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Plano Local de Habitação de Interesse Social
Campo Bom / RS
Etapa 2: Diagnóstico
Outubro de 2010
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
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EQUIPE
Município de Campo Bom:
Helena Kern Kwiatkowski – Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação
Olga Maria Leuck - Departamento Jurídico
Carolina Lampert - Departamento Jurídico
Ana Lory Ely Quintana - Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação
Nilva Teresinha Dambros – Secretaria de Educação e Cultura
Irlene Lucia Ackermann Schardong - Secretaria da Saúde
Gisela Maria de Souza - Secretaria do Meio Ambiente
Coordenadora Técnica:
Arq. Raquel Ermel da Silva
Secretário de Desenvolvimento Social e Habitação
Maximilianno Messias de Souza
Prefeito:
Faisal Karam
Arq. Caroline Kuhn
Arq. Débora Becker
Eng. Civil Eveline Pedott
Bacharel em Direito Maria Etelvina B. Guimaraens
Economista Marcelo Pedott
Cientista Social Samuel Thomas Jaenisch
Acadêmica de Arquitetura Bruna Tumino Krause
Acadêmica de Arquitetura Rochelle Schneider dos Santos
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................10
2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO URBANA ............................................................................................12
3. DIAGNÓSTICO DA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM CAMPO BOM ............................................................13
3.1. Inserção Regional e Características do Município .......................................................................... 13 3.1.1. Caracterização de Campo Bom e sua Região .............................................................................................13 3.1.2. Dados Demográficos ....................................................................................................................................15 3.1.3. Situação Socioeconômica ............................................................................................................................18 3.1.4. Caracterização do Território .........................................................................................................................22
3.1.4.1. Distribuição da população e dos domicílios no território do município ....................................................22 3.1.5. Condicionantes Ambientais ..........................................................................................................................25 3.1.6. Situação dos Domicílios ...............................................................................................................................27
3.2. ATORES SOCIAIS ............................................................................................................................... 32 3.2.1. Movimentos Sociais e Participação Popular ................................................................................................32
3.2.1.1. METODOLOGIA ADOTADA ...................................................................................................................33 3.2.1.2. RESULTADOS OBTIDOS .......................................................................................................................34
3.3. NECESSIDADES HABITACIONAIS .................................................................................................... 40 3.3.1. Definições ....................................................................................................................................................41 3.3.2. QUANTIFICAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE DÉFICIT HABITACIONAL E A INADEQUAÇÃO DE
MORADIAS ………………………………………………………………………………………………………………………..44 3.3.2.1. Déficit Habitacional ..................................................................................................................................45 3.3.2.2. Inadequação de Moradias .......................................................................................................................46
3.4. Programas, Ações e Oferta Habitacional ......................................................................................... 47 3.4.1. Definições ....................................................................................................................................................47 3.4.2. Oferta de moradia e solo urbanizado ...........................................................................................................47
3.4.2.1. Loteamento Esperança (1983): ...............................................................................................................48 3.4.2.2. Loteamento Aurora (1983/1984): ............................................................................................................48 3.4.2.3. Loteamento Sempre Unidos (1987): .......................................................................................................49 3.4.2.4. Vila Nova (1989): .....................................................................................................................................50 3.4.2.5. Quatro Colônias (1990): ..........................................................................................................................51 3.4.2.6. Loteamento Rio Branco (1993): ..............................................................................................................51 3.4.2.7. Nova Aurora (1997): ................................................................................................................................52 3.4.2.8. Programa Habitar Brasil (1999): ..............................................................................................................52 3.4.2.9. Programa Morar Melhor (2003): ..............................................................................................................53 3.4.2.10. Loteamento Morada do Sol (2004): ....................................................................................................54 3.4.2.11. PAR Programa de Arrendamento Residencial (2007): .......................................................................55
3.5. Marcos regulatórios e legais ............................................................................................................. 56 3.5.1. O Município na Ordem Constitucional .........................................................................................................57
3.5.1.1. As normas municipais – Diretrizes Gerais ..............................................................................................57 3.5.1.2. Quadro geral dos instrumentos de política urbana .................................................................................61 3.5.1.3. Conclusão ...............................................................................................................................................62
3.6. Condições Institucionais e Administrativas .................................................................................... 63 3.6.1. Capacidade de aplicação de recursos próprios para melhorias das condições habitacionais ....................63 3.6.2. Estrutura administrativa ...............................................................................................................................63
3.7. Recursos Financeiros ........................................................................................................................ 66 3.7.1. Fontes de Recursos .....................................................................................................................................67 3.7.2. Recursos necessários para resolução das Necessidades Habitacionais ....................................................68
4. Anexos .............................................................................................................................................................................70
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4.1. ANEXO I - Questionário aplicado às entidades ............................................................................... 70
5. bibliografia .......................................................................................................................................................................74
6. RELATÓRIO DA 2ª AUDIÊNCIA PÚBLICA - APRESENTAÇÃO DO DIAGNÓSTICO ...................................................75
6.1. Estrutura da apresentação ................................................................................................................ 75
6.2. Fotos da audiência pública ............................................................................................................... 75
6.3. Lista de presença ............................................................................................................................... 79
6.4. Ata da audiência ................................................................................................................................. 78
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização de Campo Bom no contexto estadual e regional ...............................................................................14 Figura 2. Crescimento da população rural e urbana .............................................................................................................16 Figura 3. Taxa de urbanização .............................................................................................................................................16 Figura 4. Pirâmide Etária de população no Estado. .............................................................................................................16 Figura 5. Composição do Valor Adicionado Bruto a preço básico, de 2007 .........................................................................18 Figura 6. Evolução do Produto Interno Bruto do município (PIB) .........................................................................................19 Figura 7. Evolução do Produto Interno Bruto per capita (PIBpm) .........................................................................................19 Figura 8. Índices de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE) ........................................................................................20 Figura 9. Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) ..........................................................................................................20 Figura 10. Desigualdade: Índice de L. de Theil (0-1) .........................................................................................................21 Figura 11. Pobreza: % de pessoas pobres ........................................................................................................................21 Figura 12. Pobreza: % de pessoas indigentes ...................................................................................................................21 Figura 13. População Economicamente Ativa: total, rural e urbana. .................................................................................21 Figura 14. População Ocupada: rural e urbana. ................................................................................................................21 Figura 15. Valor do rendimento nominal médio mensal das famílias residentes em domicílios particulares por classes de
rendimento …………………………………………………………………………………………………………………………...22 Figura 16. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Campo Bom .........................................................................23 Figura 17. Bairros de Campo Bom .....................................................................................................................................24 Figura 18. Setores Censitários de Campo Bom .................................................................................................................24 Figura 19. Distribuição dos domicílios no território: nº de domicílios por setor censitário em 2000. .................................24 Figura 20. Densidade habitacional: no de domicílios/ Km2 .................................................................................................24 Figura 21. Visão geral da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos e seu macrozoneamento ................................................25 Figura 22. Mapa de suscetibilidade às inundações do Rio dos Sinos ...............................................................................26 Figura 23. Imagem da enchente no bairro Barrinha, em Campo Bom, em setembro de 2009..........................................26 Figura 24. Situação dos domicílios ....................................................................................................................................27 Figura 25. Propriedade dos domicílios no município do tipo “cedido de outra forma” ou “em outra condição”. ................28 Figura 26. Condição de ocupação do terreno ....................................................................................................................28 Figura 27. “Outra Condição de Ocupação” do terreno em que se localiza o domicílio. .....................................................29 Figura 28. Abastecimento de água inadequado no município ...........................................................................................29 Figura 29. Esgotamento sanitário por sistemas inadequados ...........................................................................................30 Figura 30. Ausência de unidade sanitária nos domicílios. .................................................................................................31 Figura 31. Destinação inadequada de lixo realizada nos domicílios..................................................................................31 Figura 32. Mapa do Município de Campo Bom com as duas grandes áreas identificadas a partir do resultado dos
questionários aplicados .............................................................................................................................................................36 Figura 33. Mapa das necessidades habitacionais segundo os moradores da cidade, resultante da oficina realizada na
primeira audiência, de Metodologia, do PLHIS de Campo Bom ...............................................................................................41 Figura 34. Déficit Habitacional ...........................................................................................................................................44 Figura 35. Inadequação de Moradias.................................................................................................................................44 Figura 36. Déficit habitacional por faixas de renda ............................................................................................................45 Figura 37. Faixas de renda que compõem a inadequação ................................................................................................46 Figura 38. Distribuição dos componentes da inadequação habitacional por faixas de renda – dados de 2000................47 Figura 39. Vista Geral do loteamento Aurora .....................................................................................................................49 Figura 40. Escola do loteamento Aurora ............................................................................................................................49 Figura 41. Loteamento Sempre Unidos .............................................................................................................................50 Figura 42. Loteamento Quatro Colônias ............................................................................................................................51 Figura 43. Loteamento Quatro Colônias ............................................................................................................................51 Figura 44. Casa atendida Lot. Esperança – Foram reformados telhado e assoalho .........................................................53 Figura 45. Casa atendida Lot. Sempre Unidos – Foram reformados telhado e paredes ...................................................53 Figura 46. Casa atendida Bairro 25 de Julho – Foram reformados telhado, assoalho, paredes e estrutura. ....................53 Figura 47. Casa atendida Lot. Ipiranga – Foi reformado o telhado ....................................................................................53 Figura 48. Casa Padrão Programa Morar Melhor ..............................................................................................................54 Figura 49. Casa Padrão Programa Morar Melhor ..............................................................................................................54 Figura 50. Casas Loteamento Morada do Sol....................................................................................................................54 Figura 51. Creche Loteamento Morada do Sol ..................................................................................................................54 Figura 52. PAR Dona Augusta ...........................................................................................................................................55
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Figura 53. PAR Alto Paulista ..............................................................................................................................................55 Figura 54. Organograma Funcional da Prefeitura de Campo Bom ....................................................................................64 Figura 55. Fluxo dos programas habitacionais no município de Campo Bom ...................................................................65
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Dados populacionais da Região Metropolitana de Porto Alegre (2008) ...........................................................15 Tabela 2. Crescimento demográfico de Campo Bom (1970 - 2000).................................................................................16 Tabela 3. População residente, por deslocamento para trabalho ou estudo, o município de residência e os grupos de idade.
……………………………………………………………………………………………………………………………17 Tabela 4. Produto Interno Bruto de 2007 dos municípios do COREDE Vale do Rio dos Sinos. ......................................18 Tabela 5. Dados do Sistema Nacional de Informações Sanitárias ...................................................................................30 Tabela 6. Entidades que responderam ao questionário proposto. ...................................................................................34 Tabela 7. Áreas mais citadas e respectivo percentual em relação ao total de citações. ..................................................35 Tabela 8. Áreas da tabela 1 agrupadas…………………………………………………………………………………………35 Tabela 9. Associações filiadas a União das Associações de Bairros e Vilas de Campo Bom .........................................38 Tabela 10. Condições de domicílio quanto ao tipo de inadequação por infraestrutura ......................................................43 Tabela 11. Déficit Habitacional e Inadequação de Moradias – dados de 2000 ..................................................................44 Tabela 12. Componentes do Déficit habitacional – dados de 2000 ....................................................................................45 Tabela 13. Estimativa do Déficit habitacional futuro ...........................................................................................................45 Tabela 14. Componentes da Inadequação das moradias– dados de 2000 .......................................................................46 Tabela 15. Síntese da oferta habitacional no município de Campo Bom ...........................................................................56 Tabela 16. Custos Estimados para a Resolução das Necessidades Habitacionais ...........................................................68 Tabela 17. Custos Futuros Estimados para o ano de 2025 para a Resolução das Necessidades Habitacionais..............69
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LISTA DE SIGLAS
AIS – Área de Interesse Social
CAIXA – Caixa Econômica Federal
COHAB – Companhia de Habitação
CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento
COOPERBOM – Cooperativa Agropecuria de Bom Despacho
COREDE – Conselho Regional de Desenvolvimento
CUB – Custo Unitário Básico de Construção Civil
DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
EIV – Estudo de Impacto de Vizinhança
FEE – Fundação de Economia e Estatística
FEGAM - Federação das Associações de Moradores
FGTAS/SINE – Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social
FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
FJP – Fundação João Pinheiro
FMHIS – Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social
FNHIS – Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social
GIDUR – Gerência de Desenvolvimento Urbano da Caixa
HIS- Habitação de Interesse Social
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDESE – Índice de Desenvolvimento socioeconômico
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
METROPLAN – Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional
OGU – Orçamento Geral da União
ONGs – Organizações Não Governamentais
PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
PAR – Programa de Arrendamento Residencial
PEA – População Economicamente Ativa
PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego
PIA – População em Idade Ativa
PIB – Produto Interno Bruto
PLANHAB – Plano Nacional de Habitação
PLHIS – Plano Local de Habitação de Interesse Social
RMPA – Região Metropolitana de Porto Alegre
SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
SFH – Sistema Financeiro de Habitação
SIG – Sistema de Informação Geográfica
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SNIS - Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento
SM – salário mínimo
SINDUSCON – Sindicato das Indústrias da Construção Civil
SNHIS – Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social
SMHIS - Sistema Municipal de Habitação de Interesse Social
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UABV - União das Associações de Bairros e Vilas de Campo Bom
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1. INTRODUÇÃO
A partir da elaboração da Metodologia, e com subsídios oriundos da comunidade, coletados através da 1ª
audiência pública realizada no dia 26 de maio de 2010, elabora-se o Diagnóstico Habitacional do município de
Campo Bom, que constitui a Etapa II do Plano Municipal de Habitação de Interesse Social, visando estabelecer
um retrato das características que interferem no setor habitacional da cidade, especificamente na habitação de
interesse social.
O diagnóstico foi elaborado com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundação de
Economia e Estatística (FEE), Sistema Nacional de Informações Sanitárias (SNIS), Fundação João Pinheiro
(FJP), Secretaria Nacional da Fazenda (SNF), entre outras fontes.
Inicialmente é realizado um breve histórico do desenvolvimento urbano e habitacional do município, que permite
elucidar as raízes e a evolução da problemática habitacional e das soluções encontradas, até chegar à política
habitacional atual. Após, procede-se uma análise da inserção do município na região, relacionando suas
características físicas, econômicas e sociais com as dos demais municípios que conformam o Conselho
Regional de Desenvolvimento (COREDE) do Vale do Rio dos Sinos, onde se localiza o município. Por fim, traça-
se um diagnóstico das necessidades habitacionais atuais, identifica-se e quantifica-se a produção habitacional
de interesse social e seus custos, assim como as fontes de recursos financeiros que o município pode contar, e
levantam-se as condições institucionais e legais.
Dessa forma, o Diagnóstico Habitacional é divido nos seguintes itens:
(1) inserção regional e características do município - traça um panorama da região, com dados físicos,
demográficos,e situação sócio-econômica, relacionando as características da região com as do município;.
(2) Atores Sociais – que busca identificar de que forma a sociedade civil está organizada, e se é atuante nas
questões relativas ao setor habitacional;
(3) Necessidades Habitacionais - traça um panorama da situação habitacional atual do município, quantificando
o déficit (domicílios improvisados, famílias conviventes, e ônus excessivo de aluguel), e a inadequação
habitacional (carências de infraestrutura, adensamento excessivo, unidades habitacionais sem sanitário);
(4) Programas e Ações e Oferta Habitacional - faz um relato dos programas e ações já realizados no município
para habitação de interesse social, definindo-os e caracterizando-os, também, busca identificar a oferta de
habitação de interesse social, gestores e/ou executores, em termos quantitativos (produção habitacional),
classificando as ações em: unidades habitacionais produzidas, serviços de melhorias habitacionais (reformas), e
serviços de urbanização (abastecimento de água, esgotamento cloacal e pluvial, fornecimento de energia
elétrica, terraplanagem, etc);
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(6) Marcos Regulatórios e Legais - traça relações entre a legislação federal e estadual vigente, no que tange à
questão habitacional, com as do município;
(7) Condições Institucionais e Administrativas - descreve a estrutura administrativa do município, identificando a
existência de departamentos e/ou secretarias dirigidas à habitação;
(8) Recursos Financeiros - aborda as fontes de recursos financeiros que o município dispõe para implementação
de ações e programas habitacionais.
O Diagnóstico subsidiará a identificação das potencialidades e conflitos de cada variável que interfere no setor
habitacional do município, traçando-se relações, que repercutirá na formação das Diretrizes e Ações e no
estabelecimento das Metas para a solução dos problemas identificados, a fim de assegurar o direito à moradia
digna a todos os munícipes de Campo Bom, o que constituirá a terceira e última etapa do PLHIS.
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2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO URBANA
Campo Bom, inicialmente colônia de São Leopoldo, era habitada por índios popularmente chamados de
bugres. A ocupação por imigrantes europeus deu-se a partir de 1814.
As terras “campobonenses”', antes da instalação da colônia Alemã de São Leopoldo, em 1824, serviram
como ponto de passagem das tropeadas de gado, que desciam dos Campos de São Francisco e Vacaria, em
direção à capital da província. Os tropeiros acabaram denominando a área de Campo Bom. O nome adveio das
boas pastagens e abundância de água, que possibilitaram aos tropeiros acamparem.
Posteriormente, entre dezembro de 1825 e janeiro de 1826, utilizando o Rio dos Sinos, desembarcaram
no Porto Blos algumas famílias de origem alemã.
A predominância na formação étnica do município é a germânica. Com o crescimento econômico e a
necessidade de mão-de-obra, outras etnias passaram a fazer parte deste cenário a partir de 1930,
principalmente com a chegada dos lusos.
No ano de 1926, Campo Bom passa a categoria de Vila, e no ano seguinte é considerada 2º Distrito de
São Leopoldo, com a realização de algumas obras públicas que contribuíram para a diversificação das indústrias
e serviços. O período de urbanização veio em 1959, juntamente com a emancipação em 31 de janeiro de 1959
(lei estadual nº 3707, de 31-01-1959), quando deixou de pertencer à São Leopoldo, devido a prosperidade
econômica. Durante esta transição a economia passou por diversas fases. As atafonas, as olarias e as indústrias
calçadistas formaram este processo. Atualmente não há mais atafonas, mas sim olarias, porém é o calçado o
responsável pela maior parte da economia, embora no final da década de 90 tenha ocorrido uma grande
diversificação no parque fabril da cidade através da implantação do Loteamento Industrial Sul e Distrito Industrial
Norte. Hoje, o município conta também com uma incubadora empresarial.
Foi o primeiro município a exportar calçados, sua principal economia. A cidade ainda mantém suas
origens rurais: é a maior produtora de Mudas de Hortaliças do Estado do Rio Grande do Sul. Campo Bom é uma
cidade conhecida também pela sua ciclovia, a pioneira da América Latina (IBGE e sítio eletrônico da Prefeitura
Municipal de Campo Bom - http://www.campobom.rs.gov.br/historico.asp).
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3. DIAGNÓSTICO DA HABITAÇÃO DE INTERESSE
SOCIAL EM CAMPO BOM
3.1. INSERÇÃO REGIONAL E CARACTERÍSTICAS DO
MUNICÍPIO
3.1.1. Caracterização de Campo Bom e sua Região
O município de Campo Bom está situado na Região Metropolitana de Porto Alegre, fazendo limite à
norte com as cidades de Dois Irmãos e Sapiranga, à Sul com Novo Hamburgo, à leste com Sapiranga, e à oeste
com Novo Hamburgo, e dista aproximadamente 50km do centro de Porto Alegre. Os principais acessos ao
município são: a rodovia RS-239 e a rodovia BR-116 - por onde transitam mais de 120mil veículos por dia e
circula 65% da economia gaúcha (site Município de Campo Bom e site agenda2020).
O município de Campo Bom está enquadrado em quatro conjuntos espaciais. Sob o aspecto físico-
natural, possui seu território inserido na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, na Macrozona: Terras onduladas-
coxilhas, quanto ao planejamento estratégico estadual, ao Conselho Regional de Desenvolvimento Vale do Rio
dos Sinos - COREDE – Vale do Rio dos Sinos. O município também integra a Microrregião de Porto Alegre e a
Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA.
O COREDE Vale do Rio dos Sinos é uma região que apresenta uma economia desenvolvida, bastante
industrializada e diversificada (RUMOS 2015). Junto com Campo Bom, também participam os municípios:
Araricá, Canoas, Dois Irmãos, Estância Velha, Esteio, Ivoti, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo,
Portão, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul (Figura 1).
O COREDE Vale do Rio dos Sinos é o segundo Produto Interno Bruto – PIB, do Estado (16% do total -
2002). Seus 1,3 milhões de habitantes (10% do Estado), distribuídos em 14 municípios, geram um PIB per capita
acima da média estadual em cerca de 30% (RUMOS 2015, site FEE).
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Figura 1. Localização de Campo Bom no contexto estadual e regional
Entre 1996 e 2000, o PIB de Campo Bom cresceu a taxas menores que as do Estado (32% e 39%
respectivamente). Em relação à renda per capita o COREDE Vale do Rio dos Sinos, em 2000, apresentou uma
das rendas mais elevadas do Estado, perdendo somente para o COREDE Serra.
O setor primário tem participação irrisória no PIB do Estado. Porém há que destacar a rizicultura,
responsável por uma área considerável (120 ha) em que o valor da produção atingiu 360 mil reais em 2007.
(FEE).
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3.1.2. Dados Demográficos
A população do Rio Grande do Sul está concentrada nas regiões urbanas, áreas que abrigam a parcela
de 84,4% do total populacional, enquanto as regiões rurais abrigam apenas 15,6%. A Região Metropolitana de
Porto Alegre concentra 37% da população do Estado, sendo que dos 17 municípios com mais de 100.000
habitantes do Estado, 10 estão na RMPA (Tabela 1) (FEE, estimativa populacional 2008).
Tabela 1. Dados populacionais da Região Metropolitana de Porto Alegre (2008)
Municípios
População Estimada Taxa de Crescimento
1991-2000 (%)
Densidade Demográfica
(hab/km²) Total Rural Urbana
(hab) (hab) (hab)
Rio Grande do Sul 10.727.937 1.605.460 9.122.477 1,23 38,1
RMPA 4.005.937 139.529 3.866.398 480,62
Alvorada 208812 438 208374 2,94 2.948,9
Araricá 4842 458 4384 3,51 137,2
Arroio dos Ratos 13779 583 13196 1,36 32,3
Cachoeirinha 114064 - 114064 2,25 2.606,2
Campo Bom 57324 3887 53437 1,36 933,5
Canoas 330258 - 330258 1,45 2.519,2
Capela de Santana 11059 3976 7083 3,35 60,1
Charqueadas 34099 803 33296 2,16 157,5
Dois Irmãos 25110 148 24962 4,86 385,4
Eldorado do Sul 31723 7852 23871 4,96 62,2
Estância Velha 41275 914 40361 2,5 788,0
Esteio 79902 77 79825 1,43 2.901,0
Glorinha 7059 4892 2167 2,43 21,8
Gravataí 263843 15346 248497 2,85 568,9
Guaíba 94937 1907 93030 2,04 251,8
Ivoti 18726 1717 17009 3,6 296,6
Montenegro 57506 5592 51914 1,94 136,9
Nova Hartz 16838 2351 14487 4,94 269,2
Nova Santa Rita 20942 3274 17668 5,38 96,1
Novo Hamburgo 255277 2925 252352 1,56 1.141,6
Parobé 49198 2217 46981 3,84 451,3
Portão 29012 4703 24309 2,67 181,4
Porto Alegre 1438830 27233 1411597 0,94 2.896,0
Santo Antônio da Patrulha 38391 10365 28026 0,76 36,6
São Jerônimo 20623 4293 16330 0,19 22,0
São Leopoldo 210158 453 209705 1,61 2.054,1
Sapiranga 74720 4400 70320 2,42 543,3
Sapucaia do Sul 123421 375 123046 1,78 2.104,6
Taquara 54281 8085 46196 2,48 118,7
Triunfo 24301 8604 15697 2,41 29,5
Viamão 255617 11661 243956 2,61 171,1
Fonte: FEE, Estimativa para 2008. IBGE, Censo Demográfico 2000.
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Campo Bom possui uma população estimada para o ano de 2008 de 57.324 habitantes,
aproximadamente 4% da população da Região Metropolitana de Porto Alegre, e conta com uma densidade
demográfica de 933,5 hab/km². Essa densidade é relativamente alta comparando-a com a RMPA, 480,62
hab/km², o que pode ser explicado pela sua pequena extensão territorial, apenas 61,4 km² (FEE, 2008).
Desde a sua criação, 1959, o município sempre foi predominantemente urbano (Tabela 2).
Tabela 2. Crescimento demográfico de Campo Bom (1970 - 2000)
1970 1980 1991 2000
População
16.617 33.791 47.876 54.018
Urbana
14.775 32.179 46.481 51.838
Rural
1.842 1.612 1.395 2.180
Urbanização
88,90 95,20 97,08 96,00
Fonte: IBGE. Censos Demográficos.
No período entre 1970 e 1980 observamos o maior índice de crescimento populacional, onde temos um
acréscimo de mais de 100% (Figura 2, Figura 3). Depois, no ano de 2000, vemos uma queda na taxa de
urbanização, porém não corresponde a uma queda no crescimento populacional urbano, mas sim a crescimento
da população rural no município, que teve um crescimento de 56% na década de 90.
Figura 2. Crescimento da população rural e urbana Figura 3. Taxa de urbanização
Fonte: IBGE. Censo Demográfico
Figura 4. Pirâmide Etária de população no Estado. Pirâmide Etária de população em Campo Bom.
Fonte: FEE, estimativa 2008.
Os gráficos acima (Figura 4) apresentam a distribuição da população por faixa etária no Estado e no
município de Campo Bom. A estrutura etária do município é muito semelhante à do Estado. Observa-se uma
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
17
população bem distribuída entre as faixas etárias com um leve predomínio da população jovem e adulta,
correspondendo à população de 15 a 29 anos, que representam 26,94% da população.
Outro dado interessante é a mobilidade populacional característica de regiões metropolitanas, o
movimento pendular, ou seja, o movimento diário da população que se desloca do seu local de moradia, em um
município, até o local de trabalho e/ou estudo, em outro município.
Esse fenômeno urbano não é comum em Campo Bom, mesmo estando próximo de Porto Alegre,
somente 9% da população, aproximadamente 4.650 pessoas, se deslocam diariamente para outros municípios
para trabalhar ou estudar. Segundo esses mesmos dados, como pode ser visto na Tabela 3, a faixa etária
predominante nestes deslocamentos está entre 25 a 64 anos.
Tabela 3. População residente, por deslocamento para trabalho ou estudo, o município de residência e os grupos de idade.
Total
Trabalhavam ou estudavam no município de residência
Trabalhavam ou estudavam em
outro município da Unidade da Federação
Trabalhavam ou estudavam em
outra Unidade da Federação
Trabalhavam ou estudavam em País
estrangeiro Não trabalhavam nem estudavam
RMPA
0 - 14 anos 1156989 731496 63% 20925 2% 209 0% 32 0% 404290 35%
15 - 24 anos 809042 540041 67% 102340 13% 1310 0% 210 0% 165089 20%
25 - 64 anos 2152998 1201345 56% 264396 12% 3382 0% 279 0% 683363 32%
65 - ou mais 284469 33450 12% 2984 1% 49 0% 0 0% 247969 87%
Total 4403498 2506332 390645 4951 521 1500711
CAMPO BOM
0 - 14 anos 14495 10173 70% 358 3% 0 0% 0 0% 3964 27%
15 - 24 anos 10223 7699 76% 1472 14% 0 0% 0 0% 1052 10%
25 - 64 anos 26765 16900 64% 2787 10% 23 0% 0 0% 7055 26%
65 - ou mais 2535 232 9% 9 0% 0 0% 0 0% 2294 91%
Total 54018 35004 4626 23 0 14365
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
18
3.1.3. Situação Socioeconômica
No COREDE da Região Vale do Rio dos
Sinos, de acordo com dados da FEE de 2007, o
município possui o quarto melhor PIB per capita
da região, e o setor mais representativo para o
valor adicionado (VAB) do município advém dos
Serviços e da Indústria, com respectivamente
52% e 38% (Figura 5). Sendo que a Indústria é o
setor que mais emprega, com 78% da população
ocupada trabalhando neste setor (IPEADATA,
1995).
Com relação à contribuição para o VAB
da região, Campo Bom representa uma
participação pequena do VAB do setor
agropecuário do COREDE, de 3,5%. Essa
mesma constatação se vê no PIB do setor da
Administração Pública, de 4,3%, e as parcelas
das atividades de Serviços e de Indústria contribuem, respectivamente com 3,9% e 5,3% do VAB regional
(Tabela 4).
Tabela 4. Produto Interno Bruto de 2007 dos municípios do COREDE Vale do Rio dos Sinos.
PIB preço
de mercado (R$ mil)
PIB per capita (R$)
Composição do Valor Adicionado Bruto a preço básico
Agropecuária (R$ mil)
Indústria (R$ mil)
Adm. Pública (R$ mil)
Serviço (R$ mil)
Araricá 41.226 8.623 948 12.503 9.711 22.655
Campo Bom 1.115.628 19.712 1.960 404.817 106.959 560.357
Canoas 10.770.196 32.991 3.066 3.425.879 659.211 5.994.439
Dois Irmãos 470.110 18.945 5.453 156.958 46.802 240.943
Estância Velha 496.518 12.187 2.316 160.132 77.334 279.986
Esteio 1.850.860 23.483 371 328.567 159.517 1.254.139
Ivoti 312.261 16.863 3.895 90.064 36.259 182.521
Nova Hartz 251.435 15.067 1.794 116.155 30.908 100.593
Nova Santa Rita 245.553 11.925 9.467 76.127 40.569 122.793
Novo Hamburgo 4.113.919 16.256 9.528 945.672 477.035 2.453.336
Portão 566.079 19.805 12.103 267.040 54.732 220.986
São Leopoldo 2.669.679 12.852 1.965 708.038 403.559 1.670.324
Sapiranga 892.472 12.064 2.797 305.054 130.750 498.880
Sapucaia do Sul 1.575.791 12.892 518 614.113 242.508 736.181
Corede Vale do Rio dos Sinos 25.371.728 19.992 56.182 7.611.119 2.475.752 14.338.134
Rio Grande do Sul 176.615.073 16.689 15.118.200 40.923.746 20.643.948 97.690.850
Fonte: FEE Dados. Dados extraídos do site da Fundação de Economia e Estatística (www.fee.rs.gov.br) em Setembro de 2010.
O PIB do município teve um forte crescimento entre os anos de 1998 e 2004 (Figura 6), e o PIB per
capita seguiu esta mesma tendência (Figura 7). Tal quadro de crescimento pode ser explicado pelo aumento da
Figura 5. Composição do Valor Adicionado Bruto a preço básico, de 2007
Fonte: FEE Dados. Dados extraídos do site da Fundação de Economia e Estatística (www.fee.rs.gov.br) em Setembro de
2010
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
19
diversificação do setor industrial. O pólo industrial norte recebeu a instalação de indústrias diversificadas, a
exemplo de empresas do setor de logística, indústria de colchões, e outras.
Figura 6. Evolução do Produto Interno Bruto do município (PIB)
Figura 7. Evolução do Produto Interno Bruto per capita (PIBpm)
Fonte: FEE Dados. Dados extraídos do site da Fundação de Economia e Estatística (www.fee.rs.gov.br) em Agosto de 2010.
O COREDE da Região do Vale do Rio dos Sinos é responsável por aproximadamente 16,3% do PIB
estadual (2002), sendo considerado o 2º PIB do Estado, porém apresenta evolução abaixo da média estadual
(Rumos 2015).
O município de Campo Bom apresentou um crescimento econômico no período de 1996-2002 de 50%.
As atividades industriais renderam a Campo Bom, em 2002, a 10º colocação com 1,80% na participação
municipal do PIB industrial do Rio Grande do Sul. Outros municípios também pertencentes à COREDE Vale do
Rio dos Sinos tiveram colocações entre os 20 primeiros como: Canoas que foi o 1º com 10,22%, Novo
Hamburgo o 8º com 3,20%, Sapucaia do Sul o 11º com 1,70%, São Leopoldo o 13º com 1,50%, Portão o 14º
com 1,38%, Sapiranga o 15º com 1,36% e Esteio o 19º com 1,13% (FEE).
Quanto aos indicadores de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE1), o município de Campo Bom
apresenta índices classificados como altos (acima de 0,8) de acordo com os dados estatísticos da FEE, no ano
de 2007. Neste ano de 2007, Campo Bom obteve a nona posição, integrando assim a lista dos 10 municípios
com os maiores IDESE do Estado do Rio Grande do Sul. Na Figura 8, podem ser verificados os índices
alcançados pelos quatro blocos temáticos: Educação, Renda, Saneamento e Domicílio e Saúde. Dentre eles,
destaca-se: o da Saúde (0,891), em seguida o de Educação (0,857) e logo após o de Renda (0,819), índices
considerados altos. Contudo, o índice de Saneamento e Domicílio é caracterizado como de desenvolvimento
médio (0,683). Esses indicadores quando comparados com os da sua COREDE, apresentam valores maiores,
com exceção do componente Renda. Desta forma, o IDESE Geral do município, de 0,8125 está acima do IDESE
Geral do COREDE Vale do Rio dos Sinos, de 0,781.
1 Índice de Desenvolvimento Socioeconômico: é um índice sintético, inspirado no IDH, que abrange um conjunto amplo de indicadores sociais e econômicos classificados em quatro blocos temáticos: Educação; Renda; Saneamento e Domicílios; e Saúde. Ele tem por objetivo mensurar e acompanhar o nível de desenvolvimento do Estado, de seus municípios e Coredes, informando a sociedade e orientando os governos (municipal e estadual) nas suas políticas socioeconômicas. O Idese varia de zero a um e, assim como o IDH, permite que se classifique o Estado, os municípios ou os Coredes em três níveis de desenvolvimento: baixo (índices até 0,499), médio (entre 0,500 e 0,799) ou alto (maiores ou iguais que 0,800).
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
20
Figura 8. Índices de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE)
Fonte: IPEADATA. Dados extraídos do site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (
http://www.ipeadata.gov.br) em agosto de 2010.
Quanto ao IDH2 (Índice de Desenvolvimento Humano), o município apresentou avanços consideráveis
nos últimos anos, valores esses da última avaliação realizada no ano de 2000 (ver Erro! Fonte de referência
não encontrada.). Nesse ano, Campo Bom ficou entre os 30 municípios com os melhores IDHs do Estado.
Figura 9. Índices de Desenvolvimento Humano (IDH)
Fonte: IPEADATA. Dados extraídos do site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (
http://www.ipeadata.gov.br) em agosto de 2010.
Quanto à questão da desigualdade social, o município não apresentou avanços no período de 1991 a
2000, conforme o índice L. de Theil3 houve um acréscimo de 0,05 ao período anterior, ou seja, aumento na
desigualdade de renda entre os indivíduos. Os índices de pobreza, dado a partir do cálculo do número de
2 Índice de Desenvolvimento Humano: Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar, PPC (paridade do poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um.
3 Índice de L. de Theil: mede a desigualdade na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. É o logaritmo da razão entre as médias aritmética e geométrica das rendas individuais, sendo nulo quando não existir desigualdade de renda entre os indivíduos e tendente ao infinito quando a desigualdade tender ao máximo. Para seu cálculo, excluem-se do universo os indivíduos com renda domiciliar per capita nula. (Ipea).
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
21
pessoas pobres4 e indigentes5 apresentaram situações diferentes. Houve uma diminuição no número de pessoas
pobres (7,52) e no número de pessoas indigentes (2,8). Abaixo, os gráficos desses resultados (ver Figura 10,
Figura 11 e Figura 12).
Figura 10. Desigualdade: Índice de L. de Theil (0-1)
Figura 11. Pobreza: % de pessoas pobres
Figura 12. Pobreza: % de pessoas indigentes
Fonte: IPEADATA. Dados extraídos do site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ( http://www.ipeadata.gov.br) em agosto de 2010
Na análise da população economicamente ativa do município de Campo Bom, na década de 70,
verifica-se a gradativa migração de pessoas ativas da área rural para a área urbana. Naquele ano, mais de 91%
da população produtiva encontrava-se na cidade, tal porcentagem aumentou para 96,21% no ano 2000 (Figura
13). Outra relação a ser observada, é o número de pessoas ocupadas6, nos últimos trinta anos, o número de
pessoas ocupadas na área urbana apresentou crescimento, enquanto o número de pessoas ocupadas na área
rural vem se tornando cada vez menor (Figura 14) (IPEADATA).
Figura 13. População Economicamente Ativa: total, rural e urbana.
Figura 14. População Ocupada: rural e urbana.
Fonte: Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea). Dados extraídos do site (www.ipeadata.gov.br) em agosto de 2010.
4 Pessoas pobres: percentual de pessoas com renda domiciliar per capita inferior ou equivalente a 1/2 do salário mínimo.
5 Pessoas indigentes: percentual de pessoas com renda domiciliar per capita inferior ou equivalente a 1/4 do salário mínimo.
6 População ocupada e população desocupada: compreendem o potencial de mão-de-obra com que pode contar o setor produtivo. No entanto, população ocupada são aquelas pessoas que, num determinado período de referência, trabalharam ou tinham trabalho, mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias). Já a população desocupada são aquelas pessoas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, nem que, para isso, tomaram alguma providência efetiva (consultando pessoas, jornais, etc.).
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
22
Em relação ao rendimento nominal mensal7 (dados do Censo de 2000), pode ser constatado que 50%
dos domicílios encontram-se na faixa de renda de 0 a 3 salários mínimos, faixa de renda foco das políticas
habitacionais de interesse social. Em torno de 21% recebem entre 3 a 5 e, 26% acima de 5 salários mínimos
(Figura 15).
Figura 15. Valor do rendimento nominal médio mensal das famílias residentes em domicílios particulares por classes de rendimento
Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 2000.
3.1.4. Caracterização do Território
3.1.4.1. DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO E DOS DOMICÍLIOS NO
TERRITÓRIO DO MUNICÍPIO
O município de Campo Bom possui uma área de 57.324 km² (FEE, 2008). Seus limites são definidos ao
norte pelas cidades de Dois Irmãos e Sapiranga, ao Sul e a oeste por Novo Hamburgo, e a leste por Sapiranga
(site Município de Campo Bom e site agenda2020). Apesar de contar com uma população predominantemente
urbana, ainda restam áreas caracterizadas por atividades agrícolas, e áreas de preservação, nos extremos norte
e sul do município, e à leste fica a área de expansão urbana do município, assim gravada pelo Plano Diretor de
2006, conforme pode ser observado no mapa do Plano Diretor abaixo (Figura 16).
7 Considera-se como rendimento nominal mensal da pessoa de 10 anos ou mais de idade, responsável pelo domicílio particular, a soma do rendimento nominal mensal de trabalho com o proveniente de outras fontes (IBGE, 2000).
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
23
Figura 16. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Campo Bom
Fonte: Prefeitura de Campo Bom, 2006.
Ressalta-se que Campo Bom não possui Distritos, apenas bairros, delimitados dentro do perímetro
urbano (Figura 16).
Conforme dados do Censo Demográfico de 2000 (IBGE), Campo Bom possui 16.253 domicílios para
uma população de 54.018 habitantes, distribuídos em 75 setores censitários (Figura 18).
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
24
Figura 17. Bairros de Campo Bom Figura 18. Setores Censitários de Campo Bom
Fonte: Prefeitura de Campo Bom, 2010. IBGE, 2000. Edição Gráfica Pixel Planejamento, 2010
Esses domicílios apresentam uma determinada distribuição sobre o território (ver Figura 19), observa-se
um maior número de domicílios no setor rural ao sul da cidade, e nos setores censitários contidos nos bairros8 T,
U, V, Y, Z, P, Operária, N, L, Santa Lúcia e Quatro Colônias, além da área rural ao sul da cidade. No entanto,
quando observada a densidade habitacional (Figura 20), que reflete de fato a intensidade de ocupação do
território, observa-se um grande adensamento dos bairros Operário, P, E, M, e Santa Lúcia.
Figura 19. Distribuição dos domicílios no território: nº de domicílios por setor censitário em 2000.
Figura 20. Densidade habitacional: no de domicílios/ Km2
Fonte: IBGE, 2000. Edição gráfica Pixel Planejamento, 2010
8 Pelo fato de não existirem Distritos, as análises aqui realizadas com relação aos dados do Censo de 2000 (distribuídos em setores censitários, de difícil interpretação na malha urbana), serão feitas com referência a proximidade dos bairros.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
25
3.1.5. Condicionantes Ambientais
O município de Campo Bom localiza-se na Macrozona Terras Onduladas (coxilhas), dentro da Bacia
Hidrográfica do Rio dos Sinos (Figura 21).
Figura 21. Visão geral da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos e seu macrozoneamento
Fonte: http://www.portalprosinos.com.br/
Esta macrozona é caracterizada por área de rochas sedimentares (arenitos e depósitos de sedimentos
nas margens dos rios. A vegetação que predomina são matas, os campos de pastagens e as plantações
(arrozais). Nesta região os afluentes do Rio dos Sinos são os rios Rolante, da Ilha e Paranhana.
Nesta área o processo predatório já é grave. Há muitos desmatamentos, desvios do curso do rio para
irrigação, dragas retirando areia do leito e a calha do rio já apresenta vestígios de poluição industrial e caseira.
Estudos desenvolvidos por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Oliveira,
Penteado, Saldanha, Ross, 2009) demonstram as áreas com suscetibilidade às inundações do Rio dos Sinos, e
como pode ser visto na Figura 22, Campo Bom localiza-se em uma área considerada de média-alta
suscetibilidade.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
26
Figura 22. Mapa de suscetibilidade às inundações do Rio dos Sinos
Fonte: http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2008/11.10.14.48/doc/4173-4180.pdf
No município de Campo Bom têm ocorrido cheias, principalmente na época de inverno e primavera,
acima dos níveis seguros para a população que vive em áreas ribeirinhas. Em setembro de 2009 a cheia do Rio
dos Sinos atingiu o Bairro Barrinha, deixando desalojadas várias famílias (Figura 23).
Figura 23. Imagem da enchente no bairro Barrinha, em Campo Bom, em setembro de 2009
Fonte: http://www.jornalnh.com.br/site/galeria/galerias,canal-8,ed-60,ct-494,cd-220022,tp-1,c-220022,gal-26733.htm#
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
27
Verifica-se, portanto a necessidade de ações preventivas a estas cheias, como a retirada das famílias
das áreas de preservação permanente, adequando o município à legislação federal - Resolução n. 303, de 20 de
março de 2002, além da elaboração de um plano de manejo ambiental e de recursos hídricos.
3.1.6. Situação dos Domicílios
Nesse item será apresentado um panorama geral da situação habitacional das localidades do município
no que tange a questões relativas à propriedade dos imóveis, terrenos, além disso, informações que definem os
serviços de infraestrutura e saneamento básico: abastecimento de água, unidade sanitária, esgotamento
sanitário e coleta de lixo. Os dados, a seguir, são referentes ao Censo Demográfico realizado pelo IBGE em
2000.
Quanto à propriedade dos domicílios, 64% são proprietários das residências onde vivem, e outros 7%
estão em processo de aquisição (ver Figura 24). Em seguida, estão os imóveis alugados (21%), e os imóveis
cedidos de outra forma (6%), seguido de cedidos pelos empregadores (2%), mediante taxa de ocupação ou
conservação. Na opção, outra condição, que não chega a 1% dos domicílios de Campo Bom, estão os domicílios
localizados em estabelecimento agropecuário arrendado ou ocupados por invasão.
Figura 24. Situação dos domicílios
Fonte: Censo de 2000, IBGE
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
28
A localização das situações de
propriedade dos tipos “cedida de outra
forma” e ”em outra condição”, que
resumem as situações de inseguridade
com relação à propriedade do imóvel
(pessoas vivendo de favores, invasão de
imóveis, etc), estão em maior número de
domicílios nos bairros Operária, N, K, na
zona Industrial ao lado do bairro Operária,
e na área rural ao sul do município (0).
Quanto à condição de ocupação
do terreno em que se localiza o domicílio,
91% são de propriedade dos moradores,
seguido por terrenos cedidos, 8%. Em
outras condições, com 1% dos domicílios
nesta situação, trata de terreno ocupado
em outra situação como, por exemplo,
invasão.
Figura 26. Condição de ocupação do terreno
Fonte: Censo de 2000, IBGE
A localização dos terrenos em “outra condição de ocupação”, que englobam as situações irregulares de
propriedade do solo, está em maior número no bairro J (Figura 27).
Figura 25. Propriedade dos domicílios no município do tipo “cedido de outra forma” ou “em outra condição”.
Fonte: Censo Demográfico de 2000. Dados extraídos do site do IBGE
(www.ibge.gov.br).
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
29
Figura 27. “Outra Condição de Ocupação” do terreno em que se localiza o domicílio.
Fonte: Censo Demográfico de 2000. Dados extraídos do site do IBGE (www.ibge.gov.br)
A oferta de serviço de infraestrutura e saneamento básico é bem diferenciada na cidade. Conforme
dados do Censo em 2000, o fornecimento de água por poço ou nascente, ou por outra condição de
abastecimento9, situações inadequadas de abastecimento de água, são encontradas principalmente na área de
expansão leste do município, e na zona industrial norte, mas também existem diversos casos espalhados nos
diversos bairros do município, conforme pode ser visto na Figura 28.
Figura 28. Abastecimento de água inadequado no município
Fonte: Censo Demográfico de 2000. Dados extraídos do site do IBGE (www.ibge.gov.br)
9 É definido quando o domicílio é servido de água de reservatório (caixa), abastecido com água das chuvas, por carro-pipa, ou ainda, por poço ou nascente, localizados fora do terreno ou da propriedade onde estava construído. (IBGE, 2000)
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
30
Informações obtidas com o gerente da CORSAN, com relação à rede de abastecimento de água em
Campo Bom, para o ano de 2010, indicam que existem 14.220 ligações, o que significa um aumento de 4,82%
no atendimento, visto que dados do SNIS indicam que em 2008 eram 13.565 ligações ativas (Tabela 5), o que
significa 73,84% de um total de 18.370 domicílios estimados pela Contagem Populacional realizada em 2007 em
Campo Bom.
Tabela 5. Dados do Sistema Nacional de Informações Sanitárias
Ano
Prestador Serviço
População total atendida
com abastecimento
de água [habitante]
Quantidade de ligações
totais de água
[ligação]
População rural atendida
com abastecimento
de água [habitante]
População urbana
atendida com abastecimento
de água [habitante]
População total
atendida com
esgotamento sanitário
[habitante]
Quantidade de ligações
totais de esgoto
[ligação]
População rural
atendida com
esgotamento sanitário
[habitante]
População urbana
atendida com
esgotamento sanitário
[habitante]
Tipo de distrito
atendido com água
2008 CORSAN ÁGUA 48,714 13,565 0 48,714 0 0 0 0 SEDE
Fonte:SNIS, 2010.
A gerência da Corsan confirmou o cadastro de 585 poços artesianos pela Corsan, mas que existem
cerca de 2100 poços no município.
Figura 29. Esgotamento sanitário por sistemas inadequados
Fonte: Censo Demográfico de 2000. Dados extraídos do site do IBGE
(www.ibge.gov.br)
Segundo dados do SNIS de 2008, o município não possui rede de esgoto com separação total (esgoto
cloacal e pluvial). Esta situação permanece, segundo confirmação dos técnicos municipais, que confirmaram a
existência de redes pluviais e uso de fossas sépticas.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
31
De acordo com dados
do Censo de 2000 do IBGE,
relativos ao esgotamento
sanitário, mostram que os
sistemas fossa rudimentar, vala,
despejo direto em rio, lago, mar
ou outro destino inadequado,
ocorre em maior número de
domicílios na área rural sul, na
zona de expansão leste, e no
bairro J. Nas demais áreas os
domicílios destinam seus
dejetos a sistemas de fossa
séptica. Permanece a carência
em todo o município de uma
rede geral de esgoto
separadora.
Quanto à presença de
unidade sanitária, apenas na
área de expansão leste a
situação é mais preocupante,
mas são apenas nove
domicílios sem unidade
sanitária (banheiro), interna ao
domicílio.
Quanto à coleta de lixo,
as áreas com maior número de
domicílios destinando
inadequadamente seus
resíduos (lixo queimado,
enterrado, jogado em terreno,
jogado em rio, ou outro destino
inadequado) são a área de
expansão leste, nas áreas rurais
norte e sul.
Figura 30. Ausência de unidade sanitária nos domicílios.
Figura 31. Destinação inadequada de lixo realizada nos domicílios
Fonte: Censo Demográfico de 2000. Dados extraídos do site do IBGE (www.ibge.gov.br)
Fonte: Censo Demográfico de 2000. Dados extraídos do site do IBGE (www.ibge.gov.br)
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
32
3.2. ATORES SOCIAIS
3.2.1. Movimentos Sociais e Participação Popular
A criação do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) pelo Governo Federal através
da lei 11.124 de 2005 estabeleceu uma série de princípios e diretrizes centrais na definição das políticas
públicas de habitação que vêm sendo implantadas desde então. Prerrogativas que passam pela viabilização do
acesso à moradia digna e sustentável para a população de baixa renda, pelo reconhecimento da função social
da propriedade urbana, pelo uso da moradia como vetor de inclusão social, além da democratização,
transparência e controle social dos processos decisórios.
O presente Plano de Habitação de Interesse Social (PLHIS) que está sendo desenvolvido para o
município de Campo Bom coaduna com esse contexto, reconhecendo que a construção de um diagnóstico
democrático e verossímil das carências habitacionais deve obrigatoriamente envolver a mobilização da
sociedade civil organizada. Através da participação de entidades, associações ou indivíduos que vivenciam
diariamente o conjunto de carências e dificuldades ligadas à falta de infraestrutura e acesso à habitação formal,
torna-se possível levantar uma série de informações e percepções fundamentais compreender os problemas
presentes, e consubstanciar um conjunto de estratégias de ação coerentes com a realidade analisada.
Com isso, a importância dada à participação popular no processo de elaboração do PLHIS justifica-se
aqui principalmente por três aspectos. Primeiro como parte de um movimento de ampliação do processo
democrático no país que vem progressivamente descentralizando uma série de decisões do Estado e
valorizando a autonomia e inclusão dos movimentos sociais no processo político. Neste caso, a criação de
espaços para a participação da sociedade civil organizada na elaboração do PLHIS além de tornar pública a
produção de um instrumento de planejamento que será implementado pelo Estado, ainda insere no interior deste
processo agentes locais e movimentos sociais interessados em participar.
Em segundo lugar, a participação popular é aqui valorizada por reconhecer uma série de saberes,
conhecimentos e experiências compartilhadas por aqueles que vivem na cidade e vivenciam efetivamente as
carências e a situação habitacional do município. Ao inserir esses agentes na elaboração do PLHIS, inserem-se
também suas trajetórias pessoais e uma série de informações acumuladas ao longo da sua biografia enquanto
moradores do município. Processo que por um lado relativiza o papel dos agentes do Estado, pois amplia a
elaboração e o desenvolvimento de uma política pública para outros setores da sociedade civil, e por outro
relativiza o papel dos técnicos ao possibilitar a inserção de outros saberes ligados à experiência dos indivíduos
na elaboração do plano.
Por fim, o diálogo com os agentes locais possibilita também um levantamento e diagnóstico das
políticas de habitação já implantadas ou existentes no município e os resultados obtidos, além de identificar e
reconhecer as relações e tensões existentes entre o poder público e a sociedade civil organizada.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
33
3.2.1.1. METODOLOGIA ADOTADA
Duas grandes estratégias de participação popular foram adotadas para a elaboração da etapa de
diagnóstico do PLHIS de Campo Bom. A primeira dela consistiu na realização de uma audiência pública com o
intuito de apresentar e tornar público para a população local o desenvolvimento do trabalho (objetivos, conceitos,
princípios, etc.), além de obter junto aos participantes informações pertinentes sobre questões ligadas à situação
habitacional do município. Realizada no dia 26 de junho de 2010 na Câmara de Vereadores, contou com
participação significativa da população, além da presença de representantes de entidades como: a Associação
dos Artesãos do Bairro Operário, Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, Movimento Nacional de Luta pela
Moradia, Federação das Associações de Moradores do Rio Grande do Sul (FEGAM-RS), União das Associações
de Bairros e Vilas de Campo Bom, Cooperativa Bem Viver e Caminhada pela Moradia Rio Branco.
Para facilitar o desenvolvimento da audiência foram realizadas dinâmicas de grupo com o objetivo de
incentivar a participação dos presentes. Foram formados pequenos grupos, onde cada qual recebeu um mapa
do município de Campo Bom, devendo então localizar áreas pobres ou com carências de infraestrutura (água,
luz, infraestrutura, coleta de lixo) e sugerir locais para a implantação de novos empreendimentos de habitação
popular. Os resultados posteriormente foram compilados e utilizados como base para levantamentos
consecutivos de dados e informações junto à administração municipal.
Além da audiência, foi realizado também contato com a diretoria da União das Associações de Bairros e
Vilas de Campo Bom com o objetivo de viabilizar um diálogo direto com lideranças de movimentos sociais que
atuam no município. Duas reuniões foram realizadas: a primeira no dia 25 de Agosto de 2010 na sede do Centro
Cultural Marcelo Breunig, e a segunda no dia 23 de Setembro de 2010 na sede da Associação Comunitária
Operária, Floresta e Esperança. Em ambas participaram representantes de associações de moradores,
cooperativas habitacionais e entidades de classe, dentre elas: União das Associações de Bairros e Vilas de
Campo Bom, Associação Comunitária Operária, Floresta e Esperança, Associação dos Moradores Aurora-
Ipiranga, Associação dos Moradores do Bairro Imigrante, Associação do Bairro 25 de Julho, Associação dos
Moradores Resistência e Luta, COOPERBOM, Associação Comunitária Habitacional Recanto da Paz, Centro
Cultural Marcelo Breunig e Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom.
Nas discussões realizadas, os presentes foram questionados inicialmente sobre áreas e bairros do
município com necessidades habitacionais e de infraestrutura mais urgentes, sobre áreas de proteção ambiental
ocupadas, áreas com risco de despejo, histórico de remoções no município, histórico dos programas de
habitação e possibilidades de acesso destes à população de baixa renda. Foram também debatidos temas
ligados à relação da administração municipal com os movimentos sociais, funcionamentos dos conselhos, do
histórico e das possibilidades de participação popular na definição, gestão e controle das políticas públicas de
habitação.
Por fim, foram coletados depoimentos sobre a atuação das associações de moradores no município,
onde os representantes presentes foram incentivados a relatar o histórico de atuação das suas entidades,
atividades realizadas e reivindicações atendidas junto ao poder público. Importante ressaltar que as reuniões,
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
34
apesar de terem um roteiro definido, eram abertas e conduzidas a partir da interação com os presentes, tentando
explorar ao máximo as questões por eles consideradas mais pertinentes ou problemáticas frente à situação
habitacional do município.
Foram distribuídos também questionários aos representantes das associações de bairro e cooperativas
de habitação do município, visando à obtenção de dados mais precisos sobre as questões acima descritas, em
especial sobre a presença de famílias morando em áreas de risco ou não regularizadas. A distribuição foi
intermediada pela União das Associações de Bairros e Vilas de Campo Bom, e ao total onze questionários foram
respondidos pelas seguintes entidades sobre os seus respectivos bairros/vilas/ocupações:
Tabela 6. Entidades que responderam ao questionário proposto.
Associação de Moradores do Bairro Imigrante Bairros Imigrante Norte e Sul
Associação dos Moradores Dona Augusta Bairro Dona Augusta
Associação Comunitária Operária, Floresta e Esperança (I) Bairros Operário, Floresta e Esperança
Associação Comunitária Operária, Floresta e Esperança (II) Bairros Operário, Floresta e Esperança
Associação dos Moradores Ipiranga-Aurora Bairros Ipiranga e Aurora
Associação Comunitária Habitacional Recanto da Paz Loteamento União
Associação Comunitária Habitacional Recanto da Paz Loteamento Mônaco
Associação Comunitária Habitacional Recanto da Paz Loteamento Renascer
Associação dos Moradores da Ocupação Resistência e Luta Ocupação na Avenida São Leopoldo
COOPERBOM
União das Associações de Bairros e Vilas de Campo Bom
3.2.1.2. RESULTADOS OBTIDOS
Os resultados obtidos a partir da audiência, das reuniões realizadas e dos questionários aplicados
foram divididos em três grandes temas. Um primeiro com informações sobre o município de Campo Bom,
abrangendo aí indicações sobre problemas sociais de forma ampla (desemprego, violência, consumo de drogas,
etc.), sobre áreas onde devem ser priorizados investimentos, locais com problema de acesso à infraestrutura,
áreas de risco ocupadas e investimentos recentes feitos pela prefeitura. O segundo tema diz respeito às
associações de bairro que atuam no município, apresentando dados sobre sua atuação e sobre sua capacidade
de organização. Por fim são apresentadas algumas questões relativas à relação da prefeitura de Campo Bom
com os movimentos sociais da cidade e sobre o funcionamento dos conselhos municipais.
Importante lembrar que os resultados que aqui estão sendo apresentados pretendem apenas sintetizar
informações, elementos ou impressões hauridas durante a audiência pública e as reuniões realizadas. São
dados subjetivos mas que nos permitem identificar como os entrevistados percebem o seu município. As
carências, demandas, problemas e dificuldades por eles apontados podem não ser definitivas, mas certamente
apontam direções que devem ser avaliadas ao longo do processos de elaboração das políticas habitacionais do
município.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
35
3.2.1.2.1. SOBRE O MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
Quando questionados sobre quais áreas da cidade apresentariam os maiores problemas de habitação,
infraestrutura e onde a prefeitura deveria investir em habitação, dez áreas foram citadas de forma espontânea
por aqueles que responderam aos questionários10: Aurora, Associação Recanto da Paz, Barrinha, Dona
Augusta, Ipiranga, Jardim do Sol, Mônaco, Operária, União e Renascer; além daqueles que não citaram nenhum
local específico respondendo somente “Irregulares”, “Ocupação” ou “Todos”.
No entanto, ao agrupar as citações válidas (excluindo as respostas que não citaram nominalmente
nenhum local) foi possível identificar que elas se reúnem em duas grandes áreas: Uma faixa vertical que começa
no Bairro Aurora, passando pelo Bairro Ipiranga, Bairro Dona Augusta, terminando no Bairro Operário; e uma
faixa ao Leste da área urbana consolidada do município. Informações que foram confirmadas nas duas reuniões
realizadas e podem ser visualizadas nas tabelas e no mapa seguinte:
Tabela 7. Áreas mais citadas e respectivo percentual em relação ao total de citações.
Tabela 8. Áreas da tabela 1 agrupadas.
Área Citada Percentual
Mônaco 14,6
Dona Augusta 12,2
Operária 12,1
Aurora 9,8
Asso. Recanto da Paz 7,4
União-Renascer 7,4
Jardim do Sol 2,4
Ipiranga 4,9
Barrinha 4,9
Todos 19,5
Ocupação/Irregular 4,8
Grandes áreas Percentual Eixo Aurora-Operário 39,0
Faixa Leste 36,6
Todos/Ocupação/Irregular 24,4
10 Este resultado reúne as respostas de três perguntas diferentes: 1)Qual o bairro ou lugar da cidade de Campo Bom que tem os maiores problemas de habitação? 2)Qual o bairro ou lugar da cidade de Campo Bom que tem os maiores problemas de infraestrutura? 3)Qual o primeiro bairro ou lugar da cidade onde a prefeitura deveria investir em habitação? Como eram perguntas abertas foi feito um total de 41 citações entre bairros, vilas, loteamentos e termos genéricos como “todos” ou “vários”.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
36
Figura 32. Mapa do Município de Campo Bom com as duas grandes áreas identificadas a partir do resultado dos questionários aplicados
Dos bairros que fazem parte da área destacada em azul, alguns ainda apresentam problemas de falta
de infraestrutura básica. Lideranças que atuam nos bairros Dona Augusta, Aurora e Ipiranga, indicaram existir
nas localidades em questão famílias ainda sem acesso formal à rede de água, rede de esgoto e luz elétrica.
Bairros que contam também com áreas ocupadas nas quais um número significativo de famílias estaria vivendo
em situação precária e de alto risco. No bairro Aurora foi apontada a presença de uma ocupação com cerca de
50 famílias sob a rede de alta tensão que cruza o bairro e que ainda sofre com enchentes em função do Arroio
Schimdt que corre próximo ao local. Já no Bairro Dona Augusta está localizada a Ocupação Resistência e Luta
que abriga cerca de 100 famílias sumariamente despejadas em 2007 de outra área que ocupavam no mesmo
bairro desde 2003. Ressaltando que área atual apresenta sérios riscos aos seus moradores por estar à margem
da Avenida São Leopoldo, e por ser parte do cone de aproximação do Aeroclube de Novo Hamburgo. Em ambos
os casos tratam-se de áreas particulares invadidas, fato que agrava ainda mais a precariedade das famílias em
função do risco iminente de despejo.
Ocupações menores foram relatadas também pelas lideranças que atuam nos bairros Operário e
Imigrante Norte. Cabe destacar que segundo o representante da Associação de Moradores do Bairro Imigrante,
o assentamento apontado conta apenas com 15 famílias, mas está localizado numa área ao norte da RS-239
(Rua Cascata), sem acesso pavimentado, coleta de lixo, saneamento básico, transporte público, creche e ainda
sofre com alagamentos.
Os representantes das entidades que atuam nos bairros Operário, Dona Augusta, Aurora, Ipiranga e na
Ocupação Resistência e Luta apontaram também para a presença de problemas ligados ao consumo de drogas
e à violência, além de apontarem a pobreza como um dos principais problemas das suas respectivas regiões. O
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
37
representante dos bairros Aurora e Ipiranga relatou também a presença de graves problemas ambientais na
região, chegando inclusive a reivindicar um projeto ambiental para a bacia do Arroio Schimdt que margeia o
Bairro Aurora.
Já na área destacada em vermelho no mapa da figura 1, um dos principais problemas identificados é a
proximidade com o Rio dos Sinos e as constantes enchentes, principalmente nos bairros mais ao sul: Barrinha,
Vila Rica, Porto Blos e 25 de julho, sendo que para este último foi apontada a presença de cerca de 20 famílias
que vivem em situação precária numa estreita faixa entre a estrada e um banhado. Já na parte norte dessa
mesma área, cabe aqui destacar a situação dos loteamentos União, Mônaco e Renascer que fazem parte da
Associação Comunitária Habitacional Recanto da Paz. O caso do loteamento União parece o mais grave, pois
segundo o representante da entidade responsável, ele ainda não conta com acesso regular a água potável, luz
elétrica, rede de esgoto, pavimentação, espaços de lazer, além de contar com cerca de 27 famílias morando em
área de preservação ambiental. Para os outros dois, também foi apontado a existência de moradias sem acesso
regular à rede de água e esgoto, além de problemas no calçamento das ruas e falta de espaços de lazer.
Quando questionados sobre quais deveriam ser os critérios utilizados para definir as áreas prioritárias
para investimento em habitação popular pela administração municipal, os participantes das duas reuniões foram
unânimes. Todos apontaram que as áreas da faixa leste deveriam ser priorizadas, principalmente aquelas
famílias que estão em áreas de risco, insalubres ou de preservação. Igualmente, áreas que estão em risco
iminente de despejo ou em situação irregular em outros locais do município também deveriam ser atendidas
prontamente pelos programas habitacionais, de preferência com a transferência das famílias para locais
adequados e dotados de toda a infraestrutura necessária. Além disso, foi recorrente também a prerrogativa de
que deveria ser privilegiada a população com renda até três salários mínimos.
Sobre os bairros que compõe a área azul acima destacada, vale apontar que foi reconhecida pelas
lideranças que responderam aos questionários, uma série de investimentos realizados pela prefeitura. Nos
bairros Aurora e Ipiranga foi citada a reforma do campo do Independente, a construção de uma piscina pública,
ampliação do posto de saúde e asfaltamento de algumas vias. Já no bairro Operário foi citada também a
ampliação do posto de saúde e o cercamento das escolas, e no bairro Dona Augusta a construção de escolas e
melhoria nas ruas. No entanto todos concordaram que os investimentos em habitação popular município de
Campo Bom poderiam ser realizados de forma mais contínua, revelando aí uma demanda que deve ser
privilegiada pela administração municipal em paralelo aos demais investimentos que já vem sendo feitos no
município.
3.2.1.2.2. SOBRE AS ENTIDADES
O contato com as associações de bairro e cooperativas habitacionais que atuam no município foi
intermediado pela União das Associações de Bairros e Vilas de Campo Bom (UAVB). A entidade sediada no
bairro COHAB Sul, foi fundada no ano de 2008, é filiada a Federação das Associações de Moradores do Rio
Grande do Sul (FEGAM-RS), e conta hoje com 20 associações de bairro filiadas, sendo elas as seguintes:
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
38
Tabela 9. Associações filiadas a União das Associações de Bairros e Vilas de Campo Bom
Associação Comunitária Floresta, Esperança e Operária Ass. dos Moradores do Núcleo Habitacional Renascer
Associação dos Moradores Ipiranga-Aurora Associação dos Moradores Bela Vista
Associação dos Moradores do Bairro Imigrante Associação dos Moradores do Lot. Rio Branco
Associação dos Moradores do Loteamento Quatro Colônias Associação dos Moradores do Bairro Santo Antonio Associação dos Moradores Porto Blos Associação dos Moradores do Bairro Santa Lúcia
Associação dos Moradores Resistência e Luta Associação dos Moradores do Bairro Morada do Sol
Associação dos Moradores Dona Augusta Associação dos Moradores do Bairro Celeste Associação dos Moradores do Bairro 25 de Julho Associação dos Moradores do Bairro Vila Nova
Associação dos Moradores do Bairro COHAB leste Associação dos Moradores do Bairro Sempre Unidos
Associação dos Moradores Morar Bem Associação dos Moradores Cohab Sul
A entidade tem se mostrado bem atuante frente às discussões que envolvem as questões habitacionais
do município, além de manter uma boa estrutura administrativa com regimento interno, eleições para a diretoria
e conselho fiscal. Além disso, a entidade tem apoiado também o fortalecimento das demais entidades de bairros,
tendo participando ativamente da organização da Associação dos Moradores Resistência e Luta, que hoje
responde pela população da já citada ocupação às margens da Avenida São Leopoldo. Segundo relatado na
segunda reunião realizada, a entidade estaria atualmente auxiliando também na constituição da Associação dos
Moradores do Núcleo Habitacional Renascer, junto ao também já citado loteamento que faz parte da Associação
Comunitária Habitacional Recanto da Paz.
O município conta também com outras entidades com um tempo expressivo de atuação, destacando a
Associação Comunitária Floresta, Esperança e Operária (21 anos), Associação dos Moradores Ipiranga-Aurora
(20 anos), Associação dos Moradores do Bairro 25 de Julho (24 anos) e a Associação dos Moradores do Bairro
Imigrante (16 anos). Outro dado significativo é o fato de algumas entidades como a Associação Comunitária
Floresta, Esperança e Operária, Associação dos Moradores Cohab Sul, Associação dos Moradores do Bairro
Celeste, Associação dos Moradores Bela Vista, Associação dos Moradores Ipiranga-Aurora e a Associação dos
Moradores Resistência e Luta, terem publicado no blog da UAVB11 a posse das suas últimas diretorias eleitas
(fotos, membros, etc.). Elemento que pode apontar para uma boa organização interna das entidades, boa
relação delas com a UAVB, além da existência de processos eletivos para escolha de seus dirigentes.
Representantes de algumas associações de bairro presentes na segunda reunião relataram também
que quando conseguem realizar boas mobilizações populares a favor de determinada demanda, conseguem
deslocar investimentos públicos para as suas respectivas localidades. Citando, por exemplo, a realização de
obras de calçamento e instalação de creches nos bairros Operário e Aurora. No entanto as entidades continuam
se mobilizando, cabendo aqui citar mais dois casos: Uma manifestação realizada no ano de 2009 em conjunto
pela UAVB e pela Associação Comunitária Floresta, Esperança e Operária em protesto contra a morte de uma
menina na Avenida dos Municípios, cobrando melhor sinalização, passarelas e conclusão da ciclovia; e uma
ação coordenada pela Associação dos Moradores do Bairro COHAB Leste pela devolução do seguro pago junto
às mensalidades das casas como ressarcimento dos investimentos realizados pelos moradores para corrigir
problemas decorrentes de falhas na construção.
11 http://uabvcampobom.blogspot.com
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
39
Além das associações de bairro, o município de Campo Bom conta também com algumas cooperativas
habitacionais responsáveis pelo trabalho em torno da regularização de loteamentos existentes no município.
Dentre elas apenas a COOPERBOM e a Associação Comunitária Habitacional Recanto da Paz participaram das
reuniões e responderam aos questionários, a primeira atuante desde 2007 e a segunda desde 2002. Segundo o
representante de ambas as entidades, as áreas atendidas pela Associação Comunitária Habitacional Recanto da
Paz contam com aproximadamente 600 lotes ainda em situação de regularização e com sérias carências de
infraestrutura básica, conforme já descrito anteriormente. No entanto, foi por ele ressaltado que apesar das
fontes de recursos para investimento em infraestrutura e habitação existirem (tanto no plano estadual quanto
federal), há grandes dificuldades em vencer os procedimentos burocráticos necessários para finalizar o
processo.
Ao serem questionados (tanto nas reuniões quanto nos questionários) sobre possíveis formas de
participar nos processos de planejamento, gestão e avaliação dos problemas habitacionais do município, os
representantes das entidades em geral foram a favor do desenvolvimento de estratégias e políticas públicas que
fortalecem os movimentos sociais do município. Segundo eles, as entidades por estarem próximas da população
dos seus bairros, podem desempenhar um papel central no levantamento in-loco de informações e dados sobre
as carências habitacionais e de infraestrutura das suas localidades. Atuariam como mediadores entre o poder
público e população, articulando as demandas e facilitando o acesso aos benefícios.
Por fim, foi ressaltada também a importância de fortalecer a atuação e a autonomia da UAVB, por ser
uma entidade ampla capaz de reunir e valorizar as demais associações de bairro e inclusive manter um contato
profícuo com as cooperativas habitacionais e entidades de classe. Importante aqui ressaltar que tanto a UAVB
quanto as outras entidades aqui citadas, estão sendo valorizadas apenas enquanto espaços institucionalizados
que podem desempenhar um papel extremamente frutífero na articulação entre a sociedade civil e administração
pública, a despeito de questões político-partidárias. O incentivo a gestão democrática e ao controle social no
planejamento e na gestão das políticas habitacionais são prerrogativa do Ministério das Cidades, no entanto ela
só é possível quando compreendido por ambas as partes que a participação popular e a atuação dos
movimentos sociais devem transcender a discussão retórica entre situação-oposição. Como o município de
Campo Bom conta com movimentos sociais bem articulados, cabe agora investir em estratégias de diálogo e de
consolidação de espaços que favoreçam sua atuação de forma saudável e colaborativa.
3.2.1.2.3. SOBRE A RELAÇÃO COM A ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL
Os resultados da aplicação dos questionários e os debates realizados nas duas reuniões nos permitem
concluir que a relação entre a administração municipal e os movimentos sociais que atuam no município de
Campo Bom ainda pode ser melhorada. As respostas às perguntas “A prefeitura abre espaço para a população
participar das decisões sobre investimentos e planejamento?” e “A prefeitura abre espaço para os movimentos
sociais?” obteve resposta negativa em 91% dos questionários respondidos, sendo que os 9% restantes
responderam que “apenas em parte”, não tendo sido registrada nenhuma resposta positiva. Informação
confirmada nas reuniões realizadas, onde muitos dos presentes afirmaram que apesar da abertura que vêm
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
40
sendo dada pela administração atual, ainda pesa sobre a prefeitura um histórico de pouco incentivo e não
reconhecimento da atuação e da legitimidade dos movimentos sociais do município. Motivos de divergência
política e ideológica foram frequentemente citados como os principais motivos para tal tensão, deixando claro
novamente que o desenvolvimento da participação popular ainda permanece atrelado a disputas partidárias.
Mesmo espaços legalmente instituídos, como os diversos conselhos municipais, tiveram sua atuação
questionada por alguns participantes das reuniões, críticas geralmente voltadas para a ausência de critérios
claros na seleção das entidades escolhidas para preencher as vagas existentes.
Tomando como exemplo o Conselho Municipal Gestor do FMHIS criado em 2009 pela lei municipal
nº3.385, que garante em seu artigo 9º uma vaga para representante de entidade associativa de bairros, mas não
define nenhum critério ou processo de como escolher a entidade que ocupará a vaga. Quanto ao conselho, cabe
citar que desde a sua criação ele se reuniu apenas uma vez em dezembro de 2009, e seu funcionamento foi
largamente cobrado pelos participantes das reuniões. Outro caso questionado foi o do Conselho Municipal de
Saúde criado em 2007 pela lei municipal nº3.130. Este por sua vez define em seu artigo 1º quatro vagas
distribuídas entre a Associação dos Moradores Ipiranga-Aurora, Associação dos Moradores do Bairro COHAB
leste, Associação dos Moradores Bela Vista e Associação dos Moradores do Bairro Celeste, sem, no entanto
deixar claro porque a definição destas entidades específicas entre as 30 existentes no município.
Cabe ressaltar que os representantes das entidades que participaram das reuniões mostraram-se
interessados em participar mais ativamente dos processos decisórios do município, apesar da relação muitas
vezes não muito harmônica com o poder o público. Frisando aqui que a participação popular além de um
instrumento de ampliação da democracia pode também funcionar como um bom instrumento de planejamento.
Nesse sentido, os movimentos sociais organizados existentes em Campo Bom devem ser incentivados e os
moradores conscientizados da sua importância para o município.
3.3. NECESSIDADES HABITACIONAIS
A quantificação das necessidades habitacionais no município de Campo Bom tem por finalidade a
construção de um quadro que possa definir os esforços do poder público, e ofertas da iniciativa privada, no setor
habitacional, com foco na população de baixa renda.
O município de Campo Bom está inserido em uma região que possui bons índices socioeconômicos, e
de saneamento, no entanto existem famílias em situação precária, principalmente em áreas de risco ambiental,
sujeitas à problemas com enchentes, ou em áreas desprovidas de saneamento básico.
O PLHIS vem ao encontro da resolução destas demandas, revelando que é preciso confrontar, de
acordo com informações da Fundação de Economia e Estatística (FEE), com base nos dados do Censo
Demográfico de 2000, um Déficit Habitacional de 1.310 domicílios (8,10% do total de domicílios do município),
e 4.048 situações diversas de inadequação das moradias.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
41
De acordo com relatos e informações dadas durante a primeira audiência do PLHIS de Campo Bom,
que contou com a elaboração de um mapeamento das necessidades habitacionais na ótica dos moradores
(Figura 33), a questão de precariedade em saneamento básico está presente de maneira geral em todos os
assentamentos informais do município. Estes assentamentos localizam-se de maneira geral nas áreas limítrofes
do município, mas com maior incidência na borda leste, área de expansão da cidade, e em outra área à oeste,
limite com Novo Hamburgo.
Figura 33. Mapa das necessidades habitacionais segundo os moradores da cidade, resultante da oficina realizada na primeira audiência, de Metodologia, do PLHIS de Campo Bom
Fonte: População presente na primeira audiência do PLHIS de Campo Bom, 2009. Edição gráfica Pixel Planejamento. 2010.
Na audiência, realizada na Câmara de Vereadores, foi ressaltado o problema da ocupação irregular nas
faixas de domínio das estradas municipais e ocupações ribeirinhas ao Rio dos Sinos.
3.3.1. Definições
Parte-se aqui das definições dadas pela Fundação João Pinheiro e pela Fundação de Economia e
Estatística, para as necessidades habitacionais “com o intuito de colocar ao alcance da sociedade parâmetros e
informações que retratem mais fielmente a realidade da questão habitacional no Brasil, de modo a subsidiar a
definição de políticas públicas e a alocação dos recursos” (FJP, 2005, p.5).
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
42
“Dentro do conceito mais amplo de necessidades habitacionais, a metodologia
desenvolvida trabalha com dois segmentos distintos: o déficit habitacional e a inadequação
de moradias. Como déficit habitacional entende-se a noção mais imediata e intuitiva de
necessidade de construção de novas moradias para a solução de problemas sociais e específicos
de habitação, detectados em um certo momento. O conceito de inadequação de moradias reflete
problemas na qualidade de vida dos moradores que não se relacionam ao dimensionamento do
estoque de habitações, e sim a especificidades internas desse estoque. Seu dimensionamento
visa ao delineamento de políticas complementares à construção de moradias, voltadas à melhoria
do estoque já existente” (FJP, 2005, p.7).
O cálculo do déficit habitacional é composto pelo somatório dos domicílios e/ou famílias com os
seguintes atributos:
(i) domicílios improvisados - construções para fins não residenciais, mas que estavam servindo de
moradia por ocasião do Censo;
(ii) coabitação familiar - representado pelo total de famílias conviventes no mesmo domicílio ou
indicando o aluguel de quartos ou cômodos para moradia de outras famílias, revelando a insuficiência do
estoque habitacional para atender à demanda;
(iii) cômodo cedido ou alugado - tipos de domicílios com um ou mais aposentos localizados em casa de
cômodos, cortiço, cabeça-de-porco, etc. e que se encontravam na condição de alugados ou cedidos por
empregador e/ou de outra forma.
(iiii) domicílios rústicos - são aqueles sem paredes de alvenaria ou madeira aparelhada, o que resulta
em desconforto e risco de contaminação por doenças, em decorrência das suas condições de insalubridade, e
devem, portanto, serem repostos. A depreciação de domicílios está relacionada ao pressuposto de que há um
limite para a vida útil de um imóvel a partir do qual são exigidos reparos em sua estrutura física, visando à
conservação de sua habitabilidade. Toma-se 50 anos de construção como o limite que define a necessidade de
reposição do estoque. Aplica-se um percentual sobre o montante de imóveis construídos antes desse limite,
devido à suposição de que parte desse estoque tenha passado regularmente por manutenção e reformas,
mantendo assim suas condições de uso.
A inadequação de moradias é resultante dos domicílios que não proporcionam a seus moradores
condições desejáveis de habitabilidade (por terem carência ou deficiência de infraestrutura, adensamento
excessivo de moradores, problemas de natureza fundiária, alto grau de depreciação ou sem unidade sanitária
domiciliar exclusiva), mas sem implicar em necessidade de construção de novas unidades.
O adensamento excessivo ocorre quando o domicílio apresenta um número médio de moradores
superior a três por dormitório. O número de dormitórios corresponde ao total de cômodos que, em caráter
permanente, sirvam de dormitório para os moradores do domicílio. Incluem-se aqui os que assim são utilizados
em função de inexistir acomodação adequada a essa finalidade.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
43
A inexistência de unidade sanitária domiciliar exclusiva define o domicílio que não dispunha de banheiro
ou sanitário de uso exclusivo do domicílio.
A irregularidade fundiária é dada pela quantidade de domicílios próprios em terreno não próprio.
A carência ou deficiência de infraestrutura leva em consideração a qualidade dos serviços relacionados
ao ambiente em que a moradia está inserida. Essa modalidade de inadequação foi identificada a partir das
condições de carência de alguma de suas modalidades (iluminação, abastecimento de água, instalação sanitária
ou destino do lixo) ou de deficiência no acesso, ou seja, com presença dessas mesmas modalidades de
infraestrutura, porém em situação não adequada. A quantificação parte da expressão de uma contagem não
redundante, visto que os registros com mais de uma situação nos tipos de deficiência são contabilizados uma
única vez, evitando a dupla contagem.
Tabela 10. Condições de domicílio quanto ao tipo de inadequação por infraestrutura
Variável censo 2000
Tipo de inadequação por infraestrutura
Situação do domicílio
Condição do domicílio quanto de inadequação por infraestrutura
1 2 3 4 5 6 7
VO213 Iluminação
Elétrica c/ medidor
Sem iluminação elétrica
- - -
Urbano Adequado Carente - - -
Rural Adequado Carente - - -
VO207 e VO208
Abastecimento de água
Rede geral com canalização
Poço com canalização
outro com canalização
Rede geral sem canalização
Poço sem canalização
Outro sem canalização
-
Urbano Adequado Adequado Carente Inadequado Inadequado Carente -
Rural Adequado Adequado Carente Inadequado Inadequado Carente -
V0211 Instalação sanitária
Rede geral Fossa ligada Fossa rudimentar Vala negra
Rio, lago ou mar Outro
Urbano Adequado Adequado Inadequado Carente Carente Carente
Rural Adequado Adequado Inadequado Carente Carente Carente
V0212 Destino do lixo
Coletado direto
coletado indireto Queimado Enterrado
Jogado no terreno
Jogado no rio Outro
Urbano Adequado Inadequado Carente Carente Carente Carente Carente
Rural metropolitano
Adequado Adequado Carente Inadequado Carente Carente Carente
Rural não metropolitano
Adequado Adequado Carente Adequado Carente Carente Carente
Fonte: Fundação de Economia e Estatística, 2004. http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/sobreafee/pg_deficit_pop_notas.php
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
44
3.3.2. QUANTIFICAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE DÉFICIT HABITACIONAL E A
INADEQUAÇÃO DE MORADIAS
Os resultados da pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro a partir de dados do Censo de 2000,
realizado pelo IBGE, indica que Campo Bom possuía no ano de 2000 um Déficit Habitacional de 1.310
domicílios, e 4.048 situações diversas de inadequação das moradias, como pode ser visto na Tabela 11,
abaixo.
Tabela 11. Déficit Habitacional e Inadequação de Moradias – dados de 2000
Déficit Habitacional Básico
Inadequação das moradias
Apenas um critério Mais de um
critério
Dom
icíli
os im
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os
Dom
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27 239 168 876 1,310 546 1,605 - 266 10 124 12 2,017 576 909 4,048
Fonte: Fundação João Pinheiro, 2005
O fator que mais contribui para o Déficit Habitacional (falta de casas) é o número de famílias
conviventes (67%), seguido dos domicílios rústicos (18%), quantidade de cômodos alugados (13%) e domicílios
improvisados (2%) (Figura 34), e para a Inadequação de Moradias é a condição de carência de infra-estrutura
(50%), seguido pela irregularidade fundiária (22%), domicílios sem sanitário (14%), e adensamento excessivo
(14%) (Figura 35).
Figura 34. Déficit Habitacional Figura 35. Inadequação de Moradias
Fonte: Fundação João Pinheiro, 2005
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
45
3.3.2.1. DÉFICIT HABITACIONAL
O cálculo do Déficit Habitacional aponta o número de unidades habitacionais novas necessárias para
atender à demanda atual, que segundo a FJP, a partir de dados do Censo de 2000 do IBGE, é de 1.310 novos
domicílios (Tabela 12). Como dito no item anterior, o fator que mais contribui para o Déficit de Campo Bom é o
número de famílias conviventes, com 876 famílias nesta condição.
Tabela 12. Componentes do Déficit habitacional – dados de 2000
Déficit Habitacional Básico
Domicílios improvisados
Domicílios Rústicos
Quantidade de Cômodos alugados
Famílias conviventes
DÉFICIT
27 239 168 876 1,310
Fonte: Fundação João Pinheiro, 2005
Com relação à composição do Déficit Habitacional por faixas de renda, 57% da demanda encontra-se
na faixa entre 0 e 3 salários mínimos, que é a população-foco das políticas habitacionais de atendimento com
subsídios governamentais.
Visto que os dados do Censo de 2000
apresentam certa defasagem, foi feito um esforço de
estimação do aumento do Déficit habitacional para o
ano de 2025.
Esta estimativa considerou em seu cálculo
as taxas de projeção da população, baseadas no
período 1989-2009. A partir dos dados referenciais
de população de cada ano, foi mantida a proporção
do Déficit Habitacional do ano de 2000, último
Censo Populacional, de 8,96%, e mantida a taxa de
moradores por domicílio de 2007, última contagem
populacional, de 3,08%. O resultado desta
estimativa é de um Déficit para o ano de 2025 de
1802 domicílios.
Tabela 13. Estimativa do Déficit habitacional futuro
Composição do Cenário
2000 2010 2013 2017 2021 2025
Domicílios 16253 19379 19975 20769 21564 22358
População 54018 59688 61523 63970 66417 68864
Proporção do déficit 8.06% 8.06% 8.06% 8.06% 8.06% 8.06%
Taxa de moradores 3.32 3.08 3.08 3.08 3.08 3.08
Déficit 1310 1562 1610 1674 1738 1802
Foram mantidas neste cenário as taxas de moradores por domicílio, observada na Contagem Populacional de 2007, e a porcentagem de
domicílios em déficit, contabilizada pelo Censo de 2000
Fonte: Pixel Planejamento, com base nos dados do IBGE
Figura 36. Déficit habitacional por faixas de renda
Fonte: Fundação João Pinheiro, 2005
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
46
3.3.2.2. INADEQUAÇÃO DE MORADIAS
São consideradas inadequadas as moradias que apresentam carência de infraestrutura básica (energia
elétrica, abastecimento de água, esgotamento sanitário,
unidade sanitária e coleta de lixo), onde há adensamento
excessivo (mais de três pessoas por cômodo-dormitório), ou
exista situação de irregularidade fundiária.
De acordo com dados da FJP, a partir dos dados do
Censo de 2000, realizado pelo IBGE, existem 4.048
situações diversas (Tabela 14), que apresentam ao menos
um dos componentes de inadequação citados acima, sendo
que, de acordo com as análises da Fundação João Pinheiro,
28% (1.148 domicílios) destas inadequações localizam-se em
domicílios de famílias com faixa de renda entre 0 e 3 Salários
mínimos, que são o foco das políticas de habitação de
interesse social. Este dado leva a considerar que o problema
da inadequação, estando tão igualmente distribuído entre as faixas de renda (Figura 37), é um problema
generalizado na cidade, e que devido ao fato de o maior componente da inadequação ser a carência de
infraestrutura, que este deva ser um foco das políticas públicas do município, com destaque para as redes de
água e de esgotamento sanitário.
Tabela 14. Componentes da Inadequação das moradias– dados de 2000
Inadequação das moradias
Apenas um critério Mais de um critério
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546 1,605 - 266 10 124 12 2,017 576 909 4,048
Carência de infra-estrutura - dois critérios simultâneos
iluminação e água 10
iluminação e esgoto 21
água e esgoto 73
água e lixo 20
Carência de infra-estrutura - três critérios simultâneos
água, esgoto e lixo 12
Fonte: Fundação João Pinheiro, 2005
Sobre os diversos componentes da Inadequação habitacional, observando para cada um as
participações das faixas de renda, também se observa a manutenção de uma distribuição equânime em todos os
Figura 37. Faixas de renda que compõem a inadequação
Fonte: Fundação João Pinheiro, 2005
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
47
componentes, com exceção da Carência em infraestrutura, que é maior nas faixas de renda acima de 5 salários
mínimos (Figura 38).
Figura 38. Distribuição dos componentes da inadequação habitacional por faixas de renda – dados de 2000
INADEQUAÇÃO FUNDIÁRIA
NA FAIXA DE 0 A 3 SM 316
NA FAIXA DE 3 A 5 SM 348
NA FAIXA MAIS DE 5 SM 245
TOTAL 909
SEM SANITÁRIO
NA FAIXA DE 0 A 3 SM 237
NA FAIXA DE 3 A 5 SM 211
NA FAIXA MAIS DE 5 SM 128
TOTAL 576
ADENSAMENTO EXCESSIVO
NA FAIXA DE 0 A 3 SM 162
NA FAIXA DE 3 A 5 SM 188
NA FAIXA MAIS DE 5 SM 196
TOTAL 546
CARÊNCIA DE INFRA-ESTRUTURA
NA FAIXA DE 0 A 3 SM 433
NA FAIXA DE 3 A 5 SM 587
NA FAIXA MAIS DE 5 SM 997
TOTAL 2017
Fonte: Fundação João Pinheiro, 2005
3.4. PROGRAMAS, AÇÕES E OFERTA HABITACIONAL
Em Campo Bom vêm sendo realizadas ações com o intuito de atender às demandas da área
habitacional, a maior parte dessas ações acontece por intermédio do Município, além do município, também
atuam como intermediadores da produção habitacional a Associação de Habitação Popular de Campo Bom e
entidades comunitárias. As ações realizadas tiveram como objeto o fornecimento de unidades habitacionais,
fornecimento de lotes, dotação de infraestrutura básica e melhorias habitacionais.
3.4.1. Definições
A Oferta Habitacional é aqui caracterizada em termos quantitativos, apresentando um panorama da
produção habitacional de interesse social realizada no município, considerando o número de unidades
habitacionais produzidas, além de provisão de serviços de urbanização (rede de abastecimento de água, rede de
esgoto pluvial, de energia elétrica e pavimentação) e melhorias habitacionais (reformas). São identificados os
agentes intermediadores (Prefeitura Municipal, Associação de Habitação Popular de Campo Bom, Cooperativa
Bem Viver), no intuito de verificar o perfil de produção habitacional de interesse social do município.
3.4.2. Oferta de moradia e solo urbanizado
O levantamento do perfil da oferta habitacional de Campo Bom foi feito com base em documentação
fornecida pela prefeitura com dados a partir do ano de 1983.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
48
Na década de 80 foram realizadas quatro ações na área habitacional no município: três tendo como
objeto a oferta de lotes urbanizados e uma tendo como objeto a oferta de lotes urbanizados com unidade
habitacional. Na década de 90 também foram realizadas quatro ações na área habitacional: duas tendo como
objeto a oferta de lotes urbanizados, uma ofertando lotes urbanizados e unidades habitacionais e uma realizando
melhorias habitacionais. Entre 2000 e 2010 foram realizadas sete ações na área habitacional: uma tendo como
objeto a produção de lotes urbanizados, uma ofertando lotes urbanizados com unidades habitacionais, duas
ofertando unidades habitacionais.
Os programas e ações na área habitacionais realizados em Campo Bom são descritos a seguir:
3.4.2.1. LOTEAMENTO ESPERANÇA (1983):
Empreendimento executado no município através da PM de Campo Bom, com o objetivo de atender
famílias em situação de vulnerabilidade social.
Nesse empreendimento foram executados 237 lotes urbanizados, a seleção dos beneficiados foi feita
através de sorteio entre famílias de trabalhadores residentes no município com renda de até 3 salários
mínimos.
As famílias beneficiadas puderam adquirir o imóvel por seu preço de custo efetuando o pagamento ao
município em 72 parcelas mensais. Para a primeira edificação os beneficiados ficaram dispensados do
pagamento de taxas referentes à licença para a execução de obra, desde que utilizassem a planta de padrão
popular da PM de Campo Bom.
3.4.2.2. LOTEAMENTO AURORA (1983/1984):
Empreendimento executado no município através da PM de Campo Bom, com o objetivo de atender
famílias em situação de vulnerabilidade social.
Nesse empreendimento foram executados 195 lotes urbanizados, a seleção dos beneficiados foi feita
através de sorteio entre famílias de trabalhadores residentes no município com renda de até 2 salários
mínimos.
As famílias beneficiadas puderam adquirir o imóvel por seu preço de custo efetuando o pagamento ao
município em 60 parcelas mensais. Para a primeira edificação os beneficiados ficaram dispensados do
pagamento de taxas referentes à licença para a execução de obra, desde que utilizassem a planta de padrão
popular da PM de Campo Bom.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
49
Figura 39. Vista Geral do loteamento Aurora Figura 40. Escola do loteamento Aurora
Fonte: Pixel Planejamento, 2010 Fonte: Pixel Planejamento, 2010
3.4.2.3. LOTEAMENTO SEMPRE UNIDOS (1987):
Empreendimento executado no município através da PM de Campo Bom, com o objetivo de atender
preferencialmente famílias que viviam em situação irregular na Vila Eletrosul.
Nesse empreendimento foram executados 143 lotes urbanizados, para se candidatar como possíveis
beneficiadas as famílias teriam que cumprir os seguintes critérios:
I. Residir na localidade a ser beneficiada;
II. Ter renda familiar de até 3 salários mínimos;
III. Trabalhar em local em um raio de 800m da área onde foi executado o empreendimento;
IV. Ter 30% dos membros da família trabalhando regularmente, com renda fixa e carteira de
trabalho assinada;
V. Não possuir outro imóvel;
Em caso de igualdade de condições seria beneficiada a família residente há mais tempo no local e a
família com maior número de dependentes. Em caso de persistir a igualdade seria realizado sorteio.
Os beneficiados foram selecionados por uma comissão composta por:
1. Um vereador, representante do Legislativo Municipal;
2. Um representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social;
3. Um técnico da área social da Secretaria Municipal do Planejamento;
4. Um representante dos moradores da Vila Eletrosul;
5. Um representante do Gabinete do Prefeito.
As famílias beneficiadas puderam adquirir o imóvel por seu preço de custo efetuando o pagamento ao
município em 180 parcelas mensais. Para a primeira edificação os beneficiados ficaram dispensados do
pagamento de taxas referentes à licença para execução de obra, desde que utilizassem a planta de padrão
popular da PM de Campo Bom.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
50
Figura 41. Loteamento Sempre Unidos
Fonte: Pixel Planejamento, 2010
3.4.2.4. VILA NOVA (1989):
Empreendimento executado no município através da Sociedade Comunitária de Habitação Popular
de Campo Bom, com o objetivo de atender famílias residentes em sub-habitação no território do município.
Nesse empreendimento foram executados 100 lotes urbanizados com unidade habitacional em
madeira a seleção dos beneficiados foi feita através de sorteio entre famílias que atendessem os seguintes
critérios:
I. Residir em sub-habitação,
II. Possuir cadastro na Secretaria de Planejamento do Município;
III. Renda Familiar percebida, mensalmente de até 3 salários mínimos;
IV. Trabalhar regularmente, como empregados, com renda fixa e carteira de trabalho profissional
devidamente anotada, ou como autônomo, possuindo Alvará de licença;
V. Não possuir outro imóvel;
Em caso de igualdade de condições seria beneficiada a família residente há mais tempo em núcleo de
sub-habitação e a família com maior número de dependentes. Em caso de persistir a igualdade seria realizado
sorteio.
As famílias beneficiadas puderam adquirir o imóvel por seu preço de custo efetuando o pagamento em
180 parcelas mensais. Para a primeira edificação os beneficiados ficaram dispensados do pagamento de taxas
referentes à licença.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
51
3.4.2.5. QUATRO COLÔNIAS (1990):
Empreendimento executado no município através da Sociedade Comunitária de Habitação Popular
de Campo, com o objetivo de atender preferencialmente famílias que viviam em situação irregular no território
do município.
Nesse empreendimento foram oferecidos 115 lotes urbanizados com unidade habitacional em
alvenaria, para se candidatar como possíveis beneficiadas as famílias teriam que cumprir os seguintes critérios:
I. Residir no município há mais de 5 anos;
II. Ter renda familiar de até 5 salários mínimos;
III. Trabalhar regularmente, como empregados, com carteira profissional devidamente anotada, ou
como autônomo, possuindo Alvará de licença, para localização e/ou funcionamento;
IV. Não possuir outro imóvel;
V. Possuir família regularmente constituída, nos moldes da Constituição Federal de 1988.
VI. Famílias que viviam em situação irregular no município tiveram preferência no atendimento,
não precisando atender o item I mencionado acima (foram disponibilizados 70 lotes para
atender beneficiados nessa situação).
Às famílias beneficiadas foi assegurado o direito de comprar o imóvel pelo valor de seu custo na época
da edificação, sem quaisquer reajustes, correção ou atualização, desde que permanecessem residindo no local
pelo prazo de cinco anos consecutivos.
Figura 42. Loteamento Quatro Colônias Figura 43. Loteamento Quatro Colônias
Fonte: Pixel Planejamento, 2010 Fonte: Pixel Planejamento, 2010
3.4.2.6. LOTEAMENTO RIO BRANCO (1993):
Empreendimento executado no município através da PM de Campo Bom, com o objetivo de atender
famílias em situação de vulnerabilidade social.
Nesse empreendimento foram executados 148 lotes urbanizados a seleção dos beneficiados foi feita
através de sorteio entre famílias que atendessem os seguintes critérios:
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
52
I. Famílias residentes há mais de cinco anos no município;
II. Rendimentos familiares mensais iguais ou inferiores a 5 salários mínimos;
III. Não fossem proprietários, promitentes compradores e/ou promitentes cessionários de algum
imóvel;
As famílias beneficiadas puderam adquirir o imóvel por seu preço de custo efetuando o pagamento ao
município em 72 parcelas mensais. Para a primeira edificação os beneficiados ficaram dispensados do
pagamento de taxas referentes à licença.
3.4.2.7. NOVA AURORA (1997):
Empreendimento executado no município através da Sociedade Comunitária de Habitação Popular
de Campo Bom, com o objetivo de atender famílias residentes em sub-habitação e/ou em área de risco no
território do município. Nesse empreendimento foram executados 32 lotes urbanizados.
Às famílias beneficiadas foi assegurado o direito de comprar o imóvel pelo valor de seu custo, sendo
esse, pago em 60 parcelas mensais. Para poder fazer a compra as famílias deviriam permanecer no local por
pelo menos 5 anos.
3.4.2.8. PROGRAMA HABITAR BRASIL (1999):
Programa realizado com verbas federais e contrapartida do Município de Campo Bom, teve o
objetivo de atender famílias em situação de desemprego ou com renda familiar em torno de 1,4 salários
mínimos, residentes em moradias em condições desfavoráveis de habitat, ou seja, moradias com suas
coberturas, pisos ou paredes em situação precária ou moradias com número de cômodos inferior ao necessário
para acomodar os membros da família.
As residências atendidas tinham em torno de dez anos não recebendo melhorias nesse período. O
levantamento das residências a serem atendidas foi feito por uma equipe multidisciplinar que procurou
diagnosticar quais as moradias em pior situação, buscando utilizar, da melhor maneira possível, o recurso
recebido, visto que, naquele momento a demanda por reformas era maior do que as verbas poderiam atender.
Através desse programa foram realizadas melhorias habitacionais (reformas) em 40 unidades
habitacionais do município, dispersas em várias localidades como: Loteamento Rio Branco, Loteamento Aurora,
Loteamento Esperança, Loteamento Celeste, Loteamento Sempre Unidos, Loteamento Ipiranga, Loteamento
Operária, Bairro 25 de Julho entre outros.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
53
Figura 44. Casa atendida Lot. Esperança – Foram reformados telhado e assoalho
Figura 45. Casa atendida Lot. Sempre Unidos – Foram reformados telhado e paredes
Fonte: PM Campo Bom Fonte: PM Campo Bom
Figura 46. Casa atendida Bairro 25 de Julho – Foram reformados telhado, assoalho, paredes e
estrutura.
Figura 47. Casa atendida Lot. Ipiranga – Foi reformado o telhado
Fonte: PM Campo Bom Fonte: PM Campo Bom
3.4.2.9. PROGRAMA MORAR MELHOR (2003):
Empreendimento executado com verbas federais e contrapartida do Município de Campo Bom, com
o objetivo de atender famílias em situação de vulnerabilidade social que não possuíam condições de financeiras
de arcar com aluguel.
Nesse empreendimento foram executados 24 lotes com unidade habitacional de 41,17m² e muro de
contenção, a seleção dos beneficiados foi feita através de sorteio entre famílias que atendessem os seguintes
critérios:
I. Famílias residentes há mais de cinco anos no município;
II. Rendimentos familiares mensais iguais ou inferiores a 3 salários mínimos;
III. Não fossem proprietários, promitentes compradores e/ou promitentes cessionários de algum
imóvel;
IV. Não houvessem sido beneficiados anteriormente com qualquer imóvel popular posto a
disposição pelo município por qualquer forma;
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
54
V. Possuíssem pelo menos um dos componentes do casal, com mais de 21 anos, ou
regularmente emancipado;
VI. Possuíssem filhos, ou um dos componentes do casal fosse deficiente físico ou mental.
As famílias beneficiadas puderam adquirir o imóvel por seu preço de custo efetuando o pagamento ao
município em 144 parcelas mensais.
Figura 48. Casa Padrão Programa Morar Melhor Figura 49. Casa Padrão Programa Morar Melhor
Fonte: Pixel Planejamento, 2010 Fonte: Pixel Planejamento, 2010
3.4.2.10. LOTEAMENTO MORADA DO SOL (2004):
Empreendimento executado no município através da PM de Campo Bom, com o objetivo de atender
famílias em situação de vulnerabilidade social.
Nesse empreendimento foram executados 310 lotes urbanizados com pelo menos 162m², as famílias
beneficiadas nesse programa receberam concessão remunerada de bem público durante o período de 12 anos.
Figura 50. Casas Loteamento Morada do Sol Figura 51. Creche Loteamento Morada do Sol
Fonte: Pixel Planejamento, 2010 Fonte: Pixel Planejamento, 2010
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
55
3.4.2.11. PAR PROGRAMA DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL (2007):
O Programa de Arrendamento Residencial (PAR) tem por objetivo propiciar moradia à população com
renda de até R$ 1800,00, sob a forma de arrendamento residencial por um período de 15 anos com opção de
compra do imóvel ao final desse período.
A família que optar pela compra do imóvel fica responsável pelo pagamento do saldo residual, se
houver, e das taxas de transferência do imóvel para seu nome.
São diretrizes do programa o fomento à oferta de unidades habitacionais e à melhoria das condições do
estoque de imóveis existentes, a promoção da melhoria da qualidade de vida das famílias beneficiadas, a
intervenção em áreas objeto de Planos Diretores, a criação de novos postos de trabalho diretos e indiretos, o
aproveitamento de imóveis públicos ociosos em áreas de interesse habitacional e o atendimento aos idosos e
portadores de deficiência física.
No município de Campo Bom foram executados 2 empreendimentos do PAR, esses
empreendimentos foram executados com verbas federais com contrapartida do município de Campo Bom.
PAR Dona Augusta: Nesse empreendimento foi executado prédio ofertando 144 unidades
habitacionais.
PAR Alto Paulista: Nesse empreendimento foi executado prédio ofertando 128 unidades
habitacionais.
Figura 52. PAR Dona Augusta
Fonte: Pixel Planejamento, 2010
Figura 53. PAR Alto Paulista
Fonte: Pixel Planejamento, 2010
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
56
Segue abaixo tabela síntese da produção habitacional no município:
Tabela 15. Síntese da oferta habitacional no município de Campo Bom
Ano Programa Agente Intermediador Produção
de Uhs Lotes
urbanizados Melhorias
Habitacionais
1983 Esperança Município de Campo Bom 0 237 0
1993/1994 Aurora Município de Campo Bom 0 195 0
1987 Sempre Unidos Município de Campo Bom 0 143 0
1993 Rio Branco Município de Campo Bom 0 148 0
1999 Habitar Brasil Município de Campo Bom 0 0 40
2003 Morar Melhor Município de Campo Bom 24 0 0
2004 Morada do Sol Município de Campo Bom 0 310 0
2007 PAR Dona Augusta Município de Campo Bom 144 0 0
2007 PAR Alto Paulista Município de Campo Bom 128 0 0
1989 Vila Nova Sociedade Comunitária 100 100 0
1990 Quatro Colônias Sociedade Comunitária 115 115 0
1997 Nova Aurora Sociedade Comunitária 0 32 0
2001 Bem Viver I Cooperativa Bem Viver
2003 Bem Viver II Cooperativa Bem Viver
2009 Bem Viver III Cooperativa Bem Viver 70 70
Totais 581 1350 40
Fonte: Prefeitura de Campo Bom
A tabela acima é um resumo da produção habitacional com foco na habitação de interesse social
realizada no município desde 1983 e quantifica essa produção de acordo com a ação realizada, as ações foram
divididas de acordo com seu agente intermediador.
Percebe-se que o intermediador que realizou o maior número de ações foi o município. Percebe-se
também, que ações realizadas tiveram como objeto o fornecimento de unidades habitacionais, fornecimento de
lotes, dotação de infraestrutura básica e melhorias habitacionais, sendo o item mais ofertado os lotes
urbanizados.
3.5. MARCOS REGULATÓRIOS E LEGAIS
O presente tem o objetivo de analisar a legislação em vigor no Município, com o foco nas normas
incidentes sobre o planejamento urbano e a política habitacional, sua adequação aos dispositivos do Estatuto da
Cidade, bem como identificar as condições legais para a implementação do Plano Local de Habitação.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
57
3.5.1. O Município na Ordem Constitucional
Num primeiro momento, e previamente ao exame da legislação municipal, importa contextualizar as
normas municipais na ordem jurídica vigente – Constituição Federal, Constituição Estadual e Lei Orgânica
Municipal.
Na definição das atribuições dos diversos entes da federação, a Constituição consagrou, no art. 182, o
município como o ente responsável para a implantação da política de desenvolvimento urbano, sendo que a
repartição das competências legislativas e executivas conferiu os poderes necessários para que os municípios
cumpram com suas responsabilidades. Ainda no art. 182, a Constituição indicou o plano diretor como o
instrumento básico da política de desenvolvimento urbano.
Nesse sentido, observa-se, de imediato, que Campo Bom dispõe não somente de Plano Diretor, como
de legislação que permite a promoção de programas e ações no sentido de cumprir com sua responsabilidade,
não obstante a necessidade de regulamentação de alguns dos instrumentos propostos, senão vejamos.
3.5.1.1. AS NORMAS MUNICIPAIS – DIRETRIZES GERAIS
3.5.1.1.1. LEI ORGÂNICA E LEGISLAÇÃO PRECEDENTE AO PLANO
DIRETOR
A Lei Orgânica municipal, de 1990, trata do Desenvolvimento Urbano no Capítulo III do Título II- Da
Política Urbana, nos artigos 99 a 109.
Neste capítulo, seguindo as diretrizes estabelecidas na Constituição federal, destaca o Plano Diretor
como instrumento básico na política de desenvolvimento urbano, orientando o cumprimento da função social da
cidade. É o que dispõe o art. 100:
Art. 100. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano é peça fundamental da gestão Municipal e tem por objetivo definir diretrizes para execução de programas Municipais que visem a redução da segregação das funções urbanas e o acesso da população ao solo, à habitação e aos serviços públicos, observados os seguintes princípios: I - determinar os limites físicos, em todo o território Municipal, das áreas urbanas, de expansão urbana, rurais e das reservas ambientais; II - determinar as normas técnicas mínimas obrigatórias a vigorar no processo de urbanização de áreas de expansão urbana; III - disciplinar o processo de desmembramento e de remembramento; IV - estabelecer as permissões e impedimentos do uso do solo em cada zona funcional, assim como os índices máximos e mínimos de aproveitamento do solo.
O Título II, ao tratar da ordem social, no capítulo I identifica os direitos e garantias dos munícipes no
exercício da cidadania. Neste capítulo, as diversas seções identificam como elemento das políticas sociais o
direito à moradia, à habitação, às condições dignas de vida. Na Seção que trata do direito à saúde (Seção III),
identifica o direito à moradia como condição:
Art. 120. Município promoverá por todos os meios ao seu alcance:
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58
I - condições dignas de trabalho, saneamento, moradia, alimentação, educação, transporte, lazer e saúde; II - acesso universal e igualitário a todos os habitantes do Município às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, sem qualquer discriminação.
O direito à habitação é reconhecido como objeto das ações de assistência social (Seção VI):
Art. 145. O Município promoverá programas de interesse social destinados a facilitar o acesso da população à habitação, priorizando: I - a regulamentação fundiária; II - a dotação de infraestrutura básica e de equipamentos sociais; III - a implantação de empreendimentos habitacionais. Parágrafo único. O Município apoiará a construção de moradias populares realizadas pelos próprios interessados, por regime de mutirão, por cooperativas e outras formas alternativas.
Frisa-se que, mesmo antes da edição do plano diretor atual, o município já dispunha de Código de
Edificações (Lei Municipal n. 422, de 1977, alterada pela Lei n.3504, de 2009), de legislação destinada à
habitação de população de baixa renda (Leis Municipais ns. 782 de 1983, 946 de 1986, 1005 de 1987 e 1305 de
1991) dentre outras normas. Tais normas possuem dispositivos que incidem – direta ou indiretamente – sobre a
política habitacional de interesse social, os quais aqui são destacados.
A primeira norma citada, Código de Edificações, no capítulo XIV tratou da habitação popular, nos arts.
147 a 154. O art. 147 estabeleceu sua conceituação e condições mínimas da edificação:
Art. 147. Entende-se por habitação tipo popular, o prédio urbano de até quatro pavimentos, destinado exclusivamente a moradia de uma só família por unidade habitacional, cuja área total construída, por unidade habitacional, não exceda a 70,00m² (setenta metros quadrados). Parágrafo único. A habitação tipo popular, deverá observar: a) cozinha com, no mínimo, 2,50m² (dois metros e cinqüenta decímetros quadrados); b) primeiro dormitório com, no mínimo, 9,00m² (nove metros quadrados), e os demais, com pelo menos, 7,50m² (sete metros e cinquenta decímetros quadrados); c) sala, com pelo menos 9,00m² (nove metros quadrados); d) área de serviço, quando houver, com largura mínima de 1,20m² (um metro e vinte decímetros quadrados), e área total suficiente para a distribuição dos equipamentos necessários (máquina de lavar roupas e tanque).
Os núcleos de habitação popular foram objeto de diversas leis municipais, sendo que cada uma
autorizou a instituição de um núcleo habitacional popular específico em área pública municipal, destinado à
moradia de trabalhadores com renda de até 3 salários mínimos. Ditas leis autorizaram a alienação dos lotes,
bem como estabeleceu as respectivas condições. É o caso das Leis n. 736 de 1982, 782 de 1983, 946 de 1986,
1005 de 1987 e 1305 de 1991 e da 1495 de 1993.
O parcelamento do solo foi regrado a partir de 1994, pela Lei n. 1597, a qual salientou expressamente,
no art. 1º, a aplicação das normas da Lei Federal 6766 de 1979. Desta forma, limitou-se a estabelecer as
normas específicas de aplicação no âmbito do Município. O loteamento popular é objeto de seção específica,
que abrange os arts.34 a 38, sendo que o art. 36 estabeleceu seus requisitos mínimos:
Art. 36. Os loteamentos populares deverão atender aos seguintes requisitos: I - Possuírem os lotes área mínima de 150,00m² (cento e cinquenta metros quadrados) e testada mínima de 9,00m (nove metros);
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II - Haver tratamento das áreas de recreação; III - Serem observados os ditames desta Lei, no que couber. Art. 37. No caso de loteamentos de interesse social promovidos e executados pelo Município ou de programas para o reassentamento de vilas irregulares, o Poder Executivo Municipal poderá fixar diretamente as dimensões dos lotes, quarteirões e vias, bem como estabelecer outras porcentagens de área pública e sistemas menos onerosos de abastecimento de água, esgotamento sanitário e iluminação pública, ouvido o Conselho do Plano Diretor. Art. 38. O loteamento popular que incluir a construção de unidades habitacionais unifamiliares, deverá também incluir a de edificação de equipamentos, a critério do setor competente, tais como escola, creche, posto de saúde, posto policial e/ou centro comunitário.
Ditos parâmetros, nos termos do art. 37, poderiam ser alterados quando se tratasse da implantação de
empreendimentos realizados pelo poder público. Este dispositivo, no entanto é conflitante com a diretriz
estabelecida no art. 2º, inciso XVI do Estatuto da Cidade, norma de ordem pública que afasta a aplicação da
norma municipal.
3.5.1.1.2. PLANO DIRETOR
Com o advento do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município, em 2006, foram
identificadas as suas diretrizes básicas, regrando notadamente de circulação urbana e rede viária, zoneamento,
instrumentos urbanísticos, planejamentos especiais, parcelamento do solo e edificações. Os instrumentos de
gestão urbana e ambiental são objeto de capítulo próprio, sendo que o art. 56 os identifica expressamente:
I - Instrumentos indutores do uso social da propriedade; II - Direito de preempção; III - Outorga onerosa do direito de construir; IV - Transferência do direito de construir; V - Direito de superfície; VI - Operações urbanas consorciadas; VII - Estudo de impacto de vizinhança.
Como instrumentos indutores do uso social da propriedade, o art. 57 arrola o parcelamento e/edificação
compulsória, a progressividade sobre o IPTU e a desapropriação por títulos da dívida pública. A aplicação de tais
instrumentos incide sobre imóveis não utilizados, não edificados ou subutilizados em áreas descritas em lei
específica, sob pena de aplicação da progressividade sobre o IPTU, nos termos da Lei Municipal n.2397 de
2002. É facultada a utilização dos instrumentos do Consórcio Imobiliário e das Operações Urbanas
Consorciadas.
Considerando a estrutura do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Campo Bom, os
programas integrantes do Plano Municipal de Habitação de Interesse Social deverão observar o zoneamento
previsto na Seção II do Capítulo II, considerando as características de cada uma das zonas ali descritas.
Especificamente dirigida ao atendimento às necessidades relacionadas à moradia de interesse social, o
Plano Diretor de Campo Bom prevê a aplicação do instrumento das AIS – Áreas de Interesse Social, definidas
como:
Art. 45. ÁREA DE INTERESSE SOCIAL - (AIS) - São áreas de propriedade pública ou privada, a serem detalhadas através de estudos, distribuídas em todo o território municipal, com ocupação irregular por
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60
população de baixa renda. 1º As áreas de interesse social poderão receber tratamento diferenciado, mediante legislação específica para cada projeto, de caráter social, para fins de regularização fundiária ou de remoção.
Como se pode observar, o instrumento é previsto tão somente para fins de regularização fundiária e
não para a produção habitações de interesse social, sendo que o art. 46 prevê a adoção do planejamento
especial para a sua implementação.
Observa-se que foi prevista a utilização dos instrumentos arrolados no art. 56 para a promoção de
programas e projetos habitacionais de interesse social, notadamente, o direito de preempção (art.61) e a outorga
onerosa do direito de construir (art. 69).
Do que se pode depreender, em linhas gerais, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de
Campo Bom, contempla os instrumentos necessários à formulação de um Plano de Habitação de Interesse
Social, não obstante eventualmente se faça necessário a regulamentação de alguns dos instrumentos nele
referidos, como, por exemplo, a definição de critérios para a identificação de Áreas de Interesse Social, bem
como para o estabelecimento das diretrizes para a sua implantação. Entende-se interessante, ainda, que se
examine a possibilidade de ampliar aplicação deste instrumento para contemplar a identificação de áreas para a
produção de habitação de interesse social, observada, é claro, a demanda existente.
3.5.1.1.3. O SISTEMA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Posteriormente à vigência do Plano Diretor de Desenvolvimento integrado de Campo Bom, foi aprovada
a lei que criou o Sistema Municipal de Habitação de Interesse Social – Lei n. 3385 de 2009. Seu artigo 1º
estabelece os objetivos do sistema:
Art. 1º Fica instituído o Sistema Municipal de Habitação de Interesse Social - SMHIS, com o objetivo de: I - viabilizar para a população de menor renda o acesso à terra urbanizada e à habitação digna e sustentável; II - implementar políticas e programas de investimentos e subsídios, promovendo e permitindo o acesso à habitação voltada à população de menor renda; e III - articular, compatibilizar, acompanhar e apoiar a atuação das instituições e órgãos que desempenham funções no setor da habitação.
O art. 3º identifica os princípios e diretrizes do sistema:
I - princípios: a) compatibilidade e integração com as Políticas Habitacionais Federal e Estadual, bem como das demais Políticas Setoriais de Desenvolvimento Urbano, Ambientais e de Inclusão Social; b) moradia digna como direito e vetor de inclusão social; c) democratização, descentralização, controle social e transparência dos procedimentos decisórios; d) função social da propriedade urbana visando a garantir atuação direcionada a coibir a especulação imobiliária e permitir o acesso à terra urbana e ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade.
II - diretrizes: a) prioridade para planos, programas e projetos habitacionais para a população de menor renda; b) utilização prioritária de incentivo ao aproveitamento de áreas dotadas de infraestrutura não utilizadas ou subutilizadas, inseridas na malha urbana;
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61
c) utilização prioritária de terrenos de propriedade do Poder Público para a implantação de projetos habitacionais de interesse social; d) sustentabilidade econômica, financeira e social dos programas e projetos implementados; e) incentivo à implementação dos diversos institutos jurídicos que regulamentam o acesso à moradia; f) incentivo à pesquisa, incorporação de desenvolvimento tecnológico e de formas alternativas de produção habitacional; g) adoção de mecanismos de acompanhamento e avaliação e de indicadores de impacto social das políticas, planos e programas; e h) estabelecimento de mecanismos de quotas para idosos, deficientes, e famílias chefiadas por mulheres, dentre o grupo identificado como o de menor renda da alínea "a" deste inciso.
A lei que instituiu o sistema criou o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social e o respectivo
conselho gestor, conforme já identificado no quadro, estabelecendo a origem e destinação dos recursos bem
como a sua gestão.
3.5.1.2. QUADRO GERAL DOS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA URBANA
O exame da norma municipal evidencia que foi prevista a utilização de vários dos instrumentos de
política urbana indicados no Estatuto da Cidade (art. 4º, incisos III a VI).
O quadro que segue identifica cada um dos instrumentos, as condições para a sua aplicação, bem
como a necessidade de eventual regulamentação por lei municipal específica, no caso de sua implementação
para a efetividade do Plano Municipal de Habitação.
Instrumento Previsão no Plano Diretor
Lei específica Observação/ Sugestão
Normas de parcelamento Arts. 48 a 52 Lei 1597/1994
Zoneamento ambiental Zona de Preservação Ambiental (ZPA) Norte e Sul
– art.13, parágrafo único, VIII e IX
Edificação/Parcelamento Compulsórios
IPTU progressivo no tempo Desapropriação mediante pagamento em títulos da
dívida pública
Previsto no art. 57 e regrado nos arts. 58 a 60. Identificação de áreas e
condições para a implementação dependente
de lei específica.
Regulamentar o instrumento
Consórcio imobiliário Previsto no art. 57.
Contribuição de melhoria Não é previsto Previsto no Código Tributário
Outorga Onerosa do direito de construir ou de alteração
de usos
Previsto no art. 56, e disciplinado nos arts. 66 a
69. Lei específica identificará áreas passíveis
de aplicação.
Regulamentar condições: fórmula de cálculo da
cobrança, isenção, contrapartida do
beneficiário, procedimento; critérios para identificação
dos imóveis.
Outorga Onerosa para alteração de usos
Não é previsto
Operação Urbana Consorciada
Previsto no art. 56, e disciplinado nos arts. 73 a
75.
Cada operação deve ser regida por lei específica
definindo condições.
AIS – Área de Interesse Social
Previsto no art. 13. Para a implementação do instrumento sugere-se
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62
maior detalhamento com relação a critérios para delimitação, bem como
parâmetros para a flexibilização dos
dispositivos
Transferência do Direito de Construir
Previsto no art. 56, e disciplinado nos arts. 70 e 71. Aplicação depende de
lei que delimite áreas para a aplicação do instrumento
Regulamentar o instrumento.
EIV – Estudo de Impacto de Vizinhança
Previsto no art. 56, e disciplinado nos arts. 76 a
78.
Concessão de uso especial para moradia
Não é previsto. De acordo com a norma federal, a aplicação do
instrumento é um direito do ocupante de área pública.
Direito de superfície Previsto no art. 56, e disciplinado nos arts. 72.
Usucapião especial de imóvel urbano
Previsto no art. 200
Regularização fundiária Previsto em todo o Plano Diretor, porém não é tratado
em capítulo específico
Conselhos Conselho do Plano Diretor – mencionado como órgão
consultivo ao longo do PDDI Conselho Municipal de
Habitação – criado pela Lei 2006 de 1999.
Direito de preempção ou direito de preferência
Previsto no art.230 a 237. Delimitação de área e
condições para aplicação depende de lei.
Regulamentar instrumento (condições para aplicação)
e delimitar área para o exercício do direito
Fundo de Habitação
Conselho Gestor
Criado no art. 5º da lei que instituiu o Sistema Municipal de Habitação de Interesse
Social – SMHIS, Lei n. 3385 de 2009, e disciplinado nos
arts. 6 a 8. Substituiu o Fundo criado em 1999, pela Lei n. 2006. Os arts. 9 a 11 desta lei estabelecem sua competência, atribuição e composição do conselho
gestor.
3.5.1.3. CONCLUSÃO
Em face do exposto, verifica-se que, quanto aos aspectos gerais, a legislação municipal já existente
contempla o instrumental jurídico necessário para viabilizar o Plano Municipal de Habitação de Interesse Social.
Há, porém, necessidade da regulamentação de alguns dos instrumentos, conforme identificado no quadro, se
sua aplicação for necessária à execução da política urbana e habitacional.
São as considerações que se faz, diante das normas existentes.
MUNICÍPIO DE CAMPO BOM
63
3.6. CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVAS
O objetivo dessa análise da capacidade institucional do município de Campo Bom para administrar
programas habitacionais está ligado ao fato de que a oferta regular de serviços habitacionais é diretamente
dependente da existência de órgãos, recursos e burocracias capazes de planejar e executar programas e ações
de habitação. Assim, a existência, densidade e estabilidade no tempo de tais atributos institucionais tendem a
produzir efeitos sobre a extensão e a qualidade dos programas habitacionais, já que afetam diretamente a
capacidade do município para formulá-los e os implementar.
3.6.1. Capacidade de aplicação de recursos próprios para melhorias das
condições habitacionais
O município de Campo Bom oferece habitação popular para a população de baixa renda trabalhando
como intermediador na implantação de empreendimentos, como pode ser visto no capítulo “Programas e Ações
e Oferta Habitacional”, entre os agentes intermediadores de habitação identificados no município desde 1983 a
PM de Campo Bom é o agente com o maior número de ações executadas. A equipe da prefeitura trabalha,
também, realizando cadastros e trabalho social com a população atendida.
A lei 3385 de 2009 em seu art 5º cria o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social,
instrumento que concentra todos os recursos destinados à produção habitacional no município, por exemplo,
repasses recebidos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, contribuições e doações feitas para
fins de habitação de interesse social, as taxas pagas pela população de baixa renda que já foi beneficiada com
moradia. A lei 3385 de 2009 estabelece também que pelos menos 1% do Orçamento Municipal seja revertido
para o FMHIS. Todos os recursos concentrados no FMHIS são obrigatoriamente revertidos em habitação de
interesse social no município.
Sendo assim, o município possui e aplica recursos próprios (administrativos e financeiros) na tentativa
de resolução do problema habitacional em seu território.
3.6.2. Estrutura administrativa
A prefeitura municipal de Campo Bom se organiza da seguinte maneira: diretamente subordinadas ao
Gabinete do Prefeito estão as secretarias municipais de: Educação, Administração, Finanças, Meio Ambiente,
Obras, Saúde e Desenvolvimento Social e Habitação. A essas Secretarias estão subordinados seus
respectivos departamentos. A Figura 54 mostra o organograma da prefeitura.
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Figura 54. Organograma Funcional da Prefeitura de Campo Bom
Fonte: Pixel Planejamento 2010.
Como pode ser visto no organograma acima o município possui uma secretaria dedicada às questões
habitacionais, que ficam a cargo do Departamento de Habitação, esse departamento é subordinado à
Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação. Ele é responsável pela detecção de demandas e
realização dos cadastros da população a ser atendida por programas e ações, além do controle dos contratos
firmados entre o município e os beneficiados. Em 2010, esse departamento está passando por uma
reestruturação, recebendo novos servidores, a fim de concentrar os esforços na solução do problema
habitacional.
Apesar de possuir um departamento específico para cuidar dos assuntos ligados à habitação, quando
acontece uma ação habitacional no município muitos departamentos são solicitados. O fluxograma da Figura 55
mostra a tramitação de um processo da área habitacional na PM de campo Bom:
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Figura 55. Fluxo dos programas habitacionais no município de Campo Bom
Fonte: Pixel Planejamento 2010.
Além da estrutura da prefeitura municipal, a cidade possui o Conselho Gestor do Fundo Municipal de
Habitação (esse conselho substitui o Conselho Municipal de Habitação). A lei 3385 de 2009 em seu art 9o cria
o Conselho Gestor do Fundo Municipal de Habitação, órgão deliberativo composto por 13 membros de entidades
públicas, privadas, bem como por segmentos da sociedade civil ligados à área da habitação, assim definidos:
a) Secretario Municipal de Desenvolvimento Social e Habitação;
b) Secretário Municipal de Finanças;
c) Secretário Municipal da Educação e Cultura;
d) Secretario Municipal da saúde;
e) um representante do Setor Municipal de Planejamento;
f) um representante do Setor Municipal do Meio Ambiente;
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g) um representante de entidade associativa de bairros;
h) um representante de entidades da área profissional;
i) um representante de entidades da área empresarial;
j) um representante de associações de pais e mestres;
k) um representante de entidades da área acadêmica ou de pesquisa;
l) um representante de organização não-governamental;
m) um representante das cooperativas estabelecidas no Município.
Esse conselho tem entre suas atribuições: estabelecer diretrizes e critérios para a priorização de linhas
de ações, alocação dos recursos e atendimento dos beneficiários dos Programas Habitacionais; acompanhar e
fiscalizar a execução de Programas Habitações e aprovar orçamentos e planos de aplicação e metas anuais;
registrar os recursos do FMHIS.
O município possui ainda uma Sociedade Comunitária de Habitação de Interesse Social, sociedade
civil de direito privado, sem fins lucrativos. Sua finalidade é suprir a necessidade de habitação da população de
baixa renda, seu patrimônio é formado por doações, legados, contribuições, entre outros. É constituída por
órgãos deliberativos e executivos: O Conselho Comunitário e Assembléia Geral dos associados. É administrada
pelo conselho comunitário que é composto por sete membros, sendo:
a) dois deles indicados pelo poder público,
b) dois outros indicados pela assembléia geral dos associados,
c) dois indicados pela Metroplan e
d) um indicado pelas SEAC (extinto).
São eleitos dos membros deste conselho Presidente e Secretário, aos quais caberá conjuntamente,
representar a sociedade, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente, praticando todos os atos de defesa
dos interesses comuns.
O município conta também com cerca de 30 entidades da sociedade civil organizada que trabalharam,
entre os anos de 2000 e 2010, como intermediadores da produção habitacional. Esse fato foi responsável pelo
aumento da produção de HIS, fato bastante positivo para o cenário habitacional de Campo Bom.
3.7. RECURSOS FINANCEIROS
Com a finalidade de mensurar a real situação habitacional do município de Campo Bom, com relação à
demanda existente por Habitação de Interesse Social, faz-se necessário diagnosticar as principais
características associadas a essas as questões, tanto os investimentos realizados, quanto as necessidades
habitacionais existentes que ainda aguardam por soluções.
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3.7.1. Fontes de Recursos
A partir dos anos 80 foram realizados, no município de Campo Bom, alguns empreendimentos na área
da Habitação de Interesse Social. São identificadas como fontes de recursos as esferas de governo Federal,
Estadual e Municipal. O público beneficiado pelos programas de habitação constitui-se em famílias de baixa
renda, com ganhos de até três salários mínimos. Os seguintes programas foram implementados no município:
Esperança (1983) Loteamento executado por intermédio do Município de Campo Bom, nele foram
implantados 237 lotes urbanizados.
Aurora (1983/1984) Loteamento executado por intermédio do Município de Campo Bom, nele foram
implantados 195 lotes urbanizados.
Sempre Unidos (1987) Loteamento executado por intermédio do Município de Campo Bom, nele foram
implantados 143 lotes urbanizados.
Vila Nova (1989) Loteamento executado por intermédio de Sociedade Comunitária, nele foram
implantados 100 lotes urbanizados com unidades habitacionais em madeira.
Quatro Colônias (1990) Loteamento executado por intermédio de Sociedade Comunitária, nele foram
implantados 115 lotes urbanizados com unidades habitacionais em alvenaria.
Nova Aurora (1997) Loteamento executado por intermédio de Sociedade Comunitária, nele foram
implantados 32 lotes urbanizados.
Programa Habitar Brasil (1999) Programa executado com verbas federais e contrapartida do
Município de Campo Bom, nele foram executadas melhorias habitacionais em 40 moradias.
Rio Branco (1993) Loteamento executado por intermédio do Município de Campo Bom, nele foram
implantados 148 lotes urbanizados.
Programa Morar Melhor (2003) Loteamento executado com verbas federais e contrapartida do
Município de Campo Bom, nele foram implantados 24 lotes urbanizados com unidades habitacionais.
Morada do Sol (2004) Loteamento executado por intermédio do Município de Campo Bom, nele foram
implantados 310 lotes urbanizados.
PAR Dona Augusta (2007) Empreendimento executado com verbas federais e contrapartida do
Município de Campo Bom, nele foram implantados 144 unidades habitacionais.
PAR Alto Paulista (2007) Empreendimento executado com verbas federais e contrapartida do
Município de Campo Bom, nele foram implantados 128 unidades habitacionais.
Foram executados também os loteamentos Bem Viver I, Bem Viver II e Bem Viver III por intermédio da
Cooperativa Bem Viver.
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3.7.2. Recursos necessários para resolução das Necessidades
Habitacionais
A Tabela 16, logo abaixo, apresenta os valores calculados para cada tipo de necessidade habitacional.
Tabela 16. Custos Estimados para a Resolução das Necessidades Habitacionais
Déficit
Habitacional Carência de
infraestrutura4
Carência de unidade sanitária
(banheiro)5
Adensamento Excessivo6
Inadequação Fundiária7
TOTAL
UH´s 1310 2.017 576 546 909
Custos por UH Horizontais1
R$ 30.963,39 R$ 3.492,31 R$ 4.793,47 R$ 911,52 R$ 349,23
Totais R$
40.562.040,90 R$
7.043.989,27 R$ 2.761.038,72 R$ 497.689,92 R$ 317.450,07
R$ 51.182.208,88
Custos por UH Verticais2
R$ 22.504,26 R$ 3.492,31 R$ 4.793,47 R$ 911,52 R$ 349,23
Totais R$
29.480.580,60 R$
7.043.989,27 R$ 2.761.038,72 R$ 497.689,92 R$ 317.450,07
R$ 40.100.748,58
Custos por UH Mistas3
(vertical/horizontal) R$ 26.733,83 R$ 3.492,31 R$ 4.793,47 R$ 911,52 R$ 349,23
Totais R$
35.021.310,75 R$
7.043.989,27 R$ 2.761.038,72 R$ 497.689,92 R$ 317.450,07
R$ 45.641.478,73
1 - O custo por UH horizontal mais infraestrutura, está de acordo com dados de referência do Planhab, de 2006, que é de R$ 26.598,50 por lote construído e urbanizado. Referem-se a casas de 40m2 de 1 ou 2 dormitórios. (Planhab, P3, Vol. II, Anexo 9, tabela 23, Tipo B) (este valor corrigido pelo CUB de set/2010, resulta no total de R$ 30.963,39 ). 2 - O custo por UH vertical mais infraestrutura, está de acordo com dados de referência do Planhab, de 2006, que é de R$ 19.331,85 por lote construído e urbanizado. Referem-se a apartamentos de 37m2 de 2 dormitórios, em prédios de 3 pavimentos. (Planhab, P3, Vol. II, Anexo 9, tabela 23, Tipo B) (este valor corrigido pelo CUB de set/2010, resulta no total de R$ 22.504,26). 3 - UH´s mistas representam uma média entre os valores das construções horizontais e verticais. 4 - O custo de infraestrutura para um lote urbanizado, de acordo com dados de referência do Planhab, de 2006, é de R$ 3000,00 por lote (Planhab, P3, Vol. II, Anexo 9, tabela 23, Tipo B) (este valor corrigido pelo CUB de set/2010, resulta no total de R$ 3.492,31). Neste estudo foi considerado o valor de referência para a resolução dos problemas de carência da infrasestrutura de água, esgoto e energia elétrica. 5 - O custo de construção de uma unidade sanitária está de acordo com o referido valor do Planhab, que é de R$ 4117,74, (Planhab, P3, Vol. II, Anexo 9, tabela 23, Tipo B) (este valor corrigido pelo CUB de set/2010, resulta no total de R$ 4.793,47). 6 - Para o caso de adensamento excessivo foi considerada a necessidade de construção de 4m2 adicionais a UH. O valor está de acordo com o indicado no Planhab para "Material de Construção - Reforma ou Ampliação" que refere-se a uma área construída de 16m2, um total de R$ 3.132,10 (Planhab, P3, Vol. II, Anexo 9, tabela 23, Tipo B) (este valor corrigido pelo CUB de set/2010, para uma área de 4m2, resulta no total de R$ 911,52). 7 - O valor para resolução da inadequação fundiária teve como referência o Planhab (Planhab, Produto 5, pág. 123), de R$ 300,00 por lote, valores de 2006 (este valor foi corrigido pelo CUB de set/2010, resulta no total de R$ 349,23).
O valor estimado para o atual problema habitacional (considerando os dados do Censo de 2000), tendo
em vista a construção de Unidades Habitacionais térreas (casas), atinge um total de R$ 51.182.208,88, para
UH´s verticais R$ 40.100.748,58, e para construções mistas R$ 45.641.478,73. Partindo da hipótese de que
se deseja resolver, em sua integralidade, o problema habitacional do município de Campo Bom, mensurado em
2010, até o ano de 2025, seria necessário um investimento anual no valor de R$ 3.412.147,26 caso o município
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optasse pelo padrão de UH´s horizontais (casas). No caso de construção verticalizada (apartamentos), o esforço
anual necessário, em termos de investimento, seria de R$ 2.673.383,24. Por fim, em caso de solução com
construções mistas, que de acordo com o perfil do município de Campo Bom seria a solução mais
adequada, o investimento anual necessário seria de R$ 3.042.765,25 para a completa resolução do
problema habitacional do município.
Visto que os dados apresentados são relativos ao ano de 2000, fez-se uma estimativa bastante
simplificada de crescimento do Déficit Habitacional, conforme pode ser conferido na Tabela 13. O Déficit
estimado para o ano de 2025 resultou em 1802 domicílios, e manteve-se a mesma quantificação de
inadequação habitacional, pelo fato se ser uma área com maiores investimentos. Segue abaixo, na Tabela 17,
este cálculo.
Tabela 17. Custos Futuros Estimados para o ano de 2025 para a Resolução das Necessidades Habitacionais
Déficit
Habitacional Carência de
infraestrutura4
Carência de unidade sanitária
(banheiro)5
Adensamento Excessivo6
Inadequação Fundiária7
TOTAL
UH´s 1802 - - - -
Custos por UH Horizontais1
R$ 30.963,39 - - - -
Totais R$
55.796.028,78 - - - - R$ 55.796.028,78
Custos por UH Verticais2
R$ 22.504,26 - - - -
Totais R$
40.552.676,52 - - - - R$ 40.552.676,52
Custos por UH Mistas3
(vertical/horizontal) R$ 26.733,83 - - - -
Totais R$
48.174.352,65 - - - - R$ 48.174.352,65
1 - O custo por UH horizontal mais infraestrutura, está de acordo com dados de referência do Planhab, de 2006, que é de R$ 26.598,50 por lote construído e urbanizado. Referem-se a casas de 40m2 de 1 ou 2 dormitórios. (Planhab, P3, Vol. II, Anexo 9, tabela 23, Tipo B) (este valor corrigido pelo CUB de set/2010, resulta no total de R$ 30.963,39 ). 2 - O custo por UH vertical mais infraestrutura, está de acordo com dados de referência do Planhab, de 2006, que é de R$ 19.331,85 por lote construído e urbanizado. Referem-se a apartamentos de 37m2 de 2 dormitórios, em prédios de 3 pavimentos. (Planhab, P3, Vol. II, Anexo 9, tabela 23, Tipo B) (este valor corrigido pelo CUB de set/2010, resulta no total de R$ 22.504,26). 3 - UH´s mistas representam uma média entre os valores das construções horizontais e verticais.
O valor estimado para o problema habitacional acumulado até o no ano de 2025, tendo em vista a
construção de Unidades Habitacionais térreas (casas), atingiria um total de R$ 55.796.028,78, para UH´s
verticais R$ 40.552.676,52, e para construções mistas R$ 48.174.352,65. Partindo da hipótese de que se deseja
resolver, em sua integralidade, o problema habitacional do município de Campo Bom até o ano de 2025, seria
necessário um investimento anual no valor de R$ 3.719.735,25 caso o município optasse pelo padrão de UH´s
horizontais (casas). No caso de construção verticalizada (apartamentos), o esforço anual necessário, em termos
de investimento, seria de R$ 2.703.511,77. Por fim, em caso de construções mistas, o investimento anual
necessário seria de R$ 3.211.623,51 para a completa resolução do problema habitacional do município.
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4. ANEXOS
4.1. ANEXO I - QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS ENTIDADES
Instrução: Responder as questões abaixo sobre o bairro ou vila onde a sua entidade atua. Se for uma cooperativa - responder sobre a área onde a cooperativa atua.
Se for um assentamento da prefeitura ou ocupação – responder sobre a área ocupada ou do assentamento.
Nome: Telefone para contato:
Nome da Entidade:
Bairro, vila ou assentamento onde a entidade atua:
Há quanto tempo a entidade existe:
Existe em seu bairro, vila ou assentamento moradias sem acesso à rede de água? ( ) Sim ( ) Não
Existe em seu bairro, vila ou assentamento moradias sem acesso à luz elétrica? ( ) Sim ( ) Não
Há ligações elétricas irregulares (gatos) no seu bairro, vila ou assentamento? ( ) Sim ( ) Não
Existe em seu bairro, vila ou assentamento moradias sem acesso à rede de esgoto? ( ) Sim ( ) Não
Existe em seu bairro, vila ou assentamento famílias morando em local de risco de alagamento ou enchente? ( ) Sim ( ) Não Quantas Famílias: ____________________
Existe em seu bairro, vila ou assentamento famílias morando em área ocupada? ( ) Sim ( ) Não Quantas Famílias: ____________________
As áreas ocupadas estão em processo de regularização? ( ) Sim ( ) Não
Já houve alguma remoção no seu bairro, vila ou assentamento? ( ) Sim ( ) Não
Em que ano: _______________________________________________ Quantas famílias: ___________________________________________ Para onde foram: ___________________________________________
Já houve algum programa de moradia popular no seu bairro, vila ou assentamento? ( ) Sim ( ) Não
Em que ano: _______________________________________________ Quantas Famílias: ___________________________________________ Qual programa: _____________________________________________
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Existe algum espaço público de lazer no seu bairro (praça, campo de futebol, parquinho infantil, etc.)? ( ) Sim ( ) Não Quais: ____________________________________________________
O calçamento das ruas está em bom estado? ( ) Sim ( ) Não Qual o problema: ____________________________________________
Na sua opinião, quais são os principais problemas sociais (crime, desemprego, pobreza, etc.) do seu bairro, vila ou assentamento?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Na sua opinião, quais as obras que você considera necessárias para melhorar o seu bairro, vila ou assentamento?
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_______________________________________________________________________________________
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_______________________________________________________________________________________
Na sua opinião, quais os serviços (escola, creche, posto de saúde, etc.) que deveriam ser instalados para melhor o seu bairro, vila ou assentamento?
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_______________________________________________________________________________________
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_______________________________________________________________________________________
Quais os últimos investimentos que a prefeitura fez em seu bairro, vila ou assentamento e em que ano:
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Qual o bairro ou lugar da cidade de Campo Bom que tem os maiores problemas de habitação?
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Qual o bairro ou lugar da cidade de Campo Bom que tem os maiores problemas de infraestrutura?
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Qual o primeiro bairro ou lugar da cidade onde a prefeitura deveria investir em habitação?
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Como a prefeitura deveria selecionar as pessoas que vão ser atendidas pelos programas de habitação social?
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A prefeitura abre espaço para a população participar das decisões sobre investimentos e planejamento? ( ) Sim ( ) Não
A prefeitura abre espaço para os movimentos sociais? ( ) Sim ( ) Não Porque?
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Como você acha que os movimentos sociais poderiam participar dos programas de habitação social ajudando a prefeitura?
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Está página não é obrigatória, responda apenas se achar importante
Escreva alguma informação que ache que pode ser importante para o Plano de Habitação de Interesse Social de Campo Bom e não apareceu nas perguntas anteriores:
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Escreva algum comentário, dúvida, pergunta que ache importante:
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5. BIBLIOGRAFIA
1. Oliveira, G. G. Penteado, A.F., Saldanha, D. L.,Ross, J. L. S. Mapeamento e análise da distribuição
das áreas inundáveis na bacia do rio dos Sinos/RS. In: Anais do XIV Simpósio Brasileiro de
Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4173-4180. Acesso em setembro
de 2010: http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2008/11.10.14.48/doc/4173-4180.pdf
2. Programa de Educação Ambiental Pró-Sinos. Sítio Eletrônico: http://www.portalprosinos.com.br/
3. CAIXA. Sítio eletrônico: HTTP://www.caixa.gov.br
4. FEE. Sítio eletrônico: HTTP://www.fee.tche.br
5. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Déficit habitacional no Brasil. Centro de Estatística e
Informações. 2. ed. Belo Horizonte, 2005.
6. GOHN, Maria da Glória. Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais.
Saúde soc., São Paulo, v. 13, n. 2, Aug. 2004 .
7. IBGE. Sítio eletrônico: HTTP://www.ibge.gv.br
8. IPEA. Sítio eletrônico: http://www.ipea.gov.br
9. JARDIM, M. de Lourdes; BARCELLOS, Tanya M. de. Migração e divisão social do espaço na
Região Metropolitana de Porto Alegre. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS
POPULACIONAIS, 15, Caxambu, 2006.
10. PESSANHA, Lavínia;CAMPAGNAC,Vanessa e MATOS, Denise Ferreira. Panorama Brasileiro
dos Conselhos Municipais de Políticas Setoriais. IN: 30º Encontro Nacional da ANPOCS, 2006.
CAXAMBU. CD-ROM. GT-1 8 – Poder político e controles democráticos.
11. RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Coordenação e planejamento. Departamento de Estudos
Sociais e Planejamento Estratégico e Departamento da Coordenação e Acompanhamento de
Projetos de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico. Rumos 2015: estudo sobre
desenvolvimento regional e logística de transportes no Rio Grande do Sul: documento
síntese. Porto Alegre: SCP, 2006.
12. SILVA, Marcelo Kunrath. Sociedade civil e construção democrática: do maniqueísmo
essencialista à abordagem relacional. Sociologias, Porto Alegre, n. 16, Dec. 2006 .
13. TEIXEIRA, Solange Maria. Descentralização e participação social: o novo desenho das políticas
sociais. Rev. katálysis, Florianópolis, v. 10, n. 2, Dec. 2007 .
14. Gusso , Ramon José; Neto, Josias Rickli; Borges, Luís Maurício M.; Attie, Janaina Pimenta; Faria,
José Ricardo Vargas; Pontes, Daniele Regina; Pedrozo, Alexandre Nascimento; Bertol, Laura E.;
Almeida, Francieli Lisboa de; Meirinho, Bruno. Minuta da Lei do Plano Diretor: Plano Diretor de
Campo Bom. Curitiba: Ambiens, 2006.
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6. RELATÓRIO DA 2ª AUDIÊNCIA PÚBLICA -
APRESENTAÇÃO DO DIAGNÓSTICO
6.1. ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO
Na primeira parte da Audiência de Diagnóstico, que se realizou no dia 08 de outubro de 2010, 17h, na
Câmara de Vereadores de Campo Bom, foram abordados resumidamente todos os tópicos tratados no
Diagnóstico, seguida de breve discussão com os presentes. Foram coletadas sugestões de programas e ações
para o PLHIS de Campo Bom através de pequeno questionário distribuído aos participantes.
6.2. FOTOS DA AUDIÊNCIA PÚBLICA
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6.3. ATA DA AUDIÊNCIA
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6.4. LISTA DE PRESENÇA
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