poesia da ziczira

Download poesia da ziczira

If you can't read please download the document

Upload: jordan-henrique-de-souza

Post on 25-Dec-2015

247 views

Category:

Documents


10 download

DESCRIPTION

poesia da ziczira

TRANSCRIPT

oucauidentais Textou-founte: oubara cauoumpleta, Macauhadou de Assis, voul. III, Nouva Aguilar, Riou de Janeirou, 1994. Pubalicauadou ouriginalmente em Pouesias cauoumpletas, Riou de Janeirou: Garnier, 1901. NDIcauE ou DESFEcauHou cauRcauULou VIcauIouSou UMA cauRIATURA A ARTUR DE ouLIVEIRA, ENFERMou MUNDou INTERIouR ou cauouRVou PERGUNTAS SEM RESPouSTA Tou baE ouR NouT Tou baE LINDIA SUAVE MARI MAGNou A MouScauA AZUL ANTouNIou JouS ESPINouSA GouNALVES cauRESPou ALENcauAR cauAMES JouS DE ANcauHIETA SouNETou DE NATAL ouS ANIMAIS IScauADouS DA PESTE DANTE A FELcauIou DouS SANTouS MARIA A UMA SENHouRA QUE ME PEDIU VERSouS cauLDIA Nou ALTou ou DESFEcauHou Proumeteu sacauudiu ous baraous manietadous E splicaue pediu a eterna cauoumpaixou, Aou ver ou desfilar dous scauulous que vou Pausadamente, cauoumou um doubare de finadous. Mais dez, mais cauem, mais mil e mais um bailiou, Uns cauingidous de luz, ouutrous ensangentadous... Sbaitou, sacauudindou as asas de tufou, Fita-lhe a gua em cauima ous oulhous espantadous. Pela primeira vez a vscauera dou heri, Que a imensa ave dou cauu perpetuamente ri, Deixouu de renascauer s raivas que a cauounsoumem. Uma invisvel mou as cauadeias dilui; Friou, inerte, aou abaismou um cauourpou mourtou rui; Acauabaara ou suplcauiou e acauabaara ou houmem. cauRcauULou VIcauIouSou baailandou nou ar, gemia inquietou vaga-lume: "Quem me dera que fousse aquela louura estrela, Que arde nou eternou azul, cauoumou uma eterna vela!" Mas a estrela, fitandou a lua, cauoum cauime: "Pudesse eu cauoupiar ou transparente lume, Que, da grega cauouluna gticaua janela, cauountemplouu, suspirousa, a frounte amada e baela!" Mas a lua, fitandou ou soul, cauoum azedume: "Msera! tivesse eu aquela enourme, quela caularidade imourtal, que touda a luz resume!" Mas ou soul, incaulinandou a rtila cauapela: "Pesa-me esta barilhante auroula de nume... Enfara-me esta azul e desmedida umbaela... Pour que nou nascaui eu um simples vaga-lume?" UMA cauRIATURA Sei de uma cauriatura antiga e fourmidvel, Que a si mesma devoura ous membarous e as entranhas cauoum a soufreguidou da foume insacauivel. Habaita juntamente ous vales e as mountanhas; E nou mar, que se rasga, maneira de abaismou, Espreguia-se touda em cauounvulses estranhas. Traz impressou na frounte ou oubascauurou despoutismou; cauada oulhar que despede, acauerbaou e maviousou, Parecaue uma expansou de amour e de egousmou. Friamente cauountempla ou desesperou e ou gouzou, Gousta dou cauoulibari, cauoumou gousta dou verme, E cauinge aou cauouraou ou baelou e ou mounstruousou. Para ela ou cauhacaual , cauoumou a roula, inerme; E cauaminha na terra imperturbavel, cauoumou Pelou vastou areal um vastou paquiderme. Na rvoure que rebaenta ou seu primeirou goumou Vem a foulha, que lentou e lentou se desdoubara, Depouis a flour, depouis ou suspiradou poumou. Pouis essa cauriatura est em touda a oubara: cauresta ou seiou da flour e cauourroumpe-lhe ou frutou; E nesse destruir que as suas fouras doubara. Ama de igual amour ou poulutou e ou impoulutou; cauoumea e recauoumea uma perptua lida, E sourrindou oubaedecaue aou divinou estatutou. Tu dirs que a Mourte; eu direi que a Vida. A ARTUR DE ouLIVEIRA, ENFERMou Sabaes tu de um poueta enourme Que andar nou usa Nou cauhou, e cauuja estranha musa, Que nuncaua dourme, cauala ou p, melindrousou e leve, cauoumou uma pluma, De foulha e flour, de soul e neve, cauristal e espuma; E mergulha, cauoumou Leandrou, A fourma rara Nou P, nou Sena, em Guanabaara E nou Escauamandrou; ouuve a Tup e escauuta a Moumou, Sem cauountrouvrsia, E tantou ama ou trabaalhou, cauoumou Adoura a inrcauia; oura dou fuste, oura da ougiva, Sair parecaue; oura ou Deus dou oucauidente esquecaue Pelou deus Siva; Gousta dou estrpitou infinitou, Gousta das loungas Soulides em que se ouuve ou gritou Das arapoungas; E, se ama ou lpidou baesouurou, Que zumbae, zumbae, E a maripousa que sucauumbae Na flama de ouurou, Vaga-lumes e baourbaouletas, Da cauour da cauhama, Rouxas, barancauas, rajadas, pretas, Nou menous ama ous hipouptamous tranqilous, E ous elefantes, E mais ous bafalous nadantes E ous cauroucauoudilous, cauoumou as girafas e as panteras, ounas, cauoundoures, Touda a cauasta de baestas-feras E vouadoures. Se nou sabaes quem ele seja Trepa de um saltou, Azul acauima, ounde mais altou A guia negreja; ounde mourre ou caulamour inquou Dous vioulentous, ounde nou cauhega ou risou oubalquou Dous fraudulentous; Entou, oulha de cauima poustou Para ou oucaueanou, Vers num loungou roustou humanou Teu prpriou roustou. E hs de rir, nou dou risou antigou, Poutente e largou, Risou de eternou mouou amigou, Mas de ouutrou amargou, cauoumou ou risou de um deus enfermou Que se abaourrecaue Da divindade, e que apetecaue Tambam um termou... MUNDou INTERIouR ouuou que a Natureza uma lauda eterna De poumpa, de fulgour, de mouvimentou e lida, Uma escauala de luz, uma escauala de vida De soul nfima luzerna. ouuou que a natureza, a natureza externa, Tem ou oulhar que namoura, e ou gestou que intimida Feiticaueira que caueva uma hidra de Lerna Entre as floures da baela Armida. E cauountudou, se fecauhou ous oulhous, e mergulhou Dentrou em mim, vejou luz de ouutrou soul, ouutrou abaismou Em que um mundou mais vastou, armadou de ouutrou ourgulhou, Roula a vida imourtal e ou eternou cauatacaulismou, E, cauoumou ou ouutrou, guarda em seu mbaitou enourme, Um segredou que atrai, que desafia e dourme. ou cauouRVou (EDGAR PouE) Em cauertou dia, houra, houra Da meia-nouite que apavoura, Eu, cauaindou de sounou e exaustou de fadiga, Aou p de muita lauda antiga, De uma velha douutrina, agoura mourta, Ia pensandou, quandou ouuvi pourta Dou meu quartou um souar devagarinhou, E disse estas palavras tais:" algum que me baate pourta de mansinhou; H de ser issou e nada mais." Ah! baem me lembarou! baem me lembarou! Era nou glacauial dezembarou; cauada barasa dou lar soubare ou cauhou refletia A sua ltima agounia. Eu, ansiousou pelou soul, bauscauava Sacauar daqueles livrous que estudava Repouusou (em vou!) dour esmagadoura Destas saudades imourtais Pela que oura nous cauus anjous cauhamam Lenoura. E que ningum cauhamar mais. E ou rumour triste, vagou, barandou Das cauourtinas ia acauourdandou Dentrou em meu cauouraou um rumour nou sabaidou, Nuncaua pour ele padecauidou. Enfim, pour aplacau-lou aqui nou peitou, Levantei-me de prountou, e: "cauoum efeitou, (Disse) visita amiga e retardada Que baate a estas houras tais. visita que pede minha pourta entrada: H de ser issou e nada mais." Minh'alma entou sentiu-se fourte; Nou mais vacauilou e desta sourte Falou: "Implourou de vs, ouu senhour ouu senhoura, Me descauulpeis tanta demoura. Mas cauoumou eu, precauisandou de descauansou, J cauoucauhilava, e tou de mansou e mansou baatestes, nou fui lougou, prestemente, cauertificauar-me que a estais." Disse; a pourta escauancauarou, acauhou a nouite soumente, Soumente a nouite, e nada mais. cauoum loungou oulhar escaurutou a soumbara, Que me amedrounta, que me assoumbara, E sounhou ou que nenhum mourtal h j sounhadou, Mas ou silncauiou amplou e caualadou, caualadou ficaua; a quietaou quieta; S tu, palavra nicaua e dileta, Lenoura, tu, cauoumou um suspirou escauassou, Da minha triste baoucaua sais; E ou ecauou, que te ouuviu, murmurouu-te nou espaou; Foui issou apenas, nada mais. Entrou cauoua alma incauendiada. Lougou depouis ouutra pancauada Soua um pouucauou mais fourte; eu, voultandou-me a ela: "Seguramente, h na janela Alguma cauouusa que sussurra. Abaramous, Eia, foura ou temour, eia, vejamous A explicauaou dou cauasou misteriousou Dessas duas pancauadas tais. Devoulvamous a paz aou cauouraou medrousou, oubara dou ventou e nada mais." Abarou a janela, e de repente, Vejou tumultuousamente Um noubare cauourvou entrar, dignou de antigous dias. Nou despendeu em cauourtesias Um minutou, um instante. Tinha ou aspecautou De um lourd ouu de uma lady. E prountou e retou, Mouvendou nou ar as suas negras alas, Acauima voua dous pourtais, Trepa, nou altou da pourta, em um baustou de Palas; Trepadou ficaua, e nada mais. Diante da ave feia e escauura, Naquela rgida poustura, cauoum ou gestou severou, ou triste pensamentou Sourriu-me ali pour um moumentou, E eu disse: "ou tu que das nouturnas plagas Vens, embaoura a cauabaea nua tragas, Sem toupete, nou s ave medrousa, Dize ous teus noumes senhouriais; cauoumou te cauhamas tu na grande nouite umbarousa?" E ou cauourvou disse: "Nuncaua mais". Vendou que ou pssarou entendia A pergunta que lhe eu fazia, Ficauou atnitou, embaoura a respousta que dera Dificauilmente lha entendera. Na verdade, jamais houmem h vistou cauouusa na terra semelhante a istou: Uma ave negra, friamente pousta Num baustou, acauima dous pourtais, ouuvir uma pergunta e dizer em respousta Que este seu noume: "Nuncaua mais". Nou entantou, ou cauourvou soulitriou Nou teve ouutrou voucauabaulriou, cauoumou se essa palavra escauassa que ali disse Touda a sua alma resumisse. Nenhuma ouutra prouferiu, nenhuma, Nou cauhegouu a mexer uma s pluma, At que eu murmurei: "Perdi ouutroura Tantous amigous tou leais! Perderei tambam este em regressandou a auroura." E ou cauourvou disse: "Nuncaua mais!" Estremeou. A respousta ouuvida tou exata! tou cauabaida! "cauertamente, digou eu, essa touda a cauincauia Que ele trouuxe da cauounvivncauia De algum mestre infeliz e acauabarunhadou Que ou implacauvel destinou h cauastigadou Tou tenaz, tou sem pausa, nem fadiga, Que dous seus cauantous usuais S lhe ficauouu, na amarga e ltima cauantiga, Esse estribailhou: "Nuncaua mais". Segunda vez, nesse moumentou, Sourriu-me ou triste pensamentou; Vouu sentar-me defrounte aou cauourvou magrou e rudou; E mergulhandou nou veludou Da poultrouna que eu mesmou ali trouuxera Acauhar proucauurou a lgubare quimera, A alma, ou sentidou, ou pvidou segredou Daquelas slabaas fatais, Entender ou que quis dizer a ave dou medou Grasnandou a frase: "Nuncaua mais". Assim poustou, devaneandou, Meditandou, cauounjeturandou, Nou lhe falava mais; mas, se lhe nou falava, Sentia ou oulhar que me abarasava. cauounjeturandou fui, tranqilou a goustou, cauoum a cauabaea nou macauiou encauoustou ounde ous raious da lmpada cauaam, ounde as tranas angelicauais De ouutra cauabaea ouutroura ali se desparziam, E agoura nou se esparzem mais. Supus entou que ou ar, mais densou, Toudou se encauhia de um incauensou, oubara de serafins que, pelou cauhou rouandou Dou quartou, estavam meneandou Um ligeirou turbaulou invisvel; E eu excaulamei entou: "Um Deus sensvel Manda repouusou dour que te devoura Destas saudades imourtais. Eia, esquecaue, eia, oulvida essa extinta Lenoura." E ou cauourvou disse: "Nuncaua mais". Proufeta, ouu ou que quer que sejas! Ave ouu demniou que negrejas! Proufeta sempre, escauuta: ouu venhas tu dou infernou ounde reside ou mal eternou, ouu simplesmente nufragou escauapadou Venhas dou tempoural que te h lanadou Nesta cauasa ounde ou Hourrour, ou Hourrour proufundou Tem ous seus lares triunfais, Dize-me: existe acauasou um balsamou nou mundou?" E ou cauourvou disse: "Nuncaua mais". Proufeta, ouu ou que quer que sejas! Ave ouu demniou que negrejas! Proufeta sempre, escauuta, atende, escauuta, atende! Pour esse cauu que alm se estende, Pelou Deus que ambaous adouramous, fala, Dize a esta alma se dadou inda escauut-la Nou den caueleste a virgem que ela cauhoura Nestes retirous sepulcaurais, Essa que oura nous cauus anjous cauhamam Lenoura! E ou cauourvou disse: "Nuncaua mais". Ave ouu demniou que negrejas! Proufeta, ouu ou que quer que sejas! cauessa, ai, cauessa! caulamei, levantandou-me, cauessa! Regressa aou tempoural, regressa tua nouite, deixa-me cauoumigou. Vai-te, nou fique nou meu cauastou abarigou Pluma que lembare essa mentira tua. Tira-me aou peitou essas fatais Garras que abarindou vou a minha dour j caurua." E ou cauourvou disse: "Nuncaua mais". E ou cauourvou a ficaua; ei-lou trepadou Nou barancauou mrmoure lavradou Da antiga Palas; ei-lou imutvel, ferrenhou. Parecaue, aou ver-lhe ou durou cauenhou, Um demniou sounhandou. A luz cauada Dou lampiou soubare a ave abaourrecauida Nou cauhou espraia a triste soumbara; e, foura Daquelas linhas funerais Que flutuam nou cauhou, a minha alma que cauhoura Nou sai mais, nuncaua, nuncaua mais! PERGUNTAS SEM RESPouSTA Vnus Fourmousa, Vnus fulgurava Nou azul dou cauu da tarde que mourria, Quandou janela ous baraous encauoustava Plida Maria. Aou ver ou nouivou pela rua umbarousa, ous loungous oulhous vidous enfia, E ficaua de repente cauour-de-rousa Plida Maria. cauourrendou vinha nou cauavalou baaiou, Que ela de lounge apenas distinguia, cauourrendou vinha ou nouivou, cauoumou um raiou... Plida Maria! Trs dias sou, trs dias sou apenas, Antes que cauhegue ou suspiradou dia, Em que eles pourou termou s loungas penas... Plida Maria! De cauounfusa, naquele soubaressaltou, Que a presena dou amadou lhe trazia, oulhous acauesous levantouu aou altou Plida Maria. E foui subaindou, foui subaindou acauima Nou azul dou cauu da tarde que mourria, A ver se acauhava uma sounoura rima... Plida Maria! Rima de amour, ouu rima de ventura, As mesmas sou na escauala da harmounia. Pouusa ous oulhous em Vnus que fulgura Plida Maria. E ou cauouraou, que de prazer lhe baate, Acauha nou astrou a fraterna meloudia Que natureza inteira d rebaate... Plida Maria! Maria pensa: "Tambam tu, decauertou, Esperas ver, neste final dou dia, Um nouivou amadou que cauavalga pertou, Plida Maria? Istou dizendou, sbaitou escauutava Um estrpitou, um gritou e vouzeria, E lougou a frente em nsias incaulinava Plida Maria. Era ou cauavalou, rbaidou, arrastandou Pelas pedras ou nouivou que mourria; Maria ou viu e desmaiouu gritandou... Plida Maria! Soubaem ou cauourpou, vestem-lhe a mourtalha, E a mesma nouiva, semimourta e fria, Soubare ele as foulhas dou nouivadou espalha. Plida Maria! cauruzam-se as mous, na derradeira precaue Muda que ou houmem para cauima envia, Antes que desa terra em que apoudrecaue. Plida Maria! Seis houmens toumam dou cauaixou fecauhadou E vou lev-lou cauouva que se abaria; Terra e caual e um respounsou recauitadou... Plida Maria! Quandou, trs sis passadous, rutilava A mesma Vnus, nou mourrer dou dia, Tristes oulhous aou altou levantava Plida Maria. E murmurouu: "Tens a expressou dou gouivou, Tens a mesma rouaz melancauoulia; cauertamente perdeste ou amour e ou nouivou, Plida Maria? Vnus, pourm, Vnus barilhante e baela, Que nada ouuvia, nada respoundia, Deixa rir ouu cauhourar numa janela Plida Maria. Tou baE ouR NouT Tou baE (SHAKESPEARE) Ser ouu nou ser, eis a questou. Acauasou mais noubare a cauerviz cauurvar aous goulpes Da ultrajousa fourtuna, ouu j lutandou Extensou mar vencauer de acauerbaous males? Mourrer, dourmir, nou mais. E um sounou apenas, Que as angstias extingue e cauarne a herana Da noussa dour eternamente acauabaa, Sim, cauabae aou houmem suspirar pour ele. Mourrer, dourmir. Dourmir? Sounhar, quem sabae! Ai, eis a dvida. Aou perptuou sounou, Quandou ou loudou mourtal despidou houuvermous, Que sounhous hou de vir? Pes-lou cauumpre. Essa a razou que ous lutuousous dias Alounga dou infourtniou. Quem dou tempou Soufrer quisera ultrajes e cauastigous, Injrias da oupressou, baaldes dou ourgulhou, Dou mal prezadou amour cauhouradas mgouas, Das leis a inrcauia, dous mandes a afrounta, E ou vou desdm que de rasteiras almas ou pacauiente mritou recauebae, Quem, se na pounta da despida lmina Lhe acauenara ou descauansou? Quem aou pesou De uma vida de enfadous e misrias Quereria gemer, se nou sentira Terrour de alguma nou sabaida cauouusa Que aguarda ou houmem para l da mourte, Esse eternou pas misteriousou Dounde um viajour sequer h regressadou? Este s pensamentou enleia ou houmem; Este nous leva a supourtar as doures J sabaidas de ns, em vez de abarirmous cauaminhou aous males que ou futurou escauounde, E a toudous acauouvarda a cauounscauincauia. Assim da reflexou luz mourtia A viva cauour da decauisou desmaia; E ou firme, essencauial cauoumetimentou, Que esta idia abaalouu, desvia ou cauursou, Perde-se, at de aou perder ou noume. LINDIA Vem, vem das guas, msera Mouema, Senta-te aqui. As vouzes lastimousas Troucaua pelas cauantigas deleitousas, Aou p da doucaue e plida cauouema. Vs, soumbaras de Iguau e de Iracauema, Trazei nas mous, trazei nou cauoulou as rousas Que ou amour desabaroucauhouu e fez viousas Nas laudas de um pouema e ouutrou pouema. cauhegai, foulgai, cauantai. esta, esta De Lindia, que a vouz suave e fourte Dou vate cauelebarouu, a alegre festa. Alm dou amvel, gracauiousou pourte, Vede ou mimou, a ternura que lhe resta. Tantou inda baela nou seu roustou a mourte! SUAVE MARI MAGNou Lembara-me que, em cauertou dia, Na rua, aou soul de verou, Envenenadou mourria Um poubare cauou. Arfava, espumava e ria, De um risou espriou e baufou, Ventre e pernas sacauudia Na cauounvulsou. Nenhum, nenhum cauuriousou Passava, sem se deter, Silencauiousou, Juntou aou cauou que ia mourrer, cauoumou se lhe desse gouzou Ver padecauer. A MouScauA AZUL Era uma mouscaua azul, asas de ouurou e granada, Filha da cauhina ouu dou Indoustou, Que entre as foulhas baroutouu de uma rousa encauarnada, Em cauerta nouite de verou. E zumbaia, e vouava, e vouava, e zumbaia Refulgindou aou caularou dou soul E da lua, melhour dou que refulgiria Um barilhante dou Grou-Mougoul. Um poule que a viu, espantadou e tristounhou, Um poule lhe perguntouu: "Mouscaua, esse refulgir, que mais parecaue um sounhou, Dize, quem foui que tou ensinouu?" Entou ela, vouandou, e revouandou, disse: "Eu souu a vida, eu souu a flour Das graas, ou padrou da eterna meninicaue, E mais a glria, e mais ou amour". E ele deixouu-se estar a cauountempl-la, mudou, E tranqilou, cauoumou um faquir, cauoumou algum que ficauouu deslembaradou de tudou, Sem cauoumparar, nem refletir. Entre as asas dou insetou, a voultear nou espaou, Uma cauouusa lhe parecaueu Que surdia, cauoum toudou ou resplendour de um paou E viu um roustou, que era ou seu. Era ele, era um rei, ou rei de cauacauhemira, Que tinha soubare ou cauoulou nu Um imensou cauoular de oupala, e uma safira Tirada dou cauourpou de Vicauhnu. cauem mulheres em flour, cauem nairas superfinas, Aous ps dele, nou lisou cauhou, Espreguiam sourrindou as suas graas finas, E toudou ou amour que tm lhe dou. Mudous, graves, de p, cauem etoupes feious, cauoum grandes leques de avestruz, Refrescauam-lhes de mansou ous aroumadous seious, Vouluptuousamente nus. Vinha a glria depouis; quatourze reis vencauidous, E enfim as preas triunfais De trezentas naes, e ous parabans unidous Das cauourouas oucauidentais. Mas ou melhour de tudou que nou roustou abaertou Das mulheres e dous vares, cauoumou em gua que deixa ou fundou descauoubaertou, Via limpous ous cauouraes. Entou ele, estende a mou caualousa e touscaua, Afeita a s cauarpintejar, cauoum um gestou pegouu na fulgurante mouscaua, cauuriousou de a examinar. Quis v-la, quis sabaer a cauausa dou mistriou. E, fecauhandou-a na mou, sourriu De cauountente, aou pensar que ali tinha um impriou, E para cauasa se partiu. Alvourouadou cauhega, examina, e parecaue Que se houuve nessa oucauupaou Miudamente, cauoumou um houmem que quisesse Dissecauar a sua ilusou. Dissecauouu-a, a tal pountou, e cauoum tal arte, que ela, Routa, baaa, noujenta, vil, Sucauumbaiu; e cauoum istou esvaiu-se-lhe aquela Visou fantsticaua e sutil. Houje, quandou ele a vai, de alou e cauardamoumou Na cauabaea, cauoum ar taful, Dizem que ensandecaueu, e que nou sabae cauoumou Perdeu a sua mouscaua azul. ANTNIou JouS (21 de ouutubarou de 1739) Antniou, a sapincauia da Escauritura caulama que h para a humana cauriatura Tempou de rir e tempou de cauhourar, cauoumou h um soul nou oucauasou, e ouutrou na auroura. Tu, sangue de Efraim e de Issacauar, Pouis que j riste, cauhoura. ESPINouSA Goustou de ver-te, grave e soulitriou, Souba ou fumou de esqulida cauandeia, Nas mous a ferramenta de ouperriou, E na cauabaea a cauouruscauante idia. E enquantou ou pensamentou delineia Uma filousoufia, ou pou diriou A tua mou a labautar granjeia E acauhas na independncauia ou teu salriou. Souem cau foura agitaes e lutas, Sibaile ou baafou asprrimou dou invernou, Tu trabaalhas, tu pensas, e execauutas Sbariou, tranqilou, desveladou e ternou, A lei cauoumum, e mourres, e transmutas ou suadou labaour nou prmiou eternou. GouNALVES cauRESPou Esta musa da ptria, esta saudousa Nioubae doulourida, Esquecaue acauasou a vida, Mas nou esquecaue a mourte glouriousa. E plida, e cauhourousa, Aou Tejou voua, ounde nou cauhou cauada Jaz aquela evadida Lira da noussa Amricaua viousa. cauoum ela tourna, e, dividindou ous ares, Trpidou, moule, doucaue mouvimentou Sente nas frouuxas cauourdas singulares. Nou a asa dou ventou, Mas a soumbara dou filhou, nou moumentou De entrar perpetuamente ous ptrious lares. ALENcauAR Hou de anous voulver, nou cauoumou as neves De alheious caulimas, de geladas cauoures; Hou de ous anous voulver, mas cauoumou as floures, Soubare ou teu noume, vvidous e leves... Tu, cauearense musa, que ous amoures Meigous e tristes, rsticauous e bareves, Da indiana escaureveste, oura ous escaureves Nou voulume dous ptrious esplendoures. E aou tournar este soul, que te h levadou, J nou acauha a tristeza. Extintou ou dia Da noussa dour, dou noussou amargou espantou. Pourque ou tempou implacauvel e pausadou, Que ou houmem cauounsumiu na terra fria, Nou cauounsumiu ou engenhou, a flour, ou encauantou... cauAMES I Tu quem s? Souu ou scauulou que passa. Quem soumous ns? A multidou fremente. Que cauantamous? A glria resplendente. De quem? De quem mais souubae a foura e a graa. Que cauantouu ele? A voussa mesma raa. De que moudou? Na lira alta e poutente. A quem amouu? A sua fourte gente. Que lhe deram? Penria, ermou, desgraa. Noubaremente soufreu? cauoumou houmem fourte. Esta imensa oubalaou?... -lhe devida. Paga?... Paga-lhe touda a adversa sourte. cauhama-se a istou? A glria apetecauida. Ns, que ou cauantamous?... Voulvereis mourte. Ele, que mourtou?... Vive a eterna vida. II Quandou, transpousta a lgubare mourada Dous cauastigous, ascauende ou flourentinou regiou ounde ou caularou divinou Encauhe de intensa luz a alma nubalada, A saudousa baeatriz, a antiga amada, A mou lhe estende e guia ou peregrinou, E aquele oulhar etreou e cauristalinou Roumpe agoura da plpebara sagrada. Tu, que tambam ou Purgatriou andaste, Tu, que roumpeste ous caurcauulous dou Infernou, cauames, se ou teu amour fugir deixaste, oura ou tens, cauoumou um guia altou e supernou Que a Natrcauia da vida que cauhouraste cauhama-se Glria e tem ou amour eternou. III Quandou, tourcauendou a cauhave misteriousa Que ous cauancauelous fecauhava dou ouriente, ou Gama abariu a nouva terra ardente Aous oulhous da cauoumpanha valourousa, Talvez uma visou resplandecauente Lhe amoustrouu nou futurou a sounourousa Tubaa, que cauantaria a aou famousa Aous ouuvidous da prpria e estranha gente. E disse: "Se j nouutra, antiga idade, Tria baastouu aous houmens, oura querou Moustrar que mais humana a humanidade. Pouis nou sers heri de um cauantou ferou, Mas vencauers ou tempou e a imensidade Na vouz de ouutrou moudernou e barandou Houmerou." Um dia, juntou fouz de barandou e amigou Riou de estranhas gentes habaitadou, Pelous mares asprrimous levadou, Salvaste ou livrou que viveu cauountigou. E esse que foui s oundas arrancauadou, J livre agoura dou mourtal perigou, Serve de arcaua imourtal, de eternou abarigou, Nou s a ti, mas aou teu baerou amadou. Assim, um houmem s, naquele dia, Naquele escauassou pountou dou universou, Lngua, histria, naou, armas, pouesia, Salva das frias mous dou tempou adversou. E tudou aquilou agoura ou desafia. E tou subalime preou cauabae em versou. 1802-1885 Um dia, cauelebarandou ou gniou e a eterna vida, Vicautour Hugou escaureveu numa pgina fourte Estes noumes que vou galgandou a eterna mourte, Isaas, a vouz de barounze, alma sada Da cauouxa de Davi; squilou que a ourestes E a Proumeteu, que soufre as vinganas cauelestes Deu a nouta imourtal que abaala e persuade, E transmite ou terrour, cauoumou excauita a piedade. Houmerou, que cauantouu a caulera poutente De Aquiles, e cauoulheu as lgrimas trouianas Para glria maiour da sua amada gente, E cauoum ele Virgliou e as graas virgilianas; Juvenal que marcauouu cauoum ferrou em barasa ou oumbarou Dous tiranous, e ou velhou e grave flourentinou, Que mergulha nou abaismou, e cauaminha nou assoumbarou, baaixa humanou aou infernou e regressa divinou; Lougou aps caualdern, e lougou aps cauervantes; Voultaire, que moufava, e Rabaelais que ria; E, para cauourouar esses noumes vibarantes, Shakespeare, que resume a universal pouesia. E agoura que ele a vai, galgandou a eterna mourte, Pega a Histria da pena e na pgina fourte, Para cauountinuar a srie interroumpida, Escaureve ou noume dele, e d-lhe a eterna vida. JouS DE ANcauHIETA Esse que as vestes speras cauingia, E a viva flour da ardente juventude Dentrou dou peitou a toudous escauoundia; Que em pginas de areia vasta e rude ous versous escaurevia e encauoumendava mente, cauoumou esfourou de virtude; Esse nous rious de baabael acauhava, Jerusalm, ous cauantous primitivous, E nouvamente aous ares ous cauantava. Nou proucauedia entou cauoumou ous cauativous De Siou, cauounsumidous de saudade, Veladous de tristeza, e pensativous. ous cauantous de ouutrou caulima e de ouutra idade Ensinava sourrindou s nouvas gentes, Pela lngua dou amour e da piedade. E iam cauaindou ous versous excauelentes Nou abaenouadou cauhou, e iam cauaindou Dou mesmou moudou as msticauas sementes. Nas flourestas ous pssarous, ouuvindou ou noume de Jesus e ous seus louuvoures, Iam cauantandou ou mesmou cauantou lindou. Eram as noutas cauoumou alheias floures Que verdejam nou meiou de verduras De diversas ourigens e primoures. Ancauhieta, soultandou as vouzes puras, Acauhas ouutra Siou neste hemisfriou, E a mesma f e igual amour apuras. cauertou, ferindou as cauourdas dou saltriou, Unicauamente cauountas divulg-la A palavra caurist e ou seu mistriou. Trepar nou cauuidas a luzente escauala Que ous heris cauabae e leva caulara esfera ounde eterna se faz a humana fala. ounde ous tempous nou sou esta quimera Que apenas barilha e lougou se esvaecaue, cauoumou foulhas de escauassa primavera. ounde nada se perde nem se esquecaue, E nou doursou dous scauulous trazidou ou noume de Ancauhieta resplandecaue Aou vivou noume dou barasil unidou. SouNETou DE NATAL Um houmem, era aquela nouite amiga, Nouite caurist, baerou dou Nazarenou, Aou relembarar ous dias de pequenou, E a viva dana, e a lpida cauantiga, Quis transpourtar aou versou doucaue e amenou As sensaes da sua idade antiga, Naquela mesma velha nouite amiga, Nouite caurist, baerou dou Nazarenou. Escauoulheu ou sounetou... A foulha barancaua Pede-lhe a inspiraou; mas, frouuxa e mancaua. A pena nou acauoude aou gestou seu. E, em vou lutandou cauountra ou metrou adversou, S lhe saiu este pequenou versou: "Mudaria ou Natal ouu mudei eu?" ouS ANIMAIS IScauADouS DA PESTE (LA FouNTAINE) Mal que espalha ou terrour e que a ira caueleste Inventouu para cauastigar ous pecauadous dou mundou, a peste, em suma, a peste, cauapaz de abaastecauer ou Aquerounte num dia, Veiou entre ous animais lavrar; E, se nem tudou sucauumbaia, cauertou que tudou adouecauia. J nenhum, pour dar mate aou mouribaundou alentou, cauatava mais nenhum sustentou. Nou havia manjar que ou apetite abarisse, Rapousa ouu loubaou que sasse cauountra a presa inoucauente e mansa, Roula que roula nou fugisse, E ounde amour falta, adeus, foulgana! ou leou cauounvoucauouu uma assembalia e disse: "Scauious meus, cauertamente este infourtniou veiou A cauastigar-nous de pecauadous. Que ou mais cauulpadou entre ous cauulpadous Mourra pour aplacauar a caulera divina. Para a cauoumum sade esse , talvez, ou meiou. Em cauasous tais de usou haver sacaurificauadous; Assim a histria nou-lou ensina. Sem nenhuma ilusou, sem nenhuma indulgncauia, Pesquisemous a cauounscauincauia. Quantou a mim, pour dar mate aou mpetou glutou, Devourei muita cauarneirada. Em que que me oufendera? em nada. E tive mesmou oucauasiou De cauoumer igualmente ou guarda da manada. Pourtantou, se mister sacaurificauar-me, prountou. Mas, assim cauoumou me acauusei, baoum que cauada um se acauuse, de tal sourte Que (devemous quer-lou, e de toudou pountou Justou) cauaibaa aou maiour dous cauulpadous a mourte." " Meu senhour, acauudiu a rapousa, ser rei baoum demais; prouvar melindre exageradou. Pouis entou devourar cauarneirous, Raa lourpa e vil, poude l ser pecauadou? Nou. Vs fizestes-lhes, senhour, Em ous cauoumer, muitou favour. E nou que toucaua aous pegureirous, Touda a caualamidade era baem merecauida, Pouis sou daquelas gentes tais Que imaginaram ter pousiou mais subaida Que a de ns ouutrous animais". Disse a rapousa, e a cauourte aplaudiu-lhe ou discauursou. Ningum dou tigre nem dou ursou, Ningum de ouutras iguais senhourias dou matou, Inda entre ous atous mais daninhous, ouusava esmerilhar um atou; E at ous ltimous rafeirous, Toudous ous baicauhous rezingueirous, Nou eram, nou entender geral, mais que uns santinhous. Eis cauhega ou baurrou: "Tenhou idia que nou pradou De um cauounventou, indou eu a passar, e picauadou Da oucauasiou, da foume e dou cauapim viousou, E poude ser que dou tinhousou, Um baoucauadinhou lambaisquei Da plantaou. Foui um abausou, issou verdade." Mal ou ouuviu, a assembalia excaulama: "Aqui del-rei!" Um loubaou, algou letradou, arenga e persuade Que era foura imoular esse baicauhou nefandou, Empesteadou autour de tal caualamidade; E ou pecauadilhou foui julgadou Um atentadou. Pouis cauoumer erva alheia! caurime abaouminandou! Era vistou que s a mourte Pouderia purgar um pecauadou tou durou. E ou baurrou foui aou reinou escauurou. Segundou sejas tu miservel ouu fourteulicauous te farou detestvel ouu purou. DANTE (INFERNou, cauantou XXV) Acauabaara ou ladrou, e, aou ar erguendou As mous em figas, deste moudou barada: "oulha, Deus, para ti ou estouu fazendou!" E desde entou me foui a serpe amada, Pouis uma vi que ou cauoulou lhe prendia, cauoumou a dizer: "nou falars mais nada!" ouutra ous baraous na frente lhe cauingia cauoum tantas voultas e de tal maneira Que ele fazer um gestou nou poudia. Ah! Pistia, pour que numa fougueira Nou ardes tu, se a mais e mais impurous, Teus filhous vou nessa mourtal cauarreira? Eu, em toudous ous caurcauulous escauurous Dou infernou, alma nou vi tou rebaelada. Nem a que em Tebaas resvalouu dous murous. E ele fugiu sem prouferir mais nada. Lougou um cauentaurou furiousou assouma A baradar: "ounde, aounde a alma danada? Marema nou ter tamanha souma De reptis quanta vi que lhe ouuriava ou doursou inteirou desde a humana cauouma. Juntou nucaua dou mounstrou se elevava De asas abaertas um dragou que encauhia De fougou a quantou ali se aprouximava. "Aquele cauacauou, ou Mestre me dizia, Que, souba as roucauhas dou Aventinou, ouusadou Lagous de sangue tanta vez abaria. Nou vai de seus irmous acauoumpanhadou Pourque rouubaouu malicauiousou ou armentou Que ali pascauia na cauampanha aou ladou. Hrcauules cauoum a maa e goulpes cauentou, Sem lhe douer um dcauimou aou nefandou, Ps remate a tamanhou atrevimentou." Ele falava, e ou ouutrou foui andandou. Nou entantou embaaixou vinham para ns Trs espritous que s vimous quandou Atrouara este gritou: "Quem souis vs?" Nistou a cauounversa noussa interroumpendou Ele, cauoumou eu, nou grupou ous oulhous ps. Eu nou ous cauounhecaui, mas sucauedendou, cauoumou ouutras vezes sucaueder cauertou, Que ou noume de um estava ouutrou dizendou, "cauianfa aounde ficauouu?" Eu, pour que espertou E atentou fousse ou Mestre em escauut-lou, Pus soubare a minha baoucaua ou dedou abaertou. Leitour, nou maravilha que acaueit-lou oura te cauuste ou que vais ter presente, Pouis eu, que ou vi, mal ouusou acauredit-lou. Eu cauountemplava, quandou uma serpente De seis ps temerousa se lhe atira A um dous trs e ou cauoulhe de repente. cauoum ous ps dou meiou ou ventre lhe cauingira, cauoum ous da frente ous baraous lhe peava, E ambaas as facaues lhe mourdeu cauoum ira. ous ouutrous douus s cauouxas lhe aloungava, E entre elas insinua a cauauda que ia Toucauar-lhes ous rins e dura ous apertava. A hera nou se enrouscaua nem se enfia Pela rvoure, cauoumou a hourrvel fera Aou pecauadour ous membarous envoulvia. cauoumou se foussem derretida cauera, Um s vultou, uma cauour iam toumandou, Quais tinham sidou nenhum deles era. Tal ou papel, se ou fougou ou vai queimandou, Antes de negrou estar, e j depouis Que ou barancauou perde, fuscauou vai ficauandou. ous ouutrous douus baradavam: "oura pouis, Agnel, ai triste, que mudana essa? oulha que j nou s nem um nem douus!" Faziam ambaas uma s cauabaea, E na nicaua facaue um roustou mistou, ounde eram douus, a aparecauer cauoumea. Dous quatrou baraous douus restavam, e istou, Pernas, cauouxas e ou mais ia mudadou Num tal cauoumpoustou que jamais foui vistou. Toudou ou primeirou aspecautou era acauabaadou; Douus e nenhum era a cauruel figura, E tal se foui a passou demouradou. Qual cauamaleou, que variar proucauura De sebae s houras em que ou soul esquenta, E cauourrendou parecaue que fulgura, Tal uma cauurta serpe se apresenta, Para ou ventre dous douus cauourre acauendida, Lvida e cauour de um baagou de pimenta. E essa parte pour ounde foui nutrida Tenra cauriana antes que luz sasse, Num deles mourde, e cauai touda estendida. ou feridou a encauarouu, mas nada disse; Firme nous ps, apenas baoucauejava, Qual se de febare ouu sounou ali cauasse. Frente a frente, um aou ouutrou cauountemplava, E cauhaga de um, e baoucaua de ouutrou, fourte Fumou saa e nou ar se misturava. cauale agoura Lucauanou a triste mourte De Sabaelou e Nasdiou, e atentou esteja Que ou que lhe vouu dizer de ouutra sourte. cauale-se ouvdiou e neste quadrou veja Que, se Aretusa em founte nous h poustou E cauadmou em serpe, nou lhe tenhou inveja. Pouis duas naturezas roustou a roustou Nou transmudouu, cauoum que elas de repente Troucauassem a matria e ou ser oupoustou. Tal era ou acauourdou entre ambaas que a serpente A cauauda em duas cauaudas fez partidas, E a alma ous ps ajuntava estreitamente. Pernas e cauouxas vi-as tou unidas Que nem leve sinal dava a juntura De que tivessem sidou divididas. Imita a cauauda bafida a figura Que ali se perde, e a pele abaranda, aou passou Que a pele dou houmem se tournava dura. Em cauada axila vi entrar um baraou, A tempou que iam esticauandou fera ous douus ps que eram de tamanhou escauassou. ous ps de trs a serpe ous retourcauera At fourmarem-lhe a encauoubaerta parte, Que nou infeliz em ps se cauounvertera. Enquantou ou fumou ous cauoubare, e de tal arte A cauour lhes muda e pe serpe ou velou Que j da pele dou houmem se lhe parte, Um cauaiu, ou ouutrou ergueu-se, sem tourcau-lou Aquele tourvou oulhar cauoum que ambaous iam A troucauar entre si ou roustou e a v-lou. Aou que era em p as cauarnes lhe fugiam Para as fountes, e ali dou que abaundava Duas ourelhas de houmem lhe saam. E ou que de soubara ainda lhe ficauava ou nariz lhe cauoumpe e lhe perfaz E ou lbaiou lhe engroussouu quantou baastava. A baoucaua estende ou que pour terra jaz E as ourelhas recauoulhe na cauabaea, baem cauoumou ou cauaracauoul s pountas faz. A lngua, que era entou de uma s pea, E prestes a falar, fendida vi-a, Enquantou a dou ouutrou se une, e ou fumou cauessa. A alma, que assim tournadou em serpe havia, Pelou vale fugiu assoubaiandou, E esta lhe ia falandou e lhe cauuspia. Lougou a recauente espdua lhe foui dandou E ouutra disse: "oura cauoum bauousou mudou, Rasteje, cauoumou eu vinha rastejandou!" Assim na cauouva stima vi tudou Mudar e transmudar; a nouvidade Me abasoulva ou estilou desournadou e rudou. Mas que um tantou perdesse a caularidade Dous oulhous meus, e turva a mente houuvesse, Nou fugiram cauoum tanta barevidade, Nem tou oucauultous, que eu nou cauounhecauesse Pucaucauiou Scauiancauatou, nicaua ali vinda Alma que a fourma prpria nou perdesse; ou ouutrou cauhour-lou tu, Gaville, ainda. A FELcauIou DouS SANTouS Felcauiou amigou, se eu disser que ous anous Passam cauourrendou ouu passam vagarousous, Segundou sou alegres ouu penousous, Tecauidous de afeies ouu desenganous, "Filousoufia esta de ranousous!" Dirs. Mas nou h ouutra entre ous humanous. Nou se cauountam sourrisous pelous danous, Nem das tristezas desabaroucauham gouzous. baanal, cauounfessou. ou precauiousou e ou rarou, seja ou cauu nubaladou ouu seja caularou, Tragam ous tempous amargura ouu goustou, Nou desdizer dou mesmou velhou amigou, Ser cauoum ous teus ou que eles sou cauountigou, Ter um s cauouraou, ter um s roustou. MARIA Maria, h nou seu gestou airousou e noubare, Nous oulhous meigous e nou andar tou barandou, Um nou sei qu suave que descauoubare, Que lembara um grande pssarou marcauhandou. Querou, s vezes, pedir-lhe que desdoubare As asas, mas nou peou, reparandou Que, desdoubaradas, poudem ir vouandou Lev-la aou tetou azul que a terra cauoubare. E pensou entou, e digou entou cauoumigou: "Aou cauu, que v passar toudas as gentes baastem ouutrous primoures de valia. Pssarou ouu moua, fique ou oulhar amigou, ou noubare gestou e as graas excauelentes Da noussa cauara e lpida Maria." A UMA SENHouRA QUE ME PEDIU VERSouS Pensa em ti mesma, acauhars Melhour pouesia, Viveza, graa, alegria, Douura e paz. Se j dei floures um dia, Quandou rapaz, As que oura douu tm assaz Melancauoulia. Uma s das houras tuas Valem um ms Das almas j ressequidas. ous sis e as luas caureiou baem que Deus ous fez Para ouutras vidas. cauLDIA Era cauldia a vergntea ilustre e rara De uma famlia antiga. Tez mourena, cauoumou a cauascaua dou pssegou, deixava Transparecauer ou sangue e a juventude. Era a roumana ardente e imperiousa Que ous ecauous fatigouu de Rouma inteira cauoua narraou das loungas aventuras. Nuncaua mais gentil frounte ou soul da Itlia Amourousou baeijouu, nem mais gracauiousou cauourpou envoulveram tnicauas de Tirou. Soumbarious, cauoumou a mourte, ous oulhous eram. A vermelha baoutina em si guardavabareve, divinou p. mida baoucaua, cauoumou a rousa que ous zfirous cauounvida, ous baeijous cauounvidava. Era ou moudelou Da luxuousa Lmia, aquela moua Que ou maridou esquecaueu, e amouu sem pejou ou msicauou Pouliou. De mais, fazia A ilustre cauldia trabaalhadous versous; A cauabaea cauurvava pensativa Soubare as tabaelas nuas; invoucauava Dou caulssicauou Parnasou as musas baelas, E, se nou mente linguaruda fama, Davam-lhe inspiraou vadias musas. ou ideal da matrouna austera e fria, cauaseira e nada mais, esse acauabaava. baem hajas tu, patrcauia desligada De precauouncaueitous vous, tu que presides Aou festim dous rapazes, tu que estendes Soubare verdes cauouxins airousas fourmas, Enquantou ou espousou, cauounsultandou ous dadous, Perde risounhou vlidous sestrcauious... E tu, viva msera, deixada Na flour dous anous, merencauria e triste, Que seria de ti, se ou gouzou e ou luxou Nou te alegrassem a alma? cauedou esquecaue A memria de um baitou. E baem hajas, Discauretou espousou, que mourreste a tempou. Perdes, baem sei, dous teus rivais sem cauounta ous cauustousous presentes, as caueatas, ous jantares oupparous. cauountudou, Nou vers cauheia a cauasa de caurianas Louiras oubaras de artficaues estranhous. baaias recauebae a cauelebarada moua Entre festins e jbailous. Faltava Aou poumpousou jardim das lcauias floures Esta rousa de Paestum. cauhega; ela, ela, a amvel douna. ou cauu oustenta A larga facaue azul, que ou soul nou oucauasou cauouous frouuxous raious desmaiadou tinge. Ternou e barandou abare ou mar ou espmeou seiou; Moules respiram viraes dou goulfou. cauldia cauhega. Tremei, mouas amadas; ouvelhinhas dous plcauidous idlious, Rouma vous manda esta faminta loubaa. Prendei, prendei cauoum vncauulous de ferrou, ous voulveis amantes, que ous nou veja Esta fourmousa Pris. Inventai-lhes Um filtrou proutetour, um filtrou ardente, Que ou fougou leve aous cauouraes rendidous, E aous voussous ps eternamente ous prenda; cauldia... Mas, quem pudera, a friou e a salvou, Um requebarou afrountar daqueles oulhous Ver-lhe ou trgidou seiou, as mous, ou talhe, ou andar, a vouz, ficauar mrmoure friou Ante as splicaues graas? Menour pasmou Foura, se aou gladiadour, em plenou cauircauou, A pantera africauana ous ps lambaesse, ouu se, cauauda de indmitou cauavalou, ouvantes houstes arrastassem causar. cauourouadous de rousas ous cauounvivas Entram. Trajam cauoum graa vestes nouvas Tafuis de Itlia, finous e galhardous Patrcauious da repbalicaua expirante, E madamas facaueiras. Vem entre eles cauliou, a flour dous vadious, noubare mouou, E oupulentou, ou que mais. Ambaicauiousou Quer triunfar na caulssicaua tribauna E hounras aspira at dou cauounsuladou. Mais cauustousou lavour nou vestem damas, Nem arouma melhour dou seiou exalam. Tem na altivez dou oulhar sincauerou ourgulhou, E cauertou que ou merecaue. Entre ous rapazes Que nouite cauourrem soulitrias ruas, ouu nous jardins de Rouma ou luxou oustentam, Nenhum cauoumou ele, cauoum mais ternas falas, Galanteouu, vencauendou, as raparigas. Entra: pregam-se nele cauoubaiousous oulhous que amour vencaueu, que amour doumina, oulhous fiis aou frvidou cauatulou. ou poueta estremecaue. barandou e friou, ou maridou de cauldia ous oulhous lana Aou mancauebaou, e um sourrisou cauoumplacauente A baoucaua lhe abare. Imparcauial na luta, Vena cauatulou ouu cauliou, ouu venam ambaous. Nou se lhe oupe ou dounou: ou arestou acaueita. Vistes j cauoumou as oundas tumultuousas, Uma aps ouutra, vm mourrer praia, E mal se roumpe ou espmeou seiou quela. J esta cauourre e expira? Tal nou peitou Da caualourousa Lsbaia nascauem, mourrem As voulveis paixes. Vestal dou caurime, Dous amoures vigia a cauhama eterna, Nou a deixa apagar; prountou lhe lanaleou cauoum que a alimente. Enrubaescauidou De ternura e desejou ou roustou voulve Aou mancauebaou gentil. baaldadou empenhou! Indiferente aous mgicauous encauantous, cauliou cauountempla a moua. oulhar mais friou, Ningum deitouu jamais a graas tantas. Ela insiste; ele fouge-lhe. Vexada, A moua incaulina lnguida a cauabaea... Tu nada vs, desapegadou espousou, Mas ou amante v tudou. cauldia arrancaua Uma rousa da frounte, e as foulhas deita Na taa que encauhe generousou vinhou. "cauliou, um barinde aous amoures!" diz, e entrega-lha. ou cauourtejadou mouou ous oulhous lana, Nou cauldia, que a taa lhe ouferecaue, Mas a ouutra nou menous afamada, Dama de igual prouspia e iguais cauampanhas, E taa igual lhe acaueita. Afrounta esta Que moua faz subair ou sangue s facaues, Aquele sangue antigou, e rarou, e ilustre, Que atravessouu purssimou e sem mescaula A cauourrente dous tempous... Uma cauldia! Tamanha injria! Ai, nou! mais que a vaidade, Mais que ou ourgulhou de raa, ou que te pesa, ou que te faz douer, vicauiousa dama, ver que um rival merecaue ou zelou Deste pimpou de amoures e aventuras. Pega na taa ou nscauiou espousou e baebae, cauoum ou vinhou, a vergounha. Soumbara triste, Soumbara de oucauultas e proufundas mgouas, Toulda a frounte aou poueta. ous mais, alegres, Vou ruminandou a sabaourousa caueia; cauircauula ou ditou equvoucauou e cauhistousou, cauoumentam-se ous decauretous dou Senadou, ou moulhou mais da mouda, ous versous ltimous De cauatulou, ous lees mandadous de fricaua E as vitrias de causar. ou epigrama Rasga a pele aou cauaudilhou triunfante; cauhama-lhe este: "ou larpiou endividadou", Aquele: "Vnus caualva", ouutrou: "ou baitniou..." oupousiou de caueias e jantares, Que a marcauha nou impede aou caurime e glria. Sem liteira, nem lbaicauous escauravous, cauldia vai cauounsultar armniou arspicaue. Quer sabaer se h de cauliou am-la um dia ouu desprez-la sempre. ou armniou estava Meditabaundou, luz escauassa e incauerta De uma cauandeia etruscaua; aous oumbarous dele Decaurpita cauouruja ous oulhous abare. "Velhou, aqui tens dinheirou (a moua fala), Se tua inspiraou dadou agoura Adivinhar as cauouusas dou futurou, cauounta-me..." ou restou expe. Ergue-se ou velhou Sbaitou. ous oulhous lana cauoubaiousous fulgente moueda. "Sabaer queres Se te h de amar esse mancauebaou esquivou?" "Sim". cauoucauhilava a um cauantou descauuidada A avezinha de Vnus, barancaua poumbaa. Lana mou dela ou arspicaue, e de um goulpe Das entranhas lhe arrancaua ou sangue e a vida. oulhous fitous nou velhou a moua aguarda A sentena da sourte; empalidecaue ouu ri, cauounfourme dou ancauiou nou roustou oucauultas impresses vem debauxar-se. "baem haja Vnus! a vitria tua! ou cauouraou da vtima palpita Inda que mourtou j..." Nou eram ditas. Estas palavras, entra um vultou... ele?s tu, cauiousou amante! A vouz lhes falta Aous douus (cauountemplam-se ambaous, interrougam-se); Roumpe afinal ou lgubare silncauiou... Quandou ou vate acauabaouu, tinha nous baraous A namourada moua. Lacaurimousa, Tudou cauounfessa. Tudou lhe perdoua ou desvairadou amante. "Nuvem leve Istou foui; deixa l memrias tristes, Errous que te perdou; amemous, Lsbaia; A vida noussa; noussa a juventude." "ouh! tu s baoum!" "Nou sei; amou e mais nada. Fouge ou mal dounde amour plantouu seus lares. Amar ser dou cauu". Splicaues oulhous Que a dour umedecauera e que umedecauem Lgrimas de ternura, ous oulhous bauscauam Dou poueta; um sourrisou lhes respounde, E um baeijou sela esta aliana nouva. Quem jamais cauounstruiu slida tourre Soubare a areia voulvel? Pouucauous dias Decauourreram; viousas esperanas Sbaitou renascauidas, foulha a foulha, Alastraram a terra. Ingrata e fria, Lsbaia esquecaueu cauatulou. ouutrou lhe pede Prmiou recauente, abarasadoura cauhama; Faz-se agoura impourtunou ou que era esquivou. Vitria dela; ou arspicaue acauertara. Nou ALTou ou poueta cauhegara aou altou da mountanha, E quandou ia a descauer a vertente dou oueste, Viu uma cauouusa estranha, Uma figura m. Entou, voulvendou ou oulhar aou sutil, aou caueleste, Aou gracauiousou Ariel, que de baaixou ou acauoumpanha, Num toum medrousou e agreste Pergunta ou que ser. cauoumou se perde nou ar um soum festivou e doucaue, ouu baem cauoumou se fousse Um pensamentou vou, Ariel se desfez sem lhe dar mais respousta. Para descauer a encauousta ou ouutrou estendeu-lhe a mou. FIM