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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA PUC/SP RENATA DA SILVA FERNANDES ESTRATÉGIAS DE COPING COMO FATOR DE PREVENÇÃO DO ESTRESSE E BURNOUT EM BOMBEIROS DA CIDADE DE SÃO PAULO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA São Paulo 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

PUC/SP

RENATA DA SILVA FERNANDES

ESTRATÉGIAS DE COPING COMO FATOR DE

PREVENÇÃO DO ESTRESSE E BURNOUT EM

BOMBEIROS DA CIDADE DE SÃO PAULO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

São Paulo

2016

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

PUC/SP

RENATA DA SILVA FERNANDES

ESTRATÉGIAS DE COPING COMO FATOR DE

PREVENÇÃO DO ESTRESSE E BURNOUT EM BOMBEIROS

DA CIDADE DE SÃO PAULO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Psicologia Clínica: Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar, sob orientação da Profª. Drª. Denise Gimenez Ramos

São Paulo

2016

FICHA CATALOGRÁFICA

FERNANDES, RENATA SILVA. Estratégias de coping como fator de prevenção do estresse e burnout em bombeiros da cidade de São Paulo

São Paulo, 2016, 177 fls.

Dissertação (Mestrado): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Área de Concentração: Pós-graduação em Psicologia Clínica

Orientadora: Professora Doutora Denise Gimenez Ramos

Palavras-chave: Síndrome de Burnout; 2. Estresse; 3. Ambiente de trabalho; 4. Satisfação no trabalho; 5. Bombeiros.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

DRA. ANA CRISTINA LIMONGI FRANÇA (USP-SP)

_____________________________________

DRA. MATHILDE NEDER (PUC-SP)

_____________________________________

DRA. DENISE GIMENEZ RAMOS (PUC-SP)

AUTORIZAÇÃO

Autorizo, para fins acadêmicos ou científicos a reprodução parcial ou total

desta dissertação, por processos fotocopiadores ou eletrônicos desde que citada a

fonte.

São Paulo, 26 de janeiro de 2016.

________________________________

DEDICATÓRIA

Aos meus Pais, sempre inseparáveis e companheiros. Hoje, juntos em

outra dimensão, sem dúvida, orgulhosos e felizes com o legado que deixaram.

Ao Junior, meu irmão de sangue, amigo, companheiro e parceiro até a

eternidade.

A minha tia-mãe Maria da Graça Silva Pedrosa, sem ela nada disto

existiria.

À irmã que a vida me presenteou, Lilian Nicodemos, mais do que amiga

e parceira, literalmente fez esta pesquisa acontecer.

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos, que com sua

sabedoria, carinho, acolhimento, paciência e brilhante orientação, acreditou, confiou,

respeitou e permitiu que não somente meu aprendizado acadêmico fosse factível,

mas também viabilizou que meu crescimento profissional e pessoal se transformasse

nos mais valiosos frutos da minha carreira profissional e vida pessoal até momento.

À Profa. Dra. Edna Peters Kahalle sempre amiga e carinhosa comigo e com

meu crescimento profissional.

A Profa. Dra. Mathilde Neder, Profa. Dra. Ana Cristina Limongi França, Profa.

Dra. Mary Sandra Carlotto e a Profa. Dra. Maria Gentil Savoia que sem dúvida foram

indispensáveis para a construção desta pesquisa.

Ao Dr. Carlos Laganá de Andrade que com seu bom humor, sabedoria e

sagacidade, em uma sessão disse: - Você já pensou em ser psicóloga? Espantada: -

Não, não levo jeito pra isso, sou analista de sistemas não de gente. Retrucou: - Pois

eu acho que sim, você identifica o problema, compreende e encontra a solução.

Quando precisar de mim, me avise, por favor. Na época adolescente, vislumbrei um

caminho. Caminho este que nunca imaginei que poderia trilhar com tanto amor, ética,

técnica e sensatez pela profissão. Estes ensinamentos me foram mostrados durante

todo meu período de análise. Hoje, além da gratidão, há o desejo que eu consiga

transformar positivamente cada vida que encontrar nesta extenuante jornada em

busca do autoconhecimento, assim como a minha foi transformada a partir daquele

momento.

Aos meus pacientes e supervisionandos, sempre complacentes com minhas

ausências, mudanças de horários e cansaço. Meu aprendizado com vocês é

imensurável.

Aos meus amados priminhos Akhin e Manu, por aprenderem a respeitar

desde cedo minha desculpa diária: “hoje não posso brincar de monstro do escuro e

nem contar histórias até dormirem, tenho lição de casa.” Também compreenderam

que o amor incondicional também diz não.

Aos líderes voluntários do Projeto Geração de Vencedores que sempre me

apoiaram, incentivaram e acreditaram em mim até mesmo quando minhas forças

pareciam não existir mais. Em especial ao coordenador do Projeto GV, Nelson

Tanuma, que com sua enorme competência e sabedoria além de apoiar, confiou e

acreditou irrestritamente em meu trabalho.

À minha amiga, irmã de alma Fernanda Ferraz. Amável, sempre acolhedora,

compreensiva e gentil com meu crescimento pessoal e profissional. Amor imensurável

até a eternidade.

Aos queridos colegas Roberto Garcia, Flávia Bello Costa, Sideli Biazzi,

Regina Célia Rocha, Lilian Donatti, Talita Vendrame, Solange Mazza, Patricia

Brandão, Reinalda da Matta, Antonio Maspoli, Marcela Neuman, Bruno Martins,

Cibele Marras, Ana Paula Bonilha. Sempre inspiradores e incentivadores do meu

crescimento profissional.

À minha terapeuta Paula Aparecida Alves, que sempre acreditou, apoiou e

incentivou meu crescimento. Mais do que isso, de modo especial e brilhante me

ensinou quantas vezes um ser humano pode morrer e renascer em apenas uma

jornada.

Aos meus queridos e amados amigos pela paciência e compreensão com

minhas ausências, desculpas e cansaço. Amizade eterna e amor infinito.

Ao amigo Thiago Pavin, que com sua competência e conhecimento contribuiu

significativamente com este trabalho.

Ao Cristiano Souza, paciente, impecável e brilhante durante o tratamento de

dados.

Ao amigo Ricardo Sarli quem viabilizou toda a articulação desta pesquisa.

Ao bombeiro civil Rogério Rufino, pelo apoio e acolhimento comigo e esta

pesquisa. Sem sua ajuda, esta pesquisa não seria possível.

Ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Ao Comandante geral do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Cel. Rogério

Bernardes Duarte, ao Major Anderson de Oliveira Lima, ao Major Martinho de Moraes

Netto, ao Capitão Marcos Palumbo, ao Sargento Marcos Lessa, ao Sargento Luis

Camino, ao Sargento Mauricio Donizete de Oliveira e a todos os bombeiros que tive

contato durante esta pesquisa. Sempre prestativos, e colaborativos para que a

pesquisa se desenvolvesse com sucesso.

A fênix é uma das aves mais constantes na mitologia. Referenciada por

diversas culturas, tem a fama de renascer das cinzas, ser reconhecida facilmente por

suas penas avermelhadas e alaranjadas, emitindo luzes através do corpo. Quando

morria, a Fênix se queimava e depois de algum tempo renascia das próprias cinzas.

Além disso, outra característica era sua força, que a fazia carregar grandes pesos em

seus voos. Segundo relatos, uma Fênix viveria exatamente 500 anos. O grande trunfo

da Fênix e ícone para humanos é o “poder” de renascimento da ave. Ela simboliza a

imortalidade, a capacidade de ressurgir do fogo, das cinzas e da destruição. Isto é,

sair dos problemas, ressurgir das dificuldades e renascer. Experienciar e observar os

homens e mulheres da corporação dos bombeiros militares em ação me proporcionou

a sensação intermitente de estar diante da Fênix repousada, apenas a espera de seu

próximo voo.

Como Fênix, ao chamado abrem as asas, saem voando emitindo luzes com a

sirene da viatura ligada e ao se depararem com cada alma aflita, o respeito, cuidado,

afeto e sensibilidade pela VIDA seja esta apresentada em qualquer aparência, se

transformam em acalanto e esperança aos que aguardam angustiados por socorro.

Mas por vezes a Fênix se depara com Hades 1. Por instantes suas asas

parecem encolher, seu brilho apagar e seu poder de renascimento dizimar. Mas são

Fênix! Ao próximo toque da sirene, terão que estar prontos para um novo voo.

Aparentam morrerem e renascerem incessantemente e como a velocidade da luz, as

dificuldades tão impactantes que a fatigante profissão de quem trabalha no frágil limite

de vida ou morte traz, se tornam cinzas, apenas sinalizando de que ali houve um

momento de dificuldade, restando apenas a operação rescaldo. Processo estafante.

Morrer e renascer exige uma força hercúlea. Senti na pele, a exaustão da morte e

renascimento. Após cada bate papo e aplicação dos instrumentos, me restava apenas

dormir e elaborar oniricamente.

O fogo por sua vez é o elemento que parece ter vida, porque consome,

aquece, ilumina, mas também pode causar dor e morte, portanto é ambivalente. Na

bíblia, é apresentado em três situações específicas: juízo, purificação e demonstração

de poder. Quando Deus utilizou o fogo para punir os maus e destruir os

desobedientes, ele foi usado como sinal de juízo divino. Quando a Bíblia aponta para

1 Na mitologia grega, é o deus do mundo inferior, da morte.

o uso do fogo como elemento purificador, a finalidade não é destruir aquilo que é

bom, mas eliminar o que não é bom para que o bom seja aperfeiçoado. A principal

característica do simbolismo do fogo é com referência ao Espírito Santo, que marca a

manifestação do poder e da virtude de Deus sobre a vida dos crentes, intensificando a

presença de Deus na vida de cada um. Esta sem dúvida foi outra impressão que tive

ao constantemente me questionar o que os faz tão crentes, corajosos, confiantes e

protegidos mesmo diante de tantas dificuldades, riscos e intempéries que a profissão

ocasiona: A FÉ. Durante as quase 200 horas vivenciadas na coleta de dados, a fé foi

o que mais senti e experienciei.

Portanto, após uma vivência tão forte e impactante (assim como a profissão)

me resta apenas nomear e identificar do que se abastece a Fênix diariamente para

encontrar forças quase que sobrenaturais para morrer e renascer reiteradamente: Fé,

bom humor e amor! Sem sombra de dúvida, estes três elementos são os verdadeiros

poderes de transformação em direção à vida que um ser humano pode desenvolver

em sua jornada. “Deus os acompanhe sempre...” (Frase que mais ouvi após cada

visita aos postos)

Renata Fernandes – jan/2016

RESUMO

FERNANDES; R. S. Estratégias de coping como fator de prevenção do estresse e burnout em bombeiros da cidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) – Pontifícia Universidade Católica –SP, São Paulo, 2016.

Os bombeiros militares exercem sua atividade submetendo-se a uma rotina diária de situações emergenciais e tensas. Além do convívio constante com o risco e o perigo, estes profissionais enfrentam grande carga emocional no confronto com o sofrimento e muitas vezes a morte. Estes fatores são considerados potenciais desencadeadores de doenças psicossomáticas ligadas ao exercício da profissão, levantando, entre outras, questões de como os bombeiros convivem com estes estressores, como são afetados por estas condições adversas que se constituem na própria natureza de seu trabalho e quais recursos utilizam para lidar com este contexto. Nesta perspectiva, insere-se o objetivo deste trabalho, que é o de investigar os níveis de estresse e burnout nos bombeiros militares e, caso estas doenças profissionais sejam prevalentes, identificar a relação da prevenção e diminuição dos sintomas com a utilização de estratégias de coping. Em síntese, investiga-se se as estratégias de coping podem funcionar como fator de prevenção do burnout e do estresse nesta população. Para tanto, foi investigada uma amostra de 148 bombeiros militares atuantes na cidade de São Paulo, nos quais foram aplicados os instrumentos: Questionário Sócio Demográfico; Escala de Estresse no Trabalho; Maslach Bunout Inventory - MBI e Inventário de estratégias de coping Folkman & Lazarus. Os resultados obtidos com a Escala de Estresse no Trabalho mostra que a maioria dos bombeiros foram classificados com estresse. Quanto ao burnout os índices baixo nível de exaustão emocional, alta despersonalização e alta realização pessoal. A utilização de estratégias de coping mais utilizadas foram as focadas no problema. Palavras-chave: bombeiros militares, estresse, burnout, estratégias de coping, prevenção.

ABSTRACT

FERNANDES; R. S. Coping strategies as stress and burnout prevention factor in firefighters from the city of São Paulo. Dissertation (Masters in Clinical Psychology) PUC/SP, São Paulo, 2016. The firefighters exert their activity by submitting to a daily routine of emergency and stressful situations. In addition to the constant contact with the risk and danger, these professionals face emotionally charged in confrontation with suffering and often death. These factors are considered potential triggers of psychosomatic illnesses connected with the exercise of the profession, raising, among others, issues of how firefighters live with these stressors, as they are affected by these adverse conditions that constitute the very nature of their work and what resources use to handle this context. In this perspective, is part of the objective of this work, which is to investigate the levels of stress and burnout in military firefighters and if these illnesses are prevalent, identify the relationship of prevention and reduction of symptoms with the use of coping strategies. In short, it investigates coping strategies can function as the burnout prevention factor and stress in this population. For this purpose, a sample of 148 active firefighters was investigated in São Paulo, where the instruments were applied: Socio Demographic Survey; Stress Scale at Work; Maslach Bunout Inventory - MBI and Inventory of coping strategies Folkman & Lazarus. The results obtained with Stress Scale at Work shows that most firefighters were classified as stress. As for burnout indexes lower level of emotional exhaustion, depersonalization and high personal achievement. The use of most frequently used coping strategies were focused on the issue. Keywords: firefighters, stress, burnout, coping strategies, prevention.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Distribuição de ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros militares no

Estado de São Paulo .................................................................................................. 43

Figura 2 Bombeiros militares classificados por gênero ............................................... 67

Figura 3 Profissionais bombeiros classificados por patente ........................................ 67

Figura 4 Bombeiros classificados por tempo de atuação na corporação .................... 68

Figura 5 Estado civil dos profissionais bombeiros ....................................................... 68

Figura 6 Quantidade de filhos dos profissionais bombeiros ........................................ 69

Figura 7 Faixa Etária dos profissionais bombeiros ...................................................... 69

Figura 8 Profissionais bombeiros que passam por atendimento psicológico e/ou

psiquiátrico .................................................................................................................. 70

Figura 9 Profissionais bombeiros que precisaram pedi licença nos últimos 2 anos por

problemas de saúde .................................................................................................... 71

Figura 10 Diagrama de Venn referente aos tipos de problemas de saúde relatados

pelos profissionais bombeiros ..................................................................................... 72

Figura 11 Profissionais bombeiros que utilizam medicação diária para controle da

doença ........................................................................................................................ 73

Figura 12 Resultado geral da Escala de Estresse no Trabalho (EET) ........................ 74

Figura 13 Fator 1 - Autonomia e Controle da Escala de Estresse no Trabalho .......... 75

Figura 14 Fator 2 - Papéis e Ambiente de Trabalho da Escala de Estresse no

Trabalho ...................................................................................................................... 76

Figura 15 Fator 3 - Relacionamento com o Chefe da Escala de Estresse no Trabalho

.................................................................................................................................... 77

Figura 16 Fator 4 - Relações Interpessoais da Escala de Estresse no Trabalho ........ 78

Figura 17 Fator 5 - Crescimento e Valorização Pessoal da Escala de Estresse no

Trabalho ...................................................................................................................... 79

Figura 18 Fatores organizacionais agrupados que contribuem para o estresse no

trabalho ....................................................................................................................... 80

Figura 19 Escore geral da subescala de Exaustão Emocional do MBI – HSS ............ 83

Figura 20 Escore geral da subescala de Despersonalização do MBI – HSS .............. 84

Figura 21 Estratégias de coping mais utilizadas pelos profissionais bombeiros ......... 86

Figura 22 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária ............... 87

Figura 23 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estado Civil ................ 89

Figura 24 Cruzamento do Tempo de Bombeiro vs subescala de Despersonalização do

MBI – HSS................................................................................................................... 99

Figura 25 Cruzamento da subescala de Despersonalização vs Exaustão Emocional do

MBI - HSS ................................................................................................................. 101

Figura 26 Resultados gerais das subescalas do Maslach Burnout Inventory MBI - HSS

.................................................................................................................................. 103

Figura 27 Subescalas de Realização Pessoal vs Exaustão Emocional do MBI - HSS

.................................................................................................................................. 104

Figura 28 Subescala de Realização Pessoal vs Despersonalização do MBI - HSS . 104

Figura 29 Box-plot das subescalas de Exaustão Emocional, Despersonalização e

Realização Pessoal do MBI – HSS ........................................................................... 105

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais sintomas do Estresse ................................................................... 21

Tabela 2 Fatores avaliados pela Escala de Estresse no Trabalho e respectivas

questões ...................................................................................................................... 55

Tabela 3 Classificação média da Escala de Estresse no Trabalho (EET) ................... 56

Tabela 4 Subescalas do MBI (Maslach Burnout Inventory) e os itens correspondentes

.................................................................................................................................... 56

Tabela 5 Resultados de pontos de corte, médias, desvios padrões e Alpha Cronbach

da Escala do MBI ........................................................................................................ 58

Tabela 6 Descrição das Estratégias de Coping avaliadas pela Escala de Coping

Folkman e Lazarus ...................................................................................................... 61

Tabela 7 Itens da escala que correspondem cada estratégia de coping ..................... 62

Tabela 8 Notas de corte para Escala de Coping Folkman & Lazarus ........................ 63

Tabela 9 Nota média dos fatores organizacionais considerados estressores ............. 81

Tabela 10 Descritiva da subescala de Realização Pessoal do MBI – HSS ................. 85

Tabela 11 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária ............... 88

Tabela 12 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estado Civil ............... 89

Tabela 13 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégias de coping

focadas no problema ................................................................................................... 90

Tabela 14 Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégias de coping focadas na

emoção ....................................................................................................................... 92

Tabela 15 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Subescalas do MBI

(HSS) de Exaustão Emocional e Despersonalização .................................................. 93

Tabela 16 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Estado

Civil ............................................................................................................................. 95

Tabela 17 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Tempo

de Bombeiro ................................................................................................................ 96

Tabela 18 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional vs Faixa Etária ........... 97

Tabela 19 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Estado

Civil ............................................................................................................................. 98

Tabela 20 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Tempo

de Bombeiro ................................................................................................................ 99

Tabela 21 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Faixa

Etária ......................................................................................................................... 100

Tabela 22 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional vs Despersonalização

.................................................................................................................................. 101

Tabela 23 Estratégias de coping vs Tempo de Bombeiro e Estado Civil .................. 106

Tabela 24 Cruzamento Estratégia de coping Auto Controle vs Estado Civil ............. 107

Tabela 25 Cruzamento das estratégias de coping focadas no problema vs subescala

de Despersonalização do MBI - HSS ........................................................................ 108

Tabela 26 Estratégias de coping focadas no problema vs Exaustão Emocional do MBI

- HSS ......................................................................................................................... 110

LISTA DE SIGLAS

DP – Despersonalização

EE – Exaustão Emocional

EET – Escala de Estresse no Trabalho

HSS – Human Service Survey

IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

ICS – Instituto de Confiança Social

INSS – Instituto Nacional de Seguro Social

MBI – Maslach Burnout Inventory

Rp – Realização Pessoal

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11

1.1. Justificativa ....................................................................................................... 12

2.1. Estresse ............................................................................................................ 15

2.1.1 O estresse profissional ................................................................................ 21

2.2 Burnout .............................................................................................................. 23

2.3 Coping ............................................................................................................... 25

3 O TRABALHO DO BOMBEIRO ............................................................................ 30

3.1 Bombeiros no Brasil .......................................................................................... 30

3.2 Bombeiros no mundo ......................................................................................... 31

3.3 Bombeiros militares ........................................................................................... 36

3.4 Bombeiros civis .................................................................................................. 38

3.5 A atuação dos profissionais bombeiros militares e civis .................................... 41

4 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 46

5 MÉTODO .............................................................................................................. 53

5.1 Características do estudo .................................................................................. 53

5.2 Objetivo .............................................................................................................. 53

5.3 Participantes ...................................................................................................... 53

5.3.1 Critérios de inclusão .................................................................................... 53

5.3.2 Critérios de exclusão ................................................................................... 54

5.4 Instrumentos ...................................................................................................... 54

5.4.1. Questionário Sócio Demográfico (APÊNDICE I) ........................................ 54

5.4.2 Escala de Estresse no Trabalho (EET) ....................................................... 54

5.4.3 MBI (Maslach Burnout Inventory) ............................................................... 56

5.4.4 Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus ....................... 59

5.5 Procedimentos ................................................................................................... 63

5.5.1 Comitê de ética ........................................................................................... 63

5.5.2 Aplicação dos instrumentos ........................................................................ 64

5.5.3 Amostra ....................................................................................................... 65

5.6 Tratamentos estatísticos .................................................................................... 66

5.6.1 Análise Estatística ....................................................................................... 66

6 RESULTADOS ......................................................................................................... 67

6.1 Caracterização da amostra ................................................................................ 67

6.2 Análises descritivas das variáveis das Escalas de Estresse no Trabalho, MBI (Maslach Burnout Inventory) e Escala de Coping Folkman e Lazarus. ................... 74

6.2.1. Análises descritivas das Escala de Estresse no Trabalho ......................... 74

6.3 Testes estatísticos e cruzamentos das variáveis ............................................... 87

6.3.1 Cruzamentos da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária, Estado Civil, Despersonalização, Exaustão Emocional, Realização Pessoal, coping focado no problema e coping focado na emoção ................................................. 87

6.3.2 Cruzamento da subescala de Realização Pessoal do MBI – HSS vs Escala de Estresse no Trabalho ...................................................................................... 94

6.3.3 Subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Estado Civil, Tempo de Bombeiro, Faixa Etária ......................................................................................... 95

6.3.4 Cruzamento da subescala de Despersonalização (MBI – HSS) vs Estado Civil, Tempo de Bombeiro e Faixa Etária ............................................................. 98

6.3.5 Cruzamento da subescala de Realização Pessoal vs Exaustão Emocional, Despersonalização ............................................................................................. 104

6.3.6 Estratégias de coping vs Tempo de Bombeiro, Estado Civil, Subescala de Despersonalização, Exaustão Emocional .......................................................... 106

7 DISCUSSÃO DE RESULTADOS ........................................................................... 112

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 120

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 122

ANEXO I – Autorização do Comando de Bombeiros Metropolitano da Polícia Militar do Estado de São Paulo ................................................................................................. 126

ANEXO II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................................... 127

APÊNDICE I – Questionário Sócio Demográfico ....................................................... 128

11

1 INTRODUÇÃO

O profissional em qualquer área de atuação é antes de tudo, um indivíduo

que convive com suas demandas pessoais, com as pressões e representações

sociais sobre sua profissão e com as exigências colocadas pela própria natureza do

seu trabalho. Essas condições se constituem por si só, fatores geradores de

doenças psíquicas decorrentes da atuação profissional e a comunidade científica

demonstra interesse em estudos sobre a natureza, os sintomas e a prevenção

destas doenças.

Dentre os males psíquicos advindos do exercício profissional o estresse e a

síndrome de burnout têm sido foco de pesquisas tanto pela sua incidência crescente

quanto pela multiplicidade dos sintomas que dificulta o diagnóstico e prevenção. São

doenças silenciosas, que se instalam gradativa e sorrateiramente e cujos sintomas

se confundem com o mal estar geral e passageiro sentido pelas pessoas na sua

convivência pessoal e na sua lida profissional.

Este estudo se propõe a pesquisar o estresse e a síndrome de burnout em

bombeiros que atuam na cidade de São Paulo. A proposta é investigar a relação

entre estes transtornos e as estratégias de coping desenvolvidas pelos profissionais,

buscando compreender a natureza desta relação e a forma como ela se estabelece.

Em síntese, procura-se responder à questão se os sintomas do estresse e

da síndrome de burnout podem sofrer influência preventiva ou minimizadora através

do fortalecimento das estratégias de coping na população estudada.

Para Lipp (1996), o estresse é definido como uma reação do organismo, que

pode ser de natureza física ou psicológica, quando o indivíduo enfrenta situações

que exigem um grande esforço emocional para serem superadas: situações que

possam excitá-lo, provocar medo, confundi-lo ou mesmo deixá-lo muito feliz.

A síndrome de burnout é caracterizada como uma perturbação

psicossomática relacionada ao sofrimento causado pela convivência com situações

de urgência e incerteza, que exigem respostas imediatas e oferecem riscos, que

colocam o profissional diante da perda e da impotência. (TAMOYO, 2008). Para o

autor, a síndrome de burnout tem uma natureza tridimensional: sentimentos de

exaustão emocional, desapego ao trabalho e falta de realização pessoal.

12

Por sua vez o coping é conceituado como um repertório de estratégias,

“ações conscientes e deliberadas que podem ser aprendidas, usadas e descartadas

e cujo objetivo é lidar com o estresse percebido” (FOLKMAN & LAZARUS, 1984,

p.38). Se a pessoa não desenvolve estratégias suficientemente adequadas para

minimizar ou eliminar a situação estressante, ela está sujeita a desenvolver o

sentimento de exaustão emocional, que caracteriza a primeira fase da síndrome de

burnout.

Os profissionais bombeiros militares da cidade de São Paulo, objeto deste

estudo, atuam em uma metrópole onde se expõem constantemente aos fatores

causadores do estresse e da síndrome de burnout, sendo oportuno investigar então

uma provável relação entre as estratégias de coping que desenvolvem e a

preservação de sua saúde mental.

Considerando que todos os profissionais pesquisados trabalham em

condições similares, as indagações orientadoras desta investigação passam pelo

levantamento da incidência dos transtornos e pelo questionamento sobre se os

profissionais que não sofrem de estresse e burnout apresentam repertório de

estratégias de coping mais desenvolvido em relação aos que manifestam os

sintomas.

1.1. Justificativa

O interesse pelo estudo sobre as estratégias de coping como fator de

prevenção do estresse e da síndrome de burnout em bombeiros da cidade de São

Paulo surgiu a partir da atuação clínica junto aos profissionais bombeiros do Estado

de São Paulo.

A escuta terapêutica dos bombeiros possibilitou a constatação de situações

de ameaça à saúde mental, bem como da existência de uma condição positiva que

lhes fortalece a resiliência e a capacidade de enfrentar e conviver com situações

críticas.

A sociedade tem esses policiais militares como heróis, imaginando-os

imunes a qualquer tipo de vulnerabilidade, pois representam o ideal de potência

total, coragem, força e imortalidade (BARCELLOS, 2006). Sob este prisma da

representação do ideal heroico, pressupõe-se que os bombeiros sejam desprovidos

13

de quaisquer tipos de dificuldades físicas ou psicológicas, sendo capazes de tolerar

pressão maior do que outros profissionais. Este imaginário social contribui para que,

somando-se as reais condições adversas e impactantes do trabalho em uma grande

cidade, estes profissionais se encontrem em situações críticas com seus próprios

limites, por vezes negligenciando sua própria saúde física e psicológica.

A questão levantada é quais estratégias de coping aprendidas por estes

profissionais podem ser um fator de prevenção e minimização das consequências de

um trabalho no qual as emergências, a vulnerabilidade humana e o elemento

surpresa fazem parte da lida diária.

No caso dos bombeiros, é fácil o reconhecimento do desgaste físico

enquanto que as dificuldades emocionais por vezes não são facilmente

reconhecidas e diagnosticadas por inúmeros fatores, dentre eles, a própria

representação social que pesa sobre estes profissionais.

É nesse sentido que o foco desse estudo volta-se para a questão da saúde

mental, ou melhor, dos transtornos psíquicos a que estão expostos os bombeiros da

cidade de São Paulo em razão da natureza de seu trabalho.

Trata-se aqui, especificamente, de considerar o estresse e a síndrome de

burnout, que consistem em perturbações psicológicas advindas da convivência

constante com eventos ameaçadores e traumáticos, além da exigência interna e

externa de corresponder ao imaginário social.

Para os bombeiros exercer a profissão é sinônimo de colocar-se

frequentemente diante de situações de perigo a própria vida ou de outrem, atuar

sobre a pressão de riscos e de ocorrências que não podem ser controladas e

conviver com a necessidade de dar respostas rápidas e adequadas em situações

extremas. Como se isso não bastasse os profissionais em questão, ainda que

considerados heróis, lidam com o sofrimento das pessoas que atendem e são

acometidos dos sentimentos de impotência e frustração por nem sempre realizar o

que deles é esperado: salvar vidas.

A característica do trabalho do bombeiro, ainda mais quando exercido em

grandes metrópoles, o coloca submetido a cenários de situações críticas, cuja

reação a elas são potencialmente desencadeadoras de estresse grave e de

síndrome de burnout.

Desta situação decorre a necessidade de refletir sobre mecanismos

preventivos ou minimizadores dos sintomas provocados pelo estresse profissional e

14

pelo burnout e das doenças decorrentes. Neste estudo, a proposta é observar se as

estratégias de coping se constituem num destes mecanismos, investigando sua

relação com os sintomas.

A investigação da relação entre as estratégias de coping e os transtornos

psicossomáticos causados pelo estresse e pela síndrome de burnout apresenta-se,

portanto, bastante relevante. Justifica-se pela possibilidade de ampliar a

compreensão a respeito da natureza do trabalho do bombeiro na cidade de São

Paulo, identificando os fatores desencadeadores e/ou inibidores dos distúrbios

nessa população. Além disso, a literatura científica a respeito desta relação é ainda

pequena, o que ratifica a importância da elaboração de trabalhos e pesquisas

pertinentes.

O percurso para a concretização deste estudo inicia-se com a revisão

teórica dos conceitos de estresse, síndrome de burnout e coping.

O capítulo seguinte considera e descreve a natureza e as características da

profissão do bombeiro, enfocando, principalmente o enfrentamento de situações

estressoras.

Em continuidade, será apresentado o método de investigação, esclarecendo

os instrumentos utilizados, os critérios de inclusão e exclusão da amostra e a forma

pela qual os resultados serão apresentados e comentados.

O passo seguinte será a discussão e análise dos resultados encontrados,

apresentadas e que fundamentarão a última etapa do trabalho, ou seja, sua

conclusão.

15

2 Estresse, Síndrome de Burnout, Coping

2.1. Estresse

A reação de estresse é conhecida há dezenas de milhões de anos,

marcando o processo de evolução da espécie humana. Ela foi manifestada

inicialmente em uma época em que “todas as ameaças eram físicas e podiam ser

superadas somente por outra ação física” (Khalsa, 1997, p. 29) e seguindo um

determinado percurso histórico transformou-se no fenômeno global e complexo da

vida humana, especialmente nas sociedades desenvolvidas.

Limongi-França (2007, p. 185) define: “estresse é uma palavra derivada do

latim. Durante o século XVII, ganhou conotação de adversidade ou aflição. No final

do século XVIII, seu uso evoluiu para expressar força, pressão ou esforço”. Para a

autora, o conceito de estresse realmente não é novo, mas somente no início do

século XX as pesquisas das ciências biológicas e sociais se preocuparam em

investigar suas consequências na saúde física e mental das pessoas.

O conceito de estresse, anteriormente utilizado pela Física para definir a

intensidade da deformação que um determinado material sofria quando submetido à

pressão passou a ser utilizado na área médica em 1936. Foi quando o

endocrinologista húngaro Hans Selye dele se apropriou para definir as reações do

organismo utilizadas como resposta às situações que o desequilibram e para cuja

adaptação se exige um grande esforço. Assim, o agente estressor, ou seja, o fator

causador da reação de estresse é qualquer situação de ordem física, mental ou

emocional que possa provocar esta resposta (CARVALHO & SERAFIM, 2002).

Segundo Marshall e Roy (2007) o termo estresse pode ser considerado

como a melhor definição para o processo psicofisiológico geralmente experimentado

como um estado emocional negativo produzido por dois fatores: a) a avaliação de

fatores situacionais e psicológicos ameaçadores; b) o resultado provocado pelo

impulso para enfrentá-los. Para os autores, os fatores estressores, definidos como

os eventos que podem trazer ameaça, dano ou desafio são julgados no contexto dos

fatores pessoais e ambientais do indivíduo. Se forem avaliados como ameaçadores

ou desafiadores, produzirão respostas específicas dirigidas à redução do estresse.

Lipp (2013) explicita que o estresse não é uma doença, mas uma reação do

indivíduo frente a qualquer desafio – positivo ou negativo que tenha que enfrentar.

16

Esta reação, segundo a autora, é muito complexa e envolve componentes físicos,

psicológicos, mentais e hormonais.

O processo se desencadeia a partir da percepção do evento estressante por

algum órgão dos sentidos que desperte a sensação de ameaça ou alerta. Essa

percepção provoca o envio de uma mensagem à parte cortical do cérebro onde

ocorrem as interpretações lógicas do evento, mas também atinge o sistema límbico,

responsável pelas emoções.

Assim, a reação de estresse exige a interpretação lógica e emocional de um

evento, ocorrendo quando estas duas interpretações dão ao indivíduo a imagem de

um perigo ou de um desafio. A partir daí o hipotálamo, ativa o funcionamento de

várias glândulas que de imediato preparam o corpo para a reação de luta ou fuga,

principalmente ativando as glândulas suprarrenais para a produção de adrenalina. A

adrenalina no corpo resulta em energia, em grande vigor para luta ou fuga, mas o

prolongamento desse jato de energia no organismo passa a provocar doenças

(LIPP, 2013).

Isso ocorre porque inicialmente o estresse ativa as glândulas suprarrenais a

produzirem adrenalina. A medula ou núcleo da glândula produz essa substância.

Entretanto, se a situação de estresse se mantém por muito tempo, a medula da

glândula suprarrenal para de produzir adrenalina e o córtex dessa glândula passa a

produzir cortisol. Por sua vez, o cortisol em excesso no corpo baixa o sistema

imunológico, deixando o sujeito vulnerável a vários tipos de doença. Assim, doenças

oportunistas como a gripe, ou doenças que já estavam geneticamente programadas,

mas estavam em latência, se manifestam em função do estado de estresse (LIPP,

2013).

A relação entre o estresse e as doenças humanas pode ser verificada

através de simples observações clínicas e estudos estimam que aproximadamente

75% dos clientes que visitam os consultórios médicos relatam sintomas de estresse

(MARSHALL e ROY, 2007).

O estresse influencia, portanto, o sistema imunológico do indivíduo e sobre

esta relação, Ferreira (2010, p.2) explica:

O estresse agudo é imunoestimulante, produzindo adrenalina, prolactina e hormônio do crescimento em contraposição à produção de cortisol, imunodepressor, O estresse crônico, por se caracterizar por elevação crônica do cortisol, sem elevações equivalentes de adrenalina, prolactina e hormônio do crescimento, é principalmente imunodepressor.

17

Cabe considerar que pensar no estresse como as adaptações que um

organismo é convidado a fazer quando enfrenta acontecimentos que podem

ameaçar seu equilíbrio nem sempre é algo negativo ao indivíduo. Entretanto, quando

a pessoa não consegue desenvolver este mecanismo de adaptação o nível de

estresse torna-se maior do que a capacidade de enfrentá-lo, desenvolvendo

desequilíbrio do organismo e sintomas negativos físico, psicológicos e emocionais.

Na Classificação Internacional de Doenças, (CID) 10, na categoria F-43,

encontra-se o esclarecimento que permite caracterizar os transtornos de reações ao

estresse grave e de adaptação:

(...) sua definição não repousa exclusivamente sobre a sintomatologia e a evolução, mas igualmente sobre a existência de um ou outro dos dois fatores causais seguintes: um acontecimento particularmente estressante desencadeia uma reação de estresse aguda, ou uma alteração particularmente marcante na vida do sujeito, que comporta consequências desagradáveis e duradouras e levam a um transtorno de adaptação. Embora fatores de estresse psicossociais (life events) relativamente pouco graves possam precipitar a ocorrência de um grande número de transtornos, nem sempre é possível atribuir-lhes um papel etiológico, quanto mais que é necessário levar em consideração fatores de vulnerabilidade, frequentemente idiossincráticos, próprios de cada indivíduo; em outros termos, estes fatores não são nem necessários nem suficientes para explicar a ocorrência e a natureza do transtorno observado. O acontecimento estressante ou as circunstâncias penosas persistentes constituem o fator causal primário e essencial, na ausência do qual o transtorno não teria ocorrido. Os transtornos podem ser considerados como respostas inadaptadas a um estresse grave ou persistente, na medida em que eles interferem com mecanismos adaptativos eficazes e entravam assim o funcionamento social (CID 10 – F 43, 2009, p.143).

Camelo e Angerami (2004) esclarecem que as pesquisas de Hans Selye

identificaram três fases (estágios) do estresse:

Fase de Alarme - uma etapa que acontece de forma bem rápida, quando o

indivíduo se orienta e identifica a situação de perigo, preparando o organismo para

reagir. Esta reação pode adquirir a forma de uma agressão (enfrentamento da

situação) ou de fuga, sendo ambas as formas compreendidas como mecanismos de

adaptação, que como tal são saudáveis porque permite ao organismo voltar ao

equilíbrio perdido. Alguns dos sintomas comuns desta fase são: aceleração dos

batimentos cardíacos, tensão muscular cefaleias, pressão no peito, mãos e pés frios,

sudorese.

Fase de Resistência – Caracterizada pela demora da fase de alerta,

quando acontece a alteração dos parâmetros de normalidade do corpo. A reação

18

vai acontecer então internamente, concentrada em um órgão, provocando a

Síndrome de Adaptação Local (SAL). Agora os sintomas apresentados são de

característica psicossocial: medo, ansiedade, isolamento, entre outros.

Fase de Exaustão – acontece quando o organismo não resiste ao esforço

causado pelo excesso de atividade e pelo gasto de energia. Diante desta exaustão,

o órgão do corpo que foi acionado na etapa anterior também não resiste,

provocando a doença orgânica.

Além destas três fases propostas por Selye, estudos de Lipp e Guevara

(1994) dão conta de um novo estágio do estresse, localizado entre a fase de

resistência e a da exaustão. A ele os autores deram o nome de fase de quase

exaustão. Neste momento o organismo começa sofrer de um enfraquecimento

generalizado porque o indivíduo não consegue adaptar-se nem resistir à situação

estressora. Surgem também doenças, porém elas não apresentam ainda a

gravidade das doenças da fase de exaustão.

Estas reações ou repostas, segundo afirma Margis et al (2003), acontecem

nos níveis cognitivo, fisiológico e comportamental.

No nível cognitivo, as respostas vão depender da maneira como o indivíduo

processa as informações e da sua percepção sobre os estímulos do ambiente.

Inicialmente, acontece uma avaliação automática da situação ou do estímulo, que

pode ativar reações de defesa. Em seguida, o indivíduo faz um segundo tipo de

avaliação (primária) sobre a situação, a partir de sua história de vida, experiências

anteriores e aprendizados. Uma terceira avaliação (secundária) ainda é feita e se

refere à checagem sobre suas capacidades para reagir. Finalmente, o indivíduo

seleciona as respostas e organiza sua ação.

No nível comportamental, as respostas estruturadas podem assumir a forma

de luta (ataque, enfrentamento), fuga (evitação) e congelamento (passividade,

colapso). A escolha do sujeito sobre a forma como vai responder ao estressor

depende de um aprendizado construído pelas experiências anteriores, na medida

em que elas foram recompensadas positiva ou negativamente (MARGIS et al, 2003).

As autoras estabelecem ainda uma relação entre o tipo de resposta

escolhido e os transtornos provocados: fuga relaciona-se à agorafobia e fobia social,

enquanto o enfrentamento predispõe a transtornos cardiovasculares.

Na dimensão fisiológica, os autores explicam que as estruturas responsáveis

pela programação das respostas que serão dadas aos estressores são o hipotálamo

19

e a porção ventral da massa cinzenta periaquedutal do mesencéfalo (MCP), que em

conjunto “programam as manifestações hormonais e neurovegetativas das reações

de defesa” (Margis et al, 2003, p. 68).

Com relação aos sintomas, Couto (1987) afirma ser possível identificar dez

principais sintomas de estresse, comparando-os com a incidência dos mesmos entre

indivíduos não estressados: nervosismo; ansiedade; irritabilidade; fadiga; sentimento

de raiva; angústia; períodos de depressão; dor de estômago; dor nos músculos,

pescoço e ombros e palpitações.

Em relação ao mecanismo das doenças causadas pelo estresse Couto

(1987) afirma que existe um consenso no meio médico de que nos adultos,

excluídos os acidentes 75% ou mais de todos os sintomas ou de todas as doenças

são ocasionadas por transtornos emocionais. Algumas delas já são bem conhecidas:

enxaqueca, úlcera gástrica ou duodenal, hipertensão arterial, gastrite. Também

podem estar incluídos nesta relação doenças como asma, artrite reumatoide, alguns

casos de enfarte, doença diverticular do intestino grosso, reto colite ulcerativa.

Couto (1987) descreve os sintomas ou doenças provocadas pelo estresse

enquanto definido como um quadro de má adaptação psíquica do indivíduo às

exigências, relacionando-os às suas causas desencadeadoras:

Sintomas ou doenças decorrentes do estado de tensão excessiva: dores

musculares, cefaleias, enfarte precoce, fadiga fácil, taquicardia.

Sintomas ou doenças decorrentes da preocupação e insegurança: úlcera,

abafamento no peito, palpitações, dores abdominais generalizadas.

Sintomas e doenças decorrentes do estado de frustrações e angústias: dores

generalizadas no corpo, dores musculares, artrite, cansaço fácil, adinamia

(redução da força), urticária e asma.

Sintomas e doenças decorrentes da obstinação em conseguir resultados e

dos estados de desajustamento: úlcera gástrica ou duodenal, emagrecimento,

infecções graves.

Em relação às suas causas, o estresse pode ser medido “por fora”, isto é,

por fatores externos e desagradáveis – situações traumáticas, acidentes, perda de

um ente querido por morte ou afastamento, roubos, perda do emprego, perda da

liberdade. E pode até mesmo ocorrer devido a fatores externos positivos, desde que

impliquem em uma mudança brusca no estilo ou na qualidade de vida de uma

pessoa – tais como ficar rico de repente, o casamento, mudança de país, um sonho

20

impossível subitamente realizado, um ganho inesperado, um bebê novo em casa.

Significa que fatores ruins e bons podem ocasionar o estresse, pois essas

mudanças tiram o indivíduo de seu ritmo natural, tendo ele que adaptar-se às novas

situações.

Entretanto, é importante considerar que existem fatores causadores internos

ao indivíduo, que são as suas disposições mentais e posturas internas que os levam

a reagir mais ou menos intensamente aos fatores externos do cotidiano. Essas

posturas internas, adquiridas ao longo da vida, são ensinadas na comunidade onde

o sujeito vive e onde ele precisa sobreviver socialmente, economicamente e

filosoficamente.

A título de síntese, é importante citar Chiavenato (1999), que relaciona as

três as fontes potenciais de estresse:

Fatores ambientais, como: incerteza econômica, política e tecnológica;

Fatores organizacionais: exigências da tarefa, do papel e interpessoais;

estrutura e liderança organizacional; ruído ambiental; segurança e

tranquilidade no trabalho; insatisfação pessoal e o estágio de vida da

organização;

Fatores individuais: problemas pessoais, familiares, conjugais, legais e

econômicos, além da personalidade do indivíduo.

A tabela abaixo (SCHINDLER, 1978, apud CHIAVENATO, 1999) demonstra a

frequência com que emoções induzem o aparecimento dos sintomas:

21

Tabela 1 Principais sintomas do Estresse

Sintomas

Induzidos por emoções na seguinte proporção

Dor na nuca

75% dos casos

Nó na garganta

90%

Dor na boca do estômago assemelhando-se a ulcera

50%

Dor na parte superior do abdômen

50%

Tontura, vertigem

80%

Dores de cabeça

80%

Constipação

70%

Fonte: Schindler, 1978, apud Chiavenato, 1999, p.35

2.1.1 O estresse profissional

O trabalho, atividade essencial na vida humana como fator da própria

constituição do homem como ser social exige grande investimento e ocupa uma

grande parcela do tempo e do convívio social das pessoas.

Ainda assim, segundo Dejours (1998), nem sempre o trabalho traz como

retorno a realização profissional, podendo, ao contrário, provocar problemas que vão

desde a insatisfação até a exaustão.

Apesar da importância dos valores que o trabalho agrega à vida das

pessoas tornando-se atividade humana fundamental, também é no contexto do

trabalho que o ser humano pode experimentar sofrimento físico, emocional e

psíquico que podem levá-lo para bem longe da realização pessoal, da satisfação e

da interação social.

Andrade e Cardoso (2012) afirmam que os transtornos mentais são os

principais responsáveis pelo afastamento do trabalho por longos períodos. Algumas

circunstâncias de trabalho podem causar tensão emocional, insatisfação, irritação,

22

insônia, aumento do adoecimento e morte por doenças cardiovasculares. Também,

segundo os autores, podem causar doenças crônico-degenerativas como as

osteomusculares, havendo inclusive, na atualidade registros de morte súbita por

excesso de trabalho. A síndrome da fadiga crônica, o estresse e a Síndrome de

Burnout são transtornos psíquicos resultantes destas situações inóspitas de

trabalho.

Trigo (2007) comenta estudos que demonstram que o desequilíbrio na saúde

do profissional pode levá-lo a se ausentar do trabalho (absenteísmo), gerando

licenças por auxílio-doença e a necessidade, por parte da organização, de reposição

de funcionários, transferências, novas contratações, novo treinamento, entre outras

despesas. Este desequilíbrio acaba por se constituir em um problema de saúde

pública: aumenta índices de absenteísmo, afastamentos, licenças médicas, afetando

produtividade e desencadeando aumento de custos com reposição de funcionários,

novos treinamentos e contratações.

No Brasil, dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) demonstram

que os transtornos mentais ocupam o terceiro lugar entre as causas de benefícios

previdenciários de auxílio-doença, por incapacidade temporária ou definitiva para o

trabalho (ANDRADE E CARDOSO, 2012).

Os autores explicam que embora não existam no Brasil muitos estudos

estatísticos pode-se afirmar que a incidência de doença psíquica vinculada ao

trabalho torna a situação de vida e saúde do trabalhador brasileiro bastante crítica

em função de alguns fatores: a precarização das condições de trabalho, a

diversidade de processos produtivos, a instabilidade econômica e social e o elevado

desemprego.

Quando os fatores estressores se relacionam de alguma forma com a

atividade profissional do sujeito, ele enfrenta o estresse ocupacional, que é definido

como um desequilíbrio que provoca reações físicas, cognitivas, emocionais e

comportamentais quando as exigências excedem as capacidades, os recursos ou as

necessidades do trabalhador. Esse desequilíbrio parece estar presente nas

situações diárias que o trabalhador enfrenta na atualidade, especialmente agravadas

pelas dificuldades de uma cidade grande (VALLE, 2012).

O estresse no trabalho tem sido reconhecido como um risco ocupacional

significativo que pode prejudicar a saúde física, o bem estar psicológico e o

desempenho profissional (MASLACH E LEITER, 2008).

23

A ocorrência do estresse ocupacional se relaciona com a condição que se

estabelece quando o sujeito se confronta com um evento: oportunidade, limitação ou

demanda (VALLE, 2012). O autor explica que a oportunidade surge da possibilidade

de ganho num trabalho reconhecido socialmente; o limite ocorre quando o sujeito se

vê impedido de fazer o que deseja e a demanda corresponde à perda de algo

desejado, como se observa na dificuldade de encontrar recursos e apoios para a

realização do trabalho, tendo de lidar com críticas ou exigências de superiores ou

sociais.

As respostas ao estresse estão condicionadas pelo estilo de vida em

conjunto com aspectos genéticos, condições físicas e psicossociais do ambiente de

trabalho podendo favorecer uma vida saudável ou o adoecimento físico.

Os fatores profissionais causadores de estresse podem relacionar-se a

fatores externos (econômicos, sociais e políticos) e exigências culturais (expectativa

social e familiar). No entanto, Silva (2002) salienta que a condição interior do sujeito

é a fonte de tensão mais significativa. São considerados estressores do ambiente

físico externo: ruído, iluminação, temperatura, higiene, intoxicação, clima, e

disposição do espaço físico para o trabalho (ergonomia). Para o autor, as principais

demandas estressantes são: trabalho por turnos, trabalho noturno, sobrecarga de

trabalho, exposição a riscos e perigos.

Para Andrade e Cardoso (2012) esta constante mobilização dos recursos

internos do sujeito para enfrentar as demandas externas do trabalho (estressores) e

a maneira como esta mobilização é feita pode desencadear além do estresse

profissional a síndrome de burnout, conceituada e descrita a seguir.

2.2 Burnout

A síndrome de burnout pode ser definida como uma reação extrema e

negativa ao estresse. Tamoyo (2008) considera que o uso vocábulo inglês burnout

(cujo significado é queimar-se ou destruir-se pelo fogo) sugere que os sujeitos que

sofrem da síndrome sentem-se queimados ou consumidos pelo seu trabalho.

24

O conceito de burnout se constrói a partir da década de 1970 quando foi

introduzido na Psicologia Organizacional por Herbert J. Freudenberger2 e Cristina

Maslach3 para descrever uma pessoa decepcionada e exausta por conta da

decepção provocada pelas expectativas e exigências do seu ambiente de trabalho.

O burnout se apresenta como um processo que se instala lenta e

gradativamente a partir da exaustão emocional desencadeada por demandas

interpessoais e ambientais. Para Tamoyo (2008) três aspectos ou sintomas

caracterizam a natureza tridimensional do burnout: exaustão emocional, desapego

ao trabalho e falta de realização pessoal.

Malasch e Leiter (2008) esclarecem que o estado de exaustão do burnout

apresenta sintomas similares aos sintomas físicos do estresse, como cefaleias,

hipertensão, distúrbios do aparelho digestivo, tensão muscular, problemas

respiratórios, gripes, entre outros. Ainda com relação aos sintomas, Lipp (2013)

afirma que devido à queda do sistema imunológico, doenças que estavam do estado

de latência tendem a se manifestar, entre elas úlceras, diabetes, obesidade,

alergias, problemas dermatológicos e impotência sexual.

É importante considerar que a síndrome de burnout é resultado da interação

de variáveis psicológicas, biológicas e socioculturais, além de fatores de risco que

aumentam a probabilidade do desenvolvimento e da manutenção da síndrome.

Assim, o grau e o tipo de manifestações dependerão da configuração de fatores

individuais (predisposição genética, experiências socioeducacionais) e fatores

ambientais, tais como o local, as pessoas e as condições de trabalho (MORAIS, et.

al 2004).

O burnout não é necessariamente uma consequência do estresse e

diferentemente deste último, tem sempre uma dimensão negativa (distresse). Está

relacionado a causas multidimensionais, com influência de fatores individuais e

ambientais que provocam uma sensação de desvalorização profissional. Os

sintomas que, via de regra, se originam no âmbito profissional têm consequências

para o âmbito interrelacional (MASLACH, 2007).

Ainda que a exaustão emocional que se manifesta no burnout seja uma

variável do estresse, nesta síndrome ocorre o fenômeno específico da

2 Psicanalista americano que descreveu os sintomas da exaustão profissional e iniciou estudos sobre

o burnout. 3 Psicóloga social americana professora da Universidade da Califórnia, conhecida por suas pesquisas

em burnout.

25

despersonalização. Isto ocorre em função do desenvolvimento de atitudes negativas

para com as pessoas com as quais trabalha, agindo de formas distintas, parecendo

“outra pessoa” (aspas do autor).

A síndrome de burnout foi constatada inicialmente em atividades

profissionais que exigem maior contato interpessoal: médicos, professores,

enfermeiros, bombeiros entre outras. Mas atualmente já se observa que os sintomas

acometem profissionais que “interagem de forma ativa com pessoas, que cuidam

e/ou solucionam problemas de outras pessoas, que obedecem às técnicas e

métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas a

avaliações” (SEGANTIN & MAIA, 2007, p.56).

Considerando que o estresse profissional e a síndrome de burnout surgem na

busca do equilíbrio entre as demandas profissionais externas e recursos internos do

indivíduo, pode-se pensar que algumas características da estrutura psíquica e da

própria vivência do profissional são fatores que potencialmente favorecem ou

dificultam a busca deste equilíbrio.

Neste trabalho o foco voltou-se à análise de uma destas características

internas, o coping, cujos conceitos serão descritos no próximo item.

2.3 Coping O coping é concebido como o conjunto das estratégias utilizadas pelos

indivíduos para adaptarem-se a circunstâncias adversas. Os esforços dispendidos

pelos indivíduos para lidar com situações estressantes, crônicas ou agudas, têm se

constituído em objeto de estudo da psicologia social, clínica e da personalidade,

encontrando-se fortemente atrelado ao estudo das diferenças individuais. (SAVOIA

et al 1996).

Folkman e Lazarus (1980, p. 46) definem o coping como uma “tentativa ou

empenho para lidar com exigências externas (do ambiente) ou internas (do próprio

sujeito) percebidas como sobrecarregando ou excedendo os recursos da pessoa”.

Assim, é possível inferir que o coping relaciona-se aos mecanismos de adaptação.

É um instrumento que o sujeito vai construindo no decorrer de sua vida e que tem a

função de auxiliá-lo a enfrentar o estresse e em última instância, a sobreviver.

26

Para Gazzanica e Heatherton (2005), o coping pode ser conceituado como

um conjunto sequencial de cognições e funções que coordenam a relação entre o

estresse e suas consequências, tendo como principal elemento mediador dessa

relação a avaliação cognitiva do acontecimento estressante, que vai depender da

natureza da situação ou do ambiente, mas também dos recursos intra e

interpessoais do indivíduo.

A tradução do verbo to cope significa lutar ou competir com sucesso, ou pelo

menos em condições de igualdade. Isto significa, portanto, a possibilidade de lidar

de forma adequada com uma situação, no sentido de superar as dificuldades ou

limitações que ela apresenta (SCHVIGER, 2009).

Antoniazzi et al (1998) afirmam que pesquisadores da área psicológica no

início do século passado entendiam o coping como uma espécie de mecanismo de

defesa, uma motivação interna e inconscientemente, uma forma de lidar com

conflitos sexuais e agressivos. Estes primeiros pesquisadores concebiam então o

estilo de coping utilizado pelas pessoas como um mecanismo estável, que seguia

uma estruturação de saúde concebido como estável, numa hierarquia de saúde

versus psicopatologia.

Esta primeira concepção foi sofrendo transformações, principalmente no

sentido de se fazer uma diferenciação entre mecanismos de defesa e coping.

Esclareceu-se que os comportamentos envolvidos nos mecanismos de defesa têm

como característica a rigidez, a inadequação à realidade externa e o fato de serem

inconscientes e ligados a questões do passado. Por outro lado, os comportamentos

vinculados ao coping foram caracterizados pela flexibilidade, adequados à realidade,

com orientação para o futuro e conscientes. Esta concepção encontra críticas devido

às dificuldades teóricas da psicologia para investigar empiricamente seus conceitos.

(FOLKMAN & LAZARUS, 1980).

Da década de 1960 até 1990, segundo Antoniazzi et al (1998), outros

pesquisadores focalizaram uma nova perspectiva conceitual em relação ao coping.

Buscaram relacionar os comportamentos de coping com seus condicionantes

cognitivos e situacionais. Assim, o coping passou a ser concebido como um

processo transacional que ocorria entre a pessoa e o ambiente, dando importância

igual para o processo e para os traços personalidade. Nestas décadas imprimiram-

se importantes avanços na área, originando muitas publicações, em especial as de

Folkman e Lazarus.

27

Em tempos mais recentes, uma nova geração de pesquisadores estudam os

pontos de convergência entre coping e personalidade. Isto porque as evidências

mostram apenas os fatores situacionais e não dão conta de explicar as inúmeras

diversificações das estratégias de coping utilizadas pelas pessoas. Os traços de

personalidade mais enfocados como relacionados às estratégias de coping são:

otimismo, rigidez, autoestima e locus de controle (ANTONIAZZI et al, 1998).

De acordo com Folkman e Lazarus (1984) o coping pode se apresentar de

duas maneiras distintas, de acordo com o papel que desempenha. A primeira forma

é o coping de enfrentamento baseado no problema. O objetivo desta estratégia é o

de encontrar solução para lidar com o complexo relacionamento entre o sujeito e o

meio ambiente. A segunda forma é o coping de enfretamento baseado na cognição

ou na emoção. Neste caso, o objetivo é regular o desgaste emocional provocado

pela situação estressora.

Ambas as estratégias de coping, tanto a focalizada no problema quanto a

focalizada na emoção são importantes, mas é fundamental que elas possam ser

flexíveis e capazes de mudanças. Ou seja, situações e demandas novas vão exigir

novas estratégias de coping, uma vez que uma única estratégia não pode ser eficaz

para todos os tipos de estresse. Para Antoniazzi et al (1998) é difícil avaliar o

resultado de uma estratégia de coping porque ela pode mudar com o tempo. Além

disso, uma estratégia de coping que inicialmente diminui o estresse pode ser motivo

para futuras dificuldades.

É importante considerar que Beresford (1994) afirma que o processo de

coping não pode ser simplificado, pois é um fenômeno complexo de variáveis

interdependentes: quando um indivíduo lida com um estressor, as estratégias de

coping são utilizadas de forma individual, consecutiva e combinadas. Dessa forma, o

impacto de uma estratégia de coping pode ser confundido pelo efeito de outras

estratégias.

Os autores afirmam ainda que o mecanismo do coping se caracteriza por

quatro elementos importantes:

Interação do sujeito com seu ambiente;

Administração da situação estressora;

Avaliação da situação;

Mobilização de recursos

28

O coping se constitui na verdade em um processo composto e influenciado

por diversas variáveis, sendo que dois conceitos são importantes: os moderadores e

os mediadores. Os moderadores seriam aquela variável pré-existente que

influenciaria o resultado de coping, mas que não seria influenciada pela natureza do

estressor ou pela resposta de coping. Melhor explicando, os moderadores

representariam as características: a) da pessoa (seu nível de desenvolvimento

cognitivo, seu gênero, sua experiência prévia, seu temperamento); b) do estressor (o

tipo e o nível de controlabilidade); c) do contexto (influência parental, suporte social):

d) a interação entre esses fatores.

Por outro lado, os mediadores são considerados mecanismos, como por

exemplo, a avaliação cognitiva e o desenvolvimento da atenção. Eles seriam

acionados durante o episódio de coping, diferentemente dos moderadores, que

seriam pré-existentes (RUDOLPH, 1995 apud ANTONIAZZI et al, 1988).

Beresford (1994) também analisa estas variáveis dando-lhes uma

nomenclatura diferente: recursos pessoais e recursos socioecológicos. Os primeiros

corresponderiam, para o autor, às variáveis físicas e psicológicas: saúde física e

mental, moral, ideologia, experiências anteriores de coping, nível de inteligência

entre outros. Os recursos socioecológicos seriam aqueles existentes no ambiente ou

contexto social da pessoa: família, casamento, redes sociais, recursos práticos e

condições financeiras.

A disponibilidade de recursos influencia a avaliação do fenômeno e da

situação e determina as estratégias de coping a serem usadas. Dependendo da

qualidade e da disponibilidade destes recursos, o indivíduo estará mais ou menos

vulnerável aos efeitos negativos do estresse. O estresse pode afetar os recursos de

coping e aumentar a vulnerabilidade (ANTONIAZZI et al, 1998).

Pelo exposto conclui-se que as estratégias de coping são importantes

recursos para lidar com o estresse, evitar a exaustão e o burnout. Estas estratégias

serão mais eficientes se não forem desenvolvidas apenas individualmente, mas em

um contexto coletivo e inseridas no próprio programa de desenvolvimento

profissional da organização (BERNAL, 2010).

No caso dos policiais militares bombeiros, os desafios de sua atividade

laboral são específicos, diversificados e intensos, refletindo no cotidiano profissional.

Esta situação aponta para a necessidade de se aprofundar os estudos sobre o

29

estresse e o burnout nessa população, assim como sobre as estratégias de coping

que podem ser utilizadas para facilitar o trabalho.

No capítulo seguinte, será apresentada uma descrição do trabalho dos

bombeiros apontando suas principais características e desafios, com o intuito de

identificar nesta atividade profissional as situações favorecedoras de estresse

ocupacional e burnout.

30

3 O TRABALHO DO BOMBEIRO Vida Alheias, Riquezas a Salvar4

3.1 Bombeiros no Brasil 5

O badalar dos sinos anunciava que estava acontecendo um incêndio.

Homens, mulheres e crianças saíam de suas casas, ou de onde estivessem, e

corriam do local onde o fogo destruía algo. Todos juntos, faziam uma enorme fila e

do poço de água mais próximo, passavam baldes de mão em mão, até que eles

chegassem ao local que estava em chamas. Isto acontecia no Brasil até 1856,

quando não havia homens especializados e contratados pelos Estados para o cargo

de apagar incêndios. Não havia o Corpo de Bombeiros. É certo que, naquela época

as ocorrências eram em menor proporção. Não havia as grandes cidades, nem os

grandes edifícios, nem os milhares de carros e motos circulando nas ruas e

causando acidentes e atropelamentos, não havia ocorrências com pós químicos ou

bombas, e, é claro, a população brasileira era muito menor.

Em 1856, mais exatamente, no dia 02 de Julho de 1856, o Imperador Dom

Pedro II, vendo a necessidade de ter homens “especiais” para combater o fogo,

assinou o decreto 1.775, que regulamentava o “Serviço de Extinção de Incêndio”.

Nascia assim o “embrião” do Corpo de Bombeiros no Brasil, instituído como Corpo

Provisório de Bombeiros da Corte, no Rio de Janeiro. Homens que pudessem atuar

como bombeiros e instrumentos disponíveis para auxiliar o serviço de extinção de

incêndios foram reunidos na Casa do Trem (Arsenal de Guerra). O primeiro serviço

contra incêndios era responsável por orientar medidas de socorro, cabendo à equipe

técnica a supervisão dos trabalhos de salvamento e extinção do fogo. Apesar dos

equipamentos serem rudimentares, a cidade não se mobilizava desordenadamente.

Aos poucos, ia-se organizando o núcleo oficial do Corpo de Bombeiros. Os arsenais

deixaram de ser os únicos responsáveis pelos incêndios, embora contassem com

melhores equipamentos e pessoal mais especializado, possuíam a colaboração da

Repartição de Obras Públicas e de funcionários da Casa de Correção. Naquela

época, o sinal de fogo era dado por tiros de peças do Morro do Castelo, onde uma

4 Vidas alheias, riquezas a salvar: Lema do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar

5 Informações obtidas com bombeiros profissionais durante as visitas aos postos de prontidão, ao

museu da corporação e em associações. Gravadas após cada visita, foram transcritas posteriormente.

31

bandeira vermelha era içada. Em seguida, o toque era do sino da Igreja de São

Francisco de Paula, indicando o lugar do sinistro. Em 1880, a Corporação passou a

ter organização militar e, foram concedidos postos e insígnias aos seus

componentes. Com o passar dos anos, equipamentos mais sofisticados foram

fornecidos e viaturas mecânicas passaram a ser utilizadas.

Em 1954, por decreto presidencial, o dia 02 de Julho passou a ser o Dia do

Bombeiro, uma justa homenagem a quem arrisca sua vida para salvar a do próximo.

3.2 Bombeiros no mundo

As informações explicitadas neste capítulo, foram colhidas no período de

julho de 2013 a outubro de 2015. Parte das informações foram obtidas em pesquisa

aos variados sites especializados na profissão de bombeiro profissional, em visitas

ao museu do Corpo de Bombeiros de São Paulo. Também foram colhidas em visitas

a associações das quais estes profissionais são membros e durante a coleta de

dados em visita aos postos do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de

São Paulo.

A profissão de bombeiro profissional tem sua história iniciada na época das

Cruzadas (movimento político-militar religioso europeu da idade média) onde

exércitos europeus migraram em campanha para conquistar Jerusalém. Por volta do

ano de 1.100, mercadores se reuniram e fundaram uma casa religiosa com o

principal objetivo de abrigar os peregrinos. Como centro religioso do mundo

ocidental havia tantos peregrinos que em pouco tempo a casa abrangeu a caridade

de cuidar de doentes e desabrigados, passando a abrigo e hospital, quando foi

conhecida como “Ordem dos Hospitalários”. Com o aumento de ataques a

caravanas que seguiam a cidade, surgiu a necessidade de atender feridos nas

estradas próximas à cidade, porém para tal os próprios hospitalários precisavam de

segurança para não se tornarem também vítimas de ataques nas estradas. Assim,

também treinavam e se equipavam para batalhas, passando a se constituir na

“Ordem dos Cavaleiros Hospitalários”, sendo os percursores do Atendimento Pré-

Hospitalar (APH).

Voltando à relação com a profissão de Bombeiro, além dos Hospitalários

serem precursores do APH, enquanto Jerusalém estava sob domínio cristão, houve

32

muitos ataques de exércitos islâmicos a fim de recuperar o solo também sagrado

para eles e uma das armas mais devastadores usada contra a cidade era o “fogo

sarraceno”, bombas incendiárias poderosas semelhantes ao Napalm de hoje. Com

os incêndios e inúmeros feridos pelas chamas os Cavaleiros Hospitalários também

se especializaram nessa emergência. Muitos cavaleiros de diversas ordens foram

mortos pelo fogo ou socorridos pelos Hospitalários. Em retribuição muitos deram ou

trocaram seus símbolos de ordem em gratidão e fraternidade, o que originou a

tradição de medalhas de honra em formato de Cruz praticada até hoje. Por este

motivo, o vínculo entre Bombeiros e ordem dos Cavaleiros Hospitalários, sendo a

Cruz que usavam adotada em toda Europa e de lá para todo mundo pós-medieval.

Quanto à Ordem dos Hospitalários foi a única que resistiu ao tempo e continua

existindo hoje e seu objetivo principal é a caridade e atendimento hospitalar. O nome

da Cruz de Malta se dá pelos Hospitalários terem encontrado abrigo por muitos anos

na Ilha de Malta após o período das cruzadas.

Há registros também de que o surgimento dos Corpos de Bombeiros

remonta à origem do emprego do fogo pelo homem. Entre os povos antigos, os

gregos tinham organizado sentinelas noturnos para vigilância de suas cidades e

faziam soar um alarme em caso de incêndio. Em todas as cidades do Império

Romano também estava regulado estes serviços.

Mas os bombeiros surgiram por conta de necessidade, quase sempre depois

de um grande incêndio surgia a mobilização para a criação de quem pudesse

enfrentá-lo. Foi assim que surgiu uma das primeiras organizações de combate ao

fogo de que se tem notícia, na Roma Antiga. Segundo Care Z. Peterson quando a

capital do Império Romano sofreu um grande incêndio no ano de 22 aC, o Imperador

Augusto criou o que se poderia chamar de uma organização de combate a

incêndios. Era formada por um grupo de pessoas, chamados "vigiles". Esses

"vigiles" patrulhavam as ruas para impedir incêndios e também para policiar a

cidade, através de patrulhas e vigilantes contra incêndios. Neste período da história,

o fogo era um problema de difícil resolução para os “vigiles” que contavam com

métodos insuficientes para a extinção das chamas. Este corpo serviu até a queda do

Império Romano (476 d.C.). Este é o primeiro corpo organizado que se conhece na

história, dedicado exclusivamente à função de bombeiro.

Com os séculos, estas organizações evoluíram muito pouco. Durante a

Idade Média se tinha no incêndio um conceito relativo, consideravam um dano

33

inevitável. A partir do século XVI os artesãos se espalham por toda Europa numa

modesta industrialização. Os incêndios são mais frequentes e se tem necessidade

de combatê-los de forma prática.

Mais tarde, na metade do século XVII o material disponível para combate a

incêndio se reduzia a machados, enxadões, baldes e outras ferramentas. Os países

mais avançados contavam com rudimentares máquinas hidráulicas que eram

conectadas a poços de vizinhos que enchiam baldes que por sua vez eram

passados de mão em mão, até a linha do fogo.

No século XVIII Van Der Heyden inventa “a bomba de incêndio”, abrindo

uma nova era na luta contra o fogo. O mesmo Van Der Heyden também ganha

notoriedade ao inventar a “mangueira” de combate a incêndios. Estas primeiras

mangueiras foram fabricadas em couro e tinham quinze metros de comprimento com

uniões de bronze nas extremidades. O novo sistema põe fim à época dos baldes e

marca o começo de uma nova era no “ataque” aos incêndios, com o lançamento de

jatos de água em várias direções, o que não era possível no sistema antigo.

A aparição destas bombas de incêndio fez com que se organizasse em Paris

(França) uma companhia de “sessenta guarda bombas”, uniformizados e pagos que

estavam sujeitos à disciplina militar.

Este foi um dos primeiros Corpos de Bombeiros organizados, nos moldes

dos sistemas atuais de que se tem notícias. Em pouco tempo todas as grandes

cidades do mundo ocidental já possuíam, seja por disposição legal ou por iniciativa

das companhias de seguro, (como por exemplo, na Escócia e Inglaterra) serviços de

bombeiros pagos.

Uma das normas mais antigas de proteção contra incêndios foi promulgada

no ano de 872 em Oxford, Inglaterra, estabelecendo um toque de alerta, a partir do

qual se deviam apagar todos os incêndios que estivessem ocorrendo naquele

momento. Mais tarde, Guilhermo, o Conquistador estabelecia um toque de alerta

geral em toda a Inglaterra, dirigindo tanto a que se apagassem os fogos como as

revoltas no país.

Um fato interessante da história, é que em 1666 na Inglaterra, já havia

Brigadas de Seguros Contra Incêndios sendo formadas por Companhias de Seguros

e que eram as mesmas que decidiam pelas localizações das Brigadas. Sabe-se

muito pouco a respeito do desenvolvimento das organizações de combate ao fogo

na Europa até o grande incêndio de Londres em 1666. Esse incêndio destruiu

34

grande parte da cidade e deixou milhares de pessoas desabrigadas. Antes do

incêndio, Londres não dispunha de um sistema organizado de proteção contra o

fogo. Após o incêndio, as companhias de seguro da cidade começaram a formar

brigadas particulares para proteger a propriedade de seus clientes.

Em Boston, depois de um incêndio devastador que destruiu 155 edifícios e

certo número de barcos, em 1679 houve a fundação do primeiro Departamento

Profissional Municipal Contra Incêndios na América do Norte. Boston importou da

Inglaterra uma bomba contra incêndios e no Departamento haviam empregados 12

bombeiros e um chefe. Já em 1715, a cidade de Boston já contava com seis

companhias que dispunham de bombas d’água.

Em mesma época também eram organizados nas comunidades de

Massachusetts sistemas de defesa contra o fogo tais como exigências que em cada

casa houvesse disponível cinco latas, (tipo balde). Em caso de incêndio era dado

alarme através dos sinos das Igrejas e os moradores de cada casa passavam então

a organizarem-se em grandes filas, desde o manancial mais próximo até o sinistro,

passando as latas de mão em mão. Aqueles que não ajudavam eram sancionados

com multas de até U$ 10,00 pelo chefe dos bombeiros.

Com falta de organização e disciplina dos bombeiros voluntários, bem como

a resistência à tecnologia que despontava com a introdução de bombas com motor a

vapor, ocasionou a organização dos departamentos profissionais contra incêndio

tendo-se registro que em 1º de Abril de 1853 em Cinccinati, Ohio, entrou em serviço

uma organização profissional de bombeiros com bombas a vapor em veículos

tracionados por cavalos. Anos mais tarde, também Nova York substituía os

bombeiros voluntários pelos profissionais que utilizavam estas bombas.

As primeiras escolas de bombeiro surgiram em 1889, Boston e em 1914,

Nova York para transformação dos quadros profissionais de maiores e menores

graduações. Na época das primeiras e Segunda Guerra Mundial os Corpos de

Bombeiros encontravam-se estruturados e atuavam em sistemas de dois turnos.

Todavia face as necessidades muitas vezes seguiam trabalhando para erradicar

sinistros advindos dos bombardeios, com jornada de até 24 horas, passando a

tornar-se comum tal prática, trabalhando mais horas que outras categorias

profissionais e com isso consolidando-se esta situação, a partir de então.

Sobre o símbolo dos bombeiros a Cruz de Malta é utilizada

internacionalmente. As quatro pontas da cruz em V são como setas apontando ao

35

centro que significam a “união”, no caso dos Bombeiros entre aos membros da

própria equipe e entre cada membro com os ideais da causa. Os significados da

Cruz de Malta para o profissional e nos serviços de Bombeiros representa a união

homem com Deus representando ainda a força do espírito e o poder da

regeneração, a ligação entre céu e terra, o equilíbrio. Na prática, atualmente é um

símbolo de honra e valor, boa vontade e sacrifício, sendo inclusive uma

condecoração militar em muitos países. Nas quatro pétalas o sentido do simbolismo

são: Bravura, Compaixão, Lealdade ao dever e Coragem. Apesar de bravura e

coragem serem similares, nesse contexto são distintos. A bravura refere-se ao

valente, intrépido, que supera as dificuldades e não se deixa abater. A compaixão

significa comover-se com a dor alheia, ser piedoso e ajudar o amigo ou inimigo em

dificuldade. A lealdade ao dever por sua vez significa ser sincero e honesto, fiel a

seus compromissos e obrigações. A coragem no símbolo é representada pela

perseverança, força de propósito, que supera seus medos e enfrenta perigo. Nas 8

pontas: perseverança, lealdade, destreza, clareza, observação, tato, simpatia,

bravura. Convêm ressaltar o que significa neste contexto. A perseverança refere-se

a força de vontade para seguir, se manter firme no propósito, continuar a agir. A

lealdade por sua vez, ser responsável com os compromissos assumidos, ser sincero

e honesto com as regras que norteiam sua honra. A destreza está embasada em ter

habilidade e agilidade para as tarefas, ter perícia, aptidão e segurança em seus atos.

Quanto a clareza pode-se pontuar a qualidade de perceber e distinguir, conseguir

compreender e se comunicar. A observação neste aspecto significa conseguir

observar o meio e a si mesmo com atenção, vigiar as próprias ações, analisar a

realidade no instante a sua volta. O tato, como a habilidade de conseguir executar

ações com cautela e prudência, se necessário de forma sutil com cuidado e

delicadeza. A simpatia, ser atencioso a solicitação de outros, se colocar na posição

de outros, com humildade, ser um cavalheiro com o sentido de ser educado, gentil e

cortes com os outros. E finalmente, a bravura que implica em conseguir fazer o que

precisa mesmo com medo, superar as dificuldades e seguir em frente com energia e

boa vontade, acreditando em si e no que faz. 6

6 Disponível em http://portal.cnbc.org.br/campanhas/simbolo-internacional-de-bombeiro. Acesso em

29/07/2015.

36

3.3 Bombeiros militares A literatura disponível sobre o trabalho dos Bombeiros Militares está centrada

em quase toda sua totalidade em questões técnicas e profissional tais como:

prevenção de incêndios combate a incêndios, salvamentos, primeiros socorros. Há

uma escassez nas referências bibliográficas no que diz respeito às questões

pertinentes à vida administrativa da corporação.

Doravante, as informações aqui desenredadas foram colhidas em visita ao

museu da corporação, ocorrida em setembro de 2013, escutas clínicas e durante a

coleta de dados em visitas aos postos dos bombeiros militares distribuídos na

Capital.

Denominado Centro de Memória do Corpo de Bombeiros localizado no

bairro da Vila Mariana em São Paulo, Capital7, o local tem como objetivo preservar a

história da corporação criada em 1880. Com 170 objetos, entre materiais, fotos,

reportagens e equipamentos antigos e modernos, distribuídos em salas temáticas e

nos corredores do casarão antigo de dois andares, o local descreve a história

centenária da instituição e retrata a evolução dos serviços prestados aos paulistas.

Há uma sala específica onde estão registrados os grandes e mais conhecidos

incêndios da história dos bombeiros de São Paulo, caso dos edifícios Andraus (24

de fevereiro de 1972), Joelma (1º de fevereiro de 1974) e Grande Avenida (14 de

fevereiro de 1981). Para pesquisas, existe a biblioteca, com mais de 500 artigos

literários, entre reportagens, ocorrências, manuais e apostilas de diferentes épocas.

Há ainda uma sala de projeção, onde são exibidos filmes e curtas sobre a

corporação.

Em 2013, com 152 anos de existência, a corporação está diretamente ligada

à Polícia Militar, através da Secretaria de Defesa Civil, na maioria dos Estados. Seu

comandante é subordinado ao comandante geral da PM, que, por sua vez, recebe

ordens do governador do Estado. Somente nos estados do Rio de Janeiro, Alagoas

e Brasília, o Corpo de Bombeiros é uma instituição independente e separada da

Polícia Militar, subordinada apenas ao governo estadual. A maioria dos serviços de

emergências em caso de incêndios e outros desastres são executados pelos Corpos

de Bombeiros Militares dos Estados e do Distrito Federal. Estas corporações foram

7 Centro de Memória do Corpo de Bombeiros – Rua Domingos de Moraes, 2329 – Vila Mariana – São

Paulo - [email protected].

37

recentemente militarizadas, por ocasião da promulgação da Constituição Federal de

1988. Contudo, a organização, a doutrina e a formação dada ao longo dos anos foi

sempre tipicamente militar.

Existem relatos de serviços de extinção de bombeiros organizados no

Arsenal de Marinha, na Cidade do Rio de Janeiro, desde 1761. O Primeiro Corpo de

Bombeiros estatal, para atendimento a socorros urbanos que se tem notícia no

Brasil, foi o Corpo de Bombeiros da Corte, criado em 1856, e organizado por um

oficial do Exército Brasileiro, da Arma de Engenharia, o então major Moraes Antas.

De lá para os dias atuais, há muita influência das doutrinas Militares das

Forças Armadas que foram introduzidas nas corporações de bombeiros estaduais e

do Distrito Federal.

Em 1995, em Brasília, foi criada a Liga Brasileira de Bombeiros – LBB, por

iniciativa de dois oficiais Bombeiros militares do Distrito Federal, o então

Comandante-Geral do CBMDF, o Coronel José Rajão Filho e do Ex-Comandante

daquela mesma força, Coronel Roberto Megale Valle. Esta entidade foi criada para

congregar bombeiros militares e voluntários do Brasil. Como havia amplas

divergências entre as corporações civis e militares, a entidade foi esvaziada, sendo

reativada no ano de 2005, com o nome de Liga Nacional dos Bombeiros Militares –

LIGABOM – em funcionamento até a presente data, porém atualmente sem os

bombeiros voluntários.

As exigências de qualificação para ser um bombeiro militar variam de estado

para estado, mas, em geral, o candidato a bombeiro precisa ser brasileiro, ter

certificado de reservista (no caso dos homens) e ensino médio completo. A idade

mínima é de 18 anos. A altura mínima é de 1,65 m para homens e 1,60 m para

mulheres; na maioria dos Estados, os candidatos a oficiais devem ser solteiros. É

imprescindível não ter antecedentes criminais. Para algumas funções é necessário

saber dirigir ou no caso de salva-vidas, saber nadar. Para ser oficial, é preciso

cursar uma escola superior de formação e aperfeiçoamento. Há três escolas de nível

superior para formação de oficiais-bombeiros no país: no Rio de Janeiro, em São

Paulo e em Brasília. Existem cursos de formação de soldados, cabos e sargentos

bombeiros em todos os estados e alguns cursos de aperfeiçoamento de oficiais. O

38

candidato a bombeiro pode ingressar na corporação como soldado ou como oficial.

Para ambos os cargos, o recrutamento é feito através de concurso público.8

O salário bruto inicial de um bombeiro militar em cidades com mais de 500

mil habitantes como São Paulo, atualmente é de R$ 2.243,00.9.

Um melhor conhecimento sobre a instituição do Corpo de Bombeiros pode

ser possibilitado pela análise dos princípios da Instituição:

Missão do Corpo de Bombeiros

“Proteger a vida, o meio ambiente e o patrimônio da sociedade, por meio dos

serviços de bombeiros prestados com excelência operacional”.

Visão de Futuro da Instituição

“Ser reconhecido nacional e internacionalmente como modelo de excelência

nos serviços de bombeiros”.

Valores do Corpo de Bombeiros

“A disciplina de valor ou o negócio da Instituição Corpo de Bombeiros da

PMESP é buscar a eficiência operacional, com foco na qualidade, almejando a

facilidade de acesso aos serviços prestados pelo Corpo de Bombeiros, gerando

tranquilidade, ordem e salubridade públicas, com a mitigação dos custos

operacionais da organização lastreados na política de governo e no dever do

Estado”.10

3.4 Bombeiros civis

Por sua vez, existem alguns corpos de bombeiros civis, municipais e

voluntários no Brasil. O primeiro deste tipo que se tem notícia é o Corpo de

Bombeiros Voluntários da Cidade de Joinville, Santa Catarina, criado em 1892.

Atualmente, tem crescido a demanda por serviços de emergências no País.

Para atendê-la, os serviços de prevenção e combate de incêndios, e prevenção de

8 Disponível em site http://www.polmil.sp.gov.br/unidades/apmbb/index.asp. Acesso em 20/07/2015.

9 Disponível em http://noticias.terra.com.br/brasil/bombeiros-salarios/. Acesso em 29/07/2015.

10 Informações disponíveis nos quadros de avisos de cada posto de prontidão da corporação.

39

acidentes, em primeira resposta, estão sendo oferecidos por empresas privadas de

segurança.

A profissão de Bombeiro Civil é a única que em todas as profissões no Brasil

possui uma Norma Brasileira Regulamentadora específica na Associação Brasileira

de Normas Técnicas, a ABNT/NBR 14.608 Bombeiro Profissional Civil – Requisitos.

A profissão também é regulamentada pela Lei Federal 11.901/09 de 12 de Janeiro

de 2009, sendo uma das poucas 67 profissões que contam como regulamentadas

no site do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.11 Ainda para o Ministério do

Trabalho e Emprego, a profissão de Bombeiro Civil, consta na CBO Classificação

Brasileira de Ocupações, que existe desde 1977 na família 5171-10 “Bombeiro Civil”.

Estes profissionais, atuam em órgãos públicos, empresas privadas, Municípios em

atendimento ao público e Corpos de Bombeiros Municipais ou Voluntários. Há

Cooperativas e Sindicatos em muitos Estados do Brasil. As Cooperativas e

Associações de Bombeiros Civis tem como propósito oferecer benefícios a seus

associados bem como manter equipes de Bombeiros Civis Voluntários à serviço da

sociedade.

O profissional está presente dentro de empresas de todos os portes,

exercendo sua profissão de forma remunerada ou voluntária. Atende a população

em muitos municípios em todo Brasil onde a prefeitura constituiu o Corpo de

Bombeiros Civis Municipais ou celebrou convênio com Associação de Bombeiros

Voluntários para prestar serviço à sociedade. Ainda há equipes de Bombeiros Civis

em diversos núcleos de Defesa Civil e Grupos de resposta a catástrofes que

atendem em todo Brasil como por exemplo, nos desastres das chuvas na região

serrana no Rio de Janeiro e no exterior como no terremoto do Haiti.

O mercado de trabalho está em franca expansão em todo Brasil. O Conselho

Nacional de Bombeiros Civis – CNBC foi fundado em 2009 e constituído em 2011,

com objetivo de conscientização, defesa e desenvolvimento da profissão. O

Conselho presta a sociedade o importante serviço de consulta pública sobre a

situação do registro de profissionais, escolas e empresas prestadoras de serviços de

Bombeiros Civis, enaltecendo e orientando os profissionais e a sociedade sobre

profissionais e entidades que promovam a formação irregular ou o exercício ilegal da

profissão. O Conselho é responsável pela publicação do Código de Ética do

11

Disponível em http://portal.mte.gov.br/portal-mte/. Acesso em 29/07/2015.

40

Bombeiro (a) Civil, de diversas Resoluções e Pareceres. Possui estrutura em

expansão por Postos de Atendimento e Regionais em todos os Estados da União e

no Distrito Federal. Seguindo a história de luta de outras profissões, o Conselho

iniciou atividades em 2009 como entidade de direito civil e está em campanha para

se tornar de direito público, já conquistando credibilidade junto a categoria e

autoridades por trabalhos de excelência.

O bombeiro civil é classificado em 'Nível Básico' quando combatente direto

ou não do fogo; 'Líder', aquele formado como técnico em prevenção e combate a

incêndio, em curso similar a nível médio com propósito de ser comandante de

guarnição; e 'Mestre', aquele graduado em engenharia com especialização em

prevenção e combate a incêndio, sendo responsável pelo Departamento de

Prevenção e Combate a Incêndio. Sem concurso público, o Curso de Formação de

Bombeiro Civil é um curso profissionalizante que atende aos descritos da NBR

14.608 de Bombeiro Profissional. A idade mínima para frequentar o curso

profissionalizante é de 18 anos e o nível de escolaridade é o Ensino Fundamental

Completo. Ao longo do curso, aproximadamente 6 meses, entre aulas teóricas e

práticas, os futuros profissionais aprendem noções de tetraedro12 do fogo; classes

de incêndio; pontos de temperatura propagação do fogo; fases de combate ao fogo;

explosões; prevenção de incêndio; métodos de extinção; agentes extintores;

equipamentos manuais de combate a incêndio; equipamentos de proteção individual

(E.P.I.); táticas de combate; caldeiras; sistemas de detecção e alarmes de Incêndio;

busca e salvamento; produtos perigosos; capacidade extintora; iluminação de

emergência; gerador e conjunto motor (bomba); sinalização de emergência; saídas

de emergência; para-raios; instalação de gases; elevadores; análise de risco;

abandono de área; controle de pânico; salvamento terrestre; salvamento em altura;

trabalho com escadas; extintores; técnicas de inspeção e vistoria; peças hidráulicas;

asfixia; parada respiratória e cardiorrespiratória; estado de choque; hemorragias;

fraturas; ferimentos; transporte de vítimas; heliporto e heliponto; parto; D.E.A

(Desfibrilador Externo Automático); P.A. (aferir a pressão). Ao término da

especialização, estarão aptos a cumprir a função de bombeiro profissional.

12

O tetraedro é um poliedro composto por quatro faces triangulares, três delas encontrando-se

em cada vértice. O tetraedro regular é um sólido platônico, figura geométrica espacial formada por

quatro triângulos equiláteros (triângulos que possuem lados com medidas iguais); possui 4

vértices 4 faces e 6 arestas. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Tetraedro. Acesso em 29/07/2015.

41

3.5 A atuação dos profissionais bombeiros militares e civis

Com uma missão nada fácil, é exigível aos bombeiros excelente forma física,

habilidade, muito treinamento, empenho, vocação e trabalho árduo para no dia-a-dia

enfrentar situações de tensão e perigo, onde terá que manter a serenidade mesmo

diante de tragédias e mortes. No Brasil, há 47.140 bombeiros, e em São Paulo

atualmente 9.000 bombeiros militares.13 O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar

mantém plantão 24 horas. Os profissionais são escalonados pelo período de 24

horas ininterruptas atendendo a todos os tipos de ocorrência. No quartel onde ficam

de prontidão, a cada plantão os profissionais são selecionados a compor um

determinado tipo de viatura, que é acionada de acordo com a ocorrência solicitada.

Conforme relatos durante algumas escutas clínicas, o grau de alerta e o nível de

estresse que este profissional se submete depende da viatura o qual está arranjado

naquele plantão. O Auto Tanque (AT) é conhecido popularmente como carro pipa.

Esta viatura é destinada ao transporte e fornecimento de água, utilizada como apoio

a outros veículos de combate a incêndio. Possui um tanque d´água com 12 mil litros.

Apta a atender incêndios de grande porte. O Auto Bomba Tanque (ABT) é um

caminhão destinado ao transporte e fornecimento de meios utilizados na prevenção

no combate ao incêndio. Dotada de bomba de incêndio de alta pressão e vazão

acionada mecanicamente e tanque de água com capacidade para 5 mil litros, atende

incêndios de médio porte. Já o Auto Ataque Rápido (AAR) possui maior

maneabilidade para um deslocamento rápido em vias de trânsito complexo, sendo

primordial no combate a sinistros na sua fase inicial de propagação. É destinado ao

transporte e fornecimento de meios utilizados na prevenção e no combate ao

incêndio e salvamento. A UR (Unidade de Resgate) é um veículo tipo furgão,

destinado às ações de resgate e atendimento pré-hospitalar a vítimas

politraumatizadas em via pública, transportando equipamentos e materiais

específicos para o suporte à vida. Outra viatura que também faz atendimento pré-

hospitalar em casos que o risco de vida é iminente é a USA (Unidade de Suporte

Avançado). Esta funciona como uma UTI móvel e um médico (profissional civil) faz

parte da equipe dos bombeiros. Se necessário o helicóptero da Polícia Militar

(Águia) também é posto em ação. Em uma metrópole como São Paulo são as

13

Dados publicados no Diário Oficial da União em 14 de março de 2014, vol. 124 – n°. 47

42

viaturas mais requisitadas e mais desgastantes para os profissionais bombeiros

militares

O período de descanso é de 48 horas após o plantão para o qual foram

escalados. Porém, como complemento de renda tais profissionais se veem envoltos

em outras atividades neste período de descanso, que à priori lhes é são concedido.

Muitos bombeiros militares também trabalham como professores em escolas para

formação de bombeiros e brigadistas em eventos.

Com o intuito de desempenhar um trabalho eficiente e sem prejuízo à

integridade física das vítimas e dos bombeiros, além de muito treinamento teórico,

prático e físico são necessários equipamentos obrigatórios aos Bombeiros,

imprescindíveis à segurança profissional. O EPI (Equipamento de Proteção

Individual) é composto por uma farda confeccionada em tecido antichamas, capa

protetora, luvas, capacete, cinto multiuso, balaclava e botas. Atrelado a isso, em

casos de incêndio o EPR (Equipamento de Proteção Respiratória) também é

obrigatório. Este equipamento, é composto por uma peça facial inteira, a válvula de

demanda automática com pressão positiva, suporte anatômico, cilíndrico e válvula

com manômetro. Aproximadamente são 27 kg de equipamento que a cada toque da

sirene o profissional sagazmente deve se paramentar, em 60 segundos até

embarcar na viatura14. Através do número 193, a sociedade solicita o atendimento o

qual necessita. Esta chamada é encaminhada a Central de Operações dos

Bombeiros localizada na Praça da Sé, Centro, São Paulo. De lá, a ocorrência é

encaminhada ao GB (Grupamento de Bombeiros) mais próximo da ocorrência. A

instituição recebe aproximadamente 25 mil ligações diárias pelo telefone de

emergência 193. Porém, há um enorme volume de trotes nestas ligações. Segundo

a corporação 70% destas chamadas são trotes, sendo que as chamadas aumentam

consideravelmente no período de férias escolares. Embora o trote seja crime no

Brasil, há uma imensa dificuldade em identificar e consequentemente punir os

criminosos deste tipo. 15

Em média, a corporação atende 2.100 ocorrências por dia – a maioria

relacionada ao resgate em acidentes de trânsito e cerca de 8% dos casos são de

incêndio. Em 2014 foram atendidas 670 mil ocorrências, com mais de 254 mil

14

Informações concedidas pela corporação 15

Informações disponíveis em http://corpodebombeiros.sp.gov.br/embr/wp-content/uploads/2015/04/ ACIONANDO-O-CB193.PDF. Acesso em 23-abr-2015.

43

pessoas salvas. Para trabalhar no COBOM (Centro de Operações do Corpo de

Bombeiros) o profissional deve ter três anos de experiência em atendimento

operacional de rua e curso de primeiros socorros. Em cada turno, a seção tem ainda

um médico, da Secretaria Estadual da Saúde, que ajuda a equipe de plantão nos

primeiros procedimentos do atendimento, principalmente nos casos de orientação de

problemas cardiovasculares.16

A figura abaixo esclarece quais são os tipos de ocorrências mais atendidas

na grande São Paulo:

Figura 1 Distribuição de ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros militares no Estado de São Paulo 17

Na figura 1 considera-se que quanto aos tipos de ocorrências mais

atendidas pelos bombeiros, 53% dos chamados são para a viatura de resgate, 19%

16

Disponível em http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia2.php?id=242519. Acesso em 15 de set de 2015. 17

Figura elaborada pela autora com dados obtidos com Corpo de Bombeiros

RESGATE 53%

TAC* 19%

INCÊNDIO 19%

SALVAMENTO TERRESTRE

9%

SALVAMENTO AQUÁTICO

9%

PRODUTOS PERIGOSOS

1%

DISTRIBUIÇÃO DE OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO CORPO DE BOMBEIROS MILITARES NO ESTADO DE SÃO PAULO

RESGATE

TAC

INCÊNDIO

SALVAMENTO TERRESTRE

SALVAMENTO AQUÁTICO

PRODUTOS PERIGOSOS

ldkssd

Dados obtidos com CGB/SP referente ano de 2014 * TAC (Talão administrativo do Corpo de Bombeiros

44

está relacionado a serviços administrativos da corporação que são ocorrências de

interesse interno (vistorias, palestras, manutenção de viaturas e outros), 10% são

para incêndios. E na mesma proporção, 9% para resgate aquático e 9% para

salvamento terrestre.

Um bombeiro profissional está apto a cumprir as seguintes funções: realizar

serviços de prevenção e extinção de incêndios; serviços de busca e salvamento;

prestar primeiros socorros a acidentados em qualquer ambiente; realizar perícia de

incêndio; prestar socorro no caso de inundações, desabamentos ou catástrofes,

sempre que haja ameaça de destruição de patrimônio, vítima ou pessoa em iminente

perigo de vida; fiscalizar o cumprimento da legislação referente à prevenção contra

incêndios em prédios residenciais e estabelecimentos comerciais; desenvolver

campanhas de educação da comunidade, com palestras em empresas e escolas,

visando a despertar a consciência dos cidadãos para problemas relacionados à

prevenção de incêndios; orientar a comunidade sobre o cuidado com piscinas,

acidentes caseiros, fogos de artifício, balões, elevadores e até insetos e cobras; em

caso de mobilização do Exército, cooperar no serviço de defesa civil.

Já os Bombeiros Civis, podem exercer a profissão tanto em órgãos públicos,

em empresas de todos os portes como Indústrias, Shoppings, Usinas, Condomínios,

Estádios, em locais de eventos fechados ou abertos de grande público, em parques

e áreas de conservação, como em atendimento público nos Municípios onde haja

este convênio. Estes profissionais podem trabalhar com poucos recursos como

numa empresa de menor porte, bem como com os mais modernos equipamentos e

veículos de emergência tal qual nas grandes usinas. Bombeiros Civis integram

equipes de atendimento a catástrofes junto a Defesa Civil e a Organizações

Nacionais e Internacionais. Os bombeiros civis podem ser contratados pela iniciativa

pública ou privada, sociedades de economia mista ou empresas especializadas na

área. Também podem atuar em conjunto com o Corpo de Bombeiros da Polícia

Militar. Sua jornada de trabalho é 36 horas semanais quando contratados pela

empresa ou em plantões de 12 horas em bases de apoio. Tais profissionais tem

direito a uniforme especial pagos pelo empregador, seguro de vida e adicional de

periculosidade de 30% do salário mensal. Esse cálculo não inclui gratificações,

45

prêmios ou participação nos lucros, caso existam. O salário inicial para bombeiro

civil é de R$ 1.150,00. 18

Apresentadas as principais características da atividade do profissional

bombeiro, o próximo capítulo apresentará a revisão da literatura, as fontes e

maneiras adotadas para a pesquisa bibliográfica que constituíram o aporte teórico

deste estudo.

18

Disponível em http://www.catho.com.br/profissoes/bombeiro-civil/#o-que-faz-um-bombeiro-civil. Acesso em 29/07/2015.

46

4 REVISÃO DA LITERATURA Este capítulo faz uma revisão de literatura acerca do tema da saúde mental

dos profissionais militares bombeiros. Foram eleitos trabalhos publicados no período

de 2003 a 2013 das bases de dados consultadas.

A revisão de literatura embasou-se nos sites de busca PubMed, Scielo,

Google Acadêmico, Periódicos CAPES, BVS-Psicologia, Biblioteca Digital Brasileira

de Tese/Dissertações, Web of Science, e um programa de busca na internet

Copernic Agent. As palavras chaves utilizadas foram: “bombeiros”, “bombeiros e

estresse”, “bombeiros e burnout”, “bombeiros e coping”, “estresse”, “burnout”. Em

inglês, as palavras-chave empregadas foram: “stress”, “firefighters”, “burnout”,

“burnout and firefighters”, “stress and firefighters”, “firefighters and coping”.

Foram encontrados e selecionados um total de treze artigos, sendo nove

deles escritos no Brasil, um em Portugal e dois nos Estados Unidos. Foram eleitos

artigos que apenas focassem nos profissionais militares bombeiros e descartados

artigos com populações que não exerciam atividade profissional que oferecesse

riscos e situações estressoras.

A maioria dos artigos foram publicados no ano de 2011, tendo porém como

tema central o Estresse Pós-traumático vivenciado por bombeiros sobreviventes ao

atentando do World Trade Center em 11 de setembro, perfazendo 44% dos artigos

pesquisados. Entretanto, o escopo deste projeto é o estresse e burnout em

bombeiros e não o estresse pós-traumático, portanto estes foram excluídos.

Quanto ao estresse e qualidade de vida em bombeiros, apenas quatro artigos

foram encontrados, sendo todos brasileiros.

Com referência ao coping, um artigo americano foi publicado no ano de 2012

e um brasileiro em 2013.

Profissionais como policiais e bombeiros, que atuam em constante situações

de risco e estão expostos a todo e qualquer tipo de crítica da sociedade, são

vulneráveis ao burnout, colocando em risco a qualidade do serviço que prestam à

população (QUEIROS et. al 2012). Portanto, conhecer o nível de burnout e alertar

para as consequências negativas que tal condição psicológica pode trazer, é

imprescindível.

Pavin et. al (2010) pontuam sobre a avaliação dos indicadores de saúde

mental dos bombeiros e os fatores que interferem no comportamento, comparando

47

as diferenças entre homens e mulheres. No que se refere à saúde mental geral dos

bombeiros (277 homens e 26 mulheres) observou-se que os indicativos de

depressão, estresse, comprometimentos em saúde mental geral há predominância

para a amostra feminina. O índice de estresse entre bombeiros femininos foi de

73,3%, de acordo com o ISSL. O indicativo de depressão foi de 26,9%. O

Questionário de Saúde Geral (QSG) revelou estado grave/gravíssimo para 65,4%

das mulheres avaliadas. Embora os homens apresentem um perfil de saúde com

pontos comprometidos e altas prevalências, destaca-se que as mulheres estavam

com desgaste ainda mais acentuado e com aspectos de saúde comprometidos. No

que tange, o estresse nos bombeiros seguiu ao que parece ser uma tendência no

Brasil, visto que em outros países pesquisas apontam índices mais baixos de

estresse entre estes profissionais.

Souza et al (2012) discutem o trabalho dos bombeiros militares e sua relação

no processo saúde-doença. É evidente que a categoria de bombeiros militares

apresenta um quadro cada vez mais amplo de adoecimento, principalmente os

relativos à saúde mental. Porém, a relação entre trabalho e saúde tem sido

abordada de maneira inteligível no contexto real da atividade.

Cremasco et al (2008) aclaram que o resultado de sua pesquisa realizada em

bombeiros da cidade de Vitória evidenciou que o maior fator desencadeador de

estresse profissional são as condições organizacionais. O cunho do militarismo que

caracteriza a organização tem sido apontado como principal promotor de estresse

profissional. Isto porque, segundo o autor, o militarismo, por seus princípios,

padroniza condutas e comportamentos, não deixando espaço para a expressão das

emoções e do aspecto individual pessoal, o que causa sofrimento que se reflete em

sintomas.

Uma pesquisa exploratória e descritiva, delineada como um levantamento e

utilizando um questionário semiaberto investigou a configuração da identidade

profissional, caracterização da profissão, identidade, trabalho, escolha profissional e

qualidade de vida do Bombeiro Militar da região da grande Florianópolis, SC.

Analisaram-se os dados quantitativa e qualitativamente colhidos da amostra

constituída por 266 Praças do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros (NATIVIDADE,

2009).

A análise dos resultados desta pesquisa levou a autora a concluir que esses

profissionais sentem-se realizados com sua profissão, muito embora possuam

48

queixas, as quais não são sobre o conteúdo da profissão, mas sim sobre falta de

condições para exercê-la e sobre aspectos organizacionais (NATIVIDADE, 2009).

Gonzales et al (2006), num estudo exploratório com bombeiros de uma cidade

do interior do estado do Rio Grande do Sul, investiga a relação entre o estado de

alerta (EA) e a saúde dos profissionais que para exercerem sua função estão neste

estado constantemente e até permanentemente. Seus estudos concluem que

91,66% dos trabalhadores bombeiros pesquisados trabalham em EA, e, destes,

63,63% afirmam estar em EAP (estado de alerta permanente).

Por um lado, este estado de alerta é fundamental na realização de um

trabalho com qualidade, em contrapartida, a continuidade do mesmo poderá trazer

sérios prejuízos à vida e à saúde destes trabalhadores. Como consequências deste

estado de alerta prolongado, pode-se relacionar os transtornos de sono, o desgaste

físico e mental, o cansaço do trabalhador ao sair do trabalho, o medo de adoecer em

função desta sobrecarga, a irritabilidade em casa, as brigas com a família por motivo

fútil, dentre outros aspectos (GONZALES, 2006).

Os resultados obtidos por Ferreira (2010) em sua pesquisa sobre

personalidade e percepção de estresse em bombeiros, levada a cabo com a

investigação em uma amostra constituída por 321 bombeiros das cidades de

Ribatejo e Extremadura, em Portugal, demonstraram associações importantes entre

características de personalidade e o estresse. A pesquisa aponta que tanto para a

predisposição ao estresse e burnout quanto o desenvolvimento de estratégias de

coping foram capazes de fazerem frente aos dois sintomas que parecem estar

relacionadas a algumas características de personalidade. Isto significa dizer, em

outras palavras, que os traços de personalidade de um indivíduo têm uma complexa

interação com os agentes estressores e com a capacidade de adquirir estratégias

para despotencializar estes agentes e inibir os sintomas de estresse e burnout.

Estas conclusões encontram-se corroboradas pelos estudos de Santana

(2011), que afirma ser o estresse uma reação do organismo à pesada carga

recebida por eventos significativos. Esta reação pode provocar desequilíbrios no

organismo, quando ele tenta ajustar-se à situação enfrentada. Santana (2011)

reitera que a intensidade da carga e da reação, assim como os desequilíbrios variam

de indivíduo para indivíduo, pois cada pessoa possui um grau diferente de

resistência a acontecimentos conflitantes, o que no caso deste estudo poderia ser

interpretado como o coping do indivíduo.

49

Assim, o autor coloca a importância de se considerar não só a grande

quantidade de fatores potencializadores de estresse, mas também os aspectos

individuais que vão determinar a maneira pela qual cada pessoa reage às pressões

cotidianas e os aspectos psicossociais envolvidos.

No caso dos profissionais bombeiros, foco deste estudo, portanto, é

importante investigar os elementos causadores de estresse, como o risco, a pressão

cotidiana, os aspectos da organização, a representação social e as expectativas do

grupo, as condições de trabalho. No entanto, como cada um destes profissionais lida

com todos estes agentes estressores vai depender também de sua característica

individual, da sua constituição psicológica e da sua possibilidade de desenvolver

estratégias de coping.

Lima e Assunção (2011) afirmam que variáveis individuais e de contexto são

considerados fatores associados ou de risco para o estresse e para os

consequentes sintomas do burnout e parecem explicar dimensões diferentes de

adoecimento em trabalhadores. A exposição a eventos traumáticos é o aspecto de

contexto mais investigado nas pesquisas recentes, indicando associações positivas

com a doença, situação presente no exercício da profissão de bombeiro.

Entretanto, afirmam os autores, a definição de evento traumático ainda é tema

de muita controvérsia na literatura e aspectos ocupacionais também são essenciais

para o entendimento do estresse e burnout em trabalhadores. No caso dos

bombeiros e dos demais profissionais de emergência, os pesquisadores concluem

que características sociodemográficas, biológicas e psicológicas, morbidade,

exposição a eventos traumáticos ocupacionais e não ocupacionais, e características

do trabalho e do emprego associaram-se ao estresse e ao burnout em profissionais

de emergência (Lima e Assunção, 2011)

Uma organização de bombeiros, para atender com eficiência e eficácia uma

demanda crescente de ocorrências, adota modelos funcionais rigorosos,

aumentando a intensidade das exigências organizacionais, as quais poderão

agravar as situações emocionais dos bombeiros no desempenho das suas

atividades profissionais (CARDOSO, 2004).

O crescimento das emergências e das exigências da organização sobre os

bombeiros criam uma condição que pode agravar as forças com origem nos fatores

psicossociais responsáveis pelo estresse profissional. A alteração dos fatores

psicossociais resultando no agravamento do estresse profissional foi confirmada por

50

Miller e Smith (2002), quando divulgaram as conclusões da pesquisa que avaliava a

relação entre o estresse psicológico de policiais e o ambiente organizacional. A

relação que se estabelece ente as demandas sociais e as exigências

organizacionais, na busca de formas para responder às necessidades de ajuda,

modificam o desempenho das atividades profissionais.

As necessidades sociais referem-se às solicitações para ajuda em

emergências sendo enquadradas numa amplitude que varia desde as atividades de

pequenos auxílios e orientações de segurança ao atendimento de emergências pré-

hospitalares e acidentes com cargas perigosas, transportadas por via rodoviária.

LAMBERT et. al. (2012) validaram uma nova escala psicométrica denominada

FFCSE - Firefighter Coping Self-Efficacy Scale (Escala de Enfrentamento e Auto

eficácia em Bombeiros)19. O objetivo desta escala é avaliar a percepção e a

capacidade do bombeiro em lidar com as situações estressantes e traumáticas

vivenciadas diariamente em seu trabalho. Os autores argumentam que esta

capacidade está embasada no CSE (Coping Self-Efficacy) e é fundamental para a

regulação eficaz dos processos internos (por exemplo, emoções e pensamentos),

execução de enfrentamento adaptativo e gerenciamento de estressores externos

associados a eventos traumáticos. Deste modo, um indivíduo com alto CSE teria

confiança em sua capacidade de lidar tanto com a gama de reações emocionais

frente ao estresse extremo, quanto gerir altas exigências externas. Esta

autoconfiança presumivelmente se traduz em maior capacidade de enfrentamento

por meio da definição de metas e perseverança, que por sua vez reduz o sofrimento

psíquico. Em contrapartida, indivíduos com CSE menor, tem recursos internos

limitados causando maior ansiedade e maior probabilidade de desistir quando

confrontado com desafios externos. Notavelmente, CSE não é considerado um traço

de personalidade estável. Portanto, a FFCCSE foi embasada na percepção dos

bombeiros para o gerenciamento do estresse e exposição ao trauma encontrado

diariamente em sua atuação profissional. Isto inclui a eficácia para gerenciar

memórias de ocorrências difíceis, lidar com os sentimentos associados ao

testemunho de ferimentos ou morte, e com o estresse geral associado a profissão

de bombeiro.

19

Artigo disponível somente para assinantes, traduzido fidedignamente pela pesquisadora.

51

Para a construção da escala, itens iniciais foram criados através de consultas

com um grupo de bombeiros ativos. Um membro da equipe de pesquisa foi um

bombeiro voluntário que reuniu-se com vários pequenos grupos de bombeiros. Foi

solicitado que relatassem situações que se caracterizassem como trauma e stress.

Isto resultou em uma medida de 20 itens. As perguntas foram introduzidas pela

instrução: ''Para cada situação descritos a seguir, por favor classifique como você é

capaz de lidar com sucesso com ele.'' Os itens foram ancorados por uma escala do

tipo Likert que varia de 1 (nada capaz) a 7 (Totalmente capaz).

Bombeiros da ativa foram recrutados a partir de uma área metropolitana de

médio porte no sudoeste dos EUA. Na primeira avaliação, havia 277 participantes e

304 na segunda avaliação. Dos 304 recrutados 184 completaram as duas etapas,

(61%). A idade média dos participantes foi de 39 anos, 91% eram do sexo

masculino, e 62,8% eram casados. Quanto à escolaridade, 40% da amostra tinha

um diploma universitário ou superior, 52,7% alguma faculdade, e o restante o

segundo grau completo. A maioria 68,2 % da amostra relataram uma renda familiar

anual de 60.000 dólares ou mais, aproximadamente 12,6 % relataram uma renda

anual entre US $ 40.000 e 60.000, e 16,2 % relataram uma renda abaixo de US $

40.000.

Os resultados do presente estudo sugerem que a Escala FFCSE é eficiente

psicometricamente. Foi observado uma significativa percepção de competência para

lidar com as demandas do trabalho e menos sintomas psicológicos e estresse

relacionados à atividade laboral. Os indivíduos relataram maior apoio social, maior

auto- aceitação, relações positivas com os outros, maior autonomia percebida, uma

sensação de ambiente acolhedor bem como uma tendência para o crescimento

pessoal.

Em síntese, os resultados relatados nos artigos pesquisados apontam para

uma relação entre as situações de trabalho que envolvem risco, urgência,

convivência com eventos traumáticos e os sintomas de estresse e burnout. Neste

estudo, considera-se que a atividade profissional dos bombeiros militares apresenta

estas características, que se constituem em fatores desencadeadores do estresse e

do burnout.

Dando sequência ao percurso traçado para este estudo, o capítulo seguinte

tratará do método adotado para esta investigação, relacionando os instrumentos, os

52

critérios de seleção e exclusão da população pesquisada e os procedimentos para

coleta e um capítulo de análise dos resultados.

53

5 MÉTODO 5.1 Características do estudo

Este é um estudo descritivo e exploratório, com abordagem metodológica

quantitativa, ao empregar escalas para mensurar estratégias de enfrentamento

(coping), o estresse e burnout. Os dados foram tratados estatisticamente através da

Plataforma Google Docs, dos programas SPSS 19.0, e Excel.

5.2 Objetivo

O objetivo desta pesquisa é observar a correlação entre estratégias de

coping, estresse e burnout em bombeiros militares da cidade de São Paulo. Para Gil

(2007, p.42) a pesquisa de natureza descritiva tem como objetivo primordial a

descrição das características de determinada população ou fenômeno, então, o

estabelecimento de relação entre variáveis.

5.3 Participantes

Esta investigação foi desenvolvida com 148 profissionais bombeiros militares

da cidade de São Paulo atuantes na Capital e que detinham as patentes de cabo,

soldado, 1º., 2º., 3º. Sargentos, subtenentes e tenentes.

5.3.1 Critérios de inclusão Bombeiros militares atuantes na região Metropolitana de São Paulo, os quais

ficam de prontidão por 24 horas em postos distribuídos estrategicamente na cidade

de São Paulo e que preencheram corretamente os instrumentos e assinarem o

termo de consentimento livre esclarecido

54

5.3.2 Critérios de exclusão

Os profissionais que atuem somente em trabalhos administrativos dentro da

corporação.

5.4 Instrumentos

Os bombeiros profissionais militares foram avaliados pelos respectivos

instrumentos:

5.4.1. Questionário Sócio Demográfico (APÊNDICE I) 5.4.2 Escala de Estresse no Trabalho (EET)

Composta por 23 itens, a escala de Estresse no Trabalho (EET) foi

embasada na literatura sobre estressores organizacionais de natureza psicossocial e

sobre reações psicológicas ao estresse ocupacional. Segundo os autores pode ser

aplicada em diversos ambientes de trabalho e ocupações variadas. Cada item da

EET aborda tanto um estressor quanto uma reação ao mesmo. Um fator

organizacional constitui-se num estressor quando ele é percebido como tal pelo

sujeito. Em uma escala Likert com itens de 1 a 5, cada questão deve ser assinalada

em: 1 (discordo totalmente); 2 (discordo); 3 (concordo em parte); 4 (concordo) e 5

(concordo totalmente). Embasado no estressor organizacional de natureza

psicossocial, foram elaborados itens divididos em fatores como indica a tabela

abaixo: (TAMOYO & PASCHOAL, 2004).

55

Tabela 2 Fatores avaliados pela Escala de Estresse no Trabalho e respectivas questões

FATOR

QUESTOES

FATOR 1 – Autonomia/controle

2, 3, 4, 1, 11, 6

FATOR 2 – Papéis e ambiente de trabalho

19, 23, 18, 14, 20

FATOR 3 – Relacionamento com o chefe

21, 8, 9, 12

FATOR 4 – Relações interpessoais

7, 22, 12

FATOR 5 – Crescimento e valorização

16, 17, 15

Fonte: Tatiane Paschoal comunicação com a pesquisadora por meio de correio eletrônico

Conforme Tatiane Paschoal, uma das autoras da escala, para analisar os

dados usa-se estatísticas descritivas. Pode-se calcular a média do sujeito, grupo ou

grupos para todos os itens da escala, encontrando um indicador geral, que vai variar

de 1 a 5. Quanto maior este indicador, maior o estresse. Quando o valor da média

for igual ou maior que 2,5 já deve ser compreendido como indicador de estresse

considerável. A média dos grupos investigados tem ficado em torno de 2 ou 2,5.

Pode-se também calcular a média para cada item, identificando aqueles com maior

pontuação e, portanto, os estressores mais presentes, de acordo com a percepção

dos trabalhadores. Não existe uma categorização para cada pontuação. Não foi feita

normatização. A EET não é um teste psicológico, mas uma ferramenta para

diagnóstico organizacional que foi submetida a testes e requisitos psicométricos.20.

20

Informações obtidas diretamente com a autora Tatiane Paschoal por meio de correio eletrônico em 29 de out 2015.

56

Portanto, classificamos como:

Tabela 3 Classificação média da Escala de Estresse no Trabalho (EET)

SEM ESTRESSE

Abaixo de 2

RISCO DE ESTRESSE

2 à 2,5

ESTRESSE

2,5 ou mais

Fonte: Tabela concedida pela autora Tatiane Paschoal por meio de correio eletrônico

5.4.3 MBI (Maslach Burnout Inventory) 21

A Escala de Burnout de Maslach (MBI) foi concebida para avaliar os três

componentes da síndrome de burnout: exaustão emocional, despersonalização e

realização pessoal. São 22 itens os quais estão divididos em três subescalas. A

subescala de exaustão emocional é composta por 9 itens, a subescala de

Despersonalização é composta por 5 itens e por último a subescala de Realização

Pessoal constitui-se de 8 itens. A tabela abaixo demonstra os itens e as respectivas

subescala.

Tabela 4 Subescalas do MBI (Maslach Burnout Inventory) e os itens correspondentes

SUBESCALA - MBI

ITENS

Exaustão Emocional (EE)

1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20

Despersonalização (DP)

5, 10, 11, 15 e 22

Realização Pessoal (Rp)

4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21

Fonte: Carlotto e Câmara (2007) 22

21

Tradução fidedigna do Manual Maslach Burnout Inventory, third edition, 1997, realizada pela pesquisadora. 22

CARLOTTO, M. S; CAMARA, S. G. Propriedades psicométricas do Maslach Burnout Inventory em uma amostra multifuncional. Estudos de Psicologia. Campinas, jul.- set. 2007.

57

Cada subescala avalia a síndrome de Burnout da seguinte forma:

EXAUSTÃO EMOCIONAL (EE): é o fator central do esgotamento, e caracteriza-

se pelo sentimento de desgaste emocional e falta de energia. O profissional sente-

se esgotado, com pouca energia para o trabalho, e a impressão que ele tem é de

que não terá como repor essa energia. Esse estado costuma deixar os

profissionais, com baixa tolerância e facilmente irritáveis, no ambiente de trabalho e

fora dele, com familiares e amigos. O profissional torna-se insensível,

apresentando muitas vezes um comportamento rígido com rotinas inflexíveis, como

uma forma de manter-se distante.

DESPERSONALIZAÇÃO (DP): o afastamento psicológico se apresenta como

uma estratégia defensiva. Normalmente o profissional aparenta ansiedade,

aumento da irritabilidade, perda da motivação, educação do idealismo e conduta

voltada para si mesmo, passando a tratar as pessoas que prestam serviços,

colegas e a organização como objetos, por vezes demonstrando insensibilidade. “O

profissional que assume atitude desumanizada deixa de perceber os outros como

pessoas semelhantes a ele, com sentimentos e pensamentos... O profissional

perde a capacidade de empatia com as pessoas que o procuram em busca de

ajuda e as trata não como seres humanos, mas como coisas objetos.

REALIZAÇÃO PESSOAL (RP). Há uma propensão do profissional se auto avaliar

de modo negativo, sente-se infeliz e insatisfeito com seu desenvolvimento

profissional. Concomitante um sentimento de incompetência, incapacidade e

inadequação diante de suas tarefas. Por conseguinte, por vezes há uma queda na

autoestima, levando a uma depressão. Esta escala é invertida, se a pontuação for

baixa, mais o profissional sente-se incompetente. Inadequado e incapaz. Porém, se

houver alta pontuação o profissional sente-se competente, apto, habilidoso, com

elevada autoestima diante de suas atividades laborais diárias.

Neste estudo, para analisar a prevalência da síndrome de Burnout, foram

seguidos os critérios apresentados por MASLACH et al (1997) onde cada

subescala é mensurada por uma nota de corte adequada para cada país. As

pontuações de cada subescala são consideradas separadamente e não

combinadas em uma única, ou seja, combinadas em um escore total. Portanto, três

pontuações são computadas para cada correspondente e podem ser

correlacionadas entre si, sugerindo assim o burnout. Para autora, A Exaustão

Emocional alta é preditora da Despersonalização alta que por sua vez manterá a

58

Realização Pessoal baixa, sugerindo assim o burnout23 Segundo Carlotto24 os

pontos de corte adotados por Shiron e sugeridos por Gil Monte & Pieró (1997), são

uma alternativa válida para identificar os níveis de burnout embasados na

frequência de sintomas em países que ainda não possuem pontos de cortes

validados como é o caso do Brasil.

As notas de cortes sugeridas por Gil Monte & Peiró estão na tabela abaixo:

Tabela 5 Resultados de pontos de corte, médias, desvios padrões e Alpha Cronbach da Escala do MBI

Pontos de Corte

Gil Monte & Peiró

N = 1.188

rRP

EE

DE

Alto

35

25

9

Médio

34 - 39

16 - 24

4 - 8

Baixo

40

15

3

Média

36,02

20,39

6,36

DP

7,27

11,03

5,34

Alpha

0,72

0.86

0,58

Fonte: BENEVIDES-PEREIRA, 2002, p. 77

O MBI é composto em três versões:

- HSS (Human Service Survey), elaborada para trabalhadores de serviços

humanísticos como médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais;

- GS (General Survey), destinada à totalidade contigencial de trabalhadores;

- ED (Educators Survey), indicada aos trabalhadores da educação em geral.

23

Conforme o Manual Maslach Burnout Inventory, third edition, traduzido pela pesquisadora. 24

Informações obtidas diretamente com a autora por meio de correio eletrônico em 27 nov de 2015.

59

Nesta pesquisa foi utilizada a versão HSS (Human Service Survey), mais

apropriado para prestadores de serviços e a profissionais que trabalham em

serviços humanitários.

5.4.4 Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus

O inventário de estratégias de coping de Folkman e Lazarus (1985) é um

questionário que contém 66 itens que abrangem pensamentos, ações ou

comportamentos usados para lidar com um estressor em potencial. 25 Para

Folkman e Lazarus (1980), tais estratégias podem ser classificadas em dois tipos,

dependendo da sua função. O coping focado na emoção é definido como um

esforço para regular o estado emocional que é associado ao estresse, ou é

resultado de eventos estressantes. Estes esforços de coping são dirigidos em nível

somático e/ou de sentimentos, objetivando alterar o estado emocional do indivíduo.

Podemos exemplificar como ações de fumar um cigarro, tomar um tranquilizante,

assistir uma comédia na TV, sair para correr. Estas são estratégias dirigidas a nível

somático de tensão emocional. Sua função é reduzir a sensação física

desagradável de um estado de estresse.

Por sua vez, o coping focado no problema firma-se em um esforço para

atuar na situação que originou o estresse, tentando modificá-la. A função desta

estratégia é alterar o problema existente na relação entre a pessoa e o ambiente

que está fomentando a tensão. A ação de coping pode ser direcionada

internamente ou externamente. Quando o coping focado no problema é dirigido

para uma fonte externa de estresse, inclui estratégias tais como negociar para

resolver um conflito interpessoal ou solicitar ajuda prática de outras pessoas. Já, o

coping dirigido internamente, geralmente inclui reestruturação cognitiva como, por

exemplo, a redefinição do elemento estressor.

Portanto, pode-se considerar como coping focado na emoção: confronto,

afastamento, autocontrole e fuga/esquiva. Em contrapartida, como coping focado

no problema: suporte social, aceitação de responsabilidades, resolução de

problemas e reavaliação positiva.

25

Folkman, Lazarus, Dunkel-Schetter, Del Longis & Gruen, 1986

60

Neste estudo, a situação proposta aos bombeiros militares, foi à atuação em

situações de emergência as quais são submetidos diariamente.

Em cada item são apresentadas quatro opções devendo ser uma indicada

em relação à frequência ou intensidade com que o indivíduo agiu em relação ao

evento descrito. As opções são: 0 – não usei esta estratégia; 1 – usei um pouco; 2

– usei bastante; 3 – usei em grande quantidade.

61

Os itens do inventário são agrupados em 8 fatores conforme Savoia et al

(1996):

Tabela 6 Descrição das Estratégias de Coping avaliadas pela Escala de Coping Folkman e Lazarus

ESTRATÉGIA

DESCRIÇAO

Estratégia 1 Confronto

O indivíduo acredita que tem que enfrentar a

situação estressante, sem se afastar das situações

de risco. Há esforços agressivos para alterar a

situação e sugere certo grau de hostilidade.

Estratégia 2 Afastamento

Há um afastamento das possíveis situações

estressantes no momento em que ela ocorre e

esforços cognitivos de desprendimento e

minimização do significado da situação.

Estratégia 3 Autocontrole

Há uma crença de que deve, simplesmente, haver

um autocontrole para que a situação estressante

passe e esforços para regular os próprios

sentimentos e ações.

Estratégia 4 Suporte Social

Estratégias pelas quais se busca um auxílio

externo, como amigos, colegas, familiares ou

ajuda profissional para solucionar o problema.

Estratégia 5 Aceitação de Responsabilidade

Reconhecimento do próprio papel no problema e

concomitante tentativa de resolvê-lo.

Estratégia 6 Fuga/Esquiva

Esforços cognitivos e comportamentais para

escapar ou evitar o problema (difere do fator

afastamento, que sugere desprendimento).

Estratégia 7 Resolução de Problemas

Esforços focados no problema deliberadamente

empregados com o objetivo de alterar a situação

associado a uma abordagem analítica para

resolvê-los.

Estratégia 8 Reavaliação Positiva

Esforços de criação de significados positivos,

focando o crescimento pessoal inclui também uma

dimensão religiosa.

Fonte: Folkman & Lazarus (1996)

62

Por sua vez, estes oito diferentes fatores são analisados nos respectivos

itens descritos abaixo:

Tabela 7 Itens da escala que correspondem cada estratégia de coping

ESTRATÉGIA

QUESTÕES

Fator 1 – CONFRONTO

46, 7, 17, 28, 34 e 6

Fator 2 – AFASTAMENTO

41, 13, 44, 21, 06, 16, 10

Fator 3 – AUTOCONTROLE

15, 14, 43, 54, 35

Fator 4 – SUPORTE SOCIAL

42, 45, 08, 31, 18, 22

Fator 5 – ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADE

51, 09, 52, 29, 48, 25, 62

Fator 6 – FUGA - ESQUIVA

58, 59

Fator 7 – RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

49, 26, 46, 01

Fator 8 – REAVALIAÇÃO POSITIVA

38, 56, 60, 30, 39, 20, 36, 63, 23

Fonte: SAVOIA et al, 1996.

O inventário está validado e adaptado para a população brasileira (SAVOIA,

et. al 1996). Para mensurar, segundo SAVOIA 26, há duas maneiras: escore bruto e

relativo. A decisão depende da informação desejada. Escores relativos descrevem

a proporção de esforços representados por cada tipo de estratégia e são expressos

em porcentagem de 0 a 100. Um escore alto significa que a pessoa utilizou desta

estratégia mais do que as outras. Para o escore bruto, deve-se somar os itens de

cada fator que corresponde a um determinado tipo de estratégia, obtendo-se um

sumário das respostas dos sujeitos a cada tipo de estratégia utilizada. É importante

ressaltar que não são todos os 66 itens que entram nesta tabulação. Tendo em

vista que o instrumento pode ser utilizado com populações diversas, incluem-se os

66 itens se pesquisadores quiserem verificar se determinada população apresenta

26

Informações obtidas diretamente com a autora Maria Gentil Savoia por meio de correio eletrônico em 30 de nov de 2015. Capítulo de livro no prelo enviado pela autora.

63

os mesmos fatores na análise fatorial e quais itens correspondem a cada fator.

Para realizar a avaliação, na tabela abaixo as ponderações estão lançadas em

escores brutos para cada item.

Tabela 8 Notas de corte para Escala de Coping Folkman & Lazarus 27

ESTRATÉGIA

Não utiliza

ou utiliza

pouco

Utiliza

algumas

vezes

Utiliza

grande

parte das

vezes

Utiliza quase

sempre

CONFRONTO

0 à 4

5 à 9

10 à 14

15 à 18

AFASTAMENTO

0 à 5

6 à 10

11 à 16

17 à 21

AUTOCONTROLE

0 a 3

4 a 7

8 a 11

12 a 15

SUPORTE SOCIAL

0 a 4

5 a 9

10 a 14

15 a 18

ACEITAÇÃO DE

RESPONSABILIDADES

0 a 5

6 a 10

11 a 16

17 a 21

FUGA E ESQUIVA

0 a 1

2 a 3

4 a 5

6

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

0 a 3

4 a 6

7 a 9

10 a 12

REAVALIAÇÃO POSITIVA

0 a 6

7 a 13

14 a 20

21 a 27

Fonte: Tabela concedida pela autora Maria Gentil Savoia por meio de correio eletrônico

5.5 Procedimentos 5.5.1 Comitê de ética

Esta pesquisa foi avaliada pelo Comitê de Ética da PUC-SP sob o número

CAAE: 48307314.4.0000.548228, obtendo a anuência do Comando Geral dos

27

Tabela concedida pela autora Maria Gentil Savoia por meio de correio eletrônico.

64

Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo29. Com aquiescência de

ambos, a coleta de dados foi realizada nos postos dos bombeiros militares da cidade

de São Paulo.

5.5.2 Aplicação dos instrumentos

Com autorização do Comando de Bombeiros Metropolitano da Polícia Militar

do Estado de São Paulo (ANEXO I), a pesquisadora foi contatada através de

telefone pelos comandantes dos Grupamentos da cidade de São Paulo. Cada

grupamento é responsável por um determinado número de postos os quais os

profissionais militares ficam de prontidão. O Comando de Bombeiros Metropolitano

possui 8 grupamentos que estão divididos nas regiões: norte, sul, leste e oeste da

capital, que são responsáveis por número determinado de postos, distribuídos por

São Paulo e Grande São Paulo. Nos municípios de São Paulo, há 254 postos de

atendimento operacional distribuídos estrategicamente30. Nesta pesquisa, os postos

os quais a pesquisadora aplicou os instrumentos foram os postos pertencentes ao

1º. e 2º. grupamentos, responsável pela região Norte e Centro de São Paulo,

totalizando 8 postos para visita e coleta de dados. A escolha destes foi devida única

e exclusivamente em função da proximidade do ponto de partida inicial a qual a

pesquisadora se encontrava.

As equipes estão divididas em cores. Verde, amarela e azul. Cada equipe é

composta aproximadamente por no mínimo 6 profissionais militares. Há uma

variação destes profissionais, em função dos tipos de viatura disponíveis em cada

posto. Cada equipe fica de prontidão por 24 horas. Após 48 horas de descanso esta

mesma equipe retorna as atividades realizando um novo plantão.

Foi comunicado à pesquisadora, que a coleta de dados deveria ocorrer a

partir das 14h devido às atividades diárias que os bombeiros são submetidos pela

manhã. Cada posto já orientado e ciente da pesquisa, o itinerário para visita foi

preparado levando em consideração o tempo de deslocamento do ponto de partida

da pesquisadora, o tempo de aplicação em cada posto e o deslocamento para o

28

Certificado de Avaliação e Apreciação Ética. Informações obtidas por contato telefônico com o secretário executivo do comitê de ética em pesquisa Marcos Aurélio de Oliveira 29

Anexo I 30

Disponível em http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia2.php?id=242519. Acesso em 17 set de 2015.

65

posto seguinte. A média de postos visitados por dia foram 5. No período de 60 dias

foram contabilizados 2 protocolos válidos diariamente.

Já no local, a pesquisadora dirigiu-se ao comandante da prontidão

responsável naquele dia, quem contatou os profissionais que estavam presentes e

foram conduzidos à sala de aula. Na sala de aula de cada quartel, os bombeiros que

não estavam em ocorrência ou outros serviços corporativos foram convidados à

participar da pesquisa, em grupo. Após breve apresentação da pesquisadora e do

projeto, foram entregues em envelopes com lacre: o Questionário Sócio

Demográfico (APÊNDICE I), a Escala de Estresse no Trabalho, o MBI – Maslach

Burnout Inventory – HSS, Inventário de Estratégias de coping Folkman & Lazarus e

o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (ANEXO II). O tempo de aplicação foi

aproximadamente 20 minutos, período o qual a pesquisadora esteve presente para

quaisquer dúvidas. Durante a aplicação, se o profissional em questão fosse

acionado para uma ocorrência, entregou o envelope à pesquisadora quem invalidou

o protocolo neste dia. Com o termo de consentimento, a pesquisadora retornou no

próximo plantão do bombeiro convocado para ocorrência (48 horas depois) e iniciou

uma nova aplicação.

Encerrada a aplicação, os envelopes foram lacrados, entregues à

pesquisadora e posteriormente averiguados para quantificação.

5.5.3 Amostra

A amostra configura-se por conveniência não probalística. Neste tipo de

amostragem, o pesquisador seleciona membros da população mais acessíveis, que

neste são os profissionais que não estavam em ocorrências ou serviços

administrativos para a corporação.

66

5.6 Tratamentos estatísticos 5.6.1 Análise Estatística

Foi realizada a análise descritiva de todos os dados presentes no

questionário aplicado e foram aplicados testes estatísticos adequados às variáveis

disponíveis.

Para os cruzamentos entre variáveis nominais foram utilizados os testes

qui-quadrado e verossimilhança.

Nos cruzamentos de variáveis ordinais foram utilizados 2 tipos de testes:

a) Mann-Whitney, utilizado para comparar dois grupos distintos (e.g.

comparar a Exaustão Emocional entre os grupos “Sem estresse” e “Risco de

estresse/estressados”).

b) Kruskal-Wallis, utilizado para comparar três grupos distintos (e.g.

comparar a Exaustão Emocional “Nível Baixo”, “Nível Médio” e “Nível Alto” e com

Despersonalização “Nível Baixo”, “Nível Médio” e “Nível Alto”).

Foi aplicado também o teste ANOVA (análise de variância) para as

variáveis continuas. Em alguns casos, para aumentar o poder do teste estatístico,

foram agrupadas as categorias e utilizado o teste estatístico de acordo com o

descrito acima.

67

6 RESULTADOS

6.1 Caracterização da amostra Figura 2 Bombeiros militares classificados por gênero

Figura 3 Profissionais bombeiros classificados por patente

0

20

40

60

80

100

MASCULINO FEMININO

98,0%

2,0%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

BOMBEIROS CLASSIFICADOS POR GÊNERO

05

1015202530354045

43,2%

33,8%

11,5%

2,7% 6,1% 2,0% 0,7%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

BOMBEIROS CLASSIFICADOS POR PATENTE

68

Figura 4 Bombeiros classificados por tempo de atuação na corporação

Figura 5 Estado civil dos profissionais bombeiros

0 10 20 30 40 50

5 anos - 10 anos

10 anos - 15 anos

Mais de 15 anos

30,4%

25,7%

43,9%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

BOMBEIROS CLASSIFICADOS POR TEMPO DE ATUAÇÃO

0

10

20

30

40

50

60

70

80

CASADO/UNIÃOESTÁVEL

SOLTEIRO DIVORCIADO

74,3%

23%

2,7%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

ESTADO CIVIL DOS BOMBEIROS PESQUISADOS

69

Figura 6 Quantidade de filhos dos profissionais bombeiros

Figura 7 Faixa Etária dos profissionais bombeiros

24,3% 26,4%

33,1%

16,2%

0

5

10

15

20

25

30

35

0 1 2 3 ou maisTotal de bombeiros pesquisados: 148

Dados obtidos em set/out 2015

QUANTIDADE DE FILHOS DA AMOSTRA ESTUDADA

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

18 - 28 anos 29 - 39 anos 40-50 anos 51 - 61 anos

12,2%

38,5%

48,0%

1,4%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

FAIXA ETÁRIA DOS BOMBEIROS PESQUISADOS

70

Quanto à caracterização da amostra, as figuras 2, 3, 4, 5, 6 e 7 indicam que

a maioria dos bombeiros é do gênero masculino (98%). Um percentual de 42,9% da

amostra detém a patente de Cabo da Policia Militar, os que atuam como bombeiros

há mais de 15 anos atingem o percentual de 43,5%. Um total de 62,6% da amostra

está casado atualmente e 32% possuem dois filhos. Em relação à faixa etária 47,6%

encontra-se na faixa etária compreendida entre 40 e 50 anos Figura 8 Profissionais bombeiros que passam por atendimento psicológico e/ou psiquiátrico

A figura 8 assinala que dos pesquisados, 94,6 % não passam por

atendimento psicológico ou psiquiátrico, enquanto que 2,7% recebem atendimento

psicológico semanal. Outros 2% recebem atendimento psiquiátrico e apenas 0,7%

têm acompanhamento psiquiátrico e psicológico simultaneamente.

0

20

40

60

80

100

94,6%

2,7% 2% 0,7%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

BOMBEIROS QUE UTILIZAM SUPORTE PSICOLÓGICO

71

Figura 9 Profissionais bombeiros que precisaram pedi licença nos últimos 2 anos por problemas de saúde

A figura 9 aponta que uma parte significativa da amostra, N=133 (89,9%)

dos bombeiros investigados não precisou pedir licença do trabalho nos últimos dois

anos. Os que precisaram se afastar do trabalho por problemas de saúde,

representam N = 15, caracterizando apenas 10,1% do total da amostra estudada.

1,0

10,0

100,0

NÃO

SIM

N = 133 89,9%

N = 15 10,1%

BOMBEIROS QUE PEDIRAM LICENCA POR PROBLEMAS DE SAÚDE NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS

72

Figura 10 Diagrama de Venn referente aos tipos de problemas de saúde relatados pelos profissionais bombeiros

Pelo diagrama de Venn percebe-se que 42 bombeiros (28,4% do total de

respondentes) relataram ter problemas de saúde. Há 21 casos de bombeiros com

problemas na coluna, 15 casos com problemas cardiovasculares e hipertensão

arterial e 16 casos com outros problemas, como LER (5), problemas no joelho (2),

nos punhos (1), de pele (2), de visão (1), auditivos (1), hipotireoidismo (2), AVC (1),

síndrome do pânico (1).

PROBLEMAS CARDIOVASCULARES OU HAS (HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA)

PROBLEMAS DE COLUNA

OUTROS

2

1 7

7 12

13

73

Figura 11 Profissionais bombeiros que utilizam medicação diária para controle da doença

Dos profissionais que relataram algum problema de saúde, apenas 12,2%

(N=18) utilizam algum tipo de medicamento diário para controle da doença. Por sua

vez, 87,8% (N = 130) dos bombeiros investigados, não utilizam nenhuma medicação

para controle da doença, diariamente.

87,8% NÃO

N = 130

12,2% SIM

N = 18

BOMBEIROS QUE UTILIZAM MEDICAMENTO PARA CONTROLE DA DOENÇA DIARIAMENTE

74

6.2 Análises descritivas das variáveis das Escalas de Estresse no Trabalho, MBI (Maslach Burnout Inventory) e Escala de Coping Folkman e Lazarus. 6.2.1. Análises descritivas das Escala de Estresse no Trabalho Figura 12 Resultado geral da Escala de Estresse no Trabalho (EET)

A figura 12 descreve que com relação à Escala de Estresse no Trabalho

(EET), 62 profissionais bombeiros (41,9%) estão em estresse e 44 profissionais

(29,7%) estão sob risco de estresse. Dessa forma, 106 profissionais (71,6%)

encontram-se na situação entre risco de estresse e estresse. Apenas 42 bombeiros

(28,4%) foram classificados sem estresse.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Sem Estresse Risco de Estresse Estresse

28,4% 29,7%

41,9%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

ESCORE ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO (EET)

N = 42 N = 44 N = 62

75

Doravante, as figuras 13 a 17 se referem a importância dada pelos

pesquisados à influência dos fatores organizacionais considerados

desencadeadores do estresse no trabalho. Desta forma, os indicadores sem

estresse, risco de estresse e estresse, do eixo horizontal na figura, apresentam o

posicionamento da população da amostra em relação a cada fator apontado no título

da figura, considerando-os respectivamente como não importante fator

desencadeador do estresse (Sem Estresse); importante para o surgimento do risco

de estresse (Risco de Estresse) e importante fator desencadeador do estresse

profissional (Estresse).

Figura 13 Fator 1 - Autonomia e Controle da Escala de Estresse no Trabalho

Quanto ao fator autonomia e controle no ambiente de trabalho, 77 bombeiros

(52%) consideram que a falta de autonomia e o controle excessivo exercido pelos

superiores é um fator preponderante para o estresse, 29 bombeiros (19,6%) o

consideram importante para o surgimento da situação de risco de estresse.

,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

Sem Estresse Risco de Estresse Estresse

N = 42 28,4%

N= 29 19,6%

N = 77 52,0%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

FATOR 1 - AUTONOMIA E CONTROLE

76

Contudo, 42 profissionais (28,4%) não consideram este fator (falta de autonomia e

controle exercido pelos superiores no ambiente de trabalho) significativo para o

estresse. É possível considerar, portanto que o fator autonomia e controle excessivo

se constitui em importante estressor já que 106 profissionais (77+29) ou um

percentual de 71,6% da amostra o considera desencadeador de risco de estresse e

estresse.

Figura 14 Fator 2 - Papéis e Ambiente de Trabalho da Escala de Estresse no Trabalho

Com relação à Definição de Papéis e ao Ambiente de Trabalho, 51

bombeiros (34,5%) consideram que este fator organizacional não contribui para o

estresse no trabalho. Porém, uma porcentagem bem próxima, 33,8% (50 bombeiros)

considera este fator como risco de estresse no trabalho. Um percentual de 31,8%

dos entrevistados julga que a definição de papéis e o ambiente de trabalho são

30,0

30,5

31,0

31,5

32,0

32,5

33,0

33,5

34,0

34,5

SEM ESTRESSE RISCO DE ESTRESSE ESTRESSE

N = 51 34,5%

N = 50 33,8%

N = 47 31,8%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

FATOR 2 - PAPÉIS E AMBIENTE DE TRABALHO

77

importantes estressores. Em síntese, dos profissionais que se encontram em

situação de estresse ou risco de estresse investigados, 65,6% (N = 97) acreditam

ser um fator de estresse dentro da corporação.

Figura 15 Fator 3 - Relacionamento com o Chefe da Escala de Estresse no Trabalho

Atinente ao relacionamento com o chefe, 65 bombeiros (43,9%) concebem

que o relacionamento com o chefe é um fator causador de estresse no trabalho.

Neste mesmo raciocínio, 43 bombeiros (29,1%) acreditam ser um fator de risco de

estresse e 27% da amostra estudada acredita que o relacionamento com o chefe

não é um fator organizacional que contribui para o estresse. Considerando a

somatória dos que consideram este fator como causador de risco e de estresse,

tem-se que este é um fator preponderantemente estressor ( N=108 ou 73%).

,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

SEM ESTRESSE RISCO DE ESTRESSE ESTRESSE

N = 40 27,0%

N = 43 29,1%

N = 65 43,9%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

FATOR 3 - RELACIONAMENTO COM O CHEFE

78

Figura 16 Fator 4 - Relações Interpessoais da Escala de Estresse no Trabalho

Concernente à variável de relações interpessoais percebe-se índices muito

próximos tanto para os que não consideram as Relações Interpessoais dentro do

ambiente de trabalho um fator de estresse quanto para os que consideram este fator

como risco de estresse. Desta maneira, 36,5% (N = 54) dos bombeiros admitem que

as Relações Interpessoais no ambiente de trabalho é um fator que não contribui no

aumento do estresse no trabalho e 35,1% (N = 52) acredita ser um risco de estresse.

Por último, 42 profissionais bombeiros (28,4%) conjecturam que as Relações

Interpessoais no ambiente de trabalho cooperam para o aumento do estresse no

trabalho.

,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

SEM ESTRESSE RISCO DE ESTRESSE ESTRESSE

N = 54 36,5%

N = 52 35,1%

N = 42 28,4%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

FATOR 4 - RELAÇÕES INTERPESSOAIS

79

Figura 17 Fator 5 - Crescimento e Valorização Pessoal da Escala de Estresse no Trabalho

Pertinente ao Crescimento e Valorização Pessoal dentro da corporação,

43,2% (N = 64) da amostra estudada acredita este ser um fator de estresse no

ambiente de trabalho. Sentem-se pouco valorizados financeiramente e

pessoalmente pela corporação, sentimentos que aumentam o nível de estresse. Um

percentual de 31,8% (N = 47) dos bombeiros assinalou ser apenas um fator de risco

de estresse. Levando em conta que os profissionais que o consideram causador de

risco de estresse e de estresse totalizam 75% (N = 111) da amostra estudada,

conclui-se que este é um dos principais fatores desencadeadores do estresse

profissional. Apenas 25% (N = 37) dos profissionais julga que o Crescimento e

Valorização Pessoal não influenciam nos níveis de estresse no trabalho.

,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

SEM ESTRESSE RISCO DE ESTRESSE ESTRESSE

N = 37 25,0%

N = 47 31,8%

N = 64 43,2%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

FATOR 5 - CRESCIMENTO E VALORIZAÇÃO PESSOAL

80

Figura 18 Fatores organizacionais agrupados que contribuem para o estresse no trabalho

A figura 18 ilustra em ordem progressiva e agrupada, quais são os fatores

organizacionais que mais contribuem para o estresse no trabalho. Dos 5 fatores que

a Escala de Estresse no Trabalho contempla, a pouca Autonomia e Controle

exercido pelos superiores representa a resposta de 52% dos bombeiros

pesquisados. O Relacionamento com o Chefe compõe 43,9% das respostas. Por

sua vez, o Crescimento Profissional e Valorização Profissional dentro da corporação

alcança o percentual de 43,2% das respostas. A Definição de Papéis e o Ambiente

de Trabalho estão representados em 31,8% dos pesquisados. Por último, as

Relações Interpessoais dentro do ambiente de trabalho, perfazem um total de

28,4% de respostas dos profissionais que acreditam que tal fator contribui para o

aumento do estresse no trabalho.

0

10

20

30

40

50

60 52%

43,9% 43,2%

31,8% 28,4%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

FATORES ORGANIZACIONAIS QUE CONTRIBUEM PARA O ESTRESSE NO TRABALHO

81

Tabela 9 Nota média dos fatores organizacionais considerados estressores

QUESTÕES

MÉDIA

31

5) Sinto-me irritado com a deficiência na divulgação de informações sobre decisões organizacionais.

2,97

12) Fico irritado com discriminação/favoritismo no meu ambiente de trabalho.

2,74

10) Fico de mau humor por ter que trabalhar durante muitas horas seguidas.

2,69

16) As poucas perspectivas de crescimento na carreira tem me deixado angustiado.

2,69

1) A forma como as tarefas são distribuídas em minha área tem me deixado nervoso.

2,61

15) Fico irritado por se pouco valorizado por meus superiores.

2,6

3) A falta de autonomia na execução do meu trabalho tem sido desgastante.

2,59

8) Sinto-me incomodado por ter que realizar tarefas que estão além de minha capacidade.

2,47

13) Tenho me sentido incomodado com a deficiência nos treinamentos para capacitação profissional.

2,45

2) O tipo de controle existente em meu trabalho me irrita.

2,44

21) Sinto-me irritado por meu superior encobrir meu trabalho bem feito diante das outras pessoas.

2,44

6) Sinto-me incomodado com a falta de informações sobre minhas tarefas no trabalho.

2,43

20) Tenho estado nervoso por meu superior me dar ordens contraditórias.

2,41

4) Tenho me sentido incomodado com a falta de confiança de meu superior e meu trabalho.

2,34

11) Sinto-me incomodado com a comunicação existente entre eu e meu superior.

2,29

23) Fico incomodado por meu superior evitar me incumbir de responsabilidades importantes.

2,22

19) A falta de compreensão sobre quais são minhas responsabilidades neste trabalho tem causado irritação.

2,2

22) O tempo insuficiente para realizar meu volume de trabalho deixa-me nervoso.

2,18

9) Sinto-me incomodado por ter que realizar tarefas que estão além de minha capacidade.

2,16

17) Tenho me sentido incomodado por trabalhar em tarefas abaixo do meu nível de habilidade.

2,14

14) Fico de mau humor por me sentir isolado na organização.

2,09

18) A competição no meu ambiente de trabalho tem me deixado de mau humor.

2,05

7) A falta de comunicação entre mim e meus colegas de trabalho deixa-me irritado.

2,03

31

Nota de corte de 2,5 a 5, estabelecida pela autora Tatiane Paschoal e acordada entre a pesquisadora e a orientadora Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos em supervisão.

82

Sob outra perspectiva, uma análise qualitativa dos itens da Escala de

Estresse no Trabalho, de acordo com a tabela 7, (acima) os estressores e

respectivas pontuações que obtiveram as sete médias mais altas foram: Sinto-me

irritado com a deficiência na divulgação de informações sobre decisões

organizacionais (2,97); Fico irritado com discriminação/favoritismo no meu ambiente

de trabalho (2,74); Fico de mau humor por ter que trabalhar durante muitas horas

seguidas (2,69); As poucas perspectivas de crescimento na carreira tem me deixado

angustiado (2,69); A forma como as tarefas são distribuídas em minha área tem me

deixado nervoso (2,61); Fico irritado por se pouco valorizado por meus superiores

(2,6); A falta de autonomia na execução do meu trabalho tem sido desgastante

(2,59).

Ao apresentarem as médias mais altas, fica demonstrado que tais

estressores desencadeiam o aumento no nível de estresse nos bombeiros

pesquisados. Sendo assim, é possível identificar os pontos que merecem atenção

especial por parte dos gestores desta corporação são:

divulgação de informações (comunicação);

favoritismo dentro da corporação;

horas seguidas de trabalho que neste caso são plantões de 24 horas, e

segundo relato dos profissionais pesquisados, quando estão na viatura de

resgate esse plantão torna-se exaustivo e pesaroso devido as inúmeras

ocorrências diurnas e noturnas;

pouca perspectiva de crescimento na carreira;

forma como são distribuídas as tarefas que conforme relatos está relacionada

às patentes dentro da corporação;

falta de valorização pelos superiores, falta de autonomia na execução do

trabalho e informação sobre as tarefas desempenhadas pelo próprio

bombeiro.

83

Figura 19 Escore geral da subescala de Exaustão Emocional do MBI – HSS

Pertencente à subescala de Exaustão Emocional (EE) do MBI, 76

profissionais bombeiros (51,4%) não apresentam sintomas de esgotamento dos

recursos emocionais, morais e psicológicos. Em contrapartida, há 31,1% (N = 46)

dos profissionais bombeiros sob o nível médio de exaustão emocional, totalizando

82,5% (N = 122) bombeiros entre nível baixo e médio. Somente 17%, (N = 26) dos

bombeiros apresentaram nível alto de Exaustão Emocional.

0

10

20

30

40

50

60

NÍVEL BAIXO NÍVEL MÉDIO NÍVEL ALTO

N = 76 51,4%

N= 46 31,1%

N = 26 17,6%

Total de profissionais pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL - ESCALA MBI (HSS)

84

Figura 20 Escore geral da subescala de Despersonalização do MBI – HSS

Alusivo à subescala de Despersonalização 52,7% (N = 78) dos bombeiros

pesquisados retratam alto nível de Despersonalização. Por sua vez, 35,8%

apresentam nível médio. Entre nível alto e médio 88,5% dos bombeiros investigados

apresentam algum nível de Despersonalização. Esta variável, teoricamente indica

uma reação impessoal e insensível para aqueles que receberão seus serviços, um

estado psíquico no qual prevalece a dissimulação afetiva, podendo apresentar

sintomas como não comprometimento com os resultados, conduta voltada a si

mesmo, alienação, ansiedade, irritabilidade e desmotivação. Cabe aqui comentar

que este alto índice de despersonalização não apresenta coerência com os índices

de exaustão emocional e realização pessoal, o que suscita questões a serem

investigadas. Apenas 11,5% (17 bombeiros) estão sob o nível baixo de

despersonalização.

0

10

20

30

40

50

60

Nível baixo Nível Médio Nível Alto

N = 17 11,5%

N = 53 35,8%

N = 78 52,7%

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO - ESCALA MBI (HSS)

85

Tabela 10 Descritiva da subescala de Realização Pessoal do MBI – HSS

DESCRITIVA DA SUBESCALA DE REALIZAÇÃO PESSOAL DO MBI – HSS

N

Válido

148

Missing

0

Média

20,4054

Mediana

20,0000

Desvio Padrão

5,20052

Variância

27,045

IIQ

24,00

Mínimo

8,00

Máximo

32,00

Percentis

25

17,0000

50

20,0000

75

24,0000

Relativo à Realização Pessoal, conclui-se que a subescala de Realização

Pessoal do MBI (Maslach Burnout Inventory) tem média baixa (20,4) e realização

pessoal alta, pois a escala é invertida32. De acordo com a classificação de nível de

realização pessoal utilizada na seção de descrição do método, 100% dos bombeiros

apresentaram nível alto de realização pessoal, pois a pontuação máxima foi inferior

a 32. Isto significa que há um alto grau de realização pessoal, de sentimentos de

competência, autoestima elevada e satisfação com o trabalho.

32

Quanto menor a pontuação, maior a Realização Pessoal.

86

Figura 21 Estratégias de coping mais utilizadas pelos profissionais bombeiros

Com relação às estratégias de coping que os bombeiros utilizam em

situações emergências as quais estão expostos a cada plantão, esta figura ilustra

que entre as estratégias utilizadas “quase sempre” e “grande parte das vezes”

agrupadas e posteriormente calculadas em uma escala de 0 a 10033 em ordem

crescente foram: reavaliação positiva (59,5%), aceitação de responsabilidades

(55,4%), resolução de problemas (54,1%) e suporte social (45,9%). Estas quatro

mais utilizadas são estratégias focadas no problema. Por outro lado, as estratégias

autocontrole (45,3%), confronto (27,0%), fuga e esquiva (25,6%) e afastamento

(19,6%) são classificadas como focadas na emoção.

33

Nota de corte estabelecida pela pesquisadora e orientada pela autora Maria Gentil Savoia quem adaptou escala pra população brasileira.

,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

59,5%

55,4% 54,1%

45,9% 45,3%

27,0% 25,6%

19,6%

Total de bombeiros pesquiasdos: 148 Dados obtidos em set/out 2015

ESTRATÉGIAS DE COPING MAIS UTILIZADAS PELOS BOMBEIROS* * MÉDIA DA NOTA NORMALIZADA ENTRE 0 -100

87

6.3 Testes estatísticos e cruzamentos das variáveis

Apresentadas as figuras e tabelas descritivas da Escala de Estresse no

Trabalho, do MBI (Maslach Burnout Inventory – HSS) com as respectivas subescalas

e a Escala de Coping Folkman & Lazarus, doravante os testes estatísticos. Para

informações adicionais sobre a etapa inicial das análises estatísticas, no Apendice II

34 encontram-se as tabelas descritivas e seus respectivos cruzamentos.

6.3.1 Cruzamentos da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária, Estado Civil, Despersonalização, Exaustão Emocional, Realização Pessoal, coping focado no problema e coping focado na emoção Figura 22 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária

34

Página 130

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

18 - 28 anos 29 - 39 anos 40 - 50 anos 51 - 61 anos

Mann Whiteney p-valor 0,012

Total de profisisonais pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

ESTRESSE X FAIXA ETÁRIA

88

Tabela 11 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária

Faixa Etária

Escore Escala de Estresse no Trabalho

18 - 28 anos

1,95

29 - 39 anos

2,41

40 - 50 anos

2,50

51 - 61 anos

2,6

p-valor

0,012

Teste

Mann - Whitney

Com referência à figura 23 e à tabela 9 observa-se que entre o nível de

estresse e a faixa etária há significância estatística (p>0,012) entre o grupo de 18 -

28 anos e os demais. Na figura, percebe-se uma tendência de aumento do índice do

estresse diretamente proporcional ao aumento da faixa etária.

Os profissionais situados na faixa etária entre 18 – 28 anos apresentam

pontuação abaixo de 2, portanto de acordo com a nota de corte da Escala de

Estresse no Trabalho (abaixo de 2 sem estresse, 2 a 2,5 risco de estresse e 2,5

estresse)35 estão categorizados sem estresse. Por sua vez, os bombeiros que estão

na faixa etária 29 – 39 anos e 40 – 50 anos têm respectivamente pontuação 2,41 e

2,50, indicando uma incidência maior de risco de estresse. Por fim os profissionais

pertencentes à faixa etária de 51 – 61 anos apresentam pontuação 2,6, indicando a

que nesta faixa etária há um aumento da prevalência do estresse.

35

Conforme tabela na página 56

89

Figura 23 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estado Civil

Tabela 12 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estado Civil

Estado Civil

Escala de Estresse

CASADO (A)

2,50

DIVORCIADO (A)

2,50

SOLTEIRO (A)

2,15

UNIÃO ESTÁVEL

2,50

p-valor

0,421

Teste

Verossimilhança

Nesta figura, observa-se que referente ao estado civil dos bombeiros

classificados com estresse os casados, divorciados, e união estável apresentam

nível de estresse em 2,5. Por sua vez, os solteiros pontuam 2,15. Nota-se pelo teste

de Verossimilhança que entre estresse e estado civil, não há significância estatística

(p=0,421).

1,9

2

2,1

2,2

2,3

2,4

2,5

2,6

CASADO (A) DIVORCIADO (A) SOLTEIRO (A) UNIÃO ESTÁVEL

Total de profissionais pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

ESTRESSE X ESTADO CIVIL

90

Tabela 13 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégias de coping focadas no problema

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NO

PROBLEMA

Escore de estresse N Média Ranks

P valor

Estratégia Suporte Social

Sem Estresse 42 70,23

Risco de Estresse 44 68,26

Estresse 62 81,82 ,164

Total 148

Estratégia Aceitação de

Responsabilidade

Sem Estresse 42 62,10

Risco de Estresse 44 70,85

Estresse 62 85,49 ,011

Total 148

Estratégia Resolução de

Problemas

Sem Estresse 42 74,31

Risco de Estresse 44 72,95

Estresse 62 75,73 ,942

Total 148

Estratégia Reavaliação

Positiva

Sem Estresse 42 61,65

Risco de Estresse 44 67,63

Estresse 62 88,08 ,002

Total 148

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NO

PROBLEMA

Suporte Social

Aceitação de

Responsabilidade

Resolução de

Problemas Reavaliação Positiva

Chi Quad 3,617 9,038 ,119 12,496

g.d.l 2 2 2 2

Sig. Assint. ,164 ,011 ,942 ,002

a. Kruskal Wallis Test

b. Grouping Variable: Escore de estresse

Este teste Kruskal Wallis é utilizado para analisar o conjunto de amostras que

provem da mesma distribuição (neste caso os três grupos sem estresse, risco e

estresse vs estratégias de coping focadas no problema e mais utilizadas pelos

bombeiros). Nota-se que, profissionais que utilizam a estratégia Suporte Social no

91

momento da ocorrência estão assim configurados: sem estresse N = 42, com média

no rank 70,23; sob risco de estresse N = 44 e média no rank 68,26; estresse N = 81

e média 81,82.

Por sua vez, os bombeiros que utilizam a estratégia Aceitação de

Responsabilidades se distribuem da seguinte forma: sem estresse N = 42 e média

62,10; risco de estresse N = 44 e média 70,85; estresse N = 62 e 85,49.

A configuração para os profissionais que utilizam a estratégia Resolução de

Problemas se apresenta da seguinte maneira: sem estresse N = 42 e média 74,31;

risco de estresse N = 44 e média 72,95; estresse N = 62 e média 75,73.

Em reação à última estratégia focada no problema utilizada pelos bombeiros,

a Reavaliação Positiva, obteve-se os seguintes resultados: sem estresse N = 42 e

média 61,65; risco de estresse N = 44 e 67,63; estresse N = 62 média 88,08.

Portanto, ao comparar as médias dos ranks, (tabela 13, coluna 4) nota-se que

os profissionais classificados com estresse obtiveram nota maior em cada estratégia

utilizada. Sobre a correlação das estratégias de coping e o estresse, nota-se

significância entre estresse e as estratégias Aceitação de Responsabilidades

(p>0,011) e Reavaliação Positiva (p>0,002).

92

Tabela 14 Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégias de coping focadas na emoção

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO VS ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NA

EMOÇÃO

Escore de estresse

N

Mean Rank

P valor

Estratégia Confronto

Sem Estresse

42

63,79

Risco de Estresse

44

67,92

Estresse

62

86,43

,008

Total

148

Estratégia Afastamento

Sem Estresse

42

64,55%

Risco de Estresse

44

75,70%

Estresse

62

80,39%

,135

Total

148

Estratégia Auto controle

Sem Estresse

42

66,83

Risco de Estresse

44

65,77%

Estresse

62

85,89%

,014

Total

148

Estratégia Fuga e esquiva

Sem Estresse

42

62,83%

Risco de Estresse

44

68,45%

Estresse

62

86,69%

,006

Total

148

Estratégia Confronto

Estratégia

Afastamento

Estratégia Auto

controle

Estratégia Fuga e

esquiva

Chi-Square 9,731

4,009

8,509

10,090

df

2

2

2

2

Asymp. Sig. ,008

,135

,014

,006

a. Kruskal Wallis Test b. Grouping Variable: Escore de estresse

93

Referente à Escala de Estresse no Trabalho e as estratégias de coping

focadas na emoção, constata-se que os profissionais que utilizam a estratégia

Confronto são distribuídos com a seguinte configuração: sem estresse N = 42 e

média 63,79; risco de estresse N = 44 e média 67,92; estresse N = 62 média 86,43.

Quanto à estratégia Afastamento a configuração se apresenta da seguinte

forma: N = 42 profissionais estão classificados sem estresse e média 64,55; N = 44

risco de estresse e média 75,70; estresse N= 62 e média 80,39.

Alusivo à estratégia Auto Controle a distribuição se apresenta: sem estresse

N = 42 e média 66,83; risco de estresse N = 44 e média 65,77; estresse N = 62 e

média 85,89.

Por último a estratégia focada na emoção, Fuga e Esquiva traz a seguinte

distribuição: sem estresse N= 42 e média 62,83; risco de estresse N = 44 e média

68,45; estresse N = 62 e média 86,69.

Percebe-se que ao comparar as médias dos ranks, (tabela 14, coluna 4) os

bombeiros que são classificados com estresse obtiveram nota maior no mean rank.

Quanto à correlação das estratégias de coping focadas na emoção e a Escala da

Estresse no Trabalho, não houve significância estatística.

Tabela 15 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Subescalas do MBI (HSS) de Exaustão Emocional e Despersonalização

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL E

DESPERSONALIZAÇÃO

Escore de estresse

N

Mean Rank

P valor*

Exaustão Emocional

MBI

Sem Estresse 42 53,88

Risco de Estresse 44 63,70

Estresse 62 96,13 0,001

Total

148

Despersonalização

MBI

Sem Estresse 42 49,81

Risco de Estresse 44 71,98

Estresse 62 93,02 0,001

Total 148

* Krusal Wallis Test

94

Respeitante à Escala de Estresse no Trabalho e à subescala de Exaustão

Emocional - MBI, a distribuição se deu da seguinte forma: sem estresse são N = 42

e média 53,88; risco de estresse N = 44 e média 63,70; estresse N = 62 e média

96,1. Já a subescala de Despersonalização – MBI apresentou os seguintes

resultados: sem estresse N = 42 e média 49,81; risco de estresse N = 44 e média

71,98; estresse N = 62 e média 93,02.

Observa-se que os bombeiros categorizados com estresse obtiveram nota

maior no rank, tanto para a Exaustão Emocional quanto para a Despersonalização.

Testada a correlação das duas subescalas do MBI e Escala de Estresse, ambas

obtiveram significância estatística: Exaustão Emocional (p<0,001) e

Despersonalização (p>0,001).

6.3.2 Cruzamento da subescala de Realização Pessoal do MBI – HSS vs Escala de Estresse no Trabalho

Tinha-se a suposição de que a Realização Pessoal além de prevenir o

burnout ajudava no controle do estresse, como descrito na seção 5.8. Foi aplicado o

teste ANOVA para verificar esta suposição. Escolheu-se como variável contínua a

subescala de Realização Pessoal calculada a partir da soma simples das notas do

questionário de acordo com a escala Likert. Para variável de agrupamento foi

utilizado o escore geral de estresse calculado como descrito na seção de método de

análise.

Os resultados encontrados foram: o valor p para o teste ANOVA foi menor

do que 0,001. A diferença das médias entre os grupos “sem estresse” e “risco de

estresse” foi de -1,37, com significância de 0,37, ou seja, não houve significância

estatística. No entanto, a diferença das médias entre os grupos sem estresse e

estresse foi de -5,05 com significância menor do que 0,001,indicando que houve

significância estatística. Portanto, pode-se concluir que os estressados tiveram nota

maior em Realização Pessoal36, o que significa que estão com os sentimentos de

competência e realização baixos (média = 22,93; N=62) e os sem estresse tiveram

nota menor em realização pessoal (média = 17,88; N=42), significando, por sua vez

36

Esta escala é invertida, quanto maior a nota menor a realização pessoal.

95

que que os sentimentos de competência e realização pessoal se encontram em

níveis satisfatórios.

O mesmo resultado foi encontrado ao se comparar os grupos “sem estresse”

e “risco de estresse” com o grupo “estresse”. O valor F = 30,285 e p menor que

0,01. Portanto, conclui-se que, quem tem Realização Pessoal alta (nota menor) tem

menos estresse.

6.3.3 Subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Estado Civil, Tempo de Bombeiro, Faixa Etária

Tabela 16 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Estado Civil

SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL – MBI vs ESTADO CIVIL

ESTADO CIVIL

Nível Alto

Nível Médio

Nível Baixo

CASADO (A)

20

23

49

DIVORCIADO (A)

-

3

1

SOLTEIRO (A)

4

13

17

UNIÃO ESTÁVEL

2

7

9

Total Geral

26

46

76

p-valor

0,24

Nome do teste

Verossimilhança

Na tabela acima, o cruzamento entre o estado civil com a subescala de

Exaustão Emocional - MBI, indica que entre os casados a maioria N = 49

apresentam nível baixo de exaustão emocional, 23 com nível médio e nível alto 20. ,

com p>0,24, Entre os divorciados, 1 profissional tem nível baixo de exaustão

emocional, 3 nível médio e nenhum no nível alto. Os bombeiros solteiros ficaram

assim distribuídos na tabela: 17 com nível baixo, 13 com nível médio e 4 com nível

96

alto. Por fim, dos que estão em união estável, 9 estão no nível baixo de, 7 no nível

médio e 2 no nível alto de exaustão emocional.

Quanto à significância, entre Exaustão Emocional e o estado civil, não houve

correlação (p>0,24).

Tabela 17 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Tempo de Bombeiro

SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL – MBI vs TEMPO DE BOMBEIRO

TEMPO DE BOMBEIRO

Nível Alto

Nível Médio

Nível Baixo

5 anos - 10 anos

3

17

25

10 anos - 15 anos

7

10

21

Mais de 15 anos

16

19

30

Total Geral

26

46

76

p-valor

0,018

Nome do teste

Mann - Whitney

Referente ao tempo de trabalho como bombeiro e à subescala de Exaustão

Emocional – MBI nota-se que os bombeiros que atuam na corporação de 5 – 10

anos e estão no nível baixo e médio de exaustão emocional perfazem 42

profissionais e apenas 3 são classificados com nível alto.

Os que atuam na corporação de 10 – 15 anos, estão entre nível baixo e

médio perfazendo 31 profissionais e somente 7 profissionais estão no nível alto.

Dos profissionais que estão há mais de 15 anos atuando na corporação, 30

estão com nível baixo, 19 nível médio e 16 nível alto de exaustão emocional. Estes

profissionais que estão há mais de 15 anos, tendem a ter maior exaustão emocional,

do que aqueles que estão há menos tempo na profissão (p>0.018). Porém, podemos

notar pela tabela que a maior parte dos bombeiros, mesmo aqueles com mais tempo

de atuação, apresentam baixos ou médios níveis de Exaustão Emocional.

97

Tabela 18 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional vs Faixa Etária

EXAUSTÃO EMOCIONAL X FAIXA ETÁRIA

FAIXA ETÁRIA

Nível Alto

Nível Médio

Nível Baixo

18 - 28 anos

1

7

10

29 - 39 anos

8

18

31

40 - 50 anos

17

21

33

51 - 61 anos

-

-

2

Total Geral

26

46

76

p-valor

0,064

Nome do teste

Mann - Whitney

Quanto à subescala de Exaustão Emocional – MBI e faixa etária, entre 18 –

28 anos apenas 1 profissional foi classificado com exaustão emocional alta, no nível

médio e baixo 17 profissionais, totalizando 18 bombeiros entre os três níveis.

Na idade de 29 – 39 anos, 8 foram classificados com nível alto, 18 com nível

médio e 31 com nível alto.

Dentre os que estão entre 40 – 50 anos, 33 se classificam com nível baixo,

21 com nível médio e 17 com nível alto.

Na faixa etária entre 51 – 61 anos, apenas 2 profissionais foram

classificados com nível baixo de exaustão emocional, os outros dois níveis não

pontuaram.

Observa-se que a Exaustão Emocional não varia significativamente

(p=0,064) entre as idades não havendo, portanto, correlação entre Exaustão

Emocional e Faixa Etária.

98

6.3.4 Cruzamento da subescala de Despersonalização (MBI – HSS) vs Estado Civil, Tempo de Bombeiro e Faixa Etária Tabela 19 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Estado Civil

SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO – MBI vs ESTADO CIVIL

ESTADO CIVIL

Nível Alto

Nível Médio

Nível Baixo

CASADO (A)

51

28

13

DIVORCIADO (A)

2

2

-

SOLTEIRO (A)

17

14

3

UNIÃO ESTÁVEL

8

9

1

Total Geral

78

53

17

p-valor

0,928

Quanto à despersonalização e estado civil, dos profissionais que atualmente

estão casados 51 apresentam nível alto, 28 apresentam nível médio, e 13 nível

baixo. Entre os divorciados, 4 foram classificados nos níveis alto e médio. No nível

baixo, não houve pontuação. Nos solteiros os resultados apontam para 17 no nível

alto, 14 no nível médio e 3 no nível baixo. Em união estável, 17 se encontram entre

nível e alto e médio e apenas 1 no nível baixo.

Entre despersonalização e estado civil conclui-se que não há significância

estatística (p>0,928).

99

Figura 24 Cruzamento do Tempo de Bombeiro vs subescala de Despersonalização do MBI – HSS

Tabela 20 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Tempo de Bombeiro

SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO – MBI vs TEMPO DE BOMBEIRO

TEMPO DE BOMBEIRO

Nível Alto

Nível Médio

Nível Baixo

5 anos - 10 anos

19

20

6

10 anos - 15 anos

20

16

2

Mais de 15 anos

39

17

9

Total Geral

78

53

17

p-valor

0,7

-

-

Nome do teste

Mann - Whitney

9,80

10,00

10,20

10,40

10,60

10,80

11,00

11,20

11,40

11,60

5 anos - 10 anos 10 anos - 15 anos Mais de 15 anos

Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015

TEMPO DE BOMBEIRO X SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO

100

A tabela acima ilustra que os bombeiros categorizados com 5 – 10 anos de

atuação, assim se distribuem em relação à despersonalização: com nível alto são N

= 19, com nível médio N = 20 e 6 com nível baixo. Dos que atuam de 10 – 15 anos,

N = 20 estão no nível alto, N = 16 no nível médio e N = 2 no nível baixo.

Entre os que estão na corporação há mais de 15 anos, N = 78 se encontram

no nível alto, N = 53 no nível médio e N = 17 no nível baixo. Entre nível alto e

médio, 131 profissionais bombeiros apresentam despersonalização.

Contudo, ao comparar a Despersonalização e tempo de trabalho como

bombeiro, observa-se que a despersonalização não varia significativamente (p=0,7)

entre os grupos.

Tabela 21 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Faixa Etária

SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO – MBI vs FAIXA ETÁRIA

Faixa Etária

Nível Alto

Nível Médio

Nível Baixo

18 - 28 anos

4

13

1

29 - 39 anos

32

20

5

40 - 50 anos

41

19

11

51 - 61 anos

1

1

-

Total Geral

78

53

17

p-valor

0,7

Nome do teste

Mann - Whitney

No tocante à subescala de Despersonalização – MBI e faixa etária dos

bombeiros investigados, na faixa etária de 18 – 28 anos apenas 4 profissionais

apresentam nível alto de despersonalização. Nos níveis médio e baixo, 14

profissionais foram classificados. Na idade de 29 – 39 anos, 32 profissionais estão

no nível alto, 20 no nível médio e 5 no nível baixo. Entre 40 – 50 anos 41

profissionais no nível alto, 19 no nível médio e 11 no nível baixo. Por fim, entre 51 –

101

61 anos apenas 2 profissionais estão classificados entre nível alto e médio. Contudo,

nota-se que a Despersonalização não varia significativamente (p=0,7) para

Despersonalização e Faixa Etária.

Tabela 22 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional vs Despersonalização

SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL- MBI vs DESPERSONALIZAÇÃO – MBI

Nome do Teste

Valor p

EXAUSTÃO EMOCIONAL vs DESPERSONALIZAÇÃO

Mann-whitney

<0.001

Figura 25 Cruzamento da subescala de Despersonalização vs Exaustão Emocional do MBI - HSS

102

Estimava-se de que a Despersonalização para os bombeiros seria um fator

protetor da Exaustão Emocional. Realizado o teste Mann Whitney encontra-se

significância de p<0,001 entre Despersonalização e Exaustão Emocional. Portanto,

estão correlacionadas positivamente e com significância estatística. A figura box-plot

abaixo da tabela, esclarece que quando a Despersonalização está alta a Exaustão

Emocional está baixa. O mesmo acontece quando a Exaustão Emocional está no

nível alto, a Despersonalização mantém-se sempre alta. Somente quando a

exaustão emocional está no nível médio, a Despersonalização apresenta-se no nível

médio também.

Porém, considerando os níveis altos e médios, 88,5% dos bombeiros

investigados apresentam Despersonalização. Esperava-se que de acordo com o

modelo teórico de Maslach, que descreve a síndrome de burnout como um processo

em que a exaustão emocional é a dimensão precursora da síndrome, sendo seguida

por despersonalização e, na sequência, pelo baixo sentimento de baixa realização

pessoal37. Contudo, obtivemos o seguinte resultado:

37

CARLOTTO, M. S. Prevalência da Síndrome de Burnout e fatores sociodemográficos e laborais em professores de escolas municipais da cidade de João Pessoa, PB. Rev Brasileira Epideomologia, 2010, 13 (3): 502-12

103

Figura 26 Resultados gerais das subescalas do Maslach Burnout Inventory MBI - HSS

Esta figura demonstra que o nível alto de Realização Pessoal está presente

em 100% dos bombeiros investigados, o nível alto de Despersonalização, por sua

vez, encontra-se em 52,7% e o baixo nível de Exaustão Emocional caracteriza 17%

da amostra. Este resultado sugere novamente que não se esteja falando da

Despersonalização propriamente dita enquanto sintoma que sucede a Exaustão

Emocional na Síndrome de Burnout, mas sim de uma característica dos bombeiros

de afastamento psicológico em situações emergências que por vezes, pode prevenir

a Exaustão Emocional, visto que a Exaustão Emocional seria precursora da

Despersonalização e não o inverso como a figura ilustra.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

REALIZAÇÃO PESSOALNÍVEL ALTO

DESPERSONALIZAÇÃONÍVEL ALTO

EXAUSTÃO EMOCIONALNÍVEL BAIXO

100%

52,7%

17%

Dados obtidos em set/out 2015 Total de profissionais pesquisados: 148

RESULTADOS DAS SUBESCALAS DO MASLACH BURNOUT INVENTORY - MBI (HSS)

104

6.3.5 Cruzamento da subescala de Realização Pessoal vs Exaustão Emocional, Despersonalização Figura 27 Subescalas de Realização Pessoal vs Exaustão Emocional do MBI - HSS

Figura 28 Subescala de Realização Pessoal vs Despersonalização do MBI - HSS

y = 0,3854x + 12,802 R² = 0,3039

0

5

10

15

20

25

30

35

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Re

aliz

ação

Pe

sso

al

Exaustão Emocional

SUBESCALA DE REALIZAÇÃO PESSOAL VS EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI (HSS)

y = 0,7669x + 11,948 R² = 0,3184

0

5

10

15

20

25

30

35

0 5 10 15 20 25

Re

aliz

ação

Pe

sso

al

Despersonalização

SUBESCALA REALIZAÇÃO PESSOAL VS. DESPERSONALIZAÇÃO - MBI (HSS)

105

Estas duas figuras de tendências (acima) sugerem que quanto maior a

subescala de Realização Pessoal (escala invertida, menor Realização Pessoal)

maior a Despersonalização e Exaustão Emocional. O mesmo percebe-se entre a

subescala de Realização Pessoal e Despersonalização (figura 28). Entretanto, as

equações apresentadas nas figuras bem como o R² (chi-quadrado) explicita isto,

porém a qualidade do ajuste não é refletida no valor esperado de R². (valor esperado

do R² reduzido igual a 1), apenas indicando a tendência de que menor Realização

Pessoal, maior Exaustão Emocional e Despersonalização.

Figura 29 Box-plot das subescalas de Exaustão Emocional, Despersonalização e Realização Pessoal do MBI – HSS

Por sua vez, nesta figura box-plot utilizada para avaliar a distribuição

empírica dos dados, com as três subescalas do MBI (Maslach Burnout Inventory),

que são a Subescala de Realização Pessoal, Exaustão Emocional e

106

Despersonalização, é possível notar que, independentemente do nível de Exaustão

Emocional ou Despersonalização, a Realização Pessoal é basicamente a mesma.

Profissionais bombeiros que apresentam nível alto de Exaustão Emocional, por

exemplo, mantêm o nível de Realização Pessoal também alto. O mesmo percebe-se

com o nível de Despersonalização Portanto, independente do nível de Exaustão

Emocional e Despersonalização não há alteração no nível de Realização Pessoal,

ao contrário do que sugere as figuras de tendência acima (Figuras 27 e 28).

6.3.6 Estratégias de coping vs Tempo de Bombeiro, Estado Civil, Subescala de Despersonalização, Exaustão Emocional

A tabela abaixo resume os resultados dos testes estatísticos para os

diferentes agrupamentos de acordo com as variáveis sociodemográficas (tempo de

bombeiro e estado civil) e as oito estratégias de coping, tanto focadas no problema

como focadas na emoção.

Tabela 23 Estratégias de coping vs Tempo de Bombeiro e Estado Civil

ESTRATÉGIAS DE COPING vs TEMPO DE BOMBEIRO E ESTADO CIVIL

ESTRATÉGIA

TEMPO DE

BOMBEIRO*

ESTADO CIVIL**

Estratégia 1 - Confronto

0,308

0,55

Estratégia 2 - Afastamento

0,066

0,066

Estratégia 3 - Autocontrole

0,26

0,049

Estratégia 4 - Suporte Social

0,536

0,337

Estratégia 5 - Aceitação de Responsabilidades

0,922

0,477

Estratégia 6 - Fuga, Esquiva

0,439

0,556

Estratégia 7 - Resolução de Problemas

0,538

0,287

Estratégia 8 - Reavaliação Positiva

0,729

0,136

* Foram utilizados testes Mann-Whitney

** Foram utilizados testes Verossimilhança

107

Tabela 24 Cruzamento Estratégia de coping Auto Controle vs Estado Civil

ESTRATÉGIA AUTO CONTROLE vs ESTADO CIVIL

Estado civil

N

Estratégia Auto controle

Casado(a) ou União Estável

110

Divorciado(a)

4

Solteiro(a)

34

Total

148

ESTRATÉGIA AUTO CONTROLE

Chi-Square

4,306

df

2

Asymp. Sig.

,116

a. Kruskal Wallis Test b. Grouping Variable: Estado civil

As tabelas 24 e 25 ilustram que com referência às estratégias de coping

utilizadas pelos bombeiros (confronto, afastamento, autocontrole, suporte social,

aceitação de responsabilidades, fuga e esquiva, resolução de problemas e

reavaliação positiva) encontramos apenas significância estatística entre a estratégia

Autocontrole e Estado Civil (p>0,049). Quanto ao Tempo de Bombeiro, não houve

significância estatística e as estratégias de coping. Os profissionais que estão

divorciados obtiveram significância estatística (p>0,116), portanto são os que mais

utilizam a estratégia Autocontrole. Contudo, a amostra de divorciados é muito

pequena N = 4, sugerindo então um viés de seleção.

108

Tabela 25 Cruzamento das estratégias de coping focadas no problema vs subescala de Despersonalização do MBI - HSS

ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NO PROBLEMA vs SUBESCALA DE

DESPERSONALIZAÇÃO - MBI

ESTRATÉGIAS DESPERSONALIZAÇÃO

Média de

Ranks

P valor

Estratégia Suporte Social

Nível baixo

63,12

Nível Médio

75,17

Nível Alto

76,53

,452

Estratégia Aceitação de

Responsabilidade

Nível baixo

44,32

Nível Médio

72,75

Nível Alto

82,26

,002

Estratégia Resolução de

Problemas

Nível baixo

52,32

Nível Médio

81,20

Nível Alto

74,78

,041

Estratégia Reavaliação Positiva

Nível baixo

52,24

Nível Médio

72,12

Nível Alto

80,97

,026

ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADO NO PROBLEMA VS SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO

Estratégia Suporte

Social

Estratégia

Aceitação de

Responsabilidade

Estratégia

Resolução de

Problemas

Estratégia

Reavaliação

Positiva

Chi-Quad.

1,587

12,645

6,405

7,328

df

2

2

2

2

Sig. Assint.

,452

,002

,041

,026

a. Kruskal Wallis Test

b. Grouping Variable: Despersonalização

109

Referente a estratégia de coping Suporte Social e a subescala de

Despersonalização – MBI, observa-se que a média do rank no nível baixo é 63,12,

no nível médio 75,17 e nível alto 76,53. Já a estratégia Aceitação de

Responsabilidades, nível baixo 44,32, nível médio 72,75 e nível alto 82,36. Relativo

a estratégia Resolução de Problemas, nível baixo 52,32, nível médio 81,20 e nível

alto 74,78. Por último, a estratégia Reavaliação Positiva apresenta-se em nível baixo

e média 52,24, nível médio 72,12 e nível alto 80,97. Nota-se que, ao comparar as

médias dos ranks, a Despersonalização é de nível alto quando a utilização das

técnicas de coping é mais alta. Foi aplicado o teste de Kruskal Wallis para 4 fatores

de coping (focados no problema). Apenas na estratégia de Suporte Social não houve

significância estatística (p>0,452). Ao utilizarem as estratégias de Aceitação de

Responsabilidades, Resolução de Problemas e Reavaliação Positiva nota-se

significância estatística. Portanto, quanto mais utilizam estas três estratégias

focadas no problema, maior é a Despersonalização.

110

Tabela 26 Estratégias de coping focadas no problema vs Exaustão Emocional do MBI - HSS

ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NO PROBLEMA X SUBESCALA EXAUSTÃO EMOCIONAL – MBI

Exaustão Emocional

Média de Ranks

P valor

Estratégia Suporte Social

Nível baixo

73,01

Nível Médio

73,99

Nível Alto

79,77

Estratégia Aceitação de Responsabilidade

Nível baixo

63,67

Nível Médio

81,51

Nível Alto

93,75

Estratégia Resolução de Problemas

Nível baixo

72,95

Nível Médio

76,50

Nível Alto

75,50

Estratégia Reavaliação Positiva

Nível baixo

72,12

Nível Médio

68,60

Nível Alto

91,90

ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADO NO PROBLEMA VS EXAUSTÃO

EMOCIONAL

Estratégia

Suporte

Social

Estratégia

Aceitação de

Responsabili

dade

Estratégia

Resolução de

Problemas

Estratégia

Reavaliação

Positiva

Chi-Square ,563 12,934 ,234 6,056

df 2 2 2 2

Sig. Assint. ,755 ,002 ,889 ,048

a. Kruskal Wallis Test

b. Grouping Variable: Exaustão Emocional

111

Quanto à subescala de Exaustão Emocional – MBI e às estratégias de

coping focadas no problema, nota-se que no que se refere à exaustão emocional e à

estratégia Suporte Social a média do rank no nível baixo é 73,01, nível médio 73,99,

nível alto 79,77. Na estratégia de Aceitação de Responsabilidades no nível baixo a

média é 63,67, no nível médio 81,51 e no nível alto 93,75.

Já para a estratégia Resolução de Problemas, a média no nível baixo é

72,95, no nível médio 76,50 e no nível alto 75,50.

Por último, a Reavaliação Positiva, tem média 72,12 no nível baixo, 68,60

no nível médio e 91,90 no nível alto. Novamente, nota-se que ao comparar as

médias dos ranks, a Exaustão Emocional é de nível alto quando a utilização das

técnicas de coping é mais alta. Foi aplicado o teste de Kruskal Wallis para 4 fatores

de coping (focados no problema) e em dois fatores Suporte Social e Resolução de

Problemas não houve significância estatística. Por sua vez, em relação à Aceitação

de Responsabilidades (p>0,002) e a Reavaliação Positiva (p>0,048) foi encontrada

significância estatística.

112

7 DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Dentre as profissões de ajuda, a de bombeiro tem sido considerada uma das

que mais exigem de seus profissionais. Pode-se mesmo afirmar que se trata de uma

profissão de risco ao se considerar a natureza das funções desempenhadas, o

confronto diário com situações e experiências de graves danos pessoais e materiais

e a iminência da morte para os que esperam ser salvos e casuisticamente também

para os salvadores.

Perrenoud (1999), antropólogo francês, define a profissão de professor com

a frase “ensinar é agir na urgência e decidir na incerteza” ( p.5), característica que

imprime ao ofício do professor um alto grau de predisposição ao estresse e ao

burnout. Ressalvadas as diferenças da condição na qual exercem suas atividades,

pode-se afirmar que os bombeiros estão como os professores cotidianamente

agindo na urgência e decidindo na incerteza, colocando constantemente à prova os

seus recursos emocionais, desafiando-se permanentemente para se manter

saudável no contexto propício à doença (estresse e burnout).

Neste estudo pretendeu-se pesquisar a prevalência do estresse e da

síndrome de burnout em bombeiros que atuam na cidade de São Paulo. O foco da

pesquisa foi investigar a relação entre estes transtornos e as estratégias de coping

desenvolvidas pelos profissionais. Procurou-se, em síntese, responder à questão se

os sintomas do estresse e da síndrome de burnout podem sofrer influência

preventiva ou minimizadora através do fortalecimento das estratégias de coping na

população estudada.

Os dados da caracterização da amostra mostram que a grande maioria dos

bombeiros entrevistados é do gênero masculino 98,0%. Esta grande diferença entre

gêneros possivelmente reforça a ideia da força física que esses profissionais

precisam dispor constantemente, “corpos diferentes, direitos iguais”38. Um

percentual de 94,6% dos pesquisados não recebem atendimento psicológico ou

psiquiátrico nem precisaram se afastar do trabalho por licença médica e 89,8% não

precisaram se afastar do trabalho por licença médica. Este resultado pode ser visto

de forma positiva em função do contexto potencialmente estressante em que atuam,

mas por outro lado, deixa algumas questões a serem investigadas: A maioria não é

38

Citação da Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos em supervisão durante discussão de resultados

113

tão jovem (têm mais de 30 anos) e têm mais de 15 anos de trabalho (experiência).

Estas condições os deixariam emocionalmente melhor preparados para lidar com as

dificuldades da profissão? Ou até que ponto o fato de não estarem em atendimento

psicológico e psiquiátrico e nem em licença médica tem uma relação linear com a

ausência de distúrbios ou sofre a influência da maneira como por questões de

valores e formação se admite e se lida com o estresse? É importante considerar

ainda que a maioria dos entrevistados relata não ter nenhum problema de saúde

(89,9%), o que se constitui outro fator potencialmente preventivo do estresse e suas

decorrências. Dos que relatam algum problema de saúde, 42 profissionais apontam

para problemas na coluna. Ao que parece, este problema não se configura crônico

na corporação, visto que continuam atuando em uma profissão que boa saúde e um

condicionamento físico notável são indispensáveis.

O tratamento dos dados obtidos com a aplicação da Escala de Estresse no

Trabalho (EET) aponta para um percentual de 71,6% da amostra em situação de

estresse ou com risco de estresse. Este resultado apresenta uma contradição em

relação à situação de pouca incidência de doenças e licenças médicas, o que

sugere a existência de mecanismos internos (recursos emocionais) e condições

externas (ambiente de trabalho, missão, valores, reconhecimento, condicionamento

físico) para o enfrentamento do estresse. Ao serem classificados de acordo com a

escala sobre os cinco fatores desencadeadores do estresse (autonomia e controle;

papéis e ambiente de trabalho; relacionamento com o chefe; relações interpessoais

e crescimento e valorização pessoal. Entre os indivíduos estressados e com risco de

estresse, há uma tendência a valorizar o fator 1 (autonomia e controle) e o fator 2

(relacionamento com o chefe) e o fator 5 (crescimento e valorização profissional).

Por outro lado, os profissionais sem estresse dão maior importância aos fatores 2 (

papéis e ambiente de trabalho) e 4 (relações interpessoais). Diferença de posições

justificáveis quando se considera que o estresse tem entre seus sintomas a

sensação da perda do controle, a irritação, impaciência e ansiedade, sentimentos

nada propícios ao cultivo das relações e à valorização pessoal e profissional.

Na questão da correlação entre o estresse e a faixa etária, observa-se

significância estatística (p>0,012), demonstrando um aumento do nível risco de

estresse e estresse diretamente proporcionais ao aumento da faixa etária. Os

profissionais situados na faixa etária entre 18 – 28 anos apresentam pontuação

abaixo de 2, portanto de acordo com a nota de corte da Escala de Estresse no

114

Trabalho (abaixo de 2 sem estresse, 2 a 2,5 risco de estresse e 2,5 estresse)39 estão

categorizados sem estresse. Por sua vez, os bombeiros que estão na faixa etária 29

– 39 anos e 40 – 50 anos têm respectivamente pontuação 2,41 e 2,50, indicando

uma incidência maior de risco de estresse. Por fim os profissionais pertencentes à

faixa etária de 51 – 61 anos apresentam pontuação 2,6, indicando a que nesta faixa

etária há um aumento da prevalência do estresse.

É importante salientar que aos 25 anos de serviços prestados à Polícia

Militar, os profissionais bombeiros militares podem se aposentar, e supondo que

muitos se aposentem na idade de 45 anos são jovens para que fiquem sem

nenhuma atividade laboral. Segundo relatos dos próprios bombeiros durante a coleta

de dados, esta situação pode se constituir em fator de estresse pela iminência de

terem que se desligar da corporação tão importante em suas vidas e encontrar uma

nova atividade laboral. Também há relatos de que muitos adoecem após a

aposentadoria, suposição constatada durante a conversa com três profissionais que

se aposentariam em poucos meses, situação que não é exclusiva dos bombeiros,

mas de modo geral a todas as pessoas que ingressam nesta nova fase de vida.

Sobre a Exaustão Emocional e a Despersonalização e Estresse há

significância p<0,001. Esta significância estatística em ambas as subescalas do MBI

(Maslach Burnout Inventory) e a Escala de Estresse no Trabalho sugere que quanto

maior o nível de estresse, maior a Exaustão Emocional e maior a Despersonalização

o que corrobora com a literatura.

Sobre o Estresse e a Realização Pessoal, o resultado obtido na comparação

entre os grupos “sem estresse” e “risco de estresse” com o grupo “estresse”

encontra-se significância p menor que 0,01. Portanto, conclui-se que, quem tem

Realização Pessoal alta (nota menor) tem menos estresse, indiciando que a alta

Realização Pessoal se constitui fator preventivo de estresse.

Em relação à síndrome de burnout, os resultados são positivamente

significativos quando se focaliza o sintoma da Exaustão Emocional. Entretanto,

embora mais da metade dos indivíduos que compõem a amostra não apresentar

sintomas de esgotamento (51,4%), uma parcela importante (31,1%) sofre de níveis

médios de esgotamento emocional. O percentual dos profissionais com alto nível de

exaustão emocional é de 17%, índice estatisticamente pequeno, mas indicador da

39

Conforme tabela na página 56

115

necessidade de se investigar porque alguns profissionais não têm os mesmos

recursos para lidar com o estresse. Esta situação alerta para a necessidade de mais

estudos e ações de prevenção do estresse no trabalho como estratégia para

minimizar a incidência do burnout, lembrando que a somatória dos profissionais com

nível médio e alto de exaustão emocional alcança 48,1% da amostra, número bem

próximo aos que não sentem exaustão emocional. Os dados provocam também a

reflexão sobre as estratégias utilizadas pelos profissionais para conviver com a

situação geradora de estresse e se proteger dela defendendo-se naturalmente do

sofrimento de exaustão emocional.

O alto índice representativo do nível de Despersonalização (52,7%) somado

ao índice de nível médio (35,8%) mostra que com maior ou menor intensidade este

sintoma estaria presente em 88% dos bombeiros. A despersonalização caracteriza-

se pelo desenvolvimento de atitudes indiferentes e até mesmo negativas em relação

às pessoas com quem trabalha, levando o profissional a agir como se fosse outra

pessoa. Nesta perspectiva, neste momento é necessário distanciar-se um pouco da

evidência estatística e refletir se esta não seria uma postura defensiva e protetiva

nos momentos em que o profissional se coloca diante de situações emergenciais

que são impactantes a qualquer profissional. Como tal, as respostas podem indicar

um comportamento pontual e esporádico durante os momentos mais dramáticos do

desempenho das funções, um distanciamento defensivo que precisa ser mais bem

investigado para caracterizá-lo como o sintoma da Despersonalização no burnout

Não obstante, segundo o IBOPE40, o Corpo de Bombeiros manteve o

primeiro lugar em 2014 (no topo desde 2009) como a instituição mais confiável do

País. Esta é a conclusão do Índice de Confiança Social (ICS) – Instituições

referentes ao ano de 2014, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e

Estatística (Ibope). As 18 instituições avaliadas no ICS pertencem tanto à esfera

pública quanto à privada, além da sociedade civil e buscam representar diversos

setores do país. Em 2014, o Corpo de Bombeiros manteve-se na liderança do

ranking, pelo quinto ano consecutivo. Em segundo lugar, estão as Igrejas seguidas

pelas Forças Armadas. Portanto, a impessoalidade, insensibilidade e distanciamento

afetivo para quem recebe seus serviços e atendimentos que a Despersonalização

sugere, apresenta incompatibilidade com os dados desta pesquisa. Outro dado

40

Disponível em http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2015/07/ibope-corpo-de-bombeiros-e-a-instituicao-mais-confiavel-do-brasil. Acesso em 14 de dez de 2015.

116

intrigante é a correlação forte e positiva entre a baixa Exaustão Emocional e a alta

Despersonalização que esta população retrata. É proposto na teoria de burnout que

haja correlação positiva entre estas variáveis somente quando apresentarem o

mesmo índice representativo (exaustão alta, média ou baixa e despersonalização

alta, média ou baixa), e uma for precursora da outra: a Exaustão Emocional prediz a

Despersonalização o que não ocorreu com esta população. Citando caso que

corrobora com a teoria Maslach proposta para o burnout, uma pesquisa realizada

com 81 bombeiros de Cascavel – PR41 a Exaustão Emocional e a

Despersonalização apresentam níveis baixos e a Realização Pessoal nível médio. A

reflexão comparativa sobre estas pesquisas sugerem que a despersonalização

encontrada nos bombeiros militares da cidade de São Paulo podem indicar um

afastamento psicológico transitório e pontual em situações emergências, que por

vezes, pode prevenir o esgotamento emocional circunstancial. No entanto, acende a

luz indicativa da necessidade de mais estudos e reflexões.

Os resultados obtidos em relação à Realização Pessoal surpreende pelo seu

alto índice, demonstrando que a despeito dos problemas e das dificuldades do

trabalho os profissionais bombeiros sentem-se pessoalmente realizados,

independentemente da Exaustão Emocional ou Despersonalização. Alguns fatores

podem explicar esta situação. A maioria dos profissionais está casada ou em união

estável, tem filhos trabalham há mais de 15 anos, indicando estabilidade no aspecto

familiar e profissional. Ainda que se queixem da falta de reconhecimento e

valorização profissional, têm ciência de que socialmente seu trabalho é bastante

reconhecido, colocando-os muitas vezes como heróis, homens dotados de coragem

e energia para enfrentar situações de perigo e ajudar pessoas. A formação dos

profissionais transmite valores e princípios de disciplina e solidariedade, reforçando-

os constantemente.

O alto índice de Realização Pessoal pode ser, portanto, considerado uma

das principais condições que fortalecem estes profissionais para o exercício de suas

complexas atividades, constituindo-se em uma ferramenta reducionista o burnout e

do estresse em bombeiros.

Apesar da elevada satisfação profissional e do baixo índice de exaustão

emocional, tais profissionais estão vulneráveis visto que diariamente enfrentam

41

Disponível em http://www.sbpcnet.org.br/livro/58ra/SENIOR/RESUMOS/resumo_1272.html. Acesso em 16 jan de 2016.

117

situações emocionalmente intensas, a agilidade em decidir muitas vezes sob

pressão, com urgência e em condições de risco ou de limitação de recursos.

Com relação ao coping foi possível constatar que as estratégias de coping

mais utilizadas em ordem decrescente e considerando a somatória dos que as

utilizam “quase sempre” e em “grande parte das vezes” foram: Reavaliação Positiva,

Aceitação de Responsabilidades, Resolução de Problemas e Suporte Social, todas

focadas no problema. As menos utilizadas, em ordem crescente e também levando

em conta a somatória dos que utilizam “quase sempre” e “grande parte das vezes”

foram Auto Controle, Confronto, Fuga e Esquiva e Afastamento.

A Reavaliação Positiva, a primeira mais utilizada, é uma estratégia na qual o

indivíduo lança mão de recursos cognitivos que o ajudem a aceitar a realidade.

Busca encontrar elementos que amenizem a situação ou aspectos positivos da

mesma num processo de diminuir a carga emocional envolvida no acontecimento. A

segunda estratégia mais utilizada, Resolução de Problemas, também se constitui de

ações focadas no problema, buscando alterar a resolver o problema e recompor a

situação que o originou. A Aceitação de Responsabilidade, estratégia centrada no

problema, dá conta de ações voltadas para reconhecer qual o seu papel na situação

ou problema e para encontrar formas de resolução. São estratégias proativas que se

coadunam com a formação, valores e missão da corporação. Outra vez os

profissionais se esforçam para se apresentarem fortes e capazes de enfrentar

situações estressoras e esta imagem de força tanto é moldada pela construção

contínua das competências profissionais e pessoais como também pela resposta

exigida pela sociedade, chefia, pares, enfim, pelo contexto do trabalho e social.

Por conjectura, em situações emergenciais as estratégias de coping

focadas no problema são fundamentais e decisivas para o êxito da ocorrência em

incidentes críticos, ainda que os dados obtidos não apontem para uma relação linear

com a diminuição do estresse. Inicialmente a Reavaliação Positiva exerce um papel

crucial ao se depararem com situações traumáticas e impactantes, lançando mão de

recursos internos para ressignificação positiva e cenário calamitoso. A seguir, a

Aceitação de Responsabilidades e a Resolução de Problemas aparentam estar

coadunadas. O reconhecimento do próprio papel e a concomitante tentativa de

resolvê-lo empregados com o objetivo de alterar a situação e associados a uma

abordagem analítica para resolvê-lo configuram o passo seguinte da ocorrência. Por

último, tomada a decisão, buscam o Suporte Social das equipes de apoio, da

118

corporação e da população. Por outro lado, a estratégia Autocontrole focada na

emoção e com índice muito próximo ao Suporte Social, indicando uma crença na

necessidade de regular os sentimentos e a próprias ações para que se a situação

estressante passe, aparenta também exercer grande influência no momento do

incidente crítico.

Embora menos utilizadas, as estratégias focadas na emoção também

amparam no momento crítico. Ao utilizar a estratégia de Confronto, o individuo

acredita que tem que enfrentar a situação sem se afastar das condições de risco que

estão expostos. Há esforços agressivos para alterar o cenário, e neste caso tais

esforços agressivos são positivos para que o desfecho da ocorrência seja benéfico.

Porém, se houver risco de morte iminente (desabamento no caso de incêndios) há a

Fuga/Esquiva para escapar dos riscos. Por último, a menos utilizada pelos

bombeiros é o Afastamento da situação emergencial. Portanto, pode-se aventar a

importância de se utilizar todas as estratégias de coping fundamentalmente em

situações emergências para que a ocorrência se desenvolva com êxito.

Os resultados deste estudo, quando visualizados de forma global indicaram

que os profissionais bombeiros entrevistados apresentam bom nível de realização

pessoal e profissional. Também de forma geral, se pode concluir que os níveis de

estresse e burnout não são elevados, ainda que se encontrem níveis altos de

despersonalização e baixo índice de exaustão emocional em alguns entrevistados.

Estes e outros eventos estatísticos podem significar uma vulnerabilidade ao estresse

e ao burnout, entretanto, apesar desta vulnerabilidade também se percebeu que

diferentes fatores agem como protetores dos bombeiros. É bastante provável que

um destes fatores seja a elevada satisfação profissional.

Também há que se considerar que a natureza de seu trabalho, que lhes dá a

possibilidade de salvar vidas e ajudar pessoas, a despeito de predispor ao estresse

e ao burnout também são fontes de satisfação e realização. Não se pode esquecer

ainda que são profissionais socialmente muito valorizados.

O ambiente de trabalho, o relacionamento com a chefia e a conduta dentro

da disciplina militar não se constituíram fatores de insatisfação com o trabalho.

As queixas referiram-se à pouca valorização profissional no tocante ao retorno

financeiro, que dadas as condições econômicas do país adquirem uma macro

dimensão, deixando de ser um problema restrito aos profissionais bombeiros.

119

Em síntese, os resultados obtidos demonstram a confirmação parcial das

suposições formuladas quando se constatou que os sintomas de estresse, burnout e

coping apresentaram correlação e que as estratégias de coping se constituem

fatores positivos para lidar com o estresse profissional e prevenir o burnout.

120

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir o percurso deste estudo é importante retornar ao início do

mesmo, ou seja, ao seu objetivo que foi o de investigar a influência preventiva ou

minimizadora do coping nos sintomas de estresse e burnout em bombeiros da

cidade de São Paulo.

Foi possível concluir de forma geral que os profissionais bombeiros da

cidade de São Paulo estão vulneráveis ao estresse e ao burnout pela condição de

enfrentarem cotidianamente situações extremas de perigos, tensões, ameaças à

integridade de pessoas e de sua própria, enfim, por exercerem uma profissão de

risco.

O alto nível de realização pessoal aparece como fator de proteção aos

profissionais e se por um lado parece contraditório quando se considera a natureza

do ofício do bombeiro, por outro lado é justificado pelo reconhecimento e valorização

e expectativa da sociedade em relação ao seu papel.

Entre as implicações desta pesquisa está a possibilidade de servirem de

embasamento para o planejamento de ações de capacitação e de promoção de

qualidade de vida, contribuindo para manter a saúde, motivação e satisfação

pessoal e profissional dos bombeiros, além de contribuir para o referencial teórico

sobre o tema.

Sobre as limitações da pesquisa pode-se comentar que as respostas dos

bombeiros possam ter sofrido alguma influencia restritiva em função de não se

sentirem à vontade para expor os problemas vividos no trabalho. Ainda que isto não

tenha partido de nenhuma recomendação ou ordem superior, é preciso lembrar que

pertencem a uma corporação militar, com regras rígidas e exigência de conduta

discreta. Uma terceira limitação refere-se a um possível viés da pesquisa quando

investiga os índices de despersonalização.

Concordante com a literatura, este seria um sintoma negativo indicativo de

nível elevado de burnout, com alta prevalência na amostra estudada e incoerente

com os resultados obtidos para exaustão emocional e realização pessoal,

levantando a reflexão sobre a conceituação relacionada ao contexto específico em

que este sintoma se manifesta em situações emergenciais. . Assim, sugere-se para

futuras pesquisas o estudo aprofundado, talvez de caráter longitudinal que aumente

121

sua abrangência tanto em relação à amostra quanto em relação às outras variáveis

internas e externas preditoras ou impeditivas do estresse e do burnout em

bombeiros.

Assim, sugere-se para futuras pesquisas o estudo aprofundado, talvez de

caráter longitudinal que aumente sua abrangência tanto em relação à amostra

quanto em relação às outras variáveis internas e externas preditoras ou impeditivas

do estresse e do burnout em bombeiros.

122

REFERÊNCIAS

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126

ANEXO I – Autorização do Comando de Bombeiros Metropolitano da

Polícia Militar do Estado de São Paulo

127

ANEXO II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Prezado bombeiro,

Você está sendo convidado para participar da pesquisa que se propõe a investigar “ESTRATÉGIAS DE COPING COMO FATOR DE PREVENÇÃO DO ESTRESSE E BURNOUT EM BOMBEIROS DA CIDADE DE SÃO PAULO”

Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído de forma aleatória.

Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento.

Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que forneceu seus dados.

Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem realizadas sob forma de um questionário.

Você não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos de qualquer natureza relacionada à sua participação.

O benefício relacionado à sua participação será de aumentar o conhecimento científico.

Se você tiver alguma dúvida, a pesquisadora estará à sua disposição para quaisquer esclarecimentos. Agora ou mais tarde, através do telefone (11) 9 6907-5001 ou por e-mail psicologarfernandes@ gmail.com (com Renata Fernandes).

Atenciosamente,

Renata da Silva Fernandes Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos ORIENTANDA/PESQUISADORA PUC-SP ORIENTADORA/PUC-SP Eu, ______________________________________________________________ Fui informado dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada. Recebi informações a respeito dos procedimentos e esclareci quaisquer dúvidas que tivesse. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão se eu assim o desejar. Certificaram-me de que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais e de que terei liberdade de retirar meu consentimento de participação na pesquisa em qualquer momento da pesquisa.

Assinatura: _________________________ SP, _______/________/2015.

128

APÊNDICE I – Questionário Sócio Demográfico

QUESTIONÁRIO SÓCIO DEMOGRÁFICO

Esse questionário tem como objetivo conhecê-lo um pouco melhor.

Gênero: ( ) MASCULINO ( ) FEMININO Patente ( ) Cabo ( ) Soldado ( ) 3º. Sargento ( ) 2º. Sargento ( ) 1º. Sargento ( ) Outro Há quanto tempo é bombeiro? ( ) 5 anos – 10 anos ( ) 10 anos – 15 anos ( ) Mais de 15 anos Estado Civil ( ) Casado (a) ( ) Solteiro (a) ( ) União estável ( ) Viúvo (a) Filhos ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Qual tua idade? ( ) 18 – 28 ano ( ) 29 -39 ( ) 40 – 50 ( ) 51 – 61 Passa por atendimento psicológico ou psiquiátrico? ( ) SIM ( ) PSIQUIÁTRICO ( ) PSICOLÓGICO ( ) NÃO Nos últimos dois anos precisou pedir licença por problemas de saúde? ( ) SIM ( ) NÃO Tem algum problema de saúde? ( ) SIM ( ) NÃO Qual? ( ) diabetes ( ) hipertensão arterial ( ) problemas na coluna ( ) LER (lesão por esforço repetitivo) ( ) Problemas na visão ( ) Problemas auditivos

129

( ) Problemas cardíacos ( ) Problemas de pele (psoríase, alergias...) ( ) Outro ______________________________________________________________ Utiliza algum medicamento diário para controle da doença? ( ) SIM ( ) NÃO

Agora que já nos conhecemos, por favor responda as escalas a seguir conforme orientação.

Não se preocupe com tuas respostas, elas serão CONFIDENCIAIS e SIGILOSAS, e não há certo ou errado!

130

APÊNDICE II Estatístico

Neste apêndice serão apresentadas as análises descritivas dos dados, cuja

finalidade configura-se a etapa inicial para descrever e resumir os dados. Além disto,

foram realizados os cruzamentos da Escala de Estresse no Trabalho com as oito

estratégias utilizadas no coping e com as subescalas do MBI (Exaustão Emocional,

Despersonalização e Realização Pessoal).

Tabela 1 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho (EET) x Estratégia de Confronto da Escala de Coping

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X ESTRATÉGIA DE COPING CONFRONTO

Escore de estresse

TOTALl

Sem Estresse

Risco de Estresse

Estresse

Estratégia 1 Confronto

Não Utiliza

N = 16

N = 15

N = 7

N = 38

38,1%

34,1%

11,3%

25,7%

Utiliza algumas vezes

N = 18

N = 18

N = 34

N = 70

42,9%

40,9%

54,8%

47,3%

Utiliza grande parte das vezes

N = 5

N = 10

N = 14

N = 29

11,9%

22,7%

22,6%

19,6%

Utiliza quase sempre

N = 3

N = 1

N = 7

N = 11

7,1%

2,3%

11,3%

7,4%

TOTAL

N = 42

N = 44

N = 62

N = 148

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

131

Tabela 2 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Afastamento

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO x ESTRATÉGIA DE COPING AFASTAMENTO

Escore de estresse

TOTAL

Sem Estresse

Risco de Estresse

Estresse

Estratégia 2 - Afastamento

Não Utiliza

N = 23

N = 17

N = 22

N = 62

54,8%

38,6%

35,5%

41,9%

Utiliza algumas vezes

N = 13

N = 19

N = 25

N = 57

31,0%

43,2%

40,3%

38,5%

Utiliza grande parte das vezes

N = 5

N = 7

N = 12

N = 24

11,9%

15,9%

19,4%

16,2%

Utiliza quase sempre

N = 1

N = 1

N = 3

N = 5

2,4%

2,3%

4,8%

3,4%

TOTAL

N = 42

N = 44

N = 62

N = 148

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

132

Tabela 3 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de Coping Autocontrole

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X ESTRATÉGIA DE COPING AUTOCONTROLE

Escore de estresse

TOTAL

Sem Estresse

Risco de Estresse

Estresse

Estratégia 3 - Autocontrole

Não Utiliza

N = 5

N = 9

N = 6

N = 20

11,9%

20,5%

9,7%

13,5%

Utiliza algumas vezes

N = 23

N = 19

N = 18

N = 60

54,8%

43,2%

29,0%

40,5%

Utiliza grande parte das vezes

N = 11

N = 12

N = 29

N = 52

26,2%

27,3%

46,8%

35,1%

Utiliza quase sempre

N = 3

N = 4

N = 9

N = 16

7,1%

9,1%

14,5%

10,8%

TOTAL

N = 42

N = 44

N = 62

N = 148

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

133

Tabela 4 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Suporte Social

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X ESTRATÉGIA DE COPING SUPORTE SOCIAL

Escore de estresse

TOTAL

Sem Estresse

Risco de Estresse

Estresse

Estratégia 4 - Suporte Social

Não Utiliza

N = 7

N = 8

N = 6

N = 21

16,7%

18,2%

9,7%

14,2%

Utiliza algumas vezes

N = 19

N = 19

N = 22

N = 60

45,2%

43,2%

35,5%

40,5%

Utiliza grande parte das vezes

N = 12

N = 15

N = 30

N = 57

28,6%

34,1%

48,4%

38,5%

Utiliza quase sempre

N = 4

N = 2

N = 4

N = 10

9,5%

4,5%

6,5%

6,8%

TOTAL

N = 42

N = 44

N = 62

N = 148

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

134

Tabela 5 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Aceitação de Responsabilidade

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X ESTRATÉGIA DE COPING ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Escore de estresse

TOTAL

Sem Estresse

Risco de Estresse

Estresse

Estratégia 5 - Aceitação de Responsabilidade

Não Utiliza

N = 6

N = 4

N = 5

N = 15

14,3%

9,1%

8,1%

10,1%

Utiliza algumas vezes

20

17

14

51

47,6%

38,6%

22,6%

34,5%

Utiliza grande parte das vezes

N = 12

N = 20

N= 32

N= 64

28,6%

45,5%

51,6%

43,2%

Utiliza quase sempre

N = 4

N = 3

N =11

N= 18

9,5%

6,8%

17,7%

12,2%

TOTAL

N =42

N =44

N = 62

N =148

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

135

Tabela 6 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Fuga e Esquiva

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs ESTRATÉGIA DE COPING FUGA E ESQUIVA

Escore de estresse

TOTAL

Sem Estresse

Risco de Estresse

Estresse

Estratégia 6 - Fuga e esquiva

Não Utiliza

N = 21

N = 19

N = 17

N = 57

50,0%

43,2%

27,4%

38,5%

Utiliza algumas vezes

N = 16

N = 17

N = 20

N = 53

38,1%

38,6%

32,3%

35,8%

Utiliza grande parte das vezes

N = 1

N = 5

N = 17

N = 23

2,4%

11,4%

27,4%

15,5%

Utiliza quase sempre

N = 4

N = 3

N = 8

N = 15

9,5%

6,8%

12,9%

10,1%

TOTAL

N = 42

N = 44

N = 62

N = 148

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

136

Tabela 7 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Resolução de Problemas

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO Vs ESTRATÉGIA DE COPING RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Escore de estresse

TOTAL

Sem Estresse

Risco de Estresse

Estresse

Estratégia 7 - Resolução de Problemas

Não Utiliza

N = 9

N = 6

N = 3

N = 18

21,4%

13,6%

4,8%

12,2%

Utiliza algumas vezes

N = 9

N = 16

N = 25

N = 50

21,4%

36,4%

40,3%

33,8%

Utiliza grande parte das vezes

N = 14

N = 12

N = 24

N = 50

33,3%

27,3%

38,7%

33,8%

Utiliza quase sempre

N = 10

N = 10

N = 10

N = 30

23,8%

22,7%

16,1%

20,3%

Total

42

44

62

148

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

137

Tabela 8 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Reavaliação Positiva

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs ESTRATÉGIA DE COPING REAVALIAÇÃO POSITIVA

Escore de estresse

TOTAL

Sem Estresse

Risco de Estresse

Estresse

Fator 8 - Reavaliação Positiva

Não Utiliza

N = 6

N = 2

N = 2

N = 10

14,3%

4,5%

3,2%

6,8%

Utiliza algumas vezes

N = 19

N = 19

N = 12

N = 50

45,2%

43,2%

19,4%

33,8%

Utiliza grande parte das vezes

N = 9

N = 18

N = 32

N = 59

21,4%

40,9%

51,6%

39,9%

Utiliza quase sempre

N = 8

N = 5

N = 16

N = 29

19,0%

11,4%

25,8%

19,6%

TOTAL

N = 42

N = 44

N = 62

N = 148

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

138

Tabela 9 Descritiva Escala de Estresse no Trabalho vs Subescala Exaustão Emocional do MBI

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI

Escore de estresse

Frequência

%

% Válido

Sem Estresse

Nível baixo

N = 32

76,2%

76,2%

Nível Médio

N = 9

21,4%

21,4%

Nível Alto

N = 1

2,4%

2,4%

Total

N = 42

100,0%

100,0%

Risco de Estresse

Nível baixo

N = 27

61,4%

61,4%

Nível Médio

N = 15

34,1%

34,1%

Nível Alto

N = 2

4,5%

4,5%

Total

N = 44

100,0%

100,0%

Estresse

Nível baixo

N = 17

27,4%

27,4%

Nível Médio

N = 22

35,5%

35,5%

Nível Alto

N = 23

37,1%

37,1%

Total

N = 62

100,0

100,0

139

Tabela 10 Descritiva Escala de Estresse no Trabalho vs Subescala de Despersonalização do MBI

ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X SUBESCALA DESPERSONALIZAÇÃO - MBI

Escore de estresse

Frequência

%

% Válida

Sem Estresse

Nível baixo

N = 8

19,0%

19,0%

Nível Médio

N = 26

61,9%

61,9%

Nível Alto

N = 8

19,0%

19,0%

Total

N = 42

100,0%

100,0%

Risco de Estresse

Nível baixo

N = 6

13,6%

13,6%

Nível Médio

N = 16

36,4%

36,4%

Nível Alto

N = 22

50,0%

50,0%

Total

N = 44

100,0%

100,0%

Estresse

Nível baixo

N = 3

4,8%

4,8%

Nível Médio

N = 11

17,7%

17,7%

Nível Alto

N = 48

77,4%

77,4%

Total

N = 62

100,0

100,0%

140

Tabela 11 Descritiva da Estratégia Confronto (Coping) vs subescala Exaustão Emocional - MBI

ESTRATÉGIA CONFRONTO (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL

Exaustão Emocional

TOTALl

Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Estratégia Confronto X Exaustão Emocional

Não Utiliza

N = 26

N = 10

N = 2

N = 38

68,4%

26,3%

5,3%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 34

N = 22

N = 14

N = 70

48,6%

31,4%

20,0%

100,0%

Utiliza grande parte das vezes

N = 10

N = 11

N = 8

N = 29

34,5%

37,9%

27,6%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 6

N = 3

N = 2

N = 11

54,5%

27,3%

18,2%

100,0%

Total

N = 76

N = 46

N = 26

N = 148

51,4%

31,1%

17,6%

100,0%

141

Tabela 12 Descritiva Estratégia de Afastamento vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI

ESTRATÉGIA AFASTAMENTO (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL

Exaustão Emocional

Total

Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Estratégia Afastamento X Exaustão Emocional

Não Utiliza

N = 38

N = 18

N = 6

N = 62

61,3%

29,0%

9,7%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 26

N = 19

N = 12

N = 57

45,6%

33,3%

21,1%

100,0%

Utiliza grande parte das vezes

N = 10

N = 8

N = 6

N = 24

41,7%

33,3%

25,0%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 2

N = 1

N = 2

N = 5

40,0%

20,0%

40,0%

100,0%

Total

N = 76

N = 46

N = 26

N = 148

51,4%

31,1%

17,6%

100,0%

142

Tabela 13 Descritiva Estratégia de Auto Controle vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI

ESTRATÉGIA AUTOCONTROLE vs EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI

Exaustão Emocional

Total

Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 3 - Auto controle X Exaustão emocional

Não Utiliza

N = 12

N = 5

N = 3

N = 20

60,0%

25,0%

15,0%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 36

N = 20

N = 4

N = 60

60,0%

33,3%

6,7%

100,0%

Utiliza grande parte das vezes

N = 21

N = 15

N = 16

N = 52

40,4%

28,8%

30,8%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 7

N = 6

N = 3

N = 16

43,8%

37,5%

18,8%

100,0%

Total

76

46

26

148

51,4%

31,1%

17,6%

100,0%

143

Tabela 14 Descritiva Estratégia de Suporte Social vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI

ESTRATÉGIA DE COPING SUPORTE SOCIAL X EXAUSTÃO EMOCIONAL -MBI

Exaustão Emocional

Total

Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 4 - Suporte Social X Exaustão Emocional

Não Utiliza

N = 10

N = 5

N = 6

N = 21

47,6%

23,8%

28,6%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 34

N = 21

N = 5

N = 60

56,7%

35,0%

8,3%

100,0%

Utiliza grande parte das vezes

N = 27

N = 18

N = 12

N = 57

47,4%

31,6%

21,1%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 5

N = 2

N = 3

N = 10

50,0%

20,0%

30,0%

100,0%

TOTAL

N = 76

N = 46

N = 26

N = 148

51,4%

31,1%

17,6%

100,0%

144

Tabela 15 Descritiva Estratégia Aceitação de Responsabilidade vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI

ESTRATÉGIA ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADE (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL – MBI

Exaustão Emocional

Total

Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 5 - Aceitação de Responsabilidade X Exaustão Emocional

Não Utiliza

N = 11

N = 4

N = 0

N = 15

73,3%

26,7%

,0%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 33

N = 13

N = 5

N = 51

64,7%

25,5%

9,8%

100,0%

Utiliza grande parte das vezes

N = 26

N = 21

N = 17

N = 64

40,6%

32,8%

26,6%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 6

N = 8

N = 4

N = 18

33,3%

44,4%

22,2%

100,0%

TOTAL

N = 76

N = 46

N = 26

N = 148

51,4%

31,1%

17,6%

100,0%

145

Tabela 16 Descritiva Estratégia Fuga e Esquiva vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI

ESTRATÉGIA FUGA E ESQUIVA (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI

Exaustão Emocional

Total Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 6 - Fuga e esquiva X Exaustão Emocional

Não Utiliza

N = 36

N = 15

N = 6

N = 57

63,2%

26,3%

10,5%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 25

N = 20

N = 8

N = 53

47,2%

37,7%

15,1%

100,0%

Utiliza grande parte das vezes

N = 10

N = 7

N = 6

N = 23

43,5%

30,4%

26,1%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 5

N = 4

N = 6

N = 15

33,3%

26,7%

40,0%

100,0%

TOTALl

N = 76

N = 46

N = 26

N = 148

51,4%

31,1%

17,6%

100,0%

146

Tabela 17 Descritiva Estratégia Resolução de Problemas vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI

ESTRATÉGIA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS (COPING) x EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI

Exaustão Emocional

TOTALl

Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 7 - Resolução de Problemas X Exaustão

Emocional

Não Utiliza

N = 13

N = 3

N = 2

N = 18

72,2%

16,7%

11,1%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 23

N = 17

N = 10

N = 50

46,0%

34,0%

20,0%

100,0%

Utiliza grande parte das vezes

N = 23

N = 18

N = 9

N = 50

46,0%

36,0%

18,0%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 17

N = 8

N = 5

N = 30

56,7%

26,7%

16,7%

100,0%

TOTAL

N = 76

N = 46

N = 26

N = 148

51,4%

31,1%

17,6%

100,0%

147

Tabela 18 Descritiva Estratégia Reavaliação Positiva vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI

ESTRATÉGIA REAVALIAÇÃO POSITIVA (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI

Exaustão Emocional

Total Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 8 - Reavaliação Positiva X Exaustão

Emocional

Não Utiliza

N = 7

N = 2

N = 1

N = 10

70,0%

20,0%

10,0%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 27

N = 19

N = 4

N = 50

54,0%

38,0%

8,0%

100,0%

Utiliza grande parte das

vezes

N = 26

N = 20

N = 13

N = 59

44,1%

33,9%

22,0%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 16

N = 5

N = 8

N = 29

55,2%

17,2%

27,6%

100,0%

Total N = 76

N = 46

N = 26

N = 148

51,4%

31,1%

17,6%

100,0%

148

Tabela 19 Descritiva Estratégia Confronto vs Subescala de Despersonalização - MBI

ESTRATÉGIA CONFRONTO (COPING) XSUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO

Despersonalização

Total Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 1 – Confronto x Despersonalização

Não Utiliza

N = 9

N = 14

N = 15

N = 38

23,7%

36,8%

39,5%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 5

N = 29

N = 36

N = 70

7,1%

41,4%

51,4%

100,0%

Utiliza grande parte das

vezes

N = 1

N = 9

N = 19

N = 29

3,4%

31,0%

65,5%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 2

N = 1

N = 8

N = 11

18,2%

9,1%

72,7%

100,0%

TOTALl

N = 17

N = 53

N = 78

N = 148

11,5%

35,8%

52,7%

100,0%

149

Tabela 20 Descritiva Estratégia Afastamento vs Subescala de Despersonalização - MBI

ESTRATÉGIA AFASTAMENTO (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI

Despersonalização

TOTAL

Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 2 – Afastamento X Despersonalização

Não Utiliza

N = 7

N = 28

N = 27

N = 62

11,3%

45,2%

43,5%

100,0%

Utiliza algumas vezes

N = 7

N = 19

N = 31

N = 57

12,3%

33,3%

54,4%

100,0%

Utiliza grande parte das

vezes

N = 2

N = 5

N = 17

N = 24

8,3%

20,8%

70,8%

100,0%

Utiliza quase sempre

N = 1

N = 1

N = 3

N = 5

20,0%

20,0%

60,0%

100,0%

TOTAL

N = 17

N = 53

N = 78

N = 148

11,5%

35,8%

52,7%

100,0%

150

Tabela 21 Descritiva Estratégia Auto Controle vs Subescala de Despersonalização - MBI

ESTRATÉGIA AUTOCONTROLE X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI

Despersonalização

Total Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 3 - Auto controle X

Despersonalização

Não Utiliza

7

5

8

20

35,0%

25,0%

40,0%

100,0%

Utiliza algumas vezes

5

25

30

60

8,3%

41,7%

50,0%

100,0%

Utiliza grande parte das

vezes

3

18

31

52

5,8%

34,6%

59,6%

100,0%

Utiliza quase sempre

2

5

9

16

12,5%

31,3%

56,3%

100,0%

Total 17

53

78

148

11,5%

35,8%

52,7%

100,0%

151

Tabela 21 Descritiva Estratégia Suporte Social vs Despersonalização - MBI

ESTRATÉGIA SUPORTE SOCIAL (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI

Despersonalização

Total Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 4 - Suporte Social

X Despersonalização

Não Utiliza

4

7

10

21

19,0%

33,3%

47,6%

100,0%

Utiliza algumas vezes

8

22

30

60

13,3%

36,7%

50,0%

100,0%

Utiliza grande parte das

vezes

3

20

34

57

5,3%

35,1%

59,6%

100,0%

Utiliza quase sempre

2

4

4

10

20,0%

40,0%

40,0%

100,0%

Total

17

53

78

148

11,5%

35,8%

52,7%

100,0%

152

Tabela 22 Descritiva Estratégia Aceitação de Responsabilidades vs Despersonalização - MBI

ESTRATÉGIA ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADES (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO

Despersonalização

Total Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 5 - Aceitação de Responsabilidade

Não Utiliza

6

4

5

15

40,0%

26,7%

33,3%

100,0%

Utiliza algumas vezes

8

21

22

51

15,7%

41,2%

43,1%

100,0%

Utiliza grande parte das

vezes

1

23

40

64

1,6%

35,9%

62,5%

100,0%

Utiliza quase sempre

2

5

11

18

11,1%

27,8%

61,1%

100,0%

Total 17

53

78

148

11,5%

35,8%

52,7%

100,0%

153

Tabela 23 Descritiva Estratégia Fuga e Esquiva vs Despersonalização - MBI

ESTRATÉGIA FUGA E ESQUIVA (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI

Despersonalização

Total

Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 6 - Fuga e esquiva

X Despersonalização

Não Utiliza 10 23 24 57

17,5% 40,4% 42,1% 100,0%

Utiliza algumas vezes 6 20 27 53

11,3% 37,7% 50,9% 100,0%

Utiliza grande parte das vezes

0 7 16 23

,0% 30,4% 69,6% 100,0%

Utiliza quase sempre 1 3 11 15

6,7% 20,0% 73,3% 100,0%

Total 17 53 78 148

11,5% 35,8% 52,7% 100,0%

154

Tabela 24 Estratégia Resolução de Problemas vs Despersonalização - MBI

ESTRATÉGIA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI

Despersonalização

Total Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 7 - Resolução de Problemas x

Despersonalização

Não Utiliza

5

8

5

18

27,8%

44,4%

27,8%

100,0%

Utiliza algumas vezes

8

10

32

50

16,0%

20,0%

64,0%

100,0%

Utiliza grande parte das

vezes

1

22

27

50

2,0%

44,0%

54,0%

100,0%

Utiliza quase sempre

3

13

14

30

10,0%

43,3%

46,7%

100,0%

Total

17

53

78

148

11,5%

35,8%

52,7%

100,0%

155

Tabela 25 Estratégia Reavaliação Positiva vs Despersonalização

VARIÁVEL FATOR 8 – REAVALIAÇÃO POSITIVA (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO

Despersonalização

Total Nível baixo

Nível Médio

Nível Alto

Fator 8 - Reavaliação Positiva X

Despersonalização

Não Utiliza

4

3

3

10

40,0%

30,0%

30,0%

100,0%

Utiliza algumas vezes

8

20

22

50

16,0%

40,0%

44,0%

100,0%

Utiliza grande parte das

vezes

2

21

36

59

3,4%

35,6%

61,0%

100,0%

Utiliza quase sempre

3

9

17

29

10,3%

31,0%

58,6%

100,0%

Total

17

53

78

148

11,5%

35,8%

52,7%

100,0%

156

De agora em diante, serão apresentadas as tabelas descritivas das

Estratégias de Coping com as subescala de Realização Pessoal do MBI (Maslach

Burnout Inventory) a qual o nível de realização pessoal é alto, em 100% da

população estudada.

Tabela 26 Descritiva da Estratégia de coping Confronto vs Subescala de Realização Pessoal - MBI

ESTRATÉGIA CONFRONTO (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI

Realização Pessoal

Total

Nível Alto

Fator 1 – Confronto x Realização Pessoal

Não Utiliza

N = 38

N = 38

25,7%

25,7%

Utiliza algumas vezes

N = 70

N = 70

47,3%

47,3%

Utiliza grande parte das vezes

N = 29

N = 29

19,6%

19,6%

Utiliza quase sempre

N = 11

N = 11

7,4%

7,4%

Total

N = 148

N = 148

100,0%

100,0%

157

Tabela 27 Descritiva da Estratégia de coping Afastamento vs Subescala de Realização Pessoal – MBI

ESTRATÉGIA AFASTAMENTO (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI

Realização Pessoal

TOTAL

Nível Alto

Fator 2 – Afastamento X Realização Pessoal

Não Utiliza

N = 62

N = 62

41,9%

41,9%

Utiliza algumas vezes

N = 57

N = 57

38,5%

38,5%

Utiliza grande parte das vezes

N = 24

N = 24

16,2%

16,2%

Utiliza quase sempre

N = 5

N = 5

3,4%

3,4%

TOTAL

N = 148

N = 148

100,0%

100,0%

158

Tabela 28 Descritiva da Estratégia de coping Auto Controle vs Realização Pessoal - MBI

ESTRATÉGIA AUTO CONTROLE (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI

Realização Pessoal

Total

Nível Alto

Fator 3 - Auto controle x Realização Pessoal

Não Utiliza

N = 20

N = 20

13,5%

13,5%

Utiliza algumas vezes

N = 60

N = 60

40,5%

40,5%

Utiliza grande parte das vezes

N = 52

N = 52

35,1%

35,1%

Utiliza quase sempre

N = 16

N = 16

10,8%

10,8%

Total

N = 148

N = 148

100,0%

100,0%

159

Tabela 29 Descritiva da Estratégia de coping Suporte Social x Subescala de Realização Pessoal - MBI

ESTRATÉGIA SUPORTE SOCIAL (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI

Realização Pessoal

Total

Nível Alto

Fator 4 - Suporte Social

Não Utiliza

N = 21

N = 21

14,2%

14,2%

Utiliza algumas vezes

N = 60

N = 60

40,5%

40,5%

Utiliza grande parte das vezes

N = 57

N = 57

38,5%

38,5%

Utiliza quase sempre

N = 10

N = 10

6,8%

6,8%

TOTAL

N = 148

N = 148

100,0%

100,0%

160

Tabela 30 Descritiva da Estratégia de coping Aceitação de Responsabilidade vs Subescala de Realização Pessoal - MBI

ESTRATÉGIA ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADES (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL

Realização Pessoal

TOTALl

Nível Alto

Score Fator 5 - Aceitação de Responsabilidade

Não Utiliza

N = 15

N = 15

10,1%

10,1%

Utiliza algumas vezes

N = 51

N = 51

34,5%

34,5%

Utiliza grande parte das vezes

N = 64

N = 64

43,2%

43,2%

Utiliza quase sempre

N = 18

N = 18

12,2%

12,2%

TOTAL

N = 148

N = 148

100,0%

100,0%

161

Tabela 31 Estratégia Fuga e Esquiva vs subescala de Realização Pessoal - MBI

ESTRATÉGIA FUGA E ESQUIVA (COPING) X SUBESCALA DE REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI

Realização Pessoal

TOTAL

Nível Alto

Fator 6 - Fuga e esquiva

Não Utiliza

57

57

38,5%

38,5%

Utiliza algumas vezes

53

53

35,8%

35,8%

Utiliza grande parte das vezes

23

23

15,5%

15,5%

Utiliza quase sempre

15

15

10,1%

10,1%

Total

148

148

100,0%

100,0%

162

Tabela 32 Descritiva Estratégia Resolução de Problemas vs Realização Pessoal - MBI

ESTRATÉGIA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI

Realização Pessoal

Total

Nível Alto

Fator 7 - Resolução de Problemas

Não Utiliza

18

18

12,2%

12,2%

Utiliza algumas vezes

50

50

33,8%

33,8%

Utiliza grande parte das vezes

50

50

33,8%

33,8%

Utiliza quase sempre

30

30

20,3%

20,3%

Total

148

148

100,0%

100,0%

163

Tabela 33 Descritiva Estratégia Reavaliação Positiva vs subescala de Realização Pessoal - MBI

ESTRATÉGIA DE COPING REAVALIAÇÃO POSITIVA X SUBESCALA DE REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI

Realização Pessoal

TOTAL

Nível Alto

Estratégia Reavaliação Positiva X Subescala Realização Pessoal

Não Utiliza

N = 10

N = 10

6,8%

6,8%

Utiliza algumas vezes

N = 50

N = 50

33,8%

33,8%

Utiliza grande parte das vezes

N = 59

N = 59

39,9%

39,9%

Utiliza quase sempre

N = 29

N = 29

19,6%

19,6%

TOTAL

N = 148

N = 148

100,0%

100,0%

164

Tabela 34 Descritiva nível de Estresse vs estratégias de coping

Escore de estresse 1 -

Confronto 2 -

Afastamento 3 -

Autocontrole

4 - Suporte Social

5 - Aceitação de Responsabilidade

6 - Fuga, Esquiva

7 - Resolução

de Problemas

8 - Reavaliação

Positiva

Sem Estresse

N Válidos 42 42 42 42 42 42 42 42

Missing 0 0 0 0 0 0 0 0

18 24 15 18 21 6 12 27

Média 6,48 6,17 6,88 8,48 10,14 1,76 6,88 13,76

36,0% 25,7% 45,9% 47,1% 48,3% 29,4% 57,3% 51,0%

Mediana 5,50 5,00 7,00 9,00 9,50 1,50 7,00 12,00

Desvio Padrão 4,21 3,98 2,90 4,06 4,81 1,71 3,21 6,64

Variância 18 16 8 16 23 3 10 44

IIQ 17 20 13 17 19 6 11 25

Mínimo 1 1 2 1 2 1 2

Máximo 18 21 15 18 21 6 12 27

Percentis 25 3 4 5 5 7 1 4 9

50 6 5 7 9 10 2 7 12

75 8 7 8 11 14 2 9 18

Risco de Estresse

N Válidos 44 44 44 44 44 44 44 44

Missing 0 0 0 0 0 0 0 0

18 24 15 18 21 6 12 27

Média 6,5682 6,8409 6,4091 8,5000 10,8864 2,0682 6,6591 14,1591

36,5% 28,5% 42,7% 47,2% 51,8% 34,5% 55,5% 52,4%

Mediana 7,0000 6,0000 6,0000 8,0000 11,0000 2,0000 6,5000 14,0000

Desvio Padrão 3,90228 3,92928 3,28717 4,10615 4,57605 1,63391 2,79487 5,16672

Variância 15,228 15,439 10,805 16,860 20,940 2,670 7,811 26,695

IIQ 16,00 17,00 13,00 18,00 19,00 6,00 10,00 20,00

Mínimo ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 1,00 4,00

Máximo 16,00 17,00 13,00 18,00 19,00 6,00 11,00 24,00

Percentis 25 3,2500 5,0000 4,0000 6,0000 7,2500 1,0000 4,2500 10,0000

50 7,0000 6,0000 6,0000 8,0000 11,0000 2,0000 6,5000 14,0000

75 9,7500 9,7500 9,0000 12,0000 15,0000 3,0000 9,0000 18,0000

Estresse

N Válidos 62 62 62 62 62 62 62 62

Missing 0 0 0 0 0 0 0 0

18 24 15 18 21 6 12 27

Média 8,5484 7,6129 8,3871 9,7419 12,1774 2,8871 7,1935 16,8710

47,5% 31,7% 55,9% 54,1% 58,0% 48,1% 59,9% 62,5%

Mediana 8,0000 7,0000 8,0000 10,0000 12,0000 3,0000 7,0000 17,0000

Desvio Padrão 4,08386 4,65658 3,22060 3,82801 4,57908 2,00904 2,47505 4,99995

Variância 16,678 21,684 10,372 14,654 20,968 4,036 6,126 24,999

IIQ 16,00 21,00 15,00 16,00 21,00 6,00 11,00 23,00

Mínimo 2,00 ,00 ,00 2,00 ,00 ,00 1,00 4,00

Máximo 18,00 21,00 15,00 18,00 21,00 6,00 12,00 27,00

Percentis 25 5,0000 4,0000 7,0000 6,7500 8,0000 1,0000 6,0000 14,0000

50 8,0000 7,0000 8,0000 10,0000 12,0000 3,0000 7,0000 17,0000

75 12,0000 10,2500 11,0000 13,0000 15,2500 4,2500 9,0000 21,0000

165

Tabela 35 Descritivas da Escala de Estresse no Trabalho e fatores relacionados a EET

Escore de estresse

Frequency Percent

Valid Percent

Cumulative Percent

Valid Sem Estresse 42 28,4 28,4 28,4

Risco de Estresse 44 29,7 29,7 58,1

Estresse 62 41,9 41,9 100,0

Total 148 100,0 100,0

Fator 1 - Autonomia/controle

Frequency Percent

Valid Percent

Cumulative Percent

Valid Sem Estresse 42 28,4 28,4 28,4

Risco de Estresse 29 19,6 19,6 48,0

Estresse 77 52,0 52,0 100,0

Total 148 100,0 100,0

Fator 2 - Papeis e Ambiente de Trabalho

Frequency Percent

Valid Percent

Cumulative Percent

Valid Sem Estresse 51 34,5 34,5 34,5

Risco de Estresse 50 33,8 33,8 68,2

Estresse 47 31,8 31,8 100,0

Total 148 100,0 100,0

Fator 3 - Relacionamento com o chefe

Frequency Percent

Valid Percent

Cumulative Percent

Valid Sem Estresse 40 27,0 27,0 27,0

Risco de Estresse 43 29,1 29,1 56,1

Estresse 65 43,9 43,9 100,0

Total 148 100,0 100,0

Fator 4 - Relacionamento Interpessoal

Frequency Percent

Valid Percent

Cumulative Percent

Valid Sem Estresse 54 36,5 36,5 36,5

Risco de Estresse 52 35,1 35,1 71,6

Estresse 42 28,4 28,4 100,0

Total 148 100,0 100,0

166

Fator 5 - Crescimento e Valorização

Frequency Percent

Valid Percent

Cumulative Percent

Valid Sem Estresse 37 25,0 25,0 25,0

Risco de Estresse 47 31,8 31,8 56,8

Estresse 64 43,2 43,2 100,0

Total 148 100,0 100,0

Tabela 36 Descritiva subescalas do MBI – Exaustão Emocional, Despersonalização e Realização Pessoal

Exaustão Emocional

Frequency Percent

Valid Percent

Cumulative Percent

Valid Nível baixo 76 51,4 51,4 51,4

Nível Médio 46 31,1 31,1 82,4

Nível Alto 26 17,6 17,6 100,0

Total 148 100,0 100,0

Despersonalização

Frequency Percent

Valid Percent

Cumulative Percent

Valid Nível baixo 17 11,5 11,5 11,5

Nível Médio 53 35,8 35,8 47,3

Nível Alto 78 52,7 52,7 100,0

Total 148 100,0 100,0

Realização Pessoal

Frequency Percent

Valid Percent

Cumulative Percent

Valid Nível Alto 148 100,0 100,0 100,0

167

Tabela 36 Descritivas subescalas Exaustão Emocional, Despersonalização e Realização Pessoal – MBI vs Escala de Estresse no Trabalho

Exaustão Emocional - MBI

Escore de estresse Frequency Percent Valid

Percent Cumulative

Percent

Sem Estresse

Valid Nível baixo 32 76,2 76,2 76,2

Nível Médio 9 21,4 21,4 97,6

Nível Alto 1 2,4 2,4 100,0

Total 42 100,0 100,0

Risco de Estresse

Valid Nível baixo 27 61,4 61,4 61,4

Nível Médio 15 34,1 34,1 95,5

Nível Alto 2 4,5 4,5 100,0

Total 44 100,0 100,0

Estresse Valid Nível baixo 17 27,4 27,4 27,4

Nível Médio 22 35,5 35,5 62,9

Nível Alto 23 37,1 37,1 100,0

Total 62 100,0 100,0

Despersonalização -MBI

Escore de estresse Frequency Percent Valid

Percent Cumulative

Percent

Sem Estresse

Valid Nível baixo 8 19,0 19,0 19,0

Nível Médio 26 61,9 61,9 81,0

Nível Alto 8 19,0 19,0 100,0

Total 42 100,0 100,0

Risco de Estresse

Valid Nível baixo 6 13,6 13,6 13,6

Nível Médio 16 36,4 36,4 50,0

Nível Alto 22 50,0 50,0 100,0

Total 44 100,0 100,0

Estresse Valid Nível baixo 3 4,8 4,8 4,8

Nível Médio 11 17,7 17,7 22,6

Nível Alto 48 77,4 77,4 100,0

Total 62 100,0 100,0

Realização Pessoal - MBI

Escore de estresse Frequency Percent Valid

Percent Cumulative

Percent

Sem Estresse

Valid Nível Alto

42

100,0

100,0

100,0

Risco de Estresse

Valid Nível Alto

44

100,0

100,0

100,0

Estresse Valid Nível Alto

62

100,0

100,0

100,0

168

Figura 1 Histograma Realização Pessoal