidade num país subdesenvolvido, hoje isso

não é verdade. Nós já falamos em vários momentos de países desenvolvidos,

países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Mas, afinal, o que determina que

classifiquemos cada país em um patamar diferente? Pierre Salama possui uma

definição sobre este assunto, que vale a pena lermos cuidadosamente, na qual ele

afirma:

“O subdesenvolvimento não pode ser explicado por si mesmo.

Qualquer tentativa de estudo do subdesenvolvimento sob um prisma

automático, separado da evolução da economia mundial, das necessidades

dos seus centros dominantes, está destinada a fracasso porque afasta o

problema essencial: o da gênese do subdesenvolvimento.”

Em outras palavras, o conceito de subdesenvolvido só existe se

pensarmos no seu opositor. O mesmo acontece quando pensamos o que é a

escuridão! A idéia de escuridão só existe em razão de conhecermos o que é a

claridade, não é mesmo? Da mesma forma, o conceito de subdesenvolvimento só

existe diante do conceito de desenvolvimento! Mas será que estamos certos de

que sabemos identificar o que é um e o que é outro? Vamos ver! Observemos as

figuras que seguem:

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Figura 1 - EXCLUSÃO X INCLUSÃO

Figura 2- PRECARIEDADE X DESENVOLVIMENTO

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Exclusão, precariedade e pobreza aparecem sempre em oposição às

oportunidades, à fartura e ao desenvolvimento, não é mesmo? Bem, o fato é que

quando observamos certas situações que são muito mais comuns num tipo do que

no outro, imediatamente, associamos a realidade vista com a de um país

desenvolvido e um subdesenvolvido. Mas, afinal, como classificamos esses países?

O que determina, formalmente, que eles sejam enquadrados como um ou outro

tipo?

Mais uma vez, vamos ter que lembrar daqueles mapinhas que vimos

anteriormente sobre os fornecedores de matéria prima! Geralmente, são

considerados países em desenvolvimento aqueles que outrora foram colônia ou

dependentes de outros. Com um desenvolvimento econômico débil, se comparado

ao de países capitalistas altamente industrializados, eles ainda estão engatinhando

para, quem sabe no futuro, andarem lado a lado com as grandes potências

mundiais.

Apesar desse contínuo esforço para se desenvolverem, a destruição e

desestabilização gerada pela constante exploração do sistema colonial nesses

países ainda apresenta profundas marcas econômicas e sociais. São vários os

fatores que caracterizam um país como subdesenvolvido, mas duas palavras

sempre estarão presentes: deficiência e dependência.

Deficiência de redes de transportes, meios de comunicação, tecnologia,

conhecimento científico, de empregos e indústrias são marcas de países

subdesenvolvidos. Do mesmo modo, também são indicativos de

subdesenvolvimento a dependência econômica, política e cultural em relação às

nações desenvolvidas, o crescimento populacional elevado, a baixa expectativa de

vida e a elevada taxa de natalidade e mortalidade infantil.

Na contramão dessa lógica, os países mais ricos do mundo- os

desenvolvidos - apresentam uma estrutura industrial completa, produzindo todos os

tipos de bens. Aqueles países que no nosso mapa tinha setas vermelhas,além das

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indústrias, são marcados pela eficiência e desenvolvimento da agropecuária, dos

conhecimentos científicos e tecnológicos, dos meios de transporte e comunicação

etc. Pois é, amigos, ao contrário dos países subdesenvolvidos, estes outros têm

sucesso com seu sistema político-econômico capitalista.

A tendência de mostrar essa nova realidade social mundial como uma

divisão simplista entre pobres e ricos pode servir como uma nova camuflagem para

esconder as contradições que estão na base da sociedade capitalista, uma vez que

capitalismo e exclusão são conceitos diferentes, mas que definem uma realidade

interligada. O primeiro conceito assinala as características atuais do processo de

desenvolvimento do mundo; o segundo, sua conseqüência mais aparente e

imediata.

Um mundo cada vez mais unificado economicamente não significa

necessariamente um mundo mais igualitário ou empenhado na resolução de

problemas básicos. Assim, pessoal, temos como uma importante característica do

estágio atual do capitalismo o fato de sua expansão estar diretamente ligada ao

crescimento de empresas privadas internacionais – verdadeiras detentoras do

poder econômico, político e militar atualmente. Outra "novidade" é que a

modernização tecnológica acarretou inúmeros impactos sobre os sistemas

produtivos, os serviços e os meios de comunicação, tornando-os mais eficientes e

dinâmicos, como a internet. Quando falamos de novidade, temos a tendência de

pensar em alguma coisa boa, não é? Ledo engano! No nosso caso, a “novidade”

vem acompanhada de coisas boas, mas também apresenta alguns efeitos

negativos.

Ocorre que tamanha integração de economias atrela uma à outra de tal

forma que o resvalo em uma pode significar grande abalo em outra. Isso porque

com o desenvolvimento dos meios de comunicação sabemos tudo praticamente em

tempo real.

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3 - CRISES MUNDIAIS

3.1- QUEBRA DA BOLSA DE NOVA YORK EM 1929

O ano de 1929 pode ser considerado o marco de uma das maiores crises

da história do capitalismo. Foi o ano em que os Estados Unidos foram abalados por

uma grave crise econômica que repercutiu no mundo inteiro.

Vocês estão lembrados que anteriormente explicamos como foi que os

EUA chegaram a ocupar o papel de grande abastecedor e principal economia

mundial? Pois bem, durante a Primeira Guerra (1914-1918), os Estados Unidos

eram os principais fornecedores dos países europeus, exportando grandes

quantidades de produtos industrializados, alimentos e capitais (sob a forma de

empréstimos).

Com o fim da guerra, esse quadro não se alterou muito, já que os países

europeus ainda estavam voltados para a reconstrução das indústrias e das cidades

que haviam sido quase que completamente destruídas. Portanto, durante o pós-

guerra, os Estados Unidos tornaram-se a maior potência econômica do mundo.

Só pra termos uma idéia, pessoal, em 1920, a indústria norte-americana

produzia quase 50% de toda a produção industrial do mundo. Por quase toda a

década de 20, a prosperidade econômica gerou nos norte-americanos um clima de

grande euforia e de consumo desenfreado, dando origem aquilo que chamamos

de American way of life, ou modo de vida americano, que simbolizava um modelo

de progresso. Assim, viver bem significava consumir cada vez mais.

Entretanto, a partir da década de 20 a situação econômica industrial do

país começou a mudar! Reconstruídas, as nações européias diminuíram

drasticamente a importação de produtos industrializados e agrícolas dos Estados

Unidos gerando uma grande acumulação de produtos e, portanto, queda dos

preços das mercadorias.

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Tudo isso fez com que no final da década de 20 a produção norte-

americana atingisse um ritmo de crescimento muito maior do que a demanda por

seus produtos, gerando uma crise de superprodução. A superprodução

americana aliada ao subconsumo europeu foi exatamente o que gerou a crise

de 1929!

A crise, naturalmente, chegou ao mercado de ações. Os preços dos

papéis na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas da época,

despencaram, ocasionando a famigerada quebra da bolsa. Daí em diante, bancos,

indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-

americanos perderam o emprego.

Abalados pela crise, os Estados Unidos reduziram a compra de produtos

estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, ocasionando uma

crise mundial. Um exemplo disso é o Brasil, que tinha os Estados Unidos como

principal comprador de sua produção cafeeira. Com a crise, os EUA pararam de

comprar nossos produtos, gerando, também aqui no Brasil, uma crise de

superprodução e enorme desemprego. Do mesmo modo que aqui, outros países,

com o capitalismo incipiente e dependente de exportações para os EUA, entraram

em crise profunda, gerando a primeira crise mundial de conseqüências

catastróficas.

Para solucionar a crise, o presidente Franklin Roosevelt propôs mudar a

política de intervenção americana. Se antes, o Estado não interferia na economia,

deixando tudo agir conforme o mercado, agora eles passariam a intervir fortemente.

Foi exatamente isso o que fizeram! Foram criadas grandes obras de infra-estrutura,

salário-desemprego e assistência aos trabalhadores para, a partir disso, os Estados

Unidos conseguirem retomar seu crescimento econômico. Deu certo! Claro que

nada aconteceu do dia para a noite, mas, de forma gradual, eles foram superando

as dificuldades e todos os países capitalistas foram encontrando alternativas para

diminuir as conseqüências da crise que abalou o mundo.

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A intervenção do Estado, estimulando a economia por meio da injeção de

dinheiro, derivada das idéias do economista John Maynard Keynes, que

revolucionou o mundo com seu pensamento. Até então, considerava-se que o

Estado deveria interferia o mínimo possível, deixando a “mão invisível” do mercado

colocar tudo em ordem. Ao contrário disso dos liberalistas (também chamados de

neoclássicos), Keynes afirmava que o governos deveria interferir por meio de

medidas monetárias e fiscais para "controlar" os efeitos negativos dos ciclos

econômicos.

Nos últimos anos, com a crise financeira internacional ocorrida,

percebemos que as idéias keynesianas estão novamente em voga. Se

percebermos o que os governos fizeram para estimular as economias diante da

crise, veremos como suas atitudes se parecem na essência com o que foi feito em

1929. É isso o que veremos a seguir!

3.2 - CRISE FINANCEIRA MUNDIAL EM 2008

Apesar de não ter ocorrido no século XX, resolvemos aproveitar o

embalo do assunto e continuar falando de crises, já que alguns especialistas dizem

que essa foi a pior crise da história econômica do mundo após a ocorrida em 1929.

A economia mundial atingiu meados de 2009 afundada na pior crise

desde o fim da Segunda Guerra Mundial, afetando de uma só vez os Estados

Unidos, a Europa Ocidental e o Japão. Em outras palavras, a crise econômica

afetou os principais pólos econômicos mundiais, os quais sofreram redução drástica

em suas atividades produtivas.

Nos países da União Européia, onde a moeda utilizada é o euro, os

principais índices econômicos mostraram que a queda nas atividades econômicas

foi acima de 20%, o que resultou em dolorosos meses de retração econômica. Do

mesmo modo, os EUA cruzam a mais extensa depressão em 64 anos. Ora, num

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mundo economicamente integrado como o nosso, a queda das atividades nos

países da União Européia certamente afetará o Brasil, que deixará de exportar

laranjas, ou a Argentina, que perderá a venda de carne, por exemplo.

Tudo bem! Que a crise afetou o mundo inteiro, não é novidade pra

ninguém. Mas afinal, como ela começou?

A grande responsável pelo desencadeamento da atual crise econômica

foi a falência do mercado imobiliário dos EUA, que ficou conhecida como o estouro

da “bolha imobiliária”.

Em agosto de 2007, duas grandes companhias de financiamento de

imóveis norte-americanas quebraram e foi ai que tudo começou. Essas empresas

faliram porque a maioria das pessoas que haviam tomado empréstimos para

comprar casas não estava conseguindo arcar com os custos das prestações, que

encareciam a cada dia devido ao aumento da taxa de juros. Aproximadamente um

ano depois, diversos bancos norte-americanos, que possuíam boa parte de seu

patrimônio composto de papéis baseados nesses empréstimos que não estavam

sendo pagos foram arruinados também. Atravessando sérias dificuldades

financeiras, esses bancos pararam de contribuir para a execução de atividades em-

presariais , o que atacou diretamente a economia dos EUA. E ai vocês podem

querer saber: como uma forte crise lá pode ter tanta força no restante do mundo?

Vocês se lembram que tínhamos falado antes da hegemonia capitalista

Americana? Pois bem, como os EUA são responsáveis por pelo menos um quarto

da produção mundial, todo o mercado internacional sofreu as conseqüências de

sua crise.

Mas, pessoal, é claro que isso foi só uma descrição sumária de alguns

dos principais elementos da atual crise mundial que, como todas as anteriores,

possui muitas peculiaridades. Essa, por exemplo, pouco tempo depois de seu início,

começou a ser comparada à crise de 1929 devido, justamente, ao aspecto global da

turbulência financeira.

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Provavelmente vocês se lembram da quebra da bolsa de Nova York

ocorrida em 1929. É claro que os detalhes daquela crise possivelmente não nos

venha à mente nesse momento, mas com certeza nos lembramos do choque

mundial proporcionado por ela, não é mesmo?

Naquela ocasião, mais de 9 mil bancos e 85 mil empresas faliram e a

cotação de suas ações despencou. Além disso, os salários se reduziram e o

desemprego atingiu os maiores índices da História. A situação só começou a

melhorar quando o presidente Franklin Roosevelt assumiu a presidência dos EUA e

colocou em prática um plano de reformas econômicas e sociais que intervieram

diretamente na economia americana. Assim, o presidente criou frentes de trabalho,

mecanismos de controle de crédito, um banco para financiar as exportações, fixou

salários mínimos, limitou a jornada de trabalho e ampliou o sistema de previdência

social. E só a partir da intervenção do Estado na Economia, ao contrário do que

prega o neoliberalismo é que o mundo foi gradualmente se recuperando da crise

mundial de 1929.

Se naquela época, quando as economias do mundo nem estavam ainda

tão interligadas como atualmente, já houve caos mundial, imagina agora, não é? E

o Brasil, como fica nossa economia diante desta crise?

Em outros tempos, certamente o Brasil seria muito mais castigado do

que foi agora, quando esteve relativamente preservado. Isso se deu porque,

atualmente, as exportações brasileiras para o mercado dos Estados Unidos

representam menos de 20% do nosso total de exportações. Todavia, o que num

primeiro momento pode parecer vantagem não é exatamente uma! Mas, por que

não? Vocês poderiam dizer: “Ora, ainda restam 80% das exportações para serem

vendidas para diferentes países do mundo, então dos males o menor!” Essa lógica

seria perfeita se os outros países do mundo não estivessem fortemente vinculados

à economia americana! Mas vocês sabem que essa não é a realidade! Dessa

forma, pessoal, tal como um dominó enfileirado, a queda da primeira peça leva à

queda seqüencial das outras que se posicionam atrás dela.

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“Ué, mas então eu não entendi! Os EUA em crise, os outros países

exportadores em crise, como o Brasil pode não ter sido afetado tão fortemente pela

recessão? “

Pra não ficarmos falando de números e nos atermos ao que é mais

importante, precisamos compreender que o nosso sistema financeiro é bem

regulamentado e suas regras de financiamento são muito mais rígidas do que as

existentes em outros países. Vejamos como é complicado e burocrático financiar

uma casa própria no Brasil! Toda essa burocracia existe para contribuir com as

financeiras, que exigem todo tipo de documentação para comprovar que o cidadão

é capaz de arcar com aquela despesa para evitar ao máximo o número de calotes –

ao contrário dos EUA onde o crédito imobiliário é extremamente fácil.

Além disso, o governo brasileiro tomou medidas que estimulassem o

consumo interno, como por exemplo, a redução de IPI em uma série de produtos.

Tenho certeza que todos vocês se cansaram de ver propagandas na TV sobre

vendas de carros e de toda a linha branca (fogões, geladeiras etc) com redução de

IPI, não é? Essa foi justamente uma das estratégias adotadas pelo Brasil para

diminuir o impacto da crise no mercado interno, o que, de certa forma, deu certo!

Infelizmente, essas medidas não foram suficientes para evitar que a crise

mundial chegasse ao Brasil. Elas diminuíram sua força, mas não conseguiram

impedir totalmente que seu impacto fosse sentido por aqui.

Por possuir como uma das bases da economia nacional a exportação de

mercadorias, principalmente para países ricos, não poderia ser diferente e também

tivemos nossas vendas afetadas. Vamos dar uma olhada em como esse assunto já

foi cobrado em prova.

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7-(CESPE/IRB-2010) Acerca da atual crise econômica internacional, julgue C ou E.

I Além de envolver grandes bancos e o sistema financeiro internacional, a crise

atual tem sido considerada uma crise de paradigmas, em particular da certeza de

que os mercados podem autorregular-se e recuperar o equilíbrio automaticamente,

dispensando a intervenção do Estado.

II Diante da crise, as instituições de Bretton Woods não conseguiram propor

soluções concretas por ocasião da reunião de Cúpula do G 20 realizada em

Londres em 2009.

III Como membro do G-20, o Brasil insistiu na necessidade de se prover a economia

mundial com créditos para o desenvolvimento, incrementar a regulação financeira,

desenvolver políticas anticíclicas e combater os paraísos fiscais.

IV Apesar de discordar da resistência de países ricos em realizar reformas nos

organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, o Brasil comprou títulos

emitidos pelo Fundo em 2009.

Marque a alternativa:

a) se todos os itens estiverem corretos.

b) se todos os itens estiverem errados.

c) se somente os itens II, III e IV estiverem corretos.

d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.

e) se somente o item I estiver correto.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. Que a recente crise econômica

envolveu grandes bancos e o sistema financeiro internacional nós já temos certeza,

não é mesmo? Todavia, para entender o porquê essa crise representou também

uma quebra de paradigmas, é preciso saber qual a crença econômica dominante.

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Conforme nós já vimos anteriormente, desde o Consenso de Washington, as

políticas neoliberais são preponderantes e, com elas, a crença de que o mercado

tem capacidade para autorregular-se. Todavia, diante da crise, economistas e

governos se viram diante de um beco sem saída. Eles perceberam que o Estado

não poderia ficar inerte e deveria intervir para estimular a economia, o que

representou uma quebra dos paradigmas neoliberais.

Dessa forma, o que a crise mostrou empiricamente? Ela mostrou que,

mesmo no capitalismo financeiro, que se baseia no poder das empresas e capitais

privados, a economia ainda precisa da ajuda do Estado pra não entrar em colapso.

Deste modo, a certeza de que os mercados podiam se autorregular

independentemente da intervenção do Estado se evapora, desembocando sim

numa crise do paradigma liberal. Voltamos, portanto, às idéias keynesianas de

intervenção estatal.

A segunda assertiva está correta. Para compreendermos este item, há

três informações importantes que devemos saber: 1- O que é Bretton Woods? 2- O

que é o G-20? 3- O que foi estabelecido no último encontro do G-20 em 2009?

Bem, amigos, no início de nossa aula, já vimos que Bretton Woods foi o

nome dado a uma conferência realizada quase ao final da Segunda Guerra com o

objetivo de conduzir a política econômica mundial. Por ter sido o primeiro modelo de

uma ordem econômica totalmente negociada para reger as relações entre Estados

ele foi responsável pela criação instituições que regulassem seus objetivos: FMI e

BIRD.

Bom, outro ponto importante para que respondêssemos corretamente

essa pergunta era compreender o que é o G20. O G-20 foi criado em 1999 ao

término de uma década marcada por agitações econômicas na Ásia, México e

Rússia. Ele foi instituído como forma dos países ricos reconhecerem a importância

dos países emergentes, que se apresentaram capazes de colocar os mercados em

risco com suas inconstâncias.

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Bem pessoal, a verdade é que não há regras formais para se adentrar no

G20, mas é nítida a intenção de se reunir num mesmo grupo os países mais

desenvolvidos e os que estão em desenvolvimento.

“Ok, professores! Mas esses países se juntam e fazem o quê afinal?”

Bem, quando se reúnem os representantes da equipe que compõem o

G20, seus dirigentes debatem os mais diversos temas de interesse comum, como

assuntos orçamentários, monetários, comerciais, energéticos, soluções para o

crescimento e formas de combater o financiamento ao terrorismo.

Por exemplo, na reunião do G20 ocorrida em abril de 2009, em Londres,

o foco principal foi a crise financeira. Durante o encontro, representantes de vários

países solicitaram medidas que respondessem à depressão econômica global. Isso

significou que todos os países do G20 se dispuseram a se empenhar em estabilizar

o sistema financeiro e difundir os fundamentos de uma economia sustentável. Para

isso seria necessário resguardar o livre comercio e evitar o aumento do

protecionismo, ponto em que todos os países se manifestaram a favor e se

propuseram a tomar medidas concretas. Apesar dessa decisão, não foram

adotadas medidas concretas pelas instituições de Bretton Woods, ou seja, a

assertiva está correta.

A terceira assertiva está correta. Como membro do G-20, o Brasil esteve

na presidência rotativa da organização e, em 2008, apresentou, naquela época,

como pontos de discussão a competição nos mercados financeiros,

desenvolvimento econômico e elementos fiscais de crescimento e desenvolvimento.

Assim, é correto afirmar que o Brasil insistiu sim na necessidade de prover a

economia mundial com créditos para seu desenvolvimento.

O Brasil também se posicionou a favor do aumento da rigidez na

regulação financeira. Conforme o próprio ministro da fazenda Guido Mantega

afirmou, a falta de regulação no mercado financeiro dos EUA foi a raiz da crise

econômica global.

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A quarta assertiva está correta. Muito se noticiou na mídia nos últimos

tempos que o Brasil havia, pela primeira vez, emprestado dinheiro ao FMI, vocês se

lembram? Na verdade, o Brasil se tornou um credor do FMI ao comprar US$ 10 bilhões em notas dessa organização internacional. É como se o Brasil tivesse

dado dinheiro ao FMI e em troca recebeu essas notas, que nada mais são do que

papéis que dão direito ao recebimento de valores!

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BIBLIOGRAFIA

Artigos disponíveis em < http://www.sep.org.br/artigo > Acessado em 18/03/2010

GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira contemporânea. São Paulo:

Atlas, 2009.

MAGNOLI, Demétrio. Geografia para ensino Médio. São Paulo: Atual, 2008.

ROSS, Jurandir Sanches (org). Geografia do Brasil. - 6ª- edição - São Paulo:

Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora da Universidade de

São Paulo, 2008.

_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da Economia urbana dos países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,

2008.

SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e território na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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LISTA DE QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA

1- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- A expansão financeira global ocorrida nos últimos anos levou à atual crise do sistema capitalista iniciada nos Estados Unidos e na Europa. Entre as idéias levantadas para enfrentá-la, encontram-se as do economista inglês John Maynard Keynes (1883/1946), que tiveram forte influência para a saída da crise iniciada em 1929. Assinale a afirmativa que resume uma das idéias básicas do pensamento keynesiano, aplicável tanto na crise de 29 quanto na crise atual.

a) O Estado deve intervir nos momentos de crise para salvar a economia de mercado.

b) O mercado é o único elemento que tem os recursos para enfrentar as crises cíclicas.

c) O Estado deve punir os grupos financeiros que não honraram seus compromissos.

d) O mercado é livre e nesse caso as crises são resolvidas pela lógica da oferta e da procura.

e) O Estado deve utilizar as verbas que seriam gastas com o bem-estar social para auxiliar os bancos falidos.

2- (Questão adaptada- CESPE)- A geografia política das relações internacionais foi nitidamente alterada, no século XXI, por uma série de mudanças nos eixos do poder mundial. Com relação a essas mudanças

podemos afirmar que:

I) Houve um declínio relativo dos Estados hegemônicos do Atlântico Norte e a

transferência do eixo de poder para países do Pacífico e do Índico.

II) Os países do Atlântico Norte são um o grupo formado Japão, China, Índia e os

Tigres Asiáticos.

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III) Com o fim da multipolaridade vivenciada pelo mundo durante o período da

Guerra Fria houve a possibilidade do surgimento de novos atores com relevância no

cenário internacional.

IV) Apesar de ter auferido grande desenvolvimento, países como a China e o Japão

não conseguem interferir significativamente no mercado mundial.

V) A economia voltada para o aumento das importações foi o modelo adotado pelo

Brasil e outros países da América Latina, que pretendiam ganhar mais mercado em

todo o mundo.

Marque a alternativa:

a) se somente os itens I e II estiverem corretos.

b) se somente os itens III e IV estiverem corretos.

c) se somente os itens II, III e IV estiverem corretos.

d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.

e) se somente o item I estiver correto.

3- (Questão adaptada- CESPE) - A ONU, criada em um momento bastante distinto do de hoje, vem sofrendo forte pressão por reforma institucional para agregar mais legitimidade política ao sistema multilateral de segurança coletiva. Com base nessa afirmação podemos afirmar que:

I) a ONU foi criada em 1945, num momento em que havia uma sutil diferença na

ordem internacional se comparado ao que é hoje em dia, assim, fica difícil entender

o porquê da necessidade de mudanças no sistema que o rege.

II) O Conselho de Segurança da ONU é órgão responsável pela manutenção da paz

e segurança internacionais e possui 15 membros, sendo 5 membros permanentes e

10 membros temporários.

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III) Para que a ONU tome uma decisão importante, como o envolvimento em um

conflito internacional, é necessário que pelo menos metade dos seus membros

estejam de acordo.

IV) São membros permanentes da Organização das Nações Unidas EUA, China,

Rússia, França e Reino Unido.

V) A atual estrutura institucional das Nações Unidas reflete, exatamente, seus

ideais de simetria de poder entre os países, deixando visível o direito e a igualdade

de opiniões.

Marque a opção:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

d) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

4- (Questão adaptada - CESPE) “Apesar da ampliação dos mercados, a globalização da economia e o crescimento dos fluxos de mercadorias reafirmam a desuniformidade do espaço terrestre e dão visibilidade à sua heterogeneidade e à sua diversificação pela ação das sociedades que o modelam.” (Iná E. Castro. Geografia política, território, escalas de ação e instituições. Bertrand Brasil, 2006, p. 234.)

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os assuntos por

ele suscitados, julgue os seguintes itens.

I- Em função da busca da competitividade e da heterogeneidade do espaço, as

empresas se dirigem para locais onde haja mão-de-obra qualificada e barata e

infraestrutura adequada.

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II- O atual estágio do capitalismo, marcado pela globalização, tem como uma de

suas características a internacionalização da produção.

III- A reforma do Estado, condição das organizações financeiras para concessão de

empréstimos internacionais, é um processo ligado às idéias neoliberalistas, que

buscam atribuir um novo papel ao Estado.

IV – Dentre as exigências feitas pelo FMI para conceder empréstimo aos países

está a ampliação da autonomia do Estado e a garantia do crescimento econômico

por meio da centralização da tomada de decisão.

V- Para a inserção de países como o Brasil, o México e a Argentina na nova

realidade econômica mundial, as organizações financeiras internacionais exigiram a

autonomia do Estado.

Estão corretas as assertivas: a) I e II

b) I, II, e III

c) II, IV e V

d) IV e V

e) todas estão corretas

5- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- O sistema econômico mundial manifesta-se pelos intensos fluxos de bens, de serviços, de capitais e de pessoas. Entre os principais agentes desse sistema não se incluem: a) as organizações ilícitas que participam dos fluxos monetários internacionais.

b) as organizações internacionais que fiscalizam os fluxos comerciais e financeiros.

c) os Estados nacionais que permitem a liberação das trocas comerciais

internacionais.

d) os grupos financeiros que operam segundo as regulamentações restritivas

internacionais.

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e) as empresas transnacionais que distribuem suas unidades produtivas em

diferentes países.

6- (CESPE/ Delegado da PF- 2004-adaptada) Nos últimos 13 anos, a América Latina cumpriu grande parte de suas tarefas econômicas. Mesmo assim, a desigualdade e a pobreza aumentaram na região. O diagnóstico é da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que propõe para a região uma nova estratégia de desenvolvimento produtivo. Para o secretário executivo do órgão das Nações Unidas, a maior integração da região foi um ganho dos últimos anos. Sua aposta para reduzir a forte desigualdade que ainda existe é a união decrescimento econômico com proteção social. Ele propôs a substituição do conceito de mais mercado e menos Estado por uma visão que aponta para “mercados que funcionem bem e governos de melhor qualidade”. América Latina cresceu sem dividir. In:

Jornal do Brasil, 25/6/2004, p. 19A (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a amplitude do

tema por ele abordado, julgue os itens subseqüentes.

I- Ao relatar que os países latino-americanos cumpriram “grande parte de suas

tarefas econômicas” nos últimos anos, o texto permite supor a existência de algum

tipo de receituário que a região deveria seguir para se modernizar e se desenvolver.

II- No período aludido pelo texto, ainda que possa ter ostentado números positivos

de crescimento econômico, a América Latina fracassou quanto aos índices sociais,

de modo a não conseguir romper com a histórica concentração de renda, matriz da

enorme desigualdade existente na região.

III- Ao propor uma nova estratégia de desenvolvimento produtivo para a região, a

CEPAL implicitamente reconhece os equívocos da política econômica que, de

maneira praticamente generalizada, a América Latina adotou especialmente na

última década do século passado.

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IV- O Brasil foi uma exceção no cenário latino-americano retratado pelo texto.

Particularmente nos dois períodos governamentais de Fernando Henrique Cardoso,

o país optou por um modelo autônomo de desenvolvimento que prescindia da

inserção internacional de sua economia.

V- É provável ter sido o Chile o exemplo mais notório — e dramático — de fracasso

da adoção da política econômica preconizada pelo neoliberalismo: além de ter

crescimento quase nulo, o país sucumbiu ante a dimensão de uma crise social sem

precedentes em sua história.

VI- A expressão “mais mercado e menos Estado”, citada no texto, traduz à

perfeição o espírito que norteou a trajetória econômica do mundo pós-Segunda

Guerra e caiu em desuso ao final do século XX, fustigada pelo ideário nascido do

chamado Consenso de Washington.

VII- O esforço integracionista verificado na América Latina contemporânea, que o

texto reconhece, tem no Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) constituído por

Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — um de seus mais expressivos símbolos,

apesar das indiscutíveis dificuldades para a sua efetiva consolidação

Marque a alternativa:

a) se todos os itens estiverem corretos.

b) se todos os itens estiverem errados.

c) se somente os itens I, II III e VII estiverem corretos.

d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.

e) se somente o item I estiver correto.

7- (CESPE/IRB-2010-adaptada)- Acerca da atual crise econômica internacional, julgue C ou E.

I- Além de envolver grandes bancos e o sistema financeiro internacional, a crise

atual tem sido considerada uma crise de paradigmas, em particular da certeza de

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que os mercados podem autorregular-se e recuperar o equilíbrio automaticamente,

dispensando a intervenção do Estado.

II- Diante da crise, as instituições de Bretton Woods não conseguiram propor

soluções concretas por ocasião da reunião de Cúpula do G 20 realizada em

Londres em 2009.

III- Como membro do G-20, o Brasil insistiu na necessidade de se prover a

economia mundial com créditos para o desenvolvimento, incrementar a regulação

financeira, desenvolver políticas anticíclicas e combater os paraísos fiscais.

IV- Apesar de discordar da resistência de países ricos em realizar reformas nos

organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, o Brasil comprou títulos

emitidos pelo Fundo em 2009.

Marque a alternativa:

a) se todos os itens estiverem corretos.

b) se todos os itens estiverem errados.

c) se somente os itens II, III e IV estiverem corretos.

d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.

e) se somente o item I estiver correto.

GABARITO

1 –A 2- E 3- D 4- B 5- D 6- C 7- A

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AULA 02- ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E BLOCOS REGIONAIS

Olá, meus amigos, tudo bem?

É uma grande satisfação estarmos aqui com vocês mais uma vez. Na

aula passada, nós fizemos um panorama político-econômico mundial no século

XX. Na aula de hoje falaremos de outro importante fenômeno ocorrido no século

XX: a integração regional e o surgimento de organizações internacionais.

No século XX, o aperfeiçoamento dos meios de transporte e de

telecomunicações e o aprofundamento das relações políticas, econômicas, sociais

e culturais caracterizou o processo conhecido por globalização.

A globalização, intensificada no período pós-Segunda Guerra Mundial,

trouxe conseqüências marcantes ao cenário internacional. Os Estados

perceberam que, isoladamente, não teriam força para se desenvolver

economicamente ou mesmo para se defender na hipótese de um conflito

internacional. Da mesma forma, compreenderam que havia problemas que

deveriam ser resolvidos de forma conjunta pela comunidade internacional.

E aí, amigos, o que ocorre como conseqüência dessas percepções dos

Estados?

Bem, com o objetivo de alcançar o desenvolvimento econômico conjunto

e, ainda, de criar laços políticos que lhes proporcionassem maior segurança no

cenário internacional, os Estados se reúnem em blocos, almejando a integração

regional. É o fenômeno do regionalismo!

Por outro lado, a percepção de que existem problemas que devem ser

resolvidos pela comunidade internacional de forma conjunta dá origem à criação

de organizações internacionais. É o fenômeno do multilateralismo!

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Passamos a seguir a tratar sobre os principais processos de integração

regional (como começaram, quais seus objetivos, estágio atual) e sobre as

principais organizações internacionais (quais seus objetivos e estágio atual).

Vamos nessa!

1- BLOCOS REGIONAIS:

1.1- Generalidades:

Conforme já vimos, a integração econômica e política é uma

conseqüência da globalização. Após a Segunda Guerra Mundial, os países se

deram conta de que se unissem forças, eles teriam muito maior voz no cenário

internacional do que se agissem isoladamente. Concomitante a isso, começam a

proliferar organizações internacionais, as quais materializam a idéia de que

problemas em comum da humanidade deveriam ser enfrentados pela cooperação

internacional.

E por que estamos falando isso agora? Estamos falando disso porque é

ai que se encontra a sementinha que possibilitou o surgimento dos blocos

econômicos que conhecemos hoje.

Se a integração e cooperação entre os países tiveram início por

motivações eminentemente políticas, podemos estar certo de que depois também

se evidenciaram no campo econômico. Deste modo, surgiram os blocos regionais,

que tiveram seu embrião na Europa e depois se espalharam às outras regiões do

planeta. E foi essa expansão que originou o que hoje conhecemos como acordos

preferenciais e blocos regionais, dentre os quais destacamos a União Européia, o

NAFTA e o MERCOSUL.

Pessoal, quando falamos de blocos regionais, há uma tendência de

vocês pensarem que são todos uma coisa só, não é mesmo? Entretanto, eles

possuem diferentes estágios de integração.

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Segundo Bela Balassa, criador da teoria da integração regional, existem

os seguintes estágios de integração econômica:

1) Área de Livre Comércio: caracteriza-se pela livre circulação de

mercadorias e serviços. Dizer que há livre circulação de mercadorias significa que

o substancial do comércio (a maior parte do fluxo de mercadorias) circula sem

pagar impostos de importação (direitos aduaneiros) entre os países do bloco.

A livre circulação de serviços, por sua vez, fica caracterizada quando

não há restrições à prestação de serviços dentro do bloco. Nesse sentido, um

médico do país A poderia fazer consultas normalmente no país B, sem qualquer

restrições. Ou então, uma empresa de A poderia instalar-se e prestar serviços de

extração de petróleo no país B. Tudo isso, é claro, se A e B fossem integrantes da

área de livre comércio.

Na prática, o que se verifica é que a completa liberalização do comércio

de mercadorias e serviços é algo muito difícil de ser alcançado. Como exemplo de

área de livre comércio, citamos o NAFTA.

2) União Aduaneira: Na união aduaneira, além da livre circulação de

mercadorias e serviços, haveria harmonização da política comercial em relação a

terceiros países. Assim, os países-membros desse bloco comercial

estabeleceriam as mesmas regras alfandegárias em relação a terceiros não-

membros. Em outras palavras, as normas de comércio exterior seriam

essencialmente as mesmas em todos os países, aplicando-se, inclusive, uma

Tarifa Externa Comum (TEC).

A Tarifa Externa Comum (TEC) é uma tabela que estabelece as

alíquotas do imposto de importação para os produtos importados de terceiros

países. Imagine que o país A, B e C formem uma união aduaneira. Nesse caso, há

livre circulação de mercadorias entre si (no comércio regional não incide imposto

de importação) e, ainda, cobram o mesmo imposto de importação em relação a

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terceiros países. Como exemplos de uniões aduaneiras citamos o MERCOSUL e

a Comunidade Andina.

3) Mercado Comum: possui, cumulativamente, as características da

união aduaneira somadas à livre circulação dos fatores de produção. Assim, não

há restrições ao movimento de capitais e de pessoas.

Para que seja possível a livre circulação de fatores de produção, é

necessário, todavia, a harmonização das políticas previdenciária, trabalhista e de

capitais entre os integrantes do bloco. Vale ressaltar que, no mercado comum,

existirá, assim como na união aduaneira, uma harmonização da política comercial

intra-bloco (comércio livre de barreiras entre seus integrantes) e extra-bloco

(regras de comércio exterior unificadas, incluindo tributação).

4) União Econômica: caracteriza-se pela harmonização das políticas

econômicas dos países-membros.

5) Integração Econômica Total: caracteriza-se pela equalização das

políticas econômicas.

“Mas, professores, qual a diferença entre harmonização e equalização

de políticas econômicas?”

Para ficar bem fácil de visualizar, pensemos num quadro. Nesse quadro,

foi pintado uma imagem cuja simples admiração lhe traz uma sensação de bem

estar. Muito provavelmente, essa tela está repleta de cores que se harmonizam,

ou seja, possui cores que combinam entre si. Apesar de diferentes, uma vez

juntas num mesmo contexto, elas não interferem uma na outra, resultando numa

diversidade que se combina, que se harmoniza.

Por outro lado, se pretendermos que essa tela fique equalizada,

usaríamos uma cor só e ela estaria preenchida totalmente por apenas uma cor, ou

seja, em qualquer ponto da tela, as cores utilizadas seriam exatamente iguais, tal

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como um quadro negro. Assim, elas também não se agrediriam, pelo simples fato

de serem absolutamente iguais.

No caso das políticas econômicas é a mesma coisa! Elas estarão em

harmonia quando, apesar de diferentes, não ferirem ou influenciarem

negativamente uma na atuação da outra. Em contrapartida, elas estarão

equalizadas quando a política adotada em um país for também adotada em outra.

Entendido, amigos?

Vejamos, então, uma questão elaborada pelo CESPE.

1-(CESPE/ABIN-2008)- Os processos de integração econômica e política, em grande parte das experiências desenvolvidas nas últimas décadas, passam por momentos de restrições.

COMENTÁRIOS:

Ao analisar detidamente a questão, parece-nos que o examinador não

quis se referir especificamente ao fenômeno dos blocos regionais. Isso porque,

apesar de alguns blocos regionais terem grandes dificuldades de aprofundar seu

processo de integração, como o MERCOSUL, há outros que têm gradualmente

evoluído, como a União Européia.

O examinador quis se referir sim à integração econômica e política

levada a cabo em nível multilateral. Quanto a esta, não nos resta dúvidas de que

há restrições ao seu aprofundamento, agravadas ainda mais com a crise

financeira internacional. No cenário atual, não se vislumbra consenso entre os

países em relação às questões ambientais, tampouco em relação às questões

comerciais, cujas negociações em Doha estão “emperradas”.

Logo, a questão está correta.

Pois bem, agora vamos analisar separadamente cada um dos principais

blocos regionais!

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1.2- União Européia:

Para compreender as origens da União Européia, teremos que fazer

uma pequena regressão histórica. Por favor, não se assustem, nós juramos que é

pequena mesmo!

A origem do fenômeno integracionista no continente europeu remonta

ao período pós-guerra e à constituição de uma união aduaneira formada por

Bélgica, Holanda e Luxemburgo, que ficou conhecida como BENELUX. Passados

alguns anos, surgiu a Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA), cujo

objetivo era a integração das indústrias do carvão e do aço dos países europeus

ocidentais. Em 1957, esse bloco evoluiu para a Comunidade Econômica Européia

(CEE), também chamada de Mercado Comum Europeu.

No ano de 1992, as ambições integracionistas européias deram origem

ao Tratado de Maastricht, constitutivo da União Européia. Dentre todos os blocos

regionais, a U.E é o que se encontra atualmente no estágio mais avançado de

integração.

Como grande pilares do Tratado de Maastricht podemos citar a união

econômica e monetária dos Estados-membros (moeda única), a definição e a

execução de uma política externa e de segurança comum, a cooperação em

matéria jurídica e a criação de uma cidadania européia.

A moeda única (euro) é uma das grandes marcas da União Européia,

concretizando a idéia de uma união monetária. A adoção do euro como moeda

oficial por parte de um membro da União Européia exige, em conformidade com o

Tratado de Maastricht, certo grau de amadurecimento econômico. Assim, é

necessário que haja uma estabilidade de preços – baixo índice de inflação -

sustentabilidade das finanças públicas – inexistência de déficits fiscais excessivos

-, flutuações da taxa de câmbio dentro de margens normais e baixas taxas de

juros de longo prazo.

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A União Européia, enquanto organização internacional, tem presente

em si uma característica singular: a supranacionalidade de seus órgãos. Pelo

fato de ser um bloco econômico que se encontra no estágio de integração

econômica total, existe na União Européia uma equalização das políticas

econômicas (fiscal, cambial e monetária), o que exige a presença de órgãos que

adotem decisões vinculantes e obrigatórias para todos os Membros.

Na União Européia, há uma relativização do conceito de soberania.

É como se cada Estado-membro da União Européia concedesse uma parcela da

sua soberania para que um órgão supranacional possa agir em seu nome. Isso é

visto por alguns como um ponto negativo, que gera perda da identidade nacional.

Atualmente, fazem parte da União Européia 27 membros, havendo

ainda três outros Estados em processo de adesão: Macedônia, Turquia e Croácia.

O processo de adesão à União Européia consiste em preparar os países

candidatos para cumprirem as obrigações decorrentes da qualidade de Estado

membro. Assim, para a adesão ao bloco, exige-se o cumprimento dos requisitos

conhecidos como critérios de Copenhague, que consistem em requisitos políticos,

econômicos e de aplicação da legislação européia.

Quando a União Européia foi efetivamente criada pelo Tratado de

Maastricht em 1992, ela era integrada por apenas 12 membros. Hoje são mais de

27 membros, o que reclama um aperfeiçoamento da estrutura dessa instituição.

Dessa forma, o Tratado de Lisboa foi assinado em dezembro de 2007 pelos 27

Estados-membros da União Européia com vistas a dotar a União Européia de uma

estrutura institucional e jurídica que lhe permita fazer frente aos desafios atuais.

Dentre as principais mudanças a serem introduzidas pelo Tratado de

Lisboa podemos citar:

1)- Melhoria do processo de tomada de decisão no âmbito da

União Européia.

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2)- Reforça a democracia através da atribuição de um papel mais

importante ao Parlamento Europeu (maior número de matérias sujeitas ao

processo de co-decisão) e aos parlamentos nacionais.

3)- Criação da figura de um presidente estável da União, eleito por

um período de dois anos e meio, renovável uma vez;

4)- Criação do cargo de Alto Representante da União para

Relações Exteriores e a Política de Segurança, que será simultaneamente vice-

presidente da Comissão Européia.

5)-Possibilidade de que um grupo de 1 milhão de cidadãos da União

Européia, de um número significativo de Estados dirija-se diretamente à Comissão

Européia para solicitar a apresentação de uma proposta legislativa (iniciativa

popular).

6)- Possibilidade dos Estados de abandonar a União.

Em 1º de dezembro de 2009, o Tratado de Lisboa entrou em vigor,

após a ratificação por todos os 27 membros da União Européia. Esse processo de

ratificação não foi, todavia, realizado de forma tranqüila.

As maiores dificuldades foram na ratificação pela Irlanda, que em

virtude de especificidades de sua legislação, teve que submeter o Tratado de

Lisboa a referendo popular. Na primeira vez em que ele foi submetido a esse

processo, os irlandeses responderam de forma negativa. Somente em uma

segunda oportunidade o Tratado de Lisboa foi aceito pela população irlandesa.

A União Européia, apesar de ser um bloco que atingiu elevado

nível de integração, ainda apresenta fortes assimetrias internas. Isso ficou

particularmente evidente com o ingresso em 2004 e 2007 de 12 (doze) novos

membros à União. Dentre estes, 10 (dez) são países do Leste Europeu, oriundos

do antigo bloco socialista, o que evidencia uma significativa mudança política nos

destinos da região.

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Recentemente, o fato que mais chama a atenção e que deverá ser

objeto de cobrança em provas de Atualidades é a crise financeira atravessada

por países europeus. Muita atenção, então, para o que comentaremos a seguir!

Antes de mais nada, é preciso entendermos que a crise financeira pela

qual passam os países europeus ainda é um desdobramento da crise financeira

internacional que eclodiu em 2008.

No entanto, apesar de ainda ser um desdobramento da crise financeira

internacional eclodida em 2008, a crise na Europa começou a tomar proporções

graves quando a Grécia pediu formalmente ao FMI e à União Européia ajuda

financeira para conter o seu elevado déficit público.

Mas, afinal de contas, por que o déficit público grego chegou a

patamares tão elevados?

Na última década, os gastos públicos da Grécia foram bem maiores do

que o que esse país poderia pagar. Além do elevado montante de empréstimos

feitos, há que se ressaltar os altos salários do funcionalismo público, fatores

que trabalhando em conjunto levaram ao inchaço das contas públicas.

Em 2009, como forma de sustentar a demanda agregada afetada pela

crise financeira internacional, os governos tiveram que injetar mais dinheiro ainda

na economia. Conseqüência: o déficit público aumentou ainda mais, chegando a

13,6% do PIB grego somente em 2009! Ressalte-se que, com esse percentual, a

Grécia violou, inclusive as regras da “zona do euro”, que permitem um déficit

público anual de até 3% do PIB.

Aí é que está o grande problema: para financiar sua dívida, a Grécia

precisa de novos empréstimos! E quem é o investidor “maluco” que vai querer em

um país praticamente falido?

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Difícil, não é mesmo? Será que com todo mundo temendo que a Grécia

decretasse a moratória alguém seria corajoso o suficiente para emprestar a esse

país?

O grande temor é que houvesse um “calote” da dívida na Grécia e

outros países (também endividados) seguissem o exemplo. Esses outros países

são Portugal, Itália, Espanha e Irlanda, os quais estão com o endividamento acima

do permitido aos países da “zona do euro”. O grupo de países com problemas nos

déficits públicos ficou conhecido como PIIGS. (Portugal, Italy, Ireland, Greece and

Spain)

Para conter a situação, o FMI e a União Européia aprovaram um pacote

de ajuda financeira à Grécia, disponibilizando a esse país um pacote de 110

bilhões de euros. Além disso, a Grécia se comprometeu a adotar políticas de

austeridade fiscal, visando reduzir progressivamente seu déficit público. Dentre

as medidas de austeridade fiscal destacamos o congelamento dos salários dos

funcionários públicos, aumento de impostos e o aumento da idade para

aposentadoria.

Pois bem, devido à desconfiança gerada pela crise na Grécia, os outros

países da Europa também atravessam também momentos de dificuldade. Com

efeito, com os altos déficits públicos dos países da “zona do euro”, boa parte dos

investidores não se sente seguro em investir em títulos europeus. O que ocorre é

um movimento de busca por “dólares” ao invés de “euros”, o que resultou,

inclusive, em uma desvalorização do euro, fazendo com que essa moeda

atingisse os menores patamares de sua história.

Vejamos a seguir algumas questões sobre a União Européia!

2- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- Em função de seu alto nível de desenvolvimento e de seu peso comercial e financeiro, a União Européia é considerada uma das principais potências do mundo contemporâneo. Com relação aos aspectos políticos e econômicos que

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caracterizam as relações da potência européia com o resto do mundo, não é correto afirmar que: a) a União Européia mantém importantes vínculos com o antigo mundo

colonizado, com destaque para os países do Maghreb.

b) o Mediterrâneo é um espaço caracterizado pela baixa intensidade dos fluxos

comerciais e turísticos envolvendo os países da União Européia.

c) os Estados Unidos, como parceiro privilegiado, mantêm intensas relações

diplomáticas e comerciais com a União Européia.

d) o volume de importações de petróleo pelos membros da União Européia denota

sua dependência energética em relação ao exterior.

e) a maior parte dos países da América do Sul mantém com a União Européia

acordos de diálogo e cooperação.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. O Maghreb é uma região do Norte da África, que

engloba Marrocos, Saara Ocidental, Argélia, Tunísia, Mauritânia e Líbia. Essa área

possui fortes vínculos com a UE, com inúmeros emigrantes saindo desses países

em direção à Europa.

A letra B está errada. O Mediterrâneo é o destino turístico mais visitado

do mundo, caracterizando-se pela alta intensidade dos fluxos comerciais e

turísticos envolvendo os países da União Européia.

A letra C está correta. Os EUA e a União Européia mantêm entre si

intensas relações comerciais e diplomáticas.

A letra D está correta. Um dos maiores desafios econômicos

enfrentados pela União Européia é a dependência energética. A maior parte dos

insumos energéticos utilizados na União Européia (incluindo o petróleo!) é

importado, o que denota a dependência energética desse bloco regional em

relação ao exterior.

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A letra E está correta. Os países da América do Sul mantêm acordos de

diálogo e cooperação com a União Européia. Destaque-se a recente retomada das

negociações do acordo MERCOSUL-UE, que tende a aproximar ainda mais as

duas regiões.

3- (CESPE/STF-2008)- Por ser um bloco bastante homogêneo, cujos integrantes se equiparam quanto ao estágio de desenvolvimento econômico e às práticas políticas democráticas, a UE conduz uma política externa consensualmente aprovada pelo Parlamento Europeu, cujas decisões têm força de lei e caráter impositivo.

COMENTÁRIOS:

A União Européia não é um bloco tão homogêneo como afirma a

questão, principalmente após a adesão de vários países em 2004 e 2007, muitos

dos quais integravam o antigo bloco socialista. Assim, há fortes assimetrias

econômicas no âmbito da União Européia.

Quanto à política externa dos países da União Européia, esta não é

unificada, mas sim conduzida por cada país de forma soberana. Ressalte-se que

a política externa e de segurança comum é um dos pilares da UE, possuindo caráter intergovernamental, buscando-se tão somente a cooperação. A política

econômica, por sua vez, é unificada, ou seja, possui caráter supranacional.

Por tudo isso, a questão está errada.

4- (CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- Assinale a opção correta no que se refere à UE. a)- Trata-se do maior bloco econômico da atualidade, formado em poucos anos e

composto pelos países que, no pós- Segunda Guerra, integravam a Cortina de

Ferro.

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b)- Uma das principais características desse bloco é a existência de uma moeda

única, o euro, adotada por todos os países que o compõem, mas ainda carente de

aceitação mundial.

c)- A UE inscreve-se no contexto de formação de blocos de países peculiar às

circunstâncias geradas pelo processo de globalização da economia mundial

contemporânea.

d)- Surgida para fortalecer a Europa, a UE adota um modelo autárquico de

desenvolvimento que a faz refratária a relacionamentos com outros blocos.

e)- Os países integrantes da UE, por princípio e por estratégia mercadológica,

recusam-se a praticar qualquer forma de protecionismo, inclusive na agricultura.

COMENTÁRIOS:

A letra A está errada. A UE é sim o maior bloco econômico da

atualidade em poder econômico. Todavia, fazem parte desse bloco vários países

além dos integrantes da antiga Cortina de Ferro (países da Europa Oriental que

integravam o bloco socialista).

A letra B está errada. O euro não é adotado por todos os países da

União Européia. Alguns países, como por exemplo a Inglaterra, preferiram manter

sua soberania na condução da política monetária.

A letra C está correta. Como vimos em aulas anteriores, a globalização

teve como um de seus efeitos a formação de blocos regionais pelos países, os

quais, assim, buscam se inserir de forma mais competitiva no mercado

internacional. Com a União Européia não foi diferente, estando ela inserida nesse

contexto.

A letra D está errada. A UE não está fechada ao relacionamento com

outros blocos econômicos. O maior exemplo disso são as negociações comerciais

atualmente realizadas pela UE com o MERCOSUL.

A letra E está errada. A UE adota sim políticas protecionistas, as quais

se evidenciam, principalmente, no campo agrícola. Assim, existe no âmbito da

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União Européia uma política agrícola comum, sendo que uma de suas

características é a enorme concessão de subsídios aos produtores locais.

1.3- NAFTA:

O NAFTA (North American Free Trade Agreement) é uma área de livre

comércio formada por EUA, Canadá e México que possui como objetivos a

eliminação de barreiras ao comércio de bens e serviços intrabloco, o aumento das

oportunidades de investimento na região e a promoção de uma competição justa

na região.

A instituição do NAFTA teve como um de seus principais efeitos a

instalação de empresas canadenses e americanas no México, as quais se aproveitaram do baixo custo da mão-de-obra naquele país. Do ponto de vista

mexicano, esse movimento teve como efeito a geração de empregos em seu

território e o crescimento da produção industrial, que, em grande parte, é

destinada aos EUA.

Detalhe interessante que pode vir a ser cobrado em prova é acerca do

atrelamento da economia mexicana aos EUA em virtude do NAFTA. Por

estarem fortemente atreladas uma à outra, foi possível perceber, diante da recente

crise financeira, grande recessão no México, cuja economia acompanhou a

americana.

O NAFTA, ao contrário de outros blocos regionais, não tem como

objetivo a livre circulação de pessoas. Pelo contrário, uma das maiores

preocupações dos E.U.A quando da constituição do NAFTA era que aumentasse

demasiadamente os fluxos de imigrantes mexicanos.

“Mas, professores, por que existe essa preocupação dos EUA?”

Os EUA, por ser um país desenvolvido, atrai muito mais imigrantes

mexicanos do que o contrário. Aliás, os EUA atraem imigrantes de vários lugares

do planeta. Isso porque todos pensam em ir para aquele país a fim de "fazer a

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vida". Quem não conhece um brasileiro que já emigrou para os EUA em busca de

melhorar sua condição?

Pois bem, a grande preocupação é que a imigração mexicana em

massa possa constituir-se uma ameaça à cultura norte-americana. Além

disso, outro problema é que mexicanos ocupem postos de trabalho no lugar

de americanos.

O livre comércio no NAFTA ainda não abrange a totalidade dos

bens e serviços. Se formos ler o texto do tratado que o instituiu, perceberemos

que há inúmeras disposições que restringem o comércio de bens e de serviços

intra-bloco. No que diz respeito ao comércio de bens, podemos perceber que

ainda não há, por exemplo, uma livre circulação de automóveis. Um exemplo de

restrição ao comércio de serviços na região é a existente no setor energético,

segundo a qual o México reserva a si mesmo o direito de exploração e

refinamento de petróleo e gás natural em seu território. Nada mais natural,

considerando-se que o México é um dos maiores exportadores de petróleo do

mundo e não iria querer empresas americanas ou canadenses se instalando em

seu território para incrementar a concorrência.

Vejamos uma questão relacionada à integração na América do Norte:

5- (CESPE/ANTAQ-2009)- Embora não faça fronteira com os EUA, o México é prioritário para a diplomacia norte-americana por causa do grande número de imigrantes mexicanos instalados no território norte-americano.

COMENTÁRIOS:

Em primeiro lugar, os EUA possuem fronteiras com o México. Em

segundo lugar, apesar de existir um grande número de imigrantes mexicanos

instalados no território, não é só por isso que o México é prioritário para a

diplomacia norte-americana. Além desse aspecto demográfico, também é muito

relevante a grande quantidade de investimentos dos EUA naquele país, além, é

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claro, das estreitas relações comerciais entre os dois. Logo, a questão está

errada.

1.4- Integração Regional na América Latina:

1.4.1- ALADI:

A integração regional na América Latina remonta ao período posterior à

Segunda Guerra Mundial, quando começam a surgir nesse continente as

primeiras idéias integracionistas. Dessa forma, na década de 50 começam a tomar

forma tais idéias, que encontram suas motivações nas experiências

integracionistas realizadas na Europa e, ainda, no pensamento da Comissão

Econômica para a América Latina (CEPAL).

Por um lado, a partir das bem-sucedidas experiências integracionistas

européias, os países latino-americanos perceberam que a melhor forma de

alcançar desenvolvimento econômico conjunto seria a organização em blocos

econômicos. Por outro lado, as recomendações da CEPAL eram no sentido de

que os países da América Latina deveriam utilizar-se de políticas de substituição

de importações (práticas protecionistas) e que o livre comércio só deveria existir

em âmbito regional.

Assim, a partir do pensamento cepalino, cuja principal figura era o

economista argentino Raúl Présbisch, surge em 1960 a ALALC (Associação

Latino-Americana de Livre Comércio). A ALALC tinha como objetivo estabelecer,

no longo prazo, um mercado comum, começando, todavia, com uma área de livre

comércio, integrando os seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,

Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Mas será que a ALALC foi uma iniciativa que deu certo?

Não, amigos, a ALALC não deu muito certo! E podemos aqui assinalar

diversos motivos!

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Em primeiro lugar, os objetivos a que se propunha a ALALC

(estabelecer um mercado comum) eram demasiadamente ambiciosos, o que levou

ao não-cumprimento dos compromissos assumidos pelos países que a

integravam. Dessa forma, não foi possível nem mesmo formar uma área de livre

comércio que englobasse os países-membros.

Em segundo lugar, não foram contemplados adequadamente a

diferença entre os níveis de desenvolvimento dos países envolvidos no processo

de integração. Afinal de contas, não podemos nos esquecer que, mesmo dentro

da América Latina há diferenças de desenvolvimento. De um lado há países como

Brasil, Argentina e México, os quais possuem economias mais fortes; de outro há

países como Bolívia e Paraguai, que são economias menores.

Em terceiro lugar, no período compreendido entre 1960 e 1980, os

países envolvidos no processo de integração atravessaram momentos de grande

instabilidade política, notadamente em razão das ditaduras militares.

Por fim, podemos citar, ainda, como entraves ao bom funcionamento da

ALALC a heterogeneidade das políticas econômicas dos países-membros, a falta

de vontade política dos governos e o déficit institucional que a caracterizava (falta

de flexibilidade de seus mecanismos e inexistência de órgãos supranacionais a

conduzirem o processo de integração).

Não tendo dado certo a ALALC, foi criada em 1980, pelo Tratado de

Montevidéu a ALADI (Associação Latino-Americana de Integração). A ALADI

é, atualmente, o mais importante fórum de negociações comerciais na América

Latina, sendo constituída por 12 países, representantes das 3 (três) Américas:

Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia, Equador, Peru, Venezuela,

Colômbia, México e Cuba.

A ALADI tem como objetivo estabelecer, no longo prazo, um mercado

comum latino-americano. Para isso, todavia, é dotada de mecanismos mais

flexíveis do que sua antecessora ALALC. Enquanto na ALALC os países queriam

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formar uma área de livre comércio que englobasse todos seus membros, no

âmbito da ALADI as preferências tarifárias podem ficar restritas a um grupo de

países.

De acordo com o Tratado de Montevidéu, que instituiu a ALADI, os

países-membros da ALADI estabeleceram uma área de preferências econômicas,

composta por uma preferência tarifária regional, acordos de alcance regional

e acordos de alcance parcial. Os acordos de alcance regional são acordos que

abrangem a totalidade dos integrantes da ALADI. Já os acordos de alcance parcial

são acordos que envolvem somente alguns de seus integrantes. Como exemplos

de acordos de alcance parcial celebrados no âmbito da ALADI citamos o

MERCOSUL e a Comunidade Andina de Nações (CAN), sobre os quais falaremos

a seguir.

1.4.2- MERCOSUL:

O MERCOSUL é um bloco regional constituído por Brasil, Argentina,

Uruguai e Paraguai que tem por objetivo formar um mercado comum. Esse estágio

de integração pressupõe a livre circulação de mercadorias e serviços entre seus

membros, uma política comercial comum em relação a terceiros países e a livre

circulação dos fatores de produção.

As origens do MERCOSUL estão na Declaração de Iguaçu, que

formalizou a cooperação econômica entre Brasil e Argentina no ano de 1985.

Posteriormente, Fernando Henrique Cardoso e Carlos Menem assinaram em 1990

a Ata de Buenos Aires, visando à integração econômica entre esses dois países.

Em 1991, com a assinatura do Tratado de Assunção e a entrada de Uruguai e

Paraguai no bloco, surge o MERCOSUL.

Ainda falta muito para o MERCOSUL atingir objetivo de constituição de

um mercado comum, pois há uma série de dificuldades políticas e institucionais

que impedem o aprofundamento da integração regional. Em primeiro lugar, os

países que integram o MERCOSUL são economicamente muito heterogêneos.

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Enquanto o Brasil e Argentina possuem economias maduras, o Paraguai ainda é

uma economia bem frágil. Em termos políticos, o Brasil goza de maior prestígio

no cenário internacional e sua política externa tem objetivos ambiciosos, como

conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

No que diz respeito às dificuldades institucionais do MERCOSUL,

ressaltamos que não existe nesse bloco regional um órgão supranacional com

capacidade legislativa. Isso dificulta a produção normativa no âmbito do

MERCOSUL, enfraquecendo, por conseguinte, a segurança jurídica. Para que

uma norma tenha vigor no âmbito do MERCOSUL, ela deve ser aprovada pelos

seus quatro países-membros.

Quanto às práticas protecionistas adotadas entre seus membros, é

incontroverso dizer que elas recrudesceram nos últimos tempos. Principalmente

no comércio entre Brasil e Argentina, o que se percebe é uma verdadeira “troca de

gentilezas” entre esses países.

Todavia, apesar de todas essas dificuldades para a consolidação da

integração entre os seus integrantes, a corrente de comércio do Brasil com o bloco

intensificou-se nos últimos anos.

O Brasil tem dado grande prioridade ao fortalecimento do MERCOSUL.

Isso se deve, conforme já comentamos anteriormente, às ambições da política

externa brasileira, cujo objetivo é conseguir um assento permanente no Conselho

de Segurança da ONU. Para isso, o Brasil almeja ser visto pelo mundo como um

autêntico líder e promotor da estabilidade regional.

A criação do FOCEM (Fundo para Convergência Estrutural) e do

Parlamento do MERCOSUL foram, nesse sentido, iniciativas apoiadas pelo Brasil.

O FOCEM é um fundo destinado a apoiar projetos de infra-estrutura das

economias menores e das regiões menos desenvolvidas do MERCOSUL, visando,

acima de tudo, a redução das assimetrias regionais. O Parlamento do

MERCOSUL, por sua vez, representa um passo no caminho do aprofundamento

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do processo de integração. Como principais funções, o Parlasul busca agilizar o

processo de incorporação de normas do MERCOSUL ao ordenamento jurídico de

seus membros bem como fortalecer a cooperação inter-parlamentar.

Outra iniciativa que pretende aprofundar a integração no âmbito do

MERCOSUL é o Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), que já permite

hoje que Brasil e Argentina utilizem em suas relações comerciais recíprocas o

peso e o real. Existe a possibilidade, ainda não transformada em realidade, de que

esse sistema seja estendido a todas as relações comerciais entre os países do

MERCOSUL.

Por fim, vale destacarmos a situação da Venezuela no âmbito do

MERCOSUL. Este país está em processo de adesão ao bloco regional, bastando

para seu efetivo ingresso a aprovação pelo Paraguai. Em 2009, o Brasil aprovou o

Protocolo de Adesão da Venezuela ao MERCOSUL.

Vamos resolver algumas questões sobre o MERCOSUL?

6- (CESPE/IRB-2009-adaptada)- Considerando os interesses e as perspectivas brasileiras em relação ao MERCOSUL e a evolução recente desse bloco, julgue (C ou E) os itens a seguir e em seguida assinale a opção correta: I-As dificuldades políticas e institucionais do MERCOSUL, a fragilidade de seus

instrumentos comerciais e o recrudescimento do protecionismo nos países-

membros levaram à continuada retração da corrente de comércio do Brasil com o

bloco nos últimos cinco anos.

II- A prioridade brasileira conferida à consolidação e à expansão do MERCOSUL

expressou-se no apoio às iniciativas de aprimoramento institucional do bloco, das

quais são exemplos recentes a criação do Fundo de Convergência Estrutural

(FOCEM) e do Parlamento do MERCOSUL.

III- Com o propósito de agilizar e desburocratizar o intercâmbio comercial no

âmbito do MERCOSUL, o Brasil concebeu e implantou, em conjunto com a

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Argentina, mecanismo de pagamento em moeda local, o qual pode ser ampliado

para os demais países do bloco.

Estão corretas as seguintes assertivas: a) I

b) II

c) I e II

d) II e III

e) Todas estão corretas

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está errada. Apesar de todas as dificuldades para a

consolidação da integração entre os seus integrantes, a corrente de comércio do

Brasil com o bloco intensificou-se nos últimos anos.

A segunda assertiva está correta. O Brasil, almejando um assento

permanente no Conselho de Segurança da ONU, dá prioridade ao MERCOSUL

em sua agenda política externa. A criação do FOCEM e do Parlasul foram

iniciativas apoiadas pelo Brasil no intuito de fortalecer a integração no âmbito

regional.

A terceira assertiva está correta. Atualmente, o SML (Sistema de

Pagamentos em Moeda Local) só se aplica no comércio entre Brasil e Argentina.

No entanto, ele pode ser estendido para as relações comerciais entre os outros

países do MERCOSUL. Portanto, a questão está correta.

7-(CESPE/IRB-2010)- Após a aprovação, pelo Senado Federal, em dezembro de 2009, do protocolo de adesão da Venezuela ao MERCOSUL, resta apenas a ratificação por parte do Paraguai para que o processo de incorporação daquele país à União Aduaneira seja concluído, ratificação essa que tende a ser facilitada pelo fato de o Paraguai fazer parte da chamada aliança

bolivariana, dado o perfil político de esquerda do Presidente Fernando Lugo.

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COMENTÁRIOS:

Realmente, a efetiva adesão da Venezuela ao MERCOSUL somente

depende da aprovação do Paraguai. Todavia, ao contrário do que afirma a

questão, a ratificação paraguaia do Protocolo de Adesão não será algo tão fácil

assim. Muito pelo contrário, o Congresso paraguaio, atualmente, não é a favor do

ingresso desse país no MERCOSUL. Portanto, a questão está errada.

8- (CESPE/ANTAQ-2009)- Blocos econômicos, como a União Européia e o MERCOSUL, compõem o panorama do que se convencionou chamar de globalização e derivam, entre outras razões, da necessidade de se posicionar bem no competitivo mercado mundial.

COMENTÁRIOS:

A organização dos países em blocos econômicos deriva da necessidade

de que estes se posicionem de forma mais competitiva no mercado mundial e da

tentativa de se buscar desenvolvimento econômico conjunto. Além disso, a

existência de blocos econômicos compõe o cenário internacional globalizado. Por

tudo isso, a questão está correta.

9- (CESPE/STF-2008)- A despeito de problemas que ainda não foram superados, a existência do MERCOSUL indica o esforço do Brasil e de seus parceiros de bloco para a inserção mais vantajosa da região na economia mundial globalizada.

COMENTÁRIOS:

Conforme afirmamos na questão anterior, a organização dos países em

blocos econômicos deriva da necessidade de que estes se posicionem de forma

mais competitiva no mercado mundial. Logo, a questão está correta.

10- (CESPE/TJDF-2008)- Uma das principais razões que explicam a formação dos atuais blocos econômicos, entre os quais se situam a União Européia e

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o Mercado Comum do Sul, é o fato de oferecerem aos seus integrantes

condições mais favoráveis de inserção no competitivo mercado global.

COMENTÁRIOS:

Vejam, amigos, como são recorrentes questões falando sobre as

benesses da formação de blocos regionais. Mais uma vez, a questão está correta.

.

1.4.3- Comunidade Andina (CAN):

A Comunidade Andina de Nações (CAN) é um bloco econômico

formado por Bolívia, Equador, Colômbia e Peru, constituindo, assim como o

MERCOSUL, uma união aduaneira.

O objetivo da Comunidade Andina é constituir um mercado comum, o

que ainda é algo um pouco distante. Para que isso se torne realidade, é preciso

que todos os países usem a Tarifa Externa Comum (TEC), a qual ainda não foi

adotada pelo Peru. Além disso, faz-se mister estabelecer a livre circulação dos

fatores de produção intra-bloco.

A Venezuela fazia parte da CAN até o ano de 2006, quando retirou-se

do bloco alegando que os tratados de livre comércio assinados pela Colômbia,

Equador e Peru com os EUA comprometiam os objetivos regionais.

1.4.4- UNASUL:

A UNASUL (União de Nações Sul-Americana) foi constituída em 23 de

maio de 2008 e tem como objetivo a integração sul-americana. Para isso, ela

reúne o MERCOSUL, a Comunidade Andina de Nações (CAN) , Chile, Guiana e

Suriname. Vejamos o que o Tratado Constitutivo dessa organização internacional

enuncia como seu objetivo:

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Artigo 2- Objetivo- A União de Nações Sul-americanas tem como objetivo construir, de maneira participativa e consensuada, um espaço de integração e união no âmbito cultural, social, econômico e político entre seus povos, priorizando o diálogo político, as políticas sociais, a educação, a energia, a infra-estrutura, o financiamento e o meio ambiente, entre outros, com vistas a eliminar a desigualdade socioeconômica, alcançar a inclusão social e a participação cidadã, fortalecer a democracia e reduzir as assimetrias no marco do fortalecimento da soberania e independência dos Estados.

O Tratado Constitutivo da UNASUL é muito bonito em suas palavras!

Fazendo uma leitura de seu texto, pensamos até que vai ser construído na

América do Sul um bloco aos moldes da União Européia. No entanto, não

podemos dizer que ele tenha estabelecido compromissos concretos para as partes

contratantes. O que de fato existe hoje na UNASUL são propostas e intenções,

dentre as quais citamos as que julgamos principais:

1)- Liberalização do comércio entre os países: eliminação de tarifas

para produtos não-sensíveis até 2014 e para produtos sensíveis até 2019.

2)- Livre circulação de pessoas

3)- Criação do Banco do Sul: será o responsável por estabelecer uma

política monetária na região, com vistas a criar no futuro uma moeda única sul-

americana.

4)- Criação de um Conselho de Defesa Sul-Americano

A UNASUL é, conforme você podem perceber, um bloco econômico

com objetivos bem ambiciosos, mas que ainda não tem conquistas significativas

realizadas. Podemos dizer que os seus projetos ainda estão "no papel".

Para que você tenha uma idéia mais clara disso, acho importante dizer

que o Tratado Constitutivo da UNASUL ainda nem está em vigor. De acordo com

seu art.26, o início de sua vigência será somente depois de 90 dias da data em

que 9 países dos 12 que a integram o tiverem ratificado.

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Um parêntesis: ratificação é um ato internacional por meio do qual um

país se declara definitivamente obrigado por um tratado. No Brasil, a ratificação é

de competência do Presidente, mas somente poderá ocorrer após aprovação do

Congresso Nacional. Tudo isso ainda não foi feito pelo Brasil no caso específico

da UNASUL.

Até agora somente 4 países ratificaram o Tratado Constitutivo da

UNASUL - Bolívia, Venezuela, Equador e Guiana. Em outras palavras, ele ainda

não entrou em vigor.

Dessa forma, torna-se muito difícil fazer uma análise mais detalhada do

funcionamento da UNASUL. Todavia, desde já é possível perceber que ela é uma

iniciativa que carece de estrutura institucional capaz de atingir os objetivos a que

se propõe. Outro complicador para o processo de integração é a diferença de

desenvolvimento entre os seus integrantes, o que necessita ser considerado no

estabelecimento de políticas regionais.

Vejamos algumas questões sobre a UNASUL!

11- (CESPE/IRB-2010)- A UNASUL é um organismo político internacional formado pela junção das estruturas do MERCOSUL e da Comunidade Andina, que deverão desconstituir-se, segundo calendário estabelecido por

seus Estados-Partes, a fim de se consolidar a nova entidade regional.

COMENTÁRIOS:

Não há nenhuma disposição no Tratado Constitutivo da UNASUL,

tampouco algum país manifestou a intenção, de que o MERCOSUL e a

Comunidade Andina sejam desconstituídos com a criação dessa nova entidade

regional. Logo, a questão está errada.

12- (CESPE/IRB-2009)- Com a criação da União Sul-Americana de Nações (UNASUL), os instrumentos e as disciplinas comerciais do MERCOSUL deverão ser gradativamente transferidos para aquele organismo, a fim de se

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evitar a duplicidade de regras e facilitar a criação de uma área de livre

comércio em toda a América do Sul.

COMENTÁRIOS:

Não há nenhuma regra no Tratado Constitutivo da UNASUL que diga

que as disciplinas comerciais do MERCOSUL serão transferidas para aquele

organismo. Os países signatários preferiram, como já dissemos anteriormente,

não assumir compromissos estritos por meio desse tratado. Em outras palavras,

eles “ficaram em cima do muro”. A questão está, portanto, errada.

1.4.5- Área de Livre Comércio das Américas (ALCA):

A ALCA é um projeto que ficou parado no tempo! Segundo o Prof. Raúl

Granillo Ocampo, o seu estabelecimento é um processo que está “ferido de

morte”. Ela tinha como objetivo a formação de uma área de livre comércio nas

Américas, não se limitando, entretanto à área econômica, mas também

abrangendo iniciativas nos campos políticos, sociais e culturais.

No entanto, em virtude de interesses divergentes entre os países que a

formariam, suas negociações foram abandonadas. Veja só: os países integrantes

do NAFTA tinham como maior interesse as negociações em matéria de serviços,

investimentos, licitações governamentais e propriedade intelectual. Já os países

do MERCOSUL viam com prioridade os temas de acesso a mercados e

agricultura.

Os EUA, por sua vez, eram relutantes, à época das negociações, em

retirar os altos subsídios que concediam ao setor agrícola e reduzir o

protecionismo em alguns setores, como o do aço. E isso era de fundamental

interesse para os outros países!

Vejamos o que nos diz o Prof. Raúl Granillo Ocampo sobre a ALCA:

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“A negativa dos Estados Unidos de renunciar a seus subsídios

agropecuários e abrir seu mercado nessa área demonstra, nessa visão, que a

ALCA é nada mais do que um instrumento para o aumento das exportações norte-

americanas, o reforço de seu predomínio tecnológico e a transformação da

América Latina em uma região cativa dos Estados Unidos, o que causaria impacto

negativo no emprego e no combate à pobreza através de uma maior quantidade

de investimentos norte-americanos para prover os mercados na América Latina.”

Não somos tão radicais assim! Todavia, é certo que a formação de um

bloco regional deve prever benefícios para ambas as partes e, ainda, possuir

mecanismos que favoreçam os países de menor desenvolvimento relativo.

2- ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS:

2.1- Generalidades:

As Organizações Internacionais são hoje em dia importantes sujeitos de

direito internacional público e sua importância no cenário internacional cresce

cada vez mais, fruto do aumento das relações internacionais e da cooperação

entre os Estados.

Mas o que seriam essas organizações? Qual o seu papel no cenário

internacional? Quais as principais? Como funcionam?

Bem, quando se trata de definir uma organização internacional temos

conceitos elucubradíssimos e conceitos mais simples. Como nós não precisamos

ser mestres em Direito Internacional para fazer uma prova, ficaremos com o mais

simples. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entende que

organizações internacionais são nada mais, nada menos, que organizações intergovernamentais, ou seja, os Estados formam uma entidade com

personalidade jurídica para tratar de um interesse comum.

Segundo Accioly, as organizações internacionais multiplicam-se à

medida que aumenta a conscientização a respeito dos problemas especificamente

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internacionais. Tais problemas, por não poderem ser enfrentados por um só

Estado, exigem a cooperação internacional. É assim que surgem as organizações

internacionais!

Essas organizações são extremamente heterogêneas, ou seja, elas não

necessariamente visam uma finalidade comum. Segundo Rezek, seus objetivos

variam entre a suprema ambição da ONU – manter a paz entre os povos,

preservar-lhes a segurança, e fomentar seu desenvolvimento econômico – até o

modestíssimo objetivo de uma UPU – ordenar o trânsito postal extrafronteiras. É

claro que não vamos falar aqui dessa tal de UPU, mas, é de suma importância

conhecermos aquelas que têm maior repercussão mundial.

Bem, antes de falarmos quais são as mais importantes, é necessário

saber que elas possuem uma estrutura comum e percebermos dois órgãos

essenciais em sua constituição: a Assembléia Geral e a Secretaria.

A Assembléia Geral é o foro onde os Estados-membros participam

efetivamente da organização internacional, expressando seus pontos de vista

através do voto. Na Assembléia Geral, são adotadas as decisões mais relevantes

das organizações internacionais. Este órgão não é permanente, mas temporário,

reunindo-se ordinariamente – de forma periódica – ou ainda em caráter

excepcional.

Já a Secretaria é o órgão responsável pela operacionalidade da

organização internacional, ou seja, funciona permanentemente e seus funcionários

estão desvinculados dos seus Estados-membros – princípio da neutralidade.

Logicamente, a estrutura dessas organizações é definida pelo seu

próprio acordo constitutivo, não havendo uma regra para determiná-la. Se

observarmos, por exemplo, a OMC ou a ONU, veremos o quão complexas são

suas estruturas institucionais.

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Um órgão que é muito comum em organizações internacionais de

abrangência universal, como a ONU e a OMC, é um Conselho Permanente, que

exerce competências executivas e de maneira ininterrupta. Esse conselho pode

ser integrado por representantes de todos os Estados-membros ou por

representantes de apenas alguns. O Conselho de Segurança da ONU, por

exemplo, se trata de um conselho permanente, sendo constituído por

representantes apenas de alguns Estados-membros.

As organizações internacionais são entidades com objetivos e áreas

de atuação diferenciadas. Algumas delas exercem suas funções somente em

âmbito regional, outras têm alcance universal, não ficando sua atuação limitada

a uma região.

Organizações internacionais de alcance universal seriam aquelas que

têm uma propensão para reunir em torno de si a totalidade dos Estados

soberanos. Como exemplos de organizações internacionais de alcance universal

podemos citar a ONU (Organização das Nações Unidas), a OMC (Organização

Mundial de Comércio), a OMA (Organização Mundial de Aduanas) e a OIT

(Organização Internacional do Trabalho)

Organizações internacionais de alcance regional, ao contrário, são

aquelas que reúnem unicamente países de uma determinada região, como por

exemplo, a UE (União Européia), a OEA (Organização dos Estados Americanos),

o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o MERCOSUL.

Pois bem, feita essa rápida introdução, vamos agora nos ater ao exame

das principais organizações internacionais para fins de prova: ONU, OEA, OMC,

BIRD, BID e FMI.

2.2- Organização das Nações Unidas (ONU):

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada após a Segunda

Guerra Mundial em substituição à Liga das Nações, organização internacional que

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funcionou em Genebra após a Primeira Guerra Mundial. Após um período de tanta

turbulência como o vivido durante a Segunda Guerra Mundial, os países se

reuniram em torno de uma organização que buscasse a manutenção da paz e da

harmonia internacional.

Assim, surgiu a ONU, que nada mais é do que uma associação de

Estados reunidos com os seguintes objetivos:

1- Manter a paz e a segurança internacionais.

2-Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no

respeito ao princípio da igualdade e de autodeterminação dos povos.

3-Conseguir uma cooperação internacional para resolver os

problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou

humanitário e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e

as liberdades fundamentais para todos.

4-Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a

consecução desses objetivos.

Como podemos perceber, a atuação da ONU não se limita a um

determinado tema, mas sim estende-se por diversas áreas. Dizemos, assim, que

trata-se de uma organização de vocação política, constituindo-se no mais

importante fórum internacional.

O estatuto da ONU é a Carta das Nações Unidas, assinada em São

Francisco em 26 de junho de 1945. Segundo o referido diploma, poderão ser

admitidos como membros todos os Estados “amantes da paz” que aceitem as

obrigações contidas na Carta e que a juízo da Organização estiverem aptos e

dispostos a cumprir tais obrigações.

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São seis os órgãos especiais das Nações Unidas: Assembléia Geral,

Conselho de Segurança, Corte Internacional de Justiça, Secretariado, Conselho

Econômico e Social e o Conselho de Tutela.

O mais importante de seus órgão (e também sobre o qual mais se fala

nos jornais e revistas) é o Conselho de Segurança. Mas quais seriam suas

funções? Por que ele é tão importante?

De acordo com o art.39 da Carta da ONU, o Conselho de Segurança

determinará a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de

agressão, e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas a

fim de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais.

Assim, as principais decisões da ONU são tomadas pelo Conselho de

Segurança da ONU. Quando se trata de aplicar sanções, por exemplo, é o

Conselho de Segurança da ONU quem irá decidir. Daí a grande importância desse

órgão!

Atualmente, o Conselho de Segurança da ONU possui 10 membros

não-permanentes e 5 membros permanentes (China, Estados Unidos, França,

Reino Unido e Rússia). Uma decisão não-processual (decisão importante) é

tomada por esse órgão com base em um quórum de 9 votos, aí incluídos,

necessariamente, votos afirmativos de todos os seus membros

permanentes.

Essa obrigatoriedade do voto afirmativo dos membros permanentes

representa o chamado “poder de veto”, segundo o qual qualquer dos membros

permanentes pode impedir que uma decisão seja tomada. Se 14 membros do

Conselho de Segurança da ONU votarem a favor de uma questão, mas um

membro permanente votar negativamente, a decisão não será adotada.

Em outras palavras, os 5 membros permanentes têm poder de voto e

de veto, já os demais apenas de voto. E o que isso significa na prática? Que

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todos os membros permanentes têm que concordar com a medida em pauta, ou

ela não será aprovada. Assim, ainda que 4 membros permanentes e os 10

temporários julguem válida determinada resolução ela não poderá ser aprovada

porque um membro pemanente não aprovou!

Conforme percebemos, a estrutura decisória no âmbito da ONU reflete

uma completa assimetria de poder, que faz com o que o voto dos membros

permanentes do Conselho de Segurança da ONU tenha peso muito maior.

Com efeito, quando a ONU foi criada em 1945, a ordem internacional

era completamente diferente do que é hoje em dia. Assim, sua estrutura

institucional e o processo decisório refletem um cenário ultrapassado. Nota-se que

há uma desigualdade de fato no âmbito da ONU, conferindo supremacia a alguns

países em detrimento de outros.

É justamente por isso que se reclama por uma reforma do Conselho

de Segurança da ONU. Objetiva-se estruturar, dessa forma, um sistema

multilateral condizente com a nova ordem internacional, caracterizada pela cada b

vez maior participação dos países em desenvolvimento.

Nesse sentido, há países que pleiteiam um assento permanente no

Conselho de Segurança da ONU, particularmente Alemanha, Japão, Brasil e Índia.

Vejam só que interessante: Japão e Alemanha são duas das maiores economias

do mundo, mas por terem perdido a 2ª Guerra Mundial, ficaram de fora da

estrutura do Conselho de Segurança!

Todavia, apesar dessas intenções, há algumas resistências regionais: o

Paquistão se opõe à entrada da Índia; a Itália se opõe à Alemanha; Argentina e

México se opõem ao Brasil; e China e Coréia do Sul se opõem ao Japão.

Recentemente, há alguns assuntos de extrema importância

relacionados à ONU. Ao longo do curso teremos a oportunidade de comentar cada

um deles de forma mais detalhada. Todavia, já que estamos falando de ONU, vale

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a pena enumerarmos esses assuntos para que vocês já tenham uma idéia sobre o

que está em voga no momento!

1)- O primeiro deles diz respeito às negociações desenvolvidas no

âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas,

assunto sobre o qual falaremos de forma mais detalhada na aula sobre Meio

Ambiente.

2)- O segundo diz respeito às novas sanções aplicadas pela ONU

contra o Irã. Falaremos mais sobre isso na aula sobre Conflitos Geopolíticos.

3)- O terceiro diz respeito à falta de uma posição firme da ONU em

relação ao ataque israelense a navios de ajuda humanitária aos palestinos

na Faixa de Gaza. Também falaremos mais sobre isso em aulas futuras.

Vejamos a seguir algumas questões sobre a ONU!

13-(CESPE/IRB-2010)- O Brasil e outros países em desenvolvimento pleiteiam ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. A esse respeito, há, entre os países, amplo consenso de que os candidatos naturais a representantes da América Latina, África e Ásia são,

respectivamente, Brasil, Nigéria, Japão e Índia.

COMENTÁRIOS:

Não existe consenso entre os países a respeito de quem deve ser o

candidato natural de cada continente. A Argentina, por exemplo, não aceita a

candidatura do Brasil. Logo, a questão está errada.

14- (CESPE/BB-2009)- A condição de potência permitiu à Índia tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações

Unidas.

COMENTÁRIOS:

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A Índia não se tornou membro permanente do Conselho de Segurança

da ONU. Permanecem como membros permanentes os seguintes países: EUA,

Rússia, China, Reino Unido e França. Logo, a questão está errada.

15- (CESPE/IRB-Bolsa-2008)- A reforma das Nações Unidas, uma necessidade conceitual e prática do momento atual, é área de pouco

interesse da política externa brasileira.

COMENTÁRIOS:

A reforma das Nações Unidas e o ingresso do Brasil como membro

permanente do Conselho de Segurança da ONU são prioridades da política

externa de nosso país. Logo, a questão está errada.

16- (FCC/APOFP-2010)- A Assembléia Geral da ONU renova todos os anos cinco dos dez lugares não permanentes do Conselho de Segurança, que são divididos por regiões geográficas entre Europa Ocidental, Europa Oriental, África, Ásia, América Latina e Caribe. Além desses dez membros, há os cinco permanentes, que têm direito a veto. Para o biênio 2010-2011, foi aprovado, em 15 de outubro de 2009, o ingresso dos novos cinco países para ocupar os postos não permanentes.

Em relação à composição atual do Conselho de Segurança da ONU é correto afirmar:

a)- Os cinco membros permanentes são EUA, Rússia, França, Reino Unido e

Brasil e, entre os novos não permanentes, está Alemanha.

b)- O Brasil é um dos novos membros não permanentes, e os permanentes são

EUA, Rússia (ex-União Soviética), França, Reino Unido e China.

c)- Os membros permanentes são Alemanha, EUA, Rússia, França e Reino Unido,

e o novo representante da América Latina e do Caribe é o Chile.

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d)- Os atuais membros permanentes são Rússia (ex-União Soviética), EUA,

China, Alemanha e Japão, e entre os novos não permanentes estão Bósnia e

Nigéria.

e)- Os membros não permanentes que representam América Latina e Caribe são

Brasil e Venezuela e, entre os permanentes, Itália substituiu Rússia (ex-União

Soviética).

COMENTÁRIOS:

O Conselho de Segurança da ONU possui 10 membros não-

permanentes e 5 membros permanentes. Os membros não-permanentes são

eleitos pela Assembléia Geral da ONU para um período de 2 ( dois) anos, sendo

que cinco são substituídos a cada ano. Atualmente, são membros temporários:

Bósnia Herzegovina, Brasil, Gabão, Líbano, Nigéria, Áustria, Japão, México,

Turquia e Uganda.

Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são

EUA, China, Rússia, França e Reino Unido. O Brasil ainda não faz parte desse

seleto grupo de países, embora esta seja uma de suas ambições.

Por tudo isso, a letra B é a alternativa correta.

17-(ESAF/AFC-TCU/2000) As decisões não processuais do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – ONU serão tomadas pelo voto afirmativo: a) dos membros permanentes do Conselho de Segurança

b) dos Estados-Membros da ONU

c) de 2/3 dos Estados-Membros presentes e votantes

d) de nove membros, inclusive os votos afirmativos de todos os membros

permanentes

e) dos sete países mais desenvolvidos

COMENTÁRIOS:

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Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (E.U.A,

Reino Unido, França, Rússia e China) possuem o que nós costumamos chamar de

“poder de veto”, o que quer dizer que qualquer um desses países pode frustrar o

processo decisório através do voto negativo.

Logo, para que uma decisão não-processual (decisão importante)

seja adotada pelo Conselho de Segurança, é necessário que:

1)- Todos os membros permanentes do Conselho de Segurança

votem favoravelmente a ela.

2)- É necessário o voto afirmativo de 9 (nove) dos seus 15 (quinze)

membros.

Juntando as duas condições, podemos resumir o processo decisório no

âmbito desse órgão da ONU através de uma única frase, muito bem expressa na

letra D: “As decisões não processuais do Conselho de Segurança da ONU serão

tomadas pelo voto afirmativo de nove membros, inclusive os votos afirmativos

de todos os membros permanentes.”

2.3- Organização dos Estados Americanos (OEA):

A Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização

internacional criada em 1948 com o objetivo de obter “uma ordem de paz e de

justiça, para promover sua solidariedade, intensificar sua colaboração e defender

sua soberania, sua integridade territorial e sua independência”.

A OEA é uma organização internacional de caráter regional e de

vocação política, sendo um organismo regional das Nações Unidas. A Carta da

OEA define quais são seus propósitos enquanto organização internacional que

atua no continente americano e ainda os princípios em que se baseia e sua

estrutura jurídica.

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De acordo com sua Carta seus propósitos essenciais da OEA são:

- Garantir a paz e a segurança continentais;

- Promover e consolidar a democracia representativa, respeitado o

princípio da não-intervenção;

- Prevenir as possíveis causas de dificuldades e assegurar a solução

pacífica das controvérsias que surjam entre seus membros;

- Organizar a ação solidária destes em caso de agressão;

- Procurar a solução dos problemas políticos, jurídicos e econômicos

que surgirem entre os Estados membros;

- Promover, por meio da ação cooperativa, seu desenvolvimento

econômico, social e cultural;

- Erradicar a pobreza crítica, que constitui um obstáculo ao pleno

desenvolvimento democrático dos povos do Hemisfério; e

- Alcançar uma efetiva limitação de armamentos convencionais que

permita dedicar a maior soma de recursos ao desenvolvimento econômico-social

dos Estados membros.

Como se pode perceber, os propósitos da OEA são bastante

semelhantes aos da ONU e giram em torno de uma mentalidade de paz e segurança, cooperação interamericana, solução pacífica das controvérsias e promoção de desenvolvimento econômico, social e cultural.

Mas afinal, quem são os membros dessa organização?

Bem, todos os Estados Americanos que ratificaram a Carta da OEA,

passaram a constituir essa organização, ou seja, as 35 nações independentes do

continente americano.

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A Carta da OEA, ao contrário da Carta da ONU, não prevê a

possibilidade de expulsão de um Estado-membro quando este viole os seus princípios. Todavia, um membro cujo governo democraticamente constituído seja

deposto pela força, poderá ter suspenso o seu direito de participação nas

atividades da organização.

Como exemplo, citamos o caso ocorrido em 31 de janeiro de 1962 em

Cuba. Após o governo cubano afirmar o caráter socialista da Revolução e se aliar

à URSS, esse país foi suspenso da Organização, tendo seus direitos recuperados

somente em junho de 2009. Todavia, podemos dizer que Cuba não está nem aí

pra OEA! Apesar de sua suspensão dessa organização internacional ter sido

revogada, o governo cubano é firme na posição de que não deseja retornar a

essa organização.

Outro país que, recentemente, teve a suspensão do direito de

participação nas atividades da OEA foi Honduras. Vamos entender, de forma

rápida, o que ocorreu neste país!

Manoel Zelaya governava Honduras desde 2006, sendo seu governo

marcado pelo populismo de esquerda, o que desagradava as camadas mais

conservadoras. Sendo acusado de corrupção e, ainda, de querer se perpetuar no

poder mediante reformas na Constituição de Honduras, ele foi deposto por um

golpe militar no dia 28 de junho de 2009.

A deposição de Zelaya pelo golpe militar causou ampla repercussão na

comunidade internacional, que condenou a atitude dos militares. Uma das

conseqüências disso foi o não reconhecimento da legitimidade do novo governo

de Honduras pela comunidade internacional e a suspensão desse país da OEA.

No plano interno, o golpe militar teve como efeito manifestações de rua

e embates entre partidários de Zelaya e aqueles que eram a favor de sua

deposição.

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Tendo sido expulso de Honduras por ocasião do golpe, Manoel Zelaya

retornou ao país e pediu asilo diplomático na embaixada brasileira naquele país,

onde ficou por cerca de 4 meses. Após esse período, Zelaya deixou o país rumo à

República Dominicana. Atualmente, Honduras já tem um novo governo, que

assumiu no início de 2010, colocando um fim no regime provisório instaurado pelo

golpe militar.

Vejamos algumas questões sobre a OEA!

18- (CESPE/INMETRO-2009-adaptada)- Em decisão histórica, a reunião da Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em junho de 2009, tornou sem efeito a resolução que excluía Cuba do Sistema Interamericano de Nações. Passaram-se 47 anos de isolamento desde a reunião de Punta Del Este (Uruguai), em 1962, quando foi oficializado o afastamento da ilha. A referida decisão histórica deve ser entendida como o retorno, ainda que de forma atenuada, aos tempos da polarização ideológica

que caracterizava a Guerra Fria.

COMENTÁRIOS:

A decisão histórica a que a questão faz a alusão é a revogação da

decisão que suspendeu o direito de participação de Cuba da OEA. A suspensão

de Cuba dessa organização ocorreu após ter ocorrido naquele país uma revolução

socialista.

Com efeito, a revogação da suspensão de Cuba representa o

entendimento político de que a Guerra Fria é coisa do passado e demonstra

que não há mais a polarização do mundo que existia durante aquele período.

Logo, a questão está errada.

19- (CESPE/INMETRO-2009)- Em todos os países das Américas, ocorreram manifestações populares de regozijo pela volta de Cuba aos quadros da

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OEA, em clara demonstração de apoio ao regime cubano e de oposição à

grande potência continental.

COMENTÁRIOS:

A OEA aprovou a revogação da suspensão de Cuba da OEA. Todavia,

daí a dizer que ocorreram manifestações populares em todos os países das

Américas em apoio ao retorno daquele país à OEA, há uma distância bem grande.

Logo, a questão está errada.

2.4-Organização Mundial do Comércio (OMC):

O surgimento dessa organização está diretamente ligado a dois

fenômenos modernos. O primeiro deles é o aumento do número e volume de

transações comerciais entre diferentes países e regiões. O segundo é o intenso

processo de integração trazido pela globalização, seja de capitais, mercadorias ou

da própria produção.

Com efeito, as relações comerciais entre os países aumentaram de

forma exponencial na segunda metade do século XX, o que passou a exigir a

criação de normas que as regulassem em nível multilateral. E nada mais natural

do que criar uma organização internacional que administrasse todo esse

arcabouço jurídico.

Para falarmos da OMC e de sua criação, precisamos fazer uma rápida

regressão temporal e voltar ao final da Segunda Guerra Mundial. Terminado esse

grande conflito mundial, os países reuniram-se naquela que ficou conhecida como

Conferência de Bretton Woods.O objetivo era instaurar uma novo sistema para

reger as relações econômicas internacionais. Para cumprir esse objetivo,

decidiram criar três organizações internacionais: o FMI (Fundo Monetário

Internacional), o BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento e

a OIC (Organização Internacional do Comércio).

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Cada uma delas teria um objetivo diferente, sendo que a OIC seria

responsável por fiscalizar as políticas comerciais dos países e evitar medidas

protecionistas por eles utlizadas. Todavia, a OIC nunca foi criada, somente

passando a existir desde então o BIRD e o FMI.

A iniciativa de criação da OIC não logrou êxito em razão,

principalmente, da posição adotada pelos EUA, que termia perder sua soberania

nas questões comerciais.

Embora a OIC não tenha sido criada, em 1947 os países celebram um

acordo internacional denominado GATT (General Agreement on Tariffs and

Trade). Ao criar o GATT, os países buscaram estabelecer medidas que evitassem

práticas protecionistas, buscando a liberalização do comércio internacional,

considerado por muitos teóricos como o grande motor do desenvolvimento

econômico.

Os países reconheciam, todavia, que a liberalização do comércio

internacional não ocorreria da noite para o dia, mas sim de forma progressiva.

Desta forma, foram realizadas diversas Rodadas de Negociações Comerciais,

as quais culminaram na criação da OMC em 1994 ao fim da Rodada Uruguai.

Podemos dizer que o principal objetivo da OMC é promover o

desenvolvimento econômico de seus países-membros, o que resulta em melhoria

da qualidade de vida de suas populações. Mas qual seria o meio adequado para

isso?

Segundo o que prega essa organização internacional, fundamentada

em teóricos como Adam Smith e David Ricardo, o desenvolvimento econômico

será alcançado por meio da liberalização do comércio internacional. Buscando

liberalizar o comércio internacional, a OMC possui as seguintes funções:

1)- Servir como fórum para negociações comerciais.

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2)- Administrar os diversos acordos firmados em seu âmbito pelos

países-membros.

3)- Fiscalizar as políticas comerciais de seus membros.

4)- Servir como fórum para solução de controvérsias.

Vários acordos foram firmados no âmbito da OMC, os quais tratam de

variados temas: comércio de mercadorias, comércio de serviços, direitos de

propriedade intelectual relacionados ao comércio, dumping, subsídios,

medidas sanitárias e fitossanitárias, barreiras técnicas ao comércio, etc.

Como podemos perceber, a gama de assuntos é bastante variada e

complexa. Vale destacar, todavia, que na busca pela liberalização do comércio

internacional, os acordos comerciais firmados no âmbito da OMC tratam tanto das

questões tarifárias quanto das não-tarifárias.

É importante termos a noção de que as barreiras comerciais podem ser

impostas em formas diferentes das tarifas. Muitas das vezes, essas medidas

começam a ser utilizadas pelos países como uma forma de restrição velada ao

comércio internacional. Imagine, por exemplo, se a União Européia disser o

seguinte: “Só entram no meu território laranjas com 15 cm de diâmetro? “ Meu

Deus, assim seria impossível exportar laranjas para a U.E! 15 cm de diâmetro só

se a laranja for uma melancia! rsrsrs...Justamente para evitar situações como

essas é que foram feitos os acordos da OMC!

Além de administrar os acordos comerciais firmados sob sua égide, a

OMC serve como um importante fórum para solução de controvérsias entre seus

membros. Sempre que um membro da OMC julgar que está sendo prejudicado por

uma medida imposta por outro membro, ele poderá levar o caso à apreciação do

Órgão de Solução de Controvérsias. Ao final da disputa comercial, o país

“perdedor” deverá implementar as recomendações feitas pela OMC. Caso não o

faça, o país vencedor poderá ser autorizado a retaliá-lo.

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Em dezembro de 2009, o Brasil foi autorizado pela OMC a aplicar

retaliações comerciais em US$ 830 milhões contra os Estados Unidos por

causa dos subsídios americanos à produção de algodão. A retaliação

começou a ser imposta, mas em junho de 2010 o Brasil decidiu suspendê-la

por mais 2 anos e meio, em razão de um acordo provisório com os EUA, o

qual prevê a diminuição dos subsídios ilegais ao algodão.

As negociações comerciais desencadeadas no âmbito da OMC são a

forma que os países encontram para aperfeiçoar o processo de liberalização

comercial, o qual é feito de forma progressiva.

Em 1947, quando os países criaram um acordo para regular o comércio

internacional – o GATT 47 (General Agreement on Tariffs and Trade) – eles

decidiram que buscariam a liberalização do comércio internacional de forma

progressiva, por meio de sucessivas rodadas de negociações. Dessa forma, várias

Rodadas de Negociação se sucederam!

Chegamos, então, ao ano de 2001, quando é lançada a Rodada Doha,

também conhecida por Rodada do Desenvolvimento. Mas por que esse nome?

A atual rodada de negociações foi lançada com esse nome porque tem como

maior objetivo “olhar o lado” dos países em desenvolvimento, como forma de

inserí-los de forma mais efetiva na economia internacional.

O grande problema é que as negociações de Doha se arrastam desde

2001. Chegamos ao ano de 2010 e, mesmo assim, ainda não se tem um

consenso final. Mas afinal, por que tanta dificuldade para se chegar a um acordo?

Em primeiro lugar, é relevante destacar a pluralidade de temas que é

tratada no âmbito dessa Rodada de Negociações: comércio de mercadorias,

comércio de serviços, defesa comercial, medidas de investimento relacionadas ao

comércio, agricultura, etc. Em segundo lugar, destacamos o processo decisório

no âmbito da OMC, onde somente se chega a um denominador comum pelo consenso entre seus membros. Por fim, há o impasse instaurado entre países

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desenvolvidos e países em desenvolvimento. Enquanto os países

desenvolvidos desejam obter redução de tarifas em produtos

industrializados, os países em desenvolvimento querem que os

desenvolvidos reduzam o protecionismo na área agrícola, particularmente

no que se refere à concessão de subsídios.

Vejamos, a seguir, como podem ser cobrados na prova conhecimentos

sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC)!

20- (FGV / Analista Legislativo – Senado Federal- 2008)- A agricultura é, atualmente, um dos setores mais protegidos do comércio mundial e figura no centro das negociações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Com relação ao protecionismo agrícola e seus efeitos no comércio mundial é incorreto afirmar que: a) o Acordo sobre a Agricultura da Rodada Uruguai, que entrou em vigor em 1995,

estabeleceu metas para a redução dos subsídios à exportação para os

signatários.

b) nos países da OCDE as tarifas para produtos agrícolas são, em média, mais

altas do que as tarifas para produtos industriais.

c) os países do G-20 são os principais usuários dos subsídios à exportação de

produtos agrícolas no mundo.

d) nos países da OCDE, os subsídios têm um papel significativo nas receitas

provenientes da agricultura.

e) os países do G-20 passaram a desempenhar um papel mais ativo nas

negociações acerca do comércio mundial de produtos agrícolas durante a Rodada

Doha.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. O Acordo sobre Agricultura é um dos acordos

multilaterais celebrados no âmbito da OMC, tendo sido, portanto, assinado por

todos os membros dessa organização internacional. Por meio desse acordo, os

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países assumiram compromissos de redução dos subsídios à exportação de

produtos agrícolas.

A letra B está correta. A OCDE é uma organização internacional que

congrega, em sua maior parte, países desenvolvidos, o que faz com que ela

também seja conhecida por “Grupo dos Ricos”. Os países mais ricos ou

desenvolvidos possuem uma tradição de protecionismo no setor agrícola. Dessa

forma, pode-se dizer que nos países da OCDE os produtos agrícolas possuem,

em média, tarifas mais altas do que os produtos industrializados.

A letra C está errada. O G-20 engloba países desenvolvidos e países

em desenvolvimento. Em relação aos países desenvolvidos, estes se utilizam em

larga escala dos subsídios à exportação de produtos agrícolas; mas o mesmo não

se pode dizer dos países em desenvolvimento integrantes do G-20.

A letra D está correta. Os países da OCDE (países ricos) são os que

mais concedem subsídios à exportação.

A letra E está correta. Na Rodada Doha, os maiores impasses estão

justamente na questão dos subsídios agrícolas. Os países do G-20 tem tido um

papel cada vez mais ativo nas negociações desenvolvidas na OMC sobre esse

tema.

21-(FCC/APOFP-2010)- Embora a Rodada de Doha, criada em 2001 para diminuir as barreiras comerciais no mundo, não tenha ainda sido finalizada, a OMC dispõe de mecanismos, baseados em alguns acordos multilaterais já estabelecidos, para regulamentar a matéria da concessão de subsídios às exportações agrícolas. Em 2002, o Brasil recorreu à OMC para investigar e questionar subsídios acima do permitido à produção de algodão nos EUA. A OMC considerou justa a demanda brasileira. O não cumprimento pelo governo norte-americano da determinação da OMC para redução dos subsídios culminou com a autorização para o Brasil aplicar sanções comerciais retaliatórias contra os EUA, sobre as quais é correto afirmar:

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a)- O Brasil pode aplicar US$ 829 milhões em retaliações, que incluem produtos,

direitos de propriedade intelectual e serviços.

b)- A OMC autorizou retaliações apenas sobre o algodão exportado dos EUA para

o Brasil.

c)- As retaliações autorizadas pela OMC foram rejeitadas pelo governo brasileiro,

para evitar a “guerra comercial” com os EUA.

d)- A OMC excluiu das retaliações os direitos de propriedade intelectual.

e)- As retaliações, conforme determinação da OMC, não podem envolver aumento

de tarifas de importação.

COMENTÁRIOS:

A OMC autorizou o Brasil a retaliar os EUA em cerca de US$ 830

milhões. Segundo a decisão que autorizou o Brasil a aplicar tal retaliação,

esta pode ser feita em relação a bens, serviços e direitos de propriedade

intelectual. Logo, a letra A é a alternativa correta.

22- (CESPE/ABIN-2008)-O fracasso das negociações comerciais da Rodada Doha foi fato isolado no mundo contemporâneo, que se caracteriza pela

existência de regimes internacionais e regras de previsibilidade.

COMENTÁRIOS:

O fracasso das negociações comerciais da Rodada Doha não é um fato

isolado no mundo contemporâneo. Afinal, ela não foi a única rodada de

negociações comerciais a não dar certo, tampouco a única negociação

internacional multilateral a ser mal-sucedida. Logo, a questão está errada.

23- (CESPE/ABIN-2008)- Barreiras não-alfandegárias são exemplos de barreiras estabelecidas por blocos de países, por meio das quais as questões ambientais, sanitárias e sociais assumem importância estratégica no comércio dos países exportadores.

COMENTÁRIOS:

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As barreiras comerciais podem ser alfandegárias ou não-alfandegárias.

As primeiras são aquelas impostas na forma de tarifas aduaneiras. Quando

dizemos que o imposto de importação sobre automóveis é 35%, temos um

exemplo de barreira alfandegária (tarifária).

Em sentido contrário, as barreiras não-alfandegárias, são todas aquelas

que não se evidenciam por meio de tarifas. São os regulamentos técnicos, as

medidas sanitárias e fitossanitárias, as exigências em matéria ambiental, etc.

A questão está, portanto, correta.

24- (CESPE/ANTAQ-2009)- O protecionismo econômico pode ser definido como a abertura das fronteiras do país para proteger e estimular o comércio internacional.

COMENTÁRIOS:

É exatamente o oposto! O protecionismo econômico consiste em impor

barreiras às importações. Questão errada!

25- (CESPE/BA-2009)- O domínio norte-americano nos mercados mundiais foi possível graças ao fim dos subsídios e das práticas protecionistas assegurado pela firme atuação da Organização Mundial do Comércio.

COMENTÁRIOS:

Os EUA continuam se utilizando de subsídios e de práticas

protecionistas, principalmente no campo agrícola. Logo, a questão está errada

26- (CESPE/IRB-2009) Nas negociações acerca de acesso a mercados, o Brasil objetiva a eliminação ou a redução de restrições tarifárias e não-tarifárias que incidem sobre suas exportações de bens, de forma geral, priorizando o tratamento dos fatores que restringem e distorcem o comércio agrícola.

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COMENTÁRIOS:

O maior interesse do Brasil no que diz respeito às negociações

comerciais em Doha é em relação aos produtos agrícolas. Nesse sentido, busca

obter a eliminação ou redução de barreiras tarifárias e não-tarifárias. Logo, a

questão está correta.

27- (CESPE/IRB-2009) - O Brasil propugna maior transparência na aplicação de medidas contra práticas desleais de comércio, em particular, medidas antidumping e anti-subsídios, que afetam suas exportações para os países

desenvolvidos.

COMENTÁRIOS:

Levando-se em consideração que o Brasil tem sofrido com a

aplicação de direitos antidumping contra suas exportações, ele deseja que

as negociações em Doha criem regras mais transparentes para a condução de tais investigações. O objetivo disso é ter condições jurídicas mais favoráveis

para poder contestá-las. Logo, a questão está correta.

“Mas, professores, o que são medidas antidumping?”

Medidas antidumping, a grosso modo, são medidas de defesa

comercial aplicadas na forma de uma sobretaxa além do imposto de importação. A

sua aplicação objetiva fazer frente a importações a preços reduzidos que causem

dano à indústria nacional do país importador. Para que se imponham medidas

antidumping, é necessária, todavia, uma investigação conduzida em conformidade

com o Acordo Antidumping.

28- (CESPE/IRB-2009)- Dada a participação majoritária do setor terciário na composição de seu Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil almeja o aumento de sua participação nas exportações mundiais de serviços, defendendo, por conseguinte, ampla liberalização dessa modalidade de comércio.

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COMENTÁRIOS:

A ampla liberalização do comércio de serviços não é um desejo dos

países em desenvolvimento, tampouco do Brasil. Os países desenvolvidos é que

são interessados nisso, já que são grandes exportadores de serviços. Interessante

ressaltar aqui que uma tendência que se pode observar é a de que quanto mais

desenvolvido for um país, maior a participação do setor terciário (serviços) em sua economia. A atividade do setor terciário em que o Brasil apresenta maior

desenvolvimento é a construção civil. Logo, a questão está errada.

2.5- Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD):

Com a proximidade do fim da Segunda Guerra Mundial e a Europa

quase toda destruída, os países aliados decidiram, durante a Conferência de

Bretton Woods, que seria importante ter um banco para colaborar na reconstrução

do velho continente. Lembra que falamos do Acordo de Bretton Woods?

Pois então, o BIRD foi estabelecido a partir desse acordo e tinha o

objetivo principal de ajudar os países que haviam sido destruídos durante o

conflito. No entanto, seu papel se modificou no cenário mundial e hoje ele tem

como objetivo principal lutar contra a pobreza mundial, através da concessão de

empréstimos a países em desenvolvimento.

Mas para onde são direcionados esses recursos?

Bem, meus amigos, esses recursos são direcionados principalmente

para projetos de infra-estrutura dos países em desenvolvimento. Imagine, por

exemplo, que um país planeje construir uma hidrelétrica ou uma ferrovia. Onde ele

pode buscar a grana? Resposta: no BIRD!

E qual a vantagem de se pegar um empréstimo? Ele não vai causar

dependência? A vantagem, pessoal, é que os empréstimos fornecidos pelo BIRD

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são de longo prazo e com juros muito baixos, facilitando, assim, a vida dos países!

No final das contas, vale mais a pena um país pegar um empréstimo a juros

baixos do que disponibilizar de imediato uma grande quantia para um projeto de

infra-estrutura!

Mas vocês devem estar se perguntando: de onde vem tanto dinheiro

para financiamentos dessa magnitude? Afinal, conceder empréstimos para a

construção de rodovias, ferrovias e hidrelétricas não é coisa pra qualquer um, não

é mesmo?

Pois é, mas o Banco Internacional não oferece empréstimos a todos! Ao

contrário, ele adéqua os empréstimos e assistências para o desenvolvimento às

rendas médias dos países , na medida em que eles possuam bons antecedentes

de crédito.

Mas a pergunta permanece: de onde vem o dinheiro? A capacidade de

voto de cada país-membro do BIRD está diretamente vinculada às suas

subscrições de capital, ou seja, ao compromisso do país em contribuir com certa

quantia em dinheiro. Todavia, o tamanho dessa subscrição está diretamente

relacionado ao poder econômico relativo de cada um, portanto, quem é mais rico,

subscreve mais e, portanto, manda mais. Além disso, o BIRD levanta grande parte

dos seus fundos por meio da comercialização de títulos nos mercados

internacionais de capital.

2.6- Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID):

É muito comum fazermos certa confusão entre o BRID e o BID, pois

suas siglas são realmente muito parecidas! Isso é sempre motivo de perguntas

dos alunos!

Todavia, o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento- foi criado

bem depois do BIRD, que podemos considerar como sendo seu “espelho”. Tendo

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sido criado 15 anos depois, o BID é a principal fonte de financiamento em 26

países da América Latina e do Caribe.

Essa organização internacional foi instituída em 1959, com o objetivo

principal de apoiar o processo de desenvolvimento econômico e social dessa

região. Assim como o BIRD, ele promove o desenvolvimento, principalmente, por

meio da concessão de empréstimos e operações de auxílio técnico para esses

países.

Visando colaborar com o combate à pobreza e promover uma

igualdade social, nos últimos dias do mês de março de 2010, o BID firmou um

acordo de ajuda financeira para o Haiti sem precedentes. No acordo, mais de 48

Estados-membros ratificaram um tratado em que se dispuseram a colaborar com o

aumento da capacidade de empréstimos da organização, que praticamente

duplicará.

2.7- Fundo Monetário Internacional (FMI):

Quando se fala em FMI, muitas pessoas têm a idéia de uma

organização internacional que “oprime” os países menos desenvolvidos, não é

mesmo? Todavia, para estudarmos sobre o FMI, precisamos deixar um pouco de

lado essas visões “apaixonadas”, que estão ligadas a setores mais radicais da

sociedade.

O FMI não foi criado, de forma alguma, para reprimir os países menos

desenvolvidos ou para impor-lhes uma relação de dependência. Pelo contrário, os

objetivos do FMI, instituição criada na Conferência de Bretton Woods, são:

i)promover a cooperação monetária internacional; ii) garantir a estabilidade

financeira; iii)facilitar o comércio internacional; iv) promover altos níveis de

emprego e de desenvolvimento econômico sustentável e, ainda; v) reduzir a

pobreza ao redor do mundo.

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Com efeito, o FMI é uma organização internacional que desempenha

papel importante na economia internacional e sua atuação ganha maior

notoriedade em épocas de crises financeiras, em que os países atravessam

dificuldades.

Mas como e quando é que o FMI atua?

O FMI atua de diversas formas!

A primeira delas é incentivando os países a adotar políticas

econômicas e financeiras que promovam a estabilidade e o crescimento

econômico. Esse papel do FMI está bastante atrelado ao Consenso de

Washington (sobre o qual comentamos na aula anterior), que prega a menor

intervenção possível do Estado na economia e, ainda, medidas de controle fiscal.

Ressalte-se que muitas vezes o FMI é criticado pelas políticas que aconselha, já

que, com a redução da intervenção estatal e a conseqüente redução dos gastos

governamentais, o lado social é muitas vezes deixado de lado.

A segunda forma de atuação do FMI consiste em prover assistência

técnica aos países-membros em termos de políticas monetárias, fiscais e

financeiras.

Além disso, o FMI também empresta recursos financeiros aos membros

que atravessem dificuldades em seu Balanço de Pagamentos. Assim, a função

dos empréstimos do FMI é reduzir a vulnerabilidade nas contas externas de

um país, diferentemente do BIRD, cujo dinheiro é destinado a financiar

projetos de infra-estrutura.

A concessão de empréstimos pelo FMI, ao corrigir desequilíbrios

no Balanço de Pagamentos dos países, evita que estes se utilizem da desvalorização cambial competitiva. Mas o que seriam essas desvalorizações

competitivas?

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Bom, quando a taxa de câmbio de um país está desvalorizada, suas

exportações tornam-se mais baratas e aumentam em quantidade. Suas

importações, por sua vez, diminuem, já que os produtos estrangeiros tornam-se

relativamente mais caros. As desvalorizações competitivas seriam, portanto,

políticas de desvalorização cambial criadas com a finalidade de obter superávits e

“empobrecer o vizinho”. As desvalorizações competitivas foram também

conhecidas como “política de empobrecimento do vizinho”.

Emprestando dinheiro aos países com problemas no Balanço de

Pagamentos, o FMI evita que estes desvalorizem suas moedas como medida

protecionista. O resultado, por conseqüência, é a promoção da estabilidade

cambial.

Como se vê, no fim das contas, o FMI acaba atuando como um

“banqueiro de última instância”, resolvendo o problema quando ninguém mais

consegue.

Na prática, tanto o FMI como o Banco Mundial receberam ainda mais

importância com a crise da dívida externa, nos anos 80, quando cederam ou

liberaram empréstimos apenas para os países que se dispuseram a adotar

programas de ajuste de corte neoliberal.

E aqui aquela mesma perguntinha volta: de onde vem o “dindin”?

Novamente, os 182 países-membros do FMI entram como financiadores, entre os

quais o Brasil. Evidentemente, manda no Fundo quem tem mais dinheiro

investido: no caso, os Estados Unidos e os outros grandes países desenvolvidos. O Brasil e os demais países têm muito pouca representatividade

nessa organização, ainda que medidas venham sendo tomadas para alterar essa

situação.

No ano de 2009, o Brasil aumentou sua participação no FMI,

integralizando cerca de US$10 bilhôes em cotas do fundo. Assim, o Brasil entra

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para o time de credores do FMI, o que só foi possível devido ao aumento de suas

reservas internacionais acumuladas.

Sobre as reservas internacionais brasileiras, vale a pena ressaltar que

estas atingiram um nível tal que permitem que atualmente o Brasil pague toda sua

dívida externa.

Vejamos uma questão sobre o FMI!

29- (ESAF/AFRF/2002-1) O Fundo Monetário Internacional, entre outros objetivos, visa: a) Avalizar empréstimos contraídos por governos dos países-membros, monitorar

as políticas macroeconômicas dos países em desenvolvimento e fiscalizar as

contas nacionais.

b) Fornecer ajuda ao desenvolvimento mediante o financiamento de projetos de

cooperação e prestar assistência financeira aos governos dos países-membros

em situações emergenciais.

c) Fomentar o equilíbrio da balança comercial dos países-membros mediante a

concessão de empréstimos em condições favorecidas.

d) Fiscalizar as contas nacionais dos países-membros.

e) Fomentar a expansão equilibrada da economia internacional, a estabilidade

cambial e auxiliar os países, temporariamente, na correção dos desequilíbrios do

balanço de pagamentos.

COMENTÁRIOS:

A letra A está errada. O FMI não serve de avalista para empréstimos,

tampouco fiscaliza as contas dos países-membros. Em relação ao monitoramento

de políticas macroeconômicas, embora isso não esteja explícito como um dos

objetivos do FMI, verificamos que ele efetivamente ocorre. Ao conceder

cooperação técnica em matéria de política monetária e cambial e evitar

desvalorizações competitivas da taxa de câmbio, o FMI exerce tal função.

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A letra B está errada. O FMI não financia projetos de desenvolvimento

função esta que cabe ao BIRD. Seus empréstimos se destinam a evitar

desequilíbrios na Balança de Pagamentos.

A letra C está errada. Ao fornecer empréstimos, o FMI está fomentando

o equilíbrio da Balança de Pagamentos e não da Balança Comercial.

A letra D está errada. O FMI não fiscaliza as contas dos países-

membros.

A letra E está correta. O FMI possui como objetivos fomentar a

expansão equilibrada da economia e do comércio internacional, a estabilidade

cambial e auxiliar os países, temporariamente, na correção dos desequilíbrios do

balanço de pagamentos (art.1º, “v”).

2.7.1- Dívida Externa e Dívida Interna:

Quando falamos sobre FMI, tudo mundo quer saber sobre dívida

externa e dívida interna. Afinal, qual seriam as diferenças entre as duas? Como

está a dívida externa brasileira? E os outros países?

Por tudo isso, vamos parar um pouco de falar em organizações

internacionais e falar um pouco desse assunto, que também é muito interessante!

Para entendermos melhor como funcionam essas questões

relacionadas à dívida externa e interna, precisamos ter em mente que o governo

tem várias formas de "ter dinheiro no bolso":

1)- "Fabricar" dinheiro, emitindo uma quantidade grande de moeda -

O problema de se fazer isso é que, com muita moeda na economia, há um

incremento da inflação.

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2)- Cobrar tributos - O problema é que, se a carga tributária for muito

elevada, há prejuízos para o desenvolvimento de atividades produtivas e para o

consumo.

3)- Fazendo dívidas - A dívida pode ser interna ou externa. O grande

problema de fazer dívidas é ter que pagar juros, não é mesmo?

Podemos dizer que dívida externa é o somatório de todos os débitos

que o nosso país possui com credores estrangeiros, que podem

ser governos, organizações internacionais -FMI, Banco Mundial, BID - ou mesmo

bancos privados.

Já a dívida interna é o somatório dos débitos com credores internos.

Se você, por exemplo, adquirir uma Letra do Tesouro Nacional, você estará se

tornando um credor do governo do Brasil. É como se o governo dissesse o

seguinte pra você:

"Amigo, você me dá R$ 30.000,00 e eu te dou esse papel aqui, que vale

esse mesmo valor mais os juros de 0,7% por mês. Tá bom pra você?"

"Tudo bem, governo!"

Pronto, você se tornou um credor do governo e a dívida interna

aumentou um pouco mais!

Dizer que o Brasil pagou a dívida externa é uma grande falácia! Na

verdade, o Brasil aumentou a quantidade de reservas internacionais acumuladas,

as quais seriam suficientes para pagar a dívida. Mas, afinal, por que o Brasil ainda

não pagou a sua dívida externa se tem condições de fazê-lo?

Do ponto de vista bruto, o Brasil ainda não pagou sua dívida externa, já

que ela existe e era da ordem de US$ 194 bilhões em abril de 2010. Todavia,

também na mesma época, as reservas internacionais somavam US$ 247 bilhões.

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Do ponto de vista líquido (Divida Externa Bruta- Reservas Internacionais), aí o

Brasil está muito bem, com um saldo credor de US$ 53 bilhões.

Embora o Brasil tenha condições de pagar a dívida, ele não o faz

porque prefere manter dinheiro em “caixa” para fazer frente a qualquer tipo de vulnerabilidade externa. É como se você tivesse feito um financiamento e,

embora pudesse quitá-lo, não o faz porque quer deixar um dinheiro para um

eventual problema de saúde!

Quanto à dívida interna, ela é realmente um problema no Brasil. Um

país não pode gastar mais do que arrecada, portanto, há que adotar políticas de

ajuste fiscal (controle de gastos públicos), a fim de evitar o déficit público.

No Brasil, o governo tem que pagar o salário dos servidores públicos,

tem que gastar com educação, saúde, infra-estrutura (PAC), bolsa-

família etc. Para arcar com tudo isso, ele arrecada tributos, emite mais moeda

ou aumenta a dívida interna ou externa. E, aumentando a dívida, surge mais um

gasto para o governo: os juros. Cria-se, então, um círculo vicioso!

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RESUMO

1- A integração econômica e política é uma conseqüência da globalização.

2- A organização dos países em blocos econômicos deriva da necessidade de que

estes se posicionem de forma mais competitiva no mercado mundial e da tentativa

de se buscar desenvolvimento econômico conjunto.

3- Como grande pilares do Tratado de Maastricht – que instituiu a União Européia

- podemos citar a união econômica e monetária dos Estados-membros (moeda

única), a definição e a execução de uma política externa e de segurança comum,

a cooperação em matéria jurídica e a criação de uma cidadania européia.

4- Na âmbito da União Européia, há uma relativização do conceito de soberania.

5- A União Européia, apesar de ser um bloco que atingiu elevado nível de

integração, ainda apresenta fortes assimetrias internas, o que ficou

particularmente evidente com o ingresso em 2004 e 2007 de 12 (doze) novos

membros à União, muitos dos quais, inclusive, ex-integrantes do bloco socialista.

6- A instituição do NAFTA (bloco comercial formado por EUA, Canadá e México)

teve como um de seus principais efeitos a instalação de empresas canadenses e

americanas no México, as quais se aproveitaram do baixo custo da mão-de-obra

naquele país.

7- O MERCOSUL é um bloco regional constituído por Brasil, Argentina, Uruguai e

Paraguai que tem por objetivo formar um mercado comum. Esse estágio de

integração pressupõe a livre circulação de mercadorias e serviços entre seus

membros, uma política comercial comum em relação a terceiros países e a livre

circulação dos fatores de produção.

8- Embora almeje tornar-se um mercado comum, o MERCOSUL somente logrou

estabelecer uma união aduaneira imperfeita. Isso porque, no âmbito do bloco,

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ainda não existem exceções à Tarifa Externa Comum e exceções ao livre

comércio intra-bloco.

9- O Conselho de Segurança da ONU possui 10 membros não-permanentes e 5

membros permanentes. Os membros não-permanentes são eleitos pela

Assembléia Geral da ONU para um período de 2 ( dois) anos, sendo que cinco

são substituídos a cada ano. Atualmente, são membros temporários: Bósnia

Herzegovina, Brasil, Gabão, Líbano, Nigéria, Áustria, Japão, México, Turquia e

Uganda.

10- Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são EUA,

China, Rússia, França e Reino Unido. O Brasil ainda não faz parte desse seleto

grupo de países, embora esta seja uma de suas ambições.

11- Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU tem o

chamado “poder de veto” nas decisões não-processuais (decisões importantes).

Nesses casos, o Conselho de Segurança da ONU decidirá pelo voto afirmativo de

nove membros, incluindo os votos afirmativos de todos os membros permanentes.

12- Apesar da suspensão de Cuba da OEA ter sido revogada, o governo cubano é

firme na posição de que não deseja retornar a essa organização

13- A OMC possui as seguintes funções: 1)- Servir como fórum para negociações

comerciais; 2)- Administrar os diversos acordos firmados em seu âmbito pelos

países-membros; 3)- Fiscalizar as políticas comerciais de seus membros e; 4)-

Servir como fórum para solução de controvérsias.

14- No âmbito do sistema de solução de controvérsias da OMC, caso um país não

cumpra as recomendações dessa organização internacional, poderá ser

autorizada sua retaliação comercial pelo membro vencedor da disputa comercial.

15- Recentemente, a OMC autorizou o Brasil a retaliar os EUA em cerca de US$

830 milhões. Segundo a decisão que autorizou o Brasil a aplicar tal retaliação,

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esta pode ser feita em relação a bens, serviços e direitos de propriedade

intelectual.

16- O BIRD e o FMI são organizações internacionais criadas durante a

Conferência de Bretton Woods.

17- Os objetivos do FMI são: i) promover a cooperação monetária internacional; ii)

garantir a estabilidade financeira; iii)facilitar o comércio internacional; iv) promover

altos níveis de emprego e de desenvolvimento econômico sustentável e, ainda; v)

reduzir a pobreza ao redor do mundo.

18- Os recursos do BIRD são direcionados principalmente para projetos de infra-

estrutura dos países em desenvolvimento, tais como a construção de hidrelétricas,

rodovias, ferrovias, etc. Dessa forma, os empréstimos do BIRD são de longo

prazo.

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LISTA DE QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA

1-(CESPE/ABIN-2008)- Os processos de integração econômica e política, em grande parte das experiências desenvolvidas nas últimas décadas, passam

por momentos de restrições.

2- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- Em função de seu alto nível de desenvolvimento e de seu peso comercial e financeiro, a União Européia é considerada uma das principais potências do mundo contemporâneo. Com relação aos aspectos políticos e econômicos que caracterizam as relações da potência européia com o resto do mundo, não é correto afirmar que: a) a União Européia mantém importantes vínculos com o antigo mundo

colonizado, com destaque para os países do Maghreb.

b) o Mediterrâneo é um espaço caracterizado pela baixa intensidade dos fluxos

comerciais e turísticos envolvendo os países da União Européia.

c) os Estados Unidos, como parceiro privilegiado, mantêm intensas relações

diplomáticas e comerciais com a União Européia.

d) o volume de importações de petróleo pelos membros da União Européia denota

sua dependência energética em relação ao exterior.

e) a maior parte dos países da América do Sul mantém com a União Européia

acordos de diálogo e cooperação.

3- (CESPE/STF-2008)- Por ser um bloco bastante homogêneo, cujos integrantes se equiparam quanto ao estágio de desenvolvimento econômico e às práticas políticas democráticas, a UE conduz uma política externa consensualmente aprovada pelo Parlamento Europeu, cujas decisões têm força de lei e caráter impositivo.

4- (CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- Assinale a opção correta no que se refere à UE.

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a)- Trata-se do maior bloco econômico da atualidade, formado em poucos anos e

composto pelos países que, no pós- Segunda Guerra, integravam a Cortina de

Ferro.

b)- Uma das principais características desse bloco é a existência de uma moeda

única, o euro, adotada por todos os países que o compõem, mas ainda carente de

aceitação mundial.

c)- A UE inscreve-se no contexto de formação de blocos de países peculiar às

circunstâncias geradas pelo processo de globalização da economia mundial

contemporânea.

d)- Surgida para fortalecer a Europa, a UE adota um modelo autárquico de

desenvolvimento que a faz refratária a relacionamentos com outros blocos.

e)- Os países integrantes da UE, por princípio e por estratégia mercadológica,

recusam-se a praticar qualquer forma de protecionismo, inclusive na agricultura.

5- (CESPE/ANTAQ-2009)- Embora não faça fronteira com os EUA, o México é prioritário para a diplomacia norte-americana por causa do grande número

de imigrantes mexicanos instalados no território norte-americano.

6- (CESPE/IRB-2009-adaptada)- Considerando os interesses e as perspectivas brasileiras em relação ao MERCOSUL e a evolução recente desse bloco, julgue (C ou E) os itens a seguir e em seguida assinale a opção correta: I-As dificuldades políticas e institucionais do MERCOSUL, a fragilidade de seus

instrumentos comerciais e o recrudescimento do protecionismo nos países-

membros levaram à continuada retração da corrente de comércio do Brasil com o

bloco nos últimos cinco anos.

II- A prioridade brasileira conferida à consolidação e à expansão do MERCOSUL

expressou-se no apoio às iniciativas de aprimoramento institucional do bloco, das

quais são exemplos recentes a criação do Fundo de Convergência Estrutural

(FOCEM) e do Parlamento do MERCOSUL.

III- Com o propósito de agilizar e desburocratizar o intercâmbio comercial no

âmbito do MERCOSUL, o Brasil concebeu e implantou, em conjunto com a

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Argentina, mecanismo de pagamento em moeda local, o qual pode ser ampliado

para os demais países do bloco.

Estão corretas as seguintes assertivas: a) I

b) II

c) I e II

d) II e III

e) Todas estão corretas

7-(CESPE/IRB-2010)- Após a aprovação, pelo Senado Federal, em dezembro de 2009, do protocolo de adesão da Venezuela ao MERCOSUL, resta apenas a ratificação por parte do Paraguai para que o processo de incorporação daquele país à União Aduaneira seja concluído, ratificação essa que tende a ser facilitada pelo fato de o Paraguai fazer parte da chamada aliança

bolivariana, dado o perfil político de esquerda do Presidente Fernando Lugo.

8- (CESPE/ANTAQ-2009)- Blocos econômicos, como a União Européia e o MERCOSUL, compõem o panorama do que se convencionou chamar de globalização e derivam, entre outras razões, da necessidade de se posicionar bem no competitivo mercado mundial.

9- (CESPE/STF-2008)- A despeito de problemas que ainda não foram superados, a existência do MERCOSUL indica o esforço do Brasil e de seus parceiros de bloco para a inserção mais vantajosa da região na economia

mundial globalizada.

10- (CESPE/TJDF-2008)- Uma das principais razões que explicam a formação dos atuais blocos econômicos, entre os quais se situam a União Européia e o Mercado Comum do Sul, é o fato de oferecerem aos seus integrantes

condições mais favoráveis de inserção no competitivo mercado global.

11- (CESPE/IRB-2010)- A UNASUL é um organismo político internacional formado pela junção das estruturas do MERCOSUL e da Comunidade

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Andina, que deverão desconstituir-se, segundo calendário estabelecido por

seus Estados-Partes, a fim de se consolidar a nova entidade regional.

12- (CESPE/IRB-2009)- Com a criação da União Sul-Americana de Nações (UNASUL), os instrumentos e as disciplinas comerciais do MERCOSUL deverão ser gradativamente transferidos para aquele organismo, a fim de se evitar a duplicidade de regras e facilitar a criação de uma área de livre comércio em toda a América do Sul.

13-(CESPE/IRB-2010)- O Brasil e outros países em desenvolvimento pleiteiam ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. A esse respeito, há, entre os países, amplo consenso de que os candidatos naturais a representantes da América Latina, África e Ásia são, respectivamente, Brasil, Nigéria, Japão e Índia.

14- (CESPE/BB-2009)- A condição de potência permitiu à Índia tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

15- (CESPE/IRB-Bolsa-2008)- A reforma das Nações Unidas, uma necessidade conceitual e prática do momento atual, é área de pouco interesse da política externa brasileira.

16- (FCC/APOFP-2010)- A Assembléia Geral da ONU renova todos os anos cinco dos dez lugares não permanentes do Conselho de Segurança, que são divididos por regiões geográficas entre Europa Ocidental, Europa Oriental, África, Ásia, América Latina e Caribe. Além desses dez membros, há os cinco permanentes, que têm direito a veto. Para o biênio 2010-2011, foi aprovado, em 15 de outubro de 2009, o ingresso dos novos cinco países para ocupar os postos não permanentes.

Em relação à composição atual do Conselho de Segurança da ONU é correto afirmar:

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a)- Os cinco membros permanentes são EUA, Rússia, França, Reino Unido e

Brasil e, entre os novos não permanentes, está Alemanha.

b)- O Brasil é um dos novos membros não permanentes, e os permanentes são

EUA, Rússia (ex-União Soviética), França, Reino Unido e China.

c)- Os membros permanentes são Alemanha, EUA, Rússia, França e Reino Unido,

e o novo representante da América Latina e do Caribe é o Chile.

d)- Os atuais membros permanentes são Rússia (ex-União Soviética), EUA,

China, Alemanha e Japão, e entre os novos não permanentes estão Bósnia e

Nigéria.

e)- Os membros não permanentes que representam América Latina e Caribe são

Brasil e Venezuela e, entre os permanentes, Itália substituiu Rússia (ex-União

Soviética).

17-(ESAF/AFC-TCU/2000) As decisões não processuais do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – ONU serão tomadas pelo voto afirmativo: a) dos membros permanentes do Conselho de Segurança

b) dos Estados-Membros da ONU

c) de 2/3 dos Estados-Membros presentes e votantes

d) de nove membros, inclusive os votos afirmativos de todos os membros

permanentes

e) dos sete países mais desenvolvidos

18- (CESPE/INMETRO-2009-adaptada)- Em decisão histórica, a reunião da Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em junho de 2009, tornou sem efeito a resolução que excluía Cuba do Sistema Interamericano de Nações. Passaram-se 47 anos de isolamento desde a reunião de Punta Del Este (Uruguai), em 1962, quando foi oficializado o afastamento da ilha. A referida decisão histórica deve ser entendida como o retorno, ainda que de forma atenuada, aos tempos da polarização ideológica

que caracterizava a Guerra Fria.

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19- (CESPE/INMETRO-2009)- Em todos os países das Américas, ocorreram manifestações populares de regozijo pela volta de Cuba aos quadros da OEA, em clara demonstração de apoio ao regime cubano e de oposição à

grande potência continental.

20- (FGV / Analista Legislativo – Senado Federal- 2008)- A agricultura é, atualmente, um dos setores mais protegidos do comércio mundial e figura no centro das negociações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Com relação ao protecionismo agrícola e seus efeitos no comércio mundial é incorreto afirmar que: a) o Acordo sobre a Agricultura da Rodada Uruguai, que entrou em vigor em 1995,

estabeleceu metas para a redução dos subsídios à exportação para os

signatários.

b) nos países da OCDE as tarifas para produtos agrícolas são, em média, mais

altas do que as tarifas para produtos industriais.

c) os países do G-20 são os principais usuários dos subsídios à exportação de

produtos agrícolas no mundo.

d) nos países da OCDE, os subsídios têm um papel significativo nas receitas

provenientes da agricultura.

e) os países do G-20 passaram a desempenhar um papel mais ativo nas

negociações acerca do comércio mundial de produtos agrícolas durante a Rodada

Doha.

21-(FCC/APOFP-2010)- Embora a Rodada de Doha, criada em 2001 para diminuir as barreiras comerciais no mundo, não tenha ainda sido finalizada, a OMC dispõe de mecanismos, baseados em alguns acordos multilaterais já estabelecidos, para regulamentar a matéria da concessão de subsídios às exportações agrícolas. Em 2002, o Brasil recorreu à OMC para investigar e questionar subsídios acima do permitido à produção de algodão nos EUA. A OMC considerou justa a demanda brasileira. O não cumprimento pelo governo norte-americano da determinação da OMC para redução dos

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subsídios culminou com a autorização para o Brasil aplicar sanções comerciais retaliatórias contra os EUA, sobre as quais é correto afirmar: a)- O Brasil pode aplicar US$ 829 milhões em retaliações, que incluem produtos,

direitos de propriedade intelectual e serviços.

b)- A OMC autorizou retaliações apenas sobre o algodão exportado dos EUA para

o Brasil.

c)- As retaliações autorizadas pela OMC foram rejeitadas pelo governo brasileiro,

para evitar a “guerra comercial” com os EUA.

d)- A OMC excluiu das retaliações os direitos de propriedade intelectual.

e)- As retaliações, conforme determinação da OMC, não podem envolver aumento

de tarifas de importação.

22- (CESPE/ABIN-2008)-O fracasso das negociações comerciais da Rodada Doha foi fato isolado no mundo contemporâneo, que se caracteriza pela

existência de regimes internacionais e regras de previsibilidade.

23- (CESPE/ABIN-2008)- Barreiras não-alfandegárias são exemplos de barreiras estabelecidas por blocos de países, por meio das quais as questões ambientais, sanitárias e sociais assumem importância estratégica no comércio dos países exportadores.

24- (CESPE/ANTAQ-2009)- O protecionismo econômico pode ser definido como a abertura das fronteiras do país para proteger e estimular o comércio internacional.

25- (CESPE/BA-2009)- O domínio norte-americano nos mercados mundiais foi possível graças ao fim dos subsídios e das práticas protecionistas assegurado pela firme atuação da Organização Mundial do Comércio.

26- (CESPE/IRB-2009) Nas negociações acerca de acesso a mercados, o Brasil objetiva a eliminação ou a redução de restrições tarifárias e não-tarifárias que incidem sobre suas exportações de bens, de forma geral,

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priorizando o tratamento dos fatores que restringem e distorcem o comércio

agrícola.

27- (CESPE/IRB-2009) - O Brasil propugna maior transparência na aplicação de medidas contra práticas desleais de comércio, em particular, medidas antidumping e anti-subsídios, que afetam suas exportações para os países

desenvolvidos.

28- (CESPE/IRB-2009)- Dada a participação majoritária do setor terciário na composição de seu Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil almeja o aumento de sua participação nas exportações mundiais de serviços, defendendo, por conseguinte, ampla liberalização dessa modalidade de comércio.

29- (ESAF/AFRF/2002-1) O Fundo Monetário Internacional, entre outros objetivos, visa: a) Avalizar empréstimos contraídos por governos dos países-membros, monitorar

as políticas macroeconômicas dos países em desenvolvimento e fiscalizar as

contas nacionais.

b) Fornecer ajuda ao desenvolvimento mediante o financiamento de projetos de

cooperação e prestar assistência financeira aos governos dos países-membros

em situações emergenciais.

c) Fomentar o equilíbrio da balança comercial dos países-membros mediante a

concessão de empréstimos em condições favorecidas.

d) Fiscalizar as contas nacionais dos países-membros.

e) Fomentar a expansão equilibrada da economia internacional, a estabilidade

cambial e auxiliar os países, temporariamente, na correção dos desequilíbrios do

balanço de pagamentos.

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GABARITO

1-CERTO 7- ERRADO 13-ERRADO 19-ERRADO 25-ERRADO

2-Letra B 8-CERTO 14-ERRADO 20-Letra C 26-CERTO

3- ERRADO 9-CERTO 15-ERRADO 21-Letra A 27-CERTO

4-Letra C 10-CERTO 16-Letra B 22-ERRADO 28-ERRADO

5-ERRADO 11-ERRADO 17-Letra D 23-CERTO 29-Letra E

6- Letra D 12-ERRADO 18-ERRADO 24-ERRADO

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AULA 03- CONFLITOS GEOPOLÍTICOS E CONFLITOS ÉTNICOS

Olá, amigos, mais uma semana chegando ao fim, mas nossa aula

está apenas começando. Esperamos que vocês continuem motivados a

conquistar seus objetivos e preparados para seguir estudando a todo vapor!.

Bem, pessoal, na aula de hoje nós abordaremos um dos mais

complexos assuntos de todo o nosso curso: os conflitos geopolíticos e os

conflitos étnicos. Calminha, gente, complexidade não está diretamente ligada a

dificuldade e sim a atenção. Mas por que estamos falando disso agora?

Porque, para entender a maior parte dos conflitos internacionais,

precisaremos, muitas vezes, compreender suas origens e raízes históricas que

são tão antigas quanto profundas. A primeira confusão muito comum entre os

estudantes é diferenciar o que é um conflito étnico de um geopolítico. Sem

dúvida alguma, o limite entre um conflito étnico e geopolítico é extremamente

tênue, já que em algum momento as motivações étnicas, políticas e

geográficas se encontram.

O assunto é bastante extenso, mas temos certeza de que vocês

terão outra visão acerca dos conflitos internacionais ao final desta aula. Nosso

objetivo, então, será lhes passar uma visão bem objetiva dos principais

conflitos étnicos e geopolíticos, sem que o conhecimento seja superficial. A

aula é bastante extensa, mas porque o assunto é realmente extenso. Mas

temos certeza de que, após a terem lido, vocês se sentirão em condições de

compreender muito melhor o panorama geopolítico mundial atual e sua

configuração durante o século XX.

Todos preparados? Pois então, vamos seguir em frente!

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1-CONFLITOS GEOPOLÍTICOS:

1.1- Generalidades:

Em primeiro lugar, precisamos ter claro o conceito de conflitos

internacionais.

Segundo Francisco Rezek conflito ou litígio internacional “é todo

desacordo sobre certo ponto de direito ou de fato” ou, ainda, “uma

contradição ou oposição de teses jurídicas ou de interesses entre dois

Estados”.

Baseando-se nas idéias de Rezek, nem todos os conflitos

envolveriam forças militares, sendo possível falar-se em conflito quando ocorre

um mero descumprimento de um acordo internacional. Todavia, os conflitos

sobre os quais trataremos aqui são aqueles mais explosivos, que envolvem a

luta armada ou sua iminência.

Os conflitos existentes nas diferentes regiões do mundo podem ser

vistos e até classificados sob quatro prismas diferentes, variando apenas as

forças envolvidas na luta. Dentro dessa lógica, um conflito pode envolver: i)

dois ou mais Estados ou; ii) acontecer dentro de um estado só.

Aí vocês devem estar pensando: “Esses professores não sabem

contar muito bem não!”

Tenham calma! Falamos em quatro tipos porque dentro do segundo

caso, ou seja, no caso dos conflitos internos, ainda encontramos mais três tipos

de disputas, que serão explicadas logo, logo.

O primeiro caso que veremos aqui é o de Guerra entre Estados. Nessa situação, o choque ocorre entre os exércitos nacionais dos países

envolvidos. Até o final de 2000, o mais sério deles era a briga entre a Índia e o

Paquistão. Ambos os países são potências nucleares e disputam a posse da

região da Caxemira.

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Já no caso dos conflitos internos temos:

1- Guerra civil ou guerrilha – nessa situação o conflito ocorre entre

grupos armados paramilitares e o governo. Um dos mais conhecidos e

significativos grupos paramilitares são as Forças Armadas Revolucionárias

da Colômbia – FARC - que controlam uma vasta área desmilitarizada deste

país.

Com o fim da Guerra Fria e a conseqüente perda da ajuda financeira

que EUA e URSS forneciam, as guerrilhas se moldaram a novas formas de

financiar a luta armada. Nesse sentido, as FARC mantêm intensa a desordem

na Colômbia graças aos recursos obtidos com o tráfico de drogas e seqüestros

de civis. Do mesmo modo, no Afeganistão, a milícia fundamentalista conhecida

como Taliban é acusada de se manter com um “imposto” de guerra, cobrado

dos plantadores e comerciantes de ópio e heroína da região.

2- Separatismos por ocupação estrangeira – aqui o confronto é

provocado por uma invasão militar externa. Um dos mais famosos movimentos

separatistas nessa categoria é a reivindicação dos palestinos pelo

reconhecimento de um Estado independente nos territórios ocupados por Israel

em 1967 - Faixa de Gaza e Cisjordânia. De acordo com grupos de defesa dos

direitos humanos e fontes locais, no início de 2009, mais de 1.400 palestinos

morreram com suposta “defensiva” de Israel.

3- Separatismo no interior de um Estado – nesse caso, o choque

se dá entre forças oficiais do governo e movimentos internos, geralmente

ligados a minorias étnicas ou religiosas. Essas minorias costumam ter como

objetivo a formação de Estados independentes, como no caso da guerrilha

separatista ETA (Pátria Basca e Liberdade). Esse movimento é favorável à

soberania do País Basco, encravado entre a Espanha e a França.

Quando falamos em conflitos geopolíticos do século XX, temos que

nos lembrar imediatamente da Guerra Fria. Durante esse período, que teve

suas origens ao final da Segunda Guerra Mundial, perdurando até o final da

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década de 80, a disputa entre EUA e URSS por áreas de influência ao redor do

globo levou a inúmeros conflitos internacionais.

Na época da Guerra Fria, a corrida armamentista e o arsenal nuclear

de EUA e URSS eram tão grandes que estes países tinham condições de

explodir o mundo inteiro em um piscar de olhos. O resultado é que ninguém

queria explodir um bomba nuclear, pois isso resultaria em uma sucessão de

explosões, o que seria uma catástrofe mundial.

A disputa por áreas de influência entre EUA e URSS durante o

período da Guerra Fria fazia com que houvessem conflitos locais. Foi o caso da

Guerra da Coréia, Guerra do Afeganistão, Guerra do Vietnã, a crise dos

mísseis em Cuba e outras. A ocorrência de um conflito internacional

generalizado a essa época não era mais algo palpável, já que, conforme

dissemos anteriormente, resultaria em uma catástrofe nuclear.

Com o fim da Guerra Fria e da bipolaridade das relações

internacionais, os conflitos tomaram uma nova dimensão. Na nova ordem

internacional, o que se percebe é a exacerbação de nacionalismos,

conflitos étnicos e religiosos e a preocupação com questões nucleares,

ambientais e de respeito aos direitos humanos. Todavia, também nos dias

de hoje não se vislumbra a ocorrência de um conflito internacional

generalizado, mas tão somente conflitos de caráter local.

Ainda sobre a nova ordem internacional, percebe-se que no campo

econômico há uma multipolaridade, marcada também pela crescente

participação no comércio internacional e investimentos internacionais dos

países em desenvolvimento. Apesar disso, no campo militar, o que existe é

uma unipolaridade em torno dos EUA, a grande potência hegemônica.

É praticamente impossível falar em conflitos e tensões mundiais sem

pensarmos imediatamente nos EUA, não é mesmo? Desde a 1ª Guerra

Mundial, esse país marca presença em praticamente todas as discordâncias

políticas, econômicas ou militares em diferentes regiões do planeta.

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Os EUA têm um imenso e diversificado território. Situado na América

do Norte, é o quarto país mais extenso do mundo, banhado pelos oceanos

Atlântico e Pacífico. Além de toda a imensidão física, ele também se tornou a

maior potência econômica e militar do mundo. Sozinho, esse país é

responsável por mais de um quarto da produção econômica mundial e isso lhe

possibilita assumir posição central no comércio e no sistema financeiro

internacional.

Por possuir todo esse sucesso econômico, os EUA puderam ampliar

enormemente suas áreas de influência política, uma vez que, ao financiar os

países subdesenvolvidos, adquiriram como contrapartida o direito de

“aconselhar” as melhores políticas a serem adotadas.

Dessa forma, é inegável o poder de influência norte-americano no

cenário internacional, o que se pode vislumbrar, inclusive, nas decisões de

organizações internacionais.

Feita essa rápida introdução acerca do contexto do século XX e XXI,

vamos agora falar especificamente de cada um dos conflitos mais importantes!

1.2- Conflitos internacionais durante a Guerra Fria:

No período conhecido como Guerra Fria, a ordem internacional era

marcada pela bipolaridade, sendo dividido o mundo em dois grandes blocos:

um socialista, o outro capitalista. Como já vimos anteriormente, EUA e URSS

disputavam por áreas de influência ao redor do mundo, cada um deles

formando um bloco geopolítico.

Dessa forma, os Estados Unidos buscava conter o avanço do

socialismo no mundo, utilizando-se para isso do Plano Marshall e da Doutrina

Truman. A Doutrina Truman baseava-se na ideologia de evitar a propagação

do socialismo no mundo, principalmente nos chamados “elos fracos” do

capitalismo. O Plano Marshall, por sua vez, representou um aprofundamento

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da Doutrina Truman, consistindo no fornecimento de recursos financeiros pelos

EUA aos países europeus destruídos pela Segunda Guerra Mundial.

Do outro lado, a URSS também consolidou inúmeras alianças,

expandindo o comunismo para os países da Europa Oriental. O continente

europeu ficava, assim, dividido em dois pólos geopolíticos, cuja fronteira

estratégica ficou conhecida por Cortina de Ferro.

Com efeito, a divisão da Alemanha em Alemanha Ocidental e

Alemanha Oriental retratava muito bem a realidade vivenciada pelo

mundo durante esse período. Vale ressaltar que a Alemanha Ocidental – sob

influência norte-americana – recuperou-se da guerra de forma muito mais

rápida do que a Alemanha Oriental, o que se deveu, principalmente, aos efeitos

do Plano Marshall.

Mas a disputa pelo poder hegemônico não ficou somente na Europa,

tendo se estendido por todo o mundo. É isso o que veremos a seguir! Antes,

porém, vejamos uma questão sobre a Guerra Fria:

1- (CESPE/STJ-2008)- Ao contrário do que se previa há duas décadas, o fim da Guerra Fria fez recrudescer as tensões do sistema bipolar mundial, ampliando a rivalidade americano-soviética, como se vê nos atuais incidentes envolvendo a Geórgia.

Comentários:

Bem, pessoal, esta questão tende a nos confundir um pouco, pois foi

com o fim da Guerra Fria que várias tensões aparentemente sufocadas vieram

à tona. Entretanto, o que recrudesceu foram os inúmeros conflitos étnicos,

religiosos e políticos que ficaram contidos durante o sistema bipolar mundial e

não as desavenças entre socialistas e capitalistas, não é mesmo?

Falar do fim da Guerra Fria significa justamente se referir ao fim do

conflito e da forte rivalidade entre americanos e soviéticos, portanto a questão

está errada.

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1.2.1- Guerra da Coréia (1950-1953):

O território da Coréia era ocupado pelo Japão desde o ano de 1910.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, esse território foi dividido entre EUA e

URSS. Assim, o norte tornava-se área de influência do comunismo soviético e

o sul do capitalismo norte-americano.

Em 1949, ocorre o evento que seria o grande precursor da Guerra

da Coréia: a Revolução Chinesa. Tal revolução colocou no poder na China

o Partido Comunista Chinês, o qual era chefiado por Mao Tse-Tung.

Ocorre que Mao Tse-tung queria expandir a influência geopolítica

chinesa pela Ásia, almejando tornar a China uma grande potência militar.

Assim, incentivou a Coréia do Norte a invadir a Coréia do Sul em 1950,

fornecendo-lhe apoio em material e pessoal. As tropas norte-coreanas

chegaram a ocupar a capital da Coréia do Sul (Seul), tendo sido deslocadas

tropas das Nações Unidas para retomar o controle do Sul.

Em 1953, após cerca de 3 milhões de mortos, o conflito teve um fim!

Ao final da guerra, a Coréia ficou dividida em Coréia do Norte e Coréia do Sul,

divisão esta que se mantém até os dias atuais. Um detalhe: apesar da Guerra

da Coréia ter se encerrado em 1953, nunca foi assinado um tratado de paz

entre os dois países.

Atualmente, a região é um grande foco de tensão mundial! Isso

porque a Coréia do Norte vem testando mísseis de longo alcance e há

suspeitas de que já possui bombas nucleares. Recentemente, a Coréia do

Sul declarou ter fortes provas de que um submarino norte-coreano

disparou um torpedo que afundou um navio da Marinha sul-coreana,

matando 46 marinheiros.

 Como não poderia deixar de ser, os EUA mantém forte presença

militar na região, por meio de bases instaladas no Japão. São cerca de 48 mil

militares norte-americanos neste país. A presença norte-americana no Japão

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tem basicamente dois objetivos: por um lado, consolidar a influência

militar dos EUA na Ásia; por outro, oferecer proteção nuclear ao Japão.

1.2.2- Guerra do Vietnã:

A Guerra do Vietnã foi um dos conflitos mais sangrentos de todo o

período da Guerra Fria. O Vietnã estava dividido em duas metades: o Vietnã do

Sul e o Vietnã do Norte. Enquanto o Vietnã do Sul tinha o apoio dos EUA, o

Vietnã do Norte tinha o apoio da URSS e da China.

Foram exatamente essas as forças envolvidas no conflito! Os EUA

temiam que o Vietnã se transformasse em mais um pólo irradiador do

comunismo na Ásia e, por isso, declarou guerra ao regime do Vietnã do Norte.

Todavia, na Guerra do Vietnã, ficou claro que nem sempre a

superioridade em armamentos, equipamentos e tecnologia vence uma guerra!

Enfrentando a guerrilha norte-vietnamita em um ambiente de selva, os EUA se

viram em situação extremamente complicada.

Os vietcongues (guerrilha norte-vietnamita) utilizavam-se, para fazer

frente aos EUA, da chamada estratégia da resistência. Mas em que consiste

essa estratégia?

Segundo a doutrina da resistência, é possível que um país

militarmente inferior enfrente outro país com superioridade militar. Para

isso, deve realizar ações que visem a abater o moral do inimigo,

utilizando-se de emboscadas, sabotagem, destruições de instalações, etc.

Assim, prefere-se um confronto longo, em que se evita o conflito direito,

literalmente “cansando” o inimigo.

Pois bem, usando a doutrina da resistência, os norte-vietnamitas

conseguiram expulsar os norte-americanos. Segundo Demétrio Magnoli:

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“A retirada dos Estados Unidos, em 1973, não decorreu da

derrota militar, mas da oposição da opinião pública norte-americana à

continuação da guerra. Dois anos depois da retirada, o Vietnã do Sul cai.

O fracasso na Indochina representou a maior derrota geopolítica dos

Estados Unidos na Guerra Fria.”

Conforme percebemos, a opinião pública norte-americana não era

nada favorável à Guerra do Vietnã. Afinal de contas, os pais, mães, esposas e

irmãos norte-americanos não suportavam mais ver a chegada de caixões nos

EUA, trazendo soldados mortos em combate.

Na Guerra do Vietnã, foi amplo o uso de armas químicas pelos EUA,

com destaque para o NAPALM e o Agente Laranja (desfolhante químico para

reduzir a densa vegetação da selva local).

1.2.3- Guerra do Afeganistão (1979-1989):

Apesar do conflito mais famoso ocorrido no Afeganistão ser o que se

iniciou em 1979, este país foi invadido diversas vezes ao longo de sua história,

tendo suas fronteiras e governo como alvo constante de disputas.

Alexandre o Grande, Czares russos e comunistas foram alguns dos

predecessores dos Estados Unidos na invasão deste local. Entretanto, se os

americanos não obtiveram sucesso na Guerra do Vietnã, no Afeganistão quem

não se deu bem foram os soviéticos!

A invasão soviética ao Afeganistão aconteceu em 1979 e teve

conseqüências imediatas quando, um ano depois, durante os Jogos Olímpicos

de Moscou, foi organizado pelos EUA um boicote dos principais países do

ocidente aos Jogos. Mas a grande questão que não quer calar é: porque essa

área sempre foi tão invadida e cobiçada por diferentes governos e em

diferentes tempos?

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Bem, se observarmos atentamente o mapa deste país veremos que

o Afeganistão é um país asiático, localizado ao centro desse continente e

fazendo fronteira com o Turcomenistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, China,

Paquistão e Irã. Então, pessoal, se refletirmos sobre os vizinhos, perceberemos

que apesar de não possuir saída para o mar, a localização geográfica do

Afeganistão é privilegiada por dois motivos. Primeiro, porque é um ponto

estratégico para o estabelecimento de relações comerciais, já que se situa

entre alguns dos mais importantes países da Ásia. O segundo é que trata-se de

uma área estratégica de fundamental importância para estabelecer qualquer

tipo de domínio na Ásia Central.

Bem, dito disso vamos voltar ao conflito iniciado em 1979, ok?

A Guerra do Afeganistão consistiu em um conflito militar entre a

União Soviética (que apoiava o governo comunista instalado no Afeganistão) e

os mujahidins afegãos (rebeldes que lutavam contra o regime comunista).

Mais uma vez, é preciso perceber quais são as forças políticas

efetivamente engajadas no conflito. A resposta não poderia ser diferente! De

um lado, estavam os EUA (apoiando os rebeldes na tentativa de derrubada do

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regime comunista); do outro lado, estava a URSS (tentando manter o status

quo político da região).

A URSS invadiu o Afeganistão em 1979, logo após um golpe de

Estado que objetivava destituir o governo comunista. Opondo-se à URSS

estavam os mujahidins, que se inspiravam na Revolução Xiita do Irã para lutar

pelo controle do Afeganistão.

O Irã, também em 1979, vivenciou a Revolução Xiita, por meio da

qual ascendeu ao poder o fundamentalismo islâmico. Os mujahidins, também

de origem muçulmana, visavam, dessa forma, seguir o exemplo iraniano e

chegar ao poder.

Perceba-se, todavia, que no caso iraniano os fundamentalistas

islâmicos lutaram contra um regime pró-EUA; já no Afeganistão, os

fundamentalistas lutavam para derrubar um regime pró-URSS. Como

percebemos, já na época da Guerra Fria, o Oriente Médio era considerado uma

região estratégica no cenário geopolítico, motivo pelo qual EUA e URSS se

aliavam aos grupos que lhes interessavam no momento.

Além do boicote aos jogos Olímpicos, o governo dos EUA passou a

financiar grupos radicais armados islâmicos, na figura dos mujahidins, que

conseguiram forçar a retirada dos soviéticos do Afeganistão.

Com efeito, a Al Qaeda (organização terrorista altamente

conhecida) tem suas raízes nos “guerreiros da fé” mujahidins. Vocês já ouviram

dizer que Osama Bin Laden foi treinado pelos EUA? Pois é, não se pode dizer

que essa história seja absolutamente verdadeira. No entanto, ela deriva do

apoio dado pelos EUA aos mujahidins durante a Guerra do Afeganistão.

Em 1989, a URSS se retirou do Afeganistão e, logo em seguida,

instalou-se na região um governo islâmico ligado aos mujahidins. A URSS

conhecia assim o “seu próprio Vietnã”.

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Com a ocorrência do episódio de 11 de setembro de 2001, os

Estados Unidos declararam guerra ao terrorismo e invadiram o Afeganistão em

outubro de 2001, à revelia do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Na

invasão ao Afeganistão, os EUA tiveram o apoio do Reino Unido, Canadá,

França e outros países, além da contribuição da organização armada

muçulmana Aliança do Norte.

O principal objetivo da invasão ao Afeganistão era capturar o

terrorista Osama Bin Laden, o qual tinha apoio do regime dos talibãs. Embora o

regime talibã tenha sido derrubado, Osama Bin Laden não foi até hoje

capturado.

O conflito do Afeganistão já dura aproximadamente 9 anos e a

previsão é que o início da retirada das tropas do país seja em julho de 2011.

Todavia, a insurgência tem intensificado suas ações, exacerbando o confronto.

Vejamos uma notícia que ilustra bem a atual situação do Afeganistão:

“Obama, que anunciou em dezembro que estava enviando mais 30 mil soldados americanos ao Afeganistão, planeja uma revisão da estratégia em dezembro, depois das eleições. Enquanto o Congresso apoiou o seu plano para reforçar o nível das tropas, as pesquisas mostram que o público permanece em dúvida sobre o esforço. Uma pesquisa divulgada na semana passada pela NBC e pelo "The Wall Street Journal" revelou que sete em cada dez americanos não acreditam que a guerra acabaria com êxito. Para completar, os comandantes militares têm alertado que a batalha está cada vez mais difícil este ano, com as tropas com planos para assumir o controle de redutos do Talibã no sul e enfrentar outros insurgentes. Petraeus lidera uma força de cerca de 150 mil americanos e as tropas da OTAN no Afeganistão. Ele afirma que o esforço no Afeganistão tem sido dificultado pelo nível de corrupção no país, e os funcionários americanos têm sofrido com a falta de cooperação do presidente afegão, Hamid Karzai, na luta contra o problema. Petraeus disse que tem discussões frequentes e francas com o líder afegão, falando com ele em média uma vez por dia. O general disse também que a busca pelo líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, ainda é uma prioridade: - Eu não acho que ninguém sabe onde ele estava escondido. Acho que capturar ou matar Osama Bin Laden ainda é uma tarefa muito importante para todos aqueles que estão engajados na luta contra o terrorismo ao redor do mundo - disse ele.” (O Globo On-Line 15/08/2010)

Recentemente, ocorreu uma polêmica envolvendo o comandante

das tropas americanas no Afeganistão, o General McCrystal, que acabou

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sendo afastado do cargo por conceder entrevista a uma revista americana em

tom de “deboche” a altos funcionários do governo dos EUA.

Vejamos uma questão relacionada ao Afeganistão!

2-(CESPE/ANTAQ-2009)- O Afeganistão tornou-se alvo da ação dos EUA desde os atentados de 2001, sob a acusação de que esse país asiático servia de abrigo para terroristas.

Comentários:

O principal argumento utilizado pelos EUA na invasão do

Afeganistão em 2001 foi a tentativa de capturar Osama Bin Laden, vocês se

lembram? Este terrorista foi acusado pelo governo dos Estados Unidos de ser

o grande idealizador e responsável pelos ataques de 11 de Setembro ocorridos

em solo americano.

Apesar das tropas americanas não terem tido sucesso na captura de

Bin Laden, elas conseguiram destituir o governo islâmico radical dos Talibã.

Portanto a questão está correta.

Atualmente, os líderes Talibãs se uniram a outras facções e vivem

escondidos com o objetivo de manter a instabilidade no país com ataques

terroristas esporádicos e a tomada de reféns.

1.2.4- A crise dos mísseis em Cuba:

Durante a Guerra Fria, a URSS tinha Cuba como seu maior aliado

na América Latina. Liderado por Fidel Castro, o Partido Comunista cubano

iniciou luta armada contra a ditadura de Fulgência Batista, o qual foi deposto

em 1ª de janeiro de 1959.

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Esse movimento armado, conhecido por Revolução Cubana,

instaurou no país um regime anti-capitalista e anti-americanista, recebendo

claro apoio da URSS.

O primeiro momento de grande tensão entre Cuba e Estados Unidos

ocorreu em outubro de 1962 e, a partir daí, nunca mais as relações entre esses

países foram harmônicas.

Na ocasião, que ficou conhecida como a Crise dos Mísseis, aviões

de espionagem dos Estados Unidos identificaram movimentos que sugeriam a

instalação de mísseis soviéticos em Cuba. Após essa contestação, o então

presidente dos EUA, John Kennedy, ameaçou usar armas nucleares para

impedir que essa obra fosse concretizada.

Segundo o presidente soviético Nikita Kruschev, os mísseis

instalados em Cuba eram defensivos, não tendo como objetivo promover um

ataque nuclear a outro país, mas sim prover a defesa cubana diante de uma

invasão futura.

Após duas semanas de tensão no mundo, o dirigente soviético

recuou, mas a sensação real da possibilidade de um conflito nuclear

permaneceu na opinião pública. No início da década de 60, a tecnologia

nuclear não estava mais limitada às duas superpotências e a tendência

mundial era a proliferação dos arsenais nucleares. E foi a partir desse incidente

que se iniciaram as primeiras conversas sobre a necessidade de não-

proliferação de armas nucleares, dando origem ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) em 1968.

O tratado assinado em 1968, e em vigor desde março de 1970,

tinha como objetivos impedir a proliferação da tecnologia usada na

produção de armas nucleares, promover o desarmamento nuclear e

garantir o uso pacífico da energia nuclear produzida.

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Ao todo, 189 países já aderiram ao TNP. Dentre os países mais

importantes no cenário internacional, apenas Israel, Paquistão, Índia e Coréia

do Norte não fazem parte do acordo.

O tratado divide os signatários em dois grupos: de um lado, os

“nuclearmente armados”, em que se encaixam as cinco potências Estados

Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França; do outro lado os “não -

nuclearmente armados”. Assim são chamados esses últimos por nunca terem

fabricado ou explodido qualquer artefato nuclear antes de 1 º de janeiro de

1967.

Bem, o fato é que o sentido desse tratado soou de forma diferente

dependendo de a qual grupo o país pertence. Para os “nuclearmente armados”,

houve a garantia de manter suas armas atômicas, apesar do comprometimento

em não fornecer esses dispositivos ou repassar a tecnologia de sua fabricação

a nenhuma outra nação. Para o outro grupo, dos “não - nuclearmente

armados”, houve o comprometimento em desenvolver a tecnologia nuclear

somente para fins pacíficos.

1.2.5- Geopolítica da Guerra Fria na América Latina:

A América Latina também não ficou imune à disputa de poder entre

EUA e URSS durante a Guerra Fria. Muito pelo contrário, ambos os países

desenvolveram ações com o intuito de aumentar sua influência na região.

Os EUA, nesse contexto, buscaram a criação de instituições que

garantissem a supremacia do capitalismo na região. Assim, surgiu a OEA

(Organização dos Estados Americanos) e o TIAR (Tratado Interamericano de

Assistência Recíproca). Com isso, era possível ampliar a cooperação nas

Américas acerca dos diversos temas. Na passada, nós já falamos sobre a

OEA. No entanto, ainda não explicamos o que vem o ser o TIAR!

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O TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca) foi

celebrado em 1947 e tinha como base a defesa dos países da América

contra uma agressão externa. Por meio do TIAR, cada um dos países do

continente americano se comprometia a considerar que um ataque

lançado contra um país seria o mesmo que um ataque lançado contra

todos. Embora o TIAR previsse tal obrigação, isso não foi o que de fato

ocorreu! Durante a Guerra das Malvinas (conflito entre a Inglaterra atacou a

Argentina), o governo dos EUA se posicionou a favor dos ingleses. Tal fato

enfraqueceu a força do TIAR!

Mas e a URSS? O que fez esse país na América Latina no contexto

da Guerra Fria?

Bem, a URSS procurou expandir as idéias socialistas pelos diversos

países do continente, o que gerou guerrilhas locais e movimentos

revolucionários, os quais tinham como inspiração a Revolução Cubana.

Contrapondo-se aos ideais socialistas, foram instaladas ditaduras militares por

toda a América Latina, as quais obtiveram apoio dos EUA.

1.3- A questão nuclear iraniana:

Particularmente duas coisas nos chamam a atenção quando

pensamos nesse país: a riqueza e a instabilidade que parecem características

peculiares ao Oriente médio.

Bom, em primeiro lugar é bom frisar que não se incomodem com a

dificuldade em compreender esse território. A realidade é muito distinta da

grande maioria de nós e, portanto, bem mais difícil de ser compreendida.

Contudo, analisando-a sem pré-julgamentos ou etnocentrismos, temos certeza

de que venceremos essa barreira cultural e compreenderemos um pouco mais

essa sociedade.

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Em janeiro de 79, os islâmicos xiitas do Irã derrubaram o governo

aliado dos Estados Unidos e proclamaram uma Revolução Islâmica. O que isso

significa? Isso quer dizer que a autoridade máxima do país agora estaria

totalmente relacionada com a religião Islâmica, originando, como eles se auto-

intitulam, a República Islâmica. E que espécie de república é essa?

Bem, nesse sistema, o Estado é regido por um líder religioso

denominado aiatolá. Essa figura é a expressão máxima da autoridade no Irã,

uma vez que pertence a ele a palavra final sobre os assuntos mais importantes

do país. Apesar de não ser eleito pela população, ele tem suas decisões

legitimadas pela própria religião. Assim, no Irã temos um Estado teocrático,

onde a religião se confunde com as leis praticadas por todos os cidadãos.

Vocês já ouviram falar da “lei Sharia”? A “lei Sharia”, em rápidas palavras, é a

doutrina dos direitos e deveres religiosos do Islã. Pois então, um exemplo de

aplicação dessa lei é a proibição do governo ao uso de roupas ocidentais e a

imposição às mulheres do uso do véu sobre a cabeça em locais públicos.

Outra característica bem marcante no Irã é a ressonância que a lei Sharia tem

sobre sua população, já que apesar de ser oriunda de uma religião, ela rege o

comportamento civil de toda a sociedade.

Apesar do Estado ser dirigido por um líder religioso, o sistema

político vigente conta com a existência de organizações políticas, tanto que

possivelmente vocês estão lembrados da polêmica reeleição de Mahmoud

Ahmadinejad, não é mesmo?

Entretanto, o grande assunto do momento quando se fala em Irã é o

impasse envolvendo esse país e os EUA nos últimos anos. Acusado de

planejar produzir armas nucleares secretamente, o governo iraniano nega e

mantém seu programa de enriquecimento de urânio sob a justificativa de

geração de energia.

Ao ser classificado por George W. Bush como pertencente ao eixo

do mal, o Irã passou a sofrer sanções econômicas impostas pela ONU há

aproximadamente 4 anos. No entanto, essas sanções não tiveram ressonância

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e não modificaram em nada a postura de Ahmadinejad, que não recuou nas

atividades nucleares. Assim, essa nação tornou-se uma das principais

preocupações dos Estados Unidos e de outras grandes potências que

aspiravam algum interesse político ou econômico na região.

Além de ser acusado de dar apoio a grupos fundamentalistas como

o libanês Hezbollah e o palestino Hamas, o Irã se posiciona totalmente contra

Israel e influencia partidos xiitas no Iraque, contra quem impôs uma das mais

sangrentas guerras das últimas décadas.

Recentemente, o Brasil mediou um acordo firmado entre Turquia

e Irã, pelo qual o governo iraniano concordou em remeter à Turquia 1,2

mil quilos de urânio a 3,5% e receber urânio enriquecido a 20% para ser

usado em reatores de energia. A troca dessa quantidade de urânio com baixo

nível de enriquecimento por urânio enriquecido representaria um primeiro

passo na solução negociada para a questão nuclear iraniana.

Apesar do acordo, o Conselho de Segurança da ONU aprovou

novas sanções contra o Irã. Vale ressaltar que a aprovação dessa nova

rodada de sanções não contou com o apoio de Brasil e Turquia, que

atualmente são membros temporários do Conselho de Segurança.

Além da questão nuclear, o Irã é acusado de dar apoio a grupos

fundamentalistas como o libanês Hezbollah e o palestino Hamas. O Irã se

posiciona totalmente contra Israel e influencia partidos xiitas no Iraque, contra

quem impôs uma das mais sangrentas guerras das últimas décadas.

3-(CESPE/IRB-2009)- O fundamentalismo islâmico teve no Irã depois da revolução xiita de 1979 um pólo irradiador, que identificou no Ocidente seu principal inimigo, representado pelos EUA e seu histórico aliado regional, Israel.

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Desde a queda da União Soviética, que era uma potência totalmente

desprovida de religião, os fundamentalistas tornaram os Estados Unidos o seu

principal inimigo. Esse país passou a representar tudo o que eles mais

abominam, como a liberação dos costumes, a liberdade sexual, a emancipação

feminina, além da democracia, é claro!

A prática democrática é algo que não tem espaço num estado

islâmico regido pela Sharia, pois Alá é quem decide o destino da sociedade e

não os seus próprios membros. E quem é o maior representante democrático

do mundo? Estados Unidos!

E foi assim que este país passou a ser visto: como uma ameaça

forte e permanente à peculiar cultura tradicional da região, sobretudo quando

passou a apoiar e se envolver diretamente na política de Israel. Portanto, a

questão está correta.

Além disso, a presença de soldados americanos no solo sagrado do

Islã, no Kuwait e na Arábia, marcante desde a Guerra do Golfo de 1991, fez

com que os fundamentalistas se sentissem ainda mais ameaçados quanto a

uma possível “contaminação” de sua cultura.

Bicho acuado nós todos sabemos como reage, não é mesmo?

Ataca! E foi exatamente assim que eles reagiram, voltando seus ataques para

as guarnições americanas e também para as embaixadas desse país, como o

caso do ataque à embaixada americana de Nairóbi no Quênia que era a maior

central de informações da CIA na África. Pessoal, não estamos fazendo aqui

nenhum juízo de valo, tampouco chamando ninguém de bicho, foi apenas uma

analogia, ok?

Metaforicamente falando, podemos entender este enfrentamento

entre os fundamentalistas e os Estados Unidos como um conflito entre dois

mundos opostos. O Islã tradicional representado pelos fundamentalistas em

constante choque com o Cristianismo modernizado dos EUA, evidenciando um

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choque entre a modernidade e a tradição, entre a vida regrada pela tecnologia

e o modo pré-tecnológico de viver.

A reação dos fundamentalistas pode ser entendida, acima de tudo,

como a manifestação de repúdio de uma cultura milenar, que resiste ao

processo de ocidentalização e a todas as mudanças e transformações sociais

do século XX.

4-(FCC/APOFP-2010)- O programa nuclear iraniano foi um dos temas abordados por Hillary Clinton em sua recente visita ao Brasil. “Nós debatemos o valor central da não proliferação e o nosso comprometimento comum de fazer com que o Irã não tenha armas nucleares”, disse ela. Por outro lado, declarações amplamente divulgadas tornaram evidente a existência de divergências entre os EUA e o Brasil relativas à questão nuclear iraniana. Considere as afirmações: I. Ao contrário do Brasil, os EUA consideram que as negociações falharam,

portanto o caminho é aprovar mais sanções para impedir que o Irã enriqueça

urânio e possua armas nucleares.

II. O governo brasileiro é contra sanções e considera que ainda há espaço para

negociar com o presidente Mahmud Ahmadinejad, além de reiterar sua posição

contra a proliferação de armas nucleares.

III. O Brasil, por não ser signatário de acordos contra a proliferação de armas

nucleares, pode manter postura independente e contrária à norte-americana

em relação ao programa nuclear iraniano.

Está correto o que se afirma em:

a) III, apenas.

b) II e III, apenas.

c) I, apenas.

d) I e II, apenas.

e) I, II e III.

Comentários:

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I - A primeira assertiva está correta, pois, apesar do êxito obtido pelo Brasil nas

negociações com o Irã, o governo americano não reconheceu o seu sucesso

pelo fato do Irã continuar o enriquecimento de urânio a 20 %. Este

enriquecimento é considerado inadmissível pelos americanos que por isso,

querem aprovar mais sanções ao Irã.

II - A segunda assertiva também está correta, já que o governo brasileiro vinha

se posicionando incisivamente contra novas sanções ao Irã, uma vez que esse

governo já havia, inclusive aceitado um acordo com a Turquia e depois

rejeitado pelos EUA.

III - A terceira afirmação esta incorreta, pois o Brasil é signatário dos acordos

contra a proliferação de armas nucleares. Apenas Israel, Paquistão, Índia e

Coréia do Norte não fazem parte deste acordo, mas o Brasil é signatário desde

setembro de 1998. Todavia, independente disso, o Brasil pode sim manter sua

postura independente ou contrária à norte-americana em relação ao programa

nuclear iraniano

1.4- Índia X Paquistão:

Desde que se livraram das tropas britânicas que mantinham a

colonização, Índia e Paquistão se tornaram independentes, mas travaram entre

si guerras por motivos geopolíticos, como a disputa sobre a posse da Caxemira

e a Cordilheira dos Himalaias.

A população da Índia é, em sua grande maioria, de religião

hinduísta, o que agrega um componente religioso ao conflito desse país com o

Paquistão cuja população possui cerca de 70% de mulçumanos.

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A Índia controla dois terços da região da Caxemira e acusa o

governo do Paquistão de abastecer e treinar guerrilheiros separatistas

mulçumanos. É claro que o governo nega todas essas acusações e argumenta

que tem apenas uma relação diplomática com os rebeldes islâmicos, lhes

dando uma espécie de “apoio moral” Vejamos como fica esse conflito no mapa!

Observando o mapa acima conseguimos visualizar em pontilhado

rosa as fronteiras que são disputadas pelos dois países e percebemos como a

situação é delicada, já que a área poderia ser estendida tanto por um quanto

por outro país.

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A rivalidade entre este dois países é tão forte que desencadeou uma

preocupante competição entre eles: a corrida armamentista que os inseriu no

grupo dos países nucleares, fazendo deste conflito um dos principais focos de

tensão do mundo no cenário atual.

Desde então, esses países medem forças a partir de demonstrações

de poder nuclear, promovendo esporádicas explosões realizando testes. Essa

situação mobilizou a atenção internacional para a disputada região da

Caxemira, sobre a qual a Índia afirma ter uma soberania irrevogável.

Em fevereiro de 2010, o Paquistão anunciou a retomada do diálogo

com a Índia, que propôs ao Paquistão iniciar discussões ao nível de secretários

das Relações Exteriores, que são funcionários de maior escalão de ambos os

ministérios, mas não são ministros que já se enfrentaram em outras ocasiões.

Vejamos mais algumas questões!

5-(CESPE-2009)- Como resultado do fim da Guerra Fria, a Índia aderiu ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

Comentários:

Israel, Paquistão, Índia e Coréia do Norte são países que possuem

armas nucleares e que não aderiram ao TNP, o que torna a questão errada.

Inicialmente, os norte-coreanos haviam aderido ao acordo, mas se retiraram

em janeiro de 2003.

6-(CESPE-2009)- Há rivalidade regional entre a Índia e o Paquistão, a ponto de os dois países desenvolverem armas nucleares.

Comentários:

Como vimos, o conflito existente entre Índia e Paquistão pela posse

da Caxemira é um dos mais sérios da atualidade e desencadeou entre eles

uma verdadeira corrida armamentista. Assim, é comum percebermos a queda

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de braço entre esses dois países com as constantes exibições de poder

nuclear através da realização de testes esporádicos. Portanto, essa questão

está correta.

1.5- EUA X Iraque

1.5.1- Parte I- Guerra do Golfo:

Este conflito teve início em agosto de 1990 e envolveu os vizinhos

na região do Golfo Pérsico, Iraque e o Kuwait. Apesar dos países envolvidos

estarem localizados no Oriente, portanto bem distante dos Estados Unidos, o

Kuwait contou com uma importante e decisiva contribuição: uma força de

coalizão comandada pelos norte- americanos.

O objetivo do Iraque, ao invadir o território vizinho do Kuwait, era

anexá-lo como uma província, de forma a controlar o petróleo kuwaitiano.

Vejamos no mapa!

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Assim, a partir da invasão, essa área passou a ser mais uma dentre

as diversas zonas de tensões existentes no Oriente Médio.

Um ano depois do início do conflito, cem mil soldados iraquianos

invadiram o Kuwait, tendo encontrado resistência apenas da força aérea

durante a ocupação. Todavia, dada a proporção militar do governo iraquiano, o

território vizinho foi anexado sem nenhum confronto significativo, ou seja, seria

mais adequado chamarmos esse início do conflito de manobra militar do que

de guerra! Pelo mapa podemos ver a dimensão do território iraquiano em

comparação com o Kuwait, não é mesmo?

Veio da ONU a primeira reação palpável contra a atitude iraquiana,

concretizada em embargo econômico contra o Iraque. Mas, afinal, em que isso

interferia no bom funcionamento do governo iraquiano? Uma vez embargado

pela Organização das Nações Unidas (ONU), todos os países que integram

essa organização internacional ficavam proibidos de comprar e vender

qualquer tipo de produto para o Iraque.

Apesar dessa medida, poucos acreditavam que o embargo seria o

suficiente para retirar as tropas iraquianas, e a ONU colocou um prazo de até

janeiro de 1991 para a retirada das tropas que ocupavam o Kuwait. Porém,

nesse momento, os Estados Unidos organizavam um contra-ataque e, ao findar

o prazo estabelecido, as tropas da ONU se distribuíam pelos países vizinhos

como Turquia e Arábia Saudita.

Ocorre que o governo do Iraque apostava conseguir fazer da

invasão do Kuwait uma guerra contra o Ocidente e contra a formação do

Estado de Israel. Desse modo, Saddan Hussein contava com um maciço apoio

árabe na guerra e esperava um recuo do Ocidente diante da invasão, o que

não aconteceu.

Uma vez fracassadas todas as tentativas de diplomacia, as tropas

americanas iniciaram um massivo ataque aéreo bombardeando as forças

iraquianas. Assim, ao contrário do que esperava Saddan, a comunidade

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internacional reagiu imediatamente, e de forma bastante firme, à sua ofensiva

geográfica, levando quase 750 mil soldados americanos ao território invadido.

Além das tropas, eles se reforçaram de carros blindados, aviões e navios para

atingir seu objetivo.

Em poucas semanas, toda a estrutura iraquiana estava destruída,

defesas aéreas, redes de comunicações dos edifícios públicos, depósitos de

armamento e refinarias de petróleo. Um dia após destruir a maior parte da

Guarda Republicana de elite do Iraque, o presidente norte-americano, George

Bush, declarou o cessar-fogo.

Pessoal, cuidado pra não confundir, hein? Esse Bush aqui é o pai, o

filho só assume o governo americano em 2000 e se colocará à frente de uma

nova invasão no iraque.

1.5.2 – Parte II - Guerra do Iraque:

Desde a década de 80, o Iraque se envolveu em três guerras num

intervalo de apenas 25 anos. Bombas vindas de pelo menos três nações

diferentes (Irã, Israel e Estados Unidos) chegaram ao seu território. As causas

de cada conflito mudavam, mas o personagem central era sempre o mesmo:

Saddam Hussein, o “tirano de Bagdá”.

Na primeira vez que o país foi tema de uma reportagem de capa da

Revista Veja, Saddam havia acabado de invadir o Irã. A guerra se estendeu por

anos e teve conseqüências calamitosas para toda a região. Porém, o que era

guerra em um ano tornou-se, no ano seguinte, para espanto do mundo, uma

“firme aliança” denunciada por um jornal britânico.

Após essa nova parceria, Israel bombardeou uma central nuclear no

Iraque para ter certeza de que o déspota iraquiano não teria nenhuma condição

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de produzir a bomba atômica. Essa ação militar de Israel só se propagou e

chegou ao conhecimento de seus aliados americanos horas depois do

acontecimento.

Uma década depois, o Iraque, sob o comando do ditador Saddan,

invadiu e ocupou o Kuwait, botando a família real para correr e provocando a

alta do preço do petróleo. A partir disso, Saddan mostrou que, mesmo com a

oposição conjunta dos Estados Unidos e da União Soviética, não desistiria de

sua política expansionista no Oriente Médio.

Depois do 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos entraram em

alerta total contra seus possíveis inimigos e se lançaram numa infindável

guerra contra o terror. Nesse período, o governo norte-americano conseguiu a

liberação de fundos do orçamento para o investimento em armas no valor de

370 bilhões de dólares. Com tudo isso, eles conseguiram vencer os afegãos,

derrubando o governo Talibã, mas sem capturar o terrorista Osama Bin Laden.

Com o fracasso na captura de Bin Laden, o governo norte-americano

direcionou sua atenção para outros possíveis inimigos dos EUA e é aqui que

começa a nossa história.

Dentre os países do denominado “eixo do mal”, que contava com

países como Irã e Coréia do Norte, estava o Iraque. Este país era comandado

por Saddam Hussein e por isso foi o primeiro a ser investigado pelos EUA.

A partir daí, foi questão de tempo até os americanos iniciarem uma

forte campanha contra as ações militares do governo iraquiano, sob o discurso

da presença de armas de destruição em massa. Após essas denúncias, os

EUA “arranjaram” uma comissão de inspetores das Nações Unidas para

verificarem o estoque de aparelhamentos controlados por Saddam Hussein.

Todavia, nada foi encontrado!

Ainda assim, os EUA formaram uma coalizão militar contra os

iraquianos e, em março de 2003 , juntamente com tropas britânicas, italianas,

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espanholas e australianas, deram início à guerra do Iraque com um intenso

bombardeio.

Em pouco tempo, a força de coalizão conseguiu derrubar o governo

de Saddam Hussein e instituir um governo de natureza provisória. Em

dezembro de 2003, o governo estadunidense declarou sua vitória contra as

ameaçadoras forças iraquianas com a captura do ditador Saddam Hussein. A

vitória, apesar de “redimir” as frustradas tentativas de se encontrar Bin Laden,

estabeleceu um grande incômodo político na medida em que os EUA não

encontraram as tais armas químicas e biológicas.

Apesar disso, o panorama político iraquiano não se estabilizou e os

grupos políticos internos, sobretudo xiitas e sunitas, se enfrentam em conflitos

civis. Embora as tropas americanas continuem na região sob o discurso de

ajudar na resolução dos conflitos internos, elas se tornaram o principal alvo de

ações terroristas.

Após a ocupação do Iraque pelos EUA, ocorreram eleições em 2005

e, recentemente, em março de 2010. As eleições de 2010 não transcorreram

em clima de tranqüilidade, tendo havido mortos e feridos. Vejamos notícia

divulgada no G-1:

“As primeiras horas de votação das eleições parlamentares no Iraque

foram marcadas por explosões pelo país, neste domingo. Pelo menos quatro pessoas

morreram e seis ficaram feridas em uma explosão que atingiu um prédio residencial,

em Bagdá. Uma segunda explosão destruiu outro prédio e matou pelo menos 12

pessoas. Oito ficaram feridos.”

7-(CESPE/ANTAQ-2009)- No Iraque, os EUA derrubaram Saddam Hussein com relativa facilidade, mas encontraram forte resistência posterior, gerando inúmeras baixas, má repercussão internacional e crescente insatisfação da própria opinião pública norte-americana.

Comentários

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Esta questão está correta e podemos afirmar que é uma das poucas

que o simples acompanhar dos telejornais nos possibilitaria respondê-la, não é

mesmo?

Rádio jornal, revista e telejornais. Eles nos trazem a todo momento a

situação atual das tropas americanas no Iraque, suas baixas e a má

repercussão que isso tem tido na opinião pública americana.

8- (CESPE/IRB-2009)- Nas duas vezes em que atacaram militarmente o Iraque, em 1991 e na atualidade, os EUA encontraram vigorosa resistência da população local, em larga medida incentivada pela reprovação à política de Washington manifestada pelo conjunto dos Estados árabes.

Comentários:

Bem amigos, se durante a segunda invasão do Iraque as tropas

americanas vêm enfrentando grande resistência dos próprios iraquianos,

durante a primeira invasão isso não foi uma verdade. Um dos aspectos

surpreendentes da guerra de 1991 foi exatamente o baixo número de soldados

americanos ou pertencentes à força de coalizão mortos em combate, não

ultrapassando 300 indivíduos, ao contrário dos militares que variaram entre 85

e 100 mil mortos. E qual a diferença ?

Em 1991, os curdos, que desde a década de 70 buscavam sua

independência e sempre eram sufocados pelo regime de Saddan, entram na

esteira da derrota iraquiana na Guerra do Golfo e revoltam-se mais uma vez.

Do mesmo modo, os xiitas que habitavam a região sul também se levantaram,

contra Saddam que fazia do próprio governo iraquiano o principal alvo.

9-(CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- O Conselho de Segurança da ONU manifestou satisfação com as últimas eleições legislativas realizadas no Iraque, que chamou de passo importante à unidade do país. Os quinze países-membros do Conselho de Segurança elogiam, em um comunicado, os iraquianos pela demonstração de “compromisso com um

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processo político pacífico, completo e democrático”. “A votação representa uma etapa importante no processo político, que busca estabelecer a unidade nacional do Iraque, soberania e independência”, afirma o comunicado. Veja Online, 9/3/2010 (com adaptações). A respeito das eleições no Iraque, assinale a opção correta. a) A última eleição nacional realizada no Iraque foi o segundo pleito desde a

invasão americana ocorrida há quase sete anos.

b) Atentados e explosões ocorreram no dia das eleições, mas não houve

mortos ou feridos.

c) Apenas o eleitorado maior de 30 anos de idade pôde votar.

d) O atual primeiro-ministro é impedido de disputar as eleições no Iraque.

e) Nouri al-Maliki, atual primeiro-ministro do Iraque, é de origem sunita.

Comentários:

A letra A está correta. Após a ocupação do Iraque pelos EUA,

ocorreram eleições em 2005 e, recentemente, em março de 2010. Dessa

forma, esse foi o segundo pleito no país desde a ocupação por forças de

coalizão.

A letra B está errada. As eleições não transcorreram em clima de

tranqüilidade, tendo havido mortos e feridos.

A letra C está errada. As eleições contaram com a ampla

participação da população iraquiana, não havendo essa restrição quanto à

idade dos eleitores.

A letra D está errada. Não houve impedimento para que o primeiro-

ministro do Iraque dispute as eleições presidenciais.

A letra E está errada. O atual primeiro ministro do Iraque, Nouri al-

Maliki, é da corrente xiita.

1.6- Guerra da Chechênia:

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A Chechênia era um pequeno território que, seguindo as tendências

da década de 90, declarou sua independência em 1991. A essa altura vocês

devem estar pensando: por que em 1991 houve tantos movimentos

separatistas eclodindo? Será um ano cabalístico?

Bem, amigos, essa situação não tem nada a ver com o alinhamento

dos astros e tampouco se configura em mera coincidência, não! É que até 1990

vivíamos a guerra fria, estão lembrados? Pois então, com a queda do muro de

Berlim e o fim da bipolaridade mundial é que surgiram as brechas para que

esses movimentos de independência ganhassem força. Assim, no inicio dos

anos 90 começam a pipocar movimentos separatistas por todo mundo.

Entretanto, esse separatismo não é encarado com tranqüilidade

pelas antigas “potências”, que buscam todos os recursos para mantê-los

anexados, inclusive a guerra. Os mais variados motivos insuflam esses

conflitos que, muitas vezes tem no seu discurso a etnia, mas com o tempo

expõem seu forte caráter político e econômico.

Com a Chechênia não foi diferente. Esse país, situava-se numa rica

região de petróleo, tinha o islamismo como religião e almejava criar um estado

muçulmano. Assim, a Rússia era ameaçada de duas maneiras. Primeiro

porque essa “febre” separatista corria o risco de contagiar as outras repúblicas.

E segundo, a Rússia perderia uma importante fonte de renda, já que se tratava

de uma das mais importantes regiões petrolíferas da região.

Em 1994,  as forças russas tentaram recuperar o controle da

secessionista república chechena, enviando suas tropas à capital Grozny e

tomando posse de 80% do território.

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Apesar da superioridade bélica, as tropas russas não conseguiram

recuperar o poder especialmente devido aos ataques de guerrilheiros

chechenos. Em 1996, houve um acordo que previa a emancipação da região

para cinco anos depois, colocando fim ao conflito que teve como “saldo” 10 mil

mortos e 500 mil desabrigados.

Todavia, a Chechênia viveu uma segunda guerra, que eclodiu às

portas do século XXI e tem ressonância ainda nos dias atuais. Recentemente,

houve um atentando no metrô em Moscou, vocês se lembram? Pois então,

esse atentado teve sua autoria assumida pelos separatistas chechenos, que

desde o fim da primeira guerra entre eles e a Rússia são acusados de cometer

atentados contra os russos.

A Segunda Guerra da Chechênia, iniciada em 1999, deu-se

justamente em resposta a uma série de explosões de edifícios inteiros na

Rússia. Grupos chechenos dinamitaram prédios de apartamentos matando

quase 300 civis russos.

Pois é, amigos, assim se desencadeou a segunda guerra da Rússia

contra o governo checheno acusado de não conseguir controlar seus rebeldes

nem conseguir frear as perseguições étnico-religiosas.

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Independente dos argumentos russos, o fato é que o Cáucaso tem

uma enorme importância econômica e estratégica para a Rússia, já que lá se

encontram importantes interesses petrolíferos e linhas de defesa. Por essa e

por outras é que esse conflito merece nossa atenção diária nos noticiários, já

que a sua solução está longe de ser encontrada.

1.7- Guerra da Ossétia do Sul:

Desde o desmantelamento da URSS, entre os anos de 1991 e 1992,

a Ossétia do Sul (após lutar com a Geórgia) declarou sua independência e

possui um governo próprio. Todavia, essa independência não foi reconhecida

por nenhum país e ela luta para não ser reanexada, juntamente com outras

regiões separatistas, ao território da Geórgia.

Mais uma vez será imprescindível recorrermos ao mapa para que

possamos visualizar o conflito ocorrido naquela região!

Bem, a Ossétia do Sul é uma região separatista da Geórgia que

possui apenas 3.900 km2 de extensão e 70 mil habitantes. Mas então por que

uma região tão pequena teima em se separar da Geórgia? Mais uma vez a

história é longa e tem raízes históricas, mas não desanimem porque essa

também é muito legal de se aprender.

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Os indivíduos que compõem a Ossétia do Sul são originários das

planícies russas e possuem uma língua própria, identidade e cultura bem

diferentes da dos georgianos. No século XIII, as invasões que ocorriam

naquela região acabaram empurrando os ossetianos para as montanhas do

Cáucaso, ou seja, na fronteira da Geórgia com a Rússia, como podemos

observar no mapa.

Acontece que esse pessoal que foi empurrado para o sul sempre

quis se juntar à Ossétia do Norte, que é uma república autônoma dentro da

Federação Russa, entenderam? Ai alguns podem perguntar: “mas e os

georgianos que moram nessa região?”

Bem, os georgianos são uma minoria dentro do território da Ossétia

do Sul, representando menos de um terço da população. Ainda assim, a

Geórgia rejeita o nome Ossétia do Sul e prefere chamar a região pelo nome

antigo da principal cidade da região: Samachablo, ou Tskhinvali.

Apesar de suas origens étnicas, esse conflito tem interesses

completamente geopolíticos por dois motivos.

O primeiro é que este pequeno país compõe um corredor que corta

uma das regiões mais ricas em petróleo do mundo. Assim, caso a Ossétia do

Sul se junte à Rússia como deseja, os EUA perderão o controle sobre uma

grande parte da produção, trazendo mais crise e recessão.

Além da questão econômica, há também um segundo fator: o

político. Apesar da queda do muro de Berlim ter simbolizado definitivamente o

fim da Guerra Fria, ainda persiste a disputa entre a Rússia e o imperialismo

americano por um maior controle político e militar da região, ou seja, o conflito

envolve tanto preocupações econômicas, quanto estratégicas.

Desde o cessar-fogo assinado em junho de 1992, tudo apontava

para uma solução política para o conflito. No entanto, sob a justificativa de que

civis estavam morrendo no combate entre as tropas da Geórgia e os rebeldes

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separatistas, a região sofreu intervenção militar russa em 2008, numa clara

demonstração de apoio à causa osseta. Essa intervenção do Governo Russo

aproveitou a transmissão mundial da cerimônia de abertura das Olimpíadas de

Pequim para mostrar ao mundo o conflito da região.

10- (CESPE/STJ-2008-adaptada)- A recente intervenção militar russa foi justificada por Moscou como de apoio à separatista Ossétia do Sul, alvo de ataque por parte do poder central da Geórgia.

Comentários:

A Rússia interveio militarmente em 2008 na Ossétia Sul com o fito

de apoiar a causa separatista osseta. Para que possamos memorizar as

relações geopolíticos da região, devemos pensar que a Geórgia tem

manifestado posições pró-ocidentais (a favor dos EUA) e, portanto, contrárias

aos interesses russos. Por tudo isso , a questão está correta.

1.8- Conflitos na China

Atualmente, podemos observar o empenho da mídia em divulgar

notícias sobre a China. Paralelo a isso, percebemos um crescente interesse de

estudiosos sobre esse país e um significativo aumento de intercâmbios

econômicos, políticos e culturais de diversos países com essa nova potência,

não é mesmo?

Pois bem, apesar de todo o desenvolvimento econômico que ronda

este país, ele também tem sua história marcada por conflitos e tensões que se

estendem até os dias atuais, como o caso do Tibet e de Taiwan.

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Se observarmos o mapa perceberemos que Taiwan é uma pequena

ilha localizada na Ásia oriental e este território tem mais de 2 mil anos de

história ligada à China. Entretanto, para entender a “pendenga” atual não

precisaremos retroceder tanto no tempo, basta voltarmos à Revolução

Comunista Chinesa ocorrida em 1949.

Naquela ocasião, Mao Tsé-Tung tomou o controle da China

Continental e expulsou o líder nacionalista que ali habitava e defendia preceitos

democráticos. Este líder, Chiang Kai-shek, se retirou para Taiwan e levou

consigo mais de 2 milhões de refugiados, para, no momento oportuno, ocupar

o poder na China por meio de uma invasão.

A partir de então, as duas partes tomaram caminhos diferentes: a

China seguiu pelo caminho comunista inspirando-se na URSS; Taiwan se

aproximou dos EUA, obtendo seu apoio na implantação de um sistema

capitalista na ilha.

A partir dos anos 60, Taiwan mudou o foco de sua política externa e

parou de tentar conquistar o continente, voltando-se apenas para o

reconhecimento de sua independência.

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Todavia, pessoal, foi exatamente nessa época que o mundo

ocidental estava começando a reatar os laços com a China, que acabara de

romper com a URSS. Assim, apoiar Taiwan se tornou uma questão política

muito delicada, já que para conter o avanço soviético, o Ocidente precisava de

um bom relacionamento com a China.

Por essa razão, em 1971, a ONU simplesmente deixou a questão de

Taiwan mal-resolvida, reconhecendo, em 1979 a República Popular da China e

retirando, oficialmente, a proteção militar que fornecia à ilha de Taiwan. Apesar

disso, meses depois alguns laços econômicos foram reatados, incluindo a

venda de armas para a ilha.

Recentemente, os EUA venderam armas para Taiwan, o que gerou

desconforto nas relações diplomáticas entre americanos e chineses. Isso

porque a China não reconhece a independência de Taiwan, sendo esta

considerada uma “província rebelde”.

Já o Tibete, conhecido como o "teto do mundo" por se situar a mais

de quatro mil metros de altitude, no Himalaia, é um dos países mais religiosos

do mundo. A forte tradição budista é cultuada na submissão à autoridade

suprema do Dalai Lama. O Tibete manteve o status de país independente até a

Revolução chinesa quando Mao Tsé-tung chegou ao poder e promoveu uma

série de “mudanças” no mapa chinês.

Foi nesse período que territórios ao leste do Tibete foram anexados

à China e houve a implantação de medidas para suprimir a identidade cultural

tibetana. Em 1950, a China ocupou efetivamente o território tibetano, mesmo

contra a vontade dos monges budistas que, nove anos depois, se organizaram

para lutar pela autonomia do Tibete. Apenas em 1963 essa região ganhou

status de Região Autônoma, e hoje conta com um governo apoiado pela

China.

Vejamos como os principais focos de tensão na China já foram

cobrados em prova:

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11- (FCC/APOFP-2010)- Após classificar a relação com os EUA como a mais importante para a China, o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou que os laços entre os dois países foram seriamente afetados pela decisão do presidente americano, Barack Obama, de se encontrar com o dalai-lama em fevereiro e pelo anúncio de que Washington venderá US$ 6,4 bilhões em armas para Taiwan. (OESP, 15/3/2010)

As divergências entre os dois países, indicadas no texto, ocorrem porque o a) Tibete e Taiwan representam ameaça à China, já que são países hinduístas

que lutam pela liberdade religiosa e política.

b) Dalai-lama defende enfrentamento armado pela independência do Tibete e

de Taiwan, negando-se a assinar acordos comerciais com a China.

c) Tibete, que nunca pertenceu à China nem a Taiwan, é um protetorado

inglês.

d) O poderio econômico do Tibete, sustentado pelo comércio com os EUA,

ameaça a economia chinesa, e Taiwan representa ameaça à ideologia

comunista na China por ser um centro religioso.

e) Dalai-lama é classificado pelo governo chinês como separatista, na medida

em que busca a independência do Tibete, e Taiwan, por sua vez, é

considerada uma província rebelde que também luta por manter sua autonomia

Comentários:

A) Bem, depois de tudo o que lemos aqui ou em outros meios de

comunicação sobre o poderio Chinês podemos afirmar, com toda certeza, que

Taiwan e Tibete não representam nenhuma ameaça efetiva à China, não é

mesmo?

B) Afirmar que o Dalai lama defende o enfrentamento armado é um

erro que, com o mínimo de conhecimento sobre o budismo ou mesmo

assistindo aos noticiários, poderia facilmente ser evitado. Em 1993, esse líder

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foi laureado com o prêmio Nobel da Paz justamente pelo seu pacifismo diante

do desejo de liberdade do Tibete.

C)  A história do Tibete é marcada por guerras e conquistas,

entretanto, essa região nunca foi um protetorado inglês, e antes de ser

anexado à China possuía governo próprio.

D) Essa assertiva esta incorreta justamente por ter invertido as

coisas. O poderio econômico que vem assustando a economia chinesa

pertence a Taiwan e não ao Tibete. Do mesmo modo, quem ameaça a

ideologia comunista na China por ser um centro religioso é o Tibete e não

Taiwan, como afirmou a questão.

E) Essa questão está perfeita, pois Dalai-lama é classificado pelo

governo chinês como separatista, justamente por buscar a independência do

Tibete. Taiwan, por sua vez, é considerada uma província rebelde que também

luta por manter sua autonomia.

1.9- Guerra das Malvinas

A Guerra das Malvinas foi um conflito ocorrido entre Argentina e

Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas. Desde 1883, o Reino Unido

possui o controle dessas ilhas, as quais foram ocupadas em 1982 pela

Argentina.

Essas ilhas se situam a apenas 480 quilômetros do litoral da

Argentina que nunca aceitou este domínio e, em 1982, o ditador argentino

Leopoldo Galtieri invasão com tropas a capital das Malvinas, Stanley. Essa

invasão, que tinha razões políticas evidentes, esperava unir a nação numa

espécie de surto patriótico em apoio a esta iniciativa, o que não ocorreu!

Iniciado no inicio dos anos 80 entre Grã- Bretanha e Argentina, esse

conflito foi bem mais rápido se comparado aos outros que estudamos aqui

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hoje. Para o total desastre da iniciativa argentina de invadir as Malvinas, a Grã-

Bretanha reagiu imediatamente, enviando à região uma força-tarefa com 28 mil

combatentes - quase três vezes o tamanho da tropa rival. Com o apoio dos

Estados Unidos, os britânicos demoraram pouco mais de dois meses para

encerrar o conflito.

Com o apoio dos Estados Unidos, os britânicos demoraram pouco

mais de dois meses para encerrar o conflito. Aos nossos vizinhos, restou

apenas voltar para casa e resolver os problemas internos que se amontoavam

por lá!

O fato é que até hoje a Argentina não se conforma em não ter a

soberania das Ilhas Malvinas. Isso é tão evidente que já foi várias vezes usado

como discurso político pela atual presidente da argentina Cristina Kirchner.

Vejamos uma notícia que foi publicada esse ano sobre o tema:

“A presidente argentina, Cristina Kirchner, voltou a reivindicar a soberania

sobre as ilhas Malvinas nesta sexta-feira, dia em que relembrou os soldados mortos

num conflito armado com o Reino Unido, em 1982, em disputa pelo território. Ao

liderar, ao lado de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, um ato que recordava

o 28º aniversário do início da guerra, a presidente também pediu que o Reino Unido

cumpra as resoluções da Organização das Nações Unidas sobre as Malvinas,

classificando a situação como "exercício de colonialismo” ( O Globo Online,

02/04/2010)

Veja como esse assunto foi cobrado em prova.

12-(FCC/APOFP-2010)- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em janeiro de 2010, assinou decreto que ordena o cancelamento da classificação de segurança (confidencial) a toda informação e documentação vinculada com as operações das Forças Armadas durante o período de 1976-1983, salvo aquelas relacionadas ao "conflito bélico no Atlântico Sul (Guerra das Malvinas) e a qualquer outro conflito interestatal". Para ela, passados mais de 25 anos do retorno da democracia, não é possível continuar aceitando a falta de acesso à

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informação e documentação, sob pretexto de segredo de Estado ou qualquer definição de segurança que impeça o conhecimento da história recente. (OESP, 7/1/2010, adaptado) É correto afirmar:

a) A classificação de “confidencial”, aplicada a "toda informação e

documentação, vinculada com as operações das Forças Armadas" durante o

período de 1976-1983, a que o texto se refere, abrangia apenas os crimes

comuns praticados por militares.

b) A abertura dos arquivos permitirá conhecer toda a documentação referente à

atuação das Forças Armadas da Argentina, no período indicado, relativas ao

confronto com a Inglaterra pela soberania nas Ilhas Malvinas.

c) A medida diz respeito às informações e à documentação sobre violações dos

direitos humanos durante os anos da ditadura militar na Argentina, apontada

por historiadores como uma das mais violentas na América Latina na década

de 1970.

d) As Forças Armadas, anteriormente ao governo de Cristina Kirchner, já

haviam determinado a abertura de seus arquivos para facilitar a transição para

a democracia na Argentina.

e) O conhecimento do passado recente argentino não supõe necessariamente

a abertura dos arquivos das Forças Armadas, pois todos os acusados de

crimes durante a ditadura militar já foram julgados e os desaparecidos,

encontrados.

Comentários

A letra A está errada. A decisão tomada pela presidente Cristina

Kirchner de abrir ao conhecimento público todos os arquivos do período da

ditadura abrange tanto os crimes e violações aos direitos humanos praticados

pelos militares quanto os praticados pelos civis em resistência ao regime. Com

efeito, a ditadura argentina foi uma das mais violentas de toda a América Latina

e em apenas sete anos de regime, estima-se que cerca de 30 mil pessoas

tenham desaparecido nas mãos de agentes da repressão.

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A letra B está errada. As informações referentes á Guerra das

Malvinas não estão abrangidas, por uma questão de segurança nacional, pela

medida.

A letra C está correta. A medida abre os arquivos da ditadura

argentina, já que considera-se que, passados mais de 25 anos do fim do

regime, não há porque mantê-los afastados do conhecimento público.

A letra D está errada. As Forças Armadas mantiveram os arquivos

sob sigilo.

A letra E está errada. Nem todos os desaparecidos durante o

período da ditadura foram encontrados.

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2- CONFLITOS ÉTNICOS:

Consideramos como grupo étnico um grupo de pessoas que se

identificam (ou são identificadas) como iguais tendo por base as semelhanças

culturais, biológicas ou as duas. O grande problema ocorre quando grupos

étnicos diferentes são obrigados a conviver e dividir o mesmo espaço, gerando

atitudes e ações preconceituosas por parte do Estado com um deles, ou

mesmo intolerância de uns com os outros.

Apesar de, no século XX, terem surgido algumas discussões sobre a

melhor maneira de evitar a ocorrência de conflitos entre diferentes grupos

étnicos, o fato é que, ainda hoje, esses conflitos permeiam nosso cotidiano.

Apesar de suas raízes serem históricas, não poderia haver assunto mais atual

do que estes conflitos e, por isso, abordaremos nessa aula os principais focos

de tensão étnica existentes pelo mundo.

Alguns podem estar com aquela “pulguinha” atrás da orelha que não

para de perguntar: “Ora, se os conflitos étnicos possuem razões tão antigas,

por que cargas d água tenho que compreender isso?”

Em primeiro lugar, não dá pra pensar na sociedade atual ou nas

transformações sociais ocorridas há bem pouco tempo, sem percebermos que

os conflitos estão sempre presentes na nossa trajetória, não é mesmo? Se

pegarmos as manchetes da última semana, veremos, pelo menos, um conflito

sendo abordado, como os atentados promovidos na Uganda pelo grupo

militante islâmico da Somália.

Além disso, com a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria e

da ordem internacional bipolar, muita expectativa de paz foi gerada por todos e

a continuidade da existência de tantos conflitos não deixa de ser assustadora!

Imaginávamos que o fim da rígida divisão mundial entre capitalistas e

socialistas desembocaria numa temporada de valorização da democracia, do

respeito à alteridade e o início de uma era de paz no mundo. Mas isso não

ocorreu!

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Ao contrário do que se imaginava, ou mesmo se desejava, o fim da

Guerra Fria acabou propiciando uma retomada dos conflitos avulsos, que eram

impulsionados por rivalidades étnico-religiosas, que haviam sido meio que

“congeladas” devido à existência dos regimes totalitários, tanto na União

Soviética quanto na Iugoslávia.

Enfim, o importante é percebermos que muitos conflitos étnicos

voltaram a se desencadear com o término da guerra fria e, mesmo em pleno

século XXI, eles continuam fazendo parte do nosso cotidiano.

Sim, do nosso cotidiano! Muitos de vocês devem associar conflitos

étnicos ao Oriente Médio, não é mesmo? Entretanto, pessoal, aqui bem

pertinho de nós e incluindo muitos de nossos conterrâneos, existe um conflito

que, apesar de não ter sido herdado da Guerra Fria, pode ser enquadrado no

que trataremos nesta aula.

2.1 – Os Brasiguaios:

Calminha, pessoal, não se assustem se nunca tiverem ouvido falar

disso, pois é uma prática comum da imprensa nacional falar muito mais dos

conflitos externos do que dos internos. Portanto, não se sinta culpado se não

souber o que é este conflito, ok?

Uma visão um pouco mais otimista pra explicar a pouca abordagem

e difusão desse assunto seria pensarmos que, apesar de ser um conflito étnico,

já que os brasileiros enfrentam a xenofobia dos paraguaios, suas implicações

são menos violentas do que as de outros conflitos. Assim, com tanta violência

gerada em outros países, nosso conflito étnico adquire uma visibilidade menor.

Ao refletirmos sobre as relações entre brasileiros e paraguaios,

quase que imediatamente pensamos em interesses econômicos em harmonia,

sacoleiras, eletrônicos, enfim, comércio a todo vapor, não é? Entretanto,

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apesar desse lado “boa praça” das relações entre estes dois países, existe

uma séria tensão entre alguns grupos componentes destas etnias.

Nas décadas de 1960 e 1970, essa região já havia sido cenário de

um intenso fluxo migratório brasileiro. Há alguns anos, milhares de famílias

brasileiras voltaram a cruzar a fronteira para se estabelecer no Paraguai,

atraídas pela promessa de terra e oportunidade. Essa região passou a ser

entendida por algumas famílias como única alternativa ou forma de

sobrevivência.

Assim, essas pessoas se instalaram na fronteira entre os dois

países, principalmente no leste do território paraguaio, que é uma zona de

expansão do cultivo da soja, principal produto de exportação deste país.

Entretanto, as organizações camponesas paraguaias garantem que muitos

desses produtores ocupam terras de forma ilegal e defendem que eles

deveriam ser despejados dali, seguindo a reforma agrária do governo

paraguaio.

Ocorre que a presença desses novos habitantes resultou num

significativo surto de crescimento econômico para a região e foi aí que o

conflito teve seu estopim. O que poderia ser visto como um fator positivo se

transformou em discórdia.

Todo o desenvolvimento dos brasileiros em terras paraguaias

provocou um forte sentimento nacionalista e até xenófobo dos paraguaios, os

quais se sentiram ameaçados econômica e socialmente pelos vizinhos.

A esses brasileiros que ali habitavam foi dado o nome de

"brasiguaios", já que eram brasileiros, mas se estabeleceram em áreas

pertencentes ao Paraguai. Tudo bem, essas áreas faziam fronteira com o

Brasil, mas, além de pertenceram ao Paraguai, são historicamente cobiçadas

devido à sua indiscutível fertilidade da terra.

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Bem, amigos, creio que de agora em diante, quando pensarmos em

conflitos étnicos, sempre nos lembraremos da existência deste aqui, bem

pertinho da gente, não é mesmo? Então o que exatamente precisamos

guardar?

Primeiro, que este conflito se desenvolve no território paraguaio

entre os nativos dali e os brasileiros que lá habitam, conhecidos pelo nome de

brasiguaios.

Depois,, que essa convivência nunca foi muito pacífica, entretanto,

tem se tornado cada dia mais violenta e com motivações em questões fundiárias e preconceito étnico contra os brasiguaios.

Pode parecer estranho para muitos pensar em preconceito étnico

contra brasileiros, entretanto essa uma realidade e teremos que aprender a

compreendê-la.

A questão dos brasiguaios, como quase tudo que estudamos ou

estudaremos em atualidades, não é homogênea. Como assim? Falar desse

acontecimento significa discorrer sobre dois países diferentes, dois povos de

origens diversas e, sobretudo, duas culturas distintas, portanto, certamente

haverá, no mínimo, duas versões desse conflito, não é mesmo?

Pois bem, na imprensa brasileira os brasiguaios costumam ser

entendidos como trabalhadores brasileiros pobres que viveram um período no

Paraguai e depois voltaram ao Brasil em busca de melhores condições de vida.

Já na imprensa paraguaia, a imagem disseminada sobre este grupo é de

empresários agrícolas, plantadores de soja, que destroem o meio ambiente,

expulsam o camponês paraguaio do meio rural e acabam com a soberania

nacional.

A construção dessas imagens polarizadas entre brasiguaios ricos e

exploradores ou campesinos pobres e oprimidos só vem evidenciar ainda mais

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que essa tensão contemporânea não se detém apenas a uma disputa

econômica, e sim a uma disputa étnica.

Portanto, as tensões reveladas, teoricamente, pela posse da terra

próxima ao limite internacional com o Brasil, na verdade, assumem contornos

complexos. É justamente essa complexidade que faz esse tema merecedor de

nossa atenção, já que este conflito pode ser entendido como étnico.

É, amigos, ao mesmo tempo em que a presença dos "brasiguaios"

resultou num inegável crescimento econômico para a região, ela também

acendeu sentimentos nacionalistas e xenófobos dos paraguaios para com este

grupo. Um dos argumentos utilizados pela população do Paraguai é a

preocupação com o enfraquecimento de sua identidade nacional na região

fronteiriça.

Toda essa tensão é justificada pelo fato dos estrangeiros manterem

sua própria língua, usarem sua própria moeda, hastearam sua própria bandeira e também possuírem as terras mais produtivas. Além disso, outras

duas queixas são fontes de atrito recorrentes feita por eles.

A primeira é que não desejam que seus filhos cresçam tendo o

português como segunda língua, ao invés do guarani. A segunda é a questão

racial, uma vez que a maioria dos brasiguaios tem olhos azuis e pele clara e os

paraguaios são de origem indígena. Assim, a diferença existente entre a pele

clara e feições européias dos brasiguaios parece incomodar a maior parte dos

paraguaios , os quais possuem origem hispano-guarani.

Apesar deste conflito não apresentar conotações tão violentas como

vemos quando se trata de outros territórios ou religiões, a intolerância parece

crescente. Um exemplo disso é a transmissão de rádio em guarani exortando

camponeses sem terra a atacarem os brasileiros, incendiar suas casas ou

mesmo invadir suas lojas – acarretando que a imprensa do Brasil falasse

inclusive em limpeza étnica.

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Na carona de todo esse desrespeito e intolerância, os brasiguaios

reclamam da discriminação, inclusive contra seus filhos nas escolas locais, e

da intimidação que sofriam por parte das autoridades policiais e mesmo da

imigração.

Vejamos uma reportagem recente sobre o assunto postada no site

G1 no dia 06 de maio 2010:

“Após ameaças, centenas de brasileiros abandonam terras no Paraguai Segundo MST, 500 famílias de brasiguaios buscaram refúgio em acampamentos no Mato Grosso do Sul. BBC Há cerca de 36 anos, a gaúcha Odete Bender deixou o Rio Grande do Sul em

direção ao Paraguai, com a promessa de terras baratas e melhores

oportunidades. Neste período, ela conta ter adquirido uma propriedade

agrícola, uma padaria e um restaurante na cidade de Mariscal Francisco

Solano López, Departamento de Caaguazú, região central do país.

Quase dois meses atrás, no entanto, Odete resolveu abandonar suas

propriedades no Paraguai para morar em um acampamento do Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) à beira da rodovia BR-163, entre

os municípios de Itaquiraí e Naviraí, no Mato Grosso do Sul.

Segundo ela, o que a motivou a deixar sua vida no Paraguai para morar em

um acampamento sem rede elétrica e de esgoto no Brasil foram as

hostilidades que partiram de trabalhadores sem-terra paraguaios, que

passaram a invadir propriedades dos chamados brasiguaios e ameaçá-los

com armas.

Odete está entre as cerca de 500 famílias de brasiguaios que chegaram nos

últimos meses ao acampamento Antônio Irmão, de acordo com os

coordenadores do MST no local. Segundo a prefeitura, no entanto, há cerca

de 600 brasiguaios no local. Todos esperam recomeçar a vida após

conseguirem terras no Brasil.”

Pois é, pessoal, justamente numa tentativa de minimizar o problema,

também em maio deste ano, começou no Mato Grosso do Sul o cadastramento

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das famílias de produtores e trabalhadores rurais brasileiros que afirmavam

estar sendo expulsas por grupos armados não identificados do Paraguai.

Essa iniciativa é imprescindível, já que grande parte deles nunca

recebeu documentos de identidade paraguaios. Ao mesmo tempo, os

brasiguaios nascidos no Paraguai também não conseguem ter documentos

brasileiros, o que impede algumas famílias cansadas da hostilidade de voltar

ao Brasil.

Pois é, amigos, o mais complicado disso tudo é que não estamos

falando de meia dúzia de gatos pingados não! Um censo da Igreja católica

feito há quase 20 anos estimava que o número de brasiguaios fosse de 300

mil, cerca de 10% da população paraguaia na época. Hoje, podem chegar a

quase 500 mil indivíduos, apesar desses dados serem incompletos devido ao

número de clandestinos.

Vejamos como esse assunto poderia ser cobrado em prova!

13- (Questão Inédita)- Muitos dos brasileiros vivendo no Paraguai são alvo de xenofobismo, o que é motivado por questões fundiárias, étnicas e ambientais.

COMENTÁRIOS:

Os brasiguaios (brasileiros que vivem no território paraguaio) têm

sido vítimas de ações xenófobas por parte dos paraguaios. As motivações são

as mais variadas, indo desde questões culturais até questões fundiárias.

No que diz respeito às questões culturais, os paraguaios se sentem

ameaçados pelo fato dos estrangeiros (no caso os brasileiros!) continuarem

mantendo seus costumes e tradições. Isso, segundo afirmam, poderia afetar a

cultura e tradições do povo paraguaio!

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No que diz respeito às questões fundiárias, há no Paraguai uma

parcela de terras bastante produtivas que são ocupadas por brasileiros, os

quais são os grandes produtores de soja da região.

No que diz respeito às questões ambientais, os brasileiros já foram

acusados de despejar agrotóxicos em terras indígenas, com o intuito de

expulsar os nativos da região que habitam.

Por tudo isso, a questão está correta.

14- (Questão Inédita)- Se, por um lado, a presença dos brasiguaios no leste do Paraguai foi responsável pelo surto de crescimento econômico na região de fronteira, por outro, ela deu origem a um sentimento nacionalista e até xenófobo paraguaio.

COMENTÁRIO:

O desenvolvimento econômico da região leste do Paraguai muito se

deve à presença dos brasiguaios, que ali desenvolveram grandes plantações

de soja. O Paraguai tornou-se, a partir daí, um dos maiores exportadores

mundiais desse produto. Apesar disso, a presença dos brasiguaios na região

tem suscitado intenso sentimento xenófobo nos paraguaios. Dessa forma, a

questão está correta.

2.2- Brasileiros no Suriname:

No final do ano de 2009, ocorreram vários ataques contra brasileiros

no Suriname, país localizado na América do Sul e que faz fronteira com a

região Norte do Brasil. Mas, afinal de contas, quais foram os motivos desses

ataques?

Aparentemente, o estopim do ataque contra brasileiros no Suriname

foi o fato de um surinamês ter sido assassinado a facadas por um brasileiro. O

crime teria ocorrido em virtude do surinamês ter cobrado uma dívida por ter

prestado ajuda para a imigração ilegal de brasileiros para a Guiana Francesa.

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Diante do ocorrido, não houve rompimento de relações diplomáticas

entre Brasil e Suriname. Na oportunidade, as autoridades surinamesas deram

ampla proteção aos brasileiros que viviam naquele país.

Aí entra um aspecto interessante a ser analisado! O Suriname é um

país vizinho da Guiana Francesa, que, por sua vez, é uma porta de entrada

para a França. Assim, muitos brasileiros dos estados da região Norte usam o

Suriname como um ponto para a entrada ilegal na Guiana Francesa.

Estima-se que vivem no Suriname cerca de 18.000 brasileiros,

muitos dos quais vivem nesse país trabalhando no garimpo do ouro, atividade

ilegal naquele país. A relação entre brasileiros e os “marrons” (denominação do

povo surinamês) não é, portanto, das mais agradáveis e que, portanto, há um

conflito na região, cujas origens estão na dificuldade de integração entre

brasileiros e “marrons”, o que é agravado pela prática de atividade ilícita

(garimpo) por brasileiros que ali vivem.

Vejamos uma questão sobre o assunto!

15- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- Na véspera do Natal de 2009, um grupo de brasileiros foi atacado na cidade de Albina, no Suriname. O ataque resultou em incêndios, saques e pelo menos 25 feridos. A respeito desse assunto, assinale a opção correta. a) O Suriname, país rico devido ao fato de ser ex-colônia da Holanda, atrai

milhares de imigrantes brasileiros todos os anos.

b) Após o referido ataque, o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas

com o Suriname.

c) O ataque em questão decorreu da disputa pela exploração de petróleo no

interior do Suriname.

d) A maioria dos brasileiros que mora no Suriname é composta de garimpeiros

que tentam a sorte nesse país.

e) O governo surinamês pratica política de incentivo à imigração de técnicos e

cientistas brasileiros, o que incomoda a população local e acarreta o tipo de

ataque referido.

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Comentários:

A letra A está errada. A migração de brasileiros para o Suriname não

é tão intensa assim. Além disso, o Suriname pode ser considerado um país rico

porque possui grande variedade de recursos naturais e não por ter sido colônia

da Holanda.

A letra B está errada. Não houve rompimento de relações

diplomáticas entre Brasil e Suriname.

A letra C está errada. O conflito não tem suas origens na exploração

de petróleo, mas sim na dificuldade de integração entre brasileiros e “marrons”

na região, o que é agravado pela prática do garimpo por brasileiros que ali

vivem.

A letra D está correta. A maioria dos brasileiros que vivem no

Suriname se dedicam à prática do garimpo, atividade considerada ilícita

naquele país.

A letra E está errada. Não há políticas de incentivo à imigração de

brasileiros no Suriname.

2.3- Conflitos pelo mundo:

Basta ligarmos a TV ou o rádio para termos contato quase que direto

com os inúmeros conflitos existentes por todo planeta, não é mesmo? América,

África, Ásia e Europa. Em praticamente todos os continentes do mundo

existem áreas de conflitos e, sobretudo pelo enorme número de tensões,

resolvemos elaborar aulas distintas para contendas étnicas e políticas.

É claro, amigos, que as coisas não são divididas com precisão e

muitos conflitos que começam por um motivo se estendem por outro até que

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não consigamos mais distinguir se aquilo é uma tensão étnica, religiosa ou

política.

De qualquer modo, nos propusemos aqui a tratar daquelas

subversões que eclodem, periodicamente, em determinadas regiões,

motivadas, principalmente, pela intolerância diante das diferenças culturais do

outro. E é justamente essa não aceitação das crenças, leis e hábitos sociais

ou religiosos do grupo com o qual divide o território que torna o conflito quase

inevitável.

Talvez pra nós brasileiros esse seja um assunto meio difícil de

compreender, já que a única agitação que envolve questões étnicas é o caso

dos brasiguaios, que apesar de sério não ocorre dentro do território do Brasil.

Assim, apesar da diversidade religiosa existente em nosso território,

não fomos “premiados” com esse tipo de problema social( ainda bem, né?).

Enquanto, aqui no Brasil, encontramos facilmente católicos, protestantes e

espíritas conversando e convivendo amigavelmente. Já em outras partes do

mundo, a diferença religiosa acaba originando uma disputa de fins, geralmente,

impróprios.

Além das diferenças culturais e religiosas, a cobiça por recursos

naturais, como petróleo e minérios em geral, é um dos principais motivos de

grande parte das disputas existente. Mas essas tensões nós trabalharemos em

outra aula ok?

Só pra termos uma visão geral das principais áreas de conflito

vamos olhar o mapa abaixo

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Dentre os vários conflitos que este mapa nos mostra, vamos refletir

sobre quais podem ser considerados como principalmente motivados por

questões étnicas e religiosas!

2.4– A África e seus conflitos:

De todos os continentes que observamos no mapa, o africano é o

que conta com o maior número de conflitos, não é mesmo? Nem todos eles

possuem implicações étnicas, mas podemos dizer que sua grande maioria sim!

Não é sem motivo que guerras tribais, genocídios e diversidade étnica são

algumas das imagens que nos vêm à cabeça quando pensamos nesta região.

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Entretanto, dois pontos importantes precisam ser lembrados para

que não tenhamos apriorismos ao estudar a África. O primeiro deles é que este

continente ultrapassa, em muito, o conceito e imagem restrita que o mundo tem

dele. Apesar de toda instabilidade política, econômica, étnica e religiosa , essa

é uma das terras mais ricas em recursos naturais do planeta. A segunda é que

não podemos pensar em todos os conflitos existentes ali como sendo causados

apenas pelo fator étnico, pois assim perdemos a chance de compreender a

peculiaridade de cada conflito.

A África é o terceiro continente mais extenso do mundo e os conflitos

atuais ali existentes são causados por motivos variados, embora em

determinados casos predomine o componente étnico, religioso ou político. Para

compreendermos melhor os conflitos nesse continente, é imprescindível

sabermos que em termos geográficos e humanos ele se divide em duas

“Áfricas”, sendo uma chamada de Setentrional e a outra de Subsaariana.

Não vai dar pra fugir do mapa, não é pessoal?

Pertencem à África Setentrional Egito, Líbia, Tunísia, Argélia,

Marrocos e Djibuti, que possuem o ambiente desértico na maior parte de seu

território. Como podemos observar no mapa, todos esses países encontram-se

bem ao norte do continente, mais próximos do deserto do Saara.  

Uma dúvida comum de ouvirmos é: mas se a Eritréia e o Saara

Ocidental não fazem parte desse grupo, por que o Djibuti faz? Se observarmos

o mapa, veremos que esse país está localizado entre o noroeste da Somália e

o nordeste da Etiópia.

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Países da África Subsaariana

Países da África Setentrional

Todavia, é importante pensarmos que as divisões em grupos nem

sempre obedecem apenas à geografia. Assim, mesmo que geograficamente

alguns países se localizem próximos a outros, sua condição política, étnica,

religiosa ou social interferem diretamente no seu agrupamento.

No caso específico da África Setentrional, também conhecida com

África Branca, são integrantes deste grupo aqueles países localizados no norte

do continente africano, junto ao mediterrâneo, e com predomínio da população árabe. Justamente por esse motivo, a ONU já passou a considerar o Saara

 

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Ocidental como pertencente a esse grupo, já que suas características se

aproximam muito à dos países pertencentes da África Setentrional !

O segundo exemplo de grupo encontrado na África engloba pelo

menos outros 47 países localizados ao sul do deserto do Saara. Em razão de

sua localização, essa região é denominada África Subsaariana, que no mapa

acima é marcada por estrelas verdes.

Nessa região, a pobreza tem sido agravada pelo desenrolar dos

vários conflitos. As tensões nela existentes têm seu estopim, via de regra, em

questões étnicas e religiosas, como a luta entre cristãos e islâmicos.

Entretanto, também incluem uma séria disputa pelo controle das riquezas

naturais do continente.

Ainda assim, em conflitos como o de Ruanda, prevalecem fatores

étnicos; no Sudão os religiosos; e no Quênia as questões políticas e de poder

assumiram maior importância. Essa heterogeneidade nos indica duas coisas. A

primeira é que cada conflito deve ser estudado e entendido segundo as suas

peculiaridades. A segunda é que tentar entendê-las segundo generalizações

certamente nos guiariam ao erro, dada a amplitude e diversidade culturais do

continente Africano.

Bem, pessoal, como vimos no primeiro mapa, há mais de 70 focos

de tensão espalhados pelo mundo. Mas, então, como saber quais podem ser

cobrados pela banca? A verdade é que não dá pra saber com certeza! Logo,

precisamos compreender suas motivações e conseqüências para que

possamos, a partir daí, acompanhar os jornais e percebermos quais estão mais

em voga atualmente.

Apesar do número de conflitos ser assustador, as motivações e

conseqüências são quase sempre muito próximas. Há nesse território

basicamente dois tipos de disputas: étnicas e territoriais. As territoriais

possuem raízes ainda na época do imperialismo, quando potências mundiais

se apropriaram deste continente buscando riquezas minerais. As grandes

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potências mundiais dividiram o território africano entre si, criando o que

denominamos fronteiras artificiais, que tiveram como conseqüência colocar em

países iguais povos diferentes e em países diferentes povos que eram iguais. E

foi assim que se iniciaram as piores disputas étnicas da história do continente e

que estão muitos longe de um processo de pacificação. As grandes

representantes dos conflitos étnicos são Ruanda, Mali, Senegal, Burundi,

Libéria, Congo e Somália

A divisão territorial desse continente teve como critério apenas os

interesses dos colonizadores europeus, desprezando as diferenças étnicas e

culturais da população local. Diversas comunidades, muitas vezes rivais, que

historicamente viviam em conflito, foram colocadas em um mesmo território,

enquanto grupos de uma mesma etnia foram separados.

“Mas, professores, a África ainda hoje possui a mesma configuração

territorial dos tempos do Imperialismo?”

Bem, após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu um intenso processo

de independência nas várias nações africanas. Porém, os países que se

formaram, se estabeleceram sobre a mesma base territorial que havia sido

construída pelos colonizadores europeus, desrespeitando a cultura e a história

das comunidades africanas.

Deste modo, apesar de terem conseguido se tornar países

independentes, o “barraco” já estava armado e o “circo” pegando fogo, já que

inúmeros povos disputavam o poder no interior dessas regiões.

Outro fator agravante para o surgimento desses conflitos na África

se refere ao baixo nível socioeconômico de muitos países e à instalação de

governos ditatoriais. Durante a Guerra Fria, países africanos foram financiados

e auferiram aparato técnico e financeiro para alguns dos grupos de

guerrilheiros, que, muitas vezes, possuíam até crianças, as quais eram

forçadas, por meio de uma manipulação ideológica, a odiarem os diferentes

grupos étnicos.

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Vejamos como o assunto pode ser cobrado em prova!

16- (STJ-2008)- Além de limitações econômicas, parte significativa da África está hoje submetida a governos considerados autocráticos e, em determinadas regiões, a conflitos étnicos de elevada dramaticidade, como atesta o caso de Ruanda.

COMENTÁRIOS:

A Ruanda é um dos locais onde se torna mais clara a demonstração

de que a realidade africana atual é conseqüência da política colonial, que, ao

definir as fronteiras da dominação, provocou a desintegração das relações

tribais e rixas entre as etnias. Portanto a questão esta correta

Apesar do genocídio praticado em Ruanda ter sido o evento mais

trágico da segunda metade do século passado; ele é muito pouco comentado.

A hecatombe ocorrida em 1994 deve ser lembrada, estudada, analisada e

discutida, porque contém um grande número de lições que nos ajudam a

entender melhor nosso tempo. Os massacres de 1994 não foram frutos de uma

explosão de loucura coletiva, mas a máxima expressão de um ódio muito

antigo e com raízes coloniais.

17- (Questão Inédita)- Na partilha da África, as grandes potências imperialistas tiveram o cuidado de definir as fronteiras segundo critérios étnico-culturais.

COMENTÁRIOS:

Na demarcação das fronteiras dos países africanos, não houve

qualquer preocupação com a questão étnico-cultural por parte das potências

imperialistas. Dessa forma, foram criadas fronteiras artificiais, as quais

deixaram dentro de um mesmo território, diferentes povos e, em territórios

diferentes, um mesmo povo. Em outras palavras, na partilha da África a

confusão feita foi grande, o que gerou inúmeras disputas étnicas no futuro.

Logo, a questão está errada.

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2.4.1- Ruanda:

O conflito em Ruanda se originou ainda nos tempos da colonização

deste país. Naquele momento, tem raízes nos privilégios e cargos de comando

que os colonizadores do local concederam a uma restrita elite da etnia dos

Tutsis, despertando o ódio crescente nos Hutus. Em 1932, quando os belgas

criaram o documento de identidade étnica, a situação ficou sem retorno: os

agora Twás, além dos Hutus e os Tutsis, viram-se oficialmente divididos.

Calma,pessoal, não será preciso guardar estes nomes tão estranhos

à nossa realidade , mas é preciso saber que existiam etnias diferentes naquele

região e acompanhar com atenção as mudanças de governo, ok?

Pois bem, depois que os colonizadores deixaram o país, o poder foi

tomado pela maioria Hutus que, até então, havia sofrido anos de opressão.

Infelizmente, não temos nada legal pra contar a partir daqui, pois, ao contrário

de Nelson Mandela na África do Sul, este grupo não tinha a preocupação de

refrear as tensões causadas pela antiga política.

Na década de 70, portanto durante o período da Guerra Fria,

investimentos estrangeiros passaram a compor mais de 25 % do PIB desse

país. Portanto, o envolvimento do capital de potências estrangeiras acabaram

propiciando uma aceleração na direção do genocídio, já que o comércio de

armas era algo quase que “natural”. Há quem afirme que era mais fácil

encontrar granadas para comprar nos mercados do que frutas e verduras.

Bem, a situação se agravou em 1990, quando os antigos donos do

poder, os Tutsis (egressos do país após o fim do colonialismo), formaram uma

Frente Patriótica Ruandesa, atravessaram a fronteira de Uganda e iniciaram

uma guerra civil. Assim, os Tutsis passaram a ser considerados os grandes

problemas de Ruanda!

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Bem, pra encurtar um pouco a História, em 6 de abril de 1994, o

presidente do país Habyarimana, que contava com o apoio francês e se

esforçava, dentro do possível, para controlar a situação, foi assassinado não se

sabe por quem. Foi ai que a situação fugiu completamente ao controle!.

A guarda presidencial, parte do exército e um número enorme de

esquadrões da morte perseguiram e mataram os Tutsis. Estimativas

cautelosas afirmam que o número de vitimas não ultrapassou 500 mil pessoas;

já os críticos garantem que esse número corresponde apenas à metade do

total de mortos. O fato é que o genocídio só acabou quando a Frente Patriótica

venceu a guerra civil, sendo considerado um dos piores eventos na história da

humanidade.

2.4.2- África do Sul:

Pois é amigos, com exceção do país da Copa - a África do Sul- , a

maior parte dos países subsaarianos tem sua economia baseada na

agricultura, em que o café, o algodão e o cacau são as principais monoculturas

exportadoras. Apesar disso, a grande menina dos olhos na economia africana

é a mineração, responsável por 90 % de toda a receita alcançada no

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continente, o que esclarece a dependência desses países da importação de

petróleo e produtos industrializados.

Primeiro país africano a sediar uma Copa do Mundo, a África do Sul

se desponta em relação a seus vizinhos subsaarianos pelo grau de

desenvolvimento econômico e industrialização. Apesar disso, este país não

está livre da existência de conflitos em seu território.

Talvez os muito jovens não se lembrem, mas até o ano de 1994,

quase 50 milhões de pessoas ainda viviam sob o apartheid, que impedia

negros de possuírem terras, direitos políticos e viverem nos mesmos bairros

que os brancos. Ainda que se tenham passado quinze anos desde o término

desse regime, a população ainda carrega essa herança de desigualdade entre

uma minoria branca e a maioria negra e os conflitos mudaram sua forma, mas

não deixaram de existir.

Num mundo que já convivia com um tão importante símbolo da

modernidade como a globalização, a existência do apartheid era vista pelo

restante do mundo como um regime totalmente descabido. Uma vez que o

nazismo que exclui e distingue uma raça da outra hierarquicamente era uma

idéia mundialmente condenada, não fazia o menor sentido que esta situação

se prolongasse naquela região!

Todavia, a prática da segregação na África do Sul teve inicio ainda

no período colonial, quando os descendentes de holandeses e os ingleses

chegaram naquele território, durante o século XVII. Todavia, foi a partir do

século XIX que foram implantadas as primeiras regras que restringiam o direito

de ir e vir dos negros em colônias britânicas.

O regime foi implantado oficialmente em 1948, quando o Partido

Nacional venceu as eleições. O partido conservador da elite branca governou o

país até 1994. Entre outras regras, as leis impediam que negros freqüentassem

as mesmas escolas, restaurantes ou piscinas que brancos; que morassem em

bairros de brancos; e determinava o registro da raça nos documentos pessoais.

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Enfim, a África do Sul sofreu sanções políticas e embargos

comerciais de países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). A

pressão externa e as revoltas internas começaram a ter efeito no final da

década de 90, quando o novo presidente eleito iniciou o desconstrução do

apartheid pela legalização dos partidos negros.

Especialmente depois dos anos de dura repressão por conta do

regime de segregação racial, era de se esperar que a África do Sul fosse um

exemplo de tolerância, igualdade e fraternidade. Ao invés disso, ele se mostra

um país historicamente acostumado com os conflitos étnicos e raciais, que

resultam ainda hoje em demonstrações de ódio e selvageria, piores até do que

durante o antigo sistema.

Há dois anos, em maio de 2008, uma onda de ataques tomou a

capital deste país, Johanesburgo, com ofensivas que a imprensa mundial

classificou como xenófobas. Naquela ocasião, mais de 25 mil imigrantes foram

expulsos de suas casas e mais de 50 pessoas morreram.

Todavia, a violência de sul-africanos contra imigrantes de outras

partes da África não pode ser considerada xenofobia, na opinião de alguns

especialistas, como a professora de História da África, da USP, Leila Leite

Hernandez. Segundo ela, os conflitos que ocorreram na África do Sul estão

muito mais ligados a motivos econômicos, trabalhistas, sociais e políticos, já

que os imigrantes se deslocam a este país em busca de melhores condições

de vida.

Assim, no dia 7 de julho deste ano os jornais trouxeram ao público a

seguinte manchete:

“África do Sul: Receios de novos ataques xenófobos agitam imigrantes, zimbabueanos em fuga “

Cidade do Cabo, 06 Jul (Lusa) -- Grande número de imigrantes africanos na África do Sul está a mudar-se, com alguns a regressar aos seus países de origem, na sequência de persistentes rumores sobre a iminência de novos ataques xenófobos na região do Cabo Ocidental.”

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Bem, pessoal, xenófobos ou não, o fato é que os conflitos ainda

pertencem também ao cotidiano dos sul- africanos e seguem deixando

dezenas de mortos, centenas de feridos e milhares de desabrigados na África

do Sul, como o ocorrido em 2008.

2.4.3- Nigéria

A Nigéria é o primeiro produtor do petróleo da África, tem 130

milhões de habitantes de várias etnias e religiões e, este ano, será chamada a

eleger o presidente da federação. O fato é de extrema importância porque o

fundamentalismo islâmico jogará a sua carta para, em caso de vitória, poder

aplicar a lei da Sharia.

Com ataques planejados, os muçulmanos tentam forçar a partida

dos cristãos, especialmente das províncias multireligiosas do centro da Nigéria.

Desde o início de 2003, muçulmanos armados vem atacando e assassinando

cristãos nessas regiões. Somente em fevereiro daquele ano foram mortas pelo

menos 100 pessoas, mais de 500 ficaram gravemente feridas e cerca de 130

casas e algumas igrejas foram queimadas, expulsando mais de 21.000

habitantes da região.

É, amigos, mais uma vez as diferenças étnicas e religiosas parecem

ser totalmente incompatíveis e tem sido cada vez mais freqüente e expressiva

a expulsão de cristãos da Nigéria. Ataques desse tipo são organizados e

perpetrados constantemente por grupos islâmicos fortemente armados vindos

de países vizinhos. Mas, afinal, por que expulsar? Não dá somente para

ignorar e viver no mesmo território cada um no seu canto? Não, não dá!

Apesar de aparentemente lógica, a idéia do convívio não pode se

efetivar, já que para os islâmicos a sharia deve reger a sociedade e para os

cristãos não. Sendo assim, como pertencer a uma mesma sociedade se as

normas sociais não se harmonizam?

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Nas províncias “limpas de cristãos”, e agora majoritariamente

islâmicas, o passo seguinte é a implantação da Sharia. Mas afinal o que prega

essa lei?

É a doutrina dos direitos e deveres religiosos do islã. Abrange

as obrigações cultuais (orações, jejuns, esmolas,

peregrinações), as normas éticas, bem como os preceitos

fundamentais para todas as áreas da vida (matrimônio, herança,

propriedade e bens, economia e segurança interna e externa da

sociedade).

Originou-se entre os séculos VII e X d.C. a partir dos trabalhos

de sistematização realizados por eruditos e legisladores

islâmicos e baseia-se no Corão, suplementado pela Suna, a

descrição dos atos normativos do profeta Maomé.

Não, essa aula não é de Direito, mas temos que refletir um pouco

sobre esta lei para compreender a incompatibilidade e o porquê do conflito

entre islâmicos e cristãos se arrastar por anos a fio. A luta pela implantação da

sharia manifesta a teimosa vontade do islã nigeriano de ocupar o poder central

e impor o fundamentalismo à Nigéria. ,

Entretanto, não podemos esquecer que a Nigéria é um complicado

mosaico de etnias, dividido pelas religiões mais difundidas do mundo: o islã,

com 50%, o cristianismo com 40% (protestantes: 21,4%, católicos: 9,9% e

seitas cristãs locais: 8,7%), e o animismo, com 10%.

É verdade que os líderes muçulmanos declaram sempre que a

sharia só seria aplicada a muçulmanos. Todavia, a realidade que se vê nas

doze províncias da Sharia’, ou seja, nos lugares onde ela foi implantada é bem

diferente! Se hoje 12 das 36 províncias da Nigéria já a têm como legislação

suprema, com apenas mais seis províncias islamizadas, a Nigéria seria

majoritariamente muçulmana e haveria a possibilidade de impor a lei islâmica

ao país inteiro.

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Mais recente ainda foi o massacre ocorrido na Nigéria agora em

2010, quando pelo menos 528 agricultores de aldeias cristãs foram

assassinados em confrontos com pastores muçulmanos. Em pleno século XXI,

os massacres chamaram a atenção do mundo, sobretudo devido à crueldade

dos assassinatos dos homens, mulheres e bebês que foram cortados a golpes

de facão e depois tiveram seus corpos queimados. Tamanha intolerância não é

novidade naquele território onde, desde 1999, pelo menos 14 mil pessoas

morreram em conflitos étnicos e religiosos.

Pois é, pessoal, para facilitar um pouco o nó que esse assunto dá na

nossa cabeça, é importante levarmos em conta 3 pontos fundamentais dessa

região que interferem de um jeito ou de outro nos conflitos:

1- A extrema diversidade étnica e lingüística da região – que

evidencia a intolerância diante da alteridade

2- A duração do tráfico negreiro - que deixou rivalidades profundas

no relacionamento entre grupos "capturados" e "captores", marcas que o tempo

não tem conseguido apagar.

3- Crescimento demográfico dos diferentes grupos étnicos – que

resultou na necessidade de cada um deles estender suas terras cultivadas para

compensar os efeitos da degradação dos solos.

Os recentes conflitos africanos ensejaram o surgimento ou

realçaram a ação de novos e antigos personagens. Se durante a Guerra Fria

as figuras mais importantes dos conflitos eram militares ou homens públicos,

hoje seus papéis são, de maneira geral, secundários. Assim, outros três

personagens emblemáticos, roubam a cena nos conflitos atuais e por isso

merecem ser citados: o senhor da guerra, a criança-soldado e o refugiado.

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2.4.4- Somália

Outro conflito muito discutido atualmente é a atuação dos piratas na

costa da Somália. Apesar de muito em voga nos meios de comunicação

mundial, o que pouca gente sabe é que essa situação é gerada devido a um

antigo conflito étnico e religioso.

A Somália atual surgiu apenas na década de 60 e podemos

entender que não teve uma vida longa, já que entre movimentos de unificação,

independência e golpes de estado, o país simplesmente se dissolveu em uma

intermitente guerra civil desde 1991.

Essa guerra civil constante e os inúmeros fracassos de missões de

paz que já passaram por este território é o que permite compreendermos a falta

de controle das organizações internacionais sobre os piratas da Somália. A

base dos conflitos existentes neste país está diretamente ligada à fidelidade

dos indivíduos aos clãs existentes e à competição por recursos.

Apesar de ter sua situação agravada e ganhado mais visibilidade

nos últimos anos, a pirataria nessa região não é um fenômeno recente! Desde

a década de 90, quando se iniciou a guerra civil naquele país, os piratas

passaram a representar um perigo iminente à marinha mercante. Contudo, de

1998 pra cá, esse tipo de ação cresceu significativamente até que em 2008

culminou no número de 130 navios atacados. Muito, não é? E o pior dessa

história é que 90% dos sequestros só são resolvidos com o pagamento do

resgate.

Como podemos perceber amigos, colocar a casa em ordem não é

tarefa fácil, nem com a cooperação internacional! A ONU, apesar de

ter imposto sanções a entidades que julgou possuir algum tipo de ligação com

esses piratas, fica de pés e mãos atadas diante do lucro que a pirataria

oferece a quem se envolve com ela. Assim, o comércio internacional na região

é um dos maiores prejudicados, pois têm sido arcados por ele os prejuízos da

existência da pirataria. Diante dessa situação de risco iminente, foi

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necessário um grande aumento tanto na segurança dos cargueiros que cruzam

a região quanto no valor do seguro das mercadorias - o que obviamente é

repassado ao consumidor final!

Apesar de medidas pensadas e concretizadas pela ONU e UE, até

agora ainda não surgiu nada que tenha conseguido intimidar os piratas.

Mas vocês devem estar curiosos, pois no início dissemos que este

pode ser entendido como um conflito étnico e religioso, não é mesmo? Pois

bem, é importante compreendermos que há quase duas décadas a Somália

enfrenta problemas sérios quanto à unidade do poder do estado, das atividades

econômicas e das instituições. Um grupo denominado ICU - The Islamic Court

Union- controla a maioria do sul do país e tem por objetivo disseminar a lei

Sharia à medida que controlam mais e mais territórios, ou seja, o governo

formal é quase fictício, pois controla apenas uma pequena área do país.

A Lei Sharia que eles tentam disseminar é o corpo principal da lei

islâmica e enquadra legalmente determinados aspectos da vida pública e

privada daqueles que vivem sob os princípios muçulmanos. E o que isso tem a

Piratas mais ricos

Sofisticação nos ataques

Maior dificuldade em se conter a pirataria

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ver com a pirataria? Tem que este conflito só está sem solução porque o

governo não é capaz de proteger suas águas territoriais devido, sobretudo, aos

conflitos étnicos e religiosos internos. Além disso, existem sérias acusações

internacionais de que esses grupos mais radicais estejam envolvidos

diretamente com a pirataria, o grupo Al Qaeda e o terrorismo em geral. Assim,

a pirataria se liga aos conflitos étnicos religiosos justamente pelo estreito

vínculo do dinheiro arrecadado nos resgates com o financiamento da

manutenção de conflitos. Além disso, na medida em que os conflitos não

cessam, a atividade de pirataria continua fora do controle, pois o governo não

tem forças para combatê-la, ou seja, uma atividade acaba colaborando para a

existência da outra.

Pronto! Falamos sobre os principais conflitos étnicos no continente

africano. Vejamos agora como isso pode ser cobrado em prova!

18- (Questão Inédita)- O regime do apartheid, durante sua vigência, foi amplamente criticado pela comunidade internacional, tendo sido adotadas, inclusive, sanções econômicas contra a África do Sul. Todavia, no plano interno, a resistência negra foi pacífica.

COMENTÁRIOS:

Realmente, a África do Sul sofreu pressão da comunidade

internacional para colocar um fim ao regime do apartheid, o que se materializou

notadamente por meio de sanções econômicas. Todavia, no plano interno, a

situação não foi tão tranqüila quanto diz a questão, tendo havido manifestações

e até luta armada contra o regime. Questão errada!

19- (Questão Inédita)- O genocídio dos tutsis em Ruanda é um dos acontecimentos mais sangrentos da história do continente africano, tendo motivado, inclusive, a criação pelo Conselho de Segurança da ONU do Tribunal Penal Internacional para Ruanda.

COMENTÁRIOS:

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Sem dúvida, o genocídio dos tutsis foi um dos episódios mais

sangrentos da história do continente africano. Como conseqüência, houve um

fluxo intenso de pessoas para campos de refugiados localizados nas fronteiras

com países vizinhos.

O Conselho de Segurança da ONU instituiu um Tribunal Penal

Internacional para Ruanda, o qual condenou por genocídio os três principais

dirigentes do governo de Ruanda à época do massacre. A pena aplicada contra

esses ex-governantes de etnia hutu foi a prisão perpétua. Logo, a questão está

correta.

20- (Questão Inédita)- O principal motivo dos conflitos existentes na Nigéria são a existência de dois grupos étnicos rivais.

COMENTÁRIOS:

Os conflitos no território nigeriano ocorrem, principalmente, em razão

de disputas religiosas entre muçulmanos e cristãos. Logo, a questão está

errada.

21- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- Na África, após o término das guerras de independência, multiplicaram-se os conflitos internos, em sua maioria guerras civis, de conteúdo étnico ou político-econômico. Assinale o país que não foi palco de conflitos internos após sua independência. a) Costa do Marfim

b) Angola

c) Moçambique

d) Uganda

e) Marrocos

Comentários:

Dentre todos os países mencionados na questão, o único que não

foi palco de conflitos internos após a sua independência foi o Marrocos

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2.5- Conflitos no Oriente Médio - Judeus x Palestinos:

Um dos mais conhecidos impasses existentes no Oriente Médio tem

profundas raízes históricas, possuindo como personagens principais os judeus-

israelenses e os árabes-palestinos.

Vocês devem achar até meio chato entender o início do conflito, as

causas e as conseqüências de sua continuidade. Entretanto, não é possível

entender o que se passa hoje na região sem entender seu desenrolar histórico.

Vamos, então, fazer um apanhado geral dos antecedentes históricos, sendo o

mais objetivos possível!

No ano de 2008, o Estado de Israel chegou aos 60 anos de sua

criação com o título de mais dinâmica e moderna economia do Oriente Médio.

A criação do Estado de Israel, em 1948, contou fortemente com a ajuda dos

EUA, o que lhe favoreceu completamente o desenvolvimento. Desde

avançadas técnicas de agricultura até o adiantamento da indústria de

informática e telecomunicações, esse Estado foi em tudo ajudado pelos norte

americanos.

Apesar de todo o avanço econômico do Estado, há seis décadas o

ele continua a ser um dos principais focos de tensão do mundo, enfrentando

repetidos motins de seus vizinhos palestinos.

O porquê dessa tensão nós entenderemos agora!

A origem deste conflito tem raízes bíblicas e está diretamente ligada

à religião e a interpretações radicais de conceitos bíblicos. De acordo com este

livro, a Diáspora ocorrida com o povo judeu foi resultado de sua idolatria e

rebeldia perante Deus. Como conseqüência, a divindade lhes tirou a terra

prometida e os dispersou pelo mundo até que retornassem para a obediência a

Deus. Somente a partir daí, seriam restaurados como uma nação soberana e

senhora do mundo.

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Após a Segunda Guerra Mundial, ganhou força na Europa o

Movimento Sionista - que significa retorno à Terra Prometida. Assim, a idéia da

construção do Estado de Israel foi concebida na Europa após 6 milhões de

judeus terem sido exterminados nos campos de concentração. O objetivo

desse movimento político (sionismo) era proteger o direito à

autodeterminação do povo judeu, ou seja, criar um Estado Judaico.

Há dois pontos que devemos lembrar para entender por que esse

estado foi criado. O primeiro é que um dos motes fundamentais da fé judaica é

que todo o povo seria liderado de volta à Terra de Israel e que o Templo

Sagrado seria restabelecido. Nesse sentido, muitos judeus acreditavam,

inclusive, que o Messias seria enviado por Deus para liderar o retorno de todo

o povo judeu à Terra de Israel.

O outro ponto, e não menos importante, é que após a Segunda

Guerra Mundial, quando milhões de judeus foram perseguidos e mortos pelo

governo de Hitler, esse movimento de retorno à Terra Santa se fortaleceu

muito. Ainda que na década de 30 - quando o governo alemão iniciou sua

perseguição aos judeus - eles tivessem iniciado uma migração de volta à

região da Palestina, isso só se intensificou com o fim do conflito, dando início

aos violentos conflitos entre judeus e árabes.

A partir da segunda metade do século XIX, portanto, após o fim da

guerra, principalmente os Judeus da Europa central e do Leste europeu, sob

pressão de uma espécie de anti-semitismo crônico se agarraram fortemente a

essa causa. E, assim que os britânicos decidiram abandonar o território e

transferiram o problema dos infindáveis conflitos da região para a ONU, Israel

foi criado.

Em 1948, já em meio a um clima internacional bem favorável à

criação do estado de Israel - em razão do holocausto praticado pelos nazistas -

essa região foi estabelecida como domínio judeu. E agora nós lhes

perguntamos: que povo morava naquela região à época? Resposta: os

palestinos. Em outras palavras, o Estado de Israel foi criado em cima de um

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território ocupado até então pelos palestinos – a Palestina. E agora, como iam

ficar os palestinos?

Como havia muitos interesses geopolíticos em jogo, as Nações

Unidas aprovaram a partilha da região da Palestina entre dois Estados, um

árabe e o outro judeu. Todavia, essa determinação da ONU não logrou êxito!

Mas vamos entender melhor! Atualmente, a região da Palestina está

dividida em três partes: o Estado de Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

Quando se tomou a decisão de se criar o Estado de Israel, decidiu-se também

que seria criado um Estado para os árabes. Esse Estado árabe seria

estabelecido no que é hoje a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, ok?

Em 1948, após a retirada dos britânicos (que até então tinham o

controle da região), explode uma guerra entre o Estado de Israel e os

palestinos, os quais tinham apoio dos outros Estados árabes. Saindo vencedor

do conflito, Israel logrou expandir seu território. Como conseqüência do conflito,

muitos palestinos fugiram, estabelecendo-se na Jordânia, Líbano, Síria e Egito.

Começa, então, a surgir a doutrina do pan-arabismo, que pregava a

união de todos os povos árabes dentro de um único Estado. O foco do pan-

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arabismo era a oposição Israel, que era encarado como a influência ocidental

na região, já que recebia contínuo apoio dos EUA. Em 1967, antecipando-se a

uma ofensiva de Egito, Síria e Jordânia, as forças armadas israelenses

deflagraram um ataque surpresa a essa coalizão, conflito que ficou conhecido

como a Guerra dos Seis Dias.

Pois bem, ocorre que em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, a

Faixa de Gaza, a Cisjordânia, a Península do Sinai (território egípcio) e as

Colinas de Golã (território sírio) foram ocupadas por tropas israelenses e aí,

amigos, o povo palestino se tornou um povo sem território. Podemos também

dizer que os palestinos formam uma nação sem soberania.

Progredindo um pouco mais na linha do tempo, em 1973, ocorreu a

Guerra do Yom Kippur, conflito por meio do qual Egito e Síria tentaram

retomar o controle da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Península do Sinai.

Todavia, não obtiveram sucesso!

Em 1979, por meio dos Acordos de Camp David, Israel concordou

em devolver a Península do Sinai ao Egito. Todavia, permaneceu com o

controle dos territórios palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia e, ainda,

com as Colinas de Golã. Sobre as Colinas de Golã, vale ressaltar que sua

importância geopolítica reside no fato de que esta é a principal fonte de água

potável de Israel. Esse país tem receio de que se a região estiver sob controle

sírio, a água potável possa ser desviada, causando problemas de

desabastecimento em seu território.

Voltando a falar dos palestinos, a resistência destes passou a ter

mais expressão na década de 60, com a fundação da OLP – Organização pela

Libertação da Palestina – liderada por Yasser Arafat. Esse líder defendia e

pressionava para que fosse criado um Estado independente na Palestina e,

apesar das negociações promovidas pelos EUA, os dois lados nunca chegaram

a um acordo sobre o status final da cidade de Jerusalém.

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Em diversos momentos desse conflito, como em 1999, por

insistência de Washington, o líder palestino e o primeiro-ministro de Israel

retomaram o cronograma de retiradas militares israelenses na Cisjordânia.

Entretanto, essa foi uma medida de avanços em meio a tantos retrocessos

subseqüentes. Para abordarmos os mais recentes deles, vamos falar do ano

de 2009 em diante.

Como vocês devem estar lembrados, em janeiro de 2009, os

israelenses abriram fogo contra a Palestina sob a justificativa de impedir que os

grupos militantes continuassem lançando foguetes contra seu território. Nessa

ocasião, até meados de janeiro, mais de 1300 palestinos foram mortos no

conflito na Faixa de Gaza.

Os israelenses afirmavam que a ofensiva visava interromper o

rearmamento do Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza. Para tanto,

Israel tentou destruir, ou ainda, reduzir a capacidade de combate do Hamas,

tomando o controle de seus estoques de armas.

Mas aí vocês devem estar se perguntando: afinal, por que a essa

altura do campeonato esse pessoal resolveu se atacar de novo? Os ataques

foram reiniciados logo após o Hamas anunciar que não iria renovar o acordo de

cessar-fogo que vigorava entre eles desde junho de 2008.

Esse acordo, na prática, foi quebrado diversas vezes, pois havia um

tipo de círculo vicioso. Esse círculo era alimentado pela reclamação do Hamas

de que sofria bloqueio econômico por terra, ar e mar imposto por Israel sobre

Gaza. Por sua vez, Israel acusava o Hamas de contrabandear armas para

dentro do território por meio de túneis subterrâneos na fronteira com o Egito,

além do lançamento de foguetes contra o território israelense.

Bem, amigos, o fato é que, apesar de ter favorecido os judeus, a

criação de Israel teve efeitos dramáticos sobre a população palestina e foi

utilizada como instrumento político das ditaduras militares, como na Síria, Líbia

e Iraque. Nesses países, as lideranças autoritárias conquistavam o apoio

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popular a partir da propaganda ideológica que reprovava o Estado de Israel.

Assim, eles conseguiam mudar o foco da atenção dos problemas em sua

própria ditadura, como a miséria e a falta de democracia.

A intensa propaganda em cima da idéia de que o povo árabe só

construiria uma grande nação se Israel fosse destruída, acabou transformando

a região em um verdadeiro barril de pólvora.

Recentemente, ocorreu um fato que agravou mais ainda os

problemas envolvendo israelenses e palestinos. Estamos falando dos ataques

israelenses a comboios de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Vejamos a

seguir o trecho de uma reportagem publicada no Jornal Globo on-line:

“Ao menos dez ativistas pró-palestinos morreram nesta segunda-feira

em um ataque israelense a uma frota de barcos com ajuda

humanitária, que tentava chegar à Faixa de Gaza. Militares israelenses

invadiram pelo menos uma das embarcações e, segundo um

comunicado oficial, foram atacados a tiros e com facas. Ao menos

dez soldados israelenses ficaram feridos na ação, que provocou

protestos e despertou críticas a Israel de diversos países, da União

Européia e da Organização das Nações Unidas. Forças israelenses

foram postas em alerta máximo. O Conselho de Segurança da ONU

fará uma reunião de emergência ainda nesta segunda-feira para

discutir o caso.”

(Jornal O Globo on-line, publicado em 31/05/2010)

Conforme podemos perceber, os militares israelenses impediram

que a ajuda humanitária chegasse à Faixa de Gaza. Mas, afinal de contas,

quais as razões do bloqueio israelense?

Vamos explicar! Em 2006, o Hamas (considerado uma organização

terrorista por Israel) venceu as eleições e tomou o controle da Faixa de Gaza.

Em seguida, iniciou ataques com mísseis a Israel. Como resposta, Israel impôs

um bloqueio terrestre e naval àquela região. Desde então, para que pessoas,

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comida, combustíveis e bens em geral entrem na Faixa de Gaza, há

necessidade de que passem pelo controle israelense.

Em 2008, Israel lançou mão de uma ofensiva arrasadora sobre a

Faixa de Gaza, considerada a mais violenta desde a Guerra dos Seis Dias em

1967. Segundo Israel, ela representou uma resposta aos bombardeios diários

realizados pelo grupo palestino Hamas ao território israelense.

O bloqueio à Faixa de Gaza traz conseqüências gravíssimas para a

população palestina que ali vive: dificuldade de obtenção de remédios

importados, escassez de material de construção para reparar os destroços dos

conflitos, desemprego, falta de combustíveis, dificuldade de acesso à energia

elétrica, etc.

Israel alega que o bloqueio à Faixa de Gaza existe em razão de que,

atualmente, vigora um estado de conflito com o Hamas e que esta organização

estaria recebendo armamentos contrabandeados e outros suprimentos por

intermédio de missões supostamente humanitárias.

Mas e como se posiciona a sociedade internacional diante desses

acontecimentos?

Bem, amigos, a resposta a essa pergunta não é tão simples como

parece. Historicamente, a posição norte-americana em relação ao conflito entre

judeus e palestinos, sempre foi a favor de Israel. Por outro lado, não há como

os EUA apoiar uma grave violação dos direitos humanos como a que ocorreu

no ataque ao comboio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

Dessa forma, o Conselho de Segurança da ONU condenou os atos

que causaram a morte de civis durante a operação israelense e pediu uma

investigação imparcial do episódio. A grande questão é quem deverá realizar

essa investigação!

Em 3 de junho, Israel propôs que ele mesmo conduziria um inquérito

(sugestão dos EUA), o qual contaria com a participação de observadores

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internacionais. Todavia, a União Européia, a Turquia e a própria ONU

consideram que a investigação deve ser internacional, conduzida, portanto, de

forma imparcial.

Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova:

22- (CESPE/IRB-2009)- Apesar do apoio do conjunto dos Estados árabes à decisão da ONU (1947) de encerrar o mandato britânico na Palestina e promover a partilha do território em dois Estados, apenas o de Israel materializou-se, razão pela qual não se dissipa a instabilidade na região.

Comentários:

A decisão da ONU de encerrar o mandato britânico na Palestina e

promover a partilha do território em dois Estados, embora aceita pelos

sionistas, não foi apoiada pelos Estados árabes. A conseqüência foi a guerra

árabe-israelense de 1948, que opôs Israel de um lado e a Palestina (com o

apoio dos Estados árabes) do outro.

Logo, a questão está errada.

23- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- As propostas para existência de um “mundo sem fronteiras” aparecem nos discursos de autoridades mundiais, quer de representantes de países quer de instituições internacionais. No entanto, contraditoriamente, muros são erguidos entre estados-nações mostrando como ainda está longe essa proposta. Na relação a seguir, avalie se os países têm muros construídos em suas fronteiras. I. Israel e Palestina

II. Irã e Afeganistão

III. México e Estados Unidos

IV. Coréia do Norte e Coréia do Sul

V. Rússia e Geórgia

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Os países em cujas fronteiras foram construídos muros estão indicados em: a) I e III, apenas.

b) III e IV, apenas.

c) I, III e V, apenas.

d) I, III e IV,apenas.

e) II, IV e V,apenas.

Comentários:

Essa foi uma questão bem direta! Possuem muros construídos em

suas fronteiras recíprocas: i) Israel e Palestina; ii) México e Estados Unidos; e

iii) Coréia do Norte e Coréia do Sul. A resposta é, portanto, a letra D.

2.6- Iugoslávia: formação e desmantelamento

Bem, amigos, de todos os conflitos étnicos vistos até aqui, elegemos

esse como um dos mais complicados de serem entendidos. Apesar de ser algo

muito recente, e com o qual até desenvolvemos certa intimidade, já que ele

veio via satélite para nossas casas, ele é de uma tremenda complexidade

histórica.

Kosovo e Slobodan Milosevic são duas palavras que nos soam

bastante familiar, entretanto na hora de explicarmos o que elas significam

exatamente a coisa se complica. Por isso, vamos tentar abordar este assunto

desde a formação da Iugoslávia até o seu desmantelamento, ok?

Para isso, entraremos numa cápsula do tempo que nos levara até o

inicio do século XX quando a dissolução da monarquia austro-húngara em

1918 deu origem a diversos estados nacionais, dentre eles o Reino dos

Sérvios, Croatas e Eslovenos. Alguns tratados fixaram as fronteiras do país

que a fim de transformá-lo em Reino da Iugoslávia em 1929, com um sistema

político autoritário comandado por Alexandre I.

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Durante a Segunda Guerra Mundial, por volta de 1941, este país foi

invadido e dominado pela Alemanha fazendo deste Reino palco de diversos

conflitos internos que podem ter matado mais de um milhão de pessoas.

Um dos grupos étnicos ali presente, conhecidos como Ustaše eram

favoráveis à invasão alemã, uma vez que objetivavam construir uma Croácia

etnicamente pura. Assim, esse grupo, ideologicamente harmonizado com os

alemães, após os países do eixo dominarem o Reino da Iugoslávia, membros

do Ustase passou a ocupar postos no comando do Estado Independente da

Croácia . Mas a farra alemã não durou muito tempo.

Em 1944, o Conselho Antifascista de Libertação Nacional, grupo de

orientação comunista, liderado por Josip Broz Tito, expulsou os alemães em

liquidou o Estado croata comandado pelos Ustaše.  

É claro que esse processo não transcorreu sem resistência e Tito

enfrentou outra forte oposição durante a luta contra os alemães, mas saiu

vitorioso e formou, inicialmente, a Iugoslávia Democrática Federal.este nome

foi alterado em 1946 para República Federativa Popular da Iugoslávia e em

1963 para República Socialista Federativa da Iugoslávia.

Enfim, quando Tito assumiu o cargo de primeiro-ministro da

Iugoslávia ele já tinha uma enorme proximidade com as ideias comunistas que

conheceu durante a primeira guerra Mundial. Para sustentar a unidade nessa

região tão mosaica e repleta de nacionalismos, Tito usou forte repressão

policial contra os movimentos de contestação e um sistema político de

autogestão de inspiração anárquica. Organizada sob a forma de uma

federação, a Iugoslávia era formada por seis repúblicas e duas províncias

autônomas pertencentes à república da Sérvia.

Costumava-se ler na imprensa que “A Iugoslávia tinha seis repúblicas, cinco povos, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um partido - comunista."

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E aqui, mais uma vez, vamos precisar do mapa para visualizar e

entender melhor toda essa divisão.

1. República Socialista da Bósnia e Herzegovina 2. República Socialista da Croácia 3. República Socialista da Macedônia 4. República Socialista da Montenegro 5. República Socialista de Sérvia 5a. Província Socialista Autônoma do Kosovo 5b. Província Socialista Autônoma da Voivodina 6. República Socialista da Eslovênia

As seis repúblicas correspondem às expostas no mapa acima. Os

cinco povos citados são os sérvios, montenegrinos, croatas, eslovenos e macedônios. Aqui temos que perceber um detalhe: não há um povo bósnio em

termos de origem étnica e por isso apesar de 6 republicas só existem cinco

etnias! A república da Bósnia era habitada por sérvios, croatas e muçulmanos.

As quatro línguas da Iugoslávia eram o servo-croata, o esloveno, o macedônio e o albanês (utilizado em Kosovo). As três religiões correspondem

ao catolicismo romano, o catolicismo ortodoxo e o islamismo. O sérvios

escrevem o servo-croata com o alfabeto cirílico enquanto os croatas usam os

caracteres latinos.

Após a morte de Tito em 1980, que com carisma, habilidade política

e repressão todas as tensões étnicas existentes durante seu longo governo e

que estavam “controladas” continuaram. Aliás, não só tiveram continuidade

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como se intensificaram quando o Poder Executivo passou a ser assumido por

um organismo colegiado, com representação de todas as repúblicas e rotação

anual da Presidência. E foi assim que se iniciou o complexo processo de

desmembramento das repúblicas que compunham a Iugoslávia em função das

tensões crescentes dentro do território.

Assim, ao invés de pacificar as rivalidades entre as entidades

federadas, a medida pareceu acentuá-las ainda mais já que todas as

repúblicas que até aquele momento pertenceram a Iugoslávia pareciam querer

independência.

Então, amigos, Croácia e a Eslovênia inauguraram essa fase das

independências quando em 1991 se declararam auto-suficientes e

responsáveis proclamaram sua independência, que foi contestada pelo

governo bósnio, gerando conflitos armados que se agravaram com a

independência também da Macedônia. 

Seguido a elas Sérvia e Montenegro também se uniram para formar

uma nova Iugoslávia com o nome oficial de República Federal da Iugoslávia e

uma no depois de seria a vez da Bósnia declarar sua independência e

desencadear o inicio dos conflitos armados. E por quê ?

Estão lembrados que falamos que na Bósnia não havia uma étnica

própria e que habitavam ali sérvios, croatas e muçulmanos. Pois bem, a partir

do momento que começaram a se tornar independentes cada república

desejava queria uma parte deste território. Um exemplo é o caso dos sérvios

presentes na Croácia e na Bósnia que reivindicavam a incorporação do

território por eles ocupado à nova Iugoslávia. Na Bósnia, os sérvios opuseram-

se aos croatas e muçulmanos em uma guerra civil sangrenta marcada pela

prática de limpeza étnica dos dois lados. Os sérvios (católicos) matavam

muçulmanos na Bósnia enquanto os croatas matavam minorias sérvias na

Croácia.

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Assim, foi durante este conflito que pela primeira vez na história da

humanidade, o mundo acompanhou, em tempo real, todo o sofrimento de uma

população civil exposta as mais diversas violências. Campos de concentração,

deportações em massa, assassinatos, cercos a cidades, civis vítimas de

franco-atiradores e ataques do exército federal iugoslavo ou de milícias eram

algumas das situações visualizadas pela comunidade internacional.

Sendo a maioria da população do Kosovo de origem albanesa, a

formação de uma Grande Albânia inspirou o movimento separatista na região.

Em 1989, quando os kosovares celebravam os 600 anos da batalha do

Kosovo, o então presidente da Iugoslávia, Slobodan Milošević, retirou a

autonomia política da província, proibindo o ensino do albanês nas escolas,

entre outras limitações.

Em 1991, os kosovares já haviam declarado independência,

entretanto, ela não foi reconhecida nem pelas Nações Unidas fazendo com que

as tropas da Sérvia mantivessem suas tropas na região. Cinco anos mais tarde

o Exército de Libertação do Kosovo iniciou uma luta armada em oposição ao

poder de Milošević. O desenrolar não poderia ser diferente de todos os outros

conflitos vistos até agora; massacres e deportações. Em 1998, a ONU proibiu a

venda de armas para a Iugoslávia em função dos altíssimos níveis de violência

atingidos no conflito.

Pois é, amigos, o pior é que ainda não acabou nossa história, não!

Em 1999, a OTAN bombardeou a Sérvia, encerrando o conflito que já durava

praticamente três anos. No início daquele ano entrava em vigor o Euro, moeda

comunitária da União Européia uma moeda recente e frágil diante de

instabilidades políticas.

Enfim, em fevereiro de 2008, os kosovares declararam sua

independência, que não foi reconhecida pela Sérvia nem pela Rússia, principal

aliada dos sérvios, mas foi reconhecida imediatamente pelos Estados Unidos e

outros países. A declaração de independência coloca o novo país sob a

supervisão internacional, proíbe-o de juntar-se com outro país e garante a

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proteção para as minorias étnicas. O processo ainda não possui o

reconhecimento das Nações Unidas.

Vamos observar o mapa para poder perceber a situação geográfica

de Kosovo, as minorias albanesas e o governo sérvio.

Calminha, não vamos contar aqui toda a história desses impérios,

mas é importante sabermos que quando todos pensavam que essas velhas

rivalidades e ódios estivessem sepultados, eis que eles ressurgiram.

Durante mais de quarenta anos em que estiveram sob o domínio do

regime comunista não-stalinista de Tito, o convívio foi pacífico. Porém, quando

este governo veio abaixo, reapareceram os fantasmas vingativos de outrora,

que se prepararam para um fatal acerto de contas

Nesse contexto, com o claro objetivo de defender a população

albanesa da província sérvia de Kosovo, os EUA lideraram a campanha de

bombardeios da OTAN contra a Iugoslávia. Ocorrido entre março e junho de

1999, esse ataque foi o primeiro na história da OTAN contra uma nação

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soberana e foi feito mesmo sem a autorização do Conselho de Segurança da

ONU.

Essa operação militar só terminou com a rendição do presidente

iugoslavo Slobodan Milosevic, que foi coagido a acolher um plano de paz

constituído por eles. Esse plano determinou, dentre outras coisas, a retirada

das tropas sérvias de Kosovo, a instauração de um governo interino da ONU

na província e o envio de uma força internacional de paz à região, dominada

pelos EUA e seus aliados.

Em 1992, a República Socialista Federativa da Iuguslávia deixou de

subsistir nessa condição, quando quatro de suas federações – Bósnia e

Herzegóvina, Macedônia, Eslovênia e Croácia- se separaram para formar

Estados independentes. Assim, permaneceram como Iuguslávia somente as

federações de Sérvia e Montenegro.

No ano de 2003, o nome Iugoslávia foi substituído por Sérvia e

Montenegro. Em 2006, os montenegrinos optaram pela independência da

região em referendo popular e, atualmente, as antigas repúblicas iugoslavas,

são todas países independentes, incluindo Kosovo.

2.7-Afeganistão:

Bem, pessoal, como todos os outros conflitos que vimos, este

também não possui origens atuais. Entretanto, elas não são tão antigas quanto

a maioria dos que estudamos até aqui. A violência que atinge o Afeganistão se

desencadeou num conflito étnico iniciado há mais ou menos 30 anos.

O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo e tem vivido

grande instabilidade nas últimas décadas contando com uma economia e infra-

estrutura extremamente precárias. Essa região, além de sofrer com guerras e

conflitos internos ela também foi abalada por desastres naturais como

terremotos e secas.

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Apesar disso, esse país ocupa uma posição estratégica, espremido

entre o Oriente Médio, a Ásia Central e a Índia, ao longo da antiga "Rota da

Seda", o Afeganistão foi disputado por vários países durante longo tempo; no

século XIX, o país foi disputado tanto pela Rússia Imperial como pelo império

britânico na Índia.

Bem, pessoal, como todos os outros conflitos que vimos, este

também não possui origens atuais. Entretanto, elas não são tão antigas quanto

a maioria dos que estudamos até aqui. A violência que atinge o Afeganistão se

desencadeou num conflito étnico iniciado há mais ou menos 30 anos.

O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo e tem vivido

grande instabilidade nas últimas décadas contando com uma economia e infra-

estrutura extremamente precárias. Essa região, além de sofrer com guerras e

conflitos internos ela também foi abalada por desastres naturais como

terremotos e secas.

Apesar disso, esse país ocupa uma posição estratégica, espremido

entre o Oriente Médio, a Ásia Central e a Índia, ao longo da antiga "Rota da

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Seda", o Afeganistão foi disputado por vários países durante longo tempo; no

século XIX, o país foi disputado tanto pela Rússia Imperial como pelo império

britânico na Índia.

No final da década de 70, o Afeganistão se tornou um importante

campo de batalha da Guerra Fria,sobretudo após o envio de milhares de

soldados soviéticos ao país para garantir a permanência do regime pró-

comunista.

Mas num território com tanta pluralidade , não poderia ser diferente e

isso resultou em um grande confronto, envolvendo os Estados Unidos e os

vizinhos do Afeganistão.

Em fins da década de 70, quando a União Soviética invadiu o país,

diversos grupos que recebiam o nome genérico de mujahedin combateram o

governo comunista, com o objetivo comum de instaurar um Estado muçulmano

regido pela sharia, aquela lei islâmica que explicamos anteriormente estão

lembrados?.

Pois bem, após a retirada soviética, em 1989, e a queda do governo

comunista, em 1992, os mujahedin se dividiram. De um lado estava o Talibã,

que se estabeleceu ao sul do país, sendo composto pela etnia Pashtun, predominante no Afeganistão. Do outro lado ficou a Aliança do Norte, liderada

pelo segundo maior grupo étnico do país, os tadjiques, e pelos uzbeques, um

grupo minoritário.

Estamos certos de que, desses dois grupos, vocês todos já ouviram

falar do primeiro, não é mesmo? Enquanto o Talibã é um grupo bastante ativo,

a Aliança do Norte não existe como organização, mas divisões étnicas que

continuam a influenciar a política do país.

A situação interna ainda é agravada pelo fato de as várias tribos

pashtuns terem grandes divisões internas. Essas divisões explicam a

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hostilidade do Talibã aos candidatos pashtuns Hamid Karzai e Ashraf Ghani, e

a Abdullah Abdullah, um tajique.

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LISTA DE QUESTÕES

1- (CESPE/STJ-2008)- Ao contrário do que se previa há duas décadas, o fim da Guerra Fria fez recrudescer as tensões do sistema bipolar mundial, ampliando a rivalidade americano-soviética, como se vê nos atuais incidentes envolvendo a Geórgia. 2(CESPE/ANTAQ-2009)- O Afeganistão tornou-se alvo da ação dos EUA desde os atentados de 2001, sob a acusação de que esse país asiático servia de abrigo para terroristas. 3-(CESPE/IRB-2009)- O fundamentalismo islâmico teve no Irã depois da revolução xiita de 1979 um pólo irradiador, que identificou no Ocidente seu principal inimigo, representado pelos EUA e seu histórico aliado regional, Israel. 4-(FCC/APOFP-2010)- O programa nuclear iraniano foi um dos temas abordados por Hillary Clinton em sua recente visita ao Brasil. “Nós debatemos o valor central da não proliferação e o nosso comprometimento comum de fazer com que o Irã não tenha armas nucleares”, disse ela. Por outro lado, declarações amplamente divulgadas tornaram evidente a existência de divergências entre os EUA e o Brasil relativas à questão nuclear iraniana. Considere as afirmações: I. Ao contrário do Brasil, os EUA consideram que as negociações falharam,

portanto o caminho é aprovar mais sanções para impedir que o Irã enriqueça

urânio e possua armas nucleares.

II. O governo brasileiro é contra sanções e considera que ainda há espaço para

negociar com o presidente Mahmud Ahmadinejad, além de reiterar sua posição

contra a proliferação de armas nucleares.

III. O Brasil, por não ser signatário de acordos contra a proliferação de armas

nucleares, pode manter postura independente e contrária à norte-americana

em relação ao programa nuclear iraniano

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Está correto o que se afirma em: a) III, apenas.

b) II e III, apenas.

c) I, apenas.

d) I e II, apenas.

e) I, II e III.

5- (CESPE-2009)- Como resultado do fim da Guerra Fria, a Índia aderiu ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares 6-(CESPE-2009)- Há rivalidade regional entre a Índia e o Paquistão, a ponto de os dois países desenvolverem armas nucleares. 7(CESPE/ANTAQ-2009)- No Iraque, os EUA derrubaram Saddam Hussein com relativa facilidade, mas encontraram forte resistência posterior, gerando inúmeras baixas, má repercussão internacional e crescente insatisfação da própria opinião pública norte-americana. 8(CESPE/IRB-2009)- Nas duas vezes em que atacaram militarmente o Iraque, em 1991 e na atualidade, os EUA encontraram vigorosa resistência da população local, em larga medida incentivada pela reprovação à política de Washington manifestada pelo conjunto dos Estados árabes.

9-(CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- O Conselho de Segurança da ONU manifestou satisfação com as últimas eleições legislativas realizadas no Iraque, que chamou de passo importante à unidade do país. Os quinze países-membros do Conselho de Segurança elogiam, em um comunicado, os iraquianos pela demonstração de “compromisso com um processo político pacífico, completo e democrático”. “A votação representa uma etapa importante no processo político, que busca estabelecer a unidade nacional do Iraque, soberania e independência”, afirma o comunicado. Veja Online, 9/3/2010 (com adaptações).

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A respeito das eleições no Iraque, assinale a opção correta. a) A última eleição nacional realizada no Iraque foi o segundo pleito desde a

invasão americana ocorrida há quase sete anos.

b) Atentados e explosões ocorreram no dia das eleições, mas não houve

mortos ou feridos.

c) Apenas o eleitorado maior de 30 anos de idade pôde votar.

d) O atual primeiro-ministro é impedido de disputar as eleições no Iraque.

e) Nouri al-Maliki, atual primeiro-ministro do Iraque, é de origem sunita.

10- (CESPE/STJ-2008-adaptada)- A recente intervenção militar russa foi justificada por Moscou como de apoio à separatista Ossétia do Sul, alvo de ataque por parte do poder central da Geórgia.

11- (FCC/APOFP-2010)- Após classificar a relação com os EUA como a mais importante para a China, o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou que os laços entre os dois países foram seriamente afetados pela decisão do presidente americano, Barack Obama, de se encontrar com o dalai-lama em fevereiro e pelo anúncio de que Washington venderá US$ 6,4 bilhões em armas para Taiwan. (OESP, 15/3/2010) As divergências entre os dois países, indicadas no texto, ocorrem porque o: a) Tibete e Taiwan representam ameaça à China, já que são países hinduístas

que lutam pela liberdade religiosa e política.

b) dalai-lama defende enfrentamento armado pela independência do Tibete e

de Taiwan, negando-se a assinar acordos comerciais com a China.

c) Tibete, que nunca pertenceu à China nem a Taiwan, é um protetorado

inglês.

d) poderio econômico do Tibete, sustentado pelo comércio com os EUA,

ameaça a economia chinesa, e Taiwan representa ameaça à ideologia

comunista na China por ser um centro religioso.

e) dalai-lama é classificado pelo governo chinês como separatista, na medida

em que busca a independência do Tibete, e Taiwan, por sua vez, é

considerada uma província rebelde que também luta por manter sua autonomia

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12-(FCC/APOFP-2010)- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em janeiro de 2010, assinou decreto que ordena o cancelamento da classificação de segurança (confidencial) a toda informação e documentação vinculada com as operações das Forças Armadas durante o período de 1976-1983, salvo aquelas relacionadas ao "conflito bélico no Atlântico Sul (Guerra das Malvinas) e a qualquer outro conflito interestatal". Para ela, passados mais de 25 anos do retorno da democracia, não é possível continuar aceitando a falta de acesso à informação e documentação, sob pretexto de segredo de Estado ou qualquer definição de segurança que impeça o conhecimento da história recente. (OESP, 7/1/2010, adaptado) É correto afirmar: a) A classificação de “confidencial”, aplicada a "toda informação e

documentação, vinculada com as operações das Forças Armadas" durante o

período de 1976-1983, a que o texto se refere, abrangia apenas os crimes

comuns praticados por militares.

b) A abertura dos arquivos permitirá conhecer toda a documentação referente à

atuação das Forças Armadas da Argentina, no período indicado, relativas ao

confronto com a Inglaterra pela soberania nas Ilhas Malvinas.

c) A medida diz respeito às informações e à documentação sobre violações dos

direitos humanos durante os anos da ditadura militar na Argentina, apontada

por historiadores como uma das mais violentas na América Latina na década

de 1970.

d) As Forças Armadas, anteriormente ao governo de Cristina Kirchner, já

haviam determinado a abertura de seus arquivos para facilitar a transição para

a democracia na Argentina.

e) O conhecimento do passado recente argentino não supõe necessariamente

a abertura dos arquivos das Forças Armadas, pois todos os acusados de

crimes durante a ditadura militar já foram julgados e os desaparecidos,

encontrados.

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13- (Questão Inédita)- Muitos dos brasileiros vivendo no Paraguai são alvo de xenofobismo, o que é motivado por questões fundiárias, étnicas e ambientais. 14- (Questão Inédita)- Se, por um lado, a presença dos brasiguaios no leste do Paraguai foi responsável pelo surto de crescimento econômico na região de fronteira, por outro, ela deu origem a um sentimento nacionalista e até xenófobo paraguaio. 13-(STJ-2008)- Além de limitações econômicas, parte significativa da África está hoje submetida a governos considerados autocráticos e, em determinadas regiões, a conflitos étnicos de elevada dramaticidade, como atesta o caso de Ruanda. 14-(Questão Inédita)- Na partilha da África, as grandes potências imperialistas tiveram o cuidado de definir as fronteiras segundo critérios étnico-culturais. 15- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- Na véspera do Natal de 2009, um grupo de brasileiros foi atacado na cidade de Albina, no Suriname. O ataque resultou em incêndios, saques e pelo menos 25 feridos. A respeito desse assunto, assinale a opção correta. a) O Suriname, país rico devido ao fato de ser ex-colônia da Holanda, atrai

milhares de imigrantes brasileiros todos os anos.

b) Após o referido ataque, o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas

com o Suriname.

c) O ataque em questão decorreu da disputa pela exploração de petróleo no

interior do Suriname.

d) A maioria dos brasileiros que mora no Suriname é composta de garimpeiros

que tentam a sorte nesse país.

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e) O governo surinamês pratica política de incentivo à imigração de técnicos e

cientistas brasileiros, o que incomoda a população local e acarreta o tipo de

ataque referido.

16- (STJ-2008)- Além de limitações econômicas, parte significativa da África está hoje submetida a governos considerados autocráticos e, em determinadas regiões, a conflitos étnicos de elevada dramaticidade, como atesta o caso de Ruanda.

17- (Questão Inédita)- Na partilha da África, as grandes potências imperialistas tiveram o cuidado de definir as fronteiras segundo critérios étnico-culturais.

18-(Questão Inédita)- O regime do apartheid, durante sua vigência, foi amplamente criticado pela comunidade internacional, tendo sido adotadas, inclusive, sanções econômicas contra a África do Sul. Todavia, no plano interno, a resistência negra foi pacífica. 19- (Questão Inédita)- O genocídio dos tutsis em Ruanda é um dos acontecimentos mais sangrentos da história do continente africano, tendo motivado, inclusive, a criação pelo Conselho de Segurança da ONU do Tribunal Penal Internacional para Ruanda. 20-(Questão Inédita)- O principal motivo dos conflitos existentes na Nigéria são a existência de dois grupos étnicos rivais. 21- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- Na África, após o término das guerras de independência, multiplicaram-se os conflitos internos, em sua maioria guerras civis, de conteúdo étnico ou político-econômico. Assinale o país que não foi palco de conflitos internos após sua independência. a) Costa do Marfim

b) Angola

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c) Moçambique

d) Uganda

e) Marrocos

22-(CESPE/IRB-2009)- Apesar do apoio do conjunto dos Estados árabes à decisão da ONU (1947) de encerrar o mandato britânico na Palestina e promover a partilha do território em dois Estados, apenas o de Israel materializou-se, razão pela qual não se dissipa a instabilidade na região. 23- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- As propostas para existência de um “mundo sem fronteiras” aparecem nos discursos de autoridades mundiais, quer de representantes de países quer de instituições internacionais. No entanto, contraditoriamente, muros são erguidos entre estados-nações mostrando como ainda está longe essa proposta. Na relação a seguir, avalie se os países têm muros construídos em suas fronteiras. I. Israel e Palestina

II. Irã e Afeganistão

III. México e Estados Unidos

IV. Coréia do Norte e Coréia do Sul

V. Rússia e Geórgia

Os países em cujas fronteiras foram construídos muros estão indicados em: a) I e III, apenas.

b) III e IV, apenas.

c) I, III e V, apenas.

d) I, III e IV,apenas.

e) II, IV e V,apenas.

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GABARITO

1-ERRADO 8-ERRADO 15-D 22-ERRADO

2-CERTO 9-A 16-CERTO 23-D

3-CERTO 10-CERTO 17- ERRADO

4-D 11-E 18-ERRADO

5-ERRADO 12-C 19-CERTO

6-CERTO 13-CERTO 20-ERRADO

7-CERTO 14-CERTO 21-E

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AULA 04 – INSERÇÃO DO BRASIL NO CENÁRIO INTERNACIONAL

Olá, amigos, como vão os estudos? Esperamos que até aqui esteja

tudo claro, entretanto, se não estiver, utilizem nosso fórum, ok? Ele é um

importante espaço para vocês tirarem qualquer tipo de dúvida sobre os

assuntos trabalhados na aula, portanto, não se acanhem em utilizá-lo!

Na aula de hoje, abordaremos as relações do Brasil com o mundo,

seja quanto ao processo de internacionalização da sua economia ou de sua

inserção na nova ordem mundial.

1- O Brasil e a América

Depois de termos estudado a globalização, ficou claro para todos

nós que atualmente vivemos num contexto bem diferente do período da Guerra

Fria, não é mesmo? Se antes tínhamos apenas dois pólos de poder no mundo,

(EUA e URSS) hoje em dia, a existência de vários desses pólos é o elemento

central do cenário vivido.

É claro que essa multipolarização não ocorre de forma tranqüila, e

sim bastante conflituosa, já que os detentores do poder não desejam perdê-lo!

Entretanto, no mundo globalizado, a desconcentração de poder não parece

uma escolha. Há novos “competidores” desejando isso e, além do mais, esses

novos personagens possuem meios e disposição para contestar o papel de

liderança das superpotências na condução dos mais variados assuntos

internacionais.

Em meio a tanta competição, torna-se comum a existência de

discordâncias sobre questões relevantes do cenário político e econômico

internacional. Em conseqüência disso, aumentam as tensões entre os

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principais atores da política mundial, que se lançam em jogos de aliança

envolvendo pequenas e médias potências.

Esse contexto de busca por aliados favorece, significativamente, a

importância do Brasil no cenário internacional, uma vez que ele se destaca e se

fortalece econômica e institucionalmente ao constituir determinadas alianças.

Para analisar a inserção brasileira no contexto internacional,

precisamos levar em consideração seu “entorno estratégico” e suas

ambições no ajuste das nações.

O Brasil está localizado na América do Sul, região que está distante

dos grandes focos de conflitos mundiais – Oriente Médio, Índia e Paquistão,

Coréia do Sul x Coréia do Norte – e livre de armas nucleares. Como vimos na

aula anterior, o conflito mais sério que permeia a nossa realidade é o caso dos

brasiguaios. Entretanto ele vira “café pequeno” diante dos outros conflitos

espalhados pelo mundo.

Além disso, o perfil político da América Latina mudou

significativamente nos últimos anos, colocando a região no fenômeno

conhecido pelo nome de “onda vermelha”. Caracterizado pela subida de vários

líderes de esquerda ao poder, esse fenômeno se iniciou com o presidente

venezuelano Hugo Chávez, em 1998. A partir dali, a escalada da esquerda não

parou mais e foi entendida como uma reação ao fracasso dos governos

conservadores, já que a proposta “vermelha” sempre esteve voltada aos

problemas sociais e econômicos da América Latina.

Com um discurso totalmente anti-Bush, Hugo Chávez se

transformou em inspiração para outros presidentes latinos como Evo Morales,

da Bolívia, Rafael Correa, do Equador e Daniel Ortega, da Nicarágua! A onda

vermelha tem “contagiado” até mesmo governantes de partidos mais

tradicionais como Nestor Kirchner.

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Em contraposição a esta realidade, os Estados Unidos também

possuem seus aliados na América Latina, donde se destacam o México e a

Colômbia. Além disso, os americanos se mostram bastante dispostos a se

aproximar dos dirigentes esquerdistas que possuem políticas econômicas de

não-intervenção do Estado na economia, como o Brasil e o Chile.

Durante a maior parte do século XX, a política externa brasileira se

orientou pelo eixo da diplomacia desenvolvimentista, coerente com o projeto de

industrialização nacional e com o modelo de substituição de importações. Isso

lhe permitiu um bom ambiente externo para que se desenvolvesse

internamente.

Apesar disso, durante o regime militar, o projeto geopolítico

brasileiro estava voltado para garantir a sua supremacia militar sul – americana

por meio da aquisição de tecnologias de mísseis e enriquecimento de urânio,

inclusive com fins nucleares. Em nome da aquisição de toda a tecnologia

nuclear, o Brasil, inclusive, rejeitou em 1968 o Tratado de Não Proliferação

(TNP), tornando-se signatário deste tratado apenas na década de 90.

O fato é que com a redemocratização na América do Sul, na década

de 80, a situação se reconfigurou e o Brasil firmou-se como liderança regional

construtiva, devido ao tamanho de sua economia e metas de sua política

externa.

Se observarmos o mapa da América do Sul, fica fácil visualizar a

dimensão da superioridade territorial do Brasil com relação aos seus vizinhos,

não é mesmo? Essa superioridade acaba se estendendo também ao lado

econômico, mas não necessariamente ao social. Veja a tabela:

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PIB (nominal) de 2006 IDH de 2007

Argentina 212,702 0.866

Bolívia 10,828 0.729

Brasil 1.067,706 0.813

Chile 145,205 0.878

Colômbia 135,075 0.807

Equador 40,447 0.806

Guiana 0,870 0.729

Paraguai 8,773 0.761

Peru 110,789 0.806

Suriname 2,112 0.769

Uruguai 19,221 0.865

Venezuela 181,608 0.844

A tabela nos mostra que o PIB brasileiro é, expressivamente, o

maior da América do Sul, não é mesmo? Entretanto, isso não significa que

tenhamos o melhor índice de desenvolvimento humano, que ficou para o Chile.

No campo econômico, existem países com economia madura, como

Brasil e Argentina, enquanto outros são mais frágeis economicamente, como

Bolívia e Paraguai. Já no campo social, a América do Sul sofre, de forma

generalizada, com o problema da desigualdade na distribuição de renda e com

a concentração do poder econômico nas mãos de uma minoria. Basta

analisarmos, ainda que rapidamente a tabela, para percebermos.

Como podemos perceber, o continente sul-americano é marcado por

ampla heterogeneidade política, social e econômica. Ao mesmo tempo em que

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há países com o regime democrático consolidado, como o Brasil, há outros em

que ainda persistem regimes autoritários, que limitam a liberdade de imprensa

e de opinião, como é o caso da Venezuela.

A existência de todas essas heterogeneidades é um ponto que cria

complicações ao processo de integração na América do Sul. E por que essa

integração é tão valorizada?

Bem, uma vez que o território esteja integrado, isso significa que os

interesses estão compatíveis e, portanto, se reduziria a possibilidade de

conflitos na região. Embora a iniciativa de formação da UNASUL ressalte a

intenção de congregar todos os países da America do Sul sob um único bloco

econômico, o que se vê na pratica é outra coisa.

Atualmente, há dois fortes blocos no continente: o MERCOSUL

(formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e a Comunidade Andina

(Bolívia, Colômbia, Equador e Peru). Na aula 02, nós já falamos

detalhadamente sobre esse blocos econômicos.

Considerando que, conforme afirma a Política de Defesa Nacional, a

segurança de um país é afetada pelo grau de instabilidade da região em que se

insere, é importante termos uma noção de como funcionam as relações

políticas entre os países sul-americanos. A seguir, comentamos situações

relevantes nas relações entre os países da região.

Entretanto, pedimos que observem o mapa a seguir para que

tenham em mente a configuração da região que será abordada nos próximos

itens. Além disso, não se acanhem em, a qualquer momento, voltar a este

mapa e observar quem é vizinho de quem, o tamanho da fronteira dos países

enfim, observem exaustivamente, ok?

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Países da Comunidade Andina

Países do MERCOSUL

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1.1 - O Brasil e a Argentina:

Como pudemos observar no mapa e na tabela sobre a América do

Sul, Brasil e Argentina não são apenas os dois maiores países da região. Eles

também possuem as duas maiores economias, não é mesmo? E o que isso

influencia, afinal, no andamento da política e da economia sul-americana?

Bem, justamente por serem os maiores, é de suma importância que

haja um bom relacionamento entre eles para que seja possível a construção de

uma América Latina integrada e de um MERCOSUL fortalecido.

Na medida em que o entendimento político entre os dois países

torna-se mais sólido, as questões que provocam atritos pontuais passam a ser

resolvidas por meio de mecanismos diplomáticos já consolidados. Assim,

apesar de existirem diferenças de entendimento sobre determinados temas,

são usualmente marcadas reuniões entre os presidentes, ministros ou

autoridades dos dois governos para que se chegue a um acordo. O importante

nesse sentido é que as diferenças entre esses países passam a ser tratadas,

via de regra, em um ambiente institucional de diálogo, como já existe entre os

dois países.

O resultado disso é que as relações comerciais entre Brasil e

Argentina são bastante aprofundadas, existindo, inclusive, projetos de

cooperação nas áreas econômicas e grande fluxo de investimento entre eles.

Apesar do bom relacionamento entre esses países, o contexto econômico

mundial atual acabou favorecendo um aumento das medidas protecionistas

entre esses dois países.

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No campo político, a diferença de posição mais visível que existe entre Brasil e Argentina é com relação à reforma do Conselho de Segurança da ONU. A Argentina não aceita que o Brasil se torne um membro

permanente desse órgão.

Todavia, num geral, as políticas adotadas, desde os anos noventa,

apesar de não serem idênticas, são muito parecidas no essencial. Essa

similaridade é evidenciada por meio da liberalização econômica e da

desestatização de empresas nacionais. Essas medidas acabaram levando a

um quadro de grave fragilização das contas externas e estrangulamento das

finanças públicas no final da década de 90 e nos primeiros anos do século XXI.

Especialmente no caso argentino, a moratória externa decretada em

2001 e o crescimento da dívida interna ilustraram a sua fragilidade econômica

com clareza assustadora. No caso brasileiro, ainda existe uma forte convicção

de que vivemos uma situação “normal” o que não significa, de modo algum,

que não estejamos vulneráveis às crise externas, ok? Isso porque, quando

existe crise ao nosso redor, são criadas severas limitações econômicas dos

países em crise com relação ao nosso mercado, implicando em explícita perda

de bons negócios.

1-(CESPE/TRT- 17ª Região-2009)- Na Argentina, país vizinho e membro do MERCOSUL, aplicou-se recentemente o expediente protecionista na compra de produtos brasileiros, sob alegação fundamentada no atual contexto de crise.

COMENTÁRIOS

Em 2009, o governo da Argentina deu mais um passo na sua

escalada protecionista ao impor entraves à importação de 60 grupos de

produtos do Mercosul, entre têxteis, eletrodomésticos e móveis.

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Essas restrições ocorreram em meio à crise mundial, o que derrubou

o comércio entre Brasil e Argentina em 45%, abrindo uma nova temporada de

conflitos comerciais entre os vizinhos. Portanto a questão está correta.

1.2 Brasil e a Bolívia:

O governo de Evo Morales tem como marca registrada uma retórica

nacionalista, que tem como idéia-força a defesa da soberania nacional.

Seguindo essa linha de pensamento, várias empresas foram estatizadas.

Destaca-se entre elas a controversa estatização de refinarias da Petrobrás localizadas em território boliviano. A decisão de nacionalizar a exploração

de hidrocarbonetos é algo que está relacionado à pressão sofrida por

movimentos populares que foram responsáveis pela eleição de Evo Morales.

Apesar de esse episódio ter gerado um estremecimento nas

relações entre esses dois países, o governo boliviano estuda o

desenvolvimento de projetos conjuntos, aproveitando a experiência da

Eletrobrás. Dentro da meta de dar eletricidade a todos os bolivianos, o governo

desse país entende como estratégica a integração energética com o Brasil e

não descarta, inclusive, a venda de energia excedente para o mercado

brasileiro. A Bolívia possui um potencial de produção estimado em 40 gigawatts

(GW), do qual apenas 1% está sendo utilizado atualmente, levando o governo

boliviano a desenvolver uma intensa série de projetos de centrais hidrelétricas.

A essa altura vocês devem estar se perguntando, mas o que isso

tem a ver com o Brasil? Tem que parte dessas centrais está localizada próximo

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à fronteira com o Brasil, fazendo deste país o seu mercado natural. Assim, as

embaixadas dos dois países já iniciaram conversações sobre a possibilidade

de realização de projetos conjuntos com a Eletrobrás. Isso porque é

reconhecida pelo governo boliviano a importância da experiência dessa

empresa para o auxilio na reestruturação da Empresa Nacional de Eletricidade

da Bolívia(Ende).

Atualmente, o Brasil importa 24 milhões de metros cúbicos de gás

natural boliviano, o que corresponde a quase 50% de todo o gás produzido

naquele país. Esses dados nos permitem afirmar que a Bolívia é, portanto,

fortemente dependente da exportação de gás natural, que tem no Brasil seu

principal mercado consumidor. Isso porque, apesar de também fazer fronteira

com a Argentina, este país é auto-suficiente no suprimento de gás natural, ou

seja, não precisa do gás boliviano.

Vocês devem estar lembrados, mesmo que vagamente, de uma

crise entre o Brasil e a Bolívia no ano de 2006, não é mesmo? Aquela crise

ocorreu quando o presidente decretou a nacionalização das empresas

privatizadas e das companhias que ganharam concessões para explorar

blocos. Dentre essas empresas estava a Petrobras com, pelo menos, 35% de

participação nos dois principais campos de gás do país, San Alberto e San

Antonio.

Essa nacionalização dos campos de petróleo e gás natural e das

refinarias, decretada pelo presidente Evo Morales, se transformou num marco

na história política do país. A Bolívia é o país mais pobre da América do Sul,

apesar de suas ricas reservas naturais, que estão estimadas em quase 1,5

trilhões de metros cúbicos de gás.

Apesar disso, a medida foi temporariamente suspensa, já que um

eventual rompimento entre o Brasil e Bolívia, traria incontáveis prejuízos a esse

país, que teria como opções de grandes consumidores apenas o Chile e os

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EUA. Entretanto, ambas as possibilidades apareciam como econômica e

politicamente inviáveis para o país, afinal, como seria levado o gás boliviano

até os EUA? Uma coisa é construir um gasoduto com o seu vizinho, outra é ter

que levar esse gás pro lado oposto do continente, não é mesmo?

Enfim, ao que tudo indica, a nacionalização do gás foi uma medida

encontrada pelo governo de aumentar sua participação na receita das

empresas estrangeiras que exploravam o produto de maneira pouco regulada

no país. Assim, a Petrobras acabou aceitando as novas regras, que

diminuíram, drasticamente, o lucro das multinacionais.

O Brasil sentiu o baque da nacionalização porque era (e ainda é)

dependente do gás boliviano, mas, por outro lado, também somos a principal

fonte de riqueza da Bolívia, já que somos o principal comprador do

combustível. Uma alta no preço do gás e a ameaça de desabastecimento

impulsionou o governo brasileiro a buscar outras fontes de energia. Deste

modo, após as descobertas do pré-sal, a expectativa existente é de que as

compras de gás boliviano, no futuro, sejam cada vez menores, apesar de,

atualmente, a situação já estar controlada.

Outro ponto fundamental quando se pensa na relação entre Brasil e

Bolívia é o tamanho da fronteira existente entre esses dois países, que interfere

tanto positiva quanto negativamente. Um dos fatores positivos de termos

fronteira tão extensa com este país nós acabamos de ver, quando abordamos

a questão da energia. Entretanto, é também essa região considerada uma das

mais importantes portas de entrada de drogas para o Brasil, exigindo um

trabalho permanente de desarticulação do crime organizado.

Do mesmo modo, a exploração irregular de ouro é outro problema

que atinge a fronteira entre estes dois países. Por isso, militares da Bolívia

patrulham rios navegáveis na Amazônia boliviana e mobilizam homens na

fronteira com o Brasil numa tentativa de ajustar a exploração ilegal de ouro. É

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justamente por não haver uma forte fiscalização dos Estados (Brasil e Bolívia)

que as atividades ilegais de mineiros bolivianos e brasileiros são tão comuns.

Politicamente, podemos dizer que o atual governo boliviano, embora

tenha o apoio de alguns setores da sociedade, também sofre de grande

oposição interna. Essa oposição vem principalmente dos governadores dos

Departamentos (estados) mais ricos do país que não reconhecem a

Constituição de 2007, votada sem sua participação. Em janeiro de 2009, diante

de pressões oposicionistas, essa Constituição foi alterada e aprovada em

referendo pela população. Apesar disso, ainda hoje persiste grande

controvérsia política entre oposição e governistas na Bolívia.

Uma questão crucial na política externa boliviana é a ausência

de saída para o mar (Oceano Pacífico), o que dificulta sua logística de

transportes.

Esse assunto é tão importante que remonta a um grave problema

geopolítico da região! Entre os anos de 1879 e 1883, Bolívia e Peru se

defrontaram contra o Chile no conflito que ficou conhecido por Guerra do Pacífico, originada a partir de um controvérsia sobre a posse de parte do

deserto do Atacama rica em recursos minerais. Tendo o Chile vencido a

guerra, a Bolívia perdeu sua saída para o mar, o que gera até hoje tensões

geopolíticas. Ao ler a atual Constituição Boliviana, verifica-se que um dos

objetivos nacionais daquele país é a recuperação do acesso ao Pacífico.

(CESPE/ABIN-2008)“A Bolívia radicalizou a tese da volubilidade do Estado nacional até o início do século XXI, afastando-se ela mesma da média de recomposição institucional dos demais países da América do Sul. Os fatos bolivianos que assustam o brasileiro médio nesses dias e as preocupações naturais ante a iminência do corte de suprimento de gás ou

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dos riscos de uma guerra civil na fronteira porosa, seca e imensa que o Brasil compartilha com aquele país expõem as dificuldades que permanecem para a formação de instituições do Estado moderno de direito do outro lado da fronteira.”

José Flávio Sombra Saraiva. Duas nações e um Estado imperfeito. In: Correio Braziliense, 13/9/2008, p. 23 (com adaptações).

Tomando o texto acima como referência inicial, julgue os itens, relativos à instabilidade política na Bolívia, suas raízes históricas e seus desdobramentos recentes, bem como suas conseqüências para o processo de integração em curso na América do Sul.

2- A Bolívia, apesar de isolada no contexto sul-americano, vem buscando desenvolver um sistema de alianças extracontinentais seguras com parceiros internacionais confiáveis e apreciados por todas as lideranças políticas da UNASUL.

COMENTÁRIOS:

A política exterior boliviana tem como foco principal o regionalismo,

de forma que não podemos dizer que ela tem buscado desenvolver alianças

extracontinentais seguras. Dessa forma, a Bolívia não está isolada no contexto

sul-americano, participando de organizações internacionais regionais, como,

por exemplo, a UNASUL. Questão errada!

3- A ausência de uma saída para o mar — a Bolívia localiza-se entre os Andes e o mundo platino-brasileiro —, elites esgarçadas e uma economia em franca retração são fatores que justificam o conjunto de dificuldades que a Bolívia vem enfrentando desde 2003.

COMENTÁRIOS:

Vamos examinar a questão por partes!

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1)- A Bolívia possui saída para o mar? Não, e essa é uma questão

crucial da política externa boliviana. Esse país perdeu para o Chile a saída para

o mar após a Guerra do Pacífico.

2)- A Bolívia possui elites esgarçadas? Não, as elites bolivianas são

bastante fortes, tanto é que o governo de Evo Morales tem sofrido grande

pressão interna dos governadores dos Departamentos mais ricos do país.

3)- A economia boliviana está em fraca retração? Não dá pra dizer

isso hoje em dia. Em 2009, a economia boliviana cresceu cerca de 3,7%. Já no

primeiro semestre de 2010, cresceu por volta de 3,26%.

Por tudo o que comentamos, a questão está errada.

4- A doutrina da não-intervenção, tradicional na formulação jurídica de Estados novos e revivida na América do Sul, focada na manutenção das soberanias políticas dos Estados nacionais, se traduz, na crise boliviana, no alheamento dos Estados responsáveis pelo avanço de proposições voltadas para o diálogo e no esforço de estabilidade do país mais central da América do Sul.

COMENTÁRIOS:

Essa é uma questão bastante complexa da prova de Oficial de

Inteligência 2008, tendo sido anulada pela banca examinadora. A doutrina da

não-intervenção é sim uma política dos Estados sul-americanos, que preferem,

em respeito à soberania, deixar os assuntos internos por conta de cada país.

Na crise boliviana, não dá para dizer, todavia, que houve

alheamento dos Estados sul-americanos “responsáveis pelo avanço de

proposições voltadas para o diálogo e no esforço de estabilidade do país mais

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central da América do Sul”. Isso porque, à época, foi realizada, inclusive,

reunião da UNASUL para tratar da crise política boliviana.

5- A dicotomia entre as elites economicamente poderosas do oriente boliviano e o governo central dos Andes pauperizado, quase artificial e inventada pelas próprias elites, não reflete plenamente a realidade boliviana, com baixos níveis de cidadania em todo o território e com migrações internas e intensas nos níveis de baixa escolaridade e elevada pobreza.

COMENTÁRIOS:

Há uma dicotomia na Bolívia entre as elites poderosas dos

Departamentos mais ricos e o governo central dos Andes, o que é motivo da

crise política naquele país. Além disso, há baixos níveis de escolaridade e

elevada pobreza no território boliviano. Dessa forma, a questão está correta.

Apesar disso, gostaríamos de deixar registrado que o CESPE não

mandou bem na redação da questão ao dizer que: “com baixos níveis de

cidadania em todo o território e com migrações internas e intensas nos níveis de baixa escolaridade e elevada pobreza.” Da maneira que está escrito, fica

parecendo que quem migra são os níveis de baixa escolaridade e a pobreza.

6- O Brasil, que tem demonstrado baixa capacidade de suprimento energético interno, depende da Bolívia para abastecimento de todo o gás que consome.

COMENTÁRIOS:

Apesar da maior parte do abastecimento de gás do Brasil ser

proveniente do gasoduto Bolívia- Brasil, nosso país apresenta boas reservas

nas Bacias de Campos, de Santos e do Espírito Santo.

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Com a entrada em operação do Gasoduto Bolívia-Brasil em 1999,

houve um aumento expressivo na oferta nacional de gás natural, mas dizer que

nosso país depende da Bolívia para abastecimento de todo o gás que

consome está errado.

1.3- Brasil e a Venezuela

Situada ao norte da América do Sul, a Venezuela é um país repleto

de belezas e contrastes. Atualmente dirigida pelo presidente Hugo Chávez, ela

possui políticas bem peculiares e distintas do restante dos países sul-

americanos. Chávez foi um dos líderes de uma tentativa fracassada de golpe

militar que, surpreendentemente, conseguiu ascender à Presidência da

República por meio do voto popular.

Apesar de ser classificado como “ditador” por muitos setores e

países, a verdade é que nenhum governante atual obteve tantas vitórias

eleitorais como Chávez. Assim, mesmo enfrentando forte oposição da

imprensa e da classe média venezuelana, o amplo apoio dos setores populares

e dos parlamentares ao presidente legitima e fortifica, cada vez mais, o seu

governo.

Do mesmo modo, mesmo existindo pontos de tensão entre Brasil e

Venezuela, podemos afirmar que as relações entre esses países são bastante

estreitas. Contudo, um dos pontos mais delicados diz respeito ao extremo

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nacionalismo que acompanha a conduta antiamericanista de Chávez,

influenciando toda a sua política externa.

Essa conduta é a principal mola propulsora para todas as

peculiaridades de seu governo, como as especulações sobre suas relações

secretas com grupos guerrilheiros das FARC, a implementação de uma nova

doutrina militar e compras de armamentos.

De todos esses pontos citados, a compra de armamentos foi uma

das especulações que se materializou. Em 2008, uma aliança entre a

Venezuela e a Rússia fez do país latino o terceiro maior comprador da indústria

de armamentos russa, perdendo apenas para China e Índia.

A questão mais importante nessa história é: pra quê a Venezuela

quer tantos armamentos? Estaria planejando invadir seus vizinhos?

Muita polêmica permeou (e ainda permeia!) esse assunto. Apesar

disso, o presidente Chávez alega que precisa estar preparado para defender a

Venezuela e seus recursos petrolíferos de um eventual ataque norte-

americano. É claro que Washington nega estar planejando qualquer ação deste

tipo, ainda assim, a Venezuela insiste na alegação de que esse é apenas o

armamento necessário para a sua defesa nacional.

Assim, o Exército venezuelano vem sendo reequipado com mísseis,

tanques e submarinos russos, para resistir a qualquer custo àquilo que

classifica como “imperialismo norte-americano na América Latina”.

Desde outubro de 2009, a Venezuela vem batendo com ainda mais

insistência na tecla desse imperialismo. Isso porque os Estados Unidos e a

Colômbia assinaram um acordo para que militares americanos pudessem

utilizar sete bases colombianas para combater as FARC. Observe no mapa a

situação geográfica da fronteira onde se localizam as bases cedidas aos EUA

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Como podemos observar, a faixa fronteiriça entre esses dois países

é significativa, não é mesmo? Além disso, a Colômbia faz fronteira com outros

países muito importantes da América do Sul, como o Brasil. Por essas e outras

que o governo venezuelano entende que isso é, na verdade, uma estratégia

norte-americana para se dirigir contra os governos “revolucionários” da América

Latina.

Desse modo, ao adquirir reforços nos armamentos militares, a

Venezuela acaba combatendo a hegemonia militar norte-americana na América

do Sul e incentivando a militarização nessa região. Assim, Argentina, Chile e

até mesmo o Brasil aumentaram em até 50% os gastos com material bélico e

promoveram uma reorganização das defesas de fronteira e costas.

Com a posse de Obama, a tensão entre Venezuela e EUA havia

diminuído consideravelmente, apesar da continuidade do discurso nacionalista

e antiamericanista de Hugo Chávez. Entretanto, uma nova tensão quase

colocou em “xeque” as estreitas relações comerciais desses dois países: o

problema na Colômbia.  

A Venezuela envia, diariamente, aos Estados Unidos, 1,4 milhões de

barris de petróleo, o que corresponde a cerca de 15% do consumo total do

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mercado estadunidense. Pois bem, diante da crise entre Colômbia e

Venezuela, em que os EUA se posicionaria ao lado daquele país, o presidente

Hugo Chávez ameaçou cortar o fornecimento de petróleo para os EUA, em

caso de ataque por parte da Colômbia.

A ameaça é conseqüência da tensão crescente que levou ao

rompimento das relações diplomáticas entre os dois vizinhos e mais uma

resposta de Chávez às acusações feitas por Bogotá de que Caracas esconde

guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia

Mas, afinal, o que está havendo entre Venezuela e Colômbia?

O ex- presidente da Colômbia, Uribe, acusou Chávez de permitir que

1.500 guerrilheiros habitem, pelo menos, 87 acampamentos rebeldes ao longo

da fronteira da Venezuela. Segundo Uribe, os rebeldes teriam ali total liberdade

para planejar ataques contra o governo colombiano.  

Mapas de satélite, onde se vêem estruturas no meio do nada, e fotos

de rebeldes comendo tranquilamente foram exibidas pela Colômbia, durante

uma sessão extraordinária da Organização de Estados Americanos.

Por sua vez, o presidente da Venezuela rompeu relações

diplomáticas com a Colômbia, depois de quase cem anos, em conseqüência

das acusações de Bogotá levadas à Organização de Estados Americanos

(OEA). Todavia, assim que o novo presidente Juan Manuel Santos

assumiu o poder na Colômbia, os laços diplomáticas entre os dois países

foram reatados.

Apesar de toda a crise, o país tenta ingressar no MERCOSUL e

melhorar, deste modo, sua relação econômica com a maior parte de seus

vizinhos. Para que isso ocorra, e a Venezuela passe a integrar o bloco falta,

apenas, a aprovação paraguaia, já que o Brasil, com o apoio do presidente

Lula, recentemente aprovou a adesão.

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7- A crescente importância do Brasil e da Venezuela no cenário sulamericano, inclusive no que se refere à mediação entre partes em crises regionais, emana da modernização econômica, da tranqüilidade política e da projeção internacional de que gozam os dois países, em igual proporção e legitimidade internacional.

COMENTÁRIOS:

Realmente, Brasil e Venezuela crescem cada vez mais sua

importância no cenário político sul-americano, o que é motivado,

principalmente, pela força econômica desses dois Estados. Todavia, está

errado afirmar que os dois países gozam, em iguais proporções de

tranqüilidade política e projeção internacional. Em primeiro lugar, porque a

Venezuela não goza de tranqüilidade política, havendo forte oposição interna

ao governo Chávez. Em segundo lugar, porque a projeção e a legitimidade

internacional brasileira são muito superiores à da Venezuela, que se

caracteriza por possuir, ainda, um regime autoritário.

Logo, a questão está errada.

8(CESPE/ANTAQ-2009)- Na atualidade, os países latino-americanos que melhor se relacionam com os EUA são Cuba e Venezuela.

COMENTÁRIOS

Essa questão está errada, pois os maiores aliados dos Estados

Unidos na América Latina são o México e a Colômbia. Aos dois países citados

na questão compete o papel de principais “inimigos”.

9(CESPE/INMETRO-2009) Na atualidade, governos como os da Venezuela, Bolívia e Equador defendem posições políticas assemelhadas, algumas delas claramente convergentes, e tendem a prestar apoio e solidariedade ao regime cubano.

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COMENTÁRIOS

Um dos pontos principais entre os presidentes dos países citados na

questão é o fato de adotarem um retórica nacionalista e de defesa da

soberania nacional. Muitas vezes, eles chegaram, inclusive, a retomar o

controle de empresas estratégicas nas áreas de energia e telefonia, entre

várias outras. Portanto ,a questão esta correta!

1.4- Brasil e Colômbia:

A aproximação do Brasil com a Venezuela causou certo

distanciamento em relação à Colômbia, sobretudo em conseqüência da aliança

militar que este país acordou com os EUA.

Assim, podemos afirmar, categoricamente, que dentre os

presidentes sul-americanos, o colombiano Álvaro Uribe (ex-presidente da

Colômbia) era o maior aliado dos EUA. Além disso, Uribe foi o líder mais

popular na história da Colômbia por sua política de repressão contra rebeldes

traficantes de drogas. As cidades e rodovias colombianas se tornaram mais

seguras desde que Uribe assumiu a Presidência em 2002, estimulando um

aumento significativo na confiança de investidores.

Entretanto, todos esses “benefícios” do governo Uribe só foram

possíveis graças à ajuda dos EUA, que possuem um acordo de cooperação

com a Colômbia. Como já vimos antes, esse acordo permite a instalação de

bases militares norte-americanos em território colombiano, ou seja, acaba

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ampliando a participação militar dos EUA na América do Sul, o que é visto com

desconfiança até mesmo dentro da Colômbia.

Segundo muitos especialistas, os reais objetivos dessa “guerra às

drogas” são geoestratégicos, geopolíticos e econômicos. Entretanto, o

argumento utilizado é sempre o de combater o narcotráfico, entendido como a

atividade que financia a atuação da guerrilha colombiana, intitulada FARC

A possibilidade de instalação de bases militares norte-americanas na

Colômbia e as FARC têm sido um dos grandes pontos de tensão na América

do Sul, principalmente em relação ao Equador e à Venezuela.

Em 2008, o exército colombiano matou, em território equatoriano, o

segundo dirigente mais importante das FARC à época. Essa incidente causou

uma crise político-diplomática entre Equador e Colômbia, motivada pela

violação à integridade territorial equatoriana.

É, pessoal, como vocês já perceberam, sempre que vamos estudar

conflitos a coisa se complica, não é mesmo? Isso ocorre porque não há como

darmos uma explicação única e objetiva sobre os acontecimentos, os quais

geralmente envolvem questões políticas, econômicas e estratégicas.

Justamente baseado nessas questões que o conflito entre

Venezuela e Colômbia foi levado para ser intermediado por diferentes

instituições internacionais: a OEA e a UNASUL. O conflito estava de tal modo

cristalizado que os países não conseguiam chegar sequer a um consenso

sobre qual instituição possuía mais legitimidade para solucionar a controvérsia.

Assim, enquanto de um lado a Colômbia levava todas as “provas”

que dizia possuir contra a Venezuela à OEA , a Venezuela, por sua vez, se

utilizava da UNASUL.

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Já vimos, na aula 2, a função de cada uma dessas organizações

internacionais. Entretanto, apenas para relembrar e podermos entender o

porquê de cada país levar a pendência para ser resolvida em um fórum

diferente, vejamos a tabela:

OEA - Organização dos Estados

Americanos

UNASUL- União de Nações Sul-

Americanas

Objetivos

Obter “uma ordem de paz e de

justiça, para promover sua

solidariedade, intensificar sua

colaboração e defender sua

soberania, sua integridade

territorial e sua independência”

Tem como objetivo principal a

integração sul-americana

Membros

35 nações independentes do

continente americano.

MERCOSUL, a Comunidade

Andina de Nações (CAN), Chile,

Guiana e Suriname.

Principal país atuante

Estados Unidos Brasil

Creio que a essa altura, a grande pulga atrás da orelha de todos é o

porquê da preferência da Colômbia pela OEA e a da Venezuela pela UNASUL,

não é mesmo?

Pois bem, se observarmos com atenção a ultima linha da tabelinha,

a charada está descoberta! Os principais países com voz dentro de cada

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organização é o que influencia os países a confiar mais em uma ou outra

organização. Assim, com o discurso venezuelano anti-americanista, dificilmente

o presidente Hugo Chávez aceitaria a mediação de uma organização “liderada”

pelos EUA. Por sua vez a Colômbia, principal parceira norte-americana aqui na

região Sul, confere mais credibilidade à OEA do que à UNASUL.

10(CESPE-ABIN/2008) O Brasil considera oficialmente como terroristas os grupos guerrilheiros das FARC, na Bolívia.

COMENTÁRIOS:

Em primeiro lugar, as FARC não tem como base territorial a Bolívia,

não é pessoal? Por isso só, a questão já estaria errada!

Entretanto, além disso, o Brasil não considera as FARC uma

organização terrorista e sim um movimento guerrilheiro, sobretudo pela sua

estrutura, área de atuação e histórico próprios. Isso não significa, todavia, que

o Brasil não sofra críticas mundo afora por esse posicionamento.

Especialmente em ano eleitoral, esse posicionamento (ou falta de

posicionamento) do governo vem sendo trazido à tona pelos mais diferentes

tipos de mídias – tornando ainda mais importante compreendermos a que

todas as acusações se referem. O fato é que, até hoje, o Brasil não entende as

Farc como uma organização terrorista e sim como um movimento

revolucionário armado, que luta por suas causas.

No que diz respeito à estrutura, as guerrilhas se constituem na forma

de milícias organizadas, com hierarquia e cadeia de comando. Já as

organizações terroristas são empregadas, atualmente, na forma de células

descentralizadas e independentes, sob a direção de um comando central.

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Quanto à área de atuação, as guerrilhas atuam, normalmente, contra

alvos militares e dentro do país no qual vislumbram mudanças na ordem

interna. Os terroristas, por sua vez, têm preferência pelo ataque à população

civil, já que assim causaram maior impacto psicológico na sociedade. Além

disso, sua ação é mais abrangente, podendo ter alcance internacional.

Por fim, o histórico das guerrilhas remonta a movimentos

esquerdistas revolucionários. Embora o Brasil não considere as FARC uma

organização terrorista, ela é assim considerada por várias países, como EUA,

Colômbia e União Européia. Por tudo o que dissemos, a questão está errada.

11-(CESPE-SNJ-2005)- Os indiscutíveis êxitos obtidos pelo Plano Colômbia, idealizado e financiado pelos Estados Unidos da América (EUA), explicam a sensível redução da entrada e do consumo de drogas ilícitas no território norte-americano.

COMENTÁRIOS:

O Plano Colômbia representa um apoio dado pelo governo dos EUA

ao governo colombiano, que tem como objetivo combater o tráfico de drogas na

região. Ao mesmo tempo, busca desestabilizar o grupo pára-militar conhecido

por FARC.

Oficialmente, os EUA, na condição de principal mercado consumidor

das drogas colombianas, busca reduzir a entrada e o consumo de drogas

ilícitas em seu território. Todavia, segundo especialistas, isso é apenas um

pretexto para aumentar a sua presença militar na região. Quanto a isso,

ressalte-se que a Amazônia colombiana é fonte de grande biodiversidade e

riqueza mineral.

O combate contra as FARC é assunto que também preocupa os

interesses brasileiros. Como a região amazônica se caracteriza pela incipiente

presença estatal e falta de vivificação das fronteiras, é possível que esses

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grupos guerrilheiros ingressem no lado de cá da fronteira. Alguns incidentes

envolvendo as FARC já ocorreram no território nacional, inclusive com mortes

de soldados brasileiros.

Mas, voltando à questão, será que o Plano Colômbia tem obtido

êxito? E será que houve redução da entrada e do consumo de drogas ilícitas

no território norte-americano?

O Plano Colômbia não tem obtido resultados satisfatórios no

combate às drogas. Isso porque os EUA tem direcionado suas ações para

destruição das plantações ilegais de coca, mas não conseguiram eliminar a

distribuição e comercialização das drogas. Logo, a questão está errada

1.5 – Brasil e o Paraguai:

A influência do Brasil sobre o Paraguai consolidou-se desde a

década de 60, quando um convênio criou a zona franca no porto de

Paranaguá, para o comercio exterior paraguaio. Na mesma época, foram

construídas uma BR e a Ponte da Amizade para unir, por asfalto, os dois

países. Apesar disso, a relação entre eles possui dois pontos que poderiam ser

apontados como tensão: o caso dos brasiguaios e a usina hidrelétrica de Itaipu.

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Como na aula anterior já trabalhamos o primeiro, nos resta falar hoje

da questão Itaipu, não é mesmo?

Bem, a construção dessa hidrelétrica teve como objetivo, além de

aproveitar o alto potencial hidrelétrico da área, pôr fim a um desentendimento

histórico entre esses dois países. Se durante muito tempo a posse da região do

Salto de Sete Quedas era motivo de disputa, hoje ela está coberta pelo lago da

usina que serve aos dois países.

O Tratado de Itaipu estabelece que cada um dos contratantes –

Brasil e Paraguai – teria direito a 50% da energia produzida na usina. Como o

Paraguai, consome somente cerca de 5% do que é produzido pela usina, o

restante fica disponível para ser vendido ao Brasil, que fica, por sua vez, com

95% da energia.

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Todavia, pelo tratado de Itaipu, o Paraguai estaria obrigado a vender

a preço de custo toda a energia própria que não possa consumir, ou seja, mais

de 90% da geração total da hidroelétrica.

Esse ponto do tratado não deixa ao Paraguai a possibilidade de

vender sua energia excedente a terceiros países. Além disso, o acordo

estabelece uma ínfima “compensação pela cessão do direito de compra”, que

não guarda nenhuma relação com os preços de mercado. Assim, mesmo que o

preço da energia esteja subindo, devido à grande demanda, os valores

somente se reajustam de acordo com a inflação dos EUA.

Em 2009, houve uma renegociação nos termos do Tratado de Itaipu,

por meio da qual os presidentes chegaram ao acordo de que o Brasil deveria

pagar um preço mais justo pela energia vendida pelo Paraguai. Além disso, o

Paraguai poderia vender energia diretamente no mercado brasileiro, sem

intermediação da Eletrobrás. Outra reivindicação paraguaia foi a de poder

vender a energia de Itaipu a terceiros países, o que, segundo a declaração

assinada pelos presidentes, será possível a partir de 2023.

De qualquer forma, tudo isso precisa passar antes pela aprovação

do Congresso Nacional e posterior ratificação do Presidente da República, o

que ainda não ocorreu até hoje.

12- (CESPE-PF-2009)- Segundo o acordo, o Paraguai pode vender parte da energia gerada por Itaipu diretamente no mercado de energia brasileiro.

Essa questão esta correta, pois, como vimos acima, o acordo permite

que o Paraguai venda parte da energia gerada pela usina Itaipu pra quem ele

desejar, incluído países que não o Brasil

13-(FCC-Analista Legislativo-2008)- Um dos principais itens da plataforma eleitoral de Fernando Lugo, ex-bispo católico eleito presidente da República do Paraguai em abril de 2008, foi a revisão do Tratado de Itaipu,

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celebrado com o Brasil em 26 de abril de 1973. Entre outras cláusulas, o tratado prevê que:

a) o Paraguai não receberá a compensação financeira dos royalties, pois seu

território não foi atingido pela construção da barragem.

b) a venda da energia produzida a partir do aproveitamento hidrelétrico referido

no tratado deve ser feita a preço de custo para países não signatários.

c) os signatários devem adquirir, conjunta ou separadamente, o total da energia

produzida a partir do aproveitamento hidrelétrico referido no tratado.

d) os limites territoriais estabelecidos entre os dois países podem ser revistos

em função da implantação de instalações destinadas à produção de energia

elétrica e obras auxiliares.

e) os países signatários têm o direito de vender a energia por eles não utilizada

para terceiros países.

COMENTÁRIOS:

A letra A está errada. Tanto o Brasil como o Paraguai recebem

royalties da Itaipu Binacional em razão da exploração dos recursos

hidrelétricos.

A letra B está errada. O Tratado de Itaipu não permite que o

Paraguai venda energia a terceiros países, o que é uma reivindicação do

governo daquele país.

A letra C está correta. A energia produzida na usina hidrelétrica de

Itaipu é dividida meio-a-meio entre Paraguai e Brasil (50% para cada um). Dos

50% a que tem direito o Paraguai, esse país somente consome 5%; os outros

45% são vendidos ao Brasil. Pelos atuais termos do tratado, a energia de Itaipu

não pode ser vendida a terceiros países.

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A letra D está errada. Segundo o art.7º do Tratado de Itaipu, “As

instalações destinadas á produção de energia elétrica e as obras auxiliares não

produzirão variação alguma nos limites entre os dois países, estabelecidos nos

Tratados vigentes.”

A letra E está errada. A energia de Itaipu não pode ser vendida a

terceiros países.

14-(CESPE/IRB-2010)O Brasil considera prioritários a estabilidade política e o fortalecimento institucional da integração na América do Sul. Acerca desse assunto, julgue C ou E.

a( ) Após a aprovação, pelo Senado Federal, em dezembro de 2009, do

protocolo de adesão da Venezuela ao MERCOSUL, resta apenas a ratificação

por parte do Paraguai para que o processo de incorporação daquele país à

União Aduaneira seja concluído, ratificação essa que tende a ser facilitada pelo

fato de o Paraguai fazer parte da chamada aliança bolivariana, dado o perfil

político de esquerda do Presidente Fernando Lugo.

b( ) O Estado Plurinacional da Bolívia, novo nome oficial da Bolívia, constitui o

reconhecimento do pluralismo étnico no país e da necessidade de sua

afirmação por meio de políticas públicas em matérias como educação e saúde,

resultado da valorização do patrimônio cultural tradicional indígena, uma das

prioridades do governo do presidente boliviano Evo Morales.

c( ) A polêmica questão da instalação de bases norte-americanas na Colômbia

tem sido discutida em reuniões do MERCOSUL, instância regional de escopo

não apenas econômico-comercial, mas também estratégico-militar.

d( ) Tradicionalmente, os peronistas são favoráveis à integração da Argentina

com o Brasil, tema que constitui uma das prioridades de Estado na Argentina,

mantendo sua continuidade apesar das diferenças de ênfase e de estilo dos

governos de Carlos Menem, Eduardo Duhalde, Néstor Kirchner e Cristina

Kirchner, presidentes que se incluem na tradição peronista.

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COMENTÁRIOS:

A- Essa assertiva está errada, pois, apesar do presidente paraguaio ter subido

ao poder por meio de uma ampla coalizão da esquerda nacional, isso não

facilita que o Paraguai ratifique a entrada da Venezuela no MERCOSUL.

B - Estado Plurinacional da Bolívia foi o novo nome oficial dado ao país

justamente como forma de reconhecer o pluralismo étnico no país. Além disso,

a valorização do patrimônio cultural tradicional indígena é claramente uma das

prioridades do governo do presidente boliviano Evo Morales.

C - A questão da instalação de bases norte-americanas na Colômbia gerou

polemica apenas entre a Venezuela e a própria Colômbia que não pertencem

ao MERCOSUL. Além disso, o MERCOSUL não é uma organização

internacional de cunho estratégico-militar. Portanto a questão esta errada.

D – Essa questão está corretíssima, pois os peronistas sempre se

posicionaram de forma favoráveis à integração da Argentina com o Brasil e

teve continuidade nos governos de Carlos Menem, Eduardo Duhalde, Néstor

Kirchner e Cristina Kirchner, presidentes que se incluem na tradição peronista.

15-(CESPE/Polícia Civil-DF/2009)- Na queda-de-braço entre chavismo e oposição, ambos os lados personalizam na figura do presidente sua discordância diametral sobre os rumos que o país deve tomar. Por trás da figura do coronel pára-quedista transformado em chefe de Estado está um projeto de contornos vagos, mas com um sentido geral claro: socialismo bolivariano, uma mescla de estatismo distributivista com nacionalismo antiamericano. O empenho de Chávez em assegurar-se o direito de renovar o mandato indefinidamente sugere insegurança: a revolução não teria pernas para seguir em frente sem o líder. De maneira análoga, os opositores do projeto chavista parecem ver no presidente um

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obstáculo cuja remoção seria indispensável para reverter a marcha socializante. Silvio Queiroz. Duelo de espelhos. In: Correio Braziliense, 15/2/2009, p. 18. Esse texto foi publicado no dia do referendo realizado na Venezuela, a respeito da possibilidade de reeleições sucessivas para os principais cargos executivos do país, cujo resultado foi favorável ao presente Hugo Chávez. Tomando- o apenas como referência inicial, assinale a alternativa correta. (A) Maior produtor de petróleo do hemisfério ocidental, a Venezuela é grande

fornecedora daquele produto aos Estados Unidos. Portanto, as disputas

diplomáticas entre o ex-presidente George W. Bush e Hugo Chávez

encontravam-se inseridas em um quadro de fortes laços econômicos.

(B) A exemplo de Hugo Chávez, outros governos sulamericanos, como Evo

Morales, Rafael Correa e Michele Bachelet anunciaram que pretendem realizar,

brevemente, referendos com o objetivo de tentar estender sua permanência no

poder.

(C) No ano de 2008, a Venezuela realizou, em áreas próximas ao seu litoral,

manobras navais conjuntas com a marinha da Rússia. Considerando-se que

Rússia e Estados Unidos tiveram alguns atritos em períodos recentes, como no

caso da invasão da Geórgia por tropas russas, é possível afirmar que as

manobras militares estão relacionadas ao “nacionalismo antiamericano” citado

pelo jornalista.

(D) As excelentes relações diplomáticas que o governo Chávez sempre

manteve com a Colômbia contribuíram de maneira significativa para a

intermediação venezuelana no conflito Colômbia-FARC, resultando na

libertação de diversos reféns.

(E) Tendo assumido o poder por meio de um golpe, o atual mandatário

venezuelano implementou um regime personalista e autoritário, lembrando

velhos caudilhos que fizeram história na América Latina, como Getúlio Vargas,

no Brasil, e Juan Domingo Perón, na Argentina.

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Comentários

A letra A está errada. Pessoal, essa é uma pegadinha que a gente

cai fácil se não prestar bastante atenção no que a assertiva diz! Venezuela e

Canadá possuem as maiores RESERVAS petrolíferas do hemisfério ocidental,

entretanto, o maior PRODUTOR de petróleo deste hemisfério são os EUA e por

isso, apenas por isso, a questão está incorreta.

A letra B está errada. É verdade que alguns governantes

sulamericanos adotaram posturas mais ousadas, seguindo a linha da

Venezuela, como Evo Morales e Rafael Correa, que modificaram a

Constituição para, dentre outras coisas, permitir a disputa da reeleição.

Entretanto, Michele Bachelet optou por trilhar um caminho mais moderado que

o de seus colegas.

A letra C está correta. Desde o ano de 2008, a Venezuela vem

estreitando laços com a Rússia. Tanto que, no mesmo ano, em áreas próximas

ao seu litoral, manobras navais conjuntas com a marinha russa foram

realizadas. Também é verdadeiro afirmar que Rússia e Estados Unidos tiveram

momentos de tensão recentemente e, portanto, as manobras militares estão

relacionadas ao desejo chavista de “provocar” os EUA.

A letra D está errada. Não podemos dizer que as relações

diplomáticas entre a Colômbia e Venezuela sejam excelentes. Recentemente,

devido a declarações do representante da Colômbia na OEA de que a

Venezuela estaria apoiando as FARC, as relações diplomáticas entre os dois

países foram rompidas. Todavia, assim que o novo presidente Juan Manuel

Santos assumiu o poder na Colômbia, os laços diplomáticas entre os dois

países foram reatados.

A letra E está errada. Não foi por meio de golpe que Chávez

assumiu o poder, e sim de eleições em 1998.

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2- Política Externa Brasileira

Ao conjunto de objetivos políticos que um determinado país busca

alcançar nas suas relações com os demais estados do mundo, denominamos

política externa. Mas, afinal, quais são os objetivos do Brasil diante do mundo?

Bem, atualmente, todo o empenho do governo brasileiro tem girando

em torno de obter maior voz no cenário internacional, com vistas a tornar-se

um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Isso

garantiria ao Brasil poder de veto nas decisões mais importantes no cenário

mundial em onde este órgão atua.

Além disso, o Brasil busca ampliar sua participação na discussão

das principais questões globais, como as mudanças climáticas, o

desenvolvimento sustentável, a Rodada Doha, e o combate à pobreza. Para

isso, tem atuado de forma significativa nos mais importantes fóruns

internacionais – ONU, OMC (Organização Mundial do Comércio) e G-20.

Seguindo, ainda, essa mesma estratégia, o Brasil tem como uma de

suas principais prioridades promover a integração na América do Sul, ainda

que essa não seja uma tarefa fácil.

Embora os governos dos países sul-americanos sejam,

predominantemente, de esquerda - o que favorece o ambiente político – há

pensamentos econômicos divergentes entre os países. De um lado, há aqueles

que buscam acordos de livre comércio com os EUA – Colômbia, Chile e

Equador – e de outro os que têm uma visão mais industrial e

desenvolvimentista e buscam o comércio com seus vizinhos – Argentina, Brasil

e Venezuela.

Bem, o fato é que o Brasil ocupa uma posição privilegiada no

cenário mundial, pois apesar de ser um grande país em desenvolvimento ele

está bem longe dos principais pólos de poder mundial. Assim, ele adentrou ao

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novo cenário criado pela globalização se utilizando dos recursos naturais que

possui. Além disso, a tecnologia do Brasil contribuiu para que sua agricultura

empresarial se tornasse uma das mais eficientes do mundo.

Com isso, o Brasil procura se transformar num personagem global e

reforçar a sua presença nas mais diversas organizações internacionais como

ONU, OMC, G-8, G-20 e todo tipo de Conferências sobre assuntos mundiais,

como o clima, por exemplo.

16-(CESPE/IRB-2009) O Brasil restringe sua participação a missões conduzidas em países em que não existam quaisquer interesses brasileiros em questão.

Comentários

Essa questão está errada porque, ainda que o Brasil participe de

muitas missões em que não há interesses políticos ou econômicos envolvidos,

sua participação não se restringe apenas a esse tipo de missão!

17-(CESPE/IRB-Bolsa-2008)- O Brasil tem historicamente uma política externa com ênfase nos objetivos de paz, desenvolvimento e participação do país nos grandes temas do mundo.

Comentários

Atualmente, o Brasil tem ganhado, cada vez mais, o reconhecimento

mundial sobre seus objetivos de paz. Tanto que no atual conflito entre

Colômbia e Venezuela, ele tem sido cotado como o mais indicado para servir

como mediador. Portanto ,a questão está correta.

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18- (CESPE/IRB-Bolsa-2008)- A reforma das Nações Unidas, uma necessidade conceitual e prática do momento atual, é área de pouco interesse da política externa brasileira.

Comentários

Exatamente o contrário, não é pessoal? A grande “briga” do Brasil na

ONU é justamente pela reforma institucional dessa organização internacional,

buscando aumentar o numero de assentos permanentes no Conselho de

Segurança, dando espaço para países emergentes participarem com mais voz!

A questão está errada.

19- (CESPE/IRB-Bolsa-2008)- Pobreza e assimetria internacional entre ricos e pobres são temas de grande interesse do Brasil na sua contribuição crescente à formulação de normas e regras internacionais.

Comentários

O governo brasileiro é um dos principais defensores da formulação

de políticas publicas que visam a diminuir a pobreza e as desigualdades

sociais, seja em âmbito nacional seja no internacional. Portanto, a questão está

correta.

20- (CESPE-IRB-2009- adaptada)- Uma das mais antigas civilizações da humanidade, a China tornou-se comunista em 1949, aproximou-se e afastou-se da URSS, conheceu momentos críticos e, a partir da morte de Mao Zedong e da ascensão de Deng Xiaoping (anos 1970-1980), promoveu significativa mudança de rota. Incorporou-se ao sistema político internacional ao ser admitida na ONU e, mais recentemente, ao entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC), às normas que presidem a economia global. A respeito da experiência chinesa, julgue (C ou E) os itens abaixo e, em seguida, assinale a opção correta:

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I- A experiência atualmente vivida pela China não difere, em seus aspectos

estruturais e definidores, daquela conduzida por Gorbachev na extinta URSS,

ou seja, faz-se a adequação entre a abertura econômica e a liberalização

política do regime.

II- A presença de uma comitiva recorde, composta por mais de 400

empresários, que acompanharam o presidente Lula em sua viagem à China,

em 2004, aponta para o interesse objetivo de estreitamento dos laços

comerciais entre os dois países. Nesse sentido, observa-se que, enquanto o

Brasil é o principal exportador mundial de soja, a China é a maior importadora

desse produto.

III- A ação externa da China centra-se na conquista de mercados em todos os

continentes como forma de vencer a reduzida dimensão de seu mercado

interno e sustenta-se no incentivo às importações e na elevação de sua massa

salarial.

IV- Diferentemente do que ocorria no auge da Guerra Fria, as relações entre

China e Taiwan apresentam-se, na atualidade, bem menos tensas, o que pode

ser explicado pelo pragmatismo que tem conduzido as ações de ambos os

governos, sobretudo no que se refere aos interesses econômicos.

a) FVVF

b) FVFV

c) VFFV

d) FFVF

e) VFVF

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está errada. A liberdade econômica chinesa

não apresenta indícios de que será seguida pela política, como ocorreu na

URSS. Isso porque, ainda que pelas concepções ocidentais uma venha

seguida da outra, o fato é que os chineses nunca foram tão livres quanto hoje e

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enxergam no partido comunista pós-1989 uma garantia dessa liberdade, ao

invés de um obstáculo a ela.

A segunda assertiva está correta. O Brasil virou o maior exportador

de soja do planeta graças a produtores que bateram o recorde mundial de

produtividade: em nenhum outro lugar consegue-se tirar tantos grãos por

hectare. Por sua vez, a China é a grande consumidora mundial de grão e tem

se tornado o principal alvo de negócios de empresários do mundo inteiro,

inclusive do Brasil. Além disso, os dois principais destinos das exportações da

soja brasileira são China e Espanha.

A terceira assertiva está errada. Isso porque, apesar da China

objetivar a conquista de mercados em todos os continentes, isso não tem

ligação com a dimensão de seu mercado interno. Após 20 anos de crescimento

constante, a China multiplicou seu PIB, recebeu investimentos de todo o

mundo e aumentou a massa salarial, criando um poderoso mercado interno

que demanda praticamente tudo.

A quarta assertiva está correta. As relações entre China e Taiwan

são hoje bem diferentes da Guerra Fria. Um exemplo disso foi o pacto

comercial assinado entre esses dois países para eliminação de tarifas, que

beneficiará muitos produtos. Assim, vemos os interesses econômicos

conduzindo as ações de ambos os governos.

2.1 G-20 (Maiores Economias)

O Grupo dos 20 é um grupo constituído por ministros da economia e

presidentes de bancos centrais dos 19 países de economias mais

desenvolvidas do mundo mais a União Européia.

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Pertencem a esse grupo Brasil, China, Paquistão, Indonésia,

Argentina, Chile, Venezuela, Egito e África do Sul, dentre outros. Por que

citamos esses países em especial? Bem, é preciso perceber que esse grupo

agrega países que estão mais ou menos no mesmo patamar de

desenvolvimento. A partir disso, podemos compreender com mais clareza os

objetivos que o grupo possui.

Deste modo, a finalidade principal do G-20 é reunir as mais

importantes economias do mundo (seja países desenvolvidos ou em

desenvolvimento) para que possam discutir questões fundamentais na

economia global.

Com a cada vez maior participação dos países em desenvolvimento

na economia internacional, o G-20 tem aumentado gradativamente sua

importância como fórum de discussões.

2.1- G-8 e Conselho de Segurança da ONU

Esse grupo é composto por membros permanentes do conselho de

segurança da ONU mais Japão, Canadá, e Itália. Ele funciona basicamente,

como um foro informal de discussão de grandes temas da política internacional

como terrorismo, meio ambiente, energia etc.

Apesar de não fazer parte da composição do G-8, a diplomacia

brasileira estabeleceu como meta conquistar uma cadeira permanente no

Conselho de Segurança da ONU, juntamente com Alemanha, Japão e Índia.

Entretanto, apesar da reivindicação de que seja ampliado o grupo, com a

inclusão dos principais economias emergentes, a proposta enfrentou oposição

de vários países.

No entanto, o Brasil segue no caminho de conciliador e ganha, cada

vez mais, visibilidade mundial pelo seu sucesso diplomático, como no caso do

Irã, vocês estão lembrados?

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Recentemente, o Brasil mediou um acordo firmado entre Turquia

e Irã, pelo qual o governo iraniano concordou em remeter à Turquia 1,2

mil quilos de urânio a 3,5% e receber urânio enriquecido a 20% para ser

usado em reatores de energia. (IMPORTANTE!) A troca dessa quantidade de

urânio com baixo nível de enriquecimento por urânio já enriquecido

representaria um primeiro passo na solução de um antigo impasse entre esse

país e a ONU.

Apesar do acordo, o Conselho de Segurança da ONU aprovou

novas sanções contra o Irã, mesmo sem a aprovação, ou o apoio, de Brasil e

da Turquia, que atualmente são membros temporários do Conselho de

Segurança.

Além da questão nuclear, o Irã é acusado de dar apoio a grupos

fundamentalistas como o libanês Hezbollah e o palestino Hamas. O Irã se

posiciona totalmente contra Israel e influencia partidos xiitas no Iraque, contra

quem impôs uma das mais sangrentas guerras das últimas décadas.

Apesar disso, o grande impasse envolvendo o Irã nos últimos anos

diz respeito à denúncia de que o país planeja produzir armas nucleares

secretamente. O governo nega esse objetivo e mantém seu programa de

enriquecimento de urânio sob a justificativa de geração de energia.

Ao ser classificado por George W. Bush como pertencente ao eixo

do mal, o Irã passou a sofrer sanções econômicas impostas pela ONU há

aproximadamente 4 anos. No entanto, essas sanções não tiveram ressonância

e não modificaram em nada a postura de Ahmadinejad, que não recuou nas

atividades nucleares. Assim, essa nação tornou-se uma das principais

preocupações dos Estados Unidos e de outras grandes potências que

aspiravam algum interesse político ou econômico na região.

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21-(CESPE/BB–2007)- O G8, que congrega os países mais ricos da atualidade, aos quais se agrega a Rússia, não raro convida dirigentes de países considerados emergentes, como é o caso do Brasil, para participar de seus encontros.

Comentários

Apesar de não ter poder de voto dentro do G-8, muitos países

emergentes, como o Brasil, são convidados a participar dos encontros que,

devido à informalidade, lhes permitem inclusive se manifestar. Apesar disso,

essas manifestações não tem nenhum poder efetivo de mudança. Portanto, a

questão está correta.

2.2- BRICs - O Brasil no sistema internacional

A expressão BRICs se refere as quatro grandes potências

emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia e China. Com a perspectiva de

desbancar, até 2050, o poderio econômico de EUA, Japão, Alemanha, Grã-

Bretanha, França e Itália, os BRICs geraram alguns mitos em torno de si.

Embora todos os países que pertencem a esse “seleto” grupo

venham apresentando taxas de crescimento maiores que a média mundial,

ainda há muito que ser feito. Com exceção do Brasil, que teve um crescimento

médio anual de apenas 2,5% nos últimos 25 anos, os três demais países

contam com a média de 6,5%, o que lhes tem dado um importante diferencial.

No entanto, essa é apenas uma entre as muitas diferenças

encontradas entre os países que pertencem a esse grupo que exibem

estruturas econômicas muito diferente umas das outras.

A China, por exemplo, é um grande exportador de manufaturados,

ao passo que a Índia se insere pelos serviços especializados no setor de

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tecnologia da informação. Por outro lado, a Rússia se destaca no fornecimento

de combustíveis fósseis e matérias primas minerais, enquanto o Brasil

desponta como potência agrícola e dos biocombustíveis.

Em abril deste ano, os principais países emergentes do mundo

encontraram pouca coisa sobre as quais concordar durante sua cúpula anual,

no Brasil. Todavia, um importante acerto foi defender mais influência nas

instituições financeiras globais, estabelecendo prazos para as reformas

desejadas. O tom do pedido só vem evidenciar a coesão desses países como

grupo que, gradualmente, vem ganhando forças no cenário mundial.

22-(CESPE/IRB-2009)- O grupo informal de países denominado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), embora citado em análises e estudos econômicos, ainda não propôs ações conjuntas nem promoveu encontro dos quatro países integrantes, agrupados sob sigla criada por economistas de um banco de investimentos internacional.

Comentários

Essa questão está errada, principalmente por afirmar que eles não promovem

encontros entre si e nem sugerem ações conjuntas. Um exemplo disso vimos

ainda nessa aula quando, ao se reunirem aqui no Brasil propuseram mudanças

na políticas financeiras do Banco Mundial. Portanto, a questão está errada.

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LISTA DE EXERCICIOS 1- (CESPE/TRT- 17ª Região-2009)- Na Argentina, país vizinho e membro do MERCOSUL, aplicou-se recentemente o expediente protecionista na compra de produtos brasileiros, sob alegação fundamentada no atual contexto de crise. (CESPE/ABIN-2008)“A Bolívia radicalizou a tese da volubilidade do Estado nacional até o início do século XXI, afastando-se ela mesma da média de recomposição institucional dos demais países da América do Sul. Os fatos bolivianos que assustam o brasileiro médio nesses dias e as preocupações naturais ante a iminência do corte de suprimento de gás ou dos riscos de uma guerra civil na fronteira porosa, seca e imensa que o Brasil compartilha com aquele país expõem as dificuldades que permanecem para a formação de instituições do Estado moderno de direito do outro lado da fronteira.” José Flávio Sombra Saraiva. Duas nações e um Estado imperfeito. In: Correio Braziliense, 13/9/2008, p. 23 (com adaptações).

Tomando o texto acima como referência inicial, julgue os itens, relativos à instabilidade política na Bolívia, suas raízes históricas e seus desdobramentos recentes, bem como suas conseqüências para o processo de integração em curso na América do Sul. 2- A Bolívia, apesar de isolada no contexto sul-americano, vem buscando

desenvolver um sistema de alianças extracontinentais seguras com parceiros

internacionais confiáveis e apreciados por todas as lideranças políticas da

UNASUL.

3- A ausência de uma saída para o mar — a Bolívia localiza-se entre os Andes

e o mundo platino-brasileiro —, elites esgarçadas e uma economia em franca

retração são fatores que justificam o conjunto de dificuldades que a Bolívia vem

enfrentando desde 2003.

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4- A doutrina da não-intervenção, tradicional na formulação jurídica de Estados

novos e revivida na América do Sul, focada na manutenção das soberanias

políticas dos Estados nacionais, se traduz, na crise boliviana, no alheamento

dos Estados responsáveis pelo avanço de proposições voltadas para o diálogo

e no esforço de estabilidade do país mais central da América do Sul.

5- A dicotomia entre as elites economicamente poderosas do oriente boliviano

e o governo central dos Andes pauperizado, quase artificial e inventada pelas

próprias elites, não reflete plenamente a realidade boliviana, com baixos níveis

de cidadania em todo o território e com migrações internas e intensas nos

níveis de baixa escolaridade e elevada pobreza.

6- O Brasil, que tem demonstrado baixa capacidade de suprimento energético

interno, depende da Bolívia para abastecimento de todo o gás que consome.

7- A crescente importância do Brasil e da Venezuela no cenário sulamericano,

inclusive no que se refere à mediação entre partes em crises regionais, emana

da modernização econômica, da tranqüilidade política e da projeção

internacional de que gozam os dois países, em igual proporção e legitimidade

internacional.

8- (CESPE/ANTAQ-2009)- Na atualidade, os países latino-americanos que melhor se relacionam com os EUA são Cuba e Venezuela.

9- (CESPE/INMETRO-2009) Na atualidade, governos como os da Venezuela, Bolívia e Equador defendem posições políticas assemelhadas, algumas delas claramente convergentes, e tendem a prestar apoio e solidariedade ao regime cubano.

10- (CESPE-ABIN/2008) O Brasil considera oficialmente como terroristas os grupos guerrilheiros das FARC, na Bolívia.

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11-(CESPE-SNJ-2005)- Os indiscutíveis êxitos obtidos pelo Plano Colômbia, idealizado e financiado pelos Estados Unidos da América (EUA), explicam a sensível redução da entrada e do consumo de drogas ilícitas no território norte-americano.

12- (CESPE-PF-2009)- Segundo o acordo, o Paraguai pode vender parte da energia gerada por Itaipu diretamente no mercado de energia brasileiro. 13-(FCC-Analista Legislativo-2008)- Um dos principais itens da plataforma eleitoral de Fernando Lugo, ex-bispo católico eleito presidente da República do Paraguai em abril de 2008, foi a revisão do Tratado de Itaipu, celebrado com o Brasil em 26 de abril de 1973. Entre outras cláusulas, o tratado prevê que: a) o Paraguai não receberá a compensação financeira dos royalties, pois seu

território não foi atingido pela construção da barragem.

b) a venda da energia produzida a partir do aproveitamento hidrelétrico referido

no tratado deve ser feita a preço de custo para países não signatários.

c) os signatários devem adquirir, conjunta ou separadamente, o total da energia

produzida a partir do aproveitamento hidrelétrico referido no tratado.

d) os limites territoriais estabelecidos entre os dois países podem ser revistos

em função da implantação de instalações destinadas à produção de energia

elétrica e obras auxiliares.

e) os países signatários têm o direito de vender a energia por eles não utilizada

para terceiros países.

14- (CESPE/IRB-2010)- O Brasil considera prioritários a estabilidade política e o fortalecimento institucional da integração na América do Sul. Acerca desse assunto, julgue C ou E. a( ) Após a aprovação, pelo Senado Federal, em dezembro de 2009, do

protocolo de adesão da Venezuela ao MERCOSUL, resta apenas a ratificação

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por parte do Paraguai para que o processo de incorporação daquele país à

União Aduaneira seja concluído, ratificação essa que tende a ser facilitada pelo

fato de o Paraguai fazer parte da chamada aliança bolivariana, dado o perfil

político de esquerda do Presidente Fernando Lugo.

b( ) O Estado Plurinacional da Bolívia, novo nome oficial da Bolívia, constitui o

reconhecimento do pluralismo étnico no país e da necessidade de sua

afirmação por meio de políticas públicas em matérias como educação e saúde,

resultado da valorização do patrimônio cultural tradicional indígena, uma das

prioridades do governo do presidente boliviano Evo Morales.

c( ) A polêmica questão da instalação de bases norte-americanas na Colômbia

tem sido discutida em reuniões do MERCOSUL, instância regional de escopo

não apenas econômico-comercial, mas também estratégico-militar.

d( ) Tradicionalmente, os peronistas são favoráveis à integração da Argentina

com o Brasil, tema que constitui uma das prioridades de Estado na Argentina,

mantendo sua continuidade apesar das diferenças de ênfase e de estilo dos

governos de Carlos Menem, Eduardo Duhalde, Néstor Kirchner e Cristina

Kirchner, presidentes que se incluem na tradição peronista.

15-(CESPE/Polícia Civil-DF/2009)- Na queda-de-braço entre chavismo e oposição, ambos os lados personalizam na figura do presidente sua discordância diametral sobre os rumos que o país deve tomar. Por trás da figura do coronel pára-quedista transformado em chefe de Estado está um projeto de contornos vagos, mas com um sentido geral claro: socialismo bolivariano, uma mescla de estatismo distributivista com nacionalismo antiamericano. O empenho de Chávez em assegurar-se o direito de renovar o mandato indefinidamente sugere insegurança: a revolução não teria pernas para seguir em frente sem o líder. De maneira análoga, os opositores do projeto chavista parecem ver no presidente um obstáculo cuja remoção seria indispensável para reverter a marcha socializante. Silvio Queiroz. Duelo de espelhos. In: Correio Braziliense, 15/2/2009, p. 18.

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Esse texto foi publicado no dia do referendo realizado na Venezuela, a respeito da possibilidade de reeleições sucessivas para os principais cargos executivos do país, cujo resultado foi favorável ao presente Hugo Chávez. Tomando- o apenas como referência inicial, assinale a alternativa correta. (A) Maior produtor de petróleo do hemisfério ocidental, a Venezuela é grande

fornecedora daquele produto aos Estados Unidos. Portanto, as disputas

diplomáticas entre o ex-presidente George W. Bush e Hugo Chávez

encontravam-se inseridas em um quadro de fortes laços econômicos.

(B) A exemplo de Hugo Chávez, outros governos sulamericanos, como Evo

Morales, Rafael Correa e Michele Bachelet anunciaram que pretendem realizar,

brevemente, referendos com o objetivo de tentar estender sua permanência no

poder.

(C) No ano de 2008, a Venezuela realizou, em áreas próximas ao seu litoral,

manobras navais conjuntas com a marinha da Rússia. Considerando-se que

Rússia e Estados Unidos tiveram alguns atritos em períodos recentes, como no

caso da invasão da Geórgia por tropas russas, é possível afirmar que as

manobras militares estão relacionadas ao “nacionalismo antiamericano” citado

pelo jornalista.

(D) As excelentes relações diplomáticas que o governo Chávez sempre

manteve com a Colômbia contribuíram de maneira significativa para a

intermediação venezuelana no conflito Colômbia-FARC, resultando na

libertação de diversos reféns.

(E) Tendo assumido o poder por meio de um golpe, o atual mandatário

venezuelano implementou um regime personalista e autoritário, lembrando

velhos caudilhos que fizeram história na América Latina, como Getúlio Vargas,

no Brasil, e Juan Domingo Perón, na Argentina.

16- (CESPE/IRB-2009) O Brasil restringe sua participação a missões conduzidas em países em que não existam quaisquer interesses brasileiros em questão.

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17- (CESPE/IRB-Bolsa-2008)- O Brasil tem historicamente uma política externa com ênfase nos objetivos de paz, desenvolvimento e participação do país nos grandes temas do mundo.

18- (CESPE/IRB-Bolsa-2008)- A reforma das Nações Unidas, uma necessidade conceitual e prática do momento atual, é área de pouco interesse da política externa brasileira. 19-(CESPE/IRB-Bolsa-2008)- Pobreza e assimetria internacional entre ricos e pobres são temas de grande interesse do Brasil na sua contribuição crescente à formulação de normas e regras internacionais.

20- (CESPE-IRB-2009- adaptada)- Uma das mais antigas civilizações da humanidade, a China tornou-se comunista em 1949, aproximou-se e afastou-se da URSS, conheceu momentos críticos e, a partir da morte de Mao Zedong e da ascensão de Deng Xiaoping (anos 1970-1980), promoveu significativa mudança de rota. Incorporou-se ao sistema político internacional ao ser admitida na ONU e, mais recentemente, ao entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC), às normas que presidem a economia global. A respeito da experiência chinesa, julgue (C ou E) os itens abaixo e, em seguida, assinale a opção correta: I- A experiência atualmente vivida pela China não difere, em seus aspectos

estruturais e definidores, daquela conduzida por Gorbachev na extinta URSS,

ou seja, faz-se a adequação entre a abertura econômica e a liberalização

política do regime.

II- A presença de uma comitiva recorde, composta por mais de 400

empresários, que acompanharam o presidente Lula em sua viagem à China,

em 2004, aponta para o interesse objetivo de estreitamento dos laços

comerciais entre os dois países. Nesse sentido, observa-se que, enquanto o

Brasil é o principal exportador mundial de soja, a China é a maior importadora

desse produto.

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III- A ação externa da China centra-se na conquista de mercados em todos os

continentes como forma de vencer a reduzida dimensão de seu mercado

interno e sustenta-se no incentivo às importações e na elevação de sua massa

salarial.

IV- Diferentemente do que ocorria no auge da Guerra Fria, as relações entre

China e Taiwan apresentam-se, na atualidade, bem menos tensas, o que pode

ser explicado pelo pragmatismo que tem conduzido as ações de ambos os

governos, sobretudo no que se refere aos interesses econômicos.

a) FVVF

b) FVFV

c) VFFV

d) FFVF

e) VFVF

21- (CESPE/BB –2007)- O G8, que congrega os países mais ricos da atualidade, aos quais se agrega a Rússia, não raro convida dirigentes de países considerados emergentes, como é o caso do Brasil, para participar de seus encontros.

22- (CESPE/IRB-2009)- O grupo informal de países denominado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), embora citado em análises e estudos econômicos, ainda não propôs ações conjuntas nem promoveu encontro dos quatro países integrantes, agrupados sob sigla criada por economistas de um banco de investimentos internacional.

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GABARITO

1) C 2) E 3) E 4) Anulada 5) C 6) E 7) E 8) E 9) C 10) E 11) E 12) C 13) C 14) a-E b-C c- E d- C 15) Letra C 16) E 17) C 18) E 19) C 20) Letra B 21) C 22) E

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BIBLIOGRAFIA

Artigos disponíveis em < http://www.sep.org.br/artigo > Acessado em

18/03/2010

GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira contemporânea. São

Paulo: Atlas, 2009.

MAGNOLI, Demétrio. Geografia para ensino Médio. São Paulo: Atual, 2008.

ROSS, Jurandir Sanches (org). Geografia do Brasil. - 6ª- edição - São Paulo:

Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo, 2008.

_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da Economia urbana dos países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São

Paulo, 2008.

SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e território na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,

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AULA 05- ECONOMIA BRASILEIRA: AGRICULTURA, INDUSTRIALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO

Olá amigos, tudo bem?

Esperamos que até aqui a matéria esteja ficando bastante clara.

Essa clareza, certamente, lhes possibilitará ampliar a compreensão sobre boa

parte desse bombardeio de notícias que compõem nosso dia-a-dia.

Bem, como vocês puderam perceber, até aqui estivemos nos

detendo muito mais ao contexto internacional do que a situações peculiares ao

cotidiano do Brasil, não é mesmo? Entretanto, na aula de hoje buscaremos o

entendimento do nosso país e suas questões econômicas em meio a tudo o

que vimos até agora.

Se na aula passada buscamos mostrar como o Brasil está

posicionado em suas relações políticas e econômicas com os outros países do

mundo, hoje veremos o Brasil pelo Brasil! Como assim?

É como se na aula passada nós estivemos no alto de uma montanha

e fosse possível ver, de cima, como o Brasil se comporta daqui pra fora. Lá do

alto vimos o seu comportamento político e econômico tanto com seus vizinhos

mais próximos quanto com seus amigos mais distantes. Enfim, de onde

estávamos, vimos como o país se movimenta no cenário internacional, não foi?

Hoje, entretanto, apesar de continuarmos no alto da mesma

montanha, vamos observar como as situações do contexto internacional

influenciaram as mudanças internas em nosso país. Ao invés de olharmos de

dentro pra fora, como fizemos na aula passada, vamos hoje perceber como se

dão as relações de fora pra dentro. Assim, entenderemos como o Brasil se

comportou em meio a inúmeras transformações políticas, econômicas e sociais

pelas quais o mundo passou no último século.

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Deste modo, pessoal, nossa aula de hoje trabalhará com pontos

mais específicos de nosso estudo, buscando compreender determinadas

peculiaridades brasileiras. Assim, se até agora estávamos estudando os

grandes sistemas, nossa aulas dessa semana e da próxima terão proporções

micro.

Não se animem muito, pois isso não significa que será pouca coisa

não! Significa apenas que trabalharemos as conseqüências dos processos

mundiais, como a industrialização, capitalismo, globalização etc, aqui no Brasil.

Entretanto, há um lado muito positivo nisso, que deve animá-los

bastante: a leveza do tema. Sabe aqueles assuntos que a gente fica horas

falando sem perceber que já está ali há um tempão? Pois é, é por isso que este

é um tema leve; vocês notarão que a maior parte do aprendizado será fluido e

a compreensão tão fácil que talvez beire ao óbvio.

É claro que sempre haverá aspectos muito importantes de fixarmos.

Porém, como o assunto de hoje faz parte do nosso cotidiano, o esforço será

um pouco menor do que na aula sobre conflitos geopolíticos, por exemplo.

Afinal, sabemos perfeitamente o quão difícil poder ser entender conflitos

movidos por questões tão distantes da nossa realidade religiosa e cultural.

Bem, amigos, a grande questão dessa aula é compreendermos como

o Brasil evoluiu de uma economia inexpressiva e internacionalizou, com tanta

eficácia, a sua importância econômica no mundo.

Se voltarmos um tantinho no tempo, nos lembraremos que a

economia brasileira, no início do século XX, era baseada no modelo

agroexportador essencialmente movido a lenha. Entretanto, hoje vemos o

Brasil compondo as mais diversas e importantes organizações econômicas do

mundo, como a OMC, o MERCOSUL, Unasul, G-20 e outros.

Entre os anos de 1901 e 2000, a população brasileira passou de 17

para 169 milhões de pessoas. O PIB se multiplicou por cem e a expectativa de

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vida saltou de 33,4 anos para 64,8 anos. Mas, afinal, de que resulta toda essa

modificação?

Essa pergunta, amigos, só pode ser respondida se nos voltarmos ao

cenário político e econômico do século XX e observarmos o que aconteceu

naquele período para que o Brasil conseguisse tamanha transformação.

1- Panorama político-econômico brasileiro do século XX - antecedentes históricos

Desde os tempos do Brasil Colônia , nossa formação territorial conta

com uma forte divisão entre o litoral e o interior, o mar e o sertão, o sul e o

norte do país. Por essas e outras, as principais culturas agrícolas eram

oriundas, via de regra, do litoral - que sustentou toda a economia brasileira

durante anos a fio. E por que estamos falando disso agora?

Porque, simplesmente, não há como visualizarmos a proporção da

mudança ocorrida no cenário econômico brasileiro se não soubermos, com

precisão, como era antes, não é mesmo? Então vamos observar o mapa:

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Apesar da diversidade de atividades econômicas como a mineração,

a agricultura (com a cana-de-açúcar), a pecuária, as drogas do sertão etc, a

agricultura no Brasil tinha um papel extremante importante. Ao final do século

XIX, mais de 80% das pessoas em atividade dedicavam-se ao setor agrícola e

apenas 7% ao setor industrial, ou seja, quase não havia indústrias!

Assim, a ocupação do interior do território foi pautada,

principalmente, pelas atividades de mineração e pecuária. Desse modo, os

elementos que circulavam na economia brasileira eram baseados em produtos

primários que, geralmente, eram voltados para exportação. Essa situação se

estendeu até, pelo menos, a década de 30, quando algumas modificações

começaram a ocorrer e o Brasil iniciou sua transformação de um país

agroexportador para um país urbano e industrial.

Sob essa perspectiva, pessoal, existem algumas fases vividas ao

longo do século XX que precisam ser minimamente compreendidas. São elas:

1- Economia de agroexportação

2- Industrialização substituidora de importações

3- Retomada do crescimento econômico

4- A economia brasileira nas ultimas décadas do século XX

5- O plano real

1.1 Economia de agroexportação

Desde a época colonial até quase meados do século XX, a

economia brasileira dependeu, quase que exclusivamente, do bom

desempenho de suas exportações. Como aqui não havia indústrias, a única

mercadoria que poderia ser exportada eram produtos agrícolas, o que

caracterizava o Brasil como portador de uma economia agroexportadora.

Apesar da manutenção da atividade principal, ao longo do tempo,

havia modificações no que se refere aos gêneros produzidos e exportados ao

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mercado internacional, passando pelo açúcar, algodão, café, borracha etc.

Foram esses produtos que definiram os conhecidos ciclos da economia

brasileira. Afinal, quem nunca ouviu falar do “ciclo da cana-de-açúcar”, não é

mesmo?

Apesar da boa qualidade do solo brasileiro, que sempre favoreceu o

plantio de diferentes gêneros alimentícios, a economia brasileira ficava

totalmente dependente das boas condições do mercado internacional. Assim,

as crises internacionais causavam enormes problemas para as exportações

brasileiras, explicitando a vulnerabilidade da economia agroexportadora.

O motor da economia brasileira durante a República Velha (1889-

1930) era o café. Para que vocês possam ter uma idéia da importância do café,

as exportações brasileiras desse produto atendiam a 2/3 do mercado

consumidor mundial! Dessa forma, a expansão da economia cafeeira foi

fundamental ao desenvolvimento do Brasil durante esse período,

contribuindo para o desenvolvimento da infra-estrutura do país.

A expansão da agricultura mercantil, que tinha o café como

principal produto de exportação, permitiu a urbanização e a industrialização

(ainda incipiente!) do Sudeste. As divisas provenientes dos ganhos com a

exportação de café permitiram ao Sudeste modernizar-se e tornar-se o

principal eixo econômico do país,

O grande problema foi que a produção nacional de café superou, no

início do século XX, a demanda mundial. Os estoques de café estavam cada

vez maiores e a tendência era a redução dos preços desse produto no

mercado internacional. A solução encontrada foi adotar a chamada “política

de valorização do café”, que consistia na compra do café pelo Estado,

retirando o produto do mercado e, portanto, reduzindo sua oferta.

Com a crise de 1929, houve enorme queda da demanda mundial

por café (produto considerado supérfluo!), aumentando muito os estoques brasileiros desse produto. A conseqüência foi que, para aumentar

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o preço do café no mercado internacional, o governo brasileiro teve de queimar

milhões de sacas desse produto. A decadência da economia cafeeira,

conseqüência da crise de 1929, causou enormes prejuízos à economia do país

como um todo. Desse modo, a crise dos anos 30 foi um momento de ruptura

no desenvolvimento econômico do Brasil, que a partir dali tomou outro rumo –

pra nossa sorte, né pessoal?

Foi a fragilidade da economia agroexportadora que trouxe à tona a

consciência sobre a necessidade da industrialização como forma de superar o

subdesenvolvimento e a dependência externa total.

1.2 - Industrialização substituidora de importações

A forma assumida pela economia brasileira depois de 1930 foi o

chamado processo de substituição de importações, que durou até 1960. Ocorre

que, até esse momento, não havia indústrias que pudessem dar conta da

demanda do mercado interno brasileiro, que era totalmente dependente das

importações.

As poucas existentes eram aquelas que tinham conseguido

sobreviver à margem da agricultura cafeeira, mas que não possuíam porte para

sustentar o mercado interno em nenhum aspecto.

Desse modo, a década de 30 , assim como as outras que

seguem, compõem o período em que houve forte avanço do setor

industrial no Brasil. É claro, amigos, que esse avanço teve determinadas

características que permitiram chamá-lo de industrialização por substituição

de importações. Como o próprio nome já indica, a finalidade desse tipo de

indústrias era se voltar para o mercado interno brasileiro e não exportar

produtos.

Todavia, para manter esse compromisso, a indústria dependia,

significativamente, de medidas protecionistas, por parte do governo, contra os

concorrentes externos.

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Estamos aqui falando o tempo todo de governo, mas vocês se

lembram qual era a figura que representava o governo nesse momento? Bem,

não podemos falar de substituição de importações e crise de 1930 sem tocar

no nome dele, não é mesmo? Ele, que é conhecido como um dos melhores

presidentes que o Brasil já teve: Getúlio Vargas.

1.2.1- A economia no governo de Getúlio Vargas

Getúlio Vargas nasceu no Rio Grande do Sul e foi chefe do governo

provisório depois da Revolução de 30 e presidente eleito, em 1934, até a

implantação da ditadura do Estado Novo em 1937. Apesar disso, foi deposto

em 1945, mas conseguiu voltar à presidência em janeiro de 1951, por meio do

voto popular.

Com uma carreira política marcada por golpes de Estado, Getulio foi,

no entanto, contrariamente ao que todos os governantes fizeram antes dele, o

presidente que conseguiu, efetivamente, incrementar a nossa economia. Com

a vinda de vários técnicos estrangeiros ao Brasil, ele colocou a economia

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brasileira a serviço de interesses estrangeiros e, apesar das criticas, conseguiu

construir as bases para a industrialização brasileira.

Como sabemos, durante muitos anos, o principal produto da pauta

de exportações brasileiras era o café, conhecido por ser um produto de

sobremesa. O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde

o início do século XX até o final da década de 1930, quando as exportações

brasileiras sofreram um vertiginoso decréscimo. E por que estamos falando do

café para explicar as bases industriais criadas por Getúlio?

Bem, precisamos compreender que a quebra da Bolsa de Nova

York, em 1929, atingiu em cheio a economia brasileira, diminuindo

drasticamente as exportações do café brasileiro. Essa crise acabou

evidenciando o quão frágil era nossa economia agroexportadora e serviu de

impulso à idéia de industrialização em território nacional.

Assim, foram as dificuldades enfrentadas pelo setor agrícola

nesse período que conduziram o governo a investir no desenvolvimento

industrial como saída para a nossa dependência externa. Somado a isso, a

Segunda Guerra Mundial reduziu a oferta de artigos industrializados,

dificultando o acesso a determinados produtos que não eram produzidos aqui

no Brasil.

Deste modo, a postura adotada, obrigatoriamente, foi a de

substituição de importações, por meio do estímulo ao desenvolvimento das

indústrias locais. Além disso, foram implementadas políticas de exploração

das riquezas nacionais, em que o Estado participava das atividades

econômicas mais vitais, como a siderurgia e a exploração do petróleo.

As medidas econômicas do governo Vargas sempre apontavam

características nacionalistas, ou seja, estavam sempre em busca da união de

forças internas para auxiliar o desenvolvimento industrial brasileiro. Além disso,

capital estrangeiro era muito bem aceito em seu governo, tanto que ele criticou

o "imperialismo", definindo-o pela ausência de investimentos externos. Desse

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modo, Getúlio compreendia a importância do capital estrangeiro como

fundamental à industrialização.

Assim, para realizar a tão sonhada industrialização brasileira, o país

necessitava de recursos externos, não é mesmo? Com o objetivo de conseguí-

los, Getulio promoveu uma hábil diplomacia de barganha entre a Alemanha e

os Estados Unidos. Era como se o preço para o Brasil se alinhar a um ou outro

fosse a maior oferta de recursos! Assim, o Brasil consolidou sua indústria

siderúrgica (em Volta Redonda) e modernizou todo o material bélico das forças

armadas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil posicionou-se ao lado

dos Aliados no combate aos países do Eixo. Todavia, não podemos dizer que a

posição de Vargas foi clara e linear no apoio aos Aliados. Ao contrário, a

política externa da Era Vargas pode ser considerada uma “política pendular”, ora se posicionando a favor dos interesses norte-americanos, ora

se alinhando às posições da Alemanha. Segundo Gerson Moura, a política

externa do Estado Novo obedeceu à lógica da eqüidistância pragmática

entre os EUA e a Alemanha, orbitando sobre as influências dos dois países

para angariar o maior número de vantagens possível, graças à constante

ambigüidade de Vargas e a composição de seu gabinete.

Embora muitos digam que o Estado Novo pendia muito para o

Fascismo, isso parece ter sido apenas mais um instrumento autoritário

tradicional para impedir a rearticulação das oligarquias. Apesar de todo o

seu nacionalismo, ele também foi vitima tanto das contradições de seu próprio

governo, quanto do modelo e radicalização política que o país vivia. Ainda

assim, ele criou a Petrobrás como indústria estatal e a CSN - Companhia

Siderúrgica Nacional - tudo com financiamentos norte-americanos.

Como conseqüência disso, acabou havendo um maior estreitamento

das relações entre o Brasil e EUA, em 1942, para fazer face ao esforço de

guerra. Neste mesmo ano, veio ao Brasil uma Missão Técnica estadunidense

que trabalhou em projetos como a Companhia Vale do Rio Doce, que

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explorava e exportava minérios, além da Hidrelétrica de Paulo Afonso. Vargas

cria também nessa época o Conselho Nacional do Petróleo, que objetivava

diminuir a dependência brasileira do combustível, controlando o refino e a

distribuição.

Com todas as suas “acrobacias” políticas, sua lembrança vai muito

além da figura do ditador estadonovista. Ele é lembrado também como "pai

dos pobres" e grande modernizador, responsável pelo sistemático processo de

industrialização e desenvolvimento das instituições públicas.

Assim, na era da globalização, quando é necessária certa

reafirmação nacional como contrapeso, seu legado volta a ser discutido e é

objeto de acesas polêmicas. Dizemos isso especialmente no que se refere ao

uso da política externa como um instrumento indispensável para o

desenvolvimento e a necessidade de uma maior auto-estima na busca dos

objetivos nacionais.

1.2.2- A economia no governo de Juscelino Kubitschek

Como vimos, amigos, desde o governo de Getúlio Vargas , o perfil

econômico do Brasil foi mudando gradativamente. Se, até então, o país era

uma “imensa fazenda”, que exportava café, algodão, açúcar, tabaco, couros e

cacau, aos poucos, essa situação foi mudando. Apesar disso, em agosto de

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1954, Getúlio Vargas suicidou-se e Juscelino Kubitschek foi eleito por uma

apertada margem de votos.

Em meio a um turbulento cenário político, JK assumiu a

presidência e lançou um ousado plano desenvolvimentista que, segundo

ele, faria o Brasil crescer “50 anos em 5”.

Ainda dentro da lógica de substituição de importações, que buscava

promover a montagem de uma estrutura industrial integrada, o então

presidente Juscelino, adotou o Plano de Metas.

O projeto privilegiava pesados investimentos nas áreas de

alimentação, indústria de base, educação, energia e transporte. De um modo

geral, o grande objetivo do presidente era modernizar a indústria nacional por

meio de diferentes ações políticas.

O plano de metas pode ser visto por três pontos principais:

I) investimentos estatais em infra-estrutura como transportes e

energia elétrica

II) estímulo à produção de bens intermediários como o aço, carvão,

cimento e zinco

III) incentivo à produção dos setores de consumo duráveis e de

capital.

Por essas e outras, amigos, que esse deve ser considerado o auge

do período de industrialização brasileira.

Observando o quadro que segue poderemos compreender com mais

clareza os itens que compunham as 31 metas do plano de Juscelino:

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As 31 metas

Energia (metas de 1 a

5)

Energia elétrica, nuclear, carvão, produção e refino

de petróleo

Transportes (metas de

2 a 12)

Reativar estradas de ferro, estradas de rodagem,

portos, barragens, marinha mercante e aviação

Alimentação(metas de

13 a 18)

Trigo, armazenagem e silos, frigoríficos, matadouros,

tecnologia no campo e fertilizantes

Indústrias de base

(metas 19 a 29)

Alumínio, metais não ferrosos, álcalis, papel e

celulose, borracha, exportação de ferro, indústria de

automóveis e construção naval, máquinas pesadas e

material elétrico.

Educação (meta 30)

Brasília (meta 31) Construção de uma nova capital no Planalto Central,

a meta-síntese

Não obstante o grande número de projetos, o alcance de tantas

benesses econômicas, principalmente em um prazo tão curto, acabou

resultando em graves conseqüências à economia futura do país. Ainda assim,

o governo de JK realizou pesadas emissões de papel moeda e abriu, completamente, nossa economia para o capital estrangeiro. Essas

medidas acabaram gerando uma significativa desvalorização monetária e

conseqüente inflação no Brasil.

Ainda que com vários escândalos de corrupção, e o mau uso dos

recursos públicos, o cumprimento das metas estabelecidas foi bastante

satisfatório sendo, inclusive, superada em alguns setores. Assim, houve um

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rápido crescimento econômico no período, acompanhado por profundas

mudanças estruturais na base produtiva do Brasil.

Apesar disso, é importante lembrar que nessa época o

desenvolvimento não foi homogêneo em todas as regiões do país. A

miséria e o atraso econômico de diversas regiões impulsionaram grandes

fluxos migratórios de pessoas que buscavam melhores oportunidades na

região Sudeste do Brasil.

Ao fim de seu mandato, JK conseguiu um crescimento de quase

80% no parque industrial brasileiro. Paralelo a isso ele também conseguiu o

aumento das usinas hidrelétricas (Furnas) e indústria de aço – fundamentais

para o abastecimento das novas empresas. A instalação da indústria de

automóvel, a criação de novas rodovias, como a Belém-Brasília, e a construção

de uma outra capital, também foram medidas que simbolizariam a irreversível

modernização do país.

1- (Questão inédita) Face à retração mundial da demanda de café, decorrente da crise de 1929, o governo brasileiro adotou, como política principal, o incentivo aos pequenos produtores a fim de reduzir o impacto negativo sobre as exportações.

Comentários

A principal política adotada pelo governo de Getulio Vargas está bem

longe do campo, não é mesmo pessoal? Como vimos, a base do

desenvolvimento econômico brasileiro, após a crise de 1929, foi a

industrialização. Portanto, a questão esta errada.

2- (Questão inédita) Devido à sua falta de recursos próprios, o Estado brasileiro desenvolveu um irrelevante papel na industrialização do país.

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Comentários

Apesar de toda a crise que se abateu sobre os cofres públicos

brasileiros após a crise de 30, todas as políticas econômicas do governo de

Vargas e seu sucessor, JK, foram formuladas para gerar desenvolvimento

industrial no país. Sem a figura do Estado interferindo diretamente no processo

de industrialização, possivelmente, o Brasil jamais teria atingido o status

econômico que possui hoje. Portanto, a questão está errada.

3- (Questão inédita) Além de importantes mudanças de ordem política, a década de 30 também foi marcada pelo desenvolvimento econômico industrial brasileiro.

Comentários

Que os anos 30 foram marcados por importantes mudanças

econômicas nós já temos certeza, não é? Mas, e quanto às mudanças

políticas? Elas existiram? Sim, foi exatamente nesse período que importantes

transformações político-militares, como a Revolução de 30, eclodiram. O

movimento acabou sendo liderado por Getúlio Vargas e constituía uma grande

frente composta por antigas oligarquias Portanto, essa questão está correta

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1.2.3- A economia na ditadura militar

A década de 60 foi um período cheio de mudanças para a

sociedade brasileira, tanto do ponto de vista político, quanto do

econômico. No primeiro caso, houve uma abrupta mudança do regime

político, que migrou de um sistema democrático para um regime fortemente

autoritário. Economicamente, os primeiros anos dessa década foram marcados

por uma forte crise que antecedeu o golpe militar em 1964.

Naquele momento, a economia brasileira mostrava-se muito

debilitada, como nos evidenciava tanto o baixo crescimento do PIB, quanto o

acentuado aumento dos índices inflacionários.

Se comparado com o período do governo de JK, o início dos anos

60 mostra uma grande mudança da situação econômica que até aquele

momento havia sido tão favorável. Assim, temos caracterizada a primeira

grande crise econômica do Brasil em sua fase industrial. Nesse momento,

houve uma forte queda dos investimentos e a taxa de crescimento da renda

brasileira despencou. Paralelo a isso, a inflação acelerou e chegou a mais de

90% em 1964.

Desse modo, amigos, foi em meio a um efervescente clima político

nacional, e a uma forte crise econômica, que os interesses internacionais, e

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alguns nacionais, passaram a sentir-se ameaçados. O clamor popular,

associado ao temor daqueles que pretendiam a manutenção da política

econômica de favorecimento dessas corporações, acabou funcionando como o

estopim que detonou o Golpe Militar de 1964. E por que estamos falando de

ditadura se isso aqui não é aula de história?

Bem, essa nova configuração política modificou também a

economia, que passou a se caracterizar pela grande intervenção do Estado em

suas atribuições.

Já nos primeiros anos da ditadura militar, a política econômica se

mostrou voltada à implantação e implementação de um amplo programa de

investimentos do Estado, sempre financiados através de fundos obtidos junto a

instituições internacionais de crédito. Assim, o Estado passou a investir

maciçamente em programas de crescimento nas áreas das

telecomunicações, construções de estradas, ampliação dos sistemas de

geração e distribuição de energia elétrica etc.

Tudo isso, sempre voltado a viabilizar o aumento de investimentos

estrangeiros no Brasil e com isso diminuir a crise que aqui se instalara.

Ressalte-se que a nova política econômica propiciava, ainda, financiamento

nacional as indústrias estrangeiras ao mesmo tempo em que se abria aos

investimentos externos.

Nesse período de ditadura militar, os Estados Unidos, por meio

de uma política de créditos fáceis e de empréstimos de capital, foi o país

que mais investiu no Brasil, agravando-se aí o endividamento externo

nacional.

Outras características marcantes deste período são os projetos e

construções de obras de grande porte, como a ponte Rio-Niterói, os

sistemas viários urbanos, e a construção de diversos estádios esportivos.

Além disso, não dá pra esquecer a famigerada Rodovia Transamazônica e o

acordo nuclear Brasil-Alemanha para a construção de nove usinas atômicas.

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Mas não foram apenas grandes obras que foram realizadas pelo

governo militar! No campo industrial e comercial, a política implantada

viabilizou a presença de grandes monopólios produtores de bens de consumo

duráveis. Para isso, todavia, foram necessários investimentos públicos em

favor destes grandes grupos empresariais nacionais e estrangeiros.

No setor agrícola, houve investimentos consideráveis, a ponto de,

após 1964, o Banco do Brasil se converter no maior banco rural do

mundo, financiando projetos de produção agrícola para exportação.

Desse modo, foram disponibilizados créditos, assistência técnica, facilidades

de transporte e armazenagem aos grandes produtores, que colocaram o Brasil

na primeira posição de produtor de soja do mundo. Em contrapartida, essa

política de incentivos acabou deixando em segundo plano a produção de

produtos agrícolas que compunha a base alimentar dos brasileiros.

Apesar de todos os investimentos e modificações feitas pelo governo

militar, o grande boom mesmo aconteceu entre os anos de 1968 e 1973. É

nesse período que ocorre o chamado milagre econômico - caracterizado

pelas maiores taxas de crescimento do PIB brasileiro na história recente do

país. Esse crescimento foi um reflexo da maior produção de bens duráveis de

todos os tempos principalmente eletrodomésticos e automóveis - grande vitrine

da política econômica adotada pelo governo

Entretanto, pessoal, é preciso ter em mente que esse inegável

crescimento econômico não ocorreu de forma igualitária ou homogênea. Muito

pelo contrário, esse desenvolvimento acabou resultando no benefício de

poucos, como podemos notar ao analisar os dados que mostram a distribuição

de renda da época.

Assim, como nos governos anteriores, tanto desenvolvimento

econômico uma hora ou outra aparece cobrando o seu preço, não é mesmo?

De fato, em meados da década de 80, o Brasil teve que bater nas portas do

FMI e elevar, ainda mais, o seu endividamento externo.

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Além disso, outros problemas sociais começaram a ficar latentes

devido à má distribuição da terra e, principalmente, à propaganda ufanista do

regime e do "milagre econômico". Essas propagandas incentivaram o êxodo

rural e resultaram em uma forte migração, provocando o crescimento de

algumas cidades de forma desordenada e com infra-estruturas deficientes.

4- (Questão inédita) Foi durante o período do governo militar que, pela primeira vez, o Brasil utilizou-se da possibilidade de pegar grandes empréstimos estrangeiros para injetar na economia de seu país.

Comentários

A Dívida Externa adquiriu proporções astronômicas durante o regime

militar, no entanto, sua origem remonta à Independência do país, no século

XIX.

O primeiro empréstimo externo do Brasil foi obtido em 1824, no valor

de 3 milhões de libras esterlinas e ficou conhecido como "empréstimo

português", destinado a cobrir dívidas do período colonial e que, na prática,

significava um pagamento à Portugal pelo reconhecimento de nossa

independência.

1.3 A economia brasileira nos últimos anos do século XX

Os primeiros anos da década de 80 foram marcados por uma

recessão. Essa situação, apesar de contribuir para a melhoria na balança de

pagamento e transformar o déficit da balança comercial em superávit, mostrou

que não tinha influência sobre a inflação, que continuava alta apesar de todos

os esforços. Definitivamente, a inflação, na economia brasileira, não estava

relacionada com o nível de atividade econômica, já que ela permanecia alta,

mesmo com todos os quadros recessivos vividos no início da década.

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A condução política econômica da Nova República elegeu, então, o

combate a inflação como principal meta de governo. Assim, de 1985 em diante

foram elaboradas diferentes fórmulas para controlar aquilo que se tornara o

grande pesadelo econômico dos brasileiros: a inflação.

Não é à toa que quando pensamos nesse fenômeno, fazemos uma

associação, quase imediata, a figura do Presidente Sarney. Deste modo, a

Nova República, iniciada em 1985 com ele, contava com um quadro bastante

conturbado, tanto política quanto economicamente.

Politicamente, o Brasil havia acabado de encerrar um regime

militar e o país todo estava à espera de Tancredo Neves, eleito ao posto

presidencial. Contudo, todos nos lembramos do que aconteceu ao Tancredo

Neves, não é pessoal? No dia 15 de março de 1989, o presidente precisou ser

internado às pressas no hospital de Brasília e, seu vice-presidente, José

Sarney, subiu a rampa do planalto e recebeu a faixa presidencial. Pouco mais

de um mês depois, no dia 21 de abril, a morte de Tancredo Neves acabou

conferindo ao político uma heroicização nacional na condição de mártir da

democracia brasileira.

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Apesar disso, o governo Sarney alcançou uma expressiva vitória

política ao conseguir a aprovação da Constituição de 1988, que selava,

definitivamente, o projeto de redemocratização do país. A nova Carta

Magna do país conseguiu varrer muitos dos mecanismos que sustentaram o

regime autoritário. Dentre os principais, foi extinta a censura e autorizada a livre

organização partidária, o retorno das eleições diretas e a divisão dos poderes.

Economicamente, Sarney foi herdeiro dos problemas gerados

pelo modelo de desenvolvimento econômico estabelecido durante o

regime militar e agravado pelas sucessivas crises internacionais. Apesar

de ter pegado a economia já em crescimento e com um saldo comercial

suficiente para pagar a remessa de juros, a inflação estava em torno de 200%

ao ano. Deste modo, o governo elaborou vários planos para combater a

inflação e estabilizar a economia.

Portanto, o ano de 1985 foi marcado por uma série de indefinições e

mudanças de rumo na política econômica brasileira, que contava com uma

equipe bastante heterogênea no ministério responsável por elaborá-la.

5- (Questão inédita) O plano cruzado foi um dos planos mais engenhosos no combate à inflação do Brasil e conseguiu, após várias tentativas, finalmente reduzí-la, promovendo um choque heterodoxo e a reforma monetária nacional.

Comentários

Na verdade, o Plano Cruzado foi apenas mais uma dentre outras

tentativas do governo para o controle da inflação que fracassaram. O único

plano que teve resultado efetivo foi o plano Real. Portanto, a questão esta

errada.

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1.3.1 - Plano Collor

Após quase trinta anos sem eleições diretas para Presidente da

República, os brasileiros puderam votar e escolher um entre os 22 candidatos

que faziam oposição ao então presidente, José Sarney.

Prometendo atender aos anseios de um povo recém saído do

Regime Militar, Fernando Collor de Mello tomou posse da cadeira de

Presidente da República em 1990.

Logo depois de sua posse, Collor criou um plano de recuperação da

economia arquitetado pela ministra Zélia Cardoso de Mello. O Plano Collor previa uma série de medidas que injetariam recursos na economia, como a alta

de impostos, a abertura dos mercados nacionais e a criação de uma nova

moeda, o Cruzeiro. Todavia, a medida mais famosa e mais polêmica do

Plano Collor foi a exigência do confisco das poupanças com valores

superiores a 50 mil cruzeiros, durante um prazo de dezoito meses.

A recepção negativa do Plano Collor, sobretudo pelos setores dos

médios e pequenos investidores, anunciou uma série de polêmicas que

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afundariam todo o governo de Collor. Assim, além de não alcançar as metas

previstas no plano econômico, o presidente ainda se envolveu em um enorme

escândalo de corrupção que foi denunciada pelo próprio irmão.

Como ponto positivo desse governo, sempre se destaca a

abertura comercial e financeira e o estabelecimento de maiores

facilidades para a entrada de investimento estrangeiro direto no país.

Baseando-se em medidas e idéias neoliberais do Consenso de Washington,

essa postura do presidente brasileiro representou uma ruptura com o modelo

estruturalista de substituição de importações.

Assim, a década de 1990 trouxe consigo uma mudança profunda no

ambiente em que o empresariado atuava no Brasil. A causa fundamental dessa

mudança foi o desvio liberal intrínseco à política de estabilização econômica do

país, no início do governo Collor. Essa mudança de rumo teve como objetivo

principal enfrentar a crise que assolou o Brasil desde o começo da década de

1980 até a primeira metade da década de 1990, cujo sintoma mais notável foi a

inflação descontrolada

1.4 O Plano Real

Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão, Collor I e II. Após várias

tentativas fracassadas foi, no final de 1993, que começou a ser implementado

um dos planos mais engenhosos de combate à inflação já utilizados no país: o

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Plano Real. Esse plano foi uma proposta do Governo Itamar Franco para

estabilizar a economia brasileira e foi idealizado pelo então Ministro da

Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.

Diferente de todos os planos anteriores, implementados com fatos

como surpresa, feriado bancário, congelamentos e confiscos, o Plano Real foi

organizado a longo prazo, em três etapas. A primeira delas foi baseada no

ajuste fiscal ocorrido em dezembro de 1993. A segunda etapa consistiu na

criação do novo indexador, alguns meses depois, conhecido como URV. Por

fim, houve a criação da nova moeda: o REAL.

O resultado desse plano foi o esperado a, pelo menos, quase três

décadas: o fim da inflação elevada! Deste modo, foi realizada a substituição da

antiga moeda pelo Real, a partir de primeiro de julho de 1994. Desde o

Cruzeiro, que vigorou a partir de 15 de maio de 1970 até 27 de fevereiro de

1986, uma moeda não ficava tanto tempo em circulação.

Pois é, pessoal, vamos ver agora como esses conhecimentos

podem ser cobrados na prova não é mesmo?

6- (CESPE/INMETRO – 2009) - O Brasil vive uma dualidade. A economia em um momento de euforia, a política no meio de uma tragédia. A superação da crise econômica internacional, a retomada do crescimento e a confirmação de que valeu a pena manter, governo após governo, a moeda estável tornam a economia um campo em hora de colheita. A política revolta, confunde, desanima. [Miriam Leitão. Panorama Econômico. In: O

Globo, 6/12/2009, p. 28 (com adaptações).]

Considerando a realidade política e econômica do Brasil dos dias atuais e tendo em vista o contido no texto acima, assinale a opção correta.

A- O Plano Cruzado ofereceu ao país a estabilidade econômico-financeira de que ele carecia e que hoje desfruta.

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B- A euforia a que o texto alude diz respeito aos avanços obtidos pelo país na saúde pública.

C- A recente crise econômico-financeira mundial desestruturou a economia de países como o Brasil.

D- A moeda brasileira, o real, notabilizou-se por não sofrer ataques especulativos ao longo do tempo.

E- A expressão “tragédia”, usada pela autora do texto, remete a escândalos políticos que se sucedem no país.

Comentários

A – O plano Cruzado foi um dos planos fracassados do governo

Sarney e quem ofereceu a estabilidade econômico-financeira de que o Brasil

desfruta atualmente foi o Plano Real.

B – A euforia abordada no texto está ligada ao fato do Brasil ter

superado a crise financeira internacional sem muitos abalos significativos à sua

economia. Portanto, não tem nada a ver com saúde pública.

C – Se a euforia é justamente pelo que falamos acima, não há como

essa questão estar correta também, não é mesmo pessoal? A crise econômico-

financeira mundial não desestruturou a economia brasileira como fez com

outros países.

D – Após algumas crises internacionais, o real sofreu algumas

alterações, mas a estabilidade da moeda permaneceu, principalmente se

compararmos com as décadas anteriores.

E – Essa é a alternativa correta.

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2 - Consequências da industrialização, globalização e crise

É, amigos, como pudemos notar, foi totalmente com base em

investimentos estrangeiros que a industrialização no Brasil se desenvolveu,

voltada para o atendimento do mercado interno e dependente de medidas

protecionistas diante da concorrência externa. Mas não vamos transformar isso

numa aula de economia. A grande questão que fica é: em que sentido o

surgimento de indústrias alterou a organização do espaço?

Bem, não podemos nos esquecer que o Brasil sempre foi um país

essencialmente agrário e a maioria da população vivia no campo. Na década

de 30, por exemplo, o café era o principal produto de exportação brasileiro, e a

economia do país dependia dele para se sustentar.

O processo de modernização da agricultura foi intensificado a partir

da segunda metade da década de 1960 por meio de políticas governamentais

especificas de auxilio a esse setor. Este processo acarretou uma série de

impactos sociais, econômicos e ambientais na realidade produtiva do campo

brasileiro.

Bem, pessoal, mas a grande interrogação deste tópico é: como a

industrialização repercutiu na organização do espaço brasileiro? A resposta a

essa questão pode ser deduzida se nos atentarmos às paisagens que estão a

nossa volta, principalmente se já tivemos contato com grandes centros

industriais. Pensemos por um minutinho sobre como se organiza o espaço

brasileiro! Algumas regiões são muito populosas, outras praticamente

desabitadas, algumas possuem tecnologias de ponta nas mais diversas áreas

e outras ainda engatinham quanto à urbanização, desenvolvimento tecnológico,

etc não é mesmo?

Pois, então, dentre as áreas geoeconômicas do Brasil, o Centro-Sul

é a mais rica delas e por isso possui a maior capacidade produtiva do Brasil,

contando com fazendas, indústrias, plantações e muitas cidades. Apesar de

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diferentes, os estados que compõem essa região possuem ritmo de

desenvolvimento econômico semelhante e por isso foram agrupados.

É no Centro-Sul que se encontra a economia mais dinâmica do país,

responsável pela maior parte do PIB nos setores agrário, industrial e de

serviços, além de concentrar a maior parte da população brasileira. São nos

estados que compõem essa região que estão localizados os principais centros

de decisões econômicas e sociais do país.

As indústrias se instalam em estados brasileiros

Migração para as cidades Espaço se modifica

Espaço se modifica Calçadas e asfaltos

Bolsões de miséria

Tráfego caótico

Bairros decadentes Grandes

conjuntos habitacionais

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A essa altura do campeonato, por dedução, vocês já perceberam

que são nesses estados também que se encontra a maior concentração

industrial do nosso país. Vamos recapitular pelo “esqueminha” pra fixar

bastante a ordem dos acontecimentos!

A industrialização teve uma série de conseqüências na organização

do nosso espaço. O que parece uma ação isolada, como a instalação de uma

indústria em determinado local, é capaz de mudar toda a rotina do ambiente

em que ela se instala, entenderam? Se observarmos o esquema veremos, de

cara, pelo menos dois resultados, sendo um conseqüência do outro. Como

assim?

Ao concentrarem sua instalação em determinados estados, em

detrimento de outros, acaba ocorrendo uma migração “forçada” para os locais

escolhidos pelas indústrias, geralmente no Sudeste. Em conseqüência dessa

migração, e estamos falando de muita gente, o espaço físico e econômico

acaba sendo drasticamente alterado pro bem e pro mal. As conseqüências

negativas da industrialização nós todos conhecemos, mesmo que nunca

tenhamos parado pra pensar que aquilo que víamos era decorrente deste

fenômeno, não é mesmo? Até porque, quando se trata de fenômenos sociais,

sempre há uma conjunção de fatores que desembocam em determinada

realidade e nunca apenas um!

Mas também há mudanças positivas trazidas pela industrialização, como

a democratização dos bens de consumo, da locomoção, da educação,

urbanização etc. Se conversarmos com nossos pais ou avós, observaremos

que nem sempre foi tão fácil ter vários sapatos no armário. Muito pelo contrário!

Sapato era luxo e, portanto, era usado pra ir à missa e à escola, só! Temos

uma amiga em comum, mais velha, que hoje esta com seus 55 anos e é,

simplesmente, T.A.R.A.D.A. por sapatos. Sabem por quê? Pois, quando era

criança, ela só tinha um par para dividir entre a escola e a missa.

Ora, pessoal, se pensarmos bem, não faz muito tempo que ela era

jovem, não é mesmo? Cinquenta anos é um período muito curto pra tanta

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modificação, mas o fato é que hoje ela pode comprar quantos sapatos ela

quiser - ainda que tenha que dividir de 12 vezes, né?

Pois bem, o fato é que a industrialização propiciou uma mudança

enorme em toda a configuração social e estrutura urbana como, por exemplo, o

desenvolvimento das redes de transporte Essas alterações tiveram extrema

importância, tanto para dar continuidade ao crescimento industrial, quanto para

contribuir, minimamente que seja, para a melhoria da qualidade de vida das

pessoas.

É claro que esses processos não ocorreram ao mesmo tempo e

tampouco do mesmo modo em todas as regiões do país, senão não teria

havido o movimento migratório tão intenso de algumas regiões para outras.

Então, pessoal, a industrialização teve uma série de conseqüências

na organização do espaço pelo simples fato de mudar toda a rotina do

ambiente em que ela se instala, entenderam? A industrialização de uma área

sempre acaba alterando o espaço que a envolve, seja o físico ou o econômico

É claro que esses processos não ocorreram ao mesmo tempo e tampouco do

mesmo modo, pois até mesmo a configuração do relevo de cada região pode

influenciar. Um exemplo disso seriam as favelas nas cidades de Recife e do

Rio de Janeiro. Além da paisagem linda que a cidade do Rio esbanja, ela

também chama atenção pela proliferação de favelas por todos os lados, não é

mesmo? Em contrapartida, em Recife, os bolsões de pobreza dificilmente são

vistos se não adentrarmos por ruas estreitas e lugares desconhecidos. Não

estamos, de modo algum, afirmando que não há pobreza, pois ela existe sim e

em grande quantidade, contudo ela é bem menos evidente espacialmente. E

por que isso ocorre?

Por um simples motivo: o relevo! Não há morros em Recife como há

no Rio, e isso também faz diferença na organização do espaço brasileiro. Não,

isso aqui não vai virar uma aula sobre relevo, só queremos que vocês

percebam que há muitas variantes que influenciam na forma como o espaço se

organiza. O relevo também explica o porquê de uma indústria se instalar em

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algumas cidades e não em outras. Voltamos, então, àquele nosso velho amigo

dominó. Uma peça puxando a outra!

Veja algumas questões do CESPE sobre industrialização:

7(CESPE/ABIN-2008) A industrialização do país é responsável pela modernização do setor agrícola.

Comentários

O avanço técnico e científico alcançado pela industrialização acaba

mesmo refletindo na modernização agrícola, e por quê? Bem, tudo aqui é um

processo, lembram daquele efeito dominó? Pois é. Aqui também é assim, uma

coisa empurrando a outra. Assim, se um país está industrializado é porque

conseguiu um significativo avanço tecnológico que lhe propiciou solidificar seu

desenvolvimento. Este avanço é o principal responsável pela melhoria na

construção de implementos agrícolas mais modernos e capazes de contribuir

para a eficiência da produtividade do campo, ou seja, a industrialização foi

interferindo progressivamente na modernização do campo.

E por que é necessário esse avanço de produtividade? A princípio,

porque uma parte da mão-de-obra migrou para a cidade e, como a produção

não poderia cair por todos os motivos que falamos anteriormente, a tecnologia

surge como aliada desse setor. Aqui, novamente, uma coisa puxa a outra, pois

maior produção significa maior lucro, que propicia mais investimento em

tecnologias para o campo. Entretanto, nem tudo são flores, não é mesmo?

Quanto maior a tecnologia, menor a necessidade de mão-de-obra

desqualificada - o que acaba empurrando os antigos trabalhadores rurais para

as cidades, repercutindo na organização do espaço urbano.

8-(IRB-2008)- O padrão locacional da indústria ao longo da industrialização brasileira foi centrípeto, concêntrico e hierárquico, seguindo a tendência de industrialização das economias capitalistas

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avançadas em explorar vantagens de escala da concentração espacial. (Lemos et al. A organização territorial da indústria no Brasil. IPEA, 2005.)

Com relação às indústrias no Brasil, julgue (C ou E) os itens seguintes.

A( ) A industrialização brasileira conheceu um processo de dispersão que, por ter ocorrido de forma ordenada, evitou a metropolização dos novos centros industriais.

B( ) Depois de décadas de concentração econômica na cidade de São Paulo, observa-se um processo inverso, determinado, entre outras causas, pelas chamadas deseconomias de aglomeração.

C( )O desenvolvimento da indústria e da agroindústria resultou na diferenciação e especialização do espaço regional brasileiro por meio da criação de novas estruturas produtivas, como observado na Amazônia brasileira.

D( )As indústrias de alta tecnologia localizam-se, preferencialmente, onde existem sistema acadêmico e de pesquisa bem organizado, serviços urbanos modernos e base industrial.

Comentários

A – Bem, a distribuição territorial da indústria no Brasil foi marcada

pela falta de planejamento e investimentos desordenados de capitais

estrangeiros e nacionais. Na medida em que o processo de globalização e

internacionalização das empresas ampliou a participação do capital

estrangeiro, cresceu sua importância como determinante do desenvolvimento

econômico nacional e regional.

Mesmo para os países ricos, é difícil dar conta da organização do

espaço e das necessidades das metrópoles que inevitavelmente são formadas.

No Brasil não poderia ser diferente, não é mesmo? Então, a questão está

errada!

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B – Bem, desde as décadas de 60 e 70, o governo iniciou obras que

incentivavam a economia no interior do estado de São Paulo. Assim, na

década de 90, houve uma intensificação dos investimentos em infra-estrutura

no interior do estado, para tentar diminuir os problemas da urbanização, como

violência, trânsito, poluição, enfim, as chamadas deseconomias de aglomeração. Para sermos o mais objetivos possível, ocorre a deseconomia

quando a aglomeração formada pela massa de trabalhadores nas cidades

começa a destruir mais o espaço do que ajudar a construí-lo.

A partir disso, a maior parte dos investimentos feitos no estado de

São Paulo foram para o interior, e não para a região metropolitana. Portanto, a

assertiva está correta ao afirmar a ocorrência de uma desconcentração

econômica na cidade de São Paulo.

C - A letra C é meio auto-explicativa, pois, a partir do momento em

que as indústrias se desenvolveram, foi criada uma forte distinção no espaço

regional brasileiro. Como assim? Se antes da industrialização o país era quase

que homogêneo - pois todos os estados tinham a agricultura como principal

atividade e estrutura produtiva - após o desenvolvimento industrial, passa a

ficar claro onde é uma região industrializada e produtiva, e onde não é.

Interessante notar ainda que a questão faz referência a novas estruturas

produtivas estabelecidas na Amazônia. Essa referência diz respeito à Zona

Franca de Manaus, que consiste em um pólo industrial na Amazônia,

desenvolvido a partir de uma série de benefícios fiscais.

D – Por dedução, podemos inferir que essa questão está correta,

uma vez que alta tecnologia anda sempre lado a lado com estudos e

pesquisas, não é mesmo? Assim, é claro que, podendo escolher, as empresas

de alta tecnologia sempre optarão pelas regiões onde houver sistema

acadêmico e de pesquisa bem organizado, serviços urbanos modernos e base

industrial.

Todos nós sabemos o quão desproporcional é a diferença

econômica entre o sudeste e o nordeste do país, não é mesmo? Pois bem,

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apesar de todas as políticas que vem sendo realizadas para que essa distinção

diminua, o fato é que ela possui raízes históricas tão arraigadas que as

modificações exigem muita paciência e determinação dos governos.

3- O papel da política no desenvolvimento industrial brasileiro

Desde a primeira metade do século XX, a organização espacial

brasileira já era percebida como um imenso arquipélago de ilhas econômicas, pois a configuração espacial era marcada por pequenos pólos de

desenvolvimento. Assim, seguindo a ideologia nacionalista da marcha para o

Oeste, os governos de Vargas e de Kubitschek consagraram a integração

nacional como objetivo prioritário das políticas públicas. E como seria possível

integrar esse imenso território senão por meio de grandes obras rodoviárias?

A intenção de se criar uma rede de transportes ligando todo o país

surgiu especialmente com as democracias desenvolvimentistas de Getúlio

Vargas e Juscelino Kubitscheck. Se, ainda hoje, ter um carro é o grande sonho

de consumo de boa parte das pessoas, imagine qual seria naquela época, o

grande símbolo da modernidade? Sim, o automóvel! Ele era disparado o maior

avanço em termos de transporte e isso provocou uma especial atenção dos

governantes na construção de estradas.

Apesar de bem mais econômica, a malha ferroviária brasileira é

pequena e antiquada. O transporte de passageiros, tão comum outrora,

praticamente desapareceu, restando apenas os de carga que, em sua maioria,

servem para o transporte de minérios. As únicas linhas de passageiros que

ainda preservam serviços diários de longa distância com relativo conforto são

as ligações Maranhão-Pará e Belo Horizonte-Vitória. Mas, como bons mineiros

que somos, não poderíamos deixar de lembrar que ainda existem algumas

ferrovias de interesse exclusivamente turístico, como a Maria fumaça - que leva

turistas de São João Del-Rei a Tiradentes.

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Devido a conjunturas internas e externas, o transporte aéreo no

Brasil sofreu grandes modificações que possibilitaram a aviação brasileira

crescer significativamente nos últimos anos. Com o surgimento de novas

companhias aéreas e a modernização das já existentes, foi possível aumentar

o número de assentos disponíveis na malha aérea e popularizar

expressivamente os preços.

No início dos anos 90, o mercado era dominado pela Varig, como a

empresa-símbolo da aviação nacional, a qual, como todos nós sabemos, faliu.

No entanto, com o surgimento de novas empresas aéreas, as tarifas de baixo

custo atraíram mais passageiros, o que estimulou uma saudável competição

entre as companhias para melhorar o serviço e reduzir tarifas. Apesar de todo

o avanço do transporte aéreo, o Brasil ainda tem como malha viária principal o

transporte rodoviário.

È importante pensarmos nas redes de transportes não apenas como

uma possibilidade de locomoção de pessoas ou mercadorias, mas também

como a principal forma de integração nacional. Nesse sentido, a construção de

Brasília foi um marco no sistema de transportes brasileiro, uma vez que

acarretou a criação de um novo e ambicioso plano rodoviário para ligar a nova

capital a todas as regiões do país. Entre as rodovias construídas a partir desse

plano destacam-se a Brasília-Acre e a Belém-Brasília, que se estende por

2.070 km, um terço dos quais atravessa a selva amazônica.

A evolução da nossa rede de transportes foi ocorrendo na medida

em que evoluíam também as formas e as relações de trabalho. Até a década

de 50, quando nossa economia era baseada, quase completamente, na

exportação de produtos primários, o sistema de transportes se limitou ao fluvial

e ao ferroviário. Mas com a aceleração do processo industrial, a política

governamental se voltou ao setor rodoviário. Essa nova diretriz acabou

prejudicando as ferrovias, especialmente na área da indústria pesada e

extração mineral, que tinha nestas a única forma de escoamento de suas

mercadorias. Como conseqüência, o setor rodoviário, que é o mais caro depois

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do aéreo, movimentava, no final do século, mais de sessenta por cento das

cargas.

Bem, vejamos como esses assuntos já foram cobrado em provas

anteriores:

9(CESPE/ABIN-2008) A expansão de rodovias no país foi a principal responsável por migrações intra e inter-regionais, fazendo surgir novas cidades nas áreas de expansão da fronteira agrícola.

Comentários

As estradas brasileiras tiveram sua construção iniciada apenas no

século XIX e as rodovias, pasmem: apenas na década de 1920 e atendendo,

em primeiro lugar, exclusivamente o Nordeste em programas de combate às

secas. Mas, com a constituição de indústrias - como a Petrobrás e a

automobilística nacional - a construção de rodovias ganhou poderoso impulso.

A partir da expansão das rodovias, áreas outrora dificilmente

conectadas passaram a se integrar cada vez mais. Esta integração está

intrinsecamente ligada à migração, pois as fronteiras se desfazem, não é

mesmo? E sem fronteiras, temos liberdade para ir onde melhor nos aprouver.

Quem de nós não se lembra das imagens de nordestinos em cima de “paus de

arara” migrando para o Sudeste em busca de melhores condições de vida?

Assim, se antes da expansão das rodovias o Brasil ainda se

constituía num imenso arquipélago de ilhas econômicas, depois dela teve fim o

isolamento geográfico ao qual o país era submetido. Bem, uma vez que o

transporte rodoviário virou a grande menina dos olhos dos brasileiros , é certo

afirmar que a expansão das rodovias foi a principal responsável por migrações

intra e inter-regionais.

10(CESPE/ABIN-2008) - A maior participação do transporte fluvial no escoamento da produção agrícola no Brasil também é um fator responsável pela expansão da agricultura no país.

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Comentários

O Brasil possui mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica

navegável e milhares de quilômetros de rios. Apesar da maior parte dos rios

navegáveis estarem localizados na Amazônia, os trechos hidroviários mais

importantes, do ponto de vista econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul

do País.

Todavia, como vimos acima, a navegação fluvial no Brasil está numa

posição inferior em relação aos outros sistemas de transportes, sendo o de

menor participação no deslocamento de mercadoria no Brasil. Essa

desvantagem ocorre por vários motivos, como por exemplo, o relevo. Muitos

dos nossos rios são encachoeirados e isso dificulta bastante a navegação (a

menos que se pretenda fazer um rafting, não é?).

Outro motivo é o fato dos rios facilmente navegáveis, como

Amazonas e Paraguai, estarem muito distantes dos principais centros

econômicos do Brasil. Visando à melhor exploração dos rios mais próximos,

têm sido realizadas várias obras, nos últimos anos, com o intuito de torná-los

mais navegáveis. Especialistas estimam que, a cada real investido em

transporte de carga fluvial, o governo economiza de R$ 6 a R$7 em gastos

para deslocar o mesmo volume pelas estradas.

Bem pra quem leu até aqui deve estar pensando: “ora, então a

questão está errada! Não, ela esta certíssima.

Um ótimo exemplo disso é o famigerado “velho Chico”. Apesar de

apresentar quedas d'água bastante acentuadas no seu trecho inicial, a partir de

seu médio curso, a navegação já pode ser realizada. Desde a cidade de

Pirapora em Minas até Juazeiro (na Bahia) e Petrolina, (em Pernambuco), é

possível se percorrer navegando um trecho de aproximadamente 1300 km de

extensão. Por ligar a região Nordeste ao Sudeste, transportando mercadorias e

pessoas, o Rio são Francisco também é conhecido como "rio da integração

nacional".

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Atualmente, projetos de irrigação desenvolvidos no Vale do São

Francisco transformam as margens do Rio São Francisco em um imenso

pomar. Muitos de vocês já devem ter ouvido falar das frutas maravilhosas que

são produzidas ali! Uvas sem caroços, manga, melancia, mamão, melão e toda

espécie de fruta de alta qualidade viraram o verdadeiro boom da agricultura

comercial nessa região. Voltada para os mercados interno e, principalmente

externo, essa região é ocupada por grandes empresas agrícolas, sendo que os

pequenos produtores acabam se instalando mais distante das margens, o que

dificulta o acesso à irrigação.

Enfim, pessoal, apesar de ainda estarmos muito longe do

aproveitamento total de nossas águas pluviais, a participação atual do

transporte fluvial no escoamento de mercadorias é sim um grande incentivador

da agricultura pelo país. Portanto, a questão esta certa.

4- A rede brasileira de transportes e sua evolução.

Com tanto crescimento industrial experimentado pelo Brasil ao longo

do século XX, era mais do que necessário que se desenvolvessem também os

meios de transporte, já que de algum modo a produção deveria ser escoada

para o mercado.

Assim, o sistema de transportes utilizado no Brasil define-se

basicamente por uma extensa matriz rodoviária e um sistema limitado de

ferrovias e transportes aéreo e fluvial. Pois é, pessoal, apesar do numeroso

sistema de bacias hidrográficas presentes em nosso país, o transporte fluvial

ainda é subaproveitado.

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Outros países com dimensões e características muito semelhantes

às do Brasil trataram, ao longo dos anos, a questão dos transportes de uma

forma bem diferente. Assim, em países como Rússia, Canadá, Austrália e EUA,

a rede ferroviária é o principal meio de transporte utilizado, atingindo o índice

de 81 % na Rússia.

Apesar desses exemplos, o fato é que, aqui no Brasil, temos um

sistema de transportes muito mal balanceado, principalmente se levarmos em

conta as dimensões do nosso país e sua vocação e potencial agrícola/mineral.

Nesse sentido, o Plano Nacional de Logística e Transportes

(PNLT) tem como meta principal equilibrar a configuração atual a uma

nova matriz para 2023 , que seguiria o seguinte sistema:

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Assim, as rodovias seriam utilizadas muito mais para o transporte de

pessoas do que para o de cargas, que passariam a ser escoadas pelo meio

ferroviário e aquaviário, diminuindo, consideravelmente, os custos dos

produtores agrícolas.

O que mais chama atenção nesse Plano de Transportes é a atenção

dada ao transporte fluvial, uma vez que estima-se um salto no aproveitamento

desse meio de 13% para 29 %. Já o transporte ferroviário, aumentaria em

decorrência da percepção da necessidade de se criar um modo de acabar com

o isolamento econômico de certos espaços geográficos brasileiros.

Desde a primeira metade do século XX, a organização espacial

brasileira já era percebida como um imenso arquipélago de ilhas econômicas, pois a configuração espacial era marcada por pequenos pólos de

desenvolvimento. Assim, seguindo a ideologia nacionalista da marcha para o

Oeste, os governos de Vargas e de Kubitschek consagraram a integração

nacional como objetivo prioritário das políticas públicas. E como seria possível

integrar esse imenso território senão por meio de grandes obras rodoviárias?

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A intenção de se criar uma rede de transportes ligando todo o país

surgiu especialmente com as democracias desenvolvimentistas de Getúlio

Vargas e Juscelino Kubitscheck. Se, ainda hoje, ter um carro é o grande sonho

de consumo de boa parte das pessoas, imagine qual seria naquela época, o

grande símbolo da modernidade? Sim, o automóvel! Ele era disparado o maior

avanço em termos de transporte e isso provocou uma especial atenção dos

governantes na construção de estradas.

Apesar de bem mais econômica, a malha ferroviária brasileira é

pequena e antiquada. O transporte de passageiros, tão comum outrora,

praticamente desapareceu, restando apenas os de carga que, em sua maioria,

servem para o transporte de minérios. As únicas linhas de passageiros que

ainda preservam serviços diários de longa distância com relativo conforto são

as ligações Maranhão-Pará e Belo Horizonte-Vitória. Mas, como bons mineiros

que somos, não poderíamos deixar de lembrar que ainda existem algumas

ferrovias de interesse exclusivamente turístico, como a Maria fumaça - que leva

turistas de São João Del-Rei a Tiradentes.

Devido a conjunturas internas e externas, o transporte aéreo no

Brasil sofreu grandes modificações que possibilitaram à aviação brasileira

crescer significativamente nos últimos anos. Com o surgimento de novas

companhias aéreas e a modernização das já existentes, foi possível aumentar

o número de assentos disponíveis na malha aérea e popularizar

expressivamente os preços.

No início dos anos 90, o mercado era dominado pela Varig, como a

empresa-símbolo da aviação nacional, a qual, como todos nós sabemos, faliu.

No entanto, com o surgimento de novas empresas aéreas, as tarifas de baixo

custo atraíram mais passageiros, o que estimulou uma saudável competição

entre as companhias para melhorar o serviço e reduzir tarifas. Apesar de todo

o avanço do transporte aéreo, o Brasil ainda tem como malha viária principal o

transporte rodoviário.

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È importante pensarmos nas redes de transportes não apenas como

uma possibilidade de locomoção de pessoas ou mercadorias, mas também

como a principal forma de integração nacional. Nesse sentido, a construção de

Brasília foi um marco no sistema de transportes brasileiro, uma vez que

acarretou a criação de um novo e ambicioso plano rodoviário para ligar a nova

capital a todas as regiões do país. Entre as rodovias construídas a partir desse

plano destacam-se a Brasília-Acre e a Belém-Brasília, que se estende por

2.070 km, um terço dos quais atravessa a selva amazônica.

A evolução da nossa rede de transportes foi ocorrendo na medida

em que evoluíam também as formas e as relações de trabalho. Até a década

de 50, quando nossa economia era baseada, quase completamente, na

exportação de produtos primários, o sistema de transportes se limitou ao fluvial

e ao ferroviário. Mas com a aceleração do processo industrial, a política

governamental se voltou ao setor rodoviário. Essa nova diretriz acabou

prejudicando as ferrovias, especialmente na área da indústria pesada e

extração mineral, que tinha nestas a única forma de escoamento de suas

mercadorias. Como conseqüência, o setor rodoviário, que é o mais caro depois

do aéreo, movimentava, no final do século, mais de sessenta por cento das

cargas.

Bem, vejamos como esses assuntos já foram cobrados em provas

anteriores:

11-(CESPE/ABIN-2008) A expansão de rodovias no país foi a principal responsável por migrações intra e inter-regionais, fazendo surgir novas cidades nas áreas de expansão da fronteira agrícola.

Comentários

As estradas brasileiras tiveram sua construção iniciada apenas no

século XIX e as rodovias, pasmem: apenas na década de 1920 e atendendo,

em primeiro lugar, exclusivamente o Nordeste em programas de combate às

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secas. Mas, com a constituição de indústrias - como a Petrobrás e a

automobilística nacional - a construção de rodovias ganhou poderoso impulso.

A partir da expansão das rodovias, áreas outrora dificilmente

conectadas passaram a se integrar cada vez mais. Esta integração está

intrinsecamente ligada à migração, pois as fronteiras se desfazem, não é

mesmo? E sem fronteiras, temos liberdade para ir onde melhor nos aprouver.

Quem de nós não se lembra das imagens de nordestinos em cima de “paus de

arara” migrando para o Sudeste em busca de melhores condições de vida?

Assim, se antes da expansão das rodovias o Brasil ainda se

constituía num imenso arquipélago de ilhas econômicas, depois dela teve fim o

isolamento geográfico ao qual o país era submetido. Bem, uma vez que o

transporte rodoviário virou a grande menina dos olhos dos brasileiros , é certo

afirmar que a expansão das rodovias foi a principal responsável por migrações

intra e inter-regionais.

12- (CESPE/ABIN-2008) - A maior participação do transporte fluvial no escoamento da produção agrícola no Brasil também é um fator responsável pela expansão da agricultura no país.

Comentários

O Brasil possui mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica

navegável e milhares de quilômetros de rios. Apesar da maior parte dos rios

navegáveis estarem localizados na Amazônia, os trechos hidroviários mais

importantes, do ponto de vista econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul

do País.

Todavia, como vimos acima, a navegação fluvial no Brasil está numa

posição inferior em relação aos outros sistemas de transportes, sendo o de

menor participação no deslocamento de mercadoria no Brasil. Essa

desvantagem ocorre por vários motivos, como por exemplo, o relevo. Muitos

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dos nossos rios são encachoeirados e isso dificulta bastante a navegação (a

menos que se pretenda fazer um rafting, não é?).

Outro motivo é o fato dos rios facilmente navegáveis, como

Amazonas e Paraguai, estarem muito distantes dos principais centros

econômicos do Brasil. Visando à melhor exploração dos rios mais próximos,

têm sido realizadas várias obras, nos últimos anos, com o intuito de torná-los

mais navegáveis. Especialistas estimam que, a cada real investido em

transporte de carga fluvial, o governo economiza de R$ 6 a R$7 em gastos

para deslocar o mesmo volume pelas estradas.

Bem, pra quem leu até aqui deve estar pensando: “ora, então a

questão está errada! Não, ela esta certíssima.

Um ótimo exemplo disso é o famigerado “velho Chico”. Apesar de

apresentar quedas d'água bastante acentuadas no seu trecho inicial, a partir de

seu médio curso, a navegação já pode ser realizada. Desde a cidade de

Pirapora em Minas até Juazeiro (na Bahia) e Petrolina, (em Pernambuco), é

possível se percorrer navegando um trecho de aproximadamente 1300 km de

extensão. Por ligar a região Nordeste ao Sudeste, transportando mercadorias e

pessoas, o Rio são Francisco também é conhecido como "rio da integração

nacional".

Atualmente, projetos de irrigação desenvolvidos no Vale do São

Francisco transformam as margens do Rio São Francisco em um imenso

pomar. Muitos de vocês já devem ter ouvido falar das frutas maravilhosas que

são produzidas ali! Uvas sem caroços, manga, melancia, mamão, melão e toda

espécie de fruta de alta qualidade viraram o verdadeiro boom da agricultura

comercial nessa região. Voltada para os mercados interno e, principalmente

externo, essa região é ocupada por grandes empresas agrícolas, sendo que os

pequenos produtores acabam se instalando mais distante das margens, o que

dificulta o acesso à irrigação.

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Enfim, pessoal, apesar de ainda estarmos muito longe do

aproveitamento total de nossas águas pluviais, a participação atual do

transporte fluvial no escoamento de mercadorias é sim um grande incentivador

da agricultura pelo país. Portanto a questão esta certa.

5- A estrutura urbana brasileira e as grandes metrópoles

Com o incremento das redes de transporte, o século XIX presenciou

um verdadeiro surto de fundação de novas vilas e cidades no interior das

diferentes regiões brasileiras. Além disso, as cidades mais antigas passaram

por um intenso processo de transformação, tanto em sua dimensão espacial

como no seu perfil arquitetônico.

Bem, amigos, é importante olharmos à nossa volta e perceber que

nem sempre as coisas foram assim. Várias transformações ocorreram para que

nosso espaço tivesse a configuração que ele tem hoje. Se toda a estrutura

urbana atual é fruto da industrialização, isso só ocorre porque ela está

diretamente ligada à permanente mutação das estruturas econômicas e

sociais. Todavia, apesar do processo de produção influenciar na transformação

do espaço, ela está sujeita aos processos de obsolescência, uma vez que as

estruturas físicas que a compõem possuem uma vida útil relativa.

Assim, essa urbanização é um conjunto de estruturas dinâmicas que

mudam de acordo com o período e estágio econômico vivido pela sociedade.

Isso ocorre, principalmente no Brasil, porque planejar a construção ou

ampliação das cidades não é uma prática comum nos estados, que resolvem

os problemas da estrutura urbana na medida em que eles surgem. Mas afinal,

o que é uma estrutura urbana?

Estrutura urbana é tudo o que compõe o espaço da aglomeração urbana, ou seja, as habitações, a forma como

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utilizam a terra, enfim, todos os processos individuais de produção e de reprodução que ocupam aquele espaço.

Pois é, pessoal, não há como definir exatamente uma representação

da estrutura urbana, pois ela seria sempre parcial, já que estaríamos

focalizando apenas alguns de seus aspectos. Deste modo, é bom termos em

mente que cada estrutura é específica de um determinado momento histórico.

Um fato marcante da urbanização brasileira nos últimos anos é o

contínuo crescimento das regiões metropolitanas, que é fruto direto da

"recente" modernização industrial brasileira. Essa modernização do Estado

permite falar da existência de metrópoles até mesmo nos países pobres ou

muito pequenos, uma vez que esse fenômeno é inseparável do da grande

cidade ou da capital de qualquer estado mais moderno. Com a revolução do

consumo no mundo, a cidade grande adquiriu a função de metrópole, pois

novas necessidades surgiram junto com o inchamento e uma diversificação de

atividades.

Segundo Milton as metrópoles são:

“Grandes cidades que se irradiam sobre um vasto território e

dotadas de uma importante gama de atividades destinadas a satisfazer

as exigências da vida cotidiana da totalidade da população nelas

contida.”

Assim, o termo metrópole não se refere apenas à cidade-mãe, mas

engloba todo o espaço em conurbação com essa cidade, que forma uma região

complexa e integrada. Por isso podemos dizer que as metrópoles suprem as

necessidades das diferentes camadas sociais que ela comporta, oferecendo

serviços tanto as massas quanto às camadas mais privilegiadas dessa

sociedade.

Apesar de já termos falado detidamente em aulas anteriores sobre

algumas das características das metrópoles, não custa nada relembrar, não é

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mesmo? Pois bem, toda metrópole possui, em maior ou menor grau, as

seguintes características especificas:

1- Um crescimento físico que expande a cidade ao ponto de levá-la

para fora de seu perímetro.

2- A existência de um centro histórico onde se concentram as

atividades de serviços e a estrutura político-administrativa de cada uma das

cidades que juntas formam a conurbação.

3- O fluxo de circulação de veículos com dois picos de maior

intensidade, normalmente no período da manhã e no final da tarde, originando

o chamado fluxo pendular que atravessa mais de uma cidade.

As metrópoles são a forma mais aguda do processo de

concentração espacial que o capitalismo engendrou neste século. Afirmamos

isto porque em nenhum outro momento da nossa história o capital foi capaz de

construir formas de agrupamento urbano com a amplitude e complexidade

como os que temos hoje. Para termos uma idéia de como essas regiões

metropolitanas têm crescido, praticamente todas, com exceção de São Paulo,

cresceram mais do que seus respectivos estados.

Esse crescimento se deve, em grande parte, à descentralização do

processo industrial brasileiro. Vamos dar uma olhada no quadro de crescimento

a seguir. Para que vocês entendam o quadro é importante saber que à

esquerda mostraremos o crescimento do Estado e à direita o crescimento da

região metropolitana, ok? Portanto, não confundam...

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Locais Crescimento do Estado

Crescimento da Região Metropolitana

São Paulo

Rio de janeiro

Minas Gerais

Rio grande do sul

Pernambuco

Bahia

Ceará

Paraná

Pará

1,51

0.80

1,09

0,97

0,83

1,13

1,37

1,22

2,24

SP 1,44

RJ 1,14

BH 2,23

Porto alegre 1,55

Recife 1,56

Salvador 2,01

Fortaleza 2,15

Curitiba 3,05

Belém 2,85

Fonte: IBGE

Pois é, pessoal, a forte tendência à concentração urbana, que vinha

ocorrendo desde a década de 40, acabou favorecendo um extraordinário

crescimento desses importantes pólos econômicos regionais. Mas por que São

Paulo é exceção? Como nossa amiga no fórum de dúvidas já tinha aventado, é

bom analisarmos isto com cuidado.

Entre todas as regiões metropolitanas brasileiras, a de São Paulo é

sem dúvida a mais dilatada, não somente no número de habitantes como

também pela extensão da área abrangida. Atualmente, essa região é

considerada a maior rede urbana do Brasil, já tendo passado por sucessivos

processos de desenvolvimento econômico desde a economia do café no século

XIX.

Mais da metade de todas as sedes das multinacionais existentes no

país estão localizadas na cidade de São Paulo, transformando-a num centro de

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gestão do grande capital. Entretanto, não é isso o que confere ao estado de

São Paulo o título de principal pólo econômico e industrial da América do Sul e

maior mercado consumidor do Brasil. Não! O seu desenvolvimento industrial no

interior é que é o grande colaborador desse status.

Ainda na década de 60 e 70, o governo estadual promoveu diversas

obras para estimular a economia do interior do estado, esvaziada desde o

crack da bolsa em 1930. Uma vez fortificada a economia dessa região, os

investimentos em infra-estrutura foram intensificados nas décadas de 80 e 90.

A partir de então, a maior parte dos investimentos feitos no estado de São

Paulo foram para o interior e não para a região metropolitana, fazendo com que

o estado continuasse crescendo, mas a região metropolitana não fosse a única

causadora desse incremento.

Vejamos como o assunto urbanização costuma ser cobrado pelo

CESPE:

13-(CESPE/IRB-2010) Rede urbana pode ser definida como um conjunto funcionalmente articulado que reflete e reforça as características sociais e econômicas de um território. Em cada região do mundo, a configuração da rede urbana apresenta especificidades. Com relação a redes urbanas no Brasil, julgue (C ou E) os itens subseqüentes:

A( ) O avanço das fronteiras econômicas, como a agropecuária na região Centro-Oeste e a mineral na região Norte, contribuiu para a expansão do sistema de cidades.

B( )Ainda hoje, verifica-se a polarização exercida pelas metrópoles Rio de Janeiro e São Paulo, por meio da concentração de indústrias e de serviços.

C( )Tal como ocorre com países desenvolvidos e altamente industrializados, no espaço urbano brasileiro predominam as atividades do setor terciário, que emprega a maior a parte da população ativa.

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D( )No século XXI, tem-se observado crescente fluxo migratório das cidades médias para as grandes metrópoles nacionais, que ainda se mantêm como os maiores pólos de atração populacional do país.

Comentários

A- O processo de industrialização, principal responsável pelo avanço

das fronteiras econômicas e agropecuárias tem eliminado gradativamente a

separação entre a cidade e o campo, entre o rural e o urbano. Assim, campo e

cidade formam uma unidade em que as atividades praticadas em um setor

estimulam e auxiliam o desenvolvimento do outro. Portanto, podemos sim

considerar que o avanço das fronteiras econômicas contribuiu para a expansão

do sistema de cidades.

B- Apesar de termos visto que o Brasil vem seguindo a tendência

mundial da descentralização industrial e que várias outras regiões do país vêm

sendo “agraciadas” com a instalação de indústrias, essa questão está correta.

A concentração de indústrias no sudeste brasileiro, principalmente nas cidades

do Rio de Janeiro e São Paulo, ocorreu de forma muito desproporcional em

relação ao restante do país. Assim, ainda hoje encontramos uma polarização

nessas duas metrópoles, que concentram indústrias e serviços.

C- Ao contrário do que muitos possam pensar, os países onde os

setores terciário e quaternário da indústria predominam são exatamente

aqueles considerados desenvolvidos. Mas, afinal, o que são esses setores? O setor terciário é aquele que diz respeito aos serviços em geral e por isso é o

que mais contrata trabalhadores, sejam profissionais liberais, como advogados

e médicos, sejam profissionais informais, como os camelôs. Setor quaternário é o setor responsável pela robótica, cibernética e informática. Ele está, assim,

diretamente ligado à tecnologia e, portanto, ao desenvolvimento.

D- Ao contrário do século XX, quando a grande maioria do fluxo

migratório ocorria do campo em direção às cidades e às grandes metrópoles

nacionais, o que percebemos no século XXI é outro movimento. A busca por

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trabalho é o principal impulso que ainda move muitos fluxos migratórios já que,

em alguns casos, é a única alternativa para muitas populações responderem

aos desafios econômicos e sociais impostos pela globalização. Como vimos

anteriormente, tanto no Brasil, como no mundo, há uma tendência das

indústrias “fugirem” dos pólos econômicos do país, promovendo uma

descentralização industrial. Se as empresas vão para outros lugares, para onde

haveria de ir a mão de obra senão atrás dela, não é mesmo? Portanto, a

questão está errada!

6- A Evolução da estrutura fundiária e os problemas demográficos no campo

Para falarmos da estrutura fundiária brasileira, será importante

voltarmos lá na 5ª- série, quando estudamos as capitanias hereditárias, vocês

se lembram? Calma, não vamos fazer ninguém decorar nome, nem data de

nada, mas precisamos lembrar que a questão agrária permeou e sempre

esteve presente na formação e no desenvolvimento do país.

Assim, aquela ocupação colonial caracterizada pelo regime das

sesmarias e voltada para a monocultura só vem a iniciar alguma mudança mais

significativa depois de 1960, com uma revolução tecnológica no campo. Não

estamos dizendo que as sesmarias permaneceram até essa data não, hein

pessoal, mas apenas que a estrutura fundiária de latifúndios gigantescos só

veio a se dinamizar com a incorporação de novas tecnologias à atividade rural.

A concentração de terras é uma das características do capitalismo

no campo, ou seja, a propriedade coletiva da terra é uma possibilidade muito

remota numa conjuntura política como a que vivemos. Entretanto, há políticas

que visam atenuar essa discrepância, de forma que, mesmo com a

permanência da propriedade privada, o uso da terra seja mais democrático e

menos explorador.

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A penetração capitalista no campo, a partir da década de 60, se

caracterizou pela transição da grande propriedade improdutiva para a grande

empresa capitalista, gerando uma exclusão das pequenas e médias

propriedades. A partir da manutenção de uma estrutura fundiária concentrada,

passou a ser exigido qualidade e produtividade, sempre visando o mercado

externo e as demandas da indústria nacional. Tudo isso sempre foi atrelado à

adubação química, mecanização e, sobretudo, às necessidades do mercado

externo!

Neste processo de desenvolvimento, não cabia a incorporação da

pequena e da média propriedade, que acabou sofrendo mais do que deveria,

dando origem ao grande êxodo rural ocorrido nas décadas de 70 e 80, após a

consolidação deste modelo.

Este processo acabou evidenciando que a reforma agrária não era

necessária para o desenvolvimento da agricultura como se pensava antes.

Entretanto, pesando os prós e os contras desse novo modelo, certamente

teremos um saldo negativo. Não dizemos saldo econômico, pois esse,

certamente nunca esteve melhor no que diz respeito a atividades agrícolas. No

entanto, o custo que esse modelo impõe através da marginalidade urbana é

maior do que o custo da tão sonhada (para alguns) reforma agrária. Além do

custo econômico dessa marginalidade, ela também compromete a qualidade

de vida de todas as camadas da população urbana, de ricos a pobres.

Assim como em qualquer outra região do mundo, no Brasil, o êxodo

rural ocasionou um crescimento desordenado dos centros urbanos, gerando

um verdadeiro caos social- mas isso nós já sabemos né? Sem ter passado por

nenhum tipo de planejamento, as cidades não conseguiram fornecer as

condições sanitárias e de infra-estrutura básicas aos novos habitantes,

provocando miséria, doenças e ainda mais caos.

Além dos prejuízos às estruturas urbanas, o êxodo rural também

trouxe prejuízos ao campo, chegando ao cúmulo de transformar algumas

cidades em verdadeiras “cidades fantasma”.

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Vejam bem, pessoal! Não estamos nos referindo a grandes cidades,

e sim àquelas cidadezinhas que geralmente tem uma igreja, um armazém, um

boteco e uma discoteca! Sim, discoteca. rsrsrssrs

Pois é, vamos pensar juntos? Quem são os principais fregueses do

comercio local? Os agricultores, certo? Se eles vão embora, quem vai

movimentar a economia da cidade? Ninguém, não é? Assim, quando toda a

população deixa a cidade em busca de melhores oportunidades ou por causa

de alguma tragédia natural (como uma grande seca) o resultado é uma cidade

fantasma.

Assim, o campo vem apresentando sérios problemas em sua

demografia e, apesar do Brasil ser uma dos maiores produtores do mundo e já

contar com uma forte mecanização da agricultura, a crescente carência de

mão-de-obra tem alertado e trazido sérias preocupações aos governos, que

começam a se mexer para incentivar a ida de trabalhadores ao campo.

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Não é mais segredo pra vocês que nas ciências humanas, donde se

encaixa a história, a geografia e as atualidades que estamos estudando, os

acontecimentos são processos que se relacionam e se influenciam, certo?

Bem, com toda essa urbanização, industrialização e incremento das

redes de transporte, vocês devem estar curiosos sobre o campo, não é

mesmo? É de se imaginar que o desenvolvimento capitalista/industrial no Brasil

resultou em uma reordenação territorial também no campo brasileiro

7- As fronteiras agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia.

A agricultura brasileira foi se transformando paralelamente à

modernização industrial do país, transformando antigas estruturas rurais

agroexportadoras em verdadeiros complexos agroindustriais.

Além disso, a formação dos grandes mercados urbanos nas regiões

metropolitanas acabou estimulando que novos produtos agrícolas fossem

cultivados. Assim, a economia do campo, acabou se transformando num elo da

economia urbana e industrial, já que ela fornecia alimentos para as cidades e

matérias primas para as indústrias.

Esse processo resultou na criação de novas áreas produtoras e na

revigoração de antigas áreas falidas que voltaram à cena econômica. Do

mesmo modo, esta dinâmica foi fundamental tanto para o abastecimento do

crescente mercado interno quanto para o estímulo da expansão de uma cultura

de exportação.

Nesse sentido, o Estado foi um importante parceiro dos grandes

agricultores, pois através de incentivos fiscais ele contribuiu para o incremento

da produção de grãos, por exemplo.

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Com essa ajuda, o Estado instigou o crescimento de setores que

teriam preços altos no mercado, como a soja e o arroz, possibilitando a

produção em grande escala dessas culturas. Em especial, os complexos

agroindustriais do centro-sul comandam a produção das grandes culturas

comerciais como cana-de-açúcar, café laranja, fumo, arroz e soja.

Nesse contexto, São Paulo domina amplamente a produção de

cana, ficando responsável por 60% de sua produção, juntamente com o cultivo

da laranja por pequenos e médios proprietários. O café, por sua vez, deslocou-

se de forma irremediável para Minas Gerais e Espírito santo, ficando o rio

grande do sul responsável pela produção de fumo e arroz.

Entretanto, essa industrialização da agricultura acabou tendo como

conseqüência grave o desamparo às culturas que constituem a alimentação

básica dos trabalhadores brasileiros.

Apesar disso, a ação do Estado, em conformidade com a lógica

capitalista, criou políticas públicas voltadas para a construção de novos pólos

de desenvolvimento agrícola, como o Polocentro, o Polonordeste e o

Poloamazônico, expandindo as fronteiras agrícolas para o Centro-Oeste e para

a Amazônia.

Vejamos o mapa a seguir

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.

Bem, pessoal, ainda que, a princípio, pareça confuso, o mapa acima

nos dá uma boa noção tanto de como cada área do país se desenvolveu

quanto da heterogeneidade do desenvolvimento do espaço brasileiro.

O Polocentro, localizado no cerrado do Brasil Central, teve sua

criação direcionada à expansão da cultura de grãos, e atualmente é o maior

produtor e exportador de soja e arroz do país. Assim, as novas tecnologias,

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aliadas ao baixo preço da terra no Brasil central e as linhas de credito

especiais, atraíram centenas de grandes e pequenos empresários rurais do

centro-sul para a nova fronteira agrícola.

Nesse sentido, fazendas de soja começaram a “pipocar” da noite

para o dia no estado do Mato Grosso, onde a expansão acelerada da soja

começou em meados da década de 1980, como podemos ver no mapa a

seguir.

O Polonordeste é tido como uma região industrial periférica e

vinculada aos capitais sediados no sudeste. Essa dependência se

manifesta principalmente no caso da indústria de bens intermediários, como

produtos químicos, petroquímicos e metalurgia, que são insumos para

empresas do sudeste. Ainda assim, obteve investimentos significativos para a

sua Zona da Mata e Sertão. Já a região semi-árida, contou com projetos de

irrigação, tanto nos açudes quanto nos vales dos rios da região.

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Por fim, a Amazônia brasileira abriga recursos naturais incalculáveis,

representados pela biodiversidade dos ecossistemas de sua floresta.

Entretanto, a região não deve ser vista unicamente como uma grande reserva

de recursos naturais, já que lá viviam, em 2004, cerca de 16 milhões de

pessoas no meio urbano. Todavia, temos o Poloamazônico como responsável

pelo estabelecimento dos pólos de desenvolvimento agromineral e

agropecuário da região, o que, inegavelmente, resultou nos atuais processos

de desmatamento e violência na região.

Na Amazônia, a vegetação nativa sempre foi considerada um

entrave ao desenvolvimento da região e, ainda hoje, encontramos essa postura

por parte de agricultores e pecuaristas diante da floresta. Um exemplo disso é

a pecuária extensiva que, apesar de ser considerada como a desbravadora das

fronteiras nacionais, é a grande responsável pela destruição de extensas áreas

de florestas nativas. Em detrimento da biodiversidade local, essas áreas, sem

nenhuma aptidão agropecuária, são utilizadas por alguns anos e depois

abandonadas. Trabalharemos os detalhes e especificidades da dinâmica e

expansão das fronteiras agrícolas nas questões a seguir.

(CESPE/ABIN-2008) Perduram imagens obsoletas sobre a região amazônica, verdadeiros mitos. Não apenas os mitos tradicionais da terra exótica e dos espaços vazios, mas também mitos recentes que obscurecem a realidade regional e dificultam a elaboração de políticas públicas adequadas ao seu desenvolvimento. Nas últimas décadas do século XX, mudanças bem mais drásticas ocorreram na região, tanto no que se refere a aspectos políticos e econômicos quanto no que diz respeito a políticas públicas. As populações regionais se organizam e se tornam atores políticos significativos, a cooperação internacional financeira e tecnocientífica assume influência crescente, e o terceiro setor emerge como mediador de interesses diversos, reduzindo o papel do Estado. (B. K. Becker. Amazônia: nova geografia, nova política regional e nova escala

de ação. In: M. Coy e Kohlhepp (Coords.). Amazônia sustentável. Garamond, 2005, p. 23-4 (com adaptações).)

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Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os próximos itens, acerca das transformações político-econômicas que têm ocorrido na região amazônica.

14- (CESPE/ABIN-2008) A forma de ocupação da Amazônia mudou, e a valorização de seus produtos extrativos no mercado internacional, que persiste na atualidade, determina a ocorrência de novos ciclos econômicos.

Comentários

Os produtos extrativos amazônicos que têm tido valorização no

mercado internacional não foram suficientemente fortes para iniciar um novo

ciclo econômico como o ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, quando a

borracha atraiu milhares de pessoas para aquela região. Portanto, a questão

está errada.

15- (CESPE/ABIN-2008) A implementação de novas políticas regionais trouxe como conseqüência para a Amazônia a desarticulação dessa região da dinâmica socioeconômica no Brasil, prevalecendo, então, os interesses locais, isto é, da própria região.

Comentários

Bem, ao contrário do que afirma a assertiva, as novas políticas

regionais visam justamente articular a Amazônia ao restante do Brasil. Tanto é

que foi criada uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Integração: a

SUDAM. A Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) tem

como finalidade promover o desenvolvimento includente e sustentável de sua área de atuação e a integração competitiva da base produtiva regional na economia nacional e internacional.

Nesse sentido, a região Amazônica vem se consolidando por meio

de políticas públicas como uma grande referência ambiental, o que abre o

debate sobre os benefícios a Amazônia pode proporcionar ao planeta. A partir

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disso, surgem novos recursos internacionais para proteção ambiental e ocorre

o aumento do estímulo do Estado Nacional para consolidar a integração social

e econômica da Amazônia com o restante do país.

16- (CESPE/ABIN-2008) O aproveitamento da vastidão das terras da região amazônica por meio da alocação de pequenos produtores rurais, na segunda metade do século XX, desencadeou intenso fluxo migratório para a região.

Comentários

As correntes migratórias que mais marcaram a Amazônia estavam

ligadas aos interesses internacionais, como no final do século XIX e na primeira

metade do XX, por ocasião da Segunda Guerra Mundial. O interesse sempre

voltado para borracha, produzida industrialmente a partir da extração do látex

das seringueiras típicas dessa região, movimentaram a demografia do local,

quando os "soldados da borracha" se dirigiram do Nordeste rumo à Amazônia.

Todavia, foi na segunda metade do século XX que ocorreram as mais recentes

e numerosas correntes migratórias para a região amazônica, num projeto de

colonização dessa área idealizado pelos governos militares. Esta questão está,

portanto, correta.

17- (CESPE/ABIN-2008) Na região amazônica, a desconcentração da propriedade da terra, decorrente da ocupação desta por pequenos agricultores, direcionados por programas de assentamento implementados tanto pelo Estado, no caso do Programa Integrado de Colonização, quanto pela iniciativa particular, tornou a estrutura fundiária da Amazônia diferente da de outras regiões do país, em que existem os conflitos agrários.

Comentários

Já na sua primeira linha, essa questão dá indícios de erro, pois fala

sobre uma possível desconcentração da propriedade das terras que todos nós

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sabemos que não é verdade. Na Amazônia, assim como nas demais regiões

do país, a estrutura fundiária ainda conta com imensos latifúndios nas mãos de

poucas pessoas.

18- (CESPE/ABIN-2008)- Na Amazônia, o avanço da fronteira agrícola ocorre por meio da recuperação das áreas degradadas utilizadas para o cultivo de produtos, cuja exportação representa uma forma de inserção do Brasil no mercado internacional.

Comentários

A fronteira agrícola citada na assertiva diz respeito a uma faixa que

determina até onde pode ir o avanço da agropecuária sobre a floresta

amazônica, principalmente o cultivo da soja. Apesar de trazer muitos benefícios

para a economia do país, essa cultura tem sido muito prejudicial ao meio

ambiente da região, dada a grande devastação que ela causa. Mas a pergunta

que não quer calar é: por que na Amazônia ela é mais devastadora que em

outras regiões?

Bem, o solo da Amazônia tem uma característica bem peculiar, pois

possui fina e única camada de nutrientes que, uma vez retirada, deixa o solo

irreversivelmente improdutivo. Assim, após a colheita da soja, o correto a se

fazer seria deixar o solo “descansar” para recuperar os nutrientes perdidos

durante a plantação. Porém não é isso o que ocorre. Em contraposição ao

recomendado, os latifundiários continuam plantando com vistas somente ao

lucro e ignoram a tão necessária recuperação das áreas degradadas.

Com relação ao processo de modernização agrícola brasileira e suas implicações, julgue os itens subseqüentes.

19- (CESPE/ABIN-2008) Embora sejam evidentes os esforços de modernização das atividades no campo, o aumento do volume da produção brasileira decorre do aumento da área de terra cultivada.

Comentários

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O grande responsável pelo significativo aumento do volume da

produção agrícola brasileira é a modernização das tecnologias utilizadas no

campo. Com o êxodo rural ocorrido a partir da década de 60, o aumento das

áreas cultivadas seria completamente inútil senão houvesse a modernização

do campo. Se o aumento da área cultivada não fosse acompanhado da

modernização, não haveria trabalhadores suficientes para cultivar a terra.

20- (CESPE/ABIN-2008) Resultante da maior inserção do país no contexto internacional, a modernização agrícola, com a conseqüente queda da necessidade de trabalho humano no campo, contribuiu para o processo de urbanização no Brasil.

Comentários

Essa assertiva está perfeita pois, como já vimos anteriormente, foi a

partir da modernização agrícola - que possibilitou o melhoramento genético de

sementes, melhor capacidade de colhedeiras etc - que o Brasil pode se tornar

competitivo no mercado internacional. Além disso, foi essa mesma

modernização que resultou na diminuição de ofertas de emprego, empurrando

toda a antiga mão-de-obra para os centros urbanos do país.

21- (CESPE/ABIN-2008) O desenvolvimento agrícola ocorrido no Brasil coloca-o como provedor de bens primários para o mercado mundial, já que o país apresenta incipiente nível de industrialização.

Comentários

Em sua primeira parte, a questão até está certa, uma vez que o

Brasil realmente é um grande fornecedor de bens primários para o mercado

mundial. Só pra lembrar, pessoal, são considerados bens primários as

atividades da agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal, mineral, caça,

pesca e piscicultura.

Todavia, ao assegurar que o Brasil apresenta um nível de

industrialização incipiente, a assertiva comete um erro inegável. Muitas

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pessoas acreditam que, devido ao fato do Brasil ser um país de industrialização

recente, ele possui uma industrialização simples. Isso não é verdadeiro! Desde

o plano de metas de JK até os dias atuais, muitas modificações foram feitas e

desenvolvimentos significativos foram alcançados dentro da indústria nacional.

22- (CESPE/ABIN-2008) No Brasil, as mudanças nos padrões produtivos geram efeitos sociais, tais como o desemprego, o subemprego e a migração inter e intra-regional.

Comentários

Bem, pessoal, depois de tudo o que estudamos sobre a

modernização no campo, essa questão esta no papo, não é mesmo? A partir

do momento que o campo se modernizou e a industrialização se instalou nas

cidades, o sonho da vida melhor estimulou fortemente o fluxo migratório inter e

intra-regional. Aí alguém pode pensar: e o desemprego? Na verdade, amigos,

o desemprego é a principal mola propulsora para o subemprego, pois quando

há necessidade de trabalhar e não se tem escolha, o que vier a pessoa aceita,

não é mesmo? Pois bem, a mão-de-obra que sai do campo em direção à

cidade é formada por trabalhadores sem qualificação que acredita na

possibilidade de uma vida melhor, já que no campo estão sendo cada vez mais

substituídos pelas máquinas. Portanto, a questão está certa.

23- (CESPE/ABIN-2008) Os conflitos pela posse de terra no Brasil ocorrem tanto nas áreas tradicionais de produção agropecuária como nas novas áreas de expansão agrícola, a exemplo da região Centro-Oeste.

Comentários

Pessoal, não há muito que comentar sobre essa questão: ela está

perfeita. Assistindo aos noticiários, vemos que as disputas pela posse de terras

no país não são privilégio, nem exclusividade, de nenhuma região em especial!

Elas permeiam tanto as áreas mais tradicionais quanto as novas áreas

agrícolas, como o Centro-Oeste.

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A luta pela terra envolve uma heterogeneidade de transformações

sociais no espaço agrário brasileiro, o que gera um aumento da violência

política e costumeira dos proprietários fundiários. Ao mesmo tempo, a

seletividade do Estado nos conflitos agrários acaba evidenciando uma

continuidade do processo de dilaceramento da cidadania no campo, que revela

o vigor das lutas agrárias.

(CESPE/ABIN-2008) - O Brasil é um importante produtor agrícola que tem ampliado suas exportações, principalmente as do agronegócio. Ganhos em produtividade são reconhecidos em todos os fatores da produção: terra, trabalho e capital. Tendo em vista o panorama da agricultura brasileira na atualidade, sua evolução e características principais, julgue os itens que se seguem.

24- (CESPE/ABIN-2008) A expansão agrícola, ao inaugurar novos pólos de crescimento econômico e ao disseminar os programas de assentamento rural, ajudou a atenuar o problema da concentração da propriedade de terras no país.

Comentários

Mais uma vez temos uma assertiva que começa muito bem, mas

termina muito mal! Em sua primeira parte, a questão até está certa, pois a

expansão agrícola favorece o surgimento de novos pólos de crescimento

econômico sim. Entretanto, essa expansão nunca sequer propôs nenhum tipo

de programa de assentamento rural que atenuasse o problema da

concentração de terras no país que, como nós sabemos, resiste no tempo e no

espaço desde os primórdios de nossa colonização.

25- (CESPE/ABIN-2008) Um dos aspectos que compõem o quadro de modernização da agricultura brasileira é a formação de complexos agroindustriais como aqueles ligados à fruticultura.

Comentários

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O Brasil é o segundo produtor mundial de frutas, contribuindo com

10% da produção mundial, o que equivale a 32 milhões de toneladas por ano.

Apesar dessa grande abundância essa atividade, que tem grande importância

social, devido aos 4 milhões de empregos que gera sua participação no

mercado internacional, ainda é baixa.

Todavia, pessoal, para acertarmos essa questão, basta que nos

lembremos do rio São Francisco e os benefícios conseguidos pela tecnologia,

que possibilitou irrigar o semi-árido e dar vida a uma das maiores culturas de

frutas para exportação do brasil. Este é um dos maiores exemplos de como a

modernização da agricultura favoreceu a formação de complexos

agroindustriais ligados à fruticultura, porém não é o único. O Ministério da

Agricultura vem desenvolvendo projetos, inclusive junto a Estados com pouca

tradição na produção de frutas, como Tocantins e Mato Grosso.

Deste modo, o ministério fomenta tecnologias que estão viabilizando

uma infra-estrutura adequada para implantação de programas que permitem

produzir frutas durante todo o ano.

26- (CESPE/IRB-2009)- A análise da dinâmica da modernização da agricultura brasileira é importante para o entendimento da sociedade do Brasil contemporâneo. A esse respeito, julgue (C ou E) os itens subseqüentes.

A( ) Atualmente, observa-se, nas áreas de expansão da fronteira agrícola no Brasil, um sistema produtivo intenso e mecanizado, que gera poucos empregos diretos e baixo índice de urbanização e de migrações.

B( ) Devido à consolidação da agricultura irrigada — parcialmente voltada para a exportação — e da produção moderna de grãos, bem como à modernização dos empreendimentos voltados para a produção de têxteis, a região Nordeste do Brasil apresenta, atualmente, bons índices de desenvolvimento no que se refere a indicadores sociais, superando, inclusive, índices do Centro-Sul.

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C( ) O cerrado brasileiro é um bioma propício à atividade agrícola, como comprova sua alta produtividade nas últimas décadas, graças, especialmente, à fertilidade do seu solo, que não exige corretivos.

D( ) O fato de as indústrias deixarem de se concentrar no sudeste do Brasil tem relação com o processo de modernização da agricultura brasileira.

Comentários

A- Se tem uma coisa que a expansão das fronteiras agrícolas no

Brasil não gerou foi baixo índice de urbanização e de migrações, não é

mesmo? Portanto, a questão esta errada

B- Apesar de todo o inegável avanço alcançado pela região

Nordeste no que diz respeito aos índices de desenvolvimento social e

econômico, eles ainda estão muito aquém dos indicadores encontrados no

Sudeste do país.

C- A alta produtividade da agricultura do cerrado está diretamente

ligada a investimentos na modernização de técnicas que permitem corrigir a

falta de fertilidade própria ao solo desse bioma, que naturalmente não favorece

a agricultura.

D- A difusão da modernização, em todas as áreas, donde se inclui a agricultura, é sim a principal causadora da desconcentração industrial. Foi

esse desenvolvimento que modificou os sistemas de transportes e

telecomunicações e possibilitou uma maior integração do território nacional. Do

mesmo modo, as transformações tecnológicas permitiram um maior controle,

mesmo à distancia, dos processos produtivos. Tudo isso favoreceu

sobremaneira a desconcentração industrial, com a instalação de fábricas

modernas em diversos pontos do País.

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27- (CESPE/IRB-2008)- Acerca da estrutura agrária e de questões ambientais atuais no nordeste brasileiro, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

A( ) Na região Nordeste, apesar da semi-aridez predominante, é possível encontrar ilhas de umidade, nas quais se registra desenvolvimento agrícola intenso.

B( ) Verifica-se que, nos últimos anos, houve aumento de área irrigada no Vale do São Francisco, o que está associado ao destaque dado à produção de frutas in natura para exportação.

C( ) A escassez de chuvas durante as secas no nordeste brasileiro reduz a produção agrícola e causa desemprego generalizado no campo. Esse condicionamento dos problemas sociais por questões ambientais é característico das regiões áridas e semi-áridas de todo o mundo.

D( ) O agreste nordestino, região de transição entre a zona da mata e o sertão, é a parte mais povoada do interior do nordeste brasileiro, registrando-se variações populacionais nos períodos mais secos.

Comentários

A- A irrigação no Nordeste pode ser compreendida como um

processo em que o Estado patrocinou a modernização do espaço agrário

brasileiro. Como assim? Propondo a irrigação como uma alternativa para o

desenvolvimento regional, o governo implantou projetos que propiciaram o

enfrentamento das adversidades físicas e dos desníveis sócio-econômicos.

Assim, a irrigação levada a determinadas áreas do Nordeste constituíram um

forte impulso ao desenvolvimento agrícola dessas regiões, que são

consideradas verdadeiras ilhas de umidade.

B- A essa altura de nossa aula vocês já não agüentam mais ouvir

falar do rio São Francisco, não é? Mas essa será a última vez, ok? (ao menos

nesta aula, é claro!)

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Pois bem, essa região é uma área bastante fértil e que tem recebido

diversos investimentos para irrigação dos governos federal e estadual. Diante

de todo esse incentivo, ela se constituiu num importante pólo produtor de frutas

e hortaliças. Portanto, a assertiva está correta.

C- Apesar de pertencer ao Nordeste, a região onde mais se

desenvolve a agricultura está compreendida entre as cidades de Juazeiro, na

Bahia, e Petrolina, em Pernambuco. Essa região se tornou o maior

conglomerado urbano do semi-árido e atingiu a estabilidade em sua produção

agrícola, que não mais é atingida pela seca, já que há irrigação de suas

culturas.

D- Essa assertiva exigia pouca análise e sim um conhecimento mais

denso de geografia, não é mesmo?

Em função das diferentes características físicas que possui, a região

Nordeste se encontra dividida em quatro sub-regiões: Meio-Norte, Zona da

Mata, Agreste e Sertão. Cerca de 60,6% da população nordestina se concentra

na faixa litorânea, próxima a Zona da Mata e nas principais capitais. Em

contrapartida, no sertão nordestino e no interior os níveis de densidade

populacional são bem mais baixos, devido principalmente ao clima, à

vegetação e à falta de infra-estrutura e emprego. Assim, está correto afirmar

que o agreste nordestino é a parte mais povoada do interior do Nordeste

brasileiro.

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Bem amigos, é bom ter em mente, ao analisar as figuras abaixo, que

a partir da industrialização é que alguns processos foram desencadeados e por

sua vez acarretaram ou intensificaram outros.

INDUSTRIALIZAÇÃO

Evolução das redesde transporte

Imigração interregional

Modernização docampo

Modificação doespaço

Necessidade dedescentralização

Surgimento dasmetrópoles

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LISTA DE QUESTÕES

1- (Questão inédita) Face a retração mundial da demanda de café, decorrente da crise de 1929, o governo brasileiro adotou, como política principal, o incentivo aos pequenos produtores a fim de reduzir o impacto negativo sobre as exportações.

2- (Questão inédita) Devido à sua falta de recursos próprios, o Estado brasileiro desenvolveu um irrelevante papel na industrialização do país.

3- (Questão inédita) Além de importantes mudanças de ordem política, a década de 30 também foi marcada pelo desenvolvimento econômico industrial brasileiro.

4- (Questão inédita) Foi durante o período do governo militar que, pela primeira vez, o Brasil utilizou-se da possibilidade de pegar grandes empréstimos estrangeiros para injetar na economia de seu país

5- (Questão inédita) O plano cruzado foi um dos planos mais engenhosos no combate a inflação do Brasil e conseguiu, após várias tentativas, finalmente reduzí-la promovendo um choque heterodoxo e a reforma monetária nacional.

6- (CESPE/INMETRO-2009)- O Brasil vive uma dualidade. A economia em um momento de euforia, a política no meio de uma tragédia. A superação da crise econômica internacional, a retomada do crescimento e a confirmação de que valeu a pena manter, governo após governo, a moeda estável tornam a economia um campo em hora de colheita. A política revolta, confunde, desanima. [Miriam Leitão. Panorama Econômico. In: O Globo, 6/12/2009, p. 28 (com adaptações)]

Considerando a realidade política e econômica do Brasil dos dias atuais e tendo em vista o contido no texto acima, assinale a opção correta.

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A O Plano Cruzado ofereceu ao país a estabilidade econômico-financeira de que ele carecia e que hoje desfruta.

B A euforia a que o texto alude diz respeito aos avanços obtidos pelo país na saúde pública.

C A recente crise econômico-financeira mundial desestruturou a economia de países como o Brasil.

D A moeda brasileira, o real, notabilizou-se por não sofrer ataques especulativos ao longo do tempo.

E A expressão “tragédia”, usada pela autora do texto, remete a escândalos políticos que se sucedem no país.

7(CESPE/ABIN-2008) A industrialização do país é responsável pela modernização do setor agrícola.

8-(IRB-2008)- O padrão locacional da indústria ao longo da industrialização brasileira foi centrípeto, concêntrico e hierárquico, seguindo a tendência de industrialização das economias capitalistas avançadas em explorar vantagens de escala da concentração espacial. (Lemos et al. A organização territorial da indústria no Brasil. IPEA, 2005.

Com relação às indústrias no Brasil, julgue (C ou E) os itens seguintes.

A( ) A industrialização brasileira conheceu um processo de dispersão que, por ter ocorrido de forma ordenada, evitou a metropolização dos novos centros industriais.

B( ) Depois de décadas de concentração econômica na cidade de São Paulo, observa-se um processo inverso, determinado, entre outras causas, pelas chamadas deseconomias de aglomeração.

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C( )O desenvolvimento da indústria e da agroindústria resultou na diferenciação e especialização do espaço regional brasileiro por meio da criação de novas estruturas produtivas, como observado na Amazônia brasileira.

D( )As indústrias de alta tecnologia localizam-se, preferencialmente, onde existem sistema acadêmico e de pesquisa bem organizado, serviços urbanos modernos e base industrial.

9(CESPE/ABIN-2008) A expansão de rodovias no país foi a principal responsável por migrações intra e inter-regionais, fazendo surgir novas cidades nas áreas de expansão da fronteira agrícola

10(CESPE/ABIN-2008) A maior participação do transporte fluvial no escoamento da produção agrícola no Brasil também é um fator responsável pela expansão da agricultura no país.

11-(CESPE/ABIN-2008)- A expansão de rodovias no país foi a principal responsável por migrações intra e inter-regionais, fazendo surgir novas cidades nas áreas de expansão da fronteira agrícola.

12- (CESPE/ABIN-2008)- A maior participação do transporte fluvial no escoamento da produção agrícola no Brasil também é um fator responsável pela expansão da agricultura no país.

13- (CESPE/IRB-2010)- Rede urbana pode ser definida como um conjunto funcionalmente articulado que reflete e reforça as características sociais e econômicas de um território. Em cada região do mundo, a configuração da rede urbana apresenta especificidades. Com relação a redes urbanas no Brasil, julgue (C ou E) os itens subsequentes: A( )O avanço das fronteiras econômicas, como a agropecuária na região

Centro-Oeste e a mineral na região Norte, contribuiu para a expansão do

sistema de cidades.

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B( )Ainda hoje, verifica-se a polarização exercida pelas metrópoles Rio de

Janeiro e São Paulo, por meio da concentração de indústrias e de serviços.

C( )Tal como ocorre com países desenvolvidos e altamente industrializados,

no espaço urbano brasileiro predominam as atividades do setor terciário, que

emprega a maior a parte da população ativa.

D( )No século XXI, tem-se observado crescente fluxo migratório das cidades

médias para as grandes metrópoles nacionais, que ainda se mantêm como os

maiores pólos de atração populacional do país.

(CESPE/ABIN-2008) Perduram imagens obsoletas sobre a região amazônica, verdadeiros mitos. Não apenas os mitos tradicionais da terra exótica e dos espaços vazios, mas também mitos recentes que obscurecem a realidade regional e dificultam a elaboração de políticas públicas adequadas ao seu desenvolvimento. Nas últimas décadas do século XX, mudanças bem mais drásticas ocorreram na região, tanto no que se refere a aspectos políticos e econômicos quanto no que diz respeito a políticas públicas. As populações regionais se organizam e se tornam atores políticos significativos, a cooperação internacional financeira e tecnocientífica assume influência crescente, e o terceiro setor emerge como mediador de interesses diversos, reduzindo o papel do Estado. (B. K.. Becker. Amazônia: nova geografia, nova política regional e nova escala de ação. In: M. Coy e Kohlhepp (Coords.). Amazônia sustentável. Garamond, 2005, p. 23-4 (com adaptações).)

Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os próximos itens, acerca das transformações político-econômicas que têm ocorrido na região amazônica.

14- (CESPE/ABIN-2008) A forma de ocupação da Amazônia mudou, e a valorização de seus produtos extrativos no mercado internacional, que persiste na atualidade, determina a ocorrência de novos ciclos econômicos.

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15- (CESPE/ABIN-2008) A implementação de novas políticas regionais trouxe como conseqüência para a Amazônia a desarticulação dessa região da dinâmica socioeconômica no Brasil, prevalecendo, então, os interesses locais, isto é, da própria região.

16- (CESPE/ABIN-2008) O aproveitamento da vastidão das terras da região amazônica por meio da alocação de pequenos produtores rurais, na segunda metade do século XX, desencadeou intenso fluxo migratório para a região.

17- (CESPE/ABIN-2008) Na região amazônica, a desconcentração da propriedade da terra, decorrente da ocupação desta por pequenos agricultores, direcionados por programas de assentamento implementados tanto pelo Estado, no caso do Programa Integrado de Colonização, quanto pela iniciativa particular, tornou a estrutura fundiária da Amazônia diferente da de outras regiões do país, em que existem os conflitos agrários.

18- (CESPE/ABIN-2008) Na Amazônia, o avanço da fronteira agrícola ocorre por meio da recuperação das áreas degradadas utilizadas para o cultivo de produtos, cuja exportação representa uma forma de inserção do Brasil no mercado internacional.

(CESPE/ABIN-2008) Com relação ao processo de modernização agrícola brasileira e suas implicações, julgue os itens subseqüentes.

19- (CESPE/ABIN-2008) Embora sejam evidentes os esforços de modernização das atividades no campo, o aumento do volume da produção brasileira decorre do aumento da área de terra cultivada.

20- (CESPE/ABIN-2008) Resultante da maior inserção do país no contexto internacional, a modernização agrícola, com a conseqüente queda da necessidade de trabalho humano no campo, contribuiu para o processo de urbanização no Brasil.

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21- (CESPE/ABIN-2008)O desenvolvimento agrícola ocorrido no Brasil coloca-o como provedor de bens primários para o mercado mundial, já que o país apresenta incipiente nível de industrialização.

22- (CESPE/ABIN-2008) No Brasil, as mudanças nos padrões produtivos geram efeitos sociais, tais como o desemprego, o subemprego e a migração inter e intra-regional.

23- (CESPE/ABIN-2008) Os conflitos pela posse de terra no Brasil ocorrem tanto nas áreas tradicionais de produção agropecuária como nas novas áreas de expansão agrícola, a exemplo da região Centro-Oeste.

(CESPE/ABIN-2008) - O Brasil é um importante produtor agrícola que tem ampliado suas exportações, principalmente as do agronegócio. Ganhos em produtividade são reconhecidos em todos os fatores da produção: terra, trabalho e capital. Tendo em vista o panorama da agricultura brasileira na atualidade, sua evolução e características principais, julgue os itens que se seguem.

24- (CESPE/ABIN-2008) A expansão agrícola, ao inaugurar novos pólos de crescimento econômico e ao disseminar os programas de assentamento rural, ajudou a atenuar o problema da concentração da propriedade de terras no país.

25- (CESPE/ABIN-2008)- Um dos aspectos que compõem o quadro de modernização da agricultura brasileira é a formação de complexos agroindustriais como aqueles ligados à fruticultura.

26- (CESPE/RB-2009)- A análise da dinâmica da modernização da agricultura brasileira é importante para o entendimento da sociedade do Brasil contemporâneo. A esse respeito, julgue (C ou E) os itens subseqüentes.

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A( ) Atualmente, observa-se, nas áreas de expansão da fronteira agrícola no

Brasil, um sistema produtivo intenso e mecanizado, que gera poucos empregos

diretos e baixo índice de urbanização e de migrações.

B( ) Devido à consolidação da agricultura irrigada — parcialmente voltada para

a exportação — e da produção moderna de grãos, bem como à modernização

dos empreendimentos voltados para a produção de têxteis, a região Nordeste

do Brasil apresenta, atualmente, bons índices de desenvolvimento no que se

refere a indicadores sociais, superando, inclusive, índices do Centro-Sul.

C( ) O cerrado brasileiro é um bioma propício à atividade agrícola, como

comprova sua alta produtividade nas últimas décadas, graças, especialmente,

à fertilidade do seu solo, que não exige corretivos.

D( ) O fato de as indústrias deixarem de se concentrar no sudeste do Brasil

tem relação com o processo de modernização da agricultura brasileira.

27- (CESPE/IRB-2008)- Acerca da estrutura agrária e de questões ambientais atuais no nordeste brasileiro, julgue (C ou E) os itens que se seguem. A( ) Na região Nordeste, apesar da semi-aridez predominante, é possível

encontrar ilhas de umidade, nas quais se registra desenvolvimento agrícola

intenso.

B( ) Verifica-se que, nos últimos anos, houve aumento de área irrigada no

Vale do São Francisco, o que está associado ao destaque dado à produção de

frutas in natura para exportação.

C( ) A escassez de chuvas durante as secas no nordeste brasileiro reduz a

produção agrícola e causa desemprego generalizado no campo. Esse

condicionamento dos problemas sociais por questões ambientais é

característico das regiões áridas e semi-áridas de todo o mundo.

D( ) O agreste nordestino, região de transição entre a zona da mata e o

sertão, é a parte mais povoada do interior do nordeste brasileiro, registrando-se

variações populacionais nos períodos mais secos.

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GABARITO

1- E 7- C 13-CCCE 19-E 25-C

2- E 8- ECCC 14- E 20-C 26-EEEC

3- C 9- C 15- E 21-E 27-CCEC

4- E 10-C 16- C 22-C

5- E 11- C 17- E 23-C

6- Letra E 12- C 18-E 24-E

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BIBLIOGRAFIA

GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira contemporânea. São

Paulo: Atlas, 2009.

MAGNOLI, Demétrio. Geografia para ensino Médio. São Paulo: Atual, 2008.

ROSS, Jurandir Sanches (org). Geografia do Brasil. - 6ª- edição - São Paulo:

Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo, 2008.

_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da Economia urbana dos países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São

Paulo, 2008.

SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e território na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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AULA EXTRA 01- SIMULADO I

Olá, amigos, tudo bem? Como vão os estudos!

O concurso do Senado Federal é, atualmente, sem dúvida alguma, o mais

cobiçado entre todos os concurseiros. Sabemos, portanto, que as provas deverão vir em

um nível elevadíssimo! Muitos alunos, inclusive, já estão em um nível bastante avançado

de estudos, o que faz com que queiram se aprofundar cada vez mais, não é mesmo?

Eu lembro muito bem da minha época de concurseiro (Ricardo falando!).

Quando eu já tinha estudado tudo de uma determinada matéria e já considerava que

estava em um nível elevado naquela disciplina, não admitia errar uma questão. Por isso,

queria estar um passo um frente, perseguindo o 100% de aproveitamento (o que não é

fácil!). Quando chegamos aos 80%, já fica difícil galgar novos degraus!

Pensando nisso, resolvemos elaborar esse material complementar, que

compila várias novas questões. A idéia é que vocês possam resolvê-las e que possamos

discuti-las depois, ok? Isso fará com que nosso fórum se torne ainda mais

movimentado e nosso curso mais dinâmico!

Nas últimas semanas, quem acompanhou as perguntas no fórum pôde verificar

que aprofundamos bastante em alguns assuntos! A participação de vocês é, sem dúvida,

fundamental em nosso curso! Estejam sempre à vontade para perguntar, ok? Sintam-se

como se estivessem em sala de aula!

Bem, nesse simulado veremos questões referentes às aulas 0 a 4. A idéia

é que possamos realizar um segundo simulado, englobando as aulas de 5 a 8 e,

ainda, um simulado final! Esperamos que gostem da nossa proposta!

Um grande abraço,

Ricardo Vale e Virgínia Guimarães

“O segredo do sucesso é a constância no objetivo!”

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SIMULADO I 1-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- Na América Latina, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) tenta afirmar-se, mas a recente decisão argentina de se afastar desse

bloco aponta para o seu enfraquecimento, prenúncio de seu efetivo colapso.

2-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- O euro é a moeda adotada pelo conjunto dos países da União Européia e, do seu lançamento aos dias atuais, viveu trajetória ascendente, livre de crises que pudessem abalar seu prestígio.

3-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- Embora tenha sido formada ao longo de décadas e tenha incorporado grande número de países, a União Européia ainda não abarca as antigas economias socialistas do leste europeu.

4- (CESPE/STF-2008)- Por ser um bloco bastante homogêneo, cujos integrantes se equiparam quanto ao estágio de desenvolvimento econômico e às práticas políticas democráticas, a UE conduz uma política externa consensualmente aprovada pelo Parlamento Europeu, cujas decisões têm força de lei e caráter impositivo.

5-(CESPE/ABIN-2008)- A globalização econômica trouxe consigo a possibilidade de aumento da interação entre os processos produtivos e o consumo, mas também a presença estratégica de grandes empresas globais vinculadas, direta ou indiretamente, ao aparelho político e estratégico de Estados nacionais que utilizam a internacionalização para a realização de seus interesses nacionais e para reforçar suas capacidades decisórias.

6-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- O termo globalização é comumente usado para

definir a realidade mundial contemporânea, que, a partir da economia, apresenta crescente interdependência de mercados, empresas, instituições e governos.

7-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- A formação de blocos econômicos é característica marcante da globalização e tem, na União Européia, seu exemplo mais avançado.

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8-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- A rápida circulação de capitais pelos mercados financeiros globais é facilitada pelas inovações tecnológicas que modernizam as comunicações, a exemplo do papel exercido pela Internet.

9-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- Os denominados capitais financeiros de risco são aqueles que entram e saem rapidamente dos países, promovendo ataques especulativos contra as moedas locais, a fim de enfraquecê-las, e, com isso, obter a ampliação de seus ganhos.

10-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- A ordem global contemporânea pressupõe plena liberdade de comércio, sem regras que o balizem e sem instituição que o monitore em escala mundial.

11- (CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- A globalização contribui para reduzir o desemprego ao derrubar as fronteiras tradicionais para a atuação das corporações multinacionais.

12-(CESPE/BB-2007)- Propiciado pelo desenvolvimento científico-tecnológico das últimas décadas, o avanço das comunicações exerce importante papel para a circulação de informações e de capitais no mundo globalizado de hoje.

13-(CESPE/TJDF-2008)- Na atualidade, um dos clássicos sintomas de crise ou de instabilidade financeira é o comportamento volátil das bolsas de valores, que, em escala planetária, tende a expressar a insegurança dos investidores. 14-(CESPE/ANTAQ-2009-adaptada)- A origem da crise financeira internacional está ligada a problemas verificados no setor de crédito imobiliário, que arrasta

instituições financeiras e, no desdobramento, atinge áreas diversas do sistema produtivo.

15- (CESPE/ANTAQ-2009)- O cenário de crise, embora de extrema gravidade, parece não ter influído no recente processo eleitoral norte- americano, pois o governo Bush conseguiu eleger o candidato de seu partido, o republicano Barack Obama.

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16- (CESPE/ANTAQ-2009-adaptada)- A afirmação de que os EUA são o país mais rico do mundo é equivocada, porque essa posição foi perdida há algum tempo para a China, que, na atualidade, detém a liderança econômica e militar exercida pelos

norte-americanos por várias décadas.

17- (CESPE/ANTAQ-2009)- O que mais chama a atenção na presente crise econômico- financeira é o caráter de ineditismo de que se reveste, já que, pelo menos no século XX, nada parecido ou de grande magnitude chegou a abalar o capitalismo mundial.

18- (CESPE/ANTAQ-2009)- A disseminação mundial da crise foi facilitada pela própria natureza da economia contemporânea, a globalização, caracterizada pela vigorosa interdependência entre os mais diversos setores da economia e as distintas regiões do planeta.

19- (CESPE/ANTAQ-2009)- Aproveitando a experiência do passado, os países recusam-se, com essa crise, a tomar medidas de cunho protecionista, para não agravar uma situação que atinge a todos.

20- (CESPE/ANTAQ-2009)- Tal como ocorre no presente, o desemprego costuma ser um dos mais elevados custos sociais que uma crise econômica de grandes proporções acarreta.

21- (CESPE/ANTAQ-2009)- Países considerados emergentes no cenário econômico mundial, como o Brasil e a Índia, podem não ser muitos afetados pela atual crise por serem detentores de matérias primas estratégicas e por pouco dependerem do

consumo externo, ao contrário do que ocorre com os de economia mais desenvolvida.

22- (CESPE/ANTAQ-2009)- Blocos econômicos, como a União Européia e o MERCOSUL, compõem o panorama do que se convencionou chamar de globalização e derivam, entre outras razões, da necessidade de se posicionar bem no competitivo mercado mundial.

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23- (CESPE/ANTAQ-2009)- A eleição de Barack Obama suscitou grandes expectativas nos EUA e no mundo inteiro principalmente pelo fato de ele ser de grupo de oposição ao governo que se encerrava, o de George W. Bush.

24- (CESPE/ANTAQ-2009)- País que já conviveu com a escravidão e que tem forte tradição de discriminação racial, os EUA fizeram de Obama o primeiro negro a assumir a Casa Branca.

25- (CESPE/ANTAQ-2009)- Embora tenha-se iniciado na Europa, a atual crise econômica atingiu diretamente os EUA e o Japão.

26- (CESPE/ANTAQ-2009)- Financeira em suas origens, a crise hoje existente estendeu-se pelo sistema produtivo, ou seja, atingiu a economia real.

27- (CESPE/ANTAQ-2009)- No rastro da presente crise, surge um grave problema com profundas repercussões sociais: o fechamento de postos de trabalho.

28- (CESPE/ANTAQ-2009)- A indústria automobilística sofre o impacto negativo da crise, com redução de vendas, produção e número de empregos.

29- (CESPE/ANTAQ-2009)- De acordo com o texto, a política externa de Barack Obama estará centrada, desde o início e com atenção redobrada, na América Latina.

30- (CESPE/ANTAQ-2009)- Embora não faça fronteira com os EUA, o México é prioritário para a diplomacia norte-americana por causa do grande número de imigrantes mexicanos instalados no território norte-americano.

Gabarito: ERRADO

31- (CESPE/ANTAQ-2009)- Na atualidade, os países latino-americanos que melhor se relacionam com os EUA são Cuba e Venezuela.

32- (CESPE/PMDF-2009)-O Brasil apresenta-se imune à crise, não tem seu PIB abalado pelo atual momento econômico mundial e tem sinais de elevado crescimento econômico para 2009.

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33- (CESPE/PMDF-2009)- Os países emergentes da Ásia, como a China e a Índia, não manifestam preocupações com a crise do capitalismo, pois seguem com

índices de produção e ampliação expressiva dos seus mercados internos.

34- (CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- Quanto ao atual estágio da economia da China, país identificado no texto como o maior emissor de CO2 na atmosfera, e à sua situação política, assinale a opção correta. a)- O modelo de desenvolvimento adotado pela China, responsável pelos excelentes

números obtidos nas três últimas décadas, é criticado pelo uso intensivo de matriz

energética essencialmente poluidora.

b) Ostentando elevadas taxas anuais de crescimento, a economia chinesa é, na

atualidade, tipicamente de mercado, fundada na livre concorrência e sem ingerência do

Estado.

c) A opção chinesa pela liberalização econômica segue o modelo bem-sucedido adotado

pela Rússia ao promover a reestruturação (perestroika) e a abertura (glasnost) do país.

d) Para ser aceita na comunidade internacional, a República Popular da China procede a

uma abertura política sem precedentes em sua trajetória revolucionária.

e) Como a população chinesa, a maior do planeta, consome quase tudo o que o país

produz, a China não consegue presença significativa no comércio global nos dias de hoje.

35- (CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- O Brasil se candidata à quinta posição no ranque das economias mundiais. Não pode mais, por isso, ser considerado país pobre. É desigual, como a Índia e a China. Apesar, porém, do lugar privilegiado, não logrou dar o salto qualitativo capaz de incluí-lo no seleto clube do Primeiro Mundo. Mantém-se como nação periférica. Há muitas explicações para o fenômeno. Uma

delas sobressai: a educação subdesenvolvida. Correio Braziliense. Editorial: Educação subdesenvolvida. 4/12/2009, p. 16 (com adaptações). Considerando o tema abordado no texto e as informações nele contidas, assinale a opção correta. a) O texto sugere que o Brasil optou por não se inserir na atual economia globalizada,

preferindo ampliar sua capacidade produtiva para atender à demanda do mercado interno.

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b) Citados no texto, Índia e China, diferentemente do Brasil, ultrapassaram o estágio de

país emergente e, na atualidade, têm assento privilegiado no grupo dos mais ricos, o G-8.

c) A desigualdade social é marca histórica que acompanha os países latino-americanos,

tendo sido praticamente superada em parte da África e em quase toda a Ásia.

d) Em termos geográficos e geopolíticos, o conceito de Primeiro Mundo envolve,

essencialmente, países situados no Hemisfério Sul e, muito raramente, os situados no

Norte.

e) Contornados os efeitos da crise internacional, a economia brasileira dá sinais de

recuperação, aponta para um quadro de expansão e situa o país entre os grandes

emergentes mundiais.

36- (CESPE/TJDF-2008)- China e Índia, citadas como exemplos marcantes de países emergentes na atualidade, creditam parcela significativa de seu êxito ao fato de terem promovido reformas políticas que as levaram a adotar o modelo de democracia ocidental.

37- (CESPE/STJ-2008)- China e Índia se assemelham não apenas quanto ao desenvolvimento econômico, mas também se identificam na adoção de regimes políticos claramente autoritários.

38- (CESPE/STJ-2008)- Há consenso entre os especialistas de que a fome no mundo decorre de uma incontornável realidade: a produção de alimentos é demasiado pequena em relação ao número de habitantes do planeta.

39-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- Como o protecionismo é incompatível com a atual ordem econômica global, ele praticamente desapareceu do cenário do

comércio mundial dos dias de hoje.

40-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- Desde o advento da Revolução Industrial, a divisão internacional do trabalho reservou ao Hemisfério Norte o papel de fornecedor de matéria-prima e de abundante mão de obra.

41-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- Ao surgir no pós - Segunda Guerra Mundial, o conceito de Terceiro Mundo englobava os países pobres e em desenvolvimento.

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42-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- Entre as principais tendências demográficas do mundo contemporâneo, está o aumento da população urbana e da proporção de

idosos.

43-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- O quadro de crise econômica em fins do século XX aguçou o problema estrutural do desemprego, que levou à pressão para que fossem flexibilizadas as leis de proteção ao trabalho.

44-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- O atual ritmo de crescimento da população mundial é mais lento do que o verificado nos séculos XIX e XX.

45-(CESPE/Polícia Militar/ES-2010)- Na Europa, a crise de desemprego envolveu explícitas manifestações de racismo contra imigrantes oriundos de regiões mais pobres, como a África.

46-(CESPE/IRB-2009)- Assinale a opção correta, levando em conta a evolução e a agenda recente das relações entre Brasil e China. a)Apesar do sensível incremento observado na presente década, o relacionamento

econômico bilateral enfrenta restrições decorrentes de questões políticas, como a da

posição brasileira em relação a Taiwan e a do tratamento dos direitos humanos por parte

do governo chinês.

b) A despeito das diferentes estaturas demográficas, econômicas e militares desses

países, a condição comum de grandes potências emergentes e os interesses

convergentes em relação aos principais temas da agenda global facilitam a coordenação

de posições do Brasil e da China nos principais fóruns multilaterais, como o das Nações

Unidas e o da Organização Mundial do Comércio.

c) A cooperação no campo aeroespacial é uma das dimensões mais importantes e

tradicionais das relações sino-brasileiras e tem por objetivo o desenvolvimento de

tecnologias e de capacidades conjuntas de produção e lançamento de foguetes e de

satélites de múltiplas aplicações.

d) A partir de 2003, observou-se continuado decréscimo no comércio entre Brasil e China,

mas com saldos favoráveis à China, o que foi compensado com o massivo ingresso, no

Brasil, de investimentos diretos chineses.

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e) Nos últimos anos, houve mudança do padrão de comércio bilateral, tendo a China

obtido saldos positivos em setores mais intensivos em tecnologia, enquanto o Brasil

manteve superávit no setor de produtos primários, como alimentos e recursos minerais.

47- (FUNVERSA-TERRACAP-2010) (21/1/2010) – Dólar fecha a R$ 1,80, maior preço em 4 meses; Bovespa cede 2,61%. O dragão chinês O governo chinês revelou hoje que o país cresceu a uma taxa de 8,7% no ano passado. A cifra acima das expectativas detonou uma preocupação generalizada de que uma das "locomotivas" da economia global tome novas medidas para puxar o freio do crescimento. Esse temor tem precedente, já que nos últimos dias as autoridades chinesas multiplicaram as iniciativas para elevar o custo do capital e retirar dinheiro de circulação. A China é um dos maiores compradores mundiais de commodities, principalmente do Brasil. E nesse ambiente de maior nervosismo, o dólar vira o ponto de fuga para agentes financeiros, já preocupados com o fechamento das contas externas brasileiras, num ano em que se espera o aumento das importações. Internet: <www1.folha.uol.com.br> (com adaptações). Acerca do tema abordado no texto acima, assinale a alternativa correta. a) A leitura do texto permite inferir que, caso a China reduza a importação de

commodities, o Brasil pode ter problemas econômicos.

b) O crescimento econômico de 8,7% ao ano da China é igualmente acompanhado pelos

demais países emergentes, como o Brasil e a Índia.

c) A previsão para o Brasil de aumento nas importações irá provocar uma elevação, sem

precedente, na dívida externa do país.

d) O crescimento econômico chinês está diretamente relacionado à política antinatalista

do filho único e à sua matriz energética baseada na geração de energia por hidrelétricas.

e) O crescimento da economia chinesa é acompanhado de igual desenvolvimento social

com crescente redução das desigualdades entre os cidadãos do país.

48- (FUNVERSA- HFA-2009)-

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Com o auxílio do gráfico acima, assinale a alternativa correta: a) Entre os fatores que se constituem em entraves para um aumento ainda maior dos

fluxos comerciais mundiais, encontram-se os subsídios agrícolas, que são atitudes

protecionistas tomadas pelos governos, em especial dos países ricos, para beneficiar

produtores locais contra produtos importados.

b) O comércio global é regulado pela Organização das Nações Unidas, que possui poder

para impor sanções às nações que adotem medidas que não se coadunem com as

políticas que visam ao aumento dos fluxos comerciais internacionais.

c) Após a crise global iniciada em 2008, a supremacia comercial dos Estados Unidos

deixou de existir, o país foi superado por diversas nações emergentes no volume de

exportações de bens e serviços.

d) Dos países que aparecem no gráfico, a China foi o único que passou ao largo da crise,

pois manteve um ritmo de crescimento das exportações, nos últimos semestres,

constante e semelhante aos de anos anteriores.

e) Do gráfico, é possível concluir que, combinando-se os resultados das exportações e

das importações, apenas um país apresentou déficit em sua balança comercial de bens e

serviços.

49-(FUNVERSA-APO-DF-2009)- BRICS acenam com mudanças em divisas, mas não descartam de vez o dólar (Da Agência EFE, 16/06/2009)- As quatro grandes economias emergentes que integram o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) pediram nesta terça-feira um sistema

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de divisas mais diversificado, estável e previsível, mas não descartaram de vez o dólar. No comunicado final após a primeira cúpula formal na cidade russa de

Ecaterimburgo, nos Urais, o BRIC defendeu um mecanismo mais democrático e transparente de tomada de decisões nas organizações financeiras multilaterais. Participaram da cúpula o presidente Luiz Inácio Lula da os governantes da Rússia, Dmitri Medvedev; da China, Hu Jintao e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, cujos países concentram 40% da população mundial. Internet <www.epa-europeanpressphoto.com> Acesso em 26/06/2009 Tomando o texto como referência inicial, assinale a alternativa incorreta: a) A Índia é um país cuja economia tem como um dos destaques o setor de serviços de

informática, valendo-se de sua alta capacidade de formar engenheiros e matemáticos. b) A Rússia, que possui gigantescas reservas de petróleo e gás, apresenta-se como

parceira natural da China na questão energética.

c) A população total do bloco conhecido como BRIC supera os dois bilhões de habitantes,

sendo que os países integrantes apresentam certa similitude quanto aos níveis de

crescimento vegetativo e às políticas de controle da natalidade.

d) China e Índia conheceram o vertiginoso crescimento que atualmente apresentam a

partir do momento em que implementaram profundas reformas, que alteraram

substancialmente os modelos econômicos preexistentes.

e) Nos últimos anos, o Brasil, entre os países mencionados, é aquele que vem

apresentando os mais modestos índices de crescimento econômico.

50- (CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- Uma nuvem de poeira encobriu Porto Príncipe, a capital do Haiti. Quando ela se dissipou e foi possível ver a cidade de novo, não havia mais uma cidade. Casas e barracos transformaram-se em um

amontoado de entulho. Aos gritos de “Jesus, Jesus!”, milhares de pessoas perambulavam pelas vielas da cidade mais populosa do miserável Haiti, o país mais pobre das Américas. Com 1,2 milhão de habitantes, Porto Príncipe acabara de ser atingida em cheio por um terremoto devastador, que aniquilou o que havia da precária infraestrutura. Época, 14/1/2010 (com adaptações). Considerando os acontecimentos recentes no Haiti, assinale a opção correta.

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a) Em 2008, o Haiti sofreu o efeito de quatro furacões, que deixaram milhares de

desabrigados.

b) Jean-Bertrand Aristide é o atual presidente do Haiti.

c) Os Estados Unidos da América não enviaram tropas a Porto Príncipe.

d) O Irã faz parte das forças de paz da ONU, contribuindo com soldados.

e) Após o terremoto, foi decidido que as tropas brasileiras seriam retiradas do Haiti.

51- (CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)Hillary Clinton riscou seis dias de sua agenda para fazer uma excursão pela América Latina. No meio do caminho, dedicou 29 horas ao Brasil. A secretária de Estado chegou a Brasília na noite de terça e deixou o Brasil por São Paulo na madrugada de quarta. Foi a primeira vez que um representante graduado do governo Obama esteve no país. O primeiro encontro foi fugaz e chocho, o que se nota pelas declarações mornas de ambas as partes, restritas à polidez protocolar do discurso diplomático. A questão de como lidar com o Irã, aquele mistério teocrático envolto em um enigma nuclear, divide Brasil e Estados Unidos da América (EUA). Veja, 10/3/2010, p. 84 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a opção correta acerca das relações entre o Brasil e os EUA. a) O governo americano defende que o Conselho de Segurança da ONU não imponha

sanções sobre o Irã acerca de armamento nuclear.

b) O governo brasileiro é contra qualquer projeto de energia nuclear por parte do Irã.

c) A Organização Mundial do Comércio não autorizou o Brasil a retaliar os EUA por

subsídio ao algodão.

d) O Brasil defende que o Irã tem o direito de enriquecer urânio a 20%, limite ainda

permitido pelo tratado de não proliferação nuclear.

e) O caso do subsídio ao algodão é o único atrito comercial entre os dois países.

52- (CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que a entrada do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada do Brasil em Tegucigalpa não significa que o governo brasileiro tenha dado incentivo para o gesto. Zelaya, deposto e expulso de Honduras em junho de 2009, retornou a seu país e ficou abrigado na embaixada brasileira na capital hondurenha.

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O Globo Online, 22/9/2009 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a opção correta. a) A embaixada brasileira foi invadida pelo exército hondurenho, que objetivava prender o

presidente deposto Zelaya.

b) O novo presidente eleito em Honduras foi Porfírio Lobo.

c) Zelaya recebeu um salvo conduto do presidente eleito que lhe permitiu ir ao México.

d) A eleição hondurenha foi amplamente reconhecida pelo Brasil assim que ocorreu.

e) O FMI negou qualquer possibilidade de negociação com Honduras, mesmo após as

eleições.

53- (FUNVERSA- COFECON-2009)- “Os avanços nos processos de construção da União Européia também acabaram influenciando outros países e regiões, mostrando que pelo menos um dos caminhos para o desenvolvimento, talvez o principal, passava pela união de forças, cristalizadas na integração regional. Assim, ante um cenário internacional econômico e político marcado por indefinições e muita incerteza, diversos Estados nacionais buscaram criar blocos regionais para responder às novas diretrizes que emanavam do centro mais dinâmico do sistema capitalista.” Pio Penna Filho. Política Internacional Contemporânea, São Paulo: Saraiva, 2007, p.65 Acerca dos blocos econômicos mundiais, assinale a afirmativa correta: a) Entre os “avanços nos processos de construção da União Européia”, encontram-se a

livre circulação de pessoas, a criação de uma constituição única e a supressão dos

parlamentares nacionais dos países-membros, que outorgaram suas funções ao

Parlamento Europeu, com sede em Estrasburgo, na França.

b) Alguns países da América do Sul (Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai)

criaram, em 1991, por meio do Tratado de Assunção, o Mercado Comum do Sul, o

MERCOSUL.

c) A Comunidade Andina de Nações (CAN), da qual o Brasil passou a fazer parte em

2009, é, após o MERCOSUL, o mais importante bloco econômico americano.

d) ASEAN e APEC são importantes blocos econômicos que integram, respectivamente,

países africanos e asiáticos.

e) Existem diferenças quanto ao grau de integração entre uma zona de livre comércio e

uma união aduaneira.

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54- (FUNVERSA- COFECON-2009)- “África, 680 milhões de habitantes espalhados por 54 países. Bolsões de prosperidade na África do Sul, em Angola e nos países

petroleiros do norte, como Argélia e Líbia. Pobreza quase generalizada no restante do continente. Conflitos étnicos e religiosos sangrentos – os mais recentes deixaram 185 mortos no Sudão e 600 na Nigéria.” Com o auxílio do texto, assinale a alternativa correta, acerca do continente africano: a) A prosperidade angolana a que o texto se refere está relacionada à elevada

produtividade agrícola que aquele país apresenta.

b) Em relação à África do Sul, os bons índices econômicos são alavancados pela elevada

produção petrolífera, a maior do continente.

c) Entre os países que viveram conflitos “étnicos[...] sangrentos”, além dos mencionados

Sudão e Nigéria, estão Ruanda e Serra Leoa.

d) Na África do Sul, ao sul do deserto do Saara, os conflitos religiosos decorrem

principalmente de choques entre católicos, habitantes das áreas de colonização

espanhola, e protestantes, ocupantes de zonas de colonização inglesa.

e) A população dos “países petroleiros do norte” é composta, predominantemente, por

povos negros que professam, em sua grande maioria, o islamismo.

55- (FUNVERSA- COFECON-2009)- “Obama diz não ter intenção de enviar tropas ao Iêmen e à Somália O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que não tem intenção de enviar tropas americanas para o Iêmen ou a Somália, dois países que enfrentam combatentes islâmicos, vistos como aliados da rede terrorista Al Qaeda. Obama disse à revista People que ainda acredita que o centro de atividades da Al Qaeda é ao longo da fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão.

As preocupações com o terrorismo no Iêmen cresceram depois do atentado frustrado a um avião com destino a Detroit no dia de Natal. Segundo as investigações, o suspeito de tentar detonar explosivos durante o vôo, o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, recebeu treinamento do braço da Al Qaeda no Iêmen. Na entrevista realizada na sexta-feira, Obama disse que não descarta nenhuma possibilidade. Ainda assim, ele disse que, para países como o Iêmen e a Somália, ele acredita que trabalhar com parceiros internacionais seria mais eficaz no momento.

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Localizado no sul da península Arábica, o Iêmen é o mais pobre dos países árabes. Seu governo enfrenta rebeldes xiitas e sunitas e abriga o braço da rede Al Qaeda na península, depois de anos de repressão do governo saudita ao grupo.”

O texto aborda uma das maiores preocupações, não só dos Estados Unidos, como também de diferentes países do globo: o terrorismo. Acerca do texto e do tema abordado, assinale a alternativa correta: a) A Comissão Nacional sobre Ataques Terroristas nos Estados Unidos atribuiu à Al

Qaeda a responsabilidade do ataque ao World Trade Center, em setembro de 2001.

Ainda hoje, um dos principais líderes desse grupo terrorista, Osama Bin Laden, é

procurado pelos Estados Unidos.

b) O texto apresenta as causas do terrorismo internacional.

c) O elevado percentual de população contaminada com o vírus da AIDS faz que a África

se torne uma efervescente área de formação de terroristas.

d) A organização de grupos terroristas tem como único propósito a implantação do

islamismo em escala global. Por esse motivo, os ataques são sempre justificados como

sendo uma guerra santa.

e) A decisão do Presidente Barack Obama de não apresentar uma maior ofensiva ao

Iêmen demonstra um enfraquecimento político e diplomático dos Estados Unidos, uma

vez que o ataque ao avião com destino a Detroit provocou a morte de dezenas de

passageiros.

56-(FUNVERSA- COFECON-2009) Milhares podem estar mortos após tragédia no Haiti. (13/01/2010)- PORTO PRÍNCIPE (Reuters)- Os líderes do Haiti disseram nesta quarta-feira temer que milhares de pessoas tenham morrido no forte terremoto que destruiu o palácio presidencial, escolas, hospitais e favelas do país. Os governos

do Brasil e de outros países se mobilizaram para enviar ajuda o mais rápido possível. Um prédio de cinco andares que servia como quartel-general da Organização das Nações Unidas (ONU) desmoronou após o tremor de magnitude 7,0 da terça-feira, o mais forte a atingir o país em mais de 200 anos, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos. Internet <http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters > Acesso em 14/01/2010

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Tomando o texto como referência inicial, assinale a alternativa correta: a) País da América Central continental, o Haiti é um dos mais pobres do mundo, como

forte dependência da ajuda internacional.

b) República presidencialista, o Haiti é ex-colônia francesa; a maioria de sua população é

composta por descendentes de africanos e professam a religião católica.

c) Uma das vítimas do terremoto no Haiti foi a brasileira Zilda Arns, que se tornou célebre

por ter criado a Pastoral da Criança e ter sido condecorada com o Prêmio Nobel da Paz,

em 2006.

d) Desde 2004, quando uma revolução apoiada por Cuba tentou implantar o socialismo no

Haiti, o Brasil comanda a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah),

visando dar apoio ao governo capitalista de Porto Príncipe.

e) A base da economia do Haiti é a extração de petróleo, recentemente descoberto;

entretanto, ainda não se notam sinais de que a riqueza mineral tenha promovido

alterações positivas nas condições de vida da população haitiana.

57- (FUNVERSA-HFA-2009)- “Nas últimas décadas, a economia chinesa cresceu em média 10% ao ano. É impelida pela maior migração que o mundo já viu: estima-se que 140 milhões de chineses tenham deixado a zona rural, e há previsão de que outros 45 milhões se juntem à força de trabalho urbana nos próximos anos.” Peter Hessler. Internet < http://www.nationalgeographic.pt>. Acesso em 11/04/2008 Tomando esse texto como referência, assinale a alternativa incorreta: a) É possível inferir do texto que a China, em consequência do processo intenso de

migração campo-cidade que vivencia, é um dos países mais urbanizados do mundo.

b) Apesar de possuir o maior contingente populacional do mundo, em algumas décadas, a

China poderá perder este posto para a Índia, país cuja população cresce a taxas bem

mais elevadas.

c) A política do filho único, implementada há algumas décadas pelo governo chinês,

trouxe resultados significativos para a redução das taxas de natalidade do país.

d) Assim como a China atual, o Brasil viveu, décadas atrás, fortes movimentos

migratórios, em especial do Nordeste para o Centro-Sul. Esses movimentos migratórios

inter-regionais, embora ainda persistam, apresentam hoje menor dinamismo.

e) Como consequência do fato expresso no primeiro período do texto, a China passou a

apresentar, já há alguns anos, um produto interno bruto (PIB) que se situa entre os

maiores da região em que o país está inserido.

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58- (FUNVERSA-AFC-DF-2009)- “As aulas da escola para meninas Al Fakhoura, administrada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em uma campo de

refugiados no norte da Faixa de Gaza, foram suspensas logo que começou a ofensiva israelense contra o território, em 27 de dezembro. Onze dias depois, na terça-feira, 6, cerca de 400 palestinos se encontravam abrigados na escola. Em busca de maior segurança, eles haviam trocado suas casas, vulneráveis a ataques israelenses, pelo prédio sinalizado com a bandeira da organização internacional. Foi em vão. Um bombardeio à escola terminou com 43 pessoas mortas e uma centena de feridos.” In: Isto É, nº 2044, 14/01/2009 (com adaptações) A respeito da situação política da região conhecida como Oriente Médio, assinale a alternativa correta: a) Entre os atores políticos que, de alguma maneira, contribuem para a instabilidade no

Oriente Médio, merece atenção o grupo Hezbollah, que atua no Líbano com forte apoio

israelense e manifesta-se claramente contrário ao atual governo iraniano.

b) A independência política da Faixa de Gaza, levada a efeito por Israel em 2007, isolou a

Autoridade Palestina na Cisjordânia, já que o Hamas, que lhe faz oposição, passou a

contar com o apoio de significativa parcela da comunidade internacional.

c) O programa nuclear tocado pelo governo do Irã tem aumentado as tensões no Oriente

Médio. Israel, Síria e Jordânia, na condição de únicas potências nucleares regionais, não

aceitam a hipótese de compartilhar hegemonia nessa área e ameaçam Teerã com

retaliações militares, caso o projeto não seja suspenso.

d) Barack Obama vem dando uma guinada radical nas relações dos Estados Unidos com

as autoridades palestinas. Ao declarar apoio explícito ao Hamas, que sofria pesada

oposição do governo Bush, aproximou o país das lideranças árabes, o que gerou, por

outro lado, certo afastamento entre Washington e Tel Aviv.

e) Ações mais efetivas da ONU na geopolítica do Oriente são dificultadas por interesses

econômicos e políticos das maiores potências do globo e pela estrutura do Conselho de

Segurança, em que os membros permanentes têm poder de veto.

59- (FUNVERSA-AFC-DF-2009)- “Nos últimos anos, a América Latina viveu grandes mudanças políticas que levaram ao poder, em diversos países, líderes que

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adotavam posturas políticas e econômicas contrárias às que até então vinham sendo implementadas.” Acerca do contexto político latino-americano e tomando as idéias anteriores apenas

como referência inicial, assinale a alternativa correta: a) As ações dos atuais governantes de Venezuela, Bolívia, Equador e Colômbia ilustram

adequadamente o trecho “adotaram posturas políticas e econômicas contrárias às que até

então vinham sendo implementadas.

b) Cuba vive um momento de transição em sua história econômica. Tendo-se tornado

socialista na década de 60 do século passado, atualmente vem-se abrindo em ritmo

acelerado aos investimentos internacionais, notadamente dos países da América Anglo-

saxônica. Tal abertura, deflagrada após a ascensão de Raúl Castro, fez com que o país

recebesse a alcunha de “China do Caribe”.

c) Pelo fato de permitir uma gradual transição para um regime mais democrático, o

governo cubano foi agraciado recentemente, pelos Estados Unidos, com a suspensão do

embargo à sua economia, que vigorava há várias décadas.

d) A ascensão ao poder por vias democráticas não costuma ser uma regra na América

Latina, de que é exemplo o recente golpe contra o presidente de Honduras, Manuel

Zelaya; ressalte-se, entretanto, que o golpe foi censurado por todos os países do

continente, à exceção dos Estados Unidos da América.

e) Atualmente, um país que vem desempenhando importante papel na sustentação do

regime cubano é a Venezuela, que, aproveitando-se de sua enorme riqueza daquele

hidrocarboneto, fornece a Havana petróleo a custo mais baixo que o de mercado.

60- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- A China adquire cada vez mais um papel de relevância na economia internacional. Isso, no entanto, não ocorre sem que haja conflitos com outros países. Quanto aos problemas

enfrentados pela China no cenário econômico internacional, assinale a opção correta. a) Os EUA e outros países têm criticado a China por manter o yuan — moeda local —

artificialmente desvalorizado.

b) O governo chinês tem sido alvo de críticas por não ter dado atenção à inflação, que

ultrapassou, em 2009, os 100% ao ano.

c) O governo Obama apresentou projeto de boicote aos produtos chineses de baixa

qualidade, que concorrem com os produtos norte-americanos.

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d) A crise de 2009 fez que os EUA superassem a China como o maior credor do Japão,

fato que afetou o mercado financeiro internacional.

e) A China venceu os EUA em concorrência de venda de armas para Taiwan, o que gerou

crise comercial entre as duas maiores economias do mundo.

GABARITO

1- E 11-E 21- E 31-E 41- C 51- Letra D

2- E 12-C 22- C 32- E 42- C 52- Letra B

3- E 13-C 23- C 33- E 43- C 53- Letra E

4- E 14-C 24- C 34- Letra A 44- C 54- Letra C

5- C 15-E 25- E 35- Letra E 45- C 55- Letra A

6- C 16- E 26- C 36- E 46- Letra E 56- Letra B

7- C 17- E 27- C 37- E 47- Letra A 57- Letra A

8- C 18- C 28- C 38- E 48- Letra A 58- Letra E

9- C 19- E 29- E 39- E 49- Letra C 59- Letra E

10- E 20- C 30- E 40- E 50- Letra A 60- Letra A

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AULA 06- ASPECTOS DEMOGRÁFICOS – BRASIL E MUNDO

Olá amigos, tudo bem?

Hoje, nossa aula abordará um assunto que muita gente acha ruim e

chato. Entretanto, ele é de suma importância para provas de atualidades que

vêm, cada vez mais, cobrando aspectos demográficos do Brasil e do mundo.

Além disso, ele não apresenta grandes dificuldades como as

pessoas dizem e, por isso, acreditamos que deve ser uma espécie de “trauma

coletivo”. Assim, amigos, tenhamos boa vontade com esse assunto, ok? Ele faz

parte do nosso cotidiano muito mais do que podemos supor e, certamente, é

tão querido pelas bancas examinadoras justamente por isso.

Todos preparados? Então vamos lá!

1- Movimentos migratórios internacionais e crescimento demográfico.

Os movimentos migratórios podem ser classificados de várias

maneiras, podendo ser inter-regionais, rurais - urbanos e interurbanos. Para

ficar mais claro: as migrações podem acontecer tanto dentro de um mesmo

país, quanto entre países diferentes. Paralelo a isso, as migrações podem ser

entendidas como um dos principais termômetros da desigualdade sócio-

econômica no mundo.

A migração internacional foi acelerada nas últimas décadas devido à

globalização, que se propunha a integrar as regiões. Atualmente, há cerca de

125 milhões de imigrantes em todo o mundo, sendo que 80 milhões são

considerados imigrantes "recentes". Vamos entender a diferença!

São considerados imigrantes todos aqueles que saem de seu país

de origem rumo a outro. Essa atitude geralmente é movida pela busca de uma

vida melhor, menos violenta ou mais abundante de recursos. Com as guerras,

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o número de imigrantes pelo mundo era bastante significativo, pois as pessoas

estavam fugindo da guerra e de todas as tragédias e misérias humanas que ela

traz. Porém, quando falamos de imigrantes “recentes”, estamos nos referindo a

pessoas que migram pelos motivos que a contemporaneidade lhes impõe e

não devido às guerras – ainda que o objetivo seja exatamente o mesmo: a

busca por uma vida melhor!

Se observarmos o mapa acima, veremos que a Europa é o grande

destino de imigrantes, devido, sobretudo, à sua excelente qualidade de vida. A

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Alemanha é o país que mais recebe imigrantes no mundo, chegando a 7

milhões - dos quais 1/7 permanece na ilegalidade.

Assim, pessoal, se há uma certeza que podemos ter quanto a

imigrações internacionais é a de que o número cada vez maior de homens,

mulheres e crianças que imigram vem causando um grave impacto mundial.

Isso porque, por um lado, atinge aos países abandonados e, por outro, aos

países ao qual se destinam os imigrantes. Apesar da gravidade e crescimento

do problema, as autoridades continuam se recusando a tratar da situação com

a seriedade que ela merece.

Em meio à formação de blocos econômicos e negociações de novos

acordos comerciais, o debate sobre imigração tem sido jogado para debaixo do

tapete – o que acaba legitimando a crescente onda de violência contra

imigrantes. A crise econômica internacional, iniciada em fins de 2008, foi um

elemento a mais de tensão contra imigrantes, sobretudo contra aqueles que

vivem na Europa. As regiões mais afetadas pela crise, como Espanha e

Irlanda, registraram há um ano significativo aumento das hostilidades entre

imigrantes e trabalhadores locais. Com efeito, os trabalhadores locais ficam

inconformados com a concorrência de mão-de-obra estrangeira, geralmente

bem mais barata. Assim, a crise acabou evidenciando dissidências perigosas

que culminaram em selvageria.

Nesse sentido, notamos um considerável aumento da xenofobia,

principalmente na União Européia. As acusações de violência racial

aumentaram ao menos em 8 países do bloco desde os atentados do dia 11 de

setembro. A verificação foi feita por juntas de Direitos Humanos que,

analisando 11 países, encontraram 18 mil casos de agressão contra imigrantes

na Alemanha. Esses dados, além de nos assustar, mostram que a migração

internacional se transformou num sério problema, que merece a atenção de

todos nós.

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É mister que compreendamos, hoje, como a migração ocorre no

cenário mundial para trazermos o tema para o Brasil daqui a pouco. Apesar de

imigração não ser um assunto difícil, ele parece ter caído nas graças dos

examinadores nos últimos concursos e temos muitas questões para irmos

estudando o assunto em cima delas. Portanto, mãos à obra!

(CESPE/ABIN-2008) As migrações internacionais ocupam parte importante das diplomacias e dos serviços de defesa do Estado e dos cidadãos comuns que atravessam fronteiras diariamente, em todo o mundo. A respeito desse tema, julgue os itens seguintes (1 ao 5).

1- A criminalização crescente das migrações econômicas e sociais denota que o direito de ir e vir da pessoa faz-se subalterno ao privilégio universal da livre circulação dos capitais.

Comentários

Essa questão traz à tona um importante conhecimento sobre a

separação existente entre a integração de capitais e o intercâmbio de pessoas.

Como todos nós sabemos, há uma grande expectativa da população de alguns

países com relação à qualidade de vida que poderiam ter em outros. Esse

sentimento de que o “jardim do vizinho” é sempre mais verde que o nosso (e

muitas vezes, é mesmo!) vem aumentando consideravelmente a movimentação

de pessoas rumo aos países mais desenvolvidos ou com melhores condições

de trabalho. O grande problema é que essa imigração, que muitas vezes ocorre

clandestinamente, tem incomodado intensamente os moradores dos países de

destino, que se sentem ameaçados pela concorrência de mão-de-obra. Esse

incômodo popular vem se refletindo nas recentes leis criadas com o intuito de

criminalizar a imigração.

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Em maio de 2009, por exemplo, o Parlamento da Itália aprovou um

polêmico projeto de lei que criminaliza a imigração ilegal no país. A legislação

transforma em crime a entrada irregular em território italiano, prevendo

rigorosas medidas repressivas. Dentre as principais medidas, destacamos o

estabelecimento de prisão para pessoas que abriguem imigrantes ilegais e o

aumento no tempo de detenção provisória dos clandestinos antes da

deportação.

Essa lei permite ainda que cidadãos comuns formem patrulhas para

verificar a existência de imigrantes ilegais no país.

Apesar de estar desarmada, a patrulha exerce uma função

investigativa, ou seja, essa lei estimula uma espécie de “caça às bruxas”,

aumentando o xenofobismo na Itália. Um exemplo disso é que, depois da

aprovação dessa lei, alguns cidadãos, pertencentes à extrema-direita, criaram

um grupo que chamam de “Guarda Nacional Italiana” cujos uniformes são

enfeitados com símbolos fascistas e nazistas.

É pessoal, por tudo isso podemos dizer que a questão está certa!

2- Legislações draconianas, como as que vêm sendo adotadas pela União Européia, expõem, por um lado, a noção de que a função histórica da grande imigração de africanos e asiáticos para o trabalho nas indústrias européias do pós-guerra perdeu função histórica e, por outro, que a reciprocidade internacional em relação à América Latina, formada em parte por imensas levas de desterrados europeus, perdeu valor de direito internacional ante o realismo político dos interesses nacionais e comunitários europeus.

Comentários

O ideal para analisarmos essa questão é dividí-la ao meio para

podermos ter uma compreensão total das informações ali contidas. Uma vez

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feito isso, vamos aos conceitos intrínsecos ao texto. Para quem não sabe, são

chamadas de leis draconianas aquelas consideradas extremamente severas,

como as que vêm sendo adotadas pela UE. Na questão acima, demos o

exemplo da Itália, mas esse país não é uma exceção.

No segundo semestre de 2008, foi aprovada uma diretriz que

pretendia harmonizar as regras dos países europeus para a repatriação de

imigrantes ilegais, e em 2010, essa diretriz foi transformada em lei. As novas

regras integram um processo de organização e endurecimento da política

migratória em toda União Européia.

Essa retaliação aos imigrantes é um forte sinal de que a imigração,

outrora considerada essencial para o trabalho nas indústrias européias do pós-

guerra, perdeu função histórica. Se em tempos de guerra e fome na Europa

sua população teve como destino principal países da América Latina, o direito à

recíproca perdeu seu valor com as novas leis. Portanto, essa questão também

está correta.

3- As migrações internacionais, amenizadas no continente africano diante do fim do ciclo belicoso interno das últimas décadas do século XX, deixaram de ser um tema relevante das relações interestatais afro-européias.

Comentários

Ora, pessoal, depois de tudo o que escrevemos até aqui sobre a

polêmica de novas leis de imigração, esperamos que seja de fácil

entendimento que as migrações internacionais nunca foram um assunto tão

relevante nas relações interestatais como atualmente. Portanto, essa questão

está errada.

4- O Brasil, país marcado, no fim do século XIX e início do século XX, pelas imigrações européias e asiáticas, fator importante para a formação

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do Brasil contemporâneo, mudou seu padrão migratório ao ter-se tornado também país de emigrantes.

Comentários

A imigração no Brasil é bem mais antiga do que o século XIX citado

na questão, pois foi uma das principais medidas colonizadoras do território

brasileiro. Todavia, no período citado, o nosso país foi marcado pelas

imigrações européias e asiáticas sim. Mas qual foi a causa disso?

Com o fim da escravidão, em 1888, o trabalho livre ganhou

significativa repercussão social e a imigração cresceu notavelmente, sobretudo

rumo ao Sul do país, onde a lavoura cafeeira se baseava no trabalho escravo.

Para termos uma idéia do quanto a abolição influenciou no aumento da

imigração no Brasil, somente nos dez anos subseqüentes a esse

acontecimento adentraram o Brasil mais de 1,4 milhão de imigrantes, que

vinham na esperança de uma vida melhor.

Já no século XX, outros fatores estimularam a imigração e

aumentaram a diversificação de nacionalidades dessas correntes migratórias,

que passam a contemplar europeus e asiáticos. Assim, as duas guerras

mundiais e todas as misérias materiais que elas impuseram aos habitantes dos

locais por elas afetados foram os principais impulsionadores da imigração para

o Brasil. Além disso, a lenta recuperação européia no pós-guerra e a crise no

Japão contribuíram, significativamente, para que os japoneses formassem a

quarta colônia de imigrantes do Brasil, ainda em 1950.

Apesar de, desde o seu descobrimento, o Brasil ter sido um receptor

de imigrantes, nos últimos anos ele tem sido fornecedor de pelo menos 1% de

sua população, donde 70 % se encontra nos EUA. Portanto, a questão esta

correta!

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5- A migração forçada ou enganosa, muitas vezes em forma de tráfico de pessoas, ainda que seja um tema de impacto internacional, possui modesta implicação na segurança dos Estados nacionais neste início de século.

Comentários

As migrações forçadas ou enganosas têm diversas manifestações e

causas. Por esse motivo, é fundamental que a sociedade, as organizações

internacionais e os governos se detenham sobre episódios tão comuns como

os deslocamentos humanos atuais. Este tipo de migração acontece,

principalmente, por falhas estruturais, políticas econômicas equivocadas,

desordem política, fome e miséria. Pode ser encaixado na migração forçada o

caso de europeus e asiáticos que, para se refugiar da guerra, migraram para o

Brasil. Também pode ser considerada migração forçada a saída de pessoas de

um território em razão de graves violações de direitos humanos.

Mas como temos lido até agora, esse é um assunto de pauta em

todos os países mais desenvolvidos do mundo, os quais são os principais

destinos dos imigrantes. Imigração hoje está atrelada à segurança dos Estados

nacionais e por isso a questão está errada.

(IRB-2008)- As migrações aparecem como característica permanente da espécie humana. Max Sorre afirma que a mobilidade é a lei que rege todos os grupos humanos, portanto, o estudo da circulação ocupa lugar importante na Geografia Humana. Nele está inserida a discussão das raças e a das miscigenações, levando à definição das etnias. A. Damiani. População e Geografia. São Paulo: Contexto, 2006, p. 51 (com adaptações).

Considerando o texto acima, julgue (C ou E) os itens seguintes (6 a 9).

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6- A abertura de fronteiras à entrada de migrantes é uma realidade em determinados países desenvolvidos, dada a carência de mão-de-obra em setores das atividades econômicas.

Comentários

Apesar de todas as medidas que criminalizam a imigração ilegal na

Europa, a verdade é que alguns países europeus precisam dos imigrantes para

a realização de determinadas atividades. A taxa de natalidade da União

Européia vem caindo ano a ano e, muito em breve, esses países terão de rever

suas posturas em relação aos imigrantes, pois vão precisar deles! De 1998

para 1999, por exemplo, houve uma queda de 0,5% no número de nascimentos

na EU, que somado ao envelhecimento da população, deixará a Europa com

um contingente bastante reduzido de mão-de-obra.

Em março de 2005, a UE recomendou a Portugal que aumentasse

sua imigração, pois a taxa de natalidade nesse país baixou para metade em

quarenta anos. Desta forma, o relatório da Comissão Européia recomendou

que "serão necessários maiores fluxos de migrações para satisfazer as

necessidades de trabalho e salvaguardar prosperidade européia". Ou

seja, a imigração em algumas regiões da Europa tornou-se "vital" para garantir

o crescimento populacional.

Apesar de outros países ainda estabelecerem muitas restrições, e

até criminalizarem a imigração ilegal, há exemplos onde ela não só é permitida,

como também é necessária. Nesse sentido, alguns países, como a Itália,

possuem uma legislação que admite a entrada de um número fixo de

trabalhadores por ano, justamente para suprir a carência de mão-de-obra

existente.

Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado

em 2009, mostra que a Itália precisará receber, até 2025, 300 mil estrangeiros

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por ano e a Alemanha, 500 mil. Essas estatísticas no indicam que, mesmo

contra a vontade, os países europeus terão, num futuro próximo, que alargar

ainda mais suas portas de entrada para os imigrantes.

Portanto, pessoal, a questão está correta.

7- A quantidade de fluxos migratórios vem diminuindo no contexto de mercado de trabalho globalizado, uma vez que a facilidade atual de circulação de mercadorias substitui a necessidade de movimentação dos trabalhadores.

Comentários

Bem, pessoal, depois de tantas leituras sobre a globalização e suas

conseqüências, uma certeza que nós temos é que ocorre exatamente o

contrário do que a questão afirma, não é mesmo?

Ao contrário do que a lógica capitalista nos levava a pensar, a

globalização não tornou os movimentos migratórios menos intensos. Com o

aumento da desigualdade e da concentração de riquezas em apenas alguns

países, o fluxo de pessoas em direção a eles, buscando uma melhor qualidade

de vida, aumenta na proporção da disparidade social. Portanto, essa questão

está errada.

8- Com a miscigenação e o multiculturalismo — atualmente presentes em diversos países, as diferenças étnicas deixaram de ser causa para migração e conflitos sociais.

Comentários

Que a miscigenação e o multiculturalismo estão presentes em

diversos países do mundo, todos nós sabemos e ratificamos. Entretanto, a

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diferença étnica continua sendo uma das principais causas de migração e,

sobretudo, de conflitos sociais!

No dia 07 de março de 2010, a opinião publica mundial se chocou

com a crueldade do massacre étnico ocorrido na Nigéria. Nesse conflito entre

nômades islâmicos e aldeões cristãos perto da cidade nigeriana de Jos, a

diferença étnico-religiosa foi a grande responsável pela tortura e morte de mais

de 100 pessoas.

Infelizmente, essa não é a primeira vez que isso acontece. Em

janeiro, mas de 200 pessoas já tinham sido mortas durante confrontos na

mesma cidade, que fica na divisa entre o norte, de maioria muçulmana, e o sul

do país, de maioria cristã. Devido a esses conflitos, milhares de pessoas

tiveram de deixar a região e migrar em busca de maior tolerância.

Portanto a questão está errada.

9 - O Brasil apresenta tanto a saída de população como a entrada de migrantes estrangeiros em busca de emprego e melhor nível de qualidade de vida.

Comentários:

Apesar de, atualmente, o Brasil ser um país com mais gente

emigrando do que imigrando, ou seja, mais gente indo do que vindo, ele

continua atraindo estrangeiros. Se na primeira metade do século XX os

imigrantes vinham, em sua maioria, da Europa e da Ásia, hoje os fluxos de

imigração mais intensos são oriundos de países da própria América Latina.

Nesta corrente, estão, principalmente, peruanos, bolivianos, paraguaios e

colombianos.

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2- Movimentos migratórios internos.

Quando falamos do Brasil da década de 50 e 60, tocamos,

sutilmente, na questão da migração interna ao falarmos dos deslocamentos de

nordestinos rumo ao Sudeste, até então único pólo industrial do país. Mas,

afinal, nós sabemos bem o que é esse movimento migratório?

Chamamos de movimentos migratórios internos aquelas circulações

de pessoas que ocorrem dentro de um mesmo território nacional. Os

principais fatores que levam os serem humanos a migrar são motivos

econômicos, desastres ecológicos e motivações pessoais

Segundo Milton as migrações podem ser entendidas

como uma expressão espacial dos mecanismos de modernização. O que

isso quer dizer? Significa dizer que o fato de as pessoas se mudarem de um

lugar a outro se liga às várias complexidades, exigências e possibilidades que

a modernidade trouxe ao ser humano.

Dois exemplos muitos conhecidos são as migrações de nordestinos

para o norte do país, quando espontaneamente se transformaram em

“soldados da borracha”, e as ocorridas na década de 60, em função da seca

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que se abateu sobre a região. Em ambos os casos, elas expressam uma busca

por melhoria na qualidade de vida. Entretanto, as migrações não atingem

apenas pessoas sem qualificação, como costumamos pensar num primeiro

momento. Na cidade de Recife, uma pesquisa revelou que os funcionários de

mais alto nível da SUDENE são oriundos do sul do país ou de estados que não

ofereciam oportunidades para a sua qualificação.

Assim, podemos dizer que a migração de pessoas e bens é uma

conseqüência da revolução do consumo trazida pela modernização, ou seja,

quanto mais poderoso o impacto da modernização, maior será a concentração

da produção e, portanto, maiores fluxos migratórios ocorrerão.

No caso específico das correntes de migração interna, elas

acontecem tanto de uma região para outra no interior do país, quanto entre

estados de uma mesma região. Além disso, também pode ocorrer migração do

campo para as cidades, chamado de êxodo rural.

Observando o mapa abaixo, veremos que o número de pessoas que

se deslocam do Norte e Nordeste do Brasil para o Sudeste, é responsável, de

longe, pelo maior número de migrantes internos. No mapa abaixo, eles são

representados pelos bonequinhos vermelhos, laranja, amarelo e roxo.

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Nesse sentido, o Nordeste foi, durante muito tempo, considerado

uma área de repulsão populacional, ou seja, área que perdia população por

diversos fatores, como secas intensas, falta de trabalho, dificuldade das

atividades econômicas em absorver ou manter as populações locais etc. Como

dissemos anteriormente, é necessário um conjunto de fatores para favorecer a

migração, porém os citados podem ser entendidos como alguns dos principais

estímulos da migração de nordestinos para Amazônia, Goiás, São Paulo e Rio

de Janeiro.

Em contrapartida, determinadas áreas são exatamente o oposto do

nordeste, sendo consideradas áreas de atração populacional, justamente por

atraírem as populações de outras áreas e oferecerem melhores condições de

vida. Aqui, novamente, aparecerão os nomes de São Paulo e Rio de Janeiro,

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por serem estes estados que durante muitos anos concentraram grande parte

das maiores indústrias do Brasil.

O governo vem tomando medidas para reduzir essas disparidades

na concentração de indústrias e alguns sucessos já foram alcançados. No

entanto, quando se pensa ter encontrado o caminho para resolver um

problema, eis que surge outro: as migrações diárias.

2.1 Migrações diárias

Até nos mudarmos para uma capital, nós não conhecíamos de perto

o que era exatamente esse tipo de migração, não tão conhecida como as

migrações nordestinas ou sulistas. Numa cidade pequena, por mais longe que

se trabalhe, não se gasta mais de 30 minutos para chegar ao emprego, pois o

trânsito de veículos ainda é relativamente leve, o transporte público costuma

dar conta das necessidades da população e a cidade é fisicamente pequena.

No entanto, se vocês moram em “cidade grande”, devem conhecer

bem de perto esse problema da migração diária. Ricos, pobres, classes

médias, urbanos ou rurais, todos somos afetados, em maior ou menor grau,

pelos fluxos internos diários. Seja dentro do carro, ouvindo música e com ar

condicionado ligado, ou apertados dentro de um ônibus lotado, onde mal há

lugar para se apoiar, todos nós sabemos (bem!) os efeitos da migração diária.

Esses fluxos apresentam ritmos, dimensões e objetivos variados.

Por isso, são denominados migrações pendulares, nas quais gostaríamos de

ressaltar dois exemplos que lhes parecerão bem comuns.

O primeiro trata da movimentação diária dos habitantes que

trabalham numa cidade e moram ou estudam em outra - comumente chamadas

de Cidades-Dormitórios. Como o próprio nome já diz, as pessoas se dirigem a

elas praticamente para dormir, uma vez que passam o dia todo no trabalho.

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Alguns de vocês podem ter pensado assim: ora, por que esse

pessoal não se muda pra perto do trabalho? Por que morar em uma cidade e

trabalhar em outra?

Bem, o principal motivo gerador da existência desses movimentos

pendulares diários nas grandes metrópoles está ligado à crescente

especulação imobiliária dos lugares mais próximos ao centro produtivo que se

alia a baixos salários. Tudo isso empurra o trabalhador para bem longe do seu

trabalho, obrigando-o a se utilizar de transporte coletivo, na maior parte das

vezes precário ou insuficiente para atender ao enorme fluxo populacional

residente nessas áreas.

Um exemplo dessa prática é Brasília e suas cidades satélites. Com

um dos metros quadrados mais caros do Brasil, paga-se em média três vezes

mais para se morar no Plano Piloto. Enquanto uma kitnet de 30 m2 custa em

média 900 reais por mês no plano, em uma cidade satélite a 20 km dali, o

preço cai para 300. Ora, por mais que os salários nessa cidade sejam mais

altos do que a média brasileira, é simplesmente surreal a supervalorização dos

imóveis próximos à zona central conhecida como Plano Piloto.

Do mesmo modo, ocorrem esses movimentos que se originam nos

núcleos residenciais periféricos em direção aos centros industriais, como

encontramos facilmente nas áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro

e Belo Horizonte.

O segundo exemplo diz respeito aos deslocamentos dos bóias-frias,

que, geralmente, moram numa pequena cidade ou vilarejo e se dirigem

diariamente às fazendas onde há tarefas agrícolas. Seja plantando cana ou

colhendo café, esse movimento urbano-rural aumenta ou diminui de acordo

com as necessidades dos fazendeiros

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2.2- Migração de campo-cidade ou êxodo rural

Consiste no

deslocamento de grande parcela da

população da zona rural para a zona

urbana, transferindo-se das

atividades econômicas primárias

para as secundárias ou terciárias.

Esse é, na atualidade, o mais

importante movimento de população

e ocorre praticamente no mundo

todo.

Principalmente nos países subdesenvolvidos, ou em vias de

desenvolvimento, a migração do campo para a cidade é tão grande que

constitui um verdadeiro êxodo rural. Esse movimento campo/cidade se

intensificou no Brasil a partir do surto industrial no Sudeste, iniciado na década

de 40.

Entre as causas desse movimento estão os baixos salários

recebidos pelo trabalhador rural, a falta de escolas, de assistência médica,

mecanização de agricultura, secas e concentração de latifúndios.

Além disso, a atração exercida pela cidade é um grande estímulo à

migração, que busca uma oportunidade de alcançar melhor padrão de vida.

Assim, muitos imigrantes seguiram para o Sudeste na esperança de alcançar

melhores condições e oportunidades de vida que as cidades ofereciam, como

empregos, escolas, moradia, profissionalização, assistência médico etc.

Todavia, a grande parte das pessoas oriundas do campo

acabaram por engrossar as fileiras do subemprego ou mesmo do

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desemprego, sofrendo sérios problemas socioeconômicos. Um dos

reflexos desse fato é a ampliação desordenada e incontrolável das favelas,

que cobrem grandes áreas, principalmente nas regiões menos valorizadas das

cidades.

Deste modo, pessoal, enquanto o número de habitantes das cidades

aumenta cada vez mais, na zona rural o despovoamento se torna um problema

para os agricultores que não substituíram os trabalhadores pelas máquinas,

levando à queda da produção e elevação do custo de vida.

Assim, o estatuto do Trabalhador Rural, elaborado em 1964, tinha a

intenção de beneficiar o homem do campo, pressionando os latifundiários a

arcar com os encargos trabalhistas, como salário mínimo, décimo terceiro

salário, férias, etc. No entanto, o tiro acabou saindo pela culatra e muitos

proprietários preferiram dispensar boa parte dos empregados a arcar com seus

custos, o que acabou por fortalecer o êxodo rural. Além disso, em algumas

cidades do interior, os trabalhadores dispensados transformaram-se em bóias-

frias, ou seja, pessoas que trabalham apenas em curtos períodos, sem

nenhuma garantia.

Entretanto, na década de 90, foi registrado o fim das grandes

correntes migratórias e atualmente eles são movimentos pequenos e bem

localizados, em geral, em direção a capitais regionais. Agora, ao invés de se

mudar para São Paulo, os nordestinos preferem buscar empregos e

oportunidades nas próprias capitais do Nordeste ou em cidades médias da

região. Tudo isso acabou por transferir para essa região os problemas que

antes eram tipicamente encontrados nas grandes metrópoles do Centro-Sul do

Brasil.

Vejamos como esse assunto pode ser cobrado:

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10-(CESPE/IRB-2010)- No que se refere ao espaço rural no Brasil, assinale a opção correta. a) A revalorização do espaço rural como lugar para se trabalhar e para se viver,

uma das recentes transformações ocorridas no campo, não se relaciona

diretamente com as demandas pela terra e com os assentamentos rurais.

b) O Programa de Apoio à Agricultura Familiar (PRONAF), ao fragmentar o

espaço rural, provocou a redução da produtividade agrícola e, como

consequência, a redução da oferta de alimentos nas cidades de pequeno e

médio porte.

c) Na primeira metade do século XX, o espaço rural brasileiro caracterizou-se

pelas grandes plantações cafeeiras, a que se seguiu a agricultura familiar com

sua pluriatividade e o processo de modernização da base técnica na

agropecuária, que caracterizou o final do século.

d) A pluriatividade, realidade da nova concepção de espaço rural adotada pelo

agronegócio, ainda não se incorporou à agricultura familiar, baseada na

agricultura de subsistência.

e) Historicamente, as políticas públicas, visando à exportação, privilegiaram a

agricultura de larga escala, o que forçou o processo de modernização da

agropecuária e contribuiu para o êxodo rural.

Comentários

A letra A está errada. A globalização tem provocado nas últimas

décadas um amplo processo de reestruturação econômica e social, que tem

afetado o espaço rural e a agricultura em particular. Mas como assim afetou o

espaço rural? E a agricultura?

Podemos apontar vários efeitos da globalização no espaço rural e na

agricultura. Primeiro, com a abertura comercial, aceleram-se as trocas

comerciais e aumenta a competitividade, tendo como base grandes empresas

agroindustriais que monopolizam a produção e o comércio em nível mundial.

Segundo, surge uma relação próxima entre a agricultura, a indústria e o

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comércio. Terceiro, o espaço rural deixa de ser um local específico para as

atividades agrícolas, passando a ser encarado como um local de residência,

lazer e de atividades não-agrícolas.

Sobre esse ponto, é interessante notar que o desenvolvimento

tecnológico e o aperfeiçoamento dos meios de produção fazem com que as

jornadas de trabalho sejam reduzidas, aumentando o tempo livre das pessoas

e, conseqüentemente, sua expectativa de vida.

Paralelo a todas essas modificações no espaço rural, valoriza-se

crescentemente a questão ambiental, que se torna um fator de competitividade.

Seguir à risca os requisitos ambientais é, inclusive, atualmente, condição para

se obter financiamentos públicos.

Hoje em dia, vivencia-se um processo de “revalorização do rural”,

por meio da busca de uma qualidade de vida superior à das grandes cidades.

Dessa forma, o espaço rural passa a ser encarado como um lugar para se

trabalhar e para se viver. As demandas pela terra e os assentamentos rurais

estão diretamente relacionados a essa nova forma de ver o “campo”. Isso

porque, não tendo logrado êxito nas cidades, os indivíduos desejam voltar ao

campo e ter a sua “terrinha” onde morar e trabalhar.

A letra B está errada. O Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF) busca financiar projetos individuais ou coletivos

que geram renda a agricultores familiares e a assentados da reforma agrária.

Dessa forma, busca valorizar a agricultura familiar como importante ator social.

Ao contrário do que afirma questão, o PRONAF, ao proporcionar

ótimas condições de acesso a crédito aos pequenos produtores, provocou um

aumento da produtividade agrícola e, conseqüentemente, aumento da oferta de

alimentos nas cidades de pequeno e médio porte.

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A letra C está errada. Nas primeiras três décadas do século XX, o

café teve fundamental importância para a economia brasileira, chegando a

representar 72,5% das exportações do nosso país. Nessa época, já

predominavam as grandes plantações cafeeiras, ao que se sucedeu na década

de 60 uma etapa de modernização da atividade agrícola. Esse fenômeno ficou

conhecido como “modernização conservadora”, já que não houve modificações

na estrutura de poder e da propriedade de terra. A questão está errada

justamente por dizer que após a primeira metade do século XX ganha força a

agricultura familiar. Pelo contrário, na década de 60, os grandes proprietários

aprofundaram mais ainda seu poder.

A letra D está errada. Uma das alterações sociológicas no espaço

rural nos últimos tempos é o surgimento do fenômeno da pluriatividade. A

pluriatividade ocorre quando os indivíduos que residem no campo passam a

trabalhar em atividades agrícolas e não-agrícolas. Mas como assim atividades

não-agrícolas? Com a revalorização do campo, cresceu o turismo no espaço

rural, dando ensejo ao aparecimento de diversas outras profissões: pedreiros,

caseiros, jardineiros, faxineiras e cozinheiras, por exemplo.

A questão está errada porque diz que a pluriatividade não se

incorporou à agricultura familiar. Ao contrário, a pluriatividade é uma

característica da agricultura familiar.

A letra E está correta. No Brasil, as políticas públicas em matéria

agrícola sempre privilegiaram as exportações, o que impulsionou o

desenvolvimento e a modernização da agropecuária. Com a modernização, a

mão-de-obra passa a ser substituída pela utilização de máquinas. Sendo

assim, ocorre o êxodo rural, com alto índice de migrantes do campo para a

cidade.

11- (FGV / Analista Legislativo-2008)- A migração é uma das questões

mais debatidas no mundo atual. No modelo de pensamento estrutural, os

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indivíduos não fazem escolhas, ou melhor, não são os indivíduos e suas

escolhas individuais que explicam os fluxos e a localização da população.

No espaço, que não é mais o espaço da liberdade individual, mas o

espaço da estrutura capitalista, é o movimento do capital, sua expansão

ou retração, seu deslocamento ou permanência que comandam a

mobilidade e a localização do trabalho. (Vainer, Carlos B. Reflexões sobre o poder de mobilizar e imobilizar na

contemporaneidade, 2005.) Assinale a única afirmativa que não expressa o pensamento estruturalista. a) Os movimentos locacionais e a estrutura do espaço estão submetidos à

lógica e à dinâmica do capital.

b) A mobilidade do trabalhador aparece como manifestação da necessidade do

capital e sua mobilidade está submetida a ele.

c) A mobilidade dos trabalhadores resulta de ações racionais orientadas pelo

mercado que dispõe de seu capital humano no livre jogo da oferta e da

procura.

d) A mobilidade do trabalhador e o seu desenraizamento são sinais de que ele

é totalmente despossuído dos meios de produção e subsistência, e, portanto,

subordinado ao movimento do capital.

e) Os movimentos dos trabalhadores e os deslocamentos das populações são

apenas movimentos reflexos do movimento do capital, que é o verdadeiro

protagonista do espaço estrutural.

COMENTÁRIOS:

Mesmo que você não conhecesse o pensamento estruturalista

aplicado às migrações, era possível resolver essa questão! Bastava que você

fizesse uma interpretação do texto e identificasse que há 4 (quatro) assertivas

apresentando visões semelhantes (estruturalistas) e 1(uma) assertiva

contradizendo essas idéias. Por isso, sempre dizemos aos alunos: não se

assustem com as questões!

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São várias as teorias que existem para explicar os fluxos migratórios:

Teoria Microeconômica Neoclássica, Teoria Macroeconômica Neoclássica,

Teoria do Capital Humano, Teoria Estruturalista, dentre outras.

Segundo a Teoria Microeconômica Neoclássica, os indivíduos são

seres racionais, que têm capacidade de ordenar hierarquicamente suas

preferências, com vistas a maximizar a utilidade de suas escolhas. Assim, o

migrante é um indivíduo que decide migrar baseado em um cálculo de

benefícios que realiza.

A Teoria Macroeconômica Neoclássica, por sua vez, entende o

fluxo migratório como resultado entre as diferenças geográficas de oferta e

demanda por trabalho. O mercado de trabalho é, para os adeptos dessa teoria,

o principal determinante das migrações, com deslocamento populacional de

regiões com baixo salário ou excesso de mão-de-obra para regiões com altos

salários ou escassez de mão-de-obra.

Já a Teoria do Capital Humano, de caráter microeconômico,

entende as migrações como um investimento em capital humano, em suas

diferentes facetas (educação, formação profissional, saúde). Considerando-se

as migrações como um investimento em capital humano, os jovens são os mais

propensos a migrarem, já que poderão usufruir dos retornos desse

investimento por período mais prolongado.

As Teorias Estruturalistas surgiram em 1970, inspiradas na

economia política marxista e se opondo à análise das migrações sob o prima

individualista. Essas teorias consideram o migrante como um indivíduo passivo,

que não toma decisões racionais, mas são impulsionadas pela lógica e

dinâmica do capital. Em outras palavras, o capital é o fundamento dos

deslocamentos populacionais, é ele quem determina a lógica das migrações.

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Por tudo o que explicamos, pode-se perceber que a única assertiva

que contraria a teoria estruturalista é a letra C, segundo a qual “A mobilidade

dos trabalhadores resulta de ações racionais orientadas pelo mercado

que dispõe de seu capital humano no livre jogo da oferta e da procura”, o

que está relacionado à Teoria do Capital Humano.

3- A distribuição dos efetivos demográficos no território nacional.

Você sabe o que quer dizer esse título?

Demografia é o estudo do povo, ou seja, o estudo da dinâmica de

uma determinada sociedade, se ela cresce ou diminui, quais atividades são

exercidas dentro dela, em que ela se modifica e em que áreas isso acontece.

Segundo dados do IBGE, entre os anos de 1940 e 2000, a

população brasileira aumentou quatro vezes e o país se tornou urbano, subindo

sua taxa de urbanização de 31,3% para 81,2%. Nesse mesmo período, a

população envelheceu, o país conseguiu reduzir em cinco vezes a taxa de

analfabetismo e aumentar em três vezes a escolarização de crianças entre 7 e

14 anos. Além disso, a agricultura e a pecuária, que em 1940 ocupavam 32,6%

da população, declinou em 2000 para 17,9%.

Aí surge aquela dúvida: eu preciso saber esses dados? Guardar

porcentagens e áreas de desenvolvimento? Definitivamente, não!

Mas é imprescindível citarmos para que vocês possam visualizar

com clareza o quanto se modificou e em que se modificou. Por exemplo, a

população cresceu quatro vezes, mas cresceu onde? Foi no Norte, no Centro

Oeste ou no Sul? Precisamos ver os dados para que a partir daí possamos

traçar com perfeição como os efetivos demográficos estão distribuídos no

território brasileiro. Para tanto, pegamos os dados no site do IBGE para que os

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números oficiais não nos deixassem mentir e pudéssemos traçar um desenho o

mais preciso possível!

A população do Brasil aumentou de 41,2 milhões em 1940 para

169,8 milhões de habitantes no ano de 2000. Mas para onde foi toda essa

gente?

Na década de 40, quando ainda se iniciava a industrialização

brasileira, os cinco estados mais populosos do país eram São Paulo, Minas

Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Sessenta anos mais tarde,

a Bahia trocou de posição com o Rio de Janeiro. Como já sabemos, as cidades

com maior produção industrial são aquelas que atraem o maior numero de

imigrantes em busca de melhores empregos, salários e qualidade de vida num

geral. No século XX, essa atração era exercida principalmente pela região

Sudeste, mas nos últimos anos o Centro Oeste, o Norte e o Nordeste tiveram

um significativo salto na sua produção industrial, atraindo milhares de pessoas

para suas cidades e fábricas.

A disseminação das atividades econômicas pelas diferentes

regiões é a principal responsável pela mudança no fluxo migratório para essas

outras regiões. Ela nos permite intuir duas realidades possíveis. A primeira é

que muita gente está migrando para outros locais que não o Sudeste. A

segunda possibilidade é que essas pessoas estejam voltando para sua terra

natal. Por que é importante lembrarmos disso? Foi essa disseminação

industrial que o PAC incentivou e é ela a grande responsável pela nova

configuração ou distribuição demográfica brasileira.

Se antes o Sudeste era a principal área de atração de imigrantes

internos, atualmente podemos afirmar o aparecimento e a solidificação de

outras regiões como novas possibilidades de migração. Esse tipo de

deslocamento, ou seja, as migrações intra-regionais têm maior importância no

Nordeste e no Sul do Brasil. Desde a década de 80, os fluxos intra regionais e

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estaduais tornaram-se muito significativos nessas regiões, sobretudo devido à

solidificação das metrópoles ao redor de capitais de cada estado.

Atualmente, o Brasil já pode ser considerado um país

essencialmente urbano. Portanto, os fluxos migratórios são bem menores do

que os que havia em décadas passadas, quando as pessoas ainda estavam

“descobrindo” as cidades. Outro fator que contribuiu bastante para a

diminuição do fluxo migratório, sobretudo do Nordeste para o Sudeste, foi o

estabelecimento de ações sociais como o “Fome Zero” e o “Bolsa Família”, que

minimizaram o problema da seca.

Por favor, não entendam isso como uma defesa partidária, a única

coisa que queremos frisar aqui é que, em outros tempos, a seca era um dos

grande motivos de migração, pois não havia como preencher as necessidades

básicas alimentares. Entretanto, agora, com o auxílio do governo por meio

desses programas sociais, aquelas pessoas têm o seu problema mais imediato

resolvido: a fome. Assim, não há mais necessidade de migrar para que a

família não morra de fome, o que lhes confere ânimo em permanecer em sua

terra natal.

Mas é claro, pessoal, que, por si só, programas sociais não resolvem

a vida de ninguém, não é mesmo? Eles poderiam adiar a migração, mas em

algum momento ela ocorreria, afinal, além de comida, o ser humano possui

outras necessidades que, uma vez suprimida a fome, se afloram. Portanto, é

imprescindível que outras políticas sejam concomitantes às ações sociais,

como os incentivos fiscais dados pelo governo às grandes empresas e a

realização de melhorias na infra-estrutura.

E foi com essas iniciativas que a Bahia “ganhou” o pólo petroquímico

de Camaçari e o Ceará conquistou indústrias têxteis e de calçados. Além disso,

essa região tem maior proximidade com a Europa, o que favorece o comércio

internacional, já que reduz os custos com o transporte.

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Outra área muitíssimo beneficiada com as melhorias da infra-

estrutura foi o Centro-Oeste. Com isso, o Mato Grosso corresponde hoje a 53%

de toda a produção de algodão do Brasil. Além disso, esse estado destaca-se,

juntamente com o Norte, em relação ao rebanho bovino, em que juntos

representam mais da metade da produção nacional.

Outro fator importante para o desenvolvimento da região Centro-

Oeste que não pode ser esquecido é a construção de Brasília. A fundação

dessa cidade, que completa em abril de 2010 exatos 50 anos, levou milhares

de pessoas para viver em seu entorno e atingiu em cheio a dinâmica

econômica da região.

O Norte se destaca pelos empregos que oferece na produção de

minerais metálicos, como ferro e alumínio, e no extrativismo vegetal. Além

disso, no Amazonas a zona franca de Manaus é um dos principais pólos

industriais do país, que conta com um permanente crescimento.

Por fim, do outro lado do Brasil, a região Sul tem sua economia

ligada diretamente ao MERCOSUL. Isso porque ela mantém uma indústria forte

no setor metalúrgico, automobilístico, têxtil e, sobretudo, na produção agrícola.

Além da produção de cebola, maçã e alho, essa região responde por quase

metade de toda a produção de grãos do país.

Bem, amigos, até agora falamos mais da distribuição regional das

atividades econômicas, mas vejamos alguns dados relevantes para

compreender melhor a demografia brasileira:

As 10 Cidades mais populosas do Brasil

São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Fortaleza, Belo

Horizonte, Curitiba Manaus, Recife e Belém.

Religião mais praticada

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Apesar do crescimento significativo do número de evangélicos o

Catolicismo ainda corresponde a mais de 70 % da população brasileira.

Entretanto, dentro do território nacional, a liberdade de culto e a participação de

cidadãos brasileiros em quaisquer atividades religiosas são garantidas por lei.

População

• Composta de pardos, brancos, negros e índios, o critério

utilizado pelo IBGE para a classificação de cada uma das

raças é a autodeclaração, ou seja, um negro pode se declarar

pardo ou um pardo se declarar negro ou branco.

• Apesar da existência de mais de 180 idiomas e dialetos dos

povos indígenas, a língua predominantemente falada é o

português.

• A distribuição populacional, apesar dos inúmeros avanços,

continua desigual, mantendo uma concentração de pessoas

nas zonas litorâneas especialmente do Sudeste e da Zona da

Mata nordestina. As áreas menos povoadas são o Centro-

oeste e o Norte.

• A expectativa de vida está em torno de 68,3 anos para os

homens e 76,38 para as mulheres,

• A taxa média de fecundidade em 2006 era de 2,0 filhos por

mulher

• Em 2008 existiam no país 98 homens para cada grupo de 100

mulheres.

Vejamos como esses pequenos detalhes podem aparecer nas

questões

(CESPE/ABIN-2008) A distribuição espacial da indústria no Brasil tem passado por transformações em decorrência da evolução das infra-

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estruturas de transporte e comunicação. Acerca dessa dinâmica instaurada, julgue os próximos itens.

12- O Estado contribuiu para o processo em curso de descentralização da produção industrial no território brasileiro por meio de políticas de desenvolvimento regional, como, por exemplo, disponibilizando energia.

Comentários

Depois de termos falado sobre o PAC e sobre a descentralização

industrial promovida por ele, só podemos entender que essa questão esta

correta, não é mesmo? Como vocês já devem ter fixado, o Estado foi o

principal colaborador dessa movimentação industrial. A partir de políticas

públicas, foi possível o desenvolvimento de toda a infra-estrutura necessária

para o estabelecimento de grandes empresas em qualquer região do país.

13- Como conseqüência do processo de descentralização, os desequilíbrios relativos à concentração de renda, em nível regional, cederam lugar à integração territorial, que eliminou as disparidades.

Comentários

Ora, pessoal, quem dera essa questão estivesse certa, não é?

Achamos que, assim como nós, grande parte de vocês também sonham com

um país integrado e livre das desigualdades sociais, entretanto, essa não é a

realidade em que vivemos. Apesar de muitos avanços terem sido feitos e das

distâncias terem sido relativamente diminuídas, ainda há muito que se realizar

para acabarmos com a concentração de renda e promover uma integração

territorial plena.

Embora muitos avanços no combate à concentração de renda

tenham sido realizados, o Brasil ainda é conhecido no cenário internacional

como uma das sociedades mais díspares do mundo. Em 2005, nosso país

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ingressou pela primeira vez no grupo das nações com elevado

desenvolvimento humano. Apesar da reconhecida melhoria na educação e na

expectativa de vida, que influenciaram no aumento do IDH, o Brasil ainda é um

dos países que possui maior concentração de renda do mundo!

14- Em conformidade com a descentralização industrial, observa-se a ampliação dos mercados por meio do rompimento com as estruturas agroexportadoras existentes no passado.

Comentários

A descentralização industrial em nada interferiu negativamente nas

estruturas agroexportadoras. Muito pelo contrário, a migração de grandes

empresas para regiões diferentes das tradicionalmente procuradas possibilitou

inclusive um aumento dessas estruturas, como no caso no Mato Grosso que

produz sozinho mais de 50 % do algodão de todo o país. E pra onde vai essa

produção? Por maior que seja o mercado interno, ele sozinho não daria conta

desse consumo e grande parte dessa matéria é exportada. O Brasil é, assim,

um país que se caracteriza no comércio internacional por ser eminentemente

exportador de produtos agrícolas – agroexportador. Questão errada.

15- Uma das conseqüências da desconcentração espacial da indústria no Brasil foi a aceleração do crescimento das metrópoles nacionais, o que promoveu as invasões urbanas e a criação de periferias nas cidades.

Comentários

São chamadas de Metrópoles Nacionais as grandes cidades de um

país, que exercem influência preponderante sobre as demais cidades, seja no

que diz respeito a bens, serviços, movimentos culturais ou movimentos

políticos. As principais metrópoles nacionais do Brasil são Brasília, São Paulo

e Rio de Janeiro. Nesse sentido, se a desconcentração espacial das indústrias

promoveu algum impacto nessas metrópoles foi exatamente o impacto

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contrário ao que a questão sugere. São Paulo e Rio eram os principais destinos

da migração interna e, a partir do momento que a migração é controlada, essas

cidades deixam de ter agravados os seus problemas de invasão ou criação de

periferias.

Vejam bem, não estamos, de forma alguma, dizendo que esses

problemas se resolveram. Apenas queremos dizer que os problemas deixaram

de ser agravados. Afinal, pensemos como seria a cidade de São Paulo hoje se

ela ainda fosse o principal destino de imigrantes internos ou externos!

(CESPE/ABIN-2008) Ainda em meados do século XX, o Brasil era composto de manchas de adensamento econômico isoladas entre si e orientadas para o mercado exterior, o que revelava sua feição espacial herdada de um processo de ocupação que deixou marcas diferenciadas no extenso território nacional, conforme se desdobravam, com grande descontinuidade temporal e geográfica, os diversos ciclos econômicos voltados para a exportação. (IBGE. Brasil em números, v. 14, 2006, p. 45 (com

adaptações)

Acerca da organização do espaço brasileiro e das atividades econômicas desenvolvidas no território nacional, julgue os itens subseqüentes.

16-(CESPE/ABIN-2008) - Sobre a “feição espacial herdada de um processo de ocupação”, a industrialização promoveu a desconexão entre as regiões brasileiras, acentuando a supremacia econômica do Sudeste.

Comentários

Bem, pessoal, mais uma vez o CESPE exige que o candidato esteja

atento ao enunciado. Para resolver esta questão era de fundamental

importância prestar atenção em uma palavra chave: desconexão.

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É inegável que a industrialização acentuou a supremacia do Sudeste

em relação às outras regiões do Brasil num primeiro momento. Entretanto, para

se desconectar algo, é imprescindível que esse algo estivesse conectado

anteriormente, não é mesmo? E todos nós sabemos que a integração das

regiões brasileiras, apesar de desejada, nunca foi uma realidade. Portanto, a

questão está errada.

17- (CESPE/ABIN-2008) A “grande descontinuidade temporal e geográfica” mencionada no texto explica-se pelo processo de ocupação territorial em que foi privilegiada a atividade agrícola, espalhada nas diversas regiões do país.

Comentários

Bem, amigos, teremos que dividir ao meio essa questão para que

possamos compreendê-la com clareza. Quando ela se refere à grande

descontinuidade temporal e geográfica, ela está se referindo aos ciclos

econômicos pelo qual passou a História do Brasil. Por mais que não nos

lembremos exatamente como eram esses ciclos, sabemos que numa época

houve o auge da cana no Nordeste e em outra o auge do café no Sudeste, não

é?

A assertiva nos diz que essa descontinuidade do tempo e do espaço

é explicada pela ocupação territorial em que se privilegiou a atividade agrícola.

No entanto, o que temos é exatamente o contrário, não é mesmo? A

ocupação territorial é que é explicada pela descontinuidade temporal e geográfica. As pessoas escolhiam que território ocupar de acordo com o

“status” da atividade agrícola. Se o que estava na moda era o café, vamos pro

Sudeste porque lá tem emprego, mas se a moda é o algodão “bora” pro

Nordeste.

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Chamamos aqui de moda só para ficar mais claro, mas todos

sabemos que determinados gêneres agrícolas estão totalmente sujeitos a

sazonalidades, concordam? Em janeiro é época disso, junho daquilo e

novembro daquilo outro... Da mesma forma, algumas regiões, em razão do solo

e do clima, são mais propícias ao desenvolvimento de determinados produtos

agrícolas.

Pois bem, todo processo de ocupação territorial, seja no Brasil ou

em qualquer outro lugar do mundo, será pautado pelo sustento durante todo o

ano, independente do que for necessário fazer para que a economia flua!

Assim, durante nossa ocupação, a monocultura de exportação foi o meio mais

fácil encontrado e praticado durante décadas. Obviamente, isso acabava por

manter plantadores de café em um canto do país e os de cana-de-açúcar no

outro, cada qual investindo e tentando crescer a SUA região ou o SEU estado –

o que não contribuía em nada para a integração do território nacional.

Foi por exemplo a partir da valorização cafeeira, na metade do

século XIX, que ocorreu um crescimento significativo de pequenas e médias

cidades, a princípio no eixo Rio-São Paulo. Além disso, inúmeras cidades

surgiram ao longo da ferrovia construída para transportar a safra.

Assim, podemos compreender o quanto as atividades agrícolas

influenciaram na evolução e transformação do espaço social. Portanto, a

questão está errada.

18- (CESPE/ABIN-2008) O padrão de rede urbana encontrado no país, hierarquizado segundo o tamanho das cidades, espelha a integração e a articulação de todo o território nacional.

Comentários

Depois de tudo o que ouvimos sobre a urbanização, setores

agrícolas e necessidades, se há uma certeza em tudo isso é que não existe

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integração do território nacional. Ainda que muito venha sendo articulado nesse

sentido - para integrar, campo/cidade, Norte/Sul ou Nordeste/Sudeste do

Brasil- o fato é que isso ainda não é uma realidade. Portanto, essa questão

está errada

4- A estrutura etária da população brasileira e a evolução de seu crescimento.

A partir do final da década de 60, vemos uma significativa redução

da natalidade entre as camadas mais privilegiados da sociedade e nas regiões

mais desenvolvidas do país. Essa situação acabou colaborando para uma

importante mudança na estrutura etária da população brasileira, que aparece

com um perfil mais envelhecido e o ritmo de crescimento baixíssimo.

A distribuição da população por faixas de idade em um país é

conseqüência das taxas de crescimento populacional, da expectativa de vida e

das migrações que ocorrem naquele território, resultando na divisão em três

faixas etárias:

Jovens (0-14 anos);

Adultos (15-64 anos); e

Idosos (acima de 65 anos)

O que mais chama a atenção na estrutura etária dos países

considerados desenvolvidos é a forte presença de adultos e uma porcentagem

expressiva de idosos – dado o baixo crescimento vegetativo e a elevada

expectativa de vida. Seria mais ou menos aquela historinha que ouvimos das

nossas avós sobre como o mundo hoje está perdido e como é caro e perigoso

ter filhos, lembram? Pois é, parece que quanto maior a renda das pessoas,

mais próximas elas ficam da lógica da nossa avó e por isso a natalidade é tão

baixa entre elas.

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Em contrapartida, nos países em desenvolvimento, os jovens

superam os adultos e os idosos, justamente porque o crescimento vegetativo é

grande e a expectativa de vida baixa.

Por esse motivo, esses países acabam ficando em desvantagem,

particularmente os indivíduos mais pobres que possuem famílias mais

numerosas. E por quê? Porque sustentar um número maior de filhos é

concretamente mais difícil, ou seja, tanto os pais quanto o Estado têm suas

possibilidades absolutamente limitadas de oferecer uma formação de boa

qualidade. Assim, resta como opção mais forte colocar a criança no mercado

de trabalho e repetir o mesmo círculo vicioso da pobreza e da miséria.

No caso do Brasil e de outros países classificados como

"emergentes" ou em desenvolvimento, a proporção de jovens tem

diminuído a cada ano. Em contrapartida, o índice da população idosa vem

aumentando, o que gerou mudanças recentes no sistema de previdência

social, com estabelecimento de idade mínima para a aposentadoria e teto

máximo para pagamento ao aposentado.

A base da pirâmide etária do Brasil mudou e agora indica sinais de

envelhecimento para a sociedade brasileira. O numero de crianças de até 14

anos equivale a pouco mais de 25 % e, no extremo oposto, temos um

significativo aumento da população com 70 anos ou mais. Essa oposição traz

um ponto positivo e um negativo, afinal, pessoal, nem tudo são flores, não é

mesmo? Assim, ao mesmo tempo em que ela demonstra que houve uma

melhoria na qualidade de vida dos idosos, ela também aponta o problema de

que há cada vez menos jovens pra sustentar um número cada vez maior de

idosos.

19- (CESPE/ABIN-2008) - O perfil da pirâmide etária brasileira apresenta uma tendência de se assemelhar ao da pirâmide dos países que já realizaram a transição demográfica.

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Comentários

Antes de mais nada, é importante definirmos o que é a “transição

demográfica”. Pois bem, a teoria da transição demográfica tem suas origens

nos estudos do americano Warren Thompson. Segundo esse economista, uma

sociedade passa por diferentes fases em seu processo de desenvolvimento, as

quais estão diretamente ligadas à sua estrutura demográfica.

A primeira fase, ou fase pré-moderna, se caracteriza pelas altas

taxas de natalidade e de mortalidade. A segunda fase, ou fase moderna,

caracteriza-se por uma queda nas taxas de mortalidade devido à maior oferta

de alimentos e melhores condições sanitárias. A taxa de natalidade ainda

continua alta. A terceira fase (industrial madura), por sua vez, é marcada pela

urbanização, que leva a uma estabilização populacional – redução das taxas

de natalidade e de mortalidade. Por fim, a quarta fase (pós-industrial) se

caracteriza por baixas taxas de natalidade e mortalidade e, ainda, por uma taxa

de fecundidade insuficiente para a reposição populacional.

Pois bem, realizar a transição demográfica significa chegar a essa

última fase, em que há um aumento da participação de idosos no percentual

total da população. Alguns países da Europa já chegaram a esse nível, sendo

que sua pirâmide demográfica apresenta-se com o topo mais largo. O Brasil

ainda não realizou a transição demográfica, mas podemos considerar que ele

está na terceira fase. Assim, conforme afirma a assertiva, a pirâmide etária

brasileira apresenta tendência de se assemelhar à dos países que realizaram a

transição demográfica.

De fato, observa-se que existe no Brasil uma redução das taxas de

natalidade – em razão da disseminação de métodos contraceptivos e da

inserção da mulher no mercado de trabalho – e uma redução da mortalidade –

em virtude dos avanços da medicina. Esses fatores somados implicam no

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aumento da população idosa, o que demanda do governo a adoção de políticas

públicas compatíveis com sua estrutura demográfica.

Evolução

Vocês sabiam que somente no último século a população brasileira

multiplicou-se por mais de dez? Pois é, pessoal, se em 1900 residiam no Brasil

cerca de 17 milhões de pessoas atualmente temos quase 190 milhões.

Como podemos ver no gráfico acima, desde o primeiro

recenseamento feito no Brasil em 1872, muitas modificações ocorreram no

padrão do desenvolvimento demográfico brasileiro.

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Até o início da década de 30, o crescimento da população do Brasil

teve um forte impulso: a imigração. Com a adoção da "Lei de Cotas", que

impôs limites à entrada de imigrantes, o aumento da população passou a

depender diretamente do crescimento vegetativo. E o que é isto? A diferença

entre o número de pessoas que nascem e o número de pessoas que morrem

chamamos de crescimento vegetativo(CV).

Após a Segunda Guerra Mundial, houve um importante avanço nas

questões sanitárias, como a expansão da rede de esgoto, acesso à água

encanada, campanhas de vacinação em massa, acesso a medicamentos

básicos, etc. Esses avanços estimularam a maior evolução das taxas de

crescimento populacional, atingindo em 1960 cerca de 2,9% a.a. e marcando a

primeira fase de transição demográfica brasileira.

A partir dessa data, começou a ocorrer uma desaceleração

demográfica contínua, ou seja, começou a morrer mais pessoas do que a

nascer, o que resultou num crescimento demográfico de 1,6% a.a. Podemos

pensar que 1% a menos não faz tanta diferença assim, porém o impacto disso

no padrão da população é realmente significativo! Assim, se iniciou a segunda

fase de transição demográfica.

Posteriormente a isso, o intenso processo de urbanização ocorrido

no país, principalmente a partir da década de 1960, foi o principal responsável

pela redução das taxas de fecundidade. Mas por que isso aconteceu?

Bem, nas cidades, as informações e o acesso aos métodos

contraceptivos são bem maiores do que os existentes no campo. Para

complementar, foi justamente em fins da década de 60 que a pílula

anticoncepcional passou a ser mais aceita e difundida na sociedade brasileira.

Com as mulheres ocupando cada vez mais o mercado de trabalho urbano, as

famílias passaram a dispor de menos tempo para se dedicar aos filhos. Além

disso, é claro que na cidade os gastos com a criação dos filhos são bem

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maiores que no meio rural, o que acabava inibindo a formação de famílias

numerosas.

20-(CESPE/ABIN-2008) As alterações previstas para o quadro populacional brasileiro estão relacionadas com o decréscimo da fecundidade.

Comentários

Conforme já comentamos, as alterações demográficas no Brasil

decorrem, em parte, da redução das taxas de natalidade (decréscimo da

fecundidade). Os principais motivos disso são a inserção da mulher no

mercado de trabalho e a disseminação dos métodos contraceptivos.

(CESPE/ABIN-2008) Com auxílio dos dados apresentados no gráfico, que mostra a pirâmide etária brasileira no ano de 2000 e a sua projeção para 2020, julgue os seguintes itens.

21- Observa-se uma previsão de diminuição da população brasileira até 2020.

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Comentários

Não é correto dizer que há uma previsão de diminuição da

população brasileira. Se observarmos atentamente a parte mais clara do

gráfico, veremos exatamente o contrário: a população brasileira continuará

crescendo, ainda que em ritmo menos acelerado. A questão está, portanto,

errada.

22- (CESPE/ABIN-2008) A participação relativa dos jovens no conjunto da população brasileira deverá diminuir, enquanto a das pessoas com mais de 70 anos de idade deverá aumentar.

Comentários

Novamente, é importantíssimo prestar atenção ao gráfico e observar

cuidadosamente a pirâmide demográfica brasileira. Fazendo isso,

perceberemos que há uma diminuição da participação relativa dos jovens no

total da população brasileira. E por quê? Porque veremos uma mudança na

estrutura etária brasileira, em que há um significativo acréscimo na quantidade

de idosos. Esse fenômeno ocorre em virtude do aumento da expectativa de

vida e redução da taxa de natalidade no Brasil. A questão está, portanto,

correta.

23- (CESPE/ABIN-2008) As mudanças apresentadas no perfil da pirâmide etária brasileira estão relacionadas ao crescimento do emprego formal e à eliminação da subnutrição no país.

Comentários

Para sabermos se essa assertiva está certa ou errada, precisamos

primeiro saber a quais mudanças ela se refere, não é mesmo? Nesse sentido,

quando nos detemos na observação do gráfico, o ponto que nos chama mais

atenção é a redução da natalidade e o aumento do número de idosos. È

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importante compreendermos, pessoal, que a redução da natalidade não

significa necessariamente que a população se reduzirá. E isso acontece

porque, apesar de nascerem menos pessoas que antes , elas vivem muito mais

tempo, gerando, portanto, um aumento da população mais velha. Apesar da

diminuição da fecundidade observada no gráfico, uma pesquisa feita pela ONU

em 2008, revelou que a população deverá crescer significativamente nos

países em desenvolvimento. Segundo o relatório, em 2050 o mundo terá

saltado dos 6,7 bilhões de habitantes atuais, para 9,2 bilhões.

Mas voltando às mudanças percebidas no gráfico, elas estão

relacionadas ao aumento do emprego formal e a eliminação da subnutrição no

país? Por dois motivos, não!

Primeiro, essa questão já estaria errada por afirmar que há

eliminação da subnutrição no Brasil. Em 2008, foi vinculada na imprensa a

informação de que mais de 70 milhões de brasileiros estão acima do peso e, ao

contrário do que se pensa, a subnutrição não está ligada somente ao baixo

peso. Aquela idéia de que somente os muito magros sofrem com a desnutrição

é coisa do passado! O problema que o Brasil enfrenta agora são os obesos. A

desnutrição nos primeiros anos de vida é mais comum nas camadas mais

pobres da população, que desfruta de uma subalimentação. Entretanto, estar

acima do peso não é sinônimo de saúde, tampouco de nutrição.

Em segundo lugar, apesar de nas últimas duas décadas o Brasil ter

criado mais de 13 milhões de empregos assalariados com carteira assinada, ou

seja, empregos formais, isso não pode ser projetado para o futuro. Assim, uma

vez que esse modelo não se sustenta no longo prazo não haveria como ele

interferir no perfil da pirâmide etária. Portanto, a questão está errada.

Só como acréscimo, é bom sabermos que esses milhões de

empregos que foram criados não foram homogeneamente distribuídos no

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espaço nacional, o que nos remete mais uma vez a entender o principal motivo

das migrações dentro do país.

[Adaptada- (CESPE/ABIN-2008)]- O século XX assistiu a um rápido crescimento da população mundial, que partiu de 1,6 bilhões e alcançou 6,1 bilhões. Não se prevê uma estabilização para o atual século, porém, para 2050, a expectativa é de 9 bilhões de habitantes no planeta.

24- Ao lado da perspectiva de crescimento populacional mundial, o movimento de pessoas cruzando fronteiras como imigrantes é um aspecto relacionado ao processo de integração global, fonte potencial de conflitos sociais.

COMENTÁRIO:

Conforme afirma o próprio enunciado, há grande expectativa de que

continue havendo um crescimento populacional mundial. E aí mora um

problema! Se a população continuar crescendo sem que haja uma melhor

distribuição de renda, isto é, sem que haja uma desconcentração das riquezas,

a situação poderá chegar a um nível crítico.

Uma das conseqüências do crescimento populacional é a escassez

de alimentos. Na verdade, não é que falte comida no mundo; ela está é mal

distribuída. Falar nesse assunto nos faz lembrar de Thomas Malthus,

economista que enxergava no crescimento populacional o grande problema da

humanidade. Segundo ele, enquanto a população crescia em progressão

geométrica, a produção de alimentos crescia em progressão aritmética.

Pois bem, falemos agora sobre a questão migratória! Com a

globalização e o desenvolvimento dos meios de comunicação, o acesso à

informação tornou-se muito maior. Nesse sentido, pessoas que vivem na África

têm contato, por meio da televisão, com uma realidade bem diferente. Assim,

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passar a desejar obter as benesses do estilo de vida dos países desenvolvidos,

o que dá origem a um intenso fluxo migratório.

A migração acentuada é também uma realidade do crescimento

econômico sem o aumento da oferta de emprego. Assim, muitos imigrantes

têm como objetivo conquistar o seu lugar no mercado de trabalho. E,

justamente por causa disso, acabam por constituir-se em ameaça ao emprego

dos nacionais. Surgem, então, os movimentos xenofobistas, fonte potencial de

conflitos sociais. A questão está, portanto, correta.

25 - (CESPE/ABIN-2008) O Brasil, cujo aumento populacional é registrado no gráfico, evidencia uma mudança no perfil de crescimento a partir da queda observada na taxa de crescimento populacional do país, do aumento da expectativa de vida e da diminuição da participação relativa de jovens no total da população.

COMENTÁRIO

É interessante, para compreendermos o fenômeno demográfico ao

redor do mundo e no Brasil, conhecermos a famosa “pirâmide demográfica”.

A pirâmide demográfica é uma ilustração gráfica da estrutura

populacional de um país, mostrando a distribuição da população entre os sexos

e por idade. Dessa forma, funciona como importante evidência para estudos

demográficos, uma vez que é possível chegar-se a algumas conclusões

conforme o seu formato.

Se a base da pirâmide for larga e o topo curto, isso significa que o

país tem muitos jovens. Por outro lado, se o topo por mais largo, isso significa

que a população está envelhecendo. Mas e o Brasil, como é sua pirâmide

demográfica?

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No Brasil, a pirâmide demográfica tem sua base larga e vai

estreitando até atingir o topo. Isso evidencia que a nossa população é jovem.

Todavia, nos últimos anos, tem havido um crescimento do percentual de

idosos, evidenciando a tendência de modificação da pirâmide.

Com o desenvolvimento da medicina, a expectativa de vida tem

aumentado. Por outro lado, com a disseminação dos métodos contraceptivos e

a inserção da mulher no mercado de trabalho, há uma queda na taxa de

natalidade. Assim, somados esses fatores, verifica-se a diminuição da

participação relativa de jovens no total da população.

É exatamente isso o que nos traz a assertiva, motivo pelo qual ela

está correta.

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Bibliografia

Artigos disponíveis em < http://www.sep.org.br/artigo > Acessado em

18/03/2010

GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira contemporânea. São

Paulo: Atlas, 2009.

MAGNOLI, Demétrio. Geografia para ensino Médio. São Paulo: Atual, 2008.

ROSS, Jurandir Sanches (org). Geografia do Brasil. - 6ª- edição - São Paulo:

Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo, 2008.

_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da Economia urbana dos países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São

Paulo, 2008.

SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e território na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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LISTA DE QUESTÕES

(CESPE/ABIN-2008) As migrações internacionais ocupam parte importante das diplomacias e dos serviços de defesa do Estado e dos cidadãos comuns que atravessam fronteiras diariamente, em todo o mundo. A respeito desse tema, julgue os itens seguintes(1 ao 5).

1- A criminalização crescente das migrações econômicas e sociais denota que

o direito de ir e vir da pessoa faz-se subalterno ao privilégio universal da livre

circulação dos capitais.

2- Legislações draconianas, como as que vêm sendo adotadas pela União

Européia, expõem, por um lado, a noção de que a função histórica da grande

imigração de africanos e asiáticos para o trabalho nas indústrias européias do

pós-guerra perdeu função histórica e, por outro, que a reciprocidade

internacional em relação à América Latina, formada em parte por imensas

levas de desterrados europeus, perdeu valor de direito internacional ante o

realismo político dos interesses nacionais e comunitários europeus

3- As migrações internacionais, amenizadas no continente africano diante do

fim do ciclo belicoso interno das últimas décadas do século XX, deixou de ser

um tema relevante das relações interestatais afro-européias.

4- O Brasil, país marcado, no fim do século XIX e início do século XX, pelas

imigrações européias e asiáticas, fator importante para a formação do Brasil

contemporâneo, mudou seu padrão migratório ao ter-se tornado também país

de emigrantes.

5- A migração forçada ou enganosa, muitas vezes em forma de tráfico de

pessoas, ainda que seja um tema de impacto internacional, possui modesta

implicação na segurança dos Estados nacionais neste início de século.

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(IRB-2008)- As migrações aparecem como característica permanente da espécie humana. Max Sorre afirma que a mobilidade é a lei que rege todos os grupos humanos, portanto, o estudo da circulação ocupa lugar importante na Geografia Humana. Nele está inserida a discussão das raças e a das miscigenações, levando à definição das etnias. A. Damiani. População e Geografia. São Paulo: Contexto, 2006, p. 51 (com adaptações).

Considerando o texto acima, julgue (C ou E) os itens seguintes: (6 a 9).

6- A abertura de fronteiras à entrada de migrantes é uma realidade em

determinados países desenvolvidos, dada a carência de mão-de-obra em

setores das atividades econômicas

7- A quantidade de fluxos migratórios vem diminuindo no contexto de mercado

de trabalho globalizado, uma vez que a facilidade atual de circulação de

mercadorias substitui a necessidade de movimentação dos trabalhadores.

8- Com a miscigenação e o multiculturalismo — atualmente presentes em

diversos países, as diferenças étnicas deixaram de ser causa para migração e

conflitos sociais.

9 - O Brasil apresenta tanto a saída de população como a entrada de migrantes

estrangeiros em busca de emprego e melhor nível de qualidade de vida.

10- (CESPE/IRB-2010) No que se refere ao espaço rural no Brasil, assinale a opção correta.

a) A revalorização do espaço rural como lugar para se trabalhar e para se viver,

uma das recentes transformações ocorridas no campo, não se relaciona

diretamente com as demandas pela terra e com os assentamentos rurais.

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b) O Programa de Apoio à Agricultura Familiar (PRONAF), ao fragmentar o

espaço rural, provocou a redução da produtividade agrícola e, como

consequência, a redução da oferta de alimentos nas cidades de pequeno e

médio porte.

c) Na primeira metade do século XX, o espaço rural brasileiro caracterizou-se

pelas grandes plantações cafeeiras, a que se seguiu a agricultura familiar com

sua pluriatividade e o processo de modernização da base técnica na

agropecuária, que caracterizou o final do século.

d) A pluriatividade, realidade da nova concepção de espaço rural adotada pelo

agronegócio, ainda não se incorporou à agricultura familiar, baseada na

agricultura de subsistência.

e) Historicamente, as políticas públicas, visando à exportação, privilegiaram a

agricultura de larga escala, o que forçou o processo de modernização da

agropecuária e contribuiu para o êxodo rural.

11- (FGV / Analista Legislativo-2008)- A migração é uma das questões

mais debatidas no mundo atual. No modelo de pensamento estrutural, os

indivíduos não fazem escolhas, ou melhor, não são os indivíduos e suas

escolhas individuais que explicam os fluxos e a localização da população.

No espaço, que não é mais o espaço da liberdade individual, mas o

espaço da estrutura capitalista, é o movimento do capital, sua expansão

ou retração, seu deslocamento ou permanência que comandam a

mobilidade e a localização do trabalho. (Vainer, Carlos B. Reflexões sobre o poder de mobilizar e imobilizar na

contemporaneidade, 2005.) Assinale a única afirmativa que não expressa o pensamento estruturalista. a) Os movimentos locacionais e a estrutura do espaço estão submetidos à

lógica e à dinâmica do capital.

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b) A mobilidade do trabalhador aparece como manifestação da necessidade do

capital e sua mobilidade está submetida a ele.

c) A mobilidade dos trabalhadores resulta de ações racionais orientadas pelo

mercado que dispõe de seu capital humano no livre jogo da oferta e da

procura.

d) A mobilidade do trabalhador e o seu desenraizamento são sinais de que ele

é totalmente despossuído dos meios de produção e subsistência, e, portanto,

subordinado ao movimento do capital.

e) Os movimentos dos trabalhadores e os deslocamentos das populações são

apenas movimentos reflexos do movimento do capital, que é o verdadeiro

protagonista do espaço estrutural.

(CESPE/ABIN-2008) A distribuição espacial da indústria no Brasil tem passado por transformações em decorrência da evolução das infra-estruturas de transporte e comunicação. Acerca dessa dinâmica instaurada, julgue os próximos itens.

12- O Estado contribuiu para o processo em curso de descentralização da

produção industrial no território brasileiro por meio de políticas de

desenvolvimento regional, como, por exemplo, disponibilizando energia.

13- Como conseqüência do processo de descentralização, os desequilíbrios

relativos à concentração de renda, em nível regional, cederam lugar à

integração territorial, que eliminou as disparidades.

14- Em conformidade com a descentralização industrial, observa-se a

ampliação dos mercados por meio do rompimento com as estruturas

agroexportadoras existentes no passado.

15- Uma das conseqüências da desconcentração espacial da indústria no

Brasil foi a aceleração do crescimento das metrópoles nacionais, o que

promoveu as invasões urbanas e a criação de periferias nas cidades.

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(CESPE/ABIN-2008) Ainda em meados do século XX, o Brasil era composto de manchas de adensamento econômico isoladas entre si e orientadas para o mercado exterior, o que revelava sua feição espacial herdada de um processo de ocupação que deixou marcas diferenciadas no extenso território nacional, conforme se desdobravam, com grande descontinuidade temporal e geográfica, os diversos ciclos econômicos voltados para a exportação. (IBGE. Brasil em números, v. 14, 2006, p. 45 (com adaptações)

Acerca da organização do espaço brasileiro e das atividades econômicas desenvolvidas no território nacional, julgue os itens subseqüentes.

16- (CESPE/ABIN-2008) Sobre a “feição espacial herdada de um processo de ocupação”, a industrialização promoveu a desconexão entre as regiões brasileiras, acentuando a supremacia econômica do Sudeste.

17- (CESPE/ABIN-2008) A “grande descontinuidade temporal e geográfica” mencionada no texto explica-se pelo processo de ocupação territorial em que foi privilegiada a atividade agrícola, espalhada nas diversas regiões do país.

18- (CESPE/ABIN-2008) O padrão de rede urbana encontrado no país, hierarquizado segundo o tamanho das cidades, espelha a integração e a articulação de todo o território nacional.

19-(CESPE/ABIN-2008) O perfil da pirâmide etária brasileira apresenta uma tendência de se assemelhar ao da pirâmide dos países que já realizaram a transição demográfica.

20- (CESPE/ABIN-2008) As alterações previstas para o quadro populacional brasileiro estão relacionadas com o decréscimo da fecundidade

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(CESPE/ABIN-2008) Com auxílio dos dados apresentados no gráfico, que mostra a pirâmide etária brasileira no ano de 2000 e a sua projeção para 2020, julgue os seguintes itens.

21- (CESPE/ABIN-2008) - Observa-se uma previsão de diminuição da população brasileira até 2020.

22- (CESPE/ABIN-2008) A participação relativa dos jovens no conjunto da população brasileira deverá diminuir, enquanto a das pessoas com mais de 70 anos de idade deverá aumentar.

23- (CESPE/ABIN-2008) As mudanças apresentadas no perfil da pirâmide etária brasileira estão relacionadas ao crescimento do emprego formal e à eliminação da subnutrição no país.

[Adaptada(CESPE/ABIN-2008)]- O século XX assistiu a um rápido crescimento da população mundial, que partiu de 1,6 bilhões e alcançou 6,1 bilhões. Não se prevê uma estabilização para o atual século, porém, para 2050, a expectativa é de 9 bilhões de habitantes no planeta.

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24- Ao lado da perspectiva de crescimento populacional mundial, o movimento de pessoas cruzando fronteiras como imigrantes é um aspecto relacionado ao processo de integração global, fonte potencial de conflitos sociais.

25- O Brasil, cujo aumento populacional é registrado no gráfico, evidencia uma mudança no perfil de crescimento a partir da queda observada na taxa de crescimento populacional do país, do aumento da expectativa de vida e da diminuição da participação relativa de jovens no total da população.

Gabarito

1. C 2. C 3. E 4. C 5. E

6. C 7. E 8. E 9. C 10. Letra E

11. Letra C 12. C 13. E 14. E 15. E

16. E 17. E 18. E 19. C 20. C

21. E 22. C 23. E 24. C 25- C

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AULA 07- MEIO AMBIENTE E ENERGIA

Olá, amigos, tudo bem?

Hoje abordaremos dois assuntos que crescem cada vez mais de

importância no cenário internacional: a proteção do meio ambiente e a

questão energética. Pela importância dos assuntos, essa aula contará com

uma vasta gama de informações, as quais são muito importantes para a prova

de Conhecimentos Gerais do Senado Federal.

Preparados para seguir em frente? Então vamos lá!

1- A questão ecológica em nível mundial.

A questão ecológica e a preocupação com os problemas ambientais

acabam gerando em todos nós algumas perguntas inquietantes: elas são

mesmo fruto de um desconforto real ou apenas uma moda passageira?

Alguns chegam até a afirmar que estas questões foram trazidas à

tona como um cômodo recurso ideológico que objetiva substituir as grandes

questões mobilizadoras até poucas décadas atrás. Para os mais radicais, toda

essa “festa” em torno do meio ambiente não passa de uma forma de manter

enfraquecidos os problemas sociais do mundo, como a pobreza, a exploração

e os conflitos de interesse entre as classes. Mas será que isso é pertinente?

Compreender o problema ambiental não significa dominar a

geografia física das regiões, conhecer o relevo, os rios e saber tudo sobre as

devastações ambientais. É claro que tudo isso tem sua importância, pois

compõe o nosso estudo. Entretanto, é imprescindível percebermos que o

alcance da questão ecológica é bem mais profundo do que parece, uma vez

que não se reduz apenas aos inúmeros distúrbios do meio ambiente.

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Na verdade, o fato dessa questão ecológica estar tão na “moda” nos

mostra a incapacidade de um sistema social de produção e de consumo

(capitalismo) em manter formas e ritmos de crescimento sem destruir as

condições de sua própria reprodução. Deste modo, a importância do assunto

transcende as diversas crises ambientais espalhadas em todas as regiões do

planeta e demanda que percebamos que desequilíbrios entre sociedade e meio

ambiente estão biblicamente atrelados à história da humanidade.

Todavia, o que é absolutamente novo pra nós é que as crises

ambientais globais estejam influenciando, cada vez mais, nos colapsos locais e

regionais ocorridos nos últimos tempos. Vamos pensar, por exemplo, nas

chuvas do Rio de Janeiro. Pesquisas apontam que o aquecimento global

causado pelo contínuo desenvolvimento industrial é um dos principais

responsáveis por catástrofes climáticas como essa. Do mesmo modo, o

furacão ocorrido no Rio Grande do Sul que, em 2004, destruiu mais de 20 mil

casas, ou os temporais em Santa Catarina. Todos esses fenômenos acabam

tendo como principal justificativa o desequilíbrio ambiental global.

Assim, amigos, as profundas implicações econômicas, políticas e

sociais acabam mesmo se conectando às questões do meio ambiente e, talvez

por isso, esse tema esteja sempre presente nas provas de atualidades e

geografia. Modismo ou não, o debate em torno do assunto é intenso e, pela

primeira vez, a sensação de que toda a humanidade caminha para situações

catastróficas parece unânime. As transformações ambientais, geralmente

traumáticas e dolorosas, acabaram cobrando da sociedade tanto uma reflexão

em torno das relações entre o homem e a natureza quanto a necessidade de

revê-las.

É verdade também que os desastres climáticos não ameaçam todo

mundo da mesma forma, na mesma intensidade e nem com a mesma

iminência. Deste modo, ficam mais vulneráveis a esses desastres - que

acabam sendo sociais- as populações que não possuem tecnologia, que são

empurradas sempre para mais longe dos centros de produção e consumo. Por

isso, podemos afirmar que as sociedades mais pobres e marginalizadas são as

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que mais intensa e rapidamente sofrem os problemas do esgotamento do solo,

da escassez de água, moradia e alimentos.

A questão ecológica, portanto, diz respeito, ao mesmo tempo, às

relações entre os homens e às relações dos homens com a natureza - que é

quem fornece seus meios de sobrevivência.

O avanço técnico e científico que contribuiu para o boom de todo o

processo de industrialização em países ricos e pobres, capitalistas e

socialistas, pode ser considerado o principal elemento de interferência e

alteração da natureza. Não é segredo para nós que a natureza é formada por

um conjunto de componentes ambientais composto de terra, água, ar e seres

vivos, animais e vegetais. Pois bem, esses elementos são interdependentes, o

que significa que a alteração ou agressão de um deles resulta, imediatamente,

na alteração de outro.

Até os anos de 1960, qualquer idéia de sociedade que se

distinguisse da capitalista já mostrava que havia uma inegável necessidade de

uma nova organização econômica, em que os meios produtivos fossem

divididos de forma mais equilibrada. Entretanto, até a década de 70 não havia a

menor preocupação direta com questões ambientais ou ecológicas, com

exceção das universidades que tratavam o tema com relativo cientificismo.

As primeiras preocupações com a destruição da natureza,

principalmente das florestas e dos animais selvagens, surgiram apenas nos

anos 50, com as primeiras manifestações organizadas contra os armamentos e

as usinas nucleares. Essas manifestações foram importantes, pois abriram o

caminho para a luta contra os efeitos poluidores da indústria e para as idéias

de conservação do meio ambiente, que até então estavam restritas aos

círculos acadêmicos e naturalistas.

Como sabemos, no Brasil, o grande crescimento industrial se deu

entre as décadas de 50 e 60, portanto não haveria mesmo como haver

manifestações ecológicas anteriores a esse período. Apesar disso, em outros

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lugares, “privilegiados” pela industrialização precoce, essa também não era

uma discussão comum.

A crescente industrialização concentrada em cidades, a

mecanização da agricultura, a intensa exploração de recursos energéticos

como carvão mineral e petróleo, e minerais como ferro, alumínio etc, alteraram

significativamente a terra, o ar e a água do planeta. Tamanha exploração levou

algumas áreas à degradação ambiental irreversível, o que evidenciou duas

necessidades mundiais urgentes. A primeira era a obrigação de haver maior

integração entre as disciplinas que se propunham a estudar a natureza. A

segunda era a necessidade de uma profunda revisão dos paradigmas da

ciência moderna para alcançarem uma solução para o problema identificado.

Devido à visibilidade que foi dada aos diversos problemas

ambientais e ecológicos apontados pelas crescentes manifestações, sua

mobilização e suas lutas, este assunto ganhou mais atenção das sociedades

mundiais.

È claro, pessoal, que, nesse processo acelerado de “tecnificação”

das sociedades humanas, algumas regiões do planeta foram palco de maiores

alterações do que outras. Entretanto, poucas são as áreas do mundo que não

foram total ou parcialmente devastadas pelas práticas predatórias do homem.

A sociedade industrial que o mundo contemporâneo edificou

interferiu e alterou profundamente a natureza, já que, para construir e alimentar

complexos industriais, extensos espaços de natureza tiveram que ser

destruídos.

O desenvolvimento permanente dos meios de produção, a

ampliação da sociedade de consumo, os atrativos do lazer, do conforto e a

liberação da mão-de-obra rural, acabaram estimulando o crescimento da

população urbana nos países industrializados. Apesar disso, o crescimento

rápido das cidades não pôde ser acompanhado no mesmo ritmo, sobretudo

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nos países em desenvolvimento, pelo incremento das redes de água tratada,

coleta e saneamento de esgoto etc.

Nessas sociedades, os problemas ambientais são muito maiores do

que nos países mais desenvolvidos. Essa diferença se dá principalmente

porque, além das questões relativas à destruição do meio ambiente em si,

como a poluição do solo, do ar e da água, ainda há o agravante da pobreza da

população. Vejamos como esses temas podem ser encontrados em provas

(CESPE/ABIN-2008) A questão ambiental, tendo em vista suas implicações sociais, econômicas e políticas, ganhou repercussão e passou a fazer parte das políticas nacionais e do fórum de debate mundial. Acerca desse assunto, julgue os itens subseqüentes.

1-Com a maior parte da população brasileira vivendo em aglomerações urbanas, a degradação da qualidade do meio ambiente urbano e dos recursos naturais tem sido motivo de conflitos e de proliferação de doenças nas cidades.

Comentários

A urbanização acentuada é uma constante em todas as regiões do

nosso planeta. Entretanto, o que durante muitos anos foi visto como símbolo de

progresso hoje comporta em si inúmeros problemas. Nesse sentido, a explosão

da periferia nas grandes cidades foi uma das principais responsáveis pela

degradação do meio ambiente, existência de conflitos pelos recursos naturais e

proliferação das doenças. Isso ocorre na maior parte das cidades de países em

desenvolvimento e é um ponto muito forte aqui no Brasil.

A grande maioria das metrópoles abriga favelas e essa situação

tende a se agravar principalmente em países onde as pessoas continuam

migrando em busca de empregos e se defrontam com a ociosidade.

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A maior parte da população brasileira vive em aglomerações

urbanas. Essa concentração populacional nas cidades tem como conseqüência

a degradação ambiental, causada pelas modificações ocorridas no espaço

geográfico.

Assim, verifica-se nos principais aglomerados urbanos brasileiros

grande poluição do ar, do solo (causado pelo lixo urbano), sonora, visual, etc.

Tudo isso causa perda da qualidade de vida da população, o que gera aumento

do número de doenças e conflitos ambientais.

Ressalte-se que quando a questão fala em conflitos ambientais, ela

não quer dizer que se “pega em armas” em defesa do meio ambiente. Os

conflitos ambientais são uma nova espécie de conflito social, que exige a

intervenção do Estado. Pode-se verificar que justamente a parcela da

sociedade que mais sofre com os riscos ambientais é justamente a menos

favorecida e que, por conseguinte, tem menos responsabilidade na construção

deste risco. Portanto, a questão está correta.

2-(CESPE/ABIN-2008)- Todos os países, sejam eles pobres ou ricos, são responsáveis pela degradação ambiental, o que explica a necessidade de acordos internacionais para a mitigação dos efeitos adversos e a resolução de conflitos.

Comentários

Sem dúvida alguma, todos os países –pobres ou ricos- possuem

responsabilidades no que diz respeito à proteção do meio ambiente. Todavia,

na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(ECO-92) reconheceu-se, sob forte pressão dos países em desenvolvimento

que a responsabilidade de controlar, reduzir e eliminar os atentados contra o

meio ambiente deve incumbir aos países que os causam, de tal forma que

guarde relação com os danos causados e esteja relacionado com as

respectivas capacidades e responsabilidades.

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Esse reconhecimento representou uma completa mudança de

paradigma no âmbito da proteção do meio ambiente, estabelecendo o

princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada. Cada país deveria

incumbir-se na proteção ambiental de forma proporcional com os danos

causados ao meio ambiente. Esse princípio confirma o fato de que os países

desenvolvidos são os maiores causadores e responsáveis pelos desequilíbrios

ambientais, cabendo a eles, portanto, as principais atitudes para proteger o

meio ambiente.

De qualquer forma, a proteção do meio ambiente é uma

preocupação comum da humanidade, incumbindo aos países ricos e pobres

indistintamente. Por ser responsabilidade de todos os países, há necessidade

de se buscar soluções conjuntas ao problema ambiental, o que é feito por meio

da cooperação internacional. Questão correta.

1.1 O ambiente ganha visibilidade mundial

O grande concretizador do meio ambiente como um assunto

mundialmente importante foi a Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, Suécia, em 1972. Tendo como

tema principal o Meio Ambiente Humano, essa Conferência estabeleceu

princípios de aplicação geral no que se refere à proteção ambiental.

De acordo com Accioly, o ano de 1972 pode ser apontado como o

ano em que a conscientização para a importância de se evitar a destruição do

meio ambiente tomou âmbito global. Nessa conferência, se reuniram pela

primeira vez países industrializados e países em desenvolvimento para discutir

problemas relativos ao meio ambiente. Apesar do objetivo comum de

preservação ambiental, a conferência deixou claro o fosso existente entre

esses países, sobretudo em matéria ecológica.

Assim, quando o grupo de países em desenvolvimento era chamado

a cumprir padrões mínimos ambientais, eles entendiam essa pressão como um

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mecanismo utilizado pelos países mais industrializados para impedir seu

crescimento. Dessa forma, para grande parte das nações, a questão ambiental

surgiu como um limitador e dificultador do modelo vigente, em que são

explorados, descontroladamente, os recursos ambientais do planeta.

A Conferência de Estocolmo deu origem à Declaração das Nações

Unidas sobre o meio ambiente, que estabelece princípios gerais para sua

proteção e prevê a criação do Programa das Nações Unidas. Esse programa

tem como objetivo fundamental coordenar as ações internacionais de amparo à

natureza, promovendo um desenvolvimento sustentável.

Bem, para compreendermos a Declaração de Estocolmo, teremos

que entrar um pouco no direito internacional ambiental, mas não se assustem,

pois não é nada de outro mundo, ok?

Assim, temos como pontos principais:

1)O direito ao meio ambiente foi alçado à condição de direito

fundamental do ser humano. O primeiro princípio enumerado pelo referido

documento estabelece que “o homem tem direito fundamental à liberdade, à

igualdade e a condições de vida satisfatórias, em meio ambiente cuja qualidade

lhe permita viver com dignidade e bem-estar.”

2) A Declaração de Estocolmo estabeleceu o princípio da

responsabilidade internacional dos Estados em matéria ambiental. De

acordo com o princípio de número 21, “os Estados têm o direito soberano de

explorar os seus próprios recursos segundo políticas ambientais que

estabeleçam. Entretanto eles têm o dever de realizar essas atividades nos

limites de sua jurisdição ou sob seu controle, desde que não causem danos ao

meio ambiente em outros estados ou nas regiões não submetidas a qualquer

jurisdição nacional.” Resumindo: lembra daquele sermão que ganhávamos da

professora no colégio, que dizia que nosso direito termina onde começa o do

coleguinha? Pois bem, aqui é a mesma coisa: um Estado não pode explorar

seus recursos de forma a causar dano a outro Estado.

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3)- Um Estado deve ser responsabilizado pelos danos ambientais

que cause fora de sua jurisdição territorial, ou seja, pelos danos que cause ao

meio ambiente de outro Estado. Ou seja, feriu o direito do coleguinha? Então

vai ter que assumir a responsabilidade.

Passados 10 anos da Conferência de Estocolmo, foi elaborado um

relatório para avaliar tanto os principais resultados alcançados, quanto apontar

os principais problemas ambientais existentes. E foi nesse momento que

surgiu, pela primeira vez, o conceito de “desenvolvimento sustentável ”. Mas

o que seria isso afinal?

Podemos entender este desenvolvimento como sendo aquele que atende as necessidades do sistema produtivo e das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de terem suas próprias necessidades atendidas.

Um outro evento que marcou as relações homem/meio ambiente foi

o realizado em 1992 na cidade do Rio de Janeiro. Vocês se lembram?

Dependendo da idade de vocês, é possível que não, mas pra nós, que já

somos velhinhos (rsrrsrsrs), a ECO 92 foi um evento inesquecível!

Na ocasião, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento, que em 1972 havia sido em Estocolmo,

movimentou a cidade do Rio de Janeiro e ganhou a mídia brasileira e

internacional. Do mesmo modo, a conferência realizada na Suécia, foi

“reproduzida”, duas décadas mais tarde, na cidade do Rio e ficou

mundialmente conhecida como ECO-92.

Nesse encontro, líderes do mundo todo foram reunidos e produziram

importantes documentos que buscavam regulamentar os mais variados

elementos sobre o meio ambiente. Assim, entraram na pauta das discussões

para proteção ambiental: princípios sobre Florestas, Convenção sobre

Diversidade Biológica, Convenção sobre Mudanças Climáticas, Agenda 21 e a

Declaração do Rio.

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Esses documentos tinham como principal objetivo definir um rumo

geral para as políticas ambientais essenciais de desenvolvimento mundial.

Assim, as políticas ali definidas deveriam ditar um modelo de desenvolvimento

sustentável que desse conta de suprir às necessidades globais e, ao mesmo

tempo, reconhecesse os limites de desenvolvimento econômico.

Nessa linha, a Agenda 21 foi um documento elaborado com o

objetivo de servir de guia para que os Estados formulassem políticas públicas

em matéria ambiental com vistas a promover o desenvolvimento sustentável.

Outra realização importante deste evento foi a consolidação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima por quase todos os

países do mundo.

Essa convenção nada mais é do que um tratado internacional que

tem como objetivo a estabilização da concentração de gases do efeito estufa

na atmosfera em níveis admissíveis pelo sistema climático. É verdade também

que ainda não se sabe, com precisão, qual é a medida de gases que poderiam

ser considerados seguros, entretanto, boa parte da comunidade científica

admite que a contínua emissão de gases no ritmo atual trará fortes danos ao

meio ambiente.

Assim, amigos, é correto afirmar que tanto a Conferência de

Estocolmo quanto a ECO-92 foram os marcos mais importantes para o

alargamento da gravidade da questão ambiental internacional.

Cabe destacar também o Protocolo de Kyoto, assinado na cidade

japonesa de mesmo nome no ano de 1997. A convenção em Kyoto

estabeleceu um sólido compromisso por parte dos países desenvolvidos em

reduzir a emissão de gases, mesmo com ônus aos seus respectivos

crescimentos econômicos. No entanto, apesar da seriedade com que as

nações encararam o protocolo, ainda não são palpáveis os meios pelos quais

seriam colocadas em prática as medidas e o compromisso em reduzir as

emissões de gás.

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O Protocolo de Kyoto faz parte da Convenção-Quadro das Nações

Unidas sobre Mudanças Climáticas e determina que os Estados deverão, para

promover o desenvolvimento sustentável, implementar ou aprimorar suas

políticas nas mais diversas áreas, como:

- aumento da eficiência energética;

- promoção de formas sustentáveis de agricultura;

- proteção e aumento de sumidouros e reservatórios de gases de

efeito estufa;

- redução gradual ou eliminação de incentivos fiscais, de isenções

tributárias e tarifárias e de subsídios para os setores emissores de gases de

efeito estufa;

- pesquisa, promoção, desenvolvimento e aumento do uso de formas

novas e renováveis de energia, de tecnologias de seqüestro de dióxido de

carbono e de tecnologias ambientalmente seguras.

- limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de sua

utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte e

na distribuição de energia e;

- medidas para limitar ou reduzir a emissão de gases de efeito-

estufa, como a aplicação do princípio do poluidor-pagador. Aplicando o princípio do poluidor-pagador, o protocolo criou o

“Mecanismo de Desenvolvimento Limpo”, que deu a oportunidade para a

criação de um mercado de créditos de carbono. Mas o que seria isso

exatamente?

Bem, na verdade, isso funciona como um sistema de compra

simples, em que aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as

metas de redução de emissões de gases do efeito estufa têm que comprar

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créditos de carbono. Como todos nós sabemos, a tática de economia mais

eficaz é sempre aquela que atinge o bolso, não é mesmo?

Em contrapartida aos “esbanjadores”, aquelas indústrias que

conseguissem diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas,

poderiam vender o excedente de "redução de emissão" ou "permissão de

emissão" no mercado nacional ou internacional.

De acordo com Portela, com a criação do mercado de créditos de

carbono, os países em desenvolvimento passaram a negociar com os países

desenvolvidos seus excedentes de "redução de emissão" ou "permissão de

emissão" no mercado nacional ou internacional. Assim, os países em

desenvolvimento tendem a ampliar a execução de projetos que reduzem a

poluição para ter mais uma mercadoria para comercializar internacionalmente:

seus excedentes de ar puro.

Mas e quanto a metas? O Protocolo de Kyoto fixou metas para a

redução de emissão de gases?

Sim. Foram estabelecidas metas de redução de emissões para os

países, porém diferentes para cada um, em respeito ao princípio da

responsabilidade comum, mas diferenciada. Assim, já que a regra de redução

não é valida para todos, países como o Brasil podem realizar projetos de

redução de emissões e negociar com os que precisem os seus “créditos de

carbono”.

Então, pessoal, deste modo fica claro que não são todos os países

que devem cumprir metas de redução de emissão de gases, mas somente

aqueles que estão relacionados no Anexo I do protocolo de Kyoto - países

mais industrializados. É correto afirmar que no encontro ocorrido no Japão

foram estabelecidas metas de redução e um mercado de créditos de carbono

por meio do qual os países industrializados acabam financiando tecnologias

consideradas limpas em países em desenvolvimento, como forma de

compensar suas emissões de gases.

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Apesar disso, passados 12 anos, constatou-se que nada disso deu

certo! Na tentativa de se chegar a um novo acordo global sobre o clima, os

países se reuniram, então, em Copenhague, que infelizmente, não teve mais

êxito que o protocolo de Kyoto.

Veja como esse assunto foi cobrado em prova

3(ESAF/PGFN-2006) É objetivo do Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima, de 1997: a) a diminuição da eficiência energética em setores relevantes da economia internacional, como modo direto de internalização de externalidades negativas. b) a proibição imediata de formas sustentáveis e não-sustentáveis de agricultura, à luz das considerações sobre mudança de clima. c) a redução gradual ou eliminação de imperfeição de mercado, de incentivos fiscais, de isenções tributárias e tarifárias e de subsídios para todos os setores emissores de gases de efeito estufa. d) a pesquisa, a promoção, o desenvolvimento e aumento do uso de formas não-renováveis de energia, de tecnologia de seqüestro de dióxido de carbono e de tecnologia ambientalmente seguras. e) a ampliação de emissões de metano por meio de sua recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem como no transporte, na produção e na distribuição de energia. Comentários:

A letra A está errada porque o Protocolo de Quioto tem por objetivo o

aumento da eficiência energética e não sua diminuição.

A letra B está errada. O Protocolo de Quioto tem como um de seus

objetivos que os países promovam formas sustentáveis de agricultura.

A letra D está errada, já que o protocolo que ora analisamos tem

como objetivo a utilização de formas renováveis de energia.

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A letra E está errada porque o Protocolo de Quioto tem como

objetivo a redução ou eliminação da emissão de gás metano e outros gases de

efeito estufa.

Resta-nos a letra C, que é a resposta correta. Considerando que a

emissão de gases de efeito estufa deve ser reduzida ou eliminada segundo o

Protocolo de Quioto, o que se busca é desestimular as atividades que poluem a

atmosfera. Ou seja, os incentivos aos setores emissores de gases de efeito

estufa deverão ser retirados.

1.2 Conferência do Clima de Copenhague (COP-15)

Seguindo na linha dos encontros onde a natureza é o grande foco,

não poderíamos deixar de abordar aqui o assunto do momento ao se falar de

meio ambiente: a Conferência do Clima de Copenhague, conhecida também

como COP-15. E por que esse encontro é tão famoso? Na verdade, muita

expectativa foi depositada nesse encontro, que se distingue dos demais

principalmente pelo fato de ter sido formulado, exclusivamente, para tratar da

variação climática mundial. Outro fator que lhe conferiu bastante importância

foi o fato da conferência buscar firmar um novo acordo global que substituiria o

Protocolo de Kyoto, o qual tem validade somente até 2012.

Bem, a Convenção-Quadro das Nações Unidas, tinha como objetivo

principal a estabilização da concentração de gases na atmosfera terrestre.

Deste modo, a intenção do encontro era elaborar normas que regulassem a

emissão de gases de acordo com os níveis de segurança climática do planeta,

evitando o aquecimento global.

Esse é um assunto muito atual, pois o encontro foi realizado no fim

do mês de dezembro e por muito tempo a mídia bateu em cima dessa mesma

tecla, vocês se lembram? Pois bem, a Conferência de Copenhague nada mais

foi do que uma assembléia das nações que aderiram ao compromisso firmado

na convenção ainda em 1992, no Rio de Janeiro.

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No âmbito da “Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre

mudança do clima” já havia sido firmado o Protocolo de Kyoto, com o objetivo

de mitigar o aquecimento global. Mas, afinal, quais foram os principais

impasses às negociações em Copenhague?

As negociações no âmbito da Conferência do Clima se

concentraram basicamente em dois pontos fundamentais: redução de

emissão de gases de efeito estufa e apoio financeiro a ser fornecido pelos

países desenvolvidos aos países em desenvolvimento para que estes

possam realizar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Os maiores impasses nas negociações em Copenhague foram

justamente a divergência de interesses quanto a esses dois temas. O Protocolo

de Kyoto somente impôs obrigações de redução de emissões aos países mais

ricos. No entanto, os países mais industrializados também querem que os

países em desenvolvimento assumam compromissos vinculantes nesse

sentido. Logicamente, não é o que querem alguns países em desenvolvimento!

Ao final da Conferência de Copenhague, os países aprovaram um

documento que possui tão somente a natureza de declaração de intenções,

não vinculando diretamente os países. Assim, ao final da COP-15, os países

não chegaram a um consenso, não assumindo compromissos estritos.

Vejamos como isso aparece nas provas

4(CESPE/IRB-2010)- Em relação às mudanças climáticas, julgue C ou E: A( ) A comunidade internacional, de forma geral, considerou satisfatórios os resultados da COP 15 (15.ª Conferência das Partes da Convenção das Mudanças Climáticas), realizada em Copenhague, em dezembro de 2009. B( ) O Brasil teve participação de destaque na COP 15, onde negociou ativamente o Acordo de Copenhague e defendeu a constituição de fundo para se financiarem, em países pobres, com recursos canalizados por meio de organismos multilaterais, inclusive do sistema das Nações

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Unidas, ações em que se empreguem tecnologias concernentes ao aquecimento global. C( ) O Brasil, que defende o princípio de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, vem cumprindo diversos pontos da agenda ambiental, pois quase toda a energia consumida no país provém de fontes renováveis, o governo se comprometeu a desenvolver ações para diminuir a emissão de CO2 no país e a adotar um Plano de Mudanças Climáticas, para a redução do desmatamento da Amazônia. D( ) Por iniciativa brasileira, os países amazônicos, no que se refere à agenda de mudanças climáticas, adotaram a mesma posição, qual seja a de defender a necessidade de conservação da cobertura vegetal como compensação pelo aumento das emissões de CO2 causado pela industrialização urbana nesses países.

Comentários

A- A 15ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas

(COP-15), realizada na Dinamarca em dezembro do ano passado, era a grande

esperança do mundo na luta contra o aquecimento global. No entanto, o

encontro foi marcado pelo desentendimento entre as nações, que não

chegaram a nenhum acordo significativo. Portanto, a questão está errada.

B- O Brasil foi um dos poucos países que se destacou durante o

encontro de Copenhague, sobretudo ao defender a criação de um fundo para

financiar países mais pobres. Durante esse encontro, que envolveu cerca de

120 países , não se chegou a um consenso mesmo depois de duas semanas

de negociações e intervenção direta do secretário-geral das Nações Unidas.

Assim, o governo brasileiro já foi pro encontro com o objetivo de

reduzir em até 39% suas emissões de gases até 2020. É claro que teve o apoio

das ONGs para sua idéia de colocar logo na mesa de Copenhague metas

claras, ou seja, números com os quais o país vai se comprometer.

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C- Essa assertiva merece ser bem aproveitada. Vamos, então, por

pontos!

1)O Brasil defende sim o princípio da responsabilidade comum, mas

diferenciada. Esse princípio estabelece que apesar de todos os países terem

responsabilidades no que diz respeito à preservação ambiental, os países que

historicamente mais danos causaram ao meio ambiente têm maiores

obrigações.

2)Dizer que quase toda a energia consumida no país vem de

fontes renováveis é um exagero. Podemos dizer que aproximadamente metade

da energia consumida no país vem de fontes renováveis. A matriz energética

brasileira é, portanto, relativamente limpa se comparada a de outros país. No

que diz respeito à geração de eletricidade, quase 90% vem de fontes

renováveis.

3)O Brasil se comprometeu a reduzir a emissão de CO2? Sim. O

Brasil tem um Plano de Mudanças Climáticas? Sim. Entretanto, seu objetivo

principal é reduzir as emissões de gases(contribuindo para evitar o

aquecimento climático) e não reduzir o desmatamento da Amazônia. Portanto,

a questão está errada.

D- Os países amazônicos unidos à França definiram uma posição

única a ser defendida na COP-15, firmando a chamada Declaração de

Manaus. Por meio dessa Declaração, os países amazônicos defendiam que os

países desenvolvidos deveriam assumir compromissos quantificados em

matéria de redução de emissões. Além disso, chegaram ao consenso de que

os países desenvolvidos deveriam financiar ações de mitigação do

aquecimento global nos países em desenvolvimento.

Os países amazônicos concordaram, ainda, que a preservação da

cobertura vegetal, particularmente da Região Amazônica, é fundamental no

processo de enfrentamento da mudança climática. Todavia, essa preservação

da cobertura vegetal é incondicional e não deve ser vista como uma

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compensação pelo aumento das emissões de CO2. É aí que está o erro da

questão!

5-(FCC-APOFP-2010)- Após duas semanas de negociações, com a participação de líderes de cerca de 190 países e com a intervenção direta do secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, na 15a Conferência das Nações Unidas sobre mudança climática (COP 15), realizada em Copenhague, em dezembro de 2009: a) foram tomadas decisões que invalidaram o protocolo de Kyoto.

b) a maioria dos países optou pela redução na emissão de agentes poluentes

na atmosfera, mediante tratado que entrou em vigor a partir de janeiro de 2010.

c) não houve a produção de qualquer documento referente à redução dos

agentes poluentes da atmosfera.

d) foi assinado documento com valor legal, no qual ficaram definidas metas de

redução da emissão de agentes poluentes para todos os países, com exceção

dos mais pobres.

e) houve um acordo, fechado entre Estados Unidos, Brasil, China, Índia e

África do Sul, que foi apenas “anotado” pelos demais países, mas não

aprovado.

Comentários:

A letra A está errada. O Protocolo de Kyoto permanece em vigor

mesmo após a Conferência do Clima de Copenhague. Embora essa

conferência tivesse como objetivo chegar a um acordo que substituísse o

Protocolo de Kyoto, isso não foi possível.

A letra B está errada. A COP-15 não teve como resultado um tratado

que criasse compromissos efetivos para os países. Assim, ninguém se obrigou

a reduzir a emissão de gases, embora os países tenham demonstrado seu

interesse em fazê-lo. Percebam, amigos, que há uma sutil e importante

diferença entre se obrigar a alguma coisa e demonstrar interesse nessa mesma

coisa!

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A letra C está errada. Ao final da COP-15, houve sim a produção de

um documento, que não criou, todavia, compromissos aos países. O produto

final da COP-15 foi tão somente um documento que evidencia a intenção dos

países em promover a segurança climática do planeta.

A letra D está errada. Conforme já dissemos, os países não

assumiram compromissos de redução de emissão de gases na COP-15

A letra E está correta. Ao final da Conferência do Clima de

Copenhague, os países chegaram a um acordo, que não obteve consenso de

todos os países que participaram da reunião. Mas o que estabeleceu esse

acordo?

- Limitar o aquecimento global a 2º C em relação ao período pré-

industrial.

- Criação de um Fundo destinado a ações de mitigação do

aquecimento global. A ajuda financeira aos países em desenvolvimento seria

no montante de US$ 30 bilhões nos próximos três anos e US$ 100 bilhões até

2020.

Quando a questão fala que o acordo foi fechado por Estados Unidos,

Brasil, China, Índia e África do Sul, o que ela quer dizer é que foram esses

países que construíram o texto do acordo. Os outros países somente

“anotaram” o acordo, isto é, não tiveram participação efetiva na construção do

texto. Destaque-se que o acordo a que os países chegaram em Copenhague

consiste em um texto mínimo.

6- (CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- A Conferência do Clima de Copenhague, a COP15, é nossa melhor oportunidade para salvar a civilização de um colapso causado pelo aquecimento global. A relevância do evento atraiu para a capital da Dinamarca cerca de 35 mil participantes, entre chefes de Estado, diplomatas, políticos, ativistas, cientistas, empresários e jornalistas. Salvar o mundo em uma semana parece uma missão quase impossível. Para isso, os representantes de

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193 países precisam chegar a acordos internacionais que estabeleçam limites para as emissões dos países ricos e compromissos das nações emergentes. Época, 11/12/2009 (com adaptações). Considerando o texto acima, assinale a opção correta acerca das questões ambientais. a) O desmatamento é responsável por menos de 1% das emissões de carbono

do Brasil.

b) Árvores renovam naturalmente o ar que respiramos ao retirar CO2 da

atmosfera e liberar oxigênio.

c) Antes da Conferência do Clima, o governo brasileiro se comprometeu a

aumentar o desmatamento.

d) A atividade agropecuária não interfere no aquecimento global.

e) Veículos elétricos e híbridos emitem a mesma quantidade de CO2 que

veículos movidos a gasolina.

Comentários:

A letra A está errada. O desmatamento é o maior responsável pelas

emissões de CO2 no Brasil, chegando ao percentual de 51,9%.

A letra B está correta. Aprendemos isso lá na aula de Ciências do

Ensino Fundamental, não é mesmo? As árvores absorvem o CO2 e liberam

oxigênio, o que demonstra a importância da cobertura vegetal no combate ao

aquecimento global.

A letra C está errada. O Brasil se comprometeu a reduzir o

desmatamento.

A letra D está errada. A atividade agropecuária é a segunda maior

responsável no Brasil pelas emissões de CO2.

A letra E está errada. Os veículos elétricos não emitem gases de

efeito estufa.

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7- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- O IPCC (Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas), organismo ligado às Organizações das Nações Unidas, teve a sua credibilidade abalada por equívoco em relatório sobre o aquecimento do planeta. Acerca desse equívoco, assinale a opção correta. a) O erro foi a afirmação de que as geleiras do Himalaia podem desaparecer

neste século.

b) O equívoco do relatório foi afirmar que os recentes terremotos que afetaram

o planeta foram causados pelo aquecimento global.

c) A admissão do erro acarretou a demissão do presidente e do conselho

técnico do IPCC.

d) Após a verificação do erro, a Organização das Nações Unidas transferiu as

atribuições do IPCC para um novo órgão, a ser dirigido pelos Estados Unidos

da América (EUA).

e) Ao contrário de um aquecimento global, os dados indicariam, na verdade,

uma elevação do nível dos mares nos próximos cem anos.

Comentários:

O IPCC é um organismo ligado à ONU que foi estabelecido em 1988

com a finalidade de fornecer informações científicas, tecnológicas e sócio-

econômicas para que se possa ter a compreensão do fenômeno das mudanças

climáticas.

Em janeiro de 2010, foi descoberto um erro em um relatório do

IPCC. Segundo o relatório, as geleiras do Himalaia poderiam desaparecer até

2035, vários anos mais cedo do que os números mostram. Ao que tudo indica,

o ano de 2350 foi confundido por 2035.

Esse erro foi polêmico porque reacende o debate acerca do

aquecimento global, já que há muitos que não acreditam que esse é um

fenômeno que realmente existe. Além disso, os métodos científicos adotados

pelo IPCC também foram postos em dúvida. Dessa forma, a resposta correta é

a letra A.

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8- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- Entre os dias 7 e 14 de dezembro de 2009, aconteceu, em Copenhague, capital da Dinamarca, a 15.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, mais conhecida como COP-15. No que concerne aos resultados dessa conferência, assinale a opção correta. a) Os EUA reafirmaram a posição de George W. Bush de duvidar da existência

do aquecimento global.

b) A China sugeriu cortes agressivos de carbono para os países em

desenvolvimento, mas o Brasil se recusou a cumpri-los.

c) O documento final da conferência tem validade, mas não tem força de

cumprimento obrigatório entre os signatários.

d) O principal embate se deu entre os EUA e a União Européia, porque os

europeus não quiseram cumprir as recomendações norte-americanas.

e) Os países em desenvolvimento concordaram em se submeter à redução

obrigatória da emissão de gases poluentes até 2020.

Comentários:

A letra A está errada. Os EUA reconheceram a existência do

fenômeno do aquecimento global, demonstrando estarem abertos à discussão

do problema. Todavia, segundo afirmam alguns especialistas, isso não passa

de um discurso diplomático, já que Obama não apresentou metas concretas a

serem adotadas pelos EUA.

A letra B está errada. A China demonstrou-se preocupada com o

problema climático, comprometendo-se voluntariamente a reduzir entre 40% e

45% suas emissões de gases até 2020, o que pode ser considerada uma meta

agressiva. No entanto, ela defende o princípio da responsabilidade comum,

mas diferenciada, o que significa que exige que os países desenvolvidos façam

cortes de emissões em nível bem mais elevado do que os países em

desenvolvimento.

A letra C está correta. O documento final da COP-15, embora não

estabeleça compromissos obrigatórios para os países, possui sim validade.

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A letra D está errada. Os principais embates da COP-15 foram entre

os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento e não entre EUA e

União Européia.

A letra E está errada. Os países não assumiram metas concretas de

redução de emissões de gases na Conferência do Clima de Copenhague.

9- (FUNCAB- DETRAN-SE- 2010)- A autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) para o início das obras de integração do Rio São Francisco às Bacias da Região Nordeste recebeu inúmeras críticas tanto do Ministério Público quanto da sociedade. A transposição consiste: a) em levar as águas do rio para beneficiar os estados de Minas Gerais,

Sergipe e Alagoas.

b) em tornar o rio totalmente navegável até a sua foz durante todo o ano.

c) na revitalização do rio em todo o seu percurso.

d) na utilização de suas águas para a implantação de hidrelétrica que permita o

uso da energia elétrica na região Norte e Nordeste.

e) na utilização das águas do rio para abastecer pequenos rios e açudes da

região Nordeste que possuem déficit hídrico durante a estiagem.

Comentários:

A transposição do Rio São Francisco é uma questão que suscita

diversas controvérsias. De um lado, o governo mostra relatórios ambientais e

defende que a transposição trará inúmeros benefícios; do outro lado, há

setores que defendem que os prejuízos ambientais serão imensos. O fato é

que, apesar de protestos como a greve de fome feita por Frei Luiz na cidade de

Cabrobó em 2005, as obras de transposição do Rio São Francisco ainda

continuam em andamento.

Mas em que consiste a transposição do Rio São Francisco?

Bem, atualmente 95 % das águas do Rio São Francisco

desembocam no mar e apenas 5 % são utilizadas em cidades ou irrigação. É

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visando um aproveitamento maior dessas águas para as populações do semi-

árido que o governo pretende ligar o Rio São Francisco a outros rios menores,

levando água à região mais seca do nordeste. Entretanto, a grande polêmica

desse projeto é que não se pode prever as consequências da transposição

nem para as espécies que vivem hoje no rio nem para a população que

depende delas para sobreviver. Conforme podemos verificar, a resposta

correta é, portanto, a letra E.

Ainda em relação ao assunto, a versão oficial do governo é a de que

o volume de água a ser retirada e desviada para outros rios é muito pequeno,

chegando a pouco mais de 1%. Mas o argumento mais forte é que essa água

beneficiaria a população que vive no Polígono da Seca, cerca de 30 % da

população do semi-árido, o que equivale a 12 milhões de pessoas sendo

beneficiadas pela água.

10-(CESPE/IRB-2008) Acerca das transformações globais, nacionais e locais relacionadas ao desafio do desenvolvimento ambiental sustentável, julgue (C ou E) os itens a seguir. A( ) Na Amazônia, o crescimento do agronegócio e a expansão das culturas de commodities têm sido observados em um grande número de pequenas propriedades, o que se justifica por serem tais empreendimentos prioritários para a desconcentração da propriedade da terra. B( ) Não é apenas a dimensão do desmatamento em curso na Amazônia que preocupa, mas também os prejuízos à biodiversidade advindos desse desmatamento, bem como o aumento da grilagem de terras públicas. C( ) Influenciada pelo agronegócio, a agricultura familiar ou de subsistência praticada atualmente na Amazônia tem sido apoiada por inovações tecnológicas e pela utilização dos créditos ambientais subsidiados por políticas públicas de preservação, que objetivam recompensar o abandono da prática de derrubada ou queimada da floresta ou da vegetação secundária.

Comentários

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A- O Brasil, atualmente, é um dos maiores produtores de grãos do

mundo. Sendo o segundo na produção de soja em grão e o principal

exportador de farelo de soja. Destaca-se, também, na produção de frango,

carnes e suco de laranja.

O equivalente a mais de 28% da produção nacional de soja é

oriunda do Mato Grosso, sendo este estado responsável por cerca de 18,7

milhões de toneladas desse produto. Assim esse estado é, disparado, o maior

produtor do país. No entanto, o cultivo do produto tem sido um dos principais

vetores do desmatamento do Cerrado e também tem se expandido sobre áreas

de devastação recente na Amazônia. Uma produção dessa magnitude

certamente não sairia de pequenas propriedades, não é mesmo? Portanto, a

desconcentração da propriedade da terra não acompanha o desenvolvimento

do agronegócio da Amazônia, o que faz da questão errada.

B- Apesar de o crescente desmatamento ser o grande problema da

Amazônia, ele não é o único prejuízo que a natureza da região sofre, uma vez

que ele também impõe conseqüências a outros recursos naturais. Um exemplo

disso é exatamente a sobrevivência ou não da biodiversidade, que se vincula

diretamente ao aumento da grilagem de terras públicas e conseqüente

desmatamento.

C - O grande desafio da Amazônia é conciliar preservação ambiental

com as necessárias e fundamentais atividades econômicas da região. A

recuperação de áreas degradadas, o fortalecimento da agricultura familiar e o

apoio à agricultura das comunidades indígenas são alguns dos trabalhos

desenvolvidos pela EMBRAPA. Essas ações, no entanto, visam superar, ou

pelo menos reduzir as explorações agrícolas predatórias e irracionais, que

levam ao esgotamento do solo e ao fim da possibilidade de uso dessas terras.

No entanto, tratar esse objetivo como recompensa do abandono da prática de derrubada ou queimada da floresta ou da vegetação secundária está errado.

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11-(CESPE/ABIN-2008)-Mudanças climáticas tendem a potencializar mudanças nos índices de mortalidade e morbidade, assim como provocar situações que implicam na necessidade de realocação de grupos populacionais, com reflexos na redistribuição espacial da população.

Comentários

Bem, amigos, para sabermos sobre a veracidade dessa assertiva

primeiro seria necessário saber o que são os índices de mortalidade e morbidade não é mesmo? Índices de mortalidade todos sabem o que é, mas

morbidade é uma palavra no mínimo estranha aos nossos ouvidos.

Basta que estejamos atentos aos noticiários para saber que todas

essas calamidades resultantes de mudanças climáticas, como

desmoronamento no Rio de Janeiro, enchentes em São Paulo ou Santa

Catarina resultam em mortalidade. Portanto, o índice de mortalidade tende à

potencialização sim! Já o desconhecido índice de morbidade está diretamente

relacionado à “capacidade de produzir doença”. Não é segredo pra nós que,

diante de calamidades públicas, sobretudo enchentes, há uma forte tendência

de haver epidemia de leptospirose, por exemplo.

Por fim, a realocação de grupos populacionais que vivem em áreas

de risco também faz parte das práticas públicas em situações dramáticas

oriundas de mudanças climáticas. Logo, a assertiva está correta.

12- (CESPE/ABIN-2008) Embora o crescimento populacional contribua para o aumento dos problemas ambientais, como a destruição da cobertura florestal e a poluição em suas várias formas, a necessária intensificação na exploração dos recursos naturais terá a sua sustentabilidade ambiental e econômica assegurada por meio do desenvolvimento da tecnologia, já que esta implica o adequado aumento da produtividade.

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Comentários

Que o crescimento populacional contribui para o aumento dos mais

diversos problemas ambientais está claro pra todos nós, não é pessoal? A

urbanização, então, nem se fala: construção de pontes, viadutos, asfaltos,

desmatamento e toda sorte de poluição, visual, auditiva e física andam lado a

lado com o crescimento demográfico. Todas essas modificações do meio

ambiente, sem sombra de dúvidas, foram estimuladas e intensificadas em

conseqüência do desenvolvimento da tecnologia, que levou ao aumento da

produtividade.

Apesar disso, por maior que seja o desenvolvimento tecnológico

mundial, ele nunca dará conta de reconstruir a cobertura florestal, ou devolver

recursos naturais limitados ou não renováveis. É claro que a tecnologia pode

contribuir em muitos aspectos, mas não de forma gratuita, uma vez que o custo

dessas técnicas não as permite estarem acessíveis a todos da mesma forma,

não é mesmo? Portanto a questão está errada.

2- Recursos naturais: aproveitamento, desperdício e políticas de conservação de recursos naturais.

É praticamente impossível falar de aproveitamento, desperdício e,

sobretudo, de políticas de conservação dos recursos naturais, sem entrar um

pouco no Direito Internacional Ambiental. Como vimos anteriormente, a

industrialização transformou, quase que completamente, o meio ambiente

mundial. Dessa forma, com o intuito de normatizar a exploração dos recursos

naturais, surgem um conjunto de preceitos que instituem direitos e deveres

para os diversos atores internacionais no que se refere à perspectiva

ambiental. Assim, esse ramo do direito atribui responsabilidades que devem

ser observadas no plano internacional, tendo como objetivo a melhoria e a

qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

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No âmbito do Direito Internacional Ambiental encontramos uma

enorme quantidade de tratados, convenções e protocolos internacionais,

multilaterais e bilaterais, voltados para a proteção ambiental. Mas podem ficar

tranqüilos porque não vamos falar de cada uma deles aqui não, até porque

nem teríamos tempo para tanto. O número de tratados internacionais firmados

em proteção do meio ambiente é impressionante, tanto que de 1960 até os dias

atuais mais de 30.000 dispositivos jurídicos sobre o meio ambiente foram

criados. Mas o importante disso é visualizarmos que há uma forte preocupação

internacional com esse tema e por isso as negociações internacionais em

matéria ambiental têm se tornado um ponto prioritário na agenda e nas

políticas estatais.

Entretanto, pessoal, quando vemos tantos tratados e tantas leis

sobre a mesma coisa uma certeza podemos ter: algo não esta funcionando,

não é mesmo? A grande dificuldade para que tais negociações se convertam

em compromissos rigorosos é o impacto no desenvolvimento econômico dos

países que a contenção dos recursos naturais gera. É justamente nesse ponto

que há um forte conflito de interesses entre o Direito Internacional Ambiental e

o Direito Internacional Econômico.

Sem sombra de dúvidas, os Estados têm o direito de buscar o seu

desenvolvimento econômico, entretanto esse crescimento não pode ocorrer às

custas da degradação ambiental, e ai surge um novo princípio conhecido como

Desenvolvimento Sustentável, conforme explicitamos anteriormente.

A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é a de um

aumento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer

a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações, ou seja, é o

desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Apesar disso, o

conceito de avanço sustentável depende de planejamento e do reconhecimento

de que os recursos naturais são esgotáveis, representando uma nova forma de

se ver o desenvolvimento econômico, a partir de uma perspectiva que leva em

conta o meio ambiente.

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O homem é parte integrante da natureza e, desde o seu surgimento

na Terra, sempre teve liberdade para explorar os numerosos recursos que ela

oferecia para sua sobrevivência, como alimento, água e abrigo. Em todas as

etapas históricas, a humanidade fez uso da natureza, fosse para o seu próprio

sustento imediato, fosse para produzir algum excedente. Mas sabemos de fato

o que são recursos naturais?

Podem ser considerados recursos naturais aqueles elementos da

natureza que podem ser utilizados pelo homem, com o objetivo do

desenvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto da sociedade em

geral. A palavra recurso significa algo a que apelamos para a obtenção de

alguma coisa, não é mesmo? Portanto, para satisfazer suas crescentes

necessidades, o homem busca os recursos naturais, ou seja, usufrui de tudo

aquilo que a natureza lhe proporciona espontaneamente.

Esses recursos podem ser classificados em renováveis ou não-

renováveis. No primeiro caso, mesmo após seu uso, eles voltam a estar

disponíveis na natureza, como a energia do sol e do vento. No outro caso, no

dos recursos naturais não-renováveis, uma vez utilizados, eles nunca mais

ficam disponíveis, como o petróleo e os minérios em geral. Há também os

recursos considerados limitados, como a água, as árvores etc.

Mas o mais importante de tudo isso é sabermos que tudo aquilo que

é necessário ao homem e que se encontra na natureza, desde o solo, a água,

o oxigênio, energia oriunda do Sol, as florestas e seres vivos, são considerados

recursos naturais.

Como nós já sabemos, o direito internacional ambiental é repleto de

tratados internacionais sobre os mais variados temas. Infelizmente, nós não

temos como adivinhar o que se passará na cabeça do pessoal do CESPE

quando for abordar este tema. Portanto, por segurança, temos que ter pelo

menos um entendimento superficial sobre como se organiza a proteção do

meio ambiente a nível internacional. Então, mãos a obra pessoal! Vamos ver

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de forma rápida algumas das principais convenções internacionais sobre

matéria ambiental:

- Convenção de Genebra sobre poluição transfronteiriça de

longa distância: surgiu a partir da percepção de que a poluição era

transportada pela atmosfera por milhares de quilômetros. Ou seja, se um país

polui a atmosfera, um país pode ser afetado sem nada ter feito. Objetiva a

redução e prevenção de poluição atmosférica por meio de medidas conjuntas e

de cooperação.

- Convenção de Viena para a proteção da Camada de Ozônio:

surgiu a partir da percepção de que a camada de ozônio - que serve de escudo

contra os raios ultravioletas- estava sendo degradada.

- Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre mudança do

clima: tem como objetivo principal a estabilização da concentração de gases

na atmosfera em níveis compatíveis com a segurança climática do planeta,

evitando, assim o aquecimento global – efeito estufa. Atualmente a mídia tem

falado muito sobre a Conferência de Copenhague, se recordam? Pois bem, a

Conferência de Copenhague foi justamente uma reunião das partes

contratantes dessa convenção. O Protocolo de Quioto também faz parte

dessa Convenção

- Convenção Internacional de Combate à Desertificação nos

Países afetados por Seca Grave e/ou Desertificação: busca combater a

desertificação por meio do aproveitamento da terra afetada pelo problema, com

o objetivo de evitar a desertificação, reduzi-la ou mesmo recuperá-la.

- Convenção sobre prevenção da poluição marinha por alijamento de resíduos e outras matérias: tem como objetivo restringir o

alijamento de resíduos nos mares.

- Convenção Internacional para a prevenção da Poluição

proveniente de embarcações (MARPOL): prevenir a poluição dos mares, a

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qual ocorre seja por meio de acidentes ou vazamentos de óleo ou por meio de

outros poluentes.

- Convenção da UNESCO sobre Patrimônio Mundial: tem como

objetivo preservar para as futuras gerações, locais e objetos de valor estético,

histórico e cultural para a humanidade. Seu objetivo é muito mais amplo do que

a proteção de paisagens naturais ou da biodiversidade.

- Declaração de Princípios sobre Florestas: originou-se da ECO-

92 e consiste em documento meramente principiológico, ou seja, não

estabelece normas e obrigações vinculantes para as partes contratantes. Tais

normas vinculantes não foram estabelecidas porque não foi possível se chegar

a um meio-termo entre as idéias de preservação dos países desenvolvidos e os

interesses econômicos dos países em desenvolvimento.

- Convenção sobre Diversidade Biológica: essa convenção

internacional tem como objetivo a proteção das diversas formas de vida na

terra, quer seja no meio terrestre ou aquático, reconhecendo a “importância da

diversidade biológica para a evolução e para a manutenção dos sistemas

necessários à vida na biosfera.” Ela consagra a biodiversidade como uma

preocupação comum da humanidade e expressamente fala em princípio da

precaução.

- Convenção de Basiléia: foi criada com a finalidade de evitar com

que países desenvolvidos exportassem resíduos perigosos para países em

desenvolvimento. Afinal de contas, sai muito mais barato mandar o “lixão” para

os países em desenvolvimento do que fazer seu correto tratamento no país de

origem. Desta forma, o objetivo dessa convenção internacional é controlar o

movimento transfronteiriço de resíduos perigosos.

- Tratado de Não-Proliferação Nuclear: esse tratado internacional

tem como objetivo diminuir o risco de uma guerra nuclear e de canalizar o

desenvolvimento da tecnologia nuclear para aplicações pacíficas. A maior

crítica ao TNP é a de que ele confere um monopólio das armas nucleares às

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potências atômicas, que podem conservá-las, enquanto os países que não as

possuem jamais deverão desenvolvê-las.

Vamos fazer uma brincadeira? Feche os olhos e pense em alguma

imagem que lhe indique recursos naturais! Agora pense em aproveitamento

desses recursos. Por fim, pense no desperdício desses recursos.

Essa brincadeira para nada mais serve senão para mostrar-lhes que

nosso pensamento sobre meio ambiente, recursos naturais e desvalorização

destes acabam nos direcionando, via de regra, a região amazônica. Portanto, é

impossível falar de recursos naturais e não abordar sobre aquela região que

ficou, erroneamente, conhecida como pulmão do mundo!

Possivelmente, várias imagens lhes vieram na cabeça ao pensar em

recurso naturais, mas estamos certos de que a floresta amazônica é sempre

um referencial quando se pensa em recursos naturais. Vejamos a foto!

Não foi à toa que dedicamos quase meia página a essa imagem! Se

nos detivermos durante alguns segundos observando-a, certamente nos

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perderemos na vastidão amazônica e, ficaremos ainda mais convictos em

afirmar que a abordagem da “questão ecológica no mundo” só estará completa

se for analisada também a Amazônia brasileira, com seus aproveitamentos e

desperdícios de recursos naturais.

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A região amazônica possui uma população muito reduzida, o que,

aliado à sua grande extensão, acaba resultando em baixíssimas densidades

demográficas. No entanto, nas últimas décadas, a região vem tendo, devido às

migrações, o maior crescimento populacional do país. É bom frisarmos que a

maior migração para Amazônia até hoje ocorreu durante o segundo ciclo da

borracha, se é que dá para dividi-los assim. Durante a Segunda Guerra

Mundial o Brasil tinha assinado um acordo com os EUA, por meio do qual se

comprometia a fornecer matérias primas para indústria bélica. Sendo a

borracha uma dos principais elementos necessários nesse período, o governo

de Vargas fez propagandas para que as pessoas migrassem para aquela

região e se transformassem em "soldados da borracha". Alguns homens,

inclusive, preferiram ir para Amazônia a correr o risco de serem mandados para

guerra.

Além disso, o governo incentivou de todas as formas essa migração,

com propagandas, promessas (que não se cumpriram) e passagem de trem (só

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de ida)! Assim, não houve, em nenhum outro período de nossa história, uma

migração tão forte quanto a desse período.

Apesar disso, também é verdade afirmar que, em outros momentos,

como durante o governo militar, por exemplo, houve uma forte migração para a

Amazônia, se comparada às calmarias típicas da região. Todavia, se

comparado ao fluxo migratório ocorrido durante os ciclos da borracha, ela se

torna pouco significativa.

Assim, grande parte de todo o crescimento populacional é fruto de

migrações rural-rural (expansão da fronteira agrícola) que, no entanto, não

impedem a região de ser predominantemente urbana, com cerca de 55% da

população vivendo em cidades. Vejam bem, 55% da população é urbana e não

poderia ser diferente, uma vez que o espaço natural é significativamente

inóspito. Esta aparente contradição pode ser explicada pela enorme

concentração fundiária e os constantes conflitos pela posse da terra,

envolvendo posseiros, grileiros, latifundiários, jagunços, comunidades

indígenas e populações extrativistas, como os seringueiros e castanheiros.

A Amazônia abriga 33% das florestas tropicais do planeta e cerca de

30% das espécies conhecidas de flora e fauna. Justamente devido à sua

riqueza mineral, vegetal e de recursos naturais num geral é que essa região

desperta grande interesse em todo o mundo. Utilizando-se dos argumentos da

falta de preservação, pessoas do mundo inteiro se sentem no direito de opinar

sobre assuntos relativos a Amazônia, como o projeto da construção da usina

hidrelétrica de Belo Monte, que vem mobilizando a opinião pública mundial.

Tendo em vista a grande devastação e degradação ocorrida na

Amazônia, ela acaba sendo nossa primeira imagem de aproveitamento e

desperdício de recursos naturais. Estima-se, por exemplo, que só as lavouras

de soja no Mato Grosso, já devastaram 40% da Floresta Amazônica daquele

estado, embora o desmatamento venha caindo, principalmente, por causa de

fortes pressões internacionais.

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Quando se fala em proteção ambiental na Amazônia, temos que

fazer referência ao Plano Amazônia Sustentável, lançado pelo governo federal

no ano de 2008, o qual trata-se de um plano estratégico destinado a promover

o desenvolvimento sustentável na região e possibilitar o aumento da presença

do Estado naquela área.

Quanto a isto, cabe ressaltar que a Amazônia é um grande vazio

demográfico, o que torna difícil a fiscalização de ações que degradem o meio

ambiente. Nesse sentido, foi criado em 2002 o SIPAM/SIVAM (Sistema de

Proteção da Amazônia/Sistema de Vigilância da Amazônia). O objetivo do

SIPAM/SIVAM é produzir informações e conhecimento para subsidiar as ações

governamentais na Amazônia, inclusive no que diz respeito à proteção

ambiental.

Combater o desmatamento na Amazônia é uma grande prioridade

do governo federal. Assim, as informações obtidas por meio do SIPAM/SIVAM

possibilitam a obtenção de informações sobre áreas de desmatamento ilegal,

além de permitir a atuação dos órgãos de fiscalização de forma mais objetiva e

planejada.

(CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA-2009) Em um planeta aquecido, mantenha o refrigerador ligado. A floresta amazônica há muito deixou de ser tratada como o pulmão do mundo, mas ganhou status ainda mais importante, o de ar-condicionado da Terra. A preservação da mata é fundamental no combate ao aquecimento global, apontam especialistas. O Globo. “Planeta

Terra”, nov./2009, p. 20 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a inserção da Amazônia no quadro de desenvolvimento sustentável, julgue os itens que se seguem

13- A idéia de desenvolvimento sustentável na Amazônia, a maior floresta tropical úmida do planeta, deve pressupor, entre diversas outras considerações, a substituição do uso desordenado de motosserras pelo

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exercício de aprender a extrair riqueza da floresta enquanto se garante sua preservação.

Comentários

Apesar de ser mundialmente conhecida como a maior floresta

tropical existente no planeta, a Amazônia apresenta índices socioeconômicos

muito baixos. Além disso, nos últimos 40 anos surgiram novas ameaças, como

o desmatamento, principalmente devido às queimadas e à conversão de terras

para a agricultura. A ocupação desordenada da terra juntamente com o uso

inadequado do solo e a execução de grandes obras sem minimização dos

impactos se traduziu na necessidade de um desenvolvimento sustentável.

A idéia básica disso é valorizar a vocação florestal e aquática da

região, conservando e utilizando os recursos naturais de forma racional e

duradoura para beneficiar todos os segmentos sociais da região amazônica em

particular e do Brasil em geral. Portanto, a assertiva está correta.

14- (CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA-2009) A cobiça internacional sobre a Amazônia passa ao largo de seu importante peso nos processos naturais que regulam os padrões climáticos globais, como afirmado no texto, mas deriva do extraordinário patrimônio mineral da região, hoje plenamente conhecido e devidamente mensurado.

Comentários

Por dois motivos essa afirmação está equivocada. Em primeiro lugar,

por mais que a cobiça internacional sobre a Amazônia também possa ser

reconhecida pelo seu extraordinário patrimônio mineral é inegável o peso

dessa região nas questões climáticas globais. Em segundo lugar, de tão

extraordinário que é o patrimônio mineral amazônico, ainda hoje ele é

imensurável. Portanto, a questão esta errada.

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3-Incidentes ambientais importantes na atualidade:

3.1- Enchentes no Nordeste:

Um episódio recente que causou grande comoção nacional foram as

enchentes ocorridas no Nordeste do Brasil, mais especificamente nos estados

de Pernambuco e Alagoas. Cidades inteiras foram devastadas, causando

inúmeras mortes e deixando milhares de desabrigados.

Mas será que a única causa das enchentes foram o elevado índice

pluviométrico?

Com certeza não! Embora as chuvas no Nordeste tenham superado

a média histórica da região, o que pode ser considerado um “evento extremo”

decorrente do aquecimento global, elas não foram a única causa das

enchentes no Nordeste. Outros fatores que concorreram para que essa

catástrofe ocorresse foram: o desmatamento de matas ciliares, construções à

beira de rios e assoreamento de cursos d’água.

Como medidas para a prevenção de enchentes desse tipo de

situação de calamidade pública, podemos citar: ocupação regular do solo,

promovendo maior ordenamento das aglomerações urbanas, construção de

sistemas de barramentos, desassoreamento de rios e a realização de ações de

educação ambiental (conservação do solo). Além disso, é fundamental que o

governo mantenha uma rede de prevenção de catástrofes naturais capaz de

prevenir fenômenos meteorológicos com maior eficiência, dando tempo à

defesa civil para executar seu trabalho.

3.2- Vazamento de óleo no Golfo do México:

No dia 20 de abril de 2010, ocorreu uma explosão na plataforma

Deepwater Horizon, localizada no Golfo do México. Nessa situação, havia um

sistema preparado para fechar uma válvula no fundo do mar automaticamente.

Todavia, não foi isso o que ocorreu! O sistema não funcionou conforme

previsto e o poço ficou aberto, ocasionando o vazamento do petróleo na região.

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O vazamento de petróleo no Golfo do México foi o pior vazamento

costeiro da história dos EUA, com o derramamento de cerca de 4,9 milhões de

barris de petróleo no mar. Após inúmeras tentativas sem sucesso, a empresa

petrolífera British Petroleum finalmente conseguiu conter o vazamento de

petróleo. Segundo a empresa, os custos para conter o vazamento chegam a

US$ 6,1 bilhões.

Especialistas afirmam que a flora e a fauna submarinas foram

gravemente afetadas e que os efeitos da contaminação poderão repercutir

durante décadas.

Pela sua magnitude, o acidente ambiental no Golfo do México

repercutiu sobre o mundo inteiro, inclusive no Brasil. Com efeito, a exploração

do petróleo recentemente descoberto na camada pré-sal será feita em águas

mais profundas do que as do Golfo do México.

Assim, a ocorrência desse acidente ambiental, abriu as discussões

no Brasil acerca da necessidade de que exista um Plano Nacional de

Contingência para Derramamento de Óleo e da adesão a um fundo

internacional para compensações e responsabilidades quanto a crimes por

derramamento de petróleo. Além disso, o acidente no Golfo teve reflexos na

discussão acerca dos royalties do petróleo, que funcionam como um

mecanismo de compensação ambiental aos estados produtores de petróleo.

4- A questão energética:

Na era pré-industrial, isto é, antes da Primeira Revolução Industrial,

o consumo energético era muito pequeno e a maior parte da energia era

proveniente da combustão da madeira, do vento e da água. Com a Revolução

Industrial, esse cenário muda, havendo uma completa modificação na natureza

das fontes energéticas.

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A partir daí, as principais fontes energéticas passaram a ser os

combustíveis fósseis. Durante o século XIX, predominou a utilização do carvão

mineral como principal fonte de energia. Já no século XX, o petróleo tornou-se

a fonte energética mais utilizada, particularmente nas últimas quatro décadas.

Destaque-se, ainda, o aumento do consumo de gás natural, que chegou a

aproximar-se dos níveis de consumo de carvão mineral.

Segundo Demétrio Magnoli:

“A tríade dos combustíveis fósseis é responsável por 90% da

energia comercial consumida no mundo. O restante divide-se quase

totalmente entre as fontes hídricas e nuclear.”

Conforme podemos verificar, a estrutura energética foi evoluindo até

chegar na estrutura que temos hoje. E é possível afirmar que essa estrutura

continuará evoluindo e se modificando com o passar do tempo, havendo várias

questões a serem resolvidas.

Desde que o carvão mineral passou a ser utilizado como fonte

básica de energia para transportes, indústrias e iluminação, muitas coisas

mudaram e hoje já falamos de coisas que fariam nossos tataravôs pensarem

em ficção científica. Atualmente, falamos em energia renovável e não-

renovável, energia nuclear, energia solar e até em energia limpa e suja. De

fato, novas questões surgiram e representam um desafio para as políticas

energéticas dos Estados.

A primeira questão é referente ao esgotamento dos recursos

naturais. Será que a exploração de petróleo e gás natural pode ser infinita ou

alguma dia esses recursos se tornarão escassos?

A resposta para essa pergunta não é difícil, concordam? As reservas

de hidrocarbonetos não são infinitas e, com o aumento crescente da demanda

energética, não irão durar muito tempo. Alguns chegam a afirmar que restam

apenas mais 40 anos de consumo de hidrocarbonetos. Já imaginaram em que

isso pode implicar?

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A escassez de petróleo e seus derivados no mercado internacional

será motivo para grave crise energética e, atualmente, já causa sérias

controvérsias entre os países. Nesse cenário, todos os governos mundo afora

estão “pulando” para encontrar novas fontes de energia renovável já que as

mais utilizadas atualmente estão próximas do fim.

Mas o que são, exatamente, fontes de energias renováveis, vocês

sabem? São consideradas energias renováveis aquela oriundas de fontes

naturais que conseguem se regenerar, e, por isso, são potencialmente

abundantes. Dentre as mais conhecidas e utilizadas, podemos citar o vento, a

água, a onda do mar, a biomassa e o biocombustível etc. São conhecidas pela

imensa quantidade de energia que contêm, e porque são capazes de se

regenerar por meios naturais, ao contrário dos recursos não-renováveis.

Os combustíveis fósseis, por sua vez, são fontes não-renováveis e

um dia irão se esgotar. Com efeito, hoje em dia já não se descobre petróleo no

mesmo ritmo de antigamente. Com o passar do tempo, a tendência é que a

exploração desse combustível seja cada vez mais cara, pois dependerá de

reservas muito profundas, o que irá onerar o preço do produto no mercado

internacional.

A segunda questão importante no que diz respeito à energia é a

sua relação com os problemas ambientais, particularmente com questões

climáticas.

O aquecimento global é um tema bastante discutido em grandes

fóruns internacionais. Segundo especialistas, a grande causa do aquecimento

global é o efeito estufa, decorrente dos altos níveis de concentração de gases

na atmosfera.

Com as previsões pessimistas a respeito do meio ambiente e do

iminente fim dos recursos naturais, todas as atenções se voltaram para as mais

diversas questões energéticas, principalmente combustíveis e eletricidade.

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Assim, faz-se mister que os países reduzam suas emissões de gases, as quais

decorrem em grande parte da utilização de combustíveis fósseis.

Que a energia é a principal mola motora do mundo moderno em que

vivemos todos nós sabemos, mas o que poucos sabem é sobre a diversidade

de fontes energéticas. Existem as fontes de energia consideradas limpas e

outras que são consideradas sujas. As que provêm de fontes renováveis são

consideradas energia limpa, donde se explica a grande demanda por novas

fontes renováveis, já que as oriundas de recursos não renováveis, como o

petróleo, além de serem consideradas sujas, tem prazo para acabar.

A terceira questão que podemos levantar é sobre a importância

estratégica para um país em possuir reservas energéticas abundantes. Quanto

a esse ponto, destacamos a recente descoberta no Brasil de imensas reservas

de hidrocarbonetos na camada pré-sal. Falaremos sobre isso mais à frente.

5- Matriz Energética Mundial:

A grande base da estrutura energética mundial, conforme nós já

comentamos, são os combustíveis fósseis – carvão mineral, petróleo e gás

natural. Mas em que países se concentram as maiores reservas dessas fontes

energéticas?

Quanto às reservas de carvão mineral, essas são distribuídas de

forma desigual pelos países, com maior concentração em países do hemisfério

norte. Destacamos como países que possuem grandes reservas de carvão

mineral os EUA, China, Rússia, Índia, Austrália e África do Sul. A distribuição

desigual de carvão mineral pelos países do globo dá origem às trocas

internacionais. O Japão é um dos grandes importadores de carvão mineral na

atualidade.

Quanto às reservas de petróleo, estas também estão distribuídas

de forma bem heterogênea, sendo que a maioria delas encontra-se em países

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do Oriente Médio. No hemisfério Ocidental, destacam-se as enormes reservas

da Venezuela e do Canadá. EUA e URSS também são grandes produtores de

petróleo.

Por fim, em relação às reservas de gás natural, estas ainda estão

em nível confortável e novas reservas exploráveis tem sido descobertas. As

maiores reservas de gás natural são de posse da Rússia que, por isso, adquire

um importante papel na geopolítica internacional.

Pronto! Agora que vocês já têm uma visão geral sobre como estão

distribuídas as reservas de fontes energéticas, vejamos como se apresenta a

estrutura energética mundial.

Os dados apresentados são de 2006 do Ministério do Meio

Ambiente, mas eles não se alteraram muito e ainda ilustram muito bem a matriz

energética mundial. Vale destacar alguns pontos a partir da observação do

gráfico:

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1)- As fontes renováveis possuem uma pequena participação na

matriz energética mundial, afinal 13,3% é um percentual bem baixo.

2)- A maior parte da energia consumida no mundo vem do petróleo e

seus derivados.

3)- A energia nuclear tem uma pequena participação na matriz

energética mundial (6,4%), estando presente notadamente em países mais

desenvolvidos tecnologicamente. Embora tenham ocorrido graves incidentes

envolvendo usinas nucleares, como por exemplo o de Chernobyl, atualmente

existe uma tendência de intensificação da produção de energia nesse tipo de

usina, tendo em vista que ela não gera emissões de gases de efeito estufa.

4)- As usinas hidrelétricas têm uma participação muito pequena na

estrutura energética mundial. Esse tipo de energia tem sido desenvolvido em

maior escala em países em desenvolvimento.

6- Matriz Energética Brasileira:

De acordo com dados de 2009 do Ministério do Meio Ambiente, as

fontes renováveis representam 47,2% da estrutura de oferta de energia no

Brasil. Esse percentual nos mostra que a matriz energética brasileira tem como

característica principal ser limpa, isto é, ter uma participação considerável de

fontes renováveis.

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PETRÓLEO e DERIVADOS

37,9%

GÁS NATURAL 8,8%

CARVÃO MINERAL

4,8%

URÂNIO 1,4%

HIDRÁULICA E ELETRICIDADE

15,2%

BIOMASSA 32,0%

Biomassa: Lenha: %

Produtos da cana: % Outras: %

milhões tep ( 2% da energia mundial ) RENOVÁVEIS: Brasil: % OECD: %

Mundo: %

18,0 3,8

10,1

243,747,2 7,2 12,7

A posição brasileira no setor energético decorre da grande

participação das hidrelétricas e da biomassa na oferta de energia. Como

resultado dessa estrutura energética, o Brasil se caracteriza por um baixo nível

de emissões de gases de efeito estufa por unidade de energia consumida.

Apesar da diversidade de fontes energéticas, o Brasil optou por

aproveitar seus recursos naturais, uma vez que dispõe da maior bacia

hidrográfica do mundo. Assim, hoje, as usinas hidrelétricas dão sustentação ao

desenvolvimento nacional e ao parque industrial brasileiro, respondendo por

quase 90% do total de energia elétrica gerada no País. Cuidado aqui para não

confundir com a estrutura de oferta de energia, ok?

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HIDRO77,3%

NUCLEAR 2,6%

GÁS NATURAL 2,6%

CARVÃO MINERAL 1,0%

DERIVADOS DE PETRÓLEO

2,5%

BIOMASSA 4,7%

GÁS INDUSTRIAL 1,4%

IMPORTAÇÃO 7,8%

Nota: inclui autoprodutores

(57 TWh)

TWh TOTAL 505,8

HIDRO 391,0 GÁS NATURAL 13,3 DER. PETRÓLEO 12,7 NUCLEAR 13,0 CARVÃO 5,2BIOMASSA 23,9 GÁS INDUSTRIAL 7,1 IMPORTAÇÃO 39,7

RENOVÁVEIS:Brasil: 89,9 % OECD: 16 %

Mundo: 18,2 %

O grande problema da matriz energética brasileira é que ela não é

diversificada. Com efeito, nos anos de 1999 e 2000, em razão de uma

temporada de chuvas escassas, o Brasil teve que racionar o consumo de

energia elétrica. Desde então, o governo tem buscado produzir mais energia

em usinas térmicas. As usinas térmicas usam, atualmente, na sua maioria, a

biomassa como combustível, seguida do gás natural e da energia nuclear.

Os biocombustíveis são uma fonte de energia cada vez mais

utilizada no Brasil, o que demonstra a tendência de diversificação da matriz

energética deste país.

O Brasil, como grande produtor de cana-de-açúcar, tem utilizado em

larga escala o álcool combustível (etanol) em substituição à gasolina, o que o

auxilia em sua autossuficiência de petróleo. O biodiesel, por sua vez, não é tão

utilizado quanto o álcool, mas apresenta excelente potencial de

desenvolvimento futuro.

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Questão bem importante é a que relaciona o preço dos alimentos à

produção de biocombustíveis. Apesar dos biocombustíveis não causarem dano

ao meio ambiente, especialistas consideram que eles são responsáveis pela

alta dos preços dos alimentos no mundo. Mas como isso ocorre?

Bem, ao se dedicar ao plantio de produtos agrícolas que geram o

biodiesel, o pais deixa de produzir e investir no cultivo de alimentos que, como

caem na quantidade, sobem no preço. Pura e simples lei da oferta e da

procura! Menos gente plantando alimentos, menos alimentos no mercado e

maior preço daquilo que existe - o que aumentaria a fome mundial.

Só para termos uma idéia do alcance das plantações de milho,

mamona ou cana, só no ano de 2006, a produção mundial de etanol foi de 40

bilhões de litros e a de biodiesel de 6,5 bilhões. Os EUA, por exemplo,

defendem seu etanol de milho e afirmam que só 3% da inflação dos cereais

são causadas pelos bicombustíveis. Do mesmo modo, o governo do Brasil

ressaltou que a alta dos preços dos alimentos no mundo não se deve à

produção de biocombustíveis e, sim, à elevação do preço dos fertilizantes e

também do petróleo, o que encareceu o transporte das mercadorias.

Segundo especialistas, o impacto do etanol brasileiro sobre o preço

dos alimentos é menor do que o etanol norte americano - feito a partir do milho-

e do que o biodiesel europeu, fabricado a partir de grãos como o trigo.

Vejamos algumas questões de provas anteriores!

No que concerne às matrizes energéticas e a sua relevância no cenário internacional, julgue os itens subseqüentes.

15-(CESPE/ABIN-2008) A questão da energia está exclusivamente relacionada à escassez de suprimentos, à sua produção e aos seus custos.

Comentários

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Que a questão da energia está ligada a escassez de suprimentos, a

forma como é produzida e ao custo que tudo isso traz nós temos certeza que

está certo, mas afirmar que ela está ligada EXCLUSIVAMENTE a esses

fatores torna a assertiva incorreta. Nos dias atuais, qualquer jornal ou revista

que corremos o olho estará falando de outro assunto que se liga diretamente à

questão da energia: o meio ambiente. Assim, amigos, sempre que é aventada

em âmbito internacional a questão da energia, uma grande preocupação

demonstrada, além de escassez de suprimentos, da produção e dos custos ,

são os malefícios ou benefícios que ela pode trazer ao meio ambiente.

Muitos estudos atribuem ao excesso de uso de combustíveis fósseis

os principais impactos negativos sobre o clima, como as secas, cheias, os

furacões e todo tipo de extremo climático que tem sido observado com mais

freqüência. Nesse sentido, as alterações do clima acarretam modificações na

incidência de pragas agrícolas, com sérias conseqüências econômicas, sociais e ambientais. Por essas e outras que as fontes de energia renováveis

viraram a grande sensação do momento, nos mais diversos países do mundo.

Sem a energia, nenhuma das transformações e revoluções que

ocorreram nas comunicações funcionaria e talvez por este motivo ela seja um

assunto tão importante de ser compreendido. Bastam cinco minutos de falta de

energia elétrica para se formarem filas nos bancos, exportações deixarem de

ser feitas e milhões em prejuízo serem calculados no local onde ocorreu a falta

de energia. Por isso, amigos, esse é um assunto que devemos tratar com toda

a seriedade que ele merece, já que é imprescindível na nossa formação

compreender um dos temas mais recorrentes e atuais nos últimos concursos:

luta por novas fontes que permitam a continuidade do desenvolvimento

tecnológico atingido até hoje.

De acordo com o cenário-base traçado pelo Instituto Internacional

de Economia, a demanda projetada de energia no mundo aumentará 1,7% ao

ano até o ano de 2030, quando alcançará 15,3 bilhões de toneladas de

petróleo por ano caso não haja modificações na matriz energética mundial.

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Nesse caso, os combustíveis fósseis supririam 90% do aumento projetado na

demanda mundial até 2030 e essa é a grande preocupação!

Os combustíveis fósseis foram formados por acumulações de seres

vivos que viveram há milhões de anos e que foram sendo fossilizados

formando carvão ou hidrocarboneto. No caso do carvão, se trata de bosques e

florestas nas zonas úmidas e, no caso do petróleo e do gás natural, de grandes

massas de plâncton acumuladas no fundo de bacias marinhas ou lacustres.

Como podemos perceber, foram milhões de anos para se formar o que o

mundo moderno consome numa velocidade incalculável e, por isso, o

esgotamento progressivo das reservas mundiais de petróleo é uma realidade

cada vez mais próxima.

16- (CESPE/ABIN-2008) O Brasil, que tem demonstrado baixa capacidade de suprimento energético interno, depende da Bolívia para abastecimento de todo o gás que consome.

Comentários

Entre as grandes economias do mundo, o Brasil tem de longe a

matriz de energia mais equilibrada entre as fontes renováveis e não renováveis

do planeta. E por que a assertiva acima está errada? Porque, apesar da maior

parte do abastecimento de gás do Brasil ser proveniente do gasoduto Bolívia-

Brasil, existe um gasoduto nacional. Se fôssemos aqui falar em dependência, a

Bolívia é que seria apontada como fortemente dependente da exportação de

gás natural apesar de ser, junto com a Argentina, auto-suficiente no suprimento

de gás natural. Apesar de o Brasil surgir naturalmente como o principal

mercado consumidor para o gás boliviano, desde a década de 40 já existe

produção nacional de gás na Bahia, que supre algumas indústrias localizadas

no recôncavo baiano.

Com a entrada em operação do Gasoduto Brasil-Bolívia em 1999,

houve um aumento expressivo na oferta nacional de gás natural, mas dizer que

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nosso país depende da Bolívia para abastecimento de todo o gás que

consome está errado, não é mesmo?

Só pra relembrar, pessoal, o aumento dessa oferta de gás foi ainda

maior depois que houve aquele apagão elétrico aqui no Brasil em 2004 e 2006,

vocês se lembram? Pois bem, naquela oportunidade o governo optou por

reduzir a participação das hidrelétricas na matriz energética brasileira e

aumentar a participação das termoelétricas movidas a gás natural e para

tanto foi necessário um aumento e aceleração na oferta de gás.

17- (CESPE/ABIN-2008) Há resistências ao uso de novas energias na indústria automobilística global, a qual ainda prioriza a fabricação de motores de automóveis movidos por produtos derivados do petróleo.

Comentários

Apesar de outros tipos de energia estarem sendo pesquisados e

muitos outros já terem sido descobertos, o fato é que a indústria automobilística

prioriza, inegavelmente, a fabricação de motores de automóveis movidos por

produtos derivados do petróleo. Ainda que o slogan atualmente seja a busca

por biocombustíveis que emitam menos poluentes e têm a vantagem de ser

renováveis, essa ainda não é uma prática comum em nosso país. Trocar a

gasolina pelo etanol e o óleo diesel pelo biodiesel é o objetivo dos países mais

desenvolvidos, como os pertencentes à União Européia e Estados Unidos.

Na UE, a meta é, até 2020, colocar ao menos 10% da frota de

veículos existentes rodando com etanol e nos EUA ampliar cada vez mais o

uso desse combustível. Pois é, amigos, já que 90% dos combustíveis utilizados

no setor de transportes é oriundo do petróleo, torna-se imprescindível ampliar

as alternativas de abastecimento! Tudo isso porque o etanol é mais limpo do

que a gasolina, é renovável e, com planejamento, pode se tornar uma

fonte sustentável. Portanto, a questão está correta

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18- (CESPE/ABIN-2008) A viabilidade econômica e a sustentabilidade na oferta e distribuição do etanol em termos globais ainda é ponto de discussão de políticas voltadas para o abastecimento de energia.

Comentários

Com a ameaça do aquecimento global, hoje um dos assuntos que

mais mexe com a opinião pública mundial, a busca de fontes de energia que

substituam os combustíveis fósseis tem sido um desafio para diversos países.

Nosso país, mesmo sendo referência na produção de Etanol e Biodiesel, ainda

está longe de amenizar a emissão de dióxido de carbono na atmosfera pelo

uso deste biocombustível. Todavia, se alguns classificam como sendo uma

energia que irá salvar a lavoura, outros afirmam que ela vai mesmo é

exterminá-la de vez!

Outro ponto importante é que com a crise de alimentos ocorrida no

ano de 2008, governantes e empresários de várias partes do mundo

relacionaram a expansão dos biocombustíveis com a elevação do preço dos

alimentos. Mas de onde surge essa questão e até que ponto isso é verdadeiro?

Bem, muitos críticos afirmam que, ao se dedicar ao plantio de

produtos agrícolas que geram o biodiesel, o pais deixa de produzir e investir no

cultivo de alimentos que, como caem na quantidade sobem no preço. Pura e

simples lei da oferta e da procura: menos gente plantando alimentos, menos

alimentos no mercado e maior preço daquilo que existe - o que aumentaria a

fome mundial.

Só para termos uma idéia do alcance dessas plantações de milho,

mamona ou cana, só no ano de 2006, a produção mundial de etanol foi de 40

bilhões de litros e a de biodiesel de 6,5 bilhões. Os EUA, por exemplo,

defendem seu etanol de milho e afirmam que só 3% da inflação dos cereais

são causadas pelos biocombustíveis. Do mesmo modo, o governo do Brasil

ressaltou que a alta dos preços dos alimentos no mundo não se deve à

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produção de biocombustíveis e, sim, à elevação do preço dos fertilizantes e

também do petróleo, o que encareceu o transporte das mercadorias.

Apesar de todos os benefícios, o biodiesel, que seria a “salvação da

lavoura”, na visão de alguns críticos de peso, está mais para a condenação

dela. Isso porque, segundo eles, a produção em massa de biocombustíveis

representa um crime contra a humanidade por seu impacto nos preços

mundiais dos alimentos.

Para termos uma idéia do quão diferentes em abundância são ou

podem ser essas fontes de energia, acredita-se que o Sol, por exemplo, irá

fornecer radiação solar, vento e chuva pelo menos ao longo dos próximos

quatro bilhões de anos. Além da abundância, outra grande vantagem desses

recursos energéticos citados é que não emitem gases de efeito estufa, ao

contrário do que acontece com os combustíveis, fósseis ou renováveis, e por

isso é chamada de Energia Limpa.

A energia solar é aquela proveniente do Sol e, portanto, para ser

captada, precisa de painéis solares, que transformam em energia elétrica ou

mecânica, além de poder ser utilizada também em residências, para o

aquecimento da água. Ela é considerada uma fonte de energia limpa e

renovável, já que não polui o meio ambiente e não acaba enquanto houver sol,

não é? Apesar de tantas vantagens, ela ainda é pouco utilizada no mundo,

pois o custo de fabricação e instalação dos painéis solares ainda é muito

elevado e seu armazenamento é bastante difícil. Nesse sentido, os países mais

desenvolvidos são os que mais produzem energia solar, como o Japão,

Estados Unidos e Alemanha.

A energia eólica é a obtida pelo movimento do ar, ou seja, pelo vento

e por isso é uma abundante fonte de energia, renovável, limpa e disponível em

todos os lugares. Os moinhos de vento foram inventados na Pérsia no séc. V,

quando eram utilizados para bombear água para irrigação. Apesar de terem se

passado muito anos, os mecanismos básicos de um moinho de vento não

mudaram muito, acreditam? Desde aquela época, eles funcionam quando o

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vento atinge uma hélice que se movimenta e gira um eixo que impulsiona uma

bomba. Bem, por mais que não entendamos, todos nos já vimos, mesmo que

em filmes, algo parecido, não é mesmo? .

Apesar da aparência bucólica e inofensiva que um moinho de vento

transmite, já que não queimam combustíveis fósseis e nem emitem poluentes,

as fazendas eólicas não são totalmente desprovidas de impactos ambientais.

É claro que esses impactos não são tão graves quanto a poluição de um rio ou

do ar de uma cidade, todavia essa energia altera as paisagens com suas torres

e hélices, além de ameaçar pássaros se forem instaladas em rotas de

migração. Outro ponto a se pensar sobre o moinho de vento é a emissão de

ruídos de baixa freqüência, que pode causar algum incômodo sonoro ou na

transmissão de televisão.

Embora o vento seja uma fonte inesgotável de energia e as plantas

eólicas tenham um retorno financeiro a um curto prazo, dois problemas se

apresentam como empecilhos à utilização desta energia. O primeiro é o alto

custo dos geradores eólicos e o segundo é a instabilidade de ventos e, logo, da

produção de energia. Assim, em regiões onde o vento não é constante, ou a

intensidade é muito fraca, se consegue pouca energia e quando ocorrem

chuvas muito fortes, há desperdício de energia.

Uma das mais polêmicas formas de energia é a nuclear, também

chamada energia atômica. Ela tem esse nome justamente por ser obtida a

partir da fissão do núcleo do átomo de urânio enriquecido, que libera uma

grande quantidade de energia, que mantém unidas as partículas do núcleo de

um átomo.

Enfim, apesar de toda a complexidade na produção de energia

nuclear (e desnecessários para o nosso intuito) ela apresenta vários aspectos

positivos. Talvez o mais importante deles seja pensarmos que nem todos os

lugares do mundo são tão privilegiados quanto o nosso pais, onde podemos

escolher que tipo de energia produzir dadas as imensas riquezas naturais

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existentes. Assim, ela é de fundamental importância em países que não

possuem recursos naturais para a obtenção de energia.

Estudos mais aprofundados devem ser realizados sobre essa fonte

energética, pois ainda existem vários pontos a serem aprimorados, para

garantir a segurança para a população. Sendo assim, destacamos como

aspectos positivos da energia nuclear o fato das reservas energéticas serem

muito maiores que as de combustíveis fósseis. Além disso, a usina nuclear

requer uma área menos para sua construção, se comparada às usinas de

combustíveis fósseis. Por fim, as usinas nucleares possibilitam maior

independência energética para os países importadores de petróleo e gás, e

não contribuem para o efeito estufa.

Como aspectos negativos, temos os altos custos de construção e

operação das usinas, a possibilidade de construção de armas nucleares; e a

possibilidade de acidentes que liberem material radioativo.

19- (CESPE/IRB-2008) Todas as fontes devem ser aproveitadas, dentro de suas especificidades. (...) o Plano Nacional de Energia 2030 mostra exatamente isso: a existência de só uma ou duas fontes não significa uma solução. O Brasil necessita, principalmente, daquelas fontes que geram energia em grande escala e têm alta disponibilidade, dando segurança ao sistema e tranqüilidade aos consumidores. Internet: <http://www.aben.com.br>. Com relação a fontes de energia, julgue (C ou E) os próximos itens. A ( ) A exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas foi possível graças a tecnologia desenvolvida no Brasil, a qual, hoje, é exportada para outros países. B ( ) Em razão de ter-se tornado auto-suficiente em petróleo em 2006, o Brasil deixou de importar esse produto e seus derivados. C ( ) Sendo o etanol uma fonte de energia limpa, sua produção e seu consumo não acarretam danos ambientais ou sociais.

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D ( ) No Brasil, a biomassa tem sido bastante explorada para a geração de energia, o que resulta no fortalecimento da agroindústria brasileira.

Comentários

A – Por mais incrível que isso possa lhes parecer, essa questão esta

correta! A Petrobrás é uma referência internacional na exploração de petróleo

em águas profundas, e para tanto desenvolveu uma tecnologia própria,

pioneira no mundo, que a tornou uma líder mundial deste setor.

Assim, o seu projeto em março de 2001 se tornou uma referência

tecnológica para o mundo do petróleo, confirmando a sua liderança neste tipo

de exploração.

B – Essa questão está incorreta, pois, apesar de em 2006 o Brasil

ter se tornado autossuficiente em petróleo, ele continua importando gás da

Bolívia. Alguns especialistas afirmam, inclusive, que também existem

condições favoráveis para sermos autossuficientes nesse quesito. Apesar

disso, o fato é que nosso governo nunca deixou de importar esse produto e

seus derivados.

C – Conforme já comentamos acima, apesar de ser mesmo uma

energia limpa, a produção e o consumo do etanol continuam gerando polêmica

quanto aos seus efeitos nos preços dos alimentos, acarretando, no mínimo,

danos sociais.

D - Os combustíveis mais comuns da biomassa são os resíduos

agrícolas, madeira e plantas como a cana-de-açúcar, que são colhidos com o

objetivo de produzir energia. O lixo municipal pode ser convertido em

combustível para o transporte, indústrias e mesmo residências.

No Brasil, a proporção da energia total consumida é cerca de 15,2% de origem

hídrica e 32% de origem em biomassa. Isso significa tanto que os recursos

renováveis suprem boa parte da demanda energética do País, quanto que essa

energia tem sido mesmo bastante explorada, o que fortalece a agroindústria

brasileira.

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7- O pré-sal e o novo marco regulatório:

Não poderíamos deixar de falar aqui da descoberta que já foi de

alegrias a protestos nesse curto espaço de tempo que teve 2010: o pré-sal.

Pré-sal é o nome que foi dado às reservas de hidrocarbonetos em

rochas calcárias que se localizam abaixo de camadas de sal. E o que é isso

exatamente? Resumindo, é petróleo descoberto em camadas de 5 a 7 mil metros de profundidade abaixo do nível do mar. É uma camada de

aproximadamente 800 quilômetros de extensão por 200 quilômetros de largura,

que vai do litoral de Santa Catarina ao do Espírito Santo, ou seja, é grande até

perder de vista!

A discussão sobre a existência de uma reserva petrolífera na

camada pré-sal ocorre desde a década de 1970, quando geólogos da

Petrobrás acreditavam nesse fato, porém, não possuíam tecnologia suficiente

para a realização de pesquisas mais avançadas, fato que com todo esse

avanço tecnológico não foi difícil constatar. Para podermos visualizar o quão

profundo se localiza o petróleo e como será difícil explorar essa área, vejamos

a figura a seguir:

Localização da camada Pré-sal

Para extrair o óleo e o gás da camada pré-sal, será necessário

ultrapassar a água de mais de 2.000m, uma camada de 1.000m de sedimentos

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e outra de aproximadamente 2.000m de sal, ou seja, demanda tempo e

dinheiro, muito dinheiro!.

A descoberta de reservas de petróleo e gás natural pela Petrobrás

na camada pré-sal é um assunto bastante relevante para o Brasil do ponto de

vista estratégico. Todos nós sabemos que o petróleo é uma fonte de energia

não-renovável e que no futuro a sua escassez poderá ser responsável por

grave crise energética. Não há consenso entre os cientistas sobre quanto

tempo ainda temos de utilização de petróleo, mas há os que afirmam que

dentro de mais 30 anos não haverá mais reservas desse hidrocarboneto.

Nesse sentido, ter reservas de petróleo em larga escala é uma

grande vantagem geopolítica para um país. Conforme o governo brasileiro já se

posicionou, o petróleo na camada pré-sal irá aumentar a importância

econômica e política do país no cenário internacional. Além disso, será

importante para proporcionar saldos positivos à balança comercial brasileira e

gerar empregos.

Em relação aos volumes das reservas de petróleo e gás natural na

camada pré-sal, ainda não existe uma estimativa segura. Todavia, é possível

que existam reservas de 50 a 100 bilhões de barris, quantidade que colocaria o

Brasil na condição de um dos maiores produtores e exportadores de petróleo e

derivados do mundo.

Algumas idéias importantes que precisamos ter sobre o pré-sal:

1)- A extração de petróleo deve ser feita de forma sustentável e

economicamente viável.

2)- Se a extração for feita de forma muito acelerada, há o risco de

que as reservas de petróleo e gás natural se esgotem rapidamente. Além

disso, caso haja exportação em demasia desse petróleo, poderá haver uma

sobrevalorização do real, o que prejudicará as exportações e facilitará as

importações. Esse fenômeno é conhecido como “doença holandesa”.

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3)- Para a extração do pré-sal, haverá necessidade de volumosos

recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento para viabilizar a exploração

em águas ultraprofundas.

4)- Vocês já ouviram falar da “maldição do petróleo”? Segundo

alguns estudiosos, quando um país possui grande disponibilidade de recursos

advindos do petróleo, há um desestímulo ao desenvolvimento econômico e

político. Isso porque com recursos em abundância, não há incentivos para que

o governo invista em desenvolvimento de tecnologia e formação de recursos

humanos. Além disso, a sobrevalorização do câmbio dificulta o

desenvolvimento de outros setores e a economia do país torna-se refém da

volatilidade do preço do petróleo no mercado internacional.

E o que o Brasil está fazendo para evitar a temida “maldição do

petróleo”?

Tendo em vista a destinação dos recursos do pré-sal ao

desenvolvimento econômico e social do Brasil, o governo está trabalhando na

formulação de um novo marco regulatório para sua exploração.

O modelo utilizado atualmente para a exploração de petróleo é o de

concessão. Por meio desse modelo, todo petróleo e o gás natural produzido é

de propriedade da empresa concessionária (que pode ser a Petrobrás ou

outra!), sendo a remuneração do governo feita essencialmente sob a forma de

royalties e participação especial.

O modelo proposto pelo governo (que ainda não foi aprovado!) é o

de partilha. Por meio desse modelo, parte do petróleo produzido é da empresa

e parte é do governo. Dessa forma, a remuneração do ente público dar-se-á

por intermédio de participação na receita gerada pela venda.

O modelo de concessão era justificado por um cenário em que o

risco exploratório era elevado, o qual era compensado por meio de vantagens

econômicas (maiores lucros) ofertadas às empresas.

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O modelo de partilha, por sua vez, surge em um cenário em que o

risco exploratório é, a princípio, baixo. Logo, a remuneração das empresas será

menor! Além disso, o modelo de partilha proporcionará ao governo maior

controle dos recursos oriundos do pré-sal.

Mas como se decide qual empresa irá explorar o pré-sal sob o

modelo de partilha? A decisão será por licitação, cuja vencedora será a

empresa que ofertar maior percentual da receita à União.

Recentemente foi aprovada pelo Senado Federal a criação da Pré-

Sal Petróleo S/A, estatal que será responsável por controlar e fiscalizar a

exploração do petróleo do pré-sal.

O novo marco regulatório do pré-sal estabelece, ainda, que será

constituído um Fundo Social para onde será destinada a receita decorrente da

comercialização do petróleo, do gás natural e de outros hidrocarbonetos da

União. A maior controvérsia existente é em relação a qual será a destinação

desses recursos.

Outra controvérsia existente no novo marco regulatório do pré-sal é

acerca do pagamento de royalties. O problema começou com a aprovação da

chamada emenda Ibsen, que previu uma divisão dos royalties entre todos os

Estados e Municípios de forma equitativa. Tal medida não agradou em nada os

Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, principais produtores de petróleo,

que perderiam (e muito!) em recursos arrecadados.

Até hoje o problema da divisão dos royalties não foi resolvido! No

entanto, foi aprovada uma emenda do senador Pedro Simon que, embora

preveja uma divisão equitativa dos royalties entre os Estados e Municípios,

estabelece que deve haver uma compensação aos entes federativos que

tiverem redução em suas receitas.

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8- Controvérsias sobre a Usina de Belo Monte:

A questão em torno de Belo Monte envolve aspectos econômicos,

políticos, ambientais e culturais, donde podemos inferir sua importância. O

projeto é visto como prioritário pelo governo Lula no setor de energia, sendo o

2º mais custoso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ficando

atrás somente do trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro.

A construção da usina de Belo Monte é considerada essencial para

suprir a demanda por energia no Brasil nos próximos anos, com previsão para

entrar em funcionamento em 2015. Segundo estimativas, a obra irá beneficiar

26 milhões de brasileiros.

A construção da hidrelétrica irá causar impacto ambiental e social

em relação aos moradores da área. Quanto ao impacto ambiental, com a

construção da usina, haverá desvio do curso do rio e alagamento de áreas, o

que afetará a fauna e flora. Em relação aos impactos sociais, a população da

região, que inclui comunidades indígenas, receia ser afetada pela construção

da usina.

Segundo críticos, o impacto ambiental e social da instalação da

usina hidrelétrica de Belo Monte foi subestimado. Além disso, argumentam que

o projeto não possui viabilidade econômica, em razão da perda de vazão do

Rio Xingu em época de seca, o que resultaria em geração de energia bem

abaixo da capacidade instalada.

Devido a todas essas controvérsias, há inúmeras contestações em

relação à usina de Belo Monte, as quais são provenientes de moradores locais,

organizações não-governamentais e ambientalistas. Há, inclusive, inúmeras

ações judiciais ajuizadas pelo Ministério Público em relação à construção da

usina, as quais apontam possíveis irregularidades no projeto.

Todas essas controvérsias, que incluíram questões judiciais, fizeram

com que o pregão para definir quem seria responsável pela construção de Belo

Monte fosse suspenso por duas vezes. O pregão foi finalmente realizado, com

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a obtenção da vitória pelo Consórcio Norte-Energia, que ofereceu o menor

preço do Megawatt / hora: R$ 78,00.

Vamos resolver mais algumas questões!

_______________________x_______________________

20- (FUNVERSA- Técnico em Comunicação Social-2010)- Hidrelétrica de Salto entra em operação“A Usina Hidrelétrica de Salto, localizada no Rio Verde, entre os municípios de Caçu e Itarumã, começou a produzir energia na noite da última quinta-feira, com metade de sua capacidade de 116 megawatts.” In: O Popular, 15/05/2010 Acerca do assunto tratado no texto, assinale a alternativa incorreta: a) Os impactos causados pela construção de usinas hidrelétricas não se

restringem aos danos sofridos pela fauna e pela flora da região alagada;

freqüentemente atingem dimensão social e cultural, a exemplo do alagamento

de áreas habitadas e da submersão de sítios arqueológicos.

b) No Brasil, o lento incremento da produção e do consumo de energia elétrica

decorre basicamente do monopólio governamental na construção das usinas e

na geração e distribuição de energia.

c) A energia gerada em uma usina nuclear é, assim como a gerada por uma

usina movida a carvão mineral, um tipo de energia de origem termelétrica.

d) As novas tecnologias utilizadas na construção de usinas nucleares, que as

tornas mais seguras e, portanto, menos propensas à ocorrência de acidentes,

têm gerado um ressurgimento da energia nuclear no planeta nos últimos anos.

e) No Brasil, a produção de energia hidrelétrica ainda está longe do potencial

que o país possui. Há grandes possibilidades de aumento da produção, em

especial na Amazônia.

Comentários:

A letra A está correta. A construção de uma usina hidrelétrica causa

impactos ambientais, sociais e culturais. No que diz respeito ao aspecto

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ambiental, a fauna e a flora da região são afetadas. Em relação ao aspecto

social, as comunidades que vivem na região são afetadas. Por fim, quanto ao

aspecto cultural, o alagamento de áreas leva à submersão de sítios

arqueológicos.

A letra B está errada. Não existe monopólio governamental no setor

elétrico brasileiro. O governo desempenha, atualmente, a função reguladora,

por meio da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

A letra C está correta. A energia gerada em usinas nucleares é

também uma usina termelétrica.

A letra D está correta. Atualmente, há uma nova visão acerca da

energia nuclear no mundo. A tecnologia utilizada em sua construção

proporciona bastante segurança, afastando o receio de que novos acidentes,

como o de Chernobyl, venham a ocorrer novamente. Além disso, a energia

nuclear tem sido considerada uma alternativa ambientalmente viável, já que

não ocasiona emissões de gases de efeito estufa.

A letra E está correta. O potencial hidrelétrico brasileiro é imenso, já

que a bacia hidrográfica que este país possui é uma das maiores do mundo.

Todavia, o grande fator limitador para a maior utilização do potencial

hidrelétrico brasileiro é a questão ambiental. Basta vermos as controvérsias em

torno da construção da usina de Belo Monte para percebermos isso.

21- (FUNVERSA-CEB-2010)- Na terça-feira, dia 10/11/2009, grande parte do Brasil foi surpreendida com uma queda de energia que chegou a mais de quatro horas em alguns lugares. Esse acontecimento ainda não teve uma explicação oficial definitiva. Acerca das possíveis causas e conseqüências do fato apresentado, assinale a alternativa correta. a) Esse apagão que ocorreu no Brasil, embora ainda sem causas definidas

oficialmente e aceitas pela comunidade científica, demonstra que o país

necessita de maior investimento em programas de eficiência energética que

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promovam a redução da possibilidade de uma nova queda de energia dessa

dimensão.

b) Uma possível causa discutida para a situação da queda de energia é a

ineficiência do Programa Brasileiro de Energia Nuclear, que insiste em manter

em funcionamento as sucateadas usinas de Angra 1 e 2.

c) Um maior investimento econômico do país no desenvolvimento de políticas

públicas de sustentabilidade no uso dos biocombustíveis teria evitado o apagão

elétrico registrado em novembro.

d) Os freqüentes apagões da magnitude do que ocorreu em novembro de 2009

afetam exclusiva e diretamente o setor produtivo brasileiro. Esse fato promove

uma significativa perda econômica que, por sua vez, desequilibra a balança

comercial do país.

e) De acordo com a comunidade científica nacional, esse apagão foi provocado

por uma descarga atmosférica de grande intensidade, fato bastante previsível

em período de elevada quantidade de chuvas em todo o país.

Comentários:

A letra A está correta. O apagão ocorrido em 2009 representa um

sinal de que o país necessita de mais investimentos em programas de

eficiência energética, reduzindo a possibilidade de nova queda de energia

dessa dimensão. Sem dúvida alguma, um “apagão” traz sérios problemas

econômicos para o país.

A letra B está errada. As Usinas Nucleares de Angra I e Angra II

ficaram inoperantes por ocasião do apagão. No entanto, o que resultou o

apagão não foi a existência dessas usinas. Ao contrário do que afirma a

questão, a manutenção em funcionamento dessas duas usinas é importante

passo do Brasil no caminho da diversificação de sua matriz energética.

A letra C está errada. Para evitar novos “apagões” elétricos como o

ocorrido no final de 2009, o governo deve realizar investimentos na

infraestrutura de distribuição e transmissão de energia no país.

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A letra D está errada. De fato, um “apagão” como o que ocorreu no

final de 2009 afeta sobremaneira o setor produtivo brasileiro, causando grave

prejuízo econômico. Todavia, não é freqüente a ocorrência de “apagões” dessa

magnitude no país.

A letra E está errada. As autoridades governamentais justificaram o

“apagão” ocorrido em 2009 como resultado de descargas atmosféricas (raios e

chuvas). Todavia, essa versão não foi considerada correta pela comunidade

científica nacional.

22- (FUNVERSA- HFA-2009)- A respeito da questão energética no Brasil e no mundo, assinale a alternativa correta: a) A produção de carvão mineral, no Brasil, está entre as maiores do mundo.

As jazidas concentram-se, especialmente, em Santa Catarina, propiciando

carvão de alta qualidade e elevado poder calorífero.

b) Estabelece-se, atualmente, no Brasil, uma discussão acerca dos rumos que

o país deve tomar na exploração do petróleo do pré-sal, havendo divergências

quanto ao marco regulatório que orientará a produção daquela riqueza.

c) Os países desenvolvidos praticamente controlam o setor de energia nuclear

no mundo, já que sua produção exige elevados investimentos e

desenvolvimento de tecnologias sofisticadas, que se mostram além da

capacidade dos países em desenvolvimento.

d) Atualmente, os recursos energéticos mais utilizados no mundo são o

petróleo, o carvão, o gás natural e a água, todos denominados combustíveis

fósseis.

e) Entre os países detentores das maiores economias do mundo, o Brasil

destaca-se como um dos que mais utiliza a água como recurso energético,

superado apenas por Estados Unidos, Japão e França.

Comentários:

A letra A está errada. O carvão mineral é a segunda fonte de energia

mais usada no mundo, só perdendo para o petróleo. As maiores jazidas

brasileiras localizam-se, de fato, em Santa Catarina. Todavia, a produção

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brasileira desse combustível fóssil é insuficiente, motivo que o leva a importar

carvão mineral de outros países a fim de abastecer suas termelétricas.

A letra B está correta. A recente descoberta de petróleo na camada

pré-sal deu origem a amplo debate na sociedade brasileira acerca do marco

regulatório para sua exploração. Ainda existem várias controvérsias em relação

ao assunto, que parece longe de um consenso.

A letra C está errada. Os países desenvolvidos são os que mais

desenvolvem a energia nuclear, com destaque para Japão, França e EUA.

Com efeito, a produção desse tipo de energia exige altos investimentos em

tecnologia e segurança. Entretanto, o desenvolvimento de energia nuclear está

plenamente dentro das possibilidades dos países em desenvolvimento, muitos

dos quais já desenvolvem programas nucleares, como é o caso do Brasil.

A letra D está errada. A água não é um combustível fóssil, ao

contrário dos demais – petróleo, carvão mineral e gás natural -, que são a base

da estrutura energética mundial.

A letra E está errada. O Brasil não é superado por EUA, Japão e

França no uso da energia hidrelétrica.

23-(CESPE/INMETRO-2009-adaptado)- O uso maciço do petróleo como matriz energética do sistema produtivo mundial está com os dias contados.

Quando a questão fala que o uso do petróleo como matriz

energética do sistema produtivo mundial está com os dias contados, ela está

sendo muito pessimista. De fato, o petróleo é uma fonte renovável, mas que

ainda será consumida por vários e vários anos. Além disso, há reservas de

petróleo em grandes profundidades, as quais podem ser exploradas, embora a

um custo bem superior. Pelo exposto, a questão está errada.

24- (CESPE/INMETRO-2009)- Devido ao estágio de desenvolvimento econômico e ao grau de sofisticação tecnológica alcançado, os Estados

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Unidos da América (EUA) são, ao mesmo tempo, uma das maiores economias do mundo e o país cuja taxa de emissão de gases poluidores na atmosfera é a menor.

Os EUA são uma das maiores economias do mundo e, como

conseqüência disso, são também um dos maiores emissores de gases de

efeito estufa. Isso decorre de uma matriz energética baseada em fontes não-

renováveis, consideradas sujas. Dessa forma, a questão está errada.

25- (CESPE/Bombeiro Militar/ES-2008)- Em razão da pequena participação na matriz energética brasileira, as fontes alternativas de energia não chegam a ter importância política, econômica ou social para o país.

Podemos considerar como fontes alternativas de energia a eólica,

solar, a de pequenas centrais hidrelétrica e a proveniente da biomassa.

Considerando a energia da biomassa e a das pequenas centrais hidrelétricas

como fontes alternativas, verifica-se que a participação destas na matriz

energética brasileira não é tão pequena assim.

Além disso, projetos que envolvem a utilização de fontes de energia

alternativa são fundamentais na diversificação da matriz energética brasileira,

além, é claro, de serem capazes de promover um desenvolvimento econômico

sustentável. Destaca-se, ainda, que o desenvolvimento de projetos que utilizem

fontes de energia alternativa, por menor que sejam, proporcionam

aprendizagem tecnológica, fator primordial para o aumento de competitividade.

Por tudo isso, a questão está errada.

26- (CESPE/Bombeiro Militar/ES-2008)- Tanto o carvão vegetal quanto a energia de origem hidráulica contribuem para o desenvolvimento industrial brasileiro.

A energia hidrelétrica e a energia termelétrica – proveniente da

queima do carvão mineral – são dois componentes da matriz energética

brasileira, contribuindo, portanto, para o desenvolvimento do país. A questão

está correta.

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27-(CESPE/Bombeiro Militar/ES-2008)- A inexistência de reservas de urânio no país e a necessidade de importação desse mineral explicam a pequena participação da energia nuclear na matriz energética brasileira.

A pequena participação da energia nuclear na matriz energética

brasileira pode ser explicada em razão de uma estratégia governamental que

priorizou o aproveitamento do enorme potencial hidrelétrico do país. Além

disso, vale destacar que, a construção de usinas nucleares envolve a

necessidade de enorme montante de investimentos.

Ao contrário do que diz a questão, o Brasil possui uma das maiores

reservas de urânio do mundo. O país já domina também a tecnologia

necessária para promover o enriquecimento do urânio, o que o coloca em uma

posição de futuro exportador de urânio enriquecido.

Com as preocupações ambientais atualmente existentes e a busca

por energias consideradas “limpas”, é provável que no futuro a matriz

energética mundial tenha uma participação muito mais efetiva da usina nuclear.

Essa será, portanto, mais uma oportunidade para a inserção competitiva do

Brasil no cenário internacional, na qualidade de exportador de urânio

enriquecido. Por tudo isso, a questão está errada.

28-(CESPE/Bombeiro Militar/ES-2008)- Derivada do petróleo, a gasolina utilizada nos grandes centros urbanos representa um problema ambiental devido à poluição do ar provocada pela sua queima nos veículos automotores.

A poluição decorrente da queima da gasolina nos veículos

automotores é, de fato, um grave problema ambiental nos centros urbanos.

Nesse sentido, o uso de etanol revela-se benéfico, por poluir menos do que a

gasolina. Questão certa!

29-(Questão Inédita)-O governo brasileiro almeja a autossuficiência em todas as etapas de produção do combustível nuclear. Todavia, o País

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ainda não dispõe de tecnologia de enriquecimento de urânio, o que é fundamental para a produção desse tipo de energia.

O Brasil almeja sim a autossuficiência em todas as etapas de

produção do combustível nuclear. Todavia, ele já possui tecnologia para

promover o enriquecimento de urânio. A questão está, portanto, errada.

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LISTA DE QUESTÕES

A questão ambiental, tendo em vista suas implicações sociais, econômicas e políticas, ganhou repercussão e passou a fazer parte das políticas nacionais e do fórum de debate mundial. Acerca desse assunto, julgue os itens subseqüentes.

1(CESPE/ABIN-2008) Com a maior parte da população brasileira vivendo em aglomerações urbanas, a degradação da qualidade do meio ambiente urbano e dos recursos naturais tem sido motivo de conflitos e de proliferação de doenças nas cidades.

2(CESPE/ABIN-2008)Todos os países, sejam eles pobres ou ricos, são responsáveis pela degradação ambiental, o que explica a necessidade de acordos internacionais para a mitigação dos efeitos adversos e a resolução de conflitos.

3(ESAF/PGFN-2006) É objetivo do Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima, de 1997: a) a diminuição da eficiência energética em setores relevantes da economia

internacional, como modo direto de internalização de externalidades negativas.

b) a proibição imediata de formas sustentáveis e não-sustentáveis de

agricultura, à luz das considerações sobre mudança de clima.

c) a redução gradual ou eliminação de imperfeição de mercado, de incentivos

fiscais, de isenções tributárias e tarifárias e de subsídios para todos os setores

emissores de gases de efeito estufa.

d) a pesquisa, a promoção, o desenvolvimento e aumento do uso de formas

não-renováveis de energia, de tecnologia de seqüestro de dióxido de carbono e

de tecnologia ambientalmente seguras.

e) a ampliação de emissões de metano por meio de sua recuperação e

utilização no tratamento de resíduos, bem como no transporte, na produção e

na distribuição de energia.

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4(CESPE/IRB-2010)- Em relação às mudanças climáticas, julgue C ou E: A( ) A comunidade internacional, de forma geral, considerou satisfatórios os

resultados da COP 15 (15.ª Conferência das Partes da Convenção das

Mudanças Climáticas), realizada em Copenhague, em dezembro de 2009.

B( ) O Brasil teve participação de destaque na COP 15, onde negociou

ativamente o Acordo de Copenhague e defendeu a constituição de fundo para

se financiarem, em países pobres, com recursos canalizados por meio de

organismos multilaterais, inclusive do sistema das Nações Unidas, ações em

que se empreguem tecnologias concernentes ao aquecimento global.

C( ) O Brasil, que defende o princípio de “responsabilidades comuns, mas

diferenciadas”, vem cumprindo diversos pontos da agenda ambiental, pois

quase toda a energia consumida no país provém de fontes renováveis, o

governo se comprometeu a desenvolver ações para diminuir a emissão de CO2

no país e a adotar um Plano de Mudanças Climáticas, para a redução do

desmatamento da Amazônia.

D( ) Por iniciativa brasileira, os países amazônicos, no que se refere à agenda

de mudanças climáticas, adotaram a mesma posição, qual seja a de defender a

necessidade de conservação da cobertura vegetal como compensação pelo

aumento das emissões de CO2 causado pela industrialização urbana nesses

países.

5-(FCC-APOFP-2010)- Após duas semanas de negociações, com a participação de líderes de cerca de 190 países e com a intervenção direta do secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, na 15a Conferência das Nações Unidas sobre mudança climática (COP 15), realizada em Copenhague, em dezembro de 2009: a) foram tomadas decisões que invalidaram o protocolo de Kyoto.

b) a maioria dos países optou pela redução na emissão de agentes poluentes

na atmosfera, mediante tratado que entrou em vigor a partir de janeiro de 2010.

c) não houve a produção de qualquer documento referente à redução dos

agentes poluentes da atmosfera.

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d) foi assinado documento com valor legal, no qual ficaram definidas metas de

redução da emissão de agentes poluentes para todos os países, com exceção

dos mais pobres.

e) houve um acordo, fechado entre Estados Unidos, Brasil, China, Índia e

África do Sul, que foi apenas “anotado” pelos demais países, mas não

aprovado.

6- (CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- A Conferência do Clima de Copenhague, a COP15, é nossa melhor oportunidade para salvar a civilização de um colapso causado pelo aquecimento global. A relevância do evento atraiu para a capital da Dinamarca cerca de 35 mil participantes, entre chefes de Estado, diplomatas, políticos, ativistas, cientistas, empresários e jornalistas. Salvar o mundo em uma semana parece uma missão quase impossível. Para isso, os representantes de 193 países precisam chegar a acordos internacionais que estabeleçam limites para as emissões dos países ricos e compromissos das nações emergentes. Época, 11/12/2009 (com adaptações). Considerando o texto acima, assinale a opção correta acerca das questões ambientais. a) O desmatamento é responsável por menos de 1% das emissões de carbono

do Brasil.

b) Árvores renovam naturalmente o ar que respiramos ao retirar CO2 da

atmosfera e liberar oxigênio.

c) Antes da Conferência do Clima, o governo brasileiro se comprometeu a

aumentar o desmatamento.

d) A atividade agropecuária não interfere no aquecimento global.

e) Veículos elétricos e híbridos emitem a mesma quantidade de CO2 que

veículos movidos a gasolina.

7- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- O IPCC (Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas), organismo ligado às Organizações das Nações Unidas, teve a sua credibilidade abalada por

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equívoco em relatório sobre o aquecimento do planeta. Acerca desse equívoco, assinale a opção correta. a) O erro foi a afirmação de que as geleiras do Himalaia podem desaparecer

neste século.

b) O equívoco do relatório foi afirmar que os recentes terremotos que afetaram

o planeta foram causados pelo aquecimento global.

c) A admissão do erro acarretou a demissão do presidente e do conselho

técnico do IPCC.

d) Após a verificação do erro, a Organização das Nações Unidas transferiu as

atribuições do IPCC para um novo órgão, a ser dirigido pelos Estados Unidos

da América (EUA).

e) Ao contrário de um aquecimento global, os dados indicariam, na verdade,

uma elevação do nível dos mares nos próximos cem anos.

8- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- Entre os dias 7 e 14 de dezembro de 2009, aconteceu, em Copenhague, capital da Dinamarca, a 15.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, mais conhecida como COP-15. No que concerne aos resultados dessa conferência, assinale a opção correta. a) Os EUA reafirmaram a posição de George W. Bush de duvidar da existência

do aquecimento global.

b) A China sugeriu cortes agressivos de carbono para os países em

desenvolvimento, mas o Brasil se recusou a cumpri-los.

c) O documento final da conferência tem validade, mas não tem força de

cumprimento obrigatório entre os signatários.

d) O principal embate se deu entre os EUA e a União Européia, porque os

europeus não quiseram cumprir as recomendações norte-americanas.

e) Os países em desenvolvimento concordaram em se submeter à redução

obrigatória da emissão de gases poluentes até 2020.

9- (FUNCAB- DETRAN-SE- 2010)- A autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) para o início das obras de integração do Rio São Francisco às Bacias da Região Nordeste

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recebeu inúmeras críticas tanto do Ministério Público quanto da sociedade. A transposição consiste: a) em levar as águas do rio para beneficiar os estados de Minas Gerais,

Sergipe e Alagoas.

b) em tornar o rio totalmente navegável até a sua foz durante todo o ano.

c) na revitalização do rio em todo o seu percurso.

d) na utilização de suas águas para a implantação de hidrelétrica que permita o

uso da energia elétrica na região Norte e Nordeste.

e) na utilização das águas do rio para abastecer pequenos rios e açudes da

região Nordeste que possuem déficit hídrico durante a estiagem.

10- (CESPE/IRB-2008) Acerca das transformações globais, nacionais e locais relacionadas ao desafio do desenvolvimento ambiental sustentável, julgue (C ou E) os itens a seguir. A( ) Na Amazônia, o crescimento do agronegócio e a expansão das culturas

de commodities têm sido observados em um grande número de pequenas

propriedades, o que se justifica por serem tais empreendimentos prioritários

para a desconcentração da propriedade da terra.

B( ) Não é apenas a dimensão do desmatamento em curso na Amazônia que

preocupa, mas também os prejuízos à biodiversidade advindos desse

desmatamento, bem como o aumento da grilagem de terras públicas.

C( ) Influenciada pelo agronegócio, a agricultura familiar ou de subsistência

praticada atualmente na Amazônia tem sido apoiada por inovações

tecnológicas e pela utilização dos créditos ambientais subsidiados por políticas

públicas de preservação, que objetivam recompensar o abandono da prática de

derrubada ou queimada da floresta ou da vegetação secundária.

11-(CESPE/ABIN-2008)Mudanças climáticas tendem a potencializar mudanças nos índices de mortalidade e morbidade, assim como provocar situações que implicam na necessidade de realocação de grupos populacionais, com reflexos na redistribuição espacial da população.

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12- (CESPE/ABIN-2008) Embora o crescimento populacional contribua para o aumento dos problemas ambientais, como a destruição da cobertura florestal e a poluição em suas várias formas, a necessária intensificação na exploração dos recursos naturais terá a sua sustentabilidade ambiental e econômica assegurada por meio do desenvolvimento da tecnologia, já que esta implica o adequado aumento da produtividade.

(CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA-2009)- Em um planeta aquecido, mantenha o refrigerador ligado. A floresta amazônica há muito deixou de ser tratada como o pulmão do mundo, mas ganhou status ainda mais importante, o de ar-condicionado da Terra. A preservação da mata é fundamental no combate ao aquecimento global, apontam especialistas. O

Globo. “Planeta Terra”, nov./2009, p. 20 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a inserção da Amazônia no quadro de desenvolvimento sustentável, julgue os itens que se seguem

13- (CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA-2009) A idéia de desenvolvimento sustentável na Amazônia, a maior floresta tropical úmida do planeta, deve pressupor, entre diversas outras considerações, a substituição do uso desordenado de motosserras pelo exercício de aprender a extrair riqueza da floresta enquanto se garante sua preservação.

14- (CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA-2009) A cobiça internacional sobre a Amazônia passa ao largo de seu importante peso nos processos naturais que regulam os padrões climáticos globais, como afirmado no texto, mas deriva do extraordinário patrimônio mineral da região, hoje plenamente conhecido e devidamente mensurado.

15- (CESPE/ABIN-2008) A questão da energia está exclusivamente relacionada à escassez de suprimentos, à sua produção e aos seus custos.

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16-(CESPE/ABIN-2008)- O Brasil, que tem demonstrado baixa capacidade de suprimento energético interno, depende da Bolívia para abastecimento de todo o gás que consome.

17-(CESPE/ABIN-2008)Há resistências ao uso de novas energias na indústria automobilística global, a qual ainda prioriza a fabricação de motores de automóveis movidos por produtos derivados do petróleo.

18- (CESPE/ABIN-2008)A viabilidade econômica e a sustentabilidade na oferta e distribuição do etanol em termos globais ainda é ponto de discussão de políticas voltadas para o abastecimento de energia.

19- (CESPE/IRB-2008) Todas as fontes devem ser aproveitadas, dentro de suas especificidades. (...) o Plano Nacional de Energia 2030 mostra exatamente isso: a existência de só uma ou duas fontes não significa uma solução. O Brasil necessita, principalmente, daquelas fontes que geram energia em grande escala e têm alta disponibilidade, dando segurança ao sistema e tranqüilidade aos consumidores. (http://www.aben.com.br) Com relação a fontes de energia, julgue (C ou E) os próximos itens. A( ) A exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas foi

possível graças a tecnologia desenvolvida no Brasil, a qual, hoje, é exportada

para outros países.

B( ) Em razão de ter-se tornado auto-suficiente em petróleo em 2006, o Brasil

deixou de importar esse produto e seus derivados.

C( ) Sendo o etanol uma fonte de energia limpa, sua produção e seu

consumo não acarretam danos ambientais ou sociais.

D( ) No Brasil, a biomassa tem sido bastante explorada para a geração de

energia, o que resulta no fortalecimento da agroindústria brasileira.

20- (FUNVERSA- Técnico em Comunicação Social-2010)- Hidrelétrica de Salto entra em operação“A Usina Hidrelétrica de Salto, localizada no Rio Verde, entre os municípios de Caçu e Itarumã, começou a produzir energia na noite da última quinta-feira, com metade de sua capacidade de 116 megawatts.”

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In: O Popular, 15/05/2010 Acerca do assunto tratado no texto, assinale a alternativa incorreta: a) Os impactos causados pela construção de usinas hidrelétricas não se

restringem aos danos sofridos pela fauna e pela flora da região alagada;

freqüentemente atingem dimensão social e cultural, a exemplo do alagamento

de áreas habitadas e da submersão de sítios arqueológicos.

b) No Brasil, o lento incremento da produção e do consumo de energia elétrica

decorre basicamente do monopólio governamental na construção das usinas e

na geração e distribuição de energia.

c) A energia gerada em uma usina nuclear é, assim como a gerada por uma

usina movida a carvão mineral, um tipo de energia de origem termelétrica.

d) As novas tecnologias utilizadas na construção de usinas nucleares, que as

tornas mais seguras e, portanto, menos propensas à ocorrência de acidentes,

têm gerado um ressurgimento da energia nuclear no planeta nos últimos anos.

e) No Brasil, a produção de energia hidrelétrica ainda está longe do potencial

que o país possui. Há grandes possibilidades de aumento da produção, em

especial na Amazônia.

21- (FUNVERSA-CEB-2010)- Na terça-feira, dia 10/11/2009, grande parte do Brasil foi surpreendida com uma queda de energia que chegou a mais de quatro horas em alguns lugares. Esse acontecimento ainda não teve uma explicação oficial definitiva. Acerca das possíveis causas e conseqüências do fato apresentado, assinale a alternativa correta. a) Esse apagão que ocorreu no Brasil, embora ainda sem causas definidas

oficialmente e aceitas pela comunidade científica, demonstra que o país

necessita de maior investimento em programas de eficiência energética que

promovam a redução da possibilidade de uma nova queda de energia dessa

dimensão.

b) Uma possível causa discutida para a situação da queda de energia é a

ineficiência do Programa Brasileiro de Energia Nuclear, que insiste em manter

em funcionamento as sucateadas usinas de Angra 1 e 2.

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c) Um maior investimento econômico do país no desenvolvimento de políticas

públicas de sustentabilidade no uso dos biocombustíveis teria evitado o apagão

elétrico registrado em novembro.

d) Os frequentes apagões da magnitude do que ocorreu em novembro de 2009

afetam exclusiva e diretamente o setor produtivo brasileiro. Esse fato promove

uma significativa perda econômica que, por sua vez, desequilibra a balança

comercial do país.

e) De acordo com a comunidade científica nacional, esse apagão foi provocado

por uma descarga atmosférica de grande intensidade, fato bastante previsível

em período de elevada quantidade de chuvas em todo o país.

22- (FUNVERSA- HFA-2009)- A respeito da questão energética no Brasil e no mundo, assinale a alternativa correta: a) A produção de carvão mineral, no Brasil, está entre as maiores do mundo.

As jazidas concentram-se, especialmente, em Santa Catarina, propiciando

carvão de alta qualidade e elevado poder calorífero.

b) Estabelece-se, atualmente, no Brasil, uma discussão acerca dos rumos que

o país deve tomar na exploração do petróleo do pré-sal, havendo divergências

quanto ao marco regulatório que orientará a produção daquela riqueza.

c) Os países desenvolvidos praticamente controlam o setor de energia nuclear

no mundo, já que sua produção exige elevados investimentos e

desenvolvimento de tecnologias sofisticadas, que se mostram além da

capacidade dos países em desenvolvimento.

d) Atualmente, os recursos energéticos mais utilizados no mundo são o

petróleo, o carvão, o gás natural e a água, todos denominados combustíveis

fósseis.

e) Entre os países detentores das maiores economias do mundo, o Brasil

destaca-se como um dos que mais utiliza a água como recurso energético,

superado apenas por Estados Unidos, Japão e França.

23-(CESPE/INMETRO-2009-adaptado)- O uso maciço do petróleo como matriz energética do sistema produtivo mundial está com os dias contados.

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24- (CESPE/INMETRO-2009)- Devido ao estágio de desenvolvimento econômico e ao grau de sofisticação tecnológica alcançado, os Estados Unidos da América (EUA) são, ao mesmo tempo, uma das maiores economias do mundo e o país cuja taxa de emissão de gases poluidores na atmosfera é a menor.

25- (CESPE/Bombeiro Militar/ES-2008)- Em razão da pequena participação na matriz energética brasileira, as fontes alternativas de energia não chegam a ter importância política, econômica ou social para o país.

26- (CESPE/Bombeiro Militar/ES-2008)- Tanto o carvão vegetal quanto a energia de origem hidráulica contribuem para o desenvolvimento industrial brasileiro.

27-(CESPE/Bombeiro Militar/ES-2008)- A inexistência de reservas de urânio no país e a necessidade de importação desse mineral explicam a pequena participação da energia nuclear na matriz energética brasileira.

28-(CESPE/Bombeiro Militar/ES-2008)- Derivada do petróleo, a gasolina utilizada nos grandes centros urbanos representa um problema ambiental devido à poluição do ar provocada pela sua queima nos veículos automotores.

29-(Questão Inédita)-O governo brasileiro almeja a autossuficiência em todas as etapas de produção do combustível nuclear. Todavia, o País ainda não dispõe de tecnologia de enriquecimento de urânio, o que é fundamental para a produção desse tipo de energia.

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GABARITO

1- C 7- Letra A 13- C 19-CEEC 25- E

2- C 8- Letra C 14- E 20- Letra B 26- C

3- Letra C 9- Letra E 15- E 21- Letra A 27- E

4- ECEE 10- ECE 16- E 22- Letra B 28- C

5- Letra E 11- C 17- C 23- E 29- E

6- Letra B 12- E 18- C 24- E

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Bibliografia

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GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

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Paulo: Atlas, 2009.

Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora da

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_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da Economia urbana dos países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São

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SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e território na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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AULA 08

Olá, amigos concurseiros, tudo bem? Chegamos à última aula

teórica de nosso curso. Após ela, teremos ainda dois simulados: o primeiro

deles versará sobre os assuntos relacionados da Aula 05 até a Aula 08; o

segundo, será referente a todo o curso e será comentado na íntegra.

Pois bem, no dia de hoje, veremos um assunto que, inicialmente,

não prevíamos como parte integrante do nosso curso, mas que também tem

importância para o concurso do Senado: segurança pública e defesa

nacional.

Após isso, veremos alguns tópicos relacionados à cultura, que foram

objeto da última prova do Senado. Ressalte-se que não acreditamos que esse

assunto seja cobrado no próximo concurso da forma como foi no último

certame, quando tivemos questões que só cobravam a memorização do aluno

e foram elaboradas para que ninguém (ou praticamente ninguém!) acertasse.

Antes de iniciar nossa aula, gostaríamos de falar sobre um assunto

extremamente atual, que surgiu no desenrolar do nosso curso e que está

literalmente “bombando”, sendo de cobrança certa em provas de

Conhecimentos Gerais e Atualidades: a chamada “guerra cambial”

Para falarmos sobre a “guerra cambial”, comecemos falando da

China!

A China é um país que tem experimentado enorme crescimento

econômico nos últimos anos e, ao final de 2010, terá superado o Japão e se

tornado a segundo maior economia do mundo, atrás apenas dos EUA.

Dentre os países emergentes, a China é aquele que tem

apresentado maiores taxas de crescimento econômico, sendo que isso é

resultado de diversas condicionantes, tais como:

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1)- Regime cambial rígido: o yuan (moeda chinesa) é

artificialmente desvalorizado, o que proporciona maior competitividade às

exportações chinesas.

2)- Aumento do grau de abertura econômica e financeira: a

China tem apresentado notável participação no comércio internacional, com

elevado nível de exportações e importações.

3)- Altas taxas de investimento:

4)- Investimento em formação de capital humano (educação) e

infraestrutura.

5)- Baixo custo da mão-de-obra e legislação trabalhista rígida, o

que reduz o custo das empresas.

No que diz respeito à política comercial chinesa, podemos enumerar

os seguintes pontos importantes:

1)- A política comercial chinesa é baseada na exportação de

produtos a preços extremamente baixos.

2)- Os preços baixos praticados pela China decorrem da

desvalorização artificial do yuan e, ainda, do baixo custo da mão-de-obra

naquele país.

3)- A China é acusada de promover repetidas violações aos

direitos de propriedade intelectual.

4)- No processo de internacionalização da economia, a China

tornou-se o maior receptor de investimentos estrangeiros diretos (IED) do mundo. O baixo custo da mão-de-obra chinesa é um enorme incentivo à

instalação de empresas naquele país.

O grande problema de todo esse crescimento chinês é que ele

causa efeitos perniciosos à economia mundial e brasileira. Os produtos

chineses são vendidos por preços muito baixos no mercado internacional, o

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que torna difícil a concorrência para as empresas dos outros países. Em um

contexto em que a Europa e os EUA ainda se ressentem dos efeitos da

crise econômica eclodida em 2008, a concorrência chinesa torna-se

predatória e resulta no aumento do desemprego e no fechamento de

indústrias.

No Brasil, a indústria nacional, por meio de suas entidades

representativas, tais como a FIESP, afirma que há no país um grande risco de

desindustrialização. Isso é explicado pelo crescente aumento das

importações brasileiras, com destaque para os produtos de origem chinesa e

asiática. O aumento do volume de importações pode ser explicado pela

sobrevalorização do real frente ao dólar. Nesse contexto, a indústria

nacional pressiona o governo brasileiro para que este desvalorize o real como

forma de conter as importações.

Os efeitos perniciosos das importações chinesas sobre a economia

mundial têm aumentado as pressões dos EUA e da Europa sobre a China

no sentido de que este país valorize o yuan. Ao mesmo tempo, os EUA já

sinalizaram a intenção de estimular suas exportações e reduzir as importações,

o que poderá ser feito por meio da desvalorização do dólar. Concretizando

essa idéia, o FED (Banco Central dos EUA) anunciou que irá comprar US$

600 bilhões em títulos do Tesouro americano até o final do primeiro

semestre de 2011. A medida injeta dinheiro na economia norte-americana,

deixando-a com excesso de liquidez, desvalorizando o dólar e valorizando as

outras moedas. Pode-se dizer, assim que vive-se uma verdadeira “guerra

cambial”. Vejamos:

1)- A China mantém o yuan artificialmente desvalorizado, o que

favorece suas exportações.

2)- Os EUA e a Europa pressionam a China no sentido de que

este país valorize o yuan.

3)- Os EUA incentivam a desvalorização do dólar como forma de

estimular sua economia e de incentivar suas exportações.

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4)- Com a desvalorização do dólar, as moedas dos outros

países (inclusive o real) se tornam mais valorizadas em relação a este

5)- Com a valorização do real frente ao dólar, a indústria

nacional sai prejudicada, o que a leva a pressionar o governo brasileiro

para que contenha esse processo.

Recentemente, o governo brasileiro aumentou o IOF incidente sobre

algumas aplicações do capital de origem estrangeira no país. O objetivo dessa

medida é diminuir a presença de capital especulativo no país, diminuindo a

oferta de dólar e conseqüentemente desvalorizando o real. O BACEN tem

também comprado dólares, isto é, retirado dólares do mercado, a fim de evitar

a desvalorização da moeda norte-americana frente ao real.

Na última reunião do G-20, o tema central foi justamente a

denominada “guerra cambial”, que se baseia no recurso protecionista às

desvalorizações cambiais competitivas.

_________________________x__________________________

Bem, agora que já falamos sobre a “guerra cambial”, voltemos à

nossa aula. Todos preparados? Então mãos à obra!

1-SEGURANÇA E DEFESA NACIONAL:

A segurança nacional é um dever do Estado moderno para com

seus cidadãos. Mas afinal, o que engloba a segurança nacional? Do que ela

trata? Bem, é atribuição estatal resguardar a integridade territorial, a proteção

de sua população, além de tutelar os interesses nacionais diante de uma

ameaça ou agressão externa. Assim, a segurança nacional está diretamente

relacionada ao conceito de soberania. Quando falamos em segurança nacional,

temos que nos lembrar imediatamente, portanto, das Forças Armadas.

As Forças Armadas, segundo a própria CF/88, são instituições

permanentes e regulares cujo objetivo primordial é a defesa da Pátria. Mas

defesa contra o quê? A CF/88 não deixa explícito, mas as FFAA se prestam à

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defesa da Pátria contra uma agressão externa ou contra algum fato que atente

contra a soberania nacional.

A Polícia Federal, por sua vez, atua no sentido de proteger os bens

e interesses da União, além de atuar na repressão de tráfico ilícito de drogas e

entorpecentes e de crimes transfronteiriços. Por sinal, atuar como polícia de

fronteiras e aeroportuária é uma atribuição fundamental da PF.

Pois bem, dito tudo isso, já é possível termos uma noção mais

precisa do conceito de segurança nacional, não é mesmo?

Segundo especialistas, segurança nacional é “uma condição pela

qual os Estados consideram que não existe perigo de uma agressão

militar, pressões políticas ou coerção econômica, de maneira que podem

dedicar-se livremente a seu próprio desenvolvimento e progresso”.

Por sua vez, a defesa nacional são as ações desencadeadas pelo

Estado, detentor legítimo dos meios de coerção, para proporcionar a

segurança. Mas de que forma o Estado pode assegurá-la?

A atuação estatal deverá ser desencadeada nos mais diversos

campos: político, diplomático, militar, ambiental... Todavia, quando se fala em

defesa nacional, a ênfase é na expressão militar, que visa à defesa do

território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças externas

potenciais ou iminentes.

Falar em segurança e defesa nacional envolve uma análise dos

ambientes internacional e regional e de como estes afetam os interesses

brasileiros. Afinal de contas, existem ou não ameaças aos interesses do Brasil

no cenário internacional?

Para responder a essa pergunta e, ao mesmo tempo, identificar os

principais objetivos brasileiros no que diz respeito a esse assunto, tomaremos

como base a atual “Política de Defesa Nacional”, combinado? Esse é um

documento que acreditamos que vocês devem ler com atenção!

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Primeira pergunta: “Será que existe atualmente a possibilidade de

conflito internacional generalizado entre os países?”

Bem, após a Segunda Guerra Mundial, o mundo viveu, conforme já

estudamos anteriormente, um período conhecido como Guerra Fria. Nessa

época, o mundo era bipolarizado, isto é, dividido entre um bloco de países

capitalistas e outro bloco socialista. A corrida armamentista era tão intensa e o

arsenal nuclear que EUA e União Soviética possuíam era tão grande que daria

para destruir o mundo inúmeras vezes. O resultado é q9ue ninguém queria

“apertar o botão”. Afinal de contas, se alguém explodisse uma bomba nuclear,

isso resultaria em uma sucessão de explosões, o que seria uma catástrofe

mundial.

A disputa por áreas de influência entre EUA e URSS durante o

período da Guerra Fria fazia com que houvessem conflitos locais. Foi o caso da

Guerra da Coréia, Guerra do Afeganistão, Guerra do Vietnã, a crise dos

mísseis em Cuba e outras. A ocorrência de um conflito internacional

generalizado à essa época não era mais algo palpável, já que, conforme

dissemos anteriormente, resultaria em uma catástrofe nuclear.

Atualmente, essa possibilidade também é remota! Os conflitos, após

a Guerra Fria, assumiram outras características. A nova ordem internacional

é marcada pela exacerbação de nacionalismos, conflitos étnicos e

religiosos e, ainda, pela fragmentação de Estados – como, por exemplo, no

caso da ex-Iuguslávia.

Respondendo, então, de forma bem objetiva à pergunta, é muito

remota a probabilidade de ocorrência de um conflito generalizado entre

os países na atualidade, conforme prega a “Política de Defesa Nacional”

do Estado brasileiro.

Segunda pergunta: “Quais podem ser potenciais fontes de conflito

no século XXI?”

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A nova ordem internacional tem como característica a redução do

grau de previsibilidade das relações internacionais. Na época da Guerra

Fria, ou um país se alinhava ao bloco capitalista ou ao bloco socialista. Hoje,

isso não mais existe! Todavia, junto com a nova ordem internacional surgiram

ameaças e fontes potenciais de conflito:

1)- A globalização, ao mesmo tempo em que aproximou e promoveu

interdependência entre os países, deixou evidentes as heterogeneidades.

Assim, aprofundaram-se os nacionalismos, os conflitos étnicos e

religiosos.

2)- Possibilidade de disputas por áreas marítimas, domínio

aeroespacial, fontes de água doce e de energia, as quais são cada vez mais

escassas.

3)- A proteção do meio ambiente tornou-se questão de

fundamental relevância no cenário internacional. Nesse sentido, países com

grande biodiversidade podem sofrer com interferências externas, tornando-se

objeto da cobiça internacional.

4)- Crescimento do terrorismo internacional, crime organizado e

tráfico internacional, o que, em parte é provocado pelo aperfeiçoamento dos

meios de comunicação.

5)- Existência de grandes assimetrias de poder no campo militar.

Embora no campo econômico possamos falar em multipolaridade, no campo

militar, há a hegemonia dos EUA.

Terceira pergunta: “Qual seria a solução mais eficaz para o

desenvolvimento e bem estar da humanidade?”

De acordo com a “Política de Defesa Nacional”, o melhor caminho

seria a “prevalência do multilateralismo e o fortalecimento dos princípios

consagrados pelo direito internacional como a soberania, a não-

intervenção e a igualdade entre os Estados.” Desta feita, deve-se buscar a

cooperação intergovernamental no âmbito de organizações internacionais,

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como, por exemplo, a ONU. Aliás, o surgimento de organizações internacionais

(atores não-estatais) é o resultado da percepção de que existem questões que

devem ser enfrentadas pela sociedade internacional de forma conjunta.

Respondidas essas perguntas, precisamos compreender como o

Brasil se insere nesse contexto internacional! E para analisar a inserção

brasileira no contexto internacional, precisamos levar em consideração seu

“entorno estratégico” e suas ambições no concerto das nações.

Quanto ao seu entorno estratégico, o Brasil está localizado na

América do Sul, região que está distante dos grandes focos de conflito

mundiais – Oriente Médio, Índia e Paquistão, Coréia do Sul x Coréia do Norte –

e livre de armas nucleares.

O continente sul-americano é marcado por ampla heterogeneidade

política, social e econômica. Ao mesmo tempo em que há países com o regime

democrático consolidado, como o Brasil, há outros em que ainda persistem

regimes autoritários, que limitam a liberdade de imprensa e de opinião, como é

o caso da Venezuela. No campo econômico, existem países com economia

madura – Brasil e Argentina-, enquanto outros são mais frágeis

economicamente – Bolívia e Paraguai. Já no campo social, a América do Sul

sofre, de forma generalizada, com o problema da desigualdade na distribuição

de renda e com a concentração do poder econômico nas mãos de uma

minoria.

A existência de todas essas heterogeneidades é um ponto que cria

complicações ao processo de integração na América do Sul, o que, juntamente

com a consolidação democrática, contribuiria sobremaneira para a redução da

possibilidade de conflitos na região. Embora a iniciativa de formação da

UNASUL ressalte a intenção de congregar todos os países da região sob um

único bloco econômico, o que se vê atualmente é que há dois blocos com força

no continente: o MERCOSUL (formado por Brasil, Argentina, Paraguai e

Argentina) e a Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia, Equador e Peru).

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Considerando que, conforme afirma a Política de Defesa Nacional, a

segurança de um país é afetada pelo grau de instabilidade da região em que se

insere, é importante termos uma noção de como funcionam as relações

políticas entre os países sul-americanos. A seguir, comentamos situações

relevantes nas relações entre os países da região:

- Brasil-Argentina: Brasil e Argentina são as duas maiores

economias da América do Sul. A conseqüência disso é que suas relações

comerciais são bastante aprofundadas, existindo projetos de cooperação em

diferentes áreas econômicas e grande fluxo de investimento entre os países.

Todavia, nos últimos tempos, têm aumentado a “troca de gentilezas”

protecionistas entre esses dois países.

No campo político, a diferença de posição mais visível que existe

entre Brasil e Argentina é com relação à reforma do Conselho de

Segurança da ONU. A Argentina não aceita que o Brasil se torne um membro

permanente desse órgão.

- Brasil-Bolívia: O governo de Evo Morales tem como marca

registrada uma retórica nacionalista, que tem como idéia-força a defesa da

soberania nacional. Seguindo essa linha de pensamento, várias empresas

foram estatizadas. Destaca-se entre elas a controversa estatização de

refinarias da Petrobrás localizadas em território boliviano. A decisão de

nacionalizar a exploração de hidrocarbonetos é algo que está relacionado à

pressão sofrida por movimentos populares que foram responsáveis pela

eleição de Evo Morales.

O governo de Evo Morales, embora tenha o apoio de alguns

setores da sociedade, também sofre de grande oposição interna por parte

dos governadores dos Departamentos (similar a estados) mais ricos do

país. Eles não reconhecem a Constituição de 2007, que foi votada sem sua

participação. Em janeiro de 2009, diante de pressões oposicionistas, essa

Constituição foi alterada e aprovada em referendo pela população. Ainda hoje

persiste grande controvérsia política entre oposição e governistas na Bolívia.

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Uma questão crucial na política externa boliviana é a ausência

de saída para o mar (Oceano Pacífico), o que dificulta sua logística de

transportes. Esse assunto remonta a um grave problema geopolítico da

região! Ocorre que entre 1879 e 1883, Bolívia e Peru se defrontaram contra o

Chile no conflito que ficou conhecido por Guerra do Pacífico, originada a partir

de uma controvérsia sobre a posse de parte do deserto do Atacama rica em

recursos minerais. Tendo o Chile vencido a guerra, a Bolívia perdeu sua saída

para o mar, o que gera até hoje tensões geopolíticas entre os dois países. Ao

ler a atual Constituição Boliviana, verifica-se que um dos objetivos nacionais

daquele país é a recuperação do acesso ao Pacífico.

- Brazil- Venezuela: As relações entre Brasil e Venezuela são

bastante estreitas, embora haja algumas questões que se constituem pontos

de tensão: a conduta antiamericanista, possíveis relações secretas com grupos

guerrilheiros, a implementação de uma nova doutrina militar e compras de

armamentos.

No campo econômico, a Venezuela está a um passo de tornar-se

membro do MERCOSUL, bastando para isso a aprovação paraguaia. O Brasil

recentemente aprovou a adesão da Venezuela ao bloco, o que foi resultado

principalmente do apoio do Presidente Lula.

- Brasil-Colômbia: A aproximação do Brasil em relação à

Venezuela causou um certo distanciamento em relação à Colômbia, o que está

relacionado à aliança militar que este país possui com os EUA. Dentre os

presidentes sul-americanos, o colombiano Álvaro Uribe é o maior aliado dos

EUA. Recentemente, Uribe foi substituído pelo novo presidente eleito Juan

Manuel Santos.

Os EUA possuem um acordo de cooperação com a Colômbia que

permite a instalação de bases militares norte-americanos em território

colombiano. Dessa forma, há uma ampliação da participação militar dos EUA

na América do Sul, que se propõe a combater o narcotráfico, atividade ilícita

que financia a atuação da guerrilha colombiana intitulada FARC. Segundo

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muitos especialistas, os reais objetivos dessa “guerra às drogas” são

geoestratégicos, geopolíticos e econômicos.

A possibilidade de instalação de bases militares norte-americanas na

Colômbia e as FARC têm sido ponto de tensão na América do Sul,

principalmente em relação ao Equador e à Venezuela. Em 2008, o exército

colombiano matou, em território equatoriano, o segundo dirigente mais

importante das FARC à época. Essa incidente causou uma crise político-

diplomática entre Equador e Colômbia, motivada pela violação à integridade

territorial equatoriana.

Recentemente, vimos também uma crise diplomática entre Colômbia

e Venezuela, instaurada a partir de declarações do embaixador da Colômbia de

que a Venezuela estaria apoiando as FARC. Diante dessas declarações,

presidente da Venezuela rompeu relações diplomáticas com a Colômbia.

Todavia, assim que o novo presidente Juan Manuel Santos assumiu o

poder na Colômbia, os laços diplomáticas entre os dois países foram

reatados.

- Brasil-Paraguai: O ponto de tensão entre Brasil e Paraguai é a

usina hidrelétrica de Itaipu. A construção dessa hidrelétrica teve como objetivo,

além de aproveitar o alto potencial hidrelétrico da área, pôr termo a um

desentendimento entre esses dois países no que diz respeito à posse da região

do Salto de Sete Quedas, que hoje está coberta pelo lago da usina.

O Tratado de Itaipu estabelece que cada um dos contratantes –

Brasil e Paraguai – teria direito a 50% da energia produzida na usina. Como o

Paraguai, consome somente cerca de 5% do que é produzido pela usina, o

restante fica disponível para ser vendido ao Brasil, que fica, por sua vez, com

95% da energia.

Em 2009, houve uma renegociação nos termos do Tratado de Itaipu,

por meio da qual se estabeleceu que o Brasil deveria pagar um preço mais

justo pela energia vendida pelo Paraguai. Além disso, o Paraguai ganhou

liberdade para vender a energia de Itaipu para outros países que não o Brasil.

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-Venezuela-EUA: Com a posse de Obama, a tensão entre

Venezuela e EUA tem diminuído, embora ainda sejam grandes. O presidente

Venezuelano Hugo Chávez possui um discurso nacionalista e antiamericanista,

sendo seu governo marcado pelo autoritarismo e limitação da liberdade de

imprensa. No campo comercial, as relações entre EUA e Venezuela são

bastante estreitas, principalmente no que diz respeito às exportações de

petróleo venezuelanos.

E o Brasil? Quais são seus principais interesses estratégicos?

A política externa brasileira tem concentrado suas atenções em

quatro focos distintos:

1)- Negociações multilaterais em diferentes fóruns

internacionais;

2)- Consolidação da posição de líder regional na América do

Sul;

3)- Ampliação da participação em outros continentes e;

4) Reforma do Conselho de Segurança da ONU (Organização

das Nações Unidas).

Analisando-se a política externa brasileira, percebe-se que,

atualmente, toda ela gira em torno de obter maior voz no cenário internacional,

com vistas a tornar-se o Brasil um membro permanente do Conselho de

Segurança das Nações Unidas, o que lhe garantiria poder de veto nas decisões

tomadas por esse órgão. Assim, o Brasil busca ampliar sua participação na

discussão das principais questões globais – mudanças climáticas,

desenvolvimento sustentável, Rodada Doha, combate à pobreza. Para isso,

tem atuado de forma significativa nos mais importantes fóruns internacionais –

ONU, OMC (Organização Mundial do Comércio) e G-20.

Seguindo, ainda, essa mesma estratégia, o Brasil busca como uma

de suas prioridades promover a integração na América do Sul. Todavia, é certo

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que essa não é uma tarefa fácil. Isso porque, embora os governos dos países

sul- americanos sejam predominantemente de esquerda – o que favorece o

ambiente político – há pensamentos econômicos divergentes entre os países.

De um lado, há aqueles que buscam acordos de livre comércio com os EUA –

Colômbia, Chile e Equador – e de outro os que têm uma visão mais industrial e

desenvolvimentista e buscam o comércio com seus vizinhos – Argentina, Brasil

e Venezuela.

Pois bem, agora que já analisamos as ambições brasileiras no

cenário internacional, assim como seu “entorno estratégico”, vejamos quais as

prioridades da Política de Defesa Nacional no que diz respeito ao

planejamento de defesa brasileiro.

O Brasil é um país continental, que possui uma larga faixa de

fronteira terrestre, sendo limítrofe à grande maioria dos países sul-americanos.

Somado a isso, o país possui grande diversidade fisiográfica, além de um

extenso litoral. Tudo isso torna o planejamento de defesa complexo,

demandando, segundo a Política de Defesa Nacional, política geral e

abordagem específica para cada caso.

Assim, o planejamento de defesa leva em consideração todas as

áreas do território nacional, principalmente aquelas em que maior concentração

do poder político e econômico. Complementarmente, são priorizadas as

regiões da Amazônia e do Atlântico Sul.

Em relação à Amazônia, esta área possui enorme potencial de

riquezas minerais e de biodiversidade, tornando-se, portanto, foco da atenção e

cobiça internacionais. Ao mesmo tempo, é uma região do país com baixa

densidade demográfica, possuindo como conseqüência uma presença

relativamente pequena do Estado, inclusive nas áreas de fronteiras. Tais

características da região facilitam a práticas de ilícitos transnacionais e a

atuação de grupos contrários aos interesses nacionais.

Algumas questões são internacionalmente discutidas a respeito da

Amazônia. Segunda a “teoria da ingerência”, alguns países desenvolvidos

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afirmam a necessidade de intervenção da comunidade internacional na

Amazônia, com vistas a evitar a devastação florestal, proteger os direitos

humanos dos índios e combater o narcotráfico. Todavia, segundo o

discurso nacionalista, esses argumentos podem servir apenas como um

pretexto para a relativização da soberania brasileira sobre um território dotado

de imensa riqueza mineral e em biodiversidade.

Para fazer frente aos problemas da região, a Política de Defesa

Nacional estabelece o seguinte:

“A vivificação, política indigenista adequada, a exploração sustentável

dos recursos naturais e a proteção ao meio-ambiente são aspectos

essenciais para o desenvolvimento e a integração da região. O

adensamento da presença do Estado, e em particular das Forças

Armadas, ao longo das nossas fronteiras, é condição necessária para

conquista dos objetivos de estabilização e desenvolvimento integrado da

Amazônia.”

No que diz respeito aos interesses estratégicos brasileiros sobre o

Atlântico, chama-nos atenção a “Amazônia Azul”. Em 1994, entrou em vigor a

Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM). Esse tratado

internacional estabelece até onde vai o mar territorial (até 12 milhas náuticas),

a zona contígua (até 24 milhas náuticas), a zona econômica exclusiva (200

milhas náuticas) e trata,ainda, do limite exterior da plataforma continental.

Ocorre que, em relação à extensão da plataforma continental, a

CNUDM não estabelece uma distância igual pra todo mundo. Ao contrário, ela

dispõe que cada país deve apresentar sua proposta de plataforma continental.

E o Brasil, será que já fez isso?

Já, com certeza! E a extensão apresentada pelo Brasil como

proposta busca ampliar nossa extensão territorial sobre o mar para 4,4 milhões

de quilômetros quadrados. (atualmente a extensão é de cerca de 3,5 milhões).

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Agora imagine só, meu amigo, o quanto isso representa em riquezas

para nosso país. Na plataforma continental, o país tem direitos exclusivos para

o aproveitamento dos recursos naturais. O potencial de riqueza dessa região é,

sem dúvida, muito grande, principalmente no que diz respeito à exploração de

petróleo e gás

Uma pergunta: por que essa região é chamada de Amazônia Azul?

Primeiro, em razão de sua grandeza - pouco maior que a metade do território

nacional. Segundo, pelas riquezas presentes em seu território.

Mas será que há interesses da comunidade internacional nessa

região?

Com certeza, meus amigos! Logo após o Brasil ter anunciado a

descoberta do pré-sal, os Estados Unidos declararam não reconhecer a

soberania brasileira sobre a área de 200 milhas náuticas, considerada zona

econômica exclusiva. Além disso, reativaram a 4ª Frota Norte-Americana para

o Caribe e o Atlântico Sul. Oficialmente, o governo norte-americano afirma que

o objetivo de reativação dessa frota é impedir o uso do mar pelos

narcotraficantes. Todavia, isso pode ser somente um pretexto para espionar

como o Brasil irá cuidar de todo o óleo submerso recém-descoberto na camada

pré-sal.

Como podemos perceber, o Brasil é um país dotado de imensa

riqueza, que se manifesta na Amazônia e em sua plataforma continental,

podendo tornar-se alvo da cobiça internacional e motivar situações de conflito

no futuro. Daí surge a necessidade de se fortalecer a capacidade nacional no

campo da defesa. Além disso, é importante termos em mente que um país

precisa possuir uma capacidade de defesa compatível com suas

ambições políticas no cenário internacional.

Não se trata somente de ter Forças Armadas preparadas e bem

equipadas. É muito mais que isso! A capacidade de defesa envolve a

participação dos setores governamental, industrial e acadêmico, os quais

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devem atuar em um esforço integrado de busca pelo desenvolvimento científico

e tecnológico. Segundo a Política de Defesa Nacional:

“O desenvolvimento da indústria de defesa, incluindo o domínio

de tecnologias de uso dual, é fundamental para alcançar o abastecimento

seguro e previsível de materiais e serviços de defesa.”

Quanto aos investimentos na indústria de defesa, sua importância

reside justamente na produção da chamada tecnologia de uso dual, assim

chamada por sua aplicação no campo militar e na sociedade de forma geral.

Historicamente, os grandes avanços tecnológicos surgiram primeiramente

direcionados para a área militar, passando depois à utilização pela sociedade

em geral. Como exemplo, citamos a própria Internet, que começou com um

projeto militar norte-americano da década de 60.

No dia 25/08/2010, foi sancionada lei complementar que ficou

conhecida como Lei da Nova Defesa, que tem como objetivo principal

reestruturar a defesa brasileira. Algumas novidades importantes acerca dessa

nova lei foram:

1)- Criação do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, com o

objetivo de promover uma atuação mais integrada das Forças Armadas

(Marinha, Exército e Aeronáutica).

2)- A formulação da proposta orçamentária das Forças Armadas

será elaborada em conjunto com o Ministério da Defesa.

3)- A lei estende à Marinha e à Aeronáutica a competência, antes

atribuída apenas ao Exército, para realizar patrulhamento, revista e prisões em

flagrante em regiões da faixa de fronteira. Ressalte-se que a ação das FFAA

nas fronteiras é complementar à das polícias, não substituindo estas.

Vejamos palavras do Ministro Jobim por ocasião da sanção da Lei

da Nova Defesa pelo Presidente Lula:

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“O Brasil começa, então, a ter condições de ter aquilo que Vossa

Excelência disse ao aprovar a Estratégia Nacional de Defesa: O Brasil terá

condições de dizer “sim” quando no mundo tiver que dizer “sim” e quiser

dizer “sim”, e precisar dizer “sim”. Mas o Brasil também terá condições

de dizer “não” quando precisar dizer “não”, seja a quem for, seja ao

Estado que for, na afirmação dos interesses brasileiros e nos interesses

de sua soberania”.

Particularmente, acreditamos que as palavras do Ministro da Defesa

são por demais entusiastas, já que o Brasil ainda está longe de possuir Forças

Armadas compatíveis com os seus objetivos estratégicos. De qualquer forma,

pode-se dizer que estão sendo dados os primeiros passos na implementação

efetiva da estratégia de segurança nacional. Todavia, ainda há muito a ser

feito!

Bom, pessoal, isso é o que nós tínhamos a dizer sobre segurança e

defesa nacional. Vejamos agora algumas questões de prova relacionadas ao

tema:

(CESPE/ABIN-2008)- A permeabilidade das fronteiras, as modificações operadas pela globalização e a porosidade das relações entre economia internacional e Estado nacional geraram novos desafios para a defesa e a segurança do Estado. A respeito desse tema, julgue os itens a seguir:

1-Fatores que são apresentados como impulsionadores do declínio do Estado e da soberania, como o terrorismo internacional, o crime organizado, o narcotráfico e a ameaça de espionagem, são igualmente responsáveis pela ampliação e expansão de estruturas de inteligência sob comando estatal em quase todo o mundo.

COMENTÁRIOS:

O terrorismo internacional, o crime organizado, o narcotráfico e a

ameaça de espionagem são alguns dos atuais desafios às políticas de

segurança dos Estados. Para combatê-los, é necessário investir nos serviços

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de inteligência estatal. No Brasil, a Política de Defesa Nacional também segue

essa tendência, estabelecendo o seguinte:

“A ausência de litígios bélicos manifestos, a natureza difusa das atuais

ameaças e o elevado grau de incertezas, produto da velocidade com que as

mudanças ocorrem, exigem ênfase na atividade de inteligência e na

capacidade de pronta resposta das Forças Armadas...”

2-Nos Estados democráticos, cresce a demanda pela formação e implementação de políticas governamentais voltadas para os controles e supervisões dos serviços de inteligência.

COMENTÁRIOS:

Os serviços de inteligência têm como ponto central a atividade de

busca de informações. Não se trata de uma simples atividade de coleta de

informações, na qual são utilizadas fontes abertas – de conhecimento

disponível ao público. Ao contrário, a busca de informações baseia-se na busca

por fontes fechadas.

Mas como a inteligência pode ter acesso a informações de fontes

fechadas? Será legítimo fazer uma escuta telefônica? E colocar uma escuta

ambiental?

Há pouco tempo atrás tivemos no Brasil uma polêmica acerca da

participação da ABIN na Operação Satiagraha, conduzida pelo Delegado da PF

Protógenes Queiroz, que resultou na prisão temporária do banqueiro Daniel

Dantas. Teria a ABIN realizado escuta telefônica de autoridades dos Poderes

Executivo, Legislativo e Judiciário, sem qualquer autorização judicial para isso,

ferindo preceitos constitucionais. Até o Ministro Gilmar Mendes (presidente do

STF) teria sido “vítima” de escuta telefônica!

Realmente, conforme afirma a questão, há uma crescente demanda

nos estados democráticos pela existência de controle e supervisão dos

serviços de inteligência. Isso porque a atividade de inteligência deve ser

realizada, respeitando-se os direitos fundamentais da pessoa humana.

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3- Para garantir a segurança do Estado, não importa o regime político, devendo a eficiência e a eficácia dos serviços de inteligência sobre matérias relevantes, como o terrorismo internacional, prevalecer sobre o princípio da transparência.

COMENTÁRIOS:

Nos regimes democráticos, a atividade de inteligência deve ser

conduzida de forma a obedecer aos direitos fundamentais da pessoa humana.

Assim, o princípio da transparência prevalece mesmo sobre a eficácia e a

eficiência dos serviços de inteligência. Em outras palavras, na atividade de

inteligência, os fins não justificam os meios. Questão errada.

4- (CESPE/ABIN-2004)- Embora partilhada com um número reduzido de países, a fronteira amazônica é considerada estratégica, porque corresponde à área de maior intercâmbio comercial do Brasil com seus vizinhos da América do Sul.

A Amazônia é como um todo considerada área estratégica em razão

de sua ampla biodiversidade e riqueza mineral. No que diz respeito à fronteira

amazônica, esta é bastante extensa e com baixíssima densidade demográfica,

o que dificulta o controle estatal e facilita o contrabando de drogas e

armamentos.

A questão está errada, porque a área que possui maior intercâmbio

comercial com os países vizinhos é a região Sul do país.

5- (CESPE/ABIN-2004)- Para a segurança nacional, a relevância estratégica de um sistema integrado de vigilância cobrindo a Amazônia, como é o caso do SIVAM, justifica a forma pela qual se deu sua licitação, restrita a empresas nacionais e sem suscitar controvérsias no âmbito do governo federal.

O SIVAM é um sistema que possibilita vigilância da Amazônia,

contribuindo para a produção de informações daquele ambiente operacional.

Trata-se, portanto, de um projeto intimamente ligado à atividade de inteligência,

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atendendo também aos interesses das Forças Armadas de ter um melhor

monitoramento da Região Amazônica. Com a implantação do SIVAM, é

possível ter amplo monitoramento sobre a Amazônia, com vistas a combater o

narcotráfico e o desmatamento.

A questão está errada porque houve muitas controvérsias em relação

à implantação do SIVAM pelo governo federal. Em primeiro lugar, quem

ganhou o contrato foi o grupo americano Raytheon, o que, segundo alguns

especialistas, representa vulnerabilidade do sistema, na medida em que ficam

disponíveis a estrangeiros informações estratégicas de segurança nacional. Em

segundo lugar, a Raytheon ganhou o contrato por dispensa de licitação, o que

foi por muitos contestado. Por fim, o caso SIVAM resultou em uma CPI, que

teve como objetivo apurar acusações de corrupção e tráfico de influências no

contrato bilionário para a implantação do sistema.

6- (CESPE-SNJ-2005)- Entre as mais conhecidas formas de crime organizado na atualidade, estão o tráfico internacional de drogas ilícitas, o contrabando de armas e o tráfico de mulheres.

No cenário internacional, cresce a atuação de atores não-estatais na

prática de atividades ilícitas. Trata-se de organizações transnacionais que

atuam no tráfico internacional de drogas, contrabando de armas e tráfico de

mulheres.

7- (CESPE-SNJ-2005)- Os indiscutíveis êxitos obtidos pelo Plano Colômbia, idealizado e financiado pelos Estados Unidos da América (EUA), explicam a sensível redução da entrada e do consumo de drogas ilícitas no território norte-americano.

O Plano Colômbia representa um apoio dado ao governo dos EUA

ao governo colombiano, que tem como objetivo de combater o tráfico de drogas

na região. Ao mesmo tempo, busca desestabilizar o grupo pára-militar

conhecido por FARC.

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Oficialmente, os EUA, na condição de principal mercado consumidor

das drogas colombianas, busca reduzir a entrada e o consumo de drogas

ilícitas em seu território. Todavia, segundo especialistas, isso é apenas um

pretexto para aumentar a sua presença militar na região. Quanto a isso,

ressalte-se que a Amazônia colombiana é fonte de grande biodiversidade e

riqueza mineral.

O combate contra as FARC é assunto que também preocupa os

interesses brasileiros. Como a região amazônica se caracteriza pela incipiente

presença estatal e falta de vivificação das fronteiras, é possível que esses

grupos guerrilheiros ingressem no lado de cá da fronteira. Alguns incidentes

envolvendo as FARC já ocorreram no território nacional, inclusive com mortes

de soldados brasileiros.

Mas, voltando à questão, será que o Plano Colômbia tem obtido

êxito? E será que houve redução da entrada e do consumo de drogas ilícitas

no território norte-americano?

O Plano Colômbia não tem obtido resultados satisfatórios no

combate às drogas. Isso porque os EUA tem direcionado suas ações para

destruição das plantações ilegais de coca, mas não conseguiram eliminar a

distribuição e comercialização das drogas. Logo, a questão está errada.

8- (CESPE- Polícia Federal-2004)- Entre as formas clássicas de atuação do crime organizado, em escala mundial, podem ser citados o tráfico de drogas ilícitas, o contrabando – como o de armas, por exemplo – e a remessa ilegal de divisas para centros financeiros no exterior.

O crime organizado tem diferentes formas de atuação em escala

mundial: tráfico de drogas ilícitas, contrabando de armas e também a remessa

ilegal de divisas para centros financeiros no exterior – os paraísos fiscais. A

questão está, portanto, correta.

(CESPE- Polícia Federal-2004)- “Levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) indica que o crime organizado movimenta US$ 2

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trilhões ao ano no mundo, dos quais US$ 1,3 trilhão ingressa no sistema financeiro para fins de lavagem. Os países industrializados, sobretudo os Estados Unidos da América (EUA), lideram o ranking em volume de dinheiro. Mas o Brasil, conforme a mesma estimativa, tem participação importante nesse mercado sujo, entre 2% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a algo entre US$ 10 bilhões e US$ 25 bilhões. Metade desse valor provém da corrupção e o restante, de crimes como o tráfico de drogas e de armas e contrabando.”

Vanildo Mendes. ONU indica lavagem de US$ 1,3 bilhão. In: O Estado de S. Paulo, 2/9/2004, p. 9A (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando as diversas implicações do tema que ele focaliza, julgue os itens a seguir:

9-Pelo que o texto informa, os denominados países emergentes, em particular alguns asiáticos e latino-americanos, têm importância secundária no tráfico internacional de drogas, o que se explica pelo seu relativamente baixo potencial de consumo.

COMENTÁRIOS:

Os países em desenvolvimento têm sim grande importância no

tráfico internacional de drogas, na condição de produtores. Basta olharmos

para a América do Sul e já veremos claramente isso. Somente nesse

continente, estão três dos maiores produtores de cocaína do mundo: Colômbia,

Bolívia e Peru. Outros países como Afeganistão e Tailândia também são

grandes produtores de drogas. Logo, a questão está errada

10- Infere-se do texto que o sistema financeiro internacional tem algum tipo de responsabilidade no incremento do crime organizado em escala mundial, na medida em que legaliza parte considerável do dinheiro gerado pelas atividades ilícitas.

COMENTÁRIOS:

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O sistema financeiro internacional é dotado de mecanismos muito

frágeis para combater o crime de “lavagem de dinheiro”. Existem os chamados

paraísos fiscais, que são centros financeiros que têm o mínimo de burocracia,

não tributam operações financeiras e ainda contam com grande sigilo fiscal.

Um exemplo de paraíso fiscal são as Ilhas Cayman, constituindo um

dos maiores centros financeiros do mundo. Para se ter uma idéia, segundo

Jaime de Mariz Maia, em 2000, o número de empresas isentas de imposto

(cerca de 45 mil) era maior do que o de habitantes (cerca de 36 mil).

Os paraísos fiscais permitem facilidades para que os recursos

originários de atividades ilícitas sejam legalizados. Nesse sentido, suas

características dificultam as investigações relacionadas aos crimes de lavagem

de dinheiro, que muitas vezes estão relacionados ao crime organizado.

Logo, a questão está correta.

11-Na realidade brasileira dos dias atuais, a ação do narcotráfico não é um fato isolado, estando muitas vezes entrelaçada com o processo de compra e venda ilegal de armas.

COMENTÁRIOS:

O narcotráfico é uma atividade ilícita que está ligada ao tráfico de

armas. Basta pensarmos nas grandes favelas do Rio de Janeiro, onde o

dinheiro do tráfico de drogas serve para adquirir armamentos, aumentando a

força do crime organizado. Questão correta.

12-Os chamados paraísos fiscais acabam por dar suporte ao crime organizado e a uma série de atividades financeiras ilícitas ou não totalmente corretas, devido à extrema flexibilidade de seu sistema financeiro e às evidentes facilidades oferecidas a quem queira neles aplicar seu dinheiro.

COMENTÁRIOS:

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As características dos paraísos fiscais (mínima burocracia, isenção

sobre operações financeiras e sigilo fiscal) dão suporte ao crime organizado e a

atividades ilícitas de forma geral. Questão correta.

13-A legislação brasileira sobre lavagem de dinheiro é considerada uma das mais avançadas do mundo porque, ao contrário do que ocorre em outros países, no Brasil não se especificam os tipos de crimes dos quais resulta o dinheiro ilícito, o que facilita a ação policial e judiciária.

COMENTÁRIOS:

A legislação brasileira sobre a lavagem de dinheiro (Lei no 9613/98)

especifica sim os tipos de crimes dos quais resulta o dinheiro ilícito, o que torna

a questão errada. Segundo o que prescreve a referida, os valores ocultados

são provenientes, direta ou indiretamente, de crimes: i) de tráfico ilícito de

substâncias entorpecentes ou drogas afins; ii) de terrorismo e seu

financiamento; iii) de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material

destinado à sua produção;iv) de extorsão mediante seqüestro; v) contra a

Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou

indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática

ou omissão de atos administrativos;vi) contra o sistema financeiro nacional;vii)

- praticado por organização criminosa; viii) praticado por particular contra a

administração pública estrangeira.

À época em que foi criada, a legislação brasileira sobre lavagem de

dinheiro foi considerada uma das mais avançadas do mundo.

14-Os males advindos da corrupção e da ação do crime organizado, sobretudo em países emergentes, como é o caso do Brasil, incluem seu impacto sobre o desenvolvimento econômico e social, afetando-o direta ou indiretamente, a começar pela sangria que promove nas reservas do país.

COMENTÁRIOS:

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A corrupção e o crime organizado impactam decisivamente sobre o

desenvolvimento econômico e social do Brasil. Uma grande soma de dinheiro

que poderia ser destinado a investimentos produtivos e a ações na área de

educação e saúde é desviado para o “bolso” de corruptos. Questão correta.

15-Órgão controlador de âmbito federal comandado pelo ministro Waldir Pires tem feito inspeção periódica em prefeituras brasileiras, escolhidas por sorteio. Em muitos casos, verifica-se malversação de recursos públicos, quer por desconhecimento de normas e práticas corretas, quer por intenção claramente dolosa.

COMENTÁRIOS:

O órgão de controle interno do governo federal é a CGU

(Controladoria Geral da União), que tem como tarefa principal defender o

patrimônio e a transparência na gestão. Para isso, desempenha atividades de

auditoria e combate à corrupção. Uma das atividades desenvolvidas pela CGU

é a inspeção do uso de verbas federais por municípios brasileiros.

No desempenho dessas atividades, a CGU tem verificado inúmeros

casos de malversação de verbas públicos, seja por desconhecimento dos

gestores, seja por intenção dolosa. Questão correta.

16- A resistência do governo brasileiro em tomar atitudes vigorosas contra o crime organizado, especialmente em relação à lavagem de dinheiro, levou a ONU a repreender publicamente o país.

COMENTÁRIOS:

O governo brasileiro tem adotado sim medidas para combater o

crime organizado, bem como a lavagem de dinheiro. No que diz respeito ao

combate à lavagem de dinheiro, destaca-se o papel do COAF (Conselho de

Controle de Atividades Financeiras) que tem desenvolvido diversas ações

preventivas e repressivas. No que diz respeito ao combate ao crime

organizado, destaca-se o combate ao narcotráfico na Amazônia, seja por meio

da criação do SIVAM, seja por meio do estabelecimento da Lei do Abate.

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A Lei do Abate foi regulamentada em 2004, quando se estabeleceu

a possibilidade de que aeronaves suspeitas de envolvimento com tráfico

internacional de drogas possam ser objeto de tiro de destruição como último

recurso – quando esgotados todos os outros meios coercitivos. Antes do tiro de

destruição, o piloto da Força Aérea tenta praticamente de tudo: estabelece

contato, solicita mudança de rota, determina o pouso imediato e dá tiros de

advertência.

A questão está, portanto, errada.

17- (CESPE/TJDF-2008)- Apesar de ainda intenso, o tráfico de drogas ilícitas no Brasil mantém-se claramente afastado das conexões internacionais que sustentam o crime organizado em escala global.

COMENTÁRIOS:

O tráfico de drogas no Brasil está intrinsecamente ligado às

conexões internacionais que sustentam o crime organizado em escala global.

O Brasil serve, inclusive, como uma das maiores rotas das drogas produzidas

por Colômbia e Bolívia e que são destinadas a outras partes do mundo. A

grande dificuldade de se controlar esse fluxo é justamente a vastidão da

fronteira brasileira.

Logo, a questão está errada.

2- TERRORISMO:

Agora que nós já falamos sobre segurança e defesa nacional e,

ainda, sobre a atividade de inteligência, é hora de tratar do terrorismo, assunto

que está diretamente ligado aos dois anteriores.

Em primeiro lugar, o que pensamos quando se fala a palavra

“terrorismo”? Não sei quanto a vocês, mas nós pensamos em bombas

explodindo em metrôs, aviões sendo seqüestrados e ações violentas de forma

geral. Lembramos também do 11 de setembro, das Torres Gêmeas e , ainda,

das inúmeras pessoas inocentes que foram vítimas desse tipo de ataque.

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Bem, todo mundo tem uma noção de senso comum do que é o

terrorismo. Todavia, qual seria um conceito adequado para definir essa

atividade?

Não existe na comunidade internacional um consenso acerca da

definição de terrorismo. Todavia, podemos considerar que o terrorismo é a

prática de ações violentas com o intuito de intimidar uma população ou

coagir um governo, ou mesmo uma organização internacional, a fazer ou

deixar de fazer algum ato.

Na nova ordem internacional, o terrorismo internacional surge como

uma grande ameaça a estabilidade e à paz internacional. Na última década,

percebe-se que ocorreu uma grande expansão do terrorismo, o que está

diretamente relacionado ao choque de civilizações resultante da globalização.

Nesse novo contexto, em que as distâncias entre os povos se

tornam cada vez mais reduzidas, as relações entre as culturas ocidentais e

orientais tem se tornado complicadas. No campo religioso, os cristãos e judeus

se opõem aos muçulmanos na medida em que “profanam” valores que no

entendimento dos últimos deveriam ser respeitados. A conseqüência é o uso

do terror como arma daqueles que se julgam injustiçados: os muçulmanos.

O extremismo islâmico é justamente o grande responsável pelo

aumento do terrorismo internacional nos últimos tempos, já tendo havido vários

atentados ao redor do mundo.

O maior e mais conhecido atentado terrorista já ocorrido foi o

de 11 de setembro de 2001, que, inclusive, provocou profundas

transformações nas relações internacionais contemporâneas. Na

oportunidade, dois aviões se chocaram contra as Torres Gêmeas do World

Trade Center, local considerado o símbolo do capitalismo. Além disso, um

avião se chocou contra o Pentágono, que simboliza a hegemonia militar norte-

americana. Por fim, um quarto avião – que provavelmente seria destinado ao

Capitólio – caiu em um campo na Pensilvânia.

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A partir dos atentados de 11 de setembro, os EUA declararam uma

verdadeira guerra contra o terror. O primeiro alvo foi o Afeganistão, tendo em

vista que esse país deu abrigo à Al Qaeda, organização terrorista chefiada por

Osama Bin Laden e responsável pelos atentados.

Desde essa época, ocorreram vários outros atentados, como, por

exemplo, os destinados às cidades de Madrid, Espanha e Londres, Inglaterra,

os quais tiveram grande número de vítimas. Os atentados terroristas em Madrid

e Londres representaram uma represália contra a participação de Espanha e

Inglaterra na Guerra do Iraque ao lado dos EUA.

O terrorismo se apresenta sob diversas formas, não se restringindo

à vertente religiosa. As suas motivações podem ser também nacionalistas,

separatistas ou mesmo o dinheiro. Independentemente da ideologia, o

terrorismo se caracteriza pela imprevisibilidade de suas ações e dificuldade de

identificação de seus agentes, que podem agir em qualquer parte do mundo.

Digam-nos uma coisa: como é possível identificar um terrorista?

Será que ele usa uniforme? (rsrsrs).

Com certeza não! E é justamente por isso que a “guerra contra o

terror” se torna difícil. Afinal de contas, não se sabe de onde vêm as ameaças,

as quais, possuem, portanto, natureza completamente difusa. Nesse cenário é

que cresce a importância da atividade de inteligência no combate ao

terrorismo. Dessa forma, uma das prioridades da segurança nacional é

justamente atuar na prevenção do terrorismo no Brasil.

Vocês acham que estamos exagerando? Será que o terrorismo está

mesmo tão longe assim do nosso país?

Em primeiro lugar, vários brasileiros já foram vítimas do terrorismo

internacional (não por serem brasileiros, mas por estarem no lugar errado na

hora errada). Para citar alguns: o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello,

representante da ONU no Iraque, foi vítima de atentado terrorista em Bagdá;

havia brasileiros nos trens de Madrid (2004), um sargento brasileiro a serviço

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da ONU foi morto em Bali, Indonésia; havia brasileiros entre as vítimas do

World Trade Center.

Atualmente, não há evidências de células terroristas em atividade no

Brasil (pelo menos oficialmente!). Todavia, há constante monitoramento por

parte do serviço de inteligência brasileiro, principalmente sobre a região da

Tríplice Fronteira, considerada sensível pelos EUA devido ao suposto

financiamento do terrorismo internacional pelos muçulmanos que ali vivem.

Vejamos o que nos informam documentos do Departamento de

Estado dos EUA sobre o terrorismo no Brasil:

“O Country Reports on Terrorism 2005 – April 2006 do Departamento

de Estado Norte-Americano apontou a fronteira Brasil– Colômbia, onde

atuam as Farc, e a tríplice fronteira Brasil–Paraguai– Argentina, onde há

suspeitos de oferecer suporte financeiro a grupos como Hizballah e

Hamas, como regiões de regulação e controle deficientes quanto à

atuação de células terroristas. O governo brasileiro reconhece a existência

de comunidades muçulmanas na tríplice fronteira, mas nega que haja presença

operacional de grupos extremistas islâmicos na região.”

Embora ainda não tenha ocorrido no Brasil um atentado terrorista de

motivação religiosa, a nossa vizinha Argentina já foi vítima de dois deles, o que

é um recado para que nosso país “abra os olhos”. Em 1992, ocorreu um

atentado na Embaixada de Israel e em 1994 na Associação Mutual Israelita da

Argentina, ambos os lugares situados em Buenos Aires.

A preocupação brasileira advém da grande comunidade muçulmana

que vive espalhada pelo País. Somente em São Paulo há mais de 1,5 milhões

de adeptos dessa religião; em Foz do Iguaçu o número é superior a 20 mil

membros. Logicamente, não se deve ter o preconceito de se considerar que

todo muçulmano é um terrorista em potencial. Todavia, não se pode esquecer

que o aprofundamento do terrorismo nos dias atuais é decorrente do

fundamentalismo islâmico.

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Por tudo isso, há grande pressão internacional para que o Brasil se

torne um parceiro ativo das grandes potências no combate ao terrorismo.

Sobre esse ponto, ressalte-se que a participação brasileira é plenamente

compatível com as ambições do país no cenário internacional, principalmente

no que diz respeito à ocupação de um assento permanente no Conselho de

Segurança da ONU.

Até aqui tudo bem? Estão todos compreendendo? Esperamos que

sim! Mas falemos agora sobre as mais importantes organizações terroristas!

1)- Al Qaeda: trata-se de uma organização fundamentalista islâmica

à qual são atribuídos inúmeros atentados terroristas, inclusive o realizado em

11 de setembro de 2001. Essa organização tem aumentado sua influência ao

redor do mundo, utilizando-se, para tanto, do aumento da velocidade das

comunicações e do advento da Internet.

A Al Qaeda tem como principal motivação o combate àqueles que

são inimigos do Islã. Segundo essa organização, os EUA agem contrariamente

aos interesses islâmicos e, por isso, devem ser combatidos. Tendo como

principal nome Osama Bin Laden, a Al Qaeda possui relações próximas com o

Talibã, movimento extremista que governou o Afeganistão entre 1996 e 2001.

Em 2001, com a invasão norte-americana ao Afeganistão, o regime

Talibã foi retirado do poder.

2)- Hamas: trata-se de uma organização palestina de caráter

fundamentalista, que se define como um movimento de resistência contra

Israel. Tem como objetivo principal a criação de um Estado palestino. Embora

se utilize muitas vezes da luta armada, o Hamas também tem sua vertente

política.

3)- Hizbollah: trata-se de um partido político-religioso do Líbano,

possuindo uma milícia como braço armado. Mesmo sob pressões

internacionais, o Líbano não conseguiu desarmar o Hizbollah.

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O Hizbollah possui relações estreitas com o Irã e Síria - de quem

recebe apoio político, econômico e militar- e com outros grupos extremistas

islâmicos, como o Hamas.

No ano de 2006, houve um confronto entre forças israelenses e o

Hizbollah. A ofensiva israelense teve como argumento o fato de que o Líbano

havia descumprido determinação do Conselho de Segurança da ONU no

sentido de que o Hizbollah fosse desarmado. Como resposta, o Hizbollah

lançou centenas de foguetes contra Israel. O conflitou causou a morte de

centenas de civis inocentes.

4)- ETA: esse é um grupo que usa o terrorismo como meio para

tentar impor suas idéias separatistas. Seu objetivo é alcançar a independência

do País Basco, região que engloba uma parte dos territórios da Espanha e

França. Por suas características, percebe-se que é um grupo terrorista com

motivações bem distintas das da Al Qaeda, possuindo um viés separatista.

5)- IRA: Assim como o ETA, o IRA é um grupo terrorista de

motivações separatistas. Seu objetivo é a separação da Irlanda do Norte do

Reino Unido e sua reintegração à Irlanda. Em 2005, todavia, o IRA anunciou

que não mais se utilizaria da luta armada em suas ações.

Pois bem, agora que já vimos algo sobre algumas das organizações

terroristas, é preciso relembrar os acontecimentos mais recentes relacionados

ao terrorismo. E aproveitamos aqui para trazer algumas notícias bem

fresquinhas!

No dia 29 de março de 2010, ocorreu um atentado terrorista no metrô

russo, ação assumida por rebeldes chechenos. As motivações desse ato

terrorista são em parte separatistas e em parte religiosas. A Rússia não

reconhece a independência da Chechênia, já que a região é considerada

estratégica, por servir de passagem para gasodutos e oleodutos russos.

Quanto a isso, a maioria do petróleo russo que é exportado passa por essa

área. No que diz respeito à questão religiosa, os rebeldes chechenos são

islâmicos enquanto os russos são cristãos-ortodoxos.

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Ainda sobre atentados terroristas, no dia 04 de maio, houve uma

tentativa frustrada de explosão de um carro-bomba em Nova York. Todavia,

antes que executasse a ação, o americano de origem paquistanesa foi preso.

Realmente, o terrorismo continua vivo, constituindo-se em grande ameaça à

paz e segurança internacionais.

Atualmente, um dos grandes receios da comunidade

internacional é o uso de armas nucleares por grupos terroristas.

Logicamente, é bem pouco provável que um Estado forneça intencionalmente

um artefato nuclear a terroristas. Todavia, o grande número de armas desse

gênero espalhadas pelo mundo, principalmente nos países integrantes da ex-

URSS, é uma preocupação internacional.

Bom, dito tudo isso, vejamos algumas questões de prova!

18- (IRB-2010)- O Brasil tem como política reconhecer como terrorista qualquer organização que seja assim considerada por países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas.

Dizer que o Brasil considera como terrorista qualquer organização

que assim seja considerada por países com os quais o Brasil mantém relações

diplomáticas é um erro. Em 2008, por exemplo, o Brasil rejeitou o pedido

venezuelano de reconhecer as FARC como uma organização terrorista.

Embora não exista uma lista das organizações que o Brasil

considera terroristas, a sua condição de membro da ONU lhe impõe que siga o

entendimento dessa organização internacional. Dessa forma, o Brasil considera

a Al Qaeda e o Talibã como organizações terroristas. A questão está, portanto,

errada.

(CESPE/BB-2003)- “Um atentado suicida com um caminhão contendo cerca de 230 quilos de explosivos na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bagdá matou pelo menos 20 pessoas, entre elas, o chefe da missão da ONU no Iraque,no brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Ao menos cem pessoas ficaram feridas. Vieira de Mello era considerado um

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dos maiores especialistas em regiões de conflito. Era alto comissário da ONU para Direitos Humanos e assumira provisoriamente o cargo de representante especial no Iraque. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o ataque e disse que Vieira de Mello foi vítima da “insanidade do terrorismo”.

A partir desse último texto, julgue os seguintes itens.

19-Os fatores que motivaram a recente invasão do Iraque, levada a efeito pela coalizão anglo-americana, somente se justificaram perante a opinião pública internacional quando se comprovou a existência de pesado arsenal de armas de destruição em massa em poder de Saddam Hussein.

COMENTÁRIOS:

Não se conseguiu comprovar a existência de arsenal de destruição

em massa em poder de Saddam Husseim, o que torna a questão errada.

Anteriormente à invasão, foi enviada uma comissão da ONU ao Iraque para

inspecionar se o país possuía ou não tais armas, o que não foi comprovado.

Após a inspeção, mesmo não tendo sido constatada a presença de

tais armas, os EUA ordenaram a invasão ao Iraque. Ressalte-se que o

Conselho de Segurança da ONU não autorizou a invasão a ser realizada pelos

EUA. A adoção desse tipo de iniciativa unilateral é algo que, segundo muitos

afirmam, enfraqueceu o poder político do Conselho de Segurança da ONU.

20-Os atentados que se sucedem no Iraque, após o fim formal dos rápidos combates que derrubaram Saddam Hussein, evidenciam as dificuldades encontradas pelos Estados Unidos da América (EUA) para manter o controle sobre aquele país.

COMENTÁRIOS:

Embora os combates formais tenham rapidamente sido encerrados

após a invasão norte-americana no Iraque, continuam a ocorrer até os dias de

hoje no Iraque, o que torna a questão correta.

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A grande dificuldade dos EUA em manter o controle daquele país

reside no fato de que, literalmente, o inimigo pode ser qualquer um, desde uma

criança até um homem mais velho. A previsão é que as tropas norte-

americanas se retirem do Iraque totalmente até o final de 2011. No dia 07 de

março de 2010, foram realizadas, em meio a atentados terroristas, eleições

parlamentares no Iraque, que já se prepara para “seguir sozinho”, sem a

presença dos EUA.

Todavia, sabe-se que essa não será tarefa fácil! O Iraque é dividido

em grupos étnicos (árabes e curdos) e religiosos (muçulmanos xiitas e

muçulmanos sunitas). Nas últimas eleições, o vencedor foi a coalizão do xiita

Iyad Allawi, que consegue ter popularidade também entre os sunitas.

21-Diplomata de carreira, tendo chegado a embaixador, representando o Brasil em diversos países, Sérgio Vieira de Mello foi vítima do atentado que lhe tirou a vida quando cumpria sua primeira missão em nome da ONU.

COMENTÁRIOS:

Sérgio Vieira de Mello foi o primeiro brasileiro a ter atingido o alto

escalão da ONU, tendo participado como negociador dessa organização

internacional nos principais conflitos mundiais: Bangladesh, Camboja, Líbano,

Bósnia e Herzegovina, Kosovo, Ruanda e Timor Leste. Logo, a questão está

errada.

O referido diplomata foi vítima de atentado terrorista ocorrido em

2003 no Iraque, quando um caminhão bomba se chocou contra a sede da

ONU. Por tudo o que viveu – uma vida inteira dedicada a missões de paz –

Sérgio Vieira de Mello recebeu uma merecida homenagem por meio de um

livro intitulado “O homem que queria salvar o mundo”.

22-O Oriente Médio continua a ser, neste início de século, o que foi em boa parte do século passado, isto é, área de grande tensão, na qual se misturam questões políticas, econômicas e religiosas.

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COMENTÁRIOS:

O Oriente Médio continua sim a ser o principal foco de tensão

mundial, onde se misturam questões políticas, econômicas e religiosas.

Questão correta.

23-Particularmente após 11 de setembro de 2001, a política externa norte-americana, sob o comando de George W. Bush, ganhou contornos mais comedidos, provavelmente em função do temor de que o país sofresse novos atentados.

COMENTÁRIOS:

Após o 11 de setembro de 2001, a política externa norte-americana

não se tornou mais comedida. Ao contrário, o presidente Bush declarou uma

verdadeira “guerra ao terror”, adotando uma postura intervencionista no cenário

internacional. Seguiu-se a esse atentado terrorista as invasões do Afeganistão

(2001) e do Iraque (2003). A nova doutrina norte-americana baseava-se no

conceito de guerra preventiva, segundo o qual interviria em qualquer país que

constituísse uma ameaça à segurança nacional.

George W. Bush chegou a usar a expressão “eixo do mal” para se

referir ao Irã, Coréia do Norte e Iraque. Curiosamente, desses três países,

somente o Iraque foi invadido por tropas norte-americanas. Será que isso se

deve ao fato de que os outros dois países possuem comprovadamente armas

nucleares? Fica aí a indagação!

Questão errada.

24- (CESPE- SNJ- 2005)- As bombas detonadas na capital britânica, em julho de 2005, atingiram alvos semelhantes ao dos atentados de 2001 nos EUA, ou seja, prédios que simbolizam o poder político e econômico do Ocidente.

COMENTÁRIOS:

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O atentado terrorista em Londres foi direcionado ao metrô de

Londres e não a símbolos do poder político e econômico do Ocidente,

diferenciando-se nesse sentido do atentado de 11 de setembro de 2001.

Questão errada

25- (CESPE-SNJ-2005)- As ações terroristas praticadas por grupos islâmicos, como o conhecido Al-Qaeda, não se restringiram aos países anglo-saxões. Entre outros países, a Espanha foi vítima de um dos mais violentos atos dessa natureza.

COMENTÁRIOS:

Em 11 de março de 2004, Madrid, capital da Espanha, foi vítima de

um atentado terrorista direcionado a quatro comboios da rede ferroviária. Mais

de 10 bombas explodiram nessa ocasião, resultando em 191 mortes e mais de

1700 pessoas feridas. Questão correta.

26-(CESPE-SNJ-2005)- Sabe-se que as ações terroristas islâmicas estão relacionadas à tensa situação do Oriente Médio, na qual se destacam, entre outras questões graves, os fatos de o Iraque ter sido invadido e de o Palestina ainda não ter sido transformada em Estado nacional.

COMENTÁRIOS:

As ações terroristas realizadas pela Al Qaeda em Londres e em

Madrid são uma retaliação contra o apoio da Inglaterra e Espanha à invasão

norte-americana no Iraque.

Os ataques terroristas contra Israel, por sua vez, são realizados em

maioria pelo Hamas, que prega a luta contra os israelenses e a formação de

um Estado palestino. Logo, a questão está correta.

(ABIN-2008)- A respeito do conceito de terrorismo e de suas implicações nos cenários internacional e nacional, julgue os itens a seguir:

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27- A definição do fenômeno atual do terrorismo, que é consensual, está vinculada aos resultados da ação violenta empreendida por grupos insatisfeitos com seus governantes.

COMENTÁRIOS:

Em primeiro lugar, a definição de terrorismo não é consensual,

havendo diferentes visões sobre o assunto. Em segundo lugar, ele está

vinculado a ações violentas cujo objetivo a coagir uma população, um governo

ou uma organização internacional a fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

Quando a questão diz que o terrorismo é resultado de grupos

insatisfeitos com seus governantes, ela limita o escopo do ação terrorista. O

terrorismo islâmico, por exemplo, não se dirige aos seus governantes, mas

principalmente aos abalos das instituições ocidentais. A questão está,

portanto, errada.

28- O Brasil considera oficialmente como terroristas os grupos guerrilheiros das FARC, na Bolívia.

COMENTÁRIOS:

O Brasil não considera as FARC uma organização terrorista, mas

sim um movimento guerrilheiro. Isso porque as FARC possuem uma estrutura,

área de atuação e um histórico próprio.

No que diz respeito à estrutura, as guerrilhas se constituem na forma

de milícias organizadas, com hierarquia e cadeia de comando. Já as

organizações terroristas são empregadas, atualmente, na forma de células

descentralizadas e independentes, sob a direção de um comando central.

Quanto à área de atuação, as guerrilhas atuam, normalmente, contra

alvos militares e dentro do país no qual vislumbram mudanças na ordem

interna. Os terroristas, por sua vez, têm preferência pelo ataque à população

civil, já que assim causaram maior impacto psicológico na sociedade. Além

disso, sua ação é mais abrangente, podendo ter alcance internacional.

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Por fim, o histórico das guerrilhas remonta a movimentos

esquerdistas revolucionários.

Embora o Brasil não considere as FARC uma organização terrorista,

ela é assim considerada por várias países, como EUA, Colômbia e União

Européia. Por tudo o que dissemos, a questão está errada.

29-Há certo consenso na história recente da América Latina de que houve experiências, na segunda metade do século XX, tanto de métodos terroristas de grupos políticos com caráter reivindicatório quanto de terrorismo de Estado.

COMENTÁRIOS:

No Brasil, como reação civil ao governo militar instalado em 1964,

verificamos inúmeros casos de terrorismo de grupos políticos com caráter

reivindicatório. Como exemplo desse tipo de ação, destacamos o seqüestro do

embaixador dos EUA no Brasil e a explosão de bomba no Aeroporto

Internacional dos Guararapes. Em resposta a esse tipo de ação, o Estado agia

duramente na repressão, naquilo que ficou conhecido “terrorismo de Estado”.

Vale ressaltar que, assim como o Brasil, a América Latina passou pelo mesmo

tipo de processo. A questão está correta.

30-Os atentados contra as torres gêmeas de Nova Iorque, embora classificados, à época, como atos terroristas, já não são assim considerados pela maioria da opinião pública norte-americana.

COMENTÁRIOS:

Questão bem tranqüila, não é mesmo? O atentado contra as Torres

Gêmeas é até hoje considerado como um ato terrorista. E ressalte-se: não há

como não sê-lo! Questão errada.

31-Embora certas ações políticas de grupos religiosos radicais do Oriente Médio e da Ásia possam ser caracterizadas como ações terroristas, não

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se deve associar mecanicamente o Islã ao fenômeno do terror político contemporâneo.

COMENTÁRIOS:

Uma coisa é fundamental que todos guardem: nem todos os

movimentos terroristas são islâmicos (muçulmanos). Isso é um grande

preconceito. Existem também organizações terroristas não-islâmicas. É o caso

do ETA e do IRA, os quais possuem cunho separatista. A questão está,

portanto, correta.

32- (ABIN-2008)- Com o desenvolvimento da tecnologia da informação, um dos vetores da globalização, aumentam também as possibilidades de expansão das atividades do crime organizado, como o terrorismo, as máfias e o tráfico de drogas ilícitas.

COMENTÁRIOS:

O desenvolvimento da tecnologia da informação faz com que seja

mais fácil a coordenação do crime organizado e das ações terroristas. Ao

mesmo tempo, devido ao avanço dos meios de comunicação, os atentados

terroristas se tornam mais visíveis a nível mundial. Se, por exemplo, explode

uma bomba nos EUA, o mundo inteiro fica imediatamente sabendo e o abalo

psicológico é maior. Dessa forma, o terrorismo passa a, inclusive, cumprir

melhor o objetivo a que se propõe: chocar a opinião pública mundial. Questão

correta.

33- (IRB-2009)- Os atentados de 11 de setembro de 2001 recolocaram as questões relativas à segurança no topo da agenda internacional e suscitaram reações e percepções diferenciadas acerca da forma de enfrentar o terrorismo internacional. Acerca desse tópico, julgue (C ou E) os itens subseqüentes.

A-O Brasil solidarizou-se com os EUA e abriu-se à participação efetiva no

combate global ao terrorismo, defendendo o fortalecimento das instituições

multilaterais como medida válida para tal fim.

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B- Ao se opor às ações militares deflagradas pelos EUA no Afeganistão e no

Iraque, o Brasil restringiu seu engajamento no combate ao terrorismo

internacional ao que determinam a Organização dos Estados Americanos

(OEA) e o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR).

C- Ao enfatizar a necessidade de se fortalecerem os mecanismos multilaterais

globais e regionais para o enfrentamento do terrorismo global, o Brasil não se

opôs aprioristicamente a intensificar e aprofundar a cooperação com os EUA.

D- A alegação dos EUA de que a região da tríplice fronteira abriga indivíduos

vinculados a organizações terroristas provocou maior aproximação do Brasil às

posições daquele país no combate ao terrorismo e fortalecimento da

cooperação bilateral entre Brasil e EUA.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. Após o atentado de 11 de setembro, os países

perceberam que o terrorismo se impunha como uma grande ameaça à ordem e

à estabilidade política internacional. Tendo percebido a gravidade da situação e

a necessidade de cooperação internacional para tratar do assunto, o Brasil se

posicionou ao lado dos EUA. Com efeito, o Brasil ratificou normas

internacionais estabelecidas pela OEA e pela ONU sobre o terrorismo,

adequando sua legislação interna a estas.

A letra B está errada. Embora o Brasil não tenha se posicionado a

favor das ações militares norte-americanas no Afeganistão e no Iraque, seu

engajamento no combate ao terrorismo não se restringiu ao nível regional. Ao

contrário, ele participou das discussões e ratificou diversas convenções

internacionais sobre o terrorismo no âmbito da ONU.

A letra C está correta. O Brasil não se opôs a intensificar a

cooperação com os EUA em assuntos referentes ao terrorismo.

A letra D está errada. As alegações dos EUA em relação à Tríplice

Fronteira não tiveram o condão de aproximar mais as posições de Brasil e EUA

no combate ao terrorismo. O Brasil alega que, embora exista ali a presença de

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grande comunidade muçulmana, não há células terroristas ativas na área.

Assim, o Brasil também evita que os EUA intervenham em assuntos que são

de sua competência.

34- (FUNVERSA- COFECON-2009)- “Obama diz não ter intenção de enviar tropas ao Iêmen e à Somália O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que não tem intenção de enviar tropas americanas para o Iêmen ou a Somália, dois países que enfrentam combatentes islâmicos, vistos como aliados da rede terrorista Al Qaeda. Obama disse à revista People que ainda acredita que o centro de atividades da Al Qaeda é ao longo da fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. As preocupações com o terrorismo no Iêmen cresceram depois do atentado frustrado a um avião com destino a Detroit no dia de Natal. Segundo as investigações, o suspeito de tentar detonar explosivos durante o vôo, o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, recebeu treinamento do braço da Al Qaeda no Iêmen. Na entrevista realizada na sexta-feira, Obama disse que não descarta nenhuma possibilidade. Ainda assim, ele disse que, para países como o Iêmen e a Somália, ele acredita que trabalhar com parceiros internacionais seria mais eficaz no momento. Localizado no sul da península Arábica, o Iêmen é o mais pobre dos países árabes. Seu governo enfrenta rebeldes xiitas e sunitas e abriga o braço da rede Al Qaeda na península, depois de anos de repressão do governo saudita ao grupo.”

O texto aborda uma das maiores preocupações, não só dos Estados Unidos, como também de diferentes países do globo: o terrorismo. Acerca do texto e do tema abordado, assinale a alternativa correta: a) A Comissão Nacional sobre Ataques Terroristas nos Estados Unidos atribuiu

à Al Qaeda a responsabilidade do ataque ao World Trade Center, em setembro

de 2001. Ainda hoje, um dos principais líderes desse grupo terrorista, Osama

Bin Laden, é procurado pelos Estados Unidos.

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b) O texto apresenta as causas do terrorismo internacional.

c) O elevado percentual de população contaminada com o vírus da AIDS faz

que a África se torne uma efervescente área de formação de terroristas.

d) A organização de grupos terroristas tem como único propósito a implantação

do islamismo em escala global. Por esse motivo, os ataques são sempre

justificados como sendo uma guerra santa.

e) A decisão do Presidente Barack Obama de não apresentar uma maior

ofensiva ao Iêmen demonstra um enfraquecimento político e diplomático dos

Estados Unidos, uma vez que o ataque ao avião com destino a Detroit

provocou a morte de dezenas de passageiros. COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. Os atentados terroristas de 11 de setembro

foram atribuídos à Al Qaeda, organização terrorista liderada por Osama Bin

Laden. Até hoje Bin Laden é procurado pelos EUA.

A letra B está errada. O texto é meramente informativo, não

apresentando as causas do terrorismo internacional.

A letra C está errada. De fato, o número de pessoas com HIV no

continente africano, mas esse não é um fator que leva à formação de

terroristas.

A letra D está errada. O propósito dos ataques terroristas não é

instalar o islamismo no mundo, mas sim afrontar o americanismo da grande

potência hegemônica.

A letra E está errada. A decisão de Obama de não invadir o Iêmen

não evidencia o enfraquecimento político e diplomático norte-americano, mas

sim demonstra que a atual política externa norte-americana é diferente da

doutrina Bush.

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TÓPICOS DE CULTURA

1- (ESAF-Oficial de Chancelaria-2002)- Versos como “No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho/ tinha uma pedra/ no meio do caminho tinha uma pedra” foram escritos pelo poeta mineiro que, nascido em Itabira, fixou-se no Rio de Janeiro, notabilizando-se como um dos maiores nomes da poesia moderna em língua portuguesa. Trata-se de a) Carlos Drummond de Andrade

b) Olavo Bilac

c) Manuel Bandeira

d) Murilo Mendes

e) Augusto dos Anjos

Comentários:

Nascido em Itabira, Minas Gerais, Drummond se consagrou por

meio de uma vitoriosa carreira literária, somente interrompida em 1987, com

seu falecimento aos 84 anos.

O escritor Carlos Drummond de Andrade ocupa um lugar de

destaque na literatura nacional, para a qual deixou uma obra de valor

inestimável, marcada pela relevância intelectual e riqueza humana. Assim, a

obra de Drummond constitui parte importante do acervo cultural brasileiro, e

segue ocupando papel significativo na vida cultural do país já que ele sempre

extraia poesia de acontecimentos banais, corriqueiros, gestos ou paisagens

simples.

Por essas e por outras, o nome de Drummond está associado ao

que se fez de melhor na literatura brasileira, visto o seu alcance universal e sua

capacidade de difusão da cultura nacional, inclusive no exterior.

2- (ESAF-Oficial de Chancelaria-2002)- Considerada uma das mais ricas do mundo, ombreando- se com a norte-americana, a música popular

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brasileira tem uma longa história, em que se mesclam influências de grupos, etnias e culturas presentes na formação do Brasil. No que se refere a essa trajetória da MPB, com sua importância e seu significado, assinale a opção correta. a) Música que funciona como uma espécie de cartão de visitas do Brasil, sendo

conhecida e executada em distintas partes do mundo, Aquarela do Brasil, de

Ary Barroso, tem uma letra que não esconde o momento histórico em que foi

produzida, precisamente após a queda da ditadura de Vargas, quando o país

se liberta do ufanismo imposto pelo autoritarismo de então.

b) Entre os anos 1930 e 1940, coincidindo com o advento da era do rádio, a

MPB atingiu um nível de excelência que todos reconhecem; nesse período em

que cantores e compositores alcançam grande popularidade, sobressai a obra

do compositor Noel Rosa.

c) A segunda metade dos anos 50 corresponde à Era JK que, ao lado do

impulso desenvolvimentista, também se caracterizou pela exuberância da

criação cultural; paradoxalmente, ao mesmo tempo em que nasce o chamado

Cinema Novo, a MPB se retrai e, por uma razão ainda desconhecida, mostra-

se incapaz de produzir algo de novo.

d) A década de 60 assistiu à revitalização da MPB, fortemente impulsionada

pelos festivais que a televisão realizava; nesse decênio, a normalidade política

e o crescimento econômico devem ter contribuído para a fértil produção

musical.

e) Lançando-se em meados dos anos 60, Chico Buarque de Hollanda tornou-

se rapidamente um dos mais festejados compositores brasileiros; desde seu

primeiro sucesso, A Banda, construiu uma obra marcada pelo lirismo

romântico, olvidando os apelos ao engajamento político.

Comentários:

A importância da Música Popular Brasileira no cenário da cultura

brasileira é inegável. Desse modo, podemos constatar que a MPB, além de sua

relevância como manifestação estética tradutora de nossas múltiplas

identidades culturais, apresenta-se como uma das mais poderosas formas de

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preservação da memória coletiva e como um espaço social privilegiado para as

leituras e interpretações do Brasil.

O prestígio de nossa música consolida-se em todo o mundo,

podendo ser considerada como um dos símbolos de nossa gente, seus hábitos,

seus fazeres, haveres e falares. A relevância de nossa produção musical

necessita, ainda hoje, de uma reflexão crítica e teórica e de um trabalho

historiográfico de fôlego que possa mapear, sistematizar, discutir e ler

criticamente o seu vasto universo.

A assertiva A está errada. A canção de Ary Barroso, por exaltar as

qualidades e a grandiosidade do país, marcou o início do movimento que ficaria

conhecido como samba-exaltação. Assim, essa canção possuía um cunho de

natureza extremamente ufanista que era visto por alguns como sendo favorável

à ditadura de Getúlio Vargas.

Deste modo, ainda que a família do compositor negasse que ele,

algum dia, tinha sido favorável à política de Vargas, ele recebeu inúmeras

críticas tanto à sua pessoa quanto à sua obra.

A assertiva B está correta. A MPB teve seu a melhor nível entre os

anos 1930 e 1940, quando o Brasil vivia a era do rádio que deu muita

visibilidade a vários cantores e compositores, como Noel Rosa.

A assertiva C está errada. Na verdade, o período em que o Brasil

passou por um período de exuberância cultural foi a década de 1960. Desse

modo, os anos 60 foram anos de ruptura, já que os jovens daquela década

lutaram por várias causas, como liberdade política, sexual e igualdade entre os

sexos, e criaram um ideal de juventude até hoje cultuado.

A assertiva D está errada. A década de 60 assistiu ao nascimento da

MPB, fortemente impulsionada pelos festivais que a televisão realizava naquele

decênio. Apesar disso, não podemos falar sobre normalidade política ou

crescimento econômico, já que a efervescência e as crises que se instalavam

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no Brasil nesse momento atingiam principalmente os setores políticos e

econômicos.

A assertiva E está errada. Chico Buarque de Hollanda se destacou

durante esse período, tornando-se um dos maiores nomes da música popular

brasileira. Desde seu primeiro sucesso, A Banda, o cantor caracterizou-se pela

criatividade e invencionismo na forma de demonstrar engajamento político de

maneira menos explicita.

3- (ESAF-Oficial de Chancelaria-2002)- Inspirando-se no patrimônio cultural brasileiro, suas lendas e tradições populares, produziu uma música erudita de elevado padrão, inclusive alvo de reconhecimento internacional. Falamos do regente e compositor de, entre outras peças notáveis, “Bachianas Brasileiras”: a) César Camargo Mariano

b) Antonio Carlos Jobim

c) Chico Buarque de Hollanda

d) Camargo Guarnieri

e) Heitor Villa-Lobos

Comentários

Conhecido como um compositor "moderno" e "diferente", Heitor

Villa-Lobos foi o maior compositor brasileiro de música erudita de todos os

tempos. Destacou-se por ter sido o principal responsável pela descoberta de

uma linguagem peculiarmente brasileira em música, sendo considerado o

maior expoente da música do modernismo no Brasil. Desse modo, ele

compôs várias obras que enaltecem o espírito nacionalista, nas quais incorpora

elementos das canções folclóricas, populares e indígenas.

4- (ESAF-Oficial de Chancelaria-2002)- Os primeiros anos após o fim da Embrafilme, ocorrida no governo Collor, foram difíceis para o cinema brasileiro, cuja produção viu-se drasticamente reduzida. O final dos anos 90, no entanto, registra, aos olhos de muitos, a ressurreição da

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cinematografia brasileira. A propósito do tema, examine as opções abaixo e assinale a incorreta. a) Alguns filmes recentes, como Carlota Joaquina, cujas pegadas foram

seguidas pela série televisiva O Quinto dos Infernos, buscam na história

nacional sua fonte de inspiração, dela se apropriando de maneira jocosa e

irreverente.

b) Fernanda Montenegro, conhecida como "primeira dama do teatro brasileiro",

também colhe o reconhecimento do público em trabalhos para a televisão e o

cinema; como protagonista de filme brasileiro, chegou a ser indicada para

concorrer ao Oscar de melhor atriz.

c) O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, foi o primeiro filme brasileiro

a receber importante premiação internacional, no início dos anos 60 – a Palma

de Ouro, por sua vitória no festival internacional de cinema de Cannes, na

França.

d) Ao arrebatar o Oscar de melhor filme estrangeiro, Central do Brasil, de

Walter Salles, demonstrou a capacidade criadora da cinematografia brasileira,

em que se conjugam bons argumentos e atores, esmero técnico e direção

sensível e competente.

e) O Estado brasileiro encontrou novas formas de apoiar a produção cultural no

país, inclusive na área de cinema: trata-se da legislação que permite, mediante

renúncia fiscal, que parte dos impostos devidos por empresas seja canalizada

para o financiamento de atividades culturais.

Comentários

Central do Brasil é um filme franco-brasileiro criado em 1998 a partir

de uma história do diretor Walter Salles e o roteiro de Marcos Bernstein e João

Emanuel Carneiro. O filme foi road-movie sentimental, que tinha como foco a

amizade entre uma mulher que busca uma segunda chance e um garoto que

quer encontrar suas raízes.

Apesar disso, o grande sucesso do filme estava ligado ao fato dele

explicitar a realidade do Brasil no final do século XX, relatando as condições de

vida no subúrbio de uma cidade grande em um país subdesenvolvido. Assim,

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ele retrata a massa de migrantes nordestinos que, desde o início do século,

abandonava o sertão em busca de melhores oportunidades na cidade. Assim, o

filme aborda o aumento do contingente de miseráveis nos centros urbanos,

estimulados pelo crescimento econômico das últimas décadas, que não

repercutiu igualmente em todas classes sociais. Contudo, mesmo tendo

conseguido várias indicações e tendo sido um sucesso de crítica no Brasil, o

filme não ganhou o Oscar.

5- (ESAF/CGU-2008)- Na explosiva e irrequieta década de 1960, a cultura brasileira não ficou imune ao processo histórico vivido pelo país e pelo mundo. No mesmo contexto de um teatro politicamente engajado, surgiam o iê-iê-iê e um movimento que se singularizava por suas inovadoras propostas estéticas. Combinando elementos arcaicos e de vanguarda, urbanos e periféricos, esse movimento reunia artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Capinam e Torquato Neto, entre outros. Trata-se do (da) a) Modernismo.

b) Tropicalismo.

c) Samba de raiz.

d) Jovem Guarda.

e) Bossa Nova.

Comentários

O tropicalismo foi um movimento musical surgido no Brasil no final

da década de 1960, que também atingiu outras esferas culturais como as artes

plásticas, o cinema e poesia. O marco inicial desse movimento foi o Festival de

Música Popular realizado em 1967 pela TV Record, sob grande influência da

cultura popular brasileira, da internacional e das correntes de vanguarda, como

o concretismo.

Assim, sob a variação do nome tropicalismo, o movimento também

ficou conhecido como Tropicália e foi inovador ao mesclar aspectos tradicionais

da cultura nacional com inovações estéticas. Além disso, ele possibilitou o

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sincretismo entre vários estilos musicais como rock, bossa nova, baião, samba,

bolero, entre outros.

Apesar das letras de suas músicas possuírem um tom poético,

também eram elaboradas críticas sociais que abordavam temas do cotidiano

de uma forma inovadora e criativa. Todavia, ao contrário do que muitos podem

pensar, o movimento tropicalista não tinha como objetivo principal utilizar a

música como “arma” de combate político à ditadura militar que vigorava no

Brasil. Por esse motivo, foi muito criticado por aqueles que defendiam as

músicas de protesto.

6- (ESAF/CGU-2008)- Há cem anos morria Machado de Assis, considerado o maior escritor brasileiro e um dos maiores expoentes da língua portuguesa. De sua obra literária, em que sobressaíam os romances e as crônicas de fina sensibilidade e de aguda percepção da realidade, destacam-se as que se seguem, exceto: a) Iaiá Garcia.

b) Dom Casmurro.

c) Memórias póstumas de Brás Cubas.

d) Memórias de um sargento de milícias.

e) A mão e a luva.

Comentários:

A assertiva A está correta. Iaiá Garcia foi escrito em 1878 e a trama

se desenrola com casamentos arranjados, amores proibidos e jogos de

interesse que objetivam retrata a sociedade contemporânea ao autor. Assim,

este foi o último dos romances da primeira fase de Machado de Assis, e já

apresenta uma clara influência de José de Alencar com personagens e trama

mais românticos.

A assertiva B está correta. Dom Casmurro é um dos romances mais

conhecidos e estudados de Machado de Assis ao longo dos tempos. A partir de

temas como o ciúme e a moralidade da época, a obra recebeu inúmeros

estudos, adaptações para outras mídias e sofreu inúmeras interpretações -

psicológicas, psicanalíticas e literárias.

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Conhecido como um precursor do Modernismo e de idéias

posteriormente escritas por Sigmund Freud, o livro influenciou escritores como

Graciliano Ramos e Dalton Trevisan. Por tudo isso, esse livro é considerado

por alguns a obra-prima de Machado, que se tornou um de seus romances

mais famosos e também um dos mais fundamentais de toda a literatura

brasileira.

A assertiva C está correta. Memórias Póstumas de Brás Cubas foi

publicado em 1881 e inaugurou o Realismo brasileiro com as mais radicais

experimentações na prosa do país até então. O livro é narrado por um defunto,

de forma digressiva e agressiva, portanto a obra utiliza recursos narrativos e

gráficos inusitados. Assim, antecipando procedimentos modernistas e

descobertas da psicanálise, esta obra ácida e irônica de Machado de Assis

eleva a literatura brasileira a um patamar jamais antes atingido.

A assertiva D está errada. Memórias de um Sargento de Milícias é

um romance de Manuel Antônio de Almeida. Foi publicado originalmente em

folhetins no Correio Mercantil do Rio de Janeiro, no inicio da década de 1850,

anonimamente. Todavia, em 1854, o livro foi publicado e no lugar do autor

constava "um brasileiro".

A assertiva E está correta. Escrito em 1874, Mão e a Luva é

perfeitamente sintonizado com o Romantismo, todavia, percebemos a estrutura

clássica do romance em harmonia com as características próprias de Machado:

a conversa com o leitor e o sarcasmo - ainda que timidamente.

7- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)-Chico Buarque de Hollanda chega aos 60 anos de idade com uma obra rica, diversificada e respeitada. Um dos nomes centrais da cultura popular brasileira, começou sua carreira em meados da década de 60, participando de festivais de música popular. No regime militar, muito de sua produção musical refletia um posicionamento claro contra o autoritarismo. Em parceria com Francis Hime, anunciou o fim do ciclo ditatorial e a chegada de um novo tempo político para o país. Esse samba, bastante conhecido, chama-se a) Construção.

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b) Carolina.

c) Gota d’água.

d) Vai passar.

e) Vai trabalhar, vagabundo.

Comentários

Em 1983, Chico Buarque de Holanda compôs o samba de nome “Vai

Passar” que, no ano seguinte, acabou se tornando uma referência para o

movimento das diretas já. Vai Passar foi escrita para ser um samba-enredo de

uma peça de teatro e acabou se transformando num “hino” do movimento que

pedia eleições livres.

8- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)-Seu nome está definitivamente ligado à moderna música popular brasileira. Consagrado como maestro, músico e compositor, é autor de obras seminais da MPB, como Águas de

março, imortalizada na gravação que fez com Elis Regina. Trata-se de: a) Noel Rosa.

b) Antônio Carlos Jobim.

c) Vinícius de Morais.

d) Edu Lobo.

e) Heitor Villa-Lobos.

Comentários

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim , nasceu no Rio de

Janeiro, em 1927 e ficou mundialmente conhecido por Tom Jobim, por sua

versatilidade de compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista

brasileiro. Por todas essas características, ele é considerado um dos maiores

expoentes da música brasileira e um dos principais nomes do movimento da

bossa nova, sendo praticamente unanimidade entre críticos e público quanto à

sua qualidade e sofisticação musical.

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9- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- O Menino Maluquinho é um dos grandes fenômenos editoriais brasileiros que, da literatura infantil, chegou aos palcos teatrais e às telas do cinema. Seu autor, mineiro de Caratinga, há muito radicado no Rio de Janeiro, também se notabilizou como cartunista e teve seu nome ligado ao surgimento de um jornal que revolucionou a imprensa brasileira no auge da ditadura militar, o Pasquim. Esse artista é a) Glauco.

b) Henfil.

c) Ziraldo.

d) Millôr.

e) Jaguar.

Comentários

Ziraldo fez cartazes para inúmeros filmes do cinema brasileiro e, nos

anos 60, seus cartuns e charges políticas começaram a aparecer na revista "O

Cruzeiro" e no "Jornal do Brasil", dando-lhe maior visibilidade. Personagens

como a Supermãe e o Mineirinho tornaram-se populares e o artista publicou a

primeira revista brasileira do gênero quadrinhos feita por apenas um autor.

Em 1964, com o governo militar, a revista foi encerrada e seus

personagens só voltaram a ser publicados em 1975 pela Editora Abril.

Durante o período da ditadura, Ziraldo lutou contra a repressão,

fundando, juntamente com outros humoristas, o mais importante jornal não-

conformista da época: "O Pasquim" – que tanto incomodou o regime militar até

o seu fim.

10- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)-Em sua segunda edição, em 2004, o Festival Literário Internacional de Paraty levou à histórica cidade fluminense 36 escritores e cerca de 30 mil leitores, ampliando o êxito obtido no ano anterior. Entre tantos nomes famosos, um escritor destacou-se justamente pela ausência. Convidado pelos organizadores, o autor de Viva o povo brasileiro desistiu de participar do FLIP, não sem

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antes justificar as razões de sua decisão. Esse autor, nascido na baiana Itaparica, que também publica regularmente suas crônicas na imprensa, é a) João Ubaldo Ribeiro.

b) Luís Fernando Veríssimo.

c) Moacyr Scliar.

d) Antonio Cícero.

e) Davi Arrigucci Jr.

Comentários

O baiano João Ubaldo Ribeiro é escritor, jornalista, roteirista e

professor, membro da Academia Brasileira de Letras. Já ganhou vários

prêmios, dentre os quais se destaca o Prêmio Camões de 2008, tido como a

maior premiação para autores de língua portuguesa. Caracterizado por seu

estilo literário irônico e de forte apreço pelo contexto social do Brasil, o autor

constrói sua estrutura, de forma diferenciada.

11- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- Mortos ainda muito jovens, eles se impuseram como grandes nomes do rock brasileiro contemporâneo, especialmente em razão das letras de suas canções. Um deles teve sua vida e carreira artística contadas em recente exposição que atraiu multidões. O outro tem sua trajetória transposta atualmente para as telas do cinema. Estamos nos referindo a: a) Renato Russo e Cazuza.

b) Tony e Cely Campelo.

c) Paulo Sérgio e Wilson Simonal.

d) Jerry Adriani e Wanderley Cardoso.

e) Raul Seixas e Taiguara.

Comentários:

Cazuza foi um cantor, compositor e poeta brasileiro que ganhou

fama como símbolo da sua geração como vocalista e principal letrista da banda

Barão Vermelho. Ao lado de Renato Russo, é considerada uma das melhores

vozes da música brasileira e do rock brasileiro contemporâneo em especial e

atraiu multidões aos cinemas para conhecer sua trajetória de vida.

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12- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- Diretor de cinema festejado e com projeção internacional, Walter Salles Jr. teve em Central do Brasil um de seus trabalhos mais elogiados, indicado inclusive à disputa do Oscar de melhor produção estrangeira. Seu mais recente filme, que colhe críticas bastante favoráveis,focaliza uma etapa da vida de um dos mais conhecidos líderes revolucionários americanos. Das opções abaixo, assinale a que corresponde ao filme e ao personagem histórico que retrata. a) Abril Despedaçado – Fidel Castro

b) Memórias do Cárcere – Getúlio Vargas

c) Diários de Motocicleta – Che Guevara

d) Eu, Tu, Eles – Salvador Allende

e) Benjamim – Benjamin Franklin

Comentários

Mais uma vez Walter Salles aparece à frente de uma produção de

vulto! “Diários de motocicleta” é o seu maior sucesso internacional até o

momento.

13- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- Quando se fala em cultura de massas no Brasil, é impossível obscurecer o papel desempenhado pelo rádio na produção e na disseminação da produção artístico cultural do país, especialmente antes do advento da televisão. A emissora que mais completamente traduziu esse fenômeno, notadamente nos anos 1940-1950, volta às manchetes em 2004, quando começa a ser recuperada, após anos de decadência. Essa emissora de rádio AM, cuja influência em seus tempos áureos é comparável – para muitos, maior até – à da Rede Globo de Televisão dos dias atuais, é a: a) Bandeirantes (SP).

b) Farroupilha (RS).

c) Itatiaia (MG).

d) Jornal do Comércio (PE).

e) Nacional (RJ).

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Comentários:

Mais do que um meio de entretenimento e informação, o rádio foi

utilizado como um instrumento político capaz de formar opiniões e

mobilizar a sociedade em prol de determinados interesses. Tendo

inicialmente o objetivo de difundir a cultura e promover a integração nacional, o

rádio logo assumiu um papel de destaque, tornando-se capaz de alterar hábitos

e criar necessidades.

Dentro desse contexto, a Rádio Nacional, foi a emissora que mais

completamente traduziu esse fenômeno na década de 40.

Assim, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro está presente na

memória afetiva da população brasileira e é historicamente reconhecida como

referência de programação plural e popular. Deste modo, é correto afirmar

inclusive que ela é, na realidade, responsável pelas matrizes que formam, hoje,

o Rádio brasileiro: a música, a informação, o humor, a dramaturgia, o esporte e

os programas de auditório.

14- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- Criado por Assis Chateaubriand e com acervo organizado por Pietro Maria Bardi, que o dirigiu por muitos anos, um museu paulistano, situado em prédio que é referência arquitetônica na emblemática Avenida Paulista, tornou-se uma das mais conhecidas e visitadas casas de cultura no país. Trata-se do: a) Museu de Arte de São Paulo (MASP).

b) Museu de Arte Moderna (MAM).

c) Museu Nacional de Belas Artes (MNBA).

d) Museu de Arte Contemporânea (MAC).

e) Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Comentários

A assertiva A está correta. Inaugurado em 1947, o Museu de Arte de

São Paulo (MASP) foi fruto de uma “aventura” de duas pessoas com visão

revolucionária para sua época: Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi.

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Apoiados por um grupo de amigos, o fundador e proprietário dos

Diários e Emissoras Associados, Chateaubriand e o professor, jornalista e

crítico de arte na Itália recém chegado ao Brasil, Pietro criaram a coleção mais

importante do hemisfério Sul, alinhando o Brasil com os países de primeiro

mundo no universo das artes.

A assertiva B está errada. O Museu de Arte Moderna de São Paulo,

um dos primeiros assentos institucionais da produção artística modernista no

país, foi criado pelo industrial ítalo-brasileiro Francisco “Ciccillo” Matarazzo

Sobrinho.

A assertiva C está errada. O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA)

foi criado oficialmente em 1937, mas teve origem muito antes no conjunto de

obras de arte trazido por D. João VI de Portugal, em 1808. Apesar disso, foi

ampliado alguns anos mais tarde com a coleção do chefe da Missão Artística

Francesa, que formou a mais importante pinacoteca do país que continuou

sendo enriquecido com importantes incorporações ao longo do século XIX e

XX.

A assertiva D está errada. O MAC foi criado, em 1963, quando a

Universidade de São Paulo recebeu de Francisco Matarazzo Sobrinho, o

acervo que constituía o MAM. Além disso, Matarazzo e sua mulher, Yolanda

Penteado, doaram suas coleções particulares ao novo museu que cresceu,

ainda mais, com as mostras coletivas de grande porte, nas décadas de 60 e

70. Nas décadas posteriores, de 80 e 90, o Museu recebeu importantes

doações de artistas, seus familiares e colecionadores, ampliando ainda mais o

acervo do Museu.

A assertiva E está errada. O Centro Cultural Banco do Brasil foi

criado em 1989 por iniciativa da diretoria do próprio banco, com o objetivo de

preservar a memória da instituição e oferecer uma programação cultural

diversificada.

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15-(FGV- Analista Legislativo-Senado- 2008)- Os filmes ou documentários a seguir relacionam-se corretamente com os textos, à exceção de um. Assinale-o. a) “Notícias de uma guerra particular”, de João Moreira Salles, 1999 – A gente

é injusto com o documentário, à medida que ele tem uma relação muito forte

com a história e a realidade brasileira. (Silvio Tendler)

b) “Canudos”, de Sérgio Rezende, 1997 – Quando o cineasta se dispõe a

chafurdar no lixo da história, ele presta um serviço inestimável para o país,

Uma porcentagem grande de quem viu “Canudos” nunca tinha ouvido falar

daquele episódio. (Paulo José)

c) “Macunaíma”, de Pedro de Andrade, 1969 – Quando fui contracenar com o

[Grande] Otelo em “Macunaíma” tinha um sentimento de veneração por ele.

Tinha uma cena em que eu tinha que ficar com ele no colo, batendo na cabeça

dele e dizendo: “Cresce, cresce, meu filho, pra ir pra São Paulo ganhar muito

dinheiro.” (Paulo José)

d) “Deus e o Diabo na terra do sol”, de Glauber 1964 – É a maior

experiência cinematográfica do Brasil. [...] O que as pessoas não levam em

consideração é o fato de um menino de 22 anos fazer um filme que está na

história do cinema mundial. (Othon Bastos)

e) “Vidas secas”, de Nelson Pereira dos 1963 – “ A transposição do

vídeo para a película resulta feia? Não, é bonito, interessante e viável. Me

incomoda um pouco no cinema sensação de muito dinheiro gasto num país

sem recurso.” (Matheus Nachtergaele)

COMENTÁRIOS:

Questão bastante difícil, exigindo que o candidato estivesse por

dentro do “cinema nacional”! Falamos a seguir um pouco sobre cada

filme/documentário mencionado na questão:

- Notícias de uma guerra particular: Documentário produzido em

1999 pelo cineasta João Moreira Salles e pela produtora Kátia Lund, retrata a

vida no Morro Dona Marta, em Botafogo-RJ, mostrando o triângulo composto

por policiais, políticos demagogos e bandidagem inescrupulosa. Assistindo ao

documentário, percebe-se que ele serviu de inspiração ao filme Tropa de Elite.

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- Canudos: Filme nacional de 1997, dirigido por Sérgio Rezende, é

baseado no episódio real da Guerra de Canudos, quando o movimento

religioso sob a liderança de Antônio Conselheiro se instalou no arraial de Belo

Monte. As tropas federais massacraram os insurgentes após uma série de

ataques fracassados a Canudos.

- Macunaíma: Filme nacional de 1969, dirigido por Joaquim Pedro

de Andrade, é baseado na obra “Macunaíma” de Mário de Andrade. O filme

traz um elenco de atores renomados, dentre os quais está Grande Otelo, que

tem em Macunaíma um dos grandes personagens de sua carreira.

- Deus e o Diabo na Terra do Sol: Filme nacional de 1964, dirigido

por Gláuber pode ser considerado um dos marcos do novo cinema

brasileiro. Conta a história de um sertanejo que, após ter matado o “coronel”

que era seu patrão, tem que fugir junto com sua esposa pelo sertão, sendo

perseguido pelo cangaceiro “Antônio das Mortes”.

- Vidas Secas: Filme nacional de 1963, dirigido por Nélson Pereira

dos é baseado no livro “Vidas Secas” de Graciliano Ramos. Retrata a

vida de uma família de retirantes que atravessa o sertão em busca da

sobrevivência diante das agruras da seca.

Dito tudo isso, a única opção errada é a letra E. Matheus

Nachtergaele é um ator brasileiro que começou a trabalhar no cinema em

1997, portanto, muito depois do filme “Vidas Secas”. Quem conhecia esse ator,

famoso por filmes como “O Auto da Compadecida”, tinha chances de acertar

essa questão!

16-(FGV- Analista Legislativo- Senado- 2008)- Em abril de 1967, na mostra de artes visuais Nova Objetividade Brasileira, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o carioca Hélio Oiticica apresentou uma obra-ambiência batizada "Tropicália” que, pouco tempo depois, emprestaria o nome ao movimento que transformou o ambiente cultural do país no período. Os trechos abaixo foram extraídos de canções que compõem a discografia associada ao Tropicalismo, à exceção de um. Assinale-o.

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a) O rei da brincadeira - ê, José / O rei da confusão - ê, João / Um trabalhava

na feira - ê, José / Outro na construção - ê, João.

b) Atenção / Tudo é perigoso / Tudo é divino, maravilhoso / Atenção para o

refrão: / É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte.

c) Eu quis cantar / Minha canção iluminada de sol / Soltei os panos, sobre os

mastros no ar / Soltei os tigres e os leões, nos quintais / Mas as pessoas na

sala de jantar / São ocupadas em nascer e morrer.

d) Tem dias que a gente se sente / Como quem partiu ou morreu / A gente

estancou de repente / Ou foi o mundo então que cresceu... / A gente quer ter

voz ativa / No nosso destino mandar / Mas eis que chega a roda viva / E

carrega o destino pra lá.

e) Sobre a cabeça os aviões / Sob os meus pés os caminhões / Aponta contra

os chapadões / Meu nariz / Eu organizo o movimento / Eu oriento o carnaval /

Eu inauguro o monumento no planalto central / Do país / Viva a bossa-sasa /

Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça / Viva a bossa-sa-sa / Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça.

COMENTÁRIOS:

O Tropicalismo foi um movimento cultural de ruptura com os antigos

padrões da música e da cultura brasileira, tendo se originado entre 1967 e

1968, a partir da reunião de artistas baianos. Entre seus componentes mais

famosos, citamos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão e Tom

Zé. A idéia central desse movimento cultural era universalizar a linguagem da

MPB, à qual seriam incorporados elementos de cultura jovem internacional.

A assertiva “d” traz um trecho da canção “Roda Viva”, de Chico

Buarque de Holanda, o qual não integrou o movimento tropicalista. Logo, ela é

o gabarito.

17- (FGV- Analista Legislativo – Senado-2008)- Nascido em Passo Fundo em 1980, até os 15 anos sua única escola musical era a música folclórica do Sul do Brasil, Argentina e Uruguai. Suas interpretações performáticas conseguem remodelar cada música apresentada e revelam uma profunda

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intimidade com seu instrumento. Um violonista e compositor que não se enquadra em nenhuma corrente musical, ele é uma mistura de todos os estilos e cria interpretações de rara personalidade no seu violão de sete cordas. Os textos se referem a: a) Antônio Nóbrega.

b) Antônio Meneses.

c) Sérgio Assad.

d) Turíbio dos Santos.

e) Yamandú Costa.

COMENTÁRIOS:

Essa foi uma questão pra pouquíssimas pessoas acertarem!

Sinceramente, eu não gosto nem um pouco dessas questões estilo “show do

milhão”, pois não medem nem um pouco o conhecimento do candidato. Não

acredito que isso irá repetir no próximo concurso do Senado. De qualquer

maneira, falamos a seguir rapidamente de cada uma das personalidades

mencionadas pela questão (informações retiradas dos sites de cada um dos

artistas):

- Antônio Nóbrega: Nascido em 1952 em Pernambuco, desenvolveu

um estilo próprio de concepção em artes cênicas, dança e música. Não é muito

conhecido na televisão, mas seus espetáculos são bastante concorridos.

- Antônio Meneses: Também pernambucano, nasceu em 1957 em

uma família de músicos. É violoncelista e apresenta-se regularmente com as

principais orquestras sinfônicas do mundo.

- Sérgio Assad: (havia muito poucas informações sobre esse artista

no Google. rsrsrsr...) Nasceu em 1952, sendo um arranjador, compositor e

violonista.

- Turíbio dos Santos: Nascido em 1943, no Maranhão, é

considerado um dos maiores violinistas brasileiros ainda vivo.

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A resposta correta é a letra E. As informações do enunciado da

questão coincidem exatamente com a biografia do artista Yamandú Costa,

presente em seu site oficial.

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LISTA DE QUESTÕES – SEGURANÇA E DEFESA NACIONAL

(CESPE/ABIN-2008)- A permeabilidade das fronteiras, as modificações operadas pela globalização e a porosidade das relações entre economia internacional e Estado nacional geraram novos desafios para a defesa e a segurança do Estado. A respeito desse tema, julgue os itens a seguir:

1-Fatores que são apresentados como impulsionadores do declínio do Estado

e da soberania, como o terrorismo internacional, o crime organizado, o

narcotráfico e a ameaça de espionagem, são igualmente responsáveis pela

ampliação e expansão de estruturas de inteligência sob comando estatal em

quase todo o mundo.

2-Nos Estados democráticos, cresce a demanda pela formação e

implementação de políticas governamentais voltadas para os controles e

supervisões dos serviços de inteligência.

3- Para garantir a segurança do Estado, não importa o regime político, devendo

a eficiência e a eficácia dos serviços de inteligência sobre matérias relevantes,

como o terrorismo internacional, prevalecer sobre o princípio da transparência.

4- (CESPE/ABIN-2004)- Embora partilhada com um número reduzido de países, a fronteira amazônica é considerada estratégica, porque corresponde à área de maior intercâmbio comercial do Brasil com seus vizinhos da América do Sul.

5- (CESPE/ABIN-2004)- Para a segurança nacional, a relevância estratégica de um sistema integrado de vigilância cobrindo a Amazônia, como é o caso do SIVAM, justifica a forma pela qual se deu sua licitação, restrita a empresas nacionais e sem suscitar controvérsias no âmbito do governo federal.

6- (CESPE-SNJ-2005)- Entre as mais conhecidas formas de crime organizado na atualidade, estão o tráfico internacional de drogas ilícitas, o contrabando de armas e o tráfico de mulheres.

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7- (CESPE-SNJ-2005)- Os indiscutíveis êxitos obtidos pelo Plano Colômbia, idealizado e financiado pelos Estados Unidos da América (EUA), explicam a sensível redução da entrada e do consumo de drogas ilícitas no território norte-americano.

8- (CESPE- Polícia Federal-2004)- Entre as formas clássicas de atuação do crime organizado, em escala mundial, podem ser citados o tráfico de drogas ilícitas, o contrabando – como o de armas, por exemplo – e a remessa ilegal de divisas para centros financeiros no exterior.

(CESPE- Polícia Federal-2004)- “Levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) indica que o crime organizado movimenta US$ 2 trilhões ao ano no mundo, dos quais US$ 1,3 trilhão ingressa no sistema financeiro para fins de lavagem. Os países industrializados, sobretudo os Estados Unidos da América (EUA), lideram o ranking em volume de dinheiro. Mas o Brasil, conforme a mesma estimativa, tem participação importante nesse mercado sujo, entre 2% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a algo entre US$ 10 bilhões e US$ 25 bilhões. Metade desse valor provém da corrupção e o restante, de crimes como o tráfico de drogas e de armas e contrabando.”

Vanildo Mendes. ONU indica lavagem de US$ 1,3 bilhão. In: O Estado de S. Paulo, 2/9/2004, p. 9A (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando as diversas implicações do tema que ele focaliza, julgue os itens a seguir:

9-Pelo que o texto informa, os denominados países emergentes, em particular

alguns asiáticos e latino-americanos, têm importância secundária no tráfico

internacional de drogas, o que se explica pelo seu relativamente baixo

potencial de consumo.

10- Infere-se do texto que o sistema financeiro internacional tem algum tipo de

responsabilidade no incremento do crime organizado em escala mundial, na

medida em que legaliza parte considerável do dinheiro gerado pelas atividades

ilícitas.

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11-Na realidade brasileira dos dias atuais, a ação do narcotráfico não é um fato

isolado, estando muitas vezes entrelaçada com o processo de compra e venda

ilegal de armas.

12-Os chamados paraísos fiscais acabam por dar suporte ao crime organizado

e a uma série de atividades financeiras ilícitas ou não totalmente corretas,

devido à extrema flexibilidade de seu sistema financeiro e às evidentes

facilidades oferecidas a quem queira neles aplicar seu dinheiro.

13-A legislação brasileira sobre lavagem de dinheiro é considerada uma das

mais avançadas do mundo porque, ao contrário do que ocorre em outros

países, no Brasil não se especificam os tipos de crimes dos quais resulta o

dinheiro ilícito, o que facilita a ação policial e judiciária.

14-Os males advindos da corrupção e da ação do crime organizado, sobretudo

em países emergentes, como é o caso do Brasil, incluem seu impacto sobre o

desenvolvimento econômico e social, afetando-o direta ou indiretamente, a

começar pela sangria que promove nas reservas do país.

15-Órgão controlador de âmbito federal comandado pelo ministro Waldir Pires

tem feito inspeção periódica em prefeituras brasileiras, escolhidas por sorteio.

Em muitos casos, verifica-se malversação de recursos públicos, quer por

desconhecimento de normas e práticas corretas, quer por intenção claramente

dolosa.

16- A resistência do governo brasileiro em tomar atitudes vigorosas contra o

crime organizado, especialmente em relação à lavagem de dinheiro, levou a

ONU a repreender publicamente o país.

17- (CESPE/TJDF-2008)- Apesar de ainda intenso, o tráfico de drogas ilícitas no Brasil mantém-se claramente afastado das conexões internacionais que sustentam o crime organizado em escala global.

18- (IRB-2010)- O Brasil tem como política reconhecer como terrorista qualquer organização que seja assim considerada por países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas.

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(CESPE/BB-2003)- “Um atentado suicida com um caminhão contendo cerca de 230 quilos de explosivos na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bagdá matou pelo menos 20 pessoas, entre elas, o chefe da missão da ONU no Iraque,no brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Ao menos cem pessoas ficaram feridas. Vieira de Mello era considerado um dos maiores especialistas em regiões de conflito. Era alto comissário da ONU para Direitos Humanos e assumira provisoriamente o cargo de representante especial no Iraque. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o ataque e disse que Vieira de Mello foi vítima da “insanidade do terrorismo”.

A partir desse último texto, julgue os seguintes itens.

19-Os fatores que motivaram a recente invasão do Iraque, levada a efeito pela

coalizão anglo-americana, somente se justificaram perante a opinião pública

internacional quando se comprovou a existência de pesado arsenal de armas

de destruição em massa em poder de Saddam Hussein.

20-Os atentados que se sucedem no Iraque, após o fim formal dos rápidos

combates que derrubaram Saddam Hussein, evidenciam as dificuldades

encontradas pelos Estados Unidos da América (EUA) para manter o controle

sobre aquele país.

21-Diplomata de carreira, tendo chegado a embaixador, representando o Brasil

em diversos países, Sérgio Vieira de Mello foi vítima do atentado que lhe tirou a

vida quando cumpria sua primeira missão em nome da ONU.

22-O Oriente Médio continua a ser, neste início de século, o que foi em boa

parte do século passado, isto é, área de grande tensão, na qual se misturam

questões políticas, econômicas e religiosas.

23-Particularmente após 11 de setembro de 2001, a política externa norte-

americana, sob o comando de George W. Bush, ganhou contornos mais

comedidos, provavelmente em função do temor de que o país sofresse novos

atentados.

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24- (CESPE- SNJ- 2005)- As bombas detonadas na capital britânica, em julho de 2005, atingiram alvos semelhantes ao dos atentados de 2001 nos EUA, ou seja, prédios que simbolizam o poder político e econômico do Ocidente.

25- (CESPE-SNJ-2005)- As ações terroristas praticadas por grupos islâmicos, como o conhecido Al-Qaeda, não se restringiram aos países anglo-saxões. Entre outros países, a Espanha foi vítima de um dos mais violentos atos dessa natureza.

26-(CESPE-SNJ-2005)- Sabe-se que as ações terroristas islâmicas estão relacionadas à tensa situação do Oriente Médio, na qual se destacam, entre outras questões graves, os fatos de o Iraque ter sido invadido e de o Palestina ainda não ter sido transformada em Estado nacional.

(ABIN-2008)- A respeito do conceito de terrorismo e de suas implicações nos cenários internacional e nacional, julgue os itens a seguir:

27- A definição do fenômeno atual do terrorismo, que é consensual, está

vinculada aos resultados da ação violenta empreendida por grupos insatisfeitos

com seus governantes.

28- O Brasil considera oficialmente como terroristas os grupos guerrilheiros das

FARC, na Bolívia.

29-Há certo consenso na história recente da América Latina de que houve

experiências, na segunda metade do século XX, tanto de métodos terroristas

de grupos políticos com caráter reivindicatório quanto de terrorismo de Estado.

30-Os atentados contra as torres gêmeas de Nova Iorque, embora

classificados, à época, como atos terroristas, já não são assim considerados

pela maioria da opinião pública norte-americana.

31-Embora certas ações políticas de grupos religiosos radicais do Oriente

Médio e da Ásia possam ser caracterizadas como ações terroristas, não se

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deve associar mecanicamente o Islã ao fenômeno do terror político

contemporâneo.

32- (ABIN-2008)- Com o desenvolvimento da tecnologia da informação, um dos vetores da globalização, aumentam também as possibilidades de expansão das atividades do crime organizado, como o terrorismo, as máfias e o tráfico de drogas ilícitas.

33- (IRB-2009)- Os atentados de 11 de setembro de 2001 recolocaram as questões relativas à segurança no topo da agenda internacional e suscitaram reações e percepções diferenciadas acerca da forma de enfrentar o terrorismo internacional. Acerca desse tópico, julgue (C ou E) os itens subseqüentes.

A-O Brasil solidarizou-se com os EUA e abriu-se à participação efetiva no

combate global ao terrorismo, defendendo o fortalecimento das instituições

multilaterais como medida válida para tal fim.

B- Ao se opor às ações militares deflagradas pelos EUA no Afeganistão e no

Iraque, o Brasil restringiu seu engajamento no combate ao terrorismo

internacional ao que determinam a Organização dos Estados Americanos

(OEA) e o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR).

C- Ao enfatizar a necessidade de se fortalecerem os mecanismos multilaterais

globais e regionais para o enfrentamento do terrorismo global, o Brasil não se

opôs aprioristicamente a intensificar e aprofundar a cooperação com os EUA.

D- A alegação dos EUA de que a região da tríplice fronteira abriga indivíduos

vinculados a organizações terroristas provocou maior aproximação do Brasil às

posições daquele país no combate ao terrorismo e fortalecimento da

cooperação bilateral entre Brasil e EUA.

34- (FUNVERSA- COFECON-2009)- “Obama diz não ter intenção de enviar tropas ao Iêmen e à Somália O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que não tem

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intenção de enviar tropas americanas para o Iêmen ou a Somália, dois países que enfrentam combatentes islâmicos, vistos como aliados da rede terrorista Al Qaeda. Obama disse à revista People que ainda acredita que o centro de atividades da Al Qaeda é ao longo da fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. As preocupações com o terrorismo no Iêmen cresceram depois do atentado frustrado a um avião com destino a Detroit no dia de Natal. Segundo as investigações, o suspeito de tentar detonar explosivos durante o vôo, o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, recebeu treinamento do braço da Al Qaeda no Iêmen. Na entrevista realizada na sexta-feira, Obama disse que não descarta nenhuma possibilidade. Ainda assim, ele disse que, para países como o Iêmen e a Somália, ele acredita que trabalhar com parceiros internacionais seria mais eficaz no momento. Localizado no sul da península Arábica, o Iêmen é o mais pobre dos países árabes. Seu governo enfrenta rebeldes xiitas e sunitas e abriga o braço da rede Al Qaeda na península, depois de anos de repressão do governo saudita ao grupo.” O texto aborda uma das maiores preocupações, não só dos Estados Unidos, como também de diferentes países do globo: o terrorismo. Acerca do texto e do tema abordado, assinale a alternativa correta: a) A Comissão Nacional sobre Ataques Terroristas nos Estados Unidos atribuiu

à Al Qaeda a responsabilidade do ataque ao World Trade Center, em setembro

de 2001. Ainda hoje, um dos principais líderes desse grupo terrorista, Osama

Bin Laden, é procurado pelos Estados Unidos.

b) O texto apresenta as causas do terrorismo internacional.

c) O elevado percentual de população contaminada com o vírus da AIDS faz

que a África se torne uma efervescente área de formação de terroristas.

d) A organização de grupos terroristas tem como único propósito a implantação

do islamismo em escala global. Por esse motivo, os ataques são sempre

justificados como sendo uma guerra santa.

e) A decisão do Presidente Barack Obama de não apresentar uma maior

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ofensiva ao Iêmen demonstra um enfraquecimento político e diplomático dos

Estados Unidos, uma vez que o ataque ao avião com destino a Detroit

provocou a morte de dezenas de passageiros.

GABARITO

1-C 8-C 15-C 22-C 29-C

2-C 9-E 16-E 23-E 30-E

3-E 10-C 17-E 24-E 31-C

4-E 11-C 18-E 25-C 32-C

5-E 12-C 19-E 26-C 33-C,E,C,E

6-C 13-E 20-C 27-E 34- Letra A

7-E 14-C 21-E 28-E

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LISTA DE QUESTÕES – CULTURA

1- (ESAF-Oficial de Chancelaria-2002)- Versos como “No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho/ tinha uma pedra/ no meio do caminho tinha uma pedra” foram escritos pelo poeta mineiro que, nascido em Itabira, fixou-se no Rio de Janeiro, notabilizando-se como um dos maiores nomes da poesia moderna em língua portuguesa. Trata-se de a) Carlos Drummond de Andrade b) Olavo Bilac c) Manuel Bandeira

d) Murilo Mendes

e) Augusto dos Anjos

2- (ESAF-Oficial de Chancelaria-2002)- Considerada uma das mais ricas do mundo, ombreando- se com a norte-americana, a música popular brasileira tem uma longa história, em que se mesclam influências de grupos, etnias e culturas presentes na formação do Brasil. No que se refere a essa trajetória da MPB, com sua importância e seu significado, assinale a opção correta. a) Música que funciona como uma espécie de cartão de visitas do Brasil, sendo

conhecida e executada em distintas partes do mundo, Aquarela do Brasil, de

Ary Barroso, tem uma letra que não esconde o momento histórico em que foi

produzida, precisamente após a queda da ditadura de Vargas, quando o país

se liberta do ufanismo imposto pelo autoritarismo de então.

b) Entre os anos 1930 e 1940, coincidindo com o advento da era do rádio, a

MPB atingiu um nível de excelência que todos reconhecem; nesse período em

que cantores e compositores alcançam grande popularidade, sobressai a obra

do compositor Noel Rosa.

c) A segunda metade dos anos 50 corresponde à Era JK que, ao lado do

impulso desenvolvimentista, também se caracterizou pela exuberância da

criação cultural; paradoxalmente, ao mesmo tempo em que nasce o chamado

Cinema Novo, a MPB se retrai e, por uma razão ainda desconhecida, mostra-

se incapaz de produzir algo de novo.

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d) A década de 60 assistiu à revitalização da MPB, fortemente impulsionada

pelos festivais que a televisão realizava; nesse decênio, a normalidade política

e o crescimento econômico devem ter contribuído para a fértil produção

musical.

e) Lançando-se em meados dos anos 60, Chico Buarque de Hollanda tornou-

se rapidamente um dos mais festejados compositores brasileiros; desde seu

primeiro sucesso, A Banda, construiu uma obra marcada pelo lirismo

romântico, olvidando os apelos ao engajamento político.

3- (ESAF-Oficial de Chancelaria-2002)- Inspirando-se no patrimônio cultural brasileiro, suas lendas e tradições populares, produziu uma música erudita de elevado padrão, inclusive alvo de reconhecimento internacional. Falamos do regente e compositor de, entre outras peças notáveis, “Bachianas Brasileiras”: a) César Camargo Mariano

b) Antonio Carlos Jobim

c) Chico Buarque de Hollanda

d) Camargo Guarnieri

e) Heitor Villa-Lobos

4- (ESAF-Oficial de Chancelaria-2002)- Os primeiros anos após o fim da Embrafilme, ocorrida no governo Collor, foram difíceis para o cinema brasileiro, cuja produção viu-se drasticamente reduzida. O final dos anos 90, no entanto, registra, aos olhos de muitos, a ressurreição da cinematografia brasileira. A propósito do tema, examine as opções abaixo e assinale a incorreta. a) Alguns filmes recentes, como Carlota Joaquina, cujas pegadas foram

seguidas pela série televisiva O Quinto dos Infernos, buscam na história

nacional sua fonte de inspiração, dela se apropriando de maneira jocosa e

irreverente.

b) Fernanda Montenegro, conhecida como "primeira dama do teatro brasileiro",

também colhe o reconhecimento do público em trabalhos para a televisão e o

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cinema; como protagonista de filme brasileiro, chegou a ser indicada para

concorrer ao Oscar de melhor atriz.

c) O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, foi o primeiro filme brasileiro

a receber importante premiação internacional, no início dos anos 60 – a Palma

de Ouro, por sua vitória no festival internacional de cinema de Cannes, na

França.

d) Ao arrebatar o Oscar de melhor filme estrangeiro, Central do Brasil, de

Walter Salles, demonstrou a capacidade criadora da cinematografia brasileira,

em que se conjugam bons argumentos e atores, esmero técnico e direção

sensível e competente.

e) O Estado brasileiro encontrou novas formas de apoiar a produção cultural no

país, inclusive na área de cinema: trata-se da legislação que permite, mediante

renúncia fiscal, que parte dos impostos devidos por empresas seja canalizada

para o financiamento de atividades culturais.

5- (ESAF/CGU-2008)- Na explosiva e irrequieta década de 1960, a cultura brasileira não ficou imune ao processo histórico vivido pelo país e pelo mundo. No mesmo contexto de um teatro politicamente engajado, surgiam o iê-iê-iê e um movimento que se singularizava por suas inovadoras propostas estéticas. Combinando elementos arcaicos e de vanguarda, urbanos e periféricos, esse movimento reunia artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Capinam e Torquato Neto, entre outros. Trata-se do (da) a) Modernismo.

b) Tropicalismo.

c) Samba de raiz.

d) Jovem Guarda.

e) Bossa Nova.

6- (ESAF/CGU-2008)- Há cem anos morria Machado de Assis, considerado o maior escritor brasileiro e um dos maiores expoentes da língua portuguesa. De sua obra literária, em que sobressaíam os romances e as

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crônicas de fina sensibilidade e de aguda percepção da realidade, destacam-se as que se seguem, exceto: a) Iaiá Garcia.

b) Dom Casmurro.

c) Memórias póstumas de Brás Cubas.

d) Memórias de um sargento de milícias.

e) A mão e a luva.

7- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)-Chico Buarque de Hollanda chega aos 60 anos de idade com uma obra rica, diversificada e respeitada. Um dos nomes centrais da cultura popular brasileira, começou sua carreira em meados da década de 60, participando de festivais de música popular. No regime militar, muito de sua produção musical refletia um posicionamento claro contra o autoritarismo. Em parceria com Francis Hime, anunciou o fim do ciclo ditatorial e a chegada de um novo tempo político para o país. Esse samba, bastante conhecido, chama-se a) Construção.

b) Carolina.

c) Gota d’água.

d) Vai passar.

e) Vai trabalhar, vagabundo.

8- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)-Seu nome está definitivamente ligado à moderna música popular brasileira. Consagrado como maestro, músico e compositor, é autor de obras seminais da MPB, como Águas de

março, imortalizada na gravação que fez com Elis Regina. Trata-se de: a) Noel Rosa.

b) Antônio Carlos Jobim.

c) Vinícius de Morais.

d) Edu Lobo.

e) Heitor Villa-Lobos.

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9- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- O Menino Maluquinho é um dos grandes fenômenos editoriais brasileiros que, da literatura infantil, chegou aos palcos teatrais e às telas do cinema. Seu autor, mineiro de Caratinga, há muito radicado no Rio de Janeiro, também se notabilizou como cartunista e teve seu nome ligado ao surgimento de um jornal que revolucionou a imprensa brasileira no auge da ditadura militar, o Pasquim. Esse artista é a) Glauco.

b) Henfil.

c) Ziraldo.

d) Millôr.

e) Jaguar.

10- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)-Em sua segunda edição, em 2004, o Festival Literário Internacional de Paraty levou à histórica cidade fluminense 36 escritores e cerca de 30 mil leitores, ampliando o êxito obtido no ano anterior. Entre tantos nomes famosos, um escritor destacou-se justamente pela ausência. Convidado pelos organizadores, o autor de Viva o povo brasileiro desistiu de participar do FLIP, não sem antes justificar as razões de sua decisão. Esse autor, nascido na baiana Itaparica, que também publica regularmente suas crônicas na imprensa, é a) João Ubaldo Ribeiro.

b) Luís Fernando Veríssimo.

c) Moacyr Scliar.

d) Antonio Cícero.

e) Davi Arrigucci Jr.

11- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- Mortos ainda muito jovens, eles se impuseram como grandes nomes do rock brasileiro contemporâneo, especialmente em razão das letras de suas canções. Um deles teve sua vida e carreira artística contadas em recente exposição que atraiu multidões. O outro tem sua trajetória transposta atualmente para as telas do cinema. Estamos nos referindo a:

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a) Renato Russo e Cazuza.

b) Tony e Cely Campelo.

c) Paulo Sérgio e Wilson Simonal.

d) Jerry Adriani e Wanderley Cardoso.

e) Raul Seixas e Taiguara.

12- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- Diretor de cinema festejado e com projeção internacional, Walter Salles Jr. teve em Central do Brasil um de seus trabalhos mais elogiados, indicado inclusive à disputa do Oscar de melhor produção estrangeira. Seu mais recente filme, que colhe críticas bastante favoráveis,focaliza uma etapa da vida de um dos mais conhecidos líderes revolucionários americanos. Das opções abaixo, assinale a que corresponde ao filme e ao personagem histórico que retrata. a) Abril Despedaçado – Fidel Castro

b) Memórias do Cárcere – Getúlio Vargas

c) Diários de Motocicleta – Che Guevara

d) Eu, Tu, Eles – Salvador Allende

e) Benjamim – Benjamin Franklin

13- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- Quando se fala em cultura de massas no Brasil, é impossível obscurecer o papel desempenhado pelo rádio na produção e na disseminação da produção artístico cultural do país, especialmente antes do advento da televisão. A emissora que mais completamente traduziu esse fenômeno, notadamente nos anos 1940-1950, volta às manchetes em 2004, quando começa a ser recuperada, após anos de decadência. Essa emissora de rádio AM, cuja influência em seus tempos áureos é comparável – para muitos, maior até – à da Rede Globo de Televisão dos dias atuais, é a: a) Bandeirantes (SP).

b) Farroupilha (RS).

c) Itatiaia (MG).

d) Jornal do Comércio (PE).

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e) Nacional (RJ).

14- (ESAF/Oficial de Chancelaria-2004)- Criado por Assis Chateaubriand e com acervo organizado por Pietro Maria Bardi, que o dirigiu por muitos anos, um museu paulistano, situado em prédio que é referência arquitetônica na emblemática Avenida Paulista, tornou-se uma das mais conhecidas e visitadas casas de cultura no país. Trata-se do: a) Museu de Arte de São Paulo (MASP).

b) Museu de Arte Moderna (MAM).

c) Museu Nacional de Belas Artes (MNBA).

d) Museu de Arte Contemporânea (MAC).

e) Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

15-(FGV- Analista Legislativo-Senado- 2008)- Os filmes ou documentários a seguir relacionam-se corretamente com os textos, à exceção de um. Assinale-o. a) “Notícias de uma guerra particular”, de João Moreira Salles, 1999 – A gente

é injusto com o documentário, à medida que ele tem uma relação muito forte

com a história e a realidade brasileira. (Silvio Tendler)

b) “Canudos”, de Sérgio Rezende, 1997 – Quando o cineasta se dispõe a

chafurdar no lixo da história, ele presta um serviço inestimável para o país,

Uma porcentagem grande de quem viu “Canudos” nunca tinha ouvido falar

daquele episódio. (Paulo José)

c) “Macunaíma”, de Pedro de Andrade, 1969 – Quando fui contracenar com o

[Grande] Otelo em “Macunaíma” tinha um sentimento de veneração por ele.

Tinha uma cena em que eu tinha que ficar com ele no colo, batendo na cabeça

dele e dizendo: “Cresce, cresce, meu filho, pra ir pra São Paulo ganhar muito

dinheiro.” (Paulo José)

d) “Deus e o Diabo na terra do sol”, de Glauber 1964 – É a maior

experiência cinematográfica do Brasil. [...] O que as pessoas não levam em

consideração é o fato de um menino de 22 anos fazer um filme que está na

história do cinema mundial. (Othon Bastos)

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e) “Vidas secas”, de Nelson Pereira dos 1963 – “ A transposição do

vídeo para a película resulta feia? Não, é bonito, interessante e viável. Me

incomoda um pouco no cinema sensação de muito dinheiro gasto num país

sem recurso.” (Matheus Nachtergaele)

16-(FGV- Analista Legislativo- Senado- 2008)- Em abril de 1967, na mostra de artes visuais Nova Objetividade Brasileira, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o carioca Hélio Oiticica apresentou uma obra-ambiência batizada "Tropicália” que, pouco tempo depois, emprestaria o nome ao movimento que transformou o ambiente cultural do país no período. Os trechos abaixo foram extraídos de canções que compõem a discografia associada ao Tropicalismo, à exceção de um. Assinale-o. a) O rei da brincadeira - ê, José / O rei da confusão - ê, João / Um trabalhava

na feira - ê, José / Outro na construção - ê, João.

b) Atenção / Tudo é perigoso / Tudo é divino, maravilhoso / Atenção para o

refrão: / É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte.

c) Eu quis cantar / Minha canção iluminada de sol / Soltei os panos, sobre os

mastros no ar / Soltei os tigres e os leões, nos quintais / Mas as pessoas na

sala de jantar / São ocupadas em nascer e morrer.

d) Tem dias que a gente se sente / Como quem partiu ou morreu / A gente

estancou de repente / Ou foi o mundo então que cresceu... / A gente quer ter

voz ativa / No nosso destino mandar / Mas eis que chega a roda viva / E

carrega o destino pra lá.

e) Sobre a cabeça os aviões / Sob os meus pés os caminhões / Aponta contra

os chapadões / Meu nariz / Eu organizo o movimento / Eu oriento o carnaval /

Eu inauguro o monumento no planalto central / Do país / Viva a bossa-sasa /

Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça / Viva a bossa-sa-sa / Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça.

17- (FGV- Analista Legislativo – Senado-2008)- Nascido em Passo Fundo em 1980, até os 15 anos sua única escola musical era a música folclórica do Sul do Brasil, Argentina e Uruguai. Suas interpretações performáticas conseguem remodelar cada música apresentada e revelam uma profunda intimidade com seu instrumento. Um violonista e compositor que não se

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enquadra em nenhuma corrente musical, ele é uma mistura de todos os estilos e cria interpretações de rara personalidade no seu violão de sete cordas. Os textos se referem a: a) Antônio Nóbrega.

b) Antônio Meneses.

c) Sérgio Assad.

d) Turíbio dos Santos.

e) Yamandú Costa.

GABARITO

1- A 5- B 9- C 13- E 17- E

2- B 6- D 10- A 14- A

3- E 7- D 11- A 15- E

4- D 8- B 12- C 16- D

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AULA EXTRA 02- SIMULADO II

Olá, amigos, tudo bem?

Hoje faremos o nosso segundo simulado, com mais 60 questões

especialmente selecionadas para que você possam ir treinando e verificando o nível de

aprendizagem alcançado. São questões referentes à aula 05,06, 07 e 08.

Vamos lá!

Grande abraço e bons estudos.

Ricardo Vale e Virgínia Guimarães

“O segredo do sucesso é a constância no objetivo!”

______________________________x_______________________________

SIMULADO II

1-(CESPE/IRB-2009)- O avanço das fronteiras econômicas, como a agropecuária na região Centro-Oeste e a mineral na região Norte, contribuiu para a expansão do sistema de cidades.

2-(CESPE/IRB-2009)- Ainda hoje, verifica-se a polarização exercida pelas metrópoles Rio de Janeiro e São Paulo, por meio da concentração de indústrias e de serviços.

3-(CESPE/IRB-2009)- Tal como ocorre com países desenvolvidos e altamente industrializados, no espaço urbano brasileiro predominam as atividades do setor terciário, que emprega a maior a parte da população ativa.

4- (CESPE/IRB-2009)-No século XXI, tem-se observado crescente fluxo migratório

das cidades médias para as grandes metrópoles nacionais, que ainda se mantêm como os maiores pólos de atração populacional do país.

5- (CESPE/IRB-2008)- Atualmente, observa-se, nas áreas de expansão da fronteira agrícola no Brasil, um sistema produtivo intenso e mecanizado, que gera poucos empregos diretos e baixo índice de urbanização e de migrações.

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6- (CESPE/IRB-2008)- Devido à consolidação da agricultura irrigada — parcialmente voltada para a exportação — e da produção moderna de grãos, bem como à modernização dos empreendimentos voltados para a produção de têxteis, a região Nordeste do Brasil apresenta, atualmente, bons índices de desenvolvimento no que se refere a indicadores sociais, superando, inclusive, índices do Centro-Sul.

7- (CESPE/IRB-2008)- O cerrado brasileiro é um bioma propício à atividade agrícola, como comprova sua alta produtividade nas últimas décadas, graças, especialmente, à fertilidade do seu solo, que não exige corretivos.

8- (CESPE/IRB-2008)- O fato de as indústrias deixarem de se concentrar no sudeste do Brasil tem relação com o processo de modernização da agricultura brasileira.

9-(CESPE/IRB-2008)- A industrialização brasileira conheceu um processo de dispersão que, por ter ocorrido de forma ordenada, evitou a metropolização dos novos centros industriais.

10- (CESPE/IRB-2008)- Depois de décadas de concentração econômica na cidade de São Paulo, observa-se um processo inverso, determinado, entre outras causas, pelas chamadas deseconomias de aglomeração.

11- (CESPE/IRB-2008)- O desenvolvimento da indústria e da agroindústria resultou na diferenciação e especialização do espaço regional brasileiro por meio da criação de novas estruturas produtivas, como observado na Amazônia brasileira.

12-(CESPE/IRB-2008)- As indústrias de alta tecnologia localizam-se, preferencialmente, onde existem sistema acadêmico e de pesquisa bem organizado, serviços urbanos modernos e base industrial.

13-(CESPE/Bombeiro Militar-2008)- A urbanização experimentada pelo país contribui para a taxa de mortalidade infantil.

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14- (CESPE/Bombeiro Militar-2008)- Nas grandes cidades brasileiras, em razão da concentração da produção econômica, têm sido erradicados os problemas relativos à segregação e à periferização da população.

15- (CESPE/Bombeiro Militar-2008)- O aumento da participação de idosos no conjunto da população atual reflete uma melhoria na qualidade de vida dos brasileiros.

16-(CESPE/Bombeiro Militar-2008)- O crescimento industrial brasileiro vem provocando redução no volume da produção agrícola bem como no número de propriedades agrícolas no país.

17- (CESPE/Bombeiro Militar-2008)- Como país emergente no cenário econômico internacional, o Brasil alcançou um padrão de desenvolvimento social e econômico que o inclui no conjunto dos países mais ricos.

18- (CESPE/BB- 2007)- A facilidade atual de circulação de capitais e mercadorias, possibilitada por modernas tecnologias, também é observada no que diz respeito à circulação de pessoas, o que garante emprego a número crescente de pessoas que migram dos seus países de origem para regiões mais ricas.

19- (CESPE/UnB-2010)-A realidade atual brasileira caracteriza-se por uma nova modalidade de migração, marcada pela predominância de fluxos populacionais de longo percurso, isto é, inter-regionais, diferentemente do que ocorreu, no país, durante o período inicial de urbanização, quando a migração do campo para a cidade, em uma mesma região, alimentava o crescimento das cidades.

20-(CESPE/UnB-2010)-A partir do século XX, a democratização dos transportes favoreceu as migrações de grandes massas populacionais na África e possibilitou o aumento das distâncias dos deslocamentos dos povos desse continente.

21-(CESPE/UnB-2010)-No Brasil, as migrações para os grandes centros urbanos acentuaram-se a partir da década de 1970, sendo o ônibus a forma de transporte mais utilizada no trânsito migratório.

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22-(CESPE/UnB-2010)-A despeito da contínua melhoria no setor de transportes, os fluxos populacionais internacionais têm diminuído, em intensidade e em número, principalmente em razão do controle da migração clandestina nas áreas de atração populacional, ou seja, nas áreas bem desenvolvidas do ponto de vista social e econômico.

23-(CESPE/UnB-2010)-Como conseqüência do processo de metropolização, em várias partes do mundo, grandes cidades concentram funções estratégicas, como a de sediar grandes empresas multinacionais.

24- (CESPE/INMETRO-2009)- Devido ao estágio de desenvolvimento econômico e ao grau de sofisticação tecnológica alcançado, os Estados Unidos da América (EUA) são, ao mesmo tempo, uma das maiores economias do mundo e o país cuja taxa de emissão de gases poluidores na atmosfera é a menor.

25 -(CESPE/INMETRO-2009)- Segundo o premiado cientista a que o texto se refere, para se resolverem definitivamente os problemas decorrentes do aquecimento global é suficiente que os países mais ricos do mundo reduzam significativamente suas emissões de dióxido de carbono.

26 -(CESPE/INMETRO-2009)- Embora não tenha sido ratificado pelos EUA, o Protocolo de Kyoto consistiu em tomada de posição política multilateral e, ainda que considerado pouco abrangente por muitos, constituiu uma espécie de ponto de partida para uma ação global com o objetivo de reduzir as agressões à natureza advindas de um modelo econômico historicamente predatório.

27- (CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- Além de ter sido convocada pela Organização das Nações Unidas para discutir a questão ambiental, sua finalidade precípua, a conferência de Copenhague objetiva pressionar países emergentes, como o Irã, a não desenvolverem programas nucleares.

28-(CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- A conferência sediada na Dinamarca, em 2009, é a primeira a reunir a comunidade internacional com o objetivo de debater soluções para o grave e preocupante problema da degradação ambiental.

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29-(CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- A abstenção de dirigentes de países mais desenvolvidos e grandes poluidores da atmosfera, anunciada com antecedência, foi fator decisivo para os parcos resultados obtidos em Copenhague.

30-(CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- As mudanças climáticas são um fenômeno novo, inédito na história da humanidade, e estão ligadas às modernas formas de produção industrial e à acentuada urbanização das sociedades.

31- (CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- A emissão descontrolada de gases que ampliam o efeito estufa acelera o aquecimento global, isto é, o aumento da temperatura do planeta, fenômeno que pode derreter geleiras e elevar o nível dos mares.

32- (CESPE/IRB-2009)- A questão ambiental logrou inscrever-se na agenda do mundo contemporâneo e ocupar posição relevante no cenário da política internacional. Em meio a opiniões divididas quanto aos efeitos da degradação ambiental e às possíveis soluções para problema de tamanha magnitude, há

consenso quanto ao fato de que o aquecimento global é real e preocupante. Relativamente a esse tema, assinale a opção incorreta. a) O Brasil foi o autor da proposta conhecida como Mecanismo de Desenvolvimento

Limpo (MDL), estando relacionados a aterros sanitários os dois primeiros projetos

aprovados pelo país para a obtenção de créditos internacionais em troca da redução da

emissão de gases poluentes.

b) A partir da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, ocorrida

em 1992, chegou-se ao Protocolo de Kyoto, que, tendo sido assinado e ratificado pelo

conjunto dos Estados integrantes da ONU, estabelece limites para a emissão de gases

que ampliam o efeito estufa.

c) Nos últimos anos, o processo de alteração climática decorrente do efeito estufa, que é

um fenômeno natural, vem-se acelerando mediante a ação do homem, pelo aumento

descontrolado da emissão de gases poluentes na atmosfera, sobretudo pela indústria e

pelos automóveis.

d) Dono de uma das mais ricas biodiversidades e da maior floresta tropical do planeta, o

Brasil confirmou sua adesão a importantes convenções e protocolos internacionais, entre

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os quais se destacam os relativos ao comércio de substâncias tóxicas, ao banimento

gradual de poluentes orgânicos nocivos ao meio ambiente e às normas para a utilização

segura de produtos transgênicos.

e) A aprovação pelo Congresso Nacional é condição indispensável para que sejam

ratificados acordos internacionais negociados pelo Poder Executivo em matéria ambiental.

33- (CESPE/IRB Bolsa-2008)- A questão ambiental passou a fazer parte da agenda do mundo contemporâneo desde as décadas finais do século passado e tem ampliado sua importância, realidade que se manifesta no trabalho de especialistas, na atuação de setores organizados da sociedade, em reuniões multilaterais e em ações governamentais.

34- (CESPE/IRB Bolsa-2008)- No Brasil, o tema do meio ambiente, conquanto adotado por organizações não-governamentais, centros de pesquisa e instituições acadêmicas, é pouco presente no debate político, nem mesmo conquistou espaço na estrutura político-administrativa do Estado.

35-(CESPE/IRB Bolsa-2008)- Entre as enormes conseqüências das mudanças

climáticas, são apontados por muitos estudiosos a elevação do nível dos mares e seus efeitos trágicos para determinadas regiões litorâneas.

36-(CESPE/IRB Bolsa-2008)- Devido ao estágio de desenvolvimento econômico e ao grau de sofisticação tecnológica alcançado, os Estados Unidos da América (EUA) são, ao mesmo tempo, uma das maiores economias do mundo e o país cuja taxa de emissão de gases poluidores na atmosfera é a menor.

37-(CESPE/IRB Bolsa-2008)- Embora não tenha sido ratificado pelos EUA, o Protocolo de Kyoto consistiu em tomada de posição política multilateral e, ainda que considerado pouco abrangente por muitos, constituiu uma espécie de ponto de partida para uma ação global com o objetivo de reduzir as agressões à natureza advindas de um modelo econômico historicamente predatório.

38- (FUNVERSA/SEJUS-DF-2010)- Vitória na Justiça para casais gays

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STJ garante pagamento de pensão privada a companheiro de titular da Previ que morreu e abriu caminho para que casos semelhantes tenham a mesma resolução a partir de agora. Decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) abre precedente vitorioso aos casais homossexuais que reivindicam direitos no Judiciário. Por unanimidade, a Corte garantiu o pagamento de pensão ao companheiro de um titular da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) que faleceu. Essa é a primeira vez que uma corte superior concede o benefício ao parceiro de um titular de plano de previdência privado. Correio Brasiliense, 10/02/2010, p.9 A respeito do tema abordado no texto e de outros que a ele se relacionem, assinale a alternativa incorreta: a) A decisão é inédita no STJ, que, em julgamentos passados, tinha reconhecido esse

direito apenas para segurados da Previdência Social.

b) A lei brasileira reconhece a figura da união estável apenas para pessoas de sexos

diferentes. Assim, o STJ julgou o caso por analogia.

c) A união entre homossexuais é legalizada em diversos países europeus, como Holanda

e França.

d) Retrógradas, a Constituição Federal e a justiça brasileira não se manifestam a respeito

dos direitos dos homossexuais, o que tem permitido a ocorrência de diversos casos de

homofobia, sem punição alguma.

e) Recentemente, o homossexualismo foi o tema de uma declaração de um general do

Exército Brasileiro. Indicado para o Superior Tribunal Militar, ele manifestou discordância

da presença de gays em postos de comando nas forças armadas.

39- (FUNVERSA- HFA-2009)- “Do ponto de vista econômico, a soma das imensas mas pouco povoadas regiões Centro-Oeste e Norte representa pouco menos que o Rio de Janeiro. O PIB do estado de São Paulo equivale a cerca de três vezes o PIB dos estados nordestinos e atinge quase o dobro do PIB dos três estados sulistas. A hegemonia paulista, engendrada nos tempos do café, permanece absoluta” Demétrio Magnoli e Regina Araújo. Geografia, a construção do mundo. São Paulo:

Moderna, 2006 A respeito da questão abordada no texto e de outros assuntos correlatos, assinale a alternativa incorreta:

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a) Apesar de ainda manter a liderança absoluta em termos de produção industrial, São

Paulo vem apresentando um declínio relativo recente, em função do aumento da

produção, em outros estados, em ritmo superior ao da economia paulista.

b) A Zona Franca de Manaus permitiu à cidade agregar, à sua velha função portuária,

novo papel de pólo comercial e industrial regional, polarizando vasta área na Amazônia

Ocidental.

c) Se a expressão “o PIB dos estados nordestinos” fosse substituída por o PIB dos dez

estados nordestinos, o texto manter-se-ia correto em termos geográficos.

d) No Nordeste, o processo de modernização econômica tomou, nos últimos anos, novo

dinamismo, de que é exemplo a agricultura irrigada no Vale do São Francisco, em

especial nas regiões de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).

e) No Sudeste, visto genericamente como uma região moderna e desenvolvida, ainda

permanecem bolsões de pobreza e de atraso, como é o caso do Vale do Jequitinhonha,

em Minas Gerais, à margem do processo de crescimento regional.

40- (FCC/APOFP-2010)- No Dia Internacional da Mulher de 2010, a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, revelou, na sua mensagem, que mais de 5 mil crimes de honra que ocorrem todos os anos no mundo não são noticiados

pelos meios de comunicação social. Afirmou que o mesmo tratamento é dado à violência perpetrada contra mulheres pelos seus maridos, pais, irmãos, tios e outros familiares do sexo masculino e por vezes feminino. Salienta, ainda, que o problema é exacerbado pelo fato de em muitos países a legislação doméstica não responsabilizar criminalmente os perpetradores de tais ofensas. No Brasil, a violência doméstica contra mulheres é: a) tratada como crime pela Lei Maria da Penha.

b) ignorada pela legislação, pois não se considera como crime a violência doméstica.

c) um dos itens pautados para a reforma do Código Civil.

d) admitida como natural pela sociedade e, portanto, não criminalizada.

e) considerada erradicada após a ascensão de mulheres a postos de comando na

política.

41-(FCC/APOFP-2010)- Para as eleições de 2010 no Brasil, além dos procedimentos tradicionais de identificação do eleitor e do uso de urnas eletrônicas, o TSE lançou nova modalidade mais informatizada e mais segura de votação, para que não haja

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qualquer dúvida quanto à identidade de cada eleitor. Nos municípios escolhidos para a experiência com o sistema biométrico a ser usado nas urnas eletrônicas, o cadastramento especial envolve: a) exame psicotécnico para identificar características comportamentais do eleitor.

b) registro das imagens das impressões digitais de todos os dedos, além de fotografia do

eleitor.

c) registro da face e da íris do eleitor.

d) fotografia e mapa geométrico das mãos do eleitor.

e) registro das impressões digitais e da voz do eleitor.

42-(FCC/APOFP-2010)- Em relação às atuais políticas públicas de acesso ao ensino superior no Brasil, é correto afirmar: a) O ProUni (Programa Universidade para Todos) oferece bolsas para permanência de

estudantes nas universidades públicas e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)

seleciona estudantes para universidades públicas federais.

b) O ProUni (Programa Universidade para Todos) e o Enade (Exame Nacional de

Desempenho de Estudantes) selecionam estudantes para as universidades públicas

federais.

c) O Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e o Enade (Exame Nacional de Desempenho de

Estudantes) são processos de seleção para o ingresso de estudantes em universidades

públicas e privadas.

d) A nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é utilizada na seleção de

estudantes para vagas de universidades pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada) ou

pelo ProUni (Programa Universidade para Todos).

e) O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o ProUni (Programa Universidade para

Todos) selecionam estudantes para o ingresso em universidades públicas estaduais.

43- (CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- Desde que foi deflagrada a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, o ex-governador do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda, estabeleceu um paradigma inédito na história da corrupção na política brasileira. Arruda foi o primeiro governador flagrado em vídeo

ao receber dinheiro supostamente sujo de um ex- assessor. Arruda também se tornou o primeiro governador a ser preso no exercício do cargo, desde a redemocratização, em 1985, por decisão do Superior Tribunal de Justiça.

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Época, 12/2/2010 (com adaptações). A partir do texto acima, assinale a opção correta a respeito da crise política no DF. a) O procurador-geral da República protocolou, no Supremo Tribunal Federal (STF),

pedido de impeachment do governador Arruda.

b) José Roberto Arruda desfiliou-se de seu partido, o PSB.

c) A prisão preventiva do governador do DF foi decretada por tentar obstruir as

investigações, na tentativa de subornar uma testemunha.

d) O vice-governador Paulo Octávio permanece como governador interino do DF.

e) A eleição para governador no DF, com mandato até o final de 2010, terá votação direta.

44- (CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- O STF deve finalmente encerrar o julgamento da extradição do ex-militante de esquerda italiano Cesare Battisti. A votação, que teve início em 9 de setembro, foi adiada duas vezes e esteve empatada em quatro votos para cada lado. O presidente do STF, Gilmar Mendes, deu o voto decisivo. Época, 17/11/2009 (com adaptações). A partir do texto apresentado acima, assinale a opção correta relativa ao caso Cesare Battisti. a) Em 13 de janeiro de 2009, o ministro da Justiça, Tarso Genro, negou status de

refugiado político a Battisti em virtude de processo de extradição iniciado pelo governo da

Itália.

b) Cesare Battisti não possui nenhuma condenação em seu país de origem, a Itália.

c) A decisão do STF declara que Cesare Battisti não deve ser extraditado.

d) A decisão do STF estabelece que a decisão final a respeito da extradição de Cesare

Battisti não é do presidente Lula.

e) Cesare Battisti foi condenado a dois anos de prisão por ter usado passaporte falso.

45- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- As relações diplomáticas entre Brasil e Colômbia foram afetadas pela influência americana nos assuntos desse país vizinho ao Brasil. Com relação a esse mal-estar diplomático, assinale a opção correta. a) O governo brasileiro repudiou o fato de os EUA terem se tornado o mediador da paz

entre guerrilheiros e o governo colombiano.

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b) A ajuda militar brasileira à Colômbia foi substituída pela ajuda militar norte-americana

após a posse de Barack Obama.

c) O governo brasileiro se incomodou com a permissão para que militares norte-

americanos fizessem uso de bases militares na Colômbia.

d) A venda de armamentos norte-americanos significou o cancelamento de contrato para

o fornecimento de tanques e helicópteros brasileiros à Colômbia.

e) O presidente colombiano Álvaro Uribe se opôs à ajuda militar e financeira que o Brasil

vinha oferecendo à guerrilha.

46- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgada em 2009, traçou o perfil demográfico brasileiro e contribui com informações importantes para a elaboração de políticas públicas no Brasil. Quanto ao perfil demográfico brasileiro, assinale a opção correta. a) A região Sul, seguindo uma tendência história, manteve os níveis mais altos de

natalidade.

b) O envelhecimento da população — pessoas com 60 anos de idade ou mais — teve

uma elevação, quando comparado com anos anteriores.

c) O Sudeste obteve o menor percentual de idosos em razão da baixa expectativa de vida

nessa região.

d) O envelhecimento populacional é mais observado no Norte do país, pois essa região

concentra o maior percentual de pessoas acima de 40 anos de idade.

e) No Nordeste, houve uma diminuição da população em razão de doenças crônicas e da

falta de saneamento básico.

47- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- Graças a um intenso programa de erradicação do barbeiro na zona rural, a doença de Chagas parecia um problema superado. No entanto, a Sociedade Brasileira de Cardiologia está preocupada e pretende lançar uma cartilha para prevenção da doença. Acerca dessa doença, assinale a opção correta. a) A doença de Chagas recrudesceu porque a transmissão hoje ocorre também por meio

do Aedes aegypti.

b) O exame de sangue de detecção da doença deixou de ser obrigatório nos

hemocentros.

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c) Há muitos novos casos da doença registrados nas periferias das grandes cidades,

onde essa doença é endêmica.

d) A vacina contra a doença de Chagas tem-se mostrado ineficiente contra novas

variantes da moléstia.

e) Há casos recentes da doença que foram ocasionados pelo consumo de alimentos

contaminados.

48- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- Lançado no último dia 21/12/2009, o 3.º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) é a terceira versão de um programa de direitos humanos do governo federal, sendo precedido pelo 1.º PNDH, de 1996, e pelo 2.º PNDH, de 2002. O lançamento do PNDH gerou polêmicas dentro e fora do governo. Internet: <www.bbc.co.uk> (com adaptações). A respeito desse documento e das reações provocadas nos diversos segmentos da sociedade, assinale a opção correta. a) A lei que aprovou o 3.º PNDH trazia como novidade temas cuja tramitação legislativa

estava emperrada, o que incomodou o Congresso Nacional.

b) A sugestão da criação de uma comissão da verdade para investigar abusos cometidos

durante a ditadura causou desconforto aos integrantes das Forças Armadas.

c) A sugestão de que as invasões de terra no campo deveriam ser criminalizadas causou

incômodo ao movimento dos trabalhadores rurais sem-terra.

d) O pedido de demissão do ministro do Exército foi resultado direto da apresentação do

PNDH à imprensa.

e) A sugestão de estatização dos meios de comunicação causou, de imediato, a oposição

dos grandes grupos proprietários de jornais e TVs.

49- (CESPE/Pesquisador INMETRO-2009)- O Brasil se candidata à quinta posição no ranque das economias mundiais. Não pode mais, por isso, ser considerado país pobre. É desigual, como a Índia e a China. Apesar, porém, do lugar privilegiado, não logrou dar o salto qualitativo capaz de incluí-lo no seleto clube do Primeiro Mundo. Mantém-se como nação periférica. Há muitas explicações para o fenômeno. Uma

delas sobressai: a educação subdesenvolvida. Correio Braziliense. Editorial: Educação subdesenvolvida. 4/12/2009, p. 16 (com adaptações).

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Considerando o tema abordado no texto e as informações nele contidas, assinale a opção correta. a)- O texto sugere que o Brasil optou por não se inserir na atual economia globalizada,

preferindo ampliar sua capacidade produtiva para atender à demanda do mercado interno.

b)- Citados no texto, Índia e China, diferentemente do Brasil, ultrapassaram o estágio de

país emergente e, na atualidade, têm assento privilegiado no grupo dos mais ricos, o G-8.

c)- A desigualdade social é marca histórica que acompanha os países latino-americanos,

tendo sido praticamente superada em parte da África e em quase toda a Ásia.

d)- Em termos geográficos e geopolíticos, o conceito de Primeiro Mundo envolve,

essencialmente, países situados no Hemisfério Sul e, muito raramente, os situados no

Norte.

e)- Contornados os efeitos da crise internacional, a economia brasileira dá sinais de

recuperação, aponta para um quadro de expansão e situa o país entre os grandes

emergentes mundiais.

50- (FCC- Agente Fiscal de Rendas- SP-2009)- Em julho de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou sua posição de defesa á substituição do G8, o foro das economias mais bem-sucedidas do mundo, pelo G-20, na discussão de temas

globais. Além da Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Itália, fazem parte do G-8 os seguintes países: a) África do Sul, Reino Unido e Rússia

b) Canadá, Reino Unido e Rússia

c) Índia, Reino Unido e Rússia

d) Canadá, Índia e China

e) China, Brasil e África do Sul

51- (VUNESP- Oficial de Justiça-2009)- O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) condenou ontem a AmBev a pagar R$ 352,69 milhões (...) A multa é a maior aplicada pelo órgão e supera todas as que já foram determinadas por agências reguladoras em geral. (Folha de S.Paulo, 23.07.2009)

Essa multa foi gerada pela a) divulgação de balancetes fraudulentos.

b) acusação de prática de concorrência desleal.

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c) reincidência em fraude fiscal, em prejuízo da União.

d) recorrente manipulação no mercado acionário.

e) exibição de propaganda em horários inadequados.

52- (VUNESP-TJSP-2010)- A aprovação do Projeto de Lei Ficha Limpa, no Senado, ocorrida no dia 19 de maio de 2010, foi considerada um avanço na política brasileira, no sentido de criar mecanismos para combater a corrupção no país. (http://educacao.uol.com.br/atualidades, 28.05.2010) Sobre essa Lei, pode-se afirmar que I. foi um projeto de lei apresentado pela iniciativa popular, contendo assinaturas de mais

de 1 milhão de brasileiros;

II. impede a candidatura de políticos suspeitos de terem praticado crimes de corrupção;

III. entrará em vigor somente a partir das eleições de 2012.

Está correto o contido apenas em

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e II.

e) II e III.

53- (FCC- Especialista em Políticas Públicas – SP-2009)- Em entrevista à BBC Brasil, Jim O’Neil, economista-chefe do Goldman & Sachs, que criou a sigla BRIC em 2001, prevê que a crise econômica mundial poderá acelerar a escalada dos emergentes, e diz que já em 2020 a economia desses quatro países encostará na dos países do G7, o grupo das atuais nações mais ricas do mundo. A sigla BRIC refere-se aos seguintes países: a) Brasil, Reino Unido, Índia e Canadá

b) Brasil, Reino Unido, Israel e China

c) Brasil, Rússia, Índia e Chile

d) Brasil, Rússia, Índia e Canadá

e) Brasil, Rússia, Índia e China

54- (FCC- Agente Fiscal de Rendas- SP-2009)- Em junho deste ano, a missão brasileira no Caribe completou cinco anos a um custo de pelo menos R$ 577

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milhões aos cofres públicos. De acordo com o Ministério da Defesa, essa verba corresponde aos gastos entre junho de 2004 e dezembro de 2008. A estimativa de despesas para o ano de 2009 é de R$ 128,4 milhões. O governo brasileiro aceitou comandar essa missão de paz esperando: a) fazer parte do Conselho de Segurança da ONU

b) substituir o México como principal fornecedor de alimentos da América Central.

c) reduzir a importância da Venezuela e de Hugo Chávez na região.

d) fortalecer o MERCOSUL e desestabilizar a ALCA.

e) impedir que Cuba assumisse o controle da ilha.

55- (CESPE/UnB-2010)- Dado que as atividades agrícolas de subsistência de baixo nível tecnológico são predominantes na economia do Centro-Oeste e do Norte, o fluxo de mercadorias e de pessoas, é menos intenso nessas regiões do que no restante do país.

56-(CESPE/UnB-2010)- O deslocamento da capital federal brasileira para o interior promoveu a articulação na malha de rodovias, tendo a construção de estradas facilitado a ocupação de terras em Mato Grosso, Rondônia e Pará.

57- (CESPE/UnB-2010)-A configuração espacial da rede de rodovias federais no território brasileiro demonstra diferentes níveis de integração, os quais refletem concentração de desenvolvimento econômico mais acentuado em determinadas regiões do país.

58-(CESPE/UnB-2010)-As capitais litorâneas, conhecidas como tecnopolos, destacam-se na exportação de bens de alta tecnologia não apenas para o interior do país, mas também para o exterior, o que confere ao Brasil posição relevante no mercado internacional de alta tecnologia.

59-(CESPE/UnB-2010)- Na região Centro-Oeste, o incipiente desenvolvimento de atividades econômicas, conseqüência da baixa concentração de rodovias federais, tem contribuído para a preservação do bioma Cerrado, praticamente inalterado em suas características originais.

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60-(CESPE/UnB-2010)-A existência de uma malha articulada de transporte na região do MERCOSUL, incluindo-se a rede ferroviária, resultado das políticas desenvolvimentistas na América nos anos 1950, tem contribuído para a consolidação das relações comerciais entre os países-membros desse mercado e tem acelerado o comércio intrabloco regional e o comércio com outros blocos regionais.

GABARITO

1- C 11- C 21- C 31- C 41- Letra B 51- Letra B

2- C 12- C 22- E 32- Letra B 42- Letra D 52- Letra A

3- C 13- C 23- C 33- C 43- Letra C 53- Letra E

4- E 14- E 24- E 34- E 44- Letra E 54- Letra A

5- E 15- C 25- E 35- C 45- Letra C 55- E

6- E 16- E 26- C 36- E 46- Letra B 56- C

7- E 17- E 27- E 37- C 47- Letra E 57- C

8- C 18- E 28- E 38- Letra D 48- Letra B 58- E

9- E 19- E 29- E 39- Letra C 49- Letra E 59- E

10- C 20- E 30- E 40- Letra A 50- Letra B 60- E

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AULA EXTRA 03- SIMULADO FINAL

Olá, amigos concurseiros, tudo bem?

É chegada a hora de nos despedirmos, mas antes disso vamos

ainda ter uma última oportunidade de verificarmos nosso aprendizado. Serão

50 questões inéditas de Conhecimentos Gerais, as quais estarão na forma de

itens que devem ser avaliados como corretos ou incorretos. Entendemos que,

dessa forma, cada um dos itens será aproveitado ao máximo, fazendo com que

o aluno não “chute” as questões.

Procuramos elaborar esse Simulado com o maior cuidado possível

para que quando você inicie sua resolução se sinta como se estivesse no dia

da prova. Esperamos que vocês possam efetivamente aproveitá-lo como forma

de treinamento para provas futuras que envolvam a matéria de Atualidades.

Esperamos, sinceramente, que o seu desempenho nesse simulado

final seja excelente. As questões que elaboramos são em um nível de

dificuldade considerável, já que “se o treinamento é difícil, o combate será

fácil”. Todas as questões estão comentadas, a fim de que vocês possam

verificar o porquê dos possíveis erros que cometerem. Entretanto, ao final da

aula, como de praxe, é apresentada uma lista contendo unicamente as

questões.

Ditas essas palavras iniciais, vamos ao nosso simulado!

Boa sorte a todos e um grande abraço,

Ricardo Vale e Virgínia Guimarães

“O segredo do sucesso é a constância no objetivo!”

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QUESTÕES COMENTADAS

(Questão Inédita)- “Ao menos dez ativistas pró-palestinos morreram nesta

segunda-feira em um ataque israelense a uma frota de barcos com ajuda

humanitária, que tentava chegar à Faixa de Gaza. Militares israelenses

invadiram pelo menos uma das embarcações e, segundo um comunicado

oficial, foram atacados a tiros e com facas. Ao menos dez soldados

israelenses ficaram feridos na ação, que provocou protestos e despertou

críticas a Israel de diversos países, da União Européia e da Organização

das Nações Unidas. Forças israelenses foram postas em alerta máximo. O

Conselho de Segurança da ONU fará uma reunião de emergência ainda

nesta segunda-feira para discutir o caso.”

(Jornal O Globo on-line, publicado em 31/05/2010)

Os ataques israelenses ao comboio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza causaram ampla repercussão no cenário internacional. Tomando o texto como referência inicial, julgue os itens a seguir:

1- O Conselho de Segurança da ONU considerou que o ataque israelense à

frota humanitária representou uma grave violação do direito internacional e

determinou que Israel conduza um inquérito a fim de apurar responsabilidades

sobre o ocorrido.

2- O ataque à frota humanitária não causou qualquer influência nas relações

bilaterais entre Israel e Turquia.

3- O bloqueio israelense à Faixa de Gaza foi flexibilizado por Israel após o

ataque aos comboios de ajuda humanitária, o que foi motivado, principalmente,

pela pressão da comunidade internacional.

4- O bloqueio à Faixa de Gaza é justificado por Israel como decorrente do

domínio do grupo terrorista Fatah naquele território.

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5- O bloqueio israelense à Faixa de Gaza não afeta a população palestina que

vive naquela região.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está errada. De fato, o Conselho de

Segurança da ONU considerou os ataques israelenses ao comboio de ajuda

humanitária uma grave violação do direito internacional. No entanto, suas

recomendações foram no sentido de que fossem realizadas investigações

imparciais, isto é, por uma comissão internacional. Israel, todavia, propôs que

ele mesmo conduziria um inquérito para apurar as responsabilidades dos

envolvidos. Recentemente, no dia de 02 de agosto, a ONU declarou que irá

realizar a investigação do ocorrido.

A segunda assertiva está errada. O ataque aos comboios de ajuda

humanitária causou abalo nas relações bilaterais entre Israel e Turquia. Isso

porque os 9 (nove) mortos no incidente eram turcos, assim como a

embarcação que liderava a frota de ajuda humanitária.

A terceira assertiva está correta. Após pressão da comunidade

internacional, Israel terminou por flexibilizar o bloqueio à Faixa de Gaza.

A quarta assertiva está errada. Israel alega que o bloqueio à Faixa

de Gaza existe em razão de que, atualmente, vigora um estado de conflito com

o Hamas (considerado uma organização terrorista por Israel) e que esta

organização estaria recebendo armamentos contrabandeados e outros

suprimentos por intermédio de missões supostamente humanitárias.

A quinta assertiva está errada. O bloqueio à Faixa de Gaza traz

conseqüências gravíssimas para a população palestina que ali vive: dificuldade

de obtenção de remédios importados, escassez de material de construção para

reparar os destroços dos conflitos, desemprego, falta de combustíveis,

dificuldade de acesso à energia elétrica, etc.

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(Questão Inédita)- Julgue os itens a seguir de 6 a 10 acerca da crise financeira internacional e suas repercussões na atualidade:

6-A crise financeira pela qual passam os países da União Européia pode ser

entendida como um desdobramento da crise financeira internacional que

eclodiu em 2008.

7- O elevado volume de empréstimos, os altos salários do funcionalismo

público e sucessivos governos populistas são alguns dos motivos para a crise

na Grécia.

8- A crise econômica nos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha)

não causou qualquer efeito sobre a moeda única européia.

9- A União Européia aprovou um pacote de ajuda financeira à Grécia, sendo

que, como contrapartida, esse país se comprometeu a reduzir os impostos,

diminuir a taxa de juros e aumentar a idade mínima para aposentadoria.

10- A crise financeira internacional teve efeitos menos graves no Brasil do que

nos EUA e UE. Isso é explicado pela rigidez do sistema financeiro brasileiro,

pelas medidas de incentivo ao consumo e à produção adotadas pelo governo

e, ainda, pela política monetária conduzida pelo Banco Central.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. A crise econômica atualmente

atravessada pelos países europeus pode ser considerada um desdobramento

da crise financeira internacional eclodida em 2008.

A segunda assertiva está correta. A crise na Europa começou a

tomar proporções graves quando a Grécia pediu formalmente ao FMI e à União

Européia ajuda financeira para conter o seu elevado déficit público. Mas, afinal

de contas, por que o déficit público grego chegou a patamares tão elevados?

Na última década, os gastos públicos da Grécia foram bem maiores

do que o que esse país poderia pagar. Além do elevado montante de

empréstimos feitos, há que se ressaltar os altos salários do

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funcionalismo público e a sucessão de governos populistas, fatores que

trabalhando em conjunto levaram ao inchaço das contas públicas. Outros

países da Europa também possuem graves problemas de déficit público,

integrando o grupo do PIIGS (Portugal, Italy, Ireland, Greece and Spain).

A terceira assertiva está errada. Devido à desconfiança gerada

pela crise na Grécia, os outros países da Europa também atravessam também

momentos de dificuldade. Com os altos déficits públicos dos países da “zona

do euro”, boa parte dos investidores passaram a não se sentir seguros em

investir em títulos europeus. O que ocorre, então, é um movimento de busca

por “dólares” ao invés de “euros”, o que resultou, inclusive, em uma

desvalorização do euro, fazendo com que essa moeda atingisse os menores

patamares de sua história.

A quarta assertiva está errada. De fato, a União Européia aprovou

um pacote de ajuda financeira à Grécia, como forma de conter a situação e

evitar que a crise se alastrasse. Como contrapartida, a Grécia deveria adotar

medidas de austeridade fiscal, isto é, de contenção dos gastos públicos. Dentre

essas medidas, destacamos o congelamento dos salários dos funcionários

públicos, aumento de impostos e o aumento da idade mínima para

aposentadoria.

A quinta assertiva está correta. A crise financeira internacional teve

efeitos muito menos graves no Brasil do que se compararmos com o que

ocorreu em outros países. Podemos explicar isso pelos seguintes fatores:

1)- Rigidez do sistema financeiro brasileiro: A regulação do

sistema financeiro brasileiro exercida pelo BACEN é mais rígida do que o

fixado em acordos internacionais. Destaque-se que essa rigidez produz efeitos

anticíclicos na economia. Se por um lado, em períodos de pujança, ela “trava”

um pouco o desenvolvimento econômico, em períodos de crise, ela impede que

haja o maior aprofundamento desta.

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2)- Medidas de incentivo ao consumo: O governo brasileiro tomou

medidas no campo fiscal, reduzindo o IPI incidente sobre automóveis, materiais

de construção e sobre os produtos da chamada “linha branca”. Além disso,

modificou as alíquotas do imposto de renda, dando maior poder de compra ao

consumidor.

3)- Medidas de incentivo à produção: O governo brasileiro abriu

maiores linhas de crédito aos bancos comerciais e ao BNDES, principalmente

destinadas a exportadores e a produtores agrícolas.

4)- Política monetária: O governo aumentou a liquidez da

economia, com a redução dos depósitos compulsórios.

(Questão Inédita)- Julgue os itens de 11 a 15 a respeito da questão nuclear iraniana:

11- O grande impasse envolvendo o Irã diz respeito à denúncia de que o país

planeja produzir armas nucleares secretamente. O governo nega esse objetivo

e mantém seu programa de enriquecimento de urânio sob a justificativa de

geração de energia.

12- Recentemente, o Brasil mediou um acordo firmado entre Turquia e Irã, pelo

qual o governo iraniano concordou em remeter à Turquia urânio a 3,5% e

receber urânio enriquecido a 20% para ser usado em reatores de energia.

13- Apesar do acordo celebrado entre Irã e Turquia, o Conselho de Segurança

da ONU aprovou sanções contra o Irã.

14- A mediação brasileira no acordo entre Irã e Turquia tem objetivo

exclusivamente político, na medida em que o Brasil deseja obter uma vaga

permanente no Conselho de Segurança da ONU.

15- O Irã, além da questão nuclear, é acusado de dar apoio a grupos

fundamentalistas como o libanês Hezbollah e o palestino Hamas.

COMENTÁRIOS:

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A primeira assertiva está correta. Os EUA acusam o Irã de

conduzir seu programa nuclear com finalidade bélica. O Irã, por sua vez, alega

que seu programa nuclear é destinado exclusivamente à produção energética,

isto é, para fins pacíficos.

A segunda assertiva está correta. Esse é um fato muito importante,

que tem grande chance de ser cobrado na prova de Atualidades! O Brasil, de

fato, mediou um acordo celebrado entre Irã e Turquia. Por meio do acordo, o

Irã remeteria à Turquia 1,2 mil quilos de urânio a 3,5% e receberia urânio

enriquecido a 20% para ser usado em reatores de energia. A troca dessa

quantidade de urânio com baixo nível de enriquecimento por urânio enriquecido

representaria um primeiro passo na solução negociada para a questão nuclear

iraniana.

A terceira assertiva está correta. O Conselho de Segurança da

ONU considerou que a celebração do acordo entre Irã e Turquia seria

insuficiente para colocar um fim à questão nuclear iraniana. Assim, optou por

aprovar novas sanções contra esse país, o que não foi aprovado por Brasil e

Turquia.

A quarta assertiva está errada. A mediação brasileira no acordo

entre Irã e Turquia possui, de fato, um caráter político, na medida em que o

Brasil ambiciona uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Todavia, não podemos dizer que ela tem objetivo exclusivamente político! Na

verdade, ela também se presta a objetivos comerciais do Brasil em relação ao

Irã.

A quinta assertiva está correta. Uma acusação feita pelos EUA é a

de que o Irã estaria apoiando grupos fundamentalistas islâmicos, como o

libanês Hizbollah e o palestino Hamas.

(Questão Inédita)- Sobre o cenário geopolítico internacional, julgue os itens de 16 a 20:

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16- A aproximação entre Irã, Turquia e Síria evidencia a formação de um novo

eixo político no Oriente Médio.

17- A nova ordem internacional é caracterizada pela multipolaridade no campo

econômico e pela supremacia dos EUA no campo militar.

18- As relações bilaterais entre EUA e Rússia evidenciam notável melhora, o

que se verifica no recente acordo celebrado entre os dois países para a

redução de seus arsenais nucleares.

19- Brasil, Rússia, Índia e China integram o chamado grupo dos BRIC`s,

despontando como um novo pólo de poder econômico mundial.

20- Apesar da emergência da China como novo pólo de poder econômico

mundial, não há impasses nas relações bilaterais desse país com os EUA.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. A aproximação entre Irã, Turquia

e Síria evidencia a formação de um novo eixo de poder no Oriente Médio,

substituindo o atual cenário geopolítico da região, dominado por Arábia

Saudita, Egito e Síria.

A segunda assertiva está correta. No campo econômico, podemos

dizer que a nova ordem mundial é marcada pela multipolaridade, com a

existência de blocos econômicos regionais e a crescente participação no

comércio internacional e investimentos internacionais por parte dos países em

desenvolvimento. Já no campo militar, o que existe é uma unipolaridade em

torno dos EUA, a grande potência hegemônica.

A terceira assertiva está correta. Com o fim da Guerra Fria, não há

mais motivos para tantas tensões nas relações entre EUA e Rússia. A maior

prova disso foi a recente assinatura entre os dois países do Tratado de

Redução de Armas Estratégicas, por meio do qual ambos se comprometeram a

reduzir seus arsenais nucleares

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A quarta assertiva está correta. O grupo dos BRIC’s (Brasil, Rússia,

Índia e China) desponta como um novo pólo de poder econômico mundial.

Esses países são dotados de grandes riquezas naturais, população numerosa

e território extenso.

A quinta assertiva está errada. A China é realmente um novo pólo

de poder econômico mundial. Ela tem se firmado como um “gigante” no

comércio internacional, sendo atualmente o principal exportador mundial. Em

2009, o valor total de suas exportações chegou a US$1,2 trilhões. Ainda sobre

a China, ela possui, atualmente, o 3º maior PIB mundial (U$4,9 trilhões), só

perdendo para os EUA (U$14,3 trilhões) e Japão (U$5,1 trilhões).

Como já era de esperar, a emergência chinesa como grande

potência mundial não ocorre sem impasses em suas relações bilaterais com os

EUA. As principais questões entre esses dois países são:

1)- EUA acusa a China da prática do “dumping social”. Segundo

os americanos, os produtos chineses são vendidos a preços muito baixos no

mercado internacional em razão das condições subumanas a que são

submetidos os trabalhadores chineses.

2)- A China mantém o yuan artificialmente desvalorizado. A

desvalorização artificial da moeda chinesa é outro fator que dá enorme

competitividade dos produtos chineses no mercado internacional.

3)- EUA venderam armas para Taiwan. A China não reconhece a

independência de Taiwan, sendo este país considerado uma província rebelde.

(Questão Inédita)- “Historicamente aberta às modernizações, a América

Latina é hoje um continente em chamas cujos territórios foram

privatizados e suas economias, alienadas. Esse processo, amparado no

fetiche das moedas, ocultou e legitimou um sistema excludente e injusto.

Prometendo tirar a América Latina do marasmo, o ideário do Consenso de

Washington foi aplicado nos seus rígidos princípios de estabilidade

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macroeconômica, abertura da economia, redução do papel do Estado e

ajuste estrutural. Apresentada como consequência inevitável e

indesejável do capitalismo de recuperação dos países, a pobreza foi, na

verdade, uma produção do receituário e, portanto, uma opção política do

norte ao sul do continente.” (SILVEIRA, Maria Laura. Continente em

chamas: globalização e território na América Latina, Ed. Civilização

Brasileira)

Julgue os itens de 21 a 25 a respeito das relações políticas e econômicas na América Latina:

21- As relações comerciais entre EUA e Venezuela são bastante estreitas,

notadamente em virtude do fornecimento de petróleo venezuelano aos EUA.

Recentemente, a Venezuela rompeu relações diplomáticas com a Colômbia, as

quais foram reatadas por um acordo entre o Presidente Juán Manuel Santos e

Hugo Chávez.

22- A OEA é uma organização internacional de vocação regional criada em

1948 com o objetivo de obter uma ordem de paz e de justiça, promover a

solidariedade e intensificar a colaboração no âmbito das Américas. Com a

criação da CALC (Cúpula da América Latina e do Caribe), existe a previsão de

que a OEA será extinta em no máximo 5 (cinco) anos.

23- A reivindicação da soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas é fonte de

tensão entre esse país e o Reino Unido. O MERCOSUL já se pronunciou mais

de uma vez de maneira favorável à causa argentina.

24- Com a renegociação do Tratado de Itaipu, o Brasil se comprometeu a

comprar a totalidade do excedente de energia do Paraguai por um preço mais

justo.

25- Com a revogação da suspensão cubana da OEA, este país voltou a ser

membro dessa organização internacional.

COMENTÁRIOS:

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A primeira assertiva está correta. Os EUA são um grande

importador do petróleo venezuelano, motivo pelo qual podemos dizer que,

apesar da complicada relação política entre os dois países, eles são grandes

parceiros comerciais.

Em 22/07/2010, a Venezuela rompeu relações diplomáticas com a

Colômbia. O motivo foi o fato em do embaixador colombiano na OEA ter

apresentado, em conferência dessa organização internacional, supostas

evidências de que as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ) e

o ELN (Exército de Libertação Nacional) estariam sendo apoiados pelo governo

venezuelano.

Em 10/08/2010, os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Juán

Manuel Santos (Colômbia) retomaram as relações diplomáticas entre os dois

países. Juán Manuel Santos assumiu o cargo de presidente da Colômbia nas

últimas eleições ocorridas naquele país, substituindo o ex-presidente Uribe

que, durante todo o seu governo, manteve destacada aproximação com os

EUA.

A segunda assertiva está errada. A OEA é, de fato, uma

organização internacional de caráter regional com o objetivo de manter a paz e

a estabilidade nas Américas, promovendo um ambiente de cooperação intra –

regional. A CALC, por sua vez, é também uma organização internacional de

cunho regional que visa a promover a integração regional e o incremento do

diálogo político entre os países. Todavia, a criação da CALC não implica (pelo

menos por enquanto!) a extinção da OEA, devendo as duas organizações

coexistirem. A diferença mais relevante entre as duas é que os EUA e o

Canadá não participam da CALC.

A terceira assertiva está correta. Um dos temas mais relevantes na

atual geopolítica da América do Sul é a questão das Malvinas. As ilhas

Malvinas, também chamadas de Ilhas Falkland, são motivo de grande

controvérsia quanto à sua soberania. Apesar de, atualmente, as Ilhas Malvinas

serem formalmente reconhecidas como território inglês, a Argentina reivindica a

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posse da região. O MERCOSUL, por sua vez, já se manifestou favoravelmente

à causa argentina.

A quarta assertiva está errada. De fato, com a renegociação do

Tratado de Itaipu, o Brasil se comprometeu a pagar um preço mais justo pela

energia elétrica fornecida pelo Paraguai. Todavia, ele abriu a possibilidade de

que, a partir de 2023, esse país venda o excedente de energia no mercado

livre brasileiro ou, ainda, para terceiros países.

A quinta assertiva está errada. Apesar de ter sido revogada a

decisão que suspendia Cuba da OEA, esse país ainda se apresenta relutante

em voltar a fazer parte dessa organização internacional.

(Questão Inédita)- “Os fluxos de mercadorias que anualmente saem do Brasil para o mercado internacional apresentam um grau de diversificação crescente. O peso dos produtos manufaturados no total das exportações vem aumentando sistematicamente, evoluindo de cerca de 30% em meados da década de 1970 para mais de 50% na década de 1980 e chegando a 60% no fim da década de 1990. Os produtos semimanufaturados mostram uma relativa estabilidade, com uma participação que oscila de 15% a 18%. Os produtos básicos, por sua vez, respondem por parcelas cada vez menores das exportações totais, caindo de mais de 40% na década de 1980 para 20% no fim da década de 1990.” (SILVEIRA, Maria Laura. Continente em chamas: globalização e território

na América Latina, Ed. Civilização Brasileira)

Tomando o texto acima como referência inicial, julgue os itens de 26 a 30 a respeito da participação brasileira no cenário político e econômico internacional:

26- O Brasil aplicou, após autorizado pela OMC, retaliações comerciais contra

os EUA estimadas em US$ 830 milhões, as quais foram em relação a bens,

serviços e direitos de propriedade intelectual

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27- O Brasil tem como uma das prioridades de sua política externa o

incremento da integração regional no âmbito do MERCOSUL. Todavia, esse

bloco econômico ainda carece, para alcançar seus objetivos integracionistas,

de aperfeiçoamento da estrutura institucional, redução de assimetrias entre

seus membros e o estabelecimento de uma política comercial comum em

relação a terceiros países.

28- O Brasil é uma liderança regional na América do Sul e um grande

exportador mundial de produtos agrícolas. Possui riquezas naturais

significativas e busca aumentar sua participação no cenário internacional,

fazendo-se presente nas negociações multilaterais sobre os mais variados

temas: meio ambiente, comércio internacional, questões nucleares.

29- A reforma do Conselho de Segurança da ONU, posição defendida pelo

Brasil, é um consenso entre as principais nações desenvolvidas do mundo.

30- O Brasil é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares,

comprometendo-se a não desenvolver projetos que envolvam o enriquecimento

do urânio.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está errada. O Brasil foi autorizado pela OMC

a aplicar retaliações comerciais contra os EUA em valor equivalente a US$ 830

milhões, as quais poderiam ser direcionadas ao comércio de bens, serviços e

direitos de propriedade intelectual. Entretanto, em virtude de acordo entre os

dois países, o Brasil decidiu postergar a aplicação das sanções.

A segunda assertiva está correta. Fortalecer a integração regional

no âmbito do MERCOSUL é uma prioridade da política externa brasileira que

encontra grandes obstáculos. O MERCOSUL tem como objetivo consolidar um

mercado comum, mas até hoje alcançou tão somente o estágio de união

aduaneira, ainda considerada imperfeita. Entre os obstáculos ao aumento da

integração no âmbito desse bloco econômico citamos as assimetrias

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econômicas entre seus membros, a fragilidade da estrutura institucional, a

dificuldade de se conseguir obter uma política comercial unificada em relação a

terceiros países e, ainda, os entraves comerciais intrabloco existentes.

A terceira assertiva está correta. A política externa brasileira tem se

direcionado ao aumento da visibilidade do país no cenário internacional, o que

é realizado por meio de uma participação cada vez mais efetiva nas principais

questões globais: proteção ao meio ambiente, comércio internacional, combate

à fome e questão nuclear.

A quarta assertiva está errada. Não há consenso entre os países

acerca da necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU. Com

efeito, esse é um dos objetivos da política externa brasileira, que almeja

alcançar um

A quinta assertiva está errada. O Brasil é signatário do Tratado de

Não-Proliferação de Armas Nucleares, o significa que somente pode

desenvolver programas de enriquecimento do urânio quando estes forem

destinados a fins pacíficos.

(Questão Inédita)- “Em julgamento realizado nesta terça-feira, 31 de

agosto, o Tribunal Superior Eleitoral manteve a decisão que negou o

registro da candidatura de Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal.

Impugnado pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-DF), o candidato

teve seu registro negado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) e

recorreu. No TSE, o procurador-geral eleitoral, Roberto Gurgel,

manifestou-se contra o registro da candidatura afirmando que, ao

renunciar ao mandato de senador em 2007 para não ser cassado, ele fica

inelegível segundo a Lei da Ficha Limpa.” (Site do Ministério Público

Federal, 01/09/2010)

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Tomando o texto acima como referência inicial, julgue os itens 31 a 34 a respeito do cenário político brasileiro:

31- O fato da lei Ficha Limpa ter sido apresentado por iniciativa popular e com

um número expressivo de assinaturas revela um grande clamor social pela

moralização na política brasileira e, ainda, o inconformismo com as práticas de

corrupção tão usuais no cenário nacional.

32- Os recentes episódios de corrupção ocasionaram a intervenção federal no

Distrito Federal, a qual foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

33- Antes da aprovação da Lei Ficha Limpa, os políticos que tivessem sido

condenados por decisão transitada em julgado ou, ainda, por decisão de um

colegiado de juízes, não poderiam se candidatar desde a condenação até 8

(oito) anos após o cumprimento da pena.

34- A Lei Ficha Limpa não se aplica àqueles que foram condenados antes da

sua publicação. Todavia, conforme entendimento do TSE, ela já tem

aplicabilidade no pleito eleitoral a ser realizado em 2010.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. A Lei Ficha Limpa foi apresentada

por iniciativa popular, tendo o apoio de cerca de 2 milhões de pessoas. Essa

iniciativa representa o grande clamor existente no cenário nacional pela

moralização na política brasileira e o inconformismo com as práticas de

corrupção.

A segunda assertiva está errada. O STF indeferiu o pedido de

intervenção federal no Distrito Federal.

A terceira assertiva está errada. Antes da aprovação da Ficha

Limpa, não poderiam se candidatar por um período de 3 (três) anos após o

cumprimento da pena os políticos que tivessem sido condenados por decisão

transitada em julgado. A grande inovação dessa lei foi justamente estender a

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inelegibilidade também para os casos de políticos que tenham sido

condenados por um colegiado de juízes. Além disso, com a Lei Ficha Limpa, o

prazo em que esses candidatos não podem se candidatar vai desde a

condenação até 8 (oito) anos após o cumprimento da pena.

A quarta assertiva está errada. Segundo entendimento do TSE, a

Lei Ficha Limpa se aplica ao pleito eleitoral de 2010 e alcança os políticos que

tenham sido condenados antes de sua publicação.

(Questão Inédita)- “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sobrevoar

as áreas atingidas por enchentes nos estados de Pernambuco e Alagoas

nesta quinta-feira. O presidente cancelou uma viagem que faria ao Rio de

Janeiro para ir às localidades afetadas pelas chuvas. A previsão é de que

Lula faça um sobrevôo de helicóptero às cidades pernambucanas

atingidas pelas enchentes durante a manhã. Ele vai aos municípios

alagoanos na tarde do mesmo dia. As autoridades de Pernambuco e

Alagoas informaram que chegou a 41 o número de mortos em decorrência

das chuvas nos dois estados. Também aumentou de 21 para 35 as

cidades alagoanas em situação de emergência ou calamidade pública.

Nos municípios pernambucanos, o número de municípios em situação de

emergência subiu de 35 para 39. As informações são de boletins

divulgados nesta terça-feira pela Defesa Civil dos dois estados.” (O Povo

on-line, 22/06/2010)

Tomando o texto acima como referência inicial, julgue os itens de 35 a 40 a respeito das questões ambientais e energéticas:

35- Em 2006, o Brasil anunciou em caráter oficial sua autossuficiência na

produção de petróleo. Todavia, isso não quer dizer que o país não importe

mais petróleo e seus derivados.

36- A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte suscita intensos debates

na sociedade brasileira, já que se argumenta que causará profundo impacto

ambiental na região. O presidente Lula, diante das críticas, resolveu não dar

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continuidade ao projeto, pois ele poderia ter influência negativa em um ano

eleitoral.

37- De acordo com as Nações Unidas, o número de pessoas desabrigadas

pelas devastadoras enchentes recentemente ocorridas no Paquistão superou 4

milhões de pessoas.

38- O aquecimento global é responsável por eventos climáticos extremos, dos

quais são exemplos as chuvas no Nordeste do Brasil, as chuvas no Paquistão

e o forte calor na Rússia.

39- O elevado potencial hidrelétrico do Rio São Francisco não pode ser

plenamente aproveitado, já que isso comprometeria as atividades de irrigação

e abastecimento desenvolvidas ao longo de seu curso.

40- De acordo com o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada,

todos os países, quaisquer sejam seus níveis de desenvolvimento, devem

ocupar-se em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção

e melhoramento do meio ambiente.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. Apesar do Brasil ser

autossuficiente na produção de petróleo, isso não quer dizer que ele não

importe derivados de petróleo. Vejamos a seguir uma notícia fresquinha

publicada no G1 On Line:

“Petrobras poderá antecipar a entrada em produção de algumas refinarias para tentar garantir que a autossuficiência de derivados de petróleo seja atingida em 2014. A expectativa atual, que projeta o fim da importação de derivados dentro de cerca de três anos, leva em consideração um crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,4%. (...) Atualmente, a importação de derivados da Petrobras é de 120 mil barris por dia, em média, sendo principalmente de GLP, diesel e querosene de aviação. Já a exportação da Petrobras é de 80 mil barris por dia, alavancada por gás e óleo combustível. No primeiro semestre do ano, o consumo de derivados no país cresceu 12%. A expectativa do diretor da estatal é que deverá ser recorde na segunda metade do ano. "Desde 2000 para cá, a cada ano, tivemos aumento de capacidade de produção de derivados em torno de 2%. Apenas no ano passado houve queda, devido à crise internacional", disse.”

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A segunda assertiva está errada. Apesar de todas as críticas e

controvérsias em relação à construção da Usina de Belo Monte, o governo

federal resolveu dar continuidade ao projeto, que ficará a cargo do Consórcio

Norte-Energia.

A terceira assertiva está correta. As recentes ocorridas no

Paquistão são um exemplo do que o relatório do IPCC considera eventos

climáticos extremos, tendo deixado inúmeras pessoas desabrigadas naquele

país. Vejamos uma notícia que ilustra bem o ocorrido:

“O número de pessoas desabrigadas pelas devastadoras enchentes no Paquistão subiu para mais de 4 milhões, informaram as Nações Unidas nesta quinta-feira. A ONU disse mais cedo que 2 milhões de pessoas perderam suas casas nas piores inundações na história do Paquistão que começou há três semanas. - De acordo com estimativas, mais de 4 milhões de pessoas em Sindh e Punjab ainda estão sem teto. Esta situação é de grande preocupação - disse o porta-voz da ONU Maurizio Giuliano, se referindo às províncias do sul e do centro do país atingidas pelas enchentes.” (G1 On Line)

A quarta assertiva está correta. O aquecimento global tem

provocado eventos climáticos com graves conseqüências para a população do

globo, dos quais são exemplos as enchentes no Nordeste e no Paquistão e,

ainda, o forte calor na Rússia.

A quinta assertiva está correta. O potencial hidrelétrico do Rio São

Francisco não pode ser completamente aproveitado, pois isso comprometeria

as atividades de irrigação e abastecimento desenvolvidas ao longo de seu

curso.

A sexta assertiva está errada. Segundo o princípio da

responsabilidade comum, mas diferenciada, cada país deve se ocupar da

proteção do meio ambiente segundo as suas responsabilidades. Esse princípio

representa, na prática, o reconhecimento de que as nações desenvolvidas são,

historicamente, as maiores responsáveis pela degradação ambiental e,

portanto, têm maiores responsabilidades na proteção ambiental.

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(Questão Inédita)- Julgue os itens 41 a 45 acerca das questões demográficas e relativas à industrialização e agricultura no Brasil.

41- Apesar da agropecuária gerar pequena parcela do PIB brasileiro, o

agronegócio emprega cerca de um quinto da população ativa e movimenta

cerca de um terço do PIB nacional.

42- Se, por um lado, a expansão do número de idosos gera no Brasil novas

oportunidades para os setores de turismo, saúde e lazer, por outro surge a

necessidade de políticas públicas especialmente direcionadas a atender as

necessidades dessa faixa etária, donde se destaca a importância do equilíbrio

das contas da previdência social.

43- De acordo com Milton as migrações podem ser entendidas como

uma expressão espacial dos mecanismos de modernização.

44-A economia brasileira ainda é muito concentrada no Sudeste, situação que

tende a se intensificar nas próximas décadas. Com efeito, desde a década de

70 até os dias atuais, a participação relativa da região Sudeste no PIB

brasileiro aumentou consideravelmente.

45- A região Sul possui uma economia bastante diversificada e que esteve, nas

últimas décadas, fortemente ligada ao MERCOSUL.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. Essa foi uma “pegadinha” das

boas! Existe uma diferença relevante entre agropecuária e agronegócio. A

agropecuária é área do setor responsável pelo cultivo de plantas e criação de

animais, enquanto o agronegócio são todas as relações comerciais e

industriais que envolvem a cadeia produtiva agrícola ou pecuária. No Brasil, o

agronegócio tem participação destacada na atividade econômica, ao passo que

a agropecuária gera pequena parcela do PIB nacional (cerca de 7%).

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A segunda assertiva está correta. As políticas públicas devem ser

compatíveis com a estrutura etária da população de um país. Dessa forma, o

envelhecimento da população brasileira reclama políticas especialmente

direcionadas para os idosos, donde podemos destacar a importância de

serviços públicos de saúde eficientes e o equilíbrio das contas da previdência

social.

A terceira assertiva está correta. As migrações podem ser

entendidas como a expressão espacial dos mecanismos de modernização, já

que os fluxos migratórios se direcionam para as regiões que apresentam

maiores oportunidades de emprego, que são aquelas que com maior nível de

desenvolvimento e modernização.

A quarta assertiva está errada. De fato, a economia brasileira é

concentrada no Sudeste. No entanto, esse quadro vem sendo paulatinamente

alterado e, desde a década de 70 até os dias atuais, a participação relativa da

região Sudeste no PIB brasileiro diminuiu consideravelmente. Com efeito, a

tendência atual no Brasil é a desconcentração da produção industrial.

A quinta assertiva está correta. A Região Sul, devido à proximidade

geográfica com Argentina, Uruguai e Paraguai, possui forte intercâmbio com

esses países. Daí podermos dizer que a economia dessa região está

fortemente atrelada ao MERCOSUL.

(Questão Inédita)- Julgue os itens de 46 a 50 acerca de questões sociais do cenário brasileiro:

46- O Estatuto da Igualdade Racial tem como objetivo promover políticas

públicas de combate à discriminação, pregando a igualdade de oportunidades.

Dentre as medidas que institui, destaca-se a obrigatoriedade de que as escolas

de ensino médio e fundamental ensinem história geral da África e da população

negra no Brasil, resgatando a importância desta para o desenvolvimento

econômico, social, político e cultural do país.

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47- No Brasil, a pobreza está mais concentrada nas regiões Norte e Nordeste,

o que nos permite concluir, conforme Demétrio Magnoli, que a pobreza neste

país tem um forte componente regional.

48- No Brasil, a população do sexo feminino é superior em quantidade à do

sexo masculino. Com a urbanização e a transferência de população do meio

rural para o meio urbano, ampliou-se significativamente a parcela feminina da

população economicamente ativa.

49- A violência urbana nas grandes metrópoles pode ser explicada pelo alto

nível de pobreza nelas existente.

50- Com a aprovação da Lei Maria da Penha, considera-se erradicada a

violência doméstica contra mulheres no Brasil.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. No dia 20/07/2010, foi

sancionado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Estatuto da Igualdade

Racial, após sete anos de tramitação no Congresso Nacional. O estatuto tem

como objetivo promover políticas públicas de combate à discriminação,

pregando a igualdade de oportunidades. Uma das medidas instituídas pelo

referido estatuto foi justamente a obrigatoriedade de que as escolas de ensino

médio e fundamental ensinem história geral da África e da população negra no

Brasil.

A segunda assertiva está correta. No Brasil, há uma distribuição

desigual da pobreza pelas regiões do país, com forte concentração desta no

Nordeste e Norte. Na Região Nordeste, por exemplo, cerca de 44% da

população vive em condições abaixo da linha da pobreza. Já no Sudeste e no

Sul, esse percentual é de 14%.

A terceira assertiva está correta. Duas informações importantes

nessa questão:

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1)- A população feminina é superior, quantitativamente, à população

masculina.

2)- Com a urbanização e a transferência de população do meio rural

para o urbano, a mulher começou a ingressar “com tudo” no mercado de

trabalho. Assim, podemos dizer que ampliou-se significativamente a parcela da

participação feminina no conjunto da população economicamente ativa.

A quarta assertiva está errada. Essa é uma pegadinha das boas!

Não se pode explicar a violência em razão da pobreza, já que existem cidades

muito pobres, mas que não são violentas. Uma das explicações possíveis para

a violência nas grandes cidades é a presença e evolução do crime organizado.

A quinta assertiva está errada. A Lei Maria da Penha foi instituída

com o objetivo de criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar

contra a mulher. Apesar da entrada em vigor dessa lei, a violência contra

mulher no Brasil ainda existe, não podendo, de forma alguma, ser considerada

erradicada.

__________________________X_______________________________

Amigos,

Terminamos assim o nosso curso! Foi um enorme prazer estar com

vocês durante todo esse período, compartilhando conhecimentos sobre os

mais diversos assuntos da atualidade, sejam eles do cenário nacional ou

internacional.

Acreditamos que, a partir do embasamento que tiveram ao longo

dessas aulas, vocês terão condições de ir muito bem na prova do Senado de

Conhecimentos Gerais. É lógico que, devido à dinâmica dessa matéria, é

importante que você continue acompanhando jornais e revistas e

permanentemente se atualizando. Mas depois do nosso curso, temos a certeza

de que essa será uma tarefa muito mais fácil!

Um grande abraço a todos e boa sorte sempre,

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Ricardo Vale e Virgínia Guimarães

“O segredo do sucesso é a constância no objetivo!”

LISTA DE QUESTÕES

(Questão Inédita)- “Ao menos dez ativistas pró-palestinos morreram nesta

segunda-feira em um ataque israelense a uma frota de barcos com ajuda

humanitária, que tentava chegar à Faixa de Gaza. Militares israelenses

invadiram pelo menos uma das embarcações e, segundo um comunicado

oficial, foram atacados a tiros e com facas. Ao menos dez soldados

israelenses ficaram feridos na ação, que provocou protestos e despertou

críticas a Israel de diversos países, da União Européia e da Organização

das Nações Unidas. Forças israelenses foram postas em alerta máximo. O

Conselho de Segurança da ONU fará uma reunião de emergência ainda

nesta segunda-feira para discutir o caso.”

(Jornal O Globo on-line, publicado em 31/05/2010)

Os ataques israelenses ao comboio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza causaram ampla repercussão no cenário internacional. Tomando o texto como referência inicial, julgue os itens a seguir:

1- O Conselho de Segurança da ONU considerou que o ataque israelense à

frota humanitária representou uma grave violação do direito internacional e

determinou que Israel conduza um inquérito a fim de apurar responsabilidades

sobre o ocorrido.

2- O ataque à frota humanitária não causou qualquer influência nas relações

bilaterais entre Israel e Turquia.

3- O bloqueio israelense à Faixa de Gaza foi flexibilizado por Israel após o

ataque aos comboios de ajuda humanitária, o que foi motivado, principalmente,

pela pressão da comunidade internacional.

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4- O bloqueio à Faixa de Gaza é justificado por Israel como decorrente do

domínio do grupo terrorista Fatah naquele território.

5- O bloqueio israelense à Faixa de Gaza não afeta a população palestina que

vive naquela região.

(Questão Inédita)- Julgue os itens a seguir de 6 a 10 acerca da crise financeira internacional e suas repercussões na atualidade:

6-A crise financeira pela qual passam os países da União Européia pode ser

entendida como um desdobramento da crise financeira internacional que

eclodiu em 2008.

7- O elevado volume de empréstimos, os altos salários do funcionalismo

público e sucessivos governos populistas são alguns dos motivos para a crise

na Grécia.

8- A crise econômica nos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha)

não causou qualquer efeito sobre a moeda única européia.

9- A União Européia aprovou um pacote de ajuda financeira à Grécia, sendo

que, como contrapartida, esse país se comprometeu a reduzir os impostos,

diminuir a taxa de juros e aumentar a idade mínima para aposentadoria.

10- A crise financeira internacional teve efeitos menos graves no Brasil do que

nos EUA e UE. Isso é explicado pela rigidez do sistema financeiro brasileiro,

pelas medidas de incentivo ao consumo e à produção adotadas pelo governo

e, ainda, pela política monetária conduzida pelo Banco Central.

(Questão Inédita)- Julgue os itens de 11 a 15 a respeito da questão nuclear iraniana:

11- O grande impasse envolvendo o Irã diz respeito à denúncia de que o país

planeja produzir armas nucleares secretamente. O governo nega esse objetivo

e mantém seu programa de enriquecimento de urânio sob a justificativa de

geração de energia.

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12- Recentemente, o Brasil mediou um acordo firmado entre Turquia e Irã, pelo

qual o governo iraniano concordou em remeter à Turquia urânio a 3,5% e

receber urânio enriquecido a 20% para ser usado em reatores de energia.

13- Apesar do acordo celebrado entre Irã e Turquia, o Conselho de Segurança

da ONU aprovou sanções contra o Irã.

14- A mediação brasileira no acordo entre Irã e Turquia tem objetivo

exclusivamente político, na medida em que o Brasil deseja obter uma vaga

permanente no Conselho de Segurança da ONU.

15- O Irã, além da questão nuclear, é acusado de dar apoio a grupos

fundamentalistas como o libanês Hezbollah e o palestino Hamas.

(Questão Inédita)- Sobre o cenário geopolítico internacional, julgue os itens de 16 a 20:

16- A aproximação entre Irã, Turquia e Síria evidencia a formação de um novo

eixo político no Oriente Médio.

17- A nova ordem internacional é caracterizada pela multipolaridade no campo

econômico e pela supremacia dos EUA no campo militar.

18- As relações bilaterais entre EUA e Rússia evidenciam notável melhora, o

que se verifica no recente acordo celebrado entre os dois países para a

redução de seus arsenais nucleares.

19- Brasil, Rússia, Índia e China integram o chamado grupo do BRIC`s,

despontando como um novo pólo de poder econômico mundial.

20- Apesar da emergência da China como novo pólo de poder econômico

mundial, não há impasses nas relações bilaterais desse país com os EUA

(Questão Inédita)- “Historicamente aberta às modernizações, a América

Latina é hoje um continente em chamas cujos territórios foram

privatizados e suas economias, alienadas. Esse processo, amparado no

fetiche das moedas, ocultou e legitimou um sistema excludente e injusto.

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Prometendo tirar a América Latina do marasmo, o ideário do Consenso de

Washington foi aplicado nos seus rígidos princípios de estabilidade

macroeconômica, abertura da economia, redução do papel do Estado e

ajuste estrutural. Apresentada como consequência inevitável e

indesejável do capitalismo de recuperação dos países, a pobreza foi, na

verdade, uma produção do receituário e, portanto, uma opção política do

norte ao sul do continente.” (SILVEIRA, Maria Laura. Continente em

chamas: globalização e território na América Latina, Ed. Civilização

Brasileira)

Julgue os itens de 21 a 25 a respeito das relações políticas e econômicas na América Latina:

21- As relações comerciais entre EUA e Venezuela são bastante estreitas,

notadamente em virtude do fornecimento de petróleo venezuelano aos EUA.

Recentemente, a Venezuela rompeu relações diplomáticas com a Colômbia, as

quais foram reatadas por um acordo entre o Presidente Juán Manuel Santos e

Hugo Chávez.

22- A OEA é uma organização internacional de vocação regional criada em

1948 com o objetivo de obter uma ordem de paz e de justiça, promover a

solidariedade e intensificar a colaboração no âmbito das Américas. Com a

criação da CALC (Cúpula da América Latina e do Caribe), existe a previsão de

que a OEA será extinta em no máximo 5 (cinco) anos.

23- A reivindicação da soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas é fonte de

tensão entre esse país e o Reino Unido. O MERCOSUL já se pronunciou mais

de uma vez de maneira favorável à causa argentina.

24- Com a renegociação do Tratado de Itaipu, o Brasil se comprometeu a

comprar a totalidade do excedente de energia do Paraguai por um preço mais

justo.

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25- Com a revogação da suspensão cubana da OEA, este país voltou a ser

membro dessa organização internacional.

(Questão Inédita)- “Os fluxos de mercadorias que anualmente saem do Brasil para o mercado internacional apresentam um grau de diversificação crescente. O peso dos produtos manufaturados no total das exportações vem aumentando sistematicamente, evoluindo de cerca de 30% em meados da década de 1970 para mais de 50% na década de 1980 e chegando a 60% no fim da década de 1990. Os produtos semimanufaturados mostram uma relativa estabilidade, com uma participação que oscila de 15% a 18%. Os produtos básicos, por sua vez, respondem por parcelas cada vez menores das exportações totais, caindo de mais de 40% na década de 1980 para 20% no fim da década de 1990.” (SILVEIRA, Maria Laura. Continente em chamas: globalização e território

na América Latina, Ed. Civilização Brasileira)

Tomando o texto acima como referência inicial, julgue os itens de 26 a 30 a respeito da participação brasileira no cenário político e econômico internacional:

26- O Brasil aplicou, após autorizado pela OMC, retaliações comerciais contra

os EUA estimadas em US$ 830 milhões, as quais foram em relação a bens,

serviços e direitos de propriedade intelectual

27- O Brasil tem como uma das prioridades de sua política externa o

incremento da integração regional no âmbito do MERCOSUL. Todavia, esse

bloco econômico ainda carece, para alcançar seus objetivos integracionistas,

de aperfeiçoamento da estrutura institucional, redução de assimetrias entre

seus membros e o estabelecimento de uma política comercial comum em

relação a terceiros países.

28- O Brasil é uma liderança regional na América do Sul e um grande

exportador mundial de produtos agrícolas. Possui riquezas naturais

significativas e busca aumentar sua participação no cenário internacional,

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fazendo-se presente nas negociações multilaterais sobre os mais variados

temas: meio ambiente, comércio internacional, questões nucleares.

29- A reforma do Conselho de Segurança da ONU, posição defendida pelo

Brasil, é um consenso entre as principais nações desenvolvidas do mundo.

30- O Brasil é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares,

comprometendo-se a não desenvolver projetos que envolvam o enriquecimento

do urânio.

(Questão Inédita)- “Em julgamento realizado nesta terça-feira, 31 de

agosto, o Tribunal Superior Eleitoral manteve a decisão que negou o

registro da candidatura de Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal.

Impugnado pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-DF), o candidato

teve seu registro negado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) e

recorreu. No TSE, o procurador-geral eleitoral, Roberto Gurgel,

manifestou-se contra o registro da candidatura afirmando que, ao

renunciar ao mandato de senador em 2007 para não ser cassado, ele fica

inelegível segundo a Lei da Ficha Limpa.” (Site do Ministério Público

Federal, 01/09/2010)

Tomando o texto acima como referência inicial, julgue os itens 31 a 34 a respeito do cenário político brasileiro:

31- O fato da lei Ficha Limpa ter sido apresentado por iniciativa popular e com

um número expressivo de assinaturas revela um grande clamor social pela

moralização na política brasileira e, ainda, o inconformismo com as práticas de

corrupção tão usuais no cenário nacional.

32- Os recentes episódios de corrupção ocasionaram a intervenção federal no

Distrito Federal, a qual foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

33- Antes da aprovação da Lei Ficha Limpa, os políticos que tivessem sido

condenados por decisão transitada em julgado ou, ainda, por decisão de um

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colegiado de juízes, não poderiam se candidatar desde a condenação até 8

(oito) anos após o cumprimento da pena.

34- A Lei Ficha Limpa não se aplica àqueles que foram condenados antes da

sua publicação. Todavia, conforme entendimento do TSE, ela já tem

aplicabilidade no pleito eleitoral a ser realizado em 2010.

(Questão Inédita)- “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sobrevoar

as áreas atingidas por enchentes nos estados de Pernambuco e Alagoas

nesta quinta-feira. O presidente cancelou uma viagem que faria ao Rio de

Janeiro para ir às localidades afetadas pelas chuvas. A previsão é de que

Lula faça um sobrevôo de helicóptero às cidades pernambucanas

atingidas pelas enchentes durante a manhã. Ele vai aos municípios

alagoanos na tarde do mesmo dia. As autoridades de Pernambuco e

Alagoas informaram que chegou a 41 o número de mortos em decorrência

das chuvas nos dois estados. Também aumentou de 21 para 35 as

cidades alagoanas em situação de emergência ou calamidade pública.

Nos municípios pernambucanos, o número de municípios em situação de

emergência subiu de 35 para 39. As informações são de boletins

divulgados nesta terça-feira pela Defesa Civil dos dois estados.” (O Povo

on-line, 22/06/2010)

Tomando o texto acima como referência inicial, julgue os itens de 35 a 40 a respeito das questões ambientais e energéticas:

35- Em 2006, o Brasil anunciou em caráter oficial sua autossuficiência na

produção de petróleo. Todavia, isso não quer dizer que o país não importe

mais petróleo e seus derivados.

36- A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte suscita intensos debates

na sociedade brasileira, já que se argumenta que causará profundo impacto

ambiental na região. O presidente Lula, diante das críticas, resolveu não dar

continuidade ao projeto, pois ele poderia ter influência negativa em um ano

eleitoral.

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37- De acordo com as Nações Unidas, o número de pessoas desabrigadas

pelas devastadoras enchentes recentemente ocorridas no Paquistão superou 4

milhões de pessoas.

38- O aquecimento global é responsável por eventos climáticos extremos, dos

quais são exemplos as chuvas no Nordeste do Brasil, as chuvas no Paquistão

e o forte calor na Rússia.

39- O elevado potencial hidrelétrico do Rio São Francisco não pode ser

plenamente aproveitado, já que isso comprometeria as atividades de irrigação

e abastecimento desenvolvidas ao longo de seu curso.

40- De acordo com o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada,

todos os países, quaisquer sejam seus níveis de desenvolvimento, devem

ocupar-se em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção

e melhoramento do meio ambiente.

(Questão Inédita)- Julgue os itens 41 a 45 acerca das questões demográficas e relativas à industrialização e agricultura no Brasil.

41- Apesar da agropecuária gerar pequena parcela do PIB brasileiro, o

agronegócio emprega cerca de um quinto da população ativa e movimenta

cerca de um terço do PIB nacional.

42- Se, por um lado, a expansão do número de idosos gera no Brasil novas

oportunidades para os setores de turismo, saúde e lazer, por outro surge a

necessidade de políticas públicas especialmente direcionadas a atender as

necessidades dessa faixa etária, donde se destaca a importância do equilíbrio

das contas da previdência social.

43- De acordo com Milton as migrações podem ser entendidas como

uma expressão espacial dos mecanismos de modernização.

44-A economia brasileira ainda é muito concentrada no Sudeste, situação que

tende a se intensificar nas próximas décadas. Com efeito, desde a década de

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70 até os dias atuais, a participação relativa da região Sudeste no PIB

brasileiro aumentou consideravelmente.

45- A região Sul possui uma economia bastante diversificada e que esteve, nas

últimas décadas, fortemente ligada ao MERCOSUL.

(Questão Inédita)- Julgue os itens de 46 a 50 acerca de questões sociais do cenário brasileiro:

46- O Estatuto da Igualdade Racial tem como objetivo promover políticas

públicas de combate à discriminação, pregando a igualdade de oportunidades.

Dentre as medidas que institui, destaca-se a obrigatoriedade de que as escolas

de ensino médio e fundamental ensinem história geral da África e da população

negra no Brasil, resgatando a importância desta para o desenvolvimento

econômico, social, político e cultural do país.

47- No Brasil, a pobreza está mais concentrada nas regiões Norte e Nordeste,

o que nos permite concluir, conforme Demétrio Magnoli, que a pobreza neste

país tem um forte componente regional.

48- No Brasil, a população do sexo feminino é superior à do sexo masculino.

Com a urbanização e a transferência de população do meio rural para o meio

urbano, ampliou-se significativamente a parcela feminina da população

economicamente ativa.

49- A violência urbana nas grandes metrópoles pode ser explicada pelo alto

nível de pobreza nelas existente.

50- Com a aprovação da Lei Maria da Penha, considera-se erradicada a

violência doméstica contra mulheres no Brasil.

GABARITO

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1- E 11- C 21- C 31- C 41- C

2- E 12- C 22- E 32- E 42- C

3- C 13- C 23- C 33- E 43- C

4- E 14- E 24- E 34- E 44- E

5- E 15- C 25- E 35- C 45- C

6- C 16- C 26- E 36- E 46- C

7- C 17- C 27- C 37- C 47- C

8- E 18- C 28- C 38- C 48- C

9- E 19- C 29- E 39- C 49- E

10- C 20- E 30- E 40- E 50- E