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PANORAMA DA ÁREA DE GEOGRAFIA Dra. Sueli Angelo Furlan "Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende". (Leonardo da Vinci) Todos os anos desenvolvem-se novas reflexões sobre os projetos construídos por milhares de professores que, por acreditarem em suas práticas educativas, desejam ser avaliados e analisados pelo comitê do Prêmio Educador Nota 10. Nós, do lado de cá, refletimos sobre a grande diversidade de experiências realizadas e, baseados em análises anteriores, na vivência pessoal e também nas trocas de ideias que ocorrem durante o processo do prêmio, construímos novas interpretações sobre o caminhar de uma legião de professores entusiasmados com seus alunos. Professores que acreditam que é possível obter resultados de excelência nessa profissão. A cada ano que passa, sentimos um progresso em todas as dimensões do prêmio. Desde o cuidado com as orientações divulgadas ao público pela revista, passando pela preparação técnica do prêmio, pelos diálogos sobre as experiências durante a leitura e pela seleção dos

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PANORAMA DA ÁREA DE GEOGRAFIA

Dra. Sueli Angelo Furlan

"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem

medo e nunca se arrepende".

(Leonardo da Vinci)

Todos os anos desenvolvem-se novas reflexões sobre os projetos

construídos por milhares de professores que, por acreditarem em suas

práticas educativas, desejam ser avaliados e analisados pelo comitê do

Prêmio Educador Nota 10. Nós, do lado de cá, refletimos sobre a grande

diversidade de experiências realizadas e, baseados em análises anteriores,

na vivência pessoal e também nas trocas de ideias que ocorrem durante o

processo do prêmio, construímos novas interpretações sobre o caminhar de

uma legião de professores entusiasmados com seus alunos. Professores que

acreditam que é possível obter resultados de excelência nessa profissão.

A cada ano que passa, sentimos um progresso em todas as

dimensões do prêmio. Desde o cuidado com as orientações divulgadas ao

público pela revista, passando pela preparação técnica do prêmio, pelos

diálogos sobre as experiências durante a leitura e pela seleção dos

trabalhos, pelas releituras cruzadas dos selecionadores e também pelas

reuniões de equipe com a apresentação de cada área de conhecimento

durante o seminário de indicação dos trabalhos premiados.

Portanto, este panorama é uma forma de apresentar aos

participantes, aos leitores da revista e do site uma visão analítica do

“bastidor” do prêmio. Seu objetivo é descrever nossas impressões sobre

cada área, mas também contribuir para que os professores conheçam os

critérios e também saibam com modestas sugestões em que podemos todos

avançar.

Por meio deste panorama, socializamos com os professores e

gestores, os principais aspectos observados durante a leitura dos projetos,

entrevistas telefônicas e também os diálogos da equipe - alimento

intelectual que aprimora todo o processo.Conforme orientação que recebemos da equipe da Fundação Victor

Civita, este relatório buscará oferecer uma devolutiva geral da área de

Geografia aos participantes do prêmio e outros interessados.

Este Panorama da área de Geografia pretende apontar avanços

identificados nos projetos e também analisar problemas. Adotou-se como

forma de sistematização as sugestões organizadas pela equipe de

Coordenação do Prêmio. Portanto, o relatório está organizado da seguinte

forma:

1. Eixo Quantitativo

1.1. Análise do perfil dos professores

1.2. Descrição das características dos projetos

2. Eixo Qualitativo

2.1. Apresentação inicial da área de Geografia e dos

segmentos de ensino.

2.2. Comentários sobre o processo seletivo no segundo

momento destacando avanços e críticas que

demonstram o caminho a ser percorrido

2.3. Descrição sintética dos Projetos Indicados

1. Eixo Quantitativo

1.1. Análise do perfil dos professores

Neste item, comentaremos os dados quantitativos em relação ao

perfil geral do grupo de professores que se inscreveram em Geografia

quanto à faixa etária; à formação acadêmica; ao segmento em que atuam,

ao estado de origem, ao IDEB, aos alunos que participaram do projeto, ao

sexo e aos principais conteúdos abordados.Recebemos este ano um número menor de projetos. Foram

analisados 123 relatos de professores, representando quase metade do

total de 2009 (219 projetos). Uma interpretação para essa redução pode ter

sido o fato de termos no primeiro semestre o evento Copa do Mundo.

Apesar disso, não recebemos número significativo de projetos sobre o

evento Copa do Mundo, o que seria de se esperar. É comum os professores

aproveitarem esse campeonato para abordar conteúdos de Geografia

Regional, particularmente neste ano esperávamos que os projetos

tematizassem mais sobre a África. Mas isso não ocorreu. Recebemos poucos

projetos tematizando o certame.

Foram desclassificados apenas seis projetos, sendo um por que

excedeu em muito o número de páginas permitido pelo regulamento; dois

projetos não concluídos e três do Ensino Médio.

Ø Faixa etária

Participaram do prêmio em 2010, 78 professoras e 45 professores. A

maioria dos professores de Geografia inscritos no prêmio são docentes

experientes, sendo que nesta edição houve uma mudança nas classes de

idade. A maior representação foi de docentes na faixa de 31- 40 anos e não

na faixa de idade entre 41 a 50 anos, como em 2009. Somando as duas

classes dos professores mais jovens temos a maioria dos inscritos: 72

professores (58,5%) (figura 01).

Tabela 01 – Distribuição dos inscritos por faixa de idade

Classes de Idades No.de participantes

20-30 anos 27

31-40 anos 45

41- 50 anos 40

51 – 60 anos 8

Mais de 60 anos (63 anos) 1

Não revelaram idade 2

TOTAL 123Ø Formação acadêmica

Percebe-se uma grande maioria de professores com pós-graduação

ou algum curso de especialização. Alguns professores são formados em

Estudos Sociais e têm especialização em algum outro campo. Temos

também professores formados em áreas técnicas com especialização em

Geografia. Interessante que temos a impressão que os professores se

preocuparam mais em relatar a sua formação pessoal declarando se seu

projeto tem vinculação ou não com programas de formação ou projetos

institucionais do seu estado. Esse dado, no entanto, não foi quantificado,

dada a variação de situações.

Ø Segmento em que atuam

O segmento mais representado em 2010 foi o Fundamental II (6º ao

9º ano), particularmente 8º e 9º anos ou 7ª e 8ª séries. Foram 37 projetos

destes anos. Em seguida, 1º ao 3º ano com 22 projetos (figura 02).

Por outro lado, surpreendeu o número de projetos com um texto mais

elaborado, uma estrutura mais organizada em suas partes internas com

destaque para a descrição da metodologia. Foi muito pequeno o número de

projetos evasivos ou que prometiam inúmeros objetivos com profunda

inconsistência no desenvolvimento didático. Projetos com objetivos bem

delineados conforme os conteúdos de Geografia representaram uma parcela

relativamente maior que em anos anteriores. Classificamos em primeiraleitura um número maior de projetos do que em 2009. Considerou-se esse

aspecto um bom reflexo. Diante disto, foram reformulados alguns critérios

de seleção (chaves de leitura no eixo qualitativo).

Percebemos que o conhecimento da estrutura de projeto (formato

para apresentação da proposta) é mais conhecido dos professores do 6º. ao

9º. ano. Mas, no geral, os projetos foram mais bem elaborados quanto a

esse aspecto também nas séries iniciais. Foram poucos projetos cuja

estrutura não permitia compreender o que os alunos aprenderam, apesar

dos problemas de seleção de conteúdos identificados. Os relatos de 1º. a

5º. ano foram apresentados predominantemente como sequências

didáticas.

Ø Falando de conteúdos de Geografia

Aqui, considera-se oportuno uma pausa na análise quantitativa para

um pequeno adendo sobre a questão do conteúdo comentada acima. O

estudo da paisagem local segue como o conteúdo mais consolidado nas

séries iniciais, assim como o estudo do meio é a modalidade organizativa

que tem se estabelecido nas metodologias de projeto. Mas apesar disso os

trabalhos de campo ainda são realizados de forma espontaneísta, não há

uma questão a ser respondida na interação com o real, quase sempre

tratado apenas como mais uma forma de se obter informação. Claro que o

trabalho de campo nos permite obter informação, mas a falta de um

método e mesmo de uma seleção de conteúdos apropriados não

potencializa os recursos dessa modalidade organizativa que em Geografia

tem sido fundamental para colocar os alunos diante do mundo real. Quase

não se comenta a forma como se organizam os registros de campo

(caderno de campo), como se organizou o repertório documental ou quais

perguntas e hipóteses os alunos tinham sobre os estudos que realizam

imersos na realidade.

Como no ano passado alguns projetos também acompanham o rol de

temas de livros didáticos em quase todas as séries, reafirmando que esse

portador de texto é a principal referência de informação e conteúdos para

muitos professores. Encontrou-se neste ano referência a matérias da revista

Nova Escola, tais como estudos sobre cartografia e particularmente sobre

regionalização do espaço mundial. Ainda não aparece nos relatos quaisforam as fontes textuais selecionadas para os alunos. O que leram? Como

buscaram informações? Como analisaram os dados obtidos no estudo? O

que produziram com o estudo por projeto? Qual o repertório necessário ao

professor para os aprofundamentos necessários ao tema dos estudos?

Tabela 02 – Distribuição dos inscritos em Geografia por segmento

Segmento No. de

projetos

(%)

1º ao 3º ano (1ª e 2ª série) 22 18

4º. e 5º. ano (3ª. e 4ª. série) 13 11

6º. e 7º. ano (5ª. e 6ª. série) 11 9

8º. e 9º ano (7ª. e 8ª. série) 37 30

8º. e 9º. ano 4 3

4ª. a 8ª. série 5 4

6º ao 9º ano (5ª a 8ª série) 12 10

EJA 5 4

Outros arranjos 14 11

TOTAL 123 100

Ø Estado de origem

Foi possível analisar projetos oriundos da maioria dos estados

brasileiros. Foram 27 estados representados e o Distrito Federal

abrangendo 96 cidades. São Paulo foi o estado mais representado com 36

projetos, seguido do Paraná. Pela primeira vez, o Amapá participa com um

projeto. Houve uma redução proporcional em todos os estados. Apenas SãoPaulo manteve uma participação maior do que a de 2009 (32 projetos) e

2010 (36 projetos). Veja o gráfico por estado:

Tabela 03 – Distribuição dos inscritos por Estado e cidades

Estado/DF No. cidades No. projetos

Acre 1 1

Amazonas 1 1

Amapá 1 1

Bahia 7 7

Ceará 5 6

Distrito Federal 1 4

Espírito Santo 1 1

Goiás 6 6

Maranhão 3 3

Minas Gerais 5 5

Mato Grosso do Sul 3 3

Mato Grosso 3 3

Pará 2 2

Paraíba 2 2

Pernambuco 3 6

Piauí 1 1

Paraná 7 8

Rio de Janeiro 5 6

Rio Grande do Sul 5 5

Rio Grande do Norte 2 2

Rondônia 3 3

Roraima 1 1

Santa Catarina 6 6

Sergipe 2 2

São Paulo 27 36

Tocantis 1 1Ø IDEB dos municípios

Esse dado foi o mais inconsistente, pois muitos professores

informaram dados diferentes para a mesma cidade. Por outro lado, cerca

de 37 cidades não declararam o IDEB. Consideramos apenas o maior valor

declarado. O maior IDEB é o do município de Duartina (SP) com 5,9 e o

menor é do município de Barra do Choça 2,1 (BA). A maior parte dos

municípios participantes tem IDEB entre 4,1 e 5,0 com 28 cidades. Veja os

gráficos a seguir:Ø Alunos participantes e duração do projeto

Participaram do Prêmio Educador Nota 10 em Geografia 18.094

alunos. O projeto com maior número de alunos envolveu 5.000 estudantes,

o de mais curta duração levou 45 minutos para ser concluído enquanto que

o mais longo durou dois anos. Estranhamos três projetos com menos de

dez alunos e um com três alunos!

Mas afinal porque essas variáveis são importantes em nossa análise?

O que caracteriza o número de alunos, sua faixa etária e a duração num

projeto?

Na verdade, um bom projeto não se mede por sua duração. Os

projetos não precisam ser longos para que concretizem aprendizagens

importantes para os alunos, mas convenhamos que 45 minutos não sejam

um projeto e, sim, um plano de aula. Foi o que constatamos. Ainda há

projetos que se caracterizam por planos de aulas. O que os professores

consideram ser um projeto quando essas variáveis extremas surgem?

Neste sentido, partilhamos com os professores algumas

características que envolvem os projetos didáticos. Veja uma pequena

síntese no quadro a seguir:Envolver um grande número de alunos nos coloca a questão: como é

feito o acompanhamento do desenvolvimento das capacidades esperadas?

Será que essa preocupação não deveria ser considerada para dimensionar

um projeto? Essa questão envolve a própria concepção de projeto que

circula no ambiente escolar. Ainda se vê o projeto como uma atividade

paralela para resolver uma grande quantidade de questões que vão da

disciplina às situações de aprendizagem que, quando planejadas pelo

professor, permitem atingir as aprendizagens projetadas. Mas quais seriam

as necessidades dos alunos em jogo nesta organização do tempo e da

turma?

De modo resumido, o professor:

Coordena o processo, sem impor uma única lógica: a sua própria.

Deixa de planejar com tempos recortados, fragmentados,

organizando seu tempo de forma global.

Cria um espaço coletivo de investigação, de estudo, de convivência

(formula perguntas para os alunos questionarem suas próprias

hipóteses, traz informações, etc.)Quanto aos alunos:

Colocam suas experiências pessoais em jogo, sua bagagem cultural a

serviço do projeto;

Dão sua opinião, lidam com vários pontos de vista;

Dialogam com os colegas, com professores, com seus familiares, com

interlocutores locais;

Argumentam e fazem pesquisa;

Aprendem a buscar informações em diferentes fontes;

Entrevistam especialistas no assunto;

Propõem encaminhamentos;

Aprendem não só a lidar com a informação, mas aprendem a

conviver em grupo, a trabalhar a informação e a gerar novas

informações mais complexas;

Participam do processo de tomada de decisões etc.;

Registram seu trabalho;

Avaliam seu processo;

Vão tornando-se mais autônomos e responsáveis pelo seu próprio

processo de construção de conhecimentos.

Sobre essas questões temos a impressão que os projetos abarcam

parte dessas preocupações. A primeira é que o conceito de atividade e seu

desenvolvimento parece ser uma questão intuitiva para a maior parte dos

professores de Geografia.

A segunda impressão é que os projetos muito longos são aqueles que

envolvem a escola numa agenda de longa construção. Nesse caso, fica a

dúvida: como manter o interesse dos alunos por tanto tempo? Essas

questões devem ser trabalhadas nas premissas de um projeto.

Sobre os conteúdos de Geografia temos uma grande fragilidade.

Neste ano, apesar de uma ampliação de repertório temático, os conteúdos

aparecem ainda selecionados sem muita vinculação com os objetivos

propostos. Nesse sentido, é interessante enfatizar que os conteúdos são os

próprios objetos de conhecimento em sentido amplo. Assim:São instrumentos culturais importantes para a compreensão e

intervenção da realidade;

Precisam ser trabalhados de forma contextualizada, com sentido e

significado na aprendizagem dos alunos;

Devem ter sua função social e importância melhor percebidas pelos

alunos;

Os conteúdos aprendidos devem ser determinados pela necessidade e

não por critérios artificiais;

Alguns conteúdos podem ser trabalhados de forma sistemática e

aprofundada. Outros são trabalhados no nível de um contato mais

superficial;

Os conteúdos nem “acabam” nem se desvalorizam nos projetos.

Adquirem, sim, um novo significado.

Portanto, ainda há muito que estudar sobre esta modalidade que traz

tantos resultados que animam o professor, os alunos e a escola.

A maior parte dos projetos foi desenvolvida com turmas de uma sala

de aula ou duas e a grande maioria se desenvolveu em um bimestre ou

dois. Vejam os dados de Geografia sobre estes itens (figura 04 e 05).

Tabela 04 – Número de alunos envolvidos no projeto

Alunos Número de projetos

Abaixo de 10 3

10 a 40 49

41-100 37

100-500 31

500 a 1000 1

Acima de 1000 alunos 2

TOTAL DE PROJETOS 123Tabela 05 – Duração do projeto

Duração Número de projetos

Menos de 1 semana 8

Menos de 1 mês 9

1 mês 13

1 bimestre 21

2 bimestres 25

3 bimestres 21

4 bimestres ou 1 ano 24

Mais de 1 ano 2

TOTAL 123Ø Principais conteúdos abordados

Este ano não foi identificado número significativo de projetos

evasivos que não trataram de conteúdos e temas da Geografia. Apesar

desse contraste importante, foram encaminhados projetos relativos a

comemorações e datas simbólicas de uma cidade, do calendário oficial, uma

festa local, etc. Mas a maioria dos projetos tratou de temas e conteúdos

curriculares de Geografia. Geralmente, temas em que a importância social é

percebida e o projeto é feito como solução para o problema, como por

exemplo: o consumo, o lixo, a água.

Para que os leitores tenham uma ideia das temáticas desenvolvidas

em 2010, apresenta-se o quadro a seguir:

Quadro dos temas de projetos 2010

Divisor de Águas

Caça ao Tesouro

A problemática ambiental do Riacho Belém em Guanambi: uma

proposta de Educação Ambiental

Poesia Haicai - A Natureza próxima dos alunos.

Projeto: Gota d’água

Porto Seguro, BA: Educação Ambiental – Uso e ocupação do solo

urbano em seu espaço geográfico

A questão indígena no MS - Uma integração cultural, social e

educacional na EJA

Conhecendo a nossa comunidade

HAITI – e eu com isso?

Análise da qualidade de vida dos bairros novo cohatrac e tridela em São

José do Ribamar

Professor hi tech

As 5 regiões do Brasil

Recursos Tecnológicos e Arteterapia como instrumentos de intervenção

pedagógicaIgarapé Mirandinha: Seus Últimos Vestígios

Geografia do Brasil

Uma nova leitura de mundo

A importância da comunidade tradicional indígena Tembé, da aldeia

Acará Mirim, para Tomé-Açu.

Mural de mapas para a leitura e interpretação de mapas.

Transporte Coletivo em Campinas - um olhar geográfico.

Visita às famílias - buscando uma parceria entre a escola e a

comunidade

EJA - Produzindo Qualidade de Vida

Internet, autonomia e valores

A dinâmica da litosfera e sua influência na humanidade

Comunicação, Cultura de Paz e Espiritualidade na Escola

Reflita, faça sua parte e preserve a natureza

Aluno Guia Turístico de Itanhaém

Amo a vida, amo o ambiente

Água e vida: postando percepçoes e apostando em transformações

Curta um Curta - Um jeito para o aluno sujeito

Transformações nas paisagens – deslizamento na estrada velha de

Cotia (SP)

Conhecendo o Brasil

Organização das Nações Unidas-As Duas Faces da Vida

A trajetória das comunidades da EBM Alípio José da Rosa

As migrações no território brasileiro

A Biodiversidade do Brasil

Setores de Atividades Econômicas

Meu 1º Empreendimento

Agua é VidaNas Trilhas de uma Maquete Ambiental

Projeto Localizando

Os nossos vizinhos (América do Sul)

A importância do aluno para a sociedade aprendendo com a música.

Identidade

Aplausos para o Centenário da Escola

Projeto Educação para o Trânsito-Brincando, Aprendendo e Ensinando

Conhecendo o mundo pela leitura

Alfabetização Ecológica

Minha cidade na mídia

Minha Escola, meu bairro, meu vizinho, minha vida

Jovens.com

Agente de viagem

Viagem geográfica: Uma viagem virtual pela Europa Ocidental

Projeto Piloto Phenix de Recuperação da Flora de Mananciais

Eu e o Mundo Onde Vivo

Leitores do Mundo

Meu espaço representado

A construção cartográfica a partir do cinema na disciplina de Geografia

Construindo o sonho coletivo

Projeto para Preservação Ambiental – pense verde

Brasil para brasileiros

Projeto Biogeografando na Mata Atlântica

Projeto cidadão ambiental na escola – PCAE

Paranoá - Muitas histórias... Uma cidade.

Copa do Mundo da Fundação

Brincar e reciclar, uma diversão a parteProjeto Meio Ambiente – 2010

Estudo Sistemático das Orquídeas Relação Homem/natureza

Metamorfose da Aula

Cozinhando a Geografia

Mobilização Pelas Águas - Planeta Homem/Planeta Água

Poemas sobre Fenômenos Naturais

Repensando o Nordeste

O Lixo, a Reciclagem e a Reutilização na produção do material didático

pra o ensino da Geografia.

Minuto da Geografia

Eu no Planeta Terra: Proposta interdisciplinar,um desafio constante na

construção do conhecimento

Meteorologia no ensino fundamental - ciclo II

As mudanças próximas de nós

Eu e o mundo

Copa do Mundo na Escola

Ação local melhoria global

Plantando uma semente

Geografia - um novo olhar ao vivo e a cores

Aprendendo Geografia com outro olhar

Sala ambiente de Geografia e atualidades

Horta orgânica e compostagem

Os Grandes Répteis

I Festival de HIP HOP da Escola Frei Albino - “Contra violência e pela

paz”

Meu espaço, minha vida

Praticando a Cidadania – A introdução do ensino da Constituição

Federal para alunos do EF

Educação Ambiental: exercendo a cidadaniaA ocupação do espaço, suas implicações e o olhar da comunidade.

O uso da internet para o aprendizado e socialização das características

e conceitos da globalização

Reflorestamento da Mata Ciliar do Corrego da Cumprida

Feira Cultural 2010

O Uso Sustentável da Castanha - do - Brasil

Sim City: Planejamento e inclusão no ensino de Geografia

Produção do Mini-Mercado

Parodiando a Geografia

Onde estão as orquídeas

Geografia em Quadrinhos

Registros e lembranças: Dossiê Pedro II

Guardiões da Natureza – Meio Ambiente – Conservar para sempre ter

Construindo uma Pirâmide Etária

Onde estamos

Nazifascismo– formando lugares incomuns

Origem e Evolução do Homem

Boa Viagem! Conheça o mundo através de viagens virtuais

Ndebeles – conhecer para respeitar

Gerencia de Educação Ambiental

Projeto: A TIC Contribuindo com a Preservação da Biodiversidade no

semi-árido.

Projeto "Glossário ilustrativo de Geografia"

Comunicação, Cultura de Paz e Espiritualidade na Escola

Meio Ambiente

O Sanitário

Projetos de Aprendizagem: Uma Nova Visão para a Educação

As crianças no meio ambienteEscola Sustentável: É disso que precisamos.

Todos contra a dengue

A mulher negra da EJA e o mercado de trabalho no ensino de geografia.

Trabalho Infantil e os Direitos Humanos

Conhecendo os rios da nossa Aldeia

Analisando os projetos e esse quadro, temos como assuntos mais

frequentes da Geografia:

Bacias Hidrográficas, poluição dos rios e consumo de água.

Educação ambiental em geral, recuperação de áreas degradadas,

ações afirmativas em relação ao meio ambiente.

Questão agrária, indígena e agricultura.

Paisagem local e espaço vivido.

Regionalização do Espaço Brasileiro, regiões naturais.

Tecnologias da informação aplicadas a cartografia.

Alfabetização cartográfica e cartografia temática.

Geografia dos transportes.

Geografia física (relevo, solos, clima).

Geografia do turismo.

Geopolítica, ONU, Organizações internacionais.

Migrações, população.

Biogeografia, Biodiversidade, Sustentabilidade.

Geografia Econômica.

É importante assinalar que as questões metodológicas centrais do

projeto são que refletem claramente os aspectos centrais da didática da

área. Apesar de não termos quantificado precisamente, temos um avanço

nas temáticas, uma forte fragilidade na relação entre objetivos de

aprendizagem declarados e os conteúdos e estratégias selecionados para o

desenvolvimento das atividades. As questões consideradas mais

problemáticas foram assim agrupadas:- Projetos considerados totalmente inconsistentes, seja porque o

professor não explicita suas intenções ou porque sua metodologia não se

relaciona aos objetivos propostos, ou porque a redação apresenta-se

fragmentada. Ou seja, há uma grande dificuldade em transpor para o papel

a experiência desenvolvida com os alunos – sete projetos.

- Projetos com objetivos muito abrangentes nos quais o professor

propõe uma ação geral, ou com grande número de objetivos que não se

relacionam aos conteúdos selecionados, ou ainda objetivos inatingíveis

como alguns que se relacionam ao desenvolvimento da consciência

ambiental – seis projetos.

- Projetos em que não foi possível saber o que foi feito. O relato é

vago e truncado – três projetos.

- Projetos cujo tema não se relaciona à Geografia, mas parecem ser

uma ação necessária, do ponto de vista do professor que percebe uma

necessidade afetiva, social ou cultural de sua turma ou da comunidade do

entorno da escola - quatro projetos.

- Projetos que o professor não tem domínio de sequência didática.

Faz um grande número de atividades que não se inter-relacionam, são

incongruentes. Não permite saber o que efetivamente foi feito: sete

projetos.

- Projetos usuais com metodologias corretas, e bem conhecidas de

muitos professores: 20 projetos.

- Projetos nos quais o professor é bem intencionado, a metodologia e

a sequência didática são coerentes com os objetivos, mas há problemas na

seleção de conteúdos e equívocos no uso de estratégias metodológicas: 14

projetos.

- Projetos com estratégias interessantes que valorizam a informação

conceitual, mas não explicita os conteúdos trabalhados. Apresentam

também muitos objetivos não alcançados. Não seria uma referência

abrangente para outros professores: 12 projetos.

- Projetos classificados em primeira leitura que apresentam objetivos

claros e adequados à faixa etária. Conteúdos pertinentes ao assunto que

abordam temas da Geografia. A metodologia descreve os passos e os

objetivos são a base para bons encaminhamentos de trabalho. É possível

deduzir o que o professor quis trabalhar: 49 projetos.- Projetos para os quais o professor utiliza estratégias interessantes

que valorizam a informação conceitual. Os objetivos são alcançados. Seriam

referências abrangentes para outros professores: 12 projetos.

- Outras combinações: 14 projetos.

Essas características podem aparecer combinadas num mesmo

projeto. Por isso, foram apenas indicadas em valores totais e não em

porcentagem.

Sempre há um grupo de professores que participa todos os anos,

principalmente aqueles que ficaram no grupo dos 50 projetos indicados do

ano anterior. Esse é um aspecto muito positivo, pois percebemos melhoras

significativas dos professores de Geografia, principalmente aqueles que

foram entrevistados, que enviaram material, que receberam devolutivas

individuais.

Vários projetos se caracterizaram pelo trabalho em equipe, mas que

surgem como iniciativa do professor de Geografia.

Ø Características das instituições participantes

Predominaram as escolas públicas (92), seguidas pelas privadas (19)

e privadas filantrópicas (12). Em relação à localização: 106 escolas urbanas

e apenas 17 rurais. Veja os gráficos:2. Eixo Qualitativo

2.1. Apresentação inicial da área de Geografia e dos segmentos

de ensino

Em Geografia, trabalhar com didática de projetos tem sido uma forma

de flexibilizar e articular uma grande quantidade e complexidade de

conteúdos que compõem os currículos escolares. Os projetos permitem

também trabalhar diferentes recursos e envolver a comunidade do entornoda escola. Tem sido um foco muito presente nos projetos a aprendizagem

social. Os alunos fazem uma série de atividades que lhes permitem

desenvolver ações na escola e na sociedade.

O primeiro procedimento adotado neste ano para a leitura dos

projetos foi separar os momentos de leitura em Fundamental I e

Fundamental II. Isso foi feito dada algumas especificidades encontradas e

que fazem toda a diferença, tais como:

ü Faixa etária dos alunos;

ü A organização do tempo didático do professor;

ü A formação do professor;

ü Organização do currículo.

Essa separação em dois conjuntos permitiu identificar um rol de

critérios adequados e também focar mais nas questões didáticas: objetivos

intencionados pelo professor + seleção de conteúdos + sequência didática

organizada pelo professor e sua interação com os alunos no

desenvolvimento das atividades propostas e avaliação.

Foram criados novos critérios para leitura, uma vez que o professor

deve considerar no desenvolvimento das atividades questões tais como: as

formas de registro (escrita, tabelas, gráficos, desenhos); a autonomia dos

alunos que ainda são pequenos e em processo de alfabetização, a

ludicidade, entre outros. Além disto, no Fundamental I, os alunos estão

tomando contado inicial com a Geografia.

Procurou-se focar algumas peculiaridades do segmento, o que foi

possível em função do número de projetos e o tempo que nos foi oferecido

pela coordenação do prêmio.

A análise dos projetos de 1º ao 5º ano foi pautada por 10 critérios

que identificassem a natureza da opção didática do professor considerando

diretamente:

O que os alunos aprenderam com a experiência?

Como o professor planejou suas intervenções e como

estabeleceu a sequência adequada de conteúdos para a faixa

etária?Como avaliou a aprendizagem dos alunos?

Essas três perguntas foram, então, desdobradas em outras cujo rol

atualiza aquelas consideradas no ano anterior. Dos 123 projetos de

Geografia 35 foram desenvolvidos com alunos do 1º ao 5º ano.

CHAVE DE CRITÉRIOS PARA PRIMEIRA LEITURA DO SEGMENTO 1º. A 5º.

ANO (FUNDAMENTAL 1)

CRITÉRIOS GERAIS PARA NÃO

CLASSIFICAÇÃO EM PRIMEIRA LEITURA

CRITÉRIOS DE GEOGRAFIA

PARA NÃO CLASSIFICAÇÃO EM

PRIMEIRA LEITURA

O texto é inconsistente, desconexo e

não esclarece a metodologia e as

aprendizagens alcançadas.

Apreciação do material não

demonstra o que os alunos aprenderam.

Projeto desenvolvido de forma

intuitiva e pouco consistente, apenas para

manter os alunos entretidos e

entusiasmados.

Conteúdos não articulados aos

objetivos e sequência de atividades

propostas.

Erros conceituais graves.

Metodologia não esclarece o

desenvolvimento das atividades.

Encaminhamentos inadequados à

faixa etária.

Não relaciona estratégias escolhidas

aos objetivos de aprendizagem.

Objetivos amplos e inatingíveis no

tempo didático em que o projeto se

desenvolveu.

A avaliação não apresenta elementos

para conhecer o que os alunos

aprenderam.

Conteúdos de Geografia

apresentados apenas como

conceitos a serem conhecidos pelos

alunos.

Concepção redutora de

procedimentos didáticos e/ou

metodológicos do ensino de

Geografia.

Conteúdos de Geografia

apresentados de forma genérica, ou

transcrita de livros didáticos.

Não esclarece o

desenvolvimento das atividades em

Geografia.

Objetivos não se relacionam

com os conteúdos selecionados.

Projeto em que há excessiva

valorização dos aspectos lúdicos.

Professor não demonstra o

que os alunos leram para ampliar

os seus conhecimentos sobre o

assunto estudado.

Visão simplificadora dos

conteúdos geográficos.

Tema inadequado à faixa

etária.

Valorização apenas da

sensibilidade do aluno.

Com base na seleção feita em primeira leitura, foi aplicada uma

segunda chave de conteúdos para hierarquizar os projetos. O segundo rol

de critérios se soma ao primeiro e permite avaliar questões de natureza

didática da área de Geografia. Esse segundo rol de critérios auxiliou aidentificar as propostas que avançaram no sentido de gerar no aluno uma

atitude de procurar respostas para as perguntas apresentadas pelo projeto.

Avaliar também quais recursos foram utilizados para analisar situações do

cotidiano, ou da aproximação intelectual com diferentes lugares. Foram

criados também critérios para apontar os projetos que trabalharam com

base na problematização do mundo, na noção de diferentes espacialidades

e nas temporalidades dos fatos e que desenvolveram os primeiros passos

da cartografia.

Nesse sentido, os projetos selecionados em primeira leitura foram

aqueles que criaram situações que estimularam o aluno a pensar por

hipóteses, questionando o mundo vivido. Nesse conjunto de projetos

também se identificou professores que assumiram junto com seus alunos

uma postura crítica frente aos problemas expostos. Esses aspectos foram

mais bem percebidos nos projetos a partir do 6º. ano ou 5º. série. E serão

apresentados adiante.

No segmento de 6º ao 9º ano e EJA, foram considerados do mesmo

modo as três perguntas centrais apresentadas anteriormente.

Nesse segmento os professores são especialistas na área e trabalham

com um denso currículo centrado em conteúdos conceituais que usualmente

focam a Geografia Regional, Ambiental, Econômica e Política. Há uma

grande diversificação temática, mas tem sido usual o foco na urbanização e

agricultura brasileiras centradas nas propostas dos livros didáticos que

nesse segmento aparece lastreando o trabalho do professor.

Questões ambientais são um dos focos no estudo da Geografia da

Natureza, tratada com um enfoque socioambiental. É nesse segmento em

que aparecem o maior número de projetos cujos temas são associados a

Meio Ambiente. A grande maioria dos projetos envolve trabalhos de campo,

executados em diferentes formatos (excursão, visita técnica, estudo do

meio, palestras ao ar livre e experimentação empírica, entre outros). Dos

123 proejtos lidos, 87 eram desse segmento. Vejamos a chave de critérios

de leitura utilizada:

CHAVE DE CRITÉRIOS PARA PRIMEIRA LEITURA DO SEGMENTO 6º ao 9º

ANO (FUNDAMENTAL 2)

CRITÉRIOS GERAIS PARA NÃO CRITÉRIOS DE GEOGRAFIA PARACLASSIFICAÇÃO EM PRIMEIRA

LEITURA

NÃO CLASSIFICAÇÃO EM PRIMEIRA

LEITURA

O relato é pouco coerente e

não desenvolve os objetivos

propostos nem descreve as

situações de aprendizagem.

Apreciação do material não

demonstra o que os alunos

aprenderam.

Erros conceituais graves.

Projeto desenvolvido de forma

intuitiva e pouco consistente,

apenas para manter os alunos

entretidos e entusiasmados.

Fundamentação teórica não

compatível com os objetivos e

metodologia proposta.

Metodologia não dialoga com

objetivos propostos e não

esclarece como o professor

desenvolveu as atividades.

Não relaciona estratégias

escolhidas aos objetivos de

aprendizagem.

As atividades se desenvolvem

como uma lista de ações

desarticuladas.

Objetivos amplos e

desconexos.

Não é um projeto didático,

trata-se de gincanas, festas,

festivais, concursos, entre

outros.

Concepção redutora de

procedimentos didáticos e/ou

metodológicos do ensino de

Geografia.

A descrição não permite análise

dos conteúdos de Geografia.

Conteúdos de Geografia

apresentados de forma genérica,

ou transcritos mecanicamente de

livros didáticos.

Conteúdos apenas na dimensão

do saber. Não selecionados com

base nos objetivos propostos.

Projeto centrado no discurso

teórico do professor.

Transposição deformante de

métodos de outras áreas.

Não descreve as etapas do ponto

de vista das situações de

aprendizagem.

Não avalia as capacidades

adquiridas pelos alunos no projeto

Não descreve como utilizou os

recursos, tais como vídeos,

máquina fotográfica, internet,

entre outros.

Cita uma bibliografia do aluno,

mas não relata como utilizou.

Como no ano anterior, para distinguir as propostas que avançaram no

sentido de gerar no aluno uma atitude de procurar respostas para as

perguntas apresentadas pelo projeto baseadas em situações do cotidiano,

ou da aproximação intelectual com diferentes lugares, criamos também

critérios para apontar os projetos que trabalharam com base na

problematização do mundo, na noção de diferentes espacialidades e nas

temporalidades dos fatos. Projetos que articularam os conteúdos da

dimensão do saber aos procedimentos, fatos e atitudes. Nesse sentido, os

projetos selecionados em primeira leitura foram aqueles que criaram

situações que estimularam o aluno a pensar por hipóteses e desenvolverrespostas mais complexas. Projetos em que o aluno utilizou recursos, leu

textos de aprofundamento, pesquisou, expôs seus resultados, participou de

debates, construiu produtos do projeto e uma visão mais complexa do

objeto estudado.

Nesse conjunto de projetos, também se identificou um grande

número de professores que assumiram junto com seus alunos uma postura

crítica frente ao problema exposto. Esses aspectos foram mais bem

percebidos nos projetos a partir do 6º. ano ou 5a. série, mas também

identificados no segmento do 1º. ao 5º. ano. No segmento do EJA foram

lidos cinco projetos e a maioria do segmento de 6º ao 9º ano. Portanto, as

observações expostas acima quanto aos aspectos metodológicos foram

aplicadas igualmente na análise.

2.2 Comentários sobre o processo seletivo no segundo momento, destacando

avanços e críticas que demonstram o caminho a ser percorrido

Para a segunda leitura, que visa hierarquizar as melhores propostas e

sugerir os projetos que farão parte da seleção dos 50 indicados criou-se um

pequeno rol de critérios mais apurados. Esses projetos reúnem experiências

bem delineadas. Projetos em Geografia se relacionam muito com ações

protagonizadas pela escola para além dos seus “muros”. Esse é um aspecto

positivo no contexto da abordagem socioambiental pretendida em

Geografia. São projetos importantes para o contexto em que se realizam e

devem ser iluminados, pois permitem criar referências. Alguns vêm de

propostas institucionais para melhorar a aprendizagem dos alunos e são

propostas que já avançaram em muitos aspectos.

Há uma parcela significativa de bons projetos que já são realizados

por muitos professores de contextos semelhantes, como, por exemplo, o

estudo da Bacia Hidrográfica e a recuperação de matas ciliares; o estudo do

tempo e clima com experimentações empíricas e observações com

instrumentos; estudos em alfabetização cartográfica que ano a ano ficam

melhores e vão se superando em resultados. Considero todos esses

projetos bons. Percebe-se que o aluno aprendeu, que o professor cuidou da

seleção do material, analisou os registros dos alunos, construiu com eles as

perguntas e passo a passo acompanhou a construção de resultados.Desses, três projetos classificados em primeira leitura foram

analisados de forma compartilhada com os colegas selecionadores. Nesse

segundo momento, portanto foram identificadas as experiências mais

completas quanto aos conteúdos tratados, adequação à faixa etária e

também as aprendizagens declaradas pelos professores. Nova chave de

critérios foi aplicada neste momento.

CRITÉRIOS GERAIS PARA

CLASSIFICAÇÃO

CRITÉRIOS DE GEOGRAFIA

PARA CLASSIFICAÇÃO

1. As estratégias metodológicas são

coerentes com os objetivos

propostos e adequados à faixa

etária.

2. Foi desenvolvido com os alunos

valorizando os conhecimentos da

turma.

3. Importante para o contexto onde

foi realizado.

4. Coerente em todas as partes.

5. É possível deduzir o que os

alunos aprenderam.

6. Projeto que valoriza o

conhecimento científico.

1. Amplia a visão do tradicional

estudo do meio para uma ação

efetiva na escola ou na

comunidade e o poder público

local.

2. Associa a conservação ambiental

às praticas sociais.

3. Valoriza os conhecimentos do

aluno e coloca em discussão o

saber espontâneo e o científico.

4. Trabalho importante para a

Geografia, pois organiza

informações úteis para a cidade,

região ou país, demonstrando um

dos papéis da disciplina como

fonte de informação espacial e

estatística.

5. Valoriza, utiliza e ensina a

trabalhar com tecnologias.

6. Responde a um problema

Geográfico da escola ou da

comunidade.

Foram 12 trabalhos com essas características, portanto,

indicados para entrevistas telefônicas. Os contatos telefônicos são o “téte atéte” com o professor que literalmente é sabatinado com um roteiro comum

amadurecido ao longo desses anos de prêmio. Nessa entrevista,

esclarecemos pontos da metodologia, conversamos sobre as questões

didáticas da área, avaliamos o repertório oral do professor e focamos na

aprendizagem do aluno. É um momento de grande desafio para todos os

selecionadores. São horas e horas ao telefone. Depois da entrevista,

recebemos materiais que são compartilhados com os colegas selecionadores

e a coordenação do prêmio.

Dessa intensa e minuciosa análise emergem os projetos indicados

para a lista dos 50 pré-selecionados.

Nas entrevistas de Geografia, procurou-se detalhar aspectos da

metodologia e da proposta de avaliação da aprendizagem, pois em geral

esse é o ponto mais frágil apresentado nos projetos. Os professores fazem

explanações gerais, não fundamentam e não se referem aos próprios

objetivos de aprendizagem dos projetos. Não discutem o percurso que

realizaram, nem a escolha de fontes e recursos. Nessa etapa foi

fundamental a apreciação do material enviado pelos professores pelo

correio e por internet. Desta etapa selecionei cinco projetos para o grupo

dos 50 melhores. Foram valorizados os seguintes aspectos:

Gerais para classificar os trabalhos entre os 50.

1. Há intencionalidade no trabalho desenvolvido pelo professor. A

metodologia reflete uma ação planejada. Parte de uma questão de

interesse da escola, professor e alunos.

2. É um assunto relevante e pertinente à faixa etária e ajuda os alunos a

avançarem na sua compreensão.

3. As estratégias metodológicas utilizadas podem ser tomadas como

referência para realização de projetos semelhantes por outros

professores do Brasil que conhecerem este trabalho.

4. Demonstra a atuação dos alunos e há, em sua avaliação, indicadores de

aprendizagem.Específicos de Geografia para classificar os trabalhos entre os 50.

1. O tema é desafiador para a faixa etária e são problematizadas questões

relevantes com os alunos.

2. A contextualização dos conteúdos propostos relaciona os conhecimentos

que os alunos já têm sobre o assunto e se propõe a algo mais do que

simplesmente identificá-los.

3. Dá condições para que os alunos aumentem seu repertório e elaborem

conceitos de forma mais complexa.

4. O projeto dialoga com o mundo real do aluno e problematiza temas

socioambientais importantes para o contexto cultural, econômico e

político do cotidiano do aluno.

5. É um projeto que trata de um conteúdo difícil de ser ensinado e para o

qual os alunos não têm repertório, mas a proposta intencional do

professor cria a possibilidade de descoberta, levantamento de hipóteses,

reflexões e práticas sociais pelos alunos.

6. São propostas pesquisas e há orientação sobre como consultar livros,

entrevistas, internet, estimulando a busca de informações.

7. Há sistematização dos resultados de forma consistente buscando avaliar

o alcance do projeto para aquela faixa etária.

Três projetos selecionados para os dez finalistas são resumidos a

seguir. Apenas o primeiro foi recomendado por toda a equipe de

selecionadores, mas para referência dos demais leitores deste relatório

apresento a avaliação destes três.

Profa. MARIA NÍCEAS OLIVEIRA FRANÇA (Indicada para os dez

finalistas)

Nº de inscrição: 4624706

Título do Trabalho: “Geografia – um novo olhar ao vivo e a cores”

Segmento de Ensino: Fundamental II /Série/Ano: 9º ano

Escola: Escola de Ensino Fundamental e Médio Prof. Arruda

Cidade / UF: SOBRAL/ CEProfa. Maria Níceas procurou desenvolver caminhos para a leitura

geográfica da paisagem através dos trabalhos de campo. Propõe um estudo

da paisagem local e a construção do olhar do aluno com base na percepção

e na reflexão sobre o seu espaço vivido (lugar).

Considera como ponto de partida que os estudos regionais sobre o

Nordeste apresentados em livros didáticos são extremamente superficiais,

reducionistas e até estereotipados, pois apresentam as atividades humanas

e o domínio das Caatingas de forma muito simplificada como uma paisagem

marcada pela seca. Essa foi a questão central para a professora: construir

um olhar geográfico para as diversidades socioespaciais do espaço vivido

por seus alunos.

Durante estudos sobre a paisagem e o lugar, os alunos do 9º ano

foram instigados a falar do seu lugar, procurando identificar os elementos

visíveis a serem descritos/recontados. Os alunos redigem um primeiro texto

no qual a professora constata a pouca percepção do próprio espaço vivido,

reproduzindo-se as mesmas visões simplificadoras observadas nos livros

didáticos. Como diz a professora “normalmente após as reflexões teóricas,

muitos docentes introduzem a metodologia dos trabalhos de campo como

uma forma de visualização-problematização dos estudos sobre o lugar e a

paisagem”. Diante da impossibilidade inicial de levar seus alunos ao campo

para perceber, analisar e discutir os lugares, a professora propõe um

trabalho por etapas aproximativas.

A primeira etapa de campo foi a sua própria imersão pessoal nos

lugares. Vai ao espaço vivido dos alunos para estudar em campo o modo de

ser e viver. Encontra-se com seus alunos onde eles moram e estabelece o

primeiro diálogo. Escolhe uma localidade próximo a Sobral (distrito de

Salgado dos Machados) e coleta os primeiros registros conjuntos com os

alunos moradores da localidade. Retorna a sala de aula de posse dos

registros, principalmente as fotografias e relatos de entrevistas. Percebe

que seus alunos sentem-se constrangidos em expor imagens de onde

vivem. Então, para introduzir de forma adequada o lugar vivido pelos

alunos, apresenta a história do seu próprio lugar de vivência (cidade de

Varjota). Esse foi um passo importante para introduzir a reflexão

comparativa entre paisagens e lugares sem preconceitos. Escolheu essa

sequência para deixar os alunos menos constrangidos em relação àscondições de vida e moradia que seriam expostas. Em seguida passa a

compartilhar com os alunos a vivência da primeira etapa de campo. Faz

análises compartilhadas sobre o que viram e como interpretam esses

lugares, por meio de exposições dialogadas. Dessa forma, quebra o

constrangimento dos alunos ao apresentar sua própria realidade vivida.

Na segunda etapa, retorna ao campo reunindo os alunos da turma

numa praça num bairro próximo a escola para o exercício de visualizaçãointerpretação do espaço vivido em contexto mais complexo. O grupo de

alunos que participa é maior, mas nem todos vão, devido às dificuldades de

deslocamentos. Nesse momento são destacados os aspectos urbanos

(comércio, serviços etc.) e os alunos fazem registros. Na sala de aula, a

análise é complementada pela leitura de textos, jornais e revistas.

Analisam as características físicas, sociais e econômicas desse lugar. Na

sala de aula, produzem novas sínteses e constroem painéis de exposição do

estudo da cidade.

Na terceira etapa, a vivência de campo se amplia e a turma faz uma

viagem saindo de Sobral indo às fazendas e aos distritos mais distantes.

Nesse momento, visualizam vários processos ainda não trabalhados

nas aulas e outros com maior aprofundamento, tais como as mudanças

estacionais das Caatingas, os rios e os açudes, analisam aspectos visíveis

da degradação ambiental etc.

Todo o projeto se centra na leitura visual, percepção e interpretação

de campo que permite a construção do olhar geográfico e uma significativa

ampliação do repertório dos alunos sobre a complexidade do espaço vivido

e o pertencimento. Com a leitura visual, constroem textos sobre o espaço

vivido.

A estratégia metodológica em três momentos é uma boa referência

para o trabalho de campo e pode repercutir pela sua reaplicação em etapas

progressivas de percepção.

O lugar é um conceito geográfico associado à representação simbólica

que os sujeitos constroem de seu mundo vivido. Por isso, lugar é

pertencimento. Os encaminhamentos seguidos pela professora permitem a

construção dessa percepção. Os alunos saem de uma posição apática e

“adaptada”, na linguagem da professora, a ler superficialmente os textosdos livros didáticos e a construir representações simplificadoras da

paisagem.

O contexto em que trabalha seu projeto é muito importante, pois a

professora interfere numa dificuldade de repertório geográfico dos

adolescentes e de uma certa apatia. Repertoria os alunos rompendo com o

ensino de Geografia marcado pela leitura mecânica do livro didático. Ela os

coloca diante do mundo, melhor dizendo diante do seu mundo a ser

decifrado e interpretado por eles mesmos. Para isso, conduz a leitura da

paisagem local e dos arredores de Sobral baseando-se na identificação dos

elementos da natureza e da sociedade. O diferencial está na metodologia

progressiva e nas diferentes imersões na paisagem como espaço vivido,

percebido e interpretado.

Profa. KETLIN ELISA THOMÉ WENCESLAU FIOCCO

Nº de inscrição: 4622415

Título do Trabalho: “Transformações nas Paisagens – deslizamento

na Estrada Velha de Cotia - SP”

Segmento de Ensino: Fundamental II /Série/Ano: 7º ano

Escola: COLÉGIO ARAUTOS

Cidade / UF: EMBU/ SP

Anos mais chuvosos sempre trazem muitas notícias na mídia sobre

catástrofes socioambientais ocorridas devido a extremos do tempo

meteorológico. Como introduzir esse assunto complexo na sala de aula?

Como estudar fenômenos que conjugam variáveis do meio físico-biológico e

social? Como abordar as primeiras noções geográficas de interação de

fatores?

O projeto da professora Ketlin teve como primeiro propósito chamar a

atenção dos alunos para as transformações das paisagens com o estudo de

um fenômeno complexo de erosão em encostas (movimentos de massa),

também conhecido como deslizamentos. Esse é um fenômeno cuja

compreensão geográfica requer construir noções de integração de fatores

físicos e sociais.A professora parte de um fato ocorrido no entorno da escola. “No

inicio de 2010 muitos deslizamentos ocorridos na região sudeste foram

noticiados pela mídia. Como ocorreu um deslizamento próximo à escola que

trouxe consequências no cotidiano das crianças” a professora aliou o fato

local à possibilidade dos alunos de analisarem esse fenômeno e

compreender processos semelhantes em outras regiões do Brasil.

O aspecto importante do projeto foi o percurso que ela constrói com a

classe caminhando da escala local à regional e à nacional, agregando e

dialogando com o saber comum e científico. Alguns aspectos merecem

destaque no percurso que ela proporcionou aos alunos:

Sistematização das hipóteses dos alunos para entender porque ocorreu o

deslizamento na Estrada Velha de Cotia – SP.

Identificação do que é um deslizamento e porque esses fatos viram

notícias na mídia.

Entendimento do processo físico do deslizamento. Investigar como

podemos evitar esse tipo de ocorrência. Identificar quem são os

responsáveis pela situação de risco ocorrida.

Modelagem do fenômeno em laboratório para melhor entender como

ocorre um deslizamento. Identificar como propor alternativas de

contenção de encostas. Descobrir e comparar como isso é feito na

realidade.

Investigação de como as pessoas comuns pensam no problema e como

podemos interpretar um fenômeno cientificamente.

Tratando dessas questões, a professora obteve algo fundamental

para essa faixa etária que é a apreensão das primeiras noções de

complexidade na natureza e na sociedade. Em Geografia, isso se

formalizará ao longo da escolarização do aluno, mas a modelagem proposta

pela professora sem dúvida levou a construção da noção de fenômeno

integrado que não se explica pelo entendimento de uma única variável.

É um bom modelo de proposta metodológica para trabalhar com

fenômenos complexos. Os encaminhamentos propostos permitem

desenvolver maior autonomia do aluno e espírito de investigação. Observar

um fato, perguntar, construir hipóteses, verificá-las em laboratório ou emoutras fontes de informação, comparar com outras ocorrências para

descobrir relações de semelhança e diferença, são procedimentos que

precisam ser ensinados e exercitados em Geografia. Outra qualidade do

projeto que utiliza a cartografia para perceber a extensão do fato estudado.

O conjunto de propósitos é que dão ao projeto a maior consistência em

termos do que os alunos aprenderam. A professora trabalhou um conteúdo

de Geografia não reduzindo o fenômeno para analisá-lo. Por exemplo, não

focou apenas os aspectos do clima e relevo. Também não focou apenas as

responsabilidades sociais. Por outro lado, utilizou vários recursos: leitura

de imagens, entrevistas em campo, modelagem de laboratório, produção de

texto, leitura de textos, pesquisas na Internet, cartografia.

Professor(a): MAGNO EVANGELISTA PEREIRA

Nº de inscrição: 4624728

Título do Trabalho: “Meteorologia no Ensino Fundamental – ciclo

II”

Segmento de Ensino: Fundamental II /Série/Ano: 5ª e 6ª séries

Escola: EMEFEI Professora Hermínia Rodrigues Mafra

Cidade / UF: UCHOA / SP

É um trabalho experimental de construção de dados primários sobre

Tempo meteorológico. O professor aproveitou a intenção de desenvolver os

conceitos de Clima e Tempo com base na vivência cotidiana e nas perguntas

dos alunos sobre mudanças climáticas veiculadas pela mídia. Sua

preocupação foi justamente a dificuldade que a maioria dos veículos de

informação tem em confundir clima e tempo. Particularmente, o tempo é

apresentado como clima. Nesse sentido, ele partiu da percepção sensível e

constrói com os alunos uma estação meteorológica com materiais

alternativos para que os alunos pudessem aprender a construir séries de

dados e construir a noção correta de tempo e clima. É uma sequência muito

bem organizada e articulada para desconstruir noções de senso comum

sobre o tempo. Trabalha com o conceito de variável/ parâmetro climático.Também introduz conceitos de climatologia geográfica que valoriza as

interações atmosféricas no nível da superfície. Estuda as diferentes escalas

de compreensão da complexidade do clima (noções de movimentos da

Terra, parâmetros atmosféricos e estimula as medições com equipamentos

construídos pelos alunos juntamente com ele. Constrói a série de dados e

os alunos aprendem a representar variáveis em climogramas. Um bom

modelo de projeto que utiliza noções de estatística e séries de dados em

Geografia.

Para encerrar: Geografia e projetos

Este ano, apesar do número menor de trabalhos, foi possível perceber um

aprimoramento nos relatos. Pudemos encontrar um grande número de

experiências bem elaboradas em diferentes regiões do Brasil. A didática de

projeto, apesar de ser um desafio complexo, tem demonstrado que atende

a temáticas mais complexas que envolvem aprendizagens múltiplas e que o

professor vem ampliando o trabalho com recursos combinados. Nossa

principal preocupação é com a qualidade dos registros dos alunos. Os

materiais que recebemos revelam que é preciso investir nos textos

produzidos, nas sínteses, nos mapas, no conhecimento sobre o uso da

imagem, entre outros. Além disso, a cartografia também apresenta-se

ainda em nível apenas da alfabetização: como os mapas são feitos e como

produzi-los, mas a cartografia temática ainda aparece reduzida apenas à

leitura de legendas.

Os temas de Geografia da natureza quase não são tematizados nos

projetos, apesar de encontrarmos excelentes propostas sobre o estudo do

tempo e clima e também em geomorfologia.

Para encerrar, parabenizo todos os professores que participaram do prêmio

esperando que este panorama possa contribuir em suas práticas na escola