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Eu nasci vendo o caô do sistema educacional até que eu fugi da escola sem completar o sexto fundamental Aprendi mais sobre mim lendo Abidias, Mano Browm E a matemática da vida me ensinou que 1 sô é plural A LIBERDADE CUSTA CARO Outro dia na rua -E aí poeta, firmeza total? -Firmeza rapaz, na paz? -Ah, mano, correndo feito louco. -É isso mesmo. -Pra falar bem a verdade, tô pensando em entrar pro crime. -O que? Tá louco? -Pô, trabalho pra caraí e tô sempre duro. -Nada a ver, não a sua cara... -É, mas... -Posso te fazer uma pergunta? -Ô, poeta, claro! -Se você estivesse preso e tivesse dinheiro, quanto você pagaria pela sua liberdade? -Cê é loko, pagaria até um milhão, mano. -Então.. -Então o que? - Você está na rua, livre, e ainda por cima está economizando 1 milhão de reais. -Carái tio, não tinha pensado nisso. -Pois é... vai viver a vida, moleque, e deixa de pensar besteira. -Poeta, você é zica. -Bora ser feliz. -Desculpaí, é que as vezes... -Deixa isso pra lá, vamos gastar essa liberdade junto. -Quer um dinheiro emprestado? -Ha ha ha ha ha.

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Page 1: Poemas & TExtos.docx

Eu nasci vendo o caô do sistema educacionalaté que eu fugi da escola sem completar o sexto fundamentalAprendi mais sobre mim lendo Abidias, Mano BrowmE a matemática da vida me ensinou que 1 sô é plural

A LIBERDADE CUSTA CARO

Outro dia na rua

-E aí poeta, firmeza total?-Firmeza rapaz, na paz?-Ah, mano, correndo feito louco.-É isso mesmo.-Pra falar bem a verdade, tô pensando em entrar pro crime.-O que? Tá louco?-Pô, trabalho pra caraí e tô sempre duro.-Nada a ver, não a sua cara...-É, mas...-Posso te fazer uma pergunta?-Ô, poeta, claro!-Se você estivesse preso e tivesse dinheiro, quanto você pagaria pela sua liberdade?-Cê é loko, pagaria até um milhão, mano.-Então..-Então o que?- Você está na rua, livre, e ainda por cima está economizando 1 milhão de reais.-Carái tio, não tinha pensado nisso.-Pois é... vai viver a vida, moleque, e deixa de pensar besteira.-Poeta, você é zica.-Bora ser feliz.-Desculpaí, é que as vezes...-Deixa isso pra lá, vamos gastar essa liberdade junto.-Quer um dinheiro emprestado?-Ha ha ha ha ha.-Ha ha ha ha ha.-Moleque?-Fala?-Agora você me deve 1 milhão de dias na rua.-Vô te pagar dia por dia.-Ha ha ha ha ha.-Ha ha ha ha ha.

Sergio Vaz

Page 2: Poemas & TExtos.docx

AMOR COM FIM

Sim, o amor acabou,mas obrigado por ter começado.Fui feliz porque te ameihonrado por ter estado ao seu lado,mas ainda que tua boca diga que me amao silêncio dos teus olhos aflige meu coração.Houve um tempo que sorríamos muitoem que nossas mãos caminhavam unidascomo uma oração ao Deus da felicidadee hoje, ainda que haja lágrimasessa lembrança alivia a dor na despedida.Peço perdãose por acaso não cumpri a promessa da eternidadeporém fui eterno todas as vezes que,entre um sussurro e outro,ajoelhei diante do milagre dos teu beijos.E crucificadona cruz dos dias que não davam certome sentia um deustodas as noitesque ressuscitava em seu braçoso amor nosso de cada dia.Não sei se posso ser seu amigodepois ter sido seu amante,mas depois de ter sido teu amante,que graça tem ser seu amigo?Não quero de volta as estrelas que te deiem troca de todas as vezes que você me levou ao céu.O amor é um presenteque poucos podem ter, ou dar.Amar é um ato de coragemjá desamar requer humildade.Quando se dá o último abraçoé porque já faltava braços há muito tempo.Não quero entender o amorde minha parte, só queria dizer obrigado.

sergio vaz

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FELICIDADE

As coisas não nasceram para dar certo, somos nós que fazemos elas acontecerem, ou não. Acredito que a gente tem que ter um foco a seguir, traçar metas, viver por elas. Ou morrer tentando. Jamais queimar etapas e saber reconhecer quando é a sua hora. O Acaso é uma grande armadilha e destrói os sonhos fracos de pessoas que se acham fortes. Procure não passar do tempo e nem chegar antes. Preparar o corpo, o espírito, estudar o tempo o espaço. Não ser escravo de nenhum dos dois. Observe as coisas que interferem no seu dia e na sua noite. E saiba entender que há aqueles sem sol e sem estrelas e que a vida não deve parar só por isso. Seja gentil com as pessoas e consigo mesmo. E gentileza não tem nada a ver com fraqueza, pois, assim como um bom espadachim, é preciso ter elegância para ferir seus adversários. O que adianta uma boca grande e um coração pequeno. Nunca diga que faz, se não faz.Ame o teu ofício como uma religião, respeite suas convicções e as pratique de verdade, mesmo quando não tiver ninguém olhando. Milagres acontecem quando a gente vai à luta. Pratique esportes como arremesso de olhar, beijo na boca, poema no ouvido dos outros, andar de mãos dadas com a pessoa amada, respirar o espaço alheio, abraçar sonhos impossíveis e elogios à distância. E, em hipótese alguma, tente chegar em primeiro. Chegar junto é melhor, até porque, o universo não distribuiu medalhas nem troféus. Respeite as crianças, todas, inclusive aquela esquecida na sua memória. Sem crianças não há razão nenhuma para se acreditar num mundo melhor. As crianças não são o futuro, elas são o presente, e se ainda não aprendemos com isso, somos nós, os adultos, é que tiramos zero na escola.Ser feliz não quer dizer que não devemos estar revoltados com as coisas injustas que estão ao nosso redor, muito pelo contrário, ter uma causa verdadeira é uma alegria que poucos podem ter. Por isso, sorrir enquanto luta, é uma forma de confundir os inimigos. Principalmente os que habitam nossos corações. E jamais se sujeite a ser carcereiro do sorriso alheio. Não deixe que outras pessoas digam o que você deve ter, ou usar. Ter coisas é tão importante como não tê-las, mas é você quem deve decidir. Ter cartão de crédito é bom, MAS TER crédito nele tem um preço. Se possível, aprecie as coisas simples da vida, vai que no futuro… Adeus pertences.Esteja sempre disposto ao aprendizado, e não se esqueça que, quem já sabe tudo é porque não aprendeu nada. As ruas são excelentes professoras de filosofia, pratique andar sobre elas. Procure desvendar as máscaras do dia-a-dia, pois o segredo está no minúsculo - assim como um belo espectáculo do crepúsculo, no pequeno gesto da formiguinha esconde a grandeza a ser seguida pela humanidade.Tenha amigos. Se não tem, seja. Eles virão.

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Felicidade não se ensina, é uma magia, e o segredo está na disciplina de uma vida sem truques e sem fogos de artifícios. E não acreditem em poetas. São pessoas tristes que vendem alegria.

Sérgio Vaz

FOLHA DA AMARGURA

POETA É PRESO EM FLAGRANTE SORRISO

Neste sábado pela manhã, a tropa de elite do mal humor, fortemente armada, conseguiu prender o poeta Augusto, 44, que estava sorrindo, sem autorização, deliberadamente em mais uma manhã terrivelmente ensolarada. Acusado de Idiota, o poeta foi enquadrado na lei nº777, denominada "Tristeza não tem fim" e imediatamente levado ao Departamento das caras amarradas, no Centro das Mágoas, em São Paulo.O Poeta Augusto tinha acabado de acordar e saiu para uma pequena caminhada, cheio de alegria, conforme testemunhas, e começou a sorrir para todos que estavam em sentido contrário, literalmente, Foi aí que foi abordado por uma viatura que fazia ronda no local.Antes de fugir trocou olhares sem maldades com a tropa do mal humor e saiu em disparada pela Rua Esperança. Depois da perseguição com troca de insultos, não por parte do poeta, ele foi preso em flagrante, ainda com duas ou três risadas que iria usar mais tarde.Ao ser interrogado Augusto não entregou quem lhe havia fornecido a alegria, e ainda revelou, de forma risonha e irónica, que ele era o dono da boca.O mal humor confirmou sua prisão temporária por 30 dias, e que no final da tarde o poeta será transferido para o presídio de solidão máxima, enquanto aguarda o julgamento.O Secretário Geral das mesquinharias, Coronel José Bicudo Guerra, 98, informou em entrevista colectiva que o governo vai investir pesado na luta contra o bom-humor, e que dentro de dois ou três anos vai erradicar a alegria do país.

Da redacção: vira-lata das ruas

Sérgio Vaz

Silêncios

Não sei onde você estavaquando o frio invadiu a casa que não era suaenquanto você chorava no quarto frioeu sequer sabia que meu coração era frio também.

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Quando a vida te vestiu em traposeu fugi pelos buracos da sua camisae você pedia sonhosenquanto a realidade te negava comida.E teu sorriso magro de anjo maltrapilhoinvadia as ruas repleta de tristezaso vermelho do semáforo pedia "Pare"eu seguia no verde economizando moedas.Na escola sem lápis coloridoescrevia torto por linhas certasnum caderno cheio de páginassem futuro: quem na cola, saiu da escola.Esse choro com gosto de benzinatem cheiro de abandono na esquina.Não sei por onde você andaou que calçada você habitanão escuto tua dor nem o seu grito,sou feito de silêncios.

Sergio Vaz

COISAS DA VIDA (terra em transe)

HojeEu vi uma criança acordadacomendo pão dormido.Um homem desempregadoempregando uma arma.

Uma mulher vestida em traposlavando roupa cara.Um policial desalmadoseparando um corpo da alma.

Uma menina desnutridacom a barriga cheia.Uma bala perdidaprocurando uma veia.

Senhoras de joelhosandando sem destino.Velhos com olhos vermelhoschorando como menino.

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Poetas loucoscuspindo razão.Anjos e demôniosna mesma religião.

A miséria na coleira da farturaa vida fácilàs custas da vida dura.

Gente sorrindocom o coração em prantosurdos ouvindoa canção dos falsos santos.

Vi mãos calejadasbeijando mãos maciasJosé nas enxadasno cabo delas, Maria.

Com mansos olhos de felE a boca dura de feravi um país no céuE o inferno na terra.

Sérgio Vaz

UM SONHO

Ontem eu sonhei o teu sonhoSonhei que os soldados,cantando e dançando,libertando-se de todo mal,surgiam de todos os lugarespara velar o funeralde todo arsenaldas ogivas nucleares.

No sonho,os homens não eram escravosnem de si, nem dos outros,tampouco das cores,pois o dinheiro

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havia sido mortono combate com o amor.

As crianças,cravo e canela,dançavam com as flores,como não tinham fomecaçavam estrelase quando cansadastornavam-se nelas!

Sonheique as mulheres e os homensnão tinham coisas, mas sentimentos,e em sinal de alegria,plantavam suas oraçõesnão de mãos espalmadas,mas de braços dadoscom o milagre do dia.

E Deus - todo pequeno gesto de amor -não frequentava igrejas,livros ou estátuas,apenas corações…

Ontem,sonhei o teu sonhosem saber que também era o meu.

SERGIO VAZ

AMAR DÓI AMAR

Cansei de amarQuero ser amado.Não quero estar no mapaQuero ser encontrado.

Se o coração está secoDe nada adianta beijo molhado.Grande coisa um belo olharSe você não é notado

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Amar é sofrerSer amado... nem dói.

Que chorem pelos cantosComo já chorei!Ou se quiserem que façam promessasaos santos, ao papa, ao pastor,e até a Deus se quiserem, que eu nem ligo- amar já não me interessa.

Olhei demais pela janelaAgora só quero só olhar para o meu umbigo.

Também não quero amor de mentirinhaQuero que amem de verdadeAssim como Romeu amou Julieta,De tomar veneno e tudo.mas já vou logo avisando:veneno eu não tomo. Só cerveja.

Pois é, acordei com preguiça de amarE disposição para ser amado.

Se alguém quiser, bem. Senão, bem também.

Quem me amar, que não me mande bilhetes,Quero cartas de amor chorosasCheirando perfumes indecentes.

Bom, já disse, amar não amo mais.Nem percam tempo comigoQue é andar para trás.

Quem me quiserTem que saber dar de comer, pois:Quero estrelas no caféBolinhos de fogo no almoçoE seios fartos no jantar.

Não vou levar ninguém no colo.O máximo que posso fazerÉ dar saliva na boquinha,Pentear sobrancelhas e fazer cosquinhas na virilha.De resto, ficar esperando pelo gozo

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Sem ter trabalhado.

Sempre amei, nunca fui amadoSer amado é melhor que amar? Não sei.Mas foi assim que me disse um poeta abandonado.

Renilda de seu Francisco

Renildajá nasceu mulher.Ainda meninaera prostituídapara matar a fome,pra não ser lixo, sina?Não tinha registronão tinha nome,era a filha de seu Francisco.

Um dia,desses sem dores,sonhou ser artista de televisão:Glória, Fernanda ou Regina,ser estrela.Mas,de volta às dorespodia ser vistamaltratando a vagina,longe das telas,ao vivo e a coresem todas as vielasque tivesse um colchão.

Doente,morreu virgem,sem nunca ter amado.Morreu seca,sem nunca ter gozado.

Foda-se.

Sergio Vaz

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PORÉM

Queria ter vivido melhor,Porém a mediocridade sempre me foi farta e generosaNos caminhos que escolhi para viver.

Queria ter sido mais alegre,Porém a tristeza sempre foi companheira fielNos dias intermináveis de abandono.

Queria ter amado mais as pessoas que conheciOu que fingi conhecer,Porém na maioria das vezes, eu também não me conhecia.

Queria ter andado mais livre,Porém, algemado à ignorância, perdi muito tempoTentando voar sem sequer saber andar.

Queria ter lido mais livros,Porém, analfabeto de ousadia, passei muitos anosEnxergando pelos olhos adormecido de outras pessoas.

Também queria ter escritos mais poemasDo que bilhetes pedindo desculpas,Porém, as palavras sempre me vieram como culpaquase nunca como estrelas.

Queria ter roubado mais beijos e abraçosDas meninas que andavam desprotegidas,Protegidas pela magia da infância,Porém, cresci muito cedo, e a timidez sempre me foiUma lei muito severa a ser cumprida.

Queria ter pensado menos no futuro,Porém, o passado simples nunca foi o melhor presenteE a eternidade sempre me pareceu coisa de gente que tem preguiça de viver.

Queria ter sido um homem mais humildePorém, a vaidade e a ganância sempre me cercaramDe mimos e coisas que até hoje não sei para que serviram.

Queria ter pregado mais a paz,Porém, como um covarde, gastei muita munição tentando atingir amigos e desconhecidos que não usavam coletes à prova de balas nem blindados no coração.

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Queria ter sido mais forte,Porém rir dos vencidos e bajular os mais ricosSempre me pareceu o caminho mais curtoPara o esconderijo secreto das minhas fraquezas.

Queria ter dito mais a verdade,Porém a mentira sempre foi moeda de trocaPara comprar o respeito e a admiração das pessoas fúteisDe almas vazias.

Queria que o mundo fosse mais justoPorém, avarento de nascença, fui o primeiro a esconder o sol na palma da mão, antes que o vizinho o fizesse.E mesquinho por vocação escondi as noites com luaPara que os poetas não a cortejassem.

Queria ter dito mais besteiras,Porém fui desses idiotas amantes das proparoxítonasE sujeito oculto nos bate-papos de botecos de esquinas,Onde a vida não acontece por decreto.

Queria ter colhido mais flores,Porém o medo de espinhos afugentou a primavera.E outono que sempre fui,plantei inverno quando a terra pedia verão.

Hoje queria ter acordado mais cedo,Porém temo que pra mimSeja tarde demais.

SERGIO VAZ

Os Miseráveis.

Vítor nasceu… no Jardim das Margaridas.Erva daninha, nunca teve primavera.Cresceu sem pai, sem mãe, sem norte, sem seta.Pés no chão, nunca teve bicicleta.Já Hugo, não nasceu, estreou.Pele branquinha, nunca teve inverno.Tinha pai, tinha mãe, caderno e fada madrinha.Vítor virou ladrão, Hugo salafrário.Um roubava pro pão, o outro, pra reforçar o salário.Um usava capuz, o outro, gravata.Um roubava na luz, o outro, em noite de serenata.

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Um vivia de cativeiro, o outro, de negócio.Um não tinha amigo: parceiro.O outro, tinha sócio.Retrato falado, Vítor tinha a cara na notícia,enquanto Hugo fazia pose pra revista.O da pólvora apodrece penitente, o da canetaenriquece impunemente.A um, só resta virar crente, o outro, é candidato a presidente.Sérgio Vaz

ORGULHO MATA

Um amigo acaba de morrer em mimFoi morrendo assim, devagarzinhofeito vento meliante que espreita madrugada,quando percebi, já não respirava mais.

Não tinha percebido que a amizade estava doente,e quando a amizade fica doente,se você não tomar semancol, humildol ou desculpol,o vírus da mágoa se alastra pelo corpo todo.

A mágoa é como lepra, primeiro apodrece a palavra,o brilho nos olhos e depois o respeito,é quando você dia olá querendo dizer adeus.

O amigo quando fina não vai para o céu,fica vagando feito alma penadano inferno da lembrança.

O finado amigoé um espírito que fala através de outras pessoas,e ainda que ele grite, você já não escuta mais.Um amigo falece por vários motivos,desde falta de açúcar nos olhos ea fraqueza no abraço.Mas o pior de tudo é o enfarte na admiração.A admiração pelo amigo é o sangue que bombeia a amizade.

Sem esses glóbulos brancos, negros e amareloso amor acaba. E se você não ama teu amigo... jaz.Amigo a gente não divide, se ele é menos a gente multiplica,mas quando ele morre a gente já nem conta mais.O amigo quando cessaé o como se o passado cometesse suicídio

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com um tiro na saudade, ou uma corda pendurada na lembrança.Isso quando você mesmo não o mata,atirando na testa um desprezo de pedregulho.Quando a amizade começa a tossir... É bom medir a pressão.

Meu amigo está morto,na autópsia consta que foi envenenamento: cianureto de orgulho.O Funeral foi agora pouco, sem flores, sem lágrimas, no meu coração.O enterro segue sem alarde em respeito aos familiares.

SERGIO VAZ

SOMOS NÓS

Vocês dizem que não entendemQue barulho é esse que vem das ruasQue não sabem que voz é essaque caminha com pedras nas mãosem busca de justiça, porque não dizer, vingança.

Dentro do castelo às custas da miséria humanaAlega não entender a fúria que nasce dos sem causas,dos sem comidas e dos sem casas.O capitão do mato dispara com seu chicoteA pólvora indigna dos tiranosQue se escondem por trás da cortina do lacrimogêneo,O CHICOTE ESTRALA, MAS ESSE POVO NÃO SE CALA..

Quem grita somos nós,Os sem educação, os sem hospitais e sem segurança.Somos nós, órfãos de pátriaOs filhos bastardos da nação.

Somos nós, os pretos, os pobres,Os brancos indignados e os índiosCansados do cachimbo da paz.Essa voz que brada que atordoa seu sonoVem dos calos da mãos, que vão cerrando os punhosAté que a noite venhaE as canções de ninar vão se tornando hinosNa boca suja dos revoltados.

Tenham medo sim,Somos nós, os famintos,Os que dormem na calçadas frias,Os escravos dos ônibus negreiros,Os assalariados esmagados no trem,

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Os que na tua opinião,Não deviam ter nascido.

Teu medo faz sentido,Em tua direçãoVai as mães dos filhos mortosO pai dos filhos tortosTe devolverem todos os crimesCausados pelo descaso da sua consciência.

Quem marcha em tua direção?

Somos nós,os brasileirosQue nunca dormiramE os que estão acordando agora.

Antes tarde do que nunca.

E para aqueles que acharam que era nunca,agora é tarde.Sérgio Vaz

Novos Dias.

“Este ano vai ser pior...Pior para quem estiver no nosso caminho."

Então que venham os dias.Um sorriso no rosto e os punhos cerrados que a luta não para.Um brilho nos olhos que é para rastrear os inimigos (mesmo com medo, enfrente-os!).É necessário o coração em chamas para manter os sonhos aquecidos. Acenda fogueiras.Não aceite nada de graça, nada. Até o beijo só é bom quando conquistado.Escreva poemas, mas se te insultarem, recite palavrões.Cuidado, o acaso é traiçoeiro e o tempo é cruel, tome as rédeas do teu próprio destino.Outra coisa, pior que a arrogância é a falsa humildade.As pessoas boazinhas também são perigosas, sugam energia e não dão nada em troca.Fique esperto, amar o próximo não é abandonar a si mesmo.Para alcançar utopias é preciso enfrentar a realidade.Quer saber quem são os outros? Pergunte quem é você.Se não ama a tua causa, não alimente o ódio.Por favor, gentileza gera gentileza. Obrigado!Os Erros são teus, assuma-os. Os Acertos Também são teus, divida-os.Ser forte não é apanhar todo dia, nem bater de vez em quando, é perdoar e pedir perdão, sempre.Tenho más notícias: quando o bicho pegar, você vai estar sozinho. Não cultive multidões.Qual a tua verdade ? Qual a tua mentira? Teu travesseiro vai te dizer. Prepare-se!Se quiser realmente saber se está bonito ou bonita, pergunte aos teus inimigos, nesta hora eles serão honestos.

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Quando estiver fazendo planos, não esqueça de avisar aos teus pés, são eles que caminham.Se vai pular sete ondinhas, recomendo que mergulhe de cabeça.Muito amor, mas raiva é fundamental.Quando não tiver palavras belas, improvise. Diga a verdade.As Manhãs de sol são lindas, mas é preciso trabalhar também nos dias de chuva.Abra os braços. Segure na mão de quem está na frente e puxe a mão de quem estiver atrás.Não confunda briga com luta. Briga tem hora para acabar, a luta é para uma vida inteira.O Ano novo tem cara de gente boa, mas não acredite nele. Acredite em você.Feliz todo dia!Sérgio Vaz