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Getúlio Vargas

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EditorialPompa e Circunstância

Como apresentação da primeira edição de POLI-TIKA, revista que tem como objetivo informar ao leitor os fatos históricos, políticos, culturais, so-ciais, ocorridos ao logo da história do nosso país, foi escolhido um tema ainda muito presente e de enorme importância na vida de todos os bra-sileiros.

Getúlio Vargas será abordado nesta edição in-augural, através de sua biografia histórica, di-retrizes políticas, política externa, bem como, a ascensão industrial responsável por alavancar a economia do país. Indústrias de grande importância para o Brasil até hoje, como A Companhia Siderúrgica Nacion-al, Vale do Rio Doce e Petrobras, foram criadas durante a gestão de Vargas.

Vargas enxergou nessas indústrias a possibi-lidade da ascensão econômica brasileiro. Após esses acontecimentos, o Brasil deixa de ser, um

Atensiosamente,Renata Pozzobon

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mero exportador de produtos agrícolas, e passa a ex-portar aço, minério e produzir seu próprio sustento de petróleo.

Considerado um presidente populista, não por acaso, conseguiu que fosse instaurada no país leis de pro-teção ao trabalhador, como a criação da carteira de trabalho, salário mínimo e finalmente a promulgação da CLT, Consolidação das Leis do Trabalho.

Desenvolvido também por Vargas, o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, tem como ob-jetivo, organizar o país, de modo a informar o gov-erno e a população sobre dados como, número de cidadãos, espaço territorial, renda salarial, dentre outros.

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sumárioMATÉRIA DA CAPA

4 - CONHECENDO O MITOA história de Vargas desde os tempos de São Borja até a ascensão a presidência.

7 - O PAI DOS POBRESComo foi seu modo de agir perante a comu-nidade internacional.

9 - MODERNIZAÇÃO DO BRASILO Brasil atingiu um nível de desenvolvimen-to industrial até então jamais visto.

11 - VARGAS NO CENÁRIO IN-TERNACIONALSua ligação com os trabalhadores e a criação das leis trabalhistas.

SEÇÕES

13 - POLITIKA ENTREVISTAPOLITIKA entrevista Alexandra Nascimento professora do UNI-BH, que nos conta sobre a “Era Vargas”

16 - POLITIKA INDICA

17- SESSÃO PERFIL

18- O MITO

POLITIKA

REDAÇÃO:

CONTEXTO HISTÓRICO Nayara Miranda

Sephora Marques

NEGOCIAÇÃO E BARGANHARenata Pozzobon

ESPAÇO E TERRITÓRIOCristiane de Oliveira

SOCIOLOGIADayane FarolfiIgor Figueiredo

REVISÃOGeraldine Rosas

Design gráfico Nayara Miranda

CONTATOS:

E-mail: [email protected]\politika

Cartas: Av. Prof. Mário Werneck, 1685B1 B7- Sala 121 – Buritis, BH – MG

CEP – 30.455-610 – TEL: (31) 3444-5151

Para Assinar: 31 – 3444-5152Para Anunciar: 31– 3444-5153

Edições Anteriores: 31– 3433-5154

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POLI

TIK

A

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BIOGRAFIA

Getúlio Vargas foi o presidente que mais governou o Brasil,

durante dois mandatos entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 até 1954. Getúlio Dornelles Var-gas nasceu em 19 de abril de 1882, na cidade São Borja, no Rio Grande do Sul. Sua família era politicamente importante nessa região.

Em 1903 Vargas ingressou na Faculdade de Direito de Porto Alegre, e em 1907 formou-se em Ciências Jurídicas Sociais, neste mesmo ano, iniciou sua vida política.

Em 1909 foi eleito deputado es-tadual pelo PRP (Partido Repu- blicano Rio-Grandense), e ree- legeu-se em 1913 e 1917, logo em 1926 foi nomeado Ministro da Fazenda durante governo de Washington Luís, em 1928 dei- xou o cargo, e foi eleito para go- vernar Rio Grande do Sul.

Em 1930 candidatou-se para as eleições presidenciais, mas acabou sendo derrotado. Neste

mesmo ano, Vargas comandou a Re- volução de 1930, que acabou por der-rubar o então presidente, Washington Luís. Vargas governou o país pelos próxi-mos 15 anos. Ele instalou o Governo Provisório e nomeou interventores para os governos estaduais, também criou o Ministério do Trabalho, Indús-tria, Educação, Saúde e Comércio. Var-gas foi o pai das leis trabalhistas que geraram melhores condições de tra-balho – como: salário mínimo, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), redução da jornada de trabalho e férias remuneradas– para os trabalhadores.

Em 1934, o Governo Provisório chega ao fim, e uma nova Constituição foi promulgada. Em 1937 Vargas fecha o Congresso Nacional, e instala o Estado Novo. Seu governo foi nacionalista, controlador e centralizador.

Já na área estatal, Vargas criou a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a Vale do Rio Doce, a Hidrelétrica do Vale do São Francisco e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 1943 as pressões internas contra o Estado Novo se intensificaram, princi-palmente após a divulgação do Mani-festo Mineiro, e Vargas acaba deixando o poder após um golpe militar.

Porém em 1950 Vargas volta ao poder, agora de forma democraticamente correta, através de eleições, no qual foi eleito com uma das maiores vo-tações jamais dadas a um candidato a presidência da Republica.

Em seu último mandato, Vargas contin-uou com sua política nacionalista, e cri-ou a campanha “O Petróleo é Nosso” que resultou na criação da Petrobrás.

Em 1954, após o atentado contra o

jornalista Carlos Lacerda, no qual ficou comprovado o envolvimento da guarda pessoal de Vargas no episódio, ele foi forçado pelas Forças Armadas a renun-ciar.

E em 24 de agosto de 1954, em meio à uma crise política, Vargas suicidou-se com um tiro no peito dentro do Palá-cio do Catete, no Rio de Janeiro. Vargas deixou uma carta no qual acusava os inimigos da nação como responsáveis por sua morte.

POLÍTICA

Um ano antes de Vargas assumir o poder, em 1929, o comércio interna- cional entra em declínio. Uma forte crise econômica que se inicia nos Esta-dos Unidos, com a quebra da bolsa de Nova York, acaba atingindo o mundo inteiro.

Em 1930, Vargas assume a presidên-cia- após a Revolução de 1930 que der-rubou o então presidente Washington Luis- e se depara com um Brasil que via sua economia ameaçada. Antes da cri-se mundial, o Brasil estava em ascen-são econômica devido à exportação do café. Porém com a crise econômi-ca de 1929 a importação do café e o preço deste produto diminuíram dras-ticamente. Para evitar que a situação econômica brasileira se agravasse

A HISTÓRIA DE VARGAS NO BRASIL E NO MUNDONAYARA MIRANDASEPHORA MARQUES

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ainda mais, o governo de Vargas de-cide comprar todo o excedente da produção de café e queimá-lo, evitan-do assim que houvesse uma maior des-valorização deste produto, e mantendo o preço do café.

Com essa crise, muitos cafeicultores decidiram investir no setor industrial, alavancando a indústria brasileira. O que agradou Vargas, já que ele tinha entre seus ideais a modernização brasileira. Para estimular a industri-alização, Vargas criou diversas obras de infra-estrutura e investiu na mão-de-obra nacional- Com a criação do Ministério da Educação e o Ministério do Trabalho e com a criação das leis trabalhistas.

Vargas era contrário aos ideais social-istas, e com a preocupação do avanço do socialismo no Brasil, ele começou a exercer autoritarismo contra os comu-nistas. O CENÁRIO MUNDIAL

O cenário mundial na década de 30 era caótico. Com a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 o mundo capital-ista enfrentou uma crise sem paralelo. E é claro que o Brasil também foi im-pactado.

Como na época o principal produto de exportação era o café (que é um produ-to considerado supérfluo e pode ser cortado em épocas de crise) as expor-tações sofreram uma grande queda.

Dessa forma, os criadores de gado do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais e os produtores de cana da Paraíba

eram os responsáveis por movimentar a economia. Porém quando na suc-essão presidencial, Washington Luiz não respeitou a política café-com-leite e apoiou Luiz Carlos Prestes, que era paulista, assim houve o rompimento dessa aliança e o pontapé inicial para a Revolução de 1930.

ECONOMIA

A crise de 1929 atingiu em cheio a economia brasileira, havendo assim diminuição da exportação do café, au-mento do estoque e conseqüente di-minuição de preço.

Com a criação em 1931 do Consel-ho Nacional do café foi colocada em prática a “política de sustentação”, que consistia na compra e queima dos ex-cedentes que estavam estocadas em depósitos do governo. Com essa que-ima houve a redução dos preços dos produtos no mercado internacional.

O BRASIL NO CENÁRIO MUNDIAL

As transformações mundiais da época tiveram impacto no governo de Var-gas. O florescimento de regimes au-toritários na Europa encorajou Vargas a instaurar no país um regime político autoritário. Regime esse que vivenciou o apogeu e queda sob influência da Se-gunda Guerra Mundial.

Na eclosão da guerra, em 1939, Var-gas se manteve neutro, mas em 1941 assinou um acordo entre Brasil e Esta-dos Unidos pelo qual o governo norte-americano comprometia-se a financiar a construção da primeira siderúrgica brasileira, em troca da permissão para que bases militares fossem instaladas

no Nordeste. Após esse acordo, sucessivos torpedeamentos ocor-reram entre submarinos alemães a navios brasileiros. Assim, em 1942, o governo brasileiro de-clarou guerra aos países do Eixo, ou seja, Alemanha, Itália e Japão. No ano seguinte, se criou a FEB – Força Expedicionária Brasileira e seu primeiro escalão foi enviado em julho de 1944 para lutar na Itália.

Com o fim a guerra, em 1945 houve aumento nas pressões pela redemocratização do Bras-il, já que o Regime do Estado Novo não se assemelhava com os princípios democráticos que os aliados defendiam durante o conflito.

As pressões internas contra o Estado Novo que se iniciaram em outubro de 1943, quando o Manifesto dos Mineiros (docu-mento em defesa das liberdades democráticas assinado por in-telectuais, profissionais liberais e empresários) foi assinado, tam-bém ficaram mais intensas.

O BRASIL NO PÓS-GUERRAVargas percebeu que teria muitas dificuldades para manter um gov-erno ditatorial e começou a ced-er. Dessa forma, nos primeiros meses de 1945 foram marcadas

eleições para dezembro.

Também concedeu anistia aos presos políticos e liberou a organ-ização dos partidos que pretend-essem participar das eleições. En-

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tretanto, estimulou seus partidários a realizarem manifestações públicas fa-voráveis a sua continuação no poder. Nas manifestações a frase principal era “Queremos Getúlio”. Assim, deu-se a esse movimento o nome de Que-remismo.

Do outro lado, Eurico Gaspar Dutra, o ministro da Guerra, que era um dos candidatos à Presidência, estava preocupado com a chance de Vargas continuar no poder e atrapalhar seus planos de ser presidente. Por isso, ele organizou-se junto a seus cole-gas militares e em outubro de 1945 forçou Getúlio a deixar a Presidência. O presidente do Supremo Tribunal, José Linhares, assumiu o governo até a posse do presidente eleito em dezembro de 1945.

Mas isso não foi o fim da carreira política de Vargas. Nas eleições de 1950, Getúlio Vargas concorreu à Presidência pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e derrotou com faci-lidade seus adversários. Getúlio con-cedera muitos benefícios aos traba- lhadores e era considerado o “pai dos pobres” pelo povo, que o admirava.

O FIM DA ERA VARGAS

Um tiro no coração e veio abaixo a Era Vargas. Era de se imaginar que o suicídio pudesse ocorrer, já que

Getúlio tinha inimigos poderosos

e seria difícil se manter no poder. As pressões contra ele aumentaram: os grandes empresários, as multinacio- nais, a embaixada dos Estados Unidos, os grandes jornais, alguns chefes mili-tares, todos estavam contra. A força dos trabalhadores não era suficiente para sustentá-lo.

Os chefes militares se reuniram com Getúlio para forçá-lo a renunciar. Ele respondeu: “Daqui só sairei morto!”. Porém, no fim, concordou em licenci-ar-se do governo.

Na manhã de 24 de agosto de 1954, a notícia: “O presidente suicidou-se com um tiro no coração!”. As razões que o levaram a cometer tal ato foram descritas na carta-testamen-to que ele deixou.

Mesmo tendo sido um ditador e go- vernado com medidas controladoras e populistas, Vargas foi um presidente que ficou marcado pelo grande inves-timento no Brasil. Criou obras de in-fra-estrutura e desenvolveu o parque industrial brasileiro, além das várias medidas que favoreciam aos trabal-hadores.

Getúlio descreveu bem sua trajetória ao dizer a máxima: ‘Deixo a vida para entrar na história”.

LEGADO DE VARGAS

Vargas foi de fato um grande presidente e com uma grande popularidade. Sem dúvida, ele deixou grandes realizações para o Brasil e pode-se dizer que ele foi

o maior estadista brasileiro.

No plano trabalhista seu feito foi grande: Criou a Justiça do Trabalho (1939), instituiu o salário mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT.

Os direitos trabalhistas também são frutos de seu governo: carteira profissional, semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas.

Na área de infra-estrutura houve grandes investimentos, como a cri-ação da Companhia Siderúrgica Na-cional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945). Em 1938, criou o IBGE (Instituto brasileiro de Geo-grafia e estatística). Além disso, Vargas e seu naciona- lismo deixaram marcas nas rádios atuais com a ‘Hora do Brasil’ que foi criada por ele para difundir o Estado Novo na época de seu governo.

Referências:D’ARAUJO, Maria Celina. A Era Var-gas. São Paulo: Moderna, 1981.

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DESCRIÇÃO DE GETÚLIO VARGAS

Getúlio Dornelles Vargas nasceu na cidade se São Borja, estado do Rio Grande do Sul, no dia 19 de

Abril de 1883. Iniciou sua carreira política aos 26 anos, e tornaria uma das figuras mais importantes da política brasileira devido a suas realizações sócias e tornaria o presidente que mais governou o Brasil em sua história.

A revolução de 1930, que levou Vargas ao poder, depois do movimento de deposição do atual presidente Wa- shington Luís pelo exército da junta governativa que re-sultou na posse de Vargas. Neste período Vargas iniciou seus trabalhos sociais e trabalhistas no Brasil, institui a jornada da diária de trabalho de oito horas no comércio e na indústria, regulamenta o trabalho feminino. Além dos benefícios implantados na constituição de 1934, houve uma importante mudança, que foi o princípio da unidade sindical, que apenas os órgãos competentes poderiam responder pela categoria e haveria apenas um responsável pelo mesmo. Um novo sindicalismo foi definido em detalhes pelo Decreto no 1.402, de julho de 1939, em que a visão sindical ficou ainda mais cen-tralizada, pois retirou os centros que cuidavam das ca- tegorias.

Surge a CLT com o intuito de organizar as antigas leis sindicalistas, pois eram incoerentes, e em janeiro de 1942, Vargas nomeou uma comissão para organizá-las e que as unificasse aprovado por Decreto em 1o maio de 1943, com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) Vargas assumiu o controle do movimento operário bra-sileiro.

Constituindo uma consolidação ampla, tratou minu-ciosamente da relação entre patrões e empregados e estabeleceu regras referentes: à jornada de 8 horas de trabalho a ser cumprida pelos trabalhadores; férias; descanso remunerado; auxílio-natalidade; salário-famí- lia; licença para gestante; estabilidade no emprego após 10 anos; descanso semanal remunerado; condições de segurança e higiene dos locais de trabalho e muitos ou- tros.Carteira de Trabalho, instituída em 1932 e reformulada quando da aprovação da CLT para todo profissional maior de 16 anos. A CLT regulamentou também as re-gras para a Previdência Social. A promulgação da CLT conferiu grande prestígio popular ao regime e em par-ticular a Getúlio Vargas, que fortaleceu sua imagem de protetor da classe trabalhadora.

O PERFIL PSICOLÓGIO DE VARGAS

O Perfil Psicológico de Vargas era bem complexo, uma vez que ele resolveu que tinha uma queda a “dialogar

com a morte” fragmento apareceu em seu diário em 1930, se referindo a um possível fracasso político do movimento que ele comandava.

Quando ele citava a possível morte, ele tomava dois partidos – o povo – Como seu aliado – de outro – a traição – que o per-turbava em pensar numa má interpretação em seu governo, em relação a seus esforços.

Ele não gostava de viajar, em quase 20 anos de mandato, via-jou apenas para alguns países da America latina e isso refor-çou a imagem de amor pelo Brasil.Vargas era um homem formal, e cativava as pessoas graças a sua maneira de ser e pelo modo culto de conversar. Sua voz era conhecida, pois os rádios transmitiam os discursos, geral-mente iniciados com: “Trabalhadores do meu Brasil”.O Presidente soube agrupar qualidades para um bom político, a “Virtú” de Maquiavel, aptidão e talento e as oportunidades; Ele fez com que se adequassem ao seu jeito.

IMPORTÂNCIA DE VARGAS PARA A SOCIEDADE

Para o trabalhador Brasileiro o 1 de maio não significa apenas uma conquista do trabalhador e seus beneficio trabalhista ad-quiridos, se trata da grande vitoria pelo trabalhador, sendo um dos sistemas mais avançados do mundo que foi idealizado e concluído no governo Vargas, o grande responsável por esta vitoria em beneficio ao trabalhador.O inicio desta reforma trabalhista começou com a criação do ministério do trabalho no governo provisório em 1930 no comando de Getulio Vargas, este ministério foi reconhecido com o Ministério da revolução, pois o trabalhador se encon-tra tão sujeito a sorte, sem nenhum direito trabalhista que resguardava trabalhador do empregador. Através desta rev-olução social, foram criados vários benefícios ao empregado, tais como:

1. O regime de trabalho de oito horas2. Lei da Sindicalização3. A remuneração igual, ou seja, salário igual para tra- balho igual4. Licença maternidade5. Lei dos 2/36. Instituição da carteira profissional

Os benefícios citados acima foram concedidos ao trabalhador logo após o surgimento da lei trabalhista, logo em 1933 há a criação regulamentação de férias e criação de vários institutos de aposentadoria e pensão, para os trabalhadores das áreas marítimas, bancárias, comerciais e industriais, complemen-tando ainda mais os benefícios ao trabalhador e lhe dando mais direito. Dando continuidade em seu governo e as leis trabalhistas, Vargas institui em 1935 o pagamento de indeni-zações por demissões sem justa causa, ou seja, o emprega-dor ao contratar um empregado, não pode apenas demiti-lo sem razão, dando a este trabalhador mais estabilidade em seu emprego e se for demitido garantindo-o todos os direitos do

Vargas e a sociedade IGOR FIGUEIREDO DAYANE FAROLFI

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‘’a certo’’ por parte do empregado, o empregador passa tam-bém a ter responsabilidade por acidentes ocorridos no local trabalho, portanto todos esses benefícios foram criados den-tro do governo provisório de Vargas.

Em 1937 com a instituição do Estado Novo, Vargas fez questão de manter suas políticas sociais, com os trabalhadores que já vinham dando certo. No ano de 1939 houve a reformulação dos institutos da previdência e neste mesmo crias-se a Justiça do Trabalho, considerado pelos assalariados um dos maiores benefícios dado a eles. A justiça do trabalho tinha o único intuito de garantir com que o direito do trabalhador estive sendo cumprido por seus empregadores em sua plenitude, portanto órgão responsável pela execução da lei na área tra-balhista. Em 1940 Getulio decretou a Lei do Salário Mínino, a seguir criou o Imposto Sindical para subsidiar os sindicatos e em 1942 criou o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Em 1943 o governo utilizou de toda a legislação social já existente e pub-licou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e em 1945, autorizou a criação da CGTB Confed-eração Geral dos Trabal-hadores do Brasil.

A política social de Var-gas não ficou apenas nas causas trabalhistas, mas neste mesmo perío-do ele instituiu o voto feminino obrigatório no país e garantiu aos tra-balhadores o direito de greve. Iniciou com o país também um grande pro-cesso de industrialização, fortalecendo o mercado interno e as empresas estatais, construiu a CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, a Fábrica Nacional de Motores, a Cia Vale do Rio Doce e a Cia Nacional de Álcalis, encerrando assim seu primeiro governo frente à presidência, onde voltaria em 1951.Vargas ao retornar ao poder em 1951, volta com suas ações sócias e cria o serviço de bem estar social e o serviço rural. Com o objetivo da exploração petrolífera no Brasil em prol da união, cria-se A Petróleo Brasil S/A (Petrobras) em 03 de Outu-bro de 1953, empresa de capital aberto, mas tendo o governo Brasileiro como acionista majoritário. A criação da Petrobras firma no país o slogan “o petróleo é nosso”, dando aos bra-sileiros a oportunidade de utilizar o petróleo nacional para abastecer seus carros e não ficando dependente de empresas internacionais para suprir a necessidade nacional.

Portanto, vemos que os governos de Getulio Vargas foram de suma importância para o avanço brasileiro na área trabalhis-ta, social e industrial. Um dos presidentes mais importantes

para o Brasil e o presidente que mais governou o Brasil. Ele realizou leis trabalhistas tão modernas para época que países de primeiro mundo, viam ao Brasil para veri-ficar porque um país em desenvolvimento detinha de uma legislação tão moderna que resguardava tanto aos seus trabalhadores que conseqüentemente lhes davam tantos direitos. Vargas a partir dessas reformas cresceu popularmente, ganhou o apoio do povo e o povo por outro lado viu nele um homem do povo, cujo governo seria baseado a beneficiar a população diretamente, o que de fato ocorreu. Para a população Getulio foi um dos grandes governantes que pensou no Brasil e governou apenas para o Brasil, pois com a criação de empresas estatais de mineração, petróleo, etc... Alavancou toda a indústria Brasileira e desenvolveu setores que até en-tão não eram explorados no mercado interno e que de-pendia diretamente do mercado externo. Com a criação dessas empresas além de desenvolver o Brasil industrial-mente, foi criado milhares de empregos e oportunidades

em geral. Como heranças desse longo período não podem descon-siderar o prestigio alcançado pela política trabalhista voltadas a proteger o trabalhador. Esse modelo criou varias categorias de brasileiros, tra-zendo-lhes privilé-gios e exclusões, e principalmente criando uma per- spectiva nova de valorização ao tra-balhador.

Getúlio se suicida em 1954, deixando para trás vários benefícios a população brasileira e grandes conquistas que foram reconhecidas pela população, que ao noti-ciar seu suicídio sentem profundamente sua morte. Mil-hares de pessoas fazem um cortejo fúnebre de Getulio Vargas no Rio de Janeiro e comparecem ao seu enterro para despedirem desse grande líder. Portanto Getúlio Dornelles Vargas ficara lembrado por suas leis populares a fim de garantir a melhoria de vida da população e gar-antir com que seus direitos fossem respeitados!

Referências:D’ARAUJO, Maria Celina. A Era Vargas. São Paulo: Mod-erna, 1981.VARGAS, Getulio In: ENCICLOPÉDIA Barsa. Rio de Janeiro - São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil, 1988. v. 15, p. 336 – 338.

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A crise de 1929 ao contrário do que se pensa não teve efeitos negativos no Brasil e sim,

serviu de impulso para estimular políticas de industrialização. O cenário internacional es-tava desfavorável, mas isso não impediu as modificações que passaria o país. No inicio dos anos 30 a indústria brasileira não passava de 2,8% de crescimento anual, a população não chegava a 40 milhões de habitantes, sendo que 80% vivia na região sudeste, nos grandes cen-tros urbanos.

Visando resolver esse problema Vargas incen-tivou a colonização do interior criando a cham-ada “Marcha para Oeste”, tendo seu principal incentivador o Marechal Rondon, e tinha como objetivo povoar as regiões do Paraná, Mato Grosso e Goiás e transferir para essas regiões a produção de matérias primas e gêneros ali-mentícios.

Com o decorrer dos anos e o inicio da segunda guerra, as indústrias, principalmente de base, começaram a surgir. Dois fatores levaram a isso: ficava cada vez mais difícil importar do ex-terior e o interesse norte americano para que o Brasil se alinhasse a ele.

Em troca desse alinhamento, o Brasil recebeu recursos para o financiamento da siderurgia e é nesse cenário que surge a Companhia Siderúrgica Nacional em 1941, Companhia do Vale do Rio Doce, em 1942, Companhia Hidrelétrica do São Francisco em 1945, Fábrica Nacional de Motores em 1943. Em segundo mandato de Vargas o Banco Nacional de Desenvolvimento em 1952, com o objetivo de desenvolver a infra estrutura e talvez a mais famosa a Petrobras em 1953 com forte apelo naciona- lista com a campanha “ O Petróleo é Nosso.”

Outras grandes realizações pode-se ver nessa época: Cri- ação do Depto de Correios e Telégrafos que deu origem a ECT, construção do aeroporto Santos Dumont, a cons- trução da rodovia que ligava o centro-sul ao nordeste, a futura BR-116 e a fundação Getulio Vargas, criada em 1944 para qualificar as pessoas para o serviço na admi- nistração pública e privada.

NOVOS TERRITÓRIOSA partir da década de 30 o território brasileiro passou por grandes mudanças, projetos antigos como a transferên-cia da capital do país para o a região central e redivisão territorial passaram a fazer parte do cenário político. Com a criação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Vargas teve mais um instrumento para seu projeto de compreensão da realidade brasileira e con-duzir os problemas do país. A “Marcha para o Oeste” com a fundação da cidade de Goiânia em 1939 e a ocu-pação do Paraná com a construção de cidades plane-jadas - Londrina, Maringá e Apucarana ( Empresários ganharam fortunas com a política de loteamento de gle-bas, como estimulo de crescimento da produção agrí-cola, transportes e industrialização transformando o Paraná num dos principais produtores de café e estado mais populosos do Brasil) foram algumas dessas medi-das. Através do Decreto Lei n° 8.812 de 13/09/1943, Getulio criou novos territórios numa maneira de melhor admi- nistrar suas áreas fronteiriças (a segunda guerra assola-va o mundo) e integrá-las ao restante do país.

O futuro Território Federal do Amapá, ate 1900 perten-cia a Guiana Francesa e graças a intervenção do Barão do Rio Branco perante a comissão de arbitragem na Suíça foi integrado ao território brasileiro. Grande produtor de manganês foi transformado em área federal em 1943 e elevado a estado da União pela constituição de 1988.

MODERNIZAÇÃO DO BRASILCristiane de Oliveira

INDUSTRIALIZAÇÃO

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Território Federal do Rio Branco. Em 1943 o município de Rio Branco é emancipado a território federal com o objetivo de ocupar a Amazônia, principalmente seus pontos de fronteiras, possuindo uma grande população de nações. Em 1962 mudou de nome por causa da con-fusão de possuir o mesmo nome da capital do Território Federal do Acre. Ao lado do Amapá, em 1988, foi eleva-do a estado da federação passando a se chamar Estado de Roraima.

Território Federal de Guaporé. Elevado em 1943 a área federal, continha partes da Amazônia e do Mato Grosso. Seu nome original seria em homenagem ao Marechal Rondon por seus préstimos a nação, mas ele não acei-tou o que ocasionou o nome provisório de “Guaporé” ao local. Anos mais tarde seu nome foi alterado para Território Federal de Rondônia e em 1981 foi elevado a estado da União. A região era rica em seringueira, ouro e sua aproximação da fronteira Boliviana atiçava a von-tade expansionista brasileira a chegar ao Pacifico.

Território Federal de Fernando de Noronha. Desmem- brado de Pernambuco em 1942 sua autonomia durou por 46 anos sendo reintegrado ao seu estado de origem

pela

constituição de 1988. Durante o Estado Novo serviu de colônia prisional para os presos políti-cos.

Território Federal de Ponta Ponrã. Seu inicio foi em meados de 1932 quando a cidade de Ma-racaju declarou autonomia de Cuiabá, sua du-ração foi curta, apenas alguns meses, em 1943 foi transformado em território federal e como Iguaçu foi extinto na constituição de 1946. Hoje, faz parte do estado de Mato Grosso do Sul.

Território do Iguassu. Foi criado pelo Decreto-Lei em 1943 e abrangia o que é hoje os estados do Paraná e Santa Catarina. Sua duração foi apenas de três anos com a queda de Vargas foi extinto em 18/09/1946, através do Ato das Disposições Transitórias, da Constituição Federal de 1946.

Referências:D’ARAUJO, Maria Celina. A Era Vargas. São Paulo: Mo- derna, 1981.

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O cenário internacional no primeiro período do governo de Vargas, que foi de 1930 a

1945, encontrava-se em um âmbito de crise nos setores da economia, da política e até mesmo da ideologia. A forte depressão econômica pas-sando pelos países capitalistas e, claro, também tendo um reflexo nos países emergentes, era caracterizada pela ausência de um ator impo-nente na política internacional, período este que poderia redefinir e redistribuir os papéis e níveis de poder.

Enquanto os países capitalistas compreendem que havia uma necessidade de reformular suas diretrizes econômicas, para que não perdessem seu espaço de potencia internacional, outros países como Alemanha, Itália e Japão, por exem-plo, desenvolviam políticas com idéias próprias, autônomas, e de cunho extremamente nacio- nalista. Apesar de simpatizar com países dotados de políticas nacionalistas, como os países supraci-

tados, Vargas mantém proximidade com os EUA durante a 2ª Guerra Mundial, pois além da pressão da opinião pública pró-aliados, em de-terminada época, durante a guerra, navios bra-sileiros são atingidos por membros do Eixo.

O Brasil por ser um país periférico, sofreu na sua economia e nas suas relações sociais.

Desde o início, com a Revolução de 1930, tor-

nou-se necessário um governo forte que tomasse controle interno dos ânimos da nação e ao mesmo tempo soubesse se locomover dentro da nova “or-dem” mundial, sem descuidar do desenvolvimento econômico e político do país.

O papel do Brasil, tradicionalmente, era o de for-necedor de matérias-primas tropicais e subtropicais às potências européias e também aos Estados Uni-dos, sendo, portanto, dependente dos mercados internacionais e do capital estrangeiro. Com a crise, as exportações caíram, a receita cambial caiu, e a capacidade de importar também. Este tipo de eco-nomia tornou-se muito débil, e a situação brasilei-ra cada vez mais crítica no ponto socioeconômico, tendo este se tornado o cenário para a ascensão de Vargas ao poder.

Getúlio juntamente com sua equipe, fará com que o Brasil sobreviva à crise, moldando sua política exter-na às necessidades econômicas e políticas do país, e, é claro, de acordo com as possibilidades que se apresentavam.

Durante a campanha presidencial de 1938, Var-gas dissolve a Câmara e o Senado, manda prender políticos da oposição, suspende as eleições e ins- tala o Estado Novo, que neste caso, significaria a ditadura, pois o período dura cerca de nove anos.

Ao longo de seu governo, Vargas cria a Compa- nhia Siderúrgica Nacional, indústria voltada para a produção de aço que marcou a forte ascensão in-dustrial no Brasil, bem como a criação da Vale do Rio Doce, Hidrelétrica São Francisco, dentre outras.

Apesar de muitas limitações e dificuldades, a políti-ca externa de Vargas defendia os interesses brasilei-ros de desenvolvimento e de independência frente às diversas nações já bem desenvolvidas, e principal-mente frente à América Latina.

O Brasil não mudou sua conduta internacional. Des-de o início até o fim do período em questão, ele con-tinuaria com o seu mesmo papel de fornecedor de produtos agrários e matérias-primas estratégicas, assim como grande mercado consumidor dos produ-

A POLÍTICA EXTERNA DE VARGAS

RENATA POZZOBON

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tos estrangeiros.

Mas, graças aos esforços do governo Vargas, con-seguiu-se dar os passos fundamentais para a indus-trialização brasileira, conseguindo o Brasil vantagens para si mesmo neste campo como também no de modernização e investimento quantitativo das Forças Armadas e seus recursos. Assim, houve continuidade diplomática, uma vez que o Brasil não mudou a es-sência de sua inserção no contexto internacional, mas mudou administrativamente com um mais eficaz di-recionamento do Ministério das Relações Exteriores no sentido de uma política externa mais preocupada com a economia e com o desenvolvimento, um Minis-tério mais atuante e mais consciente dos objetivos nacionais frente ao forte caráter econômico das no-vas relações.

Era necessário então aumentar a produção interna assim como as exportações, e, nesse sentido, a diplo-macia brasileira tornou-se muito competente, estreit-ando os relacionamentos comerciais através de novos tratados com cláusula de nação mais favorecida. Al-iás, preocupação esta que já existia mesmo na admin-istração diplomática anterior.

O comércio compensado, (sistema em que impor-tações e exportações eram feitas à base de troca de mercadorias, cujos valores eram contabilizados nas ‘caixas de compensação’ de cada país) era um sis-tema vantajoso, pois podia ser utilizado, como o foi, durante escassez efetiva de numerário para as com-pras comerciais. Através deste sistema, o Brasil colo-cava no mercado produtos agrícolas como o algodão,

café, cítricos, couro, tabaco e carnes. Entretanto, é preciso lembrar que o principal comprador de café do Brasil foram os Estados Unidos, durante todo este período.

Outra questão associou fortemente a política interna e externa brasileiras no período: as dis-cussões em torno da criação da Petrobras. Item central na campanha presidencial de Vargas, o tema esteve no centro do debate entre os então chamados “entreguistas” e os nacionalistas que se opunham fortemente às pressões dos Esta-dos Unidos em favor das grandes companhias de petróleo. Finalmente, em outubro de 1953, o Congresso aprovou a Lei 2004, de criação da Petrobrás, que garantia o monopólio estatal na pesquisa, lavra, refinamento e transporte do petróleo. A lei aprovada foi muito além do pro-jeto original de Vargas, que viu esse resultado

incidir de modo fortemente negativo sobre as relações do país com Washington.

A Petrobrás é cultivada por Getúlio durante sua campanha popular, onde o slogan histórico dizia “O petróleo é nosso”. Em 1953, quando de fato a Petrobrás é criada, a máxima dita por Vargas, ex-emplifica a importância da empresa no cenário mundial “É, portanto, com satisfação e orgulho patriótico que hoje sancionei o texto de lei apro-vado pelo poder legislativo, que constitui novo marco da nossa independência econômica.”

Referências:D’ARAUJO, Maria Celina. A Era Vargas. São Paulo: Mod-erna, 1981.VARGAS, Getulio In: ENCICLOPÉDIA Barsa. Rio de Janeiro - São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil, 1988. v. 15, p. 336 – 338.

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CRISTIANE DE OLIVEIRAnAYARA MIRANDASEPHORA MARQUES

POLITIKAENTREVISTA

Em 2010 completamos 56 anos sem Vargas. Na madrugada do dia 24 de Agosto de 1954,

Vargas, o maior estadista brasileiro, suicidou com um tiro no peito e interrompeu sua carreira política de 15 anos como presidente do Brasil.

Em sua carta testamento Vargas declarou: “E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.” (Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)

A entrevistada dessa semana é a professora Al-exandra Nascimento graduada em História e Ar-quitetura e Urbanismo (PUC Minas), mestre em Ciências Sociais (PUC Minas) e doutoranda em Ciências Sociais (PUC Minas).

Politika: A era Vargas foi um período de pro-fundas transformações na sociedade brasileira. Como você avaliaria o governo Vargas sobre a sociedade da década de 30?

Alexandra: Podemos perceber o ano de 1930 como um divisor de águas na história do Bras-il. A partir de então houve uma aceleração das mudanças sociais e econômicas. Em relação aos direitos políticos, o período foi marcado pela in-stabilidade, alternando-se ditaduras e regimes democráticos. O primeiro Código Eleitoral, in-stituído em 1932 criou a justiça eleitoral e in-troduziu grandes mudanças no sistema eleitoral brasileiro como o voto secreto e estendeu o di-reito de voto às mulheres com mais de dezoito anos. Em 1937, o golpe de Vargas, apoiado pelos militares, inaugurou um período ditatorial que durou até 1945. Nesse ano, outra intervenção militar derrubou Vargas e deu início à primeira experiência democrática do país, quando o peso do voto popular começou a ter peso devido à

sua extensão. No plano cultural, na década de 1930 ocorreu uma ampliação das questões colocadas pelo modernismo. As grandes obras produzidas no perío-do, clássicos dos estudos sociais brasileiros, buscaram aliar a nova estética e a busca pela compreensão do processo de formação do Brasil propostas pelo mod-ernismo: Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda e Evolução política do Brasil, de Caio Prado Júnior, se propunham, cada uma tomando como referência uma matriz distinta, a compreender a singularidade nacional. Com o Estado Novo, essa efervescência cul-tural sofreu um duro golpe, levando os intelectuais e artistas a uma polarização ideológica. Congresso Na-cional fechado, sindicato e associações de classe sob intervenção, prisões, tortura e imprensa sob censura prévia foram algumas das armas das quais o Estado Novo lançou mão para conter a oposição. Intelectuais, comunistas, escritores e jornalistas eram presos ou proibidos de se manifestar... o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) foi o órgão responsável pela

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censura da imprensa, orientação da opinião pública e execução de propaganda do governo. Enfim, não há como negar as transformações ocorridas na dé-cada de 1930, principalmente no que diz respeito às transformações do trabalho no Brasil. No entan-to, conforme mencionado, nada foi concedido sem que a sociedade brasileira – em todos os níveis – as-sumisse o ônus das mudanças. Em muitos aspectos, tanto o ditador como o presidente eleito Getúlio Vargas realizou profundas mudanças na economia e sociedade brasileira: muitas de suas diretrizes tiver-am sucesso e continuidade (A CLT está aí até hoje...). Mas isso não o torna, de maneira alguma, um arqué-tipo de líder democrático, nem o exime dos absurdos praticados durante o Estado Novo... Talvez seja essa ambigüidade que fez com que Getúlio Vargas se tor-nasse objeto constante de estudo... e que provoque apaixonadas discussõe em sua defesa ou execração.

Politika: Qual o impacto do suicídio de Vargas para a sociedade naquele momento? Você consid-era uma jogada de marketing pessoal ou a única solução encontrada por ele após ser deposto?

Alexandra: No meu entendimento, o suicídio foi um dos mais bem sucedidos golpes que Vargas desfe-riu... Perdeu a vida, mas que vida ele ainda teria? Es-tava com mais de setenta anos, desgastado politica-mente... já tinha sido deposto uma vez, voltou “nos braços do povo” e estava deixando o governo, justa ou injustamente, com a reputação manchada pelo atentado contra Carlos Lacerda...Vargas estava com a popularidade em baixa... com o suicídio, Vargas saiu “da vida e entrou para a história”... possibilitou a manutenção da ordem democrática e abriu caminho para a eleição de Juscelino, frustrando as ambições de seus inimigos... realmente, um golpe de mestre...

Politika: Qual o impacto da criação das leis trabal-histas no cenário brasileiro durante a era Vargas?

Alexandra: No que diz respeito aos direitos sociais, uma das primeiras medidas do governo Vargas foi a criação do Ministério do Trabalho e Indústria, se-guida pela legislação trabalhista e previdenciária, completada posteriormente com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que tinha como referência a Carta do Trabalho do governo fascista... A Constitu-ição de 1934 também trouxe inovações como a limi-tação das garantias de habeas-corpus e criação de

mandado de segurança; eleição para presidência por via indireta (a própria assembléia constituinte elegeu Vargas)... a Carta instituía também a Justiça do Trabalho, salário mínimo, jornada de oito horas de trabalho, férias entre outras conquistas... No entanto, ao mesmo tempo em que lhes concedia direitos, o governo exerceu forte controle sobre os trabalhadores. A Lei de Sindicalização deixava claro o ônus dos benefícios “concedidos”: trans-formava o sindicato em colaborador do Estado, in-strumento disciplinador do trabalhador que tinha como objetivo principal evitar o conflito de classes. Apesar de tudo, não se pode negar que o período de 1930 a 1945 foi marcado pela extensão dos di-reitos sociais: nele foi implantada a maior parte da legislação trabalhista e previdenciária. Posterior-mente ocorreram ajustes e extensão da legislação a um número maior de trabalhadores. No entanto, mais uma ambigüidade do governo Vargas: os tra-balhadores forma incorporados à sociedade por causa das leis sociais, e não por meio da sua ação, organização e política independente.

Politika: O Governo Lula representa a continui-dade do modelo Varguista?

Alexandra: De alguma forma, o governo Lula, a partir de 2004, evoca os acontecimentos de 1954. Após o governo Vargas, os anos dourados de eufo-ria desenvolvimentista, bossa nova, conquista da primeira Copa do Mundo, construção de Brasília... a breve passagem de Jânio Quadros pala presidên-cia e o governo de João Goulart, marcado por po-larizações políticas e ideológicas. Em 1964, o golpe e os longos anos de governos militares e de todas as frustrações vividas pelo povo brasileiro a par-tir de então. Lula, de imensa popularidade, como Vargas, também conseguiu mobilizar as esperan-ças do povo brasileiro. A figura carismática de Lula, para o bem ou para o mal, possui uma grande ca-pacidade de comunicação com a grande massa, o que ressalta a figura do chefe do Executivo, bem ao gosto populista calcado na figura do “grande pai”. As políticas sociais, também estendidas a um número maior de pessoas, também nos remetem ao governo Vargas. Não acredito em continuidade, mesmo porque, as realidades dos períodos são muito distintas. No entanto, cabe pensar em algu-mas aproximações...

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POLITIKA INDICAECONOMIA BRASILEIRA

CONTEMPORÂNEA: DE GETÚLIO A LULA

Autor: SOUZA, Nilson Araújo de,Editora: Atlas Assunto: Economia Brasileira.

Este livro parte do pressuposto de que só a partir da definição da

economia brasileira contemporânea é que se pode estabelecer o período que ela abrange. O autor entende como tal o período de formação e desenvolvimento da economia urba-no-industrial moderna, deflagrada a partir das transformações ocorridas na década de 1930, quando se de-senvolveu no Brasil o processo de industrialização por substituição de importações. Mais especificamente, de 1930 a 2006, que começa com o primeiro governo de Getulio Vargas e termina com o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

GETULIO VARGAS - MITO E REALIDADE

Autor: GUZZO, Auxiliadora Dias Editora: Universidade FaladaAssunto: Política Brasileira

Sua polêmica atuação na vida pública no Brasil ocorreu, principalmente, en-

tre os anos 1920-1950, mas seu legado prolongou-se no cenário social brasileiro até décadas recentes.A controvertida atuação desse brasilei-ro de São Borja, RGS, (1882-1954), foi pautada por diferentes posicionamen-tos ideológicos e alianças políticas. Jo-cosamente apresentado como “pai dos pobres”, Getúlio Vargas, situa-se além dos estereótipos e das fáceis definições. Conhecer a contraditória figura desse es-tadista brasileiro, é conhecer também os caminhos e descaminhos da história bra-sileira do século XX.

GETULIO VARGAS E A ECONOMIA

CONTEMPORÂNEA

Autores: SZMRECSÁNVI, Tamás e GRANZIERA, RuiEditora: UNICAMPAssunto: Economia Brasileira.

Preparados por eminentes historia-dores, economistas e cientistas so-

ciais, os 13 textos reunidos neste livro reconstituem a trajetória política de Getúlio Vargas, desde antes da Revolução de 1930 até o ano de sua morte. Neles são examinados o contexto em que se deu essa trajetória, o seu impacto sobre a economia brasileira e o legado que ela deixou para as gerações posteriores.

“Deixo a vida para entrar na história.” - Getúlio Vargas

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NAYARA MIRANDA

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SESSÃO PERFIL 17

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Perfil do atual presidente do Brasil:

LULA

Luiz Inácio Lula da Silva nasceu em Gara- nhuns (PE), no dia 27/10/1945, foi o sétimo filho de uma humilde família. Aos sete anos Lula e sua família mudaram para Santos (SP) em busca de melhores condições de vida e aos onze mudou-se para São Paulo capital.

Ainda quando criança Lula chegou a traba- lhar com engraxate e office-boy, aos quinze tornou-se aprendiz de torneiro mecânico, pelo SENAI.

Influenciado por seu irmão José Ferreira da Silva, Lula começou a se interessar por política e por lutas sindicais. Em 1973 tornou-se presidente do Sindicato dos Metalúr-gicos de São Bernardo do Campo e Diadema, e em 1978, durante o regime militar, Lula liderou a greve dos operári-os do ABC paulista.

Em 1980, juntamente com outros líderes sindicais, e al-guns líderes intelectuais, Lula fundou o PT (Partido dos Trabalhadores), do qual se tornou presidente. Em 1984

Lula candidatou a presidência do Brasil, no qual foi derrotado, e em 1986 foi eleito deputado federal mais votado do país. Posteriormente Lula dis-putou mais duas candidaturas, em 1994 e 1998, a presidência do Brasil, no qual novamente foi derrotado.

Em 2002 Lula foi eleito presidente do Brasil com recorde de votos que passa-vam 50 milhões. E em 2006 reelegeu-se. Durante sua gestão o Brasil passou por uma ascendência econômica.

Lula investiu em diversos programas de crescimento econômico (PAC), criou programas sociais que ajudar-am a população de classe baixa, como o PROUNI, Bol-sa-família, Bolsa-escola, dentre outros, sendo chama-do como o “novo pai dos pobres”. Isso só fez com que a popularidade de Lula aumentasse ainda mais.

Atualmente Lula está na reta final de seu segundo mandato, e antes de deixar a presidência, ele con-seguiu eleger sua candidata, Dilma Rousseff que as-sumirá a presidência do Brasil em janeiro de 2011.

NAYARA MIRANDA

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Como pensar em Vargas e não lembrar seus grandes feitos trabalhistas? E é justamente

por isso que cabe a nós a tarefa de analisar com atenção esse grande progresso conseguido em seu governo.

A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) foi criada em 1° de maio de 1943, pelo então presi-dente da época Getúlio Vargas, durante o Estado Novo, consolidou-se nela toda legislação trabal-hista existente no Brasil na época. Esta teve como principal objetivo a regulamentação das relações coletivas e individuais do trabalho, criando uma legislação trabalhista que protegesse o trabal-hador.

Consolidação das Leis Trabalhistas já sofreu di-versas modificações, mas continua sendo a prin-cipal meio para regulamentar as relações de tra-balho e proteger os trabalhadores.

A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) gar-antia aos trabalhadores:

• Registro do Trabalhador na Carteira de

Trabalho • Reduçãodajornadadetrabalho• Direitodeférias• ProteçãodoTrabalhodaMulher• ContratosIndividuaisdeTrabalho• Direitodeorganizaçãosindical• Fiscalização• JustiçadoTrabalhoeProcessoTrabalhista• Descansosemanal• CriaçãodaPrevidênciaSocial

A criação da CLT foi uma grande conquista para os trabalhados, e contribuiu para aumentar a populari-dade de Vargas, e para consolidar sua imagem de “pai dos pobres”.

A CLT ainda está em vigor e suas melhorias ainda podemosversuaatuaçãodiantedasociedade.Sehojetemosleisqueprotegeeregularizaosdireitosdostra-balhos foi graças a Vargas. O governo de Vargas ainda é lembrado por todos nós brasileiros, devido aos seus grandes legados deixados.

NayaraMiranda

CLTConsolidação das Leis Trabalhista

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Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se des-encadeiam sobre mim.

Não me acusam, insultam; não me com-batem, caluniam-me; não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação para, para que eu continue a defender como sempre defendi o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de esfoliações de grupos econômi-co-financeiros internacionais , fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei um regime de liber-dade social. Tive que renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados con-tra o regime de garantia do trabalhador. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade na potencializarão das nossas riquezas através da Petrobrás e mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero.

Não querem que o povo seja independente. Assumi o governo dentro da espiral infla-cionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcan-çavam até quinhentos por cento ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatada de mais de cem milhões de dólares por ano. Veio à crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender o seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa eco-nomia a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma agressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mes-

mo para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, quer continuar sugar o povo brasilei-ro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco.

Quando vos humilharem, sentireis min-ha alma sofrendo ao vosso lado. Quan-do a fome bater à vossa porta, sentirá em vosso peito a energia para a luta, por vós e por vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentirá no meu pen-samento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu sangue será a vossa bandeira de luta. Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a re-sistência. Ao ódio respondo com o meu perdão. Aos que pensam que me derro-tam, respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo, não será mais escravo de ninguém.

Meu sacrifício ficará para sempre em sua além e meu sangue será o preço de seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia, não abat-eram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte.

Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da Eter-nidade e saio da vida para entrar na história.

Referência:http://www.cienciamao.usp.br

A CARTA DE GETÚLIO VARGAS O SUICÍDIO

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