perfil dos trabalhadores em saÚde mental do … · j. s. mendes, et.al issn 1983-6708 revista...

18
PERFIL DOS TRABALHADORES EM SAÚDE MENTAL DO CAPS II ARAGUAÍNA Jailson dos Santos Mendes 1 , Tanarah Jessica de Souza Neves 1 , Anette Kelsei Partata 2 Com a evolução e a expansão dos serviços em saúde mental, o Tocantins desempenhou seu papel na criação de novas normas e cuidados aos seus pacientes portadores de sofrimentos mentais. Em Araguaína (TO), baseado nos primeiros debates reformistas em 1996, foi criado o Centro de Atenção Psicossocial de médio porte (CAPS II), com capacidade de cobertura de municípios com mais de 70.000 habitantes, cuja clientela geralmente é adultos com transtornos severos e persistentes, contendo equipe mínima de 12 profissionais, entre eles técnicos de nível médio e superior. O estudo trata de uma pesquisa de campo, com caráter exploratório e com abordagem quantitativa, realizada no primeiro semestre de 2014, sustentada por uma revisão de literatura, tendo como objetivos identificar o perfil do trabalhador no CAPS II, verificar as suas condições de trabalho, averiguar se estes foram capacitados e ressaltar os desafios impostos aos mesmos na saúde pública. Traçou-se o perfil do trabalhador de saúde do CAPS II, evidenciando deficiências preocupantes na oferta de qualificações pela unidade, falta de treinamento periódico quanto ao ingresso na equipe e falta de maior empenho do poder público em auxiliar esses trabalhadores a executarem suas funções laborais. Por outro lado, observou-se a consciência da importância e satisfação que cada funcionário tem na realização de suas funções. Palavras-Chave: CAPS II. Saúde Mental. Trabalhadores em saúde mental. With the evolution and expansion of mental health services, Tocantins played its part in the creation of new standards and care to their patients with mental sufferings. In Araguaína (TO), based on the first reformist debates in 1996, the Center for Psychosocial Care midsize (CAPS II) was created with the ability to cover municipalities with over 50,000 inhabitants, whose clientele is usually adults with severe and persistent disorders, containing minimum team of 12 professionals, including technical and higher education. The study is a field research with exploratory and quantitative approach, performed in the first half of 2014, supported by a literature review; whose objectives were to identify the profile of the worker in CAPS II, check working conditions, determine if they were qualified and highlight the challenges posed to them in the public health. It outlined the health worker’s profile of CAPS II, with alarming deficiencies in the provision of qualifications by the unity, lack of periodic training regarding joining the team and the lack of greater commitment from the government to assist these workers to perform their work duties. On the other hand, there was awareness of the importance and satisfaction that each employee has in performing their duties Keywords: CAPS II. Mental Health. Workers in mental health. 1 Farmacêutico(a). Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. Av. Filadélfia, 568; Setor Oeste; CEP: 77.816-540; Araguaína - TO. Email: [email protected], [email protected]. 2 Doutora. Docente da FAHESA/ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. Av. Filadélfia, 568; Setor Oeste; CEP: 77.816-540; Araguaína - TO. Email: [email protected].

Upload: lethuy

Post on 01-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

PPEERRFFIILL DDOOSS TTRRAABBAALLHHAADDOORREESS EEMM SSAAÚÚDDEE MMEENNTTAALL DDOOCCAAPPSS IIII AARRAAGGUUAAÍÍNNAA

Jailson dos Santos Mendes1, Tanarah Jessica de Souza Neves1, Anette Kelsei Partata2

Com a evolução e a expansão dos serviços em saúde mental, o Tocantins desempenhou seu papelna criação de novas normas e cuidados aos seus pacientes portadores de sofrimentos mentais. EmAraguaína (TO), baseado nos primeiros debates reformistas em 1996, foi criado o Centro deAtenção Psicossocial de médio porte (CAPS II), com capacidade de cobertura de municípios commais de 70.000 habitantes, cuja clientela geralmente é adultos com transtornos severos epersistentes, contendo equipe mínima de 12 profissionais, entre eles técnicos de nível médio esuperior. O estudo trata de uma pesquisa de campo, com caráter exploratório e com abordagemquantitativa, realizada no primeiro semestre de 2014, sustentada por uma revisão de literatura,tendo como objetivos identificar o perfil do trabalhador no CAPS II, verificar as suas condições detrabalho, averiguar se estes foram capacitados e ressaltar os desafios impostos aos mesmos nasaúde pública. Traçou-se o perfil do trabalhador de saúde do CAPS II, evidenciando deficiênciaspreocupantes na oferta de qualificações pela unidade, falta de treinamento periódico quanto aoingresso na equipe e falta de maior empenho do poder público em auxiliar esses trabalhadores aexecutarem suas funções laborais. Por outro lado, observou-se a consciência da importância esatisfação que cada funcionário tem na realização de suas funções.

Palavras-Chave: CAPS II. Saúde Mental. Trabalhadores em saúde mental.

With the evolution and expansion of mental health services, Tocantins played its part in thecreation of new standards and care to their patients with mental sufferings. In Araguaína (TO),based on the first reformist debates in 1996, the Center for Psychosocial Care midsize (CAPS II)was created with the ability to cover municipalities with over 50,000 inhabitants, whose clientele isusually adults with severe and persistent disorders, containing minimum team of 12 professionals,including technical and higher education. The study is a field research with exploratory andquantitative approach, performed in the first half of 2014, supported by a literature review; whoseobjectives were to identify the profile of the worker in CAPS II, check working conditions,determine if they were qualified and highlight the challenges posed to them in the public health. Itoutlined the health worker’s profile of CAPS II, with alarming deficiencies in the provision ofqualifications by the unity, lack of periodic training regarding joining the team and the lack ofgreater commitment from the government to assist these workers to perform their work duties. Onthe other hand, there was awareness of the importance and satisfaction that each employee has inperforming their duties

Keywords: CAPS II. Mental Health. Workers in mental health.

1 Farmacêutico(a). Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. Av. Filadélfia, 568; Setor Oeste; CEP: 77.816-540;Araguaína - TO. Email: [email protected], [email protected].

2 Doutora. Docente da FAHESA/ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. Av. Filadélfia, 568; Setor Oeste;CEP: 77.816-540; Araguaína - TO. Email: [email protected].

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

1. INTRODUÇÃOEm meados do século XVIII, na Europa, os

hospitais não possuíam finalidade médica. Nessaépoca, esses se tornavam instituições, que de certaforma tratava ou abrigava pessoas consideradasindesejáveis à sociedade, taxados como leprosos,aleijados, loucos, mendigos e sifilíticos. Daí, pôde-se observar a necessidade de profissionais quepudessem ser protagonistas de diretrizes queviabilizassem recursos e conhecimentos queatrelassem tratamentos a essas pessoas excluídaspela sociedade.

A psiquiatria contou com o médico PhillipsPinel, um dos precursores dessa especialidademédica, que classificou os tipos de desvios oualienação, pois assim eram chamados osdistúrbios mentais. Pinel buscava conhecer,estudar e tratar esses desvios, e foi assim quesurgiu o hospital psiquiátrico, tambémdenominado como hospício.

No século XX, a psiquiatria pôde contarcom importantes participações de Franco Basaglia,importante médico psiquiatra da época. Na Itália,no ano de 1961, Basaglia foi um ator estratégico naluta antimanicomial, liderando o movimentoPsiquiatria Democrática Italiana. Este movimentoserviu de base para outros em diversas partes domundo, movimento que se dedicou ao fim dainstituição psiquiátrica como lugar de violência eexclusão social (AMARANTE; D`AVILA, 2005).

As estratégias e ações de Basagliadestituíram o fim dos manicômios em todo oterritório italiano, através da Lei 180 em 13 demaio de 1978, que decretou o fim da eramanicomial na Itália. Tal lei ficou conhecida porLei Basaglia. Por consequência dessesacontecimentos, houve a consolidação deprocessos para criação de novas práticas deatenção psicossocial e saúde mental. Dessa forma,Basaglia provou que é possível a constituição deuma nova forma de organização da atenção àsaúde mental, que produza e ofereça, ao mesmotempo, sociabilidade e subjetividade para aquelesque necessitam da assistência psiquiátrica.

No Brasil, a psiquiatria se caracterizou pelachegada da família real, com a finalidade deorganizar e regulamentar a urbanização,conscientizando a sociedade dos fatos ocorridos

anteriormente, estando compatível com a vastidãodo mercado no século XX.

Com embasamento nos acontecimentoseuropeus, surgem movimentos no fim da décadade 70, enfatizando a reforma psiquiátrica no Brasilem que foram criados pequenos núcleosestaduais, essencialmente no estado de São Paulo,Rio de Janeiro e Minas Gerais, passando, então, aconstituir o Movimento de Trabalhadores emSaúde Mental (MTSM). Tal movimento fez asociedade ver como os loucos representam aradicalidade da opressão e da violência impostapelo estado autoritário.

A partir da década de 80, começaram asurgir os Centros de Atenção Psicossocial, queforam contemplados em 2002, por uma linhaespecífica de gerenciamento financiada peloMinistério da Saúde, o que desencadeou umagrande expansão dos serviços em saúde mentalpelo CAPS.

Com a evolução e a expansão dessesserviços, o Tocantins desempenhou seu papel nacriação de novas normas e cuidados aos seuspacientes usuários dos serviços realizados nosCAPS, com o objetivo de garantir os direitos dopaciente com transtorno mental como cidadãofrente ao Estado.

Em Araguaína (TO), os primeiros debatesreformistas realizados em 1996 atribuíram grandeestrutura aos serviços em saúde mental,contribuindo para a criação de um Centro deAtenção Psicossocial de médio porte (CAPS II),com capacidade de cobertura de municípios commais de 70.000 habitantes, cuja clientelageralmente é composta por adultos comtranstornos severos e persistentes, contendoequipe mínima de 12 profissionais, entre elestécnicos de nível médio e nível superior.

No campo de assistência, os serviços desaúde mental substituíram o modelo manicomial,seguindo a Portaria n° 224, de 29 de janeiro de1992 do Ministério da Saúde (MS), onde estabelecediretrizes que viabiliza atendimento de saúdemental, determinando normas e serviçossubstitutivos.

Dando ênfase aos Centros de AtençãoPsicossocial (CAPS), estes constituem um serviçocomunitário com o papel fundamental de tratarpessoas que sofrem de transtornos mentais.

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

Dentre suas funções, os CAPS prestamatendimento clínico, acolhem e atendem pessoascom transtornos mentais graves e persistentes,promovem inserção social, realizam suporte àsaúde mental na rede pública, entre outrasatividades.

No CAPS II Araguaína, a equiperesponsável por realizar essas atividades écomposta por vários especialistas, tais comopsiquiatras, médicos generalistas, enfermeiros,nutricionistas, farmacêuticos, fonoaudiólogos,psicólogos, assistentes sociais, musicoterapeutas,terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas,profissionais de educação física, técnicos deenfermagem, monitores e estagiários, entre outrosprofissionais. Porém, vale ressaltar as formas detrabalho a que esses profissionais estãosubmetidos e, a partir daí, traçar o seu perfilprofissional.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral Identificar o perfil dos trabalhadores

do CAPS II Araguaína.

1.2.2 Objetivos Específicos Verificar as condições de trabalho dos

profissionais da saúde mental naUnidade de Saúde em estudo;

Averiguar se estes foram capacitadospara atender os usuários;

Ressaltar os desafios impostos aosprofissionais da saúde mental com opapel de prestar assistência semexcluir, redefinindo sua função comoprofissional, atrelando as condições àsquais os mesmos se encontram.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Conceito de Saúde MentalSaúde mental ou sanidade mental é um

termo utilizado para definir um nível emocionalou de qualidade de vida cognitiva ou a ausênciade uma doença mental. No entendimentoda psicologia positiva, a saúde mental abrange acapacidade de um indivíduo de apreciar a vida echegar a um equilíbrio entre as atividades e os

esforços para alcançar a resiliência psicológica.A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmaque não há uma definição "oficial" de saúdemental. Diferenças culturais, julgamentossubjetivos e teorias relacionadas concorrentesafetam o modo como a saúde mental é definida(COSTA, 2009).

2.2 CAPS: A Reforma Legal e os Desafios AtuaisEm meados de 1992, inspirados pelo

Projeto de Lei Paulo Delgado, deputado da época,começa a implantação da rede extra hospitalar,onde movimentos sociais conseguiram aprovarem vários estados, leis que obrigam a substituiçãoprogressiva de leitos psiquiátricos por uma redeintegrada de maior atenção à saúde mental. E é apartir daí que a política do Ministério da Saúde,paralela às diretrizes em construção da ReformaPsiquiátrica, passa a ganhar bases mais definidas.Em um espaço de tempo entre 1992-2000, houve aexpansão do CAPS e NAPS (Núcleo de AtençãoPsicossocial). Mesmo com as novas diretrizes doMinistério da Saúde de 1992, emboraregimentassem novos serviços de atenção diária,não houve um financiamento específico para oCAPS e NAPS (BRASIL, 2005).

A partir de 2000, houve maior avanço nareforma psiquiátrica brasileira. As Portarias 336 e189 do Ministério da Saúde visam expandir osCAPS e outras duas Portarias, 106 e 1.220 ambasem 2000, buscam instituir os “serviços residênciasterapêuticas (SRT)”, com o propósito de tornarviável a reinserção social na comunidade dosusuários crônicos de serviços hospitalares. Aportaria que trouxe surgimento institucional aoCAPS e NAPS (336/2001), constitui importanteinstrumento normativo da reforma. A partir daí,se inicia um período vigoroso na gestão dapolítica de saúde mental entre 2000-2011 (PITTA,2011).

Como acontecimento novo, nos últimosdez anos houve o início do enfrentamento do usode substâncias psicoativas, como o crack, pelosgovernos da União, estados e municípios.

2.2.1 O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)O CAPS é um serviço do SUS, comunitário

e aberto, de referência para tratamento deindivíduos que têm dificuldades mentais. É o

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

principal mecanismo voluntário ao modelohospitalocêntrico, munido de normas queestabelecem suas funções por meio de leis eportarias. Seu principal objetivo é proporcionar àpopulação da região, acompanhamento clínico ereinserção social dos indivíduos usuários aos seusserviços (SILVA, 2000).

Foi em 1986 que o primeiro CAPS entrouem atividade no Brasil na cidade de São Paulo. OCAPS Professor Luiz da Rocha Cerqueira nasceudo novo leque de cuidados para com as pessoascom transtornos mentais e foi usado como modelopara outros CAPS, que concluíram que erameficazes, e então, foram diminuindoprogressivamente o número de internações emunidades hospitalares (TENÓRIO, 2002).

O que torna esta rede de atendimentodiferenciada das demais é a descentralização dasatividades, o que torna possível a oferta decuidados intermediários entre o regime hospitalare ambulatorial, mantendo a qualidade dotratamento de seus usuários (BRASIL, 2004).

Os Centros de Atenção Psicossocial agemsegundo as Leis Federais 8.080/1990 e 8.142/1990que estabelecem o Sistema Único de Saúde (SUS) easseguram “saúde como direito de todos e deverdo Estado”, registrados na Constituição Federalde 1988. O programa forma pilares sob osprincípios da integralidade das ações de saúde,descentralização, equidade e controle social doserviço, bem como do acesso universal ao serviçode saúde pública (BRASIL, 2004; BRASIL, 2006).

De acordo com o Art. 3° da Portaria n°336/GM 2002, os CAPS só podem exercer suasfunções em área física específica e independentede qualquer estrutura hospitalar. Devem dispor,pelo menos de salas para atividades grupais,consultórios para atividades individuais, espaçosde convivência, refeitório, oficinas, sanitários eárea para prática esportiva e recreação (BARROS;GOMES; PARTATA, 2013).

Ultimamente, o dispositivo alternativo aopadrão hospitalocêntrico que desabrochou da lutaantimanicomial em prol de uma reformapsiquiátrica, efetivou-se como eficaz e ainda estáem expansão e interiorização, proporcionandobenefícios em vários lugares, incluindo os grandescentros. A promoção do cuidar, além dos âmbitoshospitalares, chama a atenção e serve de exemplo

para outros serviços de saúde pública (BRASIL,2011).

2.2.2 CAPS no TocantinsParalelamente à reforma psiquiátrica

nacional e acompanhando todo episódio, o estadodo Tocantins promoveu novas normatizações emrelação a atuações de profissionais e cuidado aosportadores de transtornos mentais, baseado na Lei10.216 que viabiliza e garante ao portador os seusdireitos à saúde mental por parte ativa do estado.Para que isso fosse realizado o estado implantouserviços de socialização e reinserção do usuário doserviço nas atividades diárias, envolvendo afamília e a comunidade, trazendo o subsídio deoutros serviços como hospitais psiquiátricos eambulatórios de psiquiatria (TOCANTINS, 2002).

As diretrizes de políticas de saúde queregularizam a reforma do estado é baseada nadescentralização, universalidade e integralidade,segundo ações e serviços prestados pelo SUS,providenciando medidas que garantam o acessoigualitário, trazendo garantia na assistência àsaúde mental e reabilitação, e por parteadministrativa, o controle de serviços realizadospelas esferas públicas e particulares, promovendomedidas de promoção de qualidade de vida paraminimizar agravos na saúde mental(TOCANTINS, 2002).

No entanto, segundo Pinheiro (2011), aatual situação de descentralização de processosvoltados às ações de serviços é de ordem somenteestrutural e organizacional, pela situação de aindahaver a falta da implementação de um serviço deAtenção Básica específico da saúde mental noTocantins e de uma forma de política maisevidente na implantação de ações que instituamtrabalhos da área em munícipios que possamcontar com o apoio do Programa de Saúde daFamília (PSF) e Programa de AgentesComunitários de Saúde (PACS).

Em relação à transferência de recursosfinanceiros do estado, baseado no modelo degestão que adotam, alguns municípios têm sebeneficiado. Em outros municípios, o estado équalificado como co-gestor, pois atua em parceriacom instituições filantrópicas com administraçãode serviços específicos como CAPS e aos demais,como porte menor, passando a atuar como

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

regulador das ações que organizam a forma deatendimento em todo o seu território (PINHEIRO,2011).

Nos dias de hoje, com todo processoevolutivo na saúde mental, o Movimento da LutaAntimanicomial promove e realiza discussõescom a participação dos usuários, familiares egestores dos serviços de saúde mental, ondepossibilita atualização de metodologias,implementa e torna a elaboração de propostas quepossibilitem a descentralização e integralidadeeficiente do serviço e que sejam de fato realizadasno Tocantins (BARROS; GOMES; PARTATA,2013).

Saúde Mental em AraguaínaA saúde mental em Araguaína teve início

em 1980, com a fundação da Clínica de RepousoSão Francisco. Entretanto, a metodologia que seadotava na terapêutica de seus pacientes era amesma de antes da reforma psiquiátrica, ondesubmetia os pacientes com transtornos mentais aoregime manicomial asilar (PEREIRA, 2006).

Com o passar de 16 anos, foram realizadosos primeiros debates reformistas em Araguaína,onde foi atribuído ao serviço de saúde mental dacidade, com propósito de mudar e reestruturar aforma de cuidado com o paciente portador detranstorno mental, obtendo a sua reinserção naconvivência com a sociedade. No entanto, osdebates não mudaram somente o modo decuidado do paciente mental em Araguaína, comotambém em todo estado do Tocantins, isso pormeio das Conferências Nacionais, Regionais,Municipais e seminários com equipesmultiprofissionais, familiares e pacientes(PEREIRA, 2006; PINHEIRO, 2011).

Com base na influência reformista dosdebates acontecidos, a Clínica São Francisco,observando a reestruturação no modo de cuidardo paciente, adota esta nova visão em 2002, emque a nova legislação determina que a internaçãopsiquiátrica será decidida somente após exclusãode demais alternativas terapêuticas com máximaduração, o que corresponde ao tempo em que opaciente necessite para a reinserção no meio socialou seja transferido para outra unidade nãohospitalar, se apto (BARROS; GOMES; PARTATA,2013).

CAPS II em AraguaínaFoi implantado em Araguaína no ano de

1996, em parceria deste município com aSecretaria Estadual de Saúde e o Núcleo deAtenção Psicossocial (NAPS), que eraadministrado em regime de co-gestão pela igrejaPresbiteriana de Araguaína. Em 1999 foiconcebida a Fundação Presbiteriana ReverendoJoaquim Cabral pela Igreja, que tomou posse dasatividades administrativas do NAPS. No anoseguinte, o NAPS Araguaína foi premiado nacategoria Menção Honrosa com o prêmio DavidCapistrano (PINHEIRO, 2011).

O NAPS ganha novo nome por conta dasportarias 322 e 189/2002 e passa a se chamarCAPS II em 2002, exercendo sua função em sedeprópria oferecida pelo Governo do Estado doTocantins, localizada na Rua Castelo Branco, n°40, Setor Rodoviário, desde Janeiro de 2003(PINHEIRO, 2011).

O CAPS II Araguaína tem estruturaprópria em um complexo de atendimento, comvários profissionais que propõem atividadesintegradas e racionais, segundo preceitoshumanizados de cuidados ao paciente, que temcomo objetivo a reinserção do mesmo ematividades sociais comuns (BARROS; GOMES;PARTATA, 2013).

A Unidade de Saúde admite como missãoatender, sem diferenciar, a todos as pessoas quesofrem de algum transtorno mental e que dealgum jeito não conseguem encontrar espaço paracompartilhar sua dor, assim como ofertar a eles esuas famílias, uma porta para o reencontro comnovas alternativas de vida social e produtiva(BARROS; GOMES; PARTATA, 2013).

2.2.3 Transtornos mais FrequentesPara que o paciente seja admitido a

tratamentos no CAPS, o mesmo deve sersubmetido a uma determinada avaliação médica eespecializada para que seja classificada aseriedade de sua injúria, para adaptar umametodologia farmacoterapêutica, caso se façanecessário.

Os transtornos mentais mais frequentesatendidos pelo CAPS II Araguaína são ostranstornos afetivos, como transtorno afetivobipolar e depressão, de ansiedade e psicoses,

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

principalmente a esquizofrenia (BARROS;GOMES; PARTATA, 2013).

2.3 Relação entre Saúde e Trabalho em SaúdeMental

A concepção de atividade de trabalho foiprimordialmente elaborada pela Ergonomia, queestabeleceu esse termo para discernir o trabalhoefetivamente realizado da mera prescrição de umatarefa. O trabalho prescrito é determinado pelaergonomia como sendo um conjunto de condiçõese exigências a partir das quais o trabalho deveráser realizado (ALVAREZ; TELLES, 2004, p. 67).

Holliday (1989), em 1828 fazia referênciaespecífica às condições de trabalho e aoadoecimento mental: “a loucura acontece devidoao excesso de esforço da mente que faz com que amesma trabalhe de forma excessiva seusinstrumentos até abatê-los... e ainda pelasobrecarga das funções corpóreas e o desconcertodas funções vitais que desencadeiam umdesequilíbrio no cérebro e, consequentemente, emsuas atividades”.

Em 1857, Hawkes propôs algumasmedidas preventivas para a garantia da saúdemental dos trabalhadores, por meio da permissãode tempos proporcionais de diversão e descanso,sendo que sem os mesmos, o ser humano setransformaria em uma “máquina” (HOLLIDAY,1989).

Contudo, as averiguações a respeito dasaúde dos trabalhadores em saúde mental vêmaumentando mais lentamente, quando comparadoa outras pesquisas que procuram ir mais a fundona análise da ligação entre trabalho e saúde.

De acordo com Silva (2000), tem-se tentadosistematizar o que há em metodologia deinquirição da relação entre as repercussões sobre asaúde do trabalhador e o ambiente de trabalho,salientando tendências sociológicas, psicológicas,ergonômicas e mais resumidamente,epidemiológicas, questionando autores emetodologias com uma atenção maior no trabalhoe em alguns setores de serviço.

Merhy (2004), sem a presunção de apontarum estudo mais sistematizado, partilha suasreflexões a partir de seu conhecimento comosupervisor de um CAPS. Ele assegura sernecessário: [...] construir um campo de proteção

para quem tem que inventar coisas não pensadase não resolvidas.

O autor explica que o trabalho nos CAPS éárduo, com marcante busca de muitos cuidados, oque faz com que o trabalhador experimentesentimentos antagônicos e intensos, exigindo de simesmo e equipe, uma assistência e abertura muitodifíceis de manter constante, principalmente “paraaqueles que ofertam seu trabalho vivo paravivificar o sentido da vida do outro” (MERHY,2004, p. 6).

Assim, Merhy (2004) inclui a “felicidade”como um aparato analisador, alegando que só umcoletivo que está em plena produção, que temvida, que pode gerar novos sentidos para a vidade outros, tendo a alegria como uma maneira deexpressão desta produção, poderá atuar comeficácia.

Acontecimentos na ciência e o rápidoprocesso de evolução na tecnologia, nos volta parauma tese de um sistema global que tem sido acausa para exclusão social das pessoas. Frente aesse mundo globalizado, buscamos novosmétodos de enfrentamento a situações quedesencadeiam reações de estresse, solidão einsegurança.

Com base em algumas políticas de saúde, éimportante verificar o perfil do trabalhador emsaúde mental no que se diz respeito à Assistênciada Saúde no Brasil. O Programa de Saúde daFamília, há alguns anos, juntamente com os CAPS,marcaram o desenvolvimento da política do SUS.Serviços de saúde mental presentes na maioriados municípios brasileiros, serviços prestadospelos CAPS, têm o objetivo de promover adesinstitucionalização de pacientes crônicosasilados em processo de tratamento de casosgraves, e em determinadas crises; sendo que umagrande maioria dos casos menos gravesparticipam do trabalho ambulatorial e da AtençãoBásica (AB) em qualquer forma, ou seja, em estadograve ou em situações de crises (PINHEIRO,2011).

Dentro da atual realidade da política desaúde mental do Ministério da Saúde, os CAPS,são definidos como estratégias na organização darede de atenção à saúde mental. Eles devem estarinseridos no ambiente social (trabalho, família,

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

escola, entre outros) dos pacientes que usufruemde seus serviços (MONTANARI, 2009).

O movimento sanitário, em um cenário decontradições e crises, se vê frente à sua capacidadede conservação do método ou desenvolvimentopara o novo, então, aflora o movimento sanitáriocomo um “conjunto organizado de pessoas egrupos partidários ou não articulados ao redor deum projeto” (ESCOREL, 1998). A partir dissoEscorel (1998), caracterizou os conjuntos depráticas construídas ao longo do tempo em trêsníveis: 1°, Práticas teóricas (construção do saber);2°, Prática ideológica (transformação daconsciência); e 3°, Prática política (transformaçõesdas relações sociais) (ESCOREL, 1998).

No Brasil, a Lei federal n˚ 10.216/2001, emdefesa da saúde mental, procurou impedir acontratação ou a construção de outros hospitaispsiquiátricos pelo governo público, em busca deconsolidar o direito de pacientes com sofrimentomental de terem tratamento em unidadescomunitárias de saúde mental (ESCOREL, 1998).

Para que essas pessoas com transtornosmentais pudessem ser tratadas adequadamente,surgiu a necessidade de uma adequação dosprofissionais em saúde mental. O Departamentode Gestão da Educação na Saúde (DGES) tem aincumbência de propor e formular políticasrelativas à formação, ao incremento profissional eà capacitação permanente dos trabalhadores dasaúde nos níveis técnico e superior. Suasatividades englobam a educação de profissionaisda área da saúde e a busca da integração dossetores da saúde e da educação para ofortalecimento das instituições formadoras, nointeresse do SUS, e para a adequação da formaçãoprofissional às necessidades da saúde mental.

O treinamento e capacitação frequente econstante dos técnicos e de todo o corpo clínico deapoio, os atores do cuidar, é fundamental,objetivando a transformação dos valores, dasatitudes e da aptidão, buscando sobrepor emtodos os conceitos de reorientação das políticas desaúde mental. Desta forma, além das políticas desaúde mental serem exercidas pelos profissionaisdevidamente treinados, devem reputar oenvolvimento dessas pessoas que vão viver esentir as políticas elucidadas (BICHAFF, 2006).

No decorrer da alteração do modelosanitário brasileiro, depara-se com duas vertentesque têm se firmado, tanto nos ambientesacadêmicos e nos movimentos sociais, como noexercício de atenção à saúde: A Saúde Mental e aSaúde do Trabalhador em Saúde Mental. Percebe-se que o centro das pesquisas na saúde mental évoltado para aqueles que sofrem com distúrbiospsíquicos, deixando à parte o serviço prestado aesse cuidado, bem como para a saúde dotrabalhador, onde o serviço em saúde e em saúdemental é quase que totalmente desprezado(BICHAFF, 2006).

O CAPS, com sua abundante demanda deinúmeros cuidados, remete seus trabalhadoresprovarem de diversos e intensos sentimentos,exigindo de si próprio e de toda a equipe aresponsabilidade de proporcionar para aquelesque padecem com transtornos psíquicos umamelhor qualidade de vida. Este perfil permite queo profissional em saúde mental fique exposto auma enorme carga emocional. Ao focar osrecursos no profissional e não no local de trabalho,a instituição leva a escapes individuais, em vez desaídas conjuntas para um meio menos danoso noserviço. Então, já que estes profissionais tantocuidam da saúde alheia, merecem atenção ecuidado igualmente aos prestados aos pacientes(RAMMINGER, 2002).

3. METODOLOGIA3.1 Tipo de Estudo

O estudo trata de uma pesquisa de campo,com caráter exploratório e com abordagemquantitativa, realizada no primeiro semestre de2014, sustentada por uma revisão de literatura.

3.2 Local do EstudoA pesquisa foi realizada no CAPS II

Araguaína, situado à rua Castelo Branco, nº 40,setor Rodoviário, em Araguaína (TO).

3.3 PopulaçãoA população estudada foi constituída por

todos os trabalhadores em saúde mental do CAPSII Araguaína que concordaram a participar doestudo, autorizando através do Termo deConsentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

3.4 ProcedimentoFoi utilizado como instrumento, um

questionário estruturado constituído de perguntasfechadas. As variáveis utilizadas foram: idade,sexo, grau de escolaridade, área de atuação,relação trabalhista com a Unidade de Saúde,percepção da importância do trabalho etreinamento prévio na área de saúde mental,dentre outras.

O questionário foi aplicado a todos ostrabalhadores que concordaram em participar doestudo, autorizando através do TCLE.

3.5 Processamento e Análise dos DadosOs dados foram processados em programa

EXCEL e apresentados na forma de tabelas egráficos. Em seguida foram analisados ecomparados com outros estudos já realizados.

3.6 Cuidados ÉticosO projeto foi submetido à apreciação do

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do ITPAC,CAAE nº 25387413.1.0000.0014, e aprovadoconforme parecer nº 534.763, de 10/02/2014(Anexo 1).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃODentre os 66 funcionários inseridos no

corpo de trabalho no CAPS II de Araguaína (TO),49 compreenderam a relevância da pesquisa eresponderam ao questionário sobre o Perfil dosTrabalhadores em Saúde Mental no CAPS IIAraguaína, tornando possível identificarprincipais pontos e características da populaçãoem pesquisa como o sexo, idade, características detrabalho como formação, vínculo empregatício,entre outros.

A proposta desta pesquisa foi averiguar ascondições de trabalho dos profissionais de SaúdeMental, identificando o Perfil dos Trabalhadoresem Saúde Mental no CAPS II em Araguaína (TO),ressaltando os desafios impostos aos mesmos,com a finalidade de evidenciar alguns pontosimportantes no processo de trabalho em saúdemental realizados pelos profissionais, tornandovisível a percepção em relação às cargas laboraisque são submetidos.

Entre os 49 funcionários entrevistados, 30(61,3%) foram mulheres e 19 (38,7%) foramhomens (Gráfico 1), podendo observar apredominância do sexo feminino.

Masculino38.7%

Feminino 61.3%

Gráfico 1. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo o sexo.

Em relação à idade, a faixa etáriapredominante foi entre 41 a 50 anos, com 40% dosentrevistados, assim representado no Gráfico 2.

0

5

10

15

20

18 a 30anos

31 a 40anos

41 a 50anos

51 a 60anos

61 oumais

Gráfico 2. Gráfico 2. Distribuição dos trabalhadoresem saúde mental do CAPS II Araguaína

segundo a faixa etária.

Pode-se então, observar que se trata deuma população considerada pela literatura, demeia idade, com tendências mais voltadas aoacolhimento dos usuários do serviço em saúdemental, característica que tem suma importânciapara o paciente.

O CAPS, por constituir a característica deum corpo multiprofissional de trabalho, aoanalisar o grau de escolaridade pôde seridentificado que 22 (45%) dos entrevistadospossuem nível superior; 21 (42%) possuem nívelmédio; dois (4%) possuem ensino fundamental; equatro (8%) dos entrevistados não responderam;ressalta-se que não houve registro de nãoalfabetizado, nos remetendo um índice paraleloentre o ensino médio e ensino superior. Noentanto, ambos os índices sugerem que apesar de

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

considerado baixo, o índice do nível superior,atende de forma igualitária toda a rotina do CAPS.

0

5

10

15

20

25

Gráfico 3. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo o grau de

escolaridade.

A equipe técnica responsável pela áreaadministrativa, enfermagem, médica, assistênciasocial, farmacêutica e psicologia, foi representadapor 30 (61%) entrevistados, os quais realizamfunções que viabilizam procedimentos internosque influenciam potencialmente na saúde mentalno CAPS II e na recuperação ou acolhimento dosusuários pela equipe de apoio.

Entretanto, a equipe de apoio realizafunções imprescindíveis no acolhimento dospacientes, servindo-lhes de modo a suprir suasnecessidades rotineiras, constituída por nove(18%) funcionários.

Dez (20%) entrevistados se enquadramcomo vigilantes, auxiliares de serviços gerais ecopeiras. Não houve registro da opção semresposta, o que mostra direcionamento específicode cada profissional em suas funções.

Equipe Técnica61.2%

Equipe de Apoio18.3%

Outra 20.4%

Gráfico 4. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo sua

participação em equipes.

O quadro de funcionários representado natabela 1, por ser uma equipe multiprofissional,demonstrou uma variedade de ocupaçõesbastante significativa para o atendimento darotina no CAPS, observando diversos tipos deprofissionais, dos quais se destacou o grupo detécnicos de enfermagem com 16 (28.5%)profissionais, mostrando um número relevantepor turno atuante, seguido pelos trabalhadores dosetor administrativo com sete (12.5%) auxiliares deserviços gerais e vigilantes com quatro (7%).Ressalta-se também o baixo número de médicospsiquiatras e psicólogos, evidenciando o descasodo poder público na contratação de novosfuncionários, pois ambos são de muitaimportância na rotina diária da unidade.

Entretanto, no total da tabela 1, pode-seperceber que sete funcionários responderam noquestionário ter mais de uma ocupação, o quepode evidenciar tanto a falta de algunsprofissionais, como também atransdiciplinaridade entre os trabalhadores.

Em relação ao tipo de contrato de trabalho,a pesquisa revelou que a maior parte dosprofissionais possui vínculo de trabalho efetivo,ou seja, concursado, representando 23 (46.9%) dosentrevistados, mostrando assim que a maioria dosfuncionários efetivos possui nível superior.

Entretanto, por outro lado, deve sermencionado o fato de haver outras formas devínculos empregatícios como contrato e aterceirização de alguns serviços prestados peloCAPS II (Gráfico 5).

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

Tabela 1. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo sua ocupação.

OCUPAÇÃOFRE-

QUÊNCIAABSOLUTA

FREQUÊNCIARELATIVA

(%)AssistenteSocial

2 3.5

Auxiliar deServiços Gerais

4 7

Cozinheira 1 1.7Farmacêutica 2 3.5Oficineira 3 5.3Técnica deEnfermagem

16 28.5

AssistenteAdministrativa

7 12.5

Artesã 2 3.5Convivente 3 5.3Educador Físico 1 1.7Vigilante 4 7Copeira 3 5.3Enfermeiro 3 5.3Motorista 1 1.7Psicóloga 2 3.5Médico 2 3.5Outra - -Total 56 100

05

10152025

Gráfico 5. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo vínculo

empregatício.

Observou-se que os funcionários da unidadeem estudo têm plena consciência da importância do seutrabalho desempenhado no CAPS II, pois 43 (87.7%)dos entrevistados dizem ser muito importante o seutrabalho; dois (4%) responderam pouco importante; equatro (8%) dos entrevistados responderam como outroqualquer (Gráfico 6).

0204060

MuitoImportante

PoucoImportante

Comooutro

Qualquer

Gráfico 6. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a percepção doseu trabalho.

A saúde mental é como um instrumentocapaz de trazer a paz emocional aos pacientes comtranstorno mental. O treinamento na área desaúde mental é de grande importância para osprofissionais. A pesquisa demonstrou que grandeparte dos funcionários recebeu treinamento naárea de saúde mental, 26 (53%) do total deentrevistados (Gráfico 7).

Gráfico 7. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo recebimento de

treinamento na área de saúde mental.

No Gráfico 8, pode-se observar que aquantidade de funcionários que não receberamtreinamento para trabalhar no CAPS foirelativamente maior, somando 27 (46.9%) dosprofissionais, o que nos remete a umquestionamento, “não seria importante tantoquanto o treinamento em saúde mental, um

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

treinamento para lidar com o cotidiano doCAPS?”, visto que a rotina do mesmo pode chegara ser bem dinâmica, pois muitas vezes énecessário que os profissionais façam intervençõesnos casos em que os pacientes, por algum motivose tornam agressivos. Fica evidente quetreinamento apenas em saúde mental não ésuficiente para o bom desempenho profissional.

Sim 53%

Não 44.9%

Sem Resposta2%

Gráfico 8. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo recebimento de

algum treinamento para trabalhar em CAPS.

Assim, como o treinamento prévio emsaúde mental, a qualificação profissional paratrabalhar no CAPS se faz importante. Os 49(100%) entrevistados afirmaram ser necessária aqualificação profissional (Gráfico 9). Então,evidenciado pela pesquisa, deve-se rever a ofertade qualificação oferecida pelo CAPS, para que semelhore ainda mais os serviços em saúde mental.

Gráfico 9. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a necessidade

de haver qualificação profissional.

Através da pesquisa, identificou-se que 15(30.6%) dos entrevistados estão satisfeitos com aoferta de qualificação, porém três (6.1%) dosentrevistados consideraram a oferta ruim; 13(26.5%) dos entrevistados, insuficiente; 12 (24.4%)

dos entrevistados, inexistente; sendo que as trêsúltimas somam 57.1% de todos os entrevistados,demonstrando que há necessidade em melhorar aoferta de qualificação no CAPS II; e 6 (12.2%) nãosouberam responder (Gráfico 10).

Gráfico 10. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a forma como

os funcionários avaliam a oferta de qualificaçãoprofissional.

O treinamento periódico, no que se dizrespeito à atualização de metodologias emelhoramento de algumas funções, é defundamental importância no trabalho em saúdemental. No entanto, apenas oito (16.3%)participaram de algum treinamento periódicopara desempenhar sua função; 38 (77.5%) dosentrevistados não participaram de nenhumtreinamento periódico; e três (6.1%) não souberamresponder (Gráfico 11).

Gráfico 11. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo recebimento de

treinamento periodicamente.

Há, por grande parte funcionários, anecessidade de cursos de capacitação paraaprimoramento de suas funções, pois a pesquisa

010

2030

40

Sim Não Não Sei SemResposta

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

demonstrou que 46 (93.8%) dos funcionáriosentrevistados mostram a necessidade departicipação em cursos de qualificação; apenas um(2%) dos entrevistados respondeu não ter anecessidade de se capacitar; e dois (4%) nãosouberam responder.

Gráfico 12. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a necessidade

de participação em cursos de capacitação pelosfuncionários.

De acordo com os entrevistados, ainstalação física do CAPS encontra-se regular, com26 (44%) do total. No entanto, observando ascategorias ruim, com 11 (22.4%) e péssima, com 13(26.5%), juntas somam 48.9%, númerosignificativo e preocupante (Gráfico 13). Aopreencherem os formulários, muitos funcionáriosrelataram algumas irregularidades ou algo que sefosse aprimorado melhoraria muito para ousuário, como os dormitórios, banheiros, opróprio piso do prédio da unidade de saúde,telhado, parte elétrica e hidráulica, entre outros.

Porém, esperava-se de uma instituiçãocuidadora de tanta importância para acomunidade num âmbito geral, a categoria pelomenos boa.

Gráfico 13. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a avaliação das

instalações físicas do CAPS.

São inúmeros os cursos de capacitação quepodem ser ofertados aos funcionários do CAPS II.Dentre os temas sugeridos, pôde-se observar quealguns tiveram maior destaque, comoatendimento de pacientes em crises, com 26(53.04%); seguido de relação equipe, família epaciente, com 20 (40.81%); saúde mental, com 17(34.69%); ações de inserção social e atendimento eética profissional, com 10 (20.40%); e diagnóstico etratamento do usuário e defesa pessoal, com 9(18.36%) (Tabela 2).

O tema que teve maior interesse por partedos trabalhadores foi o atendimento de pacientesem crise, visto que essa é a função dos mesmos noCAPS, proporcionando maior qualidade de vidaaos usuários. O fato de saber como agir emsituações de crises, em alguns casos pode salvar avida do usuário.

Tabela 2. Opções de temas para cursos de capacitaçãosugeridos pelos profissionais da unidade em pesquisa.

OPÇÕES DETEMAS

FREQ.ABSOLUTA

FREQ.RELATIVA

(%)Grupo deContenção

03 6.1

Atendimento depacientes em crise

26 53.04

Artes 03 6.1Financiamento deprojetos

04 8.1

Neurologia 02 4.08Saúde mental 17 34.69Redução de dano 08 16.32Entrevistamotivacional

05 10.20

Diagnóstico etratamento dousuário

09 18.36

Contenção verbal 05 10.20Ações de inserçãosocial

10 20.40

Convivência comusuários de drogas

05 10.20

Atendimento e 10 20.40

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

ética profissionalRelação equipe,família e paciente

20 40.81

Área dafisioterapia

06 12.24

Psicopatologia 02 4.08Gestão em serviçosde saúde

03 6.1

Grupo terapêutico 05 10.20Educação física nasaúde mental

05 10.20

Dependênciaquímica

04 8.16

Psicofarmacologia 04 8.16Terapia cognitivo-comportamental

03 6.1

Drogas e álcool 05 10.20Terapiaocupacional

05 10.20

Enfermagem nasaúde mental

06 12.24

Defesa pessoal 09 18.36Processos detrabalho

04 8.16

Usuários emsituação de rua

07 14.28

Não desejo mecapacitar

01 2.04

TOTAL 196 100

Quanto ao regime de trabalho a que osfuncionários são impostos, de acordo com apesquisa: o corpo de trabalhadores que compõe oCAPS, 26 (53%) dos entrevistados responderamque o regime de trabalho está bom; e ótimo, com11(22.4%); sete (14.2%) dos entrevistadosresponderam que o regime está regular; dois (4%)dos entrevistados responderam que o regime estáruim em relação à sua rotina; um (2%) dosentrevistados respondeu péssimo; e dois (4%) nãosouberam avaliar seu regime de trabalho.

Gráfico 14. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo sua avaliação

do regime de trabalho dos funcionários do CAPS.

A remuneração por cargo ainda é a formamais utilizada pelas empresas para remunerarseus empregados, ou seja, o sistema deremuneração tradicional baseado em cargos efunções. De acordo com os funcionários, aremuneração é regular, com 29 (59.1%); 11 (22.4%)avaliaram como sendo boa; e sete (14.2%), comoruim (Gráfico 15). Há alguns funcionários quedesempenham mais de uma função no CAPS, porexemplo, além de ser oficineiro, é, também,artesão e convivente, e foram essas pessoas queavaliaram sua remuneração como sendo ruim.

0

10

20

30

40

Ótima Boa Regular Ruim Péssimo Não SeiAvaliar

Gráfico 15. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo sua avaliaçãoda remuneração pelo seu trabalho realizado no CAPS.

Satisfação no trabalho é uma variável deatitude que reflete como uma pessoa se sente comrelação ao trabalho de forma geral e em seusvários aspectos. Em outras palavras, a satisfaçãono trabalho é o quanto as pessoas gostam domesmo, tendo sido apresentada como a causa deimportantes realizações das organizações e deseus funcionários, do desempenho no trabalho àsaúde e longevidade. Essa satisfação é quase

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

sempre avaliada perguntando-se às pessoas comoelas se sentem em relação ao seu trabalho, atravésde questionários ou entrevistas. Em poucos casos,a satisfação no trabalho é avaliada solicitando aopinião dos supervisores ou observadores paraque estimem a satisfação de outras pessoas.

Existem vários fatores que influenciampara a satisfação no trabalho, e um desses fatoresque está diretamente ligado, é a remuneração. Noentanto, pode-se observar através dos resultadosdos gráficos 15 e 16, que o fato de a remuneraçãonão ser exatamente como desejariam, essa não teminfluência relevante sobre a satisfação do seutrabalho. De acordo com a pesquisa, 19 (38.7%)relatam boa satisfação; 16 (32.6%), ótima; e 13(26.5%) dos entrevistados consideram regular.

Gráfico 16. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo sua avaliação

de satisfação pelo trabalho realizado.

O acolhimento como postura e prática nasações de atenção e gestão nas unidades de saúdefavorece a construção de uma relação de confiançae compromisso dos usuários com as equipes e osserviços, contribuindo para a promoção da culturade solidariedade e para a legitimação do sistemapúblico de saúde.

Segundo a maioria dos profissionais doCAPS, os mesmos têm capacidade média em fazeracolhimento do usuário, contabilizando 26 (53%)das respostas. Em seguida, vem os que seconsideram com grande capacidade, 15 (30.7%);com pequena, cinco (10.2%); e apenas 3 (6.1%) nãosouberam avaliar sua capacidade em acolher opaciente (Gráfico 17).

05

1015202530

Gráfico 17. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a avaliação da

sua capacidade em fazer acolhimento do usuário.

A palavra crise pode remeter a aspectossociais, históricos, familiares e pessoais. Porém,mesmo quando se tenta especificar a crise, dentrodo próprio campo específico da saúde mental,encontram-se diferentes teorias sobre acaracterização deste episódio: por exemplo,psicanálise e psiquiatria não falam a mesmalíngua quando se referem à crise. Não há umaperspectiva uniforme do que seja um momento desurto, isto é, tem-se uma variedade de subgruposque usam diferentes critérios para determinar seuma experiência pode ser ou não consideradacomo crise.

Conforme se observa no gráfico 18, acapacidade dos profissionais em fazeratendimento ao usuário em crise é média, quecorresponde a 28 (57.1%) do total das respostas;grande e pequena, sete (14.3%) cada uma; eapenas 4 (8.2%) não souberam avaliar.

05

1015202530

Gráfico 18. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a avaliação da

capacidade dos funcionários do CAPS em fazeratendimento ao usuário em crise.

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

A equipe técnica atua como um grupo deagentes importantes que tornam possível que oprocesso de saúde mental se torne viável aospacientes do CAPS. Para isso, o relacionamento daequipe técnica deve ser estreito com a família dousuário, proporcionando mais rápido a reinserçãodo paciente em seu âmbito familiar. Com relação àcapacidade da equipe técnica relacionar-se com afamília do usuário, a pesquisa demonstrou que aequipe tem capacidade média de relacionamentocom a família do paciente, dos quais, 20 (40.8%)dos entrevistados responderam média capacidade;18 (36.7%) dos entrevistados responderam tergrande capacidade de relacionamento com asfamílias; cinco (10.2%) dos entrevistadosresponderam terem pequena capacidade derelacionamento; e seis (12.2%) não souberamresponder (Gráfico 19).

Gráfico 19. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a avaliação dacapacidade da equipe técnica em relacionar-se com a

família do usuário.

Baseado no relacionamento entre a equipetécnica e a família do usuário, torna-se pontoimportante na reinserção do paciente no ambientesocial, promover eventos que de certa forma,através do convívio social, ocorre a reinserção dopaciente naturalmente. Demonstrou-se, através dapesquisa, que há média capacidade de realizaçãona inserção social, pois 17 (34.7%) dosentrevistados responderam média capacidade; 12(24.4%) dos entrevistados responderam ter grandecapacidade, ambos somados correspondem 59.2%,índice que favorece no processo de reinserção dopaciente na sociedade; um (2%) dos entrevistadosrelatou não ter nenhuma capacidade de realizaçãona reinserção social; sete (14.2%) não

responderam; e um (2%) dos entrevistados nãosoube avaliar (Gráfico 20).

Gráfico 20. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a avaliação da

capacidade da equipe técnica em realizar ações deinserção social dos usuários.

Segundo os funcionários entrevistados aatuação do poder público na saúde mental é ruim,com 22 (45%) das respostas; seguido por péssima,com 18 (36.7%); regular, com sete (14.3%); e boa eótima, apenas uma (2%) resposta cada (Gráfico21). Esses resultados evidenciam a ausência daatuação do poder público na saúde mental.

Gráfico 21. Distribuição dos trabalhadores em saúdemental do CAPS II Araguaína segundo a avaliação da

Atuação do poder público na Saúde Mental

A secretaria de Direitos Humanos daPresidência da República, atuando na promoção ena defesa dos direitos humanos, afirma que asaúde, incluindo a saúde mental é um direitofundamental e, como qualquer outro direito,requer um conjunto de esforços entre a sociedadecivil e a atuação do poder público noplanejamento e na prestação de serviços e decuidados na saúde mental (SECRETARIA DEDIREITOS HUMANOS: PRESIDÊNCIA DAREPÚBLICA, 2014).

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

Entende-se que, a saúde mental é direitofundamental ao cidadão, direito previsto naConstituição Federal que assegura o bem-estarmental, integridade psíquica e plenodesenvolvimento intelectual e emocional. Paraque essas características sejam mais evidentes nasociedade, é necessária maior atuação do poderpúblico, pois constituído de poder legislativo,poder executivo e poder judiciário, tem totalautonomia e autoridade para executar ostrabalhos do estado (SECRETARIA DE DIREITOSHUMANOS: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA,2014).

5. CONSIDERAÇÕES FINAISNo decorrer da pesquisa, observou-se a

relevância de conhecer ainda mais os recursoshumanos em saúde mental na unidade emquestão, com ênfase na dinâmica do trabalho emequipe e suas funções na atenção à saúde mentalpara que, ao serem averiguadas as condições detrabalho dos profissionais de saúde mental everificado se estes foram capacitados paraatenderem aos usuários, a qualidade naassistência em saúde mental no CAPS II, naprática, possa ser ajustada e atualizada no querealmente necessita com base no que a sociedadedemanda.

Uma observação importante verificada nosresultados é que a grande maioria dostrabalhadores da unidade corresponde à força detrabalho feminino, o que está em consonância comos dados gerais. Em relação à saúde mental, essamaior concentração feminina também se refere aoaumento dos profissionais da área psicossocial,como a psicologia e assistência social.

Observa-se a ausência de algunsprofissionais no Caps II, que são de sumaimportância para o acompanhamento naterapêutica, como nutricionista, para realização deuma dieta balanceada na alimentação diária;educador físico, para promoção de exercícios quemelhorem a autoestima e traga ao paciente umbem-estar físico; e terapeuta ocupacional, para odesenvolvimento de atividades que proporcionemmelhoras no quadro clínico do paciente e,também, ao mesmo, a sua reinserção social.

Com relação à qualificação profissional, osresultados mostraram ser necessário que aunidade realize capacitações rapidamente, fatorde principal interesse na saúde pública mental.

Desta forma, os dados obtidos caminhampara necessidades a serem implantadas como aspolíticas de valorização e desenvolvimento derecursos humanos para o CAPS II, uma vez queestes pontos possam representar oreconhecimento do esforço feito por estesprofissionais. Faz-se imprescindível a adoção demedidas que tragam benefícios e fortaleçam aatuação dos gestores e trabalhadores de saúde,por meio de ações por parte do poder público, quefortaleçam as relações de trabalho, como ofertarcursos de qualificação que favoreçam a assistênciaà saúde mental de forma direta, fixação dosprofissionais na unidade e treinamentosperiódicos, considerando o vínculo com a unidadee seus usuários.

Dentre as ações a serem realizadas paramelhoria do processo de trabalho poderíamossugerir a relevância da qualificação como o modomais eficiente de familiarização do trabalhadorcom a natureza do serviço. Entendamos, então,que a qualidade das ações e serviços prestados àsociedade é igual ao resultado das condições comosão tratados os trabalhadores.

Destaca-ses também, que se faz necessário,assim como preconiza a política de saúde mental,que os profissionais possam contar com umapolítica de recursos humanos e gestão de trabalho,que use da democratização e das discussões emtodos os níveis de gestão, para que possa havermelhoria nas condições físicas, que incorpore aquestão da segurança do trabalhador, deixando-oainda mais capacitado para realização de possíveisemergências, e que desta forma, a saúde públicase torne mais atuante e combata as precariedadesde trabalho que há atualmente.

7. REFERÊNCIASAMARANTE, Paulo; D` AVILA, Joana. Escritoresem Saúde Mental e reforma Psiquiátria/FrancoBasaglia. Rio de Janeiro: Ed. Garamond, 2005.336p.

ALVAREZ, D; TELLES, A. L. Interfacesergonomia-ergologia: uma discussão sobre

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

trabalho prescrito e normas antecedentes.In:FIGUEIREDO, M. et al. (Orgs.). Labirintos dotrabalho: interrogações sobre o trabalho vivo. Riode janeiro: DP&A, 2004. p. 63-90.

BARROS, Diego Daniel das Neves; GOMESJÚNIOR, Lourival Cortez; PARTATA, AnetteKelsei. REFORMA PSIQUIÁTRICA:FLUXOGRAMA DE DISPENSAÇÃO DECONTROLADOS SUGERIDO À FARMACIA DOCAPS II ARAGUAÍNA – TO. Revista Científica doITPAC, Araguaína, v.6, n.1, Pub.3, Janeiro 2013.

BRASIL. Carta dos Direitos dos Usuários daSaúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção à Saúde. Departamento de Açõesprogramáticas Estratégicas. Saúde Mental no SUS:Os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção à Saúde. DAPES. Coordenação Geral deSaúde Mental, Álcool e Outras Drogas. SaúdeMental no SUS: as novas fronteiras da ReformaPsiquiátrica. Relatório de Gestão 2007-2010.Brasília,2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS:Política Nacional de Humanização: Ahumanização como eixo norteador das práticas deatenção e gestão em todas as instâncias doSUS/Ministério da Saúde, Secretaria Executiva,Núcleo Técnico da Político Nacional deHumanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf>Acesso em: 28 jan. 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral deSaúde Mental. Reforma Psiquiátrica e política deSaúde mental no Brasil. Documento apresentado àConferência Regional de Reforma dos Serviços deSaúde Mental: 15 anos depois da Caracas. OPAS.Brasília, novembro, 2005. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio15_anos_caracas.pdf> Acesso em: 4 fev.2014.

BICHAFF, R. O trabalho nos Centros de AtençãoPsicossocial: uma reflexão crítica das práticas e

suas contribuições para consolidação da reformapsiquiátrica. 217f. Dissertação (Mestrado emEnfermagem). São Paulo. Universidade de SãoPaulo, 2006. Disponível em: <file:///C:/Users/Jailson%20Santos/Downloads/Regina_Bichaff.pdf> Acesso em: 20 jan. 2014.

COSTA, Adriana Cajado. Psicanálise e saúdemental: a análise do sujeito psicótico na instituiçãopsiquiátrica. São Luis. EDUFMA, 2009.

ESCOREL, S. Reviravolta na Saúde: origem daarticulação do movimento sanitário. Rio deJaneiro. Ed. Fiocruz, 1998.

HOLLIDAY apud Santana, V. Condições detrabalho assalariado e transtornos psíquicos emSalvador – BA, PEES-UFBA, 1989 (mimeo), p. 2.

MERHY, E. F. Os CAPS e seus trabalhadores: noolho do furacão antimanicomial. Alegria e alíviocomo dispositivos analisadores, 2004. Disponívelem:<http://paginas.terra.com.br/saúde/merhy/textos/AlegriaeAlivionosCAPS.pdf>. Acesso em:12 abril 2014.

MONTANARI, Patrícia Martins. Perfil Sócio-ocupacional do trabalhador de Saúde Mental nomunicípio de São Paulo. Saúde coletiva. SãoPaulo: Ed. Bolina Vol. 27, 2009, 24-29p. Disponívelem:<http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/artpdfred.jso?iCve=84212434006> Acesso em: 17 jan. 2013.

PITTA, Ana Maria Fernandes. Um balanço dareforma Psiquiátrica Brasileira: Instituições,autores e políticas Ciências e Saúde Coletiva. SãoPaulo. 4579-4589p. 2011. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n12/02>Acesso em: 25 jan. 2014.

PINHEIRO, Ana Cláudia Barbosa. Avaliação dasPráticas de Gestão do Centro de Atençãopsicossocial de Araguaína CAPSII. Relatóriotécnico científico de Pós-graduação Lato Sensu.Araguaína. UFT, 2011.

PEREIRA, Jussicleide Barbosa. O portador detranstorno mental e as instituições psiquiátricas noimaginário: Araguaína 1995-2006. 34f.(Monografia de Licenciatura em História).Araguaína, UFT, 2006.

JJ.. SS.. MMeennddeess,, eett.. aall IISSSSNN 11998833--66770088

Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.1, Pub.5, Janeiro 2015

RAMMIGER, Tatiana. A saúde mental dotrabalhador em Saúde Mental; um estudo comtrabalhadores de um hospital psiquiátrico. PortoAlegre. V.16, n° 1, p. 111-120. Jul/set. 2002.Disponível em: <http://www.esp.rs.gov.br/img2/v16n1_10saudemental.pdf> Acesso em: 25jan. 2014.

SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS:PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. DireitosHumanos em Saúde mental. Direito para todos.SDH. 2014. Disponível em:<http://www.sdh.gov.br/assuntos/direito-para-todos/programas/direitos-humanos-em-saude-mental> Acesso em: 29 abr. 2014.

SILVA, Adélia Cristina Zimbarãoda. Centro deAtenção Psicossocial. In: FARAH, Marta FerreiraSantos; BARBOZA, Hélio Batista. NovasExperiências de Gestão Pública e Cidadania. 1. Ed.Rio de Janeiro: FVG, 2000.

TOCANTINS. Políticas Públicas de Saúde Mentalpara o Estado do Tocantins. Secretaria de Estadode Saúde. Maio de 2002. p.139.

TENÓRIO, F. A reforma psiquiátrica brasileira, dadécada de 1980 aos dias atuais: História e conceito.História, Ciências, Saúde, Manguinhos. Rio deJaneiro, vol. 9. 2002.