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XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009 PLANTAS RUDERAIS DESFLORESTADAS PELA NATURAL. COLONIZADORAS DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO ÁREAS E GÁS Carla Luciane Bentes NOGUEIRA 1 ; Iêda Leão do AMARA2; Maria de Lourdes da Costa SOARES 3 ; Francisca Dionízia MATOS 4 . 'Bolsista PIBIC/CNPq/INPA; 20rientador CPBO/ INPA; 3Pesquisador CPBO/ INPA; "Pesqulsador CPBO/INPA. 1. Introdução A exploração petrolífera e gás natural no Rio Urucu, município de Coari, Estado do Amazonas tem contribuído para fragmentar a floresta primária, favorecendo ambientes propícios ao desenvolvimento de plantas ruderais colonizadoras. Do ponto de vista botânico e ecológico, as plantas ruderais são consideradas "plantas pioneiras", ou seja, plantas evolutivamente desenvolvidas para a ocupação de áreas onde a vegetação original foi profundamente alterada, ocorrendo grande disponibilidade de nichos ao crescimento vegetal. Sua função é criar um ambiente adequado ao início da sucessão que culminará no restabelecimento da vegetação original (Lorenzi, 2008). Na região amazônica pouco se conhece sobre o comportamento das espécies de regeneração espontânea de áreas alteradas. Neste contexto, elaborou-se um projeto com o objetivo de estudar qualitativamente (através de coletas botânicas) as espécies ruderais colonizadoras da área de exploração petrolífera e gás natural no Rio Urucu. 2. Material e Metódos O estudo foi desenvolvido ao longo da área de exploração petrolífera, localizada na bacia do Rio Urucu, afluente da margem direita do Rio Solimões, no Município de Coari, Estado do Amazonas, Brasil (Figura 1). O trabalho foi conduzido em forma de coleta de indivíduos férteis (flor e frutos) de maneira aleatória na área de estudo. As identificações foram baseadas fundamentalmente nas obras de Gentry (1993), (Lorenzi, 2008), Pennington (1997), Ribeiro et aI. (1999), Souza & Lorenzi (2005), literatura especializada de tratamento taxonômico, por comparações morfológicas em exsicatas incorporadas no herbário do INPA. As correções das nomenclaturas botânicas foram realizadas com base em literaturas e pó meio dos Bancos de dados do Missouri Botanical Garden (MOBOT). A descrição taxonômica das espécies foi baseada na observação de plantas vivas coletadas no campo e na de análise morfológica comparativa com as exsicatas do acervo do INPA, utilizadas para identificação das espécies. Esta análise foi procedida em laboratório e baseada na terminologia tratada por Lawrence (1977), Radford et aI. (1974) e Font. Quer (1953). Figura 1. Localização da área de estudo no Rio Urucu Município de Coari Amazonas, Brasil. 3. Resultados e discussão Ao longo dos inventários, foram coletados 56 indivíduos férteis, distribuídos em 25 famílias, 44 gêneros e 56 espécies. Dentre as plantas ruderais registradas no Urucu observou-se sete formas de vida vegetal mais freqüente, das 56 espécies: 23,2% (13 espécies) são arbustos, 23,2% (13 espécies) herbáceas, 17,9% (10 espécies) lianas lenhosa, 14,3% (8 espécies) árvores, 10,7 (6 espécies) lianas herbácea, 8,9% (5 espécies) arvoretas e 1,8% (1 espécie) pteridófita. Família com maior número de espécies Fabaceae sub-família Faboideae (7 espécies), seguido de Fabaceae sub- família Mimosoideae (5 espécies) e Melastomataceae (5 espécies). Dentre as 56 espécies encontradas destacamos as descrições das cinco espécies com maior ocorrência na área de estudo. 202

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XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009

PLANTAS RUDERAISDESFLORESTADAS PELANATURAL.

COLONIZADORAS DEEXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

ÁREASE GÁS

Carla Luciane Bentes NOGUEIRA1; Iêda Leão do AMARA2; Maria de Lourdes da Costa SOARES3;Francisca Dionízia MATOS4.'Bolsista PIBIC/CNPq/INPA; 20rientador CPBO/ INPA; 3Pesquisador CPBO/ INPA; "PesqulsadorCPBO/INPA.

1. IntroduçãoA exploração petrolífera e gás natural no Rio Urucu, município de Coari, Estado do Amazonas temcontribuído para fragmentar a floresta primária, favorecendo ambientes propícios aodesenvolvimento de plantas ruderais colonizadoras. Do ponto de vista botânico e ecológico, asplantas ruderais são consideradas "plantas pioneiras", ou seja, plantas evolutivamentedesenvolvidas para a ocupação de áreas onde a vegetação original foi profundamente alterada,ocorrendo grande disponibilidade de nichos ao crescimento vegetal. Sua função é criar umambiente adequado ao início da sucessão que culminará no restabelecimento da vegetação original(Lorenzi, 2008). Na região amazônica pouco se conhece sobre o comportamento das espécies deregeneração espontânea de áreas alteradas. Neste contexto, elaborou-se um projeto com oobjetivo de estudar qualitativamente (através de coletas botânicas) as espécies ruderaiscolonizadoras da área de exploração petrolífera e gás natural no Rio Urucu.

2. Material e MetódosO estudo foi desenvolvido ao longo da área de exploração petrolífera, localizada na bacia do RioUrucu, afluente da margem direita do Rio Solimões, no Município de Coari, Estado do Amazonas,Brasil (Figura 1). O trabalho foi conduzido em forma de coleta de indivíduos férteis (flor e frutos)de maneira aleatória na área de estudo. As identificações foram baseadas fundamentalmente nasobras de Gentry (1993), (Lorenzi, 2008), Pennington (1997), Ribeiro et aI. (1999), Souza & Lorenzi(2005), literatura especializada de tratamento taxonômico, por comparações morfológicas emexsicatas incorporadas no herbário do INPA. As correções das nomenclaturas botânicas foramrealizadas com base em literaturas e pó meio dos Bancos de dados do Missouri Botanical Garden(MOBOT). A descrição taxonômica das espécies foi baseada na observação de plantas vivascoletadas no campo e na de análise morfológica comparativa com as exsicatas do acervo do INPA,utilizadas para identificação das espécies. Esta análise foi procedida em laboratório e baseada naterminologia tratada por Lawrence (1977), Radford et aI. (1974) e Font. Quer (1953).

Figura 1. Localização da área de estudo no Rio Urucu Município de Coari Amazonas, Brasil.

3. Resultados e discussãoAo longo dos inventários, foram coletados 56 indivíduos férteis, distribuídos em 25 famílias, 44gêneros e 56 espécies. Dentre as plantas ruderais registradas no Urucu observou-se sete formasde vida vegetal mais freqüente, das 56 espécies: 23,2% (13 espécies) são arbustos, 23,2% (13espécies) herbáceas, 17,9% (10 espécies) lianas lenhosa, 14,3% (8 espécies) árvores, 10,7 (6espécies) lianas herbácea, 8,9% (5 espécies) arvoretas e 1,8% (1 espécie) pteridófita. Família commaior número de espécies Fabaceae sub-família Faboideae (7 espécies), seguido de Fabaceae sub-família Mimosoideae (5 espécies) e Melastomataceae (5 espécies). Dentre as 56 espéciesencontradas destacamos as descrições das cinco espécies com maior ocorrência na área de estudo.

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XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/F APEAM/INP A Manaus - 2009

Família: Fabaceae sub-família FaboideaeMacroptilium lathyroides (L.) Urb.F.D.Matos, et aI., 53Nome popular: Feijão-de-rôla.Descrição: Planta anual, herbácea ou lianaherbácea, de 60-120 cm de altura,ramificada, de caule glabro e esparsamenteseríceo-pubescente, exalando umasubstancia pegajosa. Inflorescência emracemo; flores isoladas de cor vermelho-púrpura, estames verde-claro, brácteasvermelha-esverdeada, botões florais verdes.Frutos pilosos, em legume, de 85-105 mmde comprimento, descente, quando jovemverde-claro, maduros marrom. Nativa daAmerica Tropical.Usos: Utilizada como adubo verde devido suagrande capacidade de fixação de nitrogênio.Ocorrência: Áreas antropizadas.Distribuição: Ampla (América tropical epossivelmente plantada na Austrália).

Família: Fabaceae sub- família MimosoideaeMimosa micropteris Benth.Cl.B.Nogueira, et aI., 66Nome popular: Desconhecido.Descrição: Arvoreta escandente, deaproximadamente 5m de altura; ramos comacúleos pontiagudos avermelhados, ramosadultos na cor verde, quando jovensvermelhos. Inflorescência em glomero, axilarao longo dos ramos, na cor rosa (quase lilás)com estaminóides rosas; flores avermelhadas;botões florais verdes. Frutos jovensavermelhados. Encontrada em Gleissolo.Usos: Desconhecido.Ocorrência: Áreas antropizadas.Distribuição: América Tropical.

\Macroptilium lathyroides (L.) Urb. A) Individuo, B)Órgãos reprodutivos (flor e fruto) e C) Detalhe da flor.Foto: Matos, 2008.

Mimosa micropteris Benth. A) Individuo, B) Órgãoreprodutivo (flore fruto) e C) Detalhe da flor.Foto: Matos, 2008.

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XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009

Família: MelastomataceaeTococabullifera Mart. & Schrank ex De.F.D.Matos, et aI. 15Nome popular: TococaDescrição: Arbusto de sub-bosque, de 0,5-1,5 cm de altura. Folhas apresentamdomácias pontiagudas na base, onderainhas de Azteca estabelecem suascolôn ia. Inflorescência em racemo; florcom sépalas verde velutina, pétalas rosa-escuro à rosa-claro, estames brancos, comanteras amarelas e androceu branco.Botoes florais verde velutino de ápice rosa-escuro.Uso: Desconhecido.Ocorrência: Sub-bosque e áreasantropizadas.Distribuição: Freqüente (Arredores deManaus).

Família: BignoniaceaePleonotoma jasminifolia (Kunth) MiersF.D.Matos, et aI., 42Nome popular: Cipó-cacheado.Descrição: Liana herbácea; ramosquadrangulares alados. Folhas compostas,ternado-tripinadas, raramente ternado-bipinada. Inflorescência em racemo laxo acurto; flor com sépalas de cor verdeamarelado, pétalas dégradé variando deamarelo-escuro na base à amarelo-claro noápice; botões florais verdes. Vive emlatossolo vermelho-amarelo e gleissolo.Usos: Utilizada como medicinal e empaisagismo.Ocorrência: Clareiras.Distribuição: Rara (Amazônia Central,Venezuela e Colômbia).

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Tococa bullifera Mart. & Schrank ex De. A) Individuo B)Domácia e C) Detalhe da flor.Foto: Matos, 2008.

XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA

Família: OchnaceaeSauvagesia erecta Aubl.F.D.Matos, et aI. 46Nome popular: São martinho.Descrição: Planta anual, herbácea, ereta,com cerca de 20 cm de altura, ramificada,estipulas em forma de cílios na axila dasfolhas. Flores isoladas, pendulas, dispostastrês a três na axila foliar. Flores comsépalas verdes, pétalas brancas,estaminóides filiformes na cor rosa-claro eestaminóides-petaloides na cor rosa nabase e branca no ápice. Botões floraisverde com ápice rosado.Usos: Usualmente utilizada na medicinapopular.Ocorrência: Áreas alteradas e clareiras.Distribuição: Freqüente (Neotrópicos, Ásiae Madagascar).

Manaus - 2009

Sauvagesia erecta Aubl. A) Individua, B) Flor e C)Detalhe da flor.Foto: Matos, 2008.

4. ConclusãoO conhecimento apresentado neste trabalho mostra que essas plantas ajudam na recuperação deáreas abertas, apresentando potencialidades para o direcionamento de ações futuras derecuperação.

5. Referências

Font-Quer, P. 1953. Diccionario de Botânica. Barcelona. Labor, 1244 pp.

Gentry, A. H. 1993. A Field Guide to the Families and Genera of Woody Plants of Northwest SouthAmerica (Colombia, Ecuador, Peru): with supplementary notes on herbaceous taxa. ConservationInternational. Washington, De. 895 pp.

Lawrence, G. H. M. 1977. Taxonomia das Plantas Vasculares. Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian, Vol. 2: 538-542.

Lorenzi, H. 2008. Plantas daninhas do Brasil: terrestre, aquáticas, parasitas e tóxicas. 4. Ed. NovaOdessa, SP: Instituto Plantarum.

Pennington, T.D. 1997. The genes Inga. Botany. The Royal Botanical Garden. Kew, 844 pp.

Radford, A. E.; Dickison, W.e.; Massey, J.R. 1974. Vascular Plant Systematics. New York. Harper &Row, 891 pp.

Ribeiro, J.E.L.S; Hopkins, M.J.G.; Vicentini, A.; Sothers, e.A.; Costa, M.A.S.; Brito, J.M.; Souza,M.A.D.; Martins, L.H.P.; Lohmann, L.G.; Assunção, P.A.e.L.; Pereira, E.e.; Silva, e.F.; Mesquita,M.R.; Procópio, L.e. 1999. Flora da Reserva Ducke. Guia de Identificação das Plantas Vasculares deuma Floresta de Terra-firme na Amazônia Central. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,Manaus, 793 pp.

Souza, V. e.; Lorenzi, H. 2005. Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das famíliasde Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Instituto Plantarum de Estudos da FloraLtda. Nova Odessa, SP, 640 pp.

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