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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
MARIA DONIZETI MORAES ALMEIDA
CRISE HÍDRICA: UM ESTUDO SOBRE O DESEMPENHO
ECONÔMICO-FINANCEIRO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
SANEAMENTO DIANTE DE ESCASSEZ DE ÁGUA.
MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS
SÃO PAULO
2016
MARIA DONIZETI MORAES ALMEIDA
CRISE HÍDRICA: UM ESTUDO SOBRE O DESEMPENHO ECONÔMICO-
FINANCEIRO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE SANEAMENTO DIANTE DE
ESCASSEZ DE ÁGUA.
MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Atuariais, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais, sob a orientação do Prof. Dr. Fernando de Almeida Santos.
SÃO PAULO
2016
MARIA DONIZETI MORAES ALMEIDA
CRISE HÍDRICA: UM ESTUDO SOBRE O DESEMPENHO ECONÔMICO-
FINANCEIRO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE SANEAMENTO DIANTE DE
ESCASSEZ DE ÁGUA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Contábeis e Atuariais, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais, sob a orientação do Prof. Dr. Fernando de Almeida Santos.
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Fernando de Almeida Santos (Orientador)
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP
Prof. Dr. Ricardo Di Bartolomeo
Faculdade de Tecnologia do Ipiranga - Fatec Ipiranga
Prof. Dr. Antônio Benedito
Pontifica Universidade Católica de São Paulo – PUCSP
São Paulo, 15 de dezembro de 2016.
DEDICATÓRIA
Em memória aos meus pais biológicos Maria e Sebastião e aos meus
queridos padrastos Pedro e José, os quais me ensinaram o valor da vida, de cada
momento, de cada situação e em cada estágio em que me encontrava.
Aos meus queridos irmãos, Laura, José, João (in memória) e em especial a
Lara que sempre esteve presente nos meus dias e a todos os meus sobrinhos e
sobrinhos netos.
Ao meu querido e amado filho, Arthur e ao meu amigo e marido Afrânio.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar o meu reconhecimento e agradecer a todos os que
participaram da minha vida nestes últimos anos.
Aos meus colegas e amigos, principalmente os do curso de mestrado, pelas
oportunas e sistemáticas manifestações de companheirismo e de encorajamento.
Sem esse apoio e receptividade, sem sobra de dúvidas, tudo seria sinceramente
difícil.
Em especial ao meu orientador, o Professor Doutor Fernando por toda a
dedicação, compreensão e amizade demonstradas ao longo da realização deste
trabalho, através de estímulo e exigência fundamentais para a conclusão deste
trabalho.
Agradecer aos professores da PUC/SP pelos quais tinha grande admiração e
tive a honra de tê-los como mestres, como orientadores ou simplesmente
cumprimentá-los nos corredores da universidade.
Agradecer à minha família pela paciência e compreensão demonstradas e em
especial ao meu filho Arthur que sempre me apoiou e me estimulou a retornar aos
estudos. E por último agradecer a Kátia Sentinaro pela cumplicidade, afeto e pela
revisão exaustiva e minuciosa do texto.
A todos o meu mais profundo agradecimento.
MENSAGEM
"A água é um direito, assim como é a
alimentação"... "O grande desafio é
conseguir um equilíbrio entre custo e
preservação".
Catarina de Albuquerque.
Crise hídrica: um estudo sobre o desempenho econômico-financeiro das empresas
brasileiras de saneamento diante de escassez de água
RESUMO
O objetivo dessa pesquisa foi identificar a relevância econômica dos reflexos da crise hídrica na receita e nos custos de empresas brasileiras do setor. A investigação delimitou-se nas empresas de saneamento de capital aberto com inscrição ativa na CVM – Comissão de Valores Mobiliários e foi elaborada mediante coleta de dados dos balanços publicados na CVM e na SNIS, análise das metodologias de avaliação e de indicadores de gestão econômico financeira para empresas prestadora de serviços que apresentassem um resultado de maior confiabilidade e levantamento da estrutura tarifária das empresas de saneamento. Tomou-se por base o histórico econômico-financeiro das empresas, composto de estudo de caso múltiplo do período de 2011 a 2015, considerando o ano 2011 como parâmetro para o período em que o nível de chuva foi abaixo do esperado, 2012 a 2015. Foram analisadas demonstrações contábeis e relatórios gerenciais que evidenciaram o desempenho operacional na geração de receitas e a variação dos custos oriundos dos serviços das empresas pesquisadas e o estudo apontou que das 10 empresas averiguadas, somente duas apresentaram situação sólida no balanço de 2015, mesmo com redução da receita no período da escassez hídrica. Sete empresas tiveram a tarifa média praticada do serviço de fornecimento de água e esgoto, majorada acima da variação do IPCA do período. A triste conclusão é que os recursos obtidos pela cobrança das tarifas são insuficientes para manter e ampliar a estrutura operacional necessária para prestar um serviço de qualidade à população e ainda remunerar os acionistas. A maioria das empresas brasileiras do setor está economicamente vulnerável à instabilidade hídrica.
Palavras chave: Crise hídrica, escassez hídrica, saneamento, gestão do
Saneamento, gestão pública.
Water crisis: a study on the financial performance of Brazilian sanitation companies
during water scarcity.
ABSTRACT
The objective of this research was to identify the economic importance of the consequences of the water crisis in revenue and business costs Brazilian sanitation sector. The research was delimited in publicly traded water companies with active registration in the CVM - Brazilian Securities Commission and was developed by collecting data from balance sheets published in the CVM, analysis of assessment methodologies and financial economic management indicators for companies’ services to present a result of increased reliability; research of the tariff structure from the sanitation companies. This research based on the economic and financial data of the company, consisting of multiple case studies from the period of 2011 to 2015, determining the year 2011 as parameter for the period (2012-2015) in which the level of rainfall was below expectations. Financial statements and management reports were analyzed, which demonstrated operating performance in revenues generation and the change in costs arising from services of the companies surveyed. The research noticed that of the 10 investigated companies, only two had solid situation in 2015 balance sheet, even with reduction revenue in the period of water scarcity. Seven had the average tariff of water supply and sewage service increased above the IPCA (inflation index) variation. The sad conclusion is that the resources obtained by the collection of tariffs are insufficient to maintain and expand the operational structure necessary to provide a quality service to the population and still remunerate the shareholders. Most of brazilian basic sanitation company are economically vulnerable to water instability
Keywords: water crisis, rain scarcity, sanitation, sanitation management,
GRÁFICOS
Gráfico 1 - População brasileira e projeções populacionais: 1900 - 2100 ................. 33
Gráfico 2 - Perdas de água na distribuição em 2011 ................................................ 37
Gráfico 3 - Casan - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015. ............... 104
Gráfico 4 - Cagece - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015. ............. 107
Gráfico 5 - Cedae - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015. .............. 109
Gráfico 6 - Copasa - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015. ............. 111
Gráfico 7 - Corsan - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015. ............. 113
Gráfico 8 - Sabesp - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015. ............. 116
Gráfico 9 - Sanasa - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015. ............. 118
Gráfico 10 - Saneago - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015. ......... 120
Gráfico 11 - Sanepar - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015. ......... 122
Gráfico 12 – Representação do comparativo dos dados de 2011 e 2015. .............. 125
QUADROS
Quadro 1 - Balanço Hídrico da IWA .......................................................................... 35
Quadro 2 - Perdas aparentes e reais ........................................................................ 36
Quadro 3 - Características do setor de saneamento básico ..................................... 46
Quadro 4 - Princípios de uma Política Pública de Saneamento ................................ 48
Quadro 5 - Principais legislação desde 1990 ............................................................ 53
Quadro 6 - Atividades regulatórias previstas na Lei nº 11.445/2007 ......................... 61
Quadro 7 - Mecanismos de reajuste e atualização tarifária. ..................................... 77
Quadro 8 - Principais avanços do saneamento básico no Brasil ............................... 83
Quadro 9 - Estrutura do Balanço Patrimonial ............................................................ 88
Quadro 10 - Estrutura de DRE padronizada de acordo com a CVM ......................... 90
Quadro 11 - Empresas brasileiras de saneamento de capital aberto na CVM .......... 97
Quadro 12 - Possíveis situação financeira .............................................................. 101
TABELAS
Tabela 1- População mundial em (milhão) ................................................................ 32
Tabela 2 - Perdas na distribuição agua tratada em 2014 por estado ........................ 38
Tabela 3 - Perdas na distribuição de água em 2014 ................................................. 39
Tabela 4 - Estrutura tarifária residencial .................................................................... 71
Tabela 5 - Modelo tarifário da ARES ......................................................................... 71
Tabela 6 - Modelo de estrutura tarifária .................................................................... 72
Tabela 7 - Atendimento de água e esgoto em 2014, por região................................ 80
Tabela 8 - Atendimento de Saneamento - países selecionados. .............................. 81
Tabela 9 - Índices financeiros - Variação entre 2011 a 2015 .................................. 101
Tabela 10 - Casan - receitas e custos em R$ (Reais mil). ...................................... 103
Tabela 11 - Casan - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano ........... 103
Tabela 12 - Casan - Tarifa média praticada em R$ ................................................. 104
Tabela 13 - Cagece - receitas e custos em R$ (Reais mil) ..................................... 105
Tabela 14 - Cagece - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano ......... 106
Tabela 15 - Cagece - tarifa média praticada em R$ ................................................ 107
Tabela 16 - Cedae - receitas e custos em R$ (Reais mil) ....................................... 108
Tabela 17 - Cedae - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano ........... 108
Tabela 18 - Cedae - tarifa média praticada em R$ .................................................. 109
Tabela 19 - Copasa - receitas e custos em R$ (Reais mil) ..................................... 110
Tabela 20 - Copasa - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano ......... 111
Tabela 21 – Copasa - tarifa média praticada em R$ ............................................... 112
Tabela 22 - Corsan - receitas e custos em R$ (Reais mil) ...................................... 112
Tabela 23 - Corsan - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano .......... 113
Tabela 24 - Corsan - tarifa média praticada em R$ ................................................. 114
Tabela 25 - Corsan - realinhamento Tarifário de 2011 a 2015 ................................ 114
Tabela 26 - Sabesp - receitas e custos em R$ (Reais mil) ..................................... 115
Tabela 27 - Sabesp - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano. ......... 115
Tabela 28 - Sabesp - tarifa média praticada em R$ ................................................ 116
Tabela 29 - Sanasa - receitas e custos em R$ (Reais mil) ..................................... 117
Tabela 30 - Sanasa - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano. ......... 117
Tabela 31 - Sanasa - tarifa média praticada em R$ ................................................ 118
Tabela 32- Saneago - receitas e custos em R$ (Reais mil) .................................... 119
Tabela 33- Saneago - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano. ....... 119
Tabela 34 - Saneago - tarifa média praticada em R$. ............................................. 120
Tabela 35 - Sanepar - receitas e custos em R$ (Reais mil) .................................... 121
Tabela 36 - Sanepar - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano ........ 121
Tabela 37 - Sanepar - tarifa média praticada em R$. .............................................. 122
Tabela 38 - Sanesalto - receitas e custos em R$ (Reais mil) .................................. 123
Tabela 39 – Variação em percentual dados 2011 e 2015 ....................................... 124
Tabela 40 – Resultado da análise do capital de giro das empresas - 2011a 2015 . 126
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária Ambiental
AC - Ativo Circulante
AEGEA - Aegea Saneamento e Participações S.A.
ANA – Agencia Nacional de Aguas
AP - Ativo Permanente
ARSAEG - Agência Reguladora do Serviço de Água, Esgotos e Resíduos de
Guaratinguetá/SP
ARSBAN - Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município de
Natal,
AR5 – Fifth Assessment Report
ASCE - American Society of Civil Engineers
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BNH – Banco Nacional de Habitação
CAGECE - Companhia de Água e Esgoto do Ceará
CAGEPA - Cia de Água e Esgoto da Paraíba
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CASAN - Cia Cat. de Águas e Saneamento
CCL – Capital Circulante líquido
CEDAE - Cia Estadual de Água e Esgotos
COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CORSAN - Cia Riograndense de Saneamento
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
DIEESE – Departamento Intersindical e Estatística e Estudos Socioeconômicos
DRE – Demonstração do Resultado
FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador
FGTS – Funde de Garantia por Tempo de Serviços
FUNASA – Fundação Nacional da Saúde
FUNDACE – Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração,
Contabilidade e Economia.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBNET - International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities
IOG – Investimento Operacional em Giro
IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Amplo
IPCC - Intergovernmental Panel on climate Change
IWA - International Water Association
LDNSB – Lei de Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico
MC – Ministério das Cidades
NASA - National Aeronautics and Space Administration
NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration
OCDE- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
OGU – Orçamento Geral da União
OMM - Organização Meteorológica Mundial
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONU - Organização das Nações Unidas
PLANASA – Plano Nacional de Saneamento
PLANSAB - Plano Nacional de Saneamento Básico
PNHR - Política Nacional de Recursos Hídricos
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PROLAGOS - Prolagos S.A.
PSA - Portal do Saneamento Ambiental
SAAE - Serviços Autônomos de Água e Esgoto
SABESP - Cia Saneamento Básico Estado São Paulo
SANASA - Soc.de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.
SANEAGO - Saneamento de Goiás S.A.
SANEATINS - Companhia de Saneamento do Tocantins
SANEPAR - Cia. de Saneamento do Paraná
SANESALTO - Sanesalto Saneamento S.A.
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
ST – Saldo de Tesouraria
SUS – Sistema Único de Saúde
UNESCO - United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
UNRIC - United Nations Regional Information Centre
USP – Universidade de São Paulo
WLSG - Water Loss Specialist Group
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 17
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA .................................. 17
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 19
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 19
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................... 19
1.3 CONTRIBUIÇÕES ........................................................................................ 20
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................... 21
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 23
2.1 CRISE HÍDRICA ........................................................................................... 23
2.1.1 Mudanças climáticas e o aquecimento global .............................................. 26
2.1.2 Aumento da poluição .................................................................................... 28
2.1.3 Aumento da população ................................................................................. 30
2.1.4 Perdas no sistema de distribuição de água .................................................. 33
2.2 SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL .......................................................... 41
2.2.1 Regulação dos serviços públicos ................................................................. 41
2.2.2 O Saneamento básico no Brasil ................................................................... 44
2.2.2.1 Regulação dos serviços de saneamento básico .......................................... 50
2.2.2.2 Competência da prestação do serviço de saneamento ................................ 55
2.2.2.3 Concessão dos serviços de saneamento ..................................................... 58
2.2.2.4 Aspectos regulatórios do saneamento ......................................................... 58
2.2.2.5 Sustentabilidade econômica do saneamento básico .................................... 63
2.2.2.6 Tarifa de serviços de água e esgoto ............................................................. 66
2.2.2.7 Sistemas tarifários em outros países ............................................................ 78
2.2.2.7.1 Modelo francês ........................................................................................ 78
2.2.2.7.2 Modelo alemão ........................................................................................ 79
2.2.2.7.3 Modelo norte americano .......................................................................... 79
2.2.2.7.4 Modelo britânico ...................................................................................... 80
2.2.2.7.5 Panorama do saneamento básico no Brasil ............................................ 80
2.3 ELEMENTOS CONTÁBEIS .......................................................................... 83
2.3.1 Demonstração do Resultado do Exercício ................................................... 89
2.3.2 Receitas ....................................................................................................... 90
2.3.3 Custos .......................................................................................................... 91
2.3.4 Aspectos contábeis do setor de saneamento básico .................................... 92
3. METODOLOGIA ........................................................................................... 95
3.1 CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO DAS EMPRESAS .... 96
3.1.1 Definição da amostragem ............................................................................. 96
3.1.2 Coleta dos dados .......................................................................................... 98
3.1.3 Indicadores de gestão .................................................................................. 99
3.1.4 Organização e análise dos dados .............................................................. 101
4. RESULTADOS E ANÁLISES QUANTITATIVAS ........................................ 102
4.1 Análise por companhia ............................................................................... 102
4.1.1 CASAN ....................................................................................................... 102
4.1.2 CAGECE .................................................................................................... 105
4.1.3 CEDAE ....................................................................................................... 107
4.1.4 COPASA .................................................................................................... 110
4.1.5 CORSAN .................................................................................................... 112
4.1.6 SABESP ..................................................................................................... 114
4.1.7 SANASA ..................................................................................................... 117
4.1.8 SANEAGO .................................................................................................. 119
4.1.9 SANEPAR .................................................................................................. 121
4.1.10 SANESALTO .............................................................................................. 123
4.2 Análise e discussões .................................................................................. 123
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 127
Sugestões e recomendações .................................................................................. 129
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 131
APÊNDICES ............................................................................................................ 140
APENDICES A - Receita operacional das Companhias de 2011 a 2015 ................ 140
APENDICES B - Custo operacional das Companhias de 2011 a 2015 ................... 141
APENDICES C – Analise dinâmica das empresas da amostragem ........................ 142
ANEXO I - Indicadores do saneamento básico por Estado, em 2014. .................... 147
ANEXO II - Tarifa média praticada e despesa total média 2013 e 214 ................... 148
17
Este trabalho emergiu da necessidade de compreender as questões relativas
ao atendimento da demanda no fornecimento de água de qualidade à população
urbana em períodos de escassez hídrica, principalmente no âmbito da gestão
econômica e financeira das empresas brasileiras de saneamento básico e a
capacidade de pagamento dos consumidores.
Esta pesquisa discorre sobre observações alusivas à crise hídrica no
ambiente atual, incluindo as diversas consequências econômicas e sociais
ocasionadas pela falta de chuva e sobre a importância dos serviços de saneamento
básico para o meio ambiente e a qualidade de vida da população.
Segundo Cerqueira et al. (2015, p. 3) os cenários elaborados pelos
pesquisadores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas ou
Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) apontam que não há tendência
para diminuição da quantidade de água no planeta. Os estudos e controles indicam
que o volume de água existente na Terra é praticamente constante e apenas em
período de centenas de milhões de anos pode se considerar alguma perda de certa
quantidade de água, em escapes para o espaço.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
Entre 2012 e início de 2015 o Brasil viveu um período de escassez hídrica
ocasionada pela redução do volume de chuvas em algumas regiões. A Região
Sudeste, em particular, a mais afetada por este evento, foi obrigada a adotar
medidas de racionamento de água para enfrentar a escassez pontual.
O serviço de saneamento básico, pelo seu aspecto social e de essencialidade
indispensável à manutenção da vida, exige sua prestação de forma contínua, sem
interrupção. Sendo assim, o legislador assegurou a sustentabilidade econômico-
financeira das empresas prestadoras do serviço mediante a remuneração pela
cobrança dos serviços prestados no fornecimento de água.
Desta forma, a Lei nº 11.445/2007 que estabelece as diretrizes nacionais para
o saneamento básico e dá outras providências, determina que as empresas
prestadoras de serviço de saneamento básico em períodos de escassez ou de
1. INTRODUÇÃO
18
contaminação dos recursos hídricos que as obriguem a adoção de racionamento,
poderão adotar legalmente, mecanismos tarifários de contingência, com o objetivo
de cobrir custos adicionais decorrentes da situação declarada pela autoridade
gestora de recursos hídricos (BRASIL, 2007).
Art. 46. Em situação crítica de escassez ou contaminação de recursos hídricos que obrigue à adoção de racionamento, declarada pela autoridade gestora de recursos hídricos, o ente regulador poderá adotar mecanismos tarifários de contingência, com objetivo de cobrir custos adicionais decorrentes, garantindo o equilíbrio financeiro da prestação do serviço e a gestão da demanda (BRASIL, 2007).
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária Ambiental - ABES (2015, p.
41) observa que a convergência da redução de consumo e o incremento do custo
obrigam as operadoras de água a rever suas estratégias para enfrentar a escassez
de água, de forma a adequar sua sustentabilidade econômico-financeira e a
ininterrupta prestação de serviço à população.
O fato desta crise no Sudeste do país ter adquirido projeção nacional (exposição constante nos principais veículos midiáticos do País) e pelo rebatimento nos custos de energia elétrica recentemente praticados, dois pontos se sobressaem: • Incremento dos custos operacionais, devido ao significativo aumento
dos preços da energia elétrica; • Redução de consumos nos sistemas de abastecimento de água em
todo o país ("efeito Cantareira"), com reflexos na racionalidade do uso da água (lado bom) e na saúde financeira das operadoras de saneamento (lado ruim).
A convergência desses dois fatores obriga as operadoras de água a rever suas estratégias, otimizar as suas práticas operacionais, comerciais e mercadológicas e alterar alguns de seus procedimentos, de forma a enfrentar essa nova realidade com sustentabilidade econômico-financeira e adequada prestação de serviços à população (ABES, 2015, pg. 41).
Quanto à forma de verificação da sustentabilidade econômico financeira das
empresas, Iudícibus et al. (2005, p. 18) consideram a contabilidade como uma forma
eficaz de avalição de desempenho econômico financeiro.
É confortante poder expressar as dimensões atuais da Contabilidade como uma forma eficaz de avaliação de desempenho econômico e financeiro (e social) de entidades e gestores; como insumo essencial para a tomada de decisões econômico-financeiras; como instrumento de accountability eficiente de qualquer gestor de recursos perante a sociedade (IUDÍCIBUS et al., 2005, p.18).
19
Diante do exposto, sendo que as demonstrações contábeis têm informações
úteis para nortear a pesquisa, este trabalho tenciona responder os seguintes
questionamentos:
Qual foi o comportamento das receitas operacionais e dos custos das
empresas nacionais de saneamento básico durante o período de baixo nível de
chuvas, a denominada “Crise hídrica”, entre 2012 a 2015?
As empresas de saneamento básico repassaram os problemas da crise
hídrica aos consumidores por meio do aumento do preço da tarifa média praticada
do serviço de saneamento básico?
Das empresas tomadas como amostra, quantas tiveram a tarifa média
praticada acima da variação do IPCA - Índice de Preço ao Consumidor Amplo no
período, entre 2012 e 2015?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo principal da pesquisa consiste em medir a variação das receitas e
dos custos operacionais das empresas nacionais de saneamento básico durante o
período de baixo nível de chuvas, a denominada “Crise hídrica”, entre 2012 a 2015,
e avaliar a relevância dos reflexos da escassez de água como elemento motivador
das mutações quantitativo-qualitativas que alteram o valor do Patrimônio Líquido e
provocam desequilíbrio econômico-financeiro das companhias de saneamento.
1.2.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos da pesquisa são:
• Reunir dados e informações sobre a saúde financeira das empresas
prestadoras de serviço de saneamento básico no país por meio de
amostra representativa.
• Comparar anualmente a variação da receita e dos custos das
empresas, além do volume vendido, do período delimitado na
pesquisa,
20
• Identificar a variação da precificação do serviço de saneamento básico
entre as empresas.
• Levantar os valores das tarifas médias praticadas pelas empresas
desta pesquisa pela prestação de serviços de abastecimento de água e
esgotamento sanitário e verificar se as mesmas sofreram aumento
proporcional à queda da receita bruta e o aumento dos custos de
produção da água.
• Medir a elevação do valor da tarifa praticada no período e apresentar
os resultados obtidos com um breve comentário.
1.3 CONTRIBUIÇÕES
Justifica-se essa pesquisa para o melhor entendimento de o porquê da
disparidade que existe no preço cobrado pela água pelas empresas prestadoras de
serviços de abastecimento de água e saneamento no Brasil, empresas submetidas a
um mesmo marco regulatório, considerando os fatores que oneram os serviços de
saneamento no país.
A relevância desta pesquisa deve-se ao fato de o preço da tarifa da água ser
de difícil entendimento para os consumidores, que dependendo da região em que
residem pagam tarifas diferentes pelo mesmo produto, água. O apontamento
abrangente de 2014, dos dados do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento - SNIS dos prestadores de serviços, indica que no Brasil as tarifas de
saneamento básico podem variar até 400% em uma mesma região, ou em um
mesmo estado (SNIS, 2015).
A lei do saneamento prevê a adoção de mecanismos tarifários de indução à
eficiência. No entanto, na maioria dos casos a regulação não existe e é feita por
entidade independente. As empresas prestadoras de serviço acabam por fixar suas
próprias tarifas o que desestimula a busca da eficiência e redução de custos
(CERQUEIRA, 2015, p. 17).
Fabre (2010, p.23) evidencia que a Contabilidade estuda o patrimônio das
entidades, representando-o em valores econômicos. A Declaração Universal dos
Direitos da Água, redigida pela ONU em 1992, estabelece que a água faz parte do
patrimônio do planeta e que tem valor econômico. Desta forma, cabe aos
pesquisadores da área contábil se dedicar mais ao tema. De acordo com pesquisa
21
investigatória, realizada em 2008 e 2009 com dados da CAPES entre 2003 e 2008,
há carência, na área contábil, de estudos no setor de saneamento. Dos 1742
trabalhos pesquisados, nenhum era da área de Contabilidade, a maioria era da área
de engenharia (FABRE, 2010, p.24).
No contexto da escassez de pesquisas relacionadas pelos cursos de Ciências
Contábeis, este estudo tenciona ser uma contribuição da área, para esclarecimento
à sociedade sobre os problemas econômicos oriundos da escassez hídrica e de
incentivo para futuros pesquisadores sobre o tema, pois:
• Pode contribuir para uma reflexão dos gestores sobre eficiência
qualitativa e quantitativa do fornecimento de água e esgotamento
sanitário no país e a sustentabilidade econômica das empresas de
saneamento básico, diante de escassez de chuva, a denominada “crise
hídrica”, de eventuais mudanças climáticas “aquecimento global”, ou
outros eventos que possam gerar insegurança hídrica na polução
brasileira e ou acarretar instabilidade financeira das empresas de
saneamento.
• Auxilia na conscientização do consumidor sobre a necessidade dos
valores das tarifas cobradas pelo fornecimento de água e esgotamento
sanitário, para que as empresas tenham condições de dar continuidade
na prestação do serviço e implementar melhorias no sistema
operacional.
A gestão dos recursos hídricos diante de escassez de água tem sido tema de
discussão mundial pela sua relevância e merece a atenção de todos. O importante é
deixar claro que esse é um assunto amplo e complexo, sendo assim, esse trabalho
não tem a pretensão de esgotar a discussão sobre o assunto, mas de contribuir com
a temática.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
A presente dissertação se divide em quatro capítulos. A seguir, uma síntese
dos conteúdos dos capítulos, tendo em vista o entendimento geral do proposto.
Capítulo 1 – Capitulo que se destina a introdução da pesquisa. Nele está
detalhado o ambiente em que se situa o tema da pesquisa, bem como os objetivos,
a contribuição do estudo e a estrutura utilizada.
22
Capítulo 2 – Este capítulo apresenta a plataforma teórica do estudo, dividida
em três tópicos: crise hídrica, saneamento básico e elementos contábeis.
O primeiro tópico aborda a crise hídrica retratada nos possíveis fatores
determinantes da ameaça global de escassez de água no Brasil e no mundo, tais
como: as mudanças climáticas, o aumento populacional, o aumento da poluição
hídrica e as perdas nos sistemas de captação, produção e distribuição da água;
além da situação hídrica de forma geral.
O segundo tópico apresenta as principais características das atividades
integrantes do saneamento básico no Brasil. Este tópico se inicia com a descrição
de alguns dos principais aspectos da prestação do serviço público no Brasil,
inseridos no contexto do saneamento básico. Em seguida, apresenta uma visão
geral da prestação dos serviços de saneamento básico no país, na abordagem dos
seguintes atributos: os aspectos conceituais do saneamento; um breve histórico do
saneamento no Brasil; a estrutura regulatória que o regem, a competência da
atividade; os aspectos da concessão ou permissão da prestação do serviço, da
regulação, da sustentabilidade econômica, precificação e normas tarifárias.
Neste segundo tópico do capítulo 2, também são abordados alguns aspectos
da metodologia tarifária da França, Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra e do
Brasil; e apresentada, de forma sucinta, a situação do saneamento básico no
Brasil.
O terceiro tópico apresenta os elementos contábeis utilizados neste
estudo, base das informações e de análise dos relatórios econômicos e
financeiros das empresas amostras.
Capítulo 3 – Apresenta a metodologia aplicada no trabalho. Nele estão
descritos os procedimentos metodológicos adotados para atingir o objetivo proposto,
tais como de escolha da amostra, coleta de dados das empresas objeto de amostra
com exposição do problema da pesquisa e limitações.
Capítulo 4 - Neste capitulo há uma breve apresentação das empresas, dos
dados coletados referentes à receita bruta, custos, volume faturado, tarifa praticada
e análise das informações coletadas e outras informações pertinentes à pesquisa.
Capítulo 5 – O capitulo aborda a conclusão da pesquisa, das considerações
finais, bem como, sugestões para novas pesquisas.
23
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este estudo aborda, inicialmente, a crise hídrica no contexto geral e os
possíveis fatores determinantes da ameaça global de escassez de água no Brasil e
no mundo.
Em seguida são apresentadas as informações acerca do ambiente
institucional do setor de saneamento básico, tais como os conceitos, a legislação
vigente, estrutura de execução das políticas setoriais, regulação e modalidades
de prestação dos serviços, formas de cobranças. E, similarmente de forma
sucinta, a conjuntura do saneamento básico no Brasil.
Logo após, é feita uma alusão das normas contábeis envolvidas no processo
de análise dos elementos econômicos e financeiros discutidos e em seguida, por
meio da análise do desempenho operacional das empresas de saneamento básico
do ponto de vista estritamente econômico, questões relacionadas à eficiência no
fornecimento de água e esgotamento sanitário em períodos com déficits temporários
e excepcionais de água, normalmente os decorrentes de eventos extremos, como
por exemplo, os períodos de seca extrema.
2.1 CRISE HÍDRICA
A crise hídrica é o ponto central desta pesquisa que tenciona ponderar
instabilidade na geração da receita operacional decorrente da prestação do serviço
de abastecimento de água, resultante exclusivamente da aplicação de tarifas e/ou
taxas responsável pela volubilidade do equilíbrio econômico financeiro das
empresas de saneamento em períodos de pouca chuva, isto é, período de escassez
hídrica.
A escassez de água tem relação extremamente importante no fornecimento
de energia, com a agricultura, no consumo doméstico, nas indústrias e outros. Cada
vez mais há indícios que esta relação está fora do equilíbrio, comprometendo o
fornecimento de água para a população urbana, as fontes de água potável, a
geração de comida e a segurança energética.
24
A figura 2 destaca a importância dos recursos hídricos, e, apresenta como
posição central a água na produção de alimentos, na geração de energia e na
sustentabilidade da biodiversidade.
Figura 1 - A água e a sua posição central em relação a processos
Fonte: Tundisi et al, 2008, pg. 8.
Pesquisadores do IPCC elaboraram cenários que apontam a tendência de
constância da quantidade e volume de água existente no planeta. Os dados do
estudo indicam que a quantidade de água evaporada de rios e oceanos,
aproximadamente 98% do total retorna ao estado líquido por meio de chuvas e, em
um período de 100 anos, por exemplo, o volume de água do planeta permaneceu
constante, ainda que ao longo do tempo ocorram mudanças no seu estado físico
(CERQUEIRA et al., 2015, p. 3).
Se dados apontam que o volume de água existente no planeta Terra é
praticamente constante ao longo do tempo, então o que está causando essa crise
hídrica global?
Moura (2015, p. 4) atribui à crise hídrica brasileira, e de outros países, a
inúmeras situações e fatores, tais como:
• Devastação e exploração, sem critérios, do solo e do subsolo; • A expansão demográfica; • Os desperdícios, isto é, o uso inadequado dos recursos naturais. • Os fatores climáticos, aquecimento global; • A poluição dos rios, mares e outras fontes hídricas (MOURA, 2015, p. 4).
25
De acordo com Tundisi et al. (2008, p. 8) as principais causas que contribuem
para o agravamento do estresse hídrico no Brasil e no mundo estão relacionadas
com os problemas a seguir:
•Intensa urbanização, aumentando a demanda pela água, ampliando a descarga de recursos hídricos contaminados e com grandes demandas de água para abastecimento e desenvolvimento econômico e social (tucci, 2008). •Estresse e escassez de água em muitas regiões do planeta em razão das alterações na disponibilidade e aumento de demanda. •Infraestrutura pobre e em estado crítico, em muitas áreas urbanas com até 30% de perdas na rede após o tratamento das águas •Problemas de estresse e escassez em razão de mudanças globais com eventos hidrológicos extremos aumentando a vulnerabilidade da população humana e comprometendo a segurança alimentar (chuvas intensas e períodos intensos de seca ). •Problemas na falta de articulação e falta de ações consistentes na governabilidade de recursos hídricos e na sustentabilidade ambiental (TUNDISI et al., 2008, p. 8) .
A ABES (2015, p. 44) destaca a grave situação hídrica que a região Sudeste
vivenciou. Episódio ainda não recuperado totalmente pelas empresas.
A Região Sudeste do Brasil está passando por grave crise hídrica. O verão 2013-2014 foi extremamente seco, com precipitações abaixo das mínimas históricas registradas, e o verão seguinte, 2014-2015, com chuvas aquém do que seria necessário para recuperar os volumes de armazenamento dos reservatórios de água bruta ( ABES, 2015, p, 44).
De acordo com documento da OMM (Organização Meteorológica Mundial), o
forte calor verificado no verão de 2013 e 2014 no Brasil, foi considerado um dos
efeitos do aquecimento global.
Neste mesmo entendimento, Silva (2012, p. 3) concorda que o baixo índice de
chuvas, principalmente no Sudeste, e a seca contínua no sertão nordestino podem
ter relação com as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global do
planeta. No entanto, reconhece que no Brasil a crise da água não é consequência
apenas de fatores climáticos e geográficos, mas principalmente do uso irracional dos
recursos hídricos.
Configura-se entre as causas do problema da falta de água, o fato de a água
ser tratada como um bem estratégico para o país. A falta de integração entre a
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNHR) e as demais políticas públicas
agrava o problema pela forma em que a água é tratada, visto que muitos ainda
consideram a água como um recurso infinito (SILVA, 2012, p. 3).
26
2.1.1 Mudanças climáticas e o aquecimento global
Desde a década de 1980, evidências sobre a possibilidade de mudança no
clima vêm despertando interesses crescentes na comunidade científica em nível
mundial. Em 1988 a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) criaram o Intergovernamental Panel
on Climate Change (IPCC), Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, com
a finalidade de fornecer informações técnicas e científicas sobre as mudanças
climáticas e seus efeitos, composto de três grupos de trabalho. O grupo 1 avalia os
aspectos científicos do sistema climático e de mudança do clima; o grupo 2 avalia os
efeitos das mudanças climáticas e o grupo 3 discute os métodos de adaptação e
mitigação das mudanças climáticas (MARENGO, 2008, p. 84).
O Quarto Relatório Científico do IPCC AR4 apresenta evidências de
mudanças significantes do clima que podem afetar o planeta, principalmente os
países menos desenvolvidos da região tropical, os extremos climáticos. As
conclusões desse relatório sugerem que o aquecimento global dos últimos cinquenta
anos é causado pelas atividades humanas (MARENGO, 2008, p. 84).
Marengo (2008, p. 84) alerta sobre os problemas das mudanças climáticas no
fornecimento de água em períodos incertos e irregulares de chuvas nos países
menos desenvolvidos e sobre as previsões para o futuro que indicam oferta de água
cada vez menos previsível e confiável.
Grande parte dos países menos desenvolvidos já enfrenta períodos incertos e irregulares de chuvas, e as previsões para o futuro indicam que as mudanças climáticas vão tornar a oferta de água cada vez menos previsível e confiável. [...] As tendências atuais de exploração, degradação e poluição dos recursos hídricos já alcançaram proporções alarmantes, e podem afetar a oferta de água num futuro próximo caso não sejam revertidas (MARENGO, 2008, p. 84).
Marengo (2014, p. 27) destaca que o ano de 2014 foi o mais quente já
registrado desde 1880. Ademais desde 1976 a temperatura global está acima da
média histórica do século XX.
O ano de 2014 superou o de 2010 e é o mais quente já registrado desde 1880. Além disso, desde 1976 a temperatura global está acima da média histórica do século XX. Em São Paulo, a estação meteorológica do Instituto
27
de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que funciona há mais de 60 anos, registrou a maior temperatura da história no dia 17 de outubro de 2014, marcando 37,2°C (MARENGO, 2014, p. 27).
“O IPCC AR5 atribui o aquecimento global observado nos últimos 50 anos às
atividades humanas, com 95% de certeza” (MARENGO 2014, p. 27).
Fifth Assessment Report (AR5) relatório IPCC (2013, p. 2) indica que a
mudança climática é um fenômeno cujos efeitos não podem ser negados e se
tornaram cada vez mais evidentes no mundo. Em vista da relevância do relatório, é
oportuno transcrever o trecho mencionado.
Warming of the climate system is unequivocal, and since the 1950s, many of the observed changes are unprecedented over decades to millennia. The atmosphere and ocean have warmed, the amounts of snow and ice have diminished, sea level has risen, and the concentrations of greenhouse gases have increased (IPCC, 2013, p. 2)
Em consonância com o AR5, dados da NASA e do NOAA apontaram que o
ano de 2014 foi o mais quente registrado desde 1.992. Como a temperatura da terra
continua a aumentar, espera-se um impacto significativo nas fontes de água doce,
com potencial e devastadores efeitos sobre estes recursos hídricos, conforme
matéria publicada em 08/01/2015 no blog do clima (MENDONÇA, 2015).
A Agência Meteorológica do Japão, que monitora e registra a mudança de
longo prazo nas temperaturas médias globais da superfície terrestre, descobriu que
o ano de 2014 foi muito mais quente que anos anteriores e excedeu a média do
período 1981-2010 em 0,27°C (MENDONÇA, 2015).
Em 2014, o tempo foi quente de maneira incomum em grande parte do
planeta, com uma onda de calor recorde na Austrália e um verão apontado como o
mais quente europeu nos últimos 500 anos. Os dados também revelaram que quatro
dos cinco anos mais quentes ocorreram na última década, em 1998, 2005, 2010 e
2013. Segundo a publicação, o mundo aquece a uma taxa média de 0,7°C por
século desde o início dos registros, em 1850 (MENDONÇA, 2015).
Com o aumento da temperatura a evaporação aumenta, provocando secas de
extrema intensidade em algumas regiões e em outras, fortes tempestades,
inundações e outras catástrofes.
De acordo com notícia publicada em 30/10/2015 pela agência Reuters, os
novos dados de satélite fornecidos pela NASA mostram que a seca no Brasil é muito
28
pior do que se pensava com o Sudeste perdendo 56 trilhões de litros de água a cada
um dos últimos três anos, segundo cientista da agência espacial dos Estados Unidos
(REUTERS, 2015).
Esta foi a pior seca do país nos últimos 35 anos e tem levado o Nordeste
brasileiro, região maior e menos povoada, a perder 49 trilhões de litros de água a
cada ano nos últimos três anos, comparando com os níveis normais, afirma o
hidrólogo da NASA Augusto Getirana (REUTERS, 2015).
O racionamento de água, blecautes e reservatórios vazios, em grande parte
do país, levaram os brasileiros a tomar ciência da seca que inquietou o Brasil. Nesse
primeiro estudo que documenta exatamente a quantidade de água que tem
desaparecido dos lençóis de água e reservatórios, o hidrólogo menciona que o
problema da seca é muito maior do que ele imaginava e alerta sobre a questão ao
dizer à Thomson Reuters Foundation: "Com as mudanças climáticas, isso vai
acontecer com mais e mais frequência." (REUTERS, 2015).
Reuters (2015) citou como exemplo, o Sistema da Cantareira que fornece
água para 8,8 milhões de moradores de São Paulo e em 2014 estava com menos de
onze por cento (11%) da sua capacidade, segundo autoridades locais.
A pesquisa de Getirana, publicada no Journal of Hydrometeorology, tem como
base 13 anos de informação dos satélites Recuperação da Gravidade e Experimento
Climático (Grace, na sigla em inglês) da NASA, que circulam a terra detectando
mudanças no campo da gravidade causadas por movimentos da água no planeta.
O país não tem uma falta de água absoluta, afirma o pesquisador, no entanto,
o problema é que as regiões muito povoadas, particularmente o Sudeste, dependem
de aquíferos e reservatórios locais que não estão sendo reabastecidos devido à
seca. Teoricamente, a água pode ser transportada de outras partes do país para as
cidades afetadas, mas os custos financeiros e logísticos seriam enormes
(REUTERS, 2015).
2.1.2 Aumento da poluição
A forma mais dramática que os seres humanos usam, inutilizando as reservas
de água do planeta, é a contaminação dos mananciais. Ele tem causado prejuízo à
natureza através de descartes de lixos, esgotos, dejetos químicos industriais, da
mineração dentre outros. Na visão de Victorino (2007, p. 12) o homem em sua
29
caminhada transformou os rios em cloacas a céu aberto. No Brasil, as principais
causas de deterioração dos rios, lagos e dos oceanos é a poluição e a contaminação
geradas por poluentes e esgotos sanitários.
A pesquisadora cita como exemplo de deterioração o Ogallala, um aquífero
fóssil nas planícies dos Estados Unidos o qual fornece sozinho 1/4 da água utilizada
para a irrigação de todo o país, que além de ter sido reduzido em 50% o volume de
água, algumas de suas áreas estão irremediavelmente poluídas por produtos
agroquímicos e industriais. Embora o aquífero possua quatro trilhões de toneladas
d´água, devido à velocidade de utilização atual, tende a esvaziar-se em 140 anos.
No Brasil, Victorino (2007, p. 43) destaca a degradação em que se encontra
o rio Tietê. Segundo ela, nos anos 1940 /1950 a população da cidade de São Paulo
ainda podia usufruir das águas do rio Tietê, nadavam e faziam piqueniques nas suas
margens, mas com o passar dos anos, a rede de drenagem e de tratamento de
esgotos não acompanhou o compasso da industrialização e nem do crescimento
populacional da região. Nos dias de hoje ele mais parece um grande vazadouro de
esgoto do que propriamente um rio, devido à contaminação de mais de mil toneladas
de esgoto não tratado e despejo industrial jogados nele diariamente. Os despejos
orgânicos nas águas do rio poluídas reagem com sedimentos do fundo, ricos em
enxofre, produzindo então o gás sulfídrico causador dos problemas respiratórios da
população (VICTORINO, 2007, p. 41).
Os rios Tietê e Pinheiros atualmente têm suas águas contaminadas, mas, nos
anos 40 eram bombeadas para as represas que abastecem parcialmente as
cidades. Atualmente isto não pode mais ser feito, suas águas poluídas demais não
permitem nem tratamento para o consumo humano (VICTORINO, 2007, p. 41).
O desenvolvimento urbano tem produzido um ciclo de contaminação gerado
pelos efluentes da população urbana, esgotos domésticos, industriais e pluviais. O
processo de contaminação do sistema hídrico, segundo Tucci (2008, p. 3) ocorre em
razão de:
• Despejo sem tratamento dos esgotos sanitários nos rios, contaminando este sistema hídrico.
• O esgoto pluvial transporta grande quantidade de poluição orgânica e de metais que atingem os rios nos períodos chuvosos.
• Contaminação das águas subterrâneas por despejos industriais e domésticos, por meio das fossas sépticas, vazamento dos sistemas de esgoto sanitário e pluvial, entre outros.
30
• Depósitos de resíduos sólidos urbanos, que contaminam as águas superficiais e subterrâneas, funcionando como fonte permanente de contaminação.
• Ocupação do solo urbano sem controle do seu impacto sobre o sistema hídrico (TUCCI, 2008, p. 103).
Tucci (2008, p. 103) demonstra preocupação com a poluição gerada nas
ocupações do solo urbano sem controle do seu impacto sobre o sistema hídrico.
Assim exteriorizada:
Por causa do crescimento das cidades, essas áreas foram pressionadas à ocupação pelo valor imobiliário da vizinhança e pela falta de interesse do proprietário em proteger a área, já que essa perdeu o valor em razão da legislação e ainda necessita pagar impostos que recaem sobre ela. Essas áreas são invadidas pela população de baixa renda, e a consequência imediata é o aumento da poluição (TUCCI, 2008, p. 103).
TUCCI (2008, p. 103) destaca que os locais de captação tendem a reduzir a
quantidade de água fornecida à população, além de exigir maior quantidade de
produtos químicos no seu processo de produção.
Victorino (2007, p. 43) alerta sobre a consequência da poluição sobre as
reservas dos recursos hídricos em condições de uso pelo ser humano e afirma que:
“A poluição diminui em um terço as reservas dos recursos hídricos do planeta”.
2.1.3 Aumento da população
O aumento da população mundial está a contribuir para o agravamento da
crise da água, segundo artigo publicado em 2009 no Centro Regional de
Informações das Nações Unidas - UNRIC (UNRIC, 2009).
O relatório das Nações Unidas divulgado pelo Centro de Notícias da ONU em
12/03/2009 adverte que o crescimento acentuado da população mundial, as
alterações climáticas, a má gestão generalizada e a crescente procura de energia
exercem pressões intensas nas reservas cada vez menores de água do mundo. “O
fato de a população mundial ter aumentado para mais de seis mil milhões de
pessoas significa que alguns países já atingiram os limites dos seus recursos
hídricos” (UNRIC, 2009).
E assim, relata a reportagem:
31
"As alterações climáticas vão agravar a situação", disse William Cosgrove, Coordenador de Conteúdos do UN World Water Development Report, falando numa conferência de imprensa em Nova Iorque. E acrescentou: "As alterações climáticas não só vão aumentar a variabilidade do clima, como também vão aumentar, de um modo geral, as pressões [sobre os recursos hídricos] em locais onde elas já existem" (UNRIC, 2009).
O relatório Water in Changing World, lançado em 2009 na sede das Nações
Unidas apresenta uma avalição trimestral completa dos recursos de água doce. Ele
calcula que, devido às alterações climáticas, em 2030, quase metade da população
mundial esteja a viver em zonas de elevado estresse hídrico, incluindo entre 75
milhões e 250 milhões de pessoas na África (UNRIC, 2009).
O relatório menciona que o consumo de água aumenta à medida da melhora
de vida da população e que as zonas urbanas vão crescendo aumentando a
demanda por água de qualidade (UNRIC, 2009).
Essa opinião é assim apresentada:
“As pressões sobre os recursos hídricos aumentam dramaticamente à medida que os níveis de vida vão melhorando, as zonas urbanas vão crescendo e os níveis de consumo vão aumentando, conduzindo ao aumento da demanda por água potável” disse William Cosgrove (UNRIC, 2009).
Outro ponto importante abordado no relatório é a tendência do aumento de
necessidade de energia, principalmente da hidro energia. Assim retratado:
[...] “A necessidade de energia do mundo vai aumentar acerca de 60% até 2030, segundo uma provisão da Agência Internacional de Energia, e esse aumento da procura virá dos países em desenvolvimento” observou William Cosgrove, acrescentado que se prevê igualmente um aumento da dependência da hidro energia na ordem dos 60%, todos estes fatores relacionados com o aumento populacional (UNRIC, 2009).
De acordo com a ONU (2015) o uso da água tende a crescer a uma taxa duas
vezes maior que o crescimento da população no século. As estimativas apontam
para a elevação da demanda em 50% até o ano de 2025 nos países em
desenvolvimento e em 18% nos países desenvolvidos.
Segundo Marengo (2008, p. 2) o crescimento explosivo das populações
urbanas é também causa alarmante da ameaça global de escassez de água no
mundo. Observa que o gerenciamento no uso da água para satisfazer as demandas
da população cada vez maior sempre foi preocupação dos governos federal e
estadual e municipal.
32
A Revisão “2015 Revision of World Population Prospects” das estimativas
oficiais de População da ONU apontou que a atual população mundial atingiu 7,3
bilhões em 2015. Sendo que 60% população mundial vive na Ásia (4,4 bilhões), 16%
na África (1,2 bilhão), 10% na Europa (738 milhões), 9% na América Latina e no
Caribe (634 milhões) e os restantes 5% no Norte da América (358 milhões) e
Oceania (39 milhões), (ONU, 2015).
A China (1,4 mil milhões) e Índia (1,3 bilhão) continuam sendo os dois
maiores países do mundo, ambos com mais de um bilhão de pessoas,
representando, respectivamente, 19 e 18% da população mundial (ONU, 2015).
A tabela 1 apresenta a projeção do aumento da população nas principais
regiões do planeta em 2015, 2030, 2050 e 2100. Dados projetados de acordo com a
variação média do crescimento populacional.
Tabela 1- População mundial em (milhão) Área 2015 2030 2050 2100
População mundial 7 349 8 501 9 725 11 213
África 1 186 1 679 2 478 4 387
Ásia 4 393 4 923 5 267 4 889
Europa 738 734 707 646
América Latina e Caribe 634 721 784 721
América do Norte 358 396 433 500
Oceania 39 47 57 71
Fonte: World Population Prospects: The 2015 Revision. New York: United Nations.
Estima-se que população mundial deve chegar a 8,5 bilhões em 2030, 9,7 mil
milhões em 2050 e 11,2 bilhões em 2100 e que em 2022, a população da Índia
deverá superar a da China.
O gráfico 1 apresenta a projeção do crescimento da população brasileira até o
ano de 2100.
33
Gráfico 1 - População brasileira e projeções populacionais: 1900 - 2100
Fonte: Censos demográficos do IBGE 1900 a 2000, projeções do IBGE de 2010 a 2050 (revisão 2008) e projeções de 2050 a 2100 (ALVES, 2011, p. 1).
O Censo demográfico de 2010 divulgou que a população brasileira em 2015
superou a marca dos 204 milhões de habitantes. Ela cresceu cinco vezes no século
XIX e 10 (dez) vezes no século XX, passando de 3,4 milhões em 1800 para 17
milhões em 1900, para 170 milhões no ano de 2000 para os atuais 204 milhões
(IBGE, 2010). Segundo Alves (2011, p. 1) a partir de 1965 o ritmo de crescimento
demográfico no Brasil tende a reduzir, em consequência da queda do nível de
fecundidade do país. As atuais projeções do IBGE concluem que somente a partir de
2040 a população brasileira começará a cair, situação impensada até poucos anos
atrás (ALVES, 2011, p. 1).
2.1.4 Perdas no sistema de distribuição de água
As perdas de água constituem um problema mundial, gerando baixas
performances à grande maioria dos sistemas de produção e de distribuição de água.
Para Fabre (2010, p. 42) a contabilidade gera informações que podem ser
utilizadas para fins de incentivar os controles operacionais de abastecimento de
água modos a diminuírem os índices de perdas no sistema de distribuição. As
-
50
100
150
200
250
1900
1920
1940
1950
1960
1970
1980
1991
2000
2010
2020
2030
2040
2050
2060
2070
2080
2090
2100
Po
pu
laçã
o b
rasi
leir
a (1
.000
.000
)
Anos de censos e projeção
34
perdas apuradas interferem diretamente nos resultados das entidades. E como a
água é bem de domínio público, essa perda reflete no valor das tarifas cobradas dos
consumidores, e afeta diretamente o bolso do cidadão que utiliza esse serviço,
principalmente os que vivem em regiões urbanas.
Até o final do século passado não havia entendimento comum sobre as
“perdas” nos sistemas públicos de abastecimento de água. Nos Estados Unidos o
conceito “Águas Não Contabilizadas” (Unaccounted-for Water) referia-se ao valor
que sobrou ao se realizar a “Auditoria das Águas”. As águas não contabilizadas
ficavam sendo os volumes aos quais não se tinha conhecimento da sua destinação
ou uso. No Japão o volume medido e utilizado tinha o conceito de “Uso Efetivo” e o
que restou denominava-se “Uso Não Efetivo”, ou seja, as perdas aos vazamentos na
rede de distribuição e ramais. (ABES, 2015, p. 9).
Essa desunificacão de conceitos gerava como consequência impossibilidade
de avaliar ou comparar os indicadores de perdas entre sistemas de abastecimento
de água de países, cidades ou empresas, e levou a International Water Association
– IWA instituir um grupo-tarefa (Water Loss Specialist Group - WLSG) para estudar,
discutir e propor uma padronização mundial do conceito e indicadores de perdas em
sistemas de abastecimento de água. “Até o ano 2000, essa definição singela não era
entendida da mesma maneira no mundo, causando distorções na compreensão e
nas comparações entre os números e indicadores de perdas de cidades, regiões ou
países distintos” (TARDELLI FILHO, 2015, p. 9 e 15).
Com o objetivo de padronizar o entendimento dos componentes dos usos da
água em um sistema de abastecimento, a IWA propôs uma estruturação na forma de
balanço hídrico, que padronizou de maneira clara e objetiva usos da água em um
sistema e a identificação dos dois tipos de perda: perdas reais (perdas físicas),
compostas pelos vazamentos nas tubulações e extravasamentos nos reservatórios e
as perdas aparentes (as não físicas ou comerciais) compostas pelos erros de
medição tais como: submedição nos hidrômetros, fraudes e falhas no sistema
comercial das empresas, o consumidor ser cadastrado em uma categoria de tarifa
de menor valor (TONETO JUNIOR, et al. 2013, p. 5 e 6).
O quadro 1 apresenta o balanço hídrico da IWA de uso quase generalizado
no mundo.
35
Quadro 1 - Balanço Hídrico da IWA V
OL
UM
E P
RO
DU
ZID
O O
U D
ISP
ON
IBIL
IZA
DO
CO
NS
UM
OS
AU
TO
RIZ
AD
OS
Consumos
Autorizados Faturados
Consumos medidos faturados (inclui água exportada)
ÁG
UA
S
FA
TU
RA
DA
S
Consumos não medidos faturados (estimados)
Consumos
Autorizados Não
Faturados
Consumos medidos não faturados (usos próprios,
caminhões-pipa).
ÁG
UA
S N
ÃO
FA
TU
RA
DA
S
Consumos não medidos não faturados (combate a
incêndios, suprimento de água em áreas irregulares).
PE
RD
AS
Perdas Aparentes
(Comerciais)
Consumos não autorizados (fraudes)
Falhas do sistema comercial
Submedição dos hidrômetros
Perdas Reais
(Físicas)
Vazamentos nas adutoras e redes de distribuição
Vazamentos nos ramais prediais
Vazamentos e extravasamentos nos reservatórios
setoriais e aquedutos
Fonte: ABES, 2015, p. 15
No campo da definição de perdas, algumas considerações são importantes de
serem observadas, segundo Tardelli Filho (2015, p. 25) são elas:
• Não constituem perdas os desperdícios internos nos imóveis, após os
hidrômetros, pois são medidos e faturados;
• Não constituem perdas os usos da água, não medidos e não faturados;
entram no conceito de “águas não faturadas” e não de “perdas”, pois são
usos legítimos, tais como águas usadas no combate a incêndios, as de uso
operacionais das companhias como lavagem de redes e outros;
• Outra situação muito comum de consumo não faturado são os referentes à
utilização do recurso não medido em áreas com ocupação urbana irregular,
que acontece muito nas grandes cidades brasileiras e de países em
desenvolvimento;
•As perdas reais oneram os custos de produção e distribuição de água,
enquanto as aparentes estão associadas às vendas de água no varejo, ao
preço por m³ cobrado dos clientes/consumidores. A submedição dos
hidrômetros também é fator de aumento das perdas aparentes (TARDELLI
FILHO, 2015, p. 25).
36
Para Tardelli Filho (2015, p. 9) a terminologia perdas reais e perdas
aparentes, partes importantes do contexto, são entendidas como apresentadas no
Quadro 2 a seguir:
Quadro 2 - Perdas aparentes e reais
PE
RD
AS
Perdas
Aparentes
Águas que são consumidas,
mas não faturadas.
Erros de medição (sub-medição nos
hidrômetros), fraudes e falhas no sistema
comercial das empresas. São as perdas não
físicas ou comerciais
Perdas
Reais
Vazamentos em várias
partes do sistema e
extravasamentos em
reservatório de água tratada
Vazamentos nas tubulações e extravasamentos
nos reservatórios. São as perdas físicas
Fonte dos dados: Tardelli Filho (2015, p. 9)
O levantamento feito pelo IBNET (International Benchmarking Network for
Water and Sanitation Utilities), com dados de 2011, aponta que o Brasil ocupa a 20º
posição na perda de água tratada no ranking com 43 países.
O Brasil perde aproximadamente 39% de sua água tratada com vazamentos e
ligações clandestinas, dados semelhantes aos verificados pelo Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS), órgão ligado ao Ministério das Cidades que
para 2011 apontou que o índice de perda era de 38,8%. (IBNET, 2011). O que
significa que no Brasil, a cada 3 litros de água tratada produzida para a distribuição,
menos de 2 litros são faturados. Mais de 1 litro é perdido no processo de
distribuição.
Na lista das perdas de água, o Brasil fica atrás de países como Vietnã (que
perde 31%), México (24%), Rússia (23%) e China (22%).
Dentre os países pesquisados o que mais perde água tratada é o Fiji. País
insular da Oceania que desperdiça 83% da água tratada. Dentre os de menor índice
de perda estão os Estados Unidos com 13% e a Austrália com 7%.
O gráfico 2 elaborado pela IBNET (2011), demonstra o ranking das perdas de
água tratada no mundo.
37
Gráfico 2 - Perdas de água na distribuição em 2011
Fonte: IBNET (2011)
Dados do SNIS (2015) informaram que o índice médio de perdas no processo
de distribuição de água tratada no Brasil em 2014 foi de 36,7%. Resultado, 0,3
pontos percentual inferior ao do ano 2013, de 37% e redução de 2,3% na
comparação com 2011 de 39%.
O índice de perda em alguns estados brasileiros supera os 50%. Existe
enorme variação no índice de perdas entre os estados brasileiros. O estado com
maior índice de perda de água tratada apontado é o estado do Amapá, com 78,2% e
de menor índice é o Distrito Federal, com 27,1%.
A tabela 2 exibe o índice das perdas na distribuição de água tratada, por
estado, no ano de 2014.
0%0%0%0%0%0%
7%13%
17%20%20%
22%22%22%23%24%
26%29%
31%31%32%33%
36%39%
41%44%44%45%45%46%
48%48%49%
51%54%
57%61%61%
63%64%
67%70%
83%
Ilhas Marshall
Nauru
Tuvalu
Austrália
Coréia
Vanuatu
Micronésia
Rússia
Bielorrússia
Kiribati
Bangladesh
Sériva
Palau
Noruega
Nigéria
República do Quirguistão
Uruguai
Afeganistão
Bulgária
Macedônia
Ilhas Salomão
Fiji
38
Tabela 2 - Perdas na distribuição agua tratada em 2014 por estado Estado / Região Região Índice de perda (%)
Amapá Norte 78,2
Sergipe Nordeste 60,2
Roraima Norte 59,4
Maranhão Nordeste 57,9
Acre Norte 54,9
Rio Grande do Norte Nordeste 53,8
Pernambuco Nordeste 51,9
Rondônia Norte 50,3
Piauí Nordeste 49,3
Mato Grosso Centro-Oeste 49,3
Amazonas Norte 47,7
Alagoas Nordeste 44,2
Pará Norte 42,8
Ceará Nordeste 40,1
Bahia Nordeste 39,6
Paraíba Nordeste 38,4
Santa Catarina Sul 35
Minas Gerais Sudeste 33,7
Mato Grosso do Sul Centro-Oeste 33,6
Rio Grande do Sul Sul 33,2
São Paulo Sudeste 33
Paraná Sul 32,5
Espírito Santo Sudeste 32,4
Rio de Janeiro Sudeste 31,1
Tocantins Norte 30,5
Goiás Centro-Oeste 28,5
Distrito Federal Centro-Oeste 27,1
Fonte dos dados: SNIS, 2015.
O padrão internacional de perdas em água tratada se situa entre 15-20%.
Alemanha e Japão conseguiram reduzir suas perdas para aproximadamente 10%,
enquanto países com a Austrália e a Nova Zelândia romperam o patamar inferior a
10% (SNIS, 2016).
A tabela 3 exibe a média das perdas na distribuição de água tratada nas
regiões do Brasil em 2014.
39
Tabela 3 - Perdas na distribuição de água em 2014 Região Índice de perda (%)
Nordeste 46,9
Norte 46,5
Centro-Oeste 34,2
Sul 33,4
Sudeste 32,6
Brasil 36,7
Fonte dos dados: SNIS (2015)
No Brasil 5,8 trilhões de litros de água tratada são desperdiçados por ano, o
que seria suficiente para abastecer uma cidade como São Paulo por seis anos e
meio, cálculo feito pelo G1 levando em consideração que no ano de 2013 a média
de consumo diário por habitante no Estado de São Paulo era de 188 litros (SNIS,
2013).
Toneto Junior et al. (2013, p. 19-20) reconhecem que o nível de combate às
perdas tem sido muito desigual pelos estados brasileiros e o elevado índice de
perdas no faturamento de água tratada tem afetado a arrecadação das empresas do
setor, ao ponto de muitas empresas não conseguirem receitas suficientes para cobrir
suas despesas correntes, isto é, o resultado da soma das receitas operacionais é
menor que a soma das despesas com os mesmos serviços. Os autores destacam
que muitos estados brasileiros com baixo índice de perda de faturamento (Tocantins,
Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina) apresentaram bons
indicadores financeiros, tanto no desempenho quanto na suficiência do caixa.
Destaca ainda, que em simulação de possíveis ganhos com a melhoria da eficiência,
em um cenário de redução em 10% nas perdas de água tratada no Brasil resultou
em ganho de R$ 1,2 bilhão de receita operacional com água. “[...] uma pequena
redução da ordem de 10% nas perdas médias nacionais resulta em ganhos
potenciais de receita da ordem de 6,2%”.
A quantidade de água desperdiçada inclui perdas com vazamentos em
adutoras, redes, ramais, conexões, reservatórios e outras unidades operacionais do
sistema. Os vazamentos são verificados principalmente em tubulações da rede de
distribuição, provocados especialmente pelo excesso de pressão em regiões com
grande variação de relevo. Também são inclusas as perdas chamadas pelo SNIS de
40
“perdas não físicas”, que se refere à água efetivamente utilizada, porém não medida.
Tais como as perdas de erro de medição (hidrômetros inoperantes com submedição,
erros de leituras, fraudes), ligações clandestinas, “gatos” e falha no cadastro
comercial. (SNIS, 2013).
ABES (2015, p. 7) reconhece que as perdas na distribuição de água possuem
implicações amplas, com repercussões significativas nos aspectos políticos,
econômicos, sociais, tecnológicos, legais e ambientais, conforme adverte a
European Commission (2014). Por conseguinte, apresenta as implicações
decorrentes de perda de água nos diversos campos:
• Políticos: envolvem questões relativas às entidades responsáveis pelos serviços, agências de governo, linhas de financiamento para o setor e a mídia;
• Econômicos: envolvem os custos dos volumes perdidos e não faturados, os custos operacionais e os investimentos para as ações de redução ou manutenção das perdas, importantes para a sustentabilidade das empresas;
• Sociais: envolve o uso racional da água, o pagamento ou não pelos serviços, as questões de saúde pública e a imagem das operadoras perante a população;
• Tecnológicos: envolvem as interações entre o conhecimento técnico e as tecnologias, ferramentas e metodologias disponíveis para as atividades típicas do combate às perdas (a "arte do possível");
• Legais: envolvem a legislação para o setor, licenças e a respectiva regulação;
• Ambientais: envolvem a utilização e gestão de recursos hídricos e impactos das obras de saneamento (ABES, 2015, p. 7).
Tardelli Filho (2015. p. 39) argumenta aspectos das perdas no sistema de
distribuição de água em período de pouca chuva.
Durante as crises hídricas, o combate às Perdas Reais assume um protagonismo óbvio, mas não se deve descuidar das Perdas Aparentes que, caso não sejam atacadas devidamente, podem ensejar o desperdício e as fraudes, em contraposição à parcimônia no uso da água necessária nessas situações. As Perdas Reais impactam, em uma ponta, a subtração de águas dos mananciais superficiais e subterrâneos, e os custos posteriores de potabilização e tratamento, (TARDELLI FILHO, 2015, p. 39).
Toneto Junior et al. (2013, p,25) concluem que as perdas físicas e aparentes
no saneamento dificultam a já dramática disponibilidade hídrica em que vivem várias
cidades brasileiras. Elas afetam o desempenho financeiro das empresas e impactam
no desenvolvimento do saneamento básico no país.
41
2.2 SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL
2.2.1 Regulação dos serviços públicos
Aragão (2009, p. 8 e 34) conceitua serviços públicos como atividades de
prestação de utilidades econômicas a indivíduos determinados, colocadas pela
Constituição ou por Lei a cargo do Estado, com ou sem reserva de titularidade, e por
ele desempenhadas diretamente ou por seus delegatários, de forma gratuita ou
remunerada, com vistas ao bem-estar da coletividade. Também enfatiza, que a
importância para o conceito de serviços públicos não é a titularidade exclusiva do
Estado sobre a atividade, e sim a responsabilidade do Estado sobre a atividade, a
sua obrigação em prestá-lo, com ou sem exclusão da atuação por direito próprio dos
empresários do setor privado.
No contexto da essência do serviço publico ser o bem estar da coletividade, a
Constituição Brasileira de 1988 não é uma constituição neutra diante das
necessidades de desenvolvimento econômico e social da coletividade. Ela
pressupõe num Estado garantidor de determinadas prestações de serviços
necessários à dignidade da pessoa humana e na redução das desigualdades sociais
e regionais, conforme determina os artigos 1º e 3º. (BRASIL, 1988).
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa humana; [...] Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] II - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais (BRASIL, 1988).
O artigo 21 da CF (1988) enumera os diversos bens e serviços de
competências legislativas e materiais da União. Entre eles está a competência de
instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, transportes
urbanos e para o saneamento básico, inciso XX (BRASIL, 1988).
A CF (1988) impossibilita a iniciativa privada prestar serviços públicos por
direito próprio, admitindo-a somente como delegatária. A titularidade do serviço
42
público é intransmissível, somente sua execução pode ser objeto de transferência a
particulares. E cabe ao titular do serviço estabelecer regras para sua execução,
podendo aplicar sansões e até retomar o serviço por interesses públicos (ARAGÃO,
2009, p. 23).
Contudo, a CF (1988) definiu diversas formas de prestação de serviços
públicos: a prestação direta (executada pela administração centralizada o
descentralizada do titular), a prestação indireta, delegada por meio de concessão ou
permissão que inclui as chamadas PPPs (Parcerias Público-Privada), formas
especiais de concessão reguladas pela Lei nº 11.079/04. (BRASIL, 1988).
E, o Art. 175 da CF/98 estabelece:
Art. 175. Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; II - os direitos dos usuários; III - política tarifária; IV - a obrigação de manter serviço adequado (BRASIL, 1988).
A concessão trata-se de uma gestão indireta de um serviço público onde o
concessionário desempenha a função pública. Ato pelo qual uma pessoa coletiva de
direito público transfere temporariamente o direito de explorar certo serviço público,
o qual tem exclusividade, a outra entidade. O concessionário faz a gestão do
serviço por sua conta através de seus órgãos sendo fiscalizado pela concedente.
Com o objetivo de regulamentar o Art. 175 da CF/98 e estabelecer normas
para as concessões e permissões dos serviços públicos no país, visando à
participação do capital privado em 1995 foi criada a Lei 8.987. O art. 2º inciso II da
Lei 8.987/95 estabelece que:
A delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado (BRASIL, 1995).
Como alternativa retomar o crescimento do país e de suprir falta de recursos
financeiros, em 2004 o governo federal instituiu a Lei nº 11.079/2004. A lei de
Parcerias Público-Privadas (PPPs), como ficou conhecida, institui normas gerais
43
para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes da
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Art.1º. Esta Lei institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Esta Lei aplica-se aos órgãos da administração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios (BRASIL, 2004).
O Artigo 241 da Constituição Federal (1988) ampara a gestão associada que
constitui uma importante alternativa para a administração dos serviços de
saneamento básico pelos municípios, no cumprimento das diretrizes normativas da
Lei nº 11.445/07, visto que, admite atuação conjunta desses entes federados para o
exercício pleno da função de regulação, fiscalização e prestação dos serviços.
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. (BRASIL, 2007).
Salles (2008, p. 32) retrata a estrutura organizacional da prestação dos
serviços públicos no Brasil, conforme figura 2.
Figura 2 Organização jurídico-institucional da prestação dos serviços públicos
Fonte: Salle, 2008, p. 32.
44
De forma indireta ou descentralizada, os serviços públicos podem ser feitos
por terceiros que se encontrem dentro da administração pública (Autarquias,
Fundações, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista ou ainda as
Agências Reguladoras e Executivas) ou fora da administração pública, ou seja, os
terceiros particulares (SALLES 2008, p. 32).
2.2.2 O Saneamento básico no Brasil
O saneamento básico é entendido como o conjunto de serviços,
infraestruturas e instalações operacionais cujo objetivo é proteger a saúde e
melhorar a qualidade da vida humana. Em suas principais atividades estão o
abastecimento de água de qualidade a população; a coleta, o afastamento e o
tratamento do esgotamento sanitário; limpeza urbana e dos resíduos sólidos (lixos),
produzidos pelo homem.
A Lei nº 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o
saneamento básico e para a política federal de saneamento básico no Brasil, assim
o define:
I - saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas. (BRASIL, 2007)
O conceito de saneamento vem incorporando uma preocupação cada vez
maior com a preservação do meio ambiente, assim exteriorizada por Souza (2015,
p.104) na definição de saneamento básico.
45
O saneamento básico é um conjunto de medidas para a conservação do meio ambiente e prevenção de doenças, ou seja, é um conjunto de intervenções multidimensionais articuladas a fatores sociais, econômicos, políticos e culturais. O saneamento básico incorpora os sistemas de abastecimento de água, a drenagem de águas pluviais, a limpeza urbana, o esgotamento sanitário e outros sistemas (SOUZA, 2015, p. 104).
Segundo Farias (2011, p.45) o saneamento básico está diretamente ligado à
qualidade de vida e à saúde pública. Ao longo da história suas ações sempre foram
vinculadas ao controle e erradicação de epidemias relacionadas à insalubridade do
meio ambiente, além do abastecimento de água aos centros urbanos.
Neste contexto, o SUS – Sistema Único de Saúde, criado pela Lei nº
8.080/1990, reitera o entendimento do saneamento básico como de um conjunto de
medidas visando preservar o meio ambiente e melhorar as condições da saúde da
população brasileira, prevenindo a transmissão de doenças e aumentando a
qualidade de vida das pessoas, como explanado (PLANASA, 2013):
A Lei nº 8.080/1990, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), trouxe como obrigação desse sistema promover, proteger e recuperar a saúde, englobando a promoção de ações de saneamento básico e de vigilância sanitária. A noção de saúde contemplada na Lei considera como seus fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. Em diversas de suas definições e determinações, o saneamento básico assume papel central na política de saúde pública. Ou seja, o SUS reconhece explicitamente a importância do saneamento básico para a melhoria das condições de saúde da população (PLANASA, 2013).
De fato, a CF (1988) reconhece o saneamento básico como uma ação de
saúde ao determinar, no artigo 200, reponsabilidade ao Sistema Único de Saúde
(SUS) de participar da formulação da política e da execução das ações de
saneamento básico.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: [...] V - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; [...] (BRASIL, 1988).
Farias (2011, p. 45) reforça o entendimento da competência do SUS, entre
outras, de participar da execução das ações de saneamento básico, isto é, vigilância
sanitária, fiscalização de água para o consumo humano e colaboração na proteção
ambiental.
46
De acordo com PSA (2014), melhoria das condições de saneamento tem
impacto direto na promoção da saúde humana e na qualidade de vida da população
em geral. A adequada coleta de esgoto doméstico reduz a ocorrência de diarreias e
infecções intestinais causadas por parasitas.
Para Borja (2005, p. 14) as ações de saneamento se constituem em serviços
essenciais que vão além de saúde pública e proteção ambiental, consiste em um
direito do cidadão e dever do Estado. A promoção das ações de saneamento deve
ser compatível com as políticas públicas e sociais.
Neste sentido a Lei nº 7.783/1989, conhecida como “Lei da Greve”, reconhece
a relevância do saneamento básico e no seu artigo 10 § 1º aborda o tratamento e o
abastecimento de água como serviços ou atividades essenciais. Assim caracterizado
por “serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis à
comunidade” (BRASIL, 1989).
Galvão Junior e Paganini (2009, p. 86) estabelecem no quadro 3 as
características físicas e econômicas do saneamento básico no Brasil. Primeiramente
trata da situação física e suas repercussões e logo a seguir dos aspectos
econômicos.
Quadro 3 - Características do setor de saneamento básico
Características Repercussões
Físi
cas
Maioria de ativos (redes de
água e esgoto) encontra-se
enterrada
Difícil determinação do estado de conservação, custo de
manutenção elevado e complexidade para detecção de
vazamentos nas tubulações.
Mudança lenta no padrão
tecnológico
Poucos ganhos de eficiência mediante avanços
tecnológicos e ativos com vida útil prolongada.
Qualidade dos produtos de
complexa verificação pelo
usuário
Necessidade de estrutura adequada para monitoramento
da qualidade de produtos e serviços ofertados pelas
concessionárias.
Redes integradas em
aglomerados urbanos
Envolvimento de mais de um ente federado na gestão
dos serviços e expansão da infraestrutura associada ao
planejamento urbano.
Essencialidade no uso e
consumo de produtos (água e
esgoto)
Atendimento independente da capacidade de pagamento
do usuário e geração de externalidades positivas e
negativas para a saúde pública, meio ambiente, recursos
hídricos, dentre outros.
47
Eco
nôm
icas
Custo fixo elevado Pouca flexibilidade para a periodização dos
investimentos.
Ativos específicos e de longa
maturação
Monopólio natural; inexistência de usos alternativos e
baixo valor de revenda; possibilidade remota de saída
das concessionárias do mercado (não contestável); e
pouca atividade para investimentos.
Assimetria de informações Demais atores do setor dependem da informação técnica
e econômico-financeira disponibilizada pelas
concessionárias. Demanda inelástica Possibilidade de extração de renda significativa pelo
prestador de serviços (monopólio). Economias de escala Viabilidade da prestação dos serviços por uma única
empresa (monopólio). Economias de escopo Custos comuns na operação de serviços de água e
esgoto e tratamento de esgotos, tornando mais viável a
prestação dos serviços por uma única empresa.
Fonte: Galvão Junior e Paganini (2009, p.86).
Na acepção geral da Lei Nacional de Saneamento Básico nº 11.445, 2007 as
políticas de saneamento devem ser articuladas a outras políticas na promoção do
desenvolvimento urbano sustentável (BRASIL, 2007).
Sendo assim, os princípios fundamentais do saneamento são definidos no art.
2º LNSB nº 11.445/2007:
Art. 2º Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais: I - universalização do acesso; II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados; III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente; IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado; V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais; VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social, voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante; VII - eficiência e sustentabilidade econômica;
(Continuação)
Características Repercussões
48
VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; IX - transparência das ações, (...); X - controle social; XI - segurança, qualidade e regularidade; XII - integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos; XIII - adoção de medidas de fomento à moderação do consumo de água (BRASIL, 2007).
A promoção das ações de saneamento, segundo Borja (2005, p. 15) “está
mais compatível com as políticas públicas e sociais, o que estabelece um princípio
fundamental, que deve nortear uma política de saneamento”.
Para a pesquisadora os princípios de uma política pública de saneamento
podem ser sistematizados como apresentado no quadro 4.
Quadro 4 - Princípios de uma Política Pública de Saneamento Princípio Definição
Universalidade As ações e serviços de saneamento, além de serem fundamentalmente de saúde
pública e de proteção ambiental, são também essenciais a vida, direito social
básico e dever do Estado. Assim, o acesso aos serviços de saneamento ambiental
deve ser garantido a todos os cidadãos mediante tecnologias apropriadas à
realidade socioeconômica, cultural e ambiental.
Integralidade
das ações
As ações e serviços de saneamento devem ser promovidos de forma integral, em
face da grande inter-relação entre os seus diversos componentes, principalmente
o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a drenagem de águas pluviais,
o manejo de resíduos sólidos, o controle ambiental de vetores e reservatórios de
doenças. Muitas vezes, a efetividade, a eficácia e a eficiência de uma ação de
saneamento dependem da existência dos outros componentes.
Igualdade A igualdade diz respeito a direitos iguais, independentemente de raça, credo,
situação socioeconômica; ou seja, considera-se que todos os cidadãos têm
direitos iguais no acesso a serviços de saneamento de boa qualidade.
Participação e
controle social
A participação social na definição de princípios e diretrizes de uma política pública
de saneamento, no planejamento das ações, no acompanhamento da sua
execução e na sua avaliação se constitui em ponto fundamental para democratizar
o processo de decisão e implementação das ações de saneamento. Essa
participação pode ocorrer com o uso de diversos instrumentos, como conferências
e conselhos.
49
(Continuação)
Princípio Definição
Titularidade
municipal
Uma vez que os serviços de saneamento são de interesse local e o poder local
tem a competência para organizá-los e prestá-los, o município é o titular do
serviço. Uma política de saneamento deve partir do pressuposto de que o
município tem autonomia e competência para organizar, regular, controlar e
promover a realização dos serviços de saneamento de natureza local, no âmbito
de seu território, podendo fazê-lo diretamente ou sob-regime de concessão ou
permissão, associado com outros municípios ou não, respeitando as condições
gerais estabelecidas na legislação nacional sobre o assunto. A gestão municipal
deve se basear no exercício pleno da titularidade e da competência municipal na
implementação de instâncias e instrumentos de participação e controle social
sobre a prestação dos serviços em âmbito local, qualquer que seja a natureza dos
prestadores, tendo como objetivo maior promover serviços de saneamento justos
do ponto de vista social.
Gestão
pública
Os serviços de saneamento são, por sua natureza, públicos, prestados sob-
regime de monopólio, essenciais e vitais para a vida humana, em face da sua
capacidade de promover a saúde pública e o controle ambiental. Esses serviços
são indispensáveis para a elevação da qualidade de vida das populações urbanas
e rurais. Contribuem também para o desenvolvimento social e econômico. Sendo
um direito social e uma medida de saúde pública, a gestão dos serviços deve ser
de responsabilidade do Poder Público.
Articulação ou
integração
institucional
As ações dos diferentes componentes e instituições da área de saneamento são
geralmente promovidas de forma fragmentada no âmbito da estrutura
governamental. Tal prática gera, na maioria das vezes, pulverização de recursos
financeiros, materiais e humanos.
A articulação e integração institucional se constituem em importantes mecanismos
de uma política pública de saneamento, uma vez que permitem compatibilizar e
racionalizar a execução de diversas ações, planos e projetos, ampliando a
eficiência, efetividade e eficácia de uma política. A área de saneamento tem
interface com as de saúde pública, desenvolvimento urbano, habitação, meio
ambiente e recursos hídricos, dentre outras. A conjugação de esforços dos
diversos organismos que atuam nessas áreas oferece um grande potencial para a
melhoria da qualidade de vida da população.
Fonte: Borja, (2005, p.15-16)
50
2.2.2.1 Regulação dos serviços de saneamento básico
Até a década de 1960 as políticas governamentais para o setor foram
caracterizadas por medidas esporádicas e pontuais. Somente a partir da intensidade
do processo da urbanização brasileira começou o serviço de saneamento básico em
larga escala com a participação do Governo Federal. Essa participação foi decisiva
para a estruturação das formas de prestação dos serviços de saneamento no Brasil
(COSSENZO, 2013, p. 8).
Somente com o PLANASA uma política mais incisiva foi implantada para o
setor. O Decreto nº 82.587/78 estabelecia como objetivos permanentes do
PLANASA, dentre outros, a adequação dos níveis tarifários às possibilidades dos
usuários, sem prejuízo do equilíbrio entre receita e custo dos serviços, levando em
conta a produtividade do capital e do trabalho. No entanto, a Constituição da
República de 1988 revogou o Decreto nº 82.587/78, assim, os governos municipais,
nos casos dos sistemas municipais de abastecimento, ou os governos estaduais,
nos casos das Companhias Estaduais de Saneamento Básico - CESBs, passaram a
ser responsáveis por estabelecer os valores de suas respectivas tarifas, para os
serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário (COSSENZO, 2013, p. 8).
Após o colapso financeiro do setor de saneamento e o declínio do PLANASA
na década de 80, o governo federal tentou equacionar os problemas do setor,
realizando algumas reformas administrativas e disponibilizando os recursos às
prefeituras e companhias estaduais por meio de programas instituídos pelo Estado
(FARIAS, 2011, p. 75).
Ao longo da década de 1990, o governo federal teve dificuldades para
redefinir e implementar um marco regulatório específico para o setor de
saneamento. O obstáculo se encontrava na titularidade dos serviços, historicamente
atribuída aos municípios. Assim, algumas poucas iniciativas de definição de marco
legal, menos polêmicas e periféricas à política de saneamento, foram aprovadas no
Congresso Nacional durante a década de 1990 (FARIAS, 2011. p. 106).
A figura 3 apresenta um panorama sobre a evolução do marco legal federal
do setor de saneamento básico no Brasil a partir dos anos 30, até a publicação da
Lei Federal nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 (COSSENZO, 2013, p. 6).
51
Fonte: Cossenzo, 2013, p. 6
Na evolução do marco legal federal do saneamento destaca-se a Constituição
de 1988, a qual concentrou na União a maioria absoluta das competências
legislativas em matéria de água, desde a referência genérica que consta do art. 22,
IV, a criação do sistema de gerenciamento dos recursos hídricos (art. 21, XIX), a
definição de critérios de atribuição para o uso da água (art. 21, XIX), a proteção
ambiental e controle de poluição (art. 24, I), e instituir as diretrizes para o
saneamento básico (art. 21, XX) - “Art. 21. - compete à União: ´[...] XX – instituir
diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos” (BARROSO, 2007, p. 7).
Na questão do desenvolvimento do saneamento no país vale destacar, de
forma sucinta, alguns momentos importantes na história do setor, nas últimas
décadas:
a) Até meados da década de 30 destaca-se o uso privado e desregulado
da água (DIEESE, 2016);
b) Na década 50 o setor busca autonomia e são criados os Serviços
Autônomos de Água e Esgoto (SAAEs);
Figura 3 - Evolução do marco legal federal no saneamento
52
c) Na década de 60 as ações de saúde se distanciam do saneamento, e
nesta mesma década, o regime autoritário visando facilitar o controle
desmobilizou as formas políticas, enfraquecendo as instituições que
atuavam neste setor antes de 1964;
d) Na década de 70 foi instituído o Plano de Metas e Bases para a Ação
do Governo que definiu metas para o setor de saneamento,
constituindo o embrião do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA);
e) Na década de 80, visando novos rumos, foi direcionados recursos do
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para investimentos
em abastecimento de água e esgotamento sanitário pelo PLANASA e a
Constituição Federal de 1988 que tratou das competências na gestão
da água;
f) Na década de 90 ressalta o estimulo pela Secretaria Nacional de
Saneamento à concorrência entre a atuação do setor público e da
iniciativa privada e o declínio do PLANASA, sem que suas metas
fossem atingidas (PSA, 2014);
g) No século XXI a União se reinsere nas políticas urbanas, através da
criação do Ministério das Cidades e da Secretaria Nacional de
Saneamento Ambiental (SNSA) e, em 2007 foi aprovada a Lei de
Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico (LDNSB), Lei nº
11.445; e, em 2008, houve a retomada do planejamento setorial
descentralizado sendo criado o Plano Nacional de Saneamento
Básico – PLANSAB, seguindo três etapas: (i) o pacto pelo
saneamento básico, (ii) um estudo panorâmico do setor e (iii) uma
ampla consulta pública à sociedade. Plano foi elaborado de forma
participativa do Ministério das Cidades; e dos Conselhos Nacional
da Saúde (CNS), Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e
Conselho das Cidades (Concidades). “Em síntese, o Plansab é um
planejamento integrado do saneamento básico, incluindo seus
quatro componentes e tem como objetivo central a universalização
desses serviços” (DIEESE, 2016, p.3).
O Quadro 6 retrata as principais legislações aprovadas desde a década de
1990, que regem o serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário
definindo a forma da prestação do serviço.
53
Quadro 5 - Principais legislação desde 1990 Lei Ano Do que trata
Lei nº 8666 (Lei de licitações) 1993 -Estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive
de publicidade, compras, alienações e locações no
âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
Lei nº 8987 e Lei nº 9074 (Lei de
Concessões)
1995 - Dispõe sobre o regime de concessão e
permissão da prestação de serviços públicos
previsto no artigo 175 da Constituição Federal;
- Estabelece normas para outorgas e prorrogações
das concessões e permissões de serviços públicos
e dá outras providências.
Lei nº 9433 (Lei Nacional de
Recursos Hídricos)
1997 -Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,
cria o Sistema nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos e regulamenta o inciso XIX do
artigo 21 da Constituição Federal.
Lei nº 9984 2000 -Cria a Agência Nacional da Água (ANA).
Lei nº 11.079 (Lei de Parcerias de
Parcerias Público-Privadas)
2004 -Institui normas gerais para licitação e contratação de
parceria público-privada no âmbito dos Poderes da
União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios.
Lei nº 11.107 (Lei dos Consórcios
Públicos e Gestão associada)
2005 -Dispõe sobre normas gerais para a União, os
estados, o Distrito Federal e os municípios
contratarem consórcios públicos para a realização de
objetivos de interesse comum e dá outras
providências.
Decreto Lei nº 6.017 2007 -Regulamenta e estabelece normas para a execução
da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe
sobre normas gerais de contratação de consórcios
públicos.
Lei nº 11.445 (Lei de Diretrizes
Nacionais de Saneamento Básico)
2007 -Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico e dá outras providências.
‘Fonte: FARIAS, 2011, p.107 e 113 (Apud SAIANI, 2007).
54
A partir de 2003, com a responsabilidade de reorganizar o setor de
saneamento a partir da retomada dos investimentos, o Governo Federal iniciou
reformas na política do saneamento básico.
Farias (2011, p.113) destaca as principais legislações, instituídas a partir de
2004, que regem o setor:
Em 2004, como alternativa de retomar o crescimento econômico do país e,
consequentemente, suprir a falta de recursos financeiros, foi instituída a Lei nº 11.079
que institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada –
PPPs no âmbito dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios.
Segundo Farias (2011, p. 113) a Lei de PPPs trata de duas modalidades de
concessão: 1) a concessão patrocinada, modalidade de concessão na qual o poder
público arca com parte dos investimentos durante o período de vigência dos
contratos. A remuneração do parceiro privado advém da receita obtida com a
exploração dos serviços mais receita advinda do Estado; 2) a concessão
administrativa, neste caso a amortização dos investimentos privados é feita
integralmente por meio das verbas do Poder Concedente, nunca ocorrendo
cobranças de taxas dos demais usuários, como por exemplo é a saúde e a
educação pública. A diferença básica entre essas duas modalidades está na tarifa
cobrada pelo usuário.
Em 2005 foi instituída a Lei nº 11.107 conhecida como Lei dos Consórcios
Públicos e Gestão Associada, regulamentada em 2007, através do Decreto Lei nº
6.017, dispõe sobre normas gerais para os entes federativos contratarem consórcios
públicos para a realização de objetivos de interesse comum. Regulamentou o Art.
241 da Constituição Federal e, possibilitou a celebração de consórcios públicos para
a prestação de serviços de saneamento, viabilizando novos modelos de gestão
(FARIAS, 2011, p. 118).
Em janeiro de 2007, após quase dez anos de discussões no Congresso
Nacional, foi aprovada a Lei nº 11.445 que estabelece as diretrizes nacionais para o
saneamento básico no Brasil, a chamada Lei Nacional de Saneamento Básico.
Regulamentada pelo Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010 visa estabelecer
padrões e normas técnicas para a adequada prestação dos serviços, fixar condições
e metas, assegurar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos mediante
mecanismos que induzam a eficiência e a eficácia (FARIAS, 2011, p. 118).
55
2.2.2.2 Competência da prestação do serviço de saneamento
A conjuntura do art. 23 da CF/88 denota que os serviços de saneamento
básico são de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
municípios, cabendo-lhes o dever de promover a melhoria das condições de
saneamento básico, inciso IX, assim como “registrar, acompanhar e fiscalizar as
concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em
seus territórios”, inciso XI (BRASIL, 1988).
Desta forma a CF/1988 dispõe sobre a competência comum do saneamento
básico entre os entes federativos.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; [...] XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; (BRASIL, 1988).
Pereira Junior (2007, p. 5) elucida que a competência da União no
saneamento básico limita-se em instituir diretrizes para o saneamento básico, art. 21
da CF/1988. Não tem ela qualquer atribuição para o exercício de atividades
executivas e operacionais do setor. A Constituição Federal (1988) trata da matéria no seu artigo 30. Aborda ser
de competência municipal, entre outras, legislar sobre assunto de interesse local, no
qual se insere o saneamento básico.
Art. 30. Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local; [...] V – organizar e prestar, diretamente ou sob-regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, [...]; (BRASIL, 1988).
Assim, todo o serviço público que não esteja expressamente afetado a outro
ente federativo e que possa ser caracterizado como de predominante interesse local,
relativamente ao interesse dos Estados e da União, será da competência dos
Municípios. Regra que naturalmente vale para os serviços de saneamento básico
(BARROSO, 2007, p. 12).
56
Segundo Pereira Junior (2007, p. 3) são considerados de interesse local os
serviços públicos de saneamento básico, entre os quais estão o abastecimento
público urbano de água potável e o esgotamento sanitário. Deste modo, cabe aos
Municípios prestar, diretamente ou mediante concessão ou permissão, os serviços
de saneamento básico, fornecimento de água, coleta e tratamento do esgoto
sanitário de sua competência.
Essa competência atribuída aos municípios abrange inclusive as legislações
próprias das empresas de saneamento, nas condições contidas em cláusulas dos
contratos de concessão ou permissão, tais como estruturas tarifárias ou outras
formas de cobrança.
Sendo o Município titular dos serviços públicos de abastecimento e de
tratamento de esgoto sanitário, é de sua exclusiva incumbência decidir a melhor
forma de prestação dos serviços. Compete a ele estabelecer, quer seja por
legislações próprias ou cláusulas contratuais de concessão ou de permissão, as
condições de prestação desses serviços, além das estruturas tarifárias e formas de
cobrança pelo serviço (BARROSO, 2007, p. 9).
Normalmente, o serviço de fornecimento de água, de captação e tratamento
de esgoto está restrito no próprio município. As cidades captam água e lançam seus
esgotos em um corpo hídrico localizado no seu próprio município. Sendo
inquestionável a atribuição ao município a sua competência (KELMAN; VERAS,
2008, p. 12-13).
No entanto, o critério de interesse local não é de todo absoluto. Grande parte
das regiões metropolitanas e de alguns conjuntos municipais nordestinos
compartilham instalações hidráulicas e o serviço de água ultrapassa os limites dos
municípios. Longas adutoras, construídas e mantidas pelos Estados, distribuem
água tratada para vários Municípios. Nestes casos não se aplica o conceito de
serviços públicos de interesse local, por se tratar de um serviço de interesse comum
a diversos municípios (KELMAN; VERAS, 2008, p. 13).
Na condição de interesse comum a diversos municípios, alguns entendem
que o governo estadual deveria ser o responsável.
Competência dos Estados disposta no Art. 25 da CF/88,§3º:
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
57
agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
Outros entendem que, segundo o art. 241 da CF/88 os municípios que
compartilham instalações são os que deveriam organizar-se para decidir sobre a
competência desse serviço (KELMAN; VERAS, 2008, p. 13).
Entre os Estados e Municípios que se encontram nessas condições
normalmente há divergências e disputas. De um lado os governos estaduais que
mantem suas empresas operando normalmente na região metropolitana para
usufruir da economia de escala e do outro lado, os governos municipais que se
queixam dos serviços prestados e das altas tarifas praticadas pelas empresas
estaduais (KELMAN; VERAS, 2008, p. 14).
Segundo Galvão Junior e Paganini (2009, p. 83), cada setor de infraestrutura
apresenta estágios diferentes de desenvolvimento tecnológico de características
específicas quanto ao nível de competição da prestação de serviços. No
saneamento básico, as características do setor não permitem competição, pela
inviabilidade econômica da desverticalização da prestação dos serviços.
A complexidade e o alto custo das obras e serviços de caráter intermunicipal
ou metropolitano, que não são apenas de interesse local e sim regional, estão
condicionados pela Constituição a lei complementar estadual. A competência
estadual para os serviços de interesse comum no âmbito das regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, decorre do interesse
público, que diz respeito à eficiência e a qualidade ou até mesmo da possibilidade
da prestação do serviço de saneamento. “Se em determinada circunstância, o
saneamento básico for considerado um serviço de interesse comum ou regional, e
não local, ele deverá ser prestado pelos Estados e não pelos Municípios”
(BARROSO, 2007, p. 14 e 15).
Sob o ponto de vista econômico, considerando as características do setor de
saneamento básico é possível observar que essa indústria apresenta desafios
pertinentes tanto à obtenção de um ponto de equilíbrio entre eficiência econômica,
universalização da abrangência do serviço e os custos; quanto à necessidade de
regulação do monopólio natural que é possível englobar as “disputas de titularidade”
entre esferas de poder público e ainda, políticas tarifárias de preços e de subsídios
(TUROLLA; OHIRA, 2005 p. 7).
58
2.2.2.3 Concessão dos serviços de saneamento
Uma característica bem definida da concessão comum é a obtenção de
receitas autossuficientes pelo concessionário. Sendo assim, quando o projeto de
infraestrutura ou a prestação de serviço público não for atrativo para a iniciativa
privada, faz-se necessária a complementação de recursos fiscais, ou seja, deve
existir contraprestação pecuniária do parceiro público ao privado (SCRIPTORE;
TONETO JÚNIOR, 2012, p. 7).
A maior parte das concessões realizadas no setor de saneamento básico no
país, é do tipo concessão plena, ou seja, o setor privado tem responsabilidade geral
sobre a operação, manutenção, administração e investimentos de capital para a
expansão dos serviços (água e esgoto). Além disso, é remunerado diretamente
pelos consumidores (SCRIPTORE; TONETO JÚNIOR, 2012, p. 7).
Conforme Pereira Junior (2007. p. 10) contam-se, no Brasil seis modelos de
organização dos serviços públicos urbanos de água e esgotos: as empresas estatais
estaduais de saneamento; as autarquias estaduais de saneamento; os consórcios
municipais ou serviços integrados municipais de água e esgotos; os serviços
municipais de água e esgotos, na forma de departamentos ou autarquias; as
empresas estatais municipais de saneamento e as empresas concessionárias
privadas de serviços de água e esgotos.
2.2.2.4 Aspectos regulatórios do saneamento
O conceito de regulação é entendido como a intervenção do Estado nas
ordens econômica e social com a finalidade de alcançar eficiência e equidade, que
pode ser traduzida como universalização na provisão de bens e serviços de
natureza essencial por parte de prestadores de serviços estatais e privados
(GALVÃO JUNIOR; PAGANINI, 2009, p. 81).
Galvão Junior e Paganini (2009, p. 82) consideram que a LDNSB definiu
instrumentos e regras para o planejamento, fiscalização, a prestação e a regulação
dos serviços pelo estabelecimento do controle social sobre as funções do
saneamento básico. Assim, a regulação definida proporciona ambiente mais estável
para a realização de investimentos públicos e privados para o setor. Devido a essa
59
essencialidade da água para a vida e a saúde de todos. “No setor de saneamento
básico justifica-se o interferência do governo através dos órgãos reguladores”.
O objetivo da regulação, instituído no artigo 22 da Lei 11.445/2007, é de
estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos serviços e para a
satisfação dos usuários; garantir o cumprimento das condições e metas
estabelecidas; prevenir e reprimir o abuso do poder econômico; e definir tarifas que
assegurem tanto o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos como a
modicidade tarifária (BORELLI, 2010, p.74).
Os princípios básicos da regulação do saneamento se fundamentam na
proteção dos interesses dos consumidores, na garantia de sustentabilidade e
uniformidade dos serviços, além da continuidade das diretrizes definidas pelo setor.
E a melhoria do desempenho dos prestadores dos serviços regulados deve ser
quantificada para que seja possível rastrear os ganhos de eficiência entre usuários e
prestadores do serviço (OHIRA; SCAZUFCA, 2008, p. 1).
A diretriz a ser buscada a um ente regulador independente é a capacidade
para exercer as funções de fiscalizar, normatizar, ordenar, e principalmente
assegurar os direitos dos usuários e o cumprimento das metas e objetivos de
políticas públicas.
Neste sentido, Marques Neto (2009, p. 186) salienta que:
[...] nos termos da Lei Nacional de Saneamento, o regulador deverá se caracterizar basicamente pela independência decisória (é dizer, capacidade de determinar a política regulatória sem necessidade de confirmação de suas decisões por nenhuma instância hierarquicamente superior); autonomia administrativa, orçamentária e financeira (capacidade de auto-organização administrativa); especialização técnica; absoluta transparência em sua atuação (o que não se resume à publicidade das decisões, mas no processo decisório amplamente aberto à participação dos interessados (MARQUES NETO, 2009, p. 186)
No caso, principalmente dos serviços de saneamento básico, o que se pode
atribuir aos órgãos ou entidade de regulação são as competências normativas de
execução das normas originarias do titular, na forma do art. 23 da lei nº 11.445/07,
portanto, são as competências de caráter técnico ou executivo, atos administrativos
por meio de instruções ou resoluções. De modo geral, o ente regulador não pode
estabelecer por simples impossibilidade jurídica normas ou regras que criam
obrigações ou direitos para o titular dos serviços públicos, para prestador do serviço
ou para o usuário (FUNASA, 2014, p. 42). Portanto, a forma de atuação e a
60
abrangência da competência regulatória devem ser definidas no instrumento de
delegação do titular a entidade reguladora delegada.
Os serviços públicos em rede são organizados em regime de monopólio
natural e são prestados por empresas públicas ou privadas. Demandam regras e
penalidades para que haja equilíbrio de interesses entre as partes. Assim sendo, a
prestação de serviço de saneamento básico possui algumas características que
justificam a regulação do setor, como monopólio natural, externalidades, caráter
essencial dos serviços, bem público e assimetria de informação. Afirma assim, a
necessidade da regulação do setor pelas diversas finalidades de acordo com Galvão
Júnior e Paganini (2009, p. 86):
•Gerar incentivos para práticas eficientes de gestão, expansão do produto e redução de tarifas [...]; •Maximizar a qualidade dos serviços e alavancar investimentos com vistas à modernização e à universalização do setor [...]; •Favorecer a adoção de gestão profissional e a autonomia administrativa das empresas públicas, além de ampliar a participação privada no setor [...]; •Limitar a interferência política no setor mediante regras implementadas independentemente do ciclo eleitoral [...]; •Garantir a universalização do setor e evitar que os usuários paguem excessivamente pelos serviços prestados [...]; (GALVÃO JÚNIOR; PAGANINI, 2009, p.86).
A regulação dos serviços públicos no Brasil por meio de agências reguladoras
ocorreu somente em meados de 1990, no processo de reforma do Estado, no qual
os setores da infraestrutura tiveram seus controles acionários abertos à participação
da iniciativa privada (GALVÃO JUNIOR; PAGANINI, 2009, p. 81).
Farias (2011, p. 218) relacionou as atividades desempenhadas pelas
agências reguladoras, com base na determinação da Lei nº 11.445/2007, em
categorias definida em quatro grupos: regulação econômica, normatização,
fiscalização e ouvidoria.
No quadro 6 estão relacionadas as principais atividades regulatórias inerentes
as agências reguladoras de acordo com a LDSB.
61
Quadro 6 - Atividades regulatórias previstas na Lei nº 11.445/2007 Categoria Atividade
Fiscalização - Garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas;
- Verificar o atendimento aos planos de saneamento.
Normatização - Editar normas sobre:
a) padrões e indicadores de qualidade;
b) requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas;
c) metas progressivas de expansão e de qualidade dos serviços e os
respectivos prazos;
d) regime, estrutura e níveis tarifários, e procedimentos de reajuste e revisão;
e) medição, faturamento e cobrança de serviços;
f) monitoramento dos custos;
g) avaliação da eficiência e eficácia dos serviços prestados;
h) plano de contas e mecanismos de informação, auditoria e certificação;
subsídios;
i) padrões de atendimento ao público e mecanismos de participação e
informação;
j) medidas de contingências e de emergências;
k) penalidades pelo descumprimento de normas.
- Instituir regras do sistema contábil e plano de contas na prestação
regionalizada;
- Definir normas técnicas relativas à qualidade, quantidade e regularidade nos
sistemas em que vários prestadores realizem atividades interdependentes.
Regulação
tarifária
- Definir e fixar tarifas;
- Decidir a pauta das revisões tarifárias;
- Auditar e certificar anualmente os investimentos realizados, os valores
amortizados, a depreciação e os respectivos saldos;
- Autorizar o prestador de serviços a repassar aos usuários custos e
encargos tributários não previstos originalmente e por ele não administrados;
- Estabelecer normas e mecanismos sobre tarifas, pagamentos e subsídios
para prestadores que realizem atividades interdependentes;
-Adotar mecanismos tarifários de contingência em situação crítica de escassez
ou contaminação de recursos hídricos que obrigue a adoção de racionamento.
62
(Continuação)
Categoria Atividade
Ouvidoria - Fixar prazo para comunicação aos usuários;
- Receber e se manifestar conclusivamente sobre as reclamações dos
usuários, que não tenham sido suficientemente atendidas pelos prestadores
dos serviços;
- Oferecer publicidade aos relatórios, estudos e decisões que se refiram à
regulação ou à fiscalização dos serviços, bem como aos direitos e deveres dos
usuários e prestadores;
- Dar transparência às ações, baseada em sistemas de informações e
processos decisórios institucionalizados;
- Fornecer amplo acesso às informações sobre os serviços prestados aos
Usuários.
Fonte: FARIAS, 2011. p. 218
Segundo Marques Neto (2009, p. 187), os três grandes objetivos da regulação
a serem perseguidos pelo regulador de saneamento básico são: a universalização
dos serviços, a qualidade e eficiência da prestação do serviço e a modicidade
tarifária.
A universalização como definida na lei é um processo gradual (ampliação
progressiva) da cobertura dos serviços com vista ao acesso de todos os domicílios
ao saneamento básico.
Marques Neto (2009, p. 187) elege duas acepções de eficiência para o setor:
• alocativa, que traduz na busca de melhor composição econômica com vistas
a atender ao principio da economicidade e;
• prestacional, que traduz no dever de prestação de serviço de saneamento
com maior integralidade e qualidade.
A eficiência alocativa interdita desperdício dos recursos financeiros ou
naturais e a prestacional veda a prestação negligente, desarticulada, disfuncional,
desatenda aos direito dos usuários.
Já, a modicidade tarifária consiste em satisfazer os diversos grupos sociais na
persecução do bem comum. Sendo assim, quando esse serviço depender de uma
cobrança, ela deve ser condizente com as possibilidades econômicas da população
usuária, ou seja, a mais baixa possível (MARQUES NETO, 2009, p 187).
63
A lei 11.445/07 não isenta os titulares da obrigatoriedade de instituir
instrumento e sistemas de regulação e fiscalização próprios como também não
subordina sua delegação às agências reguladoras constituídas. Visto que se o
fizesse, estaria invadindo a competência constitucional própria e exclusiva ao ente
da Federação para legislar e para decidir sobre a forma de organização e da
prestação de serviços públicos de sua titularidade (BRASIL, 2007).
Sendo assim, os municípios detentores dos direitos do saneamento têm a
opção de delegar ou não a responsabilidade pela regulação de suas concessões de
prestação de serviço de saneamento às agências reguladoras já constituídas.
Como a opção de transferir a responsabilidade pela delegação de suas
concessões de prestação de serviço de saneamento a agência reguladora é
facultativa, alguns municípios optaram pela regulação própria, por meio de agências
reguladoras municipais. São exemplos de agências municipais a ARSAEG - Agência
Reguladora do Serviço de Água, Esgotos e Resíduos de Guaratinguetá/SP, AMAE-
Agência Municipal de Regulação dos Serviços de Água e Esgoto de Joinville,
ARSBAN - Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município de
Natal, SRJ – Serviços de Regulação de Jacareí - SP (área de regulação
saneamento básico).
O parágrafo primeiro do artigo 23 da CF/88 cria condição da regulação de
serviços públicos de saneamento básico ser delegada, pelos titulares, a qualquer
entidade reguladora constituída dentro dos limites do respectivo Estado (BRASIL,
1988).
Do ponto de vista de Marques Neto (2009, p 186), um dos pontos importantes
da Lei Nacional de Saneamento é a possibilidade de que a atividade de regulação
dos serviços de saneamento básico possa ser delegada para um ente
plurifederativo, um consórcio, ou para um ente regulador integrante da administração
pública de outra esfera da federação (art. 23, § 1º da CF). Nem sempre será
conveniente para cada município titular dos serviços de saneamento instituir um
órgão regulador, poderia implicar em uma ineficiência econômica.
2.2.2.5 Sustentabilidade econômica do saneamento básico
Os aspectos econômicos do setor requerem uma política de gestão alinhada
aos interesses públicos com estrita observância de se garantir a universalização dos
64
serviços de abastecimento de água e coleta de esgoto por meio da manutenção da
infraestrutura de captação, de tratamento, da rede de distribuição e do esgotamento
sanitário. Além da necessidade de investimento na ampliação da infraestrutura,
buscando atender a demanda gerada pelo aumento da população em algumas
regiões (PLANSAB, 2013).
A maioria das empresas prestadoras de serviço de saneamento exerce essa
responsabilidade social da universalização do saneamento básico mediante sua
estrutura tarifária, que além de variar incentivando o consumo consciente da água,
também leva em consideração as condições socioeconômicas dos consumidores,
assim obtendo uma tarifa diferenciada para a camada da população que vive na
pobreza (PLANSAB, 2013).
O aspecto econômico de geração de receita e a determinação de preços nas
empresas brasileiras de serviços públicos têm sido focados, especialmente em
termos da necessidade de ajustar suas tarifas, a não aumentar a inflação e a
permitir que os pobres tenham condições de pagar pelo serviço que consomem
(ANDRADE, 1995, p. 6).
Deste modo, Andrade (1995, p. 6) comenta o aspecto distributivo na
determinação de preços públicos:
Ao se decidir que preços cobrar aos usuários dos serviços, busca-se, basicamente, financiar os custos de produção dos mesmos e esta é a função básica das tarifas. Entretanto, ao se decidir cobrar tarifas diferenciadas segundo a quantidade consumida do serviço (cobrando tarifas menores a quem consome menos, por hipótese as famílias de menor renda), as tarifas, além de gerar a receita necessária para financiar as atividades destas empresas, também contribuiriam para melhorar o nível de bem-estar social da população. (ANDRADE, 1995, p. 6).
Embora no Brasil existam normas legais prescrevendo que os objetivos
sociais não podem sacrificar a saúde financeira e econômica das empresas, isso
vem ocorrendo. O fato de o saneamento ser considerado monopólio público têm
incorrido em déficits crônicos. Perdas financeiras devidas não somente ao pobre
gerenciamento de suas estruturas de preços, mas também ao fato de que as
correções das tarifas requeridas pela corrosão inflacionária do preço tem se
transformado não apenas em uma questão econômica, mas principalmente a
política, tornando difícil sua implementação. Os débitos destas empresas quase
65
sempre têm sido cobertos por transferências financeiras governamentais
(ANDRADE, 2013, p. 38).
Em muitos casos a cobrança dos usuários pela prestação do serviço não
deve ser a única forma da empresa prestadora do serviço de saneamento básico
alcançar sua sustentabilidade econômica financeira.
Os aspectos econômicos e Sociais do saneamento reconhecem a
necessidade de que os serviços de saneamento tenham sustentabilidade econômica.
A Lei nº 11.445/2007 define que a remuneração pelo serviço de abastecimento de
água e esgotamento sanitário deva, preferencialmente, ser na forma de tarifas e
outros preços públicos. Sendo assim, estabelece que “os serviços públicos de
saneamento básico terão a sustentabilidade econômico-financeira assegurada,
sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança dos serviços” (BRASIL,
2007).
O Art. 29 da LDNSB estabelece as regras básicas para a cobrança pela
prestação dos serviços de saneamento básico (tarifa, taxas e tributos) e determina
as diretrizes da sustentabilidade econômico-financeira para a prestação dos
serviços de saneamento.
Art. 29. Os serviços públicos de saneamento básico terão a sustentabilidade econômico-financeira assegurada, sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança dos serviços: I - de abastecimento de água e esgotamento sanitário: preferencialmente na forma de tarifas e outros preços públicos, que poderão ser estabelecidos para cada um dos serviços ou para ambos conjuntamente; III - de manejo de águas pluviais urbanas: na forma de tributos, inclusive taxas, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades. § 1o Observado o disposto nos incisos I a III do caput deste artigo, a instituição das tarifas, preços públicos e taxas para os serviços de saneamento básico observará as seguintes diretrizes: [...] III - geração dos recursos necessários para realização dos investimentos, objetivando o cumprimento das metas e objetivos do serviço; IV - inibição do consumo supérfluo e do desperdício de recursos; V - recuperação dos custos incorridos na prestação do serviço, em regime de eficiência; VI - remuneração adequada do capital investido pelos prestadores dos serviços; VII - estímulo ao uso de tecnologias modernas e eficientes, compatíveis com os níveis exigidos de qualidade, continuidade e segurança na prestação dos serviços; VIII - incentivo à eficiência dos prestadores dos serviços. § 2o Poderão ser adotados subsídios tarifários e não tarifários para os usuários e localidades que não tenham capacidade de pagamento ou escala econômica suficiente para cobrir o custo integral dos serviços (BRASIL, 2007).
66
A sustentabilidade econômica do serviço de saneamento é assegurada
quando o Poder Público e os fundos financeiros, públicos e privados, garantirem
fontes de recursos (financeiros ou não) regulares, estáveis e suficientes para o seu
financiamento, e o mais adequado modelo de gestão institucional e jurídico-
administrativo. Como algumas fontes estão sob o domínio normativo ou regulatório
dos titulares dos serviços, observa que a razão pela qual o artigo 29 da LDNSB
orienta para que a sustentabilidade econômico-financeira dos serviços de
saneamento básico seja “sempre que possível” assegurada mediante a cobrança
pela sua prestação (FUNASA, 2014, p. 50).
As fontes municipais para o saneamento englobam o sistema de tarifas, taxas
e preços públicos com o objetivo de recuperar os custos operacionais do sistema e
gerar um excedente para alavancar investimento, quer sejam diretos (recurso
próprios) e/ou com financiamentos para compor a contrapartida de empréstimos e o
posterior pagamento do serviço da dívida (FUNASA, 2014, p. 50).
Em grande parte do país o Estado continua sendo o financiador das
infraestruturas para o abastecimento de água e do esgotamento e tratamento dos
resíduos sanitários através de recursos arrecadados de diferentes impostos e taxas.
São subvenções para investimentos e para o funcionamento, manutenção e
reparação das infraestruturas existentes (FUNASA, 2014, p. 50).
2.2.2.6 Tarifa de serviços de água e esgoto
A regulação tarifária busca mitigar a tendência à ineficiência dos monopólios
naturais, levando em conta o desafio entre as eficiências alocativa, distributiva e
produtiva. Trata também, da adequação, dos reajustes e do grau de liberdade da
variação dos preços, além dos mecanismos que estimulem a eficiência das
empresas e beneficiem os consumidores. (SAINTIVE; CHACUR, 2006, p. 7).
A atual legislação para o setor de água e esgoto, lei nº 11.445/07 estabelece
que as tarifas devam ser definidas levando se em conta tanto as circunstâncias
financeiras dos consumidores, como à necessidade de recursos da companhia. A
base que busca compromisso entre o princípio de cobrar dos consumidores de
acordo com sua “capacidade de pagar” e o princípio da proteção da saúde financeira
das empresas.
67
A regulação da tarifa, em um regime de monopólio natural, reveste-se de
especial complexidade pelo elevado grau de diferença de informações entre o
regulador e o realizador do serviço. Neste ambiente, a tarifação enfrenta desafio de
resolver as tensões entre a eficiência produtiva, distributiva e alocativa (PEDROSA,
2001, p. 41).
• A eficiência produtiva é entendida como a utilização da planta instalada
para obter o rendimento máximo ao menor custo;
• A eficiência distributiva pode ser definida como a capacidade de
redução pela concorrência ou pela regulação, equilibrando os
excedentes econômicos abusivos por parte do produtor/fornecedor; e,
• Na eficiência alocativa, se realiza maior volume de transações
econômicas gerando a maior renda agregada possível (PEDROSA,
2001, p. 41).
O preço do serviço de abastecimento de água não é determinado como no
mercado de produtos e de serviços diversos. Pela característica de essencialidade
da água para a vida e por ser monopólio natural, existe sobre este setor uma política
social que tem como preocupação o bem estar da população como um todo e na
universalização do fornecimento de água e a coleta e tratamento do esgoto.
Ferrão (2006, p. 23) afirma que:
Na medida em que se trata de atividades desenvolvidas para atender necessidades coletivas essenciais, as tarifas cobradas devem ser módicas, pois o atendimento dessas necessidades deve implicar o mínimo sacrifício para seus usuários. A tarifa cobrada dos usuários pela utilização do serviço público deve ser a menor possível para a adequada remuneração do ente público, estipulada pela determinação da intensidade de fruição que o usuário faz do serviço, mas suficiente para os objetivos pretendidos pelo Poder Público, sendo fixado um valor mínimo para cobrir integralmente os custos e para possibilitar a sua manutenção, melhoramento e expansão, garantindo o equilíbrio econômico-financeiro do órgão prestador do serviço público (FERRÃO, 2006, p. 23).
Deste modo, a visão da função social do saneamento básico é exteriorizada
no artigo 30 da Lei nº 11.445/2007.
Art. 30. Observado o disposto no art. 29 desta Lei, a estrutura de remuneração e cobrança dos serviços públicos de saneamento básico poderá levar em consideração os seguintes fatores: [...] III - quantidade mínima de consumo ou de utilização do serviço, visando à garantia de objetivos sociais, como a preservação da saúde pública, o
68
adequado atendimento dos usuários de menor renda e a proteção do meio ambiente; IV - custo mínimo necessário para disponibilidade do serviço em quantidade e qualidade adequadas; [...] VI - capacidade de pagamento dos consumidores (BRASIL, 2007).
O caráter social do saneamento básico também assegurado pela Lei Decreto
Federal nº 82.587/78, a qual determina que as tarifas devam adequar-se ao poder
aquisitivo da população atendida. E, são assim definidos no art. 10 e 11:
Art. 10 - Os benefícios dos serviços de saneamento básico serão assegurados a todas as camadas sociais, devendo as tarifas adequar-se ao poder aquisitivo da população atendida, de forma a compatibilizar os aspectos econômicos com os objetivos sociais. Art. 11 - As tarifas deverão ser diferenciadas segundo as categorias de usuários e faixas de consumo, assegurando-se o subsídio dos usuários de maior para os de menor poder aquisitivo, assim como dos grandes para os pequenos consumidores. [...] § 2º - A conta mínima de água resultará do produto da tarifa mínima pelo consumo mínimo, que será de pelo menos 10 m³ mensais, por economia da categoria residencial (BRASIL, 1978).
Segundo Saintive e Chacur (2006, p. 6), “no que tange aos serviços públicos
de infraestrutura, a teoria de monopólio natural é a principal base para a
compreensão da necessidade de regras de precificação”. A teoria econômica
justifica a existência de regulação com base na concorrência das chamadas “falhas
de mercado”. Reconhecem que a assimetria de informação entre os agentes
econômicos, as externalidades que envolvem determinada transação e o monopólio
natural resultam em situações em que ocorrem perdas de bem-estar para
sociedade.
No serviço público de infraestrutura, como no setor de saneamento, a teoria
de monopólio natural é a principal base para a compreensão da necessidade de
regras de precificação. Neste sentido define-se como monopólio natural um setor no
qual uma única empresa produz para atender a demanda do mercado a um custo
menor que qualquer alternativa de produção (SAINTIVE; CHACUR, 2006, p. 6).
Pedrosa (2001, p. 41) reconhece três importantes modelos tarifários em sua
literatura técnica para o setor de saneamento cedido a empresas privada:
1. a tarifação pelo custo do serviço;
2. a tarifação com base no custo marginal e ;
3. o price-cap
69
Na visão de Pedrosa (2001, p. 42) a tarifação pelo custo do serviço a “taxa
interna de retorno é uma forma indireta de determinação de preços, uma vez que por
meio de sua aplicação, serão reajustados sempre que for necessária a
recomposição da receita”.
Tarifação pelo custo dos serviços, também denominada taxa interna de
retorno médio, historicamente adotado no Brasil é um regime tradicionalmente
utilizado para regulação das tarifas dos monopólios naturais. Ela visa garantir, para a
firma regulada, preços que remunerem os custos totais e contenham uma margem
de lucro que remunere o capital e proporcione uma taxa interna de retorno adequada
a proporcionar a continuidade da produção do bem ou serviço (SAINTIVE;
CHACUR, 2006, p. 8).
Quanto ao emprego do método de tarifação pelo custo marginal, modelo
adotado no Chile, Pedrosa (2001, p. 41) afirma ser de difícil aplicabilidade pelo fato
dos custos marginais não refletirem os custos fixos que são bastante elevados
nesse tipo de atividade. Assim sendo, os custos marginais de curto prazo são
consideravelmente menores que os custos médios, significando que as receitas não
seriam suficientes para recuperar integralmente as despesas. O grande desafio dos
formuladores de política pública é estabelecer preços públicos que contemplem duas
propriedades, que promovam a de eficiência econômica e ao mesmo tempo
garantam a sustentabilidade financeira.
A regulação tarifária pelo preço-teto (price cap), modelo de origem inglesa,
adotado pelos editais de concorrência pública para a concessão de serviço público,
é um mecanismo de tarifação com dois componentes principais. O primeiro é que
uma regra de reajuste dos preços é determinada no contrato através de um
indexador baseado em algum índice de preço, geralmente um índice de preços ao
consumidor, descontado um fator de produtividade (fator X) que corresponderia ao
estimulo para a redução dos custos operacionais da firma regulada. O segundo
componente é em períodos pré-fixados, uma revisão tarifária, cuja intenção consiste
em rever o custo de capital, bem como os custos operacionais, readequando o nível
das tarifas às mudanças estruturais que não foram corrigidas pela regra normal de
reajuste (SAINTIVE; CHACUR, 2006, p. 9).
A regulação de tarifas dos serviços públicos, como é o caso do saneamento
básico, visa proteger os consumidores da extração da renda de monopólio que seria
esperada em um regime de monopólio natural. Esse objetivo pode ser alcançado
70
tanto no sistema price cap quanto ao de taxa de retorno, muito embora, as
vantagens de cada um dos sistemas levam-se em consideração os casos
particulares (TUROLLA; OHIRA, 2005, p. 9).
A estrutura tarifária é um dos aspectos mais importantes da regulação dos
serviços públicos, tendo em vista a necessidade de garantir a rentabilidade dos
investidores e a preservação dos interesses dos consumidores, em regime de
monopólio natural (PEDROSA, 2001, p. 41).
A maioria das empresas de saneamento no Brasil tem sua estrutura tarifária
progressiva e em bloco, tendo como objetivo o uso racional da água pelo critério de
consumo, isto é, quanto mais se consome mais se paga.
Normalmente, uma estrutura tarifária inicia-se com a tarifa mínima de
consumo, que para a maioria das empresas pesquisadas é de 10 (dez) metros
cúbicos por mês. Assim, para o consumo inferior a 10(dez) metros cúbicos é
cobrado 10m³, “tarifa mínima”.
A cobrança de consumo mínimo pelas empresas, a denominada tarifa
mínima, normalmente é de 10 m³, mas em algumas empresas este consumo mínimo
pode ser de 15 m³ ou 20 m³. O consumo da água é medido por hidrômetros
instalados no imóvel (economia), ou estimado na ausência de um medidor instalado
(ANDRADE, 2009, p. 49).
A cobrança do consumo mínimo se justifica para a manutenção da estrutura
do sistema operacional do saneamento no país, conforme jurisprudência do STJ:
A jurisprudência do STJ já pacificou o entendimento de que a cobrança de tarifa mínima estabelecida em legislação estadual é legal, bem como define que é lícito o faturamento do serviço de fornecimento de água com base na tarifa mínima, desde que o consumo seja inferior aos limites de 10m³ em residências e 20m³ em unidades comerciais. 3. Para o STJ, o objetivo da tarifa mínima é assegurar a viabilidade econômico-financeira do sistema de saneamento. Todavia, essa forma de cálculo não pode ser adotada para proporcionar lucros arbitrários à custa dos consumidores. (FECOMÉRCIO RJ, 2008).
O artigo 30 da Lei 11.445/07 prevê cobrança pelo “custo mínimo necessário
para disponibilidade do serviço em quantidade e qualidade adequadas”.
O modelo de estrutura residencial mostrado na tabela 4 é o normalmente,
mais utilizado pelas empresas do setor. O exemplo é parte da estrutura tarifária
geral da SABESP.
71
Tabela 4 - Estrutura tarifária residencial Classe de Consumo
(M³/Mês)
Tarifas de água
(R$/M³)
Tarifas de esgoto
(R$/M³)
0 a 10 20,64 20,64
11 a 20 3,23 3,23
21 a 50 8,07 8,07
Acima de 50 8,89 8,89
Fonte: Parte da estrutura tarifária da SABESP (2005)
Informações do site da Sabesp sobre tarifas:
O valor cobrado é sempre progressivo. Existe um consumo mínimo padrão de 10 m3 ou 10 mil litros de água com um valor fixo. A partir daí, existem faixas de consumo variáveis. As categorias dividem-se em residencial, comercial, industrial e pública. Para cada uma delas existe uma tabela com os valores estabelecidos para o consumo de até 10 m3, de 11 a 20 m3, de 21 a 50 m3 e acima de 50 m3, exceto para as tarifas residencial social e residencial favelas que possuem 5 faixas de consumo, isto é, até 10 m3, de 11 a 20 m3, de 21 a 30 m3, 31 a 50 m3 e acima de 50 m3
Observa-se no exemplo apresentado, tabela 4, que o valor da tarifa de esgoto
equivalente a 100% do valor da tarifa de água.
Tradicionalmente as companhias adotam estruturas tarifárias que se
expressam nas tarifas de blocos ou intervalos de consumo, conforme modelo da
tabela 5 a seguir:
Tabela 5 - Modelo tarifário da ARES
Fonte: ARES PCJ, 2015.
O modelo tarifário apresentado na tabela 5 o tratamento de esgoto é cobrado
separado, difere da grande maioria as empresas que não cobram o tratamento de
72
esgoto separado da coleta e afastamento e sim o esgoto é cobrado de acordo com o
volume de água consumido, isto é, geralmente 100% do consumo da água.
Outra característica de uma estrutura tarifária (urbana), além do bloco de
consumo e da progressividade, é o fato de ser seccionada por tipo de consumidor,
relativamente por:
• Residencial normal (com piscina, sem piscina)
• Social (baixa renda, baixo valor de localização, tamanho do imóvel,
aposentados etc.)
• Comércio (normal, de pequeno porte, parte da residência, etc.)
• Indústria
• Pública
No exemplo apresentado na tabela 6 a seguir, mostra uma estrutura
seccionada.
Tabela 6 - Modelo de estrutura tarifária
Fonte: CEDAE (2015)
Na estrutura tarifária da CEDAE a tarifa mínima de consumo residencial é de
15 m³ não de 10 m³, como na maioria das empresas. O escalonamento do consumo
também difere do normalmente usado pelas empresas, estabelecido em até 10 m³,
de 11 a 20 m³, de 21 a 50 m³ e acima de 50 m³. E existem quatro categorias de
progressividade da tarifa de consumo, de 0 (zero) a 15 m³, de 16 a 30 m³, de 31 a 45
m³ e consumo acima de 60 m³ por habitação/mês.
Categoria de Usuários Consumo (M3/Mês) MultiplicadorTarifa 1 (A)
(R$)Tarifa 2 e 3 (A)
(R$)Domiciliar conta mínima 1,00 2,642921Domiciliar 0 -15 1,00 3,027730
16 - 30 2,20 6,66100631 - 45 3,00 9,08319046 - 60 6,00 18,166380> 60 8,00 24,221840
Comercial 0 - 20 3,40 10,29428221 -30 5,99 18,136102> 30 6,40 19,377472
Industrial 0 - 20 5,20 15,74419621 -30 5,46 16,531405> 30 6,39 19,347194
Pública 0 - 15 1,32 3,996603> 15 2,92 8,840971
Pública estadual 0 - 15 1,32 3,488655> 15 2,92 7,717329
73
Nesse exemplo apresentado, um consumidor que gasta até 15 m³ de água ao
mês paga o valor de R$ 45,42. Ademais, um cliente que consome 30 m³ por mês de
água paga o valor de R$ 145,33. Observa-se que o consumo de água dobrou e o
valor a pagar triplicou. Entre as empresas prestadoras de serviço de saneamento
prevalece que a tarifa de direcionamento do esgoto e tratamento é 100 % (cem por
cento do valor da tarifa da água). No exemplo apresentado o consumidor que gasta
R$ 45,42 de água e tem a disponibilidade da rede de esgoto paga R$ 90,84 (R$
45,42 de água + R$ 45,42 de esgoto)
Mello (2005, p. 501) afirma que os preços do saneamento básico variam por
classes de consumidores e faixas de consumo, numa intrincada malha de subsídios
cruzados. Assim, o preço por m³ de água fornecida é diferente, dependendo do uso
que vai ser dado, sem que haja qualquer razão para acreditar que o custo de
fornecimento de um m³ de água para o comércio seja muito diferente do
abastecimento deste mesmo m³ para uma residência ou repartição pública. Essa
discriminação de preços por classes de consumidores é feita por considerações de
equidade de conveniência política.
A política de preços do setor de saneamento é desvinculada dos custos de
atendimento, em muitas empresas. Por exemplo, o serviço de esgotamento
sanitário, com ou sem tratamento, é cobrado numa determinada proporção do preço
da água fornecida, normalmente 100%, sem considerar que o custo de coleta e
tratamento de um m³ de esgoto, que pode ser muito diferente do custo de produção
de um m³ de água potável. A prática de cobrar pelo esgotamento em função do
fornecimento de água tem sido justificada pelo fato de que o esgotamento sanitário
não é medido (MELLO, 2005, p. 501).
As empresas de saneamento básico geralmente fazem uso de estruturas
tarifárias na forma de faixa ou blocos de quantidade mensal de consumo de água,
com tarifas crescentes de acordo com o consumo medido por m³, valor maior para
as faixas de consumo maior, exceto por algumas poucas companhias que se
utilizam de outras metodologias tais como a tarifa única ou o serviço está incluso no
IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano (MELLO, 2005, p. 501).
Tarifa em blocos não é efetiva no que diz respeito à equidade por consumidor,
pois no sistema em bloco primeiramente tem a tarifa mínima, que é uma conta
mínima devida por economia, geralmente essa tarifa mínima é de 10m³ por mês,
aplicada na faixa de consumo mensal por economia entre 0 a 10m³ por mês. Como
74
a tarifa mínima é por economia (residência), há um tratamento diferenciado por
pessoa, como por exemplo, na comparação de uma residência com um morador
(pessoa) com uma casa com dois ou mais moradores (MELLO, 2005, p. 501).
Andrade e Lobão (1996, p. 3) ressalta que além de recomendar diferentes
médias tarifárias para consumidores residenciais, comerciais, industriais e públicos
as normas federais instituem diretrizes específicas para o setor de famílias, como:
•Tarifa social, conta mensal, incluindo o consumo de água e de esgoto
calculado sobre o consumo de água de famílias que consomem até 10m³.
•Progressividade nas tarifas. As tarifas cobradas por m³ aumentam à medida
que o consumo aumenta, de forma que: quem consome mais pague o preço maior
por m³, de maneira que o consumo de famílias pobres receba um subsídio cruzado
(ANDRADE; LOBÃO, 1996. p.3).
A capacidade de pagamento da população nem sempre é suficiente para
cobertura integral dos custos de exploração dos serviços. No país tem sido comum a
prática de subsídios, especialmente os cruzados, implícitos e explícitos, que primam
para que os usuários menos favorecidos se beneficiem de uma tarifa menor e em
contrapartida o consumidor que possua uma capacidade maior de pagamento
suporte um valor maior de tarifa, subsidiando, portanto as faixas de menor poder
aquisitivo.
Conforme Pereira Junior (2007, p 11), avaliar as políticas tarifárias praticadas
no quadro institucional dos serviços de água e esgotos no Brasil é um trabalho
bastante complexo, em decorrência da evolução das tarifas, isto por que:
• Cada empresa estadual tem uma política tarifária aplicada sobre os
Municípios em que opera, sem nenhuma vinculação com os demais
Municípios que prestam diretamente os serviços de saneamento ou
com os demais Estados; e
• Cada município que presta diretamente os serviços de abastecimento e
água e coleta e tratamento de esgoto tem sua própria política de
cobrança. Inclusive, há muitos Municípios aplicam taxas ao invés de
tarifa e há Municípios em que não há cobrança específica sobre este
serviço, por ser mantido com os recursos orçamentários da prefeitura;
• Em alguns municípios há divisão destas atividades, a prestação do
serviço de abastecimento de água é feita pela empresa estadual e o
75
serviço de coleta e tratamento de esgoto prestado diretamente pela
empresa municipal ou mediante concessão ou permissão a outras
empresas.
• Os custos de produção dos serviços podem ter grande variação de
Município para Município, em função da maior ou menor facilidade de
se obter água potável, do relevo da região, do solo mais ou menos
favorável à instalação de redes, a poluição dos mananciais entre
diversos outros fatores que afetam não somente a capitação de água,
mas também a distribuição e o tratamento do esgoto.
Pereira Junior (2007, p. 3) comenta que um dos aspectos relevantes do
saneamento básico está na própria competência dada aos Municípios pela Lei nº
11.445/2007 de estabelecer legislações próprias das condições de prestação desses
serviços e suas estruturas tarifárias ou formas de cobrança. Desta forma, coloca as
empresas prestadoras de serviço de saneamento mercê dos gestores e toda a
influência das políticas adotadas nos municípios em que atuam, mesmo que sob o
controle de um agente regulador.
No Brasil, até o início da década de 1970, as subvenções e os subsídios
públicos constituíam a principal fonte de financiamento dos investimentos em
infraestruturas e custeio dos serviços públicos de abastecimento de água e de
esgotamento sanitário. As tarifas cobradas dos usuários do serviço eram tratadas
como uma fonte secundária de recursos financeiros.
Na década de 1970, o Plano Nacional de Saneamento – PLANASA definiu o
modelo no qual o saneamento foi fundamentado basicamente com a preocupação
inicial da universalização do acesso aos serviços de abastecimento de água potável
a todas as camadas sociais, por meio da regulamentação tarifária coerente com o
poder aquisitivo da população (BRASIL, 1978, Art. 10).
As empresas do setor de saneamento definem suas estruturas tarifárias nos
moldes dos artigos 12 a 17 do Decreto Federal nº 82.587/1978:
Art. 12 - A estrutura tarifária deverá representar a distribuição de tarifas por faixas de consumo, com vistas à obtenção de uma tarifa média que possibilite o equilíbrio econômico-financeiro das companhias estaduais de saneamento básico, em condições eficientes de operação. Art.. 13 - Os usuários serão classificados nas seguintes categorias: residencial, comercial, industrial e pública. Parágrafo único - As categorias referidas no caput deste artigo poderão ser subdivididas em grupos, de acordo com suas características de demanda
76
e/ou consumo, sendo vedada, dentro de um mesmo grupo, a discriminação de usuários que tenham as mesmas condições de utilização dos serviços. Art.. 14 - As tarifas da categoria residencial serão diferenciadas para as diversas faixas de consumo, devendo, em função destas, ser progressivas em relação ao volume faturável. Art.. 15 - Os usuários das categorias comercial e industrial deverão ter duas tarifas específicas para cada categoria sendo uma referente ao volume mínimo e a outra ao excedente, em que a segunda será superior a primeira e esta maior do que a tarifa média. Art.. 16 - Os usuários da categoria pública deverão ter no máximo duas tarifas, sendo uma referente ao volume mínimo e a outra ao excedente, em que a segunda será maior do que a primeira e esta superior à residencial inicial. Art.. 17 - Para os grandes usuários comerciais e indústrias, bem como para os usuários temporários, poderão ser firmados contratos de prestação de serviços com preços e condições especiais. Parágrafo único - Os contratos de que trata este artigo serão admissíveis, em cada caso, desde que se possa estabelecer um preço que permita melhorar a situação econômico-financeira das companhias estaduais de saneamento básico (BRASIL, 1978).
O art. 46 da Lei nº 11.445/07 trata dos mecanismos tarifários de contingência
e assim define que (BRASIL, 2007):
Art. 46. Em situação crítica de escassez ou contaminação de recursos hídricos que obrigue à adoção de racionamento, declarada pela autoridade gestora de recursos hídricos, o ente regulador poderá adotar mecanismos tarifários de contingência, com objetivo de cobrir custos adicionais decorrentes, garantindo o equilíbrio financeiro da prestação do serviço e a gestão da demanda (BRASIL, 2007).
Entre os pontos importantes sobre tarifa estão a metodologia e critérios da
instituição e dos reajustes de tarifa de serviços públicos de saneamento básico. Sua
revisão produz reflexos em toda a sociedade. A elevação exagerada das tarifas
pode, de um lado, onerar injustamente os consumidores, por outro lado, uma
redução excessiva pode comprometer tanto a sustentabilidade econômica quanto a
qualidade dos serviços e reduzir a capacidade de investimento das empresas. O
artigo 37 da LNDSB observa intervalo mínimo de 12 meses, de acordo com as
normas legais, e o artigo 38 prevê revisões tarifárias que podem ser periódicas ou
extraordinárias (BRASIL, 2007). E assim, estão dispostos:
Art. 37. Os reajustes de tarifas de serviços públicos de saneamento básico serão realizados observando-se o intervalo mínimo de 12 (doze) meses, de acordo com as normas legais, regulamentares e contratuais. Art. 38. As revisões tarifárias compreenderão a reavaliação das condições da prestação dos serviços e das tarifas praticadas e poderão ser: - periódicas, objetivando a distribuição dos ganhos de produtividade com os usuários e a reavaliação das condições de mercado; - extraordinárias, quando se verificar a ocorrência de fatos não previstos no
77
contrato, fora do controle do prestador dos serviços, que alterem o seu equilíbrio econômico-financeiro. § 1o As revisões tarifárias terão suas pautas definidas pelas respectivas entidades reguladoras, ouvidos os titulares, os usuários e os prestadores dos serviços. § 2o Poderão ser estabelecidos mecanismos tarifários de indução à eficiência, inclusive fatores de produtividade, assim como de antecipação de metas de expansão e qualidade dos serviços. § 3o Os fatores de produtividade poderão ser definidos com base em indicadores de outras empresas do setor (BRASIL, 2007).
O quadro 8 trata de expor de uma forma sintetizada o mecanismo de reajuste
das tarifas aplicadas ao setor de saneamento básico.
Quadro 7 - Mecanismos de reajuste e atualização tarifária. Tipo Características
Reajuste
Tarifário Anual
-Consiste na atualização do valor das tarifas frente à inflação.
-Decorre de previsão contratual.
-Realiza-se observando o intervalo mínimo de 12 meses.
-Visa corrigir as perdas do valor da tarifa decorrentes do processo inflacionário.
-Aprovada pela entidade reguladora.
Revisão tarifária
visa
-Estabelecer o nível de receita tarifaria para cobrir os gastos eficientes e
investimentos prudentes.
-Garantir o equilíbrio econômico-financeiro da prestação de serviço.
-Modicidade tarifária.
-Reavaliação das condições da prestação dos serviços e das tarifas
praticadas.
-Aprovada pela entidade reguladora.
-Repassar aos usuários custos e encargos tributários não previstos e não
administrado pelo prestador.
-Mecanismo tarifário de indução à eficiência, fatores de produtividade como de
antecipação de metas de expansão e qualidade dos serviços.
Revisão tarifária
periódica
-Nos contratos de concessão, geralmente é aplicada a cada 4 anos.
-Objetiva a distribuição dos ganhos de produtividade com os usuários.
-Objetiva reavaliação das condições de mercado.
-Reajuste Extraordinário.
-Na ocorrência de fatos não previstos no contrato e fora de controle do
prestador do serviço.
-Fatos que alterem o equilíbrio financeiro do prestador, tais como: queda na
receita, elevação do custo.
-Visa garantir o equilíbrio econômico- financeiro das empresas.
Fonte dos dados: Lei nº 11.445/2007 – elaborado pela autora.
78
Para a tarifa de saneamento é concebida para remuneração dos custos de
exploração da atividade, acrescida de um percentual de remuneração sobre o capital
investido que garanta o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, a expansão, a
manutenção e a perpetuação das atividades (universalização) deve obedecer ao
princípio da modicidade tarifária, tornando-se compatível com a renda dos usuários,
especialmente os de baixa renda (BRASIL, 2007).
2.2.2.7 Sistemas tarifários em outros países
Na maioria dos países da Organization for Economic Co-operation and
Development - OCDE tanto o setor público como do privado participam no
abastecimento de água e esgotamento sanitário. Na França e na Inglaterra
prevalece a atividade privada no abastecimento de água. Nos Estados Unidos,
Alemanha, Escócia e Irlanda, o setor público que predomina, mas com tendência de
aumento da participação do setor privado que nem sempre possui infraestrutura
para a prestação do serviço. No entanto a possibilidade da alternativa da
participação do setor privado pode motivar um melhor desempenho dos serviços
públicos (OCDE 2009, p. 306).
A seguir alguns dos modelos regulatórios utilizados nos países da OCDE:
2.2.2.7.1 Modelo francês
O sistema tarifário na França é baseado no sistema da “água tem que se
pagar”; o subsídio não deve ser a principal fonte de financiamento do fornecimento
da água (SMETS, 2007, p. 4).
Em geral, as tarifas de água consistem em uma faixa anual e uma carga
volumétrica, ou seja, alguns Euros por metro cúbico. Somente na minoria dos
municípios não há taxa fixa para o fornecimento de água (por exemplo, em
Marselha) e um pequeno número de municípios usam tarifas progressivas (por
exemplo, Bordeaux) (SMETS, 2007).
Segundo Smets (2007), foi introduzida na França a tarifa social (preço
reduzido para os pobres) para eletricidade, gás, telefone e transporte; no entanto o
fornecimento da água ficou fora dessa sistemática. Os municípios não têm
79
permissão para recolher uma parte da água para financiar um fundo de
solidariedade da água.
Na França, os serviços de água e esgoto são prestados por empresas
municipais. O desenvolvimento de recursos hídricos e investimentos na qualidade da
água são subsidiados desde a captação ao esgotamento e tratamento sanitário, que
são administrados pela autoridade hídrica. Não há nenhuma autoridade reguladora
de água e saneamento (apenas um escritório de auditoria). E as empresas privadas
negociam inteiramente em nível municipal.
O sistema na França não assegura a total transparência de contas, tornando-
se, por vezes, difícil de separar as atividades de água, retornos relacionados com a
tarifa de água de outras atividades, especialmente onde a empresa ou município
estão envolvidos na administração de multiutilidade (SMETS, 2007).
2.2.2.7.2 Modelo alemão
O fornecimento de água e coleta de esgoto é de responsabilidade de
companhias municipais, maioria destas de controle público (estatais). Todavia, a
cadeia do serviço é segregada entre companhias, não mantendo o controle total em
apenas uma companhia. A Alemanha não possui reguladores federais, ao invés
destas, seis associações industriais trabalham para manter o padrão do serviço. As
tarifas são negociadas com base na recuperação dos custos totais, incluindo os
investimentos em capital. Estes investimentos são financiados principalmente
através do endividamento, por meio de bancos de desenvolvimento ou emissão de
bônus municipal (NOLDE, 2009 p. 7).
2.2.2.7.3 Modelo norte americano
Muitos dos serviços de água e esgoto são fornecidos por companhias
municipais. Os investimentos são financiados principalmente através de bônus
municipal. Muitas das infraestruturas de água e esgoto recebem subsídio do governo
federal, consequentemente o modelo não requer a recuperabilidade dos custos
totais. A regulação das tarifas é supervisionada por comissões estaduais de utilidade
pública
80
2.2.2.7.4 Modelo britânico
O modelo britânico para os serviços de água e esgoto é majoritariamente
privado. Todavia, estas companhias privadas são altamente reguladas pelo governo
e por agências reguladoras em nível nacional. Os preços são determinados e
revisados a cada 5 anos através do Periodic Review Process (PR), considerando o
foco na recuperabilidade dos investimentos feitos pelas companhias.
2.2.2.7.5 Panorama do saneamento básico no Brasil
Os dados de 2014 do SNIS (Sistema Nacional de Informação de
Saneamento) mostram que 93,2% da população urbana do Brasil é servida pelo
serviço público de abastecimento de água e 57,6% com sistema público de coleta de
esgoto sanitário. Dos esgotos sanitários gerados, somente 40,8% passam por algum
tratamento antes do descarte. Isto significa que mais da metade dos esgotos
sanitários são dispostos na natureza sem nenhum tratamento. Os esgotos
coletados, por sua vez, representam 70,9% de tratamento, conforme apresenta na
tabela 7 (SNIS, 2014).
Tabela 7 - Atendimento de água e esgoto em 2014, por região
Região Índice de atendimento com rede (%) Índice de tratamento dos esgotos (%)
Água Coleta de esgotos Esgotos gerados Esgotos coletados
Total Urbano Total Urbano Total Total
Norte 54,5 67,8 7,9 9,9 14,4 78,2
Nordeste 72,9 89,5 23,8 31,1 31,4 78,5
Sudeste 91,7 96,8 78,3 83,3 45,7 65,4
Sul 88,2 97,3 38,1 44,4 36,9 84,1
Centro-Oeste 88,9 96,7 46,9 51,7 46,4 91,1
Brasil 83 93,2 49,8 57,6 40,8 70,9
Fonte: SNIS 2014, p. 24
Os números apresentados tiveram como base os dados dos municípios
participantes do SNIS (Sistema Nacional de Informação de Saneamento) e para o
cálculo do índice de tratamento dos esgotos gerados estimou-se o volume de esgoto
gerado como sendo igual ao volume de água consumido.
81
Em análise aos dados da tabela 7, verifica-se que o saneamento básico no
Brasil tem atendimento heterogêneo do ponto de vista das regiões. O índice médio
de atendimento de fornecimento de água tratada nas regiões urbanas do país em
2014 é de 93,2%, no entanto, na região Norte este índice atinge cerca 70%, isto é
67,8%. No entanto, nas regiões Sudeste, Sul e Centro Oeste o indicador é superior a
95%, sendo 96,8, 97,3 e 96,7%. Estas regiões estão praticamente no mesmo nível
de abastecimento de água dos países desenvolvidos.
No entanto, no serviço de coleta de esgoto a situação do atendimento é muito
diferente entre as regiões. Na região Sudeste, por exemplo, o serviço de coleta do
esgoto urbano atinge cerca de 80% ao passo que na região Norte, este serviço de
coleta fica abaixo de 10%.
Oliveira e Scazufca (2012, p. 14) destacam a condição do mau desempenho
do serviço de coleta e tratamento do esgoto no Brasil em perspectiva comparada
com alguns países desenvolvidos, com dados de 2007.
A tabela 8 faz o comparativo do nível de atendimento do saneamento básico
em 2007, de alguns países selecionados.
Tabela 8 - Atendimento de Saneamento - países selecionados.
Países
selecionados Água Coleta Tratamento
Alemanha 100% 100% 99%
Brasil 93% 48% 32%
França 99% 95% 80%
Itália 98% 90% 85%
Portugal 97% 95% 85%
Fonte: SNIS (2007); Oliveira e Scazufca (2009, p. 14).
Segundo Oliveira e Scazufca (2012, p. 14), investimentos em saneamento
são importantes, pois geram elevadas externalidades positivas, especialmente em
termos de saúde pública, meio ambiente, no desenvolvimento econômico local e
integração regional. Estima-se que cada R$ 1,00 gasto com saneamento gere uma
economia de gastos públicos na ordem de R$ 4,00 (Funasa 2003), principalmente
na área da saúde.
De acordo com artigo publicado ASCE - American Society of Civil Engineers,
em 02/05/2016, José Eduardo Cavalcanti, engenheiro químico associado ao Instituto
82
de Engenharia, afirma que o serviço básico representado pelo abastecimento de
água e coleta e tratamento de esgotos tem tido o pior desempenho dentre as obras
de infraestrutura patrocinadas pelos governos das esferas federal, estadual e
municipal.
Segundo ele:
O Governo federal divulgou em 16 de março do corrente que, em
2014, menos de 60% das populações urbanas eram atendidas por rede
de coleta de esgotos. O ministério das Cidades admite que o Brasil
dificilmente será capaz de cumprir as metas do Plano Nacional de
Saneamento Básico (PLANSAB) que é universalizar os serviços de
abastecimento de água até o ano de 2023 e prover 93% da população
de rede de esgotos até 2035. O próprio Secretário Nacional de
Saneamento, Paulo Ferreira, revelou que há muitas obras em atraso e
que existem problemas de gestão nos projetos dos estados (ASCE,
2016).
Ressalta que, problema do baixo atendimento da população com a captação
do esgoto tem trazido consequências graves na saúde pública preventiva. Além das
conhecidas doenças de veiculação hídrica que atingem parte substancial da
população que lotam as redes públicas hospitalares, emergem outros riscos de
doenças como dengue, zika e chikungunya diretamente relacionadas com a
precariedade do saneamento básico (ASCE, 2016, art. 02/05/2016).
A política de saneamento básico no país traz resultados muito desiguais,
principalmente no esgotamento sanitário. Dados coletados no SNIS (2013) apontam
que existem cidades brasileiras onde não existe tratamento de esgoto e outras
cidades com um índice superior a 86%, meta de universalização do serviço de
saneamento, em especial o de coleta e tratamento de esgoto.
O levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil publicado no Estadão em
16/03/2016, revela que no país metade da população ainda não tem esgoto coletado
em suas casas e cerca de 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada.
Revela também, que metade dos R$ 12,2 bilhões investidos em saneamento no
país, em 2014, ficou concentrada nas cem maiores cidades brasileira.
Este mesmo estudo mostra que 64% das cidades analisadas investem menos
de 30% do que arrecadam com a tarifa de água e esgoto cobrada dos consumidores
no próprio sistema.
“O avanço, além de lento, é desproporcional. Só as 20 melhores no ranking
do saneamento investem, por habitante, duas vezes e meia a mais do que as 20
83
piores", afirma o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos
(TRATA BRASIL, 2016 – notícia).
Fabre (2010, p. 33) cita que a gestão dos recursos hídricos no Brasil foi
dividida em duas fases, a primeira entre os anos de 1934 a 1988, período no
qual o Decreto nº 24.643/34, conhecido como Código das águas era vigente. A
segunda fase iniciou-se com a Constituição Federal que propiciou outros marcos
legais tais como: a Lei nº 9.433/97 (Lei das Águas), a Lei 9.984/2000 (Lei da
ANA) e a Lei nº 11.445/2007 (Lei do Saneamento Básico) e as demais normas
legais do setor.
O quadro 8 mostra os principais avanços no setor de saneamento básico no
Brasil entre 2001 e 2014.
Quadro 8 - Principais avanços do saneamento básico no Brasil 2001 2003 2005 2007 2008 2010 2011 2012 2013 2014
Aprovação PLANSAB
Consulta PLANSAB
Proposta PLANSAB
Lançamento do PAC 2
Decreto 7.217/10
Lei 12.305/10 e Decreto 7.404/10 - Resíduos Sólidos
Pacto pelo Saneamento
Lançamento do PAC 1
Lei 11.445/07
Lei de Consórcio Público - Lei 11.107/05
Criação do Ministério das Cidades / 1 Conferência Nacional das Cidades
Estatuto da Cidade = Lei 10.10257/01 Fonte: elaborado pela autora, 2016.
A prestação dos serviços de água e esgotamento sanitário no Brasil, ao
longo do último século, apresentou diferentes características acompanhando as
transformações políticas, econômicas e sociais do país.
2.3 ELEMENTOS CONTÁBEIS
O objetivo principal deste estudo consiste em medir a variação da receita e o
incremento dos custos da água nas empresas brasileiras de saneamento por meio
84
de análise dos relatórios que refletem o desempenho econômico-financeiro de
empresas do setor em períodos de escassez hídrica.
Esta seção aborda de forma resumida alguns elementos e teorias contábeis
intrinsecamente relacionadas à metodologia de contabilização das receitas, dos
custos e das despesas na prestação de serviços.
Fabre et al. (2011, p. 8) destaca a relevância das diversas áreas da
Contabilidade envolvidas na gestão do recurso “água”. E assim, comenta:
O registro contábil das movimentações patrimoniais ligadas à água somente é possível se for mensurado, isto é, se for atribuído valor econômico aos eventos. Para realizar esse procedimento, várias áreas da contabilidade podem ser envolvidas, como a contabilidade de custos, a ambiental, a controladoria, a financeira, a pública, a auditoria e a fiscal; além de todas as teorias contábeis que envolvem essa ciência . Através de suas técnicas, a ciência contábil pode controlar, coletar, classificar e registrar os dados operacionais de atividades das entidades, denominados de dados internos, bem como, algumas vezes, pode controlar, coletar e organizar dados externos, que tanto podem ser monetários quanto físicos (FABRE et al. ,2011, p. 8).
A contabilidade regulamentar com visão em relação à contabilidade gerencial,
aliada aos sistemas informatizados, oferece importante contribuição para as
tomadas de decisões e na elaboração de futuros planejamento estratégicos das
Companhias (AESBE, 2009).
Segundo AESB (2009), os órgãos reguladores do setor de saneamento
básico utilizam-se das informações geradas pela Contabilidade no monitoramento do
desempenho das empresas do setor.
O uso de sua aplicação frente aos entes reguladores, em linhas gerais, tem o
papel de:
• Monitorar o desempenho real em comparação com as suposições adotadas para o estabelecimento e controle de tarifas.
• Obter informações para futuros controles tarifários, para a tomada de decisões relativas à regulamentação ou outras decisões que requeiram informações contábeis como, por exemplo, a fixação de remunerações.
• Monitorar o desempenho por meio de análises comparativas. Analisar a situação financeira da empresa submetida à regulamentação.
• Melhorar a transparência de processo regulamentar (AESBE, 2009).
85
Os órgãos reguladores também se utilizam dos relatórios gerados pela
contabilidade, além de outras informações, para adequarem as tarifas das empresas
do setor.
Para Marion (2007, p.26 e 28), a contabilidade é “o grande instrumento que
auxilia a administração a tomar decisões”. Conforme a estrutura conceitual básica da
Contabilidade, seu objetivo principal é o de permitir a cada grupo principal de
usuários a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido
estático, bem como fazer interferências sobre suas tendências futuras.
O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a
posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição
financeira da entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários em suas
avaliações e nas tomadas de decisão econômica. Além de apresentarem os
resultados da atuação da administração na gestão da entidade e sua capacitação na
prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram confiados, atendem as
necessidades comuns da maioria dos usuários, entretanto, não fornecem todas as
informações que possam necessitar. Elas retratam os efeitos financeiros com base
nos acontecimentos passados e não incluem informações não financeiras (MARION
2012, p.159).
No quadro 9, Borinelli e Pimentel (2010, p. 68) enumera um rol de decisões
tomadas pelos diversos usuários.
Quadro 9 – Usuários da Contabilidade e suas decisões Usuários Decisões
Investidores e
demais usuários
Avaliar a administração quanto à gestão dos recursos que lhe foram
confiados, à qualidade de seu desempenho e prestação de contas. Na
tomada de decisão dos investidores quando comprar, manter ou vender
um investimento em ações.
Empregados Avaliar a capacidade da entidade de pagar seus empregados e
proporcionar-lhes outros benefícios.
Credores Avaliar a segurança quanto à capacidade de pagamento da empresa.
Proprietários e
administração
Determinar políticas de investimentos, distribuição de lucros e
dividendos.
Governo Estabelecer políticas tributárias, monetárias, dentre outras.
Órgãos reguladores Regulamentar as atividades das entidades.
Fonte: Borinelli e Pimentel (2010, p. 68)
86
Borinelli e Pimentel (2010, p. 67) acrescenta que o objetivo das
demonstrações contábeis é fornecer informações de uma entidade e devem
contemplar pelo menos:
•a posição patrimonial e financeira atual; •o desempenho, ou seja, o resultado econômico de determinado período; •as mudanças no fluxo financeiro de determinado período; •as mutações ocorridas nas diversas contas que compõem o patrimônio; •os resultado da atuação da administração na gestão da entidade e; •a capacitação da administração na prestação de contas dos recursos que lhe foram confiados (BORINELLI; PIMENTEL, 2010, p. 67).
No mesmo sentido, Assaf Neto e Lima (2014, p. 204) elucidam que:
Demonstrações Contábeis (ou financeiras) equivalem a um conjunto de informações apuradas e divulgadas pelas empresas, revelando os vários resultados de seu desempenho em um exercício social. Através das demonstrações, é possível obter conclusões sobre a efetiva situação da empresa (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 204)
Diante da exposição dos objetivos dos relatórios contábeis, é útil ressaltar o
fato deles não fornecerem todas as informações que os usuários possam necessitar.
Por relatarem especificamente os efeitos financeiros de acontecimentos passados
não incluem necessariamente todas as informações não financeiras que podem ser
relevantes em uma análise. Os elementos contábeis se inter-relacionam, refletem
diferentes aspectos das mesmas transações ou eventos. “Nenhuma demonstração
contábil é útil se analisada separadamente” (BORINELLI; PIMENTEL, 2010, p.68).
As sociedades por ações, além de elaborar as demonstrações contábeis são
obrigadas a publicá-las. Assim, Assaf Neto e Lima (2014, p.104), afirmam:
As sociedades por ações são obrigadas a elaborar e publicar as seguintes demonstrações: •Balanço Patrimonial - BP; •Demonstração das Mutações Patrimoniais - DMP; •Demonstração do Resultado do Exercício - DRE; •Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC; •Demonstração do Valor Adicionado - DVA (para as companhias abertas), (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 204)
Com a introdução da Lei nº 11.638, de dezembro de 2007 os balanços das
companhias brasileiras seguem os padrões internacionais, conhecidos pela sigla
IFRS (International Financial Reporting Standard) que constituiu um conjunto de
pronunciamentos de contabilidade com o objetivo de padronizar as demonstrações
87
contábeis elaboradas pelas companhias abertas da Europa (ASSAF NETO; LIMA,
2014, p. 205).
Segundo Santos e Veiga (2014, p. 28) “o balanço patrimonial é um
demonstrativo contábil que possibilita acompanhamento e melhor entendimento da
situação econômica e financeira das entidades”. Ele é um dos componentes das
demonstrações contábeis que demonstra a situação patrimonial e financeira em uma
determinada data.
Para facilitar a interpretação e análise do Balanço, existe uma preocupação
constante em estabelecer uma adequada distribuição de contas em grupos
homogêneos (MARION, 2012, p. 62).
O Balanço Patrimonial divide-se em grupos de contas de mesmas
características:
a) o Ativo, composto pelos bens e direitos das entidades dos quais se
esperam benefícios econômicos futuros, sendo representado em ordem decrescente
de liquidez e de forma gráfica onde foram aplicados e são controlados, possibilitando
a visualização dos recursos financeiros e econômicos;
b) Passivo, representa as obrigações a pagar, “obrigação presente da
entidade derivadas de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera resulte em
saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos” definição dada por
Santos e Veiga apud CFC 1285 (2014. p. 45) e é representado em ordem
decrescente de exigibilidade e;
c) o Patrimônio líquido, valor contábil que pertence aos sócios, é representado
pela diferença entre o ativo e passivo. De acordo com a Lei nº 6.404/76 e alterações,
o patrimônio líquido tem as seguintes divisões: capital social, reservas de capital,
ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações da tesouraria e prejuízo
acumulado (SANTOS; VEIGA, 2014, p. 49-50).
Patrimônio Líquido = Ativo (-) Passivo
O quadro 10 mostra a estrutura do Balanço Patrimonial segundo as Leis nº
11.638/2007 e 11.941/2009 e informações sobre cada grupo de contas.
88
Quadro 9 - Estrutura do Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO + PATRIMONIO LÍQUIDO
Ativo Circulante
São contas de maior liquidez que estão
constantemente em giro, ou seja, em
movimento dentro do ciclo operacional e/ ou
até o final do exercício subsequente.
Disponíveis - Composto do caixa (dinheiro em
espécie), bancos (contas movimento e
depósitos à vista) e equivalentes de caixa e
aplicações financeiras.
Bens e direito de curto prazo - Consistem nos
direitos realizáveis até o final do ano seguinte,
tais como os investimentos temporários,
duplicatas a receber, estoques, etc.
Despesas pagas antecipadamente -
Constituem o desembolso de recursos que
podem afetar diversos períodos contábeis.
Ativo Não Circulante
- Realizável em Longo Prazo - São bens e
direitos que se transformarão em dinheiro após
um ano do levantamento do Balanço.
- Investimentos - São as inversões financeiras
de caráter permanente que geram rendimento
de não são necessárias à manutenção da
atividade fundamental da empresa.
- Imobilizado - São itens corpóreos de
natureza permanente que são utilizados para a
manutenção da atividade básica da empresa.
- Intangíveis - São os itens não corpóreos
destinados à manutenção da atividade básica
da empresa.
Passivo Circulante
São as obrigações, ou seja, as exigibilidades que
terão sua liquidação prevista para, no máximo
até o final do exercício subsequente.
Passivo Não Circulante
São as obrigações exigíveis após o exercício
social seguinte e que não enquadrem nas
definições de passivo circulante.
Patrimônio Líquido
São os recursos dos proprietários aplicados na
empresa. Os recursos significam o capital mais
seu rendimento.
- Capital Social - Valores recebidos pela
empresa, dos sócios ou por ela gerados que
foram incorporados ao capital.
- Reservas de Capital - Valores recebidos que
não transitaram pelo resultado, tais como ágio na
emissão de ações, reserva especial de ágio na
incorporação, alienação de partes beneficiárias e
de bônus de subscrição.
- Ajustes de Equivalência Patrimonial
Resultados de avaliação de elementos do ativo
- Reservas de Lucros - Lucros obtidos pela
empresa e retidos com finalidade específica.
- Ações em Tesouraria - Ações da companhia
que são adquiridas pela própria sociedade.
- Prejuízos Acumulados - Resultados negativos
gerados pela entidade à espera de absorção
futura.
Total do Ativo Total do Passivo + Patrimônio Líquido
Fonte: Santos e Veiga (2014, p. 33) e Marion (2012, p. 84).
O resultado do período contábil, isto é o resultado do exercício, é apurado
separadamente do balanço patrimonial no grupo de contas da Demonstração do
Resultado do Exercício.
89
2.3.1 Demonstração do Resultado do Exercício
Esta pesquisa busca verificar o resultado bruto das empresas amostra, sendo
assim é útil o entendimento da estrutura da Demonstração de Resultado do
Exercício (DRE) das empresas amostras.
A DRE faz parte dos relatórios contábeis e destina a formação do resultado
líquido do exercício, segundo Santos e Veiga (2014, p. 59):
A DRE se destina a evidenciar a formação de resultado líquido do exercício, normalmente com a apuração de lucro, por meio de demonstração vertical, confrontando as receitas, custos e despesas apuradas, obedecendo sempre o regime de competência. Todas as operações com receitas e despesas devem ser registradas na contabilidade e refletem na demonstração de resultado de exercício. (SANTOS; VEIGA, 2014, p. 59).
As contas de receitas, de custos e de despesas na DRE, são reconhecidas
como contas de resultados. No final de cada período contábil, são encerradas
iniciando-se com o saldo zero no próximo período. Os saldos destas contas não se
acumulam um ano para o outro, logo, os períodos são totalmente independentes. A
DRE representa de forma resumida as operações realizadas pela empresa durante o
exercício social. Em síntese, demonstra o resultado de um período, através do
confronto das receitas, dos custos e das despesas. Seu resultado ao final de cada
período é refletido no patrimônio líquido (SANTOS; VEIGA, 2014, p. 59-60).
Assim, Santos e Veiga (2014, p. 60) define a DRE:
A DRE é uma demonstração que representa de forma resumida as operações realizadas pela empresa durante o exercício social, para destacar o resultado do período. No período seguinte, é apurada novamente, e as despesas e receitas não se acumulam de um exercício para outro.
O quadro 10 apresenta a estrutura da DRE padronizada, de acordo com os
balanços patrimoniais publicados na CVM:
90
Quadro 10 - Estrutura de DRE padronizada de acordo com a CVM
Fonte: CMV (2015)
A receita operacional e o custo operacional são os itens contábeis
fundamentais de análise desta pesquisa. Estão diretamente relacionados ao aspecto
quantitativo e qualitativo da prestação do serviço de abastecimento de água.
2.3.2 Receitas
“Entende-se por receita a entrada de elementos para o ativo, sob a forma de
dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normalmente, à venda de
01/01/2014à
31/12/2014 3.01 Receita de Venda de Bens e/ou Serviços - 3.02 Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos - 3.03 Resultado Bruto - 3.04 Despesas/Receitas Operacionais - 3.04.01 Despesas com Vendas - 3.04.02 Despesas Gerais e Administrativas - 3.04.03 Perdas pela Não Recuperabilidade de Ativos - 3.04.04 Outras Receitas Operacionais - 3.04.05 Outras Despesas Operacionais - 3.04.05.01 Provisão para Contingencias - 3.04.05.02 Plano de Aposentadoria e Assistência Médica - 3.04.05.03 Programa de Participação nos Resultados - 3.04.05.04 Outras Despesas Operacionais - 3.04.06 Resultado de Equivalência Patrimonial - 3.05 Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos - 3.06 Resultado Financeiro - 3.06.01 Receitas Financeiras - 3.06.02 Despesas Financeiras - 3.07 Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro - 3.08 Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro - 3.08.01 Corrente - 3.08.02 Diferido - 3.09 Resultado Líquido das Operações Continuadas - 3.10 Resultado Líquido de Operações Descontinuadas - 3.10.01 Lucro/Prejuízo Líquido das Operações Descontinuadas - 3.10.02 Ganhos/Perdas Líquidas sobre Ativos de Operações Descontinuadas - 3.11 Lucro/Prejuízo do Período - 3.99 Lucro por Ação - (Reais / Ação) - 3.99.01 Lucro Básico por Ação - 3.99.01.01 PN - 3.99.01.02 ON - 3.99.02 Lucro Diluído por Ação - 3.99.02.01 PN - 3.99.02.02 ON -
Conta Descrição
91
mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços” [...] (IUDÍCIBUS, 2010, p.
149).
Iudícibus (2010, p. 152) afirma que “receita é a expressão monetária conferida
pelo mercado à produção de bens e serviços da entidade, em sentido amplo, em
determinado período”.
Em uma conceituação mais adequada, o autor contempla:
Receita é a expressão monetária, validada pelo mercado, do agregado de bens e serviços da entidade, em sentido amplo (em determinado período de tempo), e que provoca um acréscimo concomitante no ativo e no patrimônio líquido, considerado separadamente da diminuição do ativo ( ou do acréscimo do passivo) e do patrimônio liquido provocados pelo esforço de produzir tal receita (IUDÍCIBUS, 2010, p. 152).
Para Iudícibus (2010, p. 151) a receita operacional deveria advir dos produtos
principais, coprodutos, ou serviços da atividade principal da empresa. “Somente os
produtos e serviços que constituem a finalidade fundamental da empresa deveriam
ser incluídos nesta categoria de receita operacional”.
Menciona que uma boa mensuração da receita exige que se determine o
valor da troca do produto ou serviço prestado pela empresa. Define que valor de
troca é o valor atual dos fluxos de dinheiro que serão recebidos derivados de uma
transação que produza receita.
2.3.3 Custos
Custo é todo gasto relativo a bens e serviços utilizado na produção para a
fabricação de um produto ou execução de um serviço. Por exemplo, a energia
elétrica que é um gasto no ato de sua aquisição e passa imediatamente a ser custo
(por sua utilização). Ela passa a fazer parte do valor do custo do produto com ela
elaborado (MARTINS, 2010, p. 25).
Todo produto vendido ou serviço ou utilidade transferido provocam despesas
que se costuma chamar de custo dos produtos vendidos, assim aparece na
Demonstração de Resultado. O custo dos produtos vendidos é a somatória dos itens
de despesas que compuseram o custo de fabricação de produtos hora vendidos
(MARTINS, 2010, p. 26).
92
Nas empresas de saneamento, “contabilmente, o valor do custo do m3 de
água tratada é igual para todas as categorias de consumidores, apesar de ser
repassado de forma diferenciada ao consumidor, em razão da capacidade de
pagamento e da destinação da água” (FABRE, 2010, p. 46).
Algumas nomenclaturas e conceitos relacionados a custos que se confundem.
Entre elas estão os gastos, os desembolsos, os investimentos e as despesas, assim
definidos por Martins (2010, p. 27):
• Gasto - geração de um sacrifício financeiro. Entrega ou promessa de
entrega de ativos, normalmente dinheiro, para a entidade (desembolso)
na compra de um produto ou serviço.
• Desembolso - pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço.
Ele pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade
comprada, sendo defasada ou não do momento do gasto.
• Investimento - sacrifícios havidos na aquisição de bens ou serviços
(gastos) ativados em função de sua vida útil ou benefícios atribuíveis a
futuro (s) período (s) ou são estocados no ativo da empresa para baixa
ou amortização quando da sua venda, de seu consumo, de seu
desaparecimento ou de sua desvalorização.
• Despesa - bem ou serviço, consumido direta ou indiretamente para a
obtenção de receitas. “As despesas são itens que reduzem o
Patrimônio Líquido e que têm essa característica de representar
sacrifícios no processo de obtenção de receitas” (MARTINS 2010, p.
25 e 26).
Custo são os gastos relativos ao consumo na produção e os gastos que se
destinam as fases de administração, esforço de vendas e financiamentos são
chamados de despesas (MARTINS, 2010, p. 27).
2.3.4 Aspectos contábeis do setor de saneamento básico
O saneamento em seu seguimento é diretamente vinculado à administração
pública e traz diferencial em seus elementos e fatores a serem considerados sob os
aspectos contábeis e de gestão.
As atividades cujos serviços tanto podem ser prestados pela administração
direta, quanto pela indireta, como é o saneamento, os elementos e fatores a serem
93
considerados na estruturação do sistema contábil e orçamentário estão no sistema e
regime contábil (contabilidade pública ou privada); a estrutura do plano de conta de
acordo com o escopo dos serviços e a forma como é prestado (direta ou delegada) e
as normas de regulação, diretrizes orçamentárias, e outras.
De fato o serviço de saneamento tanto pode e ser prestado por empresas de
gestão pública como de iniciativa privada.
A contabilidade aplicada às empresas públicas difere da contabilidade
aplicada às empresas privadas, na sua estrutura e forma de contabilização.
Uma das diferenças refere-se ao regime contábil, que se define pelo momento
em que os resultados das transações são reconhecidos, que pode ser Regime de Caixa ou
Regime de Competência (FUNASA, 2014, p.64).
A contabilidade privada brasileira adota o regime de competência para os efeitos
fiscais e econômicos, o que significa que todas as receitas e despesas devem ser
reconhecidas quando da ocorrência do fato gerador, independente de seu pagamento
ou recebimento da receita. No entanto, a contabilidade pública adota o que se
entende como Regime Misto, ou seja, Regime de Caixa para as receitas e Regime de
Competência para as despesas, isto é, pertencem ao exercício as receitas
efetivamente nele recebidas (FUNASA, 2014, p. 64).
Outra particularidade da contabilidade publica está o fato de que além dos
registros de receitas e despesas, das transações patrimoniais ativas e passivas,
demonstração de resultados e variações, deve se realizar o balanço orçamentário,
definido pela Lei nº 4.320/64, isto é: demonstrar as receitas e despesas previstas
em confronto com as realizadas e confrontar a previsão das receitas com a
realização das despesas (FUNASA, 2014, p. 64).
Cada sistema e regime contábil têm particularidades estruturais e normativas
próprias, sendo assim:
• A contabilidade privada é regida por normas regulamentares e observa padrões técnicos uniformes aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade e se aplica a todas as entidades privadas. Os Princípios Fundamentais de Contabilidade, no Brasil, foram estabelecidos pela Resolução CFC n.º 750/93 e seu apêndice – Resolução CFC nº 774/94 (FUNASA, 2014, p. 64) e;
• A contabilidade pública tem características e requisitos particulares não adotadas na contabilidade privada. Essas particularidades e demais aspectos da contabilidade pública são definidas e regidas pelas normas gerais de finanças públicas estabelecidas pela Lei 4320, de 17 de março de 1964, e contempla todos os atos e fatos da gestão
94
orçamentária, patrimonial e financeira das entidades públicas (FUNASA, 2014 p. 60).
Os resultados gerais do exercício na contabilidade pública são demonstrados
no (FUNASA, 2014, p. 60) nos:
Balanço Orçamentário (BO);
Balanço Financeiro (BF),
Balanço Patrimonial (BP);
Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP);
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e na;
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).
Na contabilidade de empresas do setor privado vale destacar que não há
exigência legal de elaboração do balanço orçamentário. Os resultados são
demonstrados no:
• Balanço Patrimonial (BP);
• Demonstração das Mutações Patrimoniais (DMPL),
• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
E para as para as companhias abertas, além das demonstrações acima
relacionadas há a exigência da “Demonstração do Valor Adicionado (DVA)”.
95
3. METODOLOGIA
Neste item são abordados os procedimentos metodológicos de pesquisa
adotados neste trabalho. Tais procedimentos visam direcionar a resposta da questão
do problema e atingir o objetivo proposto em mensurar os reflexos econômicos e
financeiros da crise hídrica nas empresas brasileiras de saneamento básico.
Em vista do contexto e dos objetivos estabelecidos, as metodologias
adotadas foram de análise comparativa, quantitativa e qualitativa. Por meio da
análise comparativa estabeleceu-se correlação entre os dados coletados e outras
variáveis alusivas ao objeto em estudo, sem o compromisso de explicar os métodos
estabelecidos pelas empresas universo da análise. Foram estabelecidas
comparações entre o índice apurado da diminuição da receita operacional das
empresas, os custos e o valor das tarifas praticadas no serviço de fornecimento de
água.
De acordo com Vergara (2007) o objetivo das análises quantitativas é
mensurar e permitir teste de hipótese por meio de dados coletados e estruturados. A
amostragem em análise deve ser representativa de um determinado universo de
modo que seus dados possam ser generalizados e projetados para aquele universo.
Neste caso específico, são usados dados e informações mensuráveis das empresas
brasileiras de saneamento básico, necessários para a conclusão tencionada neste
exame.
Já análise qualitativa emerge de aspectos subjetivos e atingem motivações
não explicitas, aprofunda o conhecimento quantificado trazendo conteúdo à
mensagem e o significado das informações. Assim, para a compreensão do tema
proposto neste estudo procurou-se fazer abordagem dos aspectos econômicos
relacionados aos serviços públicos de saneamento como a regulação tarifária,
regime de cobrança (receitas) e custos e despesas, formas e fontes de
financiamento. Não teve o propósito de abordar os temas tributário, fiscal e de
regulação, no sentido amplo das atividades do saneamento.
Para entender o critério de precificação das empresas prestadoras de serviço
de saneamento, buscou-se conhecer os indicadores utilizados para a avaliação da
precificação dos serviços de água e esgoto no Brasil e a metodologia que a ANA
adota para regulação das tarifas das empresas.
96
Silva (2003, p. 61) ensina que “a pesquisa bibliográfica explica ou discute
tema com base em referências teóricas já publicadas em livros, revistas, periódicos,
artigos científicos etc.” e “a investigação documental é realizada em documentos
conservados no interior de órgãos públicos e privados, como: [...] regulamentos,
balancetes, diários, [...]”. Logo, quanto aos meios, esta se trata de uma pesquisa
bibliográfica e documental. Bibliográfica porque decorreu de um estudo
sistematizado desenvolvido com base em publicações em revistas de artigos
acadêmicos, dissertações, teses, jornais, redes eletrônicas, isto é, material
disponível e acessível ao público em geral, além dos livros de contabilidade, de
gestão financeira e metodologia de trabalho científico; e documental, visto que
abrange os balanços publicados anualmente, regulamentos e normas, resoluções
tarifárias, dados e informações pertinentes ao assunto, além dos elementos
necessários à análise econômico-financeiros publicados dos relatórios, que serviram
para aclarar os elementos coletados e o problema proposto.
3.1 CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO DAS EMPRESAS
3.1.1 Definição da amostragem
Para esse trabalho atingir o objetivo proposto, garantindo a representatividade
do universo real na seleção da amostra, conforme os ensinamentos de Silva (2003,
p. 59) apud Minayo (2002) “ amostragem boa é aquela que possibilita abranger a
totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões”, foram
contemplados os critérios a seguir:
A amostra foi definida pelo critério da acessibilidade (Vergara, 2009, p. 47),
isto é, os elementos foram selecionados pela facilidade de acesso e longe de
qualquer procedimento estatístico, sendo composta por companhias brasileiras de
saneamento básico de capital aberto. Como delimitações da amostra escopo do
desenvolvimento do estudo e da pesquisa empírica, foram selecionadas,
unicamente, empresas brasileiras de saneamento básico de capital aberto com
registro concedido antes de 2011, e que permaneceram com seus registros ativos
até o início de 2016.
Essa investigação concluiu que 14 empresas atendiam essa condição inicial,
representando 100% do universo da pesquisa, como relacionadas no quadro 11.
97
Quadro 11 - Empresas brasileiras de saneamento de capital aberto na CVM Nome da Empresa Sigla
Aegea Saneamento e Participações S.A. AEGEA
Cia Cat. de Águas e Saneamento CASAN
Cia Riograndense de Saneamento CORSAN
Cia Saneamento Básico Estado São Paulo SABESP
Cia. de Saneamento do Paraná SANEPAR
Companhia de Saneamento de Minas Gerais COPASA
Companhia de Saneamento do Tocantins SANEATINS
Saneamento de Goiás S.A. SANEAGO
Sanesalto Saneamento S.A. SANESALTO
Soc.de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. SANASA
Cia de Água e Esgoto da Paraíba CAGEPA
Cia Estadual de Água e Esgotos CEDAE
Companhia de Água e Esgoto do Ceará CAGECE
Prolagos S.A. PROLAGOS
Fonte: CVM (2015)
Como delimitação da amostra, a suficiência de informações concludentes,
além da acessibilidade das informações, foram outras exigibilidades. Deste modo,
somente foram plausíveis de fazer parte do estudo as empresas que publicaram
seus relatórios contábeis financeiros na CVM, regularmente, em todos os anos entre
2011 a 2015.
Das 14 empresas de saneamento básico ativas na CVM quatro não
atenderam aos requisitos determinados e ficaram fora da amostra. São elas: Aegea
Saneamento e Participações S.A., Companhia de Saneamento de Tocantins –
SANETINS, Companhia de Água e Esgoto da Paraíba, CAGEPA, Prolagos S.A. As
demais empresas, isto é, as outras 10 empresas atenderam as condições
necessárias para o estudo; todas publicaram todos os balanços e relatórios
financeiros entre 2011 e 2015 e permaneceram com a inscrição ativa durante o
período entre 2011 até o início de 2016.
98
Na seleção das amostras, buscou-se conhecer as características hídricas das
empresas, suas composições estruturais, região de atuação e utilizou-se também do
critério da suposição, que no contexto admitiu a seguinte hipótese: a crise hídrica
atingiu empresas de saneamento em todo o Brasil, ocasionando queda na receita
bruta das empresas e aumento do custo de produção.
3.1.2 Coleta dos dados
Para a realização da pesquisa foram coletados dados econômico-financeiros
das empresas brasileiras de saneamento básico, como amostra representativa dos
principais agentes da prestação de serviços do saneamento básico no país,
relacionados com o desempenho econômico e financeiro das empresas que prestam
esses serviços.
Foram realizados quatro tipos de estudos: a) crise hídrica e seus reflexos e
fatores agravantes, b) estudo e análise da legislação que regula o seguimento de
saneamento básico no Brasil, c) regulamento tarifário das empresas amostras deste
trabalho e, d) análise dos relatórios financeiros das empresas.
A coleta de dados foi realizada por meio de relatórios contábeis e financeiros
divulgados em sites de acesso ao público em geral. Os balanços das empresas
referentes ao período de 2011 a 2015 foram coletados no site da CMV
(http://sistemas.cvm.gov.br/?CiaDoc). Já as informações sobre as tarifas médias
praticadas e as quantidades faturadas, referentes as operações do período de 2011
a 2014, foram obtidos em pesquisa no site do SNIS – Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento.
Segundo Pereira Junior (2007, p. 10), dados sobre tarifas dos serviços de
água e esgotos praticadas no Brasil, divulgados pelo SNIS, estão entre os mais
confiáveis.
Os únicos dados mais ou menos confiáveis sobre as tarifas dos serviços de água e esgotos praticadas no Brasil estão, portanto, nas áreas servidas pelas empresas estaduais de saneamento. Desde 1995, a antiga Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República, sucedida pelo Ministério das Cidades, em convênio com o IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – vem mantendo o SNIS – Sistema Nacional de Informações em Saneamento. A cada ano é publicado um volume com diversas informações sobre o setor (PEREIRA JUNIOR, 2007, p. 10).
99
Os dados referentes ao ano de 2015 foram extraídos dos “dados econômicos
financeiros” de publicação da CVM e do “Diagnóstico dos Serviços de Água e
Esgotos” no relatório com base em dados do SNIS com dados de 2015. As
informações buscadas nos relatórios do SINIS inteiraram as publicadas na CVM.
3.1.3 Indicadores de gestão
Este trabalho limitou-se em abordar temas da compreensão da gestão
econômico-financeira propriamente dita, visando à análise comparativa dos dados
contábeis financeiros das empresas amostras no período de 2011 a 2015 e a análise
da situação em 2015 do capital de giro das empresas.
De acordo com os ensinamentos de Assaf Neto e Lima (2014, p.232), a
análise financeira e de balanço não se resume em cálculos de diversos índices,
trata-se da interpretação e da relevância dos índices utilizados. A análise por índices
pode ser uma ferramenta valiosa para averiguar a saúde financeira de uma
empresa, mas a análise de um de um balanço, feita somente por índices financeiros
isolados, pode conter falhas.
A análise das demonstrações financeiras visa estudar o desempenho
econômico-financeiro de uma empresa em um determinado período passado para
diagnosticar sua situação e produzir resultados que sirvam de base para previsão de
tendências futuras. Trata de avaliar os reflexos que as decisões financeiras tomadas
determinam sobre sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade (ASSAF NETO;
LIMA, 2014, p.232).
Um índice simples isolado de outros complementares não fornece elementos
suficientes para uma conclusão definitiva. É necessário verificar o fator temporal e o
setorial. No temporal verifica-se a evolução por um período de tempo, normalmente
os balanços na CVM publicados trazem três anos, o atual e os dois últimos. É uma
forma de avaliar, de maneira dinâmica, o desempenho da empresa e as tendências.
O setorial se desenvolve comparando com resultados de outras empresas do setor e
da região (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 232,).
Nesta pesquisa buscou-se a aplicabilidade de alguns indicadores de
desempenho que constituem em instrumentos relevantes de tomada de decisão
interna (gestores do serviço) e externa (os financiadores, reguladores, etc.). Sejam
mecanismos importantes para a avaliação comparativa (pontual) e dinâmica
100
(evolução no tempo) da gestão dos serviços de saneamento, neste sentido para a
análise do capital de giro adotou a análise dinâmica.
A análise dinâmica surgiu a partir de uma série de estudos do Prof. Michel
Fleuriet, que considera a empresa em funcionamento, ao contrário das análises
financeiras tradicionais está focada no Capital de Giro ou Capital Circulante Líquido
(CCL) das empresas (BRAGA, 1991, p. 8-10).
Na análise dinâmica o AC e o PC foram subdivididos de acordo com a sua
natureza financeira e operacional, a saber: Ativo circulante financeiro (ACF), ativo
circulante Operacional (ACO), passivo circulante Financeiro (PCF) e passivo
circulante Operacional (PCC).
Em que o:
CCL = capital circulante líquido= AC – PC, que equivale ao CDG de Fleuriet;
CCL = AC – PC
IOG = investimento operacional em giro= ativo circulante operacional –
passivo circulante operacional, que equivalente à NCG de Fleuriet;
IOG = ACO - PCO
ST = saldo de tesouraria= ativo circulante financeiro – passivo circulante
oneroso.
ST = ACF – PFC
A análise em conjunta do CCL, IOG e ST pode proporcionar evidências sobre
a situação econômico financeiro em curto prazo.
Assim, Braga (1991) e Marques (1995) demonstram a constituição de seis
tipos possíveis de situação financeira, dando a cada tipo uma denominação que
define sua qualidade em termos de risco de insolvência, a saber:
1. Excelente CCL > 0, IOG < 0, sendo CCL > IOG T >
2. Sólida CCL > 0, IOG > 0, sendo CCL > IOG T >
3. Arriscada CCL < 0, IOG < 0, sendo CCL > IOG T >
4. Insatisfatória CCL > 0, IOG > 0, sendo CCL < IOG T < 0
5. Ruim CCL < 0, IOG < 0, sendo CCL < IOG T < 0
6. Péssima CCL < 0, IOG > 0, sendo CCL < IOG T < 0
O quadro 12 demonstra a possibilidades que uma empresa pode se situar na
gestão do seu capital de giro de acordo com o modelo de Braga (1991) e Marques
(2004).
101
Quadro 12 - Possíveis situação financeira Situação CCL IOG ST
Excelente Positivo = CCL > 0 Negativo = IOG < 0 Positivo = T > 0
Sólida Positivo = CCL > 0 Positivo = IOG > 0 Positivo = T > 0
Arriscada Positivo = CCL > 0 Positivo = IOG > 0 Positivo = T > 0
Insatisfatória Negativo = CCL > 0 Negativo = IOG < 0 Negativo = T < 0
Ruim Negativo = CCL > 0 Negativo = IOG < 0 Negativo = T < 0
Péssima Negativo = CCL > 0 Negativo = IOG < 0 Negativo = T < 0
Fonte dos dados: Braga (1991) e Marques (1995) elaborado pela autora
3.1.4 Organização e análise dos dados
Os dados coletados foram organizados, planilhados e analisados
qualitativamente, buscando identificar variáveis importantes no contexto do
problema.
Com o objetivo de minimizar os efeitos da inflação e melhorar a acuracidade
das informações, os valores dos balanços das empresas empregados neste estudo,
referentes ao período de 2011 a 2014, foram ajustados aos valores de 2015 pela
variação do IPCA.
A metodologia aplicada para trazer os valores fim para o valor presente, ou
seja, para 31/12/2015, foi a de tomar estes valores (receitas e os custos),
presentados no Balanço anual das companhias do período (anos 2011 a 2014)
dividir pelo IPCA do mês de dezembro dos respectivos anos e multiplicar pelo IPCA
de dezembro de 2015. Metodologia também, aplicada para verificação do percentual
do aumento da tarifa praticada demonstrado na tabela nº 35.
Para tanto, a tabela 9 trouxe os valores a variação do IPCA ano a ano,
tomando-se por referência, base para valor presente, 31/12/2015.
Tabela 9 - Índices financeiros - Variação entre 2011 a 2015 Período INPC IPCA IGP-M
dez/11 a dez/15 32,52% 33,68% 30,38%
dez/12 a dez/15 24,78% 26,31% 20,93%
dez/13 a dez/15 18,21% 19,26% 14,61%
dez/14 a dez/15 11,28% 12,08% 10,54%
Fonte dos dados: Banco Central do Brasil, http://www.bcb.gov.br/pec/Indeco/Port/indeco.asp
102
4. RESULTADOS E ANÁLISES QUANTITATIVAS
O presente estudo visa analisar os reflexos da crise hídrica na receita e no
custo da água das empresas amostra, no período entre no período de 2012 a 2015.
A escolha da amostra deve-se, sobretudo, ao objetivo principal da pesquisa
que consiste em analisar o desempenho das empresas brasileiras de saneamento
básico em período de escassez hídrica, entre 2012 e 2015. Deve-se, também, aos
motivos elencados nos critérios e procedimentos para a seleção das empresas, item
3.1 o qual delimitou a amostra nas 10 empresas brasileiras de saneamento básico
de capital aberto que publicam regularmente os balanços anuais.
Para a verificação do desempenho econômico-financeiro das empresas
tomou-se por base de estudo a conta contábil de resultado “Receita Operacional
Bruta”, na qual são lançadas as faturas de vendas dos serviços/produtos e também,
a conta de “Custos Operacionais” na qual são apropriados os custos da produção
desse serviço/produto vendido.
Admitindo que a “crise hídrica” tenha os seus reflexos propagados entre 2012
e 2015, é interessante, além de verificar esse período, fazer um comparativo com as
receitas e os custos de 2011, período que supostamente não tenha sofrido os
reflexos da escassez hídrica. Deste modo, iniciam-se as análises de cada uma das
empresas amostra nos seguintes moldes: breve relato e os comparativos das
receitas, custos, volume fatura e tarifa praticada e o resultado individual da
observação.
4.1 Análise por companhia
4.1.1 CASAN
A CASAN, empresa de economia mista criada em 1970, atua como
concessionária na prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento
sanitário em 196 municípios catarinenses, ou seja, está presente em 66% dos
municípios do estado de Santa Catarina e em um do estado do Paraná (CVM 2015).
A tabela 10 expõe a evolução da receita e do custo operacional da empresa
103
Tabela 10 - Casan - receitas e custos em R$ (Reais mil). 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 720.762 770.917 787.058 834.644 796.925
Custos 245.185 290.392 298.392 317.143 387.111
% custo/receita 34,02% 37,67% 37,91% 38,00% 48,58%
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita 10,57% 6,96% 2,09% 6,05% -4,52%
Custo 57,89% 18,44% 2,75% 6,28% 22,06%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM.
A receita bruta da empresa apresentou um aumento durante todo o período
analisado, com exceção de 2015 quando apresentou um decréscimo 4,52%
comparado coma receita de 2014. Na comparação de 2011, período alheio a crise
hídrica, com 2015, verifica-se o aumento de 10,57% na receita bruta.
A representatividade do custo operacional da empresa sobre a receita
aumentou de 34,02% em 2011 para 48,58% em 2015, representando um incremento
real dos custos em 14,56% em proporção a receita bruta auferida. Condição
condizente com desequilíbrio econômico financeiro. Redução na margem bruta em
aproximadamente em 15%.
No período de 2011 a 2014 a receita bruta e os custos da empresa tiveram
um equilíbrio. No entanto entre 2014 e 2015 observa-se decréscimo de 4,52% da
receita e um aumento de 22,06% nos custos, assim aumentando a margem do custo
operacional sobre a receita.
Na tabela 11 são demonstrados os dados quantitativos, referente ao volume
faturado de água e esgoto entre 2011 e 2015.
Tabela 11 - Casan - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano
Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Água 159.026 168.053 174.657 181.981 183.186
Esgoto 27.495 29.226 30.591 32.365 33.095
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014 Água 15,19% 5,68% 3,93% 4,19% 0,66%
Esgoto 20,37% 6,30% 4,67% 5,80% 2,26%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
104
O volume faturado da empresa teve um aumento de água em 15,19% e
esgoto, 20,37%, na comparação de 2011 com 2015, tabela 11.
Até 2014 o volume faturado em m³ tanto para a água como para esgoto
apresentavam um aumento anual que variavam entre 7,00% e 3%. No entanto, em
2015 houve redução dessa tendência ficando em menos de 1% para água e 2,26 %
para esgoto.
O gráfico 3 demonstra dinâmica da receita e dos custos operacionais da
Casan, entre 2011 e 2015.
Gráfico 3 - Casan - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015.
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
Além do volume faturado, o preço praticado é de primordial importância para
o entendimento da composição da receita.
A tabela 12 mostra as tarifas médias praticadas e as variações do período em
análise.
Tabela 12 - Casan - Tarifa média praticada em R$ Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Tarifa média 3,09 3,32 3,47 3,74 3,81
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Variação 23,30% 7,44% 4,52% 7,78% 1,87%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
200.000
-
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
900.000
2011 2012 2013 2014 2015
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em
1.0
00 m
³/an
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Rec
eita
e c
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o e
m R
$ (R
eais
mil)
Água Esgoto Receita Custos
105
Observa-se que tarifa média praticada pela CASAN de 2011 a 2015 ficou
abaixo da variação dos índices IPCA (33,68%), INPC (32,52%) e o IGP-M (30,38%),
isto é sofreu uma variação de 23.30%.
4.1.2 CAGECE
Companhia de Água e Esgoto do Ceará – CAGECE, sociedade de economia
mista, vinculada à Secretaria das Cidades, criada em 1971 (Lei nº 9.499) atende 181
municípios cearenses, 304 localidades, 98,16 % da população urbana. No
esgotamento sanitário atua em 86 localidades, representa cobertura de 40,11% da
população do Estado (Demonstrações Financeiras Anuais, 2015 CVM – CAGECE).
A receita bruta da empresa no ano de 2015 registrou queda de 12,68%, em
comparação com 2014. Na comparação entre 2011 e 2015 houve decréscimo da
receita bruta de 9,33%. A mesma tendência verifica-se nos custos operacionais, que
tiveram uma queda de 9,11%. Em 2011 eles representavam 69,48% da receita bruta
e em 2015 69,65%, verifica-se um aumento menor que 1%, conforme tabela 13.
As tabelas 13 apresentam os indicadores financeiros da empresa entre 2011
e 2015.
Tabela 13 - Cagece - receitas e custos em R$ (Reais mil) Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 1.039.298 1.040.720 1.045.293 1.079.126 942.330
Custos 722.122 650.062 598.209 1.143.732 656.336
% custo/receita 69,48% 62,46% 57,23% 105,99% 69,65%
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita -9,33% 0,14% 0,44% 3,24% -12,68%
Custos -9,11% -9,98% -7,98% 91,19% -42,61%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM.
No balanço da empresa de 2014 o custo apresentado foi atípico aos demais
anos. Os dados econômicos financeiros das demonstrações financeiras anuais -
2014 da CAGECE (CMV) apontaram que o aumento do custo deve-se a “adoção do
custo atribuído, gerou um aumento anual de aproximadamente R$ 231,5 milhões
nas despesas com depreciação e amortização comparadas a 2013, em virtude da
106
revisão das estimativas da vida útil remanescente e do acréscimo na base de bens
de ativos imobilizados e intangíveis”.
Segundo informações do relatório financeiro disponível no site do CVM, a
empresa apropriou em 2014 a diferença dos custos de depreciação e amortização
apurada no recálculo do período de 2009 a 2013 decorrentes da adoção do custo
atribuído. “O impacto financeiro dessa depreciação recalculada foi de R$ 205,85
milhões em 2014”. Em comparação com 2013 o custo operacional de 2014 observa-
se um aumento no de 105,99%. Neste ano, de 2014, o custo operacional superou o
valor da receita bruta operacional.
Na tabela 14 são demonstrados os dados quantitativos, referente ao volume
faturado de água e esgoto entre 2011 e 2015.
Tabela 14 - Cagece - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Água 251.013 265.355 273.715 277.091 274.419
Esgoto 73.935 84.957 90.416 93.189 93.922
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Água 9,32% 5,71% 3,15% 1,23% -0,96%
Esgoto 27,03% 14,91% 6,43% 3,07% 0,79%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
O volume faturado em m³ no período em análise, água e esgoto,
permaneceram praticamente inalterados, em menos de 1% de variação, para menos
e para mais. Comparando 2011 com 2015 verifica-se uma variação de 9,32% para o
abastecimento de água e de 27,03% para o esgotamento sanitário.
No gráfico 4, é visivelmente notável o aumento no custo em 2014 em
comparação com 2013 de 105,99%. Reflexo da apropriação em 2014 a diferença
dos custos de depreciação e amortização apurada no recálculo do período de 2009
a 2013 decorrentes da adoção do custo atribuído.
O gráfico 4 apresenta a dinâmica econômica e operacional da empresa.
107
Gráfico 4 - Cagece - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015.
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
A tabela 15 demonstra a variação da tarifa média praticada pela CEGECE
entre 2011 e 2015.
Tabela 15 - Cagece - tarifa média praticada em R$ Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Tarifa média 1,91 2,08 2,18 2,35 2,56
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Variação 33,94% 8,90% 4,81% 7,80% 8,86%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
Verifica-se que a variação da tarifa média praticada pela CEGECE de 33,94%
está próxima da variação do IPCA, de 33,68%.
Através da análise das tarifas praticadas no período proposto, pode-se
concluir que empresa repassou aos consumidores somente os efeitos inflacionários
no período.
4.1.3 CEDAE
A CEDAE – Companhia Estadual de Águas e Esgotos, sediada no município
do Rio de Janeiro, é uma empresa de economia mista, atua em 64 dos 92
-
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
2011 2012 2013 2014 2015
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1.0
00 m
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mil)
Água Esgoto Receita Custos
108
municípios do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente é regulada pela AGENERSA –
Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro.
A CEDAE foi constituída em 1975, oriunda da fusão da Empresa de Águas do
Estado da Guanabara (CEDAG), da Empresa de Saneamento da Guanabara
(ESAG) e da Companhia de Saneamento do Estado do Rio de Janeiro (SANERJ).
Tabela 16 - Cedae - receitas e custos em R$ (Reais mil) 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 4.234.119 4.354.207 4.221.184 4.613.650 4.057.307
Custo 1.670.675 1.542.944 1.521.235 1.535.480 1.586.792
% custo/receita 39,46% 35,44% 36,04% 33,28% 39,11%
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita -4,18% 2,84% -3,06% 9,30% -12,06%
Custo -5,02% -7,65% -1,41% 0,94% 3,34%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM.
Conforme demonstrado na tabela 16 a representatividade do custo
operacional da empresa sobre a receita bruta, na sua proporcionalidade
permaneceu quase que inalterado, de 39,46% em 2011 e 39,11% em 2015.
A receita bruta da empresa apresentou uma pequena queda em 2013 em
comparação com 2012, de 3,06%, em 2014 teve um aumento de 9,3% e em 2015
um decréscimo de 12,06%.
Tabela 17 - Cedae - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Água 834.848 852.158 858.703 863.110 860.060
Esgoto 352.736 347.247 369.930 350.902 329.960
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Água 3,02% 2,07% 0,77% 0,51% -0,35%
Esgoto -6,46% -1,56% 6,53% -5,14% -5,97%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
Muito embora, a receita de 2015 em comparação com a de 2014 tenha
apresentado uma queda de 12, 06 %, a variação da quantidade faturada foi de
109
apenas 0,35% e de esgoto 5,97% e entre 2011 e 2015 água teve um acréscimo de
3,02% enquanto o esgoto uma queda no faturamento por m³ de 6,46%.
O gráfico 5 demonstra a dinâmica operacional da empresa no período.
Gráfico 5 - Cedae - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015.
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
Nota-se que o custo teve pouca variação no período, no entanto a receita
bruta em 2015 teve uma queda significativa de 12,68%. Em 2015 a receita bruta da
empresa ficou abaixo de todos os exercícios anteriores analisados.
Tabela 18 - Cedae - tarifa média praticada em R$ Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Tarifa média 2,96 3,18 3,20 3,74 3,41
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Variação 15,18% 7,43% 0,63% 16,88% -8,84%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
A tarifa média praticada mostrou uma variação de 15,18% abaixo da variação
do IPCA, 33, 68% comparando 2011 e 2015. No entanto, no comparativo de 2014
com 2011 a variação foi de 26,35%, acima da variação do IPCA do período, de
19,27%.
-
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
900.000
1.000.000
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
3.500.000
4.000.000
4.500.000
5.000.000
2011 2012 2013 2014 2015
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e fa
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1.0
00 m
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$ (R
eais
mil)
Água Esgoto Receita Custo
110
4.1.4 COPASA
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA MG é uma
empresa de economia mista, instituída em 1963. Criada, por meio da Lei Estadual nº
2.842, a Companhia Mineira de Água e Esgotos (COMAG), com a finalidade de
definir e executar uma política ampla de saneamento básico para o Estado de Minas
Gerais.
A empresa Copasa, em 2015, apresentou uma queda na receita em 17,19%
houve também queda no custo operacional em 11,60%.
Tabela 19 - Copasa - receitas e custos em R$ (Reais mil) Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 4.311.206 4.355.355 4.452.445 4.630.447 3.834.469
Custos 2.571.295 2.648.756 2.792.969 3.052.211 2.698.211
% custo/receita -59,64% -60,82% -62,73% -65,92% -70,37%
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita -11,06% 1,02% 2,23% 4,00% -17,19%
Custos 4,94% 3,01% 5,44% 9,28% -11,60%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM
Na comparação da receita bruta de 2011 com a de 2015 verifica-se uma
queda real do faturamento em 11,06% e um aumento em 4,94% dos custos.
O relatório de 2015 da Copasa aponta que um dos motivos da queda da
receita bruta da empresa deve-se ao impacto pela mudança de hábito da população
agravada pela crise hídrica e a suspensão da cobrança de água e esgoto.
Demonstrou também que, a partir de junho de 2015 e a cobrança de esgoto a partir
de janeiro/2015 da cidade de Lavras, por decisão judicial, são os principais motivos
da queda do faturamento, (relatório dos auditores independentes sobre as
demonstrações financeiras individuais e consolidadas de 2015).
111
Tabela 20 - Copasa - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Água 643.789 660.553 676.375 681.040 644.479
Esgoto 402.422 427.159 443.527 449.500 423.606
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Água 0,11% 2,60% 2,40% 0,69% -5,37%
Esgoto 5,26% 6,15% 3,83% 1,35% -5,76%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
Entre 2014 e 2015 a empresa apresentou uma queda no volume faturado de
5,37% água e 5,76% de esgoto, tabela 20.
No gráfico 6 observa-se queda, tanto da receita bruta operacional, dos custos,
quanto dos volumes faturados.
Gráfico 6 - Copasa - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015.
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
Em 2015, a empresa aplicou um reajuste tarifário de 15,04%, índice acima da
variação do IPCA de 2014. Mesmo com este reajuste, a média da tarifa aplicada no
período entre 2011 e 2015 ficou abaixo da variação do IPCA, aproximadamente
2,82%. Conforme demonstrado na tabela 21.
-
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
3.500.000
4.000.000
4.500.000
5.000.000
2011 2012 2013 2014 2015
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1.0
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mil)
Água Esgoto Receita Custos
112
Tabela 21 – Copasa - tarifa média praticada em R$ Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Tarifa média 2,10 2,43 2,63 2,76 3,05
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Variação 45,11% 15,71% 8,23% 4,94% 10,41%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
A variação da tarifa média da Copasa foi acima da variação do IPCA do
período. Mesmo com o reajuste acima da inflação do período a empresa apresentou
queda significativa em 2015 na receita operacional.
4.1.5 CORSAN
A Companhia Riograndense de Saneamento foi criada no ano de 1965, e
oficialmente instalada em 28 de março de 1966. Atualmente, a CORSAN abastece
mais de sete milhões de gaúchos. Isto representa 2/3 da população do Estado,
distribuídos em mais de 321 localidades (site CORSAN).
Conforme demonstrado na tabela 22, a receita operacional bruta da empresa
CORSAN no período entre 2011 a 2015 apresentou a seguinte situação.
Tabela 22 - Corsan - receitas e custos em R$ (Reais mil) Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 2.084.008 2.188.139 2.161.246 2.258.572 2.080.188
Custos 1.210.120 1.347.578 1.343.843 1.333.974 1.351.935
% custo/receita -58,07% -61,59% -62,18% -59,06% -64,99%
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita (%) -0,18% 5,00% -1,23% 4,50% -7,90%
Custos (%) 11,72% 11,36% -0,28% -0,73% 1,35%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM
Verifica-se uma redução de 7,90% na receita bruta da empresa em 2015 se
comparado com o ano anterior, 2014. Já o custo teve um acréscimo de 1,35%.
113
O custo operacional da empresa em 2015 representa 64,99% da receita
bruta. Se comparado com a receita de 2011 com o custo de 2015 verifica-se um
aumento significativo de 11,72% reflexo do aumento do custo de 2012 de 11,36%.
Tabela 23 - Corsan - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Água 271.160 275.621 274.861 292.350 269.254
Esgoto 27.984 28.160 29.165 31.921 31.490
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Água -0,70% 1,65% -0,28% 6,36% -7,90%
Esgoto 12,53% 0,63% 3,57% 9,45% -1,35%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
O volume de água faturado em 2014 foi maior em 6,36% que 2013, no
entanto em 2015 houve uma queda de 7,9% e queda de 1,35% no custo
operacional, em comparação com o ano anterior, 2014.
No gráfico abaixo nota-se uma queda na receita bruta na comparação de
2014 com 2015, e o custo teve uma pequena variação.
Gráfico 7 - Corsan - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015.
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
-
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
2011 2012 2013 2014 2015
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1.0
00 m
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$ (R
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mil)
Água Esgoto Receita Custos
114
Em comparação com as empresas amostra, a CORSAN é a empresa com
maior tarifa média praticada.
Tabela 24 - Corsan - tarifa média praticada em R$ Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Tarifa média 4,87 5,18 5,54 5,89 6,92
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Variação 42,03% 6,37% 6,95% 6,32% 17,43%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015)
A tarifa média aplicada quando comparados 2011 a 2015 ficou em 42,3%
acima da variação do IPCA do período (33,68%).
Mesmo a empresa que atua com uma das maiores tarifas em 2015, aplicou
reajustes acima do IPCA, conforme demonstra a tabela 25, de alinhamento
informado no relatório financeiro, publicado na CVM.
Tabela 25 - Corsan - realinhamento Tarifário de 2011 a 2015
Vigência 2011 2012 2013 2014 2015
Percentual (%) 5,41 8,60 6,82 7,15 11,94
Fonte: CVM – Demonstrações Financeiras Corsan (2015).
4.1.6 SABESP
A SABESP foi fundada em 1973 a partir da fusão de várias empresas de
saneamento e sob as diretrizes do Plano Nacional de Saneamento (Planasa),
atende aproximadamente 68%da população urbana do Estado de São Paulo. Opera
235 estações de tratamento de água e 539 estações de tratamento de esgotos,
incluindo nove emissários submarinos. A rede de distribuição de água alcança 71,7
mil quilômetros e a de esgotos, 48,8 mil quilômetros (Relatório Anual de 2015
publicado na CVM).
A tabela 26 expõe a evolução da receita e do custo operacional da empresa
do período em análise, de 2011 a 2015.
115
Tabela 26 - Sabesp - receitas e custos em R$ (Reais mil) Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 13.290.342 13.583.816 13.494.933 12.567.604 11.711.569
Custos 8.062.429 8.166.377 8.129.068 8.557.864 8.260.763
% custo/receita -60,66% -60,12% -60,24% -68,09% -70,54%
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita -11,88% 2,21% -0,65% -6,87% -6,81%
Custos 2,46% 1,29% -0,46% 5,27% -3,47%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM
A Sabesp desde 2013 tem apresentado decréscimo na receita bruta
operacional, sendo queda 0,65% em 2013, 6,87% em 2014 e de 6,81% em 2015.
Comparando a receita bruta da empresa de 2011 com 2015 verifica-se uma queda
na receita de 11,88% e um aumento custo operacional de 2,46%. O custo
operacional da empresa em 2013 representava 60,24% da receita bruta, em 2014,
68,09%, e em 2015, 70,54%.
Tabela 27 - Sabesp - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano. Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Água 2.044.640 1.795.893 1.833.647 1.810.453 1.698.200
Esgoto 1.486.381 1.507.821 1.548.878 1.538.053 1.456.300
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Água -16,94% -12,17% 2,10% -1,26% -6,20%
Esgoto -2,02% 1,44% 2,72% -0,70% -5,32%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
O volume faturado de água registrou queda pelo segundo ano consecutivo,
2014 e 2015. A quantidade de água faturada em 2014 em comparação com 2013
teve uma redução de 1,26% e em 2015 em comparação com 2014 foi de 6,20%.
Como o esgoto é medido pelo volume de água, seguiu a tendência e registrou em
2014 em comparação com 2013 uma queda de 0,70 de 2014 para 2015 registrou
uma queda de 5,32%.
Variações demonstradas no gráfico 8 apresentam o desempenho da empresa
entre 2011 e 2015.
116
Gráfico 8 - Sabesp - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015.
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
Segundo relatório da SABESP publicado na CVM, em 2015 a Companhia
aplicou dois reajustes. Os dois ajustes tarifários, acumulados, resultam no índice de
15,24%. Já, a tarifa média praticada pela empresa entre 2014 e 2015 teve um
aumento representativo de 53,42%, muito acima da variação do IPCA do ano, de
12,08%.
A tabela 28 demonstra a tarifa média praticada entre 2011 e 2015.
Tabela 28 - Sabesp - tarifa média praticada em R$ Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Tarifa média 2,30 2,42 2,53 2,42 3,71
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Variação 61,42% 5,22% 4,55% -4,35% 53,42%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
A tarifa média praticada no período em análise, entre 2011 e 2015, teve um
aumento de 61,42%, muito acima da variação do IPCA no período. O aumento
elevado acima da variação do IPCA na tarifa praticada pela Companhia em 2015
pode ser reflexo da adoção da tarifa de contingência adotada pela empresa em
fevereiro de 2015.
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2011 2012 2013 2014 2015
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Água Esgoto Receita Custos
117
4.1.7 SANASA
A Sanasa atende toda população de Campinas, cerca de 1,154 milhões de
pessoas, numa área de atuação de 796,4Km2. Foi uma das primeiras empresas de
saneamento no Brasil a adicionar flúor no tratamento da água. A Sanasa tem como
índice de abastecimento de água 99,53% e coleta e afastamento de esgoto de
92,46% e uma perda na distribuição de 20,17%, bem abaixo da média nacional,
37%.
A tabela 29 mostra o desempenho da empresa de 2011 a 2015.
Tabela 29 - Sanasa - receitas e custos em R$ (Reais mil) Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 639.653 625.942 643.477 636.493 607.710
Custos 359.035 395.261 397.596 427.382 399.998
% custo/receita -56,13% -63,15% -61,79% -67,15% -65,82%
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita -4,99% -2,14% 2,80% -1,09% -4,52%
Custos 11,41% 10,09% 0,59% 7,49% -6,41%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM
Em análise aos dados apresentados verifica-se uma queda na receita bruta
da empresa em 2014 em 1,09% e em 2015 de 4,52% e um aumento no custo em
7,49 em 2014 e uma redução de 6,41%.
Tabela 30 - Sanasa - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano. Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Água 85.377 87.769 88.473 84.645 78.952
Esgoto 71.737 73.903 74.867 72.030 67.479
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Água -7,52% 2,80% 0,80% -4,33% -6,73%
Esgoto -5,94% 3,02% 1,31% -3,79% -6,32%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
O volume faturado de água pela Companhia registrou queda pelo segundo
ano consecutivo, 2014 e 2015. Em 2015, a SANASA alcançou um volume faturado
118
de água de 78.952 mil m³, 6,73% inferior ao apurado no ano de 2014. Nos dois
últimos anos, a queda acumulada no consumo chegou a 10,76%, e de esgoto queda
foi de 10,11%.
O gráfico 9 apresenta o desempenho econômico e operacional da empresa
entre 2011 e 2015.
Gráfico 9 - Sanasa - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015.
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
Mesmo com os reajustes aplicados muito acima do IPCA, o gráfico acima
mostra claramente a queda da quantidade faturada de água e esgoto em 2014 e
2015.
Tabela 31 - Sanasa - tarifa média praticada em R$ Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Tarifa média 2,85 2,97 3,12 3,42 4,15
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Variação 45,62% 4,21% 5,05% 9,62% 21,35%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
A tarifa média praticada pela empresa em 2015 em comparação com
2011 teve um aumento significativo de 45,62%, bem acima da variação do IPCA
para o período, 33,68%.
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400.000
500.000
600.000
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2011 2012 2013 2014 2015
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Água Esgoto Receita Custos
119
4.1.8 SANEAGO
Companhia Saneamento de Goiás S/A – SANEAGO, empresa fundada em
1967 é uma Sociedade de Economia Mista do Governo do Estado de Goiás e sua
área de atuação abrange 223 municípios dos 246 municípios goianos.
A tabela 32 expõe a evolução da receita e do custo operacional da empresa
entre 2011 e 2015.
Tabela 32- Saneago - receitas e custos em R$ (Reais mil)
Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 1.570.943 1.734.050 1.867.134 1.928.015 1.734.912
Custos 1.020.247 1.140.959 1.258.342 1.352.470 1.116.033
% custo/receita 64,94% 65,80% 67,39% 70,15% 64,33%
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita 10,44% 10,38% 7,67% 3,26% -10,02%
Custos 9,39% 11,83% 10,29% 7,48% -17,48%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM
A representatividade do custo operacional sobre a receita bruta da empresa
em 2015 significou 64,33% muito semelhante com 2011, 64,94%. Em 2014, o custo
representou 70,15% da receita bruta, em 2015 houve uma redução do custo de
17,48%, enquanto a receita diminuiu em 10,02%, tabela 32.
A tabela 33 demonstra os dados quantitativos sobre o volume faturado de
água e esgoto da empresa entre 2011 e 2015.
Tabela 33- Saneago - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano.
Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Água 237.044 252.202 261.041 270.039 263.385
Esgoto 116.541 125.483 132.253 140.479 141.736
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Água 11,11% 6,39% 3,50% 3,45% -2,46%
Esgoto 21,62% 7,67% 5,40% 6,22% 0,89%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
120
Quanto ao volume faturado em m³ de água e esgoto nota-se que uma queda
gradual ano a ano. O volume de água em 2011e 2012, 6,39%, entre 2012 e 2013,
3,50%, 2013 e 2014, 3,45% e em 2015, crescimento negativo de 2,46%.
O decréscimo da receita operacional e do custo operacional de 2015, tabela
32, são visivelmente observados no gráfico 10 a seguir.
Gráfico 10 - Saneago - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015.
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
A tabela 34 demonstra a tarifa a tarifa média praticada entre 2011 e 2015.
Tabela 34 - Saneago - tarifa média praticada em R$. Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Tarifa média 2,95 3,15 3,33 3,50 4,28
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Variação 45,17% 6,78% 5,71% 5,11% 22,36%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015)
Verifica-se na tabela 34 que a tarifa média praticada em 2015 teve variação
de 22,36%. Entre 2011 e 2015 de 45,17%, superior a variação do IPCA, 33, 68% no
período.
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2011 2012 2013 2014 2015
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mil)
Água Esgoto Receita Custos
121
4.1.9 SANEPAR
A Sanepar foi criada em 1963, com o objetivo de fornecer serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário no Estado do Paraná, atua em 243
municípios do estado paranaense.
A tabela 35 apresenta o desempenho operacional da empresa entre 2011 e
2015.
Tabela 35 - Sanepar - receitas e custos em R$ (Reais mil)
Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 2.329.297 2.682.038 2.826.673 2.933.139 2.971.185
Custos 971.276 1.034.313 1.122.492 1.249.814 1.345.162
% custo/receita 41,70% 38,56% 39,71% 42,61% 45,27%
Comparativo** 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita 27,56% 15,14% 5,39% 3,77% 1,30%
Custos 38,49% 6,49% 8,53% 11,34% 7,63%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM
Observa-se que no comparativo de 2011 e 2012 verifica-se um aumento da
receita operacional de 15,14%. Aumento esse que foi reduzido ano a ano e no
comparativo entre 2014 e 2015 este aumento atingiu somente 1,3%. Essa tendência
de queda no período em análise pode ser em decorrência dos efeitos da escassez
de água.
Na tabela 36 são demonstrados os dados quantitativos, referentes ao volume
faturado de água e esgoto entre 2011 e 2015.
Tabela 36 - Sanepar - volume faturado de água e esgoto em 1.000 m³ / ano Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Água 526.513 549.095 559.808 586.594 582.593
Esgoto 325.004 346.850 363.626 385.047 392.453
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Água 10,65% 4,29% 1,95% 4,78% -0,68%
Esgoto 20,75% 6,72% 4,84% 5,89% 1,92%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
122
O gráfico 11 mostra a dinâmica da receita e dos custos operacionais da
Sanepar, entre 2011 e 2015.
Gráfico 11 - Sanepar - Dinâmica econômica e operacional de 2011 a 2015.
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
No gráfico 11 nota-se, claramente, a queda na tendência de aumento da
receita bruta operacional do aumento do custo no período. Tanto a receita, como o
custo operacional, tiveram pequena variação em 2015.
A tabela 37 demonstra a tarifa a tarifa média praticada entre 2011 e 2015
Tabela 37 - Sanepar - tarifa média praticada em R$. Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Tarifa média 2,10 2,43 2,63 2,76 3,05
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Variação 45,11% 15,71% 8,23% 4,94% 10,41%
Fonte dos dados da pesquisa: SNIS e CVM (2015).
A tarifa média praticada pela empresa em 2015 em comparação com 2011
teve um aumento significativo de 45,11%, bem acima da variação de 33,68% do
IPCA acumulado do período.
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Água Esgoto Receita Custos
123
4.1.10 SANESALTO
A Sanesalto Saneamento S.A. (“Companhia”) é uma sociedade anônima de
capital fechado, constituída em 06 de novembro de 1996, detentora do Contrato de
Concessão de Tratamento de Esgoto da cidade de Salto – SP.
A tabela 38 apresenta o desempenho da empresa entre 2011 e 2015.
Tabela 38 - Sanesalto - receitas e custos em R$ (Reais mil) Tipo 2011 2012 2013 2014 2015
Receita 14.997 17.312 14.286 20.508 23.948
Custos 6.208 6.932 8.224 9.594 13.300
Custo 41,40% 40,04% 57,57% 46,78% 55,54%
Comparativo 2015/2011 2012/2011 2013/2012 2014/2013 2015/2014
Receita 57,56% 15,14% 5,39% 3,77% 1,30%
Custos 38,49% 6,49% 8,53% 11,34% 7,63%
Fonte dos dados: Balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM
A pesquisa dos dados da Sanesalto não foi conclusiva. Após exauridas
buscas nos veículos de informações, conclui-se que as informações das quantidade
produzida e tarifa média praticadas em 2015, pela Sanesalto, não estão
disponibilizadas nos sites de acesso público. Sendo assim não foi possível concluir
de forma satisfatória a análise desta empresa, parte da proposta deste trabalho.
4.2 Análise e discussões
A tabela 39 é um comparativo das contas analisadas (receitas, custos, volume
faturado e tarifa praticada) tomando-se como referência o exercício de 2011 e
comparando com movimento do ano de 2015. Trata-se da reiteração dos dados de
2011 e 2015 abordados individualmente por empresa anteriormente nesta pesquisa.
As informações de 2011 a 2014 foram trazidas aos valores de 2015, para
evitar distorções dos dados analisados sem a intenção de avaliar as tendências.
O ponto mais importante desta análise foi verificar o aumento da tarifa
praticada em 2011 e 2015. Com exceção a SABESP, que adotou tarifa de
124
contingência a partir de janeiro de 2015 (http://site.sabesp.com.br/), as demais o
acréscimo na tarifa trata-se de aumento perdurável, isto é, majoração da tarifa.
A metodologia da tarifa de contingência adotada pela Sabesp induz a redução
do consumo. Conforme divulgado no site da Sabesp, a metodologia adotada para a
tarifa de contingência foi a aplicação de um adicional sobre o aumento do consumo
no fornecimento de água em relação à média do período de fevereiro de 2013 a
janeiro de 2014 (aumento de consumo de até 20%, adicional de 40% ; e consumo
acima de 20%, adicional de 100%).
Tabela 39 – Variação em percentual dados 2011 e 2015
Receitas Custos Margem bruta Volume Tarifa
em % 2011/2015 2011/2015 2011 2015 2011/2015 2011/2015
CASAN 10,6% 57,9% 194% 106% 15,2% -10,8%
CAGESE -9,3% -9,1% 44% 44% 9,3% 0,2%
CEDAE -4,2% -5,0% 154% 156% 3,0% -13,8%
COPASA -11,1% 4,9% 68% 42% 0,1% 2,1%
CORSAN -0,2% 11,7% 72% 54% -0,7% 6,2%
SABESP -11,9% 2,5% 65% 42% -16,9% 20,8%
SANASA -5,0% 11,4% 78% 52% -7,5% 8,9%
SANEAGO 10,4% 9,4% 54% 55% 11,1% 8,6%
SANEPAR 27,6% 38,5% 140% 121% 10,7% 8,5%
SANESALTO 57,6% 38,5% 142% 80% * 82,0%
Fonte: Elaboração própria baseada nos balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM *Informação não localizada nos sites de pesquisa.
De acordo com os dados analisados, em 50% das empresas verifica-se
queda na receita, enquanto 80% apresentaram aumento nos custos de produção.
Quanto ao volume faturado, somente três empresas, sendo duas do Sudeste,
tiveram o volume faturado reduzido, representando aproximadamente 30% das
empresas da amostra. Quanto à margem bruta nota-se que 80% das empresas
125
tiveram suas margens reduzidas, mesmo percentual verificado de aumento dos
custos de produção.
A maioria das empresas praticaram suas tarifas acima da variação do IPCA
em 2015, em média um reajuste real em pouco mais de 8% sobre a tarifa de 2011.
O gráfico 12 é a representação dos dados da tabela 39.
Gráfico 12 – Representação do comparativo dos dados de 2011 e 2015.
Fonte: Elaboração própria baseada nos balanços de 2011 a 2015 publicados na CVM
Como parte deste estudo, no contexto de demonstrar os reflexos da crise
hídrica nos resultados econômicos financeiros das empresas brasileiras de
saneamento básico, a pesquisa adotou o procedimento de análise das
demonstrações financeiras. Para tanto, foi aplicada a análise dinâmica do capital de
giro, surgida a partir de uma série de estudos do Prof. Michel Fleuriet, que considera
a empresa em funcionamento.
A tabela 40 apresenta os resultados da análise das empresas avaliadas,
apêndice C, obtidos a partir da metodologia de dinâmica do capital de giro.
-40,0%
-20,0%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Receitas
Custos
Volume
Tarifa
126
Tabela 40 – Resultado da análise do capital de giro das empresas - 2011a 2015
Empresas 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
CASAN SOLIDA SOLIDA SOLIDA INSATISFATÓRIA INSATISFATÓRIA
CAGESE RUIM SOLIDA SOLIDA EXCELENTE ALTO RISCO
CEDAE INSATISFATÓRIA INSATISFATÓRIA INSATISFATÓRIA RUIM RUIM
COPASA SOLIDA INSATISFATÓRIA INSATISFATÓRIA SOLIDA PÉSSIMA
CORSAN RUIM ALTO RISCO ALTO RISCO RUIM ALTO RISCO
SABESP ALTO RISCO ALTO RISCO EXCELENTE ALTO RISCO ALTO RISCO
SANASA RUIM PÉSSIMA PÉSSIMA INSATISFATÓRIA INSATISFATÓRIA
SANEAGO RUIM RUIM RUIM SOLIDA RUIM
SANEPAR PÉSSIMA RUIM SOLIDA EXCELENTE RUIM
SANESALTO PÉSSIMA INSATISFATÓRIA RUIM RUIM RUIM
Das empresas da amostra somente 20% apresentaram, em 2015, situação
financeira sólida para honrar seus compromissos em curto prazo, conforme
resultado da análise na tabela 40. Observa-se que em 2011, período anterior à crise
hídrica, os dados mostraram que 100% das empresas pesquisadas estavam em
risco de não pagar suas dívidas operacionais de curto prazo. O que induz a
conclusão que as empresas de saneamento brasileiras não são autossuficientes
financeiramente.
127
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo apresentado a partir das informações geradas pretende ser uma
contribuição aos gestores públicos para uma reflexão sobre eficiência qualitativa e
quantitativa do fornecimento de água e esgotamento sanitário no país e quanto à
sustentabilidade econômica das empresas de saneamento básico que se mostram
vulneráveis diante da escassez de chuva, e geram insegurança hídrica em toda a
população brasileira. Assim, contribuir na elaboração de diretrizes estratégicas e
formulação de ações e medidas voltadas a redução dos impactos da escassez
hídrica no país.
Ao longo deste trabalho observa-se que o setor de saneamento está sujeito a
muitos dilemas e vicissitudes em razão das políticas definidas para o setor, pressões
sociais, políticas e econômicas, além da escassez do recurso hídrico em algumas
regiões em período de pouca chuva e da sazonalidade do tempo.
Os dados apresentados mostram que o Brasil ainda está longe de atingir a
universalização do saneamento no que se refere à coleta e tratamento do esgoto. O
déficit de atendimento de esgotamento sanitário, nos municípios pequenos e nas
periferias dos grandes centros, ainda é grande. Reflexos da desigualdade social do
país. Faltam investimentos públicos para a expansão e manutenção dos sistemas de
água e esgoto, e os recursos obtidos pela cobrança das tarifas são insuficientes
para manter e ampliar a estrutura operacional necessária para prestar um serviço de
qualidade e ainda remunerar os acionistas.
A partir das variáveis analisadas nesta pesquisa, economicamente, a maioria
das empresas de saneamento básico no Brasil, não consegue manter suas
estruturas operacionais. São vulneráveis a muitos eventos externos capazes de
ocasionar desequilíbrio em suas contas, tais como a falta de chuva, políticas de
juros e influências políticas. E, constantemente, geram insegurança quanto à
capacidade de atendimento da demanda no fornecimento de água, causando um
verdadeiro estresse hídrico à população.
As dificuldades do setor de saneamento básico no Brasil, em parte, decorrem
do fato de muitas empresas prestadoras de serviço não possuírem sustentabilidade
econômico-financeira por meio das tarifas cobradas pela prestação do serviço. Os
elevados custos fixos de produção, aliados a baixa eficiência operacional gerada
pelas perdas e desperdícios, além da má gestão dos recursos e do baixo poder
128
aquisitivo da população em algumas regiões, levam as empresas a esse
desequilíbrio.
Ademais, as empresas do setor de saneamento têm um enorme papel social,
de relevância vital na garantia de acesso aos serviços de água e esgoto pela
população carente e a universalização do serviço. Diante da falta de capacidade de
pagamento da população pobre, os custos da prestação do serviço de
abastecimento de água desse universo são repassados para a tarifa das outras
camadas da população, para o comércio e para a indústria. Em algumas regiões do
país este custo é muito elevado, e as outras camadas da população não têm
condições econômicas de absorvê-los, daí a necessidade de subsídios dos
governos.
No que tange a avaliação quantitativa dos aspectos econômicos e financeiros
das empresas da amostra, foi avaliado o desempenho entre 2012 e 2015, por quatro
variáveis, quais sejam: a) a receita bruta operacional; b) o custo operacional; c) tarifa
média praticada; d) o volume produzido; e, e) a capacidade de pagamento.
Avaliação essa que tencionou responder os questionamentos propostos nesta
pesquisa.
Quanto ao propósito do trabalho de medir a variação do comportamento das
receitas operacionais e dos custos das empresas nacionais de saneamento básico
durante o período de baixo nível de chuvas, a denominada “crise hídrica”, entre 2012
a 2015 verifica-se que a receita e o custo operacional das empresas tomadas como
universo se comportaram do seguinte modo:
Em suma, verifica-se que em pelo menos um ano, todas as empresas da
amostra apresentaram redução na receita bruta operacional no período denominado
“crise hídrica”, quando comparada com exercício anterior, exceto a Sanepar a qual
desde 2012 tem apresentado aumento gradativo da receita ano a ano, mas com
queda na margem bruta, sendo que em 2012 (entre 2011 e 2012) teve um aumento
de 15,14%, já em 2015 (entre 2014 e 2015) teve um aumento de pouco mais de 1%,
supostamente em decorrência da crise hídrica. A SABESP e a SANASA, empresas
localizadas na região Sudeste do Brasil, onde a crise hídrica foi mais intensa, foram
as que apresentaram uma queda mais significativa do faturamento, ainda que, com
o valor das tarifas médias praticadas com elevação acima da variação do índice do
IPCA, resultados dos reajustes tarifários aplicados no período.
129
De acordo com dados obtidos, a Sabesp e a Copasa foram empresas as
quais a queda no faturamento ultrapassou os dois dígitos; Sabesp 11,90% e Copasa
11,11%, no comparativo 2011 e 2015.
Em análise ao período de quatro anos dos custos de produção da água e
esgotamento das empresas, somente a Cagece e Cedae apresentaram redução nos
seus custos, 9,1%% e 5%. As demais tiveram elevação em seus custos. Destaca-se
o aumento do custo de produção da Casan (57,9%), Sanepar (38,5%) e a Sanesalto
(18,96%). A Sabesp (2,5%) e a SANASA (11,4%), empresas em destaque situarem
na mesma região, Sudeste.
No entanto, das 10 empresas pesquisadas sete tiveram suas tarifas médias
aplicadas, pela prestação do serviço de abastecimento de água e esgotamento,
acima da variação do IPCA; cinco delas tiveram uma média de aumento entre 45 a
50%, sendo que a variação do IPCA para o período foi de 33,68%.
Quanto à capacidade de pagamento, das 10 empresas pesquisadas somente
duas delas apresentaram resultados satisfatórios.
O estudo realizado permite concluir que as receitas operacionais, geradas
pela cobrança da tarifa de prestação de serviço de fornecimento de água e
esgotamento sanitário, não mostraram ser suficientes para determinar o equilíbrio
econômico e financeiro das empresas. Muitas dependem de uma política tarifária
direcionada e outras de subsídio do governo para a continuidade da prestação do
serviço a população. Devido ao seu caráter social e estrutura, o que cobra dos
consumidores regulares não é suficiente para mudar essa situação de difícil solução,
muito embora a maioria dos países conviva com esta mesma realidade. Neste
cenário, muitas empresas brasileiras não conseguem atender todas as diretrizes
determinadas na Lei nº 11.445/2007 e apresentam-se vulneráveis aos eventos
externos, principalmente os climáticos.
Sugestões e recomendações
Segundo Vergara (2009, p. 82) “um trabalho de pesquisa nunca se esgota em
si mesmo. Além de responder a um questionamento, abre espaço para outros
estudos”.
Sendo assim, as delimitações impostas nesta pesquisa foram imperativas
diante da extensão do tema tratado. No entanto, elas limitaram a exploração de
130
outras dimensões relevantes do saneamento básico e algumas lacunas não
puderam ser preenchidas. Dessa forma, esse trabalho não esgota em si mesmo o
tema proposto, por possuir muitos aspectos a ser pesquisados.
Nesse contexto, vislumbram-se algumas sugestões para futuras pesquisas
relacionadas ao tema saneamento, voltadas para a área contábil, conforme descritas
a seguir:
- O custo operacional das empresas prestadoras de saneamento básico na
gestão pública, em comparação com as empresas de gestão privada.
- Um estudo sobre a contabilização e relatórios econômicos financeiros das
empresas públicas de saneamento básico em um comparativo com contabilidade
normal, com o propósito de responder quais as vantagens e as desvantagens desse
sistema.
- Continuidade deste estudo com novas pesquisas incluindo a análise de
empresas de saneamento básico que foram privatizadas nos últimos 20 anos.
O setor do saneamento apresenta um enorme campo de pesquisa que essa
dissertação, bem como as questões aqui sugeridas não são suficientes para esgotar
o tema.
131
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140
APÊNDICES
APENDICES A - Receita operacional das Companhias de 2011 a 2015
No apêndice C segue a receita operacional da companhia, dados dos
balanços anuais publicados na CVM.
Receita operacional das Companhias de 2011 a 2015
Receitas Operacionais
Empresas
01/01/2015 01/01/2014 01/01/2013 01/01/2012 01/01/2011
a a a a a
30/12/2015 30/12/2014 30/12/2013 30/12/2012 30/12/2011
CASAN 796.925 744.696 659.952 610.342 539.155
CAGESE 942.330 962.831 876.483 823.948 777.431
CEDAE 4.057.307 4.116.445 3.539.483 3.447.267 3.167.268
COPASA 3.834.469 4.131.432 3.733.397 3.448.176 3.224.932
CORSAN 2.080.188 2.015.170 1.812.215 1.732.370 1.558.910
SABESP 11.711.569 11.213.216 11.315.567 10.754.435 9.941.637
SANASA 607.710 567.899 539.559 495.564 478.483
SANEAGO 1.734.912 1.720.236 1.565.601 1.372.864 1.175.120
SANEPAR 2.971.185 2.617.040 2.370.179 2.123.395 1.742.395
SANESALTO 23.948 18.298 11.979 13.706 11.218
Fonte dos dados: CVM
141
APENDICES B - Custo operacional das Companhias de 2011 a 2015
No apêndice C segue os custos operacionais das companhias, dados dos
balanços anuais publicados na CVM.
Custo operacional das Companhias de 2011 a 2015
Custos
EMPRESAS 01/01/2015 01/01/2014 01/01/2013 01/01/2012 01/01/2011
A a a a a
30/12/2015 30/12/2014 30/12/2013 30/12/2012 30/12/2011
CASAN 387.111 282.965 250.203 229.906 183.407
CAGESE 656.336 1.020.474 501.601 514.660 540.172
CEDAE 1.586.792 1.370.004 1.275.563 1.221.563 1.249.723
COPASA 2.698.211 2.723.280 2.341.918 2.097.045 1.923.418
CORSAN 1.351.935 1.190.214 1.126.819 1.066.890 905.212
SABESP 8.260.763 7.635.599 6.816.263 6.465.398 6.030.977
SANASA 399.998 381.324 333.386 312.932 268.571
SANEAGO 1.175.046 1.175.046 1.055.126 903.308 763.180
SANEPAR 1.345.162 1.115.124 941.215 818.875 726.548
SANESALTO 13.300 8.560 6.896 5.488 4.644 Fonte dos dados: CVM
142
APENDICES C – Analise dinâmica das empresas da amostragem
No apêndice C segue o cálculo da análise dinâmica das empresas amostras,
universo desta pesquisa. As fontes dos dados foram coletados dos balanços
publicados na CVM.
Análise dinâmica do capital de giro da Casan
Análise dinâmica do capital de giro da Cagese
Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 395.134 362.635 345.860 256.778 270.960
Ativo Não Cirulante (ANC) 2.273.107 2.045.521 1.983.048 1.990.501 2.017.551
Passivo Cirulante (PC) 230.301 206.862 258.884 240.631 219.665
Passivo Não Cirulante (PNC) 1.159.117 922.918 849.748 770.007 790.948
Patrimônio Liquido (PL) 1.278.823 1.278.376 1.220.276 1.236.641 1.277.898
Lucro Líquido 10.936 74.734 41.584 21.418 7.904
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 156.797 130.318 120.673 34.710 72.345
Ativo Circulante Operacional (ACO) 238.337 232.317 225.187 222.068 198.615
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 38.427 40.503 94.849 107.066 108.403
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 191.874 166.359 164.035 133.565 111.262
Capital Cirulante Líquido (CCL) 164.833 155.773 86.976 16.147 51.295
Investimento Operaciona em Giro (IOG) 46.463 65.958 61.152 88.503 87.353
Saldo Tesouraria (ST) 118.370 89.815 25.824 -72.356 -36.058
Capital Cirulante Líquido (CCL) POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO
Saldo Tesouraria (ST) POSITIVO POSITIVO POSITIVO NEGATIVO NEGATIVO
SITUAÇÃO SOLIDA SOLIDA SOLIDAINSATISFATÓRIAINSATISFATÓRIA
CASAN
Qua
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men
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G
ST
AN
ÁLI
SE
Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 207.872 287.890 298.471 187.150 188.219
Ativo Não Cirulante (ANC) 3.442.010 3.483.872 2.332.991 2.192.096 2.038.873
Passivo Cirulante (PC) 306.764 242.842 243.560 184.856 208.015
Passivo Não Cirulante (PNC) 1.099.332 1.064.988 697.939 867.798 755.897
Patrimônio Liquido (PL) 2.243.786 2.463.932 1.689.963 1.326.592 1.263.180
Lucro Líquido -128.969 -251.678 56.199 74.521 46.425
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 7.769 57.746 72.031 58.075 51.405
Ativo Circulante Operacional (ACO) 200.103 230.144 226.440 129.075 136.814
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 58.479 52.503 60.394 49.447 43.712
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 248.285 190.339 183.166 135.409 164.303
Capital Cirulante Líquido (CCL) -98.892 45.048 54.911 2.294 -19.796
Investimento Operaciona em Giro (IOG) -48.182 39.805 43.274 -6.334 -27.489
Saldo Tesouraria (ST) -50.710 5.243 11.637 8.628 7.693
Capital Cirulante Líquido (CCL) NEGATIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO NEGATIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) NEGATIVO POSITIVO POSITIVO NEGATIVO NEGATIVO
Saldo Tesouraria (ST) NEGATIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO
SITUAÇÃO RUIM SOLIDA SOLIDA EXCELENTE ALTO RISCO
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CAGESE
143
Análise dinâmica do capital de giro da Cedae
Análise dinâmica do capital de giro da Copasa
Análise dinâmica do capital de giro da Corsan
Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 1.366.074 1.104.793 1.066.976 1.072.489 901.038
Ativo Não Cirulante (ANC) 11.945.224 11.955.313 11.627.204 11.733.113 12.100.119
Passivo Cirulante (PC) 1.215.973 1.063.598 1.055.621 1.355.786 1.293.333
Passivo Não Cirulante (PNC) 6.401.963 6.603.657 6.673.629 6.779.439 7.210.009
Patrimônio Liquido (PL) 5.693.362 5.392.851 4.964.930 4.670.377 4.497.815
Lucro Líquido 248.889 460.316 291.519 162.993 -188.027
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 232.080 108.742 144.070 90.986 17.493
Ativo Circulante Operacional (ACO) 1.133.994 996.051 922.906 981.503 883.545
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 359.046 315.117 288.848 295.107 227.293
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 856.927 748.481 766.773 1.060.679 1.066.040
Capital Cirulante Líquido (CCL) 150.101 41.195 11.355 -283.297 -392.295
Investimento Operaciona em Giro (IOG) 277.067 247.570 156.133 -79.176 -182.495
Saldo Tesouraria (ST) -126.966 -206.375 -144.778 -204.121 -209.800
Capital Cirulante Líquido (CCL) POSITIVO POSITIVO POSITIVO NEGATIVO NEGATIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) POSITIVO POSITIVO POSITIVO NEGATIVO NEGATIVO
Saldo Tesouraria (ST) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO
SITUAÇÃO INSATISFATÓRIAINSATISFATÓRIAINSATISFATÓRIA RUIM RUIM
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Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 1.513.416 1.189.401 1.100.038 1.249.230 826.321
Ativo Não Cirulante (ANC) 9.417.323 8.972.574 8.288.432 7.840.109 7.444.528
Passivo Cirulante (PC) 1.086.708 1.022.820 930.837 863.640 972.255
Passivo Não Cirulante (PNC) 4.197.181 3.602.591 3.120.274 3.290.811 2.765.499
Patrimônio Liquido (PL) 5.646.850 5.536.564 5.337.359 4.934.888 4.533.095
Lucro Líquido -11.592 318.141 419.795 481.723 464.507
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 581.854 331.039 261.938 497.701 242.371
Ativo Circulante Operacional (ACO) 931.562 858.362 838.100 751.529 583.950
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 490.140 608.793 471.930 363.005 543.682
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 596.568 414.027 458.907 500.635 428.573
Capital Cirulante Líquido (CCL) 426.708 166.581 169.201 385.590 -145.934
Investimento Operaciona em Giro (IOG) 334.994 444.335 379.193 250.894 155.377
Saldo Tesouraria (ST) 91.714 -277.754 -209.992 134.696 -301.311
Capital Cirulante Líquido (CCL) POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO NEGATIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO
Saldo Tesouraria (ST) POSITIVO NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO NEGATIVO
SITUAÇÃO SOLIDAINSATISFATÓRIAINSATISFATÓRIA SOLIDA PÉSSIMA
COPASA
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ST
144
Análise dinâmica do capital de giro da Sabesp
Análise dinâmica do capital de giro da Sanasa
Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 486.035 537.878 445.199 389.233 402.010
Ativo Não Cirulante (ANC) 3.427.083 3.213.799 2.862.248 2.848.385 2.278.851
Passivo Cirulante (PC) 640.674 593.000 568.541 472.990 435.237
Passivo Não Cirulante (PNC) 1.596.667 1.858.599 1.601.076 2.172.301 1.151.397
Patrimônio Liquido (PL) 1.675.777 1.300.078 1.137.830 592.327 1.094.227
Lucro Líquido 163.877 232.753 167.451 237.641 231.280
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 52.961 167.861 58.880 52.253 93.588
Ativo Circulante Operacional (ACO) 433.074 370.017 386.319 336.980 308.422
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 60.111 50.549 47.501 90.045 85.876
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 580.563 542.451 521.040 382.945 349.361
Capital Cirulante Líquido (CCL) -154.639 -55.122 -123.342 -83.757 -33.227
Investimento Operaciona em Giro (IOG) -147.489 -172.434 -134.721 -45.965 -40.939
Saldo Tesouraria (ST) -7.150 117.312 11.379 -37.792 7.712
Capital Cirulante Líquido (CCL) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO
Saldo Tesouraria (ST) NEGATIVO POSITIVO POSITIVO NEGATIVO POSITIVO
SITUAÇÃO RUIM ALTO RISCO ALTO RISCO RUIM ALTO RISCO
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CORSAN
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ST
Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 3.450.333 3.215.445 3.254.087 3.336.865 3.725.833
Ativo Não Cirulante (ANC) 30.256.281 27.139.995 25.020.207 23.338.928 21.489.151
Passivo Cirulante (PC) 3.740.316 3.480.576 2.972.381 3.797.370 3.968.668
Passivo Não Cirulante (PNC) 16.249.692 13.570.461 12.371.112 11.162.846 10.700.420
Patrimônio Liquido (PL) 13.716.606 13.304.403 12.930.801 11.715.577 10.545.896
Lucro Líquido 536.279 902.983 1.923.559 1.911.900 1.223.419
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 1.639.214 1.722.991 1.782.001 1.921.178 2.149.989
Ativo Circulante Operacional (ACO) 1.811.119 1.492.454 1.472.086 1.415.687 1.575.844
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 1.526.262 1.207.126 640.940 1.367.391 1.630.010
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 2.214.054 2.273.450 2.331.441 2.429.979 2.338.658
Capital Cirulante Líquido (CCL) -289.983 -265.131 281.706 -460.505 -242.835
Investimento Operaciona em Giro (IOG) -402.935 -780.996 -859.355 -1.014.292 -762.814
Saldo Tesouraria (ST) 112.952 515.865 1.141.061 553.787 519.979
Capital Cirulante Líquido (CCL) NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO NEGATIVO NEGATIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO
Saldo Tesouraria (ST) POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO
SITUAÇÃO ALTO RISCO ALTO RISCO EXCELENTE ALTO RISCO ALTO RISCO
SABESP
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Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 134.699 155.763 138.455 121.456 141.423
Ativo Não Cirulante (ANC) 975.306 893.097 816.453 766.746 770.306
Passivo Cirulante (PC) 312.161 202.904 155.354 102.960 107.860
Passivo Não Cirulante (PNC) 462.867 452.199 387.038 386.331 443.379
Patrimônio Liquido (PL) 334.977 393.757 412.516 398.911 360.490
Lucro Líquido -57.909 -18.759 18.307 58.420 54.213
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 7.058 21.591 9.514 5.953 25.519
Ativo Circulante Operacional (ACO) 127.641 134.172 128.941 115.503 115.904
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 111.259 81.556 41.385 22.865 34.583
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 200.902 121.348 113.969 80.095 73.277
Capital Cirulante Líquido (CCL) -177.462 -47.141 -16.899 18.496 33.563
Investimento Operaciona em Giro (IOG) -73.261 12.824 14.972 35.408 42.627
Saldo Tesouraria (ST) -104.201 -59.965 -31.871 -16.912 -9.064
Capital Cirulante Líquido (CCL) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO POSITIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) NEGATIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO POSITIVO
Saldo Tesouraria (ST) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO
SITUAÇÃO RUIM PÉSSIMA PÉSSIMAINSATISFATÓRIAINSATISFATÓRIA
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SANASA
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ST
145
Análise dinâmica do capital de giro da Saneago
Análise dinâmica do capital de giro da Sanepar
Análise dinâmica do capital de giro da Sanesalto
Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 310.813 310.813 340.619 401.225 274.099
Ativo Não Cirulante (ANC) 3.969.993 3.969.993 3.623.860 3.289.101 3.096.059
Passivo Cirulante (PC) 760.631 760.631 534.252 345.452 318.339
Passivo Não Cirulante (PNC) 976.432 976.432 1.065.970 1.040.786 799.405
Patrimônio Liquido (PL) 2.543.743 2.543.743 2.364.257 2.304.088 2.252.414
Lucro Líquido -52.803 -52.803 36.957 85.441 -25.763
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 25.936 25.936 75.731 173.002 81.473
Ativo Circulante Operacional (ACO) 284.877 284.877 264.888 228.223 192.626
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 305.963 305.963 245.961 120.734 82.439
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 454.668 454.668 288.291 224.718 235.900
Capital Cirulante Líquido (CCL) -449.818 -449.818 -193.633 55.773 -44.240
Investimento Operaciona em Giro (IOG) -169.791 -169.791 -23.403 3.505 -43.274
Saldo Tesouraria (ST) -280.027 -280.027 -170.230 52.268 -966
Capital Cirulante Líquido (CCL) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO NEGATIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO NEGATIVO
Saldo Tesouraria (ST) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO NEGATIVO
SITUAÇÃO RUIM RUIM RUIM SOLIDA RUIM
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Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 738.383 558.580 601.122 642.792 486.768
Ativo Não Cirulante (ANC) 7.506.292 6.993.159 6.146.905 5.528.977 5.077.300
Passivo Cirulante (PC) 741.501 764.481 544.102 604.672 571.772
Passivo Não Cirulante (PNC) 3.322.867 2.986.173 2.637.083 3.138.267 2.681.897
Patrimônio Liquido (PL) 4.180.307 3.801.085 3.566.842 2.428.830 2.310.399
Lucro Líquido 438.444 421.586 402.904 335.756 284.276
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 163.797 69.061 146.782 219.175 140.292
Ativo Circulante Operacional (ACO) 574.586 489.519 454.340 423.617 346.476
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 230.660 244.334 112.310 130.116 175.647
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 510.841 520.147 431.792 474.556 396.125
Capital Cirulante Líquido (CCL) -3.118 -205.901 57.020 38.120 -85.004
Investimento Operaciona em Giro (IOG) 63.745 -30.628 22.548 -50.939 -49.649
Saldo Tesouraria (ST) -66.863 -175.273 34.472 89.059 -35.355
Capital Cirulante Líquido (CCL) NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO POSITIVO NEGATIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) POSITIVO NEGATIVO POSITIVO NEGATIVO NEGATIVO
Saldo Tesouraria (ST) NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO POSITIVO NEGATIVO
SITUAÇÃO PÉSSIMA RUIM SOLIDA EXCELENTE RUIM
SANEPAR
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Indicador 31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2011
Ativo Cirulante (AC) 4.993 5.640 3.632 4.017 2.577
Ativo Não Cirulante (ANC) 48.081 42.863 41.932 45.593 47.390
Passivo Cirulante (PC) 10.111 4.417 10.874 7.068 3.931
Passivo Não Cirulante (PNC) 59.106 57.228 49.767 50.013 49.242
Patrimônio Liquido (PL) -16.143 -13.142 -15.077 -7.471 -3.206
Lucro Líquido -3.001 1.935 -7.606 -4.265 -4.542
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 1.155 2.797 1.319 1.794 1.049
Ativo Circulante Operacional (ACO) 3.838 2.843 2.313 2.223 1.528
Passivo Cirulante Financeiro (PCF) 8.690 3.538 7.093 3.334 1.539
Passivo Cirulante Operacional (PCO) 1.421 879 3.781 3.734 2.392
Capital Cirulante Líquido (CCL) -5.118 1.223 -7.242 -3.051 -1.354
Investimento Operaciona em Giro (IOG) 2.417 1.964 -1.468 -1.511 -864
Saldo Tesouraria (ST) -7.535 -741 -5.774 -1.540 -490
Capital Cirulante Líquido (CCL) NEGATIVO POSITIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO
Investimento Operaciona em Giro (IOG) POSITIVO POSITIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO
Saldo Tesouraria (ST) NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO
SITUAÇÃO PÉSSIMAINSATISFATÓRIA RUIM RUIM RUIM
SANESALTO
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ST
146
147
ANEXO I - Indicadores do saneamento básico por Estado, em 2014.
Indicadores do saneamento básico por Estado, em 2014
Fonte : Toneto junior, 2013
148
ANEXO II - Tarifa média praticada e despesa total média 2013 e 214
Tarifa média praticada e despesa total média (indicadores IN004 e IN003) dos prestadores de serviços participantes do SNIS em 2014 e 2013, segundo
estado, região geográfica e Brasil
Estado / Região
Tarifa média Despesa total média Variação Real
2014 2013 2014 2013 Tarifa Média
Despesas Médias
(R$/m³) (R$/m³) (R$/m³) (R$/m³) % % Rondônia 3,34 3,02 3,79 3,79 10,60% 0,00%
Acre 1,84 1,66 1,79 2,64 10,84% -32,20%
Amazonas 3,91 3,75 3,77 3,74 4,27% 0,80%
Roraima 1,99 2,14 4,05 3,58 -7,01% 13,13%
Pará 1,7 1,64 3,48 2,92 3,66% 19,18%
Amapá 2,34 2,42 4,47 3,01 -3,31% 48,50%
Tocantins 3,28 2,99 3,16 2,38 9,70% 32,77%
Norte 2,71 3,48
Maranhão 2,21 1,62 2,67 1,3 36,42% 105,38%
Piauí 2,52 2,69 3,72 3,5 -6,32% 6,29%
Ceará 2,21 2,05 3,07 1,84 7,80% 66,85%
Rio Grande do Norte 2,78 2,47 2,6 2,32 12,55% 12,07%
Paraíba 2,83 2,71 3,23 3,06 4,43% 5,56%
Pernambuco 2,86 2,75 2,78 2,71 4,00% 2,58%
Alagoas 2,86 3,26 4,08 3,48 -12,27% 17,24%
Sergipe 3,29 3,17 3,67 3,49 3,79% 5,16%
Bahia 2,91 2,85 2,86 3,08 2,11% -7,14%
Nordeste 2,71 3,01
Minas Gerais 2,49 2,36 2,35 2,17 5,51% 8,29%
Espírito Santo 2,38 2,13 1,98 1,75 11,74% 13,14%
Rio de Janeiro 3,64 3,16 2,77 2,6 15,19% 6,54%
São Paulo 2,26 2,29 2,18 2,02 -1,31% 7,92%
Sudeste 2,54 2,3
Paraná 2,72 2,58 2,52 2,33 5,43% 8,15%
Santa Catarina 3,35 3,04 3,15 2,67 10,20% 17,98%
Rio Grande do Sul 4,52 4,18 4,24 4,26 8,13% -0,47%
Sul 3,4 3,18
Mato Grosso do Sul 3,25 3,1 2,83 2,74 4,84% 3,28%
Mato Grosso 2,1 1,95 2,06 2,19 7,69% -5,94%
Goiás 3,39 3,28 4,86 4,35 3,35% 11,72%
Distrito Federal 3,95 3,73 4,21 3,77 5,90% 11,67%
Centro-Oeste 3,32 3,87
Brasil 2,75 2,62 2,68 2,46 5,00% 9,00% Fonte dos dados: Ministérios das Cidades – Diagnóstico 2013 e 2014- SNIS