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A PESSOA DE CRISTO

ESTUDO 1

Como Jesus pode ser plenamente Deus e plenamente homem, sendo, todavia, uma só pessoa?

1. EXPLICAÇÃO E BASE BÍBLICA. Podemos resumir o ensino bíblico a respeito da pessoa de Cristo da seguinte maneira: Jesus Cristo era plenamente Deus e plenamente homem em uma só pessoa, e assim será para sempre.

2. A HUMANIDADE DE CRISTO1. Nascimento virginalQuando falamos da humanidade de Cristo, convém começar pela consideração sobre o nascimento virginal de Cristo. A Escritura assevera claramente que Jesus foi concebido no ventre de sua mãe Maria, por uma obra miraculosa do Espírito Santo, sem pai humano. "Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo" (Mt 1.18). Logo em seguida o anjo do Senhor disse a José, que era comprometido com Maria: "José, filho de Davi, não temas receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo" (Mt 1.20). Então, lemos: "Ao acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua esposa. Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E lhe pôs o nome de Jesus" (Mt 1.24,25).O mesmo fato é afirmado no evangelho de Lucas, onde lemos a respeito da aparição do anjo Gabriel a Maria. Após o anjo ter-lhe dito que ela teria um filho, Maria disse: "Como acontecerá isso, se sou virgem?" O anjo respondeu: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lc 1.34,35).

3. IMPLICAÇÕES DOUTRINÁRIAS DO NASCIMENTO VIRGINAL:3.1 Ela mostra que em última instância a salvação vem do Senhor.O nascimento virginal de Cristo é o lembrete inconfundível do fato de que a salvação não pode nunca vir por intermédio do esforço humano, mas deve ser obra sobrenatural de Deus. Esse fato estava evidente já no começo da vida de Jesus: "Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da Lei [...] para que recebêssemos a adoção de filhos" (Gl 4.4,5).

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3.2 O nascimento virginal tornou possível a união da plena divindade com a plena humanidade em uma só pessoa.Esse foi o meio que Deus usou para enviar seu Filho (Jo 3.16; Gl 4.4) ao mundo como homem. Se pensarmos por um momento em outros modos possíveis pelos quais Cristo poderia ter vindo ao mundo, nenhum deles seria claramente a união entre divindade e humanidade em uma pessoa. Provavelmente teria sido possível Deus criar Jesus como ser humano completo no céu e enviá-lo do céu para a terra sem o uso de qualquer progenitor humano. Mas assim seria muito difícil vermos como Jesus poderia ser plenamente humano como nós somos. Por outro lado, provavelmente também teria sido possível Deus enviar Jesus ao mundo com dois pais humanos, tanto o pai como a mãe, e fazer unir miraculosamente sua plena natureza divina à natureza humana em algum ponto, bem no começo de sua vida. Mas assim seria difícil entendermos como Jesus poderia ser plenamente Deus, já que sua origem seria igual à nossa em cada detalhe. Quando pensamos nessas duas outras possibilidades, isso nos ajuda a entender como Deus, em sua sabedoria, ordenou a combinação da influência humana e divina no nascimento de Cristo, de forma que sua plena humanidade seria evidente a partir de seu nascimento humano comum procedente de uma mãe humana, e a sua plena divindade seria evidente a partir do fato de sua concepção no ventre de Maria pela obra poderosa do Espírito Santo.3.3 O nascimento virginal também torna possível a verdadeira humanidade de Cristo sem o pecado herdado.Todos os seres humanos herdaram do primeiro pai, Adão, a culpa legal e a corrupção da natureza moral. Mas o fato de que Jesus não teve um pai humano significa que a linha de descendência de Adão é parcialmente interrompida. Jesus não descendeu de Adão exatamente da mesma forma que quaisquer outros seres humanos descenderam de Adão. Isso nos ajuda a entender por que a culpa legal e a corrupção moral que pertencem a todos os outros seres humanos não pertencem a Cristo.Mas por que Jesus não herdou a natureza pecaminosa de Maria?Uma resposta para esta questão. A obra do Espírito Santo em Maria evitou não somente a transmissão do pecado de José (por Jesus não ter tido um pai humano), mas também, de modo miraculoso, a transmissão do pecado de Maria: "O Espírito Santo virá sobre você [...] Assim, aquele que há de nascer será chamado Santo, Filho de Deus" (Lc 1.35).

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ESTUDO 2

4. FRAQUEZA E LIMITAÇÕES HUMANAS.4.1 Jesus possuía corpo humano.O fato de Jesus possuir um corpo humano exatamente como o nosso corpo é claramente visto em muitas passagens da Escritura. Ele nasceu exatamente como todos os bebês humanos nascem (Lc 2.7). Cresceu da infância até a maturidade exatamente como as outras crianças crescem: "O menino crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele" (Lc 2.40). Além disso, Lucas nos diz que "Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens" (Lc 2.52). Jesus se cansava exatamente como nós nos cansamos, pois lemos que, junto a fonte de Jacó, em Samaria, "Jesus, cansado da viagem, sentou-se à beira do poço. Isso se deu por volta do meio-dia" (Jo 4.6). Ele teve sede, pois, quando estava na cruz, disse: "Tenho sede" (Jo 19.28). Após ter jejuado por quarenta dias no deserto, Jesus "teve fome" (Mt 4.2). Em certas ocasiões esteve fisicamente fraco, pois durante sua tentação no deserto jejuou quarenta dias (situação em que a força física de um ser humano se esvai quase totalmente, além do que pode ocorrer grande dano físico se o jejum continua). Naquela ocasião os "anjos vieram e o serviram" (Mt 4.11), certamente para cuidar dele e proporcionar alimento até que recobrasse suas forças para sair do deserto. O ponto máximo das limitações de Jesus em termos de seu corpo humano foi visto quando ele morreu na cruz (Lc 23.46). Seu corpo humano cessou de ter vida e de funcionar, exatamente como acontece com o corpo de qualquer pessoa quando morre.Ressuscitou dos mortos fisicamente, em corpo, embora tal corpo tenha se tornado perfeito e não mais fosse sujeito a fraquezas, doença ou morte.Ele demonstra repetidamente aos seus discípulos que, de fato, possuía um corpo físico real dizendo: "Vejam as minhas mãos e os meus pés. Sou eu mesmo! Toquem-me e vejam; um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho" (Lc 24.39). Ele lhes estava mostrando e ensinando que era carne e ossos e não meramente um espírito, sem corpo. Outra evidência desse fato é que "deram-lhe um pedaço de peixe assado, e ele o comeu na presença deles" (Lc 24.42,43; Jo 20.17,20,27; 21.9,13).Com esse mesmo corpo humano (embora ressurreto e tornado perfeito), Jesus também subiu ao céu. Ele disse antes de subir: "... agora deixo o

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mundo e volto para o Pai" (Jo 16.28; cf. 17.11). O modo pelo qual Jesus subiu para o céu foi estabelecido para demonstrar a continuidade entre sua existência com corpo físico aqui sobre a terra e sua existência contínua com esse corpo no céu. Exatamente pouco após Jesus ter-lhes dito: "um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho" (Lc 24.39), lemos no evangelho de Lucas que Jesus, "tendo-os levado até as proximidades de Betânia [...] ergueu as mãos e os abençoou. Estando ainda a abençoá-los, ele os deixou e foi elevado ao céu" (Lc 24.50,51). Semelhantemente, em Atos Jesus "foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles" (At 1.9).Todos esses versículos vistos juntos mostram que, no que diz respeito ao corpo humano de Jesus, ele era igual ao nosso em cada aspecto antes da ressurreição e após a ressurreição era ainda um corpo humano com carne e ossos, mas tornado perfeito, a espécie de corpo que teremos quando Cristo retornar e nós igualmente ressuscitarmos dos mortos.4.2 Jesus possuía mente humana.O fato de que Jesus "ia crescendo em sabedoria'' (Lc 2.52) significa que Ele passou pelo processo de aprendizado exatamente como todas as outras crianças passam, aprendeu: a comer, andar, ler, escrever e ser obediente aos seus pais (Hb 5.8). Esse processo regular de aprendizado fazia parte da genuína humanidade de Cristo. 4.3 Jesus possuía alma e emoções humanas.Jesus possuía uma alma (ou espírito) humana. Exatamente antes de sua crucificação, Jesus disse: "Agora, está angustiada a minha alma" (Jo 12.27). João escreve um pouco mais tarde, dizendo que "Jesus perturbou-se em espírito" (Jo 13.21). Em ambos os versículos as palavras angústia e perturbação são traduções do termo grego “tarassõ”, palavra bastante usada para referir-se a pessoas que estão ansiosas ou se sentem repentinamente confrontadas pelo perigo. Além disso, antes de sua crucificação, à medida que percebia o sofrimento que haveria de enfrentar, Jesus disse: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal" (Mt 26.38). Tão grande era a tristeza que ele sentia que parecia estar tirando a sua vida. Jesus experimentou grande variedade de emoções humanas. Ele admirou-se da fé do centurião (Mt 8.10). Orou com o coração cheio de emoção, pois "durante os seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, sendo ouvido por causa da sua reverente submissão" (Hb 5.7).a) O autor de Hebreus também nos diz o seguinte: "Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu; e, uma vez aperfeiçoado, tornou-se a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem" (Hb 5.8,9).

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b) Todavia, se Jesus nunca pecou, como poderia "aprender a obedecer"?Certamente, enquanto crescia para a maturidade, igual a todas as outras crianças, foi capaz de aceitar mais e mais responsabilidade. Quanto mais ele crescia, mais exigências seus pais colocavam sobre os seus ombros em termos de obediência, e mais tarefas difíceis, seu Pai celestial lhe atribuía para que desempenhasse segundo a força de sua natureza humana. Quanto mais uma tarefa se tornava difícil e quanto mais as circunstâncias se tornavam difíceis, mesmo quando envolviam algum sofrimento (como Hb 5.8), mais aumentava a capacidade moral de Jesus, como homem, para obedecer. Poderíamos dizer que a "espinha dorsal do comportamento moral" de Jesus era fortalecida à medida que o exercício se tornava mais difícil. Todavia, em tudo isso ele nunca pecou.

5. IMPECABILIDADEEmbora o NT afirme com clareza que Jesus era plenamente homem exatamente como nós; também afirma que ele era diferente em um aspecto importante: Jesus era sem pecado, e nunca pecou durante toda a sua vida.a) Alguns têm contraposto que, se Jesus não pecou, então não era verdadeiramente humano, pois todos os seres humanos pecam. Essa objeção simplesmente falha em perceber que os seres humanos estão agora em uma situação anormal. Deus não nos criou em pecado, mas santos. Adão e Eva no Jardim do Éden antes de pecarem eram verdadeiramente seres humanos, e nós agora, embora humanos, não correspondemos ao padrão que Deus pretende que tenhamos.b) A verdade de que Jesus não pecou é ensinada muitas vezes no NT. Vemos que Satanás foi incapaz de persuadir Jesus a pecar: "Tendo terminado todas essas tentações, o Diabo o deixou até ocasião oportuna" (Lc 4.13).c) Não vemos também nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) qualquer evidência de algo errado feito por Jesus. Aos judeus que se lhe opunham, Jesus perguntou: "Qual de vocês podem me acusar de algum pecado?" (Jo 8.46), e não obteve resposta alguma. As afirmações a respeito da impecabilidade de Jesus são mais explícitas no evangelho de João. Jesus fez a proclamação: "Eu sou a luz do mundo" (Jo 8.12). Se entendermos que a luz representa

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tanto a veracidade como a pureza moral, então Jesus está afirmando categoricamente aqui ser a fonte da verdade e a fonte da pureza moral e da santidade no mundo — uma afirmação que poderia somente ser feita por alguém que era livre do pecado. Além disso, com respeito à obediência ao seu Pai no céu, ele disse : "pois sempre faço o que lhe agrada" (Jo 8.29; o tempo presente do verbo dá o sentido de atividade contínua, "eu sempre estou fazendo o que lhe é agradável"). No final de sua vida terrenal, Jesus foi capaz de dizer: “tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço" (Jo 15.10). É significativo que quando Jesus foi posto no julgamento perante Pilatos, a despeito da acusação dos judeus, Pilatos pode somente concluir: "Não acho nele motivo algum de acusação" (Jo 18.38). Paulo fala de Jesus vindo para viver como um homem, ele tomou o cuidado de não dizer que Jesus se tornou um "homem pecador", mas antes diz que Deus enviou o seu próprio Filho "à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado" (Rm 8.3). E ele se refere a Jesus como "aquele que não tinha pecado" (2Co 5.21). O autor de Hebreus afirma que Jesus foi tentado, mas ao mesmo tempo insiste que ele não pecou: Jesus é aquele que "passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado" (Hb 4.15). Ele é um sumo sacerdote que é "santo, inculpável, puro, separado dos pecadores, exaltado acima dos céus" (Hb 7.26). Pedro fala de Jesus como "um cordeiro sem defeito e sem mácula" (1Pe 1.19), usando uma figura do AT para afirmar que ele era livre de qualquer corrupção moral. Pedro afirma diretamente que ele "não cometeu pecado algum, e nenhum engano foi encontrado em sua boca" (1Pe 2.22). Quando Jesus morreu, foi "o justo pelos injustos, para conduzirnos a Deus" (1Pe 3.18). João, em sua primeira carta, chama Jesus Cristo de "o Justo" (1Jo 2.1) e diz que "nele não há pecado" (1 Jo 3.5). É difícil negar, então, que a impecabilidade de Cristo seja ensinada claramente nas seções mais importantes do NT. Ele era verdadeiramente homem, todavia sem pecado. O fato de que Jesus passar "por todo tipo de tentação" (Hb 4.15) tem grande significação para a nossa vida. Não importa quão difícil seja para compreender isso, a Escritura afirma que nessas tentações Jesus adquiriu uma capacidade de entender-nos e ajudar-nos em nossas tentações. "Porque, tendo em vista o que ele mesmo sofreu quando tentado, ele é capaz de socorrer aqueles que também estão sendo tentados" (Hb 2.18). O autor continua a conectar a capacidade de Jesus de simpatizar-se com as nossas fraquezas ao fato de que ele foi tentado como nós o somos: "pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim, aproximemo-nos

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do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade" (Hb 4.15,16).Isso tem implicações práticas para nós: em cada situação em que estamos lutando com a tentação, devemos refletir sobre a vida de Cristo e perguntar se não houve situações semelhantes que ele enfrentou.Geralmente, após refletirmos por um pouco, seremos capazes de pensar a respeito de algumas circunstâncias na vida de Cristo nas quais ele enfrentou tentações que, embora não tenham sido iguais em cada detalhe, foram muito similares às situações que enfrentamos cada dia.

6. JESUS PODERIA TER PECADO?A pergunta por vezes proposta é: "Era possível Cristo ter pecado?". Algumas pessoas argumentam pela impecabilidade de Cristo, com a palavra impecabilidade significando "incapacidade de pecar". Outros contrapõem que, se Jesus não fosse capaz de pecar, suas tentações não poderiam ter sido reais, pois como pode a tentação ser real se a pessoa que é tentada não possui a capacidade de pecar? Para responder a essa pergunta, devemos distinguir o que a Escritura claramente afirma. 1) A Escritura afirma claramente que Cristo na verdade nunca pecou. Não deveria haver dúvida alguma em nossa mente sobre esse fato. 2) A Escritura também afirma claramente que Jesus foi tentado e que essas tentações foram tentações reais (Lc 4.2). Se cremos na Escritura, devemos insistir em que Cristo, "como nós, passou por todo tipo de tentação, porem, sem pecado" (Hb 4.15). 3) Também devemos afirmar com a Escritura que "Deus não pode ser tentado pelo mal" (Tg 1.13). 3.1) Se a natureza humana de Jesus tivesse existido por si mesma, independentemente de sua natureza divina, então ela teria sido uma natureza humana exatamente igual àquela que Deus deu a Adão e Eva. Ela estaria livre de pecar, mas, apesar disso, seria capaz de pecar. 3.2) Mas a natureza humana de Jesus nunca existiu separadamente da união com a natureza divina. Desde o momento de sua concepção, ele existiu como verdadeiramente Deus assim como verdadeiramente homem. Tanto sua natureza humana quanto sua natureza divina estavam unidas em uma pessoa. 3.3) Embora houvesse algumas coisas (como sentir fome, sede ou fraqueza) que Jesus experimentou somente em sua natureza humana, coisas que não foram experimentadas em sua natureza divina, contudo pecar teria sido um ato moral que certamente envolveria a pessoa total de Cristo. Portanto, se ele houvesse

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pecado, teria havido o envolvimento das duas naturezas, divina e humana. 3.4) Mas se Jesus como pessoa houvesse pecado, envolvendo ambas as naturezas em pecado, então o próprio Deus teria pecado e teria cessado de ser Deus. Todavia, isso é claramente impossível por causa da santidade infinita da natureza de Deus. 3.5) Portanto, parece que, se perguntarmos sobre a real possibilidade de Jesus ter pecado, devemos concluir que não seria possível. A união de suas naturezas, divina e humana, em uma pessoa impediu que isso acontecesse. Mas a questão ainda permanece: "Como poderiam então as tentações de Jesus ter sido reais?". O exemplo da tentação de transformar as pedras e pães é útil nesse caso. Jesus tinha a capacidade, em virtude de sua natureza divina, de realizar tal milagre, mas, se ele o tivesse feito, não mais teria sido obediente a Deus Pai unicamente na força de sua natureza humana, mas teria falhado no teste em que Adão também falhou e não teria obtido a salvação para nós. Entretanto, Jesus recusou-se a contar com sua natureza divina para tornar a obediência mais fácil para ele. De igual modo, parece apropriado concluir que Jesus enfrentou cada tentação para pecar não por seu poder divino, mas unicamente na força de sua natureza humana (embora, naturalmente, seu lado humano não estivesse sozinho, porque Jesus, exercendo a espécie de fé que os seres humanos devem exercer, era perfeitamente dependente de Deus Pai e do Espírito Santo em cada momento). A força moral de sua natureza divina estava lá como uma espécie de "barreira" que evitava que ele pecasse (e, portanto, podemos dizer que não era possível ele pecar), mas ele não contou com a força de sua natureza divina para tornar mais fácil o processo de enfrentar as tentações, e sua recusa em transformar as pedras em pães no começo do seu ministério é uma indicação clara disso.6.1 As tentações foram então reais?Muitos teólogos têm salientado que somente quem resiste vitoriosamente à tentação até o fim sente plenamente a força dessa tentação. Exatamente como um halterofilista campeão que levanta sobre a cabeça o haltere mais pesado no campeonato consegue sentir a força dele mais plenamente que quem tenta levantá-lo e não consegue, assim qualquer cristão que enfrentou vitoriosamente uma tentação até o fim sabe que isso é muito mais difícil que simplesmente desistir de uma vez. Foi isso que aconteceu com Jesus: cada tentação que ele enfrentou, permaneceu firme até o fim e triunfou sobre ela. As tentações foram reais, muito embora Ele

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não tenha cedido a elas — de fato, elas foram muitíssimo reais porque ele não cedeu a elas.

7. POR QUE ERA NECESSÁRIA A PLENA HUMANIDADE DE JESUS?Quando João escreveu sua primeira carta, um ensino herético estava circulando na igreja dizendo que Cristo não era um homem. Essa heresia ficou conhecida por docetismo, palavra que vem do verbo grego dokeõ ("o que aparenta", "o que parece ser"). Essa doutrina sustenta que Jesus não era realmente um homem, mas somente tinha a aparência de um homem. Essa negação da verdade sobre a humanidade de Jesus foi tão séria que João chegou a dizer que ela era uma doutrina do anticristo: "Vocês podem reconhecer o Espírito de Deus deste modo: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa Jesus não procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo, acerca do qual vocês ouviram que está vindo, e agora já está no mundo" (1 Jo 4.2,3). João entendeu que a negação da verdadeira humanidade de Jesus era a negação de algo que representava o âmago do cristianismo, de forma que alguém que negasse que Jesus havia vindo em carne poderia ser considerado como não procedente de Deus.7.1 À medida que percorremos o NT, podemos ver diversas razões pelas quais Jesus tinha de ser plenamente homem para exercer as suas funções messiânicas. Duas das razões mais vitais são listadas a seguir:A) Para exercer a obediência representativa.Adão serviu como nosso representante no jardim do Éden e, mediante sua desobediência, Deus considerou-nos culpados também. De modo semelhante, Jesus foi nosso representante e obedeceu por nós onde Adão havia desobedecido e falhado. Vemos isso no paralelo entre a tentação de Jesus (Lc 4.1-13) e o tempo do teste de Adão e Eva no jardim (Gn 2.15—3.7). Isso também se reflete claramente na discussão de Paulo do paralelo entre Adão e Cristo: "Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de Justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. “Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos" (Rm 5.18,19). Essa é a razão pela qual Paulo denomina Cristo "o último Adão" (1Co 15.45), e também chama Adão "o primeiro homem" e Cristo "o segundo homem" (1Co 15.47). Jesus tinha de ser um homem a fim de ser nosso representante e obedecer em nosso lugar.B) Para oferecer o sacrifício substitutivo.

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Se Jesus não tivesse sido um homem, não poderia ter morrido em nosso lugar e não poderia ter pago a penalidade que nos era devida. O autor de Hebreus nos diz o seguinte: "Pois é claro que não é a anjos que ele ajuda, mas aos descendentes de Abraão. Por essa razão era necessário que ele se tornasse semelhante aos seus irmãos em todos os aspectos, para se tornar sumo sacerdote misericordioso e fiel com relação a Deus, e fazer propiciação pelos pecados do povo" (Hb 2.16,17; cf v.14). Jesus tinha de se tornar um homem, não um anjo, porque Deus estava preocupado com a salvação de homens, não de anjos. Mas, para fazer isso, "era necessário "que ele fosse feito igual a nós "em todos os aspectos", para que pudesse "fazer propiciação" por nós, o sacrifício que é a substituição aceitável a nosso favor. A menos que Cristo fosse plenamente homem, ele não poderia ter morrido para pagar a penalidade dos pecados do homem, nem poderia ter realizado o sacrifício substitutivo por nós. Há também outras razões para a necessidade da humanidade de Jesus. Ele tinha de ser plenamente homem e plenamente Deus para cumprir o papel de mediador entre Deus e o homem (1 Tm 2.5). O fato de que Jesus foi um homem e experimentou tentações capacitou-o a “simpatizar” mais plenamente conosco como nosso "sumo sacerdote" (Hb 2.18; cf.4.15). A humanidade de Jesus proporciona exemplo e padrão para nossa vida (1 Jo 2.6; 1Pe 2.21). Todas essas razões ressaltam a importância vital de afirmar que Jesus não era apenas plenamente Deus, mas também era plenamente homem e, assim, tornou-se capaz de assegurar plenamente nossa salvação.

ESTUDO 3

8. A DIVINDADE DE CRISTOPara completar o ensino bíblico sobre Jesus Cristo, devemos afirmar não somente que ele era plenamente homem, mas também que era plenamente divino. Embora a palavra não ocorra explicitamente na Escritura, a igreja tem usado o termo encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus vindo em carne. A encarnação foi o ato de Deus Filho pelo qual ele assumiu para si a natureza humana.

9. DECLARAÇÕES DIRETAS DA ESCRITURA. 9.1 A Palavra Deus (theos) usada com relação a Cristo.Embora a palavra theos, "Deus", seja regularmente reservada no NT para Deus Pai, há, no entanto diversas passagens em que ela é usada também para referir-se a Jesus Cristo. Em todas essas

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passagens a palavra "Deus" é usada em um sentido forte para referir-se àquele que é criador do céu e da terra, o governante sobre todas as coisas. Essas passagens incluem João 1.1; 1.18 (nos melhores e mais antigos manuscritos); 20.28; Rm 9.5; Tito 2.13; Hb 1.8 (citando SI 45.6); e 2 Pe 1.1. É suficiente observar que há ao menos sete passagens claras no NT que se referem explicitamente a Jesus como Deus. Um exemplo do AT do nome Deus aplicado a Cristo é visto em uma passagem messiânica que nos é muito familiar: "Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso.." (Is 9.6).9.2 A palavra Senhor {kyrios) usada com relação a Cristo.Às vezes a palavra Senhor (gr., kyrios) é usada simplesmente como referência polida a um superior, que se aproxima do nosso tratamento respeitoso a uma pessoa mais velha ou em posição superior à nossa (Mt 13.27; 21.30; 27.63; Jo 4.11). Em outras ocasiões essa palavra pode significar simplesmente o "senhor" de um servo ou escravo (Mt 6.24;21.40). Todavia, a mesma palavra é também usada na Septuaginta (a tradução grega do AT, que era regularmente usada no tempo de Cristo) como uma tradução da palavra hebraica YHWH, Iavé, ou "o SENHOR"(como é muitas vezes traduzida em muitas versões). A palavra kyrios é usada para traduzir o nome de Deus 6 814 vezes na versão grega do AT. Portanto, qualquer leitor de fala grega no tempo do NT que possuísse algum conhecimento do AT em grego teria reconhecido que, nos contextos onde fosse apropriado, a palavra Senhor era o nome do criador e sustentador dos céus e da terra, o Deus onipotente. Há muitos exemplos no NT em que a palavra "Senhor" em referência a Cristo pode ser entendida como possuindo o sentido forte que o AT lhe empresta, "o SENHOR", que é Iavé ou o próprio Deus. Esse uso da palavra "Senhor" é muito impressionante na afirmação do anjo aos pastores de Belém: "Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2.11). Embora essas palavras nos sejam familiares pelo uso frequente que fazemos delas no período do Natal, devemos perceber quão surpreendentes elas foram para o judeu do século I que as ouviu: um bebê sendo chamado "o Cristo" (ou "Messias"), e, além disso, esse Messias sendo também "o Senhor" — isto é, o próprio Senhor Deus! Vemos outro exemplo quando Mateus diz que João Batista é quem clama no deserto: "Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele" (Mt 3.3). João está citando Isaías 40.3, que fala a respeito do próprio Senhor Deus manifesto entre seu povo. Mas o contexto aplica essa passagem ao papel de João de preparar o

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caminho para a chegada de Jesus. A conclusão é que, quando Jesus viesse, seria o próprio Senhor quem viria. Jesus também identifica-se como o Senhor soberano do AT quando pergunta aos fariseus, sobre Salmos 110.1:”O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés” (Mt 22.44). A força dessa afirmação é que "Deus Pai disse a Deus Filho (o Senhor de Davi): “Senta-te à minha direita”. Os fariseus sabiam que ele estava falando a respeito de si próprio e identificando-se como alguém digno do título Kyrios ("Senhor"), muito próprio do AT. Tal uso é muitas vezes visto nas Cartas, onde "o Senhor" é o nome comum para se referir a Cristo. Paulo diz: "para nós, porém, há um único Deus, o Pai, de quem vêm todas as coisas e para quem vivemos; e um só Senhor,Jesus Cristo, por meio de quem vieram todas as coisas e por meio de quem vivemos" (1Co 8.6; cf. 12.3, e muitas outras passagens tanto nas cartas de Paulo como nas gerais).9.3 Outras declarações fortes da divindade de Cristo.Além do uso das palavras Deus e Senhor para se referir a Cristo têm outras passagens que declaram fortemente a divindade de Cristo. Quando Jesus disse aos seus oponentes judeus que Abraão tinha visto o seu (de Cristo) dia, eles o desafiaram dizendo: "Você ainda não tem cinquenta anos, e viu Abraão?" (Jo 8.57). Aqui a resposta suficiente para provar a eternidade de Jesus teria sido: "Antes de Abraão existir, eu já existia". Mas Jesus não disse isso. Ao contrário, ele fez uma afirmação ainda mais surpreendente: "Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!" (Jo 8.58). Jesus combinou duas asserções cuja sequência parecia não fazer sentido: "Antes de alguma coisa ter acontecido no passado [Abraão era], alguma coisa no presente acontecia [Eu Sou]". Os líderes judeus reconheceram de uma vez por todas que ele não estava falando por enigmas nem estava fazendo qualquer pronunciamento sem sentido. Quando ele disse "Eu Sou", estava repetindo as verdadeiras palavras que Deus usou quando se identificou diante de Moisés como "Eu Sou o que Sou" (Êx 3.14). Jesus estava requerendo para si próprio o título "Eu Sou", pelo qual Deus se autodesignou o eterno auto-existente, o Deus que é a fonte da própria existência e que sempre tem sido e sempre será. Quando os judeus ouviram essa afirmação incomum, enfática e solene, sabiam que estava afirmando ser Deus. "Então eles apanharam pedras para apedrejá-lo, mas Jesus escondeu-se e saiu do templo" (Jo 8.59). Outra declaração vigorosa da divindade de Jesus é sua afirmação no final do Apocalipse: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim" (Ap 22.13). Quando combinada com a afirmação de Deus Pai em Apocalipse 1.8 ("Eu sou o Alfa e o Ômega"), ela também constitui forte declaração para mostrar

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divindade igual à de Deus Pai. Soberano sobre a totalidade da história e sobre toda a criação, Jesus é o Princípio e o Fim. Evidência adicional de afirmações da divindade pode ser encontrada no fato de que Jesus chama a si mesmo de "o Filho do homem". Esse título é usado 84 vezes nos quatro evangelhos, mas somente por Jesus e somente para falar de si próprio (Mt 16.13 com Lc 9.18). No restante do NT, a expressão "o Filho do homem" (com o artigo definido "o") é usada somente uma vez, em Atos 7.56, quando Estevão se refere a Cristo como "o Filho do homem". Esse termo singular tem seu pano de fundo na visão de Daniel 7, quando Daniel viu alguém semelhante a um "filho de homem" que "se aproximou do ancião" e a quem foram dados "autoridade, glória e o reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. “Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído" (Dn 7.13,14). É admirável que esse "filho do homem" tenha vindo "com as nuvens dos céus" (Dn 7.13). Essa passagem fala claramente de alguém que possuía origem celestial e a quem foi dado domínio eterno sobre todos os povos. O sumo sacerdote entendeu muito bem quando Jesus disse: "Chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu" (Mt 26.64). A referência a Daniel 7.13,14 é inconfundível, e o sumo sacerdote e seus companheiros sabiam que Jesus estava afirmando ser o eterno governante do mundo, de origem celestial, referido na visão de Daniel. Imediatamente eles disseram: “Blasfemou! [...] O que acham? É réu de morte! Responderam eles” (Mt 26.65,66). Aqui Jesus finalmente tornou explícita sua forte alegação de ser o eterno governante do mundo que ficara anteriormente subentendida pelo frequente uso do título "o Filho do homem" aplicado a si próprio. Embora o título "Filho de Deus" possa algumas vezes ser usado simplesmente para referir-se a Israel (Mt 2.15), ou ao homem criado por Deus (Lc 2.38), ou ao homem redimido em geral (Rm 8.14,19,23), há todavia exemplos em que a expressão "Filho de Deus" se refere a Jesus como o Filho eterno e celestial que é igual ao próprio Deus (Mt 11.25-30;17.5;1Co15.28; Hb1.1-3,5,8). Isso é especialmente verdadeiro no evangelho de João, no qual Jesus é visto como Filho singular do Pai (Jo1.14,18,34,49) que revela plenamente o Pai (Jo 8.19; 14.9). Como Filho ele é tão grande que podemos confiar nele para a vida eterna (algo que não poderia ser dito de nenhum ser criado: Jo 3.16,36; 20.31). Ele é também quem tem toda a autoridade do Pai para dar vida, pronunciar julgamento eterno e governar sobre tudo (Jo 3.36; 5.20-22,25; 10.17; 16.15). Como Filho ele foi enviado pelo Pai e, portanto, existia desde antes de vir ao mundo (Jo 3.37; 5.23;

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10.36). Essas passagens combinam-se para indicar que o título "Filho de Deus" quando aplicado a Cristo afirma fortemente sua divindade como o Filho eterno na Trindade, igual a Deus Pai em todos os atributos.

ESTUDO 4

10. EVIDÊNCIA DE QUE JESUS POSSUÍA ATRIBUTOS DA DIVINDADE.Somando-se à afirmação específica da divindade de Jesus observada nas diversas passagens citadas anteriormente, muitos exemplos das ações de Jesus no tempo em que viveu entre nós que demonstram seu caráter divino.10.1 Jesus demonstrou sua onipotência. Quando acalmou a tempestade no mar com apenas uma ordem (Mt 8.26,27), multiplicou pães e peixes (Mt 14.19) e transformou água em vinho (Jo 2.1-11).10.2 Jesus declarou sua eternidade.Quando disse: "Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!" (Jo 8.58), ou quando disse: "Eu sou o Alfa e o Ômega" (Ap 22.13).10.3 A onisciência de Jesus é demonstrada.Pelo conhecimento do pensamento das pessoas (Mc 2.8) e por saber "desde o princípio quais deles não criam e quem o iria trair" (Jo 6.64). O conhecimento de Jesus era muito mais amplo que a revelação de informação que as pessoas poderiam receber por meio do ofício profético, porque ele mesmo conhecia a crença e a descrença que estava no coração de todas as pessoas (v. Jo 2.25; 16.30).10.4 O atributo da onipresença divina."Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles" (Mt 18.20). "E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos" (Mt 28.20).10.5 A soberania divina.Jesus podia perdoar pecados (Mc 2.5-7). Diferentemente dos profetas do AT que declararam: "Assim diz o Senhor", ele pôde prefaciar suas afirmações com a frase "Mas eu lhes digo" (Mt. 5.22,28,32,34,39,44) —alegação de sua autoridade. 10.6 Cristo ser contado digno de adoração...Algo que não pertence a nenhuma outra criatura, incluindo anjos (Ap19.10), mas somente a Deus. Todavia, a Escritura diz de Cristo que "Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor,para a glória de Deus Pai" (Fp 2.9-11). Semelhantemente, Deus

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ordena aos anjos que adorem Cristo: "E ainda, quando Deus introduz o Primogênito no mundo, diz: 'Todos os anjos de Deus o adorem " (Hb 1.6).

11. JESUS ABRIU MÃO DE ALGUNS DE SEUS ATRIBUTOS DIVINOS ENQUANTO VIVEU NESTE MUNDO (A TEORIA DA KENOSIS)?Paulo escreve aos filipenses: "Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens" (Fp 2.5-7). Começando por esse texto, diversos teólogos do século XIX advogaram uma idéia da encarnação chamada "teoria da kenosis", que sustenta que Cristo abriu mão de alguns de seus atributos divinos enquanto esteve neste mundo como homem. (A palavra kenosis é emprestada do verbo grego kenoõ, que geralmente significa "esvaziar", e é traduzido por "esvaziou-se" em Fp2.7.) Segundo essa teoria, Cristo "esvaziou-se" de alguns de seus atributos divinos como onisciência, onipresença e onipotência enquanto esteve sobre a terra como homem. Isso foi visto como a autolimitação voluntária da parte de Cristo, que ele assumiu a fim de realizar a obra de redenção. Após o exame mais preciso, podemos ver que Filipenses 2.7 não diz que Cristo "esvaziou-se de alguns poderes" ou que "esvaziou-se de atributos divinos", ou coisa parecida. Antes o texto descreve o que Jesus fez nesse "esvaziamento". Ele não se esvaziou por abrir mão de qualquer de seus atributos, mas por vir "a ser servo", isto é, por passar a viver como homem e, por ser "encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!" (Fp 2.8). Assim, o contexto interpreta o "esvaziamento" como equivalente a "humilhou-se a si mesmo", assumindo uma posição ou condição mais baixa. Isso significa que ele assumiu uma condição humilde. O contexto mais amplo dessa passagem também torna essa interpretação clara. O propósito de Paulo era o de persuadir os filipenses de que eles não deveriam fazer nada "por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos" (Fp 2.3), e continua lhes dizendo: "Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros" (Fp 2.4). Para persuadi-los a ser e a colocar os interesses dos outros em primeiro lugar, Paulo, então, aponta para Cristo como exemplo supremo de alguém que fez exatamente isso: ele colocou os interesses dos outros primeiro e desejou abrir mão de alguns privilégios e posição que eram seus como Deus. Paulo quer que os filipenses imitem Cristo. Ele não lhes pedia que abrissem mão de sua inteligência ou força ou capacidade e que se tornassem uma versão diminuída do que realmente eram. Ao contrário, ele

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lhes pediu para colocar os interesses dos outros em primeiro lugar: "Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros" (Fp 2.4).Portanto, o melhor entendimento desta passagem é que ela fala a respeito de Jesus abrindo mão da posição e do privilégio que foram seus no céu: Ele, "embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo" ou"humilhou-se", e veio viver como homem. Jesus fala em outra passagem da "glória" que tinha com o Pai "antes que o mundo existisse" (Jo 17.5), glória da qual abriu mão e que haveria de receber de volta quando retornasse ao céu. E Paulo podia falar de Cristo que, "sendo rico, se fez pobre por amor de vocês" (2Co 8.9), discorrendo uma vez mais sobre o privilégio e honra que merecia, porém dos quais temporariamente abriu mão por nós. A "teoria da kenosis", portanto, não é o entendimento correto de Filipenses 2.5-7.

12. POR QUE A DIVINDADE DE JESUS ERA NECESSÁRIA?1) Somente o Deus infinito poderia suportar a plena penalidade de todos os pecados dos que haveriam de crer nele — qualquer criatura finita teria sido incapaz de suportar tal penalidade; 2) A salvação é do Senhor (Jn 2.9), e a mensagem total da Escritura tem o propósito de mostrar que nenhum ser humano nem nenhuma criatura poderia salvar o homem — somente o próprio Deus; 3) Somente quem fosse plena e verdadeiramente Deus poderia ser o único mediador entre Deus e o homem (1Tm 2.5), tanto para trazer-nos de volta a Deus como para revelar-nos Deus mais completamente (Jo14.9).Assim, se Jesus não é plenamente Deus, não temos salvação e definitivamente nenhum cristianismo. Não é por acaso que no decorrer da história os grupos que abriram mão da crença na plena divindade de Cristo não permaneceram dentro da fé cristã, mas logo se apartaram para uma espécie de religião. "Todo o que nega o Filho também não tem o Pai" (1Jo 2.23). "Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus; quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho" (2Jo 9).