pmsb plano municipal de saneamento bÁsico

71
1 PMSB PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO PREFEITURA MUNICIPAL DE CAÇAPAVA DO SUL - RS DEZEMBRO – 2013

Upload: lekhanh

Post on 07-Jan-2017

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

PMSB

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAÇAPAVA DO SUL - RS

DEZEMBRO – 2013

2

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAÇAPAVA DO SUL

OTOMAR VIVIAN

PREFEITO MUNICIPAL

ILSON TONDO

VICE-PREFEITO MUNICIPAL

FÁBIO OLIVEIRA

SECRETÁRIO MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E MEIO AMBIENTE

EQUIPE TÉCNICA

RODRIGO DE FREITAS LOPES PACÍFICO JOSÉ DE VARGAS

ENGENHEIRO CIVIL ARQUITETO E URBANISTA

ANNA JULIA MONEGO NILVO TÔRRES DORNELES

ARQUITE E URBANISTA ENGENHEIRO FLORESTAL

POMPEU DE MELO FREITAS

ENGENHEIRO CIVIL

3

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Balanço Hídrico mensal. Fonte EMBRAPA . ..................................12

FIGURA 2: Deficiência, excedente, retirada e reposição hídrica, médias mensais ao longo do ano. Fonte EMBRAPA ....................................................12

FIGURA 3: Bacia Hidrográfica do Vacacaí - Vacacaí Mirim. Fonte SEMA . .....14

FIGURA 4: Bacia Hidrográfica do Rio Jacuí................................................... ..15

FIGURA 5: Bacia Hidrográfica do Camaquã. Fonte SEMA...............................17

FIGURA 6: Mapa dos Domínios Hidrogeológicos de Caçapava do Sul. Fonte CPRM.................................................. .............................................................18

FIGURA 7: Zoneamento urbano de Caçapava do Sul. Fonte Plano Diretor do Município (2004).................................................. .............................................32

FIGURA 8: Esquema do Sistema de Abastecimento de água de Caçapava do Sul................................................. ...................................................................44

FIGURA 9: Imagem da barragem do Arroio do Salso...................................... 46

FIGURA 10: Imagem da barragem do Arroio das Pedras................................ 47

FIGURA 11: Contaminação do solo e lençol freático por extravasamento em fossa séptica.....................................................................................................50

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Dados Climatológicos do período de 1961 a 1990 da estação de Encruzilhada do Sul. Fonte EMBRAPA ............................................................11

TABELA 2: Inserção das Bacias Hidrográficas no município de Caçapava do Sul. Fonte SEMA .............................................................................................13

TABELA 3: Estratificação das propriedades rurais de Caçapava do Sul. Fonte INCRA, 2001.....................................................................................................29

TABELA 4: Rebanho efetivo. Fonte FEEDADOS (2013).................................. 29

TABELA 5: Culturas e áreas cultivadas. Fonte FEEDADOS (2013)................. 30

TABELA 6: População Total. Fonte FEE (2013)...............................................34

TABELA 7: População Rural e Urbana. Fonte FEE (2013)...............................35

4

TABELA 8: Faixa Etária da População residente. Fonte IBGE (CENSO 2010) 36

TABELA 9: Condição de Renda das pessoas com 10 anos ou mais. Fonte IBGE (CENSO 2010) ........................................................................................37

TABELA 10: Renda mensal das pessoas de 10 anos ou mais. Fonte IBGE – 2010..................................................................................................................38

TABELA 11: Índice de Desenvolvimento Socioeconômico – IDESE, ano base 2009. Fonte FEE (2013) ...................................................................................39

TABELA 12: Evolução do IDESE de Caçapava do Sul. Fonte FEE (2013) ......39

TABELA 13: Número de escolas e alunos matriculados na rede municipal em 2013. Fonte SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO ...............................40

TABELA 14: Matrículas na rede escolar em 2013. Fonte Secretaria Municipal de Educação e Secretaria Estadual de Educação............................................41

TABELA 15: Taxas de Abandono escolar e de aprovação e reprovação na rede escolar municipal – ensinos fundamental e médio. FEEDADOS (2013)...........41

TABELA 16: Forma de abastecimento de água em número e percentual de domicilios. Fonte FEEDADOS (2013) ...............................................................43

TABELA 17: Tipo de esgotamento sanitário em percentual de domicílios. Fonte FEEDADOS (2013)...........................................................................................49

TABELA 18: Projeção populacional e de domicílios para a zona urbana de Caçapava do Sul...............................................................................................59

TABELA 19: Projeção populacional e de domicílios para a zona rural de Caçapava do Sul...............................................................................................60

TABELA 20: Projeção da geração de resíduos sólidos urbanos em Caçapava do Sul................................................................................................................66

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Municípios Limítrofes a Caçapava do Sul. Fonte IBGE................09

QUADRO 2: Poços de Captação cadastrados pelo SIAGAS. Fonte CPRM (2013) ...............................................................................................................21

QUADRO 3: Descrição geomorfológica do município de Caçapava do Sul. Fonte: RADAMBRASIL, (1986).........................................................................23

5

QUADRO 4: Unidades de mapeamento de solo. Fonte EMBRAPA, 1999 .......24

QUADRO 5: Intervenções previstas para o abastecimento de água na zona urbana...............................................................................................................61

QUADRO 6: Intervenções previstas para o abastecimento de água na zona rural...................................................................................................................62

QUADRO 7: Intervenções previstas para o esgotamento sanitário urbano ......64

QUADRO 8: Intervenções previstas para o esgotamento sanitário rural ..........65

QUADRO 9: Intervenções previstas para limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos...............................................................................................................67

QUADRO 10: Intervenções previstas para drenagem e manejo de águas pluviais..............................................................................................................68

QUADRO 11: Equipe técnica............................................................................69

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................08

OBJETIVO ........................................................................................................08

DIAGNÓSTICO DO SANEAMENTO BÁSICO .................................................09

1 – CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO............................................09

1.1 – Dados Gerais e Localização ....................................................................09

1.2 - Histórico do Município...............................................................................10

2 – CARACTERÍSTICAS FÍSICAS ...................................................................10

2.1 – Clima........................................................................................................10

2.2 – Recursos Hídricos Superficiais ................................................................13

2.3 – Recursos Hídricos Subterrâneos .............................................................17

2.3.1 - Domínios Hidrogeológicos .....................................................................19

2.3.2 - Poços de captação ...............................................................................20

2.4 - Geologia Local..........................................................................................22

6

2.5 - Geomorfologia ..........................................................................................23

2.6 – Pedologia .................................................................................................24

2.7 – Fauna.......................................................................................................25

2.8 – Vegetação................................................................................................27

3 - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO...................................................................28

3.1 - Atividades Agropecuárias .........................................................................28

3.2 - Assentamentos Urbanos...........................................................................30

4 - ASPECTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS.....................................................32

4.1 - Utilização dos Recursos Minerais.............................................................32

4.2 - Exploração Florestal .................................................................................33

4.3 – Demografia ..............................................................................................34

4.4 - Emprego e Renda.....................................................................................36

4.5 - Índice de Desenvolvimento Socioeconômico – IDESE.............................38

4.6 – Educação.................................................................................................40

4.7 – Saúde.......................................................................................................42

4.8 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal .......................................43

5 – DIAGNÓSTICO SETORIAL DO SANEAMENTO BÁSICO .........................43

5.1 – Abastecimento de Água...........................................................................43

5.1.1 - Captação ...............................................................................................45

5.1.2 – ETA.......................................................................................................47

5.1.3.-.Recalque................................................................................................48

5.1.4 – Redes....................................................................................................48

5.1.5 – Reservação...........................................................................................48

5.2 - Sistema de Esgotamento Sanitário...........................................................49

5.3 - Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos ......................................51

7

5.3.1 - Recuperação de Área Degradada por Resíduos Sólidos Urbanos........53

5.4 - Drenagem e Manejo de Águas Pluviais....................................................55

PROGNÓSTICO DO SANEAMENTO BÁSICO ...............................................58

6 - DEFINIÇÃO DE INTERVENÇÕES A CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO.58

6.1 - Abastecimento de Água na Zona Urbana.................................................61

6.2 - Abastecimento de Água na Zona Rural ....................................................62

6.3 - Esgotamento Sanitário Urbano.................................................................63

6.4 - Esgotamento Sanitário Rural ....................................................................65

6.5 - Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos ......................................65

6.6 - Drenagem e Manejo de Águas Pluviais....................................................68

7 - REVISÃO.....................................................................................................69

8 - EQUIPE TÉCNICA ......................................................................................69

9 - BIBLIOGRAFIAS CITADAS E CONSULTADAS..........................................70

8

APRESENTAÇÃO

O presente Relatório Técnico tem o objetivo de apresentar o Plano

Municipal de Saneamento Básico (PMSB) do Município de Caçapava do Sul –

RS. Para elaboração deste relatório foi constituída uma equipe técnica

multidisciplinar especializada que elaborou o diagnóstico setorial e o conjunto

de atividades e tarefas descritas neste relatório, com o objetivo de atender ao

que determina a Constituição Federal em especial os preceitos da Lei Federal

nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007.

OBJETIVO

O presente Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) tem por

objetivo geral traçar ações estratégicas para uma adequada gestão do

saneamento básico no município, tendo como fundamento a Lei Federal nº

11.445 de 05 de janeiro de 2007 e o Decreto Federal nº 7.217 de 21 de junho

de 2010.

O PMSB foi elaborado a partir do diagnóstico setorial do saneamento

básico existente em Caçapava do Sul, diagnóstico que forneceu subsídios e

informações técnicas visando a elaboração do plano, o qual contempla os

setores de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e

manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais.

9

DIAGNÓSTICO DO SANEAMENTO BÁSICO

1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO

1.1 Dados Gerais e Localização

O município de Caçapava do Sul está situado, segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010a e 2010b), na Mesorregião

Sudeste Rio-Grandense e na Microrregião da Serra do Sudeste. No âmbito dos

COREDES1, Caçapava do Sul integra a região da Campanha. A sede do

município localiza-se nas coordenadas 30º30’44” de latitude sul e 53º29'29" de

longitude oeste, a uma altitude média de 444 metros e abrange área de

aproximadamente 3.047,12 km². Segundo dados do IBGE Instituto Brasileiro de

geografia Estatística no levantamento efetuado no ano de 2010 o município

possui uma população de 33.690 habitantes, em uma área de 3.047,126 Km2,

contando assim com uma densidade demográfica de 11,06 hab/ Km2. De

acordo com dados do DAER (2010), o município de Caçapava do Sul dista,

Aproximadamente, 255 Km da capital Porto Alegre. As principais vias de

acesso ao município são as rodovias federais BR-290, que liga Porto Alegre a

Caçapava do Sul, a BR-153 que liga Bagé a Caçapava do Sul, a BR-392 que

liga Santana da Boa Vista a Caçapava do Sul, a BR- 392/471 que liga Pelotas

a Caçapava do Sul e a rodovia estadual RST-357 que liga Lavras do Sul a

Caçapava do Sul. Os municípios limítrofes a Caçapava do Sul, de acordo com

o IBGE são os seguintes:

QUADRO 1 - Municípios Limítrofes a Caçapava do Sul. Fonte IBGE.

Norte Cachoeira do SulNorte São SepéSul BagéSul Pinheiro MachadoLeste Santana da Boa VistaOeste Lavras do SulOeste São Sepé

Municipios limitrofes a Caçapava do Sul

10

1.2 Histórico

Na sequência, está descrito um breve histórico do Município de Caçapava

do sul com enfoque nas principais características históricas, baseado nas

informações disponibilizadas no IBGE (2010).

Caçapava do Sul é um dos municípios mais antigos do Rio Grande do

Sul, cujo território está situado na chamada Zona da Campanha, com extensas

jazidas de minérios como zinco, cobre, cal e caulim. Na configuração

topográfica observam-se campos majestosos e serras imponentes, com terras

escuras e solo silicioso, que são utilizados à criação de gado e à agricultura.

Caçapava na língua Tupi-Guarani significa “Clareira na Mata”, “Fim da

Estrada na Mata” e “Fim da Travessia no Monte”. Calcula-se que em 1777,

nasceu a “Paragem de Caçapava”, oriunda de um acampamento militar

localizado no ponto mais estratégico da região, no antigo aldeamento dos

charruas, numa clareira cravada na mata virgem.

Com ocupação da Clareira dos Charruas, teve início a história conhecida de

Caçapava, a qual foi elevada à categoria de Vila em 25 de outubro de 1831 e à

categoria de Cidade em 09 de dezembro de 1885, através da publicação da lei

nº 1535.

Por ocupar localização estratégica nos pampas, Caçapava do Sul, viveu

grandes epopéias. Escaramuças, guerras e sangrentas revoluções eclodiram

em sua geografia, sempre em defesa da terra brasileira as quais são narradas

por todos os historiadores. Tão importante foi à participação de Caçapava

durante a Revolução Farroupilha principalmente por se tornar a 2ª Capital

Farroupilha Rio-grandense, no período de 09 de janeiro de 1839 a 30 de maio

de 1840.

Foi na legendária "Sentinela dos Cerros" cantado, oficialmente, o hino

rio-grandense, no baile realizado a 30 de abril de 1839, quando se festejava o

primeiro aniversário do combate de Rio Pardo.

2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

2.1 Clima

De acordo com o Macrozoneamento Agroecológico e Econômico do

Estado do Rio Grande do Sul (1994), o clima do município de Caçapava do Sul

abrange duas regiões, a Região II (Serra do Sudeste) e a Região I (Depressão

11

Central), sub-região Ic, conforme dados edafoclimáticos levantados em

instituições públicas. A seguir são expostos dados climáticos que se referem à

estação de monitoramento climático localizada no município de Encruzilhada

do Sul, que constitui a mais próxima do município de Caçapava do Sul e que

oferece características físicas semelhantes às do município.

Complementarmente, são relacionados gráficos do balanço hídrico mensal,

extrato do balanço hídrico mensal e deficiência, excedente, retirada e reposição

hídrica ao longo do ano. Os dados correspondem ao período compreendido

entre os anos de 1961 a 1990 (EMBRAPA, 2010).

De acordo com a análise da tabela 1, observa-se que a temperatura

máxima foi registrada no mês de janeiro (22,1 °C) e a temperatura mínima nos

meses de junho e julho (12,2 °C). A temperatura média, no período analisado,

foi de 17,1 °C. A média anual de precipitação registrada foi de 128 mm. No mês

de julho ocorreram os maiores índices pluviométricos (157 mm); no mês de

abril foram registradas as menores precipitações (97 mm)

TABELA 1 - Dados Climatológicos do período de 1961 a 1990 da estação de

Encruzilhada do Sul. Fonte EMBRAPA.

Mês T (0C) P (mm) ETP ARM (mm) ETR (mm) DEF (mm) EXC (mm)Janeiro 22,1 118 114 92 114 0 0Fevereiro 21,9 137 101 100 101 0 28Março 20,4 128 93 100 93 0 35Abril 17,4 97 63 100 63 0 34Maio 14,8 113 45 100 45 0 68Junho 12,2 149 29 100 29 0 120Julho 12,2 157 30 100 30 0 127Agosto 12,7 151 34 100 34 0 118Setembro 14,3 141 43 100 43 0 98Outubro 16,5 127 62 100 62 0 65Novembro 19,5 122 87 100 87 0 35Dezembro 21,7 101 113 88 113 1 0Totais 205,7 1541 815 1181 814 1 727Médias 17,1 128 68 98 68 0 61

Dados climatologicos do periodo 1961 a 1990

No gráfico do Balanço Hídrico Mensal (Figura 1), observa-se que no mês

de julho ocorreu o maior excedente hídrico (127 milímetros) e no mês de

janeiro não foi registrado excedente.

12

FIGURA 1 - Balanço Hídrico mensal. Fonte EMBRAPA.

A análise do gráfico de Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição

Hídrica (Figura 2) indica que nos meses de junho, julho e agosto são

registrados os maiores excedentes (superiores a 100 mm). Nos meses de

janeiro a maio e de outubro a dezembro os excedentes são inferiores a 80 mm.

Portanto, não ocorre deficiência hídrica ao longo de um ano normal.

FIGURA 2 - Deficiência, excedente, retirada e reposição hídrica, médias

mensais ao longo do ano. Fonte EMBRAPA.

13

2.2 Recursos Hídricos Superficiais

A área do município de Caçapava do Sul abrange 03 bacias

hidrográficas, conforme dados disponibilizados pelo Departamento de

Recursos Hídricos (SEMA/DRH, 2008). De acordo com a divisão estadual, as

bacias hidrográficas do Vacacaí-Vacacaí Mirim (G060) e do Baixo Jacuí (G070)

pertencem à região hidrográfica do Guaíba, enquanto a bacia hidrográfica do

Camaquã (L030) está inserida na região hidrográfica das Bacias Litorâneas. Na

tabela 2 consta a síntese de dados quantitativos do município de Caçapava do

Sul, no contexto das bacias hidrográficas do Rio grande do Sul.

TABELA 2 - Inserção das Bacias Hidrográficas no município de Caçapava do

Sul. Fonte SEMA.

Bacias Hidrográficas por População e Área em Caçapava do Sul

Bacias Hidrográficas

Área do Município na Bacia

(%)

Pop. Urbana

Pop. Rural

Pop. Urbana

na Bacia

Pop. Rural

na Bacia

Pop. Total

na Bacia

Vacacaí-Vacacaí

Mirim (G060) 30,38 25.410 8.280 2.825 2.516 5.341

Baixo Jacuí (G070)

40,08 25.410 8.280 22.585 3.378 25.963

Camaquã (L030)

28,82 25.410 8.280 _______ 2.386 2.386

A seguir, estão caracterizadas as bacias hidrográficas que abrangem o

município de Caçapava do Sul de acordo com SEMA (2008).

Bacia do Vacacaí – Vacacaí Mirim

A bacia do Vacacaí - Vacacaí Mirim abrange 16 municípios, entre os

quais, o município de Caçapava do Sul. A seguir, estão expostas as principais

características intrínsecas à Bacia.

- Localização: situa-se na porção centro-ocidental do Estado, entre as

coordenadas geográficas de 29°35’ a 30°45’ de latitude sul; e 53°04’ a 54°34’

de longitude oeste, conforme a Figura 3.

- Províncias geomorfológicas: Depressão Central e Escudo Sul rio-

grandense.

14

- Principais corpos hídricos: os arroios Igá, Acangupa e Arenal e os rios

Vacacaí, dos Corvos, São Sepé e Vacacaí Mirim.

- Área de drenagem: 11.136,17 km² (10.000,35 Km² do Vacacaí, e

1.135,82 Km², do Vacacaí-Mirim).

- Vazão média mais próxima da foz (bacia do rio Vacacaí): 110,44 m³/s

ou 348 mm/ano (estação Passo das Tunas, 6.790 Km²).

- Descarga específica média (Vazão média/área, na bacia do rio

Vacacaí): 0,016 m³/s/Km³ ou 16 l/s/Km.

- Unidades de Conservação existentes: abrange áreas inseridas na

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica situadas nos municípios de Itaara, Ivorá,

Júlio de Castilhos, Restinga Seca, Santa Maria, São João do Polêsine e

Silveira Martins.

FIGURA 3 - Bacia Hidrográfica do Vacacaí - Vacacaí Mirim. Fonte SEMA.

Bacia do Baixo Jacuí

A Bacia do Baixo Jacuí abrange 29 municípios, entre os quais, o

município de Caçapava do Sul. Na sequência serão expostas as principais

características intrínsecas da Bacia.

15

- Localização: situa-se na porção centro-leste do Estado do Rio Grande

do Sul, entre as coordenadas geográficas de 29°26’ a 30°47’de latitude sul e

51°16’ a 53°35’ de longitude oeste, conforme a Figura 4.

- Províncias geomorfológicas: Planalto Meridional, Depressão Central,

Escudo Uruguaio-Sul-riograndense e Planície Costeira (Interior).

- Principais corpos hídricos: os arroios Irapuá, Capané, Botucacaí,

Capivari, do Conde, dos Ratos, dos Cachorros, Ibacurú e o rio Jacuí.

- Área de drenagem: 14.324,65 km².

- Vazão média mais próxima da foz: 1.969 m³/s ou 869 mm/ano (Estação

Passo do Raso; área de drenagem: 71.454 Km²).

- Descarga específica média (Vazão média/área): 0,028 m³/s/km³ ou 28

l/s/km².

- Unidades de Conservação existentes: Parque Estadual do Delta do

Jacuí, na categoria de proteção integral, que abrange os municípios de

Canoas, Charqueadas, Eldorado do Sul, Nova Santa Rita, Porto Alegre e

Triunfo e Parque Estadual da Quarta Colônia na categoria de proteção integral

que abrange os municípios de Agudo e Ibarama.

FIGURA 4 - Bacia Hidrográfica do Baixo Jacui. Fonte

SEMA.

16

BBacia do Camaquã

- Localização: situa-se na região central do Estado do Rio Grande do

Sul, entre as coordenadas geográficas de 28º50’ e 30º 00’ de latitude sul e 52º

15’ e 53º 00’ de longitude oeste, conforme a Figura 5. O rio Camaquã tem suas

nascentes a oeste da bacia, com desembocadura a leste na Laguna dos Patos.

- Províncias geomorfológicas: Escudo Sul-riograndense e Planície

Costeira.

- Principais corpos hídricos: rio Camaquã e os arroios Sutil, da Sapata,

Evaristo, dos Ladrões, Maria Santa, do Abrânio, Pantanoso, Boici e Torrinhas.

- Área de drenagem: 17.033,67 km².

- Vazão média mais próxima da foz: 304 m³/s (Estação Passo do

Mendonça - DNAEE 87.905.000, área de drenagem: 15.543 Km²).

- Descarga específica média (Vazão média/área): 19,55 l/s/km².

- Unidades de Conservação existentes: Parque Estadual do Camaquã

na categoria de proteção integral que abrange os municípios de São Lourenço

e Camaquã e Parque Estadual do Podocarpus na categoria de proteção

integral, que abrange o Município de Encruzilhada do Sul. Cabe salientar que a

Bacia Hidrográfica do Camaquã abrange áreas inseridas na Reserva da

Biosfera da Mata Atlântica situadas nos municípios de Amaral Ferrador,

Arambaré, Barra do Ribeiro, Camaquã, Canguçu, Cerro Grande do Sul,

Chuvisca, Cristal, Dom Feliciano, Pelotas, São Jerônimo, São Lourenço do Sul,

Sentinela do Sul, Tapes e Turuçú.

17

FIGURA 5 - Bacia Hidrográfica do Camaquã. Fonte SEMA.

2.3 Recursos Hídricos Subterrâneos

Na área do município de Caçapava do Sul existem seis domínios

hidrogeológicos, conforme o “Projeto SIG de Disponibilidade Hídrica – Mapa de

Domínios e Subdomínios Hidrogeológicos do Brasil”, realizado pela CPRM

(2007). A Figura 6 ilustra os domínios hidrogeológicos do município de

Caçapava do Sul, de acordo com CPRM (2007).

18

FIGURA 6 - Mapa dos Domínios Hidrogeológicos de Caçapava do Sul. Fonte

CPRM.

19

2.3.1 Domínios Hidrogeológicos

A seguir, descrição dos seis domínios hidrogeológicos existentes em

Caçapava do Sul.

- Domínio Formações Cenozôicas

As Formações Cenozóicas são definidas como pacotes de rochas

sedimentares de natureza e espessuras diversas que recobrem as rochas mais

antigas. Em termos hidrogeológicos, tem um comportamento de aquífero

poroso, caracterizado por constituir porosidade primária e, nos terrenos

arenosos, elevada permeabilidade. Em virtude da espessura e da razão

areia/argila dessas unidades, podem ocorrer vazões significativas nos poços

tubulares perfurados. Entretanto, é comum que os poços localizados neste

domínio captem água dos aquíferos subjacentes.

- Domínio Bacias Sedimentares

O domínio das Bacias Sedimentares engloba as sequências de rochas

sedimentares (muitas vezes associadas a vulcanismo) que compõem as

entidades geotectônicas homônimas (bacias sedimentares). Em termos

hidrogeológicos, estas bacias têm alta favorabilidade para o armazenamento

de água subterrânea e constituem os mais importantes reservatórios, em

decorrência da grande espessura de sedimentos e da alta

porosidade/permeabilidade de grande parte das litologias, o que permite a

exploração de vazões significativas.

- Domínio Poroso/Fissural

Este domínio envolve pacotes sedimentares nos quais ocorrem litologias

essencialmente arenosas com pelitos e carbonatos, no geral subordinados.

Tem como características gerais uma litificação acentuada, alta compactação e

fraturamento acentuado, que lhe confere além do comportamento de aquífero

granular com porosidade primária baixa/média, um comportamento fissural

acentuado (porosidade secundária de fendas e fraturas), motivo pelo qual é

preferível enquadrá-lo com mais propriedade como aquífero do tipo “misto”,

com baixa a média favorabilidade hidrogeológica.

20

- Metassedimentos/Metavulcânicas

Os litótipos relacionados aos Metassedimentos/Metavulcânicas reúnem

xistos, filitos, metarenitos, metassiltitos, anfibolitos, quartzitos, ardósias,

metagrauvacas, metavulcânicas diversas, que estão relacionados ao

denominado aquífero fissural. Como quase não existe porosidade primária

nestes tipos de rochas, a ocorrência de água subterrânea é condicionada por

uma porosidade secundária representada por fraturas e fendas, o que se

traduz por reservatórios aleatórios, descontínuos e de pequena extensão.

Inserido neste contexto, em geral, as vazões produzidas por poços são

pequenas e a água é, na maior parte das vezes, salinizada.

- Domínio Vulcânicas

Este domínio reúne rochas vulcânicas e metavulcânicas de baixo grau,

de natureza ácida e básica, com comportamento tipicamente fissural, com

porosidade secundária de fendas e fraturas. Neste tipo de domínio

hidrogeológico espera-se uma maior favorabilidade ao acúmulo de água

subterrânea, do que o esperado para o domínio dos

metassedimentos/metavulcânicas.

- Domínio Cristalino

Este domínio tem comportamento hidrodinâmico típico de aquífero

fissural e é constituído basicamente por granitóides, gnaisses, granulitos,

migmatitos, básicas e ultrabásicas. Em geral, as vazões produzidas por poços

são pequenas, e a água em função da falta de circulação e do tipo de rocha

(entre outras razões) é, na maior parte das vezes, salinizada. Como a maioria

destes litótipos ocorre geralmente sob a forma de grandes e extensos corpos

maciços, existe uma tendência de que este domínio seja o que tenha menor

possibilidade ao acúmulo de água subterrânea dentre todos aqueles

relacionados aos aquíferos fissurais.

2.3.2 Poços de Captação

De acordo com dados disponibilizados pela CPRM (Companhia de

Pesquisa de Recursos Minerais) através do SIAGAS (sistema de informações

de águas subterrâneas), sistema que é composto por uma base de dados de

21

poços permanentemente atualizada, o município de Caçapava do Sul tem 25

(vinte e cinco) poços de captação cadastrados no SIAGAS. Estes poços

encontram-se distribuídos ao longo do território municipal, conforme quadro 2

abaixo, sendo que 14 (quatorze) poços estão ativos (bombeando) e 11 (onze)

estão inativos ou abandonados.

QUADRO 2 – Poços de Captação cadastrados pelo SIAGAS. Fonte CPRM

(2013).

Código do Ponto Situação Município Localidade

4300002184 Ativo Caçapava do sul PROX.BR.392

4300002185 Ativo Caçapava do sul PROX.AO POÇO 1561-1

4300017787 Inativo Caçapava do sul TREVO DAS ESTRADAS RS E GUARITAS

4300020715 Inativo Caçapava do sul

BR392 KM 191 INDULAC INDUSTRIA DE ALIMENTOS

4300020716 Ativo Caçapava do sul RS357 KM45 FONTE CERRO DO POSTO

4300020717 Inativo Caçapava do sul RS357 KM45 FAZENDA SEIVAL

4300020757 Inativo Caçapava do sul FAZENDA MORADA TIO GERALDO

4300020758 Inativo Caçapava do sul RS 357 KM 7,5 FAZENDA DE PEDRA

4300020759 Ativo Caçapava do sul

ESTRADA PINHEIRO CHACARA QUEIMADA

4300020760 Inativo Caçapava do sul BR 392

22

Código do Ponto Situação Município Localidade

FRIGORIFICO

4300020761 Inativo Caçapava do sul BR 392 FRIGORIFICO

4300020762 Ativo Caçapava do sul RODOVIA BR 392 KM 247

4300020763 Inativo Caçapava do sul Vila Pereirinha

4300020764 Inativo Caçapava do sul Passo da Canoa

4300020766 Ativo Caçapava do sul Fazenda Pouso Alegre – Pitangueira

4300020767 Ativo Caçapava do sul Vila Progresso – Pátio da Capela

4300020768 Ativo Caçapava do sul Vila Progresso

4300020769 Inativo Caçapava do sul Vila Progresso – Margem da BR 290

4300020770 Ativo Caçapava do sul BR 392 KM 253

4300020771 Ativo Caçapava do sul Vila Belo Soares - AADB

4300020941 Inativo Caçapava do sul Fazenda Morada Tio Geraldo

4300021428 Ativo Caçapava do sul Comunidade do Posto da Fonte

4300021433 Ativo Caçapava do sul Durasnal

4300021434 Ativo Caçapava do sul Durasnal

4300021445 Ativo Caçapava do sul Vila Vai Mirim

2.4 Geologia Local

O município de Caçapava do Sul têm estruturas geológicas com

orientação NE-SW predominante. Os principais lineamentos registrados estão

23

associados à Suíte Granítica Caçapava do Sul (SGCS) e às rochas da Bacia

do Camaquã (CPRM, 2007). As rochas da SGCS são fraturadas, com falhas

normais de direção NW-SE, com planos subverticais e falhas com

deslocamentos laterais, responsáveis pelo desenvolvimento das zonas

cataclásticas (BITENCOURT, 1983). Segundo COSTA et al. (1995) a intrusão

desta unidade granítica foi controlada por uma inflexão em uma falha

transcorrente lateral direita, em uma zona de transtensão, com direção NE-SW.

2.5 Geomorfologia

A área superficial de Caçapava do Sul, de acordo com o Projeto

RADAMBRASIL (1986), é formada por três Domínios Morfoestruturais:

Depósitos Sedimentares, Bacias e Coberturas Sedimentares e Embasamentos

em Estilos Complexos.

Nestes domínios foram identificadas três regiões geomorfológicas

(quadro 3): Planície Continental, Depressão Central e Planalto Sul-

Riograndense. Estas regiões estão representadas, respectivamente, pelas

unidades geomorfológicas Planície Alúvio-Coluvionar, Depressão Rio Jacuí,

Planaltos Residuais Canguçu-Caçapava do Sul e Planalto Rebaixado Marginal.

QUADRO 3 – Descrição geomorfológica do município de Caçapava do

Sul. Fonte: RADAMBRASIL, (1986).

Domínios Morfoestruturais

Regiões Geomorfológicas

Unidades

Geomorfológicas

I - Depósitos Sedimentares

Planície Continental

Planície Alúvio-Coluvionar

II - Bacias e Coberturas Sedimentares

Depressão Central Gaúcha

Depressão Rio Jacuí

Planaltos Residuais

Canguçu-Caçapava do Sul

III- Embasamentos em Estilos Complexos

Planalto Sul-Rio-Grandense

Planalto Rebaixado Marginal

24

2.6 Pedologia

Na área superficial do município de Caçapava do Sul existem dez tipos

de solos distribuídos em dez unidades de mapeamento, de acordo com a

classificação da EMBRAPA – 1999. No quadro 4, as unidades de solo e suas

características.

QUADRO 4 – Unidades de mapeamento de solo. Fonte EMBRAPA, 1999.

UNIDADE DE MAPEAMENTO

SUBSTRATO (material de

origem)

CLASSIFICAÇÃO (EMBRAPA - 1999) CARACTERÍSTICAS

São Jerônimo Granito Argissolo Vermelho Distrófico Típico

solo profundo, bem drenado, textura argilosa, ocorre em relevo ondulado

Cerrito Arenito Latossolo Vermelho Distrófico Argissólico

solo profundo, bem drenado, textura argilosa, ocorre em relevo ondulado

Seival Andesito Chernossolo Ebânico Eutrófico Típico

solo raso, moderadamente drenado, textura argilosa, ocorre em relevo ondulado

Carajá Arenito Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico Abrúptico

solo medianamente profundo, moderadamente drenado, textura argilosa, ocorre em relevo ondulado

Caldeirão Arenito Argissolo Vermelho- Amarelo Eutrófico Abrúptico

solo profundo, moderadamente a bem drenado, textura argilosa, ocorre em relevo ondulado

Vacacaí Sedimentos

aluviais recentes

Planossolo Hidromórfico Eutrófico Arênico

solo profundo, mal a imperfeitamente drenado, textura média, ocorre em relevo plano

Lavras Andesito Neossolo Litólico Eutrófico Chernossólico

solo raso, bem drenado, textura média, ocorre em relevo forte ondulado

Ibaré Xisto Neossolo Litólico solo raso, bem

25

Eutrófico Típico drenado, textura média, ocorre em relevo ondulado e forte ondulado

Guaritas Arenito Neossolo Litólico Distrófico Típico

solo raso, bem drenado, textura arenosa, ocorre em relevo forte ondulado

Pinheiro Machado Granito

Neossolo Litólico Distrófico Típico

solo raso, bem drenado, textura média, ocorre em relevo ondulado e forte ondulado

2.7 Fauna

O município de Caçapava do Sul localiza-se na região denominada

Serra do Sudeste ou Planalto Sul-Riograndense, cujas características físicas e

biológicas são peculiares. O avanço da civilização sobre os ambientes naturais,

comum a todas as regiões, faz com que hajam espécies da fauna ameaçadas

de extinção.

A existência de um diversificado ambiente, que abrange áreas

xeromorfas, mesomorfas e hidromorfas e a rica rede de drenagem, indicam que

a Serra do Sudeste, no caso específico o município de Caçapava do Sul, tem

um potencial faunístico considerável. A exemplo do ocorrido com muitas das

regiões brasileiras, a literatura específica sobre a fauna local é restrita e, em

geral, não contém informações ecológicas relevantes como diversidade e

abundância.

Com relação à Ornitofauna, as espécies mais comuns ocorrentes em

Caçapava do Sul são: João-de-barro (Furnarius rufus), Quero-quero (Vanellus

chilensis), Urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), Anu-branco (Guira

guira), Cardeal (Paroaria coronata), Jacuaçu (Penelope obscura), Pombão

(Patagioenas picazuro), Juriti-pupu (Leptotila verreauxi), Codorna-amarela

(Nothura maculosa), Perdiz (Rhynchotus rufescens), Tiriba-de-testa-vermelha

(Pyrrhura frontalis) e a Caturrita (Myiopsitta monachus). Sendo que as espécies

Papagaio-charão (Amazona pretrei) Ema (Rhea americana) e Seriema

(Cariama cristata) também merecem destaque.

26

No grupo da Mastofauna, muitas espécies de mamíferos encontram-se

com a distribuição afetada pela ação antrópica, promovida pela expansão

urbana e consequente redução/destruição de habitats, sobretudo aqueles de

grande porte e, logo, com maior home range. Por este motivo, somado à caça

predatória, poluição, entre outros fatores, muitos mamíferos encontram-se

extintos ou ameaçados de extinção. Os mamíferos têm a capacidade de amplo

deslocamento, apesar de estarem mais suscetíveis a barreiras naturais do que

as aves. Assim mesmo, a maioria das espécies que ocorrem na região de

Caçapava do Sul é comum também em outros locais do Estado.

Dos mamíferos existentes na região de Caçapava do Sul, merecem

destaque as seguintes espécies, por constarem da Lista das Espécies da

Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul: Bugio (Alouatta

fusca), Tamanduá- mirim (Tamandua tectradactila), Lontra (Lontra longicaudis),

Veado-mateiro (Mazama americana), Quati (Nasua nasua), Paca (Agouti paca),

Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), Gato-maracajá (Leopardus

wiedii), Jaguatirica (Leopardus pardalis), Gato-mourisco (Herpailurus

yaquarondi) e Gato-do-mato-grande (Oncifelis geoffroyi).

Também, importante destacar a ocorrência no município do Morcego-

vampiro (Desmodus rotundus), espécie de morcego hematófago transmissor do

vírus da Raiva.

Na Herpetofauna (grupos de vertebrados, répteis e anfíbios) as espécies

mais comuns na região de Caçapava do Sul são: Lagarto (Tupinambas

merianae), Falsa-coral-comum (Oxyrhopus rhombifer), Cobra-espada-comum

(Tomodom dorsatus), Cobra-verde-listrada (Philodryas olfersii), Papa-pinto

(Philodryas patagoniensis), Cobra-cipó-verde (Philodryas aestiva), Caninana-

verde-oliva (Chironius exoletus), Caninana-verde-comum (Chironius

bicarinatus), Corredeira-do-campo (Thamnodynastes strigatus), Jararaquinha-

d'agua-comum (Lhiophis anomalus), Cobra-verde-comum (Liophis

poecilogyrus ), Oveira-bagual (Mastigodryas bifossatus), Dormideira

(Sybinomorphy ventrimaculatus), Nariguda-grande (Lystrophis dorbignyi),

Cabeça-preta-pampeana (Phalotrys lemniscatus), Muçurana-comum (Boiruna

maculata), Corredeira-do-mato (Echinanthera occipitalis), Cobra-d’água-comum

(Helicops infrataeniatus), Boipeva-comum (Waglerophis merremii), Cobra-cega-

sulina (Leptotyphlops munoai), Cruzeira (Bothrops alternatus), Jararaca-pintada

27

(Bothrops pubescens), Coral-verdadeira (Micrurus altirostris), Rã (Hypsiboas

pulchellus), Rã-arlequim (Pseudis minuta), Pererecas (Scinax spp) e Sapos

(Leptodactylus spp).

2.8 Vegetação

A vegetação predominante na região da Serra do Sudeste do Rio

Grande do Sul, mais específicamente na região do município de Caçapava do

Sul, caracteriza-se por mosaicos de floresta-campo. As florestas encontram-se

mais desenvolvidas junto às faixas ciliares de rios e arroios e também em

forma de capões, pequenas manchas de vegetação rodeadas por áreas de

savana. Os campos predominam e variam desde formações abertas ("campo

limpo", estrato baixo e contínuo de gramíneas e herbáceas, e "campo sujo",

que se diferencia da anterior pela ocorrência de arbustos e subarbustos até

áreas conhecidas como "vassourais" de Baccharis spp. e Dodonaea viscosa

(vassoura-vermelha), ou áreas mistas de campos baixos e manchas insulares

de "matinhas subarborescentes" (RAMBO, 1994). Com base em observações

locais, esta região parece sujeita ao processo de colonização de espécies

florestais em áreas de campo, além do aumento da densidade de arbustos.

Ambos os processos alteram a estrutura, a riqueza e a diversidade de espécies

e tipos funcionais de plantas em áreas inicialmente caracterizadas como

formações de campo limpo.

A vegetação do município, de acordo com a classificação da vegetação

brasileira utilizada no Projeto RADAMBRASIL (IBGE 1986), é de uma região

fitoecológica de Savanas que é um ecossistema associado ao Bioma Pampa.

Dentre as espécies arbóreas nativas mais abundantes no município de

Caçapava do Sul pode-se citar: Araucária (Araucaria angustifolia), Angico-

vermelho (Parapitadenia rigida), Canela (Nectandra spp), Cedro (Cedrela

fissilis), Coronilha (Scutia buxifolia), Açoita-cavalo (Luehea divaricata), Aroeiras

(Schinus spp e Lithraea spp), Pitangueira (Eugenia uniflora), Branquilho

(Sebastiana klotzchiana), Chal-chal (Allophylus edulis), Murta (Blepharocalys

salicifolius), Carvalhinho (Casearia sylvestris) e Guajuvira (Cordia americana).

28

3. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

3.1Atividades Agropecuárias

No setor agropecuário o município conta com a COTRISUL -

Cooperativa Tritícola Caçapavana responsável pelo recebimento e

comercialização de arroz, soja, milho e outros cereais e que desenvolve

atividades para além das fronteiras municipais. O município conta também com

a Cooperativa dos Apicultores de Caçapava do Sul, (Cooapi), criada

oficialmente em 14 de fevereiro de 2008 e conta com 21 sócios, que produzem

120 toneladas de mel em 25 mil colméias, o que beneficia 100 famílias. Na

área de agroindústria destaca-se a INDULAC, que opera na coleta e

distribuição do leite e seus derivados, responsável pelo surgimento de uma

crescente bacia leiteira no município e a Tecnoplanta Florestal Ltda. que atua

na área de cultivo e beneficiamento de olivas com capacidade instalada para

produzir 30.000 litros de azeite de oliva extra-virgem por mês.

Em relação à estrutura fundiária, de acordo com o INCRA (2001), o

município de Caçapava do Sul contava com 4.691 estabelecimentos

agropecuários, que somam 288.433,80 hectares. Conforme a Tabela 3, 71,96%

dos estabelecimentos agropecuários tinham até 50 hectares e 26,68% tinham

entre 50 e 500 hectares, ou seja, a estrutura fundiária do município, em 2001

era composta basicamente por pequenas (até 50 ha) e médias (entre 50 e 500

ha) propriedades. As grandes propriedades ou latifúndios (acima de 500 ha)

representavam apenas 1,36% das unidades, mas em contrapartida, somavam

19,30% de toda a área ocupada pelos estabelecimentos agropecuários. Os

minifúndios (até 50 ha) mesmo representando mais da metade do número de

unidades (71,96%), somavam apenas 18,30% da área utilizada pela

agropecuária.

29

TABELA 3 – Estratificação das propriedades rurais de Caçapava do Sul. Fonte

INCRA, 2001.

Caçapava do Sul

Propriedades Áreas das propriedades Grupos

(hectares) número ( % ) hectares (%)

0 a 5 798 17,01 2.395,30 0,83

5 a 10 716 15,26 5.280,40 1,83

10 a 50 1.862 39,69 45.098,90 15,64

50 a 100 571 12,18 40.911,40 14,18

100 a 500 680 14,50 139.065,20 48,21

500 a 1.000 55 1,17 37.033,80 12,84

1.000 a 5.000 8 0,17 10.881,40 3,77

5.000 a 10.000 1 0,02 7.767,40 2,69

Total Geral 4.691 100 288.433,80 100

O rebanho de bovinos do município, em 2010, segundo dados da

FEEDADOS (2013), se destacava em âmbito estadual, visto que estava entre

os dez maiores rebanhos do Estado, com 256.877 cabeças de gado. O

rebanho de ovinos também se destacava com um rebanho de mais de 90 mil

cabeças. Outros rebanhos significativos no município em 2010 foram os

eqüinos, os caprinos, os suínos e as aves, conforme consta na Tabela 4.

TABELA 4 - Rebanho efetivo. Fonte FEEDADOS (2013).

Rebanho Cabeças

Bovinos 256.877

Eqüinos 7.614

Ovinos 95.550

Caprinos 3.293

30

Suínos 6.267

Aves 70.406

Na Agricultura, os cultivos que mais se destacaram foram soja, arroz,

milho, trigo e feijão, bem como produtos hortifrutigranjeiros em menor escala.

Na tabela 5 visualiza-se os quantitativos de áreas cultivadas em 2010 de

acordo com a FEEDADOS.

TABELA 5 – Culturas e áreas cultivadas. Fonte FEEDADOS (2013).

CULTURA ÁREA PLANTADA

(HECTARES)

SOJA 7.000

ARROZ 4.000

MILHO 2.000

FEIJÃO 1.100

AVEIA 350

TRIGO 180

3.2 Assentamentos Urbanos

Os assentamentos urbanos do município são geridos pelo zoneamento

estabelecido pelo Plano Diretor do Município (2004), que divide o território

municipal em duas macrozonas: rural e urbana. A delimitação da macrozona

urbana, no qual se inserem os assentamentos urbanos, tem como objetivo

controlar e disciplinar o adensamento urbano com vistas a adequá-lo à

infraestrutura existente e possibilitar, desde que atendidos os requisitos de

instalação, a implantação de edificações de usos diversos e garantir a

utilização de imóveis não edificados. Com este intuito está definido o

zoneamento urbano que leva em consideração as regras gerais de uso e

ocupação do solo. A macrozona urbana se divide em:

31

- Zona de Uso Residencial: caracterizada por ter uso

predominantemente residencial, atividades econômicas dispersas e existência

de infra-estrutura.

- Zona de Uso Econômico 1 e 2: subdivide-se em dois tipos

caracterizados pelo uso predominante de atividades econômicas e existência

de infraestrutura.

- Zona Exclusivamente Industrial: caracterizada por atividades industriais

conforme seu potencial de impacto ambiental.

- Zona Especial de Interesse Sociall: caracterizada pelo uso

predominante residencial, carência de infraestrutura e equipamentos públicos,

loteamentos irregulares e núcleos habitacionais de baixa renda.

- Zona de Interesse do Patrimônio do Município: caracterizada por área

constituída de um conjunto de relevante expressão arquitetônica, histórica,

cultural e paisagística, cuja manutenção seja necessária à preservação do

patrimônio cultural do Município.

No assentamento urbano, delimitado pelo zoneamento, estão

referenciadas áreas especiais de interesse do município. Estas áreas

compreendem frações que exigem tratamento especial na definição dos

parâmetros reguladores de usos e ocupação do solo, sobrepondo-se ao

zoneamento. Classificam-se como:

- Área Especial de Interesse Ambiental: identificadas como o Parque da

Nação e o Parque da Fonte do Mato, caracterizadas pela possibilidade de

implantação de equipamentos públicos, respeitando-se as faixas de

preservação permanente.

- Área Especial de Interesse Institucional: identificadas como o Parque

de Exposições Eliseu Benfica, Escola Agrícola (CRES), Campus Universitários,

Patronato Patrício Dias Ferreira, Sindicato dos Professores Municipais,

Cemitérios, Autódromo e Aeroporto com respectivo entorno, caracterizadas por

locais destinados a implantação de atividades específicas.

- Área Especial de Interesse Urbanístico: caracterizam-se por imóveis

destinados à implantação de praças, equipamentos públicos e áreas

destinadas a implantação de infra-estrutura fundamental ao desenvolvimento

urbano.

32

- Área Especial de Preservação Ambiental: identificadas pelas Unidades

de Conservação do Parque do Passinho da Aldeia, Parque Ibucaçara e Parque

do Aterro, caracterizadas por recursos naturais de interesse ambiental e por

áreas de alta restrição à ocupação.

As áreas estabelecidas no zoneamento e as áreas especiais definidas

estão delimitadas no Mapa de Zoneamento indicadas na Figura 7 (PLANO

DIRETOR DO MUNICÍPIO, 2004).

FIGURA 7 - Zoneamento urbano de Caçapava do Sul. Fonte Plano Diretor do

Município (2004).

4 ASPECTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS

4.1 Utilização dos Recursos Minerais

A utilização dos recursos minerais que ocorrem no município está

limitada, em termos de exploração, ao calcário dolomítico, saibro, argila e talco.

Estas substâncias minerais são extraídas e beneficiadas predominantemente

nas porções centrais e oeste do município, em áreas próximas às BR-392 e

BR-153, respectivamente. A localização destas áreas de mineração favorece a

logística e transporte dos bens minerais para o mercado consumidor.

33

Ainda, destaca-se que conforme pesquisa realizada junto ao

Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) existem diversos

requerimentos e autorizações de pesquisa mineral para as seguintes

substâncias: Areia, Carvão, Carvão Mineral, Cascalho, Chumbo, Cobre, Filito,

Gabro, Granito, Minério de Cobre, Minério de Ouro, Minério de Zinco, Ouro,

Prata, Siltito e Talco. Dentre essas substâncias, o minério de cobre predomina

com o maior número de requerimentos e autorizações de pesquisa ao longo de

toda área municipal.

O município de Caçapava do Sul é responsável pela produção de mais

de 85% do calcário do Estado do Rio Grande do Sul. Na mineração destaca-se

a Irmãos Cioccari & Cia. Ltda., Dagoberto Barcellos SA, Mineração Mônego,

Indústria de Calcário Caçapava Ltda., Mineração Razzera Ltda., Indústria de

Calcário Vigor, Mineração Sangali Ltda., empresas que atuam na extração e

beneficiamento de calcário para produção de cal, argamassa e corretivo de

solo.

Além disso, o Município conta com empresas do ramo oleiro que

realizam extração e beneficiamento de saibro e argila para a produção de

artefatos de cerâmica.

Devido ao grande potencial minerário do município, atualmente várias

empresas do ramo de prospecção mineral atuam em Caçapava do Sul,

realizando estudos e pesquisas minerais visando definir jazidas para futura

exploração econômica.

4.2 Exploração Florestal

Na atualidade a atividade florestal no município de Caçapava do Sul está

condicionada a três segmentos industriais representado pelas empresas

Aracruz, Fibria e indústrias de calcário em geral, e outro representado por

pequenos proprietários que usam o recurso florestal de forma de subsistência

no interior da própria propriedade. As principais espécies utilizadas no plantio

homogêneo de floresta no município são: Eucalyptus spp (eucalipto) e Acacia

mearnsi (acácia-negra).

De acordo com dados disponibilizados pelo escritório de Caçapava do

Sul da EMATER, em 2013 o município contava com 15.000 hectares cultivados

com eucalipto e 500 hectares de acácia-negra.

34

4.3 Demografia

Por meio da análise da Tabela 6 verifica-se que a população de

Caçapava do Sul variou pouco desde a década de 1970. Em 1970 o município

contava com uma população de 33.829 habitantes. Dez anos depois, em 1980,

a população diminuiu em 855 habitantes passando a ter 32.974 habitantes.

Entre 1980 e 1991 teve o maior crescimento demográfico, de 1.644 habitantes

(5%). Durante a década de 1990 o crescimento demográfico estagnou e

chegou ao ano de 2000 com apenas 25 habitantes a mais que em 1991, ou

seja, praticamente 0%. Na década de 2000 o crescimento populacional voltou a

ser negativo, com perda de 953 habitantes entre os anos de 2000 e 2010.

Esses índices evidenciam uma estagnação no crescimento populacional do

município.

Porém, considerando que a Universidade Federal do Pampa vem

apresentando um crescimento contínuo estando em franca expansão, o que

determina aumento no número de alunos e servidores, e considerando que a

economia do município tem apresentado crescimento positivo, principalmente

no setor agrícola e de mineração, estima-se que o crescimento populacional

sairá de sua estagnação a curto prazo.

TABELA 6 - População Total. Fonte FEE (2013).

População

Ano Total

1970 33.829

1980 32.974

1991 34.618

2000 34.643

2008 33.223

2009 33.827

2010 33.690

A evolução da população urbana e rural do município de Caçapava do

Sul segue os padrões da maioria dos municípios brasileiros, que até a década

de 1970 tinha a maior parte da população localizada na zona rural.

35

Por meio da análise da Tabela 7 pode-se verificar que em 1970, 60% da

população de Caçapava do Sul viviam na zona rural. O êxodo rural que ocorreu

ao longo da década de 1970, fez com que em 1980 o município já tivesse a

maior parte da população (52%) morando na zona urbana. Desde então, a

população urbana se manteve maior que a rural. Em 1991, 58,8% da

população concentrava-se na zona urbana, enquanto que no ano de 2000 esse

índice teve um pequeno declínio (55,8%). Em 2010, esse índice chegou a

75,4%, ou seja, mais de dois terços da população caçapavana residia na zona

urbana do município. Os dados populacionais do período de 2000-2010

mostram que o êxodo rural no município de Caçapava do Sul vem tendo um

crescimento de 4,6% ao ano.

TABELA 7 - População Rural e Urbana. Fonte FEE (2013).

Comparativo entre População Rural e Urbana

Ano Rural Urbana

1970 20.395 13.434

1980 15.614 17.360

1991 14.269 20.349

2000 15.315 19.328

2008 12.627 20.596

2010 8.280 25.410

Com relação à faixa etária da população residente de Caçapava do Sul

(CENSO 2010), verifica-se que a população adulta representa 57,08% da

população total, estando concentrada faixa dos 25 aos 69 anos. Crianças até

14 anos representam 19,73%, enquanto que adolescentes entre 15 e 19 anos

somam 8,02% da população. Outra informação importante é a parcela da

população acima de 70 anos, ou seja, de idosos, que chega a 8,08% dos

habitantes.

36

TABELA 8 - Faixa Etária da População residente. Fonte IBGE (CENSO

2010).

População

Faixa Etária (anos)

Nº de Habitantes

Percentagem

(%) 0 a 4 1.829 5,43

5 a 9 2.222 6,60

10 a 14 2.593 7,70

15 a 19 2.701 8,02

20 a 24 2.390 7,09

25 a 29 2.316 6,87

30 a 39 4.248 12,61

40 a 49 4.947 14,68

50 a 59 4.567 13,56

60 a 69 3.153 9,36

70 ou mais 2.724 8,08

Total 33.690 100

Com relação à densidade demográfica, o município de Caçapava do Sul

apresenta 11,05 habitantes/ km 2 , tendo por base a população apontada pelo

CENSO de 2010.

4.4 Emprego e Renda

População em Idade Ativa (PIA) é uma classificação etária que

compreende o conjunto de todas as pessoas teoricamente aptas a exercer uma

atividade econômica. No Brasil, a PIA é composta por toda população com 10

ou mais anos de idade e subdivide-se em:

- População Economicamente Ativa (PEA): compreende o potencial de

mão de-obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a população

ocupada e a população desocupada.

- População não Economicamente Ativa (PNEA) ou População

Economicamente Inativa (PEI): são as pessoas não classificadas como

ocupadas ou desocupadas, ou seja, pessoas incapacitadas para o trabalho ou

37

que desistiram de buscar trabalho ou não querem mesmo trabalhar. Inclui os

incapacitados, os estudantes e as pessoas que cuidam de afazeres

domésticos. Inclui também os “desalentados” - pessoas em idade ativa que já

não buscam trabalho, uma vez que já o fizeram e não obtiveram sucesso.

A população em idade ativa, ou seja, com mais de 10 anos era de

29.639 habitantes no ano de 2010 (IBGE, 2010). Na parcela de pessoas sem

rendimento estão incluídos os desocupados ou desempregados, a população

economicamente inativa, assim como podem estar inclusas as pessoas que

exercem uma ocupação econômica sem remuneração. Em contrapartida,

72,6% ou 21.524 habitantes tinham algum rendimento no ano de 2010

(aposentados e pensionistas fazem parte desta parcela da população

caçapavana).

TABELA 9 - Condição de Renda das pessoas com 10 anos ou mais. Fonte

IBGE (CENSO 2010).

10 ANOS OU MAIS SEM RENDIMENTO 8.115

10 ANOS OU MAIS COM RENDIMENTO 21.524

10 ANOS OU MAIS TOTAL 29.639

Um dos fatores que medem poder econômico de uma população é a

renda mensal. Em Caçapava do Sul, dos 21.524 habitantes que possuíam

alguma renda no ano de 2010, 49,21% recebiam até um salário mínimo,

enquanto 28,65% recebiam de 1 a 2 salários. Esses números evidenciam o

baixo poder aquisitivo dos caçapavanos, visto que 77,86% da população tinha

rendimentos de até dois salários mínimos. Pessoas com renda entre 2 e 3 e de

3 a 5 salários somavam 15,91%, enquanto 5,05% recebiam de 5 a 10 salários

mínimos. Os habitantes que recebiam de 10 a 20 salários eram 0,88% e os que

tinham renda maior que 20 salários somavam apenas 0,28% da população com

algum rendimento mensal.

Na Tabela 10 consta a renda mensal dos habitantes com algum

rendimento em Caçapava do Sul, dados do CENSO de 2010.

38

TABELA 10 - Renda mensal das pessoas de 10 anos ou mais. Fonte IBGE –

2010.

10 ANOS OU MAIS SEM RENDIMENTO DE ATÉ 1 SALÁRIO MÍNIMO

10.592

10 ANOS OU MAIS COM RENDIMENTO DE 1 A 2 SALÁRIOS MÍNIMOS

6.167

10 ANOS OU MAIS COM RENDIMENTO DE 2 A 3 SALÁRIOS MÍNIMOS

1.956

10 ANOS OU MAIS COM RENDIMENTO DE 3 A 5 SALÁRIOS MÍNIMOS

1.469

10 ANOS OU MAIS COM RENDIMENTO DE 5 A 10 SALÁRIOS MÍNIMOS

1.088

10 ANOS OU MAIS COM RENDIMENTO DE 10 A 20 SALÁRIOS MÍNIMOS

190

10 ANOS OU MAIS COM RENDIMENTO MAIOR QUE 20 SALÁRIOS MÍNIMOS

61

4.5 Índice de Desenvolvimento Socioeconômico – IDESE

A Fundação de Economia e Estatística (FEE), no intuito de avaliar o grau

de desenvolvimento dos municípios e das regiões do Estado, elaborou um

indicador sintético: o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico. O IDESE

contempla quatro dimensões (blocos): Condições de Domicílio e Saneamento,

Renda, Educação e Saúde e abrange 12 variáveis. Para cada uma das

variáveis componentes dos blocos, é calculado um índice, entre zero (nenhum

desenvolvimento) e um (desenvolvimento total), que indica a posição relativa

dos municípios e das regiões. Com esse fim, são fixados, a partir de

parâmetros internacionais, os valores de referência máximo (1) e mínimo (0) de

cada variável. Os índices dos blocos são obtidos por meio de uma média

ponderada dos índices de cada uma das variáveis componentes do bloco. A

classificação quanto ao nível de desenvolvimento só é possível porque a

escolha desses limites é feita com base em parâmetros internacionais (tal

como adotado pela ONU em seu Índice de Desenvolvimento Humano - IDH), e

permite, assim, que as unidades geográficas às quais os índices se referem

sejam classificadas quanto ao seu nível de desenvolvimento em relação a

qualquer localidade (do mundo). Portanto, assim como no IDH, as unidades

geográficas podem ser classificadas pelos índices (construídos dessa forma)

em três grupos: baixo desenvolvimento (índices até 0,499), médio

39

desenvolvimento (entre 0,500 e 0,799) e alto desenvolvimento (maiores ou

iguais a 0,800). De acordo com a Tabela 11, em 2009, o município de

Caçapava do Sul ocupava a 134º posição no IDESE dentre os 496 municípios

do Estado, o que representa um médio desenvolvimento dentro da

classificação do IDESE. Verifica-se que o melhor desempenho do município foi

no bloco Saneamento e Domicílios que leva em consideração o percentual de

domicílios abastecidos com água, atendimento com esgoto sanitário e a média

de moradores por domicílio. No bloco Saúde, com relação ao restante dos

municípios, Caçapava do Sul obteve o seu pior desempenho, ocupando a

posição 306º. Nos blocos Educação e Renda o município ocupa a 210º e 302º

posição, respectivamente.

ação IDESEÍ

TABELA 11 - Índice de Desenvolvimento Socioeconômico – IDESE, base 2009.

Fonte FEE (2013).

Educação Renda Saneamento Saúde IDESE Unidade

Geográfica Índice Ordem Índice Ordem Índice Ordem Índice Ordem Índice Ordem

Caçapava

do Sul 0,872 210° 0,668 302° 0,567 66° 0,849 306° 0,739 134°

RS 0,870 0,813 0,569 0,850 0,776

Na Tabela 12 consta a evolução do IDESE de 2000 a 2009. Neste

período, o índice evoluiu de 0,710 para 0,739 com oscilações negativas nos

anos de 2004 e 2005. Em comparação com o restante dos municípios do Rio

Grande do Sul, no mesmo período, Caçapava do Sul ganhou seis posições e

passou da 140º em 2000 para 134º em 2009. Esses dados indicam que o

município está melhorando seu índice, principalmente através do crescimento

contínuo que houve a partir de 2006.

TABELA 12 - Evolução do IDESE de Caçapava do Sul. Fonte FEE (2013).

ANO ÍNDICE DE

CAÇAPAVA DO SUL

POSIÇÃO NO RS

2000 0,71 140º

2001 0,714 140º

40

2002 0,715 136º

2003 0,719 156º

2004 0,716 155º

2005 0,712 150º

2006 0,720 150º

2007 0,730 148º

2008 0,731 148º

2009 0,739 134º

4.6 Educação

Pela classificação do IDESE do ano de 2009, sobre educação observa-

se que o município esta classificado com um alto desenvolvimento, pois

apresenta um índice de 0,872. Ressalta-se que esse índice está acima da

média estadual que é de 0,870. Mas, embora acima da média estadual, em

comparação com outros municípios gaúchos, Caçapava do Sul obteve apenas

a 210º colocação.

Com relação à taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais,

o percentual era de 8,25% e de 7,67% para pessoas de 10 anos ou mais, no

ano de 2010 de acordo com a FEEDADOS.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, no ano de 2013 a

rede municipal de ensino atendia 3.098 alunos distribuídos em 20 escolas

municipais (Tabela 13). U

TABELA 13 - Número de escolas e alunos matriculados na rede municipal em

2013. Fonte Secretaria Municipal de Educação.

ZONA ESCOLAS ALUNOS

URBANA 13 2.205

RURAL 7 813

TOTAL 20 3.098

41

De acordo com a Tabela 14 a rede escolar de Caçapava do Sul,

somando a rede municipal, a rede estadual e universidades, contava em 2013

com 7.648 alunos matriculados. Deste total, mais de dois terços (66,19%)

cursavam o ensino fundamental e 16,79% o ensino médio. O ensino superior e

o pré-escolar são os níveis de ensino que tinham o menor índice de alunos

matriculados, 12,37% e 4,65%, respectivamente.

No ensino superior, os alunos estão distribuídos em cursos da

Universidade Regional da Campanha – URCAMP e Universidade Federal do

Pampa – UNIPAMPA.

TABELA 14 - Matrículas na rede escolar em 2013. Fonte Secretaria Municipal

de Educação e Secretaria Estadual de Educação.

NÍVEL DE ENSINO

MATRÍCULAS PORCENTAGEM (%)

PRÉ-ESCOLA 356 4,65

FUNDAMENTAL 5.062 66,19

MÉDIO 1.284 16,79

SUPERIOR 946 12,37

TOTAL 7.648 100

Segundo a FEEDADOS, em 2010 as taxas de abandono escolar e de

aprovação e reprovação, ficaram distribuídas conforme a tabela abaixo:

TABELA 15 – Taxas de abandono escolar e de aprovação e reprovação na

rede escolar municipal – ensinos fundamental e médio. FEEDADOS (2013).

Nível de Ensino

Rede Escolar

Taxa de Abandono (%)

Taxa de Aprovação (%)

Taxa de Reprovação (%)

Estadual 1,0 77,6 21,4 Fundamental

Municipal

1,8 78,6 19,6

42

Particular

0,0 94,7 5,3

Estadual

9,3 52,5 38,2

Médio

Particular 0,0 91,9 8,1

4.7 Saúde

A análise da estrutura da saúde pública em um município é fundamental

para elucidar o grau de desenvolvimento socioeconômico de uma determinada

população.

Ao analisar os dados do IDESE do ano de 2009 sobre saúde observa-se

que o município é classificado com alto desenvolvimento, pois apresenta um

índice de 0,849, uma vez que a média estadual é 0,850.

Em comparação com o restante dos municípios do Rio Grande do Sul,

no período de 2000-2009, Caçapava do Sul ganhou 107 posições e passou da

413º em 2000 para 306º em 2009. Esses dados indicam que o município está

melhorando seu índice, principalmente através do crescimento contínuo que

houve a partir de 2006.

A estrutura de atendimento público no município divide-se entre o

hospital (privado, mas com atendimento pelo SUS), uma policlínica e cinco

Estratégia de Saúde da Família (ESF). O Hospital de Caridade Victor Lang

possui um corpo clínico com 23 médicos e 2 estagiários. Dos 80 leitos

existentes 75% são destinados para pacientes do SUS. Além do hospital

filantrópico, a saúde pública na área urbana usufrui da Policlínica Municipal que

tem algumas especialidades médicas com apoio às diagnoses e terapias.

Indicadores de saúde do município:

- Mortalidade infantil por mil nascidos vivos (2012) - 5,7

- Natalidade (2012)- 10,5

- Fecundidade (2012) – 1,55 filho nascido vivo por mulher

- Expectativa de vida ao nascer (2010) – 75,7 anos

43

4.8 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil – 2013,

disponibilizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o

município de Caçapava do Sul ocupa a 1776ª posição no rancking IDHM 2010

com um índice de 0,704.

Ainda de acordo o Atlas 2013, Caçapava do Sul obteve em 2010 os

seguintes índices:

- IDHM Renda – 0,699

- IDHM Longevidade – 0,855

- IDHM Educação – 0,585

5. DIAGNÓSTICO SETORIAL DO SANEAMENTO BÁSICO

O acesso ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem

urbana e a coleta de resíduos sólidos são fatores importantes que diferenciam

a qualidade de vida de uma população. A seguir, estão caracterizados os

sistemas existentes no município para os quatro componentes do saneamento

básico.

5.1 Abastecimento de água

O abastecimento de água é realizado pela CORSAN, através de

concessão do Município.

De acordo com dados da FEEDADOS, no ano de 2010 na zona urbana

do município de Caçapava do Sul 97,60% dos domicílios eram atendidos pela

rede geral de abastecimento de água, enquanto 2,19% eram atendidos por

poço ou nascente. Apenas 0,21% dos domicílios urbanos eram abastecidos de

outra forma (água de reservatório ou caixa, abastecido com água das chuvas,

por carro-pipa).

Na zona rural mais da metade dos domicílios, 87,32% eram abastecidos

por poço ou nascente e 10,04% pela rede geral. Apenas 2,64% dos domicílios

rurais eram abastecidos de outras formas.

44

TABELA 16 - Forma de abastecimento de água em número e percentual de

domicílios. Fonte FEEDADOS (2013).

Zona Urbana Zona Rural

ipo de Abastecimento Nº de

Domicílios % Nº de Domicílios %

Rede Geral 8931 97,60 296 10,04

Poço ou

Nascente 200 2,19 2576 87,32

Outra Forma 19 0,21 78 2,64

O sistema de abastecimento de água na zona urbana do município de

Caçapava do sul é composto pela captação em duas barragens,

bombeamento, adução, estação de tratamento, bombeamento, reservação e

distribuição, conforme esquema abaixo.

Legendas:

01 – 1º Recalque barramento Arroio das Pedras

02 – 2º Recalque Barragem do Arroio do Salso

03 – Estação de Tratamento de Água

FIGURA 8 - Esquema do Sistema principal de Abastecimento de água de Caçapava do Sul.

O1 02 03

04

06

07

08

09

10

11

05 09 06

Figura 8 - Esquema do Sistema de Abastecimento de água de Caçapava do Sul

45

04 – Reservatório Enterrado 700m3 Rua XV de Novembro

05 – Reservatório Elevado 250m3 Rua XV de Novembro

06 – Reservatório Elevado 250m3 Av Santos Dumont

07 – Reservatório Elevado 10m3 Vila do Frigoríifico

08 – Distribuição

09 – Reservatório Elevado 500m3 Bairro Floresta

10 – Booster

11 – Leitos de Secagem (Foto 1)

Obs.: Reservatórios 05, 06 e 09 instalados na mesma cota

FOTO 1: Vista do leito de secagem da CORSAN, para tratamento dos resíduos

da limpeza da ETA. Localizada na margem esquerda da estrada do Rincão N.

Sª das Graças (sentido Leste-Oeste).

5.1.1 Captação

O município em seu sistema de abastecimento conta com duas

barragens de captação: a do Arroio do Salso e a do Arroio das Pedras.

A barragem principal localiza-se no Arroio do Salso, distante 2,5 km

(pelo curso de água) da zona urbana da Sede e acumula um grande volume de

água (Figura 9). Porém, enfrenta problemas de assoreamento, presença de

coliformes fecais (parte do esgoto da cidade à montante da barragem) e

disseminação de vegetais aquáticos (aguapés – Foto 2).

Coordenadas geográficas da barragem (DATUM SIRGAS 2000):

46

Lat. -30,54264

Long. -053,48133

FIGURA 9: Imagem da barragem do Arroio do salso.

FOTO 2: Bacia de acumulação da barragem do Arroio do Salso

mostrando a disseminação de vegetais aquáticos.

47

A barragem secundária localiza-se no Arroio das Pedras, distando 5 km

(pela estrada do Salso) da Sede do município (Figura 10). Trata-se de um

pequeno barramento que acumula um menor volume de água, porém de boa

qualidade. Esta barragem não sofre interferência de esgotamento sanitário,

vegetais aquáticos ou assoreamento.

Coordenadas geográficas da barragem (DATUM SIRGAS 2000):

Lat. -30,57308

Long. -053,46801

FIGURA 10: Imagem da barragem do Arroio das Pedras.

5.1.2 ETA

A estação de tratamento de água é do tipo convencional e localiza-se na

Rua 15 de Novembro s/nº. Possui capacidade nominal de 120 l/s, porém tem

trabalhado com a vazão de 100 l/s. Conta com dois GMB, Grupo Motor e

Bomba de 200 cv com capacidade nominal de 94 l/s, que recalcam do

reservatório enterrado para os elevados e para a rede de distribuição.

A ETA ocupa uma área superficial de 32,89 m2 e conta com três filtros

rápidos e dois decantadores de aproximadamente 560 m3 cada.

48

5.1.3 Recalque

A água do barramento do Arroio das Pedras (1º recalque) é misturada

com a água da barragem do Arroio do Salso (2º recalque), e transferida por

recalque até a Estação de Tratamento. Após o tratamento, que é considerado

de media complexidade, a água tratada é transferida por gravidade ao

reservatório enterrado. Deste reservatório a água é recalcada para o

reservatório elevado existente no pátio da ETA. A partir daí, a água vai por

gravidade para a rede de distribuição, para os reservatórios elevados da Av.

Santos Dumont, da Vila do Frigorífico e do Bairro Floresta e, também, para o

buster do Bairro Floresta.

5.1.4 Redes

O sistema principal possui 121.184 metros de rede de abastecimento,

sendo composto por:

- 100.042 metros de redes de PVC, de diferentes bitolas, indo de 32mm até

200mm.

- 3.059 metros de ramal precário de PVC de 32mm.

- 18.083 metros de redes de fibrocimento de 60mm até 200mm.

Nas áreas centrais, onde existem as redes mais antigas,

predominantemente encontram-se redes de fibrocimento, estando estas em

péssimas condições, acarretando freqüentes intervenções. Entre os meses de

outubro de 2010 e abril de 2011 ocorreram 55 intervenções nestas redes e 577

nos ramais. O que resulta numa média de 7,85 intervenções por mês nas redes

e 82,43 nos ramais.

5.1.5 Reservação

Na zona urbana da Sede o sistema de reservação é composto por

quatro reservatórios elevados:

- reservatório para 700m3, na Rua 15 de Novembro

- reservatório para 250m3, na Rua 15 de Novembro

- reservatório para 250m3, na Av Santos Dumont

- Reservatório Elevado para 500m3, no Bairro Floresta (não está em carga)

Na zona rural existe um reservatório elevado para 10m3, localizado na

Vila do Frigoríifico – 1º Distrito.

49

5.2 Esgotamento Sanitário

O município de Caçapava do Sul não conta com tratamento de esgoto

sanitário, existe apenas a coleta e afastamento do mesmo através da rede

geral ou pluvial. No Bairro Pró-Morar a coleta e afastamento são realizados

pela CORSAN, sendo cobrada uma taxa equivalente a 50% do valor do

consumo de água por domicílio. No restante da zona urbana a coleta e

afastamento são realizados pela prefeitura sem ônus para o usuário.

Conforme dados da FEEDADOS, em 2010 na zona urbana 59,86% dos

domicílios tinham o esgoto coletado pela rede geral ou pluvial, 7,38% somente

em fossa séptica, 29,68% em fossa rudimentar (sumidouro), 2,82% tinham

outra forma de esgotamento sanitário (escoamento sobre o solo ou lançamento

direto em corpos hídricos). Segundo a FEEDADOS, apenas 24 domicílios não

possuíam banheiros ou sanitários, o que representa 0,26% dos domicílios da

zona urbana.

Na zona rural verifica-se a precariedade do destino do esgoto, pois

90,71%, quase a totalidade dos domicílios, em 2010 destinavam seus efluentes

em fossa rudimentar, vala, corpos hídricos, ou escoamento sobre o solo. Além

disso, 3,19% dos domicílios não possuíam banheiros ou sanitários. Apenas 10

domicílios, 0,34%, eram atendidos pela rede geral e 5,76% possuíam fossa

séptica, conforme a Tabela 17.

TABELA 17 - Tipo de esgotamento sanitário em percentual de domicílios. Fonte

FEEDADOS (2013).

Zona Urbana Zona Rural

Tipo de Abastecimento Nº de

Domicílios % Nº de Domicílios %

Rede Geral ou Pluvial 5477 59,86 10 0,34

Fossa Séptica 675 7,38 170 5,76

Fossa Rudimentar (sumidouro)

2716 29,68 2448 82,98

Outra forma 258 2,82 228 7,73

Sem banheiros ou sanitários 24 0,26 94 3,19

50

A falta de coleta específica e tratamento do esgoto sanitário faz com que

os efluentes domésticos sejam despejados diretamente no solo ou lançados

em corpos hídricos. Esta sistemática contamina o solo e consequentemente o

lençol freático e causa degradação nos recursos hídricos (Figura 11 e Foto 3).

Também, afeta a saúde coletiva uma vez que esgoto a céu aberto propicia a

proliferação de vetores que podem causar doenças nas comunidades.

FIGURA 11: Contaminação do solo e lençol freático por extravasamento

em fossa séptica.

FOTO 3: Vila Sul. Lançamento de esgoto em corpos hídricos.

51

5.3 Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos

Os serviços de coleta e destinação final dos resíduos sólidos e limpeza

urbana no município de Caçapava do Sul são organizados da seguinte

maneira:

- Os resíduos sólidos da coleta regular são acondicionados em sacos plásticos

e caixas de papelão pela população e colocados em frente às residências para

a realização do serviço de coleta.

− Após a coleta regular, os resíduos urbanos são transportados até a estação

de transbordo municipal, onde permanecem até sua transferência à aterro

sanitário que possua licença ambiental em vigor emitida pelo orgão ambiental

competente (Foto 4).

− A estação de transbordo municipal localiza-se na Vila do Segredo, em imóvel

rural de propriedade do município, e possui licenciamento ambiental junto à

FEPAM.

− O transporte dos resíduos até a destinação final é realizado por empresa

terceirizada.

− O serviço de coleta regular dos resíduos urbanos é realizado diariamente na

zona urbana do município por empresa terceirizada.

− Os resíduos também são coletados em algumas localidades rurais onde

existe aglomeração urbana, sendo que a coleta nestes locais é semanal. As

localidades rurais atendidas pela coleta regular são: Rincão dos Godinho, Vila

Pereirinha, Minas do Camaquã, Vila Progresso, Vila Frigorífico, Durasnal,

Coxilha de São José, Caieiras e Rincão dos Seixas.

− O município não tem lei específica para cobrança de taxa de coleta de lixo.

− O município conta com uma central de triagem localizada no bairro Pró-

Morar. Esta central realiza a triagem e enfardamento dos resíduos sólidos

urbanos coletados pela coleta seletiva. A central possui licenciamento

ambiental junto à FEPAM (Foto 5).

− Os resíduos provenientes da poda de árvores e varrição são gerenciados

pela Prefeitura Municipal, desde a coleta até a destinação final. Os resíduos de

poda são coletados pela Prefeitura de acordo com a demanda e são

encaminhados para a área rural denominada Patronato (área de propriedade

do município), onde são aterrados. Os resíduos de varrição são recolhidos pela

52

coleta regular de resíduos urbanos e são encaminhados para a estação de

transbordo municipal.

− A quantidade mensal de resíduos coletados pela coleta regular é de 414

toneladas, o que representa uma quantidade de resíduos gerados de 13,8

toneladas por dia (dados de 2011). Esta quantidade representa uma geração

de 0,543 kg/hab./dia, ficando praticamente na média nacional para cidades

com até 30 mil habitantes que é de 0,5 kg/hab./dia, de acordo com o Instituto

Brasileiro de Administração Municipal (2001).

− Os resíduos de serviços de saúde gerados por unidades de saúde municipais

são coletados e transportados por empresa terceirizada até a destinação final,

a qual é realizada em aterros específicos licenciados pelo orgão competente.

Atualmente, a quantidade mensal de resíduos de saúde gerados pelas

unidades de saúde municipais é cerca de 900 litros (dados de 2011).

- Segundo a FEEDADOS, em 2010 a coleta regular dos resíduos sólidos

urbanos atingiu 9.838 domicílios, sendo 9.061 na zona urbana e 777 na zona

rural, o que representava 81,31% do total de domicílios do município.

Foto 4: Vista frontal da estação de transbordo municipal.

53

Foto 5: Vista frontal da central de triagem municipal.

5.3.1 Recuperação de Área Degradada por Resíduos Sólidos Urbanos

A área do aterro controlado municipal localizado na Vila do Segredo,

antiga área de disposição de resíduos sólidos domiciliares, vem sendo

trabalhada e monitorada com o objetivo de recuperação ambiental do local.

Esta área começou a receber resíduos em dezembro de 1997 e cessou

o recebimento em dezembro de 2005. Durante estes 96 meses de atividades, o

aterro recebeu cerca de 29.000 toneladas de resíduos sólidos urbanos, o que

resultou em poluição ao meio ambiente e transtornos aos moradores próximos,

devido à proliferação de insetos e ao forte odor (Foto 6).

Após seu encerramento, o aterro foi licenciado pela FEPAM para a

atividade de “Recuperação de Área Degradada por Resíduos Sólidos Urbanos

sem Uso”.

Nos trabalhos de recuperação da área degradada foi realizado o

aterramento das células de deposição de resíduos, revegetação com

gramíneas e arbóreas nativas sobre as células e entorno das mesmas,

cercamento do local com aramados, recuperação de taludes nas lagoas de

tratamento de percolados, recuperação de bocas-de-lobo e do sistema de

drenagem subterrâneo de captação de percolados e cortinamento com

eucaliptos na porção Sul das células (Foto 7).

54

Desde seu encerramento a área vem sendo monitorada, através da

manutenção da vegetação implantada, monitoramento de águas superficiais e

subterrâneas, manutenção do cercamento, manutenção das lagoas e do

sistema de drenagem de percolados.

O monitoramento de águas superficiais e subterrâneas é realizado

semestralmente, através de coleta e análise em três pontos na Sanga do

Aterro, um ponto nas lagoas de tratamento, em duas tubulações para captação

de águas subterrâneas e em um poço de alvenaria (ponto branco). Os

parâmetros analisados são: pH, DQO, condutividade elétrica, sólidos totais,

sólidos dissolvidos totais, alcalinidade ou acidez total, sulfatos, cloretos,

nitratos, coliformes fecais e totais, oxigênio dissolvido, pH, DBO5, fósforo total,

nitrogênio total e sólidos suspensos.

Foto 6: Vista da porção central do aterro antes dos trabalhos de

recuperação.

55

Foto 7: Vista da mesma porção da foto anterior após os

trabalhos de recuperação (aterramento, compactação e

semeadura de gramíneas).

5.4 Drenagem e Manejo de Águas Pluviais

A Prefeitura de Caçapava do Sul não possui estudos técnicos

relacionados à drenagem e manejo de águas pluviais na área urbana, sendo

que as redes existentes foram implantadas em função de sua necessidade,

mas sem realização de prévio estudo técnico relativo a todas as micro-bacias

urbanas.

Os principais problemas estão relacionados com a microdrenagem e

macrodrenagem, as redes existentes não foram devidamente planejadas e

estão hoje subdimensionadas.

As redes de drenagem pluvial que foram implantadas em anos

anteriores e que atingem alguns bairros da cidade são:

- Rede implantada com tubos de concreto no Bairro Floresta, possuindo uma

extensão de 318,0 metros, iniciando na Rua João Carlos Osório Torres e

finalizando na Rua José Darvil Zanneti. Esta rede tem sentido leste-oeste e

direciona as águas pluviais para a sanga que nasce junto à Rua José Darvil

Zanneti.

- Rede implantada em galeria de concreto ciclópico e alvenaria estrutural no

Bairro São Jerônimo, 1,00 x 1,20 m, possuindo uma extensão de 100,0 metros,

iniciando na Rua Baltazar de Bem e Canto e finalizando na Rua José Darvil

56

Zanneti. Esta rede tem sentido leste-oeste e direciona as águas pluviais para a

sanga que nasce junto à Rua José Darvil Zanneti.

- Rede implantada em galeria de concreto ciclópico e alvenaria estrutural no

Bairro São Jerônimo, 1,00 x 1,00 m, possuindo uma extensão de 685,0 metros,

iniciando na Fonte do Conselheiro (Rua Sete de Setembro), Bairro Centro, e

finalizando na Rua Barão do Rio Branco, no Bairro Vila Mercedes. Esta rede

tem sentido oeste-leste e direciona as águas pluviais para a galeria do Passo

da Aldeia.

- Rede implantada em galeria de concreto ciclópico e alvenaria estrutural no

Bairro São Jerônimo, 1,00 x 1,40 m, possuindo uma extensão de 600,0 metros,

iniciando na Av. Coriolano Castro, Bairro Centro, e finalizando na Rua Baltazar

de Bem e Canto, no Bairro Vila Mercedes. Esta rede tem sentido sul-norte e

direciona as águas pluviais para a galeria do Passo da Aldeia.

- Galeria do Passo da Aldeia implantada em cimento ciclópico e alvenaria

estrutural, iniciando na Rua Riachuelo, no Bairro Centro, com 1,00 x 1,40 m, e

finalizando na Rua D. Pedro II, no Bairro Vila Mercedes, com 2,50 x 1,85 m,

possuindo uma extensão total de 1.000,0 metros. Esta rede tem sentido sul-

norte e direciona as águas pluviais para a sanga do Passinho da Aldeia.

- Rede implantada em galeria de concreto ciclópico e alvenaria estrutural no

Bairro São Jerônimo, 1,00 x 1,00 m, possuindo uma extensão de 650,0 metros,

iniciando na Rua Benjamin Constant, no Bairro Centro, e finalizando na Rua

Esperanto, no Bairro Vila Mercedes. Esta rede tem sentido sul-norte e direciona

as águas pluviais para a galeria do Passo da Aldeia.

- Rede implantada em tubo de concreto na Av. Castelo Branco, Bairro Centro,

possuindo uma extensão de 160,0 metros, iniciando na Rua Bento Gonçalves e

finalizando na Rua General Neto. Esta rede tem sentido leste-oeste e direciona

as águas pluviais para a sanga da Fonte do Mato.

- Rede implantada em tubo de concreto no Bairro Centro, possuindo uma

extensão de 350,0 metros, iniciando na Rua General Osório e finalizando na

Rua Modesto Candido Garcia. Esta rede tem sentido leste-oeste e direciona as

águas pluviais para a sanga que nasce próximo à Rua Modesto Candido

Garcia.

- Rede implantada em tubo de concreto no Bairro Centro, possuindo uma

extensão de 450,0 metros, iniciando na Rua Bezerra de Menezes, no Bairro

57

Promorar, e finalizando na Rua João Gertrudes Dorneles Chaves, no Bairro

Operário Erli Teixeira da Rosa. Esta rede tem sentido sul-norte e direciona as

águas pluviais para a sanga que limita o Bairro Operário Erli Teixeira da Rosa

na porção oeste.

58

PROGNÓSTICO DO SANEAMENTO BÁSICO

6 DEFINIÇÃO DE INTERVENÇÕES A CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO

O prazo para as intervenções indicadas no PMSB abrangem um período

estimado para um horizonte de projeto de 20 anos, sendo de novembro de

2013 a novembro de 2033, considerando-se as seguintes metas:

1. Metas de Curto prazo - ações a serem desenvolvidas até 05 anos;

2. Metas de Médio prazo - ações a serem desenvolvidas entre 06 e 10

anos;

3. Metas de Longo prazo - ações a serem desenvolvidas entre 11 e 20

anos.

Importante ressaltar que realidade orçamentária do Município

impossibilita-o de realizar investimentos na área de saneamento básico sem a

contribuição de políticas públicas provenientes do Governo Federal e Estadual.

Sendo assim, as intervenções a seguir apresentadas serão realizadas de

acordo com os recursos orçamentários do município e alocação/financiamento

de recursos federais e estaduais, e até mesmo da iniciativa privada.

Para o planejamento das intervenções tomo-se como base os serviços

atuais e a população atendida e a projeção do crescimento da população para

um horizonte de 20 anos.

Para a execução da estimativa populacional urbana e de número de

domicílios permanentes urbanos, foi utilizado o método geométrico.

Considerando que em 1991 a população urbana era de 20.349 habitantes e

que em 2010 era de 25.410 habitantes, tem-se uma taxa de crescimento

populacional anual positiva da ordem de 1,31% a.a. Considerando, também,

que em 1991 o número de domicílios permanentes na zona urbana era de

5.796 domicílios e que em 2010 era de 9.150 domicílios, tem-se uma taxa de

acréscimo de domicílios anual positiva da ordem de 3,04% a.a.

59

TABELA 18: Projeção populacional e de domicílios para a zona urbana de

Caçapava do Sul.

ANO

PROJEÇÃO POPULACIONAL DA

ZONA URBANA (HAB.)

PROJEÇÃO DOMICÍLIOS

PERMANENTES NA ZONA URBANA

(DOM.) 1991 20.349 (*) 5.796 (*)

2010 25.410 (*) 9.150 (*)

2011 25.742 9.428

2012 26.079 9.714

2013 26.420 10.009

2014 26.766 10.313

2015 27.116 10.626

2016 27.471 10.949

2017 27.830 11.281

2018 28.194 11.623

2019 28.563 11.976

2020 28.937 12.340

2021 29.316 12.715

2022 29.700 13.101

2023 30.089 13.499

2024 30.483 13.909

2025 30.882 14.331

2026 31.286 14.766

2027 31.695 15.214

2028 32.110 15.676

2029 32.530 16.152

2030 32.956 16.643

2031 33.387 17.148

2032 33.824 17.669

2033 34.267 18.206

(*) Dados reais obtidos na FEEDADOS (2013).

60

Para a execução da estimativa populacional rural e de número de

domicílios permanentes rurais, foi utilizado o método geométrico. Considerando

que em 1991 a população rural era de 14.269 habitantes e que em 2010 era de

8.280 habitantes, tem-se uma taxa de crescimento populacional anual negativa

da ordem de -2,20% a.a. Considerando, também, que em 1991 o número de

domicílios permanentes na zona rural era de 3.989 e que em 2010 era de

2.950, tem-se uma taxa de acréscimo anual negativa da ordem de -1,37% a.a.

TABELA 19: Projeção populacional e de domicílios para a zona rural de

Caçapava do Sul.

ANO PROJEÇÃO

POPULACIONAL DA ZONA RURAL (HAB.)

PROJEÇÃO DOMICÍLIOS

PERMANENTES NA ZONA RURAL (DOM.)

1991 14.269 (*) 3.989 (*)

2010 8.280 (*) 2.950 (*)

2011 7.918 2.909

2012 7.743 2.869

2013 7.572 2.829

2014 7.405 2.790

2015 7.242 2.751

2016 7.082 2.713

2017 6.926 2.675

2018 6.773 2.638

2019 6.623 2.601

2020 6.477 2.565

2021 6.595 2.529

2022 6.449 2.494

2023 6.307 2.459

2024 6.168 2.425

2025 6.032 2.391

2026 5.899 2.358

2027 5.769 2.325

2028 5.642 2.293

61

2029 5.517 2.261

2030 5.395 2.230

2031 5.276 2.199

2032 5.159 2.168

2033 5.045 2.139

(*) Dados reais obtidos na FEEDADOS (2013).

6.1 Abastecimento de Água na Zona Urbana

De acordo com a FEEDADOS, em 2010 97,60% dos domicílios eram

atendidos pela rede geral da CORSAN, portanto, quase a totalidade dos

domicílios existente na zona urbana. Em 1991, segundo a mesma fonte, 82,6%

dos domicílios eram atendidos pela rede geral. Portanto, em dezenove anos

houve um aumento de 15,0% no percentual de domicílios atendidos.

Como o sistema de abastecimento de água de Caçapava do Sul

atualmente é concessão da CORSAN, as intervenções indicadas no PSBM

deverão ser compatibilizadas com o plano de ação da CORSAN, de maneira

que ao final do horizonte do plano a totalidade dos domicílios da zona urbana

seja atendida pela rede geral.

As intervenções a curto (CP), médio (MP) e longo prazo (LP) previstas

neste Plano estão descritas no quadro abaixo.

QUADRO 5: Intervenções previstas para o abastecimento de água na zona

urbana.

PRAZOS OBJETIVOS E METAS

CP MP LP

Fiscalização da implantação de redes de abastecimentos em novos loteamentos.

Ampliação de redes acompanhando o crescimento urbano.

Limpeza periódica dos reservatórios.

Atualização do cadastro técnico das redes instaladas.

Pesquisa, conserto de perdas operacionais para redução dos índices de perdas.

Fiscalização e renovação da rede de hidrômetros e dos ramais prediais.

Planejamento e monitoramento do crescimento da rede distribuição.

62

Substituição das redes de distribuição depreciadas, com redimensionamento, de acordo com definição prévia das áreas prioritárias.

Estudo com elaboração de projeto para ampliação da capacidade de reservação.

Colocar em operação o reservatório elevado do Bairro Floresta.

Substituição de 6.000 mt de redes de fibrocimento.

Estabelecimento de um plano de redução de perdas físicas no abastecimento.

A ampliação da capacidade de reserva conforme projeto elaborado na fase anterior.

Substituição de trechos de adutora de água bruta que apresentar constantes rompimentos.

Setorização do sistema de distribuição visando a redução das interferências no sistema durante manutenções.

Substituição de 12.000 mt de redes de fibrocimento.

Substituição de todos os ramais de água de ferro galvanizado.

6.2 Abastecimento de Água na Zona Rural

De acordo com a FEEDADOS, em 2010 apenas 10,04% dos domicílios

eram atendidos pela rede geral, sendo que 89,96% dos domicílios utilizava

sistemas individuais para seu abastecimento (poço individual, nascente, curso

de água, etc...). O presente Plano prevê intervenções a serem realizadas com

o objetivo de aumentar o número de domicílios a serem beneficiados por rede

geral.

As intervenções a curto (CP), médio (MP) e longo prazo (LP) previstas

neste Plano estão descritas no quadro abaixo.

QUADRO 6: Intervenções previstas para o abastecimento de água na

zona rural.

PRAZOS OBJETIVOS E METAS

CP MP LP

Realizar, junto às comunidades rurais, reuniões e palestras informativas a respeito da importância do consumo de água com tratamento (aplicação de cloro).

Criar e manter atualizado um sistema de informação de vigilância da qualidade da água para o consumo humano com dados atuais referentes aos poços tubulares profundos comunitários existentes no município, em articulação com os responsáveis pelo controle de qualidade da água, cumprindo assim com as exigências da

63

Portaria MS nº 518/2004. Elaborar estudos de viabilidade técnica para perfuração de novos poços em localidades onde há déficit de abastecimento de água, principalmente em períodos de grandes estiagens, a partir de alternativas propostas pelas comunidades.

Buscar fontes de recursos para aquisição de bombas dosadoras de cloro, para serem instalados em poços rurais comunitários.

Substituição das redes de distribuição com vários anos de uso, deficitárias com alto índice de manutenção.

Buscar fontes de recursos para perfuração de novos poços e instalação de rede de abastecimento comunitária em locais onde há déficit de abastecimento de água, tendo como base os estudos técnicos realizados na etapa anterior.

6.3 Esgotamento Sanitário Urbano

O diagnóstico apontou que não existe tratamento de esgoto no município

de Caçapava do Sul, somente coleta e afastamento dos efluentes. E mesmo

assim, apenas 59,86% dos domicílios da zona urbana são beneficiados pela

rede geral ou pluvial.

As intervenções recomendadas pelo Plano para o serviço de

esgotamento sanitário serão para a implantação de um sistema completo de

coleta, tratamento dos esgotos e disposição final do efluente tratado de acordo

com o que prevê o Projeto Executivo do Sistema de Esgoto Sanitário da

CORSAN, que compreende Estudos Técnicos de Concepção para o Sistema

de Esgotos Sanitários, diagnósticos e prognósticos. Portanto as intervenções a

curto, médio e longo prazo seguirão o proposto pelo estudo da CORSAN.

Importante ressaltar que o município encontra-se inscrito na FUNASA,

por intermédio da CORSAN, para captar recursos do grupo 3 do PAC 2 para a

construção de uma estação de tratamento de esgoto e nove mil metros de rede

coletora. Estas redes seriam implantadas na bacia 2, propiciando assim o

tratamento do esgoto que hoje é lançado à montante da barragem do Arroio do

Salso, local onde a CORSAN realiza a captação de água para tratamento e

distribuição à população.

As intervenções a curto (CP), médio (MP) e longo prazo (LP) previstas

neste Plano estão descritas no quadro abaixo.

64

QUADRO 7: Intervenções previstas para o esgotamento sanitário urbano.

PRAZOS OBJETIVOS E METAS

CP MP LP

Realizar todas as etapas previstas para aprovação do Projeto de Sistema de Esgotamento Sanitário, pois a realização de algumas metas previstas somente serão possíveis se este for aprovado.

Desenvolver programa de educação sócio-ambiental e esclarecimentos à população quanto à implantação do Projeto Executivo de Sistema de Esgoto Sanitário da CORSAN.

Aquisição de um terreno para instalação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). (*)

Implantação do projeto de Sistema de Esgotamento Sanitário e tratamento do mesmo na área abrangida pelo projeto. (*)

Implantação de módulos sanitários em residências desprovidas deste. (**)

Exigir a implantação de sistema de tratamento individual ou coletivo para novos loteamentos e condomínios.

Disponibilização de caminhão tanque, para limpeza das fossas sépticas, para posterior encaminhamento à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e/ou Leito de Secagem. (*)

Fiscalizar e exigir a limpeza periódica das fossas sépticas e sumidouros novos e existentes, conforme o dimensionamento apresentado nos respectivos projetos aprovados junto à Prefeitura Municipal.

Realizar levantamento técnico nos corpos hídricos receptores dos efluentes para avaliação do grau de degradação dos mesmos.

Buscar fontes de recursos para elaboração de projeto de recuperação ambiental dos corpos hídricos diagnosticados no levantamento técnico.

Instalação da estação de tratamento de esgoto na bacia 2.(*)

Coleta e tratamento de 30% do esgoto da zona urbana. (*)

Buscar fontes de recursos para execução do projeto de recuperação ambiental elaborado na fase anterior.

Coleta e tratamento de 80% do esgoto da zona urbana. (*)

Buscar fontes de recurso para futuras ampliações do Sistema de Esgotamento Sanitário conforme o crescimento populacional.

Fiscalizar para que as residências existentes em locais onde há coleta e tratamento de esgoto estejam ligadas na Rede de Esgotamento Sanitário.

Coleta e tratamento de 100% do esgoto da zona urbana. (*)

(*) A execução destas metas está sujeita a aprovação do projeto de

esgotamento sanitário do município inscrito na FUNASA visando captação de

recursos do PAC2.

(**) A execução destas intervenções está vinculada à captação de recursos.

65

6.4 Esgotamento Sanitário Rural

O diagnóstico mostrou que na zona rural verifica-se a precariedade do

destino do esgoto, pois 90,71%, quase a totalidade dos domicílios, em 2010

destinavam seus efluentes em fossa rudimentar, vala, corpos hídricos, ou

escoamento sobre o solo, sendo que apenas 0,34% dos domicílios eram

atendidos por rede geral ou pluvial.

O Plano prevê intervenções a serem realizadas com o objetivo de

diminuir a degradação ambiental provocada pelos dejetos domésticos no meio

rural.

As intervenções a curto (CP), médio (MP) e longo prazo (LP) previstas

neste Plano estão descritas no quadro abaixo.

QUADRO 8: Intervenções previstas para o esgotamento sanitário rural.

PRAZOS OBJETIVOS E METAS

CP MP LP

Incentivar o uso de fossas sépticas e filtros para fins de esgotamento residencial.

Desenvolver programa de educação ambiental junto às comunidades rurais sobre a importância do tratamento dos efluentes domésticos.

6.5 Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos

As intervenções básicas de limpeza urbana estão relacionadas com a

coleta, armazenamento, triagem e destinação final de resíduos sólidos gerados

no município.

Partindo de 13,8 ton., que foi a quantidade de resíduos sólidos urbanos

coletada diariamente no ano de 2011, estimou-se, pelo método geométrico, a

quantidade de resíduos a serem gerados e coletados para os próximos 20

anos, inserindo uma taxa anual de incremento de 1,5% devido a economia

crescente do município de Caçapava do Sul e a implantação/expansão da

UNIPAMPA.

Ao final do horizonte do plano, estima-se uma geração diária de resíduos

na ordem de 19,136 ton. na zona urbana do Município. Considerando a

população urbana estimada para 2033 que é de 34.267 habitantes, teremos

uma geração de 0,558 kg/hab./dia, ficando dentro da média nacional para

66

cidades de 30 mil a 500 mil habitantes que é de 0,5 a 0,8 kg/hab./dia, de

acordo com o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (2001).

TABELA 20: Projeção da geração de resíduos sólidos urbanos em

Caçapava do Sul.

ANO

ESTIMATIVA GERAÇÃO RESÍDUOS (KG/DIA)

ESTIMATIVA GERAÇÃO RESÍDUOS (TON/ANO)

2011 13.800,00 * 4.968 *

2013 14.217,00 5.118

2014 14.430,00 5.194

2015 14.646,00 5.272

2016 14.865,00 5.351

2017 15.087,00 5.431

2018 15.313,00 5.512

2019 15.542,00 5.595

2020 15.775,00 5.679

2021 16.011,00 5.763

2022 16.251,00 5.850

2023 16.494,00 5.937

2024 16.741,00 6.026

2025 16.992,00 6.117

2026 17.246,00 6.208

2027 17.504,00 6.301

2028 17.766,00 6.395

2029 18.032,00 6.491

2030 18.302,00 6.588

2031 18.576,00 6.687

2032 18.854,00 6.787

2033 19.136,00 6.888

(*) Dados reais.

67

Com a implantação da coleta seletiva na zona urbana somada à

campanhas educacionais para sensibilizar e incentivar a população a separar

os resíduos na fonte, estima-se que cerca de 20% dos resíduos gerados

estarão sendo destinados à coleta seletiva ao final do horizonte do projeto.

Considerando que a geração de resíduos estimada para 2033 é de

6.888 ton/ano, e considerando que 20% irão para a coleta seletiva, teremos

uma redução da ordem de 1.377,6 ton/ano na tonelagem a ser destinada em

aterros, proporcionando redução de custos ao município.

As intervenções a curto (CP), médio (MP) e longo prazo (LP) previstas

no Plano estão descritas no quadro abaixo.

QUADRO 9: Intervenções previstas para limpeza urbana e manejo de resíduos

sólidos.

PRAZOS OBJETIVOS E METAS

CP MP LP

Manter o sistema de coleta regular de resíduos sólidos urbanos.

Implantar e manter o sistema de coleta seletiva na zona urbana do município.

Revisar e executar o Plano de Resíduos Sólidos elaborado pelo Consórcio Intermunicipal de Resíduos Sólidos da Região da Campanha.

Elaborar plano de gerenciamento de resíduos da construção civil.

Dar continuidade ao monitoramento ambiental da área de remediação do aterro controlado municipal localizado na Vila do Segredo.

Implantar e realizar a manutenção de vegetação arbórea na área da estação de transbordo e no aterro controlado municipal.

Realizar melhorias na estrutura predial da central de triagem municipal localizada no Bairro Promorar.

Obter e manter as licenças ambientais da área de remediação do aterro controlado municipal, central de triagem e estação de transbordo.

Elaborar plano de gerenciamento para a coleta e destinação final de resíduos de poda.

Manter sistema de coleta e destinação final de resíduos de saúde gerados por unidades de saúde do Município.

Realizar manutenções periódicas na estação de transbordo municipal objetivando sua operacionalidade.

Realizar a destinação final dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários que possuam licença ambiental do órgão competente.

68

Monitoramento da quantidade de resíduos sólidos urbanos coletados e transferidos para aterros sanitários.

Fiscalizar a implementação do sistema de logística reversa na forma do art. 33 da Lei Federal 12.305/2010, nos estabelecimentos obrigados a este sistema.

Fiscalizar os empreendimentos sujeitos ao plano de gerenciamento específico nos termos do art. 20 da Lei Federal 12.305/2010, quanto à elaboração e implementação do plano.

Revisar e executar o plano de gerenciamento de resíduos da construção civil.

Analisar, em conjunto com a Fepam, a necessidade ou não de continuidade no monitoramento ambiental da área de remediação do aterro controlado municipal localizado na Vila do Segredo.

Monitoramento ambiental e manutenção das condições de operacionalidade da central de triagem municipal localizada no Bairro Promorar.

Analisar a necessidade de ampliação da central de triagem municipal e/ou sua instalação em novo local.

Revisar e executar o plano de gerenciamento de coleta e destinação final de resíduos de poda.

Realizar campanha educacional junto à população para incentivar a separação de resíduos recicláveis na fonte.

Realizar monitoramento constante do dimensionamento dos serviços de coleta, devido ao caráter dinâmico da produção de resíduos.

6.6 Drenagem e Manejo de Águas Pluviais

As principais intervenções para a drenagem e manejo de águas pluviais

foram definidas a curto, médio e longo prazo de acordo com a hierarquização

dos problemas existentes.

Cabe ressaltar que para o caso da bacia do Passinho da Aldeia já existe

um projeto feito pela SOP – Secretaria Estadual de Obras Públicas, Irrigação e

Desenvolvimento Urbano.

As intervenções a curto (CP), médio (MP) e longo prazo (LP) previstas

neste Plano estão descritas no quadro abaixo.

QUADRO 10: Intervenções previstas para drenagem e manejo de águas

pluviais.

PRAZOS OBJETIVOS E METAS

CP MP LP

Realizar cadastro das redes de microdrenagem existentes, canais e sangas que cruzam a área urbana, definindo, inclusive, as cotas

69

mais baixas que sofrem degradação com acúmulo das águas das enxurradas. Manutenção das condições hidráulicas das redes de micro e macrodrenagem existentes (desobstrução e desassoreamento).

Desenvolver estudo prevendo alternativas e melhorias para o sistema de escoamento das águas pluviais em toda área urbana, com definição das prioridades a serem adotadas.

Buscar fontes de recursos para elaboração de projeto das alternativas apontadas no estudo realizado.

Elaborar plano de contingências.

Execução do projeto elaborado na fase anterior. (*)

Atender a totalidade da população urbana caçapavana com o Sistema de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais. (*)

(*) A execução destas intervenções está vinculada à captação de recursos.

7 REVISÃO

Este Plano deverá ser revisto em prazo não superior a 4 (quatro) anos,

anteriormente à elaboração do Plano Plurianual, em consoante com o

parágrafo 4º do artigo 19 da Lei Federal nº 11.445/2007, para verificação das

intervenções previstas e para modificações que se fizerem necessárias ao

longo do período do horizonte do projeto.

8 EQUIPE TÉCNICA

QUADRO 11 – Equipe técnica.

Nome Titulação Área de Atuação

Rodrigo de Freitas

Lopes Engenheiro Civil Meio Físico

Pompeu de Melo

Freitas Engenheiro Civil Meio Físico

Pacífico José de

Vargas Arquiteto Urbanista Meio Físico

Anna Julia Monego Arquiteto Urbanista Meio Físico

Nilvo Tôrres Dorneles Engenheiro Florestal Meio Biótico

70

9 BIBLIOGRAFIAS CITADAS E CONSULTADAS

BENCKE, G. A., 2001. Lista de Referência das Aves do Rio Grande do Sul.

Porto Alegre: FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL - FZB,

2001. (Publicações Avulsas FZB, 10).

BITENCOURT M. F. 1983. Metamorfitos da região de Caçapava do Sul, RS -

Geologia e relações com o corpo granítico. In: Simpósio Sul-Brasileiro de

Geologia, 1, Porto Alegre.

COSTA, A.F.U., FERNANDES, L.A.D., SHUKOWSKY, W. NARDI, L.V.S.,

BITTENCOURT, M.F. 1995. Teste dos modelos tectônicos de posicionamento

do complexo granítico de Caçapava do Sul através de estudos de modelagem

gravimétrica 3-D. Revista Brasileira de Geofísica, 13 (2): 91/101.

CPRM. COMPANHIA DE PESQUISA DE RECUROSOS MINERAIS. 2006.

Mapa Geológico do Estado Rio Grande do Sul. Escala 1:750.000.

Superintendência Regional de Porto Alegre, RS.

CPRM. COMPANHIA DE PESQUISA DE RECUROSOS MINERAIS. 2007.

Mapa de Domínios e Subdomínios Hidrogeológicos do Brasil. Sistema de

Informações Geográficas de Disponibilidade Hídrica. Escala 1:2.500.000.

Brasília, DF.

CPRM. COMPANHIA DE PESQUISA DE RECUROSOS MINERAIS. 2013.

SIAGAS (sistema de informações de águas subterrâneas).

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. 1999. Centro

Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos.

Rio de Janeiro. 412p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA, 2010.

Banco de dados climáticos do Brasil. Município de Encruzilhada do Sul.

FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL

HEUSER – FEE, 2013. Índice de Desenvolvimento Socioeconômico.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Cidades.

Censo Demográfico 2010.

71

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Cidades.

Produção da Pecuária Municipal 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Cidades.

Produção Agrícola Municipal 2011.

JUSTUS, J. O., MACHADO, M. L. A., FRANCO, M. S. M. 1986. Geomorfologia.

In: Levantamento de recursos naturais. Rio de Janeiro: IBGE, v. 33, p. 313-404.

LEMA, T., 1994. Lista Comentada dos Répteis Ocorrentes no Rio Grande do

Sul, Brasil. Comunicações do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, Ser.

Zool., 7: 41-150.

PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO, 2004. Plano diretor de desenvolvimento do

município de Caçapava do Sul, Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul, RS,

59p.

RADAMBRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

(IBGE). Levantamento de recursos naturais: Geologia, geomorfologia,

pedologia, vegetação e uso potencial do solo. In: Projeto RADAMBRASIL:

Levantamento de recursos naturais, Rio de Janeiro, v.33, folha SH.22 Porto

Alegre/SH.21 Uruguaina (parcial)/SI.22 Lagoa Mirim (parcial). 1986.

RAMBO, B. 1994. A fisionomia do Rio Grande do Sul: Ensaio de Monografia

Natural 3ªed. Ed. UNISINOS, 473p.

SILVA, F., 1994. Mamíferos Silvestres do Rio Grande do Sul. Fundação

Zoobotânica do RS. Porto Alegre. p.246.1994.