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PMT-3130 - 2017 AULA 3 versão 2 SAINDO DO EQUILÍBRIO Curvas de Polarização Pilhas e Corrosão A. C. Neiva 1

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PMT-3130 - 2017

AULA 3 – versão 2

SAINDO DO EQUILÍBRIO

Curvas de Polarização Pilhas e Corrosão

A. C. Neiva

1

CURVAS DE POLARIZAÇÃO

As curvas de polarização apresentam a relação entre o afastamento do equilíbrio em uma reação eletroquímica e a velocidade resultante da reação. O afastamento do equilíbrio é representado pela chamada sobretensão, dada por = E – Eequilíbrio . A unidade é Volts. A velocidade da reação é expressa pela variação do número de mols de um dos componentes da reação (usualmente os elétrons) por unidade de tempo. Como um mol de elétrons corresponde a uma dada carga elétrica (96500 Coulombs), esta velocidade pode ser expressa como corrente (Coulombs/segundo, ou seja, Amperes) ou como densidade de corrente (A/cm2). Assim, a relação entre o afastamento do equilíbrio em uma reação eletroquímica e a velocidade resultante da reação lembra a lei de Ohm, pois relaciona tensão (V) com corrente resultante (A). A diferença é que o efeito eletroquímico não é linear.

2

Se atribuirmos um sinal à direção da corrente, a lei de Ohm pode ser representada assim:

Para uma reação eletroquímica, o comportamento não é linear:

sobretensão 0

0

corr

ente

5 V e-

-5 V e-

sobretensão ():

= E - Eequilíbrio

corrente = f(tensão) I = (1/R) U ou U = RI

(Lei de Ohm)

corrente = f(sobretensão) ou

sobretensão=f(corrente)

tensão 0 0

co

rren

te

e-

e-

X+e-Y redução

X+e-Y oxidação

(adotaremos, como convenção, corrente catódica como negativa) 3

X+e-Y oxidação

sobretensão 0 0

co

rren

te

Em eletroquímica, vários autores invertem os eixos de corrente e sobretensão. Faremos o mesmo:

corrente 0

0

sob

rete

nsã

o

X+e-Y oxidação

X+e-Y redução

X+e-Y redução

corrente 0

0

sob

rete

nsã

o

X+e-Y oxidação

X+e-Y redução

E também sempre se rebate a corrente negativa (em nossa

convenção, a catódica) para o lado positivo. Ou seja, passamos a trabalhar com o módulo desta

corrente.

módulo da corrente catódica

4

corrente 0

0

sob

rete

nsã

o

X+e-Y oxidação

X+e-Y redução

Se, no eixo y, representarmos potencial em lugar de sobretensão, a sobretensão nula do gráfico à esquerda passará a ser o potencial de equilíbrio da reação:

corrente 0

Eequilíbrio p

ote

nci

al

X+e-Y oxidação

X+e-Y redução

Neste caso, evidentemente, o zero do eixo do potencial dependerá do valor do potencial de equilíbrio na escala adotada. 5

POTENCIAL vs CORRENTE

Para um dado valor de corrente (anódica ou catódica), a sobretensão será dada pela distância do potencial ao potencial de equilíbrio. No caso anódico:

E1

corrente 0

Eequilíbrio

po

ten

cial

X+e-Y oxidação

X+e-Y redução

i1

anod 1= E1 – Eequilíbrio > 0

6

X+e-Y redução

No caso catódico:

corrente 0

Eequilíbrio

po

ten

cial

X+e-Y oxidação

i1

E1

catod 1= E1 – Eequilíbrio < 0

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Se tivermos um sistema com duas diferentes reações, elas podem ser representadas no mesmo gráfico. Teremos, então, quatro curvas. Usualmente, só temos interesse em duas delas . Numa pilha, por exemplo, só teremos interesse na reação catódica do catodo e na reação anódica do anodo.

- +

e- e-

Co Ni

Co2+

Ni2+

SO4-

H2O

E (V)

dd

p

catódica

anódica

i1

Eequilíbrio catodo

Eequilíbrio anodo

fem

i(A/cm2)

dd

p

não nos interessam neste caso (pilha)

EXEMPLO CATODO: Ni2+ + 2 e- Ni ANODO: Co Co2+ + 2 e-

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CORRENTE OU DENSIDADE DE CORRENTE?

Nos slides anteriores, utilizamos simplesmente apalavra “corrente” para o eixo “x”. Mas é frequente utilizarmos uma grandeza específica neste eixo, a chamada “densidade de corrente”, expressa em A/cm2. (A área, neste caso, refere-se à da interface entre o condutor de elétrons e o condutor de íons.) Para corrente (A), utilizamos o símbolo “I” (maiúsculo). Para a densidade de corrente (A/cm2), utilizamos o simbolo “i” (minúsculo). Em alguns casos, é mais vantajoso utilizar a corrente, em outros é mais vantajoso utilizar a densidade de corrente.

Comentário: Para pilhas e para eletrólise, por exemplo, a corrente é igual no anodo e no catodo e as áreas podem ser diferentes. Assim, costuma ser interessante usar a corrente. Para corrosão não-galvânica, por outro lado, usualmente é interessante trabalhar com a densidade de corrente. Além disso, as leis cinéticas são sempre definidas em termos de densidade de corrente.

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MODELOS PARA DESCREVER AS CURVAS DE POLARIZAÇÃO

Em termos de causa e efeito, é mais intuitivo considerar a densidade de corrente como um efeito da tensão. Entretanto, os modelos teóricos que correlacionam corrente e sobretensão usualmente apresentam a sobretensão como função da densidade de corrente. Para sobretensões e densidades de corrente baixas, observa-se uma relação aproximadamente linear entre as duas grandezas: anódica = kanódico i catódica = kcatódico i onde kanódico e kcatódico são constantes características de uma dada reação eletroquímica. Usualmente, estamos interessados em sobretensões e densidades de corrente maiores que as correspondentes a este comportamento linear. Nestas faixas, frequentemente podemos considerar válidas as chamadas “leis de Tafel”: anódica = banódico log (i/i0) catódica = bcatódico log (i/i0) onde i0 (densidade de corrente de troca), banódico e bcatódico (constantes de Tafel) são constantes características de uma dada reação eletroquímica.

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Entre estas duas regiões (a linear e a logarítmica), o comportamento é mais complicado (envolve diferença de logaritmos). Se o controle cinético por transporte for importante, existirá inicialmente uma região de controle misto, e depois uma região de controle puramente por transporte.

mas não se preocupe com isso no presente curso

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VAMOS ENTÃO REPRESENTAR NOVAMENTE AS DUAS POLARIZAÇÕES EM UM GRÁFICO

Como as equações de Tafel frequentemente são válidas

na região de interesse de um dado sistema, é usual

representarmos as curvas de polarização em escala

logarítmica.

i 0

Eequilíbrio

E

trecho aproximadamente linear

trecho aproximadamente

logarítmico

i1 i2

log i

Eequilíbrio

log i2

E

trecho aproximadamente

logarítmico

as curvas encontram Eequilíbrio

em - (i = 0)

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USO DA ESCALA LOGARÍTMICA

trecho logarítmico

as curvas encontram Eequilíbrio

em - (i = 0)

log i

Eequilíbrio

E

anódica = banódico log (i/i0)

catódica = bcatódico log (i/i0)

= E - Eequilíbrio

Qual será o valor da densidade de corrente que corresponde ao cruzamento das retas com E = Eequilíbrio?

FÁCIL: Se E = Eequilíbrio, então = 0. Assim, i = i0.

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EXEMPLO: TRACEMOS UMA RETA DE TAFEL ANÓDICA

Para uma dada reação: Eequilíbrio = -0,80V i0=10-8 A/cm2 banódico = 0,10 V/década

Como vemos, o valor de “b” corresponde à tangente da reta. Exercício: qual o valor aproximado de b para a reta catódica (tracejado vermelho)? 14

Na aula 4, proporemos um exercício que se inicia

com este cálculo.

Co → Co2+ + 2e- Ni2+ + 2e- → Ni

Co + Ni2+ → Co2+ + Ni ? Não. “diferentemente da reação química, na pilha temos duas reações eletroquímicas que ocorrem em locais diferentes”

Figura 1 – Esquema de uma pilha

- +

e- e-

Co Ni

Co2+

Ni2+

SO4-

H2O

PILHAS

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Eequilíbrio Co = Eoequilíbrio - (RT/2F) ln (1/CCo2+) por exemplo CCo 2+ = 10-3

Eequilíbrio Ni = Eo

equilíbrio - (RT/2F) ln (1/CNi2+) por exemplo CNi 2+ = 10-1

fem = (-0,280) - (-0,366) = + 0,086 V

equilíbrio Eoequilíbrio (tabelado) ln (1/aíon) Eequilíbrio

catodo Ni2+ + 2e- = Ni -0,250 V 2,30 (-1) -0,280 V

anodo Co2+ + 2e- = Co -0,277 V 2,30 (-3) -0,366 V

- + 0,086 V

Co Ni

Co2+

Ni2+

SO4-

H2O

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SAINDO DO EQUILÍBRIO

- +

e- e-

Co Ni

Co2+

Ni2+

SO4-

H2O

E (V) d

dp

catódica

anódica

i1

Eequilíbrio catodo

Eequilíbrio anodo

fem

i(A/cm2)

dd

p

SOBRETENSÃO ANÓDICA E SOBRETENSÃO CATÓDICA catódica=Ecatód.1 – Eequil. catód. < 0 anódica=Eanód.1 – Eequil. anód. > 0

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i0,c i0,a icorrosão log i

Eequilíbrio catódico

Ecorrosão

E

Eequilíbrio anódico

reta de inclinação bc

reta de inclinação ba

Se não houver controle por transporte:

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NA AULA 4, TEREMOS UM EXERCÍCIO SOBRE ISTO

Potência = 0,62 VA Potência = 1,05 VA

Potência = 1,48 VA Potência = 0,92 VA

Figura 5.1 – Diversos pontos operacionais de uma mesma pilha. As curvas catódica e anódica

foram traçadas adotando relações do tipo a = ba log (itotal anódica/i0) e c = bc log (itotal catódica/i0).

POTÊNCIA DE UMA PILHA

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POTÊNCIA DE UMA PILHA

resistência

() 15,6 6,57 3,65 2,26 1,48 1,00 0,67 0,45 0,29 0,16 0,073 0,003

corrente (A) 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4

ddp (V) 3,70 3,12 2,63 2,19 1,81 1,48 1,19 0,94 0,72 0,51 0,33 0,161 0,007

potência (VA) 0 0,62 1,05 1,31 1,45 1,48 1,43 1,32 1,15 0,92 0,66 0,35 0,017

Tabela 5.1 – Potência para diferentes cargas aplicadas a uma dada pilha (Figura 5.1)

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densidade de corrente correspondente à potência máxima

Atenção: dados diferentes daqueles utilizados nas figuras anteriores

EXEMPLO DE DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DE CORRENTE CORRESPONDENTE À MÁXIMA POTÊNCIA

Qual é a derivada de lnx?

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CORROSÃO = PILHA? - +

e- e-

Co Ni

Co2+

Ni2+

SO4-

H2O

Co → Co2+ + 2e- Ni2+ + 2e- → Ni

Seja um METAL PURO: •Anodo: regiões mais instáveis do próprio metal •Reação anódica: Me → Me2+ + 2e- •Catodo: regiões mais estáveis do próprio metal •Reação catódica: 2H+ + 2e- → H2 (por exemplo) •Condutor de elétrons: o próprio metal •Eletrólito: umidade

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CORROSÃO

• A velocidade usualmente é expressa em massa tempo-1 área-1 ou em perda de espessura tempo-1. Frequentemente utiliza-se o ano como unidade de tempo, e a área frequentemente é expressa em cm2 ou em pol2. Alternativamente, a velocidade de corrosão pode ser expressa pela densidade de corrente de corrosão (A/cm2).

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REGIÕES MAIS INSTÁVEIS?

contorno de grão

superfície do metal

cristal (“grão”) 1

cristal (“grão”) 2

superfície do metal

Me → Me2+ + 2e-

2H+ + 2e- → H2

umidade cristal (“grão”)

contorno de grão

e-

bolhas de H2

Me2+

Outros motivos: •Deformação plástica •Fases diferentes •Gradiente de composição

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OUTROS EFEITOS DA MICROESTRUTURA

fem

E (V)

i(A/cm2)

Eequilíbrio H+

Eequilíbrio do metal

icorrosão

catódica

anódica

Ecorrosão

2H+ + 2e- → H2

Me → Me2+ + 2e-

2H+ + 2e- → H2

Zn → Zn2+ + 2e-

Cu → Cu2+ + 2e-

Cu → Cu2+ + 2e-

2H+ + 2e- → H2

O2 + 4e- + 4H+ → 2H2O

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O COBRE NÃO SERIA CORROÍDO PELO H+ MAS O COBRE SERIA CORROÍDO PELO O2

MAS O ZINCO SERIA

MEIA REAÇÃO E0(V) MEIA REAÇÃO E

0(V)

Li+ + e

- = Li

-3,045 HgCl2 + 2e

- = 2Hg + Cl

- 0,268

Ca++

+ 2e- = Ca -2,866 Cu

++ + 2e

- = Cu 0.337

Na+ + e

- = Na

-2,714 Fe(CN)

-36 + e

- = Fe(CN)

-46

0.36

La+3

+ 3e- = La -2,52 Cu

+ + e

- = Cu 0,521

Mg++

+ 2e- = Mg -2,36 I2(s) + 2e

- = 2I

- 0,535

AlF-3

6 + 3e- = Al + 6F

- -2,07 I

-3 + 2e + 3I

- 0,536

Al+3

+ 3e- = Al

-1,66 PtCl

-4 + 2e = Pt + 4Cl

- 0,73

SiF-6 + 4e

- = Si + 6F

- -1,24

Fe

+3 + e

- = Fe

++ 0,77

V++

+ 2e- = V -1,19 Hg2

++ + 2e

-

= 2Hg 0,788

Mn++

+ 2e- = Mn

-1,18 Ag

+ + e

- = Ag 0,799

Zn++

+ 2e- = Zn

-0,763 2Hg

++ 2e

- = Hg2

++ 0,920

Cr+3

+3e- = Cr

-0,744 Br2 + 2e

- = 2Br

- 1,087

Fe++

+ 2e- = Fe -0,44 IO

-3 + 6H

+ + 5e

- = 1/2I2 + 3H2O 1,19

Cr+3

+ e- = Cr

++ -0,41 O2 + 2H

+ + 4e

- = 2H2O(I) 1,23

PbSO4 + 2e- = Pb + SO

-4-

-0,359 Cr2O7

- + 14H

+ + 6e

- = 2Cr

+3 + 7H2O 1,33

Co++

+ 2e- = Co -0,277 Cl2 + 2e

- = 2Cl 1,36

Ni++

+ 2e- = Ni -0,250 PbO2 + 4H

+ + 2e

- = Pb

++ + 2H2O 1,45

Pb++

+ 2e- = Pb -0,126 Au

+3 + 3e

- = Au 1,50

D+ + e

- + 1/2D2 -0,0034 MnO4

- + 8H

+ + 5e- = Mn

++ + 4H2O 1,51

H+ + 1e

- = 1/2H2 0 O3 + 2H

+ + 2e

- = O2 + H2O 2,07

Cu++

+ e- = Cu

+ 0,153 F2 + 2e

- = 2F

- 2,87

H4XeO6 + 2H+ + 2e

- = XeO3 + 3H2O 3,0

*

27

Eequilíbrio = + (2,03 RT/2F) log (aH+) Assim, para T = 298 K, chegamos a: Eequilíbrio = - 0,059 pH

Cu → Cu2+ + 2e- 2H+ + 2e- → H2 pH baixo

mais ácido mais H+ menor pH maior E mais corrosão

2H+ + 2e- → H2 pH médio

2H+ + 2e- → H2 pH alto

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i0,c i0,a icorrosão log i

Eequilíbrio catódico

Ecorrosão

E

Eequilíbrio anódico

reta de inclinação bc

reta de inclinação ba

ESTIMANDO A DENSIDADE DE CORRENTE E O POTENCIAL DE CORROSÃO A PARTIR DAS CONSTANTES DE TAFEL

reação i0 (A/cm2) b (V/década) Eequilíbrio (V) Resultado

Exemplo 1 catódica 10-7 -0,2 0,51 icorr = 4 10-6 A/cm2

anódica 10-6 0,05 0,16 Ecorr = 0,19 V

Exemplo 2 catódica 10-7 -0,1 0,51 icorr = 5 10-5 A/cm2

anódica 10-6 0,05 0,16 Ecorr = 0,24 V

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