pmdf de volta À normalidade

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Cidades. 3 JORNAL DE BRASÍLIA Brasília, segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014 POLÍCIA MILITAR De volta à normalidade Policiais recuaram e retomaram a direção das viaturas Isa Stacciarini e Daniel Cardozo [email protected] A resistência dos policiais mili- tares a conduzirem as viaturas da corporação durou menos de 24 ho- ras. Um dia depois de o Coman- do-Geral da Polícia Militar publicar a Portaria 893, que reconhece os cursos de formação dos militares como equivalentes aos de especia- lização exigidos pelo Conselho Na- cional de Trânsito (Contran), a roti- na do patrulhamento com os carros oficiais dos batalhões da PM voltou ao normal. Ainda houve ontem uma tenta- tiva de continuar com o movimen- to. Um advogado ingressou com um pedido de habeas corpus, na Vara de Auditoria Militar do DF, para impedir a punição de policiais que se re- cusassem a dirigir viaturas, por não terem a habilita- ção específica. Entre- tanto, o parecer do Ministério Públi- co foi contra a ação e o juiz de plantão acabou julgando a causa improcedente. ASSINATURA Mesmo as unidades policiais em que os praças tinham aderido forte- VIOLA JÚNIOR versão oficial O comandante-geral da PMDF, coronel Anderson Moura, garante que ontem todo o serviço de patrulhamento com as viaturas estava normalizado. “Se houver algum mandado de segurança contra a portaria, que é totalmente legal, nós vamos aguardar e esperar a decisão da Justiça”, explica. Segundo o comandante, até agora não houve resistência de policiaiss. No entanto, Moura garante que os comandantes dos batalhões já estão conversando com os policiais e remanejando alguns praças de função. “Aqueles que não querem assumir os carros estão indo para o policiamento a pé. Se for constatada alguma situação de esfera disciplinar os policiais estarão sujeitos a pena disciplinar que varia até a expulsão. Se for crime militar vai ser instaurado inquérito”, conclui. mente ao movimento recuaram depois da atitude do comandan- te-geral. Durante o dia de ontem a entrada e saída de viaturas do 3º e 4º Batalhões de Polícia Militar (BPM) – que atendem, res- pectivamente, as áreas da Asa Norte, Guará e Estrutural – era intensa. Mas, mesmo assim, os mo- toristas exigiam a assi- natura dos oficiais de dia no documento para que pudessem as- sumir a direção da viatura. O movimento começou na sex- ta-feira à noite. Além da falta de curso específico, os militares de- nunciaram que a maioria dos carros da corporação não tinha Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV). Diante de uma suposta ameaça ao policiamento no DF, o comando da corporação agiu rápido. Segundo a PMDF, a resolu- ção 413 (9/8/2012) do Contran, que estabelece normas e procedimen- tos de formação de motoristas reco- nhece os cursos especializados das forças de segurança pública e For- ças Armadas. 893 é o número da portaria que autoriza os militares a dirigirem as viaturas Respeito à determinação Na manhã de ontem o Jornal de Brasília foi até o 4º e o 3º BPM para checar a normalidade da saída e entrada de viaturas. Na primeira unidade policial, pelo menos, cinco carros saíram para o patrulhamen- to ostensivo na região do Guará e da Estrutural. A partir das 19h de on- tem, o comandante de Policiamen- to de Unidade, capitão Márcio Al- ves, garantiu que outras três viatu- ras reforçariam o serviço ordinário. “Depois da portaria do coman- dante-geral tudo voltou ao normal. A autorização para a saída das via- turas está sendo feita mediante a assinatura da ficha de serviço que tem todos os dados do percurso do veículo”, afirma. Segundo o capitão, a situação foi normalizada ainda por volta das 20h30 de sábado. Segundo ele, o batalhão não iria agir de forma con- trária à lei e à portaria emitida pela direção da corporação. “Tudo já vol- tou à normalidade, tanto é que entre a noite de sábado e a madrugada de ontem as equipes de policiamento chegaram a atender cerca de 40 ocorrências”, garante. Nas ruas No 4º Batalhão, as viaturas circularam dentro da normalidade. Foi lá que teve início o movimento que preocupou o comando da corporação e muitos brasilienses. Alguns militares ainda pensam em recorrer à Justiça, para invalidar a Portaria 893, que os autoriza a conduzir os veículos, mesmo tendo havido uma primeira resposta negativa do juiz da Vara de Auditoria Militar do DF. Segundo advogados que atendem às associações de policiais militares, a medida é inconstitucional, cabendo alguns recursos, que serão analisados nos próximos dias. Medo de punição pela Corregedoria No 3ª BPM, a movimentação das viaturas também estava, ontem, dentro do padrão exigido pela cor- poração. Segundo um dos respon- sáveis pelo policiamento do dia, que preferiu não ser identificado, pelo menos 11 veículos estavam fa- zendo a ronda pela manhã na re- gião da Asa Norte. À tarde seriam mais dois carros que reforçariam o efetivo. Segundo o policial, os ofi- ciais já assinavam a ordem de ser- viço de permissão para que os mili- tares pudessem conduzir as viatu- ras. “Não muda nada. Tudo voltou à normalidade a partir das 7h de hoje (ontem)”, garante. PREOCUPAÇÃO Nos demais batalhões, como o 11º BPM e 26º BPM – Samambaia e Santa Maria – o policiamento tam- bém estava sendo efetuado com as viaturas nas ruas. Policiais disse- ram que voltaram à normalidade para que a Corregedoria da Polícia Militar não os puna. No entanto, eles continuam identificando nas fichas das viaturas que não são ha- bilitados pelo curso de especializa- ção, como exige a Resolução 205 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A ausência de CRLV também está sendo identificada nas ordens de serviço.

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Cidades.3JORNAL DE BRASÍLIABrasília, segunda-feira,

10 de fevereiro de 201 4

POLÍCIA MILITAR

De volta à normalidadePoliciaisrecuaram eretomaram adireção dasviaturas

Isa Stacciarini e Daniel [email protected] .br

A resistência dos policiais mili-tares a conduzirem as viaturas dacorporação durou menos de 24 ho-ras. Um dia depois de o Coman-do-Geral da PolíciaMilitar publicara Portaria 893, que reconhece oscursos de formação dos militarescomo equivalentes aos de especia-lização exigidos pelo Conselho Na-cional de Trânsito (Contran), a roti-nado patrulhamento com os carrosoficiais dos batalhões da PM voltouao normal.

Ainda houve ontem uma tenta-tiva de continuar com o movimen-to. Um advogado ingressoucom um pedido de habeascorpus, na Vara de AuditoriaMilitar do DF, para impedir apunição de policiais que se re-cusassem a dirigir viaturas,por não terem a habilita-ção específica. Entre-tanto, o parecer doMinistério Públi-co foi contra aação e o juiz deplantão acaboujulgando a causai m p ro ce d e n te.

ASSI NATURAMesmo as unidades policiais em

que os praças tinham aderido forte-

VIOLA JÚNIOR

vers ãooficialO comandante-geral da PMDF,coronel Anderson Moura,garante que ontem todo oserviço de patrulhamento comas viaturas estava normalizado.“Se houver algum mandado desegurança contra a portaria, queé totalmente legal, nós vamosaguardar e esperar a decisão daJus tiça”, explica. Segundo ocomandante, até agora nãohouve resistência de policiaiss.No entanto, Moura garante queos comandantes dos batalhõesjá estão conversando com ospoliciais e remanejando algunspraças de função. “Aqueles quenão querem assumir os carrosestão indo para o policiamento apé. Se for constatada algumasituação de esfera disciplinar ospoliciais estarão sujeitosa pena disciplinar que variaaté a expulsão. Se for crimemilitar vai ser instauradoi n q u é r i to”, conclui.

mente ao movimento recuaramdepois da atitude do comandan-te-geral. Durante o dia de ontem a

entrada e saída de viaturasdo 3º e 4º Batalhões de

Polícia Militar (BPM) –que atendem, res-pectivamente, asáreas da Asa Norte,Guará e Estrutural –era intensa. Mas,

mesmo assim, os mo-toristas exigiam a assi-

natura dos oficiais de dia nodocumento para que pudessem as-sumir a direção da viatura.

O movimento começou na sex-ta-feira à noite. Além da falta decurso específico, os militares de-nunciaram que a maioria dos carrosda corporação não tinha Certificadode Registro e Licenciamento deVeículos (CRLV). Diante de umasuposta ameaça ao policiamento noDF, o comando da corporação agiurápido. Segundo a PMDF, a resolu-ção 413 (9/8/2012) do Contran, queestabelece normas e procedimen-tos de formação de motoristas reco-nhece os cursos especializados dasforças de segurança pública e For-ças Armadas.

89 3é o número da portaria

que autoriza osmilitares a dirigirem

as viaturas

Respeito à determinaçãoNa manhã de ontem o Jornal de

Brasília foi até o 4º e o 3º BPM parachecar a normalidade da saída eentrada de viaturas. Na primeiraunidade policial, pelo menos, cincocarros saírampara opatrulhamen-to ostensivo na região do Guará e daEstrutural. A partir das 19h de on-tem, o comandante de Policiamen-to de Unidade, capitão Márcio Al-

ves, garantiu que outras três viatu-ras reforçariam o serviço ordinário.

“Depois da portaria do coman-dante-geral tudo voltou ao normal.A autorização para a saída das via-turas está sendo feita mediante aassinatura da ficha de serviço quetem todos os dados do percurso doveículo”, afirma.

Segundo o capitão, a situação foi

normalizada ainda por volta das20h30 de sábado. Segundo ele, obatalhão não iria agir de forma con-trária à lei e à portaria emitida peladireção da corporação. “Tudo já vol-tou à normalidade, tanto é que entrea noite de sábadoe a madrugada deontem as equipes de policiamentochegaram a atender cerca de 40ocorrências”, garante.

Nas ruasNo 4º Batalhão, as viaturas circularam dentroda normalidade. Foi lá que teve início omovimento que preocupou o comando dacorporação e muitos brasilienses. Algunsmilitares ainda pensam em recorrer à Justiça,para invalidar a Portaria 893, que os autorizaa conduzir os veículos, mesmo tendo havidouma primeira resposta negativa do juiz daVara de Auditoria Militar do DF. Segundoadvogados que atendem às associações depoliciais militares, a medida éinconstitucional, cabendo alguns recursos,que serão analisados nos próximos dias.

Medo depunição pelaCorregedoria

No3ªBPM, amovimentação dasviaturas também estava, ontem,dentro do padrão exigido pela cor-poração. Segundo um dos respon-sáveis pelo policiamento do dia,que preferiu não ser identificado,pelo menos 11 veículos estavam fa-zendo a ronda pela manhã na re-gião da Asa Norte. À tarde seriammais dois carros que reforçariam oefetivo. Segundo o policial, os ofi-ciais já assinavam a ordem de ser-viço de permissão para que os mili-tares pudessem conduzir as viatu-ras. “Não muda nada. Tudo voltou ànormalidade a partir das 7hdehoje(ontem)”, garante.

P R E O C U PAÇ Ã ONos demais batalhões, como o

11º BPM e 26ºBPM –Samambaia eSanta Maria – o policiamento tam-bém estava sendo efetuado com asviaturas nas ruas. Policiais disse-ram que voltaram à normalidadepara que a Corregedoria da PolíciaMilitar não os puna. No entanto,eles continuam identificando nasfichas das viaturas que não são ha-bilitados pelo curso de especializa-ção, como exige a Resolução 205 doCódigo de Trânsito Brasileiro (CTB).A ausência de CRLV também estásendo identificada nas ordens deserviço.