plÁstica oclusal
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OclusãoTRANSCRIPT
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Em busca de um mtodo de reabilitao oclusal que pri-masse pelo diagnstico e pela mnima invasividade, desen-volvemos o que agora chamamos de plstica oclusal.
A proposta de reabilitar a anatomia e os contatos dent-rios usando-se apenas resina composta no nova na odon-tologia 1,2. O que apresentamos aqui o nosso mtodo, uma se-quencia de tcnicas que visam diagnosticar, planejar e exe-cutar uma reabilitao oclusal com auxilio de resinas diretas.
O processo reabilitador in-clui: o diagnstico oclusal, o projeto de reabilitao, a insta-lao da reabilitao oclusal e a avaliao dos resultados.
O diagnstico oclusal re-alizado partir da anlise dos modelos de gesso montados em um articulador com o au-xlio de um arco facial e de um registro maxilo-mandibular em relao central (RC). A diferen-a entre a posio de travamen-to condilar no aparelho (RC do registro) e a posio em que ocorre a mxima intercuspida-o e os trajetos de deslize entre os dentes podem ser facilmente visualizados caso a montagem
PLSTICA OCLUSALJoo C. Palmieri Filho e Lcia Monteiro Lima (*)
esteja satisfatria. Dentes pos-teriores com perda alveolar e/ou destruio intensa, no rara-mente, so exatamente os pri-meiros a tocarem. E pior, so capazes de guiar todos os mo-vimentos excursivos contactan-tes da mandbula e promover estragos distncia. Na regio anterior, os danos podem ser a migrao (disperso dos den-tes superiores e apinhamento dos inferiores) acompanhada de perda ssea localizada ou o desgaste e at a fratura dos dentes acompanhados de uma hipertrofia alveolar. Identifi-car os padres de toques e os motivos de sobrecargas pa-rece ser fundamental para o diagnstico oclusal. Somados aos achados do exame clnico (dores e rudos articulares, fa-digas e espasmos musculares,
hipersensibilidade dentinria, fraturas dentrias...) e do exa-me imagiolgico (perdas e con-densaes sseas, leses endo-dnticas, bolsas periodontais...) podemos estimar o papel exer-cido pelos contatos oclusais no desenvolvimento e no estadia-mento do processo patolgico 3.
O projeto de reabilitao se faz a partir dos achados no articulador. E como fosse um tipo de quebra-cabeas, preci-sa iniciar com peas chaves. A posio de eixo terminal trava-do bilateralmente no aparelho corresponde s duas primeiras peas. As prximas duas so obtidas no relacionamento dos caninos. Este polgono que in-clui ambas as articulaes e os caninos serve de ponto de partida para todo o projeto. Lembrando que so os dentes
Paciente de 37 anos exibindo desgaste acentuado devido ao bruxismo noturno
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Artigo
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caninos que devem guiar os movimentos laterais da mand-bula, tanto de uma posio cn-trica para uma excntrica como o contrrio. Estabelecer o tipo de relacionamento possvel en-tre os caninos permite a opo por diferentes formas de trata-mentos: simples reconstruo anatmica dos dentes (seja com resinas, porcelanas ou mesmo implantes), ortodontia, ortog-natia cirrgica ou ainda a com-binao teraputica. A recons-truo em cera dos caninos nos modelos em gesso, iniciando--se pelos inferiores, buscando a melhor relao possvel entre eles, o ponto de partida da reconstruo 4. Aqui, um con-ceito muito til o da propor-o dentria. O auxilio de atlas com tabelas de tamanhos e pro-pores ser sempre de gran-de valia. Aps a definio da anatomia e posio dos quatro dentes caninos, a reconstruo em cera parte para os incisivos. Novamente os incisivos infe-riores antecedem os superiores. Novamente a proporcionalida-de entre a forma e o tamanho deve ser mantida. Ao final desta etapa, toda guia anterior deve estar remodelada e per-mitindo no s a ocluso, mas principalmente a desocluso. Na sequencia, as outras peas so encaixadas aos pares: pri-meiros pr-molares inferiores e superiores, segundos pr-mo-lares e assim em diante at que
todos os dentes planejados es-tejam reconstrudos, ocluindo e desocluindo.
A execuo clnica do pro-jeto requer cuidados prvios: leses periodontais e endodn-ticas precisam estar debeladas ou controladas, cries e des-truies coronrias eliminadas e preenchidas por resinas ou cimentos e ainda, restauraes metlicas diretas como amlga-ma ou pequenas incrustaes removidas e tambm preenchi-das por resinas ou cimentos. Qualquer forma de clareamen-to dever ser feito nesta etapa prvia, assim como qualquer tipo de plstica gengival.
Estando os dentes prontos para o incio da plstica oclusal, os modelos com o enceramento oclusal so duplicados e frmas a vcuo de acetato so prensa-das para servirem de mscaras--molde da reabilitao.
No estgio atual da tcnica, duas consultas de longa dura-
o (4 horas cada) so agenda-das. Na primeira, a aplicao das resinas com auxilio da ms-cara-molde segue os passos do enceramento. Os quatro den-tes caninos so reconstrudos inicialmente. possvel ento verificar se o projeto estava cor-reto. O toque bilateral simult-neo e os deslizes para laterali-dades da mandbula podem ser testados. Aps os caninos, os incisivos inferiores so recons-trudos. Ao final desta etapa, os prximos dentes a passar pela remodelao so os primeiros molares. Novamente, a recons-truo dos molares inferiores antecede a dos superiores. In-cluindo intervalos para des-canso tanto do paciente como da equipe de profissionais, o prazo de 4 horas para primeira consulta deve ser o suficiente para o cumprimento deste pri-meiro estgio. Na prxima con-sulta, agendada para no m-ximo, nas prximas 48 horas, a reconstruo dos incisivos
Modelos em RC no articulador mostrando o toque posterior e mordida aberta anterior
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BIBLIOgRAfIA
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4 - Alonso, A.A.; Vernazza, g. Seqncia de enceramento anatmico, diagnstico e teraputico. Curso de Especializa-o em Reabilitao Oral da Clnica DATO, Buenos Aires, 2008.
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Projeto de reabilitao oclusal em cera
superiores dever ser feita. Iniciando-se pelos in-cisivos centrais, normalmente mais elaborados, e finalizando com os laterais. Caso ainda haja tem-po disponvel, pode-se proceder reconstruo dos pr-molares. Para completar a reconstruo, consultas de menor durao so indicadas.
Uma vez completada a reabilitao, novos modelos de gesso so obtidos e nova montagem em articulador feita. Os ajustes necessrios so feitos simultaneamente nos modelos e na prpria boca do paciente. Ao final, uma placa oclusal mista de acetato e resina confeccionada e insta-lada. O paciente agendado para as consultas de acompanhamento.
Os primeiros casos encontram-se atualmente no terceiro ano de acompanhamento. Uma se-quencia de fotos de um caso que julgamos bem sucedido ser apresentado. O mtodo de reabili-tao oclusal plstica parece ser um caminho sem volta. A sua divulgao cumpre o papel de esti-mular os colegas a procurarem solues menos invasivas para males que costumam afligir nos-sos pacientes por toda a vida.
Teste das mscaras-moldes
Final da reabilitao com resina composta fotopolimerizvel
Reviso de 1 ano de tratamento. Tanto a placa oclusal e como as resinas s demandaram novo polimento
(*) Joo Christovo Palmieri Filho mestre em Cincias da Sade, Especialista em Implantodontia pela ABO-DF, em Diagnstico e Reabilitao Oclusal pela Clnica DATO de Buenos Aires. Dra. Lcia Monteiro Lima ps-graduada em Odontologia Esttica pela Integrato e mestre em Prtese Dentria pela SLMandic.
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