poesia sobre o cansaço da vida

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Cansei de mim, cansei da vida, cansei de tudo. Cansei. Não agüento um minuto mais essa rotina de ser o “amigo”. Quando se trata de me magoarem ninguém mede palavras, emoções, gestos e desprezo, enquanto eu ofereço carinho sempre. Cansei de abusarem do meu jeito de ser. Cansei de me consumirem. Cansei de ser usado, e o pior, “descartável”. Cansei de me amarem pela minha utilidade, e não pelo que eu sinto. Cansei de ser o inconfortável, o inconsolável, cansei. Cansei de sentir o que eu sinto. Nesse momento eu gostaria de não ser ninguém, não amar ninguém, não sentir nada, não ser nada. Não agüento um minuto mais esse sofrimento, essa rotina de lagrimas dolorosas que invadem o meu rosto, e as pessoas que causam elas nem sequer imaginam. Cansei de ser eu, cansei de viver. Cansei de não ter valor. Cansei de não ser visto. Cansei de viver. Cansei de consolar, e sempre ficar sozinho, sem consolação. Cansei de ser alguém que faz as pessoas perceberem o seu valor, quando todas deixam claras que não se importam para o valor que eu tenho, ou que eu acho que tenho mas ninguém concorda. Cansei de mim, cansei de tentar me amar, cansei de tentar me entender. Cansei. E fico cansado de estar cansado disso, quando deveria pelo bem que eu espalho, também estar bem, mas nunca estou. Essa rotina de solidão não acaba nunca, e quando eu acho que vai melhorar simplesmente tudo afunda. Cansei disso. Cansei. Can-sei. Cansei de ser o porto seguro, o bode expiatório, o resolve tudo, quando eu fico dias, trancado no meu quarto, chorando sem parar, e aqueles todos que precisam de mim viram as costas com orgulho, com felicidade, com satisfação. Cansei de ser o melhor e mais perfeito ouvinte, quando ninguém me ouve. Cansei de tentar me amar, hoje me contento em saber que não sou detestável, mas que to longe de ser bom, agradável, ou capaz de que alguém “ame”, ou ao menos finja. Cansei dessa dor do meu peito que não passa mais. Essa ferida que remédio nenhum cicatriza. Essa hemorragia um dia ainda vai me matar, não de forma rápida e violenta, mas lenta, dolorosa, manhosa, aquela a qual todo mundo acha que

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Ideias de um autor jovem..

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Page 1: Poesia sobre o cansaço da vida

Cansei de mim, cansei da vida, cansei de tudo. Cansei. Não agüento um minuto mais essa rotina de ser o “amigo”. Quando se trata de me magoarem ninguém mede palavras, emoções, gestos e desprezo, enquanto eu ofereço carinho sempre. Cansei de abusarem do meu jeito de ser. Cansei de me consumirem. Cansei de ser usado, e o pior, “descartável”. Cansei de me amarem pela minha utilidade, e não pelo que eu sinto. Cansei de ser o inconfortável, o inconsolável, cansei. Cansei de sentir o que eu sinto. Nesse momento eu gostaria de não ser ninguém, não amar ninguém, não sentir nada, não ser nada. Não agüento um minuto mais esse sofrimento, essa rotina de lagrimas dolorosas que invadem o meu rosto, e as pessoas que causam elas nem sequer imaginam. Cansei de ser eu, cansei de viver. Cansei de não ter valor. Cansei de não ser visto. Cansei de viver. Cansei de consolar, e sempre ficar sozinho, sem consolação. Cansei de ser alguém que faz as pessoas perceberem o seu valor, quando todas deixam claras que não se importam para o valor que eu tenho, ou que eu acho que tenho mas ninguém concorda. Cansei de mim, cansei de tentar me amar, cansei de tentar me entender. Cansei. E fico cansado de estar cansado disso, quando deveria pelo bem que eu espalho, também estar bem, mas nunca estou. Essa rotina de solidão não acaba nunca, e quando eu acho que vai melhorar simplesmente tudo afunda. Cansei disso. Cansei. Can-sei. Cansei de ser o porto seguro, o bode expiatório, o resolve tudo, quando eu fico dias, trancado no meu quarto, chorando sem parar, e aqueles todos que precisam de mim viram as costas com orgulho, com felicidade, com satisfação. Cansei de ser o melhor e mais perfeito ouvinte, quando ninguém me ouve. Cansei de tentar me amar, hoje me contento em saber que não sou detestável, mas que to longe de ser bom, agradável, ou capaz de que alguém “ame”, ou ao menos finja. Cansei dessa dor do meu peito que não passa mais. Essa ferida que remédio nenhum cicatriza. Essa hemorragia um dia ainda vai me matar, não de forma rápida e violenta, mas lenta, dolorosa, manhosa, aquela a qual todo mundo acha que é besteira, mas que me rasga por dentro, que me faz em pedaços, e se não fosse meu cinismo, ninguém acredita.. Cansei de tudo, de mim, das amizades, do meu trabalho, daquilo que talvez se possa dizer que é uma família. Ou melhor, cansei de tudo o que eu sinto, porque essas coisas independente de estar perto de mim, não sou eu. Mas o que eu sinto, esse sim me rebenta... Não acredito que eu vim à Terra apenas pra sofrer por mim e pelos outros.. se isso não tem um significado maior, não sei nem o que pensar. Cansei de ter sentimentos.. cansei de me importar. Cansei de chorar por quem não lembra de mim em momento algum, ou melhor, lembra quando precisa de favor. Cansei de cuidar de quem não quer cuidado. Cansei de estar presente na vida dos outros, e viver infeliz solitário na minha. Cansei de sentir o que eu sinto. Cansei de amar de mais. Cansei de amar. Cansei de. Cansei.