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O Glossário SIRCHAL é um trabalho pertencente ao quadro de orientações estratégicas da UNESCO sobre patrimônio cultural, em relação a planejamento urbano e arquitetura, a partir do qual se originou o Projeto Olhares sobre Brasília . O Olhares sobre Brasília foi iniciado em 2012 como projeto de pesquisa do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Brasília (CAU/UCB) para a construção imagética, manutenção e atualização do site Glossário SIRCHAL Seminário Internacional de Revitalização dos Centros Históricos da América Latina e do Caribe . A iniciativa tem como objetivo promover discussões a respeito de Brasília, proporcionando a produção e difusão de conhecimento sobre assuntos que dizem respeito ao sítio histórico da capital brasileira. Incorpora-se também a visão da Capital além de seus parâmetros “cartão postal”; o olhar do homem comum que mora na cidade ou o do visitante e, com isso, ilustrar, esclarecer, adensar e ampliar o entendimento no campo arquitetônico, urbanístico e social de investigação do fenômeno “Brasília Patrimônio Cultural” contemporâneo. O grupo de pesquisa Olhares sobre Brasília é formado por uma equipe multidisciplinar de professores e alunos pesquisadores com experiências nas áreas de arquitetura, urbanismo, paisagismo, história cultural, desenho, fotografia e comunicação social. Os pesquisadores contam com o fomento à pesquisa da UCB e a colaboração da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, da Universidade Paris III e também da Maison de l’Amérique Latine . Sítio Internacional sobre a Revitalização de Centros Históricos de Cidades da América Latina e do Caribe Apoio Apoio Insitucional Patrocínio Realização Organização

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Page 1: pesquisa do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade · Brasília, proporcionando a produção e difusão de conhecimento sobre assuntos que dizem respeito ao sítio histórico

O Glossário SIRCHAL é um trabalho pertencente ao quadro de orientações estratégicas da UNESCO sobre patrimônio cultural, em relação a planejamento urbano e arquitetura, a partir do qual se originou o Projeto Olhares sobre Brasília.

O Olhares sobre Brasília foi iniciado em 2012 como projeto de pesquisa do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Brasília (CAU/UCB) para a construção imagética, manutenção e atualização do site Glossário SIRCHAL – Seminário Internacional de Revitalização dos Centros Históricos da América Latina e do Caribe.

A iniciativa tem como objetivo promover discussões a respeito de Brasília, proporcionando a produção e difusão de conhecimento sobre assuntos que dizem respeito ao sítio histórico da capital brasileira. Incorpora-se também a visão da Capital além de seus parâmetros “cartão postal”; o olhar do homem comum que mora na cidade ou o do visitante e, com isso, ilustrar, esclarecer, adensar e ampliar o entendimento no campo arquitetônico, urbanístico e social de investigação do fenômeno “Brasília Patrimônio Cultural” contemporâneo.

O grupo de pesquisa Olhares sobre Brasília é formado por uma equipe multidisciplinar de professores e alunos pesquisadores com experiências nas áreas de arquitetura, urbanismo, paisagismo, história cultural, desenho, fotografi a e comunicação social. Os pesquisadores contam com o fomento à pesquisa da UCB e a colaboração da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, da Universidade Paris III e também da Maison de l’Amérique Latine.

Sítio Internacional sobre a Revitalização de Centros Históricos de Cidades da

América Latina e do Caribe

Apoio Apoio InsitucionalPatrocínio Realização Organização

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CobogóO nome Cobogó surgiu dos sobrenomes de seus três criadores, os engenheiros Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis, em 1929. De uso corrente na arquitetura brasileira, tanto vernácula como erudita, os cobogós são elementos vazados geralmente fabricados em cimento, cerâmica, argamassa, vidro, madeira, gesso e mármore e empregados para a ventilação e a iluminação natural de cômodos.

Alguns autores gostam de ver no cobogó uma reinterpretação contemporânea de um componente tradicional da arquitetura colonial luso-brasileira, o “muxarabiê”. Introduzido na Península Ibérica durante a ocupação moura, o muxarabiê é uma sacada fechada por treliças de madeira.

À semelhança da “gelosia” — aportuguesamento de jalousie, apalavra francesa que designa esse tipo de fechamento e signifi ca, muito apropriadamente, “ciúmes” —, está para a arquitetura assim como a burka para o vestuário: permite ver sem ser visto. Em atendimento ao disposto no Código de Obras de 1960, os cobogós foram amplamente empregados na construção de Brasília: “As áreas de serviço deverão ter elementos vazados que as protejam da visibilidade externa e impeçam a colocação de roupas para secar nos peitoris [...]”.

Muitos edifícios residenciais no Plano Piloto têm suas fachadas dos fundos completamente revestidas por cobogós, camufl ando as janelas de dormitórios. Alguns blocos obedecem a outra lógica, como o bloco A da SQS 114 que possuiu as duas alternativas — frente e fundos — lado a lado em uma mesma fachada; ou a SQS 205, na qual quase todos os blocos têm suas fachadas principais voltadas para o exterior da quadra, de tal maneira que ao se adentrá-la vê-se quase que apenas grandes superfícies de elementos vazados. Apesar dos cobogós serem associados aos blocos residenciais, os cobogós foram amplamente utilizados também nas escolas, bibliotecas e edifícios comerciais. Este elemento arquitetônico é sem dúvida parte integrante do patrimônio histórico dos edifícios brasilienses.

UFSC

Algumas referências eletrônicas:

Referência bibliográfi ca

UFPE

Brasília 1960-2010: passado, presente e futuro / Francisco Leitão (organizador) – Brasília: Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, 2009.

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Comércio LocalDesde os povos nômades na pré-história, o homem busca um local específi co e organizado para as trocas e, posteriormente, o comércio de seus produtos. Segundo Geraldo Nogueira (1965), as atividades comerciais são desenvolvidas com o surgimento da sociedade urbana, a partir de necessidades mais complexas que as dos tempos de caça ou coleta dos povos pré-históricos.

Quando a troca de mercadorias acontece na praça, ou Ágora, no período helênico, temos a aproximação do que entendemos como mercado aberto, praça-mercado ou feira. Mas é em Roma que o mercado assume a forma de um edifício funcional na forma de pequenas lojas, assim como o conhecemos hoje. Na Idade Média o mercado volta a acontecer em espaço aberto, semelhante às ágoras, instalado nas praças e ao longo das vias de tráfego, ressurgindo na confi guração de edifício no Renascimento, no século XIV e XV.

No século XIX o edifício comercial volta-se para si e posteriormente confi gura espaços relacionados com seu contexto, atendendo à sociedade dos consumidores, na ascensão do capitalismo mercantil e industrial. Os sistemas e técnicas construtivas permitiram o uso do ferro e do vidro nas vitrines e coberturas em grandes edifi cações e, nessa lógica as cidades são tomadas pelos magazines e as galerias comerciais.Na tentativa de compreender ou controlar o crescimento urbano caótico movido pelos novos milhões de consumidores entre o século XIX e XX, surgem teorias e utopias urbanísticas que tratam do planejamento, da regularização e zoneamento urbanos, inclusive dos espaços de comércio. Dentre elas, a cidade jardim de Howard, a cidade industrial de Garnier, os CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna).

Também segundo Nogueira, a tendência do urbanismo moderno é de zonear as atividades comerciais em duas principais: uma de caráter central e diversifi cada e outra mais restrita e imediata, de caráter local. É o caso do zoneamento do comércio em Brasília, que foi compreendido em sua dimensão central, pelos setores bancários e de diversão, e na sua dimensão local, pela zona residencial nas quadras e superquadras.

O Relatório do Plano Piloto de Lúcio Costa (CODEPLAN, 1991), ao se referir ao comércio local como estrutura integrante do zoneamento urbano proposto para a Nova Capital, diz que

o mercadinho, os açougues, as vendas, quitandas, casas de ferragens, etc, na primeira metade da faixa correspondente ao acesso de serviço; as barbearias, cabelereiros, modistas, confeitarias, etc, na primeira seção da faixa de acesso privativa dos automóveis e ônibus, onde se encontram igualmente os postos de serviços para venda de gasolina. As lojas dispõem-se em renque com vitrinas e passeio coberto na face fronteira às cintas arborizadas de enquadramento dos quarteirões e privativas dos pedestres, e o estacionamento na face oposta, contígua à vias de acesso motorizado, prevendo-se travessas para ligação de uma parte a outra, fi cando assim as lojas geminadas duas a duas, embora o seu conjunto constitua um corpo só.

Referência bibliográfi ca

Relatorio do Plano Piloto de Brasília/ elaborado pelo ArPDF, CODEPLAN, DePHA. Brasília: GDF, 1991.BATISTA, Geraldo Nogueira. Um estudo do comércio local de Brasília. Tese apresentada à Escola de Arquitetura da Universidade de Brasília para a obtenção o do grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Brasília, 1965.

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Escola Parque

O termo Escola Parque remete a uma ideia de escola relacionada diretamente à cultura, onde o aprendizado supera o espaço da sala de aula, permitindo que os alunos desenvolvam atividades de esportes, artes e sociais no âmbito escolar, em complementação às atividades educacionais tradicionais.

Cinco unidades da Escola Parque foram implementadas em Brasília. Inaugurada em 21 de abril de 1960, a primeira delas está situada na entrequadra 307/308 Sul do Plano Piloto.

A Escola Parque foi criada para servir de referência nacional, como proposta de um local prazeroso e diversifi cado para as crianças.

Desde o século XIX, um dos critérios para eleição do espaço escolar nas cidades é a segurança das crianças em relação ao trânsito.Anísio Teixeira, ao propor o sistema da Escola Parque, imaginava que as crianças pudessem caminhar a pé, sem perigo, entre suas respectivas residências e a escola e, de retorno dessas às suas casas. Lucio Costa propôs para Brasília uma distribuição das escolas assim, equidistante e equitativa, intrinsecamente relacionadas às superquadras, com percursos livres do tráfego intenso de veículos.

Os núcleos educacionais públicos fundamentaram a confi guração urbana residencial do Plano Piloto: toda superquadra seria dotada de uma unidade maternal, uma Escola Classe suprindo as necessidades de duas superquadras, uma Escola Parque por unidade de vizinhança — 4 superquadras — e uma universidade para a cidade.

UFU

Referência eletrônica:

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Escala Bucólica

Referência bibliográfi ca

Brasília 1960-2010 – Princípio das escalas no plano urbanístico de Brasília, sentido e valor além de proporção – Lídia Adjuto Botelho.Brasília 1960-2010 – Escala Bucólica – Os três mosqueteiros são 4. Cristiane Gusmão.

A Escala Bucólica tem papel fundamental na concepção do projeto urbano de Brasília. De acordo com o parágrafo fi nal do relatório do Plano Piloto, “o ritmo e a harmonia dos espaços urbanos se faz presente na paisagem, sem transição do ocupado para o não ocupado; em lugar de muralhas a cidade se propôs delimitada por áreas livres arborizadas”.

A Escala Bucólica consolida a relação das demais escalas urbanas –residencial, bucólica, gregária e monumental. Infl uenciada por conceitos levantados pela cidade-jardim, cidade-parque e pelos CIAM.

A partir desses conceitos, Lúcio Costa acreditava que “urbanizar consiste em levar um pouco da cidade para o campo e trazer um pouco do campo para dentro da cidade”.

Esta escala é confi gurada pelas áreas livres contíguas às áreas construídas e tem seu sentido de valorização paisagística tanto para o conjunto urbano, quanto para o edifi cado.