pogis

157
Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS SÍTIO DE IMPORTÂNCIA COMUNITÁRIA – PTSEL0001 REDE NATURA 2000

Upload: parque-natural-madeira

Post on 31-Mar-2016

221 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Plano Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

TRANSCRIPT

Page 1: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS

SÍTIO DE IMPORTÂNCIA COMUNITÁRIA – PTSEL0001

REDE NATURA 2000

Page 2: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 2

NOTA INTRODUTÓRIA

O Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens, POGIS, é constituído por um conjunto de

documentos, e inclui: Estudo Base – Caracterização da Área; Análise Estratégica; Regulamento;

Plano de Acção e Anexos.

Apresenta-se, ainda, o Relatório Ambiental e as Plantas de Síntese e de Condicionantes.

Page 3: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 3

ÍNDICE

ESTUDO DE BASE – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA……………………………….. 6

1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………...7

2. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO ……………………………………………….…7

3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DAS ILHAS SELVAGENS…………………………… 8

4. ENQUADRAMENTO LEGAL …………………………………………………………...10

5. PROJECTOS DESENVOLVIDOS …………………………………………………….. 13

6. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA ……………………………………………………… 16

6.1 CLIMA ………………………………………………………………….. 16

6.2 GEOMORFOLOGIA E GEOLOGIA ………………………………….16

6.3 HABITATS NATURAIS DE INTERESSE COMUNITÁRIO…….......18

6.4 VEGETAÇÃO E FLORA ……….………………...……………………19

6.5 FAUNA ………………………………..………………………………... 20

7. CARACTERIZAÇÃO DAS INFRA-ESTRUTURAS E RESPECTIVAS SERVIDÕES

ADMINISTRATIVAS……………………………………………………………………… 26

8. ENQUADRAMENTO SÓCIO-ECONÓMICO ………………………………………… 27

ANÁLISE ESTRATÉGICA………………………………………………………………… 30

1. ANÁLISE ESTRATÉGICA ………………………………………………………………31

2. OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS ……………………………………………………… 33

Page 4: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 4

3. VISÃO ESTRATÉGICA ……………….……………………………………………. 43

REGULAMENTO……………………………………………………………………………44

1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………...45

2. REGULAMENTAÇÃO …………………………………………………………………...45

2.1 ÂMBITO DE APLICAÇÃO…………………………………………… 46

2.2 ACTOS E ACTIVIDADES INTERDITAS…………………………… 46

2.3 ACTOS E ACTIVIDADES CONDICIONADAS………………. ……. 47

PLANO DE ACÇÃO……………………………………………………………………… 49

1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………...50

2. PROGRAMAS DE ACÇÃO ……………………………………………………………..50

2.1. MEDIDAS DE GESTÃO ……………………………………………. 50

2.1.1 Programa Administrativo...……………………………….. 50

2.1.2 Programas Operacionais………………………………… 51

2.2 MEDIDAS DE VALORIZAÇÃO ……………………………………….53

2.2.1 Investigação Científica…………………………………… 53

2.2.2 Educação Ambiental………………………………........... 54

2.2.3 Infra-Estruturas de Lazer…………………………………. 55

2.3 MEDIDAS DE DEFESA ……………………………..………………. 55

2.3.1 Plano de Erradicação de Espécies Exóticas...................55

2.3.3 Programa de Vigilância…..…..………………………….. 55

Page 5: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 5

3. FINANCIAMENTO ……………………………………………………………..……… 56

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ………………………………………………………...… 56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………………… 58

ANEXOS ……………………………..…………………………………………..…....…….60

Page 6: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 6

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS

SÍTIO DE IMPORTÂNCIA COMUNITÁRIA – PTSEL0001

REDE NATURA 2000

ESTUDO DE BASE – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

Page 7: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 7

1. INTRODUÇÃO

A intenção de fornecer os elementos fundamentais necessários à caracterização da situação de

referência e, de fornecer as pistas necessárias para as partes posteriores, onde serão delineadas

medidas de natureza estratégica e de gestão para a área em questão, leva-nos a efectuar, nesta

primeira parte, o levantamento da informação disponível, bem como a recolha de novos elementos

que nos permita ter uma visão global da situação.

Assim sendo, como resultado desta primeira etapa de trabalho, teremos um conjunto de dados que

nos permitirão não só efectuar um planeamento muito mais fundamentado, como também

perspectivar aspectos que até ao momento possam ter sido descurados ao nível da gestão desse

espaço.

2. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO

O Sítio de Importância Comunitária das Ilhas Selvagens que coincide com o arquipélago das Ilhas

Selvagens e, também, com a Reserva Natural das Ilhas Selvagens (Anexo I) é o território português

mais a sul, situado no Atlântico Norte entre os 30º 01´ 35” Norte e os 30º 09’ 10” Norte e os 15º 52’

15” Oeste e 16º 03’ 15” Oeste (Figura 1). Os arquipélagos mais próximos são a Madeira e as

Canárias a aproximadamente 163 e 82 milhas respectivamente. Tem uma área total de 9455 ha, de

acordo com a Resolução nº 1408/2000, de 19 de Setembro. A sua altitude vai até aos 163 m e a sua

profundidade até aos 200 m. Integra a Região Biogeográfica da Macaronésia.

Page 8: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 8

Figura 1. Localização das Ilhas Selvagens (Fonte: PNM).

3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DAS ILHAS SELVAGENS

O Sítio é constituído por três ilhas – Selvagem Grande, Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora. A

Selvagem Grande (245 ha), de forma pentagonal, é caracterizada por uma extensa zona planáltica,

que cai abruptamente sobre o mar em agrestes falésias vulcânicas resultantes da erosão. Este

planalto eleva-se a cerca de 100 m de altitude, e o ponto mais alto é atingido no Pico da Atalaia, a

163 m, seguido do Pico dos Tornozelos, com 137 metros.

Possui locais seguros para fundear, reconhecidos como fundeadouros internacionais, na Selvagem

Grande: Fundeadouro da Enseada das Cagarras, Fundeadouro das Galinhas e Fundeadouro interior

da Enseada das Cagarras para embarcações de comprimento inferior a 20 metros; existe, também,

um fundeadouro na Selvagem Pequena que funciona predominantemente de Maio a Outubro.

A Selvagem Pequena (20 ha), apresenta forma irregular, perfil baixo e achatado, sendo quase

totalmente coberta por areia calcária, que inclui areia de origem marinha encontrada em bacias

erosionadas. O Ilhéu de Fora (8,1 ha) é ainda mais baixo e também coberto por areia calcária. As

Page 9: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 9

altitudes máximas são atingidas no Pico do Veado, com 49 m, e no Pitão Pequeno com 18 m, na

Selvagem Pequena e no Ilhéu de Fora, respectivamente.

As Ilhas Selvagens apresentam locais inóspitos e a inexistência de água levou a que estas ilhas não

fossem usadas para a colonização humana, embora tenham sido feitas algumas tentativas, das quais

ainda existem alguns vestígios na Selvagem Grande, nomeadamente muros de pedra, uma velha

cisterna e respectivas canalizações.

As Ilhas Selvagens contêm ecossistemas representativos e importantes para a conservação in situ da

biodiversidade, em particular de espécies mundialmente vulneráveis. Compreendem vários tipos de

habitats, alguns dos quais estão classificados em cinco categorias de habitats contempladas na Rede

Natura 2000, de acordo com a Directiva Habitats: bancos de areia permanentemente cobertos por

água do mar pouco profunda; lodaçais e areais a descoberto na maré baixa; enseadas e baías pouco

profundas; falésias com flora endémica das costas macaronésias e formações baixas de euforbiáceas

junto a falésias.

Estas Ilhas apresentam condições únicas no mundo para as plantas. O seu coberto vegetal é

composto por espécies perfeitamente adaptadas às condições edafoclimáticas, muitas das quais

evoluíram constituindo endemismos e relíquias, o que confere a estas ilhas a percentagem mais

elevada de endemismos por unidade de superfície de toda a Região da Macaronésia. A vegetação da

Selvagem Pequena e do Ilhéu de Fora é composta unicamente por espécies nativas e endémicas,

sem nunca ter ocorrido alguma introdução, apresentando uma cobertura e um número surpreendente

de espécies exclusivas. A Selvagem Grande apresenta igualmente um coberto vegetal peculiar e uma

interessante flora com endemismos da ilha, outros comuns às restantes Ilhas Selvagens e à

Macaronésia.

No que concerne ao meio marinho e costeiro, este é caracterizado por águas límpidas, onde se

encontra uma flora típica destes habitats, bem como uma fauna bastante abundante e diversificada,

com especial relevância para os moluscos e para a ocorrência da Tartaruga-comum Caretta caretta.

A fauna das Ilhas Selvagens caracteriza-se pela existência de uma riqueza que, actualmente, é única

no mundo. Estas Ilhas são um santuário de nidificação de aves marinhas e estão classificadas como

Important Bird Area (IBA), no âmbito da Bird Life International e Zona de Protecção Especial (ZPE), a

nível comunitário. Devido à sua localização geográfica, apresentam uma sobreposição de espécies

Page 10: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 10

cujas áreas de distribuição estão localizadas a Norte e a Sul. Deste modo, e devido ao bom estado de

conservação dos habitats, as Selvagens abrigam um número extremamente significativo de

comunidades de aves marinhas, quer em variedade de espécies, quer em número de indivíduos.

As outras espécies de vertebrados que podemos encontrar nestas ilhas são a Osga Tarentola

bischoffi e a Lagartixa Teira dugesii selvagensis.

Nestas ilhas, também, ocorre um apreciável número de invertebrados endémicos. Existe um elevado

número de insectos endémicos, sobretudo coleópteros, Deucalion oceanicum e Oligota selvagensis,

endémico das Selvagens, e lepidópteros, Agrotis lanzarotensis, endémico da Selvagem Pequena.

A introdução de espécies exóticas nunca ocorreu na Selvagem Pequena e no Ilhéu de Fora, não se

verificando o mesmo na Selvagem Grande, onde foram introduzidas três espécies, uma planta com

carácter invasor, a Tabaqueira Nicotiana glauca e duas espécies de animais, o Coelho Oryctolagus

cuniculus e o Murganho Mus musculus. Actualmente e após 2002 ter sido implementado um grande

trabalho de erradicação destas espécies, a situação está perfeitamente controlada, pois o processo

de erradicação da Tabaqueira está na fase de controlo de seguimento e os animais, Murganho e

Coelho, estão erradicados prevenindo-se a sua reintrodução.

4. ENQUADRAMENTO LEGAL

A área objecto do Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens, POGIS, está classificada

como Sítio de Importância Comunitária – PTSEL0001 – Ilhas Selvagens, integrando a Rede Ecológica

Europeia denominada Natura 2000, Portaria n.º 829/2007, de 1 de Agosto.

As Ilhas Selvagens são Reserva Natural Integral, Anexo I, criada pelo Decreto n.º 458/71, de 29

Outubro, reclassificada através do Decreto Regional n.º 15/78/M, de 10 Março e do Decreto Regional

n.º 11/81/M, de 7 Abril. A Lei nº 13/86, de 21 Maio, refere que o Governo, através dos serviços

competentes, deve prestar assistência ao Governo Regional da Madeira na preservação da Reserva

Natural das Ilhas Selvagens.

Receberam o Diploma Europeu, atribuído pela Resolução nº 65/1997, do Comité de Ministros do

Conselho da Europa.

Page 11: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 11

As Ilhas Selvagens estão inscritas na Categoria 1a de Gestão de Áreas Protegidas da IUCN (União

Internacional de Conservação da Natureza), como: “Área de Reserva Natural Integral gerida

prioritariamente para fins de pesquisa científica, assegurando que os habitats, ecossistemas e as

espécies nativas se mantenham livres de perturbação, tanto quanto possível”.

Considerando o enquadramento da área de intervenção com o zonamento e com os instrumentos de

gestão territorial em vigor, o uso da área é mencionado e regulamentado pelo Plano de Ordenamento

do Território na Região Autónoma da Madeira (POTRAM), no qual as Ilhas Selvagens são incluídas

na categoria de “Protecção de Áreas Naturais” classificadas como áreas de uso interdito, pelo Plano

de Ordenamento Turístico da Região Autónoma da Madeira (POT) no qual estas Ilhas são incluídas

como “espaços naturais e áreas protegidas” e pelo Plano Director Municipal do Funchal (PDM) no

qual é “Zona da Reserva Natural das Ilhas Selvagens”, classificada como “non aedificandi”, resultado

da disposição da legislação relativa às Áreas Protegidas. Toda a área terrestre é área de solo rural.

Como território Nacional e Regional aplica-se, também, a este Sítio toda a legislação de gestão

territorial. Assim, passamos a indicar diversa legislação aplicável:

- Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) – Lei n.º 58/2007, de 4 de

Setembro, rectificado pelas declarações n.º 80-A/2007, de 7 de Setembro e n.º 103-A/2007, de 2 de

Novembro;

- Sistema Regional de Gestão Territorial - Decreto Legislativo Regional n.º43/2008/M, DR, 1ª série, n.º

247, de 23 de Dezembro;

- Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN)- Decreto – Lei n.º 142/2008, de 24 de

Julho;

- Reserva Ecológica Nacional (REN) – Decreto – Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto;

- Estratégia Nacional para o Mar (2006-2016) – Resolução do Conselho de Ministros nº 163/2006, de

12 de Dezembro;

- Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade – Resolução do Conselho de

Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro;

- Zona Económica Exclusiva – Decreto-Lei n.º 119/78, de 1 de Junho;

- Domínio Público Hídrico – Decreto – Lei n.º 468/71, de 5 de Novembro, republicado pela Lei n.º

16/2003, de 4 de Junho;

- Plano de Ordenamento do Território na Região Autónoma da Madeira (POTRAM) – Decreto

Legislativo Regional n.º 12/95/M, de 24 de Junho, alterado pelo Decreto Legislativo Regional n.º

9/97/M, de 18 de Julho;

Page 12: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 12

- Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma da Madeira (POT) – Decreto Legislativo

Regional n.º 17/2002/M, de 29 de Agosto;

- Plano Regional da Política do Ambiente (PRPA) – Resoluções do Conselho de Governo nºs

1149/97, de 18 de Agosto e 593/99, de 3 de Maio e 809/2000, de 8 de Junho;

- Plano Regional da Água da Madeira (PRAM) – Decreto Legislativo Regional n.º 38/2008, de 20 de

Agosto;

- Plano de Emergência para o Combate à Poluição das Águas Marinhas, Portos, Estuários e Trechos

Navegáveis dos rios, por Hidrocarbonetos e Outras Substâncias Perigosas (Plano Mar Limpo) -

Resolução do Conselho de Ministros n.º 25/93, de 15 de Abril;

- Plano Director Municipal (PDM) do Funchal – Ratificado pela Resolução do Governo Regional da

Madeira n.º 887/97, de 10 de Julho;

- Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Região Autónoma da Madeira 2007-2013 –

Resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira n.º 10/2006/M, de 30 de Maio;

- Fundeadouros autorizados nas Ilhas Selvagens – Edital n.º 09/2006, da Capitania do Porto do

Funchal.

O acesso de pessoas às Ilhas Selvagens só é permitido com uma autorização do Governo Regional

da Madeira, através do Serviço do Parque Natural da Madeira (SPNM), de acordo com o sub-

parágrafo (c) do Artigo 3.º do Decreto Regional nº 15/78/M, de 10 Março de 1978.

A Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais (SRA), através da equipa de Vigilantes

da Natureza do Serviço do Parque Natural da Madeira, é responsável por uma vigilância permanente

das Ilhas Selvagens. Desde 1976 que esta vigilância é feita ao longo de todo o ano na Selvagem

Grande e de Maio a Outubro na Selvagem Pequena, provando que é suficientemente eficaz,

garantindo a salvaguarda do Património Natural desta área protegida.

Todas as propostas para estudos científicos são sujeitas a uma análise prévia pela Direcção do

SPNM e, em casos extraordinários, pela Comissão Científica deste Serviço.

As actividades piscatórias estão sujeitas a períodos e condições específicas. A pesca comercial só é

permitida para grandes peixes pelágicos migratórios e/ou para a pesca de isca (pequenos peixes

utilizados como isco).

Page 13: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 13

Para além da entidade gestora, tutelada pela Secretaria Regional do Ambiente dos Recursos

Naturais, as outras entidades que, em razão da matéria, terão competências específicas na área de

intervenção serão: Direcção Regional de Informação Geográfica e Ordenamento do Território da

Secretaria Regional do Equipamento Social, Capitania do Porto do Funchal e Câmara Municipal do

Funchal.

As acções e actividades a serem desenvolvidas na área de intervenção, serão geridas pela entidade

gestora, tutelada pela Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, sem prejuízo das

competências das entidades citadas.

O POGIS não terá quaisquer implicações no Domínio Público Hídrico.

5. PROJECTOS DESENVOLVIDOS

O facto das Ilhas Selvagens constituírem ecossistemas com características únicas de vegetação

rasteira e com grande interesse ornitológico, principalmente a nível de aves marinhas, despoletou a

realização de vários projectos de investigação e conservação (Tabela 1), sendo grande parte deles

destinados à conservação das aves marinhas, cuja presença naquelas ilhas motivou a criação de

uma Reserva, visando a manutenção dos ecossistemas e a protecção dos habitats naturais e da

biodiversidade, salvaguardando-os das pressões causadas pelo uso humano não regulamentado.

Tabela 1. Projectos realizados nas Ilhas Selvagens, respectivas entidades gestoras e período de execução

Nome do Projecto Entidade Gestora Período de

execução

Monitorização da população de Cagarra na

Selvagem Grande

Paul Alexander Zino e Dr.

Frank Zino

1975 - 1992

Aves Marinhas Nidificantes Serviço do Parque Natural

da Madeira

(SPNM)

Desde 1992

Estudos Ornitológicos: Cagarra, Calonectris d. borealis; Alma-negra, Bulweria bulwerii; Pintainho, Puffinus assimilis; Roque-de-Castro, Oceanodroma castro; Petrel de Swinhoe, Oceanodroma monorrhis

SPNM, Museu Municipal do

Funchal (MMF) e Dr. Frank

Zino

Desde 1992

Page 14: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 14

Projecto de apoio à conservação da Tartaruga

marinha Caretta caretta no Atlântico Norte, Life

Nat/P/3012

Universidade da Madeira

(UMa)

1996 - 2000

Novo Atlas das Aves que Nidificam em Portugal Instituto de Conservação da

Natureza e Biodiversidade

(ICNB)/ SPNM / Sociedade

Portuguesa para o Estudo

das Aves (SPEA)

1999 - 2009

Recuperação dos Habitats Terrestres da

Selvagem Grande – Fase de Intervenção

SPNM 2000 - 2004

Recuperação dos Habitats Terrestres da Selvagem

Grande – Divulgação

SPNM 2001- 2004

Recuperação dos Habitats Terrestres da

Selvagem Grande – Fase de Seguimento

SPNM Desde 2004

Estudos Geológicos University of Dusseldorf Desde 2001

Monitorização e identificação de fauna

entomológica

SPNM Desde 2002

Notes on the syrphid fauna of Madeira

Archipelago and the Salvage Islands (Diptera,

Syrphidae)

Margarida Pita

Centro de Estudos da

Macaronésia (CEM)

2003

Áreas Importantes para as Aves Marinhas em

Portugal

SPEA / SPNM Desde 2004

Estudo da biodiversidade em afídeos

(Homoptera, Aphidoidea) e seus principais

inimigos naturais: sirfídeos (Diptera,

Syrphidae), afidiídeos (Hymenoptera,

Aphidiidae) e coccinelídeos (Coleoptera,

Coccinellidae) nas Ilhas Selvagens

Margarida Pita

CEM - Universidade da

Madeira (UMa) / SPNM

2004

Aphid fauna of Madeira Archipelago and the

Salvage Islands: new records and updated list

(Homoptera, Aphidoidea)

Margarida Pita

CEM

2004

Life-history strategy and constraints in relation

to age, sex and body size in a long-lived

seabird

Instituto Superior de

Psicologia Aplicada

(ISPA)/SPNM

Desde 2004

Page 15: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 15

Senescence in a long-lived bird: its

development and effects on different fitness

components

ISPA/SPNM Desde 2004

Survival rates of Cory’s Shearwaters in relation

to age, sex, and to the development of new,

potentially-threatening, fisheries

ISPA/SPNM Desde 2004

Influence of adult experience and chick age on

the regulation of parental care during early

chick development

ISPA/SPNM Desde 2004

Foraging distribution and behaviour of male and

female Cory’s shearwaters, and test of

contrasting hypotheses explaining the sexual

segregation of seabirds, with relevance to

conservation

ISPA/SPNM Desde 2004

Foraging strategies of Cory’s Shearwaters in

contrasting marine environments, and its

interaction with sex-specific adaptations

ISPA/SPNM Desde 2004

Atlantic ocean-wide changes in sea surface temperature and trends on Cory’s shearwater Calonectris diomedea foraging success, migration and population dynamics

ISPA/SPNM Desde 2006

An integrated European In Situ Management

Workplan: Implementing Genetic Reserves and

On Farm Concepts (AEGRO)

UMa 2007- 2010

Diversidade Biológica e Geológica da

Selvagem Grande e estudo da etologia da

Cagarra-Calonectris diomedea borealis

Paulo Henrique Gomes da

Silva

2008

Estudo demográfico e comportamental de

Osgas das Selvagens

Faculdade de Ciências de

Lisboa / SPNM

2008

Estudos de diferenciação genética de peixes

litorais, Cabozes – Gobiidae e Bleniidae

ISPA 2008

Monitorização da fauna marinha e flora das

Ilhas Selvagens

SPNM Desde 2008

Primeiro Atlas das Aves Nidificantes na

Madeira

SPNM 2009

Page 16: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 16

6. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA

6.1 CLIMA

Estas ilhas estão sujeitas a clima do tipo subtropical marítimo. Tal como a Madeira, as Selvagens

estão sob a influência dos ventos dominantes que sopram de Nordeste, os ventos alíseos, carregados

de humidade, mas as suas baixas altitudes não favorecem a condensação e consequente

precipitação, que é muito mais baixa do que a ocorrida na Madeira. No entanto, no passado, estas

ilhas deverão ter tido um grau de humidade muito mais elevado do que o actual o que justificaria a

presença de elevado número de conchas sub-fósseis, expostas numa zona do planalto da Selvagem

Grande, denominada de “Chão dos Caramujos”, outrora pertencentes a caracóis terrestres.

As temperaturas são, por outro lado, mais elevadas do que as registadas na Madeira, como

consequência lógica da sua localização a latitudes inferiores. Ocasionalmente, os ventos que sopram

de leste com origem no continente africano, trazem consigo não só grandes quantidades suspensas

de areia do deserto do Sahara, mas também temperaturas mais elevadas.

6.2 GEOMORFOLOGIA E GEOLOGIA

A história geológica do arquipélago das Ilhas Selvagens está intimamente relacionada com a abertura

e expansão do Oceano Atlântico, processo que teve início no Triásico, há cerca de 200 Ma, e

continua nos nossos dias. As Ilhas Selvagens instaladas na rampa Continental Africana à semelhança

do arquipélago de Canárias, apresentam um enquadramento Oceânico-Marginal e constituem um só

edifício vulcânico, formando uma província petrográfica. Admite-se que tenham sido as primeiras ilhas

da Região Autónoma da Madeira, a emergir no Oligocénico, há cerca de 27 Ma, originadas pelo

hotspot das Ilhas Canárias.

Edificadas sobre um fundo oceânico com 135 Ma, situado entre as batimétricas dos 3000 e dos 4000

m as Selvagens são constituídas por três ilhas principais: a Selvagem Grande, a Selvagem Pequena

e o Ilhéu de Fora, que se encontram rodeadas por diversos ilhéus e recifes alguns só visíveis na

baixa-mar. No conjunto, fazem parte de um relevo submarino, de orientação NE-SW, com cerca de 15

km de extensão, marcado pela curva dos -1000 m, acima da qual, no extremo NE, a Selvagem

Grande cresce como um cone isolado e arredondado. A extremidade SW, em profundidade, é

Page 17: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 17

também constituída por um cone de forma arredondada, o qual, próximo da superfície (acima dos -

500 m) define uma acentuada reentrância, interpretada por vários autores como sendo os restos de

uma antiga cratera vulcânica submersa cujo bordo, aberto para NE, estaria representado pela

Selvagem Pequena e pelo grupo de ilhéus e recifes circundantes.

A Selvagem Grande, (245 ha) de forma pentagonal, é caracterizada pelo relevo bastante acentuado e

por uma extensa zona planáltica que cai abruptamente sobre o mar em agrestes falésias vulcânicas

resultantes da erosão. Possui apenas um ou dois locais seguros para fundear. O seu planalto eleva-

se a cerca de 100 m acima do nível do mar. O ponto mais alto é atingido no Pico da Atalaia a 163 m.

A Selvagem Pequena (20,0 ha) e o Ilhéu de Fora (8,1 ha), à distância de 11 milhas para sudoeste,

constituem o local mais a sul do território português.

A Selvagem Pequena, apresenta forma irregular, perfil baixo e achatado, sendo quase totalmente

coberta por areia calcária, que inclui areia de origem marinha encontrada em bacias erosionais. O

Ilhéu de Fora é ainda mais baixo e também coberto por areia calcária. As altitudes máximas são

atingidas no Pico do Veado, com 49 m, e no Pitão Pequeno com 18 m, na Selvagem Pequena e no

Ilhéu de Fora, respectivamente.

Geologicamente, as Selvagens são ilhas oceânicas de origem vulcânica. Situam-se na margem

superior da plataforma marinha das Canárias e nunca estiveram em contacto com o continente

africano. A Selvagem Grande é constituída por escórias vulcânicas porosas que dão origem a um

solo de superfície vitrificada e estrutura nicrolítica.

Na base visível da Selvagem Grande observam-se estratos fonolíticos e nefenelíticos no topo dos

quais se depositou uma espessa camada de areia calcária amarela durante o Mioceno, período em

que a ilha esteve submersa. Esta areia infiltrou-se nas fracturas causadas pelas explosões vulcânicas

dando origem a diques calcários. Mais tarde formaram-se depósitos de cinzas, areias vulcânicas e

lapilli sob imersão. Finalmente as últimas erupções cobriram a maior parte da ilha com uma camada

de lava basáltica.

Page 18: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 18

Na Selvagem Grande existe uma extensa galeria subterrânea (que terá provavelmente resultado de

um canal de lava vulcânico) onde se podem encontrar depósitos de sulfato de cal de cristalização

sacaróide. Há também outros depósitos conquilíferos de diferentes eras geológicas, desde o Mioceno

até tempos mais recentes.

A Selvagem Pequena e o Ilhéu de Fora, representam o que resta de picos vulcânicos submarinos e a

sua área quase duplica com a baixa-mar.

6.3 HABITATS NATURAIS DE INTERESSE COMUNITÁRIO

Na Região Autónoma da Madeira existem 11 Sítios de Interesse Comunitário, que visam a

conservação de habitats, fauna e flora constantes na Directiva Habitats (Directiva n.º 92/43/CEE, do

Conselho, de 21 de Maio) e na Directiva Aves (Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril),

transposta para Portugal através do Decreto-Lei nº 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei

nº 49/2005, de 24 de Fevereiro.

Nas Ilhas Selvagens, existem os habitats de interesse comunitário apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Habitats de interesse comunitário presentes nas Ilhas Selvagens (Fonte: Resolução n.º 1408/2000, de 22 de

Setembro e candidatura à Rede Natura 2000)

Código Designação do habitat Grau de

conservação

1110 Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco

profunda

Excelente

1140 Lodaçais e areias a descoberto na maré baixa Excelente

1160 Enseadas e baías pouco profundas Excelente

1250 Falésias com flora endémica das costas macaronésias Excelente

5320 Formações baixas de euforbiáceas junto a falésias Excelente

Page 19: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 19

6.4 VEGETAÇÃO E FLORA

ESPÉCIES INDÍGENAS

As Ilhas Selvagens constituem um habitat único no mundo para as plantas, com um ecossistema num

estado inalterado (Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora), que estão praticamente intocados. Estas ilhas

contêm a percentagem mais elevada de endemismos por unidade de superfície, por toda a Região

Biogeográfica da Macaronésia.

A cobertura florística terrestre das Selvagens é compreendida por 105 espécies das quais 11 são

endémicas destas ilhas. Alguns casos, por exemplo, Cila da Madeira, Scilla maderensis Menezes var.

melliodora Svent. (Autonoe madeirensis), Estreleira, Argyranthemum thalassophilum (Svent) Humphr,

Lobularia canariensis (DC.) Borgen ssp. rosula–venti (Svent.) Borgen, Lotus salvagensis Murr.,

Monanthes lowei (Paiva) Pérez et Acebes e Figueira do Inferno, Euphorbia anachoreta Svent.

A nível de briófitos são dados para as Ilhas Selvagens só nove espécies.

A lista das plantas vasculares que ocorrem nas Ilhas Selvagens está presente no Anexo II.

Apresentamos na tabela 3, as espécies da flora constantes do anexo B-II, do Dec. Lei n.º 49/2005, de

24 de Fevereiro.

Tabela 3. Espécies vegetais de interesse comunitário.

Código Espécie Grau de Conservação

1824 Argyranthemum thalassophyllum Excelente

1854 Scilla madeirensis (Autonoe madeirensis) Excelente

A distribuição cartográfica das espécies de flora ameaçadas constantes na Directiva Habitats está

disponível no Relatório Nacional de Implementação da Directiva Habitats do Instituto da Conservação

da Natureza e da Biodiversidade.

Page 20: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 20

ESPÉCIES INVASORAS

No fim do século XIX, a Tabaqueira, Nicotiana glauca, que mais tarde se provou ser invasora, foi

introduzida na Selvagem Grande. Veio a ocupar uma área potencial de distribuição importante, sendo

prejudicial para as aves marinhas. O objectivo desta introdução foi o uso das folhas para tabaco e do

material lenhoso para combustível.

Em relação a esta planta na Selvagem Grande, ela foi alvo de um projecto de erradicação, de 2001 a

2004, tendo sido atingidos plenamente os seus objectivos e, desde 2004, continuando até à

actualidade, procede-se ao controlo de seguimento da erradicação efectuando uma monitorização

cuidadosa, de modo a eliminar alguma planta que apareça dispersa, esgotando o banco de sementes

existente no solo.

A Selvagem Pequena e o Ilhéu de Fora nunca foram alvo de introdução de espécies vegetais.

Está implementado um plano de monitorização regular nestas ilhas, de forma a detectar e observar

atempadamente qualquer planta invasora e de imediato erradicá-la, recorrendo para o efeito a meios

mecânicos, sem a utilização de produtos químicos ou outros.

6.5 FAUNA

A fauna vertebrada das Ilhas Selvagens é caracterizada pelo largo domínio das aves marinhas

nidificantes e pela ausência de mamíferos nativos.

AVIFAUNA

As Ilhas Selvagens são um santuário de nidificação de aves marinhas e classificadas como Important

Bird Area (IBA) incluídas na Directiva Aves (79/409/CEE), possuindo condições singulares e únicas

em todo o mundo. Devido à sua localização geográfica, apresentam uma sobreposição de espécies

cujas áreas preferenciais de distribuição estão localizadas a Norte, com espécies nas quais as áreas

de distribuição se localizam mais a Sul. Deste modo, e devido ao bom estado de conservação dos

habitats destas espécies, as Ilhas Selvagens abrigam um número extremamente significativo de

Page 21: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 21

comunidades de aves marinhas, devido não só à variedade de espécies, mas também ao número de

indivíduos.

A avifauna nidificante destas ilhas é composta por 9 espécies pertencentes a 3 familias: Procelaridae

(5 espécies), Laridae (3 espécies) e Motacillidae (1 espécie). Na Tabela 4, são apresentados os

valores referentes ao tamanho da população e à respectiva tendência de evolução, para 6 das 9

espécies referidas.

Tabela 4. Tamanho e tendência populacional para seis espécies de aves nidificantes nas Ilhas Selvagens.

Especies Tamanho Pop. (Pares)

Tend. Referencia

Cagarra Calonectris diomedea borealis 29 540 + Granadeiro et al. (2006)

Calcamar Pelagodroma marina hypoleuca

(+)40 000 estável Campos (2002)

Alma Negra Bulweria bulwerii (+) 4 000 estável Zino, Biscoito e Oliveira (2000)

Roque de Castro Oceanodroma castro (+) 1 500 estável Zino, Biscoito e Oliveira (2000)

Pintainho Puffinus puffinus assimilis (+) 2 700 ? Oliveira e Moniz (1995)

Garajau rosado Sterna dougallii < 5 Oliveira (1999) + = pop. a crescer; ? = não há dados.

Na tabela 5, são apresentadas as espécies de aves constantes do anexo I, da Directiva 79/409/CEE e

anexo A-I do Dec. Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro.

Tabela 5. Avifauna de interesse comunitário

Código Espécie Grau de conservação

A010 Calonectris diomedea borealis Excelente

A192 Sterna dougallii -

A193 Sterna hirundo Boa

A387 Bulweria bulwerii Excelente

A388 Puffinus assimilis Excelente

A389 Pelagodroma marina Excelente

A390 Oceanodroma castro Excelente

Page 22: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 22

A colónia de Cagarras, constitui a colónia desta espécie com maior densidade em todo o mundo, não

é, no entanto, a colónia de aves mais numerosa que existe nas Selvagens. Bastante mais discreta, os

pequenos e silenciosos Calcamares, formam uma colónia bem maior.

O Garajau rosado, Sterna dougallii, que nidifica em pequeno número no Ilhéu de Fora é

extremamente sensível à presença humana e consequentemente uma espécie que está sob grande

ameaça a nível mundial.

A Alma negra, Bulweria bulwerii, o Roque de Castro, Oceanodroma castro, e o Pintaínho, Puffinus

assimilis baroli, constituem as restantes aves marinhas que nidificam em números bastante

significativos nas Selvagens, contribuindo e conferindo-lhe assim este carácter único.

As aves acima mencionadas são espécies migratórias aparecendo nestas ilhas durante o seu período

reprodutivo. As aves residentes que podem ser encontradas durante todo o ano nas Selvagens são o

Corre-caminhos, Anthus berthelotii berthelotii, a mesma subespécie que se encontra nas Ilhas

Canárias, mas não no Arquipélago da Madeira, e um pequeno número de casais de Francelhos,

Falco tinnunculus canariensis.

Muitas outras aves de várias espécies visitam ocasionalmente as Ilhas Selvagens, sobretudo no

Outono e no Inverno.

As espécies de aves acima mencionadas e outras estão listadas no Anexo VI.

OUTRAS ESPÉCIES NATIVAS

As outras espécies de vertebrados, Anexo IV, que encontramos nestas ilhas são a Osga, Tarentola

bischoffi e a Lagartixa, Teira dugesii selvagensis. A Osga é um réptil endémico da Macaronésia

ocorrendo apenas em El Hierro (Ilhas Canárias) e nas Ilhas Selvagens.

Nestas ilhas, também podemos encontrar um apreciável número de invertebrados endémicos, Anexo

IV. Existe um elevado número de insectos endémicos, sobretudo coleópteros e lepidópteros, Deucalion

oceanicum e Oligota selvagensis, endémico das Selvagens e Agrotis lanzarotensis, endémico da

Selvagem Pequena, são bons exemplos.

Page 23: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 23

Nos gastrópodes terrestres temos 8 espécies dadas para as Ilhas Selvagens, sendo uma endémica

da Macaronésia, Ovatella aequalis (Lowe, 1832) e uma endémica das Ilhas Selvagens, Theba

macandrewiana (Pfeiffer, 1853).

Na tabela 6, são apresentadas as espécies da fauna (excepto aves) constantes do anexo B-II do Dec.

Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro:

Tabela 6. Fauna de interesse comunitário

Código Espécie

1224 Caretta caretta

1095 Petromyzon marinus A negrito as espécies prioritárias

Na tabela 7, constam outras espécies animais (excepto aves) constantes dos anexos B-IV e B-V do Dec. Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro:

Tabela 7. Outra fauna de interesse comunitário

Espécie Anexos

Teira dugesii selvagensis B-IV

Caretta caretta B-IV

Tarentola bischoffi B-IV A negrito as espécies prioritárias

ESPÉCIES MARINHAS O sistema litoral das Ilhas Selvagens é constituído por uma costa rochosa bastante exposta ao

hidrodinamismo marinho. Na Selvagem Grande, predomina a costa rochosa com declive bastante

acentuado enquanto que, na Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora, prevalecem as plataformas

rochosas existindo pequenas praias de areia branca. No mar adjacente destas ilhas, encontram-se

alguns prolongamentos rochosos, pequenos ilhéus e uma grande quantidade de baixios.

A fauna marinha das Ilhas Selvagens é semelhante à do arquipélago da Madeira.

Nas zonas rochosas a seguir ao domínio terrestre, no nível supralitoral encontram-se povoamentos

de litorinas Littorina striata e do líquene Verrucaria maura que se assemelha a manchas de alcatrão.

De forma isolada, começam a aparecer caramujos Gibula sp. O limite inferior do andar supralitoral é

marcado pelo aparecimento de colónias de cracas Cthmalus stellatus. Também característico deste

Page 24: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 24

nível, mas pouco frequente, é o liquene Lichina pygmaea. Grupos de lapas começam a surgir,

primeiro as lapas Patella pipperata, e depois Patella aspera e Patella candei candei que se estendem

até ao infralitoral. Neste aparece o Caranguejo Judeu Grapsus grapsus.

No nível médio do médiolitoral, existe uma diversidade mais elevada de espécies de fauna e flora. Em

alguns locais, encontram-se faixas ao longo da costa da alga verde Entheromorfa sp. Neste nível

encontram-se vários enclaves onde se encontram formações de algas calcárias Lithophyllum sp. ou

Lithothamnia sp. a revestir as paredes das poças. Em algumas poças, também se encontram densos

tufos formados por algumas colónias de algas verdes entre outras. Aqui, também se encontram

algumas espécies típicas do andar infralitoral como é o caso das anémonas, das esponjas e dos

equinodermes Paracentratus lividus e Arbacia lixula. A fauna é caracterizada pelos peixes cabozes

Mauligobius maderensis e Blennius parvicornis e pelo Camarão das Poças Palaemon elegans.

As reentrâncias rochosas, que se mantêm mais húmidas e escuras, são o habitat preferencial de

algumas espécies de crustáceos (Pachygrapsus spp. e Eriphia verrucosa) e de gastrópodes

(Monodonta spp. e Gibbula candei).

No infralitoral, o número de organismos aumenta, passa-se a ter um maior coberto vegetal onde

predominam as algas Padina pavonica, Asparagopsis armata, Blidingia minima e as algas dos

géneros Jania sp., Corallina sp., Ulva sp., e consequentemente uma fauna mais diversificada que

inclui crustáceos anfípodes, isópodes e decápodes, sipunculídeos, anelídeos poliquetas e moluscos

gastrópodes que vivem entre as algas e na massa sedimentar retida por estas.

Nas superfícies menos povoadas por algas, existe uma fauna séssil muito variada que inclui esponjas

Verongia aerophoba, Chondrosia reniformis e Batzela inops, as anémonas Anemonia viridis e Aiptasia

mutabilis, estrelas do mar Marthasterias glacialis, e muitas espécies de peixes Thalassoma pavo,

Abudefduf luridus, Chromis limbata, Sparisoma cretense, Centrolabrus trutta, Mycteroperca fusca,

Serranus atricauda, etc). Dentro dos moluscos há a assinalar as espécies Lima lima,Flexopecten

flexuosus, Hexaplex trunculus e Spondylus gaederopus. O poliqueta Hermodice carunculata é

também muito abundante.

Nos fundos rochosos, são frequentes as holotúrias e os ouriços-do-mar, sendo a espécie dominante o

Ouriço-de-espinhos-longos Diadema antillarum, muito provavelmente um dos grandes responsáveis

pela reduzida concentração de algas.

Page 25: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 25

No que se refere à ictiofauna, abundam o Bodião Sparisoma cretense, a Salema Sarpa salpa, o

Sargo Diplodus sp, a Tainha Mugil auratus, as castanhetas Chromis chromis e Abudefduf luridus, a

Dobrada Oblada melamura, a Boga Boops boops e o Peixe-verde Thalassoma pavo.

Nas Ilhas Selvagens ocorrem também tartarugas Caretta caretta e várias espécies de mamíferos

marinhos como o Roaz-corvineiro Tursiops truncatus, o Golfinho-riscado Stenella coeruleoalba e o

Golfinho-comum Delphinus delphis.

No anexo III e anexo V encontra-se a listagem de espécies de flora e fauna marinha,

respectivamente.

A distribuição cartográfica das espécies de fauna ameaçadas constantes na Directiva Habitats está

disponível no Relatório Nacional de Implementação da Directiva Habitats do Instituto da Conservação

da Natureza e da Biodiversidade.

ESPÉCIES INTRODUZIDAS

Historicamente, três espécies de vertebrados foram introduzidas na Selvagem Grande: cabras,

coelhos e ratos. A libertação destes animais aconteceu em relação directa com o uso da ilha pelos

habitantes da Madeira. A cabra, foi introduzida no tempo da descoberta destas Ilhas (Século XV),

desaparecendo no início do século passado. Tal como a cabra, também o coelho se pensa ter sido

introduzido na mesma altura (séc. XV).

Em 2000, lançou-se um trabalho de recuperação dos habitats terrestres da Selvagem Grande e, após

estudos de variabilidade da espécie, foi tomada a decisão da erradicação do coelho e dos ratos, a

qual obteve êxito total. Posteriormente, procedeu-se a uma intensa monitorização, dizendo-se, em

finais de 2003, que “não existem vestígios de coelho e julga-se que o murganho também está extinto”.

Após esta data, confirmou-se a extinção dos ratos nesta ilha.

Todo este esforço tem sido acompanhado por um sólido programa de monitorização, que permitirá o

melhor acompanhamento dos processos regenerativos que os ecossistemas apresentam. Espera-se

que estes habitats evoluam em direcção a uma situação de equilíbrio, tal como se encontram as

outras duas ilhas que nunca foram alvo de introduções.

Page 26: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 26

7. CARACTERIZAÇÃO DAS INFRA-ESTRUTURAS E RESPECTIVAS SERVIDÕES

ADMINISTRATIVAS

As Selvagens foram descobertas pelos Portugueses no Século XV (1438). Desde o Século XVI, foram

mudando de posse de privados, por heranças. Assim, foram propriedade de vários privados ao longo

dos tempos mantendo, no entanto, o seu registo na freguesia da Sé, concelho do Funchal.

Em 1971, passaram a pertencer ao Estado Português, através de escritura lavrada pelo 1º Cartório

da Secretaria Notarial do Funchal, estando sob a administração territorial da Região Autónoma da

Madeira.

Nos diversos usos privados destas ilhas e nas várias tentativas de colonização humana efectuadas

desde a sua descoberta até à compra pelo Estado Português, foram várias as construções, como se

pode observar pelos vestígios de muros de pedra, velha cisterna e respectivos canais. Em 1967, foi

edificada uma primeira casa, pertença do grande naturalista Paul Alexander Zino, a qual ainda hoje

pertence à sua família.

Desde 1976 que existe Vigilância permanente nestas ilhas, tendo sido construída, em 1978, na

Selvagem Grande uma casa pelo Serviço do Parque Natural da Madeira com esta finalidade, um

pequeno abrigo em madeira no planalto e, mais tarde, uma pequena casa em madeira na Selvagem

Pequena.

Em 1977, foram instalados pela primeira vez dois farolins: um na Selvagem Grande, no Pico da

Atalaia e outro na Selvagem Pequena, no Pico Veado. Em 1981, foi remodelado o sistema de

funcionamento, tendo sido implementado pela primeira vez no sistema de sinalização marítima

português, o funcionamento com o recurso a energia fotovoltaica. Actualmente, o alcance luminoso

do farolim da Selvagem Grande é de 13 milhas e o da Selvagem Pequena é de 12 milhas, sendo

estas infraestruturas da Direcção de Faróis.

Na área de intervenção deste Plano aplicam-se todas as servidões administrativas e restrições de

utilidade pública constantes da legislação em vigor, nomeadamente as decorrentes dos seguintes

regimes jurídicos:

Page 27: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 27

• Servidões e restrições para a conservação do património natural da Reserva Ecológica

Nacional.

• Reserva Agrícola Nacional.

• Servidão militar.

• Servidões e restrições para conservação do património natural da Reserva Natural das Ilhas

Selvagens.

• Servidões e restrições para protecção das infraestruturas e equipamentos, inerentes à

protecção de faróis.

• Servidão aeronáutica.

• Servidões da Rede Natura 2000.

• Protecção a marcos geodésicos.

• Domínio Público Hídrico.

Na área objecto de servidões administrativas ou restrições de utilidade pública, os usos e as

construções que vierem a merecer parecer favorável das entidades competentes, nos termos da

legislação aplicável, não dispensam o cumprimento das regras constantes deste Plano.

8. ENQUADRAMENTO SOCIOECONÓMICO

As Ilhas Selvagens foram alvo de várias tentativas de colonização humana, mas tal foi inviabilizado

devido à sua inospicidade e, principalmente, ausência de água.

Historicamente, o interesse económico das Ilhas Selvagens, esteve associado, logo após a sua

descoberta, à colheita de urzela, um líquen que cresce nas rochas em escarpas e cujo comércio, no

século XVIII, era muito intenso, utilizando-a em tinturaria. Também aqui, foram exploradas e

comercializadas duas plantas, Mesembryanthemum crystalinum e Mesembryanthemum nodiflorum,

ambas chamadas de barrilha, utilizadas no fabrico de sabão.

Também, nesses tempos longínquos, os proprietários destas ilhas exploravam a pesca e salgavam o

peixe, para posteriormente ser vendido na Ilha da Madeira.

Dado existir uma grande colónia de Cagarras, o seu estrume também era comercializado, na Ilha da

Madeira, como fertilizante para a agricultura. Outra utilização desta ave, que perdurou até 1967, foi a

Page 28: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 28

captura dos seus juvenis para, depois de mortos, servirem para a alimentação humana e as penas

para fabrico de colchões e afins.

Actualmente, as actividades humanas são estritamente controladas. A Selvagem Grande é visitada

temporariamente, em curtas estadias, por cientistas em trabalho e com autorização da entidade

gestora (SPNM) e, em permanência, pelos funcionários do SPNM.

Outras actividades a considerar nestas ilhas são a pesca e o turismo.

A Selvagem Pequena só é habitada, de Maio a Outubro, por funcionários de SPNM, para que a sua

vigilância possibilite uma protecção mais eficaz dos ecossistemas.

PESCA

Os recursos piscícolas das Ilhas Selvagens sempre atraíram uma intensa actividade piscatória

associada, também, à captura de Cagarras.

Numa fase inicial e até ao aparecimento das embarcações a motor, estas actividades foram exercidas

de forma controlada. Com o aparecimento das embarcações a motor, a colónia de Cagarras começou

a mostrar fortes indícios de regressão, tendo sido efectuada a última expedição para estas

actividades, em 1967. Os recursos piscícolas também, rapidamente entraram num estado de sobre-

exploração.

Com a criação da Reserva Natural das Ilhas Selvagens em 1971, a captura de aves marinhas deixou

de ser praticada e a exploração dos recursos haliêuticos passou a ser exercida de forma sustentada,

só sendo permitida a pesca comercial para grandes peixes pelágicos migratórios e / ou para pesca de

isco vivo e a pesca submarina de recreio, de acordo com a legislação em vigor para o sector.

TURISMO

As Ilhas Selvagens são visitadas por pessoas que ali se deslocam através de embarcações privadas

e ou de embarcações marítimo-turísticas e, também, nos navios de Guerra da Marinha Portuguesa,

mediante autorização da entidade gestora (SPNM).

Page 29: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 29

As ilhas são visitadas, durante todo o ano, por um número significativo de embarcações e visitantes,

tendo atingido, em 2008, o número de 180 embarcações e 490 pessoas.

De Maio a Outubro, também é permitida a visita da Selvagem Pequena, mas esta ocorre em muito

menor número. Registou-se, em 2008, a presença de 56 pessoas.

Page 30: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 30

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS

SÍTIO DE IMPORTÂNCIA COMUNITÁRIA – PTSEL0001

REDE NATURA 2000

ANÁLISE ESTRATÉGICA

Page 31: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 31

1. ANÁLISE ESTRATÉGICA

No âmbito da análise estratégica que se pretende efectuar são identificados os factores que mais

condicionam a gestão da área objecto do Plano. Este Plano procura através da identificação dos

pontos fortes e dos pontos fracos das Ilhas Selvagens (tabela 8) bem como da análise das

oportunidades associadas ao Sítio e das ameaças (Tabela 9) que condicionam a gestão do espaço,

procurando, depois da análise destes aspectos, obter os objectivos estratégicos que as acções

propostas devem procurar atingir.

Tabela 8. Pontos fortes e pontos fracos das Ilhas Selvagens.

PONTOS FORTES

PONTOS FRACOS

Reserva Natural Integral, desde 1971 Elevada sensibilidade à actividade humana

Desde 1992, detêm o Diploma Europeu do

Conselho da Europa e, desde 1997, elevada

à categoria A deste Diploma Europeu

O isolamento e a dificuldade de acesso

implicam um esforço na Vigilância e na

logística destas Ilhas

Sítio de Importância Comunitária – Rede

Natura 2000, Important Bird Area (IBA) e

Zona de Protecção Especial (ZPE)

Precipitação com valores muito baixos,

levando à inexistência de água doce

Espaço natural de elevado valor ecológico,

biológico e paisagístico Dificuldade de comunicação

Sítio sob administração e gestão pública Distanciamento a socorro

Incluídas no POTRAM como área de uso

proibido

Financiamentos externos não regulares

(dependentes da candidatura a Programas

de Financiamento)

Desde 1976, com um nível de vigilância

permanente e eficaz

Fiscalização da área, como Zona Económica

Exclusiva e apoio na logística, através do

Comando da Zona Marítima da Madeira da

Marinha de Guerra Portuguesa

Ilhas inseridas na Região da Macaronésia

Page 32: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 32

Ocorrência de grandes colónias de aves

marinhas com excelentes condições para a

nidificação

PDM do Funchal como área “non

aedificandi”

Isolamento das Ilhas contribui para a sua

conservação (acesso unicamente marítimo,

não existindo viagens regulares)

Espaço com elevado potencial para o

desenvolvimento de estudos científicos

Espaço onde a actividade piscatória é

estritamente controlada

Excelente qualidade ambiental

Excelente transparência da água do mar

Elevada autenticidade e integridade do

património natural e paisagístico

Contribui para a diversidade da Região

Autónoma da Madeira e de Portugal

Esta metodologia consiste sumariamente numa análise das características internas da área de

intervenção deste Plano (pontos fortes e pontos fracos) e do seu enquadramento no contexto externo

(oportunidades e ameaças).

Com base nesta análise, consegue-se obter uma ideia muito concreta das características do local e

do seu contexto, podendo assim delinear a estratégia que se julga mais adequada.

Page 33: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 33

Tabela 9. Oportunidades e ameaças para o Sítio

OPORTUNIDADES

AMEAÇAS

Promoção da Região e do País através da

Conservação da Natureza

Introdução e/ou dispersão de plantas com

carácter invasor

Conservação da flora e vegetação autóctone

e habitats naturais Introdução de animais exóticos

Promoção e realização de Projectos

Técnico-científicos Erosão dos solos

Intercâmbio de experiências e estudos

científicos Pesca ilegal

Promoção e realização de projectos de

conservação envolvendo a sociedade,

nomeadamente entidades privadas

A pressão humana desregrada poderá

comprometer os esforços de conservação

Existência de Programas de financiamento

comunitário

Derrames de crude (hidrocarbonetos)

resultantes de acidentes com petroleiros

e/ou lavagens de tanques

Aumento da procura turismo de natureza

Integração das medidas propostas em

outros instrumentos de gestão territorial

Existência de importantes nichos de

mercado turístico

2. OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS

Com base no que foi anteriormente apresentado, foram delineados os objectivos estratégicos a que a

entidade gestora deste espaço, se propõe atingir, com vista à protecção e conservação nesta área de

intervenção.

Neste sentido, importa definir e implementar orientações estratégicas ambiciosas, mas sobretudo

exequíveis, que serão prosseguidas, através da concretização dos seguintes objectivos estratégicos:

Page 34: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 34

• CONSERVAR, MELHORAR E PROTEGER TODOS OS ECOSSISTEMAS

o Proteger os habitats e espécies terrestres e marinhos;

o Manter a sustentabilidade dos recursos marinhos;

o Monitorizar e continuar a proteger as espécies de fauna e flora, com destaque para as que

apresentam elevado valor de conservação;

o Manter as condições para a recuperação do coberto vegetal da Selvagem Grande;

o Manter a vegetação da Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora em bom estado de conservação e

prístino.

• PROMOVER, COORDENAR E APOIAR AS PESQUISAS QUE VISAM O MELHORAMENTO DO

CONHECIMENTO DAS ESPÉCIES E HABITATS

o Continuar a melhorar o conhecimento científico das Ilhas Selvagens;

o Continuar a promover a realização de programas de investigação de habitats e espécies das

Ilhas Selvagens;

o Desenvolver mecanismos para partilhar informação e promover a coordenação entre

investigadores.

• MELHORAR A DIVULGAÇÃO, CONHECIMENTO E APRECIAÇÃO DO SÍTIO

o Aumentar o apoio por parte do público em geral e institucional para a conservação das Ilhas

Selvagens;

o Melhorar as condições de recepção e informação dos visitantes;

o Continuar a garantir internacionalmente o reconhecimento do valor de conservação do Sítio e

dos esforços para a sua gestão sustentada.

• GERIR AS VISITAS, NA VERTENTE LUDICO-TURÍSTICA, PARA QUE NÃO COLIDAM COM O

VALOR DE CONSERVAÇÃO DAS ILHAS SELVAGENS

o Continuar a adquirir o conhecimento necessário para definir estratégias que permitam a

conservação do Sítio face à pressão humana na vertente ludico-turística;

o Melhorar os mecanismos e condições de acompanhamento dos visitantes e suas actividades.

Page 35: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 35

• MELHORAR AS CONDIÇÕES LEGAIS PARA QUE A GESTÃO DO SÍTIO SEJA EFECTUADA

DE FORMA MAIS EFICAZ

o Continuar a prover o Sítio de um quadro legal adequado;

o Avaliar a necessidade de melhoramento dos mecanismos legais de protecção para uma

utilização regrada do Sítio.

• GERIR O SÍTIO DE FORMA ADEQUADA E EFECTIVA DE ACORDO COM AS ORIENTAÇÕES

PROPOSTAS

o Monitorizar a implementação do Plano proposto;

o Continuar a prover meios financeiros para o desenvolvimento das actividades apresentadas

neste Plano.

Objectivo Estratégico: Conservar, melhorar e proteger todos os ecossistemas

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Proteger os habitats e espécies

terrestres e marinhos;

B – Manter a sustentabilidade dos recursos

marinhos;

C – Monitorizar e continuar a proteger as

espécies de fauna e flora, com destaque

para as que apresentam elevado valor de

conservação;

D – Manter as condições para a

recuperação do coberto vegetal da

Selvagem Grande;

Dar continuidade ao trabalho de vigilância e

protecção do Sítio nas vertentes terrestre e

marinha;

Melhorar as condições de vigilância das Ilhas

Selvagens (bote, sistemas de comunicação,

entre outros);

Melhorar as condições logísticas e infra-

estruturas da Selvagem Grande e Selvagem

Pequena;

Avaliar a possibilidade de implementar um

sistema de videovigilância principalmente na

Page 36: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 36

E – Manter a vegetação da Selvagem

Pequena e Ilhéu de Fora em bom estado

de conservação e prístino.

Selvagem Pequena nos meses de Novembro

a Abril;

Monitorizar as actividades dos pescadores e

demais utilizadores das Ilhas Selvagens;

Manter a protecção dos habitats das aves

marinhas nidificantes;

Manter a protecção das aves marinhas da

actividade humana;

Dar continuidade à monitorização das

espécies de aves marinhas nidificantes;

Dar continuidade à monitorização dos

artrópodes, nomeadamente insectos e

aracnídeos contribuindo para o melhor

conhecimento sobre a fauna invertebrada;

Dar continuidade à monitorização da osga

Tarentola bischoffi e da lagartixa Teira

dugesii selvagensis;

Dar continuidade aos trabalhos de

monitorização do corre caminhos Anthus

berthelotii berthelotii;

Continuar a monitorização da população de

gaivota na Selvagem Grande com objectivo

de avaliar a necessidade de definir e colocar

em prática uma estratégia para minimizar o

impacto desta sobre as aves marinhas;

Page 37: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 37

Dar continuidade à monitorização da

vegetação na Selvagem Grande;

Monitorizar algumas espécies de plantas

endémicas e/ou prioritárias que ocorrem no

Sítio;

Prevenir a introdução de animais exóticos

com destaque, para a prevenção de

reintrodução de Coelho e Murganho;

Dar continuidade ao projecto de

controlo/erradicação de plantas invasoras,

nomeadamente a Tabaqueira Nicotiana

glauca

Monitorizar as espécies de plantas que

possam apresentar carácter invasor e definir

um programa de controlo das mesmas;

Promover junto das autoridades competentes

para que mntenham actualizado um plano de

contingência em caso de poluição ambiental.

Page 38: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 38

Objectivo Estratégico: Promover, coordenar e apoiar as pesquisas que visam o melhoramento

do conhecimento das espécies e habitats.

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Continuar a melhorar o conhecimento

científico das Ilhas Selvagens

B – Continuar a promover a realização de

programas de investigação de habitats e

espécies das Ilhas Selvagens

C – Desenvolver mecanismos para partilhar

informação e promover a coordenação entre

investigadores

Estabelecer prioridades relativas às

necessidades actuais e futuras de

investigação sobre a biologia e ecologia

dos diferentes grupos de fauna e flora;

Avaliar a necessidade de melhorar as

condições de recepção e apoio logístico

a investigadores, cientistas e estudantes

interessados em desenvolver algum

estudo e/ou em colaborar nos programas

de investigação a decorrer no Sítio;

Continuar a treinar e preparar pessoal,

envolvido na gestão da área, para que

possa apoiar e colaborar nos programas

de investigação desenvolvidos;

Manter em curso o esquema básico de

monitorização dos diferentes grupos de

animais e de plantas que possa ser

desenvolvido pelos Vigilantes da

Natureza em serviço nas Ilhas

Selvagens;

Dar continuidade ao estudo de

fitossociologia na Selvagem Grande;

Continuar o programa de inventariação

Page 39: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 39

da brioflora e dos líquenes no Sítio;

Continuar o programa de inventariação

da flora e fauna marinha;

Continuar a executar o levantamento dos

valores patrimoniais das Ilhas

Selvagens, efectuando o seu registo em

SIG.

Estabelecer protocolos de cooperação

entre diferentes entidades (regionais,

nacionais e internacionais) com o

objectivo de desenvolver trabalhos

científicos sobre a fauna, flora e geologia

do Sítio;

Participar e apresentar informação em

encontros científicos nacionais e/ou

internacionais;

Promover o intercâmbio de informação

através da realização de fóruns de

debate e discussão;

Promover a publicação em revistas

científicas dos resultados dos trabalhos

desenvolvidos.

Page 40: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 40

Objectivo Estratégico: Melhorar a divulgação, conhecimento e apreciação do Sítio.

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Aumentar o apoio por parte do

público em geral e institucional para

a conservação das Ilhas Selvagens;

B – Melhorar as condições de

recepção e informação dos

visitantes.

C – Continuar a garantir

internacionalmente o

reconhecimento do valor de

conservação do Sítio e dos esforços

para a sua gestão sustentada.

Continuar a implementar campanhas de divulgação

direccionadas a diferentes grupos com o objectivo de

dar a conhecer a importância de conservação das

Ilhas Selvagens;

Divulgar as Ilhas Selvagens e os seus projectos

através dos órgãos de comunicação social;

Proporcionar aos funcionários, envolvidos na gestão

da área, seminários e cursos de formação para que

possam transmitir melhor aos visitantes a informação

sobre as Ilhas Selvagens;

Melhorar o espaço para a recepção adequada de

visitantes na Selvagem Grande;

Melhorar a informação disponível (exposição) na

Estação de Vigilância da Selvagem Grande;

Aumentar os painéis interpretativos sobre as Ilhas

Selvagens para apoio à recepção de visitantes na

Selvagem Grande;

Manter a elaboração de material divulgativo sobre o

Sítio e espécies representativas como as aves

marinhas nidificantes;

Melhorar a informação disponível na Selvagem

Pequena;

Page 41: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 41

Continuar a promover internacionalmente as Ilhas

Selvagens, através de candidaturas a Galardões

internacionais para a Conservação da Natureza;

Garantir a renovação do Galardão de Área Diplomada

do Conselho da Europa.

Objectivo Estratégico: Gerir as visitas, na vertente ludico-turística, para que não colidam com

o valor de conservação das Ilhas Selvagens

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Continuar a adquirir o conhecimento

necessário para definir estratégias que

permitam a conservação do Sítio face à

pressão humana na vertente lúdico-

turistica;

B – Melhorar os mecanismos e

condições de controlo dos visitantes e

suas actividades.

Manter actualizado o balanço dos problemas e

potencialidades do Sítio;

Manter a aplicação do regulamento interno da

Reserva;

Manutenção dos locais definidos para as

actividades lúdico-turisticas (trilhos, zona de

convívio junto à casa)

Avaliar a necessidade de definição da Carta de

Desporto das Ilhas Selvagens.

Page 42: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 42

Objectivo Estratégico: Melhorar as condições legais para que a gestão do Sítio seja efectuada

da forma mais eficaz

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Continuar a prover o Sítio de um

quadro legal adequado;

B – Avaliar a necessidade de

melhoramento dos mecanismos legais

de protecção para uma utilização

regrada do Sítio.

Avaliar a necessidade de actualizar a legislação

das Ilhas Selvagens;

Avaliar a necessidade de actualização do

regulamento interno desta área protegida;

Manter a implementação dos devidos

mecanismos para que a protecção legal seja

efectiva;

Avaliar a necessidade de promover a inclusão das

Ilhas Selvagens nas Áreas de Mar Particularmente

Sensíveis sob o auspício da Marpol 73/78.

Objectivo Estratégico: Gerir o Sítio de forma adequada e efectiva de acordo com as

orientações propostas

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Monitorizar a implementação do

Plano proposto;

Acompanhar e avaliar o desenvolvimento deste

Plano pela Comissão Consultiva da entidade

gestora;

Page 43: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 43

B – Continuar a prover meios financeiros

para o desenvolvimento das actividades

apresentadas neste Plano.

Manter a dotação orçamental para a gestão do

Sítio, de acordo com o Plano;

Continuar a procurar fontes externas de suporte

financeiro para o Sítio.

3. VISÃO ESTRATÉGICA

Uma série de valores de conservação podem distinguir as Ilhas Selvagens. O principal Valor de

Conservação baseia-se no facto destas ilhas representarem um exemplo de desenvolvimento dos

processos biológicos e ecológicos da vida marinha e terrestre que ocorreram nos ecossistemas e nas

comunidades. Devido a uma combinação de vários factores – nomeadamente, localização geográfica,

isolamento e condições específicas de colonização – apresentam habitats e espécies que são

particularmente representativos e importantes para a conservação in situ da biodiversidade,

particularmente das espécies que são vulneráveis a nível mundial.

As Ilhas Selvagens estão inscritas na Categoria I de Gestão de Áreas Protegidas da IUCN (União

Internacional de Conservação da Natureza), como: “Área de Reserva Natural Integral gerida

prioritariamente para fins de pesquisa científica, assegurando que os habitats, ecossistemas e as

espécies nativas se mantenham livres de perturbação, tanto quanto possível”.

Num momento em que, a nível global, se acentuam as pressões sobre os espaços naturais, urge a

harmonização do usufruto destes com estratégias que visem a sua conservação. A enorme variedade

de elementos interdependentes e produtores de bens e serviços que os espaços naturais

compreendem, leva a que sejam criadas políticas, planos, métodos e práticas de gestão sustentável,

com o intuito de atingir esse desiderato.

Considerando tudo isto, a estratégia preconizada pelo POGIS assenta numa gestão sustentável das

Ilhas Selvagens, que assegure às gerações futuras um património natural em equilíbrio, promovendo

os valores naturais e as oportunidades de recreio, lazer e uso pelos visitantes, sem que isto

comprometa a conservação de todos os valores naturais, numa perspectiva de manutenção da

autenticidade e integridade deste património natural e paisagístico.

Page 44: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 44

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS

SÍTIO DE IMPORTÂNCIA COMUNITÁRIA – PTSEL0001

REDE NATURA 2000

REGULAMENTO

Page 45: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 45

1. INTRODUÇÃO

Neste Regulamento pretende-se estabelecer regimes de salvaguarda dos recursos e valores naturais

e o regime de gestão compatível com a manutenção e a valorização da paisagem natural e da

biodiversidade da respectiva área de intervenção.

As normas e princípios do POGIS vinculam os particulares e as entidades públicas, designadamente

os órgãos e serviços da administração pública, regional e local.

A criação da Reserva Natural Integral das Ilhas Selvagens, Decreto-lei n.º 458/71, de 29 Outubro,

reclassificada através do Decreto Regional n.º 15/78/M, de 10 Março e do Decreto Regional n.º

11/81/M, de 7 Abril, teve por preocupação fundamental criar o quadro legal que permitisse uma

protecção racional e eficaz das espécies de animais e plantas marinhas e terrestres, raras e

endémicas existentes naquelas ilhas. Em 1986, numa perspectiva de reforço dos trabalhos de

conservação, de forma a uma manutenção da elevada autenticidade e integridade do património

natural e paisagístico destas ilhas, é publicado o Decreto-lei nº 13/86, de 28 Maio. Desde 1992, que o

trabalho de conservação da natureza que tem vindo a ser implementado e desenvolvido, tem sido

reconhecido pelo Conselho da Europa através da atribuição do Diploma Europeu deste Conselho,

com a categoria A.

A Reserva está orgânica e administrativamente integrada no Serviço do Parque Natural da Madeira.

2. REGULAMENTAÇÃO

O Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens, abreviadamente designado por POGIS, tem

a natureza jurídica de regulamento administrativo e com ele se devem conformar os planos

municipais de ordenamento do território, bem como os programas e projectos, de iniciativa pública ou

privada, a realizar na área de intervenção.

O POGIS aplica-se à área identificada, designada por área de intervenção, que é definida pelo

território terrestre e pelos fundos marinhos até à batimétrica dos 200 m.

Page 46: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 46

Toda a área tem o estatuto de Reserva Integral, sendo assim, é área de Protecção Total, isto é, área

de elevado valor ecológico e biofísico, potencialmente vulnerável às actividades humanas e/ou com

capacidade de regeneração limitada.

A fiscalização das Ilhas Selvagens é assegurada pela Secretaria Regional do Ambiente e dos

Recursos Naturais, através da equipa de Vigilantes da Natureza, do Serviço do Parque Natural da

Madeira que prestam vigilância permanente.

Estas ilhas têm algumas enseadas abrigadas que foram declaradas áreas oficiais de fundeadouros.

Assim, todas as embarcações, independentemente da sua nacionalidade, estão permitidas a fundear

nestas áreas de acordo com as indicações constantes na versão actualizada do Roteiro da Costa de

Portugal – Arquipélago da Madeira e do edital n.º 9/2006 da Capitania do Porto do Funchal. O

desembarque em terra só é permitido de acordo com a legislação em vigor.

A Marinha de Guerra Portuguesa através do Comando da Zona Marítima da Madeira garante a

fiscalização dos espaços marítimos que estão incluídos na Zona Económica Exclusiva da Madeira

(ZEE) e presta um apoio no transporte dos funcionários do Serviço do Parque Natural da Madeira,

assim como, de toda a logística necessária à prossecução dos objectivos da Reserva.

Toda a área terrestre é constituída por solo rural.

2. 1. ÂMBITO DE APLICAÇÃO

O POGIS tem a natureza de regulamento administrativo e com ele devem-se conformar os projectos

a realizar na sua área de intervenção.

A área de intervenção do presente Plano inclui a área terrestre das três ilhas – Selvagem Grande,

Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora e a área marinha até à batimétrica dos 200 m.

2.2. ACTOS E ACTIVIDADES INTERDITAS

Na área de intervenção do POGIS, para além daqueles cuja interdição decorre da legislação

específica e sem prejuízo das disposições específicas previstas para as áreas sujeitas a regimes de

protecção, são interditos os seguintes actos e actividades:

Page 47: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 47

a) A colheita, corte, captura, abate ou detenção de exemplares de seres vivos, incluindo a

destruição de ninhos e a apanha de ovos, bem como a destruição dos seus habitats naturais;

b) A introdução e o repovoamento de quaisquer espécies não indígenas da flora e fauna

terrestres;

c) A alteração da morfologia do solo, nomeadamente por escavações ou aterros;

d) A extracção de material geológico ou arqueológico ou a sua exploração, quer de origem

marinha, quer terrestre;

e) O abandono de detritos ou lixo;

f) O lançamento de águas provenientes de lavagens de embarcações, bem como, de águas

residuais de uso doméstico e com uso de detergentes, no mar ou no solo;

g) A prática de actividades ruidosas;

h) O sobrevoo por aeronaves com motor abaixo de 200 m, excepto por razões de vigilância,

para operações de busca e salvamento e militares;

i) Instalação de novas estruturas, infraestruturas e edificações;

j) O acesso livre;

k) A utilização de fundeadouros fora das zonas especialmente destinadas a esse fim.

Em casos excepcionais, fundados em situações de interesse público, poderão ser autorizadas as

actividades anteriormente referidas, desde que devidamente autorizadas pela entidade gestora.

2.2. ACTOS E ACTIVIDADES CONDICIONADAS

Sem prejuízo dos pareceres, das autorizações ou das aprovações legalmente exigíveis, bem como

das disposições específicas previstas para as áreas sujeitas a regime de protecção, na área de

Page 48: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 48

intervenção do POGIS ficam sujeitos a autorização da entidade gestora, mediante Regulamento

Interno desta área protegida, os seguintes actos e actividades:

a) Quaisquer obras de ampliação ou remodelação para fins de preservação ambiental ou para

salvaguarda e divulgação do património com utilidade pública;

b) A recolha de amostras biológicas, geológicas ou arqueológicas quer de origem marinha quer

terrestre;

c) Os trabalhos de investigação e divulgação científica, acções de monitorização, recuperação e

sensibilização ambiental, bem como acções de conservação da natureza e de salvaguarda

dos valores naturais;

d) O acesso a pessoas na totalidade da parte terrestre;

e) A pernoita no âmbito de actividades de sensibilização e pedagógicas;

f) A entrada de quaisquer animais de companhia, exceptuando cães de assistência e guarda

das instalações do SPNM e aqueles que sejam necessários nas intervenções relativas à

segurança pública;

g) As fotografias, filmagens e a captação de imagens e sons para fins comerciais e publicitários;

h) A prática de actividades desportivas, culturais e recreativas;

i) A introdução de veículos terrestres;

j) A circulação fora dos trilhos e caminhos;

k) A pesca recreativa;

l) A caça submarina.

Page 49: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 49

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS

SÍTIO DE IMPORTÂNCIA COMUNITÁRIA – PTSEL0001

REDE NATURA 2000

PLANO DE ACÇÃO

Page 50: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 50

1. INTRODUÇÃO

Este plano de acção encontra-se estruturado em três grupos de medidas: ordenamento e gestão,

valorização e defesa do espaço natural protegido.

2. PROGRAMAS DE ACÇÃO

2.1. MEDIDAS DE GESTÃO

No caso da gestão, considerámos ainda a distinção entre programas administrativos e programas

operacionais. Enquanto que os primeiros se referem à criação de condições para a implementação de

todas as outras medidas, os programas operacionais dizem já respeito à intervenção propriamente

dita sobre o espaço.

Os objectivos principais para a definição do ordenamento e gestão das Ilhas Selvagens são a

manutenção dos valores e processos naturais em estado tendencialmente não perturbado, a

preservação de exemplos de excepcional valor e ecologicamente representativos num estado de

conservação que garanta a dinâmica natural dos processos evolutivos e a conservação de

comunidades biológicas e a preservação dos valores geológicos das ilhas.

A definição de linhas orientadoras e estratégicas de ordenamento e gestão das Ilhas Selvagens

implica a identificação dos valores naturais, das actividades – definidas anteriormente no

Regulamento – e das infra-estruturas existentes e o estabelecimento de medidas de gestão, que não

coloquem em causa o património natural que levou à classificação deste Espaço Natural.

2.1.1. PROGRAMA ADMINISTRATIVO

No âmbito do programa administrativo estão previstas as seguintes medidas:

• Avaliar a necessidade de actualizar a legislação das Ilhas Selvagens;

• Avaliar a necessidade de actualização do regulamento interno desta área protegida;

Page 51: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 51

• Manter a implementação dos devidos mecanismos para que a protecção legal seja efectiva;

• Avaliar a necessidade de promover a inclusão das Ilhas Selvagens nas Áreas de Mar

Particularmente Sensíveis sob o auspício da Marpol 73/78;

• Manter a dotação orçamental para a gestão do Sítio, de acordo com o Plano;

• Continuar a promover internacionalmente as Ilhas Selvagens, através de candidaturas a

Galardões internacionais para a Conservação da Natureza;

• Garantir a renovação do Galardão de Área Diplomada do Conselho da Europa.

• Manter actualizado o balanço dos problemas e potencialidades do Sítio;

• Avaliar a necessidade de definição da Carta de Desporto das Ilhas Selvagens;

• Acompanhar e avaliar o desenvolvimento deste Plano pela Comissão Consultiva da entidade

gestora;

2.1.2 PROGRAMAS OPERACIONAIS

No âmbito dos programas operacionais estão previstas as seguintes medidas:

• Dar continuidade ao trabalho de vigilância e protecção do Sítio, nas vertentes terrestre e

marinha;

• Melhorar as condições de vigilância das Ilhas Selvagens (bote, sistemas de comunicação,

entre outros);

• Melhorar as condições logísticas e infra-estruturas da Selvagem Grande e Selvagem

Pequena (estação, sistema de energia, entre outros);

• Avaliar a possibilidade de implementar um sistema de videovigilância principlalmente na

Selvagem Pequena nos meses de Novembro a Abril;

Page 52: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 52

• Monitorizar as actividades dos pescadores e demais utilizadores das Ilhas Selvagens;

• Manter a protecção dos habitats das aves marinhas nidificantes;

• Manter a protecção das aves marinhas da actividade humana;

• Dar continuidade à monitorização das espécies de aves marinhas nidificantes;

• Dar continuidade à monitorização dos artrópodes, nomeadamente insectos e aracnídeos

contribuindo para o melhor conhecimento sobre a fauna invertebrada;

• Dar continuidade à monitorização da osga Tarentola bischoffi e da lagartixa Teira dugesii

selvagensis;

• Dar continuidade aos trabalhos de monitorização do corre caminhos Anthus berthelotii

berthelotii;

• Continuar a monitorização da população de gaivota na Selvagem Grande com objectivo de

avaliar a necessidade de definir e colocar em prática uma estratégia para minimizar o impacto

desta sobre as aves marinhas;

• Dar continuidade à monitorização da vegetação na Selvagem Grande;

• Monitorizar algumas espécies de plantas endémicas e/ou prioritárias que ocorrem no Sítio;

• Prevenir a introdução de animais exóticos, com destaque, para a prevenção de reintrodução

do Coelho e Murganho;

• Dar continuidade ao projecto de controlo/erradicação de plantas invasoras, nomeadamente a

Tabaqueira, Nicotiana glauca;

• Monitorizar as espécies de plantas que possam apresentar carácter invasor e definir um

programa de controlo das mesmas;

Page 53: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 53

• Promover junto das autoridades competentes para que mantenham actualizado o plano de

contingência em caso de poluição ambiental.

2.2. MEDIDAS DE VALORIZAÇÃO

2.2.1. INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

No âmbito das medidas de valorização através da investigação científica está previsto:

• Estabelecer prioridades relativas às necessidades actuais e futuras de investigação sobre a

biologia e ecologia dos diferentes grupos de fauna e flora;

• Dar continuidade ao estudo de fitossociologia na Selvagem Grande;

• Continuar o programa de inventariação da brioflora e dos líquenes no Sítio;

• Continuar o programa de inventariação da flora e fauna marinha;

• Continuar a executar o levantamento dos valores patrimoniais das Ilhas Selvagens

efectuando o seu registo em SIG;

• Avaliar a necessidade de melhorar as condições de recepção e apoio logístico a

investigadores, cientistas e estudantes interessados em desenvolver algum estudo e/ou em

colaborar nos programas de investigação a decorrer no Sítio;

• Continuar a treinar e preparar pessoal, envolvido na gestão da área, para que possa apoiar e

colaborar nos programas de investigação desenvolvidos;

• Manter em curso o esquema básico de monitorização dos diferentes grupos de animais e de

plantas que possa ser desenvolvido pelos Vigilantes da Natureza, em serviço nas Ilhas

Selvagens;

Page 54: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 54

• Estabelecer protocolos de cooperação entre diferentes entidades (regionais, nacionais e

internacionais) com o objectivo de desenvolver trabalhos científicos sobre a fauna, flora e

geologia do Sítio;

• Participar e apresentar informação em encontros científicos nacionais e/ou internacionais;

• Promover o intercâmbio de informação através da realização de fóruns de debate e

discussão;

• Promover a publicação em revistas científicas dos resultados dos trabalhos desenvolvidos.

2.2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

No âmbito das medidas de valorização através da educação e sensibilização ambiental está previsto:

• Continuar a implementar campanhas de divulgação direccionadas a diferentes grupos com o

objectivo de dar a conhecer a importância de conservação das Ilhas Selvagens;

• Divulgar as Ilhas Selvagens e os seus projectos através dos órgãos de comunicação social;

• Proporcionar aos funcionários, envolvidos na gestão da área, seminários e cursos de

formação para que possam transmitir melhor aos visitantes a informação sobre as Ilhas

Selvagens;

• Melhorar o espaço para a recepção adequada de visitantes na Selvagem Grande;

• Melhorar a informação disponível (exposição) na Estação de Vigilância da Selvagem Grande;

• Aumentar os painéis interpretativos sobre as Ilhas Selvagens para apoio à recepção de

visitantes na Selvagem Grande;

• Manter a elaboração de material divulgativo sobre o Sítio e espécies representativas como as

aves marinhas nidificantes;

Page 55: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 55

• Melhorar a informação disponível na Selvagem Pequena;

2.2.3. INFRA-ESTRUTURAS DE LAZER

No âmbito das medidas de valorização através das infra-estruturas de lazer está previsto:

• Manutenção dos locais definidos para as actividades lúdico-turisticas (trilhos, zona de

convívio junto à casa).

• Melhorar o espaço para a recepção adequada de visitantes na Selvagem Grande.

2.3 MEDIDAS DE DEFESA

2.3.1. PLANO DE ERRADICAÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS

No âmbito das medidas de defesa considerando a presença de espécies animais e vegetais

introduzidos e que constituam uma ameaça para habitats e outras espécies da área de intervenção,

está previsto:

• Prevenir a introdução de animais exóticos, com destaque para a prevenção de

reintrodução do Coelho e Murganho.

• Dar continuidade ao projecto de controlo / erradicação de plantas invasoras,

nomeadamente de Tabaqueira, Nicotiana glauca.

• Monitorizar as espécies de plantas que possam apresentar carácter invasor e definir um

programa de controlo das mesmas.

2.3.2. PROGRAMA DE VIGILÂNCIA

No âmbito das medidas de defesa considerando o programa de vigilância, está previsto:

Page 56: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 56

• Dar continuidade ao trabalho de vigilância e protecção do Sítio nas vertentes terrestres e

marinha;

• Melhorar as condições de vigilância das Ilhas Selvagens (bote, sistemas de comunicação,

entre outros);

• Melhorar as condições logísticas e as infraestruturas da Selvagem Grande e Selvagem

Pequena;

• Avaliar a possibilidade de implementar um sistema de videovigilância, principalmente na

Selvagem Pequena, de Novembro a Abril;

• Promover junto das autoridades competentes para que mantenham actualizado o plano de

contingência em caso de poluição ambiental.

3. FINANCIAMENTO

No âmbito do financiamento necessário à implementação do presente plano prevê-se:

• Manter a dotação orçamental para a gestão do Sítio de acordo com este Plano;

• Continuar a procurar fontes externas de suporte financeiro para o Sítio.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente Plano tem como principal objectivo a definição do ordenamento e gestão das Ilhas

Selvagens considerando a manutenção dos valores e processos naturais em estado tendencialmente

não perturbado, a preservação de exemplos de excepcional valor e ecologicamente representativos

num estado de conservação que garanta a dinâmica natural dos processos evolutivos e a

conservação de comunidades biológicas e a preservação dos valores geológicos das ilhas, como

objectivos a atingir.

Page 57: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 57

Embora grande parte das medidas propostas neste Plano para concretizar este objectivo tenham já

sido implementadas, é necessário dar continuidade às mesmas e manter a monitorização do espaço

e uma avaliação constante da necessidade de propor novas medidas para fazer face a potenciais

ameaças e/ou novos desafios. Só assim, é possível proteger esta área protegida com elevado valor

natural, científico, ecológico e paisagístico, num trabalho de conservação da natureza reconhecido a

nível internacional, de forma integrada e sustentada compatibilizando com as actividades humanas,

nomeadamente o turismo de natureza que tanto contribui para promover a Região.

Page 58: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aguilar, J. T., Jorge, F. (2006). Faróis da Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens. Argumentum

Edições, Estudos e Realizações, Lisboa, 141pp.

Borges, P. A. V., Abreu, C., Aguiar, A. M. F., Carvalho, P., Jardim, R., Oliveira, P. Sérgio, C., Serrano,

A. R. M. & Vieira, P. (eds.) (2008). A list of the terrestrial fungi, flora and fauna of Madeira and

Selvagens archipelagos. Direcção Regional do Ambiente da Madeira and Universidade dos Açores,

Funchal and Angra do Heroísmo, 440pp.

Campos, A. C. R., (1998). “Biologia de reprodução do Calcamar Pelagodroma marina na Selvagem

Grande”. Relatório de licenciatura em Biologia. Faculdade de Ciências de Lisboa.

Delgado, C., (1998). “Monografia das Ilhas Selvagens”.

Domingues, M., (2001/2002). “Controlo e Erradicação da Nicotiana glauca nas Ilhas Selvagens”

Relatórios I, II e III. Parque Natural da Madeira.

Freitas, H. (2003). “Exóticas e Invasoras – Uma Reflexão”. Naturlink.pt.

Hansen A. & P. Sunding (1993). Flora of Macaronesia. Cheklist of vascular plants. 4. Revised edit.,

Sommerfeltia, Oslo.

Oliveira, P & Menezes, D. (2004). Aves do Arquipélago da Madeira. Serviço do Parque Natural da

Madeira

Menezes, D. M. G. G., Gouveia, L.M., Domingues, M.M.C.S.A., Jardim, N.F.G., Oliveira, P.J.S.G.,

Fontinha, S.M.G.S.V., (2004). As Ilhas Selvagens. Serviço do Parque Natural da Madeira, Funchal,

96pp.

Mougin, J-L., Granadeiro, J.P., et Oliveira, P. (1996). “L’evolution des effectifs des reproducteurs chez

le puffin cendré Calonectris diomedea borealis de Selvagem Grande (30º09’N, 15º52’W) de 1992 à

1995”. Bol. Mus. Mun. Funchal 48: 171-178.

Page 59: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 59

Neves, H. C. Reserva Natural das Ilhas Selvagens, Relatório de Candidatura ao Diploma Europeu.

Neves, Henrique C. (1991). “Ilhas Selvagens – Da Lenda ao Património Natural”. Islenha n. º 8.

Oliveira, P. e Moniz, P. 1995. “Population size, breeding chronology, annual cycle and effects

interspecific competition on the reproductive sucess of little shearwater Puffinus assimilis baroli on

Selvagem Grande”. Proceedings of the 5th International Seabird Group Conference, Glasgow.

Pereira, Eduardo C. N. (1989). “Ilhas de Zargo”, 4ª Edição.

PLANO DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIAL DA REGIÃO AUTÓNOMA DA

MADEIRA, 2007-2013.

PLANO DE ORDENAMENTO DA RESERVA NATURAL DAS BERLENGAS – Resolução de Concelho

de Ministros n.º 180/2008, de 24 de Novembro.

PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000, (2006). INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA

NATUREZA E BIODIVERSIDADE

Press J. R. & M. J. Short (1994). Flora of Madeira. HMSO/London.

PLANO DE GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS (2003) – Serviço do Parque Natural da Madeira.

PROPOSTA DE REVISÃO DO PLANO DE GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS (2008) – Serviço do

Parque Natural da Madeira.

http://www.icn.pt/reldhabitats/

http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007/O+ICNB/Ordenamento+e+Gestão

Page 60: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 60

ANEXOS

Page 61: POGIS

Anexo I – Mapa das Ilhas Selvagens

Page 62: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Anexo II – Lista de plantas que ocorre no Sítio

Nome científico Indígena

Endémica

Introduzida

BRYOPHYTA

MARCHANTIOPSIDA PTERIGYNANDRACEAE Heterocladium heteropterum (Brid.) Schrimp. x RICCIACEAE Riccia sorocarpa Bisch. x

BRYOPSIDA BRYACEAE Bryum caespiticium Hedw. x Bryum canariense Brid. x FISSIDENTACEAE Fissidens viridulus (Sw. ex anon.) Wahlenb. x POTTIACEAE Tortella flavovirens (Bruch) Broth. x Tortula atrovirens (Sm.) Lindb. x Tortula lanceolata R.H.Zander x Tortula muralis Hedw. x

PTERIDOPHYTA

ASPLENIACEAE Asplenium marinum L. x ? DRYOPTERIDACEAE Cyrtomium falcatum (L. fil.) C. Presl x HYPOLEPIDACEAE Pteridium aquilinum (L.) Kuhn subsp. aquilinum x

SPERMATOPHYTA

ANGIOSPERMAE DICOTYLEDONES

AIZOACEAE Aizoon canariense L. x Mesembryanthemum crystallinum L. x ? Mesembryanthemum nodiflorum L. x AMARANTHACEAE Achyranthes sicula (L.) All. x APIACEAE Ammi majus L. x Astydamia latifolia (L. fil.)Baill. x

Monizia edulis Lowe M, PS?, D, S (extinto)

ASCLEPIADACEAE Periploca laevigata Ait MAC ASTERACEAE Argyranthemum thalassophylum (Svent.) S Bidens pilosa L x Calendula arvensis L. x Centaurea melitensis L. x ? Chrysanthemum coronarium L. x Chrysanthemum segetum L. x Crepis divaricata (Lowe) F. W. Schultz M, PS, D, S Filago lutescens Jord. x ?

Page 63: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Ifloga spicata (Forssk.) Schr. Bip. subsp. spicata x Mantisalca salmantica ( L) Briq. et Cavill. x ? Phagnalon saxatile ( L.) Cass. x ? Schizogyne sericea (L.f.) Schultz Bip. Mac Senecio incrassatus Lowe Mac Sonchus asper (L.) Hill subsp. asper x ? Sonchus oleraceus L. x ? Sonchus tenerrimus L. x BORAGINACEAE Echium plantagineum L. x BRASSICACEAE Cakile maritima Scop. x Coronopus didymus (L.)J. E. Sm. x Erysimum arbuscula (Lowe) Snogerup PS e S? Lobularia canariensis (DC.) L. Borgen ssp. rosula-venti (Svent.) L. Borgen

S

Lobularia canariensis (DC.) L. Borgen ssp. succulenta Borgen

S

Sisymbrium officinale (L.) Scop. ? x CAMPANULACEAE Wahlenbergia lobelioides (L. fil.) A. DC. ssp. lobelioides Mac CARYOPHYLLACEAE Arenaria leptoclados (Rchb. ) Guss. x Herniaria cinerea DC x Petrorhagia nanteuilii (Burnat) P. W. Ball& Heywood ?x Polycarpon tetraphyllum (L.) L. x Silene gallica L. x Silene nocturna L. ? x Silene uniflora Roth x Spergularia fallax Lowe x CHENOPODIACEAE Bassia tomentosa (Lowe) Maire & Weiller x Chenopodium coronopus Moq. Mac Nucularia perrinii Batt (Lista de espécies duvidosas) Patellifolia patellaris (Moq) S., F. – L. et W. x Patellifolia procumbens (Chr. Sm. ex Hornem.) S., f. – L. et W.

Mac

Suaeda vera Ex J. F. Gmel x CONVOLVULACEAE Cuscuta epithymum (L.) L. x CRASSULACEAE Crassula tillaea Laster-Garland x Monanthes lowei (A. Paiva) P. Pérez & Acebes S Umbilicus gaditanus Boiss x EUPHORBIACEAE Euphorbia anachoreta Svent. S Mercurialis ambigua L. f. x Ricinus communis L. x FABACEAE Astralagus pelecinus (L.) Barneby x Lotus glaucus Dryand. in Ait. var. glaucus Mac FRANKENIACEAE Frankenia laevis L. x PAPAVERACEAE Fumaria montana J.A.Schmidt Mac GERANIACEAE Erodium cicutarium ( L.) L’ Hér ssp. cicutarium x MALVACEAE

Page 64: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Lavatera cretica L. x Malva parviflora L. var. parviflora x OROBANCHACEAE Cistanche phelipaea (L.) Cout. x OXALIDACEAE Oxalis corniculata L. x PLANTAGINACEAE Plantago afra var. obtusata (Svent.) A Hansen & Sunding x Plantago coronopus L. x PLUMBAGINACEAE Limonium papillatum (Webb & Berthel.) Kuntze var. callibotryum Svent.

Mac

POLYGONACEAE Emex spinosa (L.) Campd. x Polygonum aviculare L. ? x Rumex pulcher L. ssp. Woodsii (De Not.) Arcang x PRIMULACEAE Anagallis arvensis L. f. arvensis x Pellitiera wildpretii Valdés Mac RUBIACEAE Galium aparine L. x Galium geminiflorum Lowe Mac Rubia fruticosa Ait. ssp. fruticosa Mac Sherardia arvensis L. x RANUNCULACEAE Nigela damascena L. x ? SCROPHULARIACEAE Kickxia spuria (L.) Dum. ssp. spuria x Misopates orontium(L.) Raf.var. orontium x Misopates salvagense D. A. Sutton S Scrophularia arguta Sol. ex Aiton x SOLANACEAE Lycopersicum esculentum Mill. var. esculentum x Nicotiana glauca Grah. x Nicotiana tabacum L. x Solanum nigrum L. x ? URTICACEAE Urtica membranacea Poir. x Urtica portosanctana Press M,PS, D, S ZYGOPHYLLACEAE Fagonia cretica L. x Zygophyllum fontanesii Webb et Berth. x

MONOCOTYLEDONES LILIACEAE Asparagus nesiotes Svent. ssp. nesiotes S Asparagus scoparius Lowe Mac Autonoe madeirensis (Menezes) Speta. M, PS, D, S POACEAE/GRAMINEAE Cynosurus echinatus L. x Elymus farctus (Viv.)Runemark ex Melderis x Gastridium pheodes (Nees&Meyen) C. E. Hubb. x Holcus lanatus L. x ? Hordeum murinum ssp. lepurinum (Link) Asch. Et Graebn. x Lolium perenne L. x Lolium rigidum Gaudin subsp. rigidum x Lolium temulentum l. x Melica canariensis Hempel Mac Melica ciliata . subs. manolii (Gren. & Godr.) Husn. x

Page 65: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Rostraria pumila (Desf.) Tzvelev x Stipa capensis Thunb. x Vulpia bromoides (L.) S. F. Gray x Mac – Macaronésia, M – Madeira, PS – Porto Santo, D – Desertas, S - Selvagens

Anexo III – Lista de flora marinha que ocorre no Sítio

Page 66: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Nome científico Presente Endémica Madeira Endémica Macaronésia

CYANOPHYTA CYANOPHYCEAE ENTOPHYSALIDACEAE Entophysalis conferta (kutz) Dr. et D. x OSCILLATORIACEAE Oscillatoria lutea C. Ag. Ex Gom. x PHORMIDIACEAE Microcoleus lyngbyaceus (Kutz.) Crouan ex Gom. x RIVULARIACEAE Calothrix crustacea Thur. Ex Born. et Flah. x CHLOROPHYTA BRYOPSIDOPHYCEAE BRYOPSIDACEAE Bryopsis plumosa (Huds) C. Ag. x CHAETOSIPHONACEAE Blastophysa rhizopus Reinke x CAULERPACEAE Caulerpa racemosa (Forsk.) x CODIACEAE x Codium adhaerens C. Agardh x Derbesia lamourouxii (J. Ag.) Sol. x Derbesia tenuissima (De Not.) Crouan. x ULVOPHYCEAE ACROSIPHONIACEAE Urospora laeta (Thur.) Borg. x CLADOPHORACEAE Chaetomorpha linum (O. F. Mull.) Kutz x Cladophora liebetruthii Grun. x Cladophora pellucida (Huds.) Kutz x Cladophora repens (J. Ag.) Harv. x DASYCLADACEAE Dasycladus vermicularis (scopoli) krasser x PHAEOPHILACEAE Phaeophila dendroides (Crouan) Batt. x POLYPHYSACEAE Polyphysa parvula (Solms.) Schnetter & Bula Meyer x ULVACEAE Enteromorpha clathrata (Roth) Grev. x Enteromorpha compressa (L.) Grev. x Enteromorpha flexuosa (Wulfen ex Roth) (Roth) Grev. x Enteromorpha prolifera (Mull.)J. Ag. x Ulva lactuca (L.) x VALONIACEAE Valonia utricularis (Roth) C. Ag. x

OCHROPHYTA PHAEOPHYCEAE

CHORDARIACEAE Liebmannia leveillei J. Ag. x Myrionema strangulans Grev. x DICTYOTACEAE Dictyota bartayresii Lamour. x Dictyota divaricatai Lamour. x Dictyota linearis (C.Ag.) Grev. x Dilophus fasciola (Roth) Howe x

Page 67: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Dilophus spiralis (Mont.) Hamel x Padina pavonica (L.) Lamour. x Pocockiella variegata (Lamour.) Papenf. x SARGASSACEAE Cystoseira humilis kutz. var. humilis x Sargassum vulgare C. Ag. x SCYTOSIPHONACEAE Colpomenia sinuosa (Roth) Derb. & Sol. x SPHACELARIACEAE Sphacelaria cirrosa (Roth) C. Ag. x SPOROCHNACEAE Sporochnus zonale (Lamour.) Papenf. x STYPOCAULACEAE Halopteris scoparia (L.) Sauv. x

RHODOPHYTA BANGIOPHYCEAE

GONIOTRICHACEAE Goniotrichum alsidii (Zanard.) Howe x

FLORIDEOPHYCEAE ACROSYMPHYTACEAE Acrosymphyton purpuriferum (J. Ag.) Sjostedt x BONNEMAISONIACEAE x Asparagopsis armata Harv. x Asparagopsis taxiformis (Delile) Trevisan x Falkenbergia hillebrandii (Born.) Falkenb. x CAULACANTHACEAE Catenella caespitosa (Withering) L. Irvine x CERAMIACEAE Antithamnion cruciatum (C.Ag.) Nag. x Callithamnion byssoides (Withering) L. Irvine x Callithamnion corymbosum (Smith) Lyngb x Centroceras clavulatum (C. Ag.) Mont. x Ceramium diaphanum (Lightf.) Roth x Ceramium echionotum J. Ag. x Ceramium gracillimum (Kutz.) Griff. et Harv. x Ceramium strictum Harv. x Corynospora furcellata (J. Ag.) Levr. x Corynospora pediscellata (Smith) J. Ag. x Crouania attenuata (C. Ag.) J. Ag. x Griffithsia tenuis C. Ag. x Pleonosporium borreri (Smith) Nag x Spyridia filamentosa (Wulf.) Harv. In Hook. x Wrangelia penicillata (C. Ag.) C. Ag. x CHAMPIACEAE Champia parvula (C. Ag.) Harv. x CORALLINACEAE Coralina elongate Ellis & Sol. x Coralina officinalis L. x Haliptilon virgatum (Zan.) Garb. & Joh. x Jania adhaerens Lamour. x DASYACEAE x Dasya ocellata (Grat.) Harv. In Hook. x DELESSERIACEAE Acrosorium reptans (Crouan) Kylin x Apoglossum ruscifolium (Turner) J. Ag. x

Page 68: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Cryptopleura ramosa (Huds.) Kylin x Haraldia lenormandii (Derb. & Sol.) Feldm. x Hypoglossum woodwardii Kutz x Taenioma perpusillum (J. Ag.) J. Ag. x GALAXAURACEAE Scinaia forcellata (Turn.) Biv. x GIGARTINACEAE Gigartina acicularis (Roth) Lamour x GRACILARIACEAE Gracilaria verrucosa (Huds.) Papenf. x HAPALIDIACEAE Choreonema thuretii (Bornet) Schmitz. x HYPNEACEAE Hypnea cervicornis J. Ag. x Hypnea musciformis (Wulfen) Lamour. x LIAGORACEAE Liagora canariensis Borg x Liagora tetraporifera Borg x Liagora spec. x LOMENTARIACEAE Gelidiopsis intricate (C. Ag.) Vickers x Lomentaria articulata (Huds.) Lyngb. x PEYSSONNELIACEAE Peyssonnelia dubyi Crouan x Peyssonnelia inamoena Pilger x Peyssonnelia rubra (Grev.) J. Ag. x PHYLLOPHORACEAE Gymnogongrus griffithsiae (Turn.) Mart. x PLOCAMIACEAE Plocamium cartilagineum (L.) Dixon x PTEROCLADIACEAE Pterocladia capilacea (Gme.) Born. & Thur. x RHODOMELACEAE Boergeseniella fruticulosa (Wulf.) Kylin x Chondria tenuissima (Good. & Woodw) C. Ag. x Ctenosiphonia hypnoides (Welw.) Falkenb. x Herposiphonia tenella (C. Ag.) Ambr. x Herposiphonia wurdemanni (Bail. Ex Harv.) x Laurencia hybrida (D. C.) Lenorm. Ex Duby x Laurencia obtusa (Huds.) Lamour. x Laurencia pinnatifida (Huds.) Lamour. x Lophosiphonia scopulorum (Harv.) Wom. x Polysophonia ferulacea (Suhr) J. Ag. x Polysophonia forcellata (C. Ag.) Arv. In Hook. x Polysophonia opaca (C. Ag.) Zanard. x Polysophonia tepida Hollenb. x Polysophonia tripinnata (Suhr) J. Ag. x RHODOTHAMNIELLACEAE Rhodothamniella codii (Crouan) Feldm. x Rhodothamniella pseudopalmata (Lamour.) Silva x RHODYMENIACEAE Botryocladia guineensis John x SARCOMENIACEAE Cottoniella arcuata (Borg.) x

CYANOPHYTA

Page 69: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

CYANOPHYCEAE ENTOPHYSALIDACEAE Entophysalis conferta (kutz) Dr. et D. x OSCILLATORIACEAE Oscillatoria lutea C. Ag. Ex Gom. x PHORMIDIACEAE Microcoleus lyngbyaceus (Kutz.) Crouan ex Gom. x RIVULARIACEAE Calothrix crustacea Thur. Ex Born. et Flah. x CHLOROPHYTA BRYOPSIDOPHYCEAE BRYOPSIDACEAE Bryopsis plumosa (Huds) C. Ag. x CHAETOSIPHONACEAE Blastophysa rhizopus Reinke x CAULERPACEAE Caulerpa racemosa (Forsk.) x CODIACEAE x Codium adhaerens C. Agardh x Derbesia lamourouxii (J. Ag.) Sol. x Derbesia tenuissima (De Not.) Crouan. x ULVOPHYCEAE ACROSIPHONIACEAE Urospora laeta (Thur.) Borg. x CLADOPHORACEAE Chaetomorpha linum (O. F. Mull.) Kutz x Cladophora liebetruthii Grun. x Cladophora pellucida (Huds.) Kutz x Cladophora repens (J. Ag.) Harv. x DASYCLADACEAE Dasycladus vermicularis (scopoli) krasser x PHAEOPHILACEAE Phaeophila dendroides (Crouan) Batt. x POLYPHYSACEAE Polyphysa parvula (Solms.) Schnetter & Bula Meyer x ULVACEAE Enteromorpha clathrata (Roth) Grev. x Enteromorpha compressa (L.) Grev. x Enteromorpha flexuosa (Wulfen ex Roth) (Roth) Grev. x Enteromorpha prolifera (Mull.)J. Ag. x Ulva lactuca (L.) x VALONIACEAE Valonia utricularis (Roth) C. Ag. x

OCHROPHYTA PHAEOPHYCEAE

CHORDARIACEAE Liebmannia leveillei J. Ag. x Myrionema strangulans Grev. x DICTYOTACEAE Dictyota bartayresii Lamour. x Dictyota divaricatai Lamour. x Dictyota linearis (C.Ag.) Grev. x Dilophus fasciola (Roth) Howe x Dilophus spiralis (Mont.) Hamel x Padina pavonica (L.) Lamour. x

Page 70: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Pocockiella variegata (Lamour.) Papenf. x SARGASSACEAE Cystoseira humilis kutz. var. humilis x Sargassum vulgare C. Ag. x SCYTOSIPHONACEAE Colpomenia sinuosa (Roth) Derb. & Sol. x SPHACELARIACEAE Sphacelaria cirrosa (Roth) C. Ag. x SPOROCHNACEAE Sporochnus zonale (Lamour.) Papenf. x STYPOCAULACEAE Halopteris scoparia (L.) Sauv. x

RHODOPHYTA BANGIOPHYCEAE

GONIOTRICHACEAE Goniotrichum alsidii (Zanard.) Howe x

FLORIDEOPHYCEAE ACROSYMPHYTACEAE Acrosymphyton purpuriferum (J. Ag.) Sjostedt x BONNEMAISONIACEAE x Asparagopsis armata Harv. x Asparagopsis taxiformis (Delile) Trevisan x Falkenbergia hillebrandii (Born.) Falkenb. x CAULACANTHACEAE Catenella caespitosa (Withering) L. Irvine x CERAMIACEAE Antithamnion cruciatum (C.Ag.) Nag. x Callithamnion byssoides (Withering) L. Irvine x Callithamnion corymbosum (Smith) Lyngb x Centroceras clavulatum (C. Ag.) Mont. x Ceramium diaphanum (Lightf.) Roth x Ceramium echionotum J. Ag. x Ceramium gracillimum (Kutz.) Griff. et Harv. x Ceramium strictum Harv. x Corynospora furcellata (J. Ag.) Levr. x Corynospora pediscellata (Smith) J. Ag. x Crouania attenuata (C. Ag.) J. Ag. x Griffithsia tenuis C. Ag. x Pleonosporium borreri (Smith) Nag x Spyridia filamentosa (Wulf.) Harv. In Hook. x Wrangelia penicillata (C. Ag.) C. Ag. x CHAMPIACEAE Champia parvula (C. Ag.) Harv. x CORALLINACEAE Coralina elongate Ellis & Sol. x Coralina officinalis L. x Haliptilon virgatum (Zan.) Garb. & Joh. x Jania adhaerens Lamour. x DASYACEAE x Dasya ocellata (Grat.) Harv. In Hook. x DELESSERIACEAE Acrosorium reptans (Crouan) Kylin x Apoglossum ruscifolium (Turner) J. Ag. x Cryptopleura ramosa (Huds.) Kylin x Haraldia lenormandii (Derb. & Sol.) Feldm. x

Page 71: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Hypoglossum woodwardii Kutz x Taenioma perpusillum (J. Ag.) J. Ag. x GALAXAURACEAE Scinaia forcellata (Turn.) Biv. x GIGARTINACEAE Gigartina acicularis (Roth) Lamour x GRACILARIACEAE Gracilaria verrucosa (Huds.) Papenf. x HAPALIDIACEAE Choreonema thuretii (Bornet) Schmitz. x HYPNEACEAE Hypnea cervicornis J. Ag. x Hypnea musciformis (Wulfen) Lamour. x LIAGORACEAE Liagora canariensis Borg x Liagora tetraporifera Borg x Liagora spec. x LOMENTARIACEAE Gelidiopsis intricate (C. Ag.) Vickers x Lomentaria articulata (Huds.) Lyngb. x PEYSSONNELIACEAE Peyssonnelia dubyi Crouan x Peyssonnelia inamoena Pilger x Peyssonnelia rubra (Grev.) J. Ag. x PHYLLOPHORACEAE Gymnogongrus griffithsiae (Turn.) Mart. x PLOCAMIACEAE Plocamium cartilagineum (L.) Dixon x PTEROCLADIACEAE Pterocladia capilacea (Gme.) Born. & Thur. x RHODOMELACEAE Boergeseniella fruticulosa (Wulf.) Kylin x Chondria tenuissima (Good. & Woodw) C. Ag. x Ctenosiphonia hypnoides (Welw.) Falkenb. x Herposiphonia tenella (C. Ag.) Ambr. x Herposiphonia wurdemanni (Bail. Ex Harv.) x Laurencia hybrida (D. C.) Lenorm. Ex Duby x Laurencia obtusa (Huds.) Lamour. x Laurencia pinnatifida (Huds.) Lamour. x Lophosiphonia scopulorum (Harv.) Wom. x Polysophonia ferulacea (Suhr) J. Ag. x Polysophonia forcellata (C. Ag.) Arv. In Hook. x Polysophonia opaca (C. Ag.) Zanard. x

Page 72: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Anexo IV – Lista de fauna (excepto aves) que ocorre no Sítio

Nome científico Presente Endémica Madeira Endémica Macaronésia

ARTHROPODA ARACHNIDA

PSEUDOSCORPIONIDA Canarichelifer teneriffae x Diplotemnus x Garypus littoralis x Olpium pallipes x OPILIONES Bunochelis spinifera ARANEAE Aelurillus annulipes x Ariadna portisancti x Camillina canariensis x Cyrba algerina x Dendryphamtes diligens x Drassodes lutescens ssp. speculator x Dysdera crocata x Dysdera nesiotes x Enoplognatha diversa x Herpyllus blackwalli x Herpyllus musculus x Hyptiotes flavidus x Loxosceles rufescens x Mangora acalypha x Oecobius annulipes x Oecobius imaculatus x Oxyptila atlantida x Philodromus punctiferus x Pholcus phalangioides x Scotognapha bewickei x Scotognapha paivai x Scyotes velutina x Segestria florentina x Sphermophora senoculata x Steatoda grossa x Tegenaria pagana x Zelotes longipes x

INSECTA THYSANURA Lepisma saccharina x ORTHOPTERA Acheta bimaculata x Schistocerca gregaria x Sphingonotus caerulans x HETEROPTERA Nysius cymoides x Phytocoris selvagensis x HOMOPTERA Cyphopterum salvagensis x Cyphopterum quartaui x Macrosiphum euphorbiae x Myzus persicae x Rhopalosiphum padi x Uroleucon sonchi x

Page 73: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

THYSANOPTERA Aelothrips tenuicornis x Haplothrips dilatipennis x LEPIDOPTERA Agrotis segetum x Agrotis lanzarotensis x Autographa gamma x Cardepia deserticola x Cloridea armigera x Cynthia cardui x Euxoa canariensis x Heliothis peltigera x Hyles lineata livornica x Nyctobria simonyi x Spodoptera exigua x Trichoplusia ni x HYMENOPTERA Enicospilus rossicus x Monomorium salomonis x DIPTERA Agromyza hiemalis x Aphaniosoma rufum x Aphrosylus jucundus x Aphrosylus venator x Calliphora vomitoria x Chersodromia colliniana x Culiseta longiareolata x Fannia canicularis x Irwiniella frontata x Leptometopa latipes x Limonia atlantica annulirostris x Lucilia sericata x Megaselia rufipes x Metasyrphus corollae x Pegomys lyneborgi x Phytomyza horticola x Platypalpus altuum x Scatella stagnalis x Trixoscelis lyneborgi x Trixoscelis seleneticus x COLEOPTERA Acalles neptunus x Adonia variegata x Amara cotty x Amaurorrhinus clermonti ssp. salvagis x Anaspis proteus x Anthrenus varius x Apostomus testaceus x Attalus oceanicus x Blaps gigas x Cardiophorus oromii x Cataphronetis angusta x Cercyon nigriceps x Clada oromii x Cleonus conicirrostris x Coccinela algirica x Cymindis paivana x Dermestes maculatus x

Page 74: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Deucalion oceanicum x Gonocephalus dilatatum x Hageter tristis x Harpalus stictus x Hegeter latebricola x Holoxantha concolor x Ifnidius atlanticus x Laparocerus garretai x Leipommata oromianum x Lema melanopa x Leptobium paivae x Lipaspis caulicola ssp. oceanica x Longitarsus aeneus x Macrocema oromiana x Nersapalus pelagicus x Nesotes leacoccianus x Nesotes monodi x Ochtebius quadricollis x Orthomus barbarus ssp. haligena x Pentatemnus arenarius ssp. incognitus x Psilothrix illustris x Salvagopselactus mauli x Sphaericus bicolor x Sphodrus leucophtalmus x Trachyscelis aphodioides x

CHILOPODA GEOPHILOMORPHA Pachymerium ferrugineum x SCUTIGEROMORPHA Scutigera coleoprata x

DIPLOPODA JULIDA Nesopachyiulus salvagicus x

VERTEBRATA REPTILIA

GEKKONIIDAE Tarentola bischoffi Selvagens LACERTIDAE Teira dugesii selvagensis Selvagens

Page 75: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Anexo V – Lista de fauna marinha (excepto aves) que ocorre no Sítio

(Baseado em Araújo & Calado (2003), Abreu et al. (1995) e em Freitas et al. (2002))

Nome científico Presente Endémica Madeira Endémica Macaronésia

ANELIDA AMPHINOMIDAE Hermodice carunculata x

PORIFERA DEMOSPONGIAE

CHONDROSIIDAE Chondrosia reniformes x VERONGIIDAE Verongia aerophoba x APLYSINIDAE Aplysina aerophoba x

CNIDARIA SIPHONOPHORA

PHYSALIIDAE Physalia physalis x ACTINIIDAE Anemonia sulcata X Aptasia mutabilis X Actinia equina x

ARTHROPODA CRUSTACEA DECAPODA

PENAEIDAE Funchalia danae x Funchalia villosa x Funchalia woodwardsi x SERGESTIDAE Sergestes arachnipodus x Sergestes atlanticus x Sergestes edwardsii x Sergestes pectinatus x Sergestes vigilax x Sergia robusta x Sergia splendens x Sergi tenuiremis x PLEOCYEMATA Eupasiphae gilesii x Pasiphae multidentata x OPLOPHORIDAE Acanthephyra curtirostris x Oplophorus spinosus x Systellaspis debilis x RHYNCHOCINETIDAE Cinetorrhynchus rigens x GNATHOPHYLLIDAE Gnathophyllum americanum x Gnathophyllum elegans x PALAEMONIDAE Brachycarpus biunguiculatus x Palaemon elegans x Palaemon xiphias x Balssia gasti x

Page 76: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Periclimenes sagittifer x Periclimenes wirtzi x Pontonia domestica x Pontonia pinnophylax x Tuleariocaris neglecta x ALPHEIDAE Alpheus dentipes x Alpheus platydactylus x Athanas nitescens x HIPPOLYTIDAE Eualus lebourae x Eualus occultus x Hippolyte leptocerus x Hippolyte prideauxiana x Hippolyte varians x Lysmata grabhami x Lysmata seticaudata x Thor amboinensis x PROCESSIDAE Processa macrophthalma x Processa módica x Processa parva x PANDALIDAE Plesionika narval x CRANGONIDAE Philocheras bispinosus x Philocheras sculptus x Philocheras trispinosus x STENOPODIDAE Stenopus spinosus x PALINURIDAE Palinurus elephas x SCYLLARIDAE Scyllarides latus x Scyllarus arctus x Scyllarus pygmeus x ENOPLOMETOPODIDAE Enoplometopus antillensis x GALATHEIDAE Galathea dispersa x Galathea intermedia intermedia x Munida curvimana x Munida rugosa x ALBUNEIDAE Albunea carabus x DIOGENIDAE Calcinus tubularis x Clibanarius aequabilis x Dardanus arrosor x Dardanus calidus x Paguristes rubropinctus x PAGURIDAE Cestopagurus timidus x Pagurus excavatus x Pagurus forbesii x

Page 77: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Pagurus prideaux x DROMIIDAE Dromia marmorea x Dromia personata x HOMOLIDAE Homola barbata x MAJIDAE Eurynome aspera x Maja brachydactyla x PISIDAE Herbstia condyliata x Pisa nodipes x EPIALTIDAE Acanthonyx brevifrons x Acanthonyx lunulatus x INACHIDAE Acheus cranchii x Inachus aguiarii x Inachus phalangium x Stenorhynchus lanceolatus x PALICIDAE Palicus caronii x LEUCOSIIDAE Ebalia affinis x Ebalia deshayesi x Ebalia edwardsii x Ebalia tuberosa x Merocryptus boletifer x CALAPPIDAE Calappa granulata x Cryptosoma cristatum x PIRIMELIDAE Pirimela denticulata x PORTUNIDAE Bathynectes longipes x Polybius corrugatus x Polybius marmoreus x Laleonectes vocans x Portunus hastatus x Portunus inaequalis x PARTHENOPIDAE Parthenope expansa x Parthenope massena x XANTHIDAE Monodaeus rouxi x Paractaea monodi x Microcassiope minor x Nanocassiope melanodactyla x Xantho incisus x Xantho pilipes x Paragalene longicrura x ERIPHIIDAE Eriphia verrucosa x Globopilummus africanus x PILUMNIDAE

Page 78: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Pilumnus hirtellus x Pilumnus inermis x Pilumnus spinifer x Pilumnus villosissimus x GONEPLACIDAE Goneplax rhomboides x PSEUDOZIIDAE Eurryozius bouvieri x PLAGUSIIDAE Euchirograpsus linguricus x Percnon gibbesi x Plagusia depressa x GRAPSIDAE Grapsus grapsus adscensionis x Pachygrapsus marmoratus x Pachygrapsus maurus x Pachygrapsus transversus x

MOLLUSCA GASTROPODA

ARCHAEOGASTROPODA HALIOTIDAE Haliotis tuberculata x PATELLIDAE Patella candei crenata x Patella áspera x Patella piperata x TROCHIDAE Gibbula sp. x Monodonta sp. x TURBINIDAE Astrea rugosa x

MESOGASTROPODA BURSIDAE Bursa scrobilator x CYMATIIDAE Charonia lampas x Cymatium nicobaricum x LITTORINIDAE Littorina sp x

NEOGASTROPODA CASSIDAE Phalium granulatum x COLUMBELLIDAE Columbella adansoni x Nitidella ocellata x MURICIDAE Hexaplex trunculus x NASSARIDAE Nassarius incrassatus x

NUDIBRANCHIA ALDISIDAE Aldisa smaragdina x CHROMODORIDIDAE Hypselodoris villafranca x Chromodoris purpurea x FACELINIDAE Facelina annulicornis x

Page 79: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

TRIOPHIDAE Plocamophorus maderae x

TECTIBRANCHIA APLYSIIDAE Aplysia depilans x

BIVALVIA LIMIDAE Limaria hians x PECTINIDAE Flexopecten flexuosus x Nodipecten corallinoides x PTERIIDAE Pteria hirundo x PINNIDAE Pinna rudis x MITRIDAE Mitra nigra x VENERIDAE Venus verrucosa x

CEPHALOPODA OCTOPODIDAE Octopus vulgaris x SEPIIDAE Sepia officinalis x

ECHINODERMATA

CRINOIDEA Antedon bifida x

HOLOTHURIOIDEA Holothuria sanctorii x

ASTEROIDEA ASTROPECTINIDAE Astropecten aurantiacus x OPHIDIASTERIDAE Ophidiaster ophidianus x ASTERIIDAE Asterias Rubens x Coscinasterias tenuispina x Marthasterias glacialis x

OPHIUROIDEA Ophiocomina nigra x Ophioderma longicaudum x Ophiotrix fragilis x

ECHINOIDEA Diadema antillarum x Arbacia lixula x Paracentratus lividus x Sphaerechinus granularis x

VERTEBRATA

Page 80: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

CHONDRICHTHYES RAJIDAE Raja miraletus x DASYATIDAE Dasyatis pastinaca x SPHYRNIDAE Sphyrna zygaena x MOBULIDAE Mobula mobular x

OSTEICHTHYES APOGONIDAE Apogon imberbis x BLENIDAE Ophioblennius atlanticus atlanticus x GOBIDAE Mauligobius maderensis x GADIDAE Phycis phycis x MURAENIDAE Enchelycore anatina x Gymnothoraz unicolor x Muraena augusti x x Muraena helena x CAPROIDAE Capros aper x CONGRIDAE Conger conger x Heleroconger longissimus x SCORPAENIDAE Scorpaena maderensis x SERRANIDAE Epinephelus marginatus x Mycteroperca fusca x x Serranus atricauda x SYNODONTIDAE Synodus synodus x PRIACANTHIDAE Heteropriacanthus cruentatus x CARANGIDAE Pseudocaranx dentex x Seriola rivoliana x SPARIDAE Boops boops x Diplodus cervinus x Diplodus sargus x Diplodus vulgaris x

Page 81: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Pagrus pagrus x Sarpa salpa x MUGILIDAE Liza aurata x MULLIDAE Mullus surmuletus x POMACENTRIDAE Abudefduf luridus x x Chromis limbatus x LABRIDAE Bodianus scrofa x x Centrolabrus trutta x Coris julis x Thalassoma pavo x Xyrichthys novacula x SCARIDAE Sparisoma cretense x MACRORAMPHOSIDAE Macroramphosus scolopax x TETRAODONTIDAE Canthigaster rostrata x Sphaeroides marmoratus x TRIGLIDAE Trigloporus lastoviza x TRIPTERYGIIDAE Tripterygion delaisi x

REPTILIA CHELONIIDAE *Caretta caretta x

MAMMALIA CETACEA

BALAENIDAE Eubalaena gracialis x BALAENOPTERIDAE Balaenoptera physalus x Megaptera novaeangliae x Balaenoptera acutorostrata x PHYSETERIDAE Physeter macrocephalus x KOGIIDAE Kogia breviceps x ZIPHIDAE Ziphius cavirostris x Mesoplodon densirostris x Mesoplodon bidens x DELPHINIDAE Orcinus orca x Pseudorca crassidens x Globicephala machrorhynchus x Grampus griseus x Tursiops truncatus x Steno bredanensis x Delphinus delphis x Stenella frontalis x Stenella coeruleoalba x

Page 82: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens

Serviço do Parque Natural da Madeira

Anexo VI – Lista de aves que ocorrem no Sítio

Nome científico Tipo de ocorrência Endémica Madeira Endémica Macaronésia

VERTEBRATA AVES

PROCELLARIIDAE Bulweria bulwerii Nid Calonectris diomedea Nid Puffinus assimilis baroli Nid HIDROBATIDAE Oceanodroma castro Nid Pelagodroma marina hypoleuca Nid ARDEIDAE Ardea cinerea Oca Egretta garzetta Oca FALCONIDAE Falco peregrinus Oca Falco tinnunculus canariensis Oca x PHASIANIDAE Coturnix coturnix Oca CHARADRIIDAE Charadrius alexandrinus Oca Numenius phaeopus Oca SCOLOPACIDAE Arenaria interpres Oca LARIDAE Larus cachinnans atlantis Nid x STERNIDAE Sterna dougalii Nid/Oca Sterna hirundo Nid COLUMBIDAE Columba livia atlantis Oca x Streptopelia turtur Oca STRIGIDAE Asio flammeus Oca TYTONIDAE Tyto alba Oca ALAUDIDAE Alauda arvensis Oca HIRUNDINIDAE Delichon urbica Oca Hirundo rustica Oca MOTACILLIDAE Anthus berthelotii berthelotii Nid x Motacilla alba Oca Motacilla cinerea Oca TURDIDAE Oenanthe oenanthe Oca Phoenicurus ochrurus Oca Phoenicurus phoenicurs Oca Turdus philomelos Oca SYLVIIDAE Hippolais polyglota Oca Phylloscopus collybita Oca Sylvia atricapilla heinecken Oca x Nid: Nidificante; Nid?: Nidificação possível; Res: Residente; Oca: Ocasional

Page 83: POGIS

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS

SÍTIO DE IMPORTÂNCIA COMUNITÁRIA – PTSEL0001

REDE NATURA 2000

RELATÓRIO AMBIENTAL

Page 84: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 2

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ………………..……..…………………………………………...……...5

2. DESCRIÇÃO GERAL DO CONTEÚDO, DOS PRINCIPAIS OBJECTIVOS DO

POGIS E DAS SUAS RELAÇÕES COM OUTROS PLANOS E PROGRAMAS

PERTINENTES………………………………………………………………………….….. 6

3. CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DAS ZONAS SUSCEPTÍVEIS DE SEREM

SIGNIFICATIVAMENTE AFECTADAS, ASPECTOS PERTINENTES DO ESTADO

ACTUAL DO AMBIENTE E SUA PROVÁVEL EVOLUÇÃO SE NÃO FOR APLICADO

O POGIS……………………………………………………….…………………………… 10

3.1 CARACTERIZAÇÃO ……………………………………………....... 10

3.1.1 Geomorfologia e Geologia ………………...…………… 10

3.1.2 Valores Biológicos …………………………………….… 12

3.1.3 Socioeconomia…………………………………………… 20

3.2 PROVÁVEL EVOLUÇÃO DECORRENTE DA NÃO APLICAÇÃO

DO POGIS…………………………………………………………… 22

4. PROBLEMAS AMBIENTAIS PERTINENTES PARA O POGIS, INCLUINDO OS

RELACIONADOS COM TODAS AS ZONAS DE ESPECIAL IMPORTÂNCIA

AMBIENTAL……………………………………………………………………………….. 23

5. OBJECTIVOS DE PROTECÇÃO AMBIENTAL ESTABELECIDOS A NÍVEL

INTERNACIONAL, COMUNITÁRIO, NACIONAL OU REGIONAL QUE SEJAM

PERTINENTES PARA O POGIS………………………………………………………...24

Page 85: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 3

5.1 Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território

(PNPOT)……………………………………………………………….25

5.2 Sistema Regional de Gestão Territorial……………………….… 25

5.3 Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN)……. 25

5.4 Reserva Ecológica Nacional………………………………………...26

5.5 Estratégia Nacional para o Mar………………………………….. 26

5.6 Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da

Biodiversidade (ENCNB)………………………………………….. 26

5.7 Zona Económica Exclusiva………………………………………. 27

5.8 Domínio Público Hídrico………………………………………….. 27

5.9 Plano de Ordenamento do Território na Região Autónoma da

Madeira (POTRAM)………………………………………………… 27

5.10 Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma da Madeira

(POT)………………………………………………………………….. 28

5.11 Plano Regional da Política do Ambiente (PRPA)………………… 28

5.12 Plano Regional da Àgua da Madeira (PRAM)…………………… 28

5.13 Plano Mar Limpo ………………………………………………..... 29

5.14 Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Região

Autónoma da Madeira 2007-2013 (PDES)……………………… 29

5.15 Plano Director Municipal (PDM) do Funchal……………………. 29

5.16 Reserva Natural Integral das Ilhas Selvagens………………….. 29

5.17 Rede Natura 2000……………………………………………… 30

5.18 Fundeadouros autorizados nas Ilhas Selvagens………………… 30

5.19 Outras Classificações…………………………………………….. 30

6. EVENTUAIS EFEITOS SIGNIFICATIVOS NO AMBIENTE DECORRENTES DA

APLICAÇÃO DO POGIS..………………………………………………………………...31

Page 86: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 4

6.1 Identificação e descrição dos impactes mais significativos da

aplicação do Plano………………………………………………… 31

6.1.1 Geomorfologia e Geologia ……………………………… 31

6.1.2 Valores Biológicos ….…………………………………... 32

6.1.3 Socioeconomia …………………………………………...36

6.2 Avaliação de Impactes ……………. ……………………………… 37

6.2.1 Geomorfologia e Geologia ……………………………… 37

6.2.2 Valores Biológicos ………………………………………. 37

6.2.3 Socioeconomia …………………………………………. 38

7. MEDIDAS DESTINADAS A PREVENIR, REDUZIR E ELIMINAR QUAISQUER

EFEITOS ADVERSOS RESULTANTES DA APLICAÇÃO DO POGIS…………….. 38

8. RAZÕES QUE JUSTIFICAM AS ALTERNATIVAS ESCOLHIDAS E DESCRIÇÃO

DO MODO COMO SE PROCEDEU À AVALIAÇÃO ………………………………….39

9. DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS DE CONTROLO PREVISTAS ……………………. 39

10. CONCLUSÕES ………………………………………………………………………. 46

Page 87: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 5

1. INTRODUÇÃO

Num momento em que, a nível global, se acentuam as pressões humanas sobre os espaços

naturais, urge a compatibilização do seu uso com a sua conservação. A enorme variedade de

elementos interdependentes e produtores de bens e serviços que os espaços naturais

compreendem, leva a que sejam criadas políticas, planos, métodos e práticas de gestão sustentável,

com o intuito de atingir esse desiderato.

O presente Relatório tem como objectivo que o Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas

Selvagens (POGIS) cumpra os normativos legais, decorrentes da publicação do Decreto Legislativo

Regional n.º43/2008/M, de 23 de Dezembro, designadamente do disposto na alínea b), do número 2,

do artigo 31.º, que determina que os Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT) sejam

acompanhados, entre outros elementos, pelo Relatório Ambiental “no qual se identificam, descrevem

e avaliam os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicação do Plano e as

suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação territorial

respectivos”.

A estrutura adoptada neste relatório visa assimilar o conteúdo do Decreto-Lei nº 232/2007, de 15 de

Junho, o qual transpõe para a ordem jurídica nacional a Directiva nº 2001/42/CE do Parlamento

Europeu e do Conselho de 27 de Junho, e que em articulação com o Decreto Legislativo Regional

n.º43/2008/M, de 23 de Dezembro, procede à aplicação, no âmbito do sistema regional de gestão

territorial, do regime jurídico da avaliação ambiental de planos e programas.

De acordo com a legislação em vigor, o POGIS tem em vista a prossecução de objectivos de

interesse regional e nacional com repercussão espacial, designadamente a aplicação dos princípios

e política regional e nacional de Conservação da Natureza e demais princípios e objectivos

estabelecidos no Decreto – Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro, que regulamenta o regime das Áreas

Protegidas.

Page 88: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 6

O POGIS pretende estabelecer os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixar os

usos e o regime de gestão, com vista a garantir a manutenção dos processos naturais, em estado

imperturbável, da elevada diversidade e riqueza da fauna e flora da área de intervenção.

Assim, o presente relatório é composto pelos seguintes elementos:

� Descrição geral do conteúdo, dos principais objectivos do POGIS e das suas relações com outros

planos e programas pertinentes;

� Características ambientais das zonas susceptíveis de serem significativamente afectadas, os

aspectos pertinentes do estado actual do ambiente e a sua provável evolução se não for aplicado o

POGIS;

� Problemas ambientais pertinentes para o POGIS, incluindo, em particular, os relacionados com

todas as zonas de especial importância ambiental, designadamente as abrangidas pelo Decreto-Lei

nº 140/99, de 24 de Abril, na redacção conferida pelo Decreto-Lei nº 49/2005, de 24 de Fevereiro;

� Objectivos de protecção ambiental estabelecidos a nível internacional, comunitário, nacional e

regional que sejam pertinentes para o POGIS;

� Eventuais efeitos significativos no ambiente decorrentes da aplicação do POGIS;

� Medidas destinadas a prevenir, reduzir e, tanto quanto possível, eliminar quaisquer efeitos

adversos significativos no ambiente resultantes da aplicação do POGIS;

� Descrição das medidas de controlo previstas em conformidade com o disposto no artigo 11º do

Decreto-Lei nº 232/2007, de 15 de Junho.

2. DESCRIÇÃO GERAL DO CONTEÚDO, DOS PRINCIPAIS OBJECTIVOS DO POGIS E DAS

SUAS RELAÇÕES COM OUTROS PLANOS E PROGRAMAS PERTINENTES

O Plano a que se refere o presente relatório constitui um Plano de Gestão do Território (nos termos

do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, com a sua redacção actual, dada pelo Decreto-Lei n.º

316/2007, de 19 de Setembro e pelo Decreto Legislativo Regional n.º43/2008/M, de 23 de

Dezembro, que visa estabelecer “usos preferenciais, condicionados e interditos, determinados por

critérios de conservação da natureza e da biodiversidade, de forma a compatibilizá-la com o uso

pelas populações”, numa perspectiva de utilização sustentável do espaço protegido.

Page 89: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 7

O Plano é constituído por um regulamento que visa contribuir para o ordenamento e gestão das

actividades e dos actos interditos, actividades e actos condicionados que, na sua globalidade,

compatibilizem o uso deste espaço com a protecção e preservação dos recursos naturais existentes.

É acompanhado igualmente por estudos de caracterização e diagnóstico, análise estratégica e

programas de acção.

Neste sentido, importa definir e implementar orientações estratégicas ambiciosas, mas sobretudo

exequíveis, que serão prosseguidas, através da concretização dos seguintes objectivos estratégicos

e operacionais que constam do POGIS:

• Conservar, melhorar e proteger todos os ecossistemas

o Proteger os habitats e espécies terrestres e marinhos;

o Manter a sustentabilidade dos recursos marinhos;

o Monitorizar e continuar a proteger as espécies de fauna e flora com destaque para as que

apresentam elevado valor de conservação;

o Manter as condições para a recuperação do coberto vegetal da Selvagem Grande;

o Manter a vegetação da Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora em bom estado de conservação

e prístino.

• Promover, coordenar e apoiar as pesquisas que visam o melhoramento do conhecimento

das espécies e habitats

o Continuar a melhorar o conhecimento científico das Ilhas Selvagens;

o Continuar a promover a realização de programas de investigação de habitats e espécies das

Ilhas Selvagens;

o Desenvolver mecanismos para partilhar informação e promover a coordenação entre

investigadores.

Page 90: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 8

• Melhorar a divulgação, conhecimento e apreciação do Sítio

o Aumentar o apoio por parte do público em geral e institucional para a conservação das Ilhas

Selvagens;

o Melhorar as condições de recepção e informação dos visitantes;

o Continuar a garantir internacionalmente o reconhecimento do valor de conservação do Sítio

e dos esforços para a sua gestão sustentada.

• Gerir as visitas na vertente lúdico-turística para que não colidam com o valor de

conservação das Ilhas Selvagens

o Continuar a adquirir o conhecimento necessário para definir estratégias que permitam a

conservação do Sítio face à pressão humana na vertente lúdico-turistica;

o Melhorar os mecanismos e condições de controlo dos visitantes e suas actividades.

• Melhorar as condições legais para que a gestão do Sítio seja efectuada da forma mais

eficaz

o Continuar a prover um quadro legal adequado;

o Avaliar a necessidade de melhoramento dos mecanismos legais de protecção para uma

utilização regrada do Sítio.

• Gerir o Sítio de forma adequada e efectiva de acordo com as orientações propostas;

o Monitorizar a implementação do Plano proposto;

o Continuar a prover meios financeiros para o desenvolvimento das actividades apresentadas

neste Plano.

O POGIS deverá traduzir um compromisso recíproco de compatibilização com os instrumentos de

gestão territorial de âmbito regional e nacional, designadamente:

Page 91: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 9

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) – Lei n.º 58/2007, de 4

de Setembro, rectificado pelas declarações n.º 80-A/2007, de 7 de Setembro e n.º 103-A/2007, de 2

de Novembro;

Sistema Regional de Gestão Territorial - Decreto Legislativo Regional n.º43/2008/M, de 23 de

Dezembro;

Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN) - Decreto – Lei n.º 142/2008, de 24 de

Julho;

Reserva Ecológica Nacional (REN) – Decreto – Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto;

Estratégia Nacional para o Mar (2006-2016) – Resolução do Conselho de Ministros nº 163/2006,

de 12 de Dezembro;

Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade – Resolução do Conselho

de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro;

Zona Económica Exclusiva – Decreto-Lei n.º 119/78, de 1 de Junho;

Domínio Público Hídrico – Lei n.º 468/71, de 5 de Novembro, republicado pela Lei n.º 16 / 2003, de

4 de Junho;

Plano de Ordenamento do Território na Região Autónoma da Madeira (POTRAM) – Decreto

Legislativo Regional n.º 12/95/M, de 24 de Junho, alterado pelo Decreto Legislativo Regional n.º

9/97/M, de 18 de Julho;

Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma da Madeira (POT) – Decreto Legislativo

Regional n.º 17/2002/M, de 29 de Agosto;

Plano Regional da Política do Ambiente (PRPA) – Resoluções do Conselho de Governo nºs

1149/97, de 18 de Agosto e 593/99, de 3 de Maio e 809/2000, de 8 de Junho;

Plano Regional da Água da Madeira (PRAM) – Decreto Legislativo Regional n.º 38\2008, de 20 de

Agosto;

Plano Mar Limpo - Resolução do Conselho de Ministros n.º 25/93, de 15 de Abril.

Plano Director Municipal (PDM) do Funchal – Ratificado pela Resolução do Governo Regional da

Madeira n.º 887/97, de 10 de Julho;

Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Região Autónoma da Madeira 2007-2013 –

Resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira n.º 10/2006/M, de 30 de

Maio;

Page 92: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 10

Fundeadouros autorizados nas Ilhas Selvagens – Edital n.º 09/2006, da Capitania do Porto do

Funchal;

Rede Ecológica Europeia Natura 2000 – Sítio de Importância Comunitária – PTSEL0001 – Ilhas

Selvagens, Portaria n.º 829/2007, de 01 de Agosto;

Reserva Natural Integral das Ilhas Selvagens – Decreto-lei n.º 458/71, de 29 Outubro,

reclassificada através do Decreto Regional n.º 15/78/M, de 10 Março e do Decreto Regional n.º

11/81/M, de 7 Abril e Decreto-lei nº 13/86 de 28 Maio.

3. CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DAS ZONAS SUSCEPTÍVEIS DE SEREM

SIGNIFICATIVAMENTE AFECTADAS, ASPECTOS PERTINENTES DO ESTADO ACTUAL DO

AMBIENTE E SUA PROVÁVEL EVOLUÇÃO SE NÃO FOR APLICADO O POGIS

3.1 CARACTERIZAÇÃO

Neste capítulo é apresentada uma abordagem sucinta das principais características ambientais da

área de intervenção do POGIS, de acordo com os seguintes temas: geomorfologia e geologia,

valores biológicos e socioeconomia.

3.1.1 Geomorfologia e Geologia

A história geológica do arquipélago das Ilhas Selvagens está intimamente relacionada com a

abertura e expansão do Oceano Atlântico, processo que teve início no Triásico, há cerca de 200 Ma,

e continua nos nossos dias. As Ilhas Selvagens instaladas na rampa Continental Africana à

semelhança do arquipélago de Canárias, apresentam um enquadramento Oceânico-Marginal e

constituem um só edifício vulcânico, formando uma província petrográfica. Admite-se que tenham

sido as primeiras ilhas do arquipélago da Madeira, a emergir no Oligocénico, há cerca de 27 Ma,

originadas pelo hotspot das Ilhas Canárias.

Edificadas sobre um fundo oceânico com 135 Ma, situado entre as batimétricas dos 3000 e dos 4000

m as Selvagens são constituídas por três ilhas principais: a Selvagem Grande, a Selvagem Pequena

e o Ilhéu de Fora, que se encontram rodeadas por diversos ilhéus e recifes alguns só visíveis na

Page 93: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 11

baixa-mar. No conjunto, fazem parte de um relevo submarino, de orientação NE-SW, com cerca de

15 km de extensão, marcado pela curva dos -1000 m, acima da qual, no extremo NE, a Selvagem

Grande cresce como um cone isolado e arredondado. A extremidade SW, em profundidade, é

também constituída por um cone de forma arredondada, o qual, próximo da superfície (acima dos -

500 m) define uma acentuada reentrância, interpretada por vários autores como sendo os restos de

uma antiga cratera vulcânica submersa cujo bordo, aberto para NE, estaria representado pela

Selvagem Pequena e pelo grupo de ilhéus e recifes circundantes.

A Selvagem Grande, (245 ha) de forma pentagonal, é caracterizada pelo relevo bastante acentuado

e por uma extensa zona planáltica que cai abruptamente sobre o mar em agrestes falésias

vulcânicas resultantes da erosão. Possui apenas um ou dois locais seguros para fundear. O seu

planalto eleva-se a cerca de 100 m acima do nível do mar. O ponto mais alto é atingido no Pico da

Atalaia a 163 m.

A Selvagem Pequena (20,0 ha) e o Ilhéu de Fora (8,1 ha), à distância de 11 milhas para sudoeste,

constituem o local mais a sul do território português.

A Selvagem Pequena, apresenta forma irregular, perfil baixo e achatado, sendo quase totalmente

coberta por areia calcária, que inclui areia de origem marinha encontrada em bacias erosionais. O

Ilhéu de Fora é ainda mais baixo e também coberto por areia calcária. As altitudes máximas são

atingidas no Pico do Veado, com 49 m, e no Pitão Pequeno com 18 m, na Selvagem Pequena e no

Ilhéu de Fora, respectivamente.

Geologicamente, as Selvagens são ilhas oceânicas de origem vulcânica. Situam-se na margem

superior da plataforma marinha das Canárias e nunca estiveram em contacto com o continente

africano. A Selvagem Grande é constituida por escórias vulcânicas porosas que dão origem a um

solo de superficie vitrificada e estrutura nicrolitica.

Na base visivel da Selvagem Grande observam-se estratos fonoliticos e nefeneliticos no topo dos

quais se depositou uma espessa camada de areia calcária amarela durante o Mioceno, período em

Page 94: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 12

que a ilha esteve submersa. Esta areia infiltrou-se nas fracturas causadas pelas explosões

vulcânicas dando origem a diques calcários. Mais tarde formaram-se depósitos de cinzas, areias

vulcânicas e lapilli sob imersão. Finalmente as últimas erupções cobriram a maior parte da ilha com

uma camada de lava basáltica.

Na Selvagem Grande existe uma extensa galeria subterrânea (que terá provavelmente resultado de

um canal de lava vulcânico) onde se podem encontrar depósitos de sulfato de cal de cristalização

sacaróide. Há também outros depósitos conquilíferos de diferentes eras geológicas, desde o

Mioceno até tempos mais recentes.

A Selvagem Pequena e o Ilhéu de Fora, representam o que resta de picos vulcânicos submarinos e

a sua área quase duplica com a baixa-mar.

3.1.2 Valores Biológicos

HABITATS NATURAIS DE INTERESSE COMUNITÁRIO

Na Região Autónoma da Madeira existem 11 Sítios de Interesse Comunitário, que visam a

conservação de habitats, fauna e flora constantes na Directiva Habitats (Directiva n.º 92/43/CEE, do

Conselho, de 21 de Maio) e na Directiva Aves (Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de

Abril), transposta para Portugal através do Decreto-Lei nº 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo

Decreto-Lei nº 49/2005, de 24 de Fevereiro.

Nas Ilhas Selvagens, existem os habitats de interesse comunitário apresentados na Tabela 1.

Page 95: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 13

Tabela 1. Habitats de interesse comunitário presentes nas Ilhas Selvagens (Fonte: Resolução n.º 1408/2000, de 22 de

Setembro e candidatura à Rede Natura 2000)

Código Designação do habitat Grau de

conservação

1110 Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco

profunda

Excelente

1140 Lodaçais e areias a descoberto na maré baixa Excelente

1160 Enseadas e baías pouco profundas Excelente

1250 Falésias com flora endémica das costas macaronésias Excelente

5320 Formações baixas de euforbiáceas junto a falésias Excelente

VEGETAÇÃO E FLORA

Espécies indígenas

As Ilhas Selvagens constituem um habitat único no mundo para as plantas, com um ecossistema

num estado inalterado (Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora), que estão praticamente intocados.

Estas ilhas contêm a percentagem mais elevada de endemismos por unidade de superfície, por toda

a Região Biogeográfica da Macaronésia.

A cobertura florística terrestre das Selvagens é compreendida por 105 espécies das quais 11 são

endémicas destas ilhas. Alguns casos, por exemplo, Cila da Madeira, Scilla maderensis Menezes

var. melliodora Svent. (Autonoe madeirensis), Estreleira, Argyranthemum thalassophilum (Svent)

Humphr, Lobularia canariensis (DC.) Borgen ssp. rosula–venti (Svent.) Borgen, Lotus salvagensis

Murr., Monanthes lowei (Paiva) Pérez et Acebes e Figueira do Inferno, Euphorbia anachoreta Svent.

A lista da flora marinha está presente no Anexo III, do POGIS.

A nível de briófitos são dados para as Ilhas Selvagens só nove espécies.

Page 96: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 14

A lista das plantas vasculares que ocorrem nas Ilhas Selvagens está presente no Anexo II, do

POGIS.

Apresentamos na tabela 2, as espécies da flora constantes do anexo B-II, do Dec. Lei n.º 49/2005,

de 24 de Fevereiro.

Tabela 2. Espécies vegetais de interesse comunitário.

Código Espécie Grau de Conservação

1824 Argyranthemum thalassophyllum Excelente

1854 Scilla maderensis (Autonoe madeirensis) Excelente

Espécies Invasoras

No fim do século XIX, a Tabaqueira, Nicotiana glauca, que mais tarde se provou ser invasora, foi

introduzida na Selvagem Grande. Veio a ocupar uma área potencial de distribuição importante,

sendo prejudicial para as aves marinhas. O objectivo desta introdução foi o uso das folhas para

tabaco e do material lenhoso para combustível.

Em relação a esta planta na Selvagem Grande, ela foi alvo de um projecto de erradicação, de 2001

a 2004, tendo sido atingidos plenamente os seus objectivos e, desde 2004, continuando até à

actualidade, procede-se ao controlo de seguimento da erradicação efectuando uma monitorização

cuidadosa, de modo a eliminar alguma planta que apareça dispersa, esgotando, assim, o banco de

sementes existente no solo.

A Selvagem Pequena e o Ilhéu de Fora nunca foram alvo de introdução de espécies vegetais.

Está implementado um plano de monitorização regular nestas ilhas, de forma a detectar e observar

atempadamente qualquer planta invasora e de imediato erradicá-la, recorrendo para o efeito a meios

mecânicos, sem a utilização de produtos químicos ou outros.

Page 97: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 15

FAUNA

A fauna vertebrada das Ilhas Selvagens é caracterizada pelo largo domínio das aves marinhas

nidificantes e pela ausência de mamíferos nativos.

AVIFAUNA

As Ilhas Selvagens são um santuário de nidificação de aves marinhas, classificado como Important

Bird Area (IBA), incluída na Directiva Aves (79/409/CEE), possuindo condições singulares e únicas

em todo o mundo. Devido à sua localização geográfica, apresentam uma sobreposição de espécies

cujas áreas preferenciais de distribuição estão localizadas a Norte, com espécies nas quais as áreas

de distribuição se localizam mais a Sul. Deste modo, e devido ao bom estado de conservação dos

habitats destas espécies, as Ilhas Selvagens abrigam um número extremamente significativo de

comunidades de aves marinhas, devido não só à variedade de espécies, mas também ao número de

indivíduos.

A avifauna nidificante destas ilhas é composta por 9 espécies pertencentes a 3 famílias:

Procelaridae (5 espécies), Laridae (3 espécies) e motacillidae (1 espécie). Na Tabela 3, são

apresentados os valores referentes ao tamanho da população e à respectiva tendência de evolução,

para 6 das 9 espécies referidas.

Tabela 3. Tamanho e tendência populacional para seis espécies de aves nidificantes nas Ilhas Selvagens

Espécies

Tamanho Pop. (Pares)

Trend Referencia

Cagarra Calonectris diomedea borealis 29 540 + Granadeiro et al. (2006)

Calcamar Pelagodroma marina hypoleuca

(+)40.000 estável Campos (2002)

Alma Negra Bulweria bulwerii (+) 4000 estável Zino, Biscoito e Oliveira (2000)

Roque de Castro Oceanodroma castro (+) 1500 estável Zino, Biscoito e Oliveira (2000)

Pintainho Puffinus puffinus assimilis (+) 2700 ? Oliveira e Moniz (1995)

Garajau rosado Sterna dougallii < 5 Oliveira (1999) + = pop. a crescer; ? = não há dados.

Page 98: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 16

Na tabela 4, são apresentadas as espécies de aves constantes do anexo I, da Directiva 79/409/CEE

e anexo A-I do Dec. Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro.

Tabela 4. Avifauna de interesse comunitário

Código Espécie Grau de conservação

A010 Calonectris diomedea borealis Excelente

A192 Sterna dougallii -

A193 Sterna hirundo Boa

A387 Bulweria bulwerii Excelente

A388 Puffinus assimilis Excelente

A389 Pelagodroma marina Excelente

A390 Oceanodroma castro Excelente

A colónia de Cagarras, que constitui colónia desta espécie com maior densidade em todo o mundo,

não é, no entanto, a mais numerosa que existe nas Selvagens. Bastante mais discreta, os pequenos

e silenciosos calcamares, formam uma colónia bem maior.

O Garajau rosado, Sterna dougallii, que nidifica em pequeno número no Ilhéu de Fora é

extremamente sensível à presença humana e consequentemente uma espécie que está sob grande

ameaça a nível mundial.

A Alma negra, Bulweria bulwerii, o Roque de Castro, Oceanodroma castro, e o Pintaínho, Puffinus

assimilis baroli, constituem as restantes aves marinhas que nidificam em números bastante

significativos nas Selvagens, contribuindo e conferindo-lhe assim este carácter único.

As aves acima mencionadas são espécies migratórias aparecendo nestas ilhas durante o seu

periodo reprodutivo. As aves residentes que podem ser encontradas durante todo o ano nas

Selvagens são o Corre-caminhos, Anthus bertheloti bertheloti, a mesma subespécie que se encontra

nas Ilhas Canárias, mas não no Arquipélago da Madeira, e um pequeno número de casais de

Francelhos, Falco tinnunculus canariensis.

Page 99: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 17

Muitas outras aves de várias espécies visitam ocasionalmente as Ilhas Selvagens, sobretudo no

Outono e no Inverno.

As espécies de aves acima mencionadas e outras estão listadas no Anexo VI do POGIS.

Outras espécies nativas

As outras espécies de vertebrados que podemos encontrar nestas ilhas são a Osga, Tarentola

bischoffi, e a Lagartixa, Teira dugesii selvagensis. A Osga é um réptil endémico da Macaronésia

ocorrendo apenas em El Hierro (Ilhas Canárias) e nas Ilhas Selvagens.

Nestas ilhas, também podemos encontrar um apreciável número de invertebrados endémicos. Existe

um elevado número de insectos endémicos, sobretudo coleopteros e lepidópteros; Deucalion

oceanicum, endémico do Ilhéu de Fora e a Agrotis lanzarotensis endémica da Selvagem Pequena,

respectivamente, são bons exemplos, Anexo IV do POGIS.

A fauna marinha, típica destes habitats, está presente no Anexo V do POGIS.

Nos gastrópodes terrestres temos 8 espécies dadas para as Ilhas Selvagens, sendo uma endémica

da Macaronésia, Ovatella aequalis (Lowe, 1832) e uma endémica das Ilhas Selvagens, Theba

macandrewiana (Pfeiffer, 1853).

Na tabela 5, são apresentadas as espécies da fauna (excepto aves) constantes do anexo B-II do

Dec. Lei n.º 49/2005 de 24/02:

Tabela 5. Fauna de interesse comunitário

Código Espécie

1224 Caretta caretta

1095 Petromyzon marinus A negrito as espécies prioritárias

Na tabela 6, constam outras espécies animais (excepto aves) constantes dos anexos B-IV e B-V do Dec. Lei n.º 49/2005 de 24/02:

Tabela 6. Outra fauna de interesse comunitário

Page 100: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 18

Espécie Anexos

Teira dugesii selvagensis B-IV

Caretta caretta B-IV

Tarentola bischoffi B-IV A negrito as espécies prioritárias

Espécies marinhas O sistema litoral das Ilhas Selvagens é constituído por uma costa rochosa bastante exposta ao

hidrodinamismo marinho. Na Selvagem Grande predomina a costa rochosa com declive bastante

acentuado enquanto que, na Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora, predominam as plataformas

rochosas existindo pequenas praias de areia branca. No mar adjacente destas ilhas, encontram-se

alguns prolongamentos rochosos, pequenos ilhéus e uma grande quantidade de baixios.

A fauna marinha das Ilhas Selvagens é semelhante à do arquipélago da Madeira.

Nas zonas rochosas a seguir ao domínio terrestre, no nível supralitoral encontram-se povoamentos

de litorinas Littorina striata e do líquene Verrucaria maura que se assemelha a manchas de alcatrão.

De forma isolada, começam a aparecer caramujos Gibula sp. O limite inferior do andar supralitoral é

marcado pelo aparecimento de colónias de cracas Cthmalus stellatus. Também característico deste

nível, mas pouco frequente, é o liquene Lichina pygmaea. Grupos de lapas começam a surgir,

primeiro as lapas Patella pipperata, e depois Patella aspera e Patella candei candei que se

estendem até ao infralitoral. Neste aparece o Caranguejo Judeu Grapsus grapsus.

No nível médio do médiolitoral, existe uma diversidade mais elevada de espécies de fauna e flora.

Em alguns locais, encontram-se faixas ao longo da costa da alga verde Entheromorfa sp. Neste nível

encontram-se vários enclaves onde se encontram formações de algas calcárias Lithophyllum sp. ou

Lithothamnia sp. a revestir as paredes das poças. Em algumas poças, também se encontram densos

tufos formados por algumas colónias de algas verdes entre outras. Aqui, também se encontram

algumas espécies típicas do andar infralitoral como é o caso das anémonas, das esponjas e dos

equinodermes Paracentratus lividus e Arbacia lixula. A fauna é caracterizada pelos peixes cabozes

Mauligobius maderensis e Blennius parvicornis e pelo Camarão das Poças Palaemon elegans.

Page 101: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 19

As reentrâncias rochosas, que se mantêm mais húmidas e escuras, são o habitat preferencial de

algumas espécies de crustáceos (Pachygrapsus spp. e Eriphia verrucosa), gastrópodes (Monodonta

spp. e Gibbula candei).

No infralitoral, o número de organismos aumenta, passa-se a ter um maior coberto vegetal onde

predominam as algas Padina pavonica, Asparagopsis armata, Blidingia minima e as algas dos

géneros Jania sp., Corallina sp., Ulva sp., e consequentemente uma fauna mais diversificada que

inclui crustáceos anfípodes, isópodes e decápodes, sipunculídeos, anelídeos poliquetas e moluscos

gastrópodes que vivem entre as algas e na massa sedimentar retida por estas.

Nas superfícies menos povoadas por algas, existe uma fauna séssil muito variada que inclui

esponjas Verongia aerophoba, Chondrosia reniformis e Batzela inops, as anémonas Anemonia

viridis e Aiptasia mutabilis, estrelas do mar Marthasterias glacialis, e muitas espécies de peixes

Thalassoma pavo, Abudefduf luridus, Chromis limbata, Sparisoma cretense, Centrolabrus trutta,

Mycteroperca fusca, Serranus atricauda, etc). Dentro dos moluscos há a assinalar as espécies Lima

lima,Flexopecten flexuosus, Hexaplex trunculus e Spondylus gaederopus. O poliqueta Hermodice

carunculata é também muito abundante.

Nos fundos rochosos, são frequentes as holotúrias e os ouriços-do-mar, sendo a espécie dominante

o Ouriço-de-espinhos-longos Diadema antillarum, muito provavelmente um dos grandes

responsáveis pela reduzida concentração de algas.

No que se refere à ictiofauna, abundam o Bodião Sparisoma cretense, a Salema Sarpa salpa, o

Sargo Diplodus sp, a Tainha Mugil auratus, as castanhetas Chromis chromis e Abudefduf luridus, a

Dobrada Oblada melamura, a Boga Boops boops e o Peixe-verde Thalassoma pavo.

Nas Ilhas Selvagens ocorrem também tartarugas Caretta caretta e várias espécies de mamíferos

marinhos como o Roaz-corvineiro Tursiops truncatus, o Golfinho-riscado Stenella coeruleoalba e o

Golfinho-comum Delphinus delphis.

Page 102: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 20

Espécies Introduzidas

Historicamente, três espécies de vertebrados foram introduzidas na Selvagem Grande: cabras,

coelhos e ratos. A libertação destes animais aconteceu em relação directa com o uso da ilha pelos

habitantes da Madeira. A cabra, foi introduzida no tempo da descoberta destas Ilhas (Século XV),

desaparecendo no início do século passado. Tal como a cabra, também o coelho se pensa ter sido

introduzido na mesma altura (séc. XV).

Em 2000, lançou-se um trabalho de recuperação dos habitats terrestres da Selvagem Grande e,

após estudos de variabilidade da espécie, foi tomada a decisão da erradicação do coelho e dos

murganhos, o qual obteve êxito total. Posteriormente, procedeu-se a uma intensa monitorização,

dizendo-se, em finais de 2003, que “não existem vestígios de coelho e julga-se que o murganho

também está extinto”. Após esta data, confirmou-se a extinção do murganho nesta ilha.

Todo este esforço tem sido acompanhado por um sólido programa de monitorização, que permitirá o

melhor acompanhamento dos processos regenerativos que os ecossistemas apresentam. Espera-se

que estes habitats evoluam em direcção a uma situação de equilíbrio, tal como se encontra a Ilha

Selvagem Pequena e o Ilhéu de Fora que nunca foram alvo de introduções.

3.1.3 Socioeconomia

As Ilhas Selvagens foram alvo de várias tentativas de colonização humana, mas tal foi inviabilizado

devido à sua inospicidade e, principalmente, ausência de água.

Historicamente, o interesse económico das Ilhas Selvagens, esteve associado, logo após a sua

descoberta, à colheita de urzela, um líquen que cresce nas rochas em escarpas e cujo comércio, no

século XVIII, era muito intenso, utilizando-a em tinturaria. Também aqui, foram exploradas e

comercializadas duas plantas, Mesembryanthemum crystalinum e Mesembryanthemum nodiflorum,

ambas chamadas de barrilha, utilizadas no fabrico de sabão.

Também, nestes tempos longínquos, os proprietários destas ilhas exploravam a pesca e salgavam o

peixe, para posteriormente ser vendido na Ilha da Madeira.

Page 103: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 21

Dado existir uma grande colónia de cagarras, o seu estrume também era comercializado, na Ilha da

Madeira, como fertilizante para a agricultura. Outra utilização desta ave, que perdurou até 1967, foi a

captura dos seus juvenis para, depois de mortos, servirem para a alimentação humana e as penas

para fabrico de colchões e afins.

Actualmente, as actividades humanas são estritamente controladas. A Selvagem Grande é visitada

temporariamente, em curtas estadias, por cientistas em trabalho com autorização da entidade

gestora e, em permanência, pelos funcionários do Serviço do Parque Natural da Madeira (SPNM).

Outras actividades a considerar nestas ilhas são a pesca e o turismo.

A Selvagem Pequena só é habitada, de Maio a Outubro, por funcionários de SPNM, para que a sua

vigilância possibilite uma protecção mais eficaz dos ecossistemas.

PESCA

Os recursos piscícolas das Ilhas Selvagens sempre atraíram uma intensa actividade piscatória

associada, também, à captura de cagarras.

Numa fase inicial e até ao aparecimento das embarcações a motor, estas actividades foram

exercidas de forma controlada. Com o aparecimento das embarcações a motor, a colónia de

cagarras começou a mostrar fortes indícios de regressão, tendo sido efectuada a ultima expedição,

em 1967, para a captura de cagarras. Os recursos piscícolas também, rapidamente entraram num

estado de sobre-exploração.

Com a criação da Reserva Natural das Ilhas Selvagens em 1971, a captura de aves marinhas deixou

de ser praticada e a exploração dos recursos haliêuticos passou a ser exercida de forma sustentada,

só sendo permitida a pesca comercial para grandes peixes pelágicos migratórios e / ou para pesca

de isco vivo e a pesca submarina de recreio, de acordo com a legislação em vigor para o sector.

TURISMO

Page 104: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 22

As Ilhas Selvagens são visitadas por pessoas que ali se deslocam através de embarcações privadas

e ou de embarcações marítimo-turísticas e, também, nos navios de Guerra da Marinha Portuguesa,

mediante uma autorização da entidade gestora.

As ilhas são visitadas, durante todo o ano, por um número significativo de embarcações e visitantes

que, em 2008, atingiu 180 embarcações e 490 pessoas.

De Maio a Outubro, também é permitida a visita da Selvagem Pequena, mas em muito menor

número. Registou-se, em 2008, a presença de 56 pessoas.

3.2. PROVÁVEL EVOLUÇÃO DECORRENTE DA NÃO APLICAÇÃO DO POGIS

Os principais problemas e factores de ameaça identificados nas Ilhas Selvagens, que podem

comprometer a conservação dos recursos naturais existentes neste espaço protegido, são a pesca

ilegal, a pressão humana desregrada, a introdução e/ou dispersão de plantas com carácter invasor,

a introdução de animais exóticos, a erosão dos solos e possíveis derrames de crude

(hidrocarbonetos) resultantes de lavagens de tanques e/ou acidentes – as ameaças identificadas no

POGIS.

Com o objectivo de minimizar e evitar estas ameaças, foram implementadas diversas medidas

desde 1971, quando as Ilhas Selvagens foram legalmente protegidas que, ainda continuam em

curso, estando enquadradas nas medidas propostas no POGIS e, que têm como objectivos

estratégicos:

o Conservar, melhorar e proteger todos os ecossistemas;

o Promover, coordenar e apoiar as pesquisas que visam o melhoramento do conhecimento

das espécies e habitats;

o Melhorar a divulgação, conhecimento e apreciação do Sítio;

Page 105: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 23

o Gerir as visitas na vertente lúdico-turística para que não colidam com o valor de

conservação das Ilhas Selvagens;

o Melhorar as condições legais para que a Gestão do Sítio seja efectuada de forma mais

eficaz;

o Gerir o Sítio de forma adequada e efectiva de acordo com as orientações propostas.

Deste modo, pode-se verificar que as Ilhas Selvagens têm, desde 1971, uma dinâmica própria que

tem permitido uma conservação eficaz dos habitats e espécies. Contudo, com a divulgação daquele

espaço tem havido um interesse e uma procura cada vez maior por parte da população residente e

de turistas que ali se deslocam através de diversas embarcações. Perante isto, o POGIS contribuirá

decisivamente não só para a gestão da pressão humana naquele espaço de forma sustentada,

como também, para a implementação de novas medidas que permitam concretizar os objectivos

estratégicos acima mencionados de forma mais eficaz.

4. PROBLEMAS AMBIENTAIS PERTINENTES PARA O POGIS, INCLUINDO OS

RELACIONADOS COM TODAS AS ZONAS DE ESPECIAL IMPORTÂNCIA AMBIENTAL

O POGIS prevê um programa de actuação necessária à salvaguarda do Sítio, na medida em que o

Plano prevê um conjunto de medidas de ordenamento, gestão, valorização e de defesa do Sítio que

têm como um dos objectivos minimizar e quando possível eliminar os problemas e ameaças para

aquele Sítio.

Assim sendo, os principais problemas e ameaças para as Ilhas Selvagens, identificados durante a

elaboração do POGIS, são os seguintes:

o Pesca ilegal;

o Pressão humana desregrada;

o Introdução e/ou dispersão de plantas com carácter invasor;

o Introdução de animais exóticos;

o Erosão dos solos;

Page 106: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 24

o Possíveis derrames de crude (hidrocarbonetos) resultantes de lavagens de tanques e/ou

acidentes.

5. OBJECTIVOS DE PROTECÇÃO AMBIENTAL ESTABELECIDOS A NÍVEL INTERNACIONAL,

COMUNITÁRIO, NACIONAL OU REGIONAL QUE SEJAM PERTINENTES PARA O POGIS

O Ordenamento e Gestão do Território devem ser encarados como um processo de integração e

coordenação das políticas de organização e utilização do espaço, fundamental para o

desenvolvimento integrado e sustentado das comunidades humanas. Deve possuir um carácter

interdisciplinar e intersectorial, exigindo a cooperação entre as diversas autoridades, e exigindo cada

vez mais a participação dos administrados. Deste processo deverá resultar o uso racional dos

recursos naturais e humanos presentes, bem como a conservação dos valores permanentes do

território, o que se traduz num progresso conjunto e harmonioso das várias actividades, permitindo

não só a sobrevivência e segurança, mas também o aumento da qualidade de vida das

comunidades ligadas aos diferentes espaços territoriais.

O quadro de referência estratégico constitui o macro-enquadramento estratégico da avaliação

ambiental, criando um referencial para a mesma. Reúne os macro-objectivos de política ambiental e

de sustentabilidade estabelecidos a nível europeu – já transpostos para a ordem jurídica – nacional

e regional que são relevantes para a avaliação, bem como as ligações a outros planos e programas

com os quais o Plano estabelece relações.

Dos instrumentos identificados é necessário seleccionar os objectivos, considerados referenciais

estratégicos, que sirvam de enquadramento ao processo de elaboração do POGIS, designadamente

os que possam servir para validar os objectivos estabelecidos neste.

Assim, neste capítulo são abordados os diversos instrumentos de planeamento previstos para a

Região Autónoma da Madeira com especial pertinência para o Plano, tendo em consideração o

sistema regional de gestão territorial.

Page 107: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 25

5.1 Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) – Lei n.º 58/2007, de

4 de Setembro, rectificado pelas declarações n.º 80-A/2007, de 7 de Setembro e n.º 103-A/2007, de

2 de Novembro;

Este Programa Nacional é um instrumento de desenvolvimento territorial de natureza estratégica que

estabelece as grandes opções com relevância para a organização do território nacional,

consubstancia o quadro de referência a considerar na elaboração dos demais instrumentos de

gestão territorial e constitui um instrumento de cooperação com os demais Estados membros para a

organização do território da União Europeia. Concretiza a estratégia de ordenamento,

desenvolvimento e coesão territorial do País.

5.2 Sistema Regional de Gestão Territorial – Decreto Legislativo Regional n.º43/2008/M, DR, 1ª

série, n.º 247, de 23 de Dezembro;

Este diploma desenvolve as bases da política de ordenamento do território e de urbanismo,

definindo o sistema regional de gestão territorial da Região Autónoma da Madeira.

5.3 Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN) – Decreto – Lei n.º 142/2008, de 24

de Julho;

Este diploma estabelece o regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade, criando

a RFCN, a qual é composta pelas áreas nucleares de conservação da natureza e da biodiversidade

integradas no SNAC e pelas áreas de reserva ecológica nacional, de reserva agrícola nacional e do

domínio público hídrico enquanto áreas de continuidade que estabelecem ou salvaguardam a

ligação e o intercâmbio genético de populações de espécies selvagens entre as diferentes áreas

nucleares de conservação, contribuindo para uma adequada protecção dos recursos naturais e para

a promoção da continuidade espacial, da coerência ecológica das áreas classificadas e da

conectividade das componentes da biodiversidade em todo o território, bem como para uma

adequada integração e desenvolvimento das actividades humanas.

Page 108: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 26

5.4 Reserva Ecológica Nacional (REN) – Decreto – Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto;

Este diploma define uma estrutura biofísica que integra o conjunto das áreas que, pelo seu valor e

sensibilidade ecológicos ou pela exposição e susceptibilidade perante riscos naturais, são objecto de

protecção especial. É uma restrição territorial especial que estabelece um conjunto de

condicionamentos à ocupação, uso e transformação do solo, identificando os usos e as acções

compatíveis com os objectivos desse regime nos vários tipos de áreas. Visa contribuir para a

ocupação e o uso sustentáveis do território, tendo por objectivos: proteger os recursos naturais água

e solo, bem como salvaguardar sistemas e processos biofísicos associados ao litoral e ao ciclo

hidrológico terrestre, assegurando bens e serviços ambientais indispensáveis ao desenvolvimento

das actividades humanas; prevenir e reduzir os efeitos da degradação da recarga de aquíferos, dos

riscos de inundação marítima, de cheias, de erosão hídrica do solo e de movimentos de massa em

vertentes, contribuindo para a adaptação aos efeitos das alterações climáticas e acautelando a

sustentabilidade ambiental e a segurança de pessoas e bens; contribuir para a conectividade e a

coerência ecológica da Rede Fundamental de Conservação da Natureza; contribuir para a

concretização, a nível nacional, das prioridades da Agenda Territorial da União Europeia nos

domínios ecológico e da gestão transeuropeia de riscos naturais.

5.5 Estratégia Nacional para o Mar (2006-2016) – Resolução do Conselho de Ministros nº

163/2006, de 12 de Dezembro;

Esta Estratégia cria as condições e mecanismos que possibilitam aos diversos agentes desenvolver,

de forma equilibrada e articulada, as múltiplas actividades ligadas ao mar, tendo em vista a

promoção da qualidade do ambiente marinho, do crescimento económico e a criação de novos

empregos e oportunidades. O objectivo central é o de aproveitar melhor os recursos do oceano e

zonas costeiras, promovendo o desenvolvimento económico e social de forma sustentável e

respeitadora do ambiente, através de uma coordenação eficiente, responsável e empenhada que

contribua activamente para a Agenda Internacional dos Oceanos.

5.6 Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB) –

Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro;

Page 109: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 27

A ENCNB é um instrumento fundamental para a prossecução de uma política integrada num domínio

cada vez mais importante da política de ambiente e nuclear para a própria estratégia de

desenvolvimento sustentável. Assume três objectivos gerais: conservar a Natureza e a diversidade

biológica, incluindo os elementos notáveis da geologia, geomorfologia e paleontologia; promover a

utilização sustentável dos recursos biológicos; contribuir para a prossecução dos objectivos visados

pelos processos de cooperação internacional na área da conservação da Natureza em que Portugal

está envolvido, em especial os objectivos definidos na Convenção sobre a Diversidade Biológica,

aprovada para ratificação pelo Decreto n.º 21/93, de 29 de Junho, designadamente a conservação

da biodiversidade, a utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos

benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos.

5.7 Zona Económica Exclusiva – Decreto-Lei n.º 119/78, de 1 de Junho;

Define "zona económica" e fixa os seus limites geográficos.

5.8 Domínio Público Hídrico – Lei n.º 468/71, de 5 de Novembro, republicado pela Lei n.º 16 /

2003, de 4 de Junho;

Revê, actualiza e unifica o regime jurídico dos terrenos do Domínio Público.

5.9 Plano de Ordenamento do Território na Região Autónoma da Madeira (POTRAM) –

aprovado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 12/95/M, de 24 de Junho, alterado pelo Decreto

Legislativo Regional n.º 9/97/M, de 18 de Julho.

Este plano estabelece as orientações gerais de planeamento e desenvolvimento das intervenções

respeitantes ao uso e ocupação do solo, defesa e protecção do ambiente, distribuição da população

no território e estrutura urbana. Constituem objectivos específicos do POTRAM a estruturação do

território, tendo em vista o equilíbrio no funcionamento das zonas homogéneas regionais, a

preservação do ambiente e da qualidade de vida e o estabelecimento de condições espaciais para

modernização da economia, visando a elevação do nível de rendimento e qualidade de vida da

população e a redução de assimetrias intra-regionais. Fundamentalmente, o POTRAM pretende

promover um desenvolvimento harmonioso entre os espaços rurais e urbanos.

Page 110: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 28

5.10 Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma da Madeira (POT) – aprovado pelo

Decreto Legislativo Regional n.º 17/2002/M, de 29 de Agosto.

O POT define a estratégia de desenvolvimento do turismo na Região e o modelo territorial a adoptar,

com vista a orientar os investimentos, tanto públicos como privados, garantindo o equilíbrio na

distribuição territorial dos alojamentos e equipamentos turísticos, bem como um melhor

aproveitamento e valorização dos recursos humanos, culturais e naturais. Constitui ainda objectivo

do POT que a distribuição territorial e as características dos empreendimentos turísticos se adeqúem

às realidades paisagísticas e históricas das diversas zonas da Região, e que se insiram no meio

social e cultural, contribuindo para o desenvolvimento local integral.

5.11 Plano Regional da Política do Ambiente (PRPA) – aprovado pelas Resoluções do Conselho

de Governo nºs 1149/97, de 18 de Agosto e 593/99, de 3 de Maio e 809/2000, de 8 de Junho.

O PRPA tem como principais objectivos o bem-estar sustentável da população, com padrões de

qualidade de vida, a adequação ambiental das actividades económicas e a valorização do

património natural e da paisagem humanizada. Salienta-se que o PRPA define diversas linhas de

orientação estratégica, destacando-se a que se centra na integração dos valores ambientais nos

modelos de desenvolvimento sócio-económico, referindo que uma das formas mais promissoras de

valorização do património é o turismo, em especial o turismo de natureza e em meio rural.

5.12 Plano Regional da Água da Madeira (PRAM) – Decreto Legislativo Regional n.º 38\2008,de

20 de Agosto;

Este Plano constitui um plano estratégico que tem por objecto os recursos hídricos, no contexto

geral de desenvolvimento sustentável, qualidade de vida dos habitantes, satisfação das

necessidades relativas às actividades económicas e protecção do ambiente da Região Autónoma da

Madeira.

5.13 Plano Mar Limpo – Resolução do Conselho de Ministros n.º 25/93, de 15 de Abril.

Page 111: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 29

O Plano Mar Limpo (PML) tem por objectivo geral estabelecer um dispositivo de resposta a

situaçãoes de derrames de hidro – carbonetos e outras substâncias perigosas, ou a situações de

ameaça iminete desses mesmos derrames, definir as responsabilidades das entidades

intervenientes e fixar as competências das autoridades encarregadas da execução das tarefas que

aquela resposta comporta.

5.14 Plano de Desenvolvimento Económico e Social da Região Autónoma da Madeira 2007-

2013 (PDES) – Resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira n.º

10/2006/M, de 30 de Maio;

A Região Autónoma da Madeira (RAM) assumiu como desígnio estratégico de, no horizonte 2013,

manter ritmos elevados e sustentados de crescimento da economia e do emprego, assegurando a

protecção do ambiente, a coesão social e o desenvolvimento territorial. Assim, para atingir este

desígnio, o PDES estabeleceu as prioridades estratégicas e temáticas e a prossecução dos grandes

objectivos, apresentando as linhas de orientação, objectivos e principais medidas a implementar.

5.15 Plano Director Municipal (PDM) do Funchal – Ratificado pela Resolução do Governo

Regional da Madeira n.º 887/97, de 10 de Julho. Este Plano funciona como instrumento básico de

ordenamento do território do Município e visa contribuir para um modelo coerente de

desenvolvimento do Concelho mediante a definição de orientações gerais de planeamento e de

gestão urbanística.

5.16 Reserva Natural Integral das Ilhas Selvagens – Decreto-lei n.º 458/71, de 29 Outubro,

reclassificada através do Decreto Regional n.º 15/78/M, de 10 Março e do Decreto Regional n.º

11/81/M, de 7 Abril e Decreto-lei nº 13/86 de 28 Maio;

Foi criada a Área Protegida, como Reserva Natural, com o objectivo de preservação da flora e fauna

naturais e ordenamento da área, de modo a conciliar essa preservação com as actividades

humanas, perpetuando para as gerações futuras a autenticidade e integridade deste Património

Natural.

Page 112: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 30

5.17 Rede Natura 2000 – O espaço protegido em causa está classificado como Sítio de Importância

Comunitária (SIC) – PTSEL0001 – Ilhas Selvagens, integrando a Rede Ecológica Europeia

denominada Natura 2000 (Directivas Europeias 79/409/CEE (Directiva Aves) e 92/43/CEE (Directiva

Habitats), que visam, respectivamente, a conservação das aves selvagens e a preservação dos

habitats naturais, da fauna e da flora selvagens; Portaria n.º 829/2007, de 01 de Agosto).

5.18 Fundeadouros autorizados nas Ilhas Selvagens – Edital n.º 09/2006, da Capitania do Porto

do Funchal.

São definidas, pela Capitania do Porto do Funchal, as zonas onde é permitido fundear.

5.19 Outras Classificações – Foi-lhe atribuído o Diploma Europeu, pela Resolução nº 65/1997, do

Comité de Ministros do Conselho da Europa, em virtude de ser uma Reserva que é um exemplo

representativo de um habitat natural especialmente valioso para a Conservação da Natureza da

Europa, com espécies de fauna e flora típicos, únicos, raros e ameaçados, e pelo trabalho de

protecção da Reserva que permite a sua conservação a longo prazo.

As Ilhas Selvagens estão inscritas na Categoria 1a de Gestão de Áreas Protegidas da IUCN (União

Internacional de Conservação da Natureza), como: “Área de Reserva Natural Integral gerida

prioritariamente para fins de pesquisa científica, assegurando que os habitats, ecossistemas e as

espécies nativas se mantenham livres de perturbação, tanto quanto possível”.

As Ilhas Selvagens são uma IBA (Important Bird Area). As IBAs são sítios com significado

internacional para a conservação das aves à escala global. São identificadas através da aplicação

de critérios científicos internacionais e constituem a rede de sítios fundamentais para a conservação

de todas as aves com estatuto de conservação desfavorável.

Page 113: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 31

6. EVENTUAIS EFEITOS SIGNIFICATIVOS NO AMBIENTE DECORRENTES DA APLICAÇÃO

DO POGIS

6.1 Identificação e descrição dos impactes mais significativos da aplicação do Plano

Considerando as medidas e acções previstas no POGIS prevê-se, de uma forma geral, conservar e

melhorar o grau de conservação dos habitats e espécies do Sítio e valorizar as actividades humanas

do ponto de vista socioeconómico que ali são desenvolvidas. Esta previsão é apoiada pelos

resultados obtidos com algumas das medidas de carácter contínuo implementadas desde o início da

protecção do Sítio, cujos impactes têm sido positivos.

Prevê-se que os resultados sejam graduais e a médio e longo prazo sem que existam impactos

significativos a curto prazo.

Os habitats e espécies do Sítio serão utilizados como indicadores dos efeitos das referidas acções.

6.1.1 Geomorfologia e Geologia

O POGIS terá influência directa e indirecta na preservação da geologia e dos fenómenos

geomorfológicos principalmente através de medidas que irão contribuir para diminuir a erosão que

ocorre naquelas ilhas.

Neste capítulo estão previstas as seguintes medidas com influência na geologia e geomorfologia:

• Prevenir a introdução de animais exóticos, com destaque, para a prevenção da reintrodução

do Coelho e Murganho;

• Monitorizar a presença de Coelho e Murganho que se consideram erradicados da Selvagem

Grande;

• Dar continuidade à monitorização da vegetação, na Selvagem Grande;

Page 114: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 32

6.1.2 Valores Biológicos

O POGIS tem como um dos objectivos de base a protecção e conservação da natureza e da

biodiversidade, desenvolvendo acções tendentes à salvaguarda dos habitats, e das espécies de

flora e fauna que constituem o património natural das Ilhas Selvagens.

Com a aplicação do POGIS prevê-se manter o grau de conservação excelente que os habitats e as

espécies, constantes nos anexos das Directivas Habitats e Aves, apresentam e, que o grau de

conservação do Garajau Comum, Sterna hirundo, passe de bom para excelente.

Esta protecção é realizada de forma directa, através da protecção efectiva dos habitats e espécies, e

de forma indirecta, através da monitorização e estudos desses habitats e espécies, os quais

permitem adoptar as estratégias de conservação mais adequadas, e da educação e sensibilização

ambiental a qual é fundamental para que a população, no geral, seja parte activa na conservação da

natureza.

Neste capítulo, estão previstas as seguintes acções com influência, directa ou indirecta, na

conservação dos recursos biológicos:

• Dar continuidade ao trabalho de vigilância e protecção do Sítio nas vertentes terrestre e

marinha;

• Melhorar as condições de vigilância das Ilhas Selvagens (bote, sistemas de comunicação,

entre outros);

• Melhorar as condições logísticas e infraestruturas da Selvagem Grande e Selvagem

Pequena;

• Avaliar a possibilidade de implementar um sistema de videovigilância da Selvagem

Pequena nos meses de Novembro a Abril;

Page 115: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 33

• Monitorizar as actividades dos pescadores e demais utilizadores das Ilhas Selvagens;

• Manter a protecção dos habitats das aves marinhas nidificantes;

• Manter a protecção das aves marinhas da actividade humana;

• Dar continuidade à monitorização das espécies de aves marinhas nidificantes;

• Dar continuidade à monitorização dos artrópodes, nomeadamente insectos e aracnídeos

contribuindo para o melhor conhecimento sobre a fauna invertebrada;

• Dar continuidade à monitorização da osga Tarentola bischoffi e da lagartixa Teira dugesii

selvagensis;

• Dar continuidade aos trabalhos de monitorização do corre caminhos Anthus berthelotii

berthelotii;

• Continuar a monitorização da população de gaivota na Selvagem Grande com objectivo de

avaliar a necessidade de definir e colocar em prática uma estratégia para minimizar o

impacto desta sobre as aves marinhas;

• Dar continuidade à monitorização da vegetação na Selvagem Grande;

• Monitorizar algumas espécies de plantas endémicas e/ou prioritárias que ocorrem no Sítio;

• Prevenir a introdução de animais exóticos, com destaque para a prevenção da reintrodução

do Coelho e do Murganho;

• Dar continuidade ao projecto de controlo/erradicação de plantas invasoras, nomeadamente

a Tabaqueira, Nicotiana glauca;

Page 116: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 34

• Monitorizar as espécies de plantas que possam apresentar carácter invasor e definir um

programa de controlo das mesmas;

• Promover junto das autoridades competentes para que mantenham actualizado um plano

de contingência em caso de poluição ambiental;

• Estabelecer prioridades relativas às necessidades actuais e futuras de investigação sobre a

biologia e ecologia dos diferentes grupos de fauna e flora;

• Avaliar a necessidade de melhorar as condições de recepção e apoio logístico a

investigadores, cientistas e estudantes interessados em desenvolver algum estudo e/ou em

colaborar nos programas de investigação a decorrer no Sítio;

• Continuar e treinar e preparar pessoal, envolvido na gestão da área, para que possam

apoiar e colaborar nos programas de investigação desenvolvidos;

• Manter em curso o esquema básico de monitorização dos diferentes grupos de animais e

de plantas que possa ser desenvolvido pelos Vigilantes da Natureza em serviço nas Ilhas

Selvagens;

• Dar continuidade ao estudo de fitossociologia na Selvagem Grande;

• Continuar o programa de inventariação da brioflora e dos líquenes no Sítio;

• Continuar o programa de inventariação da flora e fauna marinha;

• Continuar a executar o levantamento dos valores patrimoniais das Ilhas Selvagens,

efectuando o seu registo em SIG.

Page 117: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 35

• Estabelecer protocolos de cooperação entre diferentes entidades (regionais, nacionais e

internacionais) com o objectivo de desenvolver trabalhos científicos sobre a fauna, flora e

geologia do Sítio;

• Participar e apresentar informação em encontros científicos nacionais e/ou internacionais;

• Promover o intercâmbio de informação através da realização de fóruns de debate e

discussão;

• Promover a publicação em revistas científicas dos resultados dos trabalhos desenvolvidos;

• Continuar a implementar campanhas de divulgação direccionadas a diferentes grupos com o

objectivo de dar a conhecer a importância de conservação das Ilhas Selvagens;

• Divulgar as Ilhas Selvagens e os seus projectos através dos órgãos de comunicação social;

• Proporcionar aos funcionários, envolvidos na gestão da área, seminários e cursos de

formação para que possam transmitir melhor aos visitantes a informação sobre as Ilhas

Selvagens;

• Melhorar o espaço para a recepção adequada de visitantes na Selvagem Grande;

• Melhorar a informação disponível (exposição) na Estação de Vigilância da Selvagem

Grande;

• Aumentar os painéis interpretativos sobre as Ilhas Selvagens para apoio à recepção de

visitantes na Selvagem Grande;

• Manter a elaboração de material divulgativo sobre o Sítio e espécies representativas como

as aves marinhas nidificantes;

Page 118: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 36

• Melhorar a informação disponível na Selvagem Pequena;

• Continuar a promover internacionalmente as Ilhas Selvagens, através de candidaturas a

Galardões internacionais para a Conservação da Natureza;

• Garantir a renovação do Galardão de Área Diplomada do Conselho da Europa;

• Manter a aplicação do regulamento interno da Reserva;

• Manter actualizado o balanço dos problemas e potencialidades do Sítio;

• Manutenção dos locais definidos para as actividades lúdico-turisticas (trilhos, zona de

convívio junto à casa);

• Avaliar a necessidade de definição da Carta de Desporto das Ilhas Selvagens;

• Avaliar a necessidade de actualizar a legislação das Ilhas Selvagens;

• Avaliar a necessidade de actualização do regulamento interno desta área protegida;

• Manter a implementação dos devidos mecanismos para que a protecção legal seja efectiva;

• Avaliar a necessidade de promover a inclusão das Ilhas Selvagens nas Áreas de Mar

Particularmente Sensíveis sob o auspício da Marpol 73/78.

6.1.3 Socioeconomia

Tendo em atenção as especificidades da área de intervenção e as acções previstas no POGIS, é de

esperar que a sua concretização compatibilize as actividades de interesse económico das Ilhas

Selvagens, a pesca e o turismo, com preservação do seu património natural. Neste sentido o

regulamento e vigilância do Sítio são fundamentais para que ambas as práticas se façam de forma

Page 119: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 37

sustentada, o que irá contribuir não só para a preservação do espaço e dos seus valores naturais,

como também, para as actividades em questão – irá contribuir para a manutenção dos recursos

piscícolas e para a manutenção da qualidade de turismo.

Assim, para além de algumas das medidas previstas no capítulo anterior que têm como objectivo a

protecção da Reserva e que de forma indirecta também servem os interesses socioeconómicos,

estão também previstas as seguintes acções que visam melhorar as condições de recepção ao

público em geral:

• Melhorar as condições de recepção de visitantes da zona de convívio junto à casa;

• Manter os trilhos;

• Avaliar a necessidade de definição da Carta de Desporto das Ilhas Selvagens.

6.2 Avaliação de Impactes

6.2.1 Geomorfologia e Geologia

Considerando a erosão que ocorre nas Ilhas Selvagens devido à sua orografia, à sua exposição aos

agentes naturais como o vento, a chuva e, principalmente, à introdução de herbívoros, as medidas

que incluem a prevenção da introdução de animais exóticos, com destaque, para a prevenção da

reintrodução do coelho e murganho, a disseminação de plantas nativas, irão contribuir para diminuir

a erosão naquelas ilhas.

Pode-se verificar já resultados bastante positivos através de algumas medidas já implementadas,

como a eliminação do Coelho e do Murganho e a disseminação de plantas nativas nas ilhas.

O alargamento destas acções, a longo prazo, irá ter grandes repercussões positivas na recuperação

do coberto vegetal e consequentemente para a manutenção da biodiversidade e da paisagem

destas ilhas.

Page 120: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 38

6.2.2 Valores Biológicos

Ao longo destes anos, têm sido implementadas várias medidas que visam a conservação dos

valores biológicos das Ilhas Selvagens. Os resultados têm sido bastante positivos, verificando-se

não só a manutenção dos recursos biológicos: flora, fauna e habitats, como um maior conhecimento

científico desses recursos e uma maior consciência ambiental por parte da população.

A aplicação do POGIS, irá permitir não só manter essas medidas, como também, melhorá-las e

monitorizar as ilhas de forma a tomar consciência da necessidade de se tomarem novas medidas

para fazer face a possíveis ameaças que possam vir a ocorrer.

6.2.3 Socioeconomia

Considera-se que a aplicação deste Plano é susceptível de gerar efeitos positivos que contribuirão

inequivocamente para a valorização global deste espaço protegido. Pelo valor que a biodiversidade

e os recursos naturais têm neste espaço, o Plano de Ordenamento e Gestão desta Área Protegida é

um instrumento essencial para a sua conservação.

7. MEDIDAS DESTINADAS A PREVENIR, REDUZIR E ELIMINAR QUAISQUER EFEITOS

ADVERSOS RESULTANTES DA APLICAÇÃO DO POGIS

A importância da identificação dos impactes resultantes do Plano em apreciação reside no facto do

conhecimento atempado de possíveis alterações possibilitar o estabelecimento de um programa de

medidas de prevenção e minimização adequado. Deste modo, torna-se possível prevenir, eliminar,

ou reduzir impactes negativos e maximizar os impactes positivos resultantes.

Embora o POGIS tenha considerado medidas cuja sua aplicação não represente efeitos adversos

nos habitats e espécies ou que estes sejam mínimos, a possibilidade destes ocorrerem não foi

ignorada aquando da elaboração do POGIS. As várias medidas de monitorização dos ecossistemas

e espécies com os objectivos estratégicos: conservar, melhorar e proteger todos os ecossistemas; e

promover, coordenar e apoiar as pesquisas que visam a melhoria do conhecimento das espécies e

Page 121: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 39

habitats; têm também como objectivo monitorizar o impacto que as medidas que vão sendo tomadas

têm no Sítio.

Paralelamente, esta questão está prevista através do objectivo estratégico de “Gerir o Sítio de forma

adequada e efectiva de acordo com as orientações propostas” de “Acompanhamento e avaliação do

desenvolvimento deste plano pela Comissão Consultiva da entidade gestora”.

Considerando o que acima foi exposto quando necessário e caso se verifiquem quaisquer medidas

com efeitos adversos para os ecossistemas e/ou espécies serão sempre analisados perante os

benefícios que essas medidas possam trazer em termos de conservação da natureza.

8. RAZÕES QUE JUSTIFICAM AS ALTERNATIVAS ESCOLHIDAS E DESCRIÇÃO DO MODO

COMO SE PROCEDEU À AVALIAÇÃO

O POGIS foi elaborado com base na experiência de gestão da Reserva Natural das Ilhas Selvagens,

realizada desde 1971. Este Plano prevê uma reflexão e discussão com as entidades com

responsabilidades ambientais.

9. DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS DE CONTROLO PREVISTAS

Considerando a necessidade de avaliar e controlar os efeitos significativos decorrentes da aplicação

e execução do POGIS, e como previsto no número 1, do artigo 11º, do Decreto-Lei nº 232/2007, 15

de Junho, segue a descriminação dos objectivos e das acções/medidas a adoptar, visando uma

identificação atempada e a correcção de efeitos negativos imprevistos.

Os resultados de controlo serão divulgados pela entidade gestora através de meio electrónico e

actualizados com uma periocidade mínima anual.

Page 122: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 40

Objectivo Estratégico: Conservar, melhorar e proteger todos os ecossistemas

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Proteger os habitats e espécies

terrestres e marinhos;

B – Manter a sustentabilidade dos recursos

marinhos;

C – Monitorizar e continuar a proteger as

espécies de fauna e flora, com destaque

para as que apresentam elevado valor de

conservação;

D – Manter as condições para a

recuperação do coberto vegetal da

Selvagem Grande;

E – Manter a vegetação da Selvagem

Pequena e Ilhéu de Fora em bom estado

de conservação e prístino.

Dar continuidade ao trabalho de vigilância do

Sítio nas vertentes terrestre e marinha;

Avaliar a possibilidade de implementar um

sistema de videovigilância principalmente na

Selvagem Pequena, nos meses de

Novembro a Abril;

Monitorizar as actividades dos pescadores e

demais utilizadores das Ilhas Selvagens;

Dar continuidade à monitorização das

espécies de aves marinhas nidificantes;

Dar continuidade à monitorização dos

artrópodes, nomeadamente insectos e

aracnídeos;

Dar continuidade à monitorização da Osga

Tarentola bischoffi e da Lagartixa Teira

dugesii selvagensis;

Dar continuidade aos trabalhos de

monitorização do Corre Caminhos Anthus

berthelotii berthelotii;

Page 123: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 41

Continuar a monitorização e controlo da

população de gaivota na Selvagem Grande;

Dar continuidade à monitorização da

vegetação na Selvagem Grande;

Monitorizar algumas espécies de plantas

endémicas e/ou prioritárias que ocorrem no

Sítio;

Prevenir a introdução de animais exóticos,

com destaque, para a prevenção da

reintrodução do Coelho e do Murganho;

Dar continuidade ao projecto de

controlo/erradicação de plantas invasoras,

nomeadamente a Tabaqueira, Nicotiana

glauca;

Monitorizar as espécies de plantas que

possam apresentar carácter invasor e definir

um programa de controlo das mesmas;

Detectar e controlar algum foco de poluição

ambiental.

Page 124: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 42

Objectivo Estratégico: Promover, coordenar e apoiar as pesquisas que visam o melhoramento

do conhecimento das espécies e habitats

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Continuar a melhorar o conhecimento

científico das Ilhas Selvagens

B – Continuar a promover a realização de

programas de investigação de habitats e

espécies das Ilhas Selvagens

C – Desenvolver mecanismos para partilhar

informação e promover a coordenação entre

investigadores

Manter actualizados os indicadores de

impacto através do número de trabalhos

científicos desenvolvidos e o número de

artigos científicos publicados, sobre as

Ilhas Selvagens;

Implementar um sistema de controlo

através de inquério sobre as condições

de recepção e apoio logístico a

investigadores, cientistas e estudantes

que desenvolvem estudos ou trabalhos

de investigação nas Ilhas Selvagens;

Monitorizar os diferentes grupos de

animais e de plantas no decorrer do

trabalho dos Vigilantes da Natureza em

serviço nas Ilhas Selvagens;

Dar continuidade ao estudo de

fitossociologia na Selvagem Grande;

Continuar o programa de inventariação

da brioflora e dos líquenes no Sítio;

Page 125: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 43

Continuar o programa de inventariação

da flora e fauna marinha;

Continuar a executar o levantamento dos

valores patrimoniais das Ilhas

Selvagens, efectuando o seu registo em

SIG.

Contabilizar a informação apresentada

em encontros científicos e as

publicações em revistas;

Objectivo Estratégico: Melhorar a divulgação, conhecimento e apreciação do Sítio.

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A - Aumentar o apoio por parte do

público em geral e institucional para

a conservação das Ilhas Selvagens;

B - Melhorar as condições de

recepção e informação dos

visitantes.

C – Continuar a garantir

internacionalmente o

reconhecimento do valor de

conservação do Sítio e dos esforços

Manter actualizados os indicadores de impacto dos

visitantes e publico em geral, nomeadamente visitas

ao local, consultas de página da Internet e respostas

aos pedidos de pereceres sobre o Sítio;

Implementar a realização de um inquérito a realizar

aos visitantes sobre a satisfação da sua visita,

nomeadamente sobre as condições de recepção e de

informação;

Manter actualizados os indicadores de impacto

através do número de visitantes nacionais e

Page 126: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 44

para a sua gestão sustentada. internacionais, do número de artigos em revistas e

guias de turismo e viagens, assim como, o número de

reportagens e trabalhos fotográficos nacionais e

internacionais;

Objectivo Estratégico: Gerir as visitas, na vertente ludico-turística, para que não colidam com

o valor de conservação das Ilhas Selvagens

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Continuar a adquirir o conhecimento

necessário para definir estratégias que

permitam a conservação do Sítio face à

pressão humana na vertente lúdico-

turistica;

B – Melhorar os mecanismos e

condições de controlo dos visitantes e

suas actividades.

Manter actualizado o balanço dos problemas e

potencialidades do Sítio;

Manter a aplicação do regulamento interno da

Reserva;

Manter a vigilância da área, incidindo sobre as

visitas e actividades que decorram no Sítio;

Page 127: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 45

Objectivo Estratégico: Melhorar as condições legais para que a gestão do Sítio seja efectuada

da forma mais eficaz

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A – Continuar a prover o Sítio de um

quadro legal adequado;

B – Avaliar a necessidade de

melhoramento dos mecanismos legais

de protecção para uma utilização

regrada do Sítio.

Avaliar a necessidade de actualizar a legislação

das Ilhas Selvagens;

Avaliar a necessidade de actualização do

regulamento interno desta área protegida;

Objectivo Estratégico: Gerir o Sítio de forma adequada e efectiva de acordo com as

orientações propostas

OBJECTIVOS OPERACIONAIS

ACÇÕES

A - Monitorizar a implementação do

Plano proposto;

B – Continuar a prover meios financeiros

para o desenvolvimento das actividades

apresentadas neste Plano.

Acompanhar e avaliar o desenvolvimento deste

Plano, pela Comissão Consultiva da entidade

gestora;

Controlar a execução financeira de acordo com o

orçamentado para a implementação deste

POGIS.

Page 128: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 46

10. CONCLUSÕES

O POGIS pretende dar resposta às necessidades de conservação dos valores naturais, que

permitiram a afirmação deste espaço protegido, no contexto internacional, nacional e regional, sem

contudo negligenciar a importância do desenvolvimento sócio-económico, correspondendo assim, às

naturais expectativas dos diferentes actores regionais e locais.

O principal objectivo é o de manter os processos e os sistemas ecológicos, e proteger os

habitats e a biodiversidade das pressões relacionadas com o potencial uso humano para que

as Ilhas Selvagens possam ser utilizadas como um importante sítio de referência para a

pesquisa científica, monitorização a longo prazo e educação. Embora grande parte das medidas

propostas neste Plano para concretizar este objectivo tenham já sido implementadas, é necessário

dar continuidade às mesmas e manter a monitorização do espaço e uma avaliação constante da

necessidade de propor novas medidas para fazer face a potenciais ameaças e/ou novos desafios.

A implementação deste Plano introduzirá benefícios evidentes na conservação da natureza, na

valorização do património natural, na implementação de actividades económicas sustentáveis, no

desenvolvimento de acções de investigação, actividades de educação ambiental e de recreio e lazer,

com os demais efeitos indirectos que daí resultarão para outras áreas.

Contudo, para que o Plano possa ser levado à prática nas suas diferentes vertentes, constituindo a

mais-valia que dele se espera, importa não negligenciar o apoio financeiro necessário. A questão do

financiamento é vital para a implementação de quaisquer medidas, podendo mesmo tornar-se num

factor crítico para o sucesso de qualquer Plano.

Apesar de considerados os impactes decorrentes da aplicação do POGIS, convém também

considerar a multiplicidade de factores externos, não considerados nesta abordagem, com influência

na área de intervenção do Plano, que podem acarretar consequências não mensuradas.

Page 129: POGIS

Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens – Relatório Ambiental

SERVIÇO DO PARQUE NATURAL DA MADEIRA 47

Em resumo, a concretização do conjunto de medidas previstas no POGIS permite-nos encarar com

optimismo o futuro porque estão reunidas as condições indispensáveis para que este espaço natural

mantenha salvaguardado o elevado potencial ecológico e paisagístico que apresenta. Com efeito,

este nível de protecção total permite sustentar um baluarte ambiental decisivo para a Região,

enquanto destino turístico que privilegia a protecção ambiental, factor primordial para um

desenvolvimento regional que assenta na sustentabilidade.

Page 130: POGIS
Page 131: POGIS
Page 132: POGIS

Sexta-feira, 2 de Outubro de 2009

ISérie

Número 100

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

JORNAL OFICIAL

Suplemento

Sumário

PRESIDÊNCIA DO GOVERNO REGIONALResolução n.º 1291/2009

Procede à classificação de Sitio de Importância Comunitária (SIC) para Zona Especial deConservação (ZEC) de alguns Sítios de Interesse Comunitário.

Resolução n.º 1293/2009Aprova o Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Desertas (POGID).

Resolução n.º 1294/2009Aprova o Plano de Ordenamento e Gestão da Ponta de São Lourenço (POGPSL).

Resolução n.º 1295/2009Aprova o Plano de Ordenamento e Gestão da Rede de Áreas Marinhas do Porto Santo(POGRAMPPS).

Page 133: POGIS

PRESIDÊNCIADO GOVERNO REGIONAL

Resolução n.º 1291/2009

Considerando que o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 deAbril, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 10-AH/99, de 31 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, e adaptado à RegiãoAutónoma da Madeira pelo Decreto Legislativo Regional n.º 5/2006/M, de 2 de Março, procedeu à transposição para oordenamento jurídico português da Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril, relativa àconservação das aves selvagens (directiva aves), na redacçãoque lhe foi dada pelas Directivas n.ºs 85/411/CEE, daComissão, de 25 de Junho, 91/244/CEE, da Comissão, de 6de Março, 94/24/CE, do Conselho, de 8 de Junho, e97/49/CE, da Comissão, de 29 de Julho, e 92/43/CEE, doConselho, de 21 de Maio, relativa à preservação dos habitatsnaturais e da fauna e da flora selvagens (directiva habitats),na redacção que lhe foi dada pela Directiva n.º 97/62/CE, doConselho, de 27 de Outubro;

Considerando que a classificação de Zona Especial deConservação depende de prévia aprovação da lista de sítiosde importância comunitária, pelos órgãos competentes daUnião Europeia, com base na lista nacional de sítios esegundo o procedimento previsto na Directiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, nos termos doartigo 5.º do Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro;

Considerando que a lista de sítios da Região Autónomada Madeira, integra a Lista Nacional de Sítios, nos termos don.º 2 do artigo 26.º do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril,alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro,foi aprovada na Região Autónoma da Madeira através daResolução do Governo Regional n.º 1408/2000, de 22 deSetembro, tendo sido posteriormente remetida ao Instituto daConservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) eaprovada por decisão da Comissão Europeia, de 28 deDezembro de 2001, aquando da adopção da Lista deImportância Comunitária para a região biogeográfica daMacaronésia, nos termos da Directiva n.º 92/43/CEE, doConselho;

Considerando que para evitar a deterioração dos habitatsnaturais e dos habitats de espécies, bem como asperturbações que atinjam espécies para as quais as ZonasEspeciais de Conservação foram designadas, na medida emque possam vir a ter um efeito significativo, atendendo aosobjectivos do Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro,devem ser aprovadas as medidas adequadas, nomeadamente,em matéria de Ordenamento do território, Gestão, Avaliaçãode impacte ambiental e análise de incidências ambientais,Vigilância, e Fiscalização;

Considerando que podem ser definidas medidascomplementares de conservação através da aprovação dePlanos de gestão que contemplem medidas e acções deconservação adequadas, precedidos de consulta pública quesegue os trâmites previstos no regime jurídico dosinstrumentos de gestão territorial para os planos especiais deordenamento do território;

Considerando que foram elaborados Planos de gestão quecontemplam medidas e acções de conservação adequadas,precedidos de consulta pública que segue os trâmitesprevistos no regime jurídico dos instrumentos de gestãoterritorial para os planos especiais de ordenamento doterritório;

Considerando que a Região Autónoma da Madeiraassumiu perante a Comissão Europeia a passagem dos sítiosde importância comunitária, que estão enunciados naResolução n.º 1408/2000, de 22 de Setembro a ZonasEspeciais de Conservação no decurso do presente ano;

O Conselho de Governo reunido em plenário em 25 deSetembro de 2009, resolveu proceder à classificação de Sitiode Importância Comunitária (SIC) para Zona Especial deConservação (ZEC) dos seguintes Sítios de InteresseComunitário:

I) “Ilhas Desertas (PTDES0001)”;II) “Ilhas Selvagens (PTSEL0001)”;III) “Ponta de São Lourenço (PTMAD0003)”.

Presidência do Governo Regional. - O PR E S I D E N T E D OGO V E R N O RE G I O N A L, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim.

Resolução n.º 1292/2009

Na Região Autónoma da Madeira existem 11 Sítios deImportância Comunitária (SIC) que integram a Rede Natura2000, constantes do Decreto Legislativo Regional n.º 5/2006/M, de 2 de Março, que adapta à Região Autónomada Madeira o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alteradopelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, queprocedeu à transposição para o ordenamento jurídicoportuguês, da Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2de Abril, relativa à conservação das aves selvagens(Directiva Aves), na redacção que lhe foi dada pelasDirectivas n.ºs 85/411/CEE, da Comissão, de 25 de Junho,91/244/CEE, da Comissão, de 6 de Março, 94/24/CE, doConselho, de 8 de Junho, e 97/49/CE, da Comissão, de 29 deJulho, e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa àpreservação dos habitats naturais e da fauna e da floraselvagem (Directiva Habitats), na redacção que lhe foi dadapela Directiva n.º 97/62/CE, do Conselho, de 27 de Outubro.

As Ilhas Selvagens estão classificadas como Sítio deImportância Comunitária (SIC) - PTSEL0001 - integrando aRede Ecológica Europeia denominada Natura 2000(Resolução do Conselho de Governo n.º 1408/2000, de 19 deSetembro).

As Ilhas Selvagens inserem-se na Área Protegida ReservaNatural das Ilhas Selvagens, criada em 1971, pelo Decreton.º 458/71, de 29 de Outubro, reclassificada através doDecreto Regional n.º 15/78/M, de 10 de Março e do DecretoRegional n.º 11/81/M, de 7 de Abril.

O Arquipélago das Selvagens, constituído por três ilhas -- Selvagem Grande, Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora, é oterritório português mais a sul, situado no Atlântico Norteentre os 30.º 01´ 35” Norte e os 30.º 09’ 10” Norte e os 15.º 52’15” Oeste e 16.º 03’15” Oeste. Os arquipélagos maispróximos são a Madeira e as Canárias a aproximadamente163 e 82 milhas respectivamente. A sua altitude vai até aos163 m e a sua profundidade até aos 200 m. Integra a RegiãoBiogeográfica da Macaronésia.

O interesse na protecção e conservação deste SIC,reconhecido como área protegida de interesse regional,nacional e comunitário, determina a necessidade do seuordenamento e gestão, obrigando a adoptar um PlanoEspecial de Ordenamento do Território (PEOT) para que seestabeleça um regime de salvaguarda de recursos e valoresnaturais e ainda um regime de gestão compatível com autilização sustentável do território.

Considerando o parecer favorável da comissão deacompanhamento.

Verificando-se ainda a conformidade do Plano com osprincípios e objectivos do Plano de Ordenamento da RegiãoAutónoma da Madeira (POTRAM), bem como asdisposições legais e regulamentares vigentes no âmbito daRegião.

Ponderados, por fim, os resultados da discussão pública,que decorreu entre 20 de Maio e 5 de Julho de 2009, econcluída a versão final do Plano de Ordenamento e Gestãodas Ilhas Selvagens.

2 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 134: POGIS

Assim:Nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22

de Setembro, na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e no Decreto RegulamentarRegional n.º 5/2007/M, de 23 de Julho, sob proposta doSecretário Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, eao abrigo do disposto nos artigos 49.º e 156.º do Decreto-Lein.º 380/99, de 22 de Setembro, na redacção dada peloDecreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e na alínea b)do artigo 69.º do Estatuto Político Administrativo da RegiãoAutónoma da Madeira, aprovado pela Lei n.º 13/91, de 5 deJunho, na redacção e numeração da Lei n.º 130/99, de 21 deAgosto e da Lei n.º 12/2000, de 21 de Junho, o Conselho deGoverno reunido em plenário em 25 de Setembro de 2009,resolveu:

1 - Aprovar o Plano de Ordenamento e Gestão das IlhasSelvagens (POGIS), cujo Regulamento e respectivasPlantas de Síntese e de Condicionantes sãopublicados em anexo à presente resolução, delafazendo parte integrante.

2 - Determinar que o plano municipal de ordenamentoque não se conforme com as disposições do POGIS,seja objecto de alteração por adaptação, nos termosdo artigo 79.º do Decreto Legislativo Regional n.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro, que aprova oSistema Regional de Gestão Territorial.

Presidência do Governo Regional. - O PR E S I D E N T E D OGO V E R N O RE G I O N A L, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim.

Anexo da Resolução n.º 1292/2009, de 25 de Setembro

REGULAMENTO DO PLANO DE ORDENAMENTOE GESTÃO DAS ILHAS SELVAGENS

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 1.ºNatureza jurídica e âmbito

1 - O Plano de Ordenamento e Gestão da Ilhas Selvagens,abreviadamente designado por POGIS, tem a natureza deregulamento administrativo e com ele se deve conformar oPlano Municipal de Ordenamento do Território, bem comoos programas e projectos, de iniciativa pública ou privada,a realizar na sua área de intervenção.

2 - O POGIS aplica-se à área identificada na respectiva Plantade Síntese, adiante designada de área de intervenção,integrada no concelho do Funchal, sendo a área terrestreconstituída por solo rural.

3 - O POGIS considera uma só área objecto de zonamento:a) Área de Protecção Total.

Artigo 2.ºObjectivos

1 - O POGIS estabelece regimes de salvaguarda de recursos evalores naturais e as acções e actividades a promover nasua área de intervenção, com vista a garantir a conservaçãoda natureza e da biodiversidade, bem como a manutençãoe valorização das características das paisagens naturais.

2 - Constituem objectivos gerais do POGIS:a) Assegurar a preservação do equilíbrio ambiental,

numa perspectiva de uma correcta estratégia deconservação e gestão que permita a concretizaçãodos objectivos que presidiram à classificaçãodesta área como SIC e como Reserva Natural;

b) Garantir a defesa e valorização do patrimónionatural e cultural;

c) Fixar o regime de gestão compatível com aprotecção e valorização dos recursos naturais e dodesenvolvimento das actividades humanas empresença, tendo em consideração os instrumentosde gestão territorial aplicáveis à área.

3 - Constituem objectivos específicos do POGIS:a) Proteger os habitats e espécies terrestres e

marinhos;b) Manter a sustentabilidade dos recursos marinhos;c) Monitorizar e continuar a proteger as espécies de

fauna e flora, com destaque para as queapresentam elevado valor de conservação;

d) Manter as condições para a recuperação docoberto vegetal da Selvagem Grande;

e) Manter a vegetação da Selvagem Pequena e Ilhéude Fora em bom estado de conservação e prístino;

f) Continuar a melhorar o conhecimento científicodas Ilhas Selvagens;

g) Continuar a promover a realização de programasde investigação de habitats e espécies das IlhasSelvagens;

h) Desenvolver mecanismos para partilharinformação e promover a coordenação entreinvestigadores;

i) Aumentar o apoio por parte do público em geral einstitucional para a conservação das IlhasSelvagens;

j) Melhorar as condições de recepção e informaçãoaos visitantes;

k) Continuar a garantir internacionalmente oreconhecimento do valor de conservação das IlhasSelvagens e dos esforços para a sua gestãosustentada;

l) Continuar a adquirir o conhecimento necessáriopara definir estratégias que permitam aconservação da área face à pressão humana, navertente ludico-turística;

m) Monitorizar a implementação do Plano.

Artigo 3.ºEstratégia

São definidos como eixos estratégicos de actuação:a) Protecção e valorização do Património Natural do SIC; b) Preservação e valorização do Património Cultural do SIC;c) Promoção da conservação da natureza; d) Ordenamento das actividades de recreio e lazer.

Artigo 4.ºConteúdo documental

1 - O POGIS é constituído por:a) Regulamento;b) Planta de Síntese à escala 1: 10 000;c) Planta de Condicionantes à escala 1: 25 000.

2 - O POGIS é acompanhado por:a) Estudo de base - Caracterização da área;b) Análise estratégica;c) Plano de acção;d) Relatório ambiental;e) Participações recebidas em sede de discussão

pública e respectivo relatório de ponderação.

Artigo 5.ºDefinições

Sem prejuízo das definições constantes de diplomas em vigor,para efeitos de aplicação do presente Regulamento são adaptadas asseguintes definições:

2 de Outubro de 2009 S - 3INúmero 100

Page 135: POGIS

a) «Acções de conservação» - consistem em todas as medidase intervenções necessárias à manutenção e recuperação dehabitats naturais e espécies da fauna e da flora selvagens,de modo a se assegurar um estado de conservaçãofavorável.

b) «Actividades recreativas» - são as actividades de desportoda natureza ou de desporto motorizado, quando realizadasem regime individual ou colectivo, desde que nãoenvolvam iniciativas de mobilização de público e nãoprejudiquem a conservação da natureza, bem comoactividades de animação e interpretação ambiental.

c) «Espécies endémicas» - são espécies de fauna ou de floraexclusivas de uma determinada área geográfica.

d) «Espécies indígenas» - são espécies de fauna ou de floranaturais de uma determinada área geográfica sem seremexclusiva dessa área.

e) «Espécies invasoras» - são as plantas ou os animais queuma vez introduzidos numa determinada área geográficase desenvolvem e expandem, de forma descontrolada, paraas áreas disponíveis, comprometendo o equilíbrioecológico do local e ameaçando as espécies que aíocorrem.

f) «Espécies não indígenas ou exóticas» - são espécies deflora e de fauna que não são originárias de determinadaárea geográfica, tendo sido introduzidas.

g) «Habitat» - de uma espécie é o meio constituído porfactores abióticos e bióticos próprios, onde essa espécieocorre, nas diversas fases do seu ciclo biológico.

h) «Competições desportivas» - são as actividades de carácterdesportivo quando praticadas em regime de competição edevidamente enquadradas por estruturas associativas oufederativas.

i) «Desporto de natureza» - engloba as actividades e osserviços de carácter desportivo ou recreativo, praticadasem espaços naturais ao ar livre, na água, no ar ou em terra,sem necessidade de obras especiais para a sua prática.Estas actividades incluem pedestrianismo, montanhismo,orientação, escalada, rappel, mergulho amador, canoagem,remo, vela e outras actividades que não comprometam aconservação da natureza.

j) «Rede Natura 2000» - Rede Europeia de Sítios Protegidos,cujo objectivo é a manutenção ou recuperação de habitatse espécies, garantindo-lhes um estatuto de conservaçãofavorável.

Artigo 6.ºServidões administrativas e

restrições de utilidade pública

1 - Na área de intervenção do POGIS aplicam-se todas asservidões administrativas e restrições de utilidade públicaconstantes em legislação em vigor, nomeadamente asdecorrentes dos seguintes regimes jurídicos:a) Zona de conservação do património natural da

Reserva Ecológica Nacional.b) Servidão Militar.c) Zona de protecção da Reserva Natural das Ilhas

Selvagens.d) Zona de protecção especial Rede Natura 2000.e) Zona de protecção dos equipamentos e

infraestruturas, inerentes à protecção de faróis.f) Servidão aeronáutica.g) Protecção a marcos geodésicos.h) Áreas de protecção do Domínio Público Hídrico.

2 - Nas áreas objecto de servidões administrativas e restriçõesde utilidade pública, os usos e as construções que vierem amerecer parecer favorável das entidades competentes, nostermos da legislação aplicável, não dispensam ocumprimento das regras constantes do POGIS.

CAPÍTULO IIDISPOSIÇÕES COMUNS

Artigo 7.ºPrincípios Orientadores

1 - De acordo com os objectivos específicos, o POGISestabeleceu no artigo 3.º do capítulo I os eixos estratégicosque devem ser considerados no uso do solo na área deintervenção deste Plano.

2 - Estes eixos devem orientar as actividades e usos na área deintervenção, ajustando as actividades humanas e os usos,de modo a garantir a prossecução dos objectivosespecíficos. Estas orientações pretendem sustentar:a) A defesa e salvaguarda dos ecossistemas, ao nível

dos valores naturais, nomeadamente fauna, flora,geologia, geomorfologia e paisagem;

b) A defesa e salvaguarda do património cultural epaisagístico;

c) A racionalização do uso e consumo de recursosnaturais, designadamente os marinhos, de modo anão comprometer a sua sustentabilidade;

d) O controle das intervenções humanas,nomeadamente no que concerne à implantação deinfraestruturas e equipamentos na área deintervenção;

e) A regulamentação das actividades a desenvolver;f) Promoção da educação ambiental, através da

divulgação e promoção de valores naturais eculturais inerentes à área de intervenção,sensibilizando a população, para a importânciadeste SIC.

Artigo 8.ºGestão do SIC

A gestão do SIC Ilhas Selvagens compete à Secretaria Regionaldo Ambiente e dos Recursos Naturais, sendo exercida através deuma Entidade Gestora, constituída pelos Serviços na suadependência, com competência nesta área e definida por Despachodo Secretário Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais.

Artigo 9.ºActividades a realizar

1 - As actividades a realizar na área de intervenção do POGISdevem estar em consonância com a conservação danatureza, valorização dos valores naturais e culturaisexistentes e a divulgação e sensibilização ambiental.

2 - Na área de protecção total, as actividades a realizar sãotrabalhos de conservação da natureza e da biodiversidadee valorização dos valores integrados na área, acções dedivulgação e sensibilização ambiental, investigação etrabalhos científicos que contribuam para a manutenção dopatrimónio da área.

3 - Na área de intervenção deve ser implementado um sistemade monitorização deste Plano.

Artigo 10.ºActividades interditas

1 - Na área de intervenção do POGIS, para além daqueles cujainterdição decorre da legislação específica e sem prejuízodas disposições específicas previstas para as áreas sujeitasa regimes de protecção, são interditos os seguintes actos eactividades:a) A colheita, corte, captura, abate ou detenção de

exemplares de seres vivos, incluindo a destruição

4 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 136: POGIS

de ninhos e a apanha de ovos, bem como adestruição dos seus habitats naturais;

b) A introdução e o repovoamento de quaisquerespécies não indígenas da flora e fauna terrestres;

c) A alteração da morfologia do solo, nomeadamentepor escavações ou aterros;

d) A extracção de material geológico ouarqueológico ou a sua exploração, quer de origemmarinha, quer terrestre;

e) O abandono de detritos ou lixo;f) O lançamento de águas provenientes de lavagens

de embarcações, bem como, de águas residuais deuso doméstico e com uso de detergentes, no marou no solo;

g) A prática de actividades ruidosas;h) O sobrevoo por aeronaves com motor abaixo de

200 m, excepto por razões de vigilância, paraoperações de busca e salvamento e militares;

i) Instalação de novas estruturas, infraestruturas eedificações;

j) O acesso livre;k) A utilização de fundeadouros fora das zonas

especialmente destinadas a esse fim.

2 - Exceptuam-se do disposto do número anterior, os actos ouactividades, fundados em situações de relevante interessepúblico, devidamente autorizados pela Entidade Gestora.

3 - Em toda a Área de Solo Rural do SIC não é permitida aedificabilidade privada.

Artigo 11.ºActividades condicionadas

1 - Sem prejuízo dos pareceres, das autorizações ou dasaprovações legalmente exigíveis, bem como dasdisposições específicas previstas para as áreas sujeitas aregime de protecção, na área de intervenção do POGISficam sujeitos a autorização da Entidade Gestora, osseguintes actos e actividades:a) Quaisquer obras de ampliação ou remodelação

para fins de preservação ambiental ou parasalvaguarda e divulgação do património comutilidade pública;

b) A recolha de amostras biológicas, geológicas ouarqueológicas quer de origem marinha querterrestre;

c) Os trabalhos de investigação e divulgaçãocientífica, acções de monitorização, recuperação esensibilização ambiental, bem como acções deconservação da natureza e de salvaguarda dosvalores naturais;

d) O acesso a pessoas na totalidade da parte terrestre;e) A pernoita no âmbito de actividades de

sensibilização e pedagógicas; f) A entrada de quaisquer animais de companhia,

exceptuando cães de assistência e guarda dasinstalações do Serviço do Parque Natural daMadeira e aqueles que sejam necessários nasintervenções relativas à segurança pública;

g) As fotografias, filmagens e a captação de imagense sons para fins comerciais e publicitários;

h) A prática de actividades desportivas, culturais erecreativas;

i) A introdução de veículos terrestres;j) A circulação fora dos trilhos e caminhos; k) A pesca recreativa;l) A caça submarina.

CAPÍTULO IIIREGIME DE PROTECÇÃO

SECÇÃO IÂMBITO E NÍVEIS DE PROTECÇÃO

Artigo 12.ºÂmbito

1. A área de intervenção abrangida pelo POGIS integra umagrande diversidade de consideráveis valores naturais comsignificativo interesse científico, pelo que a área quecompõe o SIC - Ilhas Selvagens integra só um nível deprotecção.

2. O nível de protecção atribuído é definido de acordo com assuas características específicas, considerando aimportância dos valores biofísicos, culturais e paisagís-ticos presentes e a sua sensibilidade ecológica.

Artigo 13.ºTipologia e caracterização

1 - O território abrangido pelo POGIS integra só área deprotecção total. a) Área de Protecção Total:

É toda a área de intervenção, de elevado valor ecológico ebiofísico, muito sensível às actividades humanas e/ou com fracacapacidade de regeneração, sujeita a protecção absoluta de todos osseus valores naturais. Esta reserva integral pretende a salvaguarda econservação de valores de flora e de fauna e respectivos habitats.

Através deste estatuto são resguardados os ecossistemas de todaa área de intervenção na intenção de se salvaguardar um patrimónionatural que se estende desde os aspectos geológicos às espécies devegetação xerófila, indígenas e endémicas, considerando também afauna marinha, nomeadamente as aves marinhas.

SECÇÃO IIZONAMENTO

SUBSECÇÃO IÁrea de Protecção Total

Artigo 14.ºÂmbito e objectivos

1. Este estatuto diz respeito a toda a área do SIC, de elevadovalor ecológico e biofísico, muito sensível às actividadeshumanas e/ou com fraca capacidade de regeneração.

2. Os objectivos prioritários da Área de Protecção Total são amanutenção dos valores e dos processos naturais emestado tendencialmente imperturbável, a preservação deespécies ecologicamente representativas, nomeadamenteas espécies indígenas e endémicas da região e daMacaronésia.

Artigo 15.ºDisposições específicas

1. A protecção total implica a proibição de qualqueractividade humana, à excepção de trabalhos científicos,acções de conservação, actividades de sensibilização eeducação ambiental. Nesta área a presença humana só épermitida nas seguintes situações:a) Investigação e divulgação científica; b) Monitorização ambiental;c) Acções de conservação da natureza e de

salvaguarda dos interesses que levaram àclassificação da área;

d) Vigilância e fiscalização;

2 de Outubro de 2009 S - 5INúmero 100

Page 137: POGIS

e) Actividades de sensibilização e educaçãoambiental

f) Situações de risco ou calamidade.

2. Nas situações referentes às alíneas a, b, c, d, e e) donúmero anterior do presente artigo e de acordo com oartigo 11.º do capítulo II, a presença humana só épermitida mediante autorização prévia da EntidadeGestora.

CAPÍTULO IVREGIME SANCIONATÓRIO

Artigo 16.ºFiscalização

1. A fiscalização do cumprimento do presente Regulamentocompete à Secretaria Regional do Ambiente e RecursosNaturais, sendo exercida através do serviço comcompetência na área de intervenção.

2. Sem prejuízo do número anterior, a fiscalização seráexercida também pelas entidades com competência emrazão da matéria.

3. Os elementos competentes na acção de fiscalização,devidamente identificados, podem exigir a identificaçãode quem esteja a infringir o presente Regulamento, bemcomo as autorizações e licenciamento, legalmenteconferidas às embarcações, para o exercício da actividadee uso de artes de pesca permitidas.

Artigo 17.ºInfracções

1 - A violação das normas previstas no presente Regulamentoconstitui contra-ordenação punível com coima, nos termosprevistos no artigo 95.º do Decreto Legislativo Regionaln.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro.

2 - As obras e os trabalhos efectuados em inobservância comas disposições do presente Regulamento podem sere m b a rgados ou demolidos, bem como ordenada areposição da configuração do terreno e a recuperação docoberto vegetal, segundo projecto a aprovar pela EntidadeGestora.

3 - No caso dos infractores não cumprirem o preceituado nonúmero anterior, no prazo que for designado, a EntidadeGestora providenciará pela reposição ou recuperação aexpensas dos mesmos.

CAPÍTULO VDISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 18.ºVigência

1. Uma vez aprovado, o POGIS, vigorará enquanto aprotecção, por instrumento de planeamento territorial, serevelar benéfica à salvaguarda dos interesses públicos aque se reporta.

Artigo 19.ºDinâmica do Plano

1. Se a Entidade Gestora assim o entender, o Plano pode seralterado ou revisto, total ou parcialmente, garantindo osinteresses públicos que pretende salvaguardar.

2. A alteração, salvo as situações excepcionais previstas nasecção de dinâmica dos instrumentos de gestão territorial

do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro e do DecretoLegislativo Regional n.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro,só poderá acontecer passados três anos sobre a suaaprovação.

3. A necessidade de adequação das disposições do Plano anovas situações de tendência e evolução, nos domínioseconómico, social, cultural e ambiental, justificam a suarevisão, desde que passados três anos após a suaaprovação.

4. A revisão do Plano pode, também, resultar de ajustamentosconsonantes com a prossecução de interesses públicos, nãose verificando, neste caso, a obrigação de três anos sobre asua aprovação.

5. A suspensão, total ou parcial, acontece quando severificarem condições excepcionais, atendendo aalterações significativas das perspectivas de desenvol-vimento que sustentaram as opções do Plano.

Artigo 20.ºAutorizações, aprovações e pareceres

1. As intervenções na área do POGIS, de acordo com oprevisto no capítulo III, carecem da respectiva autorizaçãoda Entidade Gestora;

2. As autorizações, aprovações e pareceres emitidos pelaEntidade Gestora não dispensam outras autorizações,aprovações e pareceres previstos na lei.

3. As autorizações ou pareceres emitidos pela EntidadeGestora nos termos do presente Regulamento são semprevinculativos.

4. Na falta de disposição especial aplicável, o prazo para aemissão de autorizações e pareceres emitidos pelaEntidade Gestora nos termos do presente Regulamento éde 10 dias.

5. A ausência de autorização ou parecer no prazo previsto nonúmero anterior equivale à emissão de autorização ouparecer favorável.

6. As autorizações e pareceres emitidos pela EntidadeGestora nos termos do presente Regulamento caducamdecorrido um ano após a data da sua emissão, sem prejuízode ser estabelecido outro prazo.

7. São nulos os actos praticados em violação do presenteRegulamento.

Artigo 21.ºArticulação com outros Instrumentos

de Gestão Territorial

1 - Até ao máximo de 90 dias, após a entrada em vigor doPOGIS, a Câmara Municipal do Funchal deverá incorporá-lo pelo processo de adaptação no seu Plano DirectorMunicipal.

2 - No limite terrestre do POGIS, o Zonamento e oRegulamento do PDM deixam de vigorar, sendosubstituídos pelos deste Plano.

Artigo 22.ºEntrada em vigor

O POGIS entra em vigor no dia a seguinte ao da sua publicação.

6 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 138: POGIS

Resolução n.º 1293/2009

Na Região Autónoma da Madeira existem 11 Sítios deImportância Comunitária (SIC) que integram a Rede Natura2000, constantes do Decreto Legislativo Regional n.º 5/2006/M, de 2 de Março, que adapta à Região Autónomada Madeira o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alteradopelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, queprocedeu à transposição para o ordenamento jurídicoportuguês, da Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2de Abril, relativa à conservação das aves selvagens(Directiva Aves), na redacção que lhe foi dada pelasDirectivas n.ºs 85/411/CEE, da Comissão, de 25 de Junho,91/244/CEE, da Comissão, de 6 de Março, 94/24/CE, doConselho, de 8 de Junho, e 97/49/CE, da Comissão, de 29 deJulho, e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa àpreservação dos habitats naturais e da fauna e da floraselvagem (Directiva Habitats), na redacção que lhe foi dadapela Directiva n.º 97/62/CE, do Conselho, de 27 de Outubro.

As Ilhas Desertas estão classificadas como Sítio deImportância Comunitária (SIC) - PTDES0001 - integrando aRede Ecológica Europeia denominada Natura 2000(Resolução de Conselho de Governo n.º 1408/2000, de 19 deSetembro).

O SIC é delimitado pela linha batimétrica dos 100 m emvolta das Ilhas Desertas (Ilhéu Chão, Deserta Grande eBugio) e inclui toda a área terrestre e marinha. A mesma áreaé Reserva Natural de acordo com o Decreto LegislativoRegional n.º 9/95/M, de 20 de Maio em consonância com oDecreto Legislativo Regional n.º 14/90/M, de 23 de Maio.

O interesse na protecção, conservação e gestão deste SIC,reconhecido como área de interesse regional, nacional ecomunitário, determina a necessidade de adoptar um Plano

Especial de Ordenamento do Território (PEOT) queestabeleça um regime de salvaguarda de recursos e valoresnaturais e ainda um regime de gestão compatível com autilização sustentável do território.

Considerando o parecer favorável da comissão deacompanhamento.

Verificando-se ainda a conformidade do Plano com osprincípios e objectivos do Plano de Ordenamento da RegiãoAutónoma da Madeira (POTRAM), bem como asdisposições legais e regulamentares vigentes no âmbito daRegião.

Ponderados, por fim, os resultados da discussão pública,que decorreu entre 20 de Maio e 5 de Julho de 2009, econcluída a versão final do Plano de Ordenamento e Gestãodas Ilhas Desertas.

Assim:Nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22

de Setembro, na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e no Decreto RegulamentarRegional n.º 5/2007/M, de 23 de Julho, sob proposta doSecretário Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, eao abrigo do disposto nos artigos 49.º e 156.º do Decreto-Lein.º 380/99, de 22 de Setembro, na redacção dada peloDecreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e na alínea b)do artigo 69.º do Estatuto Político Administrativo da RegiãoAutónoma da Madeira, aprovado pela Lei n.º 13/91, de 5 deJunho, na redacção e numeração da Lei n.º 130/99, de 21 deAgosto e da Lei n.º 12/2000, de 21 de Junho, o Conselho deGoverno reunido em plenário em 25 de Setembro de 2009,resolveu:

1 - Aprovar o Plano de Ordenamento e Gestão das IlhasDesertas (POGID), cujo Regulamento e respectivas

2 de Outubro de 2009 S - 7INúmero 100

Planta de Síntese

Planta de Condicionantes

Page 139: POGIS

Plantas de Síntese e de Condicionantes sãopublicados em anexo à presente resolução, delafazendo parte integrante.

2 - Determinar que o Plano Municipal de Ordenamentoque não se conforme com as disposições do POGIDseja objecto de alteração por adaptação, nos termosdo artigo 79.º do Decreto Legislativo Regional n.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro, que aprova oSistema Regional de Gestão Territorial.

Presidência do Governo Regional. - O PR E S I D E N T E D OGO V E R N O RE G I O N A L, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim.

Anexo da Resolução n.º 1293/2009, de 25 de Setembro

REGULAMENTO DO PLANO DE ORDENAMENTOE GESTÃO DAS ILHAS DESERTAS

CAPÍTULO IDisposições gerais

Artigo 1.ºNatureza jurídica e âmbito

1 - O Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Desertas,abreviadamente designado por POGID, tem a natureza deregulamento administrativo e com ele se deve conformar oplano municipal de ordenamento do território, bem comoos programas e projectos, de iniciativa pública ou privada,a realizar na sua área de intervenção.

2 - O POGID aplica-se à área identificada na respectiva Plantade Síntese, adiante designada de área de intervenção,estando incluído no município de Santa Cruz, sendo a áreaterrestre constituída por solo rural.

3 - O POGID considera duas áreas objecto de zonamento:a) Área de Protecção Total;b) Área de Protecção Parcial Tipo I.

Artigo 2.ºObjectivos

1 - O POGID estabelece regimes de salvaguarda de recursos evalores naturais e as acções e actividades a promover nasua área de intervenção, com vista a garantir a conservaçãoda natureza e da biodiversidade, bem como a manutençãoe valorização das características das paisagens naturais.

2 - Constituem objectivos gerais do POGID:a) Assegurar a preservação do equilíbrio ambiental,

numa perspectiva de uma correcta estratégia deconservação e gestão que permita a concretizaçãodos objectivos que presidiram à classificaçãodesta área como SIC e como Reserva Natural;

b) Garantir a defesa e valorização do patrimónionatural e cultural;

c) Fixar o regime de gestão compatível com aprotecção e valorização dos recursos naturais e odesenvolvimento das actividades humanas empresença, tendo em consideração os instrumentosde gestão territorial aplicáveis à área.

3 - Constituem objectivos específicos do POGID:a) Proteger os habitats e espécies terrestres e

marinhos;b) Manter a sustentabilidade dos recursos naturais;c) Proteger e monitorizar de forma específica as

espécies de fauna e flora com valor deconservação mais elevado;

d) Manter a vegetação do Ilhéu Chão em bom estadode conservação e manter as condições para arecuperação do coberto vegetal da Deserta Grandee do Bugio;

e) Promover estudos para melhorar o conhecimentodas Ilhas Desertas;

f) Promover a realização de programas deinvestigação de habitats e espécies;

g) Desenvolver mecanismos para partilharinformação e promover a coordenação entreinvestigadores;

h) Aumentar o apoio por parte do público em geral einstitucional para a conservação das IlhasDesertas;

i) Melhorar as condições de recepção e informaçãodos visitantes;

j) Adquirir os conhecimentos necessários paradefinir estratégias que permitam a conservação doSítio face à pressão humana na vertente lúdico--turistica;

k) Avaliar a necessidade de melhoramento dosmecanismos e condições de controlo dosvisitantes e suas actividades;

l) Monitorizar a implementação do Plano proposto.

Artigo 3.ºEstratégia

São definidos como eixos estratégicos de actuação:a) Protecção e valorização do Património Natural do SIC;b) Preservação e valorização do Património Cultural do SIC;c) Promoção da conservação da natureza;d) Ordenamento das actividades de recreio e lazer.

Artigo 4.ºConteúdo documental

1 - O POGID é constituído por:a) Regulamento;b) Planta de Síntese à escala 1:10000;c) Planta de Condicionantes à escala 1:25000;

2 - O POGID é acompanhado por:a) Estudo de base - Caracterização da área;b) Análise estratégica;c) Plano de acção;d) Relatório ambiental;e) Participações recebidas em sede de discussão

pública e respectivo Relatório de Ponderação.

Artigo 5.ºDefinições

Sem prejuízo das definições constantes de diplomas em vigor,para efeitos de aplicação do presente Regulamento são adaptadas asseguintes definições:

a) «Acções de conservação» - consistem em todas as medidase intervenções necessárias à manutenção e recuperação dehabitats e naturais e espécies da fauna e da flora selvagens,de modo a se assegurar um estado de conservaçãofavorável.

b) «Actividades recreativas» - são as actividades de desportoda natureza ou de desporto motorizado, quando realizadasem regime individual ou colectivo, desde que nãoenvolvam iniciativas de mobilização de público e nãoprejudiquem a conservação da natureza, bem comoactividades de animação e interpretação ambiental;

8 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 140: POGIS

c) «Desporto de natureza» - engloba as actividades e osserviços de carácter desportivo ou recreativo, praticadasem espaços naturais ao ar livre, na água, no ar ou em terra,sem necessidade de obras especiais para a sua prática.Estas actividades incluem pedestrianismo, montanhismo,orientação, escalada, rappel, mergulho amador, canoagem,remo, vela e outras actividades que não comprometam aconservação da natureza.

d) «Espécies endémicas» - são espécies de fauna ou de floraexclusivas de uma determinada área geográfica.

e) «Espécies indígenas» - são espécies de fauna ou de floranaturais de uma determinada área geográfica sem seremexclusivas dessa área.

f) «Espécies invasoras» - são as plantas ou os animais queuma vez introduzidos numa determinada área geográficase desenvolvem e expandem, de forma descontrolada, paraas áreas disponíveis, comprometendo o equilíbrioecológico do local e ameaçando as espécies que aíocorrem.

g) «Espécies não indígenas ou exóticas» - são espécies deflora e de fauna que não são originárias de determinadaárea geográfica, tendo sido introduzidas.

h) «Habitat» - de uma espécie é o meio constituído porfactores abióticos e bióticos próprios, onde essa espécieocorre, nas diversas fases do seu ciclo biológico.

i) «Actividades desportivas» - são as actividades de carácterdesportivo quando praticadas em regime de competição ounão e devidamente enquadradas por estruturas associativasou federativas;

j) «Domínio hídrico» - O conjunto de bens que integra aságuas, doces ou salgadas, superficiais ou subterrâneas, e osterrenos que constituem os leitos das águas do mar e dascorrentes de água, dos lagos e das lagoas, bem como asrespectivas margens e zonas adjacentes, com o espaçoaéreo e o subsolo correspondente;

k) «Rede Natura 2000» - é uma Rede Europeia de SítiosProtegidos, cujo objectivo é a manutenção ou recuperaçãode habitats e espécies, garantindo-lhes um estatuto deconservação favorável.

l) «Pesca desportiva» - captura de peixes e outras espéciesaquícolas, mas também a prática de quaisquer actosconducentes ao mesmo fim quando praticada comodistracção ou exercício.

Artigo 6.ºServidões administrativas e

restrições de utilidade pública

1 - Na área de intervenção do POGID aplicam-se todas asservidões administrativas e restrições de utilidade públicaconstantes em legislação em vigor, nomeadamente asdecorrentes dos seguintes regimes jurídicos:a) Zona de conservação do património natural da

Reserva Ecológica Nacional;b) Zona de Servidão Militar;c) Zona de conservação do património natural da

Reserva Natural das Ilhas Desertas;d) Zona da Rede Natura 2000;e) Zona de protecção dos equipamentos e

infraestruturas inerentes à protecção de faróis;f) Zona de protecção a marcos geodésicos;g) Zona de protecção do Domínio Público Hídrico;h) Servidão aeronáutica.

2 - Nas áreas objecto de servidões administrativas e restriçõesde utilidade pública, os usos e as construções que vierem amerecer parecer favorável das entidades competentes, nostermos da legislação aplicável, não dispensam ocumprimento das regras constantes do POGID.

CAPÍTULO IIDisposições comuns

Artigo 7.ºPrincípios Orientadores

1 - De acordo com os objectivos específicos, o POGIDestabeleceu no artigo 3.º do capítulo I os eixos estratégicosque devem ser considerados no uso do solo na área deintervenção deste Plano.

2 - Estes eixos devem orientar as actividades e usos na área deintervenção, ajustando as actividades humanas e os usos,de modo a garantir a prossecução dos objectivosespecíficos. Estas orientações pretendem sustentar:a) A defesa e salvaguarda dos ecossistemas, ao nível

dos valores naturais, nomeadamente fauna, flora,geologia, geomorfologia e paisagem;

b) A defesa e salvaguarda do património cultural epaisagístico;

c) O controlo das intervenções humanas,nomeadamente no que concerne à implantação deinfraestruturas e equipamentos na área deintervenção;

d) A regulamentação das actividades a desenvolver;e) Promoção da educação ambiental, através da

divulgação e promoção de valores naturais eculturais inerentes à área de intervenção,sensibilizando a população para a importânciadeste SIC.

Artigo 8.ºGestão do SIC

1 - A gestão do SIC - Ilhas Desertas compete à SecretariaRegional do Ambiente e dos Recursos Naturais, sendoexercida através de uma Entidade Gestora, constituídapelos Serviços na sua dependência e com competêncianesta área e definida por Despacho do Secretário Regionaldo Ambiente e dos Recursos Naturais.

Artigo 9.ºActividades a realizar

1 - As actividades a realizar na área de intervenção do POGIDdevem estar em consonância com a conservação danatureza, valorização dos valores naturais e culturaisexistentes e a divulgação e sensibilização ambiental.

2 - Na área de Protecção Total, as actividades a realizar sãotrabalhos de conservação da natureza e da biodiversidadee valorização dos valores integrados na área, acções dedivulgação e sensibilização ambiental, investigação etrabalhos científicos que contribuam para a manutenção dopatrimónio da área.

3 - Na área de Protecção Parcial Tipo I o uso é condicionado,privilegiando-se as actividades no âmbito da conservaçãoe valorização, acções de divulgação e sensibilizaçãoambiental, estudos e trabalhos científicos e actividadeslúdicas e de lazer, assegurando-se sempre a salvaguarda doequilíbrio ambiental.

4- Na área de intervenção deve ser implementado um sistemade monitorização deste Plano.

Artigo 10.ºActividades interditas

1 - Em toda a área de intervenção do POGID para alémdaqueles cuja interdição decorre da legislação específica esem prejuízo das disposições específicas previstas para as

2 de Outubro de 2009 S - 9INúmero 100

Page 141: POGIS

áreas sujeitas a regimes de protecção, são interditos osseguintes actos e actividades:a) A colheita, corte, captura ou detenção de

quaisquer seres vivos incluindo a destruição deninhos e a apanha de ovos, bem como a destruiçãodos seus habitats naturais;

b) A introdução de quaisquer espécies não indígenasda flora e fauna terrestres;

c) A entrada de quaisquer animais de companhia,exceptuando cães de assistência e guarda dasinstalações do Serviço do Parque Natural daMadeira e aqueles que sejam necessários nasintervenções relativas à segurança pública;

d) O abandono de detritos ou lixo;e) O lançamento de águas provenientes de lavagens

de embarcações, bem como de águas residuais deuso doméstico e com uso de detergentes, no marou no solo;

f) A prática de actividades ruidosas; g) O uso de redes de cercar e arrastar, com excepção

das que são empregues na captura de isco vivo;h) A caça submarina;i) A edificabilidade privada.

2 - Exceptuam-se do disposto do número 1, os actos ouactividades, fundados em situações de relevante interessepúblico, devidamente autorizados pela Entidade Gestora.

Artigo 11.ºActividades condicionadas

1 - Sem prejuízo dos pareceres, das autorizações ou dasaprovações legalmente exigíveis, bem como dasdisposições específicas previstas para as áreas sujeitas aregime de protecção, na área de intervenção do POGIDficam sujeitos a autorização da Entidade Gestora, osseguintes actos e actividades:a) A instalação de novas estruturas, infraestruturas e

edificações;b) Quaisquer obras de restauro e de ampliação para

fins de preservação ambiental ou para salvaguardae divulgação do património com utilidade pública;

c) A recolha de amostras biológicas, geológicas ouarqueológicas e a remoção de substratos quer deorigem marinha quer terrestre;

d) Alterações à morfologia do solo ou cobertovegetal;

e) A extracção de material geológico ouarqueológico ou a sua exploração, quer de origemmarinha, quer terrestre.

f) Os trabalhos de investigação e divulgaçãocientífica, acções de monitorização, recuperação esensibilização ambiental, bem como acções deconservação da natureza e de salvaguarda dosvalores naturais;

g) O acesso a pessoas na totalidade da parte terrestre;h) A pernoita no âmbito das actividades de

sensibilização e pedagógicas;i) As fotografias, filmagens e a captação de imagens

e sons para fins comerciais e publicitários;j) A prática de actividades desportivas, culturais e

recreativas;k) A introdução de veículos terrestres;l) A circulação fora dos trilhos;m) O sobrevoo por aeronaves com motor abaixo de

200 m, excepto por razões de vigilância, paraoperações de busca e salvamento e militares.

2 - As actividades de pesca e outras actividades realizadas nomeio marinho poderão ser condicionadas por portaria doSecretário Regional da Tutela.

3 - As actividades humanas na zona da Doca são aindacondicionadas pelo Regulamento Interno da ReservaNatural das Ilhas Desertas.

CAPÍTULO IIIRegimes de Protecção

SECÇÃO IÂmbito e níveis de protecção

Artigo 12.ºÂmbito

1 - A área territorial abrangida pelo POGID engloba umagrande diversidade de valores naturais, culturais epaisagísticos, pelo que as áreas que compõem o SIC - IlhasDesertas integram níveis de protecção distintos.

2 - O nível de protecção atribuído a cada área é definido deacordo com as suas características específicas,considerando a importância dos valores biofísicos,culturais e paisagísticos presentes e a sua sensibilidadeecológica.

Artigo 13.ºTipologias e caracterização

1 - O território abrangido pelo POGID integra Áreas deProtecção Total e de Protecção Parcial Tipo I. Estadiversidade implica diferentes níveis de protecção e,consequentemente, diferentes actividades e restrições deusos do solo e do meio marinho. As disposiçõesespecíficas de cada nível de protecção encontram-sedescritas adiante.a) Áreas de Protecção Total:

São todas as áreas de elevado valor ecológico ebiofísico, muito sensíveis às actividades humanase/ou com fraca capacidade de regeneração,sujeitas a protecção absoluta de todos os seusvalores naturais. Estas reservas integraispretendem a salvaguarda e conservação de valoresde flora e de fauna e respectivos habitats.Através deste estatuto são resguardados osecossistemas de toda a área terrestre (Ilhéu Chão,Deserta Grande e Bugio e ilhéus adjacentes) etoda a zona marinha adjacente até à profundidadedos 100 metros, localizada a Sul da Ponta da Docaa Oeste e da Ponta da Fajã Grande a Leste, naintenção de se salvaguardar um patrimónionatural que se estende desde os aspectosgeológicos às espécies de vegetação xerófila,indígenas e endémicas, considerando também afauna marinha, nomeadamente as aves marinhas.

b) Áreas de Protecção Parcial:São todas as áreas onde as actividades humanaspodem comprometer os valores patrimoniais,naturais e culturais. Inclui as Áreas de ProtecçãoParcial do Tipo I, onde a protecção incide sobrealguns dos seus elementos naturais e onde asactividades humanas são condicionadas, de formaa não comprometerem os valores naturaisexistentes.Através deste estatuto está resguardada toda azona marinha adjacente até à profundidade dos100 metros, localizada a Norte da Ponta da Docaa Oeste e da Ponta da Fajã Grande a Leste.

10 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 142: POGIS

SECÇÃO IIZonamento

SUBSECÇÃO IÁreas de Protecção Total

Artigo 14.ºÂmbito e objectivos

1 - Este estatuto diz respeito às Áreas de Protecção Total, deelevado valor ecológico e biofísico, muito sensíveis àsactividades humanas e/ou com fraca capacidade deregeneração.

2 - Os objectivos prioritários das Áreas de Protecção Total sãoa manutenção dos valores e dos processos naturais emestado tendencialmente imperturbável, a preservação deespécies ecologicamente representativas, nomeadamenteas espécies indígenas e endémicas da região e daMacaronésia.

Artigo 15.ºDisposições específicas

1 - A Protecção Total implica a proibição de qualqueractividade humana, à excepção de trabalhos científicos,acções de conservação, actividades de sensibilização eeducação ambiental. Nestas áreas a presença humana só épermitida nas seguintes situações:a) Investigação e divulgação científica, b) Para monitorização ambiental;c) Acções de conservação da natureza e de

salvaguarda dos interesses que levaram àclassificação da área;

d) Vigilância e fiscalização;e) Actividades de sensibilização e educação

ambiental;f) Situações de risco ou calamidade.

2 - Nas situações referentes às alíneas a, b, c, d e e do númeroanterior do presente artigo, a presença humana só épermitida mediante autorização prévia da EntidadeGestora.

3 - Para além do disposto no artigo 10.º do presenteRegulamento, em toda a Área de Protecção Total, sãointerditos os seguintes actos e actividades:a) O exercício de quaisquer actividades de pesca

comercial e desportiva;b) O acesso de pessoas e embarcações, com

excepção do acesso à baía da Doca estabelecidacomo fundeadouro autorizado, sendo o acessoefectuado na direcção perpendicular à linha decosta pelo azimute da Furna;

c) A captura de tunídeos e respectivo isco, nasenseadas do Calhau das Areias e do Tabaqueiro - - Deserta Grande, a uma distância inferior a meiamilha da costa.

SUBSECÇÃO IIÁreas de Protecção Parcial do Tipo I

Artigo 15.ºÂmbito e objectivos

1 - Estão sujeitas a Protecção Parcial do Tipo I todas as áreasque compreendem os espaços que contêm valores naturaise paisagísticos cujo significado e importância, do ponto devista da conservação da natureza, se assumem no seuconjunto como relevantes ou excepcionais e apresentamuma sensibilidade elevada ou moderada.

2 - Os objectivos prioritários destas áreas são a conservaçãodos valores de natureza biológica, geológica epaisagísticas relevantes para a conservação dabiodiversidade, contribuindo para a manutenção dosvalores que estão na base da classificação dos sítios.

Artigo 16.ºDisposições específicas

1 - A Protecção Parcial do Tipo I impõe um controle dasactividades a desenvolver, privilegiando-se a realização detrabalhos científicos, acções de conservação, actividadesde sensibilização e educação ambiental e outrasactividades, lúdicas e de lazer, devidamente autorizadaspela Entidade Gestora, que não prejudiquem os valoreslocais e o equilíbrio do ecossistema.

2 - Para além do disposto no artigo 11.º do presenteRegulamento, em toda a Área de Protecção Parcial do TipoI, são condicionados os seguintes actos e actividades:a) As actividades com carácter desportivo, não

motorizadas, a serem realizadas na área marinha;b) A pesca por armadilha, nomeadamente covos,

sem conhecimento prévio dos elementosfiscalizadores da Entidade Gestora presentes nolocal.

CAPÍTULO IVRegime sancionatório

Artigo 17.ºFiscalização

1 - A fiscalização do cumprimento do presente Regulamentocompete à Secretaria Regional do Ambiente e RecursosNaturais, sendo exercida através do serviço comcompetência na área de intervenção.

2 - Sem prejuízo do número anterior, a fiscalização seráexercida também pelas entidades com competências emrazão da matéria.

3 - Os elementos competentes na acção de fiscalizaçãopoderão ordenar a imobilização das embarcaçõesencontradas em infracção ao presente Regulamento até àchegada da respectiva autoridade marítima.

4 - Os elementos competentes na acção de fiscalização,devidamente identificados, podem exigir a identificaçãode quem esteja a infringir o presente Regulamento, bemcomo as autorizações e licenciamento, legalmenteconferidas às embarcações, para o exercício da actividadee uso de artes de pesca permitidas.

Artigo 18.ºInfracções

1 - A violação das normas previstas no presente Regulamentoconstitui contra-ordenação punível com coima, nos termosprevistos no artigo 95.º do Decreto Legislativo Regionaln.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro.

2 - As obras e os trabalhos efectuados em inobservância comas disposições do presente Regulamento podem sere m b a rgados ou demolidos, bem como ordenada areposição da configuração do terreno e a recuperação docoberto vegetal, segundo projecto a aprovar pela EntidadeGestora.

3 - No caso dos infractores não cumprirem o preceituado nonúmero anterior, no prazo que for designado, a EntidadeGestora providenciará pela reposição ou recuperação aexpensas dos mesmos.

2 de Outubro de 2009 S - 11INúmero 100

Page 143: POGIS

CAPÍTULO VDisposições Finais

Artigo 19.ºVigência

Uma vez aprovado, o POGID vigorará enquanto a protecção,por instrumento de planeamento territorial, se revelar benéfica àsalvaguarda dos interesses públicos a que se reporta.

Artigo 20.ºDinâmica do plano

1 - Se a Entidade Gestora assim o entender, o Plano pode seralterado ou revisto, total ou parcialmente, garantindo osinteresses públicos que pretende salvaguardar.

2 - A alteração, salvo as situações excepcionais previstas nasecção de dinâmica dos instrumentos de gestão territorialdo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, e doDecreto Legislativo Regional n.º 43/2008/M, de 23 deDezembro, só poderá acontecer passados três anos sobre asua aprovação.

3 - A necessidade de adequação das disposições do Plano anovas situações de tendência e evolução, nos domínioseconómico, social, cultural e ambiental, justificam a suarevisão, desde que passados três anos após a suaaprovação.

4 - A revisão do Plano pode, também, resultar de ajustamentosconsonantes com a prossecução de interesses públicos, nãose verificando, neste caso, a obrigação de três anos sobre asua aprovação.

5 - A suspensão, total ou parcial, acontece quando severificarem condições excepcionais, atendendo aalterações significativas das perspectivas dedesenvolvimento que sustentaram as opções do Plano.

Artigo 21.ºAutorizações, aprovações e pareceres

1 - As intervenções na área do POGID, de acordo com oprevisto no capítulo III, carecem da respectiva autorizaçãoda Entidade Gestora;

2 - As autorizações, aprovações e pareceres emitidos pelaEntidade Gestora não dispensam outras autorizações,aprovações e pareceres previstos na lei, de acordo com atipologia e local das intervenções.

3 - As autorizações ou pareceres emitidos pela EntidadeGestora nos termos do presente Regulamento são semprevinculativos.

4 - Na falta de disposição especial aplicável, o prazo para aemissão de autorizações e pareceres emitidos pelaEntidade Gestora nos termos do presente Regulamento éde 10 dias.

5 - A ausência de autorização ou parecer no prazo previsto nonúmero anterior equivale à emissão de autorização ouparecer favorável.

6 - As autorizações e pareceres emitidos pela EntidadeGestora nos termos do presente Regulamento caducamdecorrido um ano após a data da sua emissão, sem prejuízode ser estabelecido outro prazo.

7 - São nulos os actos praticados em violação do presenteRegulamento.

Artigo 22.ºArticulação com outros Instrumentos

de Gestão Territorial

1 - Até ao máximo de 90 dias, após a entrada em vigor doPOGID, a Câmara Municipal de Santa Cruz deveráincorporá-lo pelo processo de adaptação no seu PlanoDirector Municipal.

2 - No limite terrestre do POGID, o Zonamento e oRegulamento do PDM deixam de vigorar, sendosubstituídos pelos deste Plano.

Artigo 23.ºEntrada em vigor

1 - O POGID entra em vigor no dia seguinte ao da suapublicação.

12 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Planta de Síntese

Page 144: POGIS

Resolução n.º 1294/2009

Na Região Autónoma da Madeira existem 11 Sítios deImportância Comunitária (SIC) que integram a Rede Natura2000, constantes do Decreto Legislativo Regional n.º 5/2006/M, de 2 de Março, que adapta à Região Autónomada Madeira o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alteradopelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, queprocedeu à transposição para o ordenamento jurídicoportuguês, da Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2de Abril, relativa à conservação das aves selvagens(Directiva Aves), na redacção que lhe foi dada pelasDirectivas n.ºs 85/411/CEE, da Comissão, de 25 de Junho,91/244/CEE, da Comissão, de 6 de Março, 94/24/CE, doConselho, de 8 de Junho, e 97/49/CE, da Comissão, de 29 deJulho, e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa àpreservação dos habitats naturais e da fauna e da floraselvagem (Directiva Habitats), na redacção que lhe foi dadapela Directiva n.º 97/62/CE, do Conselho, de 27 de Outubro.

A Ponta de São Lourenço está classificada como Sítio deImportância Comunitária (SIC) - PTMAD0003 - integrando

a Rede Ecológica Europeia denominada Natura 2000(Resolução de Conselho de Governo n.º 1408/2000, de 19 deSetembro).

A parte terrestre do SIC - Ponta de São Lourenço insere--se na Área Protegida Parque Natural da Madeira, criada em1982 pelo Decreto Regional n.º 14/82/M, de 10 deNovembro, e encontra-se localizada no extremo Este da Ilhada Madeira. Integra uma península e dois Ilhéus - o Ilhéu doDesembarcadouro também conhecido por Ilhéu da Metadeou da Cevada e o Ilhéu do Farol também conhecido por Ilhéuda Ponta de São Lourenço ou de Fora.

A parte marinha do SIC é delimitada pela linha de costa aNorte da Ponta de São Lourenço até ao limite Oeste na Pontado Espigão Amarelo, daí em linha recta para Norte até à linhabatimétrica dos 50 metros de profundidade e ao longo destapara Este até ao ponto de coordenadas projectadas Este--Norte (345176.14, 3622827.75), onde une com a ponta Estedo Ilhéu do Desembarcadouro no ponto (344614.52,3622268.86).

O interesse na protecção, conservação e gestão deste SIC,reconhecido como área de interesse regional, nacional ecomunitário, determina a necessidade de adoptar um PlanoEspecial de Ordenamento do Território (PEOT) queestabeleça um regime de salvaguarda de recursos e valoresnaturais e ainda um regime de gestão compatível com autilização sustentável do território.

Considerando o parecer favorável da comissão deacompanhamento.

Verificando-se ainda a conformidade do Plano com osprincípios e objectivos do Plano de Ordenamento da RegiãoAutónoma da Madeira (POTRAM), bem como asdisposições legais e regulamentares vigentes no âmbito daRegião.

Ponderados, por fim, os resultados da discussão pública,que decorreu entre 20 de Maio e 5 de Julho de 2009, econcluída a versão final do Plano de Ordenamento e Gestãoda Ponta de São Lourenço.

Assim:Nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22

de Setembro, na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e no Decreto RegulamentarRegional n.º 5/2007/M, de 23 de Julho, sob proposta doSecretário Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, eao abrigo do disposto nos artigos 49.º e 156.º do Decreto-Lein.º 380/99, de 22 de Setembro, na redacção dada peloDecreto - Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e na alínea b)do artigo 69.º do Estatuto Político Administrativo da RegiãoAutónoma da Madeira, aprovado pela Lei n.º 13/91, de 5 deJunho, na redacção e numeração da Lei n.º 130/99, de 21 deAgosto e da Lei n.º 12/2000, de 21 de Junho, o Conselho deGoverno reunido em plenário em 25 de Setembro de 2009,resolveu:

1 - Aprovar o Plano de Ordenamento e Gestão da Pontade São Lourenço (POGPSL), cujo Regulamento erespectivas Plantas de Síntese e de Condicionantessão publicados em anexo à presente resolução, delafazendo parte integrante.

2 - Determinar que o Plano Municipal de Ordenamentoque não se conforme com as disposições doPOGPSL seja objecto de alteração por adaptação,nos termos do artigo 79.º do Decreto LegislativoRegional n.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro, queaprova o Sistema Regional de Gestão Territorial.

Presidência do Governo Regional. - O PR E S I D E N T E D OGO V E R N O RE G I O N A L, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim.

2 de Outubro de 2009 S - 13INúmero 100

Planta de Condicionantes

Page 145: POGIS

Anexo da Resolução n.º 1294/2009, de 25 de Setembro

REGULAMENTO DO PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO DAPONTA DE SÃO LOURENÇO

CAPÍTULO IDisposições gerais

Artigo 1.ºNatureza jurídica e âmbito

1 - O Plano de Ordenamento e Gestão da Ponta de SãoLourenço, abreviadamente designado por POGPSL, tem anatureza de regulamento administrativo e com ele se deveconformar o plano municipal de ordenamento do território,bem como os programas e projectos, de iniciativa públicaou privada, a realizar na sua área de intervenção.

2 - O POGPSL aplica-se à área identificada na respectivaPlanta de Síntese, adiante designada de área deintervenção, abrangendo parte do município de Machico.

3 - A área de intervenção é constituída por uma área terrestre- Solo Urbano e Solo Rural - e por uma área marinha.

4 - A área terrestre do Plano considera diferentes áreas comprotecção distinta:a) Área de Protecção Total;b) Área de Protecção Parcial Tipo I;c) Área de Protecção Complementar;d) Zona de Solo Urbano.

5 - A área marinha considera uma única área de protecção:Área de Protecção Parcial Tipo II.

Artigo 2.ºObjectivos

1 - O POGPSLestabelece regimes de salvaguarda de recursose valores naturais e as acções e actividades a promover nasua área de intervenção, com vista a garantir a conservaçãoda natureza e da biodiversidade, bem como a manutençãoe valorização das características das paisagens naturais.

2 - Constituem objectivos gerais do POGPSL:a) Assegurar a preservação do equilíbrio ambiental,

numa perspectiva de uma correcta estratégia deconservação e gestão que permita a concretizaçãodos objectivos que presidiram à classificaçãodesta área como SIC e como área de ParqueNatural;

b) Garantir a defesa e valorização do patrimónionatural e cultural;

c) Fixar o regime de gestão compatível com aprotecção e valorização dos recursos naturais e odesenvolvimento das actividades humanas empresença, contribuindo para uma melhoria daqualidade de vida, tendo em consideração osinstrumentos de gestão territorial aplicáveis àárea.

3 - Constituem objectivos específicos do POGPSL:a) Proteger os habitats e espécies terrestres e

marinhos;b) Manter a sustentabilidade dos recursos naturais;c) Proteger e monitorizar de forma específica as

espécies de fauna e flora com valor deconservação mais elevado;

d) Salvaguardar os elementos do patrimónioGeológico em bom estado de Conservação;

e) Promover a investigação científica e oconhecimento dos habitats e espécies presentes;

f) Assegurar a divulgação, conhecimento eapreciação da área por parte do público em geral;

g) Garantir os mecanismos e condições de controlodos visitantes e suas actividades para que nãocolidam com os valores de conservação do Sítio;

h) Aumentar o apoio por parte do público em geral einstitucional para a conservação do SIC;

i) Melhorar as condições de recepção e informaçãodos visitantes;

j) Acompanhar e avaliar a implementação emonitorização do Plano.

Artigo 3.ºEstratégia

São definidos como eixos estratégicos de actuação:a) Protecção e valorização do Património Natural do SIC;b) Preservação e valorização do Património Cultural do SIC;c) Promoção da conservação da natureza;d) Ordenamento das actividades de recreio e lazer.

Artigo 4.ºConteúdo documental

1 - O POGPSLé constituído por:a) Regulamento;b) Planta de Síntese à escala 1: 10 000;c) Planta de Condicionantes à escala 1: 25 000.

2 - O POGPSLé acompanhado por:a) Estudo de base - Caracterização da área;b) Análise estratégica;c) Plano de acção;d) Relatório ambiental;e) Participações recebidas em sede de discussão

pública e respectivo Relatório de Ponderação.

Artigo 5.ºDefinições

Sem prejuízo das definições constantes de diplomas em vigor,para efeitos de aplicação do presente Regulamento são adaptadas asseguintes definições:

a) «Parque Natural» - área com paisagens naturais, semi--naturais e humanizadas, de interesse regional, comintegração harmoniosa das actividades humanas e danatureza e que apresenta amostras de um bioma ou regiãonatural.

b) «Acções de conservação» - consistem em todas as medidase intervenções necessárias à manutenção e recuperação dehabitats e naturais e espécies da fauna e da flora selvagens,de modo a se assegurar um estado de conservaçãofavorável.

c) «Actividades recreativas» - são as actividades de desportoda natureza ou de desporto motorizado, quando realizadasem regime individual ou colectivo, desde que nãoenvolvam iniciativas de mobilização de público e nãoprejudiquem a conservação da natureza, bem comoactividades de animação e interpretação ambiental.

d) «Espécies endémicas» - são espécies de fauna ou de floraexclusivas de uma determinada área geográfica.

14 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 146: POGIS

e) «Espécies indígenas» - são espécies de fauna ou de floranaturais de uma determinada área geográfica sem seremexclusivas dessa área.

f) «Espécies invasoras» - são as plantas ou os animais queuma vez introduzidos numa determinada área geográficase desenvolvem e expandem, de forma descontrolada, paraas áreas disponíveis, comprometendo o equilíbrioecológico do local e ameaçando as espécies que aíocorrem.

g) «Espécies não indígenas ou exóticas» - são espécies deflora e de fauna que não são originárias de determinadaárea geográfica, tendo sido introduzidas.

h) «Habitat» - de uma espécie é o meio constituído porfactores abióticos e bióticos próprios, onde essa espécieocorre, nas diversas fases do seu ciclo biológico.

i) «Competições desportivas» - são as actividades de carácterdesportivo quando praticadas em regime de competição edevidamente enquadradas por estruturas associativas oufederativas.

j) «Desporto de natureza» - engloba as actividades e osserviços de carácter desportivo ou recreativo, praticadasem espaços naturais ao ar livre, na água, no ar ou em terra,sem necessidade de obras especiais para a sua prática.Estas actividades incluem pedestrianismo, montanhismo,orientação, escalada, rappel, bicicleta todo-o-terreno,hipismo, asa-delta sem motor, pára-pente, balonismo,m e rgulho amador, canoagem, remo, vela e outrasactividades que não comprometam a conservação danatureza.

k) «Rede Natura 2000» - é uma Rede Europeia de SítiosProtegidos, cujo objectivo é a manutenção ou recuperaçãode habitats e espécies, garantindo-lhes um estatuto deconservação favorável.

Artigo 6.ºServidões administrativas e

restrições de utilidade pública

1 - Na área de intervenção do POGPSL aplicam-se todas asservidões administrativas e restrições de utilidade públicaconstantes em legislação em vigor, nomeadamente asdecorrentes dos seguintes regimes jurídicos:a) Zona de conservação do património natural da

Reserva Ecológica Nacional;b) Servidão Militar;c) Zona de conservação do património natural da

Ponta de São Lourenço;d) Zona de protecção especial Rede Natura 2000;e) Zona de protecção dos equipamentos e

infraestruturas, inerentes à protecção de faróis;f) Servidão radioeléctrica;g) Servidão aeronáutica;h) Protecção a marcos geodésicos;i) Áreas de protecção do Domínio Público Hídrico.

2 - Nas áreas objecto de servidões administrativas e restriçõesde utilidade pública, os usos e as construções que vierem amerecer parecer favorável das entidades competentes, nostermos da legislação aplicável, não dispensam ocumprimento das regras constantes do POGPSL.

3 - As condicionantes específicas identificadas no Plano são:a) Zona de Solo Urbano;b) Zona de Solo Rural ;c) Zonas Balneares;d) Estradas, Caminhos e trilhos;e) Miradouros;f) Capela da Senhora da Piedade.

CAPÍTULO IIDisposições comuns

Artigo 7.ºPrincípios Orientadores

1 - De acordo com os objectivos específicos, o POGPSLestabeleceu no artigo 3.º do capítulo I os eixos estratégicosque devem ser considerados no uso do solo na área deintervenção deste Plano.

2 - Estes eixos devem orientar as actividades e usos na área deintervenção, ajustando as actividades humanas e os usos,de modo a garantir a prossecução dos objectivosespecíficos. Estas orientações pretendem sustentar:a) A defesa e salvaguarda dos ecossistemas, ao nível

dos valores naturais, nomeadamente fauna, flora,geologia, geomorfologia e paisagem;

b) A defesa e salvaguarda do património cultural epaisagístico;

c) O controlo das intervenções humanas,nomeadamente no que concerne à implantação deinfraestruturas, equipamentos e edificações naárea de intervenção;

d) A regulamentação das actividades a desenvolver;e) Promoção da educação ambiental, através da

divulgação e promoção de valores naturais eculturais inerentes à área de intervenção,sensibilizando a população, para a importânciadeste SIC.

Artigo 8.ºGestão do SIC

1 - A gestão do SIC Ponta de São Lourenço compete àSecretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais,sendo exercida através de uma Entidade Gestora,constituída pelos Serviços na sua dependência e comcompetências nesta área e definida por Despacho doSenhor Secretário Regional do Ambiente e dos RecursosNaturais.

Artigo 9.ºActividades a realizar

1 - As actividades a realizar na área de intervenção doPOGPSLdevem estar em consonância com a conservaçãoda natureza, valorização dos valores naturais e culturaisexistentes e a divulgação e sensibilização ambiental.

2 - Na área de Protecção Total, as actividades a realizar sãotrabalhos de conservação da natureza e da biodiversidadee valorização dos valores integrados na área, acções dedivulgação e sensibilização ambiental, investigação etrabalhos científicos que contribuam para a manutenção dopatrimónio da área.

3 - Na área de Protecção Parcial Tipo I o uso é condicionado,privilegiando-se as actividades no âmbito da conservaçãoe valorização, acções de divulgação e sensibilizaçãoambiental, estudos e trabalhos científicos e actividadeslúdicas e de lazer, assegurando-se sempre a salvaguarda doequilíbrio ambiental.

4 - Na área de Protecção Parcial Tipo II privilegia-se o usosustentável dos recursos, garantido o desenvolvimentosocioeconómico local, assegurando-se sempre asalvaguarda do equilíbrio ambiental.

5 - Na Área de Protecção Complementar só poderão serrealizadas actividades que permitam o uso sustentado damesma.

2 de Outubro de 2009 S - 15INúmero 100

Page 147: POGIS

6 - Na área de intervenção deve ser implementado um sistemade monitorização deste Plano.

Artigo 10.ºActividades interditas

1 - Em toda a área terrestre do SIC, para além daqueles cujainterdição decorre da legislação específica e sem prejuízodas disposições específicas previstas para as áreas sujeitasa regimes de protecção, são interditos os seguintes actos eactividades:a) A colheita, corte, captura, abate ou detenção de

exemplares de espécies vegetais ou animais,incluindo a destruição de ninhos e a apanha deovos, bem como a destruição dos seus habitatsnaturais;

b) O abandono de detritos ou lixo;c) A d e s c a rga de águas residuais industriais ou

domésticas não tratadas, excedentes de pesticidasou de caldas pesticidas e de águas de lavagemcom uso de detergentes, nos cursos e planos deágua, no solo ou subsolo;

d) A prática de actividades turísticas e recreativas oucompetições desportivas envolvendo veículosmotorizados, susceptíveis de provocar poluição//ruído ou deteriorarem os factores naturais,nomeadamente, passeios e raids organizados deveículos todo-o-terreno fora das estradas;

e) A introdução de espécies exóticas;f) A instalação de explorações de inertes e

respectiva extracção;g) Instalação de estabelecimentos industriais;h) Actividades que potenciem o risco de erosão

natural;i) A realização de queimadas ou fogo controlado;j) A realização de quaisquer acções que tenham por

objecto ou efeito o fraccionamento dapropriedade;

k) A destruição ou delapidação de bens culturais;l) Actos que contribuam para a degradação ou

destruição do património geológico;

2 - Exceptuam-se do disposto do número anterior, os actos eactividades, fundados em situações de relevante interessepúblico, devidamente autorizados pela Entidade Gestora.

3 - Em toda a Zona de Solo Rural do SIC não é permitida aedificabilidade privada.

Artigo 11.ºActividades condicionadas

1 - Sem prejuízo dos pareceres, das autorizações ou dasaprovações legalmente exigíveis, em toda a área terrestre do SICficam sujeitos a autorização da Entidade Gestora, os seguintes actose actividades:

a) A recolha de amostras biológicas;b) Alterações à morfologia do solo ou do coberto

vegetal;c) A realização de quaisquer obras de ampliação ou

remodelação para fins de preservação ambientalou para salvaguarda e divulgação do patrimóniocom utilidade pública;

d) A instalação de quaisquer estruturas,infraestruturas e edificações;

e) A abertura ou alteração de acessos rodoviários,incluindo as obras de manutenção e conservação,quando impliquem alteração da plataforma deestradas ou caminhos existentes;

f) A prática de actividades desportivas decompetição, de actividades recreativas organi-zadas e de actividades de animação ambiental,com excepção do pedestrianismo;

g) Prospecção e pesquisa de recursos geológicos e aremoção de substrato;

h) A investigação e actividades científicas;i) Instalação de sinalética e de painéis de índole

cultural, turística ou publicitário;j) Pernoita no âmbito das actividades de sensibili-

zação e pedagógicas;k) A instalação de estabelecimentos comerciais e

outros;l) A circulação fora dos trilhos e caminhos;m) A actividade cinegética, segundo determinadas

especificações a publicar anualmente em edital.

CAPÍTULO IIIÁreas sujeitas a regime de protecção

SECÇÃO IÂmbito e níveis de protecção

Artigo 12.ºÂmbito

1 - A área territorial abrangida pelo POGPSL engloba umagrande diversidade de valores naturais, culturais epaisagísticos, pelo que as áreas que compõem o SIC -- Ponta de São Lourenço integram níveis de protecçãodistintos.

2 - O nível de protecção atribuído a cada área é definido deacordo com as suas características específicas,considerando a importância dos valores biofísicos,culturais e paisagísticos presentes e a sua sensibilidadeecológica.

Artigo 13.ºTipologias e caracterização

1 - O território abrangido pelo POGPSL integra áreas deelevado valor natural, áreas de recreio e lazer e Zona deSolo Urbano. Esta diversidade implica diferentes níveis deprotecção e, consequentemente, diferentes actividades erestrições de usos do solo. No âmbito deste Plano, asdisposições específicas de cada nível de protecçãoencontram-se descritas adiante.a) Área de Protecção Total:

É uma área de elevado valor ecológico e biofísico,muito sensível às actividades humanas e/ou comfraca capacidade de regeneração, sujeita aprotecção absoluta de todos os seus valoresnaturais. Nesta área pretende-se a salvaguarda econservação de valores de flora e de fauna erespectivos habitats.

Corresponde a toda a parte Leste da Ponta de São Lourenço,designadamente o Ilhéu do Desembarcadouro e Ilhéu do Farol, naintenção de se salvaguardar um património natural que se estendedesde os aspectos geológicos às espécies de vegetação xerófila,indígenas e endémicas, e considerando também a fauna,nomeadamente as aves marinhas.

b) Áreas de Protecção Parcial:São todas as áreas com valor ecológico, onde as actividades

humanas são conciliáveis com os valores patrimoniais, naturais eculturais. Incluem as seguintes classificações:

Área de Protecção Parcial do Tipo I:A Área de Protecção Parcial do Tipo I corresponde a uma área

onde a protecção incide sobre alguns dos seus elementos naturais eonde as actividades humanas são condicionadas, de forma a nãocomprometerem os valores naturais existentes.

16 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 148: POGIS

A área de Protecção Parcial do Tipo I inclui a parte ocidental daPonta de São Lourenço.

Esta área é delimitada pela linha de costa a partir do ponto decoordenadas projectadas (339250.98, 3624264.73) na costa Norte,no sentido Este até ao ponto de coordenadas projectadas(339464.71, 3623648.02) na costa Sul. A Este, é delimitada pelosítio do Boqueirão, onde confina com a área de Protecção Total. AOeste é delimitada pela linha imaginária que sobe a partir do Sul aolongo da linha de água e passa nos seguintes pontos de coordenadasprojectadas (339394.48, 3623876.58) e (339297.00, 3624056.33)unindo ao limite Norte. A esta área são exceptuadas as áreas que seencontram delimitadas no seu interior, com as classificações dePerímetro Urbano e de Protecção Complementar (Área Envolventeàs Estruturas de Acesso, Miradouros e Capela, Zona Balnear daPrainha e a Este do Perímetro Urbano e a Área Envolvente à Zonade Solo Urbano).

Área de Protecção Parcial do Tipo II:A Área de Protecção Parcial do Tipo II corresponde a uma área

de habitats naturais marinhos importantes no seu conjunto para aconservação da natureza e da biodiversidade, que devem sermantidos ou valorizados, a par da promoção do desenvolvimentosustentável.

É toda a parte marinha do SIC. A referida área é delimitada pelalinha de costa a Norte da Ponta de São Lourenço até ao limite Oestena Ponta do Espigão Amarelo, daí em linha recta para Norte até àlinha batimétrica dos 50 metros de profundidade e ao longo destapara Este até ao ponto de coordenadas projectadas Este-Norte(345176.14, 3622827.75), onde une com a ponta Este do Ilhéu doDesembarcadouro no ponto (344614.52, 3622268.86).

c) Área de Protecção Complementar: Trata-se de uma área de transição ou amortecimento de impacte

das actividades humanas relativamente à área de protecção parciale destinada à realização de actividades lúdicas e de lazer, que nãoprejudiquem o ambiente e sem qualquer restrição ao seu acesso.Inclui toda a área envolvente à Zona de Solo Urbano, a áreaenvolvente às estruturas de acesso aos sítios de confluência depessoas e as Zonas Balneares.

A Área Envolvente à Zona de Solo Urbano é definida por umafaixa, para Nordeste e para Sudoeste, de 20 metros do perímetrourbano. No limite Noroeste esta área é superior ao limite dos 20metros a partir do ponto de coordenadas projectadas (339963.71,3623758.10), onde durante 204 metros para Noroeste, dista 85metros do eixo da estrada Regional, até ao ponto (339852.37,3623929.24). O limite segue, perpendicularmente, para a bermaNorte da estrada Regional, ao ponto (339931.26, 3623982.85)descendo paralelamente à mesma a uma distância de 10 metros doeixo da estrada, até ao ponto (339981.07, 3623904.61), onde voltaa distar 20 metros do perímetro urbano definido. Na parte Sudeste,a partir do ponto de coordenadas projectadas (340376.65,3623768.02), o limite segue para Sudeste, paralelo ao eixo da via auma distância de 10 m do eixo, na berna Norte da Estrada até aoponto (340519.56, 3623607.40), onde atravessa,perpendicularmente a estrada regional para o ponto (340519.56,3623607.40), que se encontra a 10 metros do eixo da via,encontrando o limite imaginário a 20 metros do limite da zonabalnear aí definida, mantendo essa distância até encontrar a linha decosta no ponto (340476.51, 3623554.42). Segue a linha de costapara Oeste até encontrar o limite da zona balnear, envolvendo-a econtinuando ao longo da linha de costa até encontrar o perímetrourbano definido. Acompanha o perímetro urbano até ao seu limiteOeste na linha de costa onde vai ligar ao ponto inicial, a 20 metrospara Oeste.

A área envolvente às estruturas de acesso aos sítios deconfluência de pessoas é limitada por:

A área envolvente à Estrada Regional ou outras vias que édefinida por uma faixa de 10 metros para cada lado a partir do eixoda via, com excepção das áreas com estacionamento bem delineadoe assinalado em que poderá ultrapassar este limite.

A área envolvente aos trilhos que é definida por uma faixa de 5metros para cada lado a partir do eixo central do mesmo.

A área envolvente à Capela da Senhora da Piedade e Miradourosão definidas por um raio de 20 metros em todas as direcções apartir do ponto assinalado na Cartografia.

As Zonas Balneares compreendem a Zona Balnear da Prainha ea Zona Balnear junto ao antigo Cais da Quinta do Lorde. A ZonaBalnear da Prainha é definida pela linha de costa entre os pontos decoordenadas projectadas (339557.48, 3623709.16) a Oeste e(339660.66, 3623705.46) a Este, e numa distância de 70 metrosacima da linha de costa entre os pontos (339546.52, 3623783.56) aOeste e (339685.12, 3623771.82) a Este.

Zona Balnear junto ao antigo Cais da Quinta do Lorde édelimitada pela área abrangida num raio de 40 metros acima dalinha de costa com epicentro no ponto de coordenadas projectadas(340441.20, 3623602.89).

SECÇÃO IIZonamento

SUBSECÇÃO IÁreas de Protecção Total

Artigo14.ºÂmbito e objectivos

1 - Este estatuto diz respeito às áreas de elevado valorecológico e biofísico, muito sensíveis às actividadeshumanas e/ou com fraca capacidade de regeneração.

2 - Os objectivos prioritários das Áreas de Protecção Total sãoa manutenção dos valores e dos processos naturais emestado tendencialmente imperturbável, a preservação deespécies ecologicamente representativas, nomeadamenteas espécies indígenas e endémicas da região e daMacaronésia.

Artigo 15.ºDisposições específicas

1 - A protecção total implica a proibição de qualqueractividade humana, à excepção de trabalhos científicos,acções de conservação, actividades de sensibilização eeducação ambiental. Nestas áreas a presença humana só épermitida nas seguintes situações:a) Investigação e divulgação científica;b) Para monitorização ambiental;c) Acções de conservação da natureza e de

salvaguarda dos interesses que levaram àclassificação da área;

d) Vigilância e fiscalização;e) Situações de risco ou calamidade.

2 - Nas situações referentes às alíneas a, b, c, e d do númeroanterior do presente artigo, a presença humana só épermitida mediante autorização prévia da EntidadeGestora.

SUBSECÇÃO IIÁreas de Protecção Parcial

DIVISÃO IÁreas de Protecção Parcial do Tipo I

Artigo 16.ºÂmbito e objectivos

1 - Estas áreas compreendem os espaços que contêm valoresnaturais e paisagísticos cujo significado e importância, doponto de vista da conservação da natureza, se assumem noseu conjunto como relevantes ou excepcionais eapresentam uma sensibilidade elevada ou moderada.

2 de Outubro de 2009 S - 17INúmero 100

Page 149: POGIS

2 - Os objectivos prioritários destas áreas são a conservaçãodos valores de natureza biológica, geológica epaisagísticas relevantes para a conservação dabiodiversidade, contribuindo para a manutenção dosvalores que estão na base da classificação dos sítios.

Artigo 17.ºDisposições específicas

1 - A Protecção Parcial do Tipo I impõe um controle dasactividades a desenvolver, privilegiando-se a realizaçãotrabalhos científicos, acções de conservação, actividadesde sensibilização e educação ambiental e outrasactividades, lúdicas e de lazer, devidamente autorizadaspela Entidade Gestora, que não prejudiquem os valoreslocais e o equilíbrio do ecossistema.

DIVISÃO IIÁreas de Protecção Parcial do Tipo II

Artigo 18.ºÂmbito e objectivos

1 - Estão sujeitas a Protecção Parcial do Tipo II toda a áreamarinha do SIC.

2 - Nas áreas de Protecção Parcial do Tipo II a manutençãodos habitats naturais e das espécies é globalmentecompatível com usos temporários que respeitem osobjectivos da conservação da natureza e da biodiversidade.

3 - A área de Protecção Parcial do Tipo II tem comoobjectivos prioritários:a) Criar áreas de transição ou amortecimento de

impactes, necessárias à protecção das áreas emregime de protecção superior;

b) Implementar medidas de gestão que promovam ouso sustentável dos recursos, garantindo odesenvolvimento socio-económico local;

c) Valorizar as actividades tradicionais, nomeada-mente de natureza piscatória, compatibilizandoactividade humana com a conservação dos valoresnaturais;

d) Promover o uso sustentável dos recursos,garantindo o desenvolvimento socio-económicolocal.

Artigo 19.ºDisposições específicas

1 - Na parte marinha, para além daqueles cuja interdiçãodecorre da legislação específica e sem prejuízo dasdisposições específicas previstas para as áreas sujeitas aregimes de protecção, são interditos os seguintes actos eactividades:a) O abandono de detritos ou lixo;b) A d e s c a rga de águas residuais industriais ou

domésticas não tratadas, excedentes de pesticidasou de caldas pesticidas e de águas de lavagemcom uso de detergentes;

2 - Sem prejuízo dos pareceres, das autorizações ou dasaprovações legalmente exigíveis, em toda a área marinhado SIC ficam sujeitos a autorização da Entidade Gestora, arecolha de amostras biológicas.

3 - As actividades de pesca e outras actividades realizadas nomeio marinho poderão ser condicionadas por portaria doSecretário Regional da Tutela.

SUBSECÇÃO IIIÁrea de Protecção Complementar

Artigo 20.ºÂmbito e objectivos

1 - A Área de Protecção Complementar corresponde a umaárea envolvente à Zona de Solo Urbano, a uma áreaenvolvente às estruturas de acesso e às Zonas Balneares.

2 - Nesta Área pretende-se uma utilização sem compromissodo equilíbrio ambiental, ao mesmo tempo que se desviamas actividades humanas das áreas protegidas maissensíveis.

Artigo 21.ºDisposições Específicas

1 - A Área envolvente à Zona de Solo Urbano poderácomportar equipamentos e instalações destinadas amelhorar a sustentabilidade ambiental da gestão doPerímetro Urbano.

2 - A concretização da situação referida no número anteriorobriga a parecer positivo de todas as Entidades Envolvidasem razão da matéria, sendo vinculativo o parecer daEntidade Gestora.

3 - Na Área envolvente às estruturas de acesso são permitidasactividades consentâneas com o uso sustentado da mesma.

4 - As Zonas Balneares, sendo vocacionadas para o recreio elazer, podem realizar-se aqui diversas actividades lúdicas edesportivas desde que não impliquem o uso de veículosmotorizados, nem perturbem o equilíbrio ambiental e aintegridade física de terceiros.

5 - Nas Zonas Balneares só poderão existir equipamentosbalneares que vierem a ser definidos em sede do Plano deOrdenamento da Orla Costeira.

CAPÍTULO IVZona de Solo Urbano

Artigo 22.ºÂmbito

1 - A Zona de Solo Urbano é coincidente com o PerímetroUrbano indicado no Plano.

2 - O Perímetro Urbano incorpora o empreendimento turísticoe marina existentes, junto à costa do monte com a Capelada Piedade, com início no ponto (339810.51, 3623532.67)e segue pela linha de costa para Este até ao ponto decoordenadas projectadas (340242.26, 3623615.42), ondesobe pelo limite da escarpa e segue por este até encontrara vedação no ponto (340386.05, 3623647.84). Sobe aolongo da vedação até encontrar a Estrada Regional noponto (340362.42, 3623753.93). Acompanha a berma Sulda estrada a uma distância de 10 metros do eixo da via atéao ponto (340195.63, 3623852.18) depois da curva, ondesobe na perpendicular acima da estrada ao ponto(340189.01, 3623871.13) e segue para Noroeste até voltara encontrar a Estrada Regional no ponto (3399993.64,3623885.03) passando pelo ponto (340131.47,3623884.56), depois desce para Sul acompanhando aberma Norte da estrada a 10 metros de distância do eixo davia até ao ponto (340021.21, 3623844.15), onde volta apassar para a berma Sul da estrada regional ao ponto decoordenadas projectadas (340015.63, 3623823.52). O

18 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 150: POGIS

limite segue para Sudoeste até ao ponto (339982.68,3623764.44) e daí até ao início da área terrestre da marinano ponto (339991.46, 3623652.7), passando pelos pontos(340011.36, 3623801.08) e (340009.03, 3623703.74).

3 - O Perímetro Urbano não poderá ser ampliado.

Artigo 23.ºDisposições específicas

1 - Na Zona de Solo Urbano não são permitidas actividades:a) Que originem níveis de luminosidade e de ruído

superiores aos que se encontram actualmentedefinidos.

b) Que aumentem a carga humana actualmenteprevista para a área.

2 - Os indicadores urbanísticos aplicáveis no PerímetroUrbano são os previstos no Plano Director Municipal deMachico para as áreas urbanas consolidadas.

CAPÍTULO VRegime Sancionatório

Artigo 24.ºFiscalização

1 - A fiscalização do cumprimento do presente Regulamentocompete à Secretaria Regional do Ambiente e RecursosNaturais, sendo exercida através dos serviços comcompetência na área de intervenção.

2 - Sem prejuízo do número anterior, a fiscalização seráexercida também pelas entidades com competências emrazão da matéria.

Artigo 25.ºInfracções

1 - A violação das normas previstas no presente Regulamentoconstitui contra-ordenação punível com coima, nos termosprevistos no artigo 95.º do Decreto Legislativo Regionaln.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro.

2 - As obras e os trabalhos efectuados em inobservância comas disposições do presente Regulamento podem sere m b a rgados ou demolidos, bem como ordenada areposição da configuração do terreno e a recuperação docoberto vegetal, segundo projecto a aprovar pela EntidadeGestora.

3 - No caso dos infractores não cumprirem o preceituado nonúmero anterior, no prazo que for designado, a EntidadeGestora providenciará pela reposição ou recuperação aexpensas dos mesmos.

CAPÍTULO VIDisposições Finais

Artigo 26.ºVigência

Uma vez aprovado, o POGPSL vigorará enquanto a protecção,por instrumento de planeamento territorial, se revelar benéfica àsalvaguarda dos interesses públicos a que se reporta.

Artigo 27.ºDinâmica do plano

1 - Se a Entidade Gestora assim o entender, o Plano pode seralterado ou revisto, total ou parcialmente, garantindo osinteresses públicos que pretende salvaguardar.

2 - A alteração, salvo as situações excepcionais previstas nasecção de dinâmica dos instrumentos de gestão territorialdo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro e do DecretoLegislativo Regional n.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro,só poderá acontecer passados três anos sobre a suaaprovação.

3 - A necessidade de adequação das disposições do Plano anovas situações de tendência e evolução, nos domínioseconómico, social, cultural e ambiental, justificam a suarevisão, desde que passados três anos após a suaaprovação.

4 - A revisão do Plano pode, também, resultar de ajustamentosconsonantes com a prossecução de interesses públicos, nãose verificando, neste caso, a obrigação de três anos sobre asua aprovação.

5 - A suspensão, total ou parcial, acontece quando severificarem condições excepcionais, atendendo aalterações significativas das perspectivas de desenvolvi-mento que sustentaram as opções do Plano.

Artigo 28.ºArticulação com outros Instrumentos

de Gestão Territorial

1 - Até ao máximo de 90 dias, após a entrada em vigor doPOGPSL, a Câmara Municipal de Machico deveráincorporá-lo pelo processo de adaptação no seu PlanoDirector Municipal.

2 - No limite terrestre do POGPSL, o Zonamento e oRegulamento do PDM deixam de vigorar, sendosubstituídos pelos deste Plano.

Artigo 29.ºAutorizações, aprovações e pareceres

1 - As intervenções na área do POGPSL, de acordo com oprevisto no capítulo II, carecem da respectiva autorizaçãoda Entidade Gestora;

2 - As autorizações, aprovações e pareceres emitidos pelaEntidade Gestora não dispensam outras autorizações,aprovações e pareceres previstos na lei, de acordo com atipologia e local das intervenções.

3 - As autorizações ou pareceres emitidos pela EntidadeGestora nos termos do presente Regulamento são semprevinculativos.

4 - Na falta de disposição especial aplicável, o prazo para aemissão de autorizações e pareceres emitidos pelaEntidade Gestora nos termos do presente Regulamento éde 10 dias.

5 - A ausência de autorização ou parecer no prazo previsto nonúmero anterior equivale à emissão de autorização ouparecer favorável.

6 - As autorizações e pareceres emitidos pela EntidadeGestora nos termos do presente Regulamento caducamdecorrido um ano após a data da sua emissão, sem prejuízode ser estabelecido outro prazo.

7 - São nulos os actos praticados em violação do presenteRegulamento.

Artigo 30.ºEntrada em vigor

1 - O POGPSL entra em vigor no dia seguinte ao da suapublicação.

2 de Outubro de 2009 S - 19INúmero 100

Page 151: POGIS

Resolução n.º 1295/2009

Na Região Autónoma da Madeira existem 11 Sítios deImportância Comunitária (SIC) que integram a Rede Natura2000, constantes do Decreto Legislativo Regional n.º 5/2006/M, de 2 de Março, que adapta à Região Autónomada Madeira o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alteradopelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, queprocedeu à transposição para o ordenamento jurídicoportuguês, da Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2de Abril, relativa à conservação das aves selvagens(Directiva Aves), na redacção que lhe foi dada pelasDirectivas n.ºs 85/411/CEE, da Comissão, de 25 de Junho,91/244/CEE, da Comissão, de 6 de Março, 94/24/CE, doConselho, de 8 de Junho, e 97/49/CE, da Comissão, de 29 deJulho, e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa àpreservação dos habitats naturais e da fauna e da floraselvagem (Directiva Habitats), na redacção que lhe foi dadapela Directiva n.º 97/62/CE, do Conselho, de 27 de Outubro.

A Rede de Áreas Marinhas Protegidas do Porto Santo(RAMPPS) é uma Área Protegida criada pelo DecretoLegislativo Regional n.º 32/2008/M, de 13 de Agosto. Todaa parte terrestre, constituída pelos seis ilhéus, estáclassificada como Sítio de Importância Comunitária (SIC) -

- PTPOR0001 - integrando a Rede Ecológica Europeiadenominada Natura 2000 (Resolução de Conselho deGoverno n.º 1408/2000, de 19 de Setembro).

A RAMPPS é constituída e delimitada pelas áreasterrestres dos Ilhéus de Fora, das Cenouras, da Fonte daAreia e do Ferro; pela área terrestre do Ilhéu da Cal e a áreamarinha limitada a Oeste pela batimétrica dos 50 metros epelo azimute verdadeiro 315° a partir da extremidade Oesteda Ponta do Focinho do Urso, a Sul pela batimétrica dos 50metros, a Norte pela linha de preia-mar máxima de marés-vivas equinociais da costa da Ilha do Porto Santo e a Estepela batimétrica dos 50 metros e pelo azimute verdadeiro135° a partir do enfiamento do Pico de Ana Ferreira; pelaárea terrestre do Ilhéu de Cima e a área marinha limitada aOeste pelo azimute verdadeiro 180° a partir da extremidadeEste do Porto de Abrigo, a Sul e Este pela batimétrica dos 50metros e a Norte pela linha de preia-mar máxima de marés--vivas equinociais da costa da Ilha do Porto Santo e peloazimute verdadeiro 90° a partir da Ponta das Ferreiras.

O interesse na protecção, conservação e gestão destaÁrea, reconhecida como área de interesse regional, nacionale comunitário, determina a necessidade de adoptar um PlanoEspecial de Ordenamento do Território (PEOT) queestabeleça um regime de salvaguarda de recursos e valores

20 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Planta de Síntese

Planta de Condicionantes

Page 152: POGIS

naturais e ainda um regime de gestão compatível com autilização sustentável do território.

Considerando o parecer favorável da comissão deacompanhamento.

Verificando-se ainda a conformidade do Plano com osprincípios e objectivos do Plano de Ordenamento da RegiãoAutónoma da Madeira (POTRAM), bem como asdisposições legais e regulamentares vigente no âmbito daRegião.

Ponderados, por fim, os resultados da discussão pública,que decorreu entre 13 de Julho a 14 de Agosto de 2009, econcluída a versão final do Plano de Ordenamento e Gestãoda RAMPPS.

Assim:Nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22

de Setembro, na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e no Decreto RegulamentarRegional n.º 5/2007/M, de 23 de Julho, sob proposta doSecretário Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, eao abrigo do disposto nos artigos 49.º e 156.º do Decreto--Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, na redacção dada peloDecreto - Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e na alínea b)do artigo 69.º do Estatuto Político Administrativo da RegiãoAutónoma da Madeira, aprovado pela Lei n.º 13/91, de 5 deJunho, na redacção e numeração da Lei n.º 130/99, de 21 deAgosto e da Lei n.º 12/2000, de 21 de Junho, o Conselho deGoverno reunido em plenário em 25 de Setembro de 2009,resolveu:

1 - Aprovar o Plano de Ordenamento e Gestão da Redede Áreas Marinhas do Porto Santo (POGRAMPPS),cujo Regulamento e respectivas Plantas de Síntese ede Condicionantes são publicados em anexo àpresente resolução, dela fazendo parte integrante.

2 - Determinar que o Plano Municipal de Ordenamentoque não se conforme com as disposições doPOGRAMPPS seja objecto de alteração poradaptação, nos termos do artigo 79.º do DecretoLegislativo Regional n.º 43/2008/M, de 23 deDezembro, que aprova o Sistema Regional deGestão Territorial.

Presidência do Governo Regional. - O PR E S I D E N T E D OGO V E R N O RE G I O N A L, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim.

Anexo da Resolução n.º 1295/2009, de 25 de Setembro

R E G U L A M E N TO DO PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO DAREDE DE ÁREAS MARINHAS

PROTEGIDAS DO PORTO SANTO

CAPÍTULO IDisposições gerais

Artigo 1.ºNatureza jurídica e âmbito

1 - O Plano de Ordenamento e Gestão da Rede de Áreas MarinhasProtegidas do Porto Santo, abreviadamente designado porPOGRAMPPS, tem a natureza de regulamento administrativoe com ele se deve conformar o plano municipal deordenamento do território, bem como os programas e projectos,de iniciativa pública ou privada, a realizar na sua área dei n t e r v e n ç ã o .

2 - O POGRAMPPS aplica-se à área identificada na respectivaPlanta de Síntese, adiante designada de área de intervenção,abrangendo parte do município do Porto Santo.

3 - Aárea de intervenção é constituída por uma área terrestre - SoloRural e por uma área marinha.

4 - O POGRAMPPS considera diferentes áreas com protecçãod i s t i n t a :a) Área de Protecção To t a l ;b) Área de Protecção Parcial Tipo I e II.

Artigo 2.ºO b j e c t i v o s

1 - O POGRAMPPS estabelece regimes de salvaguarda derecursos e valores naturais e as acções e actividades a promoverna sua área de intervenção, com vista a garantir a conservaçãoda natureza e da biodiversidade, bem como a manutenção evalorização das características das paisagens naturais.

2 - Constituem objectivos gerais do POGRAMPPS:a) Assegurar a preservação do equilíbrio ambiental,

numa perspectiva de uma correcta estratégia deconservação e gestão que permita a concretização dosobjectivos que presidiram à classificação desta áreacomo Área Protegida e da área terrestre como SIC;

b) Garantir a defesa e valorização do património naturale cultural;

c) Fixar o regime de gestão compatível com a protecçãoe valorização dos recursos naturais e odesenvolvimento das actividades humanas empresença, contribuindo para uma melhoria daqualidade de vida, tendo em consideração osinstrumentos de gestão territorial aplicáveis à área.

3 - Constituem objectivos específicos do POGRAMPPS:a) Proteger os habitats e espécies terrestres e marinhos;b) Manter a sustentabilidade dos recursos naturais;c) Proteger e monitorizar de forma específica as espécies

de fauna e flora com valor de conservação maise l e v a d o ;

d) Salvaguardar os elementos do património Geológicoem bom estado de Conservação;

e) Promover a investigação científica e o conhecimentodos habitats e espécies presentes;

f) Assegurar a divulgação, conhecimento e apreciaçãoda área por parte do público em geral;

g) Garantir os mecanismos e condições de controlo dosvisitantes e suas actividades para que não colidamcom os valores de conservação da área;

h) Aumentar o apoio por parte do público em geral einstitucional para a conservação da Área Protegida;

i) Melhorar as condições de recepção e informação dosv i s i t a n t e s ;

j) Acompanhar e avaliar a implementação emonitorização do Plano.

Artigo 3.ºE s t r a t é g i a

São definidos como eixos estratégicos de actuação:a) Protecção e valorização do Património Natural da Área

P r o t e g i d a ;b) Preservação e valorização do Património Cultural da Área

P r o t e g i d a ;c) Promoção da conservação da natureza;d) Ordenamento das actividades de recreio e lazer.

Artigo 4.ºConteúdo documental

1 - O POGRAMPPS é constituído por:a) R e g u l a m e n t o ;b) Planta de Síntese à escala 1: 10 000;c) Planta de Condicionantes à escala 1: 25 000.

2 de Outubro de 2009 S - 21INúmero 100

Page 153: POGIS

2 - O POGRAMPPS é acompanhado por:a) Estudo de base - Caracterização da área;b) Análise estratégica;c) Plano de acção;d) Relatório ambiental;e) Participações recebidas em sede de discussão pública

e respectivo Relatório de Ponderação.

Artigo 5.ºD e f i n i ç õ e s

Sem prejuízo das definições constantes de diplomas em vigor, paraefeitos de aplicação do presente Regulamento são adaptadas as seguintesd e f i n i ç õ e s :

a) «Acções de conservação» - consistem em todas as medidas eintervenções necessárias à manutenção e recuperação dehabitats e naturais e espécies da fauna e da flora selvagens, demodo a se assegurar um estado de conservação favorável.

b) «Actividades recreativas» - são as actividades de desporto danatureza ou de desporto motorizado, quando realizadas emregime individual ou colectivo, desde que não envolvaminiciativas de mobilização de público e não prejudiquem aconservação da natureza, bem como actividades de animação einterpretação ambiental.

c) «Espécies endémicas» - são espécies de fauna ou de floraexclusivas de uma determinada área geográfica.

d) «Espécies indígenas» - são espécies de fauna ou de floranaturais de uma determinada área geográfica sem seremexclusivas dessa área.

e) «Espécies invasoras» - são as plantas ou os animais, que umavez introduzidos numa determinada área geográfica sedesenvolvem e expandem, de forma descontrolada, para asáreas disponíveis, comprometendo o equilíbrio ecológico dolocal e ameaçando as espécies que aí ocorrem.

f) «Espécies não indígenas ou exóticas» - são espécies de flora ede fauna que não são originárias de determinada áreageográfica, tendo sido introduzidas.

g) «Habitat» - de uma espécie é o meio constituído por factoresabióticos e bióticos próprios, onde essa espécie ocorre, nasdiversas fases do seu ciclo biológico.

h) «Competições desportivas» - são as actividades de carácterdesportivo quando praticadas em regime de competição edevidamente enquadradas por estruturas associativas ouf e d e r a t i v a s .

i) «Desporto de natureza» - engloba as actividades e os serviçosde carácter desportivo ou recreativo, praticadas em espaçosnaturais ao ar livre, na água, no ar ou em terra, sem necessidadede obras especiais para a sua prática. Estas actividades incluempedestrianismo, montanhismo, orientação, escalada, rappel,bicicleta todo-o-terreno, hipismo, asa-delta sem motor, pára-pente, balonismo, , mergulho amador, canoagem, remo, vela eoutras actividades que não comprometam a conservação dan a t u r e z a .

j) «Rede Natura 2000» - é uma Rede Europeia de SítiosProtegidos, cujo objectivo é a manutenção ou recuperação dehabitats e espécies, garantindo-lhes um estatuto de conservaçãofavorável.

Artigo 6.ºServidões administrativas

e restrições de utilidade pública

1 - Na área de intervenção do POGRAMPPS aplicam-se todas asservidões administrativas e restrições de utilidade públicaconstantes em legislação em vigor, nomeadamente asdecorrentes dos seguintes regimes jurídicos:a) Zona de conservação do património natural da

Reserva Ecológica Nacional;b) Servidão Militar;c) Zona de conservação do património natural da Rede

de Áreas Marinhas do Porto Santo;

d) Zona de protecção especial Rede Natura 2000;e) Zona de protecção dos equipamentos e

infraestruturas, inerentes à protecção de faróis;f) Servidão radioeléctrica;g) Servidão aeronáutica;h) Protecção a marcos geodésicos;i) Áreas de protecção do Domínio Público Hídrico.

2 - Nas áreas objecto de servidões administrativas e restrições deutilidade pública, os usos e as construções que vierem amerecer parecer favorável das entidades competentes, nostermos da legislação aplicável, não dispensam o cumprimentodas regras constantes do POGRAMPPS.

CAPÍTULO IIDisposições comuns

Artigo 7.ºPrincípios Orientadores

1 - De acordo com os objectivos específicos, o POGRAMPPSestabeleceu no artigo 3.º do capítulo I os eixos estratégicos quedevem ser considerados no uso do solo na área de intervençãodeste Plano.

2 - Estes eixos devem orientar as actividades e usos na área deintervenção, ajustando as actividades humanas e os usos, demodo a garantir a prossecução dos objectivos específicos epretendem sustentar:a) Adefesa e salvaguarda dos ecossistemas, ao nível dos

valores naturais, nomeadamente a fauna, flora,geologia, geomorfologia e paisagem;

b) A defesa e salvaguarda do património cultural ep a i s a g í s t i c o ;

c) O controlo das intervenções humanas, nomeadamenteno que concerne à implantação de infraestruturas,equipamentos e edificações na área de intervenção;

d) Aregulamentação das actividades a desenvolver;e) Promoção da educação ambiental, através da

divulgação e promoção de valores naturais e culturaisinerentes à área de intervenção, sensibilizando apopulação, para a importância desta Área Protegida.

Artigo 8.ºGestão da Área Protegida

Agestão da RAMPPS compete à Secretaria Regional do Ambiente edos Recursos Naturais, sendo exercida através de uma entidade gestora,constituída pelos Serviços na sua dependência e com competências nestaárea e definida por Despacho do Senhor Secretário Regional doAmbiente e dos Recursos Naturais.

Artigo 9.ºActividades a realizar

1 - As actividades a realizar na área de intervenção doPOGRAMPPS devem estar em consonância com aconservação da natureza, valorização dos valores naturais eculturais existentes e a divulgação e sensibilização ambiental.

2 - Na área de Protecção Total, as actividades a realizar sãotrabalhos de conservação da natureza e da biodiversidade evalorização dos valores integrados na área, acções dedivulgação e sensibilização ambiental, investigação e trabalhoscientíficos que contribuam para a manutenção do patrimónioda área.

3 - Na área de Protecção Parcial Tipo I o uso é condicionado,privilegiando-se as actividades no âmbito da conservação evalorização, acções de divulgação e sensibilização ambiental,estudos e trabalhos científicos e actividades lúdicas e de lazer,assegurando-se sempre a salvaguarda do equilíbrio ambiental.

22 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 154: POGIS

4 - Na área de Protecção Parcial Tipo II privilegia-se o usosustentável dos recursos, garantido o desenvolvimento socio--económico local, assegurando-se sempre a salvaguarda doequilíbrio ambiental.

5 - Na área de intervenção deve ser implementado um sistema demonitorização deste Plano.

Artigo 10.ºActividades interditas

1 - Em toda a área terrestre da Área Protegida, para além daquelescuja interdição decorre da legislação específica e sem prejuízodas disposições específicas previstas para as áreas sujeitas aregimes de protecção, são interditos os seguintes actos ea c t i v i d a d e s :a) A colheita, corte, captura, abate ou detenção de

exemplares de espécies vegetais ou animais,incluindo a destruição de ninhos e a apanha de ovos,bem como a destruição dos seus habitats naturais;

b) O despejo de quaisquer detritos sólidos ou líquidos;c) Ainstalação de condutas de efluentes provenientes de

instalações industriais e domésticas;d) A introdução de espécies exóticas ou estranhas ao

a m b i e n t e ;e) A instalação de explorações de inertes e respectiva

e x t r a c ç ã o ;f) Actividades que potenciem o risco de erosão natural;g) Arealização de queimadas ou fogo controlado;h) Adestruição ou delapidação de bens culturais;i) Actos que contribuam para a degradação ou

destruição do património geológico;

2 - Exceptuam-se do disposto do número anterior, os actos eactividades, fundados em situações de relevante interessepúblico, devidamente autorizados pela entidade gestora.

3 - Em toda a Zona de Solo Rural da Área Protegida não épermitida a edificabilidade privada.

Artigo 11 . ºActividades condicionadas

Sem prejuízo dos pareceres, das autorizações ou das aprovaçõeslegalmente exigíveis, em toda a área terrestre da Área Protegida ficamsujeitos a autorização da entidade gestora, os seguintes actos ea c t i v i d a d e s :

a) A investigação e as actividades científicas que impliquemtrabalhos de campo, nomeadamente a recolha de espécieszoológicas, botânicas e amostras geológicas;

b) Alterações à morfologia do solo ou do coberto vegetal;c) Arealização de quaisquer obras de ampliação ou remodelação

para fins de preservação ambiental ou para salvaguarda edivulgação do património com utilidade pública;

d) A instalação de quaisquer estruturas, infraestruturas ee d i f i c a ç õ e s ;

e) A prática de actividades desportivas de competição, deactividades recreativas organizadas e de actividades deanimação ambiental;

f) Prospecção e pesquisa de recursos geológicos e a remoção des u b s t r a t o ;

g) Acirculação fora dos trilhos e caminhos;

CAPÍTULO IIIÁreas sujeitas a regime de protecção

SECÇÃO IÂmbito e níveis de protecção

Artigo 12.ºÂ m b i t o

1 - Aárea territorial abrangida pelo POGRAMPPS engloba umagrande diversidade de valores naturais, culturais e paisagísticos,

pelo que as áreas que compõem a Rede de Áreas MarinhasProtegidas do Porto Santo (RAMPPS) integram níveis deprotecção distintos.

2 - O nível de protecção atribuído a cada área é definido de acordocom as suas características específicas, considerando aimportância dos valores biofísicos, culturais e paisagísticospresentes e a sua sensibilidade ecológica.

Artigo 13.ºTipologias e caracterização

O território abrangido pelo POGRAMPPS integra áreas de elevadovalor natural, e áreas onde decorrem algumas actividadessocioeconómicas. Esta diversidade implica diferentes níveis de protecçãoe, consequentemente, diferentes actividades e restrições de usos do solo.As disposições específicas de cada nível de protecção encontram-sedescritas adiante.

a) Área de Protecção Total: É uma área de elevado valor ecológico e biofísico, muito sensível às

actividades humanas e/ou com fraca capacidade de regeneração, sujeitaa protecção absoluta de todos os seus valores naturais. Nesta áreapretende-se a salvaguarda e conservação de valores de flora e de fauna erespectivos habitats.

Este nível de protecção corresponde aos Ilhéus de Ferro, da Fonte daAreia, de Fora e o das Cenouras, na intenção de se salvaguardar umpatrimónio natural que se estende desde os aspectos geológicos àsespécies de vegetação xerófila, indígenas e endémicas, e considerandotambém a fauna, nomeadamente as aves marinhas.

b) Áreas de protecção parcial:São todas as áreas com valor ecológico, onde as actividades humanas

são conciliáveis com os valores patrimoniais, naturais e culturais.Incluem as seguintes classificações:

b.1) Área de Protecção Parcial do Tipo I:A Área de Protecção Parcial do Tipo I integra uma área onde a

protecção incide sobre alguns dos seus elementos naturais e onde asactividades humanas são condicionadas, de forma a não comprometeremos valores naturais existentes.

Aárea de Protecção Parcial do Tipo I inclui o Ilhéu de Cima e o Ilhéude Baixo ou da Cal.

b.2) Área de Protecção Parcial do Tipo II:AÁrea de Protecção Parcial do Tipo II corresponde a uma área de

habitats naturais marinhos importantes no seu conjunto para aconservação da natureza e da biodiversidade, que devem ser mantidos ouvalorizados, a par da promoção do desenvolvimento sustentável.

Corresponde à parte marinha da RAMPPS.

SECÇÃO IIZ o n a m e n t o

SUBSECÇÃO IÁrea de Protecção To t a l

A r t i g o 1 4 . ºÂmbito e objectivos

1 - Este estatuto diz respeito a uma área de elevado valor ecológicoe biofísico, muito sensível às actividades humanas e/ou comfraca capacidade de regeneração.

2 - Os objectivos prioritários das Áreas de Protecção Total são amanutenção dos valores e dos processos naturais em estadotendencialmente imperturbável, a preservação de espéciesecologicamente representativas, nomeadamente as espéciesindígenas e endémicas da região e da Macaronésia.

Artigo 15.ºDisposições específicas

1 - A protecção total implica a proibição de qualquer actividadehumana, à excepção de trabalhos científicos, acções de

2 de Outubro de 2009 S - 23INúmero 100

Page 155: POGIS

conservação, actividades de sensibilização e educaçãoambiental. Nesta área a presença humana só é permitida nasseguintes situações:a) Investigação e divulgação científica;b) Para monitorização ambiental;c) Acções de conservação da natureza e de salvaguarda

dos interesses que levaram à classificação da área;d) Vigilância e fiscalização;e) Situações de risco ou calamidade.

2 - Nas situações referentes às alíneas a, b, c, e d do númeroanterior do presente artigo, a presença humana só é permitidamediante autorização prévia da entidade gestora.

SUBSECÇÃO IIÁreas de Protecção Parcial

DIVISÃO IÁrea de Protecção Parcial do Tipo I

Artigo 16.ºÂmbito e objectivos

1 - Esta área compreende os espaços que contêm valores naturaise paisagísticos cujo significado e importância, do ponto de vistada conservação da natureza, se assumem no seu conjunto comorelevantes ou excepcionais e apresentam uma sensibilidadeelevada ou moderada.

2 - Os objectivos prioritários desta área são a conservação dosvalores de natureza biológica, geológica e paisagísticasrelevantes para a conservação da biodiversidade, contribuindopara a manutenção dos valores que estão na base daclassificação dos sítios.

Artigo 17.ºDisposições específicas

AProtecção Parcial do Tipo I impõe um controle das actividades ad e s e n v o l v e r, privilegiando-se a realização trabalhos científicos, acçõesde conservação, actividades de sensibilização e educação ambiental eoutras actividades, lúdicas e de lazer, devidamente autorizadas pelaentidade gestora, que não prejudiquem os valores locais e o equilíbrio doe c o s s i s t e m a .

DIVISÃO IIÁrea de Protecção Parcial do Tipo II

Artigo 18.ºÂmbito e objectivos

1 - Está sujeita a Protecção Parcial do Tipo II toda a área marinhada RAMPPS.

2 - Na área de Protecção Parcial do Tipo II a manutenção doshabitats naturais e das espécies marinhas é globalmentecompatível com usos temporários que respeitem os objectivosda conservação da natureza e da biodiversidade.

3 - A Área de Protecção Parcial do Tipo II tem como objectivosp r i o r i t á r i o s :a) Implementar medidas de gestão que promovam o uso

sustentável dos recursos, garantindo o desenvol-vimento socio-económico local;

b) Valorizar as actividades tradicionais, nomeadamentede natureza piscatória, compatibilizando actividadehumana com a conservação dos valores naturais;

c) Promover o uso sustentável dos recursos, garantindoo desenvolvimento socioeconómico local.

Artigo 19.ºDisposições específicas

1- Na parte marinha, para além daqueles cuja interdição decorreda legislação específica e sem prejuízo das disposiçõesespecíficas previstas para as áreas sujeitas a regimes deprotecção, são interditos os seguintes actos e actividades:a) O exercício da pesca para fins comerciais, excepto a

captura de isco vivo destinado à pesca de tunídeos,bem como outras condições fixadas nos termos dodisposto no n.º2 do artigo 7.º do Decreto LegislativoRegional n.º 32/2008/M, de 13 de A g o s t o ;

b) Aapanha de lapa e caramujo de merg u l h o ;c) O despejo de quaisquer detritos sólidos ou líquidos;d) Ainstalação de condutas de efluentes provenientes de

instalações industriais e domésticas;e) Toda e qualquer actividade de pesca na área

circundante ao Ilhéu de Cima.

2 - Sem prejuízo dos pareceres, das autorizações ou dasaprovações legalmente exigíveis, em toda a área marinha daÁrea Protegida ficam sujeitos a autorização da entidadegestora, os seguintes actos e actividades:a) Apesca marítima sem fins comerciais ou lúdica;b) Aapanha da lapa e caramujo no calhau;c) O mergulho de escafandro;d) Acaça submarina;e) As actividades maritimo-turísticas, desde que estas

não ponham em risco a protecção da Área Protegida;f) As actividades náuticas.

CAPÍTULO IVRegime Sancionatório

Artigo 20.ºF i s c a l i z a ç ã o

1 - A fiscalização do cumprimento do presente Regulamentocompete à Secretaria Regional do Ambiente e RecursosNaturais, sendo exercida através dos serviços com competênciana área de intervenção.

2 - Sem prejuízo do número anterior, a fiscalização será exercidatambém pelas entidades com competências em razão dam a t é r i a .

Artigo 21.ºI n f r a c ç õ e s

1 - A violação das normas previstas no presente Regulamentoconstitui contra-ordenação punível com coima, nos termosprevistos no artigo 95.º do Decreto Legislativo Regional n.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro.

2 - As obras e os trabalhos efectuados em inobservância com asdisposições do presente Regulamento podem ser embarg a d o sou demolidos, bem como ordenada a reposição daconfiguração do terreno e a recuperação do coberto vegetal,segundo projecto a aprovar pela Entidade Gestora.

3 - No caso dos infractores não cumprirem o preceituado nonúmero anterior, no prazo que for designado, a EntidadeGestora providenciará pela reposição ou recuperação aexpensas dos mesmos.

CAPÍTULO VDisposições Finais

Artigo 22.ºVi g ê n c i a

Uma vez aprovado, o POGRAMPPS vigorará enquanto a protecção,por instrumento de planeamento territorial, se revelar benéfica àsalvaguarda dos interesses públicos a que se reporta.

24 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

Page 156: POGIS

Artigo 23.ºDinâmica do plano

1 - Se a entidade gestora assim o entender, o Plano pode seralterado ou revisto, total ou parcialmente, garantido osinteresses públicos que pretende salvaguardar.

2 - Aalteração, salvo as situações excepcionais previstas na secçãode dinâmica dos instrumentos de gestão territorial do Decreto--Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro e do Decreto LegislativoRegional n.º 43/2008/M, de 23 de Dezembro, só poderáacontecer passados três anos sobre a sua aprovação.

3 - Anecessidade de adequação das disposições do Plano a novassituações de tendência e evolução, nos domínios económico,social, cultural e ambiental, justificam a sua revisão, desde quepassados três anos após a sua aprovação.

4 - A revisão do Plano pode, também, resultar de ajustamentosconsonantes com a prossecução de interesses públicos, não severificando, neste caso, a obrigação de três anos sobre a suaa p r o v a ç ã o .

5 - Asuspensão, total ou parcial, acontece quando se verificaremcondições excepcionais, atendendo a alterações significativasdas perspectivas de desenvolvimento que sustentaram asopções do Plano.

Artigo 24.ºAutorizações, aprovações e pareceres

1 - As intervenções na área do POGRAMPPS, de acordo com oprevisto no capítulo II, carecem da respectiva autorização daEntidade Gestora;

2 - As autorizações, aprovações e pareceres emitidos pelaEntidade Gestora não dispensam outras autorizações,aprovações e pareceres previstos na lei, de acordo com atipologia e local das intervenções.

3 - As autorizações ou pareceres emitidos pela Entidade Gestoranos termos do presente Regulamento são sempre vinculativos.

4 - Na falta de disposição especial aplicável, o prazo para aemissão de autorizações e pareceres emitidos pela EntidadeGestora nos termos do presente Regulamento é de 10 dias.

5 - A ausência de autorização ou parecer no prazo previsto nonúmero anterior equivale à emissão de autorização ou parecerf a v o r á v e l .

6 - As autorizações e pareceres emitidos pela Entidade Gestora nostermos do presente Regulamento caducam decorrido um anoapós a data da sua emissão, sem prejuízo de ser estabelecidooutro prazo.

7 - São nulos os actos praticados em violação do presenteRegulamento.

Artigo 25.ºArticulação com outros

Instrumentos de Gestão Te r r i t o r i a l

1 - Até ao máximo de 90 dias, após a entrada em vigor doPOGRAMPPS, a Câmara Municipal do Porto Santo deveráincorporá-lo pelo processo de adaptação no seu Plano DirectorMunicipal.

2 - No limite terrestre do POGRAMPPS, o Zonamento e oRegulamento do PDM deixam de vigorar, sendo substituídospelos deste Plano.

Artigo 26.ºEntrada em vigor

1 - O POGRAMPPS entra em vigor no dia seguinte ao da suap u b l i c a ç ã o .

2 de Outubro de 2009 S - 25INúmero 100

Planta de Síntese

Planta de Condicionantes

Page 157: POGIS

26 - S 2 de Outubro de 2009 INúmero 100

CORRESPONDÊNCIA

PUBLICAÇÕES

EXEMPLAR

ASSINATURAS

EXECUÇÃO GRÁFICA

IMPRESSÃO

DEPÓSITO LEGAL

Toda a correspondência relativa a anúncios e a assinaturas do Jornal Oficial deve ser dirigida à Direcção

Regional da Administração da Justiça.

Os preços por lauda ou por fracção de lauda de anúncio são os seguintes:Uma lauda . . . . . . . . . . . . . . . . 15,91 cada 15,91;Duas laudas . . . . . . . . . . . . . . . 17,34 cada 34,68;Três laudas . . . . . . . . . . . . . . . 28,66 cada 85,98;Quatro laudas . . . . . . . . . . . . . . 30,56 cada 122,24;Cinco laudas . . . . . . . . . . . . . . 31,74 cada 158,70;Seis ou mais laudas . . . . . . . . . 38,56 cada 231,36

A estes valores acresce o imposto devido.

Números e Suplementos - Preço por página 0,29

Anual SemestralUma Série . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27,66 13,75;Duas Séries . . . . . . . . . . . . . . . . . 52,38 26,28;Três Séries . . . . . . . . . . . . . . . . . 63,78 31,95;Completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74,98 37,19.

Aestes valores acrescem os portes de correio, (Portaria n.º 1/2006, de 13 de Janeiro) e o imposto devido.

Divisão do Jornal Oficial

Divisão do Jornal Oficial

Número 181952/02

Preço deste número: 7,84 (IVA incluído)