Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário Conselho de Recursos do Seguro Social-CRSS

Conselho Pleno

Nº de Protocolo do Recurso: 44232.540141/2015-05 Documento/Benefício: APOSENTADORIA ESPECIAL Unidade de origem: Agência da Previdência Social SUMARÉ - SP Tipo do Processo: Reclamação ao Conselho Pl~no

·Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS' Recorrido: RONALDO NESTOR DE CARVALHO Benefício: 46/170.206.200-4 Relator: VICTOR MACHADO MARINI

RELATÓRIO

Trata-se de RECLAMAÇÃO AO CONSELHO PLENO formulado pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (evento 65), em façe do Acórdão nº 6034/2016 (evento 63), exarado pela- 1ª Composição Adjunta da 1ª Câm,ara de Julgamento, Conheceu de ambos os .recursos e no mérito, ~egou Provimento ao recurso do INSS e Deu Parcial Provimento ao recurso do segurado, reconhecendo como laborado em condições ·especiais , exposto a ruído excessivo no período de 01/09/2012 a 31/08/2013.

- Fundamenta sua pretensão nos termos do artigo ?5,§2° da Portaria MPS 548/2011 vigente à época.

O acórdão proferido em última e definitiva instância apresentou entendimento que a seguir transcrevo em parte:

"Tendo em vista que o perfil profissiográfico previdenciário desobriga da apresentação de laudo técnico, e por. estar assinado peló representante legal da empresa, que, como já dito acima, assume a responsabilidade pela veracidade das informações contidas no formulário, entendo que, tendo o· trabalhador ficado exposto a níveis de ruído acima

, do limite de tolerância, deve ser enquadrado como especial o período de 01.09.12 a 3'1.08.13, sob o código 2.0.1 do anexo IV do Decreto 3048/99, redação do Decreto 4882/2003."

Afirma o INSS que_ a decisão recorrida infringiu o Enunciado nº 20 do CRPS, afirmandq que o citado Enunciado prevê a necessidade de apresentação de laudo técnico

_para o agente nocivo ruído ~

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Conselho Pleno

O requerente apresentou contrarrazões à Reclamação ao Conselho Pl~no áffrmando que consta nos autos o PPP e o L TCAT, que o E-nunciado 20 não trata da questão temporal do exigido raudo pericial, mas tão somente de sua indispensável apresentação; que o STJ possui jurisprudência pacífica em relação a irrelevância se o laudo técnico é extemporâneo; que não cabe ao INSS transferir a responsabilidade pelo fornecimento correto - dos documentos que são de obrigatoriedade do empregador, cabendo ao INSS cobrar e fiscalizar e ao empregador cabe elaborar e manter a guarda dos documentos. Cita ainda o artigo 294 da INRFB 971/2009 e por fim afirma que considerando que o L TCAT foi apresentado e está coerente com o PPP, que o enunciado -20 não menciona recusa a L TCAT extemporâneo e a jurisprudência considera que

. irregularidades em documentos para aposentadoria especial não devem ser consideradas em prejuízo do trabalhador, solicitando que seja negado provimento à Reclamação ofertada, mantendo o acórdão da 1ª C.A da 1ª CAJ.

A Reclamação foi analisada pela assessoria da presidência do CRSS, se.ndo posi~ivo pela admissibilidade do pedido e encaminhado ao presidente do CRSS, que no despacho no evento 75, de4 prosseguimento. ao feito, distribuindo o feito à este conselheiro .'

É o relatório.

VOTO:

Reclamação ao Conselho Pleno. Atendidos os requisitos dos -inciso li e §3° do artigo 64 da Portaria MDSA 116/2017. Violação à questão 11 do Parecer CONJUR 616/2010 aprovado , pelo Ministro de Estado da Previdência Social.

A interposição da _Reclamação ao Conselho Pleno é tempestiva, tendo em vista ter ocorrido dentro do prazo de 30 dias após a ciência da decisão em última instância, conforme estipulado no §1° do artigo 64 da Portaria MDSA 116/2017.

Afirma a autarquia que o Acórdão 6034/2016 contraria çi o Enunciado nº 20 do CRSS que abaixo transcrevo:

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"Salvo em relação ao agente agressivo rúído, não será obrigatória a apresentação de laudo técnico pericial para períodos -de atividades anteriores à edição da Medida Provisória n.0

1.523 -10, de 11/10/96, fàcultando-se ao segurado a_ comprovação de efetiva exposição a agen~es

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agressivos à sua saúde ou integridade física mencionados nos formulários SB-40 oü DSS-8030, mediante o emprego de qualquer meio de , prova em direito admitido."

, O inciso Ili do artigo 64 da Portaria MDSA 116/2017 prevê a possibilidade de interposição de Reclamação ao Conselho Pleno no ·caso de acórdão de Câmara de Julgamento do CRSS, em sede de recurso especial quando infringir Enunciados editados pelo Conselho Pleno. ·

O acórdão em ánálise reconheceu como laborado em condições especiais o período de 01.09.12 a 31 '. 08.13, no qual o segurado laborou no cargo de técnico industrial, com · expdsição ao agente nocivo ruído, em nível de 88,4db(a), conforme informações constantes do PPP emitido . pela CEMIG juntado às fls. 38/40 (arquivo processo completo), tendo o relator afirmando que o PPP desobriga da apresentação de laudo técnico, fato este ora questionado pelo INSS. com base no Enunciado nº 20 do CRSS.

· Da análise do acórdão que reconheceu como especial o período de 01.09.12 a 31.0~ . 13 e da análise do Enunciado nº20 do CRSS, não verifico estar presente o requisito previsto no inciso Ili do artigo 64 da Portaria MDSA 116/2017, uma vez que como transcrito acima, o citado Enunciado versa que é necessária a apresentação de laudo. técnico em relação ao agente agres~ivo ruído, todavia, a situação tática pres~nte no texto do Enunciado nos remete à período no mínimo anterior a 01/01/2004, já que faz referência a atividades anteriores a Medida Provisória n. 0 1.523. -1 O, de 11110/96, bem como ver:sa sobre formulários SB-40 ou DSS-8030.

Digo que refere-se a período anterior a 01/01/2004, pois esta data que foi fixada pela INSS/DC 96/2003, para que a comprovação de exposição a agentes nocivos fosse feita mediante apresentação do Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP e o Enunciado em questão em mornento algu,01 refere-se ao PPP, e assim não faria, pois da emissão do PPP, presume-se que este foi preenchido com base nas informações do laudo técnico, sendo o PPP substitutivo dos formulários SB-40 e DSS-8030, bem como do laudo técnico, ante a regulamentação do artigo 58, §4° da lei 8.213/91.

Assim, no caso concreto, apresentado PPP com referência ao período de 01.09.12 a 31.08.13, possuindo o empregador responsável técnico pelas medições, presume-se que o documento foi preenchido com base em laudo técnico, sendo desnecessária a solicitação da apresentação do respectivo L TCAT, ainda mais com base no Enunciado nº20 do CRSS, o qual claramente faz referência a períodos em que vigorava a comprovação de exposição a agentes nocivos pelos formulários SB-40 e E>SS-8030.

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Conselho Pleno

Por todo exposto, Conheço da Reclamação ao Conselho Pleno e Nego-lhe Provimento por não atender ao inciso Ili do artigo 64 da Portaria MDSA 116/2017.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto no sentido de Conhecer da Reclamaç_ão ao Conselho Pleno e Negar-lhe Provimento.

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Brasília, 21 de novembro de 2017.

VICTOR MACHADO MARINI Conselheiro titular representante dos trabalhadores

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DECISÓRIO

RESOLUÇÃO Nº 23/2017

Vistos e· relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros do Conselho Pleno, por unanimidad~, no sentido de CONHECER DA RECLAMAÇÃO AO CONSELHO PLENO E NEGAR~LHE PRóVIMENTO, d~ acordo com o voto do Relator e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento os (as) Conselheiros (as): Robson Ferreira Maranhão, Vânia Pontes Santos, Paulo Sérgio de Carvalho Costa Ribeiro, Maria Madalena Silva Lima, Daniel Áureo Ramos, Maria Alves Figueiredo, Vanda Maria Lacerda, Maria Lígia Soria, Ionária da Silva Fernandes, Rodolfo Espinel Donadon, Eneida da Costa Alvim, Tarsila Otaviano da Costa e Rodrigo Hugueney do Amaral Mello.

. d Vrb1t /C-1. .4 f1A tf /vJ VICTOR MACHADO MARINl

Relator

170.206.200-4

. \

Brasília-DF~ 21 de novembro de 2017

. ~ .~~ ~CRISTINA EVA~

Presidente

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