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1 PISA em Foco – 2014/05 (Maio) © OECD 2014 Agrupar e selecionar estudantes para dife- rentes escolas relaciona-se com a motiva- ção dos estudantes para aprender? Em média, nos países da OCDE, os alunos que estão altamente motivados para aprender matemática, porque acreditam que isso irá ajudá-los mais tarde, têm melhor pontuação em matemática do que os alunos que não estão muito motivados - o equivalente à metade de um ano de estudo. A motivação dos alunos para aprender matemática é menor nos sistemas de educação que selecionam e agrupam os alunos em diferentes escolas e / ou programas. EM FOCO 39 educação dados educação evidência educação política educação análise educação estatísticas educação dados educação evidência educação política A motivação e o engajamento podem ser considerados como as forças motrizes por trás da aprendizagem. Dada a importância da matemática para a vida futura dos alunos, os sistemas escolares precisam garantir que os alunos tenham não só o conhecimento necessário para continuar a aprender matemática além da escolaridade formal, mas também o interesse e a motivação que vai fazê-los querer isso. Os estudantes que participaram do PISA 2012 foram solicitados a relatar até que ponto eles estão motivados para aprender matemática porque vêem os benefícios da compreensão da matemática para seus estudos e carreiras futuras (conhecido como motivação instrumental para aprender matemática). Na média dos países da OCDE, 75% dos alunos concordam ou concordam fortemente que fazer um esforço em matemática vale a pena, porque ele vai ajudá-los no trabalho que eles querem fazer no futuro; 78% concordam ou concordam fortemente que aprender matemática pode melhorar suas perspectivas de carreira; 66% concordam ou concordam fortemente que precisam de matemática para o que eles querem estudar mais adiante; e 71% concordam ou concordam fortemente que aprender muitas coisas em matemática irá ajudá-los a conseguir um emprego. As respostas dos alunos a essas questões foram usadas para desenvolver um índice composto que representa a motivação dos alunos para aprender matemática porque percebem isso como útil para o seu futuro. A maioria dos estudantes reconhece que aprender matemática é importante.

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Page 1: PISA in Focus N39 (port)--v3download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/pisa_em... · 2016. 8. 23. · revela que a motivação é fortemente associada, de modo particular, com

1PISA em Foco – 2014/05 (Maio) © OECD 2014

Agrupar e selecionar estudantes para dife-rentes escolas relaciona-se com a motiva-ção dos estudantes para aprender?

• Em média, nos países da OCDE, os alunos que estão altamente motivados para aprender matemática, porque acreditam que isso irá ajudá-los mais tarde, têm melhor pontuação em matemática do que os alunos que não estão muito motivados - o equivalente à metade de um ano de estudo.

• A motivação dos alunos para aprender matemática é menor nos sistemas de educação que selecionam e agrupam os alunos em diferentes escolas e / ou programas.

EM FOCO 39educação dados educação evidência educação política educação análise educação estatísticas educação dados educação evidência educação política

A motivação e o engajamento podem ser considerados como as forças motrizes por trás da aprendizagem. Dada a importância da matemática para a vida futura dos alunos, os sistemas escolares precisam garantir que os alunos tenham não só o conhecimento necessário para continuar a aprender matemática além da escolaridade formal, mas também o interesse e a motivação que vai fazê-los querer isso.

Os estudantes que participaram do PISA 2012 foram solicitados a relatar até que ponto eles estão motivados para aprender matemática porque vêem os benefícios da compreensão da matemática para

seus estudos e carreiras futuras (conhecido como motivação instrumental para aprender matemática). Na média dos países da OCDE, 75% dos alunos concordam ou concordam fortemente que fazer um esforço em matemática vale a pena, porque ele vai ajudá-los no trabalho que eles querem fazer no futuro; 78% concordam ou concordam fortemente que aprender matemática pode melhorar suas perspectivas de carreira; 66% concordam ou concordam fortemente que precisam de matemática para o que eles querem estudar mais adiante; e 71% concordam ou concordam fortemente que aprender muitas coisas em matemática irá ajudá-los a conseguir um emprego. As respostas dos alunos a essas questões foram usadas para desenvolver um índice composto que representa a motivação dos alunos para aprender matemática porque percebem isso como útil para o seu futuro.

– 2014/05 (Maio) © OECD 2014

A maioria dos estudantes reconhece que aprender

matemática é importante.

Page 2: PISA in Focus N39 (port)--v3download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/pisa_em... · 2016. 8. 23. · revela que a motivação é fortemente associada, de modo particular, com

EM FOCO

2 © OECD 2014 PISA em Foco – 2014/05 (Maio)

Na média dos países da OCDE, a diferença no desempenho em matemática entre os estudantes que relataram níveis mais elevados de motivação para aprender matemática e aqueles com níveis mais baixos de motivação é de 18 pontos, ou o equivalente a cerca de metade de um ano de escolarização; na Coreia, Noruega e China-Taiwan, a diferença é superior a 30 pontos. O PISA também revela que a motivação é fortemente associada, de modo particular, com o desempenho dos alunos mais bem sucedidos. Em média, nos países da OCDE, a diferença na pontuação do PISA associada à motivação instrumental é de 21 pontos entre os melhores desempenhos, enquanto que nos países de baixo desempenho é de apenas 11 pontos. Na Bélgica, França, Hungria e Eslováquia, a diferença de pontuação relacionada à motivação é maior do que 20 pontos entre resultados altos e baixos.

A forma como os alunos são designados a programas ou escolas se relaciona com a sua motivação para aprender...

Mas como a motivação de um aluno para aprender está relacionada às políticas de educação que podem ser concebidas a nível nacional? O PISA examinou várias políticas que servem para agrupar os alunos nas escolas de acordo com os seus interesses e/ou habilidades. Essas políticas incluem a oferta de programas diferentes (como programas de formação profi ssional ou acadêmica) para diferentes alunos; a defi nição da idade na qual os alunos são admitidos nesses programas; e o modo como os registros acadêmicos dos alunos podem ser usados para selecionar os estudantes para a admissão em escolas individuais.

Os resultados do PISA mostram que há uma forte associação negativa entre os níveis de motivação dos alunos e o grau em que os sistemas de ensino classifi cam e agrupam os alunos em diferentes escolas e / ou programas. Nesses sistemas que tendem a separar os alunos em diferentes escolas ou programas, os estudantes geralmente relataram menos motivação instrumental para aprender matemática do que os alunos em sistemas que tendem a não segregar dessa forma.

Fonte: OCDE, Base de dados do PISA 2012, Tabela III.3.5a.

http://dx.doi.org/10.1787/888932963825

Motivação instrumental dos estudantes para aprender matemática

Porcentagem de estudantes nos países da OCDE que relataram "concordar" ou "concordar fortemente" com as seguintes declarações:

Matemática é uma matériaimportante para mim, porque eupreciso dela para o que eu quero

estudar mais tarde

Vou aprender muitas coisas novasem matemática que vão me ajudar

a conseguir um emprego

0

20

40

60

80

100 %

Fazer um esforço em matemática vale a pena porque vai me ajudar no trabalho

que eu quero fazer no futuro

Aprender matemática vale a pena porque vai melhorar minhas perspectivas de carreira e

oportunidades

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EM FOCO

3PISA em Foco – 2014/05 (Maio) © OECD 2014

Quando diferentes formas de agrupar alunos nas escolas são examinadas, os resultados sugerem que a motivação dos alunos é menor nos sistemas de ensino que oferecem um maior número de distintos programas de educação; onde maiores proporções de estudantes frequentam programas profi ssionalizantes ou pré-profi ssionalizantes, em vez de programas acadêmicos; onde os alunos são agrupados ou selecionados para estes programas em uma idade mais jovem; onde uma grande proporção de alunos frequenta escolas academicamente seletivas; e onde uma grande proporção dos alunos frequenta escolas que transferem os alunos com baixo desempenho, problemas de comportamento ou necessidades especiais de aprendizagem para outra escola.

Por exemplo, a República Tcheca e a Holanda têm seis e sete programas de educação distintos, respectivamente, à disposição dos estudantes de 15 anos de idade. Enquanto isso, os estudantes desses países têm níveis muito mais baixos de motivação instrumental para aprender matemática do que os alunos do Canadá, Reino Unido e Estados Unidos, onde há apenas um programa de educação disponível para os alunos de 15 anos de idade. Similarmente, na Áustria, na República Tcheca e na Holanda, os estudantes são inicialmente selecionados em programas de educação diferentes na idade de 10, 11 e 12 anos, respectivamente. Os alunos desses países têm níveis muito mais baixos de motivação instrumental para aprender matemática do que os alunos da Islândia, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos, onde a idade da seleção é 16 anos.

…e pode ter consequências de longa duração.

Embora criar grupos homogêneos de estudantes por meio da seleção possa permitir aos professores dirigir as aulas para as necessidades específi cas de cada grupo, selecionar e classifi car os estudantes geralmente atua como uma forma indireta de segregação que reforça as disparidades socioeconômicas, resulta em diferenças de oportunidades para aprender e, consequentemente, desmotiva um grande número de estudantes que não sentem que estão recebendo oportunidades iguais de sucesso. De fato, a seleção de estudantes dessa maneira implica que apenas alguns alunos podem atingir altos níveis de desempenho, e, portanto, corre o risco de desmotivar os próprios estudantes que se benefi ciariam mais se seus pais, seus professores e suas escolas depositassem neles grandes expectativas.

Nota: Diferenças estatísticamente signifi cativas ao nível de 5% (p < 0.05) estão em um tom mais escuro.

Países e economias são classifi cados em ordem descendente da diferença da pontuação média em matemática associada com uma unidade do índice de motivação instrumental para aprender matemática.

Fonte: OCDE, Base de dados do PISA 2012, Tabela III.3.5e.

http://dx.doi.org/10.1787/888932963825

Estudante médio 10º percentil (estudantes com desempenho mais baixo)90º percentil (estudantes com desempenho mais alto)

Relacionamento entre motivaçãoinstrumental para aprender matemática

e desempenho em matemática

-20 -10 0 10 20 30 40Diferença de pontuação em matemática, associada a uma unidade do índice de

motivação instrumental para aprender matemática

CoreiaTaiwan-China

NoruegaFinlândia

PolôniaJapão

PortugalIslândia

DinamarcaHong Kong-China

BélgicaCanadáSuécia

AustráliaNova Zelândia

EspanhaGréciaCatar

MalásiaVietnã

Média OCDEHolanda

EstôniaLituânia

Estados UnidosFrança

LuxemburgoJordâniaTailândia

TunísiaEslovênia

HungriaXangai-China

AlemanhaItália

LetôniaIrlanda

República TchecaMacau-China

CroáciaReino Unido

Emirados Árabes UnidosRússia

TurquiaChile

EslováquiaIsrael

MéxicoSuíça

ÁustriaBulgária

SérviaMontenegro

IndonésiaCazaquistão

PeruArgentina

Costa RicaBrasil

UruguaiAlbânia

CingapuraColômbia

LiechtensteinRomênia

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EM FOCO

4 © OECD 2014 PISA em Foco – 2014/05 (Maio)

Para concluir: A motivação é fundamental para os estudantes estarem prontos para aprender, tanto dentro como fora da escola. Os sistemas de ensino podem

promover a motivação dos alunos, mantendo altas expectativas para todos e promovendo políticas e práticas inclusivas.

Para mais informações Contact Francesca Borgonovi ([email protected])Veja: OCDE (2013), Resultados do PISA 2012: O que faz uma escola bem-sucedida? Recursos, Políticas e Práticas, (Volume IV), Publicação da OCDE, Paris.

Visite:www.pisa.oecd.orgwww.oecd.org/pisa/infocusEducation Indicators in Focus http://www.oecd.org/edu/skills-beyond-school/educationindicatorsinfocus.htmTeaching in Focus http://www.oecd.org/edu/school/teachinginfocus.htm

Próximo mês:

A educação pré-primária chega àqueles que mais necessitam?

Crédito das fotos: © khoa vu/Flickr/Getty Images © Shutterstock/Kzenon © Simon Jarratt/CorbisThis paper is published under the responsibility of the Secretary-General of the OECD. The opinions expressed and arguments employed herein do not necessarily reflect the official views of OECD member countries.This document and any map included herein are without prejudice to the status of or sovereignty over any territory, to the delimitation of international frontiers and boundaries and to the name of any territory, city or area.The statistical data for Israel are supplied by and under the responsibility of the relevant Israeli authorities. The use of such data by the OECD is without prejudice to the status of the Golan Heights, East Jerusalem and Israeli settlements in the West Bank under the terms of international law.

Fonte: OCDE, Base de dados do PISA 2012, Tabela IV.2.16.

http://dx.doi.org/10.1787/888932957308

Motivação e agrupamento ou seleção de alunos para escolas diferentes

-1.2 -1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

Mai

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ção

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mat

emát

ica

Men

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ção

inst

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lp

ara

apre

nder

mat

emát

ica

Menor uso de agrupamento e seleção de estudantes Maior uso de agrupamento e seleção de estudantes

TailândiaLetônia

Jordânia

Chile Tunísia

Itália

Brasil

Grécia

Finlândia

Rep. TchecaTurquia

Austrália

Indonesia

Cazaquistão

Noruega

Coreia

Romênia

HolandaAlemanha

Hungria SérviaCroácia Áustria

LiechtensteinMalásiaUruguaiEAU

Suíça

VietnãCosta Rica

CingapuraColômbiaPeru

Nova Zelândia

EUAReino Unido

Lituânia

EstôniaSuécia

Canada

RússiaArgentina

Polônia

Espanha

Taiwan-China

Japão

EslovêniaEslováquia

Luxemburgo

Montenegro

BulgáriaBélgica

México

R2 = 0.24

Macau-China

AlbâniaIsrael

Hong Kong-China

França Catar

Dinamarca

Islândia

Portugal Irlanda

Xangai-China

A qualidade da tradução para o Português e sua fidelidade ao texto original são de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, Brasil. Disponível em: www.inep.gov.br.