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Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-191300-69.2007.5.15.0032 Firmado por assinatura digital em 11/09/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira. A C Ó R D Ã O SDI-1 ACV/vm/gvc RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO DA TURMA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. TESE NÃO PREQUESTIONADA. A Turma não emitiu tese jurídica sobre a ilegitimidade de parte, apenas julgou improcedente o pedido com relação ao novo titular do cartório. Sendo assim, não há como estabelecer o pretendido conflito de teses com os arestos paradigmas cotejados nas razões recursais, pela ausência de prequestionamento, nos termos da Súmula nº 297 do TST. Embargos não conhecidos. CARTÓRIO. TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE. SUCESSÃO TRABALHISTA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO NOVO TABELIÃO. Em se tratando de serventia cartorial, não há que se falar em sucessão trabalhista, nos moldes dos arts. 10 e 448 da CLT, quando não há a continuidade da relação de emprego com o novo titular do cartório. Embargos conhecidos e desprovidos. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos em Embargos de Declaração em Recurso de Revista n° TST-E-ED-RR-191300-69.2007.5.15.0032, em que é Embargante SIDNEY MOLON LEMES e Embargados 7° TABELIÃO DE NOTAS DE CAMPINAS e CARLOS FERNANDO BRASIL CHAVES. A c. 3ª Turma, mediante o acórdão da lavra do Exmo. Ministro Mauricio Godinho Delgado, conheceu e deu provimento ao recurso de revista do reclamado para julgar improcedentes os pedidos da inicial com relação ao novo titular do cartório. O reclamante opõe embargos. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FF49AD62F025C1.

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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-E-ED-RR-191300-69.2007.5.15.0032

Firmado por assinatura digital em 11/09/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

A C Ó R D Ã O

SDI-1

ACV/vm/gvc

RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE

REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº

13.015/2014. PRELIMINAR DE NULIDADE DO

ACÓRDÃO DA TURMA. ILEGITIMIDADE

PASSIVA. TESE NÃO PREQUESTIONADA. A

Turma não emitiu tese jurídica sobre a

ilegitimidade de parte, apenas julgou

improcedente o pedido com relação ao

novo titular do cartório. Sendo assim,

não há como estabelecer o pretendido

conflito de teses com os arestos

paradigmas cotejados nas razões

recursais, pela ausência de

prequestionamento, nos termos da Súmula

nº 297 do TST. Embargos não conhecidos.

CARTÓRIO. TRANSFERÊNCIA DA

TITULARIDADE. SUCESSÃO TRABALHISTA.

AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO

NOVO TABELIÃO. Em se tratando de

serventia cartorial, não há que se falar

em sucessão trabalhista, nos moldes dos

arts. 10 e 448 da CLT, quando não há a

continuidade da relação de emprego com

o novo titular do cartório. Embargos

conhecidos e desprovidos.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos

em Embargos de Declaração em Recurso de Revista n°

TST-E-ED-RR-191300-69.2007.5.15.0032, em que é Embargante SIDNEY MOLON

LEMES e Embargados 7° TABELIÃO DE NOTAS DE CAMPINAS e CARLOS FERNANDO

BRASIL CHAVES.

A c. 3ª Turma, mediante o acórdão da lavra do Exmo.

Ministro Mauricio Godinho Delgado, conheceu e deu provimento ao recurso

de revista do reclamado para julgar improcedentes os pedidos da inicial

com relação ao novo titular do cartório.

O reclamante opõe embargos.

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FF49AD62F025C1.

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Os embargos foram admitidos por decisão da Presidência

da c. 3ª Turma, por divergência jurisprudencial.

Impugnação apresentada.

Sem remessa dos autos à d. Procuradoria-Geral do

Trabalho.

É o relatório.

V O T O

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE

Regular e tempestivos, conheço dos Embargos, porque

cumpridos os requisitos de admissibilidade extrínsecos.

PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO DA TURMA.

ILEGITIMIDADE PASSIVA. TESE NÃO PREQUESTIONADA.

RAZÕES DE NÃO CONHECIMENTO

O reclamante argumenta que a defesa não suscitou a

ilegitimidade passiva do cartório, de forma que o acórdão que a declara

é nulo de pleno direito. Indica ofensa aos arts. 96, I, da CF, 3º e 267

do CPC. Colaciona arestos.

A c. 3ª Turma conheceu e deu provimento ao recurso de

revista do reclamado para “julgar improcedentes os pedidos da inicial

com relação ao novo titular do cartório, ora Reclamado.”.

E, esclareceu ao julgar os embargos de declaração:

“Outrossim, não prospera a dúvida do Reclamante quanto ao resultado final

da ação: se houve “improcedência dos pedidos” ou declaração de

“ilegitimidade passiva ad causam do Reclamado”. Isso porque, foram

declarados improcedentes os pedidos em relação ao novo titular do

cartório.”

Verifica-se que a Turma não emitiu tese jurídica sobre

a ilegitimidade de parte, apenas julgou improcedente o pedido com relação

ao novo titular do cartório.

Sendo assim, não há como estabelecer o pretendido

conflito de teses com os arestos paradigmas cotejados nas razões

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

recursais, pela ausência de prequestionamento, nos termos da Súmula nº

297 do TST.

Não conheço.

CARTÓRIO. TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE. SUCESSÃO

TRABALHISTA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO NOVO TABELIÃO.

ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.

CONHECIMENTO

A c. Turma conheceu e deu provimento ao recurso de

revista do reclamado para julgar improcedentes os pedidos da inicial com

relação ao novo titular do cartório. Assim decidiu:

CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. REQUISITOS DA FIGURA SUCESSÓRIA

O Tribunal Regional, quanto ao tema, assim decidiu: "Conheço ambos os recursos, eis que atendidos os

requisitos legais de admissibilidade. PRELIMINARES ARGUIDAS PELO RECLAMADO NULIDADE DA SENTENÇA - FALTA DE

INTIMAÇÃO DA DATA DA AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO

O reclamado alega ser nula a sentença, visto não ter sido intimado da data do julgamento da ação.

Todavia, como se verifica às fls. 858/861, as partes foram intimadas da determinação exarada pelo MM. Juízo de origem para que os autos lhe fossem conclusos para julgamento, sem designação de audiência para tanto, em cumprimento ao determinado pelo acórdão de fls. 844/848.

Por outro lado, o reclamado não apontou qualquer prejuízo decorrente do fato. E, como é sabido, no processo do trabalho, inexistindo manifesto prejuízo à parte, inexiste nulidade a ser declarada (CLT, artigo 794).

Rejeito, portanto, a preliminar arguida. Outrossim, destaco inocorrer, na hipótese, eventual

ofensa ao disposto no artigo 813 da CLT. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM -

CHAMAMENTO AO PROCESSO - DENUNCIAÇÃO DA LIDE

O reclamado insiste na preliminar de ilegitimidade passiva ad causam. Sustenta que a presente ação foi ajuizada em face do 7º Tabelião de Notas de Campinas, quanto deveria constar do polo passivo a pessoa física do respectivo titular.

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Sustenta, ainda, a ilegitimidade do atual titular da serventia, que

assumiu tal condição apenas em 17/05/2005, devendo a ação

ser dirigida em face de quem exercia a referida titularidade à

época em que se deu a prestação de serviços por parte do

reclamante, não sendo a hipótese de sucessão trabalhista.

Insiste, assim, no chamamento ao processo ou denunciação

da lide aos antigos titulares da serventia, José Lamanna e

Mauro Liberato dos Santos, este por seu espólio. Sem razão. Inicialmente, oportuno observar que a despeito da

impropriedade terminológica, está claro que o autor pretendeu

responsabilizar o titular do serviço notarial. Aliás, o "Cartório" não pode mesmo figurar no polo

passivo da relação processual, visto que não possui

personalidade jurídica. De fato, assim dispõe a Lei 8.935, de 18 de novembro de

1994 (DOU de 21/11/94): "Art. 3º Notário, ou tabelião, e oficial de registro ou

registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a

quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro. (...) Art. 5º Os titulares de serviços notariais e de registro

são os: I - tabeliães de notas; II - tabeliães e oficiais de registro de contratos

marítimos; III - tabeliães de protesto de títulos; IV - oficiais de registro de imóveis; V - oficiais de registro de títulos e documentos e civis

das pessoas jurídicas; VI - oficiais de registro civis das pessoas naturais e de

interdições e tutelas: VII - oficiais de registro de distribuição. (...) Art. 20. Os notários e os oficiais de registro poderão,

para o desempenho de suas funções, contratar escreventes,

dentre eles escolhendo os substitutos, e auxiliares como

empregados, com remuneração livremente, ajustada e sob o

regime da legislação do trabalho." (in verbis - destaques acrescentados).

Desse modo, nos termos dos dispositivos legais supratranscritos, quem contrata escreventes na condição de empregados é o titular dos serviços notariais (pessoa física), não o "Cartório".

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Por sua vez, a sucessão de titulares do serviço

notarial, como ocorreu na hipótese destes autos, implica a caracterização da sucessão trabalhista.

Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST: RECURSO DE REVISTA - SUCESSÃO

TRABALHISTA TITULAR DE CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL - POSSIBILIDADE - RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR

1 - A sucessão trabalhista opera-se sempre que a pessoa do empregador é substituída na exploração do negócio, com transferência de bens e sem ruptura na continuidade da atividade empresarial.

2 - O cartório extrajudicial não possui personalidade jurídica própria. Desse modo, seu titular é o responsável pela contratação, remuneração e direção da prestação dos serviços, equiparando-se, pois, ao empregador comum, sobretudo porque aufere renda proveniente da exploração das atividades do cartório.

3 Assim, a alteração da titularidade do serviço notarial, com a correspondente transferência da unidade econômico-jurídica que integra o estabelecimento, além da continuidade na prestação dos serviços, caracteriza a sucessão de empregadores.

4 - Destarte, a teor dos artigos 10 e 448 da CLT, o Tabelião sucessor é responsável pelos direitos trabalhistas oriundos das relações laborais vigentes à época do repasse, bem como pelos débitos de igual natureza decorrentes de contratos já rescindidos.

Recurso de Revista conhecido e desprovido. (Processo TST-RR-534/2004-019-10-00.8 - 3ª Turma -

v. u. - Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - Recorrente: Jorge Antônio Neves Pereira - Recorrido: Demerval Silva Caixeta Júnior - DJ de 17/11/2006 - destaque acrescentado).

RECURSO DE REVISTA. SUCESSÃO TRABALHISTA. MUDANÇA DE TITULARIDADE DE CARTÓRIO DE REGISTRO. A sucessão trabalhista opera-se sempre que a pessoa do empregador é substituída na exploração do negócio, com transferência de bens e sem ruptura na continuidade da atividade empresarial. Nessa hipótese, o sucessor é responsável pelos direitos trabalhistas oriundos das relações laborais vigentes à época do repasse, bem como pelos débitos de igual natureza decorrentes de contratos já rescindidos. Com efeito, a mudança na propriedade do estabelecimento não afeta os direitos dos respectivos trabalhadores, à luz dos artigos 10 e 448 da CLT. Como é cediço, o cartório extrajudicial não

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

possui personalidade jurídica própria, seu titular é o responsável pela contratação, remuneração e direção da prestação dos serviços, equiparando-se ao empregador comum, sobretudo porque aufere renda proveniente da exploração das atividades cartorárias. Assim, a alteração da titularidade do serviço notarial, com a correspondente transferência da unidade econômico-jurídica que integra o estabelecimento, além da continuidade na prestação dos serviços, caracteriza a sucessão de empregadores. Destarte, a teor dos artigos 10 e 448 da CLT, o Tabelião sucessor é responsável pelos créditos trabalhistas relativos tanto aos contratos laborais vigentes quanto aos já extintos. Recurso provido.

(Processo TST-RR-354/2004-001-06-00.0 - 4ª Turma - Relator Ministro Barros Levenhagen - v. u. - Recorrente: André Luiz Pinheiro Vasconcelos - Recorrido: 2º Serviço de Registro de Imóveis do Recife - DJ de 24/03/2006).

Portanto, a preliminar foi corretamente afastada pelo MM. Juízo de primeiro grau, razão pela qual deve ser mantida.

Oportuno destacar, ainda, que caracterizada a sucessão trabalhista, a responsabilidade por eventuais direitos aqui reconhecidos pertence exclusivamente ao sucessor, razão pela qual não se configura a hipótese de denunciação da lide (CPC, artigo 70), tampouco de chamamento ao processo (CPC, artigo 77) dos antigos titulares do Cartório.

Ademais, não compete a esta Justiça Especializada

apreciar a relação jurídica mantida entre os sucedidos e os

titulares da Serventia, a teor do que dispõe o artigo 114 da

Constituição Federal, podendo o recorrente, se for o caso,

acionar seus antecessores perante o órgão judiciário

competente, invocando seu direito de regresso. Todavia, deverá ser retificado o polo passivo da

relação processual, a fim de constar como reclamado o atual

titular dos serviços notariais, Carlos Fernando Brasil

Chaves, conforme indicado na sentença (fl. 866). RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO NATUREZA JURÍDICA DA RELAÇÃO MANTIDA

ENTRE AS PARTES O reclamado sustenta que a relação jurídica mantida

com o reclamante foi de natureza estatutária, não regida pela CLT, o que implica na impossibilidade de se reconhecer a existência do vínculo empregatício entre as partes.

O apelo não prospera. In casu, a questão acerca da natureza jurídica da relação

mantida entre as partes, qual seja, se estatutária ou contratual, encontra-se dirimida pelo acórdão proferido pelo E. Superior Tribunal de Justiça (fls. 597/602 dos autos de Recurso Especial

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em apenso), cuja decisão transitou em julgado, onde aquela Corte Superior concluiu pela existência entre reclamante e reclamado de um vínculo jurídico de natureza contratual, razão pela qual decidiu pela competência desta Justiça Especializada para apreciar e julgar a presente controvérsia.

Rejeito. (...) Diante do exposto, decido CONHECER os recursos

ordinários interpostos por ambas as partes, REJEITAR AS PRELIMINARES arguidas e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso ordinário do reclamado e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso ordinário do reclamante, para afastar a incidência do imposto de renda sobre os juros de mora e determinar a expedição de ofícios à DRT, CEF e INSS, nos termos da fundamentação. Deverá ser retificado o polo passivo da relação processual, para constar como reclamado o titular dos serviços notariais, Carlos Fernando Brasil Chaves.

Opostos embargos de declaração, o Tribunal Regional assim se manifestou:

"Conheço os embargos, eis que atendidos os requisitos legais de admissibilidade.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DO RECLAMADO INEXISTÊNCIA DE TRANSFERÊNCIA DE BENS

DOS ANTIGOS TITULARES AO ATUAL - AUSÊNCIA DE SUBSTITUIÇÃO

O reclamado alega que, a despeito de o acórdão embargado ter "adotado como premissa a ementa do Processo TST-RR-534/2004-019-10-00.8", deixou de observar que "a sucessão exige utilização de mesmo maquinário, permanência do cartório em mesmo local, aproveitando-se o Tabelião de elementos utilizados pelo antecessor", o que não se verifica no caso presente. Afirma, ainda, que o julgado deixou de observar que "entre o atual Tabelião titular e o Tabelião designado

responsável pela demissão, houve entre ambos, por 5 (cinco)

anos, a existência de um terceiro Tabelião designado pela

Corregedoria Geral de Justiça", o que "indica claramente a

ruptura da continuidade da atividade entre o demissor e o

atual responsável pela serventia". Sustenta que "o cartório

atual localiza-se, inclusive, em local diverso daquele em que

estava instalado por ocasião do ato exoneratório". Todavia, não verifico no acórdão embargado a

ocorrência de qualquer contradição, omissão ou obscuridade, nos estritos termos do artigo 897-A da CLT e do artigo 535 do CPC, a ensejar o acolhimento dos embargos de declaração interpostos pelo reclamado.

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

De fato, ao contrário do que argumenta o embargante, o fundamento jurídico para reconhecer a ocorrência da sucessão de empregadores adotado em ambas as ementas transcritas no acórdão embargado (Processo TST-RR-534/2004-019-10-00.8 e Processo TST-RR-354/2004-001-06-00.0) é a transferência da unidade econômico-jurídica que integra o estabelecimento, além

da continuidade na prestação dos serviços. Ora, a alteração da titularidade do serviço notarial

acarreta a transferência de todos os elementos da unidade

econômica que integra o Cartório, como a atividade

desenvolvida e demais elementos, não apenas os corpóreos,

mas também os incorpóreos, da atividade empresarial, que

se denomina fundo do comércio. In casu, foi exatamente o que ocorreu. Ademais, o reclamado (sucessor) continua operando,

normalmente, as atividades da serventia anterior, tendo permanecido com patrimônio, empregados e tudo o que poderia ser aproveitado.

Ainda que o atual titular da serventia tenha adquirido móveis e utensílios novos, ou mesmo alterado o endereço, permaneceu intacta a unidade econômico-jurídica que integra o estabelecimento, bem como a continuidade da prestação de serviços, circunstâncias que demonstram claramente a existência da sucessão.

ILEGITIMIDADE - AUSÊNCIA DE EMISSÃO DE JUÍZO EXPLÍCITO ACERCA DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS

O reclamado alega que o acórdão embargado, ao concluir pela sua legitimidade passiva, deixou de emitir juízo explícito acerca de dispositivos constitucionais e legais, que relaciona.

Contudo, a decisão embargada apreciou todos os aspectos relevantes da controvérsia, como também fundamentou a respectiva conclusão, devendo ser destacado que a lei impõe ao julgador tão somente fundamentar as razões do seu convencimento, não o obrigando a responder, um a um, todos os argumentos deduzidos pelas partes.

Nesse sentido, posiciona-se a jurisprudência: "Expressos os fundamentos de fato e de direito da

pretensão jurisdicional, afasta-se, na hipótese, a apontada

violação do art. 535, II, do CPC, porquanto o julgador não se

obriga a responder a toda e qualquer argumentação trazida a

juízo, senão aquelas que se mostrarem suficientes ao regular e

adequado deslinde da causa, sendo certo que tal não implica,

por si só, em omissão, contradição ou obscuridade" (STJ - 5ª

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Turma - Acórdão AGA 327504/SP - v.u. - Relator Min. GILSON DIPP - DJ de 12/03/2001, página 173)

Ademais, convém ressaltar que, evidentemente, não significa omissão, contradição ou obscuridade o fato de a decisão embargada adotar posicionamento divergente daquele pretendido pela parte. O juiz obriga-se a decidir questões postas a seu exame de acordo com o seu livre convencimento, utilizando-se dos fatos, provas, aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso.

Por fim, se o embargante pretende promover o prequestionamento, deve estar atento ao entendimento pacífico do C. TST a respeito do tema, conforme verbete n.º 118 da Orientação Jurisprudencial de sua SDI-1.

NATUREZA JURÍDICA DA RELAÇÃO HAVIDA ENTRE AS PARTES

O reclamado alega que o acórdão embargado deixou de observar que a decisão do E. STJ, juntada às fls. 597/602, não analisou a natureza jurídica da relação havida entre as partes, tampouco declarou o vínculo jurídico de emprego, tendo apenas fixado a competência desta Justiça Especializada para apreciar e julgar o conflito de interesses. Afirma, ainda, que o julgado deixou de se manifestar acerca de todos os argumentos fáticos e jurídicos veiculados em seu recurso ordinário.

Também aqui, razão alguma assiste ao embargante. Com efeito, ao contrário do que alega o reclamado, a

decisão transitada em julgado, proferida pelo E. Superior Tribunal de Justiça (fls. 597/602 dos autos de Recurso Especial em apenso) manifestou-se sobre a questão relativa à natureza jurídica da relação havida entre as partes, na medida em que estava ela umbilicalmente ligada à competência para a apreciação da controvérsia, conforme se verifica pela respectiva ementa:

"PROCESSO CIVIL. ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA MOVIDA POR EMPREGADO

DE CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. COMPETÊNCIA DA

JUSTIÇA DO TRABALHO. 1. Não ocorre omissão quando o Tribunal de origem

decide fundamentadamente todas as questões postas ao seu

crivo. 2. Esta Corte assentou a compreensão de que compete à

Justiça do Trabalho apreciar reclamação movida por

empregado de cartório extrajudicial buscando o recebimento de

verbas decorrentes de vínculo de natureza trabalhista. 3. Recurso especial provido." (in verbis - fl. 597 dos

autos de Recurso Especial em apenso - destaques acrescentados)

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A propósito, aquela Corte Superior, no julgado supra, resolveu dar provimento ao recurso "para declarar a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar a reclamação trabalhista proposta pelo recorrente", ou seja, pelo ora reclamante, conforme se verifica do seu dispositivo (fl. 600 dos autos de Recurso Especial em apenso).

Por outro lado, quanto à alegação de que o julgado deixou de se manifestar acerca de todos os argumentos fáticos e jurídicos veiculados em seu recurso ordinário, valem os mesmos fundamentos indicados no tópico precedente.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DO RECLAMANTE

RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL O reclamante discorda da determinação constante do

acórdão embargado, no tocante à retificação do polo passivo da relação jurídica processual, a fim de constar como reclamado o titular da serventia e não o 7º Cartório de Notas de Campinas. Alega a existência de contradição no julgado, visto ter sido rejeitada a preliminar de ilegitimidade passiva do referido Cartório.

Contudo, aqui também não verifico no acórdão embargado a ocorrência de qualquer contradição, omissão ou obscuridade, nos estritos termos do artigo 897-A da CLT e do artigo 535 do CPC, a ensejar o acolhimento dos embargos interpostos pelo reclamante.

De fato, não deve a parte confundir a rejeição da arguição de ilegitimidade passiva ad causam, posto que admitida a sucessão de empregadores, com a adequação da autuação processual, a fim de constar no polo passivo da relação processual o titular dos serviços notariais (pessoa física), em observância ao que dispõe a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, visto que o Cartório não possui personalidade jurídica. Isso, aliás, ficou bastante claro no acórdão embargado (fls. 988/990).

Por outro lado, se o reclamante discorda da decisão, no particular, certamente os embargos de declaração não constituem o instrumento processual adequado para veicular sua irresignação.

(...) Diante do exposto, decido CONHECER e REJEITAR

os embargos de declaração de ambas as partes, nos termos da fundamentação".

Em suas razões de recurso de revista, o Reclamado sustenta, em síntese, que não houve continuidade na prestação de serviços pelo Reclamante, razão pela qual não poderia ser caracterizada a sucessão de empregadores. Pleiteia, por conseguinte, a extinção do processo sem

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resolução do mérito em relação ao Reclamado ou, quando menos, a improcedência dos pedidos em face deste, diante da ausência da sucessão empresarial. Aponta violação dos arts. 236, § 1º, da CF, 133 do CTN, 3º, 14, 20, 21 e 39 da Lei 8.935/94 e 10 e 448 da CLT, bem como colaciona arestos para cotejo de teses.

Em contrarrazões ao recurso de revista, o Reclamante sustenta que "não merece prosperar a irresignação patronal haja vista que a SUCESSÃO

no presente caso decorre de legislação ESTADUAL ESPECÍFICA

APLICÁVEL à espécie, qual seja, LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N°

539/88 que não foi revogada pela Lei Federal 8935/94 que assim determina:

"LC Estadual-Art. 19. O serventuário nomeado indenizará o serventuário

anterior, interino ou substituto, pelo justo valor das instalações do cartório.

móveis, utensílios e demais bens necessários ao seu normal funcionamento;

se a vaga resultar de falecimento, o nomeado indenizará os herdeiros." Não

se podendo olvidar ainda da disposição contida na própria CLT, qual seja,

os arts. 10 e 448 da CLT". Com razão o Reclamado. Inicialmente, registre-se que o acórdão recorrido determinou a

retificação do polo passivo desta demanda, a fim de constar como

reclamado o atual titular dos serviços notariais, Carlos Fernando Brasil

Chaves. O art. 236 da CF estabelece que os serviços notariais e de registro são

exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. O exercício em caráter privado da Serventia, pelo Escrivão, atrai a incidência da CLT sobre os respectivos contratos de trabalho.

Nessa precisa linha é o que estabelece o art. 21 da Lei 9.835/94 (Lei dos Cartórios):

"o gerenciamento administrativo e financeiro dos serviços notariais e de registro é da responsabilidade exclusiva do respectivo titular, inclusive no que diz respeito às despesas de custeio, investimento e pessoal, cabendo-lhe estabelecer normas, condições e obrigações relativas à atribuição de funções e de remuneração de seus prepostos de modo a obter a melhor qualidade na prestação dos serviços". (g.n.)

Assim, nada obsta a que o novo titular - ainda que admitido por concurso público -, ao assumir o acervo do anterior ou mantendo parte das relações jurídicas por ele contratadas, submeta-se às regras atinentes à sucessão trabalhista prescritas nos artigos 10 e 448 da CLT, desde que os dois requisitos de sucessão trabalhista estejam presentes, pois o empregador é a pessoa física do titular da Serventia, ao invés de suposto "fundo notarial" - que não existe, em conformidade com a Lei dos Cartórios. O empregador

é, taxativamente, a pessoa natural do Escrivão! Realmente, quanto ao cartório extrajudicial, não possuindo

personalidade jurídica própria, seu titular equipara-se ao empregador comum, sobretudo porque aufere renda proveniente da exploração das atividades do cartório. O fato de a delegação para o exercício da atividade

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notarial e de registro estar submetida à habilitação em concurso público não desnatura essa condição, uma vez que se trata apenas de imposição legal para o provimento do cargo. Mas acentua a circunstância, já enfatizada por lei, de ser a pessoa natural do titular da serventia o efetivo empregador.

Ora, a sucessão de empregadores, figura regulada pelos arts. 10 e 448 da CLT, consiste no instituto justrabalhista em que há transferência interempresarial de créditos e assunção de dívidas trabalhistas entre alienante e adquirente envolvidos. A sucessão envolve, inicialmente, os seguintes requisitos: a) transferência de unidade econômico-jurídica; b) continuidade na prestação laborativa.

Se não houve continuidade na prestação laborativa, não ocorreu, efetivamente, a sucessão - especialmente no caso dos cartórios, em que há a ênfase legal no titular da Serventia.

Nesse sentido o entendimento deste Tribunal: "CARTÓRIO. SUCESSÃO TRABALHISTA.

AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO TITULAR SUCESSOR. Sendo certo que a relação de emprego nos serviços notariais se dá com o titular da serventia, em caso de sucessão na titularidade do cartório somente se reconhece a sucessão trabalhista na hipótese da continuidade da prestação de serviços em favor do novo titular. Com efeito, não caracteriza sucessão trabalhista quando o empregado do titular anterior não prestou serviços ao novo titular do cartório. Recurso de Embargos de que se conhece e a que se dá provimento." (E-RR - 76200-16.2004.5.01.0047 , Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, Data de Julgamento: 09/08/2012, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 24/08/2012)

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. TABELIONATO. SUCESSÃO DE EMPREGADORES. O Regional não reconheceu a sucessão de empregadores, consignando que -o Cartório do 17° Ofício foi extinto por ato da Corregedoria de Justiça, e seu acervo foi transferido para o Cartório do 4° Ofício de Justiça e que o autor

jamais prestou serviços para o réu-. A decisão regional está em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior,

que fixou o entendimento de que não caracteriza sucessão

trabalhista quando o empregado do titular da serventia

anterior não prestou serviços ao novo titular do cartório. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e não provido." (AIRR - 46500-35.2008.5.01.0247 Data de Julgamento: 07/08/2013, Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/08/2013. Decisão unânime.)

"RECURSO DE REVISTA. CARTÓRIO. SUCESSÃO POR CONCURSO PÚBLICO. VIABILIDADE JURÍDICA,

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DESDE QUE PRESENTES OS REQUISITOS DA FIGURA SUCESSÓRIA. A sucessão de empregadores, figura regulada pelos arts. 10 e 448 da CLT, consiste no instituto em que há transferência interempresarial de créditos e assunção de dívidas trabalhistas entre alienante e adquirente envolvidos, sendo indiferente à ordem justrabalhista a modalidade de título jurídico utilizada para o trespasse efetuado. No caso de cartório extrajudicial, não possuindo este personalidade jurídica própria, seu titular equipara-se ao empregador comum, sobretudo porque aufere renda proveniente da exploração das atividades do cartório. O fato de a delegação para o exercício da atividade notarial e de registro estar submetida à habilitação em concurso público não desnatura essa condição, uma vez que se trata de imposição legal apenas para o provimento do cargo de Escrivão, não tendo relação com os vínculos de emprego existentes na Serventia (art. 21, Lei nº 8.935, de 1994). Sob esse enfoque, nada obsta a que o novo titular do Cartório extrajudicial, ingressado via concurso público, ao assumir o acervo do anterior ou mantendo parte das relações jurídicas por ele contratadas, submeta-se às regras atinentes à sucessão trabalhista prescritas nos artigos 10 e 448 da CLT. Desse modo, responde o novo empregador por todos os efeitos jurídicos dos contratos mantidos ou extintos após a sucessão, sem prejuízo, evidentemente, da responsabilidade do antigo empregador (antigo Escrivão) pelos valores pertinentes até a data da sucessão trabalhista havida. Entretanto, dois são os requisitos para a ocorrência da sucessão: a) transferência de unidade econômico-jurídica; b) continuidade na prestação laborativa. Na hipótese dos autos, verifica-se que não ocorreu a sucessão de empregadores pela ausência de continuidade na prestação laborativa, pois se extrai do acórdão regional que o Reclamante prestou serviços em prol do Tabelionato apenas até o ano de 2005 e a designação do Reclamado para responder pelo 12º Tabelionato de Notas de Curitiba ocorreu em 06.11.2009. Recurso de revista conhecido e provido." (RR-1604600-36.2005.5.09.0005. Relator Min. Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, DEJT 14/12/2012).

RECURSO DE REVISTA. CARTÓRIO. SUCESSÃO TRABALHISTA. NÃO CONTINUIDADE DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. A sucessão de empregadores, a teor dos artigos 10 e 448 da CLT, pressupõe alteração significativa na estrutura interna da empresa de forma a afetar os contratos laborais. A intenção do legislador foi a de amparar o trabalhador que desconhece os negócios comerciais e que não sabe sobre quem recai a responsabilidade civil do empreendimento. Importa, portanto, resguardar os seus direitos, ainda que a ruptura contratual tenha ocorrido anteriormente à transação

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jurídica que ocasionou a sucessão, não olvidando, por óbvio, do direito regressivo que as empresas possuem de buscar na esfera cível as responsabilidades civis livremente pactuadas entre elas. Todavia, em se tratando de serventia cartorial, a jurisprudência desta Corte orienta-se no sentido de que não há se falar em

sucessão de empregadores quando não houver a

continuidade da relação de emprego com o novo titular do

cartório. Dessa forma, sendo incontroverso nos autos não ter havido a continuidade da prestação de serviço pela reclamante ao novo titular cartorário, a aferição da alegação recursal ou da veracidade da assertiva do Regional depende de nova análise do conjunto fático-probatório dos autos, procedimento vedado nesta instância recursal, nos termos da Súmula nº 126 do TST, cuja aplicação afasta a violação legal apontada. Verifica-se, portanto, que a decisão regional foi proferida em consonância com a jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. Processo: RR - 1251-98.2010.5.12.0016 Data de Julgamento: 19/02/2014, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 21/02/2014.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. NÃO PROVIMENTO. CARTÓRIO. SUCESSÃO NÃO RECONHECIDA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO SUCESSOR. A decisão recorrida está em consonância com a jurisprudência iterativa desta Corte, no sentido de que a mudança de titularidade de cartório extrajudicial somente pode ocasionar a sucessão trabalhista, quando haja

continuidade na prestação de serviços em prol do titular

sucessor, o que não ocorreu no caso. Precedentes. Nega-se provimento a agravo de instrumento pelo qual o recorrente não consegue infirmar os fundamentos do despacho denegatório do recurso de revista. Processo: AIRR - 3100-06.2010.5.17.0101 Data de Julgamento: 06/11/2013, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 08/11/2013.

RECURSO DE REVISTA. CARTÓRIO. TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE POR PROVIMENTO EM CONCURSO PÚBLICO. SUCESSÃO TRABALHISTA. LICENÇA MATERNIDADE. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO NOVO TABELIÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. Em caso de transferência da serventia extrajudicial por provimento em concurso público, tem-se por caracterizada aquisição originária, em face de ato administrativo, não havendo de se falar, em princípio, em sucessão trabalhista. Nesse contexto, quando ausente a efetiva prestação de serviços em favor do novo titular

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do cartório, tem-se por configurada, ainda, a ilegitimidade passiva ad causam deste, posto que jamais se beneficiou da força de trabalho da autora, a qual somente foi revertida em favor da anterior tabeliã, única responsável pelos créditos trabalhistas devidos à reclamante. Recurso de revista conhecido e provido. Processo: RR - 5126-34.2010.5.12.0030 Data de Julgamento: 11/09/2013, Redator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/11/2013.

AGRAVO - CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL - SUCESSÃO TRABALHISTA - MUDANÇA DE TITULARIDADE. O Eg. Tribunal Regional decidiu conforme entendimento desta Eg. Corte, no sentido de que, quando há transferência de titularidade do serviço notarial, desde que haja

continuidade na prestação de serviços, resta caracterizada a sucessão trabalhista. Precedentes. A decisão agravada foi proferida em estrita observância aos artigos 896, § 5º, da CLT e 557, caput, do CPC, razão pela qual é insuscetível de reforma ou reconsideração. Agravo a que se nega provimento. Processo: Ag-AIRR - 432-50.2010.5.02.0434 Data de Julgamento: 25/06/2014, Relator Desembargador Convocado: João Pedro Silvestrin, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/07/2014.

RECURSO DE REVISTA - PROCESSO ELETRÔNICO - SUCESSÃO TRABALHISTA. TITULAR DE CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. POSSIBILIDADE. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. Ainda que o cartório extrajudicial não possua personalidade jurídica própria, seu titular é o responsável pela contratação, remuneração e direção da prestação dos serviços, equiparando-se, pois, ao empregador comum, sobretudo porque aufere renda proveniente da exploração das atividades do cartório. Assim, a alteração da titularidade do serviço notarial, com a correspondente transferência da unidade econômico-jurídica que integra o estabelecimento, além da continuidade na prestação dos

serviços, caracteriza a sucessão de empregadores. Destarte, a teor dos artigos 10 e 448 da CLT, o sucessor é que é o responsável pelos direitos trabalhistas oriundos das relações laborais vigentes à época do repasse. Recurso de Revista não conhecido. (RR - 212-74.2012.5.04.0871, Relator Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, 8ª Turma, DEJT 14/02/2014)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. MUDANÇA DA TITULARIDADE DE CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. SUCESSÃO TRABALHISTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. O entendimento desta Corte Superior é o de que, havendo mudança da titularidade do Cartório, ocorre sucessão trabalhista, desde

que não haja solução de continuidade na prestação dos

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serviços pelo empregado. Essa continuidade, entretanto, não se configura apenas pelo efetivo labor para o novo titular do Cartório, mas também pela sujeição do trabalhador ao seu poder diretivo que, no caso dos autos, foi utilizado para ensejar a dispensa. Precedente. Assim, não se caracteriza violação dos artigos 236 da Constituição da República, 10 e 448 da Consolidação das Leis do Trabalho. O art. 133 do CTN não trata especificamente do caso em discussão, motivo pelo qual está ileso. Arestos inservíveis ao confronto, nos termos da alínea -a- do art. 896 da CLT e das Súmulas 296 e 337, IV, do TST. Agravo de instrumento conhecido e não provido. (AIRR - 19000-06.2008.5.02.0331, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 22/06/2012)

Na hipótese dos autos, verifica-se que não ocorreu a sucessão de empregadores pela ausência de continuidade na prestação laborativa, uma vez que o atual titular do cartório não se beneficiou da força de trabalho do Reclamante, conforme se extrai do acórdão regional:

a) o Reclamante prestou serviços em prol do Tabelionato apenas até o ano de 1996 e a designação do Reclamado para responder pelo 7° Tabelião de Notas de Campinas ocorreu em 2005.

Neste sentido, o acórdão recorrido responsabilizou o atual titular do cartório pelos créditos obreiros por entender que "está claro que o autor

pretendeu responsabilizar o titular do serviço notarial" e que "não compete

a esta Justiça Especializada apreciar a relação jurídica mantida entre os

sucedidos e os titulares da Serventia, a teor do que dispõe o artigo 114 da

Constituição Federal, podendo o recorrente, se for o caso, acionar seus

antecessores perante o órgão judiciário competente, invocando seu direito

de regresso". b) "a alteração da titularidade do serviço notarial acarreta a

transferência de todos os elementos da unidade econômica que integra o

Cartório". Portanto, o entendimento firmado pelo Tribunal Regional encontra-se

em dissonância com os arts. 10 e 448 da CLT, bem como contrário ao entendimento predominante desta Corte, no sentido de que a sucessão, nesta hipótese, decorre também da necessidade de continuidade na prestação dos serviços pelo empregado perante o atual titular notarial.

Esclareça-se, por pertinente, esse aspecto: embora a sucessão trabalhista (arts. 10 e 448 da CLT) possa ocorrer, excepcionalmente, sem a presença do segundo requisito (continuidade da prestação laborativa) nos casos em que tenha ocorrido transferência de uma universalidade de modo a afetar os contratos de trabalho existentes (vertente extensiva da sucessão trabalhista), essa variante excepcional não se aplica aos cartórios extrajudiciais, pois a Constituição da República (art. 236) e a Lei Federal n° 8935/94 insistem na centralização dos ônus, encargos e responsabilidades jurídicos na pessoa física do titular da Serventia e não no suposto "estabelecimento" ou "fundo notarial". A própria circunstância de a

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titularidade do cartório resultar de aprovação em concurso público torna lógico, racional, razoável e proporcional esse tratamento jurídico firme e cristalino, de maneira a não comprometer os objetivos constitucionais e legais de democratizar os cartórios extrajudiciais.

Ora, ampliar a sucessão trabalhista de modo a abranger também a vertente extensiva da sucessão é colocar em risco a própria democratização e moralização dos cartórios, em confronto com a lógica e objetivos da Constituição da República e da Lei nº 9.835/94.

Dessa maneira, no caso dos cartórios, só ocorre sucessão se ficar constatada a presença indissolúvel dos dois requisitos clássicos mencionados.

Diante do exposto, CONHEÇO do recurso de revista por violação dos arts. 10 e 488 da CLT.

II) MÉRITO CARTÓRIO. SUCESSÃO POR CONCURSO PÚBLICO.

VIABILIDADE JURÍDICA, DESDE QUE PRESENTES OS

REQUISITOS DA FIGURA SUCESSÓRIA Como consequência do conhecimento do recurso por violação dos

arts. 10 e 448 da CLT, DOU-LHE PROVIMENTO para julgar

improcedentes os pedidos da inicial com relação ao novo titular do

cartório, ora Reclamado. Invertido o ônus da sucumbência, custas pelo

Reclamante, na forma do art. 789, II, da CLT, do qual fica dispensado.

B) RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE

Ante o provimento do recurso de revista do Reclamado, no qual os

pedidos foram julgados improcedentes, resta prejudicado o exame do

recurso de revista do Autor.

Ao julgar os embargos de declaração, assim se

pronunciou:

“O Embargante postula o pronunciamento desta Corte acerca de

possível omissão no julgado, sob a alegação de que a Turma entrou em contradição ao considerar que a análise da deserção ficou prejudicada ante os termos da Súmula 126/TST, uma vez que se trata de pressuposto extrínseco de admissibilidade e não de matéria de mérito. Alega ser inaplicável o óbice da referida súmula, na hipótese em destaque.

Quanto ao mérito da lide, alega que a Lei estadual prevê expressamente a ocorrência de sucessão trabalhista, motivo pelo qual a Turma afastou preceito de lei, negando vigência ao art. 5º, II, da CF. Requer, ademais, esclarecimentos se os pedidos da ação são improcedentes ou se é caso de ilegitimidade passiva do ora Reclamado.

Sem razão o Embargante. A matéria suscitada pelo Embargante já foi objeto de pronunciamento

por esta Corte na decisão embargada, que assim foi fundamentada:

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(...)

Quanto à primeira insurgência, esclarece-se que não é desconhecido por esta Turma o fato de que, via de regra, a verificação de pressupostos extrínsecos de admissibilidade não importa em revolvimento fático-probatório, pois estes não estão afetos à questão meritória, mas sim às condições de regular prosseguimento do feito.

Contudo, na específica hipótese em apreço, a parte alegou em contrarrazões que a deserção decorre da impossibilidade de se considerar, na soma do montante, o recolhimento do depósito realizado na Justiça Comum estadual, uma vez que este já teria sido levantado. Assim, não se discute se o preparo foi satisfeito conforme documentos deste processo, mas se há provas nos autos de que o primeiro depósito realizado pelo Reclamado foi levantado ou não na Justiça Comum pelo Reclamante, fato este que não pode ser revolvido por esta Corte, nos termos da Súmula 126/TST. De toda sorte, a própria decisão proferida pela Presidência do Regional, em seu juízo de admissibilidade, atesta a regularidade do depósito recursal (fl. 7344-pdf).

No mérito, verifica-se que a questão foi suficientemente analisada pela Turma que consignou que “não ocorreu a sucessão de empregadores pela ausência de continuidade na prestação laborativa, uma vez que o atual titular do cartório não se beneficiou da força de trabalho do Reclamante”. Ademais, a questão de que a sucessão vincula-se ao “titular da serventia” e não ao “estabeleciomento notarial” foi toda decidida com base na própria Constituição da República (art. 236) e na Lei Federal n° 8935/94, não vingando a alegação de que o afastamento da lei estadual viola o art. 5º, II, da CF.

Outrossim, não prospera a dúvida do Reclamante quanto ao resultado final da ação: se houve “improcedência dos pedidos” ou declaração de “ilegitimidade passiva ad causam do Reclamado”. Isso porque, foram declarados improcedentes os pedidos em relação ao novo titular do cartório.

Portanto, não se observa a existência da alegada omissão, mesmo porque o julgador não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos das partes, bastando que indique, na decisão, os motivos que lhe formaram o convencimento (art. 131 do CPC), em face dos fatos e circunstâncias constantes dos autos. Assim, o posicionamento desfavorável à tese daquele que recorre não se traduz, necessariamente, em lacuna na prestação jurisdicional.

O Embargante, na realidade, não aponta qualquer vício no acórdão, sanável pelos embargos de declaração, demonstrando apenas o inconformismo com a decisão que lhe é desfavorável. Contudo esta via processual não é adequada para a revisão de decisões judiciais.

Saliente-se que a omissão, contradição ou obscuridade a justificarem a interposição de embargos de declaração apenas se configuram quando o julgador deixa de se manifestar acerca das arguições contidas no recurso interposto, utiliza fundamentos colidentes entre si, ou ainda quando a decisão

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não é clara. Se a argumentação dos embargos não se insere em quaisquer desses vícios, nos termos dos arts. 897-A da CLT e 535 do CPC, deve ser desprovido o recurso.

Pelo exposto, NEGA-SE PROVIMENTO aos embargos de declaração.”

O reclamante requer que sejam aplicados os arts. 10

e 448 da CLT com o reconhecimento de responsabilidade do atual titular

do cartório. Colaciona aresto.

A tese da c. Turma é de que não ocorreu a sucessão de

empregadores pela ausência de continuidade na prestação laborativa, uma

vez que o atual titular do cartório não se beneficiou da força de trabalho

do reclamante.

O aresto oriundo da 8ª Turma, com indicação da fonte

de publicação (RR - 182400-33.2003.5.01.0451, in DEJT 18.12.2009),

apresenta tese diversa, no sentido que o atual titular do cartório é

responsável pela satisfação dos débitos trabalhistas, ainda que não tenha

havido continuidade na prestação de serviços.

Conheço por divergência jurisprudencial.

MÉRITO

Discute-se nos autos a ocorrência de sucessão a

justificar a responsabilidade por créditos trabalhistas do novo titular

de cartório, quando verificado a ausência da continuidade da prestação

de serviços.

No caso, a c. Turma julgou improcedentes os pedidos

da inicial com relação ao novo titular do cartório.

A conclusão da c. Turma decorreu do entendimento de

que não ocorreu a sucessão de empregadores pela ausência de continuidade

na prestação laborativa, uma vez que o atual titular do cartório não se

beneficiou da força de trabalho do Reclamante.

Registrou a c. Turma que o Reclamante prestou serviços

em prol do Tabelionato apenas até o ano de 1996 e a designação do Reclamado

para responder pelo 7° Tabelião de Notas de Campinas ocorreu em 2005.

O art. 236 da Constituição Federal dispõe que:

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

“Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.”

Tem-se, portanto, que o exercício das atividades

notarial e de registro trata-se de serviço delegado pelo Poder Público

a atrair a incidência da CLT sobre os contratos de trabalho.

A Lei nº 8.935/94 estabelece em seu artigo 21 dispõe

sobre a responsabilidade do titular do cartório pelo custeio do

estabelecimento, inclusive dos empregados, in verbis:

O gerenciamento administrativo e financeiro dos serviços notariais e

de registro é da responsabilidade exclusiva do respectivo titular, inclusive no que diz respeito às despesas de custeio, investimento e pessoal, cabendo-lhe estabelecer normas, condições e obrigações relativas à atribuição de funções e de remuneração de seus prepostos de modo a obter a melhor qualidade na prestação dos serviços.

Extrai-se, portanto, que os riscos do negócio são

atribuídos ao titular do cartório.

Dessa, forma, havendo a mudança de titularidade do

cartório, cabe a sucessão trabalhista.

Para caracterizar a sucessão trabalhista, exige-se

substituição de sujeitos de uma relação jurídica preexistente, a

transferência da unidade de trabalho de um para o outro titular, e ainda,

a não solução de continuidade na atividade econômica.

É de se destacar os requisitos que Délio Maranhão

traça, a caracterizar a existência de sucessão de empregadores:

"a) que um estabelecimento, como unidade econômica jurídica, passe

de um para outro titular; b) que a prestação de serviço pelos empregadores não sofra solução de

continuidade".

Portanto, configura-se a sucessão de empregadores na

hipótese de manutenção da mesma atividade empresarial, no mesmo local,

com os mesmos empregados, sem solução de continuidade, o que, nos termos

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dos artigos 10 e 448 da CLT, acarretará a responsabilidade da sucessora

pelos créditos trabalhistas.

Evaristo de Moraes Filho, ao conceituar sucessão, a

tem como configurada quando “um se retira, o outro o substitui como que

automaticamente, sem maiores conseqüências para a vida da relação.”1

O quadro fático exposto revela que o reclamante não

chegou a prestar serviços ao novo titular. Assim, não se pode falar em

sucessão trabalhista após a investidura do novo serventuário que assumiu

a serventia cartorária por meio de concurso público, quando sequer houve

a continuidade na prestação de serviços.

A sucessão trabalhista somente existirá quando o novo

titular do cartório mantiver, como empregados, os antigos servidores do

Tabelião que antecedeu aquele investido, por concurso público.

A responsabilidade pelo anterior titular do cartório,

relativo ao período em que vigeu a serventia também está assegurada no

seguinte precedente do c. Superior Tribunal de Justiça:

“Embargos de declaração. Responsabilidade civil. Legitimidade passiva ad causam. Assentada a premissa da responsabilidade individual e pessoal do titular do cartório, é de se reconhecer que só poderia mesmo responder aquele que efetivamente ocupara o cargo à época da prática do fato como lesivo aos interesses do autor, razão pela qual não poderia tal responsabilidade der transferida ao agente público que o sucedeu, afigurando-se escorreita, portanto, a conclusão em que assentado o aresto embargado”. (STJ – REsp nº 443.467 – DJ 21.11.2005).

Nestes termos já me pronunciei no seguinte Precedente

da c. SBDI-1 deste Tribunal, in verbis:

“EMBARGOS. TITULARIDADE DE CARTÓRIO. SUCESSÃO TRABALHISTA. Em se tratando de serventia cartorial não há transferência de um direito, mas uma aquisição originária de direitos, como ocorre com a investidura em função pública por concurso público, a impedir que se afigure a sucessão trabalhista a que se referem os arts. 10 e 448 da CLT, porque não se aperfeiçoa. Quando o antigo titular deixa o cargo, o poder público retoma a delegação da atividade e, apenas posteriormente, quando outro é nomeado para assumir a titularidade do cartório, retoma-se a delegação, havendo uma

1 MORAES FILHO, Evaristo de. Sucessão nas obrigações e a teoria da empresa. vol. I. Rio da Janeiro: Forense, 1960, p. 52.

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quebra na cadeia sucessória em virtude da ocorrência do concurso público. No caso dos autos, não há que se falar em sucessão, na medida em que não houve a continuidade da relação de emprego com o novo titular, daí não se configura a sucessão de empregadores nos moldes dos arts. 10 e 448 da CLT com aquele que assumiu a titularidade por concurso público, devendo ser mantida a v. decisão que entendeu que o anterior titular do cartório é parte legítima para responder pelos débitos oriundos de créditos trabalhista, de contrato de trabalho que vigeu apenas no período em que era detentor da titularidade do cartório. Embargos conhecidos e desprovidos.” (E-ED-RR - 167600-43.2005.5.03.0008 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 29/06/2010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 06/08/2010).

Na mesma linha, cita-se outros julgados da c. SBDI-1

do TST:

“CARTÓRIO. SUCESSÃO TRABALHISTA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO TITULAR SUCESSOR. Sendo certo que a relação de emprego nos serviços notariais se dá com o titular da serventia, em caso de sucessão na titularidade do cartório somente se reconhece a sucessão trabalhista na hipótese da continuidade da prestação de serviços em favor do novo titular. Com efeito, não caracteriza sucessão trabalhista quando o empregado do titular anterior não prestou serviços ao novo titular do cartório. Recurso de Embargos de que se conhece e a que se dá provimento.” (E-RR - 76200-16.2004.5.01.0047 , Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, Data de Julgamento: 09/08/2012, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 24/08/2012)

No caso dos autos, não houve a continuidade da relação

de emprego com o novo titular, motivo pelo qual não se tem por configurada

a sucessão de empregadores, ainda que nos moldes dos arts. 10 e 448 da

CLT, com aquele que assumiu a titularidade.

Ante o exposto, nego provimento ao recurso de

embargos.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em

Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,

I – determinar a correção da autuação para que conste também como

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embargado Carlos Fernando Brasil Chaves; II - conhecer dos Embargos por

divergência jurisprudencial e, no mérito, negar-lhes provimento.

Brasília, 10 de Setembro de 2015.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

ALOYSIO CORRÊA DA VEIGA Ministro Relator

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