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  • 1

    EEESSSTTTAAADDDOOO DDDEEE AAALLLAAAGGGOOOAAASSS PREFEITURA MUNICIPAL

    DE MACEI SSSEEECCCRRREEETTTAAARRRIIIAAA MMMUUUNNNIIICCCIIIPPPAAALLL

    DDDEEE EEEDDDUUUCCCAAAOOO

    CCCOOOMMMIIITTT GGGEEESSSTTTOOORRR DDDOOO PPPMMMEEE

    PLANO

    MUNICIPAL DE

    EDUCAO

    2010 - 2020

    MACEI ALAGOAS

  • 2

    PLANO MUNICIPAL

    DE EDUCAO

    2010 - 2020

  • 3

    APRESENTAO

    s trabalhadoras e aos trabalhadores da educao, s cidads e aos cidados de

    Macei que, de forma direta ou indireta, so responsveis pela educao deste

    municpio, apresento o Plano Municipal de Educao de Macei PME. Em cumprimento ao Plano Nacional de Educao - PNE, esta proposta representa

    a sntese de uma produo coletiva que envolveu vrios setores, ideias, conflitos e

    valores, em que os participantes concretizaram a difcil tarefa do exerccio pleno

    da cidadania em defesa de seus direitos, discutindo, apresentando sugestes,

    cedendo, priorizando e, principalmente, ousando sonhar uma educao de incluso

    e de qualidade social.

    O Plano Municipal de Educao, atravs de suas Diretrizes, Metas e Objetivos,

    busca incorporar os anseios da comunidade educacional, constituindo-se, portanto

    em um Plano de Educao para a cidade de Macei para os prximos dez anos.

    Confio no empenho de todas as pessoas e instituies que se envolveram na

    relevante tarefa de construo desse documento, para que permaneam

    mobilizadas no acompanhamento constantemente da sua implementao,

    possibilitando, desta forma, avanos significativos para a sociedade maceioense.

    Jos Ccero de Almeida

    PREFEITO

  • 4

    O Plano Municipal de Educao um documento orientador de polticas pblicas,

    que define, atravs de lei aprovada na Cmara Municipal e homologada pelo

    Chefe do Executivo, as Diretrizes, as Metas e os Objetivos para o setor no prazo

    de dez anos. O Plano aprovado deve orientar as autoridades municipais na

    formulao do oramento pblico, dos projetos de lei que beneficiem a populao.

    Aprovar o Plano Municipal de Macei assegurar, da forma democrtica, a

    continuidade das polticas educacionais, evitando que cada gestor, ao assumir o

    mandato, modifique ou at revogue tudo o que foi feito por seu antecessor. Ao

    estabelecer Diretrizes, Metas e Objetivos para o Sistema Pblico de Ensino, o

    Municpio de Macei consolida, atravs de mais um instrumento legal, a Gesto

    Democrtica como princpio norteador de sua ao.

    Com o Plano aprovado, a prxima dcada da educao em Macei ser de

    expanso da rede de Educao Infantil, obrigao primeira do municpio, da

    melhoria do atendimento ao Ensino Fundamental e suas modalidades no que tange

    estruturao da rede fsica de escolas, da valorizao dos profissionais da

    educao, de busca de novas alternativas para o financiamento das aes e da

    consolidao de um projeto realmente democrtico para a educao de nossa

    cidade.

    Como atual Secretario de Educao do Municpio de Macei, muito me honra

    apresentar este plano para a sociedade, pois coube ao ento Secretrio, Ricardo

    Moroni Valencia, e a mim, como subsecretrio poca, convocar oficialmente a

    IV CONFERENCIA DE MUNICIPAL DE EDUCAO que referendou, no

    exerccio do debate democrtico, as propostas oriundas das pr-conferncias. Os

    cidados e cidads de Macei, ao atender nosso convite ao debate, responderam de

    forma inequvoca que no estabelecimento do dilogo, no controle e na

    participao popular que se constri uma cidade.

    Thomaz Dourado de Carvalho Beltro

    SECRETRIO

  • 5

    Plano Municipal de Educao de Macei, uma histria de luta.

    Por Edna Lopes*

    J sonhamos juntos Semeando as canes no vento Quero ver crescer nossa voz No que falta sonhar... J choramos muito Muitos se perderam no caminho Mesmo assim no custa inventar Uma nova cano... Sol de primavera - Beto Guedes e Ronaldo Bastos.

    No s para cumprir uma exigncia legal, a elaborao de um plano de educao

    para o municpio de Macei se reveste de uma importncia mpar, porque

    organizar uma cidade inclui tambm organizar seus processos de atendimento ao

    direito pblico subjetivo definido na carta magna: Educao um direito de todos.

    Nas duas ltimas dcadas, Macei uma cidade em pleno desenvolvimento e,

    mesmo constatando que a oferta da educao escolar evoluiu em atendimento, h

    muito que fazer no quesito qualidade. A falta de um plano orientador da poltica

    pblica de educao aliada descontinuidade das gestes fragilizou o processo de

    gesto democrtica, precarizou o atendimento e a expanso necessria, ampliando

    o atendimento da Educao Infantil, no aconteceu, tornando Macei uma das

    capitais que menos investimentos fez para cumprir a lei que define como

    responsabilidade nica do municpio a educao para este perodo da infncia.

    Desde 2005, poca da primeira portaria que nomeou um comit gestor para o

    Plano, que o Conselho Municipal de Educao de Macei na pessoa de sua

    presidenta Irailde Correia de Souza, um grupo de tcnicos da SEMED-MACEI,

    representantes de vrias instituies da sociedade civil organizada, se empenha na

    tarefa da elaborao de uma minuta do Plano Municipal de Educao. Cada gestor

    que chegava para conduzir os destinos da secretaria era informado da

    obrigatoriedade legal e da importncia que seria construir e legar para esta cidade

    um plano norteador das polticas pblicas de educao para o municpio, e novas

    portarias reconvocando o Comit Gestor eram publicadas.

    No obstante a boa vontade de todos em nos ouvir, faltava sempre o empenho e a

    compreenso da importncia do atendimento lei no apoio que os sucessivos

    representantes do rgo gestor deviam dar para que se criassem as condies de

    convocao de uma conferncia municipal de educao, instrumento legtimo para

    que a sociedade pudesse opinar, propor diretrizes e metas para o ensino de sua

    cidade.

    Ao longo desse processo de estudos e elaborao preliminar do plano, o Comit

    gestor e os subcomits da Educao Infantil, do Ensino Fundamental, da Educao

    de Jovens e Adultos, da Gesto e Financiamento, da Educao Especial e

    Educao para a Diversidade, da Formao e Valorizao dos Profissionais da

    Educao contaram com a valiosa contribuio do professor Dr. Elcio de Gusmo

    Veroza, que nos assessorou na sistematizao do documento que foi para as pr-

    conferncias

    Realizaram-se dez pr-conferencias em Macei e seis (06) nas oito (08) regies

    administrativas com pauta conjunta da I CONAE, Conferencia Nacional de

    Educao. Nestas, o debate para a construo das propostas para o PME e para a

    Conferncia Municipal foi sempre produtivo e animador. O PME de Macei foi

  • 6

    construdo com a participao dos representantes da comunidade escolar de sua

    rede de ensino mas tambm da sociedade civil organizada, do Conselho de

    Educao, da UFAL, dos representantes da rede pblica estadual e da rede

    privada da Educao Infantil e dos movimentos em Defesa da Educao e de

    Afirmao da Diversidade.

    O primeiro Plano Municipal de Educao de Macei, aprovado na IV

    CONFERENCIA MUNICIPAL DE EDUCAO para a prxima dcada,

    apresenta um diagnstico consistente do que a nossa cidade e os desafios que

    enfrenta nas diversas reas, posto que o fazer educativo deve dialogar com a

    Sade, a Assistncia, o espao de convvio urbano, a Cultura, o Esporte, entre

    outros aspectos e dimenses que se configuram como espaos interlocutores para

    as aes da educao. Suas diretrizes, metas e objetivos esto alinhados com o

    Plano Estadual de Educao e com o Plano Nacional de Educao ainda em

    vigncia. No ano de 2011, na aprovao do prximo Plano Nacional de Educao ,

    Macei se alinhar aos demais entes federados para reviso e atualizao do seu

    plano.

    Que os cidados e cidads de Macei, especialmente os usurios do Ensino

    Pblico municipal, tomem posse desse instrumento para fazer valer o direito de ter

    uma educao que inclua, que seja instrumento de luta para o exerccio dessa

    cidadania, pois o resultado da pacincia impaciente de tantos e tantas que,

    mesmo em meio aos problemas e s adversidades vividas durante o processo, se

    mantiveram firmes na luta.

    Edna Lopes coordenou a IV Conferencia Municipal de Educao de Macei,

    atual Presidente do COMED-Macei e Coordenadora Estadual da Unio Nacional

    dos Conselhos Municipais de Educao.

  • 7

    JOS CCERO SOARES DE ALMEIDA Prefeito

    MARIA DE LOURDES PEREIRA DE LIRA Vice-Prefeita

    SECRETRIO MUNICIPAL DE EDUCAO

    Thomaz Dourado de Carvalho Beltro

    SUB-SECRETRIO MUNICIPAL DE EDUCAO

    Marcelo Nascimento

    PRESIDENTA DO COMED/MACEI

    Edna Maria Lopes do Nascimento

    COMIT GESTOR DO PME/MACEI

    Edna Maria Lopes do Nascimento

    Irailde Correia de Souza Oliveira

    Ivanilda Soares de Gusmo Verosa

    Ivanilza Fabrcio Coelho

    Joo de Oliveira Filho

    Jos Rubens Silva Lima

    Maria ngela Pereira Soares

    Maria Gorete Rodrigues de Amorim Lopes

    Maria Ins da Silva Torres

    Maria Jos Ferreira Moraes (Soninha)

    Marinaide Lima de Queiroz Freitas

    Milton Canuto de Almeida

    Olindina Maria Pereira de Oliveira

    ASSESSORIA TCNICA AO PME:

    Elcio de Gusmo Verosa

  • 8

    O rio fechou a boca Inchando as bochechas,

    E encostou a boca docemente Nos lbios salgados do mar.

    Maurcio de Macedo

  • 9

    SUMRIO

    SIGLAS

    TABELAS E FIGURAS

    I INTRODUO

    II CARACTERIZAO GERAL DE MACEI

    III ESTRUTURA DO PME DIRETRIZES, OBJETIVOS E METAS

    :1. ETAPAS DA EDUCAO BSICA

    A. EDUCAO INFANTIL

    a. Diagnstico b. Diretrizes c. Objetivos e Metas

    B. ENSINO FUNDAMENTAL a. Diagnstico

    b. Diretrizes c. Objetivos e Metas 2. MODALIDADES DE ENSINO

    A. EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS a. Diagnstico

    b. Diretrizes c. Objetivos e Metas

    B. EDUCAO E DIVERSIDADE/EDUCAO ESPECIAL a. Diagnstico

    b. Diretrizes c. Objetivos e Metas

    C.EDUCAO ESPECIAL a. Diagnstico

    b. Diretrizes c. Objetivos e Metas 3. FORMAO E VALORIZAO DOS TRABALHADORES DA

    EDUCAO a. Diagnstico

    b. Diretrizes c. Objetivos e Metas

    4.FINANCIAMENTO E GESTO

    a. Diagnstico b. Diretrizes c. Objetivos e Metas 5. ACOMPANHAMENTO E AVALIAO

    a. Diagnstico b. Diretrizes c. Objetivos e Metas

    IV FONTES DE CONSULTA

  • 10

    SIGLAS

    CDI Coordenadoria de Documentao Informao CONED Congresso Nacional de Educao DA Dvida Ativa DGE Diretoria de Gerenciamento Escolar EDC - Dicloretano FEMAC Fundao Educao de Macei FUNDEB Fundo Nacional para Manuteno e Desenvolvimento da

    Educao Bsica e Valorizao dos Profissionais do Magistrio IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IDI ndice de Desenvolvimento Infantil IDH - ndice de Desenvolvimento Humano INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa em Educao Ansio

    Teixeira IPEA Instituto de Pesquisa Econmica e Aplicada IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano ISS Imposto sobre Servio ITBI Imposto sobre Transmisso de Bens Imveis LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional MEC Ministrio da Educao ONU Organizao das Naes Unidas OPEP Organizao dos Pases Exportadores de Petrleo PAR Programa de Arrendamento Residencial PCA Plo Cloroalcoolqumico PEE Plano Estadual de Educao PME Plano Municipal de Educao PNE Plano Nacional de Educao PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PVC Policloreto de Vinila SAEB Sistema de Avaliao da Educao Bsica SEE Secretaria de Estado da Educao e do Esporte SEMED Secretaria Municipal de Educao UNICAMP Universidade Estadual de Campinas UNICEF Fundo das Naes Unidas para a Infncia

  • 11

    TABELAS E FIGURAS

  • 12

    I INTRODUO

    Planejar a educao

    escolar a ser desenvolvida pelo

    municpio de Macei para seus

    habitantes, por um prazo de 10

    anos, dando a esse plano um

    carter de poltica pblica de

    Estado e no apenas como

    poltica de um determinado

    governo no tem sido tarefa fcil. A principal dificuldade vem sendo a

    descontinuidade das gestes frente da rede pblica municipal de

    educao, qual cabe, por lei, a responsabilidade de fazer a gesto do

    PLANO MUNICIPAL DE EDUCAO de MACEI para os prximos 10

    anos.

    De qualquer forma, propor e aprovar um plano a ser desenvolvido

    pela sociedade maceioense nos prximos 10 anos, alm de j durar mais

    de 08 anos, a contar da aprovao do PNE enquanto faz 4 anos do

    trmino do PEE e 13 da LDB - pareceu, primeira vista, ser um desafio

    no to difcil de transpor. Afinal, desde a Fundao Educacional de

    Macei FEMAC, que foi a forma como, por muito tempo, esteve

    organizada a educao do municpio, at sua transformao em

    Secretaria Municipal de Educao SEMED/MACEI, possvel

    encontrar documentos que consubstanciam a previso das aes

    municipais atravs de Planos Plurianuais1 ou, ao menos, de Planos

    Anuais de Trabalho.

    Nos anos mais recentes, inclusive,

    praticou-se e continua sendo ao comum

    da SEMED/MACEI a estruturao de

    Planos Estratgicos2 para sua ao. Desse

    modo, construir o PME/MACEI seria uma

    1 Podemos citar como exemplos concretos desse esforo o Plano de 1993, o Projeto

    Poltico-Pedaggico para a Educao em Macei 2001/2004... 2 Desde a gesto 2001/2004, o PLANEJAMENTO ESTRATGICO tem sido uma regra

    seguida pela Rede Pblica Municipal.

  • 13

    tarefa, seno corriqueira, ao menos j dominada, do ponto de vista

    tcnico, pelo corpo de dirigentes e tcnicos da rede municipal. Mas, a

    tarefa aqui consolidada, uma vez considerada em seus princpios e na

    sistemtica por estes exigidos, revelou-se,

    desde o incio, um desafio que ia e foi muito

    alm das responsabilidades e prticas dos que

    fazem a Rede Municipal de Ensino de Macei.

    que este Plano, aqui proposto, tem

    sua origem no Artigo 214 da CONSTITUIO

    FEDERAL, que estabelece a obrigatoriedade

    da proposio, mediante lei, de um PLANO NACIONAL DE EDUCAO -

    PNE, de durao plurianual, visando articulao e ao desenvolvimento

    do ensino e integrao dos poderes pblicos, no intuito de:

    ERRADICAR O ANALFABETISMO UNIVERSALIZAR O ATENDIMENTO ESCOLAR MELHORAR A QUALIDADE DO ENSINO FORMAR PARA O TRABALHO PROMOVER O HUMANISMO, A CINCIA E A TECNOLOGIA DO

    PAS

    Os ditames constitucionais que tornam

    obrigatria a formalizao do PNE, quando

    regulamentados pela Lei 9.394/96 LEI DE

    DIRETRIZES E BASES DA EDUCAO NACIONAL

    LDBEN, aparecem no Art. 87, 1, da lei maior da

    educao nacional, determinando que a Unio, no

    prazo de um ano, a partir da publicao da LDBEN, encaminhasse ao

    Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educao, com diretrizes e

    metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declarao Mundial

    sobre Educao para Todos.

    Essa determinao da LDBEN, embora com um atraso

    considervel, foi de fato atendida com a promulgao da LEI 10.172, de

    09/01/2001, de iniciativa do Executivo Federal. Ainda que no tenha

    acolhido muitas das reivindicaes da sociedade, expressas pelas

    propostas formuladas pelos CONEDs, de iniciativa da Sociedade Civil

    dentre as quais a ampliao dos recursos destinados educao o PNE

    oficializado por essa lei, contudo, incorpora muitas das demandas

  • 14

    insistentemente apresentadas pela sociedade brasileira, alm de ser ele

    um ditame legal que nos cabe atender e fazer cumprir.

    Na LEI 10.172, a disposio foi de que o PNE tivesse a durao de

    10 anos (Art. 1), que os Estados, o DF e os Municpios elaborassem

    imediatamente planos decenais correspondentes3 (Art. 2); que esses

    planos devessem ser elaborados para dar suporte s metas do PNE (Art.

    5) e que se institussem mecanismos de acompanhamento e avaliao de

    suas aes (Arts. 3 e 4), sendo atribuio dos poderes pblicos

    inclusive os municipais no somente a responsabilidade de promover

    a construo dos Planos decenais correspondentes, mas a divulgao do

    prprio PNE.

    Sob a tica acima delineada, o PNE, bem como os PLANOS

    ESTADUAIS DE EDUCAO PEEs e os PLANOS MUNICIPAIS DE

    EDUCAO PMEs representam, ou devem representar, antes de mais

    nada, a consolidao de um esforo histrico de mais de 70 anos, que

    nasce com os Pioneiros da Escola Nova, ainda na dcada de 1920, que

    naufraga nos desvos da poltica ps revoluo de 1930 e na ditadura

    imposta ao Brasil em 1964, mas que retorna vitoriosa como determinao

    constitucional, em 1988, graas s lutas travadas pelas vanguardas polticas

    que, ao longo da histria nacional, tm defendido uma educao universal,

    pblica, gratuita e emancipadora para todos e todas que fazem a sociedade

    nacional.

    Nesse sentido, os planos plurianuais

    definidos a partir da Constituio Federal de

    1988, cujas linhas gerais encontram-se definidas

    na LDBEN e na Lei do PNE, estabelecem um

    novo paradigma para os planos de educao, a

    partir do momento em que, tornando obrigatria

    a sua promulgao, pela via dos atos legislativos, os transforma em

    PLANOS DE ESTADO e no de GOVERNO, fazendo derivar, da, novos

    conceitos e novos modos de propor polticas educacionais s quais os

    planos governamentais devero se submeter.

    3 Grifo nosso para ressaltar a responsabilidade do Ente Municipal com o PME.

  • 15

    Sob esse prisma, este PME tudo fez para ser, por obrigao

    constitucional e legal, um PLANO GERAL DE TODA A EDUCAO

    MUNICIPAL, e no simplesmente um PLANO DA SECRETARIA DE

    EDUCAO DE MACEI, at porque ser produto de uma LEI

    MUNICIPAL e no desejo ou deciso de um grupo que, circunstancialmente,

    ainda que com toda a legitimidade conferida pela maioria da populao de

    Macei, se encontra ou venha a se encontrar no Executivo Municipal.

    Assim, pela sua natureza de um plano de toda a sociedade, com

    periodicidade que ultrapassa mais de uma gesto municipal, o PME brota

    de uma consulta direta, ampla e sistemtica sociedade civil,

    configurando-se como documento que busca expressar a vontade

    conjunta de fazer uma tarefa que compromisso coletivo de todos

    poderes pblicos e sociedade civil. Por isso mesmo, ao Governo Municipal

    coube a instituio do COMIT GESTOR DO PME/MACEI, com a mais

    ampla participao possvel das instncias pblicas e da Sociedade civil

    organizada e o apoio logstico para sua proposio.

    Pelo seu carter pblico de instrumento da vontade coletiva, esse

    PME precisou e tudo fez para alcanar a sinergia de todos os esforos.

    Afinal, por ditame legal, ele deveria ser orientado para a ao. A propsito,

    a norma constitucional para a educao nacional disposta no Art. 211

    estabelece o ditame da organizao da Unio, dos Estados, do DF e

    dos Municpios em regime de colaborao com a Unio, prestando

    assistncia tcnica aos demais entes federados no atendimento

    escolaridade obrigatria, enquanto o Art. 214 determina a

    obrigatoriedade de articulao e desenvolvimento do ensino e

    integrao dos poderes pblicos, o que faz com que o Municpio, para

    dar conta da obrigao, entre outras incumbncias, de oferecer

    educao infantil e ensino fundamental (Art. 11 da LDBEN), deva

    buscar sempre atuar integrando-se s polticas e planos

    educacionais da Unio e dos Estados.

    No parece demais, a propsito do mandato constitucional e legal

    de os entes federados desenvolverem a educao escolar de forma

    colaborativa, expor aqui, como referncia central deste PME e explicitao

  • 16

    ainda maior desse novo paradigma de planejamento que seguimos, sua

    convergncia com o que diz a LDBEN, a saber:

    organizao dos sistemas de educao em regime de

    colaborao4, com a coordenao da poltica nacional e a assistncia tcnica e financeira a cargo da Unio - Art. 8 e 9; e

    definio, pelo Estado, com os Municpios, de formas de

    colaborao na oferta do ensino fundamental, com distribuio proporcional de responsabilidades e elaborao de polticas integrando e coordenando suas aes s dos seus Municpios5, para assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino mdio (Art. 10).

    Nesse PME, portanto, nunca se

    perdeu de vista que, tudo o que se faz em

    educao tem como razo nica e exclusiva

    a sociedade, seus filhos e suas filhas, o que

    fez com que nos encontrssemos sempre

    para planejar em nome do interesse

    coletivo, buscando superar at a tradicional histria poltica alagoana,

    modelada frequentemente por faces, com o objetivo final de construir

    planos e aes que buscassem o bem comum, a partir da colaborao

    que, alm do mais, imperativo das leis em vigor.

    Importa considerar, para fins de

    facilitao da compreenso deste PME que,

    na sua definio, o que meta de iniciativa

    do municpio de Macei vem com um

    asterisco e o que contar com sua

    colaborao vem marcado com dois

    asteriscos, ficando claro que nem a Unio e o Estado podem avanar

    sem dialogar e pactuar com o Municpio as metas e compromissos gerais

    que cada um assumir, nem o Municpio, mesmo salvaguardada sua

    4 Esse grifo nosso pela centralidade que a expresso ocupa neste PME.

    5 Idem nota anterior.

  • 17

    autonomia de ente federado, pode decidir suas diretrizes e metas mais

    globais sem articulao com a Unio e o Estado.

    Como monitorar e avaliar constituem o segredo de um plano vivo e

    produtivo, esse PME deve definir claramente como e quando sero

    avaliadas suas aes, sendo os Conselhos no s o de Educao e as

    Organizaes da Sociedade os organismos-chave para a vitalidade do

    que se encontra aqui definido como polticas a serem executadas. Por

    isso, indispensvel que a participao e a transparncia alcanadas

    durante o diagnstico e elaborao do Plano continuem na fase de

    monitoramento e avaliao, com a convocao da sociedade para aferir

    seus resultados.

    Para a inspirao, a pertinncia e a eficcia do planejamento que

    deve aqui ser proposto, convm, como boa prtica de planejamento,

    apresentar, antes da definio das polticas educacionais propriamente

    ditas, o rastreamento e a interpretao da realidade de Macei e de

    seus/suas muncipes, como base socioeconmica e cultural a partir da

    qual e para cuja soluo foram definidas as polticas de educao do

    municpio para os prximos dez anos. E o que vem a seguir, antes da

    proposio das diretrizes, objetivos e metas que consubstanciam a poltica

    educacional propriamente dita.

    II CARACTERIZAO GERAL DE MACEI

    Por inspirao de Maria Lcia

    Montes (2004), pode-se dizer que uma

    cidade um territrio conquistado

    natureza pela cultura, trabalho que

    transforma espao em lugar, morada de

    seres humanos. E com a capital de

    Alagoas no se deu diferentemente, pois, aqui, cada metro de terreno foi e

    tem sido arrancado natureza pela obstinao de um trabalho humano

    persistente e rduo desde, pelo menos, o Sculo XVIII.

    Em terras de uma antiga sesmaria doada pelo poder colonial

    portugus, graas a sua situao geogrfica privilegiada, a Diogo Soares

  • 18

    da Cunha6, pela profuso de guas que a banhavam por quase todos os

    lados e que abriam caminhos naturais para dentro do territrio e para o

    mundo, Macei seria resultado dessa ddiva da natureza, a par duma luta

    persistente contra os mangues, os alagados, as encostas que circundam o

    territrio que foi feito ncleo populacional original.

    A expanso para o norte e para os tabuleiros tambm no se fez

    sem feroz conquista natureza e a seus primeiros donos: se no incio

    ocorreu nos planos, a exigir desbravamento da vegetao e expulso da

    fauna e dos ndios, seus primeiros habitantes, juntamente com a luta pelo

    acesso gua e a transposio dos obstculos interpostos pela elevao

    topogrfica, com o inchao da cidade, via migraes sucessivas dos

    trabalhadores rurais provenientes do interior do territrio, a luta se fez e

    permanece mais insana, ainda hoje, pela ocupao das grotas e dos

    alagados.

    Pelo que se acaba de afirmar,

    a cidade e os espaos que a compem, coisa humana, so essencialmente construo, esforo e luta a luta para construir o lugar humano, a luta que se d no tempo e na histria, a luta que, com efeito, essa mesma histria em construo, feita de homens e mulheres particulares, de indivduos e pessoas, de famlias, de movimentos migratrios, de sonho, frustrao e memria. (MONTES: 2004:208)

    Assim, ainda com base em

    Montes (2004), possvel dizer que

    as transformaes pelas quais tem

    passado Macei so esta cidade

    mesma; a viso da sua histria, em

    sua dinmica temporal de

    construo, aquilo mesmo capaz de torn-la, em sua quase indizvel

    complexidade, transparente aos olhos daqueles que nela vivem, de fato,

    um lugar para o entendimento e o sentimento de seus moradores, algo a

    6 Na verdade, se o ncleo populacional original do que hoje conhecemos como Macei

    assentou-se em terras da antiga sesmaria doada a Diogo Soares da Cunha - que ia da enseada da Pajuara ao Porto do Francs -, o atual municpio de Macei ocupa, tambm, ao norte, parte significativa de outra sesmaria de propriedade de Miguel Soares Vieira que ia do Rio Santo Antnio Meirim enseada da Pajuara. (Cf. VEROSA, 1996: 31)

    BAIRRO DO JACINTINHO

  • 19

    que eles pertencem e no qual podem se reconhecer, num processo de

    formao da memria que constitui a identificao, que inclui o indivduo.

    O desafio de caracterizar hoje o municpio para o qual se constri

    este Plano Municipal de Educao significa montar o mosaico das

    relaes histricas e atuais entre cidade e bairros e destes com a natureza

    dada, na perspectiva de um jogo de espelhos, do cruzamento entre a vida

    cotidiana dos homens e mulheres na sua situao concreta e real, em

    suas condies reais de existncia, e da interseo entre estas e os dados

    objetivos da histria oficial da cidade, com suas necessidades e

    demandas, inclusive no campo da educao e da escolarizao.

    Macei forma, com os municpios de Rio Largo, Marechal Deodoro,

    Pilar, Satuba, Coqueiro Seco, Santa Luzia do Norte, Messias, Barra de

    So Miguel, Paripueira e Barra de Santo Antnio, a Regio Metropolitana

    de Macei, que possua, no ano de 2007, uma populao estimada de

    mais de 896.000 habitantes.

    O territrio do municpio propriamente dito tem uma altitude mdia

    de 7 m acima do nvel do mar, com seu territrio distribudo em trs planos

    diversos a rea litornea, uma pequena elevao e regies de tabuleiro

    com tudo o que essa conformao topogrfica envolve e uma

    temperatura mdia de 28C. Tendo parte significativa de seu territrio

    encravado entre o Atlntico e a Lagoa Munda, por isso mesmo a capital

    de Alagoas foi denominada pelo gegrafo Ivan Fernandes Lima (s.d.) de

    CIDADE-RESTINGA.

    Chamada, em meados do

    Sculo XX, pelos poetas que a

    amavam, de CIDADE SORRISO,

    pelo pitoresco de sua conformao

    urbanstica, nos ltimos tempos

    Macei recebeu do setor turstico o

    cognome de PARASO DAS

    GUAS, seja pelas razes objetivas de sua configurao geogrfica, seja

    pela necessidade de criar um apelo mercadolgico para os que possam,

    com essa denominao, eleg-la como destino.

  • 20

    O nome Macei tem sua origem, segundo alguns estudiosos, do

    tupi "Massay-k", que quer dizer "o que tapa o alagadio", numa aluso

    formao de areia e sedimentos que se

    situam na ligao entre a lagoa Munda

    que banha parte da cidade - e o oceano

    Atlntico. Essa a explicao de

    natureza geo-lingstica. Quanto sua

    origem scio-histrica, porm, como

    espao urbano, sua configurao como

    lugar construdo pela ao humana, h

    controvrsias: enquanto alguns estudiosos

    sustentam que a cidade nasceu de um

    engenho erguido nas imediaes de onde hoje se encontram a Catedral

    Metropolitana e a Assembleia Legislativa, cresceu e se fortaleceu a

    afirmao abonada por historiadores da cidade, como SantAna (1970),

    Almeida e Lira (1998), respaldada por fortes argumentos e registros

    documentais, de que Macei, enquanto ncleo urbano de importncia,

    surgiu e tomou corpo a partir do porto martimo construdo na enseada de

    Jaragu, lugar de atividade da importao de produtos manufaturados e

    exportao de bens produzidos em toda a regio circunvizinha cidade.

    Segundo registros, sua

    data oficial de fundao 5 de

    dezembro de 1815, resultando do

    desmembramento do antigo

    municpio de Alagoas - atual

    Marechal Deodoro -, enquanto

    sua elevao condio de vila

    deu-se em 29 de dezembro de

    1816, graas ao desenvolvimento do porto martimo de Jaragu, o que d

    corpo e substncia teoria de que Macei foi, de modo predominante,

    desde sua origem, uma cidade prestadora de servios.

    ANTIGO PORTO DE JARAGU

  • 21

    Com o contnuo processo de

    desenvolvimento de Macei, esta

    cidade se torna capital da provncia

    de Alagoas, j em 9 de dezembro de

    1839, a partir do simblico ato da

    transferncia do Tesouro da

    Provncia da cidade de Alagoas

    que era a primitiva capital - para

    Macei.

    A situao geogrfica e demogrfica de Macei pode ser assim

    esquematicamente apresentada:

    TABELA 1 SITUAO GEOGRFICA E DEMOGRFICA DA CIDADE DE MACEI

    rea do Municpio 511 km

    Populao estimada em 2009 936.314 habitantes

    Altitude 7 m acima do nvel do mar

    Latitude 0955' S

    Longitude 3544' O

    Distncia de Braslia 2.004 Km

    FONTE: IBGE

    Se quisermos tornar visvel a posio geogrfica ocupada pelo

    municpio de Macei, traduzindo em imagens, no mapa do Brasil, as

    coordenadas apresentadas no quadro apresentado acima, teremos a

    configurao que segue:

    QUADRO 1 POSIO DA CIDADE DE MACEI NO MAPA DO BRASIL

  • 22

    Os homens e mulheres particulares, reais - como j afirmado - que

    fizeram de Macei uma realidade urbana, habitam espaos tambm

    particulares e reais, de geografia e cultura prprias, que nasceram e se

    desenvolveram ligados evoluo da prpria cidade, atados sua luta de

    transformao da natureza, dando cidade sua cara real representada

    pelos seus bairros, muitos dos quais sequer so considerados pela

    geografia construda e divulgada pelo setor turstico e, at, por organismos

    oficiais.

    Na descrio do espao urbano

    maceioense, por exemplo, encontra-se

    uma diviso bastante formal, a saber:

    NVEL BAIXO, com a Plancie

    Litornea, ocupada pelos bairros de

    Jaragu, Poo, Pajuara, Ponta da

    Terra, Ponta Verde, Jatica, Cruz das

    Almas e Jacarecica, e com a Plancie

    Lagunar, onde se encontram Vergel do

    Lago, Pontal da Barra, Trapiche da Barra, Ponta Grossa, Levada, Bom

    Parto, Mutange, Bebedouro e Ferno Velho, ABC e Rio Novo; NVEL

    INTERMEDIRIO, com o Centro Antigo e o Prado e o NVEL ALTO, em

    que se situam Farol, Jacintinho,

    Feitosa, Pitanguinha, Pinheiro,

    Barro Duro, Gruta de Lourdes,

    Tabuleiro dos Martins.

    Nessa descrio, ainda

    que sejam contemplados alguns

    bairros populares, omitem-se

    dimenses da topografia e dos aglomerados humanos, como encostas e

    alagados, onde se encontram milhares de maceioenses natos ou, pela

    cidade, adotados.

    FAVELA DO DIQUE ESTRADA

    GROTA DO ESTRONDO

  • 23

    Se pensarmos a cidade como lugar plural e globalizado, resultante

    das atividades desenvolvidas pelos que a constroem e nela interagem,

    veremos, por exemplo, que s margens do Trapiche da Barra e do canal

    da Levada e, com a atividade crescente do acar, no Porto de Jaragu e

    praias adjacentes, fizeram morada trabalhadores braais, como

    carregadores, estivadores e pescadores, pois estariam bem prximos ao

    local de trabalho. Com o tempo, outras reas da lagoa e da praia foram

    sendo ocupadas at o incio dos anos setenta, quando, com a construo

    da Salgema Indstria Qumica, a orla lagunar e litornea, prxima ao

    Pontal da Barra, foi se desvalorizando, nascendo, ali, o complexo de

    favelas cujas condies de moradia esto longe de serem humanas.

    Se os alagados da cidade

    somente se fazem presentes nos

    estudos dos pesquisadores sociais, ou

    quando seus habitantes bradam por

    servios, ou quando tm seus espaos

    usados para abrigar a criminalidade e

    a contraveno, o mesmo acontece

    com as grotas: se dados de pesquisas da Universidade Federal de

    Alagoas apontam que 71% da populao alagoana so formados por

    pobres e miserveis - superando a casa dos 50% do total da populao -

    deste percentual, mais de um tero mora nas mais de 70 grotas existentes

    na cidade de Macei, dividindo, entre si, o risco constante de

    desabamento e a falta de prioridade nos programas institucionais de

    habitao.

    Assim, resultante inicialmente

    da ocupao das reas prximas s

    guas do Atlntico e da Lagoa

    Munda e depois espraiando-se pela

    restinga que se alonga entre os dois,

    pelos tabuleiros e pendurando-se nas

    encostas, Macei, enquanto cidade

    que resulta de um determinado territrio conquistado natureza pela

    cultura, constri-se, voltamos a afirmar, de espao em lugar de morada

    OCUPAO DAS MARGENS DA LAGOA

    CENTRO DE MACEI ANTIGO

  • 24

    humana, pelo avano em direo ao norte e ao oeste, dando origem a um

    sem nmero de bairros alguns deles denominados por certos urbanistas

    com o eufemismo de assentamentos subnormais, que, na verdade,

    quer dizer favelas, grotas, cortios e biongos em confronto com os

    bairros de classe mdia e os poucos condomnios fechados que

    agasalham a minscula frao dos que detm razovel ou considervel

    poro da renda da capital .

    Assim, primeiro eram Jaragu, Centro, Levada, Ponta Grossa, Prado,

    Trapiche da Barra e Vergel do Lago, Pontal da Barra, Cambona, Bom

    Parto, Jatica, Mutange e Bebedouro; Ferno Velho, Pajuara, Ponta da

    Terra, Poo, Mangabeiras, Cruz das Almas, Jacintinho, Jacarecica,

    Guaxuma, Ipioca, Farol, Gruta de Lourdes, Feitosa, Ponta Verde, Riacho

    Doce, Rio Novo, Gara Torta, Tabuleiro

    do Martins e, em seguida, ao longo das

    ltimas dcadas, Antares, Barro Duro,

    Benedito Bentes, Cana - hoje, Santo

    Amaro -, Ch de Bebedouro, Ch da

    Jaqueira, Cidade Universitria, Clima

    Bom, Jardim Petrpolis, Novo Mundo,

    Ouro Preto, Pescaria, Pinheiro, Pitanguinha, Santa Amlia, Santa Lcia,

    Santos Dumont, Stio So Jorge, Serraria, Tabuleiro do Pinto, Tabuleiro

    Novo, Vilage Campestre, Carminha, Denisson Menezes, Selma Bandeira,

    Freitas Neto, Grota do Cigano, Frei Damio, Virgem dos Pobres, Sururu

    de Capote, Grota do Arroz, Grota do Estrondo, e assim por diante, em

    meio aos inmeros povoamentos que, ou por recncia, ou por falta de

    registro, ou pelo incmodo que representam, soam apenas como uma

    palavra sem substncia social e humana para a maioria dos maceioenses

    .

    Embora rica em sal-gema, produto

    mineral sobre o qual repousa boa parte de

    seu territrio, Macei poderia ter um setor

    industrial diversificado, seja pelas indstrias

    qumicas a que o sal-gema daria origem,

    seja pelo beneficiamento do acar e do

  • 25

    lcool que, do seu prprio territrio ou das agro-indstrias confluem, h

    dcadas, para a capital, por conta de seu porto martimo.

    A produo agropecuria que a riqueza do solo alagoano e

    maceioense rende ou poderia render em maior escala - suplantando a

    monocultura da cana-de-acar - e que, em Macei, poderia ter agregado

    um valor que a abundante mo de obra a existente, vida por trabalho,

    anseia em realizar, tambm deixa de completar seu ciclo, sendo

    insignificante ou evadindo-se como matria prima. Nesse campo, portanto,

    a industrializao no se apresenta significativa em Macei. O

    beneficiamento do coco, por exemplo, que

    poderia induzir o cultivo da matria prima

    tradicionalmente abundante, quando feito,

    vale-se da produo trazida de outros

    Estados para depreciar o valor dessa

    matria prima.

    Nem mesmo o gs natural abundante no subsolo alagoano, que

    chega em profuso a Macei, tem sido aproveitado para induzir a criao

    de riqueza. Desse modo, com a

    promessa trazida de desenvolvimento

    de uma vigorosa indstria

    petroqumica apenas na lembrana

    dos mais velhos e com a possibilidade

    de uma indstria de beneficiamento

    de produtos agrcolas, apenas

    marginal, Macei, fiel a sua tradio de cidade predominantemente

    prestadora de servios, insiste em sonhar com a riqueza e o bem-estar

    que podero vir com o turismo,

    escapando, assim, de sua histrica

    trajetria de exportadora de matrias

    primas.

    que sua situao geo-

    climtica, bastante favorvel, e sua

    grande diversidade cultural, que d

    origem a uma culinria e a um artesanato ricos e bastante diversificados e

  • 26

    a bens simblicos de uma criatividade e uma riqueza incomparveis, a par

    de uma gente amvel e hospitaleira, possui um grande potencial de atrair

    turistas do pas e do exterior, pelo que podem oferecer como opes de

    enriquecimento cultural e lazer.

    Esse sonho de desenvolvimento econmico que vem de dcadas e

    que j conheceu momentos

    aparentemente promissores, tem sido

    permanentemente alimentado, ao longo

    da histria alagoana, pelo que Carvalho

    (2005, p. 50), em seu estudo com os

    dados mais atuais sobre a realidade

    alagoana, chama de projetos redentores

    das suas elites e que podem ser assim resumidos: primeiro, nos anos de

    1960, foi a Campanha do BI (Bnus Industrial) que prometia a

    construo de polos industriais, cujo exemplo modelar o que resta hoje

    do Distrito Luiz Cavalcante, no Tabuleiro do Martins (cf. p. 51); em

    seguida, nos anos setenta, seria o Prolcool, cuja propaganda, segundo

    Carvalho (p. 52) dava a entender

    que levaria Alagoas para a

    OPEP, atravs da produo do

    lcool carburante; ainda no

    havia esfriado o Prolcool e

    chega, ainda conforme Carvalho

    (p. 52), a novidade do Polo Cloroalcoolqumico de Alagoas/PCA:

    recursos foram mobilizados, rgos foram criados e, principalmente, muita propaganda foi realizada, um discurso orquestrado de que o PCA iria possibilitar investimentos de mais de um bilho de dlares e criar milhares de empregos diretos e indiretos e, que, rapidamente, a renda per capita iria ultrapassar os 5 mil dlares.

    Com a crise do setor sucroalcooleiro, porm, no final dos anos de

    1980, somada construo de um duto para trazer da Bahia o eteno que

    aqui seria produzido e concorrncia dos polos petroqumicos de So

    Paulo, Camaari e Rio Grande do Sul, tambm mais esse milagre no

    aconteceu, sobrevivendo do sonho apenas uma grande empresa - a

    PLANTA DA BRASKEM NO PONTAL DA BARRA

    PASTORIL FOLGUEDO NATALINO

  • 27

    BRASKEM (ex-Salgema S.A.) - que produz PVC, EDC e SODA

    CUSTICA e exporta, praticamente, toda a produo sem qualquer

    beneficiamento.

    Mas, os anos de 80 e 90 iriam assistir ainda promessa de mais

    um milagre o turismo que hoje infelizmente renovado e que fazia o

    Estado de Alagoas, segundo insiste Carvalho, ficar, mais uma vez

    diante de um novo e solitrio elemento que iria salvar a economia de Alagoas. Se antes a vocao era a agricultura, agora era o setor tercirio. Sem nenhum balano dos projetos anteriores, do que j foi planejado, sem nunca analisar o que efetivamente passou, com todas essas experincias, embarcava-se na fico de que, novamente, um segmento (turismo) de um setor econmico (servios) seria a redeno da economia alagoana. (p.52)

    que o sonho hoje parece renascer, graas ao surgimento de

    espaos modernos para negcios, tais como o novo Centro Cultural e de

    Exposies de Macei, no bairro de Jaragu, apoiado pela inaugurao do

    novo Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, um dos mais modernos

    do Brasil quando se sabe que, estabelecidas essas condies, h que se

    reconquistar o que foi perdido, sem que para isso haja infraestrutura

    hoteleira suficiente.

    Por pouco, a promessa do milagre da refinaria de petrleo no se

    torna tambm mais uma utopia messinica: no fosse a relativa agilidade

    do Governo Federal em indicar Pernambuco para a nova planta

    petroqumica, e Macei como, de resto, toda Alagoas estariam ainda

    sendo embaladas pela promessa de mais um ato redentor de sua

    combalida economia.

    Na verdade, essas utopias

    malogradas tm tido resultados perversos

    sobre a capital do Estado, em termos de

    inchao populacional das periferias e

    altssimos nveis de desemprego e brutal

    concentrao de renda. Se as reas rurais

    do Estado caracterizam-se por ausncia de pequenas unidades produtivas

    com acesso ao crdito, assistncia tcnica e facilidade de

    comercializao, alando-se, pelo contrrio, brutal concentrao

    ATIVIDADE DO SETOR INFORMAL

  • 28

    fundiria e predominncia da grande agroindstria sucroalcooleira, nas

    cidades, incluindo-se, a, Macei, a pequena produo manufatureira o

    pequeno negcio industrial e comercial, segundo Carvalho, sofre das

    mesmas carncias que a agricultura familiar, o resultado [] a combinao

    dos problemas no mundo rural e na parte urbana, ou seja, a pobreza e a

    falta de dinmica econmica no estado.

    Conforme diz Carvalho (2005), na

    tentativa de mostrar que a urbanizao em

    Alagoas e o regime de ocupao da mo de

    obra inclusive em Macei - no se deram

    por atrao de novas empresas,

    aqui, durante todo o sculo XX, a economia continuou dependente das atividades agrcolas e agroindustriais e, por isso, as classes urbanas, tanto os trabalhadores assalariados como os da classe mdia, so relativamente pequenas. A precoce urbanizao criou uma realidade na qual o setor tercirio ocupa, com suas atividades tipicamente urbanas, dois teros do setor econmico alagoano. Mesmo com a distribuio das atividades produtivas revelando uma forte presena no setor de servios, Alagoas tem apenas 15 mil pequenas empresas e microempresas formais na rea de servios e comrcio. (...) A pesquisa Economia Informal Urbana do IBGE (2005) revela a existncia de 205 mil pessoas ocupadas trabalhando por conta prpria ou nas 166 mil empresas informais de at cinco pessoas (grifo nosso). Macei tem 50 bairros e seis feiras livres, algumas delas inexpressivas. o retrato de uma economia de renda concentrada, com poucos polos dinmicos.

    Isto muito srio para Macei, pois, a

    falta de alternativas no interior do Estado e a

    dinmica econmica municipal um pouco

    superior mdia estadual tem feito com que

    Macei represente um fortssimo polo de

    atrao populacional, com um crescimento

    urbano acelerado, mas desigual, porquanto

    enfrentado por uma cidade limitada em rendas

    prprias para enfrentar os problemas sociais que a migrao torna ainda

    mais agudos.

    ESPAOS IMPROVISADOS PARA NEGCIOS

  • 29

    Por conta disso, segundo Carvalho (2005,

    p. 31), a presena federal, por meio das polticas

    sociais e dos programas sociais de distribuio

    de renda, transformou-se em parte constitutiva e

    fundamental do sistema produtivo local. Em

    2004, por exemplo, a receita prpria tributria da

    Prefeitura Municipal de Macei obtida com a

    cobrana dos impostos e taxas (IPTU, ISS, ITBI,

    DA e TAXA DO LIXO) foi de 106 milhes de

    reais, enquanto as transferncias federais e os

    repasses com os convnios com a Unio

    chegaram a R$ 392 milhes. Segundo ele,

    enquanto a quota do FPM da capital foi de R$ 107 milhes, o que representa quatro vezes a arrecadao total do IPTU no ano de 2004, no ano passado, os quase 100 mil aposentados e pensionistas do INSS residentes em Macei receberam o equivalente a R$ 450 milhes de reais. Os 40 mil beneficirios do programa Bolsa Famlia, moradores da capital, receberam, por ms, 2,5 milhes de reais, totalizando R$ 30 milhes no ano. (...) No se pode imaginar a soluo ou diminuio da polarizao social existente em Macei sem o auxlio direto desses recursos e, portanto, sem uma parceria estreita e estratgica entre a Prefeitura de Macei e todos os ministrios relacionados com a rea social.

    Isso que constatado por Carvalho, se por um lado indicativo de

    certo alvio para boa parte da populao de Macei, por outro,

    preocupante quando se pensa em construir uma poltica social

    educacional, no nosso caso especfico auto-sustentvel, imune,

    portanto, s crises nacionais ou aos humores dos poderosos que ocupem

    os cargos de mando no Planalto.

    Macei, na verdade, alm dos efeitos mais diretos dos projetos de

    desenvolvimento que tm sido propostos para Alagoas, tem sofrido a falta

    crnica de alternativas de sobrevivncia no interior do Estado, com a forte

    migrao rural para suas periferias, ainda mais acelerada nas quatro

    ltimas dcadas do Sculo XX, como se pode ver pela tabela a seguir:

    ATIVIDADES DO SETOR INFORMAL

  • 30

    TABELA 2 ALAGOAS E MACEI: EVOLUO DA POPULAO (1960-2005)

    ANO ALAGOAS MACEI

    1960 1.258.107 242.987

    1970 1.588.109 351.299

    1980 1.982.591 514.671

    1991 2.514.100 776.079

    2007 3.015.901 896.967

    3.156.108 936.314

    FONTE: IBGE (2005)

    Segundos dados do IBGE, a

    populao total de Macei

    representa, no momento,

    praticamente o mesmo quantitativo

    dos que permanecem vivendo na

    zona rural do Estado. Como se pode

    perceber, enquanto a populao

    alagoana, entre 1960 e 2009 cresceu bem menos do que trs vezes, o

    contingente populacional que vive em Macei ampliou-se quase quatro

    vezes , sem dispor das condies para esse crescimento. Da por que,

    quando celebramos, por exemplo, a

    ampliao acelerada das matrculas na

    ltima dcada, pelo municpio, ao tempo

    em que comemoramos a reduo dos

    excludos da escolarizao regular,

    deixamos, muitas vezes, de perceber que

    isso consequncia do inchao

    populacional para cujo atendimento

    adequado no se dispe dos meios

    recomendados e desejveis.

    Macei , porm, no que pesem seus srios problemas de infra-

    estrutura e de autossustentabilidade econmica, de fundamental

    importncia para Alagoas. O que nos cabe considerar que, mesmo com

    quase todas as condies naturais favorveis ao desenvolvimento, junto

    QUANDO A RUA GARANTE A SOBREVIVNCIA

  • 31

    existncia de um patamar mnimo pronto a se fazer alavanca para o bem-

    estar da sociedade maceioense como um todo, a nossa realidade social

    expressa a configurao de um espao humano onde ainda h muito por

    realizar. que

    o municpio de Macei tem a dinmica prpria de uma regio subdesenvolvida. Apesar de ser o mais populoso e o mais rico municpio do Estado, sua economia est baseada na imensa rede da economia de servios e comrcio, com predominncia do setor informal. Ruas inteiras e parte de bairros perifricos tm nessas atividades a sua razo econmica. Esse setor de presena generalizada convive com um distrito industrial e algumas poucas plantas industriais; convive, tambm, com uma imensa rea rural, onde encontramos canaviais (60 mil hectares), uma usina de acar (Cachoeira) e a pecuria de leite em fazendas de gado e atividades crescentes no setor de laticnios (Carvalho, 2005, p. 32).

    Importa destacar aqui essa situao

    sui generis em relao ao perfil demogrfico

    do municpio de Macei: embora possua

    uma imensa rea ocupada por culturas

    agrcolas, como vimos acima, no entanto, o

    municpio registra menos de 2.000

    habitantes vivendo na zona rural.

    Evidentemente que isso se deve ao

    assentamento das populaes ocupadas

    com os afazeres agrcolas nas periferias da cidade, o que obriga a escola

    que atende aos/s filhos/as desses/dessas trabalhadores/as a considerar,

    em seus currculos, a cultura dos viventes do campo, j que da que vem

    grande parte dos que moram nos chamados assentamentos subnormais

    existentes em nossa cidade.

    Se, at aqui, a anlise da

    realidade maceioense teve cores mais

    fortemente econmicas, ainda que com

    pinceladas sociais expressivas, a

    compreenso de muitos dos fatores que

    realimentam o subdesenvolvimento da

    sociedade que constri e reconstri

    A CANA, SEMPRE A CANA

    A RUA PARA SOBREVIVER

  • 32

    Macei, fica ainda mais clara quando nos debruamos sobre indicadores

    da realidade social que a caracterizam.

    Os nmeros que seguem so, portanto, uma tentativa de mostrar

    essa realidade que a luta dos cidados e das cidads de Macei no vem

    conseguindo reverter e que precisam se constituir em referncias centrais

    para a construo deste PLANO MUNICIPAL DE EDUCAO.

    Iniciando pelo perfil de renda da populao economicamente ativa

    de Macei, apurado em 2005, temos o grfico que segue:

    GRFICO 1: ALAGOAS: RENDAS DAS PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS -

    2005

    FONTE: IBGE/PNAD (2006)

    Diante de um quadro da natureza do acima apresentado, toma

    concretude o que afirmamos sobre a pirmide social que caracteriza a

    populao maceioense, sobretudo se considerarmos que o salrio mnimo

    que responderia ao que determina a legislao sobre a matria, segundo

    clculo do DIEESE, deveria estar beirando um montante referente a cinco

    vezes o salrio mnimo que hoje pago aos trabalhadores e s

    trabalhadoras brasileiros.

    Com uma renda ou ausncia de renda configurada de tal forma

    e com uma sociedade organizada dentro dos limites econmicos e sociais

    por ns sucintamente apresentados, no ser de admirar que o IDH7 de

    7 O IDH NDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, calculado a cada 10 anos, pelo

    IPEA, do Governo Federal, e pelo PNUD, da ONU, resulta de uma mdia entre os indicadores de sade, representados pela expectativa de vida ao nascer, de educao,

  • 33

    Macei, avaliado, em 2000, em 0,739, embora sendo o de melhor

    desempenho em Alagoas, encontre-se, ainda hoje, longe do desejvel8.

    Diferente no a avaliao feita pelo ATLAS DA EXCLUSO

    SOCIAL NO BRASIL9, resultante de pesquisa feita em 2002 e que, alm

    da longevidade, da escolaridade e da renda per capita, incluiu sete

    variveis - educao, sade, juventude, segurana, desemprego,

    desigualdade social e concentrao de renda - o que amplia o conceito

    de qualidade de vida, caracterizando a excluso social pela taxa de

    emprego baixa, desigualdade de

    renda, baixo ndice de escolaridade

    mais a taxa de homicdio, que indica

    o grau de violncia na localidade

    pesquisada. Neste estudo, embora

    Macei ocupe o primeiro lugar no

    Estado, o 1.0400 no ranking

    nacional. Segundo Carvalho (2005,

    p. 28),

    nessa forma de medir a qualidade de vida, com a novidade da incluso de mais variveis, o que os nmeros revelam so os mesmos e crnicos problemas: nos municpios onde h baixos nveis de escolaridade, por exemplo, h tambm os maiores indicadores de excluso social.

    E, sob esse aspecto ndices de escolaridade os dados

    apresentados por Macei parecem tornar a sua sociedade at mais

    desigual do que vimos caracterizando at aqui. A considerar vlido o que

    dito por Carvalho, se nos detivermos a examinar o grfico a seguir

    construdo com dados dos meados da dcada, a partir da qual nada

    aconteceu de to significativo que possa nos indicar uma mudana

    substancial no perfil de escolarizao, temos, dos 637.532 maceioenses

    com mais de 10 anos, os seguintes valores percentuais:

    apurados pela alfabetizao e pelo nmero de matrculas da populao em idade escolar, e pelos indicadores de renda, calculados pela riqueza total dividida pelo nmero de cidados. 8 O IDH varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais prximo de 1, melhores as condies de

    vida, estando estabelecida a seguinte escala: at 0,500 a sociedade considerada de baixo desenvolvimento; entre 0,500 e 0,800, aquela de desenvolvimento mdio e de alto desenvolvimento a que se encontra acima de 0,800. 9 Trata-se de estudo dirigido por Mrcio Pochman, professor da UNICAMP.

  • 34

    GRFICO 2 MACEI: ANOS DE ESTUDO DA POPULAO DE 10 ANOS OU MAIS (2004)

    FONTE: IBGE CENSO ESCOLAR 2004

    Se, aos dados acima, agregarmos o fato de que, da populao de

    15 anos e mais, pesquisada pelo IBGE, em 2002, 94.047 maceioenses

    foram considerados analfabetos10, veremos o crculo que se fecha sobre

    as possibilidades de um projeto de desenvolvimento sustentvel para

    Macei, a curto e mdio prazos, a permanecer a situao como a que aqui

    retratada. Isso, sem deixarmos de ter em mente que com tal nvel de

    escolarizao s podemos ter o nvel de emprego e renda que a cidade,

    ainda que seja a capital do estado, apresenta.

    Considerando-se que Macei a

    capital de mais baixo IDI do Nordeste e do

    pas, e que os parmetros para avaliar o

    valor do IDI so os mesmos que os utilizados

    para o IDH, sob esse prisma impossvel

    deixar de considerar o valor bem aqum

    deste, o que nos diz que ainda h muito que

    fazer pela infncia de Macei, sobretudo no que diz respeito ao

    atendimento escolar, ainda que no seja somente por ela diretamente, a

    considerar a escolaridade dos pais.

    10

    Convm considerar que os indicadores aqui apresentados tm por base o conceito elstico de alfabetizao adotado pelo IBGE.

  • 35

    III ESTRUTURA DO PME DIRETRIZES, OBJETIVOS E

    METAS:

    Considerando-se a congruncia que este PME deve manter com o

    PNE e o PEE, por fora das leis que os instituram Leis 10.182/2001 e

    6.757/2006, respectivamente -, foroso apresentar aqui, antes de mais

    nada, o conjunto maior dos alvos a serem perseguidos por este plano de

    durao decenal, visando, como j referido no diagnstico, articulao e

    ao desenvolvimento do ensino e integrao dos poderes pblicos.

    So, portanto, as diretrizes mais gerais deste PLANO MUNICIPAL

    DE EDUCAO de MACEI:

    ERRADICAR O ANALFABETISMO UNIVERSALIZAR O ATENDIMENTO ESCOLAR MELHORAR A QUALIDADE DO ENSINO FORMAR PARA O TRABALHO PROMOVER O HUMANISMO, A CINCIA E A TECNOLOGIA DO

    PAS.

    Considerando como DIRETRIZES as referncias mais amplas na

    verdade, os objetivos de configurao mais geral tanto para o PME

    como um todo, quanto para as ETAPAS e MODALIDADES DA

    EDUCAO BSICA legalmente referidas diretamente como

    responsabilidades atinentes aos SISTEMAS MUNICIPAIS DE ENSINO

    que, na prtica, se confundem com os entes municipais, no que diz

    respeito responsabilidade com a educao escolar, a partir das

    DIRETRIZES que enunciamos o PME e cada uma de suas partes,

    precedendo a estas, sempre que julgado adequado, um breve diagnstico

    educacional especfico.

    Em seguida, considerando cada etapa ou modalidade, sero

    estabelecidos os seus OBJETIVOS prprios, enquanto alvos a servirem

    de referncias para as aces do PME de MACEI, sendo eles

    desdobrados em METAS, que, em linguagem do planejamento,

    representam aes operacionalmente definidas, ou seja, estabelecidas por

    meio de expresses cujo resultado quantificado e com horizonte de tempo

    fixado para a sua consecuo, permitam monitoramento e avaliao com

    vistas realimentao do plano por todo o perodo para o qual foi

    proposto.

  • 36

    1. ETAPAS DA EDUCAO BSICA:

    A. EDUCAO INFANTIL

    a. Diagnstico:

    A Constituio Federal de 1988 (CF), bem como a Lei de Diretrizes

    e Bases da Educao Nacional (LDBEN) e o prprio Plano Nacional de

    Educao (PNE) foram elaborados em meio a muitas disputas: nas duas

    ltimas leis, sobretudo, tivemos, de um lado, a tentativa de garantir uma

    proposta construda pela sociedade civil que defendesse o pleno direito

    educao e, de outro, interesses que buscaram reduzir ao mnimo estes

    direitos, reduzindo, consequentemente, a responsabilidade do Estado,

    principalmente no campo do financiamento das polticas pblicas dentre

    as quais se encontra a educao - buscando induzir a substituio das

    polticas pblicas por privatizao, campanhas filantrpicas, parceria

    pblico-privado, voluntariado e coisas do tipo.

    Enquanto isso, o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA),

    definido pela Lei Federal n 8.069/1990, geralmente muito pouco

    considerado quando se pensa em polticas e prticas da educao

    escolar, estabelece, no seu Art. 4, que, em relao s crianas e aos

    adolescentes brasileiros,

    dever da famlia, da comunidade, da sociedade em geral e do poder pblico assegurar, com absoluta prioridade, a efetivao dos direitos referentes vida, sade, alimentao, educao, ao esporte, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria.

    Num desdobramento do artigo acima referido, importa ressaltar que

    a sua alnea c diz expressamente que se deve garantir a preferncia da

    criana e do adolescente na formulao e na execuo das polticas

    sociais pblicas, assegurando, assim, o direito educao de qualidade,

    que deve ser parte primordial do plano de governo dos municpios aos

    seus habitantes desde o nascimento.

  • 37

    O que acabamos de dizer tem ficado ausente das Polticas Pblicas

    brasileiras por anos a fio, pois a educao das crianas brasileiras de 0 a

    6, por muito tempo, ficou at margem dos diplomas legais, de modo que

    os primeiros indcios de preocupao com o atendimento s crianas de 0

    a 6 anos, pelos poderes pblicos, somente vieram a aparecer com a

    aprovao da primeira LDB (Lei n 4.024/61) que, ainda que expressasse

    apenas preocupao geral e definio de espao prprio ditado por razes

    pedaggicas, de qualquer modo dizia que

    os sistemas de ensino velaro para que as crianas de idade inferior recebam educao em escolas maternais, jardins-de-infncia e instituies equivalentes.

    Foi tambm com a primeira LDB que a educao institucionalizada

    das crianas de 0 a 6 anos passou a ser mencionada como uma

    responsabilidade dos sistemas de ensino, pois, at ento, ela se

    apresentava, no plano das polticas educacionais regulares, apenas como

    tarefa de instituies privadas, filantrpicas e de algumas instituies

    vinculadas s secretrias de Ao Social.

    De qualquer modo, com a aprovao da LDBEN n 4.024/61, deu-se

    a primeira conquista das crianas de 0 a 6 anos, em nosso pas, pelo

    menos, do ponto de vista legal, j que a responsabilidade quanto ao

    atendimento foi logo transferida para empresas de determinado porte que,

    a partir daquele marco legal, passaram a ser obrigadas a construir creches

    para atender aos filhos de seus funcionrios, ainda que as instituies

    vinculadas s empresas, tanto quanto aquelas vinculadas aos sistemas de

    ensino, tivessem, como principal objetivo, a assistncia s crianas no que

    dizia respeito aos cuidados com a sade, alimentao e higiene.

    somente no contexto da Lei 5.692/71 que estabelecida, em

    nosso pas, uma preocupao mais acentuada com a educao das

    crianas de 0 a 6 anos, mesmo assim, para fins da reduo do alto ndice

    de reprovao nas primeiras sries do Ensino Fundamental. nesse

    momento que comeam a ser criadas salas de alfabetizao nas escolas

    do antigo primeiro grau menor, para o preparo das crianas de 6 anos

    para o ingresso nas primeiras sries, j sabendo ler e escrever.

    Acreditou-se que, preparando as crianas a partir de exerccios

    perceptivos e motores, o problema das reprovaes nas primeiras sries

  • 38

    do antigo primeiro grau poderiam ser resolvidos. Como o termo

    educao para criana de 0 a 6 anos pouco tenha sido mencionado,

    tanto pela Lei 4.024/61, como pela Lei N 5.692/71, e, quando o foi,

    prevaleceu apenas o sentido reducionista do termo, acabou tomando vulto

    o conceito de escolarizao/alfabetizao para essas crianas.

    Na verdade, a preocupao educacional com as crianas de 0 a 6

    anos vem se dar, apenas, com a Constituio Federal de 1988, que trouxe

    a Educao Infantil como um direito das crianas e de suas famlias.

    Nesse sentido, a CF declara que a educao, direito de todos e dever do

    Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da

    sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo

    para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho",

    enquanto, em seu Art. 208, inciso IV, determina que o dever do Estado

    para com a Educao Infantil ser efetivado, mediante a garantia de

    atendimento em creches e pr-escolas para as crianas de 0 a 6 anos de

    idade. Essa determinao complementada pela LDB em vigor, a qual,

    no somente caracteriza, em seu Art. 19, que a educao infantil a

    primeira etapa da educao bsica, como desce ao pormenor, no Art. 30,

    dizendo que a Educao Infantil ser oferecida em creches, ou entidades

    equivalentes, para crianas de at 3 anos de idade, e em pr-escolas,

    para as crianas de 4 a 6 anos de idade.

    Sem dvida, com a aprovao da Constituio Federal de 1988 e

    com a LDBEN de 1996 que a Educao Infantil se consolida, sobretudo

    quando tem legalmente afirmada como sua finalidade, o desenvolvimento

    integral da criana at seis anos de idade, em seus aspectos fsico,

    psicolgico, intelectual e social, complementando a ao da famlia e da

    comunidade (cf. Art. 29).

    Dentre as conquistas da Educao Infantil com a aprovao da

    LDBEN, merece ainda destaque a necessidade de elaborao, pelas

    instituies educativas, de uma proposta pedaggica especfica para

    Educao Infantil que leve em conta o bem-estar da criana, seu grau de

    desenvolvimento, a diversidade cultural das populaes infantis e, dentre

    outros, os conhecimentos a serem universalizados. Aqui, vale destacar

    que as maiores conquistas das crianas de 0 a 6 anos e de suas famlias,

  • 39

    em nosso pas, se efetivaram quando a LDBEN reconheceu legalmente a

    Educao Infantil, no somente como primeira etapa de um nvel de

    educao escolar formalmente estabelecido, como tambm como uma

    etapa educacional fundamental na vida de qualquer pessoa humana.

    Dessa forma, preciso reconhecer que os pr-escolares se

    desenvolvem numa constante interao com as outras pessoas, cabendo

    s instituies de Educao Infantil contribuir para a mediao dessa

    relao criana-mundo e para o acesso aos conhecimentos historicamente

    sistematizados pela humanidade. Precisam considerar que as crianas

    vm de realidades diversas e trazem para seu interior, experincias

    tambm diversas, que devem ser respeitadas e valorizadas como parte

    constitutiva de seu processo de desenvolvimento. Segundo Vigotsky e

    Piaget, participando ativamente de uma comunidade educativa que a

    criana tem a oportunidade de estabelecer inmeras trocas com as outras

    crianas, com os adultos e com os objetos do conhecimento nas

    diferentes reas do saber, apropriando- se, assim, das significaes

    socialmente construdas. Nessa fase, a criana aprende por meio de uma

    multiplicidade de linguagens: brincando, falando, escrevendo, lendo,

    construindo coisas, explorando o mundo, exprimindo os afetos atravs do

    corpo, do desenho, do olhar (cf. Goulart, 1999 e 2002).

    Dois outros ganhos importantes advindos com a LDBEN foram a

    exigncia de qualificao especfica de seus profissionais, que devem ser

    educadores, juntamente com a determinao de que a avaliao na

    educao infantil se d por meio do acompanhamento do desenvolvimento

    da criana, sem o objetivo de promoo no seu itinerrio escolar. Esse o

    quadro institucional em que nos encontramos em mbito nacional.

    No municpio de Macei, principalmente a partir do advento da

    democratizao do pas, temos vivido um clima de intenso debate

    pedaggico, promovido por diferentes instituies ligadas educao.

    Iniciativas dos governos federal, estadual e municipal, bem como de

    entidades da Sociedade Civil, vm tentando construir alternativas

    qualificadas de atendimento educacional populao de 0 a 6 anos. A

    concretizao dessa parceria potencializou-se com a constituio do

    Sistema Municipal de Ensino, em janeiro de 2000, que transformou o

  • 40

    Conselho Municipal de Educao de Macei COMED, criado desde

    1994, em rgo normativo.

    Dentro dessa organizao educacional, alm do Conselho

    Municipal de Educao - COMED e da SEMED, pertencem, legalmente,

    ao Sistema Municipal, alm de todas as Instituies de Educao da Rede

    Pblica Municipal, tambm as instituies de Educao Infantil da rede

    privada, o que faz com que toda essa etapa da educao

    institucionalizada, no municpio de Macei, esteja sob a gide do Sistema

    Municipal e, consequentemente, de seu Conselho de Educao

    (COMED/Macei).

    O COMED/Macei, que tem na sua composio representantes de

    importantes entidades da Sociedade Civil, conta com representao do

    Forum Alagoano em Defesa da Educao Infantil (FADEI), que vem

    colaborando nas discusses e na proposio das resolues que so

    elaboradas pelo COMED, para regular as aes das instituies de

    educao infantil do Sistema de Ensino de Macei.

    No contexto nacional, estadual e local acima referido, o Poder

    Pblico Municipal de Macei vem, desde 1993, tentando acompanhar as

    mudanas do cenrio da Educao Infantil. Nesse sentido, foram

    transferidas as 10 creches que pertenciam Ao Social para o Sistema

    Municipal de Ensino, enquanto se deu a reorganizao da Secretaria

    Municipal de Educao, com a criao de um departamento voltado

    apenas para as questes especficas da Educao para as crianas de 0

    a 6 anos de idade, juntamente com a construo e o desenvolvimento de

    uma proposta pedaggica especfica. Junto a isso, foi providenciada a

    realizao de um concurso pblico, em 2000, para a contratao de

    professores para a Educao Infantil, bem como o desenvolvimento de

    uma proposta de formao continuada para todos os professores dessa

    etapa da Educao Bsica.

    Se nos debruarmos sobre os dados censitrios mais recentes da

    Educao Infantil no Sistema Municipal de Ensino de Macei, teremos os

    seguintes indicadores para os dois ltimos anos:

  • 41

    TABELA O3 - MATRCULA INICIAL DA EDUCAO INFANTIL DE MACEI/2007-

    2008

    Creche Pr-Escola

    2007 2008 2007 2008

    ESTADUAL 0 0 245 214

    FEDERAL 0 0 0 0

    MUNICIPAL 1.021 1.110 8.746 8.185

    PRIVADA 1.064 1.603 5.892 5.604

    Total 2.085 2.713 14.883 14.003

    Fonte: INEP SGI/GEI

    Olhados os indicadores acima, de forma comparativa, ano a ano,

    possvel perceber que, de um ano para outro, no houve um crescimento

    significativo nas matrculas em Creche, percebendo-se, pelo contrrio, que

    na Pr-Escola, ocorreu um decrscimo, como fica mais visvel

    figurativamente nos dois grficos a seguir apresentados:

    Fonte: INEP SGI/GEI

    Fonte: INEP SGI/GEI

    Olhando-se, por outro lado, os indicadores da Educao Infantil de

    Macei no seu conjunto, por dependncia administrativa Pblica e

    Privada temos o seguinte quadro para o ano de 2008:

  • 42

    Fonte: INEP SGI/GEI

    A possvel perceber que a oferta pblica somente ultrapassa a da

    rede privada se somarmos os dados das redes estadual e municipal,

    quando sabemos que essa etapa da Educao Bsica uma

    responsabilidade legalmente definida como do Poder Pblico Municipal. E

    veja-se que aqui no esto contadas as desistncias ao longo do ano, j

    que se trata de nmeros apurados no seu incio. De qualquer modo, essa

    situao mais desanimadora ainda, quando consideradas todas as

    matrculas iniciais no seu conjunto frente populao total de Macei, em

    idade de frequentar a Educao Infantil, conforme mostra o grfico a

    seguir:

    Fonte: INEP SGI/GEI

    Os dados acima representam um proporo entre atendidos e no

    atendidos que assim se configura:

  • 43

    GRFICO 07 PROPORO DA POPULAO ATENDIDA E FORA DA EDUCAO INFANTIL NO MUNICPIO DE MACEI - 2007

    Fonte: INEP SGI/GEI

    Os dados de atendimento acima apresentados, ainda que restritos,

    assumem uma situao de gravidade ainda maior quando se considera

    que, a par da falta de controle sobre as instituies privadas que oferecem

    a Educao Infantil em Macei, por absoluta falta de instrumentos de

    monitoramento das escolas, tem-se na maior rede pblica que a

    municipal a figura do auxiliar de sala, para cujo exerccio no vem sendo

    exigido o que determina a lei maior da educao, o que se agrava ainda

    mais quando se considera a presena de um alto nmero desses

    trabalhadores com vnculo trabalhista precarizado, existindo 173 admitidos

    por servios prestados, frente a 140 concursados.

    Pelos dados acima apresentados e analisados, ainda que

    brevemente, se, por um lado, foroso reconhecer que houve alguma

    tentativa, pelo Poder Pblico Municipal, ao longo dos ltimos 13 anos

    que o tempo de vigncia da ltima LDB - de dar conta das demandas da

    Educao Infantil de seu sistema, no se pode deixar de destacar que o

    municpio de Macei muito ainda tem por fazer no sentido de garantir o

    que est posto na Constituio Federal, na LDB 9394/96 e no Estatuto da

    Criana e do Adolescente.

    No que diz respeito Educao Infantil, o municpio de Macei tem

    hoje trs grandes desafios no vencidos desde a mudana do ltimo

    marco regulatrio dessa etapa da Educao Bsica: o primeiro deles diz

    respeito ao cumprimento da legislao quanto garantia de qualidade de

  • 44

    educao para a demanda j atendida, enquanto o segundo, to

    importante quanto o que o precede, a definio de providncias que

    garantam a universalizao do atendimento, com qualidade, aos ainda

    excludos, com a permanncia de todos os educandos por todo o percurso

    escolar sob uma boa estrutura fsica, equipada adequadamente e com

    profissionais comprometidos e bem formados. O terceiro desafio talvez o

    mais fcil de resolver, ainda que to importante quanto os demais a

    criao de uma base de dados real e confivel sobre toda a Educao

    Infantil que se d no municpio de Macei, evitando, desse modo, a prtica

    escolar clandestina, sem que o COMED/Macei nada possa fazer, por

    absoluta falta de condies materiais e estruturais, para coibir os abusos

    praticados, embora, legalmente, esteja habilitado para tal.

    Para o governo municipal de Macei, a tarefa de recuperar os

    longos anos de falta de uma poltica nacional de financiamento especfico

    para a educao de crianas de 0 a 6 anos de idade, coloca-se, hoje, num

    patamar menos desfavorvel, via Fundo de Manuteno e

    Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos

    Profissionais da Educao - FUNDEB, que prev financiamento

    especfico, ainda que insuficiente, para creches e pr-escolas, se as redes

    municipais continuarem a financiar sua educao apenas com os recursos

    da provenientes. Isso, evidentemente, implica uma redefinio da poltica

    financeira do municpio para a sua ao educativa escolar, que no pode

    permanecer estribada, apenas, nos recursos provenientes deste ou de

    outro fundo constitudo externamente. De qualquer forma, atender

    quantitativa e qualitativamente demanda interna e externa por

    Educao Infantil no municpio de Macei um dos maiores desafios a

    serem vencidos por meio deste Plano de Educao.

    b. Diretrizes para a EDUCAO INFANTIL

    Qualificar fsica e tecnicamente o atendimento oferecido na etapa da Educao Bsica, designada como Educao Infantil.

    Buscar a universalizao do atendimento educacional das crianas de 0 a 6 anos de idade do municpio Macei.

  • 45

    c.Objetivos e Metas para a EDUCAO INFANTIL

    OBJETIVOS METAS

    OBJETIVO 1: Ampliar o atendimento na Educao Infantil no municpio de Macei.

    1.1. Ampliar o atendimento em 10% a cada ano, da populao de 0 a 3 anos de idade, pela rede pblica, em Centros de Educao Infantil (Creches e Pr-escolas), de acordo com os padres mnimos de infraestrutura definidos pelos documentos oficiais, de modo que, at o final da vigncia deste PME se alcance 70% de atendimento desta faixa etria. 1.2. Ampliar o atendimento s crianas de 4 e 5 anos (Pre-Escola) pela rede pblica, na proporo de 10% ao ano sobre a atual demanda do municpio, de maneira que se atenda a 100% at o final da vigncia do PME.

    1.3. Planejar o crescimento do quadro de docentes nos Centros de Educao Infantil da rede pblica municipal, ao longo do decnio de vigncia deste PME, por meio da realizao de concurso pblico para a Educao Infantil, conforme a LDBEN.

    1.4. 1.4. Estender a oferta e/ou implantao da Educao Infantil nas Escolas Rurais do municpio de Macei de modo a atender 10% ao ano, sobre a atual demanda da Comunidade.

    OBJETIVO 2 Oferecer Educao em tempo integral para a Educao Infantil da rede pblica municipal.

    2.1. Ampliar o atendimento Educao Infantil em perodo integral, respeitadas as especificidades e necessidades desta etapa, inclusive garantindo a adequao s caractersticas das crianas com Necessidades Educacionais Especiais, na proporo de 10% ao ano, de modo a que se alcance 100% das escolas em tempo integral no final dos prximos 10 anos, podendo a famlia fazer opo pelo perodo parcial ou integral. 2.2. Garantir, a partir da aprovao deste Plano, que os novos Centros de Educao Infantil a serem criados, ou aqueles concedidos e requalificados, tenham uma oferta obrigatria de 100% das vagas, em perodo integral. 2.3. Garantir a implantao de salas de recursos multifuncionais nos Centros de Educao Infantil, com profissionais especializados.

    OBJETIVO 3 Definir normas e diretrizes para a Educao Infantil no Municpio.

    3.1. Redefinir, pelo COMED/Macei, at 2011, todas as normas e diretrizes para a Educao Infantil no municpio, considerando a legislao vigente.

  • 46

    3.2. Criar, at o final do primeiro ano de vigncia deste plano, uma base de dados sobre a Educao Infantil do municpio, mediante a criao de um banco de dados em rede, atualizado a cada semestre e acessvel a todos os interessados, dentro e fora da Secretaria. 3.3. Garantir a realizao, at o final do primeiro ano de vigncia deste PME, do recadastramento de todas as Instituies de Educao Infantil pblicas e privadas em funcionamento no municpio de Macei 3.4. Garantir, at o final do segundo ano de vigncia deste plano, que o funcionamento da Educao Infantil no territrio de Macei seja ela pblica ou privada - somente acontea mediante cumprimento das especificaes e requisitos mnimos determinados na legislao vigente, buscando o COMED/Macei, para isso, o apoio do Ministrio Pblico. 3.5. Definir, at 2011, pelo COMED/Macei, em colaborao com a Secretaria de Educao do municpio, diretrizes de monitoramento, de avaliao e desempenho institucional, no que tange ao direito e qualidade do atendimento nos Centros de Educao Infantil (creches e pr-escolas) no municpio. 3.6. Implantar, pela Secretaria de Educao do municpio, at 2011, um sistema de acompanhamento, monitoramento e avaliao da Educao Infantil de todo o sistema. 3.7. Criar, pela Secretaria Municipal de Educao e pelo COMED/Macei, em um ano a contar da aprovao deste plano, um banco de dados e estatsticas para fins de estudos, pesquisas e diagnsticos da Educao Infantil visando aperfeioar o atendimento da demanda. 3.8. Estabelecer, pelo COMED, no prazo de dois anos, a contar da aprovao deste Plano, as normas para integrao das instituies de Educao Infantil ao Sistema Municipal de Educao. 3.9. Efetivar, por iniciativa da SEMED/Macei, a partir do segundo semestre da vigncia do plano, uma poltica municipal de colaborao entre os setores da sade, assistncia e educao, visando expanso, manuteno e avaliao de aes efetivas para a melhoria da qualidade de vida e de educao das crianas de 0 a 5 anos residentes em Macei, garantindo parcerias entre instituies pblicas e privadas

  • 47

    . 3.10. Consolidar, a partir da vigncia do plano, o Frum Alagoano em Defesa da Educao Infantil, de modo a garantir, por meio da articulao entre os setores pblicos e privados e a sociedade civil organizada, a discusso, implementao e avaliao das polticas para a infncia no municpio de Macei. 3.11. Garantir, desde a vigncia deste PME, que todas as instituies de Educao Infantil em funcionamento em Macei - sejam elas pblicas ou conveniadas com o poder pblico - formulem e avaliem seus Projetos Poltico-Pedaggicos (PPPs), com ampla participao da comunidade escolar e em consonncia com os princpios estabelecidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais de Educao Infantil. 3.12. Encaminhar providncias, a partir da vigncia do PME, para a gradativa ampliao da rede de Educao Infantil com apoio tcnico e financeiro, de modo a que atinjam os padres de qualidade compatveis com as exigncias legais e as normas do COMED/Macei. 3.13. Prover obrigatoriamente todas as instituies de educao infantil do Sistema Municipal de Ensino, a partir da vigncia deste PME, de coordenadores pedaggicos, conforme legislao vigente, e que estes sejam profissionais da Educao devidamente habilitados segundo o que determina a LDBEN. 3.14. Garantir, pela SEMED/Macei, a partir do primeiro ano de vigncia deste PME, um programa de divulgao e orientao para a sociedade, nos vrios meios de comunicao, dos direitos de acesso das crianas Educao Infantil, segundo a CF, a LDBEN, o PNE, o PEE e este PME. 3.15. Garantir, a partir da vigncia deste Plano, para as crianas com necessidades educacionais especiais, os Servios Educacionais Adequados, em conformidade com a legislao vigente. 316 Definir, pelo COMED/Macei, critrios e procedimentos para a realizao de convnios entre o Municpio de Macei e as organizaes no governamentais, visando ao atendimento das crianas de 0 a 5 anos de idade, em Instituies de Educao Infantil Municipais, de acordo com a orientao do MEC para convnios (Brasil/2009).

    OBJETIVO 4 Qualificar os profissionais

    4.1. Promover, gradativamente, a formao dos docentes da Educao Infantil que ainda

  • 48

    que atuam na Educao Infantil.

    no sejam portadores de diploma de curso superior para atuar na Educao Infantil, de forma a se atingir, at 2020, que a data final da vigncia do Plano Decenal, a formao superior em Pedagogia, de todos os no titulados que atuam na Educao Infantil municipal, mobilizando, para isso, apoio tcnico e financeiro, bem como parceria com as Universidades Pblicas, buscando regime de colaborao com os Governos Estadual e Federal. 4.2. Elaborar e implementar, em 2 anos, a contar da aprovao deste Plano, uma poltica de formao continuada que contemple a equipe de profissionais que atuam ou os que venham a atuar na rede muncipal de Educao Infantil. 4.3. Promover, at o prazo mximo de 5 anos, a contar da aprovao deste PME, para os auxiliares de sala, formao mnima em nvel mdio, na modalidade normal, garantindo a regularizao da situao destes profissionais, por meio de parceria com a Secretaria Estadual da Educao e do Esporte. 4.4. Firmar parcerias com instituies pblicas de ensino superior para fortalecer a formao continuada dos profissionais da Educao Infantil.

    OBJETIVO 5 Ampliar e qualificar a Rede Fsica de Educao Infantil.

    5.1. Construir novas unidades escolares - Centros de Educao Infantil - a cada ano para atendimento exclusivo de Educao Infantil, de forma a se adequar as estruturas fsicas aos percentuais de ampliao da rede. 5.2. Readequar, no prazo de 2 anos a contar da aprovao deste Plano, os espaos j existentes e aqueles espaos concedidos (alugados, cedidos...) para o atendimento exclusivo Educao Infantil, conforme os parmetros bsicos de infraestrutura do MEC e a Resoluo do COMED/Macei, n 01/2003 para as instituies de Educao Infantil 5.3. Garantir critrios no atendimento creche e pr-escola, no que se refere ao nmero de crianas, por adultos, e destes com as dimenses do espao fsico, de acordo com a legislao especfica, com as diretrizes do CNE e com os parmetros bsicos de infra estrutura para instituies de Educao Infantil.

  • 49

    B. ENSINO FUNDAMENTAL

    a. DIAGNSTICO:

    fato que a educao sozinha no capaz de resolver os

    problemas sociais que afetam a populao menos favorecida do municpio

    de Macei; no entanto, a garantia da educao bsica para essa camada

    social excluda , indubitavelmente, um meio indispensvel para reverter o

    quadro anteriormente apresentado.

    Com a atribuio aos Sistemas Municipais de Ensino de novas

    responsabilidades e funes educacionais, o Ensino Fundamental, ainda

    que aparea na ltima LDB como tarefa a ser compartilhada entre as

    redes Pblicas Estaduais e Municipais, a estas parece caber o maior

    quinho daquela etapa de ensino.

    Nos Estados brasileiros onde o regime de colaborao definido em

    lei para atender aos estudantes do Ensino Fundamental, tem sido

    praticado com deciso e responsabilidade, de modo a atender, da melhor

    forma possvel, os interesses pblicos, o Poder Municipal tem repartido

    com o Estadual as responsabilidades educativas, ficando este com a

    quase integralidade do segundo segmento, enquanto as SEMEDs

    assumem, predominantemente, o primeiro, vindo a rede privada a atuar de

    forma claramente subsidiria nos dois. Assim, infelizmente, no tem

    ocorrido em Alagoas, no sendo Macei uma exceo regra, no que

    pesem esforos e ensaios no sentido de pr em prtica o regime de

    colaborao.

    De qualquer forma, tem sido comum ouvir-se, nos ltimos tempos,

    que uma escola democrtica com um novo perfil comea a se configurar,

    inclusive em Macei, por conta da ampliao da matrcula inicial no Ensino

    Fundamental, a ponto de se falar na universalizao das oportunidades

    educacionais nesta etapa da Educao Bsica. Ora, a se levar em conta a

    obrigatoriedade de oferta gratuita do Ensino Fundamental pelos Poderes

  • 50

    Pblicos, segundo o que determina o Art. 208 da CF 1988, e levando-se

    em conta o que estabelece o 10 deste mesmo artigo, a saber: que o

    acesso ao ensino obrigatrio e gratuito direito pblico subjetivo, e,

    ainda, tomando-se por certo que a LDB, no somente reitera esses

    princpios, como faz a repartio das responsabilidades entre os trs entes

    federativos Unio, Estados e Municpios o que se impe hoje

    verificar, primeiro, se em Macei, de fato, o acesso ao Ensino

    Fundamental se universalizou; segundo, se quem entrou permaneceu na

    escola, ao menos pelos 9 anos que representam a trajetria escolar

    regular no Ensino Fundamental. Por ltimo, se a permanncia na escola

    pelo tempo pr-estabelecido se deu de forma regular e com a

    aprendizagem prevista para os egressos do Ensino Fundamental.

    Sabe-se, pelos dados estatsticos, que problemas graves vm

    acontecendo ao longo das ltimas duas dcadas, ora como irregularidade

    de atendimento por conta da carncia de trabalhadores de educao ou

    por sua formao inadequada, ora pela descontinuidade e improdutividade

    de polticas pblicas para a educao bsica, que precarizam o trabalho

    dos que a atuam como profissionais, ou pela retrao pura e simples da

    oferta, quando no, pelas precrias condies de vida de parte

    significativa da populao que no consegue frequentar regularmente a

    escola.

    lugar comum ouvir-se que as polticas pblicas para a educao

    escolar, hoje, devem, sobretudo, promover a equidade e a qualidade da

    educao, investindo na criao de mecanismos de avaliao

    permanente, compreendendo que a qualidade da Educao passa, no

    apenas pela quantidade-acesso, mas igualmente, pela qualidade-

    rendimento e sucesso na trajetria de escolarizao.

    Para analisarmos concretamente a situao do Ensino

    Fundamental do municpio de Macei, convm considerar, antes de mais

    nada, o seu perfil demogrfico por faixa etria para matrcula regular nas

    duas ltimas etapas da Educao Bsica, que assim se apresenta:

  • 51

    TABELA 04 POPULAO DE MACEI POR FAIXA ETRIA PARA FREQUNCIA AO ENSINO FUNDAMENTAL E AO ENSINO MDIO - 2007

    FAIXA ETRIA TOTAL DA POPULAO ETAPA CORRESPONDENTE

    6 a 14 anos 160.624 ENSINO FUNDAMENTAL

    15 a 17 anos 53.077 ENSINO MDIO

    FONTE: IBGE

    Considerando-se a matrcula no Ensino Fundamental dos anos de

    2007 e 2008, contraluz dos dados acima, temos, para Macei, os

    indicadores que se seguem, por dependncia administrativa, segundo o

    que foi apurado pelo Censo Escolar - Educacenso:

    :

    TABELA 05 MATRCULA INICIAL NO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICPIO DE MACEI POR DEPENDNCIA ADMINISTRATIVA 2007-2008

    DEPENDNCIA ADMINISTRATIVA

    2007 2008

    1 a 4 srie e Anos Iniciais

    5 a 8 srie e Anos Finais

    Anos Iniciais

    Anos Finais

    ESTADUAL 23.543 44.195 20.668 41.648

    FEDERAL 0 0 0 0

    MUNICIPAL 37.236 15.279 37.593 16.292

    PRIVADA 11.764 13.725 14.617 15.502

    TOTAL 72.543 73.199 72.878 73.442

    Fonte:INEP - SGI/GEI

    Tomando-se a soma da populao por faixa etria e o pblico

    atendido pelo Ensino Fundamental no seu conjunto, temos o seguinte

    quadro para o ano de 2007:

    Fonte: INEP - SGI/GEI

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    Pelos dados acima, considerados sem maiores distines, temos,

    de pronto, a constatao de que, em Macei, em 2007, mesmo com a