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PMALFA Programa Mais Alfabetização
MODELO LÓGICO
NOVEMBRO 2018
VOLUME I
PMALFA Programa Mais Alfabetização
MODELO LÓGICO
Apresentação do Desenho do Programa
Coordenação Geral
Daniela Mesquita Ribeiro
Coordenação Executiva
Regina Kfuri
Coordenação de Avaliação e Inovação
Manoela Vilela Araújo
Coordenação de Análise de Informações
Henrique Chaves Faria Carvalho
Equipe
Bruno Martins Rizardi
Flávia Defacio
Tomaz Santos Vicente
Vitor Knöbl Moneo
2018
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 5
O QUE SÃO MODELOS LÓGICOS E COMO UTILIZÁ-LOS 6
Quais informações podem ser extraídas do modelo lógico? 7
Como ler o modelo lógico de um programa em implementação? 7
O QUE É O PROGRAMA MAIS ALFABETIZAÇÃO (PMALFA)? 12
Breve histórico 12
Síntese do programa 12
Normativas e documentos de criação do programa 13
DESENHO DO PROGRAMA 16
PROBLEMA 16
EVIDÊNCIA 16
PÚBLICO-ALVO 17
CAUSAS IMPLÍCITAS 17
ATIVIDADES 18
RESULTADOS 21
IMPACTOS 22
SUPOSIÇÕES 22
ÁREAS RESPONSÁVEIS E LINHA DO TEMPO 24
MATRIZ RACI 25
CONSIDERAÇÕES FINAIS 27
ANEXOS 34
5
APRESENTAÇÃO
Os recursos públicos são escassos e as decisões sobre como utilizá-los devem se
basear na compreensão do valor público produzido por determinado programa ou polí-
tica. Por essa razão, a discussão sobre a necessidade de se avaliar políticas públicas e
saber o tamanho do impacto dos programas governamentais tem crescido no mundo
todo. Se antes, iniciativas do tipo ficavam circunscritas ao debate acadêmico e a institui-
ções do terceiro setor, aos poucos a temática ganhou projeção e atualmente governos
vêm promovendo a cultura de avaliação e do melhor uso do recurso público. Sendo as-
sim, a Assessoria Estratégica de Evidências (AEVI) atua no âmbito do Ministério da
Educação para promover o uso adequado de evidências no desenho, na implementação
e no monitoramento das políticas educacionais, de modo a torná-las mais efetivas, efica-
zes e eficientes.
Na AEVI, o Núcleo de Análise de Informações (NAI-Info) tem como objetivo orga-
nizar e sistematizar informações e dados de políticas e programas prioritários do MEC.
Nesse contexto, um dos produtos do NAI-Info é a publicação de uma série de relatórios
que apresentam os modelos lógicos dos programas do ministério, fomentando seu uso
para a avaliação de políticas públicas e seu monitoramento.
Este relatório tem como objetivo explicitar o funcionamento do Programa Mais
Alfabetização (PMALFA), abordando tanto seu desenho quanto detalhes de sua imple-
mentação.
6
O QUE SÃO MODELOS
LÓGICOS E COMO UTILIZÁ-LOS
O modelo lógico é um instru-
mento de avaliação de políticas públicas
que expõe de forma simples e visual qual
é a intervenção de um programa e quais
são os resultados e impactos esperados.
Dessa forma, a utilização do modelo per-
mite ao gestor a compreensão do
programa de maneira ampla, auxiliando
na análise das informações, no desenho
de avaliações ou no diagnóstico dos re-
sultados e impactos esperados.
A principal finalidade de um mo-
delo lógico é a de explicitar a teoria de
um programa em momento de concep-
ção ou implementação. Por teoria do
programa, entenda-se a ideia por trás do
programa, ou seja, como se espera que
ele funcione para alcançar os resultados
e impactos pretendidos. Documentos
oficiais, como leis, portarias e resolu-
ções, dificilmente dão conta de explicar
totalmente o funcionamento de um pro-
grama e os resultados pretendidos, o
que dificulta sua análise tanto por parte
da equipe quanto de atores externos.
Nesse sentido, o modelo lógico organiza
as informações de maneira que o gestor
consiga identificar os componentes de
um programa e as relações causais entre
suas atividades e os resultados e impac-
tos esperados. Sendo assim, o gestor
pode fazer uso do modelo lógico para:
PROMOVER AVALIAÇÕES
O modelo lógico subsidia pesqui-
sadores no desenho e na realização de
avaliações, além de propiciar aos gesto-
res do programa mais clareza acerca das
perguntas que querem ver respondidas
pelas avaliações.
MONITORAR
Ao explicitar a teoria do pro-
grama e as suposições, o modelo lógico
aponta os principais aspectos do pro-
grama a serem monitorados pela equipe
de implementação.
COMUNICAR
O modelo lógico permite comuni-
car de forma visual e lógica a teoria do
programa para membros de equipe, lide-
ranças e parceiros.
7
REGISTRAR AS MUDANÇAS
O modelo lógico pode e deve ser
revisado na medida em que o programa
sofre alterações; dessa forma, as dife-
rentes versões do modelo lógico formam
um registro das mudanças ao longo do
tempo.
Quais informações podem ser
extraídas do modelo lógico?
Após a construção do modelo ló-
gico, ele pode auxiliar o gestor a
responder a algumas perguntas sobre o
programa, tais como:
Como funciona a lógica da cadeia
de valor do programa?
Quais são as causas do problema
atacadas pelo programa?
Como o programa está dese-
nhado para atacar as causas do
problema?
Quais são as atividades realiza-
das pelo Ministério da Educação
e os produtos gerados?
Quais os efeitos dos produtos no
público-alvo? Como isso se tra-
duz nos resultados?
Quais são resultados esperados
que o programa busca atingir?
Quais são os impactos espera-
dos, ou seja, quais são as
mudanças que o programa pre-
tende concretizar sobre o
problema identificado?
Quais são as suposições mais crí-
ticas, ou seja, quais são as
condições necessárias para que o
programa ocorra conforme espe-
rado?
Quais as fragilidades ou as opor-
tunidades do programa?
Quais os pontos críticos que de-
vem ser monitorados?
Como ler o modelo lógico
de um programa em
implementação?
A metodologia de formulação do
modelo lógico varia de acordo com o
momento da política, que pode ser um
programa em concepção ou em imple-
mentação. Assim, a leitura do modelo
deve considerar essa diferença. Se o mo-
delo lógico foi feito sobre um programa
já em implementação, é importante ob-
servar que, muitas vezes, o problema do
qual o programa parte pode não ser o
mais adequado, ainda que seja aquele
8
que foi utilizado no momento de concep-
ção do programa. O modelo lista ainda
atividades e produtos que em alguns ca-
sos já estão em execução. Finalmente, as
causas implícitas do problema podem
ser inferidas a partir dos resultados espe-
rados do programa.
O modelo lógico desenvolvido
pela AEVI possui 09 componentes. A se-
guir, cada um desses componentes é
definido.
1. PROBLEMA
É a situação indesejada que ori-
enta o desenho do programa. No caso de
programas em implementação, é preciso
identificar qual foi o problema que susci-
tou sua criação, mesmo que este
problema não seja de fato o mais ade-
quado para ser atacado.
2. EVIDÊNCIA
É a comprovação da existência do
problema. O modelo registra apenas a
evidência analisada à época da criação
do programa.
3. PÚBLICO-ALVO
População para qual o programa
é dirigido, seus beneficiários diretos.
Caso existam, são especificados critérios
de focalização. O modelo deixa claro se
os beneficiários diretos dos programas
são escolas, professores ou alunos e de
quais etapas de ensino.
4. CAUSAS IMPLÍCITAS
Causas potenciais do problema
atacadas pelo programa. No caso dos
programas em implementação, o mo-
delo infere as causas a partir dos
resultados.
5. ATIVIDADES
São os principais processos exe-
cutados pelo MEC que produzem bens e
serviços. Quando possível, estão organi-
zadas em ordem cronológica e
sequencial.
6. PRODUTOS
Bens ou serviços resultantes do
uma atividade, com os quais se procura
Na parte superior do modelo,
encontramos 4 componentes
estruturantes da política. São eles:
Na parte central do modelo lógico,
encontram-se 4 colunas, que
apresentam o desenho da política:
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atacar as causas do problema. Os produ-
tos podem resultar de uma ou mais
atividades.
7. RESULTADOS
Os efeitos gerados a partir dos
produtos criados, relacionados ao en-
frentamento das causas implícitas do
problema.
8. IMPACTOS
Mudanças geradas na situação
indesejada (o problema) a partir da qual
o programa foi criado.
9. SUPOSIÇÕES
Condições que devem ocorrer
para que parte do programa ocorra
como esperado. Suposições podem rela-
cionar atividades e produtos, produtos e
resultados, ou resultados e impactos. As
suposições podem auxiliar a detectar fa-
lhas de implementação ou falhas de
ideia do programa1.
Na parte inferior do modelo,
encontram-se as Suposições, que
relacionam os componentes do modelo:
1 A falha de implementação ocorre quando um programa não é executado corretamente, e os resultados e impactos não são alcançados devido a problemas operacionais. Uma falha de ideia ocorre quando o programa é implementado como esperado, mas ainda assim os resultados e impactos não são atingidos. (ver: Weiss, Carol H., 1972. Methods for assessing program effectiveness. Englewood Cliffs.)
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O PMALFA, instituído pela Portaria
MEC nº 142 ,de 22 de fevereiro de 2018 e
Resolução FNDE Nº 7, de 22 de março de
2018, foi iniciado em março de 2018, e
tem como objetivo fortalecer e alicerçar
as unidades escolares no processo de al-
fabetização, para fins de leitura, escrita e
matemática, dos estudantes no 1º e no 2º
ano do ensino fundamental. A gestão do
programa está sob a responsabilidade da
Coordenadoria de Ensino Fundamental
(COEF), vinculada à Diretoria de Currícu-
los e Educação Integral (DICEI), da
Secretaria de Educação Básica (SEB).
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O QUE É O PROGRAMA MAIS
ALFABETIZAÇÃO (PMALFA)?
Breve histórico
A criação do PMALFA começou a
ser discutida a partir de um diagnóstico
a respeito de outros dois programas do
Ministério da Educação - o Programa Na-
cional Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC) e o Novo Mais Educação (NME).
O Programa Nacional Alfabetiza-
ção na Idade Certa (PNAIC), instituído
em 2013, tinha o objetivo de aperfeiçoar
a alfabetização de todas as crianças bra-
sileiras até o 3º ano do ensino
fundamental, em português e matemá-
tica, principalmente por meio da
formação de professores alfabetizado-
res, além de um conjunto de outras
ações, a serem coordenadas entre o Mi-
nistério da Educação, estados e
municípios. A realização das formações
ficou a cargo de universidades públicas,
tanto federais quanto estaduais. No en-
tanto, o programa não alcançou os
resultados esperados, tendo em vista
que na Avaliação Nacional de Alfabetiza-
ção (ANA) de 2016, 54% dos alunos
tiveram desempenho considerado insu-
ficiente.
O Novo Mais Educação (NME),
criado em 2016, por sua vez, tem o obje-
tivo de melhorar o aprendizado em
português e matemática em todo o en-
sino fundamental, por meio da
ampliação da jornada escolar, a qual
contempla atividades pedagógicas e re-
creativas. Porém, a partir do diagnóstico
de que as escolas atendidas pelo NME
solicitavam as atividades majoritaria-
mente para os anos finais do ensino
fundamental foi identificada a necessi-
dade de criação de um programa para
atender aos anos iniciais do ensino fun-
damental.
Síntese do programa
Nesse contexto, o PMALFA foi
pensado e instituído pela portaria nº
142/2018. Trata-se de um programa de
alfabetização, voltado para alunos de 1º
e 2º ano do ensino fundamental de esco-
las públicas. Sua gestão e
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implementação estão a cargo da Coor-
denadoria de Ensino Fundamental
(COEF), vinculada à Diretoria de Currícu-
los e Educação Integral (DICEI), da
Secretaria de Educação Básica (SEB).
Ademais, o Centro de Políticas Públicas e
Avaliação Educacional (CAEd), ligado à
Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF) foi responsável pela construção
do sistema de monitoramento do pro-
grama, além de apoiar no
desenvolvimento dos cursos online e em
formações presenciais.
Apoio técnico de assistentes de
alfabetização, para auxiliar os
professores alfabetizadores em
atividades pedagógicas;
Apoio financeiro para despesas
de custeio;
Formações presenciais e à dis-
tância, com enfoque tanto sobre
gestão de redes escolares quanto
para atividades pedagógicas;
Informações sobre as deficiên-
cias de aprendizado dos
estudantes.
melhorar a alfabetização (leitura,
escrita e matemática) dos estu-
dantes regularmente matri-
culados no 1º ano e no 2º ano do
ensino fundamental, por meio de
acompanhamento pedagógico
específico; e
prevenir o abandono, a reprova-
ção, a distorção idade/ano,
mediante a intensificação de
ações pedagógicas voltadas ao
apoio e fortalecimento do pro-
cesso de alfabetização.
Normativas e documentos de
criação do programa
Portaria Nº 142, de 22 de fevereiro
de 2018 (MEC)
Institui o Programa Mais Alfabeti-
zação, que visa fortalecer e apoiar as
unidades escolares no processo de alfa-
betização dos estudantes regularmente
O programa oferece a estados e
municípios, mediante adesão
voluntária:
Os principais objetivos do
programa são:
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matriculados no 1º ano e no 2º ano do
ensino fundamental;
Resolução nº 7, de 22 de março de
2018 (CD/FNDE)
Autoriza a destinação de recur-
sos financeiros para cobertura de
despesas de custeio, nos moldes opera-
cionais e regulamentares do Programa
Dinheiro Direto na Escola - PDDE, às uni-
dades escolares públicas municipais,
estaduais e distritais que possuam estu-
dantes matriculados no 1o ano ou no 2o
ano do ensino fundamental regular, por
intermédio de suas Unidades Executoras
Próprias - UEx, a fim de garantir apoio
adicional ao processo de alfabetização,
no que se refere à leitura, escrita e ma-
temática, no âmbito do Programa Mais
Alfabetização.
Manual Operacional do Sistema de
Orientação Pedagógica e Monitora-
mento (MEC)
Documento de orientação às re-
des de ensino e às escolas sobre o
programa e sobre o acesso ao sistema de
monitoramento.
*Para íntegra dos documentos e normativas, ver anexo
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DESENHO DO PROGRAMA
O problema que originou o PMALFA, de acordo com a equipe do programa,
foi a constatação de que o aprendizado de grande parte das crianças em idade de
alfabetização não é suficiente para assegurar seus direitos de aprendizagem.
Sendo assim, o problema gerador da política foi definido como: “Maioria dos alu-
nos não é alfabetizada até o 2º ano”. A evidência que comprova a existência desse
problema veio da Avaliação Nacional de Aprendizado (ANA), de 2016, que cons-
tatou que 54% dos alunos avaliados obtiveram alfabetização insuficiente em
leitura e matemática de acordo com o esperado para a etapa.
Sendo assim, o programa foi desenhado para ter como público-alvo alunos
matriculados no 1º e 2º ano do ensino fundamental de escolas públicas estaduais
e municipais. É importante observar que o programa prevê uma diferença de fo-
calização, entre escolas vulneráveis, que recebem o apoio do assistente de
alfabetização por 10 horas semanais, e escolas não-vulneráveis, que têm apoio
por 5 horas semanais.
PROBLEMA
É situação indesejada que orienta o desenho do programa.
PROBLEMA DETALHAMENTO
Maioria dos alunos não é alfabetizada até o 2º ano
De acordo com a equipe do programa, o problema que originou a criação do programa foi o aprendizado insuficiente da maioria das crianças.
EVIDÊNCIA
Comprovação da existência do problema.
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EVIDÊNCIA DETALHAMENTO
54% com alfabetização in-suficiente em leitura e matemática (ANA 2016)
Segundo dados fornecidos pela equipe do programa, cerca de 54% dos alunos avaliados pela Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2016* obtiveram aprendizado insuficiente de acordo com o espe-rado para a etapa.
*Embora o programa tenha sido desenhado para atender ao 1º e 2º ano do ensino fundamental, a ANA 2016 foi aplicada para alunos de 3º ano dos anos iniciais. As pró-ximas provas da ANA serão aplicadas para alunos de 2º ano.
PÚBLICO-ALVO
População para qual o programa é dirigido, seus beneficiários diretos.
PÚBLICO-ALVO DETALHAMENTO
Alunos matriculados no 1º e 2º ano do ensino funda-mental de escolas públicas estaduais e municipais
O programa atende turmas de, ao menos, 10 alunos de escolas mu-nicipais e estaduais. Há uma diferença de focalização no programa, entre escolas não vulneráveis e vulneráveis. Escolas não vulneráveis têm o apoio do assistente de alfabetização por 5 horas semanais, en-quanto escolas consideradas vulneráveis recebem o apoio do assistente de alfabetização por 10 horas semanais.
São consideradas escolas vulneráveis as escolas que atendam aos se-guintes critérios (portaria nº 142 de 2018):
em que mais de 50% dos estudantes participantes do Saeb/ANA tenham obtido resultados em níveis insuficientes nas três áreas da referida avaliação (leitura, escrita e mate-mática); e
apresentarem Índice de Nível Socioeconômico muito baixo, baixo, médio baixo e médio, segundo a classificação do Ins-tituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep.
CAUSAS IMPLÍCITAS
Causas potenciais do problema atacadas pelo programa, deduzidas a partir dos resultados.
CAUSAS IMPLÍCITAS DETALHAMENTO
1. Escolas não aplicam recursos suficientes para alfabetização
Causa implícita deduzida a partir do resultado: 1. Escolas aplicam mais recursos em atividades de alfabetização
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CAUSAS IMPLÍCITAS DETALHAMENTO
2. Professores têm difi-culdades para apoiar todos os alunos ade-quadamente
Causa implícita deduzida a partir do resultado: 2. Aumento do apoio pedagógico aos alunos em processo de alfabetização
3. Professores não pos-suem formação adequada para alfa-betizar
Causa implícita deduzida a partir do resultado: 3. Atividades pedagó-gicas mais adequadas aplicadas em sala de aula
4. Escolas não possuem informação suficiente sobre as necessidades de aprendizagem
Causa implícita deduzida a partir do resultado: 4. Utilização de dados no planejamento das práticas de alfabetização
5. UFs e municípios têm dificuldades de ges-tão
Causa implícita deduzida a partir do resultado: 5. Estados e municí-pios utilizam ferramentas de gestão
ATIVIDADES
São os processos executados pelo MEC que produzem bens e serviços.
ATIVIDADES DETALHAMENTO
1. Abrir período de adesão (primeiro UFs e municípios, depois escolas)
A equipe de implementação abre o período de adesão. Primeiro de-vem aderir as Unidades da Federação, depois os municípios, e só então as escolas podem realizar a adesão. O primeiro ciclo de adesão, em 2018, foi realizado por meio do sistema Programa Dinheiro Direto na Escola Interativo (PDDE Interativo). Durante a adesão, a escola assi-nala os componentes do programa que deseja receber.
2. Repassar recursos fi-nanceiros para ressarcimento de assistentes e despe-sas de custeio
Após a adesão das escolas, o MEC repassa os recursos financeiros para ressarcimento dos assistentes e despesas de custeio. Escolas vul-neráveis recebem mais recursos em relação às não vulneráveis para ressarcimento do assistente, tendo o dobro de carga horária em rela-ção às não vulneráveis (10 horas semanais). O recurso é repassado por meio do PDDE. Caso a escola não tenha solicitado o assistente de alfabetização, recebe apenas os recursos para custeio. Os assistentes de alfabetização são ressarcidos, mensalmente, com R$ 150 por turma (5h semanais de escolas não vulneráveis) ou R$ 300 por turma (10h semanais de escolas vulneráveis). Quanto aos repasses para des-pesas de custeio, cada unidade escolar recebe R$ 15 por aluno, ao ano.
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ATIVIDADES DETALHAMENTO
3. Acompanhar a sele-ção e atividades de assistentes de alfa-betização
De acordo com a normativa do programa, cabe às escolas seleciona-rem os assistentes de alfabetização, de acordo com as instruções do MEC. Os assistentes de alfabetização têm a função de apoiar o profes-sor alfabetizador em atividades pedagógicas durante as aulas para alunos de 1º e 2º ano.
4. Formar os coorde-nadores estaduais (presencial)
A formação dos 57 coordenadores estaduais é realizada presencial-mente pelo Ministério da Educação e o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd).
5. Disponibilizar cursos online de práticas pedagógicas
No sistema de monitoramento são disponibilizados cursos para pro-fessores alfabetizadores e assistentes de alfabetização sobre práticas pedagógicas e sequências didáticas, a fim de munir professores e as-sistentes para as atividades de alfabetização.
6. Disponibilizar cursos online de gestão
No sistema de monitoramento são disponibilizados cursos para coor-denadores pedagógicos, diretores escolares, e servidores das secretarias municipais e estaduais de educação. Os cursos têm como tema a gestão de redes escolares voltada para a alfabetização.
7. Disponibilizar mate-rial para realização das avaliações for-mativas
O programa contempla três avaliações formativas (uma diagnóstica, uma de processo e outra de saída). As avaliações formativas são pro-vas para identificar as deficiências de aprendizado dos alunos, a fim de subsidiar com informações os gestores, os professores alfabetiza-dores e os assistentes de alfabetização.
8. Disponibilizar o sis-tema de monitoramento
O sistema de monitoramento foi desenvolvido é um portal desenvol-vido pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd), no qual as escolas inserem informações sobre as atividades do assis-tente, e as respostas dos alunos nas avaliações formativas. Além disso, pelo portal as redes de ensino e escolas têm acesso: aos materiais das avaliações formativas; resultados das avaliações formativas; e forma-ções a distância.
PRODUTOS
São os bens ou serviços resultantes de uma atividade, com os quais se procura
atacar as causas do problema.
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PRODUTOS DETALHAMENTO
1. Escolas inscritas no programa
Após realizarem a adesão pelo PDDE Interativo, as escolas aptas a re-ceber o programa são habilitadas para participação no programa. As escolas não devem ter nenhuma pendência de prestação de contas com o FNDE para serem consideradas aptas para realizar a adesão. Caso contrário, a adesão não é concluída até a resolução da pendên-cia.
2. Assistentes de alfabe-tização selecionados
Os assistentes de alfabetização são selecionados pelas escolas, as quais podem realizar o processo seletivo simplificado de diversas for-mas - por exemplo, utilizar análise de currículo, entrevista, prova escrita, entre outros. O Ministério da Educação oferece um edital mo-delo de processo seletivo simplificado, como forma de sugestão às redes de ensino estaduais e municipais. A forma de seleção e o resul-tado do processo seletivo devem ser informados ao ministério pelas escolas, por meio do sistema de monitoramento do programa.
3. Informações dos assis-tentes registradas no sistema
As escolas devem inserir no sistema as informações sobre o perfil do assistente selecionado, bem como realizar a gestão das atividades e horas do assistente por meio do sistema de monitoramento.
4. Coordenadores esta-duais formados
Após as formações presenciais, os coordenadores estaduais têm a atribuição de monitorar a implementação do programa e orientar as redes de ensino.
5. Professores e assisten-tes formados
Depois de formados por meio das formações a distância, os professo-res e assistentes de alfabetização possuem a formação adequada para adaptar as sequências didáticas às necessidades dos alunos.
6. Diretores, coordena-dores e técnicos formados
Diretores, coordenadores e técnicos responsáveis pela gestão escolar, uma vez que tenham realizado as capacitações à distância, possuem formação adequada para gerir sua escola, com ênfase na alfabetiza-ção de crianças de 1º e 2º ano do ensino fundamental.
7. Avaliações formativas realizadas
As escolas realizam as três avaliações formativas previstas no pro-grama, para obter mais informações sobre o aprendizado dos alunos.
8. Painel de monitora-mento e gestão da alfabetização em fun-cionamento
Além disso, pelo portal as redes de ensino e escolas têm acesso: aos materiais das avaliações formativas; resultados das avaliações formati-vas; e formações a distância.
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RESULTADOS
Os efeitos gerados em relação ao enfrentamento das causas implícitas do pro-
blema.
RESULTADOS DETALHAMENTO
1. Escolas aplicam mais recursos em ativida-des de alfabetização
Como o programa contempla o repasse de recursos financeiros para despesas de custeio das escolas, um dos seus resultados esperados é aumentar o volume de recursos destinados à alfabetização. Tendo em vista que o recurso para custeio não é restrito para seu uso nos 1º e 2º ano, as escolas poderiam utilizar o recurso direcionado a outros anos.
2. Aumento do apoio pedagógico aos alu-nos em processo de alfabetização
A presença do assistente de alfabetização, atuando como apoio ao professor alfabetizador, tem como resultado esperado o aumento do apoio pedagógico aos alunos, e redução da razão aluno/professor. Alunos com dificuldades poderiam ser acompanhados mais de perto pelo assistente de alfabetização, por exemplo.
3. Atividades pedagó-gicas mais adequadas aplicadas em sala de aula
Como o programa contempla formações a distância para professores alfabetizadores e assistentes de alfabetização, além das informações repassadas pelos coordenadores estaduais, espera-se a utilização de atividades pedagógicas mais adequadas às deficiências de aprendiza-gem dos alunos.
4. Utilização de dados no planejamento das práticas de alfa-betização
É esperado que as escolas - diretores, coordenadores, professores e assistentes de alfabetização - utilizem os resultados das avaliações formativas para planejar as atividades pedagógicas.
5. Estados e municí-pios utilizam ferramentas de ges-tão
Espera-se que as Secretarias estaduais e municipais de educação utili-zem os resultados das avaliações formativas para planejar sua rede escolar.
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IMPACTOS
Os efeitos gerados em relação ao problema do programa.
IMPACTOS DETALHAMENTO
1. Melhora do nível de alfabetização dos alunos
A melhora do aprendizado dos alunos de 1º e 2º é o principal foco do programa. Até por isso, as suposições S10, S11 e S12 direcionam-se a este impacto. Entretanto, deve ser avaliado por meio de uma avalia-ção de impacto específica, e não apenas na comparação histórica dos resultados das avaliações formativas.
2. Redução do aban-dono, da reprovação e da distorção idade/ano
Embora conste como um dos objetivos do programa e, portanto, te-nha sido incluído no modelo lógico, não há atividades, produtos ou resultados específicos voltados a causar tal impacto. Uma possibili-dade é de que, tendo em vista a melhora do aprendizado, os alunos venham a abandonar e reprovar menos, diminuindo a distorção idade/ano. Contudo, isso seria consequência de um impacto do pro-grama, a melhora do aprendizado, e não da intervenção em si.
SUPOSIÇÕES
As condições que devem ocorrer para que parte do programa ocorra como espe-
rado.
SUPOSIÇÕES DETALHAMENTO
S1. Assistentes de alfa-betização têm o perfil adequado
Não existe um perfil ou requisitos mínimos estabelecidos no norma-tivo do programa. Em um edital modelo de seleção, elaborado como sugestão às redes de ensino, o MEC indica os seguintes perfis, prefe-rencialmente:
S2. Coordenadores esta-duais aprendem o conteúdo repassado
Professores alfabetizadores das redes com disponibilidade de carga horária Professores das redes com disponibilidade de carga horária Estudantes de graduação preferencialmente em pedagogia ou licenci-atura Profissionais com curso de magistério em nível médio Estudantes de cursos técnicos dos institutos federais e/ou das univer-sidades públicas e/ou particulares Pessoas com conhecimento comprovado na área de apoio à docência, preferencialmente em alfa-betização
S3. Professores e assis-tentes aprendem o conteúdo (EAD)
Uma das suposições realizadas é de que os coordenadores estaduais repassam as informações das formações presenciais para as redes de ensino.
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SUPOSIÇÕES DETALHAMENTO
S4. Escolas aplicam a prova de acordo com as instruções do MEC
Para os professores e assistentes estarem adequadamente formados para praticar novas sequências didáticas com os alunos, uma das su-posições do programa é de que eles aprendem o conteúdo das formações a distância.
S5. Assistentes apoiam, de fato, o professor alfa-betizador
As avaliações formativas devem ser aplicadas conforme as orienta-ções do MEC, a fim de garantir a validade dos seus resultados, o quais devem embasar o planejamento das atividades de alfabetização.
S6. Coordenadores esta-duais repassam o conteúdo aprendido
Embora a atribuição dos assistentes de alfabetização seja desempe-nhar atividades pedagógicas, segundo a equipe do programa, há relatos de casos em que o assistente de alfabetização assiste a aula do professor alfabetizador, e o ajuda com atividades operacionais, como chamar a atenção de algum aluno ou corrigir trabalhos. Além disso, há o risco de desempenharem funções administrativas na escola.
S7. Professores e assis-tentes aplicam conteúdo dos cursos
As formações presenciais são realizadas apenas para os coordenado-res estaduais
S8 e S9. Escolas compre-endem resultados das avaliações formativas
Uma das suposições identificadas é de que os professores alfabetiza-dores e os assistentes de alfabetização utilizam o conteúdo das formações a distância, tanto para interpretar os resultados das avalia-ções formativas quanto para utilizar novas sequências didáticas durante as aulas.
S10. Alfabetização insufi-ciente é reduzida devido ao apoio do assistente de alfabetização
Após as escolas realizarem as avaliações formativas e inserirem os da-dos no sistema, os profissionais da educação podem acessar seus resultados no sistema de monitoramento. A suposição realizada é a de que, com as formações a distância e as informações repassadas pe-los coordenadores estaduais, as escolas terão plenas condições de compreender e utilizar os resultados das avaliações formativas para planejamento da gestão escolar e de atividades pedagógicas.
S11. Alfabetização insufi-ciente é reduzida devido à maior qualificação dos professores e assistentes
Estabelece uma relação de causalidade entre um resultado do pro-grama e um impacto. Essa causalidade pode ser verificada em uma avaliação de impacto.
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ÁREAS RESPONSÁVEIS
E LINHA DO TEMPO
A área responsável pela gestão e implementação do Pro-
grama Mais Alfabetização é a Coordenadoria de Ensino
Fundamental (COEF), vinculada à Diretoria de Currículos e
Educação Integral (DICEI), da Secretaria de Educação Básica
(SEB). Ademais, o Centro de Políticas Públicas e Avaliação
Educacional (CAEd), ligado à Universidade Federal de Juiz
de Fora (UFJF) foi responsável pela construção do sistema
de monitoramento do programa, além de apoiar no desen-
volvimento dos cursos online e em formações presenciais.
25
MATRIZ RACI
Atividade Responsável Aprovar Consultar Informar
1. Abrir período de adesão (pri-meiro UFs e municípios, de-pois escolas)
Diretoria de Apoio às Redes de Ensino / SEB
Coordenadoria de Ensino Fundamen-tal / DICEI
Secretaria de Educação Bá-sica
Departa-mento de Tecnologia da Informação / SE
Fundo Nacional de De-senvolvimento da Educação (FNDE)
Redes de ensino estadu-ais, distrital e municipais
Centro de Políticas Públi-cas e Avaliação da Educação (CAEd)
2. Repassar re-cursos financeiros para ressarcimento de assistentes e despesas de cus-teio
Fundo Nacional de Desenvolvi-mento da Educação (FNDE)
Coordenadoria de Ensino Fundamen-tal / DICEI
Secretaria de Educação Bá-sica
3. Acompanhar a seleção de assis-tentes de alfabetização
Coordenadoria de Ensino Funda-mental / DICEI
Fundo Nacional de De-senvolvimento da Educação (FNDE)
4. Formar os co-ordenadores estaduais (pre-sencial)
Centro de Políti-cas Públicas e Avaliação da Edu-cação (CAEd)
Coordenadoria de Ensino Fundamen-tal / DICEI
Secretaria de Educação Bá-sica
Redes de ensino estadu-ais, distrital e municipais
5. Disponibilizar cursos online de práticas pedagó-gicas
Centro de Políti-cas Públicas e Avaliação da Edu-cação (CAEd)
Coordenadoria de Ensino Fundamen-tal / DICEI
Secretaria de Educação Bá-sica
Redes de ensino estadu-ais, distrital e municipais
6. Disponibilizar cursos online de gestão
Centro de Políti-cas Públicas e Avaliação da Edu-cação (CAEd)
Coordenadoria de Ensino Fundamen-tal / DICEI
Secretaria de Educação Bá-sica
Redes de ensino estadu-ais, distrital e municipais
7. Disponibilizar material para realização das avaliações for-mativas
Centro de Políti-cas Públicas e Avaliação da Edu-cação (CAEd)
Coordenadoria de Ensino Fundamen-tal / DICEI
Secretaria de Educação Bá-sica
Redes de ensino estadu-ais, distrital e municipais
8. Disponibilizar o sistema de mo-nitoramento
Centro de Políti-cas Públicas e Avaliação da Edu-cação (CAEd)
Coordenadoria de Ensino Fundamen-tal / DICEI
Secretaria de Educação Bá-sica
Redes de ensino estadu-ais, distrital e municipais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise do modelo ló-
gico do PMALFA, combinada com
consultas feitas à equipe gestora do pro-
grama, é possível destacar alguns
aspectos que merecem atenção quanto
ao desenho do programa. Uma das fun-
ções do modelo lógico é ressaltar pontos
a serem monitorados no programa, e al-
guns desses tópicos serão abordados
abaixo. Uma análise mais completa so-
bre o monitoramento do PMALFA pode
ser encontrada no vol. II deste relatório.
Resultado 1: Escolas aplicam
mais recursos em atividades de
alfabetização
O programa destina recursos fi-
nanceiros para a cobertura de despesas
de custeio a unidades escolares que pos-
suam estudantes matriculados no 1º ano
ou 2º ano do ensino fundamental. Cada
unidade escolar recebe R$ 15 por aluno
participante do programa, ao ano. No
entanto, não há vinculação desses recur-
sos para as turmas de 1º e 2º anos e,
portanto, não há garantia de que esses
recursos serão de fato usados para as
classes iniciais.
O modelo lógico do PMALFA nos
permite observar que, de fato, não há
vinculação entre as atividades 1 e 2, que
consistem em abrir períodos de adesão
ao programa e repassar recursos às es-
colas, e o resultado esperado de
aumento dos recursos efetivamente
destinados às classes de alfabetização.
Ou seja, não há mecanismos de controle
direcionados a promover e mensurar o
gasto desse recurso com os alunos de 1º
e 2º ano.
Adicionalmente, um aumento de
recursos financeiros não leva, necessari-
amente, a uma melhora nos níveis de
aprendizagem. É preciso que as escolas
tenham apoio técnico e pedagógico para
o melhor uso desses recursos.
Um ponto a ser ressaltado é que
o repasse de recursos por vezes é utili-
zado como uma forma de incentivo para
a adesão. Dessa forma, é possível que
este resultado de fato não seja central
para o desenho do programa, e sim um
28
mecanismo para promover a adesão de
um grande número de escolas, ade-
quando-se às exigências do Ministério da
Educação.
Resultado 4: Utilização de dados no
planejamento das práticas de alfa-
betização
É esperado que as escolas - dire-
tores, coordenadores, professores e
assistentes de alfabetização - utilizem os
resultados das avaliações formativas
para planejar as atividades pedagógicas.
Para que isso aconteça, é preciso que,
em primeiro lugar, as avaliações formati-
vas sejam feitas de acordo com as
instruções do Ministério da Educação.
Caso não estejam sendo aplicadas corre-
tamente, as práticas de alfabetização
podem ser planejadas com base em da-
dos que não refletem as necessidades de
aprendizagem dos estudantes.
Em segundo lugar, é necessário
ainda que professores, assistentes e co-
ordenadores pedagógicos sejam capazes
de transformar os dados resultantes des-
sas avaliações em práticas pedagógicas
direcionadas à solução das dificuldades
de aprendizado dos alunos. São pontos a
serem monitorados, para garantir que a
capacitação desses profissionais seja
feita de forma adequada e atinja seus
objetivos.
Suposição 1 (S1): Assistentes de alfa-
betização têm o perfil adequado;
Suposição 5 (S5): Assistentes
apoiam, de fato, os professores alfa-
betizadores.
Um ponto a ser observado é a
questão da adequação dos assistentes
de alfabetização. Para que o programa
produza seus impactos esperados, de
melhora no nível de aprendizado dos
alunos e diminuição da reprovação,
abandono e distorção idade/ano, é pre-
ciso que os assistentes, de fato, apoiem
os professores nas atividades pedagógi-
cas. A seleção dos assistentes é feita
diretamente pelas escolas, mas não há
um perfil ou requisitos mínimos estabe-
lecidos pelo programa. Há um edital
modelo disponibilizado pelo MEC, que
serve apenas como sugestão às redes de
ensino e indica perfis preferenciais
como: professores das redes, alfabetiza-
dores ou não, com disponibilidade de
carga horária; estudantes de graduação
preferencialmente em pedagogia ou li-
cenciatura; profissionais com curso de
magistério em nível médio; estudantes
29
de cursos técnicos dos institutos federais
e/ou das universidades públicas e/ou
particulares ou pessoas com conheci-
mento comprovado na área de apoio à
docência, preferencialmente em alfabe-
tização.
Há um lado bastante positivo no
fato de o processo seletivo ser feito dire-
tamente pela escola, já que isso permite
que a escolha esteja alinhada com as ne-
cessidades e a realidade de cada unidade
escolar. No entanto, é possível que algu-
mas escolas tenham dificuldades
técnicas para realizar a seleção, tais
como o lançamento e divulgação de uma
chamada pública, a definição dos crité-
rios adequados e a seleção de acordo
com eles.
Nesse sentido, o programa prevê
a disponibilização de cursos online de
gestão para coordenadores pedagógi-
cos, diretores escolares, e servidores das
secretarias municipais e estaduais de
educação (atividade 6). Estes cursos po-
dem e devem auxiliar os diretores de
escola a realizar a seleção dos assisten-
tes de alfabetização. Além disso, pode
ser recomendada a participação das se-
cretarias municipais no apoio às
unidades escolares.
Adicionalmente, para que o pro-
grama atinja os impactos desejados, é
importante que os assistentes trabalhem
diretamente com os alunos, em ativida-
des pedagógicas individuais ou em
pequenos grupos. Dados levantados
pelo Banco Interamericano de Desenvol-
vimento (BID) mostram que quando os
assistentes se ocupam de tarefas admi-
nistrativas ou de apoio às classes de
maneira geral, em média não há impacto
positivo, enquanto o apoio individual ou
em pequenos grupos pode trazer bene-
fícios positivos moderados. (ver análise
do Impacto 1).
Atualmente, não há um monito-
ramento consistente sobre o perfil dos
assistentes de alfabetização, nem a res-
peito de suas atividades em sala de aula.
Esses aspectos serão discutidos de forma
detalhada no volume II deste relatório,
voltado ao monitoramento do pro-
grama.
Suposição 3 (S3): Professores e as-
sistentes aprendem o conteúdo
(EAD)
30
O programa implementa, nas
suas atividades 5 e 6, a aplicação de cur-
sos online de práticas pedagógicas e de
gestão. Para coordenadores pedagógi-
cos, diretores escolares, e servidores das
secretarias municipais e estaduais de
educação, os cursos disponibilizados
têm como tema a gestão de redes esco-
lares voltada para a alfabetização.
Para professores alfabetizadores
e assistentes de alfabetização, são dispo-
nibilizados cursos sobre práticas
pedagógicas e sequências didáticas, a
fim de munir estes profissionais para as
atividades de alfabetização. A suposição
é que esses profissionais aprendem ade-
quadamente o conteúdo das formações
à distância e que professores e assisten-
tes passam a utilizar novas práticas
didáticas com os alunos.
Em relação ao desenho do pro-
grama, é necessário apontar a
inexistência de capacitações presenciais
para assistentes de alfabetização e pro-
fessores alfabetizadores. O papel de
orientação desses profissionais está a
cargo dos coordenadores estaduais e
das suas respectivas Secretarias de Edu-
cação.
Quanto ao monitoramento, dois
pontos merecem atenção em relação a
essas atividades. Em primeiro lugar, é
preciso prever meios para monitorar a
efetiva capacitação dos profissionais
através da plataforma à distância. Atual-
mente, não há mensurações do grau de
conhecimento absorvido pelos profissio-
nais pelas formações a distância. Em
segundo lugar, é necessário monitorar
também se as novas práticas didáticas
estão de fato sendo aplicadas pelas es-
colas nas classes de alfabetização.
Ambos os pontos serão discutidos no vo-
lume II do relatório.
Suposição 6 (S6): Coordenadores es-
taduais aprimoram a gestão do
programa a partir das formações à
distância.
Uma questão que se apresenta
neste ponto é a capacidade operacional
dos coordenadores estaduais. O pro-
grama prevê a formação de
coordenadores estaduais, realizada pre-
sencialmente pelo Ministério da
Educação e o Centro de Políticas Públicas
e Avaliação da Educação (CAEd). Após
essa formação presencial, os coordena-
dores estaduais têm a atribuição de
31
monitorar a implementação do pro-
grama e orientar as redes de ensino.
Uma preocupação nesse sentido diz res-
peito à quantidade de escolas sob
responsabilidade de cada coordenador,
já que há apenas 57 coordenadores para
um total de 59.383 escolas elegíveis. Ou
seja, em média um coordenador esta-
dual pode ficar responsável por 1042
escolas.
Suposições 8 e 9 (S8/S9): Escolas
compreendem resultados das avali-
ações formativas
As avaliações formativas são fer-
ramentas para a melhoria do processo
de ensino e aprendizagem. Esse tipo de
avaliação tem o objetivo de detectar as
dificuldades de aprendizagem e gerar
dados que permitam tomar ações corre-
tivas, proporcionando o
redirecionamento das práticas pedagó-
gicas. Através da avaliação formativa, o
professor tem acesso às informações so-
bre o desenvolvimento dos alunos,
permitindo o planejamento e o ajuste
das atividades pedagógicas às necessida-
des discentes.
O programa prevê que as escolas
realizem avaliações formativas e insiram
os dados no sistema, de maneira que os
profissionais da educação possam aces-
sar seus resultados no sistema de
monitoramento. A suposição é que, com
as formações a distância e as informa-
ções repassadas pelos coordenadores
estaduais, as escolas terão plenas condi-
ções de compreender e utilizar os
resultados das avaliações formativas
para planejamento da gestão escolar e
de atividades pedagógicas. No entanto, é
preciso existirem mecanismos de moni-
toramento que permitam saber se as
escolas estão efetivamente compreen-
dendo os resultados das avaliações
formativas e se estão utilizando os resul-
tados no planejamento.
Suposições 10 a 12 (S10, S11 e S12):
Relações de causalidade entre resul-
tados e impactos
A melhora do aprendizado dos
alunos de 1º e 2º anos é o principal foco
do programa. Até por isso, as suposições
S10, S11 e S12 direcionam-se a este im-
pacto. O propósito dessas suposições é
demonstrar a expectativa de uma rela-
ção causal entre os resultados e a
melhora dos aprendizados dos alunos.
Ou seja, supõe-se que a melhora na
aprendizagem ocorrerá por conta de: i)
32
aumento do apoio pedagógico aos alu-
nos em processo de alfabetização (S10);
ii) atividades pedagógicas mais adequa-
das praticadas em sala de aula (S11);
utilização de dados no planejamento de
práticas de alfabetização.
É importante pontuar que o
efeito causal, denominado de impacto,
deve ser mensurado por meio de uma
avaliação de impacto específica, capaz
de isolar o efeito de cada resultado para
a aprendizagem. A mera comparação
histórica dos resultados das avaliações
formativas não constitui uma avaliação
de impacto.
Impacto 1. Melhora do nível de alfa-
betização dos alunos
Quanto à utilização de assisten-
tes de alfabetização, um dos principais
componentes do PMALFA, as evidências
existentes, embora ainda preliminares,
apontam para um baixo impacto no
aprendizado e alto custo. De acordo com
levantamento do Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID), os resultados
de avaliações de impacto sobre a utiliza-
ção de assistentes de aprendizagem
variam de acordo com a forma de utiliza-
ção dos assistentes. Em modelos em que
os assistentes apoiam alunos individual-
mente ou em pequenos grupos, há
impactos positivos moderados equiva-
lentes a de três a cinco meses de
aprendizagem.
Em contrapartida, pesquisas so-
bre assistentes de aprendizagem que
apoiam as salas de aula como um todo
não encontram, em média, impactos po-
sitivos na aprendizagem. Em alguns
casos professores e assistentes atuam de
forma efetiva, levando a aumentos na
aprendizagem. Em outros casos, alunos
com notas baixas e com necessidades es-
peciais tiveram pior desempenho do que
salas com apenas um professor.
Considerando os diversos mode-
los, a utilização de assistentes de
aprendizagem leva, em média, a um im-
pacto positivo para a aprendizagem
equivalente a um mês. O impacto é con-
siderado baixo quando comparado ao
alto custo da intervenção, a qual inclui a
contratação de profissionais.
Não há, contudo, evidências con-
clusivas sobre os efeitos dessa
intervenção na América Latina, o que
gera dúvidas sobre se esses efeitos serão
33
reproduzidos em intervenções na reali-
dade brasileira
A partir das realidades avaliadas, a
equipe do BID preparou uma série de
perguntas para servirem de reflexão a
gestores ao planejarem e gerirem inter-
venções de assistentes de
aprendizagem:
Foram identificadas as atividades
em que os assistentes de apren-
dizagem podem apoiar o
aprendizado dos alunos?
Foi oferecido suporte e treina-
mento a professores e
assistentes de alfabetização para
entenderem como atuar efetiva-
mente de forma conjunta?
Como buscam assegurar que os
professores não reduzam sua
atenção a alunos apoiados pelo
assistente de aprendizagem?
Foi considerado como a avaliar o
impacto dos assistentes de
aprendizagem?
Impacto 2. Redução do abandono, da
reprovação e da distorção idade/ano
Embora seja um objetivo final do
programa, conforme a portaria Nº 142,
de 22 de fevereiro de 2018, não há ele-
mentos do programa (atividades,
produtos ou resultados) voltados especi-
ficamente à redução do abandono, da
reprovação e da distorção idade/ano. É
possível imaginar que um impacto posi-
tivo na aprendizagem dos alunos
(impacto 1) levaria a um efeito positivo
neste objetivo. Contudo, cabe ressaltar
que o desenho atual do programa não
tem este impacto como questão central.
Ademais, a literatura averiguada não
aponta impacto da utilização de assis-
tentes de aprendizagem sobre o
abandono, a reprovação e a distorção
idade/ano.
ANEXOS
ANEXO I
PORTARIA Nº 142, DE 22 DE FEVEREIRO DE 2018
O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição, e
CONSIDERANDO:
Que o inciso I do art. 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, determina o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
Que a família, a comunidade, a sociedade e o poder público devem assegurar, com absoluta prio-ridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, nos termos do art. 227 da Constituição;
Que a responsabilidade pela alfabetização das crianças deve ser acolhida por docentes, gestores, secretarias de educação e instituições formadoras como um imperativo ético indispensável à construção de uma educação efetivamente democrática e socialmente justa;
Que o estudante, para ser considerado alfabetizado, deve compreender o funcionamento do sis-tema alfabético de escrita; construir autonomia de leitura e se apropriar de estratégias de compreensão e de produção de textos;
Que o estudante, para ser considerado alfabetizado em matemática, deve aprender a raciocinar, representar, comunicar, argumentar, resolver problemas em diferentes contextos, utilizando conceitos, procedimentos e fatos matematicamente;
Que os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização - ANA, do Sistema de Avaliação da Edu-cação - SAEB, criada com o intuito de avaliar o nível de alfabetização dos estudantes ao fim do 3º ano do ensino fundamental, apontam para uma quantidade significativa de crianças nos níveis insuficientes de alfabetização (leitura, escrita e matemática);
Que 89% dos participantes do SAEB/ANA 2016 possuíam, em março de 2016, 8 anos de idade ou mais, e que a avaliação é aplicada em novembro;
Que o 3º ano do ensino fundamental ainda apresenta taxas elevadas de reprovação, sendo a mé-dia brasileira, em 2017, de 12,2%;
Que os estudantes aprendem em ritmos e tempos singulares e necessitam de acompanhamento diferenciado para superarem os desafios do processo de alfabetização, garantindo a equidade na aprendi-zagem;
Que a alfabetização constitui a base para a aquisição de outros conhecimentos escolares e para a busca de conhecimento autônomo, e que o professor alfabetizador tem papel fundamental nesse com-plexo processo;
Que, conforme a Base Nacional Comum Curricular - BNCC (Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de de-zembro de 2017), nos dois primeiros anos do ensino fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades, para que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética, de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos; e
O constante dos autos do Processo nº 23000.046443/2017-07, resolve:
35
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS
Art. 1º Fica instituído o Programa Mais Alfabetização, com o objetivo de fortalecer e apoiar as unidades escolares no processo de alfabetização, para fins de leitura, escrita e matemática, dos estudantes no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental.
§ 1º O Programa será implementado com o fito de garantir apoio adicional, prioritariamente no turno regular, do assistente de alfabetização ao professor alfabetizador, por um período de cinco horas semanais para unidades escolares não vulneráveis, ou de dez horas semanais para as unidades escolares vulneráveis, considerando os critérios estabelecidos nesta Portaria.
§ 2º Serão consideradas unidades escolares vulneráveis aquelas:
I - em que mais de 50% dos estudantes participantes do SAEB/ANA tenham obtido resultados em níveis insuficientes nas três áreas da referida avaliação (leitura, escrita e matemática); e
II - que apresentarem Índice de Nível Socioeconômico muito baixo, baixo, médio baixo e médio, segundo a classificação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP.
§ 3º O Programa será implementado, ainda, por meio do fortalecimento da gestão das secretarias e das unidades escolares e do monitoramento processual da aprendizagem.
§ 4º A formação do professor alfabetizador, do assistente de alfabetização, das equipes de gestão das unidades escolares e das secretarias de educação, será elemento indissociável do Programa.
Art. 2º O Programa tem por finalidade contribuir para:
I - a alfabetização (leitura, escrita e matemática) dos estudantes regularmente matriculados no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental, por meio de acompanhamento pedagógico específico; e
II - a prevenção ao abandono, à reprovação, à distorção idade/ano, mediante a intensificação de ações pedagógicas voltadas ao apoio e fortalecimento do processo de alfabetização.
CAPÍTULO II
DAS DIRETRIZES DO PROGRAMA
Art. 3º São diretrizes do Programa Mais Alfabetização:
I - fortalecer o processo de alfabetização dos anos iniciais do ensino fundamental, por meio do atendimento às turmas de 1º ano e de 2º ano;
II - promover a integração dos processos de alfabetização das unidades escolares com a política educacional da rede de ensino;
III - integrar as atividades ao Projeto Político Pedagógico - PPP da rede e das unidades escolares;
IV - viabilizar atendimento diferenciado às unidades escolares vulneráveis;
V - estipular metas do Programa entre o Ministério da Educação - MEC, os entes federados e as unidades escolares participantes no que se refere à alfabetização das crianças do 1º ano e do 2º ano do ensino fundamental, considerando o disposto na BNCC;
VI - assegurar o monitoramento e a avaliação periódica da execução e dos resultados do Programa;
VII - promover o acompanhamento sistemático, pelas redes de ensino e gestão escolar, da pro-gressão da aprendizagem dos estudantes regularmente matriculados no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental;
VIII - estimular a cooperação entre União, estados, Distrito Federal e municípios;
36
IX - fortalecer a gestão pedagógica e administrativa das redes estaduais, distrital e municipais de educação e de suas unidades escolares jurisdicionadas; e
X - avaliar o impacto do Programa na aprendizagem dos estudantes, com o objetivo de gerar evi-dências para seu aperfeiçoamento.
CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO
Art. 4º O Programa Mais Alfabetização será implementado nos anos iniciais do ensino fundamental das unidades escolares públicas estaduais, distritais e municipais, por meio de articulação institucional e cooperação com as secretarias estaduais, distrital e municipais de educação, mediante apoio técnico e financeiro do MEC.
§ 1 º O apoio técnico dar-se-á por meio de processos formativos, do auxílio do assistente de alfa-betização às atividades estabelecidas e planejadas pelo professor alfabetizador, do monitoramento pedagógico e do sistema de gestão para redes prioritárias.
§ 2 º O apoio financeiro às unidades escolares dar-se-á por meio da cobertura de despesas de custeio, via Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, devendo ser empregado:
I - na aquisição de materiais de consumo e na contratação de serviços necessários às atividades previstas em ato normativo próprio; e
II - no ressarcimento de despesas com transporte e alimentação dos assistentes de alfabetização, responsáveis pelo desenvolvimento das atividades.
§ 3º A participação no Programa Mais Alfabetização não exime o ente federado das obrigações educacionais estabelecidas na Constituição Federal - CF, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB e no Plano Nacional de Educação - PNE.
Art. 5º A participação no Programa Mais Alfabetização é voluntária e será realizada mediante termo de compromisso assinado, de forma conjunta, pelo governador do estado e pelo secretário de es-tado de educação, no caso de rede estadual e distrital, e pelo prefeito e pelo secretário municipal de educação, no caso de rede municipal, conforme Anexos I e II, respectivamente.
§ 1º Concomitantemente à assinatura do termo de compromisso, o secretário de educação deverá realizar a adesão ao Programa no módulo Plano de Ações Articuladas - PAR do Sistema Integrado de Moni-toramento e Controle - SIMEC do Ministério da Educação - MEC, indicando as unidades escolares que poderão participar do Programa.
§ 2º A transferência de recursos ocorrerá apenas às Unidades Executoras - UEx representativas das unidades escolares indicadas pelas secretarias de educação que confirmarem sua adesão no Sistema PDDE Interativo.
§ 3º Em período anterior à confirmação da adesão no PDDE Interativo, o professor alfabetizador poderá optar pelo apoio do assistente de alfabetização em sala de aula, comunicando sua opção à direção das unidades escolares.
CAPÍTULO IV
DAS COMPETÊNCIAS
Art. 6º Compete ao MEC:
I - promover a articulação institucional e a cooperação técnica entre o MEC, os governos estaduais, distrital e municipais, visando o alcance dos objetivos do Programa;
II - prestar assistência técnica e financeira na gestão e na implementação do Programa;
37
III - criar e implementar mecanismos de monitoramento a serem incorporados à rotina das secre-tarias e gestão escolar, por meio de avaliações diagnósticas e formativas;
IV - reforçar o atendimento das unidades escolares vulneráveis;
V - disponibilizar material formativo;
VI - estabelecer regras para a seleção do assistente de alfabetização; e
VII - dar suporte à rotina de acompanhamento sistemático, pelas redes de ensino e gestão escolar, da evolução da aprendizagem dos estudantes regularmente matriculados no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental.
Parágrafo único. Faculta-se às redes a adoção do material formativo de que trata o inciso V, po-dendo as secretarias estaduais, distritais e municipais optar pelo material mais adequado à sua política educacional.
Art. 7º Compete aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios que aderirem ao Programa Mais Alfabetização:
I - assinar o Termo de Compromisso (Anexos I e II) com a alfabetização das crianças no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental;
II - realizar a adesão ao Programa e elaborar plano de gestão e plano de formação, nos quais de-verão constar as atividades de monitoramento das ações e de avaliação periódica dos estudantes e das estratégias de formação;
III - indicar, no ato da adesão, o Coordenador do Programa Mais Alfabetização, que será o respon-sável por acompanhar a implantação do Programa e monitorar sua execução;
IV - garantir a realização de processo seletivo simplificado que privilegie a qualificação do assis-tente de alfabetização;
V - articular as ações do Programa, com vistas a fortalecer a política de alfabetização da rede de ensino no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental;
VI - colaborar com a qualificação e a capacitação do assistente de alfabetização, professores alfa-betizadores, técnicos, gestores e outros profissionais, em parceria com o MEC;
VII - planejar e executar as formações no âmbito do Programa;
VIII - reforçar o acompanhamento às unidades escolares vulneráveis;
IX - gerenciar e monitorar, na sua rede de ensino, as ações do Programa, com vistas ao cumpri-mento das finalidades estabelecidas nos arts. 1º e 2º desta Portaria;
X - coordenar a pactuação de metas do Programa entre o MEC e as unidades escolares participan-tes;
XI - acompanhar sistematicamente a evolução da aprendizagem dos estudantes atendidos pelo Programa e implementar ações para os casos que se fizerem necessários; e
XII - garantir, no período definido pelo MEC, a aplicação das avaliações diagnósticas e formativas a todos os estudantes regularmente matriculados no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental e a inser-ção dos seus resultados no sistema do Programa.
Art. 8º Compete às unidades escolares participantes do Programa Mais Alfabetização:
I - articular as ações do Programa, com vistas a garantir o processo de alfabetização dos estudantes regularmente matriculados no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental;
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II - integrar o Programa à política educacional de sua rede de ensino e às atividades previstas no Projeto Político Pedagógico da unidade escolar;
III - participar das ações formativas promovidas pelo MEC, em articulação com a rede de ensino, no âmbito do Programa Mais Alfabetização;
IV - acompanhar sistematicamente a evolução da aprendizagem dos estudantes regularmente ma-triculados no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental, planejar e implementar as intervenções pedagógicas necessárias para cumprimento das finalidades estabelecidas no art. 2º desta Portaria;
V - aplicar avaliações diagnósticas e formativas, com vistas a possibilitar o monitoramento e a avaliação periódica da execução e dos resultados do Programa;
VI - aplicar, no período definido pelo MEC, as avaliações diagnósticas e formativas a todos os es-tudantes regularmente matriculados no 1º ano e no 2º ano do ensino fundamental e inserir seus resultados no sistema de monitoramento do Programa; e
VII - cumprir, no âmbito de sua competência, ações para atingir as metas pactuadas entre o MEC e a rede de ensino a qual pertence.
CAPÍTULO V
DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Art. 9º O Programa Mais Alfabetização, bem como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - PNAIC, regulamentado no âmbito da Portaria MEC nº 826, de 7 de julho de 2017, integrarão a Política Nacional de Alfabetização.
Parágrafo único. A coordenação do processo formativo dar-se-á no âmbito do Comitê Gestor Na-cional e dos Comitês Gestores Estaduais para a Alfabetização e o Letramento, instituídos em conformidade com os normativos do PNAIC.
Art. 10. O Programa, em especial o desempenho das unidades escolares vulneráveis, será objeto de avaliações de impacto com o intuito de gerar evidências para seu aperfeiçoamento.
Parágrafo único. As amostras para a realização das referidas avaliações de impacto serão definidas com base em características de vulnerabilidade, localização, tamanho e complexidade da gestão, devendo as redes e unidades escolares, ao realizarem a adesão ao Programa, estarem cientes de que poderão inte-grar à amostra.
Art. 11. O MEC poderá instituir e coordenar redes de pesquisa sobre metodologias e recursos educacionais de fortalecimento e apoio ao processo de alfabetização associadas ao Programa, especial-mente nas unidades escolares vulneráveis.
Art. 12. Casos não previstos nesta Portaria serão dirimidos pelo MEC.
Art. 13. Fica revogada a Portaria MEC nº 4, de 4 de janeiro de 2018, publicada no Diário Oficial da União de 5 de janeiro de 2018, com aproveitamento das adesões das secretarias municipais, estaduais e distrital de educação realizadas sob sua vigência.
Art. 14. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
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ANEXO II
RESOLUÇÃO No 7, DE 22 DE MARÇO DE 2018
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
DOU de 23/03/2018 (nº 57, Seção 1, pág. 15)
Autoriza a destinação de recursos financeiros para cobertura de despesas de custeio, nos moldes operacionais e regulamentares do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, às unidades escolares pú-blicas municipais, estaduais e distritais que possuam estudantes matriculados no 1º ano ou no 2º ano do ensino fundamental regular, por intermédio de suas Unidades Executoras Próprias - UEx, a fim de garantir apoio adicional ao processo de alfabetização, no que se refere à leitura, escrita e matemática, no âmbito do Programa Mais Alfabetização.
FUNDAMENTAÇÃO LEGAL:
Constituição Federal de 1988;
Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990;
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996;
Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998;
Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009;
Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014; e
Portaria MEC nº 4, de 4 de janeiro de 2018.
O PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 14 do Anexo I do Decreto nº 9.007, de 20 de março de 2017, e os arts. 3º e 6º do Anexo da Resolução nº 31, de 30 de setembro de 2003, do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - CD-FNDE, e
CONSIDERANDO:
Que o inciso I do art. 32 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, determina o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
Que a família, a comunidade, a sociedade e o poder público devem assegurar, com absoluta pri-oridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comu-nitária, nos termos do art. 227 da Constituição Federal de 1988;
Que a responsabilidade pela alfabetização das crianças deve ser acolhida por docentes, gestores, secretarias de educação e instituições formadoras como um imperativo ético indispensável à construção de uma educação efetivamente democrática e socialmente justa;
Que o estudante, para ser considerado alfabetizado, deve compreender o funcionamento do sis-tema alfabético de escrita, construir autonomia de leitura e se apropriar de estratégias de compreensão e de produção de textos;
Que o estudante, para ser considerado alfabetizado em matemática, deve aprender a raciocinar, representar, comunicar, argumentar, resolver problemas em diferentes contextos, utilizando conceitos, procedimentos e fatos matematicamente;
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Que os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização - ANA, do Sistema de Avaliação da Educação - SAEB, criada com o intuito de avaliar o nível de alfabetização dos estudantes ao fim do 3º ano do ensino fundamental, apontam para uma quantidade significativa de crianças nos níveis insuficientes de alfabetização (leitura, escrita e matemática);
Que oitenta e nove por cento dos participantes do SAEBANA 2016 possuíam 8 anos ou mais de idade em março de 2016 e que a avaliação é aplicada em novembro;
Que o 3º ano do Ensino Fundamental ainda apresenta taxas elevadas de reprovação; a média brasileira, em 2017, é de 12,2%;
Que os estudantes aprendem em ritmos e tempos singulares e necessitam de acompanhamento diferenciado para superarem os desafios do processo de alfabetização, garantindo a equidade na apren-dizagem;
Que a alfabetização constitui a base para a aquisição de outros conhecimentos escolares e para a busca de conhecimento autônomo e que o professor alfabetizador tem papel fundamental neste com-plexo processo; e
Que conforme a Base Nacional Comum Curricular - BNCC (Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de de-zembro de 2017), nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos; resolve, ad referendum:
CAPÍTULO I
DO OBJETIVO
Art. 1º - Ficam destinados recursos financeiros para cobertura de despesas de custeio, nos mol-des operacionais e regulamentares do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE às unidades escolares públicas municipais, estaduais e distritais que possuam estudantes matriculados no 1º ano ou 2º ano do ensino fundamental regular, conforme o Censo Escolar do ano anterior ao da adesão, por intermédio de suas Unidades Executoras Próprias - UEx, a fim de garantir apoio adicional ao processo de alfabetização, no que se refere à leitura, escrita e matemática, no âmbito do Programa Mais Alfabetização.
§ 1º - Os recursos financeiros de que trata o caput serão liberados em favor das UEx das unida-des escolares indicadas pelas secretarias municipais, estaduais e distrital de educação, dentre aquelas que possuam ao menos uma turma com no mínimo dez matrículas no 1º ano ou 2º ano do ensino funda-mental e tenham sido validadas pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação - SEB-MEC.
§ 2º - Os recursos financeiros serão transferidos para UEx representativas de apenas uma uni-dade escolar, excluindo os consórcios.
Art. 2º - O Programa Mais Alfabetização será implementado com o fito de garantir apoio adicio-nal, prioritariamente no turno regular, do assistente de alfabetização ao professor alfabetizador, por um período de cinco horas semanais para unidades escolares não vulneráveis ou dez horas semanais para as unidades escolares vulneráveis, conforme critérios estabelecidos no art. 3º, ao longo de um ciclo corres-pondente a dois exercícios.
Parágrafo único - O Programa será executado em período de seis meses no exercício de 2018 e em período de oito meses nos exercícios subsequentes.
Art. 3º - No âmbito do Programa, as unidades escolares serão classificadas como vulneráveis e não vulneráveis.
§ 1º - Serão consideradas unidades escolares vulneráveis aquelas:
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I - em que mais de cinquenta por cento dos estudantes participantes do SAEB-ANA tenham ob-tido resultados em níveis insuficientes nas três áreas da referida avaliação (leitura, escrita e matemática); e
II - que apresentarem Índice de Nível Socioeconômico muito baixo, baixo, médio baixo e médio, segundo a classificação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep.
§ 2º - Serão consideradas não vulneráveis as unidades escolares aptas ao Programa, conforme estabelecido no § 1º do art. 1º, não abrangidas no § 1º deste artigo.
CAPÍTULO II
DA ADESÃO
Art. 4º - A adesão ao Programa será feita em duas etapas:
I - adesão das secretarias municipais, estaduais e distrital de educação, por meio do módulo Plano de Ações Articuladas - PAR do Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle - SIMEC, do Ministério da Educação - MEC, com a indicação das unidades escolares de sua rede que poderão parti-cipar do Programa; e
II - adesão, por meio do Sistema PDDE Interativo, das unidades escolares indicadas na primeira etapa.
Parágrafo único - As secretarias deverão indicar, no momento da adesão, o Coordenador do Pro-grama Mais Alfabetização, no âmbito da secretaria municipal, estadual ou distrital de educação, responsável por acompanhar a implantação do Programa e monitorar sua execução.
Art. 5º - Na segunda etapa da adesão, as unidades escolares indicadas na primeira etapa deverão preencher e enviar à SEB-MEC o Plano de Atendimento, por meio do PDDE Interativo, constituindo este procedimento condição necessária para o repasse de recursos para as respectivas UEx.
§ 1º - As UEx deverão indicar no Plano de Atendimento o quantitativo de turmas para as quais serão repassados recursos destinados ao ressarcimento das despesas do assistente de alfabetização, limi-tado ao número total de turmas com pelo menos dez matrículas de 1º ano ou 2º ano do ensino fundamental registradas no Censo Escolar do ano anterior ao da adesão, conforme art. 7º, § 1º, incisos II e III, e considerando a manifestação dos professores alfabetizadores.
§ 2º - A participação no Programa Mais Alfabetização não exime o ente federado das obrigações educacionais estabelecidas na Constituição Federal, na LDB e no Plano Nacional de Educação - PNE.
CAPÍTULO III
DOS RECURSOS
Art. 6º - A SEB-MEC encaminhará ao FNDE a relação nominal das unidades escolares participan-tes do Programa Mais Alfabetização, com a indicação dos valores a serem a elas destinados, calculados em conformidade com o estabelecido no art. 7º.
Art. 7º - Os recursos destinados ao financiamento do Programa serão repassados às UEx repre-sentativas das unidades escolares beneficiadas para cobertura de despesas de custeio, devendo ser empregados:
I - no ressarcimento de despesas com transporte e alimentação dos assistentes de alfabetização; e
II - na aquisição de material de consumo e na contratação de serviços necessários às atividades complementares com foco na alfabetização.
§ 1º - Os recursos especificados no caput deste artigo corresponderão ao valor estimado anual-mente, sendo calculado em função do número de matrículas e do número de turmas informados no
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Censo Escolar do ano anterior ao ano da adesão, consideradas as turmas com no mínimo dez matrículas de 1º ano ou 2º ano do ensino fundamental, e das turmas informadas no Plano de Atendimento, con-forme o § 1º do Art. 5º, tomando como referencial os seguintes valores unitários:
I - quinze reais por matrícula de 1º ano ou 2º ano do ensino fundamental nas referidas turmas;
II - trezentos reais por mês, por turma, para assistente de alfabetização nas unidades escolares vulneráveis; e
III - cento e cinquenta reais por mês, por turma, para assistente de alfabetização nas demais uni-dades escolares.
§ 2º - O ressarcimento de que trata o inciso I do caput deste artigo será calculado e repassado para um período de seis meses, no exercício de 2018, e de oito meses, nos exercícios subsequentes.
§ 3º - O ressarcimento de que trata o inciso I do caput deste artigo será efetuado pela UEx ao assistente de alfabetização mediante apresentação de relatório e recibo mensal de atividades desenvolvi-das por voluntário, o qual deverá ser mantido em arquivo pela UEx pelo prazo e para os fins previstos nas normas vigentes do PDDE.
§ 4º - O valor de que trata o inciso I do § 1º deste artigo será calculado com base nas matrículas de todas as turmas com pelo menos dez matrículas de 1º ano e 2º ano, inclusive aquelas para as quais não foi feita a opção pelo assistente de alfabetização, conforme § 1º do art. 5º.
Art. 8º - A transferência financeira, sob a égide desta Resolução, ocorrerá mediante depósito em conta bancária específica aberta pelo FNDE na mesma agência bancária depositária dos recursos do PDDE.
§ 1º - Os valores previstos no caput deste artigo, a serem transferidos às UEx representativas das unidades escolares beneficiárias, serão divididos anualmente em duas parcelas, sendo a primeira na pro-porção de sessenta por cento; e a segunda, de quarenta por cento.
§ 2º - O pagamento da segunda parcela estará condicionado ao preenchimento de informações pela UEx, em sistema de monitoramento e acompanhamento a que se refere o art. 12, até o dia 15 de junho de cada exercício.
Art. 9º - A assistência financeira de que trata esta Resolução correrá por conta de dotação orça-mentária consignada anualmente ao FNDE e fica limitada aos valores autorizados na ação específica, observados os limites de movimentação, empenho e pagamento da Programação orçamentária e finan-ceira anual do Governo Federal, e condicionada aos regramentos estabelecidos na Lei Orçamentária Anual - LOA, na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e no Plano Plurianual - PPA do Governo Federal e à viabilidade operacional.
Art. 10 - Eventuais rendimentos obtidos com aplicações financeiras deverão ser computados a crédito da conta específica e ser utilizados exclusivamente para a implementação das atividades do Pro-grama Mais Alfabetização, respeitadas as mesmas condições de prestação de contas exigidas para os recursos transferidos.
CAPÍTULO IV
DA EXECUÇÃO E MONITORAMENTO
Art. 11 - As atividades nas salas de aulas de 1º ano e 2º ano do ensino fundamental das unidades escolares serão desenvolvidas e apoiadas pelos seguintes atores:
I - Professor alfabetizador: responsável pelo planejamento, pela coordenação, organização e de-senvolvimento das atividades na sala de aula; pela articulação das ações do Programa, com vistas a garantir o processo de alfabetização dos estudantes regularmente matriculados no 1º ano e 2º ano do ensino fundamental regular; pela interação entre a escola e a comunidade, pela prestação de informa-ções sobre o desenvolvimento das atividades para fins de monitoramento; pela supervisão do trabalho do
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assistente de alfabetização e pela integração do Programa com Projeto Político Pedagógico - PPP da es-cola;
II - Assistente de Alfabetização: responsável pela realização das atividades de acompanhamento pedagógico sob a coordenação e supervisão do professor alfabetizador, conforme orientações da secre-taria de educação e com o apoio da gestão escolar, e pelo apoio na realização de atividades, com vistas a garantir o processo de alfabetização de todos os estudantes regularmente matriculados no 1º ano e 2º ano do ensino fundamental;
III - Gestores da Unidade Escolar (diretor e coordenador pedagógico): responsáveis por orientar, apoiar e acompanhar com prioridade o trabalho do professor alfabetizador e do assistente de alfabetiza-ção; participar da seleção do assistente de alfabetização privilegiando a qualidade técnica; acompanhar a evolução da aprendizagem dos alunos de 1º ano e 2º ano do ensino fundamental regular; lançar e atuali-zar os dados de execução do Programa no sistema de acompanhamento e monitoramento específico; participar das estratégias de formação no âmbito do Programa;
IV - Coordenador do Programa Mais Alfabetização: responsável por acompanhar a implantação do Programa e monitorar sua execução nas escolas de sua rede de ensino; pela articulação com outros técnicos da secretaria que realizam formação, orientação, acompanhamento pedagógico das unidades escolares; pela orientação e acompanhamento da seleção dos assistentes de alfabetização primando pela qualidade técnica; pela prestação de informações relativas à execução do Programa em sua rede para fins de monitoramento; e
V - Secretário de Educação: responsável por articular com o chefe do executivo a assinatura do termo de compromisso ao Programa, a fim de estabelecer, no ente federado, a prioridade central na alfa-betização de todas as crianças nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental Regular; garantir a seleção que privilegie a qualidade técnica dos assistentes de alfabetização; articular com as Instituições de Ensino Superior local ou da região apoio e incentivo para participação de alunos e ex-alunos do ensino superior, preferencialmente da pedagogia e licenciatura, para assumir o trabalho voluntário como assistente de alfabetização; garantir apoio e suporte pedagógico orientador e formativo para as escolas desenvolverem com êxito o processo de alfabetização de seus estudantes; realizar, no mínimo, a cada mês, reunião de avaliação da implementação das estratégias da Secretaria no âmbito do Programa Mais Alfabetização; incentivar, orientar e acompanhar a participação dos profissionais da Secretaria e das Unidades Escolares nas ações de formação no âmbito do Programa; apoiar a aplicação das avaliações diagnósticas a todos os estudantes matriculados no 1º ano e 2º ano do Ensino Fundamental Regular; incentivar, na secretaria e Unidades Escolares, o desenvolvimento de estratégias de uso e apropriação dos resultados das avaliações diagnósticas na proposição e implementação de ações.
§ 1º - As atividades desempenhadas pelo Assistente de Alfabetização, a que se refere o inciso II deste artigo, serão consideradas de natureza voluntária, na forma definida na Lei nº 9.608, de 18 de feve-reiro de 1998, sendo obrigatória a celebração do Termo de Adesão e Compromisso do Voluntário.
§ 2º - Aos assistentes de alfabetização devem ser atribuídas no máximo quatro turmas em esco-las consideradas vulneráveis ou oito turmas em escolas não vulneráveis ou outra combinação equivalente.
Art. 12 - O monitoramento do Programa nas unidades escolares será realizado em sistema de monitoramento e acompanhamento específico, acessado por meio do PDDE Interativo, no qual as UEx deverão registrar as informações referentes aos professores alfabetizadores, assistentes de alfabetização, estudantes, turmas e plano de atendimento.
Parágrafo único - O registro dos dados a que se refere o caput, nos prazos estabelecidos e divul-gados pela SEB-MEC, é condição necessária para participação no Programa Mais Alfabetização em exercícios subsequentes.
Art. 13 - O monitoramento do Programa nas EEx será realizado via PDDE Interativo, pelo Coorde-nador do Programa Mais Alfabetização, que deverá acompanhar o preenchimento dos dados de
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execução pelas UEx representativas das escolas da rede, prestar informações solicitadas sobre a implan-tação do Programa em sua rede e se responsabilizar pela devolutiva dos dados gerenciais de aprendizagens às unidades escolares.
Art. 14 - O monitoramento global do Programa será de responsabilidade da SEB-MEC e do FNDE.
§ 1º - A SEB-MEC poderá pactuar metas de processos que impactam na aprendizagem a serem implementadas pelas escolas e pelas secretarias estaduais, municipais e distrital de educação, para bali-zar a avaliação dos resultados do Programa, podendo condicionar a participação em exercícios seguintes ao cumprimento dessas metas.
§ 2º - Ao FNDE caberá acompanhar a execução financeira do Programa.
CAPÍTULO V
DAS COMPETÊNCIAS
Art. 15 - O FNDE, para operacionalizar os repasses previstos nesta Resolução, contará com as parcerias da SEB-MEC, das prefeituras municipais, secretarias estaduais e distrital de educação - EEx e das UEx representativas de unidades escolares públicas, cabendo, entre outras atribuições, as previstas na resolução do PDDE em vigor.
I - Compete à SEB-MEC:
a) ratificar as unidades escolares, nos termos do § 1º do art. 1º, e enviar ao FNDE, para fins de liberação dos recursos de que trata esta Resolução, a relação nominal das unidades escolares a serem atendidas e indicação dos valores a elas destinados, em conformidade com o estabelecido no art. 7º;
b) prestar assistência técnica às UEx das unidades escolares referidas na alínea "a" e às EEx, for-necendo-lhes as orientações necessárias para o efetivo cumprimento dos objetivos do Programa Mais Alfabetização; e
c) monitorar o andamento e o resultado do Programa em conformidade com o estabelecido no art. 14.
II - Compete às EEx:
a) indicar, no módulo PAR-SIMEC, as unidades integrantes de suas redes de ensino que estarão habilitadas a participar do Programa;
b) indicar o Coordenador do Programa Mais Alfabetização no âmbito da secretaria municipal, estadual ou distrital de educação, que será o responsável pelo acompanhamento da implantação do Pro-grama e pelo monitoramento da sua execução, dentre as atribuições previstas no art. 11, inciso IV;
c) acompanhar o preenchimento de informações relativas à execução do Programa pelas escolas integrantes de suas redes de ensino no sistema de acompanhamento e monitoramento acessado por meio do PDDE Interativo;
d) preencher, no sistema de acompanhamento e monitoramento, informações sobre a execução do Programa em sua rede;
e) incentivar as escolas de sua rede de ensino a constituírem Unidade Executora Própria, nos ter-mos sugeridos no Manual de Orientações para Constituição de UEx, disponível no sítio www.fnde.gov.br;
f) garantir livre acesso às suas dependências a representantes da SEB-MEC, do FNDE, do Tribunal de Contas da União - TCU, do Sistema Interno do Poder Executivo Federal e do Ministério Público, pres-tando-lhes esclarecimentos e fornecendolhes documentos requeridos, quando em missão de acompanhamento, fiscalização e auditoria;
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g) zelar pelo desenvolvimento das atividades no âmbito do Programa e outras atividades que contribuam para que todos os estudantes estejam alfabetizados até o final do 2º ano do ensino funda-mental regular; e
h) zelar para que as UEx representativas das escolas integrantes de sua rede de ensino cumpram as disposições do inciso seguinte.
III - Compete às UEx:
a) elaborar e enviar à SEB-MEC o Plano de Atendimento, por intermédio do PDDE Interativo;
b) prestar as informações relativas à execução do Programa no sistema de acompanhamento e monitoramento acessado por meio do PDDE Interativo, atualizando essas informações sempre que ne-cessário ou quando for solicitado pelas EEx ou pela SEBMEC;
c) acompanhar e avaliar a execução das estratégias de implementação do Programa e, em caso de baixa evolução da aprendizagem dos estudantes, recomendar à equipe escolar responsável a revisão das ações;
d) proceder à execução e à prestação de contas dos recursos de que trata esta Resolução nos moldes operacionais e regulamentares do PDDE;
e) zelar para que a prestação de contas referida na alínea anterior contenha os lançamentos e seja acompanhada dos comprovantes referentes à destinação dada aos recursos de que trata esta Reso-lução e a outros que, eventualmente, tenham sido repassados, nos moldes operacionais e regulamentares do PDDE, na mesma conta bancária específica, fazendo constar no campo "Pro-grama/Ação", dos correspondentes formulários, a expressão "PDDE Qualidade";
f) fazer constar dos documentos comprobatórios das despesas realizadas com os recursos de que trata esta Resolução (notas fiscais, faturas, recibos) a expressão "Pagos com recursos do FNDE/PDDE Qualidade"; e
g) garantir livre acesso às suas dependências a representantes da SEB-MEC, do FNDE, do Tribu-nal de Contas da União - TCU, do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal e do Ministério Público, prestando-lhes esclarecimentos e fornecendo-lhes documentos requeridos, quando em missão de acompanhamento, fiscalização e auditoria.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 16 - A SEB-MEC abrirá, anualmente, período de confirmação de adesão para as redes de educação básica e para unidades escolares que tenham aderido anteriormente e poderá abrir adesão para redes e unidades escolares que não tenham participado do programa.
Art. 17 - As orientações relativas à implementação do Programa serão divulgadas no Manual Operacional do Programa Mais Alfabetização a ser disponibilizado nos sítios www.mec.gov.br e www.fnde.gov.br.
Art. 18 - Ficam aprovados por esta Resolução os modelos do Termo de Adesão e Compromisso do Voluntário e do Relatório e Recibo Mensal de Atividades Desenvolvidas por Voluntário, disponíveis no sítio www.fnde.gov.br.
Art. 19 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
MENDONÇA FILHO
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