pessoa com deficiência: direitos, necessidades e realizações · conforme apontado por sassaki...
TRANSCRIPT
Pessoa com Deficiência: direitos, necessidades e realizações
Costa, Luiza1
(in memoriam)
Este texto pretende sintetizar as principais conquistas, desafios e
realizações alcançadas pelo movimento das pessoas com deficiência
intelectual e múltipla, na defesa e garantia de seus direitos, notadamente na
igualdade de oportunidades e na inclusão social e comunitária.
A ideia central é de subsidiar as discussões quando da consecução das
atividades relativas à Semana Nacional das Pessoas com Deficiência
Intelectual e Múltipla a se realizar entre os dias 21 e 28 de agosto de 2017, em
Minas Gerais.
Tais atividades serão organizadas e executadas pelas Apaes e devem
contar com a participação de representantes das esferas governamentais,
órgãos de controle social e, sobretudo, pelas pessoas com deficiência
intelectual e múltipla, seus familiares e membros das comunidades locais.
Conhecer os significados das deficiências é o primeiro passo para
alcançarmos novos patamares da tão sonhada e desejada igualdade de
direitos e inclusão social e comunitária dessas pessoas.
Por isso, o texto a seguir está distribuído, além dessa introdução, em
quatro itens que, no nosso entendimento, são caros e fundamentais ao
Movimento Apaeano: a evolução terminológica de deficiência intelectual; os
desafios a serem enfrentados a partir das atuais necessidades das pessoas
com deficiência intelectual; os principais direitos historicamente alcançados e,
por fim, as considerações finais.
As discussões serão seguidas de sugestões de atividades que podem
ser executadas durante a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência
Intelectual e Múltipla.
A equipe da Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais
(Feapaes-MG) deseja a todos, boa leitura e um excelente trabalho.
1 Mestra em Ciências Sociais, Especialista em Política de Assistência Social e Gestão do Sistema Único de
Assistência Social- SUAS, Assistente Social, Coordenadora Técnica da Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais. (in memoriam)
1. A Evolução Terminológica: Afinal, o que é e por que utilizamos o
termo Deficiência Intelectual?
O conceito de deficiência intelectual atualmente utilizado de acordo com
a American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD,
2010, p.1) se caracteriza por “limitações significativas no funcionamento
intelectual e no comportamento adaptativo e está expresso nas habilidades
práticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos 18 (dezoito) anos”.
Entretanto, registram-se na história diversas terminologias relativas às
pessoas com deficiência, tais como Debilidade Mental, Retardo Mental,
Excepcional, Portador de Necessidades Especiais, Deficiência Mental, entre
tantos outros.
Essas terminologias não configuram apenas denominações distintas,
mas um conjunto de significados, ideias e orientações que se manifestam nas
práticas cotidianas, inclusive quanto à expectativa das pessoas, sobretudo
familiares e profissionais, em relação às pessoas com deficiência intelectual, e
consequentemente a maneira que entendemos e atuamos frente às situações
vivenciadas.
Algumas concepções/terminologias colaboram para sustentar o
preconceito, infantilização e a discriminação, ao invés de promover a defesa e
garantia de direitos das pessoas com deficiência intelectual/múltipla e com
transtorno do espectro autista.
Conforme apontado por Sassaki (2005), mundialmente foi definido pelos
movimentos de defesa e garantia de direitos do público em questão, a
utilização do termo “pessoa com deficiência” que fora devidamente incorporado
no texto da “Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos
das Pessoas com Deficiência” aprovada pela Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU) e posteriormente ratificada pelo Brasil.
A utilização de tal terminologia se deu em razão do processo de
evolução do contexto histórico-social e reflete as transformações sociais e
políticas vigentes ao longo do tempo, bem como a compreensão da deficiência
intelectual traduzindo princípios básicos discutidos e definidos pelos
movimentos das pessoas com deficiência intelectual, que teve como objetivo
centralmente de acordo com Sassaki (2005):
1. Não esconder ou camuflar a deficiência;
2. Não aceitar a falsa ideia de que todo mundo tem deficiência;
3. Mostrar com dignidade a realidade da deficiência;
4. Valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência;
5. Combater neologismos que tentam diluir as diferenças, tais como “pessoas com capacidades especiais”, “pessoas com eficiências diferentes”, “pessoas com habilidades diferenciadas”, “pessoas deficientes”, “pessoas especiais”, “é desnecessário discutir a questão das deficiências porque todos nós somos imperfeitos”, etc.
6. Defender a igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas em termos de direitos e dignidade, o que exige a equiparação de oportunidades para pessoas com deficiência atendendo às diferenças individuais e necessidades especiais, que não devem ser ignoradas;
7. Identificar nas diferenças todos os direitos que lhe são pertinentes e, a partir daí, encontrar medidas específicas para o Estado e a sociedade diminuírem ou eliminarem as “restrições de participação”, isto é, dificuldades ou incapacidades causadas pelos ambientes humano e físico contra as pessoas com deficiência (SASSAKI, 2015, p.5).
A partir dessa definição terminológica cabe agora apontarmos como
deve ser diagnosticada a deficiência intelectual.
1.1. Avaliação Multidimencional de Deficiência Intelectual
Tendo como base a concepção da AAIDD (2010), o diagnóstico de
deficiência intelectual atualmente utilizado, diferentemente das abordagens
anteriores, atribui menor relevância ao coeficiente de inteligência e enfatiza os
comportamentos adaptativos. Para o diagnóstico de deficiência intelectual são
utilizados os seguintes critérios:
1. Déficits no desenvolvimento das atividades intelectuais;
2. Déficits no comportamento adaptativo, no que tange às questões
conceituais (leitura e escrita, matemática, noção de tempo, noção de
dinheiro, capacidade de cuidar de si), sociais (comunicação, autoestima,
capacidade de seguir regras, obedecer normas e leis, regular
comportamentos e emoções), e práticas (atividades de vida diária- tomar
banho, alimentar-se, vestir-se, entre outros; habilidades ocupacionais-
fazer compras, preparar alimentos, utilizar transporte público, entre
outros; realizar atividades bancárias, controlar o uso do dinheiro,
capacidade de cuidar da própria saúde e segurança);
3. Início dos déficits intelectuais no período de desenvolvimento da
pessoa, ou seja, antes dos 18 anos.
Além disso, as pessoas com deficiência intelectual demandam
significativa necessidade de apoios para a realização de maneira assertiva das
atividades conceituais, sociais e práticas acima descritas, que de acordo com
Zutião et. al. (2017) esses apoios equivalem às estratégias e recursos
utilizados com o objetivo de favorecer o desenvolvimento, o bem-estar pessoal
e melhorar o funcionamento individual no que tange às habilidades conceituais,
sociais e práticas.
Para a identificação da deficiência intelectual e consequentemente dos
apoios necessários é imprescindível a realização de avaliação multidimensional
que permita conhecer a pessoa avaliada, considerando os fatores pessoas,
ambientais (contextuais), e delimitação de apoios que favoreçam a ampliação
da autonomia, participação e bem-estar social da pessoa com deficiência
intelectual, a partir das 5 (cinco) dimensões dispostas abaixo:
Fonte: AAIDD (2010)
Isso significa que a deficiência intelectual é multidimensional, ou seja,
não é identificada exclusivamente por alguma alteração de saúde, mas também
pelas outras dimensões que a situação de saúde pode influir, conforme itens
acima expostos.
O contexto tem uma inquestionável importância e impacta diretamente
no processo de desenvolvimento da pessoa com deficiência intelectual,
podendo influenciar positivo ou negativamente. O mesmo é composto por três
níveis distintos, embora complementares, sendo eles:
a) Ambiente social imediato que inclui a família e pessoas mais
próximas – Microssistema;
b) O bairro, vizinhança, serviço educativo ou laboral –
Mesossistema;
Capacidades Intelectuais
Condutas Adaptativas
Participação e Interação Social
Contexto
Saúde
Fu
ncio
na
men
to In
div
idu
al
c) Os padrões gerais de uma cultura, a sociedade, a população –
Macrossistema.
Evidencia-se que a criação de ambientes que favoreçam a integração da
pessoa com deficiência intelectual é fundamental para potencializarmos seu
desenvolvimento.
1.2. Propostas de Atividades para a Semana Nacional da Pessoa com
Deficiência2
Tema: Concepção e evolução terminológica de Deficiência Intelectual
As atividades podem ser realizadas após e/ou durante a realização de
palestras expositivas acerca do conceito de deficiência intelectual, que poderá
ser elaborada tendo como base esse material ou ainda no processo de
consecução de atividades em espaços públicos e privados durante a Semana
Nacional.
2 As propostas de atividades no texto expostas foram elaboradas por Bruna Campos. Bacharel em Artes
Cênicas, pós-graduanda em Gestão Estratégica de Projetos. É Coordenadora de Linguagens Alternativas da Federação das Apaes de Minas Gerais.
2. Sistemas de Apoios: Quais são as necessidades das Pessoas com
Deficiência Intelectual?
Após o diagnóstico, onde são identificadas as potencialidades e
fragilidades das pessoas com deficiência intelectual a partir das 5 (cinco)
1. CONHECENDO A SI MESMO E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA
OBJETIVO: Proporcionar uma discussão em Grupo, sobre como as Pessoas com Deficiência vivem. Discutir a deficiência do ponto de vista da pessoa com deficiência, sua família e comunidade. A dinâmica deverá ser conduzida por um profissional que explique o conceito de deficiência intelectual de forma simples, de maneira que todos compreendam.
TAREFA: Divida a sala ou espaço onde está acontecendo a dinâmica ao meio, explique que algumas perguntas serão feitas ao grupo e eles deverão ir para o lado direito caso a resposta seja “sim” e para o lado esquerdo caso a resposta seja “não”. O condutor da dinâmica deve fazer algumas perguntas como: Quem tem amigos com deficiência? Alguém sabe como eles vivem na família, na escola e na Igreja? Quem tem ou já teve algum tipo de preconceito? Alguém já sentiu medo de alguma pessoa com deficiência? E nojo?
FECHAMENTO: Deverá ser aberto para discussão, com o intuito de uma reflexão conjunta sobre as dificuldades que a Pessoa com Deficiência vivencia no cotidiano ( preconceito, dificuldades de ir à escola, andar de ônibus, acessibilidade a lugares públicos: ir a bancos, festas, restaurante, lanchonete, cinema, ter relações de amizade, ir a casa de um amigo, etc). Discuta com o grupo, qual lado da sala esteve mais cheio a cada pergunta e o que eles pensam e sentem sobre isso.
2. CONHECENDO O CONCEITO DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
OBJETIVO: Permitir a expressão das percepções, ideias, valores e opiniões dos participantes sobre temas relacionados às Pessoas com Deficiência, de modo espontâneo e criativo. Muitas vezes não sabemos como nos portar diante de uma Pessoa com Deficiência e acabamos agindo de maneira inadequada e/ou preconceituosa. A falta de informação a respeito da Pessoa com Deficiência nos leva a gerar sentimento de angústia e “medo” de lidar com a situação.
TAREFA: Cada participante recebe três pedaços de papel e uma caneta; O condutor da dinâmica deverá pedir aos participantes que escrevam pelo menos três maneiras de se chamar uma Pessoa com Deficiência (pode ser uma maneira que eles considerem correta ou que consideram errada/ ultrapassada/
preconceituosa). Os papéis são recolhidos e lidos pelo condutor da dinâmica.
FECHAMENTO: A cada nova nomenclatura lida para o grupo, discuta com os participantes o como a maneira de se tratar a pessoa com deficiência evolui ao longo do tempo. Observe se termos como “retardado”, “mongoloide”, “aleijado”, “pessoa com necessidades especiais”, “portador de deficiência” surgiram durante a dinâmica, pergunte aos participantes se eles ainda escutam esses termos na rua e pergunte qual o termo eles consideram mais adequados. Observe se alguém do grupo disse simplesmente que a pessoa com deficiência deve ser chamada pelo seu nome, como qualquer pessoa.
dimensões relatadas anteriormente, é possível delimitar os apoios e a
intensidade desses apoios de modo a favorecer o desenvolvimento da pessoa
com deficiência nos distintos ambientes.
Já é notório que com os apoios a que a pessoa requer sua
funcionalidade irá aumentar, considerando que todos, independente do grau de
dependência, podem ter seus graus de autonomia e autodeterminação
aumentados, de modo que sejam progressivamente mais independentes na
realização das atividades do cotidiano, bem como participantes ativos da
comunidade.
Para tanto, importa conhecer as necessidades e as potencialidades das
pessoas com deficiência que ocorre a partir da realização da avaliação
multidimensional. Essa avaliação é um avanço e uma conquista de direitos
das pessoas com deficiência intelectual.
A delimitação dos apoios deve estar orientada para o alcance de
resultados desejados e valorizados pela pessoa com deficiência intelectual e
suas famílias. Muitas pessoas com deficiência intelectual não são “escutadas”,
tem pouco controle de suas vidas e possuem o sentimento de não serem
tratadas com respeito, uma vez que grande parte das famílias e profissionais
ainda veem a pessoa com deficiência intelectual como crianças, não os dando
credibilidade e liberdade para tomar decisões, cometerem erros e
consequentemente ter o controle sobre suas vidas, conforme ilustra citação
abaixo.
“ É importante que cada ser humano tenha influência sobre sua vida, seja
parte de sua comunidade e da sociedade. É importante que cada ser humano
tome suas próprias decisões, seja escutado e tratado com respeito ”.
A expectativa é, entretanto, que as pessoas com deficiência intelectual
possam começar a ser protagonistas de suas próprias vidas e,
consequentemente, menos dependentes de seus pais e profissionais.
Para terem suas necessidades atendidas, além de conhecê-las, é
fundamental que os profissionais, famílias e membros da comunidade tenham
clareza de que uma pessoa é autônoma quando realiza suas tarefas ajustadas
à sua capacidade e adaptada às situações vivenciadas no cotidiano, quando a
ela é dada a oportunidade de escolher entre distintas opções aquela que
melhor se ajusta às suas necessidades. A autonomia não está limitada às
habilidades intelectuais da pessoa com deficiência intelectual, uma vez que
entendemos que todos têm condições de com os apoios necessários, serem
autônomos.
A autonomia não está relacionada exclusivamente e unicamente às
atividades de vida diária e prática, como alimentar-se, tomar banho, entre
outros, mas principalmente no potencial que a pessoa com deficiência tem de
fazer escolhas, relacionar-se com outras pessoas. A autonomia então
“tem muita importância porque determina a autoestima, a valorização
que tem de si mesmo. Se pode fazer as coisas sem ajuda, se pode
escolher, me sinto mais valorizado, mais seguro de mim mesmo e,
portanto, mais adaptado, mais livre e mais feliz. Não estamos falando de
fazer coisas muito complicadas. Talvez uma pessoa com deficiência
intelectual não possa conduzir um automóvel ou alcançar determinadas
conquistas acadêmicas ou esportivas, mas pode cuidar-se, comunicar-
se, escolher seus gostos ou desejos e conquistar objetivos que se
ajustem às suas capacidades concretas que lhe permitirão construir uma
ideia positiva de si mesmo, experimentar com sua liberdade, e adquirir a
dignidade que requer como ser humano” (FIORAVANTE, 2017, p. 3).
Por isso é tão relevante que não apenas saibamos quais são as
necessidades das pessoas com deficiência intelectual, mas que também
possibilitemos a elas autonomia e independência, de modo que se sintam cada
vez mais sujeitos de direitos, tenham voz e tenham suas preferencias e
necessidades consideradas, tanto no interior do ambiente familiar, quanto na
APAE e na comunidade.
3. Os Direitos das Pessoas com Deficiência Intelectual
Em relação aos direitos das pessoas com deficiência intelectual, torna-
se fundamental a compreensão de que as legislações e normativas são
fundamentais para subsidiar a implantação de políticas públicas que
respondam às necessidades das pessoas com deficiência intelectual.
As políticas públicas ofertadas diretamente pelo poder público ou
indiretamente por entidades parceiras, como o caso das Apaes, foram
implantadas e implementadas tendo como fundamento as normativas e
legislações nacionais e internacionais que tratam da defesa e garantia de
direitos das pessoas com deficiência intelectual.
Acerca dos direitos das pessoas com deficiência, destacamos as
seguintes legislações:
LEGISLAÇÃO PRINCIPAIS PONTOS
CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DA
REPÚBLICA
FEDERATIVA DO
BRASIL- 1988
Art. 7º: Proíbe quaisquer discriminação no tocante à salários e critérios de
admissão às pessoas com deficiência;
Art. 23º: é competência comum aos três entes federados, os cuidados de saúde,
assistência pública e garantia das pessoas com deficiência;
Art. 24º: compete à União, aos Estados, DF e Municípios, legislar sobre a
proteção e integração social das pessoas com deficiência;
Art.37º Inciso VIII- reserva percentual de cargos e empregos públicos;
Art. 201º § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a
concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência
social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar
de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).
Artigo 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
IV – habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a
promoção de sua integração à vida comunitária;
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a
lei.
Artigo 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
Entre outros.
LEI Nº 7.405, DE 12
NOVEMBRO DE
1985
Torna obrigatória a colocação do símbolo internacional de acesso em todos os
locais e serviços que permitam sua utilização por pessoas portadoras de
deficiências e da outras providencias.
LEI Nº 8.899, DE 29
DE JUNHO DE 1994
Concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência no sistema de
transporte coletivo interestadual.
LEI Nº 8.989, DE 24
DE FEVEREIRO DE
1995
Dispõe sobre a Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, na
aquisição de automóveis para utilização no transporte autônomo de
passageiros, bem como por pessoas portadoras de deficiência física, e dá
outras providências. (Redação dada pela Lei Nº 10.754, de 31.10.2003)
LEI Nº 10.098, DE 19
DE DEZEMBRO DE
2000
Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade
das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
providências
LEI Nº 10.754, DE 31
DE OUTUBRO DE
2003
Altera a Lei Nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995 que “dispõe sobre a isenção
do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI, na aquisição de automóveis
para utilização no transporte autônomo de passageiros, bem como por pessoas
portadoras de deficiência física e aos destinados ao transporte escolar, e dá
outras providências” e dá outras providências.
LEI Nº 10.845, DE 5
DE MARÇO DE
2004
Institui o Programa de Complementação ao Atendimento Educacional
Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência, e dá outras providências.
LEI Nº 11.982, DE 16
DE JULHO DE 2009
Acrescenta parágrafo único ao art. 4º da Lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de
2000, para determinar a adaptação de parte dos brinquedos e equipamentos
dos parques de diversões às necessidades das pessoas com deficiência ou com
mobilidade reduzida.
LEI Nº 13.146, DE 6
DE JULHO DE 2015
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Pessoa com Deficiência) e dá outras providências.
DECRETO Nº 914,
DE 6 DE
SETEMBRO DE
1993
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
DECRETO Nº 3.298,
DE 20 DE
DEZEMBRO DE
1999
Regulamenta a Lei Nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as
normas de proteção, e dá outras providências.
DECRETO Nº 3.691,
DE 19 DE
DEZEMBRO DE
2000
Regulamenta a Lei Nº 8.899, de 29 de junho de 1994, que dispõe sobre o
transporte de pessoas portadoras de deficiência no sistema de transporte
coletivo interestadual.
DECRETO Nº 3.956,
DE 8 DE OUTUBRO
DE 2001
Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência.
DECRETO Nº 5.296,
DE 2 DE
DEZEMBRO DE
2004
Regulamenta as Leis Nºs 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade
de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de
2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências.
DECRETO Nº 6.214,
DE 26 DE
SETEMBRO DE
2007
Regulamenta o benefício de prestação continuada da assistência social devido
à deficiência.
DECRETO Nº 7.612,
DE 17 DE
NOVEMBRO DE
2011
Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano
Viver sem Limite
DECRETO Nº 7.617,
DE 17 DE
NOVEMBRO DE
2011
Altera o Regulamento do Benefício de Prestação Continuada, aprovado pelo
Decreto Nº 6.214, de 26 de setembro de 2007.
Além de tais legislações, destacam-se algumas promulgadas por área
de atuação como a Lei 8.069, de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do
Adolescente- ECA; a Lei 8.742, que aprova a Lei Orgânica de Assistência
Social (LOAS); Política Nacional de Educação Especial, de 1994; Lei 9394/96,
que aprova a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), dentre
tantas outras que incorpora ou trata especificamente de temas relativos aos
direitos das pessoas com deficiência.
Tais legislações permitiram a evolução histórica de promoção e garantia
de direitos das pessoas com deficiência e devem ser divulgadas e
compreendidas pelas pessoas com deficiência intelectual, profissionais e
sociedade em geral.
3.1. Propostas de Atividades para a Semana Nacional da Pessoa com
Deficiência
Tema: Os Direitos das Pessoas com Deficiência Intelectual
As atividades podem ser realizadas após e ou durante a realização de
palestras, discussões em grupo, entre outras estratégias, cujo objetivo será
apresentar os direitos das pessoas com deficiência intelectual, em espaços
internos e externos à APAE.
Sugestões de afirmativas:
1. A pessoa com deficiência intelectual não tem o direito de se casar
ou constituir união estável (MITO).
Com a Lei Brasileira de Inclusão, a pessoa com deficiência passou a ter o
direito a se casar com pessoa de sua livre escolha e ter uma família. Também
possui o direito de viver em união estável, ou seja, ter uma relação de
convivência com outra pessoa, tendo também como objetivo a formação de
uma família.
2. A pessoa com deficiência pode adotar um filho, caso deseje
(VERDADE).
Se desejar, a pessoa com deficiência pode optar por adotar. Nesse caso, ela
1. CONHECENDO OS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (MITOS E VERDADES)
OBJETIVO: Aumentar o nível de conhecimento acerca dos direitos da Pessoa com Deficiência entre os participantes.
TAREFA: Divida os participantes em grupos, duplas, ou trios, ( caso pessoas com deficiência estejam participando da dinâmica equilibre os grupos de maneira que pessoas com deficiência e sem deficiência possam se ajudar); O condutor da dinâmica deverá sortear e ler em voz alta a afirmativa sorteada, o grupo que quiser responder deverá levantar a mão e responderá simplesmente se acha que é mito ou verdade.
FECHAMENTO: Após a resposta do grupo, o coordenador deverá dizer se a resposta do grupo está correta ou incorreta, explicando por que é MITO ou VERDADE; Cada resposta correta corresponde a 1 ponto; Vence a equipe que receber mais pontos durante o jogo.
deverá concorrer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, não
podendo ser desprezada pelo fato de ter deficiência.
3. A pessoa com deficiência pode trabalhar (VERDADE).
A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, sendo proibida qualquer restrição em
razão da sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção,
contratação, permanecia no emprego, dentre outros.
4. A pessoa com deficiência não tem direito a saúde de forma gratuita
(MITO).
É dever do estado do estado prestar serviços gratuitos de saúde para todos os
cidadãos. Assim a pessoa com deficiência tem assegurada atenção integral à
saúde, em todos os níveis de complexidade, por meio do sus, garantindo
acesso universal e igualitário.
5. A pessoa com deficiência pode ser obrigada a realizar cirurgia,
tratamento, atendimento ou outra intervenção clínica (MITO).
Nenhuma pessoa com deficiência pode ser obrigada a realizar qualquer
atendimento clínico, cirurgia, tratamento ou ser internada contra sua vontade.
Ela tem o direito de escolher aquilo que acredita ser melhor para sua vida, não
podendo sofrer qualquer tipo de castigo por sua escolha.
6. A pessoa com deficiência não tem direito de estudar na rede pública
e/ou privada de ensino (MITO).
A educação é direito da pessoa com deficiência, em todos os níveis de
aprendizado ao longo de toda vida, de forma a alcançar o máximo
desenvolvimento possível. Portanto é direito da pessoa com deficiência
estudar, tanto em escolas públicas quanto em escolas particulares. No caso
das escolas particulares, a pessoa com deficiência deverá pagar mensalidade
igual a das demais pessoas, sendo proibido cobrar qualquer valor adicional.
7. A escola particular pode cobrar uma mensalidade maior da pessoa
com deficiência (MITO).
É proibida a cobrança de valores adicionais nas mensalidades, anuidades e
matrículas pagas pelas pessoas com deficiência, mesmo que essa cobrança
seja para o fornecimento de atendimento educacional especializado e
profissionais de apoio. Portanto nenhum valor adicional pode ser cobrado da
pessoa com deficiência.
8. A pessoa com deficiência tem prioridade na aquisição de imóvel para
moradia própria, nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados
com recursos públicos (ex. minha casa minha vida) (VERDADE).
A pessoa com deficiência ou seu responsável tem prioridade na reserva de, no
mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais. Deve haver, nesse
caso, garantia de acessibilidade nas áreas de uso comum, com
disponibilização de equipamentos urbanos comunitários acessíveis e, quando
possível, instalação de elevadores que permitam acessibilidade.
2. DIREITO À INCLUSÃO SOCIAL
OBJETIVOS: Vivenciar o sentimento de exclusão/ Inclusão social.
TAREFA: Com os participantes, faça um círculo apertado e entrelaçado no centro da sala. Uma pessoa, escolhida pelo condutor, tenta penetrar neste grupo, da maneira que achar melhor, pode usar força, estratégias ou diálogo. O grupo deve tentar excluir o participante que está tentando penetrar no grupo (pode usar de palavras de desincentivo, pode se movimentar, pode tentar limitar os movimentos do “excluído”).
FECHAMENTO: Debater com os participantes quais os sentimentos despertados nos indivíduos quando são excluídos do grupo? O que leva o grupo a excluir uma pessoa? Como evitar a exclusão? Discutir a exclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, escola, comunidade etc.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao completarmos mais de 60 anos de existência do Movimento Apaeano
é notório e evidente os muitos direitos que refletem as necessidades das
pessoas com deficiência intelectual atendidas e/ou acompanhadas nas Apaes
que foram alcançados.
Vimos, também, acontecer muitas realizações decorrentes do trabalho
das APAES, como por exemplo, o crescente número de pessoas com
deficiência intelectual incluídas no mercado formal de trabalho, o aumento da
participação e frequencia dos usuários das Apaes em espaços comunitários,
conquistas que em muitos casos eram vistas como “impossível” tanto pelas
famílias como por nós profissionais.
Destaca-se ainda nesses 60 anos de existência do movimento apaeano
a preocupação e o trabalho com o intuito de mobilizar a sociedade visando a
inclusão social e comunitária dessas pessoas, além da melhoria da sua
autonomia, independência.
Reafirmamos que muitas foram as conquistas e avanços, mas ainda há
muito a ser feito, diversas necessidades das pessoas com deficiência
intelectual ainda não são atendidas em sua totalidade.
Esperamos que a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência
Intelectual e Múltipla a ser realizada pelas Apaes seja repleta de atividades que
demonstrem os avanços e desafios no trabalho desenvolvido com e pelas
pessoas com deficiência intelectual e, sobretudo, que sirva para aproximar a
sociedade dessas pessoas.
Muito vale o já feito e muito vale o que ainda virá.
Referências
ASSOCIAÇÃO AMERICANA SOBRE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E
DESENVOLVIMENTO (AADID). Retardo Mental: definição, classificação e
sistema de apoio. Tradução: Magda França Lopes. 10. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
FEDERAÇÃO DAS APAES DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Guia prático
dos direitos da pessoa com deficiência: a lei brasileira de inclusão
13146/2015 em perguntas e respostas, 1ª ed.
DISPONÍVEL EM: http://apaemg.org.br/uploads/GUIA%20LBI.pdf.
FIORAVANTE, Darci. Deficiência intelectual: uma realidade em
transformação. Belo Horizonte,2017. (Working paper)
SASSAKI, Romeu Kazumi. Como chamar as pessoas que têm deficiência?
São Paulo,2005. (Working paper).
ZUTIÃO, Patrícia; et.al. Avaliação da intensidade de apoios em condutas
adaptativas de jovens com deficiência intelectual. Revista Deficiência
Intelectual, n.11, jan/jun, 2017.