perfil motivacional de jovens atletas de futebol
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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROBSON MANOEL HELIODORO
PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL
Palhoça 2011
ROBSON MANOEL HELIODORO
PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL
Relatório de estagio apresentado ao Curso de Educação Física e Esporte da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Educação Física e Esporte.
Orientador: Prof.ª Tatiana Marcela Rotta, Msc.
Palhoça 2011
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pela oportunidade de existir
e me desenvolver como pessoa. Agradeço aos meus pais (Elis Regina e José
Carlos) e avós (Pedro Paulo e Maria Domingos) por me proporcionarem uma
educação privilegiada e sempre me apoiarem em meus projetos.
Gostaria de agradecer também aos professores que contribuíram para a
minha formação acadêmica e conseqüentemente no desenvolvimento deste
trabalho, sendo estes: Adriana Salum, Alzira Isabel da Rosa, Carlos Eduardo de
Camargo, Elinai dos Santos Freitas, Fabiana Figueiredo, Gean Carlos Fermino,
Gilberto Vaz, João Geraldo Campos, João Kiyoshi Otuki, José Roberto Triches,
Jucemar Benedet, Maria Letícia Pinto da Luz, Rafael Andreis, Simone Karmann,
Tiago Costa Baptista, Ubirajara dos Santos, Vanessa Francalacci(coordenadora).
Especialmente a Professora Tatiana Marcela Rotta a qual me orientou durante o
longo período de realização deste estudo.
Meu muito abrigado aos meus colegas de sala: Ana Maria, Anne Kelly,
Fernando Luiz Bento, Maristela Lopes, Monique Martins, Renata Abreu, Tiago
Rodrigues e Uili Turibiu. Meus colegas de trabalho: Amadeu Leal, Ismael Martins,
Flávio da Silveira, Wendell Gean e Maicon Wronsk (Chefe). Meu muito obrigado pela
parceria. Minha grade amiga e “madrinha” Sâmara Josten Flores. Meu muito
obrigado também ao Fabio Ribeiro, a qual permitiu que realizasse o estágio
obrigatório em sua instituição. E aos demais colegas que ali trabalharam comigo
(Wanderson Muller, Luiz).
Por fim agradeço a minha namorada Scheila Souza da Silva, pelo apoio e
paciência durante este período.
É melhor conseguir sabedoria do que ouro; é melhor ter conhecimento do que prata. Provérbios: 16; 16
Quem presta atenção no que lhe ensinam terá sucesso; quem confia no
Senhor serão felizes Provérbios: 16; 20
RESUMO
O futebol é considerado o esporte mais popular do mundo. E com o passar dos anos
tem atraído cada vez mais adeptos, porém professores, técnicos e instrutores
freqüentemente se perguntam por que alguns indivíduos durante a prática desta
modalidade são altamente motivados, envolvidos com as atividades e lutam
constantemente por sucesso, enquanto outros indivíduos não demonstram interesse
e disposição mínima em participar, mesmo assim se fazem presentes durante os
dias de jogos e competições. Sendo assim este estudo objetivou compreender os
fatores motivacionais à prática de futebol por jovens em escolinha e clube de futebol,
sendo que ambos são pertencentes à mesma faixa etária. Quanto ao seu
delineamento, esta pesquisa caracteriza-se como um levantamento com abordagem
qualitativa. A amostra foi composta por 72 indivíduos, na faixa etária de 13 a 15
anos, do gênero masculino, sendo 32 alunos de uma escolinha de futebol e 32
atletas da categoria de base de um clube de futebol profissional, ambos localizados
em Santa Catarina. Para responder aos objetivos da pesquisa, foi realizada uma
descrição e comparação dos índices médios obtidos a partir da avaliação de seis
dimensões motivacionais (controle do estresse, saúde, sociabilidade,
competitividade, estética e prazer). Para tanto, foi aplicado o “Inventário de
Motivação à Prática Regular de Atividade Física” da autoria de Balbinotti e Barbosa
(2006). Constatou-se que o que mais motiva esses jovens para prática do futebol,
tanto o clube quando a escolinha é a competitividade, seguido pelo prazer. Em
contra partida a dimensão motivacional que demonstrou menor relevância para os
jovens nos dois locais pesquisados foi à estética. Para todas as dimensões
motivacionais investigadas foram obtidos escores elevados, resultado que aponta
que os atletas avaliados são altamente motivados para a prática do futebol.
Palavras-chave: Motivação. Futebol. Jovens.
LISTA DE FIGURAS TABELAS E QUADROS
TABELA 1 - Motivos de participação em esportes infanto-juvenil .............................33
FIGURA 1 - Determinantes da motivação .................................................................40
FIGURA 2 - Motivação para a prática esportiva como resultado de interação entre fatores pessoais e situacionais..................................................................................41
FIGURA 3 - Modelo de necessidade para o rendimento...........................................46
FIGURA 4 - Categorias basicas de atribuição...........................................................50
QUADRO 1 - Atribuições e motivação do rendimento...............................................50
FIGURA 5 - Determinantes da teoria de metas da performance...............................52
FIGURA 6 - Teoria da motivação entre competência e motivação............................55
GRÁFICO 1 - Perfil motivacional dos alunos da escolinha de futebol.......................70
GRÁFICO 2 - Perfil motivacional dos atletas do clube de futebol .............................73
GRÁFICO 3 - Perfil motivacional da escolinha e do clube de futebol........................76
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................8
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA ................................................8
1.2 OBJETIVO GERAL..............................................................................................10
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................10
1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................10
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................13
2.1 FUTEBOL............................................................................................................13
2.1.1 Histórico do Futebol no Mundo ....................................................................13
2.1.2 Histórico do Futebol no Brasil ......................................................................17
2.1.3 Futebol e Sociedade.......................................................................................19
2.1.4 Categorias de base e escolinhas no futebol ................................................22
2.2 ADOLESCÊNCIA ................................................................................................25
2.2.1 Atividade física na adolescência ..................................................................29
2.3 MOTIVAÇÂO.......................................................................................................33
2.3.1 Conceito de motivação ..................................................................................33
2.3.2 Teorias da motivação.....................................................................................34
2.3.2.1 Teoria da hierarquia das necessidades.........................................................35
2.3.2.2 Teoria ERC....................................................................................................36
2.3.2.3 Teoria das necessidades (afiliação, poder e realização)...............................37
2.3.4 Motivação no Esporte ....................................................................................39
2.3.5 Teorias de motivação para o rendimento no esporte .................................44
2.3.5.1 Teoria da necessidade de realização............................................................45
2.3.5.1.1 Fatores Pessoais........................................................................................45
2.3.5.1.2 Fatores situacionais....................................................................................46
2.3.5.1.3 Tendências resultantes ..............................................................................47
2.3.5.1.4 Reações emocionais ..................................................................................47
2.3.5.1.5 Comportamento de Performance ...............................................................47
2.3.5.2 Teoria de atribuição.......................................................................................48
2.3.5.3 Teorias das metas para o rendimento...........................................................51
2.3.5.3.1 Metas orientadas para o resultado final......................................................53
2.3.5.3.2 Metas orientadas para a tarefa...................................................................53
2.3.5.4 Teoria da motivação para a competência......................................................54
2.4 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA E MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA................................55
2.4.1 Motivação intrínseca ......................................................................................56
2.4.2 Motivação extrínseca .....................................................................................58
2.5 ESTUDOS RELACIONADOS À MOTIVAÇÃO NO ESPORTE.............................59
3 MÉTODO................................................................................................................65
3.1 TIPO DE PESQUISA ...........................................................................................65
3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA .......................................................................65
3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA .........................................................................66
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS.....................................................68
3.6 ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................68
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .....................................70
4.1 PERFIL MOTIVACIONAL DOS ALUNOS DA ESCOLINHA DE FUTEBOL..........70
4.2 PERFIL MOTIVACIONAL DOS ATLETAS DO CLUBE DE FUTEBOL .................73
4.3 RELAÇÕES DO PERFIL MOTIVACIONAL DOS ALUNOS DA ESCOLINHA E
ATLETAS DO CLUBE DE FUTEBOL ........................................................................76
5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES..............................................................................81
ANEXOS DO PROJETO E RELATÓRIO DE ESTAGÍO ..........................................91
ANEXO A – INVENTÁRIO DE MOTIVAÇÃO À PRÁTICA REGULAR DE
ATIVIDADE FÍSICA ..................................................................................................92
ANEXO B – FOLHA DE RESPOSTAS – IMPRAF 126 ............................................94
ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.................95
8
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA
O futebol é o desporto mais popular do mundo. Dados da Federation
International of Football Association (FIFA) estimam a prática profissional por 200
milhões de atletas em todo mundo, sendo que 80% destes são do sexo masculino.
(DVORAK E JUNGE, 2000). Relatórios mais recentes da FIFA sugerem que a
prática mundial do futebol envolve de forma direta aproximadamente 400 milhões de
pessoas, sendo esses: atletas, treinadores, dirigentes entre outros.
No Brasil a prática desportiva do futebol apresenta um indiscutível apelo
popular, gerando grande envolvimento emocional. Estudos conduzidos na cidade do
Rio de Janeiro apontaram o futebol como sendo a prática esportiva mais popular
tanto por meninos quanto por meninas, sendo que muitos deles alimentam desde
cedo o desejo de seguir carreira como jogador profissional. (SILVA, 2000).
O futebol profissional por ser um esporte altamente competitivo e
praticado em todo o mundo vem com o passar dos anos transformando seus clubes
em grandes empresas, exigindo ainda mais dos profissionais envolvidos,
principalmente dos atletas que mesmo sendo jovens já adquirem grandes
responsabilidades. Sendo assim, fatores físicos e psicológicos influenciam o
rendimento destes atletas jovens.
A motivação é um dos principais fatores que contribuem para o
rendimento dentro do ambiente esportivo, sendo utilizada no intuito de buscar
melhorias no desempenho dos atletas.
Na psicologia do esporte, motivação é caracterizada como um processo
ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores
pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). (SAMULSKI, 2002, p.104).
Segundo este modelo, a motivação apresenta uma determinante energética (nível
de ativação) e uma determinante de direção do comportamento (intenção,
interesses, motivos e metas). (SAMULSKI, 1995).
Para Puente (1982), a motivação extrínseca é caracterizada como aquela
que é controlada por reforços administrados por agentes externos. Já a motivação
9
intrínseca é um comportamento mediado por reforços sobre os quais o próprio
individuo tem controle. Na vida dos atletas adolescentes assim como de outros
atletas a motivação não vem apenas de esforços internos buscando competência e
autodeterminação para realizar uma tarefa, mais leva em consideração fatores
externos (motivação extrínseca) como, por exemplo, apoio do torcedor, apoio dos
companheiros de equipe e até mesmo dos familiares.
Ainda, Weinberg e Gould (2001) destacam que motivação pode ser
definida simplesmente como a direção e a intensidade dos esforços pessoais.
Psicólogos do esporte e do exercício podem considerar motivação a partir de
diversos pontos de vista específicos, incluindo a motivação para a realização,
motivação na forma de estresse competitivo e motivação intrínseca e extrínseca.
Para tanto, manter uma vida ativa, saudável e com qualidade é
imprescindível a prática de um exercício físico. Na adolescência, fase a qual ocorrem
mudanças físicas e psicológicas, não deve ser diferente. A prática esportiva no
período da adolescência exige uma atenção especial, pois se respeitando os
princípios do treinamento existem grandes chances de se colher bons frutos no
futuro. (ROLIM, 2007).
Assis et al. (2003) definem a adolescência como um período de mudança
e transição, que afeta os aspectos físicos, sexuais, cognitivos e emocionais que para
Ferreira (1984) pode ser visualizado dos 13 aos 19 anos. Rolim (2007) destaca que
nessa fase da vida se formam alguns valores e atitudes para a adoção de um estilo
de vida saudável, sobretudo em relação a momentos de lazer ativo e à prática de
uma atividade física, como por exemplo, o futebol. Mas com tantos recursos
tecnológicos, quais as ferramentas utilizar para manter esses jovens em um estilo de
vida ativo e saudável nestes tempos? Uma ferramenta muito utilizada por
treinadores, técnicos e professores no mundo esportivo tem sido a motivação.
Sendo assim o propósito deste estudo busca compreender a seguinte
questão: Quais fatores motivacionais influenciam à prática do atleta jovem em
escolinha e clube de futebol?
10
1.2 OBJETIVO GERAL
Compreender os fatores motivacionais à prática do futebol por jovens
(participantes de uma escolinha e atletas de um clube).
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Verificar as dimensões motivacionais referentes a controle do estresse,
saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer de atletas jovens de uma
escolinha de futebol;
• Identificar as dimensões motivacionais referentes a controle do
estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer de atletas jovens
de um clube de futebol;
• Comparar o perfil de motivação entre atletas jovens de escolinha e
clube de futebol.
1.4 JUSTIFICATIVA
O interesse pelo tema provém de questionamentos acadêmicos em seu
ambiente de estágio com jovens atletas de futebol, percebendo que alguns atletas
apresentam alto nível de comprometimento e expressam sua satisfação e realização
em exercer as atividades propostas durante o decorrer dos jogos e treinamentos.
Porém, por outro lado alguns atletas não demonstram interesse e disposição mínima
em participar das atividades, mesmo assim se fazem presentes durante os dias de
jogos e treinamentos.
Também a percepção empírica da motivação interferindo no desempenho
dos atletas, e outros questionamentos: existem diferenças de motivação entre os
jovens que praticam o futebol numa escolhinha e jovens que praticam futebol em
clube profissional? Será que a motivação pode interferir ou influenciar em direções
11
de comportamento durante a prática do futebol? Por isso se faz necessário buscar
entender o que motiva o aluno a permanecer ou querer alcançar algo a mais nesta
modalidade. A partir desses aspectos provém o interesse de conhecer tais
realidades e aprofundar temáticas da motivação no futebol de jovens atletas.
A intenção de realizar este estudo com atletas jovens também se da pela
importância e necessidade de desenvolver habilidades psicológicas para o
desempenho esportivo. Assim como se da atenção aos aspectos físicos, técnicos e
táticos aos atletas de futebol desde o inicio de sua vida esportiva. Pois há
necessidade de compreender se os aspectos psicológicos se fazem influentes no
resultado esportivo ou no desempenho do atleta.
A psicologia desportiva tem investigado aspectos motivacionais que leva
um atleta, em determinado tempo, escolher uma determinada forma de
comportamento e realizar com determinada intensidade e persistência (SAMULSKI,
2002). Zanelli (2004) apresenta que pesquisas sobre motivação passaram a utilizar
múltiplos critérios de mensuração, pois se admite cada vez mais que a ação humana
é multicausal e contextual, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos, históricos,
sociológicos e culturais.
Em um Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicossociologia do Esporte da
Universidade de São Paulo (GEPPSE - USP), Brandão et al. (2005 apud VAZ, 2006)
levantaram que entre 1995 e 2004 foram realizadas 508 publicações científicas,
nacionais e internacionais, relacionadas à Psicologia do Esporte. Segundo esse
estudo de revisão, a incidência dos temas apresentou a seguinte amostragem: a
ansiedade e estresse foram os mais pesquisados com 76% dos trabalhos; motivação
e orientação esportiva com 5% cada uma; competitividade 4%; análise comparativa
de aspectos psicológicos e traços de personalidade 1% e a auto-estima com 0,5%.
O que se destaca nessa revisão referente ao número de publicações é a
incidência dos temas relacionados à psicologia do esporte, em que a motivação
juntamente com a orientação esportiva ficou com apenas 5 % da amostragem.
Porém através do aumento ao número de pesquisas na área da psicologia esportiva
o interesse pelo tema também vem crescendo, devido à importância do tema.
O futebol por ser um esporte altamente competitivo e exigir rotinas de
exercícios que muitas vezes duram longos períodos, chegando a atingir anos de
treinamento com o intuito de buscar o aperfeiçoamento dos atletas. E, esse formato
de treinamento no futebol passa por grandes rotinas de trabalho que se iniciam cada
12
vez mais cedo. Nesse sentido se vê a importância de manter o atleta sempre
motivado, pois segundo Fleury (1998) à medida que somos motivados pelo
entusiasmo e pelo prazer, ou mesmo por um grau ideal de ansiedade, esses
sentimentos nos levam à conquista.
Todavia neste sentido o presente estudo busca compreender os fatores
pessoais e ambientais que motivam atletas de futebol da categoria juvenil, a ter
determinação e direção de comportamento. Samulski (2009) aponta que a motivação
para a prática esportiva depende da interação de dois fatores, são eles pessoais e
situacionais, ou seja, para se entender o que leva o atleta a tomar determinada
decisão ou direção de comportamento é preciso primeiramente tentar compreender
quais os fatores que os influenciam.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
A revisão literária do presente estudo busca ampliar os conhecimentos
referentes á psicologia do esporte, onde o tema principal abordado é a motivação no
âmbito esportivo, mas precisamente no meio futebolístico de atletas jovens.
Para tanto se estabeleceu alguns capítulos norteadores e que irão
embasar a discussão dos resultados desse estudo. O intuito é abordar os
aspectos na compreensão do tema principal, sendo eles: evolução histórica do
futebol no Brasil e no mundo e sua relação com a sociedade; futebol de formação e
de rendimento; a adolescência e a importância da atividade física neste
período; teorias da motivação no esporte e motivação intrínseca e extrínseca.
2.1 FUTEBOL
2.1.1 Histórico do Futebol no Mundo
O futebol pode ser considerado o esporte mais popular do mundo, e
não é somente o preferido pelos praticantes, mas também é o favorito dos
espectadores. Segundo Wuolio (1981) o futebol possui varias razões para ser
considerado o “rei dos esportes”. Wuolio (1981), aponta que esta modalidade,
contem requisitos simples e não muito numerosos, além de proporcionar uma
atividade física bastante variada. Segundo Wuolio (1981) o esporte favorece também
o desenvolvimento social do individuo. Frisselli e Mantovani (1999, p. 3) ainda
afirmam que “este esporte permite ações individuais de grande habilidade, diferentes
funções e é de fácil organização”.
O jogo com bola, especialmente os praticados com os pés, existe
desde o surgimento do homem no planeta. Autores da antropologia sugerem a
prática de jogos com uma bola de granito na pré-história, e que os primeiros homens
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se divertiam chutando frutas ou até mesmo crânios, sendo esse considerado como o
mais remoto antepassado do futebol. (FRISSELLI e MANTOVANI 1999).
Segundo Duarte (2004) coube aos ingleses organizar o futebol, mas sua
origem se perdeu no tempo. Frisselli e Mantovani (1999) relatam que o mais distante
que podemos chegar quanto à origem dos jogos com bola e particularmente o
futebol, é através de relatos japoneses que fazem menção a um jogo chamado
“KEMARI”. Segundo os autores este jogo era praticado pela realeza, onde a bola
deveria ser passada de pé em pé sem tocar o solo e também sem o objetivo de
marcar o gol ou pontos, sendo caracterizado pelo controle e a arte de chutar a bola.
Outra teoria, Duarte (2004) cita o jogo que se iniciou na China por volta de
2600 a.C, onde o Senhor Yang-Tsé inventa o Kemari. Contudo a FIFA (2011)
confirma o que diz Duarte (2004) sobre o jogo, tendo este iniciado há 3000 anos na
China. Esta aquarela mostra Kemari, uma versão japonesa cerimonial do jogo.
Conforme relatado por Frisselli e Mantovani (1999) na Grécia antiga,
por volta de 1.500 anos a.C. encontraram-se alguns jogos precursores do futebol.
Relatos de 776 a. C. mencionam um jogo chamado de “EPYSKIROS”, integrante do
programa de educação atlética da juventude helênica. Neste jogo duas equipes de
15 jogadores disputavam a posse de uma bexiga cheia de ar. Segundo Duarte
(2004) os romanos adotam a bola e detalhes deste jogo e fazem o “HASPASTON”,
onde o objetivo do jogo era fazer uma bola de couro recheada de crina animal,
traspor um espaço entre dois bastões ligados por um fio.
Goldman e Dunk apud por Frisselli e Mantovani (1999) corroboram,
destacando que no ano de 1060 o jogo foi levado para Inglaterra, onde cai
imediatamente no agrado popular. Segundo os autores a disputa acontecia entre os
povoados onde o jogo era chamado “HURLING OVER COUNTRY”, sendo o objetivo
conduzir uma bola ao edifício central do povoado rival e era disputado por cerca de
500 homens de cada lado. Duarte (2004) afirma que este jogo era violento
selvagem, sem regras o que levou a sua proibição.
Segundo Duarte (2004) em 17 de fevereiro de 1529, na Praça Santa
Croce, em Florença, grupos políticos decidiram resolver problemas na disputa de um
jogo de bola. “CALCIO” era o nome do jogo. Frisselli e Mantovani (1999) destacam
que este jogo era praticado em terreno de 137x50 metros com dois postes de cada
lado, assemelhando-se ao gol da atualidade e os jogadores eram distribuídos em
funções definidas em um mínimo de organização tática.
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Frisselli e Mantovani (1999) relatam ainda que alguns anos mais tarde,
em 1850 Gionanni di Bardi estabelece as regras para o “CALCIO”, e apesar delas
não terem sido registradas e ter chego até os dias atuais, sabe-se que seu objetivo
era ordenar um pouco o jogo, então praticado com demasiada violência. Desta forma
os jogadores passaram a ter posições definidas, os pontapés e empurrões
escandalosos praticados na época foram proibidos e 10 árbitros foram instituídos
para punirem as infrações.
Duarte (2004, p. 214, 215) relata que a “grande transição aconteceu
quando esse esporte atingiu as escalas superiores e a corte”. Segundo Frisselli e
Mantovani (1999) na França um jogo “SOULE” ou “CHOULE”, praticado pela
nobreza era um jogo violento que servia para matar o tempo. O jogo consistia em
passar a bola entre dois bastões fincados no solo. O autor menciona que quando
iniciada sua prática, pela nobreza, o “SOULE” já tinha seu refinamento escudado
nas regras do “CALCIO” italiano.
À medida que deixava de ser um jogo perigoso, violento e nocivo, o
futebol passou a ser praticado largamente nas escolas. Diante deste avanço
tentaram estabelecer um regulamento para o futebol universitário, onde a regra
maior seria o uso somente dos pés para golpear a bola. Porém em 1823 durante um
jogo estudantil, na RUGBY SCHOOL, um dos estudantes insista na utilização das
mãos e dos pés para tocar a bola. Esse fato gera uma divisão clara das regras entre
FOOTBALL e o RUGBY. (FRISSELLI e MANTOVANI 1999).
Para Frisselli e Mantovani (1999) apesar de ambos usarem o mesmo
campo, o número de jogadores e intenção tática semelhante, tendo o objetivo de
fazer a bola transpor os postes, o uso das mãos ou pés estabelece um marco para a
criação do futebol moderno. O autor ainda segue dizendo que com a divisão bem
clara e definida entre os praticantes de FOOTBAL e RUGBY, em 1846 as primeiras
regras são ensaiadas. Na Inglaterra por volta de 1857 com a organização do futebol
o esporte se tornou o numero 1, e foi fundado o primeiro clube da historia chamado
SHEFFIELD.
Segundo Frisselli e Mantovani (1999) a partir disto algumas datas tornam-
se importantes para evolução do futebol:
a) Em 1868 institui-se a figura do arbitro;
b) Em 1871 Charles Alcook, então tesoureiro e secretario da Football
Association, sugere a criação de uma taça a ser disputada entre os clubes
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pertencentes à associação. Os Wanderes capitaneados pelo próprio
Alcook, sagraram-se campeões, derrotando os Royal Engineers por 1 x 0
para um publico pagante de 2.000 pessoas;
c) Em 1872, ainda em fase de codificação das regras, acontece o primeiro
jogo internacional oficial entre Inglaterra e Escócia, e o resultado é 0 x 0;
d) Entre 1877 o gol começa a ter travessão superior, e em 1878 os
árbitros passam a utilizar-se de um apito;
e) Em 1882 é criada por Inglaterra, Escócia, Irlanda e Pais de Gales a
International board para definir as regras do futebol, papel que fez até
hoje como assessora a FIFA.
Duarte (2004) afirma que as regras começaram a pôr ordem no esporte e
isso repercutiu em sua prática. Jovens das famílias ricas da Inglaterra começam a
deixar de lado alguns de seus esportes preferidos, como o arco – e – flecha, tiro,
esgrima, caça, equitação passando a praticar o futebol.
A partir do que já foi visto Frisselli e Mantovani (1999) fazem a seguinte
indagação: e nas Américas, como se deu a historia do futebol? Faz-se menção a
Herrer y Tordesillas, historiador espanhol da época, que descreve um jogo, de
caráter recreativo, jogado com os pés com uma bola de borracha, material extraído
de seringueiras. Os autores ainda relatam alguns outros tipos de jogos descritos
como jogados pelos índios Aztecas e por outros índios, no Chile e na Patagônia. É
certo que os jogos com bola, nas Américas eram muito populares entre os índios e
tinham um caráter recreativo e não violento como na Europa. (FRISSELLI e
MANTOVANI 1999).
Segundo Frisselli e Mantovani (1999) apesar do “CALCIO” organizado
existir desde 1500 e nos primórdios o futebol ter sido introduzido e disseminado na
Normandia através do “HASPARTUM”, levado pelos conquistadores romanos, a
reivindicação dos italianos da paternidade do futebol não procede. Os autores
afirmam que devido aos relatos, parece que o processo de consolidação do futebol,
como esporte, realmente ocorreu na Inglaterra, e desde a pré-história não se pode
negar que o inicio do processo de estabelecimento da maneira de se jogar futebol
moderno, tenha ocorrido na Inglaterra.
17
2.1.2 Histórico do Futebol no Brasil
No Brasil Duarte (2004) relata que o futebol chegou por intermédio de
marinheiros de navios ingleses, holandeses e franceses que vinham até o país, na
segunda metade do século XIX. Eles jogavam em nas praias durante as paradas
dos navios, e quando iam embora levavam as bolas. Os brasileiros admiravam o
jogo e nem sequer sonhavam que esse seria o esporte nacional. (DUARTE, 2004 p.
215).
Para Frisselli e Mantovani (1999, p.7) é a partir do trabalho de Charles
Miller que o futebol começa a ser, de fato, difundido e citam que:
Nascido em 1874, no Brás, zona leste de São Paulo, e filho de pai inglês e mãe brasileira, Miller estuda na Inglaterra entre 1884 e 1894. Volta de lá com as regras, duas bolas de couro e uniformes para organizar os primeiros jogos na várzea do Carmo (Brás), entre ingleses e brasileiros da Companhia de Gás, do London Bank e da São Paulo Railway. O jogo logo é difundido para os sócios do São Paulo Athletic Club e da Associação Atlética Mackenzie College.
A prática inicial do futebol no Brasil se deu entre os jovens da elite
paulistana, principalmente nos colégios considerados da classe de elite do estado de
São Paulo e incentivados pela Igreja Católica. Conforme afirma Rodrigues (2004) os
negros e mulatos eram excluídos dessa prática esportiva considerada nobre, sendo
assim um símbolo de distinção social.
Duarte (2004, p. 219) afirma que “estudos jesuítas fazem a revelação do
futebol antes de Charles Miller”.
Um desses estudos, dos mais sérios, do padre José Manuel Madeireira, A Companhia de Jesus: sua pedagogia e seus resultados, editado no Rio de Janeiro em 1912, na pagina 630, traz o seguinte registro: “No Colégio São Luiz, de Itu, estado de São Paulo, jogava-se futebol desde 1880”. A afirmativa é firme: quando não se praticava esse esporte em clubes.
18
Segundo Rodrigues (2004) o São Paulo Athletic Club, em 1888 localizado
no estado de São Paulo e o The Bangu Athletic Club, em 1904 localizado no bairro
de Bangu no estado do Rio de Janeiro, marcam os primeiros clubes a organizarem o
futebol em seus estados e conseqüentemente no Brasil. O autor ainda ressalta que
o The Bangu Athletic Club foi um clube formado por operários que trabalhavam na
empresa Companhia Progresso Industrial Ltda., e que formou duas equipes para
que ocorresse a disputa de uma partida na época.
Porém, segundo Frisselli e Mantovani (1999) o Sport club Rio Grande (Rio
Grande, RS) é considerado oficialmente pela confederação Brasileira de futebol
(CBF), o clube mais antigo fundado (data de fundação 24/06/1900). Os autores
ainda afirmam que 48 dias depois é fundada a Associação Atletica Ponte Preta
(Campinas, SP), em 11/08/1900.
Segundo Frisselli e Mantovani (1999), por volta de 1901 é fundada a
primeira entidade, a Liga Paulista de Futebol, formada pelo São Paulo Athetic, o
Mackenzie, o Sport Clube Internacional e o Sport Club Germania. Um ano depois,
1902 os mesmos autores afirmam ser disputado o primeiro campeonato oficial. Já o
primeiro campeonato carioca ocorreu em 1906, alguns anos depois, por volta de
1923 a 1963, seleções estaduais enfrentaram-se em campeonatos brasileiros.
Segundo o autor o Rio de Janeiro (então Distrito Federal) vence 13 vezes, São
Paulo vence 9 vezes e Bahia uma vez seguido de uma vitoria de Minas Gerais.
Em resumo, Duarte (2004) afirma que a historia do futebol é antiga e rica,
além de bonita, a qual China (kemari), Grécia (epyskiros), Roma (harpastum),
França (soule), Florença (cálcio), Inglaterra (football) e Brasil formam a árvore
genealógica do futebol.
19
2.1.3 Futebol e Sociedade
Com base na evolução histórica do futebol no mundo e principalmente no
Brasil, abordado anteriormente é de extrema importância ressaltar sua influência
nesta nação. Para Freire (2003), brasileiros e futebol tem tido um casamento
perfeito. Como dizem alguns cronistas este país é considerado como a “pátria de
chuteiras”. Somando inúmeros títulos entre eles cinco mundiais a qual os colocam
no topo do mundo nessa arte de jogar com os pés.
Por não pré-definir seus atletas, por características físicas, e, por requerer
apenas onze pessoas com um objetivo em comum, Giulianotti (2002) elucida ser
comum ouvir que o futebol é um dos esportes mais “democráticos” do mundo. No
Brasil o próprio destaque do esporte viria deste fator. Sua rápida popularidade no
país veio por não exigir muita estatura nem muito dinheiro para ser praticado. Altos e
baixos, magricelas e gordinhos, rápidos e não tão rápidos todos os fenótipos podem
se adequar ao jogo.
Talvez por ironia os ingleses criadores do futebol de professores
passaram a ser nossos alunos. Para Freire (2003), isso se da devido à grande
intimidade que temos com a bola. Com isso, muitos vêm este país como criadores
desta modalidade. Num país com tantos fracassos sociais, os sucessos adquiridos
no futebol foram e são tão grandes que tornam as tentativas de explicação
inevitáveis. (FREIRE, 2003).
O futebol brasileiro foi gerado nos centros urbanos, onde os campos de
várzeas eram os espaços apropriados para a prática do futebol antigamente. Freire
(2003) destaca que antes dos prédios, casas e fabricas tomarem conta desses
espaços o que se via, eram crianças, jovens e adultos brincado de “jogar bola”.
Conforme relata Giulianotti (2002), grandes escritores como Graciliano
Ramos e Lima Barreto, ambos intensamente preocupados com a definição de uma
identidade nacional, viram na importância do futebol um processo de deterioração
dessa identidade. No entanto o futebol se tornou absolutamente indissociável dessa
identidade. Este esporte se tornou junto com as telenovelas um dos principais
alimentadores da auto-imagem nacional.
20
Porém segundo Freire (2003), quanto mais os meios de comunicação
como radio, televisão e jornal aproximavam o futebol das pessoas, mais o futebol
lúdico se afastava. Com isto, nos campos havia só agora lugar para os que já
“sabiam jogar”, tornando o jogo assim cada vez mais competitivo. (FREIRE, 2003).
É muito provável que muitas pessoas já se perguntaram porque ou como
este esporte é capaz de arrebatar tantos tipos diferentes de pessoas? Giulianotti
(2002), diz que o fato de ser o esporte mais popular do mundo seja a resposta mais
apropriada. Ainda que o Brasil se alegre com o título do “país do futebol” este
esporte é chamado em termos atuais de o mais globalizado dos esportes, por ser o
primeiro em várias nações. Mesmo em países ricos como a Inglaterra e a Alemanha,
este esporte ocupa papel fundamental na identidade local. É cultuado em
sociedades com as mais diferentes religiões e formações históricas. (GIULIANOTTI,
2002).
Portando, Giulianotti (2002) afirma que um país para ser considerado apto
para o futebol não necessita apresentar requisitos prévios como número máximo de
habitantes ou homogeneidade da população. Ou seja, um país com a população
menor e mais heterogênea que a do Brasil, por exemplo, pode apresentar resultados
proporcionalmente ótimos em torneios mundiais.
Ao fazer a analise do futebol, não se deve cair na tentação de associar de
forma inapropriada uma cultura pela outra, pois é errado afirmar que as táticas
predominantes em cada país refletem sua mentalidade. Logo se o esquema tático
de jogo de determinada equipe é mais agressivo não será necessariamente o perfil
adotado pela população. Contudo, os paralelos se mostram convenientes quanto à
diferença entre o comportamento dos torcedores violentos em cada país, sendo isto
reduzido a mera delinqüência, a qual por vezes é encontrada em estádios em
diferentes partes do mundo. (GIULIANOTTI, 2002).
Como futebol nasceu da classe dominante, se popularizou com a
revolução fordista e passou a ser um vértice de conteúdos simbólicos e sociais. O
esporte passou a ser “de massa” com a urbanização e a industrialização do mundo,
à medida que o proletariado se multiplicava nas cidades. Devido à expansão e
desenvolvimento do esporte são nítidas as mudanças referentes à forma atlética do
jogador, que ganhou mais importância. Assim como o negócio esportivo que tomou
dimensões gigantescas e as fronteiras nacionais ficaram nebulosas, dando espaço a
um movimento ambíguo, à diluição dos estilos locais acompanhada do
21
ressurgimento de valores tribais – a uma “complexidade cultural crescente”. Mas
nem por isso o futebol deixou de atrair a atenção do torcedor que cresce em numero
e paixão pelo esporte. (GIULIANOTTI, 2002).
Matta (1982) descreve que, diferentemente dos animais, vive-se em um
mundo norteado e balizado por normas. Em outras palavras, as pessoas existem
literalmente em campos de futebol, em áreas demarcadas por linhas, possuem
irmãos que desejam o sucesso e estão conosco porque vestem nossa mesma
camisa e companheiros que jogam contra. Neste enorme campo de futebol da vida
existem figuras intocáveis a quem se deve obediência e respeito, pois detêm o poder
de fazer cumprir um conjunto de regras impessoais que se aplicam a todos. É neste
campo onde se jogado, correndo às vezes demasiado por uma bola muito fácil; ou
perder boas jogadas, ou cometendo faltas que conduzem a um pênalti contra a
própria equipe. Isso também ocorre fazendo gols de placa, jogadas maravilhosas
que, por sua classe e estilo, chegam até a espantar a nós mesmos. (MATTA, 1982).
Com isto Giulianotti (2002) corrobora afirmando que o brasileiro se vê
criativo e eficiente ao mesmo tempo assim como dentro das quatro linhas eram Pelé,
Zico, Mané Garrincha e tantos outros craques. Porém o que podemos perceber com
o passar dos anos que é o futebol não é visto mais como um esporte para todos, ou
seja, não é necessariamente democrático, pois têm exigido cada vez mais de seus
praticantes, talentos especiais e investimentos altos. Mas, sem ele não existe
democratização. (GIULIANOTTI, 2002).
Com tudo é possível perceber que em muitos países (principalmente o
Brasil) através do futebol é possível perceber a identidade do seu povo. Com o
passar dos anos assim como se expandia e desenvolvia-se o país, no caso do
futebol não era diferente, sua evolução era nítida e constante trazendo com sigo
sempre muito entusiasmo e alegria para todos.
22
2.1.4 Categorias de base e escolinhas no futebol
Com a popularização do futebol em diversos países e seu fácil acesso em
diferentes classes sócias, crianças e adolescentes tem optado por esse esporte em
grande parte por influência dos pais. (PAOLI, 2008). Os pais objetivam manter seu
filho ativo e saudável em um meio esportivo que lhe traga retorno a saúde, ou na
maioria das vezes pela tentativa da realização do sonho de fazer parte de algum
clube profissional. Sendo assim, as categorias de base de clubes profissionais e
escolinhas, tem ganhado cada vez mais espaço no mundo esportivo. Onde os
clubes estão focados na idéia de esporte rendimento e as escolinhas voltadas há
participação. Este último alcançam uma parcela maior da sociedade, por permitir a
visualização de resultados no desenvolvimento da criança a longo e em curto prazo
e beneficiar a grande maioria dos participantes. (CASARIN e CELLA, 2008).
A categoria de base entra no contexto de esporte de rendimento, cujo
propósito é formar, ou revelar o atleta para o mundo do futebol, visando resultados
competitivos e lucro com sua possível venda. Entretanto o processo de treinamento
busca de forma extenuante o aperfeiçoamento de movimentos e gestos técnicos
dessa modalidade, com objetivo de garantir a melhor performance do atleta durante
o período de treino e competição. Sendo assim, muitos clubes não levam em
consideração o processo de formação gradual, ou seja, há uma precocidade e uma
forte cobrança em cima dos jovens atletas pelo rendimento máximo. (PAOLI, 2008).
Casarin e Cella (2008), afirmam que atualmente clubes a qual sustentam
categorias de base, principalmente em nosso país, estão mais preocupados em
formar rapidamente o atleta, para atender as necessidades do mercado e do mundo
profissional, buscando lucrar com contratações milionárias de talentos esportivos ou
mais comumente conhecidos como “craques” da bola.
Azevêdo (2008 apud CASARIN e CELLA, 2008) dispõem algumas
particularidades das categorias de base:
a) Campos de treinamento em quantidade com excelente qualidade.
b) Materiais esportivos adequados para a prática esportiva.
c) Vestiários equipados usados antes e depois da prática esportiva.
d) Sala de musculação e reuniões.
23
e) Equipe multidisciplinar (treinador, preparador físico, psicólogo,
massagista, médico).
f) Busca de retorno financeiro.
g) Competições durante toda a temporada.
h) Metodologia de treinamento bem definida, geralmente tradicional, que
visa uma a aquisição dos aspectos físico, técnicos, táticos e psicológicos
levando os atletas ao rendimento total.
Segundo Stelmastchuk e Rodrigues (2011), cada vez mais o esporte de
rendimento passa a ser de responsabilidade de iniciativas privadas, por exigir uma
organização complexa de investimento. Traz consigo o propósito de novos êxitos
esportivos, a vitória sobre os adversários nos mesmos códigos, e é exercido sob
regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade.
(STELMASTCHUK e RODRIGUES, 2011).
O que impede esta modalidade de ser considerada uma ação
democrática, é que o futebol possui uma tendência natural para que seja praticado
por atletas que além de manterem uma constante evolução, possam mostrar já no
inicio de sua vida esportiva indícios de bons resultados futuros. Isso ocorre
geralmente com jovens atletas considerados “talentos esportivos”. (VALLE, 2003).
O reconhecimento do talento individual vem através do melhor
desempenho e a busca pelo brilhantismo nos esportes na idéia de diferenciação,
numa sociedade a qual vive por padrões hierárquicos que pouco promove e
permitem o reconhecimento das classes menos favorecidas, sendo este apenas
através de meios esportivos ou culturais. (CHUK e RODRIGUES, 2011).
Corroborando Valle (2003) ressalta que o discurso da sociedade atual
preconiza atitudes que transmitam os ideais do esporte como a determinação, o
esforço continuo, a busca de limites, entre outros a qual permite que esses jovens
sintam através da prática esportiva que estão preparando-se para sua vida futura e
para o mercado de trabalho.
A valorização da performance excelente talvez seja mais exacerbada no
individuo (atleta), do que na equipe que ele representa. Porém o melhor
desempenho não depende exclusivamente do atleta, mas sim de uma equipe ou
time que alcançam melhores resultando num desempenho coletivo. (VALLE, 2003).
24
Nessa idéia, Casarin e Cella (2008) destacam que a competição
dependendo da forma como será utilizada, pode proporcionar ao atleta aspectos
positivos e/ou negativos. Ou seja, a competição pode auxiliar na formação integral
do atleta, nos aspectos cognitivo, social, físico e afetivo e nas atitudes saudáveis e
de autovalorização, ou causar frustrações, desanimo e baixa performance, por vezes
devido a má supervisão do profissional envolvido. Mesmo assim, Betti (1991 apud
CASARI e CELLA, 2008) entende que o envolvimento em atividades competitivas,
desperta grande interesse e motivação, possibilitando desta forma uma maior
afirmação social.
Em contraposição, visando principalmente os aspectos sociais e
educacionais, tem o esporte participação, pertencente às escolinhas de prefeituras
municipais e projetos sociais, tendo como tema central a formação diferenciada do
atleta. No esporte participação também há o interesse muitas vezes em formar
atletas, porém neste caso ficam em segundo plano, pois o interesse das escolinhas
é a participação para o ingresso do individuo na sociedade. (CASARI e CELLA
2008).
Conforme Scaglia (1996) atualmente é grande a proliferação de
escolinhas de futebol em nossa sociedade, destinadas a acolher um público infantil e
adolescente. (SCAGLIA, 1996).
Scaglia (1996) afirma que alguns autores acreditam que o
desenvolvimento global dos alunos tem sido a preocupação da prática pedagógica a
qual trabalham as escolinhas de esportes, respeitando seus estágios de crescimento
e desenvolvimento, físico e cognitivo, onde, a escola de esporte, através de sua
práxis pedagógica, deve contemplar várias possibilidades, tais como: sociais,
intelectuais, motoras, educacionais e também esportivas.
Portanto, parece ser função básica das escolinhas proporcionarem um
processo de ensino aprendizagem, que venha possibilitar um aprendizado da
modalidade em questão. Porém este aprendizado técnico não deve ter um fim em si
mesmo, ou seja, este processo deve estar envolvido em todo um contexto vivido
pelo aluno. (SCAGLIA, 1996).
Segundo Scaglia (1996) é através da aplicação de conhecimentos da
pedagogia do esporte que a escolinha terá a finalidade e a responsabilidade de
possibilitar um desenvolvimento ao aluno, onde o esporte não se restringe a um
“fazer” mecânico, mas torna-se um compreender, incorporar, aprender atitudes,
25
habilidades e conhecimentos, que o levem a dominar os valores e padrões da
cultura esportiva, não tendo como foco principal um rendimento exterior ao individuo
pela busca de melhores resultados de performance.
Azevêdo (2008 apud CASARI e CELLA, 2008), apresenta algumas
características pertencentes às escolinhas de futebol:
a) Estrutura física é bem menor e com menos qualidade;
b) Apenas o professor está presente na comissão técnica;
c) Materiais esportivos de menor qualidade;
d) Competições disputadas esporadicamente;
e) Há uma pedagogia de formação do cidadão, através de atividades
diversificadas, que desenvolvam a totalidade.
Na visão do esporte de alto rendimento deve-se sempre realçar os
ganhos e destacar os indivíduos que o pratica na buscando de melhores resultados,
tornando-os diferenciados em função de sua técnica, a qual são dedicados anos
para seu aprimoramento. Já o esporte participação é o esporte referenciado com o
princípio do prazer lúdico, e que tem como finalidade o bem estar social e a melhora
da qualidade de vida de seus participantes. Com tudo, torna-se claro que o esporte
participação cria a possibilidade de uma inserção diferenciada do esporte na
sociedade. (TUBINO, 2001).
2.2 ADOLESCÊNCIA
Para Bee (1997) é tão importante a mudança de estado de criança para o
de adulto que varias sociedades promovem e marcam essa passagem com alguma
espécie de rito ou ritual. Segundo Cohen (1964 apud BEE, 1997) existe uma grande
quantidade de variação no conteúdo desses rituais, embora certas práticas sejam
especialmente comuns. Papalia, Olds e Feldman (2006) elucidam que ritos de
passagem podem incluir bênçãos religiosas, separação da família, testes rigorosos
de força e resistência, marcação do corpo de alguma forma ou atos de magia.
Coll, Palacios e Marchesi (1995) definem adolescência como a etapa que
se estende, dos 12-13 anos até aproximadamente o final da segunda década da
vida. Os autores ainda afirmam, trata-se de uma etapa de transição, na qual não se
26
é mais criança, mais ainda não se tem status de adulto. É o que Erikson (1968 apud
COLL, PALACIOS e MARCHESI, 1995) chama de uma “moratória social”, um
compasso de espera que a sociedade oferece aos jovens, enquanto se preparam
para exercer os papeis adultos. Os mesmos autores relatam ainda que na cultura
ocidental, a incorporação dos adolescentes ao status adulto retornou, formando-se
por um novo grupo que desenvolve seus próprios hábitos e maneiras, e, enfrentam
problemas peculiares.
Partindo do mesmo principio Papalia, Olds e Feldman (2006) definem
adolescência como uma etapa de extrema importância na vida de todas as pessoas.
Porém, não há definição exata para seu ponto de inicio ou fim. Bee (1997) relata
que a maioria de nós utiliza a palavra adolescência como um termo que se aplica a
um conjunto preciso de anos, tal como 12 até 20 anos, ou o período que se inicia no
começo da escola do segundo grau.
Bee (1997) salienta que se desejarmos incluir os processos físicos da
puberdade nesses anos de adolescência devemos então pensar nessa faixa etária
como tendo seu inicio antes dos 12 anos. Ainda, no caso das meninas, algumas
iniciam a puberdade aos 8 ou 9 anos. E, no caso dos meninos, afirma que um jovem
de 18 anos com trabalho, esposa e filhos, sendo inadequado considerar como
adolescente. Com isto, faz sentido pensar a adolescência como o período que se
situa, psicológica e culturalmente, entre a meninice e a vida adulta, ao invés de uma
faixa etária especifica. Porém, as crianças precisam passar por esse período de
transição de modo a atingir estado adulto no seu desenvolvimento. (BEE, 1997).
Coll, Palacios e Marchesi (1995) corroboram afirmando que é preciso
fazer uma distinção entre dois termos, que possuem um alcance e um significado
muito diferente, são eles: puberdade e adolescência. Chama-se puberdade ao
conjunto de modificações físicas que transformam o corpo infantil, durante a
segunda década de vida, em corpo adulto, capacitado para a reprodução. A
adolescência pode ser definida como um período psicossociológico que se prolonga
por vários anos, caracterizado pela transição entre infância e a adultez. (COLL,
PALACIOS e MARCHESI, 1995).
Já Osorio (1992) relata que a adolescência nas ultimas décadas vem
sendo considerada como o momento crucial do desenvolvimento do indivíduo. Pois é
nesse período que o individuo além de marcar sua imagem corporal definitiva, forma
a estruturação final da personalidade. Ainda, afirma que o fenômeno da puberdade
27
é universal e seu inicio cronológico, em condições de normalidade física, coincide
em todos os povos e latitudes. A adolescência, embora seja um fenômeno
igualmente universal, tem características bastante peculiares conforme o ambiente
sócio-cultural do individuo. Portanto, determinar seu inicio e tarefa complexa e que
não pode apoiar-se apenas em certa constância dos elementos psicológicos.
(OSORIO, 1992).
Papalia, Olds e Feldman (2000), consideram que a adolescência tem seu
inicia na puberdade, processo que leva à maturidade sexual, ou fertilidade – a
capacidade de reprodução. Para as sociedades industriais modernas, adolescência
é considerada como uma transição no desenvolvimento entre infância e idade adulta
que envolve grandes e interligadas mudanças físicas, cognitivas e psicossociais.
(PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2000).
Osorio (1992, p.12) complementa, afirmando ser a adolescência um
complexo psicossocial, assentado em uma base biológica, cuja caracterização pode
ser sumariada nos seguintes itens:
a) Refinação da imagem corporal, consubstanciada na perda do corpo
infantil e da conseqüente aquisição do corpo adulto;
b) Culminação do processo de separação/individualização e substituição
do vinculo de dependência simbiótica com os pais da infância por
relações objetivas de autonomia plena;
c) Elaboração de lutos referentes à perda da condição infantil;
d) Estabelecimento de uma escala de valores ou código de ética próprio;
e) Busca de pautas de identificação no grupo de iguais;
f) Estabelecimento de um padrão de luta/fuga no relacionamento com a
geração precedente;
g) Aceitação tácita dos ritos de iniciação como condição de ingresso ao
status adulto;
h) Assunção de funções ou papeis sexuais auto-outorgados, ou seja,
consoante inclinações pessoais independentemente das expectativas
familiares e eventualmente (homossexuais) ate mesmo das imposições
biológicas do gênero a que pertence.
Quanto ao termino da puberdade e adolescência estaria concluída,
juntamente com o crescimento físico e o amadurecimento gonodal, em torno dos 18
28
anos. Esta data coincidindo com a soltura das cartilagens das epífises dos ossos
longos, o que determina o fim do crescimento esquelético. (OSORIO, 1992).
Já o termino da adolescência é bem mais difícil de determinar e
novamente obedece a uma série de fatores de natureza sócio-cultural. (OSORIO,
1992). Tentando discriminar quais os elementos mais universais que nos
possibilitariam assinalar o termino da adolescência, o autor ainda relaciona o
preenchimento das seguintes condições:
a) Estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de
estabelecer relações afetivas estáveis.
b) Capacidade de assumir compromissos profissionais e manter-se
(“independência econômica”);
c) Aquisição de um sistema de valores pessoais (“moral própria”).
d) Relação de reciprocidade com a geração precedente (sobretudo com
os pais).
Osório (1992) indica que em termos etários, isto ocorreria por volta dos 25
anos na classe media brasileira, com variações para mais ou para menos conforme
as condições socioeconômicas da família de origem do adolescente. Em relação ao
interesse universal pelo estudo da adolescência atual que segundo ele advêm de
duas circunstâncias principais: (OSÓRIO, 1982, p. 13)
1. A explosão demográfica de pós-guerra, que trouxe como imediata conseqüência o significado crescimento percentual da população jovem mundial. Basta que se lembre que nos últimos 25 anos a população do Brasil duplicou para que se perceba quão significativo é o contingente de jovens em nosso país. Estima-se hoje cerca de1/4 da população brasileira é constituída de adolescentes.
2. A ampliação da faixa etária com as características da adolescência. Assim, se antes a adolescência era tida meramente como aquela etapa de transição entre a infância e a idade adulta que coincide com os limites biológicos da puberdade, atualmente a adolescência e definida por elementos que, embora batizados pelas características psicológicas do momento evolutivo em questão, são marcadamente influenciados pelas contingências sócio-culturais circunstantes. Assim, o estudo da adolescência hoje extrapola o interesse cognitivo sobre uma etapa evolutiva do ser humano para, através dele, procurar entender todo um processo de aquisições e motivações da sociedade em que vivemos.
29
2.2.1 Atividade física na adolescência
A adolescência como citado anteriormente, é uma fase na vida do
individuo a qual ocorrem diversas alterações físicas e cognitivas, porém em meio a
essas mudanças é importante que este jovem mantenha uma vida ativa e saudável.
A atividade física é uma ferramenta que pode contribuir para uma melhora da saúde
e qualidade de vida do adolescente. (LAZZOLI et al. 1998).
Nesse contexto, é importante ressaltar que a atividade física é qualquer
movimento como resultado de contração muscular esquelética que aumente o gasto
energético acima do repouso, caracterizado pela atividade do cotidiano e pelos
exercícios físicos. Trata-se de comportamento inerente ao ser humano com
características biológicas e sócio-culturais. (LAZZOLI et al. 1998).
Segundo Souza (1996) na fase inicial da adolescência ou mesmo na pré-
adolescência, deve haver uma preocupação com a aquisição de habilidades e
capacidades básicas, bem como em despertar o interesse para a atividade esportiva
continuada.
É de extrema importância se atentar aos programas de exercícios nesta
fase, pois os mesmos devem atender às mais variadas solicitações e
conseqüentemente precisam ser ajustados ao estado de evolução do jovem. É
possível perceber essa importância quando se compara, por exemplo, um
adolescente de treze anos, ainda impúbere, com um jovem de dezoito anos.
(SOUZA, 1996).
Segundo Souza (1996) o exercício, na juventude, não se restringe
apenas ao aperfeiçoamento da capacidade funcional dos praticantes. O esforço
físico bem dosado contribui efetivamente para o crescimento psicológico e social,
bem como na habilitação física. Sendo assim, quando se insere atividade física na
vida de um jovem, não se deve ter como objetivo apenas ocupar as horas de lazer,
mas, em especial, transformar esse tempo em um meio eficaz de desenvolvimento e
principalmente preservação da saúde. Papalia, Olds e Feldman (2006) consideram
que os problemas de saúde nesta fase freqüentemente são oriundos do estilo de
vida. Sendo que segundo os mesmos autores, o exercício ou a falta dele afeta a
saúde física e mental.
30
Ainda, Papalia, Olds e Feldman (2006) afirmam que caminhar com
rapidez, andar de bicicleta, nadar ou trabalhar no jardim, são formas de atividade
física, e se praticados regularmente por pelo menos trinta minutos na maioria dos
dias da semana ou, preferencialmente, todos os dias trazem benefícios à saúde
(obs. é imprescindível o acompanhamento de um profissional da área na busca de
resultados fidedignos). Por outro lado, um estilo de vida sedentário que se estende a
vida adulta pode resultar em maior risco de obesidade, diabetes, doenças cardíacas
e câncer. (COLL, PALACIOS e MARCHESI, 1995).
Segundo Guedes et al. (2001) benefícios da prática de atividade física
associados à saúde e ao bem-estar, assim como riscos predisponentes ao
aparecimento e ao desenvolvimento de disfunções orgânicas relacionados ao
sedentarismo, são amplamente apresentados e discutidos na literatura. Importantes
estudos têm se procurado em destacar que hábitos de prática da atividade física,
incorporados na infância e na adolescência, possivelmente possam transferir-se
para idades adultas. Acompanhamentos longitudinais sugerem que adolescentes
menos ativos fisicamente apresentam maior predisposição a tornarem-se adultos
sedentários. (GUEDES et al., 2001).
Segundo Lazzoli et al. (1998), em crianças e adolescentes, um maior
nível de atividade física contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico e reduzir
a prevalência de obesidade. Ainda, é mais provável que uma criança fisicamente
ativa se torne um adulto também ativo. O mesmo autor ainda afirma que contribuir
para uma melhor qualidade de vida e estabelecer uma base sólida para a redução
da prevalência do sedentarismo na idade adulta, é o que estabelece como norma a
medicina preventiva e saúde publica, partindo do principio da promoção da atividade
física na infância e na adolescência.
Alves et al. (2005) corrobora com Guedes et al. (2001) quando relata que
apesar de alguns estudos longitudinais indicarem fraca ou modesta correlação entre
atividade física na infância e na vida adulta, outros apontam que crianças e
adolescentes que se mantêm fisicamente ativos apresentam probabilidade menor de
se tornar adultos sedentários.
Alves et al. (2005, p. 292) afirmam que a prática de atividade física
diminui o risco de:
31
Aterosclerose e suas conseqüências (angina, infarto do miocárdio, doença vascular cerebral), ajuda no controle da obesidade, da hipertensão arterial, do diabetes, da osteoporose, das dislipidemias e diminui o risco de afecções osteomusculares e de alguns tipos de câncer (colo e de mama). Contribui ainda no controle da ansiedade, da depressão, da doença pulmonar obstrutiva crônica, da asma, além de proporcionar melhor auto-estima e ajuda no bem-estar e socialização do cidadão.
Souza (1996) afirma ainda que não há propriamente uma prescrição de
exercícios recomendáveis ou contra-indicados, sendo o melhor aquele que o
individuo percebe que mais o agrada. Em relação às atividades esportivas
praticadas por crianças e adolescentes Weinberg e Gould (2001) afirmam ser uma
das poucas áreas na vida das crianças na qual elas podem participar intensamente
de uma atividade que tem conseqüências significativas para seus colegas e
familiares, para elas próprias, bem como para a comunidade a qual esta inserida.
Segundo o autor, com dados apenas dos Estados Unidos, 45 milhões é a estimativa
de crianças menores de 18 anos envolvidas em programas de atividade física
escolar e extracurricular. Porém os mesmos dados apontam que para a maioria das
crianças envolvidas, sua participação no esporte chega ao máximo por volta dos 12
anos.
Weinberg e Gould (2001) indicam que nos Estados Unidos de
aproximadamente 8 mil crianças pesquisadas (49% de meninos, 51% de meninas) a
maioria diz participar de esportes para divertir-se. Outras razões a qual a maioria
deles cita condiz em: fazer alguma coisa na qual são boas, melhorar suas
habilidades, fazer exercícios e ficar em forma, estar com seus amigos, fazer novas
amizades e competir. Porém os autores destacam que essa participação no esporte
atinge seu máximo entre as idades de 10 a 13 anos e então declina
consideravelmente até a idade de 18 anos.
Conforme relatam Weinberg e Gould (2001) esse declínio ou desistência
se da em alguns casos por “mudanças de interesse” ou até mesmo por “ter outra
coisa pra fazer” segundo uma pesquisa realizada com nadadores (idade entre 10 a
18 anos) que desistiram na natação, a maioria desiste, pois apresenta interesse em
outras atividades. Entretanto, são considerados alguns fatores negativos que podem
contribuir para esse comportamento em meio ao esporte, como: pressão excessiva,
não gostar do técnico, fracasso, falta de diversão, uma ênfase excessiva em vencer,
entre outro. (WEINBERG e GOULD 2001).
32
A seguir será apresentada uma tabela de motivos de participação em
esportes infanto – juvenil a qual meninos e meninas de programas esportivos
escolares e não escolares tiveram respostas semelhantes.
Tabela 1: Motivos de participação em esportes infanto-juvenil.
Fonte: Weinberg e Gould (2001 p. 476)
33
2.3 MOTIVAÇÂO
2.3.1 Conceito de motivação
Apesar da importância da temática, é difícil definir a motivação em poucas
palavras, e não existe consenso entre autores referente o assunto. Usualmente, se
utilizam termos como necessidades, desejos, vontades, metas, objetivos, impulsos,
incentivos entre tantas outras. Derivada do latim motivus, que significa mover, a
palavra motivação assume o significado de “tudo aquilo que pode fazer mover”, “tudo
aquilo que causa ou determina alguma coisa ou até mesmo” o fim ou razão de uma
ação. (ZANELLI et al, 2004, p. 145).
Desse modo o mesmo autor afirma fazer sentido que uma teoria da
motivação é uma teoria da ação. Para Maximiano (1995) este termo implica em um
estado psicológico de disposição ou vontade de perseguir uma meta ou realizar uma
tarefa. Sendo assim, uma pessoa motivada é uma pessoa com disposição favorável
para seguir a meta ou realizar a tarefa. Porém existem diferenças psicológicas e
ambientais que são fatores importantes para explicar esses conceitos. Vários
autores em suas teorias interpretam de maneira diferente e enfatizam aspectos da
motivação que está intimamente relacionada com o comportamento e desempenho
das pessoas.
Robbins (2002) conceitua motivação como a disposição de exercer um
nível elevado e permanente de esforço em favor de determinada meta, sendo que
este esforço deve ser capaz de satisfazer algumas necessidades individuais. Neste
sentido, a motivação pode ser caracterizada como força impulsionadora do individuo
para determinado objetivo. Dentre estas forças, destaca-se as forças positivas e
negativas. Sendo que as forças positivas são aquelas que levam o individuo a
aproximar-se do estimulo e as negativas são aquelas que o levam a afastar-se dele.
(MINICUCCI, 1995).
Quando o individuo deseja realizar algo, ou simplesmente manter sua
vontade, seu ponto de referencia se torna a motivação. Trata-se, pois, de uma série
de fatores que de certa forma satisfaçam o desejo do individuo em continuar a
34
realizar uma determinada tarefa. Segundo Pereira (1992) a motivação tem sido tema
de pesquisas na área da psicologia experimental. Através da analise de dados
pesquisados verifica-se que os desejos internos desconhecidos, que se apresentam
como necessidades, são impulsionadores de atividades que levam o indivíduo a
assumir este ou aquele comportamento.
Para Zanelli et al, (2004, p. 146) “motivação é um processo psicológico
básico de relativa complexidade, por se tratar de um fenômeno não diretamente
observado e que auxilia na explicação e na compreensão das diferentes ações e
escolhas individuais”. Ambrose e Kulik, (1999 apud ZANELLI et al., 2004) afirmam
que a motivação começou a associa-se a vários outros conceitos, tais como,
satisfação, desejo, energia, recompensas intrínsecas e extrínsecas,
comprometimento, envolvimento, ajustamento no trabalho, reforço, drive,
necessidade, desenho de cargo, crenças, valores, metas, expectativas e, mais
recentemente, criatividade, cultura, afeto e trabalho em equipes.
De maneira geral os autores abordam a motivação como sendo parte da
ação ou comportamento tomado pelos indivíduos. No entanto, existem necessidades
ou teorias da motivação que trazem orientações importantes e de grande utilidade
no entendimento dos aspectos da motivação de um individuo. Tendo em vista uma
melhor compreensão do conteúdo relacionado ao estudo, serão abordados apenas
alguns modelos teóricos, que podem ser considerados importantes para o
entendimento da temática.
2.3.2 Teorias da motivação
Durante o decorrer dos anos muitas são as teorias que tentam explicar a
motivação. Para Hampton (1990), o primeiro passo para motivar as pessoas está no
reconhecimento de que estas agem no seu próprio interesse, do modo que for
definido por suas necessidades.
Nas décadas de 1940, 50 e 60 foram consideradas produtivas para o
desenvolvimento das teorias sobre a motivação, época em que foram construídas: a
teoria das necessidades de Maslow (1943), a teoria das necessidades (afiliação,
poder e realização) de McClelland (1953) e a teoria de ERC (existência,
35
relacionamento e crescimento) de Alderfer (1969) as quais serão abordadas neste
estudo. (ZANELLI et al, 2004).
2.3.2.1 Teoria da hierarquia das necessidades
A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow segundo, Zanelli et al,
(2004) parte da premissa de que as necessidades humanas têm origens biológicas e
estão dispostas em uma hierarquia, explicitando o pressuposto de que o homem tem
propensão para o auto desenvolvimento e crescimento pessoal. Spector (2003)
contribui relatando que a satisfação das necessidades humanas é importante para a
saúde física e mental do individuo, pois elas estão dispostas em uma hierarquia que
inclui necessidades físicas, sociais e psicológicas.
Porém conforme Zanelli et al, (2004, p. 150), nesta teoria o ser humano
possui diversas necessidades que podem ser separadas em categorias
hierarquizadas. Para motivar uma pessoa, identifica-se qual é a categoria mais baixa
na qual ela tem uma necessidade (necessidades inferiores), e suprir esta
necessidades antes de pensar em outras categorias mais altas (necessidades
superiores). Essas categorias são normalmente apresentadas em forma de pirâmide
onde segundo Zanelli et al, (2004, p.150) as necessidades inferiores podem ser
classificadas como:
a) Necessidade Fisiológica: são relacionadas às necessidades do
organismo, indispensável à sobrevivência do ser humano. Respirar e se
alimentar podem ser utilizadas como exemplo neste caso.
b) Necessidades de Segurança: indispensável à sobrevivência do
individuo e da espécie. Por exemplo, segurança física (contra a violência),
segurança de recursos financeiros, segurança da família e de saúde entre
outros.
As necessidades superiores segundo Zanelli et al, (2004, p. 150) por sua
vez, seriam:
36
c) Necessidades sociais: com as duas primeiras categorias supridas,
passam-se a ter necessidades de aceitação de outras pessoas e grupos
humanos, como amizades, suporte familiar e amor.
d) Necessidades de estima: busca de status e valorização social, ser
reconhecido como uma pessoa competente e respeitada.
e) Necessidades de auto – realização: é uma necessidade instintiva do
ser humano, esta necessidade se resume pela busca da condição
máxima de crescimento pessoal e de busca contínua pelo auto-
aperfeiçoamento.
Spector (2003) relata que segundo Maslow, para que um desejo seja
motivador, ele não pode ser satisfeito, já que as pessoas são motivadas pelo nível
mais baixo de necessidades não satisfeitas. Ou seja, segundo o autor, se dois níveis
de necessidades não são satisfeitos, o nível mais baixo irá prevalecer. Assim, uma
pessoa faminta não se preocuparia com o perigo e talvez se arriscasse a roubar
comida, mesmo sabendo que a punição por roubo é severa. (SPECTOR 2003, p.
201).
Maslow reconhece, contudo que pode haver execuções para esta
hierarquia e que certos indivíduos podem considerar algumas necessidades mais
altas como mais importantes que as de níveis mais baixos. Desta forma, as
necessidades mais baixas não são motivadoras. (SPECTOR, 2003).
2.3.2.2 Teoria ERC
Segundo Zanelli et al. (2004) Clayton Alberfer em sua teoria ERC
(existência, relacionamento e crescimento) segue a mesma linha de raciocínio de
Maslow. Porém, no final da década de 1960 Alderfer redefiniu as cinco necessidades
hierárquicas de Maslow em uma tentativa de corrigir algumas deficiências. Nesta
teoria, existem três, em vez de cinco níveis de necessidade que são organizadas em
continuum, e não em hierarquia. Segundo o mesmo autor a idéia é que as pessoas
podem se mover para frente e para trás de uma categoria de necessidade para
37
outra, e que a não-satisfação de necessidades em uma categoria pode afetar as
necessidades em outra.
Segundo Zanelli et al (2004) as teorias são:
a) Existência (E): inclui necessidades básicas que são consideras por
Maslow como necessidades fisiológicas e de segurança.
b) Relacionamento(R): reúne as necessidades sociais e de estima.
c) Crescimento(C): desejo de crescimento interior das pessoas. Incluem
as necessidades de estima e a de auto-realização.
Segundo Spector (2003), ao contrário de Maslow, Alderfer permite o fluxo
de intensidade das necessidades por meio de um continuum. Quando uma
necessidade é satisfeita, a pessoa experimenta um desejo menor por aquela
necessidade e maior por uma necessidade menos concreta. Após uma refeição, por
exemplo, uma pessoa experimentaria uma crescente necessidade de socializar-se
com outras pessoas. Zanelli et al. (2004) conclui afirmando que na teoria ERC, as
necessidades não têm que se satisfazer por ordem correlativa.
2.3.2.3 Teoria das necessidades (afiliação, poder e realização)
A teoria de McClelland, embora também trate as necessidades como de
origem biológica, não as considera pela perspectiva de hierarquia. Zanelli et al.
(2004) afirmam que na teoria de McClelland à três tipos de necessidades que se
inter-relacionam e se apresentam em níveis variados de intensidade nas pessoas,
conforme seus perfis psicológicos e os processos de socialização aos quais
estiveram submetidas. Para Hampton (1990) cada uma dessas necessidades tem
alguma semelhança com as necessidades discutidas por Maslow e outros.
Essas necessidades são:
a) Poder: a pessoa se sente motivada pelo desejo de influenciar,
reorientar e mudar as atitudes e as condutas alheias. Ou seja,
exercer algum tipo de influência.
b) Afiliação: a pessoa centra sua atenção na manutenção de seus
relacionamentos interpessoais, muitas vezes em detrimento de seus
38
interesses individuais, se relacionando cordial e afetuosamente com
as pessoas.
c) Realização: a pessoa evidencia alta motivação para a auto-
realização e a busca de sua autonomia assumem uma postura de
luta continua pelo seu sucesso pessoal. Como satisfação, compete
para sua auto – avaliação.
Para Hampton (1990) o poder, a afiliação e a realização são
particularmente importantes porque estão ligados a formas distintas de
comportamento que podem aumentar ou reduzir as chances de sucesso do
individuo. Neste contexto sugerido por McClelland a motivação ira depender da
qualidade dos arranjos entre esses três tipos de necessidades.
As teorias da motivação oferecem inesgotáveis oportunidades para as
organizações, elevarem a moral e melhorar o clima de trabalho. O importante é
extrair meios para sua aplicabilidade no mundo real das pessoas. Porém segundo
Zanelli (2004) a compreensão em geral é solução para todos os problemas
referentes á satisfação, á produtividade e ao comprometimento das pessoas. Isso
porque essas teorias apresentam limitações que suscitam pelo menos duas grandes
questões. São elas:
Em primeiro lugar, são necessários mais estudos para avaliar a validade
das teorias e, em segundo lugar, é preciso que os dirigentes escolham métodos e
técnicas de pesquisa que permitam diagnosticar de modo fidedigno as variáveis
presentes no contexto de trabalho que de fato motivam os trabalhadores na
realização das tarefas organizacionais. (ZANELLI et al, 2004).
Com base nos conceitos de motivação e suas teorias, é interessante
agora, relacionar esses conceitos com o esporte para uma melhor compreensão e
aprofundamento do tema.
39
2.3.4 Motivação no Esporte
Por que alguns atletas apresentam altos níveis de comprometimento e
expressam claramente sua satisfação e realização em exercer as atividades
propostas durante os treinamentos, enquanto outros não demonstram interesse e
disposição em participar das mesmas atividades, ou até mesmo o que leva o
aluno/atleta a tomar determina atitude ou direção de comportamento durante a
prática do esporte? As teorias de motivação, com base no que já foi visto
anteriormente neste estudo, tem se preocupado em entender o que motiva um
individuo a ter determinado comportamento frente a uma situação.
Figura 1 – Determinantes da motivação. Fonte: Samulski (2009, p.168).
Segundo Samulski (2009) o processo ativo, intencional e dirigido a uma
meta é caracterizado de motivação, a qual depende ainda da interação de fatores
pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). Ainda, Samulski (2009) define
motivação como sendo a totalidade daqueles fatores, que determinam a atualização
de formas de comportamento dirigido a um determinado objetivo. Sage apud
Weinberg e Gould (2001) seguindo a mesma linha de pensamento, define que os
esforços de uma pessoa para alcançar determinados objetivos consistem em um
processo diretamente ligado à motivação.
40
Figura 2 – Motivação para a prática esportiva como resultado de interação entre fatores pessoais e situacionais (Weinberg e Gould, 1999:57). Fonte: Samulski (2009, p.168).
Para que se possa compreender na prática o que realmente acontece no
meio esportivo com relação ao comportamento do atleta, é preciso entender quais
fatores psicológicos afetam esses comportamentos durante a prática das atividades
esportivas, as quais refletem resultados positivos e/ou negativos. E devido a este
questionamento, estudos e pesquisas na área da psicologia têm avançado com
passar dos anos. Segundo Samulski (2002) ao final do século XIX, já existiam
estudos e pesquisas relativas a questões psicológicas no esporte. O autor ainda
relata que foi nos anos 1920 que surgiram os primeiros laboratórios e institutos de
psicologia do esporte, porém está é ainda uma ciência muito recente, que precisa se
desenvolver em muitas áreas.
A psicologia do esporte citada por Samulski (2002), segundo a Federação
Européia de Associações de Psicologia do Esporte – Fepsac (1996) é definida
como:
Fundamentos psicológicos, processos e conseqüências da relação psicológica das atividades relacionadas ao esporte, de uma ou mais pessoas praticantes do mesmo. O foco desse estudo está nas diferentes dimensões psicológicas da conduta humana, ou seja, afetiva, cognitiva, motivadora ou sensório-motora. Os sujeitos investigados são os envolvidos nos esportes ou exercícios, como atletas, treinadores, árbitros, professores, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, espectadores, pais.
41
Com base nos conceitos de psicologia do esporte, e dada devida atenção
aos estudos e pesquisas realizados durante o passar dos anos, fica evidente que o
interesse pelo tema motivação esportiva vem caminhando juntamente com os
demais aspectos que a psicologia do esporte aborda. São muitos os temas
estudados envolvendo a motivação esportiva no Brasil e no mundo, buscando
compreender principalmente o que motiva o individuo a permanecer no esporte seja
no lazer ou performance. (SAMULSKI, 2002).
Knijnik et al. (2001) realiza uma pesquisa a qual teve como principal
objetivo, determinar através dos dados da literatura, quais fatores estariam
influenciando a motivação das crianças e adolescentes no que tange à prática
esportiva. O principal questionamento foi: porque diariamente milhares de crianças e
adolescentes iniciam ou abandonam a prática esportiva? Observou-se que os
fatores que determinam tais atitudes variam conforme a idade e o sexo. Os
principais motivos alegados pelos pesquisados para iniciar-se e persistir na prática
esportiva foram os seguintes: diversão, bem-estar físico, competição e novas
amizades. Ainda, destaca-se que os motivos alegados em virtude do abandono no
esporte foram: falta de competição, ênfase exagerada na vitoria e excesso de
pressão por partes dos pais e dos técnicos.
Com a realização deste estudo além de identificar os motivos que
influenciam crianças e adolescentes diariamente a iniciarem ou abandonarem a
prática esportiva, serviu também para que pais, técnicos e dirigentes esportivos se
sensibilizassem com tais questões a fim de que cada vez mais crianças vivenciem
longos períodos de prática esportiva. Através destes dados extraídos na prática
vivenciada no meio esportivo se pode chegar a determinadas hipóteses em relação
ao comportamento dos indivíduos durante a prática esportiva. (KNIJNIK et al., 2001).
Com isto faz sentido quando Samulski (2009, p. 168) cita que “a
motivação apresenta um nível de ativação e uma direção do comportamento”
(intenções, interesses, motivos e metas). Com base neste conceito, Samulski afirma
ainda que se pode distinguir, técnicas de ativação e técnicas de estabelecer metas.
Samulski (2002) propõem um modelo internacional da motivação para
prática esportiva. Segundo esse modelo, Samulski (2009) define que a motivação
para a prática esportiva depende da interação entre a personalidade (expectativas,
motivos, necessidades) e fatores do meio ambiente (tarefas atraentes, desafios e
influencias sociais). Porém, os fatores pessoais e situacionais importantes no
42
decorrer da vida de uma pessoa podem mudar, dependendo das necessidades e
oportunidades atuais. (SAMULSKI, 2009).
Um estudo realizado por Chagas apud Samulski (2002) em academias de
ginástica destaca os seguintes aspectos motivadores que levam uma pessoa a
freqüentá-la:
a) Manter-se em boa forma
b) Melhorar o condicionamento físico;
c) Aumentar o bem-estar corporal e psicológico;
d) Melhorar o estado de saúde;
e) Prazer em realizar atividade física;
Os motivos mais relevantes para a prática de atividade física por
professores, funcionários e estudantes de uma universidade (UFMG), segundo a
pesquisa realizada nesta comunidade universitária conforme citado por Samulski
(2009, p. 169) são os seguintes:
a) Prazer pela atividade;
b) Reduzir o estresse do trabalho;
c) Reduzir a ansiedade;
d) Melhorar a saúde e qualidade de vida;
e) Manter-se em forma;
f) Manter e ou melhorar o condicionamento físico;
Samulski (2002) analisa os motivos pelos quais as crianças se envolvem
em programas esportivos. Destacam-se os seguintes:
a) Ter alegria;
b) Aperfeiçoar suas habilidades e aprender novas;
c) Praticar com amigos e fazer novas amizades;
d) Adquirir forma física;
e) Sentir emoções positivas.
Com isto Sage (1977), apud Weinberg e Gould (2001), corrobora dando
outra definição de motivação, afirmando ser simplesmente definida como a direção e
a intensidade de nossos esforços. Porém é importante entender o que envolve
exatamente estes componentes de motivação, direção e intensidade do esforço.
43
Segundo Weinberg e Gould (2001, p. 72) “a direção do esforço refere-se
a um individuo aproximar-se ou ser atraído a determinadas situações”. Já a
Intensidade do esforço refere-se à quantidade de esforço realizado por uma pessoa
em uma determinada situação. Existe uma estreita relação entre direção e
intensidade de esforço, embora para a maioria das pessoas seja conveniente
separá-las. (WEINBERG E GOULD, 2001).
Murray (1967) afirma existir outros fatores apresentados na motivação
que também afetam o comportamento do individuo, bem como seu grau de
motivação. Segundo Murray (1967) tais fatores podem ser citado como as
experiências passadas do individuo, suas capacidades físicas e a situação ambiente
em que se encontra. Sendo que um motivo para Murray (1967) divide-se
usualmente, em dois importantes componentes sendo eles impulso e objetivo. O
primeiro termo, impulso, refere-se ao processo interno que incita uma pessoa a
ação. Já em relação ao segundo termo, o autor afirma que um motivo é terminado
ao ser atingido um objetivo ou obtida uma recompensa.
Já os Psicólogos do esporte e do exercício conforme Weinberg e Gould
(2001) consideram motivação a partir de diversas perspectivas, incluindo a
motivação para a realização, motivação na forma de estresse competitivo e
motivação intrínseca e extrínseca. Essas são todas formas variadas da definição
geral de motivação.
Segundo Weinberg e Gould (2001) empiricamente as pessoas definem uma
visão pessoal de como a motivação funciona, ou até mesmo desenvolvem teorias
sobre o que motiva as pessoas. Fazem isto observando como outras pessoas são
motivadas ou tentando descobrir o que as motiva. Porém por mais que haja diversas
visões individuais, Weinberg e Gould (2001) afirmam que a maioria destas pessoas
encaixa seu conceito de motivação em uma das três orientações gerais que fazem
parte das abordagens da personalidade. Estas incluem:
Visão centrada no traço: a visão centrada no traço (também chamada de visão centrada no participante) sustenta que primeiramente o comportamento motivado se da em função de características individuais. Ou seja, a personalidade, as necessidades e os objetivos de um aluno, atletas ou praticante de exercício são os determinantes principais do comportamento motivado. Visão centrada na situação: Em contraste direto com a visão centrada no traço, a visão centrada na situação sustenta que o nível de motivação é determinado primeiramente pela situação. Os especialistas em psicologia do
44
esporte e do exercício não recomendam a visão de motivação centrada na situação como a mais efetiva para orientar a prática. A visão internacional: a visão de motivação mais amplamente aceita por psicólogos do esporte e do exercício hoje é a visão internacional entre individuo-situaçao. A melhor maneira de entender a motivação é examinar modo como esses dois conjuntos de fatores interagem. (WEINGERG & GOULD, 2001, p. 74).
Com isto os autores destacam que considerando a pessoa e a situação, e
como esses fatores interagem é a melhor maneira de entender a motivação.
2.3.5 Teorias de motivação para o rendimento no esporte
Algumas teorias da motivação no esporte (motivação para realização ou
rendimento) tentam explicar os fenômenos que ocorrem em relação ao
comportamento do esportista, assim como anteriormente se pode observar as
teorias tradicionais de motivação, tentando explicar ou facilitar o entendimento em
relação ao comportamento do individuo.
Segundo Weinberg e Gould (2001), com o passar dos anos surgiram
quatro teorias tentando explicar o que motiva as pessoas a agirem de determinada
forma. São elas, a teoria da necessidade de realização, a teoria da atribuição, a
teoria das metas de realização e a teoria da motivação para a competência. Será
considera neste estudo uma delas por vez.
45
2.3.5.1 Teoria da necessidade de realização
Essa teoria clássica de Atkinson (1974) e Mc. Clelland (1961) apud
Samulski (2009), explica a motivação para o rendimento como o resultado da
interação de fatores pessoais e situacionais. Os autores destacam cinco
componentes fundamentais nessa teoria, são eles: fatores da personalidade (ou
pessoais) e motivos, fatores situacionais, tendências resultantes, reações
emocionais e comportamento de rendimento (Figura 3).
Figura 3 - Modelo de necessidade para o rendimento. Fonte: Samulski (2009, p.168).
2.3.5.1.1 Fatores Pessoais
Conforme Samulski (2009), cada pessoa possui duas tendências
motivacionais: a tendência de procurar sucesso e a tendência de evitar fracasso.
Ainda, para Weinberg e Gould (2001, p. 106) “a capacidade de experimentar o
46
orgulho ou satisfação nas realizações”, é definido como motivo para alcançar
sucesso. Enquanto “a capacidade de experimentar vergonha ou humilhação como
conseqüência do fracasso“ é considerado o motivo para evitar o fracasso, segundo
Gil (1986, p. 60) apud Weinberg e Gould (2001). A teoria, segundo os autores,
sustenta ainda que o comportamento será influenciado pelo equilíbrio desses
motivos.
Samulski (2009) corrobora afirmando que, alto nível de motivação para o
sucesso e baixo nível de motivação para o fracasso é demonstrado por pessoas
orientadas o sucesso. Segundo Samulski (2009) essas pessoas gostam de
demonstrar e avaliar suas capacidades e não ficam preocupadas com resultados
negativos. Ao contrario, baixo nível de motivação para o sucesso e alto nível de
motivação para o fracasso são demonstradas por pessoas orientadas para o
fracasso. As conseqüências negativas e os resultados são o alvo de sua
preocupação. Porém segundo Gill (1986), apud Weinberg e Gould (2001), a teoria
não faz previsões esclarecedoras para os que apresentam níveis moderados ou
outros níveis de cada motivo.
2.3.5.1.2 Fatores situacionais
Há dois fatores situacionais que influenciam a motivação para o
rendimento, são eles: a probabilidade e o valor de incentivo do sucesso. Para
Samulski (2009) o que define o sucesso no esporte é a dificuldade da tarefa e a
competência do adversário. Já o valor do sucesso no esporte é maior quando um
atleta vence um adversário excelente do que um amador. O autor ainda destaca que
situações competitivas que oferecem uma chance de 40% a 50% de vitória
apresentam para os atletas orientados para o sucesso um alto incentivo para o
desempenho máximo. (SAMULSKI, 2009).
47
2.3.5.1.3 Tendências resultantes
Em tendências resultantes segundo Samulski (2009), as pessoas
procuram situações de desafio e preferem competir contra adversários fortes
(capacidades iguais) pessoas orientadas para o sucesso. Em contra partida pessoas
orientadas para o fracasso tendem a evitar situações de desafio ou procuram, ás
vezes, tarefas excessivamente difíceis de realizar. Por exemplo, se um time da
quarta divisão perdesse para um time da primeira, não causaria vergonha nem
embaraço. Com isto Weinberg e Gould (2001) afirmam que atletas com baixos níveis
de realização não temem o fracasso, eles temem a avaliação negativa associada
com fracasso. Destacam ainda que uma chance de sucesso de 50 % provoca
grande incerteza e preocupação e, portanto, aumentam a possibilidade de
demonstrar baixa capacidade ou competência.
2.3.5.1.4 Reações emocionais
Segundo Samulski (2009), as reações emocionais, como orgulho e
satisfação são influenciadas pelas tendências comportamentais. Weinberg e Gould
(2001) contribuem afirmando que tanto atletas com níveis altos de realização como
atletas com baixos níveis de realização querem sentir orgulho e minimizar a
vergonha. Porém, suas características de personalidade interagem diretamente com
a situação, fazendo com que eles se focalizem mais no orgulho ou na vergonha.
Com isto se entende que pessoas orientadas para o sucesso experimentam mais
orgulho e satisfação em suas carreiras esportivas do que as pessoas orientadas
para o fracasso. (WEINBERG e GOULD, 2001).
2.3.5.1.5 Comportamento de Performance
48
Indicar o modo como os quatro componentes anteriores interagem é a
proposta desta teoria das necessidades de realização. Segundo Samulski (2009)
bons rendimentos em situações de avaliação são demonstrados por pessoas
orientadas ao sucesso a qual selecionam tarefas mais exigentes. Em contra partida
pessoas orientadas para o fracasso não apresentando bons resultados quando são
avaliados quando estão à frente de tarefas exigentes e situações de risco, e com isto
preferem evitá-las.
Weinberg e Gould (2001) afirmam que as previsões de desempenho da
teoria da necessidade de realização servem como estrutura para todas as atuais
explicações da motivação a realização.
2.3.5.2 Teoria de atribuição
Para Weiner, (1985, 1986) apud por Samulski (2009), o objetivo da teoria
da atribuição é explicar a maneira com que as pessoas interpretam as causas do
sucesso ou fracasso. Conforme destacam Weinberg e Gould (2001) sustentam em
algumas poucas categorias milhares de possíveis explicações de como sucesso e
fracasso podem ser classificadas. As categorias de atribuição mais básicas segundo
Weinberg e Gould (2001, p. 83) são: estabilidade (sendo ou razoavelmente
permanente ou instável), lócus de causalidade (se a causa do comportamento for
externa ou interna para a pessoa) e lócus de controle (um fator que esta ou não sob
nosso controle).
49
Figura 4 – Categorias básicas de atribuição (Weinber, 1985:60). Fonte: Samulski (2009, p.177).
Dentro da teoria da atribuição segundo Weinberg e Gould (2001) existe
também alguns fatores que tenta explicar a maneira com que as pessoas
interpretam as causas do sucesso ou fracasso, sendo eles:
Quadro 1 –
Atribuições e motivação do rendimento
50
Existe
uma
relação entre as diferentes formas de atribuição de um resultado e as expectativas
de futuros sucesso e as reações emocionais resultantes, como mostra a seguir:
O sucesso ou fracasso de uma pessoa podem ser atribuídos a uma
variedade de possíveis explicações (atribuições) conforme destacado por Weinberg
e Gould (2001, p. 83). Por exemplo, você pode vencer uma partida de futebol e
atribuir seu sucesso a:
a) Um fator estável (por exemplo, o talento do time ou boa capacidade)
ou a um fator instável (por exemplo, sorte);
b) Uma causa interna (por exemplo, o esforço do time nos últimos
minutos) ou a uma causa externa (por exemplo, adversários fáceis);
51
c) Um fator que pode controlar (por exemplo, jogadas ensaiadas) ou um
fator fora de seu controle (por exemplo, o condicionamento físico dos
adversários).
Ou segundo Weinberg e Gould (2001), você pode abandonar um treino e atribuir o
seu fracasso a:
a) Um fator estável (por exemplo, sua falta de talento) ou um fator instável
(por exemplo, o péssimo treinador);
b) Uma causa interna (por exemplo, seu problema de coluna) ou uma
causa externa (por exemplo, os equipamentos de a academia ser muito
velhos);
c) Um fator que você pode controlar (por exemplo, sua falta de esforço)
ou um fator fora do seu controle (por exemplo, atraso no salário).
2.3.5.3 Teorias das metas para o rendimento
Para Samulski (2009), três fatores que interagem entre si determinam o
nível de motivação para o rendimento de uma pessoa são eles: as metas para o
rendimento, a percepção subjetiva das próprias capacidades e o comportamento de
rendimento. Estas conclusões foram alcançadas por psicólogos do esporte que
analisaram as metas (goals) do rendimento, a fim de entender melhor o processo de
motivação para ele.
52
Figura 5:
Determinantes da teoria de metas da performance (Weinber & Gould, 1999, p. 61). Fonte: Samulski (2009, p.179)
53
2.3.5.3.1 Metas orientadas para o resultado final
O atleta orienta suas ações por comparações permanentes com os outros
atletas. A meta principal é ter um bom resultado e vencer os outros competidores.
(SAMULSKI, 2009).
Conforme destaca Weinberg e Gould (2001) o foco de um atleta
orientado ao resultado (também chamada de orientação a meta competitiva), é
comparar-se com outros e derrotá-los. Segundo os autores o atleta orientado ao
resultado sente-se bem em relação a si mesma quando vence, mas não se sente
bem quando perde.
2.3.5.3.2 Metas orientadas para a tarefa
Para Samulski (2009) o atleta que se orienta por normas de referência
individual se esforça para melhorar seu próprio rendimento e não fica preocupado
com o rendimento dos outros atletas. O autor relata ainda que este atleta visa
durante os treinos aperfeiçoar seu nível técnico.
Weinberg e Gould (2001) corroboram afirmando que um atleta orientado
à tarefa (também chamado de orientação ao domínio) tem o foco em estar melhor
em relação a seus próprios desempenhos passados. Os autores relatam ainda que a
percepção de capacidade não esta baseada em uma comparação com outros.
A fim de entender a motivação de uma pessoa, deve-se entender o que o
sucesso e o fracasso significam para ela. E a melhor maneira de fazê-lo é examinar
as metas de realização da pessoa e o modo como elas interagem com suas
percepções ou preço de capacidade de sua competência (autovalor). (WEINBERG e
GOULD, 2001).
54
2.3.5.4 Teoria da motivação para a competência
Segundo Weiss e Chaumeton (1992 apud SAMULSKI, 2009) a teoria da
motivação para a competência, explica o processo de interação entre percepção de
competência e controle de uma pessoa, e estado atual de motivação. Conforme
destaca Weinberg e Gould (2001), essa teoria sustenta que os principais
determinantes da motivação são os sentimentos de sentirem-se dignas ou
competentes.
Para Samulski (2009) a teoria considera, que quando valorizadas e
percebendo que são capazes de realizar determinadas tarefas, as pessoas são
altamente motivadas. Nessa teoria, três componentes, sendo eles auto-estima,
percepção da própria competência e percepção de controle, influenciam diretamente
o nível de motivação.
Essa teoria segundo Weinberg e Gould (2001), afirmam ainda que para
influenciar a motivação dos atletas, as percepções de seu controle de aprender e
desempenhar habilidades trabalham juntos com avaliações de autovalor e de
competência. Entretanto, conforme os autores destacam esses achados não
influenciam a motivação diretamente, porém antes, influenciam estados afetivos ou
emocionais (tais como satisfação, ansiedade, orgulho e vergonha) que, por sua vez,
influenciam a motivação.
Se um jovem jogador de futebol, por exemplo, tiver alta auto-estima,
sentir-se competente e perceber que tem controle sobre a aprendizagem e o
desempenho de habilidades do futebol, segundo Weinberg e Gould (2001), esses
esforços para aprender o jogo aumentarão sua satisfação, seu orgulho e sua
felicidade. Os estados afetivos positivos, por sua vez, levarão a uma motivação
maior.
Porém Weinberg e Gould (2001, p. 87), destacam que ao contrario, “se
um praticante de exercício tiver baixa auto-estima, sentir-se incompetente e sentir
que as atitudes pessoais têm pouco a ver com aumento do condicionamento, o
resultado serão respostas afetivas negativas”. Essas respostas afetivas negativas
levarão à diminuição da motivação.
55
Figura 6 – Teoria da motivação entre competência e motivação (adaptado de Weiss e Chaumeton, 1992. In Weinberg e Gould, 1999, p. 63). Fonte: Samulsk (2009, p.182).
2.4 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA E MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA
Nos últimos anos os clubes/empresas adotaram uma nova postura nos
grandes times de futebol, viabilizando uma nova gestão organizacional, onde além
das técnicas/habilidades já desenvolvidos, têm-se caminhado a passos largos em
direção as necessidades psicológicas dos atletas, na busca de um desenvolvimento
positivo no rendimento das equipes. (ANDRADE et. al., 2006)
O preparo psicológico de um atleta é semelhante ao desenvolvimento de
uma habilidade esportiva, se não há um tempo adequado para o treinamento mental
também não haverá um desempenho psicológico adequado (BARRETO, 2003 apud.
ANDRADE et. al 2006)
Andrade et al. (2006) afirmam ainda que existem diversos fatores de
ordem emocional e motivacional que fazem menção as condições impostas aos
jogadores seja durantes as sessões de treinamento, durante as competições ou no
56
ambiente que o cerca, tais como: seus próprios desejos e interesses, a torcida,
arbitragem, o local de competição, os adversários, entre outros.
Por isso a necessidade de se aprofundar no que diz respeito aos
aspectos relacionados à motivação dos atletas, pois conforme Bergamini (1997)
aborda, a maior parte dos estudos divulgados sobre motivação humana parece ter-
se orientado para uma investigação mais superficial. No entanto segundo o mesmo
autor o interessante seria poder conhecer o que motiva, em lugar de investigar como
se dá o comportamento motivacional.
Andrade et al. (2006) ressaltam ainda que a motivação é um dos
principais meios psicológicos utilizados no futebol a qual pode provocar modificações
no rendimento e desempenho dos atletas. Ela geralmente esta presente em
treinamentos, concentrações, preleções e principalmente nas competições, onde
ocorrem várias situações que podem provocar alterações no comportamento dos
atletas e da equipe.
Serrano (2003) apud Andrade et al. (2006) no que diz respeita a
motivação se baseia na idéia de Maslow na qual entende-se que é o resultado dos
estímulos que agem com força sobre os indivíduos, levando –os a realizarem uma
ação. Porém para que ocorra uma ação ou uma reação do individuo é preciso que
um estímulo seja implementado, decorrente de algo externo ou proveniente do
próprio organismo. Samulski (2002) explica como já visto anteriormente neste estudo
como sendo um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende
da interação de dois fatores, intrínsecos (ou pessoais) e extrínsecos (ou ambientais).
2.4.1 Motivação intrínseca
Segundo Boog (2002) a motivação intrínseca caracteriza-se pelo conjunto
de percepções que o individuo tem sobre sua existência, sendo o mecanismo
intrínseco que “move” o individuo e que o mantém disposto e feliz, permitindo sua
evolução e senso de desenvolvimento.
Maximiano (1990) corrobora afirmando que é de dentro do próprio
individuo que provém os motivos internos que afetam o desempenho, são as forças
presentes em suas necessidades, aptidões, interesses e habilidades: capaz de
57
realizar certas tarefas e outras não; de valorizar certos comportamentos e
menosprezar outros; sentir-se atraídos por certas coisas e repelir outras. Segundo o
mesmo autor são os impulsos interiores, tanto de natureza fisiológica quanto
psicológica, que, por sua vez, são afetados por fatores sociológicos.
Por mais que um ambiente possa gerar elementos externos de ampliação
da motivação, a motivação interna é o que efetivamente vai alimentar a alma deste
individuo e fará com que ele esteja plenamente satisfeito com sua vida. (BOOG
2002)
Gooch e Mc Dowell (1988 apud BERGAMINI, 1997, p. 82) assim se
exprimem:
A motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa e que pode estar ligada a um desejo. Sendo assim uma pessoa não consegue motivar alguém, o que ocorrer é uma pessoa estimular a outra. Pois a probabilidade de que uma pessoa siga uma orientação de ação desejável está diretamente ligada à força de um desejo.
Segundo Bergamini (1997) nada se pode fazer para conseguir motivação
de uma pessoa a não ser que ela mesma esteja espontaneamente predisposta para
tanto. Outro aspecto importante no contexto da motivação interna de um individuo,
segundo Boog (2002), é a capacidade do individuo de se automotivar sendo está
uma capacidade de natureza primitiva, instintiva, mais que pode também ser
desenvolvida através de processos planejados.
Com a automotivação o ser humano pode lidar realisticamente com as
pulsões básicas de seu inconsciente e também agir de mediador entre esses
impulsos básicos e as exigências da realidade externa. Todo esse processo é
gerenciado pela mente humana de forma complexa (consciente e inconsciente) e
acaba caracterizando o grau de satisfação que cada um tem a respeito de seu ser –
daí o surgimento do próprio senso de “estar motivado. (BOOG, 2002).
Sendo assim Boog (2002) segue afirmando que por mais que um
ambiente possa gerar elementos externos de motivação o que vai efetivamente
diferenciar uma pessoa da outra é o vetor interno, se considerado o aspecto
motivacional.
58
2.4.2 Motivação extrínseca
No que diz respeito à motivação externa Boog (2002) diz se caracterizar
pelo conjunto de valores, missão e visão de determinado ambiente que permite
relações interpessoais adequadas, feitas dentro de um clima que leve a plena
realização dos seres humanos que atuam nesse mesmo ambiente. Já para
Maximiano (1990) os motivos externos são produzidos pelo ambiente: objetivos que
perseguem porque satisfazem uma necessidade; despertam um sentimento de
interesse ou produzem o efeito de uma recompensa a ser alcançada.
Boog (2002) relata ainda que os elementos ambientais devam ser
capazes de gerar estímulos e interesses para a vida das pessoas, criando causa e
efeito entre o comportamento dos indivíduos e até mesmo quando se tratando das
organizações (neste caso os clubes) pode-se ter o alcance dos resultados
esperados.
Bergamini (1997) baseado na idéia de psicólogos behavioristas e
comportamentalistas que estudam a respeito do comportamento condicionado,
pressupõem que o comportamento humano possa ser planejado, modelado ou
mudado por meio da utilização adequada dos vários tipos de recompensas ou
punições disponíveis no meio ambiente. A isso é dado o nome de reforçadores de
comportamento.
Se tratando de recompensas e punições Weinberg e Gould (2001)
abordam o assunto como se tratando de princípios do reforço onde embora haja
muitos princípios relacionados a mudanças de comportamento, essas duas são
premissas básicas que sublinham o reforço efetivo. Os mesmos autores reforçam
sua fala relatando que as pessoas reagem de diferentes formas ao mesmo reforço,
que pode não ser capazes de repetir um comportamento desejado e recebem
diferentes tipos de reforço em diferentes situações fazendo assim com que os
princípios do reforço sejam muito complexos de serem investigados.
Bergamini (1997) corrobora afirmando que, quando são administrados
prêmios oferecidos após a ocorrência de um comportamento desejável, ilustra uma
situação de feedback ou reforço positivo que estimula a adoção desse
comportamento de forma mais permanente. Uma forma de punição que é aplicada
após um comportamento indesejável é caracterizado ai como feedback ou reforço
59
negativo que tem o poder de diminuir a freqüência do uso de tal ação, chegando a
extinguir especificamente esse tipo de comportamento. (BERGAMINI, 1997).
Conforme Bergamini (1997) existe uma visão da motivação chamada de
comportamentalista que representa aquele típico enfoque no qual se defende o
determinismo no estudo da conduta de cada pessoa, negando dessa forma a
liberdade humana. Neste caso, simples estímulos ambientais é que representam o
comportamento humano, não havendo lugar para se pensar em automotivação.
2.5 ESTUDOS RELACIONADOS À MOTIVAÇÃO NO ESPORTE
Estudos realizados hoje em dia são utilizados como forma de
complemento para um melhor entendimento de como se da o comportamento
motivacional dos indivíduos. Com isto, neste estudo a qual o foco principal é a
motivação de jovens atletas na prática de exercício físico, serão apresentados
alguns estudos e pesquisas relacionados a este tema.
Balbinotti et al. (2011) apresenta um estudo no qual o objetivo central foi
verificar entre seis dimensões motivacionais, quais as que mais motivam jovens
praticantes de basquete escolar (13 a 16 anos) das categorias infantil e juvenil à
prática regular de atividade física e/ou esportiva; além disso o estudo busca verificar
se existem diferenças significativas entre os fatores motivacionais dessas categorias.
Para tanto, aplicou-se o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividades
Físicas e/ou Esportiva IMPRAFE-54 (BALBINOTTI e BARBOSA, 2008). Na categoria
Infantil, o que mais motiva os adolescentes à prática do basquetebol são as
dimensões Prazer, Competitividade e Saúde (1º), seguida pela Sociabilidade e
Estética (2º) e Controle de Estresse (3º). Na categoria Juvenil, mostraram-se
indissociáveis estatisticamente: Sociabilidade, Prazer, Competitividade, Saúde e
Estética. Portanto, com a realização deste estudo foi possível verificar que os atletas
da categoria Infantil praticam o esporte por motivos intrínsecos, já a categoria Juvenil
pratica por outras razões.
Em estudo com praticantes de academia de ginástica Balbinotti e
Capozzoli (2008) objetivaram verificar a existência (ou não) de diferenças
estatísticas significativas (p < 0,05) entre os índices motivacionais de seis dimensões
60
(controle estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer)
controlando-se as seguintes variáveis: sexo e grupo de idade. O IMPRAF-126
(Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física) foi respondido por
300 praticantes de ginástica em academias de Porto Alegre/RS, de ambos os sexos
e com idades variando entre 18 e 65 anos. As diferenças foram interpretadas
conforme a teoria da autodeterminação e do desenvolvimento vital humano. A partir
deste estudo foi possível verificar que a dimensão Saúde é a que mais motiva os
praticantes de ginástica em academias, quando controladas as variáveis sexo e
grupo de idade. Os autores da pesquisa sugerem que novos estudos devem ser
conduzidos a fim de verificar possíveis diferenças no perfil motivacional quando
controladas outras variáveis.
Fatores motivacionais que levam praticantes de musculação a treinar no
período vespertino foi o tema do estudo de Napoli e Sene (2008) que investigaram
freqüentadores da academia no período vespertino, residentes na cidade de
Jaguaruna – SC de ambos os sexos e com idade de 15 a 50 anos. O instrumento
utilizado para consecução dos resultados foi o Inventário de Motivação à Prática
Regular de Atividade Física adaptado de Balbinotti (2004). Os resultados
encontrados foram que a saúde é o fator mais freqüente que motiva os
freqüentadores, seguido pelo prazer, estética e controle de estresse, sociabilidade e
por ultimo competição. Percebeu-se que mais uma vez a saúde é o fator mais
motivante, neste caso dos freqüentadores de academia de ginástica. De encontro ao
conceito da Organização Mundial da Saúde que relata que ter saúde não é somente
à ausência de enfermidades e sim um estado de bem estar físico, mental e social.
Os expressivos resultados obtidos pelo tenista Gustavo Kuerten foram
responsáveis por um grande crescimento e desenvolvimento do tênis catarinense e
nacional, fazendo com que o interesse de crianças e adolescentes pela prática
aumentasse consideravelmente. Com base nisto Luiz (2010) se propôs a realizar um
estudo com jovens tenistas o qual tem como objetivo analisar a influência da
motivação na fase de iniciação e na fase de especialização na modalidade de tênis
de campo. 40 atletas de dois grupos distintos da modalidade de tênis de campo da
região de Florianópolis. Um grupo (grupo 1) foi composto por 20 atletas de 8 a 14
anos em fase de iniciação. O outro grupo (grupo 2) foi composto por 20 atletas de 14
a 18 anos em fase de especialização ambos na modalidade de tênis de campo.
Como instrumento da pesquisa foi utilizado o Questionário de Motivação para
61
Atividades Desportivas (QMAD), que identifica sete tipos de motivação para a prática
esportiva: status, diversão, afiliação, contexto, aptidão física, aperfeiçoamento
técnico e influência de família e amigos. A partir da aplicação do instrumento, foi
possível obter os seguintes resultados: O grupo que se encontrava na fase de
iniciação, foca a motivação principalmente no desenvolvimento relacionado à
aptidão física e no aperfeiçoamento técnico. No entanto, o grupo que se encontrava
na fase de especialização, leva em consideração como principais categorias de
motivação a vontade de ganhar e o sonho de seguir carreira na modalidade.
Na natação o tema motivação é do interesse de treinadores, pois
conhecendo o que motiva os atletas a permanecerem no esporte, poderão impedir o
abandono precoce na natação. Nesse tema Goularte (2010) analisou o perfil
motivacional dos nadadores da Equipe UNISUL. Para a coleta dos dados foi
utilizado um questionário elaborado e validado por Freitas (2002), estruturado em
três partes, onde a primeira parte trata dos dados pessoais, a segunda parte da
natação e treinamento de natação e a terceira parte trata dos aspectos que motivam
e desmotivam na natação. Participaram 15 atletas federados da equipe UNISUL de
natação, com idades entre 13 e 28 anos. Constatou-se que o principal motivo que
levou os atletas a iniciarem a prática da natação foi por vontade da família, que
ocorreu em média por volta dos 6,7 anos. A idade de início dos treinamentos
ocorreu, para os meninos, por volta dos 13,4 anos e para as meninas, aos 11 anos.
Com relação aos aspectos motivantes para o treinamento de natação, todos os
sujeitos encontram-se motivados intrinsecamente: dos 15 atletas, 5 responderam
treinar com o objetivo na tarefa ou na destreza desportiva e 10 responderam treinar
com objetivo no ego ou na competitividade.
Em pesquisa realizada por Viana (2009) baseia-se na Teoria da
Autodeterminação e com temática a motivação de adolescentes para a prática de
exercícios físicos. O estudo teve por objetivo verificar se existe relação entre as
regulações motivacionais e a prática de exercícios físicos de estudantes
adolescentes. A amostra foi composta por adolescentes de 14 até 18 anos
estudantes do Ensino Médio de escolas públicas estaduais do município de
Florianópolis/SC. Sendo, no total 400 estudantes (5% de erro amostral) de ambos os
sexos (53,8% meninas e 46,2% meninos). Além de um questionário de
caracterização, foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário de
Regulação de Comportamento no Exercício Físico – 2 / BREQ-2 (PALMEIRA et al.,
62
2007); Questionário de Avaliação da Atividade Física de Adolescentes (FLORINDO
et al., 2006); e os Estágios de Mudança de Comportamento relacionados ao
Exercício Físico (DUMITH, DOMINGUES e GIGANTE, 2008). Utilizou-se de
estatística não-paramétrica para a análise dos dados, com estabelecido de 0,05
como nível de significância. A maior parte dos estudantes (67,6%) pratica exercícios
físicos com regularidade (estágios de ação e manutenção), sendo os meninos mais
ativos fisicamente que as meninas. Quanto às variáveis motivacionais, os estudantes
mostram-se autodeterminados para a prática de exercícios físicos. Amotivação (x =
0,30) e regulação externa (x = 0,51) são baixas, enquanto regulação identificada ( x
= 2,74) e motivação intrínseca ( x = 3,19) apresentam índices superiores, resultando
em um elevado índice de autodeterminação ( x = 11,85). Meninos se mostram mais
motivados intrinsecamente e com maior regulação identificada do que as meninas.
As correlações observadas entre as variáveis motivacionais confirmam o
pressuposto do continuum da autodeterminação, pois as regulações motivacionais
se relacionam mais positivamente com os construtos mais próximos e mais
negativamente com os distantes. São mais autodeterminados e ativos fisicamente os
estudantes que praticaram mais exercícios no passado e tem uma boa avaliação
dessas práticas, quem tem avaliação mais positiva das aulas de Educação Física, e
quem tem melhor percepção de suas competências físicas (força, flexibilidade e
resistência aeróbia). Estudantes mais autodeterminados praticam mais exercícios
físicos do que os menos autodeterminados, pois: a) a 7 quantidade de prática de
exercícios físicos se relaciona negativamente com amotivação e regulação externa,
e positivamente com a regulação introjetada, regulação identificada e motivação
intrínseca, bem como com o índice de autodeterminação; e b) adolescentes em
estágios de mudança de comportamento mais evoluídos são menos amotivados e
apresentam maior regulação introjetada, regulação identificada, motivação intrínseca
e índice de autodeterminação. Os resultados confirmam as hipóteses de pesquisa e
os pressupostos da TAD, além de sua aplicabilidade no contexto do exercício físico
para a realidade brasileira.
Um estudo realizado por Paim (2001) teve como objetivo verificar quais
os motivos que levam adolescentes a praticar o futebol. A amostra foi composta por
100 sujeitos, praticante em clubes de iniciação desportiva de futebol, sendo que
eram 36 meninos e 16 meninas da UFSM e 34 meninos e 14 meninas do Clube
Recreativo Dores. Como instrumento metodológico utilizou-se o Inventário de
63
Motivação para prática Desportiva de Gaya e Cardoso (1998). Percebeu-se que os
resultados indicaram que os motivos mais fortes para o envolvimento dos
adolescentes no futebol estão relacionados á competência desportiva (72%) e saúde
(70%), ficando a categoria amizade e lazer com (67%) da preferência. Quanto ao
contexto social onde praticam, os adolescentes praticantes na UFSM apontaram
como fator mais importante a categoria competência desportiva com (87%) da
preferência, já os praticantes no Clube Dores apontaram como fator mais motivante
para a prática desportiva a categoria amizade e lazer com (79.0%) da preferência.
Ribeiro e Voser (2011) apresentam em seu estudo de cunho qualitativo
com objetivo de verificar fatores motivacionais que levam os atletas praticantes de
futebol de campo, a escolher a posição de goleiro. Constituiu a amostra 08 sujeitos,
da categoria profissional (2), juniores (2), juvenil (2) e infantil (2), de um clube
profissional de futebol de Porto Alegre. Foi realizada uma entrevista semi-
estruturada, contendo 06 perguntas abertas. Os resultados indicaram que o “gostar
de defender”, de realizar “grandes defesas” como seus ídolos, são os principais
fatores motivacionais que levaram os atletas praticantes de futebol de campo a optar
pela posição de goleiro. Os autores perceberam com a realização do estudo que
conhecer os motivos que levam atletas a optar pela posição de goleiro e algumas
peculiaridades do seu dia a dia ampliará as possibilidades do trabalho físico e
psicológico dos goleiros, respeitando-se as características e individualidades de
cada um.
Segundo Andrade et al (2006) muitos fatores físicos e psicológicos
influenciam o rendimento dos atletas sendo a motivação é um dos principais fatores
que contribuem para o rendimento de um atleta. Sendo assim Andrade et al (2006)
realiza um estudo com objetivo de verificar se o tempo de prática exerce alguma
influência na motivação intrínseca. A amostra foi constituída de 48 jogadores, do
sexo masculino, da categoria juniores, de equipes profissionais de futebol, com
média de idade de 17,5 anos e desvio padrão 1,28. Os atletas foram divididos em
dois grupos G1 (27) com mais de 10 anos de prática e G2 (21) com menos de 10
anos de prática. Foi aplicada uma análise de variância com nível de significância de
p<0,05. Os resultados demonstraram que não houve diferença significativa entre os
dois grupos na motivação intrínseca (p=0,733). Porém Andrade et al. (2006)
sugerem novos estudos com a motivação envolvendo outras variáveis e com outros
controles metodológicos.
64
Um estudo de corte transversal, realizado por Lorenzi et al. (2011) teve
objetivo de verificar a motivação para o esporte de 151 praticantes de futebol do
sexo masculino de um Clube profissional de Porto Alegre com idade entre 9 e 12
anos. Deste total, 90 eram praticantes da escolinha e 61 da seleção. Como
instrumento de medida utilizou-se o Inventário de Motivação para a prática
Desportiva de Gaya e Cardoso (1998), composto por 19 perguntas objetivas
subdivididos em 3 categorias: competência desportiva, amizade/lazer e saúde. Os
resultados apontam que na dimensão Amizade e Lazer a partir da análise de
variância revelou uma diferença significativa entre os grupos Escolinha e Seleção.
Os escores médios dos alunos da Escolinha superaram os dos integrantes da
Seleção. Parece lógico que os integrantes da Seleção sejam menos motivados a
praticar o esporte por aspectos relacionados com Amizade e Lazer do que os da
Escolinha (que têm menos objetivo de competir e, portanto, também menos motivos
em torno da tarefa). Contudo, nas dimensões Competência Desportiva e Saúde não
foram constatadas diferenças significativas entre os dois grupos. Também não
houve diferenças motivacionais para a prática desportiva entre as diversas posições
dos praticantes. Ainda, não houve correlação significativa entre idade e dimensões
da motivação. Os dados encontrados sugerem que outros estudos possam
aprofundar estas questões motivacionais que envolvem ambientes caracterizados
por serem mais competitivos e outros com o enfoque de formação e de lazer.
65
3 MÉTODO
3.1 TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa exploratória, com objetivo descritivo e enfoque
quantitativo, pois visa à descrição de aspectos motivacionais de atletas/alunos de
futebol bem como a relação destes aspectos entre um clube e uma escolinha de
futebol.
Assume a forma de pesquisa de campo, onde, visa proporcionar uma
visão parcial do problema ou de identificar possíveis fatores que o influenciam ou
são por eles influenciados. (GIL, 2002).
3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada com praticantes de um clube de futebol
(Figueirense Futebol Clube) localizado no bairro Estreito em Florianópolis e uma
escolinha de futebol (Genoma colorado) localizada no município de Palhoça.
A amostra que foi composta este estudo atinge o número de 72
alunos/atletas categoria infantil, todos do sexo masculino, sendo que 36 destes são
do Figueirense Futebol Clube e 36 da escolinha de futebol Genoma Colorado, onde
o tipo de seleção utilizada para escolha dos 72 sujeitos que participaram do estudo é
não probabilístico intencional e a partir dos critérios de inclusão descritos abaixo:
- Adolescentes de 13 a 15 anos da escolinha de futebol do Genoma
colorado e do Figueirense Futebol Clube;
- Estar matriculado e freqüentando escola da rede ensino público ou
particular da grande Florianópolis;
- Não utilizar medicamentos ou psicotrópicos que interfiram no
desempenho motor e cognitivo;
- Estar matriculado e freqüentar regularmente os treinamentos da
escolinha e do clube de futebol.
66
3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA
Para este estudo foi utilizado o Inventario de Motivação aplicada à
Atividade Física (IMFRAF – 126) desenvolvido por Balbiotti e Barbosa em Anexo K.
O IMPRAF – 126 pretende verificar 6 das possíveis dimensões associadas à
motivação para prática regular de atividade física. Trata-se de 126 itens agrupados 6
a 6, seguindo a seqüência das dimensões proposta por Balbinotti e Barbosa (2006)
a serem estudadas, a saber:
1) Controle de Estresse:
Expressa o desejo das pessoas de obter na atividade física alívio de suas
angústias, ansiedade, irritações e estresse. Estas pessoas estão interessadas na
sensação de descanso, sossego e repouso que elas experimentam quando praticam
atividades físicas.
2) Saúde:
Trata-se de pessoas interessadas em adquirir, manter e melhorar a saúde
desenvolver- se com saúde e evitar doenças. São pessoas que querem viver mais e
viver com boa qualidade de vida.
3) Sociabilidade:
Mede a motivação das pessoas que vêem na atividade física uma
oportunidade para encontrar, estar ou se reunir com os amigos. Considera-se como
um dos fatores motivacionais mais importantes para a prática de atividades físicas.
4) Competitividade:
Expressa a motivação das pessoas que querem competir, concorrer e
ganhar dos outros. Estas pessoas entendem que através das práticas esportivas
elas podem ganhar destaque, prêmios, vencer competições e obter retorno
financeiro.
67
5) Estética:
Este fator mede a motivação à prática de atividade física das pessoas que
querem ter ou ficar com um corpo bonito e definido. Estas pessoas querem se sentir
bonitas e atraentes e vêem na atividade física um modo de manter o corpo em forma
e ter um bom aspecto físico.
6) Prazer:
Este fator mede a motivação das pessoas interessadas no prazer que
elas experimentam quando atingem seus objetivos e ideais. Estas pessoas
entendem que a atividade física é fonte de satisfação, de sensação de bem estar e
uma forma de auto-realização.
Foi utilizado o IMPRAF – 126 neste estudo por tratar-se de um
instrumento desenvolvido no Brasil, e por buscar se aproximar da realidade cultural
do nosso país.
As respostas aos itens do IMPRAF – 126 são dadas conforme uma escala
de tipo LiKert, bidirecional graduada em 5 pontos, indo de “isto me motiva
pouquíssimo” (1) a “isso me motiva muitíssimo (5). Cada dimensão é analisada e o
resultado total também é obtido, pois todas as dimensões tem o mesmo número de
questões.
A apuração pode se feita manualmente pelo examinador ou pelos
respondentes. Para obter os escores brutos basta somar as respostas (valores de 1
a 5) nas linhas da Folha de Resposta ( Anexo L), incluindo apenas as colunas 1 a 8
(conforme Anexo L). Escreve-se a soma de cada linha na coluna B. Estes valores
correspondem aos escores brutos para cada dimensão.
Com o auxilio das tabelas normativas deste manual (Anexo M) o
examinador deverá transformar os escores brutos em percentil de acordo com o
sexo e idade do avaliado. Para tanto o examinador deve verificar, na tabela
adequada (de acordo com sexo e idade) a que percentil pertence o escore bruto
obtido em cada dimensão. O escore bruto, convertido em percentil deverá ser
anotado no gráfico que acompanha a folha de respostas. Este procedimento
permitirá ao examinador ter uma melhor visão do perfil motivacional do avaliado.
A confiabilidade (fidedignidade) e a validade de construto deste
instrumento foram testadas e demonstradas no estudo de Barbosa (2006).
68
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Para início de procedimento de coleta de dados, foi realizado contato com
os dirigentes das equipes Figueirense Futebol Clube e Genoma Colorado, para
explicar detalhadamente os objetivos da pesquisa bem como verificar a possibilidade
do desenvolvimento com seus atletas/alunos, onde foi assinada por um profissional
responsável a “Declaração de Ciência e Concordância das Instituições Envolvidas”.
E, posteriormente, foi agendado o dia para a entrega do documento: “Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido”, de acordo com o estabelecido pela comissão de
ética da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina). Isto para que os
responsáveis pelos jovens venham a permitir a participação dos mesmos na
pesquisa. Após aceitarem a participação no estudo, foi agendado um dia para a
aplicação do questionário com os adolescentes.
Após a submissão e aprovação do comitê de ética, a aplicação do
IMPRAF – 126 foi realizado com os adolescentes no início do treino, onde cada
participante da pesquisa teve um tempo de 25 (vinte e cinco) minutos para
responder ao Inventario.
3.6 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados quantitativos a partir da aplicação de IMPRAF – 126 foram
organizados e armazenados em tabelas utilizando o programa Microsoft Excel 2007.
Posteriormente os dados quantitativos foram tabulados de cada pesquisado a partir
dos escores validados e apresentados no (anexo B) para uso em referência a idade
(13 até 15 anos) sexo masculino.
A partir da tabulação dos escores padrões foi realizada a analise de cada
grupo (Grupo1 – escolhinha de futebol; Grupo 2 – Clube de futebol) em formato de
estatística descritiva (média) de cada dimensão do questionário em (Anexo H):
69
controle de estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer.
Também as médias de cada grupo foram relacionadas para atender os objetivos do
estudo.
70
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo a fim de responder a questão central desta pesquisa, serão
apresentados os resultados dos escores obtidos através do “Inventario de Motivação
a Prática Regular de Atividade Física” de Balbiotti e Barbosa a qual contempla as
dimensões da motivação referentes à: controle do estresse; saúde; sociabilidade;
competitividade; estética; e prazer. A seguir será exposto de forma descritiva, em
tabelas e gráficos os resultados estatísticos obtidos da escolinha e do clube de
futebol pesquisado, sendo que todos os atletas participantes são pertencentes a
categoria infantil das respectivas equipes.
4.1 PERFIL MOTIVACIONAL DOS ALUNOS DA ESCOLINHA DE FUTEBOL
A seguir a tabela 1 indica o perfil motivacional dos atletas jovens da
escolinha de futebol investigada. Observa-se que a dimensão motivacional
competitividade se destaca no gráfico apresentado um escore de 73.
Gráfico 1 – Perfil motivacional dos alunos da escolinha de futebol. Fonte: Elaboração dos autores, 2011.
71
Os resultados alcançados pela escolinha de futebol, referentes ao perfil
motivacional de seus atletas, aponta que a dimensão que tem maior predominância
é a competitividade, atingindo lugar de destaque no gráfico. Em seguida destacam-
se as dimensões prazer e saúde com índices bem próximos no que diz respeito ao
perfil dos atletas. E por último e não menos importantes encontram-se as dimensões
que demonstram menor relevância para os avaliados, sendo elas controle de
estresse, sociabilidade e estética.
Os achados referentes à dimensão competitividade demonstraram que
mesmo em uma escolinha de futebol onde o foco principal é a participação e
formação diferenciada, os alunos também se sentem motivados (e neste caso foi
sua maior motivação) pela competição, que conforme Azevêdo (2008 apud CASARI
e CELLA, 2008), devem ser disputadas esporadicamente em uma escolinha de
futebol.
Conforme Scaglia (1996) atualmente é grande a proliferação de
escolinhas de futebol em nossa sociedade, destinadas a acolher um público infantil e
adolescente. Segundo Silva e Malina (2000) o futebol por ser um dos esportes mais
difundidos do mundo, sua grande popularização vem trazendo novos adeptos a cada
dia. No entanto a alta competitividade e a busca ou “pressão” de se tornar um
jogador de futebol profissional, tem alimentado o desejo de meninos e meninas em
iniciar sua prática na modalidade cada vez mais cedo.
A dimensão prazer que se apresenta em destaque em alunos da
escolinha de futebol sugere que os mesmos estão realizando uma atividade
esportiva que gostam e que se sentem felizes proporcionando com isso sensação de
prazer. Segundo Barbosa (2006) os alunos entendem que a atividade física traz
sensação de bem estar e uma forma de auto-realização. Corroborando Samulski
(2002) afirma ser está uma sensação que motiva intrinsecamente o aluno, por estar
realizando uma atividade esportiva que lhes traz satisfação (neste caso específico o
futebol).
Os resultados demonstram que os alunos da escolinha se sentem
motivados na dimensão saúde, atingindo índices muito próximos da dimensão
prazer. Isto se da pela interiorização dos jovens as informações transmitidas pelos
pais, professores e também pelos meios de comunicação. Através disso o jovem
percebe que quando realiza um exercício físico (neste caso o futebol) os benefícios
72
para sua saúde são inúmeros, podendo lhe proporcionar uma melhor qualidade de
vida, além de uma vida ativa e saudável. Conforme Graça e Bento (1992 apud
BARBOSA, 2006), esse comportamento se da pelo fato de o individuo estar sendo
cada vez mais apontado como um co-responsável pela saúde e pelo estilo de vida
saudável.
A dimensão controle do estresse obteve resultados razoavelmente baixos,
em relação às dimensões anteriores, tendo em vista que nesta idade as
responsabilidades ficam em sua grande maioria a cargo dos adultos, Pergher et al.
(2006) afirma que as preocupações, ansiedade e responsabilidade normalmente são
menores nesta idade. Sendo o grupo pesquisado pertencente a um ambiente de
aprendizagem e formação, o nível de exigência por resultados competitivos é baixo,
possibilitando aos praticantes da modalidade mesmo que superficialmente (conforme
demonstra o gráfico 1), obter alívio de suas angústias, ansiedade e irritações.
As dimensões sociabilidade e estética demonstra-se de menor relevância
motivacional para a prática esportiva, segundo os resultados atingidos. Pois as
mesmas atingiram os índices mais baixos. Para Barbosa (2006, p. 15) dimensão
sociabilidade “mede a motivação das pessoas que vêem na atividade física uma
oportunidade para encontrar, estar ou se reunir com os amigos”. Sendo assim é
possível perceber que os alunos da escolinha no momento em que estão jogando
futebol estão criando oportunidades para estar e conversar com outras pessoas,
brincar com seus amigos e fazer parte de um grupo.
Mesmo sendo a dimensão estética referente a motivos relacionados à
busca de um modelo de corpo e de estética a qual a sociedade da uma grande
ênfase, os atletas consideram esta dimensão de baixa importância na sua motivação
para prática do futebol. Porém como destaca Lemos (2003) apud Pergher (2006) os
adolescentes, estão buscando constantemente a construção de um corpo aceito
pela sociedade.
73
4.2 PERFIL MOTIVACIONAL DOS ATLETAS DO CLUBE DE FUTEBOL
A tabela 2 a seguir apresenta as dimensões motivacionais que melhor
representam o perfil dos atletas do clube de futebol, sendo que a dimensão que se
destaca é a competitividade. Esta dimensão apresentou 77 de escore, indicando
uma alta motivação dos atletas pela competitividade.
Gráfico 2 – Perfil motivacional dos atletas do clube de futebol. Fonte: Elaboração dos autores, 2011.
Os valores das dimensões da motivação atingidos pelos atletas
pertencentes ao clube de futebol demonstram que a competitividade se coloca em
primeiro lugar no que diz respeito ao perfil motivacional dos atletas. Em seguida
destaca-se o prazer pela prática esportiva em relação às demais dimensões, sendo
elas controle de estresse e saúde, seguido de sociabilidade. A partir do gráfico 2 é
possível perceber que para os atletas a dimensão que apresenta menor relevância
motivacional é a estética, sendo a que contém os menores valores em percentil.
Concordado com os achados desse estudo, sendo os atletas de um
clube de futebol orientados a busca de melhor performance, onde o processo de
treinamento ocorre de forma extenuante pelo aperfeiçoamento de movimentos e
74
gestos técnicos, é possível perceber que pela busca de melhores resultados os
atletas estão mais motivados pela dimensão competitividade. (PAOLI, 2008 apud
BARBOSA, 2006).
Segundo Weinberg e Gould (2001) quando se fala em competitividade,
trata-se do prazer de competir e o desejo de lutar por sucesso em competições.
Samulski (2002) ainda afirma que o atleta pode estar orientado ao objetivo ou,
orientado á vitória. Os atletas com a orientação dirigida ao objetivo possuem foco
nos padrões de desempenho pessoal. Já atletas com orientação á vitória possuem
foco na comparação interpessoal e na vitória da competição. Com base nisto é
possível perceber que os altos índices de percentil apresentados pelos atletas, se da
pela alta motivação em competição, seja por comparação com os colegas pela
titularidade na equipe ou, no intuito de ter bons resultados em campeonatos e jogos.
É certo que os jovens atletas pertencentes a um clube de futebol
preparam-se durante anos na busca de uma oportunidade de mostrar seu talento na
equipe principal, no entanto uma ferramenta fundamental para o alcance deste
objetivo é o prazer. Pois, segundo Tavares (2011) os altos escores na dimensão
prazer, indicam que estes atletas sentem-se motivados em realizar a exercício físico
pela satisfação obtida em sua prática. Com base nisto se justifica o alto nível da
dimensão prazer apresentada pelos atletas.
A terceira dimensão, controle de estresse demonstrou um resultado
interessante, pois se tratando de um esporte de alto nível e alta competitividade a
busca excessiva por resultados acaba pondo o atleta em constante pressão. Apesar
disto os resultados demonstraram que estes atletas encontram na prática esportiva
uma forma de controlar a ansiedade e o estresse da vida cotidiana, ou seja, sua
prática esta atrelada ao prazer e a sensação de bem estar que este esporte lhe
proporciona. Entretanto, cabe salientar que a prática esportiva, em especial a
competição, pode ser fonte de estresse para os indivíduos, a ponto de causar o
abandono desta prática (GOULD et al., 1996; FONSECA, 2004 apud PERGHER et
al. 2006).
Em relação à dimensão saúde, Deci e Ryan (2000) citado por Pergher et
al. (2006) destacam que jovens atletas tem interesse por essa dimensão, pelo fato
da saúde estar intimamente relacionada com uma melhora em sua condição física e
psicológica. Dessa maneira esses jovens praticantes desta atividade esportiva
(futebol), acreditam estar adquirindo qualidade de vida de uma forma prazerosa.
75
Tavares (2011), afirma ainda que a dimensão saúde esta atrelada a
motivação extrínseca do adolescente, identificada como um aspecto de relevância
atribuída a terceiros que pode vir a se interiorizar com o passar do tempo, formando
assim, um individuo com maior autonomia no que diz respeito a sua saúde.
Alcançando os mesmos valores da dimensão saúde a dimensão
sociabilidade conforme Ryan e Deci (2000) apud Barbosa (2006) esta vinculada á
necessidade de afiliação de McClelland, sendo esta uma das necessidades
psicológicas básicas. Hampton (1990) relata que o atleta centra sua atenção na
manutenção de seus relacionamentos interpessoais, por vezes em detrimento de
seus interesses individuais, se relacionando cordial e afetuosamente com as
pessoas. Isso explica o fato de os atletas apresentarem níveis consideráveis desta
dimensão.
Já os resultados da dimensão estética, sendo neste estudo a dimensão
de menor relevância para os atletas, podem ser explicados por Barbosa (2006). Pois
na idade de categorias infantis no futebol os jovens atletas se comparam muito com
os outros pela aparência física e desempenho. Desta forma, esta dimensão passa a
ter papel importante na motivação dos atletas para a prática do futebol.
76
4.3 RELAÇÕES DO PERFIL MOTIVACIONAL DOS ALUNOS DA ESCOLINHA E
ATLETAS DO CLUBE DE FUTEBOL
O gráfico 3 apresenta a relação das dimensões de motivação de cada
grupo pesquisado (grupo 1 – escolhinha de futebol; grupo 2 – clube de futebol).
Observa-se que as dimensões que apresentam destaque nos dois locais
pesquisados é a competitividade. Porém os valores são maiores no grupo 2
atingindo 77 de escore enquanto o grupo 1 apresenta 73 de escore.
Gráfico 3 – Perfil motivacional da escolinha e do clube de futebol. Fonte: Elaboração dos autores, 2011.
A discussão dos resultados a partir da relação entre clube e escolinha foi
realizada seguindo uma ordem decrescente, ou seja, inicia-se pelas dimensões que
obtiveram maiores valores e finaliza-se com as de menores valores com base no
escore validado para uso de jovens de 13 ate 15 anos do sexo masculino.
A dimensão que se destaca no gráfico 3 tanto para o grupo 1 como para o
grupo 2 é a competitividade, atingido os maiores escores quando comparados as
demais dimensões. Porém o grupo 2 obteve maior representatividade nessa
dimensão quando relacionado com o grupo 1.
77
O futebol é um esporte conhecido e praticado em todo o mundo. Sua
prática em equipes profissionais nos últimos tempos busca constantemente revelar
jovens atletas com o intuito de vislumbrar rentabilidade para o clube em um futuro
próximo. (STAHELIN, 2008). Por possuir essa característica empresarial o mundo
futebolístico exige cada vez mais de seus atletas bons resultados para as equipes e
excelentes desempenhos individuais. Com isto é possível perceber que o atleta no
ingresso de um clube profissional, permanece motivado pela competição no intuito
de obter resultados individuais e fazer parte do “mercado da bola” onde surge a
oportunidade de uma possível compra e/ou venda do jogador para um clube de
maior “porte”, com melhores estruturas, salários mais altos, maior visibilidade etc.
(STAHELIN, 2008).
Da mesma maneira os alunos do grupo 1 que buscam no futuro fazer
parte de um clube, percebendo que o fluxo de atletas em diversas equipes
profissionais é grande, se mantém motivados em competições onde tem a
possibilidade de alcançar maior visibilidade por agentes esportivos, empresários ou
“olheiros” que constantemente buscam jovens atletas. Pois, hoje em dia, com os
meios de comunicação ficou mais fácil o acesso aos conteúdos relacionados ao
esporte principalmente o futebol, possibilitando que cada vez mais crianças e
adolescentes sejam inseridos nesta modalidade. Muitas vezes esta inserção vem por
influência dos pais, amigos, ou pelo próprio prazer adquirido no esporte. (KNIJNIK et
al. 2001). Com isto cabe salientar que os profissionais envolvidos com grupos que
apresentam tais características (grupo 1) devemb desenvolver estratégias para não
queimar etapas no desenvolvimento dos jovens envolvidos, e ao mesmo tempo fazer
com que estes permaneçam na atividade.
A dimensão prazer se relacionada às demais dimensões se destacou nos
dois grupos pesquisados, atingindo o segundo lugar em ambos no que diz respeito à
motivação. Já na relação “grupo 1 x grupo 2” o que apresentou maiores valores foi
novamente o grupo 2, porém com pouca diferença ao grupo 1.
Sentir-se realizado, sensação de bem estar, auto-realização e satisfação
são todas características apresentadas por atletas profissionais e/ou até mesmo
alunos de uma escola de futebol a qual sentem grande motivação em realizar uma
atividade esportiva que lhes proporcione prazer. Samulski (2002) relata que estes
indivíduos que se encontram nesta situação estão intrinsecamente motivados, ou
78
seja, esses jovens são motivados pela satisfação inerente a prática esportiva (nesse
caso o futebol).
Para Wankel (1993) apud Barbosa (2006) a dimensão prazer pode ser
apontada como a mais comumente responsável pela manutenção da prática de
atividade física. O mesmo autor ainda afirma que a grande parte dos estudos sobre
as motivações que levam adolescentes a prática de atividade física, revela que o
prazer obtido pelos jovens na prática desta atividade é fundamental na criação do
habito de prática esportiva. Sendo assim a grade motivação dos grupos estudados
pela dimensão prazer se justifica pelo simples fato de todos os jovens engajados
nesta modalidade (futebol) gostarem de praticar o esporte e, com isso, se sentirem
motivados intrinsecamente em sua realização.
No grupo 1 a dimensão saúde é a que se destaca na seqüência apontada
como fator motivador na prática do futebol. Porém no grupo 2 a dimensão de
destaque é o controle de estresse nessa seqüência indicada. Quando feita a relação
das dimensões saúde e controle de estresse nos grupos 1 e 2 é possível perceber
através do gráfico que: a dimensão controle de estresse referente ao grupo 2 possui
escore 63 enquanto no grupo 1 o escore foi 51. Sugere-se que esse destaque para a
dimensão controle de estresse no grupo 2 pode ser indicado pela satisfação e
sensação de bem estar e prazer percebida nos atletas na realização da modalidade
de futebol. Pois mesmo estando na prática diária – ou quase diária de treinamento
esportivo repetitivo, visando alcançar uma melhor performance e resultados, o
esporte pode ser utilizado como uma forma de controle da ansiedade e do estresse
durante a rotina de treinos, e, também no cotidiano dos pesquisados. Da mesma
maneira o grupo 1 também utiliza o esporte como uma ferramenta neste sentido,
mesmo sem exigências por resultados em competições os alunos deste grupo
(grupo 1), utilizam o esporte para aliviar as tensões e ansiedades do dia a dia, sendo
estas constantes durante o período da adolescência. (BALBINOTTI, 2008).
Já em relação à dimensão saúde o gráfico demonstra do grupo 1 escores
63 e no grupo 2 escores 61, sendo nesse menor escore, porém mesmo assim com
valores altos pois estão acima de 50 no que diz respeito aos de valores de escore.
Sendo o grupo 1 voltado ao esporte participação, tem-se a percepção social de que
a prática de uma modalidade esportiva proporciona ao individuo a diminuição ou
ausência de doenças. Os esportes de participação caracterizam-se como uma forma
de fácil acesso a uma vida ativa e saudável. Principalmente para crianças e jovens a
79
qual essa prática previne a obesidade, reduz hábitos não saudáveis, controla fatores
de risco a doenças, além de diminuir a possibilidade de sedentarismo na vida adulta.
(BARBOSA, 2006). Também sendo significativo no grupo 2 que o esporte de
rendimento possibilita saúde adquirida a partir de sensação de bem-estar físico,
mental e espiritual, a qual é muito importante durante os períodos de treinamentos e
competição.(BARBOSA, 2006). Porém é importante salientar que as cargas
extenuantes de treinamento para atingir performance, muitas vezes se associa a
ocorrência de lesões. Lesões estas que podem afetar a saúde do atleta. E isso deixa
uma incógnita na cabeça de muitos profissionais que atuam nesta área: será que os
esportes de alto rendimento podem ser considerados saudáveis?(BARBOSA, 2006).
A sociabilidade e saúde são dimensões motivacionais melhor
representam na seqüência o perfil dos alunos avaliados no grupo 1. Em contra
partida no grupo 2 a dimensão é o controle de estresse.
Sendo as dimensões saúde e controle de estresse já relacionadas nos
parágrafos anteriores é importante dar ênfase a relação entre grupo 1 e grupo 2 na
dimensão sociabilidade. Nesta comparação é possível visualizar através do gráfico 3
que o segundo grupo (grupo 2) atinge escore 62, indicando valores maiores em
relação ao grupo 1, escore 50, nesta dimensão. Contudo, esse aspecto pode ser
sugerido, em função dos atletas do grupo 2, mesmo com enfoque de treinamento
não educativo e sim competitivo, com exclusões de indivíduos em função de
rendimentos individualizados, 70 % dos pesquisados do grupo residem e estudam
no mesmo local, possibilitando a maior interação social. Além disso, segundo
Tavares (2011) para se tornar um atleta profissional é preciso se dedicar durante
logos anos na modalidade. Sendo assim é de extrema importância utilizar
ferramentas que possibilitem a permanência do individuo na modalidade de uma
forma prazerosa e satisfatória. Com isso, ter relacionamentos sociais, criando laços
de amizades, pertencendo a um grupo, entre outras estratégias, contribui
sobremaneira para permanência do atleta na modalidade. E com o grupo 1 não é
diferente, segundo Allen (2003) apud Barbosa (2006) a sociabilidade é o fator
motivacional que melhor tem explicado a participação de jovens e atividades
esportivas coletivas. O comportamento do grupo 1 corrobora ao que afirma Tavares
(2011) onde a prática do futebol possibilita aos jovens a oportunidade de aprender
e desenvolver-se a partir da convivência social, com os amigos e fazer novas
amizades.
80
Por último a dimensão estética nos dois grupos de indivíduos
pesquisados, indicou menor relevância motivacional na prática da modalidade
(grupo 1 – 50 de escore) e (grupo 2 – 56 de escore), ou seja, em ambos os grupos
esta dimensão demonstra que a construção e a manutenção da imagem corporal
possuem baixa representativa como fonte de motivação. Além da dimensão estética
a sociabilidade no grupo 1, apresentou um dos menores escores do mesmo grupo
(50 de escore).
81
5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES
Neste estudo conforme fora proposto, à motivação foi o tema principal
abordado. Pesquisada por vários autores o tema (motivação) pode ser considerada
um processo psicológico básico de relativa complexidade, pois se trata de um
fenômeno não diretamente observado e que auxilia na explicação e na compreensão
das diferentes ações e escolhas individuais. Durante o transcorrer deste estudo foi
possível observar que a motivação, utiliza-se de algumas teorias para um melhor
embasamento teórico no intuito de beneficiar os profissionais envolvidos nesta área.
No âmbito esportivo os estudos e pesquisas que abordam este tema
(motivação) preocupam-se em entender o que motiva um individuo a ter determinado
comportamento frente a uma situação. Sendo que os esforços de um atleta para
alcançar determinados objetivos consistem em um processo diretamente ligado a
motivação deste individuo durante a prática da modalidade.
Sendo assim, diante da perspectiva apresentada, este estudo teve por
objetivo compreender os fatores motivacionais na prática dos atletas jovem de
futebol em escolinha e clube de futebol, sendo que ambos são pertencentes à
mesma faixa etária. Para responder a este objetivo foram realizadas descrição e
comparação dos índices médios obtidos a partir da avaliação de seis dimensões
motivacionais, a saber, controle do estresse, saúde, sociabilidade, competitividade,
estética e prazer, de uma amostra de 36 alunos infanto-juvenil de uma escolinha de
futebol de Santa Catarina e 36 atletas infanto-juvenis da categoria de base de um
clube de futebol de Santa Catarina, onde somando as duas equipes têm-se o
número de 72 participantes da pesquisa.
Os resultados alcançados pela escolinha de futebol, referentes ao perfil
motivacional de seus alunos, aponta que a dimensão que tem maior predominância
é a competitividade, atingindo um valor de escore 73. Em seguida destacam-se as
dimensões prazer (valor de escore 64) e saúde (valor de escore 63) no que diz
respeito ao perfil dos atletas. E por último, porém não menos importantes
encontram-se as dimensões que demonstram menor relevância para os avaliados,
sendo elas controle de estresse a qual apresentou um escore de 51, sociabilidade e
estética ambas com valor 50 de escore.
82
Em relação aos achados do perfil motivacional dos atletas do clube de
futebol, os mesmos demonstram que a competitividade se coloca em primeiro lugar
no que diz respeito à motivação para prática do futebol (valor de escore 77). Em
seguida com valor de escore 68 destaca-se a dimensão prazer pela prática da
modalidade, sendo que o controle do estresse é a dimensão que se encontra na
seqüência com valor de escore 63. As dimensões saúde e sociabilidade atingiram
valores de escore 62 nas duas dimensões. Já a estética é a dimensão de menor
representatividade para a prática do futebol segundo os atletas do clube, atingindo
valor de escore de 56.
Sendo assim na relação das dimensões de motivação de cada grupo
pesquisado (sendo grupo 1 escolinha e grupo 2 clube) os valores apresentados em
quase todas as dimensões investigadas foram superiores no grupo 2, exceto na
dimensão saúde a qual o grupo 1 obteve valores maiores, segundo (BARBOSA,
2006) porque o jovem percebe que quando realiza um exercício físico (neste caso o
futebol) os benefícios para sua saúde são inúmeros, podendo lhe proporcionar uma
melhor qualidade de vida, além de uma vida ativa e saudável
Um ponto importante a se destacar no estudo, foram os valores
apresentados pelo grupo 1 (escolinha) na dimensão sociabilidade, onde esta
apresenta valores considerados baixos se relacionados as demais dimensões de
ambos os grupos. Sendo que um dos objetivos do esporte de formação é
proporcionar aos jovens um ambiente favorável para estar, conviver, conversar com
outras pessoas, brincar com seus amigos e fazer parte de um grupo.
Outra característica importante a se destacar em relação aos indivíduos
avaliados são os altos escores obtidos para a motivação à prática de exercício físico,
ou seja, os dois locais pesquisados apresentaram escores iguais ou superiores a 50.
Esses resultados apontam que o perfil geral da população pesquisada é de alunos e
atletas altamente motivados para a prática do futebol sendo extremamente
competitivos obtendo muito prazer e satisfação com esta atividade.
Cabe salientar a importância da motivação, como um dos fatores
psicológicos de grande destaque para a pedagogia do treinamento desportivo,
(planos de ensino, planejamento, conteúdo programático, entre outros)
principalmente se tratando de equipes a qual se motivam pela competição. Pois, é
possível perceber que se bem organizada e instruída a competição pode contribuir
para a formação de jovens esportistas. Mas em contrapartida, sabe-se que a
83
valorização excessiva dos resultados pode diminuir a motivação intrínseca dos
atletas, chegando ao ponto de ocasionar o abandono da prática esportiva. Portanto
as dimensões controle de estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e
prazer são fontes de informação muito valiosas para os profissionais que atuam na
área esportiva, permitindo que tenham melhor entendimento de como esses
elementos funcionam e interagem no individuo na prática de uma modalidade. Com
esse estudo espera-se também contribuir para descoberta dos fatores motivacionais
que estimulam a permanência dos jovens nos esportes.
Durante a realização do estudo as dificuldades encontradas para a
realização dessa pesquisa no clube, referem-se à disponibilidade dos atletas para se
realizar a coleta de dados, já que estes possuem uma rotina intensa de treinos e
competições, além das atividades escolares e de lazer. Já na escolinha de futebol as
dificuldades encontradas foram referentes à ausência dos alunos durante os dias de
coleta de dados, sendo que estes justificaram o não comparecimento na data
marcada devido à grande quantidade de atividades escolares extraclasse.
Sendo assim, após a realização deste estudo sugere-se a realização de
outros em diferentes cidades, com intervalos maiores de idades, em diferentes
modalidades, nas mais diversas populações.
84
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90
ZANELLI, J Carlos; et al. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
91
ANEXOS DO PROJETO E RELATÓRIO DE ESTAGÍO
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ANEXO A – INVENTÁRIO DE MOTIVAÇÃO À PRÁTICA REGULAR
DE ATIVIDADE FÍSICA
INVENTÁRIO DE MOTIVAÇÃO À PRÁTICA REGULAR DE ATIVIDADE FÍSICA Este inventário visa conhecer melhor as motivações que o levam a realizar (ou o mantém realizando) atividades físicas. As afirmações (ou itens) descritas abaixo podem ou não representar suas próprias motivações. Indique, de acordo com a escala abaixo, o quanto cada afirmação representa sua própria motivação para realizar uma atividade física. Note que, quanto maior o valor associado a cada afirmação, mais motivadora ela é para você. Responda todas as questões de forma sincera, não deixando nenhuma resposta em branco. 1 – Isto me motiva pouquíssimo 2 – Isto me motiva pouco 3 – Mais ou menos – não sei dizer – tenho dúvida 4 – Isto me motiva muito 5 – Isto me motiva muitíssimo Responda, na Folha de Respostas, as seguintes afirmações iniciadas com: Realizo atividades físicas para... 1
2
1.diminuir a irritação 7.ter sensação de repouso 2.adquirir saúde 8.melhorar a saúde 3.encontrar amigos 9.estar com outras pessoas 4.ser campeão no esporte 10.competir com os outros 5.ficar com o corpo bonito 11.ficar com o corpo definido 6.atingir meus ideais 12.alcançar meus objetivos 3
4
13.ficar mais tranqüilo 19.diminuir a ansiedade 14.manter a saúde 20.ficar livre de doenças 15.reunir meus amigos 21.estar com os amigos 16.ganhar prêmios 22.ser o melhor no esporte 17.ter um corpo definido 23manter o corpo em forma 18.realizar-me 24obter satisfação 5
6
25.diminuir a angústia pessoal 31.ficar sossegado 26.viver mais 32.ter índices saudáveis de aptidão física 27.fazer novos amigos 33.conversar com outras pessoas 28.ganhar dos adversários 34.concorrer com os outros 29sentir-me bonito 35.tornar-me atraente 30.atingir meus objetivos 36.meu próprio prazer 7
8
37.descansar 43.tirar o estresse mental 38.não ficar doente 44.crescer com saúde 39.brincar com meus amigos 45.fazer parte de um grupo de amigos 40.vencer competições 46.ter retorno financeiro 41.manter-me em forma 47.manter um bom aspecto físico 42.ter a sensação de bem estar 48.me sentir bem
93
Balbinotti; Barbosa, 2006. 9 49.ter sensação de repouso 50.viver mais 51.reunir meus amigos 52.ser o melhor no esporte 53.ficar com o corpo definido 54.realizar-me
94
Sexo:
Data:
Dados de Identificação
Nome:
Idade:
ANEXO B – FOLHA DE RESPOSTAS – IMPRAF 126
Transformar Escores
Brutos (B) em Percentis
CE SA SO CO ES PR
99 99
95 95
90 90
85 85
80 80
75 75
70 70
65 65
60 60
55 55
50 50
45 45
40 40
35 35
30 30
25 25
20 20
15 15
10 10
95
ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE DE SANTA CATARINA
COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA- CEP UNISUL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Estamos convidando seu filho a participar de um estudo intitulado: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL que tem como
objetivo buscar verificar qual perfil de motivação do atleta de futebol jovem de uma escolinha e um clube de futebol.
Para tanto convidamos seu filho a participar do estudo, onde sua participação consiste em responder ao questionário IMPRAF - 54 (Inventário de Motivação aplicada à Atividade Física). O inventário pretende verificar 6 das possíveis dimensões associadas à motivação para prática regular de atividade física. Trata-se de 54 itens agrupados 6 a 6, seguindo a seqüência das dimensões a serem estudadas, a saber: controle de estresse ( ex.: liberar tensões mentais), saúde ( ex.: manter a forma), sociabilidade (ex.: estar com amigos), competitividade (ex.: vencer competições), estética (ex.: manter bom aspecto) e prazer (ex.: meu próprio prazer). Será aplicado com os adolescentes no início ou final do treino, onde cada participante da pesquisa terá um tempo de 25 ( vinte e cinco ) minutos para responder ao Inventário.
Lembrando que seu filho não é obrigado a responder todas as perguntas e poderá desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, sem ser prejudicado por isso. A partir dessa pesquisa, como benefício você poderá compreender o papel da motivação em atletas jovens de uma escolinha e um clube de futebol, bem com esta influencia no comportamento dos mesmos. Como o objetivo da pesquisa é compreender a influência da motivação no desempenho do atleta, não são previstos desconfortos durante a aplicação do questionário. Mas, caso você se sinta desconfortável com a aplicação, é importante que diga isso ao pesquisador para que ele possa auxiliá-lo.
Gostaríamos de deixar claro que está garantida a confidencialidade das informações que seu filho fornecer. Com isto, solicitamos a sua autorização para o uso dos dados de seu filho para a produção de artigos técnicos e científicos. A privacidade do mesmo será mantida através da não-identificação do nome dele.
Agradecemos a participação e colaboração do seu filho. Caso exista alguma dúvida sobre a pesquisa, favor entrar em contato com o
pesquisador no endereço ou no telefone abaixo:
Prof a. Tatiana Marcela Rotta Rua Atlântida, 97 Bairro: Campeche Florianópolis, SC. Telefones: (48) 84085480 E-mail: [email protected]
96
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de forma clara e
objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a respeito de meu filho
serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo, as medições dos experimentos/procedimentos de
tratamento serão feitas em meu filho .
Declaro que fui informado que posso retirar meu filho do estudo a qualquer momento.
Nome por extenso _________________________________________________________ .
Assinatura _____________________________________ Palhoça ____/____/____