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POLÍTICAS CULTURAIS PARA NEGROS: AÇÕES DO MINISTÉRIO DA CULTURA VOLTADAS PARA O PÚBLICO NEGRO ENTRE 2011 E 2014 Rodrigo Francisco 1 Palavras-Chave: história; política cultural; cultura afro-brasileira Resumo: O texto busca analisar de forma ampla as ações do Ministério da Cultura voltadas para o público negro no primeiro governo de Dilma Rousseff, se aprofundando nas atividades do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra bem como na demora da construção de sua sede física, na elaboração do Plano Setorial para Cultura Afro-brasileira e no lançamento da Rede Cultura Viva Afro-brasileira. INTRODUÇÃO Segundo Lia Calabre (2005) a elaboração do que se pode dizer de políticas culturais governamentais, no Brasil, teve início na era getulista. Tal afirmação corrobora com a ideia de Albino Rubim (2007), onde o autor declara que é demasiado caracterizar a inauguração das políticas culturais no Brasil no período do Segundo Império, mesmo que o Imperador Pedro II tenha assumido, por vezes, a figura de mecenas. A definição de políticas culturais requer muito mais que isto. Acionando Lia Calabre novamente, pode- se entender por políticas públicas em cultura um conjunto organizado e coerente de princípios que orientam linhas de ações estatais mais imediatas na área da cultura. Tal definição somada com o obscurantismo da colônia portuguesa que negava as culturas indígenas e africanas se tem o rompimento de qualquer ideia de que as políticas culturais tenham surgido antes de Getúlio Vargas. O período Vargas é marcado pela construção e estruturação formal da área da cultura no país. Dentro da era Vargas pode-se considerar dois momentos como marco deste período na área da cultura, a passagem de Mario de Andrade pelo Departamento de Cultura da cidade de São Paulo entre os anos de 1935 a 1938 e a presença de Gustavo Capanema no Ministério da Educação e Saúde. Mesmo que no decorrer da história da cultura no Brasil tenha acontecido os processos de descontinuidades, é possível perceber as inovações de Mario de Andrade em sua passagem breve pela cultura de São Paulo que refletiram na esfera Federal do período e em gestões mais recentes; 1 Graduando do curso de bacharelado em Produção e Política Cultural na Universidade Federal do Pampa. Pesquisador de iniciação científica com bolsa CNPq no projeto “Clube 24 de Agosto: Memórias Negras”.

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POLÍTICAS CULTURAIS PARA NEGROS: AÇÕES DO

MINISTÉRIO DA CULTURA VOLTADAS PARA O

PÚBLICO NEGRO ENTRE 2011 E 2014

Rodrigo Francisco1 Palavras-Chave: história; política cultural; cultura afro-brasileira Resumo: O texto busca analisar de forma ampla as ações do Ministério da Cultura voltadas para o público negro no primeiro governo de Dilma Rousseff, se aprofundando nas atividades do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra bem como na demora da construção de sua sede física, na elaboração do Plano Setorial para Cultura Afro-brasileira e no lançamento da Rede Cultura Viva Afro-brasileira.

INTRODUÇÃO

Segundo Lia Calabre (2005) a elaboração do que se pode dizer de políticas culturais governamentais, no Brasil, teve início na era getulista. Tal afirmação corrobora com a ideia de Albino Rubim (2007), onde o autor declara que é demasiado caracterizar a inauguração das políticas culturais no Brasil no período do Segundo Império, mesmo que o Imperador Pedro II tenha assumido, por vezes, a figura de mecenas. A definição de políticas culturais requer muito mais que isto. Acionando Lia Calabre novamente, pode- se entender por políticas públicas em cultura um conjunto organizado e coerente de princípios que orientam linhas de ações estatais mais imediatas na área da cultura. Tal definição somada com o obscurantismo da colônia portuguesa que negava as culturas indígenas e africanas se tem o rompimento de qualquer ideia de que as políticas culturais tenham surgido antes de Getúlio Vargas. O período Vargas é marcado pela construção e estruturação formal da área da cultura no país.

Dentro da era Vargas pode-se considerar dois momentos como marco deste período na área da cultura, a passagem de Mario de Andrade pelo Departamento de Cultura da cidade de São Paulo entre os anos de 1935 a 1938 e a presença de Gustavo Capanema no Ministério da Educação e Saúde. Mesmo que no decorrer da história da cultura no Brasil tenha acontecido os processos de descontinuidades, é possível perceber as inovações de Mario de Andrade em sua passagem breve pela cultura de São Paulo que refletiram na esfera Federal do período e em gestões mais recentes;

1 Graduando do curso de bacharelado em Produção e Política Cultural na Universidade Federal do Pampa. Pesquisador de iniciação científica com bolsa CNPq no projeto “Clube 24 de Agosto: Memórias Negras”.

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Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as – ABPN Consócio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-brasileiros – CONEABs Universidade Federal de Uberlândia – (UFU)

Pode-se afirmar que Mário de Andrade inova em: 1. estabelecer uma

intervenção estatal sistemática abrangendo diferentes áreas da cultura; 2.

pensar a cultura como algo “tão vital como o pão”; 3. propor uma definição

ampla de cultura que extrapola as belas artes, sem desconsiderá-las, e que

abarca, dentre outras, as culturas populares; 4. assumir o patrimônio não só

como material, tangível e possuído pelas elites, mas também como algo

imaterial, intangível e pertinente aos diferentes estratos da sociedade; 5.

patrocinar duas missões etnográficas às regiões amazônica e nordestina para

pesquisar suas populações, deslocadas do eixo dinâmico do país e da sua

jurisdição administrativa, mas possuidoras de significativos acervos culturais.

(RUBIM, 2007, p.103)

A cultura em escala Federal sob tutela de Gustavo Capanema assume uma política de cunho nacionalista, onde-se valorizava a brasilidade, a harmonia entre as classes sociais e se admite o caráter mestiço do povo brasileiro. Neste período simultaneamente estava acontecendo a estruturação da Frente Negra Brasileira (FNB), organização considerada a sucessora do Centro Cívico Palmares, de 1926 (DOMINGUES, 2007, p.105), primeiras organizações negras com reinvindicações mais deliberativas. A FNB desenvolveu um nível de organização suficiente para manter escolas, grupos musicais e de teatro, time de futebol, oferecer cursos de formação política, de artes e ofícios, assim como também publicar o periódico, A Voz da Raça. Outras entidades com o mesmo propósito de promover a cidadania negra através dessas ações floresceram no mesmo período, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Salvador. Vale salientar que mesmo que essas entidades não assumissem internamente ou em seus nomes o caráter cultural, com o conceito alargado de cultura proposto por Mario de Andrade é possível reconhecer essas organizações como promotora de cultura.

Nos diversos estudos sobre políticas culturais não se encontra nenhuma ação direta na área da cultura para negros no período getulista, apenas que neste período passou-se a reconhecer parcialmente as culturas afro-brasileiras e o interesse em conhece- las, este dado ilustra uma das tristes tradições propostas por Albino Rubim (2007), as ausências.

Com base nessas enunciações históricas é possível ter uma ideia do início de uma movimentação cultural negra não estatal, que agiu de forma sistemática no país em um momento que o Estado se propunha a promover todas as culturas.

As ausências de políticas culturais direcionadas para a população negra permearam as gestões seguintes, entretanto diversas companhias e associações

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negras cumpriram o papel do Estado. Um exemplo dessas companhias é o Teatro Experimental do Negro (TEN), uma iniciativa do economista e ator Abdias do Nascimento. A proposta do TEN de Abdias é reabilitar e valorizar a identidade e a herança cultural dos negros brasileiros através da educação e da cultura. Paralelamente as ações artísticas do TEN é fundada pela mesma companhia o Instituto Nacional do Negro em 1949.

Saltando para 1966 é possível enxergar outra triste tradição proposta por Rubim (2007), a do autoritarismo. No período ditatorial militar, o TEN é impedido pelo Ministério das Relações Exteriores de se apresentar no 1° Festival de Arte Negra do Senegal, o espetáculo proposto pela companhia de Abdias do Nascimento não representava a cultura brasileira segundo os governantes militares (ENCICLOPÉDIA, Itaú, 2016).

Como nos mostra Petrônio Domingues (2007), o golpe militar de 1964 representou uma derrota, ainda que temporária para a luta política dos negros. Somente no final da década de 70 no bojo da ascensão dos movimentos populares, aconteceu uma reorganização política da luta anti-racista, o que não significa que nos primeiros e mais árduos anos da ditadura militar o movimento negro não tivesse realizado nenhuma ação. Um exemplo é a formação do Centro de Cultura e Arte Negra em 1972 por um grupo de artistas e estudantes. Todas essas ações diretas em cultura negra e afro-brasileira partiram de movimentos sociais sem ligação com o governo operante.

Somente no momento de reorganização democrática do país começa a aparecer ações estatais em cultura em prol da cultura afro-brasileira. Em 1982 se inicia o processo de tombamento da Serra da Barriga, antigo Quilombo dos Palmares, apenas em 1986 já em um regime democrático a Serra da Barriga é inscrita nos Livros de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paiságistico, e no Histórico. Neste momento cabe relembrar da criação do Centro Nacional de Referências Culturais (CNRC) em 1975 e das reformulações do IPHAN (1979), ações realizadas por Aloísio Magalhães que fundamentaram o tombamento do antigo Quilombo dos Palmares através de suas novas diretrizes (FORTI, 2017, p.84).

Entretanto apenas em 1988, depois da criação do Ministério da Cultura (1985), é criado a primeira instituição federal voltada para a cultura negra no Brasil, a Fundação Cultural Palmares. Instituição dedicada à proteção, preservação e promoção da cultura afro-brasileira, não apenas entendida por meio das linguagens artísticas. Esta entidade diretamente ligada ao MinC sofreu com os ataques no campo cultural cometidos por Collor, mas mesmo com a transformação do Ministério em Secretária a fundação continuou operando e opera até os dias atuais, tendo papel fundamental na formulação e implantação de políticas públicas culturais para negros nos governos de Lula e Dilma.

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POLÍTICAS CULTURAIS PARA NEGROS NO GOVERNO LULA

Antes de se aprofundar na primeira gestão de Dilma Rousseff e das ministras

da cultura em seu primeiro mandato, cabe sinalizar as ações e políticas culturais voltadas para comunidade negra na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.

Como aponta Ruy Sardinha Lopes (2015), durante os anos de 1980 e 1990, não se consolidou somente o alargamento do conceito de cultura enfatizando sua face antropológica, mas também a sua dimensão de desenvolvimento. E foi com esse caráter de agenciamento entre cultura e desenvolvimento que surgiram as propostas do governo Lula, pensando na inclusão social, na distribuição de renda e a cultura pensada como “ativo econômico”.

A frente do Ministério da Cultura estava Gilberto Gil, o primeiro Ministro negro da pasta. Gil surge de forma apoteótica redesenhando o campo cultural no Brasil, saindo em defesa da singularidade dos bens culturais e em defesa da diversidade cultural. A proposta do primeiro ministro da cultura na “Era Lula” foi a de se distanciar dos atos neoliberais do governo de Fernando Henrique Cardoso, apostando assim no papel da cultura para a realização plena do ser humano, “acreditando na capacidade da semiodiversidade brasileira” (LOPES, 2015).

No início de seu governo já é possível perceber uma atitude que demonstra uma nova política. Em 2003 é criada a Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID). Foi através desta secretaria que o Estado passou a ter um olhar mais profundo para as culturas populares no país, o que de certa forma ilumina o campo dos agentes culturais negros e indígenas e a cultura afro-brasileira. Uma das ações da SID a ser destacadas é realização, em 2005, do I Seminário de Políticas Públicas para Culturas Populares. O objetivo deste seminário era a partir dos debates gerados fortalecer as culturas populares através de políticas públicas. Este seminário foi construído em pareceria com a Fundação Cultural Palmares e o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. Infelizmente não se encontra registros no portal do Ministério da Cultura da continuidade deste seminário, não com este nome ou com o propósito que este seminário possuía.

A atuação do Ministério da Cultura sob gestão de Gil passa a ser inauguradora em diversos momentos, como na atenção direcionada e o apoio para as culturas indígenas. Não somente a cultura indígena passa receber uma maior atenção, as produções da periferia, a cultura LGBT, cultura digital e outras passam a ser vistas e encaradas pelo órgão do Estado. Um exemplo da atenção do ministério as ações culturais desses segmentos são os editais específicos que surgem com a ideia de atender estes grupos invisibilizados. Dois movimentos assumem centralidade nesta

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gestão de Lula – Gil, a implantação e desenvolvimento do Sistema Nacional de Cultural e o Plano Nacional de Cultura.

A política pública em cultura mais abrangente e profunda na gestão de Gil veio a ser o Programa Cultura Viva. Esta política tem como norteadores a autonomia, o empoderamento e o protagonismo da população. Um dos carros chefes deste programa é o projeto dos Pontos de Cultura;

Trata-se, na realidade, de uma ação articuladora, que vem estimular

trabalhos já desenvolvidos. Por meio de uma nova gestão de política pública,

através de editais abertos à sociedade civil, diversos grupos concorrem a

recursos, podendo potencializar manifestações culturais de suas localidades

(COSTA, 2010, p.293).

Ainda que algumas instituições que passaram a ser consideradas Pontos de Cultura já tivessem relações com o Estado, o projeto dos pontos se identifica mais com os quilombolas, grupos indígenas, comunidades tradicionais (LACERDA, MARQUES, ROCHA, 2010, p.114). Sendo assim, de certa forma, acaba por dar visibilidade a expressões e grupos que anteriormente não eram objetos de política governamental.

O segundo edital do Programa Cultura Viva em 2005 foi aberto para contemplar iniciativas voltadas para a capoeira, entretanto somente para o estado da Bahia, o que gerou polêmica e insatisfações entre grupos de capoeira dos outros estados. Não foi somente o edital especifico para capoeira que demonstrou a atenção dada pelo órgão do estado à esta manifestação de matriz africana no Brasil, com a ideia de corrigir a falta de apoio que a manifestação cultural – capoeira – jamais recebeu, em 2006 foi lançado pelo MinC o Projeto Capoeira Viva. Dados divulgados pelo ministério mostra que o projeto recebeu de patrocínio pela Petrobras R$930 mil e contou com o apoio do Museu da República. O objetivo do projeto era incentivar produções de pesquisa na área desta manifestação cultural, promover ações socioeducativas e apoio aos acervos e documentos.

Todavia, como nos mostra Costa (2010, p.296), uma série de entraves, atrasos e a falta de informações geraram descontentamento entre os capoeiristas contemplados no projeto. Essa insatisfação surge por falta de nitidez do edital, burocracias e atrasos nos pagamentos das parcelas destinados a esses agentes. Por fim o edital acabou perdendo a continuidade em 2008, passando a gestão do projeto para o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural, entretanto não sendo realizado também no ano de 2009. O projeto retomou em 2010 passando por instabilidades e sendo realizado até o ano de 2017.

Gilberto Gil passa o posto de Ministro da Cultura para o seu secretário executivo Juca Ferreira, que fica na frente do cargo até o início do governo de Dilma Rousseff.

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O ex-secretário e novo ministro assume o ministério dando continuidade nas ações do ministro anterior, como inovações no Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) que é um projeto pensado pela Fundação Cultural Palmares. Mas por problemáticas no diálogo com outras instituições federais, o CNIRC só obteve novas ações em 2011. Houve também ainda na primeira gestão de Juca Ferreira a II Conferência Nacional de Cultura, onde foi lançado o Plano Setorial de Cultura Populares e no mesmo evento foram levantadas as demandas do Plano Setorial de Cultura Afro-brasileira.

Por fim, mesmo com as problemáticas, pode-se caracterizar a gestão Gil/Juca no governo Lula como um momento de reorganização e democratização da cultura e a fertilização do campo cultural em âmbito federal.

AÇÕES DO MINISTÉRIO DA CULTURA VOLTADAS PARA NEGROS ENTRE 2011 E

2014

Dilma Rousseff se torna a 36° chefe de Estado da República Federativa do Brasil, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo, tomando posse no dia 1 de janeiro de 2011. O governo de Dilma já começa em um terreno de instabilidades políticas, uma delas é a demora na escolha de quem ocuparia o cargo no Ministério da Cultura. Ana de Hollanda é a escolhida para gerir a pasta sendo também a primeira mulher estar à frente deste ministério e sendo também uma artista como o ex ministro Gil. Uma escolha muito criticada por agentes e grupos culturais da sociedade, mas escolhida com a ideia de trazer a representatividade feminina. Dentro da gestão de Ana de Hollanda a economia criativa ganha uma extraordinária centralidade, onde até mesmo em 2012 é criado a Secretária de Economia Criativa (SEC);

[...] a SEC escolhe definir a economia criativa a partir dos chamados

“setores criativos”, que incluem aqueles que seriam os setores tradicionais

da economia da cultura (as diversas linguagens artísticas e indústrias

culturais), somados a atividades produtivas como o design, moda,

arquitetura, além da inclusão de práticas culturais que não se caracterizam

propriamente como setores produtivos, como o patrimônio cultural e as

chamadas “culturas populares”, “indígenas” e “afro-brasileiras”.

(DOMINGUES, LOPES, 2015, p.214)

Apesar da centralidade que a economia criativa toma e dentro desta ação aparecer a cultura afro-brasileira, em 2011, ano da posse de Dilma Rousseff e Ana de Hollanda ocorre inovações no Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra. A frente da Fundação Cultural Palmares neste período estava Hilton Cobra.

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O CNIRC surge junto com a instituição Palmares, durante o governo de FHC se pensava construir a sede do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra em Uberlândia, porém esta ideia não foi concretizada. O Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra tem o propósito de fomentar atividades de estudos, pesquisas e de produção e sistematização de dados e informações relativas à cultura afro-brasileira, além da disseminação de informações qualificadas de temática negra. O projeto da criação da sede foi retomado pela FCP durante a gestão de Gil, buscando promover e incentivar a implantação do CNIRC em Brasília, juntamente com a sede da FCP, voltado para valorização, divulgação e preservação da cultura negra.

A construção da sede física do CNIRC prevista para ser entregue em 2009 como nos mostra as ações orçamentárias da Fundação Cultural Palmares de 2008 não foi iniciada pois não houve a obtenção da licença prévia junto ao Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (IBRAM), o que impossibilitou o processo de contratação de consultoria técnica em engenharia e arquitetura para elaboração dos projetos Básico e Executivo, conforme é previsto nas orientações da Procuradoria Federal e

da Fundação Cultural Palmares. Em decorrência do contingenciamento dos recursos para a

construção da sede própria as atividades do projeto da construção ficaram restritas à

continuidade do tratamento do acervo bibliográfico e arquivístico da FCP que migraria para sede

física da CNIRC quando estivesse pronta. No orçamento para a ação da construção, a LOA

previa R$934.650,00 para a execução, porém, pode-se pensar que devido a problemática da

licença prévia houve um corte de 64,69% no montante dos recursos como é apresentado no

relatório de gestão de 2011 da Fundação Cultural Palmares. A frente do CNIRC estava Carlos

Moura, que já fora presidente da Fundação Cultural Palmares duas vezes.

De janeiro a outubro de 2011 foi realizado o tratamento arquivístico de 120 metros lineares de documentação produzida e acumulada pela Fundação Cultural Palmares desde sua criação e a reestruturação do espaço físico da biblioteca na FCP. Com a catalogação do acervo bibliográfico foi reinaugurado no mesmo ano a biblioteca que migraria para sede do CNIRC, que recebeu o nome de Oliveira Silveira, poeta gaúcho, referência para o movimento negro e idealizador do dia da consciência negra. Em 2011 o Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, que era o setor da FCP responsável pelas ações do tratamento e catalogação dos arquivos, encontrava-se com um quadro bastante limitado de recursos humanos, tendo apenas uma servidora que era do quadro efetivo da Fundação Palmares. A Fundação Cultural Palmares ficou de 2011 a 2015 sem divulgar em seu site os relatórios orçamentários das auditorias da CGU sendo que o relatório de gestão de 2015 e os relatórios de gestões dos anos anteriores e seguintes não é possível encontrar se houve progressos na construção da sede do CNIRC, o que se sabe utilizando a plataforma de busca da instituição é que a biblioteca Oliveira Silveira ainda se encontra na sede da FCP. As principais ações do Centro atualmente são: 1) Publicação da Coleção Ciclo de

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Palestras Conheça Mais, 2) Exposições de arte com temática afro e produções artísticas negras e negros, 3) Ciclo de Palestras Conheça Mais, 4) Tratamento e manutenção do acervo bibliográfico e arquivístico da FCP, 5) Parcerias com institutos e centros de pesquisas, universidades e congêneres para produção do conhecimento sobre culturas negras brasileiras, 6) Cine Palmares, 7) Programa Imagem da Memória, 8) Prêmio Oliveira Silveira.

Embora o Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra seja um agregado da Fundação Cultural Palmares e sendo essa uma instituição federal ligada ao Ministério da Cultura, cabe salientar que estas ações que aconteceram em 2011 não são atos diretos da Ministra que estava ocupando o cargo no momento. O que é possível observar na forma em que Ana de Hollanda conduzia o MinC é a relativa autonomia das secretarias e instituições do ministério, que no caso era baseada na ausência de um projeto político e estratégico que caracterizasse sua gestão. Entretanto Ana de Hollanda teve uma passagem muito breve no cuidado da pasta da cultura totalizando apenas um ano e oito meses, seu posto foi assumido por Marta Suplicy. A ministra que já carrega um capital simbólico parecia indicar uma nova política mais próxima das políticas acionadas pelos ministros Gil e Juca. Algumas demandas sociais foram revisitadas por Marta bem como as ligadas a comunidade negra, retomando a prática de editais exclusivos para negros principalmente no audiovisual.

No final de 2012 com diversas dificuldades o Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) conseguiu criar e eleger o primeiro Colegiado Setorial de Culturas Afro- Brasileiras, sendo composto por 25 representantes de quatro regiões administrativas do país. Assumindo como princípio norteador o combate ao racismo, o CNPC/MinC criou as cadeiras de Cultura Quilombola, Capoeira, Hip Hop e Povos Tradicionais de Matriz Africana, além de assegurar a participação de representantes da Fundação Cultural Palmares e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. Com o intuito de produzir o Plano Setorial de Cultura Afro-Brasileira e cumprir a meta 46 do Plano Nacional de Cultura também proposto pelo CNPC, onde nesta meta se tem a demanda da instalação de colegiados e a elaboração de planos de culturas e sistemas de monitoramento definidos para todos os setores representados no CNPC foi realizado uma série de debates e pesquisas presenciais e virtuais. Para auxiliar todos os interessados em oferecer subsídios para a construção do Plano foi construído um Caderno de Dialogo composto por diversos artigos de temas como políticas afirmativas em cultura até os direitos culturais dos quilombolas, este caderno foi distribuído pelo país nas cidades onde o Colegiado e a FCP estiveram presentes e também pelos correios, sendo entregue nas secretarias de cultura.

Ainda para o fortalecimento do diálogo com agentes da cultura afro-brasileira e produtores culturais negros, outras atividades também foram realizadas para construção do Plano, bem como: Debate Rota da Capoeira (AL), Debate Papo Educação Quilombola (DF), Consulta Pública e livro Africanidades e Relações

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Raciais: Insumos para Políticas Públicas na Área do Livro, Ciclo de Palestras Conheça Mais (CE, AP, MG, SC, AC), Fórum de Cultura Negra e TEIA Diversidade 2014 (RN), Encontro das Culturas Populares e Tradicionais (SP), e outros.

O maior desafio do CNPC, da Fundação Cultural Palmares, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural que também estava envolvida na construção das metas norteadoras era construir um Plano que se constituísse como um instrumento forte que pudesse enfrentar o racismo utilizando a cultura como ferramenta principal e que “contemple as expressões das comunidades quilombolas, dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana, dos artistas e produtores culturais negros, da juventude negra em seus diversos matizes” (COBRA, 2014, p.8), e que pudesse dialogar com as especificidades de cada estado e municípios. Após a realização das consultas públicas, já no de 2014 os integrantes do Colegiado Setorial de Cultura Afro-brasileira se reuniram no final do mês de outubro sendo o último encontro que antecederia a construção do texto formal do Plano Setorial para Culturas Afro-brasileiras. Nas plataformas virtuais do Ministério da Cultura, da Fundação Cultural Palmares e do Conselho Nacional de Políticas Culturais não se encontra sobre como e quando o Plano Setorial passou a ser distribuído e quais estados e municípios já possuem tal Plano, o que se sabe é que o Plano em PDF foi publicado no site da Fundação Cultural Palmares apenas em março de 2017. Tais dificuldades de acesso corroboram com a ideia da falta de diálogo entre Estado e sociedade civil, criando assim uma série de entraves e insatisfações entre os agentes culturais negros. Cabe salientar que a elaboração do Plano e as consultas públicas passaram pelas instabilidades da gestão do Ministério da Cultura, pois quando se dá fim nas consultorias públicas quem está a frente da pasta de cultura é a ministra interina Ana Wanzreler.

No balanço de gestão da Fundação Cultural Palmares de Hilton Cobra durante os anos de 2011 a 2014 foram destacadas as principais ações da Instituição ligada ao MinC. Entre elas estão o investimento de R$37 milhões em editais afirmativos voltados ao público negro, a construção do Plano Setorial para Culturas Afro-brasileiras e as articulações para a construção do Museu da Cultura e Memória Afro-brasileira, em Brasília. Outras ações foram destacadas, como o início da construção do Sistema Palmares de Informação que até os dias atuais não fora entregue, demonstrando uma das tristes tradições de Albino Rubim, as descontinuidades.

O que não se viu no balanço de gestão divulgado em cerimônia em dezembro de 2014 foi informações sobre a Rede Cultura Viva Afro-brasileira. A construção deste segmento dentro de um programa com uma magnitude como o Cultura Viva é um formato de política pública que notabiliza as especificidades da cultura negra no país e o desenho desta política se consolida como um programa de base comunitária que fortalece a articulação dos Pontos de Cultura que fomentam as culturas afro-

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brasileiras, com isso pode-se dizer que os Pontos de Cultura alcançam um número crescente de grupos negros. A Rede Cultura Viva Afro-brasileira foi lançada na TEIA Nacional da Diversidade de 2014 em Natal no Rio Grande do Norte durante o Fórum de Cultura Negra onde esteve presente Lindivaldo Júnior, diretor de Fomento e Promoção da Cultura Negra da FCP. A rede é uma ação da Fundação Cultural Palmares em parceria com a Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do MinC e tem como o objetivo unir os mais de 500 Pontos de Cultura de temática negra espalhados no Brasil promovendo o intercâmbio cultural entre os grupos e lideranças das comunidades de matriz africana e da juventude negra.

Para Hilton Cobra, as ações de fomento e promoção da cultua afro-brasileira foram significativas nos quatro anos que esteve a frente da instituição. O mesmo destaca em seu balanço de gestão os vários editais que reconheceram e apoiaram inciativas culturais de comunidades quilombolas, comunidades tradicionais de matriz africana e coletivos negros. Contudo pode-se entender que mesmo com os processos de descontinuidades as inovações no Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, a elaboração do Plano Setorial para Cultura Afro-brasileira e o lançamento da Rede Cultura Viva Afro-brasileira são as principais ações voltadas para o público negro vinculadas ao Ministério da Cultura durante a primeira gestão de Dilma Rousseff.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que no Brasil e no mundo as comunidades negras muitas vezes estão privadas do uso dos equipamentos culturais como também do capital gerado por suas manifestações artístico culturais. Mesmo que atividades como carnaval e outras festas populares brasileiras tenham como principais autores os artistas e produtores negros, como nos aponta Martha Queiroz (2014), os recursos públicos investidos nas comunidades negras é quase irrelevante perto dos milhões que essas atividades populares movimentam. Entende-se aqui que por muitas vezes ocorrer a falta de incentivos orçamentários, agentes culturais e artistas negros acabam sendo excluídos do cenário central da produção cultural, onde este mesmo cenário é sustentado por orçamentos que deveriam ser divididos de maneira equitativa.

Muito se viu de atitudes autônomas da comunidade negra no Brasil em estabelecer políticas não governamentais em cultura desde o período de estruturação formal do campo cultural em âmbito federal. Tivemos atos da Frente Negra Brasileira, do Teatro Experimental do Negro, dos movimentos negro durante a ditadura militar que fomentaram arte e cultura afro-brasileira sem o apoio estatal. Embora a comunidade negra no Brasil seja preterida na atribuição dos recursos públicos, os negros deste país acabam por perseverar no exercício de sua arte e cultura mesmo que por vezes sejam invisibilizados. É dentro deste quadro de resistência e no caráter de luta pela democratização da cultura e por igualdade racial e regional na distribuição do

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Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as – ABPN Consócio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-brasileiros – CONEABs Universidade Federal de Uberlândia – (UFU)

orçamento público que os agentes negros de cultura buscam discutir a política cultural no Brasil.

Durante o governo Lula foi possível perceber a atuação de Gilberto Gil e Juca Ferreira dentro do segmento afro-brasileiro na área da cultura, entretanto não se pode deixar de apontar a problemática de que muitos processos iniciados não foram concluídos ou que sofreram mudanças de intensidade, como por exemplo a construção da sede física do CNIRC. O período da primeira gestão de Dilma mostra um cenário bem conturbado dentro do Ministério da Cultura, bem como a demora na escolha para o posto de ministra da cultura, o que foi posto em centralidade pela ministra em primeiro momento e sua queda em 2012. A entrada de Marta Suplicy no segundo tempo agradou alguns, embora a mesma só tenha retomada a lógica do mercado na construção de editais específicos e faltado com esforço na construção de uma política cultural efetiva. A intempérie da gestão da pasta causou alguns entraves nas políticas culturais voltadas para o público negro, mesmo que as principais tenham sido concluídas ou justificadas seus atrasos, mas o que novamente se viu foi um processo de descontinuidades e ausência de diálogo com a sociedade civil.

Contudo é possível entender que é de suma importância que os produtores culturais envolvidos na cadeia de formação da cultura tenham consciência dos prejuízos gerados pelo racismo e criem novos mecanismos de promoção da equidade racial, além de já utilizarem as políticas já existentes. Com isso, teríamos um desenvolvimento social igualitário e uma maior distribuição de renda. Um último apontamento a ser feito é que existe uma carência de pesquisas aprofundadas em políticas culturais para negros no Brasil, o que gera um desconhecimento do campo e da produção deste grupo que é maioria no Brasil.

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