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Prefeitura do Município de Piracicaba Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Informação Monitoramento e Avaliação
Prefeitura Municipal
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – SEMDES
Plano Municipal de Promoção, Proteção e Defesa do
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar
e Comunitária.
Piracicaba/SP
Dezembro/2009
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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Prefeitura do Município de Piracicaba Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Informação Monitoramento e Avaliação
SUMÁRIO
I APRESENTAÇÃO...................................................................................................04
II MARCO LEGAL....................................................................................................05
III MARCO CONCEITUAL......................................................................................09
3.1 Família e contexto sócio cultural.....................................................................09
3.2 Definição legal e conceito sócio-antropológico de família..............................10
3.3 O Município de Piracicaba e o Plano Nacional de Convivência Familiar e
Comunitária............................................................................................................13
3.4 Criança e Adolescente: pessoas em condição peculiar de desenvolvimento e
sujeitos de direitos .................................................................................................15
3.5 Convivência Comunitária ................................................................................18
3.6 - Ameaça e violação aos direitos da criança e do adolescente no contexto da
Família...................................................................................................................22
3.7 Violações de direitos, a co-responsabilização do Estado e da família e
Intervenções Necessárias.......................................................................................23
3.8 Programas de apoio e proteção social à família...............................................27
3.9 O afastamento da criança ou do adolescente da família...................................29
3.10 Cuidados alternativos a crianças e adolescentes afastados do convívio
familiar...................................................................................................................30
3.11 Acolhimento Institucional..............................................................................30
3.12 Programa de Famílias Acolhedoras ..............................................................33
3.13 Adoção ..........................................................................................................36
3.14 Questões histórico-estruturais: o enfrentamento das desigualdades e
iniqüidades.............................................................................................................41
IV MARCO SITUACIONAL.....................................................................................43
4.1 Caracterização do Município de Piracicaba.....................................................45
4.2 Eixo I – Análise da Situação e Sistemas de Informação..................................50
4.2.1 Sistema de Garantia de Direitos....................................................................53
4.3 Eixo II – Atendimento......................................................................................54
4.3.1 Prevenção......................................................................................................54
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4.3.2 Centro de Referência de Assistência Social – CRAS ..................................56
4.3.3 Proteção Social Básica - Programas e Projetos............................................ 57
4.3.4 Centro de Referencia Especializado de Assistência Social – CREAS..........60
4.3.5 Proteção Social Especial: Atendimento de Alta Complexidade...................71
4.3.6 Retomando e sintetizando o conceito de prevenção......................................77
4.4 Eixo III - Marcos Regulatório e Normativo.....................................................79
4.5 Eixo IV – Mobilização, Articulação e Participação.........................................82
V. DIAGNÓSTICO....................................................................................................82
5.1 Eixo I – Análise da Situação e Sistemas de Informação..................................86
5.2 Eixo II – Atendimento......................................................................................87
5.2.1 Proteção Social Básica – Prevenção - CRAS................................................87
a) Problemas apresentados..............................................................................87
b) Indicadores de ação....................................................................................88
c) Projetos/ações: Fortalecimento Convivência Familiar e Comunitária ......89
5.2.2 Proteção Social Especial: Atendimento de Média Complexidade CREAS. .90
a) Problemas apresentados..............................................................................90
b) Indicadores de ação....................................................................................91
c) Programas/projetos e Ações........................................................................92
5.2.3 Proteção Social Especial: Atendimento de Alta Complexidade: Acolhimento Institucional e Casa de Acolhimento.......................................93a) Problemas apresentados..............................................................................93
b) Indicadores de ação....................................................................................93
c) Programas/projetos: Acolhimento Institucional.........................................95
5.2.4 Mobilização, Articulação e Participação ......................................................96
a) Problemas apresentados..............................................................................96
b) Indicadores de ação....................................................................................97
c) Plano de Ação para a Rede Social..............................................................98
VI. INDICADORES DE ACOMPANHAMENTO..................................................100
VII. AVALIAÇÃO...................................................................................................100
VIII. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................101
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I.APRESENTAÇÃO
Em observância ao preconizado pelo Plano Nacional de Promoção, Proteção,
Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária o
município de Piracicaba, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social –
SEMDES, deu início ao processo de elaboração/implementação do referido plano na esfera
municipal, concomitantemente ao trabalho de readequação dos abrigos, na modalidade de
Acolhimento Institucional, fundamentadas no documento: Orientações Técnicas aos Serviços
de Acolhimento para Crianças e Adolescentes.
A primeira ação desencadeada foi a nomeação pelo Prefeito Municipal de um
Grupo de Trabalho – GT, para avaliar os serviços de abrigo para crianças e adolescentes,
regulamentada pelo Decreto nº 13.108 de 24 de abril de 2009.
O GT foi composto por representantes da SEMDES, da Secretaria de Governo e
da Procuradoria Geral do Município, tendo como objetivo realizar visitas e análise de
documentação. O levantamento de dados nos abrigos “Casa do Bom Menino” e “Lar
Franciscano de Menores” deu origem ao Relatório Analítico Final, contendo propostas para
adequação dos abrigos às novas normas vigentes.
O GT concluiu os trabalhos e apresentou o relatório ao Gestor Municipal em 22
de junho de 2009, que o encaminhou ao Juiz da Vara da Infância e Juventude da Comarca de
Piracicaba.
A segunda ação, da SEMDES, foi a mobilização e articulação dos diversos atores
para a formação da Comissão Municipal com a finalidade de elaborar e implementar o Plano
Municipal, iniciada com o Seminário realizado em 24 de julho de 2009, na Estação da
Paulista – Armazém da Cultura, cujo objetivo principal foi divulgar o Plano Nacional e
sensibilizar os diversos segmentos da sociedade. Participaram 51 pessoas, que se organizaram
em 6 equipes, de acordo com eixos temáticos, atendendo à orientação do Plano Nacional,
conforme segue:
• Análise da situação e sistemas de informação
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• Prevenção do afastamento da convivência familiar e comunitária e serviço de proteção
integral à família1
• Atendimento de média complexidade
• Atendimento de alta complexidade
• Marcos normativo e regulatórios
• Mobilização, articulação e participação.
Com a formação da Comissão Municipal de Elaboração do Plano, os seis grupos
realizaram reuniões periódicas, sob a coordenação dos técnicos da SEMDES, da Procuradoria
Jurídica do Município e de representantes dos Conselhos Tutelares I e II. O objetivo de cada
eixo foi levantar todas as legislações e as ações/programas existentes no município; analisar
os dados e elaborar as propostas de ação. No decorrer desse processo ocorreu uma boa
articulação e integração entre os diversos atores que compuseram esta Comissão.
Concomitantemente à elaboração do Plano Municipal, em 30 de julho de 2009, foi
promulgado o Decreto nº 13.195, que dispôs sobre o reordenamento dos serviços de abrigo já
realizados no município de Piracicaba, por entidades de assistência social, atribuindo à
SEMDES esse trabalho, o qual vem sendo executado pelo Centro de Referência Especializado
da Assistência Social – CREAS, de acordo com o documento do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA: “Orientações Técnicas: serviços de
acolhimento para crianças e adolescentes”, de 18 de Junho de 2009.
II. MARCO LEGAL
Convivência familiar e comunitária: Normativas Internacional e Brasileira
A mudança de paradigma na Política Nacional de Direitos para Criança,
Adolescente e Família tem início com a Constituição Brasileira de 1988 cuja base se encontra,
especialmente, nos artigos 226 a 229, onde foram lançados os fundamentos da doutrina de
proteção integral (artigo 227), regulamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente –
ECA/Lei 8069 de 13/07/90.
1 O município decidiu por incluir este eixo visando o fortalecimento da Proteção Social Básica, atendendo o que preconiza o SUAS. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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A Constituição Federal estabelece que a “família é a base da sociedade” (Art. 226)
e que, portanto, compete à ela, juntamente com o Estado, a sociedade em geral e as
comunidades, “assegurar à criança e ao adolescente o exercício de seus direitos fundamentais”
(Art. 227). Este artigo também especifica os direitos fundamentais especiais da criança e do
adolescente, ampliando e aprofundando aqueles reconhecidos e garantidos aos cidadãos
adultos no seu artigo 5º. Dentre estes direitos fundamentais da cidadania está o direito à
convivência familiar e comunitária.
No que diz respeito ao mecanismo de promoção e proteção dos direitos
humanos, no tocante às relações familiares, a Constituição Federal rompe com o anterior
tratamento diferenciado e discriminatório dado aos filhos em razão da origem do nascimento
ou das condições de convivência dos pais, determinando: a equiparação de filhos havidos ou
não da relação do casamento ou por adoção (Art. 227 §6º). A mesma Carta Constitucional, em
seu artigo 226 §8º, estabelece que ao Estado compete assegurar a assistência à família na
pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir violências no âmbito
de suas relações. Adiante, no Artigo 229, determina que os pais têm o dever de assistir, criar e
educar os filhos menores e que os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade.
Conseqüentemente, todo reordenamento normativo e político-institucional que se
pretenda fazer, terá de partir das normas constitucionais, marco legal basilar para o presente
Plano Municipal. Assim, o Plano Nacional dá destaque para o seguinte:“Respeitando-se a hierarquia normativa, quando se tratar da questão da convivência familiar e comunitária, igualmente deve ser dada, prevalência a toda normativa convencional internacional, reguladora da promoção e proteção dos direitos humanos, ratificada em caráter especial pelo Brasil2 e àquela estabelecida por força de resoluções da Assembléia Geral das Nações Unidas. Assim sendo, é de se destacar como marcos normativos a serem considerados: as Declarações sobre os Direitos da Criança (1924/1959); a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948); o Pacto de São José da Costa Rica (1969); o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966, ratificados em 1992) e o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças e, mais ainda, o Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança Referente à Venda de Crianças, à Prostituição Infantil e à Pornografia Infantil (ambos ratificado pelo Brasil em 2004)” (PCFC, 2006, p. 24).
2 Em seu Art. 1º a Convenção sobre os Direitos da Criança considera criança a pessoa menor de 18 anos.
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A Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada pelo Brasil em 24 de
setembro de 1990, em especial, tem um papel superior e preponderante no embasamento da
criação ou reforma de toda e qualquer norma reguladora, no campo da família e no
embasamento de processos de reforma administrativa, de implantação e implementação de
políticas, programas, serviços e ações públicas. A Convenção das Nações Unidas sobre os
Direitos da Criança assegura as duas prerrogativas maiores que a sociedade e o Estado devem
conferir à criança e ao adolescente, para operacionalizar a proteção dos seus Direitos
Humanos: cuidados e responsabilidades (PCFC, 2006, p. 24).
As crianças e os adolescentes têm direitos subjetivos à liberdade, à dignidade, à
integridade física, psíquica e moral, à educação, à saúde, à proteção no trabalho, à assistência
social, à cultura, ao lazer, ao desporto, à habitação, a um meio ambiente de qualidade e outros
direitos individuais indisponíveis, sociais, difusos e coletivos. E, conseqüentemente, são
credores do direito a um desenvolvimento humano, econômico e social. São pessoas que
precisam de adultos, de grupos e instituições, responsáveis pela promoção e defesa da sua
participação, proteção, desenvolvimento, sobrevivência e, em especial, por seu cuidado.
A Convenção define que “a criança tem necessidade de uma proteção especial e
de cuidados especiais, notadamente de uma proteção jurídica, antes e depois de seu
nascimento”. Em outros pontos, avança e acresce ao “direito à proteção especial”, outros tipos
de direitos que só podem ser exercidos pelos próprios beneficiários: o direito à liberdade de
opinião (Art.12), à liberdade de expressão (Art.13), à liberdade de pensamento, de consciência
e de religião (Art. 14), à liberdade de associação (Art. 15), direitos esses que pressupõem
certo grau de capacidade, de responsabilidade, isto é, que pressupõem sujeitos de direitos
como titulares. As crianças e os adolescentes são seres essencialmente autônomos, mas com
capacidade limitada de exercício da sua liberdade e dos seus direitos (PCFC, 2006, p. 25).
Para a efetivação da Convenção sobre os Direitos da Criança, no País, é
importante que sejam observados os seguintes princípios:
• Não discriminação;
• Interesse superior da criança;
• Direitos à sobrevivência e ao desenvolvimento;
• Respeito à opinião da criança.
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Ao regulamentar o artigo 227 da Constituição Federal, o ECA, Lei Federal 8.069
de 13 de julho de 1990, reafirma o papel da família na vida da criança e do adolescente, como
elemento imprescindível dentro do processo de proteção integral. Um dos principais objetivos
do sistema de promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente proposto pelo ECA
é a articulação e a integração de todas as políticas públicas, na priorização do atendimento
direto desse segmento da população, como forma de garantia de direitos, fazer com que o
atendimento das necessidades básicas das crianças e dos adolescentes seja realizado como
direito do cidadão-criança e do cidadão-adolescente e, ao mesmo tempo, dever do Estado, da
sociedade e da família, com prioridade absoluta.
Sendo assim, o Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária tem como
objetivo favorecer nas três esferas públicas, guardadas as atribuições e competências
específicas, o desenvolvimento pleno das famílias e a proteção aos vínculos familiares e
comunitários.
No tocante ao direito à convivência familiar e comunitária, o ECA estabeleceu, no
artigo 19, que toda criança ou adolescente tem direito de ser criado e educado no seio de sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e
comunitária. Em função desse princípio, o ECA estabelece a excepcionalidade e a
provisoriedade do Acolhimento Institucional, obrigando que se assegure a “preservação dos
vínculos familiares e a integração em família substituta quando esgotados os recursos de
manutenção na família de origem” (Artigos 92 e 100). Nesta hipótese, o ECA estabelece que a
colocação em família substituta se dê em definitivo por meio da adoção ou, provisoriamente,
via tutela ou guarda (Artigos 28 a 52 do ECA), sempre por decisão judicial, processando-se
dentro dos princípios e requisitos previstos na citada Lei 8.069/90, aplicando-se, quando for o
caso, subsidiariamente, as regras do Código Civil. Nesse ponto, a regulação das formas de
colocação familiar citadas não foi alterado pelo novo Código Civil (2002) e por nenhuma
outra posterior ao ECA (PCFC, 2006, p. 25).
Em suma, a colocação em família substituta dar-se-á por meio de decisão judicial
e somente tendo lugar quando comprovadamente representar, para a criança e o adolescente, a
melhor medida para sua proteção e desenvolvimento, e esgotadas todas as demais
possibilidades. Essa nova família deve proporcionar um ambiente familiar adequado (Art. 29
do ECA), devendo ser excluídas da convivência da criança e do adolescente as pessoas
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dependentes de substâncias entorpecentes, pessoas que os submetam a maus-tratos, ou lhes
imponham tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório e constrangedor ou que
pratiquem exploração, abuso, crueldade e opressão (Artigos 5º, 18 e 19 do ECA).
Em respeito ao disposto nos artigos 226 e 227 da Constituição Federal, no tocante
ao direito à convivência familiar e comunitária, as leis orgânicas das políticas sociais foram
sendo editadas e reformadas aprofundando esses princípios constitucionais. Princípios estes
regulamentados pelo ECA, tornando-os operacionais, com a construção de sistemas de
atendimento de direitos, especializados. Assim, se procedeu com a promulgação da Lei
Orgânica da Assistência Social, da Lei Orgânica da Saúde, da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação.
III. MARCO CONCEITUAL
3.1 Família e contexto sócio cultural
A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado
(Art. 226 CF).
O processo de urbanização ocorrido no Brasil desde meados da década de
cinqüenta provocou profundas transformações sociais, econômicas, culturais, éticas e mesmo
ao nível do comportamento humano. Contudo, permanece um consenso em torno da família
como espaço privilegiado para a prática de valores comunitários e o aprofundamento de
relações de solidariedade.
No decorrer desse processo a família brasileira vem se modificando e estruturando
sendo impossível identificá-la como um modelo único e ideal. A família nuclear tradicional,
herança da família patriarcal brasileira deixa de ser o modelo hegemônico e outras formas de
organização familiar passam a ser reconhecidas, evidenciando que a família não é estática e
que suas funções de proteção e socialização podem ser exercidas nos mais diversos arranjos
familiares e contextos socioculturais, refutando-se, assim, qualquer idéia preconcebida de
modelo familiar “normal”.
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O Ano Internacional da Família (1994) contribuiu para lançar um novo olhar
sobre o valor da família destacando a importância de seu papel na educação dos filhos e na
iniciação das crianças na cultura, nos valores e nas normas de sua sociedade. A situação de
bem-estar das crianças e dos adolescentes encontra-se diretamente relacionada à possibilidade
de manterem um vinculo familiar estável, reconhecendo a convivência familiar como um
aspecto essencial de seu desenvolvimento e como um direito inalienável, sendo suas funções
consideradas insubstituíveis, quanto à promoção de valores, educação, proteção aos seus
membros e, sobretudo um lugar de encontro de gêneros e gerações (KALOUSTIAN, 1994).
De outro modo Bruschini (1981) apresenta uma analise mais complexa afirmando
que a família “não é a soma de indivíduos, mas um conjunto vivo, contraditório e cambiante
de pessoas com sua própria individualidade e personalidade”, ela é referência de afeto,
proteção e cuidado, nela os indivíduos constroem seus primeiros vínculos afetivos,
experimentam emoções, desenvolvem a autonomia, tomam decisões, exercem o cuidado
mútuo e vivenciam conflitos. Significados, crenças, mitos, regras e valores são construídos,
negociados e modificados, contribuindo para a constituição da subjetividade de cada membro
e capacidade para se relacionar com o outro e o meio. Obrigações, limites, deveres e direitos
são circunscritos e papéis são exercidos.
A família e o seu mundo, urbana, rural, indígena e quilombola, com toda sua
diversidade e multiplicidade de arranjos internos e de seus membros, merece atenção especial.
Há que reconhecer a multiplicidade étnico-cultural das famílias, o direito à convivência
familiar e comunitária. Para isso ela demanda políticas e programas próprios, que dêem conta
de suas especificidades. Tais como: política de manutenção do vínculo familiar; apoio e
orientação sócio-familiar, políticas sociais básicas.
3.2 Definição legal e conceito sócio-antropológico de família
A definição legal de família encontra-se na Constituição Brasileira de 1988, Art.
226, parágrafo 4: “entende-se como entidade familiar a comunidade formada por qualquer um
dos pais e seus descendentes”. Também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em
seu Art. 25, define como família natural “a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles
e seus descendentes”.
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Estas definições colocam ênfase na existência de vínculos de filiação legal, de
origem natural ou adotiva, independentemente do tipo de arranjo familiar onde esta relação de
parentalidade e filiação estiverem inseridas. Em outras palavras, não importa se a família é do
tipo “nuclear”, “monoparental”, “reconstituída” ou outras.
A ênfase no vínculo de parentalidade/filiação respeita a igualdade de direitos dos
filhos, independentemente de sua condição de nascimento, imprimindo grande flexibilidade
na compreensão do que é a instituição familiar, especialmente no que diz respeito aos direitos
das crianças e adolescentes. Torna-se necessário desmistificar a idealização de uma dada
estrutura familiar como sendo a “natural”, abrindo-se caminho para o reconhecimento da
diversidade das organizações familiares no contexto histórico, social e cultural. Ou seja, não
se trata mais de conceber um modelo ideal de família, mas enfatizar a sua capacidade em
exercer a função de proteção e socialização de suas crianças e adolescentes (PNCFC 2006, p.
26).
As referências da Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente
são fundamentais para a definição de deveres da família, do Estado e da sociedade em relação
à criança e ao adolescente. São fundamentais, ainda, para definir responsabilidades em casos
de inserção em programas de apoio à família e de defesa dos direitos de crianças e
adolescentes.
Entretanto, a definição legal não supre a necessidade de se compreender a
complexidade e riqueza dos vínculos familiares e comunitários que podem ser mobilizados
nas diversas frentes de defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Para tal, torna-se
necessária uma definição mais ampla de “família”, com base sócio-antropológica. A família
pode ser pensada como um grupo de pessoas que são unidas por laços de consangüinidade3,
de aliança4 e de afinidade5. Esses laços são constituídos por representações, práticas e relações
que implicam obrigações mútuas. Por sua vez, estas obrigações são organizadas de acordo
com a faixa etária, as relações de geração e de gênero, que definem o status da pessoa dentro
do sistema de relações familiares.
3 A definição pelas relações consangüíneas de quem é “parente” varia entre as sociedades podendo ou não incluir tios, tias, primos de variados graus, etc. Isto faz com que a relação de consangüinidade, em vez de “natural”, tenha sempre de ser interpretada em um referencial simbólico e cultural.4 Vínculos contraídos a partir de contratos, como a união conjugal. 5 Vínculos “adquiridos” com os parentes do cônjuge a partir das relações de aliança. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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Assim, em um âmbito simbólico e relacional, que varia entre os diversos grupos
sociais, muitas pessoas podem ser consideradas como “família”. A primeira definição que
emerge desta realidade social é que, além da relação parentalidade/filiação, diversas outras
relações de parentesco compõem uma “família extensa”, isto é, uma família que se estende
para além da unidade pais/filhos e/ou da unidade do casal, estando ou não dentro do mesmo
domicílio: irmãos, meio-irmãos, avós, tios e primos de diversos graus.
A diferença entre “família”, como rede de vínculos, e como “domicílio” também
tem um importante caráter operacional no interior de programas e serviços sociais, pois há
vínculos que definem obrigações legais entre pessoas que não moram no mesmo domicílio e
que são reconhecidas e se reconhecem como “família”, como no caso de crianças e
adolescentes que não residem com pelo menos um de seus pais. Esta distinção é fundamental
especialmente para se estimular o envolvimento da figura paterna na vida de crianças e
adolescentes, uma vez que na grande maioria das famílias monoparentais é o pai que não
mora no domicílio – o que não significa, necessariamente, que tenha perdido o vínculo com os
filhos e muito menos que escape à responsabilização de suas funções paternas.
Além destas definições, o cotidiano das famílias é constituído por outros tipos de
vínculos que pressupõem obrigações mútuas, mas não de caráter legal e sim de caráter
simbólico e afetivo. São relações de apadrinhamento, amizade e vizinhança e outras
correlatas. Constam dentre elas, relações de cuidado estabelecidas por acordos espontâneos e
que não raramente se revelam mais fortes e importantes para a sobrevivência cotidiana do que
muitas relações de parentesco.
Aos diversos arranjos constituídos no cotidiano para dar conta da sobrevivência,
do cuidado e da socialização de crianças e adolescentes, daremos o nome de “rede social de
apoio6”, para diferenciá-la de “família” e de “família extensa”. É preciso lembrar, nestes
casos, que se as obrigações mútuas construídas por laços simbólicos e afetivos podem ser
muito fortes, elas não são necessariamente constantes, não contam com reconhecimento legal
e nem pressupõem obrigações legais (PNCFC 2006, p. 27).
6 De acordo com Dessen (2000), rede social é um sistema composto por pessoas, funções e situações dentro de um contexto, que oferece apoio instrumental e emocional: ajuda financeira, divisão de responsabilidades, apoio emocional e diversas ações que levam ao sentimento de pertencer ao grupo (Dessen, Maria Auxiliadora e Braz, Marcela Pereira. Rede Social de Apoio Durante Transições Familiares Decorrentes do Nascimento de Filhos. Universidade de Brasília UnB Psic.: Teoria e Pesquisa vol.16, nº. 3 Brasília Set./Dez. 2000). Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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Ainda assim, as “redes sociais de apoio” forma uma frente importante para o
trabalho com inclusão social da família e com a proteção, defesa e garantia dos direitos das
crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária. Isto porque os vínculos afetivos
e simbólicos podem ser reconhecidos, mobilizados e orientados no sentido de prover apoio às
famílias em situação de vulnerabilidade, de prestar cuidados alternativos às crianças e aos
adolescentes afastados do convívio com a família de origem, e, finalmente, para tomar
decisões relativas à atribuição de guarda legal e adoção. Entretanto, há que se enfatizar que
apenas a existência de vínculos sociais e afetivos não é suficiente e as providências
necessárias para a regularização da situação da criança e do adolescente, do ponto de vista
legal, devem ser tomadas, tendo em vista a prevenção de violência e a garantia de seus
direitos de cidadania.
3.3 O Município de Piracicaba e o Plano Nacional de Convivência Familiar e
Comunitária
O Processo de elaboração do Plano Municipal de Promoção, Proteção e Defesa do
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária em Piracicaba
iniciou com a nomeação, pelo prefeito, de um grupo de trabalho para avaliar os serviços de
abrigo para crianças e adolescentes (Decreto nº 13.108 de 24 de abril de 2009).
Este Plano Municipal, produto de um esforço coletivo vem fortalecer as ações
voltadas às políticas para área da criança e do adolescente, pois sua elaboração contou com
representantes das organizações que compõem o Subsistema de Serviços de Atendimento,
Acolhimento de crianças, adolescentes e seus familiares. Representou um momento
importante de participação, atualização e mobilização em torno da elaboração do PLANO.
Demonstrou o envolvimento do município com a Proteção Integral de Crianças e
adolescentes, assumindo de forma renovada, o compromisso pela promoção, proteção e
defesa do direito de Crianças e Adolescentes à convivência familiar e comunitária.
Assim, o Plano Municipal estará trabalhando na direção do fortalecimento da
convivência familiar e comunitária, conforme estabelece o Plano Nacional de Promoção,
Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças Adolescentes à Convivência Familiar e
Comunitária (2006), estando este em sintonia com a Política Nacional de Assistência Social -
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PNAS (2004) e, portanto diretamente relacionado ao investimento nas políticas públicas de
atenção à família. Considerado um marco nas políticas públicas no Brasil, pretende romper
com a cultura da institucionalização de crianças e adolescentes, fortalecer e preservar os
vínculos familiares e comunitários – fundamentais ao desenvolvimento humano das crianças e
adolescentes.
O Plano Nacional reconhece que a família é dotada de autonomia, competências e
geradora de potencialidades. Novas possibilidades, recursos e habilidades são desenvolvidos
frente aos desafios que se interpõem em cada etapa de seu ciclo de desenvolvimento. Seus
papéis e organização estão em contínua transformação. Por isso, reconhece a importância em
investir no fortalecimento e no resgate dos vínculos familiares em situação de vulnerabilidade,
pois cada família, dentro de sua singularidade, é potencialmente capaz de se reorganizar
diante de suas dificuldades e desafios, de maximizar as suas capacidades, de transformar suas
crenças e práticas para consolidar novas formas de relações (PNCFC 2006, p. 30).
O empoderamento da família deve ser apoiado e potencializado por políticas de
apoio sócio-familiar, em diferentes dimensões que visem à reorganização do complexo
sistema de relações familiares, especialmente no que se refere ao respeito aos direitos de
crianças e adolescentes.
No que tange ao desenvolvimento humano de crianças e adolescentes Winnicott
(2005a; 2005b) destaca que um ambiente familiar afetivo e continente às necessidades da
criança e, mais tarde do adolescente, constitui a base para o desenvolvimento saudável ao
longo de todo o ciclo vital. Tanto a imposição do limite, da autoridade e da realidade, quanto
o cuidado e a afetividade são fundamentais para a constituição da subjetividade e
desenvolvimento das habilidades necessárias à vida em comunidade. Assim, as experiências
vividas na família tornarão gradativamente a criança e o adolescente capazes de se sentirem
amados, de cuidar, se preocupar e amar o outro, de se responsabilizar por suas próprias ações
e sentimentos. Estas vivências são importantes para que se sintam aceitos também nos
círculos cada vez mais amplos que passarão a integrar ao longo do desenvolvimento da
socialização e da autonomia.
Desse modo, aqueles que desenvolvem ações e serviços precisam avançar na
compreensão das dificuldades que as famílias em situação de vulnerabilidade social têm para
oferecer tal ambiente aos seus adolescentes, premidas pelas necessidades de sobrevivência,
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pelas condições precárias de habitação, saúde e escolarização, pela exposição constante a
ambientes de alta violência urbana, dentre outros fatores.
Frente a essa realidade, o Município de Piracicaba reconhece a imperiosa
necessidade de desenvolver programas sociais voltados para a adolescência em situação de
vulnerabilidade social, quer tenha vínculos comunitários e familiares intactos, quer esteja em
situação de afastamento provisório ou não de suas famílias.
O acolhimento é um direito da criança e do adolescente, dada sua condição
especial de ser em desenvolvimento. Nesse sentido, considera-se que a convivência familiar
seja a forma mais indicada de cuidado para uma criança, mantendo-a preferencialmente junto
aos seus, ou buscando-se outra família que a acolha.
Um desafio se põe para assegurar o direito da criança e do adolescente, pois
garantir a proteção à criança, diagnosticada em situação de risco e, ao mesmo tempo, respeitar
o seu direito à convivência familiar e comunitária é uma questão por demais complexa e não
existem soluções isoladas como resposta.
3.4 Criança e Adolescente: pessoas em condição peculiar de desenvolvimento
e sujeitos de direitos
O desenvolvimento da criança e, mais tarde, do adolescente, caracteriza-se por
intricados processos biológicos, psicoafetivos, cognitivos e sociais que exigem do ambiente
que o cerca, uma série de condições para realizar-se a contento.
O desenvolvimento integral da criança começa antes mesmo de seu nascimento. O
período de gestação é uma etapa importante de preparação da família, para assumir os novos
papéis com a chegada do novo membro.
Dada sua situação de vulnerabilidade e imaturidade, os primeiros anos de vida da
criança são marcados pela dependência do ambiente e daqueles que delas cuidam. A relação
com seus pais, ou substitutos, é fundamental para sua constituição como sujeito, para o seu
desenvolvimento afetivo bem como para as aquisições próprias a essa faixa etária. A relação
afetiva e os cuidados que ela recebe da família e da rede de serviço tem conseqüências
importantes sobre sua condição de saúde e desenvolvimento físico e psicológico. A família
vai interligar e propiciar à criança o acesso aos direitos universais de saúde, educação e
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demais direitos sociais. Ao entrar na educação infantil ou no ensino fundamental, a criança
passa a freqüentar outros contextos sociais, o seu mundo e seus referenciais socioculturais se
ampliam e seu núcleo de relacionamentos se expande, para além da família.
Autores e especialistas em desenvolvimento humano que adotam diferentes
orientações teóricas são unânimes em destacar a importância fundamental da família no
desenvolvimento da criança em seus primeiros anos de vida. É neste período que a criança faz
aquisições importantes desenvolvendo comportamentos dos mais simples aos mais
complexos. Neste momento a família tem um papel fundamental no seu desenvolvimento.
Alguns autores7 são unânimes em afirmar que a separação da criança e do
adolescente do convívio com a família seguida de institucionalização, pode repercutir
negativamente sobre seu desenvolvimento, sobretudo quando não for acompanhada de
cuidados adequados, administrados por um adulto com o qual possam estabelecer uma relação
afetiva estável, até que a integração ao convívio familiar seja viabilizada novamente.
Nos primeiros cinco anos e, sobretudo no primeiro ano de vida, as crianças são
particularmente vulneráveis à separação de sua família e ambiente de origem. Porém, apesar
do sofrimento vivido, se um substituto assume o cuidado e lhe proporciona a satisfação de
suas necessidades biológicas e emocionais, a criança pode retomar o curso de seu
desenvolvimento (Bowlby, 1988; Dolto, 1991; Spitz, 2000). Por outro lado, quando isso não
ocorre, o sofrimento da criança será intenso e, segundo Spitz (2000), ela poderá adoecer e até
mesmo chegar à morte. Assim, quando a separação é inevitável, cuidados alternativos de
qualidade e condizentes com suas necessidades devem ser administrados, até que o objetivo
de integração à família (de origem ou substituta) seja alcançado, garantindo-se a
excepcionalidade e a provisoriedade da medida de abrigo (ECA, Art. 101, Parágrafo Único).
No que diz respeito ao adolescente, este vivencia intensamente o processo de
construção de sua identidade, sendo fundamental a experiência vivida em família e a
convivência com os pais, irmãos, avós e outras pessoas significativas. Uma atitude de
oposição a seu modelo familiar e aos pais é parte inerente do processo de diferenciação em
relação a estes e de construção de seu próprio eu. O desenvolvimento da autonomia se dará de
modo crescente, mas o adolescente, em diversos momentos, precisará recorrer tanto a fontes
sociais que lhe sirvam de referência (educadores, colegas e outras) quanto à referência e à
7 (Bowlby, 1988; Dolto, 1991; Nogueira, 2004; Pereira, 2003; Spitz, 2000; Winnicott, 1999. In PNCFC 2006). Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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segurança do ambiente familiar. Assim, a segurança sentida na convivência familiar e
comunitária oferecerá as bases necessárias para o amadurecimento e para a constituição de
uma vida adulta saudável.
Em virtude dos desafios enfrentados na adolescência, a privação da convivência
familiar e comunitária pode tornar particularmente doloroso o processo de amadurecimento,
frente à falta de referenciais seguros para a construção de sua identidade, desenvolvimento da
autonomia e elaboração de projetos futuros, acompanhados ainda de rebaixamento da auto-
estima (JUSTO, 1997).
Pereira (2003) observou que o adolescente, frente à aproximação da separação,
num serviço de acolhimento institucional, pode ser acompanhado de sentimentos de perda,
muitas vezes, do único referencial do qual o adolescente dispõe: os vínculos construídos na
instituição. A autora destaca, assim, a importância da atenção às necessidades específicas
desta etapa do ciclo vital e do trabalho pela garantia do direito à convivência familiar e
comunitária do adolescente, bem como de se favorecer um processo de desligamento
gradativo da instituição. A prática institucional observa o mesmo fenômeno quando se trata
do desligamento de crianças.
Finalmente, a família tem importância tal que permanece viva, como realidade
psicológica, ao longo de todo o ciclo vital do indivíduo, ainda que sentida como falta. Cada
pessoa retornará inúmeras vezes às lembranças das experiências vividas com a família na
infância, na adolescência, na vida adulta e na velhice. Os aspectos aqui abordados têm como
objetivo fundamentar o direito à convivência familiar, bem como o princípio da
excepcionalidade e da provisoriedade da medida protetiva de abrigo. Quando a separação da
família e do contexto de origem for necessária, um cuidado de qualidade deve ser prestado à
criança ou ao adolescente, enquanto a integração à família definitiva (de origem ou substituta)
não for viabilizada.
Winnicott (2005a; 2005b) afirma que, quando a convivência familiar é saudável, a
família é o melhor lugar para o desenvolvimento da criança e do adolescente. Todavia, é
preciso lembrar que a família, lugar de proteção e cuidado, é também lugar de conflito e pode
até mesmo ser o espaço da violação de direitos da criança e do adolescente. Nessas situações,
medidas de apoio à família deverão ser tomadas, bem como outras que se mostrarem
necessárias, de modo a assegurar-se o direito da criança e do adolescente de se desenvolver no
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seio de uma família, prioritariamente a de origem e, excepcionalmente, a substituta, pois a
convivência saudável com a família possibilita que o indivíduo encontre e estabeleça sua
identidade de maneira tão sólida que, com o tempo, e a seu próprio modo, ele ou ela adquira a
capacidade de tornar-se membro da sociedade – um membro ativo e criativo, sem perder sua
espontaneidade pessoal nem desfazer-se daquele sentido de liberdade que, na boa saúde, vem
de dentro do próprio indivíduo (WINNICOTT, 2005a, p. 40).
3.5 Convivência Comunitária
Quando a criança e o adolescente passam a estabelecer relação com a
comunidade, as instituições e os espaços sociais, eles se deparam com o coletivo – papéis
sociais, regras, leis, valores, cultura, crenças e tradições transmitidas de geração a geração –
expressam sua individualidade e encontram importantes recursos para seu desenvolvimento
(NASCIUTI, 1996)8.
Os espaços e as instituições sociais são, portanto, mediadores das relações que as
crianças e os adolescentes estabelecem, contribuindo para a construção de relações afetivas e
de suas identidades individual e coletiva. Nessa direção, se o afastamento do convívio familiar
for necessário, as crianças e adolescentes devem, na medida do possível, permanecer no
contexto social que lhes é familiar. Além de muito importante para o desenvolvimento
pessoal, a convivência comunitária favorável contribui para o fortalecimento dos vínculos
familiares e a inserção social da família (PNCFC 2006, p. 34).
Observações da situação de vulnerabilidade e risco realizadas pelos profissionais
que atuam em projetos e serviços de alta complexidade e também estudos sobre acolhimento
institucional9 dão conta que as famílias de crianças e adolescentes abrigados, geralmente não
possuem rede familiar extensa ou redes sociais de apoio na comunidade. São famílias
predominantemente monoparentais e chefiadas por mulheres, possuem uma história marcada
pela exclusão social, migração e ruptura de vínculos afetivos. Vivências de “desenraizamento
familiar e social” associam-se à falta de um grupo familiar extenso e de vínculos
significativos na comunidade ao qual a família possa recorrer. Para essas famílias, o acesso a
8 NASCIUTI, J. R. A instituição como via de acesso à comunidade. In: R. H. F. Campos (Org), Psicologia social e comunitária: Da solidariedade à autonomia (pp. 100-126). Rio de Janeiro: Vozes, 1996.
9 PEREIRA, J. M. F. e COSTA, L. F. (2004) O ciclo recursivo do abandono. Disponível em http://www.psicologia.com.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo=A0207&area=d4&subarea=acessado em 29 de outubro de 2006.
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uma rede de serviços potencializada e integrada torna-se fundamental para a superação de
suas vulnerabilidades. Além da influência que pode exercer no desenvolvimento da criança e
do adolescente, as redes podem contribuir para a preservação e fortalecimento dos vínculos
familiares, bem como a proteção e o cuidado.
Inseridos numa realidade mais ampla, algumas estratégias da comunidade
contribuem para a proteção da criança e do adolescente à medida que constroem formas de
apoio coletivo entre famílias em situação de vulnerabilidade social:
O atendimento qualificado imediato das medidas de proteção, embora se
circunscreva no espaço restrito do ambiente familiar e ou institucional, ele não acontece de
forma unilateral e isolada, mas está inserido numa rede de relações.
Nesse sentido o Estatuto da Criança e do Adolescente concebe em seu artigo 86
que, a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um
conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.
A proteção integral exige o conhecimento da existência das redes e da dinâmica
de cada tipo, pois todas as pessoas fazem parte de algum modelo de rede social:
1. As redes sociais espontâneas nascem no espaço doméstico. Agem de forma
difusa, através de reciprocidade, circulação de informações, prestação de serviços de
necessidade imediata. Têm como fundamento as relações primárias, face a face, interpessoais,
espontâneas. Seus marcos são: reciprocidade, cooperação, solidariedade, afetividade,
interdependência. A quebra desse circuito de proteção joga o indivíduo no desamparo,
necessitando com urgência da atenção dos serviços públicos. As crianças e os adolescentes
são os mais prejudicados, necessitando de inserção no sistema jurídico-institucional de
proteção especial.
2. As redes de serviços sócio-comunitários são uma extensão das redes sociais
espontâneas. A diferença está no grau de organização para atender demandas mais coletivas e
difusas. A solidariedade do convívio e do afeto é substituída pela solidariedade do
compromisso e, em alguns momentos, preenchendo algumas lacunas dos serviços
governamentais. Vinculam-se, quase sempre, à política municipal da assistência social. As
redes sócio-comunitárias são responsáveis por: produzir serviços de apoio de caráter
mutualista para os segmentos pauperizados (serviços ambulatoriais, creches, abrigos,
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albergues etc.); mutirões para construção de moradia; organizar clube de mães, festas
comunitárias, cooperativas de produção e geração de renda; implementar serviços de
desenvolvimento de cidadania e melhoria ambiental da qualidade de vida.
3. A rede privada tem no mercado o seu grande agente. Mas é acessível à parcela
restrita da população. Oferece serviços mais especializados e de cobertura mais ampla.
Trabalhadores do mercado formal também têm acesso aos serviços oferecidos pela rede
privada (convênios).
4. As redes setoriais públicas são as que prestam serviços de natureza específica e
especializada, resultante das obrigações e dos deveres do Estado para com seus cidadãos,
através das políticas de: Educação, Saúde e Assistência Social, como também Esporte,
Cultura e Lazer, entre outras.
As redes de prestação de serviços representam a articulação dos programas e
serviços voltados ao atendimento à criança, ao adolescente, ao idoso, à família e à
comunidade.
5. A Rede de atendimento à Infância e Adolescência se constitui em atendimento
por meio de serviços. São os Programas e Projetos que se articulam dentro de uma estrutura
representada por três grandes blocos:
1. As políticas sociais básicas (seguridade: saúde, assistência, previdência;
educação, trabalho, habitação, cultura e lazer);
2. A Política Nacional de Assistência Social – PNAS com o Sistema Unificado de
Assistência – SUAS, representa um grande avanço na universalização e organização da
Assistência Social;
3. O Sistema de Garantia de Direitos, por meio:
a. Da justiça da Infância e Adolescência (Poder Judiciário e Ministério Público);
b. Do Controle Social: Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente e
Conselho Tutelar; Conselho de Assistência Social, assim como outros Conselhos de
composição paritária entre Estado e Sociedade.
Uma análise atenta na exposição acima leva a compreender que a política de
proteção integral é algo organizativamente complexo que exige muitas informações.
Conforme dito por Casas (1998), a menor complexidade imaginável sempre está no nível
territorial mais reduzido, ou seja, no bairro, distrito ou município. O desenvolvimento de
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políticas integrais exige um marco legal possibilitador e um marco institucional facilitador,
com base numa coordenação e num planejamento único e global com gestão bem articulada e
descentralizada.
A organização dessa complexa rede de serviços, com base em novo paradigma
inserido na Carta Magna de 1998, com os artigos regulamentados por Lei Específica, como é
o caso do Estatuto da Criança e do Adolescente, vem sendo implementado nos últimos 19
anos. Mas, enquanto o marco legal e institucional está bem parametrado e o reordenamento
das instituições está acontecendo, a definição e apropriação de um corpo teórico conceitual
consistente por parte dos operadores tanto do direito, quanto das políticas sociais, vem
exigindo um longo tempo para se configurar numa comunidade de sentido. Seu processo é
demorado, pois os serviços devem acontecer, antes mesmo de se chegar a um consenso
possível. Assim sendo, é necessário estabelecer ações que facilitem a confluência das
intervenções dos vários atores. Diante de tal imperativo, faz-se necessário estabelecer um eixo
norteador, cuja prioridade é o melhor bem da criança e do adolescente, assegurando a garantia
ao direito à convivência familiar e comunitária.
Essa nova arquitetura exige formação interdisciplinar para interpretar a realidade e
possibilitar aos sujeitos estabelecerem vínculos de confluência, transgredir as fronteiras
tradicionais e articularem, em suas várias dimensões, os saberes fragmentados e a inter-
relação do conhecimento.
É sempre bom lembrar que tanto a construção quanto o fortalecimento dos
vínculos familiares e comunitários possuem uma demanda política que dependem de
investimento do Poder Público em políticas públicas voltadas à família, à comunidade e ao
espaço coletivo – habitação, saúde, educação, trabalho, segurança, assistência social,
desenvolvimento urbano, combate à violência, ao abuso e à exploração de crianças e
adolescentes, distribuição de renda e diminuição da desigualdade social, meio ambiente,
esporte e cultura.
Os aspectos aqui abordados evidenciam finalmente que a efetivação da promoção,
proteção e defesa do direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes
requer um conjunto articulado de ações que envolvem a co-responsabilidade do Estado, da
família e da sociedade, conforme disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente e na
Constituição Federal.
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3.6 - Ameaça e violação aos direitos da criança e do adolescente no contexto
da família
As idéias e reflexões veiculadas acima demonstram a importância de se oferecer à
criança e, mais tarde, ao adolescente, um ambiente nutritivo e estável, do ponto de vista
relacional e afetivo, onde se sintam protegidos e acolhidos e onde possam encontrar o suporte
necessário ao enfrentamento dos diversos desafios que constituem esta peculiar etapa da vida.
A constância das figuras parentais, as condições sociais e culturais para a realização de seus
cuidados e um “clima afetivo10” nos primeiros anos de vida, favorecem a constituição de
vínculos primários e abrem o caminho para a constituição de novos vínculos, cuja
preservação, durante a infância e a adolescência, propicia as condições adequadas para a
socialização e o desenvolvimento integral dos indivíduos. Da mesma forma, a garantia de
acesso aos direitos universais para todas as famílias é a contraparte da responsabilidade do
Estado para garantir o desenvolvimento da criança e do adolescente, pensando também de
forma mais ampla, no desenvolvimento das novas gerações e da cidadania (PNCFC 2006,
p.35).
Neste contexto torna-se fundamental refletir sobre as situações caracterizadas
como violação de direitos de crianças e adolescentes no contexto familiar, com o impacto
sobre os vínculos e as formas de atendimento devidas em cada caso.
3.7 Violações de direitos, a co-responsabilização do Estado e da família e
Intervenções Necessárias.
O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe, em seu artigo 5°, que “nenhuma
criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, crueldade e opressão (...)”, sendo dever constitucional da família, da sociedade e
10 SPITZ, R. A. O primeiro ano de vida: um estudo psicanalítico do desenvolvimento normal e anômalo das relações objetais. 2ª edição brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1979, p.132. – Spitz introduz o conceito de “clima afetivo” para designar a totalidade das forças que influenciam o desenvolvimento do bebê, esclarecendo que tal clima se estabelece pelos resultados cumulativos de reiteradas experiências e estímulos, de seqüências de respostas interminavelmente repetidas. “Cada parceiro da dupla mãe-filho percebe o afeto do outro e responde com afeto, numa troca afetiva recíproca contínua.” O autor relativiza, assim, o papel que eventos traumáticos podem desempenhar no desenvolvimento. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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do Estado colocá-los a salvo de tais condições. No seu artigo 18, o ECA estabelece que “é
dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.” No entanto, por
motivos diversos, tais violações de direitos podem vir a ocorrer no seio da própria família, na
relação que os pais, responsáveis ou outros membros do grupo familiar estabelecem com a
criança e o adolescente.
Ao desenvolver toda uma argumentação sobre a co-responsabilidade do Estado,
da família e da sociedade diante dos direitos de crianças e adolescentes, o Plano Nacional de
Convivência Familiar e Comunitária convida a refletir sobre a co-responsabilização destes
Entes nas situações de violação desses direitos tanto quanto no esforço para a sua superação
(PNCFC, 2006 p 36).
A violação de direitos pode ocorrer no seio da família quando esta se encontra em
situação de vulnerabilidade e por isso ela tem necessidade de acesso e inclusão social. Nesses
casos, o apoio sócio-familiar é, muitas vezes, o caminho para o resgate dos direitos e
fortalecimento dos vínculos familiares, cabendo à sociedade, aos demais membros da família,
à comunidade e ao próprio Estado, reconhecer a ameaça ou a violação dos direitos e intervir
para assegurá-los ou restaurá-los. Para que isso ocorra, de maneira eficiente e eficaz, algumas
condições devem ser satisfeitas:
• A existência e a adequada estruturação de uma rede de serviços de atenção e
proteção à criança, ao adolescente e à família, capaz de prover orientação
psicossocial, fortalecendo a família para o adequado cumprimento de suas
responsabilidades ou, após rigorosa avaliação técnica, propiciar cuidados
alternativos à criança e ao adolescente que necessitem, para sua segurança,
serem afastados da família.
• Difusão de uma cultura de direitos, em que as famílias, a comunidade e as
instituições conheçam e valorize os direitos da criança e do adolescente,
especialmente a sua liberdade de expressão, de participação na vida da família
e da comunidade, opinando e sendo ouvidos sobre as decisões que lhes dizem
respeito;
• A superação de padrões culturais arraigados, característicos de uma sociedade
patriarcal, marcada pelo autoritarismo, em que se admite a imposição de
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castigos físicos e outros tipos de agressão como “educação” dada à criança e ao
adolescente;
• A capacidade dos membros das famílias, da comunidade e dos profissionais
que atuam junto a crianças, adolescentes e famílias, especialmente nas áreas de
educação, saúde e assistência social, de reconhecer os sinais da violência
contra a criança e o adolescente, denunciar e enfrentar, desenvolvendo uma
atitude coletiva e pró-ativa de proteção e “vigilância social”, em lugar da
omissão;
• A existência e a adequada estruturação dos Conselhos Tutelares, bem como a
capacitação dos conselheiros para o exercício de suas funções em defesa dos
direitos da criança e do adolescente, em estreita articulação com a Justiça da
Infância e da Juventude e com os demais atores do Sistema de Garantia de
Direitos.
• A oferta de serviços de apoio psicossocial à família visando a reintegração
familiar, bem como de acompanhamento no período pós-reintegração.
Dentre as situações de risco vividas por crianças e adolescentes, relacionadas à
falta ou a fragilização dos vínculos familiares e comunitários, que merecem atenção e
intervenção da sociedade e do Estado, destacam-se a negligência, o abandono e a violência
doméstica.
Segundo Azevedo e Guerra11 “a negligência se configura quando os pais (ou
responsáveis) falham em termos de atendimento às necessidades dos seus filhos (alimentação,
vestir, etc.) e quando tal falha não é o resultado das condições de vida além do seu
controle” (grifo do redator do PNCFC). A negligência assume formas diversas, que podem
compreender descasos: com a saúde da criança, por exemplo, ao deixar de vaciná-la; com a
sua higiene; com a sua educação, descumprindo o dever de encaminhá-la ao ensino
obrigatório; com a sua supervisão, deixando-a sozinha e sujeita a riscos; com a sua
alimentação; com o vestuário; dentre outras. Pode-se dizer que o abandono, deixando a
11 AZEVEDO, M.A. & GUERRA, V.N.A. Infância e violência intrafamiliar. Apud TERRA DOS HOMENS. Série em defesa da convivência familiar e comunitária. Violência intrafamiliar. Rio de Janeiro: ABTH, v. 4, 2003. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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criança à própria sorte, e, por conseguinte, em situação de extrema vulnerabilidade, seria a
forma mais grave de negligência.
O conselheiro tutelar, o técnico, a autoridade judicial, ou qualquer outro ator
institucional ou social, na sua missão de velar pelos direitos da criança e do adolescente, ao se
deparar com uma possível situação de negligência, ou mesmo de abandono, deve sempre levar
em conta a condição sócio-econômica e o contexto de vida das famílias bem como a sua
inclusão em programas sociais e políticas públicas, a fim de avaliar se a negligência resulta de
circunstâncias que fogem ao seu controle e/ou que exigem intervenção no sentido de
fortalecer os vínculos familiares. “Para que se confirme à negligência nessas famílias,
precisamos ter certeza de que elas não se interessam em prestar os cuidados básicos para que
uma criança ou adolescente cresça saudável e com segurança...12”.
Veronese e Costa (2006)13, num exercício de conceituação, explicam que “a
palavra violência vem do termo latino vis, que significa força. Assim, violência é abuso da
força, usar de violência é agir sobre alguém ou fazê-lo agir contra sua vontade, empregando a
força ou a intimidação”. A violência doméstica ou intrafamiliar é um fenômeno complexo e
multideterminado em que podem interagir e potencializarem-se mutuamente características
pessoais do agressor, conflitos relacionais e, por vezes, transgeracionais, fatores relacionados
ao contexto sócio-econômico da família e elementos da cultura. Isso explica o fato da
violência doméstica não ser exclusiva de uma classe desfavorecida, perpassando
indistintamente todos os estratos sociais. Ela acontece no espaço privado, na assimetria das
micro-relações de poder estabelecidas entre os membros da família, e abrange a violência
física, a violência psicológica e a violência sexual, podendo acarretar seqüelas gravíssimas e
até a morte da criança ou do adolescente. Não cabe neste espaço aprofundar cada uma dessas
categorias, apenas situar a gravidade do fenômeno, no mesmo plano da violência urbana e da
violência estrutural, e a imperiosa necessidade de preveni-lo e enfrentá-lo, em todas as suas
facetas e gradações.
Exatamente por isto, é importante lembrar que condições de vida tais como
pobreza, desemprego, exposição à violência urbana, situações não assistidas de dependência
química ou de transtorno mental, violência de gênero e outras, embora não possam ser 12 DESLANDES, S.F. [et alli]. Livro das famílias: conversando sobre a vida e sobre os filhos. (p. 41) Rio de Janeiro: Ministério da Saúde / Sociedade Brasileira de Pediatria, 2005.13 VERONESE, J.R.P. & COSTA, M.M.M. Violência doméstica: quando a vítima é criança ou adolescente – uma leitura interdisciplinar. (p. 101-102). Florianópolis: OAB/SC Editora, 2006. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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tomadas como causas de violência contra a criança e o adolescente, podem contribuir para a
sua emergência no seio das relações familiares.
A Lei 8.069/90, em seu artigo 98, estabelece a aplicabilidade de medidas de
proteção, da alçada dos Conselhos Tutelares (Art. 101, incisos I a VII) e da Justiça da Infância
e da Juventude, quando os direitos da criança e do adolescente forem ameaçados ou violados:
“I – por ação ou omissão da sociedade e do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais
ou responsável; e III – em razão de sua conduta.” Vale a pena listá-las:Art. 101 – Verificada qualquer das hipóteses previstas no Art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;III – matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;IV – inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança ou ao adolescente;V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;VII – abrigo em entidade;VIII – colocação em família substituta.
À sua disposição, para intervir na situação de crise familiar, os conselhos tutelares
– apenas nos incisos I a VII – e a autoridade judicial têm ainda as seguintes medidas
pertinentes aos pais ou responsável, previstas nos artigos 129 e 130 do ECA:Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:I – encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;II – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;III – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;IV – encaminhamento a cursos ou programas de orientação;V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;VII – advertência;VIII – perda da guarda;IX – destituição da tutela;X – suspensão ou destituição do pátrio poder.Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.Art. 130 – Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
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Aqui é importante enfatizar o disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente,
de que a “falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda
ou suspensão do pátrio poder” (Art. 23 do ECA) e “não existindo outro motivo que por si só
autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de
origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio”
(Parágrafo único, Art. 23 do ECA).
3.8 Programas de apoio e proteção social à família
A ordem de apresentação das medidas elencadas nos artigos 101 e 129 da Lei
8.069/90 guarda, certamente, um sentido de gradação, reservando a aplicação das medidas
mais sérias e drásticas, que envolvem a separação da criança e do adolescente de sua família,
à autoridade judicial. Acertadamente, o espírito da Lei 8.069/90 é pela preservação dos
vínculos familiares originais, procurando-se evitar no melhor interesse da criança, e sempre
que possível, rupturas que possam comprometer o seu desenvolvimento. De fato, “O Estatuto
da Criança e do Adolescente tem a relevante função, ao regulamentar o texto constitucional,
de fazer com que este último não se constitua em letra morta. No entanto, a simples existência
de leis que proclamem os direitos sociais, por si só não consegue mudar as estruturas. Antes
há que se conjugar aos direitos uma política social eficaz, que de fato assegure materialmente
os direitos já positivados” (HOPPE apud VERONESE e COSTA, 2006, p. 132)14.
Sem a pretensão de discorrer sobre cada uma das medidas de proteção e das
medidas pertinentes aos pais ou responsável, destaca-se neste capítulo a importância das
medidas voltadas à inclusão da família em programas de auxílio e proteção, expressas no
inciso IV do artigo 101 e no inciso I do artigo 129 do ECA. Tais programas, se disponíveis e
bem estruturados, podem lograr a superação das dificuldades vivenciadas pela família e a
restauração de direitos ameaçados ou violados, sem a necessidade de afastar a criança ou o
adolescente do seu núcleo familiar (PNCFC, 2006 p.39).
De forma geral, quando as medidas protetivas já estão em pauta, os programas de
apoio sócio-familiar devem perseguir o objetivo do fortalecimento da família, a partir da sua 14 HOPPE, M. O estatuto passado a limpo. Porto Alegre: Juizado da Infância e da Juventude, 1992. CD-ROM. Biblioteca Nacional dos Direitos da Criança – AJURIS / Fundação Banco do Brasil / UNICEF. Apud VERONESE, J.R.P. & COSTA. M.M.M. Violência doméstica: quando a vítima é criança ou adolescente – uma leitura interdisciplinar. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2006, p. 132. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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singularidade, estabelecendo, de maneira participativa, um plano de trabalho ou plano
promocional da família que valorize sua capacidade de encontrar soluções para os problemas
enfrentados, com apoio técnico-institucional. Os Programas devem abarcar as seguintes
dimensões:
• superação de vulnerabilidades sociais relacionadas à condição de
miserabilidade e pobreza, incluindo condições de habitabilidade, segurança
alimentar, trabalho e geração de renda;
• fortalecimento de vínculos familiares e de pertencimento social fragilizados;
• acesso à informação com relação às demandas individuais e coletivas;
• orientação da família e, especialmente, dos pais, quanto ao adequado exercício
das funções parentais, em termos de proteção e cuidados a serem dispensados
às crianças e adolescentes em cada etapa do desenvolvimento, mantendo uma
abordagem dialógica e reflexiva;
• superação de conflitos relacionais e/ou transgeracionais, rompendo o ciclo de
violência nas relações intrafamiliares;
• integração sócio-comunitária da família, a partir da mobilização das redes
sociais e da identificação de bases comunitárias de apoio;
• orientação jurídica, quando necessário.
A estruturação de programas dessa natureza e abrangência pressupõe um
arcabouço teórico-metodológico e um corpo técnico devidamente qualificado e
quantitativamente bem dimensionado face às demandas existentes em cada território. A
interdisciplinaridade e a intersetorialidade são, também, características importantes dos
programas de apoio sócio familiar, que devem articular diferentes políticas sociais básicas –
em especial a saúde, a assistência social e a educação – e manter estreita parceria com o
Sistema de Garantia de Direitos - SGD, sem prejuízo do envolvimento de políticas como
habitação, trabalho, esporte, lazer e cultura, dentre outras. A existência e a eficácia dos
Programas de Apoio Sócio-Familiar são essenciais à promoção do direito à convivência
familiar e comunitária e constituem um dos pilares do Plano Nacional, que objetiva a
ampliação do seu raio de cobertura e o incremento de sua qualidade. Isso deverá ocorrer com
a consolidação de políticas públicas universais e de qualidade e pela integração entre o
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Sistema Único de Assistência Social (SUAS), o Sistema Único de Saúde (SUS), o Sistema de
Garantia de Direitos (SGD) e o Sistema Educacional.
3.9 O afastamento da criança ou do adolescente da família
Uma vez constatada a necessidade do afastamento excepcional, provisório ou
definitivo, da criança ou do adolescente de sua família de origem, o caso deve ser levado
imediatamente à autoridade judiciária, a quem cabe a decisão final. O afastamento da criança
ou do adolescente da sua família de origem deve seguir as orientações da Lei Federal nº
12.010 de 03 de agosto de 2009, que dispõe sobre o aperfeiçoamento da sistemática prevista
para garantia do direito à convivência familiar a todas as crianças e adolescentes.
O estudo diagnóstico deve incluir uma criteriosa avaliação dos riscos a que estão
submetidos a criança ou o adolescente e as condições da família para a superação das
violações e o provimento de proteção e cuidados, bem como os recursos e potencialidades da
família extensa e da rede social de apoio, que muitas vezes pode desempenhar um importante
papel na superação de uma situação de crise, ou dificuldade momentânea da família.
Em relação ao processo de avaliação diagnóstica, é importante ouvir todas as
pessoas envolvidas, em especial a própria criança ou adolescente, através de métodos
adequados ao seu grau de desenvolvimento e capacidade. É preciso, ainda, ter em mente que a
decisão de retirar uma criança de sua família terá repercussões profundas, tanto para a criança,
quanto para a família. Trata-se de decisão extremamente grave e assim deve ser encarada,
optando-se sempre pela solução que represente o melhor interesse da criança ou do
adolescente e o menor prejuízo ao seu processo de desenvolvimento.
É importante ressaltar que, mesmo decidindo-se pelo afastamento da criança ou
adolescente da família, deve-se perseverar na atenção à família de origem, como forma de
abreviar a separação e promover a reintegração familiar. Somente quando esgotadas as
possibilidades de reintegração familiar é que se deverá proceder a busca por uma colocação
familiar definitiva, por meio da adoção.
3.10 Cuidados alternativos a crianças e adolescentes afastados do convívio
familiar
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Quando, para a proteção de sua integridade física e psicológica, for detectada a
necessidade do afastamento da criança e do adolescente da família de origem, os mesmos
deverão ser atendidos em serviços que ofereçam cuidados e condições favoráveis ao seu
desenvolvimento saudável, devendo-se trabalhar no sentido de viabilizar a reintegração à
família de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para família substituta. Tais
serviços podem ser ofertados na forma de Acolhimento Institucional ou Programa de Famílias
Acolhedoras.
3.11 Acolhimento Institucional
O Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária adotou o termo
Acolhimento Institucional para designar os programas de abrigo, definidos no Art. 90, Inciso
IV, do ECA, como aqueles que atendem crianças e adolescentes que se encontram sob medida
protetiva de abrigo, aplicadas nas situações dispostas no Art. 98. Segundo o Art. 101,
Parágrafo Único, o abrigo é medida provisória e excepcional, não implicando privação de
liberdade. O Acolhimento Institucional para crianças e adolescentes pode ser oferecido em
diferentes modalidades como: Abrigo Institucional para pequenos grupos, Casa Lar, Casa de
Passagem e República. Independentemente da nomenclatura, todas estas modalidades de
acolhimento constituem “programas de abrigo”, previstas no artigo 101 do ECA, inciso VII,
devendo seguir, no que couber, os parâmetros dos artigos 90 a 94 da referida Lei.
Todos os organismos que desenvolvem programas de abrigo devem prestar plena
assistência à criança e ao adolescente, ofertando-lhes acolhida, cuidado e espaço para
socialização e desenvolvimento. Destaca-se que, de acordo com o Art. 92 do ECA, devem
adotar os seguintes princípios:I - preservação dos vínculos familiares;II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família de origem;III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;V - não desmembramento de grupos de irmãos;VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;VII - participação na vida da comunidade local;VIII - preparação gradativa para o desligamento;IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.
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Reafirmando o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Plano Nacional de
Convivência Familiar e Comunitária reforça que as entidades governamentais e não-
governamentais que desenvolvem programas de abrigo devem registrar-se e inscrever seus
programas junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e, para que
essa inscrição seja deferida, devem cumprir uma série de recomendações do ECA acerca de
suas atividades e instalações. Em suma, tais entidades executam um serviço público, de
proteção e cuidados a crianças e adolescentes privados da convivência familiar, em ambiente
institucional. Este conceito é suficientemente amplo para abarcar uma grande variedade de
programas de abrigo. Finalmente, em conformidade com o Art. 92, Parágrafo Único, “o
dirigente da entidade de abrigo é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito.”
As casas-lares, definidas pela Lei nº 7.644, de 18 de dezembro de 1987 devem
estar submetidas a todas as determinações do ECA relativas às entidades que oferecem
programas de abrigo, anteriormente citadas, particularmente no que se refere à
excepcionalidade e à provisoriedade da medida. Nesta modalidade, o atendimento é oferecido
em unidades residenciais, nas quais um cuidador residente (“mãe social”) se responsabiliza
pelos cuidados de até dez crianças e/ou adolescentes, devendo para tal receber supervisão
técnica. As casas lares têm a estrutura de residências privadas, podendo estar distribuídas
tanto em um terreno comum, quanto inseridas, separadamente, em bairros residenciais.
Ressalta-se que todas as entidades que oferecem Acolhimento Institucional,
independente da modalidade de atendimento, devem atender aos pressupostos do ECA. Por
tudo que foi abordado neste Plano, destacamos, ainda, que tais serviços devem:
• Estar localizados em áreas residenciais, sem distanciar-se excessivamente, do
ponto de vista geográfico, da realidade de origem das crianças e adolescentes
acolhidos;
• Propiciar o contato da criança e do adolescente com seus familiares, com vistas
ao fortalecimento dos vínculos, salvo determinação judicial contrária;
• Manter permanente comunicação com a Justiça da Infância e da Juventude,
informando à autoridade judiciária sobre a situação das crianças e adolescentes
atendidos e de suas famílias;
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• Trabalhar pela organização de um ambiente favorável ao desenvolvimento da
criança e do adolescente e estabelecimento de uma relação afetiva e estável
com o cuidador. Para tanto, o atendimento deverá ser oferecido em pequenos
grupos, garantindo espaços privados para a guarda de objetos pessoais e, ainda,
registros, inclusive fotográficos, sobre a história de vida e desenvolvimento de
cada criança e cada adolescente;
• Atender crianças e adolescentes com deficiência de forma integrada às demais
crianças e adolescentes, observando as normas de acessibilidade e capacitando
seu corpo de funcionários para o atendimento adequado às suas demandas
específicas;
• Atender ambos os sexos e diferentes idades de crianças e adolescentes, a fim
de preservar o vínculo entre grupo de irmãos;
• Propiciar a convivência comunitária por meio do convívio com o contexto
local e da utilização dos serviços disponíveis na rede, evitando o isolamento
social e o atendimento das demandas de saúde, lazer, educação, e outras
pertinentes, nas dependências do abrigo – para não se constituir na realidade
comumente chamada de “instituições totais”;
• Preparar gradativamente a criança e o adolescente para o processo de
desligamento, nos casos de reintegração à família de origem ou de
encaminhamento para adoção;
• Fortalecer o desenvolvimento da autonomia e a inclusão do adolescente em
programas de qualificação profissional, bem como a sua inserção no mercado
de trabalho, como aprendiz ou trabalhador – observadas as devidas limitações
e determinações da lei nesse sentido – visando a preparação gradativa para o
seu desligamento quando atingida a maioridade. Sempre que possível, ainda, o
abrigo deve manter parceria com programas de Repúblicas, utilizáveis como
transição para a aquisição de autonomia e independência, destinadas àqueles
que atingem a maioridade no abrigo.
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3.12 Programa de Famílias Acolhedoras
De acordo com o Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária o
Programa de Famílias Acolhedoras se caracteriza como um serviço que organiza o
acolhimento, na residência de famílias acolhedoras, de crianças e adolescentes afastados da
família de origem mediante medida protetiva. Representa uma modalidade de atendimento
que visa oferecer proteção integral às crianças e aos adolescentes até que seja possível a
reintegração familiar. Tal programa prevê metodologia de funcionamento que contemple:
• mobilização, cadastramento, seleção, capacitação, acompanhamento e
supervisão das famílias acolhedoras por uma equipe multiprofissional;
• acompanhamento psicossocial das famílias de origem, com vistas à
reintegração familiar; e
• articulação com a Justiça da Infância e da Juventude e com os demais atores do
Sistema de Garantia de Direitos.
Ressalta-se que este Programa não deve ser confundido com a adoção. Trata-se de
um serviço de acolhimento provisório, até que seja viabilizada uma solução de caráter
permanente para a criança ou adolescente – reintegração familiar ou, excepcionalmente,
adoção. É uma modalidade de acolhimento diferenciada, que não se enquadra no conceito de
abrigo em entidade, nem no de colocação em família substituta, no sentido estrito. As famílias
acolhedoras estão vinculadas a um Programa, que as seleciona, prepara e acompanha para o
acolhimento de crianças ou adolescentes indicados pelo Programa. Dentro da sistemática
jurídica, este tipo de acolhimento possui como pressuposto um mandato formal – uma guarda
fixada judicialmente a ser requerida pelo programa de atendimento ao Juízo, em favor da
família acolhedora. A manutenção da guarda – que é instrumento judicial exigível para a
regularização deste acolhimento – estará vinculada à permanência da família acolhedora no
Programa.
O programa deve ter como objetivos:
• O cuidado individualizado da criança ou do adolescente, proporcionado pelo
atendimento em ambiente familiar;
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• A preservação do vínculo e do contato da criança e do adolescente com a sua
família de origem, salvo determinação judicial em contrário;
• O fortalecimento dos vínculos comunitários da criança e do adolescente,
favorecendo o contato com a comunidade e a utilização da rede de serviços
disponíveis;
• A preservação da história da criança ou do adolescente, contando com registros
e fotografias organizados, inclusive, pela família acolhedora; e
• Preparação da criança e do adolescente para o desligamento e retorno à família
de origem, bem como desta última para o mesmo.
Embora constitua um instituto novo no País, esta experiência já se encontra
consolidada em outros países, principalmente nos europeus15, e se encontra contemplada
expressamente na Política Nacional de Assistência Social, ao dispor que dentro dos serviços
de proteção social especial de alta complexidade está a “Família Acolhedora”.
Do ponto de vista legal, assim como as entidades de Acolhimento Institucional, os
“Programas de Famílias Acolhedoras”, denominadas também de “Famílias Guardiãs”,
“Famílias de Apoio”, “Famílias Cuidadoras”, “Famílias Solidárias”16, dentre outras, deverão
se sujeitar ao regime previsto nos artigos 92 e 93 e Parágrafo Único do Art. 101 do Estatuto.
Desse modo, tanto o Acolhimento Institucional, quanto os Programas de Famílias
Acolhedoras devem organizar-se segundo os princípios e diretrizes do Estatuto da Criança e
do Adolescente, especialmente no que se refere à excepcionalidade e à provisoriedade do
acolhimento, ao investimento na reintegração à família de origem, à preservação do vínculo
entre grupos de irmãos, à permanente comunicação com a Justiça da Infância e da Juventude e
à articulação com a rede de serviços.
A parametrização dos serviços de Famílias Acolhedoras e de Acolhimento
Institucional, visando acelerar o seu reordenamento para adequação ao Estatuto da Criança e
do Adolescente, é uma das tarefas propostas no Plano Nacional.
15 Conforme estudos divulgados pela International Foster Care Organisation ( IFCO): GEORGE, Shanti & OUDENHOVEN, Nico Van. Trad. Maria Soledad Franco. Apostando al Acogimiento Familiar - Um estúdio comparativo internacional. Bélgica: Garant, 2003.
16 Vide diversas experiências pelo país, como os projetos do Rio de Janeiro; SAPECA, de Campinas/SP; São Bento do Sul/SC, etc:, in, CABRAL, Cláudia (Org.). “Perspectivas do Acolhimento Familiar no Brasil”. Acolhimento Familiar – experiências e perspectivas. Rio de Janeiro: Booklink, 2004, p. 11. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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Destaca-se que, como no Acolhimento Institucional, nos Programas de Famílias
Acolhedoras, quando a reintegração não for possível, a autoridade judiciária poderá
determinar o encaminhamento da criança ou adolescente para adoção, segundo os
procedimentos estabelecidos no ECA. Vale retomar que, conforme disposto no Art. 19 do
ECA : “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família
e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária
(...)”.
Uma questão complexa que se coloca é: até quando deve se investir na
reintegração familiar? Por quanto tempo se deve esperar uma reação positiva dos pais para
reassumir os cuidados da criança ou do adolescente? Quando iniciar o processo de destituição
do poder familiar para o encaminhamento à adoção?
Pereira e Costa (2004) afirmam que o prolongamento da permanência nas
instituições de abrigo “diminui substancialmente as possibilidades de retorno à família de
origem ou encaminhamento para adoção, dentre outros aspectos, em virtude do
enfraquecimento dos vínculos com a família de origem e a dificuldade de se realizar as
adoções de crianças maiores e de adolescentes no Brasil. Apenas o intenso investimento na
reintegração familiar e o acompanhamento conjunto, caso a caso, por uma equipe
interdisciplinar, envolvendo os profissionais do abrigo e da Justiça da Infância e da Juventude,
poderão fornecer elementos suficientes para o estudo psicossocial, que deve subsidiar a
autoridade judiciária e o Ministério Público nos casos de destituição do poder familiar e
encaminhamento para adoção. Nesse sentido, vale destacar a importância do encaminhamento
periódico, pelos serviços de acolhimento, de relatórios informativos sobre a situação atual da
criança, do adolescente e de sua família endereçados à autoridade judiciária”.
A posição defendida pelo Plano Nacional e que estende aos Planos Municipais é
que: 1) políticas preventivas proporcionem a permanência da criança e do adolescente com
sua família de origem; 2) o afastamento do ambiente familiar seja medida excepcional e
provisória; 3) realize-se um investimento efetivo para a reintegração familiar, desde o
primeiro dia da separação da criança ou do adolescente de sua família; 4) não se assuma uma
postura de defesa intransigente dos laços biológicos, mas sim de laços afetivos e estruturantes
para a personalidade da criança e do adolescente; 5) haja comunicação permanente entre os
serviços de acolhimento e a Justiça da Infância e Juventude; 6) a adoção seja medida
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excepcional, realizada apenas quando esgotadas as possibilidades de reintegração à família de
origem; 7) avaliem-se as situações caso a caso, tendo sempre como princípio norteador básico
o melhor interesse da criança e do adolescente.
A nação brasileira não pode mais aceitar passivamente a existência de crianças e
adolescentes “esquecidos” nos abrigos e deve exercer sobre o tema o necessário controle
social. Cabe aos gestores públicos, aos atores do Sistema de Garantia de Direitos e aos
dirigentes de entidades de acolhimento institucional tratarem cada caso com a Absoluta
Prioridade preconizada no Estatuto da Criança e do Adolescente.
3.13 Adoção
De acordo com o ECA, a adoção é medida excepcional, irrevogável e “atribui a
condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive os sucessórios,
desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo impedimentos matrimoniais”
(ECA, Art. 41).
Embora exista desde a Antigüidade, foi no século XX que, no Brasil, surgiram as
primeiras legislações que abordaram a adoção. Ao longo deste século, sob influência de uma
nova concepção de criança e adolescente, o direito evoluiu de modo crescente rumo ao
reconhecimento da adoção como importante instrumento para, excepcionalmente, garantir-
lhes o direito à convivência familiar e comunitária. A promulgação do ECA, os estudos que o
sucederam e os movimentos da sociedade civil organizada contribuíram para que
gradativamente se delineasse uma nova cultura da adoção, orientada pelo superior interesse da
criança e do adolescente.
Essa nova cultura concebe a adoção como um encontro de necessidades, desejos e
satisfações mútuas entre adotando e adotantes (Campos17, 2001). Assim, visa ultrapassar o
foco predominante no interesse do adulto para alcançar a dimensão da garantia de direitos de
crianças e adolescentes que aguardam colocação em adoção, mas, por circunstâncias diversas,
têm sido preteridos pelos adotantes – grupos de irmãos, crianças maiores e adolescentes, com
deficiência, com necessidades específicas de saúde, afro-descendentes, pertencentes a
minorias étnicas e outros.
17 Campos, N. M. V. A Família nos estudos psicossociais de adoção: uma experiência na Vara da Infância e Juventude doDistrito Federal. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, 2001.
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Conforme apontado anteriormente, do ponto de vista legal, compete à autoridade
judiciária, ouvido o Ministério Público, a colocação da criança ou adolescente em adoção.
Nestes casos, um estudo psicossocial, elaborado por equipe interprofissional do Poder
Judiciário, deve subsidiar o processo. A despeito de tais determinações, contudo, um
problema que ainda ocorre no país é a entrega direta de crianças para adoção, sem a mediação
da Justiça – procurada mais tarde tão somente para regularizar a situação do ponto de vista
legal. Estas adoções, chamadas de “adoções prontas” ou “adoção intuito personae”
inviabilizam que a excepcionalidade da medida seja garantida e, portanto, que a adoção esteja
de fato voltada à defesa do interesse superior da criança e do adolescente. Ainda mais grave
que a “adoção pronta” é a “adoção à brasileira18”, crime previsto no Art. 242 do Código Penal,
que poderá, dependendo da situação, concorrer com outros crimes (Art. 237 a 239 do ECA).
A partir do exposto e sem a pretensão de esgotar o tema, são destacados alguns
aspectos que subsidiam a posição defendida neste Plano Nacional, em relação à adoção:
• Políticas preventivas devem ser asseguradas: a) para a promoção dos direitos
sexuais e reprodutivos, conduzindo ao exercício seguro da sexualidade e ao
planejamento familiar; b) para o acompanhamento das condições de saúde da
gestante e do feto, da mãe e da criança, favorecendo, ainda, o fortalecimento
dos vínculos, a preparação e o apoio aos pais, bem como a prevenção ao
abandono e à violência;
• A adoção constitui medida excepcional: a) a falta ou carência de recursos
materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou suspensão do poder
familiar (ECA, Art. 23). Assim, devem ser garantidos serviços e programas de
auxílio, inclusive abrigos para gestantes ou mães com crianças pequenas, que
favoreçam a preservação dos vínculos; b) a decisão pelo encaminhamento para
adoção deve ser precedida do investimento na reintegração familiar, iniciado
imediatamente após o afastamento da criança ou adolescente do convívio com
a família de origem;
18 Código Penal Brasileiro - Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) Pena – detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981). Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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• O encaminhamento para adoção requer intervenções qualificadas e
condizentes com os pressupostos legais e o superior interesse da criança e do
adolescente: a) para prevenir que crianças e adolescentes sejam “esquecidos” e
passem longos períodos privados da convivência familiar: garantir
acompanhamento por parte da Justiça de todos os casos atendidos em serviços
de Acolhimento Institucional ou Programa de Famílias Acolhedoras – visando
às medidas necessárias para a reintegração familiar e, na sua impossibilidade, o
encaminhamento para adoção – e manutenção de cadastro atualizado de
crianças e adolescentes em condições de serem adotados; b) estudo
psicossocial realizado por equipe interprofissional, preferencialmente da
Justiça da Infância e da Juventude, deve subsidiar a decisão quanto à
destituição do poder familiar e encaminhamento para adoção – de modo a
contribuir para avaliação quanto à impossibilidade de manutenção na família
de origem e à excepcionalidade da medida de adoção. Tal estudo deve incluir
os vários envolvidos: profissionais dos serviços de acolhimento, criança,
adolescente e família de origem, dentre outros; c) abordagem adequada, por
parte dos profissionais da Justiça, das mães que desejam entregar a criança em
adoção, baseada numa postura de respeito; d) abordagem adequada por parte
dos profissionais da saúde, procedendo ao encaminhamento à Justiça, da mãe
que deseja entregar a criança em adoção; e) sempre que necessário,
encaminhamento da mãe que entrega a criança em adoção para serviços
socioassistenciais, de saúde, de orientação e apoio psicológico e outros que se
mostrem necessários; f) garantia de acesso à serviços gratuitos de assessoria
jurídica à família de origem, bem como aos adotantes no caso de colocação em
adoção – Defensoria Pública; g) divulgação e conscientização da sociedade
acerca do papel da Justiça nas adoções, visando desconstruir mitos e
preconceitos e favorecer que a entrega e a colocação sejam conduzidas
mediante procedimentos legais previstos no ECA; h) divulgação e
conscientização da sociedade acerca da ilegalidade da “adoção à brasileira”,
bem como das inadequações presentes nas adoções “intuito personae”; i)
exigência de habilitação prévia junto à Justiça da Infância e da Juventude de
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pessoas interessadas em adotar, dispensada apenas em situações excepcionais;
j) preparação prévia, aproximação gradativa e acompanhamento no período de
adaptação dos adotantes e adotandos, realizados por equipe interprofissional,
preferencialmente da Justiça da Infância e da Juventude, em parceria com
Grupos de Apoio à Adoção e profissionais do serviço de acolhimento. Nesse
sentido, o foco da preparação deve ser tanto nos adotantes quanto nos
adotandos, garantindo-se que estes últimos sejam sujeitos ativos no processo e
também recebam o suporte necessário, sendo oportunizado, inclusive, as
despedidas de seus cuidadores e colegas; l) toda criança e adolescente deve
dispor de registros atualizados, inclusive fotografias, que preservem sua
história pessoal19 e, por meio de métodos adequados ao seu grau
desenvolvimento, receber informações e ter a oportunidade de participar
ativamente das decisões que os envolvem, expressando seus desejos,
sentimentos, angústias e, enfim, interesses em relação à adoção; m)
conscientização e sensibilização da sociedade acerca da necessidade de se
garantir o direito à convivência familiar e comunitária às crianças e aos
adolescentes comumente preteridos pelas pessoas que se candidatam à adoção
– crianças maiores e adolescentes, afrodescentes e oriundos de minorias
étnicas, com deficiência ou necessidades específicas de saúde, grupos de
irmãos, dentre outros; n) busca ativa de famílias para estas crianças e
adolescentes que, por diversos fatores, têm sido preteridos pelos adotantes,
fomentando as possibilidades de adoção nacional para os mesmos; o) uma vez
esgotadas as possibilidades de manutenção na família de origem, agilização
dos procedimentos, por parte da Justiça, de modo a prevenir prolongamento
desnecessário da permanência no serviço de acolhimento;
• A adoção internacional constitui medida excepcional, a qual deve se recorrer
apenas quando esgotados os recursos de manutenção em território nacional:
a) SIPIA/INFOADOTE em pleno funcionamento, favorecendo a comunicação
fluente entre diversas Autoridades Centrais Estaduais, garantindo que sejam
esgotadas as possibilidades de adoção em território nacional, a partir do
19 O acesso a tais registros será sempre precedido da avaliação de profissionais competentes, bem como de preparação prévia dos adotantes, da criança e do adolescente, quando necessário. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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agrupamento e cruzamento de informações relativas às crianças e aos
adolescentes em condições de serem adotados e pretendentes nacionais e
estrangeiros à adoção; b) aprimoramento dos mecanismos de comunicação
entre Justiças da Infância e Juventude de diferentes regiões e Estados do País,
possibilitando a busca ativa de famílias para adotar aquelas crianças e
adolescentes que não estejam conseguindo colocação em sua Comarca ou
Estado de origem; c) adoção internacional para pretendentes oriundos de países
que ainda não ratificaram a Convenção de Haia, apenas quando não houver
candidato interessado domiciliado no Brasil ou em outro país que tenha
ratificado a mesma;
Finalmente, a posição defendida neste Plano Nacional de Convivência Familiar e
Comunitária é de que: 1) todos os esforços devem perseverar no objetivo de garantir que a
adoção constitua medida aplicável apenas quando esgotadas as possibilidades de manutenção
da criança ou do adolescente na família de origem; 2) que, nestes casos, a adoção deve ser
priorizada em relação às outras alternativas de Longo Prazo, uma vez que possibilita a
integração, como filho, a uma família definitiva, garantindo plenamente a convivência
familiar e comunitária; 3) que a adoção seja um encontro entre prioridades e desejos de
adotandos e adotantes; e 4) que a criança e o adolescente permaneçam sob a proteção do
Estado apenas até que seja possível a integração a uma família definitiva, na qual possam
encontrar um ambiente favorável à continuidade de seu desenvolvimento e, que a adoção seja
realizada sempre mediante os procedimentos previstos no ECA e nas alterações da nova Lei
de Adoção nº 12.010/2009.
3.14 Questões histórico-estruturais: o enfrentamento das desigualdades e
iniqüidades
O Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária é contundente ao fazer
a seguinte declaração: “Um Plano Nacional que se proponha a promover, a defender e a
garantir o direito fundamental das crianças e adolescentes à convivência familiar e
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comunitária, em nosso País, não pode se abster de abordar os determinantes sociais, históricos
e estruturais da situação problema, que se colocam na raiz das dificuldades encontradas por
uma parcela significativa de famílias em prover cuidados e proteção adequados aos seus
filhos” (PNCFC, 2006 p 46).
Construída historicamente, a “iniqüidade social é a situação de uma sociedade
particular, caracterizada por distribuição extremamente desigual da renda e do patrimônio
(material e não-material), em que uma minoria populacional detém a maior parte destes e uma
grande parte da população não alcança um patamar mínimo de existência com dignidade,
quando isto seria possível com uma distribuição mais eqüitativa do patrimônio e da renda”
(Garcia, R.C., 2003)20. Sabemos quem são as crianças e adolescentes que povoam as ruas e os
abrigos do País, sua origem social, sua raça, seu “endereço” e a que lado dessa população,
cindida pelo fosso social, pertencem.
Garcia (2003 p.114) buscando precisar melhor seu conceito de “iniqüidade social”
propõe, inspirado na economista Amartya Sen, a definição do patamar mínimo de existência
digna (pmed) como “condição social e historicamente definida a partir da qual a família e os
indivíduos que a integram têm assegurada a liberdade para escolher o que valoram e se
afirmar como cidadãos”.
Ao abordar o tema da cidadania, o Plano Nacional traz uma citação que Celso
Lafer21 (1997) faz a uma célebre filósofa alemã, em seu texto “A reconstrução dos direitos
humanos: a contribuição de Hanna Arendt”:
“A experiência histórica dos displaced people levou Hannah Arendt a concluir
que a cidadania é o direito a ter direitos, pois a igualdade em dignidade e direito dos seres
humanos não é um dado. É um construído da convivência coletiva, que requer o acesso a um
espaço público comum. Em resumo, é esse acesso ao espaço público – o direito de pertencer
a uma comunidade política – que permite a construção de um mundo comum através do
processo de asserção dos direitos humanos.”
20 GARCIA, R.C. Iniqüidade social no Brasil: uma aproximação e uma tentativa de dimensionamento. Brasília: IPEA – texto para discussão , n. 971, agosto de 2003, p.14. Disponível em:
<http://www.desempregozero.org.br/ensaios_teoricos/iniquidade_social_no_brasil.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2006.21 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: a contribuição de Hannah Arendt. Estudos Avançados, São Paulo, v. 11, n. 30, 1997. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40141997000200005&lng=en&nrm=iso> . Acesso em: 14 Nov 2006. doi: 10.1590/S0103-40141997000200005. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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“A debilidade dos laços de coesão social ocasionada pelas iniqüidades de renda
corresponde a baixos níveis de capital social e de participação política. Países com grandes
iniqüidades de renda, escassos níveis de coesão social e baixa participação política são os que
menos investem em capital humano e em redes de apoio social que são fundamentais para a
promoção e proteção da saúde individual e coletiva” (ST-CNDSS, 2006)22.
Um Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária só será integralmente implementado num
Estado efetivamente voltado ao bem comum, por Governos seriamente comprometidos com o
desenvolvimento de políticas de promoção da eqüidade social e por uma sociedade que tenha,
definitivamente, compreendido que a desigualdade social não é prejudicial apenas à
população mais pobre, aos excluídos e “deslocados” da nossa ordem social, mas que ela
atinge e prejudica a sociedade como um todo e a cada um; que ela é a violência maior onde se
nutrem todas as demais violências.
Há, portanto, tarefas estruturais que não estão no foco desse Plano, nem fazem
parte de suas “diretrizes”, mas que são essenciais à consecução dos seus objetivos gerais,
dentre as quais o Plano Nacional cita:
• estabilidade econômica com crescimento sustentado;
• geração de empregos e oportunidades de renda;
• combate à pobreza e promoção da cidadania e da inclusão social;
• consolidação da democracia e defesa dos direitos humanos;
• redução das desigualdades regionais;
• promoção dos direitos das minorias vítimas de preconceito e discriminação.
O Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária encerra o Marco Conceitual –
fundamento teórico que sustenta a política de direitos à Convivência Familiar e Comunitária,
com a seguinte afirmação:
“O que é historicamente construído, pode ser historicamente desconstruído. Esta
frase nos fecunda de esperança e nos propõe, a todos, uma missão histórica, na qual o Plano
22 SECRETARIA TÉCNICA DA COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE. Iniqüidades em saúde no Brasil, nossa mais grave doença. Disponível em:
<http://www.determinantes.fiocruz.br/iniquidades.htm> . Acesso em: 14 nov. 2006. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à
Convivência Familiar e Comunitária pode representar um ponto de inflexão na condução das
políticas voltadas às crianças e adolescentes socialmente desfavorecidos no Brasil” (PNCFC,
2006 p. 47).
Ις. MARCO SITUACIONAL
O objetivo deste marco situacional é apresentar os dados de realidade do
Município de Piracicaba, dando a conhecer os indicadores mais significativos relativo ao seu
desenvolvimento sócio-econômico e grau de vulnerabilidade. O estudo da realidade que
envolve a Política Social destinada às crianças, aos adolescentes e às suas famílias
circunscreveu-se à rede de serviços, tomando como universo de observação a
operacionalização dos Projetos de Prevenção realizados pelos Centros de Referência da
Assistência Social – CRAS e os Programas, Projetos e Serviços de Alta e Média
Complexidade realizados pelo Centro de Referência Especializada da Assistência Social –
CREAS. No decorrer do processo de estudo da realidade e de elaboração do Plano a idéia
força que conduziu a reflexão do Grupo de Trabalho centrou-se na garantia do direito à
Convencia Familiar e Comunitária.
Com o intuito de realizar um levantamento, o mais completo possível, o GT
organizou-se em seis subgrupos, cada um responsável pelo levantamento dos dados de uma
área especifica, de acordo com os eixos temáticos proposto pelo Plano Nacional de
Convivência Familiar e Comunitária. Desse modo para ilustrar a composição do GT, seguem-
se os eixos: Eixo I - Análise da Situação e Sistemas de Informação; Eixo II Atendimento -
contou com três subgrupos: 1. Prevenção; 2. Média Complexidade; 3. Alta complexidade.
Sendo o “Eixo Atendimento” comum a estes três grupos de trabalho, houve necessidade de
maior articulação entre eles. Eixo III – Marcos Normativo e Regulatório e, por fim, o Eixo IV
– Mobilização, Articulação e Participação.
Adotou-se como estratégia de trabalho para conhecimento da realidade a
metodologia da pesquisa participante. O Grupo de Trabalho – GT contou com reuniões
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semanais para apresentação dos dados com trocas entre os subgrupos, seguida de orientações
para continuidade da coleta de informações que pudessem subsidiar o Plano Municipal.
O processo de coleta, organização, sistematização e analise dos dados, vivido
pelos subgrupos, contribuiu para conhecer a complexa realidade em que estão inseridos no
seu cotidiano, abrindo possibilidades para verificar as contradições presentes na lide dos
profissionais que fazem acontecer à inclusão dos segmentos que se encontra em situação de
vulnerabilidade e risco. Assim, no decorrer do processo, os dados foram revelando a realidade
de vida dos usuários dos serviços de Assistência Social e à medida que foram confrontados
com os serviços existentes mostraram as contradições e os pontos frágeis que precisam ser
superados.
O parâmetro estabelecido para o levantamento de dados e elaboração do Plano
Municipal de Ação obedece ao estabelecido no Plano Nacional de Convivência Familiar e
Comunitária. Dessa maneira, o aspecto fundamental, objeto do estudo, constitui justamente os
fatores que ocasionam o afastamento da convivência familiar e comunitária, bem como a rede
de atendimento que responde a esta demanda. Portanto, ter como objetivo ou meta atender
algum aspecto que favoreça, qualifique e fortaleça a convivência familiar e comunitária
(promoção ou prevenção) ou atender a demanda em que já houve o afastamento da
convivência familiar e comunitária, foi o recorte feito para selecionar os programas e serviços
estudados.
Para tal mister, a compreensão do modelo de convivência familiar e comunitária
construído e proposto é precípuo. Em síntese, conforme foi discutido no marco conceitual, a
finalidade da convivência familiar e comunitária é promover o desenvolvimento humano e o
bem-estar, conceitos que devem estar claramente conceituados e unissonamente absorvidos
por todos os setores do município. Assim, a leitura da realidade, buscou, em primeiro plano,
contextualizar a situação atual do município de Piracicaba (dados estatísticos e apresentação
geral dos programas e serviços existentes), visou tanto à compreensão dos fatores que levam
ao afastamento da convivência familiar e comunitária quanto o estudo dos serviços de
atendimento.
O órgão gestor da política pública de Assistência Social de Piracicaba é a
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. É da SEMDES (Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Social) a competência para coordenar e executar os serviços, programas,
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projetos e benefícios de proteção social básica e ou especial para famílias, indivíduos e grupos
que apresentam necessidades.
Para o cumprimento de suas atribuições a SEMDES desenvolve diretamente
programas e projetos na área de assistência social e também realiza convênios com órgãos
públicos e privados que desenvolvem programas projetos de assistência social.
Para fazer o enfrentamento das desigualdades sócio-territoriais, garantir os
mínimos sociais, prover as condições para o atendimento das contingências humano-social e a
universalização dos direitos sociais, a SEMDES procura zelar pelo desenvolvimento e
integração das políticas setoriais.
O Sistema Único de Assistência Social – SUAS contemplou a SEMDES com o
Departamento de Proteção Social Básica com sete Centros de Referencia da Assistência
Social – CRAS e mais o Departamento de Proteção Especial com o Centro de Referencia
Especial da Assistência Social – CREAS.
IV.1 Caracterização do Município de Piracicaba
Localizado em uma das regiões mais desenvolvidas e industrializadas do Estado
de São Paulo, o município de Piracicaba tem população estimada de 368.000 habitantes
(IBGE, 2009). Sua taxa estimada de crescimento populacional foi de 1,27% ao ano entre 2000
e 2007, maior que a estadual (1,1%) e maior que a nacional (1,21%).
De acordo com dados da Fundação SEADE, o município apresenta atualmente um
predomínio de mulheres (51%) e uma estrutura populacional formada principalmente por
adultos (25 a 64 anos).
Quanto aos indicadores de educação, Piracicaba tinha, em 2000, 97,71% de
pessoas freqüentando curso de nível fundamental (considerando a parcela da população entre
7 e 14 anos de idade), o que o coloca em situação superior à estadual e à nacional. A
escolaridade da população de 25 anos ou mais de idade foi a seguinte: 6,18% “sem instrução
ou menos de 1 ano de estudo”; 37,56% com “1 a 4 anos de estudo”; 23,02% com “5 a 8 anos
de estudo”; 18,83% com “9 a 11 anos de estudo”; 13,67% com “12 anos ou mais de estudo”; e
0,74% “não determinado”.
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No que se refere ao rendimento familiar per capita, Piracicaba possuía, em 2000,
a maior parte de suas famílias concentradas na classe “mais que 3 a 5 salários mínimos”
(14,61%). Cabe ressaltar que a proporção de famílias sem rendimento ou com rendimento de
até 1 salário mínimo situava-se abaixo daquela registrada no Estado e abaixo da do País. Em
2005, os serviços (exclusivamente administração pública) constituíam o setor mais expressivo
da economia municipal, seguido da indústria. A relevância econômica do setor serviços em
Piracicaba é confirmada pela alta diversidade na oferta de atividades desse setor. Segundo o
Ministério do Trabalho e Emprego, no ano de 2007, 105.618 pessoas encontravam-se
empregadas no município. Esses dados demonstram a importância de constantes programas
sociais e educacionais integrados aos programas de qualificação social e profissional.
A elevada taxa de urbanização é reflexo da migração que se iniciou em meados
dos anos 70, época de desenvolvimento econômico impulsionado pelo processo de ampliação
e modernização industrial e da expansão agrícola advinda do pró-álcool.
O desenvolvimento dos setores secundário e terciário, a utilização da tecnologia
no campo, principalmente no corte da cana e o fluxo migratório provocam o êxodo, e o
inchamento das periferias da zona urbana, elevando o índice de desemprego de um
contingente cuja escolaridade não atende às exigências do mercado de trabalho (7,83 é a
média de anos de estudo da população de 15 a 64 anos).
MÉDIA DE ANOS DE ESTUDO DA POPULAÇÃO DE 15 A 64 ANOS – 2000Localidade 2000Estado de São Paulo 7,64Piracicaba 7,83
Fonte: SEADE (2000)
No período de 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDH-M) de Piracicaba cresceu 5,96%, passando de 0,789 em 1991 para 0,836 em 2000. A
dimensão que mais contribuiu para este crescimento foi a Educação, com 40%, seguida pela
Longevidade, com 35%, e pela Renda, com 25%. Segundo a classificação do PNUD o
município está entre as regiões consideradas de alto desenvolvimento humano (IDH maior
que 0,8).
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A taxa de analfabetismo é menor que a do Estado, conforme demonstra a tabela
abaixo:
TAXA DE ANALFABETISMO DA POPULAÇÃO DE 15 ANOS E MAIS (%) -
1991 e 2000Localidade 1991 2000Estado de São Paulo 10,16 6,64Piracicaba 7,67 5,05
Fonte: SEADE (2000)
Os dados relativos à vulnerabilidade social mostram que, do total da população,
4,54% são mulheres chefes de família, sem cônjuge e com filhos menores de 15 anos de
idade. Destaca-se, também, a informação de que 5,72% das mulheres de 15 a 17 anos já são
mães. Segue abaixo uma descrição mais detalhada do índice de vulnerabilidade social.
As situações de maior ou menor vulnerabilidade às quais a população se encontra
exposta estão resumidas nos seis grupos do IPVS (Gráfico), a partir de um gradiente das
condições socioeconômicas e do perfil demográfico (Tabela). As características desses
grupos, no município de Piracicaba, são apresentadas a seguir (Fonte dos Dados:
FUNDAÇÃO SEADE):
Distribuição da População, segundo Grupos do Índice Paulista de Vulnerabilidade
Social – IPVS
Estado de São Paulo e Município de Piracicaba
(Fonte: IBGE. Censo Demográfico; Fundação Seade – 2000)
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O Grupo 1 apresenta (nenhuma vulnerabilidade): 29.229 pessoas (8,9% do total).
No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos
responsáveis pelo domicílio era de R$2.535 e 10,2% deles auferiam renda de até três salários
mínimos. Em termos de escolaridade, os chefes de domicílios apresentavam, em média, 11,7
anos de estudo, 99,4% deles eram alfabetizados e 82,8% completaram o ensino fundamental.
Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios
era de 47 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 11,1%. As mulheres chefes de
domicílios correspondiam a 23,3% e a parcela de crianças de 0 a 4 anos equivalia a 5,8% do
total da população desse grupo.
Grupo 2 (vulnerabilidade muito baixa): 100.003 pessoas (30,4% do total). No
espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos responsáveis
pelo domicílio era de R$1.231 e 29,1% deles auferiam renda de até três salários mínimos. Em
termos de escolaridade, os chefes de domicílios apresentavam, em média, 7,7 anos de estudo,
97,3% deles eram alfabetizados e 49,6% completaram o ensino fundamental. Com relação aos
indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 51 anos e
aqueles com menos de 30 anos representavam 8,1%. As mulheres chefes de domicílios
correspondiam a 25,2% e a parcela de crianças de 0 a 4 anos equivalia a 5,4% do total da
população desse grupo.
Grupo 3 (vulnerabilidade baixa): 82.961 pessoas (25,2% do total). No espaço
ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos responsáveis pelo
domicílio era de R$898 e 34,8% deles auferiam renda de até três salários mínimos. Em termos
de escolaridade, os chefes de domicílios apresentavam, em média, 6,8 anos de estudo, 95,5%
deles eram alfabetizados e 43,6% completaram o ensino fundamental. Com relação aos
indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 44 anos e
aqueles com menos de 30 anos representavam 13,7%. As mulheres chefes de domicílios
correspondiam a 19,4% e a parcela de crianças de 0 a 4 anos equivalia a 8,1% do total da
população desse grupo.
Grupo 4 (vulnerabilidade média): 43.536 pessoas (13,2% do total): No espaço
ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos responsáveis pelo
domicílio era de R$594 e 46,2% deles auferiam renda de até três salários mínimos. Em termos
de escolaridade, os chefes de domicílios apresentavam, em média, 5,8 anos de estudo, 93,8%
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deles eram alfabetizados e 35,0% completaram o ensino fundamental. Com relação aos
indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 40 anos e
aqueles com menos de 30 anos representavam 20,8%. As mulheres chefes de domicílios
correspondiam a 17,3% e a parcela de crianças de 0 a 4 anos equivalia a 11,2% do total da
população desse grupo.
Grupo 5 (vulnerabilidade alta): 36.288 pessoas (11,0% do total): No espaço
ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos responsáveis pelo
domicílio era de R$563 e 55,6% deles auferiam renda de até três salários mínimos. Em termos
de escolaridade, os chefes de domicílios apresentavam, em média, 4,6 anos de estudo, 88,2%
deles eram alfabetizados e 21,0% completaram o ensino fundamental. Com relação aos
indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 47 anos e
aqueles com menos de 30 anos representavam 13,3%. As mulheres chefes de domicílios
correspondiam a 19,6% e a parcela de crianças de 0 a 4 anos equivalia a 8,6% do total da
população desse grupo.
Grupo 6 (vulnerabilidade muito alta): 36.727 pessoas (11,2% do total): No espaço
ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos responsáveis pelo
domicílio era de R$375 e 72,2% deles auferiam renda de até três salários mínimos. Em termos
de escolaridade, os chefes de domicílios apresentavam, em média, 4,1 anos de estudo, 83,5%
deles eram alfabetizados e 16,7% completaram o ensino fundamental. Com relação aos
indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 40 anos e
aqueles com menos de 30 anos representavam 24,7%. As mulheres chefes de domicílios
correspondiam a 23,5% e a parcela de crianças de 0 a 4 anos equivalia a 13,1% do total da
população desse grupo. Acompanhe, logo abaixo, uma tabela síntese.
Indicadores que Compõem o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS
Município de Piracicaba - 2000
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4.2 Eixo I – Análise da Situação e Sistemas de Informação
A base do Cadastro Único dos Programas de Transferência de Renda do
município revela que atualmente existem 16.300 famílias cadastradas que possuem renda
mensal per capita de até meio salário mínimo. Esse cadastro possibilita o registro de
informações das famílias e seus componentes, para sua identificação, como potenciais
beneficiários de programas sociais.
O Mapa de Exclusão/Inclusão Social de Piracicaba (2003), também aponta para
números alarmantes: 4.784 chefes de famílias e 1.396 mulheres chefes de famílias sem
rendimento, representando 1,9% da população total, que se encontram excluídos socialmente,
sendo imprescindível a intervenção pública via assistência social.
Tal problemática exige uma política que rompa com ações fragmentadas e se
articule na promoção das famílias potencializando ações de: geração de trabalho e renda,
incentivo às cooperativas comunitárias, cursos de qualificação profissional, além de inclusão
de famílias em situação de miserabilidade em programas de transferência de renda e
atividades sócio-educativas.
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A seguir serão apresentados dados referentes ao Índice de Desenvolvimento da
Família (IDF), que foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), com o objetivo de criar um indicador sintético para mensurar o grau de
desenvolvimento das famílias.
Por ser um indicador escalar da pobreza, calculado não somente pelo critério de
renda, mas por uma multiplicidade de dimensões, o IDF permite identificar com maior
precisão e clareza quais os aspectos da vulnerabilidade que afetam uma família ou uma
determinada população.
Assim como ocorre com outros indicadores sintéticos, o IDF varia entre 0 e 1,
sendo que quanto melhores as condições da família, mais próximo de 1 deverá estar o
indicador.
Com base nas famílias cadastradas no Cadastro Único, os dados do IDF do
município de Piracicaba podem ser observados na tabela abaixo:INDICADOR TOTAL DE FAMÍLIASVulnerabilidade da famíliaTem gestante 433
Tem mãe amamentando 1.362Tem crianças de 0 a 6 anos 5.963Tem crianças de 7 a 14 anos 10.687
Tem adolescentes de 15 a 17 anos 11.503Tem algum membro com necessidades especiais 1.372
Tem idosos 852Não tem marido/esposa ou companheiro(a) 5.591
Tem crianças (0 a 15 anos) e idosos (maiores que 65 anos) 7.657Acesso ao trabalho
Maioria dos membros maiores de 15 anos está desempregado 9.479Ninguém está ocupado no setor formal 10.165
Ninguém está ocupado em atividade não agrícola 3.505Ninguém recebe mais que 01 salário mínimo 10.971
Ninguém recebe mais que 02 salários mínimos 12.949INDICADOR TOTAL DE FAMÍLIASAcesso ao conhecimento
Tem adulto analfabeto 1.976Tem adulto analfabeto funcional 5.026
Não tem adulto com fundamental completo 8.471Não tem adulto com ensino médio completo 12.949
Não tem adulto com curso superior (mesmo que incompleto) 13.175Desenvolvimento infantil
Tem criança com menos de 10 anos trabalhando 10Tem criança com menos de 15 anos trabalhando 52
Tem criança de 0 a 6 anos fora da escola 4.641Tem criança de 7 a 14 anos fora da escola 1.376Tem jovem de 15 a 17 anos fora da escola 1.699
Tem criança com até 14 anos com mais de 2 anos de atraso escolar 1.426 Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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Tem criança de 10 a 14 anos analfabeta 300Tem jovem de 15 a 17 anos analfabeto 61
Renda da família, pessoa, menor que R$120,00 10.264Maior parte da renda familiar vem de transferências 1.946
Condições habitacionaisO domicílio não é próprio 7.611
O domicílio não é cedido nem financiado 4.389Moram mais de 2 pessoas por dormitório 8.183
Não tem paredes externas com material de construção adequado 110Não tem acesso adequado à rede pública de água 683Não tem acesso à rede pública de esgoto ou fossa 533
Não tem lixo coletado 207Não tem acesso à eletricidade 728Disponibilidade de recursos
A despesa da família, por pessoa, é menor que R$60,00 4.121Renda da família, por pessoa, menor que R$60,00 4.605
4.2.1 Sistema de Garantia de Direitos
a) Conselho Tutelar I e II
Com o objetivo de zelar pelos direitos da criança e do adolescente do município, e
conforme prerrogativas do ECA, desenvolve atividades de: averiguação da denúncia;
notificação das famílias para o atendimento; encaminhamento e determinação para a rede de
atendimento; encaminhamento para registro do Boletim de Ocorrência, quando este ainda não
tenha sido providenciado pelos responsáveis; representação judicial e relatório para o
judiciário.
b) Vara da Infância e Juventude – Cartório da Infância e Juventude
Na garantia e defesa dos direitos de crianças e adolescentes, desenvolve atividades
de: registro de denúncias e informações sobre crianças e adolescentes em situação de risco;
regularização da guarda de tutela de menores; emissão de autorização para viagens
internacionais; autorização para retirada de 2ª via de documentação quando não há
representante legal; apuração de situações de negligência e violência sofridas por crianças e
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adolescentes; aplicação de medidas sócio-educativas para adolescentes que cometem infração;
cadastramento de pessoas interessadas em adoção e com a colocação de criança ou
adolescente em família substituta; verificação da situação das instituições que trabalham com
crianças e adolescentes.
c) Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher – DDM
Com o objetivo de investigar os casos de violência contra mulheres, adolescentes
e crianças. Desenvolve atividades de: registro de Boletim de Ocorrência; convocação das
pessoas envolvidas (vítimas, testemunhas, autores) para o registro dos depoimentos para o
inquérito policial ou termo circunstanciado; investigação de crimes praticados contra a mulher
de autoria desconhecida; investigação de abuso sexual praticado contra crianças e
adolescentes.
4.3 Eixo II – Atendimento
Ao Eixo II coube o estudo e mapeamento dos programas, projetos, serviços e
equipamentos que compõem a política pública de Assistência Social. Para uma busca mais
completa dos dados relativos a este campo o Eixo II subdividiu-se em três subgrupos de
trabalho: 1. Proteção Social Básica – Prevenção; 2. Serviços de Proteção Especial de Média
Complexidade; 3. Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade. Estes três
níveis de intervenção têm o objetivo de atender os diferentes graus de vulnerabilidade e risco,
tendo por eixo a prevenção.
Neste Eixo II se apresentam os diversos programas e serviços que realizam o
atendimento ao público-alvo da Assistência Social. E diante dos diferentes graus de
vulnerabilidade em que se encontram os usuários, o atendimento a eles deve corresponder às
suas necessidades, buscando critérios da equidade.
Esses critérios de inclusão exigem clareza de conceitos para que se possa
distinguir os níveis de vulnerabilidade do público-alvo, que respondam de modo adequado aos
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diferentes graus de suas necessidades por meio da Prevenção: Primária, Secundária e
Terciária.
A conceituação sobre Prevenção segue os parâmetros estabelecidos no modelo de
atendimento do Plano Nacional de Assistência Social - PNAS: “Proteção Social Básica:
Prevenção Primária”; “Proteção Social Especial de Média Complexidade: Prevenção
Secundária” e “Proteção Social Especial de Alta Complexidade: Prevenção Terciária”.
4.3.1 Prevenção
Quando se aborda a questão da prevenção está-se diante de algo que deve ser
evitado (“prevenir é não deixar acontecer”), é impedir que um evento aconteça. Neste estudo
estamos diante dos maus-tratos (ou violência doméstica, ou ainda violência intrafamiliar)23
praticados contra a criança e o adolescente. Diante desta realidade há todo um esforço no
sentido de criar e/ou implementar projetos de prevenção e oferecer serviço especial de
proteção, na busca de melhores resultados.
Dentro da perspectiva do Plano de Convivência Familiar e Comunitária, a
finalidade primordial dos programas de prevenção é, justamente, evitar o afastamento da
convivência familiar e comunitária. Em outras palavras, prevenir as situações que requerem o
afastamento, como medida de proteção e intervenção. A medida protetiva de acolhimento
constitui uma situação de suma importância em que o afastamento da convivência familiar (e
algumas vezes da convivência na comunidade de origem das crianças/adolescente) é exigido e
muitas vezes mantido por longo período de tempo. Subjacente a toda medida de abrigamento
está uma situação de maus-tratos que deveria ter sido evitada ou atendida diante de certo
critério de vulnerabilidade e risco. A conceituação do problema dos maus-tratos infantil, nas
suas múltiplas formas, quer do ponto de vista conceitual, quer operacional, reveste-se de
extraordinária importância, afetando a compreensão do fenômeno, a sua investigação e
intervenção.
23 O Município de Piracicaba, neste documento optou pela utilização da expressão genérica de maus-tratos. O item “Ações” tratará do assunto com maior profundidade (ver Glossário). Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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É importante ter presente que a concepção de programas e projetos de prevenção
deve assentar-se num conjunto de princípios gerais que possam nortear todas as ações:
• Os programas devem ser globalizados incluindo saúde e bem-estar pessoal e
social, pois se trata de um conceito unitário, logo, os métodos preventivos de
intervenção devem incluir a vertente educativa.
• A intervenção preventiva deve efetuar-se através de diferentes programas
interativos nas diferentes instituições (escola, família, grupos sociais, etc.);
• Estes programas devem, para além de fomentar o desenvolvimento individual,
provocar mudanças nas instituições.
Para uma compreensão mais clara da concepção de prevenção, apresenta-se a
seguir o seu desdobramento em três níveis:24.
Prevenção Primária (voltada para o público em geral)
• Promoção de habilidades parentais em geral;
• Informações sobre o desenvolvimento da criança;
• Conscientização sobre maus-tratos e campanhas junto aos representantes
públicos legais.
Através da prevenção primária procura-se evitar o aparecimento do problema, ou
seja, de uma série de situações de risco relacionadas com uma maior probabilidade de
ocorrência de maus-tratos infantis. O objetivo é a redução generalizada do número de
prevalência dos maus-tratos em qualquer das suas tipologias, no sentido de aumentar a
qualidade de vida na infância/juventude (PAÚL E ARRUABARRENA, 1996. In AZEVEDO
E MAIA, 2006).
Este tipo de prevenção implica uma atuação sobre a população em geral, tendo
como características básicas de prevenção, as seguintes: Ser de caráter comunitário e
interdisciplinar; ser pró-ativa e interligar os diferentes aspectos de vida dos sujeitos com uma
orientação bio-psicossocial; utilizar mais a educação e as técnicas sociais do que as
24 Cláudio Simon Huts (org). Situação de risco e vulnerabilidade na infância e na adolescência: aspectos e estratégias de intervenção. Casa do Psicólogo. São Paulo. (p.142-147).
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individuais; e ajudar os indivíduos a adquirir recursos pessoais e ambientais de modo a
enfrentarem por si mesmos os problemas.
Na opinião de Dinis (1993), a prevenção terá resultados mais eficazes, ao nível da
prevenção primária, se forem desenvolvidos programas de intervenção desde a gravidez,
encarando este problema como um problema interno dos pais, devendo se estruturar a
articulação entre as consultas de obstetrícia e de saúde mental de crianças e de adultos mais o
trabalho de ação social local. Fazer todo o possível para que após o nascimento, não só as
condições psicológicas dos pais sejam mais favoráveis, mas também, criar as condições
materiais, onde a criança possa estar inserida. Uma ação sistemática deste tipo de intervenção
poderá trazer, em longo prazo, consideráveis benefícios.
Na seqüência desta reflexão serão apresentados os serviços realizados pela
Secretaria de Desenvolvimento Social – SEMDES, destinados ao atendimento de proteção
social.
4.3.2 Centro de Referência de Assistência Social – CRAS
O CRAS é um espaço público de atendimento social, de base territorial localizado
em áreas de vulnerabilidade, atua com famílias e indivíduos em seu contexto comunitário,
visando prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades,
autonomia, aquisições de habilidades e o fortalecimento do convívio sócio-familiar e
comunitário. No município de Piracicaba há sete unidades de CRAS em funcionamento,
abrangendo em cada um o total de até 5.000 famílias referenciadas:
CRAS Endereço/Região
Atendimento
Bairros Loteamentos
Pessoas
CadÚnico
(*)
Famílias
CadÚnico
(*)Centro Rua Alferes José Caetano, 1.128
(Região Central e Zona Rural)17 45 (urbanos)
86 (rurais)
4.015 908
Jd São Paulo Rua Prof. Felinto de Brito, 366
(Regiões Sul e Oeste)5 46 12.435 3.158
São José Av. Prof. Demóstenes Santos,
1.333 (Região Oeste)4 19 7.127 1.869
Novo Rua Laura F. de Campos Ferrari, 2 11 4.038 1.002
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Horizonte 145 (Região Oeste)
Piracicamirim Av. Antonia Pizzinato Sturion, 337
(Regiões Leste e Sul)18 119 11.345 3.030
Mário Dedini Av. Luiz Ralf Benatti, 1.400
(Região Norte)9 34 13.570 3.483
Vila Sônia Rua Padre Otto Andréas Wolf, 720
(Região Norte)5 53 14.870 2.123
TOTAL 60 413 67.400 15.573Fonte: * Cadastro Único do Governo Federal, setembro 2009.
Os dados da tabela acima permitem aferir que o público alvo da assistência social
está em torno de 18% do total da população do município, sendo que 50% dessa população
encontra-se em situação de vulnerabilidade social, uma vez que é beneficiária do Programa
Bolsa Família.
4.3.3 Proteção Social Básica - Programas e Projetos
A Proteção Social Básica desenvolvida nos Centros de Referência da Assistência
Social (CRAS) destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social
decorrente da pobreza e/ou da fragilidade de vínculos afetivos relacionais e de pertencimento
social.
Neste tópico os programas e projetos serão apresentados de maneira sucinta, com
intuito de proporcionar ao leitor um panorama geral da oferta de serviços de assistência social
no município de Piracicaba. Os CRAS prestam atendimento à população, por meio de
serviços, programas e projetos:
a) Projeto Desenvolvimento de Habilidades
É um projeto municipal executado em parceria com o Centro Social de
Assistência e Cultura da Paróquia São José (CESAC). Consiste na realização de oficinas e/ou
cursos de desenvolvimento de habilidades.
Tem por objetivo contribuir para melhoria das condições de vida familiar e
comunitária de pessoas que se encontra em situação de vulnerabilidade social.
Atendendo aos interesses dos beneficiários realiza cursos de: artesanato,
informática, corte e costura, padaria artesanal, cabeleireiro e manicure/pedicure, dentre outros,
atingindo a formação de cerca de 2000 pessoas por ano.
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b) Projeto PróFamília
O Projeto Pró-Família é uma das ações de Proteção Social Básica da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social de Piracicaba em parceria com o Centro Social de
Assistência e Cultura da Paróquia São José (CESAC).
Destina-se ao atendimento de famílias/pessoas com renda mensal de até ½ salário
mínimo per capita, priorizando os beneficiários dos Programas de Transferência de Renda.
Tem por objetivo fortalecer os vínculos familiares e comunitários e promover sua
inclusão na rede socioassistencial, visando a autonomia da família e a redução de sua
vulnerabilidade social.
Atende em torno de 5.000 beneficiários por ano, entre jovens, idosos e famílias,
com reuniões sócio-educativas (em grupo, palestras, encontros); atividades culturais e
artísticas, recreação e lazer; encaminhamento à rede de serviços e acompanhamento; e visitas
domiciliares.
c) PróFamília – Criança
O Projeto, realizado em parceria com o Lar Escola Coração de Maria Nossa Mãe,
destina-se a crianças de 0 a 12 anos que acompanham os pais ou responsáveis junto às
reuniões socieducativas.
Desenvolve atividades sócioeducativas com 550 crianças/mês, enquanto suas
mães participam de reuniões, através de atividades pedagógicas, de lazer, recreação, histórias,
música, garantindo o direito de brincar, socializar-se, ampliar seu saber cultural e adquirir
novos valores.
d) Pró Jovem
O Pró Jovem, realizado em parceria com a Pastoral do Serviço da Caridade,
oferece oportunidade para que os jovens exerçam a cidadania, fortaleçam a convivência
comunitária e desenvolvam um projeto de vida a partir das descobertas de suas habilidades,
através de atividades socioeducativas de convívio e de assistência social, integradas às ações
de esporte, cultura, lazer, educação, saúde e trabalho.
A meta de atendimento é de 1000 adolescentes e jovens na faixa etária de 15 a 24
anos, priorizando os beneficiários dos programas de transferência de renda.
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e) Programa Emergencial de Auxílio Desemprego – Frente de Trabalho
É um Programa Emergencial de Auxílio Desemprego, que tem por objetivo
proporcionar ocupação, qualificação profissional e renda às pessoas desempregadas
concedendo bolsa no valor de um salário mínimo, cesta básica e vale transporte pelo prazo de
seis meses.
Atende uma média de 130 pessoas/mês em situação de desemprego, na faixa
etária de 16 a 65 anos. São realizados ainda, encaminhamentos para cursos de qualificação
profissional e de educação básica vinculados aos CRAS, como também oficinas sobre
inserção no mercado de trabalho.
f) Monitoramento e Avaliação dos Programas de Transferência de Renda
Tem como objetivo monitorar e avaliar os Programas de Transferência de Renda
desenvolvidos no Município de Piracicaba, garantindo a eficácia dos mesmos, no que se
refere ao cadastramento e acesso das famílias em situação de vulnerabilidade social aos
direitos sociais, tendo por base o cumprimento das condicionalidades exigidas pelo Governo
Federal.
Realizado em parceria com a Pia União de Santo Antonio, desenvolve atividades
de atendimento a cerca de 4.000 famílias/ano, através de: atualização de cadastro
(recadastramento) espontâneo ou encaminhado pelos CRAS; bloqueio, desbloqueio,
cancelamento, suspensão e reversão de benefícios; inclusão no Cadastro Único; visitas
domiciliares; fornecimento de foto para RG e pagamento para emissão de CPF.
4.3.4 Centro de Referencia Especializado de Assistência Social – CREAS
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS constitui-
se em uma unidade pública estatal, responsável pela oferta de serviços especializados de
apoio, orientação e acompanhamento a indivíduos e famílias com um ou mais de seus
membros em situação de ameaça ou violação de diretos.
Inaugurado em 13 de novembro de 2008, o CREAS está localizado na região
central da cidade – Rua Alferes José Caetano, 1102.
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Atendimento por faixa etária e gênero
A maior demanda do CREAS se encontra no público - crianças e adolescentes,
com um percentual de (77%), insidindo 39% na faixa etaria de 0 a 11 anos (crianças) e (38%)
na faixa etária de 12 a 18 anos (adolescentes). A seguir vem os adultos na faixa etaria acima
dos 59 anos com um percentual de 9%.
Na categoria gênero observa-se uma equiparação entre crianças e adolescentes do
sexo marculino (65 %) com um percentual mais elevado do que do sexo femenino (35 %).
Em relação aos adultos há uma inversão entre sexo masculino (62%) e sexo feminino para
(38%). A mulher representa maior frequencia na busca de atendimento, podendo-se inferir
algumas hipoteses: O fato de ser chefe de familia ou mesmo por não ter vinculo trabalhista,
e/ou ainda outras razões que possam esplicar tal demanda ser mais elevada que a do homem.
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Faixa Masculino % Feminino % Total %0 a 11 Anos 36 65% 19 35% 55 39%12 a 18 Anos 36 64% 20 36% 56 38%19 a 40 Anos 4 50% 4 50% 8 4%41 a 59 Anos 1 20% 4 80% 5 1%Acima de 59 9 37% 15 63% 24 9%Não Consta 9 45% 11 55% 20 9%Total 95 57% 73 43% 168 100%
Atendimento do CREAS por Território dos CRAS %
CRAS Mario Dedini 20 19%CRAS Piracicamirim 20 19%CRAS Centro 17 16%CRAS Jd. São Paulo 17 16%CRAS Vila Sônia 16 15%CRAS São José 8 8%CRAS Novo Horizonte 7 7%TOTAL 105 100%
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O maior público encaminhado pelos CRAS para atendimento no CREAS procede
dos CRAS Mario Dedini e CRAS Piracicamirim com19% cada. Vindo a seguir os CRAS do
Centro e Jd. São Paulo ambos com 16% e, Vila Sônia com 15%.
Estes dados indicam a necessidade de sistematização cuidadosa do perfil da
demanda para conhecer as causas que provocam o elevado número de encaminhamento. A
definição do que se deve coletar de dados e a adoção de instrumentais são as bases para
obtenção do diagnóstico por meio de uma analise cuidadosa dos dados. Estes são fatores
imprescindíveis para propor ações preventivas, pois conforme propõe o Plano Municipal de
Convivência Familiar e Comunitária, “as medidas de prevenção tornam-se tarefas prioritárias
para compreender esta problemática e permitir planejar e desenvolver estratégias de apoio e
acompanhamento às crianças e respectivas famílias”.
Procedência: Sistema de Garantia de Direitos
A grande demanda vem do Poder Judiciário (52%). A seguir tem-se um
significativo percentual proveniente de denuncias (28%), mas que precisaria conhecer as
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Procedência Total %
Poder Judiciário 56 52%Denúncia 29 28%Promotoria de Justiça 10 10%CRAS 3 3%Fundação CASA 2 2%Distrito Policial 2 2%Conselho Tutelar 1 1%Gabinete de Vereador 1 1%Projeto Recriando 1 1%TOTAL 105 100%
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fontes dessas denuncias. Da Promotoria de Justiça a demanda é de 10%. Vindo a seguir dados
de menor impacto quanto à origem dos órgãos que encaminham.
O empenho por buscar maior informação a respeito destes dados pode revelar uma
riqueza de informação para conhecer os fatores que concorrem para o surgimento de tais
demandas. Por exemplo: Não se sabe até que ponto a sociedade faz denuncias e, nem mesmo
qual o conteúdo ideológico expresso na forma de apresentá-las?
α) Proteção Social Especial: Atendimento de Média Complexidade
Os serviços de proteção especial de média complexidade destinam-se às famílias,
seus membros e indivíduos em seu contexto comunitário, visando à orientação e o convívio
sócio-familiar e comunitário. Difere da proteção básica por se tratar de um atendimento
focado na violação de direitos. São considerados serviços de média complexidade aqueles que
oferecem atendimentos às famílias, seus membros e indivíduos com seus direitos violados,
mas cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos. Neste sentido, requer maior
estruturação técnico-operacional e atenção especializada e mais individualizada, e, ou, de
acompanhamento sistemático e monitorado. Os projetos de Proteção de Média Complexidade
se incluem na Prevenção Secundária: voltada para Grupo de Risco.
Prevenção Secundária (voltada para Grupo de Risco)
• Implementação de programas e atividades de suporte emocional às famílias
em situação de risco (pobreza, desemprego, dependência química, pais
adolescentes, estresse em geral).
Na prevenção secundária procura-se reconhecer a existência de grupos mais
vulneráveis. O seu principal objetivo é detectar precocemente a população de risco e
proporcionar a mudança da situação. As famílias em situação de risco são aquelas que
apresentam certas características de instabilidade, desestruturação ou falta de segurança.
Ainda como possíveis indicadores de risco está o consumo de drogas, desestruturação
familiar; imaturidade e inexperiência; antecedentes de maus-tratos; atitudes violentas ou
castigos inapropriados em relação aos filhos; problemas sociais ou econômicos; depressão e
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isolamento; e fraca tolerância a situações de stress (MARTÍNEZ ROIG E DE PAÚL, 1993.
IN AZEVEDO E MAIA, 2006).
Diante da existência de um conjunto de fatores que colocam em situação de
vulnerabilidade, é de extrema importância, desenvolver e aplicar programas e ações de
prevenção secundária, adotando estratégias de intervenção que atuem nas diferentes áreas:
individual, familiar, comunitária, social e cultural. Dizendo de outro modo, a tônica deverá ser
colocada na promoção das competências individuais, centralizando as suas ações preventivas
na modificação do ambiente que rodeia o indivíduo, reduzindo ou eliminando a maioria das
situações negativas, no sentido, de melhorar as capacidades do sujeito para que este possa
enfrentar e superar essas mesmas situações. A eficácia destes programas será maior na medida
em que se consiga que cada indivíduo desenvolva estratégias para dar resposta aos problemas
concretos.
Os programas de prevenção secundária de maus-tratos infantil possuem algumas
características básicas:
• Cada programa de prevenção deve selecionar as famílias em risco e realizar com
elas um tipo de trabalho de acordo com o modelo teórico metodológico adotado;
• Melhorar as habilidades parentais necessárias ou reduzir os fatores negativos que
impedem o desenvolvimento dessas habilidades;
• Os recursos mais utilizados são: a) a participação dos pais em grupos de apoio, de
auto-ajuda, ou desenvolvimento de habilidades nos Centros dos Serviços Social; b)
Educadores de familiares.
Diante de tais características cabem alguns objetivos diante da prevenção
secundária:
• Aumentar os conhecimentos dos pais acerca do desenvolvimento infantil e das
exigências da maternidade e da paternidade;
• Aumentar e melhorar as habilidades dos pais para enfrentar as situações
estressantes que advêm da maternidade/paternidade;
• Melhorar o vínculo com a criança, os laços de tipo emocional e a comunicação
mútua;
• Aumentar o acesso de todos os membros da família aos serviços sociais.
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Nos programas de prevenção secundária pode se dar ênfase na promoção das
competências individuais adotando uma das possibilidades:
• Modificar o ambiente do sujeito, reduzindo ou eliminando a maior parte das
situações negativas que dificultam o seu desenvolvimento;
• Melhorar as capacidades do sujeito para que possa enfrentar as ditas situações
negativas, superando-as.
O desenvolvimento de um programa de prevenção exige que seu planejamento,
sua implantação, aperfeiçoamento, avaliação e reaplicação sejam desenvolvidos em um
suficiente período de tempo.
Para atender as necessidades de Média Complexidade o CREAS desenvolve ações
de atendimento psicossocial e apoio jurídico a indivíduos e famílias com direitos violados,
através de: entrevistas; atendimento a denúncias; fornecimento de vale transporte e
alimentação; encaminhamentos e acompanhamentos a rede de serviços; fornecimento de
passagem intermunicipal para familiares dos internos na Fundação CASA; orientação e
encaminhamento para providenciar documentação.
O Programa de Proteção Social de Média Complexidade do Município de
Piracicaba atende de forma direta média de 1.000 pessoas/ano e indiretamente por meio de
projetos:
a)Centro de Atendimento Sócio Educativo – CASE
Desenvolvido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – SEMDES,
em parceria com a Associação Atlética Educando pelo Esporte, tem por objetivo proporcionar
e garantir às crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, em situação de risco pessoal e social,
condições de proteção e desenvolvimento humano e social na construção de um projeto de
vida baseado na participação e nos direitos de cidadania.
As ações do CASE são desenvolvidas em seis unidades abrangendo diferentes
regiões do Município de Piracicaba, com atendimento médio a 650 crianças e
adolescentes/mês:
• CASE Jaraguá: atende crianças/adolescentes dos bairros que constituem a Região
Oeste;
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• CASE Jardim Itapuã: atende crianças/adolescentes de diversos bairros das Regiões
Sul e Leste;
• CASE Jardim Oriente: atende crianças/adolescentes do bairro e adjacentes, que
estão localizados na Região Leste;
• CASE Parque Orlanda: atende crianças/adolescentes de diversos bairros da Região
Norte;
• CASE Algodoal: a unidade “SOS Bombeiros no Resgate da Cidadania” atende
crianças/adolescentes do bairro, que está localizado na Região Norte.
Quanto ao perfil das crianças e adolescentes, sabe-se que 57% são do gênero
masculino e 43% do gênero feminino.
Dados estatísticos do CASE apontam que a medida de prevenção é o maior
motivo (43%) que leva a inserção dessas crianças e adolescentes ao Projeto, critério
prioritário de elegibilidade do mesmo.
O fortalecimento das micro-redes, especialmente na participação do Programa
Saúde da Família - PSF tem auxiliado na problemática relacionada ao envolvimento de
crianças e adolescentes no trafico e consumo de drogas.
Essas unidades desenvolvem atividades no período complementar ao da escola:
socioeducativas; apoio escolar; pedagógicas; lazer; artísticas e culturais (teatro, capoeira e hip
hop); esportivas (futebol e dança) e de recreação; orientação vocacional; encaminhamento
para cursos de informática.
Oferece também, orientação encaminhamento e apoio às famílias dos
beneficiários.
b)Atendimento a Criança e Adolescente Vítima de Violência Intra e Extra Familiar - Centro de Registros e Atenção aos Maus Tratos na Infância (CRAMI).
O CRAMI tem por objetivo propiciar atendimento psicossocial às crianças e
adolescentes vítimas de violência intra e extra-familiar (violência física, psicológica,
negligência e abuso sexual), bem como seus familiares, visando a resignificação das relações
familiares; cujos encaminhamentos são efetuados pelos Conselhos Tutelares, Vara da Infância
e Juventude e Delegacia de Defesa da Mulher.
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O atendimento a criança e adolescente vitima de violência intra e extra familiar
visa possibilitar condições favoráveis e eficazes ao resgate e a garantia dos direitos da criança
e do adolescente vitimizados, bem como suas famílias, através das atividades: entrevistas
individualizadas; visitas domiciliarias; estudo do caso para elaborar plano de atendimento a
cada família; apoio psicológico individual; grupos educativo-terapêuticos; atendimento grupal
ao núcleo; encaminhamentos e acompanhamentos à rede de recursos, necessidade; oficinas de
prevenção.
Para observação, analise e tomada de decisão apresenta-se os dados estatísticos
referentes ao atendimento de 261 Casos de Violências Contra Crianças e Adolescentes
atendidos no CRAMI no período de janeiro a agosto de 2009.
Tabela 1- Incidência da violência por tipologia e faixa etária da vítima
Idade 0-6 anos 7-14 anos 15-18 anos Total
Violência Física 20 46 04 70Violência Psicológica 08 35 12 55Abuso Sexual 22 48 08 78Exploração 0 0 0 0Negligência 13 35 10 58Total 63 164 34 261
Fonte: CRAMI
Conforme se observa, a tabela 1 apresenta diferenças na incidência da violência
por idade da vítima, onde aponta maior vulnerabilidade na faixa etária de sete a catorze anos.
Tabela 2 - Distribuição da violência por gênero.
Gênero Masculino FemininoViolência Física 39 31Violência Psicológica 26 29Abuso Sexual 11 67 Exploração Sexual 0 0 Negligencia 27 31 Total 103 158
Observa-se na tabela 2 que a violência, no que tange ao gênero, apresenta pouca
diferença entre menino e menina quando incide na violência física, psicológica e negligência;
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porém, quando se refere ao abuso sexual, o número de meninas se eleva para seis vezes mais
do que meninos.
O atendimento de crianças e adolescentes diagnosticado como vítimas de
violência deve merecer atenção por meio de estudos e pesquisa que contribuam para detectar
as causas, podendo assim prevenir a ocorrência e prevalência da violência.
Outro recorte sobre a incidência da violência está na tabela 3 que apresenta o
número de vitimas de acordo com a renda familiar.
Tabela 3 - Violência Sexual segundo renda Familiar - Análise referentes a 78 casos
Renda
Familiar
0-1 salários
Mínimos
1-3 salários
Mínimos
Acima de Três
Salários
Mínimos
Não
declararam
renda
Total
04 36 29 09 78
Dos 78 casos, 09 não declaram a renda familiar. Mas, conforme se observa na
tabela 3 houve maior incidência em crianças e adolescentes cuja renda familiar é de um a três
salários mínimos seguindo os que possuem família com renda acima de 3 salários mínimos.
Outra comparação está na incidência de violência sexual em relação à idade das
vitimas conforme apresenta a tabela 4.
Tabela 4 - Violência Sexual Segundo Idade.
0 a 6 anos 7 a 14 anos 15 a 18 anos Total22 48 08 78
Constata-se que o maior índice de violência sexual teve como vítimas crianças e
adolescentes na faixa etária de sete a catorze anos (48), vindo a seguir (22) na faixa etária de
zero a seis anos.
Tabela 5 - Violência Sexual Segundo Gênero.
Masculino Feminino Total11 67 78
A distribuição da violência segundo gênero registrada na tabela 5 revela que o
número de meninas vitimizadas é (67), bem maior do que os meninos (11), indicando que a
menina vitima de abuso sexual é seis vezes maior do menino.
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Diante de tais números, a respeito da violência contra crianças e adolescentes, esta
analise se apresenta superficial, mas é suficiente para chamar a atenção sobre tal fenômeno,
devendo receber maior investimento em termos de estudo, pesquisa e atendimento, bem como
capacitação do pessoal que faz o atendimento a este público.
II. Projeto RECRIANDO
O Projeto Recriando atende crianças e adolescentes em situação de
vulnerabilidade e risco pessoal/social, que se encontram na rua e/ou envolvidos em pequenos
delitos, cobrindo uma grande demanda da população infanto-juvenil, por meio de ações
organizadas em duas frentes:
• Abordagem - é realizada por equipe de educadores que abordam as crianças e
adolescentes que se encontram pelas ruas da cidade em situação de trabalho
infantil, mendicância, drogadição, exploração sexual, evadidos da escola e/ou
abandonadas. Esse trabalho tem caráter educativo e busca orientar e
encaminhar à rede de atendimento e/ou a seus familiares.
• Espaço Recriando - é a sede do projeto onde se realiza atendimento;
orientação; atividades socioeducativas, físicas, pedagógicas, artesanais,
culturais, esportivas; alimentação; acompanhamento (re) inserção ao sistema
educacional de ensino; encaminhamento e acompanhamento das crianças,
adolescentes (entre os quais se destaca o tratamento de desintoxicação de
substâncias psicoativas em comunidades terapêuticas) e seus familiares, por
equipe técnica formada por assistente social, psicólogo, orientadores
socioeducativos e oficineiros.
Atende aproximadamente 80 crianças e adolescentes/mês. Do total de abordagens
realizadas no 1º semestre de 2009 (n = 632), verificou-se 78% em situação de trabalho
infantil, sendo que desse percentual 31% estava associado à situação de mendicância.
Utilizando drogas foram 85 casos (13% do total abordado) e em exploração sexual foram
encontrados 22 (3% do total abordado). Com relação à região de origem, 46% dessas crianças
e adolescentes são provenientes da Região Oeste do município.
A maior demanda do Projeto Recriando, aproximadamente (50%) é proveniente
da Região Oeste, fator que coincide com dados registrados no item (4.3.5 ... Perfil dos
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abrigos, p. 75), declinando que a “região oeste representa 49% da procedência de
crianças/adolescentes institucionalizadas no Bom Menino.
Estes dados reclamam com urgência a realização de estudo para detectar os
fatores que influenciam o aparecimento desta população em situação de risco. Exigindo
também analise cuidadosa para indicar ações de Prevenção Secundária e eficaz que ofereça
proteção às famílias em situação de risco (pobreza, desemprego, dependência química, pais
adolescentes, estresse em geral).
c) Medidas Socioeducativas (Liberdade Assistida e Prestação de Serviço a
Comunidade) - Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida Sócio Educativa em meio
aberto (SEAME)
O SEAME é uma Unidade de Prestação de Serviço da Pastoral de Serviço da
Caridade (PASCA), que tem por finalidade prestar atendimento aos Adolescentes com
Medida Sócioeducativa de LA e PSC. Recebem acompanhamento individual por orientadores
de medida, de acordo com os Arts. 118 e 119 do Estatuto da Criança e do Adolescente. As
famílias destes adolescentes são acompanhadas e orientadas no desenvolvimento da
habilidade parental.
Tem por objetivo proporcionar aos adolescentes autores de atos infracionais,
inseridos na medida sócioeducativa de Liberdade Assistida, oportunidade de inclusão social
envolvendo também o seu grupo familiar, através de atendimento individual, grupal, coletivo,
encaminhamentos e oferta de oficinas de arteterapia e de aprendizagem.
Segue dados quantitativos do atendimento aos jovens com a medida
sócioeducativa de Liberdade Assistida realizado pelo SEAME em 2009.
Tabela – 6 Número de atendidos/mês
Meses Exercício2007 2008 2009
Janeiro 123 98 85Fevereiro 122 94 85Março 121 98 94Abril 104 96 92Maio 100 98 94Junho 100 94 87Julho 110 91 90Agosto 108 90
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Setembro 111 88Outubro 112 84Novembro 107 83Dezembro 98 87
Fonte: PASCA/SEAME julho/2009
Tabela 7 - Casos Novos no período de janeiro a julho de 2009
Fonte: PASCA/SEAME julho/2009
Encerra-se aqui a apresentação dos projetos inseridos na proteção social especial
de média complexidade e inicia-se a apresentação dos projetos inseridos na proteção social
especial de Alta Complexidade.
4.3.5 Proteção Social Especial: Atendimento de Alta Complexidade
Os serviços de proteção social especial de alta complexidade são aqueles que
garantem proteção integral – moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido – para
famílias, seus membros e indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de
ameaça, necessitando ser retirado de seu núcleo familiar e, ou, comunitário.
Os projetos inseridos na Alta Complexidade garantem proteção social integral aos
casos identificados de maus-tratos, ou seja, oferecem ações de Prevenção Terciária que
contribuam para:
• Interrupção do ciclo;
• Encaminhamento dos casos e garantia de segurança;
• Intervenções a curto e longo prazo (individuais e familiares);
• Atendimento ao perpetrador e acompanhamento;
• Atendimento e capacitação dos técnicos envolvidos nos casos (assistentes
sociais, médicos, advogados, psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e policiais).
Com a prevenção terciária pretende-se reduzir a duração e gravidade das seqüelas
dos maus-tratos, a médio ou longo prazo, procurando a reabilitação ou o tratamento dos
indivíduos. Uma vez sinalizada a situação de maus-tratos, um dos objetivos prioritários deste Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social Rua Alferes José Caetano, 1128 – Centro – Piracicaba -SP CEP: 13400-123 – Tel.: (19) 3417-8800 – E-mail: [email protected]
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Existentes de 2008 p/ 2009 Entradas 2009 Total87 75 162
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tipo de prevenção, é garantir a segurança e integridade física e psíquica, procurando evitar o
reaparecimento do problema.
Dentro do modelo SUAS a Prevenção Terciária de Alta Complexidade, é
realizada no município de Piracicaba por meio dos seguintes projetos de acolhimento
institucional:
a) Casa de Acolhimento (Casa de Passagem)
A Casa de Acolhimento, criada em 2007, oferece serviço de proteção social
especial de alta complexidade, para atendimento emergencial, por um período de 48 horas, no
acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social, encaminhados
pelos Conselhos Tutelares e pela Vara da Infância e da Juventude.
O Serviço de Acolhimento mantém 24 horas de funcionamento, oferecendo
cuidados e atendimento as necessidades básicas das crianças e adolescentes acolhidos,
enquanto aguardam: recâmbio, localização dos responsáveis que possam assumir a guarda
provisória, requisição de vaga em abrigo entre outras medidas que se fizerem necessárias.
Com capacidade diária de atendimento a 12 crianças e adolescentes, no 1º
semestre do ano de 2009 registrou a passagem de 36 crianças e adolescentes, conforme tabela
a seguir:
1º Semestre Casos novos/MêsJaneiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Total
2008 0 8 5 8 3 13 372009 2 1 10 10 5 8 36
b) Serviços de Acolhimento Institucional (Abrigos)
O serviço de acolhimento do Município de Piracicaba é realizado em parceria com
duas Organizações não Governamentais: Casa do Bom Menino e Lar Franciscano de
Menores.
As observações e coleta de dados sobre os aspectos físicos, administrativos e da
infra-estrutura das duas instituições de Abrigo para crianças e adolescentes do município de
Piracicaba foram realizadas por um Grupo de Trabalho – GT nomeado pelo Senhor Prefeito
Barjas Negri, através do Decreto Municipal nº 13.108 de 24 de abril de 2009, com o propósito
de avaliar os Serviços de Abrigo para Crianças e Adolescentes.
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O trabalho foi concluído e apresentado pelo Grupo Técnico em julho de 2009.
Considerando a complexidade e a extensão do documento, para efeito de fundamentar
propostas de ação, este Plano apresenta os aspectos mais relevantes:
• Aspectos Administrativos
“Os problemas apresentados no campo da Contabilidade decorrem da ausência de
procedimentos por centro de custo impedindo a mensuração dos gastos por unidades de
trabalho, e a identificação dos pontos de estrangulamento. É necessário, com premência,
adequar o serviço às normas atuais de contabilidade .
Outro ponto a destacar é a ausência de Planejamento das Finanças. O que
impossibilita a definição de quais unidades requerem maiores investimentos e quais requerem
investimento algum, dificultando o atendimento de questões emergenciais. A medida urgente
para corrigir esta distorção está na Implantação da Gestão Financeira.
É evidente que diante desta configuração, conclui-se que a administração e
contabilidade das instituições não estão a serviço do modelo teórico-metodológico. Em
primeiro lugar, em função da ausência de tal método e, em segundo lugar, em função da
inexistência de uma gestão completa e coerente”.
• Estrutura Física
Casa do Bom Menino – “A instituição “Casa do Bom Menino” (que corresponde
a três módulos), com relação ao aspecto físico, apresenta condições de adequar-se ao novo
modelo de Abrigo. O Espaço é amplo e oferece muitos recursos para o planejamento e a
realização de atividades. Entretanto, compete à equipe técnica traçar estratégias de ação e
melhor aproveitar as possibilidades proporcionadas pelo espaço físico, visando o pleno
cumprimento do Projeto Pedagógico. Apesar deste quadro favorável à intervenção, algumas
modificações são imprescindíveis e prementes”.
Lar Franciscano de Menores – “Em linhas gerais, esta instituição de
acolhimento não apresenta condições de adequar-se ao novo modelo de atendimento. É
urgente estabelecer um plano de reforma estrutural (com prazo fixado) ou adquirir outro
prédio. As instalações e os cômodos são antigos e estão deteriorados, não há espaço útil que
possibilite a realização de atividades, o ambiente é pouco agradável e vazio em estímulos. A
preservação da individualidade e o espaço privativo (guardar e cuidar dos pertences pessoais)
estão prejudicados. Há poucos quartos e os espaços de socialização (sala, cozinha e pátio) são
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inapropriados. O pátio é vazio, sem estímulos, atividades ou cores (é absolutamente cinza e
estéril)”.
• Setor de Alimentação (Cozinha e Dispensa)
“A alimentação, nesse ínterim, em ambas as instituições, não é planejada como
uma oportunidade de socialização e desenvolvimento humano. Não há sistematização para o
desenvolvimento de um hábito alimentar saudável, estabelecendo uma rotina e um cardápio,
promovendo a participação das crianças/adolescentes na escolha, na compra ou produção e na
confecção dos alimentos.
A extensão deste procedimento para as famílias de origem, dentro deste contexto,
também é inexistente”.
• Recursos Humanos
“A falta de estruturação dos recursos humanos não permite identificar qual a
atividade desenvolvida pelos colaboradores e o desempenho de seus profissionais. O prejuízo
decorrente deste quadro incide na motivação dos profissionais para alcançar os objetivos
organizacionais de um modo eficiente e eficaz, uma vez que não consegue entender a
diversidade e singularidade das pessoas, tanto as atendidas, como as colaboradoras,
dificultando a realização de um trabalho consistente.
(...) O processo de seleção dos profissionais, as atribuições, a supervisão e o
acompanhamento oferecidos pela equipe técnica são assistemáticos, ou seja, não estão
claramente concebidos e planejados. A questão salarial é outro aspecto que demanda melhor
análise, de modo a adequar-se às funções”.
• Perfil Geral das Crianças/Adolescentes Atendidos
Casa do Bom Menino – “Os dados demonstraram uma equipartição entre o
número de meninos (40) e meninas (39). A maior concentração encontra-se na faixa etária de
7 a 10 anos (21%), seguida pela faixa etária dos 10 a 12 anos (18%), 12 a 14 anos (14%) e 14
a 16 anos (11%). Dessa maneira, o número de crianças/adolescentes acolhidos com idade
acima de 7 anos representa 81% , denotando uma específica demanda de atendimento,
exigindo atividades mais complexas. Cabe salientar a existência de 3 adolescentes com idades
entre 14 e 16 anos, portanto próximos da idade limite, 18 anos, para permanência dos abrigos,
requerendo uma atenção particular. Dentro deste contexto, a “Casa Raquel” apresenta 7
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adolescentes (meninas) com idade superior a 16 anos e 13 adolescentes com idade superior a
14 anos.
Os dados reforçam a percepção que o perfil das crianças/adolescentes atendidos
torna imprescindível que o preparo e o planejamento do cotidiano leve em consideração o
grande número de adolescentes. Portanto, deve contemplar atividades próprias para esta fase
do desenvolvimento humano, levando-se em consideração sua peculiaridade e complexidade.
O tempo de abrigamento médio apresenta uma significativa concentração no
período de 1 a 3 anos (41%), sendo que, o período acima de 5 meses representa 74%, uma vez
que 15% constam como não havendo informação. O que demonstra necessidade de uma
pesquisa mais profunda que remonte às causas responsáveis por essa configuração.
A região oeste representa 49% da procedência de crianças/adolescentes
(contemplando os CRAS: Jardim São Paulo (27%), Novo Horizonte (13%) e São José (9%), a
região norte corresponde a 26% (do total), (contemplando os CRAS: Mario Dedini e Vila
Sônia, ambos com 13%). Os casos sem informação totalizam 5%. Esta distribuição geográfica
também requer uma investigação mais apurada, identificando-se as causas que explicam as
demandas especificas de cada região. No caso a região oeste que concentra quase 50% da
demanda necessita de atenção especial.
Com relação às famílias atendidas, 65% apresentam 01 filho abrigado, 24% com
02 filhos abrigados e 11% com 03 filhos abrigados. É interessante notar o alto índice de
famílias com 01 filho abrigado, sendo necessário relacionar este dado com o número total de
filhos daquelas famílias e buscar subsídios para compreender o motivo dos abrigamentos. Por
que apenas um dos filhos abrigados e por que esta medida ainda se faz necessária, já que
existem outras crianças/adolescentes na família?
As evasões de crianças/adolescentes do abrigo “Casa do Bom Menino” somam
15% (8 meninas e 4 meninos) e a ausência de informações 10%. Este é outro aspecto
alarmante que exigirá pesquisa e análise mais acuradas, identificando quais os motivos e as
implicações deste comportamento. Existem 5 crianças/adolescentes em idade escolar que não
freqüentam a Escola (3 meninas e 2 meninos), o que implica em graves prejuízos para o
desenvolvimento, exigindo ações imediatas.
Os grupos de irmãos totalizam 21 famílias. Há necessidade de buscar mais dados
em relação às famílias e estabelecer um plano de trabalho conjunto. A distribuição dos irmãos
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(divididos em módulos na “Casa do Bom Menino” e entre estes e o “Lar Franciscano de
Menores”) e a ausência de uma ação promotora da convivência familiar (integração entre os
irmãos e planejamento das visitas das famílias) acabam gerando uma forma mais sutil de
desmembramento do grupo de irmãos, que mesmo não sendo uma separação física evidente
traz sérios prejuízos para as crianças/adolescentes.
O abrigo não realiza pesquisas periódicas para acompanhamento e avaliação dos
resultados da intervenção. Não há dados sistematizados (oriundos de pesquisas e
acompanhamentos) em relação às famílias de origem.
Lar Franciscano de Menores – “Os dados demonstraram uma menor
eqüipartição entre o número de meninos (14 – 56%) e meninas (11 – 44%). A maior
concentração encontra-se na faixa etária de 9 a 11 anos (24%), seguida pela faixa etária de 01
a 3 anos (20%).
O tempo de abrigamento médio apresenta um equilíbrio entre os períodos de 5
meses a 1 ano, de 1 a 3 anos e de 3 a 5 anos (28%), sendo que, o período abaixo de 5 meses
representa 16%. O que demonstra necessidade de uma pesquisa mais profunda que remonte às
causas responsáveis por essa configuração, pois 84% dos casos tem mais de 5 meses de
abrigamento (56% com mais de 1 ano de abrigamento).
A região oeste representa 8% da procedência de crianças (contemplando os
CRAS: Jardim São Paulo e São José, ambos com 4%), a região norte corresponde a 32% do
total, contemplando os CRAS: Mario Dedini (28%) e Vila Sônia (4%). Os casos sem
informação totalizam 52%. Esta distribuição geográfica também requer uma investigação
mais apurada, identificando-se as causas que explicam as demandas especificas de cada
região. Os casos sem informação (concentram 52%) necessitam de atenção especial e
premente.
Com relação às famílias atendidas, 56% apresentam 01 filho abrigado, 31% com
02 filhos abrigados e 13% com 03 filhos abrigados. É interessante notar o alto índice de
famílias com 01 filho abrigado, sendo necessário relacionar este dado com o número total de
filhos daquelas famílias e buscar subsídios para compreender o motivo dos abrigamentos. Por
que apenas um dos filhos abrigados e por que esta medida ainda se faz necessária, já que
existem outras crianças na família?
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Existem 9 crianças em idade escolar que não freqüentam a Escola, contudo não há
explicações e justificativas contundentes. A falta de comprometimento com a vida escolar
implica em graves prejuízos para o desenvolvimento, exigindo ações imediatas.
O abrigo não realiza pesquisas periódicas para acompanhamento e avaliação dos
resultados da intervenção. Não “há dados sistematizados (oriundos de pesquisas e
acompanhamentos) em relação às famílias de origem”.
Vale destacar que, após a conclusão do GT sobre a realidade dos abrigos a
SEMDES já iniciou um trabalho de supervisão e orientarão para que se promova o
reordenamento dos abrigos de acordo com a legislação vigente.
O Relatório Semestral da SEMDES aponta que no período de janeiro a junho de
2009 estiveram abrigados 133 crianças e adolescentes, tendo em vista que os abrigos
iniciaram o ano com 99 crianças e adolescentes em atendimento e registraram 34 casos novos.
Nº. de Crianças e Adolescentes AtendidasCasa
Bom Menino
Lar Franciscano
de MenoresTotal
Janeiro de 2009 75 24 99Casos novos no 1º Semestre/2009 23 11 34Desligamentos do abrigo no 1º sem. 2009 30 11 41Atendidos em junho/2009 68 24 92
Fonte: SEMDES/2009
Do total de crianças e adolescentes que deixaram o abrigo, foi possível identificar
o motivo de 26 casos da Casa Bom do Menino: 17 evasões, 2 transferências e 7 retornos à
família de origem ou substituta. Nos relatórios do Lar Franciscano de Menores não há esta
identificação, motivo pelo qual há necessidade de readequar o modelo de relatório, de forma
que o mesmo possibilite um diagnóstico mais preciso do serviço.
Embora o número de atendimento tenha reduzido de janeiro a junho, a média
mensal, comparada com o 1º semestre/2008 teve um acréscimo de 10%.
4.3.6 Retomando e sintetizando o conceito de prevenção
Para concluir a reflexão sobre o conceito de Prevenção Primária, Secundária e
Terciária inserida no “Eixo II – Atendimento” cabe chamar a atenção para esclarecer o
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seguinte: “na aplicação do conceito de Prevenção os níveis não são estanques, não cabendo
uma separação rígida entre eles”. Ainda, o Desenvolvimento do Plano de Convivência
Familiar e Comunitária exige clareza do conceito de prevenção nos níveis primário,
secundário e terciário, pois a finalidade primordial dos programas de prevenção é, justamente,
evitar o afastamento da convivência familiar e comunitária. Diante de tal entendimento, a
principal razão em conceituar prevenção é oferecer parâmetros para o estabelecimento de
critérios de inclusão dos segmentos de usuários nos Serviços dos CRAS e CREAS. Assim,
neste “Eixo II - Atendimento” procurou-se, articular o conceito de “Prevenção – primária,
secundária e terciária” ao conceito de Proteção básica, de Média e Alta complexidade. Para
isso, a elaboração de programas de prevenção deve assentar-se num conjunto de princípios
gerais que vão nortear toda a ação:
• Os programas devem ser globalizados incluindo saúde e bem-estar pessoal-
social, como conceito unitário. Logo os métodos educativos de intervenção
devem incluir ambas as vertentes.
• A intervenção preventiva deve efetuar-se através de diferentes programas
interativos nas diferentes instituições (escola, família, saúde, assistência social
etc.);
• Estes programas devem, para além de fomentar o desenvolvimento individual,
provocar mudanças nas instituições.
A esta altura da reflexão cabe informar que há um conjunto de objetivos a serem
adotados nos diferentes tipos de prevenção:
• Melhorar a qualidade de vida das famílias/indivíduos;
• Investir numa educação de qualidade;
• Criar redes de apoio social;
• Promover uma efetiva participação dos indivíduos na vida comunitária;
• Implementar programas de educação sexual;
• Desenvolver programas de informação dirigidos aos pais, acerca do
desenvolvimento infantil e respectivas exigências de maternidade e
paternidade;
• Melhorar as competências paternais face às situações de stress;
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• Melhorar as relações intrafamiliares, promovendo atividades que estimulem à
criação de laços emocionais e afetivos;
• Privilegiar o papel da escola com espaço desencadeador de experiências
positivas;
• Investir na formação de professores em relação a esta temática;
• Investir mais na promoção da saúde do que na prevenção da doença.
Como tal, as ações de prevenção deverão ir além do prevenir os riscos, tratando-se
de algo mais amplo – «a educação para o desenvolvimento pleno». E no âmbito da prevenção,
aconselha-se a adoção do modelo integral, onde os três tipos de prevenção podem estar
presentes, em simultâneo ou não, consoante às necessidades. O objetivo estratégico deste
modelo é influenciar de forma positiva o chamado “ciclo vicioso” da transmissão familiar e
transgeracional, não se esquecendo dos fatores do meio ambiente que facilitam esta
transmissão (BARUDY, 1998. IN AZEVEDO E MAIA, 2006).
Por se tratar de um gravíssimo e complexo problema social é necessário conhecer
os fatores que conduzem ao aparecimento dos maus-tratos, os seus diferentes tipos, as
principais manifestações, como as diferentes formas de apresentação. A conduta mais
adequada e as medidas de prevenção tornam-se tarefas prioritárias para compreender esta
problemática e permitir planejar e desenvolver estratégias de apoio e acompanhamento às
crianças e respectivas famílias.
Por todas estas razões, torna-se indispensável o diagnóstico precoce dos maus-
tratos e sua adequada intervenção. Concluí-se, que todos os planos de intervenção só poderão
contribuir decisivamente para um nível adequado de desenvolvimento humano e social, se
tiverem como eixos fundamentais de intervenção a prevenção da causa dos problemas e a
promoção de redes de apoio social, que tenham como objetivo, a promoção do
desenvolvimento integral.
4.4 Eixo III - Marcos Regulatório e Normativo
A Constituição Federal de 1988 considera a assistência social ao lado da saúde e
da previdência como política integrante do sistema brasileiro de seguridade social.
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Uma iniciativa da Camara Municipal de Piracicaba, consolidou as leis do
municipio, tendo como base a Lei Complementar Federal nº. 95/98, que dispõe sobre a
elaboração, a redação, a alteração e aconsolidação das leis, conforme determina o parágrafo
único do artigo 59 da Constituicao Federal, e estabelece normas para a consolidação dos atos
normativos que menciona.
Diante desse contexto, a consolidação das leis nas áreas da saúde e da assistência
social apresenta-se em único volume (volume V), tratando-se das políticas públicas
desenvolvidas pelas Secretarias de Saúde e de Desenvolvimento Social, pelo Fundo Social de
Solidariedade e a Empresa Municipal de Desenvolvimento Social.
Essas áreas têm como objetivo comum, conforme critério adotado pelo
organizador, a busca da promoção social do indivíduo, por meio de programas de renda e
emprego, cursos profissionalizantes, construção de moradias, atendimento a família, ao idoso,
a criança e ao adolescente, bem como ações voltadas a proteção e a recuperação da saúde dos
indivúduos e da coletividade e da universalidade do atendimento.
Na área da assistência social foram reunidas 77 leis, resultadando na Lei nº. 6.246,
de 3 de junho de 2008.
Destacam-se na Lei nº. 6.246/2008:
• Criação dos Conselhos Municipais de Direito da Criança e do adolescente, da
Assistência Social e seus respectivos fundos;
• Criação dos Conselhos Tutelares;
• O estabelecimento de medidas de prevenção aos maustratos contra a criança e
o adolescente no município;
• A instituição do Grupo de Gestão de Convênios, que trata dos procedimentos
para execução de termos de parcerias, convênios e para aplicação de auxílios e
subvenções.
Com relação a estrutura organizacional da Assistência Social apresenta-se um
breve histórico da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEMDES):
Na gestão do prefeito Nélio Ferraz de Arruda, em 05 de Novembro de 1968, foi
criada a Secretaria de Educação, Saúde e Promoção Social de Piracicaba através da Lei nº
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1.622. No ano posterior, foi aprovada a Lei nº 1.644, que estabelece as relações da prefeitura
com obras sociais, substituida pela Lei n. 6.246/2008, em seu o Capítulo IX, já citado.
Em 15 de Outubro de 1991, é criada a Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Social (SEMDES) pela Lei Municipal nº 3.339 regulamentada pelo Decreto nº 5.597 de 22 de
Novembro de 1991 na qual decreta a constituição de uma estrutura organizacional.
No atendimento as exigências da gestão da Política Nacional de Assistência Social
na perspectiva do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é criada a Lei nº 6.197, em 15
de abril de 2008, que altera o parágrafo único do artigo 29 e o organograma, parte integrante
da Lei nº 3.339/91, modificando assim, a estrutura administrativa da Semdes, ficando composta das seguintes unidades:
I – “Núcleo de Apoio Administrativo;
II - Coordenação de IMA - Informação, Monitoramento e Avaliação, composta por:
a) Setor de Operação e Controle de Fundos.
III - Departamento de Proteção Social Básica, composto por: a) Coordenação de Centro de Referência de Assistência Social - CRAS 1;
b) Coordenação de Centro de Referência de Assistência Social - CRAS 2;
c) Coordenação de Centro de Referência de Assistência Social - CRAS 3;
d) Coordenação de Centro de Referência de Assistência Social - CRAS 4;
e) Coordenação de Centro de Referência de Assistência Social - CRAS 5;
f) Coordenação de Centro de Referência de Assistência Social - CRAS 6;
g) Coordenação de Centro de Referência de Assistência Social - CRAS 7;
h) Coordenação de Programas de Transferência de Renda;
IV - Departamento de Proteção Social Especial, composto por:
a) Divisão de Programas e Projetos para Crianças e Adolescentes;
b) Coordenação de Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS;
c) Divisão de Programas e Projetos para Adultos” (art. 1º da Lei 6.167/08).
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Para melhor visualização anexamos o organograma da Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Social – SEMDES.
Salientamos que Piracicaba, na área da assistência social, encontra-se na gestão
básica, em consonância com a Norma Operacional Básica – NOB/SUAS (2005), embora já
tenha todos os requisitos para instalar a gestão plena.
4.5 Eixo IV – Mobilização, Articulação e Participação
Cidade de porte médio e com infra-estrutura desenvolvida no que tange à agro
industria da cana do açúcar e com significativo parque industrial, Piracicaba atrai um
contingente de migrantes das diferentes regiões do pais, principalmente aquelas populações
em situação de maior vulnerabilidade. Possui Universidades Públicas e particulares,
reconhecidas pelo seu grande prestigio em âmbito estadual e nacional, atraindo segmentos
jovens que vão se integrando à cidade e contribuindo para o seu desenvolvimento. Dados
estes que contribuem para a ampliação do setor secundário e terciário. Assim sendo, a cidade
apresenta demandas complexas que desafiam o poder público na construção de respostas a
uma gama diversificada de necessidades.
Considerando que o foco desse estudo se circunscreve no universo da rede de
serviços de Assistência Social, cabe salientar a urgência em se detectar as necessidades
decorrentes de suas fragilidades e, sobretudo detectar as potencialidades, visando encontrar
respostas neste universo de possibilidades para incluir aqueles que se encontram distantes do
acesso às conquistas civilizatórias, produzidas através dos séculos.
Nesse sentido, o Eixo representado nas Ações de Mobilização, Articulação e
Participação apresenta caráter estratégico na condução do processo de implementação da
Política de Assistência Social, pois conforme o modelo previsto no ECA: “A política de
atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto
articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios”(Art. 86).
V. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do Plano Municipal de Convivência Familiar e Comunitária de
Piracicaba tomou por base a analise dos programas, projetos, serviços e ações realizados pela
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SEMDES25. O processo de investigação propiciou a aproximação com os atores sociais que
desenvolvem o atendimento da política de assistência social, buscando assim fazer uma leitura
da realidade aonde se vem atuando e sobre a qual se propõe realizar mudanças. Observou-se
que Piracicaba reúne projetos emblemáticos com experiência acumulada em intervenções
voltadas ao atendimento de crianças/adolescentes e familiares. O atendimento às vítimas de
violência intra e extra-familiar, o projeto de atendimento aos adolescentes com Medidas
Sócioeducativas em Meio Aberto e o atendimento às crianças e adolescentes em situação de
rua, significam políticas de proteção que se coadunam com o Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA.
No âmbito de cobertura da Política Nacional de Assistência Social – PNAS, o
município conta com a implantação do Sistema Único da Assistência Social – SUAS26, com
sete Centros de Referência da Assistência Social – CRAS que atende os segmentos que
necessitam da política de proteção básica; mais o Centro de Referência Especial da
Assistência Social – CREAS, cobrindo um espectro de projetos e ações voltados para os
segmentos que se encontra em situação de vulnerabilidade e risco, necessitando de modelos
de projetos não só eficientes, mas eficazes para atender a demanda de média e alta
complexidade.
A análise das informações deu conta das contradições presentes no conjunto dos
projetos como um todo e, em cada unidade de atendimento, exigindo um aprofundamento
desse estudo para detectar os pontos críticos com seus limites e os postos favoráveis com as
possibilidades de avanços. Para isso, é preciso apontar com clareza o que deve ser mudado e o
que se pretende em termos de ampliação e de melhoria dos serviços oferecidos.
É com base nestes dois aspectos: a) o potencial das políticas públicas de
assistência social implantadas no município e, b) a fragilidade dos projetos que impede e/ou
dificulta a cobertura do atendimento em termos quantitativos e qualitativos, que será
apresentado o diagnóstico.
Nesta perspectiva o diagnóstico apontará as ações necessárias para suprir as
carências, ampliando o número de vagas e, as ações socioeducativas e culturais que precisam
25 Ver a apresentação no capitulo III - Marco Situacional.26 O SUAS traduz a política de assistência social, afiançadora de direitos, por meio de uma estrutura político-administrativa descentralizada quanto ao desenho do papel, da escala territorial, da organização dos serviços sócio-assistenciais e de seu respectivo co-financiamento.
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ser fortalecidas, garantindo-se assim um processo contínuo de fortalecimento da convivência
familiar e comunitária.
A premissa que está subjacente a toda essa análise é a necessidade de
fortalecimento da conivência familiar e comunitária, evitando o rompimento dos vínculos de
crianças e adolescentes com sua família de origem. Para garantir e fortalecer o vínculo
familiar do público-alvo dos projetos exige-se a adoção de metodologia, onde possa
identificar de maneira sistematizada os pontos a serem trabalhados de modo a reverter os
motivos causadores de tais situações. O fortalecimento da convivência familiar e comunitária
se dará por meio dos projetos e ações de proteção social básica e especial que adotará
instrumentais para o registro dos dados que, uma vez analisados serão socializados entre os
profissionais. O desenvolvimento humano e social dos usuários se dará à medida que se
incluírem na condição de protagonistas das transformações necessárias, conquistando e
garantindo o bem-estar social de sua comunidade.
Ao apropriar-se de referência básica para assegurar a continuidade vital dos
projetos e serviços, os profissionais terão, ao mesmo tempo, flexibilidade para transitar neste
ambiente em mudança, elencando premissas consideradas no processo:
• As expectativas de situações almejadas a serem alcançadas;
• Os caminhos a serem seguidos;
• A qualificação dos profissionais na perspectiva do novo paradigma;
• Os recursos a serem alocados.
Para alcançar os objetivos propostos os profissionais terão de superar o senso
comum por meio da sistematização de pesquisas que detectem a região de onde provém a
maior demanda dos serviços de acolhimento, da população de rua e dos serviços de proteção
básica e média complexidade. Para em seguida detectar as causas e os fatores que contribuem
para o esgarçamento dos vínculos familiares e comunitários.
Este diagnóstico aponta que as relações estabelecidas com os diferentes setores da
rede de proteção à criança/adolescente são superficiais e pouco produtivas. A intrincada rede
de relações necessita ser analisada por meio de investigação para, posteriormente, construir e
estabelecer uma efetiva rede de proteção à família e às crianças/adolescentes objetivando o
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
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O monitoramento e avaliação contribuirão para reverter o quadro atual e caminhar
na direção do desenvolvimento humano e social. As ações que fortalecem a convivência
comunitária devem ser exploradas como um recurso de socialização e bem-estar para
promover o desenvolvimento humano e social.
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5.1 Eixo I – Análise da Situação e Sistemas de Informação
PROJETOS /Ações Objetivos Cronograma Responsáveis pela AçãoOrganizar e manter atualizado banco de dados sobre crianças, adolescentes e famílias em situação de risco pessoal e social.
• Diagnosticar situações de enfraquecimento e/ou ruptura intra e extra-familiar
• Socializar os dados, discutir os resultados e articular com a rede socioassistencial
• Contribuir com a definição de ações relativas à melhoria da convivência familiar e comunitária;
• Contribuir com a implantação e/ou implementação de políticas publicas• Disponibilizar instrumentais para maior articulação, troca de
informações e fortalecimento da rede.• Subsidiar os projetos e serviços de proteção social especial,
eliminando as sobreposições e dispersão de energia dos técnicos.
CURTO E MÉDIOPRAZO
- SEMDES
Mapear a situação da exploração do trabalho infantil no município
• Contribuir na formatação de um modelo socio-educativo inclusivo destinado ao publico infanto-juvenil, vitimas da exploração do trabalho;
• Eliminar a exploração do trabalho infantil por meio da inclusão de crianças e adolescentes (em situação de rua e/ou em trabalho insalubre) na rede pública de ensino e em projetos de cunho sócio educativo, em horarios complementares à escola.
CURTO PRAZO E PERMANENTE
- SECRETARIAS:(Desenvolvimento Social, Esporte e Lazer, Cultura, Educação)- ONG
Implementar o sistema de monitoramento e avaliação das ações da assistência social
• Capacitar os profissionais para execução do monitoramento e avaliação dos projetos de assistência social.
CURTO PRAZO
- SEMDES- ONGs
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5.2 Eixo II – Atendimento
O Eixo II abrange a analise diagnóstica dos níveis de proteção social básica e
especial - média e alta complexidade – de todo atendimento realizado pela SEMDES. Este
diagnóstico realizado por meio de pesquisa participante de cunho qualitativo contou com
participação dos profissionais que atuam no atendimento direto aos usuários, representando a
parte mais complexa deste estudo e que será apresentado na seqüência.
Tem-se assim, o levantamento dos problemas e fragilidades presentes nos
projetos. E na seqüência a apresentação dos Indicadores de ações.
5.2.1 Proteção Social Básica – Prevenção - CRAS
a) Problemas Apresentados:
• Ausência de projetos específicos;
• Inexistência de critérios e método para fundamentação e execução dos projetos;
• Não há pesquisas diagnósticas (periódicas), acompanhamento e monitoramento;
• Fragilidade no relacionamento técnico dos atores da rede, prejudicando o atendimento;
• Falta de clareza dos atores da rede para encaminhamentos.
De modo geral, percebeu-se a existência de um grande número de projetos
classificados como preventivos. No entanto, tendo como base a definição apresentada neste
presente documento, quanto à eficiência e eficácia os resultados são insatisfatórios. Nota-se
que os objetivos são extremamente gerais e amplos, impossibilitando a operacionalização das
ações. Muitos projetos desenvolvem as mesmas atividades (ou análogas), sem que haja uma
fundamentação teórico-metodológica que relacione os objetivos, as ações e a problemática.
Desse modo, é possível compreender a baixa participação dos sujeitos da intervenção e o
baixo rendimento dos projetos. Os atuais projetos não estão inseridos em programa maior, que
apresenta coerência e continuidade de ações, ou seja, os projetos devem ser concebidos e
executados em função da demanda, que surge a partir de uma leitura sistematizada da
realidade, com base em critérios e levantamento de dados. E, por sua vez, as ações
desenvolvidas, os resultados alcançados e os dados analisados servirão de base para a
elaboração dos projetos de média complexidade.
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b) Indicadores de ações:
• Oferta de capacitação continuada com monitoramento e avaliação das atividades de
fortalecimento do relacionamento familiar e comunitário.
• Estabelecimento de critérios de inclusão nos projetos de atendimento da proteção
básica.
• Levantamento de dados e estabelecimento de critérios para elencar às problemáticas,
elaborar os Planos de Ação e organizar os projetos existentes.
• Direcionamento e especialização de cada projeto com base em um objetivo claro e
executável, de maneira que não haja repetições excessivas das mesmas atividades.
• Fortalecimento das relações técnicas entre os profissionais da rede serviços.
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5.2 Eixo II - Atendimento5.2.1 Proteção Social Básica – Prevenção - CRAS
PROJETOS /Ações Objetivos Cronograma Responsáveis pela Ação Fortalecimento da Convivência Familiar e Comunitária
• Capacitar profissionais para atuarem no fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários;
• Ampliar a oferta de serviços de Apoio Sócio-Familiar propiciando o relacionamento entre os familiares e a comunidade;
• Criar estratégias que potencializem a proteção e o protagonismo dos usuários que estejam vivenciando situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social, tornando-os sujeitos ativos do processo da política de assistência social;
• Desenvolver programas de informação dirigidos aos pais, acerca do desenvolvimento infantil e respectivas exigências de maternidade e paternidade;
• Melhorar as relações intrafamiliares, promovendo atividades que estimulem à criação de laços emocionais e afetivos;
• Apoiar à Convivência Familiar e Comunitária visando prevenir o afastamento do convívio familiar;
• Promover uma efetiva participação dos indivíduos na vida comunitária;
• Participar do processo de reintegração familiar;
• Priorizar a inclusão das famílias em Programas de Transferência de Renda;
• Prever recursos para a implementação das ações e atendimento de prioridades.
CURTO PRAZO EPERMANENTE
- SEMDES- ONG
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5.2.2 Proteção Social Especial: Atendimento Média Complexidade - CREAS
a) Problemas Apresentados:
• Necessidade de melhoria na qualidade dos dados;
• Necessidade de melhor qualificação das equipes que compõem a rede de atendimento
de média complexidade;
• Encaminhamento inadequado/equivocado;
• Ausência de critérios para inclusão;
• Ausência ou insuficiência de Programas específicos;
• Os projetos de acolhimento institucional não fazem trabalho com famílias.
• Baixa freqüência de crianças e adolescentes (dos Projetos) na rede pública de ensino e
evasão escolar;
• Freqüência irregular e evasão dos atendimentos dos Projetos;
• Inexistência de articulação entre as Secretarias Municipais;
• Estrutura física inadequada para os atendimentos;
• Dificuldade de acesso da população aos serviços (transporte urbano);
• Cursos profissionalizantes para adolescentes não absorvem a demanda que apresenta
baixa escolaridade.
Os problemas apresentados acima abrem flancos no processo de intervenção
tornando-o ineficaz. Por sua vez, os encaminhamentos equivocados rompem a
processualidade das ações tornado-as descontínuas e prejudiciais à sua complementaridade.
Cabe pontuar que estes problemas contribuem para gerar falha no atendimento,
que acabam por prejudicar e anular todo esforço empregado pelo poder público e pelos
profissionais para superar tais impasses e conseguir um atendimento bem sucedido em termos
de eficácia. O insucesso no atendimento permite que os usuários não construam sua
autonomia, permanecendo no circuito da assistência social por vários anos e até mesmo por
gerações.
Frente a tal quadro, é preciso criar estratégias que potencializem a proteção e o
protagonismo dos(as) usuários(as) da política de assistência social, que estejam vivenciando
situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social.
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As soluções para enfrentar tal ordem de problemas não são simples, pois os
fatores que o desencadeiam fogem do âmbito da assistência, devendo ser resolvidos em outras
instâncias e com estratégias mais complexas. Cabe, no entanto, apresentar propostas
(INDICADORES DE AÇÕES) em âmbito local que revertam esta ordem de fatores.
b) Indicadores de ações:
• Realização pesquisa para detectar as causas e estabelecer metodologia para realizar as
ações educativas e culturais;
• Definição de conceitos e critérios de inclusão para cada área (Proteção Básica, Média
e Alta Complexidade). Criação de Instrumentais. Socialização das informações entre
as áreas. Avaliação dos resultados alcançados por meio de instrumentais;
• Sistematização de relatório e a avaliação mensal;
• Elaboração dos critérios de inclusão para os níveis de prevenção primária, secundária
e terciária, visando a eficiência e eficácia dos serviços;
• Criação de instrumentais facilitadores do encaminhamento;
• Articulação das equipes de abordagem de rua e de atividades socioeducativas;
• Sistematização e divulgação das informações sobre as políticas públicas para efetuar
encaminhamentos dos usuários.
• Melhoria da estrutura física e tornar o espaço da sede do Projeto Recriando mais
acolhedor e com privacidade para o atendimento individual.
• Criação de programas específicos ou ampliar vagas nos existentes.
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5.2.2 Proteção Social Especial: Atendimento de Média Complexidade - CREAS
Programas/projetos e Ações
Objetivos Cronograma Responsáveis pela Ação
Acompanhamento sistemático e continuado para readequação dos serviços de acolhimento institucional.
• Capacitar profissionais para atuarem na supervisão, avaliação e monitoramento do acolhimento institucional. CURTO PRAZO E
PERMANENTE- SEMDES
Constituição de Grupo de trabalho pelos atores sociais dos programas, projetos e serviços de média complexidade.
• Aprofundar, clarear os conceitos utilizados, sistematizar instrumental e estabelecer fluxos de encaminhamentos, promovendo o desenvolvimento integrado do trabalho.
CURTO PRAZO EPERMANENTE
- SEMDES- ONGs-CONSELHOS TUTELARES- VARA E PROMOTORIA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
Adaptação, reforma e/ou construção de novos espaços de atendimento.
• Desenvolver integralmente as ações planejadas.• Minimizar as dificuldades de acesso da população aos serviços,
instalando-os mais próximos aos usuários visando garantir a freqüência e diminuir a evasão.
CURTO E MEDIO PRAZOS
- SEMDES- ONG
Municipalização das medidas socioeducativas em meio aberto (L.A. e P.S.C.)
• Atender a orientação que prioriza a convivência familiar e comunitária.
• Atender orientações do SINASE/SUAS
CURTO PRAZO - SEMDES- ONG
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5.2.3 Proteção Social Especial: Atendimento de Alta Complexidade
Acolhimento Institucional e Casa de Acolhimento.
a) problemas apresentados:
• Falta do histórico do caso para que a equipe realize uma intervenção mais qualificada lidando
com as angústias, fantasias e ansiedades das crianças e/ou adolescentes;
• Ausência de documentos de identificação e de saúde;
• A relação do Conselho Tutelar com a Casa de Acolhimento é deficitária, especialmente quanto
ao respeito do período de permanência das crianças e adolescentes (48 horas);
• A morosidade nos processos judiciais gera instabilidade emocional e contribui na violação dos
direitos da criança e/ou adolescente;
• Inexistência de Programa de apoio à família, que trabalhe vínculos afetivos e reinserção após
desligamento. Fator que ocasiona, em alguns casos, a reincidência do acolhimento;
• Demanda para acolhimento institucional é superior ao número de vagas;
• As Unidades de Acolhimento Institucional (abrigos) não conta com Regimento Interno e nem
Projeto Pedagógico.
• O acolhimento, bem como o desligamento da criança e do adolescente no “abrigo” não está
sistematizado;
• Insuficiência de articulação dos atores sociais no trabalho de fortalecimento dos vínculos da
família com a criança durante o processo de desligamento;
• Inexistência de trabalho em relação ao fortalecimento do convívio comunitário.
b) Indicadores de ações:
• Reordenamento de Serviços de Acolhimento já existentes;
• Preservação e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários;
• Oferta de acolhimento em serviços condizentes com pressupostos das normativas e
legislações vigentes;
• Capacitação da equipe técnica e também dos educadores/cuidadores;
• Promoção da reintegração de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar;
• Acompanhamento das famílias de origem no período pós-reintegração familiar com
atenção especial às situações de crianças e adolescentes que permanecem acolhidos
unicamente por situação de pobreza de suas famílias;
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• Apoio à Convivência Familiar e Comunitária e prevenção do afastamento do
convívio familiar;
• Fortalecimento da articulação entre Serviços de Acolhimento, rede socioassistencial,
demais Políticas Públicas e Sistema de Garantia de Direitos;
• Sistematização de informações em âmbito municipal;
• Garantia de recursos para a implementação das ações;
• Inserção das famílias de origem em programas de inclusão produtiva/ geração de
trabalho e renda / transferência de renda / habitação, educação de jovens e adultos,
etc.;
• Fortalecimento da autonomia de adolescentes e jovens e de seus vínculos
comunitários.
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5.2.3 Proteção Social Especial: Atendimento de Alta Complexidade
Programas / Projetos Acolhimento Institucional
Ações Objetivos Cronograma Responsáveis pela AçãoReordenamento dos serviços de Acolhimento Institucional existentes
Adequar o acolhimento institucional ao modelo de desenvolvimento humano, visando à qualificação do serviço oferecido e pleno cumprimento do mandato institucional, conforme previsto nas diretrizes do Plano Nacional (PNCFC) e orientações técnicas do CONANDA/ CNAS, monitorando seu funcionamento.
Inserir adolescentes acima dos 14 anos em programas de profissionalização e estágios.
Estabelecer métodos de atendimento que visem a transição da vida institucional para a vida autônoma a partir dos 16 anos.
CURTO PRAZO SEMDES- Conselhos Tutelares- CMDCA- Vara e Promotoria da Infânciae Juventude, - ONG- Instituições educacionais e empresas
Manutenção da Casa de Passagem
Acolher temporariamente até 8 crianças e adolescentes/dia, de zero a dezessete anos e onze meses, do sexo masculino e feminino, que se encontram em situação de risco pessoal e social, vítimas de violência física, psicológica, sexual, negligência, maus-tratos e abandono encaminhados/as pelo Conselho Tutelar, Poder Judiciário por período de 48 horas.
PERMANENTE - SEMDES- ONG
Implantar 1 Casa de Acolhida Preparar adolescentes abrigados para a autonomia, aquisição de novos hábitos e fortalecimento grupal e social.
CURTO PRAZO - SEMDES- ONG
Identificar potencialidades locais relacionadas a “famílias acolhedoras”
Dar o enfoque nas relações afetivas da criança e do adolescente com suas famílias de origem, família extensa ou substituta, visando reduzir o número de crianças e adolescentes em acolhimento institucional.
Garantir a provisoriedade e excepcionalidade da medida de abrigo.
LONGO PRAZO - SEMDES- ONG
- VARA E PROMOTORIA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
Retorno de Crianças e adolescentes à família de origem.
Promover a reintegração de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar;Fortalecer os serviços de acompanhamento das famílias de origem;Dar especial atenção às situações de crianças e adolescentes que permanecem acolhidos, especialmente pela situação de pobreza de suas famílias de origem.
CURTO PRAZO - SEMDES- ONG- VARA E PROMOTORIA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE- CONSELHO TUTELAR
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5.2.4 Mobilização, Articulação e Participação.
Conforme reflexão apresentada acima as Ações de Mobilização, Articulação e
Participação possuem caráter estratégico na condução e implementação do Plano da Política
de Assistência Social, uma vez que a eficiência e efetividade dos trabalhos resultam da
articulação e comunicação entre os diferentes atores da rede de serviços, assim como do
contato com a população usuária. Para tanto, é necessário a qualificação e eficácia nas
divulgações, campanhas, participação da mídia, envolvimento das Universidades, etc. A
informação deve abranger a população em geral para que venha compreender o Plano
Nacional de Conivência Familiar e Comunitária e integrar-se no processo, engendrando assim
uma nova mentalidade. O papel do controle social realizado pelos Conselhos das diferentes
secretarias dará credibilidade aos serviços prestados, envolvendo os diferentes setores da
sociedade.
Assim sendo, é de suma importância constituir um grupo com o papel de
desenvolver a articulação e participação na condução da implementação do Plano.
a) problemas apresentados:
• Inexiste sistematização de procedimentos na comunicação entre os atores
sociais (rede de serviços);
• Prejuízos nas informações relativas a cada criança e adolescentes e sua
família, gerando dificuldades para elaboração do diagnóstico e posteriores
encaminhamentos;
• Desconhecimento dos diferentes modelos de família presentes em nossa
realidade atual, e da dinâmica diferenciada de cada um, bem como da
importância da convivência familiar e comunitária para a criança em situação
de vulnerabilidade, precipitando a medida de acolhimento institucional e/ou
não agilizando o estudo do caso para o mais rápido possível oferecer o
aconchego familiar à criança.
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b) Indicadores de ações:
• Desenvolvimento de um plano de ação que articule a participação da rede de
serviços, oferecendo conhecimentos necessários ao desempenho de suas
funções;
• Articulação de diferentes atores do Sistema de Garantia de Direitos e da
Proteção Social;
• Articulação com os gestores da rede de política social básica;
• Oferta de cursos e seminários sobre a convivência familiar e comunitária;
• Realização de seminários que propicie a participação de todos os envolvidos
nas políticas sociais;
• Socializar as informações consolidadas;
• Utilização dos canais de comunicação para informar a respeito do andamento
e das mudanças na visão da política da assistência social, entre outras.
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5.2.4 Mobilização, Articulação e Participação Plano de Ação para a REDE SOCIAL
Ações Objetivos Cronograma Responsáveis pela AçãoArticulação Intersetorial entre os atores da Rede de Proteção Social na perspectiva de integralidade das ações e fortalecimento da convivência familiar e comunitária.
Constituir comissão intersetorial para articular os programas, serviços e ações. Criar sistemática de reuniões com os atores da rede para estabelecer normas comuns e complementares no atendimento ao mesmo público. Conceituar e estabelecer critérios de inclusão nos programas de diferentes níveis de proteção: básica; média complexidade; alta complexidade.Articular os níveis de proteção com a prevenção primária, secundária e terciária.Informar e capacitar os atores e profissionais das diversas áreas sobre a necessidade do fortalecimento da convivência familiar e comunitária com monitoramento e avaliação das atividades.
CURTO PRAZO E
PERMANENTE
- SEMDES- CONSELHOS MUNICIPAIS
Ampliação e aprofundamento da visão sobre o Fortalecimento da Convivência Familiar e Comunitária.
Incluir o tema do direito à convivência familiar e comunitária em seminários, cursos, encontros, conferencia e reuniões para a sociedade de Piracicaba.Estimular e apoiar a participação da família e de indivíduos em espaços comunitários, nos Conselhos Setoriais e nos Fóruns Públicos voltados para a defesa e garantia dos direitos da criança e a do adolescente.
CURTO PRAZO E
PERMANENTE
- SEMDES- Conselhos Municipais
Capacitação de Conselheiros Tutelares. Atender a proposta do Plano Municipal de Convivência Família e Comunitária da Criança e do Adolescente. CURTO PRAZO - SEMDES- CMDCA
Articulação com órgãos voltados a política de geração de trabalho e renda.
Viabilizar o acesso dos familiares das crianças e adolescentes em situação de risco em programas de capacitação e de geração de emprego e renda.
CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO
- SEMDES- SEMTRE
Ampliação de vagas e/ou projetos sociais voltados para adolescentes e jovens (lazer, esporte e profissionalização para inserção no mercado de trabalho).
Ampliar o universo de conhecimento dos adolescentes e jovens;Propiciar atividades que estimulem a convivência comunitária;Oferecer vagas em cursos profissionalizantes para adolescentes e jovens excluídos dos critérios de escolaridade, exigidos pelos programas nessa modalidade;Desenvolver o protagonismo juvenil.
CURTO E MÉDIO PRAZO
-SECRETARIAS (Desenvolvimento Social, Esporte e Lazer, Cultura, Educação, Trabalho e Renda)-ONG- EMPRESAS E INSTITUIÇÕESEDUCACIONAIS
Articulação com os serviços de saúde mental do município.
Buscar oferta de serviços especializados para crianças e adolescentes e seus familiares usuários de substâncias psicoativas no próprio município.
CURTO PRAZO E PERMANENTE
- SEMDES- SMS
Articulação entre as Secretarias visando promover a convivência familiar e comunitária.
Suscitar o entrosamento entre os gestores da rede pública buscando a complementaridade e continuidade das ações ofertadas ao mesmo público-alvo: Saúde, Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Habitação, Segurança, Trabalho e Renda, Turismo, etc.
CURTO PRAZO E PERMANENTE
- SEMDES-SECRETARIAS MUNICIPAIS
Articulação com o serviço estadual de atendimento de adolescentes em medida sócioeducativa de internação.
Oferecer oportunidade de reinserção social por meio de encaminhamento à rede de atendimento, quando de sua desinternação.
CURTO PRAZO E PERMANENTE
- SEMDES- ONG- VARA E PROMOTORIA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
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VI. INDICADORES DE ACOMPANHAMENTO
Diagnóstico da situação de famílias com crianças e adolescentes em Programas de Acolhimento Institucional, em situação de rua e em medida socioeducativa.
• Número e perfil de crianças e adolescentes fora do convívio familiar devido a: a) questões de pobreza; b) questões de uso e ou abuso de drogas (lícitas e ilícitas); c) violência doméstica; d) abuso sexual; e) exploração sexual; inclusive comparado com o número de crianças e adolescentes na população do município;
• Número de famílias com crianças/adolescentes em: a) acolhimento institucional b) situação de rua c) em medida socioeducativa, e outras, comparado com o número de famílias da população do município;
• Número de famílias em programas de transferência de renda que possuem: crianças e adolescentes em acolhimento institucional, em situação de rua, em medida socioeducativa, e outras;
• Número de famílias atendidas em programas socioeducativos da proteção social básica, por região de CRAS, em relação à totalidade de famílias na mesma faixa de renda no mesmo território;
• Número de famílias inseridas em programas de atendimento para prevenção da violência doméstica, em relação ao total de demanda;
• Causas geradoras do rompimento dos vínculos familiares, em relação às famílias atendidas;
Diagnóstico da situação de crianças e adolescentes em situação de adoção nacional e internacional.
• Número de crianças e adolescentes que esperam por adoção: a) por gênero, b) etnia, c) condição de saúde, d) grupo de irmãos e) idade;
• Número de adoções que tramitaram pelo cadastro das Varas da Infância e Juventude em relação ao universo de crianças e adolescentes “prontas para adoção”;
• Considerando o universo de crianças entregues às autoridades judiciárias: a) quantas foram encaminhadas para acolhimento institucional; b) quantas foram encaminhadas para acolhimento em família extensiva; c) quantas retornaram às suas famílias de origem;
Orçamento Público• Valor destinado nos orçamentos do Município, do Estado e da União, por ano, para
implantação e implementação das ações do Plano Nacional de Proteção, Defesa e Garantia do Direito da Criança e do Adolescente à Convivência Familiar e Comunitária.
VII. AVALIAÇÃOO Monitoramento se dará de forma continua e a avaliação será sistemática e anual,
observando os indicadores elencados neste Plano. Os resultados serão amplamente divulgados
junto aos Conselhos Municipais, Organizações de Assistência Social e sociedade em geral.
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VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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