poluiÇÃo sonora - aspectos ambientais e saúde pública

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POLUIÇÃO SONORA - Aspectos Ambientais e Saúde Pública

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POLUIO SONORA: ASPECTOS AMBIENTAIS E SADE PBLICA

Eustquio Couto Penido1 Flvio Rocha Azevedo2 Jordan Henrique de Souza3

RESUMO

A preocupao com a qualidade de vida e o crescimento das cidades, pe em questo um tema invisvel, mas que vem afetando as populaes de reas urbanas com seus efeitos e conseqncias. A poluio sonora abordada no presente estudo mostra que a intensidade de rudos pode afetar a sade dos moradores atingidos pelos vrios tipos de rudos constantes. Os aspectos legais mostram que as diversas esferas de governo buscam amparadas em matrias jurdicas, impor condies e limites para minimizar os impactos e seus efeitos a sade humana e o bem estar s populaes urbanas. Ser citada em captulo especfico a regulamentao da ABNT com as normas que permeiam o assunto abordado.1

Acadmico do 4 perodo de Gesto Ambiental do Instituto Vianna Junior.

Qumico e mestre em ecologia aplicada conservao dos recursos naturais. Professor do curso de Gesto Ambiental do Instituto Vianna Jnior. Engenheiro Civil, Universidade Federal de Juiz de Fora. Mestre-doutorando em Engenharia Civil pela universidade Federal Fluminense. Especialista em Gesto Pblica Municipal pela UFJF.3

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O estudo realizado em campo teve como objetivo analisar o nvel de rudo de alguns pontos como escolas e hospitais e compar-los com a legislao e normas pertinentes. Foi possvel verificar que os nveis de rudos nas vias pblicas de Juiz de Fora, em especial aquelas estudadas e delimitadas, tm ndices que variam de 20 a 48% acima do ideal. Os mapas apresentados neste estudo viabilizam a compreenso e visualizao das reas com maiores ndices de rudos e suas ocorrncias conforme horrios pr-definidos e ao confront-los com os limites estabelecidos nas normas. Verifica-se que o fluxo de veculos prximo a escolas e hospitais produz um volume ruidoso acima do desejvel. Pressupe que ao analisar os limites de conforto desejvel ao ser humano sendo de 50 dB, um cidado que convive nessas reas estudadas so diretamente afetados com os altos volumes de rudos todos os dias nos diferentes horrios. PALAVRAS-CHAVE: Rudos, Poluio Sonora, Perturbao do Sossego e Gesto ambiental.

INTRODUO

Por se constituir uma preocupao na questo da sade, o rudo urbano definido como o som capaz de provocar dano ao sistema auditivo, interferindo no equilbrio do organismo humano. O desenvolvimento tecnolgico, a grandes expanses das cidades e o aumento da frota de veculos, que todos os dias so colocados nas ruas, vm intensificando o volume de rudos sonoros. Associado a esses fatores, veculos com situao precria como escapamentos adulterados ou defeituosos vm somando aos fatores j citados. Veculos com som automotivo de alta potncia ou tunados circulam pelas ruas ou so expostos em reas urbanas, em torno dos bares das metrpoles com volumes altssimos perturbando o sossego dos moradores.

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Com a ascenso das classes sociais, um nmero maior de brasileiros adquire todos os dias um novo veculo em todas as cidades do Brasil. Em todo o Brasil a frota de veculos aumentou entre 2001 at 2009 em 76,5%, totalizando 24 milhes de carros, caminhes e motocicletas. (Rede Nossa So Paulo, 2009). Em Juiz de Fora, com uma populao de 526.706 mil habitantes, consta atualmente uma frota de 157.681, constando em 2009 um aumento de 52% em comparao com 2000. (IBGE, 2010) Todo esse crescimento reflete na sade das pessoas que convivem com esse nmero de veculos nas vias pblicas e com todos os pormenores oriundos do rudo. Estudos mostram que o rudo ambiental ocasiona estresse, m qualidade ruim no sono, irritabilidade, sendo esses os mais perceptveis. A legislao municipal e as resolues CONAMA4, apresentam os nveis permitidos e tolerveis sade humana, sendo assim objeto de anlise. Busca-se neste estudo apresentar a legislao no mbito federal, estadual, municipal sobre o tema. Atentando para o agravamento desses rudos, verificou-se os limites e o enquadramento em face da lei em vigor. Encontrando no arcabouo jurdico apoio ao tema, busca-se verificar em campo os limites estipulados, averiguando aplicao da legislao em vigor e se h fiscalizao para enquadrar a zona urbana dentro dos parmetros legais para melhor qualidade ambiental urbana quanto aos rudos sonoros. Em pesquisas de campo buscou-se aferir os limites de rudos e confront-los com as normas que respaldam os limites permitidos, o que constatou em resultados que possibilitam um estudo ainda mais amplo de planejamento urbano e estratgico para as instituies, em especial as de ensino e hospitais referenciadas na anlise.

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Conselho Nacional de Meio Ambiente.

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1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRFICO

1.1 CONCEITO DE POLUIO SONORA

O grande desafio atual nos grandes centros o controle da poluio sonora advinda de trnsito, propagandas, entidades religiosas, casas e bares noturnos em reas residenciais. O constante nmero de veculos nas ruas somado s ms condies, com escapamentos inadequados, agravam e intensificam os rudos nas reas urbanas. O crescimento desordenado das cidades e das indstrias, prximas a reas urbanas, tudo isso tem colaborado para um agravamento da intensidade de rudos. Os rudos produzidos nessas reas urbanas, embasado nos limites tolerveis para o conforto humano, que de 65 dB j so desconfortveis. Ademais, rudos dessa intensidade causam um desconforto que no organismo poder levar ao estresse e risco de doenas. Considerando um volume de rudo acima de 85 dB, ocorre um comprometimento auditivo (HUNGRIA, 1995). Para fins de tal estudo, no podemos excetuar somente atividades industriais ou urbanas, mas grande parte dos rudos tem origem domstica com uso de aparelhos eletrodomsticos com volumes acentuados, que causam desconforto. Uma distino faz-se necessria definir ou distinguir o que som e rudo. definido que som a emisso da voz humana, a msica em harmonia. Definio cabvel ainda ao som est contida no dicionrio de Silveiro Bueno que efeito produzido no rgo da audio pelas vibraes dos corpos sonoros. Som est ligado harmonia e de cunho agradvel. Rudo o barulho irregular e desagradvel. Exemplo para tal definio queda de um corpo, um objeto os rudos so passveis de medies, o qual medido pela grandeza denominada decibel.

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Poluio sonora a emisso de rudos desagradveis que, ultrapassados os nveis legais e de maneira continuada, o qual em determinado tempo pode causar prejuzo sade humana ou ao bem estar da comunidade.5 Podemos ainda dizer que poluio sonora o conjunto de todos os rudos provenientes de uma ou mais fontes sonoras, manifestadas ao mesmo tempo num ambiente qualquer. Dentre os vrios conceitos deste tema, podemos ainda conceituar que a poluio sonora um impacto, que consiste em qualquer modificao introduzida no ambiente capaz de alterar o equilbrio do sistema ecolgico, neste caso afetando principalmente o ser humano.

1.2 ASPECTOS RELACIONADOS SAUDE

A poluio sonora um tipo de aspecto ambiental no qual muito difcil o seu controle, devido s caractersticas propagativas das ondas sonoras. Esse tipo de poluio no gera resduos e seus efeitos no so percebidos claramente no ambiente. Os danos que podem ser causados na sade humana pelo excesso de rudos tangem aspectos fisiolgicos, como a perda da audio ou mesmo de cunho psicolgico, como pode-se cita a irritabilidade exagerada, alteraes no sono, estresse nervoso e dificuldades de concentrao (HUNGRIA, 1995). A Organizao Mundial de Sade (OMS) considera intensidades sonoras abaixo de 50 dB como o ideal para a manuteno da sade humana. Conforme Hungria (1995), no h tratamento para trauma sonoro ou acstico, a no ser o afastamento permanente do indivduo do ambiente ruidoso. A exposio a barulhos contnuos em reas urbanas, afeta o psiquismo de seus habitantes. Pode-se citar as buzinas dos caminhes, os britadores de asfalto, os5

Manual de Direito Ambiental Luz Paulo Sirvinskas Editora Saraiva

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bate-estacas, as descargas abertas dos carros constituem o cotidiano estunente da populao urbana. Em certos indivduos, j com quadros de irritabilidade aguados, a poluio sonora pode gerar intranqilidade e at neuroses. Uma das principais contribuies que o excesso de rudo pode causar a perda parcial ou total de audio. H casos que podem chegar a 30% de perda da audio se considerar, por exemplo, uso de aparelho de som com fones de ouvido. Conforme artigo do site www.universoambiental.com.br, alguns dos casos de insnia tambm esto diretamente ligados a rudos excessivos que totalizam 5% desses casos.

2 ASPECTOS LEGAIS E NORMATIVOS

A poluio sonora deve ser tratada como um problema social difuso e ambiental, que deve ser combatido pelo poder pblico, com adoo de polticas pblicas de fiscalizao e conscientizao nas reas com grande amplitude sonora. Por se tratar de uma questo de suma relevncia, o tema referido em algumas leis e resolues para amparar o cumprimento da temtica. Algumas dessas leis sobre poluio que degrada a qualidade de vida so importantes no destaque deste estudo. A Lei Federal 6.938/816 no seu Art. 3 III, ...degradao da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente, prejudiquem a sade, segurana e o bem estar da populao; a Lei Federal 9.605/987, que trata dos crimes ambientais, em seu artigo 54, configura crime de poluio sonora pelas conseqncias que produz, causar poluio de qualquer natureza em nveis tais que resultem ou possam resultar danos sade humana....;6

Poltica Nacional do Meio Ambiente. Lei do Meio Ambiente.

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Constituio Federal Art. 225, diz respeito diretamente qualidade de vida e a sade do ser humano, o qual o meio ambiente sonoro est inserido e precisa ser protegido. Este artigo consagra o pressuposto do direito do ambiente ecologicamente equilibrado. A resoluo CONAMA n 2, em 1990, instituiu o Programa Nacional de Educao e Controle da Poluio Sonora Silncio, onde consideranda a necessidade do estabelecimento de normas e aes para controle efetivo da poluio sonora, de modo a preservar a sade e bem estar da populao. A coordenao do programa SILNCIO ficou sob a responsabilidade do IBAMA, o qual tem como objetivos promover cursos tcnicos para capacitar pessoal e controlar os problemas de poluio sonora; divulgar, junto populao, matria educativa e que conscientize dos efeitos prejudiciais causados pelo excesso de rudos; incentivar a fabricao e uso de mquinas que emitam menor intensidade de rudos, dentre outros. Para auxiliar os trabalhar fiscalizadores e regulamentar os padres e limites, a ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas, dispe em duas de suas normas NBR 10151 E 10152, quais reas e limites em dB so permitidos. Tais normas objetivam avaliao de rudos em reas habitadas visando o conforto acstico e a permanncia do sossego urbano em diversas reas, tanto industrial como urbana. A norma exemplifica algumas das reas como hospitais, escolas, hotis, residncias, auditrios, restaurantes, escritrios, templos religiosos e locais para esporte, os quais cada um traz uma faixa limite para a emisso de tais rudos que so tolerados. Essas so as principais NBR mais diretas a este tema. A poluio sonora em mbito estadual, Minas Gerais traz em suas legislaes, a Lei 7.302 de 21 de julho de 1978 que vem regulamentar o limite mximo permitido de volume de sons emitidos exteriormente e no recinto que se tem origem. Conforme cita a lei estadual, tambm conhecida como Lei do Silncio, no seu artigo 2 Inciso I, fica fixado o limite de 85 (oitenta e cinco) decibis medidos no curso C do Medidor de Intensidade de Som de acordo

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com o mtodo MB-268, prescrito pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas. Algumas permisses so concedidas no intervalo de (sete) s (vinte e duas) horas como sinos de igrejas ou templos e instrumentos musicais usados em celebraes religiosas celebradas nas sedes dos recintos, ou ainda a exceo nos sbados ou feriados ou datas religiosas de expresso popular, neste caso o horrio livre. Dentre essas outras permisses de relevncias que so consideradas no capitulo II, Art. 4 em seus incisos. No mbito municipal, o cdigo de posturas do municpio de Juiz de Fora, so vrios os artigos que limitam e impe regras e limites ao volume de rudos urbanos. Este cdigo est formulado pela Lei 11.197 de 03/08/06 que define as condies necessrias para a promoo do bem estar e da qualidade de vida do ambiente municipal por meio do ordenamento dos comportamentos, das condutas e dos procedimentos. J no Decreto 9117 de 01/02/07 (Regulamentao), em conjunto com as demais legislaes pertinentes, daro aplicabilidade aos dispositivos pertinentes s posturas da convivncia humana na circunscrio territorial delimitada pelo Municpio de Juiz de Fora. O desconforto causado pelo barulho nas vias publica, ainda so agravados quando se somam a esse rudo sons ligados em veculos, escapamentos adulterados, ambulncias e carros de sons de propagandas. O Art. 59 da Lei 11.197, quando trata de segurana e Ordem pblica, cita: dever do Poder Executivo zelar pela manuteno do sossego, da segurana e da ordem em todo territrio do Municpio, nos limites de sua competncia constitucional. Nos Artigos 60, 61, 62 da mesma Lei, observa-se que sero usados mecanismos de medies para aferir seus limites e que os estabelecimentos que promovam eventos devero se adequar acusticamente para no perturbar o sossego. A exceo para os limites ser concedida somente quando autorizados por legislao pertinente. Em contrapartida a Regulamentao observa-se, nos Art. 253 a 257 que constitura em infrao considerada grave e sujeita multa e as demais sanses administrativas que couber, queles que produzirem sons que ultrapassarem os limites orientados

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pelas normas tcnicas ou legislaes pertinentes. A averiguao e aferio desses limites se daro por meio de medidores de nveis de som. Um fato recente em Juiz de Fora foi noticiado no jornal Tribuna de Minas de 10/02/2011 no bairro So Mateus. A aglomerao de jovens em torno dos bares da regio de maneira mais intensa na Avenida Independncia, tem alterado a rotina dos moradores locais. A freqncia desses jovens com seus carros com sons potentes, associado ao uso de drogas e lcool e o prolongamento do barulho pela madrugada, vem levantar a questo em pauta com relao poluio sonora urbana. O complexo comercial nesta rea intenso o que justifica associado s constantes reclamaes de moradores, as 17 ocorrncias encaminhadas entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, encaminhado a Secretaria de Atividades Urbanas com o objetivo de cassar os alvars dos estabelecimentos que funcionam 24 horas nesta rea. Conforme o artigo, o objetivo conseguir que a prefeitura do municpio cancele os alvars e os libere novamente com ressalva de horrios, no caso at a meia-noite. Reclamaes freqentes e de destaque so os locais: as ruas Morais e Castro Zona Sul, Rua Silva Jardim centro, Rua Cristovam Molinari no morro da gloria, Praa do Jardim Glria, rua Santo Antonio, rua Maria Perptua no Ladeira, quadra da escola no bairro Furtado de Meneses, regies do bairro Manoel Honrio. Alvo de queixas tambm so os clubes e as quadras de escola de samba que por no constar isolamento acstico, atingem uma ampla rea com seus rudos e shows sem as devidas licenas. Moradores dessas regies ao serem entrevistados pelo jornal Tribuna de Minas, citam que j tomaram diversas atitudes com Presidentes de bairros, Promotoria do Meio Ambiente, Prefeitura, Policia Militar, mas no ocorreram mudanas nessas reas. Alguns magistrados em outras Regies do Estado e do Pas tiveram posturas mais enrgicas e como cita o artigo obtiveram resultados eficazes. Este artigo publicado no jornal Tribuna de Minas vem contextualizar o presente estudo e reforar o que pretende-se afirmar como um fato prejudicial e perturbador no ambiente urbano, o rudo.

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Conforme dados fornecidos pelo COPOM-PMMG8, no perodo de janeiro a dezembro de 2010, foram verificadas o total de 5485 ocorrncias com solicitao de perturbao do trabalho ou do sossego ou perturbao da tranquilidade, no entanto destas 2775 foram registradas com este aspecto.

3 MATERIAIS E MTODOS

Foram definidos os ambientes de interesse do estudo, levando-se em conta a disponibilidade para ensaios, taxa de utilizao e importncia do ambiente para a comunidade, tanto acadmica como local. Para a realizao das medidas de avaliao, tomou-se uma determinada rea, que foi monitorada quanto ao nvel de rudo. A rea monitorada caracteriza-se por grande fluxo de pessoas e automotores e por ter no seu entorno hospitais e/ou escolas, que so empreendimentos sensveis a altos nveis de rudos. Para a avaliao dos resultados, aplicou-se a Lei 10.100/90 que determina os nveis mximos de rudo comunitrio em funo da localizao e do horrio. As medies de nveis de som seguem a orientao da norma tcnica em vigor que recomenda o uso do microfone afastado 1,50 m (um metro e cinqenta centmetros), no mnimo, da divisa do imvel que contm a fonte de rudo e altura de 1,20 m (um metro e vinte centmetros) do solo. Na ocasio, foi usado um decibelmetro com as definies a seguir: Marca: Medtec - Normas: IEC 61672-1 (classe II) - Curva de resposta: A/C Selecionvel - Hora no display - Sada Auxiliar: analgica AC 1 V / DC 10 mV

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Quarta Regio da Polcia Militar Juiz de Fora

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- Interface USB - Software com grfico e tabela Especificaes : - Faixa de medio: 30dB ~ 130dB - Preciso: 1,4dB - Resoluo: 0.1dB - Faixa de Freqncia: 31,5Hz ~ 8KHz - Indicao de Over range: "UNDER" ou "OVER", que informa se o rudo captado est superior ou inferior capacidade nominal de medio.

A tabela que segue apresentada na NBR 10151 e ser comparada com a pesquisa feita em campo. Diante desta perspectiva, considerarmos rea mista, com vocao residencial urbana ou de hospitais ou de escolas. Percebese no horrio diurno que o limite inferior ao adquirido pela pesquisa realizada. Tabela 1 Nvel de critrio de avaliao NCA para ambientes externos, em dB(A) Tipos de reasrea de stios e fazendas rea estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas rea mista, predominantemente residencial rea mista, com vocao comercial e administrativa

Diurno40 50 55 60

Noturno35 45 50 55

ABNT NBR 10151

Em busca de resultados que representam o volume de rudos ao longo do dia nas reas delimitadas, foram adotados os critrios de local, horrio e numero de medies, e optou-se pela data de segunda-feira dia 21 de maro

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de 2011 e trs horrios distintos para aferio. Delimitaram-se as reas de escolas e hospitais como sendo locais que merecem uma ateno especial.

4 RESULTADOS E DISCUSSES

Tabela 2 - Resultados da amostragem da pesquisa.PONTOS DE MEDIES Manh (07:30 s 08:30) Med Max Min Manh (11:15 s 12:28) Med Max Min Tarde (16:15 s 17:20) Med Max

Local / Horrios Min dB (A) medidos Maternidade Santa Terezinha 60,60 (Independncia) EE Fernando Lobo (Independncia) EE Fernando Lobo (R. So Mateus) 66,70

76,40

78,10

71,40

74,90

96,80

60,10

80,80

82,20

79,20

78,10

65,70

77,10

86,70

60,90

73,40

75,50

60,90

65,30

71,80

61,20

73,60

87,40

67,20

74,50

87,70

55,80 Santa Casa (Rio Branco) Escola Stella Matutino (Independncia) Escola Normal (Independncia) Instituto Vianna Jr. (Av. Andradas) Faculdade Universo (Av. Andradas) Colgio Santa Catarina (Av. Andradas) 66,80

64,40

75,60

64,70

72,90

86,60

63,20

65,90

84,20

75,90

78,60

65,90

73,10

78,80

67,50

74,20

78,70

63,30

71,80

76,40

68,50

70,10

79,20

64,80

73,50

83,70

60,10

62,80

75,30

67,00

66,80

78,40

65,20

68,70

73,90

66,10

74,10

80,00

68,30

71,80

79,50

65,20

76,80

81,90

61,80

68,60

78,40

67,90

85,20

87,70

75,70

86,10

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Os Autores, 2011. Com base nos dados da tabela de medies, foram desenvolvidos os cartogramas usando o software o Arc Gis 9.3.1, com objetivo de demonstrar os pontos de anlise9. Em cada ponto foram realizadas trs medies porAtravs de tcnicas de geoprocessamento, os valores obtidos em campo foram interpolados utilizando-se o algoritmo de Kripagem9

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perodo obtendo nove medies por ponto considerando um valor mnimo, mdio e mximo naquele mesmo ponto, que totalizou ao final 81 (oitenta e uma) medies. As medies foram feitas em frente ao estabelecimento/instituio, no passeio (caladas). No estudo constatou-se que em apenas 3 segundos um rudo deste emitido atinge um raio de 300 metros, o que levou a construo dos cartogramas um formato arredondado. Foi desconsiderado para efeito de estudo o instante que ocorreu a passagem de viaturas com sirenes ligadas, para que obtivssemos os rudos somente de trfego de veculos. A legenda que compe os cartogramas servir de referencia de anlise dos pontos referenciados esta em destaque nos cartogramas a seguir:

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Figura 1:

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Figura 2:

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Figura 3:

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Os ciclos de medies compreendem os intervalos de 07h30min as 08h30min, 11h30min s 12h28mim e16h15min s 17h20min. A escolha dos horrios foi pr- determinada com o objetivo de avaliar o possvel progresso dos rudos ao longo do dia. Considerando as primeiras horas do dia comercial, ocorrem ndices elevados de rudos por veculos que trafegam pela rea estudada e quando confrontados com os limites nestas reas, conclu-se que ficam bem acima da mdia que seria em torno de 50 dB (A). Nesta primeira anlise podemos destacar que os pontos em amarelo claro obtiveram medies com nmeros prximos dentro do intervalo analisado, considerando que os logradouros so distantes. O mesmo ocorre com os nveis mais elevados, pois estes tiveram resultados prximos uns dos outros. O menor ndice de rudos mnimo encontrado est justamente neste perodo da manh, pois no horrio analisado ainda est comeando o fluxo de veculos na vias da cidade. O segundo ciclo de medies ocorreu no horrio em que o fluxo de veculos o mais intenso comparado com os outros dois perodos aferidos. Tal razo se faz por se um horrio de grande movimento nas escolas, funcionrios iniciando parada para almoo e, acima de tudo, um momento que teoricamente o comrcio com seus veculos de entrega, a exemplo, carga e descarga, que esto ativos nas vias. A anlise do meio dia apontou que ocorre prximo a uma uniformidade dos rudos, considerando que os pontos mais crticos foram os referenciais: Colgio Santa Catarina e Maternidade Santa Terezinha, que alcanaram os ndices mais elevados. importante destacar que a uniformidade dos rudos mnimos est apresentada nos cartogramas com valores bem superiores aos medidos no primeiro ciclo (manh) em contrapartida os valores mximos deste perodo so os mais graves, pois como exemplo, podemos citar o entorno da Maternidade Santa Teresinha que obteve o valor de 96,8 dB no horrio compreendido.

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O terceiro ciclo ocorreu no horrio compreendido no fim da tarde, aponta que os rudos advindos do meio dia tiveram uma constncia e seguiu levemente em alta atingindo nas mdias gerais ndices prximos do meio dia.

CONCLUSO

Diante dos resultados obtidos, foi possvel perceber que os locais observados apresentam nveis de rudo acima do permitido por lei e daquele recomendado na literatura. perceptvel que as pessoas expostas a esses rudos diariamente, podero ao final do dia apresentar fadigas, irritabilidade e outros sintomas relacionados ao estresse em funo do barulho emitido nestas reas. Avaliando os da tabela 1 verifica-se que as reas de escolas e hospitais so regies com rudos permissveis de at 50 decibis durante o dia medidos com ponderao A. Considerando os referenciais importantes da OMS, cabe salientar que, existindo uma lei municipal que defina valores limites para os nveis de rudos em reas externas, ser est a base legal para a populao apoiar-se e solicitar a soluo de questes sobre a poluio sonora. Conclui-se que ao comparar os valores da tabela 1 com a tabela 2, observa-se que os valores ora apresentados pela pesquisa, considerando a rea delimitada, mostram que os rudos nas reas estudadas nos diversos horrios apresentam um percentual de aproximao dos nveis medidos, entendendo que do incio ao final do dia ocorre uma constncia de rudos ocasionados por veculos diversos. Outra concluso que os nveis mdios adquiridos ultrapassam o valor de 50 decibis proposto na norma, conforme resultado mdio de 73,07 decibis. Este resultado leva a crer que os ndices de perturbao e de estresse podero ser elevados. Para o rudo localizado na rea central importante destacar que cada veculo apresenta uma particularidade, o que levamos ao entendimento

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que mesmo sendo do mesmo fabricante e ano este ainda poder apresentar resultados diferentes quando analisados. Os veculos apresentam diversos fatores que os difere, como por exemplo: carga que transportam presso dos pneus, maneira de dirigir, estado do escapamento, o grau de desgaste mecnico do veculo, velocidade de conduo e o estado da via. Nos dois ambientes, foi percebido que os ndices ruidosos apresentados, podero servir para estudos futuros e possveis planejamentos de novas edificaes que possibilitam amenizar a proximidade com as vias de grande fluxo de veculos. Somente conhecendo as causas e os efeitos da poluio sonora, ser possvel propor alguma alternativa, de maneira organizada e planejada, e concomitantemente a isso oferecer meio que minimize a poluio sonora, garantindo uma melhor qualidade de vida a aqueles que necessitam estar nesses ambientes. A fiscalizao deve ser ampla e abranger escapamentos de carros e motos, responsabilidade que cabe aos rgos das trs esferas: Federal, Estadual e Municipal. Com o trabalho em campo foi possvel perceber que ao ficar parado em determinado ponto para anlise, chegam a ser intolerveis os rudos emitidos, o que justifica e comprova na literatura os nveis de irritabilidade de quem vive nessas vias. So locais de relevncia aqueles prximos as escolas e hospitais, pois so reas que merecem uma ateno especial. O tema no foi esgotado neste estudo, pois os critrios usados foram apenas uma amostragem para revelar que muito ainda pode ser estudado e que a partir dos resultados deve-se tomar um posicionamento quanto s medidas, se as houver que devero ser tomadas. Os resultados serviro tambm de anlise para se instalar novos empreendimentos a partir de um estudo mais apurado nas reas citadas.

NOISE POLLUTION: ENVIRONMENTAL AND PUBLIC HEALTH ASPECTS

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ABSTRACT

The quality life maintenance and the growth of the cities reveals a invisible problem that has been affected the urban areas populations with its effects and consequences. The noise pollution approached in the present study shows that the noise intensity can harm the health of the area resident constantly exposed to this type of pollution. The legal aspects shows that many governmental organizations try to impose patterns and superior limits with the objective to decrease the effects of noise pollution on human health, as well as provide welfare to the population. Will be cited in a specific chapter, the brazilian technical normatization to aim the comprehension of this study. The propose of the data measurement was analyze the noise levels in some specifics hotspots, like schools and hospitals, and compare the results with the applicable laws. Was possible verify that noise intensity in the streets of Juiz de Fora (MG), specifically those that was bounded to this study, shown noise intensity 20% to 48% over the ideal levels. The maps shown in this study aims the visualization and comprehension of the higher noise levels and its occurrence according time of day choosen and compare with legal parameters. Was verified that the vehicle flow near schools and hospitals products a noise pollution above the expected. Presupposing that comfort superior limit to the noise pollution is 50 dB, a citizens that lives in those studied areas was directly affected with high intensity noise levels everyday. Keywords: noise pollution, quiet disturbance, environmental management

REFERNCIAS

SILVINKAS, Luiz Paulo. Manual do Direito Ambiental. So Paulo: Saraiva 2008.p. 231.

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HUNGRIA, Hlio. Otorrinolaringologia. Editora Guanabara. 7 Edio. P. 389. OLIVEIRA, Mariana. Instituto So Paulo Sustentvel. Crescimento de frota de veculos. Disponvel em: . Acesso em: 15 mar. 2011. IBGE. Crescimento urbano em Juiz de Fora. Disponvel em: . Acesso em: 27 fev. 2011. AMBIENTAL, Universo. Disponvel em: Acesso em: 03 abr. 2011. JUIZ DE FORA. Cdigo de postura do municpio. Decreto n 9117. p. 113 e 114.2007. Ministrio do Meio Ambiente. Disponvel em: Acesso em 08 abr. 2011. ORGANIZAO MUNDIAL DA SADE faz meno aos limites de rudos tolerveis. Disponvel em: Acesso em 05 fev. 2011. MINISTRIO Pblico do Estado da Bahia. Disponvel em: Acesso em 07 abr. 2011. PORTAL da Sade. Disponvel em: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/ noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&CO_NOTICIA=12492> Acesso em 20 abr. 2011.