polÍtica e pensamento pedagÓgico em portugal no sÉculo das luzes

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1 POLÍTICA E PENSAMENTO PEDAGÓGICO EM PORTUGAL NO SÉCULO DAS LUZES João Paulo Martins 1 Na segunda metade do século XVIII, a educação em Portugal passou por profundas reformas em seus mais diversos níveis. A ação de Pombal possibilitou a efetivação de várias idéias e propostas pedagógicas anteriormente desenvolvidas e defendidas por pensadores ilustrados portugueses. As doutrinas e os pensamentos que, através da historiografia, se convencionou chamar de Iluminismo ou Ilustração portuguesa, assim como os representantes destes pensamentos, de ilustrados portugueses, referem-se, como assinalou Ana Cristina Araújo, a uma contestação do predomínio escolástico que ainda era vigente em Portugal nas primeiras décadas do século XVIII 2 . Na crítica ao escolasticismo existente, estes homens “ilustrados” mobilizaram idéias e pensamentos que vão ao encontro daquelas defendidas por autores ilustrados de outros países, como França e Inglaterra. Esse predomínio escolástico refletia-se nas práticas e pensamentos religiosos, jurídicos, políticos, sociais e pedagógicos, de forma que todos esses campos se entrecruzavam neste momento. Assim, em torno da escolástica existem representações políticas e sociais que são contestadas por estes ilustrados que formulam em seus textos outras representações concorrentes da sociedade, do poder, e da religião. Neste trabalho se privilegiarão os tratados pedagógicos que se dedicaram à crítica da educação existente, e à proposição de novas formas educacionais, dentre estes se destacam os Apontamentos para a educaçaõ de hum menino nobre (1734), de Martinho de Mendonça, o Verdadeiro Método de Estudar (1746), de Luís António Verney, e Cartas sobre a Educação da Mocidade (1760), de Antonio Nunes Ribeiro Sanches. Nos três, é possível perceber uma crítica à forma de ensino então vigente. Através dessa crítica e de suas propostas, tentar-se-á entrever uma nova postura política, ou seja, como uma diferente concepção de educação implicou neste caso uma concepção política também diferente. Anteriormente às Reformas Pombalinas nos Estudos Menores, o ensino das Primeiras Letras em Portugal tinha lugar por meio de três formas principais: o regime de preceptorado doméstico nas famílias de classes superiores; o pagamento de mestres por alguns municípios para se ensinar os filhos dos munícipes; e também havia colégios de Ordens religiosas e de seminários 1 Mestre em História e Culturas Políticas pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais. 2 ARAÚJO, Ana Cristina. A Cultura das Luzes em Portugal. Lisboa: Livros Horizontes, 2003.

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Trabalho para a disciplina de teoria e cultural política em que os conceitos desse último tema são analisados sobre sua aplicação ao pensamento pedagógico português durante o Reformismo Ilustrado.

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    POLTICA E PENSAMENTO PEDAGGICO EM PORTUGAL NO SCULO DAS LUZES

    Joo Paulo Martins1

    Na segunda metade do sculo XVIII, a educao em Portugal passou por profundas

    reformas em seus mais diversos nveis. A ao de Pombal possibilitou a efetivao de vrias

    idias e propostas pedaggicas anteriormente desenvolvidas e defendidas por pensadores

    ilustrados portugueses. As doutrinas e os pensamentos que, atravs da historiografia, se

    convencionou chamar de Iluminismo ou Ilustrao portuguesa, assim como os representantes

    destes pensamentos, de ilustrados portugueses, referem-se, como assinalou Ana Cristina Arajo,

    a uma contestao do predomnio escolstico que ainda era vigente em Portugal nas primeiras

    dcadas do sculo XVIII2. Na crtica ao escolasticismo existente, estes homens ilustrados

    mobilizaram idias e pensamentos que vo ao encontro daquelas defendidas por autores

    ilustrados de outros pases, como Frana e Inglaterra. Esse predomnio escolstico refletia-se nas

    prticas e pensamentos religiosos, jurdicos, polticos, sociais e pedaggicos, de forma que todos

    esses campos se entrecruzavam neste momento. Assim, em torno da escolstica existem

    representaes polticas e sociais que so contestadas por estes ilustrados que formulam em seus

    textos outras representaes concorrentes da sociedade, do poder, e da religio. Neste trabalho se

    privilegiaro os tratados pedaggicos que se dedicaram crtica da educao existente, e

    proposio de novas formas educacionais, dentre estes se destacam os Apontamentos para a

    educaa de hum menino nobre (1734), de Martinho de Mendona, o Verdadeiro Mtodo de

    Estudar (1746), de Lus Antnio Verney, e Cartas sobre a Educao da Mocidade (1760), de

    Antonio Nunes Ribeiro Sanches. Nos trs, possvel perceber uma crtica forma de ensino

    ento vigente. Atravs dessa crtica e de suas propostas, tentar-se- entrever uma nova postura

    poltica, ou seja, como uma diferente concepo de educao implicou neste caso uma concepo

    poltica tambm diferente.

    Anteriormente s Reformas Pombalinas nos Estudos Menores, o ensino das Primeiras

    Letras em Portugal tinha lugar por meio de trs formas principais: o regime de preceptorado

    domstico nas famlias de classes superiores; o pagamento de mestres por alguns municpios para

    se ensinar os filhos dos muncipes; e tambm havia colgios de Ordens religiosas e de seminrios

    1 Mestre em Histria e Culturas Polticas pelo Programa de Ps-graduao em Histria da Universidade Federal de

    Minas Gerais. 2 ARAJO, Ana Cristina. A Cultura das Luzes em Portugal. Lisboa: Livros Horizontes, 2003.

  • 2

    que admitiam alunos externos3. O ensino universitrio possua dois centros: a universidade jesuta

    de vora e a Universidade de Coimbra, onde os jesutas tambm controlavam o ensino. Em todos

    esses nveis, a influncia religiosa jesutica no ensino era preponderante.

    O aprendizado da leitura visava formao social e religiosa da criana, a leitura

    conduziria os meninos ao catecismo, a fim de aprenderem a doutrina crist, tema tradicional do

    currculo das Primeiras Letras desde, pelo menos, a Contra-Reforma4. O controle religioso do

    ensino universitrio em Portugal desde a Reforma Catlica manifestou-se na proibio do livre

    exame de textos e obras que havia se desenvolvido durante o perodo humanista. Enquanto se

    proibia esse livre exame, procurou-se, ao mesmo tempo, afirmar uma ortodoxia escolstica,

    doutrina herdada do perodo medieval, mas modificada em certos aspectos pelas novas condies

    do tempo, sendo tambm referida como Segunda Escolstica, ou neo-escolstica.

    Este revigoramento do pensamento tomista, agora com novos tericos, teve lugar na

    Pennsula Ibrica e na Itlia desde o sculo XVI, conformando-se uma ortodoxia catlica em

    resposta influncia do pensamento reformista protestante5. A influncia da escolstica medieval

    no Portugal do incio da poca Moderna foi decisiva na constituio de pensamentos polticos e

    sociais. Apesar do surgimento de novas e modernas idias na Europa, como de Descartes e

    Bacon, na segunda metade do sculo XVII, a presena de Aristteles no ensino universitrio

    portugus no era terminal6. Os Estatutos da Universidade de Coimbra fixados em 1653 por D.

    Joo IV no incluam nenhuma novidade dos pensadores modernos, reproduzindo as mesmas

    propostas enunciadas na reforma acadmica de 1591: Escolstica, escolstica, e escolstica7. O

    monoplio jesutico do ensino, institudo pelas relaes polticas que tal ordem mantinha com os

    Estados ibricos, estabeleceu uma educao escolstica nos centros urbanos de importncia

    administrativa e nos centros universitrios. A Companhia de Jesus controlava ento, como se

    disse, o Colgio das Artes, as Universidades de Coimbra e vora, alm dos Estudos Menores, o

    que fornece um quadro de restrita possibilidade de se formar sob diferentes saberes durante o

    sculo XVII portugus.

    3 FERNANDES, Rogrio. Sobre a escola elementar no perodo pr-pombalino. In: FARINHA, Antnio Dias;

    CARREIRA, Jos Nunes; SERRO, Vtor (coords.). Uma vida em Histria: Estudos em homenagem a Antnio

    Borges Coelho. Lisboa: Editorial Caminho, 2001, p. 495-512. 4 Ibidem, p.506. 5 TORGAL, Lus Reis. Ideologia poltica e teoria do estado na restaurao.Vol.2. Coimbra: Biblioteca da

    Universidade, 1982, p.13. 6 XAVIER, ngela Barreto. El Rei aonde pde, & no aonde qur: razes da poltica no Portugal seiscentista. Lisboa: Colibri, 1998; p.101. 7 Ibidem; p.102.

  • 3

    A Igreja tinha em vista, ento, no s a liturgia e o catecismo, mas tambm a moral e o

    saber, ou seja, configurava-se ao mesmo tempo uma forma de ver o mundo, a sociedade e os

    poderes temporal e espiritual, que se entrecruzavam. Uma das formas de se garantir esta

    ortodoxia era a interdio da leitura dos originais de Aristteles. Os lentes repassavam aos alunos

    alguns comentadores e textos bem cuidados, assim glosar as autoridades, que os prprios

    estatutos (da Universidade de Coimbra) fixam, a funo dos docentes, enquanto a dos discentes

    no ultrapassa o registro das postilas8.

    H, nessa forma dogmtica de controle do saber, uma relao de poder estabelecida entre

    a Igreja Catlica e o Estado portugus. O pensamento escolstico, difundido por padres e mestres,

    garantia tambm uma sustentao ideolgica do poder da Coroa portuguesa; e esta, ao mesmo

    tempo, foi o sustento da ao monopolizadora da ordem dos inacianos nas terras do Reino

    portugus.

    O combate exercido desde o incio do perodo pombalino ao dos jesutas em

    territrios portugueses at, por fim, a expulso da Companhia de Jesus destas terras, um marco

    de ruptura destas relaes de poder.

    Os tratados pedaggicos portugueses setecentistas dedicaram grande espao a crticas aos

    contedos e mtodos de ensino utilizados pelos jesutas; este tema j foi alvo de variados estudos,

    e, em geral, autores, como Verney, apontam falhas no ensino portugus como: o

    desconhecimento de autores modernos; a falta de empirismo e racionalismo no conhecimento

    difundido; a leitura passiva e a-crtica de textos cannicos; e, principalmente, um atraso lusitano

    em relao ao conhecimento produzido em outras partes da Europa. Estas so, sem dvida,

    crticas influenciadas pelo pensamento ilustrado que circulava nos meios cultos da Europa no

    sculo XVIII, e referem-se ao tema da educao estritamente. Entretanto, a educao no pode

    ser analisada separadamente do contexto poltico portugus da poca; analisando-a sob este

    segundo ponto de vista, os conflitos e as reformas realizadas ganham uma amplitude maior.

    A educao portuguesa seiscentista e das primeiras dcadas do sculo XVIII era, pois,

    afeita quela organizao e fundamentao poltica existente, em que o discurso religioso

    fundamentava o poder poltico e fazia-se necessrio a formao de sditos religiosos. Assim, a

    fidelidade Coroa no poderia ser separada da fidelidade Igreja. Ao contrrio do Antigo

    8GOUVEIA, Antnio Cames. Estratgias de interiorizao da disciplina. In.: HESPANHA, Antnio Manuel

    (coord.). Histria de Portugal. Lisboa: Editorial Estampa, 1998, vol. 4; p.373.

  • 4

    Regime francs, em que associao entre Igreja e Coroa fundamentou uma prtica absolutista do

    poder, pois derivava de uma explicao providencialista do poder (Deus teria escolhido

    diretamente o seu representante ou brao secular sobre aqueles homens), o discurso poltico-

    religioso do escolasticismo portugus possua uma fundamentao diferente. Neste, o poder

    poltico legtimo e tem sua fonte ltima em Deus, no entanto, o poder reside na sociedade, de

    modo que entre Deus e o soberano existe a mediao das gentes, que ab-rogam seus direitos em

    favor do governante como forma de assegurar a manuteno de toda a sociedade. Tendo uma

    formao intelectual e poltica conformada por idias neotomistas, baseando-se em S. Toms,

    Aristteles e nas Sagradas Escrituras, em Portugal vivia-se o mundo da ordem pronunciada por

    Deus. Nele, a vontade submetia-se razo, o arbtrio ordem, o governo referia-se moral (e ao

    Criador, em ltima instncia), a liberdade submetia-se necessidade racional das coisas9. Os

    discursos jurdico e poltico passavam por um vis teolgico, na verdade, o discurso teolgico

    era um signo de um conjunto de crenas que repousava sobre a idia de uma ordem divina com

    expresso terrena10.

    A Segunda Escolstica, herdeira do pensamento corporativo medieval, via a sociedade

    como um corpo ordenado, cada membro com sua respectiva funo naturalmente estabelecida

    por Deus 11. O soberano, que nessa metfora do corpo social era associado cabea, tinha a

    incumbncia de manter a harmonia das partes do corpo, garantindo a cada qual o seu foro ou

    direito; numa palavra, realizando a justia; e assim que a realizao da justia finalidade

    que os juristas e polticos medievais consideram o primeiro ou at o nico fim do poder poltico

    se acaba por confundir com a manuteno da ordem social e poltica12. Para tanto, o rei deve

    obedecer no s aquilo que Deus determinou para a sociedade, mas tambm respeitar os direitos

    adquiridos (iura acquisita), guardar os foros, usos e costumes dos povos ou dos corpos sociais

    especficos. Neste pensamento, o poder poltico tem por objetivo garantir o bem-comum, caso

    9 XAVIER, ngela Barreto. op.cit. p.121. 10 Ibidem, p.120. (Itlico meu). 11 O pensamento social da escolstica medieval dominado pela idia da existncia de uma ordem universal, abrangendo os homens e as coisas, que orientava todas as criaturas para um objetivo nico que o pensamento cristo

    identificava com o prprio Criador. No entanto, a unidade dos objetivos da criao no exigia que as funes de cada

    uma das partes do todo na consecuo desses objetivos fossem idnticas. Pelo contrrio, o pensamento escolstico

    sempre se manteve firmemente agarrado idia de que cada parte do todo cooperava de forma diferente na

    realizao do destino csmico. Por outras palavras, cada ordem da criao e, dentro de cada uma delas, cada espcie, e, dentro da espcie humana, cada grupo ou corpo social teria, nesse destino, um objetivo prprio e

    irredutvel a realizar (HESPANHA, Antnio Manuel. Histria das Instituies: pocas medieval e moderna. Coimbra: Livraria Almedina, 1982, p. 206.). 12 Ibidem, p.210.

  • 5

    no o faa, pode ser considerado tirnico e, segundo alguns autores tomistas, deposto. O dever de

    garantir o bem-comum por parte do soberano manifesta-se tambm em sua obrigao de respeitar

    os direitos adquiridos e a ordem dos corpos sociais estabelecida por Deus. Disso tudo decorrem

    limites ao do poder poltico portugus diferenciando-o do modelo absolutista.

    O reinado de D. Jos I (1750-1777), perodo em que a ao de seu ministro Sebastio Jos

    de Carvalho e Melo foi preponderante, historicamente designado como Reformismo Ilustrado

    portugus. Tal reformismo manifestou-se, entre outras caractersticas, pela ao centralizadora do

    poder em torno da Coroa, ou seja, criando um governo absolutista diferente do modelo tomista; e

    pela secularizao do Estado, aqui se entende secularizao simplesmente pela separao entre

    Estado e Igreja, ou seja, a excluso da ao eclesistica sobre a Coroa13. Estes dois aspectos,

    como se pode perceber, constituem uma ruptura com o panorama scio-poltico e cultural ento

    vigente, e as aes polticas de Pombal com vistas concretizao deste projeto tiveram na

    educao um objeto privilegiado.

    Reformas polticas e educacionais

    Uma das mudanas referentes concepo de ensino nas reformas pombalinas da

    educao est expressa na Relao Geral do Estado da Universidade de Coimbra, elaborada por

    Francisco de Lemos em 1777, e que foi um dos documentos norteadores das reformas. Nele se

    concebe uma Escola no s de Letras mas tambm de Virtudes14. Esta idia coloca-se frente

    quela concepo de educao anterior, bastante criticada pelos ilustrados portugueses, na qual

    uma incua especulao acerca de autores ou preceitos filosficos, ou mesmo a simples glosa de

    autores cannicos era tida como a principal forma de difuso e produo de conhecimento15.

    13 Para Hannah Arendt, secularizao significa, antes de mais nada, simplesmente a separao de religio e poltica, sem que haja necessariamente uma mudana de idias ou dos costumes religiosos a favor da razo e em detrimento da religio; o fato que a separao entre Igreja e Estado ocorreu, eliminando a religio da vida pblica, removendo todas as sanes religiosas da poltica, e fazendo com que a religio perdesse aquele elemento poltico

    que ela adquirira nos sculos em que a Igreja Catlica Romana agia como herdeira do Imprio Romano (ARENDT, Hannah. O conceito de histria Antigo e Moderno. In: Entre o Passado e o Futuro. So Paulo: Perspectiva, 1972, p.102-103.) 14 Apud SILVA, Ana Rosa Cloclet da. A formao do homem-pblico no Portugal setecentista: 1750-1777. Revista

    Intellectus, vol. II, 2003. (www2.uerj.br/~intellectus) 15 Crticas desse tipo ao saber escolstico so costumeiras nos textos aqui estudados, critica-se a forma abstrata do

    conhecimento escolstico que ignora os recentes desenvolvimentos das cincias que valorizam a razo e o empirismo

    nas comprovaes das teorias. A Fsica escolstica, por exemplo, para estes autores peca por se prender apenas

    raciocnios abstratos, para Verney este o comum vcio dos Aristotlicos: toda a sua Fsica mistrio; so

  • 6

    Dcadas antes da produo deste documento, e da tentativa de colocao em prtica de tal

    preceito, Martinho de Mendona, como bem analisou Joaquim Ferreira Gomes, segue os

    preceitos de Locke e, constantemente, chama a ateno para o primado da educao moral sobre

    a instruo, na seqncia, deixemos o prprio Martinho de Mendona expressar-se:

    aponto smente o que segundo o meu genio me pareceo conveniente para a instrua de meus filhos, a quem desejo huma virtude solida, sem a mais leve

    mistura de hypocresia, e huma sciencia moderada, e prudente, que os na

    conduza pompa, e ostentaa sofistica; ...a innocencia dos costumes, e a virtude solida, e verdadeira deve ser na s o principal, mas o unico fim da

    educaa; a que se deve atender mais, que a algumas ventagens no estudo, e

    desembarao no trato16

    Tambm Lus Antnio Verney, na carta undcima de seu Verdadeiro Mtodo de Estudar, ao

    tratar do estudo da tica faz tambm uma crtica do conhecimento meramente especulativo, e

    defende um outro que ensine o homem a ser feliz e virtuoso:

    No entendo por tica aquela infinita especulao que no estabelece mxima alguma til para a vida civil ou religio, mas que passa o seu tempo em disputar

    mil questes curiosas, e superficialmente toca as necessrias, e, em lugar de

    mostrar ao Homem as suas obrigaes, causa de perder tempo com coisas

    ridculas e metafsicas sumamente desnecessrias. O que entendo por tica

    aquela parte da Filosofia que mostra aos Homens a verdadeira felicidade, e

    regula as aes para a conseguir17.

    Ao tratar dos variados temas a serem reformados no, e pelo, ensino portugus, Verney

    constantemente desenvolver semelhante anlise ao criticar o modelo existente e propor um

    alternativo.

    Essa defesa de um conhecimento que seja til na vida particular e civil, e que no se

    destine simplesmente a formar doutos metafsicos um dos sintomas do tempo. O contato destes

    pensadores, inclusive Pombal, com diferentes conhecimentos produzidos em outras partes da

    Europa os fez pensar numa modernizao de Portugal, onde, dentre outros problemas, o ensino

    no se destinava ao desenvolvimento de saberes teis ptria. Para homens como Ribeiro

    Sanches, D. Lus da Cunha e Verney, o atraso econmico de Portugal era explicado, entre outras

    altssimas contemplaes, cobertas com o vu de palavras pouco comuns e fora do significado usual. Se V.P. traduz

    em bom Portugus uma opinio peripattica, perde a metade da sua fora; se a chega a explicar, e lhe pede a razo de

    cada parte, perde-a toda; j Martinho de Mendona afirma que O Systema abstracto [da Fsica] de Aristoteles, ou para melhor dizer dos Escolasticos, na tem cousa que se perceba mais que a articulaa das vozes, ou tal vez nos

    intenta confundir. Apud GOMES, Joaquim Ferreira. Martinho de Mendona e a sua obra pedaggica. Com a edio crtica dos Apontamentos para a educaa de hum menino nobre. Universidade de Coimbra, 1964, p.191. 16 GOMES, Joaquim Ferreira. op. cit.p.165, nota (1). 17 VERNEY, Lus Antnio. Verdadeiro mtodo de estudar. Lisboa: Livraria S da Costa, 1950, vol.III, p.254.

  • 7

    causas como os desfavorveis acordos com a Inglaterra , pelo atraso cultural portugus. Esse

    atraso cultural tinha na educao, sem dvida, uma das principais fontes de manifestao, e a

    razo desse atraso educacional estava sendo identificada pela persistncia da cultura escolstica e

    da ao jesutica nesta rea. Assim, Verney, por exemplo, desenvolveu sua crtica educao

    portuguesa comparando-a com os conhecimentos produzidos em outros centros europeus.

    Entretanto, este projeto de modernizao de Portugal no passava simplesmente por reformas

    educacionais, como se disse anteriormente, a cultura escolstica implicava numa forma especfica

    de ver o mundo, a sociedade e o poder. Forma esta que era avessa centralizao poltica

    desejada por Pombal. Assim, entende-se que ao se reformar a educao e a disseminao de

    valores escolsticos, o governo pombalino combatia todo um conjunto de valores polticos,

    sociais e religiosos. Outro aspecto que justifica essa perseguio que os principais

    representantes da cultura escolstica em terras portuguesas, os jesutas, no tinham importncia

    apenas no campo educacional, de fato exerciam um controle efetivo em algumas reas

    portuguesas do ultramar e influenciavam decisivamente em algumas medidas polticas do

    governo portugus. Ao conceber a centralizao do poder como uma das formas de se modernizar

    Portugal, Pombal combateu todos os poderes que existiam nestas terras e que concorriam com o

    poder real, como o de nobres e, principalmente, o dos jesutas.

    O principal manifesto do antijesuitismo pombalino o texto de Jos de Seabra da Sylva,

    Deduco Chronologica e Analytica..., em que o autor reconta a histria portuguesa desde o

    estabelecimento dos jesutas nestas terras, ressaltando a forma como perniciosamente ganharam

    espao e influncia junto aos monarcas lusos, e se estabeleceram nas instituies de ensino.

    Segundo Seabra da Sylva, antes do ano de estabelecimento dos jesutas no Reino de Portugal

    (1540), floresciam e se desenvolviam plenamente nestas terras todas as artes, letras, estudos de

    Direito Cannico, Civil, Pblico e Eclesistico, a Teologia, a Moral Crist e a Dialtica. Prova

    disto seriam as obras dos Ozorios, dos Andrades, dos Guveias, dos Barros, dos Cames, dos

    Ss, dos Albuquerques, dos Menezes, dos Rezendes, dos Teives,...18. Afirma tambm que

    naquele tempo anterior ao dos membros da Companhia de Jesus bem se desenvolviam o

    18 SYLVA, Jos de Seabra da. Deduco Chronologica, e Analytica na qual se manifesto pela successiva serie de

    cada hum dos Reynados da Monarquia Portugueza, que decorrero desde o Governo do Senhor Rey D. Joo III at

    o presente, os horrorosos estragos, que a Companhia denominada de Jesus fez em Portugal, e todos seus Domnios

    por hum Plano, e Systema por ella inalteravelmente seguido desde que entrou neste Reyno, at que foi delle

    proscrita, e expulsa pela justa, sabia, e providente Ley de 3 de Setembro de 1759. Lisboa: Officina de Miguel

    Manescal da Costa, 1768, p.2.

  • 8

    comrcio, as cincias, as navegaes e os descobrimentos portugueses. Para finalizar o seu

    panorama do estado em que Portugal se encontrava quando chegaram os inacianos, defende que

    se verificava uma boa diviso dos poderes secular e religioso:

    Finalmente a observancia, em que at mesma infuastissima Epoca estivero a reverencia Suprema Cabea da Igreja: o Supremo poder temporal: a dignidade

    Regia: os Direitos pblicos da Coroa: as suas prerrogativas: os privilgios das

    seus Vassalos; e as claras luzes, com que at ento brilhro entre ns os

    Direitos do Sacerdocio, e do Imperio; e os justos limites, que Deos Senhor

    nosso prescreveo aos dous poderes Espiritual, e Temporal, para entre elles se

    conservarem aquella consoante harmonia, e aquella reciporca correspondencia,

    sem as quais a Religio, e a tranquilidade pblica no podem subsistir, (...)19.

    Esta obra de Jos de Seabra da Sylva que alguns estudos indicam possibilidade do

    prprio Marqus de Pombal ter tido participao em sua confeco tenta criar uma imagem de

    passado harmnico em Portugal antes da entrada dos jesutas. Percebe-se como no texto associa-

    se o bom desenvolvimento dos estudos e das letras em Portugal a uma saudvel relao poltica

    entre os membros do governo temporal e aqueles do clero, ao mesmo tempo indica que o respeito

    a tais limites entre os poderes teria sido estabelecido por Deus. Assim, tal harmonia no passado

    indica mais uma justificativa para a perseguio aos jesutas no presente, e para o

    estabelecimento de tal ordem harmnica em que os poderes religioso e temporal estejam

    separados no presente e no futuro, do que propriamente uma verdade histrica. Ora, diagnosticar,

    no incio do sculo XVIII, que o estado dos estudos em Portugal era atrasado, e reputar tal atraso

    ao dos jesutas em todos os nveis de ensino era algo comum; a novidade do pombalismo foi

    associar o atraso cultural e econmico portugus ao dos inacianos junto aos reis de Portugal

    desde o estabelecimento daqueles nas terras lusas, ou seja, a infaustssima associao entre

    membros da Companhia de Jesus e a Coroa portuguesa. Dessa forma, o governo pombalino

    atacava o principal poder concorrente ao da Coroa, colocando em prtica o seu projeto de

    fortalecimento e centralizao do poder real; ao mesmo tempo combatia todo o pensamento

    associado aos jesutas, no caso as teorias escolsticas do poder que, como se viu, eram anti-

    absolutitas, e abria espao para entrada de novas idias, muitas delas desenvolvidas por ilustrados

    europeus, em Portugal. Aqui cabe ressaltar que esta entrada de idias ilustradas em Portugal

    durante o Reformismo Ilustrado foi seletiva, ou seja, permitiu-se a circulao de textos e idias

    que no fossem avessos ao poder real, e sua expresso absolutista, nem mesmo que atacassem a

    religio catlica, pois o ataque religio realizado no programa pombalino era sua forma

    19 Ibidem, p.3.

  • 9

    institucional e ao dos membros da Igreja no meio temporal, entretanto a religio continuava

    sendo elemento central do discurso poltico, como se viu acima, a prpria defesa de uma

    separao entre as esferas de poder religiosa e secular era associada a um desgnio de Deus.

    Logo aps o alvar rgio que abolia os colgios jesutas e, portanto, durante o andamento

    das reformas educacionais que o governo pombalino viria a realizar, Antonio Nunes Ribeiro

    Sanches trouxe luz suas Cartas sobre a Educao da Mocidade. Nestas, o autor argumenta

    ainda mais claramente como a educao em Portugal associava-se a um tipo de Estado, e que

    ambos precisavam ser superados. Comea sua obra mostrando como tem sido historicamente a

    educao nos reinos cristos:

    Mostrarei pelo discurso deste papel, que toda Educao, que teve a Mocidade Portugueza, desde que no Reyno se fundra Escolas e Universidades, foi

    meramente Ecclesiastica, ou conforme os dictmes Ecclesiastivos; e que todo o

    seu fim foi, ou para conservar o Estado Ecclesiastico, ou para augmentalo20.

    Posteriormente, Sanches descrever uma histria dos estabelecimentos de ensino nas monarquias

    europias tentando demonstrar a forma pela qual desde o Imprio Romano os bispos foram

    adquirindo influncia junto aos governos temporais e estabelecendo o seu controle sobre a

    educao.

    No caso Portugus, Ribeiro Sanches analisa que ainda se vivia sob uma Monarquia

    Gtica, tal denominao refere-se associao entre Estado e Igreja, e persistncia de leis e

    costumes feudais, como os privilgios da nobreza, e forma de educao destinada a esta camada

    social. Para este autor, a educao da mocidade nobre voltada, entre outras coisas, para o manejo

    de armas e tticas de guerras era bastante til enquanto o Estado portugus conquistava novas

    terras. Entretanto, se vivia j um outro momento, em que o diferente contexto europeu, a cessao

    das guerras de conquistas, e o desenvolvimento do comrcio e da indstria faziam com que o

    Estado tivesse necessidade de homens com outros conhecimentos, e no apenas saberes blicos

    que no tinham utilidade em tempos de paz, por isso aprova a reforma educacional que se

    processa em Portugal e explicita as novas necessidades do reino:

    Aquelle benegnissimo Alvar nos d a conhecer que s a Educaa da Mocidade, como deve ser, he o mais effectivo e o mais necessario. Porque S.

    Magestade, que Deos guarde com alta providencia, considera que lhe sa

    necessarios Capitaens para a defensa; Conselheyros doutos e experimentados;

    com tabem Juizes, Justias, e Administradores das rendas Reais; e mais que

    20 SANCHES, Antnio Nunes Ribeiro. Cartas sbre a Educao da Mocidade. Nova Edio Revista e Prefaciada

    pelo Dr. Maximiano Lemos. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1922, p.2.

  • 10

    tudo na situao em que est hoje a Europa, Embayxadores, e Ministros

    publicos, que conservem a harmonia de que necessita os seus Estados; esta

    Educaa na seria completa se ficasse somente dedicada Mocidade Nobre;

    Sua Magestade tendo ordenado as Escolas publicas, nas Cabeas das Comarcas,

    quer que nellas se instrua aquelles que ha de ser Mercadores, Directores das

    Fabricas, Architectos de Mar e terra, e que se introduza as Artes e

    Sciencias21.

    Desta forma, Ribeiro Sanches aprova e estimula a introduo de escolas pblicas, pois considera

    que a formao de sditos instrudos uma necessidade do Estado, ao passo que esta se torna

    tambm obrigao do mesmo, e no do poder Eclesistico, pois este deve cuidar dos sditos

    apenas no que tange doutrina crist. De certa forma, aqui j se defendia o princpio de educao

    pblica laicizada, pois Sanches asseverava inclusive que os estudos das Sagradas Escrituras, de

    Direito Cannico e de Teologia fossem feitos em colgios afastados de todos os outros, e que a

    Universidade se dedicasse s Cincias necessrias ao Estado Civil. Esta ser tambm, em linhas

    gerais, a orientao da reforma empreendida por Pombal na Universidade de Coimbra. Dentre

    outras disciplinas, a reforma introduzir o estudo de Cincias Naturais para se formar homens

    capazes de melhor conhecer as potencialidades dos territrios portugueses, inclusive

    ultramarinos, pensando na utilidade destes para o Estado e na modernizao de Portugal. Cabe

    aqui lembrar tambm que, anteriormente, Martinho de Mendona, apesar de dedicar sua obra

    pedaggica educao domstica, o fez justamente por inexistir naquele tempo bons colgios

    para que a nobreza se instrua, mas esperava que o rei D. Joo V dedicasse ateno aos colgios

    reais, conformando tambm uma educao pblica22.

    Desta forma entende-se como, para Ribeiro Sanches, o objeto da Educao da Mocidade

    deve ser proporcionado s leis e aos costumes do Estado a quem ela pertence23, ou seja, uma

    mudana de concepo de Estado deve resultar numa alterao no tipo de educao praticada.

    Assim, o Estado portugus deixando para trs uma Constituio Gtica, de aliana com a Igreja

    e defesa dos privilgios nobilirquicos, deve organizar um diferente sistema de ensino

    laicizado, sob controle do Estado, e atendendo s demandas deste.

    21 Ibidem, p.3. 22 (...) espero que na seja inutil a questa, porque creyo, que o nosso Augusto Monarcha, que s letras tem concedido a especial proteco, que admira com inveja os Estrangeiros, reformar as Escolas, e fundar Collegios,

    em que a nobreza se instrua nos exerccios mais convenientes as seu estado. apud GOMES, Joaquim Ferreira. op. cit. p.173-4. 23 SANCHES, Antnio Nunes Ribeiro. op. cit. p.75-6.

  • 11

    Consideraes Finais

    Neste estudo procurou-se analisar como organizao do sistema de ensino portugus pelo

    Estado realizado durante o reinado de D. Jos I foi precedido por desenvolvimentos tericos a

    respeito do tema. Ao analisar os textos pedaggicos setecentistas e as vicissitudes da escola

    portuguesa neste perodo, Rogrio Fernandes conclui que a escola no faz mais que refletir as

    contradies da vida social e poltica24. A idia de reflexo talvez sugira uma passividade do

    campo educacional em relao aos conflitos polticos e sociais pelos quais Portugal passou em

    seus campos poltico e cultural neste perodo, por isso concordamos apenas em parte com a

    afirmao acima. De fato, como se procurou demonstrar, as crticas ao modelo educacional

    seiscentista, bem como as reformas realizadas na segunda metade do sculo XVIII no podem ser

    vistas de forma alheia ao contexto poltico e cultural da poca, ressaltando-se uma idia de se

    modernizar o Estado portugus. Modernizao que, no campo cultural, significou para os

    ilustrados portugueses na superao da influncia do pensamento escolstico e de seus principais

    representantes, os jesutas, que tinham no controle da educao uma das formas de reproduo de

    valores e representaes, inclusive polticas. Desta forma, a mudana no modelo educacional

    portugus na transio entre a organizao do poder poltico central anterior a Pombal, e aquele

    modelo do Estado pombalino, centralizado e com supremacia do poder temporal sobre outras

    esferas de poder, no pode ser vista como um mero reflexo desta transio. Efetivamente, a

    educao foi um espao de disputas, pois as diferentes concepes polticas que se desejavam

    conformar no teriam lugar caso no se investisse, ao mesmo tempo, em uma diferente formao

    escolar, assim como na disseminao de outros pensamentos scio-polticos, diferentes daqueles

    que durante sculos ajudaram a formar conceitos, valores e representaes entre os membros da

    sociedade portuguesa. E essa ao jesutica na escola foi to importante que, apesar das fortes e

    efetivas medidas reformadoras do sculo XVIII com vistas a se realizar uma ruptura com este

    sistema, possvel reconhecer permanncias dos moldes e organizaes educacionais jesutas nos

    colgios pblicos posteriores s aes de Pombal.

    24 FERNANDES, Rogrio. O Pensamento Pedaggico em Portugal. Lisboa: Instituto de Cultura e Lngua

    Portuguesa, 1992, p.89.

  • 12

    Fontes

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    successiva serie de cada hum dos Reynados da Monarquia Portugueza, que decorrero desde o

    Governo do Senhor Rey D. Joo III at o presente, os horrorosos estragos, que a Companhia

    denominada de Jesus fez em Portugal, e todos seus Domnios por hum Plano, e Systema por ella

    inalteravelmente seguido desde que entrou neste Reyno, at que foi delle proscrita, e expulsa

    pela justa, sabia, e providente Ley de 3 de Setembro de 1759. Lisboa: Officina de Miguel

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