plano de gestÃo ambiental baseado em indicadores de...
TRANSCRIPT
PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL
BASEADO EM INDICADORES DE
DESEMPENHO AMBIENTAL APLICADO
À MICRO EMPRESAS
Cristiane Rosa (UNIVALI)
George Luiz Bleyer Ferreira (UNIVALI)
Osmar Possamai (UFSC)
O presente estudo teve como objetivo propor um plano de gestão
ambiental para micro empresas com base em indicadores de
desempenho ambiental. A partir do mapeamento do processo se obteve
entradas e saídas caracterizando os aspectos e impactos ambientais em
média e alta significância. Como procedimento metodológico optou-se
por um estudo de caso em uma microempresa do setor madeireiro para
avaliar a aplicabilidade das ações e o método. A partir desse
levantamento foi possível identificar potenciais impactos gerando
quatro indicadores de desempenho ambiental (IDA) relacionados ao
consumo de toras de pinus, de energia elétrica, de óleo diesel e
cumprimento dos requisitos legais. Por fim, com base nestes resultados
foram propostos 14 programas e ações para melhoria da gestão
ambiental através do controle dos indicadores de desempenho
sugeridos, de modo a possibilitar a melhoria contínua e
sustentabilidade do processo produtivo.
Palavras-chave: Indicadores de desempenho ambiental, Gestão
ambiental, microempresa, NBR ISO 14.001, NBR ISO 14.031.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
2
1. Introdução
O impacto ambiental causado pelas ações de empresas é um tema relevante que tem tomado
espaço nas agendas de muitos executivos. As organizações contemporâneas que estão
alinhadas a essas preocupações, planejam ações que visam melhorar o processo produtivo da
empresa, como também a qualidade final de seus produtos e principalmente os possíveis
aspectos e impactos ambientais. Para Barbieri (2011) a implantação de medidas de
gerenciamento ambiental, do ponto de vista empresarial, é comum o pensamento que qualquer
providência que seja tomada em relação ao meio ambiente traz consigo o aumento de
despesas. Jabour e Jabour (2013) explica que existem também empresas capazes de ousar nas
melhorias internas de forma a transformar as restrições e ameaças ambientais em
oportunidades de negócios. Outro fato relacionado à implantação do sistema de gestão
ambiental, segundo Fernandes at al (2012) é a dificuldade de implantação em empresas de
pequeno e médio porte, devido a impactos ambientais reduzidos, neste caso, se comparado
com empresas de grande porte. Segundo Seiffert (2007) para um impacto ambiental isolado
esta hipótese pode ser verdadeira, mais isto não faz com que o mesmo não se torne
acumulativo. Para Dias (2011) a possibilidade de se constituir mecanismos e técnicas de
gestão que facilitem a adoção de práticas de gestão que favoreçam a implantação de baixo
custo e que revertam os resultados em ganhos reais deve ser perseguida.
Dessa forma, surgiu a motivação para esta pesquisa: A dificuldade para micro e pequenas
empresas em identificar um plano de gestão ambiental que traga melhorias aos seus
processos, serviços e produtos de maneira que estes, não apenas estejam em conformidade
com o meio ambiente e a legislação mais, que possam ser implantados de maneira prática sem
grandes investimentos de recursos financeiros. Desta forma, a presente pesquisa tem o
objetivo de elaborar um Plano de Gestão Ambiental com base em indicadores de desempenho
ambiental orientados a microempresas.
2. Metodologia
Para atender o objetivo da pesquisa a abordagem feita nos meios de investigação caracterizou-
se como bibliográfica e de campo. Na pesquisa bibliográfica fez-se uma revisão da literatura
sobre o tema a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros e artigos
de periódicos. Optou-se também pelo estudo de campo para proporcionar uma análise acerca
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
3
do modo como foi implantado o Plano de Gestão Ambiental com base em indicadores.
Definiu-se uma microempresa do ramo madeireiro para observar a aplicação prática, a fim de
validar os resultados obtidos a partir da pesquisa bibliográfica.
2.1 Identificação e classificação dos resíduos do processo produtivo
Por meio de visitas técnicas realizadas na empresa selecionada, como estudo de campo foram
empregados questionários e entrevistas com os funcionários, além da observação in loco para
levantamento dos dados. Através de diagramas de blocos montou-se o fluxograma do
processo identificando e caracterizando as principais etapas do processo produtivo. Assim, se
quantificou e caracterizou as entradas e saídas de cada etapa do processo. Desta forma foram
levantados os aspectos ambientais e a geração de resíduos, classificando-os conforme a
ABNT NBR 10.004.
2.2 Avaliação e categorização do impacto ambiental
Depois de identificados os aspectos e impactos ambientais estes foram caracterizados quanto
à situação, quanto à incidência do aspecto / impacto, com relação à classe dos impactos, e
severidade seguindo o que preconiza a NBR ISO 14001. A Categoria do impacto ambiental
foi definida pelo cruzamento entre os dados da Consequência/Severidade. Com relação aos
requisitos legais foram identificados aqueles que incidem sobre o impacto ambiental. Logo no
enquadramento, atribuiu-se Sim (S) para os impactos considerados como de Alta e Média
Significância, e Não (N) para os impactos de Menor Significância.
No que corresponde aos controles operacionais, foram atribuídos “sim” (S) para casos onde
exista gerenciamento dos aspectos e impactos ambientais, e “não” (N) para situações onde
não existe o gerenciamento. Por fim, as Ações de Gerenciamento foram propostas medidas de
prevenção e mitigação dos impactos ambientais, juntamente com os objetivos e metas para
que a organização consiga atingir o que foi proposto em seu plano de gestão.
2.3 Identificações dos indicadores de desempenho e plano de ação
A identificação dos indicadores de desempenho ambiental se baseou no que preconiza a NBR
ISO 14031, onde se classificou os indicadores de desempenho ambiental (IDA) em
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
4
indicadores operacionais (IDO) e gerenciais (IDG). O plano de ação consiste na identificação
de ações capazes de atingir os objetivos e metas propostos pela organização, priorizando
ações para mitigar os impactos com maior severidade informados pela etapa anterior.
Também define as responsabilidades dos colaboradores internos e aloca os recursos humanos
e financeiros necessários para a sua implantação, levando em consideração os aspectos
ambientais da organização. Finalmente o plano amarra as ações propostas às exigências
legais. Para a elaboração do plano de ação considerou-se a metodologia 5W1H, ou seja,
(What, Why , Where, When, Who e How).
3. Resultados e discussões
Com base no levantamento dos dados através de entrevistas e medições in loco, observando
cada etapa da metodologia proposta no tópico anterior, analisaram-se os resultados de forma a
verificar a aplicabilidade da metodologia e a importância do resultado gerado para mitigar o
impacto ambiental.
3.1 Caracterizações do processo de fabricação
Para um entendimento inicial de todo o processo produtivo da empresa levantou-se o fluxo do
processo etapa por etapa. A figura 01 corresponde a este levantamento e representa o processo
produtivo que tem como início o transporte da matéria-prima, que seguindo o fluxo lógico do
processo o mesmo é finalizado na etapa onde é realizado o armazenamento e a expedição do
produto final. Importante que se diga que cada etapa do processo identifica o aspecto
ambiental, ou seja, o elemento que gera o impacto ambiental.
Figura 01 - Fluxograma do processo produtivo
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
5
3.2 Identificação e classificação das entradas e saídas do processo de fabricação
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
6
O processo de fabricação da madeira de pinus serrada tem início no transporte das toras de
pinus do local da extração até o pátio da empresa. O carregamento das toras, dependendo do
local onde as mesmas foram compradas, é realizado pela própria empresa que comercializa as
toras, em outros locais o carregamento e o transporte é realizado pela empresa em estudo.
Realizado o carregamento e o transporte das toras estas são descarregadas no pátio da
empresa onde serão encaminhadas para processo de corte. No processo de corte a tora será
serrada e ganhará forma de produto. Na serra, máquina que retira a casca do pinus, é onde
também se bitola a madeira. A bitola da madeira consiste em ajustar o tamanho da madeira de
acordo com o que foi solicitado pelo cliente, sendo que a empresa produz madeiras de
caixaria, caibros e sarrafos de telhas, portanto, cada uma destas madeiras possui larguras,
espessuras e comprimentos diferentes que serão determinados conforme a programação
realizada na máquina de serra. Posteriormente, a madeira é encaminhada para o processo de
acabamento, que consiste na passagem das toras pela máquina circular com o intuito de retirar
possíveis imperfeições provenientes da casca do pinus que ainda ficaram na madeira. Nesta
etapa tem-se a fabricação da madeira bruta que pode ser diretamente encaminhada para a
expedição, caso contrário, se o cliente desejar uma madeira beneficiada esta será encaminhada
para o próximo processo.
Para a produção da madeira beneficiada, é necessário que a mesma esteja totalmente seca.
Desta forma, as tábuas, caibros ou sarrafos são dispostos em grades para a realização da
secagem que ocorre no pátio da empresa, para então ser encaminhada para o processo de
beneficiamento (retificação). O processo de secagem irá depender das condições climáticas.
No processo de retificação, a madeira após passar pelo processo de secagem, passa por uma
máquina que plaina o produto, deixando-o extremamente lisos e sem imperfeições. Nesta
etapa tem-se a fabricação da madeira beneficiada que é diretamente encaminhada para a
expedição.
Por fim, o processo de armazenamento da madeira de pinus serrada é feito no pátio da
empresa, posteriormente segue para a expedição que é realizada pelos caminhões da empresa.
O carregamento das madeiras nos caminhões é realizado com auxílio de um munck (máquina
carregadeira) e pelos funcionários da empresa. Após o carregamento as madeiras são
encaminhadas principalmente para clientes dos municípios de Itajaí, Balneário Camboriú e
Camboriú em Santa Catarina, além de outros municípios próximos.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
7
Quadro 01 - Entradas e saída do processo de produtivo
ENTRADA PROCESSO SAÍDA
Óleo diesel
Emissões atmosféricas
Óleo lubrificante Resíduo proveniente do óleo
usado
Óleo hidráulico Óleo queimado
Pneus Resíduos de pneus
Toras de pinus Toras de pinus
Ruído
ENTRADA PROCESSO SAÍDA
Óleo lubrificante
Resíduo proveniente do óleo
usado
Óleo hidráulico Óleo queimado
Toras de pinus
Madeira serrada
Casca de pinus
Serragem
Resíduos de madeira
Energia Elétrica Energia consumida
Ruído
Óleo lubrificante
Resíduo proveniente do óleo
usado
Óleo hidráulico Óleo queimado
Madeira de pinus serrada Madeira Bruta
Resíduos de madeira
Serragem
Energia Elétrica Energia consumida
Ruído
Madeira bruta e verde
Madeira bruta seca
Óleo lubrificante
Resíduo proveniente do óleo
usado
Óleo hidráulico Óleo queimado
Madeira de pinus Bruta seca
Serragem
Cepilho
Madeira Beneficiada
Energia Elétrica Energia consumida
Ruído
Óleo diesel
Emissões atmosféricas
Óleo lubrificante Resíduo proveniente do óleo
usado
Óleo hidráulico Óleo queimado
Pneus Resíduos dos pneus
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
8
Ruído
3.3 Identificação e classificação dos resíduos
Os resíduos produzidos ao longo do processo produtivo da empresa foram classificados
conforme a NBR 10.004 que classifica os resíduos sólidos em resíduos perigosos e não
perigosos. Foram identificados resíduos resultantes do óleo usado e óleo queimado, sendo
estes, classificados como Classe I – perigoso. Os resíduos dos pneus foram classificados como
II B – não perigoso – Inertes. Já os resíduos II A – não perigosos – não inertes correspondem
às cascas de pinus/resíduos de madeira, serragem e cepilho. Desta forma que os resíduos
Classe I devem ser destinados para Aterro Classe I, já os resíduos Classe II A e II B devem
ser encaminhados para Aterro Classe II. Atualmente, a empresa vende os resíduos da casca de
pinus, serragem, cepilho e os restos de madeira para empresas como cerâmicas e floriculturas
da região. Resíduos da casca de pinus de menor tamanho que não são reaproveitados nas
cerâmicas e floriculturas são dispostos no pátio da empresa.
Os resíduos perigosos são gerados em pequena escala, o que atualmente resulta na destinação
inadequada, como no lixo comum. Os resíduos de pneus são resultantes da manutenção
realizada nos caminhões que geralmente acontece em oficinas terceirizadas, desta forma os
resíduos acabam sendo destinados por essas oficinas.
3.4 Avaliações dos impactos ambientais
Para a identificação dos aspectos/impactos ambientais considerou-se todo o processo
produtivo da empresa, sendo que cada processo foi analisado separadamente. Consideraram-
se também as atividades de limpeza, a caixa de serragem e o compressor. Com relação à
significância obteve-se como resultados aspectos/impactos de baixa, média e alta
significância. Quanto aos aspectos/impactos identificados como de Alta Significância,
classificou-se os impactos resultantes do Consumo de Energia e do Consumo de água como
de Alta Significância por serem aspectos que contribuem para o esgotamento/redução da
disponibilidade de recursos naturais, sendo um aspecto que ocorre todos os dias na empresa,
pois seu processo produtivo depende do uso da energia elétrica, além do consumo de água
para limpeza e abastecimento humano.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
9
Os demais aspectos/impactos foram classificados como de média e de baixa significância. Os
impactos resultantes da Emissão de produtos de combustão/Emissão de Fumaça preta, do
Vazamento de óleo dos caminhões, da Emissão de material particulado, da Geração de
resíduos dos pneus, do Resíduo da casca de pinus/Varrição dos caminhões, da Geração de
resíduos provenientes da casca de pinus, da Geração de resíduos de EPIs, da Geração de
resíduos de Madeira / serragem, da Geração de resíduos de Madeira / Cepilho, da Geração de
embalagens de óleo, de Estopas, trapos e panos contaminados com óleo, da Geração de peças
sujas de óleo, dos Resíduos de máquinas, dos Óleos lubrificantes, da Geração de resíduos de
varrição e da Geração de lâmpadas fluorescentes foram classificados de média significância,
uma vez que não se enquadram como alta significância, além de seus impactos não ocorrerem
periodicamente como no caso do vazamento de óleo dos caminhões, ou até mesmo a geração
dos diversos resíduos ao longo do processo da empresa que poderão ser mitigados com ações
de controle dos mesmos. Diante disso, para esses aspectos e seus respectivos impactos
considerou-se a classificação de média significância, uma vez que os mesmos poderão ser
mitigados e controlados com ações e medidas de controle ambiental.
Os impactos identificados como de baixa significância foram resultantes dos aspectos como a
geração de ruídos, o risco de acidentes de trabalho, o risco de acidente de trânsito, o incêndio,
a explosão e a geração de resíduos metálicos, uma vez que estes aspectos não ocorrem
periodicamente e podem ser controlados com ações de controle. Neste caso a geração de
ruídos ocorre periodicamente, porém é controlada, como os riscos de acidente de trabalho e de
trânsito. Os impactos resultantes do Incêndio e da explosão foram considerados de baixa
significância, pois não há registro de ocorrência e a empresa possui medidas de prevenção.
Com relação à identificação dos requisitos legais aplicáveis a atividade identificou-se
registros nos âmbitos federal, estadual e municipal, além da identificação de normas
regulamentadoras, como as normas brasileiras e resoluções do CONSEMA e CONAMA.
3.5 Indicadores de desempenho ambiental (IDA)
Na elaboração dos indicadores de desempenho ambiental (IDA) separou-se em indicadores de
desempenho operacional (IDO) e indicadores de desempenho gerencial (IDG), conforme
preconiza a ISO NBR 14.031. Para os IDO foi determinada uma unidade funcional básica.
Neste caso utilizou-se a unidade m³ de madeira serrada que servirá como denominador na
relação entre todos os indicadores propostos. O numerador será baseado na relação entre o
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
10
consumo de insumos e matérias-primas sobre a fabricação da madeira serrada, no período de
01 (um) ano. A tabela 01 apresenta os Indicadores de Desempenho Operacional (IDO)
identificados.
Tabela 01: Indicadores de desempenho ambiental operacional (IDO) sugerido
Mês/Ano
Consumo
de Toras
de pinus
(Ton.)
Consumo
de
Energia
Elétrica
(kWh)
Consumo
de Óleo
Diesel
(litros)
Quantidade
de madeira
serrada
(m³)
IDO
(Ton./m³)
IDO
(kWh/m³)
IDO
(litros/m³)
Out/12 240 5013 4086 143,22 1,68 35,00 28,53
Nov/12 120 4869 1991 71,87 1,67 67,75 27,70
Dez/12 120 4992 2750 79,25 1,51 62,99 34,70
Jan/13 200 3639 2413 108,30 1,85 33,60 22,28
Fev/13 160 5954 1500 73,47 2,18 81,04 20,42
Mar/13 160 4906 1018 89,36 1,79 54,90 11,39
Abr/13 160 4189 2000 89,52 1,79 46,80 22,34
Mai/13 160 5190 3498 77,00 2,08 67,40 45,43
Jun/13 200 5327 1500 108,50 1,84 49,10 13,82
Jul/13 200 5118 4500 106,86 1,87 47,89 42,11
Ago/13 200 5868 2300 101,65 1,97 57,73 22,63
Set/13 220 5318 3000 99,93 2,20 53,22 30,02
Total Anual 2140 60383 30556 1148,92 22,42 657,42 321,38
Média Anual 178,33 5031,92 2546,33 95,74 1,87 54,78 26,78
A produção de madeira serrada mensal variou entre 71 a 143 m³, totalizando uma produção
anual de 1.148,92 m³, e em média 95,74 m³ ao mês. Com base nesses dados será possível
identificar e analisar o desempenho ambiental da empresa com base nos indicadores de
desempenho ambiental.
Com base na tabela 01 é possível afirmar que nos meses Fevereiro/2013 e Setembro/2013
houve um aumento no consumo de toras de pinus (ton.) por quantidade de pinus madeira
serrada (m³), implicando em um baixo desempenho ambiental no processo produtivo da
empresa. Já no mês de Dezembro/2012 houve menor consumo de toras de pinus (ton.) por
quantidade de pinus madeira serrada (m³), acarretando em um bom desempenho ambiental.
Para melhor representatividade a figura 02 demonstra os indicadores de desempenho
(Ton/m³).
Figura 02: IDO referente ao Consumo de toras por quantidade de madeira serrada (T/m³)
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
11
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50(Ton./m³)
Meses/Ano
Indicador de Desempenho Ambiental (Ton./m³)
A partir da figura 02 é possível verificar dois picos com menor desempenho ambiental, e um
pico de maior desempenho ambiental. Pressupõe-se que esta variação pode estar relacionada
com a aquisição desta matéria-prima. Com isso, pode haver alguns meses em que houve
maior aquisição de matéria-prima, sendo esta não consumida totalmente no período de um
mês, ficando em estoque para o mês seguinte. Desta forma, no mês seguinte a aquisição de
matéria-prima pode ser menor, gerando esta variação. Outro fator é a condição climática, que
influência na retirada e transporte das toras. Além disso, percebe-se uma leve ascendência
entre os meses de junho a setembro de 2013, o que demonstra certa ineficiência no uso da
matéria-prima por quantidade de produção.
Com base na tabela 01 é possível verificar que nos meses de Novembro/2012 e
Fevereiro/2013 houve um aumento no consumo de energia elétrica (kWh) por quantidade de
madeira serrada (m³). Já nos meses de Outubro/2012 e Janeiro/2013 o consumo de energia
elétrica (kWh) por quantidade de madeira serrada (m³) foi menor se comparado com os outros
meses. Para melhor representatividade a Figura 03 demonstra os indicadores de desempenho
(kWh/m³).
Figura 03 - IDA do consumo de energia elétrica (kWh) por quantidade de madeira serrada (m³)
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
12
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
kWh/m
³
Meses/Ano
Indicador de Desempenho Ambiental (kWh/m³)
A figura 03 demonstra que o mês de maior consumo de energia elétrica por quantidade de
madeira serrada foi em Fevereiro/2013, relatando assim baixo desempenho ambiental da
empresa. O menor pico de consumo de energia elétrica por quantidade de madeira serrada foi
em Outubro/2013 e em Janeiro/2013, o que demonstra melhor desempenho ambiental. Esta
grande variação no consumo de energia elétrica por madeira serrada, pode ser também
justificado pelo fato da empresa possuir estoque de madeira serrada de um determinado mês
para outro, o que provoca menor produção de madeiras. Outra hipótese é que nos meses em
que houve maior consumo de energia elétrica por madeira serrada, a demanda por madeira
beneficiadas pode ter ser sido maior o que implica no maior consumo de energia elétrica.
De acordo com a tabela 01 pode-se afirmar que o total de óleo diesel consumido em um ano
foi de 30.556 litros, em média 2.546,33 litros ao mês. Com relação aos indicadores pode-se
afirmar que no mês de Maio/2013 houve maior consumo de óleo diesel (litros) por quantidade
de madeira serrada (m³), o que demonstra baixo desempenho ambiental no processo produtivo
da empresa. Para melhor representatividade a Figura 04 demonstra os indicadores de
desempenho (litros/m³).
Figura 04 - IDA do consumo de óleo diesel (litros) por quantidade de madeira serrada (m³)
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
13
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
(Litros/m³)
Meses/Ano
Indicador de Desempenho Ambiental (litros/m³)
Com a representação gráfica é possível verificar os picos de maior e menor desempenho
ambiental, sendo o maior desempenho ambiental no mês de Março/2013 e o menor
desempenho ambiental no mês de Maio/2013. Conforme figura 04 pode se verificar grande
variação no consumo de óleo diesel por quantidade de madeira serrada, esta variação pode ser
explicada pela hipótese de que em determinados meses, onde o consumo de óleo diesel foi
maior, o transporte da matéria – prima para o processamento foi com um percurso maior, ou
seja, locais mais distantes da empresa. O mesmo acontece com a questão do transporte para o
cliente, sendo que a distância varia conforme o local de entrega. De modo geral o primeiro
semestre (outubro/2012 a março/2013) apresentou melhor desempenho que o segundo
(abril/2013 a setembro/2013). Com base nisso serão propostas ações para que a empresa
melhore o seu desempenho com relação ao consumo de óleo diesel.
Para os indicadores de desempenho gerencial (IDG) propôs-se uma análise de como a
empresa se encontra frente aos requisitos legais nos níveis federal, estadual e municipal, além
de normas regulamentadoras, que se aplicam as atividades da empresa. Avaliou-se, então o
cumprimento da legislação conforme previsto na legislação, ou seja, se está realizando o
atendimento, se não está, ou se atende parcialmente. A figura 05 mostra o resultado da análise
frente a 56 requisitos.
Figura 05 – Indicador de desempenho gerencial (IDG) sugerido
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
14
Observa-se na figura 05 que dos 56 requisitos legais aplicáveis à atividade da empresa, 15
estão sendo atendidos, ou seja, a empresa está efetuando suas atividades conforme previsto na
legislação. Apesar disso, existem alguns não atendidos, uma vez que 17 requisitos não estão
sendo cumpridos. Com relação ao atendimento parcial 24 requisitos estão sendo atendidos de
maneira parcial, ou seja, não está sendo contemplado por completo o atendimento conforme
previsto nas legislações. Como indicador de desempenho gerencial (IDG) sugeriu-se a relação
entre o número de requisitos atendidos pelos requisitos legais aplicáveis a esta atividade.
Diante disso, para os requisitos que não estão sendo atendidos, bem como para a manutenção
dos controles dos indicadores sugeridos foram propostas ações através dos planos de ações.
3.6 Propostas para o plano de ação para a Gestão Ambiental na empresa
Para o plano de ação considerou-se a metodologia 5W1H, onde se destacou a identificação da
ação, o profissional responsável, a justificativa da ação, período de implantação, o local e
como será realizada aquela ação. Para aspectos de média e alta significância serão propostas
melhorias e ações para controle. Para aspectos de baixa significância mais que se
apresentaram requisitos legais que se aplicam aos mesmos, foram também propostas ações e
melhorias com o intuito de preveni-los e gerenciá-los.
Quadro 02 - Programas e ações propostas à empresa para a gestão ambiental
Programas e ações para Gestão Ambiental da empresa
Programa de otimização do consumo de Energia Elétrica
Programa de otimização no consumo de óleo diesel e o risco de vazamento
Reduzir o consumo de Toras de pinus (ton.) por quantidade de pinus madeira serrada (m³)
Definir a política ambiental da empresa
Elaborar e Implantar o PGRSI na empresa do setor madeireiro
Programa interno de monitoramento de emissões atmosféricas de veículos pesados
Plano de atendimento à emergência
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
15
Realizar o Controle interno do número de acidentes
Implantar um Sistema de irrigação do solo com caminhões pipa
Programa de reutilização da casca de pinus em outras atividades industriais
Programa de controle acústico visando o conforto da comunidade e dos colaboradores
Programa de reutilização da serragem/cepilho em outras atividades industriais
Programa de Aproveitamento das águas pluviais
Realizar o controle interno das penalidades e infrações causadas ao meio ambiente
Com a adoção dos programas listados no quadro 02 a empresa poderá fazer o uso dos recursos
naturais de forma mais eficiente, minimizando os impactos ambientais resultantes do processo
produtivo em situações normais, como também em situações de emergência, além de
contribuir para a melhoria contínua e para a imagem da empresa perante as partes
interessadas.
4. Conclusão
Falar de gestão ambiental para micro e pequenas empresas, parece um tanto utópico para a
realidade brasileira. No entanto, percebe-se que cada vez mais este mercado tem se mostrado
receptivo para fazer mais do que a mera produção com qualidade. A conscientização de uma,
ainda que pequena parcela de empresários têm feito a diferença em implantar sistemas de
gestão ambiental, não apenas para atendarem a legislação, mas de forma a utilizar os recursos
naturais de maneira sustentável e inteligente. A abordagem proposta neste artigo para a
implantação de um plano de gestão ambiental com base em indicadores de desempenho é de
simples aplicação, no entanto, se observa grandes oportunidades de ganhos ambientais e
financeiros. Se estes ganhos forem projetados para o expressivo número de micro e pequenas
empresas no mercado nacional, expresso na contextualização deste estudo, ter-se-á não apenas
o controle do uso de racional dos recursos naturais, mas também a destinação correta de
resíduos gerados e consequentemente a mitigação de impactos ambientais.
REFERÊNCIAS
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10.004: Resíduos sólidos –
classificação. Rio de Janeiro, 2004.
_______. ABNT NBR ISO 14.001: Sistemas da gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso. Rio de
Janeiro, 2004.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
16
______. ABNT NBR ISO 14.031: Gestão Ambiental – Avaliação de desempenho ambiental - Diretrizes. Rio de
Janeiro, 2004.
BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial - Conceitos Modelos E Instrumentos - 3 ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.
DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental - Responsabilidade Social e Sustentabilidade - 2ª Ed. Revista e
Atualizada. São Paulo, Atlas, 2011.
FERNANDES, Valdir; MALHEIROS, Tadeu F.; PHILIPPI Jr, Arlindo; SAMPAIO, Carlos A. Metodologia de
avaliação estratégica de processo de gestão ambiental municipal. Saúde e Sociedade, v.21, p.128 – 140, 2012.
JABBOUR, José Chiappetta; JABBOUR, Ana Beatriz Lopes de Sousa. Gestão Ambiental Nas Organizações -
Fundamentos e Tendências. São Paulo: Atlas, 2013.
SEIFERT, Mari Elizabete Bernardini. ISO 14001 sistemas de gestão ambiental: implantação objetiva e
econômica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 258 p.