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i PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP DANTE BONETTI DE FREITAS PAPÉIS E COMPETÊNCIAS DO LÍDER: Um estudo em organização multinacional francesa. MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS SÃO PAULO 2007

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

DANTE BONETTI DE FREITAS

PAPÉIS E COMPETÊNCIAS DO LÍDER:

Um estudo em organização multinacional francesa.

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

SÃO PAULO

2007

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

DANTE BONETTI DE FREITAS

PAPÉIS E COMPETÊNCIAS DO LÍDER:

Um estudo em organização multinacional francesa.

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

Dissertação de mestradoapresentada à Banca Examinadorada Pontifícia Universidade Católicade São Paulo, como exigênciaparcial para obtenção do título deMESTRE em Administração deEmpresas, sob a orientação daProfa. Dra. Neusa Maria BastosFernandes dos Santos.

SÃO PAULO

2007

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BANCA EXAMINADORA

___________________________________

___________________________________

___________________________________

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Dante e Natalvina, pelos valores de vida que

transmitiram, possibilitando-me chegar até aqui.

A minha esposa Alessandra, exemplo de mãe e mulher.

Aos meus filhos Arthur, Beatriz e Victor fontes inesgotáveis

de inspiração, amor e alegrias.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente à Profa. Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos

Santos, minha orientadora, que com sabedoria me guiou e ajudou a encontrar o

caminho. Agradeço pela amizade, paciência, compreensão, disposição, bom

humor e energia que foram fundamentais para a qualidade deste trabalho.

Ao Prof. Dr. José Luiz Tavares e Prof. Dr. Arnaldo Nogueira, pelas

valorosas críticas e sugestões.

Aos amigos, professores e funcionários da pós-graduação da PUC-SP

pelos momentos de amizade, troca de idéias e aquisição de conhecimento.

Ao Diretor de Recursos Humanos da empresa pesquisada, Raul da Costa

Navarro, que me apoiou em todos os momentos do trabalho realizado.

Aos executivos que participaram da pesquisa pelas suas fundamentais

contribuições para este trabalho.

Aos meus pais, que sempre me incentivaram ao longo da minha vida.

A minha esposa Alessandra Marcellini, pela compreensão nos momentos

de ausência enquanto eu me dedicava a este estudo.

Aos meus filhos Arthur, Beatriz e Victor, tres presentinhos que Deus me

confiou.

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"A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo".

Peter Drucker

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ouparcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura: ______________________________ Local e data: _______________

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RESUMO

A liderança tem sido considerada um dos fatores fundamentais para a

obtenção de resultados nas organizações contemporâneas. As competências que

o líder precisa apresentar é um tema de discussão presente nas grandes

organizações.

Dentre as diversas teorias que abordam o tema liderança e as

competências do líder nos últimos anos, há a abordagem conhecida como quadro

de valores competitivos, desenvolvida por Quinn (2003).

Essa abordagem propõe 24 competências fundamentais para o líder e oito

papéis relacionados a estas competências, o que nos traz uma visão ampla e

abrangente sobre o tema.

O propósito deste estudo de caso é identificar, na sede de uma organização

multinacional francesa, do setor de materiais de construção, qual o nível de

desenvolvimento das competências e papéis do líder.

Para tanto, foi realizada uma pesquisa com os líderes da sede desta

empresa, onde identificou-se o nível de desenvolvimento em cada uma das 24

competências e também dos oito papéis do líder.

O questionário e as entrevistas foram os instrumentos de coleta de dados

para avaliar as competências estudadas.

Os resultados obtidos apontam que 14 competências obtiveram o nível

desenvolvido e 10 competências atingiram o nível pouco desenvolvido. A partir

desses dados, pode-se identificar onde é necessário priorizar o desenvolvimento

dos líderes, visando a melhoria das competências e consequentemente do

resultado dos negócios da organização.

Palavras chave: liderança, competências, papéis do líder, mudança

organizacional.

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ABSTRACT

Leadership is considered one of the most fundamental factors in obtaining

results in nowadays organizations. The competencies the leader needs are at the

center of discussion in generally all big companies.

Of the various theories that discussed leadership and leader competencies

over the last few years, there is one outstanding theory called the “competitive

value model”, developed by Quinn (2003).

This theory states there are 24 fundamental leader competencies and eight

roles related to these competencies, which give us a broad idea on the subject.

The purpose of this study is to identify the development level of the leader

competencies and the roles in the construction material sector of a French

multinational company head office.

To do that, a research was carried out among leaders of the company head

office, to identify which of the four development levels each of the 24 leader

competencies and eight roles had.

By using a questionnaire and interviews it was possible to measure the

competencies development level and suggest actions to improve it.

The obtained results show us that 14 competencies reached the developed

level and 10 competencies reached the less developed level. From this data it is

possible to identify where it is necessary to prioritize the leaders’ development in

order to improve the competencies and consequently the business results in the

organization.

Key words: leadership, competencies, leaders’ role, organizational change.

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Sumário

LISTA DE FIGURAS........................................................................................ xiv

LISTA DE QUADROS ..................................................................................... xv

LISTA DE GRÁFICOS ..................................................................................... xvi

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: LIDERANÇA E COMPETÊNCIA............ 7

1.1. Natureza e Definição de Liderança ..................................................... 71.1.1. Definição de liderança ................................................................ 91.1.2. Gerenciamento e liderança ........................................................ 9

1.2. Evolução das Teorias de Liderança ..................................................... 121.2.1. Teoria dos traços de liderança .................................................. 121.2.2. Teorias comportamentais .......................................................... 131.2.3. Teorias das contingências ......................................................... 131.2.4. Teorias neocarismáticas ............................................................. 15

1.2.4.1 – Liderança transacional e liderança transformacional .. 161.2.4.2 – Liderança visionária ..................................................... 17

1.2.5. Liderança embasada na competência ....................................... 18

1.3. Competências ...................................................................................... 201.3.1. As dimensões da abordagem de competências nas

organizações: organizacional e individual .....................................20

1.3.2. Conceituação e definição de competências ............................... 211.3.3. Competência associada ao conceito de entrega ........................ 231.3.4. Competências do líder ................................................................ 24

2. O MODELO DE QUINN: QUADRO DE VALORES COMPETITIVOS ....... 29

2.1. Quadro de Valores Competitivos: uma visão geral ............................. 302.2. O Líder: Oito Papéis e 24 Competências ............................................ 34

2.2.1. Papel de Mentor e suas competências ....................................... 352.2.2. Papel de Facilitador e suas competências ................................. 352.2.3. Papel de Monitor e suas competências ...................................... 362.2.4. Papel de Coordenador e suas competências ............................. 372.2.5. Papel de Diretor e suas competências ....................................... 372.2.6. Papel de Produtor e suas competências .................................... 382.2.7. Papel de Negociador e suas competências ............................... 382.2.8. Papel de Inovador e suas competências .................................... 39

2.3. Resultados dos Estudos Realizados por Quinn.................................... 40

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3. EMPRESA E CONTEXTO EM QUE OCORRE O ESTUDO DE CASO .... 42

3.1. A Empresa no Mundo .......................................................................... 423.1.1. Faturamento mundial e número de empregados ........................ 433.1.2. Objetivos estratégicos ................................................................ 433.1.3. Princípios de gestão do grupo .................................................... 44

3.2. A Empresa no Brasil, Argentina e Chile ............................................... 443.2.1. Os números da empresa no Brasil, Argentina e Chile ................ 453.2.2. Objetivos estratégicos e princípios de gestão ............................ 453.2.3. Políticas de gestão de pessoas .................................................. 453.2.4. Competências: em processo de revisão pela matriz mundial .... 46

3.3. A Sede da Empresa no Brasil: o local da pesquisa ............................. 473.3.1. Motivo da escolha da sede da empresa para realização da

pesquisa ........................................................................................ 47

4. AÇÕES METODOLÓGICAS E PLANEJAMENTO DO ESTUDO DECASO ......................................................................................................... 49

4.1. Tipo de Estudo ..................................................................................... 49

4.2. Protocolo Para o Estudo de Caso ........................................................ 494.2.1. Visão geral do estudo de caso ................................................... 504.2.2. Procedimentos de Campo .......................................................... 51

4.2.2.1. Participantes .................................................................... 514.2.2.2. Coleta de Dados .............................................................. 51

4.2.3. Questões sobre o estudo de caso: o questionário de pesquisa . 524.2.4. Questões para a entrevista ......................................................... 53

5. ANÁLISE DOS DADOS E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ....... 54

5.1. Descrição dos Participantes na Pesquisa ........................................... 54

5.2. Competências do Líder: Análise do Resultado da Auto-Avaliação deCompetências....................................................................................... 59

5.2.1. Modelo de metas racionais: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Produtor ................................................ 60

5.2.2. Modelo de metas racionais: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Diretor ................................................... 61

5.2.3. Modelo de processos internos: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Monitor.................................................. 62

5.2.4. Modelo de processos internos: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Coordenador ........................................ 64

5.2.5. Modelo de relações humanas: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Mentor .................................................. 65

5.2.6. Modelo das relações humanas: análise das competências

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relacionadas ao papel de Facilitador ............................................. 665.2.7. Modelo dos sistemas abertos: análise das competências

relacionadas ao papel de Inovador ............................................... 675.2.8. Modelo dos sistemas abertos: análise das competências

relacionadas ao papel de Negociador ........................................... 69

5.3. Análise Consolidada das Competências do Líder ............................... 70

5.4. Avaliação do Colega de Trabalho ........................................................ 73

5.5. Análise Geral do Resultado dos Papéis do Líder ................................ 75

5.6. Análise das Entrevistas ........................................................................ 775.6.1. Comentários dos entrevistados .................................................. 78

5.7. Desenvolvimento das Competências do Líder ..................................... 81

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E LIMITAÇÕES DO ESTUDO. 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 87

ANEXOS .......................................................................................................... 90

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Lista de Figuras

Figura 1: Quadro de valores competitivos ....................................................... 32

Figura 2: Papéis do líder .................................................................................. 34

Figura 3: Modelos teóricos e respectivos papéis do líder ................................ 59

Figura 4: Modelo das metas racionais – papéis de produtor e diretor ............. 60

Figura 5: Modelo de processos internos – Monitor e Coordenador ................. 63

Figura 6: Modelo das relações humanas – Mentor e Facilitador ..................... 65

Figura 7: Modelo das relações humanas – Inovador e Negociador ................ 68

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Lista de Quadros

Quadro 1 – Distinção entre liderança e gerência ............................................. 11

Quadro 2 - Características chave dos líderes carismáticos ............................. 16

Quadro 3 – Evolução das teorias de liderança................................................. 19

Quadro 4 - Competências do líder ................................................................... 24

Quadro 5 - Competências do líder, segundo Cripe & Mansfield ...................... 25

Quadro 6 – Resultado da Avaliação do Colega de Trabalho ........................... 74

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Lista de Gráficos

Gráfico 1: Universo da pesquisa x número de participantes ........................... 55

Gráfico 2: Distribuição dos participantes por sexo ........................................... 55

Gráfico 3: Idade ............................................................................................... 56

Gráfico 4: Cargos exercidos pelos participantes ............................................. 56

Gráfico 5: Área de atuação .............................................................................. 57

Gráfico 6: Tempo como gestor ........................................................................ 58

Gráfico 7: Formação Acadêmica ..................................................................... 58

Gráfico 8: Competências do Líder / Papel de Produtor ................................... 61

Gráfico 9: Competências do Líder / Papel de Diretor ...................................... 62

Gráfico 10: Competências do Líder / Papel de Monitor ................................... 63

Gráfico 11: Competências do Líder / Papel de Coordenador .......................... 64

Gráfico 12: Competências do Líder / Papel de Mentor .................................... 66

Gráfico 13: Competências do Líder / Papel de Facilitador .............................. 67

Gráfico 14: Competências do Líder / Papel de Inovador ................................. 68

Gráfico 15: Competências do Líder / Papel de Negociador ............................. 69

Gráfico 16: Resultado geral da avaliação de competências do líder ............... 71

Gráfico 17: Resultado da avaliação dos papéis do líder .................................. 76

Gráfico 18: Perfil dos Mestres .......................................................................... 77

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INTRODUÇÃO

A introdução tem como objetivo apresentar o tema, a motivação do estudo,

e as questões de pesquisa a serem analisadas.

O interesse nesse estudo se dá a partir da constatação de que as

organizações estão mudando e com isto muda a forma de administração, o que

traz como conseqüência a mudança do papel e competências do líder.

De acordo com Drucker (1997), esta transformação pode ser percebida da

seguinte forma:“A linguagem emergente nas organizações é muito diferente. O discurso

atual consiste em adhocracia, federalismo, alianças, equipes, delegação

de poderes e espaço para a iniciativa. As palavras-chave são

alternativas, não planos; possível em lugar de perfeito; envolvimento, em

vez de obediência. Esta é a linguagem da política, não da tecnocracia; da

liderança, não da gerência. Portanto, é interessante observar como as

organizações estão abandonando os títulos de gerentes e substituindo-os

por termos como líder de equipe, coordenador de projeto, sócio principal,

facilitador ou presidente.”

Diante desta transformação que vem ocorrendo, as organizações de hoje

são regidas muito mais pela influência do que pela autoridade. Os novos conceitos

de liderança e gerência de pessoas serão parte integrante da abordagem das

empresas, com o objetivo de obter os melhores resultados. O desenvolvimento

das competências dos líderes passa a ser fundamental.

De uma maneira geral, as empresas estão dando bastante atenção ao tema

liderança, pois o pensamento corrente é de que ela influencia diretamente os

resultados atingidos.

Este estudo de caso pretende identificar, na sede de uma organização

multinacional francesa, presente no Brasil há 70 anos e situada na cidade de São

Paulo, quais competências estão presentes nos seus líderes, seu nível de

desenvolvimento e, se é necessário um trabalho de aprimoramento e

desenvolvimento em alguma competência específica.

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A empresa, onde é realizado o estudo de caso, demonstra uma constante

preocupação com relação às competências de seus líderes e como eles

influenciam suas equipes para obter os resultados na organização, o que reforça o

interesse na condução deste estudo de caso, pois ele pode ter uma aplicação

direta no ambiente organizacional da empresa em questão.

Neste trabalho, portanto, estuda-se, dentro desta organização multinacional

francesa, os papéis do líder e suas respectivas competências. Além disso

desenvolve-se um diagnóstico e sugestões para desenvolvimento das

competências do líder.

Dentre os autores que elucidam a proposta deste trabalho, pode-se citar

Quinn (2003). Para ele, o líder precisa desenvolver o que ele chama de

complexidade comportamental, referindo-se à capacidade de explorar e utilizar

competências e comportamentos diferentes e até antagônicos, dependendo do

modelo de gestão organizacional vigente. Esse autor desenvolveu o que ele

denominou de “Quadro de Valores Competitivos”, que será a base teórica da

pesquisa aqui realizada.

Sobre o Quadro de Valores Competitivos, Santos (2000) nos diz que ele

começou a ser estudado em 1981 por Quinn e Rohrbaug e sua estrutura

conceitual focaliza as tensões inerentes a todo sistema organizacional.

Os estudos desenvolvidos por Quinn (2003), trazem reflexões sobre as

demandas com que os líderes se deparam. Sua abordagem vem sendo

empregada desde o início da década de 80, tanto em programas pedagógicos, em

contexto acadêmico, quanto em programas de educação gerencial e executiva.

Dentro do “Quadro de Valores Competitivos” são definidos oito papéis e 24

competências do líder, que serão aqui detalhadas. Há um alinhamento entre os

papéis e as competências do líder, dentro de uma perspectiva de evolução da

liderança ao longo do tempo.

Sobre a evolução das teorias de liderança, Robbins (2002) identifica as

seguintes teorias: teoria dos traços, teorias comportamentais, teorias

contingenciais e abordagens mais recentes, referindo-se às teorias

neocarismáticas. Acrescenta-se a liderança embasada na competência, que foi

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descrita por Covey (2005), como uma forma de liderança, onde é possível

aprender e aprimorar competências de liderança.

Nesse ponto reúnem-se os conceitos de liderança e competências. Para

explicar o conceito de competências, Boyatzis (1982) procurou fixar ações ou

comportamentos efetivos esperados, demonstrando a preocupação com o

conceito de “entrega” de resultados, do indivíduo para o meio no qual se insere.

Ele estudou o desempenho dos gestores através da análise dos traços,

características e habilidades dos mesmos, estabelecendo o C.H.A.

(Conhecimentos, Habilidades e Atitudes), até hoje utilizado nas organizações.

Dutra (2004), sugere que para melhor compreender o conceito de

competências é necessário agregar o conceito de entrega, ou seja, considerar as

pessoas por sua capacidade de entrega de resultados. Segundo o autor, este

conceito dá-nos uma perspectiva mais adequada para avaliá-las, orientar seu

desenvolvimento e estabelecer recompensas. Este é o enfoque que se dará neste

estudo para as competências relacionadas à liderança.

As organizações estão em constante mudança, procurando adaptar-se às

transformações que ocorrem no mundo do trabalho e a emergência da economia

global que afeta entidades dos setores público e privado, exigindo assim novas

abordagens de adminstração nas organizações. Para Drucker (1997), o significado

das organizações passou por uma transformação, conforme abaixo:“O propósito das organizações é obter resultados externamente, isto é

atingir bom desempenho no mercado. A organização é, entretanto, mais

do que uma máquina, como na estrutura de Fayol. Ela é mais do que

econômica, definida pelos resultados alcançados no mercado. A

organização é acima de tudo social. São pessoas. Seu propósito deve

ser o de tornar eficazes os pontos fortes das pessoas e irrelevantes suas

fraquezas.”

As organizações são entidades com uma finalidade bem definida, ou seja,

devem gerar resultados. Para obter os resultados esperados é necessário que as

pessoas participem de forma eficaz no processo, o que reforça ainda mais a

necessidade de líderes com habilidade de desenvolver pessoas. Ainda segundo

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Drucker (2002): “Toda entidade existe para cumprir determinada finalidade e

missão, uma função social específica. Na empresa privada, essa função traduz-se

no desempenho econômico.”

Neste contexto, a busca pelo resultado, dentro das organizações, tem como

um dos atores principais o próprio líder. De acordo com C. K. Prahalad (in Drucker

1997), pode-se facilmente perceber que as empresas serão globais, operando em

vários lugares e culturas, exigindo múltiplas habilidades e perspectivas. Dentro

deste panorama competitivo ele considera que os líderes terão um papel

fundamental, não como meros executores, mas como pensadores.

Bennis & Nanus (1988), consideram que os problemas que vivemos não

serão resolvidos sem organizações de sucesso, e estas não podem lograr êxito

sem uma liderança efetiva, capaz de responder a condições instáveis e

conturbadas.

Bergamini (2005), entende que o fator liderança adquire importância fora do

comum atualmente, principalmente dentro do contexto organizacional. Bergamini

(2005, p.124) esclarece que:“As empresas podem ser consideradas como predominantemente

formadas de grupos de pessoas que precisam ser coordenadas em seus

esforços individuais, a fim de que as metas e os objetivos comuns sejam

alcançados. Cada dia mais se tem valorizado aqueles que, de maneira

explícita, usam com eficácia seus recursos pessoais no cumprimento da

responsabilidade de dirigir os seguidores de maneira eficaz.”

Para Quinn (2003), os líderes estão sendo cada vez mais desafiados a

encontrar soluções para dilemas referentes à eficácia organizacional, viabilidade

econômica, e no contexto público para a segurança política e militar. Segundo

Robbins (2002), as organizações precisam de liderança forte e administração forte

para atingir sua eficácia ótima.

Bossidy & Charan (2005) acreditam que o líder é essencial para a

execução, que eles consideram, no seu sentido fundamental, expor a realidade e

agir sobre ela.

Bossidy & Charan (2005, p. 33) explicam que:

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“Uma organização somente pode executar se o líder estiver

comprometido com a empresa de corpo e alma. Liderar é muito mais do

que pensar alto ou conversar informalmente com os investidores e com

os legisladores, embora isso seja parte do trabalho. O líder precisa estar

envolvido pessoal e profundamente no negócio. A execução requer um

entendimento abrangente do negócio, de seu pessoal e ambiente. O

líder é a única pessoa em posição de conseguir esse entendimento. E

apenas o líder pode fazer a execução acontecer através de seu

envolvimento pessoal na parte fundamental e até mesmo nos detalhes

da execução”.

De uma maneira geral, as empresas estão dando bastante atenção ao tema

liderança, pois o pensamento corrente é de que ela influencia diretamente os

resultados atingidos. Esta situação não é diferente na empresa escolhida para a

realização do estudo de caso aqui proposto. Daí surge o tema central para a

realização deste trabalho.

Se o ambiente é cada vez mais instável e competitivo, sendo os líderesfundamentais para as organizações alcançarem seus resultados, quais sãoos papéis e as competências que o líder deve apresentar?

A hipótese levantada é de que os líderes da sede da empresa, onde é

realizado o estudo de caso, apresentarão algumas competências desenvolvidas e

outras pouco desenvolvidas, baseando-se nas competências do líder

estabelecidas por Quinn (2003).

O objetivo geral da pesquisa é identificar quais são os papéis e as

competências do líder.

Como objetivos específicos, levantou-se o seguinte:

− Avaliar o nível de desenvolvimento em cada um dos oito papéis e 24

competências do líder, nos gestores da Sede da Empresa onde se

realiza o estudo de caso;

− Mapear as competências mais desenvolvidas e as menos

desenvolvidas;

− Sugerir aprimoramento de competências dos líderes da organização

de acordo com os resultados obtidos.

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O conteúdo dos capítulos está organizado da seguinte maneira:

Na introdução está a apresentação do contexto geral da motivação que

justificou o desenvolvimento deste estudo.

No capítulo 1 apresenta-se, em seqüência cronológica, as teorias de

liderança e teorias sobre competências, que sustentam esta pesquisa.

No capítulo 2 é apresentada a base teórica do “Quadro de Valores

Competitivos”, desenvolvido por Quinn (2003), que dá a base teórica escolhida

para o estudo das competências do líder.

No capítulo 3 é descrita a empresa onde ocorre o estudo de caso, sua

origem e história, ramo de atuação, principais mercados, faturamento, número de

colaboradores no mundo e no Brasil.

No capítulo 4 descreve-se as ações metodológicas deste estudo,

apresenta-se o protocolo de estudo de caso, características dos participantes da

pesquisa, forma de coleta de dados, questionário de pesquisa bem como a escala

utilizada para classificar os dados coletados.

No capítulo 5 é feita a análise dos dados obtidos e apresentação dos

resultados obtidos na pesquisa e entrevistas realizadas. Além disso, são

apresentadas as sugestões desenvolvimento das competências do líder na

empresa estudada.

O capítulo 6 apresenta as conclusões e considerações finais obtidas a partir

das teorias estudadas e comparadas com os dados levantados na pesquisa.

Neste capítulo encontram-se ainda as limitações do estudo e as recomendações

gerais.

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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: LIDERANÇA E COMPETÊNCIA

Este capítulo tem por objetivo apresentar algumas fundamentações teóricas

úteis para orientar e focar o leitor na compreensão do contexto conceitual.

Inicialmente aborda-se a evolução das teorias de liderança, as teorias

contemporâneas e realiza-se uma comparação entre as características dos

gerentes e dos lideres. Finalmente há um resgate das teorias relativas às

competências individuais, enfocando-se as competências do líder.

1.1 – Natureza e Definição de LiderançaExiste um grande número de pesquisas sobre liderança na área do

comportamento organizacional. Embora existam muitas definições sobre o

conceito de liderança, com diversas interpretações, há muito em comum entre

todas elas. Aqui procede-se um resgate das definições de liderança, que evolui ao

longo do tempo, até chegar ao momento atual.

Segundo Koontz & O’Donnell (1959), a liderança é a influência sobre as

pessoas visando realização de objetivos comuns. Desta forma o líder ajuda e

apóia o grupo a alcançar os resultados estabelecidos.

No conceito de Kantz e Kahn (1978), a liderança têm três dimensões

significativas: como atributo de uma posição, como a característica de uma pessoa

e como uma categoria de conduta. Além disso, a liderança implica em um agente

influenciador e a pessoa que é influenciada. Assim sendo, não existe líder sem

seguidor.

Para Kouzes & Posner (1997), o processo de liderança está focado

justamente na distinção entre mobilizar pessoas para fazerem algo e mobilizá-las

para que queiram fazer. Os ocupantes de cargos em uma organização podem

levar as pessoas a fazerem algo em função do poder que lhes é concedido,

entretanto os líderes mobilizam pessoas para que queiram agir, em função de sua

credibilidade.

Portanto Kouzes & Posner (1997, p. 33-34), definem a liderança como:“A arte de mobilizar os outros para que estes queiram lutar por

aspirações compartilhadas. Nessa definição, uma palavra se destaca:

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querer. Sem ela, o significado de liderança seria bastante alterado,

provocando o desaparecimento de conceitos como escolha, motivação

interna e aspirações. A liderança, nesse caso, implicaria algo menos que

o envolvimento voluntário dos seguidores.”

Bergamini (1997), traz o enfoque de liderança como administração do

sentido, ou seja, focaliza a maneira pela qual o sentido é criado, mantido e

mudado. As ações do líder tentam delinear e interpretar situações para guiar os

membros da organização dentro de uma interpretação comum da realidade. Desta

forma as ações e declarações do líder guiam a atenção dos que estão envolvidos

numa situação de forma consciente ou inconscientemente planejada para delinear

o sentido da situação. Para Bergamini (1997, p.212) a conseqüência é a seguinte:“As ações e as declarações dos líderes enquadram e dão forma ao

contexto da ação de tal maneira que os membros desse contexto são

capazes de usar o sentido assim criado como um ponto de referência

para a sua própria ação e compreensão da situação.”

Para Scholtes (1999, p. 423), liderar envolve propósito, valores, visão de

futuro, rede de relacionamentos, equipes de trabalho e a comunidade. Ele define

liderança como:“Liderança é a presença e o espírito do indivíduo que lidera, e o

relacionamento que se cria com as pessoas chefiadas. A boa liderança

dá conta das necessidades e valores das pessoas que necessitam ser

gerenciadas: leva em consideração as habilidades e capacidades dos

indivíduos com quem o líder compartilha essa liderança. Ela se adapta

ao propósito e a necessidades futuras da organização. A liderança é

uma arte, uma jornada interior, uma rede de relacionamentos, o domínio

de métodos, e mais, muito mais. E por não podermos esperar que um

indivíduo heróico possua todas essas características, a liderança, em

última instância, precisa ser um sistema.”

De acordo com a definição de Covey (2005, p. 96) a liderança é regida por

princípios e quando se vive de acordo com eles, a influência e a autoridade moral

aumentam, muitas vezes recebendo-se mais autoridade formal. Para ele “liderar é

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comunicar às pessoas seu valor e seu potencial de forma tão claras que elas

acabem por vê-los em si mesmas.”

Segundo Quinn (2003) o líder precisa desenvolver o que ele chama de

complexidade comportamental, referindo-se à capacidade de explorar e utilizar

competências e comportamentos em diversos modelos, ou seja, é a possibilidade

de executar uma estratégia razoavelmente complexa em termos cognitivos,

desempenhando papéis variados e até antagônicos, de maneira altamente

integrada e complementar.

Como podemos observar, temos muitos autores e muitas definições de

liderança, o que torna o tema bastante desafiador, devido sua abrangência.

Entretanto, é muito importante levar em consideração que qualquer definição,

deve sempre levar em conta que o bom líder traz os resultados esperados para a

organização, caso contrário teremos muita poesia e nenhum resultado concreto.

1.1.1 – Definição de liderançaComo a liderança é um dos temas mais pesquisados em ciências sociais

nas últimas décadas, não é possível termos uma única definição, apesar dos

muitos pontos comuns entre elas. Para efeito deste estudo, adotaremos a

definição de liderança proposta por Robbins (2002, P.304): “liderança é a

capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance de objetivos.”

Aqui vale a pena ressaltar a importância de se alcançar os objetivos, caso

contrário, a posição do líder dentro da organização pode torna-se insustentável.

1.1.2 - Gerenciamento e liderançaAlguns autores fizeram comparações entre as características que

diferenciam gerentes e líderes. Segundo Bennis (1996), existe uma grande

diferença entre líderes e gerentes, apontando principalmente as características

relacionadas à manutenção e transformação do contexto em que vivem. Essas

diferenças podem ser caracterizadas da seguinte forma:

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− o gerente administra, o líder inova;

− o gerente é uma cópia, o líder original;

− o gerente mantém, o líder desenvolve;

− o gerente prioriza sistemas e estruturas, o líder prioriza pessoas;

− o gerente depende de controle, o líder inspira confiança;

− o gerente tem um visão de curto prazo, o líder perspectiva de futuro;

− o gerente pergunta como e quanto, o líder o que e porquê;

− o gerente vive com os olhos voltados para o possível, o líder com os olhos

no horizonte;

− o gerente imita, o líder inventa;

− o gerente aceita o “status quo”, o líder desafia;

− o gerente é um bom soldado clássico, o líder é seu próprio comandante;

− o gerente faz as coisas direito, o líder faz as coisas certas.

Covey (2005), também nos oferece um resumo das diferenças entre

liderança e gerência, principalmente em relação ao foco de atenção de cada um,

conforme esquematizado no Quadro 1, a seguir:

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Quadro 1 – Distinção entre liderança e gerência

Líderes Gerentes

− Pessoas

− Espontaneidade

− Liberação, fortalecimento

− Eficácia

− Programador

− Investimento

− Princípios

− Transformação

− Poder centrado em princípios

− Discernimento

− Fazer a coisa certa

− Direção

− Linha superior

− Propósitos

− Princípios

− Acima dos sistemas

− “A escada está junto da parede certa?”

− Coisas

− Estrutura

− Controle

− Eficiência

− Programa

− Despesa

− Técnicas

− Transação

− Utilidade

− Medição

− Fazer as coisas do modo certo

− Rapidez

− Resultados

− Métodos

− Práticas

− Dentro dos sistemas

− Subir rapidamente a escada

Fonte: Covey, 2005 – pág. 361

Pode-se verificar uma diferença entre liderar e gerenciar, sendo que os

gerentes fazem os outros trabalhar, através da ordem e do controle, e os líderes

fazem com que as pessoas queiram trabalhar, conforme nos coloca Kotter (2.000,

p. 8):“Gerenciar está associado a coisas como planejar, elaborar orçamentos,

organizar pessoas, controlar e resolver problemas” e liderar é “a criação

de uma visão do futuro, a capacidade de influenciar pessoas a aceitarem

idéias novas e implementá-las.”

Enfim, podemos considerar que os gerentes atuam de forma a manter o

funcionamento da organização, ou seja, seus processos, estrutura, estratégias e

cultura organizacional. Por outro lado, líderes iniciam e promovem uma inspiradora

visão de mudanças.

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Acredito que a organização necessita tanto do gerente quanto do líder para

garantir sua sobrevivência, pois ambos possuem papel fundamental na definição e

alcance de objetivos.

1.2 – Evolução das Teorias de LiderançaQuanto às teorias de liderança, as investigações e pesquisas têm-se

baseado em diferentes perspectivas ao longo do tempo e consequentemente,

inúmeras interpretações. Esses estudos caminharam de teorias mais simples, que

com o passar do tempo permitiram investigações posteriores de complexidade

cada vez maior. Tanto as teorias iniciais como as posteriores estavam procurando

modelos para avaliar a eficácia da liderança. A evolução das teorias de liderança

apresentada por Robbins (2002), demonstra 4 grupos de abordagens, sendo elas:

teoria dos traços, teorias comportamentais, teorias contingenciais e abordagens

mais recentes, referindo-se às teorias neocarismáticas.

1.2.1 - Teoria dos traços de liderançaÉ a primeira abordagem teórica sobre liderança. Conforme Robbins (2002)

são as teorias que buscam traços sociais, físicos, intelectuais ou de personalidade

que diferenciem líderes de não líderes. Esse enfoque concluía que o líder já nasce

como tal, não sendo, portanto, possível desenvolvê-lo através de técnicas de

desenvolvimento pessoal e gerencial. De maneira geral, as descobertas

cumulativas de mais de meio século de pesquisas nos levam à conclusão de que

alguns traços aumentam a probabilidade de sucesso de um líder, mas nenhum

deles é garantia de sucesso. O fato de um indivíduo apresentar determinados

traços e ser considerado um líder pelos demais não significa, necessariamente,

que ele será bem sucedido em liderar seu grupo para o alcance de objetivos. As

limitações dessa teoria levaram os pesquisadores a buscar outras direções. No

final da década de 40 até meados de 60, as pesquisas enfatizaram o estilo

comportamental preferencialmente demonstrado pelos líderes, como veremos a

seguir..

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1.2.2 - Teorias comportamentaisTeorias que propõem, segundo Robbins (2002), que comportamentos

específicos diferenciam os líderes dos liderados. Os pesquisadores passaram a

analisar o comportamento exibido por alguns líderes, procurando descobrir se

havia alguma coisa específica na maneira de os líderes se comportarem. As

teorias comportamentais mais abrangentes resultaram das pesquisas na

Universidade Estadual de Ohio, no final dos anos 40, onde os pesquisadores

buscaram identificar dimensões independentes do comportamento do líder.

Começando com mais de mil dimensões diferentes, os pesquisadores chegaram

finalmente à duas dimensões, chamando-as de estrutura de iniciação e

consideração.

Estudos realizados na mesma época, na Universidade de Michigan,

também identificaram duas dimensões do comportamento de liderança, que eles

chamaram de orientação para o funcionário, que são as características dos líderes

que enfatizam as relações interpessoais e orientação para a produção, que são as

características dos líderes que enfatizam mais os aspectos técnicos e práticos do

trabalho.

Blake e Mouton propuseram um Grid Gerencial, que representa

essencialmente, as dimensões encontradas em Ohio e Michigan, apresentando o

estilo gerencial baseado na combinação de duas variáveis de comportamento

observáveis: preocupação com as pessoas e preocupação com a produção.

1.2.3 - Teoria das contingênciasEsta teoria surge no fim dos anos 60 e propõem, segundo Robbins (2002),

o estudo entre estilo de liderança, eficácia e a influência da situação. Algumas

abordagens para a identificação de variáveis situacionais básicas tiveram mais

sucesso que outras, recebendo, assim, amplo reconhecimento. Dentre elas: o

modelo de Fiedler, a teoria situacional de Hersey e Blanchard, a teoria da troca

entre líder e liderados e os modelos de meta e caminho e de participação e

liderança.

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Essa teoria defende que os estilos de liderança têm efeitos diferentes

dependendo da situação, portanto, para um líder ter sucesso, ele deve apresentar

a característica ideal para determinado tipo de situação. Destacaremos aqui o

modelo de Fiedler e a teoria situacional.

Segundo Robbins (2002, p.309), o primeiro modelo de liderança

contingencial foi desenvolvido por Fred Fiedler, e propõe que: “a eficácia do

desempenho do grupo depende da adequação entre o estilo do líder e o quanto de

controle a situação proporciona a ele.”

Fiedler acredita que um fator essencial para o sucesso é o estilo de

liderança. Assim ele começa a tentar descobrir qual é o estilo básico. Sua teoria

está sustentada no instrumento, por ele criado, chamado (CTMP) questionário do

colega de trabalho menos preferido, que pretende medir se uma pessoa é

orientada para tarefas ou relacionamentos. A esse estilo de liderança ele fazia

estudos combinados com a situação. Ao final ele realizava algumas conclusões,

conforme nos explica Robbins (2002, p.309):“se uma situação requer um líder orientado para a tarefa e a pessoa na

posição de liderança é orientada para o relacionamento, ou a situação

terá de ser modificada ou o líder substituído, para que a eficácia ótima

possa ser conseguida.”

Esse modelo obteve relativo sucesso pela sua dificuldade de mensuração

na prática.

A teoria da liderança situacional, desenvolvida por Paul Hersey e Ken

Blanchard, é um modelo que conquistou diversos especialistas e é muito aplicado

até hoje para o desenvolvimento de líderes. Segundo esse modelo, a liderança

bem sucedida é alcançada pela escolha do estilo adequado, que é relacionado ao

nível de prontidão dos liderados, portanto é uma teoria que centra seu foco sobre

os liderados. De acordo com Robbins (2002, p. 312):“O comportamento mais eficaz depende da capacidade e da motivação

dos liderados. De acordo com essa teoria, se os liderados forem

incapazes ou estiverem desmotivados a executar uma tarefa, o líder

precisará fornecer orientações claras e específicas; se os liderados

forem incapazes, mas estiverem motivados, o líder precisará oferecer

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muita orientação para a tarefa para compensar a falta de habilidade dos

liderados, além de muita orientação de relacionamento para conquistá-

los. Se os liderados forem capazes, mas estiverem desmotivados, o líder

precisará usar um estilo apoiador e participativo; e, finalmente, se os

liderados forem capazes e estiverem motivados, o líder não precisará

fazer coisa alguma.”

Segundo Schermerhorn (1999, p.230), esta teoria propõe que não há uma

única forma melhor de liderar:“Mais especificamente, a teoria da liderança situacional identifica quatro

estilos de liderança: delegar, participar, vender e mandar. Cada um deles

destaca uma combinação diferente de comportamentos de tarefa e de

relacionamento, de acordo com liderados situados em cada um dos

quatro níveis de maturidade.”

De acordo com esta teoria, o líder desenvolve a capacidade de diagnosticar

a situação dos seus liderados em termos de maturidade para realizar a tarefa a

ser executada e escolher a melhor forma de se posicionar enquanto líder.

1.2.4 - Teorias neocarismáticasSão as teorias sobre liderança, que segundo Robbins (2002), enfatizam o

simbolismo, o apelo emocional e o extraordinário compromisso por parte dos

liderados. Entre elas estão a liderança carismática, a liderança transformacional e

a liderança visionária.

A teoria da liderança carismática, segundo Robbins (2002), diz que os

seguidores do líder atribuem a ele capacidades heróicas e comportamentos que

os diferenciam dos demais. Cinco características diferenciam os líderes

carismáticos dos não carismáticos, conforme esquematizado no Quadro 2 a

seguir:

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Quadro 2: Características chave dos líderes carismáticos

Visão e Articulação Eles têm uma visão – expressa como uma meta idealizada – que propõe

um futuro melhor que o status quo. São capazes de esclarecer a

importância da visão em termos que são compreensíveis para os demais.

Risco pessoal Estão dispostos a correr riscos pessoais, enfrentar altos custos e o auto-

sacrifício para atingir sua missão

Sensibilidade ao

ambiente

São capazes de fazer avaliações realistas das limitações ambientais e

dos recursos necessários para a realização da mudança

Sensibilidade para as

necessidades dos

liderados

São perceptivos em relação às capacidades dos outros e sensíveis às

suas necessidades e sentimentos.

Comportamentos não

convencionais

Engajam-se em comportamentos que são percebidos como novidades e

que vão contra as normas.

Fonte: Robbins 2002, p. 318

Schermerhorn (1999), também identifica quatro características do líder

carismático, sendo elas autoconfiança, honestidade, autoridade e sacrifício.

Segundo Robbins (2002, p. 319) a liderança carismática nem sempre é

necessária para se atingir altos níveis de desempenho: “o carisma parece ser mais

apropriado quando a tarefa dos liderados possui um componente ideológico ou

quando o ambiente envolve um alto grau de incerteza ou tensão.”

1.2.4.1 - Liderança transacional e liderança transformacionalOutra corrente de pesquisa é dos líderes transacionais e os líderes

transformacionais, baseada nas idéias de James Mac Greg Burns. Os estudos de

Burns (1979) tiveram como foco a história e o comportamento de grandes líderes

como Stalin, Gandhi, Mao, Churchill, Roosevelt, De Gaulle, entre outros, e as

mudanças sociais e políticas que muitos desses líderes causaram, diretamente ou

indiretamente, através de seus seguidores em suas sociedades.

Para Robbins (2002) as lideranças transacionais e transformacionais não

devem ser vistas como opostas. A liderança transformacional é construída em

cima da transacional. Ele define a liderança transacional da seguinte forma: “o

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líder transacional motiva seus seguidores na direção das metas estabelecidas por

meio do esclarecimento dos papéis e das exigências das tarefas.”

Já a liderança transformacional é vista de uma forma mais inspiradora,

conforme Robbins (2002, p.319), os líderes transformacionais: “Eles prestam atenção às preocupações e as necessidades de

desenvolvimento de cada um de seus liderados ;modificam a maneira de

seus seguidores verem as coisas, ajudando-os a pensar nos velhos

problemas de uma nova forma; e são capazes de entusiasmar, incitar e

inspirar as pessoas a darem o máximo de si na busca dos objetivos do

grupo.”

Para Schermerhorn (1999, p.235), a liderança transformacional é muito

mais atuante, pois:“ocorre quando os líderes ampliam e elevam os interesses dos seus

liderados, quando geram a conscientização e a aceitação dos propósitos

e da missão do grupo e quando incentivam os liderados a olhar além do

seu próprio interesse, vendo o bem dos demais. A liderança

transformacional tem 4 dimensões: carisma, inspiração, estímulo

intelectual, consideração individualizada.”

O objetivo final da liderança transformacional é transformar organizações e

pessoas, ampliando sua visão, sensibilidade e entendimento. Além disso,

tornando os comportamentos compatíveis com as crenças, princípios e valores

das pessoas, alimentando um estado permanente de renovação interna.

1.2.4.2 - A liderança visionáriaOs estudos de liderança visionária iniciaram-se em 1990, sendo a

publicação de Nanus (1992) a primeira obra específica sobre o tema. Ele

pesquisou centenas de líderes, levantando informações sobre o tema liderança e

visão.Em sua obra, Nanus (1992, p.8), define liderança visionária como: “criar uma

visão realista, crível, atrativa do futuro para a organização.”

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Para Robbins (2002, p.321), a definição de liderança visionária é a

seguinte:“A liderança visionária é a capacidade de criar e articular uma visão de

futuro realista, atrativa e acreditável para a organização ou unidade

organizacional, que tem como ponto de partida a situação presente e a

busca de sua melhoria. Essa visão, se selecionada e implementada

corretamente, é tão enérgica que dá início realmente ao futuro,

despertando as habilidades, os talentos e os recursos para que ela

aconteça.”

Segundo Robbins (2002), a visão lança mão da energia e da emoção das

pessoas. Se devidamente articulada, pode gerar o entusiasmo que as pessoas

sentem pelos esportes e outras atividades de lazer, trazendo essa energia e esse

compromisso para o ambiente de trabalho. As pessoas precisam acreditar que a

visão é desafiadora e ao mesmo tempo factível.

Ainda segundo Robbins (2002), os líderes visionários devem demonstrar

três habilidades principais:

− Capacidade de explicar a visão para outras pessoas

− Ser capaz de expressar sua visão não apenas verbalmente, mas também

através de seu comportamento

− Ser capaz de estender a visão para diferentes contextos de liderança, ou

seja, diferentes negócios, departamentos, países.

1.2.5 - Liderança embasada na competênciaA liderança embasada na competência foi descrita por Covey (2005), como

uma forma de liderança, onde: “é possível aprender e aprimorar competências

fundamentais que tendem a prever as diferenças entre pessoas com desempenho

destacado (líderes) e as que só terão desempenho médio.”

É necessário identificar as competências que os líderes possuem ou

necessitam desenvolver para desempenharem seu papel num ambiente tão

competitivo e instável, em que prevalece a busca por resultados. A necessidade

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de líderes capazes de influenciar outras pessoas para atingir os objetivos da

organização se torna cada vez maior.

Portanto, é necessário identificar quais são as competências exigidas do

líder, ou seja, organizar nossas idéias quanto ao que se espera de quem ocupa

um cargo de liderança. Entretanto, antes de discutirmos as competências do

líder, torna-se necessário compreendermos o conceito de competências, através

de um resgate histórico e teórico, o que procederemos a seguir.

O resumo sobre a evolução das teorias de liderança, até aqui

apresentadas, está esquematizada no Quadro 3 a seguir:

Quadro 3: Evolução das teorias de liderança

1930 – 1940 Teoria dos traços de liderança

Líder possui características inatas

1940 – 1960 Teorias comportamentais

Líder tem determinados comportamentos específicos

(voltado para tarefas X voltado para pessoas)

Final anos 60 Teorias contingenciais

Modelo da contingência de Fiedler / Teoria do recurso cognitivo

Teoria da Liderança Situacional: liderança dependendo da situação

Teoria da troca entre líderes e liderados: líderes criam grupos “dos de

dentro” e “dos de fora”.

Teoria da meta e do caminho: líder deve ajudar subordinados no alcance

de suas metas.

Modelo de Participação e Liderança: enfoca comportamento da liderança

e compartilhamento ou não do processo decisório.

A partir de

1990

Teorias neocarismáticas

Liderança carismática: seguidores do líder atribuem características

heróicas a ele.

Liderança transacional: motivam seus seguidores na direção das metas

Liderança transformacional: possuem carisma e oferecem consideração

individualizada a seus liderados.

Liderança visionária: cria e articula uma visão de futuro

Fonte: Robbins, 2002

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1.3 - CompetênciasPara compreender as competências do líder, tema que será abordado

dentro deste trabalho torna-se necessário revisar as teorias relacionadas às

competências, uma vez que estão intimamente relacionados.

As abordagens sobre competências têm recebido grande atenção nos

últimos anos e passaram a fazer parte da pauta da maioria dos profissionais

envolvidos com a gestão de pessoas e com as relações de trabalho. Antes de

iniciarmos a análise e revisão bibliográfica relacionada ao tema de competências,

é importante reforçar que este conceito é bastante amplo e não pretende-se

esgotar o assunto, mas sim oferecer uma visão sobre o tema, de acordo com

diversos autores que o abordaram.

De acordo com Ruas (2005), “apesar da grande difusão da noção de

competências entre empresas brasileiras, sua aplicação, bem como seus

resultados práticos, aparecem como um debate com mais sombras do que luzes,

mais impasses do que certezas”.

Assim, desenvolve-se uma breve revisão das principais referências

conceituais que formam a noção de competência, vista aqui em suas diferentes

dimensões: organizacional e individual. Esta analise nos permite uma reflexão

sobre sua importância, alinhamento estratégico, além de sua vinculação com o

papel do líder e os resultados esperados.

1.3.1 – As dimensões da abordagem de competências nasorganizações: organizacional e individual.

As competências, tratadas dentro do âmbito das organizações, podem ser

vistas basicamente através de duas dimensões, sendo este o tema a ser abordado

a partir deste momento.

Segundo Dutra (2004), a competência pode ser atribuída a diferentes

atores. De um lado temos a organização, com o conjunto de competências que lhe

é próprio e estabelecem vantagens competitivas, no contexto em que se insere.

De outro lado, temos as pessoas, com seu conjunto de competências.

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Aqui começamos a esclarecer as duas dimensões conferidas às

competências: a organizacional e a individual.

Para Ruas (2005) a noção de competências aparece como uma das

referências mais importantes das atuais práticas empresariais. Ele considera

ainda, que é possível pensar nas competências sob pelo menos duas formas,

sendo elas a coletiva e a individual, conforme abaixo explicado:

Organizacional, que pode ser associada às atividades da

organização e de suas áreas;

Individual, associada às pessoas e as competências desenvolvidas

e apropriadas pelos indivíduos, sendo capaz de exercer importante

influência no desenvolvimento das competências da organização.

Ainda segundo Ruas (2005), a competência organizacional está associada

aos elementos da estratégia da empresa: visão, missão e intenção estratégica.

Enquanto a noção do que significa a competência organizacional constitui uma

construção mais recente, o mesmo não ocorre com a noção de competência

individual, pois esta é a dimensão mais conhecida e difundida de competência. Ele

esclarece também que a abordagem das competências está em fase de

construção na maior parte das organizações, o que significa dizer que há uma

heterogeneidade no uso dessa noção e de suas referências principais.

Para Dutra (2004), há uma íntima relação entre as competências individuais

e organizacionais, uma vez que é da articulação dos recursos entre si que se

formam as competências organizacionais.

Para o estudo aqui proposto, abordaremos as competências com enfoque

nas competências individuais, as quais incluem as competências gerenciais, que

segundo Ruas (2005) são aquelas que se pretende que coloquem as propostas e

projetos organizacionais e funcionais (áreas) em ação.

1.3.2 – Conceituação e definição de competênciaAborda-se aqui a definição das competências, a partir do referencial das

competências individuais, realizando-se um retrospecto histórico e evolutivo das

competências.

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No final da idade média, a expressão competência tinha cunho jurídico e

dizia respeito à faculdade atribuída a uma pessoa ou corte para julgar certas

questões e por extensão passou a designar o reconhecimento social a respeito da

capacidade de alguém se pronunciar sobre um assunto específico (ISAMBERT-

JAMATI, 1997).

Dutra (2004), nos traz um breve retrospecto sobre as definições de

competência. Segundo ele, o conceito de competência foi proposto pela primeira

vez em 1973, por David McClelland, que identificou as principais competências

que caracterizavam as pessoas de sucesso, independente do sexo, raça, ou fator

socioeconômico. Segundo Dutra, o conceito foi rapidamente ampliado para dar

suporte a processos de avaliação e orientar ações de desenvolvimento

profissional.

Boyatzis (1982), é um importante autor, que baseando-se nas propostas de

McClelland e tendo como referencial a caracterização das demandas de um

determinado cargo, procura fixar ações ou comportamentos efetivos esperados,

demonstrando a preocupação com o conceito de entrega da pessoa para o meio

no qual se insere. Ele estudou o desempenho dos gestores através da análise dos

traços, características e habilidades dos mesmos, estabelecendo o C.H.A.

(Conhecimentos, Habilidades e Atitudes), até hoje utilizado nas organizações. A

partir da construção de Boyatzis, foi possível observar que a noção de

competência surge no discurso empresarial, sendo um contraponto ao conceito de

qualificação.

Autores como Lê Boterf (1994, 2000, 2001 e 2003) e Zarifian (1996 e 2001)

exploram o conceito de competência associado à idéia de agregação de valor e

entrega de resultado.

Fleury & Fleury (2000), definem as competências das pessoas como: “saber

agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir

conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à

organização e valor social ao indivíduo.”

Para Ruas (2001) prevalecem como elementos de referência, para qualquer

classificação no campo das competências, os três grandes eixos já tornados

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clássicos: conhecimentos (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (saber ser /

agir).

Para uma análise final sobre as competências individuais, Ruas (2005),

acrescenta que: “O que se pode distinguir no debate sobre a noção de competências

individuais é, de um lado uma corrente de especialistas anglo-saxões

adotando uma abordagem mais pragmática, especialmente em sua forma

de classificação, e partindo de uma influência mais visível do conceito de

qualificação, e, de outro, os representantes da “escola francesa”, que

ampliam as perspectivas do conceito a partir da integração de conceitos

da sociologia e da economia do trabalho. E é justamente da escola

francesa que, em nosso entender, são desenvolvidas as principais

contribuições à noção de competência individual: não seria esta última

um estado de formação educacional ou profissional, tampouco um

conjunto de conhecimentos adquiridos ou de capacidades apreendidas;

seria, isso sim, a mobilização e a aplicação de conhecimentos e

capacidades numa situação específica, na qual se apresentam recursos

e restrições próprios a essa situação.”

1.3.3 Competência associada ao conceito de entregaDutra (2004) reforça que muitas pessoas e alguns teóricos definem a

competência como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes,

necessárias para suas atribuições e responsabilidades. Entretanto, ele sugere que

para melhor compreender o conceito é necessário agregar o conceito de entrega,

ou seja, considerar as pessoas por sua capacidade de entrega de resultados.

Este ponto de vista também é apoiado por Zarifian (2001), que define que a

competência profissional consiste em fazer frente a eventos de maneira pertinente

e com conhecimento de causa.

Esta abordagem nos dá uma perspectiva mais adequada para avaliar as

pessoas, orientar seu desenvolvimento e estabelecer recompensas.

Diante dessas reflexões e conceituações, adota-se este enfoque neste

estudo para as competências relacionadas à liderança, realizando-se a correlação

entre o líder e sua capacidade de entrega de resultados.

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1.3.4 Competências do líderSer um líder competente é um desafio. Mas quais competências precisam

ser exibidas por quem aspira ou já ocupa uma função de liderança numa

organização atual? Segundo Oliveira & Marinho (2005), este é um assunto amplo,

profundo e abrangente, sendo um verdadeiro desafio selecionar uma lista mais

representativa das competências essenciais para uma boa liderança.

Apesar de existirem várias abordagens sobre as competências relacionadas

ao líder, há também muita coisa em comum entre elas, conforme relatam Oliveira

& Marinho (2005):“Comparando as variadas listas de competências de liderança, percebe-

se que várias competências são comuns à maioria delas, com pequenas

variações, indicando assim uma espécie de consenso a respeito das

competências básicas de liderança.”

Oliveira & Marinho (2005) estabeleceram uma lista com 14 competências

do líder, distribuídas em cinco categorias gerais, resumidas no Quadro 4, a seguir:

Quadro 4 – Competências do líder

Competências Gerais Competências específicas

Pessoas e educacionais Adotar fundamentos éticos e responsabilidade social

Aplicar teorias e estratégias de aprendizagem

Interpessoais Valorizar o desenvolvimento de pessoas

Desenvolver relacionamentos e comunicação interpessoal

Trabalhar em equipe

Transitar na diversidade

Organizacionais Implementar mudança, criar e inovar

Promover o desenvolvimento organizacional

Cognitivas Conhecer os fundamentos e teorias de liderança

Pesquisar e analisar dados

Gerir informações e gerar conhecimento

Profissionais Solucionar problemas e tomar decisões

Empreender e administrar

Planejar e implementar projetos

Fonte: Oliveira & Marinho (2005, p. XXIV)

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Em resumo, cada categoria abrange uma área geral de competências de

liderança a ser desenvolvida e vivida pelo líder.

Uma lista mais ampla e detalhada é oferecida por Cripe & Mansfield (2003),

incluindo 31 competências, envolvendo habilidades, comportamentos e qualidades

pessoais, distribuídos em três blocos gerais, que são: competências ao lidar com

as pessoas, com os negócios e consigo mesmo (autogestão). A seguir Quadro 5

com as 31 competências:

Quadro 5 – Competências do líder, segundo Cripe & MansfieldCompetências ao Lidar com Pessoas

Lidando com os outros Comunicar e influenciar

Estabelecer o foco Dar autonomia aos

outros

Atenção à

comunicação

Consciência

Interpessoal

Dar suporte

motivacional

Gerenciar a mudança Comunicação oral Habilidade de

influenciar os outros

Incentivar o trabalho

em equipe

Desenvolver os outros Comunicação escrita Construir

relacionamentos de

colaboração

Gerenciar o

desempenho

Comunicação

persuasiva

Orientação para o

Cliente

Competências ao Lidar com Negócios

Prevenir e resolver problemas Atingir resultados

Coleta de informações para diagnóstico Iniciativa

Pensamento analítico Empreendedorismo

Antecipação Estímulo à inovação

Pensamento conceitual Orientação para resultados

Pensamento estratégico Eficácia

Conhecimento Técnico Determinação

Competências em Autogestão

Autoconfiança

Gestão do stress

Credibilidade pessoal

Flexibilidade

Fonte: Oliveira & Marinho (2005, p. XXIII)

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Uma pesquisa realizada junto a 161 empresas brasileiras, em 2005, pela

Fundação Dom Cabral - FDC, revelou que a identificação de competências do

líder vem sendo amplamente utilizada nos últimos anos, como base para os

processos de desenvolvimento de líderes. Esta pesquisa evidenciou que 73% das

empresas utilizam competências em liderança como base para os programas de

desenvolvimento.

Para saber quais as competências vêm sendo mais citadas no cenário das

grandes empresas pesquisadas, a FDC solicitou para os executivos das 161

empresas indicarem as competências mais valorizadas. De acordo com a

Pesquisa FDC realizada em empresas brasileiras no ano de 2005, seis

competências revelaram-se presentes em todas as empresas, conforme abaixo:

− Orientação para resultados;

− Trabalho em equipe;

− Comunicação;

− Relacionamento interpessoal;

− Flexibilidade;

− Foco no cliente.

Ruas (2005) realizou um levantamento, onde ele destaca os

conhecimentos, habilidades e atitudes mais propagados por autores que fizeram

parte do levantamento, o que ele considera um perfil gerencial atual. Estas

competências são apresentadas abaixo:

− Visão sistêmica e estratégica;

− Domínio pessoal;

− Capacidade de trabalhar em equipe;

− Habilidades humanas e interculturais;

− Criatividade;

− Flexibilidade;

− Capacidade de inovação;

− Comportamento ético; e

− Capacidade de aprender, liderar e educar.

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Sobre as competências requeridas, Ruas (2005, p.95) destaca que: “apesar

de todos os quesitos apresentados, o intuito não é o de mistificar o perfil de um

“herói” organizacional; busca-se uma forma plausível de tratar essas percepções

sistematicamente.”

Pelas informações levantadas até aqui e pela abrangência do assunto,

pode-se observar que os modelos de competências do líder possuem maior ou

menor número de competências, que acabam tratando de forma bastante próxima

as competências necessárias ao líder, entretanto é fácil perceber que não há um

consenso único.

É neste contexto, de inúmeros modelos e distintas competências, que surge

uma proposta estruturada por Quinn (2003), em que ele propõe um modelo mais

amplo, que possa tratar das ambigüidades e contradições que envolvem o papel e

as competências do líder.

No próximo capítulo detalha-se o modelo de Quinn e discute-se os papéis

do líder e suas competências. Antes de apresentá-los, é importante ressaltar que

a idéia de papéis atrelados ao líder já havia sido estudada no final dos anos 1960

por Henry Mintzberg. De acordo com Ruas (2005), ele empreendeu um estudo

sobre o trabalho de cinco diretores-executivos, concluindo que os gerentes

executam 10 papéis diferentes ao mesmo tempo e inter-relacionados. Os papéis

gerenciais de Mintzberg são os seguintes:

− Chefe nominal: papel da função;

− Líder: contrata, treina, motiva e disciplina funcionários;

− Ligação: faz contato com fontes externas de fornecimento de informações.

Essas fontes são indivíduos ou grupos fora da unidade do gerente e podem

ser internas ou externas;

− Monitor: recebe e coleta informações de organizações e instituições

externas. São atividades que desempenha quando recebe ou procura obter

informações que lhe permitem entender o que se passa em sua

organização e no ambiente;

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− Disseminador: atua como canal para transmitir informações aos membros

da organização. Gerente como responsável pela circulação interna de

informações;

− Porta-voz: representa a organização diante de pessoas de fora;

− Empreendedor: inicia e supervisiona novos projetos que melhorarão o

desempenho da organização;

− Controlador de distúrbios: toma medidas corretivas em resposta a

problemas imprevistos, crises ou conflitos;

− Alocador de recursos: responsável por distribuir os RHs, físicos e

monetários. Compreende três elementos essenciais: administrar o próprio

tempo, programar o trabalho alheio e autorizar decisões tomadas por

terceiros;

− Negociador: opera como negociador quando discute e barganha com outros

grupos para obter vantagens para sua unidade.

Portanto, após realizar esta introdução aos papéis do lider, no próximo

capítulo descreve-se o modelo de Quinn, em que cada papel do líder está

associado à tres competências, perfazendo o total de 24 competências, que serão

estudadas detalhadamente.

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CAPÍTULO IIO MODELO DE QUINN: QUADRO DE VALORES COMPETITIVOS

Tendo em vista o objetivo de explorar neste trabalho as relações entre o

líder, seus papéis e suas respectivas competências, julgou-se necessário discutir,

num primeiro momento, os conceitos de liderança e competência, apresentados

nos capítulos anteriores. A partir de agora estudaremos o modelo teórico adotado

e que visa definir os papéis do líder e suas respectivas competências.

Este modelo foi construído em torno de um arcabouço de competências de

liderança, denominado “Quadro dos Valores Competitivos”. Essa estrutura traz

reflexões sobre as novas tensões e demandas antagônicas com que os líderes se

deparam. Ela vem sendo empregada desde o início da década de 1980, tanto em

ambiente acadêmico como empresarial, conforme nos explica Quinn (2003):“A abordagem evoluiu a partir de mais de 20 anos de pesquisas e

experiências pedagógicas. Os quatro autores deste texto participaram de

pesquisas que ajudaram a moldar a metateoria. Trabalhamos com este

material tanto em ambiente universitário, em aulas para alunos de

graduação e de pós-graduação, quanto em programas de educação

gerencial executiva.”

O modelo foi criado por quatro pesquisadores americanos, sendo os dois

principais: Quinn (professor da Michigan University Business School) e Faerman

(Phd em política e administração pública e professor na University of New York,

em Albany).

Além de descrever os papéis do líder e suas respectivas competências,

este modelo assume que as organizações podem ser caracterizadas de acordo

com seus traços culturais comuns, traduzindo-se num instrumento eficaz para

estudos de cultura organizacional.

Sobre o Quadro de Valores Competitivos, Santos (2000) comenta:“O modelo dos valores competitivos começou a ser estudado em 1981

por Quinn e Rohrbaug e sua estrutura conceitual focaliza as tensões

inerentes a todo sistema organizacional. A ênfase é colocada nos

conflitos entre a estabilidade e mudança e entre o ambiente interno e

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externo. Desde sua introdução, o Competing Value Model tem sido

aplicado para estudar, por exemplo, formas organizacionais, ciclos de

vida organizacional, perfis de liderança, tomada de decisão.”

Este modelo reconhece paradoxos que são vivenciados pelos líderes no dia

a dia das organizações. Sendo assim, a tarefa de liderar num cenário instável não

é das mais fáceis. Sobre este aspecto, Quinn (2003, p.16), descreve que “os

melhores líderes apresentam um comportamento complexo e são capazes de

integrar papéis contraditórios.”

A escolha desse modelo para realização deste trabalho deve-se à sua

estrutura abrangente e complexa de avaliar o líder, suas competências e seus

papéis, que muitas vezes são divergentes e contraditórios. Esta forma estruturada

consegue refletir boa parte do ambiente organizacional da empresa onde se

realiza o estudo de caso. Diante disso entende-se que é um modelo adequado

para se estruturar a pesquisa realizada, conforme o detalhamento que será feito a

seguir.

2.1 - Quadro de Valores Competitivos: uma visão geralO arcabouço teórico denominado por Quinn (2003) de “Quadro de Valores

Competitivos” integra 4 perspectivas contrastantes sobre as organizações,

denominadas “modelos”, que tiveram uma evolução histórica, a seguir

apresentadas:

− 1900 a 1925 – Modelo de metas racionais e modelo dos processos internos

Modelo de Metas Racionais: os critérios de eficácia são

produtividade e lucro, crença de que uma direção clara

acarreta resultados produtivos, sendo a função do gerente de

um diretor decisivo e um produtor pragmático.

Modelo de Processos Internos: conhecido como burocracia

profissional através dos escritos de Max Weber e Henri Fayol,

sendo os critérios de eficácia a estabilidade e a continuidade.

Gerente é um monitor tecnicamente competente e confiável.

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− 1926 a 1950 - Modelo de Relações Humanas: ênfase central no

compromisso, coesão e moral, acreditando-se que o envolvimento resulta

em compromissos. Os valores centrais são: participação, resolução de

conflitos e construção de consenso. As organizações adquirem atmosfera

de clã, centrada em equipes e a função do gerente é assumir o papel de

mentor empático e de facilitador centrado em processos.

− 1951 a 1975 - Modelo dos Sistemas Abertos: premissa de que a adaptação

e inovação contínuas promovem a aquisição e manutenção de recursos

externos. Gerente deve ser inovador criativo, negociador dotado de

substancial política, sabendo usar o poder e influenciar a organização.

− 1976 – HOJE - A Emergência de premissas inclusivas: a necessidade de

atingir a eficácia organizacional num ambiente profundamente dinâmico.

Nenhum dos quatro modelos que apresentavam-se ofereciam uma resposta

satisfatória. Às vezes precisava-se de estabilidade, às vezes de mudança.

Não raro precisava-se das duas simultaneamente. Em meados da década

de 1990, já estava claro que não haveria um modelo único que fosse

suficiente para orientar os gerentes e que seria preciso, na verdade,

enxergar todos os quatro modelos como elementos de uma matriz mais

vasta.

Compreender estes modelos, que emergiram ao longo do século XX,

podem proporcionar aos líderes um entendimento mais profundo e um leque mais

amplo de escolhas (QUINN, 2003).

Para Quinn (2003) os quatro modelos propostos e explicados são vistos

como subdomínios de um construto maior: a eficácia organizacional.

Abaixo uma demonstração do Quadro de Valores Competitivos, conforme

Figura 1:

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Figura 1: Quadro de valores competitivos

Fonte: Quinn, 2003

Na figura acima, as relações entre os modelos podem ser entendidas em

termos de dois eixos. O eixo vertical vai da flexibilidade, no topo, ao controle,

embaixo. O eixo horizontal vai do foco organizacional interno, à esquerda, ao foco

organizacional externo, à direita. Cada modelo insere-se num dos quatro

quadrantes.

O modelo das relações humanas, por exemplo, enfatiza os critérios

situados no quadrante superior esquerdo (participação, abertura, compromisso e

moral); o dos sistemas abertos, aqueles localizados no quadrante superior direito

(inovação, adaptação, crescimento e aquisição de recursos); O modelo das metas

racionais enfatiza os critérios apresentados no quadrante inferior direito (direção,

clareza, produtividade e realização); o modelo de processos internos, no

Rumo à manutenção dosistema

Rumo à descentralizaçãoe diferenciação

Rumo ao desenvolvimentodos recursos humanos

$MODELO DE

PROCESSOS INTERNOSMODELO DAS

METAS RACIONAIS

ParticipaçãoAbertura

DireçãoClarezaobjetivos

DocumentaçãoGer. Info

Estabilid.Controle

Comprom. Moral

CrescimentoAq. recursos

Inovação,adaptação

Produtividade Realização

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

MODELO DASRELAÇÕES HUMANAS

MODELO DOSSISTEMAS ABERTOS

Rumo à consolidação econtinuidade

Rumo à centralização eintegração

Rumo à maximização dosresultados

Rumo ao posicionamentocompetitivo do sistema

Rumo à expansão e àmudança

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quadrante inferior esquerdo (documentação, gerenciamento de informações,

estabilidade e controle).

Este arcabouço também reflete certos valores gerais, que figuram no

perímetro externo. A expansão e a mudança encontram-se no canto superior

direito, contrastando com a consolidação e a continuidade, no canto inferior

esquerdo.

Cada Modelo tem um oposto percebido. Por exemplo, o das relações

humanas, definido pela flexibilidade e foco interno, entra em agudo contraste com

o das metas racionais, definido pelo controle e foco externo.

Os paralelos entre os modelos também são importantes:

− Flexibilidade: modelos de relações humanas e sistemas abertos

− Foco Externo: modelos de sistemas abertos e metas racionais

− Controle: modelos de metas racionais e processos internos

− Foco Interno: modelos de processos internos e relações humanas

Cada modelo do arcabouço aponta para os benefícios de estratégias

diferentes e até contrárias. Esta estrutura, segundo Quinn (2003) reflete a

complexidade com que as pessoas se deparam nas organizações, constituindo-se

como uma ferramenta para aumentar a eficácia, que poderá ocorrer se forem

vencidos três desafios:

− Desafio 1: Apreciar vantagens e desvantagens de cada um dos 4 modelos

− Desafio 2: Adquirir e utilizar as competências associadas a cada modelo

− Desafio 3: Integrar de maneira dinâmica as competências de cada um dos

modelos às situações encontradas pelo líder.

Para vencer estes desafios o líder precisa desenvolver a “complexidade

comportamental”, definida por Hooijberg e Quinn (1992) como a capacidade de

explorar e utilizar competências e comportamentos dos diversos modelos.

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2.2 – O Líder: Oito Papéis e 24 CompetênciasO quadro de valores competitivos, conforme descreve Quinn (2003), integra

opostos e propõe oito papéis do líder, sendo eles: diretor, produtor, mentor,

facilitador, coordenador, monitor, inovador e negociador.

A seguir, a Figura 2 que, de acordo com Quinn (2003), representa o Quadro

de Valores Competitivos e sintetiza os oito papeis do líder:

Figura 2: Papéis do líder

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Rumo à manutenção dosistema

Rumo à descentralizaçãoe diferenciação

Rumo ao desenvolvimentodos recursos humanos

$MODELO DE

PROCESSOS INTERNOSMODELO DAS

METAS RACIONAIS

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordenador

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

MODELO DASRELAÇÕES HUMANAS

MODELO DOSSISTEMAS ABERTOS

Rumo à consolidação econtinuidade

Rumo à centralização eintegração

Rumo à maximização dosresultados

Rumo ao posicionamentocompetitivo do sistema

Rumo à expansão e àmudança

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Fonte: Quinn, 2003

A seguir, apresenta-se, conforme Quinn (2003), a descrição dos 8 papéis

do líder e suas respectivas competências.

2.2.1 – Papel de Mentor e suas competênciasMentor: responsável pelo desenvolvimento de pessoas e aprimoramento

de suas competências.

Competências relacionadas a este papel:

a) Compreensão de si mesmo e dos outros: compreender que as

pessoas reagem de forma diferente a situações diversas. Ter boa

consciência sobre si, ou seja, auto-conhecimento, além de uma

inteligência emocional desenvolvida.

b) Comunicação eficaz: saber quando e como compartilhar

informações. Utilizar a comunicação para informar, coordenar e

motivar as pessoas, além de incrementar a eficiência de cada

unidade de trabalho e da organização como um todo.

c) Desenvolvimento dos empregados: desenvolver pessoas,

considerando duas abordagens principais: a) Delegação: transferir

tarefas e responsabilidades para seus subordinados, dando-lhes

oportunidades para desenvolverem-se. Compreender o que pode ou

não ser delegado. Estabelecer uma comunicação que propicie a

manifestação de dúvidas e feedback; b)Avaliação: fornecer feedback

e avaliar o desempenho como uma ferramenta para facilitar o

aprimoramento,elucidar expectativas e incrementar a performance.

2.2.2 – Papel de Facilitador e suas competênciasFacilitador: responsável por fomentar os processos coletivos e o trabalho

em equipe.

Competências relacionadas a este papel:

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a) Construção de equipes. Construir equipes, baseado em 4

características principais: a equipe deve estar comprometida com

uma meta ou propósito; membros da equipe possuem papéis e

responsabilidades; estrutura de comunicação fomenta troca de

informações; equipe deve ter um senso de prestação mútua de

contas.

b) Uso do processo decisório participativo: conduzir o processo de

decisão. Definir, de acordo com a circunstância, o nível de

participação dos colaboradores ou se a participação dos

colaboradores é inapropriada em certos assuntos.

c) Administração de Conflitos: administrar conflitos e utilizá-los como

uma força positiva e produtiva na tomada de decisões. Administrar

situações de conflito, visando o aumento de produtividade.

2.2.3 – Papel de Monitor e suas competênciasMonitor: responsável por saber o que se passa, dominar fatos e detalhes,

vistoriar.

Competências relacionadas a este papel:

a) Análise de informações por meio do pensamento crítico: expor

suas idéias e reações com agilidade e concisão, formular

argumentos claros e persuasivos. Estruturar sua linha de raciocínio e

reagir com rapidez aos argumentos alheios. Tomar a melhor decisão

com as informações disponíveis numa determinada circunstância.

Defender eficazmente suas convicções e analisar os juízos que os

outros apresentam.

b) Administração da sobrecarga de informações: lidar com a

velocidade e quantidade de informações numa economia global. É a

habilidade de levar em consideração as informações úteis, ignorando

o que for irrelevante.

c) Administração dos processos essenciais: manter o foco nas

atividades que realmente agregam valor aos resultados. É cuidar

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para que certas atividades, que são vitais para a consecução dos

resultados, não se convertam em um fim em si mesmas, perdendo

os resultados de vista.

2.2.4 – Papel de Coordenador e suas competênciasCoordenador: responsável por dar sustentação à estrutura e ao fluxo do

sistema, coordenar esforços da equipe, agendar e organizar.

Competências relacionadas a este papel:

a) Gerenciamento de Projetos: trabalhar com eficiência no

gerenciamento de atividades de tempo e recurso limitados. Planejar

e monitorar projetos: definir pré-requisitos do trabalho, volume e

recursos necessários; monitorar progressos, comparar as previsões

e a realidade, analisar impactos, adaptações. Monitorar: tempo,

dinheiro, pessoas e materiais.

b) Planejamento do trabalho: planejar o trabalho dos seus

subordinados, tanto da perspectiva de cargos individuais como das

equipes de trabalho. Estruturar o trabalho e a equipe que o realizará.

Organizar a forma de trabalho, atividades, processos, nível de

autonomia dado aos colaboradores, resultados alcançados.

c) Gerenciamento multidisciplinar: gerenciar diversas funções,

administrar processos complexos e dinâmicos. Gerenciar estruturas

matriciais. Integrar, coordenar o trabalho de várias unidades, células

ou projetos. Definir processos e procedimentos, que são

padronizados e formalizados, especificando como o trabalho deve

ser feito e a seqüência a seguir dentro da organização.

2.2.5 – Papel de Diretor e suas competênciasDiretor: responsável pela direção, planejamento e delimitação de metas.

Competências relacionadas a este papel:

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a) Desenvolvimento e comunicação de uma visão: desenvolver e

comunicar uma visão. Identificar, estruturar e desenvolver uma visão

que apele para um objetivo comum, capaz de conquistar todos os

subordinados. Comunicar tal visão nos âmbitos estratégico, tático e

pessoal, apresentando-a assim de uma forma tão concreta que as

pessoas possam se visualizar dentro dela. Conhecer e acreditar

pessoalmente na visão, demonstrar, de modo genuíno, que suas

palavras refletem suas convicções pessoais.b) Estabelecimento de metas e objetivos: formular planos

organizacionais, metas e objetivos específicos, com vistas à

consecução dos objetivos estratégicos da organização.

c) Planejamento e organização: planejar e organizar, articulando a

visão e a estratégia. Decidir como alocar e coordenar os recursos

organizacionais a fim de alcançar as metas, dividir o trabalho em

componentes administráveis e distribuir as atividades de modo a

atingir os resultados almejados da maneira mais eficaz possível.

2.2.6 – Papel de Produtor e suas competênciasProdutor: é orientado para a tarefa, possui foco no trabalho e tem bastante

energia pessoal.

Competências relacionadas a este papel:

a) Trabalho produtivo: obter uma produtividade elevada e

desempenho superior em todos os níveis de atuação.

b) Fomento de um ambiente de trabalho produtivo: manter um

ambiente de trabalho produtivo com pessoas motivadas. Gerir e

aplicar adequadamente as ferramentas do sistema de recompensas

e reconhecimento da organização, compreendendo as expectativas e

necessidades dos membros de sua equipe / organização.

Reconhecer a importância do "Capital Humano".

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c) Gerenciamento do tempo e do estresse: encontrar o equilíbrio

para si e a equipe, no que se refere à entrega de bons resultados,

eficácia no uso do tempo, e nível de estresse.

2.2.7 – Papel de Negociador e suas competênciasNegociador: responsável por sustentar a legitimidade, obter recursos

externos, possui astúcia política, capacidade de persuasão, influência e poder.

Competências relacionadas a este papel:

a) Construção e manutenção de uma base de poder: influenciar

seus subordinados, pares e superiores, independente da autoridade

proporcionada pelo cargo que ocupa. Produzir, mobilizar pessoas e

recursos para alcançar determinadas metas.

b) Negociação de acordos e compromissos: chegar a um equilíbrio,

preocupando- se com as necessidades alheias e a execução de seu

próprio trabalho, compartilhando pontos de vista diferentes. Envolve

o estilo de negociação, que tende a ser flexível e razoável, mas sem

negligenciar a necessidade de obstinação.

c) Apresentação de idéias: saber comunicar e apresentar-se bem em

público, conduzir reuniões, redigir propostas e relatórios, realizar

entrevistas, negociar, mediar, orientar e assim por diante.

2.2.8 – Papel de Inovador e suas competênciasInovador: facilitar a adaptação à mudança, identificar tendências, projetar

mudanças necessárias, tolerar incertezas e riscos.

Competências relacionadas a este papel:

a) Convívio com a mudança: ser inovador, conviver com mudanças

imprevistas e, por vezes, indesejadas. Conduzir e conviver com a

mudança, lidando com as barreiras comuns nos processos de

implementação de mudanças.

b) Pensamento criativo: utilizar informações já conhecidas e descobrir

novas associações, ou seja, combinar esses dados de maneiras

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novas e inusitadas.Estimular e praticar estas premissas, juntamente

com suas equipes de trabalho, através de um estilo gerencial que

seja mais suscetível a modificações, bem como a abertura para

aceitar boas sugestões, tornando a resolução de problemas mais

efetiva e os colaboradores mais motivados.

c) Gerenciamento da mudança: planejar a mudança, bem como

implementá-la, lidar com transformações num ritmo vertiginoso,

compreender e minimizar a resistência das pessoas e da

organização, ter a noção cultural de que a tradição é preferível à

mudança e assim por diante. É a compreensão de que mudar é

preciso para atingir metas e objetivos.

2.3 – Resultados dos Estudos Realizados por QuinnOs oito papéis ajudam a organizar as idéias relativas ao que se espera de

quem ocupa um cargo de liderança. Segundo Quinn, não há um papel de

liderança que, sozinho, detenha o segredo de um bom desempenho da liderança.

As competências, necessárias em cada papel, irão garantir a obtenção de um

desempenho efetivo em cada um destes papéis, conforme Quinn (2003) nos

descreve:Assim, para tornar-se um gerente capaz é preciso não só habilidade para

desempenhar todos os oito papéis (no mínimo de maneira competente)

como também que o gerente tenha a capacidade de mesclar e equilibrar

os diferentes papéis de modo adequado.

De acordo com os estudos realizados por Quinn, Faerman e Dixit (1987),

com base no quadro de valores competitivos, a conclusão que se chega é de que

o perfil dos líderes organizacionais ineficazes tendiam a mostrar um profundo

desequilíbrio, com notas acima da média em alguns papéis e muito abaixo da

média em outros. Perfis definidos por Quinn como ineficazes:

− Adaptativos caóticos

− Coordenadores irritantes

− Workaholics sufocantes

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− Improdutivos Extremos

Da mesma forma, os perfis eficazes apresentam também algum tipo de

desequilíbrio, só que com uma diferença: neles, as pessoas tendem a apresentar

notas altas em mais da metade dos papéis. Além disso, suas notas nos papéis em

que são mais fracos tendem a girar em torno da média. Perfis definidos por Quinn

(2003) como eficazes:

− Realizadores agressivos

− Produtores conceituais

− Agregadores pacíficos

− Mestres

De acordo com os estudos realizados por Quinn, o perfil batizado de mestre

mostra-se diferente dos demais, uma vez que os líderes desta categoria parecem

ter transcendido qualquer estilo. Aparentemente, apreciam os valores de todos os

quadrantes e fazem uso dos comportamentos representados de cada um. Parte

da resposta para este fato reside na experiência de cada um e na preocupação

com seu desenvolvimento individual.

No próximo capítulo é apresentada a empresa escolhida para a realização

da pesquisa, baseando-se no referencial teórico até aqui discutido e nos estudos

de Quinn (2003).

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CAPÍTULO IIIA EMPRESA E O CONTEXTO EM QUE OCORRE O ESTUDO DE CASO

Para aplicar os conceitos anteriormente explicados e verificar sua eficácia

na prática, decidiu-se realizar um estudo de caso em uma organização

multinacional francesa.

A seguir apresentam-se as informações sobre a empresa onde ocorre o

estudo de caso. São apresentadas, de forma resumida, sua história na França e

no Brasil, sua organização mundial e regional, segmento de mercado, além de sua

estratégia, políticas e formas de atuação.

3.1 – A Empresa no MundoA empresa escolhida para a realização deste estudo de caso é uma

empresa multinacional, de origem francesa, presente no Brasil desde 1937. Teve

sua origem e criação na França em 1665, para a fabricação dos espelhos para o

palácio de Versalhes, iniciando assim sua vocação industrial.

A empresa define-se como um produtor mundial de materiais de alta

tecnologia e prestador de serviços associados a eles. Atua em diversos

seguimentos econômicos, o que é uma característica marcante do grupo, assim

como sua tradição de pioneirismo e qualidade.

As atividades da empresa estão organizadas, mundialmente, através de

cinco pólos, que serão explicados a seguir. Cada pólo é um agrupamento de

empresas, de acordo com suas atividades, conforme abaixo explicado:

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− Pólo materiais de alta performance: reúne empresas que produzem

materiais abrasivos como lixas, rebolos, discos de corte, ferramentas

diamantadas, cerâmicas técnicas, plásticos de alta performance,

refratários, fios de reforço;

− Pólo vidro plano: reúne as empresas de fabricação de vidro plano,

vidros temperados, vidros serigrafados, vidros para

eletrodomésticos, vidros para construção civil, vidros automotivos

(parabrisas de automóveis);

− Pólo embalagem: fabricação de embalagens em vidro, como

garrafas para acondicionamento de bebidas e alimentos, frascos

para perfumes e indústria farmacêutica;

− Pólo produtos para construção: fabricação de produtos como telhas

e caixas d’água, placas cimentícias, argamassas para

revestimentos, argamassas técnicas, produtos em gesso como

forros acústicos, placas de gesso para construção civil, lã de vidro

para isolação termo-acústica de ambientes, produção de tubos de

ferro para uso em canalizações e saneamento básico;

− Pólo Distribuição: é composto de lojas, para venda direta aos

consumidores, de produtos e materiais para construção.

Os diversos negócios da empresa são agrupados nestes cinco pólos, de

acordo com suas afinidades e complementaridades. Esta gama diversificada de

atividades, com atuação em todas as regiões do mundo, assegura maior

uniformidade de resultados ao longo do tempo, com menor impacto às variações

cíclicas e conjunturais dos mercados onde atua.

A sede mundial da empresa está localizada na França, em Paris. No Brasil,

a sede está localizada na cidade de São Paulo.

3.1.1 – Faturamento mundial e número de empregadosA empresa tem um faturamento mundial e anual de cerca de 35 bilhões de

euros. Além disso possui mais de 200 mil empregados em todo o mundo, que

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trabalham em mais de 1.000 empresas do grupo, presentes em mais de 50

países.

3.1.2 – Objetivos estratégicosA estratégia da empresa visa assegurar o atingimento de quatro objetivos

permanentes para todas as suas atividades:

− Equilíbrio: todas as atividades devem ser relevantes;

− Crescimento contínuo;

− Liderança de mercado;

− Rentabilidade.

3.1.3 – Princípios de gestão do grupoA empresa procura disseminar princípios de gestão que possam ser

utilizados mundialmente, nos diversos países onde está presente. Os princípios

são:

− Centralização da estratégia, das decisões financeiras e da nomeação

dos principais executivos;

− Descentralização da gestão operacional, respeitando as realidades

das atividades e dos países;

− Organização matricial, utilizando as competências complementares

dos pólos e das delegações regionais, para colocar em prática os

princípios de centralização e descentralização mencionados.

3.2 – A Empresa no Brasil, Argentina e ChileO início das atividades da empresa no Brasil ocorreu em 1937, com a

aquisição das empresas, até então brasileiras, Companhia Metalúrgica Bárbara e,

no mesmo ano, da Brasilit.

Nos dias de hoje, a partir do Brasil, são gerenciadas as atividades da

empresa na Argentina e também no Chile. Esta estrutura, que envolve estes

países, é conhecida internamente como Delegação para o Brasil, Argentina e

Chile.

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A delegação para o Brasil, Argentina e Chile é uma das poucas no mundo a

reunir todas as atividades do Grupo. É também considerada, no contexto da

estratégia da empresa, importante para o desenvolvimento internacional do grupo.

Acompanhando a estrutura mundial, no Brasil, Argentina e Chile, a empresa

está estruturada em cinco pólos: materiais de alta performance, vidro plano,

embalagem, produtos para construção e distribuição, conforme já explicados

anteriormente.

3.2.1 - Os números da empresa no Brasil, Argentina e ChileOs números representam o potencial econômico na região para o grupo:

− Faturamento aproximado de 1,9 bilhão de Euros;

− 13.500 empregados nos três países, sendo 12.000 somente no

Brasil;

− 12 empresas operacionais no Brasil, seis na Argentina e cinco no

Chile;

− Unidades produtivas:

o Brasil: 46 fábricas, seis minerações e 23 lojas de venda de

produtos e materiais de construção;

o Argentina: cinco fábricas, 12 lojas de venda de produtos e

materiais de construção;

o Chile: tres fábricas.

3.2.2 – Objetivos estratégicos e princípios de gestãoNo Brasil, a empresa acompanha os objetivos e princípios de gestão

mundiais do grupo. A estratégia está baseada nos quatro objetivos anteriormente

expostos: equilíbrio entre as atividades da empresa, crescimento contínuo,

liderança de mercado e rentabilidade.

Além disso, os princípios de gestão estão alinhados com a matriz, na

França, sendo eles: centralização da estratégia, descentralização da gestão

operacional e organização matricial.

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3.2.3 – Políticas de gestão de pessoasO relacionamento entre os empregados e a empresa é norteado por

diretrizes que pressupõem o respeito às pessoas e o incentivo ao seu

desenvolvimento.

A empresa busca assegurar a competitividade de sua política de recursos

humanos por meio de identificação e análise de tendências relacionadas a salário,

benefícios e gestão de pessoas de uma maneira geral, alinhando-se com as mais

modernas práticas de mercado. Deste modo os talentos são atraídos, motivados e

retidos.

A empresa acredita que atuando como parceiros, empresa e empregado,

terão excelência nos objetivos empresariais e recompensa na carreira individual.

O grupo acredita que seu sucesso está intimamente relacionado à

qualidade de suas equipes. Empregados competentes e motivados são a base

para a melhoria continua da performance, que faz com que a empresa leve

produtos diferenciados a seus clientes.

A política de treinamento e formação é articulada por meio de cinco grandes

objetivos:

− Desenvolver as competências e o conhecimento profissional;

− Reforçar a capacidade de inovação e as competências comerciais

para acelerar o crescimento das vendas;

− Sustentar o desenvolvimento internacional do grupo;

− Aumentar a eficácia das equipes, mobilizando suas capacidades

gerenciais;

− Consolidar a cultura do grupo e favorecer a disseminação de

melhores práticas.

A área de treinamento e desenvolvimento corporativo da empresa busca,

através da parceria com universidades e consultorias de renome nacional e

internacional, oferecer cursos para formar e desenvolver os empregados, visando

fortalecer as competências que contribuirão para alcançar resultados.

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Os controles internos da empresa demonstram que a média de horas de

treinamento que cada empregado realiza anualmente é de 65 horas, o que

demonstra o esforço para desenvolver os empregados, visando melhores

resultados.

3.2.4 – Competências: em processo de revisão pela matriz mundialA empresa está vivendo um momento de revisão das competências. A área

de recursos humanos corporativa, na França, está realizando uma discussão entre

todas as empresas no mundo, para se definir quais são as competências que a

empresa irá adotar, o que irá se refletir em todos os processos essenciais de

recursos humanos no grupo.

Nos dias de hoje, cada delegação, como por exemplo a delegação para o

Brasil, Argentina e Chile, possuem um grupo de competências definidas, que

servem de base para o recrutamento de novos colaboradores, treinamento e

desenvolvimento.

A discussão que está ocorrendo, liderada por recursos humanos na França,

irá uniformizar uma base de competências, que irá nortear as empresas em todo o

mundo nos processos de recrutamento, avaliação, carreira e desenvolvimento de

pessoas.

3.3 – A Sede da Empresa no Brasil: o local da pesquisaA Sede da empresa no Brasil está localizada na cidade de São Paulo.

Conforme anteriormente explicado é conhecida, dentro do grupo, como a

Delegação para o Brasil, Argentina e Chile.

A estrutura de pessoas da Sede é composta por 160 empregados, que

estão distribuídos nos seguintes departamentos funcionais: recursos humanos,

saúde - segurança do trabalho e meio ambiente, suprimentos, finanças, auditoria,

informática e comunicação.

Os membros da Sede da empresa possuem uma atuação corporativa, ou

seja, são responsáveis por orientar e direcionar todas as empresas que compõem

o grupo no Brasil, Argentina e Chile. As políticas, normas, regras de conduta e o

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suporte oferecido são algumas das responsabilidades dos diretores, gerentes e

colaboradores que trabalham nesta unidade.

É neste local e ambiente que a pesquisa se realiza.

3.3.1 – Motivo da escolha da sede da empresa para realização dapesquisa

Um dos motivos da escolha desta empresa e sua Sede é o interesse da

própria empresa em avaliar o nível de desenvolvimento de seus líderes, visando

seu aprimoramento, o que é uma prática constante dentro da organização.

Outro fator que motivou a realização da pesquisa é o resultado da última

Pesquisa de clima Organizacional, que é realizada sistematicamente a cada 2

anos. Tomando-se como base o último resultado, referente março de 2006,

constata-se que o item liderança obteve uma nota de 7,2 pontos, considerado bom

na escala da pesquisa (que vai de 0 a 10). Entretanto este é o mesmo resultado

obtido em março de 2004, o que mostra uma incômoda estagnação, que nos leva

a pensar em como evoluir e melhorar este resultado.

Mais um fator relevante para a realização da pesquisa é a possibilidade de

se utilizar o resultado obtido para direcionar ações de treinamento e

desenvolvimento dos colaboradores. Daí o interesse, por parte da empresa, para

que a pesquisa se realize, pois o resultado pode contribuir para ações de

melhoria.

Além disso, dos 160 empregados que trabalham na Sede da empresa, 49

ocupam cargos de gestores, que dentro da classificação de cargos da empresa,

representam as pessoas que são responsáveis pela tomada de decisão. Eles

ocupam cargos de chefias, supervisores, gerentes e diretores, que possuem o

poder de mando sobre as equipes. Em virtude da pesquisa ser sobre o tema de

liderança, entende-se que este público encaixa-se no perfil a ser estudado, o que

reforça a escolha.

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CAPÍTULO IV – AÇÕES METODOLÓGICAS E PLANEJAMENTO DO ESTUDODE CASO

Este capítulo descreve o planejamento do estudo, seu tipo, o local onde o

foi realizado, período e metodologia utilizada.

4.1 – Tipo de EstudoEste estudo se caracteriza como um estudo de caso, realizado na sede de

uma organização multinacional francesa, presente no Brasil desde 1937, com

12.000 empregados, conforme detalhamento realizado no capítulo anterior.

A definição de estudo de caso foi dada por Yin (2005, p. 32) da seguinte

forma:“Um estudo de caso é uma investigação empírica que: investiga um

fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,

especialmente quando, os limites entre o fenômeno e o contexto não

estão claramente definidos.”

O estudo de caso molda-se bem para verificar uma proposição teórica,

representando uma contribuição ao conhecimento e ao desenvolvimento de

teorias.

Como o estudo realizado pretende analisar o contexto de uma única

empresa, sem a preocupação de promover generalizações pertinentes ao universo

de todas as outras organizações, justifica-se a opção pelo desenvolvimento do

estudo de caso.

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Para proceder as explicações sobre o tipo de estudo e a forma como foi

conduzido, iremos utilizar, o que Yin (2005) definiu como o protocolo de estudo de

caso, que ele considera uma das principais táticas para aumentar a confiabilidade

da pesquisa de estudo de caso e orientar o pesquisador.

4.2 – Protocolo Para o Estudo de CasoDe uma forma geral, segundo Yin (2005), o protocolo de estudo de caso

deve apresentar:

− Uma visão geral do projeto do estudo de caso;

− Procedimentos de campo;

− Questões do estudo de campo;

− Guia para o relatório do estudo de caso.

Com base nesta estrutura procede-se, a partir de agora, a descrição do

estudo de caso realizado.

4.2.1 – Visão geral do estudo de casoO estudo de caso ocorreu na sede de uma organização multinacional, de

origem francesa, presente no Brasil desde 1937. Esta empresa possui 12.000

empregados no Brasil, com faturamento de aproximadamente 1,9 bilhões de

Euros no Brasil, Argentina e Chile, conforme descrição detalhada realizada no

capítulo 3.

A sede da empresa, para as atividades presentes no Brasil, Argentina e

Chile, está localizada na cidade de São Paulo, possuindo 160 empregados. Dentre

esses 160 empregados, 49 exercem cargos de gestores, constituindo assim o

universo da pesquisa. Para uma melhor compreensão, os 49 empregados que

ocupam cargos de gestores, caracterizam-se, de acordo com a classificação de

cargos da empresa, as principais pessoas responsáveis pela tomada de decisão.

Eles ocupam cargos de chefias, supervisores, gerentes e diretores, que possuem

o poder de mando sobre as equipes. Em virtude do estudo de caso abranger as

competências do líder, entende-se que este público encaixa-se no perfil a ser

estudado.

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O estudo de caso ocorreu através de aplicação de questionário de auto-

avaliação sobre as competências do líder, questionário de avaliação do seu colega

de trabalho, além de 6 entrevistas com Diretores e principais Gerentes.

A partir do referencial teórico apresentado, o objetivo do estudo de caso foi

obter uma auto-avaliação dos indivíduos que ocupam cargos de gestores,

medindo seu nível de desenvolvimento nas competências que o líder deve

possuir.

A empresa possui especial interesse no resultado desse estudo de caso,

uma vez que é uma possibilidade de avaliar o nível de desenvolvimento de seus

líderes. Além disso, será possível propor ações para o aprimoramento das

competências que apresentarem um menor nível de desenvolvimento.

4.2.2 – Procedimentos de CampoPara se realizar a coleta de dados, houve a necessidade de ter

procedimentos de campo explícitos e bem planejados, abrangendo diretrizes para

obter-se autorização da empresa, além de acesso aos participantes do estudo e

entrevistados chave, o que será detalhado a seguir.

4.2.2.1 - ParticipantesConforme explicado anteriormente, o universo da pesquisa é constituído por

49 empregados da sede da empresa, localizada na cidade de São Paulo,

caracterizando-se por exercer funções de gestores, conforme a classificação de

cargos da empresa.

Os participantes do estudo atuam em diferentes áreas da organização,

entre elas: recursos humanos, finanças, jurídico, saúde, segurança do trabalho,

meio ambiente, suprimentos e informática.

4.2.2.2 Coleta de DadosOs principais instrumentos de coleta de dados utilizados neste trabalho

foram:

− Carta convite para participação da pesquisa, conforme anexo i;

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− Questionário para auto-avaliação das competências do líder,

conforme anexo ii;

− Questionário para avaliação do seu colega de trabalho, em relação

às competências do líder;

− Formulário de entrevistas, conforme anexo iii.

Para preenchimento do questionário de auto-avaliação, os participantes

foram contatados pelo pesquisador pessoalmente, dentro do ambiente de trabalho

e receberam as explicações verbalmente, enfatizando a importância do estudo e

sendo motivados a responder o questionário. Após breve explanação sobre o

projeto, foram entregues questionários em mãos, para o auto-preenchimento. Em

caso de dúvidas, se necessário, o pesquisador poderia ser chamado para

esclarecê-las durante o preenchimento.

Para preenchimento do questionário para avaliação do seu colega de

trabalho, foi escolhida a área de Recursos Humanos e seus quatro participantes,

para esta etapa do trabalho. Os participantes foram contatados dentro do

ambiente de trabalho e receberam o formulário para avaliar seus colegas da área.

Agendou-se uma reunião para se explicar o processo e para que a avaliação

acontecesse. Ao final da avaliação do colega de trabalho, o resultado da auto-

avaliação individual foi comparado com o resultado apontado pelos colegas de

trabalho. As distorções foram apontadas, visando a consistência do processo de

auto-avaliação.

As entrevistas também foram realizadas dentro do ambiente de trabalho da

empresa, com agendamento prévio e concordância dos entrevistados.

A coleta de dados ocorreu no período entre os meses de outubro de 2006 e

março de 2007.

4.2.3 – Questões sobre o estudo de caso: o questionário de pesquisaSegundo Yin (2005), o ponto central do protocolo de estudo de caso é um

conjunto de questões substantivas que refletem a linha real de investigação.

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A partir do objetivo do estudo e dos conceitos teóricos encontrados na

pesquisa bibliográfica realizada, foi desenvolvido um questionário, para uma

sondagem preliminar, que foi estruturado da seguinte forma:

− Apresentação do projeto de pesquisa;

− Instruções sobre como responder ao questionário;

− Dados de identificação do respondente;

− Descrição das 24 competências do líder, conforme o modelo de Quinn;

− Auto-avaliação, contendo questões relativas às 24 competências e o

nível de desenvolvimento avaliado pelo próprio respondente. Cada

resposta tem 4 possibilidades:1- Não

desenvolvida2- Pouco

Desenvolvida3-

Desenvolvida4 – Muito

desenvolvida

− A resposta foi marcada no próprio instrumento (vide anexo ii)

4.2.4 – Questões para a entrevistaUma vez que o questionário aplicado constitui-se em uma auto-avaliação,

tornou-se necessário o procedimento de entrevistas com pessoas chave da

organização, visando avaliar o resultado global das auto-avaliações, verificando-se

assim sua consistência.

A partir do objeto de estudo e dos resultados preliminares do questionário

aplicado, foram desenvolvidas as questões para entrevistas, num total de sete

questões, conforme anexo iii.

Assim sendo, as questões foram formuladas, com o objetivo de verificar se

havia consistência entre como os participantes de auto-avaliaram e a percepção

dos entrevistados.

Os entrevistados, num total de seis, foram consultados no local de trabalho

previamente e agendou-se a entrevista, que ocorreu dentro do local de trabalho

em horário de expediente normal.

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CAPÍTULO V: ANÁLISE DOS DADOS E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

O objetivo deste capítulo é descrever e analisar os dados obtidos durante o

processo investigativo, além de apresentar seus resultados.

Primeiramente, realiza-se uma análise descritiva das características

pessoais e de identificação dos participantes da pesquisa.

Em seguida, para cada uma das 24 competências do líder, calcula-se a

pontuação média.

Verifica-se, o nível de desenvolvimento das 24 competências e os 8 papéis

do líder. Identifica-se as competências pouco desenvolvidas e as desenvolvidas.

Realiza-se uma avaliação denominada “avaliação do colega de trabalho”,

que corresponde à percepção dos colegas de trabalho, em relação a uma pessoa

que trabalha no mesmo departamento, tomando como base as 24 competências

do líder.

Finalmente, compara-se o resultado do nível de desenvolvimento dos

papéis do líder com o estudo feito por Quinn (2003), verificando-se os papéis mais

desenvolvidos e os menos desenvolvidos.

5.1 - Descrição dos Participantes na PesquisaTodos os participantes foram selecionados intencionalmente e convidados a

responder a pesquisa, sendo todos empregados da sede empresa. Foram

convidados um total de 49 indivíduos, que compõem o universo da pesquisa e

obteve-se a resposta de 39 indivíduos, conforme demonstração no Gráfico 1.

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Gráfico 1: Universo da pesquisa e número de participantes

49

39

0

10

20

30

40

50

Universo da pesquisa x No. de participantes

Universo da PesquisaParticipantes

Considerando-se os 39 respondentes da pesquisa, a grande maioria era do

sexo masculino, conforme gráfico 2, abaixo:

Gráfico 2: Distribuição dos participantes por sexo

80% de participação

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Com relação à idade, a maior parte dos respondentes está na faixa entre 46

e 55 anos, sendo 46% do total de indivíduos, conforme Gráfico 3:

Gráfico 3: Idade

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Avaliando-se os cargos ocupados pelos respondentes, percebe-se uma boa

distribuição entre cargos de coordenador, chefe e gerentes, conforme Gráfico 4, a

seguir:

Gráfico 4: Cargos exercidos pelos participantes

Com relação às áreas de atuação dos participantes, verifica-se que a maior

parte dos respondentes trabalham nas áreas de informática e finanças, conforme

demonstra o Gráfico 5:

Gráfico 5: Área de atuação

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Analisando-se o tempo que os participantes atuam como Gestor, verifica-se

que a grande maioria possui mais de 5 anos neste tipo de cargo e somente 3%

possuem menos de 1 ano. Por gestor define-se pessoa que ocupa cargo de

supervisor, coordenador, chefe, gerente ou diretor, dentro da estrutura de cargos

da empresa. A seguir o Gráfico 6, que demonstra a situação o resultado:

Gráfico 6: Tempo como gestor

Outra: 5%Jurídico 3%

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Quanto à formação acadêmica, a maioria dos profissionais possui formação

de nível superior e boa parte é pós graduado, conforme, Gráfico 7:

Gráfico 7: Formação Acadêmica

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61

5.2 – Competências do Líder: Análise do Resultado da Auto-Avaliaçãode Competências

Conforme anteriormente detalhado, o objetivo da pesquisa era obter uma

auto-avaliação dos participantes com relação aos 8 papéis e às 24 competências

do líder, propostas por Quinn (2003). Eles deveriam responder um questionário,

com opção de respostas que variavam numa escala de 1 a 4 (1= não

desenvolvida; 2=pouco desenvolvida; 3= desenvolvida; 4=muito desenvolvida),

marcando o seu nível de desenvolvimento em cada uma das competências.

A partir do resultado da auto-avaliação consolidou-se o resultado das

competências e de cada papel do líder. Desta forma obteve-se uma média,

equivalente ao nível de desenvolvimento em cada papel do líder e suas

competências respectivas, que será apresentado a seguir.

De acordo com o modelo de Quinn (2003) e, para uma melhor

compreensão dos resultados apresentados, é importante reforçar a correlação

entre as competências, os papéis do líder e os modelos teóricos dos quais fazem

parte, conforme Figura 3, abaixo:

Figura 3: Modelos teóricos e respectivos papéis do líder

Fonte: Quinn (2003)

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

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62

5.2.1 – Modelo de metas racionais: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Produtor

Passaremos a analisar as competências e os resultados, a partir do

quadrante correspondente ao Modelo de Metas Racionais, de acordo com o

modelo de Quinn (2003), que contempla os papéis de Produtor e Diretor, conforme

destacado na Figura 4, abaixo:

Figura 4: Modelo das metas racionais – papéis de produtor e diretor

Fonte: Quinn (2003)

O papel de Produtor obteve o resultado “desenvolvido”, sendo que a

competência Trabalho Produtivo teve a melhor avaliação (3,1) entre as

competências que compõem este papel. A análise das demais competências que

fazem parte deste papel pode ser verificada no Gráfico 8, a seguir:

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

D iretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

D iretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

D iretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

D iretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

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63

Gráfico 8: Competências do Líder / Papel de Produtor

Como é possível observar a competência Trabalho Produtivo obteve a

melhor média de avaliação (3,1) e a competência Gerenciamento do Tempo e do

estresse a menor média (2,8).

5.2.2 – Modelo de metas racionais: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Diretor

O papel de Diretor obteve na média, o resultado de desenvolvido,

entretanto há uma competência que foi obteve o resultado “pouco desenvolvida”.

A análise das competências, que fazem parte deste papel, pode ser verificada no

gráfico 9, a seguir:

Nível de desenvolvimento dascompetências:1 = Não desenvolvido2 = Pouco desenvolvido3 = Desenvolvido4 = Muito desenvolvido

CCoommppeettêênncciiaass rreellaacciioonnaaddaass aaoo ppaappeell ddee PPrroodduuttoorr::

Média = 3 Desenvolvido3,1

3

2,8

2,6

2,7

2,8

2,9

3

3,1

Competências do Líder Papel de Produtor = Desenvolvido

Trabalho produtivoFomento de um ambiente de trabalho produtivoGerenciamento do tempo e do estresse

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Gráfico 9: Competências do Líder / Papel de Diretor

Pode-se identificar no gráfico que a competência “Estabelecimento de

Metas e Objetivos” e a competência “Planejamento e Organização” alcançaram o

nível “desenvolvido” enquanto a competência “Desenvolvimento e Comunicação

de uma Visão” alcançou o nível “pouco desenvolvido”.

5.2.3 – Modelo de processos internos: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Monitor

Dando continuidade ao detalhamento das informações, face ao modelo de

Quinn (2003), passaremos a analisar as competências e os resultados do

quadrante correspondente ao Modelo de Processos Internos, que possui os

papéis de Monitor e Coordenador, conforme destacado na Figura 5, abaixo:

2,9

3 3

2,84

2,86

2,88

2,9

2,92

2,94

2,96

2,98

3

Competências do Líder Papel de Diretor = Desenvolvido

Desenvolvimento e comunicação de uma visãoEstabelecimento de metas e objetivosPlanejamento e organização

Nível de desenvolvimento dascompetências:1 = Não desenvolvido2 = Pouco desenvolvido3 = Desenvolvido4 = Muito desenvolvido

CCoommppeettêênncciiaass rreellaacciioonnaaddaass aaoo ppaappeell ddee DDiirreettoorr ::

Média = 3 Desenvolvido

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Figura 5: Modelo de processos internos – Monitor e Coordenador

Fonte: Quinn (2003)

Conforme a consolidação das respostas demonstrou, o papel de Monitor

obteve o resultado “desenvolvido”. A competência “análise de informações por

meio do pensamento crítico” foi a que apresentou a nota mais alta (3,1), sendo

que a análise das outras competências que fazem parte deste papel pode ser

verificada no gráfico 10, abaixo:

Gráfico 10: Competências do Líder / Papel de Monitor

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

Controle

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

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É possível observar neste gráfico que a competência “Administração da

Sobrecarga de Informação” e a competência “Administração dos Processos

Essenciais” obtiveram a média 3, que representa o resultado “desenvolvido”.

5.2.4 – Modelo de processos internos: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Coordenador

O papel de Coordenador obteve o resultado “pouco desenvolvido”,

acompanhando o resultado de todas as competências que fazem parte deste

papel. A análise de cada uma das competências que integram este papel pode ser

verificada abaixo, no gráfico 11:

Gráfico 11: Competências do Líder / Papel de Coordenador

3,1

3 3

2,95

3

3,05

3,1

Competências do Líder Papel de Monitor = Desenvolvido

Análise de informações por meio do pensamento críticoAdministração da sobrecarga de informaçõesAdministração dos processos essenciais

Nível de desenvolvimento dascompetências:1 = Não desenvolvido2 = Pouco desenvolvido3 = Desenvolvido4 = Muito desenvolvido

CCoommppeettêênncciiaass rreellaacciioonnaaddaass aaoo ppaappeell ddee MMoonniittoorr::

Média = 3 desenvolvido

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Conforme já mencionado, o resultado de todas as competências deste

papel apresentou o resultado “pouco desenvolvido”, caracterizando-se por um dos

piores resultados até aqui descritos.

5.2.5 – Modelo das relações humanas: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Mentor

Dando continuidade à descrição dos resultados, face ao modelo de Quinn

(2003), passaremos a analisar as competências e os resultados do quadrante

correspondente ao Modelo de Processos Internos, que inclui os papéis de Mentor

e Facilitador, conforme destacado na Figura 6, abaixo:

Figura 6: Modelo das relações humanas – Mentor e Facilitador

2,9 2,9

2,7

2,6

2,65

2,7

2,75

2,8

2,85

2,9

COMPETÊNCIAS DO LÍDERPapel de Coordenador = Pouco Desenvolvido

Gerenciamento de projetosPlanejamento do trabalhoGerenciamento multidisciplinar

Nível de desenvolvimento dascompetências:1 = Não desenvolvido2 = Pouco desenvolvido3 = Desenvolvido4 = Muito desenvolvido

CCoommppeettêênncciiaass rreellaacciioonnaaddaass aaoo ppaappeell ddee CCoooorrddeennaaddoorr::

Média = 2,8 Pouco desenvolvido

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

III

III IV

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

Modelo de

Processos

Internos Modelo das

Metas

Racionais

Facilitador

Diretor

Monitor

Coordena-dor

Mentor

Negociador

Inovador

Produtor

Flexibilidade

ExternoInterno

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III

III IV

III

III IV

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Fonte: Quinn (2003)

O papel de Mentor obteve o resultado “desenvolvido”, acompanhando a

média das competências que fazem parte de sua composição, com destaque para

a competência “Compreensão de si mesmo e dos outros”, que obteve a média 3,2.

A análise das competências que fazem parte deste papel pode ser

verificada no gráfico 12:

Gráfico 12: Competências do Líder / Papel de Mentor

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É possível notar, através do gráfico, que as tres competências obtiveram

uma boa média, caracterizando-se como “desenvolvidas”.

5.2.6 – Modelo das relações humanas: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Facilitador

O papel de Facilitador obteve o resultado “pouco desenvolvido”, sendo um

dos papéis com pior avaliação em suas competências. A análise detalhada pode

ser verificada no gráfico 13, a seguir:

Gráfico 13: Competências do Líder / Papel de Facilitador

3,2

3

3,1

2,9

2,95

3

3,05

3,1

3,15

3,2

COMPETÊNCIAS DO LÍDER Papel de Mentor = Desenvolvido

Compreensão de si mesmo e dos outrosComunicação EficazDesenvolvimento dos Empregados

Nível de desenvolvimento dascompetências:1 = Não desenvolvido2 = Pouco desenvolvido3 = Desenvolvido4 = Muito desenvolvido

CCoommppeettêênncciiaass rreellaacciioonnaaddaass aaoo ppaappeell ddee MMeennttoorr::

Média = 3,1 Desenvolvido

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O resultado da avaliação demonstra que todas as competências estão no

nível “pouco desenvolvido”, sendo que as competências “Administração de

Conflitos” e “Uso do Processo Decisório Participativo” obtiveram a pior avaliação,

com média de 2,7.

5.2.7 – Modelo dos sistemas abertos: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Inovador

Para concluir esta análise, verificaremos as competências e os resultados

do quadrante correspondente ao Modelo dos Sistemas Abertos, que contempla os

papéis de Inovador e Negociador, conforme destacado na Figura 7:

Figura 7: Modelo das relações humanas – Inovador e Negociador

2,8

2,7 2,7

2,64

2,66

2,68

2,7

2,72

2,74

2,76

2,78

2,8

COMPETÊNCIAS DO LÍDER Papel de Facilitador = Pouco Desenvolvido

Construção de equipesUso do processo decisório participativoAdministração de conflitos

Nível de desenvolvimento dascompetências:1 = Não desenvolvido2 = Pouco desenvolvido3 = Desenvolvido4 = Muito desenvolvido

CCoommppeettêênncciiaass rreellaacciioonnaaddaass aaoo ppaappeell ddee FFaacciilliittaaddoorr::

Média = 2,7 Pouco desenvolvido

F ili d

Mentor Inovador

Flexibilidade

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III IV

F ili d

Mentor Inovador

Flexibilidade

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III IV

F ili d

Mentor Inovador

Flexibilidade

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

F ili d

Mentor Inovador

Flexibilidade

Modelo das

Relaçõ

es

Humanas

Modelo dos

Sistemas

Abertos

III IV

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Fonte: Quinn (2003)

O papel de Inovador obteve o resultado “desenvolvido”, com destaque para

a competência “convívio com a mudança”, que alcançou nota 3,2. A análise das

demais competências que fazem parte deste papel pode ser verificada no gráfico

14, a seguir:

Gráfico 14: Competências do Líder / Papel de Inovador

3,2

3,1

3

2,9

2,95

3

3,05

3,1

3,15

3,2

COMPETÊNCIAS DO LÍDER Papel de Inovador = Desenvolvido

Convívio com a mudançaPensamento criativoGerenciamento da mudança

Nível de desenvolvimento dascompetências:1 = Não desenvolvido2 = Pouco desenvolvido3 = Desenvolvido4 = Muito desenvolvido

CCoommppeettêênncciiaass rreellaacciioonnaaddaass aaoo ppaappeell ddee IInnoovvaaddoorr::

Média = 3,1 Desenvolvido

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É possível observar que todas as competências obtiveram uma boa

avaliação, alcançando o resultado de “desenvolvido”, o que se refletiu na média

deste papel do líder.

5.2.8 – Modelo dos sistemas abertos: análise das competênciasrelacionadas ao papel de Negociador

O papel de Negociador obteve o resultado “desenvolvido”, entretanto as

competências “apresentação de idéias” e “construção e manutenção de uma base

de poder” foram avaliadas como “pouco desenvolvidas”. A análise detalhada das

competências que fazem parte deste papel pode ser verificada no gráfico15, a

seguir:

Gráfico 15: Competências do Líder / Papel de Negociador

É importante ressaltar o resultado das competências “Construção e

Manutenção de uma Base de Poder” e “Apresentação de Idéias”, que obtiveram

média “pouco desenvolvido”. Portanto temos duas competências que estão com

2,9

3,1

2,9

2,8

2,85

2,9

2,95

3

3,05

3,1

COMPETÊNCIAS DO LÍDER Papel de Negociador = Desenvolvido

Construção e manutenção de uma base de poderNegociação de acordos e compromissosApresentação de idéias

Nível de desenvolvimento dascompetências:1 = Não desenvolvido2 = Pouco desenvolvido3 = Desenvolvido4 = Muito desenvolvido

CCoommppeettêênncciiaass rreellaacciioonnaaddaass aaoo ppaappeell ddee NNeeggoocciiaaddoorr::

Média = 3,0 Desenvolvido

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nível de desenvolvimento baixo, o que deve ser levado em consideração,

independente do resultado do papel ter sido melhor.

5.3 – Análise Consolidada das Competências do LíderAté aqui, o resultado da auto-avaliação de cada competência foi

demonstrado, associado ao respectivo papel do líder e seu modelo teórico. A

seguir apresenta-se uma visão consolidada de todas as competências e suas

médias atingidas, conforme demonstra o Gráfico 16:

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Gráfico 16: Resultado geral da avaliação de competências do líder

Dentro de uma visão geral e abrangente dos resultados, as competências

que obtiveram a maior média, de acordo com a auto-avaliação realizada pelos

participantes, obtendo 3,2 pontos, enquadrando-se na categoria de desenvolvidas,

foram:

Legenda das competências:A1-Trabalho produtivoA2- Fomento amb.trab.produtivoA3- Gerenciamento do tempo e do estresseB1- Desenvolvim. e comunicação de uma visãoB2- Estabelecimento de metas e objetivosB3- Planejamento e organizaçãoC1- Anal.de informações c/ pensamento críticoC2- Admin. da sobrecarga de informaçõesC3- Administração dos processos essenciaisD1- Gerenciamento de projetosD2- Planejamento do trabalhoD3- Gerenciamento multidisciplinar

Legenda das competências:E1- Compreensão de si mesmo e dos outrosE2- Comunicação eficazE3- Desenvolvimento dos empregadosF1- Construção de equipesF2- Uso do processo decisório participativoF3- Administração de conflitosG1- Convívio com a mudançaG2- Pensamento criativoG3- Gerenciamento da mudançaH1- Construção e manutenção de base de poderH2- Negociação de acordo e compromissosH3- Apresentação de idéias

Nível de desenvolvim

ento da competência

3,0 3,0 3,12,8

3,13,0

2,82,9 3,0

3,13,0 2,9 2,92,7

3,23,0

2,72,7

3,23,1

3,02,93,1

2,9

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

1CompetênciasA1 A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3 D1 D2 D3 E1 E2 E3 F1 F2 F3 G1 G2 G3 H1 H2 H3

LegendaNível de desenvolvimento da competência:1 = Não desenvolvida / 2 = Pouco desenvolvida / 3 = Desenvolvida / 4 = Muito desenvolvida

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− Compreensão de si mesmo e dos outros

− Convívio com a mudança

As competências que obtiveram a menor média de avaliação pelos

participantes, obtendo 2,7 pontos, enquadrando-se na categoria de pouco

desenvolvidas, foram:

− Gerenciamento multidisciplinar

− Uso do processo decisório participativo

− Administração de conflitos

As demais competências obtiveram uma média entre 2,8 e 3,1 o que

demonstrou um certo equilíbrio. Entretanto não podemos deixar de observar que,

das 24 competências avaliadas, 10 competências obtiveram uma média abaixo de

3,0, sendo consideradas pouco desenvolvidas, merecendo uma atenção

diferenciada e uma priorização no seu desenvolvimento, o que será abordado

mais adiante, nas recomendações e sugestões propostas pelo pesquisador.

Em resumo, das 24 competências estudadas, 14 apresentaram um

resultado de desenvolvidas e 10 o resultado de pouco desenvolvidas, conforme

demonstrado a seguir:

Competências desenvolvidas:

− Trabalho produtivo

− Fomento de um ambiente de trabalho produtivo

− Estabelecimento de metas e objetivos

− Planejamento e organização

− Analise de informações com pensamento crítico

− Administração da sobrecarga de informações

− Administração dos processos essenciais

− Compreensão de si mesmo e dos outros

− Comunicação eficaz

− Desenvolvimento dos empregados

− Convívio com a mudança

− Pensamento criativo

− Gerenciamento da mudança

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− Negociação de acordo e compromissos

Competências pouco desenvolvidas:

− Gerenciamento do tempo e do estresse

− Desenvolvimento e comunicação de uma visão

− Gerenciamento de projetos

− Planejamento do Trabalho

− Gerenciamento multidisciplinar

− Construção de equipes

− Uso do processo decisório participativo

− Administração de conflitos

− Construção e manutenção de base de poder

− Apresentação de idéias

Com o objetivo de complementar o resultado de auto-avaliação das

competências e avaliar sua consistência, foi realizada pelo pesquisador uma

avaliação complementar denominada “Avaliação do Colega de Trabalho”, que foi

aplicada para um grupo restrito de colaboradores da empresa, na área de

recursos humanos, e será explicada no próximo tópico, a seguir.

5.4 – Avaliação do Colega de TrabalhoO resultado geral apresentado anteriormente é proveniente de uma auto-

avaliação, o que se pode considerar uma das limitações deste estudo. Com o

objetivo de complementar a análise do resultado de auto-avaliação das

competências, foi realizada pelo pesquisador uma outra avaliação denominada

“avaliação do colega de trabalho”, que busca identificar a opinião de alguns

colegas de trabalho com relação às competências de outra pessoa com quem

trabalha e que fez parte da pesquisa.

Para realizar esta avaliação definiu-se especificamente a área de recursos

humanos, representando 13% do universo total da pesquisa, ou seja, quatro

pessoas num total de 39 participantes da pesquisa.

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Os quatro participantes da área de recursos humanos foram pessoalmente

convidados, aceitando prontamente o convite, e a “avaliação do colega de

trabalho” se deu da seguinte forma:

- O pesquisador reuniu os participantes e explicou o processo

pessoalmente, esclarecendo as dúvidas.

- Cada um dos quatro participantes avaliou seu colega de trabalho, com

relação às 24 competências do líder, de acordo com sua percepção. Dessa forma

cada participante foi avaliado por 3 pessoas, que poderiam ser pares,

subordinados ou chefes do avaliado.

- Para esta avaliação foi utilizado o mesmo instrumento, ou seja, o

questionário de auto-avaliação das competências do líder, apresentado

anteriormente.

Ao final deste processo de avaliação o pesquisador pode comparar o

resultado da auto-avaliação individual com a percepção das 3 outras pessoas que

trabalhavam no mesmo departamento da pessoa pesquisada. O resultado pode

ser visto no Quadro 6, abaixo:

Quadro 6 – Resultado da Avaliação do Colega de TrabalhoCOMPETÊNCIAS

Pesquisado

MÉDIAINDIVIDUAL

Auto-Avaliação

MÉDIAINDIVIDUALAvaliação

Colega Trab.A 2,7 2,8B 2,6 2,9C 2,8 3,4D 3,1 3,0

Média Grupo 2,8 3,0

Este quadro demonstra, pelo menos na área de recursos humanos, que o

resultado da média da auto-avaliação foi menor do que avaliação feita pelos

colegas de trabalho, o que revela, numa primeira análise, que a auto-avaliação foi

feita de forma consistente. Isto pode ser percebido pelo resultado médio deste

grupo, que era de 2,8 na auto-avaliação e passou para 3,0 na avaliação dos

colegas de trabalho.

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Este resultado demonstra que as pessoas foram mais rigorosas em sua

auto-avaliação do que seus colegas de trabalho, ou seja, há uma percepção de

que o nível de competências é mais desenvolvido do que pensam as pessoas que

se auto-avaliaram.

Esta constatação é importante pois demonstra a consistência do resultado

da auto-avaliação na área onde foi realizada, dando maior credibilidade a este

resultado.

5.5 – Análise Geral do Resultado dos Papéis do LíderNesta seção pretende-se demonstrar, de forma consolidada, o resultado

obtido nos papéis do líder e compará-los com os resultados obtidos por Quinn

(2003), que gerou um gráfico com informações de suas pesquisas.

Com base na auto-avaliação, os papéis com melhor resultado foram o de

Mentor e de Inovador, com uma pontuação média de 3,1 pontos, caracterizando-

se como desenvolvidos.

Os papéis que obtiveram resultado “pouco desenvolvidos” foram o de

Facilitador e de Coordenador, que obtiveram 2,7 e 2,8 pontos de média,

respectivamente. Este resultado demonstra que são estes os papéis que mais

necessitam de desenvolvimento por parte dos líderes. Todos os demais papéis

alcançaram a média de 3 pontos, ou seja, desenvolvidos, demonstrando um certo

equilíbrio.

Em resumo, dos oito papéis do líder definidos por Quinn (2003), seis papéis

obtiveram o resultado de desenvolvidos (inovador, negociador, produtor, diretor,

monitor e mentor) e dois papéis foram considerados pouco desenvolvidos

(facilitador, coordenador), conforme pode ser visto no Gráfico 17, a seguir:

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Gráfico 17: Resultado consolidado dos papéis do líder

Quando compara-se o resultado da auto-avaliação, obtido na sede da

empresa, com os resultados obtidos nas pesquisas realizadas por Quinn (2003),

identifica-se que o perfil dos líderes da sede da empresa assemelha-se, ao que

ele denomina o perfil de mestre. Ele argumenta que o perfil do mestre é o perfil

ideal, sendo um dos quatro perfis eficazes, por ele mencionados. Este perfil, mais

arredondado, é o perfil de gerentes capazes de desempenhar e integrar papéis,

por ele definido como papéis concorrentes, ou seja, antagônicos.

A seguir, no gráfico 18, o desenho que caracteriza, segundo Quinn(2003), o

perfil dos mestres.

2,83,1

2,7

33

3

33,101234

Produtor

Diretor

Monitor

Coordenador

Mentor

Facilitador

Inovador

Negociador

LegendaNível de desenvolvimento:1 = Não desenvolvido2 = Pouco desenvolvido3 = Desenvolvido4 = Muito desenvolvido

Resultado da avaliação dos papéis do líder na sede da empresa

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Gráfico 18: Perfil dos Mestres

Fonte: Quinn (2003)

É importante observar que, apesar do perfil arredondado, assemelhando-se

ao perfil ideal, dois papéis obtiveram média abaixo de 3,0, o que significa que

estão no nível “pouco desenvolvidos”, o que invalida a idéia de que o resultado

obtido equivale ao perfil, denominado por Quinn (2003), de perfil de “mestre”.

Conforme anteriormente explicado, dentro das ações metodológicas deste

trabalho de pesquisa foram realizadas entrevistas, onde foram discutidos os

resultados, até aqui apresentados. A descrição do processo de entrevistas e seus

resultados serão apresentados a seguir.

5.6 – Análise das EntrevistasForam realizadas entrevistas com pessoas chave da organização,

escolhidas previamente.

O objetivo central foi apresentar os resultados consolidados, obtidos na

auto-avaliação, e conhecer a opinião dos entrevistados, verificando-se sua

consistência.

Dessa forma as entrevistas complementam a visão inicial, trazida pelo

resultado da auto-avaliação das competências do líder.

01234

Produtor

Diretor

Monitor

Coordenador

Mentor

Facilitador

Inovador

Negociador

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A partir do objeto de estudo e dos resultados preliminares do questionário

aplicado, foram desenvolvidas as questões para entrevistas, num total de sete

questões abertas (conforme anexo iii).

As questões foram formuladas com o objetivo de verificar se havia

consistência entre como os participantes se auto-avaliaram e a percepção dos

entrevistados.

Os entrevistados, num total de seis, foram consultados previamente e

agendou-se a entrevista, que ocorreu dentro do local de trabalho em horário

comercial. Todos são empregados da sede da empresa, sendo que 3

entrevistados ocupam cargos de Diretores e os outros 3 entrevistados ocupam

cargos de Gerentes Corporativos em suas respectivas áreas.

Todas as entrevistas, num total de seis, foram realizadas pessoalmente, no

período que compreendeu início de março a meados de abril de 2007.

A seguir serão apresentadas as questões da entrevista e os comentários

mais importantes, selecionados pelo pesquisador.

5.6.1 – Comentários dos entrevistadosNeste tópico são apresentados os comentários mais importantes dos

entrevistados. A seguir as perguntas da entrevista e os comentários gerais.

Pergunta 1 - Você considera que um líder pode influenciar diretamente no

resultado obtido de sua equipe? Como?

Todos os entrevistados, sem exceção, responderam que acreditam que o

líder influencia os resultados diretamente.

Comentários Gerais:O líder deve administrar os recursos com a equipe, saber negociar, gerar

ambiente adequado.

Líder na equipe conduz reuniões, orienta para onde equipe vai. Se ele

não conhece o assunto pode influenciar negativamente o direcionamento

do assunto.

Gerenciar de forma participativa. Saber delegar,saber cobrar. Orientação

que dou a minha equipe é para não ser movido a chefe.

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Pergunta 2 - Na sua opinião, quais são as principais competências que um

líder eficaz deve apresentar?

As respostas são variadas, porém há uma convergência para: trabalhar em

equipe, motivador, estabelecer metas, planejar, delegar, ser responsável por

resultados, comunicação, dar feedback, conviver com a mudança, ter

compreensão de si mesmo.

Pergunta 3 – O que é inaceitável dentro do papel, características do líder?

Para esta questão, as afirmações se concentram em falta de respeito, ser

injusto, falta de confiança e deslealdade.

Comentários gerais:Falta de respeito, chefe que não ouve o subordinado.

Fazer brincadeiras com coisas importantes, ser injusto.

Deslealdade com funcionários ou parceiros. Alguns são amigos pela

frente e por traz “metem a faca”.

Falta de honestidade e confiança.

Atitudes que façam com que se perca a confiança mútua (líder/liderado).

Se há perda de confiança a situação desanda.

Não é aceitável vender uma coisa para a equipe e entregar outra.

Pergunta 4 - Em sua opinião, quais são as competências apresentadas /

reveladas nos líderes da Sede da Empresa?

As respostas obtidas estão fundamentadas, principalmente, no

conhecimento técnico elevado, sendo citado por três entrevistados. Em seguida

aparecem outros comentários como capacidade de produção e comprometimento

com resultados, o que reforça as competências mais técnicas como pontos mais

desenvolvidos na sede da organização.

Comentários gerais:Equipe é forte nas competências técnicas.

Conteúdo muito bom: técnico, conhecimento da empresa, processos,

cultura, França. Cometemos poucos erros.

Abertura para o debate interno.

Comprometimento com o resultado.

Conhecimento técnico elevado.

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Pergunta 5 - Baseando-se nos resultados obtidos na última pesquisa de

Clima Organizacional, realizada em 2006, quais são as conclusões que você

chegou, em relação ao perfil dos líderes de sua Área e da Sede Empresa?

Nas respostas desta pergunta aparecem comentários importantes e

bastante críticos. Alguns pontos cruciais são levantados, como: necessidade de

melhoria da comunicação, alguns gestores possuem uma postura autoritária e

ultrapassada, prevalecendo a hierarquia. O apoio ao desenvolvimento profissional

é forte, porém é necessária a melhoria da gestão de pessoas.

Comentários gerais:Apoio ao desenvolvimento profissional é forte. As pessoas não bloqueiam

carreira, não dificultam. É uma política bem implementada.

Habilidade de comunicação é ruim, sem fundamentação técnica.

Transmissão de conhecimento é débil e comunicação é irregular.

Estilo de liderança razoavelmente eficiente, porém ultrapassado.

Falta método de trabalho.

Cultura da empresa afeta estilo de liderança.

Há uma coerência entre resultados da Pesquisa de Clima e o

questionário de auto-avaliação de Liderança.

Pergunta 6 - Qual sua opinião, com relação aos resultados obtidos na auto-

avaliação das competências dos líderes da Sede da Empresa? Elas refletem a

realidade ou há distorções?

Em geral as respostas apontam na direção de que os resultados parecem

bem razoáveis, com algumas observações em competências específicas.

Comentários gerais:O resultado geral é bem razoável em relação à realidade.

Considero que as competências desenvolvimento e comunicação de uma

visão / estabelecimento de metas / negociação e compromisso, são

menos desenvolvidas que o resultado apresentado.

Competências construção de equipes / administração de conflitos:

resultado parece baixo.

Compreensão de si mesmo e dos outros: não sei se é um nível tão

elevado, pois alguns líderes obtêm resultado de forma mais dura.

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Administração de conflitos: baixa habilidade de lidar com conflitos; há

uma tendência de resolver o conflito, o que faz com que ele aumente.

Pergunta 7 - Qual deve ser o papel da Empresa e da área de RH para

desenvolver as competências dos líderes da Sede?

Nesta questão final as respostas estão focadas em: prover treinamento

para os colaboradores, ajudar os colaboradores no que se refere ao

desenvolvimento de competências, fornecer instrumentos para informação e

avaliação. Além disso, o RH deve ser visto como um apoiador, motivador.

Comentários gerais:RH deve ajudar com treinamento, criação de métodos para administração

de tempo, melhorar estruturas de reunião, definir agenda e resultados

esperados

Treinar os líderes.

Propiciar treinamentos e reciclagem quando aplicável.

Treinar pessoas para desenvolvimento de competências.

Criar relação no departamento para que as pessoas possam se

desenvolver, gerar resultados.

Preparar pessoas para exercer papel de coach, líder.

Avaliando a pessoa de forma consistente podemos medir se a pessoa vai

chegar onde precisamos ou se a pessoa não serve.

O papel de RH é ajudar a desenvolver as competências, análise de clima,

conhecer as pessoas e atuar na sua formação, dar suporte ao líder e

esclarecer papéis.

De maneira geral, a conclusão das entrevistas é de que os resultados

apresentados retratam bem a realidade, com visões um pouco diferentes,

dependendo da competência avaliada e da visão do próprio entrevistado.

5.7 -Desenvolvimento das Competências do LíderO objetivo desta parte do estudo de caso é dar a contribuição do

pesquisador, visando o desenvolvimento das competências dos líderes da sede da

empresa. De forma alguma pretende-se esgotar o assunto, tampouco há a

pretensão de resolver a situação somente com a proposta aqui apresentada. Na

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verdade, a solução envolve outros atores, que dependendo de seu engajamento

poderão contribuir de forma direta para a evolução da liderança na Sede desta

organização.

Dentro deste contexto e de acordo com os resultados apresentados neste

estudo de caso, recomenda-se priorizar o treinamento e desenvolvimento das 10

competências que apresentaram o resultado de auto-avaliação abaixo de 3, que

significa “não desenvolvida”, conforme escala utilizada. As competências e suas

respectivas notas são:

− Gerenciamento do tempo e do estresse (2,8)

− Desenvolvimento e comunicação de uma visão (2,9)

− Gerenciamento de projetos (2,9)

− Planejamento do Trabalho (2,9)

− Gerenciamento multidisciplinar (2,7)

− Construção de equipes (2,8)

− Uso do processo decisório participativo (2,7)

− Administração de conflitos (2,7)

− Construção e manutenção de base de poder (2,9)

− Apresentação de idéias (2,9)

De forma concreta, é possível deixar algumas sugestões que irão contribuir

para o desenvolvimento de mais de uma competência. Estas sugestões estão

concentradas na realização de treinamentos para desenvolvimento dos

colaboradores, conforme abaixo:

− Identificação e treinamento dos líderes que apresentam deficiências,

utilizando cursos já existentes dentro da organização, como por

exemplo os cursos de Gestão de Projetos, Técnicas de

Apresentação, Técnicas de Comunicação, conforme programas de

treinamento já estruturados na empresa, englobando vários aspectos

das competências a serem desenvolvidas.

− Realização de reuniões estruturadas por área, com o envolvimento e

apoio dos gestores, visando aumentar a sinergia entre as equipes,

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melhoria do feedback, administração de conflitos, fortalecendo estas

competências nos líderes.

A idéia aqui contida é aproveitar os recursos existentes dentro da

organização, que possibilitam o aprimoramento dos colaboradores com relação a

estas competências.

Acredito que uma das maiores contribuições deste estudo de caso seja a

identificação, de forma mais precisa, das competências que realmente precisam

ser fortalecidas, possibilitando dar o enfoque correto no desenvolvimento dos

líderes da sede desta empresa.

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CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS E LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Esta parte da dissertação tem como objetivo registrar as conclusões obtidas

através da pesquisa e das entrevistas, tecer considerações, fazer algumas

recomendações e dar um panorama final do trabalho desenvolvido. Antes é

importante rever a questão central de pesquisa deste trabalho:

Se o ambiente é cada vez mais instável e competitivo, sendo os líderesfundamentais para as organizações alcançarem seus resultados, quais sãoos papéis e as competências que o líder deve apresentar?

Em suma, esta pesquisa chegou às seguintes conclusões:

1ª. CONCLUSÃO: com relação às competências do líder, baseado no

modelo de Quinn (2003) 14 competências são “desenvolvidas” e 10 “pouco

desenvolvidas”.

Este é o resultado alcançado através da auto-avaliação realizada com os

líderes da sede da empresa onde se realizou o estudo de caso. Além disso,

nenhuma competência atingiu um dos extremos, ou seja, “não desenvolvida” ou

“muito desenvolvida”. Este resultado confirma a hipótese de que os líderes não

apresentariam todas as competências desenvolvidas, sendo que algumas

merecem maior atenção para o desenvolvimento.

2ª. CONCLUSÃO: quanto aos papéis do líder verificou-se que, dos oito

papéis definidos por Quinn (2003), seis papéis obtiveram o resultado de

“desenvolvidos” (inovador, negociador, produtor, diretor, monitor e mentor) e dois

papéis foram considerados “pouco desenvolvidos” (facilitador, coordenador).

Apesar do papel de mentor ter obtido o resultado “desenvolvido”, de acordo

com a auto-avaliação dos participantes, na opinião dos Diretores e Gerentes que

foram entrevistados o estilo de liderança predominante na empresa privilegia os

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aspectos mais técnicos e necessita desenvolver aspectos de comunicação e

desenvolvimento da equipe, que são competências relacionadas ao papel de

mentor.

3ª. CONCLUSÃO: todos os diretores e gerentes entrevistados acreditam

que o líder influencia diretamente o resultado de sua equipe, portanto torna-se

fundamental investir no desenvolvimento das competências do líder.

4ª. CONCLUSÃO: os diretores acreditam, também, que a área de recursos

humanos é fundamental para apoiar os líderes no seu desenvolvimento através de

treinamento, orientação e ferramentas de avaliação do clima organizacional. Além

disso, julgam necessário o apoio de recursos humanos para se ter uma ferramenta

de avaliação adequada, o que irá ajudar no desenvolvimento de suas equipes.

LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA CONTINUIDADE DO ESTUDONesta parte está registrada a limitação do estudo, bem como sugestão para

continuidade de pesquisas futuras.

Uma das limitações apresentadas neste estudo é o fato de que os líderes

pesquisados responderam ao questionário baseando-se na sua auto-percepção.

Isso significa que não sabe-se a opinião dos seus superiores, pares ou

subordinados com relação ao seu nível de desenvolvimento nas competências do

líder. A única área onde buscou-se a opinião dos colegas de trabalho foi recursos

humanos.

Além disso, há uma limitação quanto à abrangência da pesquisa, por se

tratar de um estudo de caso, onde apenas a realidade da Sede de uma empresa

pode ser retratada.

Como sugestão de continuidade deste estudo, pode-se ampliar esta

pesquisa para outros contextos organizacionais, como por exemplo, empresas do

segmento de materiais de construção, sendo possível comparar os papéis e

competências do líder dentro da diferente realidade de diversas empresas. Além

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disso é possível expandir este estudo para outros Estados do Brasil ou até mesmo

para outros países.

RECOMENDAÇÕESAqui serão registradas algumas recomendações gerais, baseadas no

resultado do estudo, servindo como proposição de melhoria.

Baseando-se nos resultados apresentados neste estudo de caso,

recomenda-se priorizar o treinamento e desenvolvimento das 10 competências

que apresentaram o resultado de auto-avaliação abaixo de 3, que significa não

desenvolvida.

Por fim, acredita-se que a área de recursos humanos pode colaborar para o

desenvolvimento das competências dos líderes da sede da empresa, através dos

treinamentos já existentes na área corporativa, que podem ser direcionados com

base no diagnóstico aqui apresentado. Além disso a área de recursos humanos

pode apoiar os líderes através de processos bem estabelecidos de avaliação de

performance, feedback e apoio ao desenvolvimento das pessoas.

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ANEXO I – CARTA CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA

Carta convite para participação

São Paulo, de setembro de 2006.

Ao Sr.(a)

Gostaria de convidá-lo(a) a participar do projeto de pesquisa “COMPETÊNCIASDE LIDERANÇA”, a ser desenvolvida por mim como exigência para obtenção dotítulo de Mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de SãoPaulo/PUCSP, sob orientação da Profa. Dra. Neusa Maria Bastos F. Santos.

O público alvo deste estudo está direcionado para os indivíduos que ocupamcargo de gestor na Sede da empresa.

Todas as respostas serão tratadas com absoluta confidencialidade e aidentificação do participante e do departamento para o qual trabalha será mantidaem absoluto sigilo.

Agradeço antecipadamente sua participação.

Atenciosamente,

Dante Bonetti de Freitas

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ANEXO II – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Apresentação

Este questionário é parte do estudo “PAPÉIS E COMPETÊNCIAS DO

LÍDER”, a ser desenvolvido por mim, sob a orientação da Profa. Dra. Neusa Maria

Bastos F. Santos.

Nosso objetivo é identificar as competências de liderança desenvolvidas e a

desenvolver nos profissionais que ocupam cargo de gestor na Sede da empresa.

O Sr.(a) foi identificado como potencial participante. Suas respostas são

muito importantes e serão tratadas com absoluta confidencialidade. A identificação

do participante e do departamento para o qual trabalha será mantida em absoluto

sigilo.

Agradeço imensamente o seu tempo dedicado.

Obrigado pela sua participação!

Dante Bonetti de Freitas

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INSTRUÇÕES

Preenchimento

Este questionário é auto-preenchível, sendo que as respostas poderão ser

coletadas da seguinte forma:

1. O participante poderá responder sozinho e livremente;

2. Caso o participante deseje, poderá solicitar a presença do

pesquisador durante o preenchimento.

Encaminhamento das respostas:e-mail

Contato direto com o pesquisador: Sede - RH Corporativo – 3º. Andar

Composição do questionárioEste questionário é composto por 24 questões. Favor ler cuidadosamente a

descrição das competências apresentadas para orientar sua resposta.

O preenchimento da auto-avaliação, em relação a cada competência, se

dará através da escala abaixo:

1 – Não desenvolvida

2 – Pouco desenvolvida

3 – Desenvolvida

4 – Muito desenvolvida

Sua primeira resposta é sempre a melhor. Lembre-se de que não existem

respostas “certas ou erradas”.

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Dados de identificação

Cargo Atual

Tempo de trabalho como Gestor ( ) Menos de 1 ano( ) 1 a 5 anos( ) acima de 5 anos

Número de subordinados o

Área de atuação o RHo Finançaso Jurídicoo Informáticao Suprimentoso EHSo Outra: _____________

Tempo de trabalho no grupo o Menos de 1 anoo 1 a 5 anoso Acima de 5 anos

Formação Acadêmica o Ensino Médioo Superior Incompletoo Superior Completocurso: _________________________o Pós Graduadoo MBA ou Pós Graduação Latu-Sensuo Mestradoo Doutorado

Idade o Menos de 20 anoso 20 a 25 anoso 25 a 35 anoso 35 a 45 anoso 45 a 55 anoso Acima de 55 anos

Sexo o Masculinoo Feminino

A identificação do participante e do departamento para o qual trabalha será

mantida em absoluto sigilo.

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Competências Descrição 1 2 3 4

Esta competência refere-se a habilidade do líder em:Não

DesenvolvidaPouco

Desenvolvida DesenvolvidaMuito

DesenvolvidaA..1. Trabalho produtivo Obter uma produtividade elevada e desempenho superior em

todos os níveis de atuação.

A.2. Fomento de umambiente de trabalhoprodutivo

Manter um ambiente de trabalho produtivo com pessoasmotivadas.Gerir e aplicar adequadamente as ferramentas do sistema derecompensas e reconhecimento da organização, compreendendoas expectativas e necessidades dos membros de sua equipe /organização. Reconhecer a importância do "Capital Humano".

A.3. Gerenciamento dotempo e do estresse

Encontrar o equilíbrio para si e a equipe, no que se refere àentrega de bons resultados, eficácia no uso do tempo, e nível deestresse.

B.1. Desenvolvimento ecomunicação de umavisão

Desenvolver e comunicar uma visão.• Identificar, estruturar e desenvolver uma visão que apele paraum objetivo comum, capaz de conquistar todos os subordinados• Comunicar tal visão nos âmbitos estratégico, tático e pessoal,apresentando-a assim de uma forma tão concreta que aspessoas possam se visualizar dentro dela• Conhecer e acreditar pessoalmente na visão, demonstrar, demodo genuíno, que suas palavras refletem suas convicçõespessoais.

B.2. Estabelecimento demetas e objetivos

Formular planos organizacionais, metas e objetivos específicos,com vistas à consecução dos objetivos estratégicos daorganização.

B.3. Planejamento eorganização

Planejar e organizar, articulando a visão e a estratégia.Decidir como alocar e coordenar os recursos organizacionais afim de alcançar as metas, dividir o trabalho em componentesadministráveis e distribuir as atividades de modo a atingir osresultados almejados da maneira mais eficaz possível. Em outraspalavras, o planejamento do líder fornece as ferramentanecessárias para decidir aonde ir e qual o melhor modo dechegar lá, a organização do líder proporciona os instrumentospara efetivamente chegar lá.

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Competências Descrição 1 2 3 4

Esta competência refere-se a habilidade do líderem:

NãoDesenvolvid

a

PoucoDesenvolv

idaDesenvolv

ida

MuitoDesenvolvi

daC.1. Análise deinformações por meiodo pensamento crítico

Expor suas idéias e reações com agilidade e concisão, formularargumentos claros e persuasivos. Estruturar sua linha deraciocínio e reagir com rapidez aos argumentos alheios. Tomar amelhor decisão com as informações disponíveis numadeterminada circunstância. Defender eficazmente suasconvicções e analisar os juízos que os outros apresentam.

C.2. Administração dasobrecarga deinformações

Lidar com a velocidade e quantidade de informações numaeconomia global. É a habilidade de levar em consideração asinformações úteis, ignorando o que for irrelevante.

C.3. Administração dosprocessos essenciais

Manter o foco nas atividades que realmente agregam valor aosresultados. É cuidar para que certas atividades, que são vitaispara a consecução dos resultados, não se convertam em um fimem si mesmas, perdendo os resultados de vista.

D.1. Gerenciamento deprojetos

Trabalhar com eficiência no gerenciamento de atividades detempo e recurso limitados. Planejar e monitorar projetos:- definir pré-requisitos do trabalho, volume e recursosnecessários.- monitorar progressos, comparar as previsões e a realidade,análisar impactos, adaptações. Monitorar: tempo, dinheiro,pessoas e materiais.

D.2. Planejamento dotrabalho

Planejar o trabalho dos seus subordinados, tanto da perspectivade cargos individuais como das equipes de trabalho. Estruturar otrabalho e a equipe que o realizará. Organizar a forma detrabalho, atividades, processos, nível de autonomia dado aoscolaboradores, resultados alcançados.

D.3. Gerenciamentomultidisciplinar

Gerenciar diversas funções, administrar processos complexos edinâmicos. Gerenciar estruturas matriciais. Integrar, coordenar otrabalho de várias unidades, células ou projetos. Definirprocessos e procedimentos, que são padronizados eformalizados, especificando como o trabalho deve ser feito e aseqüência a seguir dentro da organização.

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Competências Descrição 1 2 3 4

Esta competência refere-se a habilidade do líderem:

NãoDesenvolvid

a

PoucoDesenvolv

idaDesenvolv

ida

MuitoDesenvolvi

daE.1. Compreensão de simesmo e dos outros

Compreender a si mesmo e os outros. Compreender que aspessoas reagem de forma diferente a situações diversas. Ter boaconsciência sobre si, ou seja auto-conhecimento, além de umainteligência emocional desenvolvida.

E.2. ComunicaçãoEficaz

Saber quando e como compartilhar informações. Utilizar acomunicação para informar, coordenar e motivar as pessoas,além de incrementar a eficiência de cada unidade de trabalho eda organização como um todo.

E.3. Desenvolvimentodos Empregados

Desenvolver pessoas, considerando duas abordagens principais:a) Delegação: transferir tarefas e responsabilidades para seussubordinados, dando-lhes oportunidades para desenvolverem-se.Compreender o que pode ou não ser delegado. Estabelecer umacomunicação que propicie a manifestação de dúvidas e feedback.b )Avaliação: fornecer feedback e avaliar o desempenho comouma ferramenta para facilitar o aprimoramento,elucidarexpectativas e incrementar a performance.

F.1. Construção deequipes

Construir equipes, baseado em 4 características principais:- A equipe deve estar comprometida com uma meta ou propósito- Membros da equipe possuem papéis e responsabilidades- Estrutura de comunicação fomenta troca de informações- Equipe deve ter um senso de prestação mútua de contas

F.2. Uso do processodecisório participativo

Conduzir o processo de decisão. Definir, de acordo com acircunstância, o nível de participação dos colaboradores ou se aparticipação dos colaboradores é inapropriada em certosassuntos.

F.3. Administração deconflitos

Administrar conflitos e utiliza-los como uma força positiva eprodutiva na tomada de decisões. Administrar situações deconflito, visando o aumento de produtividade.

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Competências Descrição 1 2 3 4

Esta competência refere-se a habilidade do líderem:

NãoDesenvolvid

a

PoucoDesenvolv

idaDesenvolv

ida

MuitoDesenvolvi

daG.1. Convívio com amudança

Ser inovador, conviver com mudanças imprevistas e, por vezes,indesejadas. Conduzir e conviver com a mudança, lidando comas barreiras comuns nos processos de implementação demudanças.

G.2. Pensamentocriativo

Utilizar informações já conhecidas e descobrir novasassociações, ou seja, combinar esses dados de maneiras novase inusitadas.Estimular e praticar estas premissas, juntamentecom suas equipes de trabalho, através de um estilo gerencial queseja mais suscetível a modificações, bem como a abertura paraaceitar boas sugestões, tornando a resolução de problemas maisefetiva e os colaboradores mais motivados.

G.3. Gerenciamento damudança

Planejar a mudança, bem como implementá-la, lidar comtransformações num ritmo vertiginoso, compreender e minimizara resistência das pessoas e da organização, ter a noção culturalde que a tradição é preferível à mudança e assim por diante. É acompreensão de que mudar é preciso para atingir metas eobjetivos.

H.1. Construção emanutenção de umabase de poder

Influenciar seus subordinados, pares e superiores, independenteda autoridade proporcionada pelo cargo que ocupa. Produzir,mobilizar pessoas e recursos para alcançar determinadas metas.

H.2. Negociação deacordos ecompromissos

Negociar acordos e compromissos, chegar a um equilíbrio,preocupando- se com as necessidades alheias e a execução deseu próprio trabalho, compartilhando pontos de vista diferentes.Envolve o estilo de negociação, que tende a ser flexível erazoável, mas sem negligenciar a necessidade de obstinação.

H.3. Apresentação deidéias

Saber comunicar e apresentar-se bem em público, conduzirreuniões, redigir propostas e relatórios, realizar entrevistas,negociar, mediar, orientar (coaching) e assim por diante.

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ANEXO III – QUESTÕES DAS ENTREVISTAS

1) Você considera que um líder pode influenciar diretamente no resultado

obtido de sua equipe? Como?

2) Na sua opinião, quais são as principais competências que um líder eficaz

deve apresentar?

3) O que é inaceitável dentro do papel, características do líder?

4) Em sua opinião, quais são as competências apresentadas / reveladas nos

líderes da Sede da Empresa?

5) Baseando-se nos resultados obtidos na última pesquisa de Clima

Organizacional, realizada em 2006, quais são as conclusões que você

chegou, em relação ao perfil dos líderes de sua Área e da Sede Empresa?

6) Qual sua opinião, com relação aos resultados obtidos na auto-avaliação

das competências dos líderes da Sede da Empresa? Elas refletem a

realidade ou há distorções?

7) Qual deve ser o papel da Empresa e da área de RH para desenvolver as

competências dos líderes da Sede?