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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro 16, 17 e 18 de julho de 2013 Local: Escola Nacional de Botânica Tropical Rua Pacheco Leão, 2040 Horto Florestal

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Instituto de Pesquisas

Jardim Botânico do Rio de Janeiro

16, 17 e 18 de julho de 2013

Local: Escola Nacional de Botânica Tropical

Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal

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Instituto de Pesquisas

Jardim Botânico do Rio de Janeiro

XXI Seminário PIBIC

16, 17 e 18 de julho de 2013

Programa e Resumos

Local: Escola Nacional de Botânica Tropical

Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal

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Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Presidente – Samyra Crespo

Diretor de Pesquisa Científica – Rogério Gribel Soares Neto

Diretor da ENBT – Henrique Gomes de Paiva Lins de Barros

Diretor de Ambiente e Tecnologia – Guido Gelli

Diretor de Gestão Interino – João Elisiário L. de Resende

Museu do Meio Ambiente – Alda Heizer

Comitê Interno PIBIC

Claudia Franca Barros

Leandro Freitas

Leonardo Tavares

Vidal de Freitas Mansano

Secretária: Leila A. Fonseca

Comitê Externo PIBIC

André Marcio A. Amorim, Departamento de Ciências Biológicas, UESC

Paulo Cesar de Paiva, Departamento de Zoologia - UFRJ

Apoio

Fundação Flora de Apoio à Botânica

05/07/2013

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PROGRAMAÇÃO

Dia 16/07/2013

13:30h - Abertura

14:00h - Palestra “BIODIVERSIDADE VS. BIOSSÍNTESE”, Profa. Dra. Maria Auxiliadora

Kaplan (UFRJ)

INTERVALO

APRESENTAÇÕES – BOLSISTAS

15:15h – Alessandra Ribeiro Pinto

COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM

MATA ATLÂNTICA MONTANA

15:30h – Allan Jorge Ribeiro dos Santos

EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE

AMPLIFICAÇÃO DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE SELAGINELLA P.

BEAUV. SUBGÊNERO STACHYGYNANDRUM (P. BEAUV. EX MIRB.) BAKER

15:45h – Ana Carolina Bergallo Guimarães

FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:

PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS

16:00h – Ana Carolina dos Santos Calheiros

APRIMORAMENTO DA TECNOLOGIA DE CULTIVO DE ULVA FLEXUOSA NO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

16:15h – Ana Carolina Mariz Costa de Medeiros

DELIMITAÇÃO DO COMPLEXO DE TÁXONS REÓFITOS DE DYCKIA

(PITCAIRNIOIDEAE – BROMELIACEAE) COM USO DE MORFOMETRIA

16:30h – Análise dos relatórios dos bolsistas pelo Comitê Externo - CNPq

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Dia 17/07/2013

APRESENTAÇÕES – BOLSISTAS

9:15h – Bernard Carvalho Bandeira

MELASTOMATACEAE REVISITADA NA FLORA ORGANENSIS

9:30h – Bruno Damasceno Cordeiro

CRESCIMENTO E SOBREVIVÊNCIA DE PLÂNTULAS DE ANTHURIUM

MARICENSE (ARACEAE) SOB CONDIÇÃO SIMULADA DE FACILITAÇÃO

9:45h – Palestra “O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER”, Dra. Marina Wolowski

(AEDB Resende)

INTERVALO

10:45h – Cínthia Cristina Cabral da Cruz

RIQUEZA DE ESPÉCIES DE BRIÓFITAS DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ,

AMAZÔNIA, BRASIL

11:00h – Fernanda de Araujo Masullo

ONTOGENIA DOS FRUTOS DE ESPÉCIES DA TRIBO MALVEAE

(MALVACEAE)

11:15h – Fernanda Marcelle de O. Azevedo

EVOLUÇÃO EM FERRUGENS (UREDINALES – FUNGI): UMA VISÃO A

PARTIR DA RECONSTRUÇÃO FILOGENÉTICA DOS HOSPEDEIROS

11:30h – George Azevedo de Queiroz

DIVERSIDADE DE PIPERACEAE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA

TIRIRICA, NITERÓI/MARICÁ, RJ BRASIL

ALMOÇO

13:30h – Geysa Marinho de Souza

LOCALIZAÇÃO INTRACELULAR DE METABÓLITOS EM CÉLULAS

CORTICAIS DE PLOCAMIUM BRASILIENSE (RHODOPHYTA)

13:45h – Iris Lourenco de Menezes

VIABILIDADE DO CULTIVO DE ALGAS COM POTENCIAL PARA

FÁRMACOS

14:00h – Júlia Maria Correia Gaspar

HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO

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14:15h – Lilian Jorge Hill

CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FILAMENTOS

INTERMEDIÁRIOS EM MACROALGAS MARINHAS

14:30h – Luis Henrique do C.A. da Silva

EPIFITISMO E SÍNDROMES DE DISPERSÃO EM BROMELIACEAE DA

MATA ATLÂNTICA

14:45h – Marco Octávio de O. Pellegrini

A FAMÍLIA COMMELINACEAE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

INTERVALO

15:15h – Paloma Costa Cancella

TRANSFERIBILIDADE DE MARCADORES DE DNA MICROSSATÉLITES EM

ESPÉCIES DE JEQUITIBÁS (CARINIANA SPP., LECYTHIDACEAE)

15:30h – Rafael Gomes Barbosa da Silva

RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ, AMAZÔNIA,

BRASIL

15: 45h – Análise dos relatórios pelo Comitê Externo - CNPq

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Dia 18/07/2013

APRESENTAÇÕES – BOLSISTAS

9:15h – Tarlile Barbosa Lima

MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO EM SWARTZIA

(LEGUMINOSAE, PAPILONOIDEAE), UM GÊNERO DIVERSO NO

NEOTRÓPICO

09:30h – Thiago Iwase Silva

ARISTOLOCHIACEAE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

09:45h – Palestra “ESTUDOS EM PIPERACEAE DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA AO

DOUTORADO”, MSc. Daniele Monteiro – ENBT/JBRJ

INTERVALO

10:45h – Thiago Rodas Mulles de Campos

DIVERSIDADE DE FORMIGAS EM MANGUEZAIS NATURAIS E

RECUPERADOS NA BAÍA DE GUANABARA E COMPLEXO LAGUNAR DA

BAIXADA DE JACAREPAGUÁ – RJ

11:00h - Vinicius Andrade de Melo

ALTERNATIVAS PARA A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DE TRECHO DE

MATA ATLÂNTICA NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO – FASE

IV – MONITORAMENTO DA SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO,

CONSIDERANDO AS CONDIÇÕES DE ALAGAMENTO DAS MUDAS E

AVALIAÇÃO DA COBERTURA DO DOSSEL NO PLANTIO

11:15h – Encerramento

RESUMO EX-BOLSISTAS

Priscila Quintela Pinto Paiva

EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE

AMPLIFICAÇÃO DE REGIÕES DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE

JAMESONIELLA RUBRICAULIS (NEES) GROLLE

Juliana Marins de Assis

ATIVIDADE E LOCALIZAÇÃO DE PEROXIDASES EM LAURENCIA DENDROIDEA

(J.AGARDH)

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COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM MATA

ATLÂNTICA MONTANA

Alessandra Ribeiro Pinto; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação:

08/2009; previsão de conclusão do curso: 08/2014; ingresso no PIBIC: abril/2012; orientador:

Leandro Freitas

INTRODUÇÃO

A variação de altitude é um importante gradiente ecológico, sendo que, com o aumento da altitude

ocorrem mudanças nos níveis de precipitação, diminuição da temperatura e maior presença de

neblina (Gentry 1988, Lieberman et al. 1996), além da diminuição da pressão atmosférica e do

aumento da radiação solar (Jones 1992). Os gradientes altitudinais são adequados para o estudo da

composição de abelhas, pois muitas características que potencialmente influenciam na distribuição

destes animais, como temperatura e disponibilidade de recursos, variam com a altitude (Michener

1979).

A subtribo Euglossini, pertencente à família Apidae, apresenta ca. 200 espécies distribuídas pelos

gêneros Eufriesea Cockerell, 1908, Euglossa Latreille, 1802 e Eulaema Lepeletier, 1841, além de

Aglae Lepeletier & Serville, 1825 e Exaerete Hoffmannsegg, 1817, que são cleptoparasitas de

outras euglossines (Roubik & Hanson 2004). O grupo é exclusivamente neotropical, ocorrendo

desde a Argentina central até o sul dos Estados Unidos (Silveira et al. 2002). Euglossines de ambos

os sexos são eficientes agentes polinizadores de muitas espécies, com destaque para a polinização

de flores de perfume por machos (Janzen 1971).

OBJETIVO

O objetivo deste estudo é inventariar a composição de espécies de Euglossini na floresta montana

do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, de forma a monitorar a ocorrência destas abelhas em três

altitudes distintas, registrando em quais épocas do ano elas são mais diversas e frequentes.

MATERIAL E MÉTODOS

Local de estudo

O estudo está sendo realizado no PARNASO, em trilhas localizadas na sede de Teresópolis, RJ. O

local apresenta uma área de floresta ombrófila densa montana, onde abriga diversas espécies da

fauna e da flora da Mata Atlântica. Suas altitudes atingem 2263 m no seu pico mais alto. Para a

realização deste estudo foram selecionadas três trilhas a aproximadamente 960, 1050 e 1200 m de

altitude.

Procedimentos

Para as coletas dos machos de Euglossini foram utilizadas armadilhas contendo iscas odoríferas

(modelo desenvolvido por G.C. Silveira, comum. pess) (Fig. 1), com os compostos acetato de

benzila, cinamato de metila, eucaliptol, eugenol, salicilato de metila e vanilina Cada armadilha foi

preparada com apenas um composto aromático, sendo necessárias seis armadilhas para cada ponto

de coleta. Essas armadilhas foram instaladas a uma altura de aproximadamente 1,5 m do solo e com

uma distância de 10 m entre si, sendo colocadas a partir das 8:00 h e retiradas na mesma tarde, por

volta das 16:00 h. O material coletado foi levado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

RESULTADOS

Foram coletadas 62 abelhas pertencentes a três gêneros de Euglossini, sendo Euglossa o gênero

mais representativo (Tab. 1). Os meses de setembro e outubro foram os mais abundantes. A maior

abundância ocorreu a 960 m de altitude, diminuindo drasticamente nos outros pontos de coleta (Fig.

1). Todas as iscas odoríferas tiveram algum grau de atratividade, entretanto, a vanilina e o eucaliptol

foram mais atrativas que as demais.

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DISCUSSÃO

Apesar de ainda não termos uma série temporal completa, 62,9% dos machos foram coletados nos

meses de setembro e outubro, sugerindo que a maior abundância ocorre no início da estação

chuvosa. Já o final da estação chuvosa teve a menor abundância, com apenas um indivíduo coletado

nos meses de março e abril. Essa distribuição de abundância pode ser explicada pelo aumento da

temperatura na estação chuvosa e pela precipitação, que atinge níveis extremos no final deste

período, podendo interferir na disponibilidade de recursos para estas abelhas.

A diminuição da abundância nos pontos de coleta mais elevados, indica uma restrição para a

ocorrência destas abelhas a partir de ca. 1000 m, sendo que o limite pode ser próximo aos 1200 m

de altitude. Esse limite possivelmente está relacionado às mudanças abióticas relacionadas à altitude

e também pode refletir ausência de recursos florais (i.e., espécies que secretam perfume como

recurso).

A preferência por certas iscas odoríferas já foi registrada em outros estudos, sendo que existe uma

variação geográfica na preferência por fragrâncias entre os machos de Euglossini (Pearson &

Dressler, 1985, Ackerman 1989, Farias et al. 2007, Ramírez et al. 2010).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACKERMAN J.D. 1989. Geographic and seasonal variation in fragrance choice and preferences of

male euglossine bees. Biotropica 21: 340-347.

FARIAS R.C.A.P., MADEIRA-DA-SILVA M.C., PEREIRA-PEIXOTO M.H., MARTINS C.F.

2007. Horário de atividade de machos de Euglossina (Hymenoptera: Apidae) e preferência por

fragrâncias artificiais em mata e dunas na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio

Mamanguape, Rio Tinto, PB. Neotropical entomology 36: 863-867.

GENTRY A.H. 1988. Changes in plant community diversity and Floristic composition on

environmental and geographical gradients. Annals of Missouri Botanical Garden 75: 1- 34.

JANZEN D.H. 1971. Euglossine bees as long-distance pollinators of tropical plants. Science 171:

203-205.

JONES H.G. 1992. Plants and microclimate: a quantitative approachy to environmental plant

physiology 2. Cambrige University Press, Cambrige.

KIMSEY L.S. 1987. Generic relationships within the Euglossini (Hymenoptera: Apidae).

Systematic Entomology 12: 63-72.

LIEBERMAN M., LIEBERMAN D., PERALTA R., HARTSHORN G.S. 1995.Canopy closure and

distribution of tropical forest tree species at La Selva, Costa Rica. Journal of Tropical Ecology 11:

161-17

PEARSON D.L., Dressler R.L. 1985. Two-year study of male orchid bee (Hymenoptera: Apidae:

Euglossini) attraction to chemical baits in lowland south-eastern Peru. Journal of Tropical Ecology

1: 37-54.

RAMÍREZ S.R., ELTZ T., FRITZSCH F., PEMBERTON R., PRINGLE E.G., TSUTSUI N.D.

2010. Intraspecific geographic variation of fragrances acquired by orchid bees in native introduced

populations. Journal of Chemical Ecology 36: 873-884.

ROUBIK D.W., HANSON P.E. 2004. Orchid bees from tropical America. Biology and field guide.

INBio Press, Santo Domingo de Heredia.

SILVEIRA F.A., MELO G.A.R., Almeida E.A.B. 2002. Abelhas brasileiras: Sistemática e

identificação. Belo Horizonte, Fundação Araucária.

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Tabela 1. Distribuição de abundância e riqueza de espécies de abelhas Euglossini nos pontos de

coleta referentes a 960, 1050 e 1200 m de altitude na Mata Atlântica montana no Parque Nacional

da Serra dos Órgãos.

Espécie Ponto de coleta (altitude)

P1 (960 m) P2 (1050 m) P3 (1200 m)

Euglossa cf. stellfeld Moure, 1947 34 11 2

Euglossa sp. 7 0 0

Euglossa carolina Nemésio, 2009 0 2 0

Euglossa liopoda Dressler, 1982 1 0 0

Euglossa hemichlora Cockerell, 1917 1 0 0

Eulaema marcii Nemésio, 2009 2 0 0

Eulaema nigrita Lepeletier, 1841 1 0 0

Eufriesea violacea (Blanchard, 1840) 1 0 0

Total 47 13 2

Figura 1. Distribuição da abundância dos machos de Euglossini ao longo do ano nos pontos de

coleta referentes a 960, 1050 e 1200 m de altitude.

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EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DO

GENOMA DO CLOROPLASTO DE SELAGINELLA P. BEAUV. SUBGÊNERO

STACHYGYNANDRUM (P. BEAUV. EX MIRB.) BAKER

Allan Jorge Ribeiro, Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação 01/2009; previsão de

conclusão do curso – 2013; ingresso no PIBIC: 02/2013; orientadora: Dra. Denise Pinheiro da

Costa.

INTRODUÇÃO

A divisão Lycophyta constitui a linhagem mais basal das plantas terrestres vasculares (Pryer et al.

2001), sendo representada pelas famílias Selaginellaceae, Lycopodiaceae e Isoetaceae. O gênero

Selaginella é monofilético segundo as análises mais recentes (Korall et al. 1999; Korall & Kenrich

2002; Korall & Kenrich 2004). Dentre as diversas sinapormofias que definem Selaginellaceae,

estão: caule dicotômico de onde emergem rizóforos; folhas uninervadas dimórficas e achatadas

(microfilos); esporângios adaxiais com deiscência transversal (Jermy 1990). Os primeiros estudos

moleculares foram realizados por Korall et al. (1999), que identificaram Selaginellaceae como um

grupo monofilético (clado “rizofórico”) e por Korall & Kenrick (2002), com a inclusão de 62

espécies e resultados semelhantes. Posteriormente, Korall & Kenrick (2004), realizaram um estudo

filogenético de Selaginellaceae encontrando diferenças entre os genomas e um padrão de

relacionamento semelhante aos estudos realizados. Korall & Taylor (2006) estudaram as variações

morfológicas do megásporo de 52 espécies num contexto filogenético indicando várias

sinapormofias para os clados da família. Nestes estudos representantes da série Articulatae foram

utilizados demonstrando uma relação mais próxima com as espécies isófilas (Korall et al. 1999).

Esta série está incluída no subgênero Stachygynadrum possui cerca de 40 táxons endêmicos da

América Latina, um asiático e um nativo do Sul da África (Somers 1982). Assim, em relação à

monofilia do gênero Selaginella existe um consenso, entretanto, o mesmo não ocorre com as

relações infragenéricas, principalmente nos subgêneros Heterostachys e Stachygynandrum (Korall

et al. 1999), e apesar dos estudos realizados para Selaginella nenhum tratou exclusivamente de

Articulatae. Dessa maneira é importante a elaboração de uma filogenia para a série Articulatae,

subgênero Stachygynandrum. Este plano de trabalho está inserido na tese de doutorado de Revisão

taxonômica de Selaginella (P. Beauv) subgen. Stachyginandrum (P. Beauv ex Mirb) Baker no

Brasil e filogenia da série Articulatae Spring.

OBJETIVOS

Objetivos gerais

Realizar a filogenia para a série Articulatae, subgênero Stachygynandrum, e com os resultados

obtidos colaborar com o estudo do subgênero Heterostachys que vem sendo desenvolvido na

UFMG.

Objetivos específicos

1) extração de DNA de indivíduos de diferentes espécies de Selaginella, 2) otimização das

condições de amplificação do genoma de cloroplasto.

METODOLOGIA

Coleta do material

Foram coletadas amostras nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado,que concentram a maior

parte das espécies no Brasil.

Extração do DNA

A extração do DNA genômico total foi realizada com o protocolo CTAB (Doyle & Doyle, 1987),

modificado por Ferreira & Grattapaglia (1998).

Quantificação do DNA

Foram utilizados dois métodos: 1) quantificação por análise comparativa utilizando padrões de

massa molecular conhecida em géis de agarose, submetidos a eletroforese e posteriormente

analisados sob luz ultra-violeta em transiluminador e fotodocumentados; 2) análise

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espectrofotométrica utilizando-se o equipamento NanoDrop com determinação automática da

concentração de ácidos nucleicos (DNA e RNA) a partir da análise de 1 l de solução de amostra.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Coleta do material

Foram coletadas amostras de 10 espécies nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado,

correspondendo a 25% dos terminais.

Extração e quantificação do DNA

O protocolo CTAB mostrou-se eficiente para extração em material coletado em sílica, mas não para

material de herbário. Foi extraído o DNA genômico total de todos os indivíduos coletados,

totalizando 10 indivíduos. As imagens de géis indicam a boa qualidade e quantidade do DNA

extraído. Foi possível estimar pelo método comparativo as concentrações do DNA (50 e 200 ng/ l)

e por espectrofotometria (220-3400 nm com pico de 260 nm). As estimativas das concentrações do

DNA extraído de 10 indivíduos por análise no NanoDrop foram iguais ao método comparativo.

CONCLUSÕES

O protocolo CTAB utilizado mostrou-se eficiente para a extração de DNA de Selaginella, tanto

qualitativa quanto quantitativamente, para material recém coletado em sílica, mas não para amostras

de herbário.

Os testes realizados para otimizar as condições de amplificação do genoma do cloroplasto de

Selaginella tiveram êxito com material fresco, apresentando produtos amplificados com alta

especificidade e robustez. Entretanto para material de herbário estes não se mostraram eficientes e

as condições de extração ainda estão sendo otimizadas para este tio de amostra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOYLE, J.J.; DOYLE, J. L. 1987. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, 12: 13-15.

FERREIRA, M.E. & GRATTAPAGLIA, D. 1998. Introdução ao uso de marcadores moleculares

em análise genética, 3ª ed. EMBRAPA-CENARGEN, Brasília.

KORALL, P. & KENRICH, P & THERRIEN, J.P. 1999. Phylogeny of Selaginellaceae: evaluation

of generic/subgeneric relationships based on rbcL gene sequences. International Journal of Plant

Sciences 160: 585-594.

KORALL, P. & KENRICH, P. 2002. Phylogenetic relationships in Selaginellaceae based on rbcL

sequences. American Journal of Botany 89: 506-517.

KORALL, P. & KENRICH, P. 2004. The phylogenetic history of Selaginellaceae based on DNA

sequences from the plastid and nucleus: extreme substitution rates and rate heterogeneity.

Molecular phylogenetics and evolution 31(3): 852-864.

KORALL, P. & TAYLOR, W.A. 2006. Megaspore morphology in the Selaginellaceae in a

phylogenetic context: A study of the megaspore surface and wall structure using scanning electron

microscopy. Grana 45: 22–60.

PRYER, K.M., SCHNEIDER, H., SMITH, A.R., CRANFILL, R., WOLF, P.G., HUNT, J.S. &

SIPES, S.D. 2001. Horsetails and ferns are a monophyletic group and the closest living relatives to

seed plants. Nature 409: 618-622.

SOMERS, P. Jr. 1982. A Unique Type of Microsporangium in Selaginella Series Articulatae.

American Fern Journal 72(3): 88-92.

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FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: PARQUE

ESTADUAL DOS TRÊS PICOS

Ana Carolina Bergallo; Graduação em Ciências Biológicas, PUC-Rio; ingresso na graduação –

03/2011; previsão de conclusão – 12/2014; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientador: Gustavo

Martinelli

INTRODUÇÃO

Os Campos de Altitude vêm sendo indicados como áreas de grande riqueza e alto grau de

endemismo (Martinelli, 1984, 1996, 2007; Porembski et al,. 1998; Safford, 1999; Safford &

Martinelli, 2000; Ribeiro, 2002; Ribeiro et al., 2007).

Devido à dificuldade de acesso, os campos de altitude mativeram-se em muitos casos bem

preservados das ações antrópicas e, portanto, abrigam amostras da flora bem conservadas. Contudo

por esse mesmo motivo existe escassez de informações a seu respeito, pouco se sabendo sobre suas

características básicas, e sendo raras até mesmo pesquisas descritivas (Mocochinski, 2006).

A escassez de coleta e a falta de conhecimento das características ecológicas dos ecossistemas em

relação aos levantamentos básicos sobre a fauna impedem a elaboração de estratégias adequadas

para a conservação de espécies e a definição de áreas prioritárias para a conservação.

OBJETIVO

O presente estudo objetiva gerar uma lista das espécies da flora ocorrentes nos campos de altitude

do Parque Estadual de Três Picos, no estado do Rio de Janeiro. Tendo em vista complementar os

trabalhos realizados por Martinelli (1996) para este tipo de vegetação, uma vez que este conjunto

de montanhas não foi incluído nos levantamentos realizados anteriormente.

MATERIAL E MÉTODOS

Local de estudo

Para seleção dos campos de altitude a serem estudados foi feita uma análise prévia a partir de mapas

de relevo disponíveis pela EMBRAPA, da literatura e de uma visita técnica a sede do Parque

Estadual dos Três Picos. Os critérios utilizados para a escolha foram altitude e acesso.

Procedimentos

A obtenção de dados de flora e características ecológicas da área estudada foram feitas utilizando

literatura e bancos de dados das coleções dos herbários, a partir do site SpeciesLink. Os dados foram

filtrados por palavras-chaves, organizados, limpos (selecionando apenas os de interesse para a

pesquisa) e a nomenclatura foi atualizada.

Para complementar a lista elaborada pela literatura e pelo banco de dado dos herbários, serão

desenvolvidos trabalhos de campo, utilizando os métodos usuais de coleta e herborização do

material botânico. A caracterização das principais condicionantes ambientais será através do uso de

equipamentos em parte existentes nos laboratórios do JBRJ.

As análises de riqueza serão utilizadas as fórmulas de Mueller-Dombois & Ellemberg (1974); e para

a caracterização dos endemismos será utilizado o trabalho de Cain (1954).

RESULTADOS

Inicialmente ficaram determinadas expedições as seguintes montanhas: Vale dos Deuses – Pico

Menor, Mirante do Capacete, Cabeça do Dragão e Caixa de Fósforos, Vale dos Frades – Morro dos

Cabritos e Pedra D’Anta, Vale das Sebastianas – Dois Bicos, Pedra do Elefante, Morro da Mulher

de Pedra e Torres de Bonsucesso, e Pico do Caledônia.

Foi elaborada uma lista com 181 coletas no Parque Estadual dos Três Picos. Grande parte dos

espécimes não foi identificada, sendo a maioria descrita apenas até a família. As famílias

predominantes foram Bromeliaceae, com 32 indivíduos e Orchidaceae, com 32 indivíduos. Uma

segunda lista somente com indivíduos coletados no Pico do Caledônia foi elaborada, resultando

num total 324 indivíduos (Tabela 2). As famílias predominantes desta lista são Asteraceae,

Bromeliaceae, Melastomataceae, Onagraceae e Poaceae.

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DISCUSSÃO

Com a elaboração das listas e com a caracterização da vegetação e dos aspectos ecológicos dos

campos de altitude do Parque Estadual dos Três Picos, fica evidente a necessidade da realização do

presente estudo na localidade. Ainda são muito escassas as informações e os dados sobre as

espécies ocorrentes e a atual status de conservação da área, dificultando os planos de manejo e

estratégias para a conservação.

CONCLUSÃO

Ainda serão realizadas expedições ao longo deste e do próximo ano, a fim de se obter maiores

informações sobre as espécies que ocorrem nos campos de altitude do PETP. Como resultados serão

produzidos listas, análises e comparações a outras áreas já conhecidas, que futuramente poderão

auxiliar nos planos de manejo e encaminhar estratégias para a conservação deste tipo vegetacional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Três Picos – PETP, 1ª Revisão. Junho, 2006.

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APRIMORAMENTO DA TECNOLOGIA DE CULTIVO DE ULVA FLEXUOSA NO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO

Ana Carolina dos Santos Calheiros; Graduação em Ciências Biológicas, FAMATh; ingresso na

graduação-03/2012; previsão de conclusão do curso-06/2014; ingresso no PIBIC agosto/2012;

orientadora: Renata Perpetuo Reis.

INTRODUÇÃO

Embora muitas espécies nativas produzam substâncias de interesse comercial, ainda não existem

tecnologias de cultivo bem estabelecidas para tais espécies, sendo este um dos maiores desafios

para o desenvolvimento da algicultura (cultivo de algas) no país (Pellizzari & Reis 2011). Apesar

espécies de Ulva possuírem um diverso potencial de usos comerciais (Copertino et al. 2009), seus

cultivos comerciais estão restritos aos países orientais, como Japão, China e Coréia (Ohno 2006).

No Brasil, vem sendo investigada o cultivo de espécies deste gênero no litoral sul fluminense, com

indícios de viabilidade comercial (Castelar et al. 2011; Calheiros 2012). Desta forma, o presente

estudo visou complementar estes estudos.

OBJETIVO

Aprimorar a tecnologia de cultivo de Ulva flexuosa no litoral sul fluminense, através da

identificação do método ideal de inoculação de cordas de cultivo com esporos de Ulva flexuosa e da

avaliação do seu crescimento no mar.

MATERIAIS E MÉTODOS

Ulva flexuosa foi coletada na praia do Arpoador, município do Rio de Janeiro, RJ, para testar a

esporulação in vitro e o assentamento de plântulas em cordas de cultivo que foram cultivadas no

mar. In vitro, foi testado o método de esporulação por alta concentração de nutrientes em condições

ambientais controladas, usado por Calheiros (2012). Em cada um dos cinco aquários (n=5) com as

algas, foi colocada uma corda de cultivo com 6 m, que serviu de substrato para fixação dos esporos.

Após 20 dias, através de microscópio estereoscópico, foi quantificado o número de plântulas

assentadas por metro linear em dez amostras de cordas com 10 cm.

As cordas com as plântulas de U. flexuosa (n=6) foram instaladas em uma balsa flutuante no mar na

praia da Vila da Petrobrás, município de Angra dos Reis, RJ (23º00’62’’S - 44º14’33’’O). Foram

usados dois tratamentos: Tratamento Inoculado (TI), foram usadas seis cordas, com 3m de

comprimento, inoculadas com esporos de U. flexuosa (n=6). No Tratamento Controle (TC), seis

cordas semelhantes às usadas no TI, foram previamente lavadas com água do mar. Três períodos

amostrais foram usados: 1º = 27 de maio a 7 de junho de 2012 (40 dias), 2º = 4 a 18 de dezembro de

1012 (14 dias) e 3º = 18 de dezembro a 5 de janeiro de 2013 (32 dias). A viabilidade do cultivo foi

avaliada pela Taxa de Crescimento Diário (TCD (% dia-¹) =[( massa úmida final/massa úmida

inicial) 1/dias de cultivo

−1]×100% (Yong et al. 2013). Testes estatísticos foram usados para verificar as

diferenças entre os tratamentos através do programa Statistica da StatSoft. O intervalo de confiança

para os testes de significância foi de 95% (p = 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram assentadas 8.122±3.387 plântulas.m-1

, resultado semelhante ao obtido por Calheiros (2012),

com esta espécie e este método (t=-0,32, p=0,75). Foi comprovada a eficiência deste método de

esporulação e foram estabelecidas as condições ambientais de laboratório para a sua esporulação.

As algas cresceram no mar (Fig. 1, 2, Tab. 1) e não foram observadas diferenças significativas entre

as TCD das algas cultivadas no TI com as no TC (t = 1,11, p = 0,28), tampouco quando analisadas

separadamente em dias 14 dias de cultivo (U =1,92, p= 0,06) e em 32 dias (t = 0,04, p =0,96).

Este resultado foi positivo para a algicultura de U. flexuosa, uma vez que em menos de 15 dias as

cordas foram inoculadas naturalmente no mar e apresentaram crescimento semelhante as que foram

inoculadas em laboratório. Desta maneira, em locais propostos para implantação desta algicultura

deve ser testado o método de inoculação natural no mar, de modo a baixar custos com manejo. É

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conhecido o alto custo com pagamento de pessoal (Góes & Reis 2011) e de manutenção de

laboratórios. Em locais onde este método não é possível, recomenda-se o método de indução de

esporulação por aumento de nutriente.

Quando comparados os três períodos de cultivo (14, 32 ou 40 dias), o maior crescimento de U.

flexuosa ocorreu em 14 dias (Tab. 1, Fig. 1; F=64,86, p < 0,001, LSD test). O estabelecimento de

ciclos de produção da espécie alvo é fundamental para a elaboração de procedimentos de produção

desta algicultura. Neste local, foi determinado que ciclos de produção próximos a 14 dias de cultivo

são ideais para o cultivo desta espécie. Este curto ciclo de produção é outra vantagem para esta

algicultura, com a possibilidade de 24 ciclos ao ano. Na algicultura de K. alvarezii apenas 7 ciclos

são possíveis (Góes & Reis 2011). De fato, esta é uma espécie considerada de rápido crescimento e

isto favorece o seu cultivo comercial, principalmente por evitar a exposição das mudas aos fatores

ambientais prejudiciais ao seu crescimento, como a herbivoria e a entrada de frentes

meteorológicas, esta última conhecida pela perda de biomassa e quebra das estruturas de cultivo

(Góes & Reis 2011) .

As médias das taxas de crescimento de U. flexuosa obtidas em 14 dias estão acima das obtidas com

espécies do mesmo gênero registradas por Amano & Noda (1994), Ale et al. (2010) e Calheiros

(2012) cultivadas in vitro e as de Copertino et al. (2009) cultivadas em tanques, que estiveram

próximos a 15%.dia-1

. Quando comparadas com o crescimento de algas comercializadas, que

possuem tecnologias de cultivo bem estabelecidas, como Kappaphycus alvarezii (Góes & Reis

2011) e Gracilaria spp. (Bezerra & Marinho-Soriano 2010), nossos resultados foram promissores.

CONCLUSÃO

U. flexuosa é uma importante candidata para o estabelecimento da algicultura de Ulva no litoral sul

fluminense. Antes da implantação da algicultura em um novo sítio deve ser testado método de

inoculação natural no mar. Algas podem ser cultivadas em 14 dias, com a possibilidade de obter até

24 ciclos de produção por ano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALE, M.T.; MIKKELSEN, J.D.; MEYER, A.S. 2010. Differential growth response of Ulva lactuca

to ammonium and nitrate assimilation. Journal of Applied Phycology, 23: 345-351.

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growth and chemical-constituents in the tissue-culture of sea lettuce Ulva pertusa. Fisheries

Science, 60: 449-454.

BEZERRA, A.F.; MARINHO-SORIANO. 2010. E. Cultivation of the red seaweed Gracilaria

birdiae (Gracilariales, Rhodophyta) in tropical waters of northeast Brazil. Biomass and

Bioenergy,34: 1813-181.

CALHEIROS, A.C.S. 2012. Viabilidade da algicultura de Ulva spp. no litoral sul fluminense.

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CASTELAR B., CALHEIROS A.C.S. & REIS R.P. 2011. Viabilidade da algicultura de Ulva spp.

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COPERTINO, M.D., TORMENA,T., SEELIGER, U. 2009. Biofiltering efficiency, uptake and V

assimilation rates of Ulva clathrata (Roth) J. Agardh (Clorophyceae) cultivated in shrimp

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GÓES, H.G. & REIS, R.P. 2011. An initial comparison of tubular netting versus tie–tie methods of

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Tabela 1: Taxas de crescimento diário (%.dia-1

) de Ulva flexuosa cultivadas nos diferentes nos

períodos amostrais na praia da Vila da Petrobrás, baía da Ilha Grande, RJ.

Período de cultivo Tempo de

cultivo Tratamento

(mínimo) médio ± desvio

padrão (máximo) Mediana

1o

(27mai -7jun 2012) 40 dias Inoculado (4,84)5,63±0,51 (6,13) 5,68

2 o

(4dez -18dez 2012)

14 dias Inoculado (17,7) 20,1±1,9 (22,5) 19,77

14 dias Controle (8,4) 14,6±5,1 (19,3) 15,27

3 o

(18dez -5jan 2013)

32 dias Inoculado (4,7) 6,6±1,4 (8,3) 6,14

32 dias Controle (5,9) 6,6±0,7 (7,3) 6,56

Figura 1: Cordas com plântulas de Ulva flexuosa cultivados no mar na praia da Vila da Petrobrás,

baía da Ilha Grande, RJ.

14 dias - TI 14 dias - TC 32 dias - TI 32 - TC 40 dias - TI

Tempo de cultivo - Tratamento

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

Ta

xa

de

Cre

scim

en

to D

iário

(%

.dia

-1)

Figura 2: Média (quadrado), desvio padrão (retângulo) e erro padrão (traços) das Taxas de

Crescimento Diário de Ulva flexuosa cultivada no mar em diferentes períodos (14, 32 e 40 dias) e

diferentes tratamentos (TI = Tratamento Inoculado e TC = Tratamento Controle), na praia da Vila

da Petrobrás, baía da Ilha Grande, RJ.

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DELIMITAÇÃO DO COMPLEXO DE TÁXONS REÓFITOS DE DYCKIA

(PITCAIRNIOIDEAE – BROMELIACEAE) COM USO DE MORFOMETRIA

Ana Carolina Mariz Costa de Medeiros; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na

graduação– fevereiro/2012; conclusão do curso prevista para dezembro/2016; ingresso no PIBIC:

março/2012; orientadoras: Rafaela Campostrini Forzza e Fernanda dos Santos Silva.

INTRODUÇÃO

Dyckia Schult. e Schult f. pertence a Pitcairnioideae e conta com cerca de 160 espécies e três

sinapomorfias morfológicas são indicadas para o gênero: a presença de inflorescência axilar, de

nectários extranupciais nas sépalas e de um anel pétalo-estamínico (Forzza 2001). No sul do Brasil,

na região de Mata Atlântica, alguns táxons de Dyckia ocorrem em leitos de rios e podem ser

definidos como reófitos segundo Van Steenis (1981). Segundo esse autor, reófitas são plantas que

ocupam leitos de rios com corredeiras e que resistem à submersão em períodos de enchente. Klein

(1979) reconhece três espécies de Dyckia reófitas presentes no estado de Santa Catarina: D.

brevifolia Baker, D. distachya Hassler e D. ibiramensis Reitz. Além desses três táxons, espécimes

de herbário apontam para a ocorrência de D. microcalyx var. ostenii como reófitas ao longo do rio

Iguaçú no Paraná. Esses táxons reófitos de Dyckia apresentam questões relacionadas às suas

delimitações. Segundo Hmelijewski (2007) e Wiesbauer (2008) existe uma grande semelhança entre

as partes vegetativas e uma grande variação de atributos florais nas populações destes táxons. Dessa

forma, somente um estudo mais acurado de todos os binômios envolvidos (15 ao todo) poderia

confirmar a identidade desses táxons.

OBJETIVO

Esse estudo teve como objetivo utilizar a análise morfométrica tradicional para a avaliação das

variações morfológicas presentes nos táxons reófitos de Dyckia.

METODOLOGIA

Foram amostrados espécimes pertencentes às populações naturais dos táxons reófitos, localizadas

na região sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai. Em laboratório foram dissecadas, montadas em

fichas florais e digitalizadas em scanner de mesa. As medidas das variáveis foliares foram

realizadas em campo. Foram tomadas medidas das peças florais, a partir das fichas digitalizadas

com auxílio do programa de acesso livre Image J (Image processing analysis in Java). Para que os

dados pudessem ser avaliados e computados, foram determinadas variáveis para cada tipo de peça

floral. Sempre que fosse medida uma peça floral a parte medida seria a de maior amplitude. As

medidas devem ir até o ponto em que a peça floral estiver inteira, caso o material estivesse rasgado

ou danificado em uma parte a mesma não deve ser contabilizada. No caso de partes que se perdem

com facilidade durante a coleta e preparação, como por exemplo, as anteras, apenas uma de cada

flor foi medida. Além das variáveis florais, foram realizadas medidas em campo dos seguintes

caracteres: diâmetro da roseta, altura da inflorescência e número de 2 ramificações. Foram feitas

análises multivariadas com o programa PAST v. 2.04 (Hammer 2010). Foram criadas duas matrizes

de dados: uma com os dados referentes às variáveis florais e uma com os dados referentes às

variáveis florais e variáveis coletadas em campo.

RESULTADOS

Na PCA realizada a partir da matriz de dados florais e de campo foram considerados informativos

os três primeiros componentes principais por explicarem mais de 98% da variância dos dados. O

primeiro componente, explica 80, 81% da variância, a variável que mais influencia esse eixo é a

altura da inflorescência. O segundo componente, que explica 12,62% da variância, o diâmetro da

roseta é o que mais influencia nesse eixo. O terceiro componente representa 4, 82% da variância, a

variável de mais influência é a bráctea do escapo. Com o resultado da PCA, é possível verificar a

sobreposição dos táxons reófitos. A partir da matriz de escores dessa PCA, foram realizadas duas

análises de variância canônica, uma utilizando táxons e outra usando populações como variáveis

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categóricas. Nos dois primeiros eixos da CVA com táxons como variáveis categóricas (juntos

representam mais de 93% da variação) é possível distinguir significativamente D. microcalyx var.

microcalyx dos táxons reófitos (com resultado teste T2 de Hotelling com p< 0,05). Mas nem todos

os táxons se distinguem significativamente um dos outros. Nos dois primeiros eixos da CVA com

populações como variáveis categóricas, assim como na PCA, é possível verificar a sobreposição dos

táxons reófitos. Entretanto é possível verificar diferenças significativas entre populações de um

mesmo táxon.

DISCUSSÃO

A análise realizada separadamente de duas matrizes de dados: variáveis florais e variáveis florais

combinadas com variáveis de campo (vegetativas), mostrou a importância da combinação dos dados

para uma melhor distinção entre categorias. A avaliação das populações como variáveis categóricas

conseguiu demonstrar diferenças significativas entre diferentes populações de um mesmo táxon.

Isso pode estar correlacionado e servir como evidência morfológica de estruturação genética em

metapopulações. Os resultados aqui obtidos evidenciam que D. microcalyx var. microcalyx é

distinta dos táxons reofíticos. Esse táxon não ocorre nas margens de rios, e foi incluído na análise

por representar a variedade-tipo de um dos táxons do complexo de Dyckia reófitas. Optou-se por

trabalhar nesse primeiro momento com pelo menos uma população de cada táxon de Dyckia reófita

que temos coletadas para explorar a presença de variação morfológica. Entretanto, mesmo com os

resultados ainda parciais, fica evidente que as análises morfométricas têm potencial na delimitação

dos táxons reófitos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HAMMER, O. 2010. PAST 2.04. Paleontological Statistics.

HMELJEVSKI, K.V. 2007. Caracterização reprodutiva de Dyckia ibiramensis Reitz, uma bromélia

endêmica do AltoVale do Itajaí, SC. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação em

Biologia Vegetal, Universidade Federal de Santa Catarina. 65p.

KLEIN, R.M. 1979. Reófitas no Estado de Santa Catarina. Separata dos Anais da

Sociedade Botânica do Brasil. São Paulo, p. 159-169. LUTHER H.E. 2008. An alphabetical list of

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VAN STEENIS, C.G.C. J. 1981. Rheophytes of the world: an account of the flood-resistant

flowering plants and ferns and the theory of autonomous evolution. Sijthoff & Noordhoff,

Maryland. 407p.

WIESBAUER, M. B. 2008. Biologia Reprodutiva e diversidade genética de Dyckia distachya

Hassler (Bromeliaceae) como subsídio para a conservação e reintrodução de populações extintas na

natureza. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 95p.

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MELASTOMATACEAE REVISITADA NA FLORA ORGANENSIS

Bernard Carvalho Bandeira; Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida

(UVA); ingresso na graduação – 07/2008; previsão de conclusão do curso – 07/2013; ingresso no

PIBIC: outubro/2011; orientador: José Fernando A. Baumgratz.

INTRODUÇÃO

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do mundo, mas ainda possui expressiva

diversidade biológica, cuja riqueza de espécies representa 5% da flora mundial, sendo quase metade

endêmica desse bioma (Stehmann et al. 2009). O Parque Nacional da Serra dos Órgãos

(PARNASO) localiza-se nesse bioma, precisamente no estado do Rio de Janeiro, no sistema

orográfico da Serra do Mar (Fig. 1). Melastomataceae tem sido apontada como uma família de

expressiva diversidade na flora fluminense e na Mata Atlântica, onde é apontada como uma das

mais importantes entre as angiospermas, devido à riqueza de espécies e endemismos (Rizzini 1954;

Baumgratz 2004; Baumgratz et al. 2006, 2007; Barberena et al. 2008; Santos Filho & Baumgratz

2008; Stehmann et al. 2009). A família possui também ampla diversidade morfológica, vegetativa e

reprodutiva, e os espécimes podem ser encontrados em diferentes formações vegetacionais.

Entretanto, inventários florísticos e estudos taxonômicos sobre a família na flora fluminense ainda

são escassos e restritos a determinadas áreas ou grupos taxonômicos (Baumgratz et al. 2006, 2007;

Barberena et al. 2008). Apesar da riqueza de espécies no PARNASO, dados publicados sobre as

Melastomataceae (Rizzini 1954) são escassos e incompletos para os dias atuais, considerando novos

conhecimentos obtidos tanto em registros de novas coleções de herbários e dados de inventários

florísticos, como provenientes de pesquisas em novas áreas incorporadas à Unidade, em 2009.

OBJETIVOS

A fim de suprir lacunas de conhecimento e complementar os dados disponíveis sobre as

Melastomataceae no PARNASO, objetiva-se organizar, revisar e atualizar o banco de dados,

proceder a coleta de espécimes, realizar análise qualiquantitativa da diversidade da família,

incluindo endemismos e registros de coleções, organização do banco de imagens das coleções-tipo

e/ou históricas, elaboração de uma chave dicotômica para a identificação dos gêneros e descrição

diagnóstica dos gêneros.

METODOLOGIA

O PARNASO está situado nos municípios Guapimirim, Magé, Petrópolis e Teresópolis, entre 100 e

2263 m, com ca. 20.024 ha e cobertura de Floresta Ombrófila Densa. Procedeu-se o levantamento

em obras clássicas e específicas, além de sítios eletrônicos, sendo a bibliografia constantemente

atualizada. Prosseguiu-se com a atualização da base de dados em planilha Excel, incluindo

informações recém-divulgadas na literatura especializada, principalmente dissertações e teses, e

através das coletas realizadas durante expedições científicas. Continuou-se com a elaboração do

banco de imagens digitalizadas de espécies obtidas em sítios eletrônicos especializados.

RESULTADOS

Melastomataceae está representada no PARNASO por 148 espécies e 19 gêneros, sendo 116

espécies endêmicas da Floresta Atlântica, 27 da flora fluminense e sete (Behuria corymbosa Cogn.,

B. mouraei Cogn., B. organensis (Saldanha & Cogn.) Tavares & Baumgratz, Leandra acuminata

Cogn., L. mouraei Cogn., L. organensis Cogn. e Meriania excelsa (Gardner) Cogn.) da área de

estudo. Os gêneros com maior número de espécies são Leandra (54 spp.), Miconia (32 spp.) e

Tibouchina (24 spp.). Recentemente, recoletou-se espécimes de Ossaea sanguinea Cogn. e

Clidemia urceolata DC., após 81 e 61 anos, respectivamente, e descobriu-se uma nova população

de Bertolonia leuzeana (Bonpl.) DC. As espécies Clidemia capilliflora (Naudin) Cogn., Miconia

albicans (Sw.) Steud, Miconia stenostachya DC., Tibouchina clavata (Pers.) Wurdack e T.

herbacea (DC.) Cogn. são documentadas pela primeira vez para a Unidade e seu entorno.

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DISCUSSÕES E CONCLUSÃO

O PARNASO é um local de grande importância para a conservação da biodiversidade do estado do

Rio de Janeiro e apresenta uma significativa diversidade de Melastomataceae, com grande potencial

para o desenvolvimento de estudos taxonômicos e de conservação. Estudos publicados sobre essa

família na área ainda são incipientes e precisam ser complementados, com base não só em novas

coleções quanto em novos dados taxonômicos divulgados. Apesar de novas áreas terem sido

incorporadas a essa Unidade, muito pouco se conhece sobre a composição florística. Expedições

realizadas a esses locais tem possibilitado o registro de novas ocorrências de espécies, não só para a

Unidade como para a flora fluminense. Dessa forma, é necessária a continuação de pesquisas sobre

as Melastomataceae nessa Unidade de Conservação, considerando-se também a Zona de

Amortecimento em seu entorno, a fim de complementar as informações disponíveis e buscar novos

dados que preencham lacunas de conhecimento. Nesse sentido, é fundamental priorizar também

regiões não exploradas e/ou de difícil acesso, tanto localizadas em baixa altitude quanto de mata

nebular e campos de altitude, cujo conhecimento sobre a composição florística ainda é escasso.

Essas ações também possibilitarão a recoleta de espécies ainda não encontradas na área há mais de

50 anos (Fig. 2) ou mesmo novas para a Ciência e documentar novos registros de espécies apenas

citadas em literatura ou representadas pelo exemplar-tipo.

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Figura 1: Mapa do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, destacando, em amarelo, a

expansão e o novo limite territorial da Unidade (Fonte: adaptado de PARNASO/ICMBio;

www.icmbio.gov.br/parnaso).

(a) (b)

Figura 4: Imagens de espécimes-tipo coletados no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e

depositados no Herbário K. (a) Isosíntipo de Leandra acuminata Cogn. (Glaziou 6152); (d)

Lectótipo de Tibouchina virgata (Gardner) Cogn. (Gardner 403).

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CRESCIMENTO E SOBREVIVÊNCIA DE PLÂNTULAS DE ANTHURIUM MARICENSE

(ARACEAE) SOB CONDIÇÃO SIMULADA DE FACILITAÇÃO

Bruno D. Cordeiro; Graduação Ciências Ambientais, UNIRIO; ingresso graduação - 03/2011;

previsão conclusão curso - 12/2014; ingresso PIBIC: 02/2013; Orientador: Antônio Carlos S.

Andrade.

INTRODUÇÃO

Interações positivas (facilitação) ocorrem quando a presença de uma espécie aumenta a

sobrevivência de outra em ambientes sujeitos a condições bióticas e abióticas adversas,

principalmente em ambientes áridos e semiáridos (Bonanomi et al., 2011). As restingas são um

exemplo de ambiente onde a facilitação ocorre com frequência, devido às características do seu

ambiente xérico, com solos oligotróficos sujeitos a temperaturas e radiação solar extremas (Zaluar e

Scarano, 2000).

Espécies herbáceas representam parte significativa da biodiversidade nas florestas tropicais e

podem desempenhar importantes papéis funcionais e estruturais (Gilliam & Roberts, 2003), mas há

poucos estudos voltados às espécies com esta forma de vida (Poulsen, 1996). As restingas

fluminenses têm cerca de 1.000 espécies e 25% delas são herbáceas e subarbustivas (Araujo 2000).

É importante estudar o processo de facilitação neste grupo de espécies, pois tendo pequeno porte e

sistema radicular superficial, são consideradas mais sensíveis às condições hostis do ambiente que

espécies de maior porte (Citadini-Zanette & Baptista 1989).

A espécie selecionada para este estudo foi Anthurium maricense Nadruz & Mayo (Araceae),

endêmica das restingas fluminenses (Coelho & Temponi, 2013) e encontrada no interior de moitas

de vegetação das restingas. Seria ela uma espécie beneficiária pelas facilitadoras?

OBJETIVO

Avaliar a influência da intensidade de luz e disponibilidade hídrica do solo na sobrevivência e

crescimento de plântulas de Anthurium maricense.

METODOLOGIA

Frutos de A. maricense foram coletados no Parque Estadual da Costa do Sol (Arraial do Cabo, RJ).

Para avaliação do crescimento e sobrevivência de plântulas utilizamos 270 recipientes de plástico,

modificados em sua estrutura original (substituição do fundo plástico por tela plástica com malha de

0,3 mm), para permitir drenagem similar às condições do solo arenoso da restinga. A areia de

restinga foi usada como substrato e cada recipiente recebeu 10 plântulas (30 dias de vida e 15 dias

de aclimatação).

Os recipientes foram levados à casa de vegetação e submetidos às intensidades relativas de luz

(IRL) de 5%, 15% e 60%, calculadas através de sensor e registrador Skye. Tais IRL foram obtidas

com estruturas de madeira forradas por filtros de pano. Em cada IRL foram estabelecidos dois

tratamentos de disponibilidade hídrica, que consistiram na adição de 40 ml de água três vezes por

semana (alta disponibilidade hídrica; ADH) e uma vez por semana (baixa disponibilidade hídrica;

BDH). Em todos os tratamentos foram coletadas amostras de solo para determinação do seu teor de

água (tas; método estufa, 105 C/24h). As avaliações de sobrevivência e crescimento de plântulas

foram feitas quinzenalmente. A massa seca de plântulas (g) foi obtida para plântulas vivas retiradas

dos recipientes e secas em estufa (80ºC; até peso constante). Os tratamentos foram comparados pelo

teste de Tukey e t de Student (P<0,05).

RESULTADOS

As medidas de IRL apresentaram pequenas variações durante o estudo. A determinação do teor de

água do solo durante sete dias, para cada IRL, revelou grande variação em seus valores para os

tratamentos ADH (tas=16 e 19%) e BHS (tas=3 e 0,9%)

As taxas de sobrevivência de plântulas apresentaram grande variação entre os tratamentos e tiveram

redução significativa quanto maior foi a IRL e menor a disponibilidade hídrica do solo. Plântulas de

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A. maricense mostraram grande sensibilidade a restrição hídrica do substrato, pois suas taxas de

sobrevivência sofreram reduções significativas após 15 dias de avaliação, especialmente sob alta e

média IRL. Esse comportamento foi observado em baixa IRL apenas após 45 dias.

O acúmulo de massa seca total mostrou comportamento semelhante ao observado na variável

sobrevivência de plântulas, onde aquelas submetidas a BDH produziram valores significativamente

menores que em ADH, principalmente na maior intensidade de luz e apenas aos 45 dias de

avaliação, quando em baixa ou média intensidade de luz.

DISCUSSÃO

Assim como em outros ambientes áridos e semiáridos (Flores & Jurado, 2003), a facilitação é a

interação positiva mais relatada nas restingas, onde uma dada espécie (facilitadora) se estabelece e a

sua simples presença física pode favorecer a sobrevivência e o crescimento de outras espécies

(beneficiárias) (Zaluar e Scarano, 2000). Longe da proteção das plantas facilitadoras, a combinação

entre altas temperaturas, elevados níveis de radiação solar e ventos fortes torna a restinga um local

suscetível ao estresse hídrico e aos danos foto-oxidativos às plântulas de espécies que se

reproduzem via sementes (Scarano, 2002). Em condições mais amenas sob moitas, as taxas de

sobrevivência das espécies tendem a ser maiores (Hastwell & Facelli, 2003).

Os resultados obtidos sugerem que plântulas de A. maricense necessitam de condições

microclimáticas menos hostis, fornecidas pela sombra de espécies facilitadoras para aumentar suas

chances de sobrevivência e de estabelecimento. As maiores taxas de sobrevivência, obtidas em

baixa IRL e ADH, coincidem com o comportamento de muitas espécies beneficiárias, conforme

proposto por Flores e Jurado (2003). O uso de plântulas de A. maricense provavelmente intensificou

as respostas obtidas neste estudo, pois este estádio é considerado o mais crítico do ciclo de vida

vegetal (Schupp, 1995) e o mais sensível a ação de múltiplos fatores estressantes (Fenner, 1987).

CONCLUSÃO

Plântulas de A. maricense necessitam de condições de baixa intensidade de luz e maior

disponibilidade hídrica do solo, semelhantes às encontradas sob espécies facilitadoras, para

aumentar suas chances de sobrevivência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, DSD (2000) Análise florística e fitogeográfica das restingas do Estado RJ. Tese de

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RIQUEZA DE ESPÉCIES DE BRIÓFITAS DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ,

AMAZÔNIA, BRASIL

Cínthia Cristina Cabral da Cruz, Orientadora: Dra. Denise Pinheiro da Costa, Ingresso: Janeiro de

2013, Curso de graduação: Ciências Biológicas, UGF, Ingresso no IES: fevereiro/2009, previsão de

conclusão da graduação: Dezembro/2013.

INTRODUÇÃO

Somente há pouco tempo foi reconhecida a importância global de montanhas sobre diferentes

aspectos das pesquisas relacionadas à biodiversidade. A importância das montanhas se expressa,

pela decisão dos 158 países que assinaram a Convenção da Diversidade Biológica, considerando

montanhas como um ponto focal e estratégico para a conservação da biodiversidade

(UNEP/CDB/AHTEG-MB 2003). Montanhas representam um ecossistema muito distinto e formam

um excelente modelo de sistemas relacionados às questões centrais da biodiversidade, tais como,

tamanho mínimo de população, consequências da fragmentação, endemismos restritos,

paleoendemismos, etc. (Porembski & Barthlott 2000). No Brasil a maioria dos estudos realizados

em montanhas trata dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Harley & Simmons1986,

Giulietti et al. 1987, Alves 1992, Pirani et al. 1994 e 2003, Stannard 1995, Zappi et al. 2003), ou

dos Campos de Altitude da Floresta Atlântica (Martinelli 1996, Porembski et al. 1998, Safford

1999, Safford & Martinelli 2000, Iganci et al. 2011). No Domínio Amazônico pouco ainda se

conhece sobre a flora das montanhas, sendo os estudos restritos a coletas esporádicas ou floras

realizadas em países vizinhos ao Brasil (Huber 1995). Das 75 unidades de conservação do

Amazonas, apenas quatro contemplam a conservação de áreas montanhosas: P.E. Serra do Aracá,

P.E. Morro dos Seis Lagos, PARNA Pico da Neblina e a Floresta Nacional do Amazonas. O P.E. da

Serra do Aracá foi criado em 1990 com uma área de 1.818.700 hectares e altitude variando de 44 a

2.121 m. Está situado no estado do Amazonas, entre as coordenadas 0°51-57’N e 63°14-24’O, no

município de Barcelos. O clima na região é Equatorial Úmido, com menos de dois meses de seca

anual, e a temperatura é superior a 18°C no mês mais frio. O Parque está inserido no Planalto das

Guianas, que se estende do Norte do Brasil até a Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa

(FVA & CEUC 2010). A Serra do Aracá é uma das poucas áreas montanhosas dentro do Domínio

Amazônico que possui uma lista de espécies publicada por Prance & Johnson (1991), porém, esta

lista não inclui briófitas. Dentro deste contexto, onde não existem dados disponíveis para as

montanhas do bioma Amazônico, pretende-se neste trabalho preencher parte desta lacuna estudando

a brioflora da Serra do Aracá.

OBJETIVOS

1) Elaborar uma lista com as espécies de briófitas que ocorrem na Serra do Aracá;

2) Identificar as briófitas coletas pelo projeto na Serra do Aracá;

3) Incrementar o banco de dados com informações da brioflora da Serra do Aracá;

4)Analisar a distribuição geográfica dos táxons.

5) Auxiliar na elaboração de relatórios e publicações.

METODOLOGIA

Nos quatro meses de trabalho as seguintes etapas foram realizadas: 1) elaboração da lista de

espécies; 2) identificação do material coletado; 3) incremento do banco de dados; 4) análise da

distribuição geográfica; 5) elaboração da planilha de espécies do projeto para o relatório do

SISBIO.

RESULTADOS & DISCUSSÃO

No total foram identificadas 89 amostras de briófitas, correspondendo a 15 famílias, 35 gêneros e

70 espécies, sendo 65 de hepáticas e 5 de musgos. Destas uma espécie está sendo citada pela

primeira para o Brasil e 15 pela primeira vez para a Amazônia brasileira, isso reflete o pouco

conhecimento da brioflora das montanhas dessa região do Brasil. As famílias que se destacam com

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maior número de espécies são todas de hepáticas, a saber: Lejeuneaceae (26 espécies),

Lepidoziaceae (14 espécies) e Herbertaceae (5 espécies), totalizando 45 espécies ou 64% do total

de táxons identificados até o momento. A família Lejeuneaceae destaca-se também pelo grande

número de gêneros, com um total de 15 (10% do total). Isso já era esperado porque essa família de

hepáticas apresenta concentração de gêneros e espécies na América tropical (Gradstein et al. 2001).

O banco de dados conta atualmente com um total de 318 registros de briófitas e serviu tanto para a

análise da distribuição geográfica no país e no mundo, quanto de base para a elaboração do relatório

do SISBIO. Das 70 espécies identificadas nesse estudo, 43 apresentam ampla distribuição no Brasil

(ocorrendo em mais de três regiões), 15 são novas ocorrências para a Amazônia brasileira e oito

eram conhecidas somente para as regiões sudeste e sul, tendo assim sua distribuição ampliada no

país. Como para as briófitas não existem dados publicados para a Serra do Aracá, a identificação do

material coletado vem trazendo novidades tanto qualitativas quanto quantitativas. Até o momento,

os resultados evidenciaram: 1) espécies ainda não citadas para o Brasil, como Micropterygium

bolivarense Fulford, cujo gênero é exclusivo da região neotropical com centro de diversidade na

região Amazônica e Lejeunea angusta (Lehm. & Lindenb.) Mont., uma espécie pouco conhecida e

citada somente na chave preliminar para o gênero Lejeunea no Brasil

(www.drehwald.info/Lejeunea/key_Lejeunea_Brazil, versão 2007); 2) espécies que eram

conhecidas somente pela coleção-tipo como Sphagnum amazonicum H.A. Crum & W.R. Buck e S.

dimorphophyllum H.A. Crum & W.R. Buck; 3) espécie não conhecida para a região norte do país,

como Jamesoniella rubricaulis (Nees) Grolle citada para o nordeste e sudeste.

CONCLUSÃO

Esperamos que ao final da identificação do material de briófitas da Serra do Aracá que a lista de

espécies expresse a real diversidade da brioflora deste importante ecossistema do pais, ampliando

tanto a distribuição das espécies no país como sanando lacunas no conhecimento de gêneros cujo

centro de diversidade encontram-se na região Amazônica.

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EVOLUÇÃO EM FERRUGENS (UREDINALES – FUNGI): UMA VISÃO A PARTIR DA

RECONSTRUÇÃO FILOGENÉTICA DOS HOSPEDEIROS Fernanda Marcelle de Azevedo; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação -

08/2009;- previsão de conclusão de curso - 07/2014; Ingresso no PIBIC - 08/2012;

orientador: Dr. Aníbal Alves de Carvalho Jr. E Dra. Cássia Mônica Sakuragui

INTRODUÇÃO

Os fungos causadores de ferrugens em plantas estão classificados na ordem Pucciniales, classe

Pucciniomycetes do filo Basidiomycota (Aime et al., 2006). Constituem um grupo numeroso com

mais de 7.000 espécies conhecidas e muitas com grande importância econômica. Parte das espécies

necessita de hospedeiros de dois grupos não relacionados de plantas para completar seu ciclo de

vida (ciclo heteroécio) enquanto a outra parte pode completar seu ciclo sobre uma única hospedeira

(ciclo autoécio). Além de evidências de diferenças taxonômicas das respectivas plantas hospedeiras,

Urban (1971) notou estreita relação de coevolução entre espécies autoécias de Puccinia sobre

Vernoniae (Asteraceae). Relações similares foram encontradas entre espécies de Piptocarpha e

Puccinia (Smith & Coile 2007). Em Trabalhos mais recentes como de Aime (2006), a autora

concluiu que apenas a morfologia pode não ser suficiente para análise das relações entre as

ferrugens em muitos níveis taxonômicos e que a seleção pelo hospedeiro, por outro lado,

desempenha um papel significativo na evolução da ferrugem. Apesar de uma longa história de

coexistência, que pode ter se iniciado no Carbonífero (Millar & Kinloch 1991), poucos são os

estudos sobre o entendimento da evolução de ferrugens e angiospermas em conjunto.

OBJETIVO

O objetivo geral é investigar se existe relação evolutiva entre espécies de Piptocarpha e as espécies

de ferrugens sobre elas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostragem - Para este trabalho, estão sendo amostradas as espécies de Piptocarpha, hospedeiras

de ferrugens citadas por Carvalho Jr. et al (2012), além de outras espécies nativas do gênero que

não apresentam ferrugens (o número total de espécies brasileiras de Piptocarpha é 29 conforme

Loeuille (2012). Extração do DNA - O DNA total das espécies está sendo extraído a partir de folhas

frescas desidratadas em sílica gel, utilizando o DNeasy Plant Mini Kit (QIAGEN, Valencia, Calif.).

Amplificação e seqüenciamento - Serão amplificadas as regiões de cloroplasto ndhF e matK. Os

produtos da amplificação serão purificados utilizando o kit QIAquick (QIAGEN) e posteriormente

enviados para seqüenciamento na Macrogen (Macrogen Inc., Seoul, Corea). Análises filogenéticas –

Todas as seqüências obtidas para o presente estudo serão alinhadas progressivamente e a matriz de

seqüências alinhadas será analisada segundo os critérios do princípio da parcimônia e da máxima

verossimilhança.

RESULTADOS

As Piptocarpha estudadas até o momento (as que ocorrem no Rio de Janeiro, P. axillaris, P. notata,

P. oblonga e P. quadrangularis) são parasitadas por nove espécies de Puccinia. Das espécies

citadas por Carvalho Jr. et al (2012) que ocorrem no RJ (Puccinia macumbae, Puccinia

manuelensis, Puccinia seorsa, Puccinia valentula e Puccinia piptocarphae) podemos ver que todas

parasitam o hospedeiro P. axilares. Foram elaborados estabelecidos protocolos de extração e

amplificação e seis espécies foram estudadas até o momento. Foram também levantados caracteres

potencialmente utilizáveis no estudo evolutivo dos grupos: Presença de Uredo, presença de Télio,

presença de Aécio; Télio: pulvinado (sim ou não); Cor, Forma, Localização nos tecidos foliares,

formato das células, formato dos teliósporos iniciais, formato dos teliósporos desenvolvidos,

número de células dos teliósporos; desenvolvimento de septo (sim ou não), presença de pedicelo

(sim ou não), tamanho do teliósporo; Uredo: pulvinado (sim ou não); Cor, Forma, Localização nos

tecidos foliares, formato das células, formato dos urediniósporos iniciais, formato dos

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urediniósporos desenvolvidos, número de células dos urediniósporos; desenvolvimento de septo

(sim ou não), presença de pedicelo (sim ou não), tamanho do urediniósporos.

DISCUSSÃO

Pode-se observar que existe claramente uma dominância do subgênero Hypericoides proposto por

Smith e Coile (2007) nas espécies do RJ, das que foram citadas acima, apenas uma espécie,

Piptocarpha brasiliana, encontra-se no subgênero Piptocarpha. Esta divisão reflete também nos

parasitas, que por serem específicos ficam restritos a um grupo de espécies.

CONCLUSÃO

Ainda não há dados suficientes para conclusões.

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ONTOGENIA DOS FRUTOS DE ESPÉCIES DA TRIBO MALVEAE (MALVACEAE)

Fernanda de Araujo Masullo; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação

– 03/2009; previsão de conclusão de curso – 12/2012; ingresso no PIBIC: agosto/2010; orientadora:

Karen L. G. De Toni.

INTRODUÇÃO

A tribo Malveae abrange a maior diversidade morfológica e taxonômica de Malvoideae

(Malvaceae) (Tate et al. 2005). Inúmeras classificações para Malveae e para os gêneros que a

compõe já foram propostas. A utilização da morfologia externa dos frutos, nesse caso, se faz

importante para a sistemática do grupo, visto que possuem um peso relevante na discussão das

linhagens filogenéticas propostas, embora a avaliação de sua sinapomorfia não seja ainda muito

clara (Garcia et al. 2009). Quanto a morfologia interna dos frutos, Houchreutiner (1920) comenta

que “no interior da cavidade dos mericarpos é encontrado um apêndice”, o qual denomina de

endoglossa, mas não menciona sua origem. Atualmente a endoglossa é considerada uma estrutura

que pode dividir o fruto em duas cavidades, expandindo-se como uma membrana hialina ou como

uma pequena expansão, filiforme a lanceolada, no interior do mericarpo (Bovini 2008). Além da

variação observada em relação a endoglossa nos frutos de Malvaceae, também são percebidas

outras variações, como o número de sementes nos frutos e a ornamentação na superfície do

exocarpo.

OBJETIVO

Este estudo teve por objetivo contribuir com o conhecimento da morfologia dos frutos da tribo

Malveae. Foram analisados o desenvolvimento do pericarpo, e, principalmente, a origem e estrutura

da endoglossa, sugerindo relações e afinidades entre as espécies de Gaya gaudichaudiana A.St.-Hil,

Briquetia spicata (Kunth.) Fryxell e Wissadula contracta (Link.) R.E.Fries.

MATERIAL & MÉTODOS

A fim de atingir os objetivos mencionados, foram coletados botões florais, flores e frutos de G.

gaudichaudiana, B. spicata e W. contracta. Imediatamente após a coleta, o material botânico foi

processado de acordo com os protocolos usuais para confecção de lâminas permanentes em

Anatomia Vegetal. As observações foram realizadas em microscópio óptico Olympus BX-50 e em

microscópio estereoscópico Olympus SZ61 ambos com câmera digital Olympus SC-30 acoplada.

RESULTADOS

Quanto a morfologia externa, as espécies analisadas apresentam frutos esquizocarpos, compostos

por mericarpos deiscentes, de deiscência longitudinal, iniciando-se no ápice do mericarpo e

terminando na base do mesmo.

Em G. gaudichaudiana observam-se cerca de 12 mericarpos, cada um com uma semente (Fig. 1).

Em B. spicata observam-se cerca de seis mericarpos, com três sementes cada (Fig. 2). Em W.

contracta observam-se cerca de cinco mericarpos, cada um com três sementes (Fig. 3). Em G.

gaudichudiana, B. spicata e W. contracta a epiderme externa do carpelo apresenta-se unisseriada

(Figs. 4-6), e o exocarpo mantém-se semelhante à mesma, ou seja, unisseriado (Figs. 7-9). Quanto

ao mesofilo da parede carpelar, em G. gaudichaudiana, este apresenta até quatro camadas celulares

(Fig. 4) e com a maturação do fruto, o mesocarpo apresenta até três camadas (Fig. 7). Já em B.

spicata o mesofilo carpelar possui cerca de cinco camadas parenquimáticas (Fig. 5), o mesmo

observado no mesocarpo (Figs. 8 e 10). Em W. contracta, o mesofilo carpelar possui cerca de três

camadas parenquimáticas (Fig. 6), as quais proliferam-se até cinco no mesocarpo fora da região da

constrição (Fig. 9), e em até 8 camadas na região da constrição (Fig. 11). A epiderme da parede

carpelar voltada para o lóculo inicia-se unisseriada para todas as espécies analisadas. Em G.

gaudichaudiana, a mesma mostra-se bisseriada desde a maturação do botão floral (Figs. 4 e 12) e já

no fruto, em regiões não relacionadas a endoglossa, suas células mostram-se distendidas (Fig. 7).

Para B. spicata observa-se que a epiderme voltada para o lóculo carpelar mantém-se unisseriada

(Fig. 5) até o início do desenvolvimento do fruto. Com a maturação do endocarpo, observa-se a

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proliferação dessa camada em duas a três camadas celulares (Fig. 8). Em W. contracta observa-se

também a epiderme carpelar voltada para o lóculo como bisseriada (Fig. 6), e após o início do

desenvolvimento do fruto, observa-se no endocarpo, duas a três camadas celulares (Fig. 11).

Destaca-se para W. contracta a lignificação das paredes do endocarpo (Fig. 9), o que não foi

observado em G. gaudichaudiana (Fig. 7) e B. spicata (Fig. 10).

A endoglossa, presente no interior do lóculo dos carpelos/mericarpos, nas três espécies estudadas,

origina-se tanto do mesofilo carpelar/mesocarpo quanto da epiderme locular/endocarpo (Figs. 12-

15). Em G. gaudichaudiana a endoglossa é proeminente, ocupando uma grande parte do lóculo e

envolvendo a semente (Fig. 13). Em B. spicata, torna-se evidente como um apêndice conspícuo

projetando para o interior do lóculo do mericarpo (Fig. 14). Para W. contracta, a endoglossa mostra-

se como uma discreta saliência, não se projetando para o lóculo (Fig. 15).

DISCUSSÃO

Segundo Barroso et al. (1999), em alguns gêneros, como Wissadula, Pseudabutilon, Hochreutinera,

Modiola, Modiolastrum e Gaya, os mericarpos podem apresentar uma endoglossa. As divergências

entre os gêneros com relação a existência da endoglossa, ora caracterizada como uma estrutura

vestigial que divide a cavidade do mericarpo em duas lojas, ora como uma estrutura proeminente

que envolve as sementes, causou interpretações conflitantes, principalmente na circunscrição dos

gêneros (Bovini 2008). Ao comparar a endoglossa dos gêneros aqui estudados, percebe-se

claramente a variação em tamanho e disposição. Em Gaya, confirma-se que a endoglossa mostra-se

proeminente, formando uma estrutura semicircular, que abraça a semente (Campelo 1978). Em

Briquetia, tal estrutura apresenta-se reduzida (Bovini 2008). Em Wissadula, segundo Bovini (2008),

a endoglossa mostra-se como uma linha continua espessada, circundando o mericarpo. Neste estudo

considera-se que a endoglossa das três espécies são homólogas, e fica evidente a tendência

reducional da estrutura, sendo esta muito conspícua em G. gaudichaudiana, reduzida em B. spicata

e vestigial em W. contracta.

CONCLUSÃO

Observa-se que existe uma variação quanto ao número de mericarpos e de sementes nos frutos entre

as espécies observadas, além das variações observadas na endoglossa, que difere em tamanho e

disposição, o que indica uma relação evolutiva entre os táxons. Acredita-se que a endoglossa seja

um caráter importante para relacionar grupos, sendo clara a sua relação através de uma escala

evolutiva. Para confirmar sua sinapomorfia, mais gêneros dessa tribo deverão ser estudados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROSO, G.M., MORIM, M.P., PEIXOTO, A.L. & ICHASO, C.L. 1999. Frutos e Sementes,

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TATE, J.A., AGUILAR, J.F., WAGSTAFF, S.J., LA DUKE, J. C., BODO SLOTTA, T.A. &

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DIVERSIDADE DE PIPERACEAE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA,

NITERÓI/MARICÁ, RJ, BRASIL

George Azevedo de Queiroz; Graduação em Ciências Biológicas, UERJ; ingresso na graduação –

03/2009; previsão de conclusão do curso – 08/2013; ingresso no PIBIC: outubro/2011; orientador:

Dra. Elsie Franklin Guimarães.

INTRODUÇÃO

Piperaceae possui distribuição pantropical, ocorrendo em ambos os hemisférios. Inclui cerca de

3.700 espécies distribuídas em cinco gêneros (Jaramillo et al. 2004; Wanke et al. 2006). O Brasil

possui grande diversidade com mais de 500 espécies concentradas principalmente nas florestas

Amazônica e Atlântica, distribuídas nos gêneros Piper, Peperomia e Manekia (Yuncker 1972,

1974). Segundo a classificação do APG III - Angiosperm Phylogeny Group a família está inserida

no clado Magnolídeas, ordem Piperales, onde estão compreendidas as famílias Aristolochiaceae,

Hydnoraceae, Lactoridaceae e Saururaceae (Judd et al. 2009). Apresentam-se como ervas,

subarbustos, arbustos ou trepadeiras, geralmente aromáticas e dotadas de glândulas translúcidas,

com tipo de indumento variado. As folhas são alternas, opostas ou verticiladas, simples e inteiras,

com forma, consistência, tamanho e padrão de nervação diversos, geralmente com profilos. As

flores são aclamídeas, mínimas, andróginas, protegidas por bráctea floral de forma variada,

dispostas esparsas ou densamente em racemos, espigas ou umbelas de espigas, eretas ou curvas,

com estames geralmente 2–6, anteras bitecas de deiscência rimosa, gineceu mono, tri ou

tetracarpelar, síncárpico, unilocular, uniovular, com 1–4 estigmas, sendo o fruto uma baga de forma

variada (Guimarães & Monteiro, 2006).

OBJTEIVO

O objetivo do estudo foi inventariar as espécies de Piperaceae que ocorrem no Parque Estadual da

Serra da Tiririca, enfatizando o tratamento taxonômico, distribuição geográfica, além de comparar

as espécies da área com outras do estado do Rio de Janeiro através de índices de similaridade.

MATERIAL E MÉTODOS

Local de estudo

O estudo foi realizado no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PEST), localizado entre os

municípios de Niterói e Maricá, no estado do Rio de Janeiro (22º48’-23º00’S; 42º57’-43º02’W). Foi

criado pela Lei Estadual nº 1901/91 de 29 de novembro de 1991, tendo seus “limites em estudo”

estabelecidos pelo Decreto nº 18.598 de 19 de maio de 1993 para uma área de 2.400ha (Pontes,

1987). A Serra da Tiririca está inserida no bioma Mata Atlântica e sua vegetação é classificada

como Floresta Ombrófila Densa (sensu Veloso, Rangel-Filho & Lima, 1991), com extensas áreas

cobertas pela formação Submontana em vários estádios sucessionais.

Procedimentos

Foram realizadas coletas aleatórias de plantas férteis (com flores e/ou frutos) em diversos pontos do

parque. As amostras foram herborizadas e levadas à estufa de acordo com a metodologia de

(Guedes-Bruni et al., 2002). Posteriormente o material foi identificado com o auxilio de bibliografia

especializada e incorporado aos herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e da

Faculdade de Formação de Professores (RFFP). Foram consultados os herbários do JBRJ (RB),

Alberto Castellanos (GUA), Faculdade de Formação de Professores (RFFP), Herbárium

Bradeanum (HB), Museu Nacional do Rio de Janeiro (R), Universidade Federal do Rio de Janeiro

(RFA), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RBR), Pontifícia Universidade Católica do

Rio de Janeiro (FCAB) e do banco de dados virtual CRIA 2009 para o conhecimento das espécies

da família presentes no Estado do Rio de Janeiro.

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RESULTADOS

Até o momento foram encontradas dezesseis espécies: Peperomia Ruiz & Pavon representado por

seis táxons: P. arifolia Miq., P. corcovadensis Gardner, P. incana (Haw.) A. Dietr., P. psilostachya

C. DC., P. rubricaulis (Nees) A. Dietr. e P. urocarpa Fisch. & Mey., e Piper L. assinalado por dez

táxons: P. aduncum L., P. amalago L., P. amplum Kunth, P. anisum (Sprengel) Angely, P.

arboreum Aublet. var. arboreum, P. arboreum var. hirtellum Yunck., P. hoffmannseggianum

Roem. & Schult., P. klotzschianum (Kunth) C. DC., P. mollicomum Kunth e P. rivinoides (Kunth)

C. DC. Com o levantamento dos herbários foram registradas cerca de 6.000 coletas para o estado do

RJ, estando em processo de realização o tratamento estatístico da similaridade entre as localidades.

DISCUSSÃO

Em análise florística realizada por Barros (2008) para o Parque Estadual da Serra da Tiririca foram

registradas 14 espécies da família e serviram de base para o desenvolvimento deste trabalho.

Concorda-se com a autora quando assinala seis espécies para o gênero Peperomia e oito para Piper.

Entretanto, acrescenta-se e destaca-se pela primeira vez para a área a presença de Piper

klotzschianum (Kunth) C. DC. e P. arboreum var. hirtellum Yunck. coletadas no desenvolvimento

dessa pesquisa.

CONCLUSÃO

Os táxons registrados neste estudo estão bem representados no estado do Rio de Janeiro, entretanto,

tendo em vista que a área tem sido pouco explorada esta pesquisa foi considerada de valor devido

ao fato que outras espécies poderão ainda ser encontradas. Sabe-se que o município de Niterói

possui exemplares assinalados na literatura, como alguns tipos, apenas representados pelo holótipo

e que não foram recoletados durante este período. Assim é importante a realização de novas

expedições ao campo na tentativa do reencontro desses materiais para a avaliação da diversidade e

conservação no Rio de Janeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, A.A.M. Análise florística e estrutural do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói E

Maricá, RJ, Brasil. Tese (Doutorado em Botânica). Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto

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LOCALIZAÇÃO INTRACELULAR DE METABÓLITOS EM CÉLULAS CORTICAIS DE

PLOCAMIUM BRASILIENSE (RHODOPHYTA)

Geysa Marinho de Souza; Graduação em Biologia Marinha; FAMATH; período letivo em curso –

5º previsão de conclusão de curso – 2013.2; ingresso no PIBIC – Maio/2012; Orientador: Dr.

Gilberto M. Amado-Filho; Co-orientador: Dr. Wladimir C. Paradas.

INTRODUÇÃO

As macroalgas marinhas vivem sobre forte pressão de incrustação, predação e competição, e

desenvolveram ao longo da evolução mecanismos de defesa para sobreviver a estas “adversidades”

e obter sucesso reprodutivo (Cronin 2001). Dentre os mecanismos de defesa estão incluídos a

produção de terpenos (isoprenóides) e lipídios que atuam contra organismos incrustantes e

herbívoros (Bhadury & Wright 2004). Até o momento, poucos estudos abordaram os mecanismos

intracelulares de biossíntese destas moléculas (isoprenóides e lipídios) em macroalgas, devido à alta

complexidade das vias de biossíntese e de seu processo ubíquo de produção intracelular.

Atualmente para os terpenos (isoprenóides) existem duas rotas descritas de biossíntese: a

dependente do mevalonato (hidroximetilglutaril-CoA) que ocorre no citoplasma e em mitocôndrias,

e a independente do mevalonato (1-desoxi-D-xilulose-5-fosfato) que está presente nos cloroplastos

(Maschek & Baker 2008). Já a biossíntese de lipídios ocorre nos cloroplastos, onde Acetil CoA

sintase transforma Acetil CoA em Malonil CoA, e a ácido graxo sintase realiza o alongamento

inicial da cadeia (Ohlrogge & Jaworski 1997). A estereficação e o final da biossíntese dos primeiros

blocos ocorrem no retículo endoplasmático (Ohlrogge & Jaworski 1997). Recentemente, foi

demonstrada a presença de organelas esféricas (OE) no interior das células corticais da macroalga

vermelha Plocamium brasiliense (Paradas et al. 2012). Imagens realizadas por microscopia

eletrônica de transmissão (MET) revelaram que vesículas osmiofílicas são transportadas das OE

para o citoplasma, onde o material é acumulado em aglomerados entre organelas e perto da parede

da célula (Paradas et al. 2012). Plocamium brasiliense produz monoterpenos halogenados e ácidos

graxos insaturados com atividade anti-incrustante. Estas duas classes de metabólitos podem reagir

com o tetróxido de ósmio (pós-fixador – MET) produzindo o material osmiofílico, gerando um

questionamento a respeito da verdadeira função das OE nas células corticais desta macroalga.

Sendo assim, nesta etapa do trabalho, foi realizado um estudo das vias de síntese dos monoterpenos

e ácidos graxos nas células corticais de P. brasiliense. Indivíduos de P. brasiliense foram

submetidos a processamento químico para localização da via do ácido mevalônico (terpenos) e da

acetilcarnitina (ácidos graxos) no interior das células corticais do talo desta alga.

OBJETIVOS

Localizar precursores de terpenos e ácidos graxos no interior das células corticais de P. brasiliense

através de método citoquímico para a marcação das enzimas hidroximetilglutaril CoA sintase

(terpenos) e carnitina acetil transferase (ácidos graxos).

METODOLOGIA

Os indivíduos de Plocamium brasiliense foram coletados na Praia do Forno (Município de Armação

dos Búzios, Rio de Janeiro, Brasil). Após a coleta, os indivíduos foram mantidos vivos e

transportados para o laboratório de cultivo do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de

Janeiro (IPJBRJ). No laboratório, porções do talo de P. brasiliense foram fixadas durante 30

minutos em 4% de paraformaldeído, 0,1% de glutaraldeído em tampão cacodilato de sódio (0,1M,

pH 7,0, em água do mar). Em seguida, os indivíduos de P. brasiliense foram processados para a

marcação enzimática de acordo com Curry (1987): hidroximetilglutaril CoA sintase (terpenos) e

carnitina acetil transferase (ácidos graxos). As amostras foram pós-fixadas em tetróxido de ósmio,

desidratadas em séries crescentes de acetona e emblocadas em resina SPURR. Após a

polimerização, os blocos foram cortados em um ultramicrótomo LEICA (EM UC7) para a obtenção

de cortes semifinos (200 nm). Os cortes foram recolhidos em grades de cobre com fenda e filme

formvar, contrastados durante 30 minutos em acetato de uranila e 5 minutos em citrato de chumbo,

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para posteriormente serem observados no microscópio FEI TECNAI G20 operando a 200 KV no

Laboratório de Ultraestrutura Celular Herta Meyer no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho

(UFRJ).

RESULTADOS

Na citoquímica de localização de precursores de ácidos graxos, através de imagens obtidas por

MET foi observada a marcação decorrente da reação enzimática da enzima Hidroximetilglutaril

CoA na forma de grânulos elétron-densos no interior da OE e no entorno desta estrutura na forma

de aglomerado elétron-denso (Fig. 1A), esta marcação não foi observada na amostra controle (Fig.

1B). Na citoquímica de localização de precursores de ácidos graxos, através de imagens obtidas por

MET foi possível observar no interior das células corticais de P. brasiliense um material elétron-

denso no entorno das OE, especificamente no interior de vesículas associadas a OE, comprovando a

reação enzimática positiva da enzima carnitina acetil transferase (Fig. 1C). Na amostra controle não

foram observados precipitados elétron-densos (Fig. 1D).

DISCUSSÃO

Estudos recentes indicam que P. brasiliense produz majoritariamente monoterpenos halogenados

(Paradas et al. 2012), já que a via do ácido mevalônico (hidroximetilglutaril-CoA) é em algum

momento uma etapa obrigatória para síntese de monoterpenos, a marcação enzimática positiva

obtida para o interior das OE no presente trabalho, indica que esta organela está envolvida na

biossíntese de monoterpenos halogenados nesta macroalga. Por outro lado, foi possível observar a

localização da enzima carnitina acetil transferase no interior de vesículas associadas as OE, fato não

observado nas amostras controle. A Acetilcarnitina é um metabólito que facilita a entrada de Acetil

CoA no interior de mitocôndrias e está envolvido na -oxidação de lipídios em plantas e algas

(Lanwand et al. 2002). Desta forma, os resultados do presente estudo sugerem que as OE presentes

em células corticais de P. brasiliense podem também estar envolvidas no metabolismo de ácidos

graxos.

CONCLUSÕES

As OE estão envolvidas no metabolismo de monoterpenos halogenados e ácidos graxos nas células

corticais de P. brasiliense.

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Figura 1. Imagens das células corticais de P. brasiliense submetidas à citoquímica para

localização enzimática. A) Através de imagens obtidas por MET, foram observadas estruturas

celulares típicas como: núcleo (Nu), grãos de amido (GA), parede celular (PC), cloroplastos (C)

e organela esférica (OE); cabeças de seta- notar material granular elétrondenso decorrente da

atividade enzimática (Hidroximetilglutaril CoA sintase) no interior da organela esférica;

Asterisco- indica a presença de material elétrondenso no entorno da organela esférica. Barra: 2

m. B) Na amostra controle não foi observada marcação enzimática em regiões próximas à OE;

(V) vacúolo. Barra: 2 m. C) Visualização de vesículas com material elétrondenso associadas às

organelas esféricas (OE) decorrente da atividade enzimática (Carnitina acetil transferase);

cabeças de seta- notar a presença de vesículas elétrondensas no entorno da organela esférica.

Barra: 2 m. D) Na amostra controle, onde se pode observar a organização celular característica,

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VIABILIDADE DO CULTIVO DE ALGAS COM POTENCIAL PARA FÁRMACOS

Íris Lourenço de Menezes; Graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura), UNESA; ingresso na

graduação – 08/2012; previsão de conclusão do curso – 11/2013; ingresso no PIBIC: agosto/2012;

orientadora: Renata Perpetuo Reis.

INTRODUÇÃO

Apesar da importância econômica de algumas macroalgas e de diversos locais adequados para a

algicultura na costa brasileira (Oliveira 2006), esta atividade continua incipiente no Brasil. No que

diz respeito à indústria farmacêutica, vários medicamentos possuem como princípio ativo moléculas

naturais ou sintéticas de um protótipo natural (Newman e Cragg 2007). Dictyotaceae são ricas em

diterpenos (De Paula et al. 2011). A atuação dos diterpenos da espécie em estudo, Canistrocarpus

cervicornis (Kützing) De Paula & De Clerck, apresentou resultados promissores para a

farmacognosia, pela sua atividade antitumoral, antiviral e anticoagulante (Vallim et al. 2010).

Porém, são necessárias investigações sobre a obtenção de tecnologias de cultivo para esta espécie

de modo a suprir a demanda por matéria prima pela indústria de fármacos. Neste estudo são

levantadas as seguintes questões: Será possível cultivar esta espécie usando o método de

fragmentação do talo? Será possível a obtenção de esporos de C. cervicornis? Serão viáveis as

plântulas obtidas destes esporos?

OBJETIVO

O objetivo geral foi identificar o método ideal para o cultivo de C. cervicornis. Para atingir este

objetivo foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos que foram testados in vitro: verificar

o crescimento por reprodução vegetativa desta espécie; estabelecer os procedimentos ideais para a

obtenção de esporos e para a produção de plântulas geradas destes esporos.

MATERIAL E METODOS

Foram realizadas quatro coletas: 1º - agosto de 2012; 2º - outubro de 2012; 3º - janeiro de 2013 e a

4º - abril de 2013. Cinco amostras de porções apicais, com um grama de massa úmida e cerca de

3cm, foram cultivadas por 21 dias em 250 mL de água do mar filtrada, em aeração constante (n=5),

e cinco amostras foram secas em estufa a 60°C por 48h, para obtenção de massa inicial. O cultivo

da 4º coleta foi realizado na Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), em

condições ambientais semelhantes à exceção da irradiância. Após o período de aclimatação, foi

induzida a esporulação a partir do método de alta concentração de nutrientes. Foram colocadas

cinco subamostras de talos férteis com 2cm em uma cristaleira (n=5), em 100mL de água do mar

filtrada e dois tratamentos: 1.TC - ES¼ (Starr e Zeikus 1993) e 2.TAC - [ES¼]×4. Após 15 dias de

cultivo, foram aleatoriamente medidos os comprimentos de dez plântulas em microscópio

estereoscópico. De maneira semelhante, foram medidos os comprimentos de 20 plântulas dos

aquários de aclimatação (n=3). O crescimento foi estimado pela Taxa de Crescimento Diário, TCD

(% dia−1

) = [(Xf/Xi)1/t

-1]×100%,), Xi= massa seca inicial ou o comprimento inicial, Xf = massa

seca final ou comprimento final, t = dias de cultivo. Foram comparadas as medianas das TCD das

plântulas crescidas nos aquários e dos tratamentos TC e TAC pelo teste Kruskal-Whalis, uma vez

que os dados não apresentaram as premissas de normalidade (teste de Shapiro Wilks). Através do

teste de comparações múltiplas foram separadas as medianas que diferiram. A diferença entre o nº

de plântulas que cresceram no TC e no TAC foi avaliada pelo teste de Mann-Whitney uma vez que

os dados não atenderam as premissas para testes paramétricos (Zar 1996).

RESULTADOS

As amostras oriundas das três primeiras coletas não esporularam e apresentaram tacas de

crescimento negativas (-0,60±0,51 %.dia-1

). Na quarta amostragem, as algas esporularam. Após 15

dias de cultivo, tanto as plântulas cultivadas nos dois tratamentos (TC e TAC), quanto às cultivadas

nos aquários apresentaram crescimento positivo (Tab.1), entretanto seus crescimentos foram

diferentes (H = 13,0; p = 0,001). As TCD das plântulas cultivadas no TC foram maiores do que as

que cresceram nos aquários (p = 0,002) e foram semelhantes às que cresceram no TCA (p = 0.22).

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Entretanto, o número de plântulas que cresceram no tratamento TC foi maior do que no TCA (Tab.

1, Z= 2,40, p =0,02).

DISCUSSÃO

Em estudos florísticos o período fértil deste táxon foi em fevereiro, maio, junho e setembro a

dezembro (Széchy e Cordeiro-Marino 1991). Apenas a 4º coleta, foi realizada no período fértil

desta espécie, quando apresentou maior quantidade de esporângios, que deve ter sido responsável

pela eficiente esporulação neste período de cultivo. A baixa irradiância nas prateleiras de cultivo

pode ter contribuído para a esporulação que ocorreu no Laboratório da FIPERJ. De maneira

semelhante, Araujo e Yoneshigue-Valentin (2008) obtiveram crescimento desta espécie em baixa

irradiância, 30±5 mol.fótons.m-2

.s-1

. A alta irradiância pode ter interferido negativamente no

crescimento das algas das primeiras amostragens, quando a irradiância foi quase quatro vezes

maior. Em relação à diferença de TCD entre os tratamentos TC e TAC e as amostras dos aquários

podem estar relacionadas a dois fatores: alta biomassa e movimentação da água nos aquários. Os

tratamentos (TC e TAC) ficaram sem aeração, segundo Araujo e Yoneshigue-Valentin (2008), a

movimentação de água nos cultivos desta espécie prejudicaram o desenvolvimento do talo, o que

pode ter influenciado o crescimento das plântulas nos aquários. Em relação ao maior número de

plântulas no TC do que no TCA, verificou-se que o excesso de nutrientes pode ser um fator

negativo, que afetou tanto o desenvolvimento dos esporângios, quanto o estabelecimento das

plântulas, uma vez que foi observado o crescimento de epífitas no talo as algas cultivadas no TCA.

CONCLUSÃO

Foi estabelecido que in vitro a baixa irradiância e a falta de aeração propiciaram a esporulação desta

espécie quando coletada em épocas férteis. Experimentos com diferentes irradiâncias e aearçao

devem ser realizados para verificar o efeito desses fatores na eficiência de esporulação desta espécie

e obtenção de crescimento mais produtivo de plântulas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, B.B.A & YONESHIGUE-VALENTIN, Y. 2008. Crescimento de Dictyota cervicornis

Kützing (Dictyotales, Heterokontophyta) em cultivo in vitro. Resumo XII Congresso Brasileiro de

Ficologia, Pg 274

DE PAULA, J.C.; VALLIM, M.A.; TEIXEIRA, V.L. 2011. What are and where are the bioactive

terpenoids metabolites from Dictyotaceae (Phaeophyceae) Revista Brasileira de Farmacognosia

Brazilian Journal of Pharmacognosy 21(2): 216-228.

NEWMAN, D.J. & CRAGG, G.M. 2007. Natural products as sources of new drugs over the last 25

years. Journal of Natural Products, 70:461–477.

OLIVEIRA EC 2006. Seaweed resources of Brazil. In Critchley AT, Ohno M, Largo DB (Eds).

World Seaweed Resources-An authoritative reference system. ETI BioInformatics, Amsterdam.

DVD-ROM.

STARR, R.C.; ZEIKUS, J. A.The culture collection of algae at the University of Texas at Austin.

Journal of Phycology, v. 29, 2, p. 92-93, 1993.

SZÉCHY, M.T.M. & CORDEIRO-MARINO, M. 1991. Feofíceas do litoral Norte do Estado do Rio

de Janeiro, Brasil. Hoehnea 18(1):205-241, 102 fig. Pg. 219.

VALLIM, M.A.; BARBOSA, J.E.; CAVALCANTI, D.N. DE-PAULA, J.C.; SILVA, V.A.G.G.;

TEIXEIRA, V.L.; PAIXÃO, I.C.N.P. 2010. In vitro antiviral activity of diterpenes isolated from the

Brazilian brown alga Canistrocarpus cervicornis. Journal of Medicinal Plants Research Vol. 4(22),

pp. 2379-2382

ZAR, J.H. Biostatistical Analysis. Prentice Hall. 1996.

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Tabela 1. Taxas de crescimento diário – TCD (%.dia-1

) das plântulas cultivadas no Tratamento Alta

Concentração de Nutrientes (TAC), no Tratamento Controle (TC) e nos Aquários e número de

plântulas que cresceram nos talos das amostras cultivadas no TC TAC.

Crescimento (TCD) e número de

plântulas em cada recipiente

Média ±

desvio padrão mínimo máximo mediana

TCD no TC (n=5) 8,2±2,6 4,7 13,9 7,6

TCD no TAC (n=5) 7,2±2,2 4,7 12,7 7,6

TCD no Aquário (n=3) 5,7±1,4 2,6 8,5 5,3

Número de plântulas no TC 140,4±16,8 112,0 115,0 145

Número de plântulas no TAC 66,6±42,2 8,0 125,0 63

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HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO

Júlia Maria C. Gaspar; Graduação em história, UFRJ; ingresso na graduação – julho/2010; previsão

de conclusão de curso – julho/2015; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientadora: Alda Heizer.

INTRODUÇÃO

Este projeto tem como interesse central analisar a trajetória histórica de uma coleção, Herbié Fée,

por meio da metodologia historiográfica da “nova história” (Chartier, 2000; Burke, 1992). Tal

coleção foi organizada por Antoine Laurent Apollinaire Fée (1789-1874), importante farmacêutico

e botânico francês de seu tempo, e que esteve em constante ligação com outros naturalistas de

renome e que viviam aqui no Brasil como, por exemplo, Auguste Glaziou (1705-1784).

Apollinaire Fée, como ficou conhecido, passou grande parte do seu período produtivo de vida em

Estrasburgo, cidade localizada na região da Alsácia-Lorena em fronteira com a Alemanha.

Lecionou na Universidade de Estrasburgo, publicou muitas das suas obras e iniciou seu trabalho

naquela que seria posteriormente sua Herbie Fée.

Na coleção reunida pelo botânico, grande parte dos espécimes classificados faz parte da flora

brasileira e é considerada uma das coleções fundadoras do herbário do Jardim Botânico do Rio de

Janeiro. A mesma foi formada tomando por base outras coleções já existentes e anteriores ao

botânico Fée, juntamente com os materiais que lhe foram enviados.

A “Herbié Fée” foi adquirida pelo então Imperador D. Pedro II (1825-1891) durante uma visita ao

naturalista em 1871 e posteriormente doada ao botânico João Barbosa Rodrigues (1842-1909),

primeiro diretor republicano do Jardim Botânico, responsável pela criação do herbário que

conhecemos hoje.

Inicialmente podemos evidenciar que a relação entre os botânicos Fée e Glaziou foi fundamental

para a compreendermos a criação e o percurso da coleção, do campo ao herbário.

Sendo assim, para analisarmos a Herbie Fée é preciso definir o quadro teórico de seu organizador,

sua trajetória biográfica e científica, vinculando-o às redes de sociabilidade nas quais ele estava

imerso (Foucault, 2007; Kury, 2008; Heizer, 2011; Lopes, 1997, 2011).

OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivos identificar na documentação textual informações sobre o botânico

Antoine Laurent Apollinaire Fée, sua relação com outros cientistas da época e sua formação

acadêmica; analisar a trajetória da coleção histórica até sua chegada ao Jardim Botânico do Rio de

Janeiro, sublinhando a ligação existente entre o botânico francês e o Imperador D. Pedro II.

MATERIAL E MÉTODOS

Para circunstanciar o naturalista, realizamos leituras e discussão de textos sobre práticas

colecionistas, disponibilizados na biblioteca João Barbosa Rodrigues (JBRJ) e no Real Gabinete

Português de Leitura, além disso, utilizamos obras publicadas por Apollinaire Fée, uma localizada

na sessão de obras raras da Biblioteca Nacional (RJ) e outras disponibilizadas no site da

Enciclopédia Virtual Gallica (BN-Paris). Para investigar a viagem feita por D. Pedro II ao botânico,

foram analisados os registros dos portos localizados no Arquivo Nacional e livros no Instituto

Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

RESULTADO E DISCUSSÃO

Pode-se concluir que Auguste Glaziou foi de extrema importância na criação da coleção Fée, pois o

mesmo lhe enviou espécimes da flora brasileira para que o naturalista francês as classificasse, este

ainda foi quem introduziu por meio de uma carta o botânico Fée ao D. Pedro II e deu início a

relação entre dois.

Em contraponto ao que vemos num segmento historiográfico, Paris não era o único polo de

produção de conhecimento, sendo Estrasburgo uma cidade de suma importância para o

entendimento da trajetória de Apollinaire Fée, devido a ter sido o local em que o botânico

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permaneceu a maior parte de seu tempo produtivo, realizou a maioria de suas publicações e iniciou

o trabalho sobre a sua coleção Herbie Fée.

CONCLUSÃO

Após análise de documentação disponível em instituições de pesquisas do Rio de Janeiro, como por

exemplo, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Biblioteca Barbosa Rodrigues e Instituto

Histórico e Geográfico Brasileiro, foi possível identificar a importância de Glaziou para a criação

da coleção Herbie Fée e a centralidade de Estrasburgo como um polo de produção de conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BEDIAGA, B. 1999. Diário do imperador d. Pedro II. Petrópolis: Museu Imperial. 164 p.

BURKE, P. 1992. A Escrita da História. São Paulo: UNESP.

CHARTIER, R. 2000. A História Cultural. Entre práticas e representações. Lisboa: Difel.

FÉE, A.L.A. 1863. Catalogue Methodique et Chronologique des [ses] publications. E. Simon, S.

obras raras, Biblioteca Nacional (RJ).

FÉE, A.L.A. 1873-1874. Matériaux pour une flore lichenologique du Brésil. [s.n.], V.1.

Bibliothèque Nationale de France. (www.gallica.bnf.fr)

FÉE, A.L.A. 1844-1866. Mémoires sur la famille des Fougères. Historie des fougère et des

lycopodiacées des Antilles. Veuve Berger-Levrault (Strasbourg), Bibliothèque Nationale de France.

(www.gallica.bnf.fr)

FIGUEIROA, S. F. 1998. Mundialização da ciência e respostas locais: sobre a institucionalização

das ciências naturais no Brasil. Asclépio, V. 50, n. 2. p. 107-23.

FOUCAULT, M. 2007. Classificar. In: As Palavras e as Coisas. São Paulo: Martins Fontes. p. 171-

226.

FORZZA, R. C., MYNSSEN, C. M., TAMAIO, N., BARROS, C., FRANCO, L., PEREIRA, M. C.

A. 2008. As coleções do herbário. In 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de

Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro. p. 45-55.

HEIZER, A. 2006. Pedro II e a construção de um mito. Revista & Ensino (UEL). Londrina:

Universidade Estadual de Londrina. V.11. p.32-40.

KURY, L. B. 2008. As artes da imitação nas viagens científicas do século XIX. In: ALMEIDA, M.

de, VERGARA, M. de R. (Org.). Ciência, história e historiografia. São Paulo/Rio de Janeiro: Via

Lettera/Mast. p. 321-333.

LOPES, M. M., HEIZER, A. 2008. Colecionismos, práticas de campo e representações. Campina

Grande: EDUEPB.

MYNSSEN, C. 2011. Herbier Fée: restauração e diagnóstico da coleção fundadora do herbário do

Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

SCHWARCZ, L. K. M. 1999. As barbas do Imperador. 6ª. ed. São Paulo: Companhia das Letras.

SCHWARCZ, L. M.; DANTAS, R. 2008. O Museu do Imperador: quando colecionar é representar

a nação. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros/USP, São Paulo: IEB, n° 46. p. 123-164.

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CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS EM

MACROALGAS MARINHAS

Lilian Jorge Hill; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação –2008.2;

previsão de conclusão do curso – 2013.2; ingresso no PIBIC: setembro/2010;

Orientador: Leonardo Tavares Salgado.

INTRODUÇÃO

Macroalgas marinhas podem ser divididas em três diferentes divisões de acordo com o pigmento

sintetizado por elas: verdes (Chlorophyta), vermelhas (Rhodophyta) ou pardas (Phaeophyta).

Apesar da existência de outras características que permitem a separação destes grupos, há diversas

características que são comuns, como por exemplo, a ocorrência de vias metabólicas e de proteínas

expressas altamente conservadas. Neste sentido, elementos gerais do citoesqueleto são encontrados

nestes três grupos de algas, os microtúbulos e filamentos de actina (mais proteínas acessórias) (Reis

et al., 2013).

Em L. dendroidea, Reis et al. (2013) revelaram que o processo de exocitose dos compostos

halogenados produzidos pela alga vermelha L. dendroidea é dependente da atividade de filamentos

do citoesqueleto, especialmente microfilamentos e microtúbulos. Atualmente, os principais genes

do citoesqueleto expressos (mRNA) em relação a atividades dinâmicas de transporte intracelular já

são conhecidos (Reis et al., 2013). Contudo, informações sobre aspectos estruturais do citoesqueleto

ainda são escassas, não só em relação a L. dendroidea, mas para macroalgas marinhas, de forma

geral.

Mesmo em plantas vasculares, ainda há poucos indícios sobre a existência de filamentos

intermediários (McNulty & Saunders, 1992), os quais, em metazoários, são de importância capital

para a resistência celular a danos físicos (Albers & Fuchs, 1992). Os filamentos intermediários,

dentre outras funções, compõem a lâmina nuclear, estrutura fundamental na preservação da

integridade do envelope nuclear e na dinâmica do ciclo celular (Albers & Fuchs, 1992). A presença

de filamentos intermediários em macroalgas marinhas do domínio Plantae, em Rhodophyta e em

Chlorophyta, ainda é pouco investigada. Assim, a investigação deste elemento do citoesqueleto e

desta estrutura nuclear poderão resultar em grande avanço no conhecimento da biologia celular e,

também, em informação relevante para a compreensão de processos evolutivos em organismos

eucariotos e em algas.

O objetivo desse trabalho é investigar a existência de filamentos intermediários e lâmina nuclear em

L. dendroidea e Ulva rigida e verificar sua função, contribuindo para o estudo do citoesqueleto.

Também, compreender a estruturação do envelope nuclear de L. dendroidea e U. rigida., mesmo se

não for demonstrada a existência da lâmina nuclear.

METODOLOGIA

Indivíduos de L. dendroidea e U. rigida, foram coletados na Praia Rasa (Armação dos Búzios, Rio

de Janeiro, Brasil). Esporos da alga U. rigida foram obtidos por meio de indução de esporulação e

foram fixados por 2 horas, congeladas por congelamento rápido por impacto e levados ao

equipamento de criofratura para que fosse feita a fratura seguida do deep-etching e o sombreamento

com carbono e platina (45º). A réplica feita foi colocada em ácido sulfúrico por 10 dias para que

fosse digerida toda a matéria orgânica e, em seguida, levada ao microscópio eletrônico de

transmissão para a observação das amostras.

Por microscopia eletrônica de varredura foi analisada a rede de filamentos do citoesqueleto.

Amostras de L. dendroidea foram fixadas, pós-fixadas, desidratadas em séries de etanol e secas pelo

método do ponto crítico. Os tecidos das algas foram fraturados e, logo após, metalizados com ouro.

Após, as amostras foram observadas no microscópio eletrônico de varredura. Estruturas celulares e

filamentos do citoesqueleto de ambas as espécies foram medidos com o programa Image J para

posterior comparação e identificação das estruturas analisadas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observadas nas amostras de deep-etching dos esporos de Ulva sp. células fraturadas

apresentando núcleo, citoplasma e parede celular (Fig. 1). Em maior magnificação, pudemos

observar estruturas em forma de barril (EFB) no espaço intranuclear, medindo aproximadamente 10

nm. Além disso, foram observados também microfilamentos de actina no citoplasma. Nas amostras

de L. dendroidea que foram fraturadas e analisadas no microscópio eletrônico de varredura (Fig. 2),

foi possível observar células do tecido da alga decapadas, células com conteúdo vesicular abundante

e células com estruturas filamentosas (possivelmente filamentos de citoesqueleto). Com base nas

imagens obtidas, os filamentos do citoesqueleto e algumas estruturas celulares observados em

ambas as espécies foram medidos (n>10). Em L. dendroidea foram encontrados dois tipos de

filamentos, um delgado e outro mais espesso (com aproximadamente 23,89 e 74,01 nanômetros de

diâmetro). Em U. rigida, foram encontrados um tipo de filamento delgado do citoesqueleto (de

aproximadamente 6,07 nm de diâmetro) e EFB com dimensões médias de 11,27 nm (Tab. 1).

Trabalhos recentes, como o de Reis, et al (2013), mostraram a presença de microtúbulos e

microfilamentos (filamentos de actina) na espécie L. dendroidea. Sugere-se que os filamentos

delgados e espessos observados (de 24 nm e 74 nm) correspondem, respectivamente, a

microfilamentos (5-7 nm) e a micrototúbulos (24 nm). Esta proposição se justifica, apesar da

diferença nas medidas de diâmetro, pois é sabido que a metalização com ouro (procedimento de

rotina para MEV) resulta no espessamento significativo de estruturas manométricas. Neste caso,

calcula-se que o tempo de metalização e distância das amostras para a fonte metalizadora possa ter

resultado em um espessamento de ~20 nm nas bordas de estruturas analisadas. As estruturas em

forma de barril observadas no espaço intranuclear de U. rigida possuem dimensões (~11,27 nm)

compatíveis com estruturas denominadas nucleossomas (~10 nm). De fato, nenhuma estrutura

semelhante ainda havia sido identifica em macroalgas marinhas e, devido a sua abundância

associada ao genoma, é sugerida como a primeira observação em uma macroalga marinha.

CONCLUSÕES

Dois tipos de filamentos do citoesqueleto foram encontrados, filamentos de actina (em ambas as

espécies) e microtúbulos (em L. dendroidea). Estruturas semelhantes à nucleossomas foram

identificadas no espaço intranuclear de U. rigida, corroborando a localização do núcleo nas

amostras de esporos. Apesar da observação do envelope nuclear em U. rigida., não foi possível a

observação em detalhe desta estrutura e se há alguma rede de filamentos na sua composição, tal

qual a lâmina nuclear. Como próximas etapa, a partir da elaboração dos protocolos apresentados,

novos ensaios poderão ser executados, incluindo aqueles com a digestão de material genético

objetivando a melhor visualização do envelope nuclear.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Cytol, 134:243-279.

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EPIFITISMO E SÍNDROMES DE DISPERSÃO EM BROMELIACEAE DA MATA

ATLÂNTICA

Luiz Henrique do Carmo Alvares da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na

graduação - 07/2011; previsão de conclusão do curso – 07/2015; ingresso no PIBIC -

dezembro/2012; orientador: Leandro Freitas.

INTRODUÇÃO

Bromeliaceae, apesar de não figurar entre as mais diversas famílias de angiospermas, é a quarta

mais rica em número de espécies na Mata Atlântica. Das quase 3.100 espécies aceitas, 816 foram

registradas na Mata Atlântica, sendo 80% destas endêmicas (Stehmann et al. 2009). Essa

diversidade na família se reflete nos estratos florestais em que as espécies podem ser encontradas:

no solo como terrestres, crescendo sobre substrato rochoso como rupícolas e sobre forófitos

arborescentes como epífitas, nos troncos e copas. A evolução de diversos caracteres permitiu às

bromélias ocupar formações de clima seco bem como desenvolver o hábito epifítico no interior da

floresta úmida. Para lidar com a escassez de água, tricomas foliares absortivos e formação de um

tanque, a partir da disposição das folhas em roseta, facilitam a absorção e a retenção de água. Outra

estratégia importante é a fotossíntese CAM, que permite à planta abrir seus estômatos somente à

noite, quando as temperaturas são menores, diminuindo a perda de água (Benzing 2000). As

bromélias são classificadas como epífitas autótrofas dada a sua independência em relação ao

forófito para obter nutrientes. Ainda, as bromélias podem ser epífitas facultativas ou verdadeiras. As

bromélias que são epífitas verdadeiras são aquelas mais especializadas à vida nas copas; e as

epífitas facultativas são aquelas que podem ocupar desde o solo até a copa, dependendo das

condições de umidade locais (Benzing 1990).

Essa variação no hábito epifítico pode estar associada também à dispersão dos diásporos. Os frutos

tem a morfologia bem conservada em cada subfamília: e.g., Bromelioideae tem frutos carnosos

indeiscentes como a baga; e Tillandsioideae, possui os frutos secos e deiscentes como a cápsula. O

conjunto de características dos diásporos e dos dispersores é usado para definir o que denominamos

como síndrome de dispersão. Assim, os frutos secos e deiscentes e as sementes plumosas em

espécies de Tillandsioideae estariam associados à dispersão pelo vento enquanto em Bromelioideae,

frutos carnosos indeiscentes com cores atrativas ou com presença de odor podem estar associados à

dispersão por animais, na maioria aves. Benzing (2000), porém, cita casos de dispersão na família

por outros grupos, como primatas.

OBJETIVOS

Esse estudo teve como primeiro objetivo, avaliar se, entre as bromélias epífitas da Mata Atlântica,

as espécies de Bromelioideae apresentam maior facultatismo quanto ao epifítismo do que as

espécies em Tillandsioideae. O segundo objetivo foi associar o epifítismo das espécies de

Bromeliaceae às síndromes de dispersão de diásporos.

MATERIAL E MÉTODOS

Um total de 581 espécies de Bromeliaceae foram listadas como epífitas na Mata Atlântica a partir

de levantamentos de espécies em Stehmann et al. (2009) e Lista de Espécies da Flora do Brasil 2013

(Forzza et al. 2013), além da descrição taxonômica e de dados ecológicos dos gêneros e espécies na

literatura. O grau de epifitismo (GE) de cada espécie foi obtido através de informações sobre o

hábito nos registros (exsicatas) da base de dados Specieslink (http://splink.cria.org.br). O GE

consiste na razão do número de registros com hábito epifítico pelo número total de registros

informativos (aqui consideramos o mínimo de dez registros informativos por espécie). Com base na

suculência do fruto, as espécies foram classificadas quanto à síndrome de dispersão em

anemocóricas (frutos secos) ou zoocóricas (frutos carnosos). Para as espécies zoocóricas, foram

avaliados a cor, o comprimento (mm) e exposição dos frutos para a descrição da síndrome como:

ornitocoria, mamalocoria, quiropterocoria ou mistas (quando dois ou mais grupos animais são os

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prováveis dispersores). O GE entre as subfamílias foi comparado através do teste Kolgomorov-

Smirnov (função ks.test do pacote stats) em ambiente R.

RESULTADOS

Um total de 198 espécies teve informação quanto ao hábito nos registros do Specieslink. O GE

diferiu entre as subfamílias (D = 0,55; P < 0,001), sendo maior em Tillandsioideae (mediana = 0,93;

81 espécies) do que em espécies de Bromelioideae (mediana = 0,56; 117 espécies) (Fig. 1). Quanto

à síndrome de dispersão, as 193 espécies de Tillandsioideae foram classificadas como

anemocóricas, enquanto as 364 espécies de Bromelioideae como zoocóricas. Cerca de metade das

espécies de Bromelioideae foram classificadas como ornitocóricas (51,9%), já as outras síndromes

foram menos representadas (Tab.1).

DISCUSSÃO

As espécies de Tillandsioideae se mostraram epífitas por excelência (i.e., holoepífitas). Essa

preferência pelo epifitismo pode ser explicada por alguns caracteres como pequenas raízes

esclerificadas para suporte mecânico nos galhos e copas das árvores, presença de um tanque para

acúmulo de água e de tricomas absortivos na base das folhas nas espécies de grande porte e, pelo

menor número de estômatos, fotossíntese CAM e tricomas absortivos por toda a folha, presentes nas

espécies de pequeno porte. É válido ressaltar que os tricomas absortivos de Tillandsioideae são os

mais especializados na família (Benzing 2000). Entretanto alguns caracteres estão presentes nas

duas subfamílias. O epifitismo em espécies em Bromelioideae foi predominantemente facultativo,

ou seja, os espécimes podem ocupar tanto o solo quanto o dossel. Uma explicação para isso seria a

associação entre caracteres típicos de plantas terrestres (e.g., raízes absortivas), com estruturas

ligadas ao epifitismo (e.g., tanque e tricomas absortivos) nesta subfamília (Benzing 2000). Além

disso, o fato do epifitismo em Bromelioideae ser um caráter derivado, enquanto em Tillandsioideae

o epifitismo é basal, também pode estar relacionado ao facultatismo no hábito em Bromelioideae. O

epifitismo teve quatro origens independentes na família, sendo a primeira em Brocchinioideae, a

subfamília mais basal (Givnish et al. 2007). Em Brocchinioideae, o advento do epifitismo está

associado à forma de tanque nos espécimes. Já nas demais subfamílias o fator primordial para o

hábito epifítico foi o surgimento independente da fotossíntese CAM entre elas (Givnish et al. 2007).

A preferência pelo estrato arbóreo (holoepifitismo) pode estar associada à anemocoria em

Tillandsioideae. No entanto, apesar da presença de diferentes síndromes de dispersão zoocóricas em

Bromelioideae, isto não se relacionou diretamente com a diferença no hábito epifítico (i.e., o GE foi

semelhante entre os grupos de diferentes tipos de zoocoria).

CONCLUSÃO

Sugere-se que a síndrome de dispersão pode estar associada ao tipo de epifitismo: zoocoria com

epifitismo facultativo (em Bromelioideae) e anemocoria com holoepifitismo (em Tillandsioideae).

Apesar disso, a origem do epifitismo em cada subfamília (derivado ou ancestral, respectivamente)

também pode explicar a variação do hábito. Além disso, a presença de anemocoria e holoepifitismo

em Bromeliaceae coincide com o padrão geral para epífitas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENZING, D.H. 1990 .Vascular epiphytes, General biology and related biota. 1ed. Cambridge

University Press. Cambridge. 354p.

BENZING, D.H. 2000. Bromeliaceae: Profile of an adaptative radiaton. 1ed. Cambridge University

Press. Cambridge. 655p.

FORZZA, R. et al. 2013. Lista de Espécies da Flora do Brasil 2013. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/

GIVNISH, T.J., MILLAM K.C., BERRY P.E. & SYTSMA, K.J. 2007. Phylogeny, adaptive radiation,

and historical biogeography of Bromeliaceae inferred from ndhF sequence data. Aliso 23: 3–26.

STEHMANN, J.R. et al. (Org.). 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Jardim Botânico do Rio de Janeiro,

Rio de Janeiro.

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Figura 1. Frequência (número de espécies) em classes representando o grau de epifitismo dentre as

subfamílias Bromelioideae e Tillandsioideae na Mata Atlântica.

Tabela 1. Distribuição das síndromes de dispersão de espécies epífitas entre as subfamílias de

Bromeliaceae na Mata Atlântica.

Número de espécies (%)

Bromelioideae Tillandsioideae

Anemocoria 0 193 (100%)

Ornitocoria 189 (51,9%) 0

Quiropterocoria 21 (5,8%) 0

Mamalocoria 95 (26,1%) 0

Mista 59 (16,2%) 0

Total 364 193

0-<=1

0

10-<=2

0

20-<=3

0

30-<=4

0

40-<=5

0

50-<=6

0

60-<=7

0

70-<=8

0

80-<=9

0

90-<=1

00

0

10

20

30

40

50

Bromelioideae Tillandsioideae

Grau de epifitismo (%)

Fre

qu

ên

cia

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A FAMÍLIA COMMELINACEAE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Marco Octávio de Oliveira Pellegrini; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na

graduação– julho/2008; conclusão do curso– 08/04/2013; ingresso no PIBIC: janeiro/2012;

orientadoras: Rafaela Campostrini Forzza & Lidyanne Yuriko Saleme Aona-Pinheiro

INTRODUÇÃO

Commelinaceae apresenta 42 gêneros e aproximadamente 670 espécies, distribuídas principalmente

nas regiões tropicais e subtropicais (Faden & Hunt 1991). São reconhecidos quatro centros de

diversidade para a família: costa leste do Brasil (Dichorisandra), Índia (Murdannia), África

(Aneilema) e Ásia (Commelina) (Aona 2008; Ramana et al. 2013; Faden 1991; Gajurel & Shrestha

2009, respectivamente). A família é monofilética e pode ser diferenciada de outros grupos de

monocotiledôneas pelo seu caule suculento, canais de ráfides, folhas com bainhas sempre fechadas,

inflorescências em cincinos e flores deliquescentes (Faden 1991). No Brasil ocorrem 79 espécies e

os gêneros Aneilema (2 spp.), Buforrestia (1 spp.), Callisia (4 spp.), Commelina (9 spp.),

Dichorisandra (34 spp.), Floscopa (4 spp.), Geogenanthus (1 sp.), Gibasis (1 sp.), Murdannia (5

spp.), Plowmanianthus (1 sp.), Siderasis (1 sp.), Tinantia (2 spp.), Tradescantia (8 spp.) e

Tripogandra (7 spp.) (Aona & Pellegrini 2013). São plantas que ocorrem nos mais diversos

ecossistemas, podendo ser encontradas desde locais com forte influência antrópica, restingas,

cerrados, mangues, florestas tropicais e subtropicais até regiões temperadas (Aona & Pellegrini

2013). O Rio de Janeiro atualmente é o estado brasileiro com a maior área total de Floresta

Atlântica (Ribeiro et al. 2009). Apesar disso, diversos gêneros e famílias botânicas carecem de

levantamentos e dados atualizados relacionados tanto a taxonomia quanto a ecologia das espécies.

Commelinaceae é uma das famílias mais difíceis de estudar com base em material herborizado,

devido ao fato de suas flores serem deliquescentes, raramente ficando bem preservadas em material

desidratado (Faden 1991). Desta forma, muitos dos gêneros de Commelinaceae ainda hoje se

encontra com problemas taxonômicos e nomenclaturais, além de sub-amostrados nas coleções,

sendo necessário incremento nas coletas, além de novos estudos.

OBJETIVO

Esse estudo teve como objetivo produzir uma listagem das espécies de Commelinaceae ocorrentes

no estado do Rio de Janeiro, juntamente com um tratamento taxonômico para as espécies e gêneros.

METODOLOGIA

Foram realizadas consultas as coleções dos herbários C, CEPEC, CESJ, GUA, HB, HUEFS, K,

MBM, MBML, NY, P, R, RB, RFA e US (acrônimos de acordo com Thiers 2013), visando levantar

dados sobre as espécies ocorrentes no estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas coletas nos

principais pontos de diversidade da família Commelinaceae no estado do Rio de Janeiro (região

Serrana e Metropolitana), respeitando quando possível os períodos de floração das espécies. O

material coletado foi herborizado segundo técnicas usuais de taxonomia, com algumas

modificações, e depositado no herbário RB. Flores, frutos e sementes foram fixados em etanol 70%,

para posterior análise em laboratório. Além disso, foram confeccionados cartões florais, visando

uma melhor preservação dos verticilos florais e para facilitar a medição dos mesmos. Esses cartões

foram feitos em campo ou laboratório, utilizando preferencialmente material floral fresco, que foi

montado em plástico adesivo sobre cartolina branca. Devido à fragilidade e a curta duração de suas

flores, estão sendo mantidas plantas em cultivo no Orquidário do Jardim Botânico, principalmente

de espécies anuais ou mais difíceis de serem encontrados em flor (e.g. Aneilema, Callisia,

Dichorisandra, Siderasis, Tinantia). Isso também auxiliará na análise e entendimento de sistemas

subterrâneos, quando presentes (e.g. Dichorisandra, Siderasis) e formas de vida.

RESULTADOS

Foram registrados 10 gêneros (Aneilema, Callisia, Commelina, Dichorisandra, Floscopa, Gibasis,

Siderasis, Tinantia, Tradescantia e Tripogandra) e 35 espécies de Commelinaceae, das quais oito

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são novos registros. Dichorisandra é o gênero com maior riqueza específica com 15 táxons, dos

quais cinco são endêmicos e dois são novos para a ciência. Commelina e Tradescantia apresentam

ambas cinco espécies. Siderasis apresenta apenas uma espécie endêmica das formações rochosas

litorâneas dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói.

DISCUSSÃO

Dichorisandra, apesar de ser o gênero com a maior diversidade de espécies, não se mostra muito

frequente e apresenta alto grau de endemismo, sendo encontrada somente em locais onde a

vegetação nativa é mais bem preservada. Commelina e Tradescantia são os segundos gêneros mais

diversos, ambos com cinco espécies. De maneira geral, as espécies pertencentes a estes gêneros,

apresentam menos exigências ambientais (em especial Commelina) e por isso são algumas das mais

frequentes Commelinaceae no estado. Como resultado desse trabalho Tripogandra warmingiana

(Seub.) Handlos, uma espécie pouco conhecida, foi registrada pela primeira vez para fora do estado

de Minas Gerais e recebeu tratamento taxonômico apropriado (Pellegrini et al. 2013). A família de

maneira geral se mostra bem variável em relação as formas de vida. podendo ser encontradas

vegetando como terrestres ou rupícolas, aquáticas emergentes ou ainda, ocasionalmente, como

epífitas em matas úmidas.

CONCLUSÃO

Apesar de várias macrorregiões do estado ainda não terem sido devidamente coletadas, o número de

novos registros feitos a partir de materiais de herbário e das novas coletas se mostra bastante

significativo. As regiões que detiveram a maioria dos novos registros foram a Região do Lagos e o

norte do estado (e.g. as Regiões de Campos dos Goytacazes, Itaperuna e Santo Antônio de Pádua).

Ainda são necessárias mais coletas e uma análise mais detalhada de alguns espécimes para que se

possam resolver problemas taxonômicos, encontrar novos registros e identificar possíveis novos

táxons.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AONA, L.Y.S. 2008. Revisão taxonômica e análise cladística do gênero Dichorisandra J.C. Mikan

(Commelinaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas,

Campinas. 310p.

AONA, L.Y.S & PELLEGRINI, M.O.O. 2013. Commelinaceae In: Lista de Espécies da Flora do

Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <

http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB6924>.

FADEN, R.B. 1991. The morphology and taxonomy of Aneilema R. Brown (Commelinaceae).

Smithisonian Contributions to Botany 76. Washington, D.C. 181p.

FADEN, R.B. & HUNT, D.R. 1991. The Classification of the Commelinaceae. Taxon 40(1): 19–

31.

GAJUREL, J.P. & SHRESTHA, K.K. 2009. Taxonomy of the genus Commelina Plum. ex L.

(Commelinaceae) in Nepal. Botanica Orientalis- Journal of Plant Science. 6(1): 25–31p.

PELLEGRINI, M.O.O., AONA-PINHEIRO, L.Y.S., FORZZA, R.C. 2013. Taxonomy and

conservation status of Tripogandra warmingiana (Seub.) Handlos (Commelinaceae), a previously

obscure taxon from Brazil. Phytotaxa 91(2): 39–49p.

RIBEIRO, M.C.; METZGER, J.P.; MARTENSEN, A.C.; PONZONI, F.J.; HIROTA, M.M. 2009.

The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed?

Implications for conservation. Biological Conservation. 142(1): 1141–1153p.

RAMANA, M.V.; NANDIKAR, M.; GURAV, R.V.; TAGORE, J.K. & SANJAPPA, M. 2013.

Murdania saddlepeakensis (Commelinaceae) - a new species from Andaman and Nicobar Islands,

India. PhytoKeys 20: 9–15p.

THIERS, B. 2013. Index Herbariorum: A global directory of public herbaria and associated staff.

New York Botanical Gardens’ Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgun.nybg.org/ih/>.

Acesso em 20 abril 2013.

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TRANSFERIBILIDADE DE MARCADORES DE DNA MICROSSATÉLITES EM

ESPÉCIES DE JEQUITIBÁS (CARINIANA SPP., LECYTHIDACEAE)

Paloma Costa Cancella; graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida;

ingresso na graduação – 02/2011; previsão de conclusão do curso – 12/2014; ingresso no PIBIC:

agosto/2012; orientador: Maristerra Rodrigues Lemes.

INTRODUÇÃO

A diversidade genética é importante para a sobrevivência de espécies de árvores, uma vez que

possibilita que as populações se adaptem às mudanças ambientais. Essa capacidade pode ser

comprometida quando, em decorrência de ações antrópicas como o desmatamento e fragmentação

do habitat, as densidades das populações de árvores são drasticamente diminuídas. Tal diminuição

pode comprometer o tamanho efetivo destas populações, podendo levá-las à extinção local (Bawa,

1993). A família Lecythidaceae constitui uma das famílias mais importantes em termos de

diversidade nas florestas neotropicais. As Lecythidaceae neotropicais compreendem 197 espécies

descritas em 11 gêneros, dentre eles o gênero Cariniana (Prance & Mori 1979). Das 472 espécies

da lista da flora brasileira ameaçada, constam do Anexo I, duas espécies de jequitibás, o jequitibá-

açu (Cariniana ianeirensis R. Knuth), e o jequitibá-cravinho (C. parvifolia S. A. Mori, Prance &

Menandro). Marcadores microsatélites também conhecidos como SSRs (Sequências Simples

Repetitivas) são pequenas sequências de DNA compostas de repetições de 1 a 4 nucleotídeos

encontradas no genoma de eucariotos. São marcadores altamente polimórficos e, portanto, bastante

informativos para aplicação em estudos sobre variação genética em populações. Além disso, essa

classe de marcadores possibilita sua transferibilidade entre espécies relacionadas, incrementando

significativamente a relação custo/benefício no uso desta tecnologia. A hipótese de trabalho

considerada é a de que espécies filogeneticamente próximas apresentam homologia das sequências

flanqueadoras aos locos microssatélites, permitindo sua transferibilidade entre espécies

filogeneticamente próximas (Lemes et al. 2007, Lemes et al. 2011). No presente estudo, propoe-se

verificar a transferibilidade de marcadores microssatélites desenvolvidos para o jequitibá branco

(Cariniana estrellensis), para outras três espécies congenéricas de jequitibás: C. legalis, C.

ianeirensis e C. parvifolia, visando disponibilizar marcadores informativos para o desenvolvimento

de estudos futuros sobre a genética de populações e conservação destas espécies, sendo duas delas

criticamente ameaçadas.

OBJETIVO

Investigar a transferibilidade de marcadores microsatélites do genoma nuclear desenvolvidos para o

jequitibá branco (Cariniana estrellensis), para outras três espécies do gênero Carinana: o jequitibá

rosa (C. legalis), o jequitibá-açú (C. ianeirensis) e o jequitibá cravinho (C. parvifolia).

MATERIAIS E MÉTODOS

Coteta do material

Foram coletadas folhas de 10 a 20 indivíduos de cada uma das quatro espécies de jequitibás (C.

estrellensis, C. legalis, C. ianeirensis e C. parvifolia), provenientes de diferentes populações. As

folhas foram acondicionadas em sílica gel e armazenadas a -20 oC até a extração do DNA.

Procedimentos

A extração do DNA foi feita utilizando-se o método CTAB 2% modificado por Ferreira e

Grattapaglia (1998), com auxílio de um macerador Mixer Mill. A quantificação do DNA genômico

total foi feita por análise comparativa com padrões de massa molecular conhecida do DNA do fago

Lambda, sob eletroforese em gel de agarose 1%. Foram utilizados nove de 15 pares de primers

microssatélites desenvolvidos para C. estrellensis (Guidugli 2009) e testadas as condições de

amplificação e transferibilidade destes locos para C. legalis, C. ianeirensis e C. parvifolia. A

amplificação dos microssatélites foi feita via PCR utilizando-se o protocolo descrito em Lemes et

al. 2007. Na otimização das condições da PCR e análise da transferibilidade dos locos SSR foram

testadas diferentes temperaturas de anelamento dos primers. Os produtos amplificados foram

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analisados sob eletroforese em gel de agarose 2% corados com GelRed (Biotium, Inc.) e

visualizados em transiluminador sob luz ultravioleta. Em seguida os géis foram fotodocumentados e

analisados quanto a especificidade e qualidade dos produtos amplificados.

RESULTADOS & DISCUSSÃO

A figura 1 mostra a quantificação do DNA genômico total extraido de oito indivíduos de C.

estrellensis, C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis, utilizando-se o método CTAB 2%. A análise

dos géis de quantificação atesta a boa quantidade e integridade do DNA extraído de folhas das

quatro espécies de jequitibás. A concentração do DNA extraído das amostras variou de 50 a 600

ng/ l. Dos nove pares de primers testados para a amplificação dos locos SSR, nove tiveram a

confirmação de amplificação para C. estrellensis e seis para C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis

(Tabela 1). Também foi possível estimar o tamanho dos produtos amplificados para os locos SSR

nas quatro espécies (Tabela 1). Na figura 2 são observados os perfis das PCRs indicando o tamanho

dos fragmentos amplificados para o loco Ces16, nas quatro espécies de jequitibás. A alta taxa de

sucesso (67%) na habilidade dos marcadores para amplificar os seis locos SSR, nas três espécies

congenéricas (C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis), assemelhou-se ou foi maior que taxas

observadas para outras espécies de árvores neotropicais (Lemes et al. 2007, Braga et al. 2007).

CONCLUSÕES

O método de extração de DNA utilizado foi eficiente na obtenção de DNA genômico de boa

qualidade e quantidade para as quatro espécies estudadas. A transferibilidade de marcadores

microssatélites desenvolvidos para C. estrellensis foi bem sucedida possibilitando a amplificação de

seis locos SSR do genoma nuclear de C. legalis. C. parvifolia e C. ianeirensis. A alta taxa de

transferabilidade (67%) dos marcadores microssatélites indicam sua possível utilidade em estudos

futuros sobre a genética de populações e conservação destas espécies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAWA, K. S. 1993. Effects of deforestation and forest fragmentation on genetic diversity in

tropical tree populations. In: Drysdale, R.M.; John, S.E.T.; Yapa, A.C. 1994. Proceedings:

International Symposium on Genetic Conservation and Production of Tropical Forest Tree Seed.

ASEAN-Canada Forest Tree Seed Centre Project, Muak-Lek, Saraburi, Thailand. P. 10-16.

BRAGA A. C., REIS A. M. M, LEOI L. T., PEREIRA R. W., COLLEVATTI, R. G. 2007.

Development and characterization of microsatellite markers for the tropical tree species Tabebuia

aurea (Bignoniaceae). Molecular Ecology Notes 7:53–56

FERREIRA, M. E. & GRATTAPAGLIA, D. 1998. Introducao ao uso de marcadores moleculares

em análise genética. 3a. ed. Brasília (EMBRAPA-CENARGEN).

GUIDUGLI, M. C., CAMPOS, T., SOUSA, A. C. B., FERES, J. M., SEBBENN, A. M.,

MESTRINER, M. A., CONTEL, E. P. B. & ALZATE-MARIN, A. 2009. Development and

characterization of 15 microsatellite loci for Cariniana estrellensis. Conservation Genetics 10: 1001

– 1004.

LEMES, M. R., MARTINIANO, T. M., REIS, V. M., FARIA, C. P. & GRIBEL, R. 2007. Cross-amplification and characterization of microssatelite loci for three species of Theobroma (Sterculiaceae) from Brazilian Amazon. Genetic Resources and Crop Evolution 54: 1653-1657. LEMES, M. R., ESASHIKA, T., GAOUE, O. G. 2011. Microsatellites for mahoganies: Twelve

new loci for Swietenia macrophylla and its high transferability to Khaya senegalensis. American

Journal of Botany 98: e-207 – e-209.

PRANCE, G. T. & MORI, S. A. 1979. Lecythidaceae – Part I. The actinomorphic-flowered New

World Lecythidacae (Asteranthos, Gustavia, Grias, Allantoma & Cariniana). Flora Neotropica

monograph 21: 1 – 270.

Tabela 1 – Temperatura ótima de anelamento (Ta) de primers e estimativa dos tamanhos dos alelos

(pb) para seis locos microssatélites amplificados em quatro espécies de Cariniana.

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Loco SSR C. estrellensis C. ianeirensis C. legalis C. parvifolia

Alelos

(pb)

Ta

(°C)

Alelos

(pb)

Ta

(°C)

Alelos

(pb)

Ta

(°C)

Alelos

(pb)

Ta

(°C)

Ces01

150

50

150

48

180

50

180

48

Ces03 220 52 200 58 220 50 200 50

Ces05 170 57 170 60 170 57 170 57

Ces11 200 54 200 57 200 54 200 54

Ces16 200 56 180 56 200 56 190 56

Ces18 150 47 170 66 150 54 170 66

Figura 1 – Quantificação do DNA genômico total extraído de oito indivíduos de quatro espécies de

Cariniana (Lecythidaceae). Em cada gel as tres primeiras colunas correspondem aos marcadores

lambda 50, 100 e 200 ng. As colunas de 1 a 8 correspondem às amostras de DNA.

Figura 2 – Produtos amplificados via PCR utilizando o marcador microssatélite Ces 16 em quatro

espécies congenéricas de jequitibás (Cariniana estrellensis, C. legalis, C. parvifolia e C.

ianeirensis). L = ladder 100 pb. As colunas de 1 a 9 correspondem aos produtos da PCR.

50 100 200 1 2 3 4 5 6 7 8 50 100 200 1 2 3 4 5 6 7 8

C. estrellensis C. legalis

50 100 200 1 2 3 4 5 6 7 8 200 100 50 1 2 3 4 5 6 7 8

C. ianeirensis C. parvifolia

100pb

200pb

C. legalis C. estrellensis

L 1 2 3 4 5 6 7 8 L 1 2 3 4 5 6 7 8 9

L 1 2 3 4 5 6 7 8 L 1 2 3 4 5 6 7

C. ianeirensis 100pb

200pb

C. parvifolia

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RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ, AMAZÔNIA, BRASIL

Rafael Gomes Barbosa da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação

02/2011; previsão de conclusão do curso-2015; ingresso no PIBIC: 02/2012; Orientadora: Rafaela

Campostrini Forzza.

INTRODUÇÃO

Montanhas representam um ecossistema muito distinto e formam um excelente modelo de sistemas

relacionados às questões centrais da biodiversidade tais como, tamanho mínimo de população,

consequências de fragmentação, endemismos restritos, paleoendemismos, entre outros (Porembski

& Barthlott, 2000). No Brasil a maioria dos estudos realizados nestas áreas trata dos campos

rupestres da Cadeia do Espinhaço (Harley & Simmons1986, Giulietti et al. 1987, Alves 1992,

Pirani et al. 1994 e 2003, Stannard 1995, Zappi et al. 2003), ou dos Campos de Altitude da Floresta

Atlântica (Martinelli 1996, Porembski et al. 1998, Safford 1999, Iganci et al. 2011). No Domínio

Amazônico pouco ainda se conhece sobre a flora das montanhas, sendo os estudos restritos a coletas

esporádicas ou floras realizadas em países vizinhos ao Brasil (Huber 1995). Das 75 unidades de

conservação do Amazonas, apenas quatro contemplam a conservação de áreas montanhosas: P.E.

Serra do Aracá, P.E. Morro dos Seis Lagos, PARNA Pico da Neblina e a Floresta Nacional do

Amazonas. O P.E. da Serra do Aracá foi criado em 1990 com uma área de 1.818.700 hectares e

altitudes que variam de 44 a 2.121m. Esta situado no estado do Amazonas, entre as coordenadas

0°51-57’N e 63°14-24’O, no município de Barcelos. O clima na região é Equatorial Úmido, com

menos de dois meses de seca anual, e a temperatura é superior a 18C no mês mais frio. O Parque

está inserido no Planalto das Guianas, que se estende do Norte do Brasil até a Venezuela, Guiana,

Suriname e Guiana Francesa (FVA & CEUC 2010). A Serra do Aracá é uma das poucas áreas

montanhosas dentro do Domínio Amazônico que possui uma lista preliminar de espécies publicada

por Prance & Johnson (1991).

OBJETIVOS

1) Atualizar os nomes da lista publicada por Prance & Johnson (1991) para a Serra do Aracá; 2)

Ampliar a lista trabalhando na identificação do material oriundo de coletas recentes realizadas da

Serra do Aracá (acima de 900 m);

3) Elaborar um banco de dados com informações da flora da Serra do Aracá;

4) Analisar a distribuição geográfica dos táxons.

METODOLOGIA

No período de 14 meses o trabalho realizado englobou as seguintes etapas: elaboração da lista de

espécies em Excel com os 532 registros correspondentes aos 242 táxons publicados por Prance &

Johnson (1991); atualização nomenclatural dos nomes dessa lista; levantamento da distribuição

geográfica dos táxons; montagem das exsicatas coletadas em 2011; identificação dos espécimes de

angiospermas, samambaias e licófitas; inserção dos dados das novas coletas e dos dados importados

do Species Link.

RESULTADOS & DISCUSSÃO

Foram atualizados 90 registros, correspondendo a 37 espécies da lista de Prance & Johnson (1991).

Até o momento, foram identificados 190 espécimes, que correspondem a 99 espécies (83 de

angiospermas e 16 de samambaias e licófitas). Dessas 49 são endêmicas do Domínio Amazônico;

12 endêmicas do Brasil das quais Diacidia aracaensis W.R.Anderson, Gleasonia prancei Boom.,

Ternstroemia prancei Boom., T. aracae Boom., Verrucularia piresii W.R.Anderson, são endêmicas

da Serra do Aracá. Foram encontradas quatro espécies de Bromeliaceae não citadas anteriormente

para o Brasil: Brocchinia delicatula L.B.Sm., Guzmania squarrosa Mez, Navia abysmophila

L.B.Sm e Racinea ropalocarpa (André) M.A. Spencer & L.B.Sm.; uma de Malpighiaceae

(Blepharandra hypoleuca (Benth.) Griseb.); uma espécie e uma variedade de Lindsaeaceae

(Lindsaea stricta var. jamesoniiformis K.U. Kramer, Lindsaea klotzschiana Moritz ex Ettingsh.). Os

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dados importados da Serra do Aracá do Species Link conta com 4.901 registros, esse número reflete

uma flora maior do que Prance & Johnson (1991) descreveram, resultado este de coletas não

publicadas nesse trabalho, de materiais indeterminados anteriormente e de coletas de outros

pesquisadores na região. O banco de dados conta com 980 registros, destes 532 são da lista de

Prance & Jonhson (1991) e 448 de angiospermas e samambaias e licófitas.

CONCLUSÃO

Espera-se assim que ao final da identificação, a lista de espécies expresse a real diversidade da flora

da Serra do Aracá, ampliando o conhecimento e a distribuição dos táxons bem como, preenchendo

lacunas quanto aos centros de diversidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO EM SWARTZIA (LEGUMINOSAE,

PAPILONOIDEAE), UM GÊNERO DIVERSO NO NEOTRÓPICO Tarlile Barbosa Lima; Graduação em Ciências Biológicas; UFF; ingresso na graduação – 07/2009;

previsão de conclusão do curso – 07/2014; ingresso no PIBIC: 07/2011; orientador: Vidal de Freitas

Mansano.

INTRODUÇÃO

Com distribuição pantropical, a Leguminosae Juss. é a terceira maior família de Angiospermae,

possuindo três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae. Swartzia Schreb. é

um dos membros basais de Papilionoideae sendo plantas lenhosas de distribuição neotropical, com

uma estrutura floral peculiar: o cálice é inteiro no botão floral e se rompe irregularmente na antese,

a corola tem uma pétala ou a pétala é ausente e o androceu é multiestaminado e heteromórfico, com

até três tipos diferentes de estames (Mansano & Souza, 2005). Estima-se que há cerca de 180

espécies de Swartzia distribuídas principalmente desde Nayarit, no México, até o sul do Rio Grande

do Sul (Cowan,1968; Torke & Mansano,2009). Swartzia apetala encontra-se associada ao bioma

Mata Atântica, ocorrendo no Rio de Janeiro e Bahia (Oliveira-Filho,2009). A modelagem de

distribuição potencial de espécies mostra-se uma ferramenta ideal para a realização do estudo do

gênero Swartzia. porque, de acordo com Kamino (2009), possibilita a expansão de áreas de

ocorrência das espécies; a discussão de endemismo das espécies modeladas; e permite uma

reavaliação do “status” de conservação destas. Há também as possibilidades de identificação e

delimitação de áreas para reservas de reintrodução de espécies e desenvolvimento de medidas

eficazes para a conservação das mesmas (Adhikari et. al., 2012). Em Swartzia sect. Swartzia Torke

& Mansano merece destaque Swartzia apetala Raddi. Em estudo sobre o gênero no Brasil foi

efetuada a sinonimização de S. apetala var. blanchetii e S. apetala var. subcordata com S. apetala

var. apetala, considerando apenas duas variedades para esta espécie (S. apetala var. apetala e S.

apetala var. glabra). Mansano (com. pess.) acredita que a sinonimização de S. apetala var.

blanchetii deva ser revista e que este táxon não é sinônimo, pois S. apetala var. blanchetii

caracteriza-se pelo ovário piloso (característica exclusiva dentro da espécie), acinzentado e pedicelo

de comprimento entre 2 a 3 mm.

OBJETIVO

Estudar a distribuição das variedades de Swartzia apetala com o auxílio da ferramenta de

modelagem de distribuição potencial (software Maxent), relacionando-os com fatores ambientais.

MATERIAL E MÉTODOS

A realização do delineamento experimental da modelagem preditiva foi o enfoque nessa fase do

projeto. Compreendeu a delimitação da área de ocorrência das espécies (bioma Mata Atlântica),

tratamento de dados bióticos (descartes de algumas coordenadas imprecisas), definição dos dados

abióticos e, finalmente a escolha do algoritmo adequado para a produção de um modelo preditivo

passível de validação. Para elaboração desse modelo experimental utilizou-se uma abordagem

exploratória para cada variedade de S. apetala, o que justifica a escolha de variáveis ambientais

mais genéricas (dados abióticos).Foram selecionadas quatro variáveis bioclimáticas e uma

topográfica da base de dados Worldclim: bio_13 (precipitação no mês mais quente); bio_14

(precipitação no mês mais seco); bio_5 (temperatura máxima no mês mais quente); bio_6

(temperatura mínima no mês mais frio) e h_dem (altitude) na resolução de pixel de 10 km. O

algoritmo selecionado foi o MaxEnt, que trabalha estimando a probabilidade de distribuição em

máxima entropia, prevendo a distribuição potencial de uma espécie com base em variáveis

ambientais e coordenadas geográficas. No processo de modelagem foi realizado o download

gratuito do MaxEnt e as coordenadas foram inseridas no campo Samples e as variáveis ambientais

no campo Enviromental layers. Alguns ajustes na configuração foram admitidos antes de operar o

programa, dentre elas as opções de criação do teste de “jacknife” (que divide aleatoriamente o

conjunto de pontos em treino e teste) e as curvas características de operação (ROC).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como previsto, a distribuição das variedades de S. apetala é influenciada por fatores climáticos,

principalmente pela precipitação. Em S. apetala var. apetala, o valor médio encontrado para a

curva ROC foi de AUC = 0,957, valores aceitáveis de máximo variam na literatura, mas geralmente

0.6 e acima são considerados “bons” (Graham & Hijmans 2006). Já o teste de “Jacknife” (fig.2)

acusou como variável de maior contribuição para o modelo a bio_5 (temperatura máxima no mês

mais quente) e a bio_13 (precipitação no mês mais quente), respectivamente. É possível afirmar que

sua distribuição está relacionada com toda a extensão da mata Atlântica. Já S. apetala var. glabra

apresentou AUC = 0,845 e as variáveis bio_14 (precipitação no mês mais seco) e h_dem (altitude)

demonstraram insignificância para o modelo gerado, assim o padrão de maior colaboração segue

com as variáveis bio_5 e bio_13. Este modelo apresentou artefatos em sua conformação final,

aparentemente erro de sobreprevisão. Neste caso, áreas que não possuem ocorrência das espécies

são evidenciadas, isto ocorre devido à barreiras geográficas, capacidade de dispersão, competição,

predação ou mesmo por ser essa área inabitável (não oferendo recursos e condições necessários para

a manutenção de uma população viável mínima). Swartzia apetala var. blanchettii respondeu com o

melhor modelo gerado, sua curva ROC foi classificada com AUC = 0,996 com desvio de 0,003 e

ambas variáveis ambientais exibiram contribuição semelhante para obtenção do modelo. Estes

dados relacionados com o mapa preditivo (fig.1) substanciam a hipótese de endemismo associado à

referida variedade. Também é importante atentar para suas características morfológicas exclusivas,

as quais implicam na revisão deste táxon.

CONCLUSÃO

Através do modelo gerado é possível extrapolar análises a respeito da ecologia geral das espécies

estudadas, bem como determinar suas peculiaridades, haja visto o caso de S. apetala var. blanchettii

que demonstrou maior adequabilidade à uma região específica, conferindo endemismo. Também

podemos notar a potencial ampliação da área de ocorrência em S. apetala var. apetala, ambas

reflexos diretos das condições ambientais em que se encontram.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADHIKARIA D., BARIKA S. K., UPADHAYAB K. 2012. Habitat distribution modelling for

reintroduction of Ilex khasiana Purk., a critically endangered tree species of northeastern India.

Ecological Engineering 40 (2012) 37– 43.

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GRAHAN, C.H.; FERRIER, S.; HUETMAM, F.; MORITZ, C. & PETERSON, A.T. 2006. New

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KAMINO, L.H.Y. 2009. Modelos de distribuição geográfica potencial: aplicação com plantas

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MANSANO, V. F. & SOUZA, A. L. 2005. A new Swartzia (Leguminosae: Papilionoideae:

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OLIVEIRA-FILHO, A.T.2009. TreeAtlan: flora arbórea da Mata Atlântica e domínios adjacentes.

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Figura 1: Mapas preditivos dos modelos gerados: S. apetala var. apetala, S. apetala var. glabra, S.

apetala var. blanchettii, respectivamente.

Figura 2: Gráficos relativos aos testes de “jacknife” das variedades de S. apetala demonstrando a

colaboração das variáveis ambientais para a geração do modelo.

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ARISTOLOCHIACEAE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Thiago Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação – 03/2010; previsão

de conclusão do curso – 03/2014; ingresso no PIBIC: 11/2011; Orientador: Elsie Franklin

Guimarães

INTRODUÇÃO

Aristolochiaceae pertence à ordem Piperales e são consideradas filogeneticamente próximas à

divergência entre monocotiledônias e dicotiledônias. Possuem cerca de 550 espécies distribuídas em

quatro gêneros divididos entre as subfamílias Aristolochioideae e Asaroideae, ocorrentes nas

regiões tropicais e temperadas, respectivamente (Wanke, 2006). Apesar de Aristolochiaceae ser

distribuída por todo mundo, a maior diversidade de Aristolochia L. se encontra em regiões

neotropicais responsáveis por cerca de 60% das espécies (González 1998). O Brasil, juntamente

com o México e a Ilha de São Domingos é o local de maior riqueza desse gênero (González 1998)

enquanto a flora do Brasil está representada por cerca de 90 espécies em Aristolochia (Siqueira

1988), visto que os gêneros Holostylis Duchtr e Euglypha Chodat & Hassl foram sinonimizados

em Aristolochia (Wanke 2006). As espécies da família são em sua maioria trepadeiras sem

gavinhas, com folhas alternas, simples, inteiras ou lobadas podendo ter pseudoestípulas ou não. As

flores são isoladas axilares, em racemos ou cimeiras, apresentam cores escuras com manchas

castanho-avermelhadas, possivelmente surgida das folhas, que sofreram mudança de cor e

surgimento de tricomas com glândulas odoríferas, como se pode observar em Aristolochia

maurorum L., que possui no mesmo indivíduo essas características que acontecem gradualmente

(Lorch 1959). As flores são hermafroditas e zigomorfas. O perianto é homoclamídeo, gamopétalo,

unilabiado ou bilabiado com diferentes formas; está dividido em 3 partes: utrículo, que possui

forma oval, tubo floral e lábio que apresenta diversas formas e cores. Possuem 6 anteras fundidas

com o gineceu (estilete e estigma), formando uma coluna denominada ginostêmio. O gineceu possui

de 4 a 6 carpelos, com ovário ínfero ou semi-ínfero, dividido em 6 lóculos multiovulados. O fruto é

uma cápsula com deiscência septicida e apresenta sementes, em sua maioria, achatadas e aladas

(Chukr & Capellari 2002). A família, em geral, possui uma maneira peculiar de realizar sua

polinização, que ocorre através de polinizadores saprófagos. Por isso, o sistema de polinização em

Aristolochiaceae, é considerado enganoso, visto que, os polinizadores não necessitam do néctar

nem do pólen das flores (Sakai 2002). Várias espécies de Aristolochiaceae são usadas como

medicinais e também ornamentais. Os índios Yanomami, da América do Sul, utilizam infusões da

planta para trato digestivo (Milliken & Albert 1996). No uso popular estas plantas são citadas em

combate a febre, asma, enxaqueca, no relaxamento uterino, estimulando a menstruação, e

externamente são usadas no tratamento de sarnas, úlceras crônicas e picadas de cobras. Também é

dito que seu uso pode causar náuseas, aceleramento de pulso, sono agitado e perturbações cerebrais,

a chamada embriaguez aristolóquica. Suas propriedades medicinais estão principalmente associadas

à substância cymbiferina, retirada da Aristolochia cymbifera Mart. & Zucc., e à substância chamada

ácido aristolóquico retirada, principalmente, da A. gigantea Mart. & Zucc. (Capellari 1991), não

raro encontrada em todas as espécies de Aristolochia (Siqueira 1988). É muito utilizada na

ornamentação, graças a suas flores de beleza exótica, como ocorre com a Aristolochia grandiflora

Sw.,com uma flor de até 150 cm, sendo considerada a mais larga do mundo (Bello 2006).

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi reconhecer as espécies de Aristolochiaceae presentes no estado do Rio

de Janeiro.

METODOLOGIA Para coleta de informações foi consultado o Herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro (R) e da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA), além de levantamentos bibliográficos e obras de

diversos autores. Excursões foram organizadas para coleta em campo, com o objetivo de observar as

plantas e treinar o conhecimento prático do coletor. Os materiais que foram coletados serviram para

analisar as espécies in loco, colhendo informações que somente podem ser percebidas desta forma e que

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não estão presentes nas exsicatas. Os materiais coletados nos trabalhos de campo foram herborizados de

acordo com as técnicas usuais (Guedes-Bruni et al. , 2002), sendo a coleção botânica posteriormente

incorporada ao Herbário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB), com

duplicatas distribuídas para os outros herbários públicos do Estado do Rio de Janeiro. Fotografias

digitais das espécies foram tiradas in loco e com o material ainda vivo após a coleta. Os comentários

sobre as espécies foram confeccionados com informações originais e obtidos de literatura especializada.

Os dados obtidos com as coletas realizadas complementaram as diagnoses. A chave de identificação já

elaborada para as espécies de Aristolochiaceae ocorrentes no Estado do Rio de Janeiro recebeu o

acréscimo das novas espécies encontradas nos herbários pesquisados. Os dados referentes à distribuição

geográfica e ao ambiente foram obtidos por meio de informações contidas na literatura, nas etiquetas

das coleções examinadas e nas observações pessoais em campo.

RESULTADOS

Através das pesquisas nos Herbários foram feitas diagnoses constando os dados gerais das espécies,

material selecionado e alguns dados oriundos das etiquetas, relacionados às características das

espécies. Estas diagnoses serviram para enriquecer a chave analítica de identificação. As espécies

coletadas nas excursões forneceram informações somente observadas in loco, bem como

contribuíram para o aumento do acervo do Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos pelas pesquisas efetuadas vão ao encontro de alguns trabalhos já realizados

sobre o tema em outras áreas do país, os quais podem ser utilizados para complementar as

informações sobre Aristolochiaceae.

CONCLUSÃO Os resultados obtidos até o momento para o conhecimento das Aristolochiaceae ainda é parcial, tendo

em vista a dificuldade de observação de plantas férteis, as quais possibilitariam a análise do ginostêmio.

Acrescenta-se que foram analisadas quase que a totalidade das espécies cariocas, restando apenas o

trabalho de adicionar mais informações às mesmas. Além disso, é importante destacar que faltam

poucos herbários a serem consultados.

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DIVERSIDADE DE FORMIGAS EM MANGUEZAIS NATURAIS E RECUPERADOS

NA BAÍA DE GUANABARA E COMPLEXO LAGUNAR DA BAIXADA DE

JACAREPAGUÁ – RJ

Thiago Rodas; Graduação em Ciências biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação – 08/2008;

conclusão do curso – 12/2012; ingresso no PIBIC: 08/2010; orientador: Maria Lucia França

Teixeira Moscatelli.

INTRODUÇÃO

Plantios de manguezal têm índices de crescimento rápido e grande variação na composição de

espécies e estrutura do dossel durante os primeiros anos após o plantio. Após décadas, podem

atingir performances na estrutura e arranjo espacial do dossel e nas associações de espécies,

similares aos naturais, sendo ainda a acumulação de carbono nos manguezais plantados comparável

a dos manguezais naturais (Luo et al. 2010). Entre os insetos que habitam as áreas de manguezal

estão numerosas espécies de formigas exclusivamente arbóreas. As formigas têm sido utilizadas

como ferramentas no monitoramento ambiental de áreas perturbadas, pois a riqueza e a diversidade

de espécies de formigas podem ser maiores em ambientes de maior complexidade devido a uma

maior disponibilidade de nichos presentes (Pereira et al. 2007). Delabie et al. (2006) verificaram

que as riquezas das comunidades de formiga da periferia e do próprio manguezal estão relacionadas

negativamente com o grau de antropização, indicando que comunidades de formigas têm potencial

para serem utilizadas como indicadores biológicos de impacto ambiental no ecossistema manguezal.

O estudo da mirmecofauna de áreas naturais e plantadas de manguezal em regiões urbanas, pela

eficiência deste grupo como indicador ecológico, pode dar informações acerca da capacidade desses

sistemas impactados em abrigar a diversidade biológica.

OBJETIVO

O estudo tem como objetivo avaliar e comparar a diversidade de comunidades de formigas em áreas

de manguezais naturais e plantados situados em sistema lagunar e de baía.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em manguezais situados em áreas urbanizadas no estado do Rio de

Janeiro, na Baía de Guanabara, Jardim Gramacho, Duque de Caxias e na Lagoa da Tijuca, Baixada

de Jacarepaguá, RJ, em porções naturais e plantadas há dez anos. As coletas foram realizadas no

inverno (08/2010) e verão (02/2011), contando com três métodos: iscas de sardinha (n=30), lençol

entomológico (n=30) e coleta de 10 galhos secos (n=30). As formigas foram triadas, contabilizadas

e identificadas. Para avaliar a similaridade entre a fauna de formigas que habita os manguezais

estudados, os dados de presença ou ausência em cada sítio de todas as species, foram submetidos a

uma análise de ordenação. Foi utilizado como método de ordenação o escalonamento

multidimensional não métrico (NMDS: nonmetric multidimensional scaling) (Legendre e Legendre,

1998).

RESULTADOS

Foram coletadas 16.872 formigas, distribuídas em 34 espécies, 18 gêneros e 5 subfamílas sendo

6.198 formigas coletadas no inverno e 10.674 no verão. A subfamília Myrmicinae apresentou o

maior número de táxons, representando 44,1% do total, seguida por Formicinae com 17,6%,

Dolichoderinae e Pseudomyrmecinae com 14,7% e Ponerinae com 8,8%. Nos manguezais da

Laguna da Tijuca e de Gramacho foram registradas 30 e 17 espécies respectivamente. Os gêneros

Crematogaster e Pseudomyrmex apresentaram maior riqueza específica, sendo a espécie

Crematogaster torosa a mais abundante e também uma das mais frequentes juntamente com as

espécies C. curvispinosa e Monomorium floricola, em todos os manguezais e métodos de coleta. No

NMDS, nas duas estações do ano, os mangues plantados da Laguna da Tijuca, assim como os

mangues naturais, ficaram próximos, sendo que o oposto ocorreu nos manguezais de Gramacho.

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DISCUSSÃO

O gênero mais frequente, Crematogaster, representado por C. curvispinosa e C. torosa é formado

por formigas arborícolas dominantes. As colônias podem ser grandes já que a maioria das espécies

nidifica em madeira morta (Longino 2003). Monomorium floricola é uma espécie cosmopolita,

predadora de ovos de Lepdoptera. Formigas do gênero Nesomyrmex nidificam em cavidades de

plantas e são forrageiras solitárias. A predominância da subfamília Myrmecinae é um padrão

comum em ambientes tropicais, por ser um dos grupos mais diversificados em relação aos hábitos

alimentares e de nidificação. Três espécies foram coletadas apenas em Gramacho: Camponotus

cingulatus, onívora, em frequente associação com homópteros pelo honeydew, Dolichoderus

lustosus, também registrada em R. mangle, no México (Dejean et al. 2003) e Pseudomyrmex

oculatus, geralmente encontrada na Mata Atlântica. Nos mangues da Laguna da Tijuca, dezessete

espécies foram coletadas exclusivamente, dentre elas Odontomachus bauri, cuja capacidade de

nadar bem está associada à habitats específicos como o manguezal (Frederick 2013). Doze espécies

de formigas e todos os gêneros encontrados no presente experimento também foram identificados

em levantamento de formigas nos manguezais da Bahia (Delabie et al. 2006). Apesar de no verão

haver um incremento na atividade das formigas pela elevação de fatores climáticos como

temperatura e umidade, a composição de formigas dos manguezais plantados e também dos

manguezais naturais da Laguna da Tijuca, pouco se alterou em relação às épocas de coleta,

permanecendo agrupados os manguezais plantados, assim como os naturais. Gramacho, local

intensamente pressionado por tensores como o despejo de lixo e esgoto doméstico e industrial e

com menor número de espécies em relação à Laguna da Tijuca, sofreu sensível mudança na

composição das espécies de formigas coletadas em áreas naturais e em áreas plantadas, em relação

às estações verão e inverno.

CONCLUSÃO

Os manguezais da Lagoa da Tijuca e de Gramacho, localizados em áreas urbanas, abrigam uma

fauna diversificada de formigas. Os manguezais da Lagoa da Tijuca apresentam melhores condições

para a riqueza de formigas do que os manguezais de Gramacho, mais impactados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEJEAN, A., DUROU, S., OLMSTED, I., ROY R. SNELLING, R. R.; ORIVEL, J. 2003. Nest site

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DELABIE, J.H.C.; PAIM, V.R.L. DE M.; NASCIMENTO, I.C. DO; CAMPIOLO, S.; MARIANO,

C. DOS S. F. 2006. As Formigas como indicadores biológicos do impacto humano em manguezais

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Acesso em 13/06/2013.

Disponível em: https://atbc.confex.com/atbc/2013/webprogram/Paper1869.html

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LONGINO, J. T. 2003. The Crematogaster (Myrmicinae) of Costa Rica. Zootaxa, 151: 1-150.

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PEREIRA, M. P. D. S., QUEIROZ, J. M., VALCARCEL, R.; MAYHÉ-NUNES, A. J. J., 2007.

Fauna de formigas como ferramentas para monitoramento de área de mineração reabilitada na Ilha

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Figura 1- Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMDS) baseado na composição de

espécies de formigas coletadas em quatro manguezais, Gramacho (G) natural ou plantado e Laguna

da Tijuca (Barra da Tijuca - B) natural ou plantado, avaliados no verão (V) e no inverno (I). Stress:

0,11.

BI_natural

BI_plantado

BV_natural

BV_plantado

GI_natural

GI_plantado

GV_natural

GV_plantado

-0.5 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0 0.1 0.2 0.3 0.4

Coordinate 1

-0.4

-0.32

-0.24

-0.16

-0.08

0

0.08

0.16

0.24

0.32

Coord

inate

2

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ALTERNATIVAS PARA A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DE TRECHO DE MATA

ATLÂNTICA NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO – FASE IV –

MONITORAMENTO DA SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO, CONSIDERANDO AS

CONDIÇÕES DE ALAGAMENTO DAS MUDAS E AVALIAÇÃO DA COBERTURA DO

DOSSEL NO PLANTIO

Vinícius A. de Melo; graduação em Ciências Biológicas, UNIGRANRIO; ingresso na graduação

03/10; curso concluído em 12/2013 (Licenciatura); ingresso no PIBIC: Março de 2011;

orientador(a): Tânia Sampaio Pereira.

INTRODUÇÃO

Buscar alternativas para a conservação das florestas ripárias, sabendo-se que as matas ciliares

desempenham papéis ecológicos vitais, e que restaurá-las é restaurar diretamente a integridade

ecológica da Mata Atlântica, as ações de restauração devem procurar promover a capacidade natural

de mudança ao longo do tempo (Attanasio 2008). Desta maneira, dando continuidade aos estudos

para restauração das margens do Rio dos Macacos com espécies nativas, buscou-se a recuperação e

o enriquecimento da área do experimento, procurando garantir o seu reestabelecimento estrutural e

funcional, de modo a permitir à perpetuação dos processos necessários a estabilidade do sistema em

questão, através de ações de plantio e semeadura direta realizadas de Julho de 2010 até Dezembro

de 2012.

OBJETIVO

Restauração de um trecho de mata ciliar na margem direita do Rio dos Macacos no Jardim Botânico

do Rio de Janeiro

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

A área do experimento se encontra as margens do Rio dos Macacos no Jardim Botânico do Rio de

Janeiro.

Procedimentos

Foram realizadas quatro ações: plantio, replantio, plantio de enriquecimento e semeadura direta de

Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. e realizados censos trimestrais, com o objetivo de

mensurar o crescimento em altura e diâmetro a altura do solo das mudas. Foi calculado ainda o

índice de sobrevivência das mudas (Oliveira, 2006). Nesta fase foi utilizado ainda um densiômetro

esférico côncavo (Lemmon, 1957), para determinar o nível de cobertura do dossel. Foram

sorteadas 16 parcelas ao acaso, onde foram tomadas quatro medidas em quatro orientações

geográficas distintas a 50 cm do solo, com o densiômetro adaptado sobre tripé fotográfico com

nível, realizadas pela mesma pessoa. As análises foram realizadas no software Statistica V 10.0.

RESULTADOS

Plantio

O índice de sobrevivência é de 65% para o total de mudas. As mudas apresentam bom

desenvolvimento com uma variação da média de altura de 0,80 até 11,36m e de 7,22 a 446 mm de

D.A.S., além de uma cobertura de copa de cerca de 70%.

Semeadura direta

Ao final desta fase restam no plantio ao menos 10 indivíduos bem estabelecidos de P. gonoacantha

da primeira semeadura. A segunda semeadura apresenta 2,3% de sobrevivência correspondendo a

136 indivíduos.

DISCUSSÃO

O êxito da restauração depende de manutenção dos tratamentos experimentais e do monitoramento

cuidadoso (Chazdon 2012), esta última, etapa de suma importância, que permitirá repensar a

restauração a todo instante, e mesmo redefinir a trajetória ambiental caso se faça necessário

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(Brancalion et al. 2012). O índice de sobrevivência de mudas ao final do plantio, 65%, reflete

diretamente as dificuldades encontradas durante o período deste relatório. Mesmo se tratando de

uma área protegida dentro dos limites do JBRJ a atividade humana rotineira foi definitiva para o

resultado alcançado direta ou indiretamente.

Apesar das dificuldades, a cobertura do dossel, em torno de 70%, se mostrou eficiente no controle

das gramíneas sobre as copas, e na facilitação do estabelecimento das espécies utilizadas no

enriquecimento, além de permitir o estabelecimento de regenerantes na área. Os indivíduos

recrutados e remanescentes de P. gonoacantha foram submetidos às mesmas condições

supracitadas, da mesma forma que as mudas plantadas. Da primeira semeadura restam na área

apenas 10 indivíduos saudáveis. Em contraste com a primeira semeadura o resultado de 2,3% é

relativamente maior do que o alcançado na primeira semeadura, porém, a grande maioria dos

indivíduos da segunda semeadura, apresenta menor crescimento, possivelmente devido ao

sombreamento que a área apresenta hoje, diferentemente de quando da realização desta ação.

CONCLUSÕES

Atenção especial deve ser dada a restauração em áreas urbanas de livre acesso tendo em vista as

dificuldades encontradas na condução dos experimentos no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O

plantio é saudável e funcional. Das espécies utilizadas, 8 foram indicadas para outros projetos de

restauração, com base na experiência e dados obtidos neste trabalho. A descrição de uma nova

espécie de fungo associado a uma das espécies de Malvaceae utilizada no plantio será um dado

novo para a ciência. A semeadura direta deve ser mais bem investigada em conjunto com o plantio

de mudas. O plantio de mudas deve cada vez mais ser utilizado como gerador de serviços

ambientais seja como recompositor da paisagem ou como modelo didático em extensão da sala de

aula.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATTANASIO, C.M.. 2008. Manual Técnico: Restauração e Monitoramento da Mata Ciliar e da

reserva Legal para a Certificação Agrícola - Conservação da Biodiversidade na Cafeicultura / -

Piracicaba, SP: Imaflora, 60p.

BRANCALION, P. H. S., VIANI, R. A. G., RODRIGUES, R. R. & GANDOLFI, S. 2012.

Avaliação e monitoramento de áreas em processo de restauração. In: S. V. Martins (Ed).

Restauração Ecológica de Ecossistemas Degradados. Viçosa: UFV. 293 p.

CHAZDON, R. L., 2012. Regeneração de florestas tropicais. Boletim do Museu Paraense Emílio

Goeldi. Ciências Naturais 7(3): 195-218.

LEMMON, P.E. 1957. A new instrument for measuring forest overstory density. Journal of

Forestry, White Bear Lake, 55 (3): 667–668.

OLIVEIRA, F. F. 2006. Plantio de espécies nativas e uso de poleiros artificiais na restauração de

uma área perturbada de cerrado sentido restrito em ambiente urbano no Distrito Federal, Brasil.

Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, 119p.

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EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DE

REGIÕES DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE JAMESONIELLA RUBRICAULIS

(NEES) GROLLE Priscila Quintela Pinto Paiva, Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação 01/2007; previsão

de conclusão do curso – 2013; ingresso no PIBIC: 10/2011; orientadoras: Dra. Denise Pinheiro da

Costa e Dra Maristerra R. Lemes.

INTRODUÇÃO

Uma questão que tem intrigado taxonomistas e biogeógrafos neste século é se a uniformidade

morfológica exibida por espécies de briófitas com distribuição geográfica disjunta reflete uma

estase evolutiva ou apenas mascara uma complexidade genética ainda não aflorada

morfologicamente (Heinrichs et al. 2009; Shaw 2001; Shaw et al. 2003). Padrões geográficos

disjuntos em briófitas têm sido frequentemente explicados como resultado de eventos vicariantes

e/ou dispersalistas, ocasionados por dois fatores principais: plantas antigas do ponto de vista

evolutivo, permitindo ampla distribuição, anterior à separação dos continentes; e esporos pequenos,

produzidos em grande quantidade e resistentes à dessecação, possibilitando dispersão a longa

distância pelo vento (van Zanten & Pócs 1981; Schofield 2001; Frahm 2008; Heinrichs et al. 2009).

Com o uso de marcadores de DNA, pode-se testar conceitos biogeográficos e taxonômicos com

base em morfologia, e determinar a estrutura genética de populações (Bickford et al. 2007;

Heinrichs et al. 2009). Estudos biogeográficos utilizando esses marcadores elucidaram processos

evolutivos e detectaram especiação críptica em táxons disjuntos (Fernandez et al. 2006; MacDaniel

& Shaw 2003; Fuselier et al. 2009). Jamesoniella rubricaulis (Nees) Grolle é uma espécie de

hepática dióica com distribuição disjunta entre as altas montanhas do Neotrópico e Açores.

OBJETIVOS

Compreender os processos que originaram a distribuição disjunta de J. rubricaulis utilizando

técnicas moleculares para acessar a variabilidade genética em regiões do genoma do cloroplasto.

Objetivos principais: 1) extração de DNA de indivíduos de diferentes populações, 2) otimização da

amplificação visando marcadores moleculares informativos para as análises filogeográficas.

METODOLOGIA

Coleta – Foram coletadas populações em três montanhas no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa

Catarina e Rio Grande do Sul, distantes ao menos 10 m entre si e os indivíduos amostrados

aleatoriamente em plots de 2 x 2 cm.

Extração do DNA - A extração do DNA genômico total foi realizada com o protocolo CTAB

(Doyle & Doyle, 1987), modificado por Ferreira & Grattapaglia (1998).

Quantificação do DNA - Foram utilizados dois métodos: quantificação por análise comparativa

utilizando padrões de massa molecular conhecida em géis de agarose, submetidos a eletroforese e

posteriormente analisados sob luz ultra-violeta em transiluminador e fotodocumentados; e análise

espectrofotométrica utilizando-se o equipamento NanoDrop com determinação automática da

Amplificação dos locos microssatélites do genoma do cloroplasto (cpDNA) - Foram testados 10

pares de iniciadores universais desenvolvidos para Nicotiana tabacum (Weising & Gardner, 1999).

Após a amplificação, os produtos da PCR foram analisados sob eletroforese em gel de agarose, sob

luz ultravioleta e fotodocumentados.

Amplificação de regiões não-codificadoras do cpDNA – Foram testadas condições de amplificação

de uma região com primer que amplifica a região intergênica atpB-rbcL (Feldberg et al., 2010),

utilizando 12 indivíduos de diferentes populações visando conseguir ao menos uma região com

polimorfismos para as análises filogeográficas. Os produtos amplificados foram analisados sob

eletroforese em gel de agarose 1% corado com GelRed e comparados ao padrão Ladder 1 Kb Plus

para a estimativa dos tamanhos dos fragmentos amplificados.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Coleta do material – Foram coletadas seis montanhas situadas no Brasil (AM, BA, MG, RJ, RS,

SC) e três na América do Norte e do Sul (México, Equador e Bolívia), totalizando 29 populações e

278 indivíduos amostrados

Extração e quantificação do DNA – O protocolo CTAB mostrou-se eficiente. Foi extraído o DNA

genômico total de todos os indivíduos coletados, totalizando 278 indivíduos. As imagens de géis

indicam a boa qualidade e quantidade do DNA extraído. Foi possível estimar pelo método

comparativo as concentr -3400 nm

com pico de 260 nm). As estimativas das concentrações do DNA extraído de 46 indivíduos por

análise no NanoDrop foram maiores em relação ao método comparativo. Este resultado pode estar

relacionado a uma maior sensibilidade para estimar as concentrações de DNA ou substâncias outras

na solução com valores de absorbância similares aos dos ácidos nucleicos, com as concentrações

superestimadas.

Amplificação dos locos microssatélites do genoma do cloroplasto (cpDNA) – Foram realizados

testes visando a amplificação dos locos microssatélites do cpDNA utilizando 10 pares de

indicadores universais que amplificam locos microssatélites do cpDNA para a maioria das

angiospermas. Foram testadas duas temperaturas de anelamento (56 e 48ºC) para os pares de

primers na amplificação dos 10 locos não havendo amplificação de nenhum dos locos para os

indivíduos analisados. É possível que a não amplificação dos marcadores testados se deva à

distância filogenética entre briófitas e angiospermas.

Amplificação de regiões não-codificadoras do cpDNA – Foram otimizadas as condições de

amplificação do espaçador intergênico atpB-rbcL. O protocolo tem a temperatura ótima de

anelamento dos primers de 50ºC. Para a maioria dos indivíduos tivemos sucesso na amplificação

desta região e os produtos apresentaram alta especificidade. Não foram detectadas amplificações de

produtos inespecíficos indicando a alta especificidade e robustez da reação de PCR.

CONCLUSÃO

O protocolo CTAB utilizado mostrou-se eficiente para a extração de DNA de Jamesoniella

rubricaulis, tanto qualitativa quanto quantitativamente. Os testes realizados para amplificação de

locos microssatélites do genoma do cloroplasto de J. rubricaulis, a partir de marcadores (primers)

desenvolvidos para o tabaco não resultaram em êxito na amplificação dos mesmos, provavelmente

em função da distância filogenética entre os taxa. Os testes realizados para otimizar as condições de

amplificação das três regiões não codificadoras do genoma do cloroplasto de J. rubricaulis

(correspondente ao espaçador intergênico atpB-rbcL, espaçador trnT com o intron trnL e o intron

trnL com o espaçador trnF) tiveram êxito, apresentando produtos amplificados com alta

especificidade e robustez. Falta ainda realizar a etapa do sequenciamento dessas regiões otimizadas

objetivando encontrar polimorfismos para análises filogeográficas das populações de J. rubricaulis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Feldberg, K. et al. 2010. A phylogeny of Adelanthaceae (Jungermanniales, Marchantiophyta) based

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Ferreira, M.E.; Grattapaglia, D. 1998. Introdução ao uso de marcadores moleculares em análise

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ATIVIDADE E LOCALIZAÇÃO DE PEROXIDASES EM LAURENCIA DENDROIDEA

(J.AGARDH) Juliana Marins de Assis; Graduação em Biologia Marinha, FAMATH; ingresso na graduação –

01/2009; conclusão do curso – fevereiro/2013; ingresso no PIBIC: outubro/2011; orientador:

Leonardo Tavares Salgado.

INTRODUÇÃO

As algas marinhas sintetizam substâncias denominadas metabólitos secundários, importantes em

diversas relações ecológicas com outras espécies de organismos marinhos (Paul et al., 2006;

Teixeira, 2002). Dentre os diversos tipos de metabólitos secundários sintetizados, estão os

compostos halogenados, os quais incorporam elementos halogenados às moléculas orgânicas (cloro,

flúor e, principalmente, bromo). Estes elementos estão presentes em grande quantidade nas algas do

gênero Laurencia (Rhodomelaceae, Ceramiales). Em geral, esses compostos se encontram

compartimentalizados em estruturas celulares específicas para evitar a autotoxicidade celular e o

catabolismo dos metabólitos (Sudatti et al., 2008; Yasaki, 2005). Estas estruturas podem ser

organelas ou tipos celulares específicos, como fisóides, corpos em cereja e células glandulares

(Salgado et al., 2008). Em algumas espécies de Laurencia que produzem compostos halogenados,

como o elatol, esses metabólitos encontram-se principalmente armazenados em organelas

especializadas denominadas corpos em cereja (CC), localizadas nas células corticais e em células

dos tricoblastos (Salgado et al., 2008; Sudatti et al., 2008; Young et al. 1980). Sugere-se que estes

compostos podem ainda estar em vesículas distribuídas no citoplasma e em cloroplastos (Salgado et

al.¸ 2008). Contudo, não se sabe ainda a localização dos sítios de síntese destes compostos e,

inclusive, se os corpos em cereja participam desse processo ou se apenas estocam estas substâncias.

Neste sentido, sabe-se que enzimas do tipo peroxidases, especificamente haloperoxidases

dependentes de vanádio, estão envolvidas na halogenação, ciclilização e oxidação dos precursores

dos metabólitos secundários halogenados de algas vermelhas (Salgado et al.¸ 2008). Logo,

informações sobre a localização intracelular destas enzimas são fundamentais para compreender a

dinâmica da síntese dos compostos halogenados e para determinar os sítios de síntese destes

compostos.

OBJETIVO

Relacionar a localização e atividade de enzimas peroxidase com o processo de síntese de

metabólitos secundários na macroalga vermelha Laurencia dendroidea.

METODOLOGIA

Para a localização de peroxidases por imunofluorescência, fragmentos de algas foram fixados com

formaldeído 2% e glutaraldeído 0,1%. Em seguida, as amostras foram lavadas e tratadas com

enzima celulase (para permeabilizar a parede celular) e inibidor de protease em tampão MES 0,1 M.

Após a lavagem da solução de permeabilização, o material foi tratado em Triton X-100 a 0,5%, para

permeabilização da membrana plasmática. A amostra foi incubada por 12 horas com anticorpo anti-

peroxidase policlonal produzido em coelhos. Em seguida, a amostra foi incubada com anticorpo

secundário Anti-Rabbit IgG FITC e o controle foi feito com anticorpo primário para confirmação da

especificidade do protocolo. Os cortes longitudinais da amostra foram analisados no microscópio

Confocal de varredura a laser modelo LEICA TCS SPE acoplado a um microscópio invertido

DMI4000 do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A análise da emissão de

fluorescência da clorofila para localização dos cloroplastos foi realizada na banda espectral de 650 a

750 nm, com excitação com laser de 405 nm. Para a localização das peroxidases, utilizou-se um

laser de 488 nm para a excitação e para a observação da fluorescência do anticorpo secundário foi

feita a análise na banda espectral de 513 a 553 nm (pico de emissão do FITC = 533nm).

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RESULTADOS

A marcação da peroxidase foi preferencial em vesículas adjacentes a membrana plasmática e a

cloroplastos, nos cloroplastos e nos CC (Figura 1). A amostra controle confirmou a especificidade

da reação do anticorpo secundário, confirmando a localização de enzimas peroxidases. A

localização dos cloroplastos foi realizada com sucesso através da análise da auto-fluorescência da

clorofila a.

DISCUSSÃO

Em condições de estresse, as plantas apresentam alta atividade de enzimas peroxidases e,

frequentemente, estas são as primeiras enzimas cuja atividade é alterada após eventos de estresse

(Oliveira et al. in press). Em algas vermelhas, os grupos de peroxidases específicos para o

metabolismo secundário e para defesa química contra patógenos são, principalmente, as

bromoperoxidases e as cloroperoxidases (Salgado et al., 2008). Em 1980, Young et al. identificaram

o elemento químico bromo em CC da alga Laurencia snyderae, sugerindo que essas organelas

armazenam compostos halogenados. Mais tarde, Salgado et al. (2008) confirmaram que o bromo e o

cloro são elementos químicos abundantes nos CC de L. dendroidea, indicando estas organelas como

sítios intracelulares de armazenamento de metabólitos secundários. Recentemente, Em Laurencia

dendroidea, Oliveira et al. (in press) encontraram, por análise transcriptômica, 10 sequências de

mRNA expressas relativas a síntese de enzimas bromoperoxidases, confirmando a presença desta

enzimas em L. dendroidea. Com isso, sugere-se que a elevada concentração de bromo e cloro

associada a presença de peroxidases nos CC é uma forte evidência da atividade de halogenação de

metabólitos secundários nestas organelas, ou seja, de síntese de metabólitos nesta organela.

CONCLUSÃO

A localização de peroxidases em estruturas celulares da alga vermelha Laurencia dendroidea

representa forte evidência de que os CC participam da via de síntese dos metabólitos secundários

halogenados. Vesículas localizadas na periferia celular também possuem enzimas peroxidases e

devem atuar, possivelmente, no transporte intracelular dessa enzima.

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