perfil motivacional de jovens atletas de futebol

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROBSON MANOEL HELIODORO PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL Palhoça 2011

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Page 1: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROBSON MANOEL HELIODORO

PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

Palhoça 2011

Page 2: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

ROBSON MANOEL HELIODORO

PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

Relatório de estagio apresentado ao Curso de Educação Física e Esporte da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Educação Física e Esporte.

Orientador: Prof.ª Tatiana Marcela Rotta, Msc.

Palhoça 2011

Page 3: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pela oportunidade de existir

e me desenvolver como pessoa. Agradeço aos meus pais (Elis Regina e José

Carlos) e avós (Pedro Paulo e Maria Domingos) por me proporcionarem uma

educação privilegiada e sempre me apoiarem em meus projetos.

Gostaria de agradecer também aos professores que contribuíram para a

minha formação acadêmica e conseqüentemente no desenvolvimento deste

trabalho, sendo estes: Adriana Salum, Alzira Isabel da Rosa, Carlos Eduardo de

Camargo, Elinai dos Santos Freitas, Fabiana Figueiredo, Gean Carlos Fermino,

Gilberto Vaz, João Geraldo Campos, João Kiyoshi Otuki, José Roberto Triches,

Jucemar Benedet, Maria Letícia Pinto da Luz, Rafael Andreis, Simone Karmann,

Tiago Costa Baptista, Ubirajara dos Santos, Vanessa Francalacci(coordenadora).

Especialmente a Professora Tatiana Marcela Rotta a qual me orientou durante o

longo período de realização deste estudo.

Meu muito abrigado aos meus colegas de sala: Ana Maria, Anne Kelly,

Fernando Luiz Bento, Maristela Lopes, Monique Martins, Renata Abreu, Tiago

Rodrigues e Uili Turibiu. Meus colegas de trabalho: Amadeu Leal, Ismael Martins,

Flávio da Silveira, Wendell Gean e Maicon Wronsk (Chefe). Meu muito obrigado pela

parceria. Minha grade amiga e “madrinha” Sâmara Josten Flores. Meu muito

obrigado também ao Fabio Ribeiro, a qual permitiu que realizasse o estágio

obrigatório em sua instituição. E aos demais colegas que ali trabalharam comigo

(Wanderson Muller, Luiz).

Por fim agradeço a minha namorada Scheila Souza da Silva, pelo apoio e

paciência durante este período.

Page 4: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

É melhor conseguir sabedoria do que ouro; é melhor ter conhecimento do que prata. Provérbios: 16; 16

Quem presta atenção no que lhe ensinam terá sucesso; quem confia no

Senhor serão felizes Provérbios: 16; 20

Page 5: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

RESUMO

O futebol é considerado o esporte mais popular do mundo. E com o passar dos anos

tem atraído cada vez mais adeptos, porém professores, técnicos e instrutores

freqüentemente se perguntam por que alguns indivíduos durante a prática desta

modalidade são altamente motivados, envolvidos com as atividades e lutam

constantemente por sucesso, enquanto outros indivíduos não demonstram interesse

e disposição mínima em participar, mesmo assim se fazem presentes durante os

dias de jogos e competições. Sendo assim este estudo objetivou compreender os

fatores motivacionais à prática de futebol por jovens em escolinha e clube de futebol,

sendo que ambos são pertencentes à mesma faixa etária. Quanto ao seu

delineamento, esta pesquisa caracteriza-se como um levantamento com abordagem

qualitativa. A amostra foi composta por 72 indivíduos, na faixa etária de 13 a 15

anos, do gênero masculino, sendo 32 alunos de uma escolinha de futebol e 32

atletas da categoria de base de um clube de futebol profissional, ambos localizados

em Santa Catarina. Para responder aos objetivos da pesquisa, foi realizada uma

descrição e comparação dos índices médios obtidos a partir da avaliação de seis

dimensões motivacionais (controle do estresse, saúde, sociabilidade,

competitividade, estética e prazer). Para tanto, foi aplicado o “Inventário de

Motivação à Prática Regular de Atividade Física” da autoria de Balbinotti e Barbosa

(2006). Constatou-se que o que mais motiva esses jovens para prática do futebol,

tanto o clube quando a escolinha é a competitividade, seguido pelo prazer. Em

contra partida a dimensão motivacional que demonstrou menor relevância para os

jovens nos dois locais pesquisados foi à estética. Para todas as dimensões

motivacionais investigadas foram obtidos escores elevados, resultado que aponta

que os atletas avaliados são altamente motivados para a prática do futebol.

Palavras-chave: Motivação. Futebol. Jovens.

Page 6: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

LISTA DE FIGURAS TABELAS E QUADROS

TABELA 1 - Motivos de participação em esportes infanto-juvenil .............................33

FIGURA 1 - Determinantes da motivação .................................................................40

FIGURA 2 - Motivação para a prática esportiva como resultado de interação entre fatores pessoais e situacionais..................................................................................41

FIGURA 3 - Modelo de necessidade para o rendimento...........................................46

FIGURA 4 - Categorias basicas de atribuição...........................................................50

QUADRO 1 - Atribuições e motivação do rendimento...............................................50

FIGURA 5 - Determinantes da teoria de metas da performance...............................52

FIGURA 6 - Teoria da motivação entre competência e motivação............................55

GRÁFICO 1 - Perfil motivacional dos alunos da escolinha de futebol.......................70

GRÁFICO 2 - Perfil motivacional dos atletas do clube de futebol .............................73

GRÁFICO 3 - Perfil motivacional da escolinha e do clube de futebol........................76

Page 7: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................8

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA ................................................8

1.2 OBJETIVO GERAL..............................................................................................10

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................10

1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................10

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................13

2.1 FUTEBOL............................................................................................................13

2.1.1 Histórico do Futebol no Mundo ....................................................................13

2.1.2 Histórico do Futebol no Brasil ......................................................................17

2.1.3 Futebol e Sociedade.......................................................................................19

2.1.4 Categorias de base e escolinhas no futebol ................................................22

2.2 ADOLESCÊNCIA ................................................................................................25

2.2.1 Atividade física na adolescência ..................................................................29

2.3 MOTIVAÇÂO.......................................................................................................33

2.3.1 Conceito de motivação ..................................................................................33

2.3.2 Teorias da motivação.....................................................................................34

2.3.2.1 Teoria da hierarquia das necessidades.........................................................35

2.3.2.2 Teoria ERC....................................................................................................36

2.3.2.3 Teoria das necessidades (afiliação, poder e realização)...............................37

2.3.4 Motivação no Esporte ....................................................................................39

2.3.5 Teorias de motivação para o rendimento no esporte .................................44

2.3.5.1 Teoria da necessidade de realização............................................................45

2.3.5.1.1 Fatores Pessoais........................................................................................45

2.3.5.1.2 Fatores situacionais....................................................................................46

2.3.5.1.3 Tendências resultantes ..............................................................................47

2.3.5.1.4 Reações emocionais ..................................................................................47

2.3.5.1.5 Comportamento de Performance ...............................................................47

2.3.5.2 Teoria de atribuição.......................................................................................48

2.3.5.3 Teorias das metas para o rendimento...........................................................51

2.3.5.3.1 Metas orientadas para o resultado final......................................................53

2.3.5.3.2 Metas orientadas para a tarefa...................................................................53

Page 8: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

2.3.5.4 Teoria da motivação para a competência......................................................54

2.4 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA E MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA................................55

2.4.1 Motivação intrínseca ......................................................................................56

2.4.2 Motivação extrínseca .....................................................................................58

2.5 ESTUDOS RELACIONADOS À MOTIVAÇÃO NO ESPORTE.............................59

3 MÉTODO................................................................................................................65

3.1 TIPO DE PESQUISA ...........................................................................................65

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA .......................................................................65

3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA .........................................................................66

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS.....................................................68

3.6 ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................68

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .....................................70

4.1 PERFIL MOTIVACIONAL DOS ALUNOS DA ESCOLINHA DE FUTEBOL..........70

4.2 PERFIL MOTIVACIONAL DOS ATLETAS DO CLUBE DE FUTEBOL .................73

4.3 RELAÇÕES DO PERFIL MOTIVACIONAL DOS ALUNOS DA ESCOLINHA E

ATLETAS DO CLUBE DE FUTEBOL ........................................................................76

5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES..............................................................................81

ANEXOS DO PROJETO E RELATÓRIO DE ESTAGÍO ..........................................91

ANEXO A – INVENTÁRIO DE MOTIVAÇÃO À PRÁTICA REGULAR DE

ATIVIDADE FÍSICA ..................................................................................................92

ANEXO B – FOLHA DE RESPOSTAS – IMPRAF 126 ............................................94

ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.................95

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8

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA

O futebol é o desporto mais popular do mundo. Dados da Federation

International of Football Association (FIFA) estimam a prática profissional por 200

milhões de atletas em todo mundo, sendo que 80% destes são do sexo masculino.

(DVORAK E JUNGE, 2000). Relatórios mais recentes da FIFA sugerem que a

prática mundial do futebol envolve de forma direta aproximadamente 400 milhões de

pessoas, sendo esses: atletas, treinadores, dirigentes entre outros.

No Brasil a prática desportiva do futebol apresenta um indiscutível apelo

popular, gerando grande envolvimento emocional. Estudos conduzidos na cidade do

Rio de Janeiro apontaram o futebol como sendo a prática esportiva mais popular

tanto por meninos quanto por meninas, sendo que muitos deles alimentam desde

cedo o desejo de seguir carreira como jogador profissional. (SILVA, 2000).

O futebol profissional por ser um esporte altamente competitivo e

praticado em todo o mundo vem com o passar dos anos transformando seus clubes

em grandes empresas, exigindo ainda mais dos profissionais envolvidos,

principalmente dos atletas que mesmo sendo jovens já adquirem grandes

responsabilidades. Sendo assim, fatores físicos e psicológicos influenciam o

rendimento destes atletas jovens.

A motivação é um dos principais fatores que contribuem para o

rendimento dentro do ambiente esportivo, sendo utilizada no intuito de buscar

melhorias no desempenho dos atletas.

Na psicologia do esporte, motivação é caracterizada como um processo

ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores

pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). (SAMULSKI, 2002, p.104).

Segundo este modelo, a motivação apresenta uma determinante energética (nível

de ativação) e uma determinante de direção do comportamento (intenção,

interesses, motivos e metas). (SAMULSKI, 1995).

Para Puente (1982), a motivação extrínseca é caracterizada como aquela

que é controlada por reforços administrados por agentes externos. Já a motivação

Page 10: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

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intrínseca é um comportamento mediado por reforços sobre os quais o próprio

individuo tem controle. Na vida dos atletas adolescentes assim como de outros

atletas a motivação não vem apenas de esforços internos buscando competência e

autodeterminação para realizar uma tarefa, mais leva em consideração fatores

externos (motivação extrínseca) como, por exemplo, apoio do torcedor, apoio dos

companheiros de equipe e até mesmo dos familiares.

Ainda, Weinberg e Gould (2001) destacam que motivação pode ser

definida simplesmente como a direção e a intensidade dos esforços pessoais.

Psicólogos do esporte e do exercício podem considerar motivação a partir de

diversos pontos de vista específicos, incluindo a motivação para a realização,

motivação na forma de estresse competitivo e motivação intrínseca e extrínseca.

Para tanto, manter uma vida ativa, saudável e com qualidade é

imprescindível a prática de um exercício físico. Na adolescência, fase a qual ocorrem

mudanças físicas e psicológicas, não deve ser diferente. A prática esportiva no

período da adolescência exige uma atenção especial, pois se respeitando os

princípios do treinamento existem grandes chances de se colher bons frutos no

futuro. (ROLIM, 2007).

Assis et al. (2003) definem a adolescência como um período de mudança

e transição, que afeta os aspectos físicos, sexuais, cognitivos e emocionais que para

Ferreira (1984) pode ser visualizado dos 13 aos 19 anos. Rolim (2007) destaca que

nessa fase da vida se formam alguns valores e atitudes para a adoção de um estilo

de vida saudável, sobretudo em relação a momentos de lazer ativo e à prática de

uma atividade física, como por exemplo, o futebol. Mas com tantos recursos

tecnológicos, quais as ferramentas utilizar para manter esses jovens em um estilo de

vida ativo e saudável nestes tempos? Uma ferramenta muito utilizada por

treinadores, técnicos e professores no mundo esportivo tem sido a motivação.

Sendo assim o propósito deste estudo busca compreender a seguinte

questão: Quais fatores motivacionais influenciam à prática do atleta jovem em

escolinha e clube de futebol?

Page 11: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

10

1.2 OBJETIVO GERAL

Compreender os fatores motivacionais à prática do futebol por jovens

(participantes de uma escolinha e atletas de um clube).

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Verificar as dimensões motivacionais referentes a controle do estresse,

saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer de atletas jovens de uma

escolinha de futebol;

• Identificar as dimensões motivacionais referentes a controle do

estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer de atletas jovens

de um clube de futebol;

• Comparar o perfil de motivação entre atletas jovens de escolinha e

clube de futebol.

1.4 JUSTIFICATIVA

O interesse pelo tema provém de questionamentos acadêmicos em seu

ambiente de estágio com jovens atletas de futebol, percebendo que alguns atletas

apresentam alto nível de comprometimento e expressam sua satisfação e realização

em exercer as atividades propostas durante o decorrer dos jogos e treinamentos.

Porém, por outro lado alguns atletas não demonstram interesse e disposição mínima

em participar das atividades, mesmo assim se fazem presentes durante os dias de

jogos e treinamentos.

Também a percepção empírica da motivação interferindo no desempenho

dos atletas, e outros questionamentos: existem diferenças de motivação entre os

jovens que praticam o futebol numa escolhinha e jovens que praticam futebol em

clube profissional? Será que a motivação pode interferir ou influenciar em direções

Page 12: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

11

de comportamento durante a prática do futebol? Por isso se faz necessário buscar

entender o que motiva o aluno a permanecer ou querer alcançar algo a mais nesta

modalidade. A partir desses aspectos provém o interesse de conhecer tais

realidades e aprofundar temáticas da motivação no futebol de jovens atletas.

A intenção de realizar este estudo com atletas jovens também se da pela

importância e necessidade de desenvolver habilidades psicológicas para o

desempenho esportivo. Assim como se da atenção aos aspectos físicos, técnicos e

táticos aos atletas de futebol desde o inicio de sua vida esportiva. Pois há

necessidade de compreender se os aspectos psicológicos se fazem influentes no

resultado esportivo ou no desempenho do atleta.

A psicologia desportiva tem investigado aspectos motivacionais que leva

um atleta, em determinado tempo, escolher uma determinada forma de

comportamento e realizar com determinada intensidade e persistência (SAMULSKI,

2002). Zanelli (2004) apresenta que pesquisas sobre motivação passaram a utilizar

múltiplos critérios de mensuração, pois se admite cada vez mais que a ação humana

é multicausal e contextual, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos, históricos,

sociológicos e culturais.

Em um Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicossociologia do Esporte da

Universidade de São Paulo (GEPPSE - USP), Brandão et al. (2005 apud VAZ, 2006)

levantaram que entre 1995 e 2004 foram realizadas 508 publicações científicas,

nacionais e internacionais, relacionadas à Psicologia do Esporte. Segundo esse

estudo de revisão, a incidência dos temas apresentou a seguinte amostragem: a

ansiedade e estresse foram os mais pesquisados com 76% dos trabalhos; motivação

e orientação esportiva com 5% cada uma; competitividade 4%; análise comparativa

de aspectos psicológicos e traços de personalidade 1% e a auto-estima com 0,5%.

O que se destaca nessa revisão referente ao número de publicações é a

incidência dos temas relacionados à psicologia do esporte, em que a motivação

juntamente com a orientação esportiva ficou com apenas 5 % da amostragem.

Porém através do aumento ao número de pesquisas na área da psicologia esportiva

o interesse pelo tema também vem crescendo, devido à importância do tema.

O futebol por ser um esporte altamente competitivo e exigir rotinas de

exercícios que muitas vezes duram longos períodos, chegando a atingir anos de

treinamento com o intuito de buscar o aperfeiçoamento dos atletas. E, esse formato

de treinamento no futebol passa por grandes rotinas de trabalho que se iniciam cada

Page 13: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

12

vez mais cedo. Nesse sentido se vê a importância de manter o atleta sempre

motivado, pois segundo Fleury (1998) à medida que somos motivados pelo

entusiasmo e pelo prazer, ou mesmo por um grau ideal de ansiedade, esses

sentimentos nos levam à conquista.

Todavia neste sentido o presente estudo busca compreender os fatores

pessoais e ambientais que motivam atletas de futebol da categoria juvenil, a ter

determinação e direção de comportamento. Samulski (2009) aponta que a motivação

para a prática esportiva depende da interação de dois fatores, são eles pessoais e

situacionais, ou seja, para se entender o que leva o atleta a tomar determinada

decisão ou direção de comportamento é preciso primeiramente tentar compreender

quais os fatores que os influenciam.

Page 14: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão literária do presente estudo busca ampliar os conhecimentos

referentes á psicologia do esporte, onde o tema principal abordado é a motivação no

âmbito esportivo, mas precisamente no meio futebolístico de atletas jovens.

Para tanto se estabeleceu alguns capítulos norteadores e que irão

embasar a discussão dos resultados desse estudo. O intuito é abordar os

aspectos na compreensão do tema principal, sendo eles: evolução histórica do

futebol no Brasil e no mundo e sua relação com a sociedade; futebol de formação e

de rendimento; a adolescência e a importância da atividade física neste

período; teorias da motivação no esporte e motivação intrínseca e extrínseca.

2.1 FUTEBOL

2.1.1 Histórico do Futebol no Mundo

O futebol pode ser considerado o esporte mais popular do mundo, e

não é somente o preferido pelos praticantes, mas também é o favorito dos

espectadores. Segundo Wuolio (1981) o futebol possui varias razões para ser

considerado o “rei dos esportes”. Wuolio (1981), aponta que esta modalidade,

contem requisitos simples e não muito numerosos, além de proporcionar uma

atividade física bastante variada. Segundo Wuolio (1981) o esporte favorece também

o desenvolvimento social do individuo. Frisselli e Mantovani (1999, p. 3) ainda

afirmam que “este esporte permite ações individuais de grande habilidade, diferentes

funções e é de fácil organização”.

O jogo com bola, especialmente os praticados com os pés, existe

desde o surgimento do homem no planeta. Autores da antropologia sugerem a

prática de jogos com uma bola de granito na pré-história, e que os primeiros homens

Page 15: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

14

se divertiam chutando frutas ou até mesmo crânios, sendo esse considerado como o

mais remoto antepassado do futebol. (FRISSELLI e MANTOVANI 1999).

Segundo Duarte (2004) coube aos ingleses organizar o futebol, mas sua

origem se perdeu no tempo. Frisselli e Mantovani (1999) relatam que o mais distante

que podemos chegar quanto à origem dos jogos com bola e particularmente o

futebol, é através de relatos japoneses que fazem menção a um jogo chamado

“KEMARI”. Segundo os autores este jogo era praticado pela realeza, onde a bola

deveria ser passada de pé em pé sem tocar o solo e também sem o objetivo de

marcar o gol ou pontos, sendo caracterizado pelo controle e a arte de chutar a bola.

Outra teoria, Duarte (2004) cita o jogo que se iniciou na China por volta de

2600 a.C, onde o Senhor Yang-Tsé inventa o Kemari. Contudo a FIFA (2011)

confirma o que diz Duarte (2004) sobre o jogo, tendo este iniciado há 3000 anos na

China. Esta aquarela mostra Kemari, uma versão japonesa cerimonial do jogo.

Conforme relatado por Frisselli e Mantovani (1999) na Grécia antiga,

por volta de 1.500 anos a.C. encontraram-se alguns jogos precursores do futebol.

Relatos de 776 a. C. mencionam um jogo chamado de “EPYSKIROS”, integrante do

programa de educação atlética da juventude helênica. Neste jogo duas equipes de

15 jogadores disputavam a posse de uma bexiga cheia de ar. Segundo Duarte

(2004) os romanos adotam a bola e detalhes deste jogo e fazem o “HASPASTON”,

onde o objetivo do jogo era fazer uma bola de couro recheada de crina animal,

traspor um espaço entre dois bastões ligados por um fio.

Goldman e Dunk apud por Frisselli e Mantovani (1999) corroboram,

destacando que no ano de 1060 o jogo foi levado para Inglaterra, onde cai

imediatamente no agrado popular. Segundo os autores a disputa acontecia entre os

povoados onde o jogo era chamado “HURLING OVER COUNTRY”, sendo o objetivo

conduzir uma bola ao edifício central do povoado rival e era disputado por cerca de

500 homens de cada lado. Duarte (2004) afirma que este jogo era violento

selvagem, sem regras o que levou a sua proibição.

Segundo Duarte (2004) em 17 de fevereiro de 1529, na Praça Santa

Croce, em Florença, grupos políticos decidiram resolver problemas na disputa de um

jogo de bola. “CALCIO” era o nome do jogo. Frisselli e Mantovani (1999) destacam

que este jogo era praticado em terreno de 137x50 metros com dois postes de cada

lado, assemelhando-se ao gol da atualidade e os jogadores eram distribuídos em

funções definidas em um mínimo de organização tática.

Page 16: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

15

Frisselli e Mantovani (1999) relatam ainda que alguns anos mais tarde,

em 1850 Gionanni di Bardi estabelece as regras para o “CALCIO”, e apesar delas

não terem sido registradas e ter chego até os dias atuais, sabe-se que seu objetivo

era ordenar um pouco o jogo, então praticado com demasiada violência. Desta forma

os jogadores passaram a ter posições definidas, os pontapés e empurrões

escandalosos praticados na época foram proibidos e 10 árbitros foram instituídos

para punirem as infrações.

Duarte (2004, p. 214, 215) relata que a “grande transição aconteceu

quando esse esporte atingiu as escalas superiores e a corte”. Segundo Frisselli e

Mantovani (1999) na França um jogo “SOULE” ou “CHOULE”, praticado pela

nobreza era um jogo violento que servia para matar o tempo. O jogo consistia em

passar a bola entre dois bastões fincados no solo. O autor menciona que quando

iniciada sua prática, pela nobreza, o “SOULE” já tinha seu refinamento escudado

nas regras do “CALCIO” italiano.

À medida que deixava de ser um jogo perigoso, violento e nocivo, o

futebol passou a ser praticado largamente nas escolas. Diante deste avanço

tentaram estabelecer um regulamento para o futebol universitário, onde a regra

maior seria o uso somente dos pés para golpear a bola. Porém em 1823 durante um

jogo estudantil, na RUGBY SCHOOL, um dos estudantes insista na utilização das

mãos e dos pés para tocar a bola. Esse fato gera uma divisão clara das regras entre

FOOTBALL e o RUGBY. (FRISSELLI e MANTOVANI 1999).

Para Frisselli e Mantovani (1999) apesar de ambos usarem o mesmo

campo, o número de jogadores e intenção tática semelhante, tendo o objetivo de

fazer a bola transpor os postes, o uso das mãos ou pés estabelece um marco para a

criação do futebol moderno. O autor ainda segue dizendo que com a divisão bem

clara e definida entre os praticantes de FOOTBAL e RUGBY, em 1846 as primeiras

regras são ensaiadas. Na Inglaterra por volta de 1857 com a organização do futebol

o esporte se tornou o numero 1, e foi fundado o primeiro clube da historia chamado

SHEFFIELD.

Segundo Frisselli e Mantovani (1999) a partir disto algumas datas tornam-

se importantes para evolução do futebol:

a) Em 1868 institui-se a figura do arbitro;

b) Em 1871 Charles Alcook, então tesoureiro e secretario da Football

Association, sugere a criação de uma taça a ser disputada entre os clubes

Page 17: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

16

pertencentes à associação. Os Wanderes capitaneados pelo próprio

Alcook, sagraram-se campeões, derrotando os Royal Engineers por 1 x 0

para um publico pagante de 2.000 pessoas;

c) Em 1872, ainda em fase de codificação das regras, acontece o primeiro

jogo internacional oficial entre Inglaterra e Escócia, e o resultado é 0 x 0;

d) Entre 1877 o gol começa a ter travessão superior, e em 1878 os

árbitros passam a utilizar-se de um apito;

e) Em 1882 é criada por Inglaterra, Escócia, Irlanda e Pais de Gales a

International board para definir as regras do futebol, papel que fez até

hoje como assessora a FIFA.

Duarte (2004) afirma que as regras começaram a pôr ordem no esporte e

isso repercutiu em sua prática. Jovens das famílias ricas da Inglaterra começam a

deixar de lado alguns de seus esportes preferidos, como o arco – e – flecha, tiro,

esgrima, caça, equitação passando a praticar o futebol.

A partir do que já foi visto Frisselli e Mantovani (1999) fazem a seguinte

indagação: e nas Américas, como se deu a historia do futebol? Faz-se menção a

Herrer y Tordesillas, historiador espanhol da época, que descreve um jogo, de

caráter recreativo, jogado com os pés com uma bola de borracha, material extraído

de seringueiras. Os autores ainda relatam alguns outros tipos de jogos descritos

como jogados pelos índios Aztecas e por outros índios, no Chile e na Patagônia. É

certo que os jogos com bola, nas Américas eram muito populares entre os índios e

tinham um caráter recreativo e não violento como na Europa. (FRISSELLI e

MANTOVANI 1999).

Segundo Frisselli e Mantovani (1999) apesar do “CALCIO” organizado

existir desde 1500 e nos primórdios o futebol ter sido introduzido e disseminado na

Normandia através do “HASPARTUM”, levado pelos conquistadores romanos, a

reivindicação dos italianos da paternidade do futebol não procede. Os autores

afirmam que devido aos relatos, parece que o processo de consolidação do futebol,

como esporte, realmente ocorreu na Inglaterra, e desde a pré-história não se pode

negar que o inicio do processo de estabelecimento da maneira de se jogar futebol

moderno, tenha ocorrido na Inglaterra.

Page 18: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

17

2.1.2 Histórico do Futebol no Brasil

No Brasil Duarte (2004) relata que o futebol chegou por intermédio de

marinheiros de navios ingleses, holandeses e franceses que vinham até o país, na

segunda metade do século XIX. Eles jogavam em nas praias durante as paradas

dos navios, e quando iam embora levavam as bolas. Os brasileiros admiravam o

jogo e nem sequer sonhavam que esse seria o esporte nacional. (DUARTE, 2004 p.

215).

Para Frisselli e Mantovani (1999, p.7) é a partir do trabalho de Charles

Miller que o futebol começa a ser, de fato, difundido e citam que:

Nascido em 1874, no Brás, zona leste de São Paulo, e filho de pai inglês e mãe brasileira, Miller estuda na Inglaterra entre 1884 e 1894. Volta de lá com as regras, duas bolas de couro e uniformes para organizar os primeiros jogos na várzea do Carmo (Brás), entre ingleses e brasileiros da Companhia de Gás, do London Bank e da São Paulo Railway. O jogo logo é difundido para os sócios do São Paulo Athletic Club e da Associação Atlética Mackenzie College.

A prática inicial do futebol no Brasil se deu entre os jovens da elite

paulistana, principalmente nos colégios considerados da classe de elite do estado de

São Paulo e incentivados pela Igreja Católica. Conforme afirma Rodrigues (2004) os

negros e mulatos eram excluídos dessa prática esportiva considerada nobre, sendo

assim um símbolo de distinção social.

Duarte (2004, p. 219) afirma que “estudos jesuítas fazem a revelação do

futebol antes de Charles Miller”.

Um desses estudos, dos mais sérios, do padre José Manuel Madeireira, A Companhia de Jesus: sua pedagogia e seus resultados, editado no Rio de Janeiro em 1912, na pagina 630, traz o seguinte registro: “No Colégio São Luiz, de Itu, estado de São Paulo, jogava-se futebol desde 1880”. A afirmativa é firme: quando não se praticava esse esporte em clubes.

Page 19: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

18

Segundo Rodrigues (2004) o São Paulo Athletic Club, em 1888 localizado

no estado de São Paulo e o The Bangu Athletic Club, em 1904 localizado no bairro

de Bangu no estado do Rio de Janeiro, marcam os primeiros clubes a organizarem o

futebol em seus estados e conseqüentemente no Brasil. O autor ainda ressalta que

o The Bangu Athletic Club foi um clube formado por operários que trabalhavam na

empresa Companhia Progresso Industrial Ltda., e que formou duas equipes para

que ocorresse a disputa de uma partida na época.

Porém, segundo Frisselli e Mantovani (1999) o Sport club Rio Grande (Rio

Grande, RS) é considerado oficialmente pela confederação Brasileira de futebol

(CBF), o clube mais antigo fundado (data de fundação 24/06/1900). Os autores

ainda afirmam que 48 dias depois é fundada a Associação Atletica Ponte Preta

(Campinas, SP), em 11/08/1900.

Segundo Frisselli e Mantovani (1999), por volta de 1901 é fundada a

primeira entidade, a Liga Paulista de Futebol, formada pelo São Paulo Athetic, o

Mackenzie, o Sport Clube Internacional e o Sport Club Germania. Um ano depois,

1902 os mesmos autores afirmam ser disputado o primeiro campeonato oficial. Já o

primeiro campeonato carioca ocorreu em 1906, alguns anos depois, por volta de

1923 a 1963, seleções estaduais enfrentaram-se em campeonatos brasileiros.

Segundo o autor o Rio de Janeiro (então Distrito Federal) vence 13 vezes, São

Paulo vence 9 vezes e Bahia uma vez seguido de uma vitoria de Minas Gerais.

Em resumo, Duarte (2004) afirma que a historia do futebol é antiga e rica,

além de bonita, a qual China (kemari), Grécia (epyskiros), Roma (harpastum),

França (soule), Florença (cálcio), Inglaterra (football) e Brasil formam a árvore

genealógica do futebol.

Page 20: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

19

2.1.3 Futebol e Sociedade

Com base na evolução histórica do futebol no mundo e principalmente no

Brasil, abordado anteriormente é de extrema importância ressaltar sua influência

nesta nação. Para Freire (2003), brasileiros e futebol tem tido um casamento

perfeito. Como dizem alguns cronistas este país é considerado como a “pátria de

chuteiras”. Somando inúmeros títulos entre eles cinco mundiais a qual os colocam

no topo do mundo nessa arte de jogar com os pés.

Por não pré-definir seus atletas, por características físicas, e, por requerer

apenas onze pessoas com um objetivo em comum, Giulianotti (2002) elucida ser

comum ouvir que o futebol é um dos esportes mais “democráticos” do mundo. No

Brasil o próprio destaque do esporte viria deste fator. Sua rápida popularidade no

país veio por não exigir muita estatura nem muito dinheiro para ser praticado. Altos e

baixos, magricelas e gordinhos, rápidos e não tão rápidos todos os fenótipos podem

se adequar ao jogo.

Talvez por ironia os ingleses criadores do futebol de professores

passaram a ser nossos alunos. Para Freire (2003), isso se da devido à grande

intimidade que temos com a bola. Com isso, muitos vêm este país como criadores

desta modalidade. Num país com tantos fracassos sociais, os sucessos adquiridos

no futebol foram e são tão grandes que tornam as tentativas de explicação

inevitáveis. (FREIRE, 2003).

O futebol brasileiro foi gerado nos centros urbanos, onde os campos de

várzeas eram os espaços apropriados para a prática do futebol antigamente. Freire

(2003) destaca que antes dos prédios, casas e fabricas tomarem conta desses

espaços o que se via, eram crianças, jovens e adultos brincado de “jogar bola”.

Conforme relata Giulianotti (2002), grandes escritores como Graciliano

Ramos e Lima Barreto, ambos intensamente preocupados com a definição de uma

identidade nacional, viram na importância do futebol um processo de deterioração

dessa identidade. No entanto o futebol se tornou absolutamente indissociável dessa

identidade. Este esporte se tornou junto com as telenovelas um dos principais

alimentadores da auto-imagem nacional.

Page 21: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

20

Porém segundo Freire (2003), quanto mais os meios de comunicação

como radio, televisão e jornal aproximavam o futebol das pessoas, mais o futebol

lúdico se afastava. Com isto, nos campos havia só agora lugar para os que já

“sabiam jogar”, tornando o jogo assim cada vez mais competitivo. (FREIRE, 2003).

É muito provável que muitas pessoas já se perguntaram porque ou como

este esporte é capaz de arrebatar tantos tipos diferentes de pessoas? Giulianotti

(2002), diz que o fato de ser o esporte mais popular do mundo seja a resposta mais

apropriada. Ainda que o Brasil se alegre com o título do “país do futebol” este

esporte é chamado em termos atuais de o mais globalizado dos esportes, por ser o

primeiro em várias nações. Mesmo em países ricos como a Inglaterra e a Alemanha,

este esporte ocupa papel fundamental na identidade local. É cultuado em

sociedades com as mais diferentes religiões e formações históricas. (GIULIANOTTI,

2002).

Portando, Giulianotti (2002) afirma que um país para ser considerado apto

para o futebol não necessita apresentar requisitos prévios como número máximo de

habitantes ou homogeneidade da população. Ou seja, um país com a população

menor e mais heterogênea que a do Brasil, por exemplo, pode apresentar resultados

proporcionalmente ótimos em torneios mundiais.

Ao fazer a analise do futebol, não se deve cair na tentação de associar de

forma inapropriada uma cultura pela outra, pois é errado afirmar que as táticas

predominantes em cada país refletem sua mentalidade. Logo se o esquema tático

de jogo de determinada equipe é mais agressivo não será necessariamente o perfil

adotado pela população. Contudo, os paralelos se mostram convenientes quanto à

diferença entre o comportamento dos torcedores violentos em cada país, sendo isto

reduzido a mera delinqüência, a qual por vezes é encontrada em estádios em

diferentes partes do mundo. (GIULIANOTTI, 2002).

Como futebol nasceu da classe dominante, se popularizou com a

revolução fordista e passou a ser um vértice de conteúdos simbólicos e sociais. O

esporte passou a ser “de massa” com a urbanização e a industrialização do mundo,

à medida que o proletariado se multiplicava nas cidades. Devido à expansão e

desenvolvimento do esporte são nítidas as mudanças referentes à forma atlética do

jogador, que ganhou mais importância. Assim como o negócio esportivo que tomou

dimensões gigantescas e as fronteiras nacionais ficaram nebulosas, dando espaço a

um movimento ambíguo, à diluição dos estilos locais acompanhada do

Page 22: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

21

ressurgimento de valores tribais – a uma “complexidade cultural crescente”. Mas

nem por isso o futebol deixou de atrair a atenção do torcedor que cresce em numero

e paixão pelo esporte. (GIULIANOTTI, 2002).

Matta (1982) descreve que, diferentemente dos animais, vive-se em um

mundo norteado e balizado por normas. Em outras palavras, as pessoas existem

literalmente em campos de futebol, em áreas demarcadas por linhas, possuem

irmãos que desejam o sucesso e estão conosco porque vestem nossa mesma

camisa e companheiros que jogam contra. Neste enorme campo de futebol da vida

existem figuras intocáveis a quem se deve obediência e respeito, pois detêm o poder

de fazer cumprir um conjunto de regras impessoais que se aplicam a todos. É neste

campo onde se jogado, correndo às vezes demasiado por uma bola muito fácil; ou

perder boas jogadas, ou cometendo faltas que conduzem a um pênalti contra a

própria equipe. Isso também ocorre fazendo gols de placa, jogadas maravilhosas

que, por sua classe e estilo, chegam até a espantar a nós mesmos. (MATTA, 1982).

Com isto Giulianotti (2002) corrobora afirmando que o brasileiro se vê

criativo e eficiente ao mesmo tempo assim como dentro das quatro linhas eram Pelé,

Zico, Mané Garrincha e tantos outros craques. Porém o que podemos perceber com

o passar dos anos que é o futebol não é visto mais como um esporte para todos, ou

seja, não é necessariamente democrático, pois têm exigido cada vez mais de seus

praticantes, talentos especiais e investimentos altos. Mas, sem ele não existe

democratização. (GIULIANOTTI, 2002).

Com tudo é possível perceber que em muitos países (principalmente o

Brasil) através do futebol é possível perceber a identidade do seu povo. Com o

passar dos anos assim como se expandia e desenvolvia-se o país, no caso do

futebol não era diferente, sua evolução era nítida e constante trazendo com sigo

sempre muito entusiasmo e alegria para todos.

Page 23: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

22

2.1.4 Categorias de base e escolinhas no futebol

Com a popularização do futebol em diversos países e seu fácil acesso em

diferentes classes sócias, crianças e adolescentes tem optado por esse esporte em

grande parte por influência dos pais. (PAOLI, 2008). Os pais objetivam manter seu

filho ativo e saudável em um meio esportivo que lhe traga retorno a saúde, ou na

maioria das vezes pela tentativa da realização do sonho de fazer parte de algum

clube profissional. Sendo assim, as categorias de base de clubes profissionais e

escolinhas, tem ganhado cada vez mais espaço no mundo esportivo. Onde os

clubes estão focados na idéia de esporte rendimento e as escolinhas voltadas há

participação. Este último alcançam uma parcela maior da sociedade, por permitir a

visualização de resultados no desenvolvimento da criança a longo e em curto prazo

e beneficiar a grande maioria dos participantes. (CASARIN e CELLA, 2008).

A categoria de base entra no contexto de esporte de rendimento, cujo

propósito é formar, ou revelar o atleta para o mundo do futebol, visando resultados

competitivos e lucro com sua possível venda. Entretanto o processo de treinamento

busca de forma extenuante o aperfeiçoamento de movimentos e gestos técnicos

dessa modalidade, com objetivo de garantir a melhor performance do atleta durante

o período de treino e competição. Sendo assim, muitos clubes não levam em

consideração o processo de formação gradual, ou seja, há uma precocidade e uma

forte cobrança em cima dos jovens atletas pelo rendimento máximo. (PAOLI, 2008).

Casarin e Cella (2008), afirmam que atualmente clubes a qual sustentam

categorias de base, principalmente em nosso país, estão mais preocupados em

formar rapidamente o atleta, para atender as necessidades do mercado e do mundo

profissional, buscando lucrar com contratações milionárias de talentos esportivos ou

mais comumente conhecidos como “craques” da bola.

Azevêdo (2008 apud CASARIN e CELLA, 2008) dispõem algumas

particularidades das categorias de base:

a) Campos de treinamento em quantidade com excelente qualidade.

b) Materiais esportivos adequados para a prática esportiva.

c) Vestiários equipados usados antes e depois da prática esportiva.

d) Sala de musculação e reuniões.

Page 24: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

23

e) Equipe multidisciplinar (treinador, preparador físico, psicólogo,

massagista, médico).

f) Busca de retorno financeiro.

g) Competições durante toda a temporada.

h) Metodologia de treinamento bem definida, geralmente tradicional, que

visa uma a aquisição dos aspectos físico, técnicos, táticos e psicológicos

levando os atletas ao rendimento total.

Segundo Stelmastchuk e Rodrigues (2011), cada vez mais o esporte de

rendimento passa a ser de responsabilidade de iniciativas privadas, por exigir uma

organização complexa de investimento. Traz consigo o propósito de novos êxitos

esportivos, a vitória sobre os adversários nos mesmos códigos, e é exercido sob

regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade.

(STELMASTCHUK e RODRIGUES, 2011).

O que impede esta modalidade de ser considerada uma ação

democrática, é que o futebol possui uma tendência natural para que seja praticado

por atletas que além de manterem uma constante evolução, possam mostrar já no

inicio de sua vida esportiva indícios de bons resultados futuros. Isso ocorre

geralmente com jovens atletas considerados “talentos esportivos”. (VALLE, 2003).

O reconhecimento do talento individual vem através do melhor

desempenho e a busca pelo brilhantismo nos esportes na idéia de diferenciação,

numa sociedade a qual vive por padrões hierárquicos que pouco promove e

permitem o reconhecimento das classes menos favorecidas, sendo este apenas

através de meios esportivos ou culturais. (CHUK e RODRIGUES, 2011).

Corroborando Valle (2003) ressalta que o discurso da sociedade atual

preconiza atitudes que transmitam os ideais do esporte como a determinação, o

esforço continuo, a busca de limites, entre outros a qual permite que esses jovens

sintam através da prática esportiva que estão preparando-se para sua vida futura e

para o mercado de trabalho.

A valorização da performance excelente talvez seja mais exacerbada no

individuo (atleta), do que na equipe que ele representa. Porém o melhor

desempenho não depende exclusivamente do atleta, mas sim de uma equipe ou

time que alcançam melhores resultando num desempenho coletivo. (VALLE, 2003).

Page 25: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

24

Nessa idéia, Casarin e Cella (2008) destacam que a competição

dependendo da forma como será utilizada, pode proporcionar ao atleta aspectos

positivos e/ou negativos. Ou seja, a competição pode auxiliar na formação integral

do atleta, nos aspectos cognitivo, social, físico e afetivo e nas atitudes saudáveis e

de autovalorização, ou causar frustrações, desanimo e baixa performance, por vezes

devido a má supervisão do profissional envolvido. Mesmo assim, Betti (1991 apud

CASARI e CELLA, 2008) entende que o envolvimento em atividades competitivas,

desperta grande interesse e motivação, possibilitando desta forma uma maior

afirmação social.

Em contraposição, visando principalmente os aspectos sociais e

educacionais, tem o esporte participação, pertencente às escolinhas de prefeituras

municipais e projetos sociais, tendo como tema central a formação diferenciada do

atleta. No esporte participação também há o interesse muitas vezes em formar

atletas, porém neste caso ficam em segundo plano, pois o interesse das escolinhas

é a participação para o ingresso do individuo na sociedade. (CASARI e CELLA

2008).

Conforme Scaglia (1996) atualmente é grande a proliferação de

escolinhas de futebol em nossa sociedade, destinadas a acolher um público infantil e

adolescente. (SCAGLIA, 1996).

Scaglia (1996) afirma que alguns autores acreditam que o

desenvolvimento global dos alunos tem sido a preocupação da prática pedagógica a

qual trabalham as escolinhas de esportes, respeitando seus estágios de crescimento

e desenvolvimento, físico e cognitivo, onde, a escola de esporte, através de sua

práxis pedagógica, deve contemplar várias possibilidades, tais como: sociais,

intelectuais, motoras, educacionais e também esportivas.

Portanto, parece ser função básica das escolinhas proporcionarem um

processo de ensino aprendizagem, que venha possibilitar um aprendizado da

modalidade em questão. Porém este aprendizado técnico não deve ter um fim em si

mesmo, ou seja, este processo deve estar envolvido em todo um contexto vivido

pelo aluno. (SCAGLIA, 1996).

Segundo Scaglia (1996) é através da aplicação de conhecimentos da

pedagogia do esporte que a escolinha terá a finalidade e a responsabilidade de

possibilitar um desenvolvimento ao aluno, onde o esporte não se restringe a um

“fazer” mecânico, mas torna-se um compreender, incorporar, aprender atitudes,

Page 26: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

25

habilidades e conhecimentos, que o levem a dominar os valores e padrões da

cultura esportiva, não tendo como foco principal um rendimento exterior ao individuo

pela busca de melhores resultados de performance.

Azevêdo (2008 apud CASARI e CELLA, 2008), apresenta algumas

características pertencentes às escolinhas de futebol:

a) Estrutura física é bem menor e com menos qualidade;

b) Apenas o professor está presente na comissão técnica;

c) Materiais esportivos de menor qualidade;

d) Competições disputadas esporadicamente;

e) Há uma pedagogia de formação do cidadão, através de atividades

diversificadas, que desenvolvam a totalidade.

Na visão do esporte de alto rendimento deve-se sempre realçar os

ganhos e destacar os indivíduos que o pratica na buscando de melhores resultados,

tornando-os diferenciados em função de sua técnica, a qual são dedicados anos

para seu aprimoramento. Já o esporte participação é o esporte referenciado com o

princípio do prazer lúdico, e que tem como finalidade o bem estar social e a melhora

da qualidade de vida de seus participantes. Com tudo, torna-se claro que o esporte

participação cria a possibilidade de uma inserção diferenciada do esporte na

sociedade. (TUBINO, 2001).

2.2 ADOLESCÊNCIA

Para Bee (1997) é tão importante a mudança de estado de criança para o

de adulto que varias sociedades promovem e marcam essa passagem com alguma

espécie de rito ou ritual. Segundo Cohen (1964 apud BEE, 1997) existe uma grande

quantidade de variação no conteúdo desses rituais, embora certas práticas sejam

especialmente comuns. Papalia, Olds e Feldman (2006) elucidam que ritos de

passagem podem incluir bênçãos religiosas, separação da família, testes rigorosos

de força e resistência, marcação do corpo de alguma forma ou atos de magia.

Coll, Palacios e Marchesi (1995) definem adolescência como a etapa que

se estende, dos 12-13 anos até aproximadamente o final da segunda década da

vida. Os autores ainda afirmam, trata-se de uma etapa de transição, na qual não se

Page 27: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

26

é mais criança, mais ainda não se tem status de adulto. É o que Erikson (1968 apud

COLL, PALACIOS e MARCHESI, 1995) chama de uma “moratória social”, um

compasso de espera que a sociedade oferece aos jovens, enquanto se preparam

para exercer os papeis adultos. Os mesmos autores relatam ainda que na cultura

ocidental, a incorporação dos adolescentes ao status adulto retornou, formando-se

por um novo grupo que desenvolve seus próprios hábitos e maneiras, e, enfrentam

problemas peculiares.

Partindo do mesmo principio Papalia, Olds e Feldman (2006) definem

adolescência como uma etapa de extrema importância na vida de todas as pessoas.

Porém, não há definição exata para seu ponto de inicio ou fim. Bee (1997) relata

que a maioria de nós utiliza a palavra adolescência como um termo que se aplica a

um conjunto preciso de anos, tal como 12 até 20 anos, ou o período que se inicia no

começo da escola do segundo grau.

Bee (1997) salienta que se desejarmos incluir os processos físicos da

puberdade nesses anos de adolescência devemos então pensar nessa faixa etária

como tendo seu inicio antes dos 12 anos. Ainda, no caso das meninas, algumas

iniciam a puberdade aos 8 ou 9 anos. E, no caso dos meninos, afirma que um jovem

de 18 anos com trabalho, esposa e filhos, sendo inadequado considerar como

adolescente. Com isto, faz sentido pensar a adolescência como o período que se

situa, psicológica e culturalmente, entre a meninice e a vida adulta, ao invés de uma

faixa etária especifica. Porém, as crianças precisam passar por esse período de

transição de modo a atingir estado adulto no seu desenvolvimento. (BEE, 1997).

Coll, Palacios e Marchesi (1995) corroboram afirmando que é preciso

fazer uma distinção entre dois termos, que possuem um alcance e um significado

muito diferente, são eles: puberdade e adolescência. Chama-se puberdade ao

conjunto de modificações físicas que transformam o corpo infantil, durante a

segunda década de vida, em corpo adulto, capacitado para a reprodução. A

adolescência pode ser definida como um período psicossociológico que se prolonga

por vários anos, caracterizado pela transição entre infância e a adultez. (COLL,

PALACIOS e MARCHESI, 1995).

Já Osorio (1992) relata que a adolescência nas ultimas décadas vem

sendo considerada como o momento crucial do desenvolvimento do indivíduo. Pois é

nesse período que o individuo além de marcar sua imagem corporal definitiva, forma

a estruturação final da personalidade. Ainda, afirma que o fenômeno da puberdade

Page 28: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

27

é universal e seu inicio cronológico, em condições de normalidade física, coincide

em todos os povos e latitudes. A adolescência, embora seja um fenômeno

igualmente universal, tem características bastante peculiares conforme o ambiente

sócio-cultural do individuo. Portanto, determinar seu inicio e tarefa complexa e que

não pode apoiar-se apenas em certa constância dos elementos psicológicos.

(OSORIO, 1992).

Papalia, Olds e Feldman (2000), consideram que a adolescência tem seu

inicia na puberdade, processo que leva à maturidade sexual, ou fertilidade – a

capacidade de reprodução. Para as sociedades industriais modernas, adolescência

é considerada como uma transição no desenvolvimento entre infância e idade adulta

que envolve grandes e interligadas mudanças físicas, cognitivas e psicossociais.

(PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2000).

Osorio (1992, p.12) complementa, afirmando ser a adolescência um

complexo psicossocial, assentado em uma base biológica, cuja caracterização pode

ser sumariada nos seguintes itens:

a) Refinação da imagem corporal, consubstanciada na perda do corpo

infantil e da conseqüente aquisição do corpo adulto;

b) Culminação do processo de separação/individualização e substituição

do vinculo de dependência simbiótica com os pais da infância por

relações objetivas de autonomia plena;

c) Elaboração de lutos referentes à perda da condição infantil;

d) Estabelecimento de uma escala de valores ou código de ética próprio;

e) Busca de pautas de identificação no grupo de iguais;

f) Estabelecimento de um padrão de luta/fuga no relacionamento com a

geração precedente;

g) Aceitação tácita dos ritos de iniciação como condição de ingresso ao

status adulto;

h) Assunção de funções ou papeis sexuais auto-outorgados, ou seja,

consoante inclinações pessoais independentemente das expectativas

familiares e eventualmente (homossexuais) ate mesmo das imposições

biológicas do gênero a que pertence.

Quanto ao termino da puberdade e adolescência estaria concluída,

juntamente com o crescimento físico e o amadurecimento gonodal, em torno dos 18

Page 29: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

28

anos. Esta data coincidindo com a soltura das cartilagens das epífises dos ossos

longos, o que determina o fim do crescimento esquelético. (OSORIO, 1992).

Já o termino da adolescência é bem mais difícil de determinar e

novamente obedece a uma série de fatores de natureza sócio-cultural. (OSORIO,

1992). Tentando discriminar quais os elementos mais universais que nos

possibilitariam assinalar o termino da adolescência, o autor ainda relaciona o

preenchimento das seguintes condições:

a) Estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de

estabelecer relações afetivas estáveis.

b) Capacidade de assumir compromissos profissionais e manter-se

(“independência econômica”);

c) Aquisição de um sistema de valores pessoais (“moral própria”).

d) Relação de reciprocidade com a geração precedente (sobretudo com

os pais).

Osório (1992) indica que em termos etários, isto ocorreria por volta dos 25

anos na classe media brasileira, com variações para mais ou para menos conforme

as condições socioeconômicas da família de origem do adolescente. Em relação ao

interesse universal pelo estudo da adolescência atual que segundo ele advêm de

duas circunstâncias principais: (OSÓRIO, 1982, p. 13)

1. A explosão demográfica de pós-guerra, que trouxe como imediata conseqüência o significado crescimento percentual da população jovem mundial. Basta que se lembre que nos últimos 25 anos a população do Brasil duplicou para que se perceba quão significativo é o contingente de jovens em nosso país. Estima-se hoje cerca de1/4 da população brasileira é constituída de adolescentes.

2. A ampliação da faixa etária com as características da adolescência. Assim, se antes a adolescência era tida meramente como aquela etapa de transição entre a infância e a idade adulta que coincide com os limites biológicos da puberdade, atualmente a adolescência e definida por elementos que, embora batizados pelas características psicológicas do momento evolutivo em questão, são marcadamente influenciados pelas contingências sócio-culturais circunstantes. Assim, o estudo da adolescência hoje extrapola o interesse cognitivo sobre uma etapa evolutiva do ser humano para, através dele, procurar entender todo um processo de aquisições e motivações da sociedade em que vivemos.

Page 30: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

29

2.2.1 Atividade física na adolescência

A adolescência como citado anteriormente, é uma fase na vida do

individuo a qual ocorrem diversas alterações físicas e cognitivas, porém em meio a

essas mudanças é importante que este jovem mantenha uma vida ativa e saudável.

A atividade física é uma ferramenta que pode contribuir para uma melhora da saúde

e qualidade de vida do adolescente. (LAZZOLI et al. 1998).

Nesse contexto, é importante ressaltar que a atividade física é qualquer

movimento como resultado de contração muscular esquelética que aumente o gasto

energético acima do repouso, caracterizado pela atividade do cotidiano e pelos

exercícios físicos. Trata-se de comportamento inerente ao ser humano com

características biológicas e sócio-culturais. (LAZZOLI et al. 1998).

Segundo Souza (1996) na fase inicial da adolescência ou mesmo na pré-

adolescência, deve haver uma preocupação com a aquisição de habilidades e

capacidades básicas, bem como em despertar o interesse para a atividade esportiva

continuada.

É de extrema importância se atentar aos programas de exercícios nesta

fase, pois os mesmos devem atender às mais variadas solicitações e

conseqüentemente precisam ser ajustados ao estado de evolução do jovem. É

possível perceber essa importância quando se compara, por exemplo, um

adolescente de treze anos, ainda impúbere, com um jovem de dezoito anos.

(SOUZA, 1996).

Segundo Souza (1996) o exercício, na juventude, não se restringe

apenas ao aperfeiçoamento da capacidade funcional dos praticantes. O esforço

físico bem dosado contribui efetivamente para o crescimento psicológico e social,

bem como na habilitação física. Sendo assim, quando se insere atividade física na

vida de um jovem, não se deve ter como objetivo apenas ocupar as horas de lazer,

mas, em especial, transformar esse tempo em um meio eficaz de desenvolvimento e

principalmente preservação da saúde. Papalia, Olds e Feldman (2006) consideram

que os problemas de saúde nesta fase freqüentemente são oriundos do estilo de

vida. Sendo que segundo os mesmos autores, o exercício ou a falta dele afeta a

saúde física e mental.

Page 31: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

30

Ainda, Papalia, Olds e Feldman (2006) afirmam que caminhar com

rapidez, andar de bicicleta, nadar ou trabalhar no jardim, são formas de atividade

física, e se praticados regularmente por pelo menos trinta minutos na maioria dos

dias da semana ou, preferencialmente, todos os dias trazem benefícios à saúde

(obs. é imprescindível o acompanhamento de um profissional da área na busca de

resultados fidedignos). Por outro lado, um estilo de vida sedentário que se estende a

vida adulta pode resultar em maior risco de obesidade, diabetes, doenças cardíacas

e câncer. (COLL, PALACIOS e MARCHESI, 1995).

Segundo Guedes et al. (2001) benefícios da prática de atividade física

associados à saúde e ao bem-estar, assim como riscos predisponentes ao

aparecimento e ao desenvolvimento de disfunções orgânicas relacionados ao

sedentarismo, são amplamente apresentados e discutidos na literatura. Importantes

estudos têm se procurado em destacar que hábitos de prática da atividade física,

incorporados na infância e na adolescência, possivelmente possam transferir-se

para idades adultas. Acompanhamentos longitudinais sugerem que adolescentes

menos ativos fisicamente apresentam maior predisposição a tornarem-se adultos

sedentários. (GUEDES et al., 2001).

Segundo Lazzoli et al. (1998), em crianças e adolescentes, um maior

nível de atividade física contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico e reduzir

a prevalência de obesidade. Ainda, é mais provável que uma criança fisicamente

ativa se torne um adulto também ativo. O mesmo autor ainda afirma que contribuir

para uma melhor qualidade de vida e estabelecer uma base sólida para a redução

da prevalência do sedentarismo na idade adulta, é o que estabelece como norma a

medicina preventiva e saúde publica, partindo do principio da promoção da atividade

física na infância e na adolescência.

Alves et al. (2005) corrobora com Guedes et al. (2001) quando relata que

apesar de alguns estudos longitudinais indicarem fraca ou modesta correlação entre

atividade física na infância e na vida adulta, outros apontam que crianças e

adolescentes que se mantêm fisicamente ativos apresentam probabilidade menor de

se tornar adultos sedentários.

Alves et al. (2005, p. 292) afirmam que a prática de atividade física

diminui o risco de:

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31

Aterosclerose e suas conseqüências (angina, infarto do miocárdio, doença vascular cerebral), ajuda no controle da obesidade, da hipertensão arterial, do diabetes, da osteoporose, das dislipidemias e diminui o risco de afecções osteomusculares e de alguns tipos de câncer (colo e de mama). Contribui ainda no controle da ansiedade, da depressão, da doença pulmonar obstrutiva crônica, da asma, além de proporcionar melhor auto-estima e ajuda no bem-estar e socialização do cidadão.

Souza (1996) afirma ainda que não há propriamente uma prescrição de

exercícios recomendáveis ou contra-indicados, sendo o melhor aquele que o

individuo percebe que mais o agrada. Em relação às atividades esportivas

praticadas por crianças e adolescentes Weinberg e Gould (2001) afirmam ser uma

das poucas áreas na vida das crianças na qual elas podem participar intensamente

de uma atividade que tem conseqüências significativas para seus colegas e

familiares, para elas próprias, bem como para a comunidade a qual esta inserida.

Segundo o autor, com dados apenas dos Estados Unidos, 45 milhões é a estimativa

de crianças menores de 18 anos envolvidas em programas de atividade física

escolar e extracurricular. Porém os mesmos dados apontam que para a maioria das

crianças envolvidas, sua participação no esporte chega ao máximo por volta dos 12

anos.

Weinberg e Gould (2001) indicam que nos Estados Unidos de

aproximadamente 8 mil crianças pesquisadas (49% de meninos, 51% de meninas) a

maioria diz participar de esportes para divertir-se. Outras razões a qual a maioria

deles cita condiz em: fazer alguma coisa na qual são boas, melhorar suas

habilidades, fazer exercícios e ficar em forma, estar com seus amigos, fazer novas

amizades e competir. Porém os autores destacam que essa participação no esporte

atinge seu máximo entre as idades de 10 a 13 anos e então declina

consideravelmente até a idade de 18 anos.

Conforme relatam Weinberg e Gould (2001) esse declínio ou desistência

se da em alguns casos por “mudanças de interesse” ou até mesmo por “ter outra

coisa pra fazer” segundo uma pesquisa realizada com nadadores (idade entre 10 a

18 anos) que desistiram na natação, a maioria desiste, pois apresenta interesse em

outras atividades. Entretanto, são considerados alguns fatores negativos que podem

contribuir para esse comportamento em meio ao esporte, como: pressão excessiva,

não gostar do técnico, fracasso, falta de diversão, uma ênfase excessiva em vencer,

entre outro. (WEINBERG e GOULD 2001).

Page 33: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

32

A seguir será apresentada uma tabela de motivos de participação em

esportes infanto – juvenil a qual meninos e meninas de programas esportivos

escolares e não escolares tiveram respostas semelhantes.

Tabela 1: Motivos de participação em esportes infanto-juvenil.

Fonte: Weinberg e Gould (2001 p. 476)

Page 34: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

33

2.3 MOTIVAÇÂO

2.3.1 Conceito de motivação

Apesar da importância da temática, é difícil definir a motivação em poucas

palavras, e não existe consenso entre autores referente o assunto. Usualmente, se

utilizam termos como necessidades, desejos, vontades, metas, objetivos, impulsos,

incentivos entre tantas outras. Derivada do latim motivus, que significa mover, a

palavra motivação assume o significado de “tudo aquilo que pode fazer mover”, “tudo

aquilo que causa ou determina alguma coisa ou até mesmo” o fim ou razão de uma

ação. (ZANELLI et al, 2004, p. 145).

Desse modo o mesmo autor afirma fazer sentido que uma teoria da

motivação é uma teoria da ação. Para Maximiano (1995) este termo implica em um

estado psicológico de disposição ou vontade de perseguir uma meta ou realizar uma

tarefa. Sendo assim, uma pessoa motivada é uma pessoa com disposição favorável

para seguir a meta ou realizar a tarefa. Porém existem diferenças psicológicas e

ambientais que são fatores importantes para explicar esses conceitos. Vários

autores em suas teorias interpretam de maneira diferente e enfatizam aspectos da

motivação que está intimamente relacionada com o comportamento e desempenho

das pessoas.

Robbins (2002) conceitua motivação como a disposição de exercer um

nível elevado e permanente de esforço em favor de determinada meta, sendo que

este esforço deve ser capaz de satisfazer algumas necessidades individuais. Neste

sentido, a motivação pode ser caracterizada como força impulsionadora do individuo

para determinado objetivo. Dentre estas forças, destaca-se as forças positivas e

negativas. Sendo que as forças positivas são aquelas que levam o individuo a

aproximar-se do estimulo e as negativas são aquelas que o levam a afastar-se dele.

(MINICUCCI, 1995).

Quando o individuo deseja realizar algo, ou simplesmente manter sua

vontade, seu ponto de referencia se torna a motivação. Trata-se, pois, de uma série

de fatores que de certa forma satisfaçam o desejo do individuo em continuar a

Page 35: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

34

realizar uma determinada tarefa. Segundo Pereira (1992) a motivação tem sido tema

de pesquisas na área da psicologia experimental. Através da analise de dados

pesquisados verifica-se que os desejos internos desconhecidos, que se apresentam

como necessidades, são impulsionadores de atividades que levam o indivíduo a

assumir este ou aquele comportamento.

Para Zanelli et al, (2004, p. 146) “motivação é um processo psicológico

básico de relativa complexidade, por se tratar de um fenômeno não diretamente

observado e que auxilia na explicação e na compreensão das diferentes ações e

escolhas individuais”. Ambrose e Kulik, (1999 apud ZANELLI et al., 2004) afirmam

que a motivação começou a associa-se a vários outros conceitos, tais como,

satisfação, desejo, energia, recompensas intrínsecas e extrínsecas,

comprometimento, envolvimento, ajustamento no trabalho, reforço, drive,

necessidade, desenho de cargo, crenças, valores, metas, expectativas e, mais

recentemente, criatividade, cultura, afeto e trabalho em equipes.

De maneira geral os autores abordam a motivação como sendo parte da

ação ou comportamento tomado pelos indivíduos. No entanto, existem necessidades

ou teorias da motivação que trazem orientações importantes e de grande utilidade

no entendimento dos aspectos da motivação de um individuo. Tendo em vista uma

melhor compreensão do conteúdo relacionado ao estudo, serão abordados apenas

alguns modelos teóricos, que podem ser considerados importantes para o

entendimento da temática.

2.3.2 Teorias da motivação

Durante o decorrer dos anos muitas são as teorias que tentam explicar a

motivação. Para Hampton (1990), o primeiro passo para motivar as pessoas está no

reconhecimento de que estas agem no seu próprio interesse, do modo que for

definido por suas necessidades.

Nas décadas de 1940, 50 e 60 foram consideradas produtivas para o

desenvolvimento das teorias sobre a motivação, época em que foram construídas: a

teoria das necessidades de Maslow (1943), a teoria das necessidades (afiliação,

poder e realização) de McClelland (1953) e a teoria de ERC (existência,

Page 36: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

35

relacionamento e crescimento) de Alderfer (1969) as quais serão abordadas neste

estudo. (ZANELLI et al, 2004).

2.3.2.1 Teoria da hierarquia das necessidades

A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow segundo, Zanelli et al,

(2004) parte da premissa de que as necessidades humanas têm origens biológicas e

estão dispostas em uma hierarquia, explicitando o pressuposto de que o homem tem

propensão para o auto desenvolvimento e crescimento pessoal. Spector (2003)

contribui relatando que a satisfação das necessidades humanas é importante para a

saúde física e mental do individuo, pois elas estão dispostas em uma hierarquia que

inclui necessidades físicas, sociais e psicológicas.

Porém conforme Zanelli et al, (2004, p. 150), nesta teoria o ser humano

possui diversas necessidades que podem ser separadas em categorias

hierarquizadas. Para motivar uma pessoa, identifica-se qual é a categoria mais baixa

na qual ela tem uma necessidade (necessidades inferiores), e suprir esta

necessidades antes de pensar em outras categorias mais altas (necessidades

superiores). Essas categorias são normalmente apresentadas em forma de pirâmide

onde segundo Zanelli et al, (2004, p.150) as necessidades inferiores podem ser

classificadas como:

a) Necessidade Fisiológica: são relacionadas às necessidades do

organismo, indispensável à sobrevivência do ser humano. Respirar e se

alimentar podem ser utilizadas como exemplo neste caso.

b) Necessidades de Segurança: indispensável à sobrevivência do

individuo e da espécie. Por exemplo, segurança física (contra a violência),

segurança de recursos financeiros, segurança da família e de saúde entre

outros.

As necessidades superiores segundo Zanelli et al, (2004, p. 150) por sua

vez, seriam:

Page 37: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

36

c) Necessidades sociais: com as duas primeiras categorias supridas,

passam-se a ter necessidades de aceitação de outras pessoas e grupos

humanos, como amizades, suporte familiar e amor.

d) Necessidades de estima: busca de status e valorização social, ser

reconhecido como uma pessoa competente e respeitada.

e) Necessidades de auto – realização: é uma necessidade instintiva do

ser humano, esta necessidade se resume pela busca da condição

máxima de crescimento pessoal e de busca contínua pelo auto-

aperfeiçoamento.

Spector (2003) relata que segundo Maslow, para que um desejo seja

motivador, ele não pode ser satisfeito, já que as pessoas são motivadas pelo nível

mais baixo de necessidades não satisfeitas. Ou seja, segundo o autor, se dois níveis

de necessidades não são satisfeitos, o nível mais baixo irá prevalecer. Assim, uma

pessoa faminta não se preocuparia com o perigo e talvez se arriscasse a roubar

comida, mesmo sabendo que a punição por roubo é severa. (SPECTOR 2003, p.

201).

Maslow reconhece, contudo que pode haver execuções para esta

hierarquia e que certos indivíduos podem considerar algumas necessidades mais

altas como mais importantes que as de níveis mais baixos. Desta forma, as

necessidades mais baixas não são motivadoras. (SPECTOR, 2003).

2.3.2.2 Teoria ERC

Segundo Zanelli et al. (2004) Clayton Alberfer em sua teoria ERC

(existência, relacionamento e crescimento) segue a mesma linha de raciocínio de

Maslow. Porém, no final da década de 1960 Alderfer redefiniu as cinco necessidades

hierárquicas de Maslow em uma tentativa de corrigir algumas deficiências. Nesta

teoria, existem três, em vez de cinco níveis de necessidade que são organizadas em

continuum, e não em hierarquia. Segundo o mesmo autor a idéia é que as pessoas

podem se mover para frente e para trás de uma categoria de necessidade para

Page 38: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

37

outra, e que a não-satisfação de necessidades em uma categoria pode afetar as

necessidades em outra.

Segundo Zanelli et al (2004) as teorias são:

a) Existência (E): inclui necessidades básicas que são consideras por

Maslow como necessidades fisiológicas e de segurança.

b) Relacionamento(R): reúne as necessidades sociais e de estima.

c) Crescimento(C): desejo de crescimento interior das pessoas. Incluem

as necessidades de estima e a de auto-realização.

Segundo Spector (2003), ao contrário de Maslow, Alderfer permite o fluxo

de intensidade das necessidades por meio de um continuum. Quando uma

necessidade é satisfeita, a pessoa experimenta um desejo menor por aquela

necessidade e maior por uma necessidade menos concreta. Após uma refeição, por

exemplo, uma pessoa experimentaria uma crescente necessidade de socializar-se

com outras pessoas. Zanelli et al. (2004) conclui afirmando que na teoria ERC, as

necessidades não têm que se satisfazer por ordem correlativa.

2.3.2.3 Teoria das necessidades (afiliação, poder e realização)

A teoria de McClelland, embora também trate as necessidades como de

origem biológica, não as considera pela perspectiva de hierarquia. Zanelli et al.

(2004) afirmam que na teoria de McClelland à três tipos de necessidades que se

inter-relacionam e se apresentam em níveis variados de intensidade nas pessoas,

conforme seus perfis psicológicos e os processos de socialização aos quais

estiveram submetidas. Para Hampton (1990) cada uma dessas necessidades tem

alguma semelhança com as necessidades discutidas por Maslow e outros.

Essas necessidades são:

a) Poder: a pessoa se sente motivada pelo desejo de influenciar,

reorientar e mudar as atitudes e as condutas alheias. Ou seja,

exercer algum tipo de influência.

b) Afiliação: a pessoa centra sua atenção na manutenção de seus

relacionamentos interpessoais, muitas vezes em detrimento de seus

Page 39: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

38

interesses individuais, se relacionando cordial e afetuosamente com

as pessoas.

c) Realização: a pessoa evidencia alta motivação para a auto-

realização e a busca de sua autonomia assumem uma postura de

luta continua pelo seu sucesso pessoal. Como satisfação, compete

para sua auto – avaliação.

Para Hampton (1990) o poder, a afiliação e a realização são

particularmente importantes porque estão ligados a formas distintas de

comportamento que podem aumentar ou reduzir as chances de sucesso do

individuo. Neste contexto sugerido por McClelland a motivação ira depender da

qualidade dos arranjos entre esses três tipos de necessidades.

As teorias da motivação oferecem inesgotáveis oportunidades para as

organizações, elevarem a moral e melhorar o clima de trabalho. O importante é

extrair meios para sua aplicabilidade no mundo real das pessoas. Porém segundo

Zanelli (2004) a compreensão em geral é solução para todos os problemas

referentes á satisfação, á produtividade e ao comprometimento das pessoas. Isso

porque essas teorias apresentam limitações que suscitam pelo menos duas grandes

questões. São elas:

Em primeiro lugar, são necessários mais estudos para avaliar a validade

das teorias e, em segundo lugar, é preciso que os dirigentes escolham métodos e

técnicas de pesquisa que permitam diagnosticar de modo fidedigno as variáveis

presentes no contexto de trabalho que de fato motivam os trabalhadores na

realização das tarefas organizacionais. (ZANELLI et al, 2004).

Com base nos conceitos de motivação e suas teorias, é interessante

agora, relacionar esses conceitos com o esporte para uma melhor compreensão e

aprofundamento do tema.

Page 40: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

39

2.3.4 Motivação no Esporte

Por que alguns atletas apresentam altos níveis de comprometimento e

expressam claramente sua satisfação e realização em exercer as atividades

propostas durante os treinamentos, enquanto outros não demonstram interesse e

disposição em participar das mesmas atividades, ou até mesmo o que leva o

aluno/atleta a tomar determina atitude ou direção de comportamento durante a

prática do esporte? As teorias de motivação, com base no que já foi visto

anteriormente neste estudo, tem se preocupado em entender o que motiva um

individuo a ter determinado comportamento frente a uma situação.

Figura 1 – Determinantes da motivação. Fonte: Samulski (2009, p.168).

Segundo Samulski (2009) o processo ativo, intencional e dirigido a uma

meta é caracterizado de motivação, a qual depende ainda da interação de fatores

pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). Ainda, Samulski (2009) define

motivação como sendo a totalidade daqueles fatores, que determinam a atualização

de formas de comportamento dirigido a um determinado objetivo. Sage apud

Weinberg e Gould (2001) seguindo a mesma linha de pensamento, define que os

esforços de uma pessoa para alcançar determinados objetivos consistem em um

processo diretamente ligado à motivação.

Page 41: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

40

Figura 2 – Motivação para a prática esportiva como resultado de interação entre fatores pessoais e situacionais (Weinberg e Gould, 1999:57). Fonte: Samulski (2009, p.168).

Para que se possa compreender na prática o que realmente acontece no

meio esportivo com relação ao comportamento do atleta, é preciso entender quais

fatores psicológicos afetam esses comportamentos durante a prática das atividades

esportivas, as quais refletem resultados positivos e/ou negativos. E devido a este

questionamento, estudos e pesquisas na área da psicologia têm avançado com

passar dos anos. Segundo Samulski (2002) ao final do século XIX, já existiam

estudos e pesquisas relativas a questões psicológicas no esporte. O autor ainda

relata que foi nos anos 1920 que surgiram os primeiros laboratórios e institutos de

psicologia do esporte, porém está é ainda uma ciência muito recente, que precisa se

desenvolver em muitas áreas.

A psicologia do esporte citada por Samulski (2002), segundo a Federação

Européia de Associações de Psicologia do Esporte – Fepsac (1996) é definida

como:

Fundamentos psicológicos, processos e conseqüências da relação psicológica das atividades relacionadas ao esporte, de uma ou mais pessoas praticantes do mesmo. O foco desse estudo está nas diferentes dimensões psicológicas da conduta humana, ou seja, afetiva, cognitiva, motivadora ou sensório-motora. Os sujeitos investigados são os envolvidos nos esportes ou exercícios, como atletas, treinadores, árbitros, professores, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, espectadores, pais.

Page 42: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

41

Com base nos conceitos de psicologia do esporte, e dada devida atenção

aos estudos e pesquisas realizados durante o passar dos anos, fica evidente que o

interesse pelo tema motivação esportiva vem caminhando juntamente com os

demais aspectos que a psicologia do esporte aborda. São muitos os temas

estudados envolvendo a motivação esportiva no Brasil e no mundo, buscando

compreender principalmente o que motiva o individuo a permanecer no esporte seja

no lazer ou performance. (SAMULSKI, 2002).

Knijnik et al. (2001) realiza uma pesquisa a qual teve como principal

objetivo, determinar através dos dados da literatura, quais fatores estariam

influenciando a motivação das crianças e adolescentes no que tange à prática

esportiva. O principal questionamento foi: porque diariamente milhares de crianças e

adolescentes iniciam ou abandonam a prática esportiva? Observou-se que os

fatores que determinam tais atitudes variam conforme a idade e o sexo. Os

principais motivos alegados pelos pesquisados para iniciar-se e persistir na prática

esportiva foram os seguintes: diversão, bem-estar físico, competição e novas

amizades. Ainda, destaca-se que os motivos alegados em virtude do abandono no

esporte foram: falta de competição, ênfase exagerada na vitoria e excesso de

pressão por partes dos pais e dos técnicos.

Com a realização deste estudo além de identificar os motivos que

influenciam crianças e adolescentes diariamente a iniciarem ou abandonarem a

prática esportiva, serviu também para que pais, técnicos e dirigentes esportivos se

sensibilizassem com tais questões a fim de que cada vez mais crianças vivenciem

longos períodos de prática esportiva. Através destes dados extraídos na prática

vivenciada no meio esportivo se pode chegar a determinadas hipóteses em relação

ao comportamento dos indivíduos durante a prática esportiva. (KNIJNIK et al., 2001).

Com isto faz sentido quando Samulski (2009, p. 168) cita que “a

motivação apresenta um nível de ativação e uma direção do comportamento”

(intenções, interesses, motivos e metas). Com base neste conceito, Samulski afirma

ainda que se pode distinguir, técnicas de ativação e técnicas de estabelecer metas.

Samulski (2002) propõem um modelo internacional da motivação para

prática esportiva. Segundo esse modelo, Samulski (2009) define que a motivação

para a prática esportiva depende da interação entre a personalidade (expectativas,

motivos, necessidades) e fatores do meio ambiente (tarefas atraentes, desafios e

influencias sociais). Porém, os fatores pessoais e situacionais importantes no

Page 43: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

42

decorrer da vida de uma pessoa podem mudar, dependendo das necessidades e

oportunidades atuais. (SAMULSKI, 2009).

Um estudo realizado por Chagas apud Samulski (2002) em academias de

ginástica destaca os seguintes aspectos motivadores que levam uma pessoa a

freqüentá-la:

a) Manter-se em boa forma

b) Melhorar o condicionamento físico;

c) Aumentar o bem-estar corporal e psicológico;

d) Melhorar o estado de saúde;

e) Prazer em realizar atividade física;

Os motivos mais relevantes para a prática de atividade física por

professores, funcionários e estudantes de uma universidade (UFMG), segundo a

pesquisa realizada nesta comunidade universitária conforme citado por Samulski

(2009, p. 169) são os seguintes:

a) Prazer pela atividade;

b) Reduzir o estresse do trabalho;

c) Reduzir a ansiedade;

d) Melhorar a saúde e qualidade de vida;

e) Manter-se em forma;

f) Manter e ou melhorar o condicionamento físico;

Samulski (2002) analisa os motivos pelos quais as crianças se envolvem

em programas esportivos. Destacam-se os seguintes:

a) Ter alegria;

b) Aperfeiçoar suas habilidades e aprender novas;

c) Praticar com amigos e fazer novas amizades;

d) Adquirir forma física;

e) Sentir emoções positivas.

Com isto Sage (1977), apud Weinberg e Gould (2001), corrobora dando

outra definição de motivação, afirmando ser simplesmente definida como a direção e

a intensidade de nossos esforços. Porém é importante entender o que envolve

exatamente estes componentes de motivação, direção e intensidade do esforço.

Page 44: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

43

Segundo Weinberg e Gould (2001, p. 72) “a direção do esforço refere-se

a um individuo aproximar-se ou ser atraído a determinadas situações”. Já a

Intensidade do esforço refere-se à quantidade de esforço realizado por uma pessoa

em uma determinada situação. Existe uma estreita relação entre direção e

intensidade de esforço, embora para a maioria das pessoas seja conveniente

separá-las. (WEINBERG E GOULD, 2001).

Murray (1967) afirma existir outros fatores apresentados na motivação

que também afetam o comportamento do individuo, bem como seu grau de

motivação. Segundo Murray (1967) tais fatores podem ser citado como as

experiências passadas do individuo, suas capacidades físicas e a situação ambiente

em que se encontra. Sendo que um motivo para Murray (1967) divide-se

usualmente, em dois importantes componentes sendo eles impulso e objetivo. O

primeiro termo, impulso, refere-se ao processo interno que incita uma pessoa a

ação. Já em relação ao segundo termo, o autor afirma que um motivo é terminado

ao ser atingido um objetivo ou obtida uma recompensa.

Já os Psicólogos do esporte e do exercício conforme Weinberg e Gould

(2001) consideram motivação a partir de diversas perspectivas, incluindo a

motivação para a realização, motivação na forma de estresse competitivo e

motivação intrínseca e extrínseca. Essas são todas formas variadas da definição

geral de motivação.

Segundo Weinberg e Gould (2001) empiricamente as pessoas definem uma

visão pessoal de como a motivação funciona, ou até mesmo desenvolvem teorias

sobre o que motiva as pessoas. Fazem isto observando como outras pessoas são

motivadas ou tentando descobrir o que as motiva. Porém por mais que haja diversas

visões individuais, Weinberg e Gould (2001) afirmam que a maioria destas pessoas

encaixa seu conceito de motivação em uma das três orientações gerais que fazem

parte das abordagens da personalidade. Estas incluem:

Visão centrada no traço: a visão centrada no traço (também chamada de visão centrada no participante) sustenta que primeiramente o comportamento motivado se da em função de características individuais. Ou seja, a personalidade, as necessidades e os objetivos de um aluno, atletas ou praticante de exercício são os determinantes principais do comportamento motivado. Visão centrada na situação: Em contraste direto com a visão centrada no traço, a visão centrada na situação sustenta que o nível de motivação é determinado primeiramente pela situação. Os especialistas em psicologia do

Page 45: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

44

esporte e do exercício não recomendam a visão de motivação centrada na situação como a mais efetiva para orientar a prática. A visão internacional: a visão de motivação mais amplamente aceita por psicólogos do esporte e do exercício hoje é a visão internacional entre individuo-situaçao. A melhor maneira de entender a motivação é examinar modo como esses dois conjuntos de fatores interagem. (WEINGERG & GOULD, 2001, p. 74).

Com isto os autores destacam que considerando a pessoa e a situação, e

como esses fatores interagem é a melhor maneira de entender a motivação.

2.3.5 Teorias de motivação para o rendimento no esporte

Algumas teorias da motivação no esporte (motivação para realização ou

rendimento) tentam explicar os fenômenos que ocorrem em relação ao

comportamento do esportista, assim como anteriormente se pode observar as

teorias tradicionais de motivação, tentando explicar ou facilitar o entendimento em

relação ao comportamento do individuo.

Segundo Weinberg e Gould (2001), com o passar dos anos surgiram

quatro teorias tentando explicar o que motiva as pessoas a agirem de determinada

forma. São elas, a teoria da necessidade de realização, a teoria da atribuição, a

teoria das metas de realização e a teoria da motivação para a competência. Será

considera neste estudo uma delas por vez.

Page 46: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

45

2.3.5.1 Teoria da necessidade de realização

Essa teoria clássica de Atkinson (1974) e Mc. Clelland (1961) apud

Samulski (2009), explica a motivação para o rendimento como o resultado da

interação de fatores pessoais e situacionais. Os autores destacam cinco

componentes fundamentais nessa teoria, são eles: fatores da personalidade (ou

pessoais) e motivos, fatores situacionais, tendências resultantes, reações

emocionais e comportamento de rendimento (Figura 3).

Figura 3 - Modelo de necessidade para o rendimento. Fonte: Samulski (2009, p.168).

2.3.5.1.1 Fatores Pessoais

Conforme Samulski (2009), cada pessoa possui duas tendências

motivacionais: a tendência de procurar sucesso e a tendência de evitar fracasso.

Ainda, para Weinberg e Gould (2001, p. 106) “a capacidade de experimentar o

Page 47: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

46

orgulho ou satisfação nas realizações”, é definido como motivo para alcançar

sucesso. Enquanto “a capacidade de experimentar vergonha ou humilhação como

conseqüência do fracasso“ é considerado o motivo para evitar o fracasso, segundo

Gil (1986, p. 60) apud Weinberg e Gould (2001). A teoria, segundo os autores,

sustenta ainda que o comportamento será influenciado pelo equilíbrio desses

motivos.

Samulski (2009) corrobora afirmando que, alto nível de motivação para o

sucesso e baixo nível de motivação para o fracasso é demonstrado por pessoas

orientadas o sucesso. Segundo Samulski (2009) essas pessoas gostam de

demonstrar e avaliar suas capacidades e não ficam preocupadas com resultados

negativos. Ao contrario, baixo nível de motivação para o sucesso e alto nível de

motivação para o fracasso são demonstradas por pessoas orientadas para o

fracasso. As conseqüências negativas e os resultados são o alvo de sua

preocupação. Porém segundo Gill (1986), apud Weinberg e Gould (2001), a teoria

não faz previsões esclarecedoras para os que apresentam níveis moderados ou

outros níveis de cada motivo.

2.3.5.1.2 Fatores situacionais

Há dois fatores situacionais que influenciam a motivação para o

rendimento, são eles: a probabilidade e o valor de incentivo do sucesso. Para

Samulski (2009) o que define o sucesso no esporte é a dificuldade da tarefa e a

competência do adversário. Já o valor do sucesso no esporte é maior quando um

atleta vence um adversário excelente do que um amador. O autor ainda destaca que

situações competitivas que oferecem uma chance de 40% a 50% de vitória

apresentam para os atletas orientados para o sucesso um alto incentivo para o

desempenho máximo. (SAMULSKI, 2009).

Page 48: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

47

2.3.5.1.3 Tendências resultantes

Em tendências resultantes segundo Samulski (2009), as pessoas

procuram situações de desafio e preferem competir contra adversários fortes

(capacidades iguais) pessoas orientadas para o sucesso. Em contra partida pessoas

orientadas para o fracasso tendem a evitar situações de desafio ou procuram, ás

vezes, tarefas excessivamente difíceis de realizar. Por exemplo, se um time da

quarta divisão perdesse para um time da primeira, não causaria vergonha nem

embaraço. Com isto Weinberg e Gould (2001) afirmam que atletas com baixos níveis

de realização não temem o fracasso, eles temem a avaliação negativa associada

com fracasso. Destacam ainda que uma chance de sucesso de 50 % provoca

grande incerteza e preocupação e, portanto, aumentam a possibilidade de

demonstrar baixa capacidade ou competência.

2.3.5.1.4 Reações emocionais

Segundo Samulski (2009), as reações emocionais, como orgulho e

satisfação são influenciadas pelas tendências comportamentais. Weinberg e Gould

(2001) contribuem afirmando que tanto atletas com níveis altos de realização como

atletas com baixos níveis de realização querem sentir orgulho e minimizar a

vergonha. Porém, suas características de personalidade interagem diretamente com

a situação, fazendo com que eles se focalizem mais no orgulho ou na vergonha.

Com isto se entende que pessoas orientadas para o sucesso experimentam mais

orgulho e satisfação em suas carreiras esportivas do que as pessoas orientadas

para o fracasso. (WEINBERG e GOULD, 2001).

2.3.5.1.5 Comportamento de Performance

Page 49: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

48

Indicar o modo como os quatro componentes anteriores interagem é a

proposta desta teoria das necessidades de realização. Segundo Samulski (2009)

bons rendimentos em situações de avaliação são demonstrados por pessoas

orientadas ao sucesso a qual selecionam tarefas mais exigentes. Em contra partida

pessoas orientadas para o fracasso não apresentando bons resultados quando são

avaliados quando estão à frente de tarefas exigentes e situações de risco, e com isto

preferem evitá-las.

Weinberg e Gould (2001) afirmam que as previsões de desempenho da

teoria da necessidade de realização servem como estrutura para todas as atuais

explicações da motivação a realização.

2.3.5.2 Teoria de atribuição

Para Weiner, (1985, 1986) apud por Samulski (2009), o objetivo da teoria

da atribuição é explicar a maneira com que as pessoas interpretam as causas do

sucesso ou fracasso. Conforme destacam Weinberg e Gould (2001) sustentam em

algumas poucas categorias milhares de possíveis explicações de como sucesso e

fracasso podem ser classificadas. As categorias de atribuição mais básicas segundo

Weinberg e Gould (2001, p. 83) são: estabilidade (sendo ou razoavelmente

permanente ou instável), lócus de causalidade (se a causa do comportamento for

externa ou interna para a pessoa) e lócus de controle (um fator que esta ou não sob

nosso controle).

Page 50: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

49

Figura 4 – Categorias básicas de atribuição (Weinber, 1985:60). Fonte: Samulski (2009, p.177).

Dentro da teoria da atribuição segundo Weinberg e Gould (2001) existe

também alguns fatores que tenta explicar a maneira com que as pessoas

interpretam as causas do sucesso ou fracasso, sendo eles:

Quadro 1 –

Atribuições e motivação do rendimento

Page 51: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

50

Existe

uma

relação entre as diferentes formas de atribuição de um resultado e as expectativas

de futuros sucesso e as reações emocionais resultantes, como mostra a seguir:

O sucesso ou fracasso de uma pessoa podem ser atribuídos a uma

variedade de possíveis explicações (atribuições) conforme destacado por Weinberg

e Gould (2001, p. 83). Por exemplo, você pode vencer uma partida de futebol e

atribuir seu sucesso a:

a) Um fator estável (por exemplo, o talento do time ou boa capacidade)

ou a um fator instável (por exemplo, sorte);

b) Uma causa interna (por exemplo, o esforço do time nos últimos

minutos) ou a uma causa externa (por exemplo, adversários fáceis);

Page 52: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

51

c) Um fator que pode controlar (por exemplo, jogadas ensaiadas) ou um

fator fora de seu controle (por exemplo, o condicionamento físico dos

adversários).

Ou segundo Weinberg e Gould (2001), você pode abandonar um treino e atribuir o

seu fracasso a:

a) Um fator estável (por exemplo, sua falta de talento) ou um fator instável

(por exemplo, o péssimo treinador);

b) Uma causa interna (por exemplo, seu problema de coluna) ou uma

causa externa (por exemplo, os equipamentos de a academia ser muito

velhos);

c) Um fator que você pode controlar (por exemplo, sua falta de esforço)

ou um fator fora do seu controle (por exemplo, atraso no salário).

2.3.5.3 Teorias das metas para o rendimento

Para Samulski (2009), três fatores que interagem entre si determinam o

nível de motivação para o rendimento de uma pessoa são eles: as metas para o

rendimento, a percepção subjetiva das próprias capacidades e o comportamento de

rendimento. Estas conclusões foram alcançadas por psicólogos do esporte que

analisaram as metas (goals) do rendimento, a fim de entender melhor o processo de

motivação para ele.

Page 53: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

52

Figura 5:

Determinantes da teoria de metas da performance (Weinber & Gould, 1999, p. 61). Fonte: Samulski (2009, p.179)

Page 54: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

53

2.3.5.3.1 Metas orientadas para o resultado final

O atleta orienta suas ações por comparações permanentes com os outros

atletas. A meta principal é ter um bom resultado e vencer os outros competidores.

(SAMULSKI, 2009).

Conforme destaca Weinberg e Gould (2001) o foco de um atleta

orientado ao resultado (também chamada de orientação a meta competitiva), é

comparar-se com outros e derrotá-los. Segundo os autores o atleta orientado ao

resultado sente-se bem em relação a si mesma quando vence, mas não se sente

bem quando perde.

2.3.5.3.2 Metas orientadas para a tarefa

Para Samulski (2009) o atleta que se orienta por normas de referência

individual se esforça para melhorar seu próprio rendimento e não fica preocupado

com o rendimento dos outros atletas. O autor relata ainda que este atleta visa

durante os treinos aperfeiçoar seu nível técnico.

Weinberg e Gould (2001) corroboram afirmando que um atleta orientado

à tarefa (também chamado de orientação ao domínio) tem o foco em estar melhor

em relação a seus próprios desempenhos passados. Os autores relatam ainda que a

percepção de capacidade não esta baseada em uma comparação com outros.

A fim de entender a motivação de uma pessoa, deve-se entender o que o

sucesso e o fracasso significam para ela. E a melhor maneira de fazê-lo é examinar

as metas de realização da pessoa e o modo como elas interagem com suas

percepções ou preço de capacidade de sua competência (autovalor). (WEINBERG e

GOULD, 2001).

Page 55: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

54

2.3.5.4 Teoria da motivação para a competência

Segundo Weiss e Chaumeton (1992 apud SAMULSKI, 2009) a teoria da

motivação para a competência, explica o processo de interação entre percepção de

competência e controle de uma pessoa, e estado atual de motivação. Conforme

destaca Weinberg e Gould (2001), essa teoria sustenta que os principais

determinantes da motivação são os sentimentos de sentirem-se dignas ou

competentes.

Para Samulski (2009) a teoria considera, que quando valorizadas e

percebendo que são capazes de realizar determinadas tarefas, as pessoas são

altamente motivadas. Nessa teoria, três componentes, sendo eles auto-estima,

percepção da própria competência e percepção de controle, influenciam diretamente

o nível de motivação.

Essa teoria segundo Weinberg e Gould (2001), afirmam ainda que para

influenciar a motivação dos atletas, as percepções de seu controle de aprender e

desempenhar habilidades trabalham juntos com avaliações de autovalor e de

competência. Entretanto, conforme os autores destacam esses achados não

influenciam a motivação diretamente, porém antes, influenciam estados afetivos ou

emocionais (tais como satisfação, ansiedade, orgulho e vergonha) que, por sua vez,

influenciam a motivação.

Se um jovem jogador de futebol, por exemplo, tiver alta auto-estima,

sentir-se competente e perceber que tem controle sobre a aprendizagem e o

desempenho de habilidades do futebol, segundo Weinberg e Gould (2001), esses

esforços para aprender o jogo aumentarão sua satisfação, seu orgulho e sua

felicidade. Os estados afetivos positivos, por sua vez, levarão a uma motivação

maior.

Porém Weinberg e Gould (2001, p. 87), destacam que ao contrario, “se

um praticante de exercício tiver baixa auto-estima, sentir-se incompetente e sentir

que as atitudes pessoais têm pouco a ver com aumento do condicionamento, o

resultado serão respostas afetivas negativas”. Essas respostas afetivas negativas

levarão à diminuição da motivação.

Page 56: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

55

Figura 6 – Teoria da motivação entre competência e motivação (adaptado de Weiss e Chaumeton, 1992. In Weinberg e Gould, 1999, p. 63). Fonte: Samulsk (2009, p.182).

2.4 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA E MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA

Nos últimos anos os clubes/empresas adotaram uma nova postura nos

grandes times de futebol, viabilizando uma nova gestão organizacional, onde além

das técnicas/habilidades já desenvolvidos, têm-se caminhado a passos largos em

direção as necessidades psicológicas dos atletas, na busca de um desenvolvimento

positivo no rendimento das equipes. (ANDRADE et. al., 2006)

O preparo psicológico de um atleta é semelhante ao desenvolvimento de

uma habilidade esportiva, se não há um tempo adequado para o treinamento mental

também não haverá um desempenho psicológico adequado (BARRETO, 2003 apud.

ANDRADE et. al 2006)

Andrade et al. (2006) afirmam ainda que existem diversos fatores de

ordem emocional e motivacional que fazem menção as condições impostas aos

jogadores seja durantes as sessões de treinamento, durante as competições ou no

Page 57: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

56

ambiente que o cerca, tais como: seus próprios desejos e interesses, a torcida,

arbitragem, o local de competição, os adversários, entre outros.

Por isso a necessidade de se aprofundar no que diz respeito aos

aspectos relacionados à motivação dos atletas, pois conforme Bergamini (1997)

aborda, a maior parte dos estudos divulgados sobre motivação humana parece ter-

se orientado para uma investigação mais superficial. No entanto segundo o mesmo

autor o interessante seria poder conhecer o que motiva, em lugar de investigar como

se dá o comportamento motivacional.

Andrade et al. (2006) ressaltam ainda que a motivação é um dos

principais meios psicológicos utilizados no futebol a qual pode provocar modificações

no rendimento e desempenho dos atletas. Ela geralmente esta presente em

treinamentos, concentrações, preleções e principalmente nas competições, onde

ocorrem várias situações que podem provocar alterações no comportamento dos

atletas e da equipe.

Serrano (2003) apud Andrade et al. (2006) no que diz respeita a

motivação se baseia na idéia de Maslow na qual entende-se que é o resultado dos

estímulos que agem com força sobre os indivíduos, levando –os a realizarem uma

ação. Porém para que ocorra uma ação ou uma reação do individuo é preciso que

um estímulo seja implementado, decorrente de algo externo ou proveniente do

próprio organismo. Samulski (2002) explica como já visto anteriormente neste estudo

como sendo um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende

da interação de dois fatores, intrínsecos (ou pessoais) e extrínsecos (ou ambientais).

2.4.1 Motivação intrínseca

Segundo Boog (2002) a motivação intrínseca caracteriza-se pelo conjunto

de percepções que o individuo tem sobre sua existência, sendo o mecanismo

intrínseco que “move” o individuo e que o mantém disposto e feliz, permitindo sua

evolução e senso de desenvolvimento.

Maximiano (1990) corrobora afirmando que é de dentro do próprio

individuo que provém os motivos internos que afetam o desempenho, são as forças

presentes em suas necessidades, aptidões, interesses e habilidades: capaz de

Page 58: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

57

realizar certas tarefas e outras não; de valorizar certos comportamentos e

menosprezar outros; sentir-se atraídos por certas coisas e repelir outras. Segundo o

mesmo autor são os impulsos interiores, tanto de natureza fisiológica quanto

psicológica, que, por sua vez, são afetados por fatores sociológicos.

Por mais que um ambiente possa gerar elementos externos de ampliação

da motivação, a motivação interna é o que efetivamente vai alimentar a alma deste

individuo e fará com que ele esteja plenamente satisfeito com sua vida. (BOOG

2002)

Gooch e Mc Dowell (1988 apud BERGAMINI, 1997, p. 82) assim se

exprimem:

A motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa e que pode estar ligada a um desejo. Sendo assim uma pessoa não consegue motivar alguém, o que ocorrer é uma pessoa estimular a outra. Pois a probabilidade de que uma pessoa siga uma orientação de ação desejável está diretamente ligada à força de um desejo.

Segundo Bergamini (1997) nada se pode fazer para conseguir motivação

de uma pessoa a não ser que ela mesma esteja espontaneamente predisposta para

tanto. Outro aspecto importante no contexto da motivação interna de um individuo,

segundo Boog (2002), é a capacidade do individuo de se automotivar sendo está

uma capacidade de natureza primitiva, instintiva, mais que pode também ser

desenvolvida através de processos planejados.

Com a automotivação o ser humano pode lidar realisticamente com as

pulsões básicas de seu inconsciente e também agir de mediador entre esses

impulsos básicos e as exigências da realidade externa. Todo esse processo é

gerenciado pela mente humana de forma complexa (consciente e inconsciente) e

acaba caracterizando o grau de satisfação que cada um tem a respeito de seu ser –

daí o surgimento do próprio senso de “estar motivado. (BOOG, 2002).

Sendo assim Boog (2002) segue afirmando que por mais que um

ambiente possa gerar elementos externos de motivação o que vai efetivamente

diferenciar uma pessoa da outra é o vetor interno, se considerado o aspecto

motivacional.

Page 59: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

58

2.4.2 Motivação extrínseca

No que diz respeito à motivação externa Boog (2002) diz se caracterizar

pelo conjunto de valores, missão e visão de determinado ambiente que permite

relações interpessoais adequadas, feitas dentro de um clima que leve a plena

realização dos seres humanos que atuam nesse mesmo ambiente. Já para

Maximiano (1990) os motivos externos são produzidos pelo ambiente: objetivos que

perseguem porque satisfazem uma necessidade; despertam um sentimento de

interesse ou produzem o efeito de uma recompensa a ser alcançada.

Boog (2002) relata ainda que os elementos ambientais devam ser

capazes de gerar estímulos e interesses para a vida das pessoas, criando causa e

efeito entre o comportamento dos indivíduos e até mesmo quando se tratando das

organizações (neste caso os clubes) pode-se ter o alcance dos resultados

esperados.

Bergamini (1997) baseado na idéia de psicólogos behavioristas e

comportamentalistas que estudam a respeito do comportamento condicionado,

pressupõem que o comportamento humano possa ser planejado, modelado ou

mudado por meio da utilização adequada dos vários tipos de recompensas ou

punições disponíveis no meio ambiente. A isso é dado o nome de reforçadores de

comportamento.

Se tratando de recompensas e punições Weinberg e Gould (2001)

abordam o assunto como se tratando de princípios do reforço onde embora haja

muitos princípios relacionados a mudanças de comportamento, essas duas são

premissas básicas que sublinham o reforço efetivo. Os mesmos autores reforçam

sua fala relatando que as pessoas reagem de diferentes formas ao mesmo reforço,

que pode não ser capazes de repetir um comportamento desejado e recebem

diferentes tipos de reforço em diferentes situações fazendo assim com que os

princípios do reforço sejam muito complexos de serem investigados.

Bergamini (1997) corrobora afirmando que, quando são administrados

prêmios oferecidos após a ocorrência de um comportamento desejável, ilustra uma

situação de feedback ou reforço positivo que estimula a adoção desse

comportamento de forma mais permanente. Uma forma de punição que é aplicada

após um comportamento indesejável é caracterizado ai como feedback ou reforço

Page 60: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

59

negativo que tem o poder de diminuir a freqüência do uso de tal ação, chegando a

extinguir especificamente esse tipo de comportamento. (BERGAMINI, 1997).

Conforme Bergamini (1997) existe uma visão da motivação chamada de

comportamentalista que representa aquele típico enfoque no qual se defende o

determinismo no estudo da conduta de cada pessoa, negando dessa forma a

liberdade humana. Neste caso, simples estímulos ambientais é que representam o

comportamento humano, não havendo lugar para se pensar em automotivação.

2.5 ESTUDOS RELACIONADOS À MOTIVAÇÃO NO ESPORTE

Estudos realizados hoje em dia são utilizados como forma de

complemento para um melhor entendimento de como se da o comportamento

motivacional dos indivíduos. Com isto, neste estudo a qual o foco principal é a

motivação de jovens atletas na prática de exercício físico, serão apresentados

alguns estudos e pesquisas relacionados a este tema.

Balbinotti et al. (2011) apresenta um estudo no qual o objetivo central foi

verificar entre seis dimensões motivacionais, quais as que mais motivam jovens

praticantes de basquete escolar (13 a 16 anos) das categorias infantil e juvenil à

prática regular de atividade física e/ou esportiva; além disso o estudo busca verificar

se existem diferenças significativas entre os fatores motivacionais dessas categorias.

Para tanto, aplicou-se o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividades

Físicas e/ou Esportiva IMPRAFE-54 (BALBINOTTI e BARBOSA, 2008). Na categoria

Infantil, o que mais motiva os adolescentes à prática do basquetebol são as

dimensões Prazer, Competitividade e Saúde (1º), seguida pela Sociabilidade e

Estética (2º) e Controle de Estresse (3º). Na categoria Juvenil, mostraram-se

indissociáveis estatisticamente: Sociabilidade, Prazer, Competitividade, Saúde e

Estética. Portanto, com a realização deste estudo foi possível verificar que os atletas

da categoria Infantil praticam o esporte por motivos intrínsecos, já a categoria Juvenil

pratica por outras razões.

Em estudo com praticantes de academia de ginástica Balbinotti e

Capozzoli (2008) objetivaram verificar a existência (ou não) de diferenças

estatísticas significativas (p < 0,05) entre os índices motivacionais de seis dimensões

Page 61: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

60

(controle estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer)

controlando-se as seguintes variáveis: sexo e grupo de idade. O IMPRAF-126

(Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física) foi respondido por

300 praticantes de ginástica em academias de Porto Alegre/RS, de ambos os sexos

e com idades variando entre 18 e 65 anos. As diferenças foram interpretadas

conforme a teoria da autodeterminação e do desenvolvimento vital humano. A partir

deste estudo foi possível verificar que a dimensão Saúde é a que mais motiva os

praticantes de ginástica em academias, quando controladas as variáveis sexo e

grupo de idade. Os autores da pesquisa sugerem que novos estudos devem ser

conduzidos a fim de verificar possíveis diferenças no perfil motivacional quando

controladas outras variáveis.

Fatores motivacionais que levam praticantes de musculação a treinar no

período vespertino foi o tema do estudo de Napoli e Sene (2008) que investigaram

freqüentadores da academia no período vespertino, residentes na cidade de

Jaguaruna – SC de ambos os sexos e com idade de 15 a 50 anos. O instrumento

utilizado para consecução dos resultados foi o Inventário de Motivação à Prática

Regular de Atividade Física adaptado de Balbinotti (2004). Os resultados

encontrados foram que a saúde é o fator mais freqüente que motiva os

freqüentadores, seguido pelo prazer, estética e controle de estresse, sociabilidade e

por ultimo competição. Percebeu-se que mais uma vez a saúde é o fator mais

motivante, neste caso dos freqüentadores de academia de ginástica. De encontro ao

conceito da Organização Mundial da Saúde que relata que ter saúde não é somente

à ausência de enfermidades e sim um estado de bem estar físico, mental e social.

Os expressivos resultados obtidos pelo tenista Gustavo Kuerten foram

responsáveis por um grande crescimento e desenvolvimento do tênis catarinense e

nacional, fazendo com que o interesse de crianças e adolescentes pela prática

aumentasse consideravelmente. Com base nisto Luiz (2010) se propôs a realizar um

estudo com jovens tenistas o qual tem como objetivo analisar a influência da

motivação na fase de iniciação e na fase de especialização na modalidade de tênis

de campo. 40 atletas de dois grupos distintos da modalidade de tênis de campo da

região de Florianópolis. Um grupo (grupo 1) foi composto por 20 atletas de 8 a 14

anos em fase de iniciação. O outro grupo (grupo 2) foi composto por 20 atletas de 14

a 18 anos em fase de especialização ambos na modalidade de tênis de campo.

Como instrumento da pesquisa foi utilizado o Questionário de Motivação para

Page 62: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

61

Atividades Desportivas (QMAD), que identifica sete tipos de motivação para a prática

esportiva: status, diversão, afiliação, contexto, aptidão física, aperfeiçoamento

técnico e influência de família e amigos. A partir da aplicação do instrumento, foi

possível obter os seguintes resultados: O grupo que se encontrava na fase de

iniciação, foca a motivação principalmente no desenvolvimento relacionado à

aptidão física e no aperfeiçoamento técnico. No entanto, o grupo que se encontrava

na fase de especialização, leva em consideração como principais categorias de

motivação a vontade de ganhar e o sonho de seguir carreira na modalidade.

Na natação o tema motivação é do interesse de treinadores, pois

conhecendo o que motiva os atletas a permanecerem no esporte, poderão impedir o

abandono precoce na natação. Nesse tema Goularte (2010) analisou o perfil

motivacional dos nadadores da Equipe UNISUL. Para a coleta dos dados foi

utilizado um questionário elaborado e validado por Freitas (2002), estruturado em

três partes, onde a primeira parte trata dos dados pessoais, a segunda parte da

natação e treinamento de natação e a terceira parte trata dos aspectos que motivam

e desmotivam na natação. Participaram 15 atletas federados da equipe UNISUL de

natação, com idades entre 13 e 28 anos. Constatou-se que o principal motivo que

levou os atletas a iniciarem a prática da natação foi por vontade da família, que

ocorreu em média por volta dos 6,7 anos. A idade de início dos treinamentos

ocorreu, para os meninos, por volta dos 13,4 anos e para as meninas, aos 11 anos.

Com relação aos aspectos motivantes para o treinamento de natação, todos os

sujeitos encontram-se motivados intrinsecamente: dos 15 atletas, 5 responderam

treinar com o objetivo na tarefa ou na destreza desportiva e 10 responderam treinar

com objetivo no ego ou na competitividade.

Em pesquisa realizada por Viana (2009) baseia-se na Teoria da

Autodeterminação e com temática a motivação de adolescentes para a prática de

exercícios físicos. O estudo teve por objetivo verificar se existe relação entre as

regulações motivacionais e a prática de exercícios físicos de estudantes

adolescentes. A amostra foi composta por adolescentes de 14 até 18 anos

estudantes do Ensino Médio de escolas públicas estaduais do município de

Florianópolis/SC. Sendo, no total 400 estudantes (5% de erro amostral) de ambos os

sexos (53,8% meninas e 46,2% meninos). Além de um questionário de

caracterização, foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário de

Regulação de Comportamento no Exercício Físico – 2 / BREQ-2 (PALMEIRA et al.,

Page 63: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

62

2007); Questionário de Avaliação da Atividade Física de Adolescentes (FLORINDO

et al., 2006); e os Estágios de Mudança de Comportamento relacionados ao

Exercício Físico (DUMITH, DOMINGUES e GIGANTE, 2008). Utilizou-se de

estatística não-paramétrica para a análise dos dados, com estabelecido de 0,05

como nível de significância. A maior parte dos estudantes (67,6%) pratica exercícios

físicos com regularidade (estágios de ação e manutenção), sendo os meninos mais

ativos fisicamente que as meninas. Quanto às variáveis motivacionais, os estudantes

mostram-se autodeterminados para a prática de exercícios físicos. Amotivação (x =

0,30) e regulação externa (x = 0,51) são baixas, enquanto regulação identificada ( x

= 2,74) e motivação intrínseca ( x = 3,19) apresentam índices superiores, resultando

em um elevado índice de autodeterminação ( x = 11,85). Meninos se mostram mais

motivados intrinsecamente e com maior regulação identificada do que as meninas.

As correlações observadas entre as variáveis motivacionais confirmam o

pressuposto do continuum da autodeterminação, pois as regulações motivacionais

se relacionam mais positivamente com os construtos mais próximos e mais

negativamente com os distantes. São mais autodeterminados e ativos fisicamente os

estudantes que praticaram mais exercícios no passado e tem uma boa avaliação

dessas práticas, quem tem avaliação mais positiva das aulas de Educação Física, e

quem tem melhor percepção de suas competências físicas (força, flexibilidade e

resistência aeróbia). Estudantes mais autodeterminados praticam mais exercícios

físicos do que os menos autodeterminados, pois: a) a 7 quantidade de prática de

exercícios físicos se relaciona negativamente com amotivação e regulação externa,

e positivamente com a regulação introjetada, regulação identificada e motivação

intrínseca, bem como com o índice de autodeterminação; e b) adolescentes em

estágios de mudança de comportamento mais evoluídos são menos amotivados e

apresentam maior regulação introjetada, regulação identificada, motivação intrínseca

e índice de autodeterminação. Os resultados confirmam as hipóteses de pesquisa e

os pressupostos da TAD, além de sua aplicabilidade no contexto do exercício físico

para a realidade brasileira.

Um estudo realizado por Paim (2001) teve como objetivo verificar quais

os motivos que levam adolescentes a praticar o futebol. A amostra foi composta por

100 sujeitos, praticante em clubes de iniciação desportiva de futebol, sendo que

eram 36 meninos e 16 meninas da UFSM e 34 meninos e 14 meninas do Clube

Recreativo Dores. Como instrumento metodológico utilizou-se o Inventário de

Page 64: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

63

Motivação para prática Desportiva de Gaya e Cardoso (1998). Percebeu-se que os

resultados indicaram que os motivos mais fortes para o envolvimento dos

adolescentes no futebol estão relacionados á competência desportiva (72%) e saúde

(70%), ficando a categoria amizade e lazer com (67%) da preferência. Quanto ao

contexto social onde praticam, os adolescentes praticantes na UFSM apontaram

como fator mais importante a categoria competência desportiva com (87%) da

preferência, já os praticantes no Clube Dores apontaram como fator mais motivante

para a prática desportiva a categoria amizade e lazer com (79.0%) da preferência.

Ribeiro e Voser (2011) apresentam em seu estudo de cunho qualitativo

com objetivo de verificar fatores motivacionais que levam os atletas praticantes de

futebol de campo, a escolher a posição de goleiro. Constituiu a amostra 08 sujeitos,

da categoria profissional (2), juniores (2), juvenil (2) e infantil (2), de um clube

profissional de futebol de Porto Alegre. Foi realizada uma entrevista semi-

estruturada, contendo 06 perguntas abertas. Os resultados indicaram que o “gostar

de defender”, de realizar “grandes defesas” como seus ídolos, são os principais

fatores motivacionais que levaram os atletas praticantes de futebol de campo a optar

pela posição de goleiro. Os autores perceberam com a realização do estudo que

conhecer os motivos que levam atletas a optar pela posição de goleiro e algumas

peculiaridades do seu dia a dia ampliará as possibilidades do trabalho físico e

psicológico dos goleiros, respeitando-se as características e individualidades de

cada um.

Segundo Andrade et al (2006) muitos fatores físicos e psicológicos

influenciam o rendimento dos atletas sendo a motivação é um dos principais fatores

que contribuem para o rendimento de um atleta. Sendo assim Andrade et al (2006)

realiza um estudo com objetivo de verificar se o tempo de prática exerce alguma

influência na motivação intrínseca. A amostra foi constituída de 48 jogadores, do

sexo masculino, da categoria juniores, de equipes profissionais de futebol, com

média de idade de 17,5 anos e desvio padrão 1,28. Os atletas foram divididos em

dois grupos G1 (27) com mais de 10 anos de prática e G2 (21) com menos de 10

anos de prática. Foi aplicada uma análise de variância com nível de significância de

p<0,05. Os resultados demonstraram que não houve diferença significativa entre os

dois grupos na motivação intrínseca (p=0,733). Porém Andrade et al. (2006)

sugerem novos estudos com a motivação envolvendo outras variáveis e com outros

controles metodológicos.

Page 65: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

64

Um estudo de corte transversal, realizado por Lorenzi et al. (2011) teve

objetivo de verificar a motivação para o esporte de 151 praticantes de futebol do

sexo masculino de um Clube profissional de Porto Alegre com idade entre 9 e 12

anos. Deste total, 90 eram praticantes da escolinha e 61 da seleção. Como

instrumento de medida utilizou-se o Inventário de Motivação para a prática

Desportiva de Gaya e Cardoso (1998), composto por 19 perguntas objetivas

subdivididos em 3 categorias: competência desportiva, amizade/lazer e saúde. Os

resultados apontam que na dimensão Amizade e Lazer a partir da análise de

variância revelou uma diferença significativa entre os grupos Escolinha e Seleção.

Os escores médios dos alunos da Escolinha superaram os dos integrantes da

Seleção. Parece lógico que os integrantes da Seleção sejam menos motivados a

praticar o esporte por aspectos relacionados com Amizade e Lazer do que os da

Escolinha (que têm menos objetivo de competir e, portanto, também menos motivos

em torno da tarefa). Contudo, nas dimensões Competência Desportiva e Saúde não

foram constatadas diferenças significativas entre os dois grupos. Também não

houve diferenças motivacionais para a prática desportiva entre as diversas posições

dos praticantes. Ainda, não houve correlação significativa entre idade e dimensões

da motivação. Os dados encontrados sugerem que outros estudos possam

aprofundar estas questões motivacionais que envolvem ambientes caracterizados

por serem mais competitivos e outros com o enfoque de formação e de lazer.

Page 66: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

65

3 MÉTODO

3.1 TIPO DE PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa exploratória, com objetivo descritivo e enfoque

quantitativo, pois visa à descrição de aspectos motivacionais de atletas/alunos de

futebol bem como a relação destes aspectos entre um clube e uma escolinha de

futebol.

Assume a forma de pesquisa de campo, onde, visa proporcionar uma

visão parcial do problema ou de identificar possíveis fatores que o influenciam ou

são por eles influenciados. (GIL, 2002).

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada com praticantes de um clube de futebol

(Figueirense Futebol Clube) localizado no bairro Estreito em Florianópolis e uma

escolinha de futebol (Genoma colorado) localizada no município de Palhoça.

A amostra que foi composta este estudo atinge o número de 72

alunos/atletas categoria infantil, todos do sexo masculino, sendo que 36 destes são

do Figueirense Futebol Clube e 36 da escolinha de futebol Genoma Colorado, onde

o tipo de seleção utilizada para escolha dos 72 sujeitos que participaram do estudo é

não probabilístico intencional e a partir dos critérios de inclusão descritos abaixo:

- Adolescentes de 13 a 15 anos da escolinha de futebol do Genoma

colorado e do Figueirense Futebol Clube;

- Estar matriculado e freqüentando escola da rede ensino público ou

particular da grande Florianópolis;

- Não utilizar medicamentos ou psicotrópicos que interfiram no

desempenho motor e cognitivo;

- Estar matriculado e freqüentar regularmente os treinamentos da

escolinha e do clube de futebol.

Page 67: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

66

3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA

Para este estudo foi utilizado o Inventario de Motivação aplicada à

Atividade Física (IMFRAF – 126) desenvolvido por Balbiotti e Barbosa em Anexo K.

O IMPRAF – 126 pretende verificar 6 das possíveis dimensões associadas à

motivação para prática regular de atividade física. Trata-se de 126 itens agrupados 6

a 6, seguindo a seqüência das dimensões proposta por Balbinotti e Barbosa (2006)

a serem estudadas, a saber:

1) Controle de Estresse:

Expressa o desejo das pessoas de obter na atividade física alívio de suas

angústias, ansiedade, irritações e estresse. Estas pessoas estão interessadas na

sensação de descanso, sossego e repouso que elas experimentam quando praticam

atividades físicas.

2) Saúde:

Trata-se de pessoas interessadas em adquirir, manter e melhorar a saúde

desenvolver- se com saúde e evitar doenças. São pessoas que querem viver mais e

viver com boa qualidade de vida.

3) Sociabilidade:

Mede a motivação das pessoas que vêem na atividade física uma

oportunidade para encontrar, estar ou se reunir com os amigos. Considera-se como

um dos fatores motivacionais mais importantes para a prática de atividades físicas.

4) Competitividade:

Expressa a motivação das pessoas que querem competir, concorrer e

ganhar dos outros. Estas pessoas entendem que através das práticas esportivas

elas podem ganhar destaque, prêmios, vencer competições e obter retorno

financeiro.

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67

5) Estética:

Este fator mede a motivação à prática de atividade física das pessoas que

querem ter ou ficar com um corpo bonito e definido. Estas pessoas querem se sentir

bonitas e atraentes e vêem na atividade física um modo de manter o corpo em forma

e ter um bom aspecto físico.

6) Prazer:

Este fator mede a motivação das pessoas interessadas no prazer que

elas experimentam quando atingem seus objetivos e ideais. Estas pessoas

entendem que a atividade física é fonte de satisfação, de sensação de bem estar e

uma forma de auto-realização.

Foi utilizado o IMPRAF – 126 neste estudo por tratar-se de um

instrumento desenvolvido no Brasil, e por buscar se aproximar da realidade cultural

do nosso país.

As respostas aos itens do IMPRAF – 126 são dadas conforme uma escala

de tipo LiKert, bidirecional graduada em 5 pontos, indo de “isto me motiva

pouquíssimo” (1) a “isso me motiva muitíssimo (5). Cada dimensão é analisada e o

resultado total também é obtido, pois todas as dimensões tem o mesmo número de

questões.

A apuração pode se feita manualmente pelo examinador ou pelos

respondentes. Para obter os escores brutos basta somar as respostas (valores de 1

a 5) nas linhas da Folha de Resposta ( Anexo L), incluindo apenas as colunas 1 a 8

(conforme Anexo L). Escreve-se a soma de cada linha na coluna B. Estes valores

correspondem aos escores brutos para cada dimensão.

Com o auxilio das tabelas normativas deste manual (Anexo M) o

examinador deverá transformar os escores brutos em percentil de acordo com o

sexo e idade do avaliado. Para tanto o examinador deve verificar, na tabela

adequada (de acordo com sexo e idade) a que percentil pertence o escore bruto

obtido em cada dimensão. O escore bruto, convertido em percentil deverá ser

anotado no gráfico que acompanha a folha de respostas. Este procedimento

permitirá ao examinador ter uma melhor visão do perfil motivacional do avaliado.

A confiabilidade (fidedignidade) e a validade de construto deste

instrumento foram testadas e demonstradas no estudo de Barbosa (2006).

Page 69: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

68

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para início de procedimento de coleta de dados, foi realizado contato com

os dirigentes das equipes Figueirense Futebol Clube e Genoma Colorado, para

explicar detalhadamente os objetivos da pesquisa bem como verificar a possibilidade

do desenvolvimento com seus atletas/alunos, onde foi assinada por um profissional

responsável a “Declaração de Ciência e Concordância das Instituições Envolvidas”.

E, posteriormente, foi agendado o dia para a entrega do documento: “Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido”, de acordo com o estabelecido pela comissão de

ética da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina). Isto para que os

responsáveis pelos jovens venham a permitir a participação dos mesmos na

pesquisa. Após aceitarem a participação no estudo, foi agendado um dia para a

aplicação do questionário com os adolescentes.

Após a submissão e aprovação do comitê de ética, a aplicação do

IMPRAF – 126 foi realizado com os adolescentes no início do treino, onde cada

participante da pesquisa teve um tempo de 25 (vinte e cinco) minutos para

responder ao Inventario.

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados quantitativos a partir da aplicação de IMPRAF – 126 foram

organizados e armazenados em tabelas utilizando o programa Microsoft Excel 2007.

Posteriormente os dados quantitativos foram tabulados de cada pesquisado a partir

dos escores validados e apresentados no (anexo B) para uso em referência a idade

(13 até 15 anos) sexo masculino.

A partir da tabulação dos escores padrões foi realizada a analise de cada

grupo (Grupo1 – escolhinha de futebol; Grupo 2 – Clube de futebol) em formato de

estatística descritiva (média) de cada dimensão do questionário em (Anexo H):

Page 70: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

69

controle de estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer.

Também as médias de cada grupo foram relacionadas para atender os objetivos do

estudo.

Page 71: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

70

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo a fim de responder a questão central desta pesquisa, serão

apresentados os resultados dos escores obtidos através do “Inventario de Motivação

a Prática Regular de Atividade Física” de Balbiotti e Barbosa a qual contempla as

dimensões da motivação referentes à: controle do estresse; saúde; sociabilidade;

competitividade; estética; e prazer. A seguir será exposto de forma descritiva, em

tabelas e gráficos os resultados estatísticos obtidos da escolinha e do clube de

futebol pesquisado, sendo que todos os atletas participantes são pertencentes a

categoria infantil das respectivas equipes.

4.1 PERFIL MOTIVACIONAL DOS ALUNOS DA ESCOLINHA DE FUTEBOL

A seguir a tabela 1 indica o perfil motivacional dos atletas jovens da

escolinha de futebol investigada. Observa-se que a dimensão motivacional

competitividade se destaca no gráfico apresentado um escore de 73.

Gráfico 1 – Perfil motivacional dos alunos da escolinha de futebol. Fonte: Elaboração dos autores, 2011.

Page 72: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

71

Os resultados alcançados pela escolinha de futebol, referentes ao perfil

motivacional de seus atletas, aponta que a dimensão que tem maior predominância

é a competitividade, atingindo lugar de destaque no gráfico. Em seguida destacam-

se as dimensões prazer e saúde com índices bem próximos no que diz respeito ao

perfil dos atletas. E por último e não menos importantes encontram-se as dimensões

que demonstram menor relevância para os avaliados, sendo elas controle de

estresse, sociabilidade e estética.

Os achados referentes à dimensão competitividade demonstraram que

mesmo em uma escolinha de futebol onde o foco principal é a participação e

formação diferenciada, os alunos também se sentem motivados (e neste caso foi

sua maior motivação) pela competição, que conforme Azevêdo (2008 apud CASARI

e CELLA, 2008), devem ser disputadas esporadicamente em uma escolinha de

futebol.

Conforme Scaglia (1996) atualmente é grande a proliferação de

escolinhas de futebol em nossa sociedade, destinadas a acolher um público infantil e

adolescente. Segundo Silva e Malina (2000) o futebol por ser um dos esportes mais

difundidos do mundo, sua grande popularização vem trazendo novos adeptos a cada

dia. No entanto a alta competitividade e a busca ou “pressão” de se tornar um

jogador de futebol profissional, tem alimentado o desejo de meninos e meninas em

iniciar sua prática na modalidade cada vez mais cedo.

A dimensão prazer que se apresenta em destaque em alunos da

escolinha de futebol sugere que os mesmos estão realizando uma atividade

esportiva que gostam e que se sentem felizes proporcionando com isso sensação de

prazer. Segundo Barbosa (2006) os alunos entendem que a atividade física traz

sensação de bem estar e uma forma de auto-realização. Corroborando Samulski

(2002) afirma ser está uma sensação que motiva intrinsecamente o aluno, por estar

realizando uma atividade esportiva que lhes traz satisfação (neste caso específico o

futebol).

Os resultados demonstram que os alunos da escolinha se sentem

motivados na dimensão saúde, atingindo índices muito próximos da dimensão

prazer. Isto se da pela interiorização dos jovens as informações transmitidas pelos

pais, professores e também pelos meios de comunicação. Através disso o jovem

percebe que quando realiza um exercício físico (neste caso o futebol) os benefícios

Page 73: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

72

para sua saúde são inúmeros, podendo lhe proporcionar uma melhor qualidade de

vida, além de uma vida ativa e saudável. Conforme Graça e Bento (1992 apud

BARBOSA, 2006), esse comportamento se da pelo fato de o individuo estar sendo

cada vez mais apontado como um co-responsável pela saúde e pelo estilo de vida

saudável.

A dimensão controle do estresse obteve resultados razoavelmente baixos,

em relação às dimensões anteriores, tendo em vista que nesta idade as

responsabilidades ficam em sua grande maioria a cargo dos adultos, Pergher et al.

(2006) afirma que as preocupações, ansiedade e responsabilidade normalmente são

menores nesta idade. Sendo o grupo pesquisado pertencente a um ambiente de

aprendizagem e formação, o nível de exigência por resultados competitivos é baixo,

possibilitando aos praticantes da modalidade mesmo que superficialmente (conforme

demonstra o gráfico 1), obter alívio de suas angústias, ansiedade e irritações.

As dimensões sociabilidade e estética demonstra-se de menor relevância

motivacional para a prática esportiva, segundo os resultados atingidos. Pois as

mesmas atingiram os índices mais baixos. Para Barbosa (2006, p. 15) dimensão

sociabilidade “mede a motivação das pessoas que vêem na atividade física uma

oportunidade para encontrar, estar ou se reunir com os amigos”. Sendo assim é

possível perceber que os alunos da escolinha no momento em que estão jogando

futebol estão criando oportunidades para estar e conversar com outras pessoas,

brincar com seus amigos e fazer parte de um grupo.

Mesmo sendo a dimensão estética referente a motivos relacionados à

busca de um modelo de corpo e de estética a qual a sociedade da uma grande

ênfase, os atletas consideram esta dimensão de baixa importância na sua motivação

para prática do futebol. Porém como destaca Lemos (2003) apud Pergher (2006) os

adolescentes, estão buscando constantemente a construção de um corpo aceito

pela sociedade.

Page 74: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

73

4.2 PERFIL MOTIVACIONAL DOS ATLETAS DO CLUBE DE FUTEBOL

A tabela 2 a seguir apresenta as dimensões motivacionais que melhor

representam o perfil dos atletas do clube de futebol, sendo que a dimensão que se

destaca é a competitividade. Esta dimensão apresentou 77 de escore, indicando

uma alta motivação dos atletas pela competitividade.

Gráfico 2 – Perfil motivacional dos atletas do clube de futebol. Fonte: Elaboração dos autores, 2011.

Os valores das dimensões da motivação atingidos pelos atletas

pertencentes ao clube de futebol demonstram que a competitividade se coloca em

primeiro lugar no que diz respeito ao perfil motivacional dos atletas. Em seguida

destaca-se o prazer pela prática esportiva em relação às demais dimensões, sendo

elas controle de estresse e saúde, seguido de sociabilidade. A partir do gráfico 2 é

possível perceber que para os atletas a dimensão que apresenta menor relevância

motivacional é a estética, sendo a que contém os menores valores em percentil.

Concordado com os achados desse estudo, sendo os atletas de um

clube de futebol orientados a busca de melhor performance, onde o processo de

treinamento ocorre de forma extenuante pelo aperfeiçoamento de movimentos e

Page 75: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

74

gestos técnicos, é possível perceber que pela busca de melhores resultados os

atletas estão mais motivados pela dimensão competitividade. (PAOLI, 2008 apud

BARBOSA, 2006).

Segundo Weinberg e Gould (2001) quando se fala em competitividade,

trata-se do prazer de competir e o desejo de lutar por sucesso em competições.

Samulski (2002) ainda afirma que o atleta pode estar orientado ao objetivo ou,

orientado á vitória. Os atletas com a orientação dirigida ao objetivo possuem foco

nos padrões de desempenho pessoal. Já atletas com orientação á vitória possuem

foco na comparação interpessoal e na vitória da competição. Com base nisto é

possível perceber que os altos índices de percentil apresentados pelos atletas, se da

pela alta motivação em competição, seja por comparação com os colegas pela

titularidade na equipe ou, no intuito de ter bons resultados em campeonatos e jogos.

É certo que os jovens atletas pertencentes a um clube de futebol

preparam-se durante anos na busca de uma oportunidade de mostrar seu talento na

equipe principal, no entanto uma ferramenta fundamental para o alcance deste

objetivo é o prazer. Pois, segundo Tavares (2011) os altos escores na dimensão

prazer, indicam que estes atletas sentem-se motivados em realizar a exercício físico

pela satisfação obtida em sua prática. Com base nisto se justifica o alto nível da

dimensão prazer apresentada pelos atletas.

A terceira dimensão, controle de estresse demonstrou um resultado

interessante, pois se tratando de um esporte de alto nível e alta competitividade a

busca excessiva por resultados acaba pondo o atleta em constante pressão. Apesar

disto os resultados demonstraram que estes atletas encontram na prática esportiva

uma forma de controlar a ansiedade e o estresse da vida cotidiana, ou seja, sua

prática esta atrelada ao prazer e a sensação de bem estar que este esporte lhe

proporciona. Entretanto, cabe salientar que a prática esportiva, em especial a

competição, pode ser fonte de estresse para os indivíduos, a ponto de causar o

abandono desta prática (GOULD et al., 1996; FONSECA, 2004 apud PERGHER et

al. 2006).

Em relação à dimensão saúde, Deci e Ryan (2000) citado por Pergher et

al. (2006) destacam que jovens atletas tem interesse por essa dimensão, pelo fato

da saúde estar intimamente relacionada com uma melhora em sua condição física e

psicológica. Dessa maneira esses jovens praticantes desta atividade esportiva

(futebol), acreditam estar adquirindo qualidade de vida de uma forma prazerosa.

Page 76: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

75

Tavares (2011), afirma ainda que a dimensão saúde esta atrelada a

motivação extrínseca do adolescente, identificada como um aspecto de relevância

atribuída a terceiros que pode vir a se interiorizar com o passar do tempo, formando

assim, um individuo com maior autonomia no que diz respeito a sua saúde.

Alcançando os mesmos valores da dimensão saúde a dimensão

sociabilidade conforme Ryan e Deci (2000) apud Barbosa (2006) esta vinculada á

necessidade de afiliação de McClelland, sendo esta uma das necessidades

psicológicas básicas. Hampton (1990) relata que o atleta centra sua atenção na

manutenção de seus relacionamentos interpessoais, por vezes em detrimento de

seus interesses individuais, se relacionando cordial e afetuosamente com as

pessoas. Isso explica o fato de os atletas apresentarem níveis consideráveis desta

dimensão.

Já os resultados da dimensão estética, sendo neste estudo a dimensão

de menor relevância para os atletas, podem ser explicados por Barbosa (2006). Pois

na idade de categorias infantis no futebol os jovens atletas se comparam muito com

os outros pela aparência física e desempenho. Desta forma, esta dimensão passa a

ter papel importante na motivação dos atletas para a prática do futebol.

Page 77: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

76

4.3 RELAÇÕES DO PERFIL MOTIVACIONAL DOS ALUNOS DA ESCOLINHA E

ATLETAS DO CLUBE DE FUTEBOL

O gráfico 3 apresenta a relação das dimensões de motivação de cada

grupo pesquisado (grupo 1 – escolhinha de futebol; grupo 2 – clube de futebol).

Observa-se que as dimensões que apresentam destaque nos dois locais

pesquisados é a competitividade. Porém os valores são maiores no grupo 2

atingindo 77 de escore enquanto o grupo 1 apresenta 73 de escore.

Gráfico 3 – Perfil motivacional da escolinha e do clube de futebol. Fonte: Elaboração dos autores, 2011.

A discussão dos resultados a partir da relação entre clube e escolinha foi

realizada seguindo uma ordem decrescente, ou seja, inicia-se pelas dimensões que

obtiveram maiores valores e finaliza-se com as de menores valores com base no

escore validado para uso de jovens de 13 ate 15 anos do sexo masculino.

A dimensão que se destaca no gráfico 3 tanto para o grupo 1 como para o

grupo 2 é a competitividade, atingido os maiores escores quando comparados as

demais dimensões. Porém o grupo 2 obteve maior representatividade nessa

dimensão quando relacionado com o grupo 1.

Page 78: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

77

O futebol é um esporte conhecido e praticado em todo o mundo. Sua

prática em equipes profissionais nos últimos tempos busca constantemente revelar

jovens atletas com o intuito de vislumbrar rentabilidade para o clube em um futuro

próximo. (STAHELIN, 2008). Por possuir essa característica empresarial o mundo

futebolístico exige cada vez mais de seus atletas bons resultados para as equipes e

excelentes desempenhos individuais. Com isto é possível perceber que o atleta no

ingresso de um clube profissional, permanece motivado pela competição no intuito

de obter resultados individuais e fazer parte do “mercado da bola” onde surge a

oportunidade de uma possível compra e/ou venda do jogador para um clube de

maior “porte”, com melhores estruturas, salários mais altos, maior visibilidade etc.

(STAHELIN, 2008).

Da mesma maneira os alunos do grupo 1 que buscam no futuro fazer

parte de um clube, percebendo que o fluxo de atletas em diversas equipes

profissionais é grande, se mantém motivados em competições onde tem a

possibilidade de alcançar maior visibilidade por agentes esportivos, empresários ou

“olheiros” que constantemente buscam jovens atletas. Pois, hoje em dia, com os

meios de comunicação ficou mais fácil o acesso aos conteúdos relacionados ao

esporte principalmente o futebol, possibilitando que cada vez mais crianças e

adolescentes sejam inseridos nesta modalidade. Muitas vezes esta inserção vem por

influência dos pais, amigos, ou pelo próprio prazer adquirido no esporte. (KNIJNIK et

al. 2001). Com isto cabe salientar que os profissionais envolvidos com grupos que

apresentam tais características (grupo 1) devemb desenvolver estratégias para não

queimar etapas no desenvolvimento dos jovens envolvidos, e ao mesmo tempo fazer

com que estes permaneçam na atividade.

A dimensão prazer se relacionada às demais dimensões se destacou nos

dois grupos pesquisados, atingindo o segundo lugar em ambos no que diz respeito à

motivação. Já na relação “grupo 1 x grupo 2” o que apresentou maiores valores foi

novamente o grupo 2, porém com pouca diferença ao grupo 1.

Sentir-se realizado, sensação de bem estar, auto-realização e satisfação

são todas características apresentadas por atletas profissionais e/ou até mesmo

alunos de uma escola de futebol a qual sentem grande motivação em realizar uma

atividade esportiva que lhes proporcione prazer. Samulski (2002) relata que estes

indivíduos que se encontram nesta situação estão intrinsecamente motivados, ou

Page 79: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

78

seja, esses jovens são motivados pela satisfação inerente a prática esportiva (nesse

caso o futebol).

Para Wankel (1993) apud Barbosa (2006) a dimensão prazer pode ser

apontada como a mais comumente responsável pela manutenção da prática de

atividade física. O mesmo autor ainda afirma que a grande parte dos estudos sobre

as motivações que levam adolescentes a prática de atividade física, revela que o

prazer obtido pelos jovens na prática desta atividade é fundamental na criação do

habito de prática esportiva. Sendo assim a grade motivação dos grupos estudados

pela dimensão prazer se justifica pelo simples fato de todos os jovens engajados

nesta modalidade (futebol) gostarem de praticar o esporte e, com isso, se sentirem

motivados intrinsecamente em sua realização.

No grupo 1 a dimensão saúde é a que se destaca na seqüência apontada

como fator motivador na prática do futebol. Porém no grupo 2 a dimensão de

destaque é o controle de estresse nessa seqüência indicada. Quando feita a relação

das dimensões saúde e controle de estresse nos grupos 1 e 2 é possível perceber

através do gráfico que: a dimensão controle de estresse referente ao grupo 2 possui

escore 63 enquanto no grupo 1 o escore foi 51. Sugere-se que esse destaque para a

dimensão controle de estresse no grupo 2 pode ser indicado pela satisfação e

sensação de bem estar e prazer percebida nos atletas na realização da modalidade

de futebol. Pois mesmo estando na prática diária – ou quase diária de treinamento

esportivo repetitivo, visando alcançar uma melhor performance e resultados, o

esporte pode ser utilizado como uma forma de controle da ansiedade e do estresse

durante a rotina de treinos, e, também no cotidiano dos pesquisados. Da mesma

maneira o grupo 1 também utiliza o esporte como uma ferramenta neste sentido,

mesmo sem exigências por resultados em competições os alunos deste grupo

(grupo 1), utilizam o esporte para aliviar as tensões e ansiedades do dia a dia, sendo

estas constantes durante o período da adolescência. (BALBINOTTI, 2008).

Já em relação à dimensão saúde o gráfico demonstra do grupo 1 escores

63 e no grupo 2 escores 61, sendo nesse menor escore, porém mesmo assim com

valores altos pois estão acima de 50 no que diz respeito aos de valores de escore.

Sendo o grupo 1 voltado ao esporte participação, tem-se a percepção social de que

a prática de uma modalidade esportiva proporciona ao individuo a diminuição ou

ausência de doenças. Os esportes de participação caracterizam-se como uma forma

de fácil acesso a uma vida ativa e saudável. Principalmente para crianças e jovens a

Page 80: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

79

qual essa prática previne a obesidade, reduz hábitos não saudáveis, controla fatores

de risco a doenças, além de diminuir a possibilidade de sedentarismo na vida adulta.

(BARBOSA, 2006). Também sendo significativo no grupo 2 que o esporte de

rendimento possibilita saúde adquirida a partir de sensação de bem-estar físico,

mental e espiritual, a qual é muito importante durante os períodos de treinamentos e

competição.(BARBOSA, 2006). Porém é importante salientar que as cargas

extenuantes de treinamento para atingir performance, muitas vezes se associa a

ocorrência de lesões. Lesões estas que podem afetar a saúde do atleta. E isso deixa

uma incógnita na cabeça de muitos profissionais que atuam nesta área: será que os

esportes de alto rendimento podem ser considerados saudáveis?(BARBOSA, 2006).

A sociabilidade e saúde são dimensões motivacionais melhor

representam na seqüência o perfil dos alunos avaliados no grupo 1. Em contra

partida no grupo 2 a dimensão é o controle de estresse.

Sendo as dimensões saúde e controle de estresse já relacionadas nos

parágrafos anteriores é importante dar ênfase a relação entre grupo 1 e grupo 2 na

dimensão sociabilidade. Nesta comparação é possível visualizar através do gráfico 3

que o segundo grupo (grupo 2) atinge escore 62, indicando valores maiores em

relação ao grupo 1, escore 50, nesta dimensão. Contudo, esse aspecto pode ser

sugerido, em função dos atletas do grupo 2, mesmo com enfoque de treinamento

não educativo e sim competitivo, com exclusões de indivíduos em função de

rendimentos individualizados, 70 % dos pesquisados do grupo residem e estudam

no mesmo local, possibilitando a maior interação social. Além disso, segundo

Tavares (2011) para se tornar um atleta profissional é preciso se dedicar durante

logos anos na modalidade. Sendo assim é de extrema importância utilizar

ferramentas que possibilitem a permanência do individuo na modalidade de uma

forma prazerosa e satisfatória. Com isso, ter relacionamentos sociais, criando laços

de amizades, pertencendo a um grupo, entre outras estratégias, contribui

sobremaneira para permanência do atleta na modalidade. E com o grupo 1 não é

diferente, segundo Allen (2003) apud Barbosa (2006) a sociabilidade é o fator

motivacional que melhor tem explicado a participação de jovens e atividades

esportivas coletivas. O comportamento do grupo 1 corrobora ao que afirma Tavares

(2011) onde a prática do futebol possibilita aos jovens a oportunidade de aprender

e desenvolver-se a partir da convivência social, com os amigos e fazer novas

amizades.

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80

Por último a dimensão estética nos dois grupos de indivíduos

pesquisados, indicou menor relevância motivacional na prática da modalidade

(grupo 1 – 50 de escore) e (grupo 2 – 56 de escore), ou seja, em ambos os grupos

esta dimensão demonstra que a construção e a manutenção da imagem corporal

possuem baixa representativa como fonte de motivação. Além da dimensão estética

a sociabilidade no grupo 1, apresentou um dos menores escores do mesmo grupo

(50 de escore).

Page 82: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

81

5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES

Neste estudo conforme fora proposto, à motivação foi o tema principal

abordado. Pesquisada por vários autores o tema (motivação) pode ser considerada

um processo psicológico básico de relativa complexidade, pois se trata de um

fenômeno não diretamente observado e que auxilia na explicação e na compreensão

das diferentes ações e escolhas individuais. Durante o transcorrer deste estudo foi

possível observar que a motivação, utiliza-se de algumas teorias para um melhor

embasamento teórico no intuito de beneficiar os profissionais envolvidos nesta área.

No âmbito esportivo os estudos e pesquisas que abordam este tema

(motivação) preocupam-se em entender o que motiva um individuo a ter determinado

comportamento frente a uma situação. Sendo que os esforços de um atleta para

alcançar determinados objetivos consistem em um processo diretamente ligado a

motivação deste individuo durante a prática da modalidade.

Sendo assim, diante da perspectiva apresentada, este estudo teve por

objetivo compreender os fatores motivacionais na prática dos atletas jovem de

futebol em escolinha e clube de futebol, sendo que ambos são pertencentes à

mesma faixa etária. Para responder a este objetivo foram realizadas descrição e

comparação dos índices médios obtidos a partir da avaliação de seis dimensões

motivacionais, a saber, controle do estresse, saúde, sociabilidade, competitividade,

estética e prazer, de uma amostra de 36 alunos infanto-juvenil de uma escolinha de

futebol de Santa Catarina e 36 atletas infanto-juvenis da categoria de base de um

clube de futebol de Santa Catarina, onde somando as duas equipes têm-se o

número de 72 participantes da pesquisa.

Os resultados alcançados pela escolinha de futebol, referentes ao perfil

motivacional de seus alunos, aponta que a dimensão que tem maior predominância

é a competitividade, atingindo um valor de escore 73. Em seguida destacam-se as

dimensões prazer (valor de escore 64) e saúde (valor de escore 63) no que diz

respeito ao perfil dos atletas. E por último, porém não menos importantes

encontram-se as dimensões que demonstram menor relevância para os avaliados,

sendo elas controle de estresse a qual apresentou um escore de 51, sociabilidade e

estética ambas com valor 50 de escore.

Page 83: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

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Em relação aos achados do perfil motivacional dos atletas do clube de

futebol, os mesmos demonstram que a competitividade se coloca em primeiro lugar

no que diz respeito à motivação para prática do futebol (valor de escore 77). Em

seguida com valor de escore 68 destaca-se a dimensão prazer pela prática da

modalidade, sendo que o controle do estresse é a dimensão que se encontra na

seqüência com valor de escore 63. As dimensões saúde e sociabilidade atingiram

valores de escore 62 nas duas dimensões. Já a estética é a dimensão de menor

representatividade para a prática do futebol segundo os atletas do clube, atingindo

valor de escore de 56.

Sendo assim na relação das dimensões de motivação de cada grupo

pesquisado (sendo grupo 1 escolinha e grupo 2 clube) os valores apresentados em

quase todas as dimensões investigadas foram superiores no grupo 2, exceto na

dimensão saúde a qual o grupo 1 obteve valores maiores, segundo (BARBOSA,

2006) porque o jovem percebe que quando realiza um exercício físico (neste caso o

futebol) os benefícios para sua saúde são inúmeros, podendo lhe proporcionar uma

melhor qualidade de vida, além de uma vida ativa e saudável

Um ponto importante a se destacar no estudo, foram os valores

apresentados pelo grupo 1 (escolinha) na dimensão sociabilidade, onde esta

apresenta valores considerados baixos se relacionados as demais dimensões de

ambos os grupos. Sendo que um dos objetivos do esporte de formação é

proporcionar aos jovens um ambiente favorável para estar, conviver, conversar com

outras pessoas, brincar com seus amigos e fazer parte de um grupo.

Outra característica importante a se destacar em relação aos indivíduos

avaliados são os altos escores obtidos para a motivação à prática de exercício físico,

ou seja, os dois locais pesquisados apresentaram escores iguais ou superiores a 50.

Esses resultados apontam que o perfil geral da população pesquisada é de alunos e

atletas altamente motivados para a prática do futebol sendo extremamente

competitivos obtendo muito prazer e satisfação com esta atividade.

Cabe salientar a importância da motivação, como um dos fatores

psicológicos de grande destaque para a pedagogia do treinamento desportivo,

(planos de ensino, planejamento, conteúdo programático, entre outros)

principalmente se tratando de equipes a qual se motivam pela competição. Pois, é

possível perceber que se bem organizada e instruída a competição pode contribuir

para a formação de jovens esportistas. Mas em contrapartida, sabe-se que a

Page 84: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

83

valorização excessiva dos resultados pode diminuir a motivação intrínseca dos

atletas, chegando ao ponto de ocasionar o abandono da prática esportiva. Portanto

as dimensões controle de estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e

prazer são fontes de informação muito valiosas para os profissionais que atuam na

área esportiva, permitindo que tenham melhor entendimento de como esses

elementos funcionam e interagem no individuo na prática de uma modalidade. Com

esse estudo espera-se também contribuir para descoberta dos fatores motivacionais

que estimulam a permanência dos jovens nos esportes.

Durante a realização do estudo as dificuldades encontradas para a

realização dessa pesquisa no clube, referem-se à disponibilidade dos atletas para se

realizar a coleta de dados, já que estes possuem uma rotina intensa de treinos e

competições, além das atividades escolares e de lazer. Já na escolinha de futebol as

dificuldades encontradas foram referentes à ausência dos alunos durante os dias de

coleta de dados, sendo que estes justificaram o não comparecimento na data

marcada devido à grande quantidade de atividades escolares extraclasse.

Sendo assim, após a realização deste estudo sugere-se a realização de

outros em diferentes cidades, com intervalos maiores de idades, em diferentes

modalidades, nas mais diversas populações.

Page 85: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS DO PROJETO E RELATÓRIO DE ESTAGÍO

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ANEXO A – INVENTÁRIO DE MOTIVAÇÃO À PRÁTICA REGULAR

DE ATIVIDADE FÍSICA

INVENTÁRIO DE MOTIVAÇÃO À PRÁTICA REGULAR DE ATIVIDADE FÍSICA Este inventário visa conhecer melhor as motivações que o levam a realizar (ou o mantém realizando) atividades físicas. As afirmações (ou itens) descritas abaixo podem ou não representar suas próprias motivações. Indique, de acordo com a escala abaixo, o quanto cada afirmação representa sua própria motivação para realizar uma atividade física. Note que, quanto maior o valor associado a cada afirmação, mais motivadora ela é para você. Responda todas as questões de forma sincera, não deixando nenhuma resposta em branco. 1 – Isto me motiva pouquíssimo 2 – Isto me motiva pouco 3 – Mais ou menos – não sei dizer – tenho dúvida 4 – Isto me motiva muito 5 – Isto me motiva muitíssimo Responda, na Folha de Respostas, as seguintes afirmações iniciadas com: Realizo atividades físicas para... 1

2

1.diminuir a irritação 7.ter sensação de repouso 2.adquirir saúde 8.melhorar a saúde 3.encontrar amigos 9.estar com outras pessoas 4.ser campeão no esporte 10.competir com os outros 5.ficar com o corpo bonito 11.ficar com o corpo definido 6.atingir meus ideais 12.alcançar meus objetivos 3

4

13.ficar mais tranqüilo 19.diminuir a ansiedade 14.manter a saúde 20.ficar livre de doenças 15.reunir meus amigos 21.estar com os amigos 16.ganhar prêmios 22.ser o melhor no esporte 17.ter um corpo definido 23manter o corpo em forma 18.realizar-me 24obter satisfação 5

6

25.diminuir a angústia pessoal 31.ficar sossegado 26.viver mais 32.ter índices saudáveis de aptidão física 27.fazer novos amigos 33.conversar com outras pessoas 28.ganhar dos adversários 34.concorrer com os outros 29sentir-me bonito 35.tornar-me atraente 30.atingir meus objetivos 36.meu próprio prazer 7

8

37.descansar 43.tirar o estresse mental 38.não ficar doente 44.crescer com saúde 39.brincar com meus amigos 45.fazer parte de um grupo de amigos 40.vencer competições 46.ter retorno financeiro 41.manter-me em forma 47.manter um bom aspecto físico 42.ter a sensação de bem estar 48.me sentir bem

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Balbinotti; Barbosa, 2006. 9 49.ter sensação de repouso 50.viver mais 51.reunir meus amigos 52.ser o melhor no esporte 53.ficar com o corpo definido 54.realizar-me

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Sexo:

Data:

Dados de Identificação

Nome:

Idade:

ANEXO B – FOLHA DE RESPOSTAS – IMPRAF 126

Transformar Escores

Brutos (B) em Percentis

CE SA SO CO ES PR

99 99

95 95

90 90

85 85

80 80

75 75

70 70

65 65

60 60

55 55

50 50

45 45

40 40

35 35

30 30

25 25

20 20

15 15

10 10

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ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE DE SANTA CATARINA

COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA- CEP UNISUL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Estamos convidando seu filho a participar de um estudo intitulado: PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL que tem como

objetivo buscar verificar qual perfil de motivação do atleta de futebol jovem de uma escolinha e um clube de futebol.

Para tanto convidamos seu filho a participar do estudo, onde sua participação consiste em responder ao questionário IMPRAF - 54 (Inventário de Motivação aplicada à Atividade Física). O inventário pretende verificar 6 das possíveis dimensões associadas à motivação para prática regular de atividade física. Trata-se de 54 itens agrupados 6 a 6, seguindo a seqüência das dimensões a serem estudadas, a saber: controle de estresse ( ex.: liberar tensões mentais), saúde ( ex.: manter a forma), sociabilidade (ex.: estar com amigos), competitividade (ex.: vencer competições), estética (ex.: manter bom aspecto) e prazer (ex.: meu próprio prazer). Será aplicado com os adolescentes no início ou final do treino, onde cada participante da pesquisa terá um tempo de 25 ( vinte e cinco ) minutos para responder ao Inventário.

Lembrando que seu filho não é obrigado a responder todas as perguntas e poderá desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, sem ser prejudicado por isso. A partir dessa pesquisa, como benefício você poderá compreender o papel da motivação em atletas jovens de uma escolinha e um clube de futebol, bem com esta influencia no comportamento dos mesmos. Como o objetivo da pesquisa é compreender a influência da motivação no desempenho do atleta, não são previstos desconfortos durante a aplicação do questionário. Mas, caso você se sinta desconfortável com a aplicação, é importante que diga isso ao pesquisador para que ele possa auxiliá-lo.

Gostaríamos de deixar claro que está garantida a confidencialidade das informações que seu filho fornecer. Com isto, solicitamos a sua autorização para o uso dos dados de seu filho para a produção de artigos técnicos e científicos. A privacidade do mesmo será mantida através da não-identificação do nome dele.

Agradecemos a participação e colaboração do seu filho. Caso exista alguma dúvida sobre a pesquisa, favor entrar em contato com o

pesquisador no endereço ou no telefone abaixo:

Prof a. Tatiana Marcela Rotta Rua Atlântida, 97 Bairro: Campeche Florianópolis, SC. Telefones: (48) 84085480 E-mail: [email protected]

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TERMO DE CONSENTIMENTO

Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de forma clara e

objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a respeito de meu filho

serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo, as medições dos experimentos/procedimentos de

tratamento serão feitas em meu filho .

Declaro que fui informado que posso retirar meu filho do estudo a qualquer momento.

Nome por extenso _________________________________________________________ .

Assinatura _____________________________________ Palhoça ____/____/____

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