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PLANO DIRETOR DE MOBILIDADE Página 1 de 22 Propostas 4. Redução de acidentes Manual para a redução de acidentes Fase 3 – Elaboração das propostas Etapa 3.1, 3.2 e 3.4 – Concepção, análise e detalhamento das propostas

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PLANO DIRETOR DE MOBILIDADE

Página 1 de 22 Propostas

4. Redução de acidentes

Manual para a redução de acidentes

Fase 3 – Elaboração das propostas Etapa 3.1, 3.2 e 3.4 – Concepção, análise e detalhamento das propostas

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4. Redução de acidentes

Sumário 2.4. Manual para a redução de acidentes _______________________________________________ 5

2.4.1. Introdução__________________________________________________________________________ 5 2.4.2. Etapas da Metodologia do Programa PARE ________________________________________________ 5 2.4.3. Campanhas educacionais para redução de acidentes ______________________________________ 10 2.4.4. Proposta de ação ___________________________________________________________________ 14 2.4.5. Medidas Corretivas __________________________________________________________________ 16 2.4.6. Considerações Finais ________________________________________________________________ 22

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4. Redução de acidentes

ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Fluxograma dos Procedimentos para Identificação de Locais Críticos .............................................. 6 Figura 2: Tipos de acidentes de trânsito............................................................................................................ 7 Figura 3: Campanhas educativas sobre a redução de acidentes no trânsito .................................................. 11 Figura 4: Década de Ações pela Segurança no Trânsito 2011-2020 ................................................................ 12 Figura 5: Prefeitura de Catanduva realiza ações de conscientização na Semana Nacional do Trânsito ......... 13 Figura 6: Campanha “Bruxa solta no trânsito. A cidade feitiço não merece”. ................................................ 14

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4. Redução de acidentes

SUMÁRIO DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ACF Acidente com feridos ADM Acidente com somente danos materiais ART Acidente com feridos envolvendo pedestres AVF Acidente com vítima fatal (), BO Boletim de Ocorrência CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito CTB Código de Trânsito Brasileiro DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MS Ministério da Saúde OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas RO Registros de Ocorrência SNT Sistema Nacional de Trânsito STU Secretaria de Trânsito e Transportes Urbanos SVS Secretaria de Vigilância em Saúde

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2.4. Manual para a redução de acidentes2.4.1. Introdução A elaboração do presente Manual de Redução de Acidentes teve por base o Código de Trânsito Brasileiro – CTB (BRASIL, 1997) e o Manual de Procedimentos para o Tratamento de Locais Críticos de Acidentes de Trânsito do Programa PARE do Ministério dos Transportes do Governo Federal (BRASIL, 2002). De forma a atender o objetivo de delinear diretrizes e procedimentos técnicos de minimização dos conflitos entre veículos e de garantia do aumento da segurança de todos os usuários do sistema de transportes de Catanduva, o presente documento é estruturado em seis capítulos.

Primeiramente, no Capítulo 2 são abordadas as etapas da metodologia do Programa PARE que recomenda a identificação de locais críticos, da tipologia de acidentes e dos fatores contribuintes de acidentes. Em seguida, no Capítulo 3, são elencadas as campanhas educacionais para redução de acidentes, nos âmbitos federal e municipal.

Já no Capítulo 4 são abordadas as propostas de ações fundamentadas em cinco pilares: fiscalização, educação, saúde, infraestrutura e segurança veicular. No capítulo 5 são recomendadas medidas para redução de acidentes relacionando com os tipos e suas possíveis causas.

Por fim, no capítulo 2.4.6 são apontadas considerações acerca da importância da montagem e atualização de uma série histórica da incidência de acidentes em vias urbanas, com o intuito de direcionar estudos de tráfego, e de subsidiar diversas ações públicas de redução dos índices de acidentes de trânsito.

2.4.2. Etapas da Metodologia do Programa PARE1

O presente capítulo visa analisar e descrever as três etapas metodológicas previstas pelo Programa PARE para a formulação de ações de redução dos índices de acidentes, quais sejam: identificação dos locais críticos, classificação tipológicas dos acidentes e identificação dos fatores contribuintes dos acidentes.

2.4.2.1. Identificação dos Locais Críticos

Para uma adequada identificação de locais críticos de ocorrência de acidentes de trânsito, são determinantes a qualidade do registro das ocorrências bem como a disponibilidade de seus dados. Contudo, não há uma conduta uniforme quanto às formas de registro, coleta e tratamento dos dados sobre acidentes de trânsito no país. Na maioria das cidades, o registro e a coleta de informações são realizados por policiais militares e civis em duas situações distintas:

Quando o atendimento é feito no local do acidente, em caso de óbito ou feridos, ou quando há envolvimento de veículos “oficiais”, as informações são consignadas por policiais militares em um documento denominado Boletim de Ocorrência - BO;

Quando não há atendimento no local do acidente, as partes interessadas - os envolvidos ou seus prepostos -, na maioria das vezes para atender a exigências contratuais com seguradoras, registram a ocorrência nas delegacias especializadas, sendo então lavrado o Registro de Ocorrência - RO.

Segundo a metodologia do Programa PARE, o procedimento de levantamento e identificação de locais críticos de acidentes deve levar em conta a severidade das ocorrências identificadas. Deve haver também a identificação dos fatores que efetivamente contribuíram para o acidente, compondo assim o diagnóstico.

1 Manual de Procedimentos para o Tratamento de Locais Críticos de Acidentes de Trânsito do Programa PARE do Ministério dos Transportes do Governo Federal (BRASIL, 2002).

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Após o conhecimento desses fatores, deve-se buscar um conjunto de medidas de engenharia capazes de proporcionar uma redução do risco de ocorrerem novos acidentes com características similares ao identificados no mesmo local, compondo a etapa de recomendações.

A severidade do acidente de trânsito pode ser classificada em quatro categorias: acidente com vítima fatal (AVF), acidente com feridos envolvendo pedestres (ATR), acidente com feridos (ACF) e acidente com somente danos materiais (ADM). Portanto, devem ser levantadas todas as informações disponíveis sobre acidentes de trânsito relativas tanto aos Boletins de Ocorrência (BOs), quanto aos Registros de Ocorrência (ROs), o que implica a busca de informações nos arquivos das Polícias Militar e Civil.

Figura 1: Fluxograma dos Procedimentos para Identificação de Locais Críticos Fonte: Programa PARE - Ministério dos Transportes.

Segundo Góes (1983), dentre os processos de identificação dos locais que proporcionam riscos de acidentes viários, os métodos mais utilizados baseiam-se no fato de que os acidentes, apesar de sua ampla distribuição espacial, tendem a agregar-se em determinados locais da malha viária. Tais métodos são classificados em três categorias: método numérico, estatístico e técnica de conflitos.

Dentre estes métodos, o Manual do Programa PARE aborda apenas o método numérico, alegando ser este mais adequado à realidade brasileira, além de evidenciar processos simplificados de levantamento e tabulação de dados.

O método numérico aborda quatro fatores de identificação: número de acidentes, severidade de acidentes, taxa de acidentes e taxa de severidade. Estes fatores se constituem como indicadores a serem avaliados a partir de um valor previamente estabelecido pela equipe técnica. Assim, como locais críticos serão declarados aqueles cujos indicadores calculados sejam maiores que este valor.

2.4.2.2. Tipologia dos Acidentes

A eficácia de uma ação que vise reduzir a acidentalidade de um local está estritamente relacionada com a devida caracterização do tipo de acidente predominante nos registros de ocorrência neste local. Para tanto, tal caracterização deve possibilitar a identificação das prováveis causas dos acidentes.

Assim, se a classificação do tipo de acidente for elaborada de maneira extremamente agregada ela impossibilita a definição dos fatores que contribuem para a ocorrência dos acidentes. Por exemplo, se os acidentes envolvendo dois veículos forem classificados genericamente como colisão, não importando se traseira, frontal, transversal ou lateral, a busca de associação entre esse tipo de acidente e as características do sistema viário fica bastante prejudicada, uma vez que os diferentes tipos de colisão apresentam conjuntos distintos de fatores causadores.

Os acidentes devem ser classificados nos seguintes tipos: colisão (traseira, frontal, transversal, lateral em mesmo sentido e em sentido contrário), choque, atropelamento, tombamento, capotagem, engavetamento e outros, conforme Figura 2.

Coleta de dados de acidentes de

trânsito

Tabulação dos dados de

acidentes de trânsito

Elaboração da lista de locais

críticos

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Figura 2: Tipos de acidentes de trânsito Fonte: FERRAZ, A. C.; RAIA JUNIOR, A. A.; BEZERRA, B. S, 2008.

Os tipos de acidentes viários são descritos abaixo conforme a NBR 10.697, de junho de 1989:

Colisão traseira - acidente envolvendo dois veículos que se movimentam numa mesma direção e no mesmo sentido. Ocorre, em geral, quando o veículo que está à frente freia bruscamente ou se locomove com velocidade muito baixa, e o veículo de traz, por estar muito próximo e/ou com velocidade muito alta, não consegue frear a tempo e colide com o da frente.

Colisão frontal - acidente envolvendo dois veículos que se movimentam numa mesma direção e em sentidos contrários. Ocorre, em geral, quando um dos veículos invade a faixa do sentido de tráfego oposto devido a um ou mais dos seguintes motivos: ultrapassagem imprudente e perda de controle do veículo em razão de curva fechada, excesso de velocidade, foco de atenção desviado, cochilo, defeito do veículo, problema na pista, dentre outros.

Colisão transversal - acidente envolvendo veículos que se movimentam em direções aproximadamente perpendiculares. Ocorre, comumente, em cruzamentos viários quando um dos veículos avança inadvertidamente um sinal de “Pare” ou “Dê a preferência”, ou o sinal vermelho de um semáforo. Este tipo de acidente também é denominado de abalroamento transversal.

Colisão lateral - acidente envolvendo veículos que se movimentam numa mesma direção, no mesmo sentido ou sentidos contrários, quando um deles afasta-se da sua trajetória e colide lateralmente com o outro que está ao lado. Para estudos no âmbito da segurança viária, é interessante que esses dois tipos de colisões laterais sejam classificados em categorias de acidentes separadas, visto que os fatores determinantes de cada uma delas são significativamente distintos. A colisão ocorre, em geral,

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quando um dos veículos não percebe a presença de outro que está ao seu lado e invade a faixa contígua, seja para ultrapassar outro veículo que está à frente, fazer uma conversão ou simplesmente mudar de faixa. Também pode ocorrer quando um dos veículos invade parcialmente a pista contrária. Este tipo de acidente também é denominado de abalroamento lateral.

Choque - colisão de veículo em movimento com um obstáculo fixo, como um veículo estacionado, poste, árvore, muro, gradil, defensa, guia, canaleta de drenagem, barranco, dentre outros. Ocorre comumente quando o condutor perde o controle do veículo e sai da pista em razão de um ou mais dos seguintes fatores: curva fechada, excesso de velocidade, foco de atenção desviado, cochilo, defeito do veículo, problema na pista, dentre outros.

Atropelamento - colisão de um veículo em movimento com um ou mais pedestres (ou animais). Pode ocorrer na pista ou fora dela (na calçada de uma rua, no acostamento de uma rodovia, etc.). Ocorre devido à falta de cuidado do pedestre e/ou do condutor, ou perda de controle do veículo e saída da pista devido a um ou mais dos seguintes fatores: curva fechada, excesso de velocidade, foco de atenção desviado, cochilo, defeito do veículo, problema na pista, etc.

Tombamento - acidente no qual o veículo tomba sobre uma de suas partes laterais, ficando esta em contato com o chão. Pode ocorrer em razão de uma colisão, choque ou saída da pista e queda sobre uma superfície situada em plano inferior ou, ainda, subida ou queda em um barranco.

Capotagem - acidente no qual o veículo gira em torno de si mesmo com o teto (capota) tomando contato com o chão pelo menos uma vez, não importando a posição em que permanece imobilizado. As causas são, em geral, as mesmas do tombamento, porém mais acentuadas.

Engavetamento - acidente envolvendo três ou mais veículos movimentando-se numa mesma direção, num mesmo sentido ou em sentidos contrários. Ocorre em geral, quando os veículos não mantêm uma distância de segurança que seja compatível com a velocidade, condições da pista e/ou condições ambientais. Nesse caso, uma colisão entre dois veículos pode desencadear colisões múltiplas, caracterizando o engavetamento. É mais comum de acontecer quando a pista está lisa devido à chuva, neve, presença de óleo ou gelo, e/ou quando a visibilidade é baixa por causa de nevoeiro, por exemplo.

Outros - acidentes de trânsito que não se enquadram em nenhum dos tipos anteriores. Exemplos: veículo que sai da via com velocidade alta e para no terreno ao lado ou dentro de um rio, tendo sofrido algum tipo de avaria, sem ter tombado, capotado ou se chocado com obstáculo; queda dos ocupantes de motocicleta ou bicicleta; veículo que teve o para-brisa quebrado por uma pedra solta lançada pelas rodas de outro veículo; e veículo que incendiou.

2.4.2.3. Fatores Contribuintes dos Acidentes

Como fatores gerais causadores do alto número de acidentes viários, podemos citar o acelerado processo de urbanização brasileiro, o crescimento populacional expressivo, o padrão de ocupação desordenado do solo e o aumento extremo no número de veículos no trânsito. (VASCONCELLOS, 2000).

Devido à complexa dinâmica desses fatores, a magnitude e as consequências da ocorrência de acidentes de trânsito tendem a se modificar ao longo do tempo. Por conseguinte, torna-se necessário ter conhecimento dessas modificações, para que tais informações possam subsidiar o planejamento de ações de prevenção e controle dessas causas.

Por exemplo, mesmo que não se constitua como causa única de acidentes, o número elevado e crescente de veículos em trânsito, fruto do aquecimento econômico nacional e aumento na produção e venda de automóveis, acaba por apontar forte relação com um aumento no número de acidentes.

Segundo Cardoso (1999), compreender os eventos e fatores que influenciam nas ocorrências de acidentes de tráfego é de fundamental importância para adoção de medidas que visem à redução dos acidentes no trânsito.

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Há também fatores específicos que se configuram enquanto contribuintes para a ocorrência de acidentes, sendo classificados em três grupos:

Os relacionados ao comportamento humano, como a condição social, física e psicológica – por exemplo, ingestão de bebidas alcoólicas –, ou também fatores como inexperiência ao volante, insuficiência visual ou mesmo uma personalidade agressiva e ansiosa.

Os relacionados à via e ao meio ambiente, mais precisamente a falhas ou ausência de sinalização viária, deficiência e/ou erros de execução de projetos viários, deficiências no pavimento, iluminação pública, disposição inadequada de placas de publicidade, arborização, mobiliário urbano, as condições do tempo, entre outros;

Aqueles relacionados diretamente às condições operativas do veículo.

Segundo Honorato (2009), pode-se inferir que o homem é o elemento mais instável do sistema e é também o mais difícil de intervir. De maneira geral, a intervenção do homem dar-se-á através da fiscalização periódica e da sua educação a fim de coibir o desrespeito à sinalização e o consumo de bebidas alcoólicas antes da condução de veículo. A tabela a seguir apresenta os fatores contribuintes, sendo enfatizados aqueles de maior relevância do ponto de vista da ocorrência e de sua severidade.

Tabela 1: Identificação dos Fatores Contribuintes

Natureza Fatores Contribuintes

Homem

Imprudência do motorista ao:

Não guardar distância segura do ônibus à sua frente;

Trafegar com velocidade acima da permitida;

Não utilizar o cinto de segurança; e Usar o telefone estando com o veículo em movimento, portanto em

condições desfavoráveis;

Via e Meio Ambiente

Erro de projeto (superelevação negativa);

Pista deteriorada;

Posicionamento inadequado de placas de sinalização (R19)

Erros de sinalização (R6c)

Localização inadequada das paradas de ônibus (em curva);

Presença de obstáculos perigosos.

Veículo Falhas no sistema de freios do veículo.

Fonte: Ministério dos Transportes, 2002.

Essa classificação deve-se à constatação de uma relação direta entre o risco de ocorrência de um acidente em um determinado local e as condições geométricas, ambientais, do tempo e do tráfego (intensidade, composição, características dos movimentos e formas de controle) presentes nesse local, bem como do estado de manutenção e de desenvolvimento tecnológico dos veículos. Observa-se, também, que é a convergência simultânea desses vários fatores que cria condições excepcionais para a ocorrência de um acidente de trânsito, e que na maioria dos acidentes, cerca de 90% dos casos, o fator humano se faz presente. (Programa PARE, 2002).

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2.4.3. Campanhas educacionais para redução de acidentes As campanhas educativas, conforme o texto da Resolução 314/2009 do CONTRAN, são ações “que tem por objetivo informar, mobilizar, prevenir ou alertar a população ou segmento da população para adotar comportamentos que lhe tragam segurança e qualidade de vida no trânsito”. De fato, a educação é um dos eixos determinantes para a consolidação da cultura de um país, já que esta se define como o processo de socialização dos indivíduos. No transcorrer de um processo educacional, uma pessoa assimila e adquire conhecimentos, o que implica uma conscientização cultural e comportamental. O processo educativo se materializa numa série de habilidades e valores que produzem mudanças intelectuais, emocionais e sociais no indivíduo.

A maior parte das campanhas educacionais de segurança no trânsito é direcionada aos condutores com comportamentos inadequados (conversas ao celular, falta de atenção, ingestão de bebidas alcoólicas, dentre outros aspectos). As campanhas preveem a sensibilização dos usuários dos modos de transporte quanto às condições da via, manutenção dos veículos, regras de trânsito, dicas de segurança, velocidade recomendada e níveis de agressividade.

Contudo, não há estudos que confirmem que haja uma redução de acidentes fruto isoladamente de campanhas educativas. As campanhas assumem importante papel quando alinhadas com outras ações de redução de acidentes. As campanhas de segurança devem ser orientadas de acordo com as normas e leis vigentes que regem o Sistema Nacional de Trânsito (SNT), conforme itens seguintes.

2.4.3.1. Âmbito Nacional

O Código de Trânsito Brasileiro apresenta 6 artigos tratando do tema “Educação para o Trânsito”. Ganha destaque os artigos 75 e 76.

O artigo 75 determina que:

O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito. (BRASIL, 1997).

O primeiro parágrafo do artigo 75 prevê que: “Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais”. Já o parágrafo 2º estabelece que:

As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito. (BRASIL, 1997).

No artigo 76 é previsto que:

A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação. (BRASIL, 1997).

A Resolução Nº314 do Contran estabelece procedimentos para a execução de campanhas educativas de trânsito, conforme descrito a seguir:

Art. 2º Os órgãos e entidades do SNT devem assegurar recursos financeiros e nível de profissionalismo adequado para o planejamento, a execução e a avaliação das campanhas de que trata esta Resolução. (...) Além da promoção da segurança no trânsito, as campanhas

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educativas de trânsito devem provocar comportamentos éticos e de cidadania, voltados ao bem comum. (...). Para que as campanhas educativas de trânsito possam, efetivamente, construir conhecimentos e produzir mudança de atitude, é fundamental que os órgãos e entidades do SNT adotem uma metodologia capaz de orientar sua execução. Isto porque não se pode pensar na veiculação de campanhas de forma aleatória, como atividade fortuita ou casual.

Ao longo do tempo, o Ministério das Cidades, por meio do Denatran, e em conjunto com outros órgãos de governos federal, estaduais e municipais e com a colaboração da sociedade, tem integrado diversas ações com o objetivo de reduzir o índice de mortes no trânsito em todo o Brasil. Estas ações ganham corpo, sobretudo, na Semana Nacional do Trânsito, comemoração anual que ocorre entre os dias 18 e 25 de setembro. A data foi estabelecida desde a criação do Código de Trânsito Brasileiro, em 1997. A Semana é caracterizada por uma série de eventos e ações educativas promovidas por todos os órgãos e entidades que integram o Sistema Nacional de Trânsito. A definição dos temas é feita anualmente pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

Figura 3: Campanhas educativas sobre a redução de acidentes no trânsito Fonte: Ministério das Cidades e Ministério dos Transportes.

Década da Segurança no Trânsito

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas - ONU, realizada em março de 2010, tomando por base os estudos elaborados pela Organização Mundial de Saúde - OMS, estabeleceu a década 2011-2020 como a Década de Ação para Segurança Viária, convocando todos os países signatários da Resolução, entre eles o Brasil, para desenvolver ações para a redução de 50% de mortes em 10 anos.

A partir das ações determinadas pela campanha, estima-se que cerca de 5 milhões de vidas sejam salvas e que haja uma diminuição de 50 milhões de feridos durante a década 2011-2020. Isso significa uma redução de cerca de 50% da previsão mundial de mortes no trânsito para 2020.

Para atingir a meta em questão é necessária a atuação adequada por parte dos governos de todos os países envolvidos a partir de quatro grupos de ações:

Ações de prevenção (redução da velocidade e uso de álcool) e de redução da letalidade dos acidentes (uso do capacete e do cinto de segurança);

Projeto de vias mais seguras, incentivado por meio de exigências para obtenção de financiamentos e empréstimos para obras viárias;

Fabricação de veículos mais seguros, com equipamento de airbag obrigatório;

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Mobilização de apoio internacional, voltado para auxiliar nas questões de segurança nos países em desenvolvimento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou em maio de 2011 o Plano de Ação da Década de Segurança no Trânsito 2011-2020. Enquanto adesão a este plano, o governo brasileiro, por meio dos ministérios da Saúde e das Cidades, lançou, em mesma data, o PARADA – Pacto Nacional pela Redução de Acidentes – Um Pacto pela Vida.

Figura 4: Década de Ações pela Segurança no Trânsito 2011-2020 Fonte: http://blog.planalto.gov.br

Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS), o Brasil vive atualmente uma epidemia de acidentes de motocicleta, questão ressaltada frente uma explosão no número de atendimento hospitalar neste sentido. De fato, os gastos com internação por acidentes de moto dobraram entre 2007 e 2010. Em 2010, foram 150 mil internações.

Uma das propostas do MS é fixar metas para redução do número de acidentes nos estados. Uma dessas metas é o investimento na melhoria da qualidade do atendimento de emergência realizado pelo Serviço De Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), a partir da capacitação dos profissionais a fim de evitar o aumento da mortalidade por acidentes.

Além dessa questão, é importante também destacar a relevância dada pela campanha “PARADA” aos dados da pesquisa que associa o consumo de álcool aos acidentes de trânsito em seis capitais do país – Recife, Manaus, Fortaleza, Brasília, São Paulo e Curitiba. Dentre os resultados, foi evidenciado que pedestres, ciclistas e passageiros também são responsáveis pelos acidentes de trânsito, o que indica a necessidade de que políticas públicas de educação sejam voltadas também a esses públicos.

Para que os objetivos da campanha nacional sejam alcançados, é de suma importância que haja adesão por partes dos diversos níveis de governo, tendo em vista a capacidade das campanhas educacionais de intervir na construção da cidadania e na mudança de atitudes individuais e coletivas na sociedade.

2.4.3.2. Âmbito Municipal

No artigo 24 do Código de Trânsito Brasileiro é determinado como competência dos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição “promover e participar de projetos e programas de educação e segurança de trânsito de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN”.

O artigo 76 estabelece que:

A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação,

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação.

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Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá:

I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito;

II - a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores;

III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito;

IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito. (Brasil, 1997).

A Prefeitura de Catanduva, por meio de ação integrada das secretarias de Trânsito, Educação e Guarda Civil Municipal, realiza anualmente a Semana Municipal de Conscientização no Trânsito, apresentando palestras e ações socioeducativas para alunos da Rede Municipal de Ensino. Com duração de uma semana, a campanha tem o intuito de reduzir os índices de acidentes de trânsito na cidade.

Figura 5: Prefeitura de Catanduva realiza ações de conscientização na Semana Nacional do Trânsito Fonte: Prefeitura de Catanduva

Na cidade também é desenvolvida a campanha “Bruxa solta no trânsito. A cidade feitiço não merece”. A campanha é composta de abordagem de pedestres e motoristas que são alertados sobre os perigos do trânsito e a importância de respeitar a sinalização, além de serem pregadas faixas nas principais intercessões da cidade e serem promovidas palestras para infratores.

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4. Redução de acidentes

Figura 6: Campanha “Bruxa solta no trânsito. A cidade feitiço não merece”. Fonte: Prefeitura de Catanduva.

2.4.4. Proposta de ação O crescimento dos índices relacionados ao número de acidentes de trânsito representam prejuízos financeiros e perdas imensuráveis com as mortes que ocorrem. Dentre as causas podem ser citadas a inexistência de uma legislação e fiscalização mais rigorosas e políticas públicas não focadas em ações preventivas. E diante do crescimento da população urbana, faz-se necessária a implantação de campanhas de conscientização e mobilização social a fim de promover a articulação e definição de estratégias conjuntas para a melhoria da segurança, promoção da saúde, e da cultura de paz no trânsito.

2.4.4.1. Objetivo

Com base nos estudos da situação atual de Catanduva, são aqui propostas ao órgão gestor municipal ações capazes de indicar estratégias para a redução das taxas de mortalidade e lesões por acidentes de trânsito na cidade, através da implementação de ações de fiscalização, educação, saúde, infraestrutura e segurança veicular.

No caso da atuação por tipo de usuário, as medidas preventivas e corretivas concentram-se em um único usuário da via. Assim, os estudos podem ser dirigidos ao ciclista, motociclista, escolares e pedestres em geral, entre outras possibilidades. A adoção dessa estratégia geralmente está associada a políticas públicas em favor da segurança de determinada categoria de usuários do sistema viário, em vista da ocorrência de um nível elevado de acidentes envolvendo especificamente esses usuários.

2.4.4.2. Foco

Construir uma política de envolvimento de toda a sociedade, campanhas e programas voltados a:

Segurança do motorista;

Segurança do pedestre;

Segurança para motociclistas;

Segurança para ciclistas;

Segurança para transporte de carga e transporte público de passageiros;

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2.4.4.3. Diretrizes

As ações para redução de acidentes de trânsito são aqui fundamentadas em cinco pilares: fiscalização, educação, saúde, infraestrutura e segurança veicular.

Fiscalização

As ações de fiscalização têm como finalidade a organização do sistema de trânsito e transporte visando uma maior segurança, fluidez e comodidade na movimentação de veículos e pedestres e a convivência pacífica dos cidadãos.

São enumeradas, a seguir, ações importantes de fiscalização para a garantia de melhorias na segurança no trânsito:

Estabelecimento de penalidades mais rígidas para as infrações que envolvem maior risco de acidentes;

Obrigatoriedade de determinadas características na fabricação de novos veículos (cinto de segurança de três pontos, bolsa de ar (airbag), banco com apoio para a cabeça, espelhos retrovisores adequados, etc.);

Capacitação adequada dos profissionais da fiscalização (treinamento dos agentes, aumento do efetivo do corpo de agentes, ampliação da fiscalização eletrônica);

Aperfeiçoamento do processo de coleta dos dados de acidentes.

Educação

No campo da educação é indicado o desenvolvimento de atividades de sensibilização da importância do respeito às leis e à sinalização de trânsito para evitar acidentes e, também, atividades de capacitação das pessoas para que possam conduzir seus veículos ou transitar a pé, com segurança.

Ações importantes de educação neste âmbito:

Inclusão do tema no cotidiano das escolas em todos os níveis com aulas teóricas e práticas;

Melhorias no processo de formação e reciclagem de condutores;

Campanhas educativas permanentes utilizando todas as formas de comunicação de massa.

Saúde

Este campo consiste em iniciativas que visam promover a saúde voltada para a mobilidade urbana, em especial, o estímulo e o fomento de ações práticas para a redução de mortes ou da gravidade de lesões às vítimas de acidente de trânsito. Inclui-se neste aspecto a amenização das consequências dos acidentes por parte de um adequado atendimento médico.

Assim, cita-se como ações de saúde a capacitação de agentes de saúde e o investimento em equipamentos adequados ao atendimento de emergência, além de também utilizar das redes de assistência à saúde em comunidades como elementos propagadores de campanhas educativas.

Infraestrutura

O pilar infraestrutura é referente às iniciativas de melhorias na infraestrutura física e de sinalização nas vias urbanas e rodoviárias de forma a proporcionar maiores níveis de segurança. É indicado que as ações neste campo sejam voltadas, em especial, para os principais fatores de risco de acidentes presentes em vias e para os modos de transporte mais vulneráveis no trânsito, como os pedestres, ciclistas e motociclistas.

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Tais ações devem se traduzir também em processo de revisões nas normas aprovação de projetos e loteamentos, das calçadas e raios de visão de cruzamentos e garantir a unificação da sinalização viária implantada, além de identificar, através de levantamentos estatísticos, os pontos favoráveis a acidentes e realizar intervenções corretivas e preventivas.

Segurança Veicular

Dentre as ações que preveem garantir maiores níveis de segurança veicular podemos citar a promoção de inspeção técnica veicular, que além de garantir as condições mínimas de segurança do veículo, tende a promover também uma redução nos níveis de emissão de poluentes; e também são indicados programas de incentivo financeiro para substituição da frota de veículos fora das condições de segurança e de alto custo para recuperação.

2.4.5. Medidas Corretivas No sentido de subsidiar a identificação de medidas corretivas para problemas detectados nos locais críticos, apresenta-se a Tabela 2, na qual são recomendadas medidas de engenharia para certos tipos de acidentes e correspondentes causas prováveis. Dentre as medidas corretivas de comprovada eficácia na redução de acidentes de trânsito, quando corretamente aplicadas, ganha destaque as mini rotatórias, iluminação de faixas de pedestres e fiscalização eletrônica.

Tabela 2: Tipos de Acidentes, Causas Prováveis e Medidas Corretivas

Tipos de Acidentes Causas Prováveis Medidas Corretivas

• Colisão Lateral • Colisão Transversal

Estacionamentos paralelos, perpendiculares e/ou oblíquos ao longo das vias de tráfego, principalmente aqueles localizados no lado esquerdo e próximo às interseções, prejudicam a visibilidade dos condutores de veículos nos procedimentos de manobra.

• Eliminação de vagas de estacionamento localizadas próximo às interseções, por intermédio do alargamento das calçadas nas esquinas ou pela pintura de zebrados; • Redução da velocidade de tráfego na via; • Reforço da sinalização horizontal e vertical.

Desalinhamento na geometria horizontal da via ou interseção gera conflitos entre fluxos do mesmo sentido e/ou mudança brusca de direção, em função da existência de meios-fios ou ilhas incompatíveis ao alinhamento horizontal.

• Adequação do layout da interseção ou trecho, dentro dos padrões técnicos de geometria horizontal, buscando o alinhamento adequado aos fluxos de tráfego; • Implantação de canalizações por intermédio da pintura de faixas de tráfego e de balizamento com tachões refletivos para visualização à noite; • Pintura de zebrados junto aos vértices das ilhas de refúgio e canalizações com tachões refletivos.

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4. Redução de acidentes

Tipos de Acidentes Causas Prováveis Medidas Corretivas

Sinalizações horizontal e vertical precárias ou inexistentes provocam falta de orientação e/ou informações confusas aos condutores de veículos e, geralmente, ocasionam conflitos entre os movimentos contínuos e de conversões nas interseções.

• Implantação de sinalização horizontal e vertical segundo os padrões técnicos recomendados, com a utilização de tinta e tachões refletivos para visualização noturna. • Pintura de setas de direção no pavimento, próximas às interseções ou trechos onde a orientação para os movimentos de tráfego encontra-se confusa.

• Colisão Transversal • Colisão Traseira • Engavetamento

Semáforo: • Com tempo de amarelo ou vermelho total insuficiente para a travessia completa dos veículos na interseção; • Com tempo de ciclo muito longo, induzindo o desrespeito dos condutores de veículos na prioridade de passagem; • Com defasagem inadequada e falta de sincronia entre interseções próximas e consecutivas; • Com visibilidade prejudicada por estar implantado em local inadequado ou por interferências tais como árvores, vegetação, equipamentos urbanos, bem como em situações que provocam ofuscamento para visão do motorista.

• Redimensionamento dos tempos de ciclo dos semáforos, após a realização de contagens de tráfego na interseção e ajustes nos tempos amarelo e vermelho total quando necessário; • Implantação de dispositivos eletrônicos de controle de avanço de semáforo; • Sincronização de semáforos entre interseções próximas e consecutivas; Relocação de conjuntos semafóricos; • Desobstrução da visibilidade do semáforo pela remoção das barreiras visuais.

Excesso de velocidade que pode ser induzido pelas características geométricas da via, com elementos horizontais superdimensionados, grandes declividades e vias com larguras excessivas.

• Adequação do layout da interseção ou trecho dentro dos padrões técnicos da geometria horizontal, buscando soluções voltadas à redução das velocidades, tais como: redimensionamento de curvas horizontais, alteração de traçado nas aproximações da interseção forçando a redução da velocidade, implantação de passeios, reduzindo o excesso de área de circulação; • Implantação de dispositivos de controle de velocidade, tais como: lombadas eletrônicas, ondulações transversais e sonorizadores, devidamente sinalizados, nos locais e trechos de grandes declividades e de altas velocidades; • Implantação ou reforço da sinalização vertical de regulamentação da velocidade máxima permitida.

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4. Redução de acidentes

Tipos de Acidentes Causas Prováveis Medidas Corretivas

Pouca visibilidade entre as aproximações de interseções não semaforizadas, devido a: • Edificações construídas muito próximas às vias, impedindo a visão dos condutores; • Curvas verticais côncavas de comprimento inadequado; • Existência de barreiras obstruindo a visibilidade, tais como: barracas de camelô, placas de propaganda, arbustos, árvores e outros.

• Sinalização de interseções com o deslocamento das faixas de pedestre para fora da área de conflito nas aproximações; • No topo das curvas verticais côncavas, evitar situações de conflito tais como: estacionamento de veículos, retornos, conversões prejudicadas pela visibilidade e travessia de pedestres; • Remoção de barreiras que possam estar obstruindo a visibilidade dos condutores nas interseções; • Alteração dos sentidos de circulação em interseções ou proibição de movimentos de conversão que provoquem conflitos em áreas de pouca visibilidade.

• Colisão Transversal • Colisão Traseira • Engavetamento

Iluminação noturna precária ou inexistente prejudica a visibilidade nas interseções e trechos viários e torna estes locais potencialmente mais perigosos quando associados à ausência de sinalizações horizontal e vertical.

• Implantação ou reforço da iluminação pública nos trechos e interseções onde os acidentes estejam relacionados à falta de visibilidade noturna; • Implantação ou reforço de sinalização Horizontal e Vertical, com materiais refletivos.

Estacionamento de veículos muito próximo às áreas das interseções provoca conflitos entre os movimentos de manobra e de conversão de veículos nas interseções.

• Eliminação das vagas de estacionamento próximas às interseções por intermédio de alargamento de calçadas ou pintura horizontal em zebrado.

Pavimento em condições precárias e problemas na drenagem superficial ocasionam a presença de depressões, recalques, buracos e poças d’água.

• Recuperação do pavimento das vias; • Implantação ou correção de sistemas de drenagem superficial; • Promoção de programa de manutenção e recuperação de vias.

Sinalizações horizontal e vertical precárias ou inexistentes resultam em falta de orientação e/ou informações confusas aos condutores de veículos. Esta situação é agravada pela falta de iluminação noturna.

• Implantação ou recuperação da sinalização horizontal e vertical, avaliando a sua necessidade de adequação em função das ocorrências dos acidentes de trânsito; • Utilização de material para pintura no pavimento visível à noite e eficiente em tempos de chuva.

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4. Redução de acidentes

Tipos de Acidentes Causas Prováveis Medidas Corretivas

• Colisão Transversal • Engavetamento

Travessia irregular de pedestres ocasiona freadas bruscas.

• Regulamentação das travessias de pedestres em locais de alta movimentação, por intermédio da implantação de faixas de pedestres sinalizadas ou semaforizadas, de acordo com as características do tráfego no local; • Diminuição da velocidade de tráfego nas vias de grande movimentação de pedestres.

• Colisão Frontal • Choque com Objeto Fixo • Colisão Frontal • Choque com Objeto Fixo

Visibilidade precária em vias com curvas verticais côncavas de desenvolvimento inadequado ocasiona acidentes em ultrapassagens, em vias de mão dupla.

• Implantação ou reforço de sinalização viária proibindo ultrapassagens; • Implantação de barreiras físicas, separando os fluxos opostos de tráfego, por intermédio de tachões, muretas de concreto e defensas New Jersey.

Pavimento danificado, com depressões, recalques e buracos, ocasiona a mudança brusca de direção e perda do controle do veículo. Pavimento escorregadio ocasiona derrapagens.

• Implantação e recuperação do pavimento e dos dispositivos de drenagem superficial; • Adoção de revestimentos rugosos, que apresentam melhor resistência às derrapagens em locais críticos de frenagem de veículos, de travessia de pedestres e junto a semáforos.

Sinalizações horizontal e vertical precárias ou inexistentes, omitindo regulamentação de sentidos de tráfego e/ou proibição de ultrapassagens. Desrespeito à sinalização horizontal e vertical relativa à proibição de ultrapassagens, movimentos de retorno e sentidos de tráfego.

• Implantação ou recuperação da sinalização horizontal e vertical, com reforço aos sentidos de tráfego, proibição de conversões e ultrapassagens; • Implantação de barreiras físicas tais como tachões, muretas de concreto e defensas New Jersey.

• Capotagem

Excesso de velocidade associado a vias com características geométricas precárias e situações de perigo.

• Implantação de dispositivos de controle de velocidades, tais como lombadas eletrônicas, ondulações transversais, sonorizadores com reforço de sinalização de advertência; • Minimização das situações de perigo por intermédio da implantação de defensas, reforço da sinalização horizontal e remanejamento de acessos perigosos.

Pavimento danificado e/ou escorregadio, ocasionando mudança brusca de direção, perda de controle do veículo e derrapagens.

• Recuperação do pavimento e adoção de revestimentos rugosos antiderrapantes.

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4. Redução de acidentes

Tipos de Acidentes Causas Prováveis Medidas Corretivas

• Tombamento

Mudança brusca de direção ocasionada por situações de perigo, tais como: objetos ou veículos parados indevidamente na pista, travessia irregular de pedestres ou animais. A capotagem e o tombamento também podem estar relacionados, direta ou indiretamente, aos outros tipos de acidentes de trânsito, ou seja: podem ocorrer pela reação do condutor na tentativa de evitar uma colisão ou atropelamento, ou pode estar associados a outro tipo de acidente (ex: capotagem com choque em objeto fixo).

• Adoção de medidas corretivas discriminadas nos demais tipos de acidentes, após a avaliação das causas.

•Atropelamento

Sinalizações horizontal e vertical precárias ou inexistentes nas travessias de pedestres, sobretudo em áreas de grande movimentação de transeuntes e junto a equipamentos urbanos (hospitais, escolas e outros). Desrespeito à sinalização das travessias de pedestres. Excesso de velocidade desenvolvida em áreas urbanas quer pelas características geométricas da via, quer por desrespeito às normas de trânsito.

• Implantação ou recuperação da sinalização horizontal e vertical das travessias de pedestres; • Elevação do nível do pavimento nas faixas de pedestres localizadas em áreas centrais e de grande movimentação; •Implantação de semáforo para pedestres nas travessias onde o desrespeito à sinalização é constante; • Implantação de dispositivos de redução de velocidade, tais como ondulações, sonorizadores no pavimento, tachões colocados transversalmente e lombadas eletrônicas.

Iluminação noturna precária ou inexistente em áreas de travessia de pedestres.

• Implantação ou reforço da iluminação pública noturna das travessias de pedestres.

Visibilidade precária para o condutor do veículo e para o pedestre, em vias com curvas verticais côncavas de comprimento inadequado e nas travessias de pedestres.

• Relocação das travessias de pedestres, buscando os locais mais favoráveis à visibilidade dos condutores de veículos e dos pedestres.

Travessia irregular de pedestres em locais inadequados à visibilidade dos condutores de veículos, tais como: entre veículos estacionados nas laterais da via e junto a pontos de ônibus e táxi.

• Implantação de faixas de pedestres em locais apropriados; • Implantação de dispositivos de controle de travessia irregular dos pedestres tais como: grades, muretas vazadas e ajardinamento de canteiros com arbustos.

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4. Redução de acidentes

Tipos de Acidentes Causas Prováveis Medidas Corretivas

Largura excessiva das vias, expondo o pedestre ao risco de atropelamento, associada ao desenvolvimento de altas velocidades.

• Alargamento de calçadas com o avanço dos passeios sobre a via nos locais de travessia de pedestres, para que estes fiquem mais visíveis aos condutores de veículos, encurtando o trecho de travessia; • Implantação de ilhas de refúgio para pedestres, auxiliando o resguardo nas travessias extensas; e • Implantação de dispositivos de redução de velocidade.

Fonte: Programa PARE _ Ministério dos Transportes.

Para estimar a redução dos acidentes de trânsito, bem como da gravidade dos acidentes, a equipe técnica deve avaliar cuidadosamente os elementos constantes do projeto conceitual e verificar o impacto proporcionado pelo conjunto das medidas corretivas a cada um dos acidentes ocorridos no local, em termos de redução do percentual de risco de nova ocorrência de mesma natureza. Não há parâmetros oficiais para estimativa desse percentual de redução. Todavia, os procedimentos utilizados em projetos dessa natureza levam em conta experiências semelhantes monitoradas por meio de registros das situações “antes” e “depois” da implantação do projeto. A título de exemplo, apresenta-se a Tabela 3 com os dados usados como referência do Programa PARE de pesquisas realizadas na Inglaterra. Se tratando, pois, de valores da realidade inglesa, em projetos desenvolvidos no Brasil, têm-se adotado, para alguns casos semelhantes - mesmo tipo de medida corretiva -, percentuais de redução maiores que os indicados nessa tabela.

Tabela 3: Intervenção versus Expectativa de Redução do Risco de Acidentes

Tipo de Acidente Medida Corretiva de Engenharia Percentual de Redução (%)

Com vítima Instalação de minirrótulas 50

Com vítima Instalação de sinalização semafórica 40

Com vítima

Adição de período de vermelho total em semáforos

40

Todos os acidentes no período de chuva (pista molhada)

80

Todos os acidentes Substituição de revestimentos escorregadios 45

Com vítima à noite Iluminação pública 30

Com vítima Aumento da visibilidade em interseções 30

Com pedestre Instalação de grades para proteção do pedestre 10

Fonte: Ministério dos Transportes.

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4. Redução de acidentes

2.4.6. Considerações Finais Devido à dinâmica dos fatores contribuintes de acidentes, a magnitude e as consequências da ocorrência de acidentes de trânsito tendem a se modificar ao longo do tempo. Deste modo, torna-se necessário a elaboração de um banco de dados atualizado para subsidiar a caracterização e diagnóstico da ocorrência de acidentes segundo sua localização, severidade e tipologia. A principal função do banco de dados é prover o cálculo de índices de acidentes que possa identificar os locais críticos no sistema viário, possibilitando a investigação dos fatores contribuintes dos acidentes em cada local. O bando de dados deve ser composto das informações dos registros e boletins de ocorrência, podendo contar também com especificidades presentes nos relatórios de atendimento médico às vítimas de acidentes. Analisar os acidentes de trânsito é considerar que suas ocorrências representam eventos espaciais, ou seja, que eles possuem uma posição determinada e que possam ser localizadas no espaço em locais com maiores e menores incidências num dado período. “Isto implica que os acidentes de trânsito, assim como outros fenômenos espaciais, dependam de correlações espaciais, que os métodos estatísticos tradicionais podem não elucidar.” (LEVINE, 1996). Os sistemas de informação geográfica permitem gerar distintos mapas temáticos (mapas com a localização dos locais críticos, de maior incidência, associados a uma ou mais características dos acidentes previamente selecionadas), proporcionando, assim, uma visualização clara da distribuição espacial dos acidentes com características semelhantes. Com isso, é possível associar aos diversos locais críticos assinalados no mapa às características mais comumente presentes nos acidentes, facilitando a identificação da natureza dos acidentes e a definição de ações mitigadoras. Portanto, cabe à Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos colher a resenha desses acidentes de trânsito e orientar-se quanto aos locais de maior incidência desses eventos, direcionando estudos de engenharia de tráfego para mudanças de sinalização com a finalidade de melhorar e tentar minimizar tais episódios. Para o Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, qualquer elemento da via que contribua para aumentar o risco de acidentes constitui uma carência de segurança. Nos últimos anos, diversas pesquisas voltadas para a segurança do tráfego têm sido desenvolvidas e aplicadas nos principais centros urbanos das capitais brasileiras com o intuito de diminuir os problemas gerados por este fenômeno. Um planejamento abrangendo a integração de políticas públicas, desenvolvimento urbano, além de investimentos na melhoria da qualidade da infraestrutura viária e em campanhas educativas, podem em curto prazo, contribuir para obter patamares significativos na redução dos índices de acidentes de trânsito.