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Departamento de artes e design Pesquisa de objetos colecionáveis - Toy Art: materiais, processos e funções Aluno: Marcely Soares Rodrigues Orientador: Nilton Gonçalves Gamba Junior Introdução Este trabalho iniciou-se com o intuito de entender o porquê das diferenças entre a produção nacional e internacional quanto à materiais e escala ao mesmo tempo que os consumidores de tais produtos em nosso país buscam produtos importados em vinil tornaram-se intrigantes pontos de partida. Iniciamos então um trabalho de experimentação e reprodução de modelos de Toy pela necessidade de compreender uma possível hipótese levantada: O custo de produção em vinil seria alto demais para os níveis e consumo local. Partimos para a um trabalho de teste de materiais que pudessem nos trazer respostas à essa questão produtiva nacional. Desse modo, listamos quais poderiam ser acessíveis quais poderiam reproduzir modelos em toy ao passo que buscávamos entender as dificuldades de produção local e as facilidades compreendidas no campo internacional, fossem elas econômicas ou culturais. Na prévia da concepção dos modelos de teste, desenvolvemos questões produtivas que serviriam de guia prático. Como consequência da necessidade de compreender os problemas que quinas e arredondamentos poderiam trazer para a produção, criamos desenhos de concepção que pudessem oferecer melhores respostas à possíveis dificuldades produtivas, industrial ou artesanal e decidimos colocar como parâmetro toys que explorassem ao máximo tais características. Etapas - Levantamento bibliográfico sobre o tema - Concepção do toy - Levantamento de métodos industriais e artesanais - Análise de uso de materiais, tempo e custos dos processos - Conclusão Concepção Como consequência da necessidade de compreender os problemas que quinas e arredondamentos poderiam trazer para a produção, decidimos colocar como parâmetro toys que explorassem ao máximo tais características. A partir dessa dualidade técnica definimos que o potencial contraste formais entre dois toys seria ideal para apresentar problemas e facilidades de produção de forma localizada com potencial contraposição de ideologias que

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Departamento de artes e design

Pesquisa de objetos colecionáveis - Toy Art: materiais, processos e funções

Aluno: Marcely Soares Rodrigues Orientador: Nilton Gonçalves Gamba Junior

Introdução

Este trabalho iniciou-se com o intuito de entender o porquê das diferenças entre a produção nacional e internacional quanto à materiais e escala ao mesmo tempo que os consumidores de tais produtos em nosso país buscam produtos importados em vinil tornaram-se intrigantes pontos de partida. Iniciamos então um trabalho de experimentação e reprodução de modelos de Toy pela necessidade de compreender uma possível hipótese levantada: O custo de produção em vinil seria alto demais para os níveis e consumo local.

Partimos para a um trabalho de teste de materiais que pudessem nos trazer respostas à essa questão produtiva nacional. Desse modo, listamos quais poderiam ser acessíveis quais poderiam reproduzir modelos em toy ao passo que buscávamos entender as dificuldades de produção local e as facilidades compreendidas no campo internacional, fossem elas econômicas ou culturais.

Na prévia da concepção dos modelos de teste, desenvolvemos questões produtivas que serviriam de guia prático. Como consequência da necessidade de compreender os problemas que quinas e arredondamentos poderiam trazer para a produção, criamos desenhos de concepção que pudessem oferecer melhores respostas à possíveis dificuldades produtivas, industrial ou artesanal e decidimos colocar como parâmetro toys que explorassem ao máximo tais características. Etapas

- Levantamento bibliográfico sobre o tema - Concepção do toy - Levantamento de métodos industriais e artesanais - Análise de uso de materiais, tempo e custos dos processos - Conclusão

Concepção Como consequência da necessidade de compreender os problemas que quinas e

arredondamentos poderiam trazer para a produção, decidimos colocar como parâmetro toys que explorassem ao máximo tais características. A partir dessa dualidade técnica definimos que o potencial contraste formais entre dois toys seria ideal para apresentar problemas e facilidades de produção de forma localizada com potencial contraposição de ideologias que

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poderiam ser atrativos no formato Toy Art. Decidimos traçar referências visuais que fossem conhecidas e ao mesmo tempo

pudessem trazer a tona o aspecto produtivo que buscávamos e tivessem potencial gráfico para iniciarmos a primeira parte da concepção. Nosso conceito inicial seria a produção de um toy que trouxesse a tais características formais de forma genérica, inicialmente mas ainda assim flertassem com formas da cultura pop, como é característico com toys.

Figura 1. Desenhos iniciais com Toys de cabeça semelhantes à telas. Nota-se na figura

à esquerda (Toy redondo segurando um esboço de bolsa) que pensávamos em acessórios para os Toys, ideia posteriormente descartada pela necessidade de analisar outras questões

primeiramente

Figura 2. Desenvolvimento do conceito “telas”. Desenho mostra dois Toys iniciais

pensados com pernas ou em uma base

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Decidimos que pelo tempo e necessidade primária de testar processos de produção, precisaríamos seguir para um caminho menos caricato e mais genérico ainda, deixando os Toys com ainda menos linhas em sua forma e as que existissem testassem ao máximo as necessidades de teste produtivos em quinas e bordas, como dito anteriormente.

Podemos dizer que tivemos o Toy Munny como referência. Criado com o objetivo de personalização o toy com menos linhas porém ainda com personalidade, caminho seguido.

Figura 3. Segundo conceito de toys genéricos com pernas arredondados.

Figura 4. Toy Munny (toy à direita)

Figura 5. Toys redondo em desenvolvimento do conceito Munny Figura 6. Toy quadrado em desenvolvimento do conceito Munny

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Com o andamento do processo de experimentação, iniciamos o teste em resina tendo como base o livro Plastik Surgery Handbook de Matt Jones onde pude iniciar a pesquisa com o material Clay, pré produção para resina.

Figura 7. Teste incompleto em clay do Toy com quinas para melhor visualização da

forma

Com o desenvolvimento conceitual, atraímos nossos olhares para formas primitivas esculpidas que fossem referência cultural. Baseamos nosso conceito em figuras primitivas para contrastar com o modelo moderno que seria uma figura industrial e realizamos alguns estudos mais específicos nesta elaboração mais refinada e de acordo com a essência Toy Art.

Figura 8. Escultura primitiva arredondada à esquerda e com formas angulosas à direita

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Figura 9. Figura inspirada nas esculturas de pedra de forma mais fiel. Ainda

apresentando a ideia de braços e acessórios que poderia ser destacados da forma principal (à esquerda)

Figura 10. Reprodução em Clay da “Figura 9” para melhor noção tridimensional (à direita)

Apesar de termos encontrado a inspiração correta ainda não havíamos simplificando a forma para atender aos requisitos pensados anteriormente, sendo assim, continuamos buscando a forma correta na concepção

Figura 11. Toy quadrado em sua forma simplificada

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Figura 12. Toy redondo em sua forma simplificada

Por fim, elaboramos mais um desenho de concepção definindo maior personalidade ao toy. Em paralelo, decidimos pela não elaboração de peças que se encaixassem (como braços e bolsas) para simplificação da etapa de produção que, neste momento inicial, não teria o foco em detalhes formais.

Figura 13. Toy redondo e quadrado com rosto construído

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Figura 14. Rosto do Toy redondo e quadrado

Levantamento de métodos e materiais Nesta fase iniciamos testes em materiais seguindo um modelo formal definido no fim

da fase de concepção. Partimos para testes de materiais para criação de uma peça piloto que conformaria um molde em silicone e em todo este processo para elaboração de tal peça, passaríamos por materiais que teria potencial de uma peça finalizada, no entanto com menor apelo nostálgico.

O objetivo seria chegar à possibilidade de produção em vinil por um modelo em resina ou encontrar um material alternativo que pudesse trazer um bom acabamento tátil e visual.

Cada peça acabou passando pelo teste em clay, madeira e resina consecutivamente, com cada etapa trazendo acabamentos e diferenças de tempo de produção e replicação específicos.

A. Toy redondo - clay O corpo do toy foi moldado em clay e sua base em madeira sendo esta esculpida no

torno e posteriormente lixada à mão.

Figura 15. Toy redondo em clay com base mau definida

Tempo: Corpo: 4h Base clay: 1h B. Toy Redondo - Clay + Madeira

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A base apresentou grande dificuldade em ser reproduzida em clay por isso o toy específico foi híbrido, apresentando clay e madeira em sua base, servindo como um molde perfeito para a fabricação em resina.

Figura 16. Vistas do Toy redondo: Frente e Costas

Figura 17. Vistas do Toy redondo 2: Direita e esquerda

Tempo: Base em madeira: 30min (torno) + 9h (lixando) = 9:30h Corpo: 4h C. Toy Quadrado - Clay Primeiramente houve a tentativa de moldá-lo em clay, usada somente como primeira

materialização do personagem porém abandonada como peça piloto pela dificuldade do material em criar e manter quinas evidentes em seus determinados ângulos.

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Figura 18. Toy quadrado em Clay - Perspectiva direita e esquerda

Tempo: Corpo: 4h Base clay: 1h D. Toy Quadrado - Madeira + Resina Visto a dificuldade encontrada na feitura da base em clay, que dificilmente molda

“quinas vivas” , enxergamos na madeira a melhor opção. Tal escolha demandou mais tempo porém resultado superior.

O corpo foi cortado na serra de fita e posteriormente lixado. A base necessitou de passar por um procedimento diferente usando madeira e resina. Primeiramente criei a primeira metade da base em madeira foi cortada na serra de fita e aperfeiçoada manualmente com lixas e massa. Posteriormente, a partir desta peça de madeira, tirei tirei um molde de silicone de onde foi retirada a peça de resina que se juntaria à de madeira para formar a base completa.

Figura 19. Corpo e base feita em madeira

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Figura 20. Destaque para a base em madeira e resina. A parte amarela seria massa poliéster que nivelou as metades de madeira com a de resina para melhor acabamento

Tempo: Corpo: 9h

Base: 10h (corte, lixa e massa) + 40min (preparando a caixa para molde) + 10 min (preparando silicone) + 3h (catalisando silicone) + 10 min ( preparando resina) + 40 min (catalisando resina) + 5h (lixando e colando as duas metades) = 19h e 40 min É importante observar que toda demora deste processo de feitura da base foi atípica

pensando-se em uma possibilidade de utilização da máquina Corte Laser. No entanto foi interessante conhecer a demora em condições menos tecnológicas

E. Toys em resina O processo em resina passa pela confecção de moldes de silcone que serviram para a

moldagem dos dois tipos de resina utilizadas: Poliéster e Epoxi. Moldes de Silicone - Toy redondo

Foram montadas caixas com sobras de madeira, como é o costume no laboratório da universidade. Para fácil desmolde, foi passado vaselina por dentro de tais caixas antes do despejo do silicone.

Foram usadas: Uma caixa com 3 repartições para peças do corpo Uma caixa para a peça da base Uma caixa para o nariz

Tempo: 3x40 min = 2h Tempo de Catalização:3h à 4h.

Moldes de silicone - Toy quadrado Foram usadas caixas prontas de plástico P.P.. Apesar da otimização do tempo, a

desmoldagem em plástico torna-se mais difícil que em madeira, provavelmente pela melhor absorção da vaselina neste material. Tempo: O tempo gasto foi somente para a deposição de silicone e desmoldagem.

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Tempo de Catalização:3h à 4h. Peças em resina Epoxi

Em qualquer peça o tempo gasto foi de 6à 4h para a catalização da peça no molde. Deve-se levar em consideração também a época do ano, que apresentava altas temperaturas, agilizando o processo caso comparassemos ao inverno.

Figura 21. Toys finalizados em resina Epóxi

Tabela I. Tempo de acabamento para resina epóxi no Toy redondo

Toy Redondo Corpo (3 peças) Base Nariz Tempo total

Lixar com ideal de polimento

18h: 6h cada 12h* 3h 33h

Lixar sem ideal de polimento

9h: 3h cada 9h 1h 19h

Polir 6h: 2h cada 1:30h 50 min 7h:20 min

Tabela I. Tempo de acabamento para resina epóxi no Toy quadrado

Toy quadrado Corpo (3 peças) Base Nariz Tempo total

Lixar com ideal depolimento

18h: 6h cada

8h* 4h 30h

Lixar sem ideal depolimento

9h: 3h cada 6h 1-2h 18h

Polir 9h: 3h cada 1:30h 50 min 11:20h

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*A base quadrada produziu muitas bolhas e suas quinas e fendas foram especialmente

difíceis de serem lixadas de modo que o ângulo certo e uma quina bem definida fossem mantidos.

As peças geraram mais bolhas do que o esperado com a resina epóxi. Possivelmente pela falta de experiência no preparo do material, época do ano (alta temperatura). Peças em resina poliéster

As horas foram similares, de forma geral,porém por motivos diferentes. A resina poliéster apresenta mais bolhas e imperfeições ao sair do molde, no entanto por sua maciez o processo demorou o mesmo tempo.

Tabela III. Tempo de acabamento para resina Poliéster no Toy Redondo

Toy Redondo Corpo (3 peças) Base Nariz Tempo total

Lixar com ideal dpolimento

18h: 6h cada 11h 2:40h 31h:40 min

Lixar sem ideal dpolimento

9h: 3h cada 10h 1h 20h

Polir 6h: 2h cada 1:30h 50 min 7h:20 min

Tabela IV. Tempo de acabamento para resina Poliéster no Toy Redondo

Toy quadrado Corpo (3 peças) Base Nariz Tempo total

Lixar com ideal dpolimento

18h: 6h cada

8h 4h 30h

Lixar sem ideal dpolimento

9h: 3h cada 6h 1-2h 18h

Polir 9h: 3h cada 1:30h 50 min 11:20h

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Figura 22. Toys em resina poliéster

- Cor Epóxi ------------ Branco amarelado Poliéster -------- Branco azulado No teste foi possível dosar diferentes proporções do pigmento e assim notar que

quanto mais este era usado, menor era a diferença no tom da cor comparando os diferentes materiais.

F. Toys em Modelagem 3D Pensando na possibilidade de imprimir ou usar o 3d como guia de fabricação em

plástico, modelamos os dois toys em paralelo ao processo de resina usando o software 3d Max.

Figura 23. Toys em perspectiva

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Figura 24. Toy redondo com uma pequena mudança no traço do rosto (antes abaixo do nariz).

Figura 25. Toy quadrado sem nenhum tipo de modificação

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Comparação de tempo e custos Tabela V. Tempo e Custo do Toy Redondo em diferentes materiais

Clay Clay + Madeira

Resina Epoxi

sem polir

Resina Epoxi polida

Resina poliéster sem polir

Resina poliester

polida

5h 13:30h 25h 46:20h 26h 45h Tempo

R$105 R$225 R$409 R$724 R$413 R$698 Custo

Tabela VI. Tempo e custo do Toy quadrado em diferentes materiais

Clay Clay + Resina

Resina Epoxi

sem polir

Resina Epoxi polida

Resina poliéster sem polir

Resina poliester

polida

5h 28:40h 22h 45:20h 22h 45:20 Tempo

RS105 R$469 R$364 R$709 R$353 R$720 Custo

Designer: R$ 15 hora Resina Epóxi: R$ 34 Resina Poliéster: R$ 23 Madeira: R$ 10 Clay:R$30 Buscamos empresas de produção de bonecos em vinil no Brasil e não encontramos êxito no contato. As empresas encontradas foram: Polart, localizada São Paulo; Fábrica Agarradinho, localizada em São Paulo; Cia. dos Brinquedos, localizada em Santa Catarina.

Internacionalmente conseguimos contatar a Happy Worker, de Toronto, Canadá. No entanto, não estariam recebendo novos trabalhos para este ano, nem orçando para contatos não empresariais. Conclusão

Cada etapa trouxe aprendizado sobre dificuldades encontradas para a produção artesanal que estariam ligadas principalmente aos dois primeiros materiais testado.Percebemos como materiais alternativos, como resina oferecem uma excelente finalização que, apesar do custo unitário alto, permite a replicação através da peça matriz, diminuindo os custos pela peça em maior escala produtiva.

Percebemos novas formas de atuação no mercado como a produção em 3D que necessita de maior exploração, ao passo que permite também maiores e mais rápidas alterações e testes

A comercialização de tal material no Brasil apresenta dificuldades em contato ,como testamos, principalmente para o acesso de pequenos produtores. Não chegando a formar uma cultura de foco ou um olhar especificamente interessada no material pelas dificuldades de

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acesso, afirmamos nossa hipótese sobre tais serem o motivo pela qual a produção da Toy Art em território nacional aconteça em materiais alternativos como pelúcia, tecidos e a própria madeira. Referências Jones, Matt. Plastik Surgery Handbook, The Art of Making Clay Models, Silicone Tools and Resin Casts. 2015. Referência para processos artesanais e semi industriais para fabricação de Toy Art.