pericias em edificações com foco em acessibilidade e desenho universal

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Monografia " PERÍCIAS EM EDIFICAÇÕES COM FOCO EM ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL " Autor: Arq. Cleverson Lopes de Sousa Orientador: Prof. Dr. Adriano de Paula e Silva Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Pinto Guimarães Belo Horizonte Julho/2014 Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Curso de Especialização em Construção Civil

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Este trabalho se propõe a analisar de forma sistemática três metodologias deavaliação de edificações com enfoque na acessibilidade e no desenho universal.Partindo de uma conceituação e contextualização geral das questões referentes àacessibilidade, tanto no cenário mundial como no brasileiro, pretende-se justificara importância do tema e sua aplicabilidade no dia-a-dia do profissional deavaliações e perícias. Tomando como base a análise de estudos de caso reais naárea de vistoria de acessibilidade, são discutidos aspectos positivos e negativosde cada sistema de avaliação, bem como apontados ganchos para melhorias aserem introduzidas nas metodologias, no intuito de melhorar a sua eficiência.Podemos observar que os métodos aqui estudados terão melhor aplicabilidadeconforme o objetivo de cada avaliação, o que permite ao profissional escolher amelhor ferramenta para sua tarefa, de acordo com sua finalidade. Ao términodesta pesquisa, constatamos que, apesar da variedade de abordagensdisponíveis para os profissionais, todos os sistemas falham quando se trata degerar subsídios para a avaliação do desenho universal em edificações, ficandoclaro um caminho a ser percorrido no sentido de se alcançar uma metodologiamais abrangente, que permita avaliar também o conforto, a dignidade e aautonomia dos usuários no ambiente construído

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Monografia " PERCIAS EM EDIFICAES COM FOCO EM ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL " Autor: Arq. Cleverson Lopes de Sousa Orientador: Prof. Dr. Adriano de Paula e Silva Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Pinto Guimares Belo Horizonte Julho/2014 Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construo Curso de Especializao em Construo Civil ii Cleverson Lopes de Sousa " PERCIAS EM EDIFICAES COM FOCO EM ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL " MonografiaapresentadaaoCursodeEspecializao emConstruoCivildaEscoladeEngenhariada Universidade Federal de Minas Gerais. Enfase: Gesto e Avaliaes nas Construes Orientador: Prof. Dr. Adriano de Paula e Silva Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Pinto Guimares Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG 2014 iii minha famlia pelo apoio, carinho e dedicao. iv AGRADECIMENTOS Aos professores da Escola de Engenharia da UFMG, pela pacincia, dedicao e competnciademonstradasnatransmissodosseusconhecimentos. Especialmente ao Prof. Adriano de Paula e Silva, pela compreenso e confiana. DvilaArquitetura,pelaflexibilizaodehorriosquemepossibilitouconcluir estecursoepeloaprendizadodirioadvindodoconvviocomprofissionais excepcionais. minha esposa, Paula, pela pacincia e pelo apoio incondicionais oferecidos ao longodestajornada,peloombroamigonosmomentosdedificuldadeepelo incentivo nos momentos de desnimo. AoProf.MarceloPintoGuimares,peladisponibilidade,interesseepostura provocadora, sem a qual no poderia ter extrado o melhor de mim ao longo deste trabalho. A Deus, por me permitir trilhar caminhos que me trouxeram at este ponto. v RESUMO Estetrabalhosepropeaanalisardeformasistemticatrsmetodologiasde avaliao de edificaes com enfoque na acessibilidade e no desenho universal. Partindo de uma conceituao e contextualizao geral das questes referentes acessibilidade, tanto no cenrio mundial como no brasileiro, pretende-se justificar aimportnciadotemaesuaaplicabilidadenodia-a-diadoprofissionalde avaliaes e percias. Tomando como base a anlise de estudos de caso reais na readevistoriadeacessibilidade,sodiscutidosaspectospositivosenegativos decadasistemadeavaliao,bemcomoapontadosganchosparamelhoriasa seremintroduzidasnasmetodologias,nointuitodemelhorarasuaeficincia. Podemosobservarqueosmtodosaquiestudadosteromelhoraplicabilidade conformeoobjetivodecadaavaliao,oquepermiteaoprofissionalescolhera melhorferramentaparasuatarefa,deacordocomsuafinalidade.Aotrmino destapesquisa,constatamosque,apesardavariedadedeabordagens disponveisparaosprofissionais,todosossistemasfalhamquandosetratade gerarsubsdiosparaaavaliaododesenhouniversalemedificaes,ficando claroumcaminhoaserpercorridonosentidodesealcanarumametodologia maisabrangente,quepermitaavaliartambmoconforto,adignidadeea autonomia dos usurios no ambiente construdo. vi SUMRIO LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. viii LISTA DE TABELAS .................................................................................................. x LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................... xi 1. INTRODUO ....................................................................................................... 1 1.1Conceitos Iniciais..................................................................................... ........... 2 1.2Importncia deste Estudo......................................................................... ........... 2 1.3Objetivos e Abrangncia deste Estudo...................................................... .......... 3 1.4Metodologia, Referencial Terico e Organizao........................................ ........ 4 2.PANORAMA DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO ........................ 6 2.1Deficincia e Incluso Social ............................................................................... 7 2.2Pessoas com Deficincia no Brasil ...................................................................... 8 2.3Evoluo do Pensamento Sobre Acessibilidade no Mundo ................................. 11 2.4A Evoluo do Conceito de Acessibilidade no Brasil................................... ........ 12 2.5Normas Brasileiras que Tratam da Acessibilidade....................................... ....... 14 2.6Aplicao e Fiscalizao........................................................................... .......... 16 3. ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL ....................................................... 18 3.1Origens do Desenho Universal ............................................................................ 18 3.2Os Sete Princpios do Desenho Universal ........................................................... 19 3.2.1Uso equitativo......................................................................................... ......... 19 3.2.2Flexibilidade de uso............................................................................... ........... 20 3.2.3Uso simples e intuitivo........................................................................... ........... 20 3.2.4Informao de fcil percepo................................................................ ......... 21 3.2.5Tolerncia ao erro.................................................................................. .......... 21 3.2.6Esforo fsico mnimo............................................................................ ........... 22 3.2.7Tamanho e espao para aproximao e uso................................. ................... 22 3.3O Desenho Universal e as Normas Tcnicas.............................................. ........ 23 4. PERCIAS DE ACESSIBILIDADE EM EDIFICAES ......................................... 24 4.1Vistoria Tcnica em Edificaes ........................................................................ 24 4.2Parmetros de anlise ...................................................................................... 25 4.3Planilhas de Vistoria .......................................................................................... 25 4.4Avaliao Ps-Ocupao (APO) ....................................................................... 27 4.5Avaliao de Ambientes por Graus de Acessibilidade ....................................... 29 5. ESTUDOS DE CASO ........................................................................................... 33 5.1Vistoria de Engenharia do Estdio Raimundo Sampaio (Independncia) .......... 33 vii 5.1.1Metodologia empregada ................................................................................. 34 5.1.2Discusso dos resultados ............................................................................... 35 5.2Adaptao do Campus A.C. Simes, da Universidade Federal de Alagoas ...... 37 5.2.1Metodologia empregada ................................................................................. 37 5.2.2Diagnstico e propostas de adequao fsica ................................................ 38 5.2.3Discusso dos resultados ............................................................................... 39 5.3Avaliao da Acessibilidade em Edificaes do Campus Central da UFRN ...... 41 5.3.1Metodologia empregada ................................................................................. 41 5.3.2Discusso dos resultados ............................................................................... 44 6. CONCLUSO ...................................................................................................... 45 7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 47 viii LISTA DE FIGURAS Figura 1.1:Exemplos da diversidade de usurios no ambiente construdo .............. 1 Figura 2.1:Pessoas com deficincia no Brasil (Fonte: IBGE, 2010) ........................ 8 Figura 2.2:Percentual de pessoas com pelo menos uma das deficincias por grupos de idade: censos 2000 e 2010 (Fonte: IBGE, 2010) ............................... 9 Figura 3.1: Equipamento urbano preparado para possibilitar sua utilizao por todos os tipos de usurios: crianas, idosos, pessoas em cadeira de rodas (Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001) ............................. 19 Figura 3.2: Equipamento adaptvel: esta mesa de consultas mdicas se abaixa para facilitar a utilizao por pessoas com mobilidade reduzida (Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001) ................................................... 20 Figura 3.3: Prottipo de termostato acessvel para aparelhos de ar-condicionado. A organizao das informaes e a forma como os comandos esto dispostos facilitam a interao do usurio (Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001) ........................................................................ 20 Figura 3.4: Exemplo de mquina para venda de bilhetes de metr, nos Estados Unidos. Informaes com texto de alto contraste, texto em relevo e braile, alm da opo de informao sonora (Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001) .................................................................................... 21 Figura 3.5: Barras de apoio e bancos no chuveiro aumentam a segurana ............ 21 Figura 3.6: Computador com sistema de reconhecimento de voz (Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001) ............................................................. 22 Figura 3.7: Trecho rebaixado no balco premite o atendimento a pessoas de baixa estatura ou em cadeira de rodas (Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001) ........................................................................................ 22 Figura 4.1: Trecho da planilha de vistoria de acessibilidade em edifcios pblicos, elaborada pelo Ministrio Pblico do Rio Grande do Sul, desenvolvida com base no Questionrio Bsico de Acessibilidade do Ministrio Pblico de Minas Gerais (Fonte: MPRS, 2010) ................................................. 25 Figura 4.2: Exemplo de mapa de acessibilidade em espao construdo. So sinalizadas as rotas acessveis, bem como as barreiras arquitetnicas presentes na rea analisada (Fonte: http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/?cHash=0b59534dacd ............... 28 ix Figura 4.3: Telas do aplicativo Its Accessible, mostrando respectivamente o mapa com a indicao das edificaes avaliadas e uma lista das edificaes para interao do usurio. (Fonte: https://play.google.com/store/apps/) 32 Figura 4.4: Tela do aplicativo Its Accessible, mostrando a classificao de um espao habitvel conforme a graduao proposta pelo sistema. (Fonte: https://play.google.com/store/apps/) ..................................................... 32 Figura 5.1: Foto retirada do vestirio durante a vistoria de engenharia do estdio .. 35 Figura 5.2: Foto retirada do vestirio durante a vistoria de engenharia do estdio .. 35 x LISTA DE TABELAS Tabela2. 1:Distribuio das deficincias por idade (Fonte: IBGE, 2010) ................ 9 Tabela2.2:Condiesdeacessibilidadenoentornodasmoradiasdepessoascom defincia (Fonte: IBGE, 2010) ............................................................ 10 Tabela5.1:Condiesdeacessibilidade:descriodaclassificao(Fonte:Elali, s/d) ................................................................................................... 42 Tabela5.2:Quadroresumo:diagnsticodaacessibilidadeaosprdiosdocampus central da UFRN (Fonte: Elali, s/d) ..................................................... 43 xi LISTA DE NOTAES, ABREVIATURAS ABNT = Associao Brasileira de Normas Tcnicas ADA = American with Disabilities Act ADAPTSE = Laboratrio de Acessibilidade em Design e Arquitetura para Pesquisa e Treinamento em Servios de Extenso APO = Avaliao Ps-Ocupao CAU = Conselho de Arquitetura e Urbanismo CB-40 = Comit Brasileiro de Acessibilidade CID = Cadastro Internacional de Doenas CREA = Conselho Regional de Engenharia e Agronomia CORDE = Coordenadoria para Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia Eng. = Engenheiro EUA = Estados Unidos da Amrica IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica MEC = Ministrio da Educao e Cultura NBR = Norma Brasileira OMS = Organizao Mundial da Sade ONU = Organizao das Naes Unidas s/d = sem data (referncia bibliogrfica) UFMG = Universidade Federal de Minas Gerais UFRN = Universidade Federal do Rio Grande do Norte 1 1. INTRODUO Diferentedeoutrasespcies,quepassamporprocessosevolutivosede mutao,aolongodevriasgeraes,paraseadaptaremaoambienteque habitam, o ser humano age na direo contrria, adaptando o ambiente para que estepossareceb-lo.Nesseconceitobaseia-setodaaindstriadaconstruo civil: adaptar o meio natural para que o homem possa habit-lo. Essa adaptao, contudo,nemsemprelevaemcontatodaadiversidadedeindivduose,dessa maneira, determinadas camadas da populao podem ficar excludas do convvio dentrodessesespaos,sejapornoconseguiremacess-losfisicamente,seja pornoseremcapazesdeutiliz-losemsuaplenitude,daformacomoforam planejados. Figura 1.1: Exemplos da diversidade de usurios no ambiente construdo. Fonte: prprio autor. Dapercepodessasituaosurgiuaideiadeprojetoinclusivo,quemaistarde evoluiria para os conceitos de acessibilidade e desenho universal. Baseando sua aplicaonoentendimentodequetodososindivduosdevemterasmesmas oportunidades e a mesma autonomia na utilizao de qualquer objeto ou espao edificado, o conceito de acessibilidade faz parte do dia-a-dia dos profissionais de arquiteturaeengenharia,atravsdenormastcnicaselegislaesespecficas queosobrigamagarantircondiesmnimasdeacessoapessoascom deficinciaoucomdificuldadesdemobilidadeeorientaoemseusprojetose obras. 2 1.1 Conceitos Iniciais AAssociaoBrasileiradeNormasTcnicas(ABNT)defineotermo acessibilidadecomopossibilidadeecondiodealcance,percepoe entendimentoparaautilizaocomseguranaeautonomiadeedificaes, espao, mobilirio, equipamento urbano e elementos (ABNT, 2004). ParaCambiaghi(2007),apessoacomdeficinciaumindivduoquetem reduzidas, limitadas ou anuladas as suas condies de mobilidade ou percepo das caractersticas do ambiente onde se encontra. Apesar disso, essa deficincia pode ser minimizada na medida em que o espao em que ela esteja inserida lhe oferea recursos para esta interao. Daevoluodopensamentoemacessibilidadeeprojetoinclusivo,surgiuo conceitodedesenhouniversal,quepodeserabordadocomoaofertade produtoseespaosquepossamserusadospelomaiornmerodepessoas possvel (Mace, 1991, APUD Cambiaghi, 2007) independente de suas limitaes, semdemandarqualquertipodeadaptaoespecialemantendoseuapelode mercado. ParaCambiaghi(2007),aavaliaops-ocupao(APO)umaimportante ferramentaparaaanlisecrticadasatisfaodosusuriosdeumambiente construdo. Ainda segundo a autora, a avaliao ps-ocupao de edificaes umaferramentaimportantederetroalimentaodeprojetosnaimplantaoda acessibilidade,poiscolaboranasreformaseadaptaesdasedificaes analisadas,almdepermitirreunirdadosderefernciaparaamelhoriade projetos futuros. 1.2 Importncia deste Estudo O Brasil tem hoje cerca de 45 milhes de pessoascom deficincia (IBGE, 2010), nmeroquechegaaquaseumquartodesuapopulaototal.Apesardisso,a 3 produodo meioconstrudoemnossopastendeadificultarou mesmoexcluir estesusuriosdoconvvionosespaos.Apesardetodasasleisenormas tcnicas vigentes, as solues em acessibilidade das nossas edificaes, quando existentes, muitas vezes so inadequadas ou limitam-se a atender s exigncias mnimasparaaaprovaopelasprefeituras.Umaparcelasignificativadesses casospodeseratribudafaltadedomniodosconceitosdeacessibilidadee desenho universal por parte dosprofissionais, seja na fase de projeto ou durante a execuo da obra. Nessecontexto,aavaliaodasedificaestendocomofocoaacessibilidade torna-seimportanteparaodesenvolvimentodastcnicasconstrutivasede projeto,bemcomoparaoaprimoramentodosprofissionais.Apartirda identificaodeproblemasreincidentes,estaprticapermiteapontarpremissas equivocadas e traas estratgias de projeto e execuo que garantam a melhoria doprodutofinalqueserentregueaosusurios.Almdisso,essetipode avaliao,naformadevistoriastcnicas,permiteaosrgosreguladores (conselhosprofissionais,governos,ministriopblico)exigirecontrolara qualidade mnima de obras pblicas como praas, parques e edifcios, conforme a legislaoeasnormastcnicasvigentes.Finalmente,asavaliaesps-ocupaoemedificaesexistentespermitemidentificarbarreirasarquitetnicas eelementosdificultadoresdeacesso,gerandoumabasereferencialparaa elaborao de projetos de adaptao para melhor acessibilidade ambiental. 1.3 Objetivos e Abrangncia Deste Estudo Este estudo tem como objetivo principal identificar e discutir as principais tcnicas de avaliao de edificaes com enfoque na acessibilidade. Sero abordadas trs metodologias principais: a vistoria tcnica por meio de planilhas de acessibilidade, orientadaspelaNBR-9050/2004,sistemautilizadoprincipalmentepelos ministriospblicosestaduais;aavaliaops-ocupaocomnfaseem acessibilidadeenaexperinciadousurio;e,finalmente,aavaliaoporgraus deacessibilidade,umatcnicaexperimentaldesenvolvidapeloADAPTSE, 4 laboratriodepesquisasemacessibilidadedaUniversidadeFederaldeMinas Gerais (UFMG). Esperamos,aotrminodenossaanlise,sercapazesdeapontaraspectos positivosenegativosdecadametodologia,identificandoaindaassituaesem queaaplicaodecadaumadelassejamaisindicada.Finalmente,esperamos poder apontar abordagens que visem aprimorar as tcnicas existentes, de forma a proverprofissionaisegovernantesdeferramentaseficazesnotratamentoda acessibilidade em nosso pas. 1.4 Metodologia, Referencial Terico e Organizao Como forma de embasar as discusses aqui desenvolvidas, e a ttulo de reviso bibliogrfica, traaremos um breve panorama do desenvolvimento do pensamento emacessibilidadenoBrasilenomundo,contextualizandocomasituaoatual das pessoas com deficincia em nosso pas, de acordo com dados do Censo de 2010, do IBGE. Alm disso, procuraremos nos aprofundar um pouco no conceito de desenho universal, seu significado para o usurio dos espaos e os principais obstculos a serem vencidos para sua aplicao no ambiente construdo. Aanlisedasmetodologiasdeavaliaotercomoreferencialtericoos conceitosdePreiser(2001,2010),referentesaodesenhouniversalesua aplicabilidade nas edificaes; Neto (2000), no que diz respeito vistoria tcnica eengenhariadeperciaseavaliaes;Cambiaghi(2007),Lanchotti(2010)e Rheingantzetal(2000),nareadeavaliaops-ocupaoeacessibilidade.A anlisedametodologiadeavaliaoporgrausdeacessibilidadeserfeitacom base nas ideias de Guimares (1998). Como forma de ilustrar e aprofundar a discusso em cada uma das metodologias abordadas, apresentaremos trs estudos de caso, desenvolvidos sobre situaes reais de anlise e adaptao de edificaes. A apresentao dos estudos de caso nopretendecompar-losnosentidodedescobrirqualamelhorformadese 5 avaliaraedificao,postoquecadasistemaseadaptamelhoraumasituao especfica,quedeveserpreviamenteidentificadaeconsideradanaescolhada metodologia a ser empregada. Dessa forma, este estudo se desenvolver da seguinte maneira: Noitem2,PanoramadaAcessibilidadenoBrasilenoMundo,procuraremos apresentarumhistricododesenvolvimentodoconceitodeacessibilidade, partindodasprimeirasexperinciaseuropeias,aindanaprimeirametadedo sculoXX,ataformaatualdeseenxergaraspessoascomdeficinciana sociedade.Nesseitemapresentaremos tambm asnormas tcnicasvigentes no sentido de se garantir a acessibilidade e os dispositivos de controle e fiscalizao praticados atualmente. Oitem3,AcessibilidadeeDesenhoUniversal,apresentarasorigensdeste conceitoaolongodasdcadas,seusprincpios,aplicabilidadeeadualidade existenteentreaacessibilidadepropostapelasnormastcnicaseanoode incluso proposta pelo desenho universal. Noitem4,ProcedimentosparaVerificaodasCondiesGeraisde AcessibilidadeemEdificaes,apresentaremosasmetodologiasdeavaliao eleitasparaesteestudoeprocuraremosanalisa-lasdopontodevistatcnicoe terico, apontando aspectos positivos e negativos de sua aplicao. Oitem5,EstudosdeCaso,trartrssituaesreaisdeaplicaodas metodologiasanalisadas,comoformadeilustrarsuaaplicaoeaprofundaras discusses a respeito de cada uma delas. Finalmente, no item 6, apresentaremos as concluses acerca do estudo realizado, buscandoapontarcaminhosdedesenvolvimentoparaastcnicasdeavaliao atuais, melhorando as ferramentas disponveis para os profissionais. 6 2. PANORAMA DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO AhistriadaArquiteturaatravsdossculosmarcadapeladiversidade estilstica e de pensamentos que, normalmente, refletiam o carter da sociedade em que os projetos se inseriam em cada poca. Apesar disso, podemos observar em todas as correntes arquitetnicas a busca pela tipificao e racionalizao dos espaosedosprocessosconstrutivos.Asquestesdohomem-padroeda edificao-padro tm perseguido h muitos sculos os arquitetos. Basta lembrar osprincpiosdeVitrvioe,nosculoXX,porexemplo,omodulordeLe Corbusier (Ornstein, 2007). De maneira geral, percebemos uma clara tentativa de padronizao do indivduo e sua relao com o espao, que no se verifica na prtica. Essa tendncia acaba porgerardescompassosentreosprodutosoferecidoseparcelasdapopulao que no esto aptas a utiliz-los da forma como foram projetados, o que torna os ambientesdesconfortveis,insegurose,emltimocaso,proibitivosaessas pessoas. ParaCambiaghi(2007),amassificaodosprocessosprodutivosapsa RevoluoIndustrialeaespeculaoimobiliriacrescenteacarretaramum distanciamento entre oproduto finaleasreaisnecessidades dousurio.Nessa linha,apartirdemeadosdosculoXX,umasriedeprofissionaisligadoss reasdearquitetura,engenharia,design,sociologia,entreoutras,comearama se posicionar favoravelmente para obter uma metodologia de projeto que levasse emcontatodososusurioseque,dessaforma,conseguisseatingiromaior nmero possvel de pessoas. Apartirda,surgiriamosconceitosdeacessibilidadeedesenhouniversale,a partirdeste,odedesignuniversal.Comoconceitodeacessibilidades edificaes, aos sistemas de comunicao e de transportes, est associada toda uma lista de normas tcnicas, leis e recomendaes que passariam a nortear os profissionais em suas criaes. 7 2.1 Deficincia e Incluso Social Amaneiracomoenxergamosadeficinciaestdiretamenterelacionadaao perodohistricoemquevivemos(Cambiaghi,2007).Podemosobservaruma alterao gradativa e positiva na maneira como a pessoa com deficincia era vista pela sociedade, seja a partir de sua percepo enquanto cidado, seja na forma como a mesma se relaciona nos crculos sociais. Desdeoimpressionanteprocedimentodaexposio,praticadoporgregose romanos,noqualosindivduoscomimperfeiesfsicasaparenteseram sacrificadoslogoquenasciam,atavisoassistencialista,praticada principalmenteporentidadesdeordemreligiosa,nofinaldaIdadeModerna, podemosobservarqueapessoacomdeficinciafiguravasempremargemda sociedade.Aolongodetodoesseperodo,aquelesquenoestivessem adaptadosaoespaoconstrudoerammantidosisolados,emasilosou instituies de tratamento. Essavisoaindasemantmemgrandepartedomundo.Contudo,apartir segundametadedosculoXX,maisprecisamentenadcadade1970,duas iniciativassetornarammarcosparaoinciodeprocessosdereconhecimento da cidadaniaedevalorizaodainclusosocialdaspessoascomdeficincia.Em 1975, a Assembleia Geral da Organizao das Naes Unidas (ONU) promulgou aDeclaraodosDireitosdasPessoasDeficientes.Noanoseguinte,a Organizao Mundial de Sade (OMS) retirou as deficincias fsicas do Cadastro Internacional de Doenas (CID), em carter experimental. Hoje em dia, podemos afirmar que a pessoa com deficincia um indivduo que temreduzidas,limitadasouanuladasassuascondiesdemobilidadeou percepodascaractersticasdoambienteondeseencontra.Entretanto,(...) podetersuadeficinciaminimizadanamedidaemquelhesejamoferecidos recursosparaquesuarelaocomoespaoseddemaneiraadequada. (Cambiaghi, 2007). Essa nova forma de ver esses indivduos, segundo Cambiaghi (2007), possibilitou a criao de leis e normas que influenciaram positivamente a 8 mudanadasociedade,fortalecendoeexpandindoavisodeinclusoe igualdade de direitos a todas as pessoas. 2.2 Pessoas com Deficincia no Brasil Ocensodemogrficorealizadoem2010peloInstitutoBrasileirodeGeografiae Estatstica(IBGE)procuroutraaroperfildaspessoascomdeficincianopas. Pormeiodeavaliaesfsicaseentrevistas,asdeficinciasforamclassificadas porgraudeseveridade,nascategoriasauditiva,visual,motoraementalou intelectual. Deacordocomosresultadosdapesquisa(IBGE,2010),23,9%dapopulao total,ou45.606.048pessoastmalgumtipodedeficincia,dentreascitadas acima.Dessetotal,omaiornmerodemulheres(25,6%contra21,2%de homens)eagrandemaioria,38.473.702pessoas,vivememreasurbanas.No Brasil,adeficinciamaisverificadaavisual,queafeta18,6%dapopulao, seguidapeladeficinciamotora(7%),auditiva(5,1%)ementalouintelectual (1,4%). Figura 2.1: Pessoas com deficincia no Brasil. Fonte: IBGE, 2010. A pesquisa indicou ainda que os tipos de deficincia variam conforme a idade das pessoas, sendo que a populao acima de 65 anos foi a que apresentou a maior incidnciaemtodosostipos,comdestaqueparaproblemasvisuaisemotores. 9 Esseresultadomostraquenohidadeparaosurgimentodeproblemas relacionados a deficincias fsicas. O indivduo tanto pode nascer com ela, como adquiri-laaolongodesuavida.Caberessaltar,noentanto,quenogrupoacima de65anososproblemasdecorrentesdeumadeficinciapodemserampliados ou agravados pelas dificuldades naturais, inerentes idade das pessoas. Tabela 2.1: Distribuio das deficincias por idade. Fonte: IBGE, 2010. Podemos observar, ainda, que houve uma evoluo no quadro da deficincia no Brasil. Enquanto no censo demogrfico de 2000 o segmento de pessoas com pelo menosumadasdeficinciastotalizava14,5%dapopulao,em2010esse nmerosubiupara23,9%dapopulaototal(IBGE,2010).Amaiorvariaofoi verificadanogrupode65anosoumais,queapresentouumcrescimentode 13,7%emrelaoaovaloranterior.Deacordocomospesquisadores,esse acrscimopodeseratribudoadoisfatorescorrelacionados:oaumento populacionaleoaumentodapopulaocomidadeacimade65anos(IBGE, 2010). Figura 2.2: Percentual de pessoas com pelo menos uma das deficincias por grupos de idade: censos 2000 e 2010 (%). Fonte: IBGE, 2010. 10 A acessibilidade nos entornos dos domiclios tambm foi avaliada pela pesquisa. Nessecaso,osdadossoextremamentealarmantes,principalmentese considerarmos que o entorno das habitaes de fundamental importncia para garantir a circulao e execuo das atividades dirias dos indivduos. A pesquisa classificou os elementos analisados em trs categorias, de acordo com o grau de atendimento do item analisado s necessidades dos usurios. Dessaforma,soconsideradosadequadososelementosquefornecem acessibilidadeplenaaousurio,semiadequadosaquelesquetmsuafuno comprometida,principalmentedevidofaltademanutenooumauusoe, finalmente, inadequados os elementos do espao que no atendem s pessoas comdeficincia.Osresultadosobtidosnomostraramumambientefacilitador para a mobilidade das pessoas com deficincia (IBGE, 2010). Tabela 2.2: Condies de acessibilidade no entorno das moradias de pessoas com deficincia Fonte: IBGE, 2010. OsdadoslevantadospeloIBGEcontemplaramaindaoutrassituaes especficas,comotaxasdeanalfabetismo,acessoeducaoeaoemprego, remuneraoecondiesdevidadaspessoascomdeficincia,comparadasa indivduossemdeficinciaalgumaeponderadasconformeasregiesdopas. Essesdadosestodisponveisparaconsultapblicanositedainstituio (http://censo2010.ibge.org). Apartirdosresultadosapresentados,podemostraarumpanoramaatualdas pessoas com deficincia no Brasil, sendo que o quadro observado preocupante. Praticamenteumquarto(23,9%)dapopulaoapresentadificuldades relacionadasexecuodesuasatividadesdirias,resultadodedeficincia. Comparandoosdadosdocensoatualcomode2000,vemosaindaum 11 crescimentodeaproximadamente64%nonmerodepessoascompelomenos uma das deficincias (IBGE, 2010). Contrapondo-seaessequadro,temosasituaodascidadesedosespaos construdosbrasileiros,quenamaiorpartedasvezesnosoplanejadose executados de forma a receber e possibilitar que estas pessoas executem tarefas primordiaiscomocircular,estudaretrabalhar.Infelizmente,aindadominana mentalidadedosprojetistaseconstrutoresdonossopasaperspectivada acessibilidade como um mal necessrio, uma obrigao a ser atendida para que se possa proceder construo de edifcios em nosso pas. Hoje,emnossopas,milhesdebrasileiroscompemum contingentedeexcludos.Sopobres,compoucaounenhuma formaoeducacional,desempregados,desqualificadosem funesocupacionaiseprodutivas,despreparadosparaaes cvicas,desnutridos,desmotivadosemascensosocial, desesperanados.Asituaodealgunspodeseratpiorse forem,ainda,negros,mulheressemfamlia,messolteiras,ex-condenados,viciados,doentes,dementes,idososemfase avanadadevida.Porm,aexclusopodesetornarimpiedosa se,apesardetudo,umapessoaaparentardeformidade, falhaou faltadeumapartedoorganismoapontodeserconsiderada incapazdeviversemqueoutrainterfiraatodomomentopara decidir sobre o que deve ser feito. Em todas as ltimas situaes mencionadas,oconvviocomaorganizaodenossasociedade se depara com a afirmao: sinto muito, mas atender plenamente asuanecessidadedeserhumanoimpossvel.(Guimares, 1998). 2.3 Evoluo do Pensamento Sobre Acessibilidade no Mundo Adiscussoarespeitodaacessibilidadeedainclusosocialdaspessoascom deficinciaremontaaoinciodadcadade1960,quandorepresentantesde diversaspartesdomundo,notadamentedaEuropaedosEstadosUnidos,se reuniramparaestudarmaneirasdesereduzirasbarreirasarquitetnicas enfrentadaspelaspessoascomdeficinciafsica(Cambiaghi,2007).Desde ento, profissionaise pesquisadores de todo o mundo, nas mais diversas reas doconhecimento,vmsedebruandosobreotema,proporcionando 12 contribuiesimportantesnabuscaporsoluesparaessaquesto.Dentreos principaisavanoseconquistasinternacionaispodemosdestacaras,jcitadas, promulgao da Declarao dos Direitos das Pessoas Deficientes pela ONU, em 1975, e a publicao da resoluo WHA 54.21, pela OMS, em 2001. SegundoPreiser(2010),osEstadosUnidosdoosprimeirospassosno estabelecimentodeumparmetronormativocomainiciativadoBarrierFree-Design, ou Projeto Livre de Barreiras, que iniciou a adaptao de todos os campi universitriosparaautilizaoporpessoasemcadeiraderodaseculminouna criaodaADA(AmericanswithDisabilitiesAct),nofinaldadcadade1980. TambmvemdosEstadosUnidosaprimeiranormativatcnicaprevendoa acessibilidadeparapessoascomdeficincia,intituladaAccessibilityGuidelines for Buildings and Facilities, em 1990. Ainda nos Estados Unidos, na dcada de 1980, comeou a ser gerado o conceito de universal design, que prev a criao de produtos e espaos que possam ser utilizadosporqualquerpessoa,independentedesuacondiofsica,sema necessidade de adaptaes especiais e a um custo que viabilize sua manuteno no mercado. ParaPreiser (2010), preciso destacar que o conceito de desenho universaltranscendeaoconceitodeacessibilidadeemvriasformas,poisvai almdasdimensesmnimaseoutrasexignciasarespeitodoambiente construdo. Alguns dos pases mais avanados em termos de desenho universal so: o Japo, os EUA, e o Canad e alguns pases da UnioEuropeia. (Preiser, 2010). 2.4 A Evoluo do Conceito de Acessibilidade no Brasil No Brasil, o debate acerca da acessibilidade era totalmente inexistente at o incio dadcadade1980.Omarcodoinciodasdiscussesaesterespeitononosso pasfoioanode1981,institudopelaONUcomooAnoInternacionaldas PessoasDeficientes,reforadonoanoseguintepeloPAMProgramadeAo Mundial para as Pessoas com Deficincia (Prado et al, 2010). 13 Aprimeiranormatcnicanacionalsurgiuem1985,publicadapelaAssociao BrasileiradeNormasTcnicas(ABNT).Essanormaconhecidapelottulode NBR-9050:1985AdequaodasEdificaesedoMobilirioUrbanoPessoa Deficiente.Trata-sedeumtextoaindapoucoabrangentesobreoassuntoda acessibilidade, que aborda principalmente a adaptao das edificaes existentes pormeiodainstalaoderampaseelevadores,priorizandoclaramentea mobilidade de pessoas com deficincia fsica-motora. Umpassoimportanteemdireoaoaumentodaabrangnciadoconceitode acessibilidadeocorreuem1988,comapromulgaodanovaConstituio Brasileira, que estabelece no seu 2, do artigo 227, que o Estado disponha uma lei sobre normas de construo dos logradouros e dos edifcios de uso pblico e defabricaodeveculosdetransportecoletivo,afimdegarantiracesso adequados pessoasportadorasdedeficincia.Almdagarantiadeadaptao dos logradouros, dos edifcios de uso pblico e dos veculos de transporte coletivo existentes,exigidonoartigo244.(Pradoetal,2010).Jem1989,em decorrnciadosdispostosnanovaConstituio,foiinstitudaaCoordenadoria para Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia (CORDE). Anormatcnicapassariaaindaporduasrevises:umaem1994eoutraem 2004,sendoestaltimajresultadodasatividadesdoComitBrasileirode Acessibilidade CB-40, criado em 2000 pela ABNT. Em sua ltima reviso, ainda emvigor,aNBR-9050passaaincorporarnovastecnologias,produtose indicadorestcnicosparadesenvolvimentodeprojetos(Pradoetal,2010).Esta revisotraznfasenaspessoasemcadeiraderodas,pessoascomproblemas ambulatrios e pessoas com deficincia visual, apesar disso, no h no texto da norma nenhuma referncia sobre os princpios do design universal. Noano2000oGovernoFederalpublicouduasleisparagarantiada acessibilidade: a lei 10.048/00 e a lei 10.098/00. A primeira trata da exigncia de prioridadenoatendimentospessoascomdeficinciasedaacessibilidadenos veculos fabricados no pas. A segunda, mais abrangente, estabelece os critrios bsicosparaapromoodaacessibilidadenasedificaespblicasoudeuso 14 coletivo,nasedificaesdeusoprivado,nossistemasdecomunicao, sinalizao entre outros (Prado et al, 2010). ApesardetodooavanotcnicotrazidopelaNBR-9050:2004,osprojetosde edificaeseasintervenesurbanasaindanorefletiamoidealde acessibilidadepropostopelapublicao.Aocontrrio:grandenmerodos profissionaissequertinhaconhecimentoarespeitodomaterial,eosqueo conheciam,aindarelutavamemaplica-lonosseusprojetos,fossepor preconceito,fosseporpressesdomercadoimobilirio.Nessecontexto,em dezembrode2004publicadooDecretoFederal5.296/04,queestabeleceum marconaquestodaacessibilidadenonossopas.Almderegulamentaras duasleisanteriores,odecretodefineprazoparaadequaodasedificaes pblicaseprivadasedefineoProgramaNacionaldeAcessibilidade.Este programa deveria atuar sob coordenao da CORDE na definio de aes junto aosEstadosemunicpiosnabuscapelaacessibilidade.Nomesmoano,o MinistrioPblicoFederalestabelecequeasnormasproduzidaspeloComit BrasileirodeAcessibilidadepassemaserdisponibilizadasgratuitamente,oque aumenta sua divulgao e abrangncia. AtualmenteaNBR-9050:2004encontra-senovamenteemreviso,iniciadaem 2008 pelo Comit Brasileiro de Acessibilidade. De acordo com Cambiaghi (2007), oBrasilpossuiumadasmaisavanadaslegislaesquecontemplama acessibilidade de maneira ampla, envolvendo diversos setores. (...). Para Santos Filho(2010),noentanto,aindafaltamvigilnciaconstanteeculturaparao cumprimento normativo, aspectos que remetem educao pblica, num sentido amplo.Infelizmente,noocorreuaindadeformageneralizadaamaterializao dessas normas em nossa realidade como acessibilidade ao meio em geral. 2.5 Normas Brasileiras que Tratam da Acessibilidade A ABNT conta hoje com 14 normas tcnicas publicadas pelo Comit Brasileiro de Acessibilidade(CB-40).Essasnormassoconstantementerevisadase 15 atualizadasparaatenderemsdisposiesdoDecreto5.296/04.Suaprincipal publicaoaNBR-9050/2004AcessibilidadeaEdificaes,mobilirio, espaoseequipamentosurbanos.Almdela,seguemabaixolistadasasoutras normas que tratam sobre o assunto: -ABNTNBR14020:1997-Transporte-Acessibilidadepessoaportadorade deficincia - Trem de longo percurso; - ABNT NBR 14021:2005 - Transporte - Acessibilidade no sistema de trem urbano ou metropolitano; - ABNT NBR 14022:2009 - Acessibilidade em veculos de caractersticas urbanas para o transporte coletivo de passageiros; - ABNT NBR 14273:1999- Acessibilidade da pessoa portadora de deficincia no transporte areo comercial; - ABNT NBR 14970:2003 1 - Acessibilidade em veculos automotores - Parte 1: Requisitos de dirigibilidade; - ABNT NBR 14970:2003 2 - Acessibilidade em veculos automotores - Parte 2: Diretrizes para avaliao clnica de condutor com mobilidade reduzida; - ABNT NBR 14970:2003 3 - Acessibilidade em veculos automotores - Parte 3: Diretrizesparaavaliaodadirigibilidadedocondutorcommobilidadereduzida em veculo automotor apropriado; - ABNT NBR 15250 - Acessibilidade em caixa de auto-atendimento bancrio; - ABNT NBR 15290:2005 - Acessibilidade em comunicao na televiso; - ABNT NBR 15320:2005 - Acessibilidade pessoa com deficincia no transporte rodovirio; -ABNTNBR15450-Acessibilidadedepassageirosnosistemadetransporte aquavirio; -ABNTNBR15599:2008-Acessibilidade-Comunicaonaprestaode servios; - ABNT NBR 15646:2008 - Acessibilidade - Plataforma elevatria veicular e rampa deacessoveicularparaacessibilidadeemveculoscomcaractersticasurbanas paraotransportecoletivodepassageiros-Requisitosdedesempenho,projeto, instalao e manuteno. 16 2.6 Aplicao e Fiscalizao Atualmentepodemosobservarummaiorengajamentodosprofissionaisdarea de projetos e dos construtores em geral no sentido de se prover acessibilidade s edificaes.Essecomportamentosurgiucomorespostaaumaumento significativodafiscalizaodotema,especialmenteporpartedasprefeiturase dos Ministrios Pblicos nos estados e municpios. A exigncia de acessibilidade porpartedasprefeiturasapareceatravsdoscdigosdeobrase,emcertos casos,apartirdeleisespecficasparaomunicpio.Exemplosimportantesque podemos apontar so os casos de So Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, na regio Sudeste do pas. Desde1992oCdigodeObraseEdificaesdacidadedeSoPaulo(Lei 11.228/92)determinaqueasedificaesnovasquecomportemmaisde seiscentaspessoas,oslocaisdereuniodepblicoeasreascomunsde prdioshabitacionaisdevemseracessveisconformeaNBR-9050.Noano seguinte, a Lei n 11.345, de 14 de abril de 1993,definiu um prazo de trs anos paraqueasdemaisedificaesseadequassemaessasexigncias.NoRiode Janeiro,aLeiMunicipal3.311/03estabelecequeoscondomniosresidenciais estejamobrigadosapromoveradaptaesnecessriasacessibilidade,caso algum morador assim solicite (Cambiaghi, 2007). Em Belo Horizonte, duas leis municipais trazem definies com vistas promoo daacessibilidade:aLei8.574foipublicadaemmaiode2003,eestabelece normasgeraisecritriosbsicosparagarantiroacessodapessoacom deficincia aos espaos pblicos, como praas e parques. Quase dois anos mais tarde,aLei9.078/05veiosomar-seaesta,estabelecendoapolticadapessoa comdeficinciaparaomunicpio.Estaleitornaobrigatriaaadoodos parmetrosdispostospelaNBR-9050:2004nasedificaesaseremconstrudas oureformadasnomunicpio.ComarevisodeseuCdigodeEdificaes Municipal,atravsdaLei9.725/09,aprefeituradeBeloHorizonteintensificoua cobrana e a fiscalizao da garantia da acessibilidade nas edificaes, tanto na 17 etapa de aprovao de projetos como na vistoria final para baixa de edificao e concesso do habite-se. Paralelamente iniciativa das prefeituras, os Conselhos Regionais de Engenharia eAgronomia(CREAs)decadaregiopublicaramapartirde2004,manuaisde acessibilidade, traduzindo os pontos principais da legislao de cada municpio e daNBR-9050:2004paraumalinguagemmaisacessvel,buscandoampliaro alcancedasiniciativas.EmBeloHorizonte,ascartilhasforamdistribudas gratuitamente,emparceriacomaprefeituramunicipal,emduasverses: Acessibilidade a Edificaes e Acessibilidade a Espaos Urbanos. 18 3. ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL O termo Design Universal foi aplicado pela primeira vez por Ron Mace em 1985, em referncia a uma abordagem de projeto cujos produtos pudessem atender ao maior nmero possvel de pessoas (Ostroff, 2001). Para Preiser (2010), o Design Universalpretendeconceberprodutos,equipamentos,interioreseexterioresde edifcios,sistemasdetransportes,reasurbanas,assimcomotecnologiada informao, acessvel e utilizvel por todos, independente de gnero, etnia, sade ou deficincia, ou outros fatores correlatos. 3.1 Origens do Desenho Universal Conformecitadoanteriormente,asorigensdodesenhouniversalconfundem-se com as origens do pensamento em acessibilidade propriamente dito. No entanto, oconceitodedesenhouniversalmuitomaiordoqueodeacessibilidade.De forma simplificada, podemos mesmo afirmar que o conceito de acessibilidade est contido no conceito de desenho universal, pelo simples fato de voc necessitar de espaosacessveisparagarantirousomximodetodososusuriospossveis. ParaCambiaghi(2007),aessnciadodesenhouniversalestnopropsitode estabeleceracessibilidadeintegradaatodos,sejamounopessoascom deficincia.Paraaautora,esseobjetivopodeseralcanadodetrsformas diferentes: -pelaconcepodeprodutoseservioscujaaplicaono necessitedequalquermodificaoparaqueestessejam plenamente usufrudos pelos usurios potenciais; -pelaconcepodeprodutosfacilmenteadaptveisaos diferentes usurios; - pela normalizao das interfaces dos produtos, de forma a torna-loscompatveiscomequipamentosespecializados(como ferramentasdeauxliospessoascomdeficincia).(Cambiaghi, 2007). 19 3.2 Os Sete Princpios do Desenho Universal Noanode1997,Parafacilitaraaplicaodosconceitosdodesenhouniversal, bemcomocriarummodelosistematizadodeaplicaodosmesmosatodasas reas da produo humana, o Center for Universal Design, sediado na Escola de Design da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, elaborou um conjuntodediretrizesbsicasdeprojeto.Estasdiretrizesabordamsetepontos principaisrelacionadosaoconceito,produoeutilizaodeobjetoseespaos construdos,atravsdadefiniodeparmetrosqualitativosquedevemser aplicadosaindanaetapadeconceituao/elaboraodosprodutos.Almde orientar a elaborao de novos projetos, os princpios ainda podem ser utilizados como ferramenta para mensurar a qualidade de projetos existentes. So eles: 3.2.1 Uso equitativo Proposiodeespaoseprodutosquepossamserutilizadosporpessoascom capacidadesdiferentes.Baseia-senaideiadeevitarasegregaoou estigmatizao de qualquer tipo de usurio. Dessa forma, os produtos devem ser atraenteseproporcionarasmesmascondiesdesegurana,conforto, privacidade e dignidade para todos os usurios. Figura 3.1: Equipamento urbano preparado para possibilitar sua utilizao por todos os tipos de usurios: crianas, idosos, pessoas em cadeira de rodas. Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001. 20 3.2.2 Flexibilidade de uso Para garantir o atendimento a uma ampla gama de indivduos, os produtos devem poder ser acessveis e utilizados por destros e canhotos, alm de permitir serem alterados sem prejuzo de seu funcionamento. Figura 3.2: Equipamento adaptvel: esta mesa de consultas mdicas se abaixa para facilitar a utilizao por pessoas com mobilidade reduzida.Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001. 3.2.3 Uso simples e intuitivo Procura garantir ao usurio a compreenso fcil e imediata do espao ou produto, permitindosuautilizao,independentedahabilidadeouexperinciadecada pessoa.Baseia-senaeliminaodascomplexidadesdesnecessrias,sendo coerente com as expectativas e intuio dos usurios. As informaes devem ser facilmente perceptveis e em ordem de importncia. Figura 3.3: Prottipo de termostato acessvel para aparelhos de ar-condicionado. A organizao das informaes e a forma como os comandos esto dispostos facilitam a interao do usurio. Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001. 21 3.2.4 Informao de fcil percepo Tem por objetivo garantir a compreenso da informao que est sendo passada por qualquer tipo de usurio, de qualquer idade, nvel de escolaridade ou origem, apresentando ou no deficincia visual ou auditiva. Figura 3.4: Exemplo de mquina para venda de bilhetes de metr, nos Estados Unidos. Informaes com texto de alto contraste, texto em relevo e braile, alm da opo de informao sonora.Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001. 3.2.5 Tolerncia ao erro Oprojetodeveserprevistoparaminimizarosriscosepossveisconsequncias deaesacidentaisounointencionais.Pressupeque,enquantoseres humanos estamos passveis a cometer equvocos na utilizao dos espaos, seja devidosnossaslimitaesfsicas,sejaporcausasexternas.Odeverdo projetista eliminar as causas externas e resguardar o usurio de suas prprias limitaes fsicas. Figura 3.5: Barras de apoio e bancos no chuveiro aumentam a segurana do usurio.Fonte: acervo do autor. 22 3.2.6 Esforo fsico mnimo Autilizaodosequipamentoseespaosdeveocorrerdeformaeficientee confortvel,comummnimodeesforo.Deve-sepossibilitaramanutenoda posturacorporaleminimizarasaesrepetitivaseosesforosfsicosqueno puderem ser evitados. Figura 3.6: Computador com sistema de reconhecimento de voz.Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001. 3.2.7 Tamanho e espao para aproximao e uso Busca garantir que um determinado ambiente ou objeto no seja muito grande ou muitopequeno,muitoamplooumuitorestrito,poisissopodeafetaro desempenho das pessoas. Figura 3.7: Trecho rebaixado no balco permite o atendimento a pessoas de baixa estatura ou em cadeira de rodas.Fonte: Story, 2001, APUD Preiser & Ostroff, 2001. 23 3.3 O Desenho Universal e as Normas Tcnicas Comopudemosver,observa-seumatendnciaasedesenvolverempolticase normasnointuitodetornarosespaoseprodutosacessveisspessoascom deficincia, beneficiandotambm a todas as outras pessoas. Somente no Brasil, temos14publicaesdaAssociaoBrasileiradeNormasTcnicasnesse sentido. Noentanto,quandosetratadaaplicaodoconceitomaisamplododesenho universal,comeamasurgirconflitoscomasnormastcnicaseaslegislaes especficas.DeacordocomCambiaghi(2007),pensaracessvelepartirda concepo de um projeto plenamente utilizvel por todos uma prtica ainda no muitodifundidaesemmuitoamparotcnico.Asnormastcnicassoos referenciais mnimos para garantir a funcionalidade, mas no garantem qualidade e conforto. ODecreto5.296/04,emseuartigo10,determinaqueaconcepoea implantaodosprojetosarquitetnicoseurbansticosdevematenderaos princpiosdoDesenhoUniversal.Paraatenderaessaexignciaosespaos devemadquirirumasriedecaractersticasquenososequerprevistasnas normas tcnicas. A abordagem do desenho universal vai alm das especificaes mnimasdefinidasprevistasemcdigoseleis.Propequeosespaoscriados sejamdotadosdequalidadeesttica,garantamconfortoebemestaraos usurios,utilizemdastecnologiasdisponveisnaindstriadaconstruocomo forma de eliminar aspectos espaciais discriminatrios. ParaGuimares(1998),(...)designuniversal,isto,projetadoparatodos,o ltimonvelquesepodealcanarnoprocessodaprticadaacessibilidade ambientalemarquitetura.Umambientecomacessibilidaderesponder diferentemente para uma variedade de necessidades dos usurios at o ponto de que a acomodao de necessidades distintas seja uma das funes normais dos elementos naquele ambiente. 24 4. PERCIAS DE ACESSIBILIDADE EM EDIFICAES Atualmenteafiscalizaodocumprimentodosrequisitosmnimosde acessibilidade nas edificaes tem sido fruto de esforos intensivos por parte das administraesmunicipaiseestaduaisportodoopas.Comovistonoitem2 destamonografia,otemadaacessibilidadetemobtidogranderepercussonas organizaes sociais e na administrao pblica brasileira, com reflexos positivos dopontodevistadacobrananocumprimentodasnormastcnicaseleis especficas.Nessecontexto,aparticipaodosministriospblicosestaduais tem sido de grande importncia, especialmente na definio das metodologias de anlise das edificaes e espaos pblicos. 4.1 Vistoria Tcnica em Edificaes Em seu Roteiro Prtico de Avaliaes e Percias Judiciais (Del Rey, 2000), o Eng. FranciscoMaiaNetodivideocampodeatuaodoperitosimplificadamenteem quatroreas,asaber:avaliaesempresariais,quandodemandadapor empresas que necessitem de avaliaes do seu ativo imobilizado, em processos deincorporao,fusoouciso(...)ousemprequeumaempresaforcontratar umsegurodeseusbens(...).;consultoriasimobilirias,noscasosdecompra, venda,alugueloupermutadeimveis,almdaatuaoemprocessosde incorporao imobiliria; junto ao Poder Pblico nos casos de tributao municipal eprocessosdeprivatizao;e,finalmente,nasassessoriaspericiais,(...)rea queseconfundecomaprpriaespecialidade,ondemuitasvezesoprofissional queatuaemEngenhariadeAvaliaesePerciasdesignadosimplesmente perito. Asvistoriasnareadeacessibilidade,nosmoldesdasdefiniesda administraopblicadosestadospodemserenquadradasnestaltima categoria.Taisatividadespodemserexecutadasporarquitetosouengenheiros civis,devidamenteregistradosehabilitadosemseusrespectivosrgosde classe.Asintervenesnosentidodecorrigirproblemasrelacionados 25 acessibilidade,noentanto,sodeatribuioexclusivadosarquitetos,conforme Resoluo n 51 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU, 2013). 4.2 Parmetros de Anlise Quandosetratadavistoriatcnicacomfoconaacessibilidade,oprincipalo objetivodovistoriador,ouperito,identificarograudeatendimentodoespao construdosdisposiesnormativasvigentes.Dessaforma,osparmetrosa seremverificadosnaavaliaodosespaosso,principalmente,aqueles dispostos pela NBR-9050:2004 e pelas legislaes federal e municipal. Em casos mais especficos, pode ser necessria a verificao conforme alguma das outras normas de acessibilidade citadas no item 2.5 desta monografia. 4.3 Planilhas de Vistoria Osministriospblicosestaduais,emconjuntocomasprefeiturasmunicipais, universidades e profissionais especializados elaboraram e mantm disponveis na internet,emseusrespectivossites,planilhasderefernciaparaavistoriade edificaes e espaos pblicos. De forma simplificada, essas planilhas consistem em um check-list, ou seja, um conjunto de perguntas que podem ser respondidas com sim, no ou no se aplica, elaboradas conforme as disposies da NBR-9050:2004 e aplicveis aos vrios ambientes da edificao. A principal diferena entre as planilhasdosdiversosestados a formadeorganizao dositens. Em alguns casos, o material prev um campo de observaes e espao para registro fotogrfico dos elementos analisados. 26 Figura 4.1: Trecho da planilha de vistoria de acessibilidade em edifcios pblicos, elaborada pelo Ministrio Pblico do Rio Grande do Sul, desenvolvida com base no Questionrio Bsico de Acessibilidade do Ministrio Pblico de Minas Gerais.Fonte: MPRS, 2010. Arecomendaogeraldequeasplanilhassejamaplicadasnaavaliaode edificaes pblicas ou de uso coletivo, nos termos do Decreto 5.296/04, que so aquelasemquehconcentraodepblicoexternoaoconvviodirioda edificao. No caso das edificaes de uso privado, podemos aplicar o contedo databelanosespaoscomunsdosedifciosmultifamiliares,tomandoocuidado deisolarositensnoaplicveisdasplanilhas.Paraedificaescujousoseja muitoespecfico,comonocasodehospitais,templos,estdiosdefutebolou locais de grandes aglomeraes de pblico, importante observar a necessidade da complementao de itens na tabela, conforme outras definies normativas ou legais.Especificamentenocasodeescolasecentrosdeeducao,oMinistrio daEducao(MEC)possuiumaplanilhaespecfica,quecontemplaas especificidades de tais edificaes. Aprincipalvantagemdessesistemadeplanilhasconsistenaobjetividadedos dados colhidos, uma vez que sua formatao no abre espao para informaes qualitativasdosespaos.Issopermitequeoresultadodaavaliaoseja estritamentetcnico,seminterfernciadasimpressespessoaisdecadaperito, quepoderiamresultaremvariaesdosvaloresobtidospordiferentes profissionais.Outroaspectopositivoofatodeasplanilhaspossibilitaremum diagnsticoorganizadoehierarquizadodetodososproblemasdaedificao. Essediagnsticopermiteaosprofissionaisdefiniremasmelhoresestratgiase proporem as melhores solues para o tratamento das edificaes.27 O maior problemado sistema de avaliao por planilhas consiste justamente em sua objetividade. Atravs do padro proposto, possvel verificar com plenitude e de forma confivel o atendimento da edificao a todos os requisitos normativos. Noentanto,nopossvelaferirseoespaoanalisadoestdeacordocomos conceitosdodesenhouniversal,pois,nessecaso,aavaliaotorna-semais subjetiva. 4.4 Avaliao Ps-Ocupao (APO) SegundoRheingantzetal(2000),aavaliaops-ocupaoumprocesso sistematizado e rigoroso de avaliao de edifcios, passado algum tempo de sua construoeocupao.AAPOfocalizaosocupantesdoedifcioesuas necessidades,apartirdasquaiselaborainsightssobreasconsequnciasdas decisesdeprojetonaperformancedaedificao(...).Emoutraspalavras,a avaliao ps-ocupao nos possibilita medir a satisfao do usurio com relao edificao que eles utilizam. NoestudodeedificaesatravsdaAPO,oserhumanopassaaserofoco dentrodosparmetrosdeobservao.Suasatividadeseasdificuldadesqueo indivduo enfrenta para execut-las tornam-se ferramentas importantes para medir o reflexo do espao construdo sobre seus ocupantes (Cambiaghi, 2007). Aprincipaldiferenaentreaavaliaops-ocupaoaplicadasaomeio construdoeosistemadeanliseporplanilhas,abordadoanteriormente,que enquanto este ltimo prende seu foco de anlise no edifcio enquanto si prprio, o primeiropreferevoltarsuaatenoparaoserhumanoesuarelaocomo espaoqueorodeia.Nesseaspecto,aAPOaparececomoumaimportante alternativa para avaliar o desenho universal nas edificaes. DeacordocomPreiser(2010),nestemomentoasnicasdiretrizesparaa avaliaododesenhouniversalsooschamadosSetePrincpiosdoDesenho Universal (...). Os princpios constituem ideias guarda-chuva, acompanhados de 28 diretrizesederecomendaesparaprojetos,bastantegenricaseno quantificveis.Aspesquisascomusuriosobtidaspormeio daAPOpodemser capazesderetroalimentarosistemacominformaesfocadasnausabilidadee legibilidadedosespaos,deformaaoperacionalizarosseteprincpiose transform-losemcritriospadroediretrizes,quepossamviraserutilizadas pelos profissionais (Preiser, 2010). AsmetodologiasdeAPOmaisadotadasnocampodaacessibilidadeedo desenho universal baseiam suas anlises na avaliao tcnica da edificao e na avaliao do usurio. Na primeira, so estudados os itens normativos referentes acessibilidade e aos parmetrosantropomtricosdosindivduos,levandoemcontaprincipalmentea NBR-9050:2004.Baseando-senosdadoslevantadosnessaetapa,possvel elaborarummapadaacessibilidadedaedificaoouespaoqueestsendo estudado.Essemapaadquireimportncia,poissetratadeumregistrodas barreirasarquitetnicasouelementosdificultadores do uso pelosindivduos.Os resultadostmemvistaadeterminaodaviabilidadedeusodaedificaopor idosos,pessoascomdeficinciaecommobilidadereduzida.(...)Podemser verificadastambmaspossibilidadesdeadaptaodessasedificaescom vistas acessibilidade (Cambiaghi, 2007). Figura 4.2: Exemplo de mapa de acessibilidade em espao construdo. So sinalizadas as rotas acessveis, bem como as barreiras arquitetnicas presentes na rea analisada. Fonte: http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/?cHash=0b59534dacd 29 Nasegundaabordagem,voltadaparaousurio,sousualmenteadotados questionrioseentrevistas,cujasquestesestodiretamenterelacionadasao indivduo,satividadesdesenvolvidasporelenaedificaoeaoseugraude satisfaocomosespaos.Principalmentecomrelaosatisfao,segundo Lanchotti (2010, apud Lanchotti, 2005), deve ser levada em contaa equivalncia de todas as pessoas nos meios de acesso e permanncia dos espaos, incluindo-seaosentimentodeautonomiaesegurana.Tambmpodemserpraticadas, emalgunscasos,tcnicasdeobservaodosusuriosnoambienteconstrudo, com o objetivo de verificar como o espao apropriado por cada indivduo no dia-a-dia, bem como as dificuldades nessa apropriao. (...) importante ressaltar mais uma vez que determinar mtodos deavaliaops-ocupaovisandoanlisedeprojetosem relaoacessibilidadeumaformadetornarpossvelo aprimoramento arquitetnico e urbanstico quanto aos aspectos do usoportodosdesdeainfnciaataterceiraidade,estejao indivduoemsuaplenaformafsicaoutenhaelealgumtipode deficincia.Emoutraspalavras,pormeiodaavaliaops-ocupao possvel inserir os pressupostos do desenho universal nos projetos de arquitetura e design. (Cambiaghi, 2007). 4.5 Avaliao de Ambientes por Graus de Acessibilidade Aavaliaoporgrausdeacessibilidadeumametodologiadesenvolvidapela UFMG,atravsdoseulaboratriodepesquisaADAPTSE,paraavaliaode edificaes e espaos urbanos. Trata-se de um mtodo experimental que introduz um diferencial em relao s outras formas de se avaliar a acessibilidade por sua propostadeavaliarousoambientaldomeioconstrudoatravsdeumaescala de qualidade do design inclusivo Dessa maneira, o sistema baseia sua aplicao nadefiniodecincograusqualitativos,cadaumcorrespondenteaumnvelde atendimentodosambientes,dopontodevistadaacessibilidade(Guimares, 1998). Omtodo,daformacomoproposto,prevumsistemainformatizadoe integrado, por meio do qual os diversos colaboradores da avaliao podem enviar 30 dados sobre as edificaes avaliadas, para serem analisados qualitativamente. A anlisefeitaapartirdeplanilhassemelhantesquelasutilizadaspelos Ministrios Pblicos, mas em lugar de respostas simples de sim ou no, cada itemdaplanilhaavaliadoemumaescaladeumacinco,quecorresponde qualidade de cada ambiente no atendimento acessibilidade. Duranteaavaliaoambientaldeumedifcio,apessoaregistra avaliaesparatodasascaractersticasecondies.Alguns edifciospodemtermenosartigosconferidosdoqueoutros;isso podeocorrerdevidosdiferenasfuncionaisemcomportamento dos usurios. No obstante, todo edifcio ter um certo nmero de artigosconferido.Ento,porclculos,podesergeradaa porcentagem de cada um dos cinco acesso-graus para ser exibida como uma representao grfica de acessibilidade ambiental. (...) A verificao de condies de acessibilidade ambiental possvel atravsdecomparaoparaumadistribuioidealdeacesso-graus. O grupodecolunasparaumcertoedifciocriaumpadro grfico. O acesso-grau global para o edifcio debaixo de inspeo conteraconfiguraomaisprximaparaumdosacesso-graus descrito na exibio grfica (Guimares, 1998). Por se tratar de um sistema baseado na interao usurio-edificao, a avaliao pormeio dosgrausdeacessibilidadetorna aanlisedosambientesconstrudos mais humana e permite a observao de aspectos externos norma tcnica e s legislaes,baseadosnaexperinciadoindivduonautilizaodosespaos. Dessamaneira, aavaliaoporgrausdeacessibilidade dumpassoamaisno sentidodesemediraqualidadedaacessibilidadequeestsendopropostanas edificaes. Os diferentes acesso-graus indicam o quanto o design de um edifcio pode estar imprprio em termos de atingir o mximo em acessibilidade ambiental (Guimares, 1998). Outro aspecto importante da avaliao por graus de acessibilidade diz respeito ao nvel de abrangncia que a mesma pode atingir a partir de um envolvimento das municipalidadesemsuaimplantao.possvel,atravsdosistemadescrito acima,gerarumbancodedadosmunicipalreferenteacessibilidadeemsuas diversasedificaeseespaosurbanos.Apartirdessebancodedados,as prefeituraspodemdesenvolverestratgiasdeincentivoadoododesign 31 inclusivonasnovasedificaes,bemcomodefinirmapasdeacessibilidadena escala da cidade. EstametodologiadeanlisefoiapresentadapeloProf.Dr.MarceloPinto Guimares,em1998,emumsimpsiosobredesenhouniversalocorridonos EstadosUnidos.At ento,osrecursos deinformtica ecomunicaonoeram to eficientes como os de hoje e, olhando em retrospecto, o sistema todo poderia parecermuitofuturistaparaatecnologiadisponvelnapoca.Essesfatores, somadosdemandadegrandeequipepararealizaodastarefaspropostas, podem ter sido fatores determinantes para que a proposta permanecesse restrita ao universo acadmico. Atualmente, no entanto, os avanos tecnolgicos possibilitaram uma portabilidade cada vez maior dos sistemas de informtica, atravs de smartphones e tablets, ao mesmotempoemqueainternetestcadavezmaispopulareonipresente, especialmente nas grandes cidades. Nesse novo contexto, a anlise por graus de acessibilidadepodesetornarnovamenteumaopointeressanteparaa avaliaodeedificaesnoquedizrespeitoacessibilidade,contribuindo, inclusive,paraodesenvolvimentodiretrizesesoluesqueseaproximemmais do ideal de desenho universal. Umexemplointeressante dasituaocitadaacima oaplicativoItsAccessible, criadoedisponibilizadoparasmartphonescomsistemaAndroidouIOS.O funcionamentodosistemabaseadonainteraocomousurio,queavaliaos espaosvisitadosdeacordocomsuasimpressesduranteautilizaodos mesmos.Posteriormente,essasinformaessoregistradasemumbancode dadoserealimentamosoftwarenaformademapasdeacessibilidade,em diversas cidades do mundo (figura 4.3). Aacessibilidadedasedificaesclassificadaemquatronveis:alta,mdia, baixaounula,deacordocomonveldefacilidadesqueosespaosoferecem (figura 4.4). 32 Figura 4.3: Telas do aplicativo Its Accessible, mostrando respectivamente o mapa com a indicao das edificaes avaliadas e uma lista das edificaes para interao do usurio. Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.esaccesibleapp.eng Figura 4.4: Tela do aplicativo Its Accessible, mostrando a classificao de um espao habitvel conforme a graduao proposta pelo sistema. Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.esaccesibleapp.eng 33 5. ESTUDOS DE CASO Comoobjetivodeilustrarasdiscussesdesenvolvidasnoitemanterior, apresentaremos a seguir trs estudos de caso desenvolvidos sobre avaliaes de edificaespblicasdopontodevistadaacessibilidade.Noprimeiroestudo, abordaremosumaanlisequefoifeitasegundoametodologiadoMinistrio PblicoEstadualdeMinasGerais,queconsistenaformulaodequestes baseadas na norma tcnica NBR-9050:2004. Nosegundoestudo,falaremosbrevementesobreoprocessodeadaptaodo campus A. C. Simes, da Universidade Federal de Alagoas, acessibilidade e ao desenho universal. Porltimo,apresentaremosumametodologiadesenvolvidanaUniversidade Federal do Rio Grande do Norte, para avaliao de suas instalaes, baseada na categorizao das barreiras arquitetnicas. 5.1 Vistoria de Engenharia do Estdio Raimundo Sampaio (Independncia) O Estdio Raimundo Sampaio, mais conhecido como Arena Independncia, est localizadonobairroHorto,nomunicpiodeBeloHorizonte.Oestdiotevesua primeirainauguraoem25dejunhode1950parajogosoficiaisdaCopado Mundo. Em meados de 1984 at 1986 a edificao passou por uma reforma que foirealizadapeloGovernodoEstadoqueposteriormenterepassouaoAmrica FutebolClube.Aobrademodernizaoereadequaoatualiniciou-seem Janeiro de 2010 e foi finalizada no primeiro semestre de 2012. pocadafinalizaodasobrasdereformadoestdio,emcumprimentodo Decreto6795/09, oestdiopassou porumavistoriacompletadeengenharia,no intuitodeseverificaremascondiesdeseguranaeusabilidadedossistemas, possibilitandoaliberaodomesmoparauso.Avistoriafoirealizadanamanh 34 dodia09dejulhode2012eabordoutodososaspectosfsicosdaedificao. Levandoemconsideraooobjetivodestamonografia,iremosdesconsideraros demaisapontamentosdolaudotcnicodavistoriaefocaremosapenasnos aspectos relativos acessibilidade na edificao. 5.1.1 Metodologia empregada Para a vistoria relativa acessibilidade da edificao foram percorridos a p todos os seus espaos destinados utilizao do pblico. Os espaos foram analisados conformeoRoteiroparavistoriadaacessibilidadeemedificaesdeuso pblico,elaboradopeloMinistrioPblicodeMinasGeraisemparceriacoma Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (Belo Horizonte, 2006). Devido avaliao ter ocorrido ainda em etapa de finalizao das obras, as reas de estacionamento no haviam sido demarcadas e, por esse motivo, a aferio das vagas acessveis ocorreucombaseemanlisedoprojetoexecutivodearquitetura.Orestantedo laudodeacessibilidadefoi feito apartirderespostassimounoaumasrie de perguntas referentes aos espaos, organizadas da seguinte forma: a)O estdio como um todo: perguntas relacionadas existncia de reas demanobraparaascadeirasderodas,acessos,reasdecirculao, aproximao e sinalizao ttil e visual em todas as instalaes internas da edificao. Para todas as perguntas a resposta foi sim. b)Sanitrios e vestirios: perguntas relacionadas quantificao, posio enmerodesanitriosevestiriosacessveisnoestdio.Foram questionadastambmaadequaodosespaosde manobra,alcance etransferncia,eapresenadositensdeseguranaexigidospela NBR-9050:2004. Para todas as perguntas a resposta foi sim. 35 Figuras 5.1. e 5.2: Fotos retiradas dos vestirios durante a vistoria de engenharia do estdio. Fonte: prprio autor. c)Escadasemgeral:questionamentosreferentespresenade sinalizaottilepodottil,presenadeguarda-corposecorrimos, posioesituaodospisosdasescadasexistentesnoestdio.Para todas as perguntas a resposta foi sim. d)Rampasemgeral:foramcontempladososmesmosquestionamentos das escadas, acrescidos de indagaes sobre se as rampas possuam ainclinaoadequadaeapresenadepatamaresdedescanso, conformeexigidopelasnormasvigentes.Paratodasasperguntasa resposta foi sim. e)Corrimos e guarda-corpos: indagaes sobre a presena de corrimos eguarda-corposnasrampas,escadas,circulaesedesnveis superiores a 1,0m, bem como sua constituio, posio e acabamento. Para todas as perguntas a resposta foi sim. 5.1.2 Discusso dos resultados Deacordocomoparecertcnicoemitidonolaudodevistoriadeengenharia,o EstdioRaimundoSampaiocumprecomtodasasexignciasreferentes acessibilidade.Essaafirmaofeitabaseadanatotalidadederespostassim 36 obtidas no questionrio aplicado edificao. No entanto, cabe-nos fazer alguns questionamentos com relao a este resultado. Pudemos observar que o questionrio de vistoria que foi aplicado edificao no fez qualquer meno ao seu entorno imediato, principalmente a situao das suas viasdeacesso,caladaslindeirasevizinhasaoterreno,linhasdenibusque atendemregioeseuspontosdeparada.Tambmnocontempladaem nenhum momento a anlise dos lugares reservados para pessoas em cadeira de rodas ou obesas, especialmenteemrelaovisibilidade docampoe facilidade delocalizaoeacesso.Dopontodevistadaleituradoespao,nosofeitas verificaesdafacilidadedeorientaodousurioporondeentrar,qualo caminhodasada,comochegaraosbanheirosextremamenteimportantesem ambientesdegrandeaglomeraodepblico,especialmenteemsituaesde pnico.Nosesabe,portanto,atquepontoousurio,especialmenteaquele queapresentaralgumtipodedeficincia,sesentirconfortveleincentivadoa comparecer ao estdio nos dias de jogo. Cabe aqui ressaltar, que os itens acima citadosnofazempartedametodologiadeanlisepropostapeloMinistrio Pblico do Estado de Minas Gerais. Notamosqueametodologiaaplicadacapazdeidentificaroatendimentoaos principaisitensnormativosreferentesacessibilidade,demaneiraobjetivae eficaz,possibilitandooisolamentodospontosemdesconformidadeeoseu tratamento conforme necessrio. Apesar disso, o procedimento falha na tarefa de prever como ocorrer a apropriao da edificao por parte dos usurios. No possvel, a partir do questionrio aplicado, afirmar se o usurio ter facilidade no seutrajetoataentradadoestdioese,umavezldentro,serpossvelusar todososespaoscomconfortoesegurana.Dessaforma,emmuitoscasoso indivduopodesesentirtolhidonousodoequipamento,umavezqueoespao oferecido se torna hostil sua presena. Podemosafirmar,combasenasinformaesacimadescritas,queomtodo empregadonavistoriadoEstdioRaimundoSampaioeficaznosentidode verificaraacessibilidadedopontodevistadaNBR-9050:2004,masnopode 37 garantiroconfortoeasatisfaodapessoacomdeficincianautilizaodo espao. 5.2AdaptaodoCampusA.C.Simes,daUniversidadeFederalde Alagoas AadaptaodocampusA.C.Simes,daUniversidadeFederaldeAlagoas descritaemdetalhesporBittencourtetal(2010),emartigoespecfico,quevisa apresentar e discutir a experincia de projeto, desde a tomada de dados inicial e suaimplementao.Suaabordagemnestamonografiasejustifica,enquanto estudodecaso,parademonstraraviabilidadeeosresultadosdeumavistoria com foco no desenho universal para projetos de adaptao em acessibilidade. AiniciativaemquestofoirealizadapeloProgramadeEnsinoTutorialde Arquiteturadauniversidade,comfinanciamentodoMEC.Arefernciaprincipal paraaelaboraodoprojetofoioconceitodeDesenhoUniversalcomoa proposioeaadequaodosespaoseseusutensliosatodasaspessoas, independentedesuacapacidadefsica,mentalousensorial(Bittencourtetal apud Steinfeld, 2010). 5.2.1 Metodologia empregada Ametodologiadeabordagemsebaseouemquatroetapas:inicialmente,uma abordagemconceitualdoproblema;aseguirumaetapadelevantamentoe atualizaodedados;umprocessodediagnsticoe,finalmente,aelaborao daspropostasdeadequao.Naprimeiraetapa,oprincipalobjetivodos intervenientes foi o de conscientizar os envolvidos no processo de adaptao e a comunidadedocampuscomrelaoquestodaacessibilidade.Nestaetapa foramdesenvolvidasoficinas,ministradaspalestras,seminriosediscusses relacionadassnormastcnicaselegislaes.Tambmforamrealizadas entrevistas e vivncias com os estudantes da instituio que apresentavam algum tipo deficincia (Bittencourt et al, 2010).38 Parteimportantedessaprimeiraetapaconsistiunasvivnciase asoficinas.Nas primeiras,osespecialistasacompanharamospercursosdosalunoscom deficincias pelo campus, objetivando melhor compreender suas necessidades e dificuldadesdiriasnointeriordainstituio.Asoficinas,porsuavez,permitiam aosparticipantescolocarem-senolugardousuriocomdeficinciae experimentar o espao sob a tica destes, atravs do uso de vendas, cadeiras de roda,muletas,entreoutros.Apartirdessaexperincia,arquitetoseestudantes puderamcompreenderaspectosdaacessibilidadequemuitasvezesnoso percebidos no momento da concepo projetual (Bittencourt et al, 2010). Asegundaetapaconsistiunolevantamentoarquitetnicodetodoocampus, externaeinternamenteaosedifciosexistentes,nointuitodeproduzirumabase de trabalho atualizada para as equipes que atuariam no projeto de adaptao. O diagnstico da edificao analisada definiu a terceira etapa do trabalho, e foi feito combasenasnormastcnicasemcimadolevantamentorealizadonasegunda etapa. Naquartaetapa,foramapresentadasaspropostasdeinterveno,quese estruturaramemduasfases,conformesuaimportncia,urgnciaeaviabilidade econmica para execut-las. Cabe aqui destacar que um fator condicionante para aspropostaselaboradasfoiamanutenodascaractersticasestticasdo campusedasedificaesexistentes,comoformadenoprejudicarou descaracterizar a legibilidade do local. 5.2.2 Diagnstico e propostas de adequao fsica Umavezidentificadososproblemas,osmesmosforamdivididosconformesua localidade internos ou externos. A partir da iniciaram-se as etapas de correo eadaptao.Nasreasexternas,foramapontadosprincipalmente:a descontinuidadedasrotas,obstculosfsicosdevriasnaturezaseausnciade sinalizao. Para os espaos internos, os problemas identificados consistiram na inadequaoderotasverticaisehorizontais,ambientesepassagenscom 39 dimenses menores que as recomendadas e sanitrios inadequados (Bittencourt et al, 2010). O principal objetivo das propostas para o espao externo foi o de estabelecerrotasquepossibilitassemoacessoautnomoeem seguranaspessoascomdeficincia.(...)Foramconsideradas asbarreirasfsicaspr-existentes,destacandoaquelasque seriampassveisderemooeaquelasquenodeveriamser removidas. (...) Buscou-se manter a vegetao existente ao longo daviaprincipaldoCampus,demodoqueostrajetospropostos fossemdotadosdesombra.(...)Nosprincipaiscruzamentosde trnsitodepedestresforampropostaselevaesdaspistasde rolamentodestinadastravessiaaonveldospasseiospblicos (...). Aspropostasparaosespaosinternosconcentraram-sena proposiodeformasacessveisdecirculaoverticalena adaptaodascirculaeshorizontaiseverticaisexistentes(...), que foram elaboradas de forma individualizada, levando em conta a especificidade plstica de cada edifcio (Bittencourt et al, 2010, grifos nossos). Internamente,aindaforamcorrigidoseadaptadososbanheiros,circulaese vos de passagem, o layout de alguns ambientes e a sinalizao visual e ttil de todos os edifcios. 5.2.3 Discusso dos resultados OlevantamentodedadosefetuadonocampusA.C.Simes,daUniversidade FederaldeAlagoas,possibilitouaelaboraodeumprojetodeadaptao completoeeficiente,queabordouosprincipaispontosdeatenoeproblemas referentes acessibilidade e props solues para os mesmos, de forma inclusiva e orientada segundo os princpios do desenho universal. Podemos perceber que a metodologia de trabalho adotada humaniza a relao do profissionalcomousurio,namedidaemqueaproximaosdoispersonagens atravsdeoficinasegruposdediscussoarespeitodaadaptaoqueser realizada.Aoadotaressapostura,osprofissionaistrazemousurioparadentro do processo de adaptao e o transforma em agente, junto com eles, da alterao 40 dosespaos.Issoaumentaaschancesdeoprojetodeacessibilidadealcanar xito em seu objetivo de incluso social em relao s pessoas com deficincia. Outroaspectopositivoapossibilidadedeoprofissionalpoderacompanharas atividadesdosusurios,bemcomocompartilharasdificuldadesenfrentadaspor estesnoseucotidianoapartirdasvivnciaseoficinasdesensibilizao.Essas experinciaspossibilitamaosparticipantesdoprojetoproporsoluesque extrapolem as definies normativas, levando em conta oconforto e a dignidade dos usurios com deficincia. Outroaspectopositivodametodologiapodesernotadopelocuidado demonstrado pela equipe de interveno ao elaborar as propostas de interveno paraocampus.Noquedizrespeitosrotasexternas,nohouvepreocupao apenasemgarantirosparmetrosmnimosdimensionaisededesempenho preconizadospelaNBR-9050:2004.Maisqueisso,procurou-segarantirqueas rotasacessveisfossemsombreadas,traandoosnovoscaminhamentosde maneiraarespeitaremanterasrvoresexistentesnocampus.Outrapostura diretamenteligadaaosconceitos do desenhouniversal foi a preocupaocom a legibilidadedoespao,apartirdapropostadesoluesquerespeitassema organizaoeaestticadosprdiosexistentes.Paraapessoacomdeficincia, especialmente aquelas de ordem sensorial, a legibilidade e a identificao com o espaode fundamental importncia para seu bom relacionamento com este. Oconhecimentodasprincipaisdificuldadesenfrentadaspelosusurios, possibilitadopelasvivnciascitadaspelosautores,permitiuqueaequipede trabalho organizasse as intervenes de acordo com uma escala de importncia e urgncia.Essaformadeabordagempermitiuqueasnecessidadesmais prementesdosusuriosfossematendidasacontento,enquantoosdemais problemasforamsolucionadosemumprazomaislongo,viabilizando economicamente as intervenes. Vimos,portanto,quefoipossvelatenderatodasasexignciasnormativase legaisrelacionadasacessibilidadeeaindagarantirqueasintervenes realizadasnocampusA.C.Simesestivessemmaisprximasdoconceitode 41 desenhouniversal.Apesardisso,valeressaltarqueametodologianoabrange pessoascomproblemasdemobilidade,almdaspessoascomdeficincia. Assim,atransfernciaderesultadosparaapopulaoemgeralfica comprometida. 5.3 Avaliao da Acessibilidade em Edificaes do Campus Central da UFRN AabordagemdelevantamentoetratamentodedadosadotadanaUniversidade FederaldoRioGrandedoNorte(UFRN)partedeumaexperinciadidtica vivenciadapelosalunosdocursodeArquiteturaeUrbanismo,nosentidodese criar um sistema para avaliao da acessibilidade em edificaes. Elali (s/d) relata osresultadosobtidosapartirdaaplicaodessesistemanocampuscentralda UFRN. 5.3.1 Metodologia empregada A metodologia desenvolvida para este sistema deavaliao tem como referncia (...) os conceitos de mobilidade e de desenho universal, bem como experincias semelhantesrealizadasnasuniversidadesfederaisdeMinasGerais,Riode JaneiroeSantaCatarina(UFMG,UFRJeUFSC)(Elali,s/d).Deacordocomo sistemaproposto,aedificaoavaliadaconformeasnormaselegislaes vigentes,bemcomosobopontodevistadousurioe,aseguir,classificada dentro de cinco categorias bsicas, de acordo com a tabela 5.1. 42 Tabela 5.1:Condies de acessibilidade: descrio da classificao. Fonte: Elali, s/d. Duranteasvistoriasforamavaliadasasreasexternasdocampuscentral,bem comoasreasinternasdeseusedifciosprincipais,totalizando30edificaes analisadas.Foramobservadosaspectoscomocondiesdechegadado pedestre;estacionamento,sinalizao,faixasdecirculaointernaseexternas; acessos; condies de utilizao e circulao dos cmodos; existncia ou no de rota acessvel, dentre outros.43 Para cada item analisado foi atribuda uma classificao conforme a tabela 5.1 e, ao trmino da avaliao, estes itens foram ponderados de forma a se obter uma classificao geral da edificao, conforme mostrado na tabela 5.2. Tabela 5.2:Quadro resumo: diagnstico da acessibilidade aos prdios do campus central da UFRN. Fonte: Elali, s/d. 44 5.3.2 Discusso dos resultados Umimportantediferencialapresentadopelomtodoaplicadonaavaliaoda UFRNdizrespeitoclassificaodosproblemasencontradosdemodoa categorizarosproblemasencontradosnasedificaes.Esseaspectotornao sistemainteressante,poispermiteorganizarasaescorretivassegundouma hierarquia,quepodelevaremcontatantoaurgncianasoluodealgumas questes,comoadisponibilidadefinanceiraeaviabilidadeeconmicadecertas intervenes.Almdisso,essahierarquizaopermiteumaavaliaomais racionaldaedificao,dopontodevistadaacessibilidade,umavezque estabelece pesos conforme cada tipo de barreira identificada. Um exemplo disso apontado por Elali (s/d): (...)emumprdiocujoscmodossobastanteacessveis,a entradaocorreapenasapartirdeumaescadariafrontal,eno existe espao disponvel para colocao de rampas. Nesse caso a colocaodeumaplataformaelevatriatorna-seimprescindvel, vistoqueainexistnciadeumaentradaacessvelsesobrepe aos demais itens. Assim, de acordo com o sistema desenvolvido, enquantotalequipamentonoforcolocadotodooedifcio considerado inacessvel. A anlise tambm chama ateno pela forma como so apontados os resultados. Deacordocomametodologia,oavaliadornoclassificaositenssimplesmente como certos ou errados em relao norma tcnica. Pelo contrrio, o sistema se baseia em apontar o tipo de tratamento que deve ser dado em cada caso, para quecadaespaoestudadopasseaatenderaspremissasdaacessibilidade. Contudo,parecesernecessrioqueaclassificaoidentifiqueseumdado problemaemqueseverifiqueanecessidadedeumareformaouaquisiode equipamento, isso deva ocorrer para assegurar a acessibilidade ou a usabilidade. 45 6. CONCLUSO Ograndenmerodepessoascomdeficincia,dequaisquernaturezas,em mbitosmundiais,vivehojeumperodoinditonahistriadodesenvolvimento humano.Antigamenterelegadosmargemdoconvviosocial,atualmenteestes indivduos tm sua disposio uma incrvel quantidade e variedade de recursos que, aplicados da forma correta, so capazes de integrar estes usurios ao dia-a-dia das sociedades. Paralelamente,observamosoenvelhecimentodapopulaomundial,comas dificuldadestrazidasporeleexecuodetarefassimples,eumpaulatino aumentodanecessidadedeacessibilidadenasedificaesenosespaos urbanos,queaindanoestopreparadosparaatenderaestademanda.Nesse contexto,osgovernoseosprofissionaisdareadeengenharia,designe arquitetura passam a ter grande responsabilidade sobre o espao que vem sendo construdo em nossas cidades. Os mtodos de anlise e diagnstico da acessibilidade nos meios construdos so ferramentasimportantesnabuscapelamelhoriacontnuadosespaos,almde possibilitaremafiscalizaonocumprimentodaslegislaesenormas especficas. Mais do que isso, consenso entre os pesquisadores da rea, que a evoluodastcnicasparaalcanarmosoestadodeacessibilidadeplena, definido como desenho universal, passa pelo estudo das edificaes existentes. Pudemos observar que as metodologias apresentadas ao longo deste trabalho, se analisadasisoladamente,possuemcaractersticaspositivasenegativasqueas tornammaisoumenosapropriadasparacadaaplicao.Cabe,portanto,ao profissionaldeavaliaeseperciasdefinirqualserosistemaquemelhorse adequar edificao e aos objetivos da anlise. Dessa forma, se o interesse verificar exclusivamente o atendimento legislao e aos parmetros da NBR-9050/2004 de forma objetiva, utiliza-se o sistema de 46 planilhasdosministriospblicos.Seointuitoentenderarelaoentre indivduo e ambiente construdo, para identificar as potencialidades e deficincias espaciaisaseremtratadas,entramossistemasdeavaliaops-ocupao orientados ao usurio. Percebemos, portanto, uma ausncia de dilogo entre as duas prticas principais deavaliao,queacabaprejudicandoacoletividade,poisedificaesavaliadas doprimeiromodopodemdeixardeatenderquestesdeconfortoeusabilidade importantes para os indivduos, enquanto outros edifcios, analisados da segunda maneira, podem estar descumprindo exigncias legais e normativas. Torna-senecessria,portanto,umaabordagem,aomesmotempo,objetivae inclusiva,quesejacapazdeextrairosmelhoresaspectosdecadaumdos sistemasexistentese,apartirda,originarumametodologianica,queseja capazdeavaliaraacessibilidadedasedificaesdentrodeumcontextomais abrangente,queleveemcontaosaspectostcnicos,sociais,psicolgicose funcionais dos espaos. Umcaminhoaserexploradoaaplicaodedadoslevantadosapartirdas metodologiascitadasnaconstruodemodeloseletrnicosdesimulao, baseadosnaplataformaBIM.Essessistemas,taiscomoCAD4D,Revit,entre outros, podem permitir a avaliao da interao usurio-espao antes mesmo de aedificaoestarconcludaeocupada,permitindoanteveretratarproblemas ainda na etapa de projeto. Apartirdaengenheiros,arquitetoseasadministraesmunicipaispodero contarcomumaferramentapoderosa,quelhespermitainvestirdemaneira inteligenteeeficaznosentidodesolucionarosproblemasdeacessibilidadee incluso nas nossas cidades. 47 7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS.NBR-9050: Acessibilidade a Edificaes, Mobilirio e Espaos Urbanos. Rio de Janeiro: 2004. BRASIL. 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