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8/10/2019 PIDNER_Utopias Reinvenção Futuro
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UTOPIA: REINVENÇÕES DO FUTURO1
Flora Sousa Pidner
PUC - MG [email protected]
Resumo
As imagens e as práicas re!erenes " pala#ra-conceio utopia modi!icam-se ara#$s doempo e do espa%o. & muio comum' na conemporaneidade' o es#a(iameno e)rico dasuopias' sobreudo a parir do insucesso do chamado socialismo real . *raa-se de umes#a(iameno +ue apro!unda processos de aliena%,o e +ue esgoa possibilidades de se
pensar criicamene a realidade em dire%,o " emancipa%,o socioespacial. uais s,o asuopias conemporneas/ ual $ a imporncia da uopia para a eoria cr0ica e #ice-#ersa/ ual $ a rele#ncia da uopia para a #ida/ ssas s,o algumas das pergunas +uemo#imenam as re!le23es dese e2o. As ideias a+ui apresenadas buscam a #alori(a%,ocr0ica e social das uopias' em busca de no#os conceios +ue !undamenem eoriascr0icas e' assim' a rans!orma%,o social e as rein#en%3es do !uuro.
Palavras-chave: uopia' crise' modernidade' rein#en%3es' !uuro.
1se e2o $ !ruo de re!le23es desen#ol#idas a parir da dissera%,o apresenada ao
programa de p)s-gradua%,o em Geogra!ia da Uni#ersidade Federal de Minas Gerais'orienada pelo pro!essor Cássio duardo 4iana 5issa e iniulada Diálogos entre ciência
e saberes locais: dificuldades e perspectivas.
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4i#emos em um empo a)nio +ue ao debru%ar-se sobre si pr)priodescobre +ue os seus p$s s,o um cru(ameno de sombras' sombras +ue#6m do passado +ue ora pensamos 7á n,o sermos' ora pensamos n,oermos ainda dei2ado de ser' sombras +ue #6m do !uuro +ue ora pensamos 7á sermos' ora pensamos nunca #irmos a ser. 8SA9*:S' ;.'
<==>' p. 1?.
As pala#ras de ;oa#enura de Sousa Sanos remeem-nos " re!le2,o acerca do
mundo conemporneo e " nossa perple2idade diane do nosso empo e' sobreudo' de
um empo enrecorado por sombras de passado e de !uuro. :s olhares do auor es,o
direcionados para um hori(one emporal +ue engloba passado' presene e !uuro.
A conemporaneidade re!ere-se a um empo de!inido por signi!icados
produ(idos no passado' por sombras +ue permanecem' al como anoa ;oa#enura de
Sousa Sanos 8<==>. *ais perman6ncias reporam-se a recria%3es de um passado' 7á
moderno' +ue se pro7ea na #ida conempornea' a paradigmas e pensamenos +ue
re#erberam no presene e de!inem uma eia his)rica da modernidade. 5á no#as
end6ncias +ue e#ocam' en,o' #elhas ess6ncias. ' assim' o passado paricipa da
mem)ria #i#a do presene 8GAA9:' <==B.
Paul icoeur 8<==<' p. ?DE sublinha o passado inha um !uuro.H Iesse
modo' o !uuro amb$m $ re!er6ncia para se pensar o empo conemporneo. Uma pare
do !uuro $ adianada no momeno presene. : presene $ subsncia para o !uuro e possui o princ0pio do mo#imeno do +ue esá por #ir. : presene ra( o anes e o depois'
$ mediador enre os empos' reJne odas as idades' odos os empos' odos os percursos'
odas as his)rias. & simulaneidade em um s) empo' #i#emos di#ersos momenos. &
no presene +ue o passado enconra o !uuro.
: presene carrega semenes +ue nos permiem pensar a rein#en%,o do !uuroK
semenes +ue 7á na sua germina%,o lan%am a imagem da possibilidade de mudan%a e
ransporam a capacidade de produ%,o de mais e mais semenes' semenes +uecon!iguram as uopias. : !uuro $ presene +ue cria rans!ormando. : L... presene'
iminene' inconcluso' n,o apenas pro7eo e n,o ainda realidade erminada L...' con$m o
apeie para um !uuro n,o reali(adoH 8SA9*:S' M.' <==<a' p.1<1.
Algumas +ues3es s,o noreadoras para pensarmos o !uuro +ue !uuro
esamos #i#endo e semeando no presene/ uais s,o as marcas sociais +ue #i#enciamos
no empo conemporneo/ ue !uuro +ueremos/ ue !uuro esamos consruindo/ Para
a modernidade +ue direciona os coidianos nos espa%os urbani(ados N se7am eles denro
do ecido urbano ou em ouros lugares em +ue o modo de #ida $ capurado pelo urbano
N' s) há um !uuro. nreano' o erro esá em preender aplicar ao mundo humano O
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+ue $ sempre marcado pela possibilidade da re#ers,o e da reciprocidade O o modelo de
um ra7eo sem #ola' no +ual a causa anecede e deermina o e!eioH 8;:' <==?'
p.<>. Assim' alguns L... dados do presene nos abrem' desde 7á' a perspeci#a de um
!uuro di!ereneH 8SA9*:S' M.' <==>' p.1D1.
ssa re!le2,o sobre o !uuro permie-nos pensar o conceio de uopia. Uopia $uma pala#ra +ue nos endere%a ao +ue n,o $ mas +ue de#eria ser' ou ao +ue gosar0amos
+ue !osse. Uopia signi!ica' lieralmene' n,o e2ise al lugar 84QRUR' <==1' p.?1D.
Iio de uma !orma dicomica' uopia seria o oposo de topia' +ue signi!ica o +ue $' ou
se7a' a realidade. nreano' a rela%,o n,o $ dualisa' $ dial$ica. A uopia concrea
!undamena-se no mo#imeno de uma realidade cu7as possibilidades ela descobre.
Iialeicamene' o poss0#el $ uma caegoria da realidadeH 8F;4' <==B' p.1T.
Porano' a uopia' a parir de en,o' especialmene nas sociedades conemporneas' auopia $ o +ue poderá ser e o poss0#el pelo +ual de#eremos luar. & essa dial$ica +ue
direciona para as possibilidades de mudan%as. A uopia' como práica' sem dei2ar de
ser al L...' $ amb$m opia !a(-se presene em algum lugarH 84QRUR' <==1' p.
?D<. Assim' uopia re!ere-se ao +ue n,o $' mas n,o $ algo da dimens,o do irreal' de
modo algum. 9,o e2ise L... uma muralha +ue separe a realidade e a uopiaK uma
condu( " ouraH 84QRUR' <==1' p. ?<=.
A realidade amb$m $ a uopia' 7á +ue $ a parir do +ue se #i#e no real +ue se
pro7eam as ideias' os sonhos e as esperan%as de um !uuro melhor. nreano' n,o
apenas ideias' sonhos e esperan%as práicas' amb$m conidas nos discursos' +ue
condu(em "s rans!orma%3es necessárias +ue nos direcionam para um mundo melhor'
digno' 7uso. : L... mundo $ !ormado n,o apenas pelo +ue 7á e2ise L...' mas pelo +ue
pode e!ei#amene e2isirH 8SA9*:S' M.' <==>' p. 1D=. : chamado mundo real
amb$m $ !eio de possibilidades de rans!orma%,o.
A uopia emerge da realidade' pois se origina na cr0ica da realidade' na
insais!a%,o e na indigna%,o com a+uilo +ue se #i#e e #6-se no presene. *oda uopia
ra( no seu bo7o L... uma cr0ica do e2iseneH 84QRUR' <==1' p. ?1D e' assim' em
um caráer sub#ersi#o. A cr0ica do capialismo $ inerene ao capialismo' mas'
sobreudo' $ inerene " sociedade capialisa +ue dese7a a sua rans!orma%,o. Annio
Cndido 8<=11' p.>-T a!irma
: +ue $ o socialismo/ & o irm,o-g6meo do capialismo' nasceram
7unos' na re#olu%,o indusrial. & indescri0#el o +ue era a indJsria nocome%o. :s operários ingleses dormiam debai2o da má+uina e eramacordados de madrugada com o chicoe do conramesre. sso era aindJsria. A0 come%ou a aparecer o socialismo. L... : socialismo $ o
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ca#alo de *roia denro do capialismo.
A uopia anecipa o !uuro' $ a imagem da supera%,o do presene' pois $ na
medida em +ue luamos para rans!ormar a realidade +ue a enendemos e $ na medida
em +ue melhor a enendemos +ue mais luamos para rans!ormá-laH 8VW' <==<' p.
<X. m ouras pala#ras a primeira condi%,o para modi!icar a realidade consise em
conhec6-laH 8GAA9:' <==B' p. ?>1.
A uopia esá nos olhares' nas !alas' nos discursos' nas práicas' nos saberes'
nos lugares' nos coidianos' esá' en!im' nos su7eios +ue produ(em imagens de um
mundo di!erene' de um mundo rein#enado' de uma oura sociedade. Por isso' a uopia
impulsiona o !uuro poss0#el' o !uuro rein#enado. *ais possibilidades' ainda n,o
reali(adas' 7á es,o presenes como end6ncia ou como promessas de reali(a%,oH
8SA9*:S' M.' <==>' p. 1D=. As uopias es,o na !orma de ser e' assim' de pensar' de
sonhar' de auar' ou se7a' na !orma de #i#er dos su7eios. Uopias s,o sopros de
esperan%a' s,o e2pecai#as' s,o sonhos. nreano' n,o s,o apenas isso' sonhos e
e2pecai#as solos. Somos o +ue !a(emos' mas somos' principalmene' o +ue !a(emos
para mudar o +ue somosH 8GAA9:' <==B' p. ?>1. $ mudando o +ue somos +ue
mudamos o coidiano presene e consru0mos o !uuro.
Para Milon Sanos 8<==>' p. 1DE' raa-se de uma L... aprecia%,o !ilos)!ica
da nossa pr)pria siua%,o !rene " comunidade' " na%,o' ao planea' 7unamene com
uma no#a aprecia%,o de nosso pr)prio papel como pessoaH. 9a leiura de dgardo
ander 8<==T' p. ?E' $ preciso L... um senido cr0ico +ue condu(La "
desnaurali(a%,o das !ormas cannicas de aprender-consiuir-se no mundoH' e nesse
senido cr0ico insere-se a ideia do L... reconhecimeno do :uro como Si MesmoH.
sse processo signi!ica en2ergar +ue a e2plora%,o do ouro $ uma !orma de e2plorar a si
mesmo' pois L... sua e2peri6ncia L... $ amb$m a e2peri6ncia dos ourosH 8SA9*:S'
M.' <==>' p. 1<. ssa mudan%a e2ige um grande es!or%o' pois signi!ica negar o +ueesamos acosumados a considerar bom e certo. *al#e(' mais do +ue isso' signi!ica negar
o nosso suposo con!oro' +ue nos descon!ora por+ue nos reira' em pare' a dignidade
+ue ransporamos para o mundo do consumo e do desperd0cio' da aliena%,o' do
descanso sem cansa%o' do $dio. Signi!ica +ue precisamos desaprender a$ mesmo o +ue
somos para aprender ouras re!er6ncias e para nos consiuir segundo ouros parmeros.
Como a!irma enao Yanine ibeiro 8<==?' p. 1E' precisamos desaprender para
aprender e' assim' nos consiuir como su7eios mais humanos e mais ricos em a!eos'disanes da coisi!ica%,o dos homens produ(ida pela modernidade e pelo coidiano
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moderno +ue ela nos imprimeK mais humanos em #alores +ue des#alori(am a ideia
mercanil de #alor. Uma mudan%a na rai( das rela%3es inerpessoais e do homem com a
naure(a. Como re!or%a Cássio 5issa 8<==E' p. B=' uma demanda urgene O +ue
e2plicia um grande dilema da sociedade moderna o da rans!orma%,o dos su7eios O a
ser consru0da no empo da culura e n,o no empo da economiaH.A di!iculdade de reali(a%,o dessa mudan%a sub7ei#a 7usi!ica-se pela
acomoda%,o dos su7eios e pelo lugar de con!oro +ue a modernidade hegemnica pode
criar para alguns. 5á +uem pre!ira o cero ao du#idoso' há +uem hosili(e o inesperado.
nreano' +ual+uer su7eio de a%,o de#e esar preparado para en!renar o impre#iso
O e para e2rair dele um a#an%o em sua #idaH 8;:' <==?' p. <D. As
possibilidades de rans!orma%,o do mundo demandam' assim' a rans!orma%,o dos
su7eios' +ue olham para o eu e para o outro e pensam na+uilo +ue poder,o ser.Auorans!orma%,o e rans!orma%,o do mundo. Su7eios +ue rein#enam a si pr)prios'
+ue se enrela%am ao ouro e ao colei#o' +ue se rans!ormam no ouro e no colei#o' +ue
se colocam de uma !orma cr0ica e u)pica diane do mundo. Marshall ;erman 8<==X' p.
>B re#ela
L... !or%as sociais e pol0icas +ue nos impelem a e2plosi#os con!lioscom ouras pessoas e ouros po#os' ainda +uando desen#ol#emos uma pro!unda percep%,o da empaia em rela%,o a nossos inimigosdeclarados' chegando a dar-nos cona' "s #e(es arde demais' de +ue
eles a!inal n,o s,o ,o di!erenes de n)s.
Uma imagem represenai#a para se pensar no !uuro e nas uopias $ a do
hori(one. : hori(one esconde o +ue esá adiane' no !uuro' mas' no !luir do empo' o
hori(one amb$m $ re#elador' pois' hisoricamene' o !uuro #ai sendo rans!ormado em
presene. : hori(one $ in!inio' $ !roneira enre presene e !uuro.
Janela sobre a utopia.
la esá no hori(one N di( Fernando ;irri. Me apro2imo dois passos'ela se a!asa dois passos. Caminho de( passos e o hori(one corre de( passos. Por mais +ue eu caminho' 7amais a alcan%arei. Para +ue ser#ea uopia/ Ser#e para isso para caminhar. 8GAA9:' <==X' p.?1=.
Se a realidade impulsiona a uopia' a uopia amb$m impulsiona a realidade
!uura. A uopia dá-nos !legos e !or%as' impulsionando-nos a caminhar por um !uuro
melhor +ue se anuncia no hori(one. Assim' $ a parir da uopia +ue a realidade pode ser
rans!ormada. A uopia L... pode ornar-se !or%a de rans!orma%,o da realidade'
assumindo corpo e consis6ncia su!icienes para rans!ormar-se em au6nica #onade
ino#adora e enconrar os meios da ino#a%,oH 8A;;AG9A9:' <==?' p. EBX. A uopia
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esá embebida em senimenos +ue impulsionam a #ida e podem produ(ir um !uuro
di!erene uma uopia' uma esperan%a' L... s,o discursos +ue nascem do amor e
pro#ocam o amor. Por isso mesmo' a a%,o se misura com eles' como a ai#idade
criadora +ue ra( " e2is6ncia a+uilo +ue ainda n,o e2iseH 8A4S' <==B' p. ?TD. A
uopia $ !eia de dese7os e' assim' em uma #ialidade' muias #e(es inesperada ou a$mesmo +uesionada. A uopia se enconra #inculada com a realidade n,o s) por+ue esa
gera a sua ideia ou imagem de !uuro' mas amb$m por+ue incide na realidade' com seus
e!eios reaisH 84QRUR' <==1' p. ?D<. Se a uopia 7amais $ alcan%ada $ por+ue o
hori(one $ sempre uma realidade' $ por+ue o !uuro' +ue ainda n,o se reali(ou nem se
sabe como se reali(ará' sempre e2isirá. nreano' o alcance da uopia' por si s)' $ algo
+ue merece ser discuido.
A uopia $ re!er6ncia. Mas n,o se raa de algo ideali(ado e' porano' na uopian,o se pode #er o idealismo +ue se disancia da #ida' das e2is6ncias e do pr)prio
mundo. As uopias s,o !eias de práicas. Ara#$s das práicas s,o consru0das as
possibilidades u)picas. Com o !uuro sempre e2isir,o as possibilidades' as
rans!orma%3es' os mo#imenos da sociedade' as aberuras' os impre#isos. 9,o há #ida
humana sem uopia. samos #i#os e L... n,o se pode #i#er sem meas' sonhos' ilus3es
ou ideaisK ou se7a' sem enar e2rapolar ou ranscender o realmene e2isene. 9,o se
pode #i#er' porano' sem uopiasH 84QRUR' <==1' p. ?<T.
As imagens u)picas es,o nos su7eios e s,o elas +ue os inspiram a produ(ir
suas #idas e' assim' o coidiano. S,o alernai#as coidianamene #i#idas e produ(idas
pelos su7eios em busca de uma #ida melhor. : pono de parida para pensar
alernai#as seria' en,o' a práica da #ida e a e2is6ncia de odosH 8SA9*:S' M.' <==>'
p. 1>B. Iesse modo' o coidiano $ consru0do no lugar' dia ap)s dia' amb$m ara#$s
das uopias. A L... cr0ica da #ida coidiana prop3e Zmudar a #ida[' ou melhor' odo
pro7eo re#olucionário de#e incluir mudar a #ida ineira' inclusi#e a #ida pri#ada' o
indi#0duo e o #i#idoH 8IAMA9' <==1' p. 1D<.
As uopias' na conemporaneidade' s,o impulsionadas pela radicali(a%,o da
modernidade' +ue ainge os dealhes do coidiano e reprodu( as desigualdades inerenes
ao capialismo' gerando uma sensa%,o de desassossego e de descon!oro +ue amb$m se
amplia e reprodu(-se enre os su7eios. A emerg6ncia da modernidade $ acompanhada
pela insala%,o da sua pr)pria crise' +ue ganha di#ersas e2press3es. A moderni(a%,o
hegemnica $ !eia a um alo cuso.
sa domina%,o produ( #0imas 8de muias e #ariadas maneiras'#iol6ncia +ue $ inerpreada como um ao ine#iá#el e com o senido
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+uase-riual de sacri!0cioK o her)i ci#ili(ado re#ese suas pr)prias#0imas da condi%,o de serem holocausos de um sacri!0cio sal#ador 8o0ndio coloni(ado' o escra#o a!ricano' a mulher' a desrui%,o ecol)gica'e ceera. 8IUSS' <==T' p.DT.
S,o !eridas sociais +ue amb$m aingem a dimens,o mundial guerras'
mis$rias' !omes' inolerncias' desrui%,o' in7usi%as' #iol6ncias' ens3es nacionalisas e!undamenalisas' desasres ambienais. 9ossas sociedades s,o cada #e( mais ricas
apesar disso' um nJmero crescene de pessoas #i#e na precariedadeH 8P:4*S\W'
<==X' p. 1X.
A crise da modernidade apro!unda-se na medida em +ue somene sua dimens,o
econmica $ !one de preocupa%,o e de in#esimeno. As cr0icas inerenes "s uopias
repensam' recolocam' +uesionam a modernidade e as roinas' n,o aceiam de !orma
passi#a o +ue $ imposo como hegemnico. As uopias e oda a impre#isibilidade +uecarregam amea%am a modernidade. As uopias desperam a consci6ncia' ligam os
su7eios' denunciam as in7usi%as e' assim' pro#ocam mudan%as. & da pr)pria roina
moderna +ue surge a uopia da rupura com essa coidianidade.
Ao a!irmar +ue a L... globali(a%,o aual $ um per0odo de crise permaneneH'
Milon Sanos 8<==>' p. 1T? de!ine a crise como um per0odo' ranscendendo a ideia de
crise como momeno de ransi%,o L... nesse per0odo his)rico' a crise $ esruuralH.
Cássio 5issa 8<==<' p. D? concorda com o pensameno de Milon Sanos L... o
moderno $ sempre um empo de crise. *empo de encru(ilhadas e de dJ#idas' de
superposi%3es e de mo#imenosH. *empo de con!lios n,o resol#idos' impregnados de
desigualdades socioespaciais e de concenra%,o !inanceira' repleos de hierar+uias. :
problema do capialismo $ +ue' a+ui como em +ual+uer pare' ele desr)i as
possibilidades humanas por ele criadasH 8;MA9' <==X' p. 11E. Carlos Valer Poro-
Gon%al#es 8<==T' p. 1= acrescena L... apesar de os europeus imporem seu
capialismo em oda a pare' isso n,o +uer di(er +ue sua episeme d6 cona de oda a
comple2idade das disinas !orma%3es sociais +ue a consiu0ram em cada lugar e regi,o
do mundo nesse enconroH. Iessa !orma' $ poss0#el desacar +ue se raa de
desenconro.
: processo de radicali(a%,o dos paradigmas hegemnicos da modernidade $
acompanhado pela radicali(a%,o da sua nega%,o' alicer%ada na percep%,o das suas
conradi%3es e in7usi%as. Creio +ue sempre e2ise uma rela%,o 0nima enre a
inensidade da amea%a e a brualidade da resposaH 8GAA9:' <==B' p. ?>X. Al$m
disso' L... a humanidade descobriu +ue a mis$ria humana n,o era naural e podia ser
re#erida pela a%,o humanaH 8P:*:-G:9]A4S' <==T' p.1<. ssa ideia O a de
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+ue a realidade da mis$ria humana pode ser re#erida pela a%,o humana O alimena as
uopias. As conradi%3es socioespaciais coninuam auanes na #ida moderna' em
permanene amea%a de erup%,o. As alernai#as parecem ine2isenesK enreano' a crise
agigana-se' al como a modernidade' acompanhada de incere(as' de inseguran%as' e'
assim' amb$m se agiganam os +uesionamenos e as cr0icas A crise implica ainsala%,o de um ambiene de dJ#idas e inde!ini%3es' sugere rans!orma%,o' pode
signi!icar mudan%a' esimular crescimeno' al$m de criar alguma condi%,o para
rupurasH 85SSA' <==<' p. D?.
4andana Shi#a 8<==?' p. 1T desconsr)i a ideologia da !ala de alernai#as as
alernai#as e2isem' sim' mas !oram e2clu0das. Sua inclus,o re+uer um cone2o de
di#ersidade. Adoar a di#ersidade como uma !orma de pensar' como um cone2o de
a%,o' permie o surgimeno de muias op%3es.H nreano' L... 6m sido no)rias asdi!iculdades para !ormular alernai#as e)ricas e pol0icas " prima(ia oal do mercadoH
8A9I' <==T' p. <1. nreano' $ e2aamene o +ue !a( es#a(iar as uopias $ o +ue
permie consruir a ideia de uopias densas' ,o !ores +uano o +ue se apresena como
oposi%,o " rans!orma%,o. 5á +uem perceba di!iculdades' +ue' amb$m' s,o 7usi!icadas
pelo
L... desaparecimeno ou derroa das principais oposi%3es pol0icas +uehisoricamene se con!rona#am com a sociedade liberal 8o socialismo
real e as organi(a%3es e luas populares anicapialisas em odas as pares do mundo' bem como Lpela ri+ue(a e Lpelo poderio miliarsem ri#ais das sociedades indusriais do 9ore' L+ue conribuem paraa imagem da sociedade liberal de mercado como a Jnica op%,o poss0#el' como o !im da 5is)ria. 8A9I' <==T' p. <<.
S,o di!iculdades do nosso mundo e es,o presenes na his)ria. nreano' s,o
precisamene ais di!iculdades o +ue mo#imena o pensameno u)pico e as práicas
u)picas +ue concedem signi!icado " #ida e "s e2is6ncias. A perda' diane da amplia%,o
do capialismo' do chamado socialismo real como simbolismo $ uili(ada como uma
!orma de nega%,o das possibilidades de rans!orma%,o. A uopia do socialismo !oi
rans!ormada em migalhas +uando mergulhada no socialismo real 84QRUR' <==1.
nreano' a !ala de alernai#as $ !or7ada' pois a +ueda do muro de ;erlim n,o
represenou o !im da e2plora%,o e da domina%,o capialisa e' porano' n,o de#eria
signi!icar a e2in%,o das uopias. 9,o signi!ica. m ouras pala#ras L... ese !racasso
n,o condu( ao !im da uopia' mas sim a !or7ar oura' no#a' sobre no#as basesH
84QRUR' <==1' p. ?TB.
Iilemas socioeconmicos e pol0icos' como a in7usi%a' n,o se !inali(aram' pois
o peso da #ida esá em oda !orma de opress,oH 8CA49:' 1EE=. 5á +uem a!irme
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+ue o capitalismo tem uma face humana. Annio Cndido 8<==1' p.> rebae
: capialismo n,o em !ace humana nenhuma. : capialismo $ baseado na mais-#alia e no e2$rcio de reser#a' como Mar2 de!iniu. & preciso er sempre miserá#eis para irar o e2cesso +ue o capial
precisar. a mais-#alia n,o em limie L.... : +ue se pensa +ue $ !acehumana do capialismo $ o +ue o socialismo arrancou dele com suor'lágrimas e sangue. 5o7e $ normal o operário rabalhar oio horas' er!$rias... udo $ con+uisa do socialismo.
*raa-se da cria%,o de !alsas uopias' como a de +ue um !uuro melhor
signi!icaria di!undir para oda a humanidade as con+uisas maeriais do capialismo'
como se isso !osse poss0#el. *raa-se de uma uopia !or7ada' ou melhor' de mais uma
ideologia' pois o status quo seria manido. 9,o se raa' a+ui' porano' de uma uopia'
pelo conrário. *raa-se' muio mais' do dese7o de manuen%,o do status quo e de sua
amplia%,o +ue' por sua #e(' implica a amplia%,o das in7usi%as. A ideologia' pelo
pessimismo +ue carrega' imobili(a a uopia' busca rebai2á-la a uma posi%,o subalerna.
9a conram,o da ideologia' a uopia busca a rans!orma%,o do status quo
8MA995M' 1EB<. As uopias s,o capa(es de desarmar as ideologias e produ(ir a
rans!orma%,o social.
duardo Galeano 8<==B' p. 1X' amb$m reconhece as conradi%3es e as
in7usi%as do capialismo +ue se !undamenam na marginali(a%,o o sisema n,o pre#iu
esa pe+uena chaea%,o o +ue sobra $ gene' L... o sisema #omia homens.H & essa
sobra +ue produ( crises. 4andana Shi#a 8<==?' p. 1= sublinha #6em-se L... o !racasso
da mudan%a de #alores' +ue se crisali(a no dilema enre superprodu(ir para
superconsumir em #e( de produ(ir para #i#er L...' o e#idene !racasso econmico desse
modelo Zno +ual mais alimeno signi!ica mais !ome[H. As uopias amb$m n,o podem
ser redu(idas ao pro7eo socialisa' ainda +ue n,o se de#a e2clu0-lo como re!er6ncia
imporane a ser re#isiada ou rein#enada nos ermos da conemporaneidade.
;oa#enura de Sousa Sanos 8<==D de!ende +ue a rein#en%,o do mundo
demanda a rein#en%,o das uopias' pois #i#emos em um mundo onde predominam as
uopias conser#adoras' +ue amb$m es,o em crise. sse auor' na sua obra' em pare'
criica o mar2ismo ou' mais precisamene' cero mar2ismo +ue perence a um empo +ue
7á se !oi as grandes eorias "s +uais nos acosumamos O de alguma maneira' o
mar2ismo e ouras correnes e radi%3es O n,o parecem nos ser#ir oalmene nese
momenoH 8SA9*:S' ;.' <==D' p. T1. A parir do pressuposo de +ue oda eoria esá
inscria no empo e no espa%o $ +ue esse pensador social reclama pela rein#en%,o da
cr0ica e da uopia 8SA9*:S' ;.' <==D.
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: mar2ismo en+uadra-se na racionalidade moderna' $ euroc6nrico' e uma
cr0ica conundene !eia " uopia ligada ao mar2ismo re!ere-se ao seu L... ideal da
unidade do saber' da uni#ersalidade do saber cien0!ico e de sua prima(iaH 8SA9*:S'
;.' <==D' p. T<. Assim' o mar2ismo comparilha da monoculura produ(ida pelo
conhecimeno cien0!ico' ou se7a' amb$m carrega uma arrogncia. nreano' n,o $ poss0#el superar o mar2ismo sem conhecer o mar2ismo. m ouras pala#ras' a cr0ica ao
mar2ismo n,o signi!ica +ue de#amos apagar o +ue o mar2ismo produ(iu. A !or%a do
mar2ismo sempre se apoiou no en!renameno das amea%adoras realidades sociaisH
8;MA9' <==X' p. 1>B.
Aprender sobre o mar2ismo cria aberuras para +uesionamenos' indaga%3es e
re!le23es sobre as inconsis6ncias e as lacunas dessa eoria cr0ica. ein#enar a uopia
signi!ica rein#enar a eoria cr0ica' a emancipa%,o social' a 7usi%a social' a democracia'como a ais mo#imenos se re!ere' em sua obra' ;oa#enura de Sousa Sanos. :u se7a'
n,o signi!ica abandonar essas ideias e' sim' repensá-las sob ouros parmeros' oura
)ica' oura l)gica' ou se7a' sob re!er6ncias conra-hegemnicas 8SA9*:S' ;.' <==D.
*al#e(' um mar2ismo rein#enado O a parir de ouras re!er6ncias subordinadas "s
e2is6ncias do presene e aos dilemas da conemporaneidade O 7amais poderá ser
negligenciado.
Milon Sanos 8<===' p.>B de!ende a imporncia social das uopias +uando
se e2clui a uopia' n)s nos empobrecemos imediaamene. : pr)prio o!0cio de eori(ar
pressup3e uma uopia. As $pocas +ue subesimam a uopia s,o $pocas de
empobrecimeno inelecual' $ico e es$ico.H As cr0icas e as uopias produ(em
imagens e)ricas +ue !uncionam como !ios de esperan%a. A amplia%,o da cr0ica
impulsiona a e2ens,o da rans!orma%,o da sociedade +ue se !undamena em posuras
conesadoras' se7am esas laenes ou inernali(adas. 5enri e!eb#re 8<==B' p.1T
resume
5o7e' mais do +ue nunca' n,o e2ise pensameno sem uopia. :u'en,o' se nos conenarmos em consaar' em rai!icar o +ue emos sobos olhos' n,o iremos longe' permaneceremos com os olhos !i2ados noreal. Como se di( seremos realisas... mas n,o pensaremos^ 9,oe2ise pensameno +ue n,o e2plore uma possibilidade' +ue n,o eneenconrar uma oriena%,o.
;oa#enura de Sousa Sanos 8<==D' p. >X= conclui a sua obra A gramática do tempo'
#alori(ando a uopia como uma resposa "+ueles +ue se consideram c$icos diane da
rans!orma%,o da sociedade
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se pro7eco pode parecer basane u)pico. &' ceramene' ,ou)pico +uano o respeio uni#ersal pela dignidade humana. nem porisso ese Jlimo dei2a de ser uma e2ig6ncia $ica s$ria. Como disseSarre' anes de concrei(ada' uma ideia apresena uma esranhasemelhan%a com a uopia. 9os empos +ue correm o imporane $ n,oredu(ir a realidade apenas ao +ue e2ise.
Milon Sanos' 5enri e!eb#re e ;oa#enura de Sousa Sanos de!endem a
eoria cr0ica e as imagens u)picas associadas a essa eoria. A eoria cr0ica carrega
uopias' +ue impulsionam a práica O sem se des#encilhar a práica da eoria. duardo
Galeano 8<==B' p. ?>1 descre#e o processo de produ%,o da eoria cr0ica algu$m
escre#e para raar de responder "s pergunas +ue lhe (umbem na cabe%a L...K e o +ue
algu$m escre#e pode ad+uirir senido colei#o +uando' de alguma maneira' coincide
com a necessidade social de resposaH.
As uopias carregam pergunas re!erenes ao empo' " his)ria A$ +uando/ Por
+uano empo essa realidade esará em #igor/ : +ue !aremos agora/ As resposas n,o
s,o ceras. As solu%3es n,o s,o e#idenes 8F;4' <==B. 5á +uem procure
resposas rápidas e pragmáicas' e essa posura amb$m desacredia o poencial das
uopias. Uma !ala recorrene $ o uso depreciai#o da pala#ra uopia. A maior pare dos
dicionários relaciona' ideologicamene' a uopia ao imposs0#el' ao irreal' ao ilus)rio' "
!anasia' impulsionando' porano' o esgoameno da cr0ica. 9essa perspeci#a' a
rans!orma%,o social $' muias #e(es' ridiculari(ada e' 7uno com ela' o s,o os su7eios
+ue a de!endem' aponados como u)picos num senido pe7orai#o a!inal' para +ue
criicar algo +ue n,o poderia ser rans!ormado/
9,o há rans!orma%,o em rápida #elocidade' da noie para o dia. la $
processual. A gesa%,o do no#o' na his)ria' dá-se' !re+uenemene' de modo +uase
impercep0#el para os conemporneos' 7á +ue suas semenes come%am a se impor
+uando ainda o #elho $ +uaniai#amene dominaneH 8SA9*:S' M.' <==>' p. 1>1. :
auor complemena por isso' siua%3es como a +ue agora de!ronamos parecemde!inii#as' mas n,o s,o #erdades eernasH 8SA9*:S' M.' <==>' p. 1D=. A
modernidade hegemnica $ a perspeci#a dominane' e as ideologias areladas a ela
di!iculam a rans!orma%,o inerene "s uopias. nreano' nos iners0cios da #ida
amb$m há di#ersos mo#imenos n,o hegemnicos em +ue a +ues,o !inanceira n,o $
cenral. : mundo moderno carrega ouros mundos +ue resisem ao hegemnico +ue
parece udo ara#essar.
A globali(a%,o amb$m carrega elemenos n,o hegemnicos' +ue direcionam possibilidades. A globali(a%,o rou2e inJmeras possibilidades de inercmbio de
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culuras' represena%3es e e2peri6ncias' ampliando e criando no#as #incula%3es sociais'
!omenando a discuss,o sobre problemáicas de alcance mundial e inaugurando no#os
modos de ser' de #er e pensar o mundo social 8:C5A' <==B' p. 1E?. Assim' para se
#isuali(arem L... ceros elemenos da realidade +ue !icaram in#is0#eis por s$culos' !oi
preciso ha#er uma mudan%a do pono de #isa' de en!o+ueH 8VW' <==<' p. TD' pois a pol0ica esa#a oda #olada para um lado s)' o lado dos de cimaH. ssa mudan%a de
en!o+ue !undamena no#as uopias' +ue es,o nos su7eios e nos lugares de resis6ncia'
presenes na pr)pria modernidade ou re!erenes a empos e espa%os n,o modernos.
As luas conra a domina%,o +ue oprime amb$m se e2pressam na #ida
moderna L... mo#imenos sociais de massa' +ue luam conra essas moderni(a%3es de
cima para bai2oH 8;MA9' <==X' p. <B. Como a!irma Milon Sanos 8<==>' p. 1>T'
:s de bai2oH n,o disp3em de meios 8maeriais e ouros para paricipar plenamene da culura moderna de massas. Mas sua culura' por ser baseada no erri)rio' no rabalho e no coidiano' ganha !or%as para de!ormar' ali mesmo' o impaco da culura de massas.
5á os +ue' sendo de bai2oH' olham para si mesmos com os olhos reinados
ideologicamene' ou se7a' como os de cimaH os olham. & mais uma armadilha
ideol)gica' pois' assim' eles luam' coidianamene' pelos de cimaH. A ideologia
dominane cria esse processo de imia%,o' pois o olhar dominane $ #iso como o
correo' $ a re!er6ncia. :s su7eios rans!ormam-se em ecos do hegemnico' o +ue lhes
silencia a pr)pria #o(.
A modernidade ena paralisar os su7eios diane da sua reali(a%,o hegemnica.
+ual+uer L... alernai#a radical " ordem dominane $ re7eiada como mani!esa%,o
de Zemoi#idade[ e irracionalidadeH 8M&SRQ:S' <==>' p. <>T. ssa $ mais um das
anas di!iculdades enconradas pelas uopias' pelas eorias cr0icas' pelas práicas
coidianas direcionadas para a sub#ers,o ao mundo hegemnico. Assim' desen#ol#e-se
a consci6ncia de +ue o desa!io $ bem maior' poso +ue as !or%as +ue o engendram
amb$m o s,oH 8:C5A' <==B' p. <=>. Muios aconecimenos !oram produ(idos de
maneira conra-hegemnica. Muias con+uisas !oram empreendidas de !orma
baalhadora. nreano' a magniude do desa!io ainda emerge como algo a ser
coidianamene en!renado por odosH 8:C5A' <==B' p. <=>.
Uopia $ esperan%a ai#a' $ lua diária conra a desesperan%a' conra a in7usi%a'
conra a ideologia dominane e sua reprodu%,o. & poder de conesa%,o +ue coninua a
e2isir' impulsionado pela perman6ncia da indigna%,o e dos sonhos' do esp0rio in+uieo'
pois processos sociais seguem caminhos +ue se consiuem um enre anos ouros
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poss0#eis. Agnes 5eller 8<==B' p. <B rea!irma essa ideia
As alernai#as his)ricas s,o sempre reais sempre $ poss0#el decidir'em !ace delas' de um modo di#erso da+uele em +ue realmene sedecide. 9,o era obriga)rio +ue o desen#ol#imeno social omasse a
!orma +ue omouK simplesmene !oi poss0#el +ue surgisse essacon!igura%,o 8ou oura.
A modernidade $ uma op%,o' $ uma escolha. Gilles ipo#es_y 8<==X
concorda com Agnes 5eller 8<==B +uando desaca +ue a sociedade do consumo em
massa produ(ida nos ineriores do capialismo $ uma in#en%,o social. n#en%,o $ um
ermo +ue sugere possibilidade e n,o' !aalidade. ssa ideia condu( " desnaurali(a%,o
dos processos sociais e' porano' abre hori(ones para se pensarem rans!orma%3es no
seio da sociedade conempornea' rea!irma as uopias. Como sublinha dgardo ander
8<==T' p. ?1' o processo de moderni(a%,o do mundo L... !oi udo' e2ceo nauralH. :
mundo $ criado por rela%3es sociais e repleo de signi!icados !eios por homens.
duardo Galeano 8<==B' p. <> amb$m conribui udo nos $ proibido' a n,o ser
cru(armos os bra%os/ A pobre(a n,o esá escria nos asrosK o subdesen#ol#imeno n,o $
!ruo de um obscuro des0gnio de IeusH.
Aceiar a naurali(a%,o da modernidade $ o mesmo +ue lavar as mãos diane
do mundo moderno e das suas in7usi%as. A busca de alernai#as " con!orma%,o
pro!undamene e2cludene e desigual do mundo moderno e2ige um es!or%o de
desconsru%,o do caráer uni#ersal e naural da sociedade capialisaH 8A9I' <==T'
p. <<. Marshall ;erman 8<==X' p. 1=X chama-nos ao compromisso Como membros
da sociedade moderna' somos odos responsá#eis pelas dire%3es nas +uais nos
desen#ol#emos' por nossas meas e reali(a%3es' pelo alo cuso humano a0 implicado.H
*raa-se da consci6ncia de n)s mesmos en+uano su7eios modernos. Ie#emos
inerrogar-nos e iner#ir' n,o aceiando o lugar de simples esemunhas oculares. A
+ues,o coloca-se no cerne da modernidade. sar na modernidade $ L... er aoporunidade de inerprear suas conradi%3es e esimular a sua cr0ica e sua supera%,oH
85SSA' <==<' p. E1.
: !uuro $ algo a ser criado e n,o' simplesmene aceio. Gilles ipo#es_y
8<==X' p. <= anuncia a sub#ers,o " sociedade do hiperconsumo' " no#a modernidade
L... cedo ou arde' chegará o momeno de sua supera%,o' +ue in#enará no#as maneiras
de produ(ir' de rocar' mas amb$m de a#aliar o consumo e de pensar a !elicidadeH.
5enri e!eb#re 8<==B' p. 1B re#ela a sua concep%,o de rans!orma%,o esse seria omomeno no +ual cessaria a reprodu%,o das rela%3es de produ%,o e2isenes' se7a por+ue
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a degrada%,o e a dissolu%,o a dominam' se7a por+ue no#as rela%3es se produ(em'
deslocam e subsiuem as anigas.H
: desa!io $ imenso e re+uer um incansá#el in#esimeno e es!or%o coidiano
#olar os olhares para L... as possibilidades e2isenes e escre#er uma no#a his)riaH
8SA9*:S' M.' <==>' p. <1' com ouros usos pol0icos' com rein#en%3es. 9,o $ !ácil^ demanda uma paci6ncia in!inia' por+ue n,o se muda o mundo de uma #e( e n,o se
pode des#encilhar-se dessa lua diane de obsáculos e suposos !racassos. Mesmo
+uando parece dar-se murro em ponta de faca' +uando parece +ue nada mudou e +ue
nada mudará' ainda há de ha#er as uopias. Mesmo +uando as uopias s,o su!ocadas'
silenciadas' in#isibili(adas' pois L... o impre#iso em suas +ualidades ele nos desa!iaH
8;:' <==?' p. <D. & melhor passar por suposos !racassos decorrenes de uma
lua u)pica do +ue ser' nessa lua' o #encedor do lado dominane. 4olamos " +ues,odo olhar. : +ue a ideologia hegemnica denomina !racassos s,o' muias #e(es' #i)rias.
5enri e!eb#re 8<==B' p. 1E desaba!a `s #e(es' na prosperidade +ue a Fran%a
capialisa conhece' dá #onade de griar ZAlera^ e#olu%,o ou more...[ : +ue n,o
signi!ica ZMorramos pela re#olu%,o[' mas ao conrário ZSe n,o +ueremos +ue
morramos' !a%am a re#olu%,o[.H Pensar acerca da conemporaneidade e' ao mesmo
empo' do passado e do !uuro $ #olar os olhos para os processos. Processos humanos
imbricados em rela%3es. As e2press3es da #ida humana enconram-se no diálogo e na
comunica%,o. : empo e o espa%o ganham signi!icados de acordo com os mo#imenos
humanos +ue organi(am e reorgani(am as rela%3es' a naure(a e cada um de n)s.
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