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Poema Premonitório Alberto Cohen

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Page 1: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

Poema Premonitório

Alberto Cohen

Page 2: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas,

restará detrás da porta, no punho da rede, em olhos amedrontados no fundo do espelho:

Page 3: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

Onde findou o caminho de andar de mãos dadas?

As paredes não terão respostas nas cores desbotadas e as flores, emudecidas flores, estarão no passado, belas e eternas, símbolos da ausência nos vasos vazios.

Page 4: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

O sorriso esquecido, submerso num copo com água,

rirá para sempre dos sonhos, dos

planos, das gargalhadas,

Page 5: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

e nas gavetas a solidão das vestes de um só corpo aguardará,

inutilmente, a solidão de suas

metades.

Page 6: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

Um zelador de lembranças ajuntará meias-verdades, frases presumidas, dores pressentidas,

cartas amareladas, em poemas com

sabor de coisas muito antigas.

Page 7: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

E as andorinhas voltarão para a sacada?

E a canoinha do quadro torto na

parede, quando atravessará o rio?

Page 8: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

Poema PremonitórioAlberto Cohen

Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas,

uma indagação emoldurada de certezasrestará detrás da porta, no punho da rede,em olhos amedrontados no fundo do espelho:Onde findou o caminho de andar de mãos dadas?As paredes não terão respostas nas cores

desbotadase as flores, emudecidas flores, estarão no

passado,belas e eternas, símbolos da ausência nos vasos

vazios.

Page 9: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

O sorriso esquecido, submerso num copo com água,rirá para sempre dos sonhos, dos planos, das

gargalhadas,e nas gavetas a solidão das vestes de um só corpoaguardará, inutilmente, a solidão de suas metades.um zelador de lembranças ajuntará meias-verdades,frases presumidas, dores pressentidas, cartas

amareladas,em poemas com sabor de coisas muito antigas.E as andorinhas voltarão para a sacada?E a canoinha do quadro torto na parede,quando atravessará o rio?

Page 10: Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas, restará detrás da porta, no

Poema Premonitório

Alberto Cohen

Formatação: Cláudia L. MoraesImagens: InternetMúsica: Para Elisa

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