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PLANO DE GOVERNO – “PERNAMBUCO VAI MAIS LONGE” 1

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PLANO DE GOVERNO – “PERNAMBUCO VAI MAIS LONGE”

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Elaborar um programa para o próximo governo durante a campanha eleitoral é assumir, desde já, um compromisso responsável com a sociedade.

Através da criação solidária, numa formulação que se baseia na participação popular e coletiva, este trabalho está sendo desenvolvido em parceria com as pessoas e com os diversos segmentos sociais, o que torna mais representativas as proposições na certeza de que, assim, Pernambuco vai mais longe.

O Plano de Governo em construção, desde o início está aberto ao debate, à avaliação e à crítica de todos os cidadãos para aprimorar seu conteúdo e, de forma realista, contribuir para o nosso desenvolvimento.

Ele é o reconhecimento da situação atual do estado e expressa uma visão de futuro para Pernambuco.

Ao longo do processo será enriquecido para representar ainda mais o nosso posicionamento e compromissos e traduzir as aspirações que captamos ao longo de vários meses e de muitos encontros, em todas as regiões pernambucanas. Será instrumento importante para nortear o planejamento estratégico, a definição de objetivos e as metas que irão inspirar políticas públicas estruturadas, projetos prioritários e o modelo de gestão e de governança do período 2015/18 para o Governo do Estado.

As proposições do Plano de Governo estão baseadas em 05 eixos principais :

• Cidadania; • Desenvolvimento Sustentável; • Qualidade de Vida; • Infraestrutura; • Gestão e Governança.

Educação é prioridade absoluta.

Ao lado da Saúde e da Segurança, merecerá cuidado especial permanente e tratamento diferenciado, tanto em termos de investimentos como na articulação com as demais esferas de governo e com a sociedade, com vistas à revisão e aperfeiçoamento do atual modelo de gestão e de atuação, na plena convicção de que estes temas centrais merecerão maior atenção e mais investimentos.

Cultura e Inovação são temas transversais e fundamentais, presentes em todas as análises e proposições, nos diversos segmentos que compõem este Plano.

A ampliação e a qualificação da infraestrutura – principalmente estradas, energia, recursos hídricos, gás e comunicações – com ênfase nas obras necessárias à consolidação dos polos de desenvolvimento regionais, também será foco da ação do Governo do Estado.

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Significa aumento de oportunidades e melhores perspectivas de qualidade de vida para as pessoas, representa fator indispensável de suporte ao crescimento da economia e estímulo decisivo à atividade produtiva. Infraestrutura contribui ainda para uma maior integração entre as regiões.

Para consolidar este objetivo, no entanto, temos a compreensão da importância de fazer com que os investimentos sejam realizados com base numa efetiva interiorização do desenvolvimento e na descentralização das ações do Governo do Estado.

Este compromisso importante com o interior se fará através da permanente articulação e cooperação com os municípios por meio do necessário apoio técnico às Prefeituras, para o planejamento e a execução de projetos e para gestão das políticas públicas. É uma mudança estratégica no modelo atual, fundamental para o crescimento estadual nos próximos anos.

Ao tratar do desenvolvimento de Pernambuco, é indispensável estabelecer desde já a sustentabilidade como vetor deste modelo que será implantado no estado, inibindo qualquer forma de exclusão social e visando sempre o bem comum, com responsabilidade ambiental e promovendo a repartição justa dos benefícios gerados entre as pessoas e as regiões.

Por isto, os investimentos e as políticas públicas para o crescimento e interiorização deverão passar por uma ampla discussão sobre o processo de concentração e de crescimento urbano desordenado da região metropolitana do Recife. É urgente resgatar o planejamento integrado da RMR por meio de um pacto metropolitano para tratar em conjunto com os 14 municípios, as questões essenciais: transportes e mobilidade, meio ambiente, saneamento, tratamento de resíduos, abastecimento de água, moradia e uso do solo, entre outros.

Com visão estratégica e territorial é indispensável, da mesma forma, considerar o planejamento e a execução de obras estruturadoras com o sentimento de urgência e visão de futuro, em relação à situação atual e ao crescimento dos polos de desenvolvimento Sul (Suape) e Norte (Goiana).

Este conjunto de prioridades, que visa um crescimento mais justo, harmonioso e equilibrado do estado não pode prescindir do apoio permanente e diferenciado às micro e pequenas empresas, tanto no que se refere ao tratamento fiscal e tributário como na desburocratização e simplificação dos processos, entre outras medidas de suporte e de incentivo.

Todos estes pontos visam estabelecer uma melhor distribuição dos benefícios do desenvolvimento entre os indivíduos e as regiões e serão permanentemente monitorados por um modelo de gestão e governança que privilegia a qualidade de vida da população e o compromisso com a transparência, a responsabilidade financeira e o equilíbrio fiscal na execução de programas e políticas públicas para oferecer serviços de qualidade para todos.

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Para que isto se realize no nível de investimentos necessários, que complementem a capacidade financeira do estado e possibilitem o adequado alinhamento às políticas e programas nacionais é desejável fortalecer e ampliar a articulação e a parceria com o Governo Federal, tanto no plano político, como no institucional e administrativo.

É essencial, também, estreitar o relacionamento e a integração com o setor privado (em especial com as empresas de TIC) e com as universidades.

É importante estimular esta cooperação, como fator essencial para a política de desconcentração da atividade produtiva e para ampliar a geração de conhecimento. Também para incremento de competitividade e de inovação, para o fortalecimento da economia estadual de modo geral e dos arranjos produtivos locais em cada região.

Nos últimos anos, o estado experimentou um período de crescimento econômico, consequência da expressiva alocação de recursos e de projetos importantes patrocinados pelo Governo Federal, ao lado de empreendimentos multisetoriais privados. Este processo foi apoiados num modelo estadual de gestão pública, do qual participamos com uma efetiva contribuição.

Mas, reconhecemos que é preciso fazer mais e, em muitos aspectos, fazer de maneira diferente para tentar fazer melhor. É indispensável ir ainda mais longe.

Isto ficou evidente ao longo das reuniões populares do projeto "Pernambuco 14", que percorreu todas as regiões do estado, identificou demandas, debateu e recolheu contribuições das pessoas, num exercício participativo, que apoiou a elaboração e a validação de propostas para o Plano de Governo.

Trouxe a constatação de que, apesar de algumas conquistas importantes, ainda há muito a se fazer em Pernambuco, o que nos impõe a responsabilidade de dar continuidade aos projetos e ações que apresentam resultados positivos mas, também, a racionalidade e o sentimento do dever de ir além, de evoluir.

Isto significa desenvolver um projeto de Gestão e de Governança democrático, comprometido com a eficiência e a qualidade no atendimento das demandas da sociedade pernambucana para utilizar com equilíbrio, transparência e cada vez melhor os escassos recursos do estado. Um projeto que compreende a necessidade de realizar articulação e parcerias para ampliar estes recursos e realizar novos investimentos em benefício da maioria da população e em cada região, sem distinção.

É este o compromisso: corresponder à confiança e implantar um novo estilo de governar, por meio de um modelo de crescimento que contempla o estado por inteiro, que privilegia o diálogo e a participação ativa da sociedade como agente da construção de um futuro melhor para Pernambuco, mais justo e inclusivo, onde cada um possa viver e trabalhar num ambiente de paz, com mais oportunidades para todos.

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CONTEÚDO DESTE DOCUMENTO

EIXO TEMA

Cidadania

Educação Saúde

Segurança Direitos Humanos (*)

Qualidade de Vida Cultura

Mobilidade Urbana Saneamento e Meio Ambiente

Desenvolvimento Sustentável

Economia Criativa e Turismo Empreendedorismo e PMEs

Inovação Matriz Econômica (**)

Qualificação Profissional

Infraestrutura

Estradas Energia

Recursos Hídricos Gás

Telecomunicações

Gestão e Governança Contas Públicas

Modelo de Gestão

(*) Infância e Juventude; Igualdade racial e combate ao racismo; LGBT; Mulheres (**) Gesso e derivados; Confecção; Sucroalcooleiro; Pecuária; Pecuária leiteira; Agricultura familiar; Fruticultura irrigada; Automotivo; Químico-têxtil; Indústria Naval; Petróleo e Gás; Indústria de transformação; Acesso a mercados externos; Meio Ambiente; Interiorização e desconcentração da atividade produtiva; Produtividade; Modernização e agregação de valor; Ambiente tributário e regulatório.

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Cidadania, desenvolvimento sustentável e qualidade de vida pressupõem assumir com determinação e prioridade, o inegociável desafio de realizar em Pernambuco uma verdadeira revolução na Educação.

É compromisso mobilizar a sociedade e não medir esforços do Governo do Estado para reunir os meios necessários, articular apoios e parcerias, estimular cooperação e priorizar providências para concretizar a decisão política de perseguir o objetivo de ter toda criança e todos os jovens na escola em Pernambuco.

Todos na escola é a base para combater as desigualdades educacionais, com dedicação desde a primeira infância e com acesso a todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos. É o meio para obter a necessária expansão da escola de tempo integral e do ensino técnico de forma universal no estado.

Esta ação conjunta: Governo do Estado – Prefeituras – sociedade, é essencial para a erradicação do analfabetismo, hoje ainda em torno de 1,2 milhão de pessoas no estado (segundo a PNAD/2012) e para fazer uma educação de qualidade, valorizando os professores e a escola pública na formulação e execução de seu projeto pedagógico para atuar democraticamente e com atenção especial para os grupos sociais de maior vulnerabilidade.

Será indispensável revitalizar e qualificar a rede estadual e exercitar a cooperação administrativa, pedagógica e financeira em toda a rede municipal. O objetivo é estruturar e manter uma educação de qualidade em Pernambuco, capaz de promover as condições necessárias para reverter os indicadores educacionais historicamente negativos e atuar decididamente para superar a evasão, a repetência e as distorções idade/série.

a) Diagnóstico

A qualidade do sistema se reflete em resultados relativos preocupantes que colocam o estado em desvantagem competitiva na formação do capital humano.

A despeito da evolução positiva recente nos números do Ideb (4a posição) em relação à educação básica, a situação do estado em termos de indicadores da educação, demaneira geral é bastante preocupante.

Desde 2005, apesar de superar as metas estabelecidas, Pernambuco sempre esteve mal avaliado com relação a outras unidades da federação em termos de Ideb. O estado conservou uma posição praticamente de empate com alguns estados da região e com indicadores que o mantiveram numa incômoda posição, entre os piores do Brasil (Inep-MEC).

Considerando o Ideb de 2011, por exemplo, esta posição relativa do estado era a seguinte: 18 ª posição (4,2) nos anos iniciais do Ensino Fundamental, 22ª posição (3,3) nos anos finais também do Ensino Fundamental e 16ª posição (3,1) no Ensino Médio (números do Ideb, fonte: SEE e DP (24/8/14)

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O Ceará, com o melhor desempenho do Nordeste, obteve a 12ª posição (4,9) nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a 7ª posição (4,2) nos anos finais do Ensino Fundamental e 8ª posição (3,7) no Ensino Médio. Isto evidencia o quanto pode ser feito para melhorar muito a performance da educação pública pernambucana.

Figura 1 (Inep 2011)

Pernambuco também apresenta desempenho inferior com relação a outros indicadores norteadores de políticas públicas na área educacional ( ver abaixo).

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Figura 2 – Indicadores diversos (educação)

Quando o resultado é aferido considerando apenas a rede pública estadual, a classificação de Pernambuco cai uma posição nos anos iniciais do Ensino Fundamental (19 ª) e mantém as posições de 22ª e 16ª, nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, respectivamente. Nada animador.

Pernambuco ainda tem apenas 6,4 anos médios de estudo na sua população de 25 anos ou mais, contra cerca de 7,3 na média do país.

O estado possui 1.058 escolas e cerca de 670 mil alunos na rede pública, atendidos por 28 mil professores efetivos e cerca de 18 mil contratados (Sintepe). O investimento em educação alcançou R$ 2,74 bilhões em 2013, quase o mesmo valor do ano anterior e pouco superior a 2011, que foi R$ 2,52 bilhões, contra R$ 2,24 bilhões no ano de 2010.

Em relação ao Ensino Técnico, o número de vagas atual nas escolas técnicas estaduais é de 21 mil alunos.

Para temas complexos como educação, saúde e segurança, não é tão simples definir qual o melhor ângulo para se fazer um diagnóstico da situação do estado. Nestes casos, é recomendável utilizar indicadores já definidos por organizações reconhecidas internacionalmente como a ONU, a Unesco ou, no caso específico da educação, como o Movimento Todos Pela Educação. Pela sua simplicidade de compreensão e atualidade com as questões mais críticas que afetam a educação nacional, este Plano baseou muito de sua análise no que estabelece o Movimento.

O Pacto Estadual pela Educação, elevou para 260 o número de escolas em tempo integral, mas é necessário um amplo esforço, mobilização da sociedade, articulação e investimentos para ir mais longe. É importante ampliar significativamente estas vagas, se possível para todas as escolas de nível médio. Além disto, é indispensável criar maiores atrativos e incentivos para

18ª

15ª

17ª

20ª

20ª

Crianças Fora de Sala (06 a 14 anos) Fonte: IBGE/2012

Taxa de Analfabetismo Fonte: IBGE/2012

Salário Médio Fonte: Instituto Metas/2012

Taxa do IDEB Fonte: MEC/2012

Expectativa de vida Fonte: IBGE/2010

IDH Fonte: IBGE2012

Lugar - 3,6% (SC 1º/2,2%)

Lugar - 18% (AL 1º/24,3%)

Lugar - R$ 2.392,00 (DF 1º/R$ 4.100,00)

Lugar no Ens. Médio 3,1 (SC 1º nota 4,0)

Lugar - 71,1 anos (SC 1º/76,8 anos)

Lugar - 0,703(DF 1º/0,824)

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manter o aluno por maior tempo na escola e promover a integração do ensino médio com o ensino profissional.

Esta situação, entretanto, ainda não ocorre satisfatoriamente no estado, pois cerca de 11% dos alunos abandona, por razões diversas, a escola no Ensino Médio e algo como 6% abandonam a escola nos anos finais do Ensino Fundamental.

Neste caso, as principais metas estabelecidas para alavancar uma educação de qualidade, assim como o respectivo desempenho de Pernambuco medido pelos indicadores, são:

Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola:

Esta meta está prevista em duas ondas: até o ano de 2016, o foco é na faixa de 6 a 14 anos (ensino fundamental). Neste ponto, apesar de Pernambuco estar na 18ª posição dentre todos os estados da Federação, possui um desempenho de apenas 3,6% de alunos fora da sala de aula, o que não chega a ser uma questão tão crítica.

Mas, o grande desafio está em alcançar a segunda parte da meta, para o período de 2016 a 2020, que abrange, além desta faixa etária, também a faixa de crianças dos 4 aos 6 (educação infantil). Nesta, Pernambuco tem o pior desempenho dos estados da região, com 18,9% de alunos fora da sala de aula (dados de 2011, último dado do Movimento). Se considerar dos 14 aos 17 (Ensino Médio), Pernambuco é o penúltimo, com 23,7%, à frente apenas de Alagoas.

São muitos os fatores que podem explicar esta situação crítica: eles vão desde a desmotivação de alunos mais capacitados e preparados, ante um ambiente desestimulante; passando pelos baixos salários e poucos incentivos aos professores, alguns, também com capacitação insuficiente; a degradação física das escolas; currículos inadequados, pouco atraentes e dissociados das realidades locais; insuficiente integração escola/comunidade/famílias; e a ausência de opções de esportes, programação cultural e outros.

A Figura 3, a seguir, aponta o tamanho do desafio para Pernambuco alcançar esta meta.

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Figura 3 (Todos pela Educação/2012)

Ainda persiste no estado uma situação que requer cuidados no que se refere a educação da primeira infância. Estudos mostram que aquilo que a criança aprende até os 5 anos de idade pode impactar sua aptidão intelectual em toda sua vida escolar e até na sua vida profissional. Por este motivo é importante para o seu crescimento cognitivo, desenvolvimento da linguagem, da sociabilidade e das habilidades motoras, que a criança possa ler, brincar de forma lúdica e ter oportunidade de convívio de relacionamento com outras crianças, além do acesso a um programa de educação infantil de qualidade.

Oferecer a creche e a pré escola, com um olhar especial para a população de baixa renda é um desafio que deve ser enfrentado pelo sistema público estadual de educação.

Em 2012, somente 18,9% das crianças de 0 a 3 anos frequentavam a escola, ficando abaixo da média do nordeste (20.6%), com um total de aproximadamente 45 mil crianças entre 4 e 5 anos fora da escola, o que representa quase 20% da população infantil nesta faixa etária.

Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos. Esta meta prevê até 2022, alcançar 100% das crianças com habilidades básicas de leitura, escrita e matemática até os 8 anos ou até o final do 2º ano do Ensino Fundamental.

EDUCACAO INFANTIL FUNDAMENTAL I FUNDAMENTAL

II MEDIO TECNICO

AlunosTotal : 796.292Município : 568.247Estado : 32.179Taxa Abandono 1,95%Distorção Idade SerieBrasil : 16,6%Nordeste : 23,5%PE : 30,5%AprendizadoPortuguês 28% (32%)Matemática 23% (29%)

AlunosTotal : 659.030Município : 280.754Estado : 268.060Taxa Abandono 5,16%Distorção Idade SerieBrasil : 28,2%Nordeste : 38,6%PE : 38,1%AprendizadoPortuguês 18% (22%)Matemática 11% (17%)

AlunosTotal : 392.384Município : 3.369Estado : 334.449Taxa Abandono 8,32%Distorção Idade SerieBrasil : 31,1%Nordeste : 41,8%PE : 44,4%AprendizadoPortuguês 20% (25%)Matemática 7% (15%)

AlunosTotal : 75.679Estado : 20.300Federal: : 55.379

AlunosTotal : 315.082Município : 181.150Estado : 2.167

-

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

EDUCACAO INFANTIL FUNDAMENTAL I FUNDAMENTAL II ENSINO MEDIO ENSINO TECNICO

LACUNA VAGASENSINO MEDIO

LACUNA VAGASENSINO TECNICO

ESTADOMUNICÍPIOTOTAL

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Neste ponto é possível observar o enorme desafio que Pernambuco ainda deve percorrer e o quanto está atrasado. Apesar de já ter alcançado o patamar de 5,6% de analfabetos na faixa de 11 a 14 anos, outros estados que tinham desempenho bem inferior até os anos 90, como BA e CE, hoje já possuem desempenho superior (CE com 4,65% e BA com 5,01%, por exemplo). Este fato tende a demonstrar uma diferença de prioridade e de eficiência nos programas de educação nestes estados.

Contudo, é na faixa acima de 15 anos, que a situação de PE fica realmente crítica, pois o estado se apresenta como 20º colocado entre os entes da Federação, com alarmantes 18% de analfabetos, quase o dobro da média do Brasil (que está muito aquém dos países desenvolvidos), que é inferior a 10%.

Este é um fator limitante do desenvolvimento sustentável estadual e deve ser tratado com total urgência e prioridade para também atender às metas do Plano Nacional de Educação recem aprovado, o qual estabelece elevar a taxa de alfabetização da população (com 15 anos ou mais) para 93,5% até 2015 e, até 2020, erradicar o analfabetismo absoluto no país.

Todo aluno com o aprendizado adequado ao seu ano:

Esta é outra meta onde Pernambuco ainda deixa bastante a desejar. A meta para o ano de 2011 (última disponível) era atingir 80% da população escolar, o que não aconteceu, tendo sido alcançados os seguintes desempenhos: Português no 5º ano: 37%; Português no 9º ano: 22%; Matemática no 5º ano: 33%; Matemática no 9º ano: 12%. Estudos do MEC e do Movimento Todos pela Educação apontam que um dos principais motivos deste mau desempenho se dá pela qualidade das aulas e da capacitação dos professores, provocando uma exclusão intraescolar, como indicado na figura 4, a seguir.

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Todo jovem de 19 anos com o ensino médio concluído:

Neste ponto, quanto mais se mede o desempenho do processo educacional, a partir do desempenho dos alunos nas idades mais avançadas, ou seja, na saída do sistema educacional, mais se percebe o quanto Pernambuco ainda precisa evoluir, e porque o tema educação deve ser a prioridade do próximo Governo.

Neste quesito, em 2011, último ano da pesquisa do Movimento Todos Pela Educação, o estado obteve um resultado de apenas 41,5%, enquanto a meta para o Brasil, para aquele ano era de 53,6%. Esta meta para a região Nordeste se mostrava amplamente factível, como demonstrado pelo desempenho de outros estados: CE, com 55,8%, e RN, com 57,6%, como exemplos.

Esta situação causa ainda maior preocupação se considerado a defasagem no número de alunos que deixam o Ensino Fundamental e não chegam ao Médio (demonstrado na Figura 1), além do deficit enorme para atender à demanda por mão de obra minimamente qualificada, resultante do crescimento econômico dos últimos anos. Este é, sem dúvida, um dos grandes gargalos para o crescimento econômico do estado e uma realidade social que precisa ser transformada no curto prazo.

Investimento em educação ampliado e bem gerido:

Contudo, apesar de reconhecer, de um lado, alguns avanços na situação educacional e, de outro, constatar o enorme desafio representado por estas metas não atingidas, o que fica evidente desta breve análise é a percepção de que Pernambuco ainda não valorizou a educação

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como condição essencial para o desenvolvimento sustentável do estado e para a promoção de oportunidades concretas de melhoria da qualidade de vida de sua população.

Até o ano de 2012, de acordo com as metas da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece um patamar mínimo de 25% (em relação à Receita Líquida de Impostos), Pernambuco apresentava uma alocação de recursos levemente superior (26,45%), enquanto a média dos estados do Brasil foi de 27,2% e, aqui na região, o CE foi de 29,2%. No país, o Mato Grosso do Sul foi o estado que mais destinou recursos (32%) naquele ano para a educação.

Mais grave que isto é perceber que esta situação persiste desde o ano de 2006, onde a relação de gastos com educação em relação à Despesa Total do estado foi de 10,9% e não mudou, comparativamente com o ano de 2012 (11%), como é possível observar na Figura 5.

Figura 5 (Sefaz/2012)

É verdade que, para o futuro, a maior alocação de recursos em educação não será mais uma escolha de cada estado mas, sim, uma obrigação, seja a partir dos recursos que poderão vir dos royalties do petróleo, seja pela recém aprovada Lei que direciona 10% do PIB para educação.

A decisão política de tratar a educação como prioridade e não medir esforços para transformar esta situação crítica do estado, contudo, não depende apenas de maiores recursos para investimento. São fundamentais, mas, além disso, este projeto requer capacidade de liderança e de articulação, pressupõe definições sobre os objetivos e metas a serem perseguidos, decisões responsáveis sobre a maneira de aplicar os recursos e capacidade de gestão para planejar e executar políticas públicas de qualidade e com benefícios reais para a população.

Os programas deverão ser realizados a partir de uma ampla mobilização da sociedade, da cooperação com os municípios e de um trabalho integrado do Governo estadual envolvendo também as áreas de cultura, saúde, segurança, inovação e tecnologia, entre outros, para recuperar o tempo perdido para não comprometer o futuro sustentável de Pernambuco.

b) Linhas de atuação

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• Ampliar a articulação e a cooperação com os municípios para fortalecer o planejamento e a sua capacidade de execução dos programas. Fornecer suporte técnico, administrativo e financeiro às Prefeituras, de acordo com a política de Interiorização do desenvolvimento;

• Ampliar os recursos destinados à educação; • Promover o desenvolvimento e a valorização dos professores e profissionais da educação,

discutir em conjunto as políticas de remuneração justa e realista, os planos de cargos, carreira e incentivos;

• Estabelecer o Padrão Pernambuco de Educação: trabalhar junto com os municípios do estado para adaptar, unificar e qualificar a matriz curricular e o modelo de gestão pedagógica de todas as escolas, com base num modelo de descentralização compartilhada (Governo do Estado com papel planejador, coordenador e indutor das políticas, num relacionamento cooperativo com as Prefeituras, comprometidas com resultados e metas);

• Estimular a implantação de modelo de gestão democrática da educação (docentes, pais, alunos, funcionários e representantes da comunidade);

• Realizar ações e programas para colocar “todos na escola”. Estabelecer uma rede de ensino de qualidade, que contemple as características das regiões do estado, através de um sistema educacional que respeite, sem preconceitos e discriminação, os diversos grupos étnicos, raciais, religiosos, de gênero e de diferentes opções sexuais promovendo educação integral nas dimensões físicas, cognitivas e afetivas;

• Dedicar prioridade para o Ensino Fundamental (hoje responsabilidade dos municípios), trabalhar em cooperação para aumentar a eficiência e a qualidade do sistema;

• Ampliar o número de vagas no Ensino Técnico, integrando-o ao Ensino Médio em escolas de tempo integral com adequação de curriculos e metas de qualidade para atender à realidade estadual / local (demandas do mercado de trabalho);

• Incentivar maior participação e integração de todas as áreas do governo que têm influência direta e indireta no desenvolvimento e operacionalização das políticas públicas de educação (saúde, segurança, cultura, cidadania, direitos humanos e outras); intensificar e ampliar o modelo de incentivos às Prefeituras e de premiação e incentivo às escolas e professores pelo atingimento de metas pactuadas; estimular e consolidar o sistema de meritocracia na gestão; e estimular a participação dos pais e da família no processo educacional.

c) Proposições

Recuperar o tempo perdido. Ampliar os recursos destinados à educação. • Definir planejamento e ações para elevar o orçamento da educação no estado de forma a

evoluir dos atuais 26,45% (em relação à Receita Líquida de Impostos) para perseguir (pelo impacto do Pré-Sal e/ou da obrigatoriedade de alocar 10% do PIB) o objetivo de que Pernambuco mantenha, no mínimo, a maior alocação proporcional da região no financiamento das metas do PNE e do Plano Estadual de Educação.

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Cuidar de quem cuida de nossos filhos. Promover o desenvolvimento e a efetiva valorização dos professores e profissionais da educação, e conceder aumento de 20% em termos reais no salário dos professores a partir de 2015.

• Realizar amplo debate para corrigir a defasagem atual e estabelecer remuneração justa e realista dos trabalhadores da educação e discutir em conjunto, plano de cargo, carreira e incentivos;

• Ofertar formação continuada aos professores e demais profissionais da educação; • Identificar e promover o desenvolvimento de “Centros de Referência Regionais” para

reconhecer os professores de melhor desempenho, criando incentivos para que eles sejam os “professores” dos demais professores;

• Incentivar o aumento do número de professores na rede pública, a partir do estabelecimento de políticas de atração e retenção de candidatos para o magistério. Analisar formas de estabelecer comitê propositivo de ações atrativas para ingresso do aluno nas licenciaturas (articular com as universidades);

• Intensificar acordos de cooperação com universidades do exterior apoiando o desenvolvimento do sistema universitário de Pernambuco e consolidando e ampliando programas de ensino de línguas e de Intercâmbio Internacional para professores e alunos;

• Privilegiar o uso de critérios técnicos nas escolhas de gestão do sistema e meritocracia na definição dos responsáveis pelas Regionais de Educação;

• Valorizar a UPE na formação de profissionais da educação (professores e gestores para a educação básica) e na pós-graduação;

• Implantar em todo o estado 1.000 creches no modelo Nova Semente de Pernambuco em parceria como os municípios, a exemplo do que acontece com sucesso em petrolina, que se tornou referência para todo o Brasil;

• Auxiliar os municípios a universalizar a pré escola em Pernambuco, ampliando as transferências de acordo com o número de matrículas;

• Criar o Programa Mãe Trabalhadora para oferecer às mães que matriculem seus filhos nas creches e na pré escola, acesso à qualificação profissional (em parceria com o Pronatec, Senai) e para trabalhar por conta própria como microempreendedor individual (MEI) numa ação em parceria com o Sebrae.

Estabelecer o Padrão Pernambuco de Educação. Trabalhar em cooperação com os municípios de todo o estado, para homogeneizar e qualificar a matriz curricular e o modelo de gestão pedagógica de todas as escolas.

• Estabelecer o Plano Nacional de Educação como referência básica das políticas de educação;

• Assegurar a adequação e implementação do Plano Estadual de Educação alinhado ao Plano Nacional de Educação nos municípios. Integrar ações entre os mesmos para promover a

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melhoria da gestão pedagógica, entre outros: unificar o currículo; estabelecer política educacional integrada; fornecer apoio técnico, institucional, incentivos, capacitação e ferramentas de gestão e controle; compartilhar responsabilidades; elevar o padrão da estrutura física das escolas. Estes pontos serão integrados à política de interiorização do desenvolvimento e de descentralização;

• Auxiliar técnica e financeiramente os municípios na elaboração e adequação do modelo de gestão pedagógica, com monitoramento e avaliação; incorporar padronização do modelo regionalmente, com envolvimento da comunidade escolar; aumentar a transferência de ICMS para os município que apresentarem melhores resultados no IDEB;

• Integrar educação e cultura, valorizar o repertório cultural de Pernambuco na programação escolar e estimular a prática de esportes nas escolas.

• Estabelecer ações integradas com os professores, alunos e comunidade, visando à inclusão e à igualdade étnica, racial , religiosa, sexual e de gênero;

• Dinamizar o Conselho Estadual de Educação e avaliar sua composição para fortalecer a participação de representantes não-governamentais;

• Discutir e avaliar a criação de organismo dedicado às estratégias educacionais com o objetivo de desenvolver alternativas de capacitações pedagógicas, técnicas e gerenciais; elaborar estudos e pesquisas nas áreas de educação e afins; identificar e incentivar intercâmbios de experiências e de conhecimentos no setor; promover a formação contínua de lideranças gerenciais educacionais; cooperar com instituições públicas e privadas para identificar e sugerir parâmetros adequados de excelência para os diversos níveis educacionais, entre outros;

• Estudar a criação de organismo dedicado ao Ensino Superior, congregando a UPE e os municípios, para desenvolver planejamento técnico-pedagógico alinhado às políticas públicas estaduais de desenvolvimento da educação, ao esforço integrado de interiorização, às diretrizes de promoção da melhoria da qualidade de vida das pessoas e ao modelo de crescimento econômico sustentável de Pernambuco;

• Estudar maneiras para valorizar o Forum Estadual de Educação como instrumento permanente de participação na política estadual de educação.

Garantir uma rede de ensino de qualidade que atenda às demandas de cada região do estado. Apoiar, promover estreita cooperação e incentivar as prefeituras para assegurar ampliação da oferta e maior qualidade no Ensino Fundamental e fortalecer as ações voltadas para o Ensino Médio, ampliando sua integração ao Ensino Técnico;

• Desenvolver estudos e condições objetivas para expansão da rede estadual de escolas de educação integral em todos os municípios para universalizar o atendimento;

• Trabalhar para equilibrar a relação de demanda e oferta de vagas nas escolas e desenvolver plano de curto, médio e longo prazo para universalização do ensino de

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modo a tentar zerar o deficit escolar, nos diversos níveis (no ensino fundamental e no ensino médio);

• Expandir a rede de Escolas de Referência para beneficiar todos os municípios; • Implementar o Modelo de Escolas Integradas para o Ensino Médio : ampliar a unificação

do Ensino Médio com o Ensino Técnico em escolas de tempo integral, de forma a torná-las mais atrativas para os alunos e permitir que estes estejam capacitados para entrar no mercado de trabalho, atendendo à demanda das empresas;

• Ampliar o número de escolas técnicas e equilibrar sua distribuição nas diversas regiões do estado, a partir de uma ação coordenada com os diversos atores. Articular e realizar planejamento e ação coordenada entre instituições federais, estaduais e privadas do ensino técnico e superior (escolas técnicas: rede estadual de escolas técnicas estaduais e do Sistema S; Rede federal: Prominp, Pronatec e Planseq, Universidades) em todas as regiões do estado, que possibilite alinhar a oferta de curso às demandas e vocações regionais, modernizar escolas e melhorar a qualificação e atratividade de professores;

• Ampliar acesso ao ensino superior no interior do estado e intensificar parcerias com universidades para atender às demandas via formação de tecnólogos e cursos de graduação e de pós graduação (sobretudo em áreas com o Engenharia e Medicina);

• Construir parcerias com as universidades federais e do estado, bem como o Sistema S, para a requalificação dos profissionais que estão fora do mercado de trabalho, desenvolvendo cursos presenciais e/ou virtuais.

Incentivar a participação e envolvimento de todos que devem estar mobilizadas em torno da educação. Intensificar e ampliar o modelo de meritocracia de todos os agentes diretamente envolvidos (professores, alunos, escola e municípios) e a participação dos pais no processo educacional.

• Reconhecer e incentivar os bons desempenhos dos diversos atores, expandir as iniciativas de meritocracia, de incentivos e premiação, de forma a reconhecer não só alunos e professores, mas também as escolas e os municípios. No caso dos municípios estudar mecanismo de incentivo para incrementar o percentual de repasse do ICMS para estimular aqueles com melhor desempenho de seus alunos no Ensino Fundamental;

• Incentivar fortemente a participação dos alunos nas provas do Enem e criar organismo independente para incentivar e melhorar este processo (Pernambuco é hoje um dos estados com menor participação e o CE é uma das referências neste ponto);

• Criar políticas de incentivo para a participação mais ativa dos pais nas atividades escolares e no acompanhamento dos alunos, incluindo a definição de indicador que sejam utilizados para avaliar o desempenho da escola.

Desenvolver programa especial para educação básica de jovens e adultos nos territórios e comunidades de baixa renda (onde estão indicadores de acesso e

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permanência mais frágeis e os maiores índices de violência, marginalidade e criminalidade. Fortalecer a temática e as metas para educação em direitos humanos no Plano Estadual de Educação para promover a superação de formas de descriminação, preconceito, violência e exclusão social. Desenvolver programa e políticas de educação especial e de inclusão da pessoa deficiente na rede pública de Educação Básica. Dedicar especial atenção à inclusão digital da criança e dos jovens, em todos os níveis da educação no Sistema estadual de Educação Básica

Anexo

Proposições do PNE - Plano Nacional de Educação

Foram divulgadas 10 diretrizes e 20 metas (contra 28 diretrizes e 5 metas do plano anterior), que constam no novo Plano Nacional de Educação - PNE (2011 – 2020), aprovado pela Presidente Dilma Rousseff no dia 26.06.14, onde prevê a destinação de 10% do PIB para Educação, dentre as inúmeras ações propostas validadas no plano.

Numa primeira análise é possível perceber uma forte relação destas metas do PNE com as metas que foram consideradas no início no Movimento Todos Pela Educação – MTPE (plano validado até 2011). Isto reforça o acerto da escolha feita inicialmente para embasar o diagnóstico desta proposta para discussão do Plano de Governo e permitiu que as proposições colocadas neste documento apresentassem uma forte aderência às metas sugeridas.

As 20 metas são as seguintes:

1. Educação infantil: Garantir vaga na escola pública para todas as crianças de 4 e 5 anos até 2016, e para 50% das crianças de até 3 anos até 2020;

2. Ensino Fundamental: Universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda a população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada;

3. Ensino Médio: Garantir atendimento escolar para todos os jovens de 15 a 17 anos até 2016, com aumento da taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85%;

4. Deficientes e superdotados: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, preferencialmente na rede regular de ensino;

5. Alfabetização: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, o 3º ano do Ensino Fundamental;

6. Tempo integral: Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica;

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7. Desempenho dos alunos: Garantir a melhoria da qualidade da educação brasileira com metas de aprendizado calculadas pelas notas no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em 10 anos. Desse modo, o Início do Ensino Fundamental teria que atingir 6,0. No final do Ensino Fundamental, nota 5,5 e, no final do Ensino Médio, 5,2;

8. Escolaridade média: Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, alcançar o mínimo de 12 anos de estudo para a população do campo e para os 25% mais pobres e igualar a escolaridade média entre negros e não negros;

9. Analfabetismo: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até 2020, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional;

10. Educação profissional: Oferecer o mínimo de 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à Educação Profissional nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio;

11. Educação profissional técnica de nível médio: Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% de vagas gratuitas na expansão;

12. Ensino superior: Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos;

13. Professores titulados: Elevar a atuação de Mestres e Doutores nas instituições de ensino para 75% (no mínimo) do corpo docente, sendo, do total, 35% de Doutores;

14. Pós-graduação - Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação 60 mil Mestres e 25 mil Doutores;

15. Formação de professores: Garantir, no prazo de um ano, a criação de uma política nacional de formação continuada dos profissionais da educação, com capacitação inicial e oportunidades de formação continuada em nível superior de graduação e pós-graduação gratuita na respectiva área de atuação;

16. Professores pós-graduados: Garantir que, até o último ano de vigência do PNE, 50% dos professores que atuam na educação básica tenham concluído curso de pós-graduação stricto ou latosensu em sua área de atuação;

17. Valorização do professor: Equiparar o rendimento médio dos profissionais do magistério das redes públicas de educação básica ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência do PNE;

18. Plano de carreira: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional;

19. Gestão: Garantir, em leis específicas aprovadas no âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a efetivação da gestão democrática na educação básica e superior

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pública, informada pela prevalência de decisões colegiadas nos órgãos dos sistemas de ensino e nas instituições de educação, e forma de acesso às funções de direção que conjuguem mérito e desempenho à participação das comunidades escolar e acadêmica, observada a autonomia federativa e das universidades;

20. Financiamento: Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no 5º ano de vigência do plano e, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB ao final do decênio.

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São críticos os indicadores que expressam a gravidade do quadro atual da saúde em Pernambuco.

Por isto, temos a compreensão da urgência e assumimos o compromisso de trabalhar para mudar significativamente esta situação e oferecer serviços públicos de qualidade na saúde, por meio de um atendimento integrado, descentralizado, digno e eficiente para toda a população do estado, em todas as regiões.

Atualmente são 34 hospitais administrados pela Secretaria da Saúde, 15 UPAs e 9 UPAEs, o que significa uma rede com cerca de 9.500 leitos, dos quais 1022 em UTIs. Para cuidar desta ampla e diversificada estrutura, o estado conta com aproximadamente 27 mil servidores.

Mas, apesar de expressivos, estes números não são suficientes.

Para que o sistema estadual de saúde possa corresponder às necessidades e expectativas da população é essencial, antes de mais nada, valorizar e remunerar adequadamente os médicos pernambucanos e os profissionais que atuam neste complexo sistema. Atualmente são cerca de 15 mil médicos na ativa em todo o estado, com forte concentração (cerca de 80%) na RMR.

Cuidar da saúde da população requer prioritariamente atuar sobre as causas e não apenas sobre as doenças, que são os efeitos dos problemas.

Significa estabelecer um conjunto integrado de políticas públicas que devem ser tratadas de forma transversal, articuladas com outros temas tão variados como educação, moradia, cultura, meio ambiente, segurança e saneamento, entre outros.

Por exemplo: saúde e saneamento possuem uma relação direta. Basta considerar que cerca de 53% das internações por diarreia no Brasil atingem menores de 5 anos e pessoas que não têm acesso a saneamento básico de qualidade (Fonte: Instituto Trata Brasil). Este número elevado poderia ser minimizado se houvesse mais investimentos em saneamento e uma maior cobertura e eficiência nos serviços de atenção básica em saúde.

Em Pernambuco, o quadro não é diferente, pois os índices de esgotamento sanitário são inferiores à média do nordeste e do Brasil.

a) Diagnóstico

Percepção da qualidade dos serviços de saúde pela população

Para a maioria das pessoas, saúde é o tema que deve merecer a maior atenção e investimentos dos governos. É o setor que recebe a pior avaliação da população e que é apontado como prioridade a ser tratada pelos novos governantes.

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O modelo atual de Pernambuco privilegia a implantação de hospitais e demais unidades como sendo a maneira mais adequada para executar os programas e cuidados de saúde. Isto contribui para que a implantação destes empreendimentos seja compreendida pelas pessoas como a solução dos problemas. Embora estes investimentos sejam necessários, outros fatores, além destes, são essenciais, como a descentralização, a eficiência na gestão e na operação do sistema, a qualidade da prestação de serviços e a humanização do atendimento, que determinam, de fato, a medida da satisfação e a percepção de qualidade para os usuários.

Não se pretende negar a importância de construir hospitais e unidades de saúde, sobretudo porque ainda existe um grande deficit de leitos e uma desigual distribuição de sua oferta, em relação às regiões e às especialidades, o que demanda investimentos para o aumento da cobertura.

Mas, existem diversos outros fatores, diferentes modelos de gestão e de sistemas de operação que precisam ser implantados para oferecer uma melhor organização dos serviços de saúde com qualidade e interiorizados, de modo a proporcionar melhores resultados e benefícios para a população.

Para reverter a situação atual devem ser assegurados ao menos: o adequado provimento de médicos e demais profissionais de saúde qualificados; disponibilidade de material, equipamentos e medicamentos; sistemas automatizados e interligados, organização e gestão eficientes; higiene e limpeza; estrutura completa; maior humanização, entre outros.

São condições básicas para oferecer serviços e atendimento de qualidade, minimizar o desgaste de deslocamentos evitáveis dos pacientes, reduzir o enorme tempo de espera para marcar e realizar exames e estabelecer um sistema eficiente de informações sobre os pacientes e as disponibilidades na rede de saúde do estado.

Esta percepção negativa com relação aos serviços de saúde se consolida exatamente quando a população tem uma experiência de uso do sistema, seja numa consulta (simples ou especializada) ou quando necessita de internamento, atendimento de urgência ou emergência, o que geralmente ocorre em momentos de frágil situação emocional. Nestas ocasiões é que ficam evidentes as carências da estrutura, as deficiências dos serviços e a baixa humanização do atendimento no sistema estadual de saúde.

Uma constatação, facilmente percebida pelos usuários e que é fundamental para sua avaliação dos serviços e percepção de baixa qualidade do sistema de saúde em Pernambuco (sobretudo as pessoas mais carentes) é a ausência do médico ou a inconstância de sua presença nas unidades de atendimento e hospitais. E isto, infelizmente, ainda é uma realidade no estado, sobretudo em localidades menores e mais distantes.

A falta de médicos, nas especialidades necessárias e em número suficiente para uma cobertura adequada e com permanência local é um dos mais graves problemas apontados pela população.

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Em resumo, além da escassez de leitos e problemas graves do modelo atual de gestão, os principais problemas da saúde levantados pela população são a excessiva concentração dos serviços na área metropolitana e em algumas poucas cidades, principalmente algumas especialidades médicas; o longo tempo de espera para realizar exames; a pouca humanização e, principalmente, a falta de médicos no interior.

Cenário da saúde

Segundo o Relatório da PNUD 2013, este quadro se repete em maior ou menor proporção, em outros estados, o que faz com que o Brasil ocupe a 108ª posição quando é medida a satisfação da população com seu sistema de saúde, em comparação com 126 países analisados.

Em comparação com outros países da América Latina, a posição brasileira é bastante crítica :

Média Mundial 61%

Brasil 44%

Haiti 35%

Bolívia 59%

México 69%

Venezuela 75%

Uruguai 77% Nível de satisfação (%) da população

Dentre os entrevistados na pesquisa Politicas Públicas realizada pelo IBOPE – CNI, com dados até março/2014, o resultado apontava que 77% desaprovam as políticas e ações do governo na área de saúde, percentual que atinge 5 pontos acima do que foi apurado em edição anterior.

É uma situação que impacta negativamente a qualidade de vida da população e compromete o desenvolvimento sustentável, na medida que o crescimento econômico deve ter correspondência na melhoria nos indicadores de saúde das pessoas. Esta situação tem implicações sérias em outras áreas como a educação, por exemplo, dado que interfere diretamente no aprendizado.

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A evolução recente desta avaliação pode ser compreendida e melhor visualizada no quadro a seguir ( pesquisa Ibope-CNI ):

Cenário Estadual

Em Pernambuco, a situação não é diferente, apesar dos investimentos recentes no setor. A avaliação negativa quanto a qualidade dos serviços e estrutura da saúde, encabeça a lista das preocupações dos pernambucanos (pesquisa Ipespe-Nov. 2013). No total, cerca de 75% dos entrevistados colocaram o tema (saúde) como prioridade, quando questionados sobre as áreas que deveriam merecer maior atenção e investimentos do futuro governo.

A preocupação com a saúde é maior entre a população com nível de instrução mais baixo (até a quarta série) e entre as pessoas que ganham entre 2 e 5 salários mínimos ( 79% do total), uma vez que são estas pessoas que sofrem mais direta e frequentemente os efeitos desta situação.

Entre as regiões do estado, o Agreste, com 83%, é onde os entrevistados se mostram mais insatisfeitos com os serviços de saúde.

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O estado investe em saúde mais do que os 12% previstos em Lei, embora no ano de 2013 (14,96% da arrecadação), o montante tenha sido menor do que em 2010 (17,64%), por exemplo e também abaixo do investimento de 2011, que atingiu 15,73% e do ano de 2012 (15,74%), segundo dados da Secretaria da Saúde (Folha PE-24/8/14).

Pernambuco ainda enfrenta, também, uma situação desconfortável e preocupante em relação ao tratamento do câncer e das doenças do coração.

No período 2007-2013, o estado se situa na 3a posição no país (primeira no Nordeste) em relação à taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares.

No que se refere ao câncer, devido à precariedade do sistema atual, cerca de 50% dos pacientes só consegue receber tratamento quando a doença já se encontra em estágio avançado, o que prejudica fortemente as chances de cura, na maioria dos casos. Além disto, cerca de 80% das internações de câncer estão concentradas em Recife (mais de 90% das internações no caso de câncer de mama). E esta mesma situação de excessiva concentração na prestação de serviços, também caracteriza o quadro referente ao tratamento do coração.

Como visto acima, a saúde, proporcionalmente, vem recebendo menos recursos a cada ano.

O Governo do Estado teve que se tornar um administrador de hospitais, por força de investimentos realizados em novas unidades e por causa da própria extensão da rede e dos problemas no sistema de saúde.

Apesar desta prioridade nos investimentos em construção de unidades, permanecem ainda graves deficiências no modelo de gestão e na operação do sistema e, principalmente, na prestação de serviços à população.

Foi pequena a evolução positiva dos principais indicadores da saúde em Pernambuco. Concorre fortemente para estes resultados, o fato de que a Atenção Básica ainda não é prioridade no estado.

Isto contribui para o agravamento das condições de saúde da população e para a superlotação das unidades e hospitais, com uma demanda que poderia ser evitada e, na maioria dos casos, atendida por ações do Programa de Saúde da Família e por meio da ampliação das Unidades Básicas de Saúde, entre outros.

Segundo o SUS, a cobertura da Atenção Básica no estado regrediu em média 1,7%, quando considerado o período de 2007 a 2013, observando-se que essa regressão não foi maior pelo desempenho de algumas regionais (Ouricuri e Salgueiro).

No mesmo período, a cobertura vacinal em Pernambuco foi reduzida em 4,84% (caiu de 82,05% para 77,21% ).

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Acidentes com motos

Dados do Mapa da Violência revelam que no período de quinze anos, o número de motociclistas mortos em acidentes saltou de 1.421 no ano de 1996 para 14.666 em 2011, um crescimento assustador, de mais de 900% em todo o País.

Em Pernambuco foram mais de 5 mil óbitos em onze anos e, em 2012, os números são cinco vezes maiores do que foram em 2001. Acrescente-se à estatística o fato de que, em média, são cerca de cinco vezes mais feridos para cada morte, ou seja, no período são mais de 25 mil feridos no estado com sequelas que ficarão para sempre, em cerca de 11% desses sobreviventes.

São números terríveis, próprios de uma verdadeira epidemia: quase 3 mil paraplégicos ou amputados.

Esta situação crítica tem uma forte demanda por atendimento de emergência e cirurgias nos hospitais (Restauração, Getúlio Vargas, Otávio de Freitas e Regional de Caruaru).

Investimentos em Saúde

Apesar dos significativos investimentos realizados no setor, a rede de serviços públicos de saúde no estado apresenta evidentes fragilidades.

É justo reconhecer que parte significativa desses investimentos foi direcionada para a implantação e qualificação dos hospitais, UPAs e UPAEs e para tentar reduzir as críticas na área mais sensível, qual seja, no atendimento.

De maneira sintética é possível afirmar que no setor saúde, o estado evoluiu aproveitando as políticas implantadas pelo Governo Federal e financiamentos por ele concedidos, ainda que o avanço tenha se localizado especialmente na adequação da rede de média e alta complexidade e não sejam suficientes.

É urgente, portanto, ampliar os recursos destinados à Atenção Básica e garantir a regularização do repasse estadual para a assistência farmacêutica básica e o SAMU.

É também indispensável estabelecer condições para cumprimento do que estabelece a Constituição Federal e a legislação para o financiamento da saúde e intensificar as articulações com o Governo Federal ampliando o debate sobre a alocação de recursos para o setor.

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Carência de pessoal para gestão e operação da saúde, principalmente nos municípios.

Na implantação e operacionalização dos programas de saúde ficam expostas de maneira mais evidente as carências das estruturas e dos quadros de gestão e de pessoal da saúde.

Este quadro, que é ainda mais crítico nos municípios, requer políticas vigorosas e integradas de Interiorização, a partir da cooperação necessária entre Governo do Estado e Prefeituras.

É o caminho para proporcionar apoio, capacitação técnica e financeira aos municípios e promover a necessária articulação com o Governo Federal, o setor privado e as universidades para qualificação da gestão e ampliação dos investimentos.

Este conjunto de medidas, entre outras, pressupõe um intenso trabalho para ampliar a formação e a especialização de médicos, promover a imediata contratação de profissionais da saúde e estabelecer o diálogo e negociação para desenvolver mecanismos de valorização dos trabalhadores da saúde.

Estas providências têm que ser complementadas pela formação e capacitação de profissionais qualificados para atuar em gestão, visando o desenvolvimento e a adequada operação do sistema de saúde de Pernambuco.

Fragilidade da Rede Básica

A Rede Básica do estado apresenta cobertura insuficiente e reconhecida fragilidade, especialmente com relação à falta de médicos e de remédios, insuficiente oferta de exames e demora no atendimento, além da carência de leitos para referência.

Ainda é muito baixa a resolutividade na Atenção Básica e deficiente a organização de acesso.

A questão da precariedade do atendimento especializado (especialidades médicas) está presente em todas as discussões mantidas com a população de todas as regiões. É um ponto importante de estrangulamento na oferta dos serviços da Rede Básica e preocupante no nível de qualidade deste atendimento à saúde, o que leva o usuário do sistema a vivenciar uma situação de desconforto, insegurança e de inquietação injustificável.

Este quadro só não foi agravado devido ao suporte do Governo Federal, através do Provab e de iniciativas como o Programa Mais Médicos, que possibilitaram uma solução emergencial através da ampliação do número de médicos em Pernambuco, sobretudo no interior do estado (cerca de 140 municípios) em apoio à rede de Atenção Básica, o que ampliou o atendimento e a capacidade operacional dos serviços.

Desta forma, o grave e histórico problema de falta de médicos, principalmente nas menores e mais distantes cidades foi minimizado, embora ainda não solucionado.

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Hoje, atuam em Pernambuco aproximadamente 250 profissionais do Provab e 650 profissionais do Programa Mais Médicos, em cerca de 80% dos municípios. Esta realidade, porém, tende a aumentar a demanda de consultas e exames especializados em todas as regiões o que exige, em contrapartida, investimentos importantes para a modernização, integração e ampliação do sistema.

Neste contexto é fundamental ampliar e fortalecer o PSF – Programa de Saúde da Família, ampliar os investimentos nas Unidades Básicas de Saúde e criar medidas para contratar novos profissionais e, assim, aumentar o número de médicos no interior.

Regionalização incompleta da atenção à saúde e demanda superior à oferta de serviços de média e alta complexidade

A demanda superior à oferta, notadamente na rede de média e alta complexidade, no que se refere a especialidades e exames, gera distorções que poderiam ser evitadas. Cria transtornos para a população e caracteriza uma situação negativa, a partir da concentração na RMR, de ineficiência na prestação de serviços no sistema público de saúde e de baixa qualidade no atendimento.

A telemedicina vem sendo utilizada pelos sistemas mais avançados de saúde em outros países para superar os problemas decorrentes das longas distâncias e da carência de especialistas para atendimento local. Apesar de urgente, esta medida de modernização ainda não aconteceu em Pernambuco, mas se impõe como fator relevante para interiorizar e ampliar a prestação de serviços. Desde já, constitui meta e compromisso do futuro governo.

Observe-se que as universidades dispõem de centros avançados de estudos e experimentação em tele saúde, competência que está à disposição da rede estadual e dos municípios. As empresas de TIC pernambucanas dispõe do conhecimento e dos meios para implantação (Porto Digital) faltando decisão política para sua efetiva implementação.

Dificuldade de transporte para acesso aos serviços (referência e contra referência)

O modelo de hierarquia de complexidade nas unidades da rede de atendimento à saúde requer, para que o atendimento integral seja realizado, a utilização de meios de locomoção (transporte sanitário) dos usuários para as unidades referenciadas para complementação do atendimento, e para seu retorno ao domicílio e continuação do tratamento (ou seguimento) na rede.

O transporte sanitário exige a implantação de sistema de planejamento e controle dos deslocamentos, com a ativa participação da rede local (que demanda o deslocamento) e da Central de Regulação (que indica o destino) para que o sistema opere eficientemente.

Não se trata, portanto, apenas da aquisição de vans ou ônibus, que trafeguem desordenadamente pelas estradas.

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Atendimento ao trauma

O atendimento aos traumas, especialmente os decorrentes de acidentes de moto, como já visto, pode ser considerado atualmente como uma verdadeira “epidemia” no estado e ocupa de maneira expressiva um número elevado dos leitos da rede hospitalar, sobretudo das UTIS. Tem que merecer atenção específica e planejamento integrado para que os atendimentos e cirurgias possam ser realizados descentralizadamente, a partir de informações do teleatendimento e de unidades especializadas.

Gestão da Saúde

As unidades de atendimento à saúde do estado ainda operam desarticuladamente, quando o mais adequado seria trabalhar em rede, complementarmente, com intensa comunicação e articulação entre os seus elementos.

É surpreendente que uma rede estadual significativamente reforçada recentemente e que recebeu altos investimentos do Governo Federal, ainda apresente disfunções e pontos de estrangulamento e que, tardiamente, venha merecer maior atenção do governo estadual com vistas à articulação necessária para tentar aumentar a eficiência dos serviços.

O modelo de gestão em vigor, que opera concentrado em poucas organizações, precisa ser avaliado quanto à sua eficiência e eficácia e revisto para adequar os resultados ao objetivo estratégico de prestar serviços públicos de saúde à população, com qualidade e eficiência, em todas as regiões de Pernambuco.

b) Linhas de atuação

• Compreender que saúde e doença são partes de um mesmo processo e expressam, de um

lado, a evolução das condições de vida da população e, de outro, as condições mais gerais de produção e distribuição de bens e do acesso a serviços na sociedade;

• Investir prioritariamente na Atenção Básica à Saúde; • Promover a interiorização e atuar em cooperação com as Prefeituras, que deverão receber

apoio para sua melhor capacitação técnica, administrativa e financeira; • Integrar as ações com o Sistema único de Saúde – SUS, fortalecer a regionalização e a

gestão conjunta com os municípios; • Operar em rede com as políticas governamentais do setor, no objetivo maior de promover a

melhoria dos serviços e a qualidade de vida das pessoas; • Integrar as ações de saúde às ações voltadas para o meio ambiente, o ambiente do trabalho

e escolar; • Reforçar o controle e o atendimento das doenças negligenciadas (Doença de Chagas,

Hanseníase, Tuberculose, Dengue, etc.)

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• Consolidar a rede de hospitais regionais planejando, acompanhando e avaliando

regionalmente os serviços de média e alta complexidade, o atendimento especializado e a oferta de exames;

• Promover a realização de Programa Estratégico de Formação Permanente de Pessoal para a Saúde orientado para o atendimento das carências observadas no atendimento do SUS;

• Fortalecer, regionalizar, qualificar e sistematizar o atendimento materno-infantil, cardiológico, oncológico e ao trauma;

• Aumentar a eficiência na gestão da saúde e intensificar a articulação com as universidades e os Institutos de pesquisa e de inovação visando integração, modernização e aumento da eficiência dos serviços e do sistema;

• Planejar e avaliar seletiva e criteriosamente, com base em planejamento estratégico, os novos investimentos para a construção de unidades de saúde e hospitais;

• Manter articulação permanente com o Governo Federal e também com as Prefeituras para ampliar, qualificar, interiorizar e diversificar a prestação de serviços de saúde;

• Ampliar a formação e a qualificação de pessoal tanto para a Atenção Básica quanto para a Especialização;

• Apoiar e expandir o planejamento e as ações do Programa de Saúde da Família; • Contratar mais médicos brasileiros, promover a valorização do pessoal médico e dos

profissionais de saúde e ampliar a residência médica no interior para fortalecer o sistema estadual de saúde.

c) Proposições

• Interiorizar a formação em saúde coletiva (UPE) para desenvolvimento de quadros para gestão municipal em saúde e ampliar a formação de pessoal qualificado em gestão e promover maior capacitação do quadro de profissionais existentes desenvolvendo políticas para atrair e manter este pessoal nos municípios;

• Fortalecer as ações e a rede de Atenção Primária; ampliar e fortalecer o Programa de Saúde da Família – PSF, atingindo uma cobertura de 100% ; e promover crescente integração com o pessoal médico em geral e com a rede de UPAs, UPAEs e Hospitais Regionais;

• Ampliar o número de médicos especialistas para atender nas UPAEs, mediante contratação de novos profissionais; triplicar o número de residências médicas no interior e promover melhor integração entre a rede de média complexidade, a partir da maior oferta de especialistas e de novos sistemas de exames nas unidades públicas ou serviços contratados;

• Conferir atenção também à formação e à contratação de profissionais técnicos, enfermeiros e de dentistas;

• Implantar a Rede do Coração, por meio da construção e implantação de 2 novos Hospitais (um no Sertão e outro no Agreste) e da descentralização do atendimento na RMR, que inclui ainda, a construção de 6 unidades UPAs do Coração, interligadas por teleatendimento e promover a integração dos serviços hoje existentes nos Hospitais;

• Implantar as centrais de diagnóstico acopladas às UPAEs;

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• Desenvolver a Central de Atendimento do Câncer (interligando e integrando os serviços existentes) para evitar os atrasos no início do tratamento e criar 2 unidades de atendimento oncológico, em Palmares e Serra Talhada. Além destas, implantar serviços de cirurgia oncológica em Caruaru e Petrolina e criar 5 centrais de diagnóstico do câncer (2 na RMR, mais uma no Agreste, outra no Sertão e uma na Mata);

• Promover a formação de profissionais para atuação na Rede Básica e apoiar os programas em andamento: Mais Médicos e Provab;

• Ampliar a cobertura do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) do SUS, o “Melhor em Casa”, numa ação articulada e integrada com as Prefeituras;

• Também em parceria com os municípios, desenvolver, ampliar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no SUS e conferir atenção à assistência obstétrica e neonatal, efetivando a Rede Cegonha de forma regionalizada e fortalecendo as ações de programas como o Mãe Coruja;

• Reorganizar a rede urgência e emergência no estado: SAMU, policlínicas e UPAs; • É urgente a contratação de mais profissionais, com médicos brasileiros, com base numa

remuneração justa e plano de cargos e carreira, e da concessão de incentivos para sua atuação e fixação no interior, adaptado às necessidades, demandas e ao ambiente local;

• Da mesma forma, estabelecer diálogo com a categoria para estabelecer remuneração mais justa para os profissionais da saúde que já pertencem aos quadros e discutir medidas para sua maior valorização, bem como condições para estimular a interiorização, mediante pactuação de plano e política de recursos humanos realista e necessária;

• Ampliar e reforçar a cooperação, articulação permanente e o planejamento com os municípios e estimular uma maior adesão das Prefeituras aos projetos de construção, reforma e qualificação das unidades da rede básica de saúde – UBS, que dispõem de verbas da União;

• Fortalecer os programas de agentes comunitários de saúde; • Garantir a disponibilização dos medicamentos da Farmácia Básica; • Estudar a adequação das responsabilidades do financiamento tripartite da Farmácia Básica

(União, Estado e Municípios) às disponibilidades municipais; • Ajustar dia e horário de funcionamento das unidades de saúde à dinâmica e aos hábitos

locais em cada município; • Viabilizar a implantação de programa de carreira de base regional contemplando um

modelo coerente com a realidade de Pernambuco e contando com apoio do Governo Federal;

• Consolidar a rede dos Hospitais Regionais e avaliar as condições para construção ou requalificação dessas unidades;

• Fortalecer o sistema de transporte fora do domicílio(TFD) para referência e contra referência, em conjunto com os municípios, de forma planejada e a partir de informações sistematizadas integradas à rede;

• Avaliar a qualidade da prestação dos serviços e as condições de pessoal, equipamentos e de funcionamento da rede de UPAEs e definir esquema de financiamento adequado;

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• Melhorar a capacidade regional de atendimento à gravidez de risco e à assistência materno-infantil, sobretudo na RMR, articulando e sistematizando esses atendimentos às unidades de mais alta complexidade para cada um desses sub sistemas de atenção, de modo a descentralizar o atendimento e alcançar maior resolutividade;

• Avaliar a situação atual do sistema para criar capacidade de atendimento especializado aos Idosos, nas diversas regiões do estado;

• Fortalecer a rede de atenção psicossocial para o tratamento dos transtornos mentais e uso abusivo de álcool e de outras drogas;

• Desenvolver condições e articulação para criar residência multiprofissional nos Hospitais Regionais;

• Capacitar o pessoal assistencial regional para atuar como preceptores na formação em saúde;

• Promover o uso intensivo da telemedicina e da automação para agilizar a marcação e descentralizar a realização de exames e para dar suporte especializado, descentralizar e organizar a rede de referência. Criar, neste sentido, o Programa “Pernambuco Imagem”;

• Fortalecer as gerências regionais de saúde e estimular a meritocracia; • Estabelecer diálogo e articulação com as universidades públicas do estado e federais,

visando a formação de pessoal para a rede pública de saúde e planejamento para intensificar sua interiorização;

• Ampliar a cobertura das unidades do Samu e das UPAs e fortalecer a rede de UPAEs de maneira a alcançar todas as regiões, com ênfase no atendimento às cidades em relação a este tema e às regiões onde é mais crítico o problema causado pelos acidentes de moto;

• Analisar a viabilidade de criar capacidade de atendimento, onde não existir, em Trauma e Neurocirurgia nas regiões, sobretudo naquelas onde haja faculdades de Medicina e sua área de influência;

• Fortalecer nestas regiões os sistemas integrados de Informações do atendimento à saúde e de transporte sanitário voltados para este fim. Cumpre observar que os sistemas propostos incluem como seus usuários os gestores, o paciente (agendamentos, resultados de exames, previsão de alta, etc.) e o médico, objetivando colocar ao seu alcance informações sobre o usuário e o sistema;

• Adotar os princípios da Gestão por competências, com metas e premiação pelo alcance das metas pactuadas;

• Promover campanha intensiva e permanente de orientação e fiscalização, de maneira integrada com as áreas de saúde e de segurança, sobretudo no interior do estado, objetivando reduzir os acidentes de trânsito, notadamente de motos e reforçar as atividades do Comitê de Acidentes de Motos alcançando permanentemente, todas as regiões;

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• Reforçar e intensificar os programas de educação e de prevenção para redução do uso de drogas, lícitas e ilícitas, especialmente do crack. A questão das drogas envolve uma abordagem multissetorial que alcança a educação e a segurança pública, mas exige a intervenção fundamental do setor saúde;

• Implantar Sistema de distribuição de medicamentos de uso continuado em estreita

integração com a rede Básica de Saúde, mantendo sistema de controle e distribuição adequados e acompanhado de perto pelos serviços básicos de saúde como o Programa de Saúde da Família, para que seja controlado o uso correto pelo paciente, porque acompanhar o tratamento junto ao usuário é parte essencial da proposta;

• Apoiar e fortalecer a Agência de Regulação estadual para manter o acompanhamento e

controle do modelo e operação das OSs, além de promover a adequada normatização para gestão das unidades e realizar avaliação permanente dos resultados físicos e financeiros, assim como da qualidade dos serviços prestados.

O significativo número de unidades cuja gestão foi contratada pelo estado nos últimos anos e o volume de serviços e recursos envolvidos recomendam que esses contratos sejam acompanhados e avaliados rigorosamente. Além disso, requer um estudo profundo da complexidade do atual sistema visando a discussão sobre o modelo em vigor e possíveis redefinições, no que se refere à concentração em poucas instituições e à necessidade de obter ganhos de eficiência, inovação e qualidade.

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• Estimular o diálogo e a integração entre os diversos atores que impactam a gestão e a

operação deste tema, desde os três níveis de governo, até as universidades e dentro da própria estrutura de Governo do Estado, para integrar a atuação de todos os envolvidos direta e indiretamente com a questão da saúde;

• Desenvolver apoio técnico e gerencial aos municípios para expansão das ações e das estratégias de saúde da família, da saúde bucal, da academia da saúde e das práticas integrativas e complementares, bem como da ampliação da cobertura do serviço de atenção domiciliar do SUS e outros;

• Promover articulação e cooperação com o setor privado, visando tratar a saúde da população como um tema que pertença a todos e não apenas ao setor público;

• Fortalecer o LAFEPE como referencial da política estadual de medicamentos e promover ações para sua melhor estruturação, organização e para a valorização de seus recursos humanos;

• Promover estudos e ampliar o diálogo com os servidores para avaliar a situação atual e promover a reestruturação do HEMOPE e seu fortalecimento, no Recife e no interior, incluindo as atividades de ensino e pesquisa e para valorização de seu pessoal técnico e administrativo;

• Apoiar a interiorização de maneira sustentável da UPE, bem como a ampliação e qualificação do seu complexo hospitalar;

• Fortalecer e qualificar a Vigilância à Saúde (ambiental, sanitária, epidemiológica); • Promover ações e articulação para garantir o funcionamento integral do Hospital Mestre

Vitalino e de outras unidades em implantação;

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Para fortalecer e ampliar os níveis de bem estar e de cidadania e criar um ambiente positivo de convivência, que proporcione condições adequadas de moradia e trabalho é fundamental desenvolver políticas e ações para combater o sentimento de insegurança, que ainda aflige as pessoas, nas cidades e no campo, em todas as regiões de Pernambuco.

É urgente estabelecer um pacto contra o medo e pela paz.

Há uma retomada da escalada da violência em Pernambuco e isto se comprova pelos indicadores de homicídios no estado (período Janeiro a Junho) este ano, quando comparados com igual período de 2013. Verifica-se um aumento de 9,6% no número de mortes, o que é bastante preocupante.

a) Diagnóstico

A violência contra as pessoas e os crimes contra o patrimônio continuam aumentando

O Pacto pela Vida, mesmo não alcançando a meta proposta originalmente projetada em 2007, obteve resultados significativos. Primeiro, porque sua implementação significou a interrupção da tendência de alta contínua dos índices de homicídios no estado e, segundo, porque tirou Pernambuco do patamar crítico de 54 homicídios por 100 mil habitantes e chegando a um CVLI – Crimes Violentos Letais e Intencionais de 36,2 no final de 2012, embora ainda seja um dos mais altos do país.

Gráfico 1: Comportamento do CVLI em PE (2007-2012) Fonte: Elaborado a partir de dados da SDS - PE. Portal Pacto pela Vida

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O estado reduziu a taxa de homicídios em 32,9% no período entre 2007 e 2012, o que se consolidou como a maior redução do NE. Mesmo assim, o índice atual ainda está acima da média nacional (25,9 / 100 mil habitantes) e muito distante da taxa CVLI de 10 / 100 mil sugerida pela ONU como limítrofe para países em situação de desenvolvimento social semelhante à do Brasil.

Gráfico 2: Comportamento do CVLI em PE, SP e BR (1996-2011) Fonte: Elaborado a partir de dados SSP/MJ.

Quando comparados, os anos de 2013 e 2014 demonstram crescente evolução no total de homicídios no estado: em Março houve aumento de 9,1%; no mes de Abril foram alarmantes 20,8% de crescimento; em Maio, novo aumento de 18% e, em Junho, a maior taxa de evolução no número de mortes chegando a 24,7% a mais do que o mesmo período do ano anterior. Por estes índices, em 2014, apenas os meses de Janeiro e Fevereiro tiveram uma queda nos homicídios, o que leva à necessidade de estabelecer medidas urgentes para estancar a violência em Pernambuco

Elevada sensação de insegurança e de impunidade

O clamor da sociedade por mais segurança impõe ao futuro governo a responsabilidade de reestruturar as políticas públicas para o setor.

A amplitude de um novo plano de segurança deverá ser redirecionada para a construção de uma agenda de combate permanente às mais variadas formas de violência que se apresentam

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em Pernambuco e não apenas para o monitoramento de metas voltadas para CVLI e para CVP (Crimes Violentos contra o Patrimônio).

Além disso, deve ensejar condições adequadas para fazer da prevenção um vetor essencial da política a ser implantada.

Gráfico 3: Tipos de crime e curvas de tendência (2007 – 2012) Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Esta agenda e as decisões operacionais, táticas e estratégicas para o setor de segurança devem ser fruto de um exercício participativo para avaliação e formulação das novas políticas. O planejamento deve incorporar ao debate os diversos segmentos da sociedade e as demais áreas do governo.

O modelo atual do Pacto pela Vida está exaurido e requer uma nova concepção para que seja ampliado, fortalecido e melhor instrumentalizado. Deverá, assim, ser transformado em política pública e não apenas num projeto de governo. É preciso, antes, “repactuar” o Pacto pela Vida.

Os crescentes números de violência contra o patrimônio e atentados ao indivíduo em suas múltiplas formas, principalmente às mulheres (agressões e estupros), à criança e aos jovens (sobretudo os de menor renda e negros) e aos idosos, reforçam a sensação de insegurança, a desconfiança na eficiência dos órgãos do Sistema de Segurança Pública e de seus mecanismos de atuação.

É fundamental estabelecer um novo modelo, que amplie a integração das forças que se envolvem com a problemática da segurança, não apenas através de um melhor planejamento e de novo formato para atuação conjunta das polícias, com pessoal capacitado, treinado, estimulado, bem remunerado e equipado. Mas, também por um novo conceito de segurança, que privilegie as políticas preventivas e que amplie a participação, a articulação e cooperação

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com o Ministério Público e o Poder Judiciário e com a sociedade num sentido mais amplo, envolvendo as entidades e organizações que tratam da questão da educação e da cultura, da saúde e do meio ambiente, dos direitos humanos, da infância e adolescência, dos grupos sociais vulneráveis e todos que trabalham por uma sociedade com menos desigualdades, mais justa e sustentável.

No tocante à impunidade, este sentimento e constatação recaem, sobretudo, na baixa elucidação de crimes, notadamente nos casos de mortes a esclarecer.

Gráfico 4: Mortes a esclarecer (2007-2012) Fonte: Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pública e Justiça Criminal / MJ.

É importante equilibrar os recursos destinados tanto para o policiamento ostensivo, quanto para os [baixos] investimentos destinados à inteligência investigativa, na polícia científica e na perícia técnica. Há necessidade de readequação do aparelhamento técnico (equipamentos, materiais e protocolos) e de redefinição para ampliar os efetivos via contratação de pessoal e promover maior qualificação profissional, bem como para adequar os quadros de servidores para o atendimento das variadas e complexas demandas por esclarecimentos de crimes.

Baixa integração das polícias

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Dificuldades no registro das ocorrências, perdas de informações (crimes que não são registrados, mesmo quando a PM é acionada), falta de compartilhamento de informações. Estes problemas, entre outros, evidenciam a necessidade de maior integração e troca de informações entre as polícias e de melhor distribuição e compartilhamento de papéis e responsabilidades, tendo como foco o melhor atendimento ao cidadão. A modernização do sistema de gestão, maior utilização da tecnologia na estrutura, organização e operação do sistema de segurança, na capital e no interior, são desafios urgentes a serem enfrentados.

Regiões com pouca presença policial

Há uma demanda das regiões e comunidades por uma presença mais efetiva das forças policiais (civil e militar).

As delegacias, que são unidades de prestação de serviço aos cidadãos e de relacionamento com a comunidade precisam de requalificação física e operacional, necessitam modernização tecnológica, melhores estruturas e novos equipamentos. Hoje, existe cerca de 1/3 dos municípios do estado que estão sem delegacias ativas por falta de Delegados .

As unidades policiais e o patrulhamento aproximam os cidadãos e os policiais e contribuem para elevar o nível de atendimento e de credibilidade dos órgãos e do pessoal do sistema de segurança pública. Por isto, não há como pensar em melhorias na operação e na gestão do sistema sem encarar de frente o desafio de contratação de mais policiais, e de realizar uma profunda avaliação do sistema atual de remuneração e a política de carreira e promoções.

Ao lado destes fatores essenciais à valorização do capital humano da segurança, é necessário avaliar e promover ajustes nos critérios de alocação, deslocamento e transferência de pessoal, no modelo de atuação e composição das equipes, seja em campo ou internamente nas unidades. Há um número expressivo de policiais em funções administrativas, que deveriam ser terceirizadas para colocar nas ruas o maior contingente possível de pessoal especializado.

Interiorização da violência

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Gráfico 5: CVLI dos jovens entre 15 e 18 anos. Fonte: Datasus/SVS/Ministério da Saúde

As fronteiras da violência ultrapassaram os grandes centros urbanos e as áreas de maior concentração populacional. Estas regiões de maior adensamento continuam com taxas elevadas, proporcionalmente mas, hoje, se evidencia o crescimento da violência em territórios interioranos e rurais e também nas pequenas cidades.

Atualmente, a estrutura da polícia, em pessoal e equipamentos, está muito aquém das necessidades e enfrenta sérias dificuldades para atuar com a cobertura adequada, agilidade e eficiência nas diversas regiões do estado.

Gráfico 6: Distribuição dos Crimes Violentos no Estado Fonte: Relatório Anual de Governo 2013.

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Entre as Regiões de Desenvolvimento do Estado, a que mais se destacou positivamente foi o Sertão do Araripe, com uma redução de 37,6%. Já o Sertão do Moxotó foi a região que teve o maior aumento (24%) na sua taxa CVLI.

Mortandade juvenil

Os números da mortalidade violenta de jovens em todo o país (ver gráfico a seguir) são preocupantes e representam o dobro da ocorrência geral.

Pernambuco apresenta um quadro crítico. São números elevados, que merecem uma atenção especial, pois atingem uma parcela da população que representa o futuro do estado, a quem devem ser oferecidas oportunidades e expectativas positivas, através de políticas públicas que lhes assegure alternativas de um futuro melhor, com emprego e qualidade de vida.

Os crimes contra a infância e a juventude constituem uma face lamentável da violência urbana e um problema grave de segurança que precisa ser combatido com vigor. É indispensável atuar sobre este ambiente com políticas públicas integradas de educação, saúde, justiça e de direitos humanos, entre outras, para criar melhores condições de vida e de proteção para esta população. A violência doméstica, as drogas, a evasão escolar e tantos outros problemas e conflitos sociais afetam de maneira direta suas perspectivas de vida.

Gráfico 7: CVLI dos jovens entre 15 e 18 anos.

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Fonte: Datasus/SVS/Ministério da Saúde

Neste ambiente, os acidentes com motocicletas são também uma forma de violência e um problema epidêmico de saúde que está em níveis alarmantes, principalmente no interior de Pernambuco, com estatísticas graves tanto em número de mortes quanto em mutilações e incapacitação para o mercado de trabalho.

Falta fiscalização, orientação e disciplinamento. Somente no ano passado foram registradas mais de 800 vítimas fatais e metade delas morreu no local do acidente.

Nos últimos 15 anos em Pernambuco, mais de 5 mil pessoas morreram e cerca de 25 mil foram feridas ou incapacitadas. A frota de motos atual é estimada em mais de 750 mil unidades, ou seja, algo como 30% do número total de veículos em circulação.

O município de Calumbi, por exemplo, no Sertão do Pajeú, alcançou o maior coeficiente de mortalidade do estado, chegando a ser nove vezesmaior do que o índice de Recife, onde existe um número muitas vezes maior de veículos em circulação.

Igualmente crítica é a disseminação das drogas entre a população jovem (sobretudo o crack), inclusive no interior, criando dependência, favorecendo a criminalidade e a marginalização.

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Gráfico 8: Mortalidade por acidente de motocicleta. Fonte: DATASUS / SVS/ Ministério da Saúde

Deficiências na gestão do capital humano

É necessário reconhecer, como já abordado, que ainda persistem entre os servidores da segurança, sérios problemas a serem enfrentados no que se refere à ampliação do efetivo policial e à recomposição dos quadros de servidores. A estes, somam-se a necessidade de diálogo e negociação para estabelecer um plano de cargos, carreiras e de promoção profissional em todos os níveis e, também, insatisfação relacionada à defasagem atual da situação salarial, nas polícias civil e militar.

A greve que levou o caos ao estado, no primeiro semestre deste ano é uma evidência desta inquietação do pessoal e da situação crítica da segurança, fatores que ainda permanecem sem uma solução efetiva.

Gráfico 9 – Efetivo da Policia Militar nos estados.

Fonte: Revista Exame (dados de 2011)

No Nordeste, apenas RN e AL estão com uma relação PM/habitante melhor que Pernambuco.

Apesar dos indicadores estaduais (cerca de 01 PM para cada 433 habitantes) ser melhor do que a média nacional, verifica-se uma distribuição desequilibrada dos efetivos, tanto da polícia civil quanto da polícia militar, quando é analisada sua alocação entre as diversas regiões do estado, com a existência de municípios e delegacias no interior sem a presença fixa de policiais. Isto faz com que muitas cidades tenham que ser atendidas sem uma frequência regular e sem

Acima da média Abaixo da média

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permanência local por policiais de regiões ou cidades mais distantes, o que favorece a ocorrência de crimes e uma prestação de serviços inadequada e eventual.

Violência contra os idosos

As ocorrências de violência contra as pessoas de maior idade têm crescido ano a ano, com registros de violência física, psicológica e institucional, negligência, abuso financeiro e outros. O ano passado registrou aumento de mais de 65% em relação a 2012.

Os acusados, na sua maioria, são pessoas da família (mais de 60%) e as situações muitas vezes são omitidas ou encobertas, exatamente por este motivo, o que impossibilita um mapeamento mais claro.

b) Linhas de atuação

• Combater a violência ampliando o foco da política vigente para atuar nas outras variadas manifestações e formas de crimes contra as pessoas e o patrimônio;

• Proceder a avaliação e estudos para descentralizar e interiorizar a atuação (via implantação

de novas unidades) de Delegacias Especializadas ( Narcotráfico, Roubos e Furtos, Criança e Adolescente, Meio Ambiente, Crimes Cibernéticos, Crimes contra a ordem tributária e outras);

• Integrar as ações e políticas estaduais à Política de Segurança Pública do Governo Federal; • Investir em tecnologia e na inteligência investigativa para elevar a elucidação de crimes; • Qualificar a infraestrutura, modernizar sua operação e preencher o quadro de titulares e de

pessoal, das Delegacias e das unidades de apoio da PM em todas as regiões do estado; • Atuar fortemente e prioritariamente na Prevenção; • Investir no capital humano da área de segurança: avaliar a situação atual para contratar

profissionais, implementar políticas de remuneração justa e adequada e definir plano de cargos e carreira, de incentivo e de promoção, na polícia civil e na PM;

• Avaliar a situação e distribuição dos efetivos de pessoal das polícias, na capital e principalmente no interior para ampliação da cobertura adequada, da prestação de serviços de qualidade e operação eficiente;

• Da mesma forma, proceder a estudos em relação a material e equipamentos e à melhoria dos sistemas de gestão, monitoramento e controle.

• Avaliar as condições atuais dos presídios e a situação da população carcerária; analisar e identificar as necessidades de ampliação do número de instalações e estudar modelos de parceria com o setor privado e de articulação com o Governo Federal; estabelecer programas e medidas para qualificar as unidades existentes e ampliar os programas de ressocialização.

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c) Proposições

Transformar o Pacto pela Vida em política de estado no combate à violência em suas variadas formas.

• Promover estudos para adequação e redefinição do papel, estrutura e atividades da Secretaria de Defesa Social para fortalecer sua atuação e tornar mais eficiente a gestão na área de segurança, trabalhando cada vez mais de maneira integrada e coordenada com os demais orgãos do estado e com os municípios;

• Realizar uma avaliação profunda e reformulação do Pacto pela Vida para

promover ajustes e uma “repactuação” do programa com vistas, entre outros, a ampliar o foco de suas ações para além dos crimes violentos de homicídio; ampliar os efetivos de pessoal via contratação de mais 5.000 policiais; agregar maior unidade à atuação conjunta das polícias civil e militar; estabelecer cuidados especiais com a prevenção; e estabelecer plano de valorização do capital humano da segurança. Tornar o Pacto pela Vida uma política de estado e fortalecer os mecanismos de controle social (via Conferências) para sua constante avaliação e aperfeiçoamento;

• Investir para reduzir ainda mais significativamente o número de homicídios, mas

também os níveis atuais de roubos e outros crimes, incluindo aqueles contra a mulher, o idoso, a infância e a adolescência, contra os grupos sociais objeto de discriminação e de preconceito, o tráfego de drogas e o patrimônio, em todas as regiões do estado realizando monitoramento constante das ações e metas;

• Criar no curto prazo e estudar sua implantação de forma gradativa, 10 Centros

de Polícia Cidadã nas atuais Seccionais do estado. Deverão atuar com efetivo de pessoal adequado, recursos técnicos e operacionais para confecção de procedimentos flagranciais e outros, com unidades do IC (Instituto de Criminalística), ITB (Instituto Tavares Buril), IML (Instituto Médico Legal). Serão dotados de recursos materiais, técnicos e humanos para integrar as ações de proteção à mulher, ao idoso, à criança e aos jovens, ao meio ambiente, aos grupos socialmente vulneráveis, aos crimes patrimoniais, além do enfrentamento ao tráfego de drogas (prevenção e repressão);

• Manter policiamento integrado em estabelecimentos bancários, áreas

comerciais e de interesse turístico e no espaço das escolas;

• Criar o Departamento de Repressão ao Crime Organizado e aos crimes Cibernéticos;

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• Desenvolver banco de dados e sistemas de informação automatizados com interligação entre as unidades da capital e do interior;

• Desenvolver ações contra desmanches ilegais e contra o mercado ilegal de bens

roubados;

• Garantir atendimento eficiente e de qualidade ao cidadão nas Delegacias e unidades policiais, com qualificação e manutenção física das estruturas, adaptação para facilitar a acessibilidade, terceirização do atendimento, modernização e incorporação de tecnologia na operação e na prestação de serviços;

• Zerar o defict de delegados no interior do estado, de modo a corrigir a situação

atual onde existem cerca de 1/3 das delegacias sem titular;

• Incorporar crescente integração à ação das polícias e estabelecer estudos para implantação de sistema unificado de Registro (Boletim) de Ocorrências na Polícia Militar e na Polícia Civil;

• Estabelecer distribuição pactuada do efetivo policial no estado com foco no

atendimento e na prestação de serviços à comunidade e promover concurso público para recompletamento periódico dos quadros das polícias;

• Rever a situação atual de recursos humanos e os níveis de salário do pessoal da

segurança pública, bem como estabelecer diálogo e negociação para definição de plano de cargos, carreira e promoções, sem deixar de avaliar a remuneração decorrente dos serviços extraordinários das polícias (PJES);

• Análise e adequação do sistema de bônus, incentivos e premiação por

desempenho à política de remuneração e reconhecimento adequado das equipes (civil e militar) que atingirem metas de redução de crimes; rever a situação atual do valor do vale refeição/dia e requalificar os serviços de saúde prestados aos policiais e seus dependentes, inclusive promovendo reforma e ampliação das unidades de saúde, especialmente do Hospital da Polícia Militar;

• Estabelecer políticas e projetos para ampliar a articulação, a parceria e os

investimentos do Governo Federal e fortalecer atividades locais para redução e elucidação de homicídio e outras expressões de crimes, de acordo com programas federais (drogas, patrimônio, cibernéticos, etc.);

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• Articular os organismos de segurança estadual e as polícias com o Ministério Público e com os múltiplos organismos que compõem o tecido do Judiciário e o sistema prisional;

• Implementar os “Territórios da Paz”, de acordo com as diretrizes do PRONASCI,

em locais com altos índices de criminalidade, onde a presença da polícia é dificultada pela atuação de grupos criminais organizados;

• Definir políticas, estabelecer ações preventivas e modelo de atuação voltados

para segmentos sociais específicos (minorias étnicas, raciais, por opção sexual, indígenas, quilombolas, crianças, mulher e outros) para evitar o preconceito e a discriminação. Desenvolver capacitação das polícias para atuar de maneira adequada e responsável com estes grupos;

• Criar operações especiais contra formas variadas de organizações que atuam no

tráfico de drogas, principalmente de maconha, cocaína e crack, incluindo o interior do estado e definir ações de proteção ao ambiente escolar;

• Promover constante diálogo e interação entre as polícias civil e militar, e

também as Guardas Municipais, e articulação com os poderes legislativo e judiciário com vistas ao aperfeiçoamento do sistema estadual de segurança;

• Dimensionar necessidades e desenvolver projetos (inclusive em articulação e

cooperação com o capital privado) visando a ampliação do número de vagas no sistema penitenciário atual, através da implantação de novas unidades para eliminar o déficit de vagas no sistema prisional com parcerias público-privadas;

• Avaliar a situação do projeto e das obras do Presídio de Itaquitinga, avaliar o

modelo da parceria estabelecida e desenvolver ações para agilizar sua conclusão;

• Definir programa de humanização das unidades prisionais do estado e de melhoria da execução penal e desenvolver instrumentos para aumentar a participação do setor não governamental e das organizações sociais na gestão das unidades prisionais com investimento no treinamento e qualificação dos servidores;

• Ampliar a oferta de vagas especiais para a execução de atividades

socioeducativas e aprendizado profissional para a ressocialização do egresso e desenvolver programas e articulação visando ampliar e fortalecer as ações e políticas de ressocialização da população que cumpre (e já cumpriu) sua pena no sistema prisional do estado;

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• Estabelecer programa especial para o tratamento da questão de ressocialização dos menores infratores e do ambiente das unidades especializadas nesta população jovem, bem como das mulheres;

• Desenvolver programa de implantação de tecnologias e gestão para melhoria do

ambiente prisional e para elevar os recursos de segurança e controle no sistema prisional, para prevenir a entrada de armas, drogas e celulares, entre outros;

• Avaliar a situação do pessoal profissional do sistema penitenciário em termos de

remuneração, plano de carreira e condições de trabalho;

• Criar melhores condições de trabalho no sistema, bem como o desenvolvimento de atividades de lazer e culturais para a população carcerária.

• Elaborar estudos e definir projetos para a melhoria da infraestrutura e

equipamentos da segurança pública, como implantar interligação de Batalhões e Delegacias com Internet de banda larga e equipar os policiais adequadamente, não só com armas e viaturas, mas também com e sistemas de comunicação e de informática;

• Promover a constante inovação e modernização dos sistemas de informação e

inteligência policial, por meio de aquisição e instalação de sistemas de identificação, banco de dados de material genético e reconhecimento de faces nos sistemas de vigilância eletrônica, entre outros; e do estímulo à especialização profissional e a formação continuada com ênfase nas áreas de tecnologia e de inovação;

• Avaliar os programas atuais que atuam nos bairros (em Recife e nas cidades

polo) visando ampliar e aprimorar sua atuação, fortalecer os vínculos e estreitar o relacionamento com as comunidades;

• Estabelecer ações e políticas para atuação na prevenção à violência e na

orientação às pessoas no que se refere a cuidados e comportamento adequado nos momentos de perigo, pânico e emergência;

• Analisar a situação atual dos bombeiros, em termos de treinamento e

capacitação, estrutura, interiorização, equipamentos e efetivos de pessoal e desenvolver programas visando criar melhores condições para o planejamento e a prestação de serviços. Promover ações e políticas voltadas para os profissionais, na área de recursos humanos, nos moldes do que foi proposto para as polícias civil e militar;

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• Atuar para disciplinar e fiscalizar a circulação e uso adequado das motos, com fiscalização nas estradas e nas cidades e orientação aos motociclistas sobre segurança em articulação com as Prefeituras.

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O programa de governo destaca espaço especial aos direitos humanos, no entendimento de que é suporte fundamental para o fortalecimento da cidadania e base para o exercício democrático na concepção e execução das políticas públicas. Conceito transversal que permeia as proposições de todos os temas, confere atenção diferenciada às populações que ao longo da história e do processo de crescimento não têm recebido a devida consideração dos programas e das instituições que compõem a administração pública estadual. Um governo comprometido com os direitos humanos é um governo aberto à participação popular, comprometido com políticas que combatem todas as formas de discriminação e preconceito e todas as manifestações de violência ou exclusão social. Estes princípios se fortalecem na busca permanente pela paz, pela justiça e pelo respeito à liberdade, no objetivo de alcançar um desenvolvimento sustentável, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, com inclusão econômica e social e ações para reduzir as desigualdades entre as pessoas e na dimensão inter e intra regional. Neste contexto, adquirem ainda maior significado e importância, as políticas públicas de educação, cultura, lazer e esporte, saúde, moradia e de justiça e segurança, entre outras. As ações nestas áreas devem priorizar os programas voltados para as populações de menor renda e os grupos sociais em situação de vulnerabilidade, no espaço urbano e rural.

.Infância e Juventude

Uma política responsável e inclusiva para a infância e a juventude tem que começar através de uma efetiva prioridade à educação e de políticas públicas inovadoras voltadas para a melhoria da qualidade do ensino e para mudanças no modelo de gestão educacional. É preciso construir uma nova escola em termos pedagógicos, de modo a contemplar desde o ensino fundamental até a reestruturação do ensino médio na escola de período integral com a desejável integração ao ensino técnico e profissionalizante. É preciso estabelecer políticas públicas dirigidas à infância e à juventude, sobretudo nos grupos de menor renda para aumentar a escolaridade e erradicar o analfabetismo, combater a evasão e reduzir substancialmente a defasagem idade/série, através de programas que ampliem a permanência na escola (com políticas públicas de cultura, esporte, lazer, formação profissional e emprego).

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Mas é preciso ir mais longe, e ampliar também a oferta de ensino superior público, através da UPE e da interiorização e do aumento de vagas no período noturno. Ao lado destas medidas, é fundamental promover a inclusão digital e tecnológica da juventude, no campo e nas cidades, ampliando os investimentos em banda larga e incorporando as demandas de qualificação profissional em base regional. Estas iniciativas visam estimular o acesso, a permanência e a melhoria do desempenho de crianças, adolescentes e jovens, em todos os níveis, da educação infantil ao ensino superior, sem restrição de etnia, raça e gênero. O desafio a ser vencido é a qualificação do capital humano no meio da juventude, essencial para estimular vocações e formação profissional. Este objetivo, porém, não deve ser um instrumento para induzir a entrada precoce no mercado de trabalho. Por isto, é igualmente importante estabelecer políticas e projetos capazes de estimular a convivência e a integração desta população (crianças, adolescentes e jovens) ao território urbano e rural. Isto se dará, entre outros, através da ampliação da estrutura de equipamentos públicos, da promoção de programas voltados para eventos esportivos e culturais nas comunidades, bem como da garantia de melhores condições de mobilidade urbana da juventude, sobretudo na RMR. Estas ações precisam ser complementadas pelo acesso à rede pública de saúde e, em especial, pela inclusão nas ações preventivas, com particular atenção, quando for o caso, para o atendimento multidisciplinar, tratamento e recuperação de dependentes químicos (com ênfase para o uso do crack). Da mesma forma é indispensável o fortalecimento de políticas de segurança para redução da violência e do número alarmante de extermínio que atinge os jovens, sobretudo nas áreas de baixa renda. São necessárias medidas que incorporem as especificidades da juventude, de modo a atuar na prevenção da criminalidade e na criação de espaços de convivência desta população para garantir uma cultura positiva da paz nas comunidades. É fundamental promover amplo debate sobre o fortalecimento dos sistemas de garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes e dos Conselhos tutelares e de direitos. De igual importância, avaliar e discutir o fortalecimento de sistemas de atendimento socioeducativo. São iniciativas que devem estar embasadas pelo combate sistemático à discriminação, à intolerância e à violência em todas as suas formas, que promovam os direitos humanos

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e respeitem a diversidade, entre outros, no objetivo de promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens.

.Igualdade racial e combate ao racismo

Pernambuco ainda não desenvolveu adequadamente medidas consistentes para consolidar uma política de igualdade racial e de combate ao racismo no setor público estadual, em que pese a criação do Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Étnico Racial. Falta estabelecer prioridade e fortalecer a articulação dos planos estaduais com referências nos planos nacionais, de modo a formular e executar políticas públicas de promoção da igualdade e da proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos (especialmente a população indígena, quilombola, cigana), com ênfase na população negra, afetados por discriminação racial e demais formas de intolerância. Da mesma forma é necessário estimular o debate e fortalecer políticas transversais de governo para tratar desta questão nos temas mais importantes da agenda do Governo do Estado. Em relação ao desenvolvimento econômico sustentável é fundamental que as políticas de promoção da igualdade racial estejam contempladas nas iniciativas voltadas para a geração de oportunidades de emprego e de remuneração, ampliando o mercado de trabalho para estes grupos, com equidade de gênero, raça e etnia nas relações de trabalho. É igualmente importante fiscalizar e combater toda e qualquer forma de racismo nas instituições públicas e privadas e promover meios para capacitação para o trabalho, valorização e para assistência técnica diferenciada às comunidades formadas por populações de afrodescendentes, povos indígenas e outras (quilombolas e ciganos). O estímulo ao acesso, permanência e melhoria do desempenho de crianças, adolescentes, jovens e adultos destes grupos e de outros discriminados, em todos os níveis do processo educacional é parte importante desta política de promoção da igualdade racial, bem como a intensificação de políticas e de programas de combate ao analfabetismo entre a população negra, indígena, cigana e outros grupos étnico raciais mais vulneráveis.

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No tocante à saúde, é indispensável ampliar os programas de atenção básica e de saúde da família nos municípios; fortalecer as ações do SUS; desenvolver ações específicas de combate à disseminação de DSTs (doenças socialmente transmissíveis); promover ações que assegurem o aumento da expectativa de vida e a redução da mortalidade; e disseminar informações, orientação e conhecimento às populações negras, indígenas, e demais grupos étnico raciais de maior vulnerabilidade sobre suas potencialidades e suscetibilidades. Em paralelo, estas iniciativas demandam também providências do setor público estadual para ampliar e fortalecer a articulação das políticas de renda, cidadania, assistência social, de segurança alimentar e nutricional e de inclusão produtiva voltadas para os segmentos étnico raciais, entre todos os níveis de governo, com o setor privado e junto às entidades da sociedade civil. É importante ainda, agregar um conjunto de ações destinadas a estimular o respeito à diversidade cultural destes grupos, de modo a evitar manifestações e práticas de racismo, xenofobia e intolerâncias diversas a estereótipos de raça, cor, gênero, orientação sexual, credo e etnia. Esta orientação se aplica, sobretudo, à política de justiça e segurança e requer cuidado especial e atenção em relação à juventude negra, que sofre mais intensamente os efeitos das múltiplas formas de violência. Especificamente, em relação aos povos indígenas, além destas políticas e de atenção prioritária à educação, saúde e segurança é essencial desenvolver meios para a preservação do seu patrimônio ambiental e do seu patrimônio cultural material e imaterial, bem como estabelecer programas de apoio à produção e à comercialização, na agricultura familiar, pecuária, extrativismo e na economia criativa das comunidades.

.LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) As políticas públicas de direitos humanos neste Plano de Governo incorporam a temática LGBT aos conceitos e programas, na compreensão de que é necessário combater a homofobia e evitar discriminação e desigualdade na relação com as pessoas em função de sua opção sexual como um dos pre requisitos para a promoção e fortalecimento da cidadania. Neste sentido, o primeiro passo mais uma vez reside na reformulação da política de educação, a qual deverá fomentar o respeito à orientação sexual e identidade de gênero e garantir melhores condições para o acesso, a permanência e o desenvolvimento do público LGBT nas escolas e nas universidades. Estas medidas precisam levar em conta a formação de professores e a adaptação dos currículos para inclusão desta temática nos projetos pedagógicos.

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Da mesma forma, é essencial que esta orientação seja seguida, na prática, também nas escolas de nível médio e de ensino técnico. É o caminho para assegurar o acesso e o tratamento igualitário de LGBTs para a necessária qualificação profissional, com articulação para seu acesso ao mercado de trabalho, em projetos integrados com o setor privado que ampliem as possibilidades de emprego e renda. É preciso capacitar professores, especialmente nas áreas da saúde, educação e defensoria pública sobre a temática da diversidade sexual para respeitar as diferenças e atuar nos processos de formação, conforme os marcos teóricos e jurídicos em vigor no país. Estas iniciativas devem ter continuidade na área da saúde pública, com programas voltados especialmente para a população LGBT, no SUS, na atenção básica e nas ações do programa de saúde da família, entre outros, e também nos demais níveis e serviços de atendimento, nos programas de medicamentos, de orientação e de prevenção. É necessário contemplar a ampliação das redes de casas-abrigo e de proteção de direitos humanos, bem como criar delegacias especializadas no atendimento à população LGBT. Visando respeitar a integridade das pessoas, evitar abusos e discriminação, promover ajustes para inclusão de informações relevantes que atendam às especificidades dos grupos LGBTs nos boletins de ocorrência e incentivar a capacitação profissional na área de segurança para formar e desenvolver pessoal qualificado, inclusive no sistema prisional, para atuar no atendimento a esta população.

.Mulheres

O Plano de Governo traduz a compreensão de que as políticas públicas para as mulheres devem contemplar todos os temas e áreas de atuação do poder público estadual, com especial atenção para o que tange às áreas de saúde e segurança, no combate à violência de gênero; educação e cultura; trabalho, renda e empreendedorismo; participação e controle social. Não faz distinção de idade (crianças, jovens, adultas e idosas) e nem à classe social. Tem uma visão clara da necessidade de fortalecer o processo de participação social e política das mulheres de maneira democrática, a partir da equidade de gênero, considerando as diversidades de raça, etnia, cultura, gerações, religião, orientação sexual, situação sócio econômica e possíveis deficiências. Este conceito deve presidir as relações de trabalho e possibilitar condições para autonomia financeira e econômica das mulheres, sem distinção, com olhar especial para

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as donas de casa, ampliando as oportunidades e condições de acesso ao mercado de trabalho. Igualmente importante é, também, apoiar todas as iniciativas voltadas para o respeito aos direitos das trabalhadoras domésticas. Da mesma forma e para evitar qualquer tipo de discriminação, deve ser concedido tratamento sem preconceito às ex-detentas para contribuir com sua reinserção no mercado de trabalho e acolhimento na sociedade. É importante, ainda, criar alternativas para favorecer o cooperativismo e o associativismo das mulheres produtoras rurais, quilombolas, indígenas e urbanas apoiando o empreendedorismo, a capacitação e o acesso a crédito e financiamentos. Qualquer que seja a forma de participação da mulher no mercado de trabalho é fundamental assegurar os meios para combater, em todas as suas formas, o assédio sexual e moral nas instituições públicas e apoiar as medidas para que o mesmo aconteça no setor privado. Em relação à saúde, é fundamental promover, intensificar e monitorar o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, com cuidados específicos de acordo com as diferentes fases do ciclo de vida e atenção especial às doenças mais afetas à população negra, indígena e quilombola,bem como às mulheres com deficiência, às presidiárias, às trabalhadoras rurais e urbanas, às mulheres com diferentes orientações sexuais e relações de gênero. Em todos os casos e, principalmente, naqueles decorrentes de agressão e de violência sexual, é indispensável promover tratamento e serviços humanizados, mediante capacitação técnica e apoio psicológico/psiquiátrico no atendimento e fortalecer a ênfase na atenção básica, através do PSF / NASF. A questão da saúde da mulher demanda mudanças importantes no sistema atual, desde a descentralização e aumento da oferta de serviços, até o modelo de atendimento. Passa pela ampliação das políticas e das estruturas voltadas para a mulher idosa, para as doenças sexualmente transmissíveis (inclusive o vírus HIV / AIDS), para as usuárias de drogas (especialmente o crack), para o tratamento da grave situação de mortalidade por câncer cérvico uterino e de mama, para a necessidade de priorizar a atenção obstétrica e a gravidez de risco, a assistência ao abortamento em condições seguras nos casos previstos em Lei e para os cuidados e atenção com a população feminina infantil e adolescente, entre outras. Programas como Rede Cegonha e Mãe Coruja, e os núcleos de apoio à saúde da família (NASF) devem ser apoiados e ampliados, bem como as iniciativas para formar, capacitar

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e aumentar o número de parteiras, provendo as condições para reconhecer e introduzir estas profissionais no serviço público, estimulando sua interiorização. Estas ações devem ser complementadas, através da implantação de serviço nas UPAs para o atendimento às mulheres em situação de violência em casa e no ambiente familiar, através de procedimentos integrados às Delegacias da Mulher. Neste particular, a questão da segurança, quando aplicada à mulher pressupõe algumas medidas específicas. De imediato, surge a necessidade de intensificar as ações de prevenção e de enfrentamento da violência sexista e doméstica e criar melhores condições para acolher as vítimas. São crescentes os indicadores desta forma de crime, bem como os índices de estupro de maneira geral, contra mulheres de todas as idades. Além de campanhas de orientação periódicas e educativas é essencial aumentar o efetivo policial para atuar, com formação adequada e assistência multiprofissional, nas delegacias especializadas de atendimento (Delegacia da Mulher) nas diversas regiões, sobretudo na RMR e nas cidades de maior porte (cujo número também deve ser ampliado). Em adição a isto é importante, ainda, estruturar na Defensoria Pública, núcleo de atendimento à mulher vítima de violência e garantir a prestação de serviços do SUS, inclusive na necessidade de cirurgia reparadora. Enfrentar este quadro tão crítico exige que o trabalho comece na base, na educação. Por isto é essencial promover a capacitação e a formação continuada dos gestores escolares e dos professores, em relação às políticas pedagógicas contra a violência em geral e, especificamente, contra a violência de gênero no ambiente escolar e universitário, com ênfase nas considerações sobre a diversidade da sociedade brasileira. Esta base de formação pressupõe uma ação conjunta escola / família para criar um alicerce sólido de valores e comportamentos, que favoreça a tolerância e a convivência, que desestimule o consumo de drogas e de bebidas e que ajude a combater a discriminação e a violência, em todas as suas formas e manifestações, sobretudo de gênero. Uma política voltada para os direitos humanos em geral e para os direitos da mulher, especificamente, requer a ampliação da sua participação social como agente de seu próprio destino. Pressupõe que as mulheres tenham maior acesso à educação e melhores oportunidades no mercado de trabalho. Que possam usufruir de serviços públicos eficientes, de qualidade e fazer do exercício político e eleitoral um meio para o fortalecimento da sua cidadania, consciente de seus direitos e dos deveres para com a sociedade.

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Para o Governo do Estado, nos últimos anos, a cultura não foi considerado tema relevante na formulação das políticas públicas estaduais e nem foi tratada como fator prioritário para o desenvolvimento sustentável de Pernambuco.

Com atuação mais focada no segmento da produção cultural, sobretudo em eventos, observa-se uma descontinuidade na gestão estadual da cultura. Desta forma, além de praticar um orçamento reduzido, o estado deixou de fortalecer a pluralidade cultural pernambucana como base para o desenvolvimento socioeconômico de forma consistente.

Pernambuco possui um rico e diversificado patrimônio artístico e cultural e tem forte vocação cultural, expressa num amplo leque de suas diversas linguagens e manifestações.

O governo estadual deve atuar como elo entre a sociedade e o ambiente cultural para promover sua valorização, bem como estimular e apoiar os meios necessários para explorar economicamente este capital cultural como diferencial competitivo.

A cultura deve servir como elemento base e tema transversal para as políticas de educação, saúde, segurança e meio ambiente, entre outras, e como meio para ampliar os níveis de qualidade de vida da população.

É fator de enorme significado para o fortalecimento da cidadania, para formação da identidade coletiva da população e para estabelecer uma convivência social e política que estimule a participação popular, como elemento de integração das pessoas e das instituições.

a) Diagnóstico

Política cultural estadual não institucionalizada, focada em eventos.

A gestão estadual da cultura requer a criação e a valorização de instrumentos que possam contribuir para manter a necessária articulação com a sociedade civil e com o setor privado. Uma convivência positiva que precisa existir também com as universidades e com os segmentos de Inovação e tecnologia, além de estabelecer permanente diálogo com o amplo tecido formado pelo diversificado setor cultural. Da mesma forma, pressupõe promover cooperação com os municípios e o Governo Federal e integração com as demais áreas do próprio governo estadual.

Através destes meios, torna-se mais realista e representativo o planejamento para formular políticas e realizar programas para apoiar, fortalecer, incentivar, interiorizar e desenvolver a cultura pernambucana.

Para isto, entre outros, é importante o suporte político, administrativo-financeiro e técnico ao organismo gerenciador da política cultural do estado, com decidido apoio aos sistemas de informações culturais, de preservação e de incentivo à cultura (integrado ao sistema nacional de incentivo à cultura).

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Neste sentido é indispensável promover a reestruturação e qualificação da Fundarpe e implantar um Conselho de política cultural, com representantes da sociedade civil e do poder público estadual.

A ação do Governo do Estado nos últimos anos concentrou sua atuação no fomento e incentivo à produção cultural, no apoio a eventos e shows populares o que, embora seja uma componente importante, aconteceu em detrimento de outras formas de expressão cultural, que necessitam de maior suporte e estímulo oficial.

O Funcultura, mesmo sendo alvo de críticas e passível de melhorias, foi imprescindível para o crescimento do investimento no setor cultural no estado, em especial do setor de audiovisual. Vale citar que oFuncultura vem destinando ao setor de audiovisual cerca de 1/3 de seu orçamento. Os resultados neste segmento são positivos e este apoio deve ser mantido.

Mas, também na cultura, é preciso ir mais longe, ampliar as iniciativas e diversificar os programas.

À medida que são priorizadas as ações voltadas para a realização de “eventos” de cultura, cuja visibilidade de curto prazo é atraente, outras alternativas deixam de ser apoiadas, dada a limitação de recursos, e políticas essenciais para o setor deixam de ser contempladas.

É o caso dos investimentos estruturantes para garantir a valorização, acesso e sustentabilidade do patrimônio cultural do estado, por exemplo, ou para o desenvolvimento de uma economia da cultura. Existe fundada preocupação quanto ao relativo descaso com os equipamentos culturais, sua manutenção e dinamização, além de ações ainda pouco relevantes para o desenvolvimento da Economia Criativa.

Do orçamento total de 2012 (R$ 2,7 milhões) por exemplo, aproximadamente 58% foram investidos em uma única ação e, entre os anos de 2011 e 2012, cerca de 50% dos equipamentos culturais sob a responsabilidade da Fundarpe não receberam investimentos.

Além de ampliar os cuidados com o Patrimônio Cultural, é importante institucionalizar as políticas públicas da cultura, de acordo com o previsto no Sistema Nacional da Cultura.

Para estabelecer um modelo estadual onde o diálogo seja uma prática permanente, as questões do interesse do setor devem encontrar interlocução clara e definida e basear suas demandas num orçamento adequado, fruto de necessária articulação para merecer atenção e prioridade do governo.

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Potencial da Economia Criativa ainda é pouco explorado. Baixa apropriação da cultura como negócio.

Em Pernambuco há 4,5 mil empresas no núcleo criativo, isto é, empresas que fazem das ideias o insumo principal para geração de valor.

Com base na massa salarial movimentada por elas, estima-se que o núcleo criativo pernambucano gere um PIB superior a R$ 2,5 bilhões. Esse montante representa apenas pouco mais de 2% de toda a produção estadual, mesmo sendo a sexta maior parcela dentre as 27 unidades da Federação e a maior da região Nordeste.

Sob a ótica do emprego, são quase 22 mil profissionais criativos em Pernambuco, embora representem apenas 1,3% de toda a força de trabalho. Entre os estados nordestinos, o Ceará é quem possui a maior presença do núcleo criativo em seu mercado de trabalho.

Entre os segmentos, os maiores empregadores são Arquitetura e Engenharia, Publicidade, Design e TIC e as cadeias produtivas deles decorrentes. Juntos, somam mais da metade dos profissionais criativos do estado. Contudo, vale destacar ainda os segmentos ligados mais diretamente à cultura: Artes em geral, Artes Cênicas e audiovisuais, Música e Artesanato, que representam quase 10% dos empregos criativos em Pernambuco, frente a 7,6% da média nacional, o que demonstra interligação clara entre cultura e economia criativa.

Já no Ceará, por exemplo, esses segmentos representam 13,2% dos empregos criativos, com destaque naquele mercado para o segmento de moda, responsável por 13,1% do núcleo criativo estadual enquanto que, em Pernambuco, esse número é de apenas 2% e, no Brasil, apenas 5,4% em média. A cadeia criativa da moda é ilustrativa (como outros) da capilaridade do setor, pois mobiliza vários segmentos, desde designers, fornecedores diversos, até os vendedores, que levam o produto final ao consumidor.

Estes segmentos principais, ao lado de outros, mobilizam recursos humanos e materiais importantes, cursos universitários, formação técnica multidisciplinar e profissionais de diferentes setores.

As empresas de publicidade e de marketing promocional (promoções e eventos), por exemplo, integram um destes segmentos dinâmicos de destaque no estado (também na região e no país), porque está articulado com empresas de mídia (TV, rádio, revista, jornal, mídia exterior e outros) e com uma ampla e diversificada rede de escolas e fornecedores especializados, incluindo segmentos da atividade digital.

A seguir, alguns números para exemplificar o nível de empregabilidade do setor podem ser percebidos nas tabelas 1 e 2:

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Tabela 1: número de empregados do núcleo criativo em Pernambuco, por segmento

total e participação (%)

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Tabela 2: número de empregados do núcleo criativo no Ceará, por segmento

total e participação (%)

Falta preservar, difundir e dar acessibilidade ao patrimônio cultural pernambucano.

Em relação aos museus, por exemplo, é importante verificar que das 98 unidades existentes em Pernambuco, 44 estão localizadas no Recife, o que representa 44,9% do total de instituições.

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No estado, são 35 os municípios com museus e, depois de Recife, Caruaru é a segunda cidade com maior número de unidades.

Muito da riqueza de Pernambuco reside no seu patrimônio histórico-cultural, expresso por um valioso conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico, e na diversidade das manifestações culturais, gastronomia e ritmos, entre outros, que são base para a indústria criativa e para o Turismo, complementando os atrativos naturais do estado.

Juntos, os estados da BA e de PE apresentam os maiores números absolutos de bens tombados.

Pernambuco destina, hoje, algo ao redor de apenas 0,5% do seu orçamento total para a cultura. A PEC 150, aprovada junto com o Plano Nacional da Cultura, prevê para a pasta: 2% do orçamento da União, 1,5% dos estados e 1% dos municípios.

O estado vem investindo nesses últimos anos cerca de 1% da sua arrecadação de ICMS anual.

O Investimento no Patrimônio Cultural do estado está sendo previsto com recursos federais do PAC. As áreas históricas de Recife, Olinda e Fernando de Noronha devem receber um investimento de quase R$ 171 milhões do PAC-CH até o final de 2015, numa ação coordenada pelo Iphan-PE.

Os sítios urbanos de valor cultural devem receber investimentos para a preservação do seu patrimônio, mas tão importante quanto preservar é implementar uma estratégia de gestão que favoreça a dinamização dessas áreas, sua sustentabilidade e o usufruto pela sociedade.

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A sustentabilidade das indústrias criativas e de ações ligadas ao turismo cultural depende muito da política educacional e da proteção do capital cultural do estado.

Assim, uma gestão abrangente e responsável dos bens e valores culturais é um indicador de maturidade social, pré-requisito para o desenvolvimento econômico sustentável e base para uma vida comunitária vibrante.

É fundamental manter viva a compreensão de que os ativos culturais são o capital entre as gerações e que a sua vitalidade pode ser legitimamente sustentada por investimentos públicos e pela ação solidária da sociedade.

b) Linhas de atuação

• Implementar Plano e Sistema de cultura no estado ampliando a articulação, o diálogo e a qualidade do atendimento aos múltiplos participantes do setor;

• Ir além do fomento da produção cultural, desenvolvendo as cadeias produtivas da cultura, descentralizando ações pelos diversos segmentos culturais, de maneira a garantir investimentos estruturantes voltados para a valorização, acesso e sustentabilidade do Patrimônio Cultural;

• Valorizar e promover a diversidade cultural de Pernambuco como base para o desenvolvimento socioeconômico, de forma a apoiar a sustentabilidade da indústria criativa de forma consistente;

• Integrar a cultura, como tema transversal aos demais setores, notadamente à educação, à saúde, à segurança e à matriz econômica estadual;

• Promover a interiorização das políticas e programas voltados para o setor cultural, articulando ações em cooperação com as prefeituras, o setor privado, as universidades e o Governo Federal.

c) Proposições

Implantar Plano e Sistema estaduais de cultura em articulação com municípios, União e a sociedade.

• Discutir o Plano Estadual de Cultura e o Sistema Estadual de Cultura com visão de longo prazo, de acordo com o direcionamento do SNC – Sistema Nacional de Cultura, definindo metas, políticas, modelo e prioridades em articulação com municípios, União e sociedade;

• Formular e avaliar a implementação do Sistema e do Plano estadual de cultura em um processo que leve em consideração, democraticamente, a participação tanto de representantes do setor como da sociedade, para expressar prioridades e definir metas quantificáveis, mensuráveis, que representem o anseio e as demandas estaduais e específicos das regiões e que sejam objeto de monitoramento;

• Apoiar meios para garantir este processo decisório implementando os elementos previstos na legislação do Sistema Nacional da Cultura (exemplo: estabelecer conselhos de cultura, conferências e outras) e consolidar o processo de implantação do SNC no estado;

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• Revitalizar e qualificar a Fundarpe, valorizar seus servidores, capacitar tecnicamente as equipes e promover a descentralização de sua atuação via interiorização;

• Fortalecer e diversificar o programa Pernambuco Nação Cultural, como parte importante do Programa Estadual de Cultura, de modo a ampliar o circuito em termos de número e da forma de participação dos municípios e integrar as escolas na programação de eventos e das oficinas, promovendo sua inserção como elemento de formação cultural de artistas e produtores;

• Planejar e implementar políticas territoriais e setoriais e articular planos municipais de cultura, mantendo a harmonia entre essas políticas e envolvendo as esferas pública, privada e comunitária (exemplo: criar plano estadual da Economia Criativa, implantar política de comunicação para a cultura e política de proteção do patrimônio, entre outras);

• Estimular o debate e a articulação necessária para desenvolver marcos regulatórios da área, por exemplo: estabelecimento da lei do audiovisual;

• Realizar amplo e detalhado mapeamento e cadastro atualizado do patrimônio cultural e histórico do estado e dos acervos existentes (e suas condições de manutenção, recuperação e restauro). O mesmo em relação às manifestações de arte, folclore, produção artística e cultural em geral, bem como de artistas, artesãos, músicos, escritores, poetas, produtores e outros, que compõem o amplo, diversificado, rico e complexo tecido social e econômico da cultura de Pernambuco, principalmente dos componentes da cultura popular.

Modernizar o modelo de atendimento dos atores da cultura

• Definir o perfil dos gestores e a estrutura do setor público estadual na área da cultura, levando em consideração o posicionamento, objetivos e metas definidos para o setor;

• Desenvolver sistema de informação, promovendo o mapeamento permanente dos indicadores de cultura e criando base de dados confiável para:

• Realização de diagnósticos/estudos como base para a construção dos planos de cultura, com monitoramento e avaliação de resultados;

• Entender melhor o impacto da cultura na economia do estado e definir seu potencial para a geração de negócios, emprego e renda;

• Disponibilizar os dados em portal da internet, garantindo transparência na destinação dos investimentos em cultura e de seus resultados;

• Desenvolver ações para diminuir a burocracia e lentidão nos processos de gestão cultural, melhorar os procedimentos de análise, monitoramento e prestação de contas dos projetos;

• Estimular a gestão democrática e transparente dos processos de seleção, monitoramento e avaliação dos projetos aprovados em editais.

Fomentar a produção cultural e suas cadeias produtivas

• Ampliar o conhecimento e a compreensão das cadeias produtivas da cultura: identificar e mapear vocações econômicas do estado, os arranjos produtivos e ambientes de negócio para a criação e fortalecimento de polos econômicos;

• Criar circuitos culturais permanentes nas regiões de desenvolvimento do estado, com foco nas vocações, história, manifestações artístico-culturais e potenciais de cada região;

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• Analisar os meios para interiorização da Fenearte, debater sua edição regionalmente e apoiar a participação crescente de artesãos;

• Desenvolver ações transversais, como incubadoras de novos negócios e ações de apoio à economia criativa, junto às Secretarias estaduais, Prefeituras e diversos atores da sociedade;

• Avaliar e reformular a Lei de Incentivo à Cultura estadual para estimular a criação de instrumentos e fundos setoriais de cultura, ampliando estímulos, apoio e incentivos às linguagens e segmentos diversos, além de estudar a viabilidade de implementar programa e orçamento do Funcultura regionalizado a partir de planejamento, diagnóstico e prioridades pactuadas com os municípios;

• Avaliar os critérios, redefinir e fortalecer a gestão do Funcultura, que deverá ser regionalizado via editais, para que seja também instrumento para desenvolver e incentivar cada vez mais o empreendedorismo cultural. Deverá também apoiar novas vocações e artistas, novas linguagens e atender ao diversificado universo cultural do estado, articulando meios e instrumentos para incrementar os recursos de que dispõe.

• Fortalecer a CEPE para executar suas funções com mais eficiência e tecnologia, ampliar a produção literária em Pernambuco, regionalizada (via editais), com ênfase para jovens escritores :

Profissionalizar o setor cultural

• Garantir suporte educacional de qualidade e inovador para capacitar os atores culturais e desenvolver perfil empreendedor, capacitar gestores públicos, produtores e despertar vocações e artistas;

• Viabilizar parcerias com o Sistema S, universidades, Fundação Joaquim Nabuco e o Sebrae, entre outras instituições educacionais e de suporte nacionais ou internacionais para promover e fortalecer a cultura no estado e nos municípios;

• Desenvolver articulação e criar condições objetivas para tentar trazer a escola de cinema do SENAC;

• Criar programas de intercâmbio para pesquisa, formação, residência artística e viabilizar bolsas, com caráter regional, nacional e internacional, para estimular e apoiar grupos, artistas, técnicos, pesquisadores, professores e estudantes dos segmentos artístico-culturais;

• Capacitar agentes culturais para desenvolver projetos e sua gestão e para garantir acesso aos recursos e financiamentos e aos programas de incentivo governamentais (federal);

• Estimular a inclusão da cultura e seus empreendedores no ambiente de negócios e na perspectiva comercial, além de apoiar e articular parcerias entre os mesmos e organizações como o Sistema S, FIEPE, CNI, Fecomércio, Sebrae, entre outras;

• Identificar oportunidades e criar condições adequadas para explorar o potencial internacional da cultura de Pernambuco e apoiar as iniciativas relevantes com potencial multiplicador sobre o sistema e o ambiente cultural;

• Estudar a criação de meios e ações para apoiar a cultura no caso do audiovisual, capacitar e fortalecer o segmento para ter acesso à estrutura logística de distribuição, assessoria

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jurídica, técnica e financeira para conquistar melhor e mais competitiva participação no mercado;

• Estudar a viabilidade de lançar o curso de Bacharelado em Produção e Gestão de políticas culturais , através da UPE;

• Criar incubadoras culturais no Recife e nas regiões em parcerias com universidades, SESC e prefeituras, com foco na cultura digital, no audiovisual e na produção de conteúdos pata Internet;

• Estudar a reestruturação da TV Pernambuco como TV Educativa, emissora para se dedicar, entre outros, à educação à distância e operar como canal da produção cultural no estado;

• Apoiar a organização, gestão e capacitação técnica das empresas e dos empreendedores do setor, visando diminuir a informalidade existente (ex.: MEI – Micro empreendedor individual).

Ampliação dos recursos orçamentários da cultura e novas formas de financiar a indústria criativa

• Avaliar a ampliação de recursos orçamentários do estado para a cultura, conforme referência da PEC 150, e desenvolver política para tentar alcançar a meta de investimento mínimo de até 2% do orçamento com o setor cultural. A cidade de Medellín (Colômbia), em seu processo de transformação social, direcionou de 3% a 5% de todo o seu orçamento para a cultura, passando de capital mundial da violência (em 2004), para laboratório de paz global (2013), confirmando o papel da cultura como agente de transformação social e econômica;

• Apoiar a avaliação de modelos alternativos para a sustentabilidade financeira das organizações culturais (fundações, institutos e centros culturais, universidades, museus) e avaliar a possibilidade de incentivar filantropia cultural individual. Estudar modelo de organizações sociais da cultura (a exemplo da lei das OSs do estado de SP);

• Estudar a criação de instrumentos regulares de financiamento e promover articulação visando identificar e disponibilizar linhas de crédito específicas para os setores da cultura, após análise das demandas e da viabilidade dos mesmos (ex.: Microcrédito Bahia Cultural).

Democracia cultural: tornar a cultura pernambucana mais acessível a todos

• Discutir e definir calendário cultural abrangente e diversificado e seu plano de divulgação para o estado, de modo a fortalecer a posição de Pernambuco e seus ambientes de experiência. Com base nisto, desenvolver programa de turismo cultural;

• Utilizar ações, recursos, pessoal e equipamentos culturais da Secult, da Fundarpe e da Empetur, entre outras, para a difusão da cultura pernambucana de forma continuada e integrada;

• Promover a integração e articulação deste ambiente da cultura com a política estadual de educação e com a rede pública de escolas;

• Desenvolver programas para ampliar a formação através de ações educativas e de eventos voltados para a infância e a juventude;

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• Priorizar a cultura infância em todos os segmentos da cultura, envolvendo os 4 eixos: linguagem, tempo, espaço e educação, de modo transversalizado e democrático; potencializar e adequar acessos a espaços públicos saudáveis e seguros, através da manutenção, ampliação, recriação, ocupação e oferta de equipamentos com foco na arte, na natureza, na cultura e no brincar; ampliar programas e editais específicos para fomento e incentivo de projetos, em todas as áreas da cultura, envolvendo crianças, adolescentes e familiares, estimulando a troca intergeracional e o intercâmbio artístico; promover parcerias entre educação e cultura para que as escolas, os museus, os teatros, os cinemas, os parques e as praças, entre outros, estejam preparados para contribuir efetivamente na formação dos pequenos cidadãos e na construção da cultura infância; tudo em absoluta consonância com os preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente;

• Desenvolver plano para posicionar Pernambuco como estado do turismo cultural e do artesanato, por meio de ações para fortalecer e divulgar estes segmentos e ter como meta incluir Recife e Olinda na lista de cidades criativas da UNESCO.

Fundada em 2004, esta rede assume o compromisso de estimular a inovação através da troca de conhecimentos, experiências e competências tradicionais e tecnológicas para o desenvolvimento de capacidades e a apresentação de patrimônios culturais a nível internacional.

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Como tema transversal, a cultura deverá integrar o planejamento estratégico do Governo do Estado e permear os programas de direitos humanos, de desenvolvimento sustentável e de interiorização, em articulação com as Prefeituras, o meio acadêmico e com o setor privado e as APLs , visando o fortalecimento da cidadania e a melhoria dos níveis de qualidade de vida da sociedade pernambucana em todas as regiões.

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Pernambuco enfrenta sérios problemas de mobilidade urbana, principalmente na RMR e no Recife, embora esta situação esteja presente também nas principais cidades do estado.

A cada dia, mais pessoas demoram mais tempo deslocando-se de casa para o trabalho e vice-versa, num ambiente congestionado por aproximadamente 2,5 milhões de veículos, dos quais 1,2 milhão são automóveis.

Os veículos de transporte coletivo (cerca de 16 mil microônibus e 20 mil ônibus no estado) estão constantemente lotados e com alto tempo de espera, por parte da população. Mesmo com isso, a tarifa tem aumentado acima da renda média da população, apesar do número de veículos ser insuficiente e o sistema de transporte público de massa ser avaliado como deficiente e de má qualidade, assim como ainda é precária a infraestrutura viária urbana.

São cerca de 2 milhões de passageiros/dia transportados na RMR através de quase 400km de linhas e circulando, só em Recife, por 22km de corredores exclusivos de ônibus.

No metrô, que pode transportar aproximadamente 500 milhões de pessoas/ano esta circulação se faz através de três linhas – Centro, com 25 km (até Camaragibe e Jaboatão); Sul (14 km), de Recife a Cajueiro Seco e Diesel, com 31 km, saindo do Curado até o Cabo de Sto. Agostinho.

São difíceis e críticas as condições de tráfego, também para o transporte individual de automóveis e para bicicletas. Não há uma logística eficiente no transporte, nem é satisfatória a diversificação e a integração de modais.

Este quadro inquietante deve considerar, ainda, as quase 150 mil motos que circulam em Recife e perto de 950 mil em todo o estado.

Os números demonstram a dimensão do problema e o seu agravamento, ano a ano. Em 2010, eram 1,8 milhões de veículos em circulação no estado.

Neste contexto, e sem informações detalhadas e principalmente, atualizadas, sobre a circulação de pessoas e de veículos (“Pesquisa de origem/destino”), o planejamento acaba sendo emergencial e pontual, de curto prazo, sem oferecer soluções eficazes e duradouras para a melhoria do transporte e da mobilidade, principalmente no espaço metropolitano.

a) Diagnóstico

Mais pessoas demorando para se deslocar da casa para o trabalho

Na Região Metropolitana do Recife, o setor de transporte não tem recebido do Governo, na proporção requerida, as condições necessárias para o estabelecimento de políticas e planejamento adequados para a melhoria da qualidade e a eficiência dos serviços prestados à população.

As pessoas têm sofrido com o aumento do tempo de deslocamento de casa para o trabalho. Observa-se um aumento no percentual daqueles que demoram mais de uma hora para realizar este deslocamento com um aumento crescente no tempo deste percurso. Atualmente, o tempo

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de deslocamento na RMR é o 4° maior entre as regiões metropolitanas do Brasil. O benchmarking é a RM Porto Alegre.

Além deste fator, o que se observa negativamente são condições de desconforto, impontualidade e superlotação, nos veículos de massa e nos terminais. Este ambiente está associado à precária infraestrutura viária e de apoio, aos atrasos nos cronogramas das obras essenciais, às vias estreitas e inadequadas, à falta de fiscalização e ao desrespeito às regras de trânsito e baixa educação na convivência social para compartilhar as vias e os espaços públicos da mobilidade.

São problemas mais críticos para os usuários de ônibus e BRTs, mas que se reproduzem nas suas condições específicas para quem utiliza metrô, ou automóveis, motos e bicicletas.

Falta muito para solucionar a complexa problemática da mobilidade: entre outros, planejamento integrado, visão metropolitana, infraestrutura urbana e viária, investimentos em educação e urbanização, compromisso social e cidadania.

Em 2001, a relação pessoas/carro da RMR era de 10,67. Dez anos depois, em 2011, esse número piorou e já atingia 6,7 habitantes por carro, com uma projeção de chegar ao patamar de menos de 5 habitantes por carro neste ano de 2014. E, em m Pernambuco a frota circulante cresce à razão de 400 novos veículos/dia, o que significa cerca de 150 mil novos carros por ano. É preocupante, porque o problema amplia suas proporções numa velocidade bem acima da agilidade nas soluções, comprometendo a qualidade de vida do cidadão e a produtividade do trabalho.

O sistema de transportes não atende à demanda da população

Como constatado, o principal meio de transporte dos pernambucanos tem migrado ao longo dos anos do coletivo para o transporte individual. Para reverter este crescimento, é necessário que o cidadão perceba os benefícios do transporte coletivo e encontre oferta adequada de serviços.

Em pesquisa realizada pela Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco), ficou evidente que as principais reclamações dos passageiros são referentes à lotação dos ônibus e ao tempo de espera, sendo os serviços avaliados em sua maioria como de baixa confiabilidade e péssima qualidade.

No metrô do Recife, a média de passageiros por dia útil foi apurada em cerca de 350 mil passageiros. Em entrevista realizada com especialistas, foi posto que o sistema está trabalhando abaixo da capacidade atual. Isto faz crer que as causas da superlotação estão na irregularidade da oferta, nos excessivos intervalos entre as composições e nas precárias condições de manutenção dos trens (com idade avançada), que não possibilita meios adequados para colocar em circulação contínua todos os trens e vagões nos diversos trechos e horários de funcionamento (sobretudo momentos de pico).

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Além destes fatores é importante ressaltar o inadequado traçado e localização da malha (em relação às necessidades atuais) e o pequeno número de estações, nem sempre associadas às áreas de maior densidade populacional. Isto é ainda mais crítico, quando se leva em conta as áreas de expansão urbana dos últimos anos, que não foram planejadas de forma integrada com o desenho das linhas e a oferta de serviços do metrô.

Os novos corredores de transporte que utilizam o sistema BRT – Corredor Leste/Oeste e Corredor Norte/Sul - são uma alternativa positiva para atender à demanda atual da RMR, dado que apresentam boa relação custo/benefício e capacidade de passageiros.

No entanto, o andamento das obras de mobilidade previstas para a Copa não ocorreram conforme o planejado. No Leste/Oeste, das 27 paradas previstas, apenas 10 estão em operação e, no Norte/Sul, apenas 4 paradas estão em funcionamento, de um total planejado para 28 estações.

Ainda há atrasos nos cronogramas e os corredores são insuficientes para suprir as necessidades atuais e as perspectivas futuras. É preciso agilizar o planejamento e a execução dos projetos, pois o problema é grave e exige soluções em prazos curtos.

Existem melhorias, é evidente. Mas é necessário maior agilidade e eficiência na realização das obras. É necessário ir mais longe, também no trato da mobilidade urbana.

Tarifa aumenta mais do que a renda da população

Com todos os desafios para enfrentar a crise na mobilidade, a população de menor renda passa por um problema adicional, de relativa exclusão no sistema de transporte público, pois a capacidade econômica de compra de passagens tem diminuído, sendo a relação atual renda média efetiva/tarifa média, menor do que nos últimos anos.

Há necessidade de tratar esta questão numa abordagem metropolitana.

O modelo de transporte público (ônibus) de passageiros atual, através do Consórcio Grande Recife, ainda conta apenas com a adesão de dois municípios (Recife e Olinda), entre um total de 14 na RMR. O sistema carece de investimentos expressivos, demanda ampliação e qualificação dos serviços, maior participação e controle social e o estabelecimento de articulação e parcerias para viabilizar e implantar soluções mais abrangentes.

É preciso ampliar o diálogo com o setor privado e a sociedade. É indispensável fortalecer a articulação com as prefeituras e com o Governo Federal, além do meio acadêmico e as empresas de TIC para agregar Inovação.

É urgente realizar maiores investimentos públicos e definir formatos diferenciados para criar parcerias com o capital privado; promover uma avaliação do modelo atual e realizar mudanças no sistema; desenvolver maior integração entre os diversos modais (atuais e novos) e realizar estudo de viabilidade econômica e social para o uso de subsídios na redefinição do modelo de tarifação, entre outros.

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Ausência de planejamento para as ações e investimentos que valorizem a relação custo/benefício

A última pesquisa de “origem/destino” realizada em Pernambuco foi feita ainda nos anos 80 e posteriormente “atualizada”, com projeções para servir de base ao Plano Diretor de Transporte Urbano atual. Sem uma nova pesquisa, as intervenções e o planejamento não conseguem atender plenamente às necessidades da população, a partir do reconhecimento de um ambiente realista e de informações atuais, confiáveis.

Não é preciso esforço para imaginar quanto mudou o ambiente urbano e a realidade metropolitana em cerca de trinta anos.

Com base nesta constatação, preocupa o fato de que o planejamento da mobilidade e das demandas de prestação de serviços de transporte urbano, bem como as iniciativas de intervenção para ampliação do sistema, acontecem sem uma visão adequada da realidade presente e das tendências da expansão urbana. E são realizadas sem uma concepção estruturada e uma compreensão adequada do sentido da evolução futura das necessidades.

De resto, o mesmo acontece em relação ao planejamento urbano da RMR de forma geral, pois é muito incipiente o planejamento metropolitano e são frágeis as estruturas políticas e institucionais de articulação para uma ação conjunta entre todos os municípios e organismos da região em todas as áreas.

A partir daí, torna-se mais grave a questão do planejamento e da regulação do uso do solo, os cuidados com o meio ambiente, os programas de moradia, saneamento, abastecimento de água, coleta e destinação do lixo e de transporte, dificultando fortemente o desenvolvimento sustentável regional e a ocupação responsável do espaço territorial urbano.

Portanto, a ausência de uma maior integração entre os governos, o setor privado e o meio acadêmico para um entendimento político, técnico e institucional e um melhor conhecimento do ambiente metropolitano e suas tendências de expansão e crescimento, dificulta o processo de escolhas adequadas para definição de investimentos, ações e programas de mobilidade urbana.

E isto se reflete tanto nos investimentos em obras de infraestrutura quanto nas políticas públicas em temas essenciais. Da mesma forma são requisitos importantes para possibilitar a redefinição do sistema e do modelo atuais e proporcionar maior confiabilidade, qualidade, segurança e eficiência na prestação de serviços à população.

b) Linhas de atuação

• Integrar as ações do Governo estadual, fortalecer a articulação e o diálogo com o setor privado e estimular a participação da sociedade na formulação dos planos e das políticas de transporte e mobilidade;

• Promover permanente articulação do Governo estadual com as Prefeituras e outros segmentos da sociedade, instituir e valorizar o Conselho Metropolitano e ampliar a

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participação dos municípios e sua adesão ao atual sistema e executar conceito de planejamento metropolitano integrado, com ênfase na área de transporte e mobilidade urbana;

• Desenvolver proposta semelhante nas demais cidades polo e regiões de desenvolvimento, valorizando a visão regional, onde a questão da mobilidade seja fator de desequilíbrio e condição importante para o processo de crescimento sustentável;

• Melhorar eficiência, integração, relação custo x benefício e disponibilidade do sistema atual e avaliar o modelo de transporte urbano de massa;

• Realizar imediatamente uma nova Pesquisa de “origem/destino” e outras, como base para fortalecer o planejamento urbano e a visão metropolitana, reconhecendo a importância destes estudos para embasar os necessários investimentos e o processo de intervenções no espaço urbano municipal e metropolitano;

• Acelerar as obras de infraestrutura e de mobilidade urbana planejadas para a Copa e que não foram ainda concluídas, e ampliar os sistemas de transporte (BRTs) em implantação para outros corredores com a incorporação também, de novos modais;

• Focar o planejamento e as intervenções no objetivo de servir prioritariamente às necessidades da população e buscar alternativas de melhor relação custo/benefício, equilibrando o preço das tarifas com a oferta de serviços de qualidade com crescente eficiência.

c) Proposições

• Melhorar a eficiência e disponibilidade das linhas e do sistema existente com maior frequência e mais qualidade dos serviços nas três linhas atuais do metrô;

• Promover estudos e articulação para definir a necessidade de incorporação de novos trens e de melhorias nas vias e estações do metrô para garantir maior conforto, capacidade de atendimento e frequência adequada;

• Estudar meios e a articulação necessária com o Governo Federal para viabilizar o planejamento (atualizar), recursos e operação da expansão da Linha Sul Suape;

• Promover também articulação com o Governo Federal com vistas à atuação do Metrorec, no sentido de aproximar a gestão de Pernambuco e facilitar maior integração com outros sistemas na RMR;

• Investir em manutenção de trens e estações, modernização e qualificação do sistema e promover maior e melhor integração do metrô com outros modais, especialmente os ônibus;

• Qualificar e fortalecer o Sistema Estruturado Integrado (SEI); analisar custos x benefícios de integrar o uso de ônibus menores ao sistema de BRTs nos corredores; realizar melhorias no sistema atual visando maior pontualidade dos ônibus e articulando

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com outros modais; avaliar a construção de estacionamentos para carros, motos e bicicletas nos Terminais Integrados;

• Acelerar as obras previstas e não concluídas para a mobilidade na Copa, especialmente os corredores de BRT e agilizar os estudos de viabilidade e a implantação dos demais corredores previstos e em avaliação: BR 101, Segunda Perimetral-Afogados,Terceira Perimetral-Avenida Recife e Avenida Norte, ampliação do BRT Norte-Sul até Cajueiro Seco entre outros trechos; analisar meios para acelerar a implantação dos sistemas em andamento e conclusão das estações e obras viárias e complementares e avaliar o impacto das mudanças feitas nos projetos; realizar estudos e viabilizar mais duas linhas para VLT, uma do Recife (TI Joana Bezerra) a Jaboatão e, outra, de Camaragibe- São Lourenço a Carpina;

• Ampliação do sistema VEM e redução do dinheiro circulante, bem como promover

estudos sobre bilhete único e realizar providências e articulação para finalização do processo licitatório;

• Reavaliar o Plano de Desenvolvimento de Transportes Urbanos da RMR, envolver

ativamente a participação dos municípios e desenvolver planejamento com maior participação dos segmentos envolvidos e da sociedade em geral; iniciar a redefinição do planejamento de mobilidade urbana com a contratação imediata de uma nova Pesquisa de “origem e destino”;

• Incentivar a adesão dos municípios ao Consórcio Grande Recife por meio de integração, regulamentação e fiscalização visando gerar maior eficiência e qualidade do sistema;

• Ampliar a rede de ciclovias, implantar sinalização específica; promover maior disciplinamento do uso de bicicletas, realizar orientação e fiscalização; criar áreas de estacionamento em espaços urbanos e também nos terminais integrados de passageiros; incentivar os prédios públicos e sede das empresas para criar espaço próprio para bicicletas; junto às prefeituras, estimular a destinação de espaços para bicicletas nos novos projetos de construção; incentivar o uso de bicicletas e promover campanhas educativas para uso responsável no trânsito e para o respeito e convivência harmoniosa dos demais veículos e condutores com elas;

• Promover maior integração entre os modais existentes e desenvolver estudos visando incorporar crescente diversificação de modais com inovação e tecnologia; promover também maior compatibilização dos diversos modais no sistema atual de terminais e sua melhor utilização;

• Apoiar e fortalecer o Conselho Metropolitano de Transportes Urbanos; incentivar a sua atuação de maneira mais frequente e abrangente ; ampliar sua participação no

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planejamento do PDTU e nos debates sobre o modelo em vigore no aperfeiçoamento do sistema de transportes urbanos e da prestação de serviços aos usuários; fortalecer a participação do Governo do Estado em sua estrutura e funcionamento;

• Incentivar crescente transparência nos contratos e no cálculo de receitas e custos para a definição de tarifas e realizar estudos e planejamento para rever o sistema atual e avaliar o impacto social e a viabilidade econômica e financeira de subsídio público para tentar reduzir o valor das tarifas para os usuários;

• Promover um amplo debate com a sociedade e com o setor privado e realizar estudos para definir a viabilidade e a proporção dos subsídios a serem bancados pelo Governo do Estado;

• Estimular, em contrapartida, a realização de investimentos privados na aquisição de novos veículos, mais adequados ao sistema viário urbano e metropolitano; incentivar maior frequência, mais cobertura e melhor manutenção da frota existente e melhorias na prestação dos serviços; realizar investimentos públicos em infraestrutura viária e nas estações; promover os meios para avaliação, ampliação e qualificação do sistema, entre outros;

• Melhor regulação e fiscalização e controle da operação do sistema e cumprimento das normas, acordos e procedimentos pactuados;

• Promover estudos e identificar mecanismos e fontes de recursos para criação de um Fundo para subsidiar o sistema de tarifas e gerar meios para melhorias do sistema;

• Estimular a valorização dos cerca de 12 mil operadores (motoristas, cobradores e fiscais) do sistema e sua qualificação; incentivar o diálogo, negociação e articulação para viabilizar uma política justa e equilibrada no trato da remuneração dos operadores e das suas condições de trabalho

• Em conjunto com as prefeituras, criar programas para a manutenção e implantação de calçadas, nas dimensões acessíveis ao fluxo de pedestres e de pessoas com necessidades especiais; promover a qualificação e ampliação das condições de iluminação e de sinalização pública;

• Dar continuidade e acelerar os projetos e investimentos para viabilizar o transporte fluvial de passageiros e estudar a implantação de outros modais como o VLT.

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O setor de saneamento é extremamente importante para a população, pois está diretamente relacionado com a saúde pública e o meio ambiente.

Pernambuco ainda convive com níveis insuficientes na oferta de saneamento e de moradia. No estado, apenas cerca de 16% possui saneamento e, deste percentual, somente 27% dos esgotos são tratados.

Na RMR, onde foi estabelecido um projeto ambicioso em parceria com o setor privado, na forma de uma PPP para cuidar de saneamento, espera-se que este modelo possa contribuir para acelerar a taxa de expansão média dos últimos anos (em torno de 2%), embora isto não seja suficiente para gerar uma transformação do quadro atual no curto prazo, onde apenas cerca de 28% dos domicílios possuem saneamento.

É necessário avaliar a situação e o escopo desta PPP – direitos e obrigações, metas, custos e benefícios – e fortalecer os instrumentos de fiscalização e de controle de sua execução, através da agência competente de regulação. Por outro lado é importante estudar também os meios para incluir no projeto as comunidades e zonas especiais, entre outros.

São Paulo é o estado brasileiro com melhor situação neste quesito, alcançando quase 90% dos domicílios saneados.

Entre os fatores mais importantes ligados à redução das desigualdades, a universalização do acesso à água de qualidade e aos serviços de saneamento básico e moradia adequada é condição essencial para a melhoria da qualidade de vida da população, com forte impacto também nas condições da saúde e do meio ambiente. Segundo dados do Ministério da Saúde, a cada R$ 1,00 gasto em saneamento, outros R$ 4,00 são economizados no sistema de saúde.

Poucos municípios têm condições de atender adequadamente à função pública de saneamento básico, razão pela qual o estado deve ter um papel integrador e de articulação para a resolução eficaz desta questão.

Em Pernambuco, a Política Estadual de Recursos Hídricos, Lei 12.984/2005, não foca a questão do saneamento. Em 2008 foi desenvolvido o Plano Estratégico de Recursos Hídricos e Saneamento, um estudo detalhado das necessidades do estado. Entretanto, não existe um Plano Estadual de Saneamento.

Cerca de 94% dos municípios pernambucanos possuem convênios com a Compesa- Companhia Pernambucana de Saneamento para a operação dos serviços de abastecimento de água tratada e esgotamento sanitário. Por esta relevância, a Compesa precisa ser revitalizada e fortalecida.

a) Diagnóstico

Mesmo com todo o desenvolvimento econômico, os índices de atendimento ao esgotamento sanitário em Pernambuco, ainda estão abaixo das médias Brasil e Nordeste.

Em todo o país, a coleta de esgotos atinge apenas 48,1% da população. Do esgoto coletado, 37,5% recebem algum tipo de tratamento.

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Esgotamento sanitário e abastecimento de água tratada, ainda são problemas crônicos no estado e um enorme desafio a ser vencido, com soluções que demandam longo prazo , obras grandiosas e expressivos investimentos. Sua superação, pela dimensão e complexidade, não pode depender apenas da ação direta do Governo do Estado, pois exige participação ativa do Governo Federal e, cada vez mais, a presença do capital privado, através de modelos alternativos de parcerias de negócio .

Em Pernambuco, a coleta de esgotos atende a ínfimos 15,6% da população total e apenas 26,2% do volume de esgoto gerado é tratado, segundo dados de 2011 do Serviço Nacional de Informações sobre o Saneamento, órgão governamental.

No esgotamento sanitário, portanto, Pernambuco tem um grande deficit, que compromete o desenvolvimento sustentável do estado e o nível de saúde e de bem estar da população .

Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes estão na parte de baixo do ranking de saneamento que considera os 100 maiores municípios do país, elaborado pelo Instituto Trata Brasil, uma OSCIP formada por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país.

Jaboatão, com 650 mil habitantes, é a segunda maior cidade da RMR e está entre os dez piores municípios brasileiros acima de 300 mil habitantes, em relação ao saneamento, com uma cobertura de ínfimos 7,6% de moradias saneadas, ocupando a 97° posição. Os municípios de Olinda na 84°, Paulista na 74°, Caruaru na 70° posição e Recife na 69°, entre outros, deixam Pernambuco com o pior desempenho entre os estados do Nordeste.

Além do baixo atendimento das necessidades atuais, há uma pressão maior sobre o saneamento da RMR por conta dos novos investimentos em curso, em especial na capital. Este quadro é igualmente crítico também na região de Suape e, se não forem tomadas medidas desde agora, poderá ser crítica a situação futura do polo industrial que vem se formando em Goiana.

O meio ambiente, especificamente considerando os rios pernambucanos, paga um preço alto pelas deficiências no sistema de saneamento básico nos municípios. Hoje, os rios Ipojuca e Capibaribe, por exemplo, figuram entre os 10 rios mais poluídos do país. O rio Ipojuca, com nascente em Arcoverde, é poluído por lixo e esgoto doméstico, enquanto o Capibaribe, que banha 42 municípios, recebe esgoto doméstico e descargas industriais. Pela publicação IDS - Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, do IBGE, estas duas bacias, que são as principais a atender a RMR, ocupam os postos de sétimo e terceiro rios mais poluídos do país, respectivamente.

Hoje não existe planejamento metropolitano integrado reunindo os 14 municípios da RMR,, não apenas para cuidar dos problemas atuais, mas para prever e antecipar o ambiente a médio e longo prazos. O consórcio municipal não acontece no nosso estado, o cooperativismo não faz parte da nossa cultura.

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Entretanto, na RMR, por exemplo, existe uma forte interdependência entre os municípios. A solução dos desafios comuns ao espaço metropolitano passa pelo planejamento integrado e o novo Governador deverá assumir papel político de líder do Conselho Metropolitano. Não será eficiente o tratamento da questão urbana sem que seja estabelecido um pacto metropolitano e o planejamento integrado, que incorpore de maneira consorciada todos os municípios.

Há cerca de um ano, foi iniciada no estado a maior PPP no setor de saneamento do Brasil. Durante 35 anos assumirá a operação e comercialização dos serviços de esgotamento sanitário, coleta e tratamento, da RMR e de Goiana, atendendo a cerca de 3,7 milhões de habitantes, com o objetivo de atender, em 12 anos, a 90% da população urbanizada e garantir 100% do tratamento de todo o esgoto coletado.

Além dos benefícios para a população e do impacto nas condições de saúde, o tratamento de esgoto possui forte apelo empresarial. Pode ser concedido como negócio à iniciativa privada (PPP). O mesmo vale para a coleta e destinação de resíduos sólidos.

São modelos alternativos, que devem ser amplamente discutidos e implementados com transparência nos contratos, responsabilidade social e controle de sua execução para enfrentar uma situação crítica no estado, onde convivemos com índices muito baixos de coleta, transporte e tratamento de esgotos.

Por outro lado, é preocupante o fato de que cerca de 90% da água produzida pela Compesa dependam de sistemas de recalque (bombas), o que onera os custos e produz elevado consumo de energia elétrica.

Os grandes sistemas de abastecimento de água de Pernambuco foram implantados há muitos anos, a exemplo de Tapacurá, em 1997. Não existe um programa de recuperação e de qualificação para os sistemas implantados, com modernização de equipamentos. Ainda, em que pese os enormes benefícios para o estado e para a RMR, a partir da conclusão do sistema Pirapama, a oferta de água não está sendo distribuída à população de maneira eficaz, em função de gargalos na rede, que não suporta o aumento de vazão e não permite estender os serviços às áreas mais elevadas (morros), por exemplo.

Para o interior é essencial a conclusão das obras da Adutora do Agreste, que beneficiará uma vasta região e a construção, entre outras, das adutoras de Belo Jardim, Bonito, Lajedo, Jucati, Jupi, Calçados, Poção, Pesqueira, Águas Belas e Bezerros.

É fundamental lançar as bases de uma política de saneamento rural e desenvolver estudos de viabilidade e mobilizar recursos para o esgotamento sanitário das bacias do Capibaribe e do Ipojuca, bem como recuperar, qualificar e ampliar os sistemas existentes no interior.

É um imenso desafio, mas Pernambuco deve perseguir o objetivo de universalização do saneamento, no longo prazo, liderando movimento para a constituição de fundos e para a viabilização de recursos, promovendo ampla articulação, estimulando o capital privado, incentivando a inovação e mobilizando a sociedade para este fim.

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Baixa produtividade e qualidade dos serviços prestados pela Compesa

Tanto em Pernambuco, de maneira geral, quanto em Recife, 65% do que é produzido de água tratada é perdido entre vazamentos, roubos, e problemas de medição. É um índice muito acima da média do país.

Além destes, há problemas de baixa articulação, pouca coordenação e gestão insuficiente, bem como falta de integração na prestação de serviços e na operação com os demais órgãos da administração estadual. Não é por outras razões que no ranking do Procon com as 10 empresas que recebem mais reclamações em Pernambuco, a Compesa aparece em sexto lugar.

b) Linhas de atuação

• Articular atores públicos, privados e organizações diversas da sociedade para desenvolver estudos e buscar soluções inovadoras e integradas para o saneamento, bem como identificar tecnologias, fontes de financiamento e modelos de operação e de gestão para este tema, avaliando experiências positivas no Brasil e no exterior;

• Garantir a qualidade de atendimento e a melhoria dos serviços da Compesa, que deve ser revitalizada e fortalecida como empresa pública de referência;

• Ampliar a oferta de água tratada de qualidade e em quantidade para todos, na RMR e no interior, com prioridade para a conclusão de obras importantes em execução pelo Governo Federal;

• Avaliar a PPP existente, ampliar os mecanismos de controle e estudar possibilidades de realizar novas parcerias com o setor privado e a necessária articulação com o Governo Federal para ampliar os recursos de saneamento com foco no atendimento das necessidades da população, sem distinção.

c) Proposições

Estudar meios para estabelecer e intensificar PPPs e diversificar as fontes de financiamento para universalização dos serviços de saneamento de forma sustentável

• Ampliar formas de parcerias com o capital privado: concessões, subconcessões ou PPPs com contratos baseados em resultados /performance e submetidos à regulação, controle e acompanhamento de agência própria do estado;

• Estudar viabilidade de ampliar PPPs para esgotamento sanitário integrado nos núcleos de Goiana, Ipojuca e do Agreste, além de Petrolina, inicialmente. Juntamente com a RMR, estas regiões reúnem a maior parte da população do estado;

• Da mesma forma analisar as condições para fazer PPP para drenagem em Recife, responsabilidade do município, para substituição das tubulações antigas;

• Estudar e avaliar a PPP atual da RMR em profundidade, visando adaptações à demanda atual e futura e possíveis correções, principalmente para analisar direitos e deveres e as metas pactuadas, de modo a incluir as comunidades e zonas especiais, para beneficiar as populações de baixa renda;

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• Promover debate e articulação para definir uma Política Estadual de Saneamento, que contemple as diretrizes de universalidade de acesso aos serviços; integralidade às demais políticas setoriais; equidade para que os serviços cheguem a todos; modicidade na cobrança dos serviços; interiorização, regulação, controle, permanente monitoramento e avaliação, entre outros;

• Integrar e fortalecer as ações de saneamento integrado no programa “Minha Casa Minha Vida”, também nos projetos do interior do estado;

• Fortalecer o planejamento e a articulação para captar recursos e projetos do Governo Federal, mas também junto aos organismos internacionais (como o Banco Mundial, por exemplo) para atender às políticas públicas e programas de coleta e de tratamento de esgoto;

• Implantar consórcios públicos em cooperação com as prefeituras na área do saneamento integrado para realizar de maneira conjunta, serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem, pavimentação, coleta e destinação de lixo, instalações hidro sanitárias, relocação de moradias (quando indispensável), controle de vetores e educação sanitária e ambiental, entre outros. Na RMR, a criação de consórcios para implantação de sistemas de tratamento e/ou disposição adequada de resíduos sólidos deve ser integrada à ampliação dos sistemas e serviços de limpeza urbana.

Renascimento do planejamento e gestão metropolitana • Estabelecer política de planejamento e de gestão metropolitana, envolvendo os 14

municípios da RMR, por meio da criação de um Conselho com o suporte técnico de uma entidade técnica para promover o desenvolvimento integrado e participativo, capaz de tratar dos temas relevantes para o espaço metropolitano, entre eles não apenas o abastecimento de água, mas as políticas e ações de saneamento integrado;

• Atuar na discussão para criação de Comitês de bacias hidrográficas na RMR e consolidar os comitês existentes, por meio de articulação com as prefeituras, integração das ações dos organismos técnicos estaduais e municipais, além do apoio à participação da sociedade organizada e do suporte aos municípios.

Buscar soluções integradas para temas comuns

• A implantação de aterros deve ser uma solução estadual e sempre compartilhada com os municípios. Dar prioridade ao tema, através da criação de consórcios municipais para a construção de aterros sanitários e centros de tratamento de resíduos é uma ação que deve ser planejada e que exige articulação e cooperação;

• Estimular a criação de fóruns para discutir a questão dos resíduos sólidos nos municípios e buscar alternativas sustentáveis em ralação à preservação e respeito ambiental, incluindo os cuidados com os resíduos sólidos gerados nos estabelecimentos dos serviços de saúde;

• Cerca de 80% do que hoje é considerado 'lixo' poderia ser melhor aproveitado para reciclagem ou compostagem, o que significaria uma economia imensa para os municípios e oportunidades de negócios.

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• É preciso apoiar os municípios para erradicar os chamados “lixões”, aterros controlados e outras formas inadequadas de destinação;

• Promover a discussão e articulação para integrar os planos de uso do solo na RMR em uma política que contemple uma abordagem sustentável e responsável em relação ao meio ambiente e ao desenvolvimento urbano do território metropolitano;

• Igual conceito deve orientar os debates e a formulação de um plano de transporte metropolitano e a política de mobilidade urbana compatível com a lei do uso do solo, compartilhada com as prefeituras e com o governo estadual;

• Promover articulação e debate com vistas a agilizar a regulamentação das leis ambientais do estado, com uma visão metropolitana e regional;

• Estudar mecanismos para inclusão social dos catadores e recicladores; • Conferir atenção aos serviços de manejo das águas pluviais, ao manejo dos resíduos sólidos

e ao controle dos vetores transmissíveis de doenças para praticar no estado uma visão de saneamento ambiental.

Realizar choque de gestão nos prestadores de serviços • Desenvolver programas para intensificar a conscientização da sociedade (educação sanitária

e ambiental ) para uso racional e responsável da água); • Investir nos sistemas de controle operacional da empresa para implementar programa

eficaz de redução de perdas no sistema Compesa, atualmente em torno de 60%, o que gera desperdícios e onera o preço (tarifa) do m3 da água e ampliar a setorização da rede (hoje apenas 30%) proposta desde os anos 70 e só iniciada, em parte no fim dos anos 80;

• Garantir excelência de sistemas e processos de medição e hidrometria e considerar a situação de elevado percentual de poços para abastecimento (cerca de 10% em Recife), os problemas decorrentes da inadimplência e das ligações clandestinas;

• Ampliar a oferta de água, promovendo rígido programa de combate às perdas e ao desperdício, uma vez que 55% dos sistemas operados pela Compesa apresentam oferta menor que a demanda;

• Atuar na avaliação, monitoramento e na qualificação dos sistemas e na gestão para reduzir o elevado número de sistemas deficitários na relação receita/despesa (a grande maioria) tornando inviável a sua viabilidade econômico-financeira. É uma situação que persiste nas grandes cidades (devido aos assentamentos de baixa renda) e também nas regiões das grandes adutoras do interior;

• Modernizar o sistema de cobrança, investir na modernização da gestão comercial e recadastramento de domicílios, bem como desenvolver ações para diminuição das perdas na operação e no faturamento;

• Melhorar serviços de manutenção da rede de distribuição e agilizar o atendimento aos casos de vazamentos e desperdício;

• Fortalecer, qualificar a estrutura técnica e de pessoal da agência reguladora estadual (Arpe) para atuar com mais eficiência e eficácia na fiscalização, acompanhamento e controle, proceder à unidade de critérios e padronização, indispensáveis à melhoria da gestão do

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sistema e à prestação de serviços aos usuários, através de politica sustentável das relações de consumo;

• Desenvolver meios para corrigir os gargalos da rede de distribuição de água antiga, que não suporta o aumento da vazão e não permite a ampliação da distribuição adequada aos morros, por exemplo;

• Promover articulação com o Governo Federal para agilizar a conclusão das obras e serviços da Adutora do Agreste;

• Realizar estudos para avaliar a viabilidade de implantação do sistema Ipojuca e do sistema Sirinhaem;

• Da mesma forma, analisar as possibilidades de aproveitamento da bacia de Goiana (Itapirema e Arataca) para reforço do abastecimento de água da zona norte

Avaliar viabilidade de tarifação diferenciada e novo modelo de negócio • Avaliar a viabilidade de aplicar gestão diferenciada para os diversos tipos de oferta de água.

Distinguir as águas recebidas pelo mesmo cano: a primeira camada seria a água da higiene, água básica; as outras águas seriam destinadas à produção e a usos diversos: piscina, jardim e outros;

• Avaliar também a viabilidade de redesenho do modelo de negócio: a água poderia ser tratada de modo análogo ao do setor de energia elétrica, com separação da produção e da comercialização.

MEIO AMBIENTE Estes temas - saneamento e meio ambiente - estão muito associados e são fundamentais para todas as políticas que impactam o desenvolvimento sustentável e as ações para valorização da qualidade de vida das pessoas. O cuidado e a responsabilidade com o meio ambiente são elementos transversais a todos os demais temas que integram este Plano. Atualmente, cerca de 82% da população pernambucana vivem nas cidades. Isto requer um tratamento diferenciado dos espaços urbanos, no conjunto de ações para melhoria da qualidade ambiental, que contemple a definição de uma agenda para fortalecer a integração entre o homem e a natureza. É indispensável implementar políticas públicas e programa com base no conceito de desenvolvimento sustentável a partir do planejamento estratégico estadual, desde a a análise e a aprovação de projetos e empreendimentos e sua implementação, em lugar de incentivar o crescimento a qualquer custo, e privilegiar ações que não causem

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prejuízos à natureza, à qualidade de vida das pessoas, agora e no futuro respeitando a equidade social.

• É indispensável, portanto, estabelecer políticas ambientais direcionadas para as agendas verde (florestas,fauna,flora), azul (rios,reservatórios,lençóis freáticos) e marrom (cidades e aglomerações urbanas), de modo a atingir os objetivos de maneira integrada, transversalmente em todas as demais políticas setoriais;

• Complementarmente, é necessário desenvolver articulação e cooperação com os municípios para que realizem seus planos de ordenamento territorial urbano; na capacitação técnica e apoios às prefeituras para cuidar das áreas do centro das cidades, identificar e preservar conjuntos históricos e arquitetônicos, no cumprimento da legislação de ordenamento e planos turísticos (Estatuto das Cidades);

• Fortalecer atividades e os setores da economia que tenham como meta a melhoria e defesa da qualidade ambiental urbana, rural, e do meio natural tais como reciclagem, produção e comercialização de orgânicos, tratamento do lixo, turismo rural, modernização industrial, eficiência energética, reflorestamento e outras; Valorizar o pessoal dedicado aos setores de controle, fiscalização e de polícia ambiental e estudar a ampliação dos quadros e promover maior capacitação;

• Trabalhar junto às prefeituras e desenvolver política estadual para redução da poluição visual, sonora e ambiental e estabelecer mecanismos e políticas para o uso eficiente da atmosfera, dos solos e das águas promovendo condições adequadas para seu uso, usos alternativos e manutenção dos ecossistemas;

• Em relação aos recursos hídricos, estabelecer plano de uso sustentável das águas do estado, aproveitar os estudos existentes e fomentar novas pesquisas, incluindo a adaptabilidade das populações humanas aos períodos de seca e a redução de riscos para populações ribeirinhas e áreas sujeitas a desmoronamentos;

• Apoiar a instalação e manutenção dos comitês de bacia e estimular estudos e programas de recomposição das matas ciliares, em parceria com os municípios, priorizando locais críticos de assoreamento para assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas e as atividades econômicas das populações tradicionais;

• Implementar cuidados especiais para evitar a expansão da desertificação que assola o semiárido e fomentar a recuperação de solos salinizados e degradados;

• Estabelecer ações complementares para um gerenciamento de sistemas costeiros capaz de preservar a flora, a fauna e a beleza do litoral, evitando sua degradação ambiental e a exploração predatória, com especial atenção para a bacia do rio Goiana (pelos

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impactos do novo polo econômico, incluindo praias), a bacia do Capibaribe (recuperação das águas e questão dos esgotos), bacia do Ipojuca (principalmente em relação a Caruaru, onde o rio já passa contaminado), bacias do Sirinhaem-Una-Mundaú (assoreamento, contaminação, inundações), sub bacias do São Francisco, como as do Pajeú, Moxotó, Brígida, Ipanema, Pontal, Garças, Terra Nova e demais rios temporários (poluentes químicos usados na agricultura e pecuária, preservação dos lençóis freáticos, complementaridade do uso sustentável das águas, e aproveitamento das águas do São Francisco ao longo dos canais de interligação para desenvolvimento dos municípios);

• Estimular a educação ambiental em todos os setores e na rede pública e privada de ensino (fundamental e médio), com campanhas também voltadas para a população em geral;

• Desenvolver estudos e pesquisas, integrar as ações dos órgãos públicos e incrementar a articulação com o setor privado, o meio acadêmico e as empresas de TIC para identificar novas alternativas e estimular o uso de fontes energéticas renováveis, levando em conta a viabilidade técnica e financeira; atrair projetos de sequestro e fixação de carbono, por meio de reflorestamento, conversão energética e aproveitamento de biomassa; promover orientação, capacitação e estabelecer normas e fiscalização para que haja a devida compensação à sociedade pelos impactos ambientais locais e pelas emissões de gases formadores do efeito-estufa (termoelétricas e gerações diversas);

• Trabalhar em cooperação com os municípios, principalmente as maiores cidades, para cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos e apoiá-los em capacitação, suporte técnico, financeiro e articulação para possibilitar ações conjuntas nas áreas de coleta, coleta seletiva, reciclagem e destinação do lixo, de modo a extinguir o uso de “lixões” a céu aberto;

• Estudar alternativas (no Brasil e no exterior) e estimular o emprego de modais de transporte (cargas e passageiros) e a adoção de logística adequada para reduzir os níveis de emissões e poluentes atmosféricos, tais como o transporte ferroviário, VLT (veículo leve sobre trilhos), navegação fluvial e de cabotagem e outros;

• Fortalecer as instituições ambientais, tanto em nível de formulação e gestão da política estadual de meio ambiente, como dos órgãos de normatização, controle e fiscalização (CPRH), do Consema e da Cipoma;

• Desenvolver em parceria com o Governo Federal um plano de conservação integrada dos ativos ambientais do Parque Nacional de Fernando de Noronha sem comprometer seu aproveitamento turístico;

• Proceder ao resgate do passivo ambiental de Suape, incluindo a fiscalização e o controle, a manutenção da cobertura vegetal, a implantação de programa de educação

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ambiental e do Centro de Pesquisas de Aquicultura do Ibama (no Cabo), além de estudar maneiras e medidas efetivas para a aplicação das normas contidas no Plano Diretor em relação ao meio ambiente;

• Conferir especial atenção, cuidados e articulação com os municípios, o Governo Federal, o setor privado e o meio acadêmico para a preservação de regiões de Mata Atlântica, Caatinga, Zonas Estuarinas e outras remanescentes; da mesma forma, realizar estudos, fiscalização e controle para minimizar os possíveis impactos ambientais negativos que venham a ser causados nestes ambientes, sobretudo pela implantação de grandes obras e projetos voltados para o crescimento estadual como Arco Metropolitano, Transnordestina, Complexo de Suape, Polo de Goiana, Adutoras e obras da Transposição do São Francisco, entre outras.

Habitação

Segundo estimativas do IPEA, o deficit habitacional no estado de pernambuco em 2012 foi de 232 mil moradias, cerca de 15% do total registrado no nordeste. A RMR representa cerca de 42% do total, ou seja, quase 100 mil habitações. A ausência de uma política de planejamento e de desenvolvimento urbano que trate do tema moradia e da questão habitacional é o grande responsável pela inexistência de programas consistentes para tentar reverter esta situação. No estado, além destes problemas ainda persistem atrasos importantes na entrega das casas que foram destinadas para atender aos moradores que sofreram a perda de suas casas durante as enchentes ocorridas na mata sul. Proposições

• Na RMR, a partir da criação do Conselho Metropolitano e de uma política de planejamento integrado, o Governo do Estado, em cooperação com as prefeituras municipais deverá tratar a questão habitacional com prioridade e de maneira articulada com outros temas tais como: uso do solo, meio ambiente, mobilidade e transportes, saneamento e abastecimento de água, entre outros.;

• Ampliar as ações integradas com o Programa Minha Casa Minha Vida, de modo a

contratar a construção de 50 mil casas em todo o estado, via o aumento do aporte de recursos no programa;

• Concluir as moradias com a infraestrutura necessária para os moradores da mata sul,

especialmente no município de Palmares, que foram atingidos pelas enchentes;

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• Em todos os programas de construção de moradias deverão ser contempladas as ações

relativas a saneamento, abastecimento d´água, acesso a transporte, entre outros.

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A Economia Criativa teve em Pernambuco um ambiente favorável para evolução nos últimos anos, impulsionada pela expressão e diversificação da cultura estadual, pelo crescimento econômico recente, pela vocação pernambucana para as atividades e manifestações de criatividade e para as atividades terciárias.

a) Diagnóstico

Apesar do seu potencial, a Economia Criativa ainda não é explorada adequadamente.

Em anos recentes, a expansão da Economia Criativa foi significativa. Embora ainda seja relativamente pouco diversificado no estado, o setor tem como principais representantes, alguns segmentos que possuem dinamismo e crescimento, com predominância para software, engenharia e arquitetura, publicidade e design, turismo e artesanato, entre outros. Pernambuco tem milhares de empresas no núcleo criativo.

É um segmento que tem as ideias e serviços como insumo principal para geração de valor. Levando em conta a massa salarial movimentada por ele, estima-se que o núcleo criativo gere um PIB de cerca de R$ 2,5 bilhões no estado, montante que representa perto de 2% de toda produção estadual, ou seja,a sexta maior parcela dentre as 27 unidades da federação e a maior participação relativa da região.

São quase 25 mil profissionais criativos em Pernambuco, o que representa um peso significativo na economia e na força de trabalho estadual. Entre os Estados nordestinos, apenas o Ceará possui maior presença do núcleo criativo em seu mercado de trabalho.

É importante destacar que somente o Porto Digital e as 250 empresas de TIC ali instaladas, representam cerca de 6.500 pessoas com faturamento de R$ 1 bilhão e perspectivas concretas de ampliar para 10 mil este número de profissionais no curto prazo.

Entre os segmentos maiores empregadores, além daqueles já mencionados, devem ser considerados alguns outros, mais associados ao universo da cultura e das artes em geral, como artes cênicas, artesanato e artes plásticas, música e demais expressões culturais que, no seu conjunto, somam quase 10% do total da mão de obra criativa pernambucana, contra uma média de 7,6% , no contexto nacional.

Merece consideração, ainda, o fato de que a remuneração média dos profissionais da Economia Criativa é superior àquela dos demais setores, de maneira geral. Neste contexto, Pernambuco aparece como a 8a. Remuneração média do país e, no Nordeste, como a terceira, atrás apenas da Bahia e de Sergipe, segundo dados da Firjan/2012.

Ver, a seguir, os gráficos 1 e 2 e a Tabela 1, que ilustram esta situação.

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Gráfico 1: participação dos empregados criativos no total de empregados do estado - 2011

Fonte: Firjan (2012)

Tabela 1: 10 profissões mais numerosas do núcleo criativo

Fonte: Firjan (2012), dados Brasil.

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Gráfico 2: remuneração média dos empregados criativos do estado - 2011

Fonte: Firjan (2012), dados Brasil.

A imagem da Economia Criativa ainda não é adequadamente explorada

Pernambuco tem uma série de vantagens competitivas para expansão da indústria criativa, expressadas na imagem da sua capital: “Recife como cidade com melhor infraestrutura para novos negócios em Economia Criativa e TI no Brasil” (Pesquisa Urban Systems de 2014) e também , “1a playable city” do Brasil (British Council de 2013).

VANTAGENS DE PERNAMBUCO NA INDÚSTRIA CRIATIVA • Repertório cultural diversificado como fonte de conteúdo; • Capacidade já instalada em alguns setores: TIC, TV/vídeo, Publicidade, música,

Arquitetura e Engenharia e moda; • Estímulos existentes para games, editorial, moda, multimídia e espetáculos, entre

outros; • Custo competitivo da mão de obra, qualidade criativa e talentos profissionais; • Existência de infraestrutura para incubar novos negócios: Porto Digital e Porto Mídia. • Cursos de design, publicidade, engenharia e arquitetura, moda, multimídia e

correlatos disponíveis na capital e (alguns) no interior; • Estrutura no governo estadual voltada para o setor. Fonte: Adaptado de CICTE (Centro de Inteligência Competitiva para Parques Tecnológicos) e jornais diversos.

O segmento de Publicidade tem um desempenho de destaque no estado, na rregião e no Brasil: seja pelo número de empresas especializadas (agências e fornecedores diversos); pelo potencial criativo das agências e dos talentos profissionais; pelas empresas de mídia (impressa, eletrônica, de mídia exterior e alternativa); pelos cursos de formação (técnico e superior) e

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pelos valores (verbas) que movimenta, além do peso e diversificação das empresas anunciantes.

Além destes, merece destaque o segmento de promoção e de eventos, que mobiliza verbas importantes e reúne um amplo e diversificado tecido de empresas de criação, fornecedores especializados e profissionais.

Ao mesmo tempo, existem na Economia Criativa estadual, como atividade empresarial, importantes desafios a serem superados para atrair novos empreendimentos e consolidar os atuais com capital humano qualificado e acesso a mercados.

PRINCIPAIS DESAFIOS DA ECONOMIA CRIATIVA • A maioria dos empresários da Economia Criativa são micro e pequenas empresas, ainda

existe muita informalidade no setor, embora sejam presentes também algumas empresas de porte, estruturadas, competitivas e diferenciadas em todos os segmentos;

• Pouca proteção à propriedade intelectual e aos direitos autorais; • Baixo acesso aos organismos e instrumentos públicos (ex.: Finep/Criatec) de suporte; • Pequena formação e capacidade de gestão profissional e profissionais com formação

específica, em muitos casos, acúmulo de atividades como proprietário; • Baixo acesso a mercados externos (nacional e exterior) e demanda volátil; • Frágil articulação intersetorial e baixa integração com universidades e organismos de

inovação e tecnologia; • Baixa capacidade de financiamento.

Fonte: CICTE (Centro de Inteligência Competitiva para Parques Tecnológicos)

b) Linhas de atuação

• Criar incentivos para atração de empreendedores e apoio/capacitação ao seu desenvolvimento;

• Implantar territórios criativos na RMR e no interior do estado com apoio à regionalização, na criação e na produção;

• Promover o diálogo e a articulação do Governo estadual com os diversos segmentos produtivos da Economia Criativa para favorecer a interiorização, implantar programas conjuntos, aprofundar o conhecimento do ambiente social e econômico do setor e criar melhores condições para o seu crescimento;

• Estimular a aceleração de negócios, via intercâmbio técnico e tecnológico e maior fomento e acesso às linhas de crédito;

• Gerar condições mais favoráveis para a participação das empresas de Pernambuco nos projetos realizados no estado, em todos os segmentos da Economia Criativa (incluindo a Publicidade e o segmento de TIC);

• Promover articulação com as prefeituras e a iniciativa privada para apoiar e Economia Criativa nos municípios e favorecer as vocações locais;

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• Fortalecer e ampliar a articulação do Governo do Estado com o C.E.S.A.R, o Porto Digital e as empresas de TIC para gerar maior potencial de inovação na gestão e nos projetos .

c) Proposições

Implantar territórios criativos para atração de empreendimentos daeconomia

• Desenvolver a cultura empreendedora na Economia Criativa, explorando tanto o potencial já existente no mercado como nas escolas técnicas e nas universidades;

• Promover articulação junto à Prefeitura e órgãos federais para consolidar a presença e manter a localização atual do Porto Digital e das empresas de TIC no centro antigo de Recife e desenvolver, em conjunto, estudos e providências para a realização de obras e serviços de infraestrutura, segurança e mobilidade urbana com vistas ao adequado atendimento das demandas existentes e necessidades de expansão futura;

• Realizar levantamento e cadastro da Economia Criativa, em todos os seus segmentos e em todas as regiões, para atualizar o conhecimento da realidade deste setor produtivo no estado;

• Como forma de consolidar a imagem de Recife como capital da Economia Criativa no Brasil e de “Playable City número 1”, apoiar projeto urbanístico, em articulação com a Prefeitura, com as seguintes ações: • Fortalecer e qualificar a infraestrutura de fibra ótica, integrando provedores regionais de

acesso pela Rede Pernambuco; • Definir critérios e selecionar ruas ou bairros da cidade para revitalização; • Estudar a viabilidade de criar condomínios digitais na cidade; • Agilizar melhoria da infraestrutura de lazer/cultura , segurança e sinaliização e de acesso

e mobilidade urbana nas áreas selecionadas; • Desenvolver estudo e articulação institucional para ampliar planejadamente e de forma

integrada à política de interiorização, a extensão do Porto Digital para (pelo menos) uma cidade polo de cada região de desenvolvimento (em andamento providências para instalação em Caruaru);

• Acompanhar e articular com o Ministério da Cultura e Ministério do Desenvolvimento, a instalação de territórios criativos (a exemplo do que se pretende fazer nos próximos anos na Mata Norte em Goiana.) em regiões selecionadas;

• Articular com as prefeituras, em cidades onde serão instalados os territórios criativos, incentivos fiscais para fomento de negócios criativos;

• Estimular o empreendedorismo e apoiar a capacitação, em articulação com o Sebrae-PE e o Sistema S, entre outros, para mobilizar e sensibilizar as pessoas a desenvolver uma cultura empreendedora na Economia Criativa;

Ampliar apoio a empreendimentos da Economia Criativa

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• Facilitar a Incubação e a aceleração de “start ups” da Economia Criativa, entre outros, por meio de: • Ampliação dos incentivos do governo estadual (Secretaria de Ciência e Tecnologia,

AGEFEPE) e articulação para melhor aproveitamento dos incentivos existentes no Governo Federal (MinC/MCT/Finep);

• Fornecimento de mentoria em planejamento e gestão; • Ampliar a oferta de espaços/Infraestrutura física e TI para instalação dos novos

negócios, disponibilizando laboratórios, oficinas de prototipagem e galerias para exibição;

• Renovar o contrato com o Núcleo de Gestão do Porto Digital, o qual, na qualidade de OS (Organização Social) presta serviços ao Governo do Estado nas áreas de difusão das práticas de TI e na expansão e fortalecimento do polo digital (empresas de TIC); ainda, apoiar este núcleo, junto a instituições federais para captação de recursos destinados à infraestrutura, laboratórios, capacitação de recursos humanos e outros;

• Estudar a instituição de linha de crédito específica para negócios da Economia Criativa, por meio da AGEFEPE, aplicando (por exemplo) os recursos previstos pela Lei Complementar 126, que orienta a aplicação de 25% dos recursos de Ciência & Tecnologia nas micro e pequenas empresas.

Desenvolver plataformas para aumentar a conectividade do cidadão com o governo em áreas de interesse público

• Estudar a viabilidade de implantação de uma política para a área digital tipo “Governo Aberto” (Open Government Partnership) para estimular o desenvolvimento de plataformas colaborativas e viabilizar o aumento de escala na oferta de sistemas e aplicativos;

• Desenvolver ações para seleção de empresas de TIC-software e desenvolvimento de tecnologias (aplicativos, plataformas online)acessíveis- que possibilitem a troca de informações, a participação pública e colaboração com informações e ideias para dar suporte nas áreas de infraestrutura, transporte e mobilidade urbana, meio ambiente, lazer e cultura;

• Aumentar os níveis de transparência na ação do governo estadual, mediante a divulgação de dados nas plataformas digitais.

Conectar a indústria criativa com a indústria do turismo, para valorização da marca Pernambuco

( Ver diagnóstico e proposições específicas para o tema Turismo, adiante) Proposições específicas para o Artesanato

• Definir plano de posicionamento de Pernambuco como estado do turismo cultural associado ao artesanato e ter como meta incluir Recife e Olinda na lista de cidades criativas da UNESCO;

• Realizar eventos regionais semelhantes à Fenearte no interior e incentivar feiras regionais, dando maior visibilidade para o artesão local;

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• Associar o artesanato em suas diferentes formas, materiais e produção às ações de promoção do turismo cultural;

• Apoiar e profissionalizar a produção de artesanato pernambucano; identificar, fortalecer e promover as manifestações locais, as características de cada região e a segmentação; valorizar os artistas regionais; criar incentivos e meios para dar suporte à produção, distribuição, exposição e comercialização;

• Promover a capacitação dos artesãos, em termos de técnicas, tecnologia, materiais, instrumental de trabalho e outros; estimular a formação de novos talentos; apoiar o cooperativismo como forma de estimular e fortalecer o artesanato e a produção artesanal no estado;

• Desenvolver estudos e pesquisas sobre a história do artesanato pernambucano, favorecer o intercâmbio técnico e cultural com outros mercados e regiões como forma de divulgar a cultura e a produção de Pernambuco e absorver novas influências, técnicas e conhecimentos;

• Criar meios para facilitar o acesso de artesãos, cooperativas e outras formas de associativismo do segmento às fontes de crédito e financiamento.

Desenvolver acordos de cooperação internacional para intercâmbio de conhecimentos e experiências, acesso a mercados e financiamento de projetos

Desenvolver acordos com governos ou instituições de países onde a indústria criativa evoluiu substancialmente para incentivar:

• Intercâmbio cultural, de experiências e conhecimentos entre profissionais; • Parcerias de negócios com empresas e profissionais da indústria criativa de

Pernambuco; • Maior diversificação e acesso a financiamentos e apoios internacionais; • Melhor capacitação, tecnologia e instrumentos de gestão de negócios criativos; • Acesso a novas oportunidades e a mercados (via feiras e exposições, por exemplo); • Participação em concorrências, certames e outros; • Realização de projetos em parceria; • Abertura de oportunidades de relacionamento com ambientes de inovação e

tecnologia, universidade e empresas.

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Turismo

a) Diagnóstico

O setor de turismo possui valor expressivo para a economia estadual, seja pela ampla e diversificada cadeia produtiva que integra, seja pela sua participação no PIB ou, ainda, pela importância que tem na divulgação da imagem de Pernambuco e na atração de pessoas, eventos e recursos para o estado.

Segundo a Empetur, são cerca de 3 milhões de turistas (nacionais e internacionais) que chegam a Pernambuco por ano (2013), numa evolução significativa quando comparado com 2010 (2,5 milhões) e com o ano de 2000 (1,6 milhões), por exemplo. O aeroporto internacional dos Guararapes é o segundo do nordeste (3,5 milhões de passageiros desembarcados em 2013), ficando à frente de Fortaleza (2,9 milhões) e atrás, apenas, de Salvador (3,9 milhões) no movimento de passageiros.

Este fluxo, no plano internacional, considerando os desembarques nos Guararapes, é liderado por turistas americanos, seguido de alemães, argentinos, italianos e portugueses. Em relação ao Brasil, o maior fluxo é de paulistas e cariocas.

O conjunto de hotéis e restaurantes, levando em conta apenas a cidade de Recife, que concentra a maior oferta de equipamentos e um fluxo turístico importante, gera uma receita de impostos (ISS) bastante significativa, de cerca de R$ 1milhão/mês, o que dá uma dimensão da magnitude desta atividade econômica para a economia municipal, sem considerar neste cálculo receitas advindas de outros negócios envolvidos nesta diversificada cadeia produtiva.

No estado, o turismo representa algo como 8% do PIB proporcionando cerca de 350 mil empregos diretos e indiretos.

O Plano estratégico do turismo estadual, concebido ainda em 2008, avaliou que o segmento em Pernambuco possui destinos turísticos com uma imagem bem consolidada junto ao público nacional e internacional, com expressão cada vez mais relevante para o chamado turismo de negócios, ao lado da exploração do turismo de massa, o qual atende a grupos de visitantes que utilizam o serviço de agências e operadoras de viagens.

Estas viagens, na sua maioria são realizadas com baixa customização, priorizando a visitação dos principais atrativos de Pernambuco num curto espaço de tempo. Por falta de informação, maior planejamento e de melhor infraestrutura dos destinos turísticos, além da carência de variadas opções de lazer e de serviços isto leva, na maioria das vezes, a uma permanência menor do que seria desejável e necessário para um desfrute adequado, para uma ampliação dos gastos e consequente fortalecimento do setor.

Esta realidade, entre outros motivos, aumenta a concentração e a superlotação nos principais destinos turísticos, comportamento que faz com que a experiência vivenciada seja

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impactada por um fluxo excessivo, sobretudo em períodos determinados. O perfil da visitação, caracterizada pela procura por poucos atrativos, facilmente acessíveis, ocasiona menor diversificação de demanda e baixa interação com as localidades visitadas.

Os destinos turísticos de maior destaque em Pernambuco são:

-Porto de Galinhas, Recife/Olinda e Fernando de Noronha.

Na época de São João, Caruaru também ocupa posição diferenciada entre os destinos estaduais, como Fazenda Nova (Nova Jerusalém) na Semana Santa.

É nítido, portanto, que o turismo no estado encontra-se ainda muito concentrado numa estreita região, próxima da capital e que se estende pela sua faixa litorânea, principalmente as prais do litoral sul, com muito poucos focos alternativos (em termos de demanda) em outras regiões pernambucanas.

O interior do estado, salvo exceções - Fazenda Nova/Nova Jerusalém, Bezerros (Papangu, no carnaval), Gravatá e Garanhuns(Circuito do Frio), por exemplo – ainda é muito pouco beneficiado pelo turismo, sobretudo por demandas vindas de fora do estado.

Nesses destinos mais consolidados, no entanto, a sazonalidade da demanda, concentrada nos meses de férias escolares, durante o verão ou em datas/períodos específicos, é um desafio a ser enfrentado. Isto acarreta desequilíbrios e descontinuidades entre oferta x demanda com superlotação em determinadas ocasiões e baixa ocupação fora desses períodos.

Outra fragilidade a ser corrigida é referente à infraestrutura de apoio ao turismo, a qual se apresenta deficiente na maior parte das localidades pernambucanas, com raras exceções.

Por outro lado, mesmo as ações promocionais realizadas no trinômio Recife/Olinda, Porto de Galinhas, Fernando de Noronha são desarticuladas, não são planejadas adequadamente e com baixa integração a um calendário geral de turismo estadual.

Os efeitos são sentidos intensamente, pois os destinos turísticos, sobretudo no interior pernambucano, poderiam ser mais atraentes, melhor estruturados e mais trabalhados, a partir de um plano consistente e integrado com o setor privado.

Neste sentido, é necessário construir propostas para um período mais longo e não apenas projetos pontuais de curto prazo, a partir de políticas públicas estabelecidas em conjunto com os municípios e com o “trade turístico”, as quais devem contemplar investimentos para a promoção turística e programas integrados para o fortalecimento e qualificação da infraestrutura e serviços.

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Ainda existe descontinuidade nas ações e nas políticas voltadas para o setor e uma deficiência de interlocução (diálogo e articulação) mais direta e permanente do Governo estadual com o setor empresarial.

Esta postura facilitaria o tratamento de problemas que afetam o negócio do turismo e o dia a dia do cidadão, tais como: precariedade da mobilidade urbana, segurança pública, saneamento básico e limpeza urbana, déficit de sinalização urbana, precária malha rodoviária e carência de informações turísticas, que são entraves para o desenvolvimento da atividade no estado.

A despeito dessas limitações e problemas, o fluxo global de turismo em Pernambuco apresentou crescimento nos últimos anos. Em 2013, foram 5 milhões de turistas visitando o estado, numa expansão de 11,2% entre 2011 e 2013.

Se fossem vencidos os problemas acima e caso houvesse planejamento adequado, maior articulação e prioridade para o setor, estes números poderiam ser mais expressivos.

No período, o desembarque de passageiros no aeroporto internacional dos Guararapes cresceu 7,6% nos voos nacionais e 12,8% nos internacionais. Ainda em 2013, foram 3,5 milhões de passageiros em voos domésticos e 128 mil em voos internacionais.

Esse crescimento decorre, em boa parte, de uma demanda estimulada pela ascensão das classes menos favorecidas financeiramente; da expansão do crédito; e do ambiente de negócios aquecido no Estado, em função dos vários projetos industriais estruturadores ( que impacta diretamente o turismo de negócios).

Adiciona-se a esses fatores, a realização da Copa do Mundo, que movimentou ainda mais o setor neste ano de 2014.

Em razão desse período de “boom”, entre 2011e 2013:

- a oferta de leitos cresceu 9,4% ( total de 74.712 unidades) e o número de estabelecimentos cresceu 8,4% ( total de 1.139 unidades).

- o gasto médio individual diário dos turistas nos destinos indutores do Recife/Ipojuca e Fernando Noronha foi de R$ 221,88.

Esse cenário gerou novos investimentos e até 2017 deverá acontecer uma expansão de cerca de 10,5 mil novas vagas de leitos no estado, o que aquece a concorrência e intensifica a necessidade de dinamização do setor com maior articulação e apoio do Governo do Estado.

No curto prazo, entretanto, há preocupação do setor com a perspectiva de baixo crescimento econômico do país (sobretudo em 2014 e 2015), que inibe novos investimentos, em função do arrefecimento do poder de consumo da população brasileira e dos impactos sobre a economia estadual, o que prejudica o turismo de lazer e de negócios, respectivamente.

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Por outro lado, há oportunidades para expansão do segmento:

- Pernambuco tem um patrimônio histórico-cultural de bens tangíveis e intangíveis, que ainda não tem sido adequadamente divulgado e explorado como negócio. Assim, existe um grande potencial de exploração turística em função desses bens, tanto na Região Metropolitana quanto no interior do Estado. Entre outros, os papangus em Bezerros, os maracutus em Nazaré da Mata, a igreja mais antiga do Brasil em Goiana, as obras do mestre Vitalino, em Caruaru, para citar exemplos;

- Também, cresce o espaço para o chamado ecoturismo e turismo rural onde, por exemplo, Gravatá pode se fortalecer como um polo importante nesse tipo de atividade;

- Além disso, também está em ascensão, o chamado turismo da saúde.

Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que entre os anos de 2008 e 2010, 180 mil estrangeiros escolheram o Brasil para realizar tratamentos de saúde. Municípios como São Paulo e Porto Alegre já assumiram a dianteira na atração deste fluxo e, agora, enxergam em Pernambuco um forte concorrente, pelo que o estado representa de crescimento no segmento, consolidando-se como polo médico e de serviços de saúde.

É importante ter em consideração, ainda, o papel do estado como centro de comércio e de serviços, sobretudo a cidade de Recife (seguido de Caruaru e Petrolina), o que atrai turistas por meio do apelo de consumo e pela oferta de uma economia diversificada com opções de qualidade nestes segmentos.

b) Proposições

. Ampliar o diálogo e intensificar a articulação entre o Governo do Estado, o Governo

Federal e as Prefeituras; as empresas do setor privado e o “trade turístico” para fortalecer o planejamento, estabelecer programas e desenvolver ações e políticas para o crescimento e fortalecimento do setor;

. Avaliar a atuação e a composição atual do Conselho de Turismo para torná-lo ainda

mais atuante e representativo e manter cooperação diretamente com instituições privadas, como o Recife Convention & Visitors Bureau, cuja função é captar eventos (congressos, feiras, seminários, etc.) para o estado, bem como atrair visitantes;

. Fortalecer e qualificar a EMPETUR, valorizar seus servidores e promover maior

capacitação técnica, de forma continuada, para planejar e operacionalizar a política e os programas de turismo;

. Estabelecer estratégia e ações para promoção do estado como destino turístico;

ampliar e fortalecer a infraestrutura e os serviços; a gestão, organização e articulação para o desenvolvimento do turismo em Pernambuco, de acordo com objetivos e metas

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a serem definidos em conjunto: Governo/setor privado, no futuro Plano estadual de turismo;

. Criar condições para ampliação dos espaços para realizar convenções, eventos e

congressos, principalmente em apoio ao setor produtivo e à divulgação dos produtos e serviços pernambucanos. A ampliação do atual Centro de Convenções de Pernambuco (Recife/Olinda) e os estudos para criação de novos espaços em Caruaru e Petrolina, por exemplo, são demandas importantes para incrementar o turismo de negócios e para apoiar a economia regional;

. Promover a Interiorização e fortalecer o processo de municipalização do turismo,

apoiando os consórcios municipais e oferecendo apoio técnico, financeiro e gerencial às prefeituras para identificação, organização, divulgação e exploração das potencialidades turísticas e dos atrativos (valorizando o patrimônio histórico-cultural do estado) locais e regionais. Nesse sentido é importante o suporte à associação dos secretários de turismo municipais pelo seu papel e contribuição ao desenvolvimento dessa política;

.Ampliar e qualificar a infraestrutura e os serviços:

- na segurança (com pessoal capacitado para atendimento ao turista); de saúde ; no saneamento, coleta de lixo e limpeza pública; na mobilidade urbana (incluindo calçadas e iluminação pública); na manutenção e ampliação da rede viária (urbana e estradas); na sinalização urbana e rodoviária; nas informações turísticas; nos equipamentos públicos, como banheiros urbanos, entre outros. É preciso considerar que o visitante compartilha a qualidade de vida da população residente no destino e precisa ser estimulado a conhecer o maior número de atrativos possível. A disponibilidade de infraestrura adequada é uma forma de ampliar sua permanência ou motivar um breve retorno; Neste sentido, as praias devem ser objeto de ação permanente e prioritária visando estabelecer condições favoráveis para o uso: em termos ambientais e de segurança; nas condições de acesso e permanência, incluindo a prestação de serviços, orientação e informações aos banhistas, além da prestação de socorro de emergência e serviços médicos e de saúde;

. Articulação com o Governo Federal para estudo da ampliação da malha aéreaque

serve ao Estado, seja regional, nacional ou internacional, através da captação de mais voos (em quantidade e frequência) e da ampliação e qualificação do aeroporto. Estudar, também, regionalmente, a viabilidade de construção e de qualificação de aeroportos;

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. Agilizar a realização das obras e serviços para consolidar o Porto do Recifee concluir a

estrutura de serviços do seu terminal marítimo de passageiros, requalificar e ampliar o TIP e melhorar sua infraestrutura de serviços como terminal rodoviário de passageiros;

. Desenvolver ações para incrementar o turismo cultural:

-apoiar os investimentos para ampliação e diversificação dos espaços de teatro, dança, shows, exposições de arte e música, entre outros; -adaptar e trabalhar criativamente o vasto repertório cultural pernambucano (gastronomia, música, arquitetura, eventos artístico-culturais, teatro, dança) para a criação e o desenvolvimento de produtos criativos com apelo turístico. Neste particular, conferir tratamento diferenciado ao Frevo; -reavaliar as formas de apresentação dos produtos turísticos do estado, seja do ponto de vista físico e de sinalização, seja nas formas de divulgar e promover as riquezas culturais, seja ainda pelo aumento das informações e o tempo/forma de exposição aos turistas. Para isto, criar espaços integrados com outras opções para expor, encantar e atrair. O objetivo é proporcionar, assim, maior estabilidade aos eventos e maiores possibilidades de investimentos privados em atividades de apoio.

. Articular e integrar estes esforços de apoio e de promoção do turismo com a área de

publicidade e de comunicação do Governo do Estado;

. Criar e fortalecer alternativas de lazer, no Recife e nos polos turísticos para aumentar

sua atratividade e tempo de permanência dos turistas. O mesmo em relação à prática de esportes, sobretudo as modalidades associadas à natureza: mar, (esportes náuticos), agreste e sertão (trilhas, rallies) e outros;

. Avaliar a situação atual e desenvolver estudo e articulação visando promover uma

maior utilização da estrutura criada para o campeonato mundial de futebol (Arena da Copa) no segmento de shows e grandes eventos artísticos e esportivos (multimodalidade).

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O amplo e diversificado tecido econômico-social representado no estado pelo conjunto das micro, pequenas e médias empresas, constitui um setor que responde pela oferta do maior número de empregos em Pernambuco, nos mais variados segmentos da atividade produtiva. Setor que se caracteriza pela elevada geração de renda do trabalho e domiciliar, em todas as regiões. É, também, uma poderosa alavanca para a interiorização do crescimento econômico.

Em 2013, os pequenos negócios – 116 mil micro e pequenas empresas e 138 mil microempreendedores individuais (MEI) - criaram 23 mil novos empregos, representando 99% do número total das empresas existentes em Pernambuco. No período de uma década (2004 a 2013), os pequenos empreendimentos foram responsáveis por 88% da criação de vagas no estado.

Por reconhecer a importância deste ambiente econômico formado pelos pequenos negócios, este setor é um dos objetos prioritários da atuação do futuro Governo do Estado, seja através de políticas voltadas para o seu fortalecimento, capacitação técnica e inovação; seja por medidas para desburocratizar processos e regulação, que criam dificuldades na gestão e na operação das pequenas empresas.

Ou, ainda, por meio de instrumentos capazes de lhes conceder tratamento fiscal e tributário diferenciado que possibilite melhores condições para estas empresas competirem e crescer.

O perverso mecanismo da “antecipação (substituição) tributária” em vigor atualmente em Pernambuco, praticamente anula os benefícios do Simples e cria uma situação que não favorece o crescimento dos pequenos.

Esta política exige que eles tenham maior capital de giro para fazer face a estas exigências pressiona os custos, que na maioria das situações acabam sendo repassados aos preços diminuindo a capacidade de competir com os produtos de outros estados ou reduzem as margens de lucratividade prejudicando a saúde financeira das empresas e dificultando suas perspectivas de investimentos.

Aqui, as MPEs “pagam na frente” para depois produzirem e realizarem seu o negócio.

a) Diagnóstico

Apesar do volume de pequenos negócios crescerem mais do que o PIB do estado, 4 em cada 10 empreendedores decidem abrir um negócio por necessidade, e não por oportunidade (no Brasil, são 3 em 10). Ver tabelas abaixo:

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Tabela 1 – Empreendedores iniciais segundo motivação: taxas1, proporções2 e razões3 – Região Nordeste e Brasil

O estudo mostra, ainda, que quanto maior a escolaridade maior o empreendedorismo por oportunidade.

A Tabela, a seguir, demonstra de maneira resumida a situação dos pequenos negócios, na medida que ilustra a compreensão sobre a realidade empresarial em termos de perfil dos empreendedores neste segmento.

Tabela 2 – Perfil de empreendedores iniciais segundo características demográficas em relação à motivação: proporções1 e razões2

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Região Nordeste – 2012

Baixa inovação e pequena inserção internacional dos novos empreendimentos

Os novos empreendimentos em todo o país contam ainda com muito pouca inovação de produtos e de processos.

Verifica-se, por outro lado, baixa inserção internacional, pois a proporção dos empreendedores que praticam exportação de produtos e de serviços e possuem consumidores no exterior é muito pouco expressiva. Este fator também contribui para manter pequeno nível de inovação e de modernização, que poderiam ampliar a competitividade.

Esta realidade nacional, também se reproduz em Pernambuco, não apenas no setor das MPEs, mas, de maneira geral no ambiente industrial, onde persistem baixos índices de inovação e

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ainda uma inexpressiva abertura para o exterior, uma vez que as exportações do estado representam apenas 0,5% das vendas externas do país.

Dificuldades ainda persistem ao longo da trajetória do pequeno negócio:

• De forma geral, existe pouco estímulo ao empreendedorismo no estado e o modelo pedagógico de educação reflete isto: na educação básica, no ensino técnico e também no ensino superior;

• Há pouca orientação e persistem dificuldades no acesso ao crédito com escassez de capital de giro nas pequenas empresas e, da mesma forma, ainda permanecem os entraves e a burocracia nos processos para abrir, fechar e operar um empresa em Pernambuco;

• São muito poucas as informações sobre mercados, além de baixa capacitação em gestão no setor e pequenos níveis de inovação e do emprego de tecnologia;

• O tratamento fiscal e tributário do Governo do Estado para o setor não é adequado ao perfil dos pequenos negócios, não favorece o empreendedorismo e dificulta o crescimento econômico-financeiro das empresas do setor e a sua competitividade.

• Ao lado disto, os pequenos negócios se ressentem de uma maior participação na política de compras do Governo do Estado, que poderia se constituir em instrumento importante para o fortalecimento deste amplo setor, pela sua expressão econômica e pela capacidade de gerar empregos em Pernambuco.

A figura seguinte, que ilustra um estudo realizado para o Sebrae nacional representa, de forma sistematizada, o ciclo que precisa ser seguido por um potencial empreendedor e ilustra as variadas demandas ao longo da trajetória de vida das MPEs.

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O ensino é caminho essencial para pavimentar o acesso ao mundo dos negócios. É importante levar em consideração algumas situações:

ENSINO DO EMPREENDEDORISMO

ENSINO ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA

EMPREENDER PODE SER ALTERNATIVA TÃO LOGO O JOVEM SE SINTA CAPAZ

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Este ambiente contribui para a compreensão de algumas das principais dificuldades encontradas no pequeno negócio (ver quadro abaixo):

Falta apoio especializado no desenvolvimento de competências, processos, produtos e serviços:

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Fonte: Pesquisa Data Popular – set/12

Compras governamentais

Há potencial para aumentar a participação das MPEs nas compras governamentais em Pernambuco.

Em 2012 elas representavam 9% do total das compras e se pretendia atingir 25% em 2013, segundo dados da Secretaria de Administração, embora não exista metodologia e indicadores exatos para esta medição.

Estes números, portanto, são estimados, porque não há uma métrica estabelecida nem informações detalhadas para apuração. Da mesma forma, não existem critérios e políticas objetivas para a realização de compras às MPEs.

Ainda é baixa a inserção das MPEs nas cadeias produtivas. Depoimentos feitos à FIEPE indicam que as MPEs em Pernambuco estão participando muito pouco como fornecedoras de produtos e serviços para os novos empreendimentos do estado, seja porque não conseguem atingir o nível de qualificação requerido, seja por dificuldades de informação (de ambos os lados) ou de competir em condições de preço, prazo de entrega ou quantidades a serem produzidas no período exigido pela encomenda.

A taxa de sobrevivência das MPEs em Pernambuco está bem abaixo da média nacional.

Este quadro, no entanto, mostra que este desempenho, no interior do estado, tem sido superior, o que requer melhor entendimento das causas e pode representa uma oportunidade.

Embora necessite de maior atualização, o gráfico abaixo demonstra que, infelizmente, Pernambuco só está em condições melhores do que o Amapá, Amazonas e Acre em taxa de mortalidade das MPEs.

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De acordo com estes estudos do SEBRAE, a cidade de Recife é a pior no contexto regional (Nordeste) e, no plano nacional só perde para Manaus e Rio Branco, em termos de sobrevivência das MPEs, o que exige uma avaliação profunda das causas deste problema e medidas urgentes para mudar o ambiente de negócios e as condições de vida deste segmento empresarial.

Esta situação contudo, parece que não atinge apenas o universo dos pequenos negócios. Embora não seja referente às PMEs, especificamente, estudos do Centro de Liderança Pública (2012) e da revista The Economist mostram que, apesar de Pernambuco vivenciar o segundo melhor ambiente de negócios do Nordeste (abaixo da Bahia e à frente do Ceará), o estado é apenas o 14o no ranking de competitividade do Brasil e o pior em regime de regulação de impostos.

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A carga tributária para a MPE em Pernambuco está acima da média nacional.

De acordo com estudo realizado pelo Sebrae sobre a alíquota efetiva recolhida pelas MPEs nos estados do Brasil pode-se observar que apenas o Paraná (4,7%) tem uma alíquota efetiva inferior ao determinado pelo Simples Nacional (5,2%).

A alíquota de Pernambuco (6,8%) está acima da média dos estados do Brasil, sendo a 14° nacional, ficando abaixo de apenas dois estados do Nordeste: Maranhão e Sergipe.

Fonte: Pesquisa CNI/Sebrae 2012

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Fonte: Pesquisa CNI/Sebrae 2012

b) Linhas de atuação

• Formular políticas de desconcentração da atividade produtiva e de interiorização do desenvolvimento e promover articulação com as entidades representativas do setor, as prefeituras e organismos do Governo Federal para apoio às MPEs em todas as regiões do estado valorizando as vocações e os APLs;

• Urgente necessidade de ampliar as condições objetivas de competitividade e de inovação das MPEs, a partir, entre outros: de maior capacitação técnica e gerencial, melhores informações sobre mercados e oportunidades, articulação com as empresas de TIC e universidades e do fortalecimento e ampliação da política de compras governamentais;

• Estabelecer estudos e avaliação para mudanças na política que conceda maior apoio, tratamento prioritário e diferenciado às MPEs, sobretudo no que se refere à desburocratização dos processos e à política fiscal e tributária.

c) Proposições

• Instituir a Lei Geral Estadual das Micro e Pequenas Empresas no Estado, para dar maior

segurança jurídica e ampliar o alcance das medidas que favorecem os pequenos negócios; evitar a dispersão da legislação atual, onde muitos dispositivos são portarias e decretos; e estudar a extensão deste tratamento ao Produtor Rural e à Agricultura Familiar (grupos de produção solidária, cooperativas de produção e outros empreendimentos;

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• Rever a pauta de produtos sujeitos à ST (Substituição Tributária), uma vez que Pernambuco foi o estado que mais cresceu (425%) as receitas sujeitas a este mecanismo entre 2008 e 2012 e acelerou ainda mais este processo até 2012;

• Estabelecer uma aplicação diferenciada da MVA (Margem de Valor Agregado) para os

pequenos negócios, visto que a legislação atual, em muitos casos, penaliza os pequenos empreendimentos que não conseguem atingir a margem de lucro estimada;

• Criar ambientes físicos e virtuais nas regiões de desenvolvimento (em suas cidades

polo), nos moldes do Poupa Tempo (SP) e do Minas Fácil (MG), por exemplo, de modo a integrar os serviços de registro, alvarás e licenças dos pequenos negócios e integrar estes serviços para facilitar a vida do empreendedor. O Governo do Estado deverá articular e concentrar em um único espaço: a abertura de empresa (balcão da Junta Comercial – Jucepe), informações sobre cursos de planejamento e gestão (Sebrae), informações sobre cursos técnicos (Senai, Senac, Senar), informações sobre financiamentos (Banco do Brasil, BNDES, linhas estaduais e outros);

• Reduzir a zero a cobrança feita pelos órgãos estaduais das taxas de registro, alteração,

licenciamento e baixa do MEI (Micro Empreendedor Individual) e analisar a alternativa de que o MEI (em casos específicos) possa registrar seu pequeno negócio no âmbito residencial;

• Estudar meios para efetivar o fundo de aval ou fundo garantidor (definir fonte de

recursos) para facilitar a tomada de crédito (inclusive com juros diferenciados) pelos pequenos empreendedores, fazendo operar de fato o convênio assinado pela Agefepe e o Sebrae;

• Criar programa de incentivos fiscais e creditícios para as micro e pequenas empresas

instaladas em polos industriais e comerciais com o intuito de favorecer o encadeamento produtivo;

• Estudar criação de fundo estadual científico e tecnológico ou, ainda, de uma agência de

fomento para financiar inovação e tecnologia de MPEs como acontece em outros estados; promover a articulação com organismos de apoio às MPEs, com representantes do setor privado, instituições financeiras, universidades e organismos de tecnologia, pesquisa e inovação com a finalidade de ampliar os níveis de inovação e de participação das MPEs nas cadeias de valor;

• Reativar, fortalecer e aprimorar o Fórum estadual da micro e pequena empresa, para

aproximar representantes das MPEs e do Governo Estado e servir de mecanismo de diálogo e construção de proposições conjuntas, envolvendo também os municípios;

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• Estabelecer maior articulação das secretarias (Micro e Pequena Empresa, Planejamento, e Desenvolvimento Econômico) e demais órgãos estaduais com o setor de MPEs, de maneira permanente, desburocratizada e facilitadora;

• Fortalecer e consolidar a presença das MPEs nas compras governamentais, seja através

de melhores informações e de tratamento diferenciado, seja por meio do apoio à sua melhor capacitação para atender às demandas; priorizar os pregões presenciais regionais; estabelecer condições para ampliar a participação mais ativa nas compras de alimentos; estabelecer política integrada para que estas ações sejam compartilhadas por todos os órgãos da administração estadual; manter total transparência sobre os processos, programas, ações e resultados;

• Criar ambiente positivo, mediante capacitação, fortalecimento financeiro, inovação e

articulação para que as MPEs participem crescentemente dos novos empreendimentos em Pernambuco ampliando suas perspectivas de crescimento, incluindo as empresas de TIC com perfil que se enquadre nesta política e de serviços;

• Promover articulação e desenvolver programas para introduzir a disciplina e prática de

empreendedorismo nas escolas técnicas estaduais, universidades estaduais e no Ensino Médio; apoiar e incentivar o aproveitamento de ideias e projetos dos alunos do Ensino Técnico ou Superior em novos negócios, divulgando e ampliando atuação da INCUBATEP (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Pernambuco);

• Apoiar e ampliar a atuação do Pronatec Empreendedor (2013) do MEC, cuja meta é

chegar a 1,5 milhões de alunos e 7 mil professores (2014), incluindo bolsas de estudo para professores;

• Estimular a inserção digital nas MPEs e criar mecanismos e articulação para estimular e

apoiar a compra de equipamentos e softwares;

• Fortalecer articulação para ampliar a formação técnica de pessoal qualificado para atuar nas MPEs, de acordo com as demandas dos setores de serviços, comércio, indústria e agricultura (no interior), adequando currículos e estimulando vocações.

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De maneira geral, apesar de uma pequena evolução, as empresas pernambucanas, seja pela baixa integração da atividade produtiva estadual com os segmentos mais dinâmicos e modernos da economia nacional, seja pela pouca abertura para o exterior, ainda possuem um nível baixo de inovação.

Soma-se a isto, a pouca integração com o setor produtivo estadual, sobretudo com a indústria e com as demandas da chamada nova indústria. Esta situação se complementa com a insuficiente articulação com o ambiente acadêmico, com as empresas e organismos de TIC e com os institutos de inovação.

É um quadro crítico, quando se observa que oportunidades estão sendo geradas pelo processo acelerado de crescimento econômico recente e que o estado possui uma rede importante de universidades e instituições diversas de ensino superior, além do Porto Digital e empresas de TIC e o C.E.S.A.R, entre outros.

A indústria de TIC pernambucana é estratégica, mas ainda não está incorporada como deveria às promissoras perspectivas do ambiente econômico do estado. Embora seja reconhecida nacional e internacionalmente, por falta de articulação interna (no estado) realiza hoje, a quase totalidade dos seus negócios fora de Pernambuco.

Falta iniciativa ao Governo do Estado para encurtar estas distâncias e uma nova atitude empresarial para abraçar a Inovação e incorporá-la como valor à produção e ao planejamento estratégico das empresas. Uma mudança conceitual que também precisa permear a gestão do setor público estadual.

Este é o caminho para acelerar o processo de crescimento e agregar melhores condições de competitividade, produtividade, eficiência e qualidade ao desenvolvimento sustentável de Pernambuco.

a) Diagnóstico

Somente 1/3 das empresas no Estado investem em inovação.

Em Pernambuco, de acordo com o PINTEC/IBGE, entre 2009 e 2011, cerca de 35% (1052 empresas de um total de 2978) realizaram inovação em produto e/ou processo. Entre 2006 e 2008, este número ficou em torno de 31% das empresas.

Na região Nordeste, o Ceará possui uma posição de liderança (36%), e o estado de Goiás (47%) é o melhor índice do país.

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Gráfico 1: Taxa de inovação de produto e processo, por setores de atividades, segundo o referencial da inovação Brasil – período 2009-2011

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Gráfico 2: Evolução das taxas de inovação e de incidência de P&D interno, das empresas industriais que implementaram inovações de produto ou processo – Brasil – 2000/2011

Baixa intensidade de pesquisa aplicada no estado

De acordo com o estudo Pernambuco 2035, o ritmo da formação de pesquisadores em Pernambuco acelera conforme aumentam os investimentos em C&T (Ciência e Tecnologia) no estado. Porém, mesmo com a atração de profissionais de fora, a taxa de pesquisadores por milhão de habitantes no país, avançará abaixo da União Europeia hoje. O estudo sugere ainda desenvolver ações para tentar ampliar o número de pesquisadores para 5 vezes mais em Pernambuco.

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Gráfico 3: Número de pesquisadores por milhão de habitantes

• Perfil de Operação dos Parques Tecnológicos

Existem 17 parques tecnológicos instalados no estado de Pernambuco por meio de Centros de Tecnologia, via ITEP (Instituto de Tecnologia de Pernambuco), os quais recebem financiamento da FINEP, do MEC ou do BNDES, sendo os principais o CT Araripe, o CT Pajeú (Serra Talhada), CT Laticínios (Garanhuns), CT do Agreste – Moda (Caruaru) e o CT de Cultura Digital (Olinda).

Atualmente, eles operam essencialmente voltados para capacitação profissional e pesquisa de caráter acadêmico, não necessariamente vinculados a demandas concretas da indústria.

Os mais novos (como o CT Metalmecânico) preveem a criação de laboratórios associados para empresas, oferecendo estrutura física para que possam testar suas tecnologias.

Em alguns deles, como o CT do Agreste – Moda, foi criado, mas ainda não implementado em seu potencial, o conceito de Redes de Tecnologia e a iniciativa INCUBATEP, para incentivar a criação de novos negócios a partir das tecnologias e pesquisas desenvolvidas.

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Consolidar o Porto Digital. E criar condições adequadas para sua ampliação e para apoiar as empresas de TIC e de Inovação

O Porto Digital deve ser considerado, ao lado das empresas de TIC, como setor estratégico e merecer maior suporte institucional e apoio do Governo do Estado (e da Prefeitura do Recife) para a manutenção de sua localização atual no Centro do Recife. Ao lado disto, é necessário pensar em prazo mais longo, prevendo condições objetivas e planejadas para sua ampliação, através da absorção de novas empresas e de um maior número de pessoal especializado e outros.

Isto requer articulação política com os três níveis de governo para definir um projeto de curto, médio e longo prazos. Envolve, entre outros, a infraestrutura necessária, o estabelecimento de condições adequadas de mobilidade e providências para uso e qualificação dos imóveis no centro antigo da cidade.

Igualmente necessário se faz implantar um ambiente de diálogo e de cooperação visando o aproveitamento das oportunidades de negócios por parte das empresas locais; a discussão sobre sua contribuição aos projetos de crescimento e de modernização da atividade produtiva estadual, sobretudo a indústria; e a participação no planejamento estratégico para o desenvolvimento de Pernambuco.

Em tudo, a necessidade de estreitar articulações, definir objetivos, promover integração e desenvolver um programa de longo prazo para que esta política não se restrinja ao horizonte de um único governo.

O setor privado, o meio acadêmico, o segmento de TIC e de Inovação e o Governo do Estado têm que caminhar juntos.

Falta implementação de uma política estadual efetiva de incentivo à inovação.

Vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco, a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE) tem como missão institucional promover o desenvolvimento científico e tecnológico do estado, através do fomento à ciência, tecnologia e inovação, visando atender às demandas sociais e econômicas.

Sua atuação, porém, está voltada essencialmente para concessão de bolsas de estudo, pesquisa e cooperação científica, sem estar adequadamente vinculada às demandas reais dos setores econômicos do estado. Caberia à Facepe apoiar de forma mais ativa e em maior número as empresas no custeio de projetos de inovação e favorecer a parceria com outras agências de fomento estaduais, internacionais ou federais (FINEP), estimulando o fortalecimento do processo de inovação e orientando as empresas para os benefícios dele decorrentes.

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Poucas empresas conhecem os incentivos fiscais e fontes de financiamento para inovação.

É justamente este desconhecimento da maioria das empresas sobre os programas federais e estaduais de incentivo à inovação (Lei Federal do Bem, linhas de financiamento do BNDES, entre outros) que faz com que muito poucas empresas tenham se beneficiado destes instrumentos federais

b) Linhas de atuação

• Aproximar os centros de tecnologia e inovação das demandas industriais do estado e dos APLs em cada região;

• Tratar a idústria de TIC como setor estratégico, fortalecer e ampliar sua articulação com o Governo do Estado e com as demais empresas do setor privado;

• Incentivar a cultura de inovação no estado, tanto na estrutura e atuação do Governo do Estado como no setor privado e criar meios para estimular uma participação mais ativa dos organismos e empresários de TIC no processo estratégico de desenvolvimento e na discussão e incorporação da inovação em produtos e processos visando maior competitividade e produtividade, principalmente da indústria estadual;

• Desenvolver articulação com as entidades representativas do setor privado, com o meio acadêmico, e com os organismos de ciência, tecnologia, pesquisa e inovação para a discussão e a criação de uma politica estadual (integrada ao nível federal) que favoreça a Inovação e a Tecnologia na economia de Pernambuco e no planejamento estadual.

c) Proposições

Desenvolver meios e articulação para a consolidação, ampliação e fortalecimento do Porto Digital e das empresas de TIC pernambucanas

• Promover ações e planejamento para o apoio do Governo do Estado ao Núcleo de

Gestão do Porto Digital. Desenvolver, em conjunto, um plano estratégico que defina objetivos e políticas integradas para estabelecer crescentes parceria e integração, como pilares de uma política de estado e não apenas um projeto de governo para a área de TIC e Inovação;

• Desenvolver tratamento adequado ao conjunto das empresas de TIC como setor de estratégia, considerando sua importância econômica e participação relevante na cadeia de valor das indústrias e polos de desenvolvimento de Pernambuco;

• Articular e estudar as condições e medidas necessárias para manter e ampliar o Porto Digital na sua atual localização no centro do Recife;

• Desenvolver articulação e cooperação com a Prefeitura e demais órgãos (estaduais, municipais e federais) visando estabelecer condições adequadas de mobilidade, infraestrutura e outras, necessárias à operação atual e ao crescimento físico do Porto

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Digital, de modo a absorver o aumento do número de empresas a serem instaladas na área e receber de forma positiva um número maior de pessoas que trabalham e circulam naquele ambiente;

• Criar, em conjunto com o setor de TIC pernambucano, uma Escola Técnica de Programação, na qual os alunos da rede pública selecionados possam ser treinados em programação, com currículo adequado e apoio das empresas para a oferta de vagas de estágio remunerado;

• Estabelecer regras e processos técnicos que possam estabelecer condições favoráveis às empresas pernambucanas, nos moldes da legislação federal, nas compras do estado (software e serviços), bem como criar ambiente positivo para participação das empresas locais de TIC nos empreendimentos privados que se instalam no estado;

• Ampliar o diálogo e fortalecer a participação das associações representativas do setor de TIC no planejamento das ações estratégicas de TI do Governo do Estado e criar condições para estender esta cooperação e integração com os governos municipais, na forma de capacitação técnica e tecnológica.

Fortalecer instrumentos estaduais de incentivo à inovação por meio da FACEPE.

• Estabelecer diálogo ativo e permanente com as empresas e organismos de representação do segmento de TI e de Inovação. Para isto, entre outros, criar agenda de debates, estimular a participação e promover maior articulação Governo do Estado/ setor privado nos diversos setores da economia estadual e o segmento de TI, de Inovação e com o meio acadêmico.

Estas medidas visam ampliar as oportunidades de negócios e de presença das empresas locais nos novos empreendimentos em implantação no estado e uma maior cooperação nos projetos existentes.

Da mesma forma, criar condições para que o setor público estadual, principalmente a área de planejamento, fortaleça sua integração e cooperação técnica com estes setores (TI e Inovação) para incorporar visão estratégica e inovação ao processo de formulação de programas e projetos visando o desenvolvimento de Pernambuco.

• Favorecer e apoiar condições para uma maior articulação e integração do segmento com instituições, empresas e profissionais de fora do estado e de outros países, de modo a ampliar conhecimentos, promover intercâmbios e absorver experiências e tecnologias adequadas ao ambiente pernambucano, que favoreçam o processo de gestão, de produção, inovação e desenvolvimento.

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Criação de novos CTs (centros tecnológicos) e qualificação dos existentes aproximando-os das demandas reais da indústria.

• Dar continuidade aos projetos de criação dos parques tecnológicos via incentivos da

FINEP, baseados em demandas reais da indústria e dos APLs; • Priorizar os segmentos Metal Mecânico (segmento transversal e que demanda práticas

inovadoras de manutenção), Biotecnologia, Fármacos, entre outros; • Estudar criação de novos centros tecnológicos para aumentar a competitividade de

setores com potencial econômico, partindo de demandas reais da indústria: - Agroindústria (em Petrolina e noutras regiões produtoras) para desenvolver pesquisa aplicada e tecnologias orientadas para exportação de maior valor agregado, para desenvolver culturas adaptadas à realidade local e apoiar melhorias nas culturas e rebanhos existentes; - Componentes para energia eólica e outras formas alternativas de energia, necessárias para ampliar e diversificar a matriz energética; - Captação, armazenamento e uso responsável da água, sobretudo considerando as limitações da região semiárida;

• Realizar estudos para desenvolver as melhores práticas de convivência inteligente e sustentável com a Seca, inclusive incorporando técnicas e experiências de regiões semelhantes noutros países;

• Incorporar contribuições para o segmento de caldeiraria naval e outros da chamada “nova indústria” de Pernambuco; também para o segmento de Confecção e têxtil;

• Adequar perfil de operação dos parques tecnológicos, a exemplo do CT de Araripe (gesso) e CT de Caruaru (confecções/moda) às demandas do setor produtivo;

• Atrair e reter pesquisadores qualificados com capacidade de solucionar problemas concretos das empresas e estudar formas de parcerias com a iniciativa privada;

• Analisar meios para instituir programas de bolsas para inovação focalizando a solução de problemas locais e das empresas, promovendo articulação com o setor acadêmico e as organizações de fomento de tecnologia, pesquisa e de inovação;

• Fortalecer papel das incubadoras (INCUBATEC) nos CTs; • Assegurar disponibilidade de laboratórios e equipamentos para desenvolvimento e teste

de tecnologias, também no interior, com prioridade para os polos econômicos; • Estabelecer ações e projetos para fornecer orientações sobre metrologia, normatização,

certificação, regularização, design, marketing e patentes de produtos em cooperação com a iniciativa privada e articulação com organismos do setor;

• Criar meios para implementar conceito de redes de tecnologia.

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Fortalecer instrumentos estaduais de incentivo à inovação por meio da FACEPE.

• Estudar mecanismos para ampliar e capitalizar fundo específico do estado para financiar

a inovação de empresas, dado que atualmente o fundo estadual repassa recursos federais, de outros estados ou fundos internacionais;

• Fortalecer articulação e a integração com o setor industrial para ampliar as iniciativas via FACEPE, alinhadas à política industrial da FIEPE;

• Da mesma forma, promover articulação e integração com os segmentos da agricultura e da pecuária para fortalecer o planejamento setorial e incorporar maior inovação nos projetos e politicas estaduais;

• Monitorar cumprimento do decreto lei 15.063/13 que obriga investimentos mínimos em projetos e atividade de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em empresas beneficiadas pelo Prodepe, Prodinpe e Prodeauto.

• Orientar apoio à pesquisa científica, tecnológica e de inovação da FACEPE para demandas concretas dos setores econômicos do estado mediante a seleção de propostas para concessão de apoio financeiro a projetos em temas específicos por meio de bolsas de pós doutorado (programa de iniciação científica e programa de incentivo acadêmico).

Mobilizar e estimular empresários para investirem em inovação, articulando parcerias entre setores/empresas, instituições de pesquisa e governo.

• Dar mais visibilidade para os empresários dos mecanismos de incentivo e financiamento

estaduais e federais para pesquisa, desenvolvimento e inovação; • Fortalecer parcerias do governo estadual com o Sistema S para mobilizar, sensibilizar e

capacitar empresários e desenvolver melhores condições pró-inovação no estado; • Apoiar os fóruns que favoreçam um ambiente de discussão de problemáticas de cada

setor ou cadeia produtiva, no que se refere à tecnologia, à inovação e à pesquisa aplicada;

• Manter atuação e diálogo constantes para a identificação e discussão dos problemas e definição de políticas relativas ao setor com os empresários e representações dos segmentos da atividade produtiva estadual e fortalecer a participação deste tema nos fóruns que reúnem governo e iniciativa privada;

• Estimular o empreendedorismo e a elaboração de projetos para captação de incentivos fiscais e linhas de financiamento para inovação, orientando e articulando os organismos representativos dos segmentos numa ação integrada com o Governo para as oportunidades e necessidades de investimento;

• Aproximar empresários dos Centros Tecnológicos (CTs), universidades e centros de pesquisa e de inovação, explorando diferentes modalidades de parceria (ex.: contratos de licenciamento de tecnologia) e de cooperação;

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• Orientar apoio à pesquisa científica, tecnológica e de inovação da FACEPE para demandas concretas baseadas em problemas reais dos setores econômicos do estado, mediante a seleção de propostas para concessão de apoio financeiro a projetos em temas específicos por meio de bolsas de pós-doutorado: Programa de Iniciação Científica – BIC e o Programa de Incentivo Acadêmico – BIA;

• Desenvolver programas de capacitação e cooperação com as prefeituras, sobretudo nas cidades polo de desenvolvimento e nas regiões produtoras para que realizem investimentos e articulação com a iniciativa privada com vistas a trabalhar a Inovação voltada para os APLs e empreendimentos instalados nos municípios/região.

• Criar o Fórum Estadual de Inovação, como instrumento para integrar e mobilizar a sociedade pernambucana em torno da cultura da inovação;

• Capitalizar o fundo estadual de inovação com recursos estaduais; • Tornar efetivas as operações Inovacred, parceria da AGEFEPE e FINEP, que tem como

objetivo atender empresas com projetos na área de tecnologia e inovação, que hoje somente existe no papel;

• Determinar critérios que incentivem as empresas inovadoras a participarem do processo de compras governamentais;

• Estabelecer exigências na garantia de contra partidas em investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação para as empresas que recebem incentivos fiscais estaduais.

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Diagnóstico

Nos últimos anos, Pernambuco vivenciou um processo de aceleração do nível de crescimento de sua economia, embora permaneçam indicadores modestos de participação do PIB estadual no Produto Nacional (em torno de 2,5%) e a produção estadual continue se mantendo fechada ao mercado internacional (participa com modestos 0,5% das exportações do país). O que merece maiores reflexões neste processo, todavia, é o fato de que este modelo, ao privilegiar a atração de grandes investimentos multissetoriais a partir de incentivos fiscais para atração de empreendimentos privados não proporcionou, ao lado do crescimento do PIB, o necessário desenvolvimento social. O crescimento econômico recente não se refletiu na elevação da renda familiar e do trabalho e ainda não ocasionou melhorias importantes no nível de qualidade de vida e de bem estar da população. Além disto, em contrapartida, o processo gerou uma demanda crescente por obras e investimentos em infraestrutura e serviços públicos, que excedem a capacidade do estado para sua necessária viabilização, ampliando a dependência de articulação e de suporte financeiro do Governo Federal. Visão geral da economia do estado

Apesar de ocupar ainda uma posição crítica (19o lugar) em relação ao IDH, e um índice de 0,62% (índice de Gini), que reflete a desigualdade social no estado (declinante, mas longe de Santa Catarina, por exemplo, com 0,49), desde 2005 Pernambuco tem crescido acima da média nacional e, a partir de 2007, uma das principais causas estimuladoras do crescimento, ao lado destes empreendimentos do setor privado, tem sido a implantação de grandes projetos estruturadores patrocinados pela União.

Dos investimentos privados anunciados entre 2007 e 2016, cerca de 67% são do setor industrial; 14% são grandes empreendimentos imobiliários; 3,9% do setor de comércio e serviços e 14% representam a parcela da infraestrutura.

Nos últimos dois anos, o perfil do crescimento foi o seguinte:

Segundo o Condepe/Fidem, em 2013 o estado cresceu 3,5% (o PIB alcançou R$ 125,7 bilhões) e ficou acima da média nacional, que foi de 2,3%. Mesmo com estes números expressivos, não alcançou a meta estabelecida para aquele ano, fixada entre 4% e 4,5%. Ainda assim, cresceu ligeiramente acima das economias do Ceará (3,44%) e da Bahia (3,0%), por exemplo.

No ano de 2013, o setor de serviços cresceu 3,9% e o comércio contribuiu com um crescimento muito acima da média com 7,8%, o que demonstra a importância do setor para o crescimento da economia do estado no ano passado.

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Estudos prospectivos como o Pernambuco 2035 e projeções de analistas do mercado financeiro indicam que até 2020, o estado deverá ter um crescimento moderado entre 2 a 3% ao ano.

Apesar disso, no primeiro trimestre de 2014, Pernambuco cresceu 5,2%, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, turbinado pela Agropecuária (45,5%, embora com uma base precária de comparação devido à Seca) e pela contribuição do segmento do comércio, que ficou acima da média: uma expansão de 6,0%. O comércio varejista avançou 8,2% nesse período, a Indústria 5,0% e Serviços 4,1%.

Os impostos apresentaram um crescimento de 4,9%, neste comparativo e, entre 2006 e 2012, houve aumento do emprego formal acima da média nacional e do Nordeste e queda da informalidade de 32% para 24 % (IBGE).

É um quadro de resultados positivos, quando comparado com períodos anteriores mas, ainda desafiador. Pernambuco tem pela frente importantes objetivos a perseguir, tanto em termos de aumento da competitividade da indústria, necessidade de ampliar a inovação e o uso de novas tecnologias, quanto de conquistar ganhos de produtividade para alavancar o desenvolvimento econômico sustentável.

Entraves em nível macroeconômico

São avanços inegáveis, mas o estado ainda apresenta importantes entraves ao seu desenvolvimento. Neste particular,é importante considerar que o PIB per capita de Pernambuco representa apenas 57% do PIB nacional, sendo que 65% do Produto gerado no estado está concentrado na Região Metropolitana do Recife, que detém cerca de 42% da população. Os novos investimentos que foram atraídos para cá reforçam essa tendência, sobretudo em razão do Complexo Industrial e Portuário de Suape.

Além disso, pesquisas recentes da UFPE revelam que apesar do crescimento do PIB, a renda foi apropriada sobretudo pelas empresas e pelos trabalhadores migrantes (do Sul e Sudeste), em detrimento da renda das famílias pernambucanas (dados da PNAD de 2000 a 2010). Registre-se que as melhores vagas criadas pela expansão da economia, ainda estão sendo ocupadas por migrantes e a renda média do trabalhador local, neste sentido, tem sido menor (quase metade) da renda média dos “não pernambucanos”.

Entre outros fatores que deverão merecer atenção prioritária para promover transformações sociais importantes em Pernambuco, esta constatação vem fortalecer a crença de que a educação é fator essencial para o desenvolvimento sustentável, sobretudo no que se refere à qualificação profissional, através da ampliação do Ensino Técnico de qualidade, integrado às escolas de Ensino Médio em período integral.

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É motivo de preocupação, portanto, constatar também que cerca de 27% da população do estado ainda permaneçam abaixo da linha de pobreza, em relação à renda (R$140,00) domiciliar, o que demanda políticas públicas vigorosas e integradas e uma reversão do modelo de crescimento atual para mudar significativamente esta situação.

Crescimento real do PIB: Pernambuco e Brasil – 2001/2013

Dados do IBGE até o primeiro trimestre de 2013.

Segundo pesquisa da revista The Economist, que mede o ranking de competitividade dos estados brasileiros, aparecem como principais entraves ao desenvolvimento econômico do estado, a infraestrutura (14ª posição – considerada de qualidade ruim), o ambiente regulatório e tributário (17ª posição – qualidade ruim) e a formação de recursos humanos (13ª.posição – qualidade moderada).

No que se refere à Infraestrutura, pesquisa recente da AMCHAM com 128 empresários dos diversos segmentos da economia do estado, aponta que 96% dos entrevistados estão insatisfeitos com as rodovias do estado (extensão e manutenção); 73% deles, com as ferrovias e 66% dos que responderam acreditam que em conjunto, a mobilidade urbana e as rodovias são os fatores que mais prejudicam a expansão e a produtividade dos negócios.

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Em relação ao ambiente regulatório, há uma compreensão de que o estado tem desafios a enfrentar, tanto na desburocratização que afeta a todos, quanto na aplicação do mecanismo da substituição tributária no ICMS, fator que, ao lado dos atuais critérios (ou ausência deles) do sistema de benefícios fiscais aos novos investimentos, aparece como elemento a ser amplamente avaliado, discutido e reconsiderado.

Quanto à formação de recursos humanos, é importante registrar que os índices de produtividade da indústria em Pernambuco alcançaram 64% da média do Brasil (o estudo Pernambuco 2035 sugere uma meta de 80% para 15 anos).

O resultado se deve a uma combinação crítica, entre outros fatores, de emprego de tecnologias desfasadas na economia tradicional, problemas de gestão estratégica e baixa qualificação da mão de obra. Espera-se, todavia, uma mudança neste indicador nos próximos 5 anos, em virtude das mudanças na matriz econômica, sobretudo com os novos empreendimentos em setores modernos e competitivos da chamada nova economia.

Em termos de inserção internacional, prevalecem exportações de baixo valor agregado, onde 30% do total comercializado com o exterior é formado, sobretudo, pelo agronegócio e pela indústria química. O volume de importações cresceu substancialmente desde 2006, gerando déficit no balanço comercial no estado de aproximadamente R$ 4 bilhões em 2012. De uma maneira geral, o estado tem baixa capacidade exportadora considerando o tamanho da sua economia e, como já visto anteriormente, representa apenas 0,5% do total exportado pela economia brasileira.

Na área de Inovação e Tecnologia, apenas 0,8% das empresas pernambucanas que inovam em produto apresentam algo realmente “novo” para o mercado (fonte: Pintec) e existe ainda uma baixa integração do setor privado pernambucano de maneira geral com estes segmentos, com o meio acadêmico e com as empresas de TIC aqui instaladas. Exatamente por isto, o Porto Digital realiza quase que totalmente seus negócios fora do estado, deixando de contribuir para o aumento de competitividade, produtividade e inserção estratégica das empresas de Pernambuco, notadamente a indústria, nas cadeias de valor.

Nota-se ainda, uma baixa utilização de incentivos fiscais e fontes de financiamento federais e estaduais para inovação, visto que somente 6 empresas se beneficiaram da Lei do Bem em 2012 (fonte: Finep).

Este quadro merece maior reflexão e demanda a contribuição do Governo do Estado para mudar esta situação, na medida que Pernambuco possui uma importante rede de universidades e instituições de ensino superior, além do C.E.S.A.R e do próprio Porto Digital, o que demonstra a fragilidade da articulação e da integração entre todas estas instituições citadas e também entre os governos estadual e municipal com o Governo Federal.

A nova Matriz Econômica: diagnóstico e proposições setoriais.

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Nos últimos 15 anos, Pernambuco teve uma mudança expressiva na sua matriz econômica. De uma economia tradicional, com baixo investimento em modernização e produtividade, evoluiu para uma economia mais diversificada, dinâmica e intensiva em tecnologia, graças a investimentos vindos de fora do estado e ao decisivo suporte do Governo Federal, gerando duas “outras economias” dentro do estado:

• Uma Nova Economia, formada sobretudo por novos investimentos no setor de bens intermediários e bens de consumo duráveis, cuja participação no PIB do estado deve crescer substancialmente com a entrada em operação dos novos investimentos e empreendimentos em implantação, os quais, em seu conjunto, equivalem a praticamente todo o valor do PIB estadual de hoje;

• Uma Economia Criativa, ainda pequena (1,5% do PIB) mas, crescente e formada por

empresas que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais e que apresentam um potencial para a geração de riqueza e empregos por meio da produção e da exploração de propriedade intelectual. A ideia de indústrias criativas busca descrever a convergência conceitual e prática das artes criativas (talento individual) com indústrias culturais (escala de massa), no contexto das novas tecnologias de mídia em uma nova economia do conhecimento.

No contexto de apresentação deste Plano, apenas por uma opção metodológica de classificação dos conteúdos, a Economia Criativa ocupou um capítulo à parte e a Nova Economia, junto com alguns segmentos da Economia Tradicional, será considerada nesta parte do trabalho. De toda forma, a abordagem deste documento não teve a pretensão de esgotar o assunto e analisar todos os segmentos da economia pernambucana. Optou por alguns deles, que julgou mais relevantes na composição do PIB estadual e/ou como perspectiva de crescimento no modelo em vigor. Tem, entretanto, a exata compreensão de que é necessário ampliar esta análise e proposições sobre todo o conjunto da economia incorporando outros segmentos da atividade produtiva para formar um quadro realista e completo do diversificado ambiente econômico de Pernambuco.

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Os setores a seguir, destacados na matriz constante deste Plano, possuem proposições e entraves específicos, captados em estudos e pesquisas, e levantados por meio de entrevistas com especialistas do setor e nas plenárias realizadas no “Pernambuco 14”.

Algumas proposições transversais estão em um capítulo específico, adiante.

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A Economia Tradicional: principais entraves.

• Baixa produtividade; • Máquinas e equipamentos obsoletos e emprego de tecnologia defasada; • Infraestrutura com reconhecidos gargalos na logística, especialmente nas estradas,

acarretando altos custos de manutenção e de frete; necessidade de desenvolver alternativas de uso de energias alternativas , com custos compatíveis e de contar com regularidade na oferta de energia elétrica; estrutura de recursos hídricos e de distribuição insuficientes;

• Baixo valor agregado dos produtos, levando à comoditização; • Pequena capacidade de acesso a financiamentos e a parcerias para ampliar investimentos e

pouca articulação e integração para fortalecer a inovação e tecnologia; • Baixa qualificação da mão de obra e oferta insuficiente, e necessidade de capacitação em

gestão; • Dificuldades no acesso a crédito; • Informalidade excessiva em alguns segmentos; • Governo do Estado pouco presente em ações efetivas, orientação, articulação e suporte; • Postura conservadora dos empresários para buscar formas alternativas de associação, fusão

e incorporação, bem como para estabelecer parcerias e cooperação e desinteresse relativo no cooperativismo;

• Pouca abertura para exterior, tanto para comercialização de produtos quanto para absorção de conhecimento e para o estabelecimento de parcerias e de inovação.

A Nova Economia: principais entraves.

• Baixa inclusão produtiva, evidenciada pela pouca competitividade do capital humano local para ocupar postos oferecidos pelas oportunidades nos novos empreendimentos (difícil encontrar técnicos especializados em algumas áreas);e baixa participação de fornecedores locais (sobretudo MPEs de serviços especializados) nas cadeias produtivas, devido às exigências de qualidade, escala e capacidade de atendimento;

• Gargalos na infraestrutura e logística, especialmente estradas, portos, comunicação e energia; idem, em relação à oferta de serviços públicos de qualidade e eficientes para atender às demandas da expansão gerada pelos novos empreendimentos;

• Burocracia excessiva em todos os processos e morosidade na análise e concessão de licenças ambientais;

• Escassez de formação profissional adequada, em número e qualidade, coerente com o perfil da demanda;

• Fragilidades do planejamento do Governo do Estado, falta de concepção estratégica e visão de longo prazo; ausência de planejamento metropolitano e dificuldades para compatibilizar e integrar ações, programas e políticas municipais isoladas, sobretudo em questões como uso do solo e meio ambiente, transporte e mobilidade, infraestrutura em geral, moradia, saneamento, abastecimento de água, educação e segurança, entre outros.

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• Dificuldades de interlocução, diálogo e articulação, de forma institucional e permanente com o Governo do Estado, prefeituras e órgãos da administração estadual e municipal, a partir da integração do planejamento e das ações e do cumprimento de compromissos e cronogramas.

Análise de setores específicos da economia

• Gesso e derivados

A produção de gesso em Pernambuco é concentrada num espaço territorial que envolve vários municípios na região do Araripe, conhecido como Polo Gesseiro, que possui uma reserva estimada em 1,22 bilhão de toneladas e reúne as cidades de Ipubi, Trindade, Ouricuri, Bodocó e Araripina.

Juntas, fornecem cerca de 95% de todo o gesso consumido em todo o Brasil (FIEPE) e destacam-se, também, além da gipsita, pala extração de granito e de argila.

Segundo estudos da CNI, realizados em 2010, cerca de 61% da produção desta região é destinada à fabricação de blocos e placas, 35% para material de revestimento, 3% para moldes cerâmicos e 1% para outros usos.

São 39 minas de gipsita ativas e um parque de 170 empresas, as quais fabricam gesso calcinado e mais 726 unidades fabris de pré-moldados, que geram cerca de 13,8 mil empregos diretos e 69 mil indiretos.

Uma atividade econômica, portanto, de expressivo significado econômico e social para o estado de Pernambuco, cujo principal desafio é agregar valor à produção de gesso e serviços a eles associados e não concentrar as atividades do Polo apenas na exportação da matéria-prima.

Isto requer, por parte da indústria, capacitação técnica, obtenção de ganhos crescentes em Inovação, maior emprego de tecnologia e diversificação e, da parte do Governo estadual, investimentos urgentes em infraestrutura (estradas, energia, comunicações e água), uma política ambiental consistente com maior agilidade na análise e aprovação de projetos e concessão de licenças. Ao lado destas medidas, o estado precisa fortalecer a orientação às empresas e a fiscalização, em termos de tributação e de política fiscal, a qual deve ser avaliada para estabelecer mecanismos e providências mais estimulantes.

Por outro lado, é importante o apoio às empresas e articulação permanente com o setor público estadual e federal para promover mais diálogo e maior acesso a financiamentos e à concessão de crédito, bem como melhores condições para inserção da cadeia produtiva nas compras governamentais, nos programas de interiorização e nas ações integradas com as diversas Secretarias e organismos estaduais.

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Entraves específicos para o setor de gesso e derivados

• Deficiências de logística e da infraestrutura atual de transporte, resultando em alto custo de frete, que enfraquece a competitividade do setor, pela dificuldade de equacionar custos na formação de preço e pelo achatamento das margens;

• Necessidade de maior interlocução com o Governo do Estado, de maneira institucional e permanente para debater as questões relativas ao Polo; fortalecer a economia gesseira visando maior articulação e apoio para superar os entraves ao crescimento e o aumento da competitividade, viabilizar novos investimentos e ampliar os programas e as políticas públicas na região;

• Dificuldades também na obtenção de energia térmica e pouco apoio para desenvolver formas de energias alternativas;

• Insuficiência da oferta de recursos hídricos e Infraestrutura de telecomunicações deficiente: tanto de Internet, quanto de celular e outros;

• Permanência de elevado índice de informalidade do setor;

• Fragilidades no setor de Educação e deficiências na geração e difusão de conhecimento e inovação aplicados ao desenvolvimento de novos produtos, processos e agregação de valor aos produtos existentes;

• O Centro Tecnológico do Gesso não é adequadamente integrado às empresas do Polo e hoje atua apenas para cursos, mantendo frágil articulação com o Itep e outros organismos do próprio Governo do Estado, do meio acadêmico e de C&T;

• Baixa qualificação profissional e insuficiente formação de mão de obra para aplicadores de gesso, com necessidade de ampliar as vagas nas escolas técnicas estaduais, cujos currículos não estão integrados e vocacionados para as demandas do setor;

• Ausência de estruturas, em número adequado e eficientes, em condições de prestar serviços de qualidade nas áreas de saúde e de educação, que facilitem a atração e a manutenção de profissionais de nível na região; da mesma forma, são insuficientes as estruturas ( batalhões, viaturas e delegacias especializadas) e os efetivos das polícias militar, civil e rodoviária para manter a segurança na região, atuar na prevenção, disciplinar e fiscalizar o uso de motos e combater o tráfico e o consumo de drogas, entre outros;

• Precariedade do atendimento da CPRH ao setor causando demoras e burocracia nos processos e custos à atividade produtiva.

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• Ausência de cursos superiores, especialmente de Engenharia.

Proposições específicas para o setor de gesso e derivados

• Qualificar a malha viária (federal, estadual e municipal) existente, investir em sua manutenção, sinalização e fiscalização e ampliar as ligações rodoviárias entre as cidades da região e os locais de produção;

• A Transnordestina pode ajudar a baixar os custos de transporte e logística. Para isto é indispensável fortalecer a articulação com o Governo Federal para obter os investimentos necessários e promover a continuidade e aceleração das obras, a conexão com Salgueiro e sua integração ao Porto de Suape para facilitar o escoamento da produção;

• Necessidade de ampliar a oferta e diversificar as fontes energéticas do Polo, com tecnologia disponível para fornos mais eficientes;

• Estudar viabilidade de programa de melhoria da eficiência energética para utilização de biomassa e analisar viabilidade de um programa de utilização de florestas energéticas aproveitando terras degradadas;

• Defender a implantação do Canal do Sertão também com a finalidade de perenizar barragens da região, além de ampliar a oferta de recursos hídricos;

• Aumentar o potencial da banda larga de Internet e incentivar a instalação de antenas repetidoras para sinal de celular, diversificando a prestação de serviços entre maior número de operadoras;

• Fortalecer a atuação do Governo do Estado com uma presença constante da Secretaria da Fazenda na região para promover ações educativas e de fiscalização e estudar meios para reduzir o ICMS incidente sobre o frete, entre outros;

• Avaliar e apoiar as solicitações do setor ao MDIC a respeito de medidas para elevação da alíquota do imposto sobre a importação do gesso vindo do exterior e outras medidas junto à União para proteger as condições de competitividade do Polo frente aos produtos importados;

• Dinamizar e adequar a atuação do Centro Tecnológico às demandas do Polo, aproximando novamente o CT das empresas, das Escolas Técnicas, do Sistema S, do Itep e das universidades, bem como das instituições de Inovação, pesquisa, ciência e tecnologia; e ampliar a atuação do Centro Tecnológico do Gesso por meio de apoio para obtenção de financiamento misto: público e privado;

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• Fortalecer a formação técnica do capital humano na região, através de escolas de Ensino Técnico integradas ao Ensino Médio, em tempo integral, necessário ao crescimento, à valorização e ao aumento de competitividade da atividade gesseira;

• Formar mais engenheiros (na região) visando a melhoria técnica da produção – processos e produtos - e estimular a pesquisa para inovação e diversificação;

• Fortalecer e qualificar as estruturas e operação, bem como o quadro de pessoal e promover maior diálogo e integração das ações e políticas das Secretarias: Saúde, Educação e Segurança com as prefeituras locais para a melhor compreensão e atuação nas necessidades sociais da região;

• Conferir maior poder de decisão local, fortalecer e instrumentalizar o escritório da CPRH instalado em Araripina, visando atender às demanda do Polo e atuar de maneira adequada e sustentável em relação ao meio ambiente na região;

• Apoiar a articulação necessária para ampliar as alternativas e as condições de financiamento às empresas produtoras.

• Confecção

O Polo de Confecções do Agreste pernambucano é formado por 14 municípios e concentra cerca de 59% do pessoal ocupado e 68% dos estabelecimentos formais desta atividade no estado.

No seu total, mais de 95% dos negócios é constituído de empresas enquadradas no regime do SuperSimples e confeccionam seus produtos a partir de aproximadamente 60% de insumos importados de estados de outras regiões (principalmente o sudeste).

Mais da metade dos estabelecimentos industriais do Agreste pernambucano, aproximadamente 84%, estão sediadas nas cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe.

Por ano, são confeccionadas cerca de 842 milhões de peças, a partir de uma base de produção formada por cerca de e 20 mil unidades produtivas que, em seu conjunto, empregam aproximadamente 135 mil pessoas e faturam mais de R$ 1 bilhão.

Estes números expressam, de um lado, a importância do segmento para a economia estadual e dão uma dimensão social de sua complexidade, ao incorporar tantas pessoas e famílias na atividade produtiva regionalmente. Por outro lado, demonstram o impacto da política fiscal e tributária do Governo do Estado ao aplicar o sistema de ST (substituição tributária) com a cobrança do imposto de fronteira, que é pago antecipadamente pelos pequenos empreendedores, onerando seu capital de giro e enfraquecendo o seu poder de competir com

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as empresas do sudeste, por exemplo, na formação do preço de venda e na sua capacidade de investimento no negócio pela pressão sobre as suas margens de lucro.

Neste contexto, Toritama se apresenta como uma das maiores produtoras de jeans do Brasil e compete com o principal centro de produção e comercialização do produto, a região do Brás, em São Paulo.

A cidade responde por 16% da produção nacional de jeans, com cerca de 2500 indústrias que geram mais de 15 mil empregos diretos, formando uma diversificada cadeia produtiva de fábricas e lavanderias, que fatura mais de R$ 453 milhões por ano só com o jeans.

A maioria dos produtos, porém, ainda tem baixo valor agregado devido à falta de conhecimento técnico e de inovação, problemas de gestão e de design. Atualmente, o preço médio de uma peça produzida na região corresponde a um terço do valor no mercado nacional. Estas dificuldades, entre outras, não diminuem o valor econômico e social desta atividade produtiva de enorme relevância para Pernambuco e para a desconcentração da produção no estado (Agreste) necessitando, porém, de maior atenção do Governo do Estado e de suporte para crescer de maneira sustentável.

Entraves específicos para o setor de Confecção

• Os produtos ainda têm em sua maioria, pouca inovação e uma imagem de baixa qualidade;

• Persiste o pouco adensamento da cadeia têxtil, a qual convive ainda com uma alta informalidade e com empresas que, na sua grande maioria, são formadas por estruturas familiares e lideradas por microempresários que ainda mantêm práticas ambientais pouco sustentáveis e procedimentos trabalhistas irregulares. Falta, portanto, maior capacitação técnica e gerencial para alavancar negócios e para inserir o Polo na cadeia da moda nacional e internacional (exportação);

• Baixa oferta de água no Agreste e precariedade na prestação de serviços da Compesa, que não atende adequadamente às demandas do setor têxtil;

• Deficiências na qualificação profissional, nas áreas de gestão e de operação de fábrica (nível técnico e superior);

• As atuações do Centro Tecnológico em Caruaru e da incubadora (Incubatep) são insuficientes nas áreas de capacitação, desenvolvimento tecnológico e desenvolvimento de novos negócios/produtos;

• O Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Têxtil e de Confecções – FUNTEC aprovado em lei, ainda requer ações efetivas para sua implementação;

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• Falta avaliar e adequar os sistemas tributário e de incentivos fiscais para que sejam estimuladores da atividade, como já acontece em outros setores, em outros estados;

• Necessidade de maior fiscalização e de regulação clara, além de promoção de desburocratização nos processos (nas áreas ambiental e trabalhista, por exemplo);

• Baixa interlocução e articulação com os órgão do estado, as Universidade, os institutos de pesquisa, inovação e tecnologia, as escolas técnicas e as prefeituras para desenvolvimento econômico do setor, maior capacitação, inovação e modernização e para maior orientação de empresas;

• Revitalizar a Compesa e qualificar as estruturas e as condições para sua atuação na região;

• Promover maior articulação para acelerar o cronograma de obras e agilizar as operações da Adutora do Agreste e seu sistema de canais para ampliar a oferta de água na região.

Proposições específicas para o setor de Confecção

• Apoiar iniciativas para inserir a indústria na cadeia global da moda, aumentando a participação de produtos pernambucanos nos mercados e fortalecendo o design, a inovação, a divulgação e a identidade de marca pernambucana;

• Desenvolver programa de qualificação das rodovias que servem ao Polo para melhoria de sua manutenção, duplicação de algumas estradas e implantação de trechos relevantes para atender às necessidades de transporte e circulação de pessoas e cargas e para criar melhores condições de acesso às cidades e às áreas de produção;

• Estabelecer ações e promover a necessária articulação para apoiar as empresas do Polo no desenvolvimento de mercados de nicho, através da produção de especialidades, produtos diferenciados (ex.: sisal, algodão orgânico) a serem atendidos pelas pequenas e médias empresas do setor;

• Incentivar e apoiar a capacitação das empresas para desenvolver inteligência mercadológica para o setor de confecções e apoiar as ações do setor para divulgação do produto e da identidade da moda pernambucana, seja por meio da participação em eventos e feiras do segmento, seja para tornar estes eventos parte da agenda do turismo de negócios, entre outros;

• Incentivar adensamento da cadeia têxtil no estado e desenvolver articulação e apoio para acelerar a implantação do polo de fios de poliéster em andamento;

• Conscientizar o empresariado das vantagens da formalização do negócio através de apoio, de capacitação técnico-administrativa e de gestão e da fiscalização educativa;

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• Implantar aterro controlado para receber resíduos gerados pela cadeia produtiva,

principalmente as lavanderias, e preservar o meio ambiente com políticas educativas e de orientação e da regulamentação e maior fiscalização; construir, através da Compesa, estação de tratamento de reuso da água domiciliar sem destinação e que seria desperdiçada, para torná-la apta para uso industrial;

• Estudar viabilidade de implantação de uma PPP do saneamento no Agreste, relativa ao fornecimento e tratamento da água e esgotamento de resíduos para a indústria;

• Investir na melhoria da qualidade do ensino e na formação de professores, em articulação com as prefeituras da região (Ensino Fundamental), na ampliação da oferta do Ensino Técnico integrado ao Ensino Médio e estimular a interiorização do Ensino Superior articulado com os arranjos produtivos locais e avaliar a adaptação dos currículos e das atividades da escola de tempo integral para atender ao ambiente e às demandas do setor de Confecções;

• Estimular parcerias em conjunto com organizações que já prestam apoio ao setor da moda (SEBRAE, ABIT, SENAC, entre outros);

• Analisar viabilidade de criação de um Centro de Pesquisa para desenvolvimento de matérias primas, tecidos e especialidades, buscando atender à tendência de se agregar funcionalidade aos produtos em parceria com a UFPE e promover articulação visando criar redes de laboratórios de certificação e pesquisa em tecnologia têxtil;

• Implementar regulamentações claras e garantir sua aplicação para todos, no que se refere à atuação da SEFAZ no polo de confecções, estabelecendo programa de orientação às empresas;

• Analisar a viabilidade e as condições para concessão de incentivos fiscais específicos para o setor, integrando esta política que beneficia o Polo com outras destinadas ao apoio e ao tratamento diferenciado e prioritário a ser concedido às MPEs incluindo, também, a desburocratização, a capacitação e uma maior orientação para ampliar o processo de formalização das empresas, com o suporte de entidades como o Sebrae PE, por exemplo;

• Estudar mudanças no atual sistema de ST (substituição tributária), a partir do imposto antecipado cobrado na fronteira, que penaliza os pequenos negócios pela necessidade de maior capital de giro, pela pressão sobre os custos e os preços e pela consequente diminuição do poder de competitividade das pequenas empresas do Polo frente as empresas de outras regiões (como São Paulo, por exemplo) que não trabalham sob este regime tributário;

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• Incentivar a participação das empresas do Polo nas compras do Governo de Pernambuco e dos órgãos da administração pública estadual e integrar este mecanismo de apoio à política pública estadual de compras.

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• Sucroalcooleiro

A atual produção de cana em Pernambuco representa 25% do total do Nordeste, empregando cerca de 90 mil trabalhadores. Ocupa atualmente, aproximadamente 250 mil ha. no estado ( Zona da Mata), e enfrenta hoje uma produção declinante e um processo de fechamento de usinas, embora tenha havido ganhos de produtividade na indústria estadual, apesar da perda de posição relativa em nível nacional. O setor vive dificuldades climáticas, ausência de políticas públicas abrangentes para a região e a falta de uma política consistente de apoio e de incentivos para o setor, forte concorrência de empresas do sudeste, crescente pressão da demanda por terras para urbanização e empreendimentos variados, além de mão de obra escassa pelo êxodo do campo em direção às cidades.

Como a indústria de produtos alimentares, liderada pelo setor açucareiro era (e ainda continua sendo hoje) uma das mais importantes atividades industriais da região e uma grande fonte geradora de empregos, o impacto do declínio desta atividade assumiu enorme significado social e econômico para o estado, com fortes reflexos sobre os baixos índices de crescimento que a economia tradicional de Pernambuco apresentou nas últimas décadas.

Entraves específicos para o setor sucroalcooleiro

. Problemas sociais que permanecem, devido à baixa oferta de emprego e renda e também pela pouca estrutura e serviços na área de educação, desde o Ensino Fundamental, no Ensino Médio e no Profissionalizante; fragilidade da rede de Atenção Básica à saúde e no Programa de Saúde da Família, bem como deficiências na estrutura de assistência pela precariedade da rede de média e alta complexidade e deficit de serviços de qualidade e na proporção demandada de moradia, saneamento e abastecimento de água, problemas de segurança e falta de educação ambiental e políticas para cuidados com o meio ambiente;

• Ausência de compensação dos diferenciais de custo em relação a outras regiões do Brasil;

• Insegurança hídrica na Mata Norte, que se traduz pela insuficiência da disponibilidade de água e que, na Mata Sul, se configura na necessidade de drenagem das várzeas

• Malha viária insuficiente na região e com baixa conservação, inclusive a rede de

estradas vicinais, que apresenta má qualidade;

• Inadequação do calado do Porto de Recife para atender às necessidades da exportação de açúcar;

• Dificuldade de vender a energia excedente gerada pelas usinas e elevados custos de energia com pequena diversificação da matriz energética;

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• Baixo nível de mecanização e insuficiente modernização tecnológica e inovação no setor;

• Necessidade de promover melhoramentos genéticos da cana;

• Problemas de mão de obra, pela migração da população mais jovem, até então dedicada ao corte de cana, para as atividades industriais urbanas;

• Falta de informação e capacitação técnica para ampliar o acesso a financiamentos, elevados custos e morosidade dos processos de análise e concessão de crédito;

• Crescente elevação do preço das terras, devido à necessidade de novos espaços para atender aos grandes projetos industriais e à demanda de áreas para habitação devido ao aumento da população nas regiões de crescimento econômico acelerado (Mata Norte e Sul);

• Desigual tratamento tributário, no caso do ICMS para o etanol combustível produzido em Pernambuco, comparativamente a regiões como São Paulo e Minas, por exemplo.

Proposições específicas para o setor sucroalcooleiro

• Implantar um amplo programa de qualificação e de manutenção das rodovias que servem a região canavieira, ampliar a rede de estradas vicinais para apoiar o escoamento da produção, favorecendo os municípios e a atividade produtiva da região;

• Realizar estudos, articulação e avaliar a viabilidade de aumento do calado do Porto de Recife para atracamento de navios que demandam maior profundidade;

• Estimular debates para analisar propostas de ampliação do horário verde para consumo de energia e desenvolver estudos para ampliar e diversificar o uso de fontes alternativas de energia;

• Incentivar a inovação e apoiar a ampliação de investimentos em mecanização e desenvolver a necessária articulação e capacitação para facilitar o acesso ao crédito e financiamentos;

• Estabelecer meios e articulação para ampliar a atuação e fortalecer as atividades e a articulação do Centro Experimental (CETEM) em Carpina;

• Apoiar a modernização e estimular providências para a capacitação e adaptação do setor e a pactuação de medidas para enfrentar as mudanças decorrentes da proibição de queima de cana no corte, nos prazos estabelecidos;

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• Estudar alternativas econômicas para utilização das áreas remanescentes, antes ocupadas quase que exclusivamente pela cana de, por meio da diversificação de culturas, como por exemplo, o plantio do eucalipto, da seringueira, do dendê e outras;

• Identificar políticas para conter a evasão de mão de obra do campo, criando condições favoráveis para sua manutenção de forma sustentável na região com perspectivas de emprego, renda e qualificação profissional para atender às demandas da agricultura, indústria e serviços;

• Desenvolver programas sociais integrados também nas áreas de educação (em todos os níveis), saúde (principalmente a Atenção Básica e o PSF), segurança pública, habitação e saneamento, entre outros, para beneficiar a população local e fixá-la na região. É fundamental oferecer oportunidades positivas de melhoria de vida e de bem estar às pessoas numa perspectiva de desenvolvimento sustentável com uma visão de responsabilidade ambiental e possibilidades de crescimento econômico da região, promovendo articulação e apoio técnico e financeiro às prefeituras;

• Promover diálogo permanente com entidades representativas do setor sucroalcooleiro e articulação com o Governo Federal, setor de TIC e universidades para desenvolver alternativas de inovação, incorporação de novas tecnologias, intercâmbio técnico e de gestão, planejamento estratégico e apoio, tanto para a indústria em atividade, abrindo perspectivas de crescimento e de diversificação, na área de açúcar, álcool e derivados, quanto às usinas que encerraram suas atividades na região para aproveitamento de sua capacidade produtiva e dos recursos de que dispõe;

• Avaliar providências e articulação para dar suporte aos estudos e ações referentes ao Projeto do Polo Canavieiro do Sertão;

• Promover estudos e articulação junto ao Governo Federal para ampliar o apoio às ações de equalização de custos;

• Concluir as ações de recuperação das áreas urbanas atingidas pelas enchentes, tanto nos programas de habitação,energia, educação e saúde, quanto nas providências para prevenir novas inundações (uso adequado das margens, retificação e aprofundamento do leito dos rios, despoluição e outros);

• Analisar a viabilidade de projetos de abastecimento de água, perenização dos rios e construção de barragens na Mata Norte para favorecer a irrigação e retomar o projeto “Águas do Norte”, que pode atender a 40% da indústria da cana de Pernambuco.

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. Apoiar a equalização ou subvenção dos custos agrícolas de produção de cana de

açúcar própria e de fornecedores (plano federal) dar continuidade ao programa de fertilizantes para os pequenos e médios produtores de cana de açúcar pelo governo estadual;

. Ampliar a discussão e fortalecer as iniciativas voltadas para a competitividade do

Etanol: através do estudo da viabilidade de medidas para a venda direta do hidratado ao canal final de distribuição (pleito na Agencia Nacional do Petroleo e Biocombustíveis); idem, em relação ao aumento da mistura do anidro na gasolina até 30%; também para avaliar a tributação diferenciada para combustível renovável e desoneração/redução do INSS sobre o faturamento do segmento (a exemplo do que acontece com os texteis);

. Apoiar iniciativas para o melhoramento genético nos cultivares de cana desenvolvidos

na estação experimental de Carpina-UFRPE e na rede Ridesa (sementes mais rústicas) com foco no desenvolvimento de material genético melhor adaptado às nossas condições de solo, clima e relevo; para ampliar a mecanização do corte e colheita a partir de tecnologia específica para áreas mais declivosas-acidentadas; para geração de energia utilizando os leilões de biomassa (por tipo de fonte e fator de carga) regionalizados;

. Promover articulação com as entidades representantes do segmento e os organismos

do Governo Federal para apoiar as iniciativas e capacitação necessárias para acesso a programas de recuperação da atividade produtiva e da situação econômico-financeira das empresas.

• Pecuária

A pecuária ainda não alcançou maior representatividade e papel de relevância na economia estadual, embora existam rebanhos com participação importante em alguns segmentos (leite no Agreste, caprinocultura no Sertão e outros), que se destacam como expressão regional no território pernambucano.

Merece registro o fato de que, na pecuária, Pernambuco se destaca pela criação de cabras, com o 2º maior rebanho do país, e pelo 4º maior rebanho de ovelhas.

Quanto à distribuição geográfica das criações, o rebanho caprino está fortemente concentrado nas mesorregiões do São Francisco e do Sertão, enquanto a criação de ovelhas é mais equilibradamente distribuída pelas demais regiões do estado. Em ambos os casos, as regiões da Mata e RMR têm pouca presença destes rebanhos.

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Por sua vez, a pecuária em Pernambuco se concentra na região do Agreste com extensão para o Sertão.

Segundo dados do Ministério da Agricultura (2012), os rebanhos apresentavam os seguintes quantitativos:

• Bovinos ........................................ 1.895.842 cabeças • Equinos .......................................... 123.343 cabeças • Caprinos ...................................... 1.791.422 cabeças • Suínos ............................................. 421.344 cabeças • Galos, Frangos e Pintos ............. 19.344.298 cabeças • Galinhas ..................................... 10.216.965 cabeças

Por oportuno, cabe reconhecer o crescimento da apicultura e o valor da produção do mel de abelha, elemento importante no estudo da sustentabilidade da região do Araripe.

É importante também evidenciar o crescimento da ovinocultura, com uma participação decisiva da iniciativa privada no desenvolvimento comercial e na qualidade dos rebanhos, atividade que tem perspectivas positivas para exportação beneficiando a economia do Agreste.

Pecuária leiteira

Pernambuco ocupa a segunda colocação na produção de leite da região Nordeste, sendo superado apenas pela Bahia, evidenciando a sua vocação para a exploração da pecuária leiteira bovina que, em sua grande maioria, é conduzida por produtores familiares localizados principalmente na região do Agreste. Cerca de 80% desta produção está concentrada nas propriedades com criação de até 30 animais.

Vale ressaltar que a produção foi crescente até 2011 e, embora tenha sofrido intensamente os efeitos negativos da Seca, voltou a ser crescente o seu desempenho beneficiando as famílias e gerando possibilidades de crescimento na região.

Apesar da produção de leite com produtividade em torno de 1.538 kg por vaca ordenhada/ano, ser um pouco acima da média nacional, o desempenho é ainda bem abaixo da produtividade do Rio Grande do Sul, por exemplo (2.536 kg por vaca ordenhada/ano), de acordo com a Embrapa (2011)

Indústrias de produtos lácteos instaladas no estado:

• Existem exemplos importantes e resultados positivos de indústrias instaladas, como Perdigão, Bom Gosto, Nestlé, Bom Leite, Betânia, Faco, Natural da Vaca, que possuem uma capacidade instalada de 1.400.000 L/dia e recebem atualmente cerca de 300.000 L/dia;

• Há também médias e pequenas indústrias (49), que têm uma capacidade instalada de 400.000 L/dia e que atualmente já processam 200.000 L/dia.

SITUAÇÃO DO REBANHO BOVINO DE PERNAMBUCO

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ITEM 2011 2014 Número de Produtores que criam bovinos 110.000 98.000 Número de Vacas 1.200.000 842.284 Número de Vacas em Lactação 550.000 288.000 Produção Total de Leite/Dia 2.500.000 l/Dia 1.600.000 l/Dia Produção Média Diária/Vaca 4,5 l 5,5 l Produtividade Média Estimada/Lactação 1.372 l 1.677 l

Os números de 2014, que já demonstram recuperação, são inferiores aos de 2011, em sua maioria, devido aos efeitos negativos provocados pela Seca no estado. Neste sentido, ainda é preciso recompor pastagens e rebanhos após a estiagem e desenvolver esforços e articulação visando ampliar a captação de recursos e obter maior apoio e promover maior capacitação técnica para acesso ao crédito rural.

No seu conjunto, a pecuária e a agricultura em Pernambuco respondem por algo em torno de 3,5% do PIB estadual.

Entraves específicos para o setor da pecuária

. Baixa capacitação dos produtores, pouco emprego de tecnologia e carência de cursos técnicos em todos os níveis; . Falta de assistência técnica e de apoio do Governo do Estado, sobretudo para os pequenos pecuaristas; . Baixa utilização do crédito apesar da existência de programas como o Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar), FNE/ Banco do NE, linhas do BNDES. É necessário avaliar a inadimplência dos produtores e consequente dificuldade de adquirir novos créditos; . Necessidade de estimular a melhoria genética dos rebanhos.

Proposições específicas para o setor da pecuária

. Ampliar participação do programa Balde Cheio da Embrapa (14 núcleos) em Pernambuco, que tem como objetivos a sustentabilidade econômica, ambiental e social da pecuária; . Promover maior integração das ações das Secretarias estaduais com as ações e programas do IPA voltados para o setor (APL do Leite); . Fortalecer o planejamento da pecuária para definição, mediante maior articulação e diálogo com o setor, estudos e diagnóstico, de uma política de desenvolvimento

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estadual da pecuária com objetivos e metas pactuadas entre o setor privado e os governos (estadual e prefeituras); . Devido à baixa capacidade de organização administrativa, o estado deve estudar meios para estimular e fortalecer a cultura do associativismo e do cooperativismo para criar melhores condições de crescimento da atividade pecuária mediante ações coletivas para aumento dos rebanhos, capacitação técnica, comercialização, melhoria genética e outras; . Promover orientação sobre acesso e racionalização do uso do crédito, acesso a produtos e serviços, de instituições e programas como Banco do Brasil, Pronaf, Proger Rural, BB Agro, BB Convir, FCO Rural, CPR, Pronaf Agroindústria, entre outros; . Manter articulação permanente como Governo Federal visando também a participação ativa do setor em programas voltados para as políticas de reforma agrária, ciência e tecnologia, apoio ao pequeno agricultor e à agricultura familiar; . Apoiar a cooperação com os municípios e estimular o fortalecimento da assistência técnica, inovação e tecnologias voltadas para a pecuária, em suas diversas formas, com vistas ao aumento da produtividade, fortalecimento e modernização da gestão da atividade e melhoria dos rebanhos, bem como para desenvolver meios adequados de convivência da pecuária com a Seca, através dos órgãos estaduais do setor (agricultura, pecuária, ciência e tecnologia e oiutros).

• Agricultura familiar

Em que pese sua importância para a alimentação e a renda das famílias, em Pernambuco a agricultura familiar ainda pode ter uma participação mais expressiva no PIB estadual. Especialistas enxergam no setor um caminho estratégico relevante para alavancar a economia e a agropecuária familiar de maneira responsável e sustentável. Segundo o IBGE, destacam-se neste ambiente as produções de mandioca, milho, arroz e feijão, entre ouras.

Cabe ao Governo do Estado um papel indutor, formador e orientado para apoiar de forma planejada a necessária articulação para melhorar a capacidade organizacional dos produtores e estimular a massificação de informação organizada. Cabe, ainda, desenvolver condições indispensáveis para facilitar o acesso ao crédito, apoiar a qualificação da mão de obra, incentivar o emprego de tecnologias adequadas e assegurar extensão rural.

É indispensável, em paralelo, realizar programas de educação (em articulação com os municípios), saúde (atenção básica), oferta de água e segurança pública, entre outros, destinados à melhoria das condições de vida da população rural.

Entraves específicos no setor da agricultura familiar

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• Inexistência de um plano de desenvolvimento agrícola estadual com objetivos, metas e estratégia para fortalecer a agricultura familiar e o pequeno agricultor, articulado com os programas federais e integrado às diretrizes de interiorização e às ações das prefeituras municipais, de modo a criar condições adequadas para o seu crescimento sustentável, além da simples subsistência, de modo a gerar excedentes e sua adequada comercialização;

• Baixa escolaridade dos trabalhadores e falta de capacitação técnica da mão de obra para trabalhar de maneira sustentável na agricultura familiar;

• Condições insuficientes do IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco) para oferecer suporte técnico adequado para atender às necessidades do setor;

• Falta de cultura para adotar práticas de associativismo no trabalho do campo e escassez de incentivos para o cooperativismo;

• Logística inadequada para o abastecimento de insumos e para o melhor escoamento da produção, bem como insuficiência de estruturas para armazenagem e distribuição;

• Insuficiente difusão da agricultura irrigada e recursos de crédito escassos para sua absorção pela maioria dos pequenos produtores em geral e pela agricultura familiar;

• Produtores não têm instrução e orientação para acesso e uso racional do crédito e há disfunções e inadimplência que precisam ser tratadas para não inviabilizar o sistema;

• Pequena difusão de pesquisa e de assistência técnica para orientação aos pequenos agricultores sobre a utilização de espécies vegetais e culturas mais adequadas para favorecer a combinação entre valor econômico e resistência às características do meio ambiente; inadequação do modelo de assistência emergencial nos períodos críticos de estiagem (carros pipa e outros); e fragilidades na educação, na produção e extensão dos conhecimentos gerais necessários para convivência com a Seca;

• Pouco apoio governamental, pequena capacitação dos agricultores e inexistência de incentivos e de orientação para a comercialização, com baixo comprometimento do governo estadual em relação às compras governamentais do setor;

• Necessidade de ampliar e fortalecer as políticas e ações de saúde (atenção básica), educação,segurança e abastecimento de água, entre outras, para proporcionar melhores condições de vida e de trabalho ao pequeno agricultor e à agricultura familiar.

Proposições específicas para o setor da agricultura familiar

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• Elaborar plano estadual de desenvolvimento da agricultura, com objetivos, estratégias,

políticas públicas, programas e metas voltados para a agricultura familiar;

• Reestruturar e revitalizar o IPA e demais organismos do setor agrícola estadual, com pessoal capacitado e valorizado, para realizar pesquisas, assessoria técnica aos empreendimentos rurais familiares e entidades associativas da agricultura familiar e disseminar conhecimentos, sobretudo em questões relativas à adequada convivência com a estiagem no semiárido e com as características de clima e solo nas diversas regiões;

• Integrar as ações do Governo do Estado, nas diversas secretarias e órgãos públicos voltados para o setor e promover articulação com as prefeituras, universidades e com o Governo Federal para apoiar a agricultura familiar e criar condições sustentáveis para o seu adequado desenvolvimento em Pernambuco;

• Seguindo a mesma diretriz, desenvolver programas e políticas para que o Governo do Estado de maneira integrada, realize ações para fortalecer o associativismo rural, por meio, entre outros, de micro cadeias produtivas e de novos arranjos produtivos locais;

• Desenvolver programa de ampliação da rede viária, com ênfase também para estradas vicinais de qualidade, ao lado da manutenção das PEs e de articulação com o Governo Federal para ampliar os cuidados com o estado das Brs e para aceleração das obras da Transnordestina, como meios importantes para redução dos custos de produção para transporte dos grãos na região e escoamento da produção agrícola;

• Implementar programa de conscientização da população e de educação permanente, sobretudo nas áreas rurais que são mais intensamente atingidas pela Seca e mobilizar os demais atores em torno de ações sustentáveis para criar condições adequadas para melhor convivência com os períodos de estiagem; conferir especial atenção para os jovens e as mulheres enfrentarem secas futuras com mais capacitação, menor sofrimento e melhores resultados em suas atividades familiares na produção e nas ações do cotidiano, sobretudo em relação ao uso da água; neste sentido, implementar programa de educação voltada para segurança alimentar;

• Promover informações e capacitação para o acesso e a racionalização do uso do crédito de fontes diversas (identificar) e criar mecanismos eficientes para apoiar, renegociar e orientar os atuais usuários do crédito que se encontram em situação negativa, de modo a possibilitar os meios para sua manutenção no sistema;

• Implementar programa de suporte à agricultura familiar, com capacitação, orientação, logística e investimentos para criar uma rede de armazenagem e distribuição da

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produção e para que o setor possa desenvolver melhores condições de comercialização dos produtos, seja pelo fortalecimento e ampliação de um programa estadual de compras governamentais, seja por meio de apoio ao cooperativismo e formas de associativismo para estabelecer melhores condições na intermediação e de negociação com o setor privado na venda dos excedentes (não de uso próprio das famílias) de produção do setor;

• Promover a integração das políticas estaduais de agricultura e dos programas dos organismos do Governo de Pernambuco que, direta e indiretamente têm pontos de contato com a agricultura familiar; fortalecer a cooperação com os municípios, de acordo com a diretriz de interiorização e a necessária articulação com o Governo Federal em todas as áreas que têm influência sobre a agricultura familiar e, também, com as prefeituras, universidades e organismos de ciência, tecnologia e inovação para ampliar as ações nesta área e tornar o sistema mais forte, abrangente e sustentável; incluir neste processo, o planejamento e as ações voltadas para a pecuária familiar, de modo a criar melhores condições de vida para a população do meio rural;

• Neste sentido, estabelecer políticas públicas abrangentes e integradas, em cooperação com os municípios, bem como definir objetivos, estratégia e metas para adequar e ampliar, na área rural, os programas de saúde (principalmente a Atenção Básica e o PSF), educação (sobretudo o Ensino Fundamental), meio ambiente (educação ambiental e convivência sustentável com a Seca, entre outros) e segurança (combate às drogas, fiscalização do uso de motos, prevenção da violência no meio rural), entre outros, que têm impacto direto sobre a população do campo e as famílias que trabalham na agricultura familiar.

• Fruticultura irrigada

Destaca-se, neste setor, o polo Petrolina/Juazeiro, localizado na porta de acesso ao trecho navegável do rio São Francisco, ligando o sertão nordestino ao Norte de Minas Gerais. É o maior e mais dinâmico polo de fruticultura irrigada do Brasil.

Os principais produtos produzidos nesta região são uva, manga, banana e goiaba, entre outras culturas de menor expressão econômica.

Em 2012, o valor desta produção foi de aproximadamente R$ 1 bilhão, representando cerca de 92% do valor total da fruticultura de Pernambuco, com destaque especial neste segmento para a produção de uva que, sozinha, representou quase 50% do total do estado.

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Petrolina possui uma posição diferenciada no estado e se destaca na economia sertaneja de Pernambuco sendo protagonista na atração de recursos públicos no interior do estado para fortalecer a infraestrutura e a diversificação e crescimento de sua economia.

Contribuiu historicamente para a construção de grandes projetos estruturadores federais, como a barragem de Sobradinho, administrada pela CHESF; os projetos de irrigação pública para alavancar a fruticultura, administrados pela CODEVASF; a criação da Universidade Federal do Vale do São Francisco; a instalação do Centro de Pesquisa da Embrapa Semiárido (CEPTSA); e também para o desenvolvimento de uma política de incentivos fiscais (FINOR e 34/18 no passado e PRODEPE no presente), para a implantação de indústrias de processamento, entre outras conquistas.

Esse conjunto de investimentos estruturadores e de projetos importantes para a agricultura irrigada, para atração de empresas e a geração de negócios multissetoriais, estimulou empreendedores locais, regionais e até internacionais para implantarem no município e na região, um conjunto de pequenas e médias empresas industriais voltadas para as atividades de processamento de uma variada gama de produtos agrícolas produzidos nos perímetros irrigados existentes na região do São Francisco.

Entraves específicos para o setor de fruticultura irrigada

. Necessidade de altos investimentos na implantação e custos elevados dos sistemas de irrigação e atrasos no cronograma de obras de projetos importantes do Governo Federal na área de recursos hídricos; . Baixa qualidade de manutenção e insuficiência de rodovias para atender à região e sua interligação com outras áreas do estado; . Produtos sensíveis e perecíveis requerem qualidade e regularidade do sistema de transporte. A capacidade de transporte de carga atualmente está limitada ao aeroporto de Petrolina; . Inadequada e ainda escassa infraestrutura de telecomunicações – internet e celular – no interior, de maneira geral e pouca oferta de serviços e de operadoras para atender à demanda na região do São Francisco, especificamente; . Pouca disponibilidade de linhas de financiamento adequadas às necessidades dos produtores do setor, pequeno conhecimento sobre as fontes e baixa capacitação e articulação para o acesso e uso do crédito, inclusive para exportação; apoio técnico e gerencial insuficientes, tanto para a produção e a gestão dos negócios, quanto na logística e distribuição e no que se refere a informações e acesso a mercados (incuindo o mercado externo);

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. Foco ainda muito concentrado apenas na produção do binômio uva-manga que, apesar de sua expansão, enfrenta os desafios de clima, distribuição e logística de transporte e de competitividade no mercado externo, e conta com apoio e articulação insuficientes do Governo estadual para a comercialização e captação de crédito, suporte para inovação e absorção de tecnologia, entre outros; . Dificuldades de aporte de tecnologia e necessidade de adoção de modelos mais ágeis de gestão, mais eficientes e descentralizados no setor público em relação aos programas de agricultura irrigada e deficiências no suporte técnico e extensão aos produtores; . Inexistência de estruturas de pesquisa fortes (programas e recursos, disponibilidade de pesquisadores) e adequados para o desenvolvimento de tecnologia aplicável à agricultura irrigada no semiárido; necessidade de expandir as ações e o conhecimento sobre a irrigação para outras áreas, além de Petrolina, de modo a beneficiar a região do Vale do São Francisco; . Ameaça e riscos dos processos de assoreamento e de desertificação, que assolam a região semiárida de Pernambuco (30% do território, atualmente) e que causam graves prejuízos ambientais e redução das áreas para agricultura exigindo medidas urgentes e eficazes, com custos elevados; . Necessidade de ampliar a articulação com as universidades (estadual e federal) e setores de tecnologia, pesquisa e inovação, com o Porto Digital e outros, no setor público e privado. O objetivo é fortalecer as ações de pesquisa e de extensão na região, estimular os projetos inovadores que aportem tecnologia para melhoria da produtividade, sustentabilidade e geração de inovação no setor, em complemento aos cursos de graduação em tecnologia em horticultura e pós graduação em fruticultura no semiárido, por exemplo (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Petrolina Zona Rural); . Deficiências na formação geral (educação fundamental, média e superior), baixa capacitação profissional e insuficiente oferta de mão de obra qualificada para trabalhar no setor e persistência de indicadores sociais negativos, nas áreas de emprego e renda, moradia, saneamento, educação, saúde, segurança, entre outras.

Proposições específicas para o setor de fruticultura irrigada

. Avaliar e promover estudos e articulação necessária para a implantação de perímetros de irrigação com investimento público a serem ocupados por pequenos, médios e grandes produtores. Há mais de 20 anos não se implanta um projeto relevante de perímetros de irrigação na região;

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. Estudar a viabilidade de promover PPPs e outras for,mas de parceria com o capital privado para ampliar a irrigação e para participar de projetos de agricultura irrigada; . Articular com o Governo Federal para ampliação da malha viária regional e promover a qualificação das Brs, as quais têm intenso volume de tráfego com significativo percentual de veículos de carga que acessam a região e requalificar, também, a malha viária (PEs) de responsabilidade do Governo do Estado; . Ampliar o Aeroporto de Petrolina, para proporcionar maior fluxo e segurança e melhor utilização para o transporte de cargas e avaliar a viabilidade dos investimentos e potencialidades de outros municípios para receberem aeroportos; . Realizar ampliação e melhorias da rede de telecomunicação na região, considerando também a perspectiva de contemplar outros municípios, além de Petrolina (celular e internet); . Identificar e apoiar os meios e ações para disponibilizar linhas de crédito adequadas, articulando com o Governo Federal ( Sudene, BNB, BB, Codevasf e outros); . Promover maiores investimentos em pesquisa e tecnologia para implantação de novas culturas e diversificar a produção regional, proporcionando os meios e o apoio para atender à demanda local, nacional e internacional, gerando novos arranjos produtivos e fortalecendo a economia local; . Criar condições para implantação de divisão da EMBRAPA Irrigação na região; garantir a existência de linhas de investimento em pesquisa aplicada para desenvolver novas tecnologias de fertilização e processos de irrigação para o setor a serem realizadas pela EMBRAPA, IPA, Universidade do Vale do São Francisco e outras, mediante articulação, envolvendo os três níveis de governo, o setor privado e organismos de inovação, ciência e tecnologia e as universidades; . Intensificar pesquisa para lançamentos de novos produtos com maior valor agregado (processamento das frutas) e para melhoria do sistema produtivo nos moldes do que vem sendo trabalhado pela EMBRAPA Semiárido e pelo ITEP, entre outros; incentivar a realização de estudos sobre a melhor utilização das frutas não aproveitadas pela produção (para produtos de maior valor agregado (ex.: doces); . Proporcionar melhor treinamento e maior formação da mão de obra, em Petrolina e região e ampliar os investimentos sociais nas cidades e no campo para beneficiar as famílias e, sobretudo, capacitar os jovens, com atenção especial para a população do campo e o trabalhador rural; fortalecer as políticas públicas e ampliar os programas para assegurar à população rural mais e melhor educação, serviços de saúde de qualidade e

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mais segurança, no objetivo de elevar os indicadores de qualidade de vida, da produtividade da agricultura, do nível de produção agrícola e da pecuária; . Avaliar as condições atuais de oferta e do acesso à água e à energia para atender às demandas dos produtores; avaliar a situação e o deficit existente nos sistemas de distribuição e armazenamento e transporte, bem como estabelecer meios e recursos para ampliar a extensão rural, a técnica e tecnológica, e estabelecer o diálogo para discutir mudanças no modelo de intermediação e de negociação da produção; ampliar o acesso ao crédito, entre outros fatores que visam uma melhor estruturação, gestão, organização e integração do setor; . Conferir especial atenção aos estudos, planejamento e articulação necessários à aceleração e viabilização de grandes projetos federais para a região, como Pontal, no Sertão do São Francisco e o Canal do Sertão (PE e BA), bem como a conclusão da Transposição do Rio São Francisco e demais obras hídricas de importância para a região, além da Transnordestina, que deverá servir de acesso ao Porto de Suape, entre outras grandes obras.

• Automotivo Um novo polo industrial está em implantação na região norte da Mata pernambucana, com alguns empreendimentos já instalados e outros com perspectivas de promover grandes transformações sociais e econômicas na área de influência de Goiana e de gerar uma nova alternativa territorial de desenvolvimento em relação ao polo de Suape, instalado ao sul.

Estão previstos investimentos de R$ 4,5 bilhões para implantação de uma moderna montadora de automóveis Fiat, de uma fábrica de motores, e de um centro de pesquisa e desenvolvimento e campo de provas, ocupando uma área de 1.400 hectares na região da Zona da Mata Norte do estado.

Entre 40 e 50 fornecedores de autopeças estarão agregados a este complexo, que deve propiciar a criação de mais de sete mil empregos diretos.

Além destes projetos, que estão em andamento, duas novas fábricas de motocicletas estão sendo implantadas, uma em Suape e outra em Caruaru, com investimentos superiores a 90 milhões de reais.

A Moura, empresa de Pernambuco e maior fabricante nacional de baterias, planeja investir mais de R$ 500 milhões até 2017 na ampliação da capacidade de suas fábricas, localizadas no município de Belo Jardim (Sertão). E, na cidade de Glória do Goitá, a WHB Fundição investiu mais de R$ 300 milhões na construção de uma grande fábrica para produção de blocos de motor e autopeças.

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São investimentos expressivos, que configuram a estruturação de um polo automotivo, um novo e promissor segmento industrial da chamada nova economia de Pernambuco.

Entraves específicos para o setor Automotivo

. Atraso preocupante no projeto e no cronograma de obras do Arco Metropolitano, eixo viário norte-sul que liga Goiana a Suape, indispensável à implantação do polo automotivo da região norte do estado - sistema Fiat e empresas parceiras; . Morosidade no processo de modernização e de ampliação da capacidade do Porto de Suape, necessárias para atender às novas e crescentes demandas de escoamento da produção; . Insuficiência de oferta local de capital humano qualificado para atender ao aumento e perfil da demanda em áreas técnicas. Parte do contingente necessário deve ser suprido por profissionais do sudeste e de outros estados da região, prejudicando a absorção de mão de obra de Pernambuco; . Necessidade de dimensionar as necessidades de ampliação da oferta e assegurar o fornecimento regular, e em volume adequado, de energia e gás; . Escassez de oferta de moradia adequada para a população que procura a região a partir dos novos empreendimentos do polo e de planejamento para prever e atender à demanda futura de habitação e saneamento, entre outras; . Demanda crescente por estrutura e serviços de qualidade nas áreas de saúde, educação, segurança e mobilidade urbana, sem estudos consistentes para seu atendimento; . Desafios de articulação, capacitação e estruturação de investimentos das Prefeituras da região para enfrentar as novas demandas decorrentes do crescimento acelerado; . Fragilidade atual no modelo de planejamento metropolitano, que não se faz de maneira integrada (14 municípios) para compreender adequadamente a realidade regional, atender `as demandas atuais e prever a sua evolução, de maneira a definir políticas públicas e os investimentos necessários, para o atendimento de questões relativas a, entre outros: transporte, logística, energia, comunicações, saneamento, meio ambiente e uso do solo, mobilidade urbana e moradia, coleta e destinação de lixo (domiciliar, industrial, hospitalar), abastecimento de água, que são temas essenciais para o desenvolvimento sustentável do novo polo.

Proposições específicas para o setor Automotivo

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. Desenvolver e ampliar a capacidade de articulação e gestão pública de grandes obras, bem como o processo de planejamento integrado com os governos federal e municipais; . Governo do Estado estabelecer parcerias com a universidade estadual e demais instituições de ensino superior para formação de tecnólogos, engenheiros e outras especialidades demandadas pela indústria e, também, com cursos superiores de pós-graduação, entre outros, para atender às novas perspectivas do crescimento econômico estadual; . Agilizar as articulações com o Governo Federal, as prefeituras da região e os organismos de atuação na área de meio ambiente para agilizar os projetos e licenças ambientais, de modo a viabilizar a implantação do Arco Metropolitano, que está com seu cronograma atrasado, bem como possibilitar melhores condições de análise e de licenciamento de outras obras prioritárias de forte impacto ambiental; . Promover articulação do segmento automotivo com o Porto Digital para agregar inovação, tecnologia ao polo e ampliar as oportunidades de negócio e de fortalecimento para as empresas do setor de TIC; . Promover estudos e ações necessárias à viabilização de projetos viários alternativos na região (locais) metropolitana (norte) para suprir a necessidade imediata atender à intensa circulação de veículos e de cargas no curto prazo; . Estabelecer urgente diálogo e articulação com os municípios para estimular a cooperação e realizar planejamento integrado visando os investimentos e as políticas metropolitanas, a realização de programas estruturadores, envolvendo o espaço territorial Suape / Goiana e a RMR, de forma geral, com vistas ao atendimento das demandas sociais e econômicas do presente, com responsabilidade e visão de futuro, de acordo com as tendências de expansão da região e das necessidades de disciplinar este crescimento de maneira sustentável; . É indispensável, portanto, dentro deste contexto, a formulação e a implantação de um “pacto metropolitano” entre o Governo do Estado, as prefeituras da RMR e os diversos agentes do processo de crescimento para cuidar do desenvolvimento sustentável da região, que abriga cerca de 42% da população do estado e concentra atualmente algo como 65% do PIB; . Em Pernambuco, para o período 2007-2016, estão previstos mais de R$ 100 bilhões em investimentos produtivos (68% em empreendimentos industriais) e em infraestrutura (cerca de 15%), além de projetos imobiliários (12%) e outros (uma grande parte destes investimentos está projetada para a região de Suape/Goiana e RMR como um todo).

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• Químico-Têxtil

O Complexo Industrial Químico-Têxtil, instalado em Suape, tem como objetivo primordial entre outros objetivos, viabilizar a estruturação de um polo petroquímico de poliéster integrado à cadeia nacional têxtil e de embalagens (PET).

Para tanto, o complexo é formado por duas empresas: a Companhia Petroquímica de Pernambuco (Petroquímica Suape) e a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe). A primeira produz o ácido tereftálico purificado, conhecido como PTA, e a última é responsável pela fabricação de polímeros e filamentos de poliéster e resina para embalagens PET.

Com um investimento da ordem de R$ 8,34 bilhões, este Complexo se caracteriza por apresentar uma alta densidade tecnológica, elevada escala de produção e por demandar mão-de-obra capacitada, treinada e especializada. A produção de PTA, ocorre desde janeiro de 2013, enquanto a produção da resina para embalagem PET acontecerá ainda no segundo semestre deste ano. Já o processo de fiação tem previsão de início em 2018.

Quando estiver em plena operação, o Complexo será o mais importante polo integrado de poliéster da América Latina.

Com isto, Pernambuco poderá atender a demanda nacional de polímeros e filamentos sintéticos de poliéster e de resina PET para embalagens, contribuindo para redução estimada das importações brasileiras, estimadas em cerca de US$ 1 bilhão de dólares ao ano. Além disso, esse segmento representa uma oportunidade para soerguer a indústria têxtil pernambucana e fornecer insumos a preços mais competitivos para o polo de confecções do Agreste.

Entraves específicos para o Complexo Químico-Têxtil

. Melhoria do sistema de transporte e de mobilidade na região e dos acessos viários a Suape, com objetivo de facilitar a circulação de mercadorias e dos trabalhadores, internamente na área do Complexo (sem esquecer as áreas de estacionamento) e nos deslocamentos de ida e volta para o trabalho, bem como no acesso e interligação de Suape a Recife e à RMR; . Escassez de oferta de mão de obra qualificada para atender a requisitos específicos; . As insegurança quanto ao adequado fornecimento de energia elétrica devido, entre outros motivos, às interrupções (“apagões”) no fornecimento;

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. Ausência de integração e baixa articulação entre instituições e universidades com capacidade de gerar inovação e tecnologia em especial o Porto Digital e o complexo produtivo.

Proposições específicas para o Complexo Químico-Têxtil

. Garantir a ampliação e a qualidade da malha viária de acesso ao complexo químico-têxtil, as conexões com outras regiões e a manutenção das vias internas de circulação ( e espaços de estacionamento); . Oferecer por meio de parcerias com o Governo Federal e entidades, como o Sistema S, cursos de qualificação profissional que possam atender em quantidade e no perfil adequado às necessidades do complexo produtivo; . Articular, junto com os governadores dos outros estados nordestinos, soluções que possam garantir a oferta de energia necessária para o pleno desenvolvimento das atividades do Complexo e de outros projetos estruturantes para o desenvolvimento sustentável da região e do estado; . Acompanhar o cronograma que irá determinar o pleno funcionamento do complexo produtivo e planejar um processo de integração da indústria têxtil instalada no estado (assim como possíveis projetos de expansão) ao Complexo Químico-Têxtil; . Avaliar a situação atual e as demandas potenciais para desenvolver programas capazes de atender às necessidades de ampliação e qualificação da infraestrutura de comunicações e de abastecimento de água, moradia, saneamento e políticas ambientais, bem como a oferta e a qualidade dos serviços de saúde, educação e de segurança.

• Indústria Naval

O Polo Naval implantado em Suape é considerado como uma das principais âncoras do processo de reindustrialização do estado.

A construção de embarcações de grande porte insere na matriz econômica do estado, um gênero da indústria de transformação capaz de gerar elevado valor agregado aliado a um processo produtivo que envolve alta densidade tecnológica.

Não bastassem esses atributos, o setor naval, por sua capacidade de aquisição de insumos, como caldeiraria, tubulação e perfis, por exemplo e de serviços, tais como jateamento e

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pintura, galvanização e revestimento de polietileno, entre outros, poderá multiplicar os seus efeitos sobre a economia estadual.

Em Suape, já estão em operação: o Estaleiro Atlântico Sul, considerado o maior e mais moderno estaleiro do país e o Vard Promar.

O primeiro tem capacidade de produzir navios com até 500 mil TPB (toneladas por porte bruto) e plataformas off-shore, empregando atualmente cerca de 5.000 trabalhadores.

O segundo é responsável pela produção de navios gaseiros e, até o final de 2014, deve empregar 1500 trabalhadores.

O Estaleiro Atlântico Sul já entregou três navios à Transpetro e até 2020 devem ser fornecidas mais 19 unidades. Em relação ao Vard Promar, a Transpetro contratou oito gaseiros, que deverão ser entregues até 2017.

Entraves específicos para o polo naval

. Encontrar no mercado nacional e, em especial, em Pernambuco, fornecedores capacitados para atender com qualidade e eficiência a demanda por insumos e serviços, reduzindo a dependência das importações; . Elevado preço do insumo (aço) no mercado nacional; . Escassez de oferta de mão de obra qualificada e especializada, em quantidade e qualidade para atender a requisitos específicos; . Situação precária dos acessos viários a Suape e da malha viária em geral, que prejudica a circulação de mercadorias e a mobilidade dos trabalhadores; . A ocorrência de interrupções (“apagões”) no fornecimento de energia elétrica; . O mesmo que já foi apontado noutro tema da matriz econômica, em termos de necessidade de ampliação e qualificação da infraestrutura e do aumento da oferta e melhoria da qualidade e eficiência dos serviços públicos em geral e, em especial, aqueles que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas e as condições de trabalho na área de influência de Suape, muito responsáveis pela dificuldade de atrair e manter pessoal qualificado na região.

Proposições específicas para o Polo naval

. Articular junto ao Governo Federal, por intermédio do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e das secretarias estaduais pertinentes, um programa para qualificação de fornecedores locais para atender ao polo naval e adensar a cadeia produtiva no estado.

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Segundo levantamento da FIEPE, existem segmentos na matriz industrial do Estado que poderiam ser capacitados para atender a esse objetivo. Os principais setores elencados pelo estudo da FIEPE são: fabricação de outros equipamentos de transporte (exceto veículos automotores); metalurgia, fabricação de coque, de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), de borracha e de material plástico e fabricação de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis; . Oferecer por meio de parcerias, com o Governo do Estado e com o Governo Federal e por entidades, como o Sistema S, cursos de qualificação profissional que possam atender às necessidades do complexo produtivo na formação e qualificação do capital humano para trabalhar nas empresas do Polo; . Ampliação e qualificação da malha viária interna e melhoria dos acessos a Suape, com objetivo de facilitar a circulação de mercadorias e a mobilidade dos trabalhadores; . Estimular potenciais fornecedores do polo naval, por meio de suporte técnico e articulação, a investir em projetos de inovação que possam ser financiados com recursos de fontes disponíveis, nos casos do BNDES e da Finep, por exemplo; integrar as empresas do polo ao Porto Digital e às universidades com este objetivo.

• Petróleo e Gás

A decisão do Governo Federal em construir em Pernambuco uma refinaria de petróleo (Refinaria Abreu e Lima), se constitui em um importante marco para promover uma mudança estrutural no perfil da indústria de transformação do Estado.

Assim, estará sendo ampliada a participação de bens intermediários na matriz produtiva, que também se beneficiará da proximidade com a oferta de insumos importantes para vários segmentos da economia, como o óleo diesel e o gás, por exemplo.

O objetivo principal da Refinaria Abreu e Lima será produzir óleo diesel, complementando o suprimento desse produto no mercado brasileiro, atualmente dependente de importações.

Adicionalmente, a refinaria produzirá outros derivados como nafta; coque de petróleo; gás liquefeito de petróleo (GLP), gasóleo pesado de coque para ser usado como óleo combustível na indústria ou combustível marítimo (bunker) e, como subproduto, ácido sulfúrico.

A refinaria terá capacidade para processar 230 mil barris de petróleo por dia.

Assim, esta unidade produtiva atenderá aos mercados da região Norte e Nordeste e reforçará ainda mais a vocação de Pernambuco como polo catalisador e articulador das economias da região, porém, com uma vantagem adicional: a economia se sustentará em bases produtivas mais sólidas, por abrigar cadeias produtivas que se caracterizam por uma maior densidade tecnológica e capacidade de competitividade nos mercados doméstico e externo.

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Este raciocínio se aplica aos setores anteriormente analisados da nova matriz econômica, como o complexo químico têxtil e a indústria naval. Por estas características, e por se localizarem também em Suape, os entraves e desafios da cadeia produtiva do petróleo e gás, em Pernambuco, são semelhantes aos desses novos empreendimentos.

Entraves específicos para Petróleo e Gás

. Articular junto ao Governo Federal, por intermédio do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e as secretarias estaduais pertinentes, um programa para qualificação de fornecedores locais para atender as demandas da Refinaria Abreu e Lima e adensar a cadeia produtiva no Estado. Segundo levantamento da FIEPE, existem segmentos na matriz industrial do Estado que poderiam se capacitar para alcançar esse objetivo; . Oferecer por meio de parcerias com o Governo Federal, com o Governo de Pernambuco e por entidades paraestatais, como o Sesi, cursos de qualificação profissional que possam atender às necessidades da cadeia de petróleo e gás; . Melhoria da malha viária e dos acessos viários a Suape, com objetivo de facilitar a circulação de mercadorias e a mobilidade dos trabalhadores, tanto internamente, na área do Complexo quanto nos acessos e interligações com outras regiões; . Estimular potenciais fornecedores da Refinaria Abreu e Lima por meio de suporte técnico, a aprovarem projetos de inovação, que possam ser financiados com recursos de fontes disponíveis, como os do BNDES e da Finep; promover articulação e integração das empresas do polo da nova indústria com as empresas de TIC do estado, as universidades e com os organismos de representação do setor privado de maneira geral.

• Indústria de transformação

Entraves ao desenvolvimento da indústria de transformação

O diagnóstico e as propostas constantes da política industrial formulada pela Fiepe e as discussões com empresários de segmentos diversos, evidenciaram uma série de entraves ao desenvolvimento setorial. Entre eles:

. Precária estrutura de transportes, baixa mobilidade urbana na RMR e consequente necessidade de planejamento, ampliação e qualificação das rodovias do estado e avaliação e modernização do sistema em operação e do modelo atual; . Difícil acessibilidade ao porto de Suape e excesso de burocracia nos processos, inclusive para importação e exportação;

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. Deficiências, irregularidade e escassez no fornecimento e alto custo da energia elétrica, com perspectivas preocupantes no futuro próximo; . Infraestrutura de transporte insatisfatória: baixa conservação da malha, incipiente multimodalidade e atraso nos cronogramas de projetos importantes (Arco Metropolitano e Transnordestina); . Baixo nível de produtividade e de competitividade da indústria estadual, em comparação com a média nacional; . Pouca qualificação e insuficiência de mão de obra especializada para atender às demandas geradas pelo dinamismo, diversificação e complexidades do novo mercado de trabalho; . Inadequada articulação, baixo adensamento entre segmentos e pouco diálogo institucional da indústria pernambucana com o Governo do Estado, com as universidades e com o Governo Federal; baixa capacidade de inovação, pesquisa e intensidade tecnológica; muito pouca interação com o Porto Digital e as empresas de TIC; . No que se refere ao acesso a financiamentos, registram-se: desconhecimento das fontes, demora na contratação, exigências de garantias reais difíceis de serem cumpridas e apoio insuficiente para a capacitação de empresas na obtenção e uso do crédito; . Distorções no sistema e na economia, causadas pela concessão de benefícios fiscais pelo Governo do Estado para atração de novos empreendimentos, sem a definição prévia de uma política discutida e pactuada para este fim e ausência de políticas consistentes para apoiar e fortalecer as MPEs de forma geral e as empresas locais já estabelecidas no estado; . Alta concentração da atividade industrial na RMR e na Zona da Mata e incipiente desconcentração da produção e interiorização; . Pequeno valor agregado e baixo nível tecnológico das exportações; barreiras institucionais, burocráticas e legais que não criam ambiente favorável para exportar; ausência de cultura empresarial para a exportação de produtos industrializados; escassas informações sobre mercados e oportunidades; baixa capacitação técnica e gerencial para o comércio exterior; . Situação preocupante em relação ao meio ambiente, seja no aspecto institucional, para tratamento da questão ambiental como prioridade de governo, seja na fiscalização,

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na educação ambiental, no aspecto técnico para análise de projetos e concessão de licenças ambientais; seja pela pouca articulação dos órgãos estaduais e federais com o setor privado e com as universidades; pela dificuldades na articulação;e, ainda, por causa da pouca agilidade nos processos e deficiências de estrutura dos organismos do setor.

O PIB estadual, em torno de R$ 110 bilhões, embora expressivo e tendo evoluído rapidamente nos anos recentes, ainda representa pouco no contexto nacional.

Em termos de competitividade, apesar de ser o segundo no Nordeste, o estado ocupa ainda uma modesta 14a. posição no ranking nacional devido, entre outros, ao ambiente pouco favorável em termos de regime de regulação de impostos, infraestrutura, baixa qualificação técnica e insuficiente oferta de recursos humanos.

O crescimento de Pernambuco, nos últimos 20 anos, entretanto, situa-se num patamar importante em relação ao país e à região, com elevação superior a estes, em alguns períodos, numa média anual em torno de 5,5% ao ano, atingindo um PIB per capita de cerca de R$ 12 mil, algo como metade da média nacional. Esta situação, ainda está longe do desejado.

Igualmente, não é confortável o inexpressivo indicador que mede a abertura da economia, onde os bens de consumo não duráveis representam 62% da pauta de exportações e os insumos industriais 27%, com apenas cerca de 6% para os bens de capital.

Dos investimentos já previstos e em execução, no período 2017-16, como já visto, a maior parcela refere-se à indústria de transformação.

Nesta, 70% referem-se aos bens intermediários, 21% aos bens de consumo duráveis e de capital e quase 8% aos bens não duráveis de consumo. Este quadro, no entanto, tende a evoluir aceleradamente nos próximos anos, tanto em volume (R$) quanto na composição (%) relativa dos segmentos.

A chamada “Nova Economia” e os novos setores industriais (automotivo, óleo e gás, petroquímica, naval e outros) tendem a ocupar posição de destaque em relação à indústria tradicional.

Toda esta transformação, por certo vai estimular o crescimento econômico estadual. Esta mudança significativa, como nunca aconteceu de forma tão expressiva e em período tão curto no passado, vai exigir investimentos de vulto na infraestrutura para não sofrer estrangulamentos e descontinuidade.

Por outro lado, é urgente mobilizar recursos e estabelecer políticas públicas vigorosas para promover ganhos crescentes e acelerados nos níveis de bem estar e de qualidade de vida da população, notadamente em educação (incluindo a formação e qualificação técnica), na saúde, segurança, transporte e mobilidade, meio ambiente e nas condições adequadas de habitabilidade.

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Um desafio grandioso, complexo, que vai exigir, de um lado, mudanças também nos processos e no conceito de planejamento, que deverá ser mais participativo e integrado (envolver todos os atores), estratégico e sustentável e, de outro, novos comportamentos, no exercício de uma prática politico-administrativa e de gestão inovadoras para execução das obras e projetos com abordagem regional e visão de futuro.

Este é o caminho que se coloca para Pernambuco ir mais longe e fazer do seu processo de crescimento, um modelo que assegure bem estar e qualidade de vida para as pessoas, que proporcione melhores oportunidades de trabalho e resultados sustentáveis para produzir desenvolvimento social, ambiental e econômico integrados, ao invés de apenas produzir números expressivos na evolução do PIB estadual.

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Neste Plano já foi identificado, anteriormente, que os baixos índices de inovação, a pouca competitividade das empresas e o ambiente desfavorável de negócios em Pernambuco, não são fatores estimuladores do crescimento econômico. Entre outros motivos, alguns dos principais entraves são: a pouca qualidade e especialização dos recursos humanos para atender ao rápido crescimento da demanda na indústria e a insuficiente disponibilidade (em perfil e volume) de mão de obra técnica necessária com capacitação adequada.

Em anos recentes, a economia pernambucana apresentava índices de produtividade de apenas 64% em comparação com a média nacional no setor industrial, com desempenho inferior também na agropecuária, serviços e na construção civil.

Por estes motivos, é preciso investir maciçamente na melhoria da qualidade da formação técnica e profissional, na capacitação para a gestão, em inovação e tecnologia e, como já visto, na educação de forma geral, desde o Ensino fundamental ao Ensino Médio e Superior.

No Brasil, o Ensino Médio representa a última etapa da educação básica e é o caminho natural para a inserção dos jovens no mundo do trabalho. É a etapa natural para a continuidade dos estudos, que se dá através do Ensino Superior e da Especialização.

A integração entre o Ensino Médio de boa qualidade e universalizado e a formação profissional (Ensino Técnico) adequada às demandas do setor produtivo é um dos principais desafios para o estado de Pernambuco.

Esta proposição de integrar o Ensino Médio ao Ensino Técnico em escolas de tempo integral prevê uma maior e mais adequada diversificação das atividades curriculares. O objetivo é oferecer além da educação geral, maiores opções de cultura, esportes e lazer, bem como intensificar ações para promover a inserção digital e conhecimentos sobre o mercado de trabalho e línguas estrangeiras, entre outros.

Atender às crescentes demandas do setor privado por capital humano de qualidade e integrar a política educacional à realidade dos diversos setores produtivos, incluindo os APLs, em cooperação com os municípios é o caminho para abrir oportunidades para os jovens e para potencializar a economia.

O estado possui atualmente uma rede de 27 escolas técnicas, que atendem a uma população estimada de 21mil alunos, devendo atingir 40 escolas no final de 2014.

É urgente, portanto, ampliar a oferta de mão de obra qualificada e oferecer aos jovens mais oportunidades de emprego e de crescimento profissional.

A qualificação profissional é um meio seguro para criar condições adequadas e sustentáveis de melhoria do nível de bem estar e de qualidade de vida da população, com perspectiva de elevação da renda familiar e de desenvolvimento da economia estadual.

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a) Diagnóstico

Baixa produtividade é um importante desafio a ser superado.

Os resultados de baixa produtividade da economia pernambucana se devem principalmente a uma combinação negativa de tecnologia defasada na economia tradicional e de baixa qualificação da mão de obra, de forma geral.

Espera-se uma mudança neste indicador nos próximos 5 anos, em virtude das mudanças na matriz econômica (sobretudo com os novos empreendimentos). Mas é essencial investir na educação e na qualificação profissional para alcançar este objetivo e acelerar o processo.

A meta de elevar a produtividade da economia de Pernambuco (para cerca de 80% da média brasileira) nos próximos anos requer melhorar, principalmente, os indicadores da indústria de transformação, ajudando a elevar a produtividade total.

Os novos empreendimentos vão mudar a fisionomia da economia pernambucana e estão demandando para isto, novos e maiores investimentos, políticas públicas consistentes para elevar a qualidade e eficiência dos serviços prestados à população e um novo perfil profissional.

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Mapa dos investimentos anunciados em implantação ou realizados – 2007 / 2016

A disponibilidade de recursos de mão de obra em quantidade suficiente é um fator relevante para atender, em parte, à demanda destes empreendimentos em implantação, mas não é tudo.

Há que se considerar, ainda, a implementação de indústrias intensivas em capital e processos produtivos com tecnologia moderna, que requerem especialização em segmentos de conhecimento não tradicionais.

Estudo de 2013 da FIEPE detectou insuficiência de profissionais em setores com franco crescimento no estado, a exemplo de petróleo e gás, naval, automotivo, farmoquímica e construção civil.

Foi evidenciado que o capital humano atualmente, ainda é insuficiente e com pouca qualificação: escolaridade baixa, pouco raciocínio lógico e pequeno conhecimento tecnológico.

Com isso, as novas posições acabam sendo direcionadas para profissionais vindos de fora de Pernambuco, aumentando o fluxo migratório da mão de obra para o estado, de forma que o trabalhador pernambucano pode vir a deixar de apropriar a riqueza gerada pelos novos empreendimentos.

O crescimento do PIB, se forem mantidas estas condições no curto prazo, não vai ser traduzido em aumento da renda do trabalhador e das famílias, nem ocasionar melhoria nos padrões de bem estar da população.

É urgente, neste sentido, atuar sobre este ambiente para inverter esta realidade no menor prazo possível e atender à demanda dos novos setores produtivos.

Os cursos técnicos oferecidos pelo Senai e outras instituições já detectaram que o nível dos candidatos atuais não atende às necessidades dos novos investimentos como a Refinaria,

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Estaleiro e Fiat, por exemplo. Estas empresas possuem exigências elevadas para contratação, como, por exemplo, dois idiomas, mesmo para o pessoal do nível operacional.

É um enorme desafio a ser vencido e cabe ao Governo estadual o papel de liderar, estimular e apoiar o processo de transformação agilizando providências e promovendo a articulação e os incentivos necessários.

Oferta atual de cursos das escolas técnicas está mais orientada para o atendimento de demandas básicas de formação profissional

A formação técnica atual está mais voltada para o atendimento de demandas básicas da atividade industrial e não leva em conta, ainda, o perfil de exigência operacional dos empreendimentos, seus novos equipamentos e os processos tecnológicos característicos da moderna economia.

Porém, de acordo com as empresas entrevistadas pela FIEPE em 2013 (estudo de Política Industrial), há necessidade de maior qualificação, mesmo para funções mais básicas, entre outras:

• Operadores (caldeiras, carregadeira, solda, corte, empilhadeira); • Técnicos (efluentes, eletrotécnica, laboratório, mecânica de manutenção e refrigeração,

automação desenho industrial, logística); • Mecânica (industrial, auxiliar, caldeira, manutenção).

Falta planejamento coordenado da pós-graduação, da formação de tecnólogos e do Ensino Superior para atender à demanda.

Pontualmente, algumas universidades já tomaram a iniciativa de implantar rapidamente cursos de pós-graduação. Por exemplo:

• UFPE: pós em Inovação Terapêutica, para atender ao polo Farmoquímico; • UPE: especialização em Engenharia Naval; e negociações com a Fiat para estabelecer

parceria com a Universidade de Turim na formação em Engenharia, com foco no segmento automotivo.

Outras universidades apostam nos cursos de tecnólogos especializados e de curta duração:

• UPE: tecnólogo em Logística (Salgueiro); • Unicap: tecnólogo em Gestão Portuária (Suape); • UFPE: curso de Engenharia Naval em parceria com a USP.

São muitos, também, os cursos superiores em áreas importantes de Medicina, Engenharia, TI e outros.

Mas é necessário ir além: em quantidade, diversificação e, sobretudo, em qualidade de ensino (melhores escolas, equipamentos modernos, professores capacitados tecnologia atual e especialização) e na adequação dos currículos, de acordo com as demandas.

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São iniciativas importantes, mas é necessário evoluir e ampliar as opções, também no interior do estado e na região metropolitana, sobretudo no atendimento à realidade do ambiente econômico e da necessidade de instrumentalizar a competitividade das atividades produtivas de cada polo de desenvolvimento estadual.

Consolidar a interiorização do Ensino Superior

A expansão das universidades está abrindo novas oportunidades de formação acadêmica e profissional para jovens do interior.

Este é um dos principais aspectos abordados pela pesquisa “A interiorização recente das instituições públicas e gratuitas de ensino superior no Norte e Nordeste, desenvolvida pela Fundação Joaquim Nabuco. Iniciada em 2010, esta pesquisa busca mostrar os resultados do processo de interiorização das universidades das regiões Norte e Nordeste do país e demonstra, entre outros, que a interiorização das universidades públicas aumentou o acesso dos jovens ao conhecimento e elevou consideravelmente a oferta de Ensino Superior em Pernambuco. Porém, ainda não é o suficiente para atender à demanda crescente e diversificada no estado.

Este estudo da FJN indica os efeitos positivos que a interiorização das universidades tem promovido:

• Dinamização do lugar em termos educacionais e culturais, com ampliação do conhecim,ento e efeitos multiplicadores;

• Atratividade e fixação de jovens nas cidades do interior; • Impactos econômicos e sociais positivos.

b) Linhas de atuação

• Articulação entre os níveis de governo (federal, estadual e municipal) e os principais agentes públicos e privados do processo de crescimento econômico (setor privado e suas entidades de representação, órgãos dos governos, universidades e centros de pesquisa, ciência e tecnologia);

• Fortalecer o planejamento integrado para antecipar tendências e visualizar demandas, intensificando a interiorização das ações, via maior participação do setor público e privado, ampliando este tecido de contribuições;

• Integração entre os programas de qualificação profissional e as estratégias de crescimento econômico, as políticas sociais de educação e de Inovação, contemplando também a dimensão regional;

• Ampliação da rede de escolas técnicas e sua integração com a rede de Ensino Médio com atualização dos currículos no Ensino Técnico para atender às demandas regionais e ao perfil da atividade produtiva estadual, incluindo a chamada nova indústria.

• Articulação e integração com o Sistema S, as escolas técnicas federais, o Sebrae, as universidades, o Porto Digital e outras instituições para fortalecer o Ensino Técnico, adequar os currículos ao ambiente empresarial e contemplar também o universo das MPEs.

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c) Proposições

. Planejamento e ação coordenada entre atores federais, estaduais, municipais e privados para adequar a oferta de cursos às demandas da matriz econômica.

Articular com a rede de atores* um planejamento integrado da oferta de cursos com base nas demandas de mão de obra atuais e para os próximos anos, alinhando esforços das escolas profissionais e do Ensino Superior. Para isto:

• Analisar as razões e as características dos principais gargalos de mão de obra nos diversos setores, em ada região, com prioridade para os polos dinâmicos de crescimento acelerado;

• Priorizar o perfil e a demanda de profissionais por conta dos novos empreedimentos;

• Considerando as vocações econômicas regionais e os APLs;

• Avaliar e decidir sobre número e perfil de ETEs (Escolas Técnicas Estaduais) a serem efetivamente implantadas pelo Governo estadual e assegurar sua manutenção e funcionamento adequado:

• O plano do atual governo (2011-2014) sugeria instalar um total de 60 escolas ao final deste ano (atualmente existem 27);

• Estudar a viabilidade de promover cursos profissionalizantes no turno da noite como alternativa de aproveitamento das estruturas existentes e para oferecer opção aos alunos.

* Rede de atores: Escolas técnicas - rede estadual de escolas técnicas estaduais e do Sistema S (Senai, Senac, Senar); rede federal: Prominp, Pronatec e Planseq - e universidades federais. Idem, para cursos de pós graduação (média duração) e para tecnólogos (curta duração).

Ações previstas:

• Realizar diagnóstico comparando as demandas e os gargalos existentes de profissionais técnicos no estado versus a oferta (quantidade e qualidade) dos cursos atualmente disponíveis;

• Desenvolver programas com tipos, número e modalidades (curta, média e longa duração) de cursos oferecidos nas diferentes regiões, alinhados com o perfil de empresas e investimentos privados na região, conhecimentos tecnológicos e potenciais regionais;

• Fortalecer quadro de professores e estabelecer programas de capacitação e de incentivo para sua fixação em regiões de desenvolvimento;

• Promover a requalificação, investimentos e infraestrutura das escolas técnicas; • Analisar meios para tornar o modelo de remuneração e os planos de carreira dos

professores mais compatível com a qualidade e o perfil requeridos.

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. Inteligência para antecipar demandas por profissionais a partir de novas tendências (novas tecnologias, novas competências) e dos novos empreendimentos.

Apoiar a realização de estudos sistemáticos orientados para a prospecção de tendências (novas tecnologias, novas competências requeridas) no mercado de trabalho, no sentido de antecipar as demandas por mão de obra qualificada.

Com base nos planos de investimento dos novos empreendimentos, desenvolver esforços e articulação para planejar, assegurar e promover a oferta (antecipada) de cursos técnicos, de tecnólogos e de pós-graduação, que possam acelerar o desenvolvimento de profissionais locais.

As universidades já têm grupos estudando esses movimentos econômicos no estado e o Governo deve integrar-se a estes estudos, em parceria também com o setor privado e as instituições do Sistema S.

. Estimular ingresso de alunos no Ensino Técnico pela educação básica e Bolsa Família, beneficiando-se dos programas federais (Pronatec, Planseq, Prominp)

Desenvolver ações e modelo para intensificar a integração do Ensino Básico ao ingresso de alunos no Ensino Técnico e escolas do Sistema S, cabendo a coordenação do programa à Secretaria de Educação em cooperação com com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico para ampliar o benefício dos programas federais voltados para o ensino (ex.: Pronatec) e para criar mecanismos de incentivo para aqueles que se beneficiam do programa Bolsa Família.

Entre 2011 e 2014, já foram realizadas quase 400 mil matrículas em todas as ações do Pronatec no estado. Desse total, mais de 170 mil fazem parte da iniciativa Bolsa-Formação.

Os investimentos no estado, entre 2011 e 2013, chegaram a R$ 522 milhões. Só no primeiro semestre de 2014, foram abertas mais de 50 mil novas vagas em cursos técnicos e de formação inicial e continuada (FIC).

São números expressivos, mas é preciso ir mais longe.

No Recife, foram realizadas, entre 2011 e 2014, mais de 149 mil matrículas, sendo 64 mil relacionadas ao Bolsa-Formação.

Entre 2001 e 2013, os investimentos na capital chegaram à marca de R$147,5 milhões no município. Dentre os cursos mais procurados, estão: técnico em enfermagem, informática e radiologia, além dos cursos FIC para operador de computador, telemarketing e agente de informações turísticas.

Há necessidade, além de incrementar o número de matrículas e criar estímulos para a conclusão dos cursos, de diversificar e direcionar a oferta de vagas para atender à demanda por mão de obra qualificada dos setores da economia em fase de implantação, sobretudo ao perfil da nova economia.

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É um desafio enorme, cujo enfrentamento não pode ser negligenciado e nem adiado, sob pena de comprometer o futuro crescimento estadual, de criar sérias dificuldades para a viabilidade de empreendimentos em implantação e a atração de novos investimentos para Pernambuco.

Nunca, como agora, o estado depende tanto de seu capital humano de nível técnico e de nível superior. Da mesma forma, nunca Pernambuco ofereceu tantas e tão promissoras perspectivas de emprego e de crescimento econômico abrindo um horizonte promissor de oportunidades para sua juventude e profissionais qualificados.

Formar e capacitar a mão de obra é mais do que um objetivo. É uma necessidade para operar os novos postos de trabalho e construir uma economia mais sólida e diversificada.

Da mesma maneira, este processo de crescimento vai exigir maior capacidade de gestão dos negócios, dos processos, da produção e dos recursos humanos, abrindo um caminho atraente para a formação e especialização de administradores em diversas modalidades, do gerenciamento operacional ao nível estratégico.

Se esta é uma realidade que se apresenta para o setor privado, também é verdadeira para a nova administração do setor público (incluindo os municípios). Seja para exercitar o papel institucional do Governo do Estado e das Prefeituras, seja pela necessidade de qualificar também os quadros técnicos das secretarias e órgão públicos para planejar e operar o sistema público estadual.

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Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (PRONATEC/BSM)

Pelo quadro anterior, Petrolina, Salgueiro, Serra Talhada e Caruaru, pela ordem, após o Recife, estão entre os 5 primeiros municípios que mais ofereceram cursos de qualificação profissional em 2013.

. É compromisso ampliar a preparação para o mercado de trabalho e perseguir a meta de capacitar 100 mil jovens, utilizando para isto a rede de escolas técnicas, o Pronatec (via articulação com o Governo Federal) e o Sistema S.

. Da mesma forma, a meta é abrir 400 mil matrículas nos cursos do Pronatec, nas suas diversas modalidades, desde os cursos à distância às parcerias com o Sistema S e cursos para garantir a formação inicial e continuada ou qualificação profissional, para trabalhadores, estudantes do Ensino Médio e beneficiários de programas federais de transferência de renda, entre outros.

. Criar parcerias com universidades para formação de tecnólogos e pós graduados em novas especialidades

Estabelecer parcerias com universidades para ampliar o número de cursos especializados de pós-graduação e outros para tecnólogos

• Articular para alinhar oferta entre as universidades (ex.: UFPE, UFRPE, UPE e UNICAP) em termos de número de cursos e de disciplinas (ampliar e diversificar);

• Planejar com maior antecedência o número e a estruturação dos cursos;

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• Promover meios e políticas para maior atração e qualificação de professores com remuneração compatível e criar política e incentivos para estimular sua fixação nas regiões polo de crescimento econômico;

• Ampliar oferta de bolsas com apoio do governo estadual e desenvolver articulação para incentivar cooperação neste sentido com a iniciativa privada.

. Ampliar acesso ao ensino superior pelo interior

. Criar condições para a promoção e expansão de cursos presenciais e à distância e articular

politicamente para consolidar o processo de interiorização do ensino voltado para o atendimento de demandas locais e regionais (ex.: UPE e as universidades federais).

. Estudar a criação de faculdade técnica no estado e promover sua interiorização, de modo a

atender às necessidades dos segmentos econômicos dos polos de desenvolvimento regionais com currículo adequado às suas demandas.

. Articulação com o setor de TIC

. Estabelecer articulação e cooperação com as empresas de TIC e o Porto Digital para

implantação de Escola Técnica de Programação para que os alunos da rede pública selecionados possam ter oportunidade de serem treinados em programação contando com a participação técnica das entidades na elaboração das disciplinas e com o compromisso das empresas para oferta de vagas de estágio remunerado e de acesso ao mercado de trabalho para os aprovados

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O desenvolvimento sustentável de Pernambuco requer um ambiente institucional, político, social e econômico favorável no estado para a implantação de novos empreendimentos e para a operação das empresas aqui instaladas. Pressupõe, também, a oferta de uma infraestrutura diversificada, moderna, de qualidade, em proporção adequada às demandas do setorprodutivo e das pessoas que requerem melhor qualidade de vida e de trabalho. Esta infraestrutura, além de oferecer os meios para alavancar o crescimento econômico e a melhoria dos níveis de bem estar das famílias precisa estar disponível e equilibradamente distribuída por todo o território pernambucano, não apenas atendendo às necessidades atuais, mas em condições de ser expandida, em quantidade e alternativas, para servir às exigências futuras.

Enorme desafio, que está longe de ser respondido nos dias atuais. É inegável o quanto foi realizado, sobretudo nos últimos anos. É preciso reconhecer também, o quanto está em execução com o inestimável suporte do Governo Federal, em ambas as situações (passado e presente). Todavia, os projetos de grande porte em andamento no estado precisam ser agilizados e concluídos, em especial os pesados investimentos em recursos hídricos (Transposição do Rio São Francisco, adutoras e ramais), a Transnordestina e o Arco Metropolitano, entre outros que envolvem estradas e mobilidade, por exemplo.

Para levar adiante estes investimentos é fundamental visão estratégica, vontade politica, a mobilização da sociedade e a unidade de esforços ente Governo do Estado, setor privado e Prefeituras, junto com o Governo Federal, para realizar, em poucos anos, um projeto arrojado e ambicioso de obras públicas, vital para o futuro de Pernambuco.

A seguir, considerações sobre Energia, Estradas, Gás, Recursos Hídricos e Telecomunicações, os principais itens de infraestrutura que devem merecer atenção especial do novo governo (a partir de 2015).

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a) Diagnóstico

Estudos recentes e avaliações da malha viária pernambucana apontam que há uma grave desvantagem competitiva do estado nesta área.

O estudo da Unidade de Inteligência da revista The Economist (2012) sobre a competitividade dos estados brasileiros, revela que Pernambuco obteve nota mínima neste quesito, figurando ao lado de estados como Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Pará, Roraima e Tocantins, entre outros, além do Ceará.

Da mesma forma, pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (2013) indica que 36% das rodovias de Pernambuco apresentam qualidade ruim ou péssima, sendo que apenas 0,5% foram avaliadas como ótimas, enquanto 37,4% são consideradas regulares.

É o caso, também, do estudo Pernambuco 2035, que demonstra que o estado possui um limitada malha rodoviária pavimentada (69.6 km de rodovias pavimentadas por mil km2), o que proporciona baixa integração interregional e poucas condições de competitividade. Atualmente, são cerca de 12,5 mil km de estradas no território estadual, a quarta maior malha viária regional (NE), sendo que, destas, cerca de 10 mil km são PEs (142 rodovias estaduais), pavimentadas ou não e os restantes 2,5 mil km são BRs (13 estradas federais). Entre as estaduais existem as chamadas estradas radiais (que partem do Recife), as transversais (ligam localidades do estado, que não a capital) e os acessos (ligam cidades e vilas às rodovias).

O conjunto de rodovias divide-se, pois, entre rodovias federais, rodovias estaduais e coincidentes, rodovias vicinais, acessos e a rede rodoviária municipal.

A precariedade existente, sobretudo nas rodovias estaduais (PEs), afeta não somente o desenvolvimento econômico das diversas regiões, mas inibe a atração de novos empreendimentos e compromete o crescimento, a produtividade e a competitividade das empresas. É um fator limitante para os negócios em geral e para a operação dos polos produtivos regionais em especial, que demandam melhores condições de acesso de pessoas, de matérias primas, insumos, serviços e equipamentos e de distribuição desses produtos.

Esta situação negativa de infraestrutura viária tem também efeitos sobre a dimensão social do desenvolvimento. Estradas de má qualidade e insuficientes para cobrir o espaço territorial do estado adequadamente, interferem diretamente, de forma restritiva, também na qualidade de vida das pessoas, restando para as populações mal servidas do interior, o transporte clandestino, inseguro e caro, devido à ausência de sistemas de transporte coletivo eficientes e de qualidade. Impedem, também, uma melhor oferta de serviços públicos de saúde e segurança, entre outros, e contribuem para o aumento do numero de acidentes e mortes.

Além do mau estado de conservação do pavimento das estradas, é crítica a situação determinada pela escassez de sinalização, falta de acostamentos, circulação de animais e pouca fiscalização.

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Existem alguns casos crônicos, que ilustram, infelizmente, esta realidade, como a PE 360 (Ibimirim/Floresta) conhecida como a “estrada do medo”, pelos buracos, riscos de assalto e precária manutenção geral ao longo de cerca de 100 km. Ou a PE 300 (Águas Belas/Inajá), com cerca de 75 km, conhecida como a “estrada da morte” pelos mesmos motivos e pelos riscos da presença de animais na pista de péssima qualidade.

Não há registros precisos das colisões e acidente nas rodovias, a menos que haja ocorrência de óbito a caminho de algum hospital. Este fenômeno da subnotificação não é desconhecido da Polícia Rodoviária Estadual, que não tem meios adequados para estar presente nas estradas mais isoladas e distante das grandes cidades. Por outro lado, não mantém adequada integração com as delegacias da Policia Civil e as unidades da Policia Militar, estas, também, carentes de efetivos de pessoal e de equipamentos.

Merece registro neste tema (transportes e estradas) a inoperância e a falta de recursos para realizar a finalidade para a qual foi criada (regulamentar e organizar o sistema intermunicipal de transporte) da EPTI – Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal. Atualmente, são apenas cerca de 120 linhas intermunicipais operadas por 14 empresas e por um conjunto de clandestinos, o que demonstra a desorganização e informalidade deste sistema, que não presta um serviço de qualidade e seguro à população.

Baixa qualidade das estradas do estado

O modal rodoviário de Pernambuco está próximo da saturação e boa parte dele ainda apresenta um elevado processo de degradação.

Gráfico 2: Avaliação qualitativa das estradas de Pernambuco. Fonte: CNT

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Gráfico 3: Número de estradas avaliadas por qualidade geral no estado. Fonte: Relatório CNT - 2014

As principais razões apresentadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PE) para explicar esta situação são: a idade média das vias (60% delas superior a 20 anos) e o elevado índice de precipitação pluviométrica recente (de até 200%), muito superior à média histórica.

RODOVIAS DE ESCOAMENTO

GESSEIRO • BR-316 • PE-585 • BR-122

FRUTICULTURA IRRIGADA

• BR-122 • BR-407 • BR-428 • PE-555

CONFECÇÕES

• BR-232 • BR-104 • PE-160 • PE-090

BACIA LEITEIRA

• BR-423 • BR-424 • PE-270

Tabela 1: *[Alguns casos] Rodovias problemáticas. Fonte: Jornal do Comércio/Caderno Especial/Rodovias

Esses dois fatores, associados ao baixo investimento em manutenção, reforma e ampliação das vias, dentre outras razões, fizeram com que o sistema viário se tornasse um gargalo frente ao crescimento e desenvolvimento vivenciados em Pernambuco nos últimos anos.

Pesquisa Amcham-Recife

A Amcham-Recife divulgou em 2014 pesquisa inédita feita junto a 128 executivos, apontando os principais gargalos de infraestrutura e logística em Pernambuco. O estudo indica caminhos para a melhoria da competitividade estadual.

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A sondagem da Amcham-Recife identificou que a maioria (96%) das empresas em Pernambuco está insatisfeita com as rodovias do Estado. O estudo indicou que, de todos os modais de transporte na Região Metropolitana do Recife, as rodovias (72%) e as ferrovias (19%) representam os maiores entraves para o desenvolvimento de Pernambuco.

Integração das empresaslocais às cadeias produtivas

Deve-se salientar, contudo, que a melhoria da infraestrutura de transporte vai além do atendimento às condições logísticas para os grandes escoamentos de produção.

É preciso consolidar o ciclo econômico com a interiorização do desenvolvimento, a valorização ambiental e a maior integração das empresas locais com as novas cadeias produtivas, com

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incentivos às MPEs e com capacitação profissional para garantir a sustentabilidade econômica do estado.

Além destas questões envolvendo as rodovias estaduais é importante considerar as grandes obras com suporte do Governo Federal.

Transnordestina (ainda inoperante por atraso nas obras).

A obra da estrada de ferro Transnordestina vinha sendo realizada pela Odebrecht até setembro de 2013, quando foi rescindido o contrato entre a empreiteira e a TLSA (Transnordestina Logística SA), subsidiária da CSN.

A TLSA contratou consultoria especializada para avaliar as condições da obra e o resultado da análise aponta para questionamentos quanto ao valor do investimento e recomenda que os trabalhos não sejam retomados antes do atendimento de uma vasta lista de adequações.

1: Dantas, Edson F.: Valor Especial – Caminhos do Nordeste Gráfico 1 – Análise das obras da Transnordestina

Fonte: Jornal do Comércio / INTT e Transnordestina SA

Foram reprovados, por exemplo, os projetos de terraplenagem, de drenagem e os estudos geotécnicos.

Orçada inicialmente em R$ 4,5 bilhões, a previsão já foi reajustada e está cotada hoje em valores em torno de R$ 10 bilhões, uma vez que muitos itens haviam ficado fora do cálculo do preço final, como projetos para passarelas de pedestres, pátios ferroviários, sinalização, instalações de apoio e manutenção, entre outros.

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A estimativa inicial para a inauguração das obras era o ano de 2010 e a nova projeção redefine a entrega para 2016. É urgente a retomada do ritmo da obra e a superação dos entraves técnico, de projeto e operacionais e indispensável a articulação politica com o Governo Federal para agilizar estes investimentos, que são fundamentais para o desenvolvimento de Pernambuco.

Paralisação das obras do Arco Metropolitano do Recife

Em junho de 2014 foi divulgado o 10º balanço do PAC2 e uma ausência chamou atenção: o relatório não trouxe qualquer dado ou prazo sobre o Arco Metropolitano do Recife, cujo edital da primeira etapa das obras seria publicado naquele mês, já no limite dos prazos legais, o que não ocorreu.

O processo licitatório, que se iniciou em dezembro de 2013, conduzido pelo DNIT, foi impugnado por não apresentar projeto básico e por ter elevado impacto ambiental no trecho norte, entre a BR-232 e Igarassu (reserva de Mata Atlântica em Aldeia).

A questão é grave, porque na área está a fonte de 60% da água da RMR. A promessa feita pelo Ministério dos Transportes era de que ao menos a parte sul da obra, do Cabo de Santo Agostinho à BR 232, se iniciaria numa primeira etapa do projeto.

Estes problemas afetam diretamente os empreendimentos industriais do polo de Goiana e podem comprometer o cronograma do núcleo automotivo.

Escoamento da produção da Fiat

Este ponto eleva a preocupação com a solução de continuidade que se instalou, porque diz respeito à importância do Arco Metropolitano para viabilizar o transporte de cargas do polo automobilístico de Goiana até o porto de Suape.

A partir do ano que vem, está programado o início das operações em larga escala da fábrica da Fiat, com produção estimada em 200 mil veículos por ano. Isso significa que a malha viária precisará absorver, diariamente, um volume adicional aproximado de 600 caminhões, 85 ‘cegonhas’, 40 carretas e 180 ônibus em três turnos de viagem e mais 800 veículos leves.

Para ser mais eficiente, a fábrica não prevê pátios para estocar veículos, logo algumas lacunas permanecem em aberto: como e por onde a Fiat vai escoar sua produção? Por onde chegarão seus insumos de produção? Uma alternativa pensada é a utilização do porto de Cabedelo na Paraíba, solução não interessante para Pernambuco.

Outra medida urgente e estudar a viabilidade de acelerar as obras do sistema viário alternativo à BR 101, formado por estradas locais nos municípios da região. Estas vias, interligadas e mediante qualificação e ajustes para comportar o incremento de tráfego com este perfil, pode ser uma solução de curto prazo, enquanto são feitas as articulações e providências essenciais para viabilidade e continuidade do projeto do Arco.

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Figura 1 – Rotas, distâncias e tempos estimados de deslocamento Rotas Goiana/Suape e Goiana/Cabedelo.

Fonte: Elaboração própria utilizando www.google.com/maps

b) Linhas de atuação

• Articular movimentos na busca de viabilizar e acelerar as obras que são de responsabilidade da União: BRs, Transnordestina e Arco Metropolitano;

• Viabilizar no prazo curto rotas alternativas para a cadeia de suprimentos e escoamento de produção do polo industrial automobilístico de Goiana, sobretudo durante as obras do Arco Metropolitano;

• Fomentar a inclusão das empresas locais nas novas cadeias produtivas;

• Promover articulação e viabilizar recursos para estabelecer rigoroso programa de recuperação, manutenção e duplicação seletiva das rodovias estaduais com ênfase na sua contribuição para o fortalecimento das cadeias produtivas e a interiorização do desenvolvimento.

c) Proposições

• Articulação do estado junto ao Governo Federal para racionalizar os esforços conjuntos na retomada e conclusão das obras da Transnordestina

• Busca por celeridade nas obras do Arco Metropolitano

• Promover articulação junto aos organismos responsáveis e aos governos para obtenção de licença ambiental;

• Acelerar obras das estradas locais, nos municípios da RMR, em contingência ao atraso das obras do Arco Metropolitano;

• Implementar alternativas planejadas em conjunto com as partes interessadas para viabilizar o escoamento de produção e o recebimento de insumos produtivos em Suape;

• Preparar desvios e/ou caminhos alternativos para melhorar o tráfego de veículos na Região Metropolitana;

• Estabelecer horários específicos e disciplinar o sistema de logística de transporte para a circulação de cargas pesadas;

• Apoiar o tráfego com batedores / comboios para melhor a eficiência e velocidade do transporte.

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• Requalificar um conjunto de rodovias estaduais para que sejam capazes de receber parte do fluxo de veículos da BR-101 que, hoje, circula entre Goiana e o Porto de Suape e integrar o sistema.

ROD. TRECHO STATUS

PE-75 Goiana – Itambé 60% restaurada

PE-62 Aliança – Goiana 60% restaurada

PE-56 Araçoiaba – Goiana Concluída

PE-53 Carpina – Feira Nova Vigência Concluída

PE-52 Goiana – Itaquitinga 30% restaurada

PE-50 Carpina – Vitória 50% restaurada

PE-49 BR-101 – Ponta de Pedras Concluída

ROD. TRECHO STATUS

PE-45 Escada – Vitória Paralisada

PE-42 Escada-Ipojuca Andamento

PE-41 BR-101 – Carpina 60% restaurada

PE-40 BR-408 – Chã de Alegria 80% restaurada

PE-04 Itaquitinga – Condado 60% restaurada

As 12 obras estão em estágios diferentes:

• 06 em licitação

• 03 em execução

• 02 em processo de licitação

• 01 que será reiniciada.

A previsão era que elas estivessem concluídas até agosto de 2014.

Tabela 2: Obras previstas para alternativa ao Arco Metropolitana Fonte: Jornal do Comércio/Caderno Especial/Rodovias

• Mapear os eixos produtivos e as estradas que os atendem, elaborando estudos e dimensionamento das necessidades para a interiorização do desenvolvimento.

• Pavimentar, reformar, ampliar ou duplicar seletiva e estrategicamente as rodovias estaduais, permitindo a captura de oportunidades e o desenvolvimento econômico e social das populações locais.

• Em especial, promover estudos e articulação para melhorais na BR 232 e sua duplicação, pelo menos até Arcoverde, no curto prazo;

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• Esta agilização aplica-se em relação à BR 423 e à aceleração das obras da BR 408 e BR 104, entre outras, bem como requalificação do contorno do Recife – BR 101;

• Promover também estudos e articulação para solucionar os graves problemas que atingem outras BRs e PEs que servem às principais regiões de atividade econômica fora da RMR (polo gesseiro, polo de confecções, polo de fruticultura e a bacia leiteira, entre os mais evidentes);

• Estas providências, de resto, precisam ser estendidas à malha viária do interior de forma geral, tanto para beneficiar as PEs, quanto as vicinais, dentro de um programa realista, em termos de viabilidade de recursos orçamentários, prioridades objetivas e capacidade operacional;

• Realizar articulação e agilizar providências para implantação e qualificação do sistema de sinalização nas estradas, bem como desenvolver ações para implantar e recuperar os acostamentos;

• Desenvolver programas para ampliação de efetivos policiais do estado e articular o nível federal, para assegurar maior cobertura e eficiência na fiscalização e atendimento nas estradas e promover a necessária integração entre as policias civil, militar e rodoviária;

• Regulamentar, disciplinar e fiscalizar o sistema intermunicipal de transporte;

• Desenvolver programa de requalificação e ampliação das estradas de acesso aos destinos temáticos e de lazer no estado, no litoral e no interior, integrado às políticas públicas das áreas de Cultura, de interiorização do desenvolvimento e de estímulo e suporte à Economia Criativa (e ao Turismo).

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a) Diagnóstico

Qualidade do fornecimento de energia elétrica

O Indicador de Desempenho Global de Continuidade (DCG), que é utilizado para analisar a qualidade da energia disponibilizada pelas distribuidoras, permite avaliar o nível de continuidade do serviço prestado pelas concessionárias em relação aos limites estabelecidos para a sua área de concessão.

O indicador é calculado de acordo com indicadores coletivos que registram quanto tempo (duração) e quantas vezes (frequência) o consumidor fica sem energia elétrica durante o ano.

Fonte: Aneel - Nota Técnica nº 0021/2014-SRD/ANEEL

Haja vista o crescimento de Pernambuco acima da média brasileira e seu potencial de desenvolvimento, torna-se preponderante a busca por fontes permanentes e de alta qualidade para o fornecimento de energia elétrica.

Uma alternativa factível para garantir um alto nível de qualidade no fornecimento para o Nordeste é a implantação de uma linha de transmissão dedicada (linhão) integralmente para o Nordeste, vinda de Belo Monte.

A transferência direta desta energia para o Nordeste, proporcionaria maior qualidade no fornecimento e, consequentemente, melhor composição dos custos de produção das indústrias instaladas tanto em Pernambuco quanto nos demais estados do Nordeste. E reduziria os riscos de oscilações e descontinuidade no fornecimento, essencial para o adequado atendimento industrial.

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Elevado custo da energia no estado (foco na energia livre)

Pernambuco apresenta um dos maiores custos de energia elétrica do Brasil. Este custo é aproximadamente 15,82% mais caro que no Ceará e 33,1% mais caro que em São Paulo.

O ICMS sobre o custo da energia varia de 22,6% a 35,6% entre os estados. O setor de energia elétrica é fortemente regulado pela ANEEL. A geração e a transmissão no país compõem o SIN (Sistema Integrado Nacional). A análise da composição do valor da energia ofertada revela que um dos pontos de impacto é a alíquota diferenciada de ICMS aplicada pelos estados.

Em Pernambuco, em que pesem as recentes medidas anunciadas pelo Governo Federal para reduzir o custo da energia, a política tributária estadual não deixou de manter a cobrança do ICMS sobre o percentual incentivado, o que, de certa forma, anula o benefício concedido pela União.

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Fonte: sites das concessionárias (2014).

Embora não haja evidências da falta de energia no momento, com respaldado em pronunciamentos da própria Presidente da República, vale salientar que a estiagem inédita e prolongada que está comprometendo o nível dos reservatórios eleva o risco e sugere a elaboração de planos de contingências para os cenários mais críticos.

Volume de água armazenada em reservatórios do NE

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

COELBA - BA CEMIG - MG LIGHT - RJ CELPE - PE COELCE - CE

Alíquota de ICMS para a Indústria

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O gráfico acima demonstra como ocorre o fluxo de armazenamento e esvaziamento dos reservatórios: abastecimento ao longo do 1º semestre do ano e redução dos volumes de água ao longo do 2º semestre. O problema começa quando a estiagem se prolonga e a quantidade de chuva não é suficiente para recompor os saldos dos reservatórios.

Em resumo, tem-se um quadro de déficit na produção de energia hidroelétrica, agravado pelos níveis dos reservatórios e uma estrutura de compensação baseada na produção das usinas termoelétricas e na ‘importação’ de energia de outras regiões do país.

O que de fato sobrevém com a importação é uma elevação no risco de aumento nos índices de DEC e FEC (duração de interrupções no fornecimento de energia e frequência destas ocorrências). Este risco provoca a elevação no custo da produção industrial e o agravamento dos níveis de competitividade das empresas instaladas no estado.

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As atuais linhas de transmissão estão saturadas. Operam muito próximo do limite máximo. A malha planejada corrige e expande a capacidade para volumes e cargas crescentes projetadas para o futuro.

A diminuição da participação da energia hidrelétrica na composição da matriz energética do país eleva os custos para todas as operadoras do sistema. O órgão gerador é remunerado pelo volume de energia contratado (compromisso de fornecimento futuro), e não pelo volume de energia produzido. Quando a geração não alcança os patamares necessários para o atendimento dos contratos, o gerador precisa adquirir energia no mercado livre cm valores superiores aos praticados no mercado regulado.

Posteriormente, em busca do equilíbrio econômico-financeiro, os novos contratos exigem preços maiores aos distribuidores e o repasse aos consumidores no equilíbrio de tarifas se torna inevitável.

Com o período de seca se prolongando e com a crescente demanda por energia nova, mais se precisará de energia termoelétrica, que não deverá estar disponível para suprir essa demanda.

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PLANO DE GOVERNO – “PERNAMBUCO VAI MAIS LONGE”

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FONTE SIGLA QUANT POTÊNCIA %

Central de Geração Hidrelétrica CGH 9 5.266 0,17%

Energia Eólica EOL 6 26.750 0,84%

Pequena Central Hidrelétrica PCH 4 13.668 0,43%

Usina Fotovoltaica (solar) UFV 1 3 0,00%

Usina Hidrelétrica UHE 1 1.479.600 46,36%

Usina Termoelétrica UTE 49 1.665.914 52,20%

TOTAL 70 3.191.201 100,00%

Composição da matriz energética do estado. Fonte: Anatel

C) Baixa participação do estado na geração de energia

• Energia eólica

Pernambuco vai lançar em agosto seu atlas eólico, que vai mostrar que o estado também tem potencial, com 4GW efetivos para implementação de parques, com 45% de eficiência. O estudo desenvolvido pela empresa Aeroespacial no último ano, com medições realizadas desde 2009, detectou 30 GW disponíveis de eficiência geral em cerca de um terço do estado.

• Energia solar

RN CE BA RS PE PI

ENERGIA EÓLICA NO BRASIL

Potencial até 2018* (MW)

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O Governo do Estado de Pernambuco estrutura um novo leilão exclusivo para contratação de empreendimentos de geração de energia solar. O plano é promover o certame após o leilão de energia de reserva (LER), que ocorre em outubro. Este será o segundo leilão solar promovido pelo estado. Em dezembro de 2013, foi promovido o PE Sustentável, que viabilizou 122MW (23MW médios) em usinas fotovoltaicas, ao valor de R$228,63/MWh. Foram vencedores quatro projetos de 30MW e dois de 5MW. As empresas vencedoras foram: Enel Green Power (italiana), Energia, Sowitec (alemã), Sun Premier (sino-espanhola), além das brasileiras Cone-Concierge e Kroma Comercializadora de Energia.

Apesar destas importantes alternativas, a energia elétrica é ainda o recurso prioritário. Mas é preciso considerar novas fontes de energia, inovar e investir na composição de uma nova matriz energética, sem desconsiderar opções (como a energia nuclear) e pesquisando experiências bem sucedidas em outros países e regiões.

Linhas de atuação

• Ação conjunta com os governadores dos estados nordestinos na busca de soluções que garantam o fornecimento de energia com qualidade de classe mundial para o Nordeste;

• Apoio e articulação visando desenvolver e avaliar opções econômicas e viáveis de energias alternativas (biomassa, nuclear, eólica, solar, etc.).

Proposições

1. Assegurar suprimento de energia elétrica a preço competitivo • Articular junto aos Governo Federal para a implantação de novas linhas de transmissão com

as geradoras do Norte; • Aumentar a capacidade das linhas de transmissão atuais para o recebimento das cargas

requeridas; • Aprimorar mecanismos de fiscalização na distribuição de energia; • Estudar a viabilidade de ampliar o número de distribuidoras no estado para melhorar a

negociação e operação; • Melhorar a composição da energia gerada pela CHESF no Sistema; • Destinar parte de sua produção em Energia; • Estudar meios para retirar a incidência do ICMS na composição dos custos, considerando os

incentivos concedidos à tarifa pelo Governo Federal.

2. Fomentar o debate sobre a geração de energia no estado • Promover fóruns especializados na busca de alternativas de produção de energia de base

com qualidade superior e para aprofundar conhecimentos e experiências internacionais; • Promover a participação ativa das indústrias nos projetos de P&D, estreitando parcerias

com o governo estadual e estimulando o fomento à pesquisa de universidades e instituições locais;

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• Realizar estudos de viabilidade econômica para estimular e ampliar a geração de energia complementar (eólica, solar, biomassa e pesquisar, por exemplo floresta energética de eucalipto na região do Araripe e outras) e considerar também a alternativa nuclear;

• Estreitar parcerias e cooperação com o setor privado, a academia, o Governo Federal e os municípios na busca de conhecimento, recursos e entendimentos para o planejamento energético no estado.

3. Articular com estados do Nordeste a retomada do planejamento regional • Retomar o planejamento regional para subsidiar o planejamento integrado com a EPE

(Empresa de Pesquisa Energética) e promover articulação política para esta finalidade estratégica.

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Anexo

ICMS SOBRE A CONTA DE LUZ - Pernambuco aplica ICMS sobre o desconto da conta de luz.

ANEEL anuncia redução das tarifas de energia elétrica

A ANEEL aprovou em 24 de janeiro de 2013, as novas tarifas para tentar reduzir a conta de energia elétrica. O efeito médio de redução é de 20,2%. Para os consumidores residenciais, a redução mínima é de 18%. Para os consumidores de alta tensão, o desconto pode chegar a 32%.

A redução é resultado da Lei nº 12.783/2013, que promoveu a renovação das concessões de transmissão e geração de energia que venciam até 2017, e das medidas provisórias 591/2012 e 605/2013. As principais alterações que permitiram a redução da conta foram:

− Alocação de cotas de energia, resultantes das geradoras com concessão renovadas, a um preço médio de R$ 32,81 / MWh

− Redução dos custos de transmissão

− Redução dos encargos setoriais

− Retirada de subsídios da estrutura da tarifa, com aporte direto do Tesouro Nacional

Redução e reajustes.

O efeito dessa redução é estrutural, ou seja, pretende promover uma mudança permanente no nível das tarifas, pois retira definitivamente custos que compunham as tarifas anteriores.

Tarifas diferentes.

A ANEEL estabelece que a tarifa de energia elétrica deve garantir o fornecimento de energia com qualidade e assegurar aos prestadores dos serviços receitas suficientes para cobrir custos operacionais e remunerar investimentos necessários para expandir a capacidade e a garantia de atendimento.

Corte na tarifa de energia elétrica é comprometido por quatro estados

Fonte: O Estado de São Paulo / Renée Pereira (16/12/2013) http://economia.estadao.com.br

O esforço do governo federal para reduzir as tarifas de energia elétrica está sendo comprometido pela legislação tributária de alguns estados. Os governos de Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul decidiram cobrar o ICMS sobre os subsídios dados pela União para garantir a queda média de 20% dos brasileiros. Resultado: O desconto que os consumidores destes quatro estados teriam direito, está sendo corroído pela tributação aplicada.

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O estado de Pernambuco além de publicar decreto (junho/2013) para garantir a tributação sobre a subvenção, ainda tornou a cobrança retroativa ao mês de fevereiro de 2013, ou seja, desde o início da concessão do subsídio dado pela União.

Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel diz que não deveria haver tributação sobre os descontos na conta de luz. Mas, a agência não tem competência sobre o ICMS dos estados.

Se a cobrança ficar caracterizada como um novo tributo, as distribuidoras poderão pleitear ao Poder Concedente a revisão de tarifas para reestabelecer o equilíbrio econômico-financeiro de seus contratos.

Hoje, os custos estão sendo repassados aos consumidores residenciais e aos consumidores livres e especiais que compram de fontes incentivadas. Em alguns casos, o repasse poderá constituir aumento de 2,85% no custo total da energia, segundo Christopher Vlavianos, presidente da comercializadora Comerc.

Arrecadação de ICMS sobre a subvenção chega próximo aos R$ 190 milhões

Fonte: Diário do Poder/Cláudio Humberto (21/04/2014):

http://www.diariodopoder.com.br/coluna

Pernambuco é o único estado do nordeste a cobrar ICMS sobre a subvenção. A cobrança de ICMS feita pelo governo de Eduardo Campos sobre a subvenção dado pelo governo federal para a conta de luz já acumula saldo próximo dos R$ 190 milhões, que representa uma média de R$ 11 milhões por mês.

“A redução nas tarifas residenciais seria de 18%, mas com a cobrança ‘indevida’ do ICMS desde fevereiro de 2013, o desconto para a população foi menor e a diferença fica com o governo de Pernambuco” – conforme publicado no Jornal.

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A água é a segunda necessidade básica para a sobrevivência da humanidade, ficando atrás apenas do oxigênio.

a) Diagnóstico

Pouca água no semiárido e alta concentração de atividades na região litorânea

A baixa potencialidade hídrica da região semiárida do estado, juntamente com a concentração populacional e de atividades produtivas na região litorânea do estado, provocam desequilíbrios e uma grande pressão sobre os recursos hídricos na maioria das bacias hidrográficas de Pernambuco. A infraestrutura hídrica estadual, principalmente no Semiárido possui uma capacidade de 3,24 bilhões de metros cúbicos (contra 18,8 bilhões do Ceará, por exemplo), o que revela um quadro de escassez, agravado pela má distribuição das reservas e da atual infraestrutura, tanto pela irregularidade da precipitação pluviométrica quanto pela alta taxa de evaporação, que potencializa a desertificação, além das características do solo, que não favorecem o armazenamento de água em condições adequadas.

Um diagnóstico do grau de pressão sobre os recursos hídricos nas bacias hidrográficas estadu-ais é apresentado na Figura 1, onde se constata a necessidade de ações prementes em gerenciamento e infraestrutura hídrica.

O Atlas Nordeste, elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA), estimou demandas hídricas para abastecimento humano (urbano e rural), dessedentação animal, abastecimento industrial e irrigação, para os horizontes dos anos de 2005 (curto prazo), 2015 (médio prazo) e 2025 (longo prazo).

Figura 1: Pressão Sobre os Recursos Hídricos em Pernambuco.

As áreas vermelhas representam aquelas em que a demanda total supera 20% da descarga média do principal rio da região, situação considerada tecnicamente pela ANA como “crítica, exigindo intensa atividade de gerenciamento e grandes investimentos”.

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Crescentes demandas setoriais de recursos hídricos em Pernambuco

Em uma perspectiva de futuro, a demanda de recursos hídricos projetada para Pernambuco apresenta a evolução mostrada na figura 2:

Figura 2: Evolução projetada da demanda de água em PE

Base: diagnósticos da situação encontrada no ano de 2000 para as demandas humanas e industriais e no ano de 1996 para as demandas de irrigação e animal. Datas-bases escolhidas devido à disponibilidade de dados. Foram avaliados dois cenários de demandas:

I. Cenário Tendencial: prosseguimento da situação atual da época até 2025; II. Cenário Otimista: racionalização das demandas hídricas para irrigação e redução de

perdas dos sistemas produtores de água de até 30% até 2025.

A distribuição das demandas totais por município para o ano de 2025 e a participaç setor na demanda total do Estado são apresentados nas Figuras 3 e 4, respectivamente.

Figura 3: Demanda total de Recursos Hídricos por município para 2025.

0

20

40

60

80

100

2005.0 2015.0 2025.0

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Figura 4: Participação dos Setores na Demanda de Recursos Hídricos em 2025.

Criticidade na composição quantidade + qualidade da água

Segundo a ANA, Pernambuco apresenta a situação mais crítica do Nordeste quanto à oferta e reservas de água, poluídas e degradadas por diferentes fontes: agricultura (fertilizantes, pesticidas); geração de eletricidade (calor, biocidas); metalurgia (íons metálicos); química e eletrônica (disposição de resíduos, efluentes diversos, solventes); urbano (efluentes domésticos, detergentes, esgoto, óleos); resíduos sólidos (lixívia, chorume, microrganismos); transporte (combustível, e resíduos do trânsito.

Foram consideradas como em situação crítica as sedes municipais que apresentaram balanço hídrico negativo ou capacidade do sistema insuficiente para atender à demanda tendencial estimada para os horizontes de planejamento – 2005, 2015 e 2025.

Para o horizonte de planejamento de 2025, apenas 8% das sedes municipais de Pernambuco apresentarão abastecimento satisfatório e 92% apresentarão situação crítica. A maior concentração destas sedes municipais com abastecimento crítico localiza-se no Agreste pernambucano e na Zona da Mata Norte, conforme pode ser observado na Figura 5, em que apenas as áreas verdes não apresentam criticidade.

Figura 5: Diagnóstico do Abastecimento

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Gestão dos recursos hídricos precisa de avanços importantes

Em relação à gestão das bacias hídricas, existem alguns fatores fundamentais que necessitam ser trabalhados no estado. Nas intervenções do Governo, existem erros técnicos que são cometidos pela falta de envolvimento das comunidades e pelo pouco empoderamento dos Comitês de Bacia. Falta coordenação na gestão de obras, contribuindo para a baixa efetividade dos programas. Há deficiências nos sistemas de cobrança, com evasão de recursos financeiros.

Além disso, faltam ações efetivas no combate ao desperdício. Essas ações devem estar alinhadas em torno de uma política que promova desde a educação de base à mudança no comportamento da sociedade, ensinando formas de aproveitar, de maneira mais consistente e sustentável, os recursos hídricos.

Existem atuações políticas inadequadas ao uso racional da água. Por exemplo, enquanto ONGs educam agricultores para a construção de cisternas e desenvolvimento de hábitos de poupança de água nos períodos chuvosos, promessas contraditórias de abastecimento via carros-pipa, comprometem a mudança no comportamento da população.

Obras de transposição do Rio São Francisco atrasadas

Dentre os projetos de infraestrutura hídrica apontados no PAC2, destacam-se, em termos de abastecimento de água: o sistema Pirapama, que prevê o aumento de 50% na capacidade de produção de água tratada na RMR; a Adutora do Agreste, com 1.380 km de extensão, beneficiando 68 municípios; o Ramal do Agreste (conjunto de canais e reservatório atuando entre a transposição e as adutoras) e a construção de nove barragens de contenção de enchentes.

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Além destas obras, um conjunto de investimentos é essencial para a irrigação: o Projeto Pontal, no Sertão do São Francisco (7.717 hectares de terra irrigável para ampliação do agronegócio) e, em fase de detalhamento, o Canal do Sertão, que deverá fazer a irrigação de 33.000 hectares no alto Sertão de Pernambuco e parte da Bahia.

Faltam adutoras, ramais e reservatórios

Status das obras de integração e revitalização de bacias - 10° balanço do PAC 2

Adutora do Agreste: As obras estão com 33% de realização, com data de conclusão para julho de 2015. O recurso tem como principal objetivo a implantação da fase I e a 1ª etapa da fase II, com uma meta de 419 km. No último balanço do PAC, recomendou-se como providência que a execução do projeto atinja 55% até o segundo semestre de 2014.

Esta é uma das obras mais importantes para o desenvolvimento sustentável de Pernambuco, por beneficiar uma ampla região produtora e de potencial econômico de crescimento do estado e contribuir significativamente para o fortalecimento da agricultura e da pecuária.

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Status das obras de infraestrutura de abastecimento de água - 10° balanço do PAC 2

Adutora do Pajeú: Com 598 km de extensão, a Adutora do Pajeú, após a conclusão de todas as etapas, vai beneficiar cerca de 400 mil pessoas de 21 municípios de Pernambuco e oito da Paraíba. O empreendimento vai captar água do Rio São Francisco, no Lago de Itaparica, no município de Floresta (PE). O investimento total será de R$ 547 milhões.

Etapa I (concluída): Com 198 km de extensão, a primeira etapa da Adutora do Pajeú abastece sete municípios de Pernambuco: Afogados da Ingazeira, Calumbí, Carnaíba, Flores, Floresta, Serra Talhada e o distrito de Canaã, em Triunfo. A adutora conta ainda com cinco estações elevatórias e quatro reservatórios de controle. O investimento foi de cerca de R$ 200 milhões.

Etapa II: Com 400 km de extensão, a segunda etapa da adutora vai levar água de qualidade para moradores de municípios de Pernambuco (Betânia, Brejinho, Carnaubeira da Penha, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa Cruz da Baixa Verde, Santa Terezinha, São José do Egito,

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Solidão, Tabira, Triunfo, Tuparetama, e distrito de Tupanaci, em Mirandiba). Na Paraíba, serão beneficiados os moradores das cidades de Princesa Isabel, Imaculada, Desterro, Livramento, São José dos Cordeiros, Taperoá, Teixeira e Cacimbas.

A primeira fase da segunda etapa da Adutora do Pajeú tem investimento previsto de R$ 163 milhões, para uma extensão de 195 km. Entre os beneficiados estão nove municípios em Pernambuco e cinco na Paraíba. Mais de 112 mil pessoas serão atendidas com água de qualidade até setembro de 2015, período previsto para a conclusão.

b) Linhas de atuação

• É preciso estabelecer um Pacto pela Água, que incorpore além da identificação e manutenção dos investimentos em infraestrutura hídrica, uma consciência social e o compromisso responsável em relação à utilização da água assegurando sustentabilidade às práticas e comportamentos das pessoas, empresas e do próprio governo como prestador de serviços públicos;

• Consolidar critérios para toda a cadeia – da captação e produção até a distribuição, consumo e tratamento do descarte (esgotos) – fiscalizar e orientar;

• Aceleração e conclusão dos grandes projetos de abastecimento de água e de irrigação, mediante articulação técnica e politica com o Governo Federal.

c) Proposições

1. Estabelecer políticas e programas para melhorar a gestão dos recursos hídricos e mudar os comportamentos das pessoas

• No longo prazo, o Governo do Estado deve se empenhar em quebrar paradigmas, interagindo com a Educação em todos os níveis, criando campanhas educativas para criar conhecimento e conscientização e práticas sustentáveis;

• É importante garantir a atuação e capacitação de órgãos como a Emater, para orientação sobre a correta utilização da água junto ao produtor rural e outros na área de tecnologia e inovação e da atividade agrícola;

• No curto prazo, é preciso estimular a formação de gestores, em todos os níveis para atuar junto às Prefeituras e no sistema público de recursos hídricos e promover articulação para capacitação técnica às empresas agrícolas;

• Tão importante quanto construir novas barragens e adutoras é controlar as perdas. Cerca de 50% do volume produzido na estação de tratamento em Recife, por exemplo, é perdido ou não cobrado. O mesmo risco está presente nas obras e projetos do interior do estado;

• Desenvolver planejamento agrícola mais eficiente e participativo e apoiar a capacitação técnica das Prefeituras para a elaboração de programas locais/regionais, integrados ao sistema estadual.

2. Reforçar o papel do governo como regulador do uso dos mananciais

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• As preocupações com o enxugamento no número de órgãos e secretarias devem levar em conta a necessidade de manter a função de gestão dos recursos hídricos, para garantir que a mesma seja participativa, compartilhada e atuante;

• O Comitê de Bacias também precisa ser mais participativo e atuante, no âmbito da Lei 9433. É necessário criar mecanismos para fortalecer o Comitê na articulação e no planejamento;

• O poder e a estrutura da agência de regulação ARPE precisam ser reforçados; • Fortalecer o órgão ambiental para evitar a degradação dos rios e mananciais devido aos

poluentes dos polos industriais e ampliar suas condições atuais para analisar e aprovar projetos, orientar e fiscalizar, no interior e RMR, principalmente em áreas de intensa atividade econômica (confecções, açúcar e álcool e gesso, por exemplo).

3. Acelerar as obras de Transposição do Rio São Francisco

• Articular ações junto ao Governo Federal para promover os ajustes necessários no projeto e

nos processos e obter maior celeridade nas obras de transposição do rio; • Identificar providências de responsabilidade do Governo estadual para agilizar as ações e

projetos e apoiar iniciativas necessárias junto aos municípios e às populações impactadas pelas obras. Também em relação às atividades econômicas beneficiadas (ou atingidas) pelas mesmas.

4. Acelerar as obras das adutoras, ramais e reservatórios

• Contribuir para a gestão e maior agilidade da rede de projetos precedentes para que haja sincronia e celeridade na entrega das obras;

• Intensificar articulação com o Governo Federal e desenvolver projetos que, no estado, dependam de ação e providências do Governo Federal, Prefeituras e do setor privado.

Em estudo: inserir o trecho do Rio São Francisco em Pernambuco como vetor estruturador do desenvolvimento econômico e social de Pernambuco

As questões da organização política-administrativa da Bacia apontam para uma fragilidade institucional, com inúmeros organismos que tratam o desenvolvimento de forma desarticulada e setorial, reforçando a necessidade do Estado tomar para si a incorporação da potencialidade econômica da bacia nos 400km do rio que margeiam o estado.

É preciso ampliar a participação do Estado mediante articulação política com o Governo federal, com vistas ao planejamento de ações tais como: eletrificação das margens, irrigação das manchas de solos férteis, reflorestamento, esgotamento, saneamento, abastecimento d'água e novas adutoras, construção de rodovias para a integração econômica e escoamento da produção, navegação, incremento do turismo e lazer, aquicultura e pesca.

Em estudo:Apoiar a utilização das águas dos eixos norte e leste para o pequeno produtor rural de Pernambuco

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O Projeto objetiva planejar ações de apoio do Governo do Estado ao pequeno produtor rural como beneficiário da perenização das bacias.

5. Desenvolver programas para ampliar os meios e comportamentos adequados e sustentáveis na convivência das pessoas, rebanhos e agricultura com a Seca

• Realizar estudos, pesquisas e projetos para identificar e difundir as melhores práticas de captação, armazenamento e uso da água escassa;

• Estabelecer programas de obras de pequeno porte, diversificadas e adaptadas às características de solo, clima e atividade produtiva de cada microrregião do Semiárido ;

• Conhecer e avaliar experiências bem sucedidas em regiões de características semelhantes (aridez e baixos índices pluviométricos em outros países;

• Orientar para minimizar perdas e desperdício. Sobretudo em condições críticas de abastecimento de água;

• Idem, para soluções simplificadas de captação e armazenamento de água para uso doméstico no ambiente da própria residência.

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a) Diagnóstico

Copergás

Criada em1992, a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), odoriza, canaliza e distribui o Gás Natural em Pernambuco, atendendo aos mercados industrial, automotivo, residencial, comercial, termoelétrico e cogeração.

A Copergás é uma empresa de economia mista, que tem como sócios o Governo do Estado de Pernambuco (51%), a Petrobras Gás S.A. – Gaspetro (24,5%) e a Mitsui – Gás e Energia do Brasil (24,5%).

Detém uma das maiores redes de distribuição do Nordeste, com mais de 600 km de extensão. Atualmente, a companhia comercializa um volume de 1,3 milhões de metros cúbicos/dia para o mercado não termelétrico, mais 2,15 milhões para o mercado termelétrico, num total de 3,45 milhões de metros cúbicos/dia.

Síntese da situação de Pernambuco em gás natural

Os contratos atualmente vigentes com a Petrobrás garantem o fornecimento de até 4 milhões de metros cúbicos/dia. O uso atual é portanto de cerca de 86% do suprimento contratado. A contratação de demanda adicional é plenamente possível, mas tem que ser planejada e articulada com a Petrobras com antecedência.

Não há desvantagem de Pernambuco pelo fato de não ser produtor, por enquanto (há pesquisas exploratórias em curso). O sistema é gerenciado de modo centralizado e Pernambuco já tem hoje acesso a gás de diversas procedências, inclusive Bolívia;

Sob o ponto de vista de capacidade logística, a rede de dutos principais hoje funcionais no estado tem capacidade instalada de 6 milhões de metros cúbicos/dia. O uso atual é portanto de cerca de 57% da capacidade logística já instalada.

Planos de expansão

• Planos de expansão na RMR O gás natural domiciliar tem hoje 13.500 pontos de consumo. Como referência, o Rio de Janeiro tem cerca de 1 milhão e São Paulo, 1,2 milhões. A expansão em Pernambuco é só uma questão de tempo. A Copergás planeja, ainda, investimentos em reforços no Litoral Norte e ampliações na Região Metropolitana de Recife, com foco no mercado urbano. A meta da concessionária é conectar mais 4,5 mil clientes residenciais aos 12,6 mil atuais.Ao longo deste ano, a oferta será ampliada para bairros na Zona Norte do Recife, a exemplo de Casa Forte, Encruzilhada e Espinheiro.O GN canalizado começou a ser fornecido na capital em 2002, na Zona Sul, com expansão posterior para locais como Setúbal, Piedade, Candeias e Paiva, no Cabo do Santo Agostinho.

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Mapa da expansão na RMR

• Planos de expansão rumo ao norte No setor industrial, devem começar a operar com gás natural este ano as fábricas da Fiat e seus fornecedores, no complexo de Goiana, as cervejarias da Itaipava, de Itapissuma, a Nova Schin, em Igarassu, e a indústria farmacêutica Novartis, em Jaboatão dos Guararapes. Com os novos consumidores e o aumento da demanda da CBVP, a Copergás espera ampliar em 15% seu volume de vendas, para cerca de 1,5 milhão de m3/dia.Hoje, o contrato com a Petrobras garante abastecimento da demanda atual e até para uma possível expansão. Nesse momento, esta não é uma limitação, mas poderá ser no futuro. A possível oferta de gás proveniente da exploração do pré-sal aumentará muito a capacidade de produção dos estados, o que tem feito com que todas as companhias de gás aumentem e melhorem suas infraestruturas para a oferta de gás. Pernambuco não pode ficar para trás. Novas empresas, como as do polo automobilístico, polo cervejeiro e outras, estão altamente interessadas no

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gás natural como alternativa energética. É uma questão importante para atração de empresas, uma vez que todas as interessadas buscam a estrutura de oferta de gás natural.

Mapa da expansão rumo norte

• Outros planos da Copergás

Além do Ramal Norte, a Copergás vem ampliando e construindo mais ramais de distribuição do Gás Natural para interligar novos clientes, abastecer os mercados atendidos pela empresa e ampliar o fornecimento do combustível. São empreendimentos desenvolvidos na Região Metropolitana do Recife e no Agreste pernambucano destinados a beneficiar diversos municípios e setores econômicos do Estado. Ramal Polo de Desenvolvimento – Suape: Obra em aço com 3,7 km de extensão total em 12 polegadas, interligando a nova Estação de Distribuição com a Rede de Distribuição existente da Copergás. O novo ramal atenderá os clientes da área de Suape. Este ramal, bem como a Estação de Redução, está projetado para uma vazão de 1 milhão de metros cúbicos/dia. Ramal Cidade da Copa:Esta obra, além do ramal em aço, contempla a instalação de Estação de Redução de Pressão para fornecimento para todo o empreendimento da

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Cidade da Copa, que no primeiro momento compreende a Arena Pernambuco, e posteriormente atenderá a todos os empreendimentos estruturadores, comerciais e residenciais, que constituírem a Cidade da Copa.

Polo do gesso

Além da atual demanda, existem outras reprimidas, como por exemplo a do polo do gesso em Araripe. A questão energética é um assunto grave na região, pois há hoje grande desmatamento para a produção de lenha como combustível, porém o projeto ainda não tem viabilidade econômica.

No último levantamento feito na região do Araripe, foram estimados cerca de 200.000 m³ de gás demandado. Para levar o gás até essa região, seria necessário um gasoduto de 600 km de extensão, tendo um custo estimado de aproximadamente R$ 800 milhões.

b) Linhas de atuação e proposições

1.Estudar a viabilidade de Implantar unidade de GNL - Na região do Araripe e em regiões mais distantes onde haja demanda, implantar o gás por meio de uma unidade de GNL com uma rede de dutos secundários é viável tecnicamente, mas tem que haver estudos e articulação para discutir a viabilidade econômica e financeira, devido aos elevados investimentos.

2. Elaborar o estudo do balanço energético de Pernambuco - Hoje, Pernambuco não tem clareza sobre o balanço energético do estado. Não se sabe ao certo quanto é consumido das

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diversas fontes de energia. A Bahia, por exemplo é um estado que está bem estruturado em relação a isso.

3. Compartilhar investimento em infraestrutura com clientes demandantes do serviço - Compartilhamento com clientes dos novos empreendimentos consumidores para fazer com que a demanda de gás possa viabilizar novos gasodutos específicos, se necessário.

4. Articular fortemente as relações com a Petrobras- Ter a Petrobras como parceira nos projetos de atração de investidores e usuários para Pernambuco.

5. Manter e ampliar rede de gasodutos –Estabelecer constante acompanhamento do crescimento da demanda e da oferta existente para planejar futuras necessidades e articular expansão e demandas de manutenção?, com especial atenção para o Gasoduto Nordestão, o Ramal Norte e Gasalp e os que servem ao interior do estado.

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A população de Pernambuco não pode ficar isolada do mundo e do resto do país. Atualmente é muito precária a cobertura e a intensidade de conexão, expressa pelo acesso de qualidade à internet e ao sistema de telefonia celular. Hoje, apenas cerca de 40% das pessoas têm conexão com internet e cerca de 70% ao celular ou dispositivo móvel. Estes números, além disto, estão fortemente concentrados na RMR e em algumas das maiores cidades do estado.

a)Diagnóstico

Baixa inclusão digital no estado

De acordo com a Pnad-2012, o percentual de pessoas com microcomputador ligado à internet no estado está abaixo da média do Brasil. No entanto, vale destacar que nos últimos anos, em especial no ano de 2011, Pernambuco deu um salto de mais de 10% no número de pessoas com acesso à internet.

Fonte: PNAD

Na mesma pesquisa, quando observado o grau de utilização da internet, menos da metade das pessoas no estado podem ser considerados usuários rotineiros (utilizaram a internet nos três últimos meses anteriores à pesquisa).

Nos últimos anos, o percentual de pessoas que utilizam a internet em Pernambuco tem sido menor do que o resultado do Brasil, apesar de ser o terceiro maior do Nordeste (atrás apenas da Paraíba e Bahia). A evolução desse número tem sido baixa - em 2005, o resultado do estado era melhor do que o da Paraíba, mas hoje esse patamar se inverteu e é inferior.

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Fonte: PNAD

A Rede de Telecentros é umprojetofederal de inclusão digital coordenado pelo Banco do Brasil.O foco do projeto é a implantação de telecentros comunitários e oapoioaentidades que promovem o fortalecimento da cidadania, através da inclusão digital. No mapeamento dos telecentros implantados em Pernambuco, é possível notar que a distribuição nas regiões (telecentros implantados por 100mil habitantes) é baixa.Há uma concentração no Sertão Central, em Araripe e Itaparica. As regiões do São Francisco, Pajeú e Agreste Meridional não possuem telecentros.

Fonte: Portal Rede Telecentro

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Infraestrutura de banda larga insuficiente

O patamar de acesso à banda larga fixa de Pernambuco é cerca de duas vezes inferior ao resultado do Brasil, indicando uma necessidade de maior inserção da população e ampliação do acesso.

Fonte: IBGE, Anatel

Mesmo com o baixo número de acessos aos serviços de banda larga, a qualidade (aderência as metas da Anatel) tem ficado aquém do programado. No último relatório da Anatel, nenhuma das prestadoras de serviço alcançou todas as seis metas planejadas. A pior situação é a da NET, com apenas 50% das metas alcançadas.

Fonte: Anatel – Referência: Janeiro de 2014

Existem diversas associações que congregam pequenos provedores de acesso à Internet no estado,que divulgam a visão de que o modelo adequado para uma inclusão digital gerida e orientada pelo Governo do Estado de Pernambuco deve considerar as pequenas empresas

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Provedoras de Internet via rádio como parceiras. É um caminho a ser estudado, tendo em consideração as deficiências atuais na qualidade dos serviços e na cobertura das operadoras.

De acordo com a Anatel, Pernambuco possui 103 empresas provedoras de acesso à internet. Essas empresas são pequenos provedores que compram banda no atacado das grandes operadoras e distribuem ao cliente final através das suas redes de rádio digital e/ou fibra ótica. Estados como o Paranáutilizaram-se desses provedores para aumentar o acesso à banda larga. Em Pernambuco, ainda se observa baixa descentralização dos provedores para as regiões fora da RMR, como se observa no gráfico a seguir.

Fonte: Anatel, IBGE

Deve-se considerar também, alternativas como o Projeto Nacional de Fibra Ótica em Domicílio, o qual prevê inicialmente a inclusão de cidades brasileiras espalhadas por vários estados.

A rede de fibra ótica terá mais de 20 mil quilômetros interligando várias regiões do País, beneficiando cerca de 400 mil domicílios, entre Fortaleza e Uruguaiana na fronteira gaúcha. Em Pernambuco, o quadro dos municípios já contemplados, por Região de Desenvolvimento é o seguinte:

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No âmbito nacional, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Banda Larga. Uma das iniciativas prevê a desoneração de impostos e contribuições federais sobre a construção de redes de telecomunicações de internet de banda larga. São desonerados: IPI, PIS, PASEP e Cofins. Pernambuco possui projetos totalizando apenas R$ 4 milhões, representando 0,18% do total de incentivo que já foi aportado pelo programa.

Pernambuco precisa articular sua participação neste plano, com uma presença mais expressiva, uma vez que São Paulo absorve atualmente 75% dos recursos liberados e, no Nordeste, aparece junto com o Ceará, ambos com pequenos percentuais.

Outra iniciativa importante é o projeto de Banda Larga Popular, com internet na velocidade de 1 Mbps ao valor de R$ 35 mensais (com impostos). Faz-se necessário levar a infraestrutura até os municípios, sem o que a população não consegue fazer uso dos benefícios ofertados. Dos 185 municípios de Pernambuco, apenas Fernando de Noronha não é aderente.

O Programa Cidades Digitais do Governo Federal tem como objetivo modernizar a gestão, ampliar o acesso aos serviços públicos e promover o desenvolvimento dos municípios brasileiros por meio da tecnologia. Para isso, atua nas seguintes frentes:

• Construção de redes de fibra óptica que interligam os órgãos públicos locais; • Disponibilização de aplicativos de governo eletrônico para as prefeituras, nas áreas

financeira, tributária, de saúde e educação; • Capacitação de servidores municipais para uso e gestão da rede;

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• Oferta de pontos de acesso à internet para uso livre e gratuito em espaços públicos de grande circulação, como praças, parques e rodoviárias.

De acordo com o último balanço do PAC, as ações do Programa Cidades Digitais em Pernambuco estão no estágio de ação preparatória.

MUNICÍPIOS CONTEMPLADOS

Altinho

Bom Conselho

Camutanga

Cortês

Dormentes

Exu

Granito

Itambé

Lagoa Grande

Machados

Santa Cruz

Moreilândia

Tupanatinga

Tuparetama

Vicência

INVESTIMENTO TOTAL: R$ 11,1 Milhões

O exemplo do Paraná (investimento de R$ 11 milhões)

O QUE É - O Paraná lançou em 2010 um programa inovador de internet popular, usando fibras óticas da Copel.

COMO FUNCIONA – Com a chamada Rede 399, o governo pretende disseminar o uso de internet de banda larga nas cidades paranaenses. A ideia é que provedores locais – ou Serviços de Comunicação Multimídia Locais (SCM) –incentivados pelas próprias Prefeituras, ampliem o serviço.

Os provedores terão redução de 95% no ICMS cobrado de mercadorias adquiridas para implantar a rede (desde que sejam fabricadas no Paraná) e contarão com financiamentos da Fomento Paraná, com juros abaixo do preço de mercado. As Prefeituras, por sua vez, podem

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requerer recursos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), por meio de programas que incentivam a modernização da gestão pública.

REQUISITOS - Todos os órgãos públicos na cidade precisam ser interligados pela rede de banda larga, para que se crie uma moderna rede de gestão pública.

BENEFÍCIOS - Com a banda larga disponível nos municípios, a estimativa é que o acesso à internet seja mais democrático, ampliando o alcance dos serviços e diminuindo os custos.

Coberturas móvel e fixa não atendem à população

Cerca de 24% dos municípios de Pernambuco são atendidos por apenas uma prestadora de serviço, o que impacta a qualidade e oferta de sinal para a população.

Os acessos a serviços de telefonia fixa na região do Sertão e do Agreste têm sido inferior à média do estado. Além disso, da capacidade instalada no estado há um alto número de terminais que não estão em serviço.

Fonte: IBGE, Base de Dados do Estado – BDE (2011)

b)Linhas de atuação

• Desenvolver estratégia, articulação e programa para promover a inclusão digital da população em todo o estado, com oferta de serviços de qualidade e de meios de aprendizagem;

• Ampliar a participação das partes interessadas nas discussões dos problemas e possíveis soluções;

• Intensificar a aproximação do Governo Federal para posicionar corretamente Pernambuco nas relações de prioridades dos programas;

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• Fortalecer a articulação com as universidades e organismos de ciência, tecnologia e inovação visando buscar alternativas para acelerar os projetos de inserção e promover a ampliação das alternativas de acesso (e uso)à internet e à telefonia celular.

C) Proposições

1. Incentivar a criação de telecentros nas regiões pouco atendidas

Articular com os municípios a interiorização de telecentros levando em conta, por exemplo, o índice de desenvolvimento humano (IDH) das regiões. A implementação pode ser na modalidade conveniada, como telecentros comunitários.

As atividades desenvolvidas nos telecentros envolvem basicamente a utilização dos computadores e da Internet, além de cursos de informática.

2. Fomentar a criação de centros de excelência em tecnologia no interior

A exemplo do que já pleiteiam empresários do setor de gesso em Araripina, estimular universidades ou faculdades para formação específica em Tecnologia e criar centros de excelência e ambiente favorável ao autodesenvolvimento das regiões. Pensar, inicialmente, em 2 polos importantes e demandantes dos serviços.

3. Fomentar a expansão da banda larga por meio das pequenas empresas provedoras de internet via rádio como parceiras

Conhecer e explorar em detalhes o programa desenvolvido no estado do Paraná, e eventualmente soluções de outros estados, de modo a aproveitar a experiência com erros e acertos para trazer a Pernambuco as melhores práticas encontradas. Apoiar a estrutura já existente e as empresas que operam no estado.

4. Criar o Fórum Pernambuco Conectado para integração da sociedade, governo e empresas provedoras

5. Articular a aceleração do Programa Cidade Digital junto ao Governo Federal

O objetivo do programa é modernizar a gestão, ampliar o acesso aos serviços públicos e promover o desenvolvimento dos municípios brasileiros por meio da tecnologia.

As cidades que recebem essa estrutura são selecionadas por meio de edital. Em 2012, o Ministério das Comunicações abriu a primeira seleção para o projeto-piloto, em que 80 municípios foram contemplados. Em 2013, o Cidades Digitais foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, selecionando 262 municípios com população de até 50 mil habitantes (117 no NE, dos quais 15 em PE).

6. Incentivar a interiorização de operadoras de telefonia móvel com serviços de qualidade e cobertura eficiente

7. Aumentar a implantação e manutenção de postos telefônicos públicos

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8. Fortalecer e ampliar a participação de Pernambuco no Plano Nacional de Banda Larga do Governo Federal, por meio de articulação e providências para tornar possível este incremento.

9. Da mesma forma, ampliar e agilizar a inclusão de municípios pernambucanos no Projeto Nacional de Fibra Ótica em Domicílio, promovendo as ações necessárias para viabilizar esta participação.

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É importante reconhecer que o estado de Pernambuco realizou, nos últimos 10 anos, um longo, difícil e gradual processo de recuperação financeira e orçamentária, realizando ajustes importantes que resultaram no equilíbrio e na melhoria significativa das contas públicas.

Depois de um período de muita fragilidade na liquidez e estrutura das finanças estaduais, em 2005 o Governo do Estado obteve finalmente superavit orçamentário e, em 2007, superavit financeiro, o que proporcionou a restauração da capacidade estadual para contrair empréstimos e obter financiamentos.

Em que pese esta melhoria e o fato de poder vivenciar uma situação de maior conforto financeiro atualmente, esta situação favorável e o tempo de bonança parecem ter acabado.

A grande questão que se coloca para o futuro governo estadual é como manter e ampliar os níveis de investimento necessários para assegurar o desenvolvimento sustentável de Pernambuco?

A constatação de que a poupança corrente atual é inferior aos níveis de anos recentes, traz preocupação, exige soluções inovadoras e recomenda cautela, de um lado, e articulação política de outro, para oferecer alternativas técnicas e parcerias capazes de redefinir um modelo econômico e financeiro que possa dar sustentação ao programa de investimentos públicos do Governo do Estado.

Diagnóstico

É fundamental, para uma boa compreensão do diagnóstico da situação atual das Contas Públicas do estado de Pernambuco retomar um pouco do histórico recente de sua evolução:

O equilíbrio fiscal foi alcançado antes da atual gestão

Após alcançar o superavit orçamentário, ainda na gestão de Jarbas Vasconcelos, em 2007, o Governo de Pernambuco obteve o superávit financeiro, que levou a relação Divida/RCL (Receita Corrente Líquida) para um patamar da ordem de 0,47 (o teto permitido pela repactuação da dívida em 1997 é de 1,0 e pela Lei de Responsabilidade Fiscal, é de 2,0). A partir daí, durante cerca de 8 anos, o grande mérito da atual gestão foi o rigor com o qual manteve o equilíbrio fiscal. Contudo, neste mesmo período, Pernambuco foi levado a aumentar fortemente seu nível de endividamento para sustentar o processo de crescimento e não conseguiu manter a mesma capacidade de gerar Poupança Corrente. Em 2013, o estado se encontrava em um nível de endividamento de 0,86, se considerada a relação entre Dívida Consolidada e Receita Líquida Real (parâmetro de receita da Lei de Renegociação das Dívidas), ou seja, próximo do limite de 1,0, que é apontado pelos especialistas como referencial.

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Já para a relação entre Dívida Consolidada e Receita Corrente Líquida, o valor no final do ano de 2013 foi de 52,7%. A projeção para 2014 da relação entre Dívida Consolidada e Receita Líquida Real (RLR) é 0,99.

As informações acima podem ser melhor observadas na Figura 1, a seguir.

Desta forma, um grande desafio para os próximos anos reside em conseguir aumentar a capacidade de realizar o investimento público estadual, como forma de manter/acelerar o crescimento sustentável da sociedade pernambucana.

Como a possibilidade de ampliar o endividamento parece estar bem próxima do seu limite (se não esgotada), essa capacidade de investimento estará limitada aos recursos próprios do estado, os quais, nos próximos anos, devem estar muito próximos da Poupança Corrente, hoje (aproximadamente) na casa de R$ 1,5 bi (consolidada) ou cerca de R$ 0,8 bi (Tesouro).

Este foi, exatamente, um dos pontos mais vulneráveis da condução das contas públicas da atual gestão, ou seja: não ter aproveitado melhor o expressivo crescimento da arrecadação estadual dos últimos anos para aumentar, também, a Poupança Corrente do estado, o que permitiria criar um ciclo verdadeiramente virtuoso de investimento e crescimento. Ver Figura 2, a seguir.

Despesas com Pessoal na LRF = 60%

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Olhando para o futuro próximo, no entanto, pelo menos duas alternativas são percebidas para aumentar este nível da Poupança:

1. Pelo lado da receita:

. Conviver, pelo menos até 2016, com a expectativa apenas de ganhos marginais e de um crescimento mais acelerado de receitas próprias após este período.

Neste cenário, espera-se o equilíbrio da composição das principais receitas, com destaque (positivo) para a queda de participação relativa do Fundo de Participação dos Estados. Esta situação pode ser melhor visualizada por meio da Figura 3, apresentada a seguir.

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Figura 3 – perfil da evolução das receitas

. Manter e ampliar, onde possível, a eficiência dos processos de arrecadação, que já se encontram bem desenvolvidos e próximos do limite (em 2012 Pernambuco arrecadou cerca de R$ 10,6 bilhões de ICMS); . O crescimento do PIB deve ser impactado, de forma mais relevante, a partir de 2016, com a maturação dos investimentos atuais, o que permitirá ampliação dos ganhos com receitas próprias.

2. Pelo lado das despesas

Neste ponto é possível imaginar que existam boas perspectivas:

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. Obter crescentes ganhos de eficiência no custeio (fazer crescer mais lentamente do que as receitas); . A participação relativa das despesas também parece estar equilibrada, sendo que pode ser observada uma diminuição relativa das despesas com pessoal, porém, acompanhada do crescimento de “outras despesas”, que podem estar sendo provocadas por um processo de “terceirização” (ver figura 4). É importante registrar que, embora tenha havido aumentos de receita, as despesas de custeio do estado (2009-13) cresceram 113%, bem acima da receita líquida (evoluiu positivamente 76,6% no mesmo período).

Figura 4 – perfil da evolução das despesas

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Renegociação das dívidas

Há uma expectativa de mudanças dos parâmetros que balizam a dívida estadual negociada com a União (em função dos projetos de Lei em discussão no Congresso Nacional), o que poderá permitir ganhos para o estado no pagamento dos juros.

De qualquer forma, contudo, sabe-se que é possível aumentar os níveis de Poupança Corrente do Estado, principalmente quando comparados com o desempenho de outros estados da Federação. Ver Figura 5, abaixo.

Figura 5 - poupança corrente dos estados em 2013

Desta forma, o diferencial estará em quem tiver a melhor capacidade para atrair mais investimentos, sejam eles federais ou privados, além de quem tiver a capacidade de promover ganhos de produtividade do estado.

Outro ponto relevante a observar foi a destinação dos recursos, principalmente quando são analisados os gastos com Educação, Saúde e Segurança.

Neste quesito é possível afirmar que, tanto para Saúde, quanto para Segurança, os gastos estão em patamares iguais ou superiores à média nacional, e de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

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Contudo, quando são analisados os gastos com Educação do estado de Pernambuco, por exemplo, fica evidente que apesar de estarem acima da Lei de Responsabilidade Fiscal, estão abaixo da média nacional. (figura 6).

Pernambuco, no geral, apresentou volumes importantes de investimento total, porém destinou apenas 11% de sua Receita Corrente Líquida, o que é menos do que a média nacional e muito abaixo do Ceará (21%), por exemplo.

Figura 6 – gastos com Educação segundo os critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal

(em % da receita líquida de impostos)

Linhas de atuação

• Atração de Investimentos Federais: resgatar para Pernambuco papel relevante que já teve na alocação dos recursos federais destinados a obras de infraestrutura necessárias para promover o desenvolvimento do estado;

• Acrescentar eficiência, produtividade, regulação e articulação para atrair e aumentar o

interesse de participação do Capital Privado. Não é viável construir parcerias efetivas com o setor privado, porém, se não houver modernização e eficiência, mantendo a forma de atuação com a dinâmica e os modelos tradicionais do setor público;

• Avaliação e estudo para redimensionamento da estrutura e organização do organograma e

do modelo de gestão do estado para incorporar maior racionalidade e eficiência com custos menores;

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• Institucionalização do Modelo de Gestão proposto (ver adiante) e conceito de governança estadual;

• Renegociação dos grandes contratos: avaliar os principais contratos do estado

(comparando-os com os estabelecidos por outros estados), incluindo possíveis renegociações de dívidas, de forma a identificar oportunidades de ganhos;

• Ampliar a participação das despesas com Educação no orçamento geral de acordo com as

proposições e a política a ser implantada no estado.

Proposições

Atração de Investimentos Federais:

• Fortalecer a presença de Pernambuco e ampliar as oportunidades geradas pelo PAC com aceleração da execução de cerca de R$ 18 bilhões previstos (do total de R$ 62,8 bilhões), para serem executados após 2014;

R$ milhões EIXO 2011-2014 Pós 2014 Transporte 5.561 2.425 Energia 42.176 5.802 Cidade Melhor 2.977 6.883 Comunidade Cidadã 592 355 Minha Casa, Minha Vida 7.299 1.202 Água e Luz para Todos 4.208 1.144 Total 62.813 17.811

• Ampliar também as oportunidades nos Repasses Voluntários, de forma que voltem ao

menos ao patamar de 3 anos atrás (R$ 994 milhões em 2010, ante apenas R$ 219 milhões em 2012);

• Justificativas: • Necessidade de criar condições objetivas para “capturar” os investimentos já realizados

(SUAPE); • Criar condições para permitir que Pernambuco desempenhe um papel de polo de

desenvolvimento regional, a partir de seu posicionamento geográfico privilegiado e de fatores concretos de sua economia;

• Demonstrar/reforçar a capacidade de transformação do estado, quando este consegue trabalhar de forma coordenada entre as esferas federal, estadual e municipal.

• Ações:

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• Desenvolver estrutura ágil e capacitada, responsável por organizar e dar suporte à articulação junto ao Governo Federal, coordenando a atuação nas diversas áreas e esferas do governo.

Aumentar o Interesse de Participação do Capital Privado: • Estudar a criação de um organismo de Participações e de Gestão, como evolução do atual

Comitê Gestor do Programa Estadual de PPPs (CGPE), com responsabilidades no acompanhamento, fiscalização e elaboração dos projetos até a gestão da operação dos mesmos, para impulsionar os projetos de PPPs, com foco principal em obras de (entre outros): • Logística / Transportes; • Saneamento; • Recursos Hídricos; • Energia; • Segurança (penitenciárias);

• Reforçar o papel da agência reguladora do estado de Pernambuco (ARPE), promover melhor

estrutura e organização para que o Estado volte a regular e controlar adequadamente e com qualidade os serviços prestados à população, sejam eles oferecidos pelo próprio estado ou pela Iniciativa Privada, de forma independente e planejada, com visão de longo prazo.

Impostos

- Instituir Código de Direitos e Garantias do Contribuinte de Pernambuco e o Conselho Estadual de Defesa do Contribuinte (CODECON), de modo a proteger o contribuinte contra o exercício abusivo do poder de fiscalizar, lançar ou cobrar tributo do Fisco; assegurar a ampla defesa e o contraditório nos processos administrativos e tributários, além de garantir uma adequada e eficaz prestação de serviços gratuitos de orientação aos contribuintes; - Rever a utilização abusiva e indiscriminada da substituição tributária no ICMS, sobretudo para as micro e pequenas empresas e isentar o microempreendedor individual (MEI) das taxas estaduais de abertura, fechamento e licenciamento; - Revisar a política de incentivos fiscais levando em consideração critérios como: adensamento da cadeia produtiva local, localização dos empreendimentos em regiões menos desenvolvidas do estado, geração de empregos e capacidade de inovação.

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Muito já se fez,mas é preciso ir mais longe ainda: promover maior profundidade e verticalização (para dentro das secretarias e órgãos), transversalidade (numa parceria com os municípios) e racionalidade (na estrutura de governo) ao atual modelo de gestão estadual.

Em outra dimensão, é importante assegurar governança, além da gestão, assim compreendida a componente de liderança e de formulação estratégica para construir de forma sustentável e equilibrada uma visão de futuro para o estado. Para definir caminhos é indispensável avaliar a eficiência e a eficácia de processos e da operação, ao lado do exercício da política na definição e condução do modelo eintegrar a administração do sistema interno ao ambiente e as necessidades de articulação e de relacionamento externo.

a) Diagnóstico

O Modelo de Planejamento e Gestão denominado “Todos por Pernambuco”, que vem sendo desenvolvido e implantado no Estado desde o final de 2007, está hoje consolidado como a principal ferramenta da gestão pública no estado, permeando todas as ações e realizações do Governo.

Sua construção metodológica foi baseada no estado da arte da literatura gerencial. Além de trazer novos paradigmas para a atividade de planejamento estatal, o Modelo Todos por Pernambuco representou a adoção de um conjunto de novos conceitos e práticas que consolidaram as bases para o desenvolvimento, adotando uma nova cultura de planejamento na máquina pública, quais sejam:

• Visão ampla e integrada: Internalizou-se o conceito gestão: de que Planejar/Executar/Avaliar/Replanejar são fases de um mesmo Processo;

• Entendimento dos diferentes tipos de ação: Consolidou-se a ideia de que a ação estatal distingue iniciativas relacionadas à rotina da gestão e controle social na entrega de bens e serviços à população (ações “para manter”) e iniciativas relacionadas à transformação da realidade social e econômica do Estado (ações “para melhorar”);

• Alinhamento: Conseguiu-se traçar uma agenda única para o Governo do estado– consubstanciada em um Mapa da Estratégia, amplamente divulgado e disseminado;

• Foco e responsabilização: Implantou-se um processo racional de estabelecimento de metas e priorização – Metas passaram a ser selecionadas a partir de Diagnóstico da Realidade, Programa de Governo, Consulta à Sociedade e Disponibilidade de Recursos;

• Acompanhamento e consequência: Instituiu-se uma sistemática de monitoramento intensivo para garantir a consecução das Metas selecionadas;

• Alinhamento do longo prazo com o curto prazo: Reaproximou-se o Planejamento do Orçamento – A Gestão Financeira passou a ser alinhada com a estratégia.

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Contudo, apesar destes avanços, que devem ser reconhecidos, ainda há muito o que fazer. Numa avaliação mais minuciosa, é possível perceber algumas lacunas que ainda não foram trabalhadas e que só um novo sentido de governança será capaz de implementar, devido à complexidade de sua execução e redirecionamento de objetivos, que exige que as relações de poder estejam menos cristalizadas.Estas lacunas se referem a:

O tamanho (inchaço) da máquina pública:

O primeiro aspecto que pode ser observado é a quantidade de funcionários por 100 habitantes. Já neste primeiro indicador, é possível observar que Pernambuco tem trabalho a fazer (possui uma das maiores proporções da Região). (figura 1)

Figura 1

Entretanto, esta situação não vem sozinha. Num momento em que a crítica à contratação temporária e o clamor pela realização de concursos públicos são grandes no Brasil, o Governo de Pernambuco vai na contramão dessa tendência. O estado ampliou em 100% o número de cargos temporários entre 2008 e 2011 – segundo o Tribunal de Contas do Estado:

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• Em 2008 o estado tinha 13.839 contratados temporários na esfera da administração pública estadual;

• Em 2011 o estado tinha 27.687, o dobro desse quantitativo em relação ao ano de 2008;

O número impressiona, já que apenas 994 novos servidores efetivos foram contratados de 2008 a 2011. Os temporários já correspondem a 20% dos funcionários do governo. Isto leva a distorções como o fato de 05 (cinco) secretarias estaduais terem seus quadros de funcionários compostos apenas por contratados temporários. Não há servidores efetivos, nem empregados públicos, nas Secretarias das Cidades; Meio Ambiente e Sustentabilidade; da Criança e da Juventude; da Mulher, do Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo.

Além desta questão com a quantidade de funcionários como um todo e da contratação de funcionários temporários, é detectada, também, uma quantidade excessiva de Secretarias na composição do organograma do Governodo Estado. (figura 2)

Figura 2

Um dos grandes desafios na implementação de Políticas Públicas é a coordenação de ações e iniciativas muito complementares que se encontram dispersas pelos diversos órgãos do estado. Esta dispersão provoca, dentre outras coisas, o desperdício de recursos públicos, a entrega de serviços parciais com baixa capacidade de transformação (ao invés de soluções completas), sobreposições de atividades e retrabalhos e a baixa percepção pela população da qualidade dos serviços. Por outro lado, questões que se encontram com muito baixo desempenho, e que sejam foco num determinado momento, podem justificar a sua separação, para que seja possível dar maior foco e visibilidade. Isto deveria ser exceção, e não regra.

Baixa pactuação de resultados (modelo de gestão) com o municípios: baixa articulação do Estado com os Municípios para a definição e apoio na implementação das ações estratégicas.

O modelo até então desenvolvido se concentrou, primordialmente, na atuação das Secretarias de Estado e deixou para um segundo momento o trabalho, seja com os órgãos de estado vinculados à administração, seja com os Municípios.

Um reflexo claro disto pode ser observado pela inexistência de qualquer ação no sentido de se articular um modelo de governança para a Região Metropolitana do Recife.

Além deste fator acima colocado, se percebe, também, que uma das principais dificuldades de implementação de políticas públicas é a baixa capacidade dos municípiosem acessar estas políticas por falta de conhecimento e/ou pessoal capacitado para fazê-lo. Esta é outra prova do distanciamento que hoje existe entre o Estado e o Município. Com este distanciamento, ampliaram-se as oportunidades para que o Governo Federal ocupe este espaço, minimizando o

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papel do estado. É primordial que o estado recupere este espaço de coordenador e apoiador do desenvolvimento dos municípios.

Por outro lado, é forçoso reconhecer a fragilidade da estrurtura financeira dos municípios, dependentes de transferências e, por isto mesmo, enfraquecidos em sua autonomia e capacidade própria de investimento. Cerca de 75% dos municípios pernambucanos possuem apenas 5% de receita própria no total de recursos de que dispõem e somente 8% deles têm receita própria superior a 10%.

Baixa institucionalização do modelo dentro das secretarias

A primeira fase de implementação deste modelo teve como foco principal dois objetivos: aumentar os recursos disponíveis e melhorar a eficiência na aplicação destes recursos (com foco na defesa social, segurança pública, saúde, educação e gerenciamento de programas – Figura 3).

Figura3 – foco da 1ª fase do modelo

O primeiro aspecto a observar, como demonstrado no tema de contas públicas,é que o estado realmente teve eficiência em ampliar a sua arrecadação, mas não conseguiu transformar isto em melhores resultados, seja em um aumento da Poupança Corrente, seja na melhoria dos Serviços (em especial Saúde e Educação). Houve , em contrapartida, aumento mais que proporcional nos valores de custeio.

Outro fator é que este movimento realizado nesta primeira fase deixou à margem do processo a grande maioria das secretarias e órgãos. Os principais pontos falhos foram:

• As demais secretarias não detém conhecimento e maturidade para institucionalizar o modelo de gestão;

• Faltam pessoal técnico e ferramentas de controle e avaliação; • Faltam recursos orçamentários para implantação de novas metas e melhoria interna dos

procedimentos; • Não-participação efetiva dos órgãos indiretos.

b) Linhas de atuação

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• Elevar a eficiência da máquina do estado: reestruturar o organograma do estado e buscar maior recionalidade e menos secretarias;

• Implantar conselhos de municípioscom o suporte de escritórios técnicos regionalizados nas 12RDs. O Governo do Estado deverá promover cooperação e articulação com as Prefeituras, com o setor produtivo e com a comunidade local, para apoiar o desenvolvimento de políticas públicas aderentes às demandas locais, bem como à capacidade gerencial dos municípios. No caso da RMR, a reprodução deste modelo deve favorecer a criação um “pacto metropolitano” para o planejamento e a execução de investimentos coordenados e de políticas públicas integradas;

• Disseminar o modelo de gestão: levar o modelo de gestão para todas as Secretarias e Órgãos que compõem o estado, promovendo e garantindo a sua efetiva internalização e cristalização;

• Deverá também ser revitalizado e fortalecido o Conselho Estadual de desenvolvimento Econômico e Social – CEDES para torná-lo mais atuante e participativo nas decisões relativas ao desenvolvimento sustentavel do estado e para influir na deficnição de políticas e estrategia de crescimento econômico e de interiorização do desenvolvimento.

c) Proposições

1. Elevar a eficiência da máquina do estado: reestruturar o organograma do Estado

O principal objetivo desta proposta é aumentar a capacidade de execução do Governo do Estado, através de uma revisão da estrutura organizacional (quantidade e competência das Secretarias e dos diversos órgãos), que proporcione maior agilidade pela maior integração de áreas afins (em contraponto ao modelo de fracionamento dos assuntos).Para fazer esta reestruturação, é preciso levar diversos aspectos em consideração, tais como:

• Definição e discussão ampla sobre as prioridades de governo para os próximos 4 anos; • Compreensão das competências e composições de cada uma das Secretarias atualmente

existentes; • Entendimento da previsão dos recursos que se colocam à disposição para a operação do

novo Governo; • Definição do modelo de governança desejado e da estrutura e objetivos de gestão.

Os principais direcionadores para orientar este redesenho serão:

• Melhorar a capacidade de entendimento das demandas da população e formulação de políticas públicas;

• Ampliar a capacidade de execução (agilidade de resposta e integração de ações); • Otimizar a alocação dos recursos internos; • Utilizar os melhores recursos que se colocarem à disposição, de acordo com as finalidades

específicas.

Entende-se, contudo, que só é responsável e racional fazer proposições neste sentido passadas as eleições, momento em que será possível reunir todas as informações e definições que se

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fazem necessárias para este desenho. Porém, com as informações já existentes hoje, é possível imaginar um quadrocom um número menor de Secretarias,agrupadas em eixos básicos:Gestão, Social e Econômico e infraestrutura.

2. Implantar conselhos e escritórios regionalizados nas 12 RDs: articulação com as Prefeituras, com o setor produtivo e com a comunidade local, para apoiar o desenvolvimento de políticas públicas aderentes às demandas locais, bem como apoiar o fortalecimento mutuo e a capacitação técnica e gerencial dos municípios.

2.1. Criação de um Conselho Metropolitano integrado pelo Governo do Estado (liderado pelo próprio Governador), prefeituras municipais e demais atores diretamente envolvidos nas questões metropolitanas, com o propósito de:

• Avaliação permanente das questões de caráter metropolitano, fortalecimento político e reforço do sistema de planejamento metropolitano, articulando as esferas federal, estadual e municipal, com suporte técnico necessário, nos moldes da “antiga” FIDEM;

• Articulação e integração das competências disponíveis nas universidades, sistema de C&T, institutos de inovação e representantes dos setores produtivos visando à proposição de soluções inovadoras e efetivas para os problemas priorizados pelo Conselho Metropolitano;

• Estabelecer um “Pacto metropolitano” em torno das questões prioritárias para o desenvolvimento integrado e sustentável da RMR estimulando o compromisso de todos os municípios com uma visão de futuro compartilhada para a região.

2.2. Criação de Conselhos Regionais de Desenvolvimento nos municípios-sede das 12 regiões de desenvolvimento, a serem integrados por representantes dos governos estadual e municipal e do setor produtivo, com a articulação necessária (universidades, Governo Federal e outras) para discutir o planejamento da políticas, obras e ações de interesse da região, em sintonia com o planejamento geral do estado.

Como principal objetivo para estes conselhos:

• Conhecer melhor as peculiaridades e necessidades sociais, econômicas e de infraestrutura das diferentes regiões;

• Apoiar e fortalecer as iniciativas que levem em conta as vocações locais e as APL’s; • Identificar oportunidades e potencialidades de desenvolvimento, integrando os esforços e o

diálogo entre os governos e a iniciativa privada; • Estimular a inovação e apoiar o desenvolvimento de diferenciais competitivos para a

produção local; • Identificar necessidades e propor prioridades de investimentos; • Caracterizar pontos de estrangulamento e propor soluções para superação dessas

deficiências.

2.3. Criação de Escritórios Regionais de suporte técnico e operacional aosConselhosRegionais e prefeituras municipais da região.

Estes conselhos e escritórios poderiam ser coordenados pela Secretaria de Planejamento, ou por uma nova Secretaria, que seria a de Integração e Desenvolvimento Regional, que teria a

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responsabilidade de fazer esta interlocução com as regiões e, ao mesmo tempo, fazer uma discussão transversal ao Governo.

O objetivo é fortalecer, qualificar e ampliar a participação regional no planejamento e na execução do programa de governo em estreita cooperação com os municípios e articulação com o setor privado, interiorizando o desenvolvimento e descentralizando a ação do Governo do Estado.

3. Disseminar o modelo de gestão: levar o modelo de gestão para todas as Secretarias e Órgãos que compõem o estado, promovendo e garantindo a sua efetiva internalização e cristalização (figura 4).

• Desdobramento do modelo para as secretarias e órgãos, atrelados a um programa de reconhecimento;

• Incremento de pessoal técnico com ferramentas de controle e avaliação; • Melhorar a eficiência das secretarias com aporte de recursos orçamentários; • Disponibilizar técnicos e meios para aprimorar o modelo de gestão nos órgãos e municípios,

como ilustrado na Figura 4.

Figura 4

• Aperfeiçoar o acompanhamento e controle das ações, projetos, resultados e metas através de monitoramento constante e avaliação.

4. Ativar e fortalecer o CEDES – Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social

como fórum de discussão de políticas e de estratégias para desenvolvimento sustentável do estado e dos municípios e para estimular o crescimento econômico de Pernambuco.

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As proposições contidas neste Plano de Governo para o período 2015 / 2018 deverão estabelecer um modelo de gestão pública em Pernambuco que privilegie a transparência, a ética e o compromisso com a qualidade de vida das pessoas.

Um modelo baseado na busca permanente por eficiência e qualidade na prestação de serviços aos cidadãos e na construção de um novo conceito de crescimento econômico, onde responsabilidade social e ambiental serão pilares da execução dos programas visando o desenvolvimento sustentável de Pernambuco.

A institucionalização deste modelo passa, entre outros, pela redefinição do organograma do estado, pela análise da eficiência e da eficácia na alocação estratégica dos recursos públicos e no estudo do perfil da despesa. Pressupõe uma criteriosa análise das funções do governo e a avaliação da sua estrutura, organização e operação.

Fundamentalmente e como conceito básico de gestão e governança, este projeto valoriza o diálogo, a participação popular e vai promover a mobilização da sociedade para interagir de maneira permanente com o processo de planejamento, a definição de prioridades e com a execução dos projetos e políticas públicas.

Este posicionamento evidencia a compreensão de que governança é mais do que controlar e acompanhar processos, perseguir metas, administrar recursos e estruturas e avaliar resultados.

É, antes, traçar caminhos, pensar estrategicamente, liderar pessoas e instituições para alcançar objetivos. É olhar também para fora do estado, atuar politicamente para articular alianças e parcerias em benefício do desenvolvimento de Pernambuco.

Este modelo estará submetido ao permanente monitoramento dos resultados e das metas, na observância dos limites da Lei e da responsabilidade financeira e fiscal.

Vamos trabalhar na perspectiva de estabelecer um ambiente com mais igualdade de oportunidades, mais justo e inclusivo, construído pela contribuição democrática dos cidadãos e com ativa participação dos municípios.

Este esforço solidário visa encurtar as distâncias que ainda separam as pessoas e as regiões do estado para combater as desigualdades e facilitar e ampliar o acesso a todos os serviços públicos, que devem ser ofertados com qualidade, democraticamente.

Para que os objetivos sejam alcançados, além de decisão política é fundamental considerar a situação atual das contas públicas, o perfil da dívida e a capacidade de investimento do estado de Pernambuco.

Neste particular é importante registrar que os compromissos já assumidos pelo Governo do Estado revelam uma perspectiva de restrições no curto prazo, reduzindo as possibilidades para

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manter os níveis de investimentos necessários, desde que não sejam identificadas novas fontes e desenvolvidas alternativas de captação de recursos.

Este reconhecimento renova a necessidade e urgência, entre outras medidas, de aumentar a capacidade de articulação para atrair novos investimentos públicos e reforça a importância política do relacionamento e parceria com o Governo Federal.

Da mesma forma, amplia a necessidade e urgência de estabelecer parcerias estratégicas com o capital privado, dentro e fora de Pernambuco, criando modelos alternativos e diversificados para sua participação e integração ao projeto de crescimento estadual.

São enormes e complexos os desafios. É expressiva a necessidade de recursos, tecnologia e inovação para superá-los.

Muito já foi feito, mas há muito ainda para realizar.

Com a participação e a confiança dos pernambucanos, muito trabalho e determinação, com planejamento e inteligência, as ações do Governo do Estado serão pensadas e executadas com o compromisso de aumentar as conquistas atuais, fortalecer a economia estadual, ampliar a infraestrutura e acrescentar benefícios reais para as pessoas e as regiões.

Vamos trabalhar juntos, Povo e Governo, no firme propósito de fazer com que Pernambuco possa ir ainda mais longe.

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