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11 o de tradição oral. Fato interessan- te é que a história dos Estados é a mais veiculada pela tradição oral. Sempre que encontramos o Estado, encontramos igualmente uma história coerente e sistema- tizada . As tradições não existem onde não estruturas políticas. O mito fundador, chave da me- mória africana, projeta na imagi- nacão dos homens uma "figura Isto é: o poder africano não tolera a subdivisão em poder religioso, político, econômico , sim- bólico. O poder é um fenômeno to- tal. E evidentemente de ordem di- vina. É sagrado . Abrange e orde- na todas as dimensões da vida , individual e coletiva. Numa cons- trução única e grandiosa, a tra- dição oral tudo expl ica: a fonte do poder , a explicação única de seu devir, a estrutura fundamen - ta l do grupo, assim como a orga - nização do universo, a cosmogo- nia e a ideologia política, o regi- me econômico e a regulamen - taçã o das relações sociais. Não se discute a tr ad ição. Co- mo o homem só se defr o nta com uma imagem de si mesmo , do grupo , do p oder e do mund o, só lhe é ofereci da uma opção en tre uma adesão pela recusa e uma ad esã o pela fé . PARTE 6 - A REVOLUÇÃO AFRICANA Dentre todos os povos do eferves - cente terceiro mundo , os africa - nos são os úroicos que não ofere- cem muita margem à análise mar- xista. O ma l-entendido entre revolu- cionár ios africanos e marxist as b rancos já co nta quase meio sé- culo: suas raízes estão na 111 In- ternacional. A " q uestão c ol onial" foi ins- crita na o rdem do dia, durante o VI Congresso do Komintern (Mos- cou ·1928) . A influência de Stalin fez triunfar uma tese rígi da e dogmátic a . A impaciênc ia dos re- vol ucionár ios africanos é contra- revolucionária. O colonialismo é um epif enômen o. A luta proletá- ria nos Estados industria li za dos deve ser atribuída uma priorida- de absoluta. Sendo o colonialis- mo e o imperialismo um prolon- gamento necessário da sociedade cap i ta lista, seria o bastante aguar - dar o d esmoronamento de ssa so- ciedade . Guevara estava convencido de que uma idênt i ca situação de alie- Revista de Adminis tração de Em presas nação, de m1sena e de ameaça do imperialismo tem de provocar idêntica resposta . Um grupo de guerrilheiros iria instalar-se no meio dos mais oprimidos, mani- festaria sua presença e desta ma- neira acabaria materia lizando tanto a reivindicação qualitativa dos infelizes como a força repres- siva dos opressores. Contudo pa- rece-nos agora evidente que essa análise não pode ser aplicada à África. De onde provém essa incom- preensão entre revolucionários africanos e ocidentais:> Em pri- meiro lugar, de natureza ideoló- gica : ao complexo conjunto de movimentos revolucionários afri- canos pode-se ap licar o nome de naciona lis mo africano. Subjet i va - mente esses homens não têm abso lutamente a sensação de que fazem parte do movi mento pla- netário de rejeição ao imperialis- mo. Lutam pela liberta ção de sua terr a e para con q uistar o direito a uma exi s tência condigna . Pass emo s ag ora às razões so- ci ológicas: contra o op ressor bran - co o af ricano ergue-se em primei- ro lugur como homem afric ano e não como marx ista. Maria Cecí li a Spina Forjaz Planificação e Estratégia das Empresas Por Luciano Ronchi. São Paulo, Ed i tora Atlas, 1973, 157 p. O autor do conhecido livro Orga- nização, métodos e mecanização - na qu i nta edição- apresen - ta sua nova pub li cação qu e recebe um enfoque diverso daquele que o consagrou . Em Organização, mé- todos e mecanização, a racionali- zação das tarefas administrativas é a base na qua l Ronchi se ap ói a para dar ao leitor a met od ização que dev e acompanh a r o trabalho do anal is ta de sistemas e méto- dos administrat ivos. Em Planifi- cação e estratégia das empre sas, a programação, o controle, a exe- cução , e a o rganização são os in - gredientes nos quais Ronchi se ba- seia para colocar ao alcance do leitor o que ele considera impor- tante em termos de in strumental direcional, ou seja, de pl aneja - mento a longo prazo. O aut or parece cauteloso quan- do procura determinar qual a ex- tensão de um pl ano. Logo no in íc io do li vro, Ronch i af i rma que é necessár io conhecer-se a) a cres- cente complexidade das operações empresariais, o que significa di-- - zer a a l ocação de recursos técni- cos, humano s, financeiros e ou- tros; b) a necessi dade de investir massas finance iras consideráveis em instalaçõe,s que proporciona- rão um compromisso com o fu- turo da empresa; c) a considera- ção de "tempo de resposta" que alguns procedimentos empresa -

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11 o

de tradição oral. Fato interessan­te é que a história dos Estados é a mais veiculada pela tradição oral. Sempre que encontramos o Estado, encontramos igualmente uma história coerente e sistema­tizada . As tradições não existem onde não há estruturas políticas.

O mito fundador, chave da me­mória africana, projeta na imagi­nacão dos homens uma "figura tot~l". Isto é: o poder africano não tolera a subdivisão em poder religioso, político, econômico, sim­bólico. O poder é um fenômeno to­tal. E evidentemente de ordem di­vina. É sagrado. Abrange e orde­na todas as dimensões da vida, individual e coletiva. Numa cons­trução única e grandiosa, a tra­dição oral tudo expl ica: a fonte do poder, a explicação única de seu devir, a estrutura fundamen ­ta l do grupo, assim como a orga­nização do universo, a cosmogo­nia e a ideologia política, o regi­me econômico e a regulamen­tação das relações sociais .

Não se discute a trad ição. Co­mo o homem só se defronta com uma imagem de si mesmo, do grupo, do poder e do mundo, só lhe é oferecida uma opção entre uma adesão pela recusa e uma a desão pela fé .

PARTE 6 - A REVOLUÇÃO AFRICANA

Dentre todos os povos do eferves­cente terceiro mundo, os africa­nos são os úroicos que não ofe re­cem muita margem à análise mar­xista.

O ma l-entendido entre revolu­cionários africanos e marxista s brancos já conta quase meio sé­culo : suas raízes estão na 111 In­ternacional.

A " questão colonial" foi ins­crita na ordem do dia , durante o VI Congresso do Komintern (Mos­cou ·1928) . A influência de Stalin fez triunfar uma tese rígi da e dogmática . A impaciênc ia dos re­vol ucionár ios africanos é contra­revo lucionária . O colonialismo é um e pifenômeno. A luta proletá­ria nos Estados industria li zados deve ser atribuída uma priorida­de a bsoluta. Sendo o colonialis­mo e o imperialismo um prol on­gamento necessário da sociedade cap ita lista, seria o bastante aguar­dar o desmoronamento dessa so­ciedade.

Guevara estava convencido de que uma idêntica situação de alie-

Revista de Administração de Em presas

nação, de m1sena e de ameaça do imperialismo tem de provocar idêntica resposta . Um grupo de guerrilheiros iria instalar-se no meio dos mais oprimidos, mani­festaria sua presença e desta ma­neira acabaria materia lizando tanto a reivindicação qualitativa dos infelizes como a força repres­siva dos opressores. Contudo pa­rece-nos agora evidente que essa análise não pode ser aplicada à África.

De onde provém essa incom­preensão entre revolucionários africanos e ocidentais:> Em pri­meiro lugar, de natureza ideo ló­gica : ao complexo conjunto de movimentos revolucionários afri­canos pode-se aplicar o nome de naciona lismo africano. Subjetiva­mente esses homens não têm abso lutamente a sensação de que fazem parte do movimento pla­netário de rejeição ao imperialis­mo. Lutam pela libertação de sua terra e para conquistar o direito a uma exi stência condigna .

Passemos agora às razões so­ciológicas: contra o opressor bran­co o a f ricano e rgue-se em primei­ro lugur como homem africano e não como marxista. ~

Maria Cecília Spina Forjaz

Planificação e Estratégia das Empresas Por Luciano Ronchi. São Paulo, Ed itora Atlas, 1973, 157 p.

O autor do conhecido livro Orga­nização, métodos e mecanização - já na qu inta edição- apresen­ta sua nova pub licação que recebe um enfoque d iverso daquele que o consagrou . Em Organização, mé­todos e mecanização, a racional i­zação das tarefas administrativas é a base na qua l Ronch i se apóia para dar a o le itor a metod ização que deve acompanha r o trabalho do anal is ta de sistemas e méto­dos administrat ivos . Em Planifi­cação e estratégia das empresas, a programação, o controle, a exe­cução, e a organização são os in­gredientes nos quais Ronchi se ba­seia para colocar ao alcance do leitor o que ele considera impor­tante em termos de instrumental direcional, ou seja, de planeja­mento a longo prazo.

O autor parece cauteloso quan­do procura determinar qual a ex­tensão de um plano. Logo no in íc io do livro, Ronch i af irma que é necessár io conhecer-se a ) a cres­cente complexidade das operações empresariais, o que significa di--­zer a a locação de recursos técni­cos, humanos, financeiros e ou­tros; b) a necess idade de investir massas finance iras consideráveis em instalaçõe,s que proporciona­rão um compromisso com o fu­turo da empresa; c) a considera­ção de "tempo de resposta" que alguns procedimentos empresa-

riais requerem; e d) a rapidez da evolução tecnológica/ OU1 em ou­tras palavras1 o cuidado que se deve ter com o fator conhecido como obsolescência - planejada. Para esse último item Ronchi vai mais além e demonstra1 através de gráficos e palavras/ a evolução de um produto (fase de entrada/ de expansão1 de estabilização e de saturação1 el finalmente/ o de­clínio de interesse) .

A partir do terceiro capítulo a análise econômico-financeira tem presença marcante . Um exemplo disso é a afirmação de que a maior dificuldade que existe na determinação de objetivos econô­micos de longo prazo deriva das metas empresariais que / em geral/ são tmduzidas em cruze iros . A Ford Company - justifica o au­tor seu ponto de vista - teve co­mo objetivos o incremento subs­tancial dos lucros por ação e a consecução de uma dete rminada taxa de renta bilidade sobre as a t i­vidades empresariais. Isso foi em 1967. Considerando-se mais os planos de médio e longo prazos do que os de curta duração/ o or­çamento se torna/ no li vro/ fun­ção básica na determinação da renta bilidade . ~ sugerido que um orçamento geral/ que exponha de uma maneira globalizante1 sem descer/ portanto/ a detalhamento setorial/ representa uma consta­tação da validade dos programas que se pretende implementar. En­tretan to/ a fase preliminar/ isto é 1

a fase na qual são determinados os objetivos/ não pode deixar à margem considerações econômi­co-financeiras / já que segundo Ronch i, somente estas podem ofe­recer à empresa uma expressão sintética e significativa dos resu l­tados que são previstos.

A empresa pode ter o lucro como resultado f ina l desejado. Para isso a alternat iva a ser es­colhida deve ser aque la que dê maior rentabilidade globa l1 lógica. t necessá rio examinar/ neste caso/ cada alterna tiva de ação que po­de/ na prática/ ser re presentada em termos de gama de produtos/ clientes1 preços1 volume de ven­das e custos. Esses dados estão inter-relacionados e sua apresen­tação é complexa .

Finalmente1 o contro le de exe­cução de planos a médio e longo prazos. A base para a utilização de controle é dada pe lo sistema de feedback

1 que irá permitir um

novo cic lo do processo. O con-

trole é imprescindível porque a existência de divergências - isto él o gap existente entre o proje­tado e o gue de fato ocorreu - é possível e quase certa 1 mormente nos planos de longo prazo. Esse gap pode acontecer devido à im­perfeição do plano1 das distorções que se podem desenvolver quan- 1

do da interpretação de objetivos e estratégias do plano e da in­trínseca certeza da situação am­biental/ que pode/ como sugere a moderna teoria de sistemas aber­tos/ influenciar e modificar o fun­cionamento da empresa.

Apesar do tema tratado- pla­nejamento de longo prazo - e do conteúdo ser formado de co­nhecimentos específicos da área econômico-financeira1 o livro po­de ser de grande auxílio aos d i­rigentes que atuam dentro do campo administrativo. ~

Luís César G. de Araújo

Curso Básico de Administra~ão do Pessoal Por José Serson. 2~ ed. 1 reescrita/ São Paulo/ Edições LTr1 1973. 495 p.

= DE ADMIIISTRICIO

DO PESSOAL · )000000000(

EDOÇOEs

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Para reescrever o Curso básico de administração do pessoal/ o prof. José Serson serviu-se de extensos estudos bibliográficos e/ também1 de uma vivência de mais de 15 anos na orientação administrati­va do pessoal de grandes grupos industriais em São Paulo.

O livro é escr ito em linguagem clara e direta/ operacional, e os assuntos são tratados sob aspecto empresarial/ com preferência ab­soluta de aspectos de aplicação prática . Nota-se/ contudo1 que a visão teór ica não. foi abandonada . Ela serve de embasamento e isso só fez com que o livro venha a se tornar praticamente obrigatório nas estantes de dirigentes/ geren-tes e estudantes da área admi- 111 nistrativa .

Inicialmente/ o livro dá uma interessante informação histórica do desenvolvimento da adminis­tração de pessoal no Brasil. Mos­tra Serson os objet ivos pelos quais o complexo sistema de pessoal/ que compõem as relações indus­triais1 modernamente conhecidas como administração de recursos humanos/ se desenvolveu ao longo do tempo.

Em segu ida1 o ensino de uma correta maneira de se realizar a descrição do trabalho a ser em­preendido, mostrando com rique-

Resenha BibliogTáfica