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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE ENGENHARIA
APLICAÇÃO DE UM OSCILADOR ARMSTRONG
EM UM PROTÓTIPO DE LUZ DE EMERGÊNCIA UTILIZANDO
PILHAS AA DESCARREGADAS E LEDS DE 5MM
Porto Alegre, 04 de dezembro de 2017.
Autor: Thiago Antonio Silva Pinto de Carvalho
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Curso de Engenharia Elétrica
Av. Ipiranga 6681, - Prédio 30 - CEP: 90619-900 - Porto Alegre - RS - Brasil
Email: [email protected]
Orientador: Prof. Vicente Mariano Canalli, Dr. Eng.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Av. Ipiranga 6681, - 30 - D – S01.01 - CEP: 90619-900 - Porto Alegre - RS- Brasil
Email: [email protected]
RESUMO
Este trabalho descreve o circuito conhecido como ladrão de Joule, e sua aplicação em
um protótipo de uma luz de emergência. Um estudo das formas de onda e da autonomia do
circuito será apresentado. O circuito foi testado com um Light Emitting Diode (LED), com um
número maior de LEDs e também com um sensor de luminosidade, a fim de buscar uma melhor
iluminação do ambiente e economia de energia. O estudo das formas de onda foi realizado
empregando o programa LTspice. Com estes dados foi verificada a possibilidade de utilizar este
circuito como luz de emergência.
Palavras-chave: ladrão de Joule, sensor de luminosidade, simulação.
ABSTRACT
APPLICATION OF AN ARMSTRONG OSCILLATOR
IN AN EMERGENCY LIGHT PROTOTYPE USING DISCHARGED AA BATTERIES AND
5MM LEDS
This article describes the circuit known as Joule Thief, and its application in a prototype
of an emergency light. A study of the waveforms and the autonomy of the circuit will be
presented. The circuit was tested with a Light Emitting Diode (LED), with a greater number of
LEDs and also with a light sensor, in order to seek better lighting of the environment and energy
saving. The study of waveforms was performed using the LTspice program. With these data
the possibility of using this circuit as an emergency light was verified.
Key-words: Joule thief, light sensor, simulation.
1
1 INTRODUÇÃO
Circuitos osciladores são capazes de produzir uma oscilação senoidal. Para isso, esse
tipo de circuito necessita de um amplificador com realimentação positiva. Usando esse sinal
realimentado na entrada, dependendo da sua grandeza e fase correta, haverá na saída um sinal,
que pode ser senoidal ou uma onda quadrada.
O principal fator na operação de um oscilador é seu ganho. Quando se energiza o
circuito, o ganho de malha já e maior do que 1, sendo isso válido para qualquer oscilador. Com
o passar do tempo, o ganho de malha se estabiliza em 1 e a saída pico a pico se torna constante
(MALVINO; BATES, 2007). Existem dois tipos de osciladores, os osciladores RC e os
osciladores LC. Nos osciladores RC, o filtro consiste em uma rede de resistores e capacitores.
Em um oscilador LC, o circuito tanque, é formado por um indutor e um capacitor.
Osciladores RC operam na faixa das baixas e médias frequências, que varia de 5 Hz a
cerca de 1 MHz. O principal representante é conhecido como oscilador em ponte de Wien,
outros exemplos são o oscilador duplo-T e o oscilador de deslocamento de fase. Já os
osciladores LC operam em altas frequências, entre 1 MHz e 500 MHz, o tipo de oscilador LC
mais comum é o Colpitts (MALVINO; BATES, 2007).
Outros osciladores LC existentes são o Clapp, Hartley e o oscilador Armstrong, ou de
bloqueio, que serão utilizados neste trabalho.
1.1 Tema de Pesquisa
O circuito a ser estudado é conhecido como ladrão de Joule, e utiliza um oscilador de
bloqueio, temporizado por base. Este circuito permite utilizar a energia de uma bateria até o
limite da sua carga, muito além de aparelhos eletrônicos convencionais. O circuito é uma versão
simplificada de um oscilador de bloqueio, capaz de amplificar, por ressonância, uma pequena
tensão de entrada. No caso deste trabalho, uma pilha AA convencional descarregada será usada
na entrada do circuito para alimentar nove LEDs em sua saída.
1.2 Justificativa do Tema
Tendo em vista a crescente preocupação com o desperdício de energia e também com o
descarte indevido de pilhas e baterias, projetos que favoreçam o equilíbrio ambiental são cada
vez mais importantes. O outro componente ecológico importante deste trabalho, é o
transformador utilizado, que pode ser reaproveitado de uma fonte de computador ou do reator
2
eletrônico de uma lâmpada fluorescente. Por fim, o circuito estudado neste trabalho oferece
benefícios ao meio ambiente e economia, por utilizar poucos recursos.
1.3 Objetivo do Trabalho
Este trabalho propõe realizar o estudo da operação de um circuito baseado em um
oscilador de Armstrong e de como o mesmo pode ser dimensionado.
Também serão analisadas formas de onda, obtidas através de simulação. Será montado
um protótipo para validar o dimensionamento apresentado. Será efetuado um estudo
comparativo envolvendo o tempo de operação do oscilador e a luminosidade obtidos,
considerando uma pilha nova e uma pilha equivalente usada. Com isso, será verificada a
possibilidade de se substituir uma luz de emergência comum pelo circuito montado neste
trabalho, levando em consideração os custos, a portabilidade e o rendimento do circuito.
1.4 Delimitações do Trabalho
Neste trabalho será considerado apenas o uso de pilhas AA convencionais, alimentando
os LEDs. O circuito pode ser usado com qualquer alimentação em corrente contínua, mas, para
fins de praticidade, uma pilha AA tornou-se a uma boa opção para o protótipo devido a
facilidade de ser encontrada no mercado. Também são possíveis outros arranjos na saída deste
circuito, como, por exemplo, usá-lo para carregar outra bateria, porém, o foco será apenas em
seu uso como um protótipo de luz de emergência.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste referencial teórico serão apresentados assuntos relacionados ao trabalho, obtidos
de literatura e internet. O objetivo deste referencial é embasar o estudo em relação aos
osciladores de bloqueio, descrevendo suas principais topologias. O oscilador Armstrong
temporizado por base, utilizado para implementar o protótipo é descrito mostrando sua
aplicação, com o objetivo de destacar a relevância do assunto proposto.
2.1 Estudo de indutores acoplados magneticamente
Para o estudo do oscilador de bloqueio é preciso primeiro definir o transformador, pois
este é o seu principal componente. Nesta seção será apresentado o equacionamento do mesmo.
3
De acordo com a lei de Faraday, quando uma tensão senoidal é aplicada ao primário de
um transformador ideal, o mesmo fluxo magnético ϕ atravessa os dois enrolamentos
(ALEXANDER; SADIKU, 2008). A Figura 1 ilustra o diagrama de um transformador.
Figura 1 – Modelo de um transformador considerando a indutância mútua
Fonte: Adaptado de ALEXANDER; SADIKU (2008, p. 574)
No transformador, a tensão no primário é
𝑉1 = 𝑁1
𝑑𝜙
𝑑𝑡
(1)
e a tensão no secundário será
𝑉2 = 𝑁2
𝑑𝜙
𝑑𝑡
(2)
Dividindo a Equação (2) pela (1), tem-se
𝑛 =
𝑉2
𝑉1=
𝑁2
𝑁1
(3)
Também é possível definir n como
𝑛 =𝐼1
𝐼2= √
𝐿2
𝐿1
(4)
4
Considerando L1 a indutância do primário, L2 a do secundário e M a indutância mútua,
é possível definir o coeficiente de acoplamento K como
𝐾 ≡
𝑀
√𝐿1𝐿2
(5)
Para um transformador ideal, K = 1 e L1 infinito.
2.2 Osciladores de bloqueio
É possível acoplar um transformador na saída de um dispositivo ativo e realimentá-lo.
Ao escolher corretamente as polaridades, a realimentação será positiva e o circuito pode gerar
um único pulso (operação monoestável) ou um trem de pulsos (operação astável)
(BOYLESTAD; NASHELSKY).
2.2.1 Oscilador de bloqueio temporizado por emissor
Nesta seção será apresentada uma das configurações de montagem mais comuns. Seu
estudo complementa a configuração temporizada por base, e essas duas configurações podem
ser alternadas sem modificar a saída, que sempre será de pulsos de alta frequência.
O oscilador de bloqueio da Figura 2 consiste em um transistor com um resistor de
emissor e um transformador de três enrolamentos. Um enrolamento é conectado ao coletor do
circuito. O segundo enrolamento, com n vezes mais voltas, está conectado à base. O terceiro
enrolamento, com n1 vezes mais voltas alimenta um resistor RL que pode ser uma carga ou
usado como amortecimento, como será visto a seguir. A base e o coletor devem ser conectadas
para realimentação positiva, mas o sentido do enrolamento conectado ao terceiro terminal do
transformador é arbitrário, podendo ser escolhido para obter uma saída positiva ou negativa
(MILLMAN; TAUB, 1965).
5
Figura 2 – Oscilador de bloqueio temporizado pelo emissor
(a) Circuito (b) Modelo equivalente
Fonte: Adaptado de MILLMAN; TAUB (1965, p. 601)
2.2.2 Métodos alternativos para temporizar um oscilador de bloqueio
Nos circuitos de emissor comum temporizado por base e por emissor, o acoplamento
via transformador ocorre entre o coletor e a base. Também é possível, como na Figura 3,
conectar um enrolamento do transformador no coletor e outro enrolamento no emissor,
resultando em uma configuração de base comum. Uma terceira possibilidade para uma
configuração de coletor comum conecta o acoplamento do transformador entre a base e o
emissor. A configuração coletor-emissor gera pulsos de saída com polaridade opostas nos dois
enrolamentos, enquanto as configurações coletor-base e coletor-coletor não (MILLMAN;
TAUB, 1965).
6
Figura 3 – Oscilador de bloqueio de base comum
Fonte: TradeOfIC.com
Configurações alternativas podem utilizar um diodo para controlar a temporização, ou
um circuito RC conectado ao emissor ou à base. Todas estas configurações estão ilustradas na
Figura 4.
Figura 4 – Configurações alternativas do oscilador de bloqueio
(a) Circuito com diodo (b) Circuito com RC
conectados ao emissor
(c) Circuito com RC
conectados à base
Fonte: Adaptado de MILLMAN; TAUB (1965)
7
2.3 Aplicações de osciladores de bloqueio
As seguintes aplicações são consideradas as mais importantes do oscilador de bloqueio:
a) O circuito astável é usado como um oscilador-mestre para fornecer disparadores para
sincronizar um sistema de formas de onda de tipo pulso, como ondas quadradas, tensões de
varredura, etc.
b) O circuito monoestável é usado para obter pulsos abruptos de uma tensão de disparo
de entrada variando de forma lenta.
c) Usando um enrolamento terciário, pulsos de saída de qualquer polaridade podem ser
obtidos dependendo do enrolamento aterrado. O enrolamento de saída também pode ser isolado
do terra quando necessário.
d) O oscilador de bloqueio pode ser usado como um divisor de frequência ou contador.
e) O circuito pode funcionar como um interruptor de baixa impedância para descarregar
um capacitor.
f) O oscilador é capaz de gerar pulsos com potência de pico elevada. Esta é a aplicação
utilizada neste trabalho, pois como a frequência é alta, é possível utilizar vários LEDs na saída
com pouca perda de iluminação sem danificá-los.
3 METODOLOGIA
Nesta seção será descrita a metodologia proposta e apresentadas as etapas desenvolvidas
no trabalho. Para auxiliar o dimensionamento do circuito proposto, será a apresentada
inicialmente uma simulação, obtendo-se as principais formas de onda do circuito.
3.1 Fluxograma descrevendo a metodologia utilizada
O diagrama da Figura 5 ilustra as principais etapas executadas na elaboração deste
trabalho
8
Figura 5 – Diagrama apresentando a metodologia utilizada
Fonte: Autoria própria
3.1.1 Descrição da configuração utilizada
Nesta seção é descrita a configuração do oscilador Armstrong utilizada. Também são
apresentados diagramas do modelo do circuito, necessários para a compreensão das formas de
onda.
3.1.2 Descrição do princípio de funcionamento
Nesta etapa, são descritos os passos que ocorrem durante o funcionamento do circuito.
3.1.3 Elaboração do equacionamento
Aqui são elaborados os passos para o cálculo das variáveis do oscilador. Todo o
equacionamento necessário para a definição dos valores utilizados na simulação do projeto é
descrito.
3.1.4 Definição dos componentes para simulação
Utilizando dados técnicos, medições e o equacionamento descrito, definem-se os
valores dos componentes para a montagem do circuito na simulação.
DESCRIÇÃO DA CONFIGURAÇÃO
UTILIZADA
DESCRIÇÃO DO PRINCÍPIO DE
FUNCIONAMENTO
ELABORAÇÃO DO EQUACIONAMENTO
DEFINIÇÃO DOS COMPONENTES
PARA SIMULAÇÃO
SIMULAÇÃO DO PROTÓTIPO
ANÁLISE DOS RESULTADOS DA
SIMULAÇÃO
OBTENÇÃO DE RESULTADOS
EXPERIMENTAIS
APLICAÇÃO DE TESTE DE
AUTONOMIA
ANÁLISE DE CUSTO DO PROJETO
9
3.1.5 Simulação do protótipo
O diagrama do protótipo é usado para obtenção das formas de onda esperadas, via
programa LTspice. Para esta etapa são aplicados na simulação os valores dos componentes
definidos anteriormente.
3.1.6 Análise dos resultados da simulação
Com os resultados da simulação, é feita a análise dos valores obtidos. Utilizando o
equacionamento, será definido se os valores encontrados estão de acordo com aqueles
esperados.
3.1.7 Obtenção de resultados experimentais
Após a análise, é montado um oscilador com base nos resultados obtidos nas etapas
anteriores, verificando os resultados de forma a justificar sua futura aplicação como luz de
emergência. Os testes serão realizados utilizando osciloscópio para obtenção das formas de
onda, e multímetro para valores de corrente e tensão. Os experimentos utilizam a configuração
com um, três e nove LEDs na saída, para testes.
3.1.8 Aplicação de teste de autonomia
Utilizando primeiramente uma pilha desgastada, um teste de autonomia é feito, para
analisar quantas horas o circuito permanece ligado. Após o primeiro teste, uma pilha nova é
testada para observar se ocorre o mesmo comportamento.
3.1.9 Análise de custo do projeto
São descritos os valores para compra dos componentes necessários para montar o
circuito. Por fim é feita uma comparação com os valores de luzes de emergência comerciais.
4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA
Nesta seção serão descritos com detalhe os métodos aplicados para a execução da
metodologia.
Para a realização deste trabalho, foi escolhido o oscilador de bloqueio temporizado por
base. Essa escolha é arbitrária, a configuração de temporização por base não tem vantagens ou
desvantagens em relação as demais (MILLMAN; TAUB, 1965).
10
4.1 Oscilador de bloqueio temporizado por base
O oscilador de bloqueio monoestável mostrado na Figura 6 pode ser ativado por uma
tensão de entrada que varia lentamente. Dependendo dos parâmetros do transformador e do
circuito, a largura do pulso de saída pode variar entre nanosegundos a microssegundos. O
transformador tem n vezes mais voltas no lado conectado à base do que no lado conectado ao
coletor. O transformador está conectado ao circuito de modo a fornecer uma polaridade
invertida, de acordo com a convenção de polaridades instantâneas. Um resistor R conectado em
série com a base, é responsável por controlar a duração do pulso (MILLMAN; TAUB, 1965).
Figura 6 – Oscilador de bloqueio temporizado pela base
(a) Circuito (b) Modelo equivalente
(c) A corrente no coletor (d) A corrente na base. A curva pontilhada
indica a cargas em excesso
(e) Circuito equivalente do transformador (incluindo as resistências e a capacitância
paralela total)
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Fonte: Adaptado de MILLMAN; TAUB (1965, p. 69 e p. 598)
4.2 Princípio de funcionamento do circuito
Em repouso, o transistor visto na Figura 6(a) está desligado. Considerando uma tensão
base-emissor à temperatura ambiente de aproximadamente 0,5 V para um transistor de silício,
o VBB utilizado no circuito pode ser zero. Como a tensão VBB << VCC e VBB não afeta a operação
do circuito, é possível desprezá-la no equacionamento (MILLMAN; TAUB, 1965).
Se um sinal de disparo é aplicado momentaneamente diminuindo a tensão do coletor, o
potencial na base irá aumentar sobre a base do circuito da Figura 6(a), pela ação do
transformador e das polaridades do enrolamento. Quando VBE exceder a tensão de corte, o
transistor começa a drenar corrente. Esse aumento da corrente no coletor diminui a tensão do
coletor, que por sua vez, eleva a tensão de base. Assim, há ainda mais fluxo de corrente no
coletor, resultando em uma queda adicional na tensão no coletor. Se o ganho do laço CA for
maior do que um, começa a ocorrer avalanche e o transistor satura rapidamente. Desprezando
o pequeno espaço de tempo necessário para o transistor saturar, a amplitude, largura e a forma
de onda do pulso podem ser obtidas a partir do circuito equivalente da Figura 6(b), onde o
transformador real é substituído por um transformador ideal ligado ao coletor contendo a
indutância paralela de magnetização L do enrolamento. A indutância paralela L e a capacitância
paralela C do modelo do transformador da Figura 6(e) afetam o tempo de subida, mas não as
tensões que variam lentamente durante o pulso. Desta forma, a indutância de dispersão σ, C, e
a pequena resistência ôhmica R1 do enrolamento da Figura 6(e) são omitidos na Figura 6(b). As
tensões de saturação do transistor VCE (sat) e VBE (sat) poderiam ser incluídas no circuito, mas
são pequenas em comparação com VCC, podendo ser descartadas (MILLMAN; TAUB, 1965).
4.3 Equações de projeto
Nesta seção serão apresentadas as equações necessárias para a definição dos
componentes para a montagem do circuito.
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4.3.1 Definição das correntes no transistor
Em um transformador ideal, a soma de Ampère-espiras no primário e no secundário são
idênticas em módulo e as tensões induzidas são proporcionais às voltas. Em estado de repouso,
todas as correntes são zero, então a soma de Ampère-espiras dentro do contorno tracejado da
Figura 6(b) deve ser zero. A corrente i no enrolamento do transformador ideal conectado ao
coletor leva em consideração as polaridades (MILLMAN; TAUB, 1965).
𝑖 = 𝑛𝑖𝐵 (6)
Se V é a amplitude da onda quadrada através do enrolamento do coletor, então nV é a
tensão correspondente através do enrolamento da base. Na Figura 6(b) as polaridades atribuídas
às tensões de enrolamento V e nV estão de acordo com a inversão de polaridade indicada pelos
pontos. É possível visualizar no circuito de coletor com o transistor ideal em estado de condução
visto na Figura 6(b) que
𝑉 = 𝑉𝐶𝐶 (7)
No circuito da base
𝑖𝐵 =
𝑛𝑉
𝑅=
𝑛𝑉𝐶𝐶
𝑅
(8)
e das Equações (6) e (8)
𝑖 =
𝑛2𝑉𝐶𝐶
𝑅
(9)
13
Se im, é a corrente de magnetização, e como V é constante no circuito da Figura 6(b),
então
𝐿
𝑑𝑖𝑚
𝑑𝑡= 𝑉
(10)
onde
𝛥𝑖𝑚 =
𝑉𝑡
𝐿
(11)
Uma vez que
𝑖𝐶 = 𝑖 + 𝑖𝑚 (12)
Então, das Equações (9) e (7) substituindo em (11) e agregadas em (12) resulta
𝑖𝑐 =
𝑛2𝑉𝐶𝐶
𝑅+
𝑉𝑐𝑐𝑡
𝐿
(13)
4.3.2 Corrente de coletor
A corrente no coletor do transistor indicada na Figura 6(c) é trapezoidal, enquanto a
corrente de base é constante. Em 𝑡 > 0 o ponto de operação nas características do coletor da
Figura 6(c) está no ponto P, resultando na corrente ic inicial
𝑖𝑐 =
𝑛2𝑉𝐶𝐶
𝑅
(14)
e da Equação (9)
14
4.3.3 Corrente de base
A corrente na base do transistor indicada na Figura 6(d). Seu valor é pequeno quando
comparado a iC, pois a corrente de coletor depende do quadrado do número de espiras.
𝑖𝐵 =
𝑛𝑉𝐶𝐶
𝑅
(15)
4.3.4 Relação de espiras
A relação de espiras pode ser calculada dividindo a corrente no coletor e a corrente de
base, pois elas estão conectadas ao secundário e ao primário do transformador, respectivamente.
𝑛 =
𝑖𝐶
𝑖𝐵
(16)
O transistor está em saturação, desde que
ℎ𝐹𝐸𝑖𝐵 > 𝑖𝐶 (17)
ou
ℎ𝐹𝐸 > 𝑛 (18)
Esta condição é muito fácil de satisfazer uma vez que a razão das espiras n é geralmente
maior do que um. Para 𝑡 > 0 a corrente do coletor aumenta e o ponto de operação se move para
cima na curva na Figura 7, correspondendo à corrente de base constante
𝑖𝐵 =
𝑛𝑉𝐶𝐶
𝑅≡ 𝐼𝐵
(19)
15
Figura 7 – O caminho da corrente do coletor é ao longo da linha da saturação entre P e
P’. O pulso termina em P’, quando o transistor sai da saturação
Fonte: Adaptado de MILLMAN; TAUB (1965, p. 600)
4.3.5 Relação hFE e corrente de coletor
Quando o ponto P' é atingido, VCE aumenta rapidamente, e isso diminui a tensão do
transformador e, portanto, a corrente da base. Neste ponto P' o transistor sai da saturação. Como
o ganho de malha é maior do que um na região ativa, o transistor é rapidamente conduzido ao
corte por ação regenerativa e o pulso termina, como indicado na Figura 6(d). Uma vez que o
intervalo de regeneração determina o impulso, quando o transistor sai da saturação, então a
largura do pulso pode ser definida usando a condição
𝑖𝐶 = ℎ𝐹𝐸𝑖𝐵 (20)
ou, substituindo a Equação (19) em (20) e após em (13)
𝑛2𝑉𝐶𝐶
𝑅+
𝑉𝐶𝐶𝑡𝑝
𝐿= ℎ𝐹𝐸
𝑛𝑉𝐶𝐶
𝑅
(21)
16
Isolando o tempo tp de pulso, resulta
𝑡𝑝 =
𝑛𝐿
𝑅(ℎ𝐹𝐸 − 𝑛) ≈
𝑛𝐿ℎ𝐹𝐸
𝑅
(22)
Este resultado indica que a largura do pulso é uma função linear de hFE, um parâmetro
que varia com a temperatura, como visto na Figura 8.
Figura 8 - Relação do hFE para vários valores de corrente de coletor normalizadas a 25°
Fonte: Adaptado de MILLMAN; TAUB (1965, p. 211)
O hFE também pode alterar om a substituição do transistor, pois podem ocorrer pequenas
variações durante a fabricação dos transistores. Por isso, o hFE é divido em um ranking de
valores esperados, e não um valor exato.
4.4 Circuito utilizado na simulação
O oscilador de bloqueio é um circuito muito flexível, podendo ser montado
reaproveitando componentes de outros materiais. Para a simulação, o circuito foi introduzido
no programa LTspice o circuito da Figura 9. A simulação foi feita utilizando os parâmetros
medidos nos componentes reaproveitados.
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Figura 9 – Esquemático do circuito simulado
Fonte: Autoria própria
4.5 Simulação e definição dos componentes utilizados no circuito
Nesta seção serão definidos os valores dos componentes utilizados na simulação, como
indicado na Figura 9. Também será descrito o equacionamento da frequência do oscilador.
Foram utilizados diversos métodos para dimensionar os componentes, como por medição,
utilizando o equacionamento previamente apresentado e novos equacionamentos e também
utilizando dados técnicos apresentados em datasheet.
4.5.1 Definição do LED de saída
Para a simulação, foi utilizado um LED branco na saída, assim como o utilizado na
aplicação prática. No circuito simulado, o LED branco é do modelo NSPW500BS, suas
características principais estão descritas na Tabela 1.
18
Tabela 1 - Parte do datasheet do LED NSPW500BS
Fonte: Adaptado de DatasheetCatalog.com
Da Tabela 1, a tensão direta máxima que o LED suporta é de 4 V, e o datasheet indica
que a tensão mínima necessária é de 3,6 V.
Já a Figura 10 descreve a relação da corrente que passa pelo LED e quanto de luz ele
produz. Esse valor é importante pois a associação em paralelo possui uma pequena queda de
tensão, mas a corrente se mantém estável.
Figura 10 – Relação luminosidade relativa e pulso de corrente direta do LED
NSPW500BS
Fonte: Adaptado de DatasheetCatalog.com
É possível utilizar vários modelos de LED no circuito, o funcionamento não se altera
com a troca do componente. Os modelos LXHL-BW02, STW8B12C e QTLP690C foram
testados na simulação. Na montagem, foram utilizados LEDs brancos adquiridos no mercado
local, que não possuem fabricante ou modelo indicados.
19
4.5.2 Definição da fonte de tensão
No teste simulado, a fonte de tensão foi ajustada para o valor de 0,8 V, um valor médio
de tensão em pilhas AA retiradas de equipamentos comuns, como controles remotos, que
pararam de funcionar. Cinco pilhas foram medidas usando multímetro para resultar neste valor.
4.5.3 Definição do resistor de base R
Para o resistor conectado à base mostrado na Figura 9, foi escolhido o valor de 1kΩ
considerando a Equação 14:
𝑖𝑐 =𝑛2𝑉𝐶𝐶
𝑅
Se o valor da resistência for muito baixo, abaixo de 1kΩ via simulação, a corrente
aumenta, o que diminui a frequência e torna a oscilação visível. Se o valor for muito elevado,
acima de 30kΩ na simulação, a corrente será muito baixa, o transistor nunca chegará na
saturação e não ocorrerá oscilação.
4.5.4 Definição do Light Dependent Resistor (LDR) de 10 mm para controle
Para evitar que o circuito ligue sem necessidade, pode-se conectar um LDR entre a base
do transistor e o negativo da pilha no circuito da Figura 9. Desta maneira, no escuro, sua
resistência é muito grande, fazendo a corrente circular pelo transistor. Quando o ambiente é
iluminado, o LDR comporta-se como um curto, não acionando o transistor.
4.5.5 Definição do transformador usado na simulação e no protótipo experimental
Neste item serão descritos os passos para a definição do transformador. O transformador
utilizado na montagem foi retirado de um reator eletrônico, mas também é possível obter um
transformador similar ao se enrolar dois fios ao redor de um núcleo de ferrite (MITCHELL,
2015).
Para formar o transformador, é preciso primeiramente respeitar as polaridades
instantâneas vistas no transformador da Figura 9, se não estiverem invertidas em relação ao seu
ponto comum o circuito não funciona com a ligação utilizada na simulação. Na simulação, o
transformador foi considerado ideal e criado acoplando dois indutores usando o parâmetro K,
com constante de acoplamento K de 0,99999.
20
4.6 Medição das indutâncias próprias L1 e L2
O valor das indutâncias próprias L1 e L2 do circuito da Figura 9 foi medido com um
multímetro Minipa considerando a frequência padrão de 1 kHz, como visto na Figura 11.
Figura 11 – Valores encontrados nas medidas de indutância
(a) Primário (b) Secundário
Fonte: Autoria própria
O resultado das medições foi:
𝐿1 = 14,7 𝜇𝐻 𝐿2 = 62 𝜇𝐻
4.6.1 Definição do capacitor C1
Para se definir o valor do capacitor C1 do circuito da Figura 9, foi utilizada a expressão
que define a frequência de operação do circuito. Como o período do circuito tanque é dado por
(MILLMAN; TAUB):
𝑇 = 2𝜋√𝐿2 ∗ 𝐶1 (23)
O seu inverso é a frequência
𝑓 =
1
2𝜋√𝐿2 ∗ 𝐶1
(24)
21
Pode-se optar por três frequências de operação, descritas na Tabela 2.
Tabela 2 – Valores de capacitância e suas respectivas frequências
Capacitância C1 Frequência
1 nF 639 kHz
10 nF 202 kHz
100 nF 63,9 kHz
Fonte: Autoria própria
O valor de C1 de 100 nF foi o primeiro escolhido na montagem do protótipo, pois foi o
que resultou no valor de frequência mais próxima à obtida via simulação. Porém os testes
mostraram que a tensão obtida não era o suficiente, logo, optou-se pelo valor de 10 nF.
4.7 Definição do transistor
A flexibilidade do circuito anteriormente citado, permite que praticamente qualquer
transistor de uso geral seja utilizado, apenas devendo ser respeitada a configuração do mesmo.
Neste trabalho será utilizado um transistor de configuração npn. O transistor de silício BC548
foi escolhido pela disponibilidade no laboratório, por ter um nível de tensão máximo de 30 V,
acima do necessário para o experimento, de aproximadamente 5V quando não há LEDs
conectados. Para a simulação, este transistor não está disponível, porém foi utilizado o BC547C,
que é bastante similar, possuindo apenas o ganho mínimo diferente, 382% maior.
Nos testes simulados, foi possível utilizar vários modelos de transistores no circuito, e
o mesmo funciona com essa troca. Alguns modelos utilizados foram 2N2222, SSTA06 e
2SD1898.
4.7.1 Definição das correntes iC e iB no transistor
Considerando a Equação (4):
𝑛 =𝐼1
𝐼2= √
𝐿2
𝐿1
22
Tem-se
𝑛 = √62 𝜇𝐻
14,7 𝜇𝐻= 2,053
Logo, das Equações (14) e (15) respectivamente, com VCC = 0,8 V resulta
𝑖𝑐 =2,0532∗0,8
1𝑘= 3,371 𝑚𝐴 𝑖𝐵 =
2,053∗0,8
1𝑘= 1,64 𝑚𝐴
4.8 Simulação do protótipo
Neste item serão apresentados os resultados obtidos da simulação do circuito da Figura
9, montado no programa LTspice. Com os resultados da simulação, foi possível verificar a
operação do circuito analisando suas principais formas de onda. Este fato permitiu
posteriormente montar um protótipo a partir dos componentes.
4.8.1 Formas de onda da tensão na entrada e na saída do circuito
Para o circuito simulado da Figura 9, tem-se na Figura 11 a tensão aplicada sobre um
LED de saída, indicada pelas ponteiras V nos ramos Entrada e Saída.
Figura 11 – Tensão de saída Vs e de entrada Ve
Fonte: Autoria própria
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Com essa medida, é possível observar de acordo com a Equação 3, que o ganho do
circuito é de
𝑉𝑠
𝑉𝑒=
3,7
0,8= 4,625
4.8.2 Formas de onda das correntes no transistor
Na Figura 12 são apresentados os resultados obtidos da simulação do circuito da Figura
9, indicados pelas ponteiras I que indicam a corrente iC no coletor e a corrente iB na base do
transistor, com um LED na saída.
Figura 12 – Correntes no transistor
(a) iC no coletor
(b) iB na base
Fonte: Autoria própria
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Com essas figuras será possível verificar a relação de espiras do circuito, para
posteriormente ter-se a compreensão da relação dos valores simulados com os valores medidos.
4.8.3 Formas de onda da corrente e da tensão na saída com associação de LEDs
A Figura 13 mostra com a forma de onda na saída se altera quando mais LEDs são
adicionados à saída do circuito
Figura 13 – Corrente iC e tensão sobre os LEDs de saída
Fonte: Autoria própria
Lembrando que a corrente iC é a mesma que circula pelo LED e também pelo nó L2 C1.
4.9 Análise dos resultados de simulação
Da Figura 11, é possível observar o valor da frequência. Ao utilizar o capacitor de 10
nF, obtém-se uma frequência de 76,9 kHz, um valor diferente ao valor obtido com o cálculo,
porém necessário para o funcionamento do circuito.
Já da Figura 12, com os valores de corrente, usando a Equação 16, é possível encontrar
o valor da relação de espiras do transformador.
𝑛 =𝑖𝐶
𝑖𝐵=
4,687 𝑚𝐴
1,34 𝑚𝐴= 3,497
25
Há uma diferença de 70,33 % em relação ao valor obtido pela Equação (25)
𝑛 = √𝐿2
𝐿1= √
62𝜇𝐻
14,7𝜇𝐻= 2,053
E da Figura 13 é possível concluir que ao adicionar LEDs em paralelo, a corrente que
circula pela associação não se altera. Há uma leve queda da tensão, mas o seu valor continua
entre 3,6 V e 4 V, assim como quando apenas um LED é utilizado. Isso demonstra que os
valores encontrados para o circuito montado são da mesma ordem de grandeza dos vistos na
teoria e que a associação de LEDs não altera o funcionamento do circuito, justificando a
montagem do mesmo. Também é possível observar das Figuras 12 e 13 que as correntes iC e iB
diferem das observadas na bibliografia. Isso ocorre devido ao capacitor C1 que descarrega a
cada oscilação, logo, ocorrem variações nos valores das correntes no início de cada ciclo. Essa
diferença também afeta o valor de n.
5 RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Com os dados da seção anterior, o circuito foi montado em placa de circuito impresso,
usando o mesmo esquemático simulado, para a verificação da utilidade do mesmo.
5.1 Testes em protoboard do circuito
A figura 14 mostra como é a tensão na saída do oscilador, conforme convencionado na
Figura 9, no circuito da Figura 2(a), sem carga conectada.
Figura 14 – Oscilograma de tensão experimental de saída
Fonte: Autoria própria
A linha azul mostra a tensão da pilha, ilustrando o ganho do circuito.
26
5.2 Testes com um LED na saída
A Figura 15 mostra o oscilador montado, utilizando uma pilha alcalina descartada de
um controle remoto, com tensão de 0,86 V.
Figura 15 – Protótipo do oscilador montado com um LED branco
Fonte: Autoria própria
5.2.1 Formas de onda da tensão na entrada do circuito e na saída sobre o LED
Na figura 16 a seguir, tem-se a forma de onda na saída do oscilador com um LED na
saída e sem capacitor conectado, mostrando também a tensão da pilha. É possível observar os
pulsos de alta frequência gerados pelo oscilador, essa frequência de 203 kHz é imperceptível
ao olho humano, que só percebe até a frequência de 60 Hz. Logo, não é possível observar o
LED piscando (HECHT; SHLAER, 1935).
Figura 16 – Oscilograma de tensão Ve na entrada e Vs na saída experimentais
Fonte: Autoria própria
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Nesta medição, o valor do ganho medido do protótipo foi:
𝑉𝑠
𝑉𝑒=
3,2
0,8= 4
Ao não utilizar nenhum dos valores de capacitância propostos, porém, a frequência, não
está de acordo com os cálculos, a Figura 17 ilustra a forma de onda da tensão de saída ao
adicionar os mesmos três valores de capacitância utilizados nos cálculos.
Figura 17 – Formas de onda de tensão experimental de saída com Capacitor C1
(a) C1 = 1 nF; f = 102 kHz (b) C1 = 10 nF; f = 80,1 kHz
(c) C1 = 100 nF; f = 36,8 kHz (d) Circuito de teste em protoboard
Fonte: Autoria própria
Assim como na simulação, para um capacitor de 100 nF conectado em paralelo com o
secundário, como no circuito da Figura 9, os LEDs desligam, devido a atenuação da tensão na
saída. Logo, na montagem, foi utilizado o capacitor de C1 = 10 nF, que resulta em uma
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frequência de 80,1 kHz, bem próxima ao valor encontrado via simulação, como visto na Figura
17(b).
5.2.2 Análise da relação de espiras no protótipo em operação
Os pulsos apresentados na Figura 17(b) mostram também que a amplificação do circuito
não é igual à relação de espiras, por não se tratar de um transformador ideal.
Utilizando a Equação 16, para os valores das espiras, tem-se:
𝑛 =62𝜇𝐻
14,7𝜇𝐻= 4,217
E com os valores de tensão na saída:
𝑛 =3,6𝑉
0,8𝑉= 4,25
Utilizando um resistor de 1 Ω conectado à ponteira do osciloscópio para se ter o valor
de corrente, o resultado foi similar ao obtido via um multímetro. A corrente sobre os LEDs na
saída, para uma tensão de 0,9 V é de aproximadamente 1,35 mA.
5.3 Testes utilizando associação de LEDs
Após o teste com apenas um LED, um novo teste foi realizado utilizando três LEDs
brancos associados em paralelo. Com os LEDs associados, foi possível obter uma luminosidade
bem maior do ambiente, mostrando ser indicados para a aplicação proposta. Porém, essa
associação apresenta uma luminosidade muito direta, portanto foram adicionados mais seis
LEDs para cobrir uma área maior com luz difusa. A Figura 18 mostra esse circuito montado.
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Figura 18 – Protótipo com nove LEDs brancos na saída
Fonte: Autoria própria
Já a Figura 19 ilustra a forma de onda da tensão de saída para três e nove LEDs,
respectivamente, usando o capacitor de 10 nF.
Figura 19 – Formas de onda de tensão experimental da saída para associação de LEDs
(a) 3 LEDs (b) 9 LEDs
Fonte: Autoria própria
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A Tabela 3 mostra os valores de tensão e corrente medidos para os diferentes números
de LEDs.
Tabela 3 – Valores de tensão e corrente sobre os LEDs na saída
Número de LEDs Tensão Corrente
1 3,99 V 1,35 mA
3 3,45 V 1,29 mA
6 3,29 V 1,17 mA
9 3,01 V 1,1 mA
Fonte: Autoria própria
Estes valores demonstram que a simulação e a medição possuem valores semelhantes,
significando que a análise está correta.
5.4 Teste de autonomia do protótipo
Para o teste de autonomia, o protótipo foi mantido ligado por 12 horas ininterruptas,
com nove LEDs conectados. A cada hora, mediu-se a tensão fornecida pela pilha. Foram
utilizadas uma pilha usada, inicialmente com tensão de 702 mV e uma pilha nova, com tensão
de 1,09 V. Os resultados estão ilustrados na Tabela 4.
Tabela 4 – Valores de tensão da pilha nos dois casos
Fonte: Autoria própria
Hora Pilha usada (mV) Pilha nova (mV)
0 702 1090
1 629 1049
2 610 1035
3 596 1025
4 582 1015
5 578 1009
6 570 1003
7 564 998
8 561 992
9 560 985
10 554 976
11 550 967
12 546 955
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Figura 20 – Gráfico da tensão da pilha no tempo
Fonte: Autoria própria
É possível observar pelo gráfico da Figura 20 que o comportamento do circuito é o
mesmo, e que a sua durabilidade é de várias horas. É possível manter o circuito mais tempo
ligado caso necessário, pois os LEDs apagaram quando a tensão chegou a 523 mV,
aproximadamente 14 horas depois do início do teste.
5.5 Análise de custo
A Tabela 5 descreve o custo dos componentes usados para a montagem do protótipo.
Os valores foram obtidos no comércio local
Tabela 5 – Tabela de valores de preços dos componentes utilizados
Item Quantidade Valor
LED branco 9 R$ 13,50
LDR 10 mm 1 R$ 8,90
Resistor 1 kΩ 1 R$ 0,40
Transistor BC548 1 R$ 0,49
Suporte para pilha AA 1 R$ 2,00
Pilha AA 1 R$ 0,00
Transformador 1 R$ 0,00
Total 15 R$ 25,29
Fonte: Autoria própria
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Com um total de R$ 25,29 em componentes, o custo do protótipo é baixo, sem
considerar os LEDs. A pilha e o transformador foram considerados sem valor pois a pilha AA
é usada, retirada de controle remoto, mouse de computador, etc. Já o transformador foi retirado
do reator de uma lâmpada fluorescente econômica queimada, que já se pagou pelas suas horas
de uso.
6 CONCLUSÃO
O estudo realizado neste trabalho permitiu um maior conhecimento sobre osciladores,
principalmente sobre o oscilador Armstrong. O uso da simulação foi uma ferramenta importante
para visualizar o funcionamento do circuito e auxiliar no dimensionamento através das formas
de ondas obtidas via simulação.
O dimensionamento e a montagem foram fundamentais para colocar o circuito em
operação, permitindo sua aplicação como luz de emergência. Considerando o baixo custo da
montagem, bem abaixo do cobrado por luzes de emergência de qualidade, e também a
autonomia de mais de 12 horas do protótipo, o mesmo é uma alternativa viável para utilização
doméstica. O protótipo é pequeno e leve, podendo ser posicionado em qualquer parte do
ambiente, portanto, servindo a seu propósito.
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Novembro 2017.
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<http://pdf.datasheetcatalog.com/datasheet/fairchild/BC548.pdf>. Acesso em: 15 Novembro
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Saddle River: Prentice Hall.
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<http://www.falstad.com/circuit/>. Acesso em: 6 Outubro 2017.
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Disponivel em: <http://www.tradeofic.com/Circuit/10443-
COMMON_BASE_BLOCKING_OSCILLATOR.html>. Acesso em: 10 Setembto 2017.
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PARTS OF THE SPECTRUM. The Journal of General Physiology, New York, 1935. 13.
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WHAT is the transistor hFE ranking? - Powered by Kayako Help Desk Software. ROHM
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