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Sistema de Contabilidade para o Sector Empresarial em Moçambique

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  • Sistema de Contabilidade para o Sector Empresarial em Moambique

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    Sistema de Contabilidade Empresarial

  • Sistema de Contabilidade para o Sector Empresarial em Moambique

    NDICE

    TTULO I PLANO GERAL DE CONTABILIDADE COM BASE NAS NIRF (PGC-NIRF)

    CAPTULO 1.1 INTRODUO AO PGC-NIRF

    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

    CAPTULO 1.3 REGRAS PARA A PRIMEIRA APLICAO DO PGC-NIRF

    CAPTULO 1.4 NORMAS DE CONTABILIDADE E DE RELATO FINANCEIRO

    CAPTULO 1.5 CDIGOS DE CONTAS

    CAPTULO 1.6 MODELOS DE DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    CAPTULO 1.7 GLOSSRIO DE TERMOS E EXPRESSES

    CAPTULO 1.8 TABELA DE CORRESPONDNCIA COM AS NIRF

    TTULO II PLANO GERAL DE CONTABILIDADE (PGC-PE)

    CAPTULO 2.1 INTRODUO AO PGC-PE

    CAPTULO 2.2 BASES, CONCEITOS E PRINCPIOS CONTABILSTICOS

    CAPTULO 2.3 MENSURAO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    CAPTULO 2.4 QUADRO E CDIGOS DE CONTAS

    CAPTULO 2.5 MODELOS DE DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    CAPTULO 2.6 CONTEDO E MOVIMENTAO DE ALGUMAS CONTAS

  • Sistema de Contabilidade para o Sector Empresarial em Moambique

    TTULO I

    CAPTULO 1.1 INTRODUO AO PGC-NIRF

    1

    CAPTULO 1.1 INTRODUO AO PGC - NIRF

  • Sistema de Contabilidade para o Sector Empresarial em Moambique

    TTULO I

    CAPTULO 1.1 INTRODUO AO PGC-NIRF

    2

    1. O novo Plano Geral de Contabilidade com base nas Normas Internacionais de Relato Financeiro (doravante abreviadamente designado por PGC - NIRF), um conjunto completo de princpios, regras e procedimentos que passam a constituir o normativo contabilstico aplicvel em Moambique s entidades que o Governo determine atravs de diploma legislativo.

    2. Conforme o nome indica, o PGC - NIRF um normativo baseado nas Normas Internacionais de Contabilidade (NIC) e nas Normas Internacionais de Relato Financeiro (NIRF) emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Board). As NICs e NIRFs, bem como o quadro conceptual subjacente e todas as interpretaes, so geralmente sujeitas a alteraes ao longo do tempo fruto das constantes alteraes nas condies econmicas e no aparecimento de novos negcios, circunstncias que suscitam processos de reviso de Normas j existentes ou de preparao de novas Normas. Para efeitos do PGC - NIRF o quadro conceptual e as Normas internacionais que serviram de base sua preparao so os que se encontravam em vigor at Outubro de 2008.

    3. Os textos das Normas de Contabilidade e de Relato Financeiro (NCRF) que constam deste novo Plano foram preparados para proporcionar aos seus utilizadores a mesma interpretao que dada pelas NICs e NIRFs emitidas pelo IASB que lhes servem de base. Contudo, as NCRFs no so uma traduo oficial nem integral das NICs e NIRFs emitidas pelo IASB e, consequentemente, a consulta e utilizao das NCRFs no dispensam, quando apropriado, que complementarmente se faa a leitura das normas internacionais que lhe serviram de base, bem como as eventuais alteraes que entretanto possam ter sido efectuadas naquelas Normas Internacionais.

    4. Sistematicamente, o PGC - NIRF est dividido em trs grupos distintos de matrias: um primeiro grupo, mais conceptual, que compreende os Captulos 1.2 a 1.4; um outro grupo, de natureza mais prtica, que compreende os Captulos 1.5 e 1.6; e um terceiro grupo, de carcter mais informativo, que compreende os Captulos 1.7 e 1.8.

    5. O Captulo 1.2 dedicado ao Quadro Conceptual e uma das peas mais importantes deste novo normativo. De facto, toda a estrutura das NCRFs desenvolvidas no Captulo 1.4 est baseada nos conceitos previstos neste captulo que, nesta matria, est muito prximo da Estrutura Conceptual definida pelo IASB. O Captulo 1.3 dedicado a estabelecer as regras de transio para as entidades que apliquem pela primeira vez o PGC - NIRF sendo tambm de fundamental importncia dado que tem implicaes em mais que um exerccio econmico. O Captulo 1.4 compreende o conjunto de NCRFs que sero aplicadas no reconhecimento, mensurao, apresentao e divulgao das futuras transaces e acontecimentos.

    6. O Captulo 1.5 inclui dois quadros de contas (um sinttico e outro detalhado) de aplicao obrigatria mas com suficiente margem para permitir s diversas entidades a sua adaptao face aos seus negcios. O Captulo 1.6 compreende os modelos obrigatrios de demonstraes financeiras a preparar de acordo com o reconhecimento, mensurao, apresentao e divulgao exigidos nas NCRFs.

    7. O Captulo 1.7 compreende um glossrio de termos e expresses usadas nas NCRFs para tornarem a sua interpretao uniforme e sem dvidas para os utilizadores. Por ltimo, o Captulo 1.8 um quadro de equivalncias entre as NCRFs e as correspondentes NICs e NIRFs para efeitos de consulta do original quando aplicvel.

  • Sistema de Contabilidade para o Sector Empresarial em Moambique

    TTULO I

    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

    3

    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

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    TTULO I

    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

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    NDICENDICENDICENDICE Pargrafos

    INTRODUO 1-9

    Finalidade 1-2

    mbito 3-6

    Os utilizadores e suas necessidades de informao 7-9

    O OBJECTIVO DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS 10-19

    Posio financeira, desempenho e alteraes na posio financeira 13-19

    PRESSUPOSTOS SUBJACENTES 20-21

    Base do acrscimo 20

    Continuidade das operaes 21

    CARACTERSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS 22-44

    Compreensibilidade 23

    Relevncia 24-28

    Fiabilidade 29-36

    Comparabilidade 37-40

    Constrangimentos informao relevante e fivel 41-43

    Imagem verdadeira e apropriada/apresentao apropriada 44

    OS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS 45-79

    Posio financeira 47-49

    Activos 50-56

    Passivos 57-62

    Capital prprio 63-66

    Desempenho 67-71

    Rendimentos 72-75

    Gastos 76-78

    Ajustamentos de manuteno do capital 79

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    TTULO I

    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

    5

    RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS 80-96

    A probabilidade de benefcios econmicos futuros 83

    Fiabilidade da mensurao 84-86

    Reconhecimento de activos 87-88

    Reconhecimento de passivos 89

    Reconhecimento de rendimentos 90-91

    Reconhecimento de gastos 92-96

    MENSURAO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS 97-99

    CONCEITOS DE CAPITAL E DE MANUTENO DE CAPITAL 100-108

    Conceitos de capital 100-101

    Conceitos de manuteno de capital e da determinao do lucro 102-108

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    TTULO I

    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

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    INTRODUO

    FinalidadeFinalidadeFinalidadeFinalidade

    1. O presente Quadro Conceptual estabelece os conceitos que esto na base da preparao e apresentao de demonstraes financeiras para utilizadores externos, e tem como finalidades:

    (a) ajudar aqueles que preparam demonstraes financeiras na aplicao do PGC - NIRF;

    (b) ajudar os auditores a formar uma opinio sobre se as demonstraes financeiras esto preparadas em conformidade com o

    PGC - NIRF;

    (c) ajudar os utilizadores das demonstraes financeiras na interpretao da informao includa nas demonstraes financeiras preparadas em conformidade com o PGC - NIRF.

    2. Este Quadro Conceptual no uma Norma de Contabilidade e de Relato Financeiro nem o seu contedo substitui uma qualquer

    Norma de Contabilidade e de Relato Financeiro includa no PGC - NIRF. Se em alguma circunstncia particular existir um conflito de entendimento entre o presente Quadro Conceptual e uma Norma de Contabilidade e de Relato Financeiro includa no PGC - NIRF, a Norma prevalecer.

    mbitombitombitombito

    3. O presente Quadro Conceptual aborda os seguintes assuntos:

    (a) objectivo das demonstraes financeiras;

    (b) caractersticas qualitativas que determinam a utilidade da informao constante das demonstraes financeiras;

    (c) definio, reconhecimento e mensurao dos elementos a partir dos quais so elaboradas as demonstraes financeiras; e

    (d) dos conceitos de capital e de manuteno de capital. 4. O presente Quadro Conceptual aplica-se s demonstraes financeiras com finalidades gerais (daqui em diante referidas apenas

    como demonstraes financeiras). Estas demonstraes financeiras, que incluem as demonstraes financeiras consolidadas, so preparadas e apresentadas pelo menos uma vez por ano e visam as necessidades comuns de informao de um conjunto alargado de utilizadores. Apesar de alguns destes utilizadores poderem exigir, e terem o poder de obter, informao adicional apresentada nas demonstraes financeiras, a maioria destes utilizadores tem que confiar nas demonstraes financeiras como a principal fonte de informao financeira e, por conseguinte, tais demonstraes financeiras devem ser preparadas e apresentadas tendo em vista as suas necessidades.

    5. Relatrios financeiros com finalidades especiais, tais como declaraes e clculos efectuados para efeitos fiscais, no fazem parte

    do mbito deste Quadro Conceptual. 6. As demonstraes financeiras so parte do processo de relato financeiro. Um conjunto completo de demonstraes financeiras inclui

    geralmente um balano, uma demonstrao dos resultados, uma demonstrao de fluxos de caixa, uma demonstrao das alteraes no capital prprio e as notas descritivas, informaes adicionais e mapas suplementares (em conjunto notas explicativas) que sejam parte das demonstraes financeiras. Porm, as demonstraes financeiras no incluem relatrios sobre a gesto dos negcios e actividade de uma entidade, elaborados pelos seus administradores ou directores, que podem estar includos num relatrio anual global sobre a entidade.

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    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

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    Os utilizadores e as necessidades de informaoOs utilizadores e as necessidades de informaoOs utilizadores e as necessidades de informaoOs utilizadores e as necessidades de informao

    7. Fazem parte dos utilizadores das demonstraes financeiras, para satisfao de diferentes necessidades de informao, os actuais e os potenciais investidores, empregados, financiadores, fornecedores, clientes, governos e seus departamentos e o pblico em geral. Essas diferentes necessidades de informao incluem:

    (a) Investidores as sociedades de capital de risco e os seus consultores preocupam-se com o risco inerente e com o retorno

    proporcionado pelos seus investimentos e necessitam de informao que os ajude a decidir se devem comprar, manter ou vender esses investimentos. Paralelamente, os detentores de capital esto tambm interessados em informaes que os habilitem a avaliar a capacidade da entidade em pagar dividendos.

    (b) Empregados os empregados e os seus grupos representativos esto interessados em informaes sobre a estabilidade e

    rentabilidade das entidades para quem trabalham. Esto igualmente interessados em informaes que lhes permitam avaliar a capacidade da entidade para pagar as remuneraes e as penses e em proporcionar oportunidades de emprego.

    (c) Financiadores os financiadores esto interessados em informaes que lhes permitam determinar se os emprstimos

    concedidos e os respectivos juros sero pagos na data do vencimento.

    (d) Fornecedores os fornecedores, e outros credores comerciais, esto interessados em informaes que lhes permitam avaliar se os montantes que lhes so devidos sero pagos na data do vencimento.

    (e) Clientes os clientes tm interesse em informao relacionada com a continuidade de uma entidade, especialmente quando

    tm um envolvimento de longo prazo com a entidade ou esto dela dependentes.

    (f) Governos e seus departamentos os governos e seus departamentos esto interessados na alocao de recursos e, consequentemente, nas actividades da entidade. Por isso, tambm exigem informaes com o objectivo de regular as actividades das entidades e determinar polticas fiscais, e como base para elaborao de estatsticas.

    (g) Publico em geral As entidades afectam o pblico em geral de vrias formas. Por exemplo, as entidades podem ter uma

    contribuio significativa para a economia local atravs dos empregos que criam e do suporte aos fornecedores locais. As demonstraes financeiras podem ajudar o pblico proporcionando informao sobre as tendncias e desenvolvimentos recentes do crescimento da entidade e do espectro das suas actividades.

    8. Se bem que todas as necessidades de informao destes utilizadores no so satisfeitas apenas atravs de demonstraes

    financeiras, h necessidades que so comuns a todos os utilizadores. Por exemplo, dado que os investidores so os fornecedores de capital de risco entidade, a existncia de demonstraes financeiras que satisfaam as suas necessidades, satisfazem igualmente as necessidades da maioria de outros utilizadores.

    9. O rgo de gesto de uma entidade o principal responsvel pela preparao e apresentao de demonstraes financeiras dessa

    entidade. O rgo de gesto , tambm, uma parte interessada na informao contida nas demonstraes financeiras muito embora tenha acesso a informao financeira e de gesto adicionais que o ajudam a executar as suas responsabilidades de planeamento, de tomada de decises e de controlo. Este rgo tem a capacidade de decidir a forma e o contedo dessa informao adicional que v de encontro s suas necessidades. Porm, o relato desta informao adicional no faz parte do mbito deste Quadro Conceptual.

    O OBJECTIVO DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    10. O objectivo das demonstraes financeiras o de proporcionar informaes sobre a posio financeira, o desempenho e as alteraes na posio financeira de uma entidade e que seja til a um conjunto alargado de utilizadores para tomarem decises econmicas.

    11. As demonstraes financeiras preparadas com esta finalidade satisfazem as necessidades comuns da maioria dos utilizadores.

    Contudo, as demonstraes financeiras no proporcionam toda a informao que os utilizadores possam precisar para tomarem decises econmicas dado que tais demonstraes financeiras reflectem, em grande medida, os efeitos financeiros de acontecimentos passados e no proporcionam necessariamente informao no financeira.

    12. As demonstraes financeiras mostram igualmente os resultados da gesto ou a responsabilidade da gesto pelos recursos que lhes

    foram confiados. Os utilizadores que desejem avaliar o desempenho da gesto, fazem-no para que possam tomar decises econmicas que podem incluir, por exemplo, se devem vender ou manter os seus investimentos na entidade ou se devem reeleger ou substituir os membros do rgo de gesto.

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    Posio financeira, desempenho e alteraes na posio finanPosio financeira, desempenho e alteraes na posio finanPosio financeira, desempenho e alteraes na posio finanPosio financeira, desempenho e alteraes na posio financeiraceiraceiraceira

    13. As decises econmicas que so tomadas pelos utilizadores das demonstraes financeiras requerem uma avaliao da capacidade de uma entidade em gerar caixa ou equivalentes de caixa, bem como do momento e do grau de certeza da sua ocorrncia. Esta capacidade revela, em ltima anlise, a aptido de uma entidade em pagar aos seus empregados e fornecedores, satisfazer os compromissos com os financiadores e distribuir dividendos aos detentores do capital. Os utilizadores das demonstraes financeiras esto melhor habilitados em avaliar a capacidade de uma entidade em gerar caixa ou equivalentes de caixa, se tiverem informao que d nfase posio financeira, ao desempenho e s alteraes na posio financeira dessa entidade.

    14. A posio financeira de uma entidade afectada pelos recursos econmicos que controla, pela sua estrutura financeira, a sua

    liquidez e solvncia, e a sua capacidade para se adaptar s mudanas no ambiente em que opera. A informao sobre os recursos econmicos controlados pela entidade e a sua capacidade de, no passado, modificar estes recursos, til para prever a capacidade da entidade em gerar caixa ou equivalentes de caixa no futuro. A informao acerca da estrutura financeira til para prever futuras necessidades de financiamento e determinar como que os lucros e os fluxos de caixa futuros sero distribudos por aqueles que tm um interesse na entidade e, tambm, para prever qual o provvel grau de sucesso que haver na obteno de novos financiamentos. A informao sobre a liquidez e a solvncia til para prever a capacidade da entidade quanto ao cumprimento dos seus compromissos financeiros na data do vencimento. A liquidez refere-se disponibilidade de caixa no futuro prximo aps se tomar em considerao os compromissos financeiros nesse perodo. A solvncia refere-se disponibilidade de caixa num perodo mais longo para satisfazer compromissos financeiros quando se vencem.

    15. A informao acerca do desempenho de uma entidade, em particular quanto sua rentabilidade, exigida para avaliar alteraes

    potenciais nos recursos econmicos que provavelmente ir controlar no futuro e, a este respeito, a informao acerca da variabilidade do desempenho importante. A informao acerca do desempenho til para prever a capacidade da entidade para gerar fluxos de caixa a partir dos seus principais recursos actuais, bem como para fazer juzos sobre a eficcia com a qual a entidade pode decidir a utilizao de recursos adicionais.

    16. A informao acerca das alteraes na posio financeira de uma entidade til para avaliar as suas actividades operacionais, de

    investimento e de financiamento durante o perodo contabilstico. Esta informao til ao proporcionar aos utilizadores as bases para avaliar a capacidade da entidade para gerar caixa e equivalentes de caixa e as necessidades da entidade para usar esses fluxos de caixa. Na construo de uma demonstrao de alteraes na posio financeira, os fundos podem ser definidos de vria forma tais como, todos os recursos financeiros, fundo de maneio, activos lquidos ou caixa. O presente Quadro Conceptual no assume qualquer definio especfica de fundos.

    17. A informao acerca da posio financeira dada principalmente no balano. A informao acerca do desempenho dada

    principalmente numa demonstrao dos resultados. A informao acerca das alteraes na posio financeira dada atravs de uma demonstrao especfica.

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    18. As componentes das demonstraes financeiras interrelacionam-se entre si porque reflectem diferentes aspectos das mesmas transaces ou acontecimentos. Embora cada demonstrao proporcione informao que diferente das outras, nenhuma delas serve apenas um nico objectivo ou proporciona toda a informao necessria para necessidades particulares de utilizadores. Por exemplo, uma demonstrao dos resultados d uma imagem incompleta do desempenho a no ser que seja usada em conjunto com o balano e com a demonstrao das alteraes na posio financeira.

    19. As demonstraes financeiras tambm incluem notas explicativas. Por exemplo, podem incluir informao adicional que relevante

    para as necessidades dos utilizadores sobre itens do balano e da demonstrao dos resultados. Podem incluir divulgaes sobre os riscos e incertezas que afectam a entidade e quaisquer recursos e obrigaes no reconhecidos no balano (por exemplo, reservas de recursos minerais). Informao sobre segmentos geogrficos e de indstria, bem como sobre o efeito numa entidade da variao de preos, podem tambm ser divulgados na forma de informao suplementar.

    PRESSUPOSTOS SUBJACENTES

    Base do acrscimoBase do acrscimoBase do acrscimoBase do acrscimo

    20. Para atingirem os seus objectivos, as demonstraes financeiras so preparadas na base contabilstica do acrscimo. De acordo com esta base, os efeitos das transaces e de outros acontecimentos so reconhecidos quando ocorrem (e no quando a caixa ou seus equivalentes so recebidos ou pagos), e so registados na contabilidade e relatados nas demonstraes financeiras dos perodos a que dizem respeito. As demonstraes financeiras preparadas na base do acrscimo do a conhecer aos utilizadores no s as transaces passadas que envolvem pagamentos e recebimentos de caixa, mas tambm as obrigaes para pagamentos de caixa no futuro e os recursos que representam caixa a ser recebida no futuro. Assim, as demonstraes financeiras evidenciam o tipo de informao sobre transaces passadas e outros acontecimentos que seja mais til aos utilizadores para tomarem decises econmicas.

    Continuidade das operaesContinuidade das operaesContinuidade das operaesContinuidade das operaes

    21. As demonstraes financeiras so geralmente preparadas no pressuposto de que a entidade tem operado continuadamente e que continuar a operar no futuro previsvel. Assim, assume-se que a entidade no tem inteno, nem necessidade, de cessar as suas operaes ou de reduzir significativamente o seu volume. Se tal inteno ou necessidade existir, as demonstraes financeiras podem ter que ser preparadas numa base diferente e, nesse caso, a base usada deve ser divulgada.

    CARACTERSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    22. As caractersticas qualitativas so os atributos que fazem com que a informao proporcionada pelas demonstraes financeiras seja til para os utilizadores. As quatro caractersticas qualitativas principais so a compreensibilidade, a relevncia, a fiabilidade e a comparabilidade.

    CCCCompreensibilidadeompreensibilidadeompreensibilidadeompreensibilidade

    23. Uma qualidade essencial da informao proporcionada nas demonstraes financeiras de que ela seja rapidamente compreendida pelos utilizadores. Para este objectivo, assume-se que os utilizadores tm um conhecimento razovel de negcios e actividades econmicas, bem como de contabilidade, e uma vontade para analisarem a informao com razovel diligncia. Contudo, a informao sobre assuntos complexos que deva ser includa nas demonstraes financeiras dada a sua relevncia para o processo de deciso econmica dos utilizadores, no deve ser excluda apenas com a justificao de que demasiado difcil para alguns utilizadores a entenderem.

    Relevncia Relevncia Relevncia Relevncia

    24. Para ser til, a informao deve ser relevante para as necessidades de tomadas de deciso dos utilizadores. A informao tem a qualidade de relevncia quando influencia as decises econmicas dos utilizadores ajudando-os a avaliar os acontecimentos passados, presentes ou futuros, ou confirmando ou corrigindo avaliaes suas feitas no passado.

    25. As funes preditivas e confirmatrias da informao esto interrelacionadas. Por exemplo, a informao acerca do nvel e da

    estrutura actuais do patrimnio tem valor para os utilizadores quando eles tentam prever a capacidade da entidade em aproveitar as oportunidades e em reagir a situaes adversas. A mesma informao tem uma funo confirmatria em relao a previses passadas, por exemplo, sobre a forma como a entidade estaria estruturada ou sobre o resultado de operaes planificadas.

    26. A informao sobre a posio financeira e o desempenho passado frequentemente usada como base para prever para o futuro a

    posio financeira e o desempenho bem como outros assuntos nos quais os utilizadores esto interessados, tais como pagamentos de dividendos e de salrios, variaes na cotao dos ttulos, e a capacidade da entidade para cumprir com as suas obrigaes na

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    data do vencimento. Para ter valor preditivo, a informao no precisa de estar sob a forma de previso explcita. A capacidade de fazer previses a partir das demonstraes financeiras porm melhorada pela forma atravs da qual a informao sobre transaces e acontecimentos passados apresentada. Por exemplo, o valor preditivo da demonstrao dos resultados melhorado se forem separadamente evidenciados itens de rendimentos ou gastos no usuais, anormais ou infrequentes.

    Materialidade

    27. A relevncia da informao afectada pela sua natureza e materialidade. Em alguns casos, a natureza da informao por si s suficiente para determinar a sua relevncia. Por exemplo, o relato de um novo segmento de negcio pode afectar a avaliao dos riscos e oportunidades que a entidade enfrenta independentemente da materialidade dos resultados alcanados pelo novo segmento no perodo contabilstico. Noutros casos, tanto a natureza como a materialidade so importantes como, por exemplo, os valores dos inventrios por cada uma das categorias principais que so apropriados ao negcio.

    28. A informao material se a sua omisso ou incorreco puder influenciar as decises econmicas dos utilizadores tomadas com

    base nas demonstraes financeiras. A materialidade depende da dimenso do item ou do erro julgado na circunstncia particular da sua omisso ou incorreco. Assim, a materialidade proporciona um limite ou ponto de corte no sendo uma caracterstica qualitativa principal que a informao deve ter para ser til.

    FiabilidadeFiabilidadeFiabilidadeFiabilidade

    29. Para ser til, a informao tem que ser fivel. A informao tem a qualidade da fiabilidade quando est isenta de erro material ou de influncias e os utilizadores dela possam depender ao representar fidedignamente o que ela pretende representar ou que possa razoavelmente esperar-se que represente.

    30. A informao pode ser relevante mas de tal forma no fivel em natureza ou representao que o seu reconhecimento pode ser

    potencialmente enganador. Por exemplo, se a validade e o valor de uma reclamao por danos esto em disputa num processo judicial, pode ser inapropriado para uma entidade reconhecer o valor da reclamao no balano, embora possa ser apropriado divulgar o valor e as circunstncias do litgio.

    Representao fidedigna

    31. Para ser fivel, a informao deve representar fidedignamente as transaces e outros acontecimentos que pretende representar ou que possa razoavelmente esperar-se que represente. Assim, por exemplo, um balano deve representar fidedignamente na data do relato as transaces e outros acontecimentos que resultam em activos, passivos e capital prprio da entidade que satisfaam os critrios de reconhecimento.

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    32. Muita da informao financeira est sujeita ao risco de no ser (ou de ser menos do que) a representao fidedigna daquilo que pretende retratar. Isto no devido a quaisquer incorreces ou influncias mas antes s dificuldades inerentes tanto na identificao das transaces e outros acontecimentos a mensurar, como na concepo ou aplicao de tcnicas de mensurao e apresentao que podem sugerir mensagens que correspondem aquelas transaces e acontecimentos. Em alguns casos, a mensurao dos efeitos financeiros dos itens pode ser to incerta que as entidades geralmente no os reconhecem nas demonstraes financeiras. Por exemplo, embora muitas empresas originem goodwill internamente no decurso do tempo, geralmente difcil identificar ou mensurar esse goodwill com fiabilidade. Noutros casos, contudo, pode ser relevante reconhecer itens e divulgar o risco de erro que envolve o seu reconhecimento e mensurao.

    Substncia sobre a forma

    33. Se a informao existe para representar fidedignamente as transaces e outros acontecimentos que pretende representar, necessrio que essas transaces e outros acontecimentos sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua substncia e realidade econmica e no meramente a sua forma legal. A substncia das transaces ou outros acontecimentos no sempre consistente com a que evidente da sua forma legal. Por exemplo, uma entidade pode vender um activo a uma outra entidade de tal forma que a documentao sugere que a propriedade legal transmitida a essa outra entidade. Porm, podem existir acordos que assegurem que a entidade vendedora continua a usufruir dos benefcios econmicos futuros incorporados no activo. Nestas circunstncias, o relato da venda no representaria fidedignamente a transaco efectuada podendo at questionar-se se, de facto, existiu uma transaco.

    Neutralidade

    34. Para ser fivel, a informao contida nas demonstraes financeiras deve ser neutral, isto , isenta de quaisquer influncias. As demonstraes financeiras no so neutras se, atravs da seleco e apresentao de informao, elas influenciarem uma tomada de deciso ou um julgamento com o objectivo de atingir um resultado ou uma concluso pr-fixados.

    Prudncia

    35. Aqueles que preparam demonstraes financeiras tm que lidar com as incertezas que inevitavelmente afectam muitos acontecimentos e circunstncias tais como, a dvida sobre a cobrana de valores a receber, a vida til estimada de instalaes e equipamentos e o nmero de garantias que possam vir a ser reclamadas. Estas incertezas so reconhecidas atravs da divulgao da sua natureza e quantia e atravs do exerccio de prudncia na preparao das demonstraes financeiras. A prudncia a incluso de um grau de cautela no exerccio dos julgamentos necessrios para a elaborao das estimativas em condies de incerteza de tal forma que os activos e os rendimentos no sejam sobrevalorizados e os passivos e os gastos no sejam subvalorizados. Porm, o exerccio da prudncia no permite, por exemplo, a constituio de reservas ocultas ou provises excessivas, a subvalorizao intencional de activos e rendimentos ou a sobrevalorizao intencional de passivos e gastos, porque as demonstraes financeiras no seriam neutras e, consequentemente, no teriam a qualidade da fiabilidade.

    Plenitude

    36. Para que seja fivel, a informao constante das demonstraes financeiras deve ser completa dentro dos limites de materialidade e de custo. Uma omisso pode originar que a informao seja falsa ou incorrecta e, assim, no fivel e deficiente em termos da sua relevncia.

    ComparabilidadeComparabilidadeComparabilidadeComparabilidade

    37. Os utilizadores devem ser capazes de comparar as demonstraes financeiras de uma entidade no decurso do tempo a fim de identificarem tendncias na posio financeira e no desempenho dessa entidade. Os utilizadores devem igualmente ser capazes de comparar a informao financeira de diferentes entidades a fim de avaliar a sua posio relativa quanto posio financeira, desempenho e variaes na posio financeira. Por conseguinte, a mensurao e a apresentao dos efeitos financeiros de transaces e outros acontecimentos iguais devem ser efectuadas de forma consistente na entidade, no decurso do tempo nessa entidade, e de forma consistente para diferentes entidades.

    38. Uma implicao relevante da caracterstica qualitativa da comparabilidade a de que os utilizadores sejam informados das polticas contabilsticas adoptadas na preparao das demonstraes financeiras, das alteraes dessas polticas e dos efeitos dessas alteraes. Os utilizadores devem ser capazes de identificar diferenas entre polticas contabilsticas adoptadas pela mesma entidade de perodo para perodo, e por diferentes entidades, em relao a transaces e outros acontecimentos de igual natureza. O cumprimento das Normas de Contabilidade e de Relato Financeiro, incluindo a divulgao das polticas contabilsticas adoptadas pela entidade, ajuda a atingir a caracterstica qualitativa da comparabilidade.

    39. A comparabilidade no deve ser confundida com a mera uniformidade e no deve ser permitido que se torne um impedimento

    introduo de normas contabilsticas mais desenvolvidas. No apropriado que uma entidade continue a contabilizao de uma

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    transaco ou outro acontecimento da mesma forma, se a poltica adoptada no mantiver as caractersticas qualitativas de relevncia e de fiabilidade. Tambm no apropriado que uma entidade no altere as suas polticas contabilsticas quando existem alternativas mais relevantes e fiveis.

    40. Dado que os utilizadores querem comparar a posio financeira, o desempenho e as alteraes na posio financeira de uma

    entidade ao longo do tempo, importante que as demonstraes financeiras mostrem a informao correspondente de perodos anteriores.

    Constrangimentos informao relevante e fivelConstrangimentos informao relevante e fivelConstrangimentos informao relevante e fivelConstrangimentos informao relevante e fivel

    Oportunidade

    41. Se existir um atraso no justificado no relato da informao esta pode perder a sua relevncia. O rgo de gesto pode ter que ponderar os mritos relativos do relato em tempo oportuno com a prestao de informao fivel. Para prestar informao em tempo oportuno, pode ser muitas vezes necessrio fazer o relato antes de todos os aspectos de uma transaco ou outro acontecimento serem conhecidos diminuindo, assim, a fiabilidade. Ao contrrio, se o relato for atrasado at que todos esses aspectos sejam conhecidos, a informao ser muito mais fivel mas de pouca utilidade para os utilizadores que, entretanto, tiveram que tomar decises. Para se atingir um equilbrio entre a relevncia e a fiabilidade, a considerao mais relevante a ter em conta a de como melhor satisfazer as necessidades dos utilizadores na tomada de decises econmicas.

    Equilbrio entre benefcio e custo

    42. O equilbrio entre benefcio e custo mais um constrangimento subtil do que uma caracterstica qualitativa. Os benefcios resultantes da informao devem exceder os custos de a prestar. Porm, a avaliao dos benefcios e custos em larga medida um processo de julgamento. Adicionalmente, os custos no recaem necessariamente nos utilizadores que usufruem dos benefcios, pois os benefcios podem tambm ser usufrudos por outros utilizadores que no aqueles para quem a informao preparada. Por exemplo, a prestao de mais informao a financiadores pode reduzir os custos dos emprstimos de uma entidade. Por estas razes difcil aplicar o teste custo/benefcio em qualquer caso particular, mas os preparadores e os utilizadores das demonstraes financeiras devem estar cientes deste constrangimento.

    Equilbrio entre as caractersticas qualitativas

    43. Na prtica, muitas vezes necessrio um equilbrio entre as caractersticas qualitativas. O objectivo , geralmente, o de conseguir um equilbrio apropriado entre todas as caractersticas de forma a atingir o objectivo das demonstraes financeiras. A importncia relativa das caractersticas em diferentes circunstncias uma questo de julgamento profissional.

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    Imagem verdadeira e apropriada/apresentao apropriadaImagem verdadeira e apropriada/apresentao apropriadaImagem verdadeira e apropriada/apresentao apropriadaImagem verdadeira e apropriada/apresentao apropriada

    44. As demonstraes financeiras so frequentemente descritas como mostrando uma imagem verdadeira e apropriada, ou uma apresentao apropriada, da posio financeira, do desempenho e das alteraes na posio financeira de uma entidade. Muito embora o presente Quadro Conceptual no lide directamente com estes conceitos, a aplicao das principais caractersticas qualitativas e de normas contabilsticas apropriadas, resulta geralmente na existncia de demonstraes financeiras que expressam o que comummente entendido como a imagem verdadeira e apropriada, ou como a apresentao apropriada, de tal informao.

    OS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    45. As demonstraes financeiras retratam os efeitos financeiros das transaces e outros acontecimentos agrupando-os em grandes classes conforme as suas caractersticas econmicas. Estas grandes classes so chamados os elementos das demonstraes financeiras. Os elementos directamente relacionados com a mensurao da posio financeira no balano so os activos, os passivos e o capital prprio. Os elementos directamente relacionados com a mensurao do desempenho na demonstrao dos resultados so os rendimentos e os gastos. A demonstrao das variaes na posio financeira reflecte geralmente elementos da demonstrao dos resultados e variaes nos elementos do balano e, assim, o presente Quadro Conceptual no identifica quaisquer elementos que sejam nicos para esta demonstrao.

    46. A apresentao destes elementos no balano e na demonstrao dos resultados implica um processo de sub classificao. Por

    exemplo, os activos e os passivos podem ser classificados pela sua natureza ou funo no negcio da entidade a fim de mostrarem a informao da forma mais til aos utilizadores para tomarem decises econmicas.

    Posio financeiraPosio financeiraPosio financeiraPosio financeira

    47. Os elementos directamente relacionados com a mensurao da posio financeira so os activos, os passivos e o capital prprio e so definidos como segue:

    (a) Um activo um recurso controlado pela entidade como resultado de acontecimentos passados e do qual se espera que fluam

    para a entidade benefcios econmicos futuros.

    (b) Um passivo uma obrigao presente da entidade resultante de acontecimentos passados, de cuja liquidao se espera que resultem para a entidade sadas de recursos incorporando benefcios econmicos.

    (c) O capital prprio o interesse residual nos activos da entidade depois de deduzidos todos os passivos.

    48. As definies de um activo e de um passivo identificam as suas caractersticas essenciais mas no pretendem especificar os critrios

    que necessitam ser satisfeitos antes de serem reconhecidos no balano. Assim, as definies abarcam itens que no so reconhecidos como activos ou passivos no balano porque no satisfazem os critrios para reconhecimento referidos nos pargrafos 80 a 96. Em particular, a expectativa de que benefcios econmicos futuros fluiro de, ou para, a entidade, deve ser suficientemente certa para cumprir o critrio de probabilidade referido no pargrafo 83, antes de o activo ou o passivo ser reconhecido.

    49. Ao avaliar se um item satisfaz as definies de activo, de passivo ou de capital prprio, deve ser dada ateno substncia e

    realidade econmica inerente e no somente sua forma legal. Assim, por exemplo, no caso das locaes financeiras, a substncia e a realidade econmica so as de que o locatrio adquire os benefcios econmicos do uso do activo locado durante a maior parte da sua vida til, por contrapartida da assuno de uma obrigao para pagar por aquele direito uma quantia aproximada do justo valor do activo e respectivos encargos financeiros. Consequentemente, a locao financeira d lugar a itens que satisfazem as definies de activo e de passivo e so como tal reconhecidos no balano do locatrio.

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    ActivosActivosActivosActivos

    50. O benefcio econmico futuro incorporado num activo o potencial para contribuir, directa ou indirectamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade. Este potencial pode ser o potencial produtivo que faz parte das actividades operacionais da entidade mas pode tambm tomar a forma de algo convertvel em caixa ou equivalente de caixa. Pode ainda ser a capacidade de reduzir sadas de caixa como, por exemplo, no caso de uma reduo dos custos de produo por utilizao de processos alternativos de fabrico.

    51. Uma entidade emprega geralmente os seus activos para produzir bens ou servios capazes de satisfazer as necessidades e desejos de

    clientes. Porque estes bens e servios satisfazem as necessidades de clientes, estes esto dispostos a pag-los e, assim, contribuir para o fluxo de caixa da entidade. A caixa em si mesma presta um servio entidade dado o seu domnio em relao a outros recursos.

    52. Os benefcios econmicos futuros incorporados num activo podem fluir para a entidade de vrias formas. Assim, um activo pode ser:

    (a) usado isoladamente ou combinado com outros activos na produo de bens e servios para serem vendidos pela entidade;

    (b) trocado por outros activos;

    (c) usado para liquidar uma obrigao;

    (d) distribudo pelos detentores de capital da entidade. 53. Muitos activos, como os terrenos e edifcios, as instalaes e os equipamentos tm forma fsica. Contudo, a forma fsica no

    essencial para a existncia de um activo e, assim, as patentes e os direitos de autor, por exemplo, so activos se deles forem esperados benefcios econmicos futuros que fluam para a entidade e se forem por ela controlados.

    54. Muitos activos, como as contas a receber e os terrenos e edifcios, esto associados a direitos legais incluindo o direito de

    propriedade. Na determinao da existncia de um activo, o direito de propriedade no essencial. Assim, por exemplo, um edifcio detido atravs de locao um activo se a entidade controlar os benefcios que se espera fluam do edifcio. Embora a capacidade de uma entidade para controlar benefcios seja geralmente resultado de direitos legais, um item pode contudo satisfazer a definio de activo mesmo quando no existe controlo legal. Por exemplo, o know-how obtido de uma actividade de desenvolvimento pode satisfazer a definio de activo quando, mantendo esse know-how secreto, a entidade controla os benefcios que se espera que dele fluam.

    55. Os activos de uma entidade resultam de transaces e de outros acontecimentos passados. As entidades geralmente obtm activos

    atravs de aquisio ou produo, mas outras transaces e acontecimentos podem dar origem a activos como, por exemplo, quando so recebidos do governo terrenos como parte de um programa para encorajar o desenvolvimento econmico numa rea e para a descoberta de jazigos minerais. Transaces ou acontecimentos que se espera ocorram no futuro no do, por si s, direito existncia de activos e assim, por exemplo, a inteno para adquirir mercadorias no satisfaz, por si s, a definio de activo.

    56. Existe uma forte associao entre dispndios efectuados e activos gerados mas ambas as situaes nem sempre so coincidentes.

    Assim, quando uma entidade efectua um dispndio, isto pode proporcionar evidncia de que foram procurados benefcios econmicos futuros mas no prova conclusiva de que um item tenha satisfeito a definio de activo. Similarmente, a ausncia de dispndio no exclui o facto de um item poder satisfazer a definio de um activo e assim tornar-se candidato a reconhecimento no balano. Por exemplo, itens que tenham sido doados entidade podem satisfazer a definio de activo.

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    PassivosPassivosPassivosPassivos

    57. Uma caracterstica essencial de um passivo a de que a entidade tem uma obrigao presente. Uma obrigao um dever ou responsabilidade para agir ou actuar de uma certa maneira. As obrigaes podem ser legalmente impostas como consequncia de um contrato vinculativo ou de requisito estatutrio. Este geralmente o caso, por exemplo, das quantias a pagar por bens ou servios recebidos. Porm, tambm surgem obrigaes resultantes da prtica normal dos negcios, dos costumes e do desejo de manter boas relaes comerciais e actuar de forma justa. Se, por exemplo, uma entidade adoptar uma poltica para rectificar deficincias nos seus produtos mesmo quando essas deficincias apareceram depois do perodo de garantia ter terminado, os montantes que se espera sejam dispendidos com respeito a bens j vendidos so considerados passivos.

    58. Deve ser feita uma distino entre uma obrigao presente e um compromisso futuro. A deciso do rgo de gesto de uma entidade

    para adquirir activos no futuro no d lugar, por si s, constituio de uma obrigao presente. Uma obrigao surge geralmente apenas quando o activo entregue ou a entidade assina um acordo irrevogvel para adquirir o activo. Neste ltimo caso, a natureza irrevogvel do acordo significa que as consequncias econmicas pela falha no cumprimento da obrigao por, por exemplo, estar prevista uma penalidade substancial, deixa a entidade com pouca ou nenhuma margem para evitar a sada de recursos para outra entidade.

    59. A liquidao de uma obrigao presente envolve geralmente a entrega de recursos incorporando benefcios econmicos a fim de

    satisfazer o que a outra parte reclama. A liquidao de uma obrigao presente pode ocorrer de vrias formas, como por exemplo:

    (a) pagamento de caixa; (b) transferncia de outros activos;

    (c) prestao de servios;

    (d) substituio de uma obrigao por outra; ou

    (e) converso da obrigao em capital prprio.

    60. Uma obrigao pode tambm ser extinguida por outros meios tal como no caso em que um credor abdica ou desiste dos seus direitos. 61. Os passivos resultam de transaces ou outros acontecimentos passados. Assim, por exemplo, a aquisio de bens e o uso de

    servios do lugar a contas a pagar (a no ser que tenham sido pagos adiantadamente ou contra a sua entrega), e o recebimento de um emprstimo bancrio resulta na obrigao de o reembolsar ao banco. Uma entidade pode tambm reconhecer como um passivo futuros descontos baseados nas compras anuais dos clientes. Neste caso, a venda de bens no passado a transaco que d origem a esse passivo.

    62. Alguns passivos podem apenas ser mensurados atravs da utilizao de um nvel significativo de estimativa. Estes passivos so

    muitas vezes descritos como provises. Quando uma proviso uma obrigao presente e satisfaz a definio de passivo referida no pargrafo 47, tal proviso considerada um passivo mesmo se o montante tiver que ser estimado. So exemplos, as provises para pagamento de garantias, e as provises para cobertura de responsabilidades com penses.

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    Capital prprioCapital prprioCapital prprioCapital prprio

    63. Embora o capital prprio seja definido no pargrafo 47 como um valor residual, pode ser sub classificado no balano. Por exemplo, numa entidade, o capital social, os resultados transitados, as reservas livres e as reservas que representem ajustamentos de manuteno de capital podem ser apresentadas separadamente. Estas classificaes podem ser importantes para as necessidades de tomada de deciso dos utilizadores das demonstraes financeiras quando elas indicam restries legais (ou outras) da entidade em poder distribuir ou aplicar o seu capital prprio. Podem igualmente reflectir o facto de terceiros detentores de capital poderem ter direitos distintos em relao ao recebimento de dividendos ou do reembolso do capital prprio.

    64. A constituio de reservas algumas vezes exigida pelos estatutos ou pela lei a fim de dar maior proteco entidade e aos seus

    credores contra a ocorrncia e aos efeitos de prejuzos. Outras reservas podem ser constitudas se as leis fiscais nacionais derem isenes de, ou redues em, responsabilidades fiscais quando forem feitas transferncias para tais reservas. A existncia e dimenso destas reservas uma informao que pode ser importante para as necessidades de tomada de deciso dos utilizadores das demonstraes financeiras. As transferncias para estas reservas correspondem a apropriaes de resultados e no a gastos.

    65. A quantia que o capital prprio revela no balano depende da mensurao dos activos e dos passivos. Geralmente, o total do capital

    prprio apenas por coincidncia corresponde ao valor de mercado global das aces da entidade ou do valor total que poderia ser obtido atravs da venda fragmentada dos activos lquidos da entidade, ou da venda global da prpria entidade em actividade contnua.

    66. As actividades comerciais, industriais e outras so muitas vezes exercidas por entidades como empresrios individuais, parcerias e

    vrios tipos de entidades governamentais. O enquadramento legal e de regulao destas entidades muitas vezes diferente do que aplicado s sociedades. Por exemplo, podem existir poucas ou nenhumas restries distribuio aos detentores de capital das quantias constantes do capital prprio. Apesar disso, a definio de capital prprio e os outros aspectos relativos a esta matria includos neste Quadro Conceptual so apropriados para estas entidades.

    DesempenhoDesempenhoDesempenhoDesempenho

    67. O lucro frequentemente usado para medir o desempenho ou como base para medir outros indicadores tais como o retorno de um investimento ou o resultado por aco. Os elementos directamente relacionados com a mensurao do lucro so os rendimentos e os gastos. O reconhecimento e mensurao dos rendimentos e dos gastos e, consequentemente, do resultado dependem, em parte, dos conceitos de capital e de manuteno de capital usados na preparao das demonstraes financeiras que esto referidos nos pargrafos 100 a 108.

    68. Os elementos dos rendimentos e dos gastos so definidos como segue:

    (a) Rendimentos so aumentos nos benefcios econmicos durante o perodo contabilstico sob a forma de entradas ou aumentos de activos ou de diminuies de passivos que resultam em aumentos do capital prprio para alm das contribuies dos detentores de capital.

    (b) Gastos so redues nos benefcios econmicos durante o perodo contabilstico sob a forma de sadas ou diminuies de activos

    ou de aumentos de passivos que resultam em redues do capital prprio para alm das distribuies aos detentores de capital.

    69. As definies de rendimentos e de gastos identificam as suas caractersticas principais mas no pretendem especificar os critrios

    que necessitam ser satisfeitos antes de serem reconhecidos nas demonstraes financeiras. Os critrios para reconhecimento dos rendimentos e dos gastos esto referidos nos pargrafos 90 a 96.

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    70. Os rendimentos e os gastos podem ser apresentados na demonstrao dos resultados em diferentes formas para que possa ser proporcionada informao que seja relevante para efeitos da tomada de decises econmicas. Por exemplo, prtica comum distinguir os itens de rendimentos e de gastos que resultam do decurso das actividades normais da entidade dos que resultam de outras actividades. Esta distino feita na base de que a origem de um item relevante na avaliao da capacidade da entidade para gerar no futuro caixa e equivalentes de caixa. Por exemplo, actividades secundrias como a venda de um investimento de longo prazo provavelmente no ocorrem com regularidade. Quando a distino feita nesta base, deve ser tomada em considerao a natureza da entidade e as suas operaes pois itens que resultam da actividade normal de uma entidade podem resultar de uma actividade ocasional noutra entidade.

    71. A distino entre itens de rendimentos e de gastos e a sua combinao em diferentes formas tambm permite que se evidenciem

    vrias medidas do desempenho da entidade com diferentes nveis de informao. Por exemplo, a demonstrao dos resultados pode mostrar a margem bruta, o resultado das actividades normais antes e depois de impostos e o resultado lquido.

    RendimentosRendimentosRendimentosRendimentos

    72. A definio de rendimento engloba quer os rditos quer os ganhos. Os rditos provm do decurso das actividades normais de uma entidade e so referidos por vrios nomes incluindo vendas, honorrios, dividendos, royalties e rendas.

    73. Os ganhos representam outros itens que satisfazem a definio de rendimento e podem ou no resultar da actividade normal da

    entidade. Os ganhos representam aumentos dos benefcios econmicos e no so, pela sua natureza, diferentes do rdito. Daqui que no seja visto como um elemento separado neste Quadro Conceptual.

    74. Os ganhos incluem, por exemplo, os que resultam da venda de activos no correntes. A definio de rendimento tambm inclui

    ganhos no realizados como, por exemplo, os que resultam da revalorizao de ttulos negociveis e os que resultam de aumentos de valor de activos de longo prazo como, por exemplo, a revalorizao de activos tangveis. Quando os ganhos so reconhecidos na demonstrao dos resultados, so geralmente mostrados numa linha separada porque o seu conhecimento til para efeito da tomada de decises econmicas. Os ganhos so geralmente apresentados lquidos dos correspondentes gastos.

    75. Vrios tipos de activos so recebidos ou aumentados atravs de rendimentos como, por exemplo, caixa, contas a receber e bens e

    servios recebidos por troca de bens e servios fornecidos. Os rendimentos podem tambm resultar da liquidao de responsabilidades como no caso de uma entidade que fornece bens e servios a um financiador para liquidar uma obrigao de reembolso de um emprstimo em dvida.

    GastosGastosGastosGastos

    76. A definio de gasto engloba as perdas bem como os custos que provm do decurso das actividades normais da entidade e que incluem, por exemplo, o custo das vendas, as remuneraes ao pessoal e as amortizaes. Geralmente tm a forma de sadas ou redues de activos como caixa e equivalentes de caixa, inventrios, instalaes e equipamentos.

    77. As perdas representam outros itens que satisfazem a definio de gastos e podem ou no resultar do decurso das actividades normais

    da entidade. As perdas representam redues dos benefcios econmicos e no so, pela sua natureza, diferentes de outros gastos. Daqui que no sejam vistos como um elemento separado neste Quadro Conceptual.

    78. As perdas incluem, por exemplo, as que resultam de incndios e inundaes ou as que resultam da venda de activos no correntes. A

    definio de gasto tambm inclui perdas no realizadas como, por exemplo, as que resultam dos efeitos do aumento da taxa de cmbio de uma moeda em relao a emprstimos de uma entidade que os obteve nessa moeda. Quando as perdas so reconhecidas na demonstrao dos resultados, so geralmente mostradas em linha separada porque o seu conhecimento til para efeitos da tomada de decises econmicas. As perdas so geralmente apresentadas lquidas dos correspondentes rendimentos.

    Ajustamentos de manuteno do capitalAjustamentos de manuteno do capitalAjustamentos de manuteno do capitalAjustamentos de manuteno do capital

    79. A revalorizao ou reexpresso de activos e passivos tem como consequncia aumentos ou redues no capital prprio. Apesar de estes aumentos ou redues satisfazerem a definio de rendimentos e gastos, os mesmos no so includos da demonstrao dos resultados de acordo com alguns conceitos de manuteno de capital. Em vez disso, estes itens so includos no capital prprio como ajustamentos de manuteno de capital ou excedentes de revalorizao. Estes conceitos de manuteno de capital esto referidos nos pargrafos 100 a 108 deste Quadro Conceptual.

    RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

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    80. O reconhecimento o processo de incorporar no balano ou na demonstrao dos resultados um item que satisfaz a definio de um elemento e cumpre com os critrios de reconhecimento referidos no pargrafo seguinte. O reconhecimento envolve a representao do item por escrito e por uma quantia monetria e a incluso dessa quantia nos totais do balano ou da demonstrao dos resultados. Os itens que satisfazem os critrios de reconhecimento devem ser reconhecidos no balano e na demonstrao dos resultados, e o no reconhecimento desses itens no substitudo por divulgaes das polticas contabilsticas adoptadas nem por notas ou outra informao explicativa.

    81. Um item que satisfaz a definio de um elemento deve ser reconhecido se:

    (a) for provvel que um qualquer benefcio econmico futuro associado ao item flua para, ou de, a entidade; e

    (b) o item tem um valor que pode ser mensurado com fiabilidade. 82. Quando se avalia se um item satisfaz estes critrios e, portanto, se o item se qualifica para reconhecimento nas demonstraes

    financeiras, devem ser tidas em conta as consideraes feitas quanto materialidade nos pargrafos 27 e 28. A inter relao entre os elementos significa que um item que satisfaz a definio e os critrios de reconhecimento de um determinado elemento, por exemplo, um activo, exige automaticamente o reconhecimento de outro elemento, por exemplo, um rendimento ou um passivo.

    PPPProbabilidade de benefcios econmicos futurosrobabilidade de benefcios econmicos futurosrobabilidade de benefcios econmicos futurosrobabilidade de benefcios econmicos futuros

    83. O conceito de probabilidade usado nos critrios de reconhecimento para se referir ao grau de incerteza de que os benefcios econmicos futuros associados ao item fluam para, ou da, entidade. Este conceito est em consonncia com a incerteza que caracteriza o ambiente no qual a entidade opera. As avaliaes do grau de incerteza associadas ao fluxo de benefcios econmicos futuros so feitas com base nas evidncias disponveis quando as demonstraes financeiras so preparadas. Por exemplo, quando provvel que um valor a receber de uma entidade pago, ento, no havendo qualquer evidncia em contrrio, justifica-se o reconhecimento do valor a receber como um activo. Para uma populao alargada de valores a receber, contudo, provvel que exista algum grau de incobrabilidade e, assim, deve ser reconhecido um gasto que represente a reduo esperada dos benefcios econmicos.

    Fiabilidade da mensuraoFiabilidade da mensuraoFiabilidade da mensuraoFiabilidade da mensurao

    84. O segundo critrio para o reconhecimento de um item o de que esse item tenha um valor que possa ser mensurado com fiabilidade conforme referido nos pargrafos 29 a 36 do presente Quadro Conceptual. Em muitos casos, esse valor tem que ser estimado e o uso de estimativas razoveis uma parte da preparao das demonstraes financeiras e no prejudicam a sua fiabilidade. Porm, quando no puder ser feita uma estimativa razovel, o item no reconhecido no balano ou na demonstrao dos resultados. Por exemplo, o ganho expectvel de uma aco judicial pode satisfazer ambas as definies de activo e rendimento bem como o critrio da probabilidade para reconhecimento. Contudo, se no for possvel atribuir um valor aco com fiabilidade, no deve ser reconhecido como activo ou rendimento mas a existncia da aco deve ser divulgada nas notas, quadros ou informao suplementar.

    85. Um item que, numa determinada data, no satisfaz os critrios de reconhecimento referidos no pargrafo 81, pode ser reconhecido

    numa data posterior em resultado de circunstncias ou acontecimentos subsequentes quela primeira data. 86. Um item que tem as caractersticas essenciais de um elemento mas no satisfaz os critrios para reconhecimento pode, apesar disso,

    ter que ser divulgado nas notas, quadros ou informao suplementar. Isto apropriado quando o conhecimento do item considerado relevante para a avaliao da posio financeira, desempenho e variaes na posio financeira de uma entidade pelos utilizadores das demonstraes financeiras.

    Reconhecimento de activosReconhecimento de activosReconhecimento de activosReconhecimento de activos

    87. Um activo reconhecido no balano quando for provvel que benefcios econmicos futuros fluiro para a entidade e o activo tem um valor que pode ser mensurado com fiabilidade.

    88. Um activo no reconhecido no balano quando for considerado improvvel que do dispndio suportado no fluiro para a entidade

    benefcios econmicos para alm do perodo contabilstico corrente. Pelo contrrio, uma transaco destas resulta no reconhecimento de um gasto na demonstrao dos resultados. Este tratamento no significa que a inteno do rgo de gesto para fazer o dispndio tenha sido outra que no a de gerar benefcios econmicos futuros para a entidade, ou que o rgo de gesto se tenha enganado. A nica implicao a de que o grau de certeza que benefcios econmicos fluiro para a entidade, para alm do perodo corrente, insuficiente para justificar o reconhecimento de um activo.

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    Reconhecimento de passivosReconhecimento de passivosReconhecimento de passivosReconhecimento de passivos

    89. Um passivo reconhecido no balano quando for provvel que haver sada de recursos incorporando benefcios econmicos que resultaro da liquidao de uma obrigao presente e a quantia pela qual a liquidao ter lugar pode ser mensurada com fiabilidade. Na prtica, as obrigaes relativas a contratos que no tenham sido executadas em igual proporcionalidade (por exemplo, passivos por mercadorias encomendadas mas ainda no recebidas) no so reconhecidas como passivos nas demonstraes financeiras. Contudo, estas obrigaes podem satisfazer a definio de passivo e qualificar-se para reconhecimento nas demonstraes financeiras desde que os critrios de reconhecimento sejam cumpridos nestas circunstncias particulares. Em tais circunstncias, o reconhecimento do passivo implica o reconhecimento do correspondente activo ou gasto.

    Reconhecimento de rendimentosReconhecimento de rendimentosReconhecimento de rendimentosReconhecimento de rendimentos

    90. Os rendimentos so reconhecidos na demonstrao dos resultados quando tenha havido um aumento de benefcios econmicos futuros, que pode ser mensurado com fiabilidade, em resultado de um aumento de um activo ou da reduo de um passivo. Com efeito, isto significa que o reconhecimento de rendimentos ocorre simultaneamente com o reconhecimento de aumentos do activo ou de redues do passivo (por exemplo, o aumento lquido de activos que resulta da venda de bens ou servios, ou a reduo de passivos que resulta da liquidao de uma conta a pagar).

    91. Os procedimentos geralmente adoptados na prtica para o reconhecimento de rendimentos (por exemplo, o requisito de que o rdito

    deve gerar um ganho), so aplicaes dos critrios de reconhecimento includos neste Quadro Conceptual. Tais procedimentos esto geralmente direccionados para restringir o reconhecimento como rendimento queles itens que podem ser mensurados com fiabilidade e tm um grau suficiente de certeza.

    Reconhecimento de gastosReconhecimento de gastosReconhecimento de gastosReconhecimento de gastos

    92. Os gastos so reconhecidos na demonstrao dos resultados quando tenha havido uma reduo de benefcios econmicos futuros, que pode ser mensurada com fiabilidade, em resultado de uma reduo de um activo ou do aumento de um passivo. Com efeito, isto significa que o reconhecimento de gastos ocorre simultaneamente com o reconhecimento de redues do activo ou de aumentos do passivo (por exemplo, o registo de direitos dos empregados ou a amortizao de um equipamento).

    93. Os gastos so reconhecidos na demonstrao dos resultados na base de uma correlao directa entre os custos suportados e os

    proveitos obtidos de itens especficos de rendimentos. Este processo, designado geralmente por matching entre custos e proveitos (ou gastos e rendimentos), envolve o reconhecimento simultneo ou combinado de rendimentos e de gastos que resultam directa e conjuntamente da mesma transaco ou outro acontecimento. Por exemplo, as vrias componentes do gasto que compem o custo das mercadorias vendidas so reconhecidas ao mesmo tempo que o rendimento que resulta da venda das mercadorias. Contudo, a aplicao do conceito do matching nos termos deste Quadro Conceptual no permite o reconhecimento de itens no balano que no satisfaam a definio de activos ou passivos.

    94. Quando os benefcios econmicos esperados ocorrem em vrios perodos contabilsticos e a correlao com os rendimentos apenas

    pode ser determinada indirectamente ou de forma geral, os gastos so reconhecidos na demonstrao dos resultados numa base racional e sistemtica de um processo de alocao. Isto muitas vezes necessrio no reconhecimento de gastos associados ao uso de activos tais como, terrenos, edifcios, equipamentos, goodwill, patentes e marcas registadas e, nestes casos, o gasto designado por amortizao. Estes processos de alocao servem para reconhecer os gastos nos perodos contabilsticos nos quais os benefcios econmicos associados e estes itens so consumidos ou se extinguem.

    95. Um gasto reconhecido imediatamente na demonstrao dos resultados quando um dispndio no produz benefcios econmicos

    futuros ou quando, e at ao momento em que, os benefcios econmicos futuros no se qualificam, ou deixam de se qualificar, para reconhecimento como um activo no balano.

    96. Um gasto tambm reconhecido na demonstrao dos resultados nos casos em que um passivo suportado sem o reconhecimento

    de um activo como, por exemplo, no caso de um passivo que tem origem na prestao de uma garantia de um produto. MENSURAO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    97. A mensurao o processo de determinar as quantias monetrias atravs das quais os elementos das demonstraes financeiras so reconhecidas e mostradas no balano e na demonstrao dos resultados. Este processo envolve a seleco de bases especficas de mensurao.

    98. Vrias bases de mensurao so aplicadas nas demonstraes financeiras em diferentes nveis e combinaes incluindo as

    seguintes:

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    TTULO I

    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

    20

    (a) Custo histrico Os activos so registados pela quantia de caixa ou equivalentes de caixa paga ou pelo justo valor da

    retribuio dada para os adquirir na data da sua aquisio. Os passivos so registados pela quantia relativa ao que se recebeu por troca da obrigao e, em algumas circunstncias (por exemplo, impostos sobre os lucros), pelas quantias de caixa ou equivalentes de caixa que se espera pagar para satisfazer a obrigao no decurso normal dos negcios.

    (b) Custo corrente Os activos so mostrados pela quantia de caixa ou equivalentes de caixa que teria que ser paga se o mesmo

    activo ou um activo equivalente fosse adquirido actualmente. Os passivos so mostrados pelo valor no descontado de caixa ou equivalentes de caixa que seria necessrio para liquidar a obrigao actualmente.

    (c) Valor realizvel (ou de liquidao) Os activos so mostrados pela quantia de caixa ou equivalentes de caixa que poderiam ser

    obtidos actualmente atravs da venda do activo. Os passivos so mostrados pelos seus valores de liquidao, isto , as quantias no descontadas de caixa ou equivalentes de caixa que se esperam pagar para satisfazer a obrigao no decurso normal dos negcios.

    (d) Valor presente Os activos so mostrados pelo valor presente descontado dos futuros fluxos de entradas de caixa lquidos que se

    espera que o item gere no decurso normal dos negcios. Os passivos so mostrados pelo valor presente descontado dos futuros fluxos de sadas de caixa lquidos que se espera serem necessrios para liquidar os passivos no decurso normal dos negcios.

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    TTULO I

    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

    21

    99. A base de mensurao mais frequentemente usada pelas entidades na preparao das suas demonstraes financeiras o custo histrico. Esta base usualmente combinada com outras bases de mensurao. Por exemplo, os inventrios so geralmente mostrados pelo valor mais baixo entre o valor de custo e o valor realizvel lquido, os ttulos negociveis podem ser mostrados pelo valor de mercado e as responsabilidades com penses pelo seu valor presente. Adicionalmente, algumas entidades adoptam a base do custo corrente pelo facto de o modelo do custo histrico no dar resposta ao tratamento dos efeitos das variaes de preos em activos no monetrios.

    CONCEITOS DE CAPITAL E DE MANUTENO DE CAPITAL

    Conceitos de capitalConceitos de capitalConceitos de capitalConceitos de capital

    100. A maioria das entidades adopta um conceito financeiro de capital na preparao das suas demonstraes financeiras. De acordo com um conceito financeiro de capital (como, por exemplo, capital investido ou poder de compra investido), capital sinnimo de activos lquidos ou capital prprio da entidade. De acordo com um conceito fsico de capital (como, por exemplo, capacidade operacional), capital significa a capacidade produtiva da entidade baseada, por exemplo, no nmero de unidades produzidas por dia.

    101. A seleco do conceito de capital apropriado entidade deve ser baseada nas necessidades dos utilizadores das demonstraes

    financeiras. Assim, deve ser adoptado um conceito financeiro de capital se os utilizadores das demonstraes financeiras estiverem principalmente interessados no valor nominal do capital investido ou no poder de compra do capital investido. Se, porm, o interesse fundamental dos utilizadores for a capacidade operacional da entidade, deve ser adoptado um conceito fsico de capital. O conceito seleccionado indica o objectivo a ser atingido no apuramento do lucro, mesmo quando h dificuldades de mensurao para tornar o conceito operativo.

    Conceitos de manuteno de capital e do apuramento do lucroConceitos de manuteno de capital e do apuramento do lucroConceitos de manuteno de capital e do apuramento do lucroConceitos de manuteno de capital e do apuramento do lucro

    102. Os conceitos de capital indicados no pargrafo 100 do lugar aos conceitos de manuteno de capital seguintes:

    (a) Manuteno de capital financeiro De acordo com este conceito, o lucro obtido somente quando a quantia financeira (ou quantia de caixa) dos activos lquidos no final do perodo exceder a quantia financeira (ou quantia de caixa) dos activos lquidos no incio do perodo depois de excluir as contribuies de, e as distribuies aos, detentores de capital durante o perodo. A manuteno de capital financeiro pode ser medido tanto em unidades monetrias nominais como em unidades de poder de compra constante.

    (b) Manuteno de capital fsico De acordo com este conceito, o lucro obtido somente quando a capacidade produtiva fsica (ou

    capacidade operacional) da entidade, ou os recursos ou fundos necessrios para atingir essa capacidade, no final do perodo, exceder a capacidade produtiva fsica no incio do perodo depois de excluir as contribuies de, e as distribuies aos, detentores de capital durante o perodo.

    103. O conceito de manuteno de capital estabelece a forma como uma entidade define o capital que pretende manter e a ponte entre

    os conceitos de capital e os conceitos de lucro porque d o ponto de referncia atravs do qual o lucro apurado. um pr requisito para distinguir entre a rentabilidade do capital de uma entidade e o reembolso do capital dessa entidade. Apenas entradas de activos superiores s quantias necessrias para manter o capital que so vistos como lucro e, como tal, como rentabilidade do capital. Deste modo, o lucro a quantia residual que se apura depois de os gastos (incluindo os ajustamentos de manuteno de capital quando aplicvel) terem sido deduzidos dos rendimentos. Se os gastos excederem os rendimentos, a quantia residual que se apura um prejuzo.

    104. O conceito de manuteno de capital fsico exige a adopo do custo corrente como base de mensurao. O conceito de manuteno

    de capital financeiro, porm, no exige o uso de uma base especfica de mensurao e a seleco dessa base de mensurao est dependente do tipo de capital financeiro que a entidade pretende manter.

    105. A diferena principal entre os dois conceitos de manuteno de capital o tratamento dos efeitos das variaes nos preos dos

    activos e passivos da entidade. Em termos gerais, uma entidade mantm o seu capital quando tem o mesmo capital no incio e no final do perodo. Qualquer quantia excedente que exigida para manter de capital no incio do perodo lucro.

    106. De acordo como o conceito de manuteno de capital financeiro quando o capital definido em termos de unidades monetrias

    nominais, o lucro representa o aumento do valor do capital nominal durante o perodo. Assim, os aumentos nos preos dos activos detidos no perodo, convencionalmente denominados ganhos retidos ou potenciais, so, conceptualmente, lucros. Contudo, tais lucros no podem ser reconhecidos como tal at que tenham sido cedidos atravs de uma transaco. Quando o conceito de manuteno de capital financeiro definido em termos de unidades de poder de compra constante, o lucro representa o aumento no poder de compra investido no perodo. Por conseguinte, apenas a parte do aumento dos preos dos activos que excede o aumento nos

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    CAPTULO 1.2 QUADRO CONCEPTUAL

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    preos em termos gerais considerado como lucro. O resto do aumento tratado como um ajustamento de manuteno de capital e, como tal, como parte do capital prprio.

    107. De acordo com o conceito de manuteno de capital fsico quando o capital definido em termos da capacidade produtiva fsica, o

    lucro representa o aumento nesse capital durante o perodo. Todas as variaes de preos que afectam os activos e passivos da entidade so vistos como variaes na mensurao da capacidade produtiva fsica da entidade. Consequentemente, essas variaes so tratadas como ajustamentos de manuteno de capital que so parte do capital prprio e no parte do lucro.

    108. A seleco das bases de mensurao e do conceito de manuteno de capital determinam o modelo contabilstico usado na

    preparao das demonstraes financeiras. Modelos contabilsticos diversos mostram diferentes graus de relevncia e de fiabilidade e, tal como noutras reas, o rgo de gesto deve procurar o equilbrio entre a relevncia e a fiabilidade.

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    CAPTULO 1.3 REGRAS PARA A PRIMEIRA APLICAO DO PGC-NIRF

    23

    CAPTULO 1.3 REGRAS PARA A PRIMEIRA APLICAO DO

    PGC - NIRF

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    CAPTULO 1.3 REGRAS PARA A PRIMEIRA APLICAO DO PGC - NIRF

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    NDICENDICENDICENDICE Pargrafos

    INTRODUO 1-3

    RECONHECIMENTO E MENSURAO 4-8

    Data de transio 4

    Balano de abertura 5

    Polticas contabilsticas 6-8

    EXCEPES 9-25

    Isenes 10-18

    Proibies 19-25

    APRESENTAO E DIVULGAO 26-29

    Informao comparativa 26

    Explicao da transio para o PGC NIRF 27-29

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    CAPTULO 1.3 REGRAS PARA A PRIMEIRA APLICAO DO PGC - NIRF

    25

    INTRODUO

    1. O presente captulo estabelece as regras e procedimentos que uma entidade deve aplicar no primeiro perodo contabilstico em que adopte o PGC - NIRF. Tais regras e procedimentos devem ser aplicados nas primeiras demonstraes financeiras preparadas pela entidade de acordo com o PGC - NIRF.

    2. O objectivo destas regras e procedimentos o de assegurar que as primeiras demonstraes financeiras de uma entidade,

    preparadas de acordo com o PGC - NIRF, contm informao de elevada qualidade que:

    (a) transparente para os utilizadores e comparvel em todos os perodos contabilsticos apresentados;

    (b) proporciona um ponto de partida adequado para a contabilizao das transaces e outros acontecimentos em conformidade com o PGC - NIRF; e

    (c) pode ser preparada a um custo que no excede os benefcios.

    3. As primeiras demonstraes financeiras de uma entidade que esto em conformidade com o PGC - NIRF so as primeiras

    demonstraes financeiras anuais nas quais a entidade adopta o presente normativo contabilstico, para o que deve emitir uma declarao explcita e sem reservas nessas demonstraes financeiras de que as mesmas se conformam com o PGC - NIRF.

    RECONHECIMENTO E MENSURAO

    Data de transioData de transioData de transioData de transio

    4. Para efeitos de aplicao do PGC - NIRF, a data de transio o primeiro dia do perodo contabilstico mais antigo que uma entidade apresenta para efeitos comparativos quando prepara as primeiras demonstraes financeiras em conformidade com o PGC - NIRF.

    Balano de aberturaBalano de aberturaBalano de aberturaBalano de abertura

    5. Uma entidade deve preparar e apresentar um balano de abertura de acordo com o PGC - NIRF na data de transio. Este o ponto de partida da sua contabilizao em conformidade com o PGC - NIRF e servir como balano comparativo nas primeiras demonstraes financeiras emitidas em conformidade com o PGC - NIRF.

    Polticas contabilsticasPolticas contabilsticasPolticas contabilsticasPolticas contabilsticas

    6. Uma entidade deve usar as mesmas polticas contabilsticas no balano de abertura e em todos os perodos apresentados nas suas primeiras demonstraes financeiras preparadas em conformidade com o PGC - NIRF.

    7. Excepto nos casos referidos nos pargrafos 9 a 25 uma entidade deve, no seu balano de abertura em conformidade com o PGC -

    NIRF:

    (a) reconhecer todos os activos e passivos cujo reconhecimento seja exigido pelo PGC - NIRF; (b) no reconhecer itens como activos ou passivos se o PGC - NIRF no permitir o reconhecimento;

    (c) reclassificar itens que reconheceu em conformidade com o normativo contabilstico anterior como um tipo de activo, passivo ou

    componente do capital prprio, mas que so um tipo diferente de activo, passivo ou componente do capital prprio em conformidade com o PGC - NIRF; e

    (d) aplicar o PGC - NIRF na mensurao de todos os activos e passivos reconhecidos.

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    CAPTULO 1.3 REGRAS PARA A PRIMEIRA APLICAO DO PGC - NIRF

    26

    8. As polticas contabilsticas que uma entidade aplica no seu balano de abertura em conformidade com o PGC - NIRF podem diferir daquelas que usou para a mesma data usando o normativo contabilstico anterior. Os ajustamentos da resultantes derivam de acontecimentos e transaces anteriores data da transio para o PGC - NIRF e consequentemente, uma entidade dever reconhecer esses ajustamentos directamente nos resultados transitados (ou, se apropriado, noutra categoria de capital prprio) data da transio para o PGC - NIRF.

    EXCEPES

    9. O princpio base para a apresentao do balano de abertura na data de transio o de que tal apresentao feita em conformidade com o PGC - NIRF. Porm, existem excepes a este princpio consubstanciadas no seguinte:

    (a) isenes de alguns requisitos das Normas; e

    (b) proibies aplicao retrospectiva de alguns requisitos das Normas.

    IsenesIsenesIsenesIsenes

    10. Face a situaes concretas com que uma entidade se pode deparar aquando da transio para o PGC - NIRF, a entidade pode optar pelo uso de uma ou mais das seguintes isenes:

    (a) concentraes de actividades empresariais;

    (b) justo valor ou revalorizao como custo considerado;

    (c) benefcios dos empregados;

    (d) activos e passivos de subsidirias, associadas e empreendimentos conjuntos;

    (e) designao de instrumentos financeiros previamente reconhecidos; e

    (f) custos de emprstimos obtidos.

    Concentraes de actividades empresariais

    11. Uma entidade pode optar, aquando da primeira aplicao do PGC - NIRF, por no aplicar a NCRF 21 Concentraes de actividades empresariais a concentraes passadas. Contudo, caso a entidade opte pela aplicao da NCRF 21 Concentraes de actividades empresariais, deve reexpressar todas as concentraes de actividades empresariais e deve tambm aplicar a NCRF 20 Investimentos em subsidirias, associadas e empreendimentos conjuntos.

    12. Caso uma entidade opte por no aplicar a NCRF 21 Concentraes de actividades empresariais retrospectivamente a uma

    concentrao de actividades empresariais passada, as consequncias para essa concentrao de actividades empresariais sero as seguintes:

    (a) a entidade deve manter a mesma classificao que tinha nas demonstraes financeiras preparadas segundo o normativo

    contabilstico anterior;

    (b) a entidade deve reconhecer, data da transio, todos os seus activos e passivos que foram adquiridos ou assumidos numa concentrao de actividades empresariais passada, com excepo de alguns activos financeiros e passivos financeiros que deixaram de ser reconhecidos segundo o normativo contabilstico anterior, e de activos, incluindo goodwill, e passivos que no tenham sido reconhecidos no balano consolidado da adquirente, segundo o normativo contabilstico anterior, e que tambm no se qualificariam para reconhecimento segundo o PGC - NIRF no balano individual da adquirida;

    (c) a entidade deve excluir do seu balano de abertura em conformidade com o PGC - NIRF qualquer item reconhecido segundo o

    normativo contabilstico anterior que no se qualifica para o reconhecimento como activo ou passivo em conformidade com o PGC - NIRF;

    (d) o PGC - NIRF exige a mensurao subsequente de alguns activos e passivos numa base que no definida pelo custo original

    como, por exemplo, o justo valor. A entidade deve mensurar estes activos e passivos nesta mesma base no balano de abertura em conformidade com o PGC - NIRF, mesmo que tenham sido adquiridos ou assumidos numa concentrao de actividades

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    CAPTULO 1.3 REGRAS PARA A PRIMEIRA APLICAO DO PGC - NIRF

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    empresariais passada, devendo reconhecer qualquer alterao na quantia registada ajustando os resultados transitados (ou, se for apropriado, outra rubrica do capital prprio), em vez do goodwill;

    (e) imediatamente aps a concentrao de actividades empresariais, a quantia registada segundo o normativo contabilstico

    anterior, dos activos adquiridos e passivos assumidos nessa concentrao de actividades empresariais, deve ser o seu custo considerado em conformidade com o PGC - NIRF nessa data;

    (f) se um activo adquirido, ou um passivo assumido, numa concentrao de actividades empresariais passada no foi reconhecido

    segundo o normativo contabilstico anterior, no ter um custo considerado de zero no balano de abertura em conformidade com o PGC - NIRF. Em vez disso, a adquirente deve reconhec-lo e mensur-lo no seu balano consolidado na mesma base que o PGC - NIRF exigiria para o balano individual da adquirida. Pelo contrrio, se um activo ou passivo estava incorporado no goodwill segundo o normativo contabilstico anterior, mas teria sido reconhecido individualmente segundo a NCRF 21 Concentraes de actividades empresariais, esse activo ou passivo mantm-se como goodwill, a no ser que o PGC - NIRF exija o seu reconhecimento nas demonstraes financeiras individuais da adquirida;

    (g) a quantia registada de goodwill, no balano de abertura em conformidade com o PGC - NIRF, deve ser a quantia registada

    segundo o normativo contabilstico anterior data da transio;

    (h) no so efectuados outros ajustamentos na quantia registada de goodwill data da transio;

    (i) quando a entidade adopta o PGC - NIRF pela primeira vez deve ajustar as quantias registadas dos activos e passivos da subsidiria para as quantias que o PGC - NIRF exigiria no balano individual da subsidiria. O custo considerado do goodwill igual diferena, data da transio, entre o interesse da empresa-me nessas quantias registadas e o custo nas demonstraes financeiras individuais da empresa-me do seu investimento na subsidiria;

    (j) a mensurao dos interesses minoritrios e do imposto diferido decorre da mensurao de outros activos e passivos. Por isso,

    os ajustamentos atrs indicados para reconhecer activos e passivos afectam os interesses minoritrios e os impostos diferidos.

    Justo valor ou revalorizao como custo considerado

    13. Uma entidade pode optar por mensurar um item de activo tangvel na data de transio para o PGC - NIRF pelo seu justo valor e usar esse justo valor como custo considerado nessa data.

    14. Uma entidade pode optar por usar uma revalorizao de um item de activo tangvel com base no normativo contabilstico anterior,

    antes ou na data de transio, como custo considerado data da revalorizao, se a revalorizao fosse, data da mesma, amplamente comparvel:

    (a) ao justo valor; ou

    (b) ao custo ou custo depreciado em conformidade com o PGC - NIRF, ajustado para reflectir, por exemplo, as alteraes num

    ndice de preos geral ou especfico.

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    CAPTULO 1.3 REGRAS PARA A PRIMEIRA APLICAO DO PGC - NIRF

    28

    Benefcios dos empregados

    15. De acordo com a NCRF 19 Benefcios dos empregados, uma entidade pode optar por no reconhecer alguns ganhos e perdas actuariais com base nos limites de 10% nela previstos. A aplicao retrospectiva desta abordagem requer que uma entidade divida os ganhos e perdas actuariais cumulativos desde o incio do plano at data de transio para o PGC - NIRF numa parte reconhecida e numa parte no reconhecida. Contudo, aquando da primeira aplicao, uma entidade pode optar por reconhecer todos os ganhos e perdas actuariais acumulados data de transio para o PGC - NIRF, mesmo que use a abordagem acima referida para ganhos e perdas actuariais posteriores devendo, nestes casos, aplicar a opo a todos os planos.

    Activos e passivos de subsidirias, associadas e empreendimentos conjuntos

    16. Caso uma subsidiria adopte o PGC - NIRF posteriormente sua empresa-me, a subsidiria deve, nas suas demonstraes financeiras individuais, mensurar os seus activos e passivos quer:

    (a) pelas quantias registadas que seriam includas nas demonstraes financeiras consolidadas da empresa-me, com base na

    data de transio para o PGC - NIRF da empresa-me, se no forem feitos ajustamentos relativos a procedimentos de consolidao e para efeitos da concentrao de actividades empresariais em que a empresa-me adquiriu a subsidiria; ou

    (b) pelas quantias registadas exigidas pelo PGC - NIRF, com base na data de transio da subsidiria para este normativo

    contabilstico. Estas quantias registadas podem diferir das descritas na alnea (a):

    (i) quando as isenes estipuladas resultam em mensuraes que dependem da data de transio para o PGC - NIRF;

    (ii) quando as polticas contabilsticas usadas nas demonstraes financeiras da subsidiria diferem das constantes das demonstraes financeiras consolidadas.

    Existe uma opo semelhante para uma associada ou empreendimento conjunto que adopte o PGC - NIRF mais tarde de que uma entidade que disponha de influncia significativa ou controlo conjunto sobre a mesma.

    Designao de instrumentos financeiros previamente reconhecidos

    17. A NCRF 25 Instrumentos financeiros permite que um activo financeiro seja designado no momento do reconhecimento inicial como disponvel para venda ou que um instrumento financeiro seja designado como um activo financeiro ou passivo financeiro pelo justo valor atravs dos resultados. No obstante este requisito, aplicam-se as seguintes excepes:

    (a) qualquer entidade pode fazer uma designao como disponvel para venda na data de transio para o PGC - NIRF;

    (b) uma entidade pode designar, na data de transio para o PGC - NIRF, qualquer activo financeiro ou passivo financeiro pelo

    justo valor atravs dos resultados desde que o activo ou passivo satisfaa os critrios de designao da NCRF 25 Instrumentos financeiros nessa data.

    Custos de emprstimos obtidos

    18. Na data da primeira aplicao uma entidade pode optar por:

    (a) aplicar a NCRF 27 Custos de emprstimos obtidos aos custos de emprstimos obtidos relacionados com activos elegveis cuja data de incio de capitalizao inicie em, ou aps, a data da primeira aplicao do PGC - NIRF;

    (b) designar uma data anterior data da primeira aplicao do PGC - NIRF e aplicar os princpios previstos na NCRF 27 Custos

    de emprstimos obtidos a todos os activos elegveis cuja data de incio de capitalizao nessa data, ou aps essa data.

    ProibiesProibiesProibiesProibies

    19. Aquando da transio para o PGC - NIRF, uma entidade no pode aplicar retrospectivamente as polticas contabilsticas das Normas que tratam das seguintes matrias:

    (a) anulao do reconhecime