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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Eduardo Bueno Bressane Análise de Inteligência Coletiva Aplicada ao Comércio Eletrônico e às Redes Sociais MESTRADO EM TECNOLOGIA DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL SÃO PAULO 2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Eduardo Bueno Bressane

Análise de Inteligência Coletiva Aplicada ao Comércio Eletrônico e às Redes Sociais

MESTRADO EM TECNOLOGIA DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL

SÃO PAULO 2012

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Eduardo Bueno Bressane

Análise de Inteligência Coletiva Aplicada ao Comércio Eletrônico e às Redes Sociais

Dissertação apresentada à Banca Examinadora

como exigência parcial para obtenção do título de

MESTRE em Tecnologia da Inteligência e Design Digital, pela Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, sob a orientação do

Professor e Doutor Alexandre Campos Silva.

SÃO PAULO 2012

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Eduardo Bueno Bressane

Análise de Inteligência Coletiva Aplicada ao Comércio Eletrônico e às Redes Sociais

Dissertação apresentada à Banca Examinadora

como exigência parcial para obtenção do título de

MESTRE em Tecnologia da Inteligência e Design Digital, pela Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, sob a orientação do

Professor e Doutor Alexandre Campos Silva.

Banca Examinadora

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho em especial:

Aos meus pais, que sempre me incentivaram a buscar o conhecimento e me

apoiaram em todos os momentos.

Ao Consórcio Nacional Embracon, empresa da qual tenho orgulho em fazer parte e

que sempre me apoiou.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por ser o criador e provedor de todas as coisas.

Aos meus pais, que sempre me passaram valores fundamentais para que eu

chegasse até aqui.

Aos sócios diretores do Consórcio Nacional Embracon, Sr. Guido Savian e Sr.

Juarez Silva, pela oportunidade de poder mostrar o meu trabalho.

Aos gerentes do Consórcio Nacional Embracon, Sr. Welmo Guaraci e Sra. Regina

Aiello, que sempre me apoiaram e me incentivaram a buscar o conhecimento.

Ao professor e orientador Alexandre Campos Silva, que não mediu esforços para me

ajudar a concluir esta dissertação. Agradeço as aulas, as orientações, as indicações

bibliográficas e toda a atenção a mim oferecida.

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RESUMO

BRESSANE, E. B. Análise de Inteligência Coletiva Aplicada ao Comércio Eletrônico e às Redes Sociais. São Paulo, 2012. 138f. Dissertação (Mestrado) –

Tecnologia da Inteligência e Design Digital, Pontifícia Universidade Católica, São

Paulo, 2012.

Atualmente existem milhares de formatos de redes estabelecidas por meio da

Internet que estão transformando e inovando dia a dia o comportamento da

sociedade contemporânea. O estudo apresenta pesquisas que evidenciam, por meio

de números, o alto crescimento da rede mundial de computadores, tanto na

quantidade de usuários quanto na diversidade de conteúdos, redes sociais e novas

formas de interação no espaço que se tornou, conforme denominado por Lévy, o

“Espaço do Saber”. A Internet já faz parte das tarefas rotineiras das pessoas, como

comprar, vender, reclamar de produtos ou serviços, relacionar e entreter. O objetivo

deste trabalho é analisar o fenômeno do comércio eletrônico e compras coletivas e

relacioná-los com a inteligência coletiva vislumbrada por Pierre Lévy. O trabalho

apresenta casos de sites de compras coletivas como Groupon, Peixe Urbano e sites

de apoio ao consumidor como o Procon e o Reclame Aqui, visando entender como

estes interagem e atuam por meio das redes sociais como Facebook e Twitter e

potencializam a reunião de pessoas e multidões a fim de adquirir benefícios e

vantagens em determinadas situações corriqueiras da vida cotidiana. Analisa-se

também o comportamento das empresas frente à mudança de paradigma dos

consumidores e a transformação do comércio eletrônico ocasionados pelas redes

sociais, buscando explorar algumas das novas estratégias adotadas diante desse

novo cenário.

Palavras-chave: Redes Sociais, Inteligência Coletiva, Comércio Eletrônico,

Compras Coletivas, Atendimento ao Consumidor.

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ABSTRACT

BRESSANE, E. B. Analysis of Collective Intelligence Applied to Electronic Commerce and Social Networks. São Paulo, 2012. 138f. Thesis (MA) - Technology

of Intelligence and Digital Design – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

São Paulo, 2012.

Currently there are thousands of networks formats established through the Internet

that are transforming and innovating each day the behavior in contemporary society.

The study shows researches that indicate, by numbers, the high growth of the World

Wide Web, both in number of users and the diversity of content, social networks and

new forms of interaction in the space that became, as named by Levy, "Space of

Knowledge". The Internet has become part of the peoples’s routine tasks, like buying,

selling, complaining about products or services, relating and entertaining. The

purpose of this paper is to analyze the phenomenon of e-commerce and group

purchases and relate them to the collective intelligence envisioned by Pierre Lévy.

The paper presents cases of collective buying sites like Groupon and Peixe Urbano

sites and customer support as Procon and Reclame Aqui, in order to understand how

they interact and work through social networks like Facebook and Twitter and

became stronger people and crowds in order to gain benefits and advantages in

certain common situations of daily life. It also examines the behavior of companies

facing the change of the consumer paradigm and transformation of e-commerce

caused by social networks, trying to explore some of the new strategies adopted

facing this new situation.

Keywords: Social Networks, Collective Intelligence, Electronic Commerce, Collective

Purchasing, Customer Service.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Proporção de domicílios com

computador e Internet. .............................................................................................. 16

Figura 2: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Tipo de computador presente no

domicílio. ................................................................................................................... 17

Figura 3: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Proporção de domicílios que

possuem equipamentos TIC. ..................................................................................... 17

Figura 4: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Atividades realizadas pelo telefone

celular. ....................................................................................................................... 18

Figura 5: Pesquisa TIC Domicílios 2011 - Local de acesso individual à

Internet. ..................................................................................................................... 19

Figura 6: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Motivos para a falta de Internet no

domicílio. ................................................................................................................... 20

Figura 7: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Índice de Acessibilidade de Preço.

.................................................................................................................................. 21

Figura 8: Evolução do número de pessoas com acesso à Internet. ............... 21

Figura 9: A Cauda Longa – Quantidade vendida x posição do produto entre os

mais vendidos. .......................................................................................................... 24

Figura 10: Pesquisa TIC Domicílios 2010 – Proporção de domicílios com

computador e Internet. .............................................................................................. 27

Figura 11: Tec Mundo - A História da Internet. ............................................... 30

Figura 12: Intel – What Happens in an Internet Minute? ................................. 33

Figura 13: Os Quatro Espaços. ...................................................................... 37

Figura 14: Post do Facebook. ......................................................................... 44

Figura 15: Crescimento do faturamento anual do e-commerce no Brasil de

2001 a 2011. ............................................................................................................. 49

Figura 16: Produtos mais vendidos no varejo on-line do Brasil – 2011. ......... 50

Figura 17: Crescimento de consumidores eletrônicos no Brasil de 2001 a

2011. ......................................................................................................................... 50

Figura 18: TIC Domicílios 2011 – Proporção de indivíduos que realizaram e-

commerce na Internet................................................................................................ 51

Figura 19: TIC Domicílios 2011 – Compras de produtos/serviços na Internet

nos últimos 12 meses por renda familiar. .................................................................. 52

Figura 20: Classes de Transações do Comércio Eletrônico. .......................... 53

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Figura 21: Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro 2010 (FGV-EAESP) –

Utilização de Modelos de Integração. ....................................................................... 54

Figura 22: Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro 2010 (FGV-EAESP) –

Utilização de Aplicações de Infraestrutura de CE. .................................................... 55

Figura 23: Qual o segmento da sua empresa? ............................................... 59

Figura 24: Quais mídias sociais são utilizadas na sua empresa como

ferramentas de apoio aos negócios? ........................................................................ 60

Figura 25: Qual área dentro da sua empresa é responsável pelo

monitoramento e atualização destas mídias? ........................................................... 61

Figura 26: A intenção da utilização das mídias sociais pelas empresas......... 62

Figura 27: Depois de adotar a ferramenta, a empresa detectou algum impacto

nas vendas? .............................................................................................................. 62

Figura 28: De 1 a 10, qual peso as mídias sociais possuem no planejamento

estratégico da sua empresa? .................................................................................... 63

Figura 29: Estudo Booz&Company 2012. ....................................................... 71

Figura 30: Amazon Kindle Store. .................................................................... 73

Figura 31: Aplicativo Kindle para PC instalado no Sistema Operacional

Microsoft Windows. ................................................................................................... 73

Figura 32: Compartilhamento da Amazon.com. .............................................. 74

Figura 33: Exemplo de indicações pelo site do Wallmart................................ 75

Figura 34: To what extent do you trust the following forms of advertising?..... 76

Figura 35: Have some degree of trust* in the following forms of advertising

(April 2009). ............................................................................................................... 77

Figura 36: When looking for information about the products you want and

need, to what extent are the following advertising most relevant to you? .................. 79

Figura 37: People discover books in diverse ways. ........................................ 81

Figura 38: Friends are a powerful way to discover books. .............................. 82

Figura 39: Fonte GoodReads 2012 – Do you often find books from the

following sources? ..................................................................................................... 82

Figura 40: Site Peixe Urbano - Exemplo de oferta. ......................................... 89

Figura 41: Site Groupon (www.groupon.com.br) ............................................ 91

Figura 42: Site Peixe Urbano (www.peixeurbano.com.br). ............................. 92

Figura 43: Bolsa de Ofertas – Crescimento dos sites de Compras Coletivas no

Brasil. ........................................................................................................................ 94

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Figura 44: Bolsa de Ofertas – Situação dos sites de Compras Coletivas no

Brasil. ........................................................................................................................ 95

Figura 45: Aplicação do site Groupon no Facebook. ...................................... 98

Figura 46: Estatísticas do Groupon Brasil no Facebook. ................................ 99

Figura 47: Estatísticas do Peixe Urbano no Facebook. ................................ 100

Figura 48: Estatística do Hotel Urbano no Facebook.................................... 100

Figura 49: Medidores de Influência. .............................................................. 110

Figura 50: Atendimento Preferencial............................................................. 111

Figura 51: Reclamações dos sites de Compras Coletivas em 2011. ............ 117

Figura 52: Índices de reclamações nos últimos 12 meses da empresa TIM

Celular. .................................................................................................................... 118

Figura 53: Índices de reclamações no ano de 2011 da empresa TIM Celular.

................................................................................................................................ 119

Figura 54: Índices de reclamações no ano de 2010 da empresa TIM Celular.

................................................................................................................................ 119

Figura 55: Índice Geral de reclamações da empresa TIM Celular. ............... 120

Figura 56: Aplicativo do Reclame Aqui no Facebook.................................... 123

Figura 57: Estatísticas do Reclame Aqui no Facebook................................. 124

Figura 58: Publicação do Ranking do Reclame Aqui no Facebook. ............. 128

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Quadro geral dos quatro espaços (1). ........................................... 38

Quadro 2: Quadro geral dos quatro espaços (2). ........................................... 39

Quadro 3: Ranking das mais reclamadas 2010 e 2011. ............................... 116

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tempo de uso da Internet por pessoa. ........................................... 22

Tabela 2: Proporção de empresas usando a Internet segundo o tipo de

atividade nos últimos 12 meses (Parte 1).................................................................. 64

Tabela 3: Proporção de empresas usando a Internet segundo o tipo de

atividade nos últimos 12 meses (Parte 2).................................................................. 65

Tabela 4: TIC Empresas 2011 – Proporção de empresas usando a Internet

segundo o tipo de atividade nos últimos 12 meses (Parte 3). ................................... 66

Tabela 5: Nível de confiança nos meios de publicidade separados por

continentes. ............................................................................................................... 78

Tabela 6: Registros dos atendimentos eletrônicos no Procon de São Paulo

(2010 e 2011). ......................................................................................................... 104

Tabela 7: Mais reclamados nos últimos 12 meses. ...................................... 105

Tabela 8: Critério de avaliação das empresas. ............................................. 114

Tabela 9: Mais reclamadas nos últimos 12 meses e últimos 30 dias. .......... 121

Tabela 10: Melhores Índices de Solução / Fazer Negócios / Melhores Notas

Médias. .................................................................................................................... 122

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SUMÁRIO

1 Introdução ................................................................................................. 14

1.1 Objetivo .............................................................................................. 26

1.2 Justificativas ....................................................................................... 26

1.3 Método e Pesquisa ............................................................................. 28

1.4 Estrutura do Trabalho ......................................................................... 28

2 Inteligência Coletiva e o Ciberespaço ....................................................... 29

3 Comércio Eletrônico e as Comunidades ................................................... 47

3.1 Explorando alguns modelos de comércio eletrônico .......................... 67

3.2 A força dos comentários e indicações dos amigos na rede ................ 74

4 Compras Coletivas e Atendimento ao Consumidor................................... 84

4.1 Compras coletivas .............................................................................. 87

4.1.1 Como o negócio funciona ............................................................. 87

4.1.2 Groupon ....................................................................................... 90

4.1.3 Peixe Urbano ................................................................................ 91

4.1.4 Analisando o fenômeno compras coletivas .................................. 93

4.2 A Internet a serviço do consumidor .................................................. 102

4.2.1 Reclame Aqui ............................................................................. 112

5 Considerações Finais.............................................................................. 125

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1 Introdução

Nos tempos atuais, quando se pensa em rede, logo vêm à cabeça as redes

sociais; porém, Santaella e Lemos (2010) apontam que o conceito de redes não se

limita às redes sociais, sendo esta apenas uma das possibilidades de rede. Os

autores afirmam que as redes estão presentes em todos os campos do saber

humano, sendo um tema onipresente, desde a matemática, a física, a biologia, as

variadas ciências humanas e até as humanidades, tais como a literatura e as artes.

Costa et al. (2003) atestam que a rede “é uma forma de organização

caracterizada fundamentalmente pela sua horizontalidade, isto é, pelo modo de

interrelacionar os elementos sem hierarquia.”

O fato de as redes serem abertas e horizontais faz com que possam ganhar

força e arrastar multidões, mas essa característica não garante que isso irá ocorrer.

Por se tratar de uma ligação social, é preciso entender que a conexão

fundamental entre as pessoas se dá por meio da identidade; se a identidade da rede

não estiver bem definida e não se consolidar, pode perder força e até deixar de

existir.

Duarte (2008) aponta que parte da força das redes está na sua habilidade de

se fazer e desfazer rapidamente, ou seja, deve ser capaz de se reorganizar

rapidamente frente aos impactos do ambiente externo.

Redes não são, portanto, apenas uma outra forma de estrutura, mas quase

uma não estrutura, no sentido de que parte de sua força está na habilidade

de se fazer e desfazer rapidamente.

Por se tratar de uma ligação social, existem expectativas, relações de

confiança e lealdade que precisam ser mantidas e renegociadas.

Os limites das redes não são limites de separação, mas limites de

identidade. (...) Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de

confiança e lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado

pela rede de comunicações. (DUARTE, 2008)

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Embora os limites de uma rede não sejam limites de separação ou físicos,

sabe-se que as redes primitivas tinham como grande desafio os limites territoriais; a

não existência de meios de comunicação eficazes prejudicava o seu crescimento e

fortalecimento e quando esta se estendia demasiadamente, tornava-se

extremamente oneroso manter os seus limites de identidade, expectativas, confiança

e lealdade.

A rede mundial de computadores permitiu quebrar os limites territoriais e abriu

as portas para um mundo globalizado, o qual está cada vez mais ligado às redes;

redes que estão em constante transformação, reinventando os laços sociais, criando

novas formas de comunicação, aprendizado e convivência.

Agora é possível comunicar-se com pessoas que estão do outro lado do

mundo em tempo real, saber o que os colegas virtuais estão fazendo e o acesso à

informação e ao conhecimento não pode mais ser considerado uma barreira.

A Internet deixou de ser encarada como uma simples tecnologia da

informação e tornou-se o ponto central de muitas áreas de atividades sociais,

econômicas e políticas, com a capacidade de distribuir a força da informação por

todo o domínio da atividade humana.

Capra (2002) aponta a importância da rede na era da informação:

(...) na era da informação – na qual vivemos – as funções e processos

sociais organizam-se cada vez mais em torno das redes. Quer se trate das

grandes empresas, do mercado financeiro, dos meios de comunicação ou

das novas ONGs globais, constatamos que a organização em rede tornou-

se um fenômeno social importante e uma fonte crítica de poder.

Esse fenômeno social pode ser melhor observado acompanhando a

crescente busca da população mundial como um todo pelo acesso à Internet e aos

diversos dispositivos eletrônicos que permitem acessar a rede.

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) divulgou os resultados da sétima

pesquisa TIC Domicílios 2011, produzida pelo Núcleo de Informação e Coordenação

do Ponto Br (NIC.br), por meio de seu Centro de Estudos sobre as Tecnologias da

Informação e da Comunicação (CETIC.br). A amostra da pesquisa contou com 317

municípios selecionados, 2.500 setores censitários, 25.000 domicílios/entrevistas e

abordagem probabilística por amostragem inversa.

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A pesquisa permite uma visão melhor sobre esse cenário no Brasil.

Fonte: Cetic.br

A quantidade de computadores e de acesso à Internet continua em ascensão

nos domicílios brasileiros, passando de 35% para 45%, enquanto que o acesso à

Internet passou de 27% em 2010 para 38% em 2011.

Outro fator interessante a se observar nessa sétima edição da pesquisa é que

as tecnologias móveis avançam, sugerindo mudanças de comportamento. Entre os

domicílios com computador, 79% possuem um computador de mesa, enquanto que

os portáteis são 39%. Em 2008, 95% dos domicílios possuíam desktops, ao passo

que os portáteis estavam presentes em apenas 10% dos lares.

Figura 1: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Proporção de domicílios com computador e Internet.

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17

Fonte: Cetic.br

O celular, por exemplo, ultrapassou o rádio e já é a segunda mídia mais

presente nos domicílios brasileiros, enquanto o telefone fixo apresenta estabilidade

desde 2008. Além do aumento da aquisição de aparelhos celulares, o seu uso

também aumentou de 67% em 2008 para 82% em 2011.

Fonte: Cetic.br

Figura 2: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Tipo de computador presente no domicílio.

Figura 3: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Proporção de domicílios que possuem equipamentos TIC.

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As atividades mais comuns realizadas nos celulares são chamadas

telefônicas (99%), envio de mensagens de texto (57%), envio de fotos e imagens

(23%) e acesso à Internet (17%). Enquanto o envio de mensagens de texto e fotos

apresentam estabilidade, o acesso à Internet via telefone celular cresce de forma

expressiva.

Figura 4: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Atividades realizadas pelo telefone celular.

Fonte: Cetic.br

Quanto ao acesso à Internet, 45% da população brasileira é usuária da rede,

ou seja, utilizou a rede nos três meses que antecederam a entrevista, o que

corresponde a um aumento de 4 pontos percentuais em relação a 2010.

A pesquisa mostra que houve aumento do acesso à Internet nos domicílios,

passando de 57%, em 2010, para 69% no ano de 2011. O acesso à Internet pela

lanhouse caiu de 34% em 2010 para 28% em 2011.

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Figura 5: Pesquisa TIC Domicílios 2011 - Local de acesso individual à Internet.

Fonte: Cetic.br

O Brasil ainda possui muitas barreiras socioeconômicas e culturais, fazendo

com que continue existindo um grande número de analfabetos digitais; a alta carga

tributária encarece o preço da banda larga no País e dificulta a massificação de seu

acesso. Esse acesso à banda larga é apontado como “o divisor digital” entre

incluídos e excluídos do mundo virtual.

Apesar do crescimento nos indicadores de posse e uso das TIC no Brasil, a

pesquisa apontou que, em 2011, 55% dos domicílios ainda não possuem

computador e 62% não dispõem de acesso à Internet.

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Fonte: Cetic.br

Para se ter uma ideia, o Brasil ocupa a 96ª posição no índice de

acessibilidade de preço (ICT Price Basket) da ITU. Esse índice mede a

acessibilidade de telefonia fixa, móvel e serviços de Internet de banda larga por meio

de uma cesta de indicadores internacionais.

A situação do País piorou se comparada ao ano de 2009, em que ocupava a

87ª posição.

Figura 6: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Motivos para a falta de Internet no domicílio.

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21

Fonte: Cetic.br

Segundo o estudo IBOPE Nielsen Online 2011, o Brasil, mesmo com os

problemas citados anteriormente, atingiu a marca de 77,8 milhões de internautas no

segundo trimestre de 2011. Esse número é 5,5% superior ao do segundo trimestre

de 2010 e 20% maior que o do segundo trimestre de 2009.

Figura 8: Evolução do número de pessoas com acesso à Internet.

Fonte: IBOPE Nielsen Online 2011

Figura 7: Pesquisa TIC Domicílios 2011 – Índice de Acessibilidade de Preço.

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O tempo de uso do computador e da Internet também está aumentando ano a

ano; as pessoas estão cada vez mais tempo conectadas, como mostra a tabela

abaixo:

Tabela 1: Tempo de uso da Internet por pessoa.

Fonte: IBOPE Nielsen Online 2011

A pesquisa TIC Domicílios 2011 mostrou o que os brasileiros estão

acessando na Internet e o que tem interessado à maioria dos usuários. Por meio da

pesquisa, pode-se constatar que 69% dos brasileiros usuários de Internet

declararam estar presentes em sites de relacionamento como o Facebook e Orkut.

Destacam-se também os acréscimos no uso de microblogs (como o Twitter), que

passou de 14% em 2010 para 22% em 2011, e programas de voz sobre IP como o

Skype, cuja utilização passou de 17% em 2010 para 23% em 2011.

Também houve aumento na procura de informações sobre viagens e

acomodações (de 26% em 2010, para 36% em 2011), busca de informações em

sites de enciclopédia virtual, como a Wikipédia (28% em 2010, 39% em 2011), e a

procura de informações em dicionários gratuitos (passa de 24% para 35% em 2011).

A atividade de lazer mais realizada na Internet foi assistir a filmes ou vídeos em sites

(58%), seguida por fazer downloads de músicas (51%).

A União Internacional de Telecomunicações (UIT) informou que, em 2011, o

mundo alcançou os dois bilhões de usuários da Internet – a relação é de quase uma

pessoa em cada três conectada à rede mundial de computadores, sendo que 57%

dos usuários estão em países em desenvolvimento.

A quantidade de assinaturas de banda larga fixa no mundo passou a marca

de meio bilhão pela primeira vez em 2010, alcançando 555 milhões, enquanto o

número de assinaturas de banda larga móvel chegou a 940 milhões.

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O número de assinaturas de telefones celulares chegou a 5 bilhões, e 85%

dos celulares vendidos no mundo possuem navegador web.

Para se ter uma ideia da proporção do crescimento, no início do ano 2000,

havia apenas 500 milhões de assinantes de telefones celulares e 250 milhões de

usuários de Internet.

Jogar on-line com os amigos ou até com pessoas desconhecidas, postar

mensagens em blogs, fotos em fotoblogs, chats, fóruns de discussão, compras on-

line, buscar promoções pela Internet, acessar redes sociais, procurar uma

oportunidade de emprego na rede tornaram-se atividades rotineiras para uma

grande massa da população mundial.

A Internet móvel e os aparelhos celulares modernos, tablets e notebooks

proporcionaram mobilidade, e agora pode-se acessar a rede a qualquer hora e em

qualquer lugar.

Os usuários não são mais meros consumidores da Internet; a web 2.0 tornou

a Internet uma grande rede de colaboração e todos passaram a ser produtores da

informação.

A voz das massas ganhou mais força e as pessoas têm utilizado essa arma a

seu favor. Esse fenômeno despertou nas grandes empresas o interesse por

entender melhor o comportamento das redes sociais na Internet com o objetivo de

conhecer e explorar o perfil dos consumidores e a concorrência na rede, aumentar a

captação de vendas e também evitar que sua imagem seja exposta para o mundo

todo de maneira negativa por concorrentes e clientes insatisfeitos.

Empresas que entendem melhor o comportamento das redes sociais

conseguem obter vantagens competitivas sobre os seus concorrentes; do mesmo

modo, as grandes empresas que não dão muita importância para o comportamento

de seus clientes no mundo virtual acabam perdendo espaço para as menores.

A teoria da Cauda Longa, criada por Chris Anderson, conseguiu demonstrar

melhor esse fenômeno por meio da análise das vendas da varejista on-line

Amazon.com; observando melhor o perfil de vendas da empresa, notou-se que

grande parte de sua renda vinha da venda de pequenos volumes de itens raros a

muitos consumidores em vez de altas vendas de meia dúzia de artigos populares.

Segundo Anderson, a ideia de faturar milhões com os campeões de vendas é

passado; o futuro do entretenimento está nos milhões de pequenos nichos da ponta

final do ranking. O fato de a Amazon.com ser uma loja virtual possibilitou-a a

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oferecer uma infinidade de títulos pouco vendidos sem precisar se preocupar com a

baixa vendagem de alguns livros e o estoque acumulado em suas prateleiras.

Figura 9: A Cauda Longa – Quantidade vendida x posição do produto entre os mais vendidos.

Fonte: Como funciona a Web 2.0 por Cíntia Costa disponível em

http://informatica.hsw.uol.com.br/web-202.htm

O computador transformou todos em produtores, e a Internet nos converteu

em distribuidores. O custo da distribuição via Internet é muito menor do que o gasto

com aviões, caminhões, depósitos e prateleiras. Mesmo para bens físicos, a Internet

diminuiu o custo para alcançar o consumidor.

Esse processo aumenta efetivamente a liquidez no mercado da Cauda, o que

se traduz em mais consumo, elevando o nível da linha de vendas e ampliando a

área sob a curva.

Os consumidores precisam ser apresentados aos bens de nicho agora

disponíveis pelas ferramentas de busca, recomendações identificadas por softwares

inteligentes ou propaganda boca a boca por meio de blogs e resenhas de clientes.

Tudo isso diminui o “custo de busca” para encontrar algo que satisfaça o interesse

específico do cliente. O resultado é o deslocamento dos negócios da área de hits

para a dos nichos.

Um estudo da IBM, por meio do Institute for Business Value (IBV)

denominado “Transformando o Papel da Indústria de Telecomunicação”, aponta que

os fornecedores de telecomunicação devem criar novos serviços que atendam às

necessidades dos usuários das redes sociais. De acordo com a análise, até 2012 o

número desses internautas ultrapassará 800 milhões e o tráfego na Internet

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alcançará 20 mil petabytes por mês. Em junho do ano passado, esse público já

representava cerca de dois terços dos usuários de Internet no mundo.

A previsão é de que 90% do consumo de banda larga do tráfego da Internet

seja direcionado para as redes sociais até 2012. Entre as ferramentas que devem

apresentar maior crescimento nesse período estão: TV pela Internet, com aumento

de 104%; comunicações por vídeo, 44%; games, 30% e VoIP, 24%.

O estudo da IBM mostra também que as redes sociais já estão sendo

utilizadas para prover a interação entre empresas, clientes e parceiros de negócios.

Entre os dados, 69% dos profissionais utilizam aplicativos para aumentar a

colaboração, 55% agilizam o tempo de resposta e outros 36% pretendem diminuir os

custos de TI com o uso dessas ferramentas.

Os internautas estão mais atentos e exigentes às novidades e facilidades que

a web oferece. Entre os principais interesses estão sites como Facebook e

MySpace, atendendo seus objetivos de colaboração, principalmente para contatos

pessoais. De acordo com os entrevistados, 69% usam essas ferramentas para

interagir com amigos e familiares, 65% trocam mensagens com parentes distantes,

47% tentam localizar amigos que perderam contato e 29% buscam informações

sobre músicas e bandas.

Com isso, cada vez mais a web será utilizada para compartilhar vídeos, fotos

e outros conteúdos multimídia que permitem enriquecer a experiência dos usuários.

Tal aumento de interatividade desperta o interesse do internauta em usar ainda mais

a web no seu cotidiano e desafia as organizações a desenvolverem serviços

diferenciados.

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1.1 Objetivo

O objetivo deste trabalho é analisar o fenômeno de comércio eletrônico e

compras coletivas e relacioná-lo com a inteligência coletiva vislumbrada por Pierre

Lévy.

Objetivos secundários:

Como sites e portais da Internet, como o Groupon, o PeixeUrbano e o

ReclameAqui potencializam a reunião de pessoas e multidões em determinadas

situações da vida cotidiana, como fazer compras ou reclamar de alguma prestação

de serviço.

Entender o que motiva os internautas a participarem desses serviços de

Internet que reúnem milhares de pessoas em busca de um mesmo objetivo.

1.2 Justificativas

Juntamente com o aumento de usuários da Internet no Brasil, surgem cada

vez mais serviços na rede mundial de computadores que facilitam a vida das

pessoas em diversas situações, como a comunicação com amigos, trabalho à

distância, educação à distância, colaboração entre pessoas que estão

geograficamente distantes, entre outras.

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Figura 10: Pesquisa TIC Domicílios 2010 – Proporção de domicílios com computador e Internet.

Fonte: Cetic.br

Como Lévy já colocava, vários portais na Internet vêm surgindo, permitindo

que essa inteligência coletiva realmente aconteça.

É uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada,

coordenada em tempo real, que resulta em mobilização efetiva das

competências. Acrescentemos à nossa definição este complemento

indispensável: a base e o objetivo da inteligência coletiva são o

reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas, senão o culto de

comunidades fetichizadas ou hipostasiadas.

Uma inteligência distribuída por toda parte: tal é o nosso axioma inicial.

Ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na

humanidade. (LÉVY, 1998)

Com a massificação do uso de redes sociais no Brasil e no mundo, e com

novos serviços na Internet facilitando a comunicação e a colaboração entre

internautas, diversos portais conseguem reunir muitas pessoas ao redor de algumas

causas e consequentemente potencializar o surgimento do que Lévy chama de

Inteligência Coletiva.

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1.3 Método e Pesquisa

Para a elaboração deste trabalho foi utilizada a metodologia de pesquisa

bibliográfica em livros e documentos publicados na Internet.

1.4 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está dividido em cinco capítulos, sendo eles:

Capítulo 1: faz a introdução do conteúdo deste trabalho mostrando de

maneira sucinta a evolução das redes sociais e a sua transformação por meio da

Internet.

Capítulo 2: aborda a inteligência coletiva e o ciberespaço.

Capítulo 3: aborda o comércio eletrônico e as comunidades.

Capítulo 4: aborda as compras coletivas e o atendimento ao consumidor.

Capítulo 5: traz as considerações finais deste trabalho.

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2 Inteligência Coletiva e o Ciberespaço

No ano de 1969, uma organização do Departamento de Defesa norte-

americana chamada Advanced Research Projects Agency (ARPA) criou uma rede

de computadores chamada Arpanet. Inicialmente, essa rede era direcionada para

pesquisa de informações do serviço militar com o objetivo de garantir a comunicação

entre estados americanos em caso de ataques inimigos.

O uso da rede se disseminou rapidamente entre pesquisadores universitários

com trabalhos na área de segurança e defesa, e logo se difundiu para outras

universidades e organizações de pesquisa americana.

Tim Berners Lee, um físico inglês, cientista da computação e professor do

Instituto de Tecnologia de Massachusetts, lançou a primeira proposta para a criação

da World Wide Web (WWW) em março de 1989; em 25 de dezembro de 1990, com

a ajuda de Robert Cailliau e um jovem estudante do CERN, implementou a primeira

comunicação bem-sucedida entre um cliente HTTP e o servidor por meio da Internet.

O domínio WWW foi propagado rapidamente pelo mundo e possibilitou a

criação de milhares de sites e portais na rede.

Abaixo segue um infográfico com os principais marcos da história da Internet

desde a pré-década de 60 até 1989, quando Tim Berners Lee propõe o sistema

World Wide Web (WWW).

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Figura 11: Tec Mundo - A História da Internet.

Fonte: TECMUNDO em http://www.tecmundo.com.br/infografico/9847-a-historia-da-Internet-pre-

decada-de-60-ate-anos-80-infografico-.htm

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Uma pesquisa divulgada em 2011 pela Royal Pingdom revela números

assustadores sobre a Internet que permitem a compreensão da dimensão deste

mundo:

Websites:

· 555 milhões - número de sites (dezembro 2011);

· 300 milhões - sites adicionados na rede em 2011.

Domínios:

· 95,5 milhões - número de domínios com até o final de 2011;

· 13,8 milhões - número de domínios net até o final de 2011;

· 9,3 milhões - número de domínios org até o final de 2011;

· 7,6 milhões - número de domínios inf até o final de 2011;

· 2,1 milhões - número de domínios biz até o final de 2011;

· 220 milhões - número de nomes de domínio inscritos.

As Mídias Sociais:

· 800 milhões - número de usuários do Facebook até o final de 2011;

· 200 milhões - número de usuários que se registraram no Facebook no

ano de 2011;

· 350 milhões - número de usuários que acessam o Facebook utilizando

telefone móvel;

· 225 milhões - número de contas no Twitter;

· 100 milhões - número de usuários ativos no Twitter em 2011;

· 250 milhões - número de “tweets” por dia;

· 70 milhões - número de blogs no WordPress até o final de 2011;

Vídeos:

· 1 trilhão - número de vídeos postados no YouTube;

· 140 - número de vídeos no YouTube por pessoa na Terra;

· 4.189.214 - número de usuários no Vimeo;

· 201.400.000.000 - número de vídeos vistos on-line por mês (outubro de

2011);

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· 88,3 bilhões - vídeos vistos por mês em sites do Google, incl.

YouTube (Outubro de 2011);

· 43% - participação de todas as visualizações de vídeos em todo o

mundo entregues por sites do Google, incl. YouTube.

Imagens:

· 14 milhões - número de contas Instagram criadas durante 2011;

· 60 - número médio de fotos enviadas por segundo para o Instagram;

· 100 bilhões - número estimado de fotografias no Facebook, em

meados de 2011;

· 51 milhões - número de usuários no Flickr;

· 4,5 milhões - número de fotos enviadas por dia no Flickr;

· 6.000.000.000 - número de fotos hospedadas no Flickr.

E-mail:

· 3,146 bilhões - número de contas de e-mail em todo o mundo;

· 112 - média de e-mails enviados e recebidos por dia pelo usuário

corporativo;

· 360 milhões - número de usuários do Hotmail;

· US$ 44,25 - estimativa de retorno em US$ 1 investido em e-mail

marketing em 2011;

· 40 - anos desde que o primeiro e-mail foi enviado, em 1971.

Um gráfico divulgado pela Intel, em março de 2012, mostra estatísticas

curiosas sobre o que acontece em apenas um minuto na Internet; como exemplos

podem ser citados o Wikipedia, em que seis novos artigos são incluídos por minuto,

e o Google, cujo número de buscas passa de 2 milhões.

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Fonte: Intel em http://scoop.intel.com/ what-happens-in-an-Internet-minute

O gráfico também aponta que, em 2015 uma pessoa vai levar cinco anos para

assistir todo o conteúdo de vídeo que circula entre as redes IP a cada segundo.

Hoje, o número de aparelhos conectados é igual ao de seres humanos, mas daqui a

três anos o número de dispositivos será o dobro da população humana.

Em apenas um minuto:

· 20 pessoas se tornam novas vítimas de roubo de identidade;

· 204 milhões de e-mails são enviados;

· 1.300 pessoas se tornam novos usuários de aparelhos mobile;

· 135 pessoas são infectadas por botnets;

· 6 novos artigos são publicados no Wikipédia;

· 47.000 downloads de aplicativos são feitos;

· a Amazon ganha 83 mil dólares em vendas;

· mais de 100 pessoas criam contas no LinkedIn;

· 61.141 horas de música são ouvidas no Pandora;

Figura 12: Intel – What Happens in an Internet Minute?

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· 20 milhões de fotos são vistas e 3000 fotos são postadas no Flickr;

· mais de 320 novas contas do Twitter são criadas e 100 mil novos

tweets são publicados;

· 277 mil pessoas fazem login no Facebook e 6 milhões de visualizações

no Facebook são feitas;

· mais de 2 milhões de buscas são feitas no Google;

· 30 horas de vídeo são postadas no Youtube e 1,3 milhões de vídeos

são assistidos;

· 639.800 GB em dados de IP são transferidos no mundo;

Hoje são encontrados na rede os mais variados tipos de sites, comércios

eletrônicos e principalmente redes sociais operando em diferentes níveis, como, por

exemplo, redes de relacionamentos (Facebook, Orkut, Twitter), redes profissionais

(LinkedIn), redes comunitárias (redes sociais em bairros ou cidades), redes políticas,

redes de reclamação a fornecedores de produtos ou serviços (Reclame Aqui,

Resolva na Web); essas redes permitem analisar a forma como as organizações

desenvolvem as suas atividades, como os indivíduos alcançam os seus objetivos ou

medir o capital social, ou seja, o valor que os indivíduos obtém da rede social.

Um ponto em comum das redes sociais é o compartilhamento de

informações, conhecimentos, interesses e esforços em busca de objetivos similares;

esse processo reflete fortalecimento da Sociedade Civil, em um contexto de maior

participação democrática e mobilização social.

Safko e Brake (2009) apontam que o envolvimento dos indivíduos nas mídias

sociais pode ocorrer por quatro fatores: comunicação; colaboração; educação e

entretenimento.

Segundo Lévy (1998, p. 28 e 29), a reunião da imaginação humana, que em

grupo participa simultaneamente das atividades em rede faz nascer o processo

chamado “Inteligência Coletiva”:

É uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada,

coordenada em tempo real, que resulta em mobilização efetiva das

competências. Acrescentemos à nossa definição este complemento

indispensável: a base e o objetivo da inteligência coletiva são o

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reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas, senão o culto de

comunidades fetichizadas ou hipostasiadas.

Uma inteligência distribuída por toda parte: tal é o nosso axioma inicial.

Ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na

humanidade.

O início do século XXI, devido ao grande avanço tecnológico em um curto

espaço de tempo, vive momentos de transformação e grandes mudanças que estão

influenciando diretamente na aceleração e renovação do conhecimento.

A sociedade moderna vive num mundo de expectativas, impulsionadas por

novos e renovados desafios decorrentes dessa nova era da informação e

globalização; os indivíduos estão mudando os seus hábitos e as empresas sofrendo

impacto direto na sua natureza e atividades.

O conceito de Sociedade da Informação surgiu dos trabalhos de Alain

Touraine (1969) e Daniel Bell (1973) sobre as influências dos avanços tecnológicos

nas relações de poder, identificando a informação como ponto central da sociedade

contemporânea.

Segundo Noam Chomsky (1994), a então denominada Sociedade da

Informação, também chamada de Sociedade do Conhecimento ou Nova Economia,

é fruto da globalização econômica e vista por uma perspectiva mais capitalista,

tratando-a como uma nova classe que deseja defender as suas posições de poder

sobre os mercados, com base na ideia de liberdade de comercializar, e “ignorando

sistematicamente o problema das profundas desigualdades em matéria de

comunicações entre os países ricos e pobres”. Por essa perspectiva, pode-se

imaginar que essa sociedade torna-se uma das grandes culpadas por grandes

diferenças sociais, tendo em conta o seu elevado grau de exigência. Por se tratar de

uma sociedade que vive do poder da informação, tendo como base as novas

tecnologias, pode haver discriminação entre países, internamente nas empresas e

entre pessoas. O nível de exigência de qualificação profissional e acadêmica

aumentou consideravelmente no mercado, não bastando mais saber ler, escrever,

interpretar textos e efetuar cálculos matemáticos simples; é preciso estar inserido

nesse novo contexto tecnológico da Sociedade da Informação.

Gouveia e Gaio (2004) defendem que a Sociedade da Informação é uma

sociedade que recorre predominantemente às Tecnologias da Informação e

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Comunicação (TICs) para a troca de informação em formato digital, suportando a

interação entre indivíduos e instituições, recorrendo a práticas e métodos em

construção permanente – colocando o digital e a mudança como elementos centrais

dessa transformação.

Para Gouveia (2009), a globalização pode ser vista como um fenômeno de

dispersão ou explosão de saber e fazer, com origem em todos os pontos do globo

que atinge pessoas individuais, populações, Estados, uniões de Estados e escala

planetária, com influência ao nível social, político e econômico, e é transversal a

todas as sociedades.

Esse novo modelo de organização das sociedades tem a informação como

foco central para o desenvolvimento social e econômico; a informação é o meio de

criação de conhecimento e desempenha um papel fundamental na produção de

riqueza, colaborando para o bem-estar e qualidade de vida da população. A

condição essencial para a Sociedade da Informação avançar é a possibilidade de

todos poderem ter acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs),

tornando-a parte de seu cotidiano e instrumento indispensáveis às comunicações

pessoais, de trabalho e de lazer.

Embora a informação seja o foco central para o desenvolvimento social e

econômico, Lévy (1998, p. 41) afirma que a Sociedade da Informação é uma mentira

se olharmos apenas para o ponto de vista da informação.

A informação é o foco central, mas a economia não é dirigida essencialmente

pelo tratamento e automatização da informação; para Lévy a economia sempre

girará em torno do que jamais se automatizará: a produção do laço social, o

“relacional”. Não se pode referir-se apenas a uma economia do conhecimento, mas

a uma economia do humano, sendo a economia do conhecimento um de seus

subconjuntos. O objetivo principal não é o enriquecimento da informação na rede,

mas sim o enriquecimento do humano, gerando assim o aumento das competências

do indivíduo e do grupo, promovendo a sociabilidade e o reconhecimento recíproco,

proporcionando as ferramentas da autonomia e criando a diversidade.

O ser humano está se adaptando a esse novo espaço denominado “Espaço

do Saber”. Lévy (1998, p. 115) aponta os quatro espaços de adaptação do ser

humano.

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Figura 13: Os Quatro Espaços.

Fonte: Pierre Lévy (1998, p. 122)

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Quadro 1: Quadro geral dos quatro espaços (1).

Fonte: Pierre Lévy (1998, p. 157)

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Quadro 2: Quadro geral dos quatro espaços (2).

Fonte: Pierre Lévy (1998, p. 188)

O primeiro espaço ocupado pela humanidade foi no período Paleolítico,

denominado o “Espaço Nômade da Terra”, baseado no mundo de significações, na

linguagem, nos processos técnicos e nas instituições sociais. Para Lévy os animais

vivem em um nicho ecológico, mas o ser humano excede imediatamente todo o

nicho, vivendo numa Terra em que ele elabora e reelabora constantemente por meio

de suas linguagens, ferramentas e edifícios sociais complicados e sutis.

O segundo espaço antropológico é identificado no período Neolítico e

denominado “Espaço do Território”, relacionado à domesticação e criação de

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animais, a agricultura, a cidade, o Estado, a escrita e uma estrita divisão social do

trabalho.

O terceiro é o “Espaço das Mercadorias”, presente no momento da Revolução

Industrial, atingindo inicialmente a superfície e as margens da vida social;

responsável por reunir os membros dispersos – moeda, banco e crédito, populações

policiadas, capitais e técnicas, mercados extensos, trabalhadores subtraídos aos

campos, imaginário ou desejo coletivo já escapando ao Território. Esse novo mundo

acaba crescendo sozinho e vivendo sua própria vida; em uma evolução acelerada

surge uma nova gama de signos, homens e objetos, máquinas e barcos a vapor,

ferrovias, automóveis, carros, estradas etc. Então, quando adquire autonomia em

relação ao Território, sujeita todos os outros, organizando-os segundo seus próprios

objetivos.

O último espaço é o “Espaço do Saber”, que para Lévy não existe, ou seja, no

sentido etimológico é uma utopia, um não lugar. Um espaço que não se realiza em

parte alguma e já nasce num formato virtual. Nasceu no período Noolítico,

denominado espaço da pedra do espírito, onde a pedra agora representa o silício

dos microprocessadores e da fibra ótica.

Atualmente, pelo lado das mercadorias, o espaço do saber se submete às

exigências da competitividade e aos cálculos do capital.

O Espaço do Saber é habitado e animado por intelectuais coletivos e que se

encontra em permanente reconfiguração dinâmica; o pensamento não está mais

restrito aos discursos racionais, mas pode-se falar em pensamentos-corpo,

pensamentos-afeto, pensamentos-percepção, pensamentos-signo, pensamentos-

conceito, pensamentos-gesto, pensamentos-máquina e pensamentos-mundo. O

intelectual coletivo agora inventa línguas mutantes, constroem universos virtuais e

ciberespaços em que se buscam formas inéditas de comunicação e expressão.

Ciberespaço é uma palavra de origem americana empregada pela primeira

vez pelo autor de ficção científica William Gibson, em 1984, no romance

Neuromancien, com o intuito de designar o universo das redes digitais como lugar

de encontros e de aventuras, terreno de conflitos mundiais, nova fronteira

econômica e cultural. O ciberespaço não se reduz somente a um componente, mas

sim a um campo vasto, aberto e ainda parcialmente indeterminado que possui

vocação para interconectar-se e combinar-se com todos os dispositivos de criação,

gravação, comunicação e simulação.

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O virtual é o principal atributo do ciberespaço e que melhor o descreve. O

virtual é uma configuração de forças, que visa a manifestar-se em uma

atualização. A isso Lévy chama de solução a um problema, dado que o virtual é

problemático por essência. A atualização é, portanto, um acontecimento, “efetua-se

um ato que não estava pré-definido em parte alguma e que modifica, por sua vez, a

configuração dinâmica na qual ele adquire uma significação.” (LÉVY, 1996, p.137).

Ele dispõe o conhecimento e a informação em um espaço e estado contínuos

de modificação, permitindo a interatividade e organizando o conhecimento em forma

de rizoma, um novo tipo de escritura, porém só visualizada e possível ou mesmo

inteligível a partir do hipertexto funcional.

Na visão de Laufer & Scavetta (1997, p. 6), o hipertexto é um agrupamento de

textos em meio digital, ligados por elos semânticos ancorados em uma palavra ou

frase, promovendo uma leitura não linear.

Rizoma é um modelo descritivo ou epistemológico na teoria filosófica de

Deleuze e Guattari (1995). Nesse modelo, a organização dos elementos não segue

linhas de subordinação hierárquica, mas pelo contrário, qualquer elemento pode

afetar ou incidir em qualquer outro.

O paradigma dos “rizomas” reconhece a interdependência entre todos os

fatores da realidade e é regido, segundo Deleuze e Guatari (1995), por seis

princípios básicos: 1º - a conexão, 2º - a heterogeneidade, 3º - a multiplicidade, 4º - a ruptura a-significante, 5º - a cartografia e 6º - a decalcomania.

1º e 2º - Princípios de conexão e de heterogeneidade Qualquer ponto do rizoma pode ser conectado com qualquer outro, e deve sê-

lo. (DELEUZE E GUATTARI, 1995)

O rizoma é diferente do modelo da árvore e da raiz, que possuem uma ordem

e sempre fixam num ponto de onde todas as ramificações se realizam.

Enquanto a árvore funciona por dicotomias, no rizoma, pelo contrário, cada

quebra não remete necessariamente para uma quebra linguística: elos semióticos de

qualquer natureza ligam-se nele com formas de codificação muito diversas, elos

biológicos, políticos, econômicos etc.

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3º - Princípio da multiplicidade

Explica que o rizoma não é uma totalidade unificada, nem é composto de

totalidades ou formas puras – sujeito, objeto, natureza etc.

Uma multiplicidade não tem nem sujeito e nem objeto, mas unicamente

determinações, tamanhos, dimensões que não podem aumentar sem que ela mude

de natureza – as leis de combinação aumentam, pois, com a multiplicidade.

4º - Princípio da ruptura a-significante Responde pela tensão permanente entre o movimento de criação de formas e

organizações, e de fuga e desmanche dessas mesmas formas. Um rizoma pode ser

rompido, interrompido em qualquer parte, mas sempre recomeça segundo esta ou

aquela das suas linhas, e ainda segundo outras. É por isso que os autores afirmam

ser impossível acabar com as formigas, posto que formam um rizoma animal que,

mesmo destruído na sua maior parte, não cessa de se reconstituir.

5º e 6º - Princípio da cartografia e da decalcomania

Aponta pelo fato de que o pensamento sobre o rizoma não é

representacional, mas inventivo. Um rizoma não responde a nenhum modelo

estrutural ou generativo.

Os sistemas em árvore funcionam por decalque da realidade, limitam-se a

descrever algo que se dá por feito. De forma distinta funciona o rizoma, como um

mapa. Se o mapa se opõe ao decalque, é precisamente porque está totalmente

orientado para uma experimentação que atua sobre o real.

O mapa não reproduz um inconsciente fechado sobre si mesmo, constrói-o. O

mapa é aberto, conectável em todas as suas dimensões, desmontável, alterável,

susceptível de receber constantes modificações, podendo ser rompido, alterado,

adaptado a montagens distintas, iniciado por um indivíduo, um grupo uma formação

social.

O rizoma seria então uma condição, não uma causa; não é uma forma, é a

condição de existência das formas. O rizoma tem duas faces: ele é método e é

também figura da ontologia de Deleuze e Guattari.

A rede é uma encarnação, uma versão empírica e atualizada do rizoma. Essa

definição de Kastrup (1997) faz imaginar a complexidade da rede atual e o quão

difícil é tentar compreendê-la.

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Diante de toda essa complexidade, o que aparece na rede como único

elemento constitutivo é o nó. Deleuze e Guattari definem a rede como elementos

interrelacionados, sem hierarquia e fundações sólidas. Um conjunto de nós

interconectados cuja topologia independe das coordenadas cartesianas de distância

e tempo. Estrutura toda movente. Qualquer movimento interfere com maior ou menor

intensidade em toda a rede. Estruturas abertas de infinita capacidade de expansão.

É fundamental seu caráter rizomático.

Logo, compreende-se que a capacidade da rede de aumentar ou diminuir de

tamanho sem perder suas características devido ao fato desta não ser definida por

sua forma, mas por suas conexões, abriu as portas a infinitas possibilidades de

interações, podendo ser expandida sem limitação e aberta à constante inovação.

Esse modelo nos permitiu a criação de sites e sistemas de simples interação

com o ser humano, porém, o grande fator de transformação das redes continua

sendo a criatividade humana e o fator social nela envolvida.

Santaella e Lemos (2010) afirmam que:

Para entender a importância da mudança de paradigma trazida pelas redes

sociais, é necessário identificar e analisar cuidadosamente como funciona a

dinâmica de formação de seu elemento fundamental: os laços sociais.

Os estudos e reflexões de Lévy trouxeram a oportunidade de olhar para o

passado e perceber o ser humano conquistando os espaços Terra, Território e

Espaço Mercantil e observar o presente e acompanhar a incessante busca pela

conquista de um espaço mais nobre: “O Espaço do Saber”; espaço que para Lévy,

se torna o primeiro motor, um espaço que erige sob nossos olhos como uma

paisagem desconhecida, que precisa ser explorada cada dia mais, e que é capaz de

redefinir as regras do jogo social e a identidade dos jogadores.

A Inteligência Coletiva vislumbrada por Lévy é definida como uma inteligência

distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real

e que resulta na mobilização efetiva das competências. Lévy também aponta que a

base e o objetivo principal da inteligência coletiva são o reconhecimento e o

enriquecimento mútuo das pessoas.

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A pequena experiência a seguir acontecida na rede pode deixar claros alguns

pontos da definição de Lévy sobre Inteligência Coletiva.

Durante um acesso ao Facebook, o seguinte post que mencionava o famoso

filme norte-americano “De volta para o futuro”, do ano de 1985, dizia: “Em 1985,

Marty McFly viajou no tempo para hoje”.

Figura 14: Post do Facebook.

Antes mesmo de checar se a informação era verdadeira, os próprios

comentários sobre o post já acusavam que a data correta era 21 de outubro de

2015. Esse foi mais um fato para ratificar que é preciso checar sempre a veracidade

de toda a informação despejada nas redes sociais e na Internet como um todo,

porém, o mais interessante é que todo esse movimento permitiu observar e

constatar que a informação já estava distribuída por toda a parte e sendo

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incessantemente valorizada pelas pessoas, que a cada momento acrescentavam

mais informação sobre o filme.

Esse simples post foi o suficiente para gerar uma pequena polêmica na rede,

e foi possível notar que toda a movimentação estava sendo coordenada em tempo

real e mobilizando as pessoas para buscar mais informações sobre o assunto.

Por meio desse post, teve-se a oportunidade de relembrar, refletir, pesquisar

detalhes interessantes sobre o filme e, consequentemente, contribuir para o

enriquecimento mútuo das pessoas que faziam parte da discussão na rede.

No filme é possível observar algumas ideias que o diretor Robert Zemeckis,

tinha sobre o futuro. Algumas foram certeiras, como o videogame wireless e com

captura de movimentos, filmes 3D, tablets e computadores de mão, televisão

widescreen pendurada na parede e videoconferência.

Outras visões, como carros voadores e o hoverboard, uma espécie de skate

que flutua usado por Marty McFly, é muito provável que não aconteçam até 2015.

O filme também mostra rotinas já ultrapassadas presentes no ano de 2015,

como a utilização de fax e laser discs.

É difícil imaginar o futuro sem a tecnologia, sem o ciberespaço. Assistindo aos

filmes que vislumbram o futuro, tem-se a sensação de que tecnologia e rede são

marcas registradas do tema.

Aqueles que se aventuram a escrever estórias do futuro, muitas vezes

apresentaram cenários nos quais a tecnologia determinava e transformava a vida da

sociedade; nessas descrições, as redes sempre estão presentes, conectando as

pessoas, produzindo novos modelos de negócio e transformando a cultura dos

povos.

Porém, quando se estuda mais a fundo e se olha para a tecnologia, buscando

compreender todo o contexto social que a envolve, abre-se a mente para entender

com mais clareza a afirmação de Castells (2006): “Nós sabemos que a tecnologia

não determina a sociedade: é a sociedade”.

Santaella e Lemos (2010) evidenciam um fator interessante a respeito da

relação entre a sociedade e a tecnologia quando apresentam a transição entre um

mundo no qual a informação pertencia a uma esfera separada do nosso cotidiano e

o virtual era visto como uma dimensão à parte da vida humana, ou seja, o virtual era

tomado como paralelo e distinto do mundo real.

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Talvez seja esse um dos grandes enganos de muitos daqueles que se

arriscaram a escrever estórias e fazer filmes sobre o futuro. Talvez seja porque seus

autores estavam exatamente no meio dessa transição e esse era o pensamento que

vigorava na época.

Neste trabalho haverá a oportunidade de apresentar alguns cenários em que

a população interage por meio da rede, buscando obter agilidade e benefícios nas

ações corriqueiras do dia a dia.

Será possível observar que o virtual e o real estão interligados e ambos fazem

parte de uma mesma esfera que atua no cotidiano do ser humano.

Serão analisadas ações comuns no meio da sociedade como comprar,

vender, reclamar de um fornecedor ou recomendar um produto/serviço para um

amigo, visando identificar possíveis manifestações de inteligência coletiva e como

essas ações podem ter um impacto e resultado muito maior se executadas por meio

da rede.

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3 Comércio Eletrônico e as Comunidades

Comércio Eletrônico (CE) é a realização de toda a cadeia de valores dos

processos de negócio em um ambiente eletrônico, por meio da aplicação

intensa das tecnologias de comunicação e de informação, atendendo aos

objetivos de negócio. Os processos podem ser realizados de forma

completa ou parcial, incluindo as transações negócio-a-negócio, negócio-a-

consumidor e intra-organizacional, em uma infraestrutura de informação e

comunicação predominantemente pública, de acesso fácil, livre e de baixo

custo. O CE também pode ser definido como a compra e a venda de

informações, produtos e serviços por meio de redes de computadores. O

conceito de CE engloba a realização de toda a cadeia de valor dos

processos de negócio num ambiente eletrônico, não se restringindo

simplesmente à realização de transações comerciais de compra e venda de

produtos e serviços. Algumas vezes, esta abrangência não é reconhecida e

acaba-se tendo uma visão errônea e restrita de todo o potencial deste novo

ambiente. (ALBERTIN, 2000a)

Quando se pensa em comércio eletrônico, logo se chega à Internet e nos

grandes portais web relacionados. Porém, o conceito de e-commerce é anterior à

web e iniciou-se em 1970 com o Eletronic Data Interchange (EDI) e o Eletronic

Funds Transfer (EFT), que permitiam efetuar transações padrão dentro de uma

empresa e entre empresas.

O EDI é uma estrutura comum de documento criada com o intuito de permitir

às grandes empresas transmitirem informações em redes privadas. O EFT está

relacionado ao intercâmbio eletrônico ou transferência de dinheiro por meios

sistêmicos de uma conta para outra, seja dentro de uma única ou múltiplas

instituições financeiras.

Uma das desvantagens dessas soluções era o alto custo de implementação,

dada a não existência de padrões internacionais para os formulários e a utilização

de tecnologias diferentes entre as empresas.

Nos final dos anos 80, surgiram novos meios de comércio eletrônico com o

crescimento e a maior aceitação dos cartões de crédito, caixas eletrônicos e serviços

de atendimento ao cliente (SAC).

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Em 1970, iniciou-se o uso da tecnologia nas transações comerciais entre

empresas e, agora, também nas relações comerciais diretas entre consumidor e

empresa.

Apesar de a Internet ter se popularizado em 1994, foi no final da década de

1990, com a utilização de protocolos de segurança e a tecnologia DSL, que o

mercado eletrônico começou a atuar na web. Criada em 1989 por um engenheiro da

Bell Labs, braço de pesquisa da AT&T dos Estados Unidos, a tecnologia Digital

Subscriber Line (DSL), na realidade é uma família de tecnologias que fornecem um

meio de transmissão digital de dados aproveitando a própria rede de telefonia que

chega à maioria das residências e que permitiu uma conexão contínua com a

Internet.

No final do ano 2000, várias empresas americanas e europeias começaram a

disponibilizar serviços pela Internet, permitindo que os seus consumidores

adquirissem facilidades por meio da rede mundial de computadores, utilizando

protocolos de segurança e serviços de pagamento eletrônico.

No Brasil, algumas das empresas pioneiras nas vendas on-line foram: Livraria

Cultura, Grupo Pão de Açúcar, Lojas Americanas e Booknet, comprada por um

grupo de investidores que mudou o nome para Submarino.

Em pouco tempo, o comércio eletrônico ganhou popularidade na web,

representando um mercado altamente rentável. No Brasil, por exemplo, segundo

uma pesquisa da E-CommerceOrg, no ano de 2011, o comércio eletrônico

representou um faturamento em torno de R$ 18,7 bilhões.

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Figura 15: Crescimento do faturamento anual do e-commerce no Brasil de 2001 a 2011.

Os produtos mais vendidos no varejo on-line do Brasil em 2011 foram

eletrodomésticos (15%), informática (12%), eletrônicos (8%), saúde e beleza (7%) e

moda e acessórios (7%).

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Figura 16: Produtos mais vendidos no varejo on-line do Brasil – 2011.

Observa-se também o aumento de consumidores eletrônicos em todo o País;

em 2011, 31,7 milhões de pessoas compraram pela Internet, contra 23 milhões em

2010, representando um crescimento de 37%.

Figura 17: Crescimento de consumidores eletrônicos no Brasil de 2001 a 2011.

A pesquisa TIC Domicílios 2011 mostra o crescimento da proporção de

brasileiros que pesquisam e compram na Internet.

A pesquisa de preços de produtos ou serviços na Internet no ano de 2011 foi

realizada por 59% dos usuários, enquanto a proporção de pessoas que realizaram

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compras na Internet nesse mesmo ano cresceu em 10 pontos percentuais em

relação ao ano de 2010, que foi de 19%.

Figura 18: TIC Domicílios 2011 – Proporção de indivíduos que realizaram e-commerce na Internet.

Fonte: Cetic.br

A pesquisa também mostra que, entre a população com renda a partir de 5

salários mínimos, pelo menos metade já fez compras pela Internet, e o cartão de

crédito é o meio de pagamento mais utilizado, correspondendo a 70% das compras.

O boleto bancário fica em segundo lugar, com 35%.

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Figura 19: TIC Domicílios 2011 – Compras de produtos/serviços na Internet nos últimos 12 meses por

renda familiar.

Fonte: Cetic.br

Nos primórdios, o comércio eletrônico na Internet era constituído basicamente

por vendas de mercadorias como CDs, livros e demais produtos palpáveis e

tangíveis. Hoje, porém, pode-se observar os mais diversos segmentos atuando na

rede mundial de computadores, desde produtos a serviços como SPAs, turismo e

culinária.

São muitas as vantagens de se ter um comércio eletrônico. Por exemplo, o

fato de a rede de negócio ficar disponível 24 horas todos os dias do ano, a economia

gerada por não precisar alugar uma loja física, não precisando gastar com itens

como decoração, vitrines e segurança, facilidade no acesso a novos mercados e

clientes com um esforço financeiro menor, maior agilidade para explorar o perfil dos

clientes e rapidez na divulgação de novos produtos.

Destacam-se, também as vantagens para os consumidores, proporcionando

produtos e serviços mais baratos devido à economia que as empresas têm com o

mercado eletrônico, agilidade nas compras sem precisar sair de casa, mais escolhas

e opções, podendo contar com um número bem maior de fornecedores e produtos,

informações mais detalhadas dos produtos e serviços, interação com outros clientes

em comunidades eletrônicas, permitindo a troca de experiências.

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A Internet transformou e inovou o comércio mundial, muitas empresas como

Amazon e Submarino atuam somente por meio do mercado eletrônico, realizando

todo o controle da cadeia de valor eletronicamente.

Albertin (2010) aponta que:

As tecnologias de informação e comunicação estão cada vez mais presentes em todos os aspectos da nossa sociedade. A utilização ampla e intensa das tecnologias da informação e comunicação, em um ambiente formado, é denominado ‘Negócios na Era Digital’. Por meio dele, ocorre o comércio eletrônico, que é considerado uma revolução socioeconômica importante pela maneira de hoje se conduzir ou criar novos negócios.

Albertin (2005) apresenta a Internet como o principal serviço da infovia, uma

combinação que permite fazer uso de meios como correios eletrônicos (e-mail),

telefones (voip), transações financeiras e pesquisas bibliográficas.

A Infovia pública é a rede formada tanto pela rede mundial de computadores

quanto pelos serviços on-line que tenham ligações com esta, sendo que a ênfase é

no acesso livre e de baixo custo, e na integração entre os vários ambientes sem

nenhuma restrição, incluindo desde os terminais mais simples de acesso até meios

de comunicação mais sofisticados para grandes volumes de informações.

Figura 20: Classes de Transações do Comércio Eletrônico.

Fonte: Albertin (2005)

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A pesquisa FGV-EAESP de Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro,

coordenada por Alberto Luiz Albertin, na sua 12ª edição em 2010, contou com uma

amostra de 437 empresas de vários setores de serviço, indústria e comércio de

pequeno, médio e grande porte. Essa pesquisa mostrou que muitas empresas estão

integrando suas soluções e ferramentas ao mercado eletrônico.

Figura 21: Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro 2010 (FGV-EAESP) – Utilização de Modelos de

Integração.

Fonte: FGV-EAESP

A utilização efetiva de modelos de integração interna e externa, com

fornecedores e clientes, já apresenta índices significativos, em especial a utilização

de intranets, ERP, extranets e portais.

A pesquisa também apresenta a utilização de aplicações de infraestrutura de

comércio eletrônico, e indica que 100% das empresas utilizam e-mails e sites

próprios para fins comerciais.

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Figura 22: Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro 2010 (FGV-EAESP) – Utilização de Aplicações

de Infraestrutura de CE.

Fonte: FGV-EAESP

Porém, para que toda essa cadeia de valor e integração do comércio

eletrônico funcione, as pessoas precisam estar conectadas à Internet e agrupadas

por comunidades virtuais, que na opinião de Armstrong e Hagel III, citados por

Albertin, a noção de comunidade tem sido o coração da Internet. Sabe-se que essa

é uma característica inerente desde o início da rede mundial de computadores,

quando as comunidades científicas compartilhavam dados e informações.

Albertin (2005) divide as comunidades em quatro grupos:

· comunidades de transação: responsáveis por fazer intermediação de

compra e venda de produtos, serviços e informações representadas no

formato de lojas on-line.

· comunidades de interesse: responsáveis por reunir pessoas com os

mesmos interesses, permitindo o intercâmbio de informações

baseadas em temas comuns. Essas comunidades são representadas

por meio de fóruns e listas de discussão.

· comunidades de fantasia: representadas por pessoas que lançam

personagens ou estórias, oferecendo, na maioria das vezes,

entretenimento aos internautas que as frequentam.

· comunidades de relacionamento: São aquelas em que as pessoas

se reúnem com vínculo de amizade. Diferentemente das comunidades

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de interesse, onde as pessoas não se conhecem, nas comunidades de

relacionamento existem laços de amizade e parentesco.

Para Bauman (2003), a palavra “comunidade” guarda sensações, sugerindo

uma coisa boa: o que quer que “comunidade” signifique, é bom “ter uma

comunidade”, “estar numa comunidade”.

É sabido que a configuração em rede é uma das características do ser

humano, ele se agrupa com seus semelhantes e vai estabelecendo relações de

trabalho, de amizade, enfim, relações de interesses que se desenvolvem e se

modificam conforme a sua trajetória. O indivíduo vai delineando e expandindo a sua

rede conforme sua inserção na realidade social e é nesse espaço em que começa a

despejar conhecimentos e informações sobre anseios e opiniões.

As redes sociais são canais que permitem uma comunicação dinâmica e

indireta com as pessoas, o que traz mais confiança para a transmissão de ideias,

pensamentos e opiniões.

Essa manifestação do grupo nas redes revela informações que dificilmente

seriam expostas fora de uma comunidade. Olhando para o lado do cliente, a

probabilidade deste se manifestar nas redes sociais é muito maior do que por meio

de e-mails ou ligações.

Observando a Internet, percebe-se a ascensão das comunidades e redes

sociais, consequentemente, a massiva presença do comércio eletrônico nessas

mídias.

Frequentar uma rede social, comprar ou vender pela Internet tornou-se algo

rotineiro e comum para a sociedade moderna.

Shirky (2008) argumenta que após algo se tornar comum, é difícil lembrar

como era a vida sem aquilo, e ressalta a questão do e-mail, que se tornou

indispensável para muitas pessoas devido à simplicidade e o baixo custo que essa

ferramenta proporciona. O autor também destaca a web como parte essencial da

vida moderna devido à sua flexibilidade e por ser um ambiente aberto em que as

pessoas experimentam coisas novas. Talvez seja esse um dos fatores que faz com

que as comunidades, redes sociais e a Internet como um todo sejam um sucesso

crescente a cada ano.

A empresa Nielsen, com foco em pesquisa sobre comportamento do

consumidor e tendências, publicou um relatório sobre o uso das mídias sociais para

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o terceiro semestre de 2011, o Social Media Report Q3 2011. Com base nos dados

levantados na pesquisa, observa-se a excelente fase vivida pelas redes sociais no

mundo.

No caso do Facebook, por exemplo, a taxa de penetração chega a 70% dos

usuários ativos da Internet nos Estados Unidos e, dos visitantes, 62% são do sexo

feminino. Os americanos gastam mais tempo no Facebook do que em qualquer

outro site.

O relatório Nielsen mostra também que 70% dos usuários de redes sociais

compram pela Internet, 53% dos usuários seguem marcas nas redes e 32% seguem

alguma celebridade; quatro em cada cinco usuários de Internet estão nas redes

sociais ou em blogs e 40% acessam as redes sociais também por celulares e

tablets.

No Brasil, uma pesquisa do TG.net, um produto do instituto IBOPE Media,

realizada em junho de 2011 com 2,9 mil pessoas entre 15 e 75 anos, moradoras das

cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba,

Goiânia, Distrito Federal, interior do Estado de São Paulo e interior das regiões Sul e

Sudeste aponta que 79% dos usuários ativos fazem parte das redes sociais.

Dentre os usuários de redes sociais, a preferência na navegação na web são

os sites de música. Há variação, porém, em faixas de idade. Dos 15 aos 24 anos, os

assuntos mais procurados são música, filmes e jogos. Entre os de 25 e 44 anos, os

sites de comparação de preço, música e jornais nacionais. Acima dos 45, a

preferência fica com jornais nacionais e locais, seguida de sites de comparação de

preços.

A maioria dos internautas brasileiros acessa a web pelo desktop ou laptop.

Esse universo perfaz 88% do total. Para a faixa que vai de 35 a 44 anos, os tablets

são a principal plataforma de acesso à Internet. Para a faixa de 15 a 24, há maior

afinidade no acesso via console de games.

O tempo médio gasto pelo internauta do Brasil é de 2h43min. Pelo

smartphone, a média é de 3h28min, pelo tablet é de 3h18min e por console de

games é de 3h.

Quanto às crianças, apenas 11,5% do universo do estudo não são usuárias

ativas. A maior parte das crianças que acessa a web vem das classes CDE – um

total de 54%. O tempo médio de permanência delas on-line é de 10h, o que mostra a

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chegada de uma geração com muito mais contato e intimidade com o mundo virtual

e, consequentemente, o mercado eletrônico.

Para chegar a alguns indicadores, os dados da pesquisa do TG.net foram

cruzados com os dados do TGI, outro produto do IBOPE Media, realizado em

fevereiro de 2010 e janeiro de 2011.

Todas essas informações são extremamente importantes para as empresas

que pretendem permanecer fortes e atuantes no mercado, pois se está tratando de

seus clientes. O comportamento dos consumidores está mudando a cada ano

devido às redes sociais, e as empresas precisam ficar atentas e coletar os números

que mudam absurdamente a cada nova pesquisa realizada.

Muitas vezes, simples análises de comportamento nas comunidades e redes

sociais podem se tornar um diferencial competitivo. Por exemplo, uma empresa que

atua com produtos voltados ao público feminino pode realizar uma campanha mais

eficaz de marketing ao saber que as mulheres estão assistindo mais vídeos na

Internet do que os homens, porém, os homens costumam assistir os vídeos mais

longos.

É inegável que essa onda de conhecimento e informação despejada na

Internet pela Sociedade do Conhecimento está abalando as estruturas de muitas

empresas.

As comunidades e redes sociais mostraram-se capazes de fazer empresas

ganharem ou perderem milhões em um curto espaço de tempo, dependendo de

suas estratégias na rede; a mudança dos hábitos dos consumidores pode afetar

financeiramente grandes nichos de mercado.

Como exemplo pode ser citada uma pesquisa realizada em 2011 pela

empresa de consultoria britânica Ovum, onde foram apresentados números

indicando que as operadoras de telefonia móvel estão assistindo a queda dos

ganhos com serviço de mensagem SMS por conta do uso, cada vez maior, de

aplicativos que podem mandar mensagem on-line gratuitamente ou por redes sociais

como Facebook, WhatsApp e Twitter. A estimativa é que as operadoras do mundo

todo tenham perdido pelo menos 13,9 bilhões de dólares em receitas no ano de

2011, o que representa 9% das receitas nessa categoria. Em 2010, segundo a

Ovum, a perda teria sido de 8,7 bilhões de dólares.

As empresas estão se vendo obrigadas a mudarem as suas estratégias de

prestação de serviço e de relacionamento com esse novo perfil de consumidor. Fica

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visível que as grandes comunidades e redes sociais causam impacto direto nos

resultados financeiros das empresas e precisam ser estudadas e monitoradas.

Atualmente, a grande maioria das empresas já pratica alguma forma de

comércio eletrônico, seja para melhorar o processo de compras, dar suporte a

clientes em período integral ou oferecer serviços de assistência técnica on-line, e

muitas já estão presentes nas grandes comunidades e redes sociais.

Um estudo realizado pela Ibramerc.org (Instituto Brasileiro de Inteligência de

Mercado), em abril de 2012, aponta que muitas empresas estão começando a

utilizar as redes sociais. De acordo com a pesquisa, 93% dos entrevistados

afirmaram desenvolver e utilizar algum tipo de trabalho nessas mídias.

As empresas têm adotado as ferramentas de mídias sociais, pois perceberam

que a rede pode ser um utensílio inovador e barato. Além disso, o cliente deseja

entrar em um novo universo, entender mais, interagir, discutir, trocar informações

sobre os produtos ou serviços oferecidos. O Ibramerc aplicou a pesquisa a quase

200 profissionais da área.

As questões foram respondidas no início de abril de 2012 e foram ouvidas

empresas de diversos segmentos. Entretanto, a maior parte dos entrevistados está

ligada ao segmento de varejo, bens de consumo e transporte, com quase metade

das respostas (45%). Outros 23% dos entrevistados fazem parte do segmento de

serviços e apenas 3% corresponde ao setor imobiliário.

Figura 23: Qual o segmento da sua empresa?

Fonte: Ibramerc 2012

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O estudo traçou as redes utilizadas nesse segmento. Por possuir o maior

número de funcionalidades como mensagens, publicações, comentários, músicas,

vídeos, calendário de eventos, comunidades, além da facilidade no manuseio, o

Facebook tem sido a ferramenta mais usada pelas empresas como forma de

aprimorar os negócios B2C com 24% das respostas escolhidas pelos usuários.

Figura 24: Quais mídias sociais são utilizadas na sua empresa como ferramentas de apoio aos

negócios?

Fonte: Ibramerc 2012

Em segundo lugar, bem próximo do Facebook, ficou o Twitter (21%); na

terceira colocação ficou o YouTube (16%) e a utilização de blogs ficou em quarto

lugar, com 9%.

De acordo com a pesquisa, a área responsável em atualizar e monitorar as

redes sociais na maioria das empresas é o Marketing, com 66%; as principais

justificativas estão relacionadas ao fato desse setor possuir maior domínio da

ferramenta para postar informações, atualizar conteúdos, implementar ações nas

mídias sociais e interagir com clientes.

Em segundo lugar, com 17%, ficaram as empresas que admitiram terceirizar o

serviço; na terceira colocação, com 7%, as empresas que não pretendem investir no

tema; em quarto lugar, com 7%, as empresas que estão implantando algum tipo de

solução e, em último lugar, com 3%, as empresas que disseram utilizar a inteligência

de mercado.

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A ferramenta apresenta confiabilidade e credibilidade, já que apenas 7% dos

entrevistados afirmaram não pretenderem investir no tema.

Figura 25: Qual área dentro da sua empresa é responsável pelo monitoramento e atualização destas

mídias?

Fonte: Ibramerc 2012

Dentre os motivos que impulsionam o uso das mídias sociais nas empresas

B2C estão: estreitar laços com o cliente, prover conteúdo e informação, entender as

necessidades do mercado, o monitoramento da marca, entre outros.

A maioria dos profissionais (20%) afirmou ter como principal motivador da

utilização da ferramenta as ações de marketing e a divulgação dos produtos e

serviços. Observou-se que as empresas não costumam manter um relacionamento

pós-vendas por meio das redes sociais, pois apenas 4% disseram utilizar a

ferramenta com a intenção de manter a relação depois da venda concluída.

Abaixo, os resultados na íntegra:

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Figura 26: A intenção da utilização das mídias sociais pelas empresas.

Fonte: Ibramerc 2012

De acordo com a pesquisa, 9% dos entrevistados afirmaram ter ocorrido um

impacto significativo nas vendas após adotar a ferramenta, 32% afirmaram haver

uma pequena melhora, 37% disse que não houve melhora, 21% não adotou

ferramentas e 1% informou que as vendas diminuíram.

Figura 27: Depois de adotar a ferramenta, a empresa detectou algum impacto nas vendas?

Fonte: Ibramerc 2012

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Um ponto de atenção é que as empresas utilizam muito pouco a ferramenta

na estruturação de planos estratégicos. Dos líderes ouvidos, 52% atribuíram pesos

de 1 a 5, e 32% atribuíram pesos acima da média, de 6 a 8.

Observa-se que há muito para evoluir quando se fala em juntar essas

informações e as demais e utilizá-las como ferramentas estratégicas, de criação de

conhecimento, inovação contínua e diferencial competitivo.

Figura 28: De 1 a 10, qual peso as mídias sociais possuem no planejamento estratégico da sua empresa?

Fonte: Ibramerc 2012

Na pesquisa TIC Empresas 2011 do CETIC (Centro de Estudos sobre as

Tecnologias da Informação e da Comunicação), foram apresentadas as principais

atividades das empresas e microempresas na Internet.

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Tabela 2: Proporção de empresas usando a Internet segundo o tipo de atividade nos últimos 12

meses (Parte 1).

Fonte: TIC Empresas 2011

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Tabela 3: Proporção de empresas usando a Internet segundo o tipo de atividade nos últimos 12

meses (Parte 2).

Fonte: TIC Empresas 2011

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Tabela 4: TIC Empresas 2011 – Proporção de empresas usando a Internet segundo o tipo de

atividade nos últimos 12 meses (Parte 3).

Base: 5.465 empresas que declararam ter acesso à Internet, com 10 ou mais funcionários, que constituem os

seguintes segmentos da CNAE 2.0 (C, F, G, H, I, J, L, M, N, R e S). Respostas estimuladas. Cada item

apresentado se refere apenas aos resultados da alternativa "sim". Dados coletados entre outubro de 2011 e

janeiro de 2012.

Fonte: NIC.br – out. 2011 / jan. 2012

Comparando-se microempresas às empresas maiores, percebe-se que as

atividades mais usuais na Internet têm patamares muito semelhantes de uso, sendo

algumas atividades universalizadas: 99% das empresas, independentemente do seu

porte, enviam/recebem e-mail; 89% das empresas maiores e 91% das

microempresas realizam atividades de busca de informações sobre produtos ou

serviços. Quanto à oferta de serviços ao consumidor, a diferença é de 12 pontos

percentuais se compararmos as grandes empresas com as microempresas (68% a

56%). A relação com o governo também aponta diferença significativa: 64% das

grandes empresas buscaram informações sobre organizações governamentais,

enquanto apenas 44% das microempresas fizeram o mesmo. A Internet para fins de

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treinamento e educação é utilizada por 35% das microempresas e por 58% das

grandes empresas.

Observa-se que as empresas já enxergaram de maneira geral as mídias

sociais e a Internet como uma potencial ferramenta de comércio, marketing e

atendimento ao cliente.

3.1 Explorando alguns modelos de comércio eletrônico

À medida que mais pessoas adotam ferramentas sociais simples, e que

estas permitem comunicação cada vez mais rápida, a velocidade da ação

grupal também aumenta, e assim como mais é diferente, mais depressa é

diferente. (SHIRKY, 2008)

Novos modelos de comércio eletrônico surgem a cada dia e estão cada vez

mais engendrados nas comunidades e redes sociais, trazendo inúmeras

oportunidades e desafios ao segmento.

A facilidade e simplicidade das ferramentas sociais estão permitindo uma

maior mobilização e comunicação das pessoas na rede, abrindo novas

possibilidades ao comércio eletrônico.

Abaixo seguem alguns exemplos que estão inovando e transformando o

mercado:

a) M-Commerce – Mobile Commerce Mobile Commerce é a capacidade de conduzir o comércio utilizando um

dispositivo móvel como celulares, smartphones ou qualquer equipamento móvel

emergente.

Atualmente já é possível presenciar algumas aplicações interessantes desse

conceito no mercado:

· Mobile Ticketing: São tickets enviados para os telefones celulares em

que os usuários podem apresentar na bilheteria. São utilizados, por

exemplo, por agências de viagens, que enviam os tickets de um pacote

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de serviços contratado, em aeroportos para facilitar o tráfego de

passageiros ou em estacionamentos.

· Mobile Vouchers, cupons e cartões de fidelidade: O usuário pode

receber cupons de desconto via celular ou até pontos, como em um

cartão de fidelidade. Diferente de outros cartões de fidelidade, esse

estará armazenado no celular, permitindo melhor proveito para o

usuário.

· Compra de conteúdo: Impulsionada principalmente pela faixa etária

de 12 a 25 anos, a compra de conteúdo como mp3, ringtones e papéis

de parede pode ter um grande avanço nas redes 3G e 4G. Com a

chegada de maior velocidade de downloads e o barateamento de

serviços de banda larga para celular, além da popularização do uso de

celulares com acesso à Internet, acredita-se em maiores oportunidades

de vendas.

· Serviços de Location-based: Conhecendo a localização do usuário,

fica mais fácil estimular a venda de produtos da região. Sabendo que o

usuário está em determinado lugar, sob demanda, pode-se oferecer a

ele um mapa da região, atrativos e uma lista de empresas locais, com

seus produtos e serviços.

· Serviços de informação: Uma grande variedade de informação pode

ser vendida – desde o simples horóscopo, até informações financeiras

ou ainda dados sobre o trânsito. Um serviço que pode ser oferecido

junto com o location-based.

· Mobile Banking: Grandes esforços têm convergido para oferecer

acesso a contas, consulta a saldos e extratos e também transações

como compra de ações e envio de dinheiro. Há, porém, obstáculos a

superar para garantir a segurança das transações e informações.

· Mobile corretora de ações: O objetivo é fazer com que o assinante

tenha, em tempo real, a evolução de sua carteira. Com a informação

mais rápida ele pode reagir às tendências do mercado acionário.

· Mobile Marketing e publicidade: Marketing e publicidade para

celulares é uma modalidade ainda emergente, mas em grande

crescimento. Segundo pesquisa realizada pela Qualibest, 66% dos

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entrevistados acreditam na eficácia da propaganda para dispositivos

móveis e 70% aceitam receber propagandas. Com o aumento do

M-commerce certamente haverá mais publicidade nos celulares – e

também mais pressão por privacidade e segurança.

b) F-Commerce – Facebook Commerce É o comércio realizado no ambiente do Facebook, sendo uma das mais

recentes tendências na venda pela Internet.

O principal objetivo é envolver as pessoas com os produtos e com as

empresas, estimulando a compra e a propagação da informação entre os amigos. A

loja virtual no Facebook é similar à loja virtual que já se conhece, porém, com um

menor espaço visual e uma quantidade menor de recursos; utiliza as principais

funções de uma loja como a vitrine de produtos, o carrinho de compras, a seção

ajuda, entre outras.

A plataforma Facebook disponibiliza aplicativos conhecidos como Social

Plugins, que facilitam ao usuário divulgar informações com mínimo esforço. O

exemplo mais comum de plugin é o “curtir”; quando um usuário “curte” um conteúdo,

que pode ser a apresentação de um produto, todos os seus amigos têm acesso a

essa informação.

O site da Levi's é um grande caso de utilização de plugins sociais. O

consumidor pode acessar uma "Friends Store" no site da marca, onde fará o login

com o seu Facebook. A Friends Store mostra os produtos “curtidos” pelos seus

amigos e ainda traz a lista de próximos aniversários dos seus amigos do Facebook.

Além da vantagem da divulgação de um produto para os demais amigos do

cliente, também é possível realizar a pré-venda, disponibilizando o link de compra,

em que o usuário é direcionado à loja virtual normal já na página do produto.

Também é possível ter uma loja completa no Facebook, na qual o usuário

pode avaliar, escolher, divulgar, comprar e pagar seus produtos sem sair do

ambiente Facebook-Commerce.

c) T-Commerce – Television Commerce Está relacionado ao uso da televisão para a apresentação de anúncios

publicitários e vendas de produtos e serviços aos telespectadores, contando com os

recursos modernos oferecidos pela TV Digital.

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A TV Digital utiliza um modo de modulação e compressão digital para enviar

vídeo, áudio e sinais de dados aos aparelhos compatíveis com a tecnologia,

proporcionando, assim, transmissão e recepção de maior quantidade de conteúdo

por uma mesma frequência, podendo obter uma imagem de alta qualidade.

Com o uso de um decodificador junto à televisão, os sistemas “Interactive

Television” (ITV) ou TV Interativa, permitem que os telespectadores interajam com o

conteúdo da televisão, oferecendo possibilidade de:

· baixar vídeos “on demand”;

· clicar nas páginas web para obter maiores informações sobre

atualidades, programações ou celebridades;

· comprar produtos e serviços oferecidos numa programação ou

propaganda de televisão por meio do controle remoto.

No Brasil, a TV Digital chegou no dia 2 de dezembro de 2007, com o

pronunciamento do então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva; iniciou-

se na grande São Paulo, pelo padrão japonês, com algumas adaptações.

A RedeTV! foi a primeira rede de televisão a exibir em São Paulo a sua

programação em formato digital. No dia 20 de abril, o sinal de alta definição foi

liberado pela Rede Globo apenas na região metropolitana do Grande Rio.

A partir de maio de 2008, teve início a campanha de popularização da

televisão digital brasileira, que incluía demonstrações em pontos de grande

circulação.

Apesar de várias cidades do Brasil já possuírem transmissão digital antes da

expectativa inicial, o ritmo de instalação do sistema ainda é lento.

d) S-Commerce – Social Commerce É a integração do comércio eletrônico com as mídias sociais.

Um dos principais objetivos do Social Commerce é criar um ambiente

favorável para que os consumidores compartilhem as suas compras on-line,

acessem indicações, conselhos e conhecimentos sobre os produtos adquiridos por

amigos virtuais ou de pessoas que apresentam preferências de consumo

semelhantes que podem ajudar a influenciar na tomada de decisão.

Como exemplo pode ser citado o Twitter, onde Santaella e Lemos (2010)

apontam o consumo como um dos exemplos de combinações possíveis de

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entrelaçamento informacional, possibilitando aos usuários da rede executar ações

como seguir marcas que oferecem notícias, vantagens e/ou descontos de ofertas,

receber informações sobre prêmios, sorteios e promoções ou seguir produtos,

distribuidores e marcas.

Quando esse recurso é mal gerido – um risco alto e que deve ser considerado

–, os resultados podem ser desastrosos e a imagem da empresa pode ficar

seriamente comprometida, pois a facilidade de se propagar a insatisfação dos

clientes é muito maior.

Segundo uma pesquisa lançada em janeiro de 2012 pela empresa americana

Booz&Company, considerada uma das líderes globais em consultoria estratégica

para empresas, no ano de 2015 o volume de dólar dos produtos vendidos através

das mídias sociais deverá aumentar seis vezes, para US$ 30 bilhões contra US$ 5

bilhões em 2011.

Figura 29: Estudo Booz&Company 2012.

e) Compras Coletivas Compra Coletiva é uma modalidade de comércio eletrônico que tem como

objetivo vender produtos e serviços com descontos dos mais variados possíveis

para um número mínimo pré-estabelecido de consumidores por oferta.

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Os sites de compras coletivas permitiram aos usuários adquirirem produtos

com grandes descontos e possibilidades de usufruírem destes quando quiserem,

bastando apenas respeitar o prazo de validade para a sua utilização.

Esse modelo de negócio foi criado nos Estados Unidos por Andrew Mason,

quando lançou o primeiro site do gênero em novembro de 2008, o Groupon. Aqui no

Brasil o pioneiro foi o Peixe Urbano, iniciando suas atividades em março de 2010.

Os sites de compras coletivas contam com a ajuda dos próprios

consumidores para propagar as ofertas das empresas com o principal intuito de

atingir o número mínimo de participantes para a ativação da oferta. E as redes

sociais fazem parte da estratégia de divulgação das ofertas oferecidas pelas

empresas conveniadas no site.

Esse tópico será mais bem explorado no próximo capítulo.

f) Produtos Virtuais Trata-se da venda de produtos virtuais como filmes, jogos, softwares e livros,

que se torna cada vez mais uma prática de comércio eletrônico.

Uma das vantagens oferecidas por esse modelo é que o comprador não

precisa mais se preocupar com a perda de um livro ou um DVD estragado, pois tudo

é digital e pode ser baixado a qualquer momento após a compra; quanto ao estoque,

este não é mais uma preocupação para o vendedor, que, além de diminuir o seu

custo, consegue oferecer o produto a qualquer momento para o cliente.

Grandes lojas como Apple, Amazon e Submarino já praticam esse modelo de

negócio.

A Amazon, por exemplo, vem se despontando nesse segmento com o leitor

de livros digitais Kindle; o aparelho permite aos usuários comprar, baixar, pesquisar

e ler os livros, jornais, revistas e outras mídias digitais.

Também é possível utilizar o software do Kindle em várias plataformas

diferentes, como Microsoft Windows, iOS, BlackBarry, Mac OS X, Android, webOS e

Windows Phone 7. A Amazon também criou um leitor de livros digitais em HTML5, o

que permite a leitura do livro em qualquer navegador.

Para utilizar o aplicativo, basta entrar no Kindle Store, comprar um dos

produtos virtuais da loja e baixá-lo.

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Figura 30: Amazon Kindle Store.

Figura 31: Aplicativo Kindle para PC instalado no Sistema Operacional Microsoft Windows.

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3.2 A força dos comentários e indicações dos amigos na rede

Comentar, recomendar ou indicar algo é uma ação comum e rotineira dentro

da sociedade e que, de maneira geral, está cada vez mais presente nas abordagens

comerciais por meio da Internet.

No site da Amazon, por exemplo, observa-se a forte ligação do comércio

eletrônico com as comunidades e redes sociais; no site é possível “curtir” e

compartilhar produtos da loja com os amigos que fazem parte da rede social do

cliente. Atualmente os recursos de compartilhamento estão disponíveis para serem

realizados via e-mail, Facebook, Twitter e Pinterest.

Figura 32: Compartilhamento da Amazon.com.

Quando se assiste a um filme ou se lê um livro que agradou, é usual

comentar sobre ele e recomendá-lo aos amigos; numa viagem inesquecível, faz-se

questão de mostrar as fotos e comentar com entusiasmo. Essa prática também é

comum entre as empresas e vendedores, que costumam pedir indicações a seus

clientes.

Permitir que o cliente indique ou compartilhe um produto ou serviço com os

seus amigos tornou-se um recurso comum disponibilizado em muitos sites de

comércio eletrônico devido à grande influência e impacto que essa ação causa nos

resultados de venda. A propaganda “boca a boca” também está presente fortemente

nas redes.

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Sites de empresas como Wallmart, Carrefour, Casas Bahia, Fnac, Riachuelo

e Renner já disponibilizam essa opção para os seus clientes.

Abaixo segue o exemplo do site do Wallmart, onde é possível compartilhar o

produto com os amigos do Facebook, Twitter ou por e-mail.

Figura 33: Exemplo de indicações pelo site do Wallmart.

O estudo Nielsen Global Trust in Advertising and Brand Messages realizado

em abril de 2012 com mais de 28 mil consumidores da Internet em 56 países,

mostrou o poder das recomendações on-line e reforçou a importância das redes

sociais na estratégia de marketing digital.

O estudo mostra que 92% dos consumidores pesquisados confiam nas

recomendações das pessoas conhecidas e que 70% confiam nas opiniões de

consumidores desconhecidos postadas na rede.

Segundo o estudo, o grau de confiança nos meios de publicidades em

veículos de comunicação como TVs, rádios, jornais e revistas são menores do que

as recomendações dos amigos e até mesmo das opiniões das pessoas

desconhecidas na rede. Os índices foram de 47%, 42%, 46% e 47%

respectivamente.

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Figura 34: To what extent do you trust the following forms of advertising?

Fonte: Nielsen Global Trust in Advertising and Brand Messages 2012

A confiança nos meios populares de comunicação como TVs, rádios, jornais,

revistas diminuíram drasticamente de 62% para 47%, de 55% para 42%, de 61%

para 46% e de 59% para 47% respectivamente, comparada ao mesmo estudo

realizado em abril de 2009, enquanto a confiança nas recomendações das pessoas

conhecidas subiram dois pontos percentuais e as opiniões de consumidores

desconhecidos postadas na rede mantiveram-se no mesmo percentual.

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Figura 35: Have some degree of trust* in the following forms of advertising (April 2009).

Fonte: Nielsen Global Online Consumer Survey 2009

Um item interessante a se observar na pesquisa diz respeito ao nível de

confiança das recomendações de pessoas conhecidas e opiniões de consumidores

desconhecidos postadas na rede – são altos para todos os continentes, enquanto o

nível de confiança nos meios de comunicação populares varia bastante.

A América Latina apresenta os maiores níveis de confiança nos meios de

comunicação populares, enquanto na Europa os percentuais são bem mais baixos.

Abaixo seguem os níveis de confiança separados por continente:

Forms of Advertising Latin

America

Middle East / Africa

Asia Pacific

North America

Europe Global

Recommendations from people I know

92% 90% 94% 90% 89% 92%

Consumer opinions posted online

58% 69% 76% 68% 64% 70%

73% 71% 63% 52% 44% 58%

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Branded Websites Editorial content such as newspaper articles

69% 67% 61% 61% 48% 58%

Emails I signed up for

59% 51% 53% 55% 39% 50%

Brand sponsorships

62% 62% 55% 40% 30% 47%

Ads on TV

63% 57% 54% 46% 29% 47%

Ads in magazines

63% 56% 54% 47% 28% 47%

Billboards and other outdoor advertising

57% 59% 55% 41% 29% 47%

Ads in newspapers

61% 58% 52% 47% 28% 46%

Ads on radio

58% 50% 47% 45% 26% 42%

Ads before movies

58% 47% 47% 40% 25% 41%

TV program product placements

58% 52% 46% 35% 24% 40%

Ads served in search engine results

57% 46% 43% 35% 29% 40%

Online video ads

48% 44% 42% 31% 22% 36%

Ads on social networks

49% 49% 42% 31% 22% 36%

Online banner ads

42% 42% 39% 28% 19% 33%

Display ads (video or banner) on mobile devices (smartphones, tablet devices - i.e., iPad)

39% 44% 41% 26% 18% 33%

Text (SMS) ads on mobile phones

35% 40% 35% 25% 17% 29%

Tabela 5: Nível de confiança nos meios de publicidade separados por continentes.

Fonte: Nielsen Global Trust in Advertising and Brand Messages 2012

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A pesquisa também apresentou os meios de publicidade mais procurados

pelos consumidores para obter informações sobre os produtos que desejam. As

recomendações dos amigos e as opiniões de consumidores desconhecidos

postadas na rede mantiveram-se em primeiro lugar no gráfico.

Figura 36: When looking for information about the products you want and need, to what extent are the

following advertising most relevant to you?

Fonte: Nielsen Global Trust in Advertising and Brand Messages 2012

O site GoodReads, criado por Otis Chandler em 2006, por exemplo, surgiu

porque o seu idealizador acreditava que as análises e recomendações das pessoas

sobre os livros eram mais valiosas e mais precisas do que indicações automáticas

baseadas em análises de informações de compras do cliente geradas por sites

como o da Amazon.

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Em dezembro de 2007, o site tinha mais de 650 mil membros e mais de 10

milhões de livros adicionados. Em 2010, o site atingiu a marca de 2,9 milhões de

usuários, contando com 78 milhões de livros adicionados. Um artigo, em julho de

2011, publicado pelo jornal americano Louisville Courier O Jornal, apontou que o

GoodReads já havia alcançado os 5,2 milhões de membros.

O site permite aos usuários o registro de livros, criação de catálogos de

bibliotecas e listas de leitura. Ao se cadastrar no site, o usuário é orientado a

informar as suas categorias de interesse e classificar 20 livros que já tenha lido;

essa lista de classificações vai evoluindo conforme as leituras dos livros realizadas

pelo usuário, que também tem a oportunidade de visualizar as recomendações de

seus amigos.

Na última conferência TOC (Tools of Change for Publishing) realizada em

Nova Iorque, em fevereiro de 2012, uma das mais importantes conferências para a

discussão de novas tecnologias, oportunidades e modelos de negócios na indústria

editorial, Chandler apresentou as diferentes formas pelas quais os leitores do

GoodReads aderem aos livros.

Com o desenvolvimento da Internet e das redes sociais, essas formas

diversificaram-se e tornaram-se ainda mais complexas de se entender.

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Figura 37: People discover books in diverse ways.

Fonte: GoodReads 2012

Dos dados apresentados pelo Goodreads, ressalta-se uma conclusão

fundamental, que é a importância do componente social, seja mediante

recomendações automáticas ou por sugestões da rede de amigos – 79%

descobriram os livros por meio dos amigos off-line e 64% das atualizações dos

amigos no GoodReads.

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Figura 38: Friends are a powerful way to discover books.

Fonte: GoodReads 2012

Figura 39: Fonte GoodReads 2012 – Do you often find books from the following sources?

Fonte GoodReads 2012

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Percebe-se, então, a importância das indicações e recomendações das

pessoas na rede e o quanto essa ação pode trazer benefícios e vantagens para o

comércio eletrônico.

No próximo capítulo, será demonstrado que as mesmas pessoas que fazem

indicações e recomendações positivas sobre uma empresa e seus produtos/serviços

por meio da rede, também são capazes de expressarem a sua frustração por um

serviço mal prestado.

Essa ação individual na rede tem o poder de ganhar força e transforma-se

numa ação coletiva em favor do consumidor e do grupo como um todo.

Quando essa frustração se manifesta na rede, o impacto é muito maior para

as empresas, e muitos consumidores já perceberam o poder que se adquire com

isso.

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4 Compras Coletivas e Atendimento ao Consumidor

Santaella e Lemos (2010) começam o primeiro capítulo de seu livro

baseando-se em Licoppe e Smoreda (2005), mostrando que a análise estrutural das

redes sociais entrou na agenda das investigações sociológicas sobre ações

individuais e fenômenos coletivos desde os primeiros trabalhos empíricos seminais

em redes sociais que surgiram nos anos 1970. Santaella e Lemos (2010) também

apontam que, para os autores, é de importância capital a análise do papel que as

diferentes mídias desempenham nas interações e na presumível transformação da

sociabilidade.

Castells (2006) afirma que o nosso mundo está em transformação estrutural

desde há duas décadas devido à emergência de um novo paradigma tecnológico,

baseados nas tecnologias de comunicação e informação; porém, o autor também

aponta ser a sociedade a que dá forma à tecnologia de acordo com as

necessidades, valores e interesses das pessoas, ou seja, a tecnologia não

determina a sociedade.

Santaella e Lemos (2010) atestam que as características dessa nova

sociedade em rede são:

a) globalização de atividades estrategicamente decisivas da economia;

b) forma de organização em rede;

c) instabilidade do trabalho e individualização do emprego;

d) cultura de virtualidade real, construída por um sistema pervasivo,

interconectado e diversificado de sistemas de mídia;

e) transformação das condições materiais da vida, do espaço e do tempo,

devido aos espaços de fluxos e do tempo sem tempo.

Com essas características, pode-se entender que a sociedade está cada vez

mais ágil para se organizar em rede, e suas ações causam impactos que afetam

estratégias definitivas da economia.

Neste capítulo, pretende-se apresentar e explorar duas diferentes mídias que

aparentam presumir uma transformação na sociabilidade, uma repentina mudança e

impacto no dia a dia das pessoas e das empresas, seja para fazer uma simples

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compra ou venda, cadastrar ou adquirir uma oferta, manifestar-se contra um serviço

mal prestado ou reagir ao manifesto.

Todas essas ações rotineiras agora estão à disposição das pessoas na rede e

presentes nos sistemas denominados pervasivos, ou seja, capazes de se

espalharem por toda a parte em um curto espaço de tempo.

Essas novas mídias são frutos da transformação estrutural por meio desse

novo paradigma tecnológico, fazendo com que as pessoas moldem a rede de acordo

com as suas necessidades.

Muitas informações sobre os consumidores estão nas redes sociais, como por

exemplo, suas opiniões e experiências sobre produtos e serviços e suas

preferências.

Nas redes sociais as pessoas exprimem seus sentimentos, desejos, atitudes,

ideias, anseios, frustrações e pensamentos tornando-os mais visíveis; nelas, é

possível transformar muitas informações e conhecimentos tácitos em explícitos.

São informações à disposição de qualquer consumidor ou empresa, prontas

para serem trabalhadas e consumidas de maneira estratégica para ambos os lados.

A Sabedoria das Multidões de Surowiecki (2004) fala sobre a agregação de

informação em grupos, resultando em decisões que quase sempre são melhores do

que as que poderiam ser feitas por qualquer membro do grupo.

Surowiecki (2004) destaca três principais tipos de sabedoria das multidões:

· conhecimento: o julgamento do mercado é muito mais rápido e hábil,

sendo menos sujeito às forças políticas do que as decisões de

especialistas ou de comissões de especialistas;

· coordenação: o senso comum consegue julgar reações específicas de

outros membros;

· cooperação: o grupo de pessoas formam redes de relacionamentos

sem um sistema central controlando seu comportamento ou

diretamente reforçando suas obrigações.

Esses três tipos de sabedoria apontam para um caminho onde as respostas

são mais verdadeiras, pois estão isentas de forças políticas que afetam nas

decisões. Seria este um dos motivos pelo qual a indicação e opinião dos amigos e

das comunidades virtuais tenha tanto impacto nas vendas?

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Para que exista a formação de massas sábias, Surowiecki (2004) aponta

quatro elementos necessários:

· diversidade de opiniões: cada pessoa deve ter informações privadas,

mesmo se forem apenas uma interpretação excêntrica dos fatos

conhecidos;

· independência: a opinião das pessoas não é determinada pelas

opiniões daqueles ao seu redor;

· descentralização: as pessoas estão capacitadas a se especializar e

extrair do conhecimento local;

· agregação: a existência de algum mecanismo para tornar julgamentos

individuais em uma decisão coletiva.

Saber distinguir esses quatro fatores nas informações contidas nas redes

sociais é um item primordial para o sucesso de uma análise correta das informações.

É muito importante que haja diversidade de opiniões, pois uma opinião

isolada de um membro ou de uma pequena parcela do grupo não é suficientemente

capaz de impactar na opinião das pessoas e nas tomadas de decisão das empresas;

também é preciso observar se as opiniões são independentes, ou seja, baseadas

em alguma experiência do cliente ou se este foi impulsionado pelas opiniões do

restante das massas.

Neste capítulo serão analisados cases relacionados ao comércio eletrônico,

são eles: os sites de compras coletivas Groupon e Peixe Urbano e o site Reclame

Aqui, que oferece apoio ao consumidor e às empresas, sendo que para todos os

cases, as opiniões, reclamações e recomendações dos consumidores são

fundamentais para o sucesso do negócio.

Esses novos modelos de negócio contam com a mobilização das massas na

rede e dão a oportunidade de relacioná-los com a Inteligência Coletiva vislumbrada

por Pierre Lévy.

O objetivo é analisar e compreender algumas questões, como:

Será que as empresas e os consumidores estão utilizando os cupons de

desconto apenas pela febre das compras coletivas ou realmente estão aprendendo

a usufruir o poder das massas?

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Será que as empresas estão usando realmente estas ferramentas, compras

coletivas e sites de apoio ao cliente, como diferencial estratégico a fim de obter

vantagens competitivas?

Será que os consumidores realmente descobriram o poder de se mobilizar em

massa por meio das redes, e estão usando essa estratégia a seu favor para obter

vantagens nas aquisições de produtos e serviços ou para receber um atendimento

de qualidade pelas empresas?

Seriam essas ações reais manifestações de inteligência coletiva?

4.1 Compras coletivas

Possuir um comércio eletrônico tornou-se algo acessível para pequenas,

médias e grandes empresas; o comércio on-line já atingiu praticamente todos os

ramos de mercado como, por exemplo, supermercados, drogarias, livrarias e lojas

de roupas.

Comprar pela Internet não é mais uma novidade para os consumidores

modernos, que podem adquirir produtos e serviços sem sair de casa.

Porém, um dos maiores desafios das empresas é conseguir atrair a atenção

dos consumidores para o seu comércio eletrônico, ou para seus produtos e serviços

oferecidos na Internet.

Uma das opções tem sido a utilização dos sites de compras coletivas; por

meio desses sites, é possível divulgar o nome da empresa em massa para milhares

de consumidores, apresentar produtos e serviços, aumentar as vendas, captar

novos clientes e oferecer promoções.

4.1.1 Como o negócio funciona

O site de compras coletivas elege algumas cidades para atuação e fica

responsável por formar parcerias com empresas dos mais diversos segmentos,

como: bares, restaurantes, hotéis, spas, empresas de turismo, salões de beleza etc.

O site publica as ofertas das empresas conveniadas que, para cada oferta

vendida, pagam um percentual do valor da oferta firmada em contrato.

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Os clientes entram no site e, se desejarem, realizam o seu cadastro

informando o nome, e-mail, cidade e começam a receber mail marketing diário sobre

as ofertas na sua cidade e região. O cliente também pode procurar pelas ofertas por

meio do sistema de busca do site.

O mais importante é que uma oferta publicada no site só será válida se atingir

um número mínimo de participantes no prazo estabelecido. Caso o número mínimo

de compradores para a oferta não seja atingido, o cliente é comunicado por e-mail

que a sua compra foi cancelada, e o valor total pago é devolvido pela mesma forma

em que o pagamento foi efetuado.

Os sites orientam os participantes a convidarem seus amigos a comprarem a

mesma oferta para que esta seja válida e todos possam usufruir do benefício; no

próprio site é possível indicar a oferta para um amigo.

Quando o cliente efetua a compra de uma oferta no site, após a confirmação

do pagamento, este recebe um e-mail com o vale desconto que pode ser impresso e

apresentado no próprio local que realizou a oferta.

Alguns dias após usufruir da oferta adquirida, o cliente recebe um e-mail para

que possa realizar a avaliação do serviço prestado, a qual é postada no site.

Abaixo segue exemplo de uma oferta publicada no site Peixe Urbano, em que

é possível notar o tempo restante da promoção, o total de vendas e a possibilidade

de espalhar a oferta a outras pessoas na rede.

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Figura 40: Site Peixe Urbano - Exemplo de oferta.

Fonte: Peixe Urbano

Um dos principais responsáveis pelo sucesso dos sites de compras coletivas

é a propaganda boca a boca; esse fenômeno é bem perceptível nas ofertas de

restaurantes e bares – as pessoas que aderem às ofertas convidam seus amigos

para aproveitarem a promoção e rapidamente o número mínimo de clientes

necessários para validar a promoção é atingido. Porém, a propaganda boca a boca

pode repercutir negativamente caso a empresa publique alguma promoção e não

honre com o compromisso ou não atenda à expectativa do cliente.

De uma hora para outra os sites de compras coletivas viraram febre na

Internet, tornando-se um sucesso instantâneo na rede, dado a sua divulgação viral.

Para os grandes sites de compras coletivas, o negócio se mostra altamente

rentável e esses sites oferecem os seus serviços como uma relação ganha-ganha,

onde o negócio é vantajoso para o vendedor e para o cliente.

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4.1.2 Groupon

O Groupon é o pioneiro em compras coletivas em todo o mundo; criado em

novembro de 2008 na cidade de Chicago por Andrew Mason, nativo de Pittsburgh, a

empresa é a fundadora do conceito de compras coletivas no mundo.

Atualmente conta com mais de 35 milhões de usuários inscritos em 47 países,

incluindo o Brasil, onde o serviço já é oferecido em 54 cidades.

Sua primeira oferta surgiu em 2008 e tratava-se de uma pizza pela metade do

preço em um restaurante situado no primeiro andar de um edifício alugado pela

própria empresa na cidade de Chicago.

O site chamou a atenção do antigo empregador de Andrew, Eric Lefkofsky,

que investiu US$ 1 milhão em capital inicial para o desenvolvimento do site.

O site cresceu rapidamente com uma receita prevista de US$ 500 milhões em

2010.

Em outubro de 2010, o site já servia mais de 150 mercados na América do

Norte e 100 mercados na Ásia, América do Sul e Europa.

Com menos de dois anos de existência, a sociedade foi avaliada em US$

1,35 bilhões.

De acordo com uma reportagem publicada pela Forbes e uma reportagem do

Wall Street Journal, o site Groupon deve “gerar receitas de US$ 1 bilhão mais rápido

do que qualquer outra empresa”.

O Groupon adquiriu vários sites que eram do segmento “compra em grupo” e

que operavam fora dos Estados Unidos, os quais foram nomeados Groupon após a

aquisição. Entre elas, está a compra do MyCityDeal europeu (17 de maio de 2010),

do ClanDescuento da América do Sul (22 de junho de 2010), do Qpod.jp do Japão

(17 de agosto de 2010), e do Darberry.ru da Rússia (17 outubro 2010).

Em outubro de 2010, surgiram rumores indicando que o Yahoo! tinha

oferecido mais de US$ 3 bilhões para comprar o Groupon.

Em 30 de novembro de 2010, um relatório indicava que o Google tinha

oferecido US$ 6 bilhões com uma cláusula sobre os rendimentos futuros de US$ 700

milhões, a qual foi rejeitada em dezembro de 2010.

Após a recusa da oferta do Google, o Groupon foi identificado como um

possível candidato a entrar na bolsa até 2013.

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Figura 41: Site Groupon (www.groupon.com.br)

4.1.3 Peixe Urbano

Três jovens empreendedores, Júlio Vasconcelos, Emerson Andrade e Alex

Tabor, com experiência no mercado internacional de e-commerce, mídias sociais e

marketing, inspirados nos sites de compras coletivas que já faziam sucesso nos

Estados Unidos, lançaram em março de 2010 o site Peixe Urbano.

Começou inicialmente na cidade do Rio de Janeiro, onde se encontra a sua

sede, e logo em seguida na cidade de São Paulo.

Em apenas cinco meses em operação o site anunciou ter atingido a marca de

1 milhão de usuários; somente no mês de julho de 2010, de acordo com dados da

Nielsen/IBOPE, o site foi acessado por quase 2 milhões de pessoas.

A pesquisa mostra que os sites de compras coletivas no Brasil atraíram 4,5

milhões de pessoas em setembro de 2010, um crescimento de 25% sobre o mês

anterior. Desses internautas, mais de 60% acessaram o Peixe Urbano.

O estudo da Nielsen-IBOPE também revela que mais pessoas acessaram o

Peixe Urbano no mês de setembro do que sites tradicionais de e-commerce como

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Casas Bahia, Ricardo Eletro e Zap. No segmento de compras coletivas, segundo o

Google Trends, a marca foi a mais buscada pelos internautas.

Em apenas um ano de atividade os números demonstravam o enorme

sucesso do site no Brasil: mais de quatro milhões de cupons comercializados, que

geraram descontos de R$ 200 milhões. Ao atingir essa marca, o site colocou no ar

mais de 100 ofertas por apenas um centavo.

Atualmente o site está presente nas principais capitais e cidades do país, e

mais: em março de 2011 lançou o seu serviço na Argentina, com a criação da marca

PEZ URBANO, oferecendo descontos diários de 50% a 90% nos melhores serviços

e atividades da cidade portenha, incluindo restaurantes, spas, teatros, hotéis,

cursos, entre outros.

Hoje a empresa está presente também no México e no Chile e conta com

mais de 16 milhões de usuários cadastrados e mais de R$100 milhões de

faturamento por ano.

Figura 42: Site Peixe Urbano (www.peixeurbano.com.br).

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4.1.4 Analisando o fenômeno compras coletivas

No paper “To Groupon or Not to Groupon: The Profitability of Deep

Discounts”, publicado no site da Harvard Business School em outubro de 2011 por

Benjamin Edelman, professor assistente da Harvard Business School, Sonia Jaffe,

candidata a doutorado em economia na Harvard Business School e Duke Kominers,

doutorando na Harvard Business School do programa conjunto de economia

empresarial, surgem alguns questionamentos sobre esse novo tipo de negócio. Será

que o negócio é realmente bom? Ou, perguntando de outra forma, é bom para

quem?

Edelman, Jaffe e Kominers questionam o resultado dessas ofertas avaliando

sua lucratividade segundo dois aspectos: discriminação de preços, ou seja,

oferecer preços diferentes a grupos distintos de clientes, como fazem as

companhias aéreas, e publicidade, com a divulgação em massa de um

estabelecimento por meio de ofertas.

Para os clientes, os vales de descontos oferecem economias de 50% ou

mais, enquanto para os fornecedores um vale de desconto pode trazer

discriminação de preços, ou seja, os novos clientes ganham grandes descontos

enquanto os clientes fiéis pagam 100% do valor; também é possível que esses

descontos exponham os novos clientes e acabem gerando um marketing on-line

negativo.

Outra questão abordada é: vales de descontos altos podem realmente ser

rentáveis? Atrair novos clientes por meio de descontos pode ser realmente rentável

quando o cliente retorna ao estabelecimento para pagar o preço cheio. Um ponto de

atenção é que os lucros são reduzidos quando os clientes já fidelizados começam a

utilizar os descontos.

Movidos pela febre dos sites de compras coletivas, poucos comerciantes

medem o efeito da utilização dos vales de descontos em seus negócios.

Edelman, Jaffe e Kominers trabalham na implementação de análises desse

tipo de negócio com alguns comércios, e apontam que se os comerciantes

pretendem utilizar os vales de descontos como estratégia para atrair novos clientes

para que estes voltem e paguem 100% do valor nas futuras visitas, é necessário

montar um plano para avaliar se o retorno está realmente acontecendo e se os vales

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de descontos estão servindo como plano de fidelização. Uma das estratégias é fazer

o cruzamento dos recibos de cartão de crédito com os vales de desconto.

A pesquisa “To Groupon or Not to Groupon: The Profitability of Deep

Discounts” revela que é mais provável que um serviço de vale-desconto seja

rentável para as empresas afiliadas ao Groupon se os clientes que utilizam os

serviços fizerem boas avaliações e recomendações no site; porém, à medida que os

clientes utilizam os serviços de vales de forma recorrente, estes vão assemelhando-

se aos consumidores médios e as avaliações do consumidor não transmitem mais

tanta informação quanto da primeira vez, ou até mesmo muitos deixam de postar

informações no site. Por esse motivo, o comércio não pode considerar o sucesso

dos primeiros meses de utilização dos vales de desconto como indicadores para o

futuro.

Em 2010, o líder de mercado Groupon cobrava taxa de 50% do valor da

oferta, motivo pelo qual muitas empresas não utilizavam o serviço.

Um dos fatores que faz com que os valores das taxas diminuam, é a alta

concorrência existente entre os sites de compras coletivas.

No Brasil, por exemplo, já são milhares de sites que oferecem esse tipo de

serviço; num estudo realizado pelo portal Bolsa de Ofertas, até junho de 2011 foi

computado quase 2 mil sites de compras coletivas no País.

Figura 43: Bolsa de Ofertas – Crescimento dos sites de Compras Coletivas no Brasil.

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Dos 1.890 sites registrados, foram encontrados 1.145 sites ativos (61%), 326

sites inativos (17%), 212 sites novos (11%), 121 sites danificados (6%) e 86 sites

desativados (5%).

Considerando os sites novos que não haviam apresentado ofertas até o

período, somados aos inativos, danificados e desativados, chegou-se à conclusão

de que 745 sites estavam paralisados, representando 39% dos domínios de

compras coletivas do Brasil.

Figura 44: Bolsa de Ofertas – Situação dos sites de Compras Coletivas no Brasil.

Em outubro de 2011, devido ao fator concorrência, o Groupon começou a

desmembrar alguns de seus serviços. Uma das novas modalidades desse

desmembramento foi a cobrança de 10% do valor da oferta às empresas que optam

apenas por exibir as suas ofertas nas pesquisas realizadas pelos usuários.

Para as empresas que optam pelo serviço de mail marketing diário aos

consumidores de uma determinada cidade, o valor das taxas foi conservado em 50%

do valor da oferta.

A pesquisa “To Groupon or Not to Groupon: The Profitability of Deep

Discounts” aponta que a opção de serviço que cobra taxa de 10% do valor da oferta

pode parecer bem mais rentável que o de 50%, porém, o serviço Groupon de menor

custo só possibilita o acesso aos consumidores que já conhecem tal empresa; esse

cenário caracteriza apenas a discriminação de preços, sem publicidade, sendo

potencialmente um falso investimento.

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Conforme já citado, atrair novos clientes com base em descontos, somente

torna-se um bom negócio quando o cliente retorna uma ou mais vezes e paga 100%

do valor; porém, segundo o estudo de Utpal M. Dholakia, professor associado de

marketing da escola de pós-graduação da Rice University’s Jones Graduate School

of Business, no artigo “Why Employees Can Wreck Promotional Offers” isso

raramente acontece.

Segundo pesquisa realizada por Dholakia com 150 estabelecimentos que

utilizaram os serviços do Groupon entre junho de 2009 e agosto de 2010, "a maioria

dos usuários está apenas atrás das ofertas, sentem-se no direito de ter um

tratamento especial, não gastam mais do que o preço da oferta e não deixam

gorjeta".

Dholakia aponta que esse comportamento tem impacto direto no elo mais

fraco da cadeia: os funcionários.

Um fluxo de clientes acima da média pode afetar os seus negócios caso este

não esteja preparado; muitos funcionários não ficam felizes quando o Groupon entra

em cena, ficam ressentidos com o trabalho extra e sem gorjeta, não veem sentido

em vender serviços e mercadorias por um preço tão baixo, sendo muito improvável

que ofereçam uma experiência positiva para o cliente.

Um restaurante acostumado com uma lotação de 60% atenderá bem a seus

clientes quando estiver com 100% de ocupação por semanas a fio, ainda mais com

perfis de clientes diferentes que não costumam frequentar o ambiente? Qual é a

impressão que ficará do restaurante? E a percepção dos clientes que já frequentam

a casa? Tem estoque suficiente? A cozinha dará conta da demanda com a mesma

qualidade?

Dholakia aponta que todas essas questões precisam ser analisadas para que

os vales de desconto sejam realmente um bom negócio.

Os estabelecimentos precisam buscar alternativas para compensar o trabalho

a mais e as gorjetas a menos dos funcionários, de maneira a se preparar para a alta

demanda e aumentar as chances de sucesso da promoção.

Outro cuidado é evitar que repetidos descontos deteriorem a imagem do

serviço, trocando um grande número de clientes no curto prazo pela desvalorização

de sua marca no longo prazo. Preços baixos, ainda que promocionais, tendem a

estabelecer novos patamares de preços dificultando a volta à tabela tradicional. Se

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isso ocorrer, sites de compras coletivas correm o risco de se tornar um serviço que

apenas desmascara estabelecimentos praticantes de margens de lucro exorbitantes.

Observa-se que, por se tratar de algo recente, a maioria das empresas está

utilizando os sites de compras coletivas devido à febre do momento e a grande

proposta ganha-ganha que esses serviços oferecem; muitas empresas que aderem

às compras coletivas, por enquanto, apenas observam a oportunidade de trazer

inúmeros novos clientes aos seus estabelecimentos ou então levá-los ao

conhecimento de seus produtos e serviços, esquecendo-se de analisar todo o

impacto que esse fenômeno pode causar no seu negócio.

Muitas empresas ainda não cruzaram tais informações para analisar se

realmente o efeito de compra coletiva é algo vantajoso e estratégico para o seu

negócio, se esse é realmente um diferencial competitivo, e muitas ainda estão

aprendendo quando utilizar o fenômeno compras coletivas em seu negócio de forma

assertiva.

Percebe-se também a falta de consultorias de empresas especializadas no

assunto capazes de orientar as empresas a utilizarem as compras coletivas de forma

mais estratégica, ajudando-as a coletarem e cruzarem as informações oriundas das

vendas, facilitando, assim, a tomada de decisão para efetuarem as ofertas nos sites.

O poder das compras coletivas está fortemente baseado nas campanhas de

mail marketing e seu casamento com as redes sociais; usando o poder das massas

e usufruindo de redes como Facebook e Twiter, os sites de compras coletivas

conseguem divulgar as suas promoções de forma viral.

Nesse ponto, observa-se que existem vantagens para os sites de compras

coletivas por conseguirem difundir o seu portal, para as empresas que conseguem

lançar as suas ofertas e divulgar a sua marca, produtos e serviços de forma macro e

para os clientes que ao compartilharem as ofertas nas redes sociais conseguem

atingir o número máximo de participantes para validar a promoção.

O Facebook, por exemplo, em sete anos de história, já atraiu mais de 800

milhões de usuários em todo o mundo, dos quais mais da metade acessa o site

todos os dias e 350 milhões o acessam por meio de dispositivos móveis.

É importante destacar o Facebook, porque essa rede social possui o segundo

maior tráfego na Internet em todo o mundo, perdendo apenas para o Google.

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O perfil médio de usuários do Facebook é de uma pessoa que se relaciona

aproximadamente com 130 amigos, interage com 80 páginas, cria 90 tipos de

conteúdos por mês e fica no site por aproximadamente 55 minutos.

Somente por meio dessa rede social, observa-se inúmeras oportunidades de

divulgar as empresas e suas ofertas; um único usuário do Facebook consegue

divulgar uma oferta do site de compras coletivas para aproximadamente 130 amigos.

Para se ter uma ideia, surgem 1.972.000 pedidos de amizades aceitos a cada

20 minutos no Facebook, o que representa mais chances de propagar as ofertas.

Para o Brasil, o cenário é bastante favorável, pois ele é o quarto país do

mundo em número de usuários no Facebook – 35.158.740 –, ficando atrás apenas

dos Estados Unidos (157.401.460), Indonésia (41.772.040) e Índia (41.402.420). O

Estado de São Paulo, por exemplo, é o 15º do ranking, com um total de 4.068.940

usuários, e o Rio de Janeiro o 43º do ranking, com 1.402.160 usuários.

Quando se olham as estatísticas dos sites de compras coletivas no Facebook,

percebe-se o quanto esses sites usufruem das redes sociais.

O Groupon por exemplo, já conta com mais de 4,5 milhões de usuários com a

sua aplicação do Facebook instalada.

Figura 45: Aplicação do site Groupon no Facebook.

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No espaço do Groupon Brasil no Facebook, é possível acompanhar as suas

estatísticas. O grupo de idade mais popular está entre 24 e 34 anos, a cidade mais

popular é São Paulo, 688.166 pessoas curtiram a página e 8.856 pessoas já falaram

sobre o Groupon Brasil.

Figura 46: Estatísticas do Groupon Brasil no Facebook.

No espaço do Peixe Urbano no Facebook, o grupo de idade mais popular está

entre 24 e 34 anos, a cidade mais popular também é São Paulo, 1.441.726 pessoas

curtiram a página e 38.784 pessoas já falaram sobre o Peixe Urbano.

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Figura 47: Estatísticas do Peixe Urbano no Facebook.

No site de compras coletivas Hotel Urbano, que atua num nicho mais

específico, percebe-se uma popularidade maior ainda no Facebook.

A faixa de idade mais popular está entre 18 e 24 anos, a cidade mais popular

é São Paulo, 3.816.322 pessoas “curtiram” a página e 212.513 pessoas já falaram

sobre o Hotel Urbano no Facebook.

Figura 48: Estatística do Hotel Urbano no Facebook.

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Fica clara, então, a mobilização das pessoas buscando divulgar e propagar o

fenômeno de compras coletivas a fim de obter e manter as vantajosas ofertas que

os sites oferecem.

Entende-se que toda essa mobilização da massa na Internet, caracteriza uma

manifestação da então Inteligência Coletiva abordada por Pierre Lévy.

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4.2 A Internet a serviço do consumidor

Instituído pela Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, o Código Brasileiro

de Defesa do Consumidor (CDC) é, no ordenamento jurídico brasileiro, um conjunto

de normas que visam a proteção aos direitos do consumidor, bem como disciplinar

as relações e as responsabilidades entre o fornecedor (fabricante de produtos ou o

prestador de serviços) com o consumidor final, estabelecendo padrões de conduta,

prazos e penalidades.

Uma das premissas essenciais para se estabelecer a chamada relação de consumo, são os conceitos legais para palavras como consumidor, serviço ou

produto. Elas estão estabelecidas nos artigos iniciais do CDC:

· Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza

produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a

coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo

nas relações de consumo. (art. 2º)

· Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional

ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem

atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação,

importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou

prestação de serviços. (art. 3º)

· Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. (art. 3º,

§ 1º)

· Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo

mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de

crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter

trabalhista. (art. 3º, § 2º)

O Procon, Órgão de Defesa do Consumidor, atua em todo o Brasil, orientando

os consumidores em suas reclamações, informando sobre os seus direitos e

fiscalizando as relações de consumo. Esse órgão auxiliar do Poder Judiciário tenta

solucionar previamente os conflitos entre o consumidor e a empresa que vende um

produto ou presta um serviço, e quando não há acordo, encaminha o caso para o

Juizado Especial Cível com jurisdição sobre o local.

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O Procon pode ser estadual ou municipal, e segundo o artigo 105 da Lei

8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), é parte integrante do Sistema Nacional

de Defesa do Consumidor.

Em 2012 os dados são de 346 unidades do Procon espalhadas por 212

cidades brasileiras.

Devido à estabilidade econômica, 31 milhões de pessoas ingressaram na

classe C na última década, segundo a Pesquisa de Amostra Domiciliar (Pnad),

realizada antes do Censo 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE). Esse cenário positivo aumentou o mercado de consumo e a demanda por

produtos e serviços (e, consequentemente, os problemas) também aumentaram.

O cenário encarado atualmente pelas empresas difere, em muitos pontos, do

mercado em 1990, quando o Código de Defesa do Consumidor (CDC) foi criado.

Os consumidores passaram a ter mais consciência sobre seus direitos,

aprenderam como cobrá-los e evoluíram para a exigência não só da reparação dos

danos, mas para o desejo de não serem mais lesados. Uma amostra disso é que os

Procons brasileiros receberam mais de 1,6 milhão de demandas de consumidores,

dentre reclamações, pedidos de informação e outros tipos de atendimento em 2011.

O que está preocupando as empresas é que o consumidor moderno ganhou

uma grande arma a seu favor; uma arma capaz de abalar a estrutura econômica das

empresas. Essa arma é a Internet, responsável por revolucionar e mudar as

relações de consumo em todo o mundo; o consumidor ganhou um espaço no qual

realmente a sua voz é ouvida e temida.

Antigamente, o Procon e as reclamações boca a boca eram os principais

meios de defesa do consumidor, e a sua voz não tinha força para ecoar a ponto de

incomodar as grandes empresas; as reclamações chegavam até as empresas

reclamadas, porém, a informação não alcançava os ouvidos dos demais clientes.

O próprio Procon está utilizando a Internet como ferramenta com o intuito de

melhorar os seus serviços e fazer com que os problemas sejam solucionados de

forma mais rápida e assertiva.

O Procon do Estado de São Paulo, por exemplo, já oferece desde outubro de

2010, atendimento e registro de reclamações on-line; também é possível visualizar o

ranking de reclamações em seu portal.

Segundo dados fornecidos pelo Procon de São Paulo, o registro de

atendimentos eletrônicos está aumentando a cada ano; em 2010, foram 101.145

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atendimentos eletrônicos contra 257.196 no ano de 2011, o que representa um

enorme crescimento de 254%.

Tabela 6: Registros dos atendimentos eletrônicos no Procon de São Paulo (2010 e 2011).

Em 2011, os setores mais reclamados foram bancos e telecomunicações,

devido a problemas relacionados com cartão de crédito (9,21%), telefonia móvel

(7,99%), serviços bancários (7,26%) e aparelhos celulares (5,44%). As empresas

campeãs do ranking foram: Itaú Unibanco (81.946 demandas), Oi (80.894) e Claro-

Embratel (70.150).

As queixas mais comuns apresentadas pelos consumidores foram referentes

a divergências na cobrança (35,46%), problemas com ofertas (19,99%) e problemas

contratuais (11,62%). Má qualidade do produto e problemas com garantia ainda

trouxeram dor de cabeça para 11,19% e 9,48% dos reclamantes, respectivamente.

O setor de bancos e telecomunicações foram os que mais cresceram na

última década e, consequentemente, o número de reclamações também aumentou

consideravelmente. No setor de telefonia, em uma década, o número de celulares

ultrapassou o tamanho da população brasileira, de 25,4 milhões de linhas, em 2001,

para 242,2 milhões, em 2011, segundo dados da Agência Nacional de

Telecomunicações (Anatel).

Outros setores que entraram na lista negra de reclamações foram os sites de

comércio eletrônico e os sites de compras coletivas.

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Devido ao grande aumento de reclamações nesse setor, o Procon de São

Paulo, em 2011, iniciou um serviço que divulga uma lista na Internet de sites de

comércios eletrônicos que enganam os consumidores.

Em 2010, o site de compra coletiva Groupon recebeu pouco mais de mil

denúncias nos sites de reclamação, contra 14 mil em 2011. No segmento, aparecem

logo na sequência, Peixe Urbano e Click On.

No ranking dos mais reclamados nos últimos 12 meses do site Reclame Aqui,

retirado em julho de 2012, pode-se observar que os sites de compras coletivas

continuam entre os mais reclamados. O site Groupon está na 2ª posição, o Peixe

Urbano na 12ª posição e o site Clickon na 17ª posição do ranking.

Tabela 7: Mais reclamados nos últimos 12 meses.

Fonte: Site Reclame Aqui (WWW.reclameaqui.com.lbr)

Em 2012, entrou em vigor no Rio de Janeiro a lei estadual 6.161/2012

exigindo que os sites de compras coletivas sigam as normas da lei do SAC e

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forneçam um serviço telefônico gratuito de atendimento ao consumidor, com o

número disponível publicado na página principal do site.

Também deve constar na página inicial do site o endereço físico da empresa,

que fica limitada a praticar o e-mail marketing somente com clientes cadastrados no

site e desde que expressamente autorizado pelos mesmos.

As ofertas veiculadas no site devem informar a quantidade mínima de

usuários para sua liberação, o endereço e telefone da empresa responsável pela

oferta e o prazo mínimo para sua utilização pelo comprador, que é de três meses.

Em todas as promoções, é necessário comunicar o número de clientes que

serão atendidos a cada dia, a quantidade máxima de cupons que pode ser adquirida

por usuário, a forma pela qual se dará o agendamento, o período do ano, assim

como os dias de semana e os horários em que o cupom da oferta poderá ser

utilizado.

Apesar de prestar um serviço de intermediação entre o consumidor e o

prestador do serviço, o site de compra coletiva integra a relação de consumo e

responde solidariamente pela correta prestação do serviço e pela reparação de

danos ao consumidor.

A lei carioca delimitou a responsabilidade em caso de descumprimento de

contrato, prevendo que poderá gerar obrigações para a empresa de compras

coletivas ou para a empresa responsável pela oferta do produto ou do serviço.

O Estado do Paraná também sancionou uma lei que visa proteger os

consumidores de sites de compras coletivas. A lei estadual nº 17.106/12, publicada

no Diário Oficial Paranaense no dia 19 de abril, determina que os sites de compra

coletiva forneçam com maior clareza informações sobre as promoções que por eles

são exibidas.

Ficou determinado também que o prazo para utilização da oferta não pode ser

inferior a dois meses, deve-se informar a quantidade máxima de clientes atendida

diariamente pelos estabelecimentos, é obrigatório constar o endereço, telefone e site

da empresa responsável pela oferta e existir um serviço telefônico gratuito de

atendimento ao consumidor, que precisa ser informado na primeira página da

empresa responsável pela hospedagem do site.

O setor de compras coletivas já está se mobilizando para tentar evitar a

proliferação de leis estaduais. As empresas Clickon, Groupon, Peixe Urbano e Viajar

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Barato conseguiram antecipação de tutela (espécie de liminar) – já mantida em

segunda instância – contra a norma do Estado do Rio de Janeiro.

As empresas alegam que os Estados não têm competência para legislar

sobre matérias de direito civil e comercial e que o Código de Defesa do Consumidor

(CDC) já abrange todas as relações de consumo. Além disso, argumentam que as

leis em vigor prejudicam seus negócios.

A principal crítica recai sobre o prazo estabelecido para a utilização dos

cupons, que varia entre três e seis meses, dependendo do Estado. Ofertas voltadas

à cultura, entretenimento e turismo estariam entre as mais prejudicadas pelas novas

normas.

Com a prática de reclamações sobre empresas, produtos e serviços tornando-

se cada vez mais frequentes, alguns sites foram criados com o objetivo de reunir as

reclamações realizadas pelos usuários. Atualmente, além do tradicional PROCON,

os consumidores têm acesso a sites como Reclame Aqui, Reclamão,

NuncaMais.Net, Denuncio, Anatel, Você Reclama, Resolva na Web e outros

espaços que visam a interação dos usuários e facilitam a solução dos problemas

com as empresas.

As redes sociais, como o Facebook e o Twitter, também se tornaram canais

muito utilizados pelos consumidores para compartilhamento de opiniões sobre

produtos, serviços e marcas, e nesse caso sabe-se que o resultado pode se tornar

ainda pior para as empresas, pois existe grande chance de uma reclamação

impactar na outra, gerando inúmeras opiniões de pessoas do círculo de confiança

dos consumidores.

Buscar opiniões na Internet sobre algo que se deseja comprar já se tornou

parte do comportamento dos usuários e, dependendo do que encontrar na web, a

decisão será tomada.

Quando a criatividade dos consumidores para realizar uma reclamação é

praticada na rede, o efeito é ainda mais avassalador; como exemplo, pode ser citado

o caso do guitarrista Dave Carroll, que após ter a sua guitarra quebrada num voo

pela United Airlines, em 2008, a qual não quis se responsabilizar pelo dano, compôs

a canção “United Breaks Guitars” e publicou no YouTube. O vídeo de 4,37 minutos

teve milhões de acessos e comentários no mundo todo, gerando uma repercussão

negativa de proporção mundial para a empresa.

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No Brasil, o consumidor Oswaldo Borelli, após enfrentar problemas técnicos

com a sua geladeira, conseguiu levar o nome da Brastemp entre os quatro trending

topics mais discutidos do mundo no Twitter em outubro de 2010; ele também

publicou um vídeo no YouTube no qual dizia que a sua família estava há 90 dias

sem geladeira e que por esse motivo precisava se alimentar em restaurantes. As

publicações ganharam o apoio das massas na Internet e foram acrescidas de

milhares de comentários de outros clientes revoltados. O consumidor teve o seu

problema resolvido em apenas cinco dias após a grande repercussão, e a empresa

teve um marketing negativo que impactou nas suas vendas.

Segundo uma pesquisa realizada pela Folha.com em outubro de 2011,

reclamar sobre problemas com empresas no Twitter ou no Facebook é mais eficiente

do que apelar para serviços de atendimento ao cliente (SACs) ou o PROCON.

Uma reclamação pelo Twitter costuma ser respondida em até 8,4 mil vezes

mais rápido do que por meio dos órgãos de defesa do consumidor. O principal

motivo é que nas redes sociais as empresas ficam expostas, e qualquer um pode

ver e opinar sobre o problema divulgado.

Antigamente, o relacionamento cliente-empresa era unidirecional; com as

redes sociais, a reclamação se tornou pública.

Santaella e Lemos (2010) apontam que as redes sociais, como por exemplo,

o Twitter, possibilitou aos usuários criarem uma análise de “estratégia pessoal de

mídia”; no livro citam o escritor americano Robin Sloan, que possui mais de 150.000

seguidores no Twitter e que em um de seus tweets postou a seguinte frase: “Agora,

todos nos tornamos estrategistas da mídia”.

A frase de Robin Sloan realmente nos faz refletir e nos perguntar: será que as

empresas estão tendo de lidar com consumidores estrategistas de mídia espalhados

pela imensidão da rede?

Os membros das redes sociais tornaram-se portadores e divulgadores de

boas e más notícias por meio das redes sociais, meros jornalistas com o poder de

levar a informação aos espectadores.

Lemos e Santaella (2010) alertam que:

Se cada usuário do Twitter pode ser entendido como um microcanal

emissor de comunicação, é preciso pensar e refletir sobre qual será a

parcela da população do Twitter para quem estamos veiculando nossas

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informações, sobre o estilo de nossa comunicação, sua frequência e

escopo.

Pode-se estender essa afirmação para demais redes sociais que também

funcionam como um microcanal emissor de comunicação.Mostra também que as

pessoas e, em específico, as empresas, ainda estão aprendendo a lidar com as

redes sociais; suas experiências na rede estão fazendo com que muitas repensem

seus estilos de comunicação, público, frequência e escopo.

A preocupação das empresas com sua imagem nas redes sociais tornou-se

tão grande que muitas montaram um núcleo específico para monitorá-las, como por

exemplo o Santander, o Magazine Luiza, a Whirlpool, das marcas Brastemp e

Consul.

Por esse motivo, os núcleos de monitoramento são responsáveis por

classificar os clientes e tendem a priorizar os mais influentes nas redes sociais. Um

dos critérios de priorização é o número de seguidores no Twitter e quantas vezes o

cliente é “retuitado” e mencionado, o número de pessoas que “curtem” e

compartilham o que o cliente publica no Facebook e o número de visualizações dos

vídeos do cliente, quantos assinam seu canal ou tornam o vídeo favorito.

Alguns núcleos chegam a criar níveis de alerta e medidores de influência do

cliente nas redes, como mostrado a seguir:

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Figura 49: Medidores de Influência.

Fonte: Pesquisa Folha.com

A pesquisa também apresentou os canais que possuem maiores

atendimentos preferenciais e qual é o tempo médio para atender e encaminhar a

reclamação do cliente em cada um deles, como mostrado a seguir:

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Figura 50: Atendimento Preferencial.

Fonte: Pesquisa Folha.com

Para os órgãos de defesa do consumidor, essa atitude é considerada uma

discriminação, pois o tempo de atendimento deveria ser um só para qualquer meio

de comunicação envolvido; outra alegação é que esse fator está ligado à estratégia

de marketing e não a uma real preocupação com o consumidor.

Os consumidores descobriram esses canais de comunicação com as

empresas e os demais clientes, bem como os resultados que eles podem trazer a

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seu favor; uma prova disso é que o número de reclamações nesses portais cresce a

cada ano.

Os softwares sociais facilitam o estabelecimento da comunicação e ampliam

as atividades de cooperação e reconhecimento do outro. Esse processo impacta

numa mobilização coletiva, conforme mostrado por Lévy (1998, p. 30):

[...] Na era do conhecimento, deixar de reconhecer o outro em sua

inteligência é recusar-lhe sua verdadeira identidade social, é alimentar seu

ressentimento e sua hostilidade, sua humilhação, a frustração de onde

surge a violência. Em contrapartida, quando valorizamos o outro de acordo

com o leque variado de seus saberes, permitimos que se identifique de um

modo novo e positivo, contribuímos para mobilizá-lo, para desenvolver nele

sentimento de reconhecimento que facilitarão, consequentemente, a

implicação subjetiva de outras pessoas em projetos coletivos [...].

4.2.1 Reclame Aqui

O Reclame Aqui foi fundado em 2001 e atualmente é o maior site de

reclamações do Brasil e principal endereço de referência na web para as empresas

buscarem as reivindicações dos usuários sobre algum produto, marca ou serviço.

Atualmente, o site conta com cinco milhões de consumidores, 300 mil

reclamações por dia e mais de 35 mil empresas cadastradas. Das 35 mil empresas,

19 mil utilizam o serviço de e-mail do site que possui um link para responder às

reclamações dos clientes, enquanto seis mil empresas utilizam uma ferramenta

gratuita do Reclame Aqui chamada Premium.

Em 2012, a empresa lançou a ferramenta chamada RA Responde, que possui

funções iguais à da Premium, como a exibição das reclamações não atendidas, as

atendidas, as réplicas e as avaliadas e novas funcionalidades, como solicitou

avaliação, solicitou mediação, reclamações congeladas, reclamações em

duplicidade e as desativadas pelo consumidor. A ferramenta também apresenta

estatísticas, relatórios, workflow, sistema de mensagens e grupos de categorias.

No site as pessoas podem se cadastrar e expressar suas reclamações quanto

a atendimentos, compras, vendas, produtos e serviços. A reclamação é publicada e

um aviso é enviado à parte reclamada, se esta tiver o seu Serviço de Atendimento

ao Cliente cadastrado no site. Todos os serviços citados são gratuitos.

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Todas as reclamações cadastradas irão gerar um ranking automático, sempre

atualizado, das empresas conforme critério de número de reclamações, tempo de

resposta, ausência de resposta, índice de solução, número de avaliações, nota do

reclamante e índice de voltar a fazer negócio com a empresa, considerados a partir

do momento da publicação e das respostas das mesmas.

O site realiza a seu critério a divulgação na mídia e encaminhamento das

reclamações aos órgãos e autoridades que possam colaborar na defesa dos

interesses coletivos.

Não é permitida participação anônima ou com apelido, sendo todas as

reclamações e informações constantes no site de responsabilidade da pessoa que a

postou.

Toda vez que é postada uma reclamação, primeiramente a mesma tem o

status de "Não Respondida"; quando uma empresa responde, o sistema

automaticamente posiciona o caso como "Atendido".

O reclamante recebe o aviso de publicação da resposta e pode realizar uma

resposta/avaliação sobre a mesma, definindo o status de sua reclamação da

seguinte maneira:

· assunto resolvido;

· aceitei a resposta! Quero finalizar e avaliar;

· assunto não resolvido, irá manter a reclamação como pendente;

· mantém a reclamação como pendente, e envia uma réplica para a empresa;

· assunto não resolvido, quero finalizar e avaliar;

· não aceitei a resposta! Quero finalizar e avaliar.

4.2.1.1 Critérios para avaliação das empresas

O Reclame Aqui analisa quatro critérios para determinar uma nota de 0 a 10

para cada empresa:

· Índice de Resposta (IR);

· Média das Avaliações (MA);

· Índice de Solução (IS);

· Índice de Novos Negócios (Voltaria a fazer negócios?) (IN).

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Para cálculo da Avaliação do RA (AR) é feita uma média ponderada baseada

nos critérios acima.

Todos os critérios possuem valores que variam de 0 a 100, com exceção da

Média (varia de 0 a 10), assim o valor da média das avaliações é multiplicado por

10, para estar na mesma escala das demais.

Os critérios possuem pesos distintos, conforme segue abaixo:

· Índice de Resposta (IR) - Peso 2

· Média das Avaliações (MA) - Peso 3

· Índice de Solução (IS) - Peso 3

· Índice de Novos Negócios (Voltaria a fazer negócios?) (IN) - Peso 2

Assim, a fórmula para obtenção da Avaliação do AR é a seguinte:

Fórmula: AR = ((IR * 2) + (MA * 10 * 3) + (IS * 3) + (IN * 2)) / 100

ÓTIMO Para 8 =< AR <= 10

BOM Para 7 =< AR <= 7.9

RAZOÁVEL Para 6 =< AR <= 6.9

RUIM Para 5 =< AR <= 5.9

NÃO RECOMENDADA Para AR < 5

Tabela 8: Critério de avaliação das empresas.

Fonte: Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br) A fórmula só é aplicada se a empresa passar por três avaliações prévias:

Possuir mais de 10 reclamações

Se possuir um índice de resposta inferior a 50%, ela automaticamente é

categorizada como NÃO RECOMENDADA.

Esse procedimento é realizado para garantir que empresas que não

respondem a seus consumidores não sejam beneficiadas, pois todos os parâmetros

analisados são obtidos a partir do atendimento realizado pelas empresas.

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Possuir um número de avaliações igual ou superior a 10

Se possuir menos, a ela será atribuído o conceito SEM ÍNDICE.

Possuir tempo de cadastro junto ao site superior a 6 meses

Se possuir menos, a ela será atribuído o conceito SEM ÍNDICE.

4.2.1.2 Selo RA 1000

Esse selo tem o objetivo de premiar empresas que possuem excelentes

índices de atendimento no site. As empresas buscam o selo com o objetivo de

demonstrar a seus consumidores o compromisso que possuem com seu pós-venda,

elevando o grau de confiança em sua marca, serviços e produtos.

Para que uma empresa seja qualificada com o selo RA 1000, é necessário

atender a quatro critérios:

· possuir Índice de Resposta igual ou superior a 90%;

· possuir Índice de Solução igual ou superior a 90%;

· possuir Média das Avaliações (dadas pelo consumidor) igual ou

superior a 7 (número mínimo de 10 avaliações);

· possuir Índice de Novos Negócios (Voltaria a fazer negócios?) igual ou

superior a 70%.

4.2.1.3 Ranking do Reclame Aqui

O ranking do site adota a seguinte regra desde 18/03/2011:

A empresa deve estar cadastrada no site há mais de um ano e nos últimos 12

meses ter sofrido um mínimo de 100 reclamações, tendo pelo menos 50% das

reclamações avaliadas.

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Os rankings publicados são os seguintes:

· melhores Índices de Solução;

· melhores Índices de Novos Negócios;

· melhores nas Notas Médias;

· mais reclamadas nos últimos 12 meses;

· mais reclamadas nos últimos 30 dias;

· empresas recém-cadastradas com mais reclamações.

Quadro 3: Ranking das mais reclamadas 2010 e 2011.

Fonte: Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br)

Em 2011, as novidades do ranking foram o site de compras coletivas Groupon

e a SKY.

No início do ano de 2012, o site Reclame Aqui realizou um estudo referente

ao aumento de reclamações voltadas aos sites de compras coletivas. Em 2010,

foram 7.123 reclamações contra 45.989 em 2011, representando um aumento de

aproximadamente 646%. A maior parte das reclamações veio dos Estados de São

Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

No ano de 2011, os motivos mais citados pelos reclamantes foram de

desrespeito com 10.626 reclamações, de prejuízo com 8.228, e atraso na entrega

com 6.570. Todos esses problemas foram encaminhados para as empresas

responsáveis pela venda, sendo assim o ranking dos sites de Compras Coletivas

mais reclamadas foram: Groupon (14.596 reclamações), Peixe Urbano, Click On,

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Clube do Desconto, Groupalia, Pank, Oferta X, Imperdível, Cidade Urbano e Clube

Importado.

A pesquisa realizada pelo site Reclame Aqui compara as três mais

reclamadas: Groupon, Peixe Urbano e Click On. Na comparação é possível observar

que entre as reclamações avaliadas, o site Peixe Urbano conseguiu manter estável

a sua avaliação, enquanto os sites Groupon e Click On apresentaram quedas na

avaliação.

Um fator importante a se observar é que enquanto o Peixe Urbano

permanecia em promoções voltadas para a venda de serviços, as outras duas

empresas partiram para a venda de produtos de lojas de pequeno e médio porte. Foi

com esse tipo de venda que o Groupon e o Click On comprometeram os seus

índices de solução e de consumidores que voltariam a fazer negócio.

Fonte: Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br)

Figura 51: Reclamações dos sites de Compras Coletivas em 2011.

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A TIM foi a primeira colocada do ranking em 2010 e 2011, apresentando um

grande volume de reclamações envolvendo problemas de cobrança indevida, falta

de sinal em diversas regiões, dificuldades para cancelamento de planos e

desrespeito ao consumidor.

Em 2011, foram 28.247 reivindicações, das quais 606 não foram atendidas,

enquanto que 27.641 obtiveram posicionamento da empresa e 46,5% dos usuários

voltariam a realizar negócios com a TIM.

O tempo médio de resposta em 2010 foi de 8 dias e 7 horas, contra 12 dias e

5 horas em 2011.

Devido ao reflexo das mudanças comportamentais dos consumidores que

buscam cada vez mais esses canais para reivindicar seus direitos (em 2010 foram

registradas 13.840), a empresa não somente obteve aumento nas reclamações

como também diminuiu o número de respostas e a porcentagem de usuários que

voltariam a fazer negócios.

Abaixo, pode-se observar o formato de como o site Reclame Aqui apresenta

as informações de reclamação de uma empresa.

Figura 52: Índices de reclamações nos últimos 12 meses da empresa TIM Celular.

Fonte: Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br)

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Figura 53: Índices de reclamações no ano de 2011 da empresa TIM Celular.

Fonte: Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br)

Figura 54: Índices de reclamações no ano de 2010 da empresa TIM Celular.

Fonte: Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br)

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Figura 55: Índice Geral de reclamações da empresa TIM Celular.

Fonte: Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br)

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O ranking do Reclame Aqui em julho de 2012 continuou com a TIM Celular

em primeiro lugar no quesito “Mais Reclamadas nos Últimos 12 meses” e a Net TV e

Banda Larga está no topo das “Mais Reclamadas nos Últimos 30 dias”. As empresas

de telefonia, comércio eletrônico e empresas do ramo financeiro estão entre as mais

reclamadas.

Tabela 9: Mais reclamadas nos últimos 12 meses e últimos 30 dias.

Fonte: Ranking Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br)

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No quesito “Melhores Índices de Solução”, no ranking publicado em julho de

2012 a E-lens – Lentes de Contato – figura na primeira posição, com 98,5%, tendo o

Grupo Scalina na segunda posição, com 98,2%, e a LBV (Legião da Boa Vontade)

em terceiro lugar, com 97,5%.

Para os “Melhores Índices de Voltar a Fazer Negócios”, no ranking publicado

em julho de 2012, a empresa Estrela Brinquedos está na primeira posição, com

95,3%, tendo o Grupo Scalina na segunda posição, com 94,6%, e a Brf Brasil Foods

S/A em terceiro lugar, com 94,3%.

Na média geral “Melhores Notas Média”, o ranking publicado em julho de

2012 aponta a Latina Eletrodomésticos S/A na primeira posição, com 9,07, a Estrela

Brinquedos na segunda posição, com 9,02, e o Grupo Scalina em terceiro lugar, com

8,98.

Tabela 10: Melhores Índices de Solução / Fazer Negócios / Melhores Notas Médias.

Fonte: Ranking Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br)

O site também possui o seu espaço e aplicativo no Facebook e conta com a

ajuda das redes sociais para divulgar as reclamações.

No aplicativo do Reclame Aqui, no Facebook, o qual já foi “curtido” por mais

de 4,3 mil pessoas, é possível executar ações como procurar uma empresa, fazer

uma reclamação e espalhar para os amigos.

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Figura 56: Aplicativo do Reclame Aqui no Facebook.

No espaço do Reclame Aqui, no Facebook, o grupo de idade mais popular

está entre 24 e 34 anos, a cidade mais popular é São Paulo, 117.297 pessoas

“curtiram” a página e 20.887 pessoas já falaram sobre o Reclame Aqui no Facebook.

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Figura 57: Estatísticas do Reclame Aqui no Facebook.

Percebe-se as pessoas utilizando as redes sociais e se mobilizando para

atingir os seus objetivos.

A popularidade e sucesso do site Reclame Aqui estão totalmente embasados

nas ações das massas no próprio site e nas redes sociais. Por esse motivo,

entende-se que as pessoas estão se mobilizando em grupo nos mais variados nós

da rede a fim de atingir os seus objetivos, caracterizando assim, uma manifestação

de inteligência coletiva.

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5 Considerações Finais

Nesta dissertação teve-se a oportunidade de acompanhar o crescimento da

rede mundial de computadores no Brasil e no mundo. A pesquisa TIC Domicílios

2011 mostrou o alto crescimento do número de aquisições de computadores e

acesso à Internet nas residências brasileiras, totalizando 45% das casas com

computadores e 38% com acesso à Internet no ano de 2011 contra 35% e 27%,

respectivamente, no ano de 2010.

Viu-se que o mundo alcançou dois bilhões de usuários da Internet em 2011

segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT).

As pesquisas também mostraram a forte tendência e crescimento da

utilização da rede por meio das tecnologias móveis. No Brasil, o número de pessoas

que acessam a Internet pelo celular passou de 5% em 2010 para 17% no ano de

2011 e a UIT informou que o número de assinaturas de telefones celulares alcançou

o marco de cinco bilhões de assinantes, sendo que 85% dos celulares vendidos

possuíam navegador web.

Por meio das pesquisas observou-se que a sociedade está cada vez mais

conectada, e a sua interatividade e tempo de permanência na rede aumenta a cada

ano. Percebeu-se mais claramente esse fenômeno observando-se o gráfico da Intel,

divulgado em março de 2012, indicando o que acontecia na rede mundial de

computadores em apenas um minuto. No Google, por exemplo, acontecem mais de

dois milhões de buscas em apenas um minuto e, para ratificar a questão da

mobilidade, em apenas um minuto, 1.300 pessoas se tornam novos usuários de

aparelhos mobile.

As reflexões de Lévy permitiram enxergar o Homem conquistando os espaços

Terra, Território e Mercadorias até chegar ao então denominado Espaço do Saber,

um espaço que a sociedade ainda está conhecendo e conquistando; esse espaço

permite a mobilização por meio de redes sociais e potencializa as manifestações de

inteligência coletiva.

Deleuze e Guattari (1995) apresentaram o rizoma, um modelo no qual a

organização dos elementos não segue linhas de subordinação hierárquica, mas pelo

contrário, qualquer elemento pode afetar e incidir em qualquer outro. Kastrup (1997)

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afirmou que a rede é uma versão empírica e atualizada do rizoma e assim ajudou

um pouco mais na compreensão da complexidade das redes devido aos seus

inúmeros nós e interligações. Esses estudos deixaram claro que os cases

abordados nessa dissertação representam nós na rede capazes de se interligarem e

que realmente qualquer elemento, mesmo sem ter relação alguma, pode afetar e

incidir em qualquer outro.

Alguns cenários foram explorados, nos quais o Espaço do Saber redefiniu as

regras do jogo, bem como a identidade dos jogadores no mercado e na sociedade

como um todo.

A dissertação focou a cadeia de valor do comércio eletrônico e as redes

sociais e abordou temas como compras coletivas, atendimento ao consumidor e o

poder das indicações dos clientes; descobriu-se que, para que toda essa cadeia de

valor e integração do comércio eletrônico funcione, as pessoas precisam estar

conectadas à Internet por meio daquilo que, segundo Armstrong e Hagel III, é o

coração da Internet: as comunidades virtuais.

Santaella e Lemos (2010) mostraram que o elemento fundamental das redes

sociais são os laços sociais, e ficou claro que é exatamente esse elemento que está

transformando as bases do comércio eletrônico.

Uma prova sobre o poder dos laços sociais no comércio eletrônico são os

novos modelos de e-commerce que estão aparecendo na rede, como o Social

Commerce, o Facebook Commerce, o Mobile Commerce e Compras Coletivas.

Os estudos de caso abordados nessa dissertação permitiram que se

compreendesse um pouco melhor a dinâmica da formação dos laços sociais que,

consequentemente, possibilitam as manifestações de inteligência coletiva.

Percebeu-se que tais manifestações são capazes de causar grandes impactos –

positivos e negativos – para as empresas.

Foram citados como exemplo, a forma como o consumidor se relaciona com

as empresas e vice-versa. Devido às redes, a manifestação dos consumidores

ganhou mais força e permitiu que estes realmente oferecessem um impacto efetivo

na cadeia. As redes sociais, como Facebook e Twitter, os sites do Procon e os sites

que oferecem espaço ao consumidor como o Reclame Aqui, fizeram com que as

empresas repensassem os seus modelos de atendimento ao cliente, e esse

fenômeno realmente mudou a regra do jogo: agora as reclamações dos

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consumidores, devido ao poder das massas, são capazes de afetar efetivamente as

empresas.

Se por um lado as reclamações dos clientes ganharam força na rede, por

outro lado, o poder da indicação dos clientes ganhou força maior ainda.

Foi mostrado que, por meio das redes sociais, a indicação de um cliente

chega mais rápido aos seus amigos e até mesmo aos desconhecidos. Esse

fenômeno foi explorado para se entender que, segundo as pesquisas, a indicação

das pessoas nas redes tem mais efeito para o mercado do que a TV, o rádio e as

revistas.

Observando esses fenômenos percebeu-se que realmente a tecnologia não

determina a sociedade, mas sim transforma e potencializa suas ações cotidianas; as

reclamações e reivindicações dos clientes, bem como as indicações e a propaganda

boca a boca, já existiam antes das redes sociais e do avanço da Internet.

Pode-se dizer o mesmo do outro tema explorado neste trabalho: as compras

coletivas. O consórcio, por exemplo, que existe no Brasil em seu formato atual

desde 1962, pode ser considerado uma espécie de compra coletiva. Ele é um

sistema de compra parcelada e programada de um bem, no qual um grupo de

participantes organizados por uma empresa administradora rateia o valor do bem

desejado pelo número de meses de parcelamento desse bem.

Também pode-se ver a sociedade se mobilizando de forma coletiva nas

aquisições dos planos de saúde, odontológico e de vida por meio de suas empresas,

ou dos condomínios que rateiam os valores da TV e Internet a cabo, conseguindo,

assim, preços mais baratos e tornando viável a aquisição desses serviços.

Estudando o comportamento das redes, teve-se a oportunidade de observar

os seus nós interagindo, e compreendeu-se melhor como essas interligações

potencializam ações comuns como, por exemplo, indicações de ofertas ou

reclamações de clientes.

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Figura 58: Publicação do Ranking do Reclame Aqui no Facebook.

Bauman (2003) afirmou que a palavra “comunidade” sugere uma coisa boa, e

que é bom ter uma comunidade ou estar numa comunidade.

Neste estudo, pôde-se observar a segurança que muitas pessoas sentem em

manifestar os seus desejos e sentimentos por meio das comunidades virtuais e

redes sociais. Foram contemplados alguns casos de pessoas que se mobilizaram e

se expuseram na rede, buscando o que necessitavam, obtendo resultados positivos,

como por exemplo, o reparo de um produto com defeito, um atendimento mais

rápido ou um vantajoso desconto no produto que ansiava.

Após o estudo, pôde se constatar que a mobilização das pessoas em massa

nos sites de compras coletivas e sites de apoio ao cliente, como o Reclame Aqui,

realmente caracterizam manifestações da então Inteligência Coletiva vislumbrada

por Pierre Lévy.

Esses sites necessitam integralmente da mobilização das massas e do fator

social para o seu sucesso e propagação; percebeu-se que as ações das pessoas

não acontecem ou são motivadas somente por meio desses canais, mas vão além

dessas fronteiras e são totalmente independentes.

Castells (2006) diz: “Nós sabemos que a tecnologia não determina a

sociedade: é a sociedade”.

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De maneira efetiva, pode-se concluir que a tecnologia e as redes de

computadores potencializam a mobilização e a ação das pessoas por meio de

comunidades e de redes sociais, promovendo grandes oportunidades para as

manifestações de inteligência coletiva, porém, esta não determina a sociedade.

Para dar continuidade a esta dissertação, um trabalho futuro de pesquisa

seria elaborar uma análise quantitativa dos impactos das recomendações na

conversão de vendas do comércio eletrônico no Brasil.

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