poder judiciÁrio do estado do paranÁ · conforme se denota de seus contratos sociais (vide anexa...
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3ª Vara Cível de Ponta Grossa
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
0023062-69.2015.8.16.0019Processo
Classe
Assunto Principal:
Data de
Data Distribuição: Tipo Distribuição:
Público
129 - Recuperação Judicial
4993 - Recuperação judicial e Falência
24/08/2015 Distribuição Automática
22/08/2015 Situação:
Comarca: Ponta Grossa
Parte(s) do Processo
Nome:
Tipo: Promovente
B10 Transportes Rodoviários Ltda - ME
Data de Não cadastrada Não cadastradoRG: CPF/CNPJ: 01.478.360/0001-66
Filiação: /
Advogado(s) da Parte
14392NPR Mauricio de Paula Soares Guimaraes
38624NPR RAFAEL MARTINS BORDINHÃO
Nome:
Tipo: Promovente
VICEMA CONSTRUÇÕES LTDA
Data de Não cadastrada Não cadastradoRG: CPF/CNPJ: 12.073.488/0001-66
Filiação: /
Advogado(s) da Parte
14392NPR Mauricio de Paula Soares Guimaraes
38624NPR RAFAEL MARTINS BORDINHÃO
Nome:
Tipo: Promovido
Este juizo
Data de Não cadastrada Não cadastradoRG: CPF/CNPJ: Não Cadastrado
Nome:
Tipo: Terceiro
ADMINISTRADOR JUDICIAL
Data de Não cadastrada Não cadastradoRG: CPF/CNPJ: Não Cadastrado
Filiação: /
Advogado(s) da Parte
74244NPR DJALMA MAGALHÃES COUTO NETO
Nome:
Tipo: Terceiro
ESTADO DO PARANA
Data de Não cadastrada Não cadastradoRG: CPF/CNPJ: 76.416.940/0001-28
Advogado(s) da Parte
19833NPR GERSON LUIZ DECHANDT
23/10/15 10:11
Página 1
0023062-69.2015.8.16.0019Processo
Nome:
Tipo: Terceiro
Município de Ponta Grossa/PR
Data de Não cadastrada Não cadastradoRG: CPF/CNPJ: 76.175.884/0001-87
Advogado(s) da Parte
16533NPR MAURICEA DE LOURDES PROHMANN DE LIMA PARUBOCZ
Nome:
Tipo: Terceiro
UNIÃO - PROCURADORIA GERAL DA UNIÃO
Data de Não cadastrada Não cadastradoRG: CPF/CNPJ: Não Cadastrado
Advogado(s) da Parte
22070NPR ING CANESSO JURASZEK
23/10/15 10:11
Página 2
Data: 22/08/2015Movimentação: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL
Por: RAFAEL MARTINS BORDINHÃO
Relação de arquivos da movimentação:
- Petição Inicial
- Procuração
- Procuração
- DOC. 01 - Relação dos bens operacionais
- DOC. 02.1 - Art. 51, inciso II - Contabilidade - PARTE 01 de 04
- DOC. 02.1 - Art. 51, inciso II - Contabilidade - PARTE 02 de 04
- DOC. 02.1 - Art. 51, inciso II - Contabilidade - PARTE 03 de 04
- DOC. 02.1 - Art. 51, inciso II - Contabilidade - PARTE 04 de 04
- DOC. 02.2 - Art. 51, inciso III - Relação de Credores - PARTE 01 de 03
- DOC. 02.2 - Art. 51, inciso III - Relação de Credores - PARTE 02 de 03
- DOC. 02.2 - Art. 51, inciso III - Relação de Credores - PARTE 03 de 03
- DOC. 02.3 - Art. 51, inciso IV - Relação de empregados
- Contrato Social
- Contrato Social
- Contrato Social
- Contrato Social
- DOC. 02.5 - Art. 51, inciso VI - Relação de bens particulares dos sócios - PARTE 01 de 04
- DOC. 02.5 - Art. 51, inciso VI - Relação de bens particulares dos sócios - PARTE 02 de 04
- DOC. 02.5 - Art. 51, inciso VI - Relação de bens particulares dos sócios - PARTE 03 de 04
- DOC. 02.5 - Art. 51, inciso VI - Relação de bens particulares dos sócios - PARTE 04 de 04
- DOC. 02.6 - Art. 51, inciso VII - Extratos bancários
- DOC. 02.7.1 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 1º Tabelionato de Ponta Grossa -
VICEMA - matriz CNPJ 12.073.488-0001-66 - Parte 01 de 10
- DOC. 02.7.2 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 1º Tabelionato de Ponta Grossa -
VICEMA - matriz CNPJ 12.073.488-0001-66 - Parte 02 de 10
- DOC. 02.7.3 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 2º Tabelionato de Ponta Grossa -
VICEMA - matriz CNPJ 12.073.488-0001-66 - Parte 03 de 10
- DOC. 02.7.4 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 2º Tabelionato de Ponta Grossa -
VICEMA - matriz CNPJ 12.073.488-0001-66 - Parte 04 de 10
- DOC. 02.7.5 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 1º Tabelionato de Ponta Grossa -
VICEMA - filial CNPJ 12.073.488-0002-47 - Parte 05 de 10
- DOC. 02.7.6 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 2º Tabelionato de Ponta Grossa -
VICEMA - filial CNPJ 12.073.488-0002-47 - Parte 06 de 10
- DOC. 02.7.7 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 1º Tabelionato de Guarapuava -
VICEMA - filial CNPJ 12.073.488-0003-28 - Parte 07 de 10
- DOC. 02.7.8 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 2º Tabelionato de Guarapuava -
VICEMA - filial CNPJ 12.073.488-0003-28 - Parte 08 de 10
- DOC. 02.7.9 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 1º Tabelionato de Ponta Grossa - B10 -
matriz CNPJ 01.478.360-0001-66 - Parte 09 de 10
- DOC. 02.7.10 - Art. 51, inciso VIII - Certidão de Protestos 2º Tabelionato de Ponta Grossa - B10
- matriz CNPJ 01.478.360-0001-66 - Parte 10 de 10
- DOC. 02.8 - Art. 51, inciso IX - Relação de ações judiciais
- DOC. 03 - Decisão inconstitucionalidadeart. 49, § 3º, da lei 11.101-2005
- DOC. 04 - decisão 2 VFRJ Curitiba - liminar 0012793-89.2014.8.16.0185 - suspensão de busca
e apreenção
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 01 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 02 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 03 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 04 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 05 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 06 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 07 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 08 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 09 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 10 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 11 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 12 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 13 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 14 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 15 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 16 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 17 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 18 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 19 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 20 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 21 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 22 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 23 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 24 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 25 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 26 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 27 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 28 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 29 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 30 de 31
- DOC. 05 - Buscas e Apreensões - PARTE 31 de 31
- DOC. 06 - decisão 2 VFRJ Curitiba - liminar 0001551-02.2015.8.16.0185 - impedimento à
penhora online
- DOC. 07 - Contratos de Compra e venda - PARTE 01 de 02
- DOC. 07 - Contratos de Compra e venda - PARTE 02 de 02
- DOC. 08 - Decisão TJSC - dispensa certidões para venda de ativo circulante
- DOC. 09 - Contratos de Cessão de Compromisso de Compra e Venda de Imóvel (mútuo)
- DOC. 10 - Acordão TJ-SP registro de Alienação Fiduciária no foro do devedor - necessidade
para não se tornar extraconcursal
- DOC. 11 - GuiaRecolhimento DISTRIBUIDOR e FUNJUS + COMPROVANTES DE
PAGAMENTO
PROJUDI - Processo: 0023062-69.2015.8.16.0019 - Ref. mov. 1.0
22/08/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CÍVEL
DE PONTA GROSSA, ESTADO DO PARANÁ.
VICEMA TRANSPORTES E CONSTRUÇÕES LTDA.
(�VICEMA�), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº
12.073.488/0001-66 e B10 TRANSPORTES RODOVIÁRIOS LTDA. (�B10�), pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº 01.478.360/0001-66, ambas
com sede na Avenida Ernesto Vilela, nº 668, salas 17 e 18, CEP 84.070-000, em
Ponta Grossa, Paraná, componentes do mesmo grupo econômico, a seguir
denominado GRUPO VICEMA, vem mui respeitosamente à presença de V.
Excelência, por seus advogados adiante assinados, com base nos artigos 47 e 48 da
Lei 11.101/2005, requerer sua RECUPERAÇÃO JUDICIAL, visando a
superação da situação de crise econômico-financeira pela qual vem passando, o que
fazem com base nos fatos e fundamentos adiante delineados.
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I � O FORO COMPETENTE
O Foro competente para o processamento e julgamento
do pedido de Recuperação Judicial é aquele em que a empresa devedora exerce sua
principal atividade financeira pois, ainda que a empresa tenha filiais, a Recuperação
Judicial deverá ser proposta, necessariamente, no foro do principal estabelecimento,
de onde emana a coordenação de sua atividade financeira e comercial.
Dispõe o artigo 3º da lei 11.101/2005 que �é competente
para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou
decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor...�.
In casu, as recuperandas estão sediadas na Avenida
Ernesto Vilela, nº 668, salas 17 e 18, CEP 84.070-000, em Ponta Grossa, Paraná,
conforme se denota de seus Contratos Sociais (vide anexa 5ª alteração de Contrato
Social de VICEMA e 3ª alteração de Contrato Social de B10 - consolidação).
A recuperanda VICEMA possui filial na cidade de Foz do
Jordão/PR, cf. cláusula 1ª de sua 5ª alteração de Contrato Social.
Todavia, o endereço Avenida Ernesto Vilela, nº 668, salas
17 e 18, CEP 84.070-000, em Ponta Grossa, Paraná é onde se encontra o escritório
central do Grupo VICEMA, de onde emanam as decisões e o comando da empresa, e
é onde está sua gerência financeira, administrativa, comercial e a presidência. E mais,
todos os funcionários do setor administrativo, de modo que a propositura da
Recuperação Judicial deve se dar no foro de Ponta Grossa/PR. Neste sentido, válida
a citação do entendimento do STJ:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL. COMPETÊNCIA. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PREVENÇÃO. [...] O foro competente para recuperação e decretação de falência é o do juízo do local do principal estabelecimento do devedor (art. 3º da Lei nº 11.101/2005), assim considerado o local mais importante da atividade empresária, o do maior volume de negócios.
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STJ - CC 116.743- MG, Rel. Min. Raul Araújo, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/10/2012.
Assim, sendo sediadas as sociedades empresárias na
cidade de Ponta Grossa/PR, e sendo geridas a partir da sede, esta configura-se como
principal estabelecimento e atrai, portanto, a competência deste foro. Outrossim, a
competência para processamento é das Varas Cíveis, na forma do art. 4º, II, da
Resolução nº 93/2013 do E. TJ/PR.
II � DA POSSIBILIDADE DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE GRUPO ECONÔMICO
Como adiante se verá, as recuperandas são sociedades
empresárias umbilicalmente interligadas. Veja-se, por exemplo, que a Sra. BIANCA
DE PAULA SWIECH AYOUB é sócia de ambas, e que a recuperanda VICEMA é
sócia da recuperanda B10.
A recuperanda VICEMA, ao tornar-se sócia da
recuperanda B10, inclusive subscreveu e integralizou capital social no valor de R$
1.035.000,00 (um milhão e trinta e cinco mil reais), através de caminhões e carretas,
como se vê da 3ª alteração de Contrato Social de B10.
É certo que o litisconsórcio ativo, embora não previsto na
lei 11.01/2005, é cabível. Neste sentido, válida a citação da doutrina de Fábio Ulhoa
Coelho:
A lei não cuida da hipótese, mas tem sido admitido o litisconsórcio ativo na recuperação, desde que as sociedades empresarias requerentes integrem o mesmo grupo econômico, de fato ou de direito, e atendam, obviamente, todas aos requisitos legais de acesso à medida judicial.1
No caso concreto, as recuperandas tem a mesma sede, a
mesma administração e atuam no mesmo setor, sendo que a crise econômico-
1 Comentários à Lei de falências e de recuperação de empresa, 7ª ed., 2010, Saraiva, p. 139.
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PROJUDI - Processo: 0023062-69.2015.8.16.0019 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Rafael Martins Bordinhao,
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financeira atinge ambas de forma igual, sendo não só possível como necessária a
formação do litisconsórcio ativo.
III � O INSTITUTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A evolução do direito comercial nacional positivou o
instituto da recuperação judicial, adequando para a realidade econômico-financeira
atual as figuras legislativas que visam a preservação da empresa enquanto atividade
fundamental, no intuito de proteger a atividade econômica, resguardar os empregos, a
inteligência da empresa e a ampla proteção dos direitos e interesses de credores.
A Recuperação Judicial é calcada na demonstração da
viabilidade da empresa, e oferece não só ao empresário, visto que transcende os
interesses deste, mas ao universo econômico como um todo, instrumental que visa a
preservação dos fundamentos básicos da atividade empresarial, como a livre
iniciativa, a manutenção dos postos de trabalho, o pagamento de tributos, entre
outros.
Este escopo está consagrado, aliás, no art. 47 da Lei
11.101/2005, o qual positiva os princípios que regem a norma.
No caso concreto ora trazido à análise do Poder
Judiciário, as recuperandas pretendem o processamento e o deferimento de seu
pedido de Recuperação Judicial, na medida em que, embora por diversos motivos
que serão abaixo detalhados, atravessam situação de crise financeira, momentânea,
o que não afasta a viabilidade do negócio mas indica, sim, a necessidade de sua
reorganização na forma delineada pela Lei 11.101/2005.
Como se demonstrará, as recuperandas sempre
honraram com seus compromissos, mas se vê atualmente compelida a recorrer ao
instituto da Recuperação Judicial como única forma de superar a crise que vem se
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abatendo sobre si, nos últimos meses, sob pena de não poder honrar e manter,
inclusive, os postos de trabalho de seus colaboradores.
É o remédio jurídico ao qual recorrem como forma de
poder se reorganizar, reorientar e definir projetos e metas que resultem em sua
recuperação econômico-financeira, em conformidade com o plano de recuperação
judicial que está em fase de elaboração e que será detalhado e apresentado no prazo
legal ofertado.
IV � HISTÓRICO DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
O denominado Grupo VICEMA, constituído pelas
empresas VICEMA Transportes e Construções Ltda. � ME e B-10 Transportes
Rodoviários Ltda. � ME se trata de organização estritamente familiar � tanto é que
sua denominação decorre da conjunção de sílabas integrantes dos nomes dos filhos
da sócia Bianca, Victor e Emanuel � e iniciou suas atividades em maio de 2010 a
partir da decisão pessoal de procederem, com recursos, empreita e equipe próprias, à
construção da casa residencial da família.
Incentivados pelos bons resultados obtidos em questão
do acabamento final da obra e quanto aos custos do empreendimento frente àquilo
que seria realizado/cobrado por outras incorporadoras de imóveis, decidiram então
carrear seus bens e recursos pessoais para o desenvolvimento de atividade que se
afigurava como bastante promissora e rentável: a construção de imóveis residenciais
de médio porte e excelente padrão na qualidade do acabamento a preços bastante
competitivos.
Com a receptividade alcançada e os resultados
proporcionados pela atividade de empreendimentos imobiliários, foram estimulados a
desenvolver um projeto de maior envergadura, qual seja, a de transporte rodoviário de
cargas, mediante a aquisição, em 2011, de seu primeiro conjunto bi-trem de
transporte (caminhão-trator + carreta), como forma de ter uma atividade
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complementar que proporcionasse rendimentos contínuos, auxiliando assim no
pagamento dos custos fixos da empresa, vez que a atividade de construção civil
enseja um maior ciclo na geração de receitas � decorrente do tempo demandado
entre o início e o término das unidades residenciais em construção até sua
consequente venda � contribuindo assim para a consolidação do Grupo em sua
totalidade.
No período de 2012 a 2014, quando estenderam suas
atividades a todo o território nacional, especialmente no transporte de grãos na região
Centro-Oeste e Nordeste, com a reaplicação dos resultados obtidos em suas
atividades operacionais, procederam à aquisição de mais conjuntos de transporte
rodoviários (rodotrem e bitrem) e veículos de apoio utilitário e administrativo,
passando o segmento de transporte de cargas a possuir atualmente grande
expressão e a contribuir com a maior parcela das receitas operacionais do Grupo
Vicema, conforme fica cabalmente demonstrado no Quadro I, abaixo:
QUADRO I
EVOLUÇÃO DE RECEITAS OPERACIONAIS
Valores em R$ 1,00
DISCRIMINAÇÃO 31/12/12 Part.% 31/12/13 Part.% 31/12/14 Part.% 31/07/15 Part.%
I) RECEITAS OPERACIONAIS 1.300.516 100 2.516.320 100 4.852.168 100 1.871.176 100
. Receitas Construtora 666.000 51,2 1.655.139 65,8 483.507 10,0
. Receitas Transportadora 634.516 48,8 861.181 34,2 4.368.661 90,0 1.871.176
II) LUCRO OPERACIONAL 324.316 24,9 -134.910 (5,4)
1.042.923 21,5 (820.743) (43,9)
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V � DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS DO GRUPO VICEMA
Decorridos apenas 05 (cinco) anos do início das
atividades operacionais do Grupo VICEMA, no curso dos quais procederam à
construção de 22 unidades residenciais, totalizando 3.151 m², estando com 03
unidades recentemente concluídas, prontas para comercialização, e mais 04 unidades
em fase de construção.
No setor de transporte de cargas seu parque operacional
é composto atualmente de 11 (onze) modernos caminhões e respectivos implementos
rodoviários (carretas bitrem, rodotrem, truck, caçamba, etc) e demais veículos de
apoio técnico e administrativo, que permitem o transporte de um volume de carga
equivalente a 1.200 toneladas/mês.
Para melhor visualização e compreensão, tal parque
operacional encontra-se discriminado em relação anexa (doc. 01).
Para o desenvolvimento de suas atividades operacionais
o Grupo VICEMA emprega 23 pessoas diretamente, além de propiciar serviços e
remuneração para pessoas terceirizadas nas atividades de carga e descarga, oficinas
mecânicas e de funilaria, auto-peças, postos de combustíveis, materiais de
construção, profissionais liberais, etc, o que determina com que um projeto familiar
idealizado há apenas 05 anos hoje se tornou um grupo empresarial de certa
relevância no contexto regional em que atua, e que proporciona emprego e
remuneração a uma expressivo grupo de pessoas e empresas com as quais mantém
negócios, gerando assim um movimento financeiro da ordem de R$ 4,5 milhões/ano,
as quais dependem da preservação do Grupo como unidade econômica produtiva que
é, geradora de recursos, postos de trabalho, tributos, etc.
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VI � DAS DIFICULDADES EXPERIMENTADAS PELO GRUPO VICEMA
VI.1 � FATORES CONJUNTURAIS MACRO-ECONÔMICOS
O processo de deterioração paulatina da conjuntura
econômico-financeira brasileira, que começava a mostrar sinais no segundo semestre
de 2014, foi sensivelmente intensificado já nos primeiros meses do ano de 2015,
quando o descontrole das contas públicas ficou escancaradamente demonstrado, o
que obrigou as autoridades governamentais a lançar mão de políticas recessivas de
ajuste fiscal, com grande impacto, o que faz com que, dia-a-dia, os reflexos dessa se
espraiem a todos os segmentos da economia brasileira, lançando-a em uma espiral
perversa que vem manietando e engessando toda a atividade produtiva do País,
como não se via igual há muitas décadas.
Considerando-se que o transporte rodoviário de cargas se
constitui na espinha dorsal de toda a matriz brasileira do sistema de movimentação de
produtos e mercadorias, sendo responsável por mais de 60% do volume
movimentado no Brasil, com o seu custo representando cerca de 6% do Produto
Interno Bruto nacional é, por conseguinte um dos primeiros a ser diretamente
impactado pela retração nos volumes de negócios que compõem o universo
econômico do País.
A redução da atividade econômica redundou em sensível
redução no volume de mercadorias e produtos transportados no País, determinando,
por extensão, um outro efeito perverso para o setor: o aviltamento no preço dos fretes
motivado pelo fato de que a capacidade instalada do modal rodoviário de transporte
de cargas � dimensionada para um volume substancialmente superior ao atualmente
transportado � vem gerando um excesso na oferta de transporte e originando assim
uma concorrência predatória entre as próprias empresas integrantes do setor, o que
redundou na consequente derrubada dos preços dos fretes praticados.
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A título de emoldurar tal assertiva, o preço do frete para
transporte de uma carga de grãos entre o Mato Grosso e o Porto de Paranaguá que
há pouco mais de um ano se estabelecia em torno de R$ 290,00/t, hoje está sendo
realizado por R$ 170,00/t.
De outro lado o aumento generalizado dos principais
insumos que compõem a estrutura de custos de tal segmento (combustíveis,
lubrificantes, pneus, peças, etc), em especial o do óleo diesel, agravou ainda mais
esse cenário. Especialmente quanto ao óleo diesel � item de maior ponderação na
estrutura de custos variáveis das empresas de transportes � segundo a Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bio-combustíveis (ANP) em seu relatório
ANP/CSA � Sistema de Levantamento de Preços, em Julho /2015 o preço médio do
litro do diesel no Brasil se estabeleceu em R$ 2,805 face as ultimas altas praticadas,
quando foram incorporados à base de custo o PIS, Cofins e CIDE (resultante da
política de ajuste fiscal que determinou a reoneração dos combustíveis).
Tal preço comparado àquele verificado no mesmo período
do ano passado, quando se estabelecia em R$ 2,499, importa em um acréscimo no
patamar de 12,24% acima do anterior. No caso específico da empresa, por atuar
especialmente no transporte de grãos nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, o custo
de tal combustível é sensivelmente aumentado por estar distante dos principais
centros de refino/armazenamento/distribuição, quando apresenta um diferencial de
preços em mais de 20% superior comparativamente às demais regiões.
Outros fatores que igualmente contribuíram para o
aumento do custo operacional das empresas transportadoras rodoviárias de cargas
decorreram da promulgação da Lei nº 12.619/2012, comumente chamada de Lei dos
Caminhoneiros, que instituiu limites na jornada de trabalho dos condutores de
caminhões e que determinou, por extensão, elevação nos custos das empresas vez
que deverão contratar mais pessoas para realizar os mesmos percursos e, ainda,
normas de cunho ambiental decorrentes do protocolo Euro 5, como é o caso da
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obrigatoriedade da utilização do aditivo Arla 32, produto que deve ser adicionado ao
combustível para redução da emissão de poluentes, insumo esse de alto custo e que
passou a onerar ainda mais a estrutura de custos das empresas transportadoras.
VI.2 � ELEVAÇÃO DOS CUSTOS OPERACIONAIS
A despeito do Grupo Vicema vir experimentando avanços
no espaço mercadológico dos segmentos em que atua e possuir vantagens
competitivas proporcionadas por fatores organizacionais (trata-se de empresa familiar
com uma estrutura administrativo-operacional enxuta e que pode assim responder
mais prontamente aos desafios do segmento em que atua), os fatores conjunturais
macro-econômicos, conforme acima discorrido, vem impactando sobremaneira o
desempenho do faturamento do Grupo, com igual perda em termos de
lucratividade/rentabilidade, conforme fica demonstrado no Quadro I, acima.
Como é dado verificar, sua rentabilidade vem sendo
reduzida drasticamente, apresentando em seu ultimo balancete contábil (Jul/2015) um
prejuízo operacional da ordem de R$ 820.743,68, equivalente a 43,9% de suas
receitas totais, obliterando assim o bom resultado ainda obtido em 2014, quando
chegou a ostentar uma rentabilidade de 21,5%. Tal situação é decorrente da
conjunção de dois fatores, quais sejam: a ) acentuada redução verificada em seu nível
de receitas (quando sua média mensal de faturamento recua em 34% em
comparação àquela registrada no exercício anterior) e b) a elevação de seus custos
operacionais.
Conforme asseverado anteriormente, os principais
insumos utilizados pelo setor de transportes do Grupo sofreram alta expressiva,
onerando sobremaneira os custos das empresas, sendo que a prova inconteste disso
está retratada nos quadros demonstrativos abaixo, através dos quais se verifica a
sensível evolução do �custo direto dos serviços prestados�, constituído especialmente
por óleo diesel, lubrificantes, material rodante (pneus e câmaras), peças automotivas,
etc, conforme fica patenteado nos demonstrativos abaixo:
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QUADRO II
EVOLUÇÃO DO CUSTO DIRETO DOS SERVIÇOS PRESTADOS
2012 2013 2014 Jul/15
Custo Direto dos Serviços Prestados 48,6 57,0 55,1 77,3 ante Receitas Totais (%)
QUADRO III
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DE INSUMOS BÁSICOS
Discriminação - Insumos 2014 2015 Evolução (%)
. Óleo Diesel (R$/l) 2,47 3,159 27,89
. Aditivo Arla 32 (R$/20l) 38,90 59,90 53,98
. Pneus (R$/ud) 1.200,00 1.900,00 58,33
. Lubrificantes (R$/troca p/caminhão) 593,00 713,00 20,24
Igualmente o setor de construções de imóveis residenciais
vem sendo impactado pela recessão econômica que se espraia a todo o universo
econômico nacional, vez que com as recentes mudanças nas condições e na redução
da oferta de financiamentos imobiliários corroborado pela grande oferta de imóveis à
venda atualmente existente, tais fatos vem determinando maiores dificuldades na
comercialização das unidades habitacionais em construção/construídas pelo Grupo.
Face às dificuldades de ordem financeira pelas quais o
Grupo vem passando � mercê das causas já amplamente discorridas nos tópicos
anteriores � isso fez com que nos últimos meses não pudessem continuar honrando
com regularidade os compromissos assumidos, ensejando os primeiros apontamentos
de protestos de títulos, o que reverterá na quase impossibilidade de poder vir a
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comercializar as unidades habitacionais prontas para tal face à exigência por parte
das instituições financiadoras e cartórios de registros públicos da apresentação de
certidões negativas, entre outras, inviabilizando a partir daí também tal segmento de
atividade do Grupo.
VI.3 � DO PERFIL DE ENDIVIDAMENTO DO GRUPO
A expressiva parcela do endividamento do Grupo
VICEMA decorre, principalmente, da aquisição de caminhões, implementos
rodoviários e demais veículos utilitários, em sua maioria financiados na modalidade
Finame com alienação fiduciária, créditos esses a princípio não sujeitos à
recuperação judicial, mas que estão umbilicalmente relacionados ao projeto de
recuperação econômico-financeira do Grupo, pois que os bens financiados se
constituem de instrumental de produção/geração de recursos, e por conseguinte
tratam-se de bens essenciais e indispensáveis à viabilidade do projeto que se
pretende empreender.
Ressalte-se que parte expressiva dos contratos já foram
amortizados em sua maior parcela (conforme se depreende do quadro constante do
doc. 02.2), fruto da reinversão dos resultados obtidos na sua própria atividade
operacional � o que possibilitou a grande alavancagem verificada no volume de
negócios do Grupo Vicema � sendo que apenas 22,5% do montante total da dívida
encontra-se vencida/inadimplida, e tendo em conta que o saldo vincendo refere-se a
financiamentos que ensejam ainda longo prazo remanescente para amortização.
Merece destaque o fato de que o valor do patrimônio em
bens declarado pela empresa (R$ 5.603.265,91 cf. doc. 01) praticamente dá
cobertura ao montante de dívidas que ora estão sendo objeto de submissão ao plano
de recuperação judicial (R$ 5.746.738,67), a considerar que a maior parcela da dívida
vincenda refere-se a financiamentos de longo prazo, com condições de ser
amortizada com a geração de resultados futuros a serem obtidos pelo Grupo,
coadunando-se com aquilo que se objetiva no projeto de recuperação judicial que se
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pretende implementar, de modo a fornecer as condições essenciais para que o Grupo
Vicema possa superar o momento de dificuldades pelo qual presentemente atravessa,
promovendo com isso sua consolidação econômico-financeira, na qual serão
beneficiados todo o seu conjunto de credores, pois ninguém ganha com a quebra de
um estabelecimento produtivo.
O perfil da dívida da empresa, descrito e detalhado no
anexo doc. 02.2, apresenta a seguinte configuração, a partir de elementos fornecidos
pela empresa, extraídos de suas demonstrações contábeis e de levantamento geral
efetuado pelo departamento financeiro do Grupo, resultando no seguinte:
QUADRO III
QUADRO GERAL DE DÍVIDAS DO GRUPO VICEMA
(Em 31/07/2015)
R$ 1,00 (*) Obs.e Notas
DISCRIMINAÇÃO Vencido Vincendo T O T A L Explicativas
I) Créditos Trabalhistas 0,00 0 0,00
. Salários e Encargos , Rescisões 0,00 0 0,00 Vide Nota (*1)
II) Instituição Financeiras 542.903,79 3.481.088,57 4.023.992,36
. Banco Mercedes Benz S/A 84.009,71 505.089,07 589.098,78 Vide Nota (*2)
. Banco Safra S/A 133.195,03 294.864,64 428.059,67 Vide Nota (*3)
. Banco Santander Brasil S/A 153.256,67 417.662,26 570.918,93 Vide Nota (*2)
. Caixa Econômica Federal 36.634,28 814.452,90 851.087,18 Vide Nota (*3)
. HSBC Bank Brasil S/A 63.760,67 481.826,50 545.587,17 Vide Nota (*2)
. Portobens Adm.Consórcios Ltda 16.845,90 211.019,52 227.865,42 Vide Nota (*2)
. SICREDI � Campos Gerais 55.201,53 756.173,68 811.375,21 Vide Nota (*2)
III) Fornecedores de Bens/Serviços 751.535,14 971.211,17 1.722.746,31
. Fornecedores de Bens e Serviços 409.535,14 87.430,49 496.965,63 Cf. relação Anexo doc. 02.2
. Credores p/c fornecimentos 342.000,00 883.780,68 1.225.780,68 Cf. relação Anexo doc. 02.2
I V - S O M A D Í V I D A 1.294.438,93 4.452.299,74 5.746.738,67 RELAÇÃO % 22,5% 77,5% 100,0%
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Quanto à classificação de tais créditos de terceiros
frente ao que determina a Lei nº 11.101/2005 e a jurisprudência firmada sobre o
assunto, entende-se, smj, ter a seguinte conformação, a saber:
QUADRO IV
Q U A D R O G E R A L D E C R E D O R E S
POR CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
NÃO R$ 1,00 (*) N o t a s
DISCRIMINAÇÃO CONCURSAIS CONCURSAIS T O T A L Explicativas
I) Créditos Trabalhistas 0,00 0 0,00
. Salários e Encargos , Rescisões 0,00 0 0,00 Vide Nota (*1)
II) Créditos Quirografários 4.627.150,49 1.119.588,18 5.746.738,67
- Instituições Financeiras 2.904.404,18 1.119.588,18 4.023.992,36
. Banco Mercedes Benz S/A 589.098,78 0,00 589.098,78 Vide Nota (*2)
. Banco Safra S/A 159.558,67 268.501,00 428.059,67 Vide Nota (*3)
. Banco Santander Brasil S/A 570.918,93 0,00 570.918,93 Vide Nota (*2)
. Caixa Econômica Federal 0,00 851.087,18 851.087,18 Vide Nota (*3)
. HSBC Bank Brasil S/A 545.587,17 0,00 545.587,17 Vide Nota (*2)
. Portobens Adm.Consorcios Ltda 227.865,42 0,00 227.865,42 Vide Nota (*2)
. SICREDI � Campos Gerais 811.375,21 0,00 811.375,21 Vide Nota (*2)
- Demais Credores 1.722.746,31 0,00 1.722.746,31
. Fornecedores de Bens e Serviços 496.965,63 0,00 496.965,63 Cf. relação doc. 02.2
. Credores p/c adiantamentos 1.225.780,68 0,00 1.225.780,68 Cf. relação doc. 02.2
I I I - S O M A DÍVIDA 4.627.150,49 1.119.588,18 5.746.738,67
NOTAS EXPLICATIVAS RELEVANTES:
Nota (*1) � Créditos Trabalhistas
Relativamente aos créditos trabalhistas a empresa vem
procurando, com dificuldades, manter em dia o pagamento de seus empregados e
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colaboradores visto entender que esses possuem a maior prioridade dentre todos os seus
compromissos.
Há no entanto o registro de 03 (três) reclamatórias trabalhistas
em curso, conforme detalhado no Anexo doc. 02.8, sobre as quais não houve ainda
julgamento do mérito e por conseguinte a condenação de valores, razão pela qual esses
pretensos credores não constam do quadro de dívidas do Grupo visto não se tratar de
crédito ainda fundado e uma vez que as recuperandas procederam ao pagamento, no ato
rescisório, de todas as verbas trabalhistas a que o ex-empregado fazia jus. Em ocorrendo
sentença condenatória os mesmos serão aí sim incluídos pelos valores que porventura
vierem a ser estabelecidos no foro trabalhista.
Nota (*2) - Contratos de alienação não registrados
Os contratos garantidos por alienação fiduciária (sejam
FINAME ou CDC) que não foram registrados em Cartório de Títulos e Documentos do
domicilio do devedor perdem a garantia e, assim, seu caráter extraconcursal, convolando os
créditos deles oriundos em quirografários, assim como as quantias excedentes ao valor
atribuído ao bem gravado por tal garantia. Vide exposição circunstanciada no item IX.3 desta
petição.
Nota (*3) � Contratos com adimplemento/amortização substancial
Naqueles contratos em que houve o
adimplemento/amortização substancial por parte das recuperandas e que foram
devidamente registrados em Cartório de Títulos e Documentos do domicilio do devedor,
esses estão sendo considerados como não sujeitos à recuperação judicial até o montante
efetivamente não amortizado face ao valor do bem vinculado ao contrato.
Nota (*4)
Relativamente aos débitos tributários e previdenciários, o
Grupo VICEMA estará promovendo junto aos órgãos fazendários o respectivo requerimento
de consolidação/parcelamento dos mesmos, sendo que seu Passivo tributário no último
elemento contábil apresentado se estabelece no montante de R$ 230.837,14.
Tal configuração será ainda melhor detalhada e atualizada
no plano de recuperação judicial a ser apresentado oportunamente.
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VII � REQUISITOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Adiante demonstrar-se-á que as recuperandas, que visam
manter sua atividade econômica, reorganizando-se, até a superação da crise, estão
aptas ao cumprimento de todos os requisitos legais.
Primeiramente, em atenção ao art. 48 da lei 11.101/2005,
as recuperandas não são falidas e jamais solicitaram concessão de Recuperação
Judicial, exercendo seus atuais ramos de atividade desde o ano de 2010 no caso de
VICEMA, cf. seu Contrato Social e desde 2012 no caso de B10, cf. sua 3ª alteração
de Contrato Social (consolidação). Ademais disso, jamais foram condenadas, ou
tiveram administrador ou sócio controlador, condenados por qualquer dos crimes
tipificados na lei 11.101/2005.
O art. 51 da lei 11.101/2005 elenca os documentos
necessários à proposição e deferimento do processamento da Recuperação Judicial,
todos ora apresentados (doc. 02.1 a 02.8) e que comprovam a situação de dificuldade
financeira, a necessidade de negociação com os credores e a necessidade de
processamento do pedido.
Tendo em vista o histórico das sociedades empresárias,
onde narraram-se os motivos do endividamento e onde se demonstrou que não há
impedimentos ao processamento da Recuperação Judicial, desnecessário se faz
informar um a um os documentos ora juntados, na medida em que todos os
documentos obrigatórios acima listados estão sendo anexados, possibilitando a
conferência pelo D. Juízo para que, nos moldes do art. 52 da lei 11.101/2005, de
plano se defira o processamento da Recuperação Judicial.
Após, respeitado o prazo de 60 (sessenta) dias contados
da intimação acerca do deferimento do processamento, referido no art. 53, caput, da
lei 11.101/2005, será apresentado o plano de recuperação.
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VIII � PROVIDÊNCIAS DECORRENTES DO DEFERIMENTO DO
PROCESSAMENTO e IMPEDIMENTO À ARRESTOS, REMOÇÃO E/OU BUSCA E
APREENSÃO DE BENS ESSENCIAIS E À BLOQUEIOS DE CONTAS BANCÁRIAS
� PEDIDOS LIMINARES
O art. 52 da lei 11.101/2005 traz as providências
posteriores ao deferimento do processamento da Recuperação Judicial.
É certo que estando em termos e completa a
documentação exigida pela lei (como no caso está), neste primeiro momento cabe ao
Juízo, tão somente, realizar esta análise formal e levar a efeito as providências do art.
52.
Contudo, é também facultado ao Juízo da Recuperação
Judicial proporcionar ao recuperando meios que garantam a manutenção da atividade
produtiva, e assim também garantam a preservação dos postos de trabalho, dos
recolhimentos tributários e do cumprimento das obrigações para com os credores.
Ou seja, pode o Juízo da Recuperação Judicial
determinar o impedimento da retirada de insumos necessários à atividade produtiva,
ou impedir a retomada de bens essenciais à atividade econômica desenvolvida, etc.
Como visto, atualmente a atividade produtiva das
recuperandas está concentrada, fundamentalmente, no transporte rodoviário de
cargas e na construção civil.
Todavia, como se infere da relação de ações judiciais em
que são demandadas as recuperandas, diversos credores propuseram demandas
executivas e pedidos de busca e apreensão de veículos objeto de contratos de
alienação fiduciária.
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Este tipo de situação, que infelizmente se torna comum
no momento em que a sociedade empresária sinaliza que necessita reorganizar-se,
tem sido impedido no âmbito da Recuperação Judicial, afinal compete ao Juízo da
Recuperação Judicial decidir sobre o patrimônio das empresas recuperandas:
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. COMERCIAL. LEI 11.101/05. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROCESSAMENTO DEFERIDO. [...] 2. É COMPETENTE O JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL PARA DECIDIR ACERCA DO PATRIMÔNIO DA EMPRESA RECUPERANDA, TAMBÉM DA EVENTUAL EXTENSÃO DOS EFEITOS E RESPONSABILIDADES AOS SÓCIOS, ESPECIALMENTE APÓS APROVADO O PLANO DE RECUPERAÇÃO. [...] (CC 68.173/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/11/2008, DJe 04/12/2008)
Como adiante se verá, são vários os motivos para
sujeição de credores, mesmo teoricamente extraconcursais a teor do art. 49, § 3º da
lei 11.101/2005, à Recuperação Judicial.
VIII.1 � A INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 49, § 3º DA LEI 11.101/2005
O § 3º do art. 49 da lei 11.101/2005 excluiu da sujeição à
recuperação judicial determinados créditos. No presente caso, cf. se pode observar
do Quadro de Credores (doc. 02.2), diversos bancos são credores das recuperandas
por contratos de FINAME ou de Cédula de Crédito Bancário (doravante �CDC�)
garantidos por alienação fiduciária de bens móveis.
Embora o § 3º do art. 49 da lei 11.101/2005 exclua dos
efeitos da Recuperação Judicial o �credor titular da posição de proprietário fiduciário
de bens móveis ou imóveis�, tal disposição normativa é flagrantemente
inconstitucional.
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Menos de um mês atrás o D. Juízo da Vara de Falências,
Recuperações, Insolvências e Cartas Precatórias Cíveis de Campo Grande/MS
proferiu decisão brilhantemente fundamentada, demonstrando a inconstitucionalidade
da norma que determina a não sujeição dos créditos referidos no art. 49, § 3º da lei
11.101/2005 (doc. 03). Evitando-se a redundância, e tendo em vista a suficiência dos
argumentos daquele D. Juízo, pede-se vênia para citá-los resumidamente:
Da Inconstitucionalidade do parágrafo terceiro e quarto do artigo 49 da lei de falências e recuperações de empresas, Lei n.º 11.101/2005. Na relação dos créditos apresentados pela recuperanda, estão incluídos alguns das instituições financeiras, protegidos pelos parágrafos terceiro e quarto da atual lei de falências e recuperações judiciais. No entanto essa "blindagem" dos créditos das instituições financeiras não pode prevalecer diante de sua flagrante inconstitucionalidade. [...] O Artigo 47 da lei 11.101/2005, e praticamente a repetição de normas constitucionais, especialmente do art. 170 da Constituição Federal. No entanto, ao meu ver, não se trata de elaboração de lei pelo Poder Judiciário, conforme votaram os Ministros Ricardo Villas Boas Cueva, Paulo de Tarso Sanseverino e Sidnei Beneti, nem de contradição entre o parágrafo quarto do art. 49, 151 e 47 da lei de falências, como decidiram os Ministros Nancy Andrighi e Massami Uyeda, cujos votos estão mais próximos da realidade de uma recuperação judicial de empresas. Existe sim uma contradição. Entre não só o parágrafo quarto, como também o terceiro do artigo 49 da lei 11.101/05, mas com a Constituição Federal. É caso de declaração de inconstitucionalidade por via de exceção. O que vale mais, a Constituição Federal ou a lei de Falências e Recuperações de Empresas (Lei n.º 11.101/2005), apelidada de lei de recuperação de créditos bancários? Qual interesse é de maior relevância? O das instituições financeiras ou o interesse de toda a população brasileira? Quando estão em conflito o interesse público e o interesse particular, qual deve prevalecer? A resposta é única.
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É evidente que o interesse público sempre deve prevalecer. [...] A lei de falências e recuperações de empresas diz o seguinte: todos os credores, como por exemplo, empregados, fornecedores, prestadores de serviços, etc., se submetem à recuperação judicial (semelhante a antiga concordata), mas as instituições financeiras não. É uma notória aberração. Um erro claro. [...] Os direitos fundamentais devem ser aplicados, senão serão apenas esclarecimentos políticos e morais, sem eficácia, sendo a Constituição que os abriga tornada letra morta, inserindo-se num plano irreal, utópico. A exclusão da submissão dos créditos bancários à recuperação judicial, praticamente inviabiliza a possibilidade de retirar a empresa desse período de difícil situação econômica. Em praticamente todos os processos de recuperação empresarial, a maioria dos credores são as instituições financeiras, bem como seus créditos são os de maior valor. Deve-se tratar, por conseguinte, todos os credores de forma igual, com isonomia. Incluindo-se os créditos bancários no rol dos credores sujeitos a recuperação, gera a possibilidade clara de se conceder o fôlego necessário para a empresa se recuperar, mantendo-se os empregos dos trabalhadores, dando continuidade ao recolhimento dos impostos e gerando benefícios a população em geral. [...] A exclusão dos créditos bancários do processo de recuperação empresarial também afronta o princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no art. 3º, III, da Constituição Federal, pois não permite a manutenção dos empregos e salários, levando à situação de penúria inúmeras famílias. [...] Os parágrafos terceiro e quarto do artigo 49 da lei 11.101/2005, violam as normas constitucionais contidas no artigo 170, também do artigo 3º, III, portanto, por obrigação legal, no exercício de minhas funções de Magistrado, não devo aplicar à presente ação, os parágrafos mencionados. A Ordem Econômica, de acordo com o artigo 170 da Constituição Federal, funda-se na valorização do trabalho e da livre iniciativa, a fim de assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os princípios da função social da propriedade, da defesa do consumidor, da redução das desigualdades regionais e sociais, e da busca do pleno emprego.
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A recuperação da empresa então passou a ser analisada não para buscar a efetividade dos interesses dos sócios, mas sim com o objetivo de se fazer prevalecer o interesse público, exposto no art. 170 da Constituição Federal. Deve prevalecer, por conseguinte, a função social da empresa. Os créditos das instituições financeiras são sempre os de maior valor. É necessário, portanto, que se submetam também, à lei de recuperação de empresas, como determina o �caput� do art. 49 da lei 11.101/2005, igualmente, como todos os demais credores, obedecendo-se o princípio constitucional da isonomia. Caso contrário, como se tem visto habitualmente no dia a dia forense, na Varas de Falências e de Recuperação Judicial, uma empresa que poderia continuar suas atividades têm que fechar as portas. Assim, extinguem-se os empregos; as famílias dos demitidos passam por situação de penúria; outras empresas que prestam serviços para a recuperanda também vão à falência. É uma reação em cadeia. Toda a sociedade perde, até mesmo a União, Estado e Município, em decorrência do não recolhimento dos tributos. A não submissão dos créditos bancários à lei 11.101/2005, ao contrário do que determina o art. 170 da Constituição, causa o caos social. Assim, qualquer benefício concedido às instituições financeiras pela lei 11.101/2005, está em desacordo com o art. 170 da Constituição Federal, portanto, INCONSTITUCIONAL, e não será aplicado por este juízo. [...] O artigo 49 e seus § § 3º e 4º não estão apenas sendo contraditórios com o espírito da Lei de Falência, com os princípios de seu artigo 47, mas, na realidade, conforme fundamentado acima, esta em dissonância com Constituição Federal e ordenamento jurídico vigente. Posto isso, com base nos fundamentos expostos e, diante da inconstitucionalidade dos parágrafos terceiro e quarto do artigo 49 da lei 11.101/2005, deixo de aplicá-los na presente ação, posto que está em desacordo com as normas e princípios constitucionais (artigos 170 e 1º, I da CF), principalmente os que norteiam a ordem econômica: da propriedade privada, função social da propriedade e da empresa, da livre concorrência, garantia do pleno emprego, suprimento das desigualdades regionais e sociais e tratamento diferenciado para as pequenas e microempresas, declarando que os créditos bancários decorrentes dos institutos jurídicos descritos nos parágrafos referidos, �credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade,
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inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio; bem como Adiantamento de Contrato de Câmbio�, estão sujeitos à recuperação judicial. No decorrer da presente ação, outras normais legais contidas na lei 11.101/2005 também poderão deixar de ser aplicadas, se estiverem em desacordo com os princípios constitucionais anteriormente mencionados.
Assim, de início impõe-se seja declarada a
inconstitucionalidade do § 3º do art. 49 da lei 11.101/2005, com a consequência de
determinação de sujeição dos créditos referidos em tal dispositivo legal à
Recuperação Judicial.
De toda sorte, ciente da controvérsia acerca da
(in)constitucionalidade do § 3º do art. 49 da lei 11.101/2005, mesmo não se
entendendo neste sentido, ainda assim há que se ter em mente os argumentos acima
transcritos, quando da análise dos pedidos liminares que adiante se declinará.
VIII.2 � IMPOSSIBILIDADE DE RETIRADA DE BENS VIA BUSCA E APREENSÃO
VIII.2.1 � BENS ESSENCIAIS ÀS ATIVIDADES-FIM DAS SOCIEDADES
EMPRESÁRIAS EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Como dito, mesmo não se entendendo pela
inconstitucionalidade do § 3º do art. 49 da lei 11.101/2005, é certo que os argumentos
que apontam neste sentido, fundados na dignidade da pessoa humana, valorização
do trabalho, livre iniciativa e preservação da empresa, são aptos a autorizar o D. Juízo
a não aplicar a referida norma legal.
O próprio § 3º do art. 49 da lei 11.101/2005 proíbe, em
sua parte final, �durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta
Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital
essenciais a sua atividade empresarial�.
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Verifica-se que o desapossamento dos bens essenciais
às atividades das recuperandas é vedado durante o chamado stay period,
independentemente de vencimento antecipado (cf. art. 6º, § 4º da lei 11.101/2005),
mesmo em se tratando de contratos não sujeitos à Recuperação Judicial.
No presente caso, ambas as recuperandas tem como
objeto social o transporte rodoviário de cargas. Desnecessário dizer que não se
exerce tal atividade sem a utilização de caminhões.
Contudo, os contratos de FINAME e CDC garantidos por
alienação fiduciária de caminhões utilizados na atividade diária de transporte de
cargas estão com parcelas vencidas e não pagas (embora, como adiante se verá,
foram pagos em sua mais substancial parcela).
As parcelas em aberto levaram alguns bancos, não
sensíveis à situação de crise das recuperandas (que aliás se repete em todas as
empresas do ramo), à proposição de demandas de Busca e Apreensão e de
Execução de Título Extrajudicial.
De se ver que as recuperandas tem insistentemente
negociado com os bancos, informando da situação de momentânea dificuldade. A
informação de que proporiam Recuperação Judicial, contudo, serviu de estopim para
que os agentes financeiros buscassem as cobranças forçadas perante o Poder
Judiciário.
Assim, primeiramente há que se impedir a realização de
buscas e apreensões de veículos objeto de contratos garantidos por alienação
fiduciária, uma vez que todos os veículos que compõe a frota operacional do Grupo
encontram-se nesta condição e são, inegavelmente, essenciais ao regular
desenvolvimento das atividades das recuperandas.
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A jurisprudência atual não tem dúvidas em acatar tais
pedidos. Em caso de Recuperação Judicial de outra transportadora, cujo
processamento se dá perante o Juízo especializado da 2ª Vara de Falências e
Recuperação Judicial de Curitiba/PR (autos 0012793-89.2014.8.16.0185), decidiu-se
recentemente (doc. 04):
III � Quanto ao pedido liminar da autora de suspensão das ações de busca e apreensão propostas pelas instituições financeiras credoras em face da requerente, merece o mesmo acolhimento. De fato, o crédito decorrente de obrigação garantida por alienação fiduciária de bens não se submete aos efeitos da recuperação judicial, prevalecendo os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais (artigo 49, §3º, primeira parte, da Lei n. 11.101/05). Entretanto, essa regra é expressamente excepcionada pela lei nos casos em que os bens são essenciais a atividade empresarial (artigo 49, §3º, parte final, da Lei n. 11.101/05), em franca homenagem aos objetivos da recuperação judicial, manutenção do emprego dos trabalhadores e interesses dos demais credores, e observância ao princípio da preservação da empresa, da sua função social e do estímulo à atividade econômica (artigo 47 da Lei 11.101/05). Sendo assim, tendo em vista que as empresas autoras possuem como atividade mercantil o transporte rodoviário de cargas urbanas interestaduais, imprescindível se faz que as mesmas sejam mantidas na posse dos caminhões utilizados na atividade, já que sem os mesmos tornar-se-ia inviável a tentativa de recuperação judicial da empresa. [...] Isto posto, defiro o pedido liminar formulado na inicial, determinando a suspensão das ações de busca e apreensão ajuizadas em face da autora, mantendo-a na posse dos bens objetos dos litígios pelo menos até o término do prazo previsto no § 4º do artigo 6º da Lei n. 11.101/2005.
Tal decisão foi confirmada pelo E. TJ/PR, em Acórdão
assim ementado:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESA. MEDIDA LIMINAR CONCEDIDA. MANUTENÇÃO NA POSSE DE BENS GARANTIDORES. POSSIBILIDADE. COMPROVAÇÃO DA ESSENCIALIDADE DOS MESMOS PARA O DESENVOLVIMENTO REGULAR DAS ATIVIDADES MERCANTIS DA RECUPERANDA. EXCEPCIONALIDADE DA REGRA
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DISPOSTA NO § 3º, DO ART. 49, DA LEI Nº 11.101/2005. DECISÃO MANTIDA.RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AI - 1269690-3 - Curitiba - Rel.: Luis Sérgio Swiech - Unânime - - J. 25.02.2015)
O STJ também assim entende:
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. IMISSÃO DE POSSE NO JUÍZO CÍVEL. ARRESTO DE IMÓVEL NO JUÍZO TRABALHISTA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM CURSO. CREDOR TITULAR DA POSIÇÃO DE PROPRIETÁRIO FIDUCIÁRIO. BEM NA POSSE DO DEVEDOR. PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO. 1. Em regra, o credor titular da posição de proprietário fiduciário de bem imóvel (Lei federal n. 9.514/97) não se submete aos efeitos da recuperação judicial, consoante disciplina o art. 49, § 3º, da Lei 11.101/05. 2. Na hipótese, porém, há peculiaridade que recomenda excepcionar a regra. É que o imóvel alienado fiduciariamente, objeto da ação de imissão de posse movida pelo credor ou proprietário fiduciário, é aquele em que situada a própria planta industrial da sociedade empresária sob recuperação judicial, mostrando-se indispensável à preservação da atividade econômica da devedora, sob pena de inviabilização da empresa e dos empregos ali gerados. 3. Em casos que se pode ter como assemelhados, em ação de busca e apreensão de bem móvel referente à alienação fiduciária, a jurisprudência desta Corte admite flexibilização à regra, permitindo que permaneça com o devedor fiduciante "bem necessário à atividade produtiva do réu" (v. REsp 250.190-SP, Rel. Min. ALDIR PASSARINHO JÚNIOR, QUARTA TURMA, DJ 02/12/2002). [...] (CC 110.392/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 22/03/2011)
VIII.2.2 � ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
A mais recente jurisprudência do E. TJ/PR é firme no
sentido de que o adimplemento substancial dos contratos impede a busca e
apreensão de bens, inclusive convalidando decisões singulares de extinção das
demandas de Busca e Apreensão sob tal fundamento, a ver:
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APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - CONTRATO DE FINANCIAMENTO GARANTIDO POR ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - SENTENÇA QUE EXTINGUIU A AÇÃO POR AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL (ART. 295, III, CPC) - SENTENÇA ESCORREITA - APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL - PRECEDENTES DO STJ - CONTRATANTE QUE ADIMPLIU 43 DAS 60 PARCELAS AVENÇADAS - PRESERVAÇÃO DO CONTRATO QUE DEVE PREVALECER (ART. 54, §2º, DO CDC) - PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ E DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO - CONDENAÇÃO DA PARTE AUTORA AO PAGAMENTO DO ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA, ANTE O PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 16ª C.Cível - AC - 1326353-3 - Ponta Grossa - Rel.: Maria Mercis Gomes Aniceto - Unânime - - J. 15.07.2015)
No presente caso, cf. se demonstra pela tabela abaixo, os
contratos que geraram demandas de Busca e Apreensão contra as devedoras foram
substancialmente adimplidos/amortizados em sua maior parte, a saber :
INSTITUIÇÃO CREDORA Nº
CONTRATO
BEM
VINCULADO
%
AMORTIZADO
BANCO SANTANDER BRASIL S/A 86000000700 AYB-9889 62,50
BANCO SANTANDER BRASIL S/A 86000000750 AYB-9779 60,42
HSBC BANK BRASIL S/A 50996363 FGG-0004 55,00
HSBC BANK BRASIL S/A 51048728 AYB-8668/8778 52,08
As instituições financeiras colocam-se, então, em situação
deveras favorável a si. Já lucraram através da remuneração do capital emprestado
(pois a maior parte foi já paga com juros), retomam o bem (de cujo valor não
financiaram a totalidade vez que os iniciais 30% (entrada) foram pagos com
recursos próprios do devedor), promovem sua alienação para pagamento de
pequeno saldo devedor remanescente e obtém a fácil quitação do débito em aberto,
relegando a empresa devedora à situação de falência já que desprovida dos bens
mais essenciais e dos quais dependeria, sobremaneira, para buscar a recuperação
econômico-financeira de sua atividade operacional.
Tem-se, então, mais um motivo a afastar a possibilidade
de busca e apreensão dos veículos essenciais ao desenvolvimento das atividades
das recuperandas.
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VIII.2.3 � CONCLUSÃO QUANTO À IMPOSSIBILIDADE DE RETIRADA DE BENS
VIA BUSCA E APREENSÃO
Tanto sob o fundamento da essencialidade dos bens,
quanto sob o fundamento do adimplemento substancial, impõe-se a concessão de
decisão liminar ordenando a suspensão das ações de busca e apreensão, se fazendo
necessário o envio de ofícios aos D. Juízos onde se processam as demandas a seguir
discriminadas, para que se determine a imediata suspensão de seu curso:
a) Ação: Busca e Apreensão n. 0021003-11.2015.8.16.0019, em trâmite na 1ª Vara Cível de Ponta Grossa/PR. Partes: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. x VICEMA CONSTRUÇÕES LTDA e BIANCA DE PAULA SWIECH AYOUB. Objeto: VEÍCULO CAMINHÃO MARCA MERCEDES BENZ, MODELO 2646 � L (ACTROS) (MEGASPACE) 6X4 3E, 2P, COR BRANCO, ANO DE FABRICAÇÃO/MODELO 2012/2013, CHASSI Nº 9BM934241DR659636, PLACA Nº AYB-9889.
b) Ação: Busca e Apreensão n. 0016709-13.2015.8.16.0019, em trâmite na 4ª Vara Cível de Ponta Grossa/PR. Partes: HSBC BANK BRASIL S.A. - BANCO MULTIPLO x VICEMA CONSTRUÇÕES LTDA. Objeto: VEÍCULO SRA BASCULANTE MINEIRO, MODELO BASCULANTE SLIDER 3e (C/ PNEUS) OP BÁSICO, COR CINZA, CHASSI Nº 9EP021120E1000480, FABRICANTE SEMI-REBOQUE, COMBUSTÍVEL DIESEL, ANO/MODELO DE FABRICAÇÃO 2013/2014. VEÍCULO SRA BASCULANTE MINEIRO, MODELO BASCULANTE SLIDER 3e (C/ PNEUS) OP BÁSICO, COR CINZA, CHASSI Nº 9EP310620E1000481, FABRICANTE SEMI-REBOQUE, COMBUSTÍVEL DIESEL, ANO/MODELO DE FABRICAÇÃO 2013/2014. VEÍCULO, MODELO BMW 535i 3.0 V6 BI � TB (SPORT) 4P BÁSICO 306 GG, COR PRETA, CHASSI Nº WBAFR7100BC541703, FABRICANTE BMW, COMBUSTÍVEL GASOLINA, ANO/MODELO DE FABRICAÇÃO 2011, CÓDIGO RENAVAM Nº 308628136, PLACA FGG 0004. VEÍCULO DOLLY ACOPLAMENTO SEMI-REBOQUE, MODELO BASCULANTE SLIDER 3e (C/ PNEUS) OP BÁSICO, COR CINZA, CHASSI Nº 9EP021120E1000479, FABRICANTE SEMI-REBOQUE, COMBUSTÍVEL DIESEL, ANO/MODELO DE FABRICAÇÃO 2013/2014.
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c) Ação: Busca e Apreensão n. 0020999-71.2015.8.16.0019, em trâmite na 4ª Vara Cível de Ponta Grossa/PR. Partes: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. x VICEMA CONSTRUÇÕES LTDA, OMAR ABDUL RAHMAN AYOUB. Objeto: VEÍCULO CAMINHÃO MARCA MERCEDES BENZ, MODELO ACTROS 2646, LS, COR BRANCA, ANO FABRICAÇÃO/MODELO 2012/2013, CHASSI Nº 9BM934241DR659638, PLACA Nº AYB-9779.
d) Ação: Busca e Apreensão n. 0016613-95.2015.8.16.0019, em trâmite na 1ª Vara Cível de Ponta Grossa/PR. Partes: HSBC BANK BRASIL S.A. - BANCO MULTIPLO x B10 TRANSPORTES RODOVIARIOS LTDA. Objeto: SEMI-REBOQUE, COR CINZA, CHASSI Nº 9EP070820C1005437, FABRICANTE SR/NOMA, COMBUSTÍVEL DIESEL, ANO/MODELO DE FABRICAÇÃO 2012/2012, RENAVAM Nº 494741708, PLACA AYB 8668. SEMI-REBOQUE, COR CINZA, CHASSI Nº 9EP070820C1005438, FABRICANTE SR/NOMA, COMBUSTÍVEL DIESEL, ANO/MODELO DE FABRICAÇÃO 2012/2012, RENAVAM Nº 494735635, PLACA AYB 8778. UM VEÍCULO SRA BASCULANTE MINEIRO, MODELO BASCULANTE SLIDER 3e (C/ PNEUS) OP BÁSICO, COR CINZA, CHASSI Nº 9EP021120E1000492, FABRICANTE SEMI-REBOQUE, COMBUSTÍVEL DIESEL, ANO/MODELO DE FABRICAÇÃO 2013/2014; VEÍCULO SRA BASCULANTE MINEIRO, MODELO BASCULANTE SLIDER 3e (C/ PNEUS) OP BÁSICO, COR CINZA, CHASSI Nº 9EP021120E1000493, FABRICANTE SEMI-REBOQUE, COMBUSTÍVEL DIESEL, ANO/MODELO DE FABRICAÇÃO 2013/2014. VEÍCULO DOLLY ACOPLAMENTO SEMI-REBOQUE, MODELO BASCULANTE SLIDER 3e (C/ PNEUS) OP BÁSICO, COR CINZA, CHASSI Nº 9EP310620E1000494, FABRICANTE SEMI-REBOQUE, COMBUSTÍVEL DIESEL, ANO/MODELO DE FABRICAÇÃO 2013/2014.
Anexa-se cópia integral de todos os processos acima
referidos (doc. 05).
Impõe-se, outrossim, ainda em sede liminar, considerando
ser o Juízo da Recuperação Judicial o único competente para decidir acerca dos bens
das recuperandas, seja determinado o levantamento de bloqueios RENAJUD (e
sejam proibidos novos bloqueios), visto que solicitado pelo HSBC visando impedir a
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circulação do bem e já deferido nos autos 0016709-13.2015.8.16.0019 e já deferido
e JÁ LEVADO A EFEITO nos autos 0016709-13.2015.8.16.0019 e também já
deferido e JÁ LEVADO A EFEITO nos autos 0021003-11.2015.8.16.0019, em que é
autor o SANTANDER, cf. se vê das cópias anexas (vide doc. 05).
De se ver que em tendo sido deferidas buscas e
apreensões, mesmo a suspensão do processo com o recolhimento do mandado não
desfaz, automaticamente, os bloqueios via RENAJUD já determinados e realizados.
Tal fato pode gerar situação onde, embora estejam
suspensas as ordens de busca e apreensão, algum caminhão venha a ser retido pela
Polícia Rodoviária Federal, impedindo assim o regular desenvolvimento das
atividades das recuperandas.
VIII.3 � PROIBIÇÃO DE BLOQUEIOS VIA BACENJUD
Como se vê da relação de demandas em que são
requeridas as recuperandas, há Execuções de Título Extrajudicial propostas pelos
bancos credores.
Evidente que o bloqueio de contas das empresas em
processo de reorganização pode vir a determinar o seu manietamento operacional
pois que depende dos meios bancários para o regular seguimento das suas
atividades, sem o que resta impossibilitado o seu projeto de recuperação judicial.
Assim, para que seja possível o pagamento da folha
salarial e demais despesas correntes e para que se impeça a satisfação irregular e
indevida de alguns credores (no caso o credor requerente do bloqueio) em detrimento
de outros é necessário que este D. Juízo proíba a realização de constrições sobre as
contas bancárias das recuperandas.
A jurisprudência corrobora este pedido:
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Plausível o temor que a penhora on-line de valores diretamente das contas-correntes das devedores possa frustrar a superação do estado de crise em que se encontram, admite-se a "blindagem" das contas, para impedir a realização das constrições sem a prévia autorização do juízo de recuperação. (TJMT, Ag. Inst. n.4004847- 16.2013.8.12.000, Dourados, Rel. Vilson Bertelli)
Em caso de Recuperação Judicial de empresa do ramo
de transporte coletivo, cujo processamento se dá perante o Juízo especializado da 2ª
Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba/PR (autos 0001551-
02.2015.8.16.0185), decidiu-se poucos meses atrás (doc. 06):
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Assim, impõe-se a expedição de ofícios aos quatro Juízos
Cíveis desta Comarca, e ao Banco Central do Brasil (responsável pelo convênio
Bacen-Jud), para que se abstenham de efetuar qualquer constrição (penhora on-line)
de ativos das empresas recuperandas sem prévia e expressa autorização deste D.
Juízo.
VIII.4 � DISPENSA DE CERTIDÕES PARA ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS
CONSTITUINTES DO ATIVO CIRCULANTE (ESTOQUE) DA CONSTRUTORA
A atividade de construção civil das recuperandas, que
como se viu é plenamente viável, e cuja manutenção servirá como um dos pilares da
Recuperação Judicial, encontra-se hoje dificultada em face da inserção das
recuperandas em cadastros negativos de crédito.
Ocorre que embora possua imóveis já construídos, que
constituem seu ativo circulante (estoque), passíveis de alienação na forma do art. 66
da Lei 11.101/2005 (que só veda alienação de ativo permanente) e já com propostas
de compra assinadas (doc. 07), não pode aliená-los pois seus compradores
dependem de financiamentos bancários para viabilizar tal aquisição.
Ainda que os compradores atinjam os requisitos
necessários à concessão de financiamento, as instituições financeiras não concedem
financiamentos pois as vendedoras � as recuperandas � encontram-se com restrições
(Serasa, protestos, etc).
Diante disto, considerando a existência da Recuperação
Judicial, impõe-se sejam oficiadas as instituições financeiras indicadas pelos
promitentes compradores, ordenando-se à estas que dispensem as recuperandas de
apresentarem as certidões negativas de dívidas e protestos, de molde a permitir que
os financiamentos referentes aos imóveis vendidos sejam examinados por cada
instituição.
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Tal decorre da simples aplicação do art. 52, II da lei
11.101/2005, o qual determina que �Estando em termos a documentação exigida no
art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo
ato [...] determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o
devedor exerça suas atividades...�.
Em caso idêntico analisado apenas dois meses atrás pelo
TJ/SC, em sede de Agravo de Instrumento, deferiu-se efeito suspensivo em favor da
recuperanda nos mesmos moldes ora postulados (decisão anexa - doc. 08):
Atinente ao pleito de dispensa de apresentação das certidões negativas com base no art. 52, II, da Lei n. 11.101/2005, igualmente tem razão a recorrente. [...] Todavia, pugnou a recorrente na petição de fl. 496, para que se encaminhasse ofício à Caixa Econômica Federal, dispensando a recuperanda de apresentar as certidões negativas de dívidas e protestos, de molde a permitir que os financiamentos referentes aos imóveis vendidos fossem examinados pela instituição. Alega a recorrente que a medida é necessária, a fim de propiciar o regular exercício da atividade da construtora. Prescreve o art. 52, II, da Lei n. 11.101/2005, que, no ato em que defere o processamento da recuperação judicial, o juiz �determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades�. Este exatamente o pleito da agravante. Às fls. 52/53 dos autos apensos (rol dos bens relativos ao ativo circulante), observa-se que os imóveis que pretende expor à venda podem ser enquadrados no Sistema Minha Casa Minha Vida, o qual, sabidamente depende de financiamentos perante a Caixa Econômica Federal. O acolhimento da pretensão da insurgente revela-se imperativo, sob pena mais uma vez de inviabilização da atividade empresarial, justamente o que se busca evitar com a recuperação judicial, tudo em observância ao princípio da continuidade de empresa. [...] Ante o exposto, CONCEDO o efeito ativo requerido para autorizar, até a apresentação do plano de recuperação judicial, a venda dos imóveis pertencentes
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ao ativo circulante da empresa Pioneira da Costa Construção e Incorporação Ltda., constantes do rol apresentado em juízo, e ainda, com fulcro no art. 52, II, da Lei n. 11.101/05, ressalvado o disposto no art. 69 da mesma Lei, dispensar a empresa Pioneira da Costa Construções e Incorporações Ltda. da obrigação de apresentar certidão negativa perante a CEF para os financiamentos dos imóveis de eventuais adquirentes.
Veja-se, por exemplo, que as recuperandas assinaram
dois contratos de Cessão de Compromisso de Compra e Venda de Imóvel (doc. 09),
que na realidade constituem-se em mútuos (devidamente contabilizados), onde
Pedreira Sul Britas Ltda e Maristela Gasperin receberiam o valor mutuado quando da
venda do imóvel para terceiros, sendo que o mútuo seria pago à Pedreira Sul Britas
Ltda. e a Maristela Gasperin com o valor recebido da instituição financeira decorrente
do financiamento concedido ao comprador. Veja-se a cláusula:
Ou seja, já há contratos de compra e venda encetados,
com indicação pelos promitentes compradores acerca das instituição
financeiras onde pretendem levar a efeito o financiamento, a saber SANTANDER
e CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (vide doc. 07), mas impedidos de concretização
pela ausência de certidões das recuperandas, o que ensejou inclusive o não
pagamento dos mútuos nas datas aprazadas e a decorrente inserção de Pedreira Sul
Britas Ltda. e Maristela Gasperin na condição de credoras quirografárias.
IX � DA SUJEIÇÃO DE CONTRATOS COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA À RECUPERAÇÃO JUDICIAL ANTE A INEXISTÊNCIA DE REGISTRO
EM CARTÓRIO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS � CRÉDITOS QUIROGRAFÁRIOS
Os contratos garantidos por alienação fiduciária (sejam
FINAME ou CDC) que não foram registrados em Cartório de Títulos e Documentos do
domicilio do devedor perdem a garantia e, assim, seu caráter extraconcursal,
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convolando os créditos deles oriundos em quirografários, assim como as quantias
excedentes ao valor atribuído ao bem gravado por tal garantia.
Esta primeira matéria (sujeição à RJ dos créditos
derivados de contratos não registrados em Cartório de Títulos e Documentos do
domicilio do devedor) encontra-se já pacificada, e teve seu principal foco de debate no
Tribunal de Justiça de São Paulo, o qual, importante anotar, serve de norte para os
demais Tribunais Estaduais do país, seja por concentrar o maior número de
demandas empresarias, já que situado no Estado mais industrializado do País, seja
por possuir Câmaras Especializadas para julgar a matéria empresarial (falência e
recuperacional).
Naquela Corte, já no ano de 2012 foi consagrada a
seguinte súmula:
Súmula 60: A propriedade fiduciária constitui-se com o registro do instrumento no registro de títulos e documentos do domicílio do devedor.
Tal entendimento segue sendo pacífico, cf. se vê do
julgamento abaixo ementado, datado de 29 de abril de 2015 (Acórdão anexo � doc.
10):
RECUPERAÇÃO JUDICIAL � Impugnação de Crédito. Crédito garantido por alienação fiduciária em garantia. Registro, apenas, do contrato de mútuo. Propriedade fiduciária que se constitui pelo registro junto ao Cartório de Registro de Títulos e Documentos. Artigo 1.361, § 1º, do Código Civil. Registro efetivado depois do pedido de recuperação judicial. Crédito que deve ser incluído na classe dos quirografários. Súmula n.º 60 do E. TJSP. Provimento em parte, para este fim. Agravo de Instrumento nº 2219418-18.2014.8.26.0000, Relator: Enio Zuliani; Comarca: Taubaté; Órgão julgador: 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial; Data do julgamento: 29/04/2015
No Tribunal de Justiça do Paraná o entendimento não
diverge, consoante recentíssima decisão:
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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.268.201-2, DA COMARCA DE SENGÉS - VARA ÚNICA. AGRAVANTE: BANCO VOTORANTIM S.A.AGRAVADO: LÍNEA PARANÁ MADEIRAS LTDA. RELATOR: DES. LUIS SÉRGIO SWIECH AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESA. IMPUGNAÇÃO DE CRÉDITO. CONTRATO DE CESSÃO FIDUCIÁRIA DE DIREITOS CREDITÓRIOS. TRAVA BANCÁRIA. AUSÊNCIA DE REGISTRO. INVALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DA GARANTIA. SUJEIÇÃO DO CRÉDITO À RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESA. NÃO INCIDÊNCIA DA REGRA DISPOSTA NO § 3º, DO ART. 49, DA LEI Nº 11.101/2005. CLASSIFICAÇÃO DE CRÉDITO QUIROGRAFÁRIO. VALOR. AUSÊNCIA DE IRRESIGNAÇÃO PELO BANCO AGRAVANTE A RESPEITO DA FUNDAMENTAÇÃO POSTA NA DECISÃO AGRAVADA SOBRE A REALIZAÇÃO DO NOVO CÁLCULO PELO PERITO JUDICIAL. CONCORDÂNCIA TÁCITA. ARTIGOS 503 E 514, AMBOS DO CPC. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. TJPR - 17ª C.Cível - AI - 1268201-2 - Sengés - Rel.: Luis Sérgio Swiech - Unânime - - J. 18.03.2015
No corpo do Acórdão, citando variada jurisprudência do
STJ, consignou-se ainda:
Com isso, para que haja sua regular constituição é indispensável seu registro, no Cartório de Títulos e Documentos, no domicílio do devedor, em data anterior ao pedido de recuperação judicial. É a exigência do § 1º, do art. 1.361, do CC. Sem o referido registro, a garantia não se perfectibiliza, sendo conditio sine qua non, não podendo ser considerado somente como efeito de oponibilidade erga omnes. Ademais, o caput do art. 66-B, da Lei nº 4.728/65, que trata do contrato de alienação fiduciária celebrado no âmbito do mercado financeiro e de capitais, é expresso ao afirmar que a espécie deve, também, conter os requisitos exigidos pelo Código Civil para sua constituição, ratificando, pois, a necessidade de registro do contrato. [...] No presente caso, a decisão agravada reconhece que o crédito apresentado pelo banco agravante, além de se sujeitar à recuperação judicial da empresa agravada, deve ser classificado como quirografário, pelo fato de não ter ocorrido o registro do contrato de cessão fiduciária de direitos creditórios, juntado aos autos originários.
Portanto, mesmo se eventualmente não se considerar
inconstitucional o § 3º do art. 49 da lei 11.101/2005, ainda assim tal dispositivo legal
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não será aplicável aos contratos não registrados em Cartório de Títulos e
Documentos do domicilio do devedor.
Em relação à classificação do excedente ao valor do bem
como sendo quirografário, no caso dos contratos efetivamente registrados em
Cartório de Títulos e Documentos, em 2012 foi realizada a 1a. Jornada de Direito
Comercial, pelo Conselho da Justiça Federal, onde participaram membros
do Judiciário, da Academia, etc. Vários enunciados foram elaborados, dentre os quais
este:
51. O saldo do crédito não coberto pelo valor do bem e/ou da garantia dos contratos previstos no § 3º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005 é crédito quirografário, sujeito à recuperação judicial.
Com base no enunciado o TJ/SP abraçou a tese, a ver:
Recuperação judicial. Crédito de credor proprietário fiduciário de bens dados em garantia pelo devedor que, por força do art. 49, §3º, Lei nº 11101/05, é excluído dos efeitos da recuperação judicial. Propriedade fiduciária que se constitui com o registro no RTD (art. 1361, §1º, CC e Súmula 60, TJSP), o qual, por isso, deve se dar em data anterior a do ajuizamento do pedido de recuperação judicial. Hipótese em que apenas a cessão fiduciária 104428-6, relativa à CCB 10135085, atende aos aludidos requisitos, de modo que somente o respectivo crédito, limitado, ainda, ao percentual coberto pela garantia, é que está excluído da recuperação e, por conseguinte, das obrigações impostas pelas decisões agravadas. Recurso provido em parte para tanto. 0002990-13.2013.8.26.0000 Agravo de Instrumento/Recuperação judicial e Falência, Relator(a): Maia da Cunha; Comarca: Franca; Órgão julgador: 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial; Data do julgamento: 26/03/2013; Data de registro: 28/03/2013
Do Acórdão constou:
Analisado o caso concreto à luz dos aludidos requisitos para o afastamento do crédito dos efeitos da recuperação judicial, verifica-se que apenas a cessão fiduciária de nº 104428-6 (fl. 109), relativa à CCB 10135085 (fl. 99), foi registrada no RTD em data anterior (27.03.12 fl. 106) a do ajuizamento da recuperação judicial (11.10.12) e para a garantia não da totalidade da dívida, mas de 66% do valor da operação. Assim, somente o crédito representado pela CCB 10135085, limitado ao percentual da garantia, é que não se sujeita à recuperação judicial e pode ser afastado das obrigações impostas pelas decisões agravadas.
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Esclarece-se, no particular, que a parte não garantida pela cessão fiduciária, ou seja, o valor restante do crédito representado pela CCB 10135085, porque não amparado pela norma do art. 49, §3º, da Lei nº 11101/05, submete-se à recuperação judicial, na qualidade de crédito quirográfio. É o entendimento já sacramentado no Enunciado 51 da I Jornada de Direito Comercial (�O saldo do crédito não coberto pelo valor do bem e/ou da garantia dos contratos previstos no §3º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005 é crédito quirografário,sujeito à recuperação judicial.�).
No mesmo sentido, mais uma decisão do TJ/SP:
Recuperação judicial. Crédito oriundo de contratos de mútuo e de concessão de crédito garantidos por cessões fiduciárias de duplicatas de venda mercantil e registrados no RTD em data anterior a do ajuizamento do pedido de recuperação judicial. Propriedade fiduciária configurada, nos termos do art. 1361, CC e da Súmula 60, TJSP. Crédito que, por força do art. 49, §3º, Lei nº 11101/05, é ora excluído dos efeitos da recuperação judicial. Exclusão, contudo, que se limita ao montante do crédito coberto pela cessão fiduciária dada em garantia, sujeitando-se o valor restante à recuperação judicial, na qualidade de crédito quirografário. Entendimento já sacramentado no Enunciado 51 da I Jornada de Direito Comercial. Recurso provido em parte. AGRAVO: 0272049-41.2012.8.26.0000, Relator(a): Maia da Cunha; Comarca: Franca; Órgão julgador: 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial; Data do julgamento: 26/02/2013; Data de registro: 27/02/2013
Do Acórdão constou:
É certo, porém, e aqui o provimento apenas parcial do recurso, que a exclusão ora determinada se limita ao montante do crédito coberto pela cessão fiduciária dada em garantia, sujeitando-se o valor restante, porque não amparado pela norma do art. 49, §3º, da Lei nº 11101/05, à recuperação judicial, na qualidade de crédito quirográfio. Tal entendimento, oportuno mencionar, já restou sacramentado no Enunciado 51 da I Jornada de Direito Comercial, assim redigido: �O saldo do crédito não coberto pelo valor do bem e/ou da garantia dos contratos previstos no §3º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005 é crédito quirografário, sujeito à recuperação judicial.�. Enfim, de rigor o provimento parcial do recurso para excluir o crédito do agravante, limitado ao valor coberto pela garantia, dos efeitos da recuperação judicial, autorizando-o a descontar as duplicatas cedidas fiduciariamente até aquele limite.
Na presente petição inicial, por questão sistemática, foram
lançados primeiramente os fundamentos aptos à concessão de medidas liminares,
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visando a vedação de busca e apreensão de bens, seja por serem essenciais, seja
por estarem substancialmente adimplidos os contratos, bem como buscou-se, pelos
mesmos motivos, a vedação de inserção de restrição no RENAJUD.
Isto porque embora as recuperandas pugnem pela
declaração de inconstitucionalidade do art. 49, § 3º da lei 11.101/2005 (com
submissão indistinta dos créditos dos bancos à RJ), e em caso de não
reconhecimento de inconstitucionalidade estão inserindo na categoria de
quirografários aqueles créditos derivados de contratos com alienação fiduciária que
não foram registrados em Cartório de Títulos e Documentos no domicilio do devedor e
o excedente ao valor do bem em garantia em relação aos contratos que foram
registrados, é certo que somente com a consolidação do Quadro de Credores, que se
dará após o julgamento de eventuais impugnações, é que se consolidará tal situação.
Enquanto não há homologação do Quadro de Credores,
não basta o entendimento das recuperandas quanto à classificação dos créditos como
quirografários para suspender as buscas e apreensões, sendo necessária a ordem
deste D. Juízo neste sentido.
O tema já é declinado, todavia, na medida em que serve
de mais um argumento para convencimento do Juízo quanto à
possibilidade/necessidade de deferimento dos pleitos liminares ora lançados.
X � PEDIDO
Diante do exposto, respeitosamente requer:
01 � O deferimento do pedido de processamento da Recuperação Judicial.
02 � A concessão de prazo de 60 (sessenta) dias para a apresentação do plano de
Recuperação Judicial, nos termos do art. 53 da Lei 11.101/2005.
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03 � Seja nomeado Administrador Judicial (art. 52, I, da Lei 11.101/2005).
04 � Seja determinada a dispensa da apresentação de certidões negativas para que a
recuperanda exerça suas atividades (art. 52, II, da Lei 11.101/2005).
05 � Seja ordenada a suspensão de todas as ações ou execuções contra a
recuperanda pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias (art. 52, III, da Lei 11.101/2005),
inclusive aquelas relativas à créditos a priori não sujeitos à Recuperação Judicial,
visto que visam o desapossamento de bens essenciais às atividades e muitos dos
quais encontram-se com sua maior parte já amortizada pelas recuperandas.
06 � Seja determinada a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às
Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor
tiver estabelecimento, a saber: Estado do Paraná e municípios de Ponta Grossa/PR e
Foz do Jordão/PR (comarca de Guarapuava/PR) (art. 52, V, da Lei 11.101/2005).
07 � Seja determinada a expedição de edital contendo (i) o resumo do pedido das
recuperandas e da decisão que defere o processamento da recuperação judicial, (ii) a
relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a classificação
de cada crédito e (iii) a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos,
na forma do art. 7o, § 1o, da lei 11.101/2005, e para que os credores, querendo,
apresentem objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelas
recuperandas (art. 52, § 1º, I, II e III da Lei 11.101/2005).
08 � Seja declarada a inconstitucionalidade do § 3º do art. 49 da lei 11.101/2005, com
a consequência de determinação de sujeição dos créditos referidos em tal dispositivo
legal à Recuperação Judicial.
09 � Seja deferida antecipação dos efeitos da tutela, nos seguintes termos:
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09.1 � Sob o fundamento da essencialidade dos bens, sob o fundamento
do adimplemento substancial e sob o fundamento da caracterização como
quirografário do crédito decorrente de contrato garantido por alienação
fiduciária não registrado, seja determinada a suspensão de toda e qualquer
ordem de busca e apreensão (e proibidas novas ordens) de veículos objeto
de contratos garantidos por alienação fiduciária, com o envio de ofícios aos
D. Juízos onde se processam as demandas discriminadas no corpo da
petição, para que se determine a imediata suspensão de seu curso.
09.2 � Considerando ser o Juízo da Recuperação Judicial o único
competente para decidir acerca dos bens das recuperandas, seja
determinado o levantamento de bloqueios feitos através do RENAJUD (e
sejam proibidos novos bloqueios), inclusive dos bloqueios já levados a
efeito nos autos 0016709-13.2015.8.16.0019 da 4ª Vara Cível de Ponta
Grossa/PR e nos autos 0021003-11.2015.8.16.0019 da 1ª Vara Cível de
Ponta Grossa/PR, com o envio de ofícios aos D. Juízos onde se processam
as demandas discriminadas no corpo da petição, para que se determine o
levantamento dos bloqueios efetuados pelo RENAJUD e para que se
proíba a realização de novos bloqueios.
09.3 � Sejam expedidos ofícios aos Juízos Cíveis, aos Juízos Trabalhistas
e aos Juízos Federais, desta Comarca de Ponta Grossa/PR e da Comarca
de Guarapuava/PR, bem como ao Banco Central do Brasil (responsável
pelo convênio Bacen-Jud), para que se abstenham de efetuar qualquer
constrição (penhora on-line) de ativos das empresas recuperandas sem
prévia e expressa autorização deste D. Juízo.
09.4 � Sejam oficiadas as instituições financeiras indicadas pelos
promitentes-compradores de imóveis componentes do ativo circulante
(estoque) das recuperandas (SANTANDER e CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL), ordenando-se à estas que dispensem as recuperandas de
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apresentarem as certidões negativas de dívidas e protestos (e outras
eventualmente necessárias), de molde a permitir que os financiamentos
referentes aos imóveis vendidos sejam examinados por cada instituição.
10 � Ao final, requer a homologação do plano de Recuperação Judicial, que será
apresentado no prazo legal.
11 � Pede, ainda, a produção de todas as provas em direito admitidas;
Dá a causa o valor de R$ 5.207.655,12 (cinco milhões,
duzentos e sete mil, seiscentos e cinquenta e cinco reais e doze centavos).
Nestes Termos, Pede Deferimento.
Curitiba, 21 de agosto de 2015
Maurício de Paula Soares Guimarães Rafael Martins Bordinhão OAB/PR 14.392 OAB/PR 38.624
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