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PADRE ÂNGELO, PÁROCO DA CASTANHEIRA 25 anos de esperança O Padre Ângelo Miguel Nabais Martins, pároco da Castanheira, tem 25 anos e nasceu na Cova da Piedade, Almada. No entanto, os seus pais são daqui da região, o pai da Rapoula do Côa, a mãe da Ruvina. Um dia quis “fugir” da cidade e voltou à Guarda, ao mesmo tempo que tomava a opção da sua vida: ingressar no 10º ano no Seminário da Guarda para um dia ser padre. Desde pequeno sempre tinha tido a ideia de ser padre. Aos 12 anos começou a fazer o pré-seminário mas só aos 15 tomou a de- cisão de deixar Almada e vir para a Guarda. Ordenou-se neste Verão e, para além da Castanheira, é também pároco de Adão, Albardo, Casal de Cinza, Vila Fernando e Vila Garcia. Entrevista na página 4 Associação da Juventude Activa da Castanheira Boletim Nº 20 Dezembro2006 Apoio PARA BREVE Piscinas estão a avançar NOVA PÁGINA Gente de longe escreve p.8 ESCOLA Mais alunos p.9 RUAS A rua das tabernas e mercearias p.11 AJAC Festival vai acabar p.12 Estão a ganhar forma e serão um motivo novo de atracção para a Castanheira. O plano está a ser cumprido e breve- mente novos e velhos podem ir tomar uma banhoca. Quem era que não acreditava? Página 3 NOVA ÉPOCA COM NOVO TREINADOR ACDC mantém a chama acesa p. 7

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PADRE ÂNGELO, PÁROCO DA CASTANHEIRA

25 anos de esperançaO Padre Ângelo Miguel Nabais Martins, pároco da Castanheira, tem 25

anos e nasceu na Cova da Piedade, Almada. No entanto, os seus pais são daqui da região, o pai da Rapoula do Côa, a mãe da Ruvina. Um dia quis “fugir” da cidade e voltou à Guarda, ao mesmo tempo que tomava a opção da sua vida: ingressar no 10º ano no Seminário da Guarda para um dia ser padre. Desde pequeno sempre tinha tido a ideia de ser padre.

Aos 12 anos começou a fazer o pré-seminário mas só aos 15 tomou a de-cisão de deixar Almada e vir para a Guarda. Ordenou-se neste Verão e, para além da Castanheira, é também pároco de Adão, Albardo, Casal de Cinza, Vila Fernando e Vila Garcia.

Entrevista na página 4

Associação da Juventude Activa da CastanheiraBoletim Nº 20 Dezembro 2006

Apoio

PARA BREVE

Piscinas estãoa avançar

NOVA PÁGINAGente de longe escreve

p.8

ESCOLAMais alunos

p.9

RUASA rua das tabernas e mercearias

p.11

AJACFestival vai acabar

p.12

Estão a ganhar forma e serão um motivo novo de atracção para a Castanheira. O plano está a ser cumprido e breve-mente novos e velhos podem ir tomar uma banhoca. Quem era que não acreditava?

Página 3

NOVA ÉPOCA COM NOVO TREINADOR

ACDC mantém a chama acesa

p. 7

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2Dezembro 2006

A actual povoa-ção da Castanheira era conhecida, ainda em 1527, pelo lu-gar da Castanha, tal como é referido no Cadastro da Popula-ção do Reino, levado a efeito naquele ano. A nível eclesiástico começou por ser um Curato, isto é, estava

ao cuidado espiritual de um padre cura e só em 1764 passou a ter como responsável pela paróquia um Prior.

Como é sabido, durante muitos séculos, a generalidade das pessoas nasciam, viviam e morriam num quase anonimato, sem que os seus nomes constassem de qualquer registo escrito, exceptuando-se as famílias nobres ou as pessoas que, por qualquer feito muito im-portante na vida pública, fossem considerados dignos de que os seus nomes constassem dos anais ou das crónicas que os catapultassem para a posteridade. A Igreja Católica sentiu necessidade de inventariar os seus fiéis através dos párocos que os baptizavam, casavam e a quem davam sepultura. Em Portugal, até aos meados do século XVI não se faziam registos da população, aparecendo, na diocese da Guarda, os primeiros assentos, com carácter de regularidade, no concelho de Gouveia, nas freguesias de Nabainhos em 1530 e Paços da Serra em 1531 e, no concelho de Seia, em Sameice e Santa Eulália, em 1534, sendo muito provavelmente os mais antigos registos de Portugal. No concelho da Guarda só aparecem os primeiros registos em 1558 em seis freguesias. Remonta ao século XVI mais precisamente ao Concílio de Trento, que decorreu de 1545 a 1563, a norma oficial, de cumprimento obrigatório, de registar nas igrejas, em livro próprio, os baptismos e casa-mentos; essa norma resultou da 24.ª Sessão do Concílio, a 11 de Novembro de 1563, para ser aplicada em toda a Igreja universal. Mais tarde, em 1614, o Papa Paulo V viria a estabelecer igual obrigatoriedade para o registo dos óbitos.

Em Portugal, esses registos paroquiais em que os párocos passaram a fazer os assentos de baptismo, casamento e óbito, perduraram, como únicos registos, até à institucionaliza-ção do Registo Civil, em 1911. Não tendo o poder civil tomado a seu cargo o registo da população, só o poder eclesiástico preservou

Castanheirapara além da memória

REGISTOS

Os livros são nossos amigos

No caminho da guerra, em busca da paz

Parece um contra-senso, poderá pensar-se de imediato, lançar o titulo supra – indicado, no presente artigo de jornal, dado ser de conhecimento geral que, quem entra numa guerra, não vai certamente convencido, de que, por si só, o facto de ir à guerra, gratuita-mente lhe trará a paz.

Não é essa a minha intenção, ao rotular desta maneira, todo o conteúdo da descrição que trago perante vós. O sentido é preci-samente outro; é o que se chama sentido figurado das palavras e que leva a comparar figurativamente, situações semelhantes ou aproximadas. O meu intento ao sobrepor o título referido é exercitar o meu espírito com a tentativa, algo convincente para mim próprio, de que a minha caminhada para a guerra iria trazer-me a paz interior. Essa paz, em parte ou na sua plenitude, de que efusivamente necessitava, nessa época, a minha consciência, repleta da maior confusão e de desordens de variada espécie. Essa pacificação interior é, verdadeiramente, algo que todo o ser humano, independente-mente da sua raça ou cor, procura, com insistência e persuasão, alcançar a qualquer custo. A oportunidade de a obter na sua plenitude, é todavia muito escassa ou praticamente impossível; e mesmo, conseguindo-a em parte, torna-se plenamente difícil, mantê-la, durante todo o espaço de tempo correspondente à vida. Só em fases algo raras da vida, segundo a minha experiência já apontou, poderemos efectivamente, passar por belos momentos de vivência feliz e alguma paz íntima, mas com duração breve e fugidia.

Efectivamente só uma paz duradoura nos poderá conduzir, serena-mente, a uma existência sublime e consentânea com o desejo de cada um, ou seja, a uma vida plena, com laivos de felicidade. Por isso mesmo, através dos caminhos mais diversos, não haverá certamente, no planeta que habitamos, qualquer ser humano que não cultive, persistentemente, a obtenção dessa mesma serenidade interior. Só desse modo, com o decorrer das diversas épocas que a vida vai trazendo, a pessoa humana poderá manter de um modo ou de outro, a sua personalidade interiormente viva. Foi assim que, nesses anos longínquos, nessa etapa da minha juventude, quando o Estado precisou de mim e me chamou para cumprir os deveres militares, pensei, sensatamente, que, acolher esse pedido, iria ser, talvez, o modo mais prudente, de conseguir essa mesma paz interior. Permiti, então a mim próprio, deixar-me enlevar numa experiência soturna de uma guerra colonial em prolongada duração. Isso não quer dizer, de modo algum, que eu a aceitasse de ânimo leve, mas apesar de tudo, pensando positiva-mente e pesando os prós e os contras, acabei por, passivamente, nela me deixar inserir. Chegou, assim, o momento por mim já relatado, na edição anterior do nosso Jornal, e cuja viagem, descrita com algum minucioso pormenor, me levou até à cidade da Beira, na província de Moçambique. No entanto, o meu objectivo militar localizava-se, efectivamente, mais a Norte, no Distrito de Cabo Delgado e na localidade de Macomia. Era esta uma das zonas onde a guerra fervilhava com mediana intensidade e cuja identidade mais adiante, talvez numa outra edição do nosso Jornal, tenha a oportunidade de pormenorizar. A cidade da Beira, que agora ficava para trás, aparentava ser, efectivamente, um aglomerado populacional bastante numeroso e espalhado ao longo de grandes avenidas, com uma enorme tipicidade de construções habitacionais. Localizada num espaço de

continua na página 8

por Carlos Videira

por António Moita Marques

continua na página 8

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3Dezembro 2006

Tudo começou numa assembleia-geral de sócios. Os associados, descon-tentes com a falta de infra-estruturas de lazer e convívio onde pudessem passar os tempos livres, especialmente durante o Verão, que os levava a procurar alter-nativas fora da Castanheira, propuseram uma série de ideias. Das muitas propos-tas apresentadas, houve uma que gerou um entusiasmo e um consenso geral: a construção de umas piscinas na Casta-nheira. Assim, com o objectivo primeiro de criar um espaço de lazer e convívio que colmatasse as carências existentes, os corpos gerentes da associação, cientes do trabalho árduo que tal acarretaria, agarraram a proposta e deitaram mãos à obra para que esse sonho se tornasse realidade.

Depois de um período de reflexão, onde foram pedidas diversas opiniões e contributos de pessoas e entidades, che-gava o momento de decidir. Foi funda-mental o contributo da Junta de Freguesia da Castanheira que, na fase embrionária e decisiva do processo, se disponibilizou para custear o projecto de arquitectura e cedeu um terreno para a edificação da obra. O projecto de arquitectura, da au-toria de uma equipa composta por dois arquitectos e um engenheiro, foi elabora-do de forma a cumprir com os objectivos iniciais, adequando e dimensionando a estrutura à realidade de uma pequena aldeia, e sempre em respeito com a zona envolvente, adoptando para tal medidas de diminuição dos impactos ambientais e paisagísticos. Após esse passo, era crucial, depois de aprovado o projecto pelas entidades competentes, apresentar uma candidatura que permitisse o co-fi-nanciamento do Espaço Aquático Social e Cultural da Castanheira. Conseguida grande parte da verba e aprovado o pro-jecto, foi lançado um concurso público, em Novembro de 2005, para seleccionar a empresa que, para além de garantias técnicas e financeiras que assegurassem a execução, apresentasse a proposta economicamente mais vantajosa. Depois da análise, para a qual contámos com o apoio da Câmara Municipal da Guarda,

e passados sete meses, foi assinado o contrato de adjudicação - empreitada com a empresa António Saraiva e Filhos, Lda., pelo valor de 203.972,58 (+21% IVA), prevendo-se que a obra esteja concluída em Maio de 2007.

Depois de entrarem em funciona-mento, para além da satisfação de um anseio legítimo de uma população, vai criar postos de trabalho directos e servir

de alavanca para que outros investimen-tos possam ser concretizados.

As piscinas, por si só, e nós estamos cientes disso, não são a resolução de todas as carências e problemas, mas estamos convencidos que são um bom contributo e um ponto de partida para aquilo que deve ser o caminho do de-senvolvimento da Castanheira.

Vítor Gonçalves

Financiamento da construçãoO contrato de adjudicação da empreitada tem o valor total de 246.806,82

(valor com IVA). Excluídas deste valor estão, para além das despesas da con-cepção do projecto de arquitectura e de legalização do terreno, suportadas pela Junta de Freguesia da Castanheira, os encargos decorrentes do concurso público e das taxas de licenciamento da obra.

Para pagamento das despesas decorrentes com as obras do espaço aquático foi apresentada uma candidatura ao programa Leader+, tendo esta sido apro-vada com um valor de 185.105,12 . A Câmara Municipal da Guarda atribuiu um subsídio no valor de 34.212,50 . A restante verba, no valor de 27.489,20 ,será paga através de fundos próprios da associação. Como a associação não tem liquidez necessária para fazer face a este avultado investimento, e devido às regras do programa Leader+, que só efectiva as transferências depois dos pagamentos estarem regularizados com o empreiteiro, há a necessidade de recorrer a empréstimos e outras operações financeiras. Estes encargos importam em cerca de 18.000 , que a somar à quantia anterior, acarretam um custo para a associação no valor de 45.489,20 . A amortização deste valor será efectuada com fundos da associação, com outros apoios e donativos que possam surgir e através das receitas futuras da exploração do espaço aquático.

V.G.

ESPAÇO AQUÁTICO

Piscinas: a históriade um projecto

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4Dezembro 2006

Castanheira Jovem: Como é ser padre aos 25 anos? É uma renúncia ao mundo?

Ângelo Miguel: Não acho que seja renúncia. É um compromisso que é assumido de alma e coração e a partir daí é um mundo completamente novo. Sou padre há pouco mais de 4 meses. Muitas pessoas dirão “Este que está aqui diante de nós é um garoto”. Mas ser padre é uma caminhada e exige-se uma grande preparação espiritual acima de tudo. Penso estar preparado para continuar a dizer “sim” ao chama-mento de Deus e acolher tudo o que Ele quiser fazer de mim.

Chegou a ter dúvidas se devia ser padre?

No 12º ano estive com “um pé dentro e outro fora” do Seminário. Mas depois há momentos, há gestos, há sinais que nos aparecem e que nos apontam o caminho. Estive mesmo para sair e, se não fosse Deus a fazer-me ouvir o seu chamamento por intermédio de dois padres e vários leigos, eu teria saído do seminário.

Na missa de hoje 90% dos seus paroquianos tinham mais de 60

anos…Eu, hoje, ao olhar as pessoas, pensei

nisso. Mas pensei “Rezamos também pelas pessoas que cá não estão”. Somos todos mais jovens ou menos jovens. Somos todos a trabalhar para o mesmo. Não considero o mais velho e o mais novo. Considero várias fases no caminho para a vivência de Deus.

Mas há contactos e pastorais dife-rentes segundo as idades…

Sim, é verdade, poderia dizer que teríamos aqui quatro pastorais com-pletamente diferentes. Eu ainda estou a palpar terreno, a conhecer a comu-nidade para poder ter objectivos mais concretos de actuação pastoral.

E relativamente aos jovens já fez alguma abordagem na Castanhei-ra?

Já tentei mas ainda estou no princí-pio. Para mim este primeiro ano de pá-roco na Castanheira é tudo novidade. Vamos dar tempo ao tempo.

Ser pároco é também sair da igreja?É claro que um padre não pode ficar

fechado na igreja. A Igreja não são 4 paredes, não são o padre, os mordo-mos e o sacristão. A Igreja é toda a gente e toda a gente tem de saber que faz parte de uma comunidade cristã em concreto. Portanto é necessário ir para além daquelas 4 paredes.

E o que espera desta comunidade da Castanheira? Que expectativas criou?

Não tenho expectativas. Mas no início quando cheguei estabeleci como metas para este primeiro ano fazer uma hora de adoração mensal ao Santíssi-mo Sacramento (em comunidade) e for-mar um grupo de catequese de adultos. Não posso vir para uma paróquia com grandes expectativas, senão chego lá e posso apanhar uma grande decepção. Quando estive em Angola, aprendi a lidar com as expectativas. Nos próximos

anos logo se verá. Entretanto para já estou a descobrir a paróquia. Catequese de adultos significa o quê?

Continuar a crescer no saber e na fé. É lançar temas de discussão e formar grupos de adultos que debatam esses temas. A diocese lançou esse desafio e vamos tentar avançar.

Acha que há muito ou pouco afas-tamento da igreja nesta terra?

Não sei, sinceramente não sei ainda. Daqui a meio ano talvez já saiba. Para já posso dizer que fico admirado de ter aqui numa missa de semana 50 ou 60 pessoas mas fico triste porque todas, ou quase, têm mais de 65 anos. No entanto eu não defendo a pastoral da missa, mas sim a pastoral de criar bases para perceber o que é a missa e quais são as razões da nossa fé. Para fazer algo bem feito, tem de se ter consciên-cia do que se faz com cabeça, tronco e membros.

A figura de Cristo ainda é atraente hoje em dia?

Eu acho que cada vez mais. Tenho-me dado conta de que há falta de alguém que dê valores e esse alguém é Cristo. Cristo está cada vez mais fascinante. A sociedade em geral é que ainda não entendeu bem qual é o fascínio d’Ele. E por isso é que se tem estado a “afastar”. Algumas pessoas é que apresentam e entendem um Cristo demasiado distante e demasiado nas “alturas”, quando Cristo está aqui ao nosso lado. Mas Cristo também exige coisas.

E os valores cristãos são quais?O maior valor é o amor. Depois

são as várias maneiras de viver esse amor. Mas o amor não é para viver num momento. É para viver na vida. E aí é que está a exigência. É aí que está um dos grandes problemas que se pode encontrar na adolescência e na juventude dos nossos dias.

ENTREVISTA AO PADRE ÂNGELO MIGUEL, PÁROCO DA CASTANHEIRA:

“Um padre não pode ficarfechado na igreja”

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5Dezembro 2006

ACIMA DOS 80

José Lucas, 85 anos,recorda o contrabando

Aos dezasseis anos, quando sua mãe faleceu, ficou a tomar conta da casa. Fazia todo o trabalho doméstico. Durante três meses foi ainda trabalhar para a estrada de Vilar Formoso, onde ganhava sete e quinhentos de sol a sol. Foi então trabalhar para Espanha quando lá decorria a Guerra Civil. Transportava para lá “chícharos”. Se conseguisse arranjar carga para lá e para cá, ganhava cinquenta escudos, caso contrário ganhava vinte e cinco escudos. “Era muito dinheiro na altura” comentou José Lucas.

Assentou praça em Viseu e após o Juramento de Bandeiras foi para os Açores durante sete meses. Perfez um total de dezoito meses na tropa.

José Lucas casou aos vinte e seis anos. Passou a viver numa casa arrendada, pela qual pagava duzentos escudos por ano. Como o trabalho de jornaleiro era mal pago (oito escudos de sol a sol), e como conhecia bem os caminhos para Espanha, José Lucas passou a dedicar quase todo o tempo ao contrabando (rendia, em média, cem escudos por noite). “Foi nesta altura que endireitei a minha vida” argumentou José Lucas. Comecei por conta própria a passar amêndoa de lá para cá. Ganhava quatro escudos em quilo. Além da amêndoa, passava também camisolas interiores e peças em seda, para as mulheres. As noites eram muito frias e por vezes tínhamos que atravessar o rio, onde a água pareciam facas. “Uma vez ninguém conseguiu apertar os cordões das “alpergatas”. O frio era tanto que tivemos que roubar três feixes de lenha para nos aquecermos. Mais tarde, eu e o meu irmão Joaquim ainda metemos encarregados, a quem pagávamos vinte escudos por carga. Só uma vez perdi uma carga de amêndoa” recordou José Lucas.

De muitos problemas e sacrifícios que passaram, o mais relevante foi quando compraram um porco “às peças” e o ven-deram, no sítio do costume. O padeiro, homem que lhe vendia a amêndoa, mandou um empregado à taberna buscar um garrafão de vinho para comerem a “côdea”. Estavam lá alguns “cravineiros” (carabineros, ou seja guardas) que prontamente lhe perguntaram se bebia tanto vinho, ao que este respondeu que era para uns portugueses. Este foi seguido e depressa se deu a confusão. Poucos conseguiram fugir. Foram presos onze, e levados para “Ciudad Rodrigo”, onde permaneceram durante quinze dias. “Nunca na minha vida vi tantos piolhos” recorda com uma gargalhada José Lucas. Quando saíram da prisão, esperava-os à porta Maria Lucas com roupa lavada. Meteram a roupa cheia de piolhos num saco e partiram para a Castanheira. Ainda foram interceptados por um “cravineiro” que lhe perguntou o que levavam no saco. Estes, por entre sorrisos e gargalhadas responderam que era carne. O “cravineiro”, ao vê-los num tom de gozo, mandou-os seguir.

Apesar disso, não houve tempo a perder, e no regresso a casa, encheram logo sacos de amêndoa para “passarem” para Portugal. Foi um regresso em grande, pois o pai de José Lucas acabara de matar o porco. Para recuperar o tempo perdido, regressaram ao contrabando, quinze noites seguidas sem virem a casa.

Henrique Diniz

Comunicar é fundamental

Castanheira Jovem: Porque é que diz “Bom dia” na igreja quando inicia uma cerimónia religiosa e não continua sem que as pessoas respondam?

Ângelo Miguel: Porque não gos-to de ver as pessoas sérias. Gosto

de as ver a sorrir logo no início a ou a dizerem alguma coisa. Não gosto da ideia de que a celebração da Eucaristia é algo tão sério que, muitas vezes, dá a sensação que temos diante de nós um corpo morto. Não entendo a Igreja assim. Acho que a descontracção (mas nunca esquecendo a seriedade) é muito precisa e cada vez mais. É que toda a gente que ali está deve estar a celebrar: o padre preside à celebração e todos juntos é que celebramos Eucaristia.

Os padres e a Igreja precisam de mudar de linguagem?Não de linguagem mas de formas de linguagem. Já se

fala disto há décadas. João Paulo II falava da nova evan-gelização com novos métodos, com um novo ardor. Mas, por vezes, dá a sensação que está tudo igual. Precisamos de novas formas de actuar e as comunidades precisam de estar abertas e preparadas para isso.

E tem tido dificuldades na linguagem a utilizar?Não, a minha linguagem é a que eu sempre tive. Sou,

acima de tudo uma pessoa aberta às pessoas, ao que me têm para dizer. O diálogo é a forma de linguagem. A fron-talidade depara-se às vezes com resistências do tipo “Sempre foi feito assim” “Mas porquê?”, pergunto eu. “Porque sempre foi feito assim.” Mas isso não é razão. E se não há nenhum porquê, vamos tentar fazer doutra maneira. Dialogamos, caminhando para melhor!

Para que serve o seu blog*?Dá-me imenso prazer fazê-lo e actualizá-lo. Mas esse prazer

é ainda maior ao ver as reacções das pessoas que me escrevem sobre as coisas que lá escrevi. Muitas coisas que me parecem sem importância têm-na para outras pessoas. Diariamente tenho cerca de 20 e-mails. Tudo o que ali está é fruto de uma reflexão minha. Mas não é pessoal. Deus fala através de mim e aquilo acaba por tocar alguém. E se se ajuda esse alguém em alguma coisa, tanto melhor. Depois eu próprio vou também ver os blogs de outras pessoas: isto é uma aldeia global. Temos de aprender com o fenómeno da globalização. E podemos ganhar muito com ela. Para além do meu blog pessoal, tenho também blogs das paróquias, inclusive da Castanheira, mas que ainda podem crescer muito mais.

E sente-se apoiado pela hierarquia nesta renovação de linguagens?

Sim, o D. Manuel (bispo da Guarda) é que nos dá o incentivo para utilizarmos novas coisas. Mas sempre com exigência.

*O Padre Ângelo tem um blog: www.oblogdoangelo.blogspot.com

Entrevista conduzida por Joaquim Igreja

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6Dezembro 2006

José Manuel Fortunato Martins, 42 anos

Local de Trabalho:

Comando do Grupo Territo-rial da GNR de Loures, sedeado em Vila Franca de Xira

Que funções específicas exerce?Funções de Chefe da Subsecção de

Investigação Criminal, com o Posto de Sargento Ajudante.

Porque enveredou por esta profissão?

Seria hipocrisia da minha parte dizer que me candidatei a esta profissão por vocação ou porque desde pequenino me fascinava ser polícia. Não, não foi por estes motivos. Na altura, decorria o ano de 1988. Após uma experiência falhada como emigrante na Alemanha, e sem futuro profissional à vista, e já com 24 primaveras feitas, a conselho da minha mui estimada avó materna, resolvi candidatar-me à GNR.

O mais interessante:Para além do extremamente gratifi-

cante que é lidar com inúmeras pes-soas das mais variadas etnias, raças e credos e estatutos sociais, a par de se prestar um serviço público, é por demais agradável e reconfortante, nesta actividade, conhecermos um crime, embrenharmo-nos de alma e coração na sua resolução, por vezes por perí-odos longos, outras vezes nem tanto, numa “luta” constante e sistemática de forma a apurar o(s) seu(s) autor(es), as circunstâncias, motivos e consequências de tal acto. Respondidas que estão estas questões, com solidez, somos cometidos de uma enorme paz interior que nos encoraja e reconforta.

O mais difícil?Apesar de gratificante, esta actividade

apresenta inúmeras dificuldades de execução. Contudo, estas são facil-mente ultrapassáveis com motivação, empenhamento e espírito de sacrifício

que caracteriza os elementos desta instituição. Porém, há uma coisa que por mais vezes que se enfrente, é sem-pre de execução difícil e dilacerante. E prende-se com o facto de ter que se proceder à detenção de delinquentes à frente dos filhos ou pais. Estes, por vezes, desconhecem por completo esta “façanha” do seu ente querido e, a sur-presa do facto, aliada a um turbilhão de sentimentos e emoções que caracteriza estes acontecimentos, sentimentos estes fortemente contagiantes, “desarma-nos” dificultando, sobremaneira, a nossa missão.

Júlio Isidoro Almeida, 39 anos

Local de Trabalho:

Esquadra Sede da Polícia de Se-gurança Pública da Guarda

Que funções e s p e c í f i c a s

exerce?Sou Agente Principal e exerço serviço

operacional de patrulha.

Porque enveredou por esta profissão?

Não foi por nenhum motivo especial, poderia ter sido outra. Com 21 anos de idade, só com o 11º ano de escolarida-de e após ter cumprido o Serviço Militar Obrigatório, era natural procurar uma profissão. Surgiu a oportunidade, após concurso, de ingressar na PSP e não a desperdicei.

O mais interessante:Ao ser polícia, patrulheiro, tenho

como função defender a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos liberdades e garan-tias dos cidadãos. É estar diariamente em contacto com todas as camadas etárias e sociais, da população. É um desafio constante. É ajudar os outros. É nunca fazer dois serviços iguais, por-que as pessoas com quem intervenho

também têm sempre reacções diferen-tes. É verificar junto das pessoas, que desempenho um trabalho válido e útil para a sociedade, pois variadíssimas vezes transmitem essa mensagem.

O mais difícil?Ao ser polícia, a desempenhar as

funções de patrulheiro, trabalho em turnos de horários rotativos, o que é bastante cansativo e implica bastantes vezes o sacrifício de não poder estar presente e participar, com familiares e amigos, em festividades calendari-zadas. É também bastante difícil, às vezes mesmo perigoso, promover a correcção de condutas menos próprias, segundo as leis vigentes, da vida em sociedade, pois ninguém gosta de ser repreendido.

Orlindo Alexandre Terras Saraiva, 50 AnosGNR/Brigada de Trânsito

Local de Trabalho:Destacamento de Trânsito de Setú-

bal/SDT - Coina

Que funções específicas exerce?Entrei para a GNR em Janeiro de

1980. Sou Cabo da GNR/BT e exerço as funções de Patrulheiro há 25 anos.

Porque enveredou por esta profissão?

Por gostar de ingressar numa institui-ção com o prestígio da GNR e também pela falta de oportunidades na área da minha residência, na altura.

O mais interessante:Gostar daquilo que faço e também

ajudar os utentes nas estradas quando se encontram em dificuldade, de chegar ao fim do horário da patrulha e ter a noção do dever comprido.

O mais difícil?Quando se recebe no carro da pa-

trulha, via rádio, a informação de um acidente grave onde implica, muitas vezes, mortos e feridos graves.

Forças de segurança

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7Dezembro 2006

OPINIÃO

Faz sentido o futebol na Castanheira?Solicitado a abordar esta questão, creio

que me sinto (no verdadeiro sentir) feliz pela “Nossa Aldeia”. O futebol faz falta.

A definição desta prática desportiva diz “que é o desporto no qual duas equipas de onze jogadores, se esforçam para introduzir a bola, de coiro, na baliza … sem auxílio das mãos…”. Na verdade tal ideia é errada pois, nas disputas existentes e, que bem me recordo, há já dois anos, sempre que nos reunimos, aos Domingos, para assistir à luta titânica da

“nossa desportiva”, para não descer de divisão, assistem mais e muitos jogadores (não apenas os vinte e dois mais suplentes). Esqueçam a definição, pois existem jogadores de bancada, apanha bolas retardatários (quando nos convinha), jogadores de rede (atrás da baliza adversária), bem como os jogadores de terceira parte, entenda-se de petiscos, com presunto sorteado (do Quim Carreira, do Tónio Carreira e do Augusto Assunção - esses sim com coiro) pelo método das rifas, das quais muitas apregoei e vendi.

Existe outra definição de futebol que é “o americano” no qual a bola é oval e se podem usar os pés e as mãos. Confere que, empolgados, assistimos aos jogos da “nossa querida equipa” e, se os “nervos” se exaltam, utilizamos os devidos elementos – pés e mãos – bem como o paleio verbal que convém não referir, e desafogamos no respectivo bar as mágoas sentidas bebendo “minis” ou uns copos “ovais”.

Esqueci-me do pedido para “relatar”: faz sentido o futebol na Castanheira?

É o sentido de sentir. A convivência com os amigos, familiares e gentes da “terra” que só encontramos nesse Domingo. Os laços familiares que nos ligam àquela que nos viu nascer são cada vez mais ténues por razões óbvias.

Vamos ao “Buraco”, exímio lugar de convívio após mais uma derrota mas, se o resultado for a vitória declarada, mesmo que seja com a ajuda do árbitro, jogamos uma “suecada” afim de discutirmos as jogadas gloriosas da equipa. É um Domingo bem divertido.

O que interessa? Competirmos com aldeias, vilas e cidades? Convivemos, conversamos, pois, no dia a dia, já todos temos a nossa labuta, a nossa “batalha campal”, nas mais diversas profissões. Mas não é só o convívio com os nossos mas também adquirir amizades com “profissionais”, pagos a preço de ouro, oriundos das aldeias em redor e que têm ligações várias à “nossa” terra. É salutar e de preservar.

Faz falta e sentido. Porque falta é carência de nos juntarmos todos. Sentido é ter sensibilidade e gostar do que é nosso. No positivo.

Para terminar, não esqueço, e guardo na memória a minha passagem pela equipa, como guarda-redes, aquando do arran-que inicial do futebol “profissional” na Castanheira e do frio que passei, no banco de suplentes, por essas freguesias do distrito. Diga-se, fui o guarda-redes menos batido da época, creio de 1988/89, pois defendi as balizas apenas em dois jogos, por impedimento do Adelino, e não recebi nenhum troféu por parte de organismos oficiais. Mas ficou o convívio e as amizades.

Faz falta o futebol na Castanheira. Como diz uma voz do “nosso povo, “alargai o jogo, rapazes”.

Ângelo Saraiva

Época 2006/07 Jogadores

ACDC*, ÉPOCA 2006/07, II Divisão Distrital

Uma noitede treinos

Sexta-feira é dia de treinos. Com o início marcado para as 20h00, chegamos ao campo de futebol da Rasa com alguma antecedência para o acompanhar-mos desde o princípio. Com tudo às escuras, questio-namos uns rapazes se o treino vai mesmo realizar-se. “Claro que sim”, foi a resposta pronta, “só estamos à espera das chaves”. O movimento de viaturas intensi-fica-se, pois parece que a carrinha da associação está com uma “pequena avaria”, e cada um tem de trazer o próprio carro.

Eis que, passados alguns momentos, chegam as desejadas chaves e, literalmente, faz-se luz. Depois é a azáfama dos pormenores. Faltam as calças de treino a um, as chuteiras a outro e os coletes de treino a todos. Apresentam-se novos jogadores, conversam com o “mister”, cumprimentam os colegas como se há muito já se conhecessem e vão para o balneário.

Finalmente o campo. Nada melhor que afastar a chuva e o frio com umas “voltinhas” ao campo. Os guarda-redes rebolam com “contento” nas lamas. O “mister” explica exercícios que são cumpridos à risca e com grande dedicação. Depois de tudo, como prémio pelo esforço, a ambicionada peladinha. O “mister” incentiva os jogadores. Exercícios de alongamento e fim do treino.

São 22 h 30 quando o jantar é servido. Já é tarde e no dia seguinte é dia de trabalho para muitos e no domingo dia de jogo para todos. É a apresentação da equipa aos associados. Ganhámos.

* Associação Cultural e Desportiva da CastanheiraVitor Gonçalves

Treinador: Manuel Alberto Pereira Dinis

André MartinsAntónio MonteiroBruno MarquesCarlos MorgadoDaniel AfonsoFábio SilvaFilipe RodriguesHenrique DinisJosé Miguel

Luís PereiraManuel SilvaMiguel MartinsPedro AssunçãoPedro VeigaRicardo AlmeidaSalvador FerreiraVincent Lameiras

Ângelo Saraiva

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8Dezembro 2006

Parece-me que todos os que fomos criados na Cas-tanheira, sofremos de uma doença chamada saudade. Saudades de andar na neve, escorregar lajas abaixo, co-mer azedas e outras tantas coisas boas que só naquele tempo existiam.

Mas hoje, quero lem-brar-me das festas da Sta. Eufémia na Quinta do Silva, grande festa onde grande parte do concelho ia. Gente de todos os lados, cabras, vacas e re-banhos vinham para esta festa. Uns para cumprir promessas, outros para fazerem negócios; alguns para namorarem e nós para a brincadeira. Duas semanas antes já eu “moía” o juízo da minha mãe, para saber se íamos à festa. “Vamos ver, não sei se podemos ir” era a resposta da “ti Lurdes”, mas na véspera da festa, já ela andava a fazer o farnel que iríamos comer. Fazíamos a caminhada com o resto do pessoal da Castanheira, que se ia juntando a nós no caminho.

Ao chegarmos à Quinta do Silva, à capela de Sta. Eufémia, cada um partia para o que vinha; a minha mãe corria para a capela para cumprir as promessas de não sei quantas novenas, terços ou ave-marias, não esquecendo a esmola à Santa; o meu pai parava na primeira banca de comes e bebes (principalmente de bebes) e eu corria para comprar uma guloseima que só havia nesta festa e que era uma roda feita de açúcar com a santa desenhada, que se pendurava ao pescoço e se ia comendo aos poucos. Depois da missa e da procissão toda a gente se dirigia para uns grandes lameiros, onde se estendiam umas toalhas bran-cas, para se comer o farnel. Com a barriga cheia, cada um voltava “aos seus afazeres”; os homens para a jogatina onde, entre palavrões e rodadas de vinho, passavam o tempo; as mulheres mais viradas para o sagrado, iam acabar a conversa com a Santa a quem sempre tinham algo a pedir; e nós, as crianças, seguíamos o som do acordeão para dançarmos.

Quando ao final da tarde a festa acabava, nin-guém voltava como tinha vindo; meu pai “vermelho como um tomate”, a minha mãe com as meias rotas e os joelhos feridos das voltas à capela e eu cansada de tanto pular. Aqui e ali, ouvia-se uma saraivada de asneiras fruto da pinga em excesso, mas todos contentes, cada um à sua maneira, pela ida à festa.

Maria Rosa Igreja, 45 anos, a morar em Faro.

PÁGINA DE LONGE

Recordando a Santa Eufémia

do anonimato os cidadãos através do registo de baptismo. Nas freguesias da Castanheira e da Rabaça só em 1624 são feitos os primeiros registos. Em 1853, com a extinção do concelho do Jarme-lo, é também extinta a freguesia da Rabaça e anexada à freguesia da Castanheira. A paróquia da Rabaça cremos que foi extinta em 1847, uma vez que, nesse ano, aparecem os primeiros assentos de baptismos, casamentos e óbitos dos paroquianos da Rabaça, lavrados nos livros de registos da paróquia da Castanheira.

Relativamente à freguesia da Castanheira existem, no Arquivo da Torre do Tombo, os livros de assentos desde 1624 até 1911 com excepção dos baptismos de 1721 a 1734; dos casamentos de 1721 a 1743 e de 1766 a 1820 e dos óbitos desde 1721 a 1734 e de 1766 a 1820. Também verificámos que existem alguns períodos em que os párocos não fizeram por desleixo, qualquer assento, com especial relevo para o Prior José Coelho dos Reis que, desde 3 de Fevereiro de 1804 a 16 de Agosto de 1819, durante mais de quinze anos, não lavrou pelo menos 104 assentos de baptismo e 47 de casamento, não tendo sido possível apurar o número exacto de óbitos. Para além disto, há um número muitíssimo elevado de registos de leitura impossível devido, por um lado à má qualidade da tinta usada por alguns párocos e, noutros casos, à humidade e ao bolor que os deterioraram irremediavelmente, tornando impossível a sua leitura. Todavia, foi-me possível chegar à conclusão, através dos assentos de óbito, que no ano de 1858, no curto período de dois meses, faleceram, devido a um foco de varíola a que o pároco chamou “bexigas”, trinta e três crianças e adolescentes quer da Castanheira quer da Rabaça, entre 19 de Julho e 22 de Setembro daquele ano. A falta de alguns livros de registos e o mau estado de conservação de muitos outros são um factor incapacitante de se poder fazer um historial, completo e credível, dos tempos idos da freguesia da Castanheira e das suas gentes, pelo que concluímos com o ditado: “Os livros são nossos amigos”.

Guarda, 30 de Setembro de 2006.Carlos Videira

uma desmesurada extensão de terra, que se alongava até ao cais, esta bela cidade era detentora de um porto magnífico, conhecido como” o mais apetrechado na rota do Oceano Índico”. Dispen-sando-me a mim próprio, por não achar demasiado importante, a revelação pormenorizada dos breves acontecimentos ocorridos no curto espaço de tempo em que permaneci nesta bonita cidade, não deixei, apesar de tudo, de sentir por ela, um misto de simpatia e admiração. Só que o meu posicionamento na guerra não passava por uma estadia mais prolongada naquele recanto. Assim, pensativo, olhando, lá das alturas, a bela paisagem africana, continuava uma nova viagem antecipadamente delineada, que, desta vez, me levaria finalmente à terra que, de futuro, seria o meu “ habitat natural “. Em tempo de guerra, a citada localidade de Macomia, circunscrita em plena província de Cabo Delgado, iria ser a minha residência permanente, durante, aproximadamente, os dois anos subsequentes. Será, a partir daí, que tentarei, em futuras edições, desenvolver mais alguns relatos episódicos, recordando épocas, que, com a maior realidade e oportunidade possíveis, trarei junto de vós, leitores, que muito estimo. Um abraço do vosso conterrâneo,

A. Moita Marques

continuação dos textos da página 2

REGISTOS

Os livros são nossos amigo (cont.)

No caminho da guerra, em busca da paz (cont.)

Maria Rosa Igreja

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9Dezembro 2006

A Escola Primária da Castanheira man-tém-se “de pé”. Apesar do encerramento de muitas escolas no concelho da Guarda, a da Castanheira continua a leccionar. A falta de crianças nas escolas rurais é um problema cada vez mais grave, contudo, no decorrente ano lectivo contamos ainda com 12 alunos, dos quais 6 são da Casta-nheira, 1 do Porto Mourisco, 1 de Pínzio, 2 dos Gagos e 2 da Ribeira dos Carinhos. Na primeira classe existe apenas 1 aluno, o José Manuel, na segunda a Liliana Santos, a Liliana Terras, o Leandro e o Marco, na terceira o Rodrigo, o Paulo, o Fábio e o Ruben, e na quarta, o Hernâni, o Rafael e o Daniel. Hortense Fernanda Cosme e António Luís Teixeira são os professores do presente ano lectivo. Além da escola não ter fechado, a sua melhoria continua a ser visível, tanto em termos de logística como de actividades desenvolvidas. Este ano lectivo, para além das aulas de Inglês, os alunos têm também Desporto, TIC (Técnicas

de Iniciação a Computadores), Expressão Plástica e Apoio ao Estudo. Estão também previstas aulas de Música, no entanto, por falta de professor, ainda não tiveram início. As aulas de Inglês decorrem no Rochoso, sendo os alunos transportados pela carri-nha da Associação da Juventude Activa da Castanheira, por requisição da mesma pela Câmara Municipal da Guarda. As restantes decorrem na Castanheira, uma vez que existem todas as condições para tal, sendo leccionadas por professores da respectiva área. As actividades de enriquecimento escolar são frequentadas por todos os alunos, à excepção do Inglês, frequentado apenas pelos alunos da 3ª e 4ª classe. Em inquérito feito aos alunos, estes referiram que apreciam estas actividades, consideran-do-as boas ou muito boas, com destaque para o Desporto. Após estas actividades, os alunos podem permanecer na escola até às 18h00, no designado ATL (Actividades de Tempos Livres), acompanhados pela responsável, Teresa Preizal. Esperamos que a escola da Castanheira continue “de pé” por muitos anos, cada vez com melhores condições para receber as crianças, não só da Castanheira, como também das aldeias vizinhas.

Marta Marques e Sílvia Teixeira

NASCIMENTOSRodrigo Gomes Fernan-des nasceu a 7-5-2006 em Frankfurt, filho de Cristina Helena Marques Gomes Fernandes e Marco Paulo Fernandes Peixoto

Marina Dinis nasceu a 3-11-2006 em Les Faulx (França), filha de Maria Arlette Pereira Monteiro e Rogério Pereira Dinis.

Sandro Braz nasceu em 18-10-2006 em França filho de Echallier Céline e Cristophe Braz.

Bérénice Braz nasceu em 8-10-2006 em França, filha de Christelle Blanc Braz e Joaquim António Braz.

Maria Rego Mundschau nasceu em 14-4-2005 em França, filha de Colette Rebelo Rego e Dominique Mundschau.

BAPTIZADOSMaria Rego Mundschau17-12-2005 em França, filha de Colette Rebelo Rego e Dominique Mundschau.

Marta Alexandra Gonçalves Ladeiro26-8-2006, na igreja matriz da Castanheira, filha de Maria de Fátima Gonçalves Miguel e Delis António e Silva Ladeiro

CASAMENTOSSónia Patrícia Maio Monteiro e Paulo Jorge Dinis Martins em 29-7-2006, na igreja matriz da Castanheira.

Maria de Fátima G. Miguel e Delis António e Silva Ladeiro em 26-08-2006, na igreja matriz da Castanheira.

Escola Primária continuou

DONATIVOS

Alberto Pires Dinis 50,00 Alexandre Gonçalves 30,00 Anónima 5,00 Anónimo 5,00 Anónimo 20,00 Anónimo 100,00 António Abadesso Catarino 100,00 António João Pereira 50,00 António Pires Gonçalves Martins 40,00 Armando Dinis 40,00 Cristiano Gonçalves 50,00 De Brito Michel 70,00 Emanuel Pereira Saraiva 150,00 João Saraiva 25,00 Joaquim Ferreira Santos 10,00 Joaquim Rodrigues 100,00 José Ilídio Droga Videira 10,00 José Manuel Gonçalves 50,00 Luís Ricardo 100,00 Manuel Fonseca (Natércia)-(Microondas) 60,00 Maria Coelha 40,00 Maria Ilda Martins 50,00 Paulo Esteves 20,00 Rosa Pereira Brás 30,00 Vítor Gonçalves 50,00

Castanheiraem movimento

ÓBITOS

Rosa Piedade Dias 15-08-2006Palmira G.Prazeres 24-08-2006Amélia da Paixão (Rabaça) 21-10-2006José Órfão Costa 25-10-2006M.ª Odete P. F. Gonçalves 09-11-2006

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10Dezembro 2006

Castanheira é uma aldeia de ta-manho médio do concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo. O censo de 2001 dava-lhe 642 habi-tantes, distribuídos pela Castanheira e pelos lugares de Covelo, Chavião, Corredouras, Ribas, Pena, Somil, Co-queira e Pereiro.

Castanheira dista três quilómetros da sede do concelho. Confronta com Resende e Cristelo, a norte, Bico a nascente, Rendufe e Labrujó (ambas Ponte de Lima), a sul, e Cunha, a poente. Dista aproximadamente três quilómetros da sede do concelho. Tem como padroeiro S. Pedro e as suas actividades são a pecuária, a agricultura, o pequeno comércio e a construção civil.

Daniel Rodrigues Barbosa é o Presidente da Junta de Freguesia de Castanheira. A única Associação existente é a Associação Cult., Recre-ativa e Desportiva da Castanheira. No futebol, a Castanheira tem uma equipa de Futsal feminino e também de Futebol iniciados masculinos e seniores masculinos.

Nossa Senhora de Fátima e S. Pedro juntam-se na festa mais conhe-cida da Castanheira em Agosto e no Chavião há também em Agosto a festa da Senhora da Peneda e em Setembro a de S. Francisco. Como património, de assinalar a Igreja paroquial, as capelas de S. Francisco, da Senhora do Rosário, da Senhora dos Remédios e de S. Silvestre e Quinta e Casa de Vermoim.

Junto à Castanheira situa-se o Pólo Empresarial de Castanheira - Paredes de Coura, com uma área de 112.400 m2, áreas de equipamento e zonas verdes, 120 lotes para empresas entre 300 e 3500m2, estando instaladas neste momento 8 empresas nas áreas dos têxteis, cutelaria e mobiliário.

Agora alguns pormenores sobre a sua história. Foram seus donatários os viscondes de Vila Nova de Cerveira, que apresentavam o abade. Segundo as Inquirições de D.Afonso III, os mo-

radores desta freguesia eram monteiros do rei nos montes de Entre Douro e Minho.

Nos dias 9 e 10 de Agosto de 1662, na guerra da Restauração, os exércitos português e castelhano tra-varam a batalha que ficaria conhecida na História como “os Combates da Travanca”. Era neste Concelho que se preparava o abastecimento da guar-nição de algumas praças da margem do Rio Minho. Pela sua posição geo-gráfica e pelo seu relevo, permitindo a observação à distância e fácil defesa, bem como a abundância de víveres, o Concelho foi escolhido para centro de operações militares contra a Galiza. As tropas portuguesas eram comandadas pelo Conde de Prado, D. Francisco de Sousa, estando as forças de Castela sob as ordens de Roxas e Pantoja.

Não há informações minuciosas dos combates propria-mente ditos. Res-tam-nos apenas as “Consul tas” ao Conselho de Guerra de 1662 (Torre do Tombo) e no-t íc ias avulsas. Os portugueses venceram a bata-

lha e Pantoja bateu em retirada. Os portugueses tiveram cerca de 150 mortos e os galegos 1.500, rezam os documentos da época. Na toponímia, restaram-nos o “Monte da Matança” e o “Campo das Cruzes”, à ilharga do lugar das Corredouras, freguesia de Castanheira.

Num, os combates fizeram muitas baixas, de certeza; no outro devem ter sido sepultados os mortos.

Informação retirada da Internet

CASTANHEIRAS POR TODO O LADO

Castanheira(Paredes de Coura)

Castanheira vem de “costaneira”?

Castanheira. Sendo o nome da árvore “castanheiro” e não “castanhei-ra”, a relação entre a árvore e as Castanheiras é duvidosa, tanto mais que a localização das “Castanheiras” que conhecemos é no início de encostas, com um rio ou ribeiro ao fundo. Existe o topónimo “Costaneira”, frequente em Portugal e na Galiza, com significado semelhante: são duas formas da mesma palavra. Na toponímia castelhana há “La Castaña”, por “la costaña”, isto é, “uma terra que fica na encosta”.

Será assim? Que ficamos na encosta não se duvida e que as castanhas aqui não são muitas também é verdade… Quanto ao rio, só se for o ribeiro da Albandeira. Mas a história diz-nos também que no início este sítio era conhecido por Castanha (ver texto de Carlos Videira na página 2). Será possível chegar a alguma conclusão?

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11Dezembro 2006

RUAS

Rua de N.ª Senhora de FátimaVamos hoje percorrer

a rua do meio do povo, a rua das mercearias, taber-nas e cafés por excelência, sobretudo no passado. Mas também a rua das fontes e chafarizes.

Começamos no Largo junto à antiga taberna do ti Neto. O olmo lá continua, com muitos anos para durar no lugar da Fonte Soeiro, que as pessoas mais velhas gostam de lembrar. Sete ou oito escadinhas até lá ao fundo e o cano a escorrer água, sempre boa. Diz a ti Lurdes da Conceição, minha eterna informadora: “Vínhamos do serão da ti Augusta Águeda ou da ti Maria Inocência e lá íamos buscar um baldinho, porque havia menos gente”. Entre-tanto nos anos 50 aparece o chafariz junto ao adro e a Fonte deixa de fazer sentido. Assim, foi aterrada.

Também neste largo existiu uma mercearia na loja que é agora da ti Alzira e onde ela colabora por vezes nos Festivais de Cul-tura com a sua oficina de costura. Foi primeiro do ti Alfredo Martins, já falecido há uns bons anos, e depois do ti António Paulino. Este começou ali mas rapida-mente passou para aquela que foi a principal mercearia da terra, 20 metros acima. Depois deixou a loja ao filho José Maria. Por sua vez, esta loja ficou ainda para a filha Otelinda Teixeira que mais tarde se transferiu para 50 metros acima, abrindo um mini-mercado.

Tabernas é que eram muitas. A do ti Zé Neto, mais acima a do ti António Joaquim e da ti Miquelina, pais da ti Balbina que have-ria de ficar com ela muitos anos em frente ao actual

chafariz e ainda a da ti Ma-ria de Jesus onde agora é o mini-mercado da Otelinda. Da taberna do ti Zé Neto todos ainda recordamos o túnel com o balcão lá ao fundo e os barris ao lado. À esquerda o gabinete dos te-lefones e correios. Pelo meio vendia-se o pão que o pa-deiro deixava. Era espaço de muito jogo e de não poucas discussões. Ficará para outra vez. A propósito da taberna da ti Maria de Jesus, Lurdes da Conceição lembra-me ainda que uma vez ia por ali nos anos 30 ou 40 com o “ti Simão velhinho” e só sente o ti Simão a levar a mão aos lábios. Tinha sido uma pe-dra atirada pelo ti Joaquim Igreja numa daquelas sarra-bulhadas em que se envolvia frequentemente. Ficou-lhe a boca a sangrar sem ter nada a ver com a bulha. Os domingos não eram nada na Castanheira sem aquelas discussões regadas a vinho e seguidas de “molho”.

No largo em frente ao chafariz sempre ardeu o Fogo do Natal. Fogos enor-mes os de antigamente, brio de mordomos e tam-bém motivo de rivalidade entre aldeias. Nos anos 50, quando fizeram o chafariz,

puseram também um pio para os animais. Diante da escassez de gado actual-mente, o pio foi entretanto retirado. Também ali em frente existiu durante pouco tempo uma outra mercearia, do ti Zé da Moita. Era dum lado a barbearia e do outro a mercearia, que só esteve aberta meia dúzia de anos já que as filhas saíram depois da aldeia.

Mas nesta rua havia ain-da uma outra fonte, junto à casa do ti Pedro Dinis. Lurdes da Conceição chama-lhe a “Fonte do ti Constâncio” por ali morar. Essa não tinha es-cadas, juntava pouca água e as más línguas diziam que tinha muito mijo pelo meio, vindo das cortes dos animais. Não tinha grande fama e não se utilizava para beber, deitando também muito menos líquido que a Fonte Soeiro. Hoje um pou-co mais acima ainda existe

um chafariz em frente à casa da Ana Maria Ramos mas que pouco serve.

Ali ao lado esquerdo a antiga casa do ti Antó-nio Abadesso, carpinteiro conhecido pelos carros de vacas que fazia para toda a região. Os seus irmãos José e Alfredo também tra-balhavam no mesmo ramo desde as primeiras décadas do século XX. Na geração seguinte só José Abadesso, filho de António Abadesso, continuou no ramo, até há poucos anos. Eram tempos duros. Os carpinteiros iam depois levar os carros des-montados à feira das Freixe-das, primeiro transportados por vacas e mais tarde nas camionetas. Quando eram as vacas a transportar os carros, se estes não eram vendidos na feira, deixavam-nos lá enterrados no recinto da feira até à feira seguinte. Alfredo Abadesso, irmão de António Abadesso, vivia e tinha a oficina de carpin-taria no lugar onde hoje acaba este passeio, a actual barbearia e posto público de telefone do José Pedro. Um pouco antes o café da ti Maria Eugénia, que hoje continua aberto e que nos anos 70 começou também com mercearia. Foi nessa altura um bom espaço de convívio para os jovens e de descoberta da música e da televisão, tardiamente chegada à Castanheira.

Joaquim Igreja

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12Dezembro 2006

PALAVRA DE PRESIDENTE

Festival de Cultura vai parar

Enquanto tradição sujeita à transmissão oral, que lhe afere uma singularidade e salutar parcialidade que os tornam “documentos” esclarecidos, muitas vezes mais importantes que livros, pedras e pinturas, os romances, tal como os conhecemos e chegaram até nós, estão condenados ao desaparecimento. Para inverter esta sina é sempre importante a realização de eventos, como o Festival Romances, que permi-tem um despertar de interesses em torno desta temática. Mas isso não chega. Mais do que festivais e festas, urge começar por um trabalho de campo, através de recolhas de depoimentos, que permitam acautelar e garantir o futuro do nosso vasto património de transmissão oral. Num futuro a curto prazo, esse trabalho de reco-lha é inviável, pois os informantes com o avançar dos anos vão morrendo, desvanecendo-se com eles a “verdadeira” cultura tradicional. Para tal é essencial que os critérios que balizam os apoios sejam mais amplos que o simples apoio pontual à realização de um festival, onde muitas vezes e apesar da coerência e “qualidade” programáti-ca, ficam associados aos números que acabam por ser redutores. É pois necessário dar priori-dade aos projectos de recolha, sistematizados e profissionais, canalizando apoios e verbas que permitam, de uma vez por todas, um trabalho coerente e sério. Para tal, se necessário, que se deixem de apoiar os festivais. A associação, no próximo ano, não vai promover o festival de cultura tradicional, focalizando os seus esforços em outros projectos, aguardando das diversas entidades com responsabilidades na preserva-ção da cultura tradicional apoio e cooperação. Era mais fácil continuar, mas, por vezes, só com rupturas é possível manter o caminho certo.

Vitor Gonçalves

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Ficha Técnica

Boletim da Associação da Juventude Activa da Castanheira

6300-075 Castanheira e-mail: [email protected] ou [email protected] Director: Vitor Gonçalves Coordenador:

Joaquim Martins Igreja Periodicidade: Quadrimestral Tiragem:

1.000ex. Paginação: Elsa Fernandes Impressão: Marques e Pereira (Guarda) Despesas: Impressão 326,46 Euros|Envio de Jornal 250 Euros|Paginação 130 Euros|Fotos e Diversos 0 Euros (zero)| Recolha 0 Euros (zero).

Donativo de um quadro

A Associação da Juventude Activa da Castanheira agradece a Lina Martinho e sua família, a oferta de um maravilhoso quadro, pintado

pela própria. Esta oferta veio dar outro brilho à decora-ção, como mostra a imagem, e se encaixa, na perfeição, com o tipo de edifício que esta associação recuperou. Caso a associação seja extinta, o quadro será devolvido à família de José Gonçalves Martinho. Da nossa parte um muito obrigado.

Henrique Dinis

PEQUENAS NOTICIASAssembleia-Geral na AJAC

No próximo dia 16 de Dezembro, pelas 21h00, vai realizar-se uma assembleia-geral de sócios. A assembleia, a ter lugar na sede da associação, vai ter como ordem de trabalhos a eleição dos novos corpos gerentes e apresentação do plano de actividades e orçamento para o ano 2007.

Jantar de Natal

A associação, como forma de desejar boas festas a todos, vai realizar no próximo dia 17 de Dezembro a Ceia de Natal. Tal como aconteceu no ano anterior, o jantar é aberto a toda a população e vai acontecer no Salão da Casa do Povo. Para participar basta efectuar a sua inscrição na sede da associação.

Beirartesanato

A “Beirartesanato” 2006 foi um sucesso. Entre os dias 21 e 30 de Julho de 2006, a Associação da Juventude Activa da Castanheira participou na Beirartesanato na Guarda através da exploração de uma barraca de “comes e bebes” no Jardim José de Lemos. Todos os dias, das 15h00 à 1h00, estavam entre 6 a 10 jovens a prestar serviço na referida barraca, onde eram servidas não só bebidas como também petiscos, os quais tiveram um grande su-cesso. Para que tudo corresse bem, contámos com a

ajuda de muitos Castanheirenses, sem a qual não seria possível a nossa participação neste evento. Ficam desde já os nossos agradecimentos a todas as pessoas que disponibilizaram o seu tempo para ajudar. O êxito qualitativo, bem como financeiro, foi notável, contribuindo para aliviar todo o cansaço e esforço exigido e ganhando forças para repetir a experiência.

Marta Marques