plano municipal de livro, leitura e literatura - canoas

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Este é o plano que noteia a politica de livo, leitura e literatura da cidade de Canoas.

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Page 1: Plano Municipal de Livro, Leitura e Literatura - Canoas
Page 2: Plano Municipal de Livro, Leitura e Literatura - Canoas

Prefeitura Municipal de CanoasJairo Jorge da Silva

Prefeito Municipal

Secretaria da Cultura Jéferson Assumção

Secretário MunicipalFlavio Adonis

Secretário-adjuntoLuiz Antonio Inda

Diretor de Cidadania CulturalAndréa Falkenberg

Gestora da Unidade de Livro e Leitura

Secretaria de EducaçãoPaulo Ritter

Secretário MunicipalMarta Rufatto

Secretária-adjunta Maria da Glória Lopes KoppDiretora de Ensino Fundamental

Elisete AliattiCoordenadora de projetos de Língua Portuguesa

Canoas, agosto de 2010

Page 3: Plano Municipal de Livro, Leitura e Literatura - Canoas

Outros órgãos da PMC que desenvolvem ações de livro e leitura

Secretaria Municipal de Segurança Pública com Cidadania (SMSPC)Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade (SMTM)Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS)

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA)Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL)

Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SMDH)Coordenadoria da Juventude

Coordenadoria de Igualdade RacialCoordenadoria de Inclusão e Acessibilidade

Coordenadoria da DiversidadeCoordenadoria Relações Comunitárias

Subprefeitura Região SudesteSubprefeitura Região SudoesteSubprefeitura Região NordesteSubprefeitura Região Noroeste

Ministério da Cultura (MinC)Ministério da Educação (MEC) Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)Ministério das Comunicações (MiniCom)Fundação Biblioteca Nacional - Comitê Proler Canoas (Proler/FBN)Câmara Brasileira do Livro (CBL)Câmara Rio-grandense do Livro (CRL)Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco)Banco Social de LivrosConselho de Biblioteconomia da 10ª regiãoConselho Federal de BiblioteconomiaAssociação Rio-grandense de BibliotecáriosCoordenadoria Regional de Educação - 27ª regiãoConselho Municipal de CulturaConselho Municipal dos Direitos da Criança e do AdolescenteAssociação Cultural de Canoas (Asccan)Associação Canoense de Escritores (ACE)Casa do Poeta de CanoasCentro de Artes e Espaço Cultural GuajuvirasAssociação das Entidades Tradicionalista de Canoas (AETC)Comando Regional de Policiamento da Região MetropolitanaV Comando Aéreo de Canoas (5º Comar)Base Aérea de Canoas (Baco)15º Batalhão da Brigada Militar (15º BPM)

Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurb)Sociedade de Ônibus Gaúcha Ltda (Sogal)Associação dos Amigos da Biblioteca Pública (ABIP)Associação de Moradores do Bairro Niterói (Abnit)Associação dos Deficientes Visuais de Canoas (Adevic) Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae - Canoas)Associação Canoense dos Deficientes Físicos (Acadef)Centro Universitário La Salle (Unilasalle)Centro Universitário Ritter dos Reis (Uniritter)Universidade Luterana do Brasil (Ulbra)Serviço Social do Comércio (Sesc)Serviço Social da Indústria (Sesi)Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac)Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de Canoas (Cics)Instituto GoetheParceiros VoluntáriosEditora SaraivaPaulinas Livraria

Instituições e empresas que desenvolvem ações de livro e leitura em Canoas

APRESENTAÇÃO

Page 4: Plano Municipal de Livro, Leitura e Literatura - Canoas

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Este é o Plano Municipal de Livro, Leitura e Literatura (PMLLL), conforme previsto pe-las diretrizes de implementação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL). Capitaneado pelas secretarias municipais de Cultura e de Educação, o PMLLL visa constituir-se em um pacto pelo livro na cidade de Canoas, firmado pelo governo municipal (por meio de diversas secretarias e órgãos da administração) e pela sociedade canoense (através da contribuição de ações de entidades e empresas em prol do desenvolvimento do livro, da leitura e da lit-eratura na cidade de Canoas). O objetivo comum é fazer de Canoas uma Cidade de Leitores, tanto do ponto de vista cultural como educacional. O presente plano é o resultado de uma série de discussões com a comunidade ca-noense, desde meados de 2009. Foram realizados diversos encontros presenciais envolv-endo SMC e SME, universidades, professores, escritores, bibliotecários, livreiros e editores, em vários momentos, entre os quais destacam-se conferências durante as Feiras do Livro de Canoas de 2009 e 2010. Seu texto absorve as contribuições dos participantes no pro-cesso, entre pessoas físicas e entidades da sociedade civil, bem como do governo municipal. Orienta-se pelos eixos e linhas de ação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), cujos Princípios Norteadores e o acúmulo conceitual foram amplamente discutidos no processo de articulação e redação do PMLLL e formam seu lastro principal. A esses princípios e metas, o governo e a sociedade canoenses somaram as especificidades próprias de Canoas em termos de necessidade do desenvolvimento do livro, da leitura e da literatura na cidade. Um projeto de lei do Executivo instituindo o Plano Municipal de Livro, Leitura e Litera-tura de Canoas / 2010 será enviado para apreciação da Câmara Municipal de Canoas. O objetivo é firmar as diretrizes para o desenvolvimento das políticas de livro, leitura e literatura em Canoas, como políticas de Estado, para além dos governos, via PMLLL. O Plano prevê a constituição de um Conselho Gestor, formado por membros do governo e da sociedade, conferências anuais para avaliação de sua aplicação e eventuais mudanças de rumos em suas metas. Impossível consubstanciar em um único texto o rico conjunto das discussões realiza-das ao longo do processo. Este é apenas um marco, teórico e prático de conceitos e ações realizada e a serem realizadas em Canoas, dentro de uma racionalidade que torne mais eficientes as políticas e ações de livro e leitura no município de Canoas. Acima de tudo tem como objetivo servir de orientação para as dezenas de ações que já ocorrem na cidade, tanto do governo quanto da sociedade, formando um todo consistente e capaz de ampliar a prática leitora em Canoas-RS.

Jéferson Assumção*

Sabemostodos:formarleitoreséfundamentalparaqualquersociedade,afinal,aleitura é uma prática cultural de importância gigantesca e o livro uma generosa porta de saída para muitos problemas sociais. A leitura amplia a subjetividade e os repertóri-os e por isso aumenta nossas possibilidades de respostas a um mundo que muitas vezes oferece, principalmente às populações mais pobres, poucos caminhos à margem dos grandes processos de acumulação de capital. Populações com menos acesso a repertórios simbólicos do que os necessários para compreender a complexidade do funcionamento da sociedade contemporânea, muitas vezes se veem vulneráveis e sem instrumentos para mudar sua história e narrar-se de uma maneira diferente. Assim, crianças e jovens, ao responderem com menor capaci-dade crítica e criativa do que poderiam às circunstâncias ao seu redor, são muitas vezes presasfáceisdesofismasqueaslevamparaavidanocrimeeoconsumodedrogas,químicas ou culturais. A linguagem é necessária para ampliar o mundo. E uma lin-guagem rica em metáforas e cadeias lógicas de encadeamentos forma um mundo tam-bémmaisrico.Eueminhacapacidadededecodificação-expressão(escrita,pictórica,musical etc) somos eu e o meu mundo. O homem, animal hermenêutico se amplia na proporção em que interpreta com mais qualidade. Seu mundo, sua circunstância, tam-bém. E que circunstância é a nossa? Canoas é uma cidade jovem e uma cidade de jovens. Com cerca de 320 mil habit-antes, a maior da Região Metropolitana de Porto Alegre tem 44% de sua população com menos de 29 anos. É a cidade mais próxima da capital em uma região em que vivem cerca de 3,5 milhões de pessoas. Assim como os cerca de 30 municípios ao redor de Porto Alegre, Canoas comporta um complexo conjunto de culturas: brasileira, gaúcha, urbana, formada, em grande parte, pela rápida e muitas vezes violenta, transformação do Brasil agrário em industrial da virada dos anos 60 para o 70. Esta transformação trouxe para as metrópoles brasileiras um grande número de problemas não só econômicos e sociais, como também culturais, tais como as acultur-ações dos povos trazidos do Pampa ou da Serra por força das transformações do mod-elo de desenvolvimento brasileiro na segunda metade do século XX. Esses elementos também fazem de Canoas um lugar de cultura de fronteira, de borda entre o urbano e o rural, que entre o urbano e o suburbano se faz como parte do território do Rio Grande doSul,ouseja,umaregiãocomfortesinfluênciasdaCisplatina,emquegaúchosegau-chossedefinemmaispeloacentoportuguêsouespanholdoquepelasdelimitaçõesdageografiapolíticanosmapasdoConeSul. Daí se encontrar em Canoas um número tão grande de CTGs ao lado de dez escolasdesamba,diversosgruposdecapoeiraeumainfinidadedegruposderockehip-hop. Mistura de contribuições de distintas etnias e valores, de cores e ritmos, de narrativas e saberes tradicionais, aliados à força expressiva de uma população jovem e vivenciadora de uma cultura rebelde típica das periferias das metrópoles, Canoas é ter-ritóriodeespecificidadesemtermosdeexpressõesculturais,deacessoabenseserviçossimbólicos e ao desenvolvimento de uma economia da cultura local. E portanto merece atenção a essas características próprias visto que, se deseja seu desenvolvimento como sociedade leitora, base para seu desenvolvimento cultural. Como já aprendemos com o PNLL em nível nacional, a leitura em Canoas precisa se desenvolver em consonância com estas características, contando com elas. É o que tentamos fazer em nossas distin-tas ações, pela SMC. Em termos de possibilidades de acesso a bens culturais, Canoas não se constitui em um conjunto homogêneo, mas tem desenvolvidas heterogeneamente suas condições

Por uma cidade de leitores

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de acesso a livros, música, teatro, artes plásticas e cinema, com pequenas populações ricasconvivendoaoladodegrandespopulaçõescompoucaounenhumacondiçãodefi-nanciarumafruiçãosimbólicadequalidade(maisdiversa,ouseja,menospautadapelahomogeneização promovida pelo mercado e sua indústria do entretenimento). Este fato, muitasvezes,significaumgrandeconjuntodepessoasàmercêdoconsumodoentreteni-mento proporcionado pelos grandes conglomerados de comunicação, que fazem da RM de Porto Alegre seu maior e mais intenso público consumidor no Estado do Rio Grande do Sul. Um exemplo claro da carência de acesso a um maior leque de bens e serviços cul-turais nessas cidades são as altas pontuações de Ibope das atuais telenovelas. A RM de Porto Alegre se destaca no cenário nacional enquanto público consumidor deste produto culturaldelargaescala(easmúsicas,modaeliteraturasaelasagregadasefartamentedifundidas pela redes de tevê e os segundos cadernos dos jornais da região). Faz parte da identidade cultural de Canoas a proximidade a uma das cidades mais emblemáticas do País, do ponto de vista cultural: a Porto Alegre de um dos maiores índices de leitura do Brasil, em que uma Feira do Livro faz, há 54 anos, do Es-tado do Rio Grande do Sul um modelo para outros estados em termos de ações culturais neste setor. Também a Porto Alegre do Porto Alegre em Cena, na área das artes cêni-cas; da Bienal do Mercosul, nas artes plásticas, entre diversas outras ações culturais de relevância nacional, que fazem de Porto Alegre, hoje, uma referência cultural no Brasil e no Cone Sul. Historicamente, toda esta riqueza cultural de Porto Alegre contrastou com o baixo investimento cultural nas cidades da região metropolitana. Também talvez por isso o número de livrarias em Canoas seja muito reduzido e orientado quase que exclusiva-mente aos estudantes das universidades do município - Canoas tem dois centros univer-sitários e uma universidade a Universidade Luterana do Brasil. É diagnóstico comum entre os gestores de cultura locais que a proximidade a este grande centro faz com que Canoas, Esteio, Gravataí, Cachoeirinha, Guaíba, Sapucaia do Sul e outros municípios tenham vivido à sombra do desenvolvimento cultural da Capital. Nesses municípios, adesvalorizaçãodeumapolíticaculturalprópria(emtermosdepoucoorçamento,debaixa organização institucional e das leis culturais) vem a reboque do pensamento de uma parte das elites política e econômica locais de que “cultura é coisa de Porto Alegre”. E leitura também. Nessesmunicípios,políticoseempresáriosmuitasvezesjustificaramohistóricobaixoinvestimentoemculturanaregiãoapartirdeumacertoprivilégiogeográficoquepermitiria aos habitantes dessas cidades se deslocarem em poucos minutos de ônibus, tremouautomóvelatéumshow,feiradolivrooumostranacapitaldosgaúchos(omes-mo já aconteceu muitas vezes em outras áreas, como por exemplo na saúde, em que a política muitas vezes se constituiu em investimento em ambulâncias, para o transporte de pacientes aos hospitais de Porto Alegre). Para mudar esta realidade, desde o início de 2009, realizamos em Canoas uma sé-rie de mudanças impactantes na área cultural e de livro e leitura. A maior delas foi criar uma Secretaria de Cultura e o desenvolvimento de políticas em todas as áreas, em es-pecial na de leitura. Por aumentarem a capacidade interpretativa, as políticas de livro, leituraeliteraturasãoinstrumentosreconhecidamenteeficazesparaastransformaçõesindividuais e sociais. Por isso, a Secretaria de Cultura tem dado especial atenção a esta área da política pública em nossa cidade. Desde o início de 2009, desenvolvemos diversas ações. De todas elas, saliento a que considero a mais importante: a mudança de nossa biblioteca para um lugar mais adequado, sua modernização e transformação em centro cultural e seu fortalecimento como gestora da Bibliorede de Canoas. Hoje, ela ocupa o centro de diversas atividades culturais e comunitárias da cidade. Diariamente a biblioteca João Palma da Silva recebe variados públicos para apresentações teatrais, música, dança, palestras, assembleias,

comemorações, formações permanentes: é uma biblioteca viva, com um telecentro movi-mentado, uma sala de atividades infantis e acervos de artes plásticas. E não apenas praticamente todas as ações culturais de importância na cidade partem da Biblioteca Pública, mas também as políticas culturais: ela sedia a Secretaria Municipal de Cultu-ra, nos fundos do prédio da biblioteca. Uma das características da João Palma da Silva é que os seus mais de 40 mil livros, revistas e jornais se articulam com as peças do Museu Municipal Hugo Simões Lagranha e os documentos do arquivo histórico. Desde 2009, a nova João Palma da Silva conta com mais de seis mil livros novos, computadores com acesso à internet e novas peças de mobiliário. É deste centro cultural, da Biblioteca Pública Municipal, que partem para toda a cidade nossas dezenas de ações permanentes na área do livro, da leitura e da literatura. Temos na biblioteca o núcleo do Proler Canoas, o Clube da Leitu-ra, capacitação de professores leitores, formação de mediadores de leitura, formação de contadores de histórias, seminários com bibliotecários e escritores do Brasil e do Ex-terior, além de muitas outras que se desenvolvem fora do espaço da biblioteca, como a Sacola da Leitura, que hoje integra a Caravana Cultural e leva livro e leitura aos bair-ros da cidade. Desde 2009, instalamos duas Biblioparques, no Parque Getúlio Vargas e no Parque Eduardo Gomes. Articulamos a vinda de quatro das Arcas das Letras do Minis-tériodoDesenvolvimentoAgrário(MDA),queservemàscomunidadesdequilombolasede agricultores da cidade. Recebemos dois Pontos de Leitura do Ministério da Cultura. Articulamos uma rede com 10 bibliotecas comunitárias. Implantamos quatro bibliote-cas, uma em cada subprefeitura do município. Instalamos a primeira de cinco Biblio-praças nas principais praças da cidade. Realizamos a segunda mais importante Feira do Livro do Estado do Rio Grande do Sul, atrás apenas da capital Porto Alegre. Realiza-mos a Semana do Livro com o maior número de atividades de todo o Estado. Distribuí-mos 18 mil livros no Dia da Leitura, o 12 de outubro de 2009. Recentemente, lançamos o edital de pontos de leitura e selecionaremos 15 desses pontos em toda a cidade. Essas ações são passos importantes da SMC para a o desenvolvimento de Canoas como cidade de leitores. Mas tudo isso estaria incompleto sem um plano para esta área, um plano que, além das ações da SMC e da Secretaria de Educação, articule e dê visi-bilidade a muitas outras ações realizadas pela SMC e SME em conjunto com diversas outras secretarias e demais órgãos do poder público municipal. Com o nosso Plano MunicipaldeLivro,LeituraeLeitura(PMLLL),frutodediversasreuniõescomacomu-nidade, pré-conferência setorial e conferência municipal de cultura, as ações da socie-dade se mostram com todo o seu vigor. Canoas tem escritores atuantes, organizados em entidades próprias, além de uma dezena de bibliotecas comunitárias nos bairros mais importantes do município. Sem dúvida são essas ações permanentes, do município e da sociedade que fazem com que hoje Canoas se enxergue não mais como um território de passagem e de desterritorializações na periferia de uma capital, mas como uma cidade de leitores.

Secretário de Cultura*

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Paulo Ritter*

Uma cidade repleta de leitores, letristas e literatos. Com bibliotecas vivas, ativas, coloridas e confortáveis. Crianças e jovens mobilizados em círculos literários, saraus e produção de textos, contos, poesias e histórias em quadrinhos. Uma referência na Região Metropolitana de Porto Alegre que se enraíza nos bairros populares registrando suas histórias e suas lendas, e não apenas um ponto de passagens na BR-116 e nas estações tumultuadas da linha do Trensurb. Um lugar que fomenta sonhos e fantasias e nunca uma cidade dormitório. Uma cidade com adultos, jovens e crianças ávidos por leitura nas escolas, nas praças, nos ônibus, nos vagões do trem e nos bancos das calçadas. Famílias de leitores que cultivam o tempo para a leitura nas casas, assim como o espaço apropriado para o estudo e as tarefas escolares dos jovens e das crianças. Escolas que formam leitores, escritores e contadores de histórias, contaminando as famílias com a força e o desejo de conhecer mais e aprender sobre novas culturas, outras populações. Nunca mais uma es-cola que castra a criatividade e a iniciativa juvenil e que transforma o ato da leitura em umprocessobocejanteetorturantedetediosaseinfindáveiscópiasdeconteúdossemsentidoousignificado.Uma cidade que planta a cidadania no incentivo ao verso, à rima e à prosa, onde em cada canto alguém conta um conto. Onde em cada encontro e reunião comunitária, sejanaspraças,nosfinaisdesemana,ounosdebatesdoOrçamentoPúblicoMunici-pal, as artes e as letras estão presentes no exercício do diálogo democrático e dialético e nas performances culturais contemporâneas. Um lugar em movimento, em voo livre, inspirado na juventude de sua população e na melhor idade de seus 70 anos. Esta é Canoas, e esta ainda não é Canoas. AconstruçãodoPlanoMunicipaldeLivro,LeituraeLiteratura(PMLLL)trazapossibilidade do alastramento da fagulha criativa canoense. Com mais de trezentos mil habitantes, a mais populosa concentração urbana da Região Metropolitana de Porto Alegre, gestamos aqui a semente que dará a luz a uma efervescente produção literária e cultural. As universidades, as escolas públicas e privadas, os escritores são as sementes de uma nova safra de agentes sociais de valorização do livro e da leitura. Para que o potencial já instalado transforme o desejo em realidade é necessária a mobilização con-stante, ativa e criativa de todos os setores sociais, econômicos, educacionais, políticos e culturais de Canoas.Ao poder público municipal, através das Secretarias Municipais de Educação e Cultura e de todos os órgãos municipais, está reservado o papel de estímulo e propulsão de iniciativas articuladas com a sociedade civil. O estabelecimento de redes entre as bibli-otecas – escolares, públicas, particulares e comunitárias – e as iniciativas de fomento à leitura e à produção literária - com escritores, professores e artistas – criam o vínculo e o movimento necessário para a formação de uma geração de leitores e escritores. A Secretaria Municipal de Educação, desde o início da atual gestão, busca ações de valorização do livro e de estímulo à leitura. A parceria com jornais locais tem possi-bilitado o trabalho em sala de aula, com a disponibilidade de publicação diária semanal-mente nas Escolas, como o Diário de Canoas que atende os alunos que estão no turno integral – Programa Escola Comunidade/Mais Educação. Periódicos especializados como o jornal O Pequeno Aprendiz, também produzido em Canoas, atende todas as 42 EscolasdeEnsinoFundamental(EMEFs).Encartesespeciais,comoosuplementoLeréSaber do Grupo Editorial dos Sinos, Universidade FEEVALE e Faculdades Integradas deTaquara(FACCAT)temtrazidooresgatedaculturaafricana,ashistóriasemquad-rinhos, os textos de contos extraordinários e o humor para uso e deleite dos jovens e das

Canoas, cidade amiga dos livros e da leitura crianças nas salas de aula. A participação do município no programa de incentivo à leitura Fome de Ler, daCâmaraRio-GrandensedoLivroeUniversidadeLuteranadoBrasil(Ulbra),traráescritoresconsagradosesuasobrasparaasEMEFsdaRedeMunicipal,comprojetofi-nanciamento conjuntamente com a Prefeitura Municipal. A participação das Escolas na Olimpíada da Língua Portuguesa, promovida pelo Ministério da Educação, tem propi-ciado atividades de encontro e formação dos professores de línguas buscando compartil-harexperiênciasexitosas,assimcomoavaliaresuperardificuldadesdeaprendizagem.A segunda turma do Pró-Letramento, também um programa federal, com possibilidade deadquirirumafisionomiapróprianomunicípio,apresentaaosprofessores(as)dasséries iniciais novas técnicas, didáticas e métodos com acompanhamento da Secretaria Municipal de Educação, com destaque para a língua portuguesa e a matemática. ApolíticapúblicafederaldoProgramaNacionaldoLivroDidático(PNLD),quemobiliza cerca de 80% do mercado editorial nacional e mais de R$ 1 bilhão, tem sido aperfeiçoadacomosparecerestécnicosacadêmicosqueavaliameclassificamasobraseascoleçõessegundocritérioscientíficos,teóricos,metodológicosedidáticos.Ospro-fessores do ensino fundamental têm à disposição para escolha materiais de qualidade primorosa com recursos visuais e didáticos impensáveis por gerações anteriores de es-tudantes.Paraqueestesrecursossejamefetivamenteaproveitadospelosalunos(as),énecessário que os professores em conjunto nas escolas avaliem as melhores coleções e a conexão entre as diversas disciplinas constituindo lógicas de aprendizado com sequência dialética entre as áreas do conhecimento acadêmico. Aestapolíticadolivrodidático,comtextotécnicoecientífico,estáassociadooProgramaNacionalBibliotecadaEscola(PNBE),queaportaliteraturanasescolasdoensino infantil e fundamental. Desta forma, o Ministério da Educação tem garantido a renovação e ampliação do patrimônio literário das escolas públicas. Neste aspecto, Canoas orgulha-se por ter uma Biblioteca Escolar em cada uma de suas EMEFs. No en-tanto, se é verdade que não se formam leitores sem livros, é bem verdade também que são necessários agentes de fomento à leitura para que o acervo desperte nas mãos e na imaginação dos alunos. Retirar os livros das estantes, levar a literatura para a sala de aula, em todas asdisciplinas,eemtodososcantosdaescola,comoformadereflexãoeaprendizagemde experienciais afetivas e emocionais, nas mais diversas tradições culturais, nos mais diversos momentos da história da humanidade, é tão importante para a construção de modelos éticos e de cidadania, quanto o livro técnico o é para a formação de habilidades científicas.Criarbonecosleitores,jovenscontadoresdehistória,círculosdeleituranahora do recreio, momentos de leitura no cotidiano escolar, sacolas/caixas/carrinhos ou malascomlivrossãoiniciativassimpleseeficientesparacolocaroslivrosemlocaldedestaque na escola. Para isso, a formação continuada de professores e bibliotecários escolares, associados a iniciativas públicas e comunitárias de motivação e criatividade, poderá criar uma geração de leitores que transformarão a cidade de Canoas na cidade amiga dos livros e da leitura.

Secretário Municipal de Educação*

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Conclui-se de dados como esses que os povos europeus que colonizaram o Brasil - em sua maioria, portugueses e habitantes do sul daquele continente (na mesma época, a Espanha e a Itália tinham cerca de 50% de analfabetos) provêm de países em que a prática da leitura se desenvolveu com mais lentidão do que na Europa central e do Norte. Também esses são países com menos lei-tores culturais, afinal esses são formados direta-mente do transbordamento de uma educação que, nos países do sul da Europa, desenvolveu-se com mais dificuldade que no Norte. Soma-se a este fato o de que, no Brasil, o processo de formação do País ocorre, principalmente, com base nas culturas dess-es europeus pouco alfabetizados e de dois povos de cultura oral: os indígenas, originários, e os africanos, trazidos pela escravidão. A intensa miscigenação, que dá ao Brasil traços de país mestiço, proporciona uma rica cultura que se expressa em cores, sons e movimentos, como poucas no mundo. Afloram no Brasil, profusa-mente, ritmos, pinturas, danças, artesanatos result-antes da mistura entre o local e o vindo da África, da Europa e da Ásia. No Brasil, país de cultura de fronteira, eles encontraram ambiente típico para uma assimilação transformadora, em que o local é tão interessante quanto o estrangeiro. Entretanto, apesar da rica cultura oral, cor-poral e visual dos brasileiros, convive-se no País também com o resultado da herança de analfabet-ismo e da manutenção da exclusão da maioria da população à educação, ao letramento e ao cultivo do pensamento humanístico e cientifico, já que a dimensão escrita da palavra foi pouco acessada ou cultivada, em escala social, por vários motivos. Uma fraca e rara ilustração desenvolveu-se no País e restringiu-se quase que exclusivamente às elites carioca, mineira, pernambucana e baiana, entre alguns outros focos pontuais. Apesar de intensa nesses locais, o restante do Brasil amargou um distanciamento das letras e das humanidades até, praticamente, o século XX. Com escolas e universi-dades insuficientes, também a leitura cultural teve poucos ambientes para se desenvolver no território brasileiro.

No Brasil só há 200 anos deixou de ser proibido imprimir-se livros. A impressão só chegou ao nosso País em 1808, com a imprensa real, porém voltada para a fabricação de documentos e livros ofi-ciais. São apenas 200 anos! E por essa razão, com bem poucas exceções, a difusão do livro no País iniciou-se apenas no século XX, e vem sendo aces-sada quase que exclusivamente por uma camada muito pequena da população. Os demais brasileiros amargavam o empobrecimento, resultado, entre outros fatores, de um dos mais longos períodos de escravidão do mundo ocidental. Assim, com o início do século XX e o desenvolvimento de grandes centros urbanos, há uma disjunção importante entre uma pequena elite letrada nos poucos colégios de educação de corte europeu e uma imensa massa sem acesso ao conhecimento formal, como deixam claros muitos educadores, entre os quais David Plank . Com pouca educação, a cultura da leitura en-controu pouco ambiente para florescer. Além disso, para Plank4, a história da educação no Brasil é uma história de exclusão, de uma elite que se beneficia do que de melhor há em termos de ensino e de uma imensa mercantilização do saber. Ilustração para uns, ignorância para outros. Segundo ele, desde o seu início, ainda no século XIX, as políticas edu-cacionais brasileiras, excetuando breves períodos, ainda no começo do século XX, nunca tiveram como fim o desenvolvimento de uma sociedade menos desigual. Pelo contrário, salientaram as diferenças, promoveram a nítida separação entre uma educação de elite e outra para os pobres. Este é um dos prin-cipais desafios pelos quais passa o Brasil do século XXI: precisa universalizar o acesso à educação de qualidade. O mesmo acontece com os livros e a leitura, afinal, como mostra a Retratos da Leitura no Brasil 2008, se a escola é o local mais importante para a formação de leitores no País, onde ela é eficiente, dá frutos e há cultura da leitura. Ali, os livros fazem parte do cotidiano e integram as práticas culturais, para além dos muros da escola. Onde ela não é eficiente, só há leitura funcional, ou seja, aquela com respeito a fins, utilitária e pragmática. Leitura heterônoma, seguindo leis alheias ao interesse do

1. ROUANET, S.P (2000). “A cultura do fim de tudo: do fim da cultura ao fim do livro”, em Revista Tempo Brasileiro, jul-set. – n 142. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro.2. ORTIZ, R (1994). A Moderna Tradição Brasileira – Cultura Brasileira e Indústria Cultural – 5? edição. São Paulo, Editora Brasiliense.3. MATA, M. J. G. (2001). “Ciência, tecnologia y valores en el siglo XIX”, in LAFUENTE GUANTES, M.I, (2001). Los Valores en la Ciencia y la Cultura, Universidad de León (Unileón), León.

Contextos: a cultura da leitura no Brasil* Autores como Sérgio Paulo Rouanet1 e Renato Ortiz2, entre outros, apontam problemas em termos educacionais e culturais na prática leitora em nosso País. É fato que a relação do brasileiro é recente e herd-eira de uma história problemática. Por exemplo: enquanto na França de 1890, cerca de 90% dos habitantes eram alfabetizados, e, na Inglaterra de 1900, este número chegava a 97%, em Portugal havia apenas de 20% a 30% de alfabetização no mesmo período, ou seja, pouco menos de cem3 anos atrás. Conforme Ortiz, o Brasil da última década do século XIX tinha um índice de analfabetismo de 84%!

leitor cultural. Voltando à história da educação no País, depois do início do desenvolvimento da escola, nos meados do século XX, as políticas educacionais (ainda conforme Plank) são duramente impactadas pela ditadura militar. Com a reforma Mec-Usaid, que tirou do currículo horas e horas de disciplinas “humanas” (filosofia, sociologia, francês, latim etc)5 e colocou em seu lugar as técnicas, com respeito a fins, em muitos casos a educação virou ensino, adestramento para a formação de mão-de-obra para aquecer o desenvolvimentismo capitalista brasileiro. Desde então – já que a maioria das escolas se viu carente de sua dimensão crítica e cultural - a cultura da leitura praticamente só vem se desenvol-vendo com muito espontaneísmo, ao acaso, depen-dendo de imensos esforços individuais, sem força para que o Brasil venha a ter uma massa de leitores críticos. Muitas vezes, inclusive, o espírito laico dos leitores culturais passa a ser deformado por uma ed-ucação utilitarista que, se por um lado, nas décadas anteriores, se desenvolvia em um pequeno público - na comparação com a totalidade da população brasileira - passou a ter muito de espírito pragmático e instrumental. Temos assim um leitor formado para ser cada vez mais utilitário, apto a aprender os rudi-mentos das profissões que a periferia do capitalismo necessita. Além disso, diferentemente do que aconte-ceu em países vizinhos, tais como a Argentina, o Uruguai, Chile e Colômbia (todos eles com índices de leitura bastante superiores aos nossos), a uni-versidade só chegou, realmente, ao Brasil no final dos anos 30 do século XX, porém com ainda poucas vagas disponíveis, e a expansão do mercado livreiro ocorreu na esteira da abertura de escolas básicas no país só a partir dessas décadas.6 Assim, o Brasil chega ao século XXI, época de grande difusão do audiovisual, ainda com um enorme déficit em temos de prática leitora. Como ressalta Nelson Werneck Sodré em Síntese de História da Cultura Brasileira, atropelados pela cultura de massa, ainda desde a metade do século XX, a relação dos brasileiros com o audiovisual é, na verdade, anterior à sua relação com o livro e a leitura. No Brasil, há, conforme Werneck Sodré, uma antecedência do rádio e do cinema na comparação com o livro. Assim, o brasileiro passou, sem medi-ação, da oralidade para a cultura audiovisual, ou

seja: tem acesso a uma tecnologia mais avançada de gravação antes de sua precedente e sem a qual, poderíamos dizer, está mais apto a ver as imagens do que propriamente lê-las. A escrita-leitura, essa importante tecnolo-gia de gravação e degravação da memória externa humana, não foi bem assimilada, nem desenvolvida, no Brasil, a não ser por uma pequena parte da popu-lação, que teve acesso a ela, na escola e - muito tardiamente - à universidade. Com acesso a esse conhecimento, a elite econômica se transformou, também, na elite cultural do Brasil (no entanto, pos-suidora de uma cultura ornamental, ostentatória, em sua maioria, na opinião de Ortiz), relegando, também, a segundo e terceiro planos, a arte e a cultura dos detentores das formas mais espontâneas de expressão. Assim, reduz-se em muito, no Brasil, o público leitor, consumidor de livros, impactando fortemente não apenas quantitativamente (em termos de tiragens e números títulos) como qualita-tivamente, já que a falta de uma esfera crítica de-senvolvida incide no tipo de livro consumido, mais voltado, conforme Ortiz, às regras do mercado do que a certa autonomia criadora. Finalmente, no início do século XXI, pesquisas de hábitos de leitura como o “Comportamento Leitor no Estado do Rio Grande do Sul”, da Câmara Rio-grandense do Livro (2006) e a Retratos da Leitura no Brasil, Instituto Pró-Livro (2008) constatam que a leitura no Brasil vem se desenvolvendo, porém mais em sua dimensão funcional e utilitária do que propriamente cultural. Conforme o Instituto Pró-Livro, nos últimos anos os índices de leitura cresceram 150%, passando de 1,8 livros per capita/ano para 4,7, porém segue sendo de uma imensa maioria de didáticos. As pesquisas dão conta também de que se lê mais no Rio Grande do Sul que em outros Esta-dos da Federação, embora os índices de 5,5 livros lidos per capita/ano no Estado refiram-se também a livros em sua ampla maioria a indicados pela escola. Reforça-se por essas pesquisas a necessidade de um olhar atento à forma como a leitura e a literatura são tratados no ambiente escolar já que este é prat-icamente o único em que se dá o contato dos bra-sileiros com o mundo da leitura. Ações abrangentes, tanto culturais quanto educacionais, são fundamen-tais para a ampliação da prática leitora no Brasil, no Rio Grande do Sul e também em Canoas. *

4. PLANK, D. (2001). Política Educacional no Brasil: Caminhos para Salvação Pública. Porto Alegre: Editora Artmed.5. Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) deu um passo importante em termos da formação de uma sociedade leitora, com a retomada da obrigatoriedade, a partir de 2007, da Filosofia e da Sociologia no ensino médio. 6. A indústria editorial brasileira, conforme Felipe Lindoso, em O Brasil pode ser um país de leitores? Política para a cultura – política para o livro, chegou ao final do século XX como a maior da América Latina e a oitava em volume de produção de todo o planeta, num espaço de tempo muito pequeno. Citando Laurence Hallewell, em O Livro no Brasil (sua história) TAQ Edusp (1985), afirma que o Brasil conta, no campo editorial, com uma série de extremos e superlativos, afinal poucos países levaram tanto tempo para desenvolver uma indústria editorial nacional e a desenvolveu tanto nos últimos anos. Nenhum, no chamado Terceiro Mundo, tem uma indústria editorial tão desenvolvida.

* (texto extraído de artigo de Jéferson Assumção, in Retratos da Leitura no Brasil, IPL, 2008)

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PRINCÍPIOS NORTEADORES

É possível dizer, junto com o diagnóstico realizado pelo Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), do qual o presente PMLLL se origina, que, em Canoas, como no Brasil, ainda não há presença, em escala suficiente, de três fatores qualitativos e dois quantitativos necessários para a existência de leitores em uma sociedade.

Os fatores qualitativos são: O livro deve ocupar um destaque no imaginário coletivo.

Devem existir famílias de leitores. Devemos ter escolas que saibam formar leitores culturais.

Os quantitativos: O acesso ao livro (suficientes bibliotecas e livrarias, entre outros aspectos)

O preço do livro.

A presença desses cinco fatores - parte dos princípios norteadores do PNLL - é essencial para que Canoas se transforme em uma cidade de leitores. Nossa política de livro e leitura deve in-cidir, então, em cada um desses itens. É o que a Secretaria Municipal da Cultura e a Secretaria Mu-nicipal de Educação, juntamente com outras secretarias do município e a sociedade civil canoens-es, reunidos em torno do PMLLL de Canoas vêm fazendo. Consideramos fundamental concretizar os eixos e linhas de ação do PNLL em nossa cidade, por meio do PMLLL. Esse é imprescindível para fazer de Canoas uma sociedade leitora tanto do ponto de vista educacional quanto cultural. O fato é que, assim como no restante do Brasil, Canoas herda uma falta de relação cultural com o livro e ingressa no século XXI no pleno convívio com outras tecnologias de gravação e re-produção, em especial a televisão. Com isso, é preciso pensar uma via de superação do problema que não abandone essas características do município. É preciso, então, pensar a leitura em um diálogo com todas as suas características: sua oralidade e espontaneidade e sua relação com os meios de comunicação de massa anteriores à relação com o livro, com forte presença em Canoas (assim como em todo o Brasil). O desafio de propor vias para o desenvolvimento da cultura da leitura em Canoas precisa dialogar com essas características de sua população. Para tal, adotamos a base conceitual do PNLL, resultado de uma ampla discussão entre diversos setores do livro, leitura e literatura de todas as regiões do Brasil entre os anos de 2005 e 2006, realizadas tanto pelo Ministério da Cultura quanto pelo Ministério da Educação, principal-mente a partir da Câmara Setorial de Livro e Leitura. Após este período de discussões, chegou-se às seguintes definições, norteadoras para o desenvolvimento do livro e da leitura em todo o País:

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Práticas sociais – A leitura e a escrita são encaradas aqui como práticas essencialmente sociais e culturais, expressão da multiplicidade de visões de mundo, esforço de interpretação que se reporta a amplos contextos; a leitura e a escrita são duas faces diferentes, mas in-separáveis, de um mesmo fenômeno.

Cidadania - A leitura e a escrita con-stituem elementos fundamentais para a con-strução de sociedades democráticas, baseadas na diversidade, na pluralidade e no exercício da cidadania; são direitos de todos, constituindo condição necessária para que possam exercer seus direitos fundamentais, viver uma vida digna e contribuir na construção de uma sociedade mais justa. Diversidade cultural - A leitura e a es-crita são, na contemporaneidade, instrumentos decisivos para que as pessoas possam desen-volver de maneira plena seu potencial humano e caracterizam-se como fundamentais para forta-lecer a capacidade de expressão da diversidade cultural dos povos, favorecendo todo tipo de in-tercâmbio cultural; são requisitos indispensáveis para alcançar níveis educativos mais altos; apresentam-se como condição necessária para o desenvolvimento social e econômico. A leitura e o livro são vistos neste plano, não apenas em uma dimensão educacional, mas também, em uma perspectiva cultural, na qual se recon-hecem três dimensões trabalhadas pela atual gestão do Ministério da Cultura. A política cultur-al em voga no Brasil parte de uma perspectiva sistêmica, que se desdobra em três dimensões, as quais são absorvidas por este plano para o setor de livro e leitura: a cultura como valor simbólico, a cultura como direito de cidadania e a cultura como economia. Não há preponderân-cia de uma dimensão sobre a outra, embora os focos da acessibilidade e do valor simbólico contemplem, mais definidamente, as dimensões educacionais (direito de cidadania) e culturais da leitura. A dimensão econômica deve, assim, estar equilibrada por essas duas outras, gerais e geradoras de bens públicos. Construção de sentidos - A concep-ção de leitura focalizada pelo Plano é aquela que ultrapassa o código da escrita alfabética e a mera capacidade de decifrar caracteres,

percebendo-a como um processo complexo de compreensão e produção de sentidos, sujeito a variáveis diversas, de ordem social, psicológica, fisiológica, linguística e outras; uma perspectiva mecanicista da leitura, que pretende reduzir o ato de ler a mera reprodução do que está no texto, tem sido um dos mais graves obstáculos para o desenvolvimento da leitura e da escrita. A leitura configura um ato criativo de construção de sentidos, realizado pelos leitores a partir de um texto criado por outro(s) sujeito(s).

O verbal e o não-verbal - Ao reafirmar a centralidade da palavra escrita, não se des-considera a validade de outros códigos e lin-guagens, as tradições orais e as novas textuali-dades que surgem com as tecnologias digitais.

Tecnologias e informação - No contexto atual, é imperativo que a leitura seja tratada no diálogo com as diversas tecnologias de gravação, entre os quais o livro se encontra; como defende Renato Janine Ribeiro, a maneira adequada de difundir a leitura no Brasil não é a de sua “tradição”, mas aquela que considera que o sujeito contemporâneo só consegue ser interativo com a mídia sendo, ele mesmo, “mul-timeios”, necessitando da leitura para sê-lo; no mundo de hoje, não apenas a prática leitora deve passar pelo uso das tecnologias de infor-mação e comunicação, mas o usuário dessas tecnologias deve desenvolver, por intermédio da família, da escola e de uma sociedade leitora, a prática de leitura. Neste sentido, atenta para as questões contemporâneas a cerca dos direitos autorais, fortemente impactados pelas novas possibilidades tecnológicas e seus avanços em termos de possibilidade de gravação e cópia. O Plano Nacional de Livro e Leitura e o Plano Mu-nicipal de Livro, Leitura e Literatura de Canoas defendem uma perspectiva contemporânea do livro e da leitura e propõe um diálogo fecundo com as novas licenças de copyrights não-restritivos, no que esses ajudam a equilibrar os direitos de autor, com os direitos de acesso.

Biblioteca enquanto dínamo cultural - A biblioteca não é concebida aqui como um mero depósito de livros, como muitas vezes tem-se apresentado, mas assume a dimensão de um dinâmico pólo difusor de informação e cultura, centro de educação continuada, núcleo de lazer e entretenimento, estimulando a criação e a

fruição dos mais diversificados bens artístico-culturais; para isso, deve estar sintonizada com as tecnologias de informação e comunicação, suportes e linguagens, promovendo a interação máxima entre os livros e esse universo que se-duz as atuais gerações.

Literatura - Entre as muitas possibili-dades de textos que podem ser adotados no trabalho com a leitura, a literatura merece aten-ção toda especial no contexto do Plano, dada a enorme contribuição que pode trazer para uma formação vertical do leitor, consideradas suas três funções essenciais, como tão bem as cara-cterizou Antonio Cândido: a) a capacidade que a literatura tem de atender à nossa imensa ne-cessidade de ficção e fantasia; b) sua natureza essencialmente formativa, que afeta o consci-ente e o inconsciente dos leitores de maneira bastante complexa e dialética, como a própria vida, em oposição ao caráter pedagógico e doutrinador de outros textos; c) seu potencial de oferecer ao leitor um conhecimento profundo do mundo, tal como faz, por outro caminho, a ciência.

EJA - A Educação de Jovens e Adultos (EJA) deve ser objeto de especial atenção no que toca a políticas e ações ligadas à leitura, considerando-se imperativo criar condições favoráveis de letramento e de acesso ao livro aos jovens e adultos que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio.

Necessidades especiais - O Plano con-sidera fundamental garantir que portadores de necessidades especiais, como as visuais, auditivas e motoras, tenham acesso a livros e outros materiais de leitura, valorizando ações como a versão ou a tradução, em Libras e em braile das obras em circulação, permitindo a inclusão desses potenciais leitores nas escolas regulares.

Meios educativos - O Plano defende a produção de meios educativos (livros, periódi-cos e demais materiais de leitura a ser utilizados como instrumentos para a educação na escola), tal como vem fazendo o MEC, a fim de asse-gurar o acesso a bens culturais produzidos em diferentes linguagens, em diferentes suportes, sobre temas diversificados, gerados em difer-entes contextos culturais, para leitores de difer-entes modalidades e de idades variadas, não só estudantes, mas também professores, bib-liotecários e demais membros da comunidade escolar.

Estado da questão - Políticas públicas para as áreas da leitura, do livro, da biblioteca, da formação de mediadores e da literatura de-vem ter como ponto de partida o conhecimento e a valorização do vasto repertório de debates, estudos, pesquisas, contribuições diversas e experiências sobre as formas mais efetivas de promover a leitura e o livro e de formar lei-tores, existentes na esfera municipal, estadual

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e nacional, implementados tanto pelo Poder Público como pelas organizações da sociedade, atentando-se, ainda, para o contexto internac-ional, em particular, o ibero-americano.

Políticas públicas - A leitura e a escrita devem ser consideradas base nas políticas públicas de educação e cultura dos governos em todos os seus níveis e modalidade de ensino e de administração, e, junto com o tema das línguas, perpassá-las estruturalmente, tal como proposto no Plano Nacional de Cultura (PNC), elaborado pelo Ministério da Cultura. A consoli-dação de políticas e programas de fomento à leitura deve ser pensada a curto, médio e longo prazo, com ênfase no caráter permanente. Integração - O Plano parte do pressu-posto de que é fundamental a integração entre o Ministério da Cultura (MinC) e o Ministério da Educação (MEC), secretarias municipal de Cultura e a de Educação, demais Ministérios e Secretarias para otimizar os esforços em prol da leitura e do livro no país. O Plano se integra ao Plano Nacional de Cultura (PNC) e ao Plano Municipal de Cultura, como base para o texto do capítulo específico sobre o tema. Da mesma forma, o Plano poderá indicar diretrizes para outros documentos oficiais sobre o tema.

Autores, Editoras e Livrarias - A política para o livro e a leitura deve considerar também as diversas autorias e a criação literária, além das questões de fomento do setor editorial e

livreiro, de forma a criar condições para que a produção dos livros necessários aconteça de forma cada vez mais eficaz, barateando os custos de produção e distribuição, eliminando gargalos e debilidades, tudo convergindo para a produção de livros em quantidade necessária e a preços compatíveis com a capacidade de con-sumo da população. Deve manter, no entanto, a perspectiva sistêmica, exposta anteriormente, em que o econômico se equilibra com o direito de cidadania e a dimensão simbólica.

A leitura e o livro - Este Plano procura contemplar, de forma dialética, um processo de dupla face: tanto aquele moldado pelas questões que envolvem a leitura quanto o que se configura pelos problemas relativos à cadeia produtiva do livro, buscando evitar polarizações que a tradição tem revelado inócuas, no que diz respeito aos papéis a ser cumpridos pelo Es-tado e à dinâmica específica do mercado.

Avaliação contínua - São necessários mecanismos contínuos de avaliação das metas, dos programas e das ações desenvolvidos, para verificar o alcance das iniciativas e os resultados obtidos, permitindo ajustes, remodelações e atualizações no processo.

OBJETIVOS E METAS DO PMLLL

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Conjuntamente ao PNLL, o objetivo cen-tral do PMLLL é o de assegurar e democratizar o acesso à leitura e ao livro a toda a sociedade canoense, com base na compreensão de que a leitura e a escrita são instrumentos indispen-sáveis na época contemporânea para que o ser humano possa desenvolver plenamente suas capacidades, seja no nível individual, seja no âmbito coletivo. Há a convicção de que somente assim é possível que, na sociedade da informação e do conhecimento, ele exerça de maneira integral seus direitos, participe efetivamente dessa so-ciedade, melhore seu nível educativo (em amplo sentido), fortaleça os valores democráticos, seja criativo, conheça os valores e modos de pensar de outras pessoas e culturas e tenha acesso

às formas mais verticais do conhecimento e à herança cultural da humanidade. Trata-se de intensa valorização dos caminhos abertos ao indivíduo pela cultura es-crita, sem que se deixe de reconhecer e se tente apoiar e preservar a cultura oral de nosso povo. Busca-se criar condições necessárias e apontar diretrizes para a execução de políticas, progra-mas, projetos e ações continuadas por parte do Estado em suas diferentes esferas de governo e também por parte das múltiplas organizações da sociedade civil, lastreada em uma visão republicana de promoção da cidadania e in-clusão social e segundo estratégias gerais para o desenvolvimento social e de construção de um projeto de Nação que suponha uma organi-zação social mais justa.

São estabelecidos aqui alguns objetivos que devem ser alcançados a curto, mé-dio e em longo prazo: • formar leitores, buscando de maneira continuada substantivo aumento do

índice municipal de leitura (número de livros lidos por habitante/ano) em todas as faixas etárias e do nível qualitativo das leituras realizadas;

• implantação de bibliotecas em todo o território do município; • realização de pesquisa sobre leitura; • implementação e fomento de núcleos voltados a pesquisas, estudos e indica-

dores nas áreas da leitura e do livro em universidades e outros centros; • concessão de prêmio anual de reconhecimento a projetos e ações de fomento

e estímulo às práticas sociais de leitura; • expansão permanente do número de pontos de leitura e ambientes diversifica-

dos voltados à leitura; • identificação e cadastro contínuos das ações de fomento à leitura em curso no

município;• identificação e cadastro contínuos dos pontos de vendas de livros e outros

materiais impressos não periódicos; • elevação significativa do índice de empréstimos de livro em biblioteca (sobre o

total de livros lidos); • aumento do número de títulos editados e exemplares impressos em Canoas; • elevação do número de livrarias na cidade; • aumento da presença de livros de canoenses em outros municípios e estados

do País e Exterior;• aumento do índice per capita de livros não-didáticos adquiridos; ampliação do

índice de pessoas acima de 14 anos, com o hábito de leitura que possuam ao menos 10 livros em casa;

• apoiar o debate e a utilização de copyrigths não-restritivos (copyleft e creative commons), equilibrando direito de autor com direitos de acesso à cultura es-crita.

EIXOS E LINHAS DE AÇÃO DO PMLLL

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Eixo 1 - Democratização do acesso 1.1. Implantação de novas bibliotecas - Implantação de novas bibliotecas municipais e escolares (com acervos que atendam, pelo menos, aos mínimos recomendados pela Unesco, incluindo livros em braile, livros digitais, audio-livros etc, computadores conectados à Internet, jornais, revistas e outras publicações periódicas) e funcionando como centros de ampla produção e irradiação cultural. Apoio à abertura de bibliote-cas comunitárias (periferias urbanas, hospitais, creches, igrejas, zonas rurais, clubes de serviços,

ONGs etc.). Ações já realizadas: Implantação de quatro bibliotecas nas subprefeituras, duas bibli-oparques, criação de bibliotecas escolares 1.2. Fortalecimento da rede atual de bibliotecas - Fortalecimento e consolidação do sistema municipal de bibliotecas públicas, tornan-do-o realmente um sistema integrado, com níveis hierárquicos de bibliotecas e meios de circulação de acervos, informatização de catálogos, capaci-tação permanente de gestores e bibliotecários como promotores da leitura e atualização de acervos. Instituição e/ou fortalecimento dos siste-

mas estaduais e municipais de bibliotecas, com funções de gerenciamento entre União, Estados e Municípios. Criação do sistema de estatísticas das bibliotecas. Conversão das bibliotecas em centros geradores de cultura. Programas perma-nentes de aquisição e atualização de acervos. Transformação das bibliotecas em unidades orçamentárias. Bibliotecas públicas com quadro de pessoal adequado às necessidades e espe-cializado. Ações já realizadas: Modernização da Biblioteca Pública Municipal João Palma da Silva, articulação da Bibliorede de Canoas, com as cinco bibliotecas públicas municipais, duas biblioparques, cinco bibliopraças, bibliotecas es-colares de acesso público e 10 bibliotecas comu-nitárias. Implantação de quatro Arca das Letras.

1.3. Conquista de novos espaços de leitura - Criação e apoio a salas de leitura, bibli-otecas circulantes e “pontos de leitura” (ônibus, vans, peruas, trens, barcos etc.). Atividades de leitura em parques, centros comerciais, estações de metrô, trem e ônibus. Leitura em hospitais, asi-los, penitenciárias, praças e consultórios pediátri-cos. Leitura com crianças de rua. Espaços de leitura nos locais de trabalho. Ações já realiza-das: Criação de duas Biblioparques, cinco biblio-praças (em andamento), 17 pontos de leitura, um ponto de leitura em posto da Brigada Militar no bairro Guajuviras. 1.4. Distribuição de livros gratuitos - Programas governamentais para distribuição de livros didáticos e não-didáticos para alunos nas

escolas. Projetos de educação para a cidada-nia com livros (saúde, meio ambiente, trânsito, trabalho, juventude etc.). Distribuição de livros em ações culturais. Ações já realizadas: Dis-tribuição de 18 mil livros na Expoaer. 1.5. Melhoria do acesso ao livro e a out-ras formas de expressão da leitura - Circuito municipal de feiras do livro. Co-edições de livros em braile, livros digitais e audiolivros para atender a portadores de necessidades especiais, em especial os deficientes visuais. Projetos editoriais com jornais e revistas. Campanhas de doações de livros. Ações já realizadas: edições em braile e livros digitais), disponibilização de um espaço na Biblioteca Pública Municipal para acesso aos livros em Braille e para baixa visão. 1.6. Incorporação e uso de tecnologias de informação e comunicação - Formulação e aprimoramento de técnicas que visem a facilitar o acesso à informação e à produção do saber,

incluindo capacitação continuada para melhor aproveitamento das tecnologias de informação e comunicação. Produção e desenvolvimento de tecnologias para a preservação de acervos, am-pliação e difusão de bens culturais, como livros digitais, informatização de bibliotecas e bibliote-cas digitais, entre outros. Instalação de Centros de Leitura Multimídia, voltados para a pesquisa e divulgação, em especial nas áreas da leitura e do livro. Ações já realizadas: Implantação de tele-centros na Casa da Juventude, Biblioteca Pública Municipal e bibliotecas escolares. Eixo 2 – Fomento à leitura e à formação de mediadores 2.1. Formação de mediadores de leitura - Programas de capacitação de educadores, bibliotecários e outros mediadores da leitura. Pro-jetos especiais com universidades e centros de formação de professores. Cursos de formação de professores com estratégia de fomento à leitura e

de estudantes que se preparam para o magistério em literatura infanto-juvenil. Ampla utilização dos meios de educação à distância para formação de promotores de leitura em escolas, bibliotecas e comunidades. Ações já realizadas: Capaci-tações permanentes de contadores de histórias, educadores e mediadores de leitura 2.2. Projetos sociais de leitura - Pro-jetos para fomentar a leitura. Rodas da leitura, atividades de formação do leitor na escola, clubes de leitura. Atividades de leitura em comunidades

tradicionalmente excluídas (indígenas, quilombo-las etc.). Mediadores de leitura e contadores de histórias, performances poéticas, rodas literárias e murais. Oficinas de criação literária para crian-ças e jovens. Encontro com autores. Banco de dados de projetos de estímulo à leitura, com aval-iação e formatação para sua replicação. Editais de órgãos públicos e empresas estatais para apoiar projetos. Continuidade e fortalecimento do PRO-LER/FBN e de suas ações. Ações já realizadas: Sacola da Leitura, Mala de Garupa, Implantação

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de Núcleo do Proler/FBN em Canoas, Clube da Leitura, rodas de contação de histórias nas esco-las, praças, eventos, hospitais, Feira do Livro de Canoas, Feira do Livro do Bairro Niterói, feiras do livro em escolas. Oficina de mediadores de leitura. 2.3. Estudos e fomento à pesquisa nas áreas do livro e da leitura -Diagnósticos sobre a situação da leitura e do livro. Pesquisas sobre hábitos de leitura e consumo de livros. Formação de base de conhecimento sobre experiências

inovadoras e bem-sucedidas com leitura. Apoio às pesquisas sobre a história do livro no Brasil, história editorial brasileira, história das bibliotecas, história das práticas sociais de leitura, história das livrarias nos núcleos universitários de pesquisa e fora da academia. Programas de financiamento à pesquisa nas áreas do livro e da leitura e a pub-licação, com apoio de instituições oficiais e/ou da sociedade, dos resultados dessas pesquisas. Ações já realizadas: Levantamento das ações

de livro e leitura nas escolas da Rede Municipal de Educação 2.4. Sistemas de informação nas áreas de bibliotecas, da bibliografia e do mercado editorial - Estudos e pesquisas para conhecer a realidade das bibliotecas, das editoras, das livrarias e do consumo de livros no Brasil. Estu-dos sobre a cadeia produtiva do livro e projetos e programas para a política pública setorial. Le-vantamento de dados para apurar os números de bibliotecas, livrarias, investimentos no setor editorial brasileiro, de investimentos das políticas públicas etc. Portal de projetos, programas, ações e calendário de atividades e eventos da área. Ações já realizadas: Levantamento in loco da realidade das bibliotecas municipais, pontos de leitura, bibliotecas comunitárias e Arca das Letras 2.5. Prêmios e reconhecimento às ações de incentivo e fomento às práticas sociais de leitura - Concursos para reconhecer e premiar experiências inovadoras na promoção da leitura. Prêmios para ações de fomento à leitura desenvolvidas em escola, biblioteca,

comunidade, empresa etc. Prêmios para identifi-car, reconhecer e valorizar as diferentes práticas sociais de leitura existentes.Eixo 3 – Valorização da leitura e comunicação 3.1. Ações para criar consciência sobre o valor social do livro e da leitura - Campan-has institucionais de valorização da leitura, do livro, da literatura e das bibliotecas em televisão, rádio, jornal, Internet, revistas, outdoors, cinema e outras mídias. Campanhas com testemunhos de formadores de opinião sobre experiências com livros e leitura. Publicações de histórias de leitura e dicas de personalidades e pessoas anônimas da comunidade sobre livros. Ações já realiza-das: Diversas campanhas promocionais da Feira do Livro de Canoas na tevê, rádios e jornais 3.2. Ações para converter o fomento às práticas sociais da leitura em política de Estado - Formulação de políticas nacional, estad-uais e municipais. Marcos legais (Leis do livro fed-eral, estaduais e municipais; decretos e portarias). Realização de fóruns, congressos, seminários e jornadas para propor agendas sobre o livro e a

leitura. Pesquisas e estudos sobre políticas públi-cas do livro, leitura e biblioteca pública. Estru-turação da área de formulação, coordenação e execução da política setorial. Criação de fundos e agências para financiamento e fomento à Leitura. Criação de grupos de apoio entre parlamentares e formadores de opinião. Ações já realizadas: Lei da Feira do Livro de Canoas, criação do Plano Municipal de Livro, Leitura e Literatura (PMLLL). 3.3. Publicações impressas e outras mídias dedicadas à valorização do livro e da leitura - Publicações de cadernos, suplemen-tos especiais, seções, revistas, jornais, portais e sítios na Internet sobre livro, literatura, bibliotecas e leitura. Resenhas em jornais e revistas com lançamentos do mercado editorial. Programas permanentes e especiais na televisão e no rádio. Ações já realizadas: Blog da Biblioteca Pública Municipal e Blog da Feira do livro de CanoasEixo 4 – Desenvolvimento da Economia do Livro 4.1. Desenvolvimento da cadeia produ-tiva do livro - Linhas de financiamento para gráficas, editoras, distribuidoras e livrarias e para a edição de livros. Programas governamentais de aquisição que considerem toda a cadeia produ-tiva e os interesses das práticas sociais de leitura no país. Programas de apoio às micro e pequenas empresas. Fóruns sobre políticas do livro e da edição. Programas de formação para editores, livreiros e outros profissionais do mercado edi-torial. Programas para ampliação das tiragens,

redução de custos e barateamento do preço do livro. Programas de apoio ao livro universitário. Ações já realizadas: Programa de Incentivo à Cultura, anual, Programa Microcrédito Cultural 4.2. Fomento à distribuição, circu-lação e consumo de bens de leitura - Política para fomentar a abertura de livrarias e apoiar as existentes. Livrarias em praças públicas. Livros em bancas de jornal. Programas de formação de livreiros empreendedores. Apoio e financiamento ao setor livreiro. Programas de apoio à abertura de pontos alternativos de venda. Programas de educação continuada aos profissionais de livrarias. Programas de tarifas diferenciadas para transporte e circulação de bens de leitura. 4.3. Apoio à cadeia criativa do livro - In-stituição e estímulo para a concessão de prêmios nas diferentes áreas e bolsas de criação literária para apoiar os escritores. Apoio à circulação de escritores por escolas, bibliotecas, feiras etc. De-fesa dos direitos do escritor. Apoio à publicação de novos autores. Programas de apoio à tradução. Fóruns de direitos autorais e copyright restritivo e não-restritivo. Ações já realizadas: Fóruns e seminários dobre livro, leitura e literatura, Pro-grama de Leitura Fome de Ler (Parceria Ulbra, Câmara Rio-grandense do Livro (CRL) e rede municipal de Ensino) 4.4. Maior presença no exterior da produção nacional literária científica e cul-tural editada.

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Diagnóstico realizado pelas Secretarias Municipais de Cultura e de Educação, em março de 2010, com a aplicação de questionários em todas as 42 escolas públicas municipais de en-sino fundamental. O objetivo foi traçar o perfil das atividades realizadas nas escolas, na área de liv-ro, leitura e literatura. Com os resultados obtidos, pode-se avaliar que a maioria das escolas mu-nicipais da cidade desenvolve ações regulares nesta área, está preocupada com ações de livro e leitura, investe no tema, porém ainda precisa avançar no que se refere à utilização cultural dos materiais de leitura.

Atividades oferecidas regularmente:

100

45

64

45

55

0

20

40

60

80

100

120

Hora do Conto Palestras Exposições Of icinas Visita deescritores

A Hora do Conto – contação de histórias - é uma atividade oferecida semanalmente em todas as Escolas Municipais de Ensino Fundamental, sendo realizada por professores da rede mu-nicipal. Exposições culturais são promovidas anualmente, principalmente nos espaços das bibliotecas escolares, contemplando datas e temas relativos a obras e autores. As visitas de escritores são realizadas ao longo do ano letivo, sendo convidados, periodicamente, os escri-tores canoenses e, eventualmente, escritores de renome regional e nacional. As palestras e ofici-nas, que geralmente dependem de recursos fi-nanceiros, também são oferecidas, embora com abrangência menor.

Responsável pela biblioteca possui treinamento na área?

98

0 20

20

40

60

80

100

120

sim não não respondeu

Os professores que atuam nas bibliotecas esco-lares realizam atividades de hora do conto, em-préstimo domiciliar, consulta local e organização de acervo. A maioria destes professores realizou curso de capacitação oferecido pela Secretaria Municipal de Educação ou Universidades locais.

Total de Acervo

27

48

38

25

05

10152025

3035404550

Até 500volumes

de 501 a1.000

volumes

de 1.001 a5.000

volumes

de 5.001 a10.000

volumes

mais de10.001

Nãorespondeu

Série1

Ordem dos suportes mais retirados42

25

20

13

LivrosRevistasJornaisInternet

Diagnóstico das atividades voltadas ao Livro, Leitura e Literatura nas Escolas Municipais de Canoas

Mapa de Ações

Page 15: Plano Municipal de Livro, Leitura e Literatura - Canoas

28 29

Governo1. Modernização da Biblioteca Pública Municipal João Palma da Silva (SMC)2. Implantação da Biblioteca Subprefeitura Sud-este (Subprefeitura/SMC)3. Implantação da Biblioteca Subprefeitura Su-doeste (Subprefeitura/SMC)4. Implantação da Biblioteca Subprefeitura Nord-este (Subprefeitura/SMC)5. Implantação da Biblioteca Subprefeitura Noroeste (Subprefeitura/SMC)6. Implantação da Biblioparque Getúlio Vargas (SMC – SMMA)7. Implantação da Biblioparque Eduardo Gomes (SMC – SMMA – AETC)8. Implantação da Bibliopraça Dona Mocinha (SMC-SMMA, Comitê Gestor da Comunidade)9. Implantação da ação Pontos de Leitura – parceria com o Ministério da Cultura10. Implantação da Arca das Letras – Parceria com Ministério de Desenvolvimento Agrário, disponibilizando 200 livros para as associações rurais e quilombolas11. Feira do Livro de Canoas (SMC)12. Mostra de Quadrinhos (SMC)13. Usina de Quadrinhos (SMC)14. Sacola da Leitura - disponibiliza Kit de liv-ros de literatura nas escolas e associações de bairro. (SMC)15. Mapeamento das bibliotecas e ações na cidade (SMC)16. Fórum regional do Plano municipal de livro

leitura e literatura (SMC)17. Caravana Cultural- Atividades culturais nas praças e escolas com sarau, oficinas literárias e teatro (SMC).18. Bibliorede - Interligação entre as bibliotecas de acesso público (SMC)Microcrédito cultural:programa de incentivo a projetos culturais (SMC)19. Semana do livro (SMC) – 23 de abril20. Hangar da Leitura (SMC/5 º Comar/Base Aé-rea de Canoas, no 12 de outubro, Dia Nacional da Leitura)21. Oficina de mediadores de leitura (SMC)22. Agentes de Leitura Mirins - (SMC/SME)23. Clube de Leitura - encontros mensais dis-cutindo a literatura (Biblioteca Pública Municipal - SMC)24. Conheça e viva biblioteca e museu - visi-tação orientada (SMC)25. 1,2,3...Era uma vez - Contação de histórias infantis para público infantil (SMC)26. Caixa Estante - disponibiliza Kit de livros de literatura nas empresas locais (SMC)27. Boneco Juca - Hora do Conto no HPS e HNSG (SMC/SMS)28. Boneco Juca - Hora do Conto nos CRAS (SMC/SMDS)29. Boneco Juca - Hora do Conto nas Asso-ciações Comunitárias (SMC/Coordenadoria de Relações Comunitárias)30. Boneco Juca - Hora do Conto Asilos (SMC/SMDS)

31. Boneco Juca – Hora do Conto na Biblioteca Pública Municipal João Palma da Silva, Bibli-oparques, Bibliopraças, Bibliotecas Comuni-tárias, 32. Seminários de Contação de Histórias (SMC, SME, Coordenadoria de Acessibilidade, Adevic, Escola Concórdia)33. Biblioteca Centro Social Urbano Mathias (SMEL)34. Biblioteca Centro Social Urbano São Luís (SMEL)35. Oficinas Literárias Mais Educação em 28 escolas (SME)36. Pró – Letramento -programa de formação continuada de professores das séries iniciais do ensino fundamental, para melhoria da qualidade de aprendizagem da leitura/escrita e matemáti-ca. (SME)37. Feira do Livro Semana da Consciência Ne-gra (Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial)38. O Jornal O Pequeno Aprendiz - jornal men-sal para todas as escolas da rede (SME)39. Oficinas literárias - permanentes nos quatro quadrantes (Asccan)40. Ler é saber -Suplemento temático tem trazi-do o resgate da cultura africana, as histórias em quadrinhos, os textos de contos extraordinários e o humor para uso e deleite dos jovens e das crianças nas salas de aula. (SME - Grupo Edito-rial Sinos, Universidade FEEVALE e Faculdades Integradas de Taquara FACCAT)41. Olimpíada da Língua Portuguesa, promovida pelo Ministério da Educação, tem propiciado

atividades de encontro e formação dos profes-sores de línguas buscando compartilhar ex-periências exitosas, assim como avaliar e su-perar dificuldades de aprendizagem. (SME)42. Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) (MEC e SME) 43. Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), que aporta literatura nas escolas do ensino infantil e fundamental.(MEC - SME)

Governo e sociedade44. Feira do livro na Semana Farroupilha (SMC/AETC)45. Feira de troca-troca de livros (SMC, ACE, Casa do Poeta)46. Feira de livro nos quadrantes (SMC. Abnit, Centro de Artes Guajuviras)47. Pontos de leitura - Bibliotecas nas comuni-dades. (MinC-SMC)Mala de Garupa -disponibiliza Kit de livros de literatura gaúcha entre os CTGs (SMC e AETC)48. Jornal na sala de aula - O diário da cidade distribuído semanalmente em 28 escolas com turno integral dentro do projeto Escola Comuni-dade/Mais Educação (SME - Diário de Canoas)49. Fome de ler - programa de incentivo à leitura leva escritores consagrados e suas obras para as EMEFs da Rede Municipal, com projeto financiamento conjuntamente com a Prefeitura Municipal (Câmara Rio-Grandense do Livro e Universidade Luterana do Brasil/SMC/SME)50. Ponto de Leitura da Brigada Militar Guajuvi-ras (15º BPM, SMSC)51. Poesia no ônibus- Divulgação da poesia

Page 16: Plano Municipal de Livro, Leitura e Literatura - Canoas

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canoense através de adesivos nos ônibus, pro-moção Casa do poeta-SMTM)52. Caravana Literária para fora do município e do estado divulgando escritores de Canoas (SMC - Casa do Poeta)

Sociedade53. Biblioafro (Biblioteca Comunitária Biblioafro)54. Escritor na sala de aula (ACE e Casa do Poeta)55. Saraus literários nas escolas e demais es-paços promovido (Casa do Poeta)56. Revelando talentos - Encontro mensal entre os sócios da casa do poeta, divulgando novos talentos (Casa do Poeta) 57. Oficinas de poesia e teatro - Encontro entre artistas e poetas com ensaios e dramatizações para montagem de uma peça teatral (Casa do Poeta)58. Oficina literária: criação de poesias (Casa do poeta)59. ConversAfiada;Encontro bimestral com um escritor da ACE para apresentação da comuni-dade60. Sarau ACElerado; Encontro de artistas ca-noenses e convidados de todas as áreas com declamações e foco na literatura. (ACE)61.CineACE; Exposição de filmes com bate-papo62. Implantação de Biblioteca Comunitária da ACE e Casa do Poeta63. Oficinas literária: Poesia (Centro de Artes e Espaço Cultural Guajuviras)64. Festival da Primavera: Saraus, contações de

histórias e oficinas literária.(Centro de Artes e Espaço Cultural Guajuviras)65. Sarau literário (Centro de Artes e Espaço Cultural Guajuviras)66. Conversa com escritores.(Centro de Artes e Espaço Cultural Guajuviras)67. Festivais de cultura: descobrindo talentos locais (Centro de Artes e Espaço Cultural)68. Oficina de formação de contadores de histórias (Centro de Artes e Espaço Cultural Guajuviras)

Algumas ações futuras:Biblioteca do Guajuviras – Parque dos Livros (SMC/MinC)Modernização das bibliotecas das subpre-feituras (SMC/MinC)Agentes de Leitura (SMC/SMDS/MinC)Rodalivros (SMC)Biblioteca Casa das Artes Villa Mimosa (SMC)Minha casa, meus livros (SMC/SMDUH)Oficinas Literárias nos quatro quadrantes (SMC/Subprefeituras)Leitura nos ônibus (SMC/SMDUH)Cultura na linha (SMC/SMTM)Filosofia nos ônibus (SMC/SMTM)Prêmio para ações de Leitura (SMC/SME)Hora da leitura (SME)Vale Livro- Bônus aos alunos e professores para aquisição de livros durante a feira do livro (SMC/SME)Kit livros para alunos (SME)Programa de formação de professores –leitores (SME)

Page 17: Plano Municipal de Livro, Leitura e Literatura - Canoas

Ministério da Cultura

Material produzido pela equipe da Secretaria M

unicipal da Cultura.

Fotos: arquivo da Prefeitura Municipal de Canoas. Fotógrafos: Ireno Jardim

, Anaclara Britto e Cesar Barbosa.

Apoio: Farmaderm

Canoas

Ministério da Educação