plano verão
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Pesquisa sobre o Plano Verão. Plano econômico de 1989.TRANSCRIPT
PLANO VERÃO
No início de 1989, as tentativas de instaurar um novo plano econômico afim de
controlar a inflação ainda eram frequentes a medida em que se trocavam os
governos. Em Janeiro de 1989 foi implantando pelo governo Sarney, o
chamado Plano Verão que possuía como medidas o congelamento dos preços
e salários, a eliminação da indexação (exceto para depósitos de poupança), a
introdução de uma nova moeda, no caso, o “Cruzado Novo”, equivalente a
1.000 “Cruzados” (Moeda antecessora), um aumento da reserva para 80%
atrelada a redução dos prazos de pagamentos de empréstimos ao consumidor
de 36 meses para apenas 12 meses afim de restringir a expansão monetária e
de crédito e uma desvalorização cambial de 17,73%.
Marilson da Nóbrega, sucessor de Bresser Pereira era o Ministro da Fazenda
durante o Plano Verão, posição que ocupou até o término do governo Sarney.
Marilson mesclou características ortodoxas e heterodoxas. No que se dizia a
parte ortodoxa, o plano visava controlar a demanda agregada, por meio de
redução das despesas públicas e da elevação da taxa de juros, que era
também um meio de evitar a fuga dos ativos financeiros.
Referente ao lado heterodoxo, se almejava a desindexação da economia.
Dentre as principais medidas estavam: o congelamento dos preços por um
período indeterminado, preços este que já foram considerados desde o anúncio
do plano, alguns dos preços haviam sido reajustados previamente a fim de se
evitar uma possível defasagem; e também houve mudança na data de
apuramento dos indicadores de preço utilizados para medir a inflação oficial
como forma de se evitar que as elevações anteriores ao plano interferissem no
novo índice.
As medidas adotadas pelo plano obtiveram resultados mais breves se
comparado a implantação dos planos anteriores. Resultados esses que à
primeira instância pareciam positivos, mas que se mostraram totalmente o
inverso do que se almejava. A taxa da inflação teve uma queda abrupta de
37% para 7%, porém, voltou a acelerar de forma agressiva em abril, atingindo
28% em julho de 1989, 51% em dezembro e finalmente 82% em março de
1990, o que deixou bem claro que existe um grande risco em se manter um
congelamento de preços.
A crise se agravou ainda mais nos últimos meses de governo Sarney, onde os
déficits orçamentários se elevaram de forma extrema, devido à ausência de um
ajuste fiscal, afim de equilibrar as contas de receitas e despesas públicas, o
que obrigou o governo a elevar as taxas de juros, afim de aumentar a
arrecadação.
Em um curto espaço de tempo foi autorizada a elevação de determinados
preços contrariando a ideia inicial de congelamento dos valores. A moeda
inserida no plano, o Cruzado Novo, passou por uma desvalorização. Já
setembro de 1989 o governo interrompeu o pagamento de juros da dívida
externa devido a degradação do saldo comercial do país. O país se viu em
meio a uma grande crise econômica e política onde o governo já não possuía
mais credibilidade com a população e muito menos uma sustentação política.
Os três planos (cruzado, Bresser e verão) que haviam como meta o controle da
inflação e a estabilidade econômica do país, claramente não atingiram seus
objetivos e o Brasil se via em meio a uma hiperinflação, o que foi o oposto
radical do que se almejava.
PLANO VERÃO x POUPANÇA
O Plano Verão determinou em fevereiro de 1989 que as cadernetas de
poupança deixariam de ser atualizadas baseadas no IPC (Índice de Preços ao
consumidor), índice que mede a variação de preços para o consumidor com
base nos gastos daquele que recebe de 1 a 33 salários mínimos mensais e
passou a ser indexado pela remuneração das LFTs (Letras Financeiras do
Tesouro), títulos públicos com rentabilidade diária vinculada a taxa de juros
básica da economia, considerados com uma dedução de 0,5%
Esta mudança proporcionou altos desajustes às cadernetas de poupança. Em
janeiro de 1989, a variação produzida pelas LFTs foi de 22,35% enquanto o
IPC foi de 42,72%, ou seja, bem mais elevado que o índice das LFTs. O que
ocorreu, foi que os bancos consideraram os rendimentos baseados nas LTFs
de janeiro e não no IPC como deveriam, pois o governo havia decretado a
alteração em fevereiro, sendo assim, os rendimentos teriam quer ser
considerados pelas LFTs apenas a partir de fevereiro.
O Objetivo do Plano verão era de manter o equilíbrio das relações na economia,
sem prejudicar ou favorecer os grupos sociais ou econômicos. A partir desse
objetivo que são analisados os critérios de correção da poupança, com isso o
Plano verão atualizou para menor o índice previsto, fazendo com que os
poupadores não fossem favorecidos com o congelamento de preços e a queda da
inflação, o que contrariaria os objetivos do plano com a neutralidade distributiva.
Os prejuízos giraram em torno de 20% dos rendimentos que deveriam ter
ocorrido. Este fato desencadeou inúmeras ações judiciais de quem possuía
caderneta de poupança na época, ações estas que se perduram até hoje.
DESEMPREGO
Devido a alta da inflação, o governo se viu obrigado a adotar políticas
restritivas, os reflexos destas medidas se deram na elevação da taxa de
desemprego onde o governo impôs diversas limitações aos reajustes salariais,
fato este que gerou uma certa revolta na população e nos sindicatos,
resultando em uma greve geral, onde a precursora do movimento trabalhista,
CUT (Central Única dos Trabalhadores), estava envolvida diretamente,
desenvolvendo campanhas e promovendo boicotes a inúmeros serviços
prestados.
Os trabalhadores reivindicavam a reposição das perdas salariais, reajustes
mensais, um congelamento real dos preços, reforma agraria, políticas agrícolas
de interesse dos trabalhadores rurais, não pagamento de dívida externa dentre
outras exigências. Inúmero cartazes e panfletos com os dizeres “Proteja-se
deste plano verão” ou até mesmo, “Plano Ladrão” foram distribuídos pela
cidade afim de atingir o maior número possível de trabalhadores.
PLANO VERÃO E A INFLAÇÃO – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Plano Verão, assim como os planos anteriores tinha como principais
objetivos o controle da inflação e a estabilização da economia num todo,
adotando também medidas contracionistas, onde o governo estipula metas de
economia com os gastos públicos, visando uma diminuição do déficit público.
Porém, o que se pode observar, foi uma queda rápida da inflação,
acompanhada de um aumento constante da mesma, chegando a níveis bem
elevados.
Fica visível a alta da inflação entre o final 1989 e o início de 1990, índice este
que chegou a incríveis 1.764,83% ao ano, tida como inflação recorde em toda a
história do país, batizada de hiperinflação que encerrou o ciclo inflacionário da
década de 80, conhecida como “década perdida” onde o país praticamente não
cresceu, alcançou nível altíssimo de déficit público, gerou uma inflação
extremamente alta e uma evolução no PIB de apenas 3,2% no ano de 89,
posteriormente alcançando um nível negativo de -4,35% no ano de 1990. A
sociedade do país de 1989 conviveu com a inflação mais elevada de toda a
história brasileira, o governo não possuía mais recursos parar arcar com as
dívidas públicas e se encontrava sem credibilidade frente aos outros países, o
que nos leva a crer que nenhum dos planos de estabilização foram de fato
eficazes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/MONOGRAFIA_-
_FINAL_-_PEDRO_DANTAS.pdf
http://www.idec.org.br/especial/planos-economicos
http://www.eumed.net/libros-gratis/2009a/477/Plano%20Bresser.htm
http://internacionalizese.blogspot.com.br/2012/06/sarney-e-o-plano-verao-o-
inicio-do.html
http://s.conjur.com.br/dl/nt_planover%C3%A3o.pdf
http://www.febraban.org.br/7Rof7SWg6qmyvwJcFwF7I0aSDf9jyV/
sitefebraban/3c_Tendencias.pdf
LOPES, F. L. P. (1986). O desafio da hiperinflação: em busca da moeda real. (1989). 2ª edição,
Rio de Janeiro: Campus.
PEREIRA, L. C. B. (1993). Estabilização em um ambiente adverso: a experiência brasileira de
1987. Revista de Economia Política. vol. 13, nº 4 (52), outubro/dezembro.